Sei sulla pagina 1di 16

Simulação computacional integrada

para a consideração da luz natural na


avaliação do desempenho energético
de edificações
Integrated computational simulation for the
consideration of daylight in the energy
performance evaluation of buildings
Evelise Leite Didoné
Fernando Oscar Ruttkay Pereira
Resumo
luz natural é uma importante estratégia para redução do consumo de

A energia em edificações. Para sua previsão, recomenda-se a utilização


de programas de simulação que empregam arquivos climáticos e
processam as simulações com o conceito do Daylight Coefficients. O
EnergyPlus, programa para simulação termoenergética, é uma dessas ferramentas.
Porém, este software possui limitações no módulo de iluminação natural que
superestimam a luz natural em ambientes internos. Para contornar essas limitações,
o presente trabalho propõe uma metodologia para avaliação da eficiência
energética, considerando o aproveitamento da luz natural, através da utilização de
dois programas. A metodologia consiste na avaliação do desempenho luminoso e
energético através de simulação com os programas Daysim e EnergyPlus. O
Daysim produz um relatório que descreve o controle da iluminação artificial que é
utilizado na simulação energética do EnergyPlus, que calcula o consumo
energético final dos ambientes analisados. Os resultados indicam que a
metodologia proposta mostrou-se adequada para suprir as limitações do
EnergyPlus e para a avaliação da eficiência energética em edificações,
considerando o aproveitamento da luz natural. Este trabalho mostra um caminho
alternativo e confiável para a consideração do aproveitamento da iluminação
natural na avaliação da eficiência energética de edificações.
Palavras-chave: Eficiência energética. Iluminação natural. Simulação computacional.

Evelise Leite Didoné Abstract


Laboratório de Conforto
Ambiental, Faculdade de
Daylight is an important strategy to reduce the energy consumption of buildings.
Arquitetura e Urbanismo For simulating the use of daylighting in buildings it is advisable to use computer
Universidade Federal de Santa programs that incorporate local weather data and use the Daylight Coefficients
Catarina
Campus Universitário Trindade, concept to process simulations. One of those tools is EnergyPlus, a software used
Caixa Postal 470 for thermodynamic simulations in buildings. However, this software has some
Florianópolis – SC – Brasil
CEP 88040-900
limitations, since it overestimates daylighting inside the building. In order to
Tel.: (+49) 15771419697 overcome those limitations, this study proposes a methodology to evaluate the
E-mail: evelisedidone@gmail.com energy efficiency of buildings considering daylighting through the combined use of
two programs. The methodology consists of an evaluation of the luminous and
Fernando Oscar Ruttkay energy performance through computational simulations using the Daysim and
Pereira EnergyPlus programs. Daysim produces a report that describes the control of
Laboratório de Conforto
Ambiental, Departamento de artificial lighting that is used in the simulation with EnergyPlus, which calculates
Arquitetura e Urbanismo the overall energy consumption of the environment being analysed. The results
Universidade Federal de Santa
Catarina indicate that this methodology is adequate to overcome the limitations of the
Tel.: (48) 37214894 EnergyPlus software, and to evaluate the energy efficiency of buildings. This study
E-mail: feco@arq.ufsc.br shows an alternative and reliable way to include daylighting in the evaluation of
the energy efficiency of buildings.
Recebido em 19/02/10
Keywords: Energy efficiency. Daylighting. Computer simulation.
Aceito em 21/07/10

Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 10, n. 4, p. 139-154, out./dez. 2010. 139


ISSN 1678-8621 © 2005, Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. Todos os direitos reservados.
Introdução
Nas edificações contemporâneas de escritório a SELKOWITZ, 1985). Isso também foi
iluminação artificial dos ambientes é responsável comprovado por Ramos (2008), que verificou
por grande parte do consumo de energia junto com grande influência do programa no cálculo da
o sistema de condicionamento artificial. Isso pode iluminação natural, tanto no cálculo da parcela de
ser revertido quando as edificações são dotadas de luz refletida no ambiente como no cálculo das
dispositivos mais eficazes associados a estratégias iluminâncias externas, que resultaram maiores do
de projeto que priorizam o aproveitamento da que as reais. Ou seja, o EnergyPlus superestima a
iluminação e ventilação natural. O uso da luz quantidade de luz natural no interior do ambiente
natural nessas edificações, além de garantir níveis e, consequentemente, subestima o consumo de
de iluminação adequados para as atividades energia elétrica usada na iluminação artificial.
humanas, reduz a necessidade do uso da luz
Vários trabalhos têm comprovado que o
artificial, que em conjunto com um controle de
aproveitamento da luz natural é capaz de
iluminação artificial eficiente e a influência das
proporcionar uma significativa economia de
aberturas e dos equipamentos interfere nos ganhos
energia elétrica gasta em iluminação. No Brasil,
térmicos do ambiente e no consumo total de algumas pesquisas já foram realizadas a fim de
energia. Vale ressaltar que a luz natural está caracterizar edificações comerciais sob a ótica do
fartamente disponível no período diurno, horário
consumo de energia elétrica considerando o
de uso das edificações não residenciais.
aproveitamento da iluminação natural. Souza
Como a luz do dia é extremamente variável, é (2003) propôs uma metodologia para estimar o
necessário se aprofundar no conceito das medidas Potencial de Aproveitamento da Luz Natural
dinâmicas para avaliação da luz natural no interior (PALN) através da utilização de sistemas
dos ambientes. Com essas medidas é possível automáticos de controle para economia de energia
descrever em detalhe o comportamento que ocorre elétrica gasta em iluminação artificial e verificou
entre um edifício e o clima local através de uma que as estratégias de controle automático podem
base anual de dados, promovendo uma maior reduzir significativamente o consumo de energia
aproximação do projeto à realidade local elétrica gasta em iluminação, chegando a atingir
(REINHART; MARIDALJEVIC; ROGERS, uma redução de 87% em ambientes com janelas
2006). Para isso, existem ferramentas de simulação opostas.
de iluminação natural que permitem simulações de
O presente estudo tem como objetivo propor e
modelos com geometrias complexas. O Daysim é aplicar uma metodologia para avaliação da
uma ferramenta de simulação computacional eficiência energética, considerando o
desenvolvida por Reinhart, Maridaljevic E Rogers
aproveitamento da luz natural, através da
(2006) que calcula o perfil anual de iluminação
simulação integrada com a utilização de dois
interna utilizando arquivos climáticos, tendência
aplicativos de simulação computacional, Daysim e
verificada na maioria dos programas de simulação
EnergyPlus, a fim de suprir as limitações deste
do comportamento termoenergético da atualidade. último nos cálculos da iluminação natural.
O aplicativo que utiliza o arquivo climático se
diferencia dos outros por poder predizer a
quantidade de luz natural em um ambiente no Revisão bibliográfica
curso de um ano inteiro. Programas de simulação
estática apenas simulam o fenômeno sob uma
condição de céu predeterminada.
Medidas dinâmicas de avaliação da luz
natural
Algumas ferramentas são capazes de fazer uma
análise integral entre os sistemas de iluminação Atualmente muitas pesquisas em todo o mundo
natural, refrigeração e aquecimento. O EnergyPlus têm sido realizadas buscando maneiras para
é uma delas, fornece resultados horários e realiza melhor compreender e utilizar a luz natural nas
simulações termoenergéticas, permitindo uma edificações e avaliar seu potencial de
avaliação mais detalhada do desempenho da aproveitamento. Essas análises podem ser feitas
edificação. No entanto, o EnergyPlus possui por meio de simulação computacional. As
algumas limitações no algoritmo do sistema de simulações computacionais podem ser estáticas ou
iluminação natural (WINKELMANN; dinâmicas.

