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São Paulo, junho 2011

© 2011 Alcindo Almeida


Editora Fôlego
www.editorafolego.com.br

Editores
Emilio Fernandes Junior Rosana Espinosa Fernandes

Diagramação
Adriana França Cunha

2 a edição brasileira
Junho de 2011
As citações bíblicas foram extraídas da versão internacional.

Todos os direitos são reservados à Editora Fôlego, não podendo a obra em questão ser reproduzida ou
transmitida por qualquer meio - eletrônico, mecânico, fotocópia, etc. - sem a devida permissão dos
responsáveis.

Dados de Catalogação na Publicação

Almeida, Alcindo
Conselhos para uma vida sábia
Alcindo Almeida, São Paulo: Editora Fôlego, 2011.

ISBN 978-85-9886289-7 1. Bíblia 2. Espiritualidade 3. Abordagem teológica I. Título


Sumário
Agradecimentos, 7
Dedicatória, 9
Prefácio, 11
Introdução, 13
O fim dos seres humanos é passar rápido na vida, 19 Não se esqueça que a
vida é passageira, 39
A futilidade dos prazeres humanos, 45
Tudo tem seu tempo determinado por Deus, 59
Tudo tem seu tempo determinado por Deus - Parte II, 67 Os conselhos de
Deus para o cotidiano da vida, 79 Deus que nos sustenta em tudo, 85
A vaidade do poder humano, 91
A amizade é a base do cristianismo, 101
A prioridade da reverência e os votos do coração, 111 Sirvamos a Deus sem
nos apegar ao terreno, 121
Pensemos na eternidade e na sabedoria divina, 129 A sabedoria traz
equilíbrio para a vida, 143
Tenhamos uma vida pura diante de Deus, 151
Façamos tudo que está ao nosso alcance no Reino, 161 A graça de ouvir, 171
Preservando a sabedoria no coração, 177
Agindo na vida lembrando que Deus faz tudo,185 Juventude: um presente
que deve ser valorizado, 191 Jovens: lembrem-se do que os pais ensinaram
sobre Deus, 201 A dinâmica da vida compromissada com Deus, 217
Compromisso e fé através do temor a Deus, 229
Referências bibliográficas, 239
Agradecimentos
Agradeço ao Senhor Deus e Pai pelo sustento e amparo em todos estes anos
de trabalho. Sei que se não fosse a bondosa mão do eterno, não teria
produzido esta obra.

Agradeço imensamente aos meus familiares especialmente a minha amada


esposa Erika que me apóia em tudo o que faço e que tem paciência comigo.

Agradeço à igreja da Lapa onde estou caminhando há 2 anos. E aos


presbíteros e diáconos que me apóiam no trabalho pastoral.
Agradeço ao amigo da alma Railton dos Santos por me apoiar e pelo precioso
prefácio.
À Editora Fôlego, aos amigos Emílio e Rosana por terem recebido com
carinho o meu trabalho e assim editá-lo.
As igrejas Presbiterianas de: Cuiabá na pessoa do Pr. Nelson Gonçalves;
Alphaville na pessoa do Pr. Hilder C. Stutz; a de Ermelino Matarazzo na
pessoa do Pr. Gilberto Pires de Morais pelo apoio na divulgação do livro.
Aos amigos que deram o apoio financeiro: Aos amigos que deram o apoio
financeiro: Cláudio Monegatto e minha querida sogra D. Silvia Taibo.
Valorizo demais a vida destes amigos que deixaram de investir no conforto
próprio para investir neste trabalho. O meu coração é grato a eles.

Alcindo Almeida
Dedicatória
Dedico este livro a dois grandes amigos que marcaram a minha vida de
maneira profunda e relevante. Dois homens que influenciaram a minha
caminhada pastoral:

José Lopes “in memorian”


Silas Firmino dos Santos “in memorian”
O primeiro deles, José Lopes, me levou nas favelas e lugares onde

aprendi o que significa a humildade na presença do Pai. Ele me impactou


através da sua vida simples e sincera diante de Deus.

Um homem completamente apaixonado pelo Reino de Deus. Um homem que


não perdia uma oportunidade sequer de falar de Jesus Cristo as pessoas ao
seu redor.

O segundo deles se trata de um segundo pai, pastor e amigo. Na verdade, o


irmão Silas Firmino me pegou no colo quando eu tinha 4 anos de idade, ele
me viu correndo pelos cantos da igreja, quando criança, me viu crescer passo
a passo. Ele foi um dos que me examinou para o sagrado ministério.

Foi o primeiro a colocar as mãos sobre a minha cabeça na ordenação ao


ministério pastoral. Orou pelo meu namoro, casamento e fez questão de estar
presente lá no dia 13 de maio de 2000. Foi me visitar quando mudei para a
igreja de Pirituba. E quando estava no hospital internado foi me visitar. Este
homem era alguém mui especial!
Prefácio
Numa época em que somos desafiados pelo “Senhor Mercado” a levarmos
uma vida fast, vazia de significados e sem tempo para reflexões mais
profundas, eis que aparece um pastor, comprometido com Deus, como o seu
Reino e a sua justiça, disposto a desafiar uma nação inteira a parar, pensar e
ter, sim, uma vida mais sábia.

Alcindo Almeida é meu amigo de longa data. Já choramos, sorrimos,


brigamos, brincamos e, sobretudo, servimos juntos ao Senhor dos senhores.

Fiquei extremamente feliz pelo fato de ele ter coragem para abordar o livro
mais instigante da Bíblia Sagrada, o livro de Eclesiastes, que foi escrito pelo
sábio rei Salomão.

O livro de Eclesiastes, por si só, trata-se de um grande desafio, pois, apesar


de ter sido escrito há muito tempo atrás, é absolutamente atual nas suas
considerações e conclusões.

Salomão trata das questões simples da vida cotidiana até questões mais
inexoráveis como a morte. Ele não se intimida e nos coloca contra a parede
para que busquemos uma vida com sabedoria e entendamos melhor o sentido
dela própria.

Salomão quebra paradigmas ao transformar a morte em poesia e tratar vida


como uma loquacidade frívola (louco, tolo). Tudo é vaidade é a tese de
Salomão, pois a grande dificuldade da vida é que ela não passa de um sopro,
um vento que existe por um instante, mas logo desaparece.

Neste cenário fabuloso e desafiador, o Pastor Alcindo nos leva a busca de


uma repaginação em nossa vida e em nossa mente com o propósito de
alcançarmos uma vida cheia de sabedoria e sentido. Ele também trata de
questões morais, sociais, éticas, filosóficas, políticas e principalmente,
espirituais.

Abordar o conteúdo de Eclesiastes é abordar a vida e a morte, seus produtos e


subprodutos. A alegria e a tristeza. Os tempos chronos e kayros (do homem e
de Deus). A ética do trabalho. A vida como um todo e sem
departamentalizações.

Quantos anos você tem? Este livro vai lhe levar a pensar sobre os anos da sua
vida, pois, quem nasceu por estes dias, tem uma vida inteira pela frente.
Quem está com vinte e poucos anos, está com força total, com planos,
projetos e ambições as mais variadas possíveis.

Quem chegou aos 40 ou a metade da vida, começa a olhar para trás para ver o
que deixou de ser feito e ser vivido e começa a projetar, com calma, o que
ainda precisa ser feito e vivido.

Quem já passou dos 50, 60 entrou numa fase em que não há muitos projetos e
nem muitas coisas a serem conquistadas, mas, há uma absoluta vontade de
viver e de ser feliz. Onde você se encaixa neste contexto? O que você precisa
saber para ter, de fato, uma vida com mais sabedoria?

São estas questões desafiadoras que o Pastor Alcindo, à luz da Bíblia, nos
ajudará a encontrar respostas.
Desejo, de todo coração, que o Pai Eterno, através da sabedoria dada a
Salomão e da iluminação dada ao Pastor Alcindo, venha ao encontro das
nossas necessidades existências, emocionais, sociais e espirituais.
Boa leitura e ótima compreensão!
Railton Silva
Verão de 2007
Introdução
Eclesiastes foi emprestado da Septuaginta. Na Bíblia hebraica é
chamadoKohelet. Embora o significado desta palavra seja incerto, tem sido
traduzida em português como "pregador", ou alguém que dirige uma reunião,
alguém que fala pela comunidade. O pregador questiona tudo, analisa e se
posiciona. Critica a cultura e a opressão.

O livro aparece como uma "gozação" popular da sabedoria dos grandes do


tempo, inchados com a novidade do Império Grego que dominava.
Eclesiastes empreende grandes esforços para entender o sentido da vida e
apresentar uma proposta para o ser humano viver e alcançar a felicidade.
Trata-se de um livro profundamente crítico, lúcido e realista sobre a condição
do povo na Palestina, por volta do século III a.C.

Comumente se aceita que tenha sido Salomão o autor deste livro. No capítulo
1.1-2 há esta sugestão do pregador, filho de Davi. Julgando pela história de
sua vida encontrada na Bíblia, muitas experiências relatadas ali parecem
corresponder às que ele deve ter tido.

Um pouco de história Palestina: era importante corredor comercial que ligava


o Egito com a Fenícia, o Norte da Síria, a Mesopotâmia e a Arábia. Os
grandes impérios lutavam para controlar a área (Assíria, Babilônia, Grécia e
Roma). Alexandre Magno constrói um grande império por volta do ano 333
a.C. Ele dominava pela força e pela imposição cultural, mas morre sem
deixar um sucessor.

O império fica sob o governo de um grupo de generais que o dividem entre


eles (301 a.C.).

O grupo do general Ptolomeu (surgindo à dinastia dos Ptolomeus) assumiu o


governo de Egito, ficando também com a Palestina e a Fenícia e o general
Seleuco, (surgindo à dinastia dos Selêucidas) com a Síria e a Mesopotâmia.

O general Seleuco não se conforma com o domínio dos Ptolomeus sobre a


Palestina e entra em guerra cinco vezes para obter o controle da Palestina
(301 a 198 a. C). Finalmente Antíoco III, rei dos Selêucidas derrota os
Ptolomeus (198 a.C), assumindo o controle sobe a Palestina, Fenícia e Síria.

No tempo da dominação dos Ptolomeus, o livre mercado é implantado, a


escravidão é uma realidade constante. A filosofia grega dominava o
pensamento e a cultura da época. Os gregos levam um acentuado
individualismo destruindo o espírito comunitário. O comércio aumenta e o
livre comércio exige mais produtos.

Cresce o empobrecimento da maioria. Os gregos (Ptolomeus e Selêucidas)


garantem a liberdade religiosa dos povos dominados, mas com submissão
política e com cobrança de impostos.

Assim a colônia do império grego dos Ptolomeus, ao qual devia pagar


pesados tributos, que eram arrecadados pela família dos Tobíadas, que
controlava o comércio, a economia e a política interna. O fardo dos impostos
sobre Judá deixa o povo cada vez mais miserável.

A formação de grandes latifúndios exige o uso do trabalho escravo. Há


aumento de pessoas empobrecidas e escravizadas.
O idioma grego se tornou idioma universal da época. O povo judeu falava
grego na rua e hebraico na sinagoga. Os antigos valores da cultura judaica
vão caindo e aos poucos a cultura grega vai orientando a lógica do lucro, do
individualismo, tornando-se o modelo dominante.
O livro faz parte da literatura sapiencial. Salomão é um sábio homem de
Jerusalém, inconformado com a realidade do tempo. Então ele recolhe a
sabedoria do povo, reflete sobre algumas verdades.
Ele escreveu o livro durante esse tempo de exploração interna e externa no
século III (250 a.C.) bem depois do exílio da Babilônia. Era um tempo, que
não deixava esperanças de futuro melhor para o povo. Num mundo sem
horizontes, ele fez um balanço sobre a condição humana, buscando
apaixonadamente uma perspectiva de realização.
O livro foi escrito numa época muito difícil para o povo. A Judéia estava nas
mãos dos Ptolomeus, estava sofrendo transformações muito rápidas e
violentas. Kohelet apresenta uma reflexão muito irônica e amarga sem muita
esperança. Por trás da amargura o livro nos aponta caminhos.
Ele tenta sempre responder a esta pergunta: Tem sentido a vida humana? Ele
vê três valores importantes que não vale a pena questionar: a vida humana
com suas limitações (5.17; 7.29); o oprimido e o pobre, fruto do sistema
injusto (5.7; 9.14); a ação de Deus que não pode ser mudada (3.14-15; 7.23).
Diante destes três valores relativiza tudo. A proposta básica do pregador é a
felicidade para todos.
Eclesiastes é uma palavra grega ekklesia que significa comunidade. O autor é
uma pessoa que participava das reuniões dos sábios, na qual, à luz da fé,
discutiam-se as situações do povo e os problemas da vida da comunidade.
Talvez coordenador de uma comunidade que observa vários aspectos da vida
humana e reflete sobre eles.
Também naquele tempo era comum uma pessoa esconderse atrás de figuras
importantes e significativas do passado para comunicar sua mensagem, isso
era um recurso literário. Kohelet usa o método dos sábios de Israel.
Os sábios não davam tudo pronto; levavam as pessoas a participarem no
processo da descoberta da verdade; faziam com que eles mesmos fossem
descobrindo as coisas.
O Eclesiastes ou Qohelet denuncia, portanto, as consequências de uma
estrutura social injusta.
O povo não tem presente, quando é impedido de usufruir o fruto do próprio
trabalho.
Conseqüentemente, fica sem vida, que lhe foi roubada, não por esta ou aquela
pessoa, mas por todo um sistema social dependente que, para privilegiar uma
minoria, acaba espoliando a nação inteira.
O Eclesiastes é convite para desconstruir e construir. Desconstruir uma falsa
concepção a respeito de Deus e da vida, muitas vezes justificada por
concepções teológicas profundamente arraigadas.
Depois, construir uma nova concepção de vida, que é dom gratuito de Deus,
para que todos a partilhem com justiça e fraternidade. Só então todos poderão
ter acesso à felicidade, que consiste em usufruir a vida presente que,
intensamente vivida, é a própria eternidade.
O autor observa que há uma organização social perversa que rouba o
trabalhador. Exploração do poder econômico (5.7); estruturas injustas (3.16);
a competição cega e a concorrência desleal (4.4); os que enriquecem graças
ao trabalho alheio (5.9-11); o abuso do poder político (8.3-5); a dominação
em nome da religião (2.26); as famílias israelitas (250-190 a.C.) tinham que
trabalhar como servos a sua própria terra, entregando quase toda a produção
na forma de taxas.
Quais os caminhos para realizar a vida e a felicidade? O Salomão desmonta
as ilusões que um determinado sistema de sociedade apresenta como ideal
(riqueza, poder, ciência, prazeres, status social, trabalho para enriquecer, etc.)
e faz uma pergunta fundamental: "Que proveito tira o homem de todo o
trabalho com que se afadiga debaixo do sol?" (1.3).
Ao invés de cair no desespero, o autor descobre duas grandes perspectivas:
Primeiro, descobre Deus como Senhor absoluto do mundo e da história.
Depois, descobre o Deus sempre presente fazendo o dom concreto da vida
para o homem, a cada instante e continuamente. Isso leva o homem a
descobrir que a própria realização é viver intensamente o momento presente,
percebendo-o como lugar de relação com o Deus que dá a vida.
Intensamente vivido, o momento presente se torna experiência da eternidade,
saciando a sede que o homem tem da vida. Todavia, para que de fato se viva
o presente é preciso usufruir o fruto do próprio trabalho (2.10; 2.24; 3.13.22;
5.18-20; 9.9).
E aqui temos uma pergunta crucial: Que presente de vida resta para o povo,
quando ele é impedido de usufruir o resultado do trabalho com que se afadiga
debaixo do sol?

Capítulo1
O fim dos seres humanos é passar rápido na
vida
(Eclesiastes 1.1-11)

Somos vítimas da situação atual da sociedade tecnológica. Faltanos a


consciência histórica para avaliarmos o quanto dormimos na visão certa. A
tecnologia nos leva a criar a ideia de usá-la como extensão para um ambiente
técnico.

Então vivemos num mundo tecnológico. Vivemos num mundo dirigido pela
visão tecnológica. Não somos apenas órfãos, mas somos uma ferramenta no
mundo técnico.

Olhamos para a nossa vida e pedimos ferramentas para trabalhar. A igreja


sem perceber ficou secularizada porque todo o ambiente é técnico. O
problema das pessoas hoje é que não conseguem consertar os
relacionamentos porque é uma questão técnica.

Daqui a pouco precisaremos de chave de fenda para consertar os


relacionamentos. O ambiente técnico influencia a alienação e que desemboca
na solidão. E não temos uma mente para pensar que o terreno (sofistificação,
bens materiais, ferramentas humanas) cessará.

Quando saímos da zona rural e vamos para a urbana, ficamos mais secos e
menos sensíveis à realidade do que Salomão diz sobre a vida: Vaidade de
vaidade, tudo é vaidade e correr atrás do vento.

Precisamos aprender a olhar para vida como algo passageiro e o que vale
mesmo é Deus e as pessoas que nos cercam. Ninguém levará um carrinho ao
lado do caixão puxando Notebook, carro, casa e um cofre com dinheiro
investido.

Há um filme jóia que me lembra desta realidade: Desafiando Gigantes. É um


filme que tem uma trajetória parecida com sua temática, ou seja, um filme
que surgiu discretamente, sem qualquer propaganda.

O filme produzido pela Igreja Batista Sherwood, nos EUA é imparcial em


relação a denominações. O filme apenas mostra a Palavra de Deus e seu
poder na vida das pessoas. Não há apologia à posição evangélica ou católica.

O filme defende, acima de tudo, o viver cristão, as maravilhas que Deus pode
fazer na vida das pessoas que se entregam a Cristo. O filme motiva pessoas
que estão desanimadas e que não conseguem enxergar qualquer perspectiva
no futuro.

O filme demonstra justamente como Deus pode nos livrar de situações em


que tudo está perdido. Mas, há uma lição profunda sobre o significado da
vida dos cristãos. Nos seus seis anos como técnico de futebol americano de
uma escola, Grant Taylor nunca conseguiu levar seu time Shiloh Eagles a
uma temporada vitoriosa. E, ao ter que enfrentar crises profissionais e
pessoais aparentemente insuperáveis, a idéia de desistir nunca lhe pareceu tão
atraente.

É apenas depois que um visitante inesperado o desafia a acreditar no poder da


fé que ele descobre a força da perseverança para vencer. E dentro desta
perspectiva ele aprende que a vida só tem um sentido, que é honrar a Cristo
através de tudo o que fazemos e pensamos. Um dia, nós todos morreremos e
não levaremos nada daqui. Só deixaremos as marcas da caminhada com
Deus.1

Eclesiastes é um Livro totalmente diferente. Trata-se da experiência de um


homem que é muito sábio e então decide experimentar de tudo o que há na
terra (As palavras que ele usa são "debaixo do sol" e ele as usa cerca de 28
vezes neste Livro).

Ele quer descobrir se alguma coisa irá fazê-lo feliz. O escritor é o Rei
Salomão e não existe nada que lhe falte para poder encontrar a resposta.
Portanto, ele tenta.

Às vezes, ele chega perto da verdade, mas outras vezes está muito longe dela.
(3.18-22, 7.16 e 17). Mas o ensinamento divino está nos últimos dois
versículos do livro. Eles dão a resposta às indagações de 1.13 e 2.3. Prazer,
ser "bom", aprendizado, riquezas, etc., não podem trazer a felicidade. Por
quê?

Porque o mal é tudo o que há neste mundo. Lembre-se de que Salomão não
conhecia nada sobre o Senhor Jesus. Ele estava buscando por satisfação aqui
neste mundo, mas nós temos encontrado gozo e paz em um Homem celestial.
É importante entender também que quanto mais uma pessoa tenta encontrar a
felicidade aqui, mais infeliz ela se torna.

Quais são os princípios para a vida que Salomão traz para nós?

Não nos apeguemos ao terreno que é transitório Salomão afirma em


Eclesiastes 1.1-10: Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém.
Vaidade de vaidades, diz o pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, com que se afadiga
debaixo do sol? Uma geração vai-se, e outra geração vem, mas a terra
permanece para sempre. O sol nasce, e o sol se põe, e corre de volta ao seu
lugar donde nasce. O vento vai para o sul, e faz o seu giro vai para o norte;
volve-se e revolve-se na sua carreira, e retoma os seus circuitos. Todos os
ribeiros vão para o mar, e, contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os
rios correm, para ali continuam a correr. Todas as coisas estão cheias de
cansaço; ninguém o pode exprimir: os olhos não se fartam de ver, nem os
ouvidos se enchem de ouvir. O que tem sido isso é o que há de ser; e o que se
tem feito isso se tornará a fazer; nada há que seja novo debaixo do sol. Há
alguma coisa de que se possa dizer: Você, isto é novo? Ela já existiu nos
séculos que foram antes de nós.
Vejam o que Salomão afirma: Vaidade de vaidades, diz o pregador; vaidade
de vaidades, tudo é vaidade. Que proveito tem o homem, de todo o seu
trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?
O que significa vaidade?
Significa a palavra sopro, um bafo de vento, nada. O bafo de um vento vai e
vem. Assim é a vida humana na perspectiva do sábio homem de Deus. A vida
é vã e inútil no sentido de duração. E tudo que a vida humana conquista de
material, na hora da morte nada se leva e nada se aproveita.
Vejam as palavras de Salomão como fazem sentido para nossa reflexão. Ele
diz que uma geração se vai e outra geração vem, mas a terra permanece para
sempre. O homem passa, mas a terra permanece. Ele diz que o sol nasce e o
sol se põe, e corre de volta ao seu lugar donde nasce.
Ele diz que o vento vai para o sul e faz o seu giro vai para o norte; volve-se e
revolve-se na sua carreira, e retoma os seus circuitos. Ele diz que todos os
ribeiros vão para o mar e, contudo, o mar não se enche; ao lugar para onde os
rios correm, para ali continuam a correr.
Ele afirma que todas as coisas estão cheias de cansaço; ninguém o pode
exprimir: os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
Já parou para pensar neste discurso? Uma geração vai-se e outra geração
vem. Todos nós passaremos nesta vida. Não tem jeito a dar. Um dia a morte
nos pegará em algum momento da vida.
Então pensemos nas buscas e correrias que temos na vida! Trabalhamos 10
horas, 15 horas, corremos para ganhar dinheiro e mais dinheiro. E o que vale
tudo isto? Nada, nada, nada porque uma geração vem e vai.
Na primeira metade de Mateus 6.1-18, Jesus descreve a vida particular do
cristão "no lugar secreto" (orando, jejuando); na segunda parte- nos
versículos 19 a 34 ele trata dos nossos negócios públicos no mundo (questões
de dinheiro, de propriedades, de alimento, de bebida, de roupa e de ambição).
Os mesmos contrastes poderiam ser expressos em termos de nossas
responsabilidades "religiosas" e "seculares".
Esta diferença é enganosa porque não podemos separar estes dois aspectos
em compartimentos herméticos. Se somos cristãos, tudo o que fazemos, por
mais "secular" que pareça (como fazer compras, cozinhar, fazer cálculos no
escritório, etc), é "religioso", no sentido de que é feito na presença de Deus e
de acordo com a sua vontade.
Uma ênfase de Jesus neste capítulo é exatamente sobre este ponto, que Deus
está igualmente preocupado com as duas áreas da nossa vida: a particular e a
pública; a religiosa e a secular. Pois, de um lado, "teu Pai celeste vê em
secreto" (versículos 4, 6, 18) e, de outro, "vosso Pai celestial sabe que
necessitais de alimento, bebida e roupa" (versículo 32). Na verdade, Jesus
mostra alternativas diante de nós em cada estágio.
Há dois tesouros (na terra e no céu, vs. 19-21), duas condições físicas (luz e
trevas, vs. 22, 23), dois senhores (Deus e as riquezas, versículo 24) e duas
preocupações (nosso corpo e o reino de Deus, versículos 25-34). E não
podemos pôr os pés em duas canoas!
Como lidar com a realidade material e espiritual?
Qual a nossa verdadeira vocação na vida? Onde podemos achar tranqüilidade
de mente para poder escutar a voz de Deus que chama? Quem pode guiar-nos
através do labirinto interior dos nossos pensamentos, emoções, e
sentimentos? Estas e muitas outras indagações semelhantes expressam um
profundo desejo de viver uma vida espiritual, mas ao mesmo tempo uma
grande obscuridade sobre seu significado e prática (NOUWEN, Espaço para
Deus-Um convite para a vida espiritual. São Paulo-Americana, Christopher
Walker, 1984, p. 3).
Diante desta realidade encontramos um texto no Sermão da Montanha que
pode fazer novas todas as coisas com relação ao futuro, com relação à nossa
existência, com relação à nossa sobrevivência.
Um texto que nos ajuda a entender que a nossa meta não está nas coisas
daqui, não está neste mundo passageiro, e sim na perspectiva do eterno. Está
na perspectiva do Reino de nosso Pai. Está em depender tão somente da ação
dele, da vontade dele, do bom prazer dele.
Um texto que nos ajuda a não nos envolver com a questão valor material que
tanto tem levado os crentes de hoje a dar muito valor para a estética, para os
valores externos mais do que os interiores. Um texto que nos ajuda a perceber
que temos nos distanciado das coisas de Deus. Pois, a busca por coisas da
terra, faz com que invistamos menos tempo na causa do nosso Deus.
Olhemos para o texto.
Jesus destaca a insensatez do caminho errado nos levando a refletir sobre
alguns pontos importantes:

A questão do tesouro (Mateus 6.19-21).


Jesus disse: Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a
traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai
para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde
ladrões não escavam nem roubam; porque onde está o teu tesouro, aí estará
também o teu coração.
Jesus dirige nossa atenção para a durabilidade comparativa dos dois tesouros.
Deveria ser fácil decidir qual dos dois ajuntar, ele dá a entender, porque
tesouros sobre a terra são corruptíveis e, portanto, inseguros, enquanto que
tesouros no céu são incorruptíveis e, conseqüentemente, seguros. Se nosso
objetivo é ajuntar tesouros, presumivelmente nos concentraremos na espécie
que durará mais e que pode ser armazenada sem depreciação ou deterioração.
E importante enfrentar franca e honestamente a questão: o que Jesus estava
proibindo quando nos disse para não ajuntarmos tesouros para nós mesmos
na terra? Talvez seja melhor começarmos com uma lista do que ele não
estava (e não está) proibindo.
• Não há maldição alguma quanto às pro¬priedades em si;
as Escrituras não proíbem, em parte alguma, as propriedades
particulares.
• Economizar para dias piores" não foi proibido aos cristãos,
nem fazer um seguro de vida, que é apenas uma espécie de
economia compulsória auto-imposta.
Pelo contrário, as Escrituras louvam a formiga que armazena
no verão o alimento de que vai precisar no inverno e declara
que o cristão que não faz provisão para a sua família é pior do
que um incrédulo.
• Não devemos desprezar mas, antes, desfrutar as boas coisas que o nosso
Criador nos concedeu abundantemente. Portanto, nem as propriedades, nem a
provisão para o futuro, nem o desfrutar dos dons de um Criador bondoso
estão incluídos na proibição dos tesouros acumulados na terra (STOTT, Jonh.
Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. São Paulo: ABU
Editora, 1981, p. 68).
O que Jesus está proibindo então? O que Jesus proíbe a seus discípulos é a
acumulação egoísta de bens (Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a
terra). Ele adverte quanto a termos uma vida extravagante e luxuosa, a dureza
de coração que não deixa perceber as necessidades colossais das pessoas
menos privilegiadas neste mundo. Ele adverte quanto a fantasia tola de que a
vida de uma pessoa consiste na abundância de suas propriedades.
Jesus mostra que o materialismo acorrenta nossos corações à terra. E não é
por acaso que o Sermão do Monte repetidas vezes se refere ao coração. E o
Senhor nos alerta que o coração sempre segue o nosso tesouro, quer para
baixo, para a terra, quer para o alto, para o céu (versículo 21).
Acumular tesouros sobre a terra não significa ser previdente (fazer ajuizadas
provisões para o futuro), mas ganancioso como o sovina que acumula e os
materialistas que sempre querem mais (STOTT, 1981, p. 71).
Esta é a armadilha contra a qual Jesus nos adverte aqui, o que combina com a
palavra de Salomão sobre a vaidade. Jesus nos lembra que o tesouro na terra
cobiçado tem um destino: "A traça e a ferrugem destroem e os ladrões o
arrombam e roubam".
E a Bíblia mostra que mesmo que uma parte permaneça através desta vida,
nada podemos levar conosco para a outra. Jó estava certo quando afirmou:
"Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei" (STOTT, 1981, p. 71). Jesus
nos mostra que o tesouro no céu é incorruptível. Que tesouro é esse? Jesus
não explica. Mas podemos dizer com toda certeza que "ajuntar tesouros no
céu" é fazer na terra alguma coisa cujos efeitos durem pela eternidade. Outro
ponto importante que Jesus destaca sobre a insensatez do caminho errado é:

Há que se ter cuidado com a questão das riquezas (Mateus 6.24).


Jesus disse: Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-
se de um, e amar ao outro; ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não
podeis servir a Deus e às riquezas.
Jesus explica que além da escolha entre dois tesouros (onde vamos ajuntá-
los) e entre duas visões (onde vamos fixar os nossos olhos) jaz uma escolha
ainda mais básica: entre dois senhores (a quem vamos servir). É uma escolha
entre Deus e Mamom: Não podeis servir a Deus e a Mamom.O que Jesus
quer dizer?
Entre o próprio Criador vivo e qualquer objeto de nossa própria criação que
chamamos de "dinheiro" Mamom é uma transliteração da palavra aramaica
para riqueza. Não podemos servir aos dois.
Algumas pessoas discordam destas palavras de Jesus. Recusam-se a ser
confrontadas com uma escolha tão rígida e direta e não vêem a necessidade
dela. Quando olhamos para as palavras de Salomão, percebemos que não
podemos adorar as riquezas. Não podemos nos esquecer do que Salomão
afirma no versículo 4. Ele diz que uma geração se vai e outra geração vem,
mas a terra permanece para sempre. O homem passa, mas a terra permanece.
O que isso gera em nós?
Gera uma verdade profunda sobre em quem temos apostado as forças.
Apostando nossas forças nas riquezas, estamos mesmo perdidos. Mas, se
passamos pela vida olhando para o alto, para Deus não passaremos em vão.
Claro que algum legado nós deixaremos!
Há um livro excelente de John Benton:Cristãos em uma sociedade de
consumo. Para Benton consumismo é a forma exagerada de materialismo que
envolve os nossos cinco sentidos.
John Benton critica o modelo aceito pela igreja, ou seja, as marcas da
decadência que muitas vezes não nos importamos. Estas marcas são: o culto
ao eu, autoestima e o direito de escolha humana.
Tomemos cuidado com esta busca frenética pelo materialismo deste Século.
Não nos esqueçamos da advertência de Salomão para nós: Vaidade de
vaidades, diz o pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade. Que proveito
tem o homem, de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?
Outro ponto importante que Jesus destaca sobre a insensatez do caminho
errado é:

A vida humana é mais do que a parte física, por isso, merece mais
consideração do que os desejos pelas coisas físicas podem nos dar
(versículo 25).

O texto afirma: Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida,
pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso
corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o
corpo mais do que o vestuário?

Como foi maravilhoso o tempo no passado de vinte ou trinta anos atrás. Não
tínhamos tanta pressa para fazer as coisas. Chegávamos da escola e depois
das tarefas íamos brincar na rua sem medo, sem temor e não precisávamos de
celular para avisar aos nossos pais.

Não tínhamos computador e éramos felizes. Não tínhamos GPS (Sistema de


Posicionamento Global) e chegávamos aos lugares sempre. Parece que a
tecnologia tem nos deixado mais burocráticos e menos simples. Mais líderes
e menos servos.

Quem sabe não precisamos rever os conceitos e valorizar mais nossas


famílias e nossos amigos! Parece-me que a tecnologia ao invés de somar, na
verdade tem nos atrapalhado um pouco.

Ela tem nos deixado frios ao mover de Deus e mais envolvidos com uma
correria que visa mais o físico do que o espiritual. Daí, nós dependemos mais
dos recursos, do que daquele que proporciona os tais para nossa
sobrevivência.

No texto de reflexão, Jesus diz que não devemos andar ansiosos pela nossa
vida. A ideia é de não se deixar descuidar quanto ao vestir, quanto ao comer e
quanto ao beber. Porque Deus sabe que precisamos de todas estas coisas para
o suprimento da vida. Mas, quando nós começamos a nos preocupar só com
estas coisas, tornamo-nos avarentos e nos esquecemos que Deus tem o
controle de tudo em suas mãos.
O que devemos fazer é depender daquele que é o dono da vida, daquele que
sustenta a nossa vida. Assim, ele suprirá toda e qualquer necessidade. Pois, a
Bíblia diz que ele suprirá todas as nossas necessidades em glória por Cristo
Jesus.

Queremos viver uma vida espiritual tranqüila? Lembremos de que a nossa


vida vale muito na presença de Deus Pai. Isto dá segurança para a
sobrevivência, pois sabemos que nos dará provisão para a vida.

Há uma relfexão de John Sott quando ele comenta sobre o contexto de


Mateus. Ele afirma:

“É uma pena que, nas igrejas, esta passagem seja freqüentemente lida
isoladamente, fora do seu contexto. E, assim, o significado do Por isso vos
digo introdutório se perde completamente. Portanto, devemos começar
relacionando este "por isso", com o ensinamento que levou Jesus a esta
conclusão. Antes de nos convocar a agir, ele nos convoca a pensar. Convida-
nos a examinar clara e friamente as alternativas que foram expostas, pesando-
as cuidadosamente. Queremos acumular tesouros? Então qual das duas
possibilidades é mais durável? Queremos ser livres e objetivos em nossas
atividades? Queremos servir ao melhor dos senhores? Então devemos
considerar qual é o mais digno da nossa devoção. Apenas depois que
tivermos assimilado em nossas mentes a durabilidade comparativa dos dois
tesouros (o corruptível e o incorruptível) e o valor comparativo dos dois
senhores (Deus e Mamom), estaremos prontos a fazer a escolha” (STOTT,
1981, p. 75).

Que a nossa escolha pela graça de Deus seja pelo incorruptível que nos faz
investir não aqui, mas na eternidade. E quando investimos no eterno,
pensamos mais em Deus e nas pessoas do que em coisas!

Deus cuida dos animais inferiores, como as aves, que não fazem provisão
alguma para si mesmas. Assim também certamente ele cuidará dos seus
filhinhos (versículo 26).

Esta é a segunda razão pela qual não devemos andar de maneira ansiosa,
porque Deus dá provisão de alimento para as aves, que dirá para aqueles que
são povo dele, aqueles que são seus filhos.
A Palavra de Jesus é que nós valemos mais do que as aves. Somos
propriedade exclusiva da Trindade e, portanto, ele suprirá nossas
necessidades. Você está em crise? Saiba desta verdade para o coração. Deus
se importa com você, ele não o abandona. Ele olha para a sua criação com
cuidado e prazer.

Deus prepara belíssimas vestes às flores, que nem sabem raciocinar.


Certamente que ele providenciará acerca das necessidades de seus filhos,
sem necessidade de preocupação (versículos 28 a 31).

Deus prepara vestes para as flores, agora, imaginemos o cuidado de Deus


para com o seu próprio povo, aquele a quem ele ama, zela e preserva todos os
dias da vida. Deus nos chama a observar e aprender bem o que ele faz com as
flores, quanto mais ele fará aos seus filhos.

Vejam como estamos, às vezes, feito doidos espirituais, sem saber o que fazer
e neste texto, Deus nos dá a resposta. Ele diz: olhem para a beleza dos
campos, não trabalham, não fiam e assim, eles crescem porque eu dou
provisão, alimento, crescimento para eles.

Saibam que nem meu servo Salomão que foi tão rico, se vestiu como eles. Aí,
ele afirma para o seu povo no versículo 30 que se ele veste assim a erva do
campo, que perece muito rapidamente, que dirá o seu povo a quem ele tanto
ama?

No versículo 31 ele propõe uma espiritualidade de total dependência dele. Ele


diz: Não se preocupem (Não vos inquieteis), dizendo: Que comeremos? Que
beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?

Jesus mostra que a preocupação se tornou uma parte tão integral da nossa
vida cotidiana que uma vida sem preocupações não só parece ser impossível,
mas até mesmo indesejável. Suspeitamos que ficar despreocupado, não ser
realista e - pior ainda – é perigoso.

Nossas preocupações nos motivam a trabalhar muito, a prepararnos para o


futuro, e a armar-nos contra pendentes ameaças. Entretanto, Jesus diz: Não
vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos
vestiremos? Pois vosso Pai celestial sabe que necessitais de todas elas. E com
isto, ele nos ensina a dependência de Deus.

Ele sabe que a mãe sonha em ver o seu filho livre da bebida. Ele sabe que o
marido ora sempre pela conversão da sua esposa. Ele sabe do filho que deseja
uma reconciliação dos seus pais.

Ele sabe de todas as nossas necessidades e quer que nós as depositemos no


seu altar, porque ele tem cuidado de nós. Saibamos que o conhecimento
perfeito que o Pai tem de nossas necessidades físicas garante o fornecimento
para as mesmas.

A busca do Reino de Deus e de sua justiça garante o recebimento das


coisas menos importantes, ou seja, daquilo de que precisamos para
nossas necessidades físicas (versículo 33).

Jesus não reage ao nosso estilo de vida cheio de preocupação dizendo que
não deveríamos estar tão ocupados com afazeres terrenos. Ele não tenta nos
retirar dos muitos eventos, atividades, e pessoas que compõem nossa vida.
Não nos diz que o que fazemos não tem importância, valor, ou utilidade.
Nem sugere que devemos nos afastar de nossos envolvimentos e viver vida
calma, tranqüila e retirada das lutas do mundo (NOUWEN, 1984, p. 16).

A resposta de Jesus para nossa vida cheia de preocupação é bem diferente.


Ele pede a nós que substituamos nosso ponto de gravidade, relocalizemos o
centro de nossa atenção, que mudemos as nossas prioridades. Jesus quer que
deixemos de nos preocupar com as "muitas coisas" para a "única coisa
necessária".

É importante que compreendamos que Jesus não quer de forma alguma, que
deixemos nosso mundo das atividades. Antes, quer que vivamos nele, mais
firmemente arraigados no centro de todas as coisas. Jesus não fala sobre uma
mudança de atividades, uma mudança de contatos, ou até uma mudança de
ritmo. Ele fala sobre uma mudança de coração.

Esta mudança de coração faz todas as coisas diferentes, até mesmo quando
todas as coisas parecem permanecer as mesmas. A mudança é: Buscai, pois
em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas serão
acrescentadas. O mais importante é onde estão nossos corações. Quando nos
preocupamos, temos nossos corações no lugar errado. Jesus pede que
coloquemos nossos corações no centro, aonde todas as outras coisas irão se
encaixar.

Qual é este centro? Jesus o chama de Reino, o Reino do seu Pai. Para nós do
Século XXI, isto pode não ter muito significado. Reis e reinos não exercem
um papel muito importante em nossa vida diária. Mas somente quando
entendemos as palavras de Jesus como um chamado urgente para colocar a
vida do Espírito de Deus como nossa prioridade é que podemos ver melhor o
que está envolvido.

Um coração que busca o reino do Pai é também um coração que busca a vida
espiritual.
Buscar o reino, portanto, significa colocar a vida do Espírito, dentro de nós e
entre nós como o centro de tudo o que pensamos, dizemos ou fazemos
(NOUWEN, 1984, p. 17). E daí, o resto será acrescentado.

A ansiedade é inútil e só acrescenta maior sofrimento à vida diária, que


já tem muitos males. É loucura sofrer o mau futuro, que nem ao menos
existe (versículo 34).

Limitar os cuidados e preocupações ao dia atual produz, finalmente, a


eliminação total da preocupação, pois, é a incerteza quanto ao futuro que gera
a ansiedade e a preocupação mental.

A palavra de Jesus é que não nos preocupemos com o dia de amanhã, Deus
nos dará o que necessitamos segundo a sua vontade. Quanto às dificuldades,
males da vida e provas da vida deixemos com Deus, pois ele permite estas
coisas para que aprendamos a descansar mais nele.

