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A Morte do Professor Aramis

25 de Novembro de 2019

Documento redigido e publicado em LATEX

1 Gancho
Às vésperas da grande aula inaugural que marcaria seu retorno ao magistério,
após dois anos longe das salas de aula, o professor Aramis de Almeida é
encontrado em sua casa, caído no chão em convulsões. O socorro é chamado,
mas ele morre antes que a ambulância chegasse ao local. A perícia conclui que
ele sofreu um envenenamento, o que leva a polícia a investigar este possível
assassinato.

2 A Terrível Verdade
O professor de História Antiga Aramis de Almeida decidira se afastar do
trabalho como professor na Universidade Moraes Paiva - UNIPAIVA - ale-
gando precisar de um período sabático, mas sua real intenção era outra. Um
ano antes, ele havia conhecido um jornalista chamado Tarcízio Ferdinando,
com o qual se encontrara pela primeira vez em um congresso sobre arte na
Antiguidade, assunto de interesse de ambos. Este encontro, ao contrário do
que Aramis pudesse imaginar, não havia sido obra do acaso.
Tarcízio Ferdinando era um cultista, um adorador de entidades cósmicas
e muito antigas, com as quais teve contato ainda jovem. Colecionava itens
e textos antigos a respeito destes Grandes Deuses, muitos deles contendo
rituais de feitiçaria profanos e deploráveis, mas que prometiam aos que se
dedicassem à sua prática poderes sequer imaginados por reles e ignorantes
mortais. Um destes rituais lhe causava verdadeira obceção e serviria para
trazer à nossa realidade um dos Grandes Deuses que habitam a chamada
Terra dos Sonhos. Aquele que conseguisse trazê-lo receberia dele grande
poder. O ritual estava escrito em um rolo de tecido dourado, guardado

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em uma ânfora decorada com arte etrusca. Desde que obteve esta peça,
comprada em um mercado na cidade de Túnis, buscou traduzir seu conteúdo,
todo escrito em idioma etrusco, mas não teve muito sucesso nesta tarefa.
O único trecho que conseguiu traduzir com precisão dava conta de que o
ritual deveria ser feito em uma localização especíca, um certo local de poder
existente em vários pontos do mundo. Após muitas pesquisas, Tarcízio veio
a descobrir que um desses locais de poder cava onde hoje está construída a
UNIPAIVA. Era aí que Aramis entraria.
O cultista precisava de Aramis para traduzir o restante do ritual e para lhe
garantir acesso ao interior da universidade. Assim sendo, resolveu aproximar-
se do professor, o qual rapidamente caiu em suas graças. Tarcízio apresentou-
lhe alguns de seus antigos pergaminhos, que causaram em Aramis admiração
e dedicação extremos. A cada novo texto que Aramis lia e decifrava, mais
ele cava obcecado. Quando Tarcízio lhe apresentou a ânfora e o rolo com
o tal ritual, Aramis decidiu que iria trabalhar na sua tradução em tempo
integral. Por isso, pediu licença de seu trabalho como professor e mudou-se
para uma pequena casa alugada em um bairro de periferia, levando consigo
apenas os materiais de que precisaria para as traduções e sua outra grande
paixão: seus cinco gatos.
Durante dois anos, Aramis aprendeu mais e mais sobre as verdades re-
lacionadas aos Grandes Deuses. Aprendeu alguns rituais; um deles servia
para acessar a tal Terra dos Sonhos. Sentava-se em uma cadeira ritualmente
consagrada e, com a ajuda de um gato, fazia a travessia para este outro
mundo onírico - segundo aprendeu nestes estudos, os gatos possuem livre
acesso à Terra dos Sonhos. Praticava este ritual toda semana, sempre de
madrugada; desenvolveu uma relação sobrenatural com seus gatos, com os
quais conversava, ensinava e usava como uma espécie de oráculo.
Aramis estava realmente fascinado com o poder que aqueles conhecimen-
tos sobre os deuses antigos lhe proporcionava. Toda essa devoção só foi
interrompida quando descobriu, já terminando a tradução, que o ritual da
ânfora envolvia o sacrifício de dezenas de pessoas, cujas mentes seriam usadas
para canalizar a passagem da entidade para nossa realidade. Ciente de que
este ritual seria realizado na universidade à qual dedicou anos de sua vida e
que mataria estudantes e colegas de lá, Aramis teve um momento de lucidez
ingênua e anunciu a Tarcízio que iria eliminar todo o material relacionado ao
ritual.
Mas isso era algo que Tarcízio não poderia permitir. Tão perto que estava
de seu êxito, tomou uma atitude drástica: acertou Aramis na nuca com uma
estatueta maciça de metal, um golpe fatal. Sem saber o que fazer com o
corpo e vendo sua garantia de acesso à universidade morrer, Tarcízio usou
seus conhecimentos da magia profana dos Grandes Deuses e resolveu os dois