140 Didoné, E. L.; Pereira, F. O. R.


Uma simulação estática expressa resultados na Programas de simulação computacional
forma de imagens fotorrealísticas e/ou valores
absolutos de iluminância, ou ainda em relação à A avaliação do desempenho energético de
iluminância produzida por um céu de referência edificações é uma tarefa complexa que envolve
como o Daylight Factor (DF).1 O DF oferece uma grande quantidade de variáveis interdependentes e
prospecção limitada no desempenho da iluminação conceitos multidisciplinares. Com o uso do
natural por ser fundamentado em um valor da computador foi possível desenvolver modelos
iluminação com um único tipo de céu, o céu computacionais para representar o comportamento
encoberto. Porém, essa medida ainda persiste térmico, luminoso e energético de edificações,
como a avaliação dominante da iluminação através da simulação de diferentes cenários,
natural. Como limitação, não leva em consideração permitindo a análise de alternativas distintas de
estações, horas, luz solar direta, condições eficiência energética quando a edificação está em
variáveis do céu, orientação ou posição (NABIL; fase de projeto ou após a construção.
MARDALJEVIC, 2006). Através de programas de simulação computacional
Já as simulações dinâmicas produzem séries anuais é possível avaliar os projetos a partir de suas
de iluminâncias e são usadas como indicadores características dimensionais, componentes
dinâmicos do desempenho da luz natural. As construtivos, sistema de iluminação ou de
principais medidas dinâmicas são: Daylight condicionamento de ar, além de informações do
Autonomy (DA); Useful Daylight Illuminances padrão de uso e ocupação da edificação. Pode-se
(UDI); e o Percentual de Aproveitamento da Luz estimar o consumo de energia, o custo desse
Natural (PALN). consumo e o impacto ambiental provocado pela
alternativa de projeto antes mesmo de sua
Daylight Autonomy (DA) é definida como uma execução. Para isso, é necessário dispor de
porcentagem das horas ocupadas por ano nas quais informações climáticas disponíveis nos arquivos
um nível mínimo de iluminância pode ser mantido de dados climáticos horários (8.760 horas do ano),
apenas pela iluminação natural (REINHART, que são utilizados para representar as condições
2006). Um alto valor de DA não é necessariamente externas à edificação, tais como temperatura do ar,
uma garantia para a economia de energia elétrica, umidade relativa, radiação solar e ventos.
pois independe do sistema de iluminação artificial
instalado e do tipo de controle. Além disso, esse Atualmente, no Building Energy Tools Directory 2,
índice não permite a identificação de situações página da internet mantida pelo Departamento de
onde os níveis de iluminação são excessivamente Energia dos EUA que reúne informações sobre as
elevados, podendo provocar efeitos adversos principais ferramentas disponíveis, existem mais
associados ao conforto visual e à carga térmica. de 345 programas de simulação listados. Alguns
países vêm desenvolvendo programas menos
Useful Daylight Illuminances (UDI) é dada pela complexos para serem utilizados com mais
frequência da iluminância em um determinado facilidade pelos usuários e difundidos no meio
tempo de acordo com faixas preestabelecidas. O comercial. Na Inglaterra, foi desenvolvido o
índice permite verificar qual porção do ambiente programa Design Builder3, para ser utilizado como
possui valores úteis (não muito baixos, nem muito interface, facilitando o manuseio do programa
altos, que possam causar ofuscamento ou ganho de EnergyPlus. Na sequência são apresentados, mais
calor) e qual a porcentagem de ocorrência durante detalhadamente, os programas escolhidos para
um ano (NABIL; MARDALJEVIC, 2006). serem utilizados neste estudo.
O Percentual de Aproveitamento da Luz Natural
(PALN) indica a quantidade de energia que pode EnergyPlus
ser economizada mediante o aproveitamento da luz
natural e permite a comparação entre diversas O programa computacional EnergyPlus foi criado
estratégias de controle da iluminação artificial. a partir da junção de características de dois
programas, BLAST e DOE-2. É um programa de
Diferentes do convencional DF, o DA, o UDI e o
simulação termoenergética que trabalha com o
PALN ajudam na interpretação do arquivo
balanço de calor do BLAST, com um ar
climático real, que é capaz de descrever a variação
condicionado genérico, programas de iluminação
temporal e espacial do céu, a ocorrência de
natural e novos algoritmos de transferência de
insolação direta e os níveis horários de iluminação
calor e fluxo de ar entre zonas. Estima o consumo
natural absoluta.
de energia considerando as trocas térmicas da
1
O fator da luz do dia é a relação da iluminância interna de 2
http://HHTwww.eere.energy.gov/buildings/tools_director
um ponto no interior do ambiente com a iluminância yT
horizontal externa desobstruída sob o céu nublado padrão
3
da CIE (fórmula: Eint/Eext x 100%) (MOORE, 1985). http://www.designbuilder.co.uk/T