Com esta perspectiva no nosso coração a gente vai aprender que tudo
pertence a Deus, assim, não precisamos ficar buscando o ter, o ter e ter mais.
Porque Deus é dono de tudo e nos dá aquilo que ele quiser dar.

O que precisamos fazer é buscar o seu Reino e justiça. E que o dia de


amanhã, fique com Deus. Pois, como Tiago diz, se ele quiser, faremos isto ou
aquilo na nossa vida.
Depois de vermos as considerações de Jesus, votamos às palavras de
Salomão quando ele retrata em Eclesiastes: Trabalho, trabalho, trabalho, que
nunca termina... Que nunca satisfaz. E assim segue toda a criação nesta terra.
Ele nos chama a atenção para perceber que não há nada de novo na terra
(versículo 9). No versículo 11 ele nos tira do chão e nele aprendemos o
segundo princípio para a vida:

Aproveitemos cada momento da vida honrando a Deus e valorizando a


amizade com as pessoas
Ele afirma no versículo 11: Já não há lembrança das gerações passadas, nem
das gerações futuras haverá lembrança entre os que virão depois delas.
Quando morrermos não veremos mais aqueles que amamos. Quando
morremos as pessoas se lembrarão algum tempo de nós, mas a vida
continuará para os que estão vivos.
Vejam a lógica de Salomão: O sol nasce e o sol se põe e corre de volta ao seu
lugar donde nasce. O vento vai para o sul e faz o seu giro vai para o norte.
Todos os ribeiros vão para o mar, e, contudo o mar não se enche.
Todas as demandas da natureza fazem o processo normal. Só o ser humano
que um dia parará de respirar e viver. Tem gente que pensa que fará o sol
nascer. Não temos esta força em nenhum momento da vida.
O escritor sábio, profundo e conhecedor da vida, diz que não adianta
ficarmos correndo na vida pensando que resolveremos os detalhes todos dela.
Saibamos que os túmulos ficam abandonados e ninguém se lembra mais.
Assim é a nossa vida.
Devemos entender que passaremos pela vida de maneira rápida. A nossa
juventude passará. A nossa beleza cairá por terra. Vocês que têm dinheiro,
um dia as pessoas terão de dar comida na boca de vocês.
Há uma pergunta para todos nós: O que é ficar velho?
Um geriatra disse: Coloque algodão nos ouvidos, coloque algumas pedras no
sapato e durma apenas 4 horas. E você saberá o que significa ficar velho.
Cuidado: não deixe as demandas de sua caminhada passarem sobre você sem
valorizar a vida. Cuidado com tanto trabalho e pouca convivência com as
pessoas.
Quais são as dicas que temos neste versículo sério?

Precisamos investir em pessoas e em algo concreto: Paremos de trabalhar e


só trabalhar. A vida passa rápido demais. Eu me lembro de quando tinha 15
anos de idade. Já se foram 21 anos e a vida correu mais do que eu pensava.
Um filme extraordinário para mim foi Click. Michael Newman (Adam
Sandler) é casado com Donna (Kate Beckinsale).
Eles têm Ben e Samantha como filhos. Michael tem dificuldades em ver os
filhos, já que tem feito serão no escritório de arquitetura em que trabalha no
intuito de chamar a atenção de seu chefe. Um dia, exausto devido ao trabalho,
Michael tem dificuldades em encontrar qual dos controles remotos de sua
casa liga a televisão.
Decidido a acabar com o problema, ele resolve comprar um controle remoto
que seja universal, ou seja, que funcione para todos os aparelhos eletrônicos
que sua casa possui.
Ao chegar à loja Cama, Banho & Além ele encontra um funcionário
excêntrico chamado Morte, que lhe dá um controle remoto experimental o
qual garante que irá mudar sua vida. Michael aceita a oferta e logo descobre
que ela realmente é bastante prática, já que coordena todos os aparelhos.
Porém, Michael logo descobre que o controle tem ainda outras funções, como
abafar o som dos latidos de seu cachorro e também adiantar os fatos de sua
própria vida.
Quando ele se depara com os acontecimentos da sua vida, percebe que tudo
passou rápido e ele não viu seus filhos crescerem e não amou sua esposa e
seus pais como deveria. No filme aprendemos a aproveitar cada minuto da
vida. Então conquistemos nosso espaço e lutemos pelos nossos objetivos.
Sonhemos com os ideais, pois, como já dizia Chaplin: “Enquanto você sonha
você está fazendo o rascunho do seu futuro”. Troquemos uma briga por um
bom beijo! Troquemos a indiferença por um pouco de atenção! Troquemos o
medo pela ousadia! O pessimismo por uma gota de otimismo! Um aperto de
mão por um gostoso abraço! Tenhamos a consciência de que os dias os quais
vivemos não voltarão nunca mais. Precisamos viver intensamente com
aqueles que Deus nos colocou na vida.
Precisamos investir na esposa, nos filhos porque só eles se lembrarão de fato
da nossa vida e história. Há pessoas que vivem em função da vaidade e se
esquecem dos outros, se esquecem de Deus.
Então aproveitemos ao lado daqueles que amamos cada minuto da nossa
vida!
Quais são as dicas que temos neste versículo sério?

A Bíblia não nos condena a sonhar com uma vida melhor, mas não
podemos colocar o coração na vida material:
Devemos nos lembrar de um princípio fundamental na vida espiritual: Deus
só revela verdades espirituais para atender necessidades espirituais. Ela não
nos proíbe ter uma vida melhor, o problema é quando vivemos em função só
do terreno e do material.
Busquemos crescer, estudar e trabalhar. Mas, façamos isto na medida certa e
sem atrapalhar o relacionamento com Deus e com o nosso próximo.
Lembremos de que a palavra vaidade significa nada, bafo de vento.
Quais são as dicas que temos neste versículo sério?

Façamos tudo na perspectiva de honrar a Deus sempre: Nunca


desistamos de andar na perspectiva do Reino. Diante da realidade presente da
morte, precisamos buscar uma espiritualidade que encontre nos evangelhos,
na pessoa de Cristo e na presença do Reino de Deus sua forma e seu
conteúdo. Precisamos de um testemunho poderoso na vida e ministério
integrados com a vida e o ministério de Cristo. Precisamos da sã doutrina
para nos tornar sábios para a salvação e não para simplesmente ter o discurso
correto.
Nosso chamado é para sermos seguidores, imitadores de Cristo e não apenas
ter convicções corretas sobre ele. O descrédito que o cristianismo vem
sofrendo nos últimos anos tem a ver com a falta de integridade e honra de
Deus no meio cristão.
Necessitamos olhar para a realidade da morte como um elevador que nos
ergue até o além (Stevens, A espiritualidade na prática. Encontrando Deus
nas coisas simples e comuns da vida. Minas Gerais: Ultimato, 2007, p. 210).
A morte que está diante de nós só nos convida para um desejo de honrar Deus
e nos preparar para a nova terra. É interessante voltarmos para a análise do
filme Desafiando gigantes.
Percebemos que os 6 anos como técnico de futebol americano, de uma
escola, Grant Taylor nunca conseguiu levar seu time Shiloh Eaglesa uma
temporada vitoriosa. Mas depois daquela visita inesperada do Senhor, ele
passou a depender exclusivamente de Deus. Ele começa a entender que a
honra a Deus aqui na terra é o preparo para a eternidade e para não viver em
vão.
Necessitamos de coragem para enfrentar novos desafios. Para essa tarefa, a
proposta é que a graça volte a ser pedra principal da espiritualidade cristã e
que o exercício teológico leve, até as últimas consequências, o amor gratuito
de Deus.
Eu encerro este capítulo citando Paul Stevens:

“Na verdadeira espiritualidade encontramos Deus nas coisas simples e


comuns da vida. Através da narrativa de Gênesis descobrimos como
momentos corriqueiros do dia-a-dia se tornam extraordinários, transformados
pela presença de Deus no meio do que é mundano e terreno. A verdadeira
espiritualidade é o relacionamento com Deus e com o próximo, é amar a
Deus e ao próximo como a nós mesmos. Encontramos Deus também em casa
e no trabalho, à mesa e quando estamos dormindo, quando estamos sozinhos
e quando nos relacionamos com outras pessoas. A Espiritualidade nos ajuda a
perceber que aquilo que parece lugar-comum na verdade tem grande
significado espiritual. Quando menos esperamos, Deus nos surpreende dando
novo encanto à nossa vida diária e fazendo de cada momento uma
oportunidade de experimentar a sua bênção... A nossa vocação é muito mais
do que trabalhar, é a escolha de Deus de que o escolhido pertença a Deus,
viva da maneira que Deus quer e faça a obra dele no mundo” (Stevens, 2007,
pp. 158 e 175).

Para refletir e viver:


• Tomemos cuidado com esta busca frenética pelo materialismo deste Século.
Não nos esqueçamos da advertência de Salomão para nós: Vaidade de
vaidades, diz o pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade;
• Precisamos rever os conceitos e valorizar mais nossas famílias e nossos
amigos!
• Precisamos de uma mudança de coração que faz todas as coisas diferentes,
até mesmo quando todas as coisas parecem permanecer as mesmas. A
mudança é: Buscai, pois em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e
todas estas coisas serão acrescentadas.
• Não esqueçamos: a vida passa rápido demais;
• Troquemos a indiferença por um pouco de atenção! Troquemos o medo pela
ousadia;
• Nunca desistamos de andar na perspectiva do Reino.

Que Deus nos ajude a viver com estes valores no coração!


1 Elenco James Blackwell, Matt Prater Bailey Cave, David Childers Shannen Fields, Brooke Taylor
Tracy Goode, Brady Owens Alex Kendrick, Grant Taylor Jim McBride, Bobby Lee Duke Tommy
Bride, Jonathan Weston Jason McLeod, Brock Kelley Mark Richt, Himself Steve Williams, Larry
Childers Chris Willis, J.T. Hawkins Jr. Ray Wood e Mr. Bridges.

Capítulo2
Não se esqueça que a vida é passageira
(Eclesiastes 1.12-18)

As dinâmicas da vida mudaram muito. Hoje as pessoas escolhem o mundo e


a profissão. Tudo é especializado na vida. Essa é uma forma de abrigo para a
identidade. Antes a nossa identidade era dada e hoje criamos a nossa própria
identidade através do que conquistamos.

São os nossos próprios esforços que nos dão nossa identidade artificial que
não satisfaz o nosso coração. O nosso futuro nos apresentará uma visão cada
vez pior da nossa identidade. De fato, esta é a era do computador e da
tecnologia.

Vivemos o mundo da especialização. E essa realidade nos torna em pessoas


solitárias e abandonadas. Porque vivemos num mundo de competição que
visa o ter mais do que o ser. Tudo isso produz um número grande de
alienação na nossa vida.

Os valores relacionais hoje são primários e a visão da sabedoria divina é algo


em segundo plano. Não pensamos muito que a vida passa muito rápida e
voamos como a Bíblia afirma. A categoria errada é a do sucesso hoje para
tudo na vida. Você deve ter conhecimento humano, intelectual para expandir
e crescer cada vez mais. Essa realidade do sucesso humano é a antibíblica.

A visão bíblica nos mostra que precisamos voltar para a nossa humanidade e
ver que corre sangue em nossa veia. Precisamos enxergar a realidade de
quem somos: pessoas que passam rápido pela vida humana.

Quanto mais tecnológico menos ser humano seremos na vida e menos


perceberemos que a vida é um relâmpago. Menos perceberemos que o valor
maior da vida é Deus e não o terreno. Salomão nos chama a atenção para esta
realidade!

O rei Salomão começa a seção como filósofo, o qual reafirma a sua


identidade salomônica e, por isso, obtém prestígio para todas as declarações
feitas. O sábio Salomão dirá muitas coisas e elas se resumem em nada.

A tese de Salomão é que a vida é nada. Ele mostra que podemos conquistar o
mundo, mas não vale de nada. Ele mostra que podemos fazer todas as obras
existentes na terra, mas a vida é constituída de cansaço e enfado. Então o
conselho para nós que ainda estamos vivos é para entender que a vida tem
limites.

Qual o conselho de Salomão para a vida?


O conselho é:

Estude bastante e trabalhe bastante, mas não se esqueça que a vida é


passageira.
Salomão afirma nos versículos 13 e 14: E resolvi examinar e estudar tudo o
que se faz neste mundo. Que serviço cansativo é este que Deus nos deu. Eu
tenho visto tudo o que se faz neste mundo e digo: tudo é ilusão. É tudo como
correr atrás do vento.
Sabemos que Deus deu a Salomão um coração absolutamente sábio. Ele era
capaz de discernir muitas áreas da vida humana. Ele diz que resolveu estudar
tudo e examinar todas as atividades feitas na terra. Ele investigou tudo sobre
a terra com seus próprios olhos.
Ele penetrou o mais profundo da sabedoria humana. Ele leu todos os livros da
sua época e foi a fundo em toda a sabedoria humana. Ele pesquisa tudo e
chega a dizer que ficou desapontado com o resultado da sua pesquisa. Ele
chega a dizer que Deus deu um serviço cansativo para o homem.
Ele considera que a sua sabedoria humana, ainda que seja revestida de um
toque divino, simplesmente não consegue entender o que Deus tem destinado
para o desenvolvimento humano na terra. Mas, ele tem uma conclusão
especial que ele chega é para pensarmos e muito.
Salomão afirma de maneira conclusiva: Eu tenho visto tudo o que se faz neste
mundo e digo: tudo é ilusão. É tudo como correr atrás do vento. Em outras
palavras, ele diz que tudo não passa de uma baforada de fumaça, de uma
brisa soprada pela vaidade, que é vazia e representa o nada (CHAMPLIN, p.
2707). Salomão encara a vida humana como sombria e algo que passa rápido
na terra.
O que aprendemos com esta palavra de Salomão?

Tomemos cuidado com o que investimos na vida. Vivemos dias em que a


busca pelo poder é marcante e angustiante. As pessoas buscam todos os dias
um meio de alcançar glória e status. As pessoas investem na ciência e no
conhecimento.
O homem moderno visa ao saber mais do que qualquer conquista. Olhem
para as pesquisas sobre a célula-tronco. As pesquisas para se formar um
coração humano. É bom que tomemos cuidado com aquilo em que
investimos tempo. Há pessoas que trabalham 12 horas para ganhar dinheiro e
não investem uma hora nos seus filhos e esposa.
Nas Sagradas Escrituras, aprendemos com Deus quando ele revela a sua
glória se voltando para a simplicidade e para o investimento nas pessoas.
Devemos aprender sobre o que estamos investindo nesta vida. Quando
investimos tempo e toda a nossa vida só na sabedoria humana, Salomão tem
uma conclusão para nós: isto é ilusão.

Tomemos cuidado para não perder o verdadeiro valor da vida.

Quando eu e vocês nos voltamos para o nosso individualismo, para o


envolvimento com o nosso ego, nos esquecemos de que quem faz tudo em
nós é o Senhor. Quem cura é Jesus, não nós. Quem fala palavras de verdade e
poder é o Senhor e não nós. Quem supre as necessidades da vida é Deus e
não nós.

Quando nos envolvemos com o orgulho nos esquecemos que o valor da vida
não está nas coisas, e sim, no Reino de Deus. Salomão afirma: E pensei
assim: Eu me tornei um grande homem, muito mais sábio do que todos os
que governaram Jerusalém antes de mim. Eu realmente sei o que é a
sabedoria e o que é o conhecimento.

Salomão mostra que ele entendeu quase tudo na terra, mas ele aprende que o
valor da vida não está tão somente na ciência e na sabedoria.

Há valores nobres e mais profundos que a ciência e o conhecimento. A


conclusão dele nos versículos 17 e 18 é: Assim, procurei descobrir o que é o
conhecimento e a sabedoria, o que é a tolice e a falta de juízo. Mas descobri
que isso é o mesmo que correr atrás do vento. Quanto mais sábia é uma
pessoa, mais aborrecimentos ela tem; e, quanto mais sabe, mais sofre.

Parece que Salomão trabalha a sabedoria humana como um conhecimento de


nós mesmos que nos deixa mais pessimistas quanto aos nossos ideais. E
assim chegamos à conclusão que o valor verdadeiro da vida é conhecer Deus.
Não discordo de que precisamos crescer na sabedoria humana e no
conhecimento humano, mas a profundidade e os maiores valores, é quando
conhecemos a sabedoria divina.

O valor da vida é nos dedicar nas demandas do Reino de Deus. Então não
deixemos de crescer neste valor espiritual. Porque a vida é assim como esta
baforada de fumaça, a qual é vazia e não passa de um nada.

Tomemos cuidado para não passarmos em vão na vida: Quando olhamos


para a nossa realidade percebemos que a falta de sabedoria tem marcado esse
momento na igreja brasileira. Frei Beto destaca isso usando a figura da
criança. Ela cresce numa infância complicada, uma adolescência precoce e
entra na idade adulta muito tarde e possui uma velhice sem querer morrer. Os
velhos não admitem a idade avançada querendo ser adolescentes.
No meio dos pastores, temos homens sem sabedoria querendo ver a igreja
crescer somente em termos de números. O grande hiato na igreja é a ausência
de pessoas sábias. Pessoas que carregam a Palavra de Deus dentro do
coração. Pessoas que sabem discernir entre o carnal e o espiritual.
Como é triste pararmos para ver e perceber que há um vácuo na igreja de
pessoas sábias.
Na verdade, nossas comunidades estão cheias de técnicos da cultura
moderna. As pessoas sabem sobre tecnologia, sobre a cotação do dólar. Sobre
a melhor aplicação na bolsa de valores na segunda-feira. Sobre a viagem de
negócios. Sobre as compras do mês. Sobre o restaurante da última moda.
Mas, dentro das nossas comunidades têm faltado pessoas que entendem a
vida e as dinâmicas dela.
Hoje temos livros que nos ajudam, mas, não temos pessoas sábias para nos
ouvir e nos mostrar uma direção espiritual na Palavra de Deus. A sabedoria
humana é algo até importante, mas é recheada de enfado e cansaço porque
geralmente visa ao homem como centro. Como percebemos no ensino de
Salomão, ela se basta.
A sabedoria divina encontrada nas Sagradas Escrituras é diferente e não nos
permite passar em vão na vida.
Através do processo da vida percebemos nas entrelinhas que a igreja não
trabalha com o histórico, mas trabalha com o momento da vida.
Uma maneira séria para não passarmos na vida em vão é aquilo que o
salmista nos ensina no Salmo 119.11 quando diz que esconde no seu coração
a Palavra de Deus.
A maneira para darmos ouvido à sabedoria de Deus é guardar a sua Palavra
dentro do coração. É quando observamos todos os seus ensinos de maneira
profunda e séria.
Não seja conhecido na vida só pela sabedoria humana, se não você cairá no
esquecimento. Seja conhecido pela sabedoria divina e você não passará em
vão na vida.
Que Deus nos ajude a ponderar sobre a vida na presença dele.

Para refletir e viver:


• Cuidado: Quando investimos tempo e toda a nossa vida só na sabedoria
humana, Salomão tem uma conclusão para nós: isto é ilusão.
• Quando nos envolvemos com o orgulho nos esquecemos que o valor da vida
não está nas coisas, e sim, no Reino de Deus.
• Não sejam conhecidos só pela sabedoria humana, mas acima de tudo pela
sabedoria divina.

Capítulo3
A futilidade dos prazeres humanos
(Eclesiastes 2.1-26)

Ricardo II era o mestre da solidão. Ele tem uma peça em que a solidão era a
marca profunda: Rei Liet. A peça trata das coisas e não das pessoas. Era uma
cosmovisão que negava Deus. E que visava às coisas em detrimento das
pessoas. No Século 19, houve a tentativa de abraçar a natureza para se viver a
realidade de órfãos cósmicos.

Voltando à vida de Ricardo II ele pergunta para suas filhas: vocês me amam?
Uma das filhas estava amando não o pai, mas as coisas que o pai possuía. E
ela afirma que o pai é a sua grande alegria de maneira absolutamente falsa.
Porque qualquer dia ela faturaria tudo o que ele tinha.

E finalmente pergunta para a filha mais nova que ele tinha afeição: Você me
ama? E ela não responde nada. O resultado para Ricardo II é que suas filhas
queriam suas posses e não a ele.

Salomão tem algo a nos ensinar sobre isto quando trata sobre as riquezas e a
futilidade que há nelas. Investindo somente nas riquezas e nas posses,
seremos as pessoas mais infelizes e fatigadas da vida!

Salomão conclui que os prazeres e a alegria terrena são inúteis e não passam
de pura vaidade. Ele nos chama a atenção para avaliar as experiências dos
prazeres e vermos que a realidade não passa de futilidade. Então qual o
conselho de Salomão para nós sobre a futilidade da vida?

O conselho é:
É preciso lembrar que a vida humana tem um limite e há futilidade nela.

Salomão afirma nos versículos 1 a 8: Então resolvi me divertir e gozar os


prazeres da vida. Mas descobri que isso também é ilusão. Cheguei à
conclusão de que o riso é tolice e de que o prazer não serve para nada.
Procurei ainda descobrir qual a melhor maneira de viver e então resolvi me
alegrar com vinho e me divertir. Pensei que talvez fosse essa a melhor coisa
que uma pessoa pode fazer durante a sua curta vida aqui na terra. Realizei
grandes coisas. Construí casas para mim e fiz plantações de uvas. Plantei
jardins e pomares, com todos os tipos de árvores frutíferas. Também construí
açudes para regar as plantações. Comprei muitos escravos e além desses tive
outros, nascidos na minha casa. Tive mais gado e mais ovelhas do que todas
as pessoas que moraram em Jerusalém antes de mim. Também ajuntei para
mim prata e ouro dos tesouros dos reis e das terras que governei. Homens e
mulheres cantaram para me divertir, e tive todas as mulheres que um homem
pode desejar. Salomão chegou a ter uma vida hedonista. O que é hedonismo?

É a tendência de se buscar o prazer imediato, individual, como única e


possível forma de vida moral, evitando tudo o que seja desagradável.

Hedonismo vem do grego hedoné, que significa prazer. Doutrina que


considera que o prazer individual e imediato é o único bem possível,
princípio e fim da vida moral. A teoria socrática do bom e do útil, da
prudência, etc., quando entendida pela índole voluptuosa de Aristipo, leva ao
hedonismo, onde toda a bemaventurança humana se resolve no prazer.

Salomão buscou o prazer neste sentido para experimentar na prática a alegria


e prazer terrenos.

Vejamos o que Salomão adotou:


1. Ele resolveu se divertir e gozar os prazeres da vida;
2. Ele procurou ainda descobrir qual a melhor maneira de viver: ele tentou se
divertir ao máximo para obter a felicidade e algo digno de se falar na vida;
3. Ele resolveu se alegrar com vinho e se divertir: provavelmente ele tomou
tanto vinho que chegou a se embriagar;
4. Ele realizou grandes coisas: No quarto ano do seu reinado, em 1034 a.C,
Salomão começou a construir a casa de Deus no monte Moriá (1 Reis 6.1). A
construção do templo era pacificamente silenciosa; as pedras eram ajustadas
antes de serem levadas ao local, de modo que não se ouvia o som de martelo
ou machado, nem de qualquer outra ferramenta (1 Reis 6.7).
O Rei Hirão, de Tiro, cooperava por suprir madeiras de cedro e de junípero
em troca de trigo e de azeite. Salomão recrutou para trabalhos forçados
30.000 homens, mandando-os ao Líbano em turnos de 10.000 por mês. Cada
grupo voltava para casa por períodos de dois meses. Além destes, havia
70.000 carregadores e 80.000 talhadores.
5. Ele construiu casas para ele mesmo: Nos 13 anos depois do término do
templo, Salomão construiu um novo palácio real no monte Moriá, logo ao S
do templo, de modo que ficava perto do pátio externo do templo, mas num
terreno mais baixo. Perto dali, ele construiu o Pórtico do Trono, o Pórtico das
Colunas e a Casa da Floresta do Líbano.
Todos estes edifícios se encontravam num declive entre o cume do morro do
templo e o espigão baixo da Cidade de Davi. Construiu também uma casa
para sua esposa egípcia; não se permitia a ela “morar na casa de Davi, o rei
de Israel, porque”, conforme disse Salomão, “os lugares aos quais chegou à
arca de Deus são algo sagrado” (1 Reis 7.1-8; 3.1; 9.24; 11.1; 2 Crônicas
8.11).
Depois de completar seus projetos de edifícios governamentais, Salomão
empreendeu um programa de construção em escala nacional. Usou em
trabalhos forçados os descendentes dos cananeus que Israel não havia
devotado à destruição na sua conquista de Canaã, mas não rebaixou nenhum
israelita a esta condição de escravo (1 Reis 9.20-22; 2 Crônicas 8.7-10).
Edificou e fortificou Gezer (que Faraó tirara dos cananeus e dera de presente
à sua filha, esposa de Salomão), bem como BeteHorom Alta e Bete-Horom
Baixa, Baalate e Tamar; construiu também cidades-armazéns, cidades para
carros e cidades para cavaleiros. Todo o domínio, inclusive o território ao
Leste do Jordão, beneficiou-se com suas construções.
Ele fortificou adicionalmente o Aterro, construído por Davi. Fechou “a
brecha da Cidade de Davi” ( 1 Reis 11.27). Isto talvez se refira a ele construir
ou estender “a muralha de Jerusalém, em toda a volta” (1 Reis 3.1).
Fortificou muito Hazor e Megido; os arqueólogos descobriram partes de
fortes muralhas e portões fortificados, que eles acreditam ser restos das obras
de Salomão nessas cidades, agora em ruínas (1 Reis 9.15-19; 2 Crônicas 8.1-
6).
6. Ele fez plantações de uvas;
7. Ele plantou jardins e pomares com todos os tipos de árvores frutíferas: ele
aumentou a extensão e beleza das suas propriedades com jardins.
Provavelmente construiu um parque para o seu próprio prazer e desfrute da
vida (CHAMPLIN,
2005, p. 2708);
8. Ele construiu açudes para regar as plantações: mesmo que não chovesse
em Jerusalém, Salomão teria reservatório de água para muito tempo e para a
irrigação do seu grande parque. É uma ideia do que os filhos de Francisco:
Zezé de Camargo e Luciano fizeram em Goiás;
9. Ele comprou muitos escravos e além desses teve outros nascidos na casa
dele;
10. Ele teve mais gado e mais ovelhas do que todas as pessoas que moraram
em Jerusalém antes dele;
11. Ele ajuntou prata e ouro dos tesouros dos reis e das terras que governou:
Salomão se empenhou extensamente em comércio. Sua frota, na cooperação
com a de Hirão, trazia grandes quantidades de ouro de Ofir, bem como
madeira e pedras preciosas (1 Reis 9.26-28; 10.11; 2 Crônicas 8.17, 18; 9.10,
11).
Cavalos e carros eram importados do Egito e negociantes de todo o mundo
daquele tempo traziam mercadorias em abundância. A renda anual de
Salomão em ouro chegava a 666 talentos (c. US$256.643.000), além da prata,
do ouro e de outros itens trazidos pelos mercadores. (1 Reis 10.14, 15; 2
Crônicas 9.13,14). Além disso, “todos os reis da terra” traziam anualmente
presentes das suas terras: objetos de ouro e de prata, óleo de bálsamo,
armamentos, cavalos, mulos e outras riquezas. (1 Reis 10.24, 25, 28, 29; 2
Crônicas 9.23-28). Até mesmo macacos e pavões eram importados em navios
de Társis (1 Reis 10.22; 2 Crônicas 9.21).
Salomão veio a ter 4.000 baias para cavalos e carros (1 Reis 10.26 diz 1.400
carros), e 12.000 corcéis (ou, possivelmente cavaleiros 2 Crônicas 9.25). Não
havia em toda a terra rei que possuísse tantas riquezas como Salomão (1 Reis
10.23; 2 Crônicas 9.22). A via de acesso ao seu trono excedia em
magnificência a tudo o que havia em outros reinos.
O próprio trono era de marfim recoberto de ouro refinado. Tinha por detrás
um dossel redondo; seis degraus, com seis leões em cada lado, levavam a ele,
e dois leões estavam em pé ao lado dos braços do trono (1 Reis 10.18-20; 2
Crônicas 9.17-19). Para os seus vasos de beber só se usava ouro.
Declara-se especificamente que “não havia nada de prata; nos dias de
Salomão não se lhe dava nenhuma importância” (2 Crônicas 9.20). Na casa
de Salomão e no templo havia harpas e instrumentos de cordas feitos de
madeira de algum tal como nunca se vira antes em Judá (1 Reis 10.12; 2
Crônicas 9.11);
12. Ele teve homens e mulheres que cantavam para ele se divertir;
13. Ele teve todas as mulheres que um homem pode desejar: o texto de 1 Reis
11.1 a 5 afirma que, além da filha de Faraó, o rei Salomão amou muitas
mulheres estrangeiras: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias, das
nações de que o Senhor tinha dito aos filhos de Israel: Não entrareis em
contato com eles, e eles não entrarão em contato convosco, porque
perverterão o vosso coração para seguirdes os seus deuses. A estas se apegou
Salomão pelo amor. Tinha setecentas mulheres princesas, e trezentas
concubinas. Suas mulheres lhe perverteram o seu coração. No tempo da
velhice de Salomão suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir a
outros deuses, e o seu coração não era completamente leal para com o Senhor
seu Deus, como fora o de Davi, seu pai. Salomão seguiu a Astarote, deusa
dos sidônios, e a Milcom, abominação dos amonitas. Vejam as investidas e
ações de Salomão na vida. Ele teve muito mais do que podemos pensar. E a
conclusão de tudo o que Salomão experimentou foi: Considerei todas as
obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com
fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e
nenhum proveito havia debaixo do sol.
Depois de passar por todos os prazeres da vida, Salomão entende que há
futilidade na vida. Você já parou para pensar que tudo tem limites na vida?
Vejam o homem mais rico da vida humana. Ele reflete depois de desfrutar de
todos os prazeres da vida e percebe que a vida tem um limite. Ele percebe que
a vida é fútil. O que ecoa no seu coração depois de tudo experimentado é: Eis
que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia
debaixo do sol. Será que paramos para pensar nesta realidade de Salomão?
Pensamos que todo o nosso esforço em conquistar as coisas, e em ganhar
muito dinheiro já tem um resultado?
O resultado é futilidade.
Vejamos quais outros conselhos Salomão nos deixa para a vida:

A sabedoria é mais proveitosa do que a estultícia (versículo 13).


Um aspecto lamentável da experiência de Salomão foi sua suposição de que
edifícios imponentes e magníficos mobiliários caracterizassem a obra de
Deus. Ele se esforçava por imitar o mundo e com ele competir. Ele perdeu de
vista o princípio fundamental subjacente à influência que sempre deve ser
exercida pelo povo de Deus — obediência a todo preceito das Sagradas
Escrituras.
O real poder de Deus não consiste em números nem na riqueza e
prosperidade mundana que se ostentem, mas em firme adesão e confiança na
sua Palavra. A verdade obedecida se torna o poder de Deus para salvação.
Salomão teve a ambição de exceder a todas as outras nações em poder e
grandeza. Foi seu desejo alcançar maior poder político, que o levou a formar
alianças com nações idólatras e selar essas alianças por meio de casamentos
com princesas pagãs.
Vejam que ele teve de negociar princípios da sua vida. Princípios que foram
ensinados pelo seu pai Davi. Em conformidade com os costumes de nações
circunvizinhas, manteve luxuosa corte em muitos aspectos sobrepujando em
esplendor as cortes dos governantes de outros reinos.
O luxo foi seguido de libertina extravagância. Vastas riquezas eram
desperdiçadas e isso resultou em cobrança de pesados impostos aos pobres.
Ele diz: Fiz para mim obras magníficas (Eclesiastes 2.4).
O poder e as riquezas obtidos com sacrifícios de retos princípios se
constituíram para ele terrível maldição. E por isso, Salomão chega a uma
conclusão que vira um princípio profundo para nós hoje: A sabedoria é mais
proveitosa do que a estultícia. A sabedoria é mais importante do que qualquer
coisa nesta vida.
A Bíblia diz que o temor de Deus é princípio da sabedoria. Sabedoria é o que
levaremos desta vida humana. Jamais seremos lembrados pelos carros, casas
e empresas que conquistamos. Sabedoria fornece luz sobre a verdadeira
natureza de tudo na vida. Salomão afirma algo sério no versículo 14: Os
olhos do sábio estão na sua cabeça: mas o estulto anda em trevas; contudo,
entendi que o mesmo lhes sucede a ambos. Ou seja, o sábio é capaz de
discernir a luz das trevas e caminhar pela vereda da luz obedecendo a Bíblia
sempre.
O versículo 26 afirma: Porque Deus dá sabedoria, conhecimento e prazer ao
homem que lhe agrada; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte e
amontoe, a fim de dar àquele que agrada a Deus. Também isto é vaidade e
correr atrás do vento.

Tudo nesta vida cai no esquecimento


Salomão afirma: Pois, tanto do sábio como do estulto, a memória não durará
para sempre; pois, passados alguns dias, tudo cai no esquecimento. Ah!
Morre o sábio, e da mesma sorte, o estulto! (versículo 16). Há um poema de
Fernando Pessoa que nos leva a pensar:

“Ah, quanta vez, na hora suave. Pela morte vivemos, porque só somos hoje,
porque morremos para ontem. Pela morte esperamos, porque só poderemos
crer em amanhã, pela confiança da morte de hoje. Tudo o que temos é a
morte".

A tese de Salomão é que não importam as nossas conquistas aqui na terra.


Porque na verdade não restará lembrança do que produzimos nesta vida. A
consciência de Salomão não existiria depois da sua morte, porque ele deixaria
de existir como ser humano, como um habitante da terra.

Salomão tem consciência de que o tempo varrerá totalmente o seu trono, as


suas conquistas. Não haverá ninguém que se lembre das suas riquezas e das
suas conquistas (CHAMPLIN, R. N. Comentário de Eclesiastes. São Paulo:
Hagnos, 2005, Vol. IV, p. 2710). Vejam como a vida é fútil e se basta.
Corremos todos os dias para ganhar, para conquistar.

Trabalhamos para galgar espaços e um lugar ao sol. Salomão é como um


exemplo vivo sobre a vida que passa rápido. É fato de que não nos
lembramos da riqueza de Salomão e sim, da sabedoria que ele teve.
Exatamente por isso, que nos voltamos para o ensino sábio dele sobre o
cuidado profundo com a futilidade na vida.

Este capítulo 2 de Eclesiastes nos joga no chão e nos manda parar e refletir
que a vida é fútil e limitada. Eclesiastes nos leva a refletir que todos os
homens chegam à beira do abismo.

Os homens comem, bebem, amam, conversam, brigam, plantam, colhem, são


elevados e diminuídos, mas todos sem exceção são lançados no pó. Todos
com esforço realizam nada e então morrem e caem no esquecimento depois
de um ofício fúnebre. De novo lembro um poema de Fernando Pessoa:

“A morte chega cedo, pois breve é toda vida. O instante é o arremedo de uma
coisa perdida. O amor foi começado, o ideal não acabou. E quem tinha
alcançado não sabe o que alcançou. A tudo isto a morte risca por não estar
certo. No caderno da vida que Deus deixou aberto” (Fernando Pessoa–
Cancioneiro).

Que entendamos que tudo nesta vida cai no esquecimento e que o melhor de
tudo é se lembrar do criador, daquele que nos sustenta e nos alimenta através
da sua graça e amor!
Não levaremos nada desta terra
Um dia, todos nós morreremos e não levaremos nada desta terra. Salomão
afirma: Também aborreci todo o meu trabalho, com que me afadiguei
debaixo do sol, visto que o seu ganho eu havia de deixar a quem viesse
depois de mim (versículo 18).
O versículo 21 afirma: Porque há homem cujo trabalho é feito com sabedoria,
ciência e destreza; contudo, deixará o seu ganho como porção a quem por ele
não se esforçou; também isto é vaidade e grande mal.
Salomão diz mais nos versículos 22 e 23: Pois que tem o homem de todo o
seu trabalho e da fadiga do seu coração, em que ele anda trabalhando debaixo
do sol? Porque todos os seus dias são dores e o seu trabalho, desgosto; até de
noite não descansa o seu coração; também isto é vaidade.
Você e eu não levaremos absolutamente nada para a terra. Salomão foi e
ficou tudo para seu filho Roboão torrar da maneira mais imbecil que existe.
Quero finalizar esta reflexão deixando 10 dicas para nós:

1. Tenha um coração que abandona a ambição por algo melhor: Deus e


pessoas.
O melhor da vida não é a riqueza, o carro, a casa. O melhor da vida é Deus, é
a comunhão com ele e com o povo dele. Podemos ganhar dinheiro, mas ele
não nos consolará quando estivermos num leito de hospital acometidos de um
câncer. É Deus quem nos consolará e provavelmente usará pessoas para isto.

2. Não deixe de lembrar que o mundo é um vale de lágrimas e cheio de


futilidades.
Já diz a Escritura em 1 João que o mundo jaz no maligno. O mundo nos leva
para um abismo profundo. Vocês já olharam para alguns personagens
globais. Eles se casam e depois de alguns meses estão rompendo o
casamento.
Alguns estão doentes nas drogas e no caminho solitário da fama. Cuidado
com o mundo, ele gera lágrimas profundas no coração.

3. Você será tolo se for escravo do mundo. Seja escravo do mestre Jesus.
Davi tinha motivos para perceber a diferença entre Deus e o mundo. No
mundo se enchiam os inimigos dele.
Na presença de Deus ele tinha alegrias perpetuamente e delícias profundas.
Seja escravo do mundo e você será dependente dele. O resultado nós já
sabemos.
Sejamos escravos e servos de Jesus e teremos uma vida chamada de
abundante.

4. O dinheiro só traz sustento para o corpo e não felicidade.


Saibamos que há um poder espiritual no dinheiro que é capaz de comprar até
a alma da pessoa, a verdade, a consciência e a integridade do homem diante
de Deus. O dinheiro começa competindo com Deus, prometendo paz, alegria,
segurança, estabilidade, bem-estar, amizades, realização pessoal, liberdade,
amor e afeto.
Mas, quando olhamos lá na frente percebemos que ele só nos faz infelizes,
insatisfeitos, endividados, egoístas, desconfiados, consumistas (LUDOVICO,
Osmar. Meditatio. São Paulo: Mundo Cristão, 2007, p. 187).
Saibamos que o dinheiro chamado pelo nosso mestre de Mamon é uma
potestade que enfatiza o ter nos impedindo de viver pelos ideais, valores e
pela nobreza das causas que é respeitar Deus e as pessoas não por aquilo que
elas têm, mas são.
O dinheiro quando se apodera de nós, nos cega e nos faz olhar tudo por preço
e acaba corrompendo o nosso interior e a nossa consciência diante de Deus.
Por isso, vale lembrar o que Salomão diz sobre a futilidade e enfado que há
em ser escravo do dinheiro.

5. Use o dinheiro na vida como meio e não como um fim em si mesmo.


Lembrem-se de que amar o dinheiro é se condenar com ele à destruição, ao
desaparecimento. Deus nos compra e nos liberta para uma vida de plena
satisfação na esfera do seu Reino e não na dependência do dinheiro
(LUDOVICO, 2007, p. 188).
O dinheiro nunca pode ser Mamon em nosso coração, ele tem que ser uma
maneira de usar para manutenção e com simplicidade sem arrogância. Do
contrário, ele será um fim e dono do nosso coração.

6. Desfrute aquilo que é bom do trabalho, mas não seja vencido por ele e
nunca escravo dele.
Tem gente que vive para trabalhar e outros trabalham para viver. O trabalho é
uma forma de honrarmos a Deus. Mas, ele não pode ser senhor do nosso
coração.
Exemplo: há homens e mulheres que estão trocando o tempo com a família
para trabalhar. Há pessoas que deixam de prestar culto a Deus por causa do
trabalho;

7. O melhor de tudo na vida é a busca pela sabedoria e não pelas


riquezas.
A Bíblia diz que o temor de Deus é melhor do que tudo. Interessante que
Salomão é o conselheiro disto. Por isso, ele nos convida a guardar o nosso
coração porque dele procedem às saídas da vida.
Quando guardamos o coração, percebemos um valor extraordinário na
sabedoria. E que buscar riquezas só nos deixam enfatuados e fatigados na
vida. Salomão nos chama a atenção para a futilidade que nos faz refletir sobre
o recuo em buscar as riquezas;

8. A vida voa e nos leva somente para um lugar: morte. Há outro poema
de Fernando Pessoa que diz:

“Fiz de mim o que não soube. E o que podia fazer de mim não o fiz. O
dominó que vesti era errado. Conheceram-me logo por quem não era e não
desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho, já tinha envelhecido. Já não sabia vestir o
dominó que não tinha tirado. Deitei fora a máscara e dormi no vestiário “
(Fernando Pessoa).

Devemos considerar sempre a realidade da morte como o fim de todos nós: O


princípio em Eclesiastes é que um dia morreremos e voltaremos à origem de
tudo, ou seja, voltaremos a ser pó. Quanto a essa realidade não precisamos
falar muito.

9. Lembre-se de que a vida não é nossa, o mais importante é o que somos.


Citando mais um poema de Fernando Pessoa, lembre-se: “A vida é o que
fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos,
senão o que somos”.

10. Celebre a vida em Deus e não nas suas riquezas. Lembrando-se de


que Cristo é o centro de tudo e não nós.
Interessante que não decoramos e não paramos para refletir no texto de
Colossenses 3.1-4. Paulo afirma: Portanto, se fostes ressuscitados juntamente
com Cristo, buscais as coisas lá do alto, onde Cristo vive assentado à direita
de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são da terra, porque
morrestes e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.
Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis
manifestados com ele, em glória.
Diante das palavras do nosso amado pastor Paulo de Tarso, estamos um
pouco fora da dimensão da celebração da vida em Deus. Porque investimos
tempo nas ações terrenas. Trabalhamos buscando um lugar ao sol.
Trabalhamos para bancar a esposa, os filhos e dar uma segurança para eles
nos próximos anos. Dentro da religião evangélica ouvimos a pregação de que
precisamos ter.
A teologia da prosperidade lota as igrejas. As pessoas prometem carros, casas
e dinheiro aqui. A reflexão de Salomão sobre a futilidade da vida nos faz
pensar sobre a necessidade de celebrar Cristo no centro do nosso coração. De
buscar as realidades espirituais e não materiais.

Para refletir e viver:


• O real poder de Deus não consiste em números nem na riqueza e
prosperidade mundana que se ostentem, mas em firme adesão e confiança na
sua Palavra.
• Todos com esforço realizam nada e então morrem e caem no esquecimento
depois de um ofício fúnebre.
• Um dia, todos nós morreremos e não levaremos nada desta terra.
• O melhor da vida é Deus, é a comunhão com ele e com o povo dele.
• O dinheiro quando se apodera de nós, nos cega e nos faz olhar tudo por
preço e acaba corrompendo o nosso interior e a nossa consciência diante de
Deus.
• Quando guardamos o coração, percebemos um valor extraordinário na
sabedoria.

Em nome de Jesus, busquemos aquilo que é do Reino e tenhamos Cristo no


centro da nossa vida!

Capítulo4
Tudo tem seu tempo determinado por Deus
(Eclesiastes 3.1)

Somos pessoas medrosas. O medo atrapalha a nossa vida, ele nos faz agir
com o desejo de querer controlar tudo com forças sem necessidade. A grande
verdade é que o medo nos deixa perturbados, e muitas vezes, raivosos com
Deus e com as pessoas (NOUWEN, Henri. Fontes de vida. Rio de Janeiro:
Vozes, 1996, p.11).

Porque as questões da vida não acontecem como queremos e essa realidade


produz cada vez mais medo.
Quando não entendemos os acontecimentos da vida como um plano e direção
do criador, passamos por momentos de escuridão e depressão profunda na
alma. O medo gera escravidão e barra a compreensão que tudo na vida tem
um propósito. Salomão nos ensina verdades sobre o tempo de Deus para tudo
na vida. Salomão defende a tese de que Deus tem o controle de tudo em suas
mãos. Tudo faz parte da providência eterna e imutável de Deus (3.14).
Salomão ensina que todos os tempos estão nas mãos do eterno Deus. A
história do mundo é um ciclo de eventos todos eles controlados pelo eterno
Deus (CHAMPLIN, 2005, p. 2713).
Diante dessa realidade o que precisamos aprender?

Para todos os eventos da nossa vida há um propósito no coração de Deus.


O escritor Salomão afirma: Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo para
todo propósito debaixo do céu.
Vocês já pararam para avaliar que é mais fácil passar o tempo todo
preocupado com os assuntos urgentes, do que começar a viver realmente na
perspectiva da vida segundo a direção de Deus? Vocês já perceberam que
vivemos em busca do tempo?
Vivemos em função do cotidiano e nos esquecemos que há o Deus soberano
que controla o tempo e é Senhor absoluto dele. Já paramos para pensar que
Isaías fala do Deus soberano que trabalha para aquele que nele espera?
Pensamos na realidade do Deus que tem o controle absoluto de cada detalhe
da nossa existência? Salomão afirma que tudo tem a sua ocasião própria, e há
tempo para todo propósito debaixo do céu.
Deus tem preparado todos os atos da nossa história em suas mãos. Salomão
entende com a sabedoria recebida que Deus fez o tempo para o homem e não
o homem para o tempo (Ler o Livro: A nuvem do não saber). O tempo é
nosso escravo e não nós dele.
Quando andamos nessa perspectiva, entendemos que Deus fez o tempo para
nos servir e daí não precisamos ficar correndo, correndo e de maneira
desesperada tentar desenhar os passos da nossa trajetória. Não, não
precisamos disso, Deus tem o tempo dele para todos os atos da nossa vida e
história.
Deus tem o controle de tudo. Como diz o salmista Davi, todos os nossos dias
estão contados quando nenhum deles ainda havia. Se tudo está debaixo da
autoridade do Deus soberano por que somos tão desconfiados e tão
descrentes na ação e providência do nosso Deus? Se Deus é Senhor do tempo
e o usa para o desenrolar da nossa história, por que somos tão escravos do
tempo.
Se tudo tem o seu tempo e ocasião própria, surgem algumas perguntas:
Se tudo está debaixo da autoridade do Deus soberano por que somos tão
desconfiados e tão descrentes na ação e providência do nosso Deus? Por que
somos tão ansiosos?

Porque não sabemos esperar em Deus para todos os eventos da vida:


A Bíblia nos ensina a esperar nele sempre. Por quê? Porque Deus é Rei sobre
todo o cosmo. O universo é seu reino cósmico. Satanás pode afirmar ter
controle sobre as nações e as forças dentro da criação, mas ele não pode fazer
nada, a menos que Deus lhe dê permissão de levar a cabo suas atividades e
desígnios satânicos.
É o Deus que, tendo criado o cosmo, apresentou os confins, ou seja, os
limites mais distantes do cosmo (Isaías 40.28). Ele criou os céus e a terra
(Isaías 42.5; 45.18); criou a humanidade sobre a terra (42.12; 57.16).
E, como criador, a tem sustentado e continua a governar sobre o cosmo como
um todo para Sua própria glória. Isaías enfatizou que o povo que havia sido
escolhido por Deus e por Ele foi redimido, havia sido criado para Sua glória
(43.7), mas todas as coisas no cosmo são chamadas a dar glória a Deus
(42.12). Elas o fazem, pois Deus reina sobre elas, capacitando, guiando e
dirigindo-as a fazê-lo.
Isaías profetizou que Deus mantém e governa todo o seu reino. Isaías
advertiu futuros governantes, como por exemplo, o rei da Babilônia, a não
considerarem que seu trono estava nos céus, acima das estrelas de Deus
(Isaías 14.12-14).
Isaías proclama enfaticamente que os céus são o trono de Deus (66.1). A
terra, abaixo dele é um estrado para seus pés. Essa passagem enfatiza que
Deus, tendo os céus como seu trono, não deve ser visto como uma divindade
local. Ele é onipresente. Os céus com o seu trono representam seu reinado
soberano universal.
Não há nada que não esteja incluído, todos os aspectos da criação nos céus e
na terra estão sujeitos a Deus. Então, se ele é esse Deus majestoso, soberano e
altíssimo, por que não esperamos nele para todo propósito e ocasião da nossa
vida?
Porque temos dificuldade em acreditar na majestade deste Deus poderoso. E
por isso não aprendemos a esperar nele.
A nossa fé necessita ser aguçada pela história de José do Egito. Um homem
que teve uma história de redenção e propósitos profundos de Deus realizados.
Ele teve sonhos que falavam de sua futura eminência e da sua autoridade real.
O texto diz em Gênesis 37 que esses sonhos causaram ciúme entre os irmãos
quando José, ingenuamente, contou a eles seus sonhos (Gênesis. 37.5-11).
O ressentimento deles fortalecido pelo ciúme. Foi uma influência dominante
dentro das experiências do grupo familiar. Enquanto o ressentimento e ciúme
dos irmãos eram desabafados na venda de José aos mercadores de Midiã
(Gênesis 37.28), Ruben e Judá se apresentaram como protetores de vida.
A intenção de Ruben de devolver José a seu pai foi frustrada pela sugestão de
Judá de vender José. Ambos desejavam poupar a vida de José. Ruben estava
mais propenso do que Judá quanto à paz de seu pai Jacó. Ele lembrou isto aos
irmãos quando foram confrontados por José no palácio no Egito (Gênesis.
42.22).
À medida que as experiências da família de Jacó eram expostas, ficou
evidente que Judá e José eram os canais de bênçãos pactuais escolhidos por
Deus. Tudo que estava acontecendo mesmo no meio de injustiças era
propósito de Deus para preservar a família da aliança.
Muitas questões acontecem na vida de José a partir do momento em que foi
levado ao Egito. Neste período, José provou ter um caráter forte em
circunstâncias adversas. José é escolhido por Deus para servir como seu
agente pactual dentro do seu reino.
E José desde o dia que saiu da sua terra aprende a esperar em Deus na alegria
e na tristeza. José aprende em seu coração que Deus transcendente,
majestoso, imanente, onipresente, onisciente, eterno, onipotente, soberano,
reto, justo, compassivo, gracioso e amoroso e nunca o abandonará. Ele sabe
que Deus tem um tempo e propósito para tudo na sua vida.
Por que somos tão ansiosos?

Porque somos consumidos pela nossa ansiedade Um grande problema


nosso é que acompanhamos o pensamento da nossa sociedade que quer
urgentemente que todos nós sejamos auto-suficientes e que nos bastemos a
nós mesmos. Isso gera uma ansiedade maior ainda. Ela quer que resolvamos
os problemas, sejam quais forem, e de maneira rápida (Houston, James. A
fome da alma. São Paulo: Abba Press, 2000, p. 20).

Somos pressionados a suprir todas as necessidades materiais da vida e


impressionar a todos com um estilo perfeito de vida. E como isso limita o
coração da gente. E as conseqüências são de ansiedade profunda na vida.

A ansiedade nos faz esquecer que até o tempo da nossa vida está sob a
direção do nosso criador. Muitas vezes não conseguimos caminhar na graça
do Pai, com uma vida espiritual sadia porque não entendemos que todo
propósito tem um fim direcionado e controlado por Deus.

Perdemos de vista a ideia de que Deus está no controle da nossa vida.

É bom sabermos que todos os nossos dias estão contados na presença dele.
Jesus afirma que não cai um fio de cabelo da nossa cabeça se o Pai não
permitir.

Você não sabe o que acontecerá amanhã? Fique na paz do Senhor, ele sabe
daquilo que precisamos. Jesus disse isto aos seus discípulos: O vosso Pai sabe
o que tendes necessidade, antes que lho peçais (Mateus 6.8). Jesus indica a
possibilidade de uma vida sem preocupações, uma vida em que todas as
coisas estão se fazendo novas.

Jesus mostra para os seus discípulos que comida, bebida, regalias, busca por
sobrevivência são coisas para os que não têm dependência de Deus Pai. Deve
haver alguma diferença entre os discípulos de Jesus e os gentios, pois, os tais
não têm esclarecimento algum, por isso, apegam-se tanto às coisas materiais.
Para os servos de Deus, a vida deve ser bem diferente, pois, Deus sabe qual é
o melhor para a nossa vida, para a nossa sobrevivência.

Se você pegar uma palavra de um estudante em 1979, ele dizia:


“Vivemos num mundo de crises, chamado por alguns de século da ansiedade.
As preocupações são constantes, vivemos numa época onde as incógnitas
permanecem latentes em cada coração, quanto ao futuro do mundo em que
vivemos, onde ninguém confia em ninguém; onde a insegurança, a dúvida, o
temor, a violência, a ansiedade e a apatia imperam em cada ser humano”
(COSTA, Hermisten Maia Pereira. Um plano soberano de um Soberano
Deus, p. 6).

Neste Século continuamos observando e participando dos mesmos problemas


do homem moderno e, lamentavelmente, as observações feitas anteriormente
são as mesmas, apenas com mais subsídios, as quais contribuem para
descrever com cores mais vivas o problema.

Não podemos ficar como loucos correndo atrás disso ou daquilo. Mas,
devemos descansar nele, pois, ele sabe do que necessitamos para o sustento
da nossa vida diária. Deus conhece todas as nossas necessidades melhor do
que nós mesmos.

A Bíblia diz: O meu Deus segundo as suas muitas riquezas, suprirá todas as
vossas necessidades em glória por Cristo Jesus. Limitar os cuidados e
preocupações ao dia atual produz, finalmente, a eliminação total da
preocupação, pois, é a incerteza quanto ao futuro que gera a ansiedade e a
preocupação mental.

A palavra de Salomão é que para tudo há um propósito. Deus nos dará o que
necessitamos segundo a sua vontade.
Quanto às dificuldades, males da vida, provas da vida, deixemos com Deus,
pois, ele permite tudo para que aprendamos a descansar mais nele.
Com esta perspectiva no nosso coração aprenderemos que tudo pertence a
Deus, assim, não precisamos ficar buscando o ter, o ter e ter mais. Porque
Deus é dono de tudo e nos dá aquilo que ele quiser dar.
Por que somos tão ansiosos?

Não temos uma espiritualidade que ultrapassa a vida física e intelectual


Espiritualidade viva é mais que viver física, intelectual ou emocionalmente.
Envolve todo o processo de depender exclusivamente de Deus (NOUWEN,
Henri. Cartas a Marc sobre Jesus. São Paulo: Loyola, 1999, p. 11). E essa
espiritualidade que tem faltado em nossa vida para entendermos o centro da
nossa humanidade diante do criador que tem todo o propósito e direção para a
vida.
Essa espiritualidade tem a ver com o coração da existência. É um coração que
entende os sentimentos com a direção de Deus.
Um coração que anda em função do tempo de Deus. E a verdade é que não
temos vivido essa espiritualidade como centro em nossa vida e, por isso, não
entendemos a realidade do texto em Eclesiastes.
Vivemos no tempo chamado “agora”. O tempo do controle remoto que quer
as coisas para já e nunca amanhã. Vivemos o tempo em que criamos
instituições cristãs absolutamente tecnológicas e não vivas pela fé.
O tempo humano nos torna sul real. Então precisamos voltar para a nossa
humanidade e ver que corre sangue em nossa veia e que o Deus a quem
servimos é o doador desse sangue.
Quanto mais frenéticos e agitados pelo tempo agora, mais nos distanciamos
da realidade da espiritualidade do coração. Quanto mais tecnológicos, menos
espirituais somos.

Para refletir e viver


• Cuidado: Vivemos em função do cotidiano e nos esquecemos que há o Deus
soberano que controla o tempo e é Senhor absoluto dele.
• Precisamos aprender isto: Deus tem o controle de tudo. Como diz o salmista
Davi, todos os nossos dias estão contados quando nenhum deles ainda havia.
• Pensemos nisto: Somos pressionados a suprir todas as necessidades
materiais da vida e impressionar a todos com um estilo perfeito de vida. E
como isso limita o coração da gente. E as conseqüências são de ansiedade
profunda na vida.
• A ansiedade nos faz esquecer que até o tempo da nossa vida está sob a
direção do nosso criador.
• Espiritualidade viva é mais que viver física, intelectual ou emocionalmente.
Envolve todo o processo de depender exclusivamente de Deus.
• Uma verdade importante é que o tempo humano nos torna sul real. Então
precisamos voltar para a nossa humanidade e ver que corre sangue em nossa
veia e que o Deus a quem servimos é o doador desse sangue.
Que Deus nos ajude a entender esse ensino da sua Palavra em nome de Jesus.

Capítulo5
Tudo tem seu tempo determinado por Deus
- Parte II
(Eclesiastes 3.2-8)

Devemos saber como estamos vivendo. Uma vida sobre a qual não refletimos
não vale a pena ser vivida. Contemplar a nossa própria vida pertence à
essência do ser humano.

Precisamos pensá-la, discuti-la, avaliá-la e formar opiniões sobre ela. Metade


da experiência do viver é refletir sobre o que se vive. Isto vale a pena? Isto é
bom ou não? Isto é velho ou novo? O que significa tudo isso?

A maior alegria, bem como a maior dor do viver, não vem apenas do que
vivemos, mas ainda mais de como pensamos e sentimos o que vivemos.
Pobreza e riqueza, sucesso e fracasso, morte, vida não são apenas fatos da
vida. Elas são realidades vividas de forma bastante diferente por pessoas
diferentes, dependendo de onde estão situadas.

Refletir é essencial para o crescimento, o desenvolvimento e a mudança. É o


poder singular da pessoa humana (NOUWEN, Henri. Podeis beber do cálice.
São Paulo: Loyola, 1999, p. 3).

O que precisamos aprender?

Nessa vida existe um tempo para cada momento O rei Salomão afirma a
partir do versículo 2: Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de
plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de
curar; tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir;
tempo de prantear e tempo de dançar; tempo de espalhar pedras e tempo de
ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de abster-se de abraçar; tempo de
buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de
rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de
amar e tempo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz.
O termo para a palavra tempo no hebraico é: ocorrência, um evento
específico que acontece dentro de uma estação determinada (CHAMPLIN,
2005, Vol. 4, p. 2713).
Salomão trabalha um jogo de oposições no texto. Então há um evento para
nascer e outro para morrer. E isso nos ajuda a entender os limites da nossa
humanidade. Podemos fazer tudo, mas o nosso tempo está determinado.
Aliás, tem uma teologia chamada de Teísmo Aberto.2Os adeptos dela dizem
que construímos o futuro com Deus. Logo a concepção do Teísmo Aberto é
que Deus é ignorante quanto ao futuro. O que nega claramente as Escrituras.
Um dos adeptos é Clarck Pinnock, outro é Gregory Boyd (PIPER, Jonh.
Taylor, Justin Helseth, Paul Kjoss. Teísmo Aberto. São Paulo: Vida, 2006,
p.12).
Gregory Boyd chega a dizer que Deus pode até conhecer antecipadamente o
que ele pretende em sua liberdade, mas não pode saber aquilo que pensamos
fazer em nossa liberdade. Então as nossas decisões são desconhecidas diante
de Deus (PIPER, 2006, p.13). Imediatamente uma pergunta que vem a nossa
mente é: Como podemos construir o futuro com o criador se somos seres
finitos no sentido físico? Como Deus seria ignorante quanto ao dia de
amanhã sendo que ele é Senhor do tempo? Como ele não conheceria os
nossos pensamentos se ele é o nosso dono e criador?
O tempo não é nosso, ele tem um Senhor que está no trono e sabe exatamente
o que acontecerá. Ele sabe quem nascerá e quem há de morrer. Assim não
tem como construirmos a vida, o futuro e os acontecimentos porque não
somos Deus.
Quando Salomão afirma que há tempo de nascer e tempo de morrer, ele
mostra o quanto a nossa estrutura é fraca e limitada. Saibamos dessa
realidade profunda para que não andemos em função dos nossos próprios
propósitos (desejos, inclinações e intenções).
A Bíblia nos mostra claramente que temos tempo de existência determinado
pelo criador. Então vivamos na presença dele enquanto temos fôlego de vida.
Vivamos de maneira tal que a cada dia glorifiquemos e exaltemos o seu
nome. Vivamos de maneira tal que nos lembremos das palavras de Davi no
Salmo 31.15: Nas tuas mãos estão os meus dias.
Salomão afirma em Provérbios 16.1-3: As pessoas podem fazer seus planos,
porém é o Senhor Deus quem dá a última palavra. Você pode pensar que tudo
o que faz é certo, mas o Senhor julga as suas intenções. Peça a Deus que
abençoe os seus planos, e eles darão certo.
Salomão afirma que há tempo de plantar e de arrancar o que se plantou. O
que Salomão quer nos ensinar é que os homens seguem as estações
determinadas por Deus e ponto final. Ele trabalha, ele planta, mas, os
resultados são dados por Deus. Há um texto que nos faz refletir sobre essa
realidade.
O texto de Marcos 4.26-29 afirma: Disse também: O Reino de Deus é assim
como se um homem lançasse semente sobre a terra e dormisse e se levantasse
de noite e de dia, e a semente brotasse e crescesse sem ele saber como. A
terra por si mesma produz fruto, primeiro a erva, depois a espiga, e por
último o grão cheio na espiga. Mas assim que o fruto amadurecer, logo lhe
mete a foice, porque é chegada a ceifa.
Jesus diz que a terra por si mesma produz fruto e quem a cria é Deus. Quem
faz a terra frutificar é Deus. Aplicando para a vida, podemos plantar na vida
em todas as áreas, mas, não podemos nos esquecer que a vontade do criador
prevalece. E quem arranca o que foi plantado é Deus também. A colheita
tanto no que plantamos na vida espiritual, quanto o que é arrancado depende
da graça de Deus.
Também há outra aplicação para plantar na vida. Quem planta graça colhe
graça, quem planta ódio colhe rancor, abandono e separação das pessoas. Há
tempo de plantar e de arrancar o que se plantou no sentido de colheita.
Vejamos o que plantamos dentro do tempo que Deus nos dá. A vida passa
rápido demais! A Bíblia diz que voamos. Então devemos plantar graça, amor,
perdão e justiça.
Salomão afirma que há tempo de matar e tempo de curar. Havia guerras e
conflitos entre os povos. Havia tempo de defesa e tempo em que não poderia
se defender, logo se perdia a vida e as batalhas. Havia tempo em que se
tratava dos feridos para que não perecessem os soldados. Mas, se Deus não
oferecesse condições para a salvação da vida, nada adiantaria.
A ideia que trabalhamos é que há tempo para cada item e momento da vida. E
também há tempo de conflitos, sim. Mas, graças a Deus que há tempo de
cura, há tempo de cuidar dos feridos. E Deus nos chama como igreja para
cuidar dos feridos.
Há muita gente em nossa sociedade com conflitos e essa gente precisa ser
curada de suas feridas. Henri Nouwen no seu livro Sofrimento que Cura
defende a tese de que devemos ser usados pelo Pai para curar o coração de
outros.
Devemos ser um canal de Deus para levar pessoas à cura dos seus conflitos e
as dores da alma. Na visão de Henri Nouwen para passarmos por este
processo precisamos compreender que temos esperança e desespero.
Devemos compreender que temos confrontos existenciais profundos na alma
e no coração (NOUWEN, Henri. Sofrimento que Cura. São Paulo: Paulinas,
2001, p. 31).
Quando temos consciência do chamado de Deus para curar, caminhamos no
propósito e temos condições de ser terapeutas da nossa comunidade mesmo
diante da realidade da nossa própria dor e conflitos existenciais.
É verdade que há tempo de conflitos e eles atrapalham a vida da igreja, das
famílias e de todos, mas, graças a Deus, ele mostra que há tempo de cura, de
cuidar dos feridos. E essa é a missão especial da igreja do Senhor.
Temos de lidar com uma comunidade de pessoas que se constitui numa
geração interiorizada, ou seja, que quer se retirar do seu próprio eu e dos seus
problemas.
Temos de lidar com uma geração órfã, ou seja, uma geração sem pais
espirituais, sem guias e mentores na vida (NOUWEN, 2001, pp. 52, 53); e
por fim, com uma geração convulsiva, ou seja, profundamente agitada.
Agitada com este mundo que tem levado muitas pessoas a uma prisão. É com
as nossas próprias dores e conflitos que temos de levar esta geração a dar a
atenção para o fato de que Deus está dentro de nós e nunca fora de nós
(NOUWEN, 2001, p. 61).
Com a realidade da nossa dor é que temos de ensinar que o mais precioso na
vida é a própria vida, vivida na presença do Pai. É viver a articulação da vida
com os movimentos interiores. Eles acontecem quando somos capazes de
criar espaços pela graça, para que o Deus Pai seja o maior no nosso coração
(NOUWEN, 2001, p. 63). É termos a consciência de que só ele pode nos
curar e nos conduzir como instrumentos da sua graça para curar a outros.
Salomão afirma que há o tempo (época) de derribar e tempo de edificar.
Havia conflitos entre as nações. Uma hora, um derrubava e o outro edificava.
Isso deve ser um fato importante na vida humana.
Há tempo de muita edificação, muitos projetos, mas há um tempo de jogar
tudo fora. Também tem uma analogia com os relacionamentos entre pessoas.
Parece haver a idéia de rompimento e de renovação e também de
reconstrução. O ensino é que em todo o ciclo de construção ou de derribar,
Deus tem um plano para a nossa vida.
Olhemos para a nossa vida e vejamos no tempo de Deus como ela está.
Algumas perguntas nos fazem pensar: o que precisa ser edificado ou
derribado? O que foi rompido em termos de relacionamento e que precisa ser
restaurado na presença de Deus? O que temos de edificar na vida e no Reino?
Salomão afirma que há tempo de chorar e tempo de rir, há tempo de prantear
e tempo de dançar. Algo que precisamos entender é que Deus permite a
tristeza na vida humana. Ela é um item em nós e não tem jeito de escapar
dela.
A morte faz parte da nossa vida, a calamidade faz parte e traz tristeza. Há
tempo em que os acontecimentos são terríveis e geram uma tristeza profunda
em nosso interior. O desespero toma conta do coração e vem a tristeza. Mas,
lá na frente Deus manda o tempo de alegria. Como diz Henri Nouwen:

“Gratidão em seu sentido mais profundo significa viver a vida como um


presente para ser recebido com agradecimentos. E a gratidão verdadeira
abarca tudo na vida: o bom e o ruim, a alegria e a tristeza, o santo e não
santo. E fazemos isso porque nos tornamos cônscios da vida de Deus, da
presença de Deus em relação a tudo o que acontece conosco. A cruz, o
símbolo principal de nossa fé nos convida a ver graça onde há dor; a ver
ressurreição onde há morte. Pessoas agradecidas são as que aprendem a
celebrar, mesmo através das lembranças difíceis e atormentadoras, porque
sabem que a poda não é mera punição, mas uma preparação” (NOUWEN,
Henri. Transforma meu Pranto em dança. São Paulo: Textus, 2002, p. 5).

No meio da tristeza ouvimos um convite para deixar que nosso lamento se


transforme numa fonte de cura, que nossa tristeza se torne uma passagem da
dor à dança. Há pergunta para nós? Quem Jesus declarou que seria bem-
aventurado? “Aqueles que choram” (Mateus 5.4).

Aprendamos a olhar nossas perdas e tristezas de frente como um processo do


tempo de Deus e não a fugir delas. Ao aceitar sem repulsa as tristezas da
vida, poderemos encontrar a alegria de Deus (NOUWEN, 2002, p. xv).

Ao convidar Deus para participar de nossas dificuldades, fundamentaremos


nossa vida até mesmo seus momentos tristes, em alegria e esperança. Ao
parar de querer nos apossar da vida, receberemos mais até do que
conseguimos agarrar por nós mesmos.

No meio das tristezas encontraremos sempre a alegria de Deus. No Salmo


31.10 Davi afirma que a sua vida está gasta de tristeza e os seus anos, de
suspiros. Diz que sua força desfalece, mas ele bendiz ao Senhor pela sua
misericórdia e pela preservação que vem dele.

Salomão afirma que há tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras.


O que será que Salomão quis dizer com isso?
Parece uma idéia de edificação. Ou a ideia da limpeza de um terreno. Num
momento é tempo de espalhar e noutro ajuntar. As pedras para a construção
são escolhidas e isso leva tempo (CHAMPLIN, p. 2713). Isso é aplicado para
a vida espiritual no sentido de edificá-la diante do criador. Em certos tempos
da vida precisamos ajuntar partes da nossa vida para algo centrado na
presença de Deus.
Salomão afirma que há tempo de abraçar e tempo de se abster de abraçar. Há
tempo de amar de maneira bem profunda e Salomão abre um espaço para um
tempo em que o afeto não é com tanto envolvimento.
É duro para nossa compreensão, mas ele fala de um tempo de reclusão e
exame particular sem vazão para os afetos. Sinceramente, a minha prática
comunitária mostra o quanto tenho pouco tempo para a reclusão. Aliás, a
nossa cultura brasileira não nos permite um tempo de reclusão e exame do
coração na presença de Deus e de nós mesmos.
Parece-me que sempre temos algo para fazer, a nossa agenda é sempre cheia
de tarefas. É raro um momento que não temos nada para fazer. Diante disto, é
necessário voltar o coração para o secreto do nosso quarto e lá cultivarmos a
presença do Pai.
Jesus diz algo importante sobre esta idéia em Mateus 6.5. E quando orardes,
não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas Sinagogas e
nos cantos das praças, para serem vistos dos homens.
Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa.Tu, porém, quando
orares, entra no teu quarto e, fecha a porta, orarás a teu Pai, que está em
secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
Jesus sabia muito bem que as esmolas que damos, os jejuns que praticamos e
as orações que fazemos têm, quase sempre, uma finalidade secreta: a de
sermos vistos e notados pelos homens. Afinal que reconhecimento teríamos
se ninguém ouvisse as nossas orações, as nossas ações de misericórdia?
Exatamente por causa deste risco de querermos ser vistos e reconhecidos
pelos homens, Jesus lança a saída para nós. É a de entrarmos para o universo
público depois de passarmos pelo universo secreto. E a proposta de Jesus é o
secreto do nosso quarto. Portanto, quem não sabe orar em secreto com a porta
fechada, não aprenderá a contemplar Deus quando estiver nos lugares
públicos (Revista Ultimato – março de 2001–Espiritualidade, p. 32).
A espiritualidade secreta do quarto nos habilita para uma espiritualidade
verdadeira no público. Este caminho nos priva, nos livra da hipocrisia dos
fariseus. Buscando somente os lugares públicos porque não suportamos o
lugar secreto, seremos pessoas sempre solitárias, sem relacionamento como o
Pai.
O quarto é um lugar pessoal e não um lugar simplesmente fechado. O secreto
do quarto é aquilo que tem a ver com o que acontecerá quando sairmos dele.
Portanto, a intimidade no secreto do quarto nos leva para uma singularidade
na relação com Deus e com o nosso próximo. Leva-nos para uma verdadeira
comunhão com a Trindade e com o povo chamado igreja.
Neste mundo tão agitado em que as pessoas cuidam do corpo para se
mostrarem bonitas, um mundo em que precisamos ter mais do que ser,
precisamos urgentemente do silêncio da alma no secreto do quarto. O silêncio
na presença do Pai é o elemento essencial da espiritualidade na vida
(NOUWEN, Henri. A Espiritualidade do Deserto e o Ministério
Contemporâneo – O Caminho do Coração. São Paulo: Loyola, 2000, p. 13).
Este momento de solidão no quarto é a fornalha da nossa transformação. Sem
silêncio, sem solidão no secreto do quarto, seremos vítimas da nossa
sociedade e continuaremos a nos enredar nas ilusões do falso eu (NOUWEN,
2000, p. 23).
Percebam que a palavra de Jesus aos seus discípulos é uma proposta para eles
não se envolverem com a hipocrisia, com a falsidade, que os conduz a um
reconhecimento público. A proposta é: entra no secreto do quarto. Lá no
secreto com o Pai, eles seriam recompensados. Porque no versículo 8, Jesus
afirma que o Pai sabe daquilo que necessitamos antes de pedirmos.
Jesus nos ensina que devemos substituir o nosso ponto de gravidade,
relocalizar o centro de nossa atenção. Ele quer que mudemos as nossas
prioridades. Jesus quer que deixemos as "muitas coisas" para a "única coisa
necessária".
Ele quer que vivamos nele, mas firmemente arraigados no centro de todas as
coisas que é a comunhão completa com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, isto
no secreto, onde nos encontramos com o Deus presente, o Deus Emanuel.
Não se chega a Deus pensando, mas orando. Pensar corretamente em Deus
não nos leva aonde queremos ir. Mas, pensar errado pode nos confundir
consideravelmente. A ação dos pastores e teólogos de nossas comunidades, a
tarefa dos nossos mentores não é a de ensinar sobre Deus, mas nos ajudar a
orar ao Pai – orar ao Deus revelado em Jesus Cristo segundo a Bíblia e não
apenas nos arrastar devotamente ao redor da nossa imaginação idólatra
(PETERSON, 2007, p. 61).
No tocante à oração, o mais importante que podemos fazer começa na
imaginação: entender o dia como um ritual em que entramos, reagimos e do
qual participamos conforme a vontade de Deus. Não é arranjar um tempo
para Deus – aliás, como isso parece condescendente (PETERSON, Eugene.
Diálogos de sabedoria. São Paulo: Vida, 2007, p. 83).
Há uma reflexão de Eugene Peterson que diz:

“Oração não é o que você faz de joelhos; é o que você vive. Seus joelhos
podem funcionar como apoio no momento das suas orações, mas nossa
intenção, sempre, é que a nossa vida seja a nossa oração” (PETERSON,
Diálogos de sabedoria. 2007, p. 113).

Salomão afirma que há tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar


e tempo de deitar fora. Salomão mostra que na sua época se ganhava em
abundância e se perdia. Ganhava-se muita riqueza e se perdia muita riqueza
também. Precisamos de sabedoria para saber ganhar e também perder nas
diversas situações da nossa vida.

Salomão afirma que há tempo de rasgar e tempo de coser. Tempo de rasgar e


costurar se referem ao trabalho da costureira. É aplicado ao desenvolvimento
da vida, ou seja, nascemos e morremos, formamos aspectos importantes da
nossa vida e depois perdemos. Há tempo para trabalho e negócios e tempo
em que não há um processo benéfico neles.

Salomão afirma que há tempo de estar calado e tempo de falar. Todos nós
precisamos de um tempo de solidão e de silêncio. Um tempo para exame da
nossa própria alma e coração. E faz todo o sentido porque a solidão do
coração nos ajuda a aproximar o nosso coração das pessoas e isto com
compaixão (NOUWEN, 2000, p. 31).

Quando contemplamos o momento de silêncio no coração aprendemos o que


significa depender de Deus na hora da dor e somos desafiados a olhar para os
outros nas próprias dores com amor e compaixão. Há tempo de falar também.

Quando nos silenciamos nos preparamos para falar. Falar sobre a vontade de
Deus e sobre a direção dele para a vida do próximo e de nós mesmos.
Salomão diz em Provérbios 25.11: Como maçãs de ouro em salvas de prata,
assim é a palavra dita a seu tempo.

Salomão diz em Provérbios 21.28: A testemunha mentirosa perecerá; mas o


homem que ouve falará sem ser contestado.
Salomão diz em Provérbios 10.19: Na multidão de palavras não falta
transgressão; mas o que refreia os seus lábios é prudente.
Salomão afirma que há tempo de amar, e tempo de odiar. Há tempo em que
nós amamos as pessoas que estão próximas de nós. E o tempo em que
aborrecemos aquelas que praticam o mal. No tempo de Salomão eles
odiavam as nações que faziam mal e que invadiam o território deles.
A aplicação é que devemos amar o próximo e aborrecer ao mal. Salomão
afirma que há tempo de guerra e tempo de paz. A guerra é algo terrível e que
gera morte, tristeza e separação, mas graças a Deus que ele traz tempo de paz.
Tempo em que as nações devem se juntar e eliminar a hostilidade. E esse é o
desejo de Deus para nós como seus servos. Que vivamos tempo de paz e
graça!
Salomão afirma: Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum
mal e o coração do sábio discernirá o tempo e o juízo (Eclesiastes 8.5).

Para refletir e viver


• O tempo de Deus é o momento dele nos fazer enxergar todos os eventos
como um processo pelo meio do qual aprendemos a viver nele e para ele.
• O nosso tempo precisa ser transformado de chronos (cronológico)
parakairós - traduz oportunidade, momento para um propósito intencional
(adaptação minha). O tempo aponta para o Pai e começa a nos falar sobre ele.
• A visão do kairós ajuda a ser paciente no crer. Se formos pacientes neste
sentido, podemos olhar cada acontecimento do dia – esperado ou inesperado
– como portador de uma promessa para nós (NOUWEN, 2002, p. 55).

Que a graça de Jesus seja sobre nós sempre!


2 O Teísmo Aberto é uma corrente teológica que possui uma nova interpretação em relação a Deus e
aos seus atributos, contrariando a perspectiva do teísmo clássico. O Teísmo Aberto ficou conhecido no
Brasil como Teologia Relacional. Hoje, o Teísmo Aberto se alinhou a outras correntes teológicas, como
a Teologia da Libertação, Teologia da Esperança, NeoOrtodoxia, Liberalismo Teológico, Ortodoxia
Generosa, Igreja Emergente, etc. Todas estas escolas de pensamento teológico tem em comum a
contrariedade ao Cristianismo Histórico e a constante de adaptar o evangelho ao tempo moderno. O
Teísmo Aberto tem suas origens na Teologia do Processo. Segundo C. Stephen Evans, “os teólogos do
processo rejeitam a descrição clássica sobre Deus como imutável e transcendente em favor de um Deus
que parcialmente evolui por meio de sua relação com o mundo criado”

Capítulo6
Os conselhos de Deus para o cotidiano da
vida
(Eclesiastes 3.9-11)

Devemos protestar contra a secularização do conceito bíblico de vocação no


uso moderno. Não podemos falar de Deus chamando o homem para ser
engenheiro, médico, ou professor apenas e sem nenhuma missão.

A grande verdade é que Deus chama engenheiros, arquitetos, dentistas,


médicos para serem profetas, evangelistas e pastores, bem como leigos na sua
igreja. Ele chama colocadores de tijolos, condutores de máquinas, pedreiros,
“luthiers”, professores, administradores, vendedores, bancários e motoristas
para serem adoradores dele sempre.

Apesar de Salomão usar o verbo afligir no processo de trabalho, não


deixemos de entender que o trabalho é um meio de glorificar o nosso criador.

O que aprendemos com Salomão neste texto?


O primeiro princípio que aprendemos é:

Deus nos dá o trabalho para o crescimento e como ato de adoração a ele


Salomão afirma no versículo 10: Vi o trabalho que Deus impôs aos filhos dos
homens, para com eles os afligir.
Na maioria das culturas o trabalho é um meio de definir a identidade do ser
humano. Haja vista, aqui no Brasil, a dor que é quando estamos
desempregados. Alguns são até chamados de vagabundos porque diante de
um mercado duro e concorrido não conseguiram uma colocação.
Trabalho é o gasto de energia manual, mental e física. Mas, não podemos nos
esquecer de que nele há benefícios e prazeres. E nele também glorificamos a
Deus. Mas, você pode perguntar: trabalho não é uma maldição por causa da
queda de nossos primeiros pais?
O cansaço, o suor, a dor na produção é um resultado da queda, sim. Mas,
tenho uma tese que o trabalho não é mal em si mesmo. Não é pecado, não é
algo fora de cogitação para os seres humanos.
Mesmo porque o nosso criador trabalhou seis dias para criar o cosmos, o
homem e a mulher. Ele descansou no sétimo dia trazendo uma ideia do
deleite que houve no seu trabalho da criação. Não devemos nos esquecer de
que o termo traduzido para o verbo afligir é ocupado, tempo de exercitar.
Há uma grande confusão na cabeça dos cristãos com relação ao significado
do trabalho. Num certo período da história, o trabalho era visto como algo só
para manutenção da casa. No período dos monges, a vida contemplativa era
mais importante para construir a eternidade. Então a vida espiritual era mais
importante do que a material.
No Século XV, veio a Renascença com a descoberta da filosofia grega.
Houve uma inversão do tema contemplativo: o processo contemplativo diante
de Deus vem através do artista e arquiteto. E com esta idéia vem a
criatividade no mundo. O supremo trabalhador era o artista.
Vem a Reforma Protestante e ela deixa um legado profundo. O legado é que
temos um chamado na presença de Deus. Sendo engenheiro, o nosso
chamado é para servir no Reino de Deus e na sociedade como engenheiros de
Deus.
O pastor serve cuidando e zelando pela igreja de Deus. O professor glorifica
a Deus através do investimento na Escola para que os alunos sejam melhores
e aprendam aquilo que é correto (STEVENS, Paul. Os Outros Seis Dias.
Vocação, Trabalho e Ministério na Perspectiva Bíblica. São Paulo: Mundo
Cristão, 2005. pp. 98,99).
O importante para nós hoje é que o trabalho, apesar de causar enfado e dor, é
um meio de Deus para que cresçamos como ser humano. O trabalho é um
processo para servirmos a ele e adorálo sempre. O nosso Deus trabalhou e
trabalha até hoje na obra do Reino. Ele é o modelo para não desanimarmos e
trabalharmos na vida.
Vejam alguns textos que falam de Deus com a ideia de trabalho:

• O texto de Gênesis 1-2 descreve Deus como trabalhador.


• Em Provérbios 8.27 é dito que Deus é um construtor e arquiteto.
• Em Mateus 7.28,29 diz que Deus é compositor e artista.
• Em Isaías 1.24-26 diz que Deus é metalúrgico.
• Em Jó 29.14 diz que Deus é alfaiate.
• Em Isaías 64.8 diz que Deus é oleiro.
• No Salmo 23.1-4 diz que Deus é pastor.
• Em Isaías 1.24-26 diz que Deus é metalúrgico.
Diante disto, percebemos que o trabalho é um ponto real de ligação entre nós
e Deus. Há um significado de espiritualidade no trabalho mesmo no meio da
dor. Então se você está reclamando do seu trabalho, pense bem!

Você que dá aula numa escola que os alunos são rebeldes, coloque isto diante
de Deus e peça graça para você amar o seu trabalho e se entregar no seu
chamado para que as crianças ou jovens sejam tocados pela graça de Deus e
melhorem.

Se você está o dia todo dirigindo para a empresa, dê graças a Deus no que
você faz e use algum meio para você executar o seu chamado crescendo
como pessoa e adorador diante de Deus.

O nosso trabalho como cristãos é participar, pela graça, do trabalho de Deus


mediante a fé. Ele é mais do que uma necessidade de sobrevivência ou um
meio de gratificação pessoal, ele é um bem espiritual para que sirvamos aos
propósitos do Reino nos atraindo para Deus.

Trabalhamos e servimos ao nosso Deus no mundo com a presença do seu


Reino e também crescemos como seres humanos que não são do mundo, mas
vivem como embaixadores do Reino nele.

O segundo princípio que aprendemos é:

Deus nos deu um presente profundo: a eternidade no coração


Salomão afirma no versículo 11: Tudo fez Deus formoso no seu devido
tempo, também pôs a eternidade no coração do homem, sem que ele descubra
as obras que Deus fez desde o principio até o fim.
Deus fez tudo de maneira absolutamente perfeita. Aquilo que chamamos de
belo na criação com toda certeza podemos atribuir a Deus. Todos os ciclos e
estações da vida humana e na natureza procedem de Deus.
E algo extraordinário que Deus fez e nos deu é o fato de termos a eternidade
no nosso coração. Deus colocou o desejo em nós para descobrir as coisas.
Deus colocou em nós o desejo pela vida, pelo trabalho e para construirmos
algo na vida.
Qual a implicação da eternidade no nosso coração?

Não ficaremos separados do criador:


Algo que é substancial para nós e relevante é que Deus não nos deixará
jamais separados dele. Temos uma eternidade que não será tirada de nós,
mesmo com a separação física.
Os eleitos de Deus não terão a morte espiritual; por isso, não terão a
separação da comunhão com o criador. Louvado seja o eterno Deus que nos
deu este presente precioso;

Teremos um lugar para habitar para sempre:


Este presente traz benefícios extraordinários para nós. Deus nos preparará um
repouso como o escritor aos Hebreus nos fala no capítulo 4.11. Esta
eternidade gera algo de especial.
Habitaremos para sempre com o Senhor e cantaremos um cântico ao Cordeiro
de Deus na eternidade. Teremos o retorno do Éden em nosso coração.
Estaremos no paraíso com o criador para sempre.

Para refletir e viver


• O importante para nós hoje é que o trabalho, apesar de causar enfado e dor,
é um meio de Deus para que cresçamos como ser humano.
• Trabalhamos e servimos ao nosso Deus no mundo com a presença do seu
Reino e também crescemos como seres humanos que não são do mundo, mas
vivem como embaixadores do Reino nele.
• O trabalho é um processo para servirmos a ele e adorá-lo sempre.
• Algo extraordinário que Deus fez e nos deu é o fato de termos a eternidade
no nosso coração. Deus colocou o desejo em nós para descobrir as coisas.

Bendito seja Deus por este presente em nossa vida!

Capítulo7
Deus que nos sustenta em tudo
(Eclesiastes 3.12-15)

Há um livro maravilhoso de Paul Stevens Os outros seis dias. Vocação,


trabalho e ministério na perspectiva bíblica. Stevens nos mostra como
compreender melhor o que significa pensar biblicamente e revisitar temas
fundamentais para a vida da igreja, como vocação, ministério, povo de Deus,
trabalho, liderança, poder e missão.

O texto vai além da mentalidade do crente domingueiro, quando nos propõe o


desafio de viver teologicamente. Viver teologicamente é fazer da vida uma
gratidão diária por aquilo que Deus nos dá e nos faz ser, servos no seu Reino.
Neste texto, Deus é apresentado como totalmente à parte de toda a filosofia
de Eclesiastes. As obras de todos os homens é, névoa-de-nada, as obras de
Deus são para sempre. As obras dos homens nunca chegam à plenitude e
estão eternamente em construção. Às obras de Deus "nada se acresce" e nada
se abate.

Finalmente, como será comentado nos próximos capítulos, os homens são


todos iguais e têm o mesmo destino, sejam sábios ou tolos, porém, Deus faz
com que todos " tremam na face dele. Vejamos o que aprendemos com
Salomão neste texto.

O primeiro princípio que aprendemos é:

Deus nos dá todas as bênçãos para o sustento humano


Salomão afirma nos versículos 12 e 13: Sei que há melhor para o homem do
que regozijar-se e levar a vida regalada. E também que é um dom de Deus
que o homem coma, beba e desfrute o bem do seu trabalho.
No versículo Salomão se refere ao fôlego de vida que Deus soprou em Adão.
Ele deu esta vida para que o homem desfrute ou tire proveito.
E a tradução Literal no versículo 13 para desfrute é proveito. Há uma idéia
forte de experimentarmos os prazeres humanos, mas sem nos esquecer da
moderação (CHAMPLIN, 2005, p. 2715). E o meio para fazermos isto é nos
lembrando que tudo é dom de Deus.
Precisamos entender que não conseguimos fazer tudo sozinhos. Apesar de
suarmos durante um mês, não é por nossa própria força que recebemos o
sustento. A Bíblia afirma em Tiago 1.17 que toda dádiva e todo dom perfeito
são lá do alto, descendo do Pai das luzes.
Deus nos dá o alimento necessário para nossa sobrevivência. Deus nos dá a
saúde para trabalharmos e produzirmos na vida. Ele nos permite respirar para
que a vida seja preservada. Devemos admitir que o princípio de todo
movimento está em Deus.
É obra de Deus a mútua alternação dos dias e das noites, do inverno e
também do verão, na extensão em que, atribuindo a cada um suas funções,
prefixou uma determinada lei, isto é, se, em teor uniforme, conservassem
sempre a mesma expressão, dias que sucedem a noites, meses a meses e anos
a anos (CALVINO, João. Comentário de Salmos São Paulo: Paracletos,
2003, Vol I, p. 204).
O conselho de Salomão para nós é que tenhamos a lembrança de que é Deus
quem nos dá todas as bênçãos necessárias para o nosso sustento. Talvez pelo
fato de sermos pessoas que possuem uma tecnologia que está até ao serviço
da igreja, pensamos que podemos tudo.
É uma pena que não tenhamos maior consciência do sustento profundo de
Deus em nosso viver e, por isso, não avançamos tanto no relacionamento de
intimidade com ele. Talvez seja por isso, que não oramos tanto.
Porque em casa não precisamos mais levantar para mudar de canal, basta
apertar um controle e tudo muda. Muda o canal, muda de TV para DVD,
muda de DVD para som e etc.
Vivemos num Século da independência e isto tem gerado em nós um falso
sentido de liberdade e realização, que compromete o espírito de comunhão e
a natureza relacional do homem com o criador que sustenta todas as coisas.
No meio da influência tecnológica atual percebemos uma orfandade que além
de criar um vazio relacional, provoca uma vulnerabilidade espiritual
(BARBOSA, Ricardo de Sousa. O Caminho do Coração - Ensaios sobre a
Trindade e a Espiritualidade Cristã. Curitiba: Encontrão, 1996, p. 147).
Exatamente por isso, precisamos urgentemente da figura do Pai que não só
resgata o significado da missão e da vocação, como resgata a identidade
humana.
O Pai eterno nos liberta de um mundo fechado e egocêntrico para um mundo
de relações e afetos em que descobrimos pela própria convivência que Deus
nos sustenta e nos refaz todos os dias.
Deus é o Deus da providência, ele sustenta o leme, governa a todos os
eventos. Portanto, ela se estende, por assim dizer, tanto às mãos, quanto aos
olhos. Quando Abraão dizia ao filho: Deus proverá (Gênesis 22.8), não
apenas queria afirmar que Deus era presciente de um evento futuro, mas,
também queria lançar sobre a vontade daquele que costuma dar solução às
coisas perplexas e confusas, o cuidado de um fato que lhe era desconhecido
(CALVINO, 2003, Vol I, p. 202).
Paulo ensina: que nele vivemos, nos movemos e existimos (Atos 17.28).
Também o autor da Epístola aos Hebreus afirma: Todas as coisas são
sustentadas por seu poderoso arbítrio (Hebreus 1.3). Salomão afirma: Do
Senhor procedem os passos do homem; e como disporá este seu caminho?
(Provérbios 16.9; 20.24).
Precisamos de um estilo de vida e um modelo de espiritualidade que sabe
valorizar o lugar do Pai na criação: ele é o nosso grande sustentador e o nosso
grande amparo.
Quando nos relacionamos com a Trindade descobrimos que não somos órfãos
e sim filhos, filhos da Trindade relacional. Através da vida de Jesus
aprendemos que a realização humana se dá nas relações de amor e amizade
que construímos e não nas coisas que fazemos ou temos, por mais relevantes
que sejam. O verdadeiro significado da vida é não andarmos sós e, sim, na
relação com a Trindade reconhecendo sempre que toda dádiva e dom perfeito
vêm da Trindade para nós.
Não podemos nos esquecer das sábias palavras de Salomão: E também que é
um dom de Deus que o homem coma, beba e desfrute o bem do seu trabalho.
O segundo princípio que aprendemos é:

Deus nos dá temor diante dele e renova todas as coisas


Salomão afirma nos versículos 14 e 15: Sei que tudo quanto Deus faz durará
eternamente; nada se lhe pode acrescentar e nada lhe tirar; e isto Deus faz
para que os homens temam diante dele. O que é já foi, e o que há de ser
também já foi. Deus fará renovar-se o que se passou. Sabemos que temos a
corrupção herdada que os antigos designaram de “pecado original”,
entendendo pelo termo pecado a depravação de uma natureza antes disso boa
e pura. Uma matéria de consenso geral, que pela culpa de um só, todos se
façam culpados e, assim, o pecado se torne comum a todos.
É fato que a natureza humana foi manchada pela imputação do pecado de
nossos primeiros pais Adão e Eva. E é fato também que hoje a nossa geração
assumiu um silêncio estranho com relação ao pecado. Vemos que os
programas exibidos na televisão, altas horas da noite discutem os impasses da
humanidade.
Quando olhamos para a realidade brasileira, percebemos que alguns
profissionais, estudiosos e até teólogos ridicularizam nossa necessidade de
receber o perdão divino diante de tanta maldade e pecados cometidos que
afetam a nossa santidade diante do criador.
É impressionante como nós seres humanos violentamos a terra,
desperdiçamos recursos não renováveis. É incrível, mas deixamos cerca de
24 mil pessoas no mundo morrerem de fome por causa da ganância e do
desrespeito com a criação. Isto num dia.
O Século XX viu mais massacre do que qualquer outro Século na vida
humana. Com a primeira Guerra Mundial foram mais de 1 milhão de pessoas
mortas. Nos anos 90 em Ruanda e no Sudão foram 3 milhões de pessoas
mortas (LUCADO, Max. João 3.16. A mensagem de Deus para a vida eterna.
Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2007, p. 51).
É fato que não temos dado crédito para os dez mandamentos porque furtamos
a dignidade do ser humano, falamos mal e levantamos falso testemunho,
adulteramos, matamos o nosso semelhante e não respeitamos o criador
destruindo a própria natureza que ele criou. Por que disse tudo isto?
Porque Salomão afirma que Deus faz tudo nas obras da sua criação, no
cuidado e na providencia da vida humana para que os homens o temam. Deus
coloca o temor em nosso coração para que não destruamos a terra. Deus
coloca o temor em nosso coração para que aprendamos a respeitar o nosso
próximo.
Deus coloca o temor em nosso coração para que vivamos com a noção
correta e verdadeira, de que Deus, é soberano e tem planos para a nossa
caminhada com ele. O tempo passa e tudo acontece de maneira cíclica, mas o
melhor de tudo é que Deus faz renovar tudo.
E quero crer que tem a ver não somente com os acontecimentos da história e
os eventos de cuidado que sempre são repetidos, vindos do trono do criador.
Tem a ver com a renovação do nosso coração para nos ensinar que Deus é
promotor e criador do trabalho que dignifica a nossa humanidade e o nosso
significado como criação dele.

Para refletir e viver


• Deus é o grande doador da vida, e de todo sustento para nosso viver.
• Deus nos ama e quer ter a cada dia um relacionamento de amizade profunda
conosco.
• Deus nos lembrar por graça que ele colocou a eternidade no nosso coração.
• Num dia ele voltará como Cristo prometeu e renovará esta terra para
habitarmos com ele para sempre. Embora Salomão não tenha visto a Cristo,
pela sabedoria dada a ele deve ter tido um vislumbre desta renovação divina
por meio de Cristo.
• Esta realidade da renovação de todas as coisas nos faz crer mais no criador
da nossa vida e louvá-lo porque ele sustenta e renova o Universo.
• A nossa missão dentro desta esperança de renovação é buscar a comunhão
com o criador.
• Percebermos a sua presença em nós e nos lembrarmos que pertencemos a
ele e reinaremos para sempre com ele quando completar a obra de redenção e
renovação da criação. Como Paulo afirma em Filipenses 1.6: Aquele que
começou a boa obra há de completá-la até o dia de Cristo.
Que ele nos ajude a viver em função desta promessa!

Capítulo8
A vaidade do poder humano
(Eclesiastes 3.16-22)

Há um livro chamado de: Os cinco pontos do Calvinismo. O primeiro ponto


tratado pelo sistema calvinista é a doutrina bíblica da depravação total ou
inabilidade total. Quando o calvinista fala do homem como sendo totalmente
depravado, quer dizer que sua natureza é corrupta, perversa e totalmente
pecaminosa.

O adjetivo “total” não significa que cada pecador está tão completamente
corrompido em suas ações e pensamentos quanto lhe seja possível ser. O
termo é usado para indicar que todo o ser do homem foi afetado pelo pecado.

A corrupção estende-se a todas as partes do homem, corpo e alma. O pecado


afetou a totalidade das faculdades humanas - sua mente, sua vontade, etc.
(Ler a Confissão de Fé, VI, p. 2).

Também se pode usar o adjetivo “total” para incluir nele toda a raça humana,
sem exceção. Como resultado dessa corrupção inata, o homem natural é
totalmente incapaz de fazer qualquer coisa espiritualmente boa. É o que se
quer dizer por “inabilidade total”. A inabilidade referida nessa terminologia é
a “inabilidade espiritual”. Significa que o pecador está tão espiritualmente
falido que ele nada pode fazer com respeito à sua salvação.

O homem natural está escravizado pelo pecado: é filho de satanás, rebelde


para com Deus, cego para com a verdade, corrompido e incapaz de se salvar a
si mesmo ou de se preparar para a salvação.

Em resumo, o não regenerado está morto em pecado e sua vontade está


escravizada à sua natureza má. O homem não veio das mãos do seu criador
nessa condição depravada.

Deus fez Adão perfeito, sem qualquer maldade em sua natureza.


Originalmente, a vontade de Adão estava livre do domínio do pecado. Ele
não estava sujeito a qualquer compulsão natural para escolher o mal; porém,
por sua queda, trouxe a morte espiritual sobre si mesmo e sobre toda a sua
posteridade.

Assim Adão lançou a si mesmo e a toda a raça na ruína espiritual e perdeu


para si e para os seus descendentes a habilidade de fazer escolhas certas no
campo espiritual. A Confissão de Fé de Westminster nos dá uma declaração
clara e concisa dessa doutrina:

“O homem, caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o poder


de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação, de
sorte que um homem natural, inteiramente adverso a esse bem e morto no
pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-se ou mesmo
preparar-se para isso” (MARTINS, Valter Graciliano. A Confissão de Fé - O
Catecismo Maior e o Breve Catecismo. São Paulo: CEP, 1991, IX, p. 3).

Por que afirmo tudo isto? Porque hoje há um pensamento de que o homem
pode tudo, o homem faz tudo por seu próprio desejo. Ele pode através do
dinheiro e do status conseguir tudo.

Mas, a Bíblia mostra claramente o estado original do homem, ele é totalmente


depravado e tem os seus dias contados pelo criador. Sem Deus o homem não
é ninguém. Sem Deus o homem não consegue dar um passo se quer. Sem
Deus o homem nem respira.

Nesta parte do capítulo 3, Salomão destrona o homem e mostra que seus


poderes aparentes são falíveis e que o homem é pó e cinza.
Vejamos o que podemos aprendemos com Salomão no texto?
O primeiro princípio que aprendemos é:

Deus julga todas as nossas ações

Salomão afirma nos versículos 16 e 17: Vi ainda debaixo do sol que no lugar
do juízo reinava a maldade e no lugar da justiça, maldade ainda. Então disse
comigo: Deus julgará o justo e o perverso; pois há tempo para todo propósito
e para toda a obra.

Aprendemos nas Sagradas Escrituras que há um mal que domina o homem


como já mencionamos numa das reflexões do capítulo 3 de Eclesiastes.
Temos a imputação do pecado de nossos primeiros pais.

O pecado original representa, portanto, a depravação e a corrupção


hereditárias de nossa natureza, difundidas por todas as partes da alma, que,
em primeiro lugar, nos fazem condenáveis à ira de Deus; em segundo lugar,
também produzem em nós aquelas obras que a Escritura chama de obras da
carne (Gálatas 5.19).

É exatamente isto o que Paulo, com bastante freqüência, designa apenas de


pecado. As obras de fato que daí resultam são: adultérios, fornicações, furtos,
ódios, homicídios, glutonarias. Paulo chama isto de: “frutos do pecado”
(Galátas 5.19-21). Por sua transgressão, fomos todos engolfados na maldição,
lemos que aquele Adão nos fez culposos.

Todavia, sobre nós não caiu somente o castigo, mas instilado, uma
contaminação reside em nós, à qual, de direito, se deve ter uma punição.
Razão porque Agostinho, embora para mostrar mais claramente que ele nos é
transmitido por propagação, freqüentes vezes o chame pecado alheio, ao
mesmo tempo, contudo, também afirma ser ele inerente a cada um de nós.

E fortemente o atesta o próprio apóstolo que, por isso, a morte se propagou a


todos, porque todos pecaram; isto é, todos estão amarrados no pecado
original e tisnados de sua nódoa (Romanos 5.12).

São muitas as nossas misérias, uma a uma, quão saturadas são elas. Somos
cheios de concupiscências, sujeitos às paixões, repletos de ilusões. Nossa
mente está propensa sempre ao mal, inclinada a todo vício, por fim, plena de
ignomínia e confusão.

A Bíblia fala que até mesmo todos nossos próprios atos de justiça,
examinados à luz da verdade, são achados como se fossem trapos imundos
(Isaías 64.6). Diz também que o homem se tornou semelhante à fatuidade
(Salmo 144.4).

Como Max Lucado metaforicamente afirma, estamos no ônibus do prazer,


das posses, do poder e da paixão. Um ônibus que se chama festa e está cheio
de gente rindo e na farra (LUCADO, 2002, p. 19). É um lugar onde há
escândalo e libertinagem da carne.
Como Salomão afirma, no lugar do juízo reinava a maldade e no lugar da
justiça, maldade ainda. Esta é a reação do pecado presente na raça humana. É
exatamente o que Isaías afirma sobre os homens errantes: Todos nós
andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu
caminho (Isaías 53.6).

Qual o caminho de todos os seres humanos?


No lugar da justiça, ele pratica a injustiça. Salomão entende bem este
processo no próprio coração porque ele mesmo abandonou Deus e se
envolveu em caminhos que não deveria.
Ele acabou se entregando às mulheres que não eram tementes a Deus e pecou
profundamente trocando o caminho da santidade de vida pelo caminho da
corrupção. Ele percebe que há um processo sério em tudo isto. E por isso
disse: Deus julgará o justo e o perverso; pois há tempo para todo propósito e
para toda a obra.
Deus trará a juízo todas as coisas, como o próprio Salomão faz menção em
Eclesiastes 12.14. É o princípio da semeadura e da colheita. A Bíblia afirma
que o que o homem plantar certamente ele colherá em algum momento da
vida.
Deus julgará justos e injustos. Só que o detalhe importante e confortante para
nós é que temos o resultado, a conseqüência dos nossos atos aqui na terra.
Mas, em termos de condenação eterna estamos isentos por causa do preço
pago pelo Cordeiro de Deus na cruz do Calvário em nosso lugar.
Como o texto de Isaías afirma: Ele fez cair sobre ele a ininqüidade de nós
todos (Isaías 53.6). Mas, não podemos nos esquecer de que os pecados, os
erros todos têm um consequência para a nossa vida.
Apesar de termos o perdão por meio de Jesus Cristo de Nazaré,
experimentamos o resultado na carne dos nossos pecados. E ainda mais,
entristecemos o Espírito Santo que habita em nós.
• Lembretes para o coração:
• Devemos tomar cuidado com o pecado e os efeitos dele.
• Não podemos brincar com fogo na vida espiritual.
• A vida cristã deve ser uma fuga diária da prática do pecado, pois ela
entristece aquele que habita em nós. João afirma: Se dissermos que temos
comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a
verdade (1 João 1.8).
• Não nos esqueçamos de que o pecado quebra nossa relação com Deus.
Quando andamos na direção oposta, sentimo-nos longe de Deus. Por isso, é
que a vida pode ser tão dura. E quando damos vazão para a carne não
estamos cumprindo nosso verdadeiro papel de servos de Deus.
• A Bíblia diz: Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele
conduz à morte (Provérbios 16.25).
O segundo princípio que aprendemos é:

Somos pó e cinza diante do criador


Salomão afirma no versículo 18 que os homens são provados por Deus para
que vejam que são em si mesmos como os animais. Ele diz que o mesmo que
sucede aos filhos dos homens sucede aos animais.
Assim como morrem os animais, assim também morrem os homens. Ele diz
que os homens não têm nenhuma vantagem sobre os animais. E no versículo
20 Salomão afirma algo sério e que deve nos levar a pensar sobre o
significado da estrutura humana: Todos vão para o mesmo lugar; todos
procedem do pó e ao pó tornarão.
Salomão tem uma tese que ele desenvolve desde o primeiro capítulo de
Eclesiastes, somos pó e a nossa vida é como um bafo. Tudo passa muito
rápido. Nós voamos na vida e quando percebemos os anos já se passaram
como a nuvem.
É claro que ele não quis dizer que somos menos do que os animais. Sua
inquietação é que ambos são limitados e finitos e que a vida debaixo do sol
tem os seus dias contados. Todos nós somos diante de Deus como nada; ele
nos considera como menos que nada (Isaías 40.17). Como Paulo diz: De fato,
chamas as coisas que não são como se fossem (Romanos 4.17).
Hoje não parece que os homens tenham esta percepção sobre eles mesmos.
Porque eles se acham os bons de tudo. Há um problema sério no meio da
humanidade que a faz achar que ele é boa e se basta diante da vida: dinheiro,
dinheiro, dinheiro.
Coisas que têm uma etiqueta de preço. Bens materiais. Objetos tangíveis. O
que há por trás de tudo isso? O desejo de possuir, de se apossar, de juntar
riquezas, ficar rico. E o desejo de comprar a vida.
Há um amigo secular que tem muito dinheiro. Um dia, seu filho foi baleado
por ladrões e ele foi ver seu filho e disse para os médicos: Eu pago o que for
necessário para vocês salvarem meu filho.
Dinheiro se trata da obsessão de raízes profun¬das, no sentido de
impressionar os outros e também se deliciar na velhíssima coceira
denominada "quero mais". Sempre mais. O bastante nunca é bastante.
A satisfação está fora de questão. O importante é ter o dinheiro para comprar
se possível até a própria vida. Mas, Salomão dá a resposta honesta e crua para
os que só pensam e vivem pelo dinheiro: Todos vão para o mesmo lugar;
todos procedem do pó e ao pó tornarão. Charles Swindoll no seu livro A
busca do caráter afirma algo sério sobre isto:

“Tudo isto parece tão claro no papel! Pinte essa coisa de verde e chame-a de
cobiça pura e simples... fácil de ser analisada neste momento objetivo.
Porém, quando deslizamos na cor¬rente de água e começamos a nadar, eis
que surge uma torrente (tão sutil, de início) que nos apanha e nos arrasta.
Logo somos engolfados por ela, e atirados nas cataratas, quase totalmente
descontrolados. Para livrarmo-nos e iniciar nova trajetória nou¬tra direção
(nunca sutil, nunca fácil!) precisamos de nada me¬nos que o poder do Deus
Todo-poderoso. Jamais alguém re¬sistiu à cobiça sem que travasse uma luta
ao mesmo tempo incansável e feroz. O deus chamado Fortuna tem morte
lenta e dolorosa” (SWINDOLL, Charles. A busca do caráter. São Paulo:
Vida, 1991, p. 11).

O homem vive como se não fosse morrer. A soberba vive no seu interior. Ele
faz planos para conquistar, para o amanhã e se esquece do que Tiago diz no
capítulo 4 – se Deus quiser faremos isto ou aquilo.

O homem tem a fome de ser conhecido, de criar um nome para si mesmo.


Inclui a perseguição do melhor lugar, o aperto de mãos certas, a batida nas
costas certas, estar nos ambientes certos manipulando e cavando habilmente.

O tempo todo há uma preocupação jamais pronunciada em torno de uma


agenda egocêntrica, oculta: que o seu nome fique lá em cima, sob o foco dos
holofotes. E ele se esquece de que os seus dias são passageiros. Ele se
esquece do que Salomão afirma no texto: Todos vão para o mesmo lugar;
todos procedem do pó e ao pó tornarão.

Algumas pessoas são atiradas no centro do palco independentemente de seus


próprios desejos. Elas acham que podem tudo, conquistam tudo, mas não se
lembram da realidade bíblica de que somos como a nuvem que vem e vai
embora.
As pessoas se esquecem de que o fôlego da vida está nas mãos do criador.
Alguns homens vivem como se fossem um verdadeiro deus. Eles buscam o
poder, desejam controlar, governar os outros. Querem ocupar cargos de
autoridade e fazer as coisas à sua maneira, conforme sua vontade
(SWINDOLL, 1991, p. 13). Manipulam e manobram as pessoas, a fim de
ficar em posição de autoridade, de tal maneira que consigam dominar os
outros e mantê-los obedientes.

No meio protestante não é de surpreender que são "dominadores” dos que


foram confiados por Deus como Pedro fala na sua primeira Epistola (1Pedro
5.3). Há líderes enlouquecidos pelo anseio de poder, esmagam mais ovelhas
do que poderíamos imaginar. A tragédia particular disto é que as ovelhas
esmagadas não se reproduzem e, além disso, raramente se recuperam de todo.

E tudo isto por causa da falta da consciência do fim do ser humano. Tudo por
falta de uma compreensão de que somos pó e cinza. Não somos
absolutamente nada diante do criador. E os nossos dias são como o vento.

Não adianta relutarmos, do pó viemos e para o pó voltaremos. Isto rompe que


aquela sensação de estarmos no controle da nossa vida.
Precisamos atentar para as palavras de Bernard de Clairvaux em carta
endereçada ao patriarca de Jerusalém:

“Somente o homem humilde pode subir a montanha com segurança, pois só


ele terá o que lhe faça tropeçar. O homem orgulhoso pode subir a montanha,
mas não poderá permanecer por muito tempo..., para permanecer firme é
preciso manterse humilde. Para que nossos pés nunca tropecem, precisamos
nos apoiar. Não no pé único do orgulho, e sim nos dois pés da humildade. A
humildade tem dois pés: o reconhecimento do poder divino e a consciência
da fraqueza pessoal” (Cartas de São Bernardo p. 296).

Quero finalizar deixando algumas dicas importantes para compreendermos o


que Salomão nos diz sobre o fim dos seres humanos:

Focalize a sua vida na dinâmica da dependência do Espírito Santo e não


de você mesmo:
Quando estamos nas águas profundas e na bolha da graça de Deus e
percebemos que podemos ir sozinhos, saímos da bolha e afundamos. O
Evangelho de Lucas 11.9-13 é um texto para quem sabe o que está pedindo.
É um pedido de clamor e um texto de insistência com Deus.
É para pedir, pedir, bater, bater e buscar. Ele dará, mas é preciso pedir, bater
e buscar sempre. A realidade é a da necessidade da dependência do Espírito
Santo em nosso viver diário. Falamos mal dos pentecostais por causa da fala
forte sobre o Espírito Santo. E nós só defendemos os aspectos da teologia do
Espírito.
O Espírito Santo é aquele que faz todas as coisas. O Espírito Santo é o grande
administrador da igreja. Quem glorifica a Jesus é o Espírito Santo. Quem nos
convence de tudo é o Espírito Santo. Então enquanto estamos vivos aqui na
terra, saibamos pedir a Deus a dependência total para a vida da graça e do
cuidado dele. Porque vivemos, mas não sabemos o que nos irá acontecer
amanha ou depois.

Viva a vida focada no céu:


O termo grego no Novo Testamento para vida é zoe e o significado é a vida
com Deus. Zoe é vida intensiva e perduradora na presença de Deus. A vida de
Deus é a conexão da nossa alma com ele. Daí não precisamos temer o dia da
partida.
Só nos lembremos que não somos nada. E que precisamos de Deus e desta
vida de qualidade que ele está nos preparando. Isto gera humildade e
simplicidade. Isto nos coloca de joelhos nos lembrando sempre que somos pó
e cinza, mas que um dia pela graça e soberania do Deus Todo-poderoso,
possuiremos uma vida com qualidade.
Um dia pela graça estaremos para sempre no paraíso louvando e adorando ao
criador. Vivamos esta realidade no nosso coração e a humildade será
referencial para a vida, diariamente.
Quando baixarmos à sepultura será o preparo para a volta ao Éden. E isto nos
faz lembrar de uma afirmação de Max Lucado: Não perca o milagre interior e
invisível despertado pela fé. Deus nos restabelece o status do jardim do Éden
(LUCADO, 2007, p. 104).

Para refletir e viver


• Não podemos nos esquecer que o fôlego da vida está nas mãos do criador.
• Não adianta relutarmos, do pó viemos e para o pó voltaremos. Isto rompe
que aquela sensação de estarmos no controle da nossa vida.
• O Espírito Santo é aquele que faz todas as coisas.
• O Espírito Santo é o grande administrador da igreja.
• Quando baixarmos à sepultura será o preparo para a volta ao Éden.

Que a graça de Deus seja sobre o nosso coração!

Capítulo9
A amizade é a base do cristianismo
(Eclesiastes 4.1-12)

Há uma frase de Aristóteles que nos leva a refletir seriamente sobre amizade.
A frase diz assim: “Amigos verdadeiros são um refúgio seguro”
(MAXWELL, John C. O valor de uma amizade. São Paulo: United Press,
2006, p. 44).

Salomão fala agora da miséria que governa o mundo (CHAMPLIN, 2005, p.


2716). Ele fala que olha de novo para toda a injustiça que existe no mundo.
Ele afirma que vê muitos sendo explorados e maltratados. Esses choram, mas
ninguém os ajuda.

Salomão chega a uma conclusão: os que morreram são mais felizes do que os
que continuam vivos. E são mais felizes do que todos os que ainda não
nasceram e que ainda não viram as injustiças que há no mundo. Mas,
Salomão detecta algo que predomina como individualismo na vida humana.

No versículo 4 ele afirma que descobriu porque as pessoas se esforçam tanto


para ter sucesso no seu trabalho. É porque querem ser mais do que os outros.
E ele diz que tudo isso é ilusão. É tudo como correr atrás do vento.

Isso tem a ver com algo chamado competição, rivalidade. A produção na vida
não é por uma razão nobre e sim para ultrapassar outros homens. E nessa
perspectiva, Salomão dirá que descobriu que na vida existe mais uma coisa
que não vale a pena. Ela está no versículo 7: é o homem viver sozinho, sem
amigos, sem filhos, sem irmãos, sempre trabalhando e nunca satisfeito com a
riqueza que tem.

E no final do versículo 8 ele afirma que isto é ilusão e é também uma triste
maneira de se viver. Então ele nos ensinará como devemos olhar para a vida
comunitária. Como devemos viver de maneira alegre. Como devemos encarar
o outro que está ao nosso lado. O que aprendemos no texto?

Em Cristo Deus nos torna seres relacionais e não seres isolados na vida
Salomão afirma no versículo 9: É melhor haver dois do que um, porque duas
pessoas trabalhando juntas podem ganhar muito mais.
Surge uma pergunta para o nosso coração: o que significa a encarnação de
Jesus?
Ela significa o caminho da descendente quando Deus vem aqui para se tornar
humano como nós. E uma vez entre nós, ele desceu ao desamparo total dos
condenados à morte. Cada fibra do nosso ser é resgatada com a encarnação
de Jesus aqui na terra (NOUWEN, Henri.Cartas para Marc sobre Jesus
Cristo. São Paulo: Loyola, 1999, p. 39).
Antes, o homem era um indivíduo egoísta e fechado em si mesmo. O homem
não tinha referencial de pessoalidade integral. Ele era movido por uma
essência de puro individualismo. Aqui está o fato de Deus enviar o seu
próprio Filho para nos ensinar o que significa ser pessoa.
Ser pessoa significa ter o outro ao nosso lado, significa construir como
reflexo da própria Trindade um caminho do companheirismo, no qual os
seres humanos podem alcançar uma vida de comunhão e celebrá-la na
presença do criador com alegria e regozijo no coração.
A proposta de Salomão é a da cruz de Jesus. Ele não viu a cruz, mas ele já
entendia o significado dela. A proposta da cruz é: É melhor haver dois do que
um. Não foi por acaso que o sumo sacerdote Caifás fez a afirmação em João
11.52: Ele estava para morrer para reunir num só corpo os filhos de Deus,
que andam dispersos.
Vejam que a solidão é estancada quando vem a cruz de Jesus porque nela, ele
reúne um povo para ser pessoal e amoroso. Um povo para não andar só e sim
ao lado do outro. A cruz nos convida para a relação a dois, a três e tantos
mais.
A cruz nos conduz para esse caminho de somar juntos, ela nos faz andar na
conquista do outro sempre. Esse é o ideal de Deus para nós quando nos
casamos. Sermos um na unidade e no relacionamento de marido e mulher.
Esse é o ideal de Deus na vida da igreja porque essa prática destrói a inveja e
a disputa. Porque a luta é para dois e não para um só.
Na vida relacional o lucro é para dois e não para o individualismo carrasco
que traz tristeza. Na vida relacional é necessária a ideia de ajuda mútua
porque sozinho o homem pode falhar, mas com o outro a possibilidade de
vitória é maior, a possibilidade do sucesso é muito mais marcante do que só
para uma pessoa.
O individualismo traz um sucesso solitário enquanto que o relacionamento na
comunidade traz alegria e ações de graças diante do criador. A cruz de Cristo
é o grande elo para percebermos que é melhor sermos dois do que um.
É Cristo que nos mantêm unidos e nos faz voltar para a centralidade para a
qual fomos criados: seres pessoais, seres relacionais. É melhor serem dois na
vida do que um.
Os irmãos não trabalham para uma causa chamada de individualismo.
Trabalham por uma causa chamada de Reino e Reino é sempre relacional.
Saibamos dessa realidade para pensarmos nos projetos de Deus para a vida
comunitária. Não vivamos sozinhos na vida, mas na perspectiva da cruz que
abraça, que ajunta e que faz ter mais de um. É vida de companheirismo que o
Deus da relação nos chama a viver.
Muitos não percebem o quanto Deus nos amou em Cristo Jesus, e nos
colocou no elevador da graça e da eternidade, não entendem o que significa
misericórdia para com os outros.
No relacionamento diário com os amigos e pessoas que nos cercam podemos
empurrar gente para cima ou para baixo. Empurrando para baixo é gesto de
quem não anda na trilha da graça e misericórdia.
Gosto do quanto minha amada mãe me empurrou para cima. Ela cuidou de
mim quando estava muito doente. Lembro-me de quando quebraram minha
perna na escola. Ela ficou o tempo todo no Hospital.
Naquela noite eu sofri muito de dor e ela não pregou o olho. Ficou ali me
abraçando e cuidando de mim. Quando iniciei o Colégio, minha mãe
trabalhava de empregada doméstica para me ajudar nos estudos. Fazia minha
marmita e colocava o pedaço de carne dela para mim e ficava sem comer.
Ela sustentou o meu vôo nas alturas. Ela fez o possível para eu subir mais um
andar da minha carreira. Hoje só estou com uma perspectiva preciosa na vida
porque ela investiu em mim e foi graciosa e teve atos de bondade para
comigo.
Há uma história também profunda no filme Os miseráveis. Após cumprir 19
anos de prisão com trabalhos forçados por ter roubado comida, Jean Valjean
(Liam Neeson) é acolhido por um gentil bispo (Peter Vaughan), que lhe dá
comida e abrigo. Mas, havia tanto rancor na sua alma que no meio da noite,
ele rouba a prataria e agride seu benfeitor.
Quando Valjean é preso pela polícia com toda aquela prata ele é levado até o
bispo, que confirma a história de lhe ter dado a prataria e ainda pergunta por
qual motivo ele esqueceu os castiçais, que devem valer pelo menos dois mil
francos.
Este gesto extremamente nobre do religioso devolve a fé que aquele homem
amargurado tinha perdido. Porque o bispo diz a ele: Jean com esta prata eu
compro a sua alma. Esta prata será a lembrança de que você agora é um novo
homem. Após nove anos ele se torna prefeito e principal empresário em uma
pequena cidade.
Há uma citação de uma frase de James Hunter:

“Precisamos uns dos outros, os arrogantes e orgulhosos fingem que não


precisam, que piada! Um par de mãos me tirou do útero... outro trocou
minhas fraudas, me alimentou, me nutriu, outro ainda me ensinou a ler e
escrever. Agora, outros pares de mãos cultivam minha comida, entregam
minha correspondência, coletam meu lixo, me fornecem eletricidade... um par
de mãos cuidará de mim quando eu ficar doente e velho, e me levará de volta
a terra quando eu morrer” (HUNTER, James. O Monge e o executivo. 2004 p.
34).

James Hunter diz isto porque ele mesmo percebeu que se concentrou nas
tarefas e se descuidou dos relacionamentos (HUNTER, 2004, p. 34). Só
podemos exercitar a misericórdia que recebemos do Pai através dos nossos
relacionamentos. Tudo na vida gira em torno dos relacionamentos com Deus
e com o próximo.

Sem uma pessoa não podemos nos conhecer como um ser humano de fato.
A verdade para nós é que de nada vale aprender bem se deixarmos de fazer
bem e com a misericórdia do eterno Deus na vida!
O que aprendemos com Salomão no texto?

Deus nos chama para o companheirismo mútuo Salomão afirma nos


versículos 10 a 12: Se caírem um ajuda o outro a se levantar. Mas, se alguém
está sozinho e cai, fica em má situação porque não tem ninguém que o ajude
a se levantar. Se faz frio, dois podem dormir juntos e se esquentar; mas um
sozinho, como é que vai se esquentar? Dois homens podem resistir a um
ataque que derrotaria um deles se estivesse sozinho. Uma corda de três
dobras é difícil de arrebentar.
Quando somos tocados pelo amor de Deus, recebemos a unidade conosco
mesmos e com Deus. Recebemos a unidade no corpo de Cristo.
É a confusão nas linguagens que começa a separação e o rompimento da
unidade e do companheirismo. As pessoas que não entendem a ideia da
comunhão, da unidade cessam de construir uma obra, um projeto juntas
(GRÜN, Anselm. O ser fragmentado. São Paulo: Ideias e Letras, 2004, p.
89).
Salomão afirma que a unidade é o projeto de Deus para uma vida feliz e que
espanta para longe a tristeza. O lucro a dois é bom para o Reino. Ele afirma
que duas pessoas trabalhando juntas é algo muito melhor.
Ele afirma que se um cair o outro o ajuda a se levantar. E Salomão afirma que
se alguém está sozinho e cai, fica em má situação porque não tem ninguém
que o ajude a se levantar.
Ele diz que, se faz frio, dois podem dormir juntos e se esquentar; mas um
sozinho, como é que vai se esquentar? Claro que a ideia é de casamento e de
vida a dois aqui no texto, mas é aplicada a ideia para o relacionamento forte
entre pessoas.
Como podemos trabalhar a mutualidade e o companheirismo na vida?

Com uma postura de disposição profunda:

Isso passa pela convivência com o outro. Necessitamos de disposição para


caminharmos com as outras pessoas.
Precisamos abrir mão de nós mesmos para um tempo de investimento na vida
dos nossos amigos. Do contrário é impossível desenvolvermos um
companheirismo com as pessoas amigas.

Com uma postura de humildade:


É preciso humildade para ajudar o outro a se levantar, é preciso humildade
para aquecer o outro a fim de não sentir frio. A humildade nos ajuda a
entender que não construímos a vida e história sozinhos.
Helen Keller afirma que seus amigos construíram a história da vida dela. De
mil e uma formas, eles tornaram as limitações dela em privilégios
maravilhosos e a capacitaram para caminhar de maneira serena e feliz na
sombra produzida pela sua deficiência (MAXWELL, p. 10).

Com uma postura de generosidade:


É o chamado grande e amplo coração aberto para os mais diversos
sentimentos e emoções que estão no coração do outro. Quem tem sentimentos
de generosidade não exclui ninguém. Empresta o carro sem dificuldades.
Abre a casa para um café de comunhão com os outros sem problemas. Ajuda
a vida do outro com prazer e sem peso no bolso.
Com uma postura de tolerância:
Quando não deixamos o outro caído é sinal de tolerância. Quando não
ficamos julgando o irmão, somos tolerantes e olhamos na perspectiva do
divino que nos olha sempre como justificados e não como condenados.
Quando temos tolerância não damos vazão para o orgulho e para a inveja. A
postura de tolerância nos faz esperar pouco do outro, nos faz conviver com
suas fraquezas e erros.
Salomão termina a reflexão com o versículo 12: Dois homens podem resistir
a um ataque que derrotaria um deles se estivesse sozinho. Uma corda de três
cordões é difícil de arrebentar (Versão KJM).
Salomão nos ensina o princípio da amizade, do relacionamento a dois, a três.
Como diz Platão: “Uma amizade verdadeira é infinita e imortal”
(MAXWELL, 2006, p. 9).
William Shakespeare disse: “Um amigo deve tolerar as fraquezas de seu
amigo” (MAXWELL, 2006, p. 98).
A amizade de um amigo nos fortalece porque ele pergunta como estamos,
emociona porque ele se preocupa com os nossos pensamentos, dificuldades e
anseios do coração. A amizade não nos faz ser rigorosos demais com o outro.
A amizade nos torna tolerantes e amigáveis para com o fracasso do outro.
A amizade permanece quando os laços não se rompem porque o cordão de
três dobras resiste a todos os obstáculos. O cordão resiste e suporta com
disposição todos os limites do outro (GRÜN, p. 98).
A amizade é real quando alguém vê os nossos piores defeitos. Mas nunca se
esquece das nossas melhores qualidades. A amizade é real quando alguém
confia em nós o suficiente para dizer o que realmente pensa quando conversa
conosco.
Charles Spurgeon afirmou:

“A amizade é uma dos mais doces alegrias da vida. Muitos poderiam ter
sucumbido sob a amargura de suas provações se não tivessem encontrado um
amigo” (MAXWELL, 2006, p. 69).

O cordão de três dobras numa amizade não se rompe porque ela está calcada
no coração. Ela está enraizada nos afetos. E uma das maiores construções que
temos na vida é a amizade, é a dedicação para com o nosso próximo. Aliás,
foi sempre isso que o nosso mestre fez. Ele dedicou a sua vida para os outros,
ele investiu tempo nas amizades com Maria, Zaqueu e com aqueles que
necessitavam de gente ao lado.

Ele pediu aos seus discípulos que andassem de dois em dois para concretizar
a idéia do cordão de três dobras que não se rompe facilmente. O Evangelho é
para ser vivido na companhia do outro.

Quando temos a ideia do cordão de três dobras podemos até fracassar em


detalhes da vida, mas seremos reerguidos pela companhia do outro, sempre
haverá alguém do nosso lado para nos ajudar. Na Bíblia Revista e Corrigida o
texto afirma: E o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.

C. S. Lewis afirmou algo que deve nos levar a reflexão: “Não existe prazer
maior na vida quanto um grupo de amigos cristãos reunidos em torno de uma
lareira” (MAXWELL, 2006, p. 121).

Quando olhamos para o tratamento de Paulo na igreja de Tessalônica ficamos


profundamente impactados com a dinâmica do cordão de três dobras na vida.
Ele afirma que no meio deles sabiam da entrada entre eles que não foi vã.

Ele foi extremamente maltratado em Filipos. Ele e demais irmãos tiveram


confiança em Deus para falar o Evangelho de Deus em meio de grande
combate (1 Tessalonicenses 2.3). Paulo dizia que nunca usava palavras
lisonjeiras, nem agia com intuitos gananciosos.

Deus era testemunha de que ele e os demais não buscavam glória de homens,
embora pudesse como apóstolo de Cristo. Ele diz que, ao contrário, se
apresentavam brandos entre eles, qual ama que acaricia seus próprios filhos.

E diz que de boa vontade desejavam comunicar não somente o Evangelho de


Deus, mas ainda as suas próprias almas, porque aqueles irmãos se tornaram
muito amados dele e dos demais apóstolos.

Vejam as palavras calorosas desse homem que tanto amava e se doava para
essa igreja: Nós, porém, irmãos, sendo privados de vós por algum tempo, de
vista, mas não de coração, tanto mais procuramos com grande desejo ver o
vosso rosto. Porque, qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória,
diante de nosso Senhor Jesus na sua vinda? Porventura não o sois vós? Na
verdade vós sois a nossa glória e o nosso gozo (1 Tessalonicenses 2.17, 19 e
20).

Essa é a ideia do cordão de três dobras que nos faz amar e nos unir com os
outros por amor e pode dedicação completa.

Para refletir e viver


• A humildade nos ajuda a entender que não construímos a vida e a história
sozinhos.
• Ser pessoa significa ter o outro ao nosso lado, significa construir como
reflexo da própria Trindade um caminho do companheirismo, no qual os
seres humanos podem alcançar uma vida de comunhão e celebrá-la na
presença do criador com alegria e regozijo no coração.
• Na vida relacional o lucro é para dois e não para o individualismo carrasco
que traz tristeza.
• Na vida relacional é necessária a ideia de ajuda mútua porque sozinho o
homem pode falhar, mas com o outro a possibilidade de vitória é maior, a
possibilidade do sucesso é muito mais marcante do que só.

Que a graça de Deus seja sobre nós sempre!

C a p í t u l o 10
A prioridade da reverência e os votos do
coração
(Eclesiastes 5.1-7)

Lembro do ano de 2009 muito bem. Lembro-me que foi um início de uma
nova etapa. Quando o ano terminou fiz uma avaliação da vida. Essa é uma
ocasião em que procuramos Deus em adoração. É uma ocasião em que
falamos com Deus pedindo graça e perdão.

E quando o ano começa é um tempo que com freqüência fazemos votos de


mudança de atitudes é um tempo que tomamos parte em alguma resolução.
Fazemos votos a Deus e a nossos familiares, ou, a nós próprios, sobre
maneiras que pretendemos mudar. Muitas caem no esquecimento, depois de
alguns dias. Muitas trazem frustrações, por nossa displicência, ou
incapacidade de cumpri-las.

Quando vou à casa de algumas pessoas no início do ano, elas dizem: Pastor,
nesse ano eu voltarei para igreja e pegarei firme. Pode deixar que esse ano eu
pego firme. E quando olhamos as pessoas não pegam firme nada.

É importante que tenhamos a consciência viva no coração sobre a advertência


de Salomão nesse texto. Por isso, quero convidá-lo a fazer votos sim, mas,
sem precipitação e lembrando que o voto é para Deus. Ele ouve, ele está
atento para aquilo que falamos e oramos.

Quero chamar a atenção que nas questões de Deus não dá para brincarmos.
Devemos fazer o melhor com respeito e seriedade para com aquele que nos
amou e nos chamou para o seu Reino. Salomão fala sobre a necessidade de
fazermos votos jamais precipitados. Porque voto precipitado nos leva a
perder os frutos do nosso trabalho (CHAMPLIN, 2005, p. 2718).

Na vida vivida na presença de Deus devemos ter o grande cuidado de não


oferecer sacrifícios tolos. Ele não se agrada, ele repudia. Não dá para
brincarmos de cristianismo. Essa é a advertência de Salomão para nós hoje.
O que aprendemos para a vida?

Diante de Deus estabeleçamos a prioridade da reverência e de adoração:


Salomão afirma no versículo 1: Guarda o pé, quando entrares na casa de
Deus. Guardar o pé no contexto era um costume oriental que denotava
respeito e reverência - referência física à retirada das sandálias, como sinal de
respeito ao local que está sendo pisado.
Nas Escrituras vemos essa realidade no incidente de Moisés perante a Sarça
Ardente (Êxodo 3.5) e quando Josué encontra o Anjo, no cerco de Jericó
(Josué 5.15). Sabemos com clareza na mente que Deus é onipresente. O
mundo pertence a Deus. Nesse sentido, todo lugar é sagrado, mas Deus nos
ensina que alguns lugares são mais simbólicos de sua presença - daí a
necessidade de reverência em sua casa, na igreja. Não pelo prédio em si, mas
pelo o que ele representa.
Salomão como o grande construtor da casa de Deus (Templo em Jerusalém)
entende que devemos nos aproximar de Deus com santidade, com pureza e
reverência na vida.
Quando estamos diante de Deus não podemos tratá-lo de maneira superficial.
Então temos de ter cuidado com a nossa dedicação a ele. Não ofereçamos
qualquer coisa, não adoremos de qualquer jeito.
Salomão nos adverte para termos a reverência quando vimos à casa de Deus.
Moisés e Josué tiveram posturas de verdadeiros adoradores diante do
soberano criador. Como você quer se comportar no sentido de reverência
diante de Deus? Como nos comportaremos na adoração diante do eterno?
Lembrem-se de que a verdadeira liturgia de adoração de uma comunidade é
quando ela está sendo formada pela Escritura em cada item dela. E a tarefa de
uma liturgia bíblica é seguir os textos das Sagradas Escrituras (PETERSON,
Eugene. Maravilhosa Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 2007, p. 88).
A verdadeira liturgia de adoração de uma comunidade é quando ela respeita e
preserva a apresentação das Sagradas Escrituras no contexto da adoração e da
obediência que está no centro de tudo o que Deus já fez, está fazendo e ainda
fará (PETERSON, p. 89). Salomão afirma de maneira profunda para nós:
Guarda o pé, quando entrares na Casa de Deus.
Isaías é uma pessoa que entendeu bem o significado da reverência diante do
criador. Ele exclamou: Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de
lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus
olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! (Isaías 6.5).
Ele ficou estarrecido porque em virtude da fragilidade pecaminosa do homem
e por Deus ser extremamente poderoso e santo. Isaías tinha senso da sua
pecaminosidade e ao mesmo tempo da santidade de Deus. Então diz que
todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da
imundícia (Isaías 64.6).
Com esta visão Isaías nos ensina a ter um toque de reverência diante do nome
de Deus. O nome revela a essência de algo e quanto ao nome de Deus a
Bíblia diz assim: "Santo e tremendo é o seu nome" (Salmo 111.9).
É interessante avaliar que a palavra reverência está sempre relacionada com
obediência. O texto de Dt. 13.4 afirma: Andareis após o Senhor, vosso Deus,
e a ele temereis; guardareis os seus mandamentos, ouvireis a sua voz, a ele
servireis e a ele vos achegareis.
Noutro capítulo de Deuteronômio fala do temor e em seguida o prestar culto
ao Senhor (Deuteronômio 6.13). Louvor na Escritura tem a ver com
obediência de coração e reverencia para com Deus. E esta atitude não é algo
momentâneo, mas algo permanente na vida. Então guardemos o pé denotando
respeito e reverência que desembocam numa adoração verdadeira e sincera
diante do criador.
Interessante que o verbo guardar no hebraico que é usado neste texto traz a
ideia de cuidar dos passos quando vai à casa de Deus. Como é bom pensar
sobre isto na nossa vida de adoração e reverencia diante do eterno Deus.
Talvez não déssemos tantos escândalos como cristãos. Talvez seríamos
melhores esposas, melhores mulheres, filhos, pais. Seriamos melhores seres
que refletem o caráter do Deus santo.
Quando perdemos a noção de guardar o pé espiritualmente falando, a nossa
adoração deixa de ser teocêntrica e passa a ser antropocêntrica, narcisista de
uma rebelião humana que visa o ego e não o Deus santo (HOUSTON, James.
O discípulo. Brasília: Palavra, 2010, p. 181).
O que aprendemos para a vida?

Diante de Deus estabeleçamos a prioridade do ouvir:


Salomão afirma no versículo 1b: Chegar-se para ouvir é melhor do que
oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal.
Ouvir [obedecer] é melhor do que a participação formal na oferenda de
sacrifícios. O ensino é que a obediência sincera, de coração, a Deus é superior
à participação religiosa meramente cerimonial. O formalismo produz
autojustiça e resulta não em bem, mas em mal para o praticante.
O ensino de Salomão é que Deus quer obediência da nossa parte por meio da
sinceridade (Deuteronômio 10.12). No meio de todo o formalismo e
cerimonial do Antigo Testamento, esse é um ensinamento repetido (Salmo
51.16,17; Provérbios 21.3; Jeremias 6.20; 7.21-23; Amós 5.21-24).
Cremos num Deus pessoal que nos criou como seres pessoais para ele se
relacionar conosco. O distintivo da pessoa é a palavra. Deus assim como nós,
é um ser que fala e deseja ser ouvido pelo seu povo. Na Bíblia Sagrada que
encontramos a voz de Deus, cujo ápice é Jesus Cristo (Hebreus 1.1).
Salomão nos mostra que precisamos sempre ouvir, antes de dizer e fazer
qualquer palavra para não nos precipitarmos e passarmos por tolos.
A espiritualidade bíblica é uma espiritualidade da audição. Este é o sentido
privilegiado nas Escrituras.
A oração mais conhecida do Antigo Testamento é o shemá: Ouve, Israel, o
Senhor nosso Deus é o único Senhor (Deuteronômio 6.4-9). Deus
constantemente exorta seu povo a ouvi-lo através dos seus profetas. O Salmo
95.7 afirma: Quem dera ouvísseis hoje a sua voz!
Devemos, pois, ter a mesma atitude de Samuel quando chamado por Deus:
Fala, porque o teu servo ouve (1 Samuel 3.9). Ouvir é mais do que
meramente escutar. Escutamos muitos barulhos, muitas vozes, muitos sons,
que entram por um ouvido e saem pelo outro.
Precisamos ouvir Deus com atenção, com interesse, com tempo, com
envolvimento de todo o nosso ser, como Maria, irmã de Marta. O texto nos
diz que ela se quedava assentada aos pés do Senhor e ouvia os seus
ensinamentos (Lucas 10.39). Aprendemos também com Maria mãe de Jesus,
que guardava todas estas palavras, meditando-as no coração (Lucas 2.19).
Ouvir a Deus só faz sentido quando desemboca na obediência à sua Palavra.
Ouvimos a voz do Senhor para obedecer e praticar a sua vontade. Não
devemos ser ouvintes negligentes, mas operosos praticantes da Palavra de
Deus (Tiago 1.25).
O homem prudente é o que ouve e pratica as palavras de Jesus (Mateus 7.24-
27). A Bíblia afirma: Bem-aventurados são, sobre todos, os que ouvem a
Palavra de Deus e a guardam! (Lucas 11.28).
Aprendamos o princípio de que é melhor ouvir do que falar. Vejam que o
sacrifício tolo é para os que falam demais sem saber discernir as razões do
coração e da vida diante de Deus. Ouçamos mais e falemos menos. O silêncio
e a contemplação na tradição cristã traduzem a postura que assumimos diante
de Deus para ouvir a sua voz (NOUWEN, Henri. A espiritualidade do
deserto e o ministério contemporâneo. São Paulo: Loyola, 2000, p. 27).
O que precisamos para esta prática de ouvir?

1. Ter prioridade na prática do silencio na vida;


2. Ser pessoas que carregam a sabedoria na alma e no coração para ouvir a
voz do eterno Pai;
3. Tenhamos tempo de contemplação no coração. O contemplativo mergulha
em Deus para ser por ele moldado e guiado.

O que aprendemos para a vida?

Diante de Deus estabeleçamos a prioridade de fazer voto sincero:


Salomão afirma no versículo 2: Não te precipites com a tua boca, nem o teu
coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus
está nos céus, e tu, na terra; portanto, sejam poucas as tuas palavras.
Fica bem claro no texto que Salomão quer chamar a atenção no versículo 2
de um homem estulto que se entusiasma e faz um voto precipitado na casa de
Deus. Então ele nos chama a atenção para não nos precipitarmos com a nossa
boca e nem com a pressa no coração de pronunciar algo diante de Deus.
Quando um judeu fazia um voto, ele deveria cumprir. Há um exemplo disso
nas Escrituras, Jefté que oferece a sua filha a Deus em Juízes 11. Ele disse a
Deus em promessa que se ele entregasse os amonitas em seu poder. Então
quando ele voltasse vitorioso da guerra contra eles, a primeira pessoa que
saísse para recebê-lo na porta de casa, pertenceria a Deus.
O texto afirma em Juízes 11.34 que quando Jefté voltou para a sua casa em
Masfa. Foi justamente sua filha quem saiu para recebê-lo, dançando ao som
de tamborins. Era sua filha única, pois Jefté não tinha outros filhos ou filhas
(11.39). Provavelmente aquela moça que era virgem ficou sem casar e sem
ter filhos para o orgulho de seu pai.
O que devemos fazer?

1. Devemos ter cuidado de nossas palavras perante Deus;


2. Devemos levar a sério o que falamos a Deus. Às vezes, a familiaridade
excessiva é prejudicial ao nosso respeito e reverência;
3. Cuidado com o que dizemos nas orações a Deus. Ele leva a sério a nossa
oração;
4. Quando fizermos votos, cumpramos.
Salomão afirma: Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-
lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes.

Cuidado com os comprometimentos perante Deus. Não é preciso um novo


ano, para aferirmos os nossos votos. Em nossa vida, naturalmente, fazemos
votos sempre.

Em todas as áreas - membrezia (à igreja e à sua doutrina), batismo (sobre


nossos filhos), casamento (à esposa ou esposo). Pastores declaram lealdade
aos padrões confessionais. Fazemos votos de fidelidade nas contribuições
diante de Deus. Fazemos votos de respeito e maior investimento na esposa,
nos filhos. Fazemos votos de pagamento das dívidas. Fazemos votos de
honestidade.

Fazemos votos de investir nas pessoas ao nosso redor. Mas, é notório como
quebramos com muita facilidade esses votos. Salomão nos convida a fazer
votos com seriedade e em harmonia com a capacidade de cumprirmos aquilo
que prometemos. Principalmente aqueles que fazemos diante de Deus.
Pensemos antes de fazer e para isso Salomão nos adverte:

• Versículo 5: Melhor é que não votes do que votes e não cumpras. Salomão
nos adverte para o abuso em fazer votos diante de Deus. Se não temos
capacidade de cumprir, então não devemos fazer nunca. Não dá para brincar
de igreja. Não dá para dizer que serviremos a Deus com todo o coração se
seremos divididos.
• Versículo 6: Não consintas que a tua boca te faça culpado, nem digas diante
do mensageiro de Deus que foi inadvertência; por que razão se iraria Deus
por causa da tua palavra, a ponto de destruir as obras das tuas mãos?Não
podemos nos colocar voluntariamente numa situação de dificuldade - votos
impensados. Quando prometemos na igreja algo, é na presença de Cristo e
diante dos amigos que o fazemos.

Então Salomão diz para que tomemos cuidado de não utilizar desculpas
falsas: foi um engano, foi um lapso.
• Versículo 7: Porque, como na multidão dos sonhos há vaidade, assim
também, nas muitas palavras; tu, porém, teme a Deus. Salomão nos convida
parta uma atitude séria e nos chama a não sermos como os tolos. Deus
demanda seriedade incondicional. Então Salomão fala que devemos temer a
Deus.
Porque nessa ação de temer a Deus está a nossa espiritualidade

sadia e profunda para que não votemos falsa e hipocritamente e sem sentidos.
Quando tememos ao Senhor, passamos a reverenciá-lo e pensamos melhor no
cumprimento dos votos já assumidos.

Para refletir e viver


• Lembrem-se de que a verdadeira liturgia de adoração de uma comunidade é
quando ela está sendo formada pela Escritura em cada item dela.
• Quando estamos diante de Deus não podemos tratá-lo de maneira
superficial. Cuidado com a sua dedicação a ele. Não ofereça qualquer coisa,
não venha adorar de qualquer jeito.
• A espiritualidade bíblica é uma espiritualidade da audição. Este é o sentido
privilegiado nas Escrituras.
• Precisamos ouvir Deus com atenção, com interesse, com tempo, com
envolvimento de todo o nosso ser.
• Ouvir a Deus só faz sentido se desemboca na obediência à sua Palavra.
Ouvimos a voz do Senhor para obedecer e praticar a sua vontade.

Que ele nos ajude em nome de Jesus.

C a p í t u l o 11
Sirvamos a Deus sem nos apegar ao terreno
(Eclesiastes 5.8-6.12)

O exercício da cidadania e do dever cívico do cristão não se limita ao dia da


eleição. Por isso, lá no fundo do nosso coração, não conseguimos sentir paz
com o processo político se não estivermos em dia com a atribuição de servir a
Deus no contexto de vida em que estamos inseridos.

É comum em períodos de eleição sentirmos o peso desta responsabilidade,


como se no ato de votar, interferíssemos isoladamente, para o bem ou para o
mal, no destino da Nação. A sensação é legítima, mas não deve ser limitada à
escolha de um candidato para qualquer que seja o cargo.

Como cristãos, devemos sim, interferir no rumo da Nação e lutar pelo bem-
estar do povo. Mas, essa postura não é individual, ela é coletiva. Como igreja,
como membros do corpo de Cristo sabemos que não pertencemos ao mundo,
mas temos a obrigação de assumir uma posição combativa contra todas as
artimanhas que visam banalizar ou ofender a criação do eterno Deus. E
fazemos isto através da ação e da oração.

Vivemos num país privilegiado, repleto de recursos naturais, com um


contingente estimado pelo IBGE em 40 milhões de evangélicos. Nossa
Constituição resguarda o Estado laico e a liberdade de culto. Situação bem
diferente de outros países onde neste exato momento há cristãos sendo
torturados e mortos em nome da fé. Temos o desafio diante do preparo e do
ensino da cidadania e na mobilização política em favor de conquistas sociais
básicas.

Quando li o livro de Paul Stevens Os outros seus dias senti na pele o tamanho
da responsabilidade em relação ao cuidado com o nosso povo que vive ao
nosso lado. Este livro nos possibilita compreender melhor o que significa
pensar biblicamente e revisitar temas fundamentais para a vida da igreja,
como vocação, ministério, povo de Deus, teologia, trabalho, liderança, poder
e missão.
O texto vai além da mentalidade do cristão que só vai à igreja no domingo,
quando nos propõe o desafio de viver teologicamente. Ele é oportuno por
causa dos desafios que temos como igreja evangélica em nossos dias, entre os
quais posso citar a preocupação com os rumos de nosso crescimento.

O que está crescendo? Em que direção está crescendo? Como podemos


cuidar deste crescimento?
O perigo que representa os vários modelos de liderança narcisista que
desejam controlar o que se pensa e o que se faz na igreja; as novas formas de
ataque ao rebanho do Senhor, por aqueles que o tratam como “curral
eleitoral” ou como “segmento de mercado”.
Percebemos sempre a presente atitude que mistura arrogância e
superficialidade ao se considerar suficiente para oferecer respostas rápidas
sobre tudo para todos num contexto cada vez mais complexo; o risco de uma
igreja voltada para si mesma e compulsiva (presa em dinâmicas de pseudo-
transcendência e fuga da realidade).
Esta lista poderia continuar, mas o que está nela é suficiente para sugerir o
tamanho do desafio (STEVENS, 2005, p.9). Neste texto Salomão nos chama
para uma preocupação com o próximo sem nos apegar ao que é terreno e
passageiro.
O que aprendemos para a vida?

Tomemos cuidado com a ganância na vida Salomão afirma nos versículos


8 a 10: Se vires em alguma província opressão de pobres, e a perversão
violenta do direito e da justiça, não te maravilhes de semelhante caso. Pois
quem está altamente colocado tem superior que o vigia; e há mais altos ainda
sobre eles. O proveito da terra é para todos; até o rei se serve do campo.
Quem ama o dinheiro jamais se farta dele; e quem ama a abundância nunca se
farta da renda; também isto é vaidade.
A Palavra de Deus foi escrita no contexto de uma sociedade agrária onde a
maioria das pessoas se dedicava, para subsistência, às atividades agrícolas,
trabalhando com as famílias, extraindo da terra e dos rebanhos o pão de cada
dia. Nesse sentido, a questão mais importante para as necessidades materiais
era possuir terra e ter paz social.
Sabemos que com a "revolução industrial" no Século 18 houve o surgimento
das empresas e dos grandes centros urbanos. Daí o motivo agora de buscar as
opções de sobrevivência na vida.
Quando percebemos a ganância tomando conta do coração humano o
resultado é óbvio. Os pobres é que são oprimidos e esquecidos. E com toda
certeza os que possuem um pouco mais acabam dando vazão para a cobiça.
Salomão conhece os processos da sua época e vê que os oficiais da ordem
social são corruptos que esperam cobrar dos seus inferiores com atos injustos.
E quem geralmente sofre é aquele que paga todos os impostos. Salomão é um
destes beneficiados porque quando ele cobrava os impostos do povo, ele
abusava.
E provavelmente através de duras penas ele aprendeu a lição da falta de
temor e bom senso diante da lógica da vontade de Deus. Tanto que a
afirmação dele no versículo 10 é: Quem ama o dinheiro jamais se farta dele; e
quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade.
Este é um cuidado que devemos ter como servos de Deus. Não estou dizendo
que não podemos sonhar com uma vida melhor. Estou evidenciando o
cuidado com esta ideia de ter e cada mais ter. A tendência de quem ganha
muito é querer mais e mais.
Salomão mostra para nós que o grande problema é quando amamos o
dinheiro. Aliás, as Escrituras nos advertem severamente dizendo que o amor
ao dinheiro é a raiz de todos os males. Salomão mostra que quem ama a
abundância nunca se farta da renda. E é uma verdade inquestionável. No final
de tudo as riquezas não satisfazem e só trazem dissolução e esgotamento
físico na vida.
Salomão afirma em Eclesiastes 5.11: Onde os bens se multiplicam, também
se multiplicam os que dele comem. Ele afirma no versículo 12 que doce é o
sono do trabalhador, quer coma pouco, quer muito, mas, a fartura do rico não
o deixa dormir.
Eu diria que este tem menos problemas para buscar a ganância na vida. Ele
trabalha durante o dia e quando vai para casa à noite pode descansar sem
preocupações e sem pesares no coração. Ao contrário, o rico sempre tem que
cuidar do bem-estar da sua riqueza. Ele vive num processo enorme de
ansiedade sobre o cuidado com o dinheiro que tem e o quanto precisa ganhar
ainda.
Salomão diz que viu um grave mal debaixo do sol: as riquezas que seus
donos guardam para o próprio dano. Ele diz que se tais riquezas se perdem
por qualquer má aventura, ao filho que gerou nada lhe fica na mão. Ele
conclui dizendo que assim como o homem saiu do ventre de sua mãe, assim
nu voltará, indo-se como veio e do seu trabalho nada poderá levar consigo.
Esta verdade é séria demais para nós. A tradução para grave é grande
enfermidade. A luta desenfreada pelo dinheiro e pelas conquistas aqui na
terra gera desgastes e enfermidades na vida humana. No livro Dinheiro e o
sentido da vida – Jacob Needleman diz algo interessante:

“Há muito poucos, bem poucos problemas chocantes da vida que não podem
ser resolvidos pela ingestão de uma quantia infinita de dinheiro. O motivo é
que o dinheiro pode comprar quase tudo o que queremos. O problema é que
temos a tendência de querer apenas as coisas que o dinheiro pode comprar”.

Sabemos que esta é uma grande realidade que Salomão mostra para nós. Ele
mostra que é vão o desejo de ter aqui na terra. Aqui é que mora de fato a
vaidade na vida. Pois, buscar riquezas perecedoras e confiar nelas é algo que
ocupa o coração da gente.

Como lembra bem Thomas Kempis no seu livro A imitação de Cristo


“vaidade é também ambicionar honras e desejar posição elevada. Vaidade é
seguir os apetites da carne e desejar aquilo pelo que, depois, será gravemente
castigado. Vaidade é desejar longa vida e, entretanto, se descuidar de que seja
boa. Vaidade é só atender à vida presente sem providenciar para a futura.
Vaidade é amar o que passa tão rapidamente e não buscar, pressuroso, a
felicidade que sempre dura” (KEMPIS, 2000, p.14).

Salomão apresenta o fim de todos os homens inclusive àqueles que acham


que com o dinheiro terão vida longa, nunca se apagarão e nunca perecerão na
vida. Ele nos lembra que não levaremos nada desta vida. Como chegamos ao
mundo, da mesma forma voltaremos.

Esta realidade nos convida a procurar o desapego do nosso coração quanto ao


amor às coisas visíveis e afeiçoá-lo às invisíveis. Porque aqueles que
satisfazem seus apetites materiais mancham a consciência e perdem os
momentos de desfrutar de algo melhor do que as posses terrenas: a graça de
Deus.

É bom nos lembrar de que o melhor que levamos desta terra é o


relacionamento com o Criador e não as conquista materiais.
O que aprendemos para a vida?
Vivamos todas as realidades da vida sabendo que há esperança somente
em Deus
Salomão afirma nos versículos 18 a 20: Eis o que eu vi: boa e bela coisa é
comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que se
afadigou debaixo do sol, durante os poucos dias da vida que Deus lhe deu;
porque esta é a sua porção. Quanto ao homem a quem Deus conferiu riquezas
e bens e lhe deu poder para deles comer, e receber a sua porção e gozar do
seu trabalho, isto é dom de Deus. Porque não se lembrará muito dos dias da
sua vida, porquanto Deus lhe enche o coração de alegria.
Sabemos que todas as porções são dadas pelo Pai das Luzes. Ele é quem
permite ao homem ganhar e possuir as coisas. Só que Salomão é bem claro
no texto quando ele trabalha a ideia dos poucos dias que Deus deu. Isto é
dom de Deus.
E devemos desfrutar da vida sabendo desta verdade em nosso interior. É
Deus quem dá todo o sustento para vida. Então a realidade espiritual é que a
nossa esperança deve ser concentrada tão somente em Deus. A lembrança dos
dias é passageira, por isso, Salomão nos convida para uma volta para o
coração e nos convida a perceber a necessidade de ter Deus no centro de tudo
na vida.
No capítulo 6, Salomão afirma que Deus conferiu ao homem riquezas, bens e
honra e nada lhe falta de tudo quanto a sua alma deseja. Mas, Deus não lhe
concede que disso coma; antes, o estranho o come; também isto é vaidade e
grave aflição.
Ele diz que se alguém gerar 100 filhos e viver muitos anos, até avançada
idade e se a sua alma não se fartar do bem e, além disso, não tiver sepultura,
Salomão afirma que um aborto é mais feliz do que ele. Em outras palavras, é
melhor nascer morto do que viver numa morte em vida (CHAMPLIN, p.
2722).
A lógica é que devemos tomar cuidado para não perdemos o foco na vida. A
nossa esperança é Deus, o nosso foco é Deus, isto não é lutar e viver em vão.
Isto não é uma vida na morte. Este tema é tão sério que Salomão dá dicas
importantes para nós na sequência do texto:

• Todo trabalho é para sobrevivência e não para vida eterna: Salomão mostra
que o homem que busca só a riqueza e o trabalho desenfreado nunca se
satisfaz no seu apetite (Eclesiastes 6.7);
• Melhor é a vista dos olhos do que o andar ocioso da cobiça: Ele mostra que
a simplicidade é melhor do que a cobiça. Aqui há uma dica para termos
cuidado com a busca dos grandes desejos na vida que atrapalham o nosso
foco da esperança em Deus. Tanto que Salomão afirma: Também isto é
vaidade e correr atrás do vento (Eclesiastes 6.9);
• É bom pensar na rapidez da vida sempre: Salomão mostra no versículo 12
que sabe o homem tem poucos dias de vida de vaidade e estes gastam como
sombra. E faz uma pergunta séria: Quem pode declarar ao homem o que será
depois dele debaixo do sol?

Em outras palavras, só Deus sabe daquilo que é melhor para nós. Só Deus
sabe o nosso tempo aqui na terra. Então é melhor desfrutar de Deus e da
concentração da nossa esperança totalmente nele porque o tempo aqui nesta
terra é breve. O nosso tempo é breve como uma sombra que passa. O homem
não compreende esta brevidade, por isso, sempre quer fazer planos e traça
metas para o hoje.
O livro de Jó nos mostra uma realidade importante. Ele

afirma: O homem, nascido de mulher, vive breve tempo, cheio de


inquietação. Nasce como a flor e murcha; foge como a sombra e não
permanece (Jó 14.1-2).

Quando olhamos para este texto ficamos meio perdidos e tristes com a nossa
própria estrutura. Mas, não tem jeito de fugir, é a realidade. Vivemos e
murchamos. Só que o segredo é concentrar a nossa esperança e o nosso
coração totalmente em Deus.

Finalizo citando novamente T. Kempis:

“Se tens riquezas, não te glories delas, nem dos amigos, por serem poderosos,
senão em Deus, que dá tudo, além de tudo, deseja dar-se a si mesmo. Não te
desvaneças com a gentileza ou formosura de teu corpo, que com pequena
enfermidade se quebranta e desfigura. Não te orgulhes de tua habilidade ou
de teu talento, para que não desagrades a Deus, de quem é todo bem natural
que tiveres. Não te reputes melhor que os outros para não seres considerado
pior por Deus, que conhece tudo que há no homem. Não te ensoberbeças
pelas boas obras, porque os juízos dos homens são muito diferentes dos de
Deus, a quem não raro desagrada o que aos homens apraz. Se em ti houver
algum bem, pensa que ainda melhores são os outros, para assim te
conservares na humildade. Nenhum mal te fará se te julgares inferior a todos;
muito, porém, se a qualquer pessoa te preferires. De contínua paz goza o
humilde; no coração do soberbo, porém, reinam inveja e iras sem conta
(KEMPIS, 2000, pp. 22 e 23).

Para refletir e viver


• Somos convidados a procurar o desapego do nosso coração quanto ao amor
às coisas visíveis e afeiçoá-lo às invisíveis.
• Devemos tomar cuidado para não perdemos o foco na vida. A nossa
esperança é Deus, o nosso foco é Deus, isto não é lutar e viver em vão.
• O nosso tempo é breve como uma sombra que passa.

C a p í t u l o 12
Pensemos na eternidade e na sabedoria
divina
(Eclesiastes 7.1-14)

Há um livro extremamente precioso de Henri Nouwen Nossa maior dádiva -


Meditação sobre o morrer e o cuidar. Um dos mais inspirados escritores
espirituais de nosso tempo, Henri Nouwen lança um olhar emocionado à
mortalidade humana.

À medida que conta suas próprias experiências com o envelhecimento, a


perda, o pesar e o medo e reflete sobre sua fé na vida e ensinamento de
Cristo, Nouwen sugere com beleza e suavidade que o viver e o morrer podem
se tornar dádivas de cada de um de nós para nosso semelhante.

Nossos pensamentos e sentimentos, nossas palavras e escritos, nossos sonhos


e visões não são exclusivamente nossos.
Estes pensamentos e sentimentos pertencem a todos os homens e mulheres
que já morreram, mas continuam a viver dentro de nós.
As vidas e as mortes dessas pessoas ainda estão dando frutos em nossa vida.
Sua alegria, esperança, coragem, confiança não morreram com elas, mas,
continuam a florescer nos corações daqueles que estão ligados a elas pelo
amor.
Nessa comunhão de vida que suplanta e dá sentido à morte, veremos que
nossas mortes também darão frutos na vida de todos aqueles que viverão
depois de nós.
Este é um assunto importante para Salomão porque ele entende a morte como
um processo que nos ajuda e meditar mais e a valorizar mais a sabedoria
divina.
Vejamos então o que Salomão nos ensina neste texto. O primeiro princípio
importante é:

A morte nos leva a pensar melhor sobre todos os aspectos da eternidade


Salomão afirma em Eclesiastes 7.1-4: Melhor é a boa fama do que o melhor
ungüento, e o dia da morte, do que o dia do nascimento de alguém. Melhor é
ir à casa onde há luto do que ir a casa onde há banquete; porque naquela se vê
o fim de todos os homens e os vivos o aplicam ao seu coração. Melhor é a
mágoa do que o riso, porque a tristeza do rosto torna melhor o coração. O
coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da
alegria.
Tem um amigo de uma comunidade que leu o texto de Eclesiastes e disse as
seguintes palavras:

“Confesso que me incomodou bastante e algumas coisas ficaram confusas na


minha cabeça. Não estou dizendo que a Palavra de Deus me confunde, mas,
me senti pessoalmente envolvido na “trama” do texto. Vivi a experiência da
morte de perto, quando ao meu lado, partiu para a eternidade a minha esposa
e logo após, minha sogra e um amigo muito querido (Pastor Luiz Mattos).
Hoje vivo um momento de saudades e espero em Deus uma resposta para
tudo isto (versículos 1 e 2).

Salomão mostra que o dia da morte do cristão é melhor do que o dia do seu
nascimento. Contudo, o seu nascimento foi essencial para que o dia da sua
morte seja melhor. Todos os dias do cristão em Cristo sobre a terra são bons,
mas estar com Cristo na glória eterna será melhor.

Paulo foi abençoado em Cristo na terra, mas, o ápice da bênção para ele era
estar com Cristo na glória. Ele disse: Porque para mim o viver é Cristo e o
morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei,
então, o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto tendo
desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas
julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne (Filipenses 1.21-24).

Algo que nos faz refletir sobre o dia do nascimento de alguém é que o
nascimento traduz a depravação na raça humana que está neste mundo.
Quando olhamos para as palavras de Davi percebemos algo sério: Eis que em
iniqüidade fui formado e em pecado me concebeu minha mãe (Salmo 51.5).
Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram,
proferindo mentiras (Salmo 58.3).

A vida passa sempre pelo processo de depravação. Então temos guerras,


tristezas, doenças, violência, poluição, a vida de algumas pessoas que
permanecem num ódio cruel. Vemos a natureza gemendo e aguardando a sua
redenção exatamente por causa desta depravação, desta situação que a culpa
de Adão e Eva causou na criação.

Daí a nossa conclusão quando Salomão fala que a morte é melhor do que o
dia do nascimento é que a morte remove essa depravação de nós no sentido
de não estarmos mais neste corpo de corrupção. Quando analisamos desta
maneira entendemos o que Paulo quer dizer quando afirma: Porque para mim
o viver é Cristo e o morrer é ganho.

Um texto que me chama a atenção é o que Jó disse no capítulo 14.1-2: O


homem, nascido da mulher, é de bem poucos dias e cheio de inquietação. Sai
como a flor e se seca; foge também como a sombra e não permanece.

A reflexão de Jó neste texto é que nenhum estágio da vida, da infância à


sepultura é isento de inquietações. A vida humana é lisonjeira em seu
princípio, pois, ela vem como uma flor, mas ela é breve vai embora e parte
sem retorno.

A morte leva o cristão a repensar sobre os aspectos da eternidade. Salomão


fala que na casa do luto se vê o fim de todos os seres humanos. Na hora da
morte pensamos mais sobre a eternidade e sobre o nosso estado espiritual.

A realidade da morte nos faz repousar na certeza de que há um descanso


eterno para nós como o Livro de Apocalipse afirma no capítulo 14.13: E ouvi
uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que,
desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito para que descansem dos
seus trabalhos e as suas obras os sigam.

Neste texto aprendemos que a morte é a entrada para a perfeição ou glória


eterna. Aprendemos que na casa do luto somos mais autênticos e entendemos
melhor o significado real da morte. No meio da alegria e da festa refletimos
menos sobre o verdadeiro significado da vida, que é o encontro com o divino.

Isto me faz lembrar de um belo filme que vi há algum tempo Encontro


Marcado.3 Alguns dias antes de completar 65 anos, William Parrish (A.
Hopkins) começa a perceber sinais de que sua morte está próxima. Poucos
dias depois ele recebe a visita da própria morte que tomou o corpo de um
jovem (Pitt) e assumiu a identidade de Joe Black.
A Morte intrigada com o temor que causa as pessoas faz um acordo com
Parrish, vai acompanhá-lo por alguns dias para descobrir a razão desse medo
e conhecer mais sobre a vida dos mortais. Há uma grande lição no filme
quando Parrish aprende muito mais sobre o significado de si mesmo através
da realidade iminente da morte.

Talvez seja por isso que Salomão afirma para nós que o coração dos sábios
está na casa do luto. Porque neste local pensamos mais seriamente sobre os
valores do Reino de Deus. Pensamos sobre a nossa limitação da vida.
Pensamos mais sobre a necessidade de buscarmos um relacionamento mais
profundo com aquele que é dono da nossa vida e respiração.

Pensamos melhor sobre o cuidado com o prazer que passa tão rápido sobre
nós. Pensamos que não somos infinitos aqui na terra. Um dia a nossa
respiração se findará e nos encontraremos de fato com o criador celestial.

Você tem pensado sobre a sua vida na presença de Deus?

Você tem pensado que hoje pode ser o último dia de respiração?
Diante desta realidade você está preparado para se encontrar com o criador?
Qual a nossa visão sobre a morte?

A morte é o encontro com a nossa salvação que já começou aqui


A salvação recebida de Deus não é meramente escapar do inferno ou ir para o
céu quando alguém morre. A salvação é a completa comunhão com Cristo
que morreu por nós. Quando o homem caiu, a queda foi completa. Seu corpo
se degradou por completo. Sua alma se degenerou progressivamente. E o seu
corpo morreu no final.
A redenção segue a mesma ordem. Os eleitos são justificados imediatamente,
santificados progressivamente e glorificados no final. Quando estamos em
Cristo a morte passa a ter um efeito diferente para nós. Ela na verdade é o
começo do nosso encontro mais profundo com a vida de Deus.
Não que o efeito da salvação não tenha sentido aqui na terra, pois,
entendemos que a vida eterna com Deus já começou aqui. Mas, na nossa
morte temos uma visão maior e mais profunda do encontro com a vida de
Deus.

Morte não é cessação, mas separação da existência


O cristão passa do tempo para a eternidade. Paulo usou o substantivo no
termo grego kerdos significando ganho, o adjetivo kreittonsignificando
maior, melhor ou superior e o advérbio mallon significa mais ou muito mais
em Filipenses 1.21-23.
A combinação das palavras prova que o cristão falecido não se torna inferior
a uma pessoa quando ele morre: Porque para mim tenho por certo que as
aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós
há de ser revelada. E não só ela, mas nós mesmos que temos as primícias do
Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a
redenção do nosso corpo (Romanos 8.18,23).
O corpo redimido será a finalização ou perfeição do que Deus, o Espírito
Santo começou na regeneração. O Espírito aplicou o que o Filho de Deus
providenciou em sua morte. O que o Filho providenciou foi em favor dos
eleitos que o Pai lhes deu antes da fundação do mundo (W. E. Best).

A morte é o tratamento perfeito para todas as doenças espirituais do


coração humano
Não é a morte da pessoa, mas é a morte dos pecados da pessoa. O pecado é a
parte que trouxe morte ao mundo. A morte entrou pelo pecado e o pecado
sairá pela morte. Enquanto os cristãos estão na carne eles experimentam
renovação interna e declínio externo (2 Coríntios 4.8-18).
Quando os sofrimentos são comparados com a glória eterna, eles consideram
os mesmos como nada (2 Timóteo 2.12; Romanos 8.17). A morte deve ser
vista como descanso do pecado, tristeza, aflições, tentações, deserções,
irritações, oposições e perseguições (Apocalipse 14.13; Romanos 5.3-5; 2
Coríntios 4.7-12).
Os redimidos não são vasos de mérito, mas vasos de misericórdia. O barro
não é colocado na roda da providência e deixado sem mudança. O vaso de
Deus deve remir o tempo, pois os dias são maus (Efésios 5.16). Isso faz o
descanso celestial do cristão ainda mais maravilhoso.
O segundo princípio importante é:

A sabedoria dá vida para o coração diante de Deus Salomão afirma em


Eclesiastes 7.5-10: Melhor é o ouvir a repreensão do sábio do que ouvir a
canção do insensato. Pois, qual o crepitar dos espinhos debaixo de uma
panela, tal é a risada do insensato; também isto é vaidade. Verdadeiramente, a
opressão faz endoidecer até o sábio, e o suborno corrompe o coração. Melhor
é o fim das coisas do que o seu principio; melhor é o paciente do que o
arrogante. Não te apresses em irar-te porque a ira se abriga no íntimo dos
insensatos. Jamais digas: por que foram os dias passados melhores do que
estes? Pois não é sábio perguntar assim. Boa é a sabedoria havendo herança e
de proveito para os que vêem o sol. A sabedoria protege como protege o
dinheiro, mas o proveito da sabedoria é que ela dá vida ao seu possuidor.

A prática da sabedoria para nós cristãos é uma tarefa espiritual. O verdadeiro


cristão antes de tudo precisa se conhecer, agir com espírito e ter os olhos
voltados para a valorização de uma comportamento sábio diante das pessoas.

Um grande problema para exercitar a sabedoria é a arrogância que temos em


nós mesmos. Onde há a arrogância, há também um ego que quer ser sempre o
primeiro violino da orquestra e não teme nenhuma disputa de poder por
coisas secundárias como regras sociais.

O que a arrogância faz conosco?


• Ela nos faz parar de aprender;
• Ela faz o ego se inflamar cada vez mais;
• Ela nos faz pensar que faremos o que quisermos;
• Ela reprime qualquer toque de humildade.
Ela provoca um elemento chamado em latim de tardus. Esta

palavra significa hesitante, vagaroso, desanimando, apático e tolo. Quando


damos vazão a arrogância, nos tornamos “tardus” para com a sabedoria. Por
isso, vejamos o que a sabedoria provoca em nosso coração.

Salomão nos chama a atenção para a repreensão do sábio do que ouvir canção
do insensato que geralmente bebia nas festas. Já que é um contexto em que
ele fala muito sobre a festa. A escola da sabedoria é melhor do que o
procedimento dos insensatos.

Vejam que Salomão fala dos espinhos e a figura da panela. O crepitar


(borbulhar) dos espinhos debaixo de uma panela é o resultado da falta de
sabedoria do insensato. O insensato é como o espinho que machuca o nosso
corpo. Quando um espinho era queimado numa panela para ser usado não
tinha muita eficácia. A comparação é para mostrar que o riso dos insensatos é
ruidoso e transitório. Salomão afirma que melhor é o fim das coisas do que o
seu principio. O que há de sábio nisto?

Os grandes projetos que começamos nos fazem perder forças, eles geram
ansiedade e muito esmero. Salomão mostra que o fim das coisas é o processo
que nos faz refletir melhor sobre a caminhada com Deus.

O fim de algo traz alívio e nos faz relaxar. Aqui está a sabedoria da vida. O
fim das coisas, nos deixa mais aliviados e pensativos sobre o Reino de Deus.
O começo das coisas nos faz perder energia, tempo e menos reflexão sobre o
verdadeiro significado da vida.

Salomão diz que melhor é o paciente do que o arrogante. Salomão mostra que
há edificação no processo de humildade. Porque só o humilde tem paciência
para lidar com as questões da vida. O arrogante tem um espírito impaciente e
orgulhoso. Ele tem olhar altivo.

Vejam que os pacientes são preciosos para uma comunidade. Eles têm
domínio e controle gerados pela sabedoria divina. Os insensatos são uma
dificuldade para qualquer grupo. Porque trabalham com a altivez e com a
prepotência.

Deus nos convida para sermos pessoas cuja paciência é uma arte da
sabedoria. A sabedoria gera paciência e nos ajuda a não dar vazão para a
insensatez.

Salomão diz que não devemos nos apressar em nos irar porque a ira se abriga
no íntimo dos insensatos. O homem que perde o controle mostra uma atitude
própria de um insensato na vida. Quem anda com a sabedoria tem o domínio
na questão da ira. Ele não é dominado pela pressa quanto aos ânimos. Ele é
sensato e prudente na hora que é testado na vida.

Salomão diz que jamais devemos dizer que os dias passados foram melhores
do que estes. Pois não é sábio perguntar assim. O que ele quer dizer com isto?

A pessoa que despreza o presente é desprovida de sabedoria. Para o judeu


desprezar o presente achando que o passado foi melhor é uma calunia diante
da providencia de Deus na história (CHAMPLIN, p. 2722).
Há alguns anos fui visitar um local do Estado da Bahia, onde uma
comunidade de São Paulo tem um projeto com pessoas. Eu e um grupo de
missionários fomos visitar um dos campos em Poção, Sertão da Bahia. Este
campo está localizado numa cidade da Bahia chamada Tucano.

Foi preciosa a visita na casa de um rapaz chamado Jailson que é um exemplo


de vida. Ele juntamente com sua esposa Solange e seus dois filhos há alguns
anos moravam num vilarejo muito pobre, um lugar onde não havia luz e nem
água. Também não tinha banheiro.

E ele compartilhou conosco a alegria de Deus ter providenciado uma casa,


um terreno para plantação e ele com sua esposa puderam nos oferecer um
belo de um almoço com água gelada e até sobremesa de maracujá. Ele nos
contou emocionado que desejava ardentemente este dia e ele chegou. Ele nos
lembrou das lutas que teve no passado, mas como um processo de
amadurecimento na vida e uma demonstração do cuidado de Deus na vida
dele e da sua família.

E agora no presente mesmo com lutas de um começo, pois, ele recebe apenas
R$ 75,00 do governo e um pouco de valores da venda de alface e tomate.
Mas, ele fala do passado com graça e do presente como um mover de Deus
na sua vida e fala do futuro com esperança totalmente centrada em Deus.

Isto é sabedoria para vida, isto é modelo de alguém que não calunia a ação e
o mover de Deus na vida. Diferentemente de pessoas que praguejam dizendo
que os dias passados foram melhores e que hoje é uma crise terrível. Seja lá
como foi o nosso passado não podemos nos esquecer que é sábio nos lembrar
do mover de Deus na nossa vida sempre.

Salomão diz que boa é a sabedoria havendo herança e de proveito para os que
vêem o sol. Ele afirma que a sabedoria protege como protege o dinheiro, mas
o proveito da sabedoria é que ela dá vida ao seu possuidor.

Ele fala da questão da prosperidade na vida como algo bom, mas a ênfase
dele é que a sabedoria é imprescindível para o coração. Mesmo porque ele diz
em Provérbios que o princípio da sabedoria é o temor a Deus. Ele diz que a
riqueza maior na vida de uma pessoa é a sabedoria divina.
Ele trabalha a idéia que a sabedoria protege como protege o dinheiro. Ou
seja, o dinheiro pode resolver certos problemas que causam perturbações em
nós, mas a sabedoria serve de sinônimo de conhecimento e é um elemento
espiritual que confere vida a nós.

Por isso, ele afirma em Provérbios 4.13: Retém a instrução e não a largues;
guarda-a porque ela é a tua vida. Salomão diz no capítulo 7.19: A sabedoria
fortalece ao sábio, mais do que dez poderosos que haja na cidade. Ele ainda
diz neste capítulo 7.25: Apliquei-me a conhecer e a investigar e a buscar a
sabedoria e meu juízo de tudo e a conhecer que a perversidade é insensatez e
a insensatez loucura.

Interessante que no original hebraico a palavra proteção tem a ideia de


sombra. O homem era protegido do sol quente e dos processos difíceis da
vida. Salomão usa esta mesma ideia em relação à sabedoria. Ela nos protege e
nos guarda sempre. A sabedoria nos faz viver com graça na presença do
criador. Ela não nos permite ser insensatos e imprudentes na vida. Ela é a
proteção de uma vida sem temor e reverência diante do nosso Senhor.

O terceiro princípio importante é:

Deus é absoluto e soberano na nossa vida Salomão afirma em Eclesiastes


7.13-14: Atenta para as obras de Deus, pois quem poderá endireitar o que ele
torceu? No dia da prosperidade, goza do bem, no dia da adversidade,
considera em que Deus fez tanto este como aquele, para que o homem nada
descubra do que há de vir depois dele.
Este texto nos convida para uma ponderação muito séria sobre Deus como
causa de todas as coisas. Salomão nos convida a atentar para as obras de
Deus, para a criação de Deus como aquele que fala e tudo acontece. Como
aquele que dirige e controla todas as situações do Universo.
Sabemos bem que o humanismo foi levado às suas últimas conseqüências
naturais. Ele se rebaixou até aquele ponto, visualizado por Leonardo da Vinci
há muito tempo, quando ele se deu conta de que, se partirmos tão somente do
homem, a matemática nos leva a nada mais do que particulares — e dos
particulares só podemos deduzir coisas mecânicas.
A grande verdade é que o humanismo alterou o Salmo 23. Ele começa assim:
Eu sou o meu pastor, então — as ovelhas são o meu pastor. Então — tudo é o
meu pastor. Finalmente — nada é o meu pastor (SCHAEFFER, Francis.
Como viveremos. São Paulo: CEP, 2003, p. 153).
O humanismo trouxe um problema sério para a nossa cultura moderna,
vivemos em função de nós mesmos. O ser humano se esqueceu de quem
domina o universo e controla todas as coisas.
É Deus quem efetua aquilo que quer e exatamente, por isso, devemos seguir o
conselho de Salomão quando nos convida a atentar para as suas obras.
Quando atentamos para Deus e as suas obras, percebemos que não dirigimos
os planos e estratégias da nossa vida, é Deus quem dirige e ponto final.
Esta questão de atentar para as obras de Deus e nelas percebermos a
soberania e majestade de Deus parece conflitar com o conforto e o desejo
pelo sucesso numa perspectiva humanista e indivualista das pessoas.
Perspectiva esta que anestesia especialmente aqueles que têm medo de um
mergulho para dentro de si mesmos e que preferem paliativos para não
aceitarem em hipótese alguma que existe um Deus que é maior que o
humanismo falido e do que qualquer teoria que insiste em dizer que Deus não
existe. E que somos senhores da vida e do destino.
O que o homem natural precisa aprender é que os valores cristãos não podem
ser aceitos como se eles representassem algum tipo de utilitarismo superior,
só como um meio para um fim. Quando olhamos a mensagem bíblica
percebemos que ela é tão séria e tão profunda, que demanda
comprometimento com a verdade. Isso significa que tudo não é o resultado
do impessoal, mais tempo, mais acaso, mas existe um Deus infinito-pessoal
que é o criador do Universo, do tempo e espaço.
Isto significa a o recebimento de Cristo como Salvador e muito mais, como
Senhor. Isto significa viver debaixo da revelação de Deus sabendo que ele é
Senhor dos senhores (SCHAEFFER, 2003, p. 178).
Salomão nos ensina neste texto que Deus comanda a história e jamais passou
o comando para alguém. Por vezes dizemos que resolvemos tudo, esperamos
que as coisas acontecerão do jeito que queremos.
Decidimos os rumos da vida achando que tudo sairá na mais perfeita ordem.
E não é bem assim. Deus está no controle da vida. Ele tem a última palavra
para nós. Deus tem todo o mosaico da nossa vida em suas mãos.
Salomão afirma no versículo 13: Atenta para as obras de Deus, pois quem
poderá endireitar o que ele torceu? Não tem jeito, Deus é soberano e realiza
aquilo que intenta fazer da maneira que ele bem entender, do jeito que ele
quiser porque ele é absoluto.
Salomão afirma no versículo 14: No dia da prosperidade, goza do bem, no dia
da adversidade, considera em que Deus fez tanto este como aquele, para que
o homem nada descubra do que há de vir depois dele.
Quando leio este texto me lembro da vida de Davi. Olhando para esta vida
percebemos alguém que andou no centro da vontade Deus e entendeu os
propósitos e direção de Deus para o seu coração.
O texto de Atos 13.22 afirma que ele fez tudo segundo a vontade de Deus. E
todas as vezes que Davi quis andar por sua própria vontade, ele se deu mal.
Mas, percebemos na sua jornada que ele aprendeu a ver Deus em tudo.
Quando ele ganhou as batalhas ele dizia que Deus tinha realizado aquilo.
Quando ele foi humilhado por Simei, ele reconheceu que aquele dia mal foi
um processo de Deus na sua vida. E quando Abisai pede para tirar a cabeça
de Simei, Davi diz: Deixai-o amaldiçoar, pois se o Senhor lhe disse:
Amaldiçoa a Davi, quem diria: Por que assim o fizeste?
É Deus quem realiza aquilo que deve ser feito na nossa vida seja o processo
em que ele mostra a sua bondade, ou seja, no momento em que ele mostra a
sua correção.
Saibamos desta verdade: Deus está no comando da história de ontem, de hoje
e de amanhã. Ele é Senhor absoluto ao contrário do que Karl Marx achava,
que o ateísmo era uma necessidade, já que todas as religiões apoiavam as
injustas estruturas sociais. Mal sabia que o seu marxismo viria apoiar as
estruturas sociais injustas.
Deus está no comando da história ao contrário do que Friedrich Nietzsche
achava, que Deus estava morto e tudo era permitido (PALAU, Luis. Deus é
essencial. São Paulo: United Press, 2001, 93).
Não, Deus está vivo e Nietzsche morto e todas as coisas são possíveis na
direção e vontade eterna de Deus. Deus é o Senhor santo, onisciente,
onipotente e absolutamente soberano na vida e em todos os acontecimentos
dela.

Para refletir e viver


• A salvação é a completa comunhão com Cristo que morreu por nós.
• A sabedoria nos faz viver com graça na presença do criador. Ela não nos
permite ser insensatos e imprudentes na vida. Ela é a proteção de uma vida
sem temor e reverência diante do nosso Senhor.
• Deus está no comando da história de ontem, de hoje e de amanhã. Ele é
Senhor absoluto de tudo e de todos. Que Deus nos derrame graça para
entendermos os aspectos da eternidade, a necessidade da sabedoria e que
Deus é absoluto e soberano.
3 Filme: Encontro Marcado. (Meet Joe Black, EUA - 1998). Atores: Brad Pitt (Joe Black). Anthony
Hopkins (William Parrish). Claire Forlani (Susan Parrish). Direção: Martin Brest.

C a p í t u l o 13
A sabedoria traz equilíbrio para a vida
(Eclesiastes 8.1-9)

Temos um caminho a percorrer na vida cristã que é o da sabedoria e do


entendimento verdadeiros. Só podemos trilhar por ele mediante muitas
renúncias pessoais, porém, nele está a vida.

A cada passo, mais aprendemos da sabedoria e adquirimos o entendimento.


Fora deste existem os descaminhos. Enquanto aquele caminho é divino e nos
leva para Deus, esses descaminhos são criações humanas, começam no
homem e terminam no homem. Não há sabedoria e nem entendimento,
somente sagacidade travestida de senso de sobrevivência.

O caminho do Senhor é perfeito diz Davi no Salmo 18.30. A sabedoria se


deixa alcançar e o entendimento vem ao nosso encontro. Enquanto que os
descaminhos nos conduzem a abismos profundos, o Caminho nos leva as
maiores alturas porque tem a ver com a Palavra de Deus, com o Reino de
Deus.

Aprender de Deus é caminhar para ele, amá-lo e se unir a ele. Quando


caminhamos com Deus percebemos que perdemos o medo que nos impedia
de amar, porque fomos inundados com o amor divino, o amor que desce do
céu ao nosso coração.

Neste texto, Salomão trabalha a ideia deste caminho da sabedoria que faz o
homem reluzir e até muda a dureza do seu rosto. Ele trabalha a ideia que o
homem que guarda o mandamento não experimenta o mal e conhece o tempo
e o modo.

Quais os princípios para a vida?


O primeiro princípio que aprendemos é:

A sabedoria divina nos conduz para um equilíbrio na vida


Salomão afirma no versículo 1: Quem é como o sábio? E quem sabe a
interpretação das coisas? A sabedoria do homem faz reluzir o seu rosto e
muda-se a dureza da sua face.
Um homem sábio discerne as coisas diante de Deus. Ele anda na trajetória da
humildade e por isso, consegue resolver com a graça de Deus os problemas
crônicos da vida. E sabe ser dócil nas horas de profunda perturbação. E a
idéia de uma pessoa que tem as soluções sérias e com conteúdo de tal
maneira que tem um rosto reluzente.
Quando somos tocados pela sabedoria divina, o nosso rosto reluz mesmo que
tenhamos durezas da vida. E durezas tais que nos fazem endurecer a face. A
ideia que Salomão apresenta aqui é de uma pessoa que tem as soluções
através de um rosto que encanta as pessoas com graça e amor.
É exatamente isto que a sabedoria produz em nós quando andamos em
sintonia com Deus. A sabedoria divina nos dá equilíbrio para lidar com
qualquer situação que vem sobre nós. Seja uma situação de conflitos
profundos ou um caso de morte. Trabalhamos com o equilíbrio e a paz que
vêm do céu.
Paulo, na sua carta de 1 Coríntios 1.18-29 fala da sabedoria que é a
capacidade vinda da parte de Deus parta discernirmos a sabedoria do mundo
que é humana, fadada a loucura diante dele.
Ele nos ensina que a palavra da cruz para os que perecem é uma loucura.
Mas, para nós que temos este sabedoria divina dentro de nós é o poder de
Deus.
Paulo diz: Porque a palavra da cruz é deveras loucura para os que perecem;
mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito:
Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a sabedoria e o entendimento
dos entendidos. Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o questionador
deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?
Visto como na sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria não conheceu a
Deus, aprouve a Deus salvar pela loucura da pregação os que crêem. Pois,
enquanto os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos
a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos,
mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo, poder de
Deus, e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia que os
homens; e a fraqueza de Deus é mais forte que os homens. Ora, vede, irmãos,
a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos
os poderosos. Nem muitos os nobres que são chamados. Pelo contrário, Deus
escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus
escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu
as coisas ignóbeis do mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir
a nada as que são; para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus.
Em 1 Coríntios 2.6-16 Paulo fala novamente acerca da sabedoria. Ele fala da
sabedoria não do mundo e nem dos príncipes deste mundo que são reduzidos
a nada. Mas Paulo fala da sabedoria de Deus em mistério, que esteve oculta, a
qual Deus preordenou antes dos séculos para nossa glória. Ele fala da
sabedoria do Espírito, porque como ele diz: O Espírito esquadrinha todas as
coisas, mesmos as profundezas de Deus (1 Coríntios 2.10).
E Paulo mostra que só temos a capacidade de compreender a vontade de
Deus e propósito de Deus para a nossa vida através do Espírito que provém
de Deus. É por meio dele que compreendemos as coisas que nos foram dadas
gratuitamente por Deus. É o Espírito santo que nos dá a graça de comparar
coisas espirituais com espirituais (1 Coríntios 2.13).
Percebamos que Salomão deseja que aprendamos da sabedoria para entender
as palavras da inteligência a fim de obtermos ensino do bom proceder, para
aprendermos a justiça, o juízo, a equidade. É uma sabedoria que dá prudência
aos simples e a nós como cristãos nos dá conhecimento e bom siso. Como
estamos diante disto? Temos buscado sabedoria para entendimento, para
tomarmos decisões sábias e prudentes?
Temos buscado sabedoria nos relacionamentos, no procedimento na escola?
Temos buscado sabedoria na nossa fala, no nosso comportamento? As
pessoas percebem que o nosso rosto reluz por causa da sabedoria divina em
nós?
A sabedoria divina nos faz observar o mandamento do rei na presença de
Deus. A sabedoria divina nos faz andar com os sábios. Que busquemos essa
sabedoria para a nossa vida sempre!
O segundo princípio que aprendemos é:

A sabedoria divina nos faz discernir o tempo e o modo


Salomão afirma no versículo 5: Quem guarda o mandamento não
experimenta nenhum mal e o coração do sábio conhece o tempo e o modo.
Quem é o sábio que Salomão nos apresenta aqui?
O sábio é aquele que guarda o mandamento. Este sábio discernirá o tempo e o
modo. Este saberá a hora certa de agir na vida. Aliás, é a idéia que Salomão
vem trabalhando sobre a verdadeira sabedoria diante do criador.
Porque a verdadeira sabedoria do homem faz reluzir o seu rosto. A verdadeira
sabedoria faz o homem andar com uma visão do tempo e modo.
Quando andamos no temor e na reverência para com a Bíblia, entendemos os
fatos, entendemos as pessoas da melhor maneira e entendemos melhor os
nossos próprios dilemas. Aprendemos a enxergar a vida sabendo que para
todo propósito há tempo e modo (versículo 6).
Salomão fala muito sobre isto no capítulo 3 de Eclesiastes como já vimos. Há
tempo e modo para tudo na face da terra e Deus nos dá graça para
experimentarmos tudo, mesmo diante da miséria do homem que pesa sobre
ele. Porque uma verdade inquestionável dentro de nós é que não sabemos o
que acontecerá conosco.
Então o que devemos fazer?

Não sabemos o dia de amanhã, então descansemos na bondosa mão do


Pai
Sabedoria divina é entender que podemos discernir alguns movimentos da
vida com o auxílio da graça de Deus.
Mas, afirma Salomão, não sabemos o que acontecerá conosco. O futuro não
pertence a nós. Ele é prerrogativa do dono da nossa existência.
É como Davi nos mostra no Salmos 139. 13-18: Pois possuíste o meu
interior; entreteceste-me no ventre de minha mãe. Eu te louvarei, porque de
um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas
obras, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram
encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas
profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no
teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia-a-dia
formadas, quando nem ainda uma delas havia. E quão preciosos são para
mim, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grande é a soma deles! Se os
contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo, ainda
estou contigo (Salmos 139).
Davi começa a relatar a grandeza e o poder de Deus na criação. Davi poderia
muito bem fazer uma apologia da criação e das obras do Senhor na natureza,
no céu, no mar e nas estrelas. Mas, ele retrata a grandeza e o poder de Deus
naquilo que é mais sublime, mais extraordinário, o ser humano.
Davi diz que Deus o formou, o criou e o produziu. Diz que Deus o teceu, ou
seja, o conheceu, o sondou no ventre da sua mãe. Deus com cuidado
observou cada detalhe da formação de Davi no ventre de sua mãe. Ele diz no
versículo 14 que louvará ao Senhor porque de um modo terrível e
assombroso ele fora formado. Davi diz que as obras de Deus são
maravilhosíssimas e a alma dele o sabe muito bem.
No versículo 15 ele diz que os seus ossos não foram encobertos quando no
mais profundo do ventre de sua mãe ele foi formado. No versículo 16 ele diz
que os olhos de Deus viram à formação inicial do corpo de Davi; diz que no
livro de Deus todas estas coisas foram escritas.
No versículo 17, Davi enaltece novamente a grandeza de Deus dizendo que
os pensamentos de Deus são preciosos e grandes são as somas deles. Qual a
ideia inserida nisto? É que Deus tem tudo em suas mãos porque ele nos criou.
Ele sabe o que acontecerá conosco. A nossa vida e todo o nosso tempo estão
diante dele.
Como afirma Max Lucado no seu livro a Grande casa de Deus:

“Aceite o conselho de Paulo e "ore sem cessar". Nunca perca de vista a casa
de Deus. Quando estiver preocupado com as suas contas, vá até a cozinha de
Deus. Quando estiver se sentindo mal por causa de um erro, levante os olhos
ao telhado. Quando visitar um novo cliente, sussurre uma oração ao entrar no
escritório: "Venha o teu reino para este lugar". Quando achar-se numa
reunião tensa, mentalmente, caminhe até a fornalha e ore: "Deixe a paz do
céu ser sentida na terra" (LUCADO, Max. A grande casa de Deus. Rio de
Janeiro: CPAD, 2004, p. 121).

Vivamos as realidades de hoje com sabedoria e graça divina


Salomão diz que aplicou o seu coração a conhecer a sabedoria e a ver o
trabalho que se faz sobre a terra. E o texto afirma no versículo 17 que então
ele contemplou toda obra de Deus e ele viu que o homem não pode
compreender a obra que se faz debaixo do sol.
No capítulo 10.10, Salomão diz que se estiver embotado o ferro, e não se
afiar o corte, então se deve pôr mais força; mas a sabedoria é proveitosa para
dar prosperidade. O que aprendemos com isto?
É que a sabedoria é como o fio dos ferros de cortar. Sem um fio é preciso
muito mais esforço para que o corte seja feito. Os homens usam um rebolo
para afiar machados, a fim de torná-los instrumentos mais cortantes. A
sabedoria do dia-a-dia é como um instrumento de bom corte (CHAMPLIN,
2005, p. 2735).
A sabedoria nos faz enfrentar as realidades complicadas da vida e nos deixa
pacientes e afiados no meio das circunstâncias difíceis da vida. Salomão no
capítulo 10.12 diz que as palavras da boca do sábio são cheias de graça, mas
os lábios do tolo o devoram.
Ele afirma no versículo 13 que o princípio das palavras da sua boca é
estultícia, e o fim do seu discurso é loucura perversa. Esta é a realidade que
devemos experimentar porque aquele que anda com Deus recebe a sabedoria
que produz vida nos lábios e se tornam cheias de graça. Ao contrário, aquele
que não anda com Deus tem a destruição por meio da sua própria loucura.

Para refletir e viver


• Quando somos tocados pela sabedoria divina, o nosso rosto reluz mesmo
que tenhamos durezas da vida.
• Quando andamos no temor e na reverência para com a Bíblia, entendemos
os fatos, entendemos as pessoas da melhor maneira e entendemos melhor os
nossos próprios dilemas.
• A sabedoria nos faz enfrentar as realidades complicadas da vida e nos deixa
pacientes e afiados no meio das circunstâncias difíceis da vida.

Que Deus tenha compaixão de nós e nos dê esta sabedoria do céu!

C a p í t u l o 14
Tenhamos uma vida pura diante de Deus
(Eclesiastes 9.8)

Há alguns anos atrás li o livro Praticando a Presença de Deus, e ele fala


sobre a vida do Irmão Lawrence e de Frank Laubach. Pouco se sabe sobre o
Irmão Lawrence. Ele nasceu em Lorraine, França, em 1611.

De família pobre, aos 18 anos de idade se converteu a Cristo. Mais tarde,


tornou-se soldado e, depois, um lacaio (um empregado que abria a porta de
carruagens, servia a mesas, etc.).

Em 1666, quase aos 55 anos, entrou para uma comunidade religiosa


conhecida como os Carmelitas, localizada em Paris. Por volta de 1651, sua
experiência com Cristo passou por algum tipo de mudança. A partir desse
momento, ele andou na presença de Deus. Tornou-se um “irmão leigo” entre
estes devotos descalços de Cristo. Foi entre eles que recebeu o nome de
Irmão Lawrence.

Passou 25 anos nessa comunidade e lá morreu aos 80 anos, em 1691. Durante


os anos em que serviu, trabalhou a maior parte do tempo na cozinha do
hospital. Tornou-se conhecido dentro da comunidade e depois fora dela, por
sua fé comedida e serena, e por sua simples experiência da “presença de
Deus”.

Por fim, pessoas de outras partes da França passaram a interrogar o Irmão


Lawrence sobre o modo como elas poderiam alcançar uma realidade
espiritual (LAWRENCE, 2004, pp. 15 e 16).

Muitas pessoas viram a cópia de uma das cartas do Irmão Lawrence e


manifestaram o desejo de ver outras. Para atender a esses pedidos, tomou-se
cuidadoso ao coletar o maior número possível de cartas escritas pelas
próprias mãos do Irmão Lawrence.

Todo cristão encontrará nestes escritos muitas recomendações para sua


edificação. Aqueles que estão no mundo descobrirão, lendo essas cartas,
quanto estavam enganados, à procura de paz e alegria no brilho falso das
coisas que podem ser vistas e que, não obstante, elas são temporárias
(LAWRENCE, 2004, p. 16).

Quanto à vida deste homem, sabemos que ele andou de maneira séria com
Deus e em santidade de vida. Não é por acaso que este livro já vendeu mais
de 22 milhões de cópias.

A vida de Frank Laubach tem algo precioso também. Frank nasceu nos
Estados Unidos no dia 2 de setembro de 1884, quase 200 anos após a morte
do Irmão Lawrence. Quarenta e cinco anos mais tarde, Frank Laubach estava
servindo como missionário nas Filipinas. Embora tenha realizado muitas
coisas louváveis nesses 45 anos, entre elas um ministério realmente notável e
cheio de fé entre os muçulmanos no sul das Filipinas, temos de admitir que
ele foi um soldado da cruz relativamente desconhecido.

Foi nesta época, aos 45 anos de idade, que Frank Laubach deu início à prática
de permanecer na presença de Cristo. É interessante perceber que, 40 anos
depois, quando deu o que considerava um passo muito pequeno, por causa do
tempo, em direção à eternidade, Frank Laubach morreu. Aos 85 anos ele era
um dos homens mais conhecidos e mais queridos do século XX
(LAWRENCE, 2004, p. 18).

Tentar dizer quem foi Frank Laubach ou mesmo resumir sua vida em um
espaço tão pequeno é simplesmente impossível. Ele foi o homem mais
viajado dos tempos modernos. Ficou conhecido em quase todos os lugares da
terra. Inúmeras honras lhe foram concedidas; entretanto, na ocasião em que
recebeu o famoso prêmio “Homem do Ano”, disse humildemente: “O Senhor
não quer contar meus troféus, mas minhas cicatrizes.”

Ele escreveu mais de 50 livros, muitos deles best-sellers que tiveram uma
influência de escala mundial. Foi, talvez, o maior educador dos tempos
modernos e foi apontado por muitas pessoas como uma das figuras mais raras
do século.

As realizações de sua vida são quase intermináveis. No entanto, os melhores


momentos da vida desse incrível homem levam a uma adorável, solitária e
pequena colina, atrás da choupana em que vivia na ilha de Mindanao.
Frank Laubach escreveu suas experiências durante esses dias, em uma série
de cartas para seu pai, das quais condensamos estes escritos (LAWRENCE,
2004, p. 19). Quando olhamos para a vida e entrega destes dois homens,
percebemos que eles tiveram vida com Deus. Eles foram homens de vestes
alvas e nunca faltou o óleo sobre a cabeça deles.

O que aprendemos neste texto?


Precisamos de pureza e santidade diante de Deus

Salomão disse no capítulo 9.8 de Eclesiastes: Sejam sempre alvas as tuas


vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça.
Salomão aplica uma realidade da época para a vida moral e santa na
caminhada cristã. Os homens e as mulheres iam para as festas com vestes
brancas porque era um sinal de excelência. O óleo era um aspecto importante
nas festas. Os convidados numa festa recebiam o ungüento nos pés e na
cabeça. Era um ato que para o povo de Israel era feito na unção de um
sacerdote representando a pureza.
Talvez para alguns, esta fala de Salomão só tenha o sentido de relacionar o
contexto da festa. Mas, creio que ele quer nos falar sobre a conduta diante de
Deus. Porque em seguida ele fala do tempo que devemos desfrutar da vida e
que devemos fazer todos os projetos conforme as nossas forças. Porque um
dia partiremos desta terra. Então a prática da vida deve ser com excelência e
santidade.
Para termos vestes brancas na presença de Deus precisamos de obediência.
Esta era uma palavra muito comum em Israel. E não é por acaso que no
capítulo 1 da I Epístola de Pedro ele usa a expressão hebraística “filhos da
obediência”. Porque ser filho da obediência significa assumir ou ter
obediência por característica pessoal.
Ser filho da obediência é se caracterizar por levar uma vida que expressa
obediência a Deus. Ser filho da obediência no contexto judaico é andar em
conformidade com a Lei de Deus, é andar em conformidade com a vontade
de Deus.
A Bíblia diz em 1 Samuel 15.22: Porém, Samuel disse: Tem porventura o
Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à
Palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o
atender melhor do que a gordura de carneiros.
Será que as nossas vestes estão alvas, brancas diante de Deus? Será que
levamos a palavra obediência em conta na caminhada diária? Será que
valorizamos a vontade de Deus refletindo o seu caráter aqui na terra? Será
que as pessoas nos vêem como pessoas cujas vestes são brancas?
Frank Laubach tinha consciência de que Deus trabalhava nele. E ele dizia que
sabendo disto, o que cabia a ele, era viver numa conversa constante e íntima
com Deus e ser totalmente sensível à vontade de Deus (LAWRENCE, 2004,
p. 25). Ele queria cumprir a vontade de Deus de maneira perfeita e por isso,
tinha o desejo de estar na presença de Deus com vestes limpas.
Você já parou para meditar em Apocalipse 7.9?
O texto afirma: Depois destas coisas olhei, e eis uma grande multidão, que
ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, que
estavam em pé diante do trono e em presença do Cordeiro, trajando
compridas vestes brancas, e com palmas nas mãos.
Será um dia glorioso e precioso, quando Cristo vier e nos levar para estar
com as vestes totalmente limpas e alvas. Então, enquanto estamos aqui na
terra, devemos buscar esta vida mais próxima do eterno Deus.
É relevante demais falarmos sobre vestes brancas. Porque a conotação é
sempre com santidade. No livro de Isaías capítulo 1, Deus fala para o povo a
respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, e Ezequias, reis
de Judá. Ele fala que o boi conhece o seu possuidor e o jumento a
manjedoura do seu dono. Mas, Israel não tem conhecimento, o seu povo não
entende.
O versículo 4 afirma que Israel é uma nação pecadora, povo carregado de
iniqüidade, descendência de malfeitores, filhos que praticam a corrupção!
Deus afirma que a nação deixou ao Senhor, desprezou o Santo de Israel.
Então vem a advertência para o povo no versículo 10: Ouvi a palavra do
Senhor, governadores de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de
Gomorra.
Deus rejeita a multidão dos sacrifícios. Deus diz que, quando o povo estende
as mãos, Deus esconde os seus olhos e que não ouviria as orações. Porque as
mãos de todos estavam cheias de sangue. E a palavra através do profeta Isaías
era: Lavai-vos, purificai-vos; tirai de diante dos meus olhos a maldade dos
vossos atos; cessai de fazer o mal; aprendei a fazer o bem; buscai a justiça,
acabai com a opressão, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva.
Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam
como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam
vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã (versículos 16-18).
Isaías nos apresenta o modelo da santidade que torna as nossas vestes alvas
como a neve. Assim, ter vestes alvas como a neve é viver não de maneira
suja, ao contrário, é ter uma vida santa, pura, reta diante de Deus que é o
grande modelo para a santidade.
E esta diferença só acontece quando o Espírito Santo realiza ou concretiza a
nossa chamada, ou seja, a regeneração. Pois, sem a regeneração no coração
seria impossível sermos santos, ou tornados santos em Cristo Jesus. Claro que
não somos iguais a Deus em santidade, pois, ela em Deus é incomparável.
Deus não pode ser o que é sem ser santo.
A nossa santidade tem a ver com a maneira como vivemos na nossa vida
moral, no procedimento, na conduta e no caráter geral da vida diária.
A Bíblia diz em Mateus 5.48: Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o
vosso Pai celestial. Esta citação é do Velho Testamento - Levítico 19.2, em
que Deus exigia do seu povo santidade total.
O judaísmo convocava a todos os homens à santidade; esta convocação,
porém, era obscurecida pelo legalismo dos religiosos da época. Porque eles
mostravam uma santidade em guardar as coisas exteriores. Mas, o alvo da
santidade do Velho Testamento e do Novo Testamento é uma santidade
semelhante a do Senhor Jesus que cumpriu a Palavra de Deus.
O mínimo que Deus espera de nós é a santidade.
A santidade é uma característica singular para seguirmos a carreira cristã. A
santidade é um processo do nosso dia-a-dia. À medida que nos
desenvolvemos diante da vontade de Deus, tornamo-nos pessoas mais
próximas do Pai e distantes das coisas terrenas.
O ser santo não quer dizer que seremos pessoas sem nenhum pecado como
foi o nosso mestre. Ser santo aqui é estar completamente dotado, totalmente
desenvolvido para os aspectos espirituais. Ser santo é estar inteiramente
relacionado com o Senhor Deus; é amá-lo profundamente com toda a nossa
vida.
É como a frase de Frank Laubach que diz: “Após uma hora de amizade
íntima com Deus, minha alma se sente limpa, como a neve que acabou de
cair” (LAWRENCE, 2004, p. 33).
Interessante avaliarmos a questão de santidade na vida do sumosacerdote de
Israel. Ele tinha que dar grande ênfase à santidade diante de Deus. Havia uma
coroa de ouro que se chamava “A Coroa da Santidade”, numa lâmina de
ouro; na coroa tinha gravado a seguinte frase: Santidade ao Senhor. Portanto,
quando Aarão entrava no lugar chamado “Santo dos Santos”, ele ia com esta
idéia na sua própria mente, de que Deus exigia santidade total do sumo
sacerdote.
Pedro disse: Vós sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo (1 Pedro
2.5). Em 1 Pedro 2.9 ele diz: Vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a
nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Em 1 Pedro3.5 ele diz: Antes
santificai a Cristo em vossos corações.
Paulo também fala ao jovem pastor Timóteo: Ora, numa grande casa não há
somente utensílios de ouro e de pra¬ta; há também de madeira e de barro.
Alguns, para honra; outros, porém, para desonra. Assim, pois, se alguém a si
mesmo se puri¬ficar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil
ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra. Foge, outrossim, das
paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de
coração puro, invocam o Senhor 2 Timóteo 2.20-22) (grifos meus).
A figura que Paulo traz é clara. Toda casa é normalmente equipada com
vasilhas de diferentes tipos, como potes, panelas e coisas semelhantes. A
ideia é que há os utensílios de ouro e de prata, para uso de honra,
possivelmente para ocasiões especiais, e particularmente para o serviço
pessoal do Senhor da casa. Mas, há também os de madeira e de barro, os
quais, à parte de serem de qualidade mais barato, são reservados para o uso
comum, na cozinha e na copa.
Qua a alusão de Paulo nesta metáfora?
Quase não há dúvida de que "a grande casa" é a casa de Deus, a igreja visível.
E Paulo nesta visão deseja que o jovem pastor se preocupe como obreiro
cristão que preencha a condição mencionada.
Ele quer que Timóteo se purifique a fim de ser um vaso para uso nobre. Para
isto acontecer ele precisa ser santo, permanentemente separado, ele precisa
ser útil diante de Deus e preparado para toda boa obra.
Timóteo precisa se apartar da injustiça porque ele professa o nome do Senhor
na sua vida. E ele deve fugir das paixões da mocidade. Mas, como ele faria
isto? Paulo responde no versículo 22:

Fugindo das paixões da mocidade:


O apóstolo procura que Timóteo deve tomar cuidado com concuspiscência
sexual. Ele deve tomar cuidado com a ambição egoísta, com a arrogância e,
enfim, a todos os caprichosos impulsos da juventude. Isto é extremamente
importante para a ideia que trabalho no texto de Eclesiastes. Veste brancas
tem a ver com esta postura de resistir as propostas e paixões da mocidade. A
liberação geral no comportamento dos jovens tem levado famílias a
destruição. Porque alguns rapazes se envolvemram com dorgas, moças de
prostituiram e se entregaram aos prazeres que a mocidade oferce. Cuidado
jovens! É preciso fugir das paixões que nos atrapalham na caminhada com
Deus.

Seguindo a justiça:
A grande ênfase da Escritura é que Deus escolhe vasos limpos, "instrumentos
de justiça" (Romanos 6.13). Ele escolhe estes vasos para o uso santo e para o
cumprimento de seus propósitos.
Não há dúvida de que na exortação de Paulo a Timóteo ele ordena que este se
purifique, se é que deseja ser apto para o uso do Mestre. E para isto acontecer
ele precisa se envolver com a prática da justiça. Ele precisa ser um jovem de
atos corretos na vida.

Seguindo as características essenciais do cristão: a justiça, a fé, o amor, e


a paz:
Se as crianças, os jovens e adultos querem viver com vestes brancas precisam
atentar para esta verdade. Devemos segui-las na visão da purificação do
nosso coração diante de Deus. Porque assim, poderemos com um coração
puro invocar o Senhor. Poderemos ter a fome e sede de justiça e poderemos
ter uma sinceridade autêntica.
Temos de perseguir com diligência, a justiça, a fé, o amor e a paz porque isto
será evidencia de que temos vestes santas, alvas e limpas diante de Deus. E as
pessoas nos olharão como os embaixadores do Reino de Deus. E o seu nome
será glorificado através da nossa vida.
Há uma frase dita pelo Dr. J. I. Packer no seu Livro Na Dinâmica do Espírito
que deve nos levar a uma grande reflexão: “A maior necessidade do mundo é
a santidade pessoal do povo que se diz cristão” (PACKER, 1991, p. 100).
Como estamos diante destas questões sobre a vida de santidade que Deus
requer de nós?
Temos andado com obediência aos padrões da Palavra de Deus? Temos sido
diferentes no nosso estilo de viver?
Temos praticado a justiça, a paz, o amor e a fé?
As pessoas nos vêem como vasos de honra?
As pessoas percebem pureza de vida em nós?
Temos tido a consciência do Deus santo que exige o mínimo de nós que é a
santidade?
Frank Laubach afirma:

“Não precisamos de arte nem de ciência para ir até Deus. Tudo o que
precisamos é de um coração firmemente determinado a não se dedicar a outra
coisa que não seja a ele, por amor a ele e tão somente amá-lo”... “Nossa
santificação não está na mudança de nossas obras, mas em fazer, por amor a
Deus todas aquelas coisas que normalmente fazemos por nós mesmos”
(LAWRENCE, 2004, pp. 77 e 80).

Para refletir e viver


• Ser filho da obediência é se caracterizar por levar uma vida que expressa
obediência a Deus.
• O mínimo que Deus espera de nós é a santidade. A santidade é uma
característica singular para seguirmos a carreira cristã.
• O ser santo não quer dizer que seremos pessoas sem nenhum pecado como
foi o nosso mestre.
• Ser santo aqui é estar completamente dotado, totalmente desenvolvido para
os aspectos espirituais.
• Ser santo é estar inteiramente relacionado com o Senhor Deus; é amá-lo
profundamente com toda a nossa vida.

Que reflitamos sobre isto e peçamos ao Senhor para que derrame a graça de
vivermos na presença dele de maneira santa e irrepreensível!

C a p í t u l o 15
Façamos tudo que está ao nosso alcance no
Reino
(Eclesiastes 9.1-10)

Interessante que Salomão começa o capítulo 9 dizendo que tudo sucede


igualmente para todos, inclusive a morte. Ele entende que os justos e os
sábios e as suas obras, estão nas mãos de Deus. Ele mostra que se é amor ou
se é ódio, não o sabe o homem; tudo passa perante a sua face.

Salomão apresenta o quadro de que tudo sucede igualmente a todos: o mesmo


sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao mau, ao puro e também ao impuro.
Ele mostra que também o coração dos filhos dos homens está cheio de
maldade.

Salomão diz que para aquele que está na companhia dos vivos há esperança;
porque melhor é o cão vivo do que o leão morto. Sobre a morte Salomão diz
que os vivos sabem que vão morrer, mas os mortos não sabem coisa alguma e
nem terão recompensa, pois, a sua memória jaz no esquecimento.

O conselho para os vivos é para ir, comer com alegria o pão e beber com
alegria o vinho. A sua palavra no versículo 5 é: Pois os vivos sabem que
morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles
daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao
esquecimento.

Seria interessante testemunhar uma conversa dessas. De um lado da mesa


estaria o Eclesiastes, afiado para descrever as incertezas da vida. Do outro
lado, o físico Werner Karl Heisenberg, hábil para descrever as incertezas do
mundo quântico, aquele em que tudo é menor do que um átomo. Eles olham
para realidades diferentes e as descrevem com linguagens diferentes, mas a
semelhança seria notável. E nós ali, olhando tudo, ouvindo com atenção para
não perder o fio da meada.

Salomão começaria dizendo que olha para a vida e não encontra marcos
seguros e inabaláveis. Ele diria que examinou a vida com olhos críticos e nela
viu muita coisa sem sentido, procurou padrões e não os encontrou.

Ele inclusive duvida que alguém encontre algum sentido completo, um


princípio unificador que explique todos os eventos da vida. Heisenberg diria
que o mesmo vale para um elétron, por exemplo. Ele tenta medir a velocidade
de um elétron zunindo em volta do núcleo de um átomo, e consegue. Mas
quando tenta determinar com precisão a posição desse átomo, não consegue.

O máximo de precisão que conseguiria seria delimitar uma região mais


provável onde o átomo poderia estar. Para saber a posição correta, terá que
desistir da precisão na hora de medir a velocidade, e vice-versa (KIVITZ, Ed
René. O livro mais malhumorado da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 2009,
p. 151). Em Eclesiastes Salomão menciona que confia em Deus e em sua
sabedoria, mas que não consegue discernir um caminho seguro para viver
esta vida cheia de névoas de nada.

Salomão dá conselhos preciosos que quero trabalhar com vocês hoje.


O primeiro conselho é:

Devemos servir o Reino na vida sem perdemos de vista a Jesus


O texto afirma no versículo 10: Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o
conforme as tuas forças; porque no Seol, para onde tu vais, não há obra, nem
projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.
Se tudo sucede de igual modo a todos os homens, os cristãos têm um
diferencial na vida. Esse diferencial é Jesus Cristo de Nazaré. E tendo a
perspectiva de Cristo Jesus na nossa vida, nós a olhamos de maneira singular.
Olhamos para a vida como um presente de Deus para servir a Cristo na
relação com os outros. Entendemos melhor que tudo aquilo que vem a nossa
mão devemos fazer conforme nossas próprias forças dadas por Deus. O que
devemos fazer?
Devemos servir o Reino sem perder de vista a Cristo Jesus. A pergunta que
ecoa no coração da gente é: Quando perdemos o mestre da vida de vista em
nossa caminhada?

Quando permanecemos juntos, mas a nossa prioridade não é a adoração:


No livro de João – capítulo 21 os discípulos de Jesus estavam juntos, mas não
estavam focados. Eles estavam juntos, mas perdidos e sem rumo para o
coração. Perderam a noção do Reino. Estavam sem forças na vida. Estavam
totalmente cegos quanto ao propósito da morte de Jesus.
A morte de Jesus significava o rumo para a vida. Eles deveriam se preparar
para continuar a mensagem sobre o Reino e isso com toda a força do coração
deles. Eles deveriam adorar a Cristo em todo tempo mesmo sabendo que
tinha morrido. Porque ele tinha dito a eles que nele, os seus discípulos teriam
vida e plena paz.
Tudo o que está ao nosso alcance devemos fazer no Reino. E algo especial
nessa caminhada enquanto temos fôlego de vida, é a adoração que tem a ver
com uma perspectiva da vida centrada no coração de Deus. Assim não nos
importamos muito com as questões banais da vida e nos esforçamos para
adorar a Cristo. O que é adoração com toda a nossa força?
A verdadeira liturgia de adoração de uma comunidade é quando ela é
formada pela Escritura em cada item dela. E a tarefa da liturgia bíblica é
seguir os textos das Sagradas Escrituras (PETERSON, Eugene. Maravilhosa
Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 2008, p. 88).
Quando uma comunidade faz isso ela se torna cumpridora da Palavra de
Deus. E faz com toda a sua força aquilo que a Bíblia chama de adoração. Por
que falamos de adoração com toda a força?
Porque Salomão afirma nesse mesmo capítulo que o homem não sabe a sua
hora (9.12). Você não sabe a sua hora de ir embora, então sirva ao Senhor
com todo o seu coração e alma. Sirva-o em adoração com tudo o que você é e
faz.
Vocês já perceberam que muitas vezes nos acostumamos com o sagrado sem
nos envolver com o Deus sagrado. Precisamos nos derramar diante do Deus a
quem adoramos e servimos. Continuamos realizando várias tarefas para
Deus, mas sem um deslumbre com ele. O processo de fazer tudo é ter um
coração cheio de adoração.
Quando perdemos o mestre da vida de vista em nossa caminhada?

Quando nosso engajamento com a missão é substituído por nossos


interesses:
Salomão afirma que a memória dos mortos jaz no esquecimento. Vocês já
pararam para pensar sobre a idéia de correr atrás do vento que Salomão
trabalha aqui nesse livro?
Temos o interesse de fora da missão do Reino. As correrias e projetos
humanos nos afastam dos projetos divinos. A palavra de Salomão é
motivadora para fazermos ou realizarmos os interesses do Reino de Deus.
Devemos servir a Deus através das pessoas. Porque pessoas seguem pessoas.
E saibam que as pessoas seguirão sempre o nosso jeito e o estilo de vida
nosso. Elas não nos seguirão porque temos posses. Só aqueles que vivem em
função da vaidade é que vivem assim. Mas, geralmente as pessoas olharão
para como procedemos na vida
A agenda do Reino já foi dada a nós pelo mestre Jesus. Ela está em Mateus
28.19-20: Ide – fazei –batizai – ensinai a guardar tudo o que ele tem nos
ensinado. Neste sentido podemos entender a palavra sábia de Salomão: Tudo
quanto vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças.
Algo que precisamos entender é que a vida humana no sentido totalmente
terreno é incerta. Nem sempre os melhores ganham a corrida, nem sempre os
ricos têm o melhor na vida.
Nem sempre os respeitados têm os maiores prestígios da vida. A vida é
incerta e um processo jóia para nós e transportá-la sempre para a realidade
espiritual. Como?
Fazendo a agenda divina valer em nossa vida. Fazendo o que a Bíblia diz
para fazermos: amar a Deus e ao nosso próximo como a nós mesmos.
Ensinando a outros a guardar tudo o que Jesus tem nos ensinado na sua
Palavra.
Quando perdemos o mestre da vida de vista em nossa caminhada?

Quando não reconhecemos que estamos nas mãos do Senhor Jesus


sempre:
Salomão afirma no versículo 1 as seguintes palavras: Deveras, aplaquei a
todas as coisas para claramente entender tudo isto: que os justos e sábios, e os
seus feitos estão diante de Deus (nas mãos de Deus).
O texto afirma que estamos nas mãos do Senhor. Essa consciência em nosso
coração nos faz realizar tudo para ele com dependência e temor diante dele.
Muitas vezes estamos envolvidos com as coisas de Deus e não somos capazes
de perceber sua presença e perceber que estamos nas mãos dele sempre.
Lembram-se da experiência do povo de Israel. Deus estava com ele através
de uma nuvem conduzindo-o dia e noite. E ele não percebia as mãos
cuidadosas desse Deus amoroso e por isso, vivia distante da comunhão e
dependência de Deus. Viveu criando ídolos para substituir o verdadeiro
criador da vida.
O convite de Salomão é para pensarmos na realidade de que a vida é uma
convivência constante com o imponderável. Não sabemos o que nos
acontecerá, então é bom estarmos sempre tomados pela direção eterna. E
fazer tudo aquilo que está ao nosso alcance para servi-lo, pra honrá-lo, para
amá-lo e dedicar tudo a ele.
Salomão diz que os vivos sabem que morrerão (versículo 5). E é verdade, só
não sabemos quando! Então como seres vivos, podemos amar, podemos
sentir, andar, sorrir, caminhar, sonhar, beijar aqueles que amamos, ler os
textos bíblicos que estão diante de nós. Podemos cultuar, podemos fazer
movimentos para valorização da vida. Podemos viajar e curtir a família.
Podemos conversar com pessoas livremente. Podemos visitar pessoas no
hospital de dar um aperto de mão. Então tudo que vier a nossa mão para
fazer, façamos!
O segundo conselho é:

Precisamos nos deparar com a consciência de quem somos diante de


Deus.
O texto afirma no versículo 10b: Porque no Seol, para onde tu vais, não há
obra, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma. O texto diz
que para onde vamos não tem projeto, obras, conhecimento, e nem sabedoria
alguma. Ou seja, iremos para o pó, do lugar de onde viemos. Diante desta
realidade nua e cruz, precisamos olhar para nós mesmos e ver o que somos
diante de Deus e de todos: pó e cinza.
O texto de Eclesiastes 9.11 afirma que tudo depende do tempo e acaso. Quem
controla o tempo se não o Senhor dele? O problema é quando nos achamos os
bons diante de Deus. Pensamos que os desastres que acontecem com os
outros, nunca acontecerão conosco.
Achamos que nunca a morte baterá na nossa porta e dirá: cheguei, agora é sua
vez. Pois, tenho má notícia para vocês: um dia todos nós morremos. E a
pergunta é: o que temos feito em termos de serviço que se traduz em vida
sem perda de oportunidades no Reino de Deus? Façamos algumas
ponderações sobre o exercício da vida sem perder as oportunidades:

Precisamos rever a consistência do nosso amor Quando lemos o texto de


João 21, percebemos que Jesus só quer saber se Pedro o ama. Depois de
todos os acontecimentos é a primeira vez que Jesus fala com Pedro. Ele avisa
Pedro não acerca dos seus erros, mas acerca do seu amor em relação ao seu
mestre. A única questão que interessava para Jesus era o amor de Pedro por
ele. O que vem diante de nós nessa vida passageira?
Vem a bênção de podermos amar a Jesus e nos dar para ele. E o desejo dele é
esse mesmo para nós: cuidar do amor a ele como ele fez por nós. Um morto
não ama, um caixão só é carregado e pronto. Não temos outro jeito de amar a
não ser agora enquanto estamos vivos. Enquanto sentimos cheiro de gente.
Lembro-me de uma frase do General João Batista Figueiredo em reunião de
gabinete no ano de 1980: O mesmo que disse que preferia o cheiro dos
cavalos ao cheiro do povo. Essa frase custou caro, porque no dia do seu
enterro havia uns poucos soldados que lhe prestaram honras de chefe de
Estado porque foi o presidente do país, do contrário, teria passado em branco.
Não percamos a bênção de amar na vida! Porque a vida não faz o menor
sentido quando não cultivamos vínculos profundos de afeto.

Precisamos nos engajar com o projeto do Reino todo dia e toda hora
A palavra de Salomão é que devemos fazer tudo que vem à nossa mão com
todo o fôlego, com todas as forças que Deus nos dá. Mas, por que devemos
fazer tudo conforme as nossas forças?
Porque Salomão inspirado por Deus mostra que vamos para um lugar
chamado sepultura, onde até a segunda vinda de Cristo, não haverá nenhum
projeto, nenhuma obra, nenhum conhecimento humano e nenhuma sabedoria
humana. Então enquanto Deus nos dá a oportunidade de desfrutar de coisas
boas e ruins. Sugiro que aproveitemos ao máximo as realidades que Deus nos
permite desfrutar na nossa vida. Sabem por quê?
Porque nós não sabemos o nosso tempo aqui na terra. Você e eu não sabemos
quando partiremos desta terra para o Pai. Então façamos tudo o que está ao
nosso alcance para a glória do Pai. Precisamos fazer tudo o que está diante de
nós e com todo o nosso fôlego porque é para o Senhor. Pois, Paulo diz em 1
Coríntios 10.31: Quer comais, quer bebais ou façais qualquer coisa, fazei
tudo para a glória de Deus.
Saibam que um dia, todos nós morreremos, portanto, precisamos valorizar
cada minuto, cada hora da nossa vida na presença do Senhor. Temos que
fazer tudo para ele. Qual é o seu dom no Reino de Deus?
É exercitar misericórdia, então faça isto com todas as suas forças. O seu dom
é servir no Reino, então faça com amor e toda a dedicação diante do Senhor.
O seu dom é gerenciar? Faço-o com celebração na vida!
É cuidar de pessoas no hospital? Faça com amor e dedicação todos os dias da
vida que Deus lhe dá. O que temos feito com todas as nossas forças?
Temos depositado as nossas forças na nossa casa? Ah! Pastor, eu preciso
terminar a minha casa, sabe, eu preciso de um cantinho bonito. E você está
certo amigo, mas se esta for a concentração das suas forças, se lembre de que
tudo isso fica! Porque Salomão diz que na sepultura, não há obras, projetos,
conhecimento e nem sabedoria alguma.
Temos depositado tão somente as nossas forças no ganhar dinheiro?
Lembremo-nos de que na sepultura não há como aplicálo. Temos depositado
tão somente as nossas forças na conquista de projetos humanos? Lembremo-
nos de que lá na sepultura não haverá nenhum escritório para desenvolvermos
algum projeto com sabedoria.
Não sabemos o dia de amanhã, portanto, precisamos olhar para o alto e
investir as nossas forças todas no Reino de Deus. Tudo que vier à nossa mão
precisamos fazer para a glória de Deus. Qualquer projeto, qualquer faculdade,
qualquer empreendimento, qualquer desejo, tudo precisa visar a glória de
Deus.
Precisamos marcar a nossa história como um rei chamado Ezequias que fez
tudo quanto tinha possibilidade no Reino de Deus. Restaurou a casa de Deus,
restaurou o templo, restaurou o culto, celebrou a páscoa com o povo de
Israel. E quando ele partiu, a Palavra diz que os habitantes de Jerusalém lhe
prestaram honras na sua morte.
Há um filme que marca demais a nossa vida: O Vôo da Fênix. É a história de
um grupo de pessoas que tem uma missão no deserto do Egito e quando o
avião está sobrevoando o deserto vem uma tempestade e cai no meio do
deserto.
Todos ficam apavorados e não sabem o que fazer. De repente todos percebem
que precisam pensar e um depender do outro porque a comida e a água só
durariam por 30 dias. O que este filme nos ensina?

1. Temos que puxar o avião juntos: mas é Deus quem dá o avião;


2. Temos que sonhar juntos: os sonhos vêm de Deus;
3. Temos que pegar a corda para puxar o avião juntos: mas a corda vem de
Deus conforme a sua graça;
4. Temos que unir as forças para o propósito: mas a força vem de Deus;
5. Temos que ir até o fim sabendo que Deus nos sustentará no propósito.

Para refletir e viver


• Devemos servir o Reino sem perder de vista a Cristo Jesus.
• Devemos servir a Deus através das pessoas. Porque pessoas seguem
pessoas. E saibam que as pessoas seguirão sempre o nosso jeito e o estilo de
vida nosso.
• Precisamos fazer tudo o que está diante de nós e com todo o nosso fôlego
porque é para o Senhor.
• Lembremos sempre como diz Carson “que a nossa vida deve ser ativa
vigorosa e prática porque a morte é fim de todas as oportunidades”
(CARSON, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova,
2009, p. 931).

Que a graça de Deus caia sobre para que também façamos a obra do Reino
servindo e dedicando toda a nossa vida diante do nosso Senhor.

C a p í t u l o 16
A graça de ouvir
(Eclesiastes 9.17)
Há uma frase num dos livros de Ricardo Barbosa que nos leva a parar e
refletir. A frase diz assim:

"Quando o homem ouve, Deus fala. Quando o homem obedece, Deus age.
Não somos nós que falamos a Deus, é Deus quem fala a nós. A lição mais
importante que o mundo necessita é a arte de ouvir Deus. O silêncio é uma
das virtudes cristãs que perdeu seu significado na cultura evangélica
contemporânea” (BARBOSA, Ricardo de Sousa. Janelas para a vida.
Paraná- Curitiba: Encontro,1999, p. 65).

Falar sobre silêncio e contemplação para nossa sociedade moderna parece um


contra-senso. Hoje o que define a espiritualidade de um cristão moderno é
sua agenda repleta de compromissos que venham a ocupá-lo o dia todo com
reuniões, trabalhos evangelísticos, pregações, visitas, etc.

As igrejas não desejam como líder, um pastor que passe algumas horas do dia
recolhido em silêncio e oração; quase sempre procuram alguém que seja
"dinâmico", cheio de novas idéias, que esteja sempre pronto a mobilizar a
igreja para os grandes empreendimentos, ativo e que não desperdice seu
tempo com atividades não produtivas.

Nossos cultos e nossa vida religiosa precisam ser preenchidos de forma a não
deixar espaços vazios, pois, o silêncio para o homem moderno, atua como a
presença de uma pessoa inoportuna que insiste em denunciar nossos
fracassos. Não há nada mais constrangedor num culto ou reunião de oração
do que os espaços vazios entre uma oração e outra. Se estes espaços não
forem preenchidos rapidamente por orações ou cânticos, eles o serão por
gritos de aleluia.

Richard J. Foster diz:

"Na sociedade contemporânea nosso Adversário se especializa em três coisas:


ruído, pressa e multidões. Se ele puder manternos ocupados com a
“grandeza” e a “quantidade”, descansará satisfeito". A televisão, o rádio, o
toca-fitas se transformaram nos amigos dos homens solitários. Necessitamos
de algum ruído, de movimento, de grandes projetos para nos sentirmos
"vivos" (FOSTER, Richard J. Celebração da Disciplina. O Caminho do
Crescimento Espiritual. São Paulo: Vida, 2007, p. 73).

Um dos testemunhos mais antigos sobre o lugar e importância do silêncio na


vida cristã vem dos escritos de Inácio de Antioquia, um contemporâneo do
Novo Testamento. Ele dizia que é melhor permanecer quieto e ser, do que ter
influência e não ser. Para ele, os três maiores eventos na história da salvação -
o nascimento virginal, a encarnação e a morte de Cristo - deram-se num
profundo silêncio de Deus (BARBOSA, 1999, P. 66).

Os escritos dos Pais do Deserto do quarto e quinto séculos estão repletos de


admoestações sobre o valor do silêncio. "Deus é silêncio", dizia João, o
Solitário, monge sírio do século quinto. Durante toda a história da igreja, o
silêncio sempre ocupou um lugar fundamental na espiritualidade cristã.
Tomás a Kempis escreveu: "No silêncio e na quietude, a alma devota faz
progressos e aprende os mistérios escondidos nas Escrituras".

Diante desta realidade, o que precisamos fazer para buscar a graça de ouvir
Deus?

Precisamos da postura de silêncio no coração O silêncio para os pais do


deserto significa não apenas não falar, mas também uma postura diante de
Deus e de nós mesmos. É um silêncio que nos habilita a ouvir, meditar e
contemplar as obras e mistérios de Deus.
Eles diziam: "Um homem pode parecer silencioso, mas se em seu coração
está condenando os outros, está falando sem cessar". Na meditação esotérica,
o silêncio é uma tentativa de esvaziar a mente; já na contemplação cristã, o
silêncio é uma tentativa de esvaziar a mente dos pensamentos humanos e
enchê-los com os pensamentos de Deus.
Creio que, como povo de Deus precisamos interromper as nossas atividades,
para contemplarmos o momento de silêncio com Deus, precisamos parar de
conversar para ouvir Deus (PETERSON, Eugene. Pastores Segundo o
Coração de Deus. Rio de Janeiro: Textus, 2000, p. 77).
Como diz Eugene Peterson em seu Livro:
"Precisamos de um shabá, que significa largar, dar um tempo, deixar esfriar.
É dar um tempo para tirar o nosso corpo de circulação e reservá-lo para ver o
quer Deus fez e está fazendo em nós. Ver o que Deus está fazendo dentro de
nós” (PETERSON, 2000, p. 68).

"O silêncio é muito mais do que a ausência de fala, essencialmente, silêncio é


ouvir”. O Salmo 46.1 afirma: Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus. O
profeta também fala: O Senhor, porém, está no seu santo templo; cale-se
diante dele toda a terra (Hebreus 2.20). O silêncio e a contemplação na
tradição cristã traduzem a postura que assumimos diante de Deus para ouvir-
lhe a voz.

Os cristãos do passado entenderam melhor esta necessidade do coração e da


alma humana, e desenvolveram ao longo da história uma forte tradição
contemplativa. Para eles, a oração é muito mais uma questão de ouvir do que
de falar.

Ao invés de apresentar a Deus a "lista de supermercado", com súplicas e


gratidão, eles procuram aguardar em silêncio para ouvir o que Deus tem a
dizer, e então respondem em oração.

Para eles, o grande exemplo de oração na Bíblia é Maria, mãe de Jesus, que
apenas respondeu dizendo: Eis aqui a serva do Senhor; que se cumpra em
mim segundo a sua vontade (Lucas 1.38). Portanto, oração é a nossa resposta
à proposta e chamado de Deus. A primeira palavra é sempre de Deus; a nós
cabe a segunda palavra: a resposta. O apóstolo Paulo nos afirma que somos o
templo do Espírito Santo, o lugar da sua morada. Ele está em nós e vive em
nós.

Assim precisamos de uma postura de ouvir Deus, depois podemos falar. Pois
como diz Salomão: As palavras dos sábios, ouvidas em silêncio, valem mais
do que os gritos de quem governa os tolos (Eclesiaste 9.17).

Precisamos voltar para dentro da nossa alma e coração


Por que será que muitos cristãos hoje não desfrutam da vida do Espírito? Será
que é apenas pelo fato de que ainda não o experimentaram plenamente? Pode
ser. Podemos imaginar, porém, que a grande dificuldade que muitos cristãos
enfrentam hoje na sua vida espiritual não seja a necessidade de mais
experiências, mas de se voltarem para dentro da alma e do coração para, de
fato, conhecerem o Deus que habita ali. Teresa de Ávila dizia: Aquieta- te em
silêncio e encontrarás o Senhor em ti mesmo.
Só não ouvimos a voz de Deus é porque estamos por demais inquietos e com
o coração cheio de muitas vozes. Para João da Cruz, o silêncio nos leva a
uma crise purificadora.
No seu livro A Noite Escuraonde descreve seu deserto pessoal, ele afirma que
o sofrimento nos liberta da dependência dos resultados exteriores. Tornamo-
nos cada vez menos impressionados com a religião dos grandes
acontecimentos, dos templos, dinheiro, milagres, etc. Passamos a nos
preocupar mais com aquilo que de fato necessitamos (BARBOSA, 1999, p.
67).
Este caminho de volta para o coração, de encontro com nossa alma, só pode
ser trilhado através do silêncio e da contemplação. Ouvir o veredito que Deus
tem a nosso respeito exige de nós o silenciar de outras vozes e ruídos, para
ouvirmos apenas a voz de Deus.
A prática do silêncio é evitada porque é através dele que os fantasmas da
alma, os medos e angústias que vivem nos esconderijos do coração, surgem
com todo o seu poder e terror. Mas é através do silêncio que encontramos o
poder de Deus que faz sucumbir os fantasmas e os medos e que renova em
nós a alegria da paz e comunhão íntima com o Senhor.
Para João Cassiano (365-435) a libertação dos impulsos agitados que
freqüentemente nascem das nossas inquietações interiores é que nos conduz a
uma verdadeira e livre comunhão com Deus e os homens (BARBOSA, 1999,
p. 68).
Quando nos voltamos para dentro da nossa própria alma e coração,
começamos a entender qual é o propósito de Deus Pai para a nossa vida. Um
grande exemplo disto é Davi, que no silêncio da alma, no voltar a sua alma
para si mesmo na presença do Pai, ele descobriu e entendeu o plano de Deus
para a sua vida.

Para refletir e viver


• Precisamos interromper as nossas atividades, para contemplarmos o
momento de silêncio com Deus, precisamos parar de conversar para ouvir
Deus.
• O silêncio é muito mais do que a ausência de fala, essencialmente, silêncio
é ouvir.
• Quando nos voltamos para dentro da nossa própria alma e coração,
começamos a entender qual é o propósito de Deus Pai para a nossa vida.

Que a graça do Pai caia sobre nós para que tenhamos no coração, a graça de
ouvir Deus hoje, amanhã e sempre!

C a p í t u l o 17
Preservando a sabedoria no coração
(Eclesiastes 10.1-20)

Quando lemos Salomão dizendo que o coração sábio se inclina para o lado
direito entramos numa crise enorme. Porque as matérias dos jornais retratam
escândalos profundos dos cristãos evangélicos. Algo está errado na igreja
hoje porque ele não tem caminhado com um coração sábio.

Na igreja de hoje perdemos aqueles santos que podíamos confiar em qualquer


tempo. E a grande verdade é que temos ativistas, executores, promotores de
um bom espetáculo na igreja.

Temos um belo marketing que é afetado de maneira absolutamente séria


quando ligamos a TV e presenciamos que um pastor é preso com dólares na
Bíblia. Que o assassino de jovens é levado por um pastor a Delegacia e o
pastor alega que ele estava possuído.

A grande verdade é que Não temos mais sábios e sim, uma porção de gente
na igreja que se diz sábia, mas mostra exatamente o contrário, a estultícia.

Temos que tomar muito cuidado quando chamamos alguém de cristão porque
a cultura moderna tem excluído a oração, a fé e a dependência de Deus. Daí
com toda certeza não temos gerado pela graça de Deus pessoas sábias.
Porque sem oração a igreja permanece num deserto espiritual profundo.

Sem fé ela perde de vista o lado divino que nos leva para um caminho de
sabedoria. E sem dependência de Deus não exercitamos o temor que gera
sabedoria no coração.

Os conselhos de Salomão neste capítulo são para cuidamos e preservarmos a


nossa fé com um caráter cheio de sabedoria. Isto envolve respeito, coração
prudente e uma vida ponderada nos lábios.

A primeira dica que Salomão nos dá é:


O coração do sábio é inclinado para o bem Salomão afirma nos versículos
2 e 3 as seguintes palavras: O coração do sábio o inclina para a direita, mas o
coração do tolo o inclina para a esquerda. E, até quando o tolo vai pelo
caminho, faltalhe o entendimento e ele diz a todos que é tolo.
Salomão mostra a grande vantagem que tem o sábio sobre o néscio. E ele dá
a ideia do caminho da direita que comparado com o ensino de Jesus em
Mateus 25.33 tem a ver com o que é bom não no sentido de essência, mas de
praticar algo sábio, prudente e que tem a ver com a justiça. Porque como já
vimos em outros capítulos, o homem é mal na sua essência. Ele se destruiu na
sua paisagem interna com a desobediência no Éden.
Então aqui Salomão fala da sabedoria que é gerada pela graça de Deus para
não nos tornar néscios, estultos e faltos de sabedoria. Todos os que andam
com Deus são chamados para o projeto da sabedoria.
A sabedoria é o assunto que faz parte do coração de Salomão porque Deus os
revestiu de profunda sabedoria. Tanto que o capítulo 3 de Provérbios é um
prato cheio dela. O texto afirma: Filho meu, não te esqueças da minha
instrução e o teu coração guarde os meus mandamentos; porque eles te darão
longevidade de dias, e anos de vida e paz. Não se afastem de ti a benignidade
e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço, escreve-as na tábua do teu coração;
assim acharás favor e bom entendimento à vista de Deus e dos homens
(Provérbios 3.1-4).
Davi disse as seguintes palavras no Livro de Salmos: Ensina-me, Senhor, o
teu caminho e andarei na tua verdade, dispõe o meu coração para temer o teu
nome.
É exatamente esta a pretensão que deveria haver no nosso coração diante de
Deus. E sempre deveria ser assim na nossa vida espiritual. Mas, não tem sido.
Por quê? Porque não damos crédito para algo dentro do nosso coração.
Neste capítulo 3 de Provérbios Salomão nos dá algumas dicas importantes
para darmos ênfase à Palavra do Pai no nosso coração com sabedoria para
que não caminhemos pelo lado da estultícia que é figuradamente para a
esquerda. Salomão nos dá a receita da vida de paz diante dos homens e diante
de Deus. É o não esquecimento da Palavra de Deus, da instrução, da Lei de
Deus. É o guardar a Palavra no coração.
É muito interessante que Salomão trabalha a ideia de que o coração deve
guardar a lei, as instruções e os mandamentos do Senhor. E o não
esquecimento deve partir de lá também. Por quê?
Porque o coração é a fonte da vida (ler Provérbios 4.26). O coração é o centro
da vontade humana. O coração é a raiz de todas as coisas. É o lugar onde
desejamos todas as coisas. É o lugar de onde partem todas as decisões (tese
contrária a posição da psicologia que defende como centro de todas as coisas,
mente). Então é no coração que precisamos guardar a Palavra e é o coração
que não pode se esquecer da Lei, das instruções do Senhor Deus.
Aqui no texto a sabedoria pede para que não nos esqueçamos da lei divina, e
que o nosso coração guarde a Palavra.
Vejam o que este texto diz sobre o coração de Josias: Então o rei, pondo-se
em pé junto à coluna, fez um pacto perante o Senhor, de andar com o Senhor,
e guardar os seus mandamentos, os seus testemunhos e os seus estatutos, de
todo o coração e de toda a alma, confirmando as palavras deste pacto, que
estavam escritas naquele livro; e todo o povo esteve por este pacto (2 Reis
23.3).
Precisamos ouvir a voz da sabedoria e não nos esquecer da Palavra e
devemos guardá-la dentro do nosso coração. Desta forma teremos um
coração sábio que se inclina para o lado direito que é bom, reto e honesto. O
lado que exalta a graça de Deus na vida.
O lado que nos faz testemunhar de verdade a tal ponto que não somos alvos
das emissoras que querem ver os escândalos para nos desmoralizar. Ao
contrário, no lado da sabedoria olharão para nós como olharam no passado
para David Livingston que foi amado e respeitado pelo povo africano.
Olharão para nós como olharam no passado olharam Jonathan Edwards que
tinha um coração tão piedoso e honesto diante de Deus que marcou a
sociedade de Séculos passados. E os seus sermões são lidos por milhares de
pessoas até hoje.
Olharão para nós como olharam no passado para Paulo que ficavam
admirados como um perseguidor do Evangelho se tornara perseguido por
amor a Jesus Cristo.
A segunda dica que Salomão nos dá é:

Cuidado com o que falamos


Salomão afirma nos versículos 12 a 14: As palavras da boca do sábio são
cheias de graça, mas os lábios do tolo o devoram. O princípio das palavras da
sua boca é estultícia, e o fim do seu discurso é loucura perversa. O tolo
multiplica as palavras, todavia nenhum homem sabe o que há de ser; e quem
lhe poderá declarar o que será depois dele?
Salomão nos faz refletir e nos motiva a não nos esquecer que as palavras são
vida e saúde para todo o nosso corpo. A palavra daquele que pensa
espiritualmente é uma palavra que produz graça diante dos que ouvem.
Salomão nos ensina que as palavras da boca do sábio são remédio para o
nosso coração sempre. Elas geram vida e saúde para nossa vida em todos os
sentidos. Elas são alimentos profundos para o nosso viver. Nós queremos
crescer na sabedoria? Temos de nos alimentar das palavras sábias que geram
graça no coração diante do Senhor Deus.
Como estas palavras passam a ser parte da vida do sábio?
Pelas Escrituras, pois, nelas Deus nos forma na nossa espiritualidade. Elas
são reveladas e implantadas em nós por meio da obra do Espírito. O cristão
que não tem comunhão com as Escrituras nunca poderá afirmar que tem com
o Pai, o Filho e o Espírito Santo dentro dele.
Sem crescimento na Palavra não há possibilidade de comunhão com o Senhor
Deus. Sem a leitura espiritual na vida e no coração das Sagradas Escrituras
não seremos dirigidos por ela e nunca teremos palavras que geram graça
naqueles que nos ouvem.
A nossa caminhada espiritual tem que passar pela autoridade das Escrituras.
A nossa vida toda só pode ser pautada pelas Escrituras. Um interesse pela
alma divorciado de um interesse pelas Sagradas Escrituras nos deixa sem um
texto que modele a nossa alma (PETERSON, Eugene. Coma este livro. Rio
de Janeiro: Textus, 2004, p. 14). Os leitores das Sagradas Escrituras que são
tocados pelo Espírito se tornam aquilo que lêem. Se elas são de fato
colocadas em nosso interior nos tornamos àquilo que elas falam.
Elas falam que somos santos e quando vivemos isso no coração nos tornamos
santos nas ações e palavras. Elas falam que somos embaixadores do Reino e
quando vivemos isso nos tornamos os embaixadores do Reino de Deus.
Só que esta prática só vem quando contemplamos as sagradas Escrituras
dentro de nós mesmos. E contemplação é a profunda ressonância no mais
íntimo e centro de nosso espírito, onde nossa própria vida perde sua voz
específica e ecoa a majestade e misericórdia daquele que é oculto, mas vivo
dentro de nós (MERTON, Thomas. Novas sementes de contemplação. Rio de
Janeiro: Fissus 1999, p.11).
Como diz A. W. Pink no seu livro Enriquecendo-se com a Bíblia:

“Nossa grande necessidade é nos ocupar com Cristo e nos assentar a seus pés
conforme fez Maria, recebendo assim de sua plenitude. Nosso principal
deleite deve ser considerar atentamente o apóstolo e sumo sacerdote da nossa
confissão, Jesus" (Hebreus 3.1). Deve ser contemplar as várias relações que
ele mantém para conosco, meditar acerca das muitas promessas que ele nos
tem feito, nos demorar na contemplação de seu admirável e imutável amor
por nós. Ao fazermos assim, haveremos de nos deleitar no Senhor de tal
modo que as vozes de sereia deste mundo perderão todo o seu encantamento
em nosso caso” (PINK, A. W. Enriquecendo-se com a Bíblia. São Paulo:
Fiel, 1979, p. 32).

As palavras das Escrituras recebidas em contemplação por nós produzem


saúde integral no Reino de Deus. Elas produzem vitalidade e santidade para
toda a nossa alma e o nosso corpo. Quando lemos a Palavra de Deus
percebemos que não precisamos só de informação sobre Deus, precisamos de
formação que nos modele em nosso verdadeiro ser (PETERSON, 2004, p.
22).

Com as Escrituras no nosso coração teremos graça para refletir a sabedoria de


Deus na vida dos outros, ao contrário, seremos pessoas destruidoras nas
palavras como é o tolo. Pois, quando ele fala a sua própria palavra o devora.
E a idéia aqui no original é que de diminuir a sabedoria e barrar a graça e
saúde na vida.

Nem precisamos comentar muito sobre aqueles que são tolos nas palavras.
Eles separam os maiores amigos, eles descobrem o segredo e banalizam a
vida das pessoas. Eles são mexeriqueiros e fofoqueiros. Eles não olham para
si mesmos, olham para vida dos outros. Eles têm uma língua dobre que os
leva para cair no mal. Eles têm uma língua ferina que machuca as pessoas e
não transmitem saúde e graça para os outros.

O conselho de Salomão está diante de nós para tomarmos cuidado com o que
falamos. E para isto precisamos exercitar a sabedoria diária nas Escrituras.
Porque as palavras sábias e retas como afirma Salomão são como o beijo nos
lábios (ler Provérbios 24.26).

Cuidado com as palavras porque elas constroem ou destroem a vida de uma


pessoa. Jesus só construiu atreves das suas palavras. Ele disse para Zaqueu:
Verdadeiramente este é um filho de Abraão. Ele disse para a mulher
pecadora: mulher, alguém te condenou? Nem eu. Vai e não peques mais! Ele
disse para aquela mulher viúva de Naim: Não chores.
Para refletir e viver
• A nossa caminhada espiritual tem que passar pela autoridade das Escrituras.
A nossa vida toda só pode ser pautada pelas Escrituras.
• As palavras da boca do sábio são remédio para o nosso coração sempre.
Elas geram vida e saúde para nossa vida em todos os sentidos. Elas são
alimentos profundos para o nosso viver.
• Tomemos cuidado com o que falamos. E para isto precisamos exercitar a
sabedoria diária nas Escrituras. Salomão nos dá dicas aqui:

1. Boca fechada: Fechemos a matraca e paremos de falar, porque gente


desajuizada não é capaz de escutar. Só escuta o que lhe convém,
especialmente a conversa de delatores (Eclesiastes 10.20).

2. Saibamos a hora de falar: Paremos de falar e tenhamos a sabedoria do


silêncio porque tagarelice é para os tolos e não para os sábios. Para os sábios
há o tempo de falar quando é necessário. Falar no momento de Deus.
Precisamos manter os limites da fala e só a sabedoria nos ajuda neste
processo.

Que aprendamos as palavras sábias que geram graça e vida na vida das
pessoas!

C a p í t u l o 18
Agindo na vida lembrando que Deus faz
tudo
(Eclesiastes 11.1-8)

Assisti a um filme chamado Quase deuses.4O filme é simplesmente


emocionante. Baseado em fatos reais mostra a atuação de duas mentes
brilhantes no desenvolvimento de uma técnica revolucionária na cirurgia
cardíaca. Só que uma delas não é médico, é um negro em plena ebulição da
segregação racial nos EUA na década de 50.

Vivien Thomas (Mos Def ) é um hábil marceneiro, que tinha um nome


feminino, pois sua mãe achava que teria uma menina e, quando veio um
garoto, não quis mudar o nome escolhido. Ele é demitido quando chega a
grande depressão, pois deram preferência para quem tinha uma família para
sustentar.

A depressão o atinge duplamente, pois, sumiram as economias de sete anos,


que ele guardou com sacrifício para fazer a Faculdade de Medicina, pois o
banco faliu. Thomas consegue emprego de faxineiro, trabalhando para Alfred
Blalock (Alan Rickman), um médico pesquisador que logo descobre que ele
tem uma inteligência privilegiada e que poderia ser melhor aproveitado.

Blalock acaba se tornando o cirurgião-chefe na Universidade Johns Hopkins,


onde está pesquisando novas técnicas para a cirurgia do coração. Os dois
acabam fazendo uma parceria incomum e às vezes conflitante, pois, Thomas
nem sempre era lembrado quando conseguiam criar uma técnica, já que não
era médico.

O filme é ao mesmo tempo muito inteligente e também comovente. Esses


homens revolucionaram a medicina no mundo, salvando a vida de milhares
de pessoas. E isso tem a ver com a realidade nossa hoje porque precisamos
revolucionar a nossa história mesmo sem saber a seqüência dos capítulos que
Deus reservou para ela.
Mesmo sem saber o futuro não podemos viver em vão aqui nessa terra. Como
pessoas, precisamos marcar a vida como esses dois homens com ética,
determinação, disciplina, ousadia, humanismo e humildade. No texto
Salomão aborda a idéia de lançarmos o pão sobre as águas mesmo sem
sabermos o amanhã.

Salomão fala sobre a necessidade de trabalho mesmo que não saibamos


exatamente o futuro. Interessante que no capítulo 9 até aqui ele faz várias
declarações sobre a nossa ignorância quanto ao futuro. No texto ele usa o
termo não sabes por 3 vezes. Pareceme que Salomão foi bem sábio quando
desafiou aos homens e as mulheres da sua época. Porque a incerteza do
futuro poderia paralisá-los e deixá-los inativos diante das realidades da vida
(CHAMPLIN, 2005, p. 2736).

Então ele mostra vários aspectos importantes para nossa vivência como
pessoas que, mesmo sem saber o futuro, precisam investir e produzir na vida:
generosidade e investimento, plantio, não ficar parado esperando o vento,
trabalho árduo na vida, contemplação do dia como ele é, alegria nos dias da
vida e a lembrança dos dias de trevas.

O que aprendemos para a vida?

Confiemos na graça de Deus e invistamos no próximo aquilo Deus nos dá


Salomão afirma: Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos
dias o acharás. Reparte com sete e ainda com oito, porque não sabes que mal
sobrevirá a terra.
É claro que linguagem é do comércio de cereais por meio marítimo, mas
podemos aplicar para os nossos dias naquilo em que Deus nos colocou para
produzirmos. E também aplicar para uma realidade espiritual, ou seja, na
produção no Reino de Deus.
Salomão nos ensina a dar passos largos na vida. A investir tempo e trabalho
no lançar o pão sobre as águas. E a esperança é que ele voltará nos dias
devidos. E uma lembrança é de repartir com o próximo aquilo que
conquistarmos desse pão.
Que lição extraordinária desse homem sábio. Não sabemos o que será da
nossa colheita, mas devemos nos lembrar do próximo. Devemos espalhar o
nosso pão para os outros também.
Na época de Salomão, o lançar o pão sobre as águas de maneira arriscada era:
investir no comércio marítimo envolvendo viagens para buscar lucros
(aventura), o plantio de arroz no terreno às vezes alagado. Quando dava sorte
o agricultor tinha lucros ótimos. E nós, hoje? Qual o pão que devemos lançar
sobre as águas? E, claro, lembrando-se do princípio da divisão com os outros.
Será a sua carreira?
Será a vida profissional?
Será a medicina com mais ousadia?
Será a sua imobiliária?
Será a sua oficina?
Será a sua empresa?
Será a sua clínica?
Será o seu trabalho no Banco?
Será seu trabalho no Fórum?
Na Faculdade?
Nos seus ministérios da igreja?
Onde você deve lançar o seu pão sobre as águas mesmo sem saber no que vai
dar?
Esse texto nos chama para desafios da vida. O desafio de lançarmos o pão nas
águas confiantes da graça de Deus. Porque lançar o pão é confiar na ação de
Deus e investir tudo da nossa vida naquilo que ele nos chamou para fazer e
assim glorificarmos o nome dele. Lembram-se da experiência de Pedro em
Lucas 5?
Lucas diz nos versículos 2 a 5: Viu dois barcos junto à praia do lago; mas os
pescadores haviam descido deles, e estavam lavando as redes. Entrando ele
num dos barcos, que era o de Simão, pediulhe que o afastasse um pouco da
terra; e, sentando-se, ensinava do barco às multidões. Quando acabou de
falar, disse a Simão: Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca.
Ao que disse Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda, e nada apanhamos;
mas, sobre tua palavra, lançarei as redes.
Jesus entrou no barco e começou a ensinar a palavra de Deus à multidão que
o ouvia atentamente. Vejam que até aqui a multidão não vê Jesus realizar
nenhum milagre, e mesmo assim, eles ouvem Jesus pregar a Palavra de Deus
num barco.
Depois de Jesus pregar ele se dirige a Pedro e lhe diz: Faze-te ao largo e
lançai as vossas redes para a pesca. Pedro lhe responde dizendo: Mestre,
trabalhamos a noite toda, e nada apanhamos; mas, sobre tua palavra, lançarei
as redes. Os pescadores haviam trabalhado a noite inteira a nada de concreto
conseguiram pescar. Foi em vão o trabalho deles, pois não conseguiram pegar
nenhum peixe sequer.
Pedro reconhecendo que Jesus era a verdade de Deus, que Jesus era a fonte
da vida, o Senhor absoluto de toda a existência, crendo na Palavra de Jesus,
ele afirma que sobre a palavra dele iria lançar as redes. Ele não hesita em
confiar em Jesus, pois ele poderia dizer: Senhor, tu estás brincando, somos
pescadores conhecedores do mar, sabemos que ele não vai dar peixes para
nós. Pára com isto, Senhor, é impossível pegarmos algum peixe hoje.
Não, a atitude de Pedro é de alguém que sabe que o Senhor Jesus fala não
parte do homem, mas de Deus, ele sabe da autoridade de Deus e do seu
poder. Por isso, ele diz: Sobre tua palavra, lançarei as redes.
A ideia dos pescadores terem trabalhado a noite inteira é de muito
sofrimento, exaustivamente sem encontrar absolutamente nada. Em contraste,
vem a palavra de Jesus a Pedro: Lança as redes.
E mesmo tendo uma longa noite de labuta, de sofrimento, sem nenhuma
obtenção de qualquer resultado positivo, Pedro obedece à palavra de Jesus.
Na nossa vida espiritual as coisas são assim também.
Parece que não vai acontecer nada de extraordinário. Às vezes, em
determinadas situações da vida, olhamos as coisas e não vemos nada de
concreto, não temos um horizonte para algo melhor no sentido de lançar as
redes ou o pão sobre as águas. Então o Senhor Jesus nos leva a colocar a
nossa vida nas mãos dele. E diz: confia em mim e lança as redes, confia em
mim e lança o pão sobre as águas.
É preciso confiar em Deus como Pedro confiou e dizer: Senhor está tudo
escuro, não consigo ver o farol à minha frente. Mas, sobre a tua palavra eu
vou lançar as redes e seja o que tu quiseres. Há um texto rico e profundo em
Jeremias 33.3 que diz: Clama a mim, e responder-te-ei e anunciar-te-ei coisas
grandes e firmes que ainda não sabes. Não temas, pois, porque estou contigo,
trarei a tua semente desde o oriente, e te ajuntarei desde o ocidente (Isaías
43.2 e 5).
Salomão afirma no versículo 4: Quem somente observa o vento nunca
semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará (Eclesiastes 11.4). Semeia
pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes
qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas
(Eclesiastes 11.6).
O desejo de Deus é que invistamos tudo o que somos e significamos nos dons
que ele nos deu. Não é para olharmos para o vento e para as nuvens. Porque,
do contrário, nunca colheremos nada.
Devemos nos lembrar também que no meio de tudo haverá dias de trevas
porque é o curso da vida. Teremos tempo de alegria, mas de tristezas
também, e jamais nos esqueçamos de que Deus está no controle de tudo.

Para refletir e viver


• Lançar o pão é confiar na ação de Deus e investir tudo da nossa vida
naquilo que ele nos chamou para fazer e assim glorificarmos o nome dele.
• O Senhor Jesus nos leva a colocar a nossa vida nas mãos dele.
• O desejo de Deus é que invistamos tudo o que somos e significamos nos
dons que ele nos deu.
• Não temos controle de nada na vida.
• Não dá para prever nada na vida.
• Vençamos a doença egoísmo e aprendemos a repartir na vida.
• Philip Yancey no seu livro Para que serve Deus. Conta de suas muitas
viagens pelo mundo como palestrante. Ele tem colecionado recordações nem
sempre agradáveis. O livro apresenta os bastidores de dez situações
especialmente tensas em que Yancey esteve presente para falar sobre a graça
de Deus na Índia. Ele se aventura na investigação do sentido prático da fé
para aqueles que vivem momentos dramáticos e aparentemente sem
esperança. Uma das experiencias mais complicadas é a moça do lanche Mc
Donald's. Ela tem 14 anos e lhe contou que vendeu sua virgindade para poder
matar a fome com um lanche do Mc. Nós precisamos lançar o pão e ajudar
pessoas sofredoras e carentes ao nosso redor.
Que Deus seja sobre nós, no sentido de lançarmos o pão sobre as águas
crendo na graça e na ação do eterno!
4 Ficha Técnica Título Original: Something the Lord Made - Quase Deuses. Gênero: Drama. Ano de
Lançamento

C a p í t u l o 19
Juventude: um presente que deve ser
valorizado
(Eclesiastes 11.9-10)

Vivemos num tempo de muita superficialidade onde a moçada corre atrás dos
clips, dos softwares, das roupas da última moda, do tênis importado e do
carro do último modelo. A moçada curte algo que tem a ver com as baladas,
com os movimentos da agitação.

E dentro da igreja o negócio hoje é ser um cristão “maneiro” sem muita onda
de compromisso. Então uns ficam, outros não ficam, uns fazem sexo, outros
não. Uns colam na hora da prova, outros não. Uns falam mal das pessoas,
outros não.

Na sociedade evangélica brasileira de hoje, não existe mais esta onda careta
de se absolutizar um procedimento ou estabelecer uma única opção. A coisa
liberou geral, então, Deus não é mais considerado aquele Deus santo, puro e
justo. Deus para a moçada é um barato! Jesus, o Santo Filho de Deus é o
máximo, ele é legal e pronto (SILVA, Ricardo Agreste. Geração da hora.
São Paulo: CEP, 1996, p. 20).

O Espírito Santo de Deus é uma loucura! E há alguns na igreja que agora


estão dizendo: “Vivam a gostosura do Evangelho livre". É o Evangelho em
que podemos fazer tudo que não seremos cobrados e questionados em
nenhum momento.

Sabem por que estas coisas estão acontecendo no nosso meio? Porque há uma
falta enorme do entendimento e de envolvimento com a Palavra de Deus na
vida jovem. Porque não entendemos de maneira profunda o que Salomão fala
sobre o prazer na vida jovem. A verdade é que nós sendo pais e mentores,
não sabemos lidar com

as questões e conflitos da juventude. Não entendemos que a juventude é um


presente de Deus e passa rapidamente. Por isso, talvez, algumas moças e
rapazes perderam a noção dos limites.

A nossa sociedade secular perdeu a razão no meio da escala jovem. O


assassinato brutal do menino João Hélio Fernandes Vieites que tinha seis
anos de idade, mexeu com todos nós. Foi uma prática de jovens que estão
sem referenciais e sem limites na vida.

Há adolescentes infratores que têm feito barbaridades no nosso país, como


aqueles 4 rapazes: Max Rogério Alves, Antônio Novély Cardoso de
Vilanova, Tomás Oliveira de Almeida e Eron Chaves de Oliveira que
assassinaram de maneira covarde e cruel. Em 20 de abril de 1997, Dia do
Índio, alguns rapazes de "boa família" de Brasília assassinaram o índio
Pataxó Galdino Jesus dos Santos enquanto ele dormia. ("Foi brincadeira",
alegaram os assassinos.)

Um destaque para a covardia dos assassinos pertencentes a "boas famílias": o


índio dormia quando foi queimado. Os assassinos não teriam sido julgados
nem condenados se não tivesse havido pressão da opinião pública brasileira e
de organismos internacionais.

Os Estados brasileiros que apresentam as maiores taxas de homicídios entre


os jovens são: Rio de Janeiro (102,8 mortes por 100 mil jovens), Pernambuco
(101,5) e Espírito Santo (95,4). São Paulo ficou em 9º lugar (56,4), mas,
acima da taxa média nacional que é de 51,7 homicídios.

Entre os anos de 1994 e 2004, as mortes de jovens entre 15 e 24 anos


aumentaram 48,4%.5 Diante desta realidade séria da nossa juventude, surgem
algumas perguntas que são importantes hoje, quando falamos na adolescência
e juventude:

Como valorizar a minha juventude?


Como me relacionar com meus pais?
Como não se perder na vida?
Como desfrutar de prazeres sem me contaminar?
Como crescer em meio aos conflitos e crises da adolescência? Como entender
o não dos meus pais?
Como andar de maneira pura, santa e fiel no meio de uma
sociedade corrompida?

Acredito que, de maneira geral, o texto Salomão nos responde estas


perguntas.
Vejamos o que Salomão tem a nos ensinar.
O princípio que aprendemos é:

Vivam a juventude de maneira sadia e prudente Salomão afirma em


Eclesiastes 11.9-10: Alegra-te, mancebo, na tua mocidade, e anima-te o teu
coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e
pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas Deus te
trará a juízo. Afasta, pois, do teu coração o desgosto, remove da tua carne o
mal; porque a mocidade e a aurora da vida são vaidade.
O que dizer para aqueles que têm vigor como um entusiasmo forte na vida? O
que dizer para gente que sonha e que está começando a viver? Podemos dizer
que vocês têm todos os lados preciosos da vida para descobrirem. Só que há
formas para isto e acredito que Salomão tem uma receita espiritual séria e
profunda para todos os jovens viverem a vida desfrutando de prazeres
normais e sadios sem se esquecerem do melhor da vida que é Deus e o seu
Reino.
Salomão convida os jovens para viverem e animarem o coração com aquilo
que é sadio, com aquilo que os olhos pedem, obtendo coisas boas e
agradáveis. Ele apela para os caminhos do coração e esta vista dos olhos.
O texto parece ótimo se parasse aqui. E daí, podemos dizer que o jovem
poderia andar por toda a vista, poderia curtir tudo, experimentar todos os
prazeres sem freios e sem uma diretriz na vida. Só que não para aí, ele
continua e traz um “porém”. Salomão diz: Sabe, porém, que por todas estas
coisas Deus te trará a juízo. Afasta, pois, do teu coração o desgosto, remove
da tua carne o mal; porque a mocidade e a aurora da vida são vaidade.
A palavra é uma chamada para ter limites na vida. Porque geralmente o
jovem tem ímpeto e acha que pode tudo, que a vida é uma caixinha de boas
surpresas. Mas, Salomão mostra que a vida tem limites. Então, ele fala do
cuidado com os excessos. As palavras são:

Por todas estas coisas Deus te trará a juízo Tudo que fizermos nesta vida
terá um resultado lá na frente. Não tem jeito, porque isto é um princípio
bíblico. Aquilo que plantarmos certamente nós colheremos. O jovem tenta se
firmar na vida como indivíduo. Ele busca um lugar ao sol. Por isso, quando
estamos na flor da idade queremos pilotar um carro, logo.
Queremos namorar para outros verem que podemos. Temos alguns
comportamentos de cortar o cabelo, de colocar brinco, de usar determinados
tipos de roupas. Fazemos tudo isto para chamarmos a atenção (PARROT,
Los. Adolescentes em conflito. São Paulo: Vida, 2003, p. 17). No decorrer
deste processo é que vem a busca pelo prazer e pela diversão. E muitos
problemas decorrem daí:

1. Revolta: que é uma conseqüência lógica da tentativa do jovem encontrar


soluções para ideias conflitantes e descobrir a verdadeira identidade. O garoto
diz para o pai: Deixe-me em paz, eu vestirei a roupa que quiser. Larga do
meu pé. Você não manda mais nos meus gostos.

2. Ídolos: as celebridades passam a ser modelos porque adolescentes


experimentam papéis diferentes. Na busca pela identidade, o jovem busca um
ídolo para incorporar sua própria identidade através de certos
comportamentos. Alguns se identificam com grupos musicais. Eles se vestem
de forma semelhante, compram os DVDs e CDs. Acessam os Sites e se
realizam neles.

3. Extravasamento:alguns, querendo resolver seus conflitos, expressam seus


sentimentos com ações impulsivas. Eles falam palavrões de maneira alta e
forte, começam a beber até sair fora de si mesmos. Começam a fumar e
alguns vão para as drogas. Outros se envolvem na promiscuidade sexual.
Outros começam a ficar com 10 ou 12 anos de idade e deturpam o corpo logo
cedo dando vazão para desejos ilícitos.
Tudo para serem aceitos e resolverem seus conflitos profundos, no ser mais
íntimo deles. O resultado destes problemas é uma geração comprometida com
a gravidez precoce, com uma adolescência cheia de crises por causa das
drogas. Pais abarrotados de dívidas para pagarem casas de recuperação para
os seus filhos. Lares totalmente destruídos e sem paz. Por isso, Salomão nos
traz esta advertência séria para nós, como filhos, e também, para os pais que
educam. Deus trará a juízo todas as nossas ações.

Afasta, pois, do teu coração o desgosto


Para que o desgosto não tome conta do coração de um jovem é importante
ponderar na vida. A pressa pela passagem rápida e solução rápida dos
conflitos da juventude pode trazer dias de desgosto. Meninos e rapazes!
Cuidado com as amarguras e com os efeitos que a pressa traz para vocês!

Remove da tua carne o mal


Se for para afastar o desgosto. Então a ênfase é dada na preocupação com
aquilo que é mal. Aquilo que é mal destrói a consciência e não permite que o
jovem desfrute da vida de maneira bela e sadia. Os prazeres pecaminosos
levam o jovem para o mal e não permitem que ele tenha deleites mais
duradouros e puros (HENRY, Mathew. Comentário Bíblico de Mathew
Henry. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 549).

Porque a mocidade e a aurora da vida são vaidades É evidente que


Salomão quer condenar os prazeres pecaminosos e levar os jovens a se
lembrarem de que a juventude, que no hebraico é alvorecer da vida, na sua
fase mais bela tem uma noite escura. Um dia, o jovem passará desta fase e
chegará à velhice. E perceberá que tudo na vida é vaidade.
Os jovens demonstram o processo de crescimento de maneira muito viva,
mas a verdade é que muitos passam por este momento sem se lembrar da
necessidade dos valores essenciais da vida. Muitos se esquecem de passar
pelo alvorecer da vida com graça, esperança e forma sadia de se viver na
presença de Deus.
Então, jovens e adolescentes não se esqueçam das palavras de Salomão:
Alegra-te, mancebo, na tua mocidade e anima-te o teu coração nos dias da tua
mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos;
sabe, porém, que por todas estas coisas Deus te trará a juízo. Afasta, pois, do
teu coração o desgosto, remove da tua carne o mal; porque a mocidade e a
aurora da vida são vaidades.
Alguns conselhos para a vida, à luz do que Paulo recomendou ao jovem
pastor Timóteo quando disse: Procura apresentar-te diante de Deus aprovado,
como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra
da verdade. Todavia o firme fundamento de Deus permanece tendo este selo:
O Senhor conhece os seus, e: Aparte-se da injustiça todo aquele que profere o
nome do Senhor. Foge também das paixões da mocidade, e segue a justiça, a
fé, o amor, a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor (2 Timóteo
2.15,19 e 22).

Não se deixe levar por falta de compromisso com a vida em Deus


Este é um problema que tem levado muitos a se esquecerem de Deus por
causa das coisas passageiras. Levam muitos a deixarem de lado o convívio
precioso com a Palavra de Deus no dia-a-dia da vida cristã.
No contexto do texto, Timóteo é um jovem pastor e o apóstolo Paulo tem
uma preocupação muito grande para com ele. Paulo deseja que ele não se
deixe em hipótese alguma levar pelas heresias e apostasias.
No caso aqui em foco era o gnosticismo que era combatido (CHAMPLIN,
Vol. V, 1995, p. 377). Então Paulo, se preocupando com o jovem pastor o
encoraja a ver a necessidade de defender a sua fé com muito preparo.
Encoraja para que ela tenha uma vida condizente com a Palavra de Deus.
Timóteo deveria se preparar cuidadosamente na doutrina cristã para que
tivesse condições de resistir aos assaltos dos falsos ensinamentos, refutando-
os através das Escrituras que deveriam ser a fonte da sua fé.

Seja um jovem apaixonado pela Palavra de Deus Paulo dizia para Timóteo
que ele deveria ser zeloso e fazer todo o esforço para se apresentar diante de
Deus como um trabalhador fiel do Evangelho. Um jovem do Senhor deve ser
aquele que leva a sério e põe em prática os preceitos da Palavra de Deus em
seu coração.
Um jovem aprovado por Deus é aquele que possui um coração voltado para a
Palavra de Deus, alguém que se esmera em conhecer as Escrituras. Timóteo
não poderia fazer isto de maneira vergonhosa em hipótese alguma.
A lição para os jovens é muito simples e singela, vocês precisam ser
apaixonados pela Palavra de Deus. Paulo deu um conselho muito precioso ao
jovem Timóteo. E a ideia em 2 Timóteo 2.15 sobre manejar, conhecer e se
dedicar na Palavra é de alguém que corta reto, ou seja, uma comparação com
aqueles que aravam a terra em linha totalmente reta porque sabiam muito
bem o que estavam fazendo, conheciam o seu serviço. Jovens, a vida cristã é
algo muito sério, por isso, não podemos brincar de ser cristãos.
Não podemos nos alimentar da Palavra de Deus somente aos domingos de
manhã e nos encontros da noite. Porque não seremos apresentados diante de
Deus como jovens aprovados e preparados para toda boa obra.
Paulo disse a Timóteo: Meu filho fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus
(2 Timóteo 2.1). Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso
Senhor Jesus Cristo, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das
aflições do evangelho segundo o poder de Deus (2 Timóteo 1.8). Sofre
comigo as aflições como bom soldado de Jesus Cristo (2 Timóteo 2.3).
Não seja influenciado pelo secular, mas pelo Reino de Deus na vida
Jovens, hoje temos muitas alternativas para a vida secular ser vivida com
preenchimentos. Temos os Shoppings da vida, os cinemas, teatros, parques,
namorados, namoradas e etc. Mas, a nossa vida espiritual depende de tudo o
que fizermos. Pois, se formos fortes nos momentos a sós com Deus, seremos
fortes na vida cristã, seremos aprovados diante do nosso Pai Celestial.
Sendo fracos nos nossos momentos a sós com Deus, seremos raquíticos na
vida cristã e reprovados diante do nosso Pai Celestial. O Reino é maior do
que pensamos. O Reino de Deus nos faz olhar para a juventude como um
presente de Deus para ser desfrutado com graça a sabedoria.
O Reino de Deus nos mostra a alegria verdadeira de andar com Deus.
Podemos nos divertir, mas não sermos influenciados pelos padrões da
sociedade secular. A influência tem que vir do Reino.
Quando um jovem tem a Palavra no seu coração, ele é apto para testemunhar
na sociedade com seriedade. Ele tem como ser testemunha viva no seu lar
quando os pais não são convertidos ainda. Ele adquire pela graça do Pai um
caráter como o de Timóteo, alguém que Paulo confiava e sabia que era
temente diante de Deus.
Por isso, com muita certeza, ele desafia Timóteo para fugir dos desejos da
mocidade que fazem com que o jovem se afaste das coisas de Deus. Ele o
desafia a seguir a justiça, a fé (conjunto de verdades), o amor, a paz com o
próximo que obedece a Palavra e isto com um coração puro diante de Deus.
Termino esta reflexão com uma experiência de uma moça da Comunidade
Presbiteriana de Pirituba. Há alguns dias, ela teve um processo interessante
em sua vida. Ela tinha de fazer um concurso que seria ótimo para ela,
profissionalmente falando. Só que já estava trabalhando num hospital. O
concurso foi realizado e ela passou na primeira etapa. Agora haveria a
segunda etapa num dia todo e da semana.
O que dizer no trabalho? Como se portar?
Havia riscos a correr. Perguntando para algumas amigas sobre o que ela
poderia fazer, algumas disseram: inventa que você estava como uma
indisposição estomacal e vai. Ela pensou: meus princípios não me permitem
fazer isto. Então passou a noite orando e pedindo graça ao Senhor.
No outro dia, ela criou coragem e foi falar com a sua chefe. E por sinal,
quando ela entrou na sala havia três chefes do setor de enfermaria daquele
hospital.
Ela disse: estou com uma dificuldade enorme e não quero mentir. Tenho um
processo seletivo de um concurso que passei e o processo acontece hoje. A
sua chefe disse: qual o horário? Ela respondeu: seria agora pela manhã. A
chefe dela lhe disse: o que está esperando? Pode ir.
Ela saiu às pressas louvando a Deus pela graça de agir com consciência
tranqüila e por honrar o Deus a quem ela serve. E chegando lá no local,
mesmo atrasada, as outras moças não tinham chegado ainda.
Detalhe, dentro de um plano de Deus, elas chegaram 5 minutos depois. Ela e
outras moças fizeram o processo. O resultado é que ela foi aprovada e é uma
das colocadas para o cargo daquele concurso prestado. Através da
experiência desta amiga chamada Gabriela Devechi aprendemos o valor de se
importar com o Reino de Deus nos mínimos detalhes da nossa vida. Hoje esta
amiga é uma grande profissional e Deus tem honrado o seu compromisso no
Reino dele!

Para refletir e viver


• Tudo que fizermos nesta vida terá um resultado lá na frente. Não tem jeito,
porque isto é um princípio bíblico. Aquilo que plantarmos certamente nós
colheremos.
• Um jovem aprovado por Deus é aquele que possui um coração voltado para
a Palavra de Deus, alguém que se esmera em conhecer as Escrituras.
• Sendo fracos nos nossos momentos a sós com Deus, seremos raquíticos na
vida cristã e reprovados diante do nosso Pai Celestial.
• O Reino é maior do que pensamos. O Reino de Deus nos faz olhar para a
juventude como um presente de Deus para ser desfrutado com a graça e a
sabedoria.
• O Reino de Deus nos mostra a alegria verdadeira de andar com Deus.

Que o eterno Deus nos ajude a valorizar o presente da juventude que ele dá
vivendo de maneira pura e sadia!
5 Ariel de Castro Alves, advogado, é coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos,
presidente do Projeto Meninos e Meninas de Rua e membro da Comissão da Criança e do Adolescente
do Conselho Federal da OAB - Ordem dos Advogados do Brasil e do Conselho Nacional da Criança e
do Adolescente– Artigo publicado originalmente na revista Transformação, da Visão Mundial, em
março de 2007, pp. 4-8.

C a p í t u l o 20
Jovens: lembrem-se do que os pais
ensinaram sobre Deus
(Eclesiastes 12.1)

Um dia eu vi um filme precioso demais Voltando a viver. O filme conta a


história de um menino marinheiro de temperamento explosivo, Antwone
Fisher. Ele recebeu ordens para consultar um psiquiatra, o Dr. Jerome
Davenport (DENZEL WASHINGTON), caso contrário teria de deixar a
Marinha.

Este jovem comete o erro de permitir que sua triste infância o impeça de ser
um adulto livre na vida. Traumatizado pelos abusos sofridos no passado,
Antwone Fisher descarrega sua ira em brigas constantes com seus
companheiros da Marinha. Na verdade, o filme é o relato do próprio
Antwone Fisher a partir de seu livro autobiográfico, Voltando a Viver.

Mal sabia ele que este primeiro passo em direção ao consultório médico o
conduziria numa jornada para casa. Ele não imaginava que aprenderia a lidar
com todas as perdas sofridas por não ter um pai e uma mãe. E porque ele era
tão agressivo e insubordinado.

Com o apoio do médico que acaba sendo como um pai para ele - mais do que
qualquer pessoa já foi - e da mulher com quem aprende a amar, ele encontra
coragem para parar de brigar, enfrentar seu passado de maus-tratos e começar
a se curar. Só então ele consegue procurar a família que nunca chegou a
conhecer e se apaziguar com aquela que conheceu bem, até demais.

Nascido numa prisão, Fisher passou seus dois primeiros anos de vida num
orfanato, sendo posteriormente adotado pela esposa de um pastor protestante.
Porém, em vez de conseguir uma família, o garoto encontrou verdadeiros
torturadores, já que era freqüentemente espancado por sua mãe adotiva (e,
como se não bastasse, a filha desta abusava sexualmente do menino, que
tinha apenas 6 anos de idade).
É realmente espantoso que ele tenha conseguido se tornar um adulto
funcional, embora agressivo. O mais incrível é que ele tem consciência do
seu próprio processo de necessidade da cura emocional.

A verdade é que este rapaz é cheio de crises e dilemas que não foram
resolvidos. Crises que ele passou por não ter um pai presente. Crises por ser
abandonado pela sua mãe. Crises por ter sido criado por uma mulher
absolutamente desumana e que batia nele, colocava fogo perto dele para
assustá-lo e o chamava freqüentemente de negro maldito.

Talvez essa seja a história de alguns hoje. Alguns que são pais e não
conseguem tratar bem seus filhos e alguns que são filhos, que não são
compreendidos pelos pais e se revoltaram profundamente.

Há um livro extremamente profundo e que nos ensina demais sobre as crises


e dilemas da adolescência e juventude: Crescendo com o seu filho
adolescente de Eugene Peterson. Ele diz que a juventude é um momento
especial tanto para os pais como para os filhos. Se ela for ignorada, acabará
rapidamente se transformando em idade adulta (PETERSON, Eugene.
Crescendo com o seu filho adolescente. Brasília: Palavra, 2007, p. 9).

Os jovens são como o orvalho e não como o granito. Então é necessário que
os pais invistam alguns minutos e aprendam a compreender melhor seus
filhos adolescentes. É preciso a tentativa de adentrar no território do mundo
adolescente.

E ao mesmo tempo, o adolescente precisa crescer na tarefa de respeitar seus


pais que amam e se dedicam aos filhos adolescentes. É interessante como o
jovem se sente, num território ainda a ser conquistado. Parafraseando
Leminski (1985):

“Quando eu cheguei, eles já estavam lá e sabiam de tudo... Só me restava


inventar o futuro. Não me dão chance. Até parece que têm medo. Como se eu
estivesse vindo para tirar o lugar de alguém. Logo eu que só quero aprender,
e quem sabe ensinar alguma coisa. Como se eu fosse cego, como se eu fosse
menor. Nenhum deles se dá ao trabalho de me olhar bem nos olhos e ouvir o
que tenho a dizer” LEMINSKI, Paulo. Guerra dentro da gente. São Paulo,
Scipione, 1986).
Como num jogo de xadrez, cada elemento tem uma posição que pressupõe
certas atuações e desempenhos de papéis. Esses papéis são carregados de
expectativas, regras, normas, tanto do próprio sujeito como outros em relação
a ele.

Tudo isso num contexto dinâmico de ação e reação. Ser filho pressupõe se
relacionar com outra relação, numa forma triangular: mãe - pai - filho. Todo
filho está inscrito numa linhagem que carrega o peso da história de cada um
dos seus pais.

Quando avaliamos a juventude percebemos que há inúmeros tipos de jovens e


atitudes totalmente complicadas. Saiu um Dossiê “MTV3” que trata sobre a
radiografia dos valores do jovem brasileiro. E é muito interessante vermos
como estão os nossos jovens.

A vaidade exacerbada, a falta de rumo e o excesso de hedonismo e


individualismo são algumas das características dos jovens brasileiros
apontadas no início de maio pelo Dossiê “Universo Jovem 3”, pesquisa
encomendada pela MTV que entrevistou 2.359 jovens das classes A, B e C
das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador e Porto Alegre,
sob a coordenação de Ione Maria Menes.

A intenção foi identificar valores e comportamentos de jovens entre 15 e 30


anos sobre os temas: Vaidade e Beleza, Drogas, Sexualidade e a comunicação
na Era da Tecnologia.

O Dossiê utilizou os mesmos seis perfis comportamentais da primeira


pesquisa, realizada em 1999, que variam entre "Antenas do Tempo" (19%),
jovens de melhor nível social, ligados às novidades tecnológicas e mais
liberais; "Novas Posturas" (11%), que refutam o consumismo, assistem
menos TV e são politicamente corretos. "Sonhando com as alturas e lutando
nas bases” (17%), que têm menos dinheiro, desdenha a importância do voto,
sonha com a fama e se considera "mais ou menos feliz".

“Vivendo intensamente” (16%), dedicados à busca do prazer pessoal


imediato e a adiar ao máximo as responsabilidades; "Arranhados pela vida"
(21%), a parcela mais desiludida e sem perspectivas, que gostaria de ter mais
dinheiro e liberdade e tem na TV sua principal fonte de informação e lazer. E
finalmente os "Solidários" (15%), com perfil mais conservador, religioso e
moralista, com maior atuação social e consciência política.

Os entrevistados definiram sua geração usando palavras como "vaidosa"


(37%), "consumista" (26%), "acomodada" (22%) e "individualista" (22%), e
os dados da pesquisa confirmam essa visão um tanto pessimista sobre a
juventude brasileira.

No quesito Vaidade, o jovem brasileiro parece dar muito valor à aparência:


60% acreditam que pessoas mais bonitas têm mais oportunidades na vida e
cerca de 15% dos jovens entrevistados declararam que estariam dispostos a
ser 25% menos inteligentes se pudessem ser 25% mais bonitos.

O medo do futuro e o adiamento das responsabilidades também estão em


evidência: 82% prefere morar com os pais e usufruir todo o conforto e uma
relativa liberdade que o diálogo familiar gