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Simulação computacional integrada para a consideração da luz natural na avaliação do desempenho energético 141
de edificações
edificação com o exterior com base na Council Canada (NRCC), que utiliza o algoritmo
caracterização do edifício ou da sala a ser estudada do RADIANCE4 para calcular eficientemente as
e leva em consideração a geometria, componentes iluminâncias internas de um ambiente no período
construtivos, cargas instaladas, sistemas de de um ano (REINHART, 2006). O programa
condicionamento de ar e padrões de uso e trabalha com dados anuais através de arquivos
ocupação (CRAWLEY et al., 1999). climáticos completos, os mesmos utilizados no
Na simulação de iluminação natural o programa programa EnergyPlus, que contém uma série
determina o impacto do aproveitamento da luz horária de dados de radiação solar convertendo as
séries horárias em séries sub-horárias.
natural no consumo de energia de acordo com as
condições ambientais e os tipos de controle de O programa simula a iluminação natural através do
iluminação e gerenciamento das aberturas em Daylight Coefficients pelo programa RADIANCE,
função da disponibilidade de luz natural e que utiliza o método do raio traçado (ray-tracing)
ocorrência de ofuscamento. O cálculo da e o modelo de céu de Perez et al. (1990). Dessa
iluminação natural deriva do programa DOE-2, por forma, possibilita a simulação das iluminâncias
isso o programa produz resultados mais confiáveis sob qualquer condição de céu. Com a plataforma
em ambientes que possuem formato cúbico, sem do programa RADIANCE integrado ao conceito do
divisória interna. O método Split Flux, empregado Daylight Coefficients, o Daysim calcula o perfil
pelo programa, não é recomendado para ambientes anual de iluminação natural. O uso desse conceito
em que a profundidade medida a partir da janela pelo Daysim viabiliza o tempo de simulação para
seja maior que três vezes a altura do pé-direito. todas as horas do ano, evitando a necessidade de
Nesse caso, o método pode superestimar em até simular todas as condições de céu para se traçar o
duas vezes ou mais a iluminação interna refletida perfil anual de iluminação (REINHART, 2006).
na parede dos fundos (WINKELMANN; A simulação é realizada a partir de um modelo
SELKOWITZ, 1985).
tridimensional do ambiente a ser analisado. O
Para verificar o comportamento do método Split modelo é importado de programas como o Ecotect
Flux, Wilkelmann e Selkowitz (1985) fizeram dois e o Sketchup. No modelo são definidas as
tipos de estudos de validação. No primeiro estudo propriedades ópticas das superfícies, e do arquivo
as análises paramétricas foram feitas para testar a climático são retirados dados como latitude,
sensibilidade de cada processo do cálculo e longitude e radiação. Além do cálculo das
verificar alguns parâmetros de projeto, como a iluminâncias, o programa permite a determinação
influência do tamanho da janela, a transmitância do Daylight Factor (DF), Useful Daylight
do vidro e a refletância das superfícies internas. No Illuminance (UDI) e Daylight Autonomy (DA) para
segundo estudo, foi feita uma comparação através cada ponto de referência. Outra possibilidade é a
de três diferentes métodos: o uso do programa verificação do consumo da iluminação artificial de
DOE-2, o uso do programa SUPERLITE e medidas acordo com diferentes padrões de uso (número de
feitas em modelos de escala no simulador de céu pessoas no local e horas de permanência),
do laboratório de Lawrence Berkeley (LBL). Os iluminância de projeto, potência e sistema de
resultados mostraram que, no modelo profundo, o controle da iluminação artificial.
método Split Flux superestimou a iluminação
O Daysim integra um algoritmo comportamental
através das inter-reflexões internas.
chamado Lightswitch, que busca predizer as ações
Ramos (2008) avaliou o cálculo da iluminação dos sistemas de controle de iluminação ou de
natural através da comparação das iluminâncias usuários no controle do sistema de iluminação em
internas calculadas com as simulações realizadas relação ao nível de iluminação. Esse modelo
pelos programas EnergyPlus, Daysim/Radiance e permite a simulação sub-horária do uso da
Troplux. A principal conclusão desse estudo foi a iluminação a partir do comportamento dinâmico de
verificação das deficiências do EnergyPlus, que iluminação e possibilita exportar um relatório de
tem maior influência no cálculo da iluminação utilização dos sistemas de iluminação em todas as
natural: o cálculo da parcela de luz refletida no horas do ano (BOURGEOIS; REINHART;
ambiente, e o cálculo das iluminâncias externas, MACDONALD, 2006).
maiores do que as reais.
4
Daysim O RADIANCE é um programa de simulação baseado no
comportamento físico da luz, desenvolvido nos Estados
Unidos, na Universidade da Califórnia. O programa prediz a
O Daysim é um programa de análise da iluminação distribuição de iluminâncias e luminâncias em edificações
natural desenvolvido pelo National Research sob condições de céu definidas. Possui um mecanismo
baseado no método de cálculo Ray-trace largamente
utilizado e aceito na avaliação de iluminação natural em
edificações (WARD, 1993).
Simulação computacional integrada para a consideração da luz natural na avaliação do desempenho energético 143
de edificações
geral. Os sistemas são compostos de luminárias de escritório, segundo a NBR 5413 (ABNT, 1992),
embutir de alta eficiência e aletas metálicas que com um valor de 500 lux.
impedem o ofuscamento. Cada luminária contém
Para o padrão de ocupação, os períodos com
duas lâmpadas fluorescentes tubulares T5 de 28 W,
ocupação mais intensa são das 8h às 12h e das 14h
que proporcionam uma densidade de potência
às 18h. Isso ocorre devido ao horário de almoço e
instalada de 7 W/m². No controle da iluminação
horários que normalmente não existe expediente,
artificial utilizou-se um sistema automático portanto se adotou nas simulações o período de 8h
dimmerizável para garantir que a iluminação às 18h com 100% de ocupação. A taxa de
artificial seja diminuída ou desligada quando a luz
ocupação é de 16 m² por pessoa.
natural alcançar os níveis de iluminação desejados.
A iluminância de projeto foi adotada conforme os Na sequência estão descritos os modelos utilizados
fatores determinantes para as atividades de nas simulações e suas diferentes variáveis.
Modelo 1
Modelo 3
Tabela 1 – Planta baixa dos modelos com suas diferentes alturas e profundidades
Proteção solar
Profundidade Pé-direito PAF
Modelos FS AHS AVS Orientação
(m) (m) %
(graus) (graus)
Modelo 1 4
25
Modelo 2 8 2,70 50 Norte
0 0
Modelo 3 16 75 0,82 Sul
45 0
0,23 Leste
20 0 45
Oeste
Modelo 4 8 3,50 40
60
Tabela 2 – Síntese dos modelos
Simulação computacional integrada para a consideração da luz natural na avaliação do desempenho energético 145
de edificações
(a) Malha para o Modelo 1 (b) Malha para os Modelos 2 e 4
Para iniciarem-se as simulações, foi necessário consumo da iluminação artificial, necessário para o
preparar os modelos computacionais em um cálculo do consumo de energia elétrica. Este
programa CAD. O Daysim aceita modelagem em último foi utilizado como controle de iluminação
diversos aplicativos computacionais, contanto que para a simulação integrada no EnergyPlus.
o arquivo seja exportado no formato 3DS. Como o
Daysim simula a iluminação através do
Simulação energética integrada
RADIANCE, seu tutorial sugere alguns dados de
entrada que devem ser inseridos de acordo com as Com a simulação energética integrada foi possível
características do modelo utilizado (Tabela 3). avaliar o impacto na economia de energia a partir
Após cada simulação, o programa produz um do aproveitamento da luz natural. A simulação
relatório com os valores de Daylight Autonomy energética integrada é possível com a utilização do
para cada ponto da malha e um relatório CSV relatório gerado pelo Daysim, que informa os
(comma separated value) com os dados de valores horários de ocupação e acionamento da
iluminação.
Simulação computacional integrada para a consideração da luz natural na avaliação do desempenho energético 147
de edificações
Simulação termoenergética versus semelhantes e próximos a 1 kWh/m²/ano, o que
simulação integrada corresponde a uma redução do consumo com
iluminação artificial de mais de 94% quando
Nas simulações realizadas pelo EnergyPlus foram comparado ao MBase. Esse valor de redução
levantados valores de consumo de energia por uso significa que o sistema de iluminação artificial foi
final em iluminação, ar condicionado e mantido desligado quase todo o tempo, com
equipamentos de cada caso em estudo. Para esta exceção do Modelo 3, que, pelo método da
análise foram comparados os resultados adquiridos radiosidade, obteve um consumo de 8,1
pelo modelo-base, que possui iluminação artificial kWh/m²/ano, resultando numa redução de 68% do
ligada durante todo o período de ocupação; pelos consumo de energia em relação ao MBase. O
modelos simulados com sistema de controle de consumo com iluminação obtido pelo Daysim
iluminação do EnergyPlus, que simula a luz apresentou uma redução de aproximadamente 50%
natural pelo método split flux e pelo método da em relação ao MBase. Dependendo da
radiosidade; e pelos modelos simulados com o profundidade do ambiente, o Daysim apresentou
sistema de controle de iluminação do Daysim, que valores no consumo com iluminação artificial até
utiliza o método ray-tracing para simular a 10 vezes maiores do que o EnergyPlus.
iluminação natural. Essa análise foi realizada nos
Esses dados servem de indicação da inadequação
modelos com orientação norte, PAF de 75%, FS de
do EnergyPlus na simulação de iluminação
0,82 e ausentes de proteção solar (AVS e AHS
natural. O uso da simulação integrada é uma
igual a 0º) (Figura 3).
alternativa para contornar esse problema, já que a
O uso do controle de iluminação, nas simulações integração dos valores de iluminação natural
com o EnergyPlus e com o Daysim, proporcionou obtidos pelo Daysim junto com a simulação
redução do consumo, já que o consumo energética do EnergyPlus apresentou resultados
proveniente da iluminação artificial diminuiu. O mais factíveis.
consumo com ar condicionado apresentou valores
elevados nos modelos-base (MBase). O ar
condicionado se refere apenas ao resfriamento do Comportamento da luz natural
ambiente. O consumo com aquecimento Os modelos elaborados para o estudo do
apresentou valores de apenas 12 kWh/ano; assim, comportamento da luz natural obtiveram diferentes
decidiu-se por não incluir o aquecimento nas resultados de DA, de acordo com as variáveis
análises. O baixo consumo com aquecimento para geométricas utilizadas em sua composição. De
o clima de Florianópolis foi consequência do calor forma geral, em relação às variáveis relacionadas à
gerado pelos equipamentos e usuários no período abertura, os modelos orientados para norte, sem
de ocupação e, por se tratar de ambientes de proteção solar, com PAF de 75% e FS de 82%,
trabalho, as cargas internas foram altas e foram os que obtiveram maiores valores de DA em
suficientes para aquecer o ambiente no inverno. uma maior porcentagem de área. Os modelos
Os dois tipos de controle simulados no orientados para sul, com AVS, PAF de 25% e FS
EnergyPlus, pelo método da radiosidade e pelo de 23%, apresentaram os menores valores de DA
método split flux, apresentaram valores por unidade de área.
Figura 3 – Consumo energético simulado por diferentes métodos – modelos orientados para o norte
ALTURA
Modelo 2 Modelo 4
Legenda:
A Tabela 4 sintetiza os resultados dos modelos em natural maior do que 10%. O mesmo pode ser
relação à profundidade e à altura do ambiente. Os constatado em relação à altura. O aumento do pé-
gráficos isoDA (Iso Daylight Autonomy) possuem direito elevou a autonomia da luz natural,
três marcações: a marcação pontilhada permitindo que o ambiente tivesse 100% de sua
corresponde à porcentagem de área do modelo área com DA acima de 10%.
com valores de DA maiores do que 70%; a
A análise com o DA não identifica as situações
marcação tracejada corresponde a valores de DA
com níveis de iluminação muito elevados. A
entre 10% e 70%; e a marcação contínua utilização de um dispositivo do tipo persiana seria
corresponde a valores de DA menores do que 10%. uma possível solução para reduzir o excesso de luz
Como pode ser observado na tabela, o Modelo 1,
e prevenir efeitos indesejáveis como o desconforto
com profundidade de 4 m, possui 100% de sua
visual.
área com autonomia da luz natural acima de 70%;
já o Modelo 3, com profundidade de 16 m, possui
apenas 35% de sua área com autonomia da luz
Simulação computacional integrada para a consideração da luz natural na avaliação do desempenho energético 149
de edificações
Influência da luz natural no consumo de consumo obtidos com as simulações
energia termoenergéticas para os modelos-base de cada
grupo de modelo (Figuras 4 a 7).
Todas as simulações têm como comparação os
As figuras acima contêm os dados obtidos nas
resultados das simulações do EnergyPlus, que
simulações integradas. Optou-se por apresentar
considera a iluminação artificial ligada durante
apenas a orientação norte e sul de cada modelo. As
todo o período de ocupação, com os resultados das
orientações leste e oeste tiveram valores totais de
simulações integradas: Daysim + EnergyPlus.
consumo bem semelhantes aos da orientação norte.
Os resultados estão apresentados em gráficos A orientação sul obteve os menores valores de
formados por colunas e linhas. As colunas consumo por uso final, porém maiores em relação
representam os valores de consumo obtidos com as ao consumo de iluminação, já que em
simulações integradas dos modelos com diferentes Florianópolis, devido à localização geográfica, é a
parâmetros, e as linhas representam os valores de orientação que menos recebe luz natural.
100.0 100.0
90.0 90.0
Consumo [kWh/m²/ano]
Consumo [kWh/m²/ano]
80.0 71.9 80.0
70.0 70.0
60.0 60.0
100.0 47.0
90.0 50.0 50.0
Consumo [kWh/m²/ano]
AHS
AHS
AHS
AHS
AHS
0.0
SB
SB
SB
SB
SB
SB
AVS
AVS
AVS
AVS
AVS
AVS
AHS
AHS
AHS
AHS
AHS
AHS
SB
SB
SB
SB
SB
SB
AVS
AVS
AVS
AVS
AVS
AVS
SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS
25.5
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
FS82 FS23 FS82 FS23
FS82 Casos FS23
Casos
Norte
Casos Sul
Legenda:
Iluminação Ar condicionado
MBase_Iluminação MBase_ArCondicionado
Figura 4 – Resultados do consumo de energia nas simulações do Modelo 1
100.0 100.0
90.0 90.0
Consumo [kWh/m²/ano]
Consumo [kWh/m²/ano]
80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 55.5
100.0 60.0
90.0 50.0 50.0 39.5
Consumo [kWh/m²/ano]
AHS
AHS
AHS
AHS
AHS
SB
SB
SB
SB
SB
SB
0.0
AVS
AVS
AVS
AVS
AVS
AVS
AHS
AHS
AHS
AHS
AHS
AHS
SB
SB
SB
SB
SB
SB
AVS
AVS
AVS
AVS
AVS
AVS
25.5
SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
FS82 FS23
FS82 FS23
FS82 Casos FS23
Casos
Norte
Casos Sul
Legenda:
Iluminação Ar condicionado
MBase_Iluminação MBase_ArCondicionado
Figura 5 – Resultados do consumo de energia nas simulações do Modelo 2
Consumo [kWh/m²/ano]
Consumo [kWh/m²/ano]
80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 60.0
100.0 44.5
90.0 50.0 50.0
Consumo [kWh/m²/ano]
AHS
AHS
AHS
AHS
AHS
SB
SB
SB
SB
SB
SB
AVS
AVS
AVS
AVS
AVS
AVS
0.0
AHS
AHS
AHS
AHS
AHS
AHS
SB
SB
SB
SB
SB
SB
AVS
AVS
AVS
AVS
AVS
AVS
25.5
SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
FS82 FS23 FS82 FS23
100.0 100.0
90.0 90.0
Consumo [kWh/m²/ano]
Consumo [kWh/m²/ano]
80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 54.7 60.0
100.0
90.0 50.0 50.0
Consumo [kWh/m²/ano]
80.0 38.5
70.0 40.0 75.5 40.0
Iluminação Iluminação
60.0 30.0 30.0
50.0 Ar condicionado Ar condicionado
40.0 20.0 25.5 20.0 25.5
30.0 10.0 10.0
MB_iluminação MBase_Iluminiação
20.0 0.0
10.0 0.0 MBase_ArCondicionado
MBase_ArCondicionado
0.0
AHS
AHS
AHS
AHS
AHS
AHS
SB
SB
SB
SB
SB
SB
AHS
AHS
AVS
AHS
AHS
AHS
AHS
AVS
AVS
AVS
AVS
AVS
SB
SB
SB
SB
SB
SB
AVS
AVS
AVS
AVS
AVS
AVS
25.5
SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS SB AVS AHS
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
PAF 25 PAF 50 PAF 75 PAF 25 PAF 50 PAF 75
FS82 FS23 FS82 FS23
Simulação computacional integrada para a consideração da luz natural na avaliação do desempenho energético 151
de edificações
Na análise dos diferentes modelos observou-se que de calor no interior do ambiente pelas trocas
todos aqueles com o PAF de 75%, FS de 82% e térmicas.
sem proteção solar apresentaram o menor consumo
Analisando a relação entre o consumo com
com iluminação artificial, porém maior consumo
iluminação artificial e a razão [AF/AP], percebe-se
com ar condicionado. Esses casos apresentam os
que, quanto maior a razão, menor o consumo com
maiores valores de DA por unidade de área e,
iluminação artificial, já que os ambientes mais
consequentemente, maior carga térmica rasos e mais altos apresentam melhor distribuição
proveniente da radiação solar devido aos materiais da luz natural. Na relação do consumo com ar
utilizados e à ausência de proteção solar.
condicionado e a razão [AF/V], ocorre o inverso:
Os resultados obtidos com os diferentes modelos quanto maior esta razão, maior o consumo com ar
tornaram possível identificar uma tendência na condicionado.
relação entre o consumo de energia e os
parâmetros geométricos, confirmando o que já foi
apontado e discutido por Ghisi, Tinker e Ibrahim Conclusão
(2005). Na análise do consumo com iluminação Este estudo avança na avaliação do impacto do uso
artificial identificou-se uma tendência com a razão da iluminação natural na redução do consumo de
da área de fachada pela área de piso, e na análise energia elétrica em edificações não residenciais. A
do consumo com ar condicionado a tendência foi integração de duas ferramentas computacionais
identificada pela razão da área de fachada pelo utilizadas na análise do desempenho luminoso e
volume do modelo. termoenergético de edificações, Daysim e
Essa tendência pode ser observada na Figura 8, EnergyPlus, foi a solução encontrada para
que ilustra um dos casos simulados como exemplo, contornar a limitação existente no EnergyPlus. A
o caso orientado para norte, com PAF de 75%, FS aplicação do método da simulação integrada
de 82% e sem proteção solar. No gráfico as consistiu em calcular num programa (EnergyPlus)
colunas se referem, respectivamente, ao consumo o consumo energético anual utilizando o arquivo
com iluminação artificial, ar condicionado e de dados gerado em outro programa (Daysim).
consumo total; a linha tracejada corresponde à O impacto do aproveitamento da luz natural no
razão da área de fachada pela área de piso consumo energético total foi analisado pelo
[AF/AP]; e a linha pontilhada corresponde à razão consumo de energia com ar condicionado e
da área de fachada pelo volume do modelo iluminação artificial. O uso do controle do sistema
[AF/V]. de iluminação artificial, diante do aproveitamento
Como os ambientes em estudo foram modelados da luz natural, proporcionou uma redução no
com apenas uma fachada voltada para o ambiente consumo de energia com iluminação em todos os
externo, proporcionando ganho de calor pelas modelos e influenciou o comportamento do ar
trocas térmicas, houve relação entre as formas condicionado, que teve seu consumo reduzido
geométricas e o consumo de energia. Os modelos devido à diminuição das cargas internas
mais compactos apresentaram o maior consumo provenientes do sistema de iluminação artificial. A
por unidade de volume, apresentando menor perda redução obtida no consumo final variou de 12% a
52%.
80.0
Consumo [kWh/m²/ano]
80.0 0.70
Razão [AF/AP] e [AF/V]
0.70
Razão [AF/AP] e [AF/V]
0.68 0.68
70.0 70.0 0.60 0.60
60.0 60.0
0.50 0.50
50.0 50.0 0.44 0.44
0.40 0.40
40.0 40.0 0.34 0.34
0.30 0.30
30.0 0.25 30.0 0.25
20.0 20.0 0.20 0.20
0.17 0.17
10.0 0.13 0.13 0.10 0.10 0.10
10.0 0.10 0.06
0.06
0.0 0.0 0.00 0.00
Modelo 1 Modelo 2Modelo 1Modelo 3Modelo 2Modelo 4Modelo 3 Modelo 4
Legenda:
Iluminação Iluminação Ar condicionado Ar condicionado
Total Total Razão ÁreaFachada/VolumeRazão
[AF/V]ÁreaFachada/Volume [AF/V]
Razão
Razão ÁreaFachada/ÁreaPiso ÁreaFachada/ÁreaPiso [AF/AP]
[AF/AP]
Figura 8 – Relação do consumo com a razão [AF/AP] e [AF/V]
Simulação computacional integrada para a consideração da luz natural na avaliação do desempenho energético 153
de edificações
SOUZA, M. B. Potencialidade de WINKELMANN, F.; SELKWITZ, S. Daylighting
Aproveitamento da Luz Natural Através da Simulation in the DOE-2 Building Energy
Utilização de Sistemas Automáticos de Controle Aanalysis Program. Energy and Buildings, v. 8,
para Economia de Energia Elétrica. 2003. 208 f. n. 4, p. 271-286, 1985.
Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) –
Escola de Engenharia, Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Coordenação de
WARD, G. Radiance Tutorial. Building
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Technologies Department. Lawrence Berkeley
(Capes) e ao Conselho Nacional de
Laboratory. 1993. Disponível em:
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
<http://radsite.lbl.gov/radiance/>. Acesso em: 10
(CNPq) pelo auxílio financeiro na forma de bolsa
jun. 2008.
de estudo.