Simulação computacional integrada para a consideração da luz natural na avaliação do desempenho energético 141
de edificações
edificação com o exterior com base na Council Canada (NRCC), que utiliza o algoritmo
caracterização do edifício ou da sala a ser estudada do RADIANCE4 para calcular eficientemente as
e leva em consideração a geometria, componentes iluminâncias internas de um ambiente no período
construtivos, cargas instaladas, sistemas de de um ano (REINHART, 2006). O programa
condicionamento de ar e padrões de uso e trabalha com dados anuais através de arquivos
ocupação (CRAWLEY et al., 1999). climáticos completos, os mesmos utilizados no
Na simulação de iluminação natural o programa programa EnergyPlus, que contém uma série
determina o impacto do aproveitamento da luz horária de dados de radiação solar convertendo as
séries horárias em séries sub-horárias.
natural no consumo de energia de acordo com as
condições ambientais e os tipos de controle de O programa simula a iluminação natural através do
iluminação e gerenciamento das aberturas em Daylight Coefficients pelo programa RADIANCE,
função da disponibilidade de luz natural e que utiliza o método do raio traçado (ray-tracing)
ocorrência de ofuscamento. O cálculo da e o modelo de céu de Perez et al. (1990). Dessa
iluminação natural deriva do programa DOE-2, por forma, possibilita a simulação das iluminâncias
isso o programa produz resultados mais confiáveis sob qualquer condição de céu. Com a plataforma
em ambientes que possuem formato cúbico, sem do programa RADIANCE integrado ao conceito do
divisória interna. O método Split Flux, empregado Daylight Coefficients, o Daysim calcula o perfil
pelo programa, não é recomendado para ambientes anual de iluminação natural. O uso desse conceito
em que a profundidade medida a partir da janela pelo Daysim viabiliza o tempo de simulação para
seja maior que três vezes a altura do pé-direito. todas as horas do ano, evitando a necessidade de
Nesse caso, o método pode superestimar em até simular todas as condições de céu para se traçar o
duas vezes ou mais a iluminação interna refletida perfil anual de iluminação (REINHART, 2006).
na parede dos fundos (WINKELMANN; A simulação é realizada a partir de um modelo
SELKOWITZ, 1985).
tridimensional do ambiente a ser analisado. O
Para verificar o comportamento do método Split modelo é importado de programas como o Ecotect
Flux, Wilkelmann e Selkowitz (1985) fizeram dois e o Sketchup. No modelo são definidas as
tipos de estudos de validação. No primeiro estudo propriedades ópticas das superfícies, e do arquivo
as análises paramétricas foram feitas para testar a climático são retirados dados como latitude,
sensibilidade de cada processo do cálculo e longitude e radiação. Além do cálculo das
verificar alguns parâmetros de projeto, como a iluminâncias, o programa permite a determinação
influência do tamanho da janela, a transmitância do Daylight Factor (DF), Useful Daylight
do vidro e a refletância das superfícies internas. No Illuminance (UDI) e Daylight Autonomy (DA) para
segundo estudo, foi feita uma comparação através cada ponto de referência. Outra possibilidade é a
de três diferentes métodos: o uso do programa verificação do consumo da iluminação artificial de
DOE-2, o uso do programa SUPERLITE e medidas acordo com diferentes padrões de uso (número de
feitas em modelos de escala no simulador de céu pessoas no local e horas de permanência),
do laboratório de Lawrence Berkeley (LBL). Os iluminância de projeto, potência e sistema de
resultados mostraram que, no modelo profundo, o controle da iluminação artificial.
método Split Flux superestimou a iluminação
O Daysim integra um algoritmo comportamental
através das inter-reflexões internas.
chamado Lightswitch, que busca predizer as ações
Ramos (2008) avaliou o cálculo da iluminação dos sistemas de controle de iluminação ou de
natural através da comparação das iluminâncias usuários no controle do sistema de iluminação em
internas calculadas com as simulações realizadas relação ao nível de iluminação. Esse modelo
pelos programas EnergyPlus, Daysim/Radiance e permite a simulação sub-horária do uso da
Troplux. A principal conclusão desse estudo foi a iluminação a partir do comportamento dinâmico de
verificação das deficiências do EnergyPlus, que iluminação e possibilita exportar um relatório de
tem maior influência no cálculo da iluminação utilização dos sistemas de iluminação em todas as
natural: o cálculo da parcela de luz refletida no horas do ano (BOURGEOIS; REINHART;
ambiente, e o cálculo das iluminâncias externas, MACDONALD, 2006).
maiores do que as reais.

4
Daysim O RADIANCE é um programa de simulação baseado no
comportamento físico da luz, desenvolvido nos Estados
Unidos, na Universidade da Califórnia. O programa prediz a
O Daysim é um programa de análise da iluminação distribuição de iluminâncias e luminâncias em edificações
natural desenvolvido pelo National Research sob condições de céu definidas. Possui um mecanismo
baseado no método de cálculo Ray-trace largamente
utilizado e aceito na avaliação de iluminação natural em
edificações (WARD, 1993).

142 Didoné, E. L.; Pereira, F. O. R.


EnergyPlus e Daysim programa EnergyPlus, para a obtenção dos dados
referentes aos consumos energéticos finais dos
Com o intuito de verificar a distribuição anual da
modelos.
iluminação natural no ambiente e o potencial de
redução do consumo energético proveniente do uso
da luz natural, e diante das limitações do Características dos modelos para as
EnergyPlus, propõe-se a utilização de dois simulações
programas de simulação: o Daysim, para a análise
anual de iluminação, e o EnergyPlus, para a Foram modeladas e simuladas diferentes salas de
verificação do desempenho energético da escritório representadas por um paralelepípedo
edificação. ortogonal dividido em piso, paredes e teto, com a
fachada frontal medindo 8 m de largura e a
O Daysim, utilizando os mesmos arquivos
profundidade variando em 4 m, 8 m e 16 m. Todos
climáticos que o EnergyPlus, calcula o perfil anual
os modelos possuem pé-direito de 2,70 m, com
de iluminâncias internas e gera automaticamente
exceção do modelo 4, que foi avaliado com pé-
um arquivo de dados (*.intgain.cvs), que contém a
direito de 3,50 m, para um estudo da influência da
carga elétrica gasta com iluminação e fica
altura do ambiente na distribuição da luz natural
armazenado em seu subdiretório “res”. O arquivo
(Tabela 1).
contém os resultados anuais da simulação
detalhados em intervalos de tempo, de hora em As refletâncias internas dos ambientes foram de
hora. Entendendo o problema do EnergyPlus e o 70% para teto, de 50% para paredes e de 20% para
funcionamento dos dois programas, EnergyPlus e o piso. Os modelos foram avaliados nas quatro
Daysim, surgiu a ideia de integrar os resultados do orientações cardeais, norte (0º), leste (90º), sul
Daysim no EnergyPlus. (180º) e oeste (270º), e o entorno não foi levado
em consideração.
Bokel (2007) e Koti e Addison (2007) já
demonstraram a possibilidade de integração dos Para a elaboração do modelo predominante de
dados de saída do Daysim (*.intgain.cvs) a outros edifício de escritórios na cidade de
programas de simulação termoenergética, como o Florianópolis/SC foram levantados dados da
Capsol e o DOE-2. literatura e de trabalhos já realizados. Analisaram-
se 35 edifícios em relação à caracterização
construtiva e 41 escritórios em relação ao padrão
Metodologia de ocupação e uso de equipamentos (SANTANA,
2006; CARLO, 2008).
A metodologia foi baseada na avaliação e
comparação do desempenho luminoso e energético Em relação ao uso de equipamentos e padrão de
de modelos de edifícios de escritórios com ocupação foram considerados os equipamentos
diferentes variáveis arquitetônicas através de mais comuns apresentados nos levantamentos de
simulação computacional. As etapas Santana (2006): aparelhos de ar condicionado,
metodológicas utilizadas estão apresentadas na cafeteiras, computadores, fax, lâmpadas,
sequência. geladeiras, impressoras, ventiladores, filtro d’água
e rádio. Através dos monitoramentos, esses
A primeira etapa se refere aos levantamentos de
equipamentos apresentaram uma carga térmica por
dados, obtidos em trabalhos já realizados, das
unidade de área média de 9,7 W/m².
tipologias e usos de edificações não residenciais na
cidade de Florianópolis/SC. Esses dados foram O sistema de condicionamento de ar utilizado é
utilizados para a definição da tipologia composto de um aparelho de janela que opera
predominante entre os edifícios de escritórios, durante o horário de uso da edificação (8h às 18h)
escolha das variáveis a serem investigadas e para manter a temperatura interna entre 18 ºC e 24
elaboração dos modelos para simulação. ºC ao longo de todo o ano. Essa temperatura é
comumente encontrada nas literaturas de trabalhos
A segunda etapa consiste das simulações
relacionados à cidade de Florianópolis (CARLO,
computacionais que foram divididas em três tipos:
2008). O sistema de condicionamento de ar foi
a simulação termoenergética, através do programa
modelado com a Etiqueta de Eficiência A do
EnergyPlus, para a comparação com os resultados
INMETRO, com um COP (Coefficient of
da simulação integrada; a simulação de iluminação
Performance) para resfriamento de 3,19 W/W,
natural através do programa Daysim, para avaliar o
dimensionado de acordo com a área do protótipo
comportamento dinâmico da luz natural e obter os
em estudo.
dados necessários (operação da iluminação
artificial) para a simulação energética integrada; e O sistema de iluminação artificial foi definido a
a simulação energética integrada através do partir de um projeto luminotécnico de iluminação

Simulação computacional integrada para a consideração da luz natural na avaliação do desempenho energético 143
de edificações
geral. Os sistemas são compostos de luminárias de escritório, segundo a NBR 5413 (ABNT, 1992),
embutir de alta eficiência e aletas metálicas que com um valor de 500 lux.
impedem o ofuscamento. Cada luminária contém
Para o padrão de ocupação, os períodos com
duas lâmpadas fluorescentes tubulares T5 de 28 W,
ocupação mais intensa são das 8h às 12h e das 14h
que proporcionam uma densidade de potência
às 18h. Isso ocorre devido ao horário de almoço e
instalada de 7 W/m². No controle da iluminação
horários que normalmente não existe expediente,
artificial utilizou-se um sistema automático portanto se adotou nas simulações o período de 8h
dimmerizável para garantir que a iluminação às 18h com 100% de ocupação. A taxa de
artificial seja diminuída ou desligada quando a luz
ocupação é de 16 m² por pessoa.
natural alcançar os níveis de iluminação desejados.
A iluminância de projeto foi adotada conforme os Na sequência estão descritos os modelos utilizados
fatores determinantes para as atividades de nas simulações e suas diferentes variáveis.

Modelo Profundidade (m) Altura (m)

Modelo 1

Modelo 2 Pé-direito = 2,70

Modelo 3

Modelo 4 Pé-direito = 3,50

Tabela 1 – Planta baixa dos modelos com suas diferentes alturas e profundidades

144 Didoné, E. L.; Pereira, F. O. R.


Modelos paramétricos análise. O ambiente interno foi dividido em áreas
iguais, formando uma malha cujas medidas são
Os modelos com diferentes variáveis têm a
dadas no centro de cada área. A malha de pontos é
finalidade de formar um conjunto de dados com
uma superfície horizontal situada a 0,75 m de
diversas combinações de parâmetros construtivos
altura do piso, com os pontos distanciados 1,33 m
que interferem no comportamento da luz natural.
entre si e 0,67 m da parede (Figura 1).
Diante dos resultados obtidos com as simulações
foi possível estabelecer quais são os parâmetros
mais adequados para a economia de energia a Simulações computacionais
partir do aproveitamento da luz natural. Na Tabela
2 estão sintetizadas as características dos modelos As simulações foram divididas em três etapas.
simulados com suas respectivas variações. Foram Primeiramente, realizou-se a simulação
construídos e avaliados 72 modelos com diferentes termoenergética com os modelos-base, utilizando
variáveis, totalizando 576 simulações: 288 isoladamente o aplicativo EnergyPlus. Na
simulações no Daysim; e 288 simulações no sequência, a simulação de iluminação natural nos
EnergyPlus. modelos paramétricos, através do programa
Daysim. Para finalizar, a simulação integrada, para
Os modelos foram construídos com diferentes a obtenção dos dados do consumo energético total
profundidades, porcentual de área de abertura na no EnergyPlus, inserindo o controle do sistema de
fachada (PAF), fator solar (FS), ângulo horizontal iluminação obtido no Daysim.
de sombreamento (AHS) e ângulo vertical de
sombreamento (AVS). Neste trabalho, adotou-se como dado de entrada o
arquivo climático TRY (Test Reference Year) de
referência para a cidade de Florianópolis/SC. O
Modelos-base arquivo climático encontra-se disponível no site do
Os modelos-base serviram de referência para as Laboratório de Eficiência Energética em
análises dos resultados das simulações dos Edificações da UFSC (http://www.labeee.ufsc.br).
modelos paramétricos. Optou-se por um protótipo
que representasse baixa eficiência no uso da luz Simulação termoenergética
natural, com características que induzissem uma
baixa eficiência energética na edificação. O A simulação termoenergética foi realizada com o
modelo apresenta um sistema de iluminação uso do programa EnergyPlus, versão 3.0, e dos
artificial ligado durante todo o período de modelos-base. Os resultados obtidos serviram de
ocupação, sem sensores fotoelétricos e sistema de referência comparativa para os resultados das
dimerização, com o PAF de 75% e FS de 0,82. Foi simulações dos modelos com diferentes variáveis.
construído um modelo-base para cada um dos
quatro modelos em estudo. Simulação de iluminação natural
As simulações de iluminação natural foram
Plano de análise realizadas com o programa Daysim 2.1.P4, que
Para a avaliação da medida dinâmica do Daylight fornece dados para a avaliação da luz natural e
Autonomy (DA) no plano de trabalho, as dados horários de acionamento da iluminação
simulações foram realizadas em uma quantidade artificial pelo controle automatizado.
de pontos suficiente para caracterizar um plano de

Proteção solar
Profundidade Pé-direito PAF
Modelos FS AHS AVS Orientação
(m) (m) %
(graus) (graus)
Modelo 1 4
25
Modelo 2 8 2,70 50 Norte
0 0
Modelo 3 16 75 0,82 Sul
45 0
0,23 Leste
20 0 45
Oeste
Modelo 4 8 3,50 40
60
Tabela 2 – Síntese dos modelos

Simulação computacional integrada para a consideração da luz natural na avaliação do desempenho energético 145
de edificações
(a) Malha para o Modelo 1 (b) Malha para os Modelos 2 e 4

(c) Malha para o modelo 3


Figura 1 – Malhas de pontos do plano de análise para o Modelo 1, Modelo 2 e Modelo 3

Interreflexão Divisão do Amostragem Fonte Amostragem


Modelo Acuracidade Resolução
no ambiente ambiente do ambiente direta direta
Sem
proteção 5 1.000 20 0.1 300 0 0
solar
Com
proteção 7 1.500 100 0.1 300 0 0
solar
Fonte: adaptado de Reinhart (2006).
Tabela 3 – Dados de entrada para os modelos

Para iniciarem-se as simulações, foi necessário consumo da iluminação artificial, necessário para o
preparar os modelos computacionais em um cálculo do consumo de energia elétrica. Este
programa CAD. O Daysim aceita modelagem em último foi utilizado como controle de iluminação
diversos aplicativos computacionais, contanto que para a simulação integrada no EnergyPlus.
o arquivo seja exportado no formato 3DS. Como o
Daysim simula a iluminação através do
Simulação energética integrada
RADIANCE, seu tutorial sugere alguns dados de
entrada que devem ser inseridos de acordo com as Com a simulação energética integrada foi possível
características do modelo utilizado (Tabela 3). avaliar o impacto na economia de energia a partir
Após cada simulação, o programa produz um do aproveitamento da luz natural. A simulação
relatório com os valores de Daylight Autonomy energética integrada é possível com a utilização do
para cada ponto da malha e um relatório CSV relatório gerado pelo Daysim, que informa os
(comma separated value) com os dados de valores horários de ocupação e acionamento da
iluminação.

146 Didoné, E. L.; Pereira, F. O. R.


Para os dados de entrada no programa de Inicialmente foi necessário realizar um teste no
simulação, utilizaram-se as características EnergyPlus para comparar os dois métodos
construtivas de uso e ocupação dos modelos e o existentes no cálculo com o sistema de controle de
relatório do controle de iluminação artificial obtido iluminação:
na simulação de iluminação. O sistema de
(a) o método da radiosidade, que pode ser
iluminação utilizado no Daysim possui um
acionado pelo comando DElight; e
controle de sensores fotoelétricos dimmerizáveis
que regulam a intensidade de energia para (b) o método Split Flux, que pode ser acionado
iluminação conforme a disponibilidade de luz pelo comando Daylighting:Controls.
natural e mantém o ambiente com um nível de
iluminação constante. A iluminação é ativada por
meio de um único interruptor liga/desliga, perto da Resultados e discussão
porta, e a fotocélula consome 2 W em standby. Esta seção apresenta os resultados obtidos com a
Antes de utilizar o relatório com os ganhos aplicação da metodologia proposta. Inicialmente é
internos (CSV) no EnergyPlus, os dados devem apresentada a comparação entre os resultados
ser convertidos, já que o EnergyPlus e o Daysim obtidos com a simulação do consumo energético
trabalham com unidades de iluminação diferentes, através do sistema de controle de iluminação do
watts e ILD respectivamente. Sendo assim, os EnergyPlus e da integração dos resultados de
valores de Installed Lighting Power Density do controle de iluminação do Daysim na simulação
relatório do Daysim foram convertidos para um energética do EnergyPlus. Na sequência pode-se
valor correspondente de potência instalada, observar o comportamento da luz natural nos
dividindo-se a densidade de potência do relatório diferentes modelos em estudo com os valores de
pela potência instalada (7 W/m²), que resultou em Daylight Autonomy (DA) obtidos nas simulações
um valor percentual de utilização da potência com o programa Daysim. Para finalizar, são
instalada em toda a sala. apresentados os resultados das simulações
termoenergéticas e das simulações integradas, no
Dessa forma, foi possível utilizar os valores EnergyPlus, com os modelos-base e os modelos de
horários do fator da potência em uso como diferentes parâmetros.
Schedule de controle do sistema de iluminação no
EnergyPlus, inserida como ilustra a Figura 2.

Figura 2 – Configuração do funcionamento do sistema de iluminação artificial no EnergyPlus

Simulação computacional integrada para a consideração da luz natural na avaliação do desempenho energético 147
de edificações
Simulação termoenergética versus semelhantes e próximos a 1 kWh/m²/ano, o que
simulação integrada corresponde a uma redução do consumo com
iluminação artificial de mais de 94% quando
Nas simulações realizadas pelo EnergyPlus foram comparado ao MBase. Esse valor de redução
levantados valores de consumo de energia por uso significa que o sistema de iluminação artificial foi
final em iluminação, ar condicionado e mantido desligado quase todo o tempo, com
equipamentos de cada caso em estudo. Para esta exceção do Modelo 3, que, pelo método da
análise foram comparados os resultados adquiridos radiosidade, obteve um consumo de 8,1
pelo modelo-base, que possui iluminação artificial kWh/m²/ano, resultando numa redução de 68% do
ligada durante todo o período de ocupação; pelos consumo de energia em relação ao MBase. O
modelos simulados com sistema de controle de consumo com iluminação obtido pelo Daysim
iluminação do EnergyPlus, que simula a luz apresentou uma redução de aproximadamente 50%
natural pelo método split flux e pelo método da em relação ao MBase. Dependendo da
radiosidade; e pelos modelos simulados com o profundidade do ambiente, o Daysim apresentou
sistema de controle de iluminação do Daysim, que valores no consumo com iluminação artificial até
utiliza o método ray-tracing para simular a 10 vezes maiores do que o EnergyPlus.
iluminação natural. Essa análise foi realizada nos
Esses dados servem de indicação da inadequação
modelos com orientação norte, PAF de 75%, FS de
do EnergyPlus na simulação de iluminação
0,82 e ausentes de proteção solar (AVS e AHS
natural. O uso da simulação integrada é uma
igual a 0º) (Figura 3).
alternativa para contornar esse problema, já que a
O uso do controle de iluminação, nas simulações integração dos valores de iluminação natural
com o EnergyPlus e com o Daysim, proporcionou obtidos pelo Daysim junto com a simulação
redução do consumo, já que o consumo energética do EnergyPlus apresentou resultados
proveniente da iluminação artificial diminuiu. O mais factíveis.
consumo com ar condicionado apresentou valores
elevados nos modelos-base (MBase). O ar
condicionado se refere apenas ao resfriamento do Comportamento da luz natural
ambiente. O consumo com aquecimento Os modelos elaborados para o estudo do
apresentou valores de apenas 12 kWh/ano; assim, comportamento da luz natural obtiveram diferentes
decidiu-se por não incluir o aquecimento nas resultados de DA, de acordo com as variáveis
análises. O baixo consumo com aquecimento para geométricas utilizadas em sua composição. De
o clima de Florianópolis foi consequência do calor forma geral, em relação às variáveis relacionadas à
gerado pelos equipamentos e usuários no período abertura, os modelos orientados para norte, sem
de ocupação e, por se tratar de ambientes de proteção solar, com PAF de 75% e FS de 82%,
trabalho, as cargas internas foram altas e foram os que obtiveram maiores valores de DA em
suficientes para aquecer o ambiente no inverno. uma maior porcentagem de área. Os modelos
Os dois tipos de controle simulados no orientados para sul, com AVS, PAF de 25% e FS
EnergyPlus, pelo método da radiosidade e pelo de 23%, apresentaram os menores valores de DA
método split flux, apresentaram valores por unidade de área.

Figura 3 – Consumo energético simulado por diferentes métodos – modelos orientados para o norte

148 Didoné, E. L.; Pereira, F. O. R.


PROFUNDIDADE
Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3

ALTURA
Modelo 2 Modelo 4

Legenda:

Tabela 4 – Síntese dos modelos com diferentes variáveis e alturas

A Tabela 4 sintetiza os resultados dos modelos em natural maior do que 10%. O mesmo pode ser
relação à profundidade e à altura do ambiente. Os constatado em relação à altura. O aumento do pé-
gráficos isoDA (Iso Daylight Autonomy) possuem direito elevou a autonomia da luz natural,
três marcações: a marcação pontilhada permitindo que o ambiente tivesse 100% de sua
corresponde à porcentagem de área do modelo área com DA acima de 10%.
com valores de DA maiores do que 70%; a
A análise com o DA não identifica as situações
marcação tracejada corresponde a valores de DA
com níveis de iluminação muito elevados. A
entre 10% e 70%; e a marcação contínua utilização de um dispositivo do tipo persiana seria
corresponde a valores de DA menores do que 10%. uma possível solução para reduzir o excesso de luz
Como pode ser observado na tabela, o Modelo 1,
e prevenir efeitos indesejáveis como o desconforto
com profundidade de 4 m, possui 100% de sua
visual.
área com autonomia da luz natural acima de 70%;
já o Modelo 3, com profundidade de 16 m, possui
apenas 35% de sua área com autonomia da luz

Simulação computacional integrada para a consideração da luz natural na avaliação do desempenho energético 149
de edificações
Influência da luz natural no consumo de consumo obtidos com as simulações
energia termoenergéticas para os modelos-base de cada
grupo de modelo (Figuras 4 a 7).
Todas as simulações têm como comparação os
As figuras acima contêm os dados obtidos nas
resultados das simulações do EnergyPlus, que
simulações integradas. Optou-se por apresentar
considera a iluminação artificial ligada durante
apenas a orientação norte e sul de cada modelo. As
todo o período de ocupação, com os resultados das
orientações leste e oeste tiveram valores totais de
simulações integradas: Daysim + EnergyPlus.
consumo bem semelhantes aos da orientação norte.
Os resultados estão apresentados em gráficos A orientação sul obteve os menores valores de
formados por colunas e linhas. As colunas consumo por uso final, porém maiores em relação
representam os valores de consumo obtidos com as ao consumo de iluminação, já que em
simulações integradas dos modelos com diferentes Florianópolis, devido à localização geográfica, é a
parâmetros, e as linhas representam os valores de orientação que menos recebe luz natural.

100.0 100.0
90.0 90.0
Consumo [kWh/m²/ano]

Consumo [kWh/m²/ano]
80.0 71.9 80.0
70.0 70.0
60.0 60.0
100.0 47.0
90.0 50.0 50.0
Consumo [kWh/m²/ano]

80.0 40.0 75.5


70.0 40.0
Iluminação Iluminação
60.0 30.0 30.0
50.0 Ar condicionado Ar condicionado
20.0 25.5 20.0
40.0 25.5
30.0 10.0 MBase_Iluminiação
10.0 MBase_Iluminiação
20.0 0.0
10.0 0.0
MBase_ArCondicionado MBase_ArCondicion
AHS

AHS
AHS

AHS

AHS

AHS

0.0
SB

SB

SB

SB
SB

SB
AVS

AVS

AVS

AVS

AVS

AVS

AHS

AHS

AHS
AHS

AHS

AHS
SB

SB

SB

SB
SB

SB
AVS

AVS

AVS

AVS

AVS

AVS
SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS
25.5
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
FS82 FS23 FS82 FS23
FS82 Casos FS23
Casos
Norte
Casos Sul
Legenda:
Iluminação Ar condicionado
MBase_Iluminação MBase_ArCondicionado
Figura 4 – Resultados do consumo de energia nas simulações do Modelo 1

100.0 100.0
90.0 90.0
Consumo [kWh/m²/ano]

Consumo [kWh/m²/ano]

80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 55.5
100.0 60.0
90.0 50.0 50.0 39.5
Consumo [kWh/m²/ano]

80.0 40.0 75.5 Iluminação40.0


70.0 Iluminação
60.0 30.0 30.0
50.0 Ar condicionado Ar condicionado
20.0 25.5 20.0
40.0
10.0 MBase_Iluminiação 25.5
30.0 10.0 MBase_Iluminiação
20.0 0.0
10.0 0.0
MBase_ArCondicionado MBase_ArCondicionado
AHS

AHS

AHS
AHS

AHS

AHS
SB

SB
SB

SB

SB

SB

0.0
AVS

AVS

AVS

AVS

AVS

AVS

AHS

AHS

AHS

AHS
AHS

AHS
SB

SB

SB
SB

SB

SB
AVS

AVS

AVS

AVS

AVS

AVS

25.5
SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
FS82 FS23
FS82 FS23
FS82 Casos FS23
Casos
Norte
Casos Sul
Legenda:
Iluminação Ar condicionado
MBase_Iluminação MBase_ArCondicionado
Figura 5 – Resultados do consumo de energia nas simulações do Modelo 2

150 Didoné, E. L.; Pereira, F. O. R.


100.0 100.0
90.0 90.0

Consumo [kWh/m²/ano]
Consumo [kWh/m²/ano]

80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 60.0
100.0 44.5
90.0 50.0 50.0
Consumo [kWh/m²/ano]

80.0 40.0 75.5 Iluminação40.0 35.1 Iluminação


70.0
60.0 30.0 30.0
50.0 Ar condicionado Ar condicionado
20.0 25.5 20.0 25.5
40.0
30.0 10.0 MBase_Iluminiação
10.0 MBase_Iluminiação
20.0 0.0 0.0
10.0 MBase_ArCondicionado MBase_ArCondicionado
AHS

AHS

AHS

AHS

AHS

AHS
SB

SB

SB

SB

SB

SB
AVS

AVS

AVS

AVS

AVS

AVS
0.0

AHS

AHS

AHS

AHS
AHS

AHS
SB

SB

SB
SB

SB

SB
AVS

AVS

AVS

AVS

AVS

AVS
25.5
SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
FS82 FS23 FS82 FS23

FS82 Casos FS23 Casos


Norte
Casos Sul
Legenda:
Iluminação Ar condicionado
MBase_Iluminação MBase_ArCondicionado
Figura 6 – Resultados do consumo de energia nas simulações do Modelo 3

100.0 100.0
90.0 90.0
Consumo [kWh/m²/ano]

Consumo [kWh/m²/ano]

80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 54.7 60.0
100.0
90.0 50.0 50.0
Consumo [kWh/m²/ano]

80.0 38.5
70.0 40.0 75.5 40.0
Iluminação Iluminação
60.0 30.0 30.0
50.0 Ar condicionado Ar condicionado
40.0 20.0 25.5 20.0 25.5
30.0 10.0 10.0
MB_iluminação MBase_Iluminiação
20.0 0.0
10.0 0.0 MBase_ArCondicionado
MBase_ArCondicionado
0.0
AHS

AHS

AHS
AHS

AHS

AHS
SB

SB

SB

SB
SB

SB
AHS

AHS

AVS
AHS

AHS

AHS

AHS

AVS

AVS

AVS

AVS

AVS
SB

SB

SB

SB
SB

SB
AVS

AVS

AVS

AVS

AVS

AVS

25.5
SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
FS82 FS23 FS82 FS23

FS82 Casos FS23 Casos


Norte
Casos Sul
Legenda:
Iluminação Ar condicionado
MBase_Iluminação MBase_ArCondicionado
Figura 7 – Resultados do consumo de energia nas simulações do Modelo 4

Na análise do consumo energético referente ao artificial ligada durante todo o período de


sistema de iluminação artificial percebe-se nos ocupação para atingir a iluminância de projeto.
modelos em estudo que o consumo com
A redução do consumo com iluminação, pelo
iluminação está diretamente relacionado à
aproveitamento da luz natural, influencia
profundidade do ambiente. Ou seja, quanto menor positivamente o comportamento do ar
a profundidade da sala, maior é a porcentagem da condicionado, que apresenta menor consumo de
área atingida pela luz natural e menor é o consumo
energia devido à redução das cargas internas
com iluminação artificial. Como pode ser visto na
provenientes do sistema de iluminação artificial.
Figura 6, em todos os casos do Modelo 3, com
Isso acontece em todas as orientações e pode ser
profundidade de 16 m, quase não há variação na
observado quando se compara com o MBase;
iluminação. Isso acontece pelo fato de que os quanto menor é o consumo com iluminação
modelos apresentam luz natural apenas na região artificial, menor é o consumo com ar
próxima à abertura, deixando mais de 50% da área
condicionado.
do ambiente com necessidade da iluminação

Simulação computacional integrada para a consideração da luz natural na avaliação do desempenho energético 151
de edificações
Na análise dos diferentes modelos observou-se que de calor no interior do ambiente pelas trocas
todos aqueles com o PAF de 75%, FS de 82% e térmicas.
sem proteção solar apresentaram o menor consumo
Analisando a relação entre o consumo com
com iluminação artificial, porém maior consumo
iluminação artificial e a razão [AF/AP], percebe-se
com ar condicionado. Esses casos apresentam os
que, quanto maior a razão, menor o consumo com
maiores valores de DA por unidade de área e,
iluminação artificial, já que os ambientes mais
consequentemente, maior carga térmica rasos e mais altos apresentam melhor distribuição
proveniente da radiação solar devido aos materiais da luz natural. Na relação do consumo com ar
utilizados e à ausência de proteção solar.
condicionado e a razão [AF/V], ocorre o inverso:
Os resultados obtidos com os diferentes modelos quanto maior esta razão, maior o consumo com ar
tornaram possível identificar uma tendência na condicionado.
relação entre o consumo de energia e os
parâmetros geométricos, confirmando o que já foi
apontado e discutido por Ghisi, Tinker e Ibrahim Conclusão
(2005). Na análise do consumo com iluminação Este estudo avança na avaliação do impacto do uso
artificial identificou-se uma tendência com a razão da iluminação natural na redução do consumo de
da área de fachada pela área de piso, e na análise energia elétrica em edificações não residenciais. A
do consumo com ar condicionado a tendência foi integração de duas ferramentas computacionais
identificada pela razão da área de fachada pelo utilizadas na análise do desempenho luminoso e
volume do modelo. termoenergético de edificações, Daysim e
Essa tendência pode ser observada na Figura 8, EnergyPlus, foi a solução encontrada para
que ilustra um dos casos simulados como exemplo, contornar a limitação existente no EnergyPlus. A
o caso orientado para norte, com PAF de 75%, FS aplicação do método da simulação integrada
de 82% e sem proteção solar. No gráfico as consistiu em calcular num programa (EnergyPlus)
colunas se referem, respectivamente, ao consumo o consumo energético anual utilizando o arquivo
com iluminação artificial, ar condicionado e de dados gerado em outro programa (Daysim).
consumo total; a linha tracejada corresponde à O impacto do aproveitamento da luz natural no
razão da área de fachada pela área de piso consumo energético total foi analisado pelo
[AF/AP]; e a linha pontilhada corresponde à razão consumo de energia com ar condicionado e
da área de fachada pelo volume do modelo iluminação artificial. O uso do controle do sistema
[AF/V]. de iluminação artificial, diante do aproveitamento
Como os ambientes em estudo foram modelados da luz natural, proporcionou uma redução no
com apenas uma fachada voltada para o ambiente consumo de energia com iluminação em todos os
externo, proporcionando ganho de calor pelas modelos e influenciou o comportamento do ar
trocas térmicas, houve relação entre as formas condicionado, que teve seu consumo reduzido
geométricas e o consumo de energia. Os modelos devido à diminuição das cargas internas
mais compactos apresentaram o maior consumo provenientes do sistema de iluminação artificial. A
por unidade de volume, apresentando menor perda redução obtida no consumo final variou de 12% a
52%.

90.0 90.0 0.80 0.80


Consumo [kWh/m²/ano]

80.0
Consumo [kWh/m²/ano]

80.0 0.70
Razão [AF/AP] e [AF/V]

0.70
Razão [AF/AP] e [AF/V]

0.68 0.68
70.0 70.0 0.60 0.60
60.0 60.0
0.50 0.50
50.0 50.0 0.44 0.44
0.40 0.40
40.0 40.0 0.34 0.34
0.30 0.30
30.0 0.25 30.0 0.25
20.0 20.0 0.20 0.20
0.17 0.17
10.0 0.13 0.13 0.10 0.10 0.10
10.0 0.10 0.06
0.06
0.0 0.0 0.00 0.00
Modelo 1 Modelo 2Modelo 1Modelo 3Modelo 2Modelo 4Modelo 3 Modelo 4
Legenda:
Iluminação Iluminação Ar condicionado Ar condicionado
Total Total Razão ÁreaFachada/VolumeRazão
[AF/V]ÁreaFachada/Volume [AF/V]
Razão
Razão ÁreaFachada/ÁreaPiso ÁreaFachada/ÁreaPiso [AF/AP]
[AF/AP]
Figura 8 – Relação do consumo com a razão [AF/AP] e [AF/V]

152 Didoné, E. L.; Pereira, F. O. R.


Na avaliação da volumetria dos modelos, que CRAWLEY, D. B. et al. EnergyPlus: a new-
engloba as variáveis profundidade e altura (pé- generation building energy simulation program. In:
direito), percebeu-se que, quanto menos profundo BUILDING SIMULATION; INTERNATIONAL
e mais alto for o ambiente, menor será o consumo IBPSA CONFERENCE, 6., Kyoto, 1999. Anais…
com iluminação artificial. Por serem ambientes Kyoto: BS, 1999. 1 CD-ROM.
iluminados unilateralmente, o interior acaba
ficando mais próximo da abertura, sendo GHISI, E.; TINKER, J. A.; IBRAHIM, S. H. Área
beneficiado pela luz natural, ficando os modelos de Janela e Dimensões de Ambientes para
mais profundos com mais de 50% de sua área Iluminação Natural e Eficiência Energética:
carente de iluminação durante todo o ano. Por literatura versus simulação computacional.
outro lado, os ambientes mais profundos, por Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 5, n. 4, p.
possuírem maior volume (afastado do ponto de 81-93, out./dez. 2005.
admissão de calor – a abertura), apresentaram KOTI, R.; ADDISON, M. An Assessment of
menor carga térmica por metro cúbico, reduzindo Aiding DOE-2’s Simplified Daylighting Method
gastos com ar condicionado. Mais uma vez With Daysim’s Daylight Illuminances. In:
confirma-se a correlação existente entre o consumo AMERICAN SOLAR ENERGY SOCIETY
de energia e o inverso da profundidade dos ANNUAL CONFERENCE, 36., Cleveland, 2007.
ambientes. Proceedings… Cleveland, 2007.
A partir dos resultados obtidos e das limitações MOORE, F. Concepts and Practice of
encontradas na realização deste trabalho, sugere-se Architectural Daylighting. New York: VNR,
investigar em trabalhos futuros a redução no 1985.
consumo de energia elétrica através da exploração
de modelos comportamentais para o controle de NABIL, Azza; MARDALJEVIC, John. Useful
cortinas, iluminação artificial e proteções solares. Daylight Illuminances: a replacement for daylight
factors. Science Direct. Energy and Buildings, v.
Espera-se que este estudo contribua com
38, n. 7, p. 905-913, 2006.
informações acerca do processo de avaliação do
desempenho luminoso e energético e sirva de PEREZ, Richard et al. Modeling Daylight
subsídio para a inclusão da iluminação natural no Availability and Irradiance Components from
processo de avaliação da eficiência energética de Direct and Global Irradiance. Solar Energy, v. 44,
edificações em geral. n. 5, p. 271-289, 1990.
RAMOS, G. Análise da Iluminação Natural
Referências bibliográficas Calculada por Meio do Programa Energyplus.
2008. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS – Faculdade de Engenharia Civil, Universidade
TÉCNICAS. NBR-5413: iluminância de Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.
Interiores. Rio de Janeiro, 1992. 13 p.
REINHART, C. F. Tutorial on the Use of
BOKEL, R. M. J. The Effect of Window Position Daysim Simulations for Sustainable Design.
and Window size on the Energy Demand for Otawa: Institute for research in Construction
Heating, Cooling and Electric Lighting. In: National Research Council Canada, 2006.
BUILDING SIMULATION, 2007, Delft,
REINHART, C. F.; MARDALJEVIC, J.;
Netherlands. Proceedings… Delft: BS, 2007. p.
ROGERS, Z. Dynamic Daylight Performance
117-121.
Metrics for Sustainable Building Design. Leukos,
BOURGEOIS, D.; REINHART, C.; v. 3, n. 1, 2006.
MACDONALD, I. Adding Advanced Behavioral
SANTANA, M. V. Influência de Parâmetros
Model in Whole Building Energy Simulation: a
Construtivos no Consumo de Energia de
Study on the Total Energy Impact of Manual and
Edifícios de Escritório Localizados em
Automated Lighting Control. Energy and
Florianópolis, SC. 2006. 181 f. Dissertação
Buildings, v. 38, n. 7, p. 814-823, 2006.
(Mestrado em Engenharia Civil) – Escola de
CARLO, J. C. Desenvolvimento de Metodologia Engenharia, Universidade Federal de Santa
de Avaliação da Eficiência Energética da Catarina, Florianópolis, 2006.
Envoltória de Edificações Não Residenciais.
2008. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) –
Centro Tecnológico, Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, 2008.

Simulação computacional integrada para a consideração da luz natural na avaliação do desempenho energético 153
de edificações
SOUZA, M. B. Potencialidade de WINKELMANN, F.; SELKWITZ, S. Daylighting
Aproveitamento da Luz Natural Através da Simulation in the DOE-2 Building Energy
Utilização de Sistemas Automáticos de Controle Aanalysis Program. Energy and Buildings, v. 8,
para Economia de Energia Elétrica. 2003. 208 f. n. 4, p. 271-286, 1985.
Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) –
Escola de Engenharia, Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Coordenação de
WARD, G. Radiance Tutorial. Building
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Technologies Department. Lawrence Berkeley
(Capes) e ao Conselho Nacional de
Laboratory. 1993. Disponível em:
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
<http://radsite.lbl.gov/radiance/>. Acesso em: 10
(CNPq) pelo auxílio financeiro na forma de bolsa
jun. 2008.
de estudo.

154 Didoné, E. L.; Pereira, F. O. R.

Potrebbero piacerti anche