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problemas numa tacada só. Desmembrou e cortou o corpo do professor em
vários pedaços e comeu alguns desses pedaços, enquanto proferia palavras
macabras. Através deste feitiço, a aparência de Tarcízio foi transmutada,
cando idêntico ao professor Aramis. Desta forma, poderia assumir a identi-
dade do professor e dar prosseguimento ao plano normalmente. Cuidou para
que nenhuma mancha de sangue ou outra evidência de seu crime permane-
cesse na casa, mas deixou escapar uma: na hora da pancada, um pouco do
sangue de Aramis acertou um dos gatos que, ao roçar no sofá da sala, deixou
uma discreta mancha de sangue ali.
Como era necessário que Tarcízio comesse mais partes do corpo do pro-
fessor a cada dois dias para manter o efeito do feitiço, ele guardou os pedaços
em um refrigerador numa pequena casa de veraneio que possuía no litoral da
cidade. Tarcízio estava sempre carregando a chave dessa casa no bolso da
calça. O falso Aramis, então, foi à UNIPAIVA para manifestar seu desejo de
voltar a dar aulas, o que foi prontamente aceito. Anunciou que faria uma
aula inaugural; mais de 100 alunos se inscreveram para assisti-la. Fez questão
que essa aula acontecesse em um auditório especíco - o local exigido pelo
ritual cava naquele ponto exato. Tudo estava pronto para realizar seu ato
dali a uma semana.
O que Tarcízio não poderia imaginar era que tudo o que Aramis estava
fazendo vinha sendo monitorado há cerca de 6 meses. Aramis tinha um de-
safeto de longa data, um outro professor de História da UNIPAIVA chamado
Carlos Cantarelli. Cantarelli e Aramis já se envolveram em diversas dispu-
tas, desde trocas de farpas e processos por acusações de plágio e calúnia,
ou mesmo chegando às vias de fato em eventos sociais ou nos corredores da
universidade. Quando Aramis se afastou do trabalho, a animosidade entre os
dois se acalmou, para logo reacender quando Cantarelli descobriu que Aramis
havia tido um caso com sua esposa - ou, pelo menor, era isso que Cantarelli
havia deduzido. Cantarelli foi à casa de Aramis para tirar satisfações e, ao
chegar lá, viu que ele estava acompanhado de Tarcízio.
Cantarelli é membro de uma sociedade secreta formada por acadêmicos,
intelectuais, historiadores e arqueólogos chamada Ordem de São Seram -
ou, pelo menos, é nisso que ele acredita. Esta sociedade se dedicaria a vigiar,
investigar e eliminar sinais de cultos aos tais Grandes Deuses. Tarcízio cons-
tava na lista negra da Ordem e, quando Cantarelli o viu na casa de Aramis,
começou a vigiar a casa e as atividades do professor e do jornalista. Inter-
rogando a dona da casa alugada por Aramis, que atende por Dona Lourdes,
Cantarelli cou sabendo da rotina de visitas de Tarcízio, dos hábitos estra-
nhos de Aramis, dos textos antigos em que Aramis vinha trabalhando e das
movimentações barulhentas nas madrugadas que geravam reclamações dos
vizinhos, informações que foram sucientes para deduzir que Tarcízio havia

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convertido Aramis em um cultista. Quando cou sabendo do retorno de
Aramis às aulas, concluiu que deveria agir para impedir uma catástrofe -
seguindo orientações do alto escalão da Ordem de São Seram, obviamente.
Decidido a matar o professor - que, a essa altura, já havia sido substituído
por Tarcízio -, Cantarelli viu nos gatos a chance de que precisava. Aramis
zelava muito pela saúde de seus cinco gatos; ele cuidava dos animais em um
hospital veterinário. Uma aluna da UNIPAIVA do curso de Medicina Vete-
rinária que fazia estágio nesse hospital, chamada Juliana, fora encarregada
de ir à casa de Aramis sempre que fosse necessário buscar um gato para tra-
tamento. Juliana mantinha um caso amoroso com o professor Cantarelli, em
segredo. Em uma visita íntima à estagiária dentro do hospital, Cantarelli
acessou o kit de medicamentos que Juliana preparou para tratar de um dos
gatos de Aramis que estava internado ali. Pegou um frasco de medicamento
a ser aplicado nas unhas do gato e misturou no remédio uma quantidade fatal
de toxina botulínica - não sem antes de se certicar de que a toxina não ma-
taria o gato antes de chegar a Aramis; a toxina é muito pouco absorvida pela
pele, mas pode ser fatal se inoculada de alguma forma. Juliana, inocente da
artimanha do namorado, aplicou o remédio nas unhas do gato normalmente.
Ao ser devolvido ao falso Aramis, o gato reconheceu que não estava diante
de seu dono e lhe deu um belo arranhão na bochecha, o que não causou
nenhuma reação imediata. No meio tempo em que Juliana foi embora e que
Dona Lourdes foi até a casa para levar as reclamações dos vizinhos, o veneno
agiu. Tarcízio ia atender à campainha, mas começou a passar mal e caiu
no chão da varanda, tossindo e vomitando. Dona Lourdes ouviu as tosses
incessantes e decidiu abrir o portão - ela tinha uma cópia da chave -, vendo
assim o estado do homem envenenado. Ligou para a ambulância, mas quando
o socorro chegou, ele já havia morrido.
A notícia caiu como uma bomba no campus da UNIPAIVA. Já Cantarelli,
ao ter a morte de Aramis conrmada, passou a preparar-se para investir de
forma denitiva contra Tarcízio. Enquanto isso, aqueles gatos de Aramis, que
tanto participaram das viagens à Terra dos Sonhos, caram de certa forma
envolvidos com a trama. Eles estão à espera de pessoas suscetíveis para fazê-
los ter contato com os textos que revelam a verdade dos Grandes Deuses,
especialmente o ritual contido na ânfora, a m de que o plano iniciado por
Tarcízio tenha um novo encarregado.

3 A Espinha
No início da aventura, os Investigadores serão chamados a atuar no caso do
possível assassinato do professor Aramis. Os indícios encontrados os levarão

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a fazer interrogatórios com pessoas envolvidas com a vítima e visitar o local
onde a morte ocorreu. Desta forma, conhecerão sobre a presença de Tarcízio
na vida de Aramis e sobre a inimizade entre ele e Cantarelli.
O segundo ato tem início quando a ação dos gatos e a inuência pertur-
badora da ânfora farão com que um policial atire em seus colegas e revele a
presença da ânfora na casa de Aramis. Cantarelli é enviado pela universi-
dade para buscar a peça, o que dará uma oportunidade aos Investigadores
de interrogá-lo. O seguimento da investigação levará a Juliana, peça-chave
para levar ao culpado do assassinato, e a informações sobre Tarcízio.
O terceiro ato é disparado com a notícia de que o corpo de Aramis mudou
de forma, assumindo sua verdadeira aparência, a de Tarcízio. Paralelo a isso,
os Investigadores recebem da polícia o paradeiro de Juliana, que parece estar
em fuga. Os Investigadores a encontrarão em sua casa, em claro movimento
de fuga. Ela recebe, inclusive, uma ligação de Cantarelli, seu caso amoroso
secreto, combinando um local de encontro para fugirem. Os Investigadores
também saberão sobre a casa de Tarcízio na praia, onde encontrarão os pe-
daços do corpo verdadeiro de Aramis e a descrição do ritual que Tarcízio
realizou para assumir sua aparência.
O último ato acontece quando os Investigadores fazem uma emboscada
a Cantarelli, com ajuda de Juliana. Ele chega ao local, revela a ânfora a
Juliana e que irá destrui-la, mas um bando de gatos, os mesmos que estavam
circulando pela casa de Aramis desde a morte de Tarcízio, aparecem para
impedir a destruição do artefato e matam Cantarelli, na frente de Juliana e
dos Investigadores. Os gatos usarão de telepatia para convencê-los a assumir
a ânfora e realizar o ritual. Aqueles que se recusarem terão destino igual ao
de Cantarelli.

4 Personagens Jogadores
Para fazer jus ao engajamento dos Investigadores no caso do assassinato e do
acesso a informações e locais restritos, as sugestões para estes personagens
são:
• Detetive policial: é o envolvido mais óbvio no caso, incumbido na in-
vestigação por seus superiores na delegacia.
• Militar: policial militar encarregado de auxiliar e escoltar os investiga-
dores.
• Jornalista: representante da imprensa que buscará informações para
fazer a matéria mais completa possível sobre o caso.

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• Professor, Antropólogo, Cientista: um colega de trabalho de Aramis
pode querer participar das investigações ou estar representando a uni-
versidade.
• Médico: o médico legista dará início às investigações, analisando o
corpo da vítima, e poderá se envolver no desenrolar do caso.

5 Ato 1
Os Investigadores são convocados pela Delegacia local para assumirem o caso
do possível assassinato do professor universitário Aramis de Andrade. Ele
lecionava sobre História da Antiguidade na Universidade Morais Paiva, ou
UNIPAIVA, a principal e mais renomada universidade particular da cidade.
O corpo do professor já está nas dependência do Instituto Médico Legal e os
Investigadores poderão acessá-lo, principalmente o médico legista.
Através da análise do corpo, os Investigadores poderão obter as seguintes
informações:
• O professor tinha por volta de 50 anos.

• A causa da morte é envenenamento por toxina botulínica.

• O corpo possui escoriações na cabeça e nos joelhos, causadas pela queda


quando ele passou mal, além de pequenos arranhões no rosto, na altura
da bochecha, num padrão semelhante a arranhões causados por unhas
de animal, talvez um gato. Neste arranhão, há uma concentração de
toxina botulínica.
• O único pertence que a vítima portava na hora da morte era um cha-
veiro, em formato de um coqueiro, com três chaves, que estava no bolso
da calça.
O delegado responsável pelo caso informa que os Investigadores poderão
conversar com Dona Lourdes, dona da casa onde Aramis morava de aluguel
e que foi quem encontrou o professor na hora da morte. Dona Lourdes é uma
senhora em seus 60 anos, vestida modestamente e com pequenas bijuterias
como ornamento. Ela aguarda em uma sala da delegacia, bebendo vários
copos d'água com as mãos trêmulas. Ao interrogá-la, Dona Lourdes dirá o
seguinte:
• Estava indo à casa para falar com Aramis, mais uma vez, sobre as re-
clamações de seus vizinhos a respeito dos barulhos que ele fazia durante
a madrugada, toda semana.

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• Quando tocou a campainha, ouviu pelo lado de fora que Aramis estava
tossindo muito e gemendo de dor. Como tinha uma cópia da chave,
abriu o portão e o viu agonizando no chão da varanda. Ligou imedia-
tamente para a ambulância, que demorou a chegar. Quando chegaram,
o professor já estava morto.
• Aramis estava morando naquela casa há dois anos. Era bastante re-
cluso, não gostava de conversar nem de sair de casa. Sempre manteve
seu aluguel em dia.
• As únicas vezes em que viu Aramis conversar com alguém foram com
um homem que vinha visitá-lo regularmente, sempre em um carro pe-
queno de cor prata.
• Aramis possuía cinco gatos em casa, dos quais cuidava muito bem.
Como nunca saía de casa, uma funcionária de um hospital veteriná-
rio sempre ia à casa para buscar os gatos ou devolvê-los, quando era
necessário fazer alguma intervenção neles.
O delegado coloca uma viatura à disposição dos Investigadores para irem
à casa de Aramis, já que a perícia precisa encerrar seu trabalho no local e
lacrá-lo, para liberá-lo à Dona Lourdes o mais breve possível. Indo para lá,
os Investigadores logo notarão que a casa está com muito mais gatos do que
os cinco que Dona Lourdes informara; há dezenas deles andando pelo muro,
pelo quintal e pelo interior da casa. Trata-se de uma casa pequena, com
quintal bem cuidado na frente, muro alto protegido por pregos inncados no
topo. Possui quatro cômodos enleirados, já que o terreno é estreito. Três
policiais e dois peritos estão trabalhando no local.
A sala é pequena, com um sofá e uma estante vazia, exceto por um
porta-retratos com uma foto que mostra o professor Aramis ao lado de um
homem de cerca de 40 anos, posando de frente para o mar. Caso morem na
cidade, os Investigadores reconhecerão que se trata de uma das praias locais.
Há uma mesa de centro, com um livro grosso sobre arte na Idade Antiga e
um caderno com anotações sobre o mesmo assunto. Um Investigador mais
observador notará que há uma pequena mancha de sangue esfregada na base
do sofá, bem próximo a um dos pés. Há também alguns pelos de gato nessa
mancha. O sangue já está bastante seco, datado de pelo menos uma semana.
Os Investigadores podem pedir uma análise de DNA, cujo resultado, que irá
demorar a car pronto, indica que o sangue não bate com o DNA do corpo
de Aramis.
A cozinha e o banheiro estão limpos e bastante vazios. O quarto está
trancado. Caso os Investigadores tenham levado as chaves encontradas no

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corpo de Aramis, não conseguirão abrir o quarto com elas. Há uma janela
para o lado de fora, mas ela também está trancada. Se por algum motivo
os Investigadores queiram abrir o quarto de qualquer jeito, não encontrarão
nenhuma chave na casa, mas podem arrombar a porta. Se assim o zerem,
verão que o quarto é pequeno, com todas as paredes, inclusive o teto, recober-
tas com símbolos pequenos, parecendo formarem algum tipo de escrito. Com
conhecimento sobre História, é possível determinar que se trata de um alfa-
beto antigo, semelhante ao alfabeto fenício - mais precisamente, o alfabeto
etrusco. O quarto é mobiliado por uma cama arrumada, um guarda-roupas
de madeira-de-lei e uma cadeira, ao centro, também recoberta dos mesmos
caracteres da parede, entalhados grosseiramente em sua madeira.
Caso conversem com vizinhos, eles conrmarão as informações sobre os
hábitos de Aramis, inclusive sobre os barulhos que vinham de sua casa em
alguns dias pela madrugada. Terão diculdade em descrever esses barulhos,
mas dirão que são muito altos e incômodos e que se pareciam com batidas,
sons de móveis sendo arrastados e gritos do próprio Aramis. Dirão também
que ele sempre recebia visitas de um homem num carro prata - se virem a
foto, conrmarão que é o mesmo homem. Alguns dos vizinhos revelarão que
estavam estranhando o fato de que Aramis passou a sair de casa na última
semana, às vezes a pé e às vezes usando o carro prata de seu visitante, de
quem deveria ter pego emprestado.
Caso queiram ir à universidade para obter informações sobre Aramis, os
Investigadores serão informados pelos diretores e outros professores de que
Aramis era professor de História Antiga e especialista em culturas e línguas
da Antiguidade. Era um professor muito admirado por todos, que lecionou
ali por mais de vinte anos, mas que decidira se afastar do magistério dois anos
atrás, para um período sabático. No entanto, foi à universidade na semana
passada para retornar às aulas. Anunciou uma aula inaugural e fez questão
que ela acontecesse no auditório B3, por motivos que não quis explicar. Mais
de cem alunos se inscreveram para assistir a essa aula que, fatalmente, não
acontecerá.
Já nos corredores da universidade, ou conversando com alunos, os Inves-
tigadores ouvirão que um dos professores deveria estar "feliz"com a morte
de Aramis: Carlos Cantarelli, um desafeto de longa data. Ouvirão relatos de
que os dois estavam sempre brigando, trocando acusações e processos jurí-
dicos, chegando às vias de fato em pelo menos três ocasiões. Alguns alunos
repreenderão os que falarem disso, mas nenhum negará esses fatos.
Se os Investigadores se interessarem em visitar o condomínio onde Aramis
morava antes de se mudar, saberão pelos responsáveis pelo lugar que Aramis
sempre foi um morador exemplar e que continuou pagando a taxa de condo-
mínio durante esses dois anos. Entretanto, para entrarem na casa de Aramis,

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será necessário um mandado da Justiça, o que dicilmente será emitido. Se
ainda assim conseguirem entrar, a única informação útil é de que a casa está
repleta de retratos de Aramis com amigos, mas nenhuma com o homem da
foto encontrada na sua casa atual.

6 Ato 2
Os Investigadores são chamados às pressas para retornar à casa de Aramis:
um policial que estava atuando lá atirou nos dois peritos, sem nenhum motivo
aparente; os dois morreram na hora. Ao chegarem lá, verão o tal policial
imobilizado por outro e gritando, aos berros, que os gatos entraram na mente
dele. Não é possível ter qualquer nível de diálogo com ele; ele continua
gritando que os gatos mostraram o cofre e lhe disseram o segredo. A situação
toda exige um Teste de Estabilidade aos Investigadores.
Dentro do quarto, o guarda-roupa foi movido de sua posição. Há um cofre
na parede atrás desse guarda-roupa; dentro dele há uma ânfora, uma espécie
de vaso decorado com pinturas antigas. Dentro da ânfora há uma espécie
de rolo, um tecido dourado enrolado, todo coberto de caracteres etruscos,
iguais aos que cobrem as paredes do quarto. Todos os que olharem para
a ânfora sentirão dores de cabeça e ouvirão sons de batidas, gritos e sons
de coisas pesadas sendo arrastadas - o que exigirá um Teste de Estabilidade.
Com conhecimento sobre cultura antiga, é possível indenticar a ânfora como
sendo etrusca. O outro policial foi orientado pelo delegado a ligar para a
universidade, pois seu departamento de História saberia o que fazer com
aquela peça. Ele informa aos Investigadores que o professor Carlos Cantarelli
estava a caminho para fazer a remoção.
Junto da ânfora há um caderno, escrito à mão com a mesma letra do
caderno encontrado na sala, anteriormente. Caso os Investigadores o leiam,
verão que se trata de uma tradução de um texto que fala sobre seres que
habitam num lugar chamado Terra dos Sonhos. O texto exalta o poder e a
ancestralidade desses seres e de como eles inuenciam a vida humana através
dos sonhos. Se continuarem lendo, chegarão à parte que descreve um ritual
complexo com o objetivo de trazer ao nosso mundo uma criatura soberana
da Terra dos Sonhos. O ritual envolveria sacricar a mente de dezenas de
pessoas, canalizando com elas um portal entre os dois mundos. Este ritual
deveria ser feito em um local especíco, onde deveriam estar presente as
pessoas a serem sacricadas e a ânfora. Na parte em que essa exigência é
descrita, há uma observação sobrescrita com a palavra UNIPAIVA. A graa
parece demonstrar ter sido escrita com raiva. Ler sobre este ritual exige um
Teste de Estabilidade.

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Caso quem na casa para aguardar e interrogar Carlos Cantarelli, verão
que ele é um homem de meia idade, de porte elegante, com fala calma e re-
buscada. Dirá que sempre admirou o professor Aramis e que suas desavenças
com ele se limitavam ao campo acadêmico, nada pessoal. Não negará que
já brigaram algumas vezes, mas que era coisa do passado. E então ele se
retirará, levando a ânfora num carro preto, sem demonstrar nenhum sinal de
mal estar, dores de cabeça ou qualquer incômodo.
Os investigadores podem querer ir ao hospital veterinário para vericar
sobre a rotina de tratamento dos gatos de Aramis e sobre a funcionária que
cuidava deles. Serão atendidos pela Dra. Laura Mariotti, uma mulher alta
de cabelos ruivos presos em um coque e um jaleco impecavelmente branco.
Ela lhes dirá que o professor Aramis passou a tratar seus gatos naquele
hospital há cerca de dois anos e que, durante todo esse tempo, a estagiária
Juliana foi responsável por ir à casa de Aramis sempre que fosse necessário
buscar e devolver algum gato dele. Juliana também era responsável pelos
procedimentos com os gatos, sob a tutela da Dra. Laura. Juliana não se
encontra no hospital naquele momento.
Os relatórios de Juliana informam que ela fora à casa de Aramis devolver
um gato, poucos minutos antes do horário em que Dona Lourdes alega ter
encontrado Aramis agonizando. Informam também que Juliana administrou
no gato um medicamento aplicado nas unhas do gato, para tratar uma micose.
Dra. Laura informará que cada gato possui seu kit próprio de medicamentos
e materiais.
Caso liguem para o celular de Juliana, ela atenderá com a voz trêmula
e assustada. Ao menor sinal de pressão ou de perguntas complicadas, ela
desligará o telefone. Sobre o remédio aplicado nas unhas do gato de Ara-
mis, uma análise química revelará que aquele frasco contém traços de toxina
botulínica.
Se os Investigadores tiverem buscado informações sobre o homem da foto,
descobrirão que seu nome é Tarcízio Ferdinando, um jornalista de 43 anos
que já trabalhou em um pequeno jornal local. Tarcízio usa redes sociais com
pouca frequência, mas postou fotos de algumas viagens, a última para Túnis,
capital da Tunísia, há quatro anos. As últimas fotos postadas são de um
congresso de Arte na Antiguidade, há três anos. Informações da prefeitura
revelam que ele possui uma casa na mesma praia onde foi tirada a foto com
Aramis.

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7 Ato 3
O delegado pede que os Investigadores se dirijam à delegacia imediatamente.
Ao chegarem lá, são levados ao necrotério, onde se deparam com uma cena
inexplicável: o rosto do professor Aramis havia se transformado no rosto de
outra pessoa, inclusive de pele mais clara. Os Investigadores logo reconhe-
cerão que se trata do rosto de Tarcízio - e os jogadores farão um Teste de
Estabilidade. Sem tempo para lidarem com aquela cena, o delegado informa
que rastrearam a localização de Juliana, que se encontra na república onde
mora.
Ao irem para a tal república, encontrarão Juliana saindo do prédio com
uma mochila bem cheia nas costas. Ao ver os Investigadores chegando, ela
tentará correr, mas será facilmente alcançada. Aos prantos, ela diz que é
inocente, que não tem nada a ver com a morte do professor Aramis, mesmo
antes de os policiais falarem qualquer coisa. Ela diz que está com medo
de ser considerada culpada porque sua chefe lhe contou da passagem dos
Investigadores no hospital e sabe que ela parece suspeita.
No meio do interrogatório, ela recebe uma ligação, que a deixa extre-
mamente nervosa. Ela diz, gaguejando, que é uma amiga, o que pode ser
facilmente identicado pelos Investigadores como mentira. Os Investigadores
podem ordenar que ela atenda a ligação no viva-voz, o que ela obedecerá.
A voz na ligação é facilmente reconhecida como de Carlos Cantarelli. Ele
chama Juliana de amor, diz que a levará para um lugar seguro e que ela
deverá encontrá-la próximo à antiga usina, às 20h. Ele também pergunta o
que pode fazer para espantar uns gatos que se enaram no carro dele e não
querem sair.
Seja qual método os Investigadores usarem para pressionar Juliana, ela
logo confessará que se tratava de Carlos Cantarelli ao telefone e relata todo
o conteúdo da ligação, caso os Investigadores não a tenham escutado. Ela
dirá que os dois têm um caso escondido e que ele costumava lhe fazer "visitas
íntimas"no hospital veterinário. Ela confessa que ele foi ao hospital no dia
em que ela medicou e devolveu o gato de Aramis, mas que Cantarelli seria
incapaz de atentar contra a vida de quem quer que fosse, muito menos de
manipulá-la a ponto de alterar os medicamentos usados no hospital. Ela
reconhece que Cantarelli odeia Aramis, muito mais depois de ter descoberto
que Aramis tivera um caso com sua esposa. Juliana parece não perceber as
contradições de suas armações e convicções a respeito de Cantarelli.
Os Investigadores podem propor ou exigir fazerem uma emboscada a Can-
tarelli no ponto de encontro marcado com Juliana. Se eles não propuserem
isso, a própria Juliana o fará, certa de que Cantarelli poderá explicar tudo e
provar sua inocência. Como ainda faltarão 2 horas para o hórário marcado,

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os Investigadores poderão usar o tempo restante para ir à casa na praia de
Tarcízio.
A chave encontrada com o corpo do falso Aramis abrirá a casa da praia.
É uma casa de porte médio, com pouca mobília e com um pouco de poeira e
areia pelo chão e móveis, típico de uma casa de praia que não recebe faxina
há algumas semanas. Há um carro prata dentro da garagem. No quarto, há
uma estante com alguns livros de aparência muito antiga, alguns em inglês
e francês. Alguns estão com folhas de caderno marcando páginas e contendo
traduções de seus conteúdos. Alguns descrevem o que parecem ser rituais
religiosos. Um deles em especial descreve um ritual em que o feiticeiro mata
e come a carne de uma pessoa para assumir sua aparência e deve continuar
comendo a carne regularmente para que o efeito seja mantido.
Há um freezer ligado na cozinha. Dentro dele, diversos pedaços de um
cadáver humano, conservados pelo frio e ensacados. A cabeça está ali, mas
foram arrancados os dentes e a pele do rosto. A pele dos demais pedaços,
apesar de branqueada pelo frio, parece morena como a de Aramis. A visão
dos pedaços e a dedução de que Tarcízio realizou o ritual e se transformou
em Aramis exigem um Teste de Estabilidade. Um teste de DNA posterior
conrmará que o sangue achado no sofá da casa de Aramis pertence a esse
corpo. Mas isso não muda o fato de que Carlos Cantarelli é o principal
suspeito de ter matado um homem envenenado; só indica que ele parece ter
atingido o alvo errado.

8 Ato 4
É chegada a hora da emboscada. Juliana e os Investigadores se encontram
num local isolado, iluminado por poucos postes, nos arredores de uma antiga
usina desativada. O silêncio do lugar é quase absoluto, quebrado apenas por
alguns miados ao longe. Não demora muito e o carro preto de Cantarelli
chega. Ele mal permite que Juliana fale, já abre a mala do carro e mostra
a ânfora, que faz Juliana se sentir mal. Independente do momento em que
os Investigadores revelem sua presença no local, ele dirá a Juliana que ela
fez parte de uma obra que salvou muitas pessoas e que terminará esta obra
destruindo a ânfora. Vai confessar, alto e claro, que matou Aramis, com o
consentimento de Ordem de São Seram, pois Aramis havia se envolvido com
forças profanas e obscuras, e que faria o mesmo com Tarcízio em seguida.
Neste momento, gatos começam a aparecer de todos os cantos do lugar,
em torno de vinte. Eles formam uma roda em torno de Cantarelli, que tenta
recuar, mas é atacado repentinamente pelos felinos. Juliana entra em choque.
Os Investigadores podem tentar impedir, mas se nada intervier, os gatos

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morderão Cantarelli até matá-lo. A cena exige um Teste de Estabilidade dos
Investigadores.
Os gatos então se posicionarão diante dos Investigadores, que começarão
a ouvir vozes em sua mente. Vozes que falam sobre uma dádiva maravilhosa
que está ao alcance deles, um poder indescritível que lhes será dado, preci-
sando para isso apenas recolher a ânfora e realizar o ritual que Tarcízio iria
realizar na universidade. Ouvir as vozes exigirá um Teste de Estabilidade.
Juliana irá aceitar a oferta das vozes. Qualquer Investigador que zer men-
ção de recusar a oferta e/ou de tentar fazer algo à ânfora será atacado pela
horda de gatos, que não irá parar de atacar enquanto não for obedecida ou
derrotada.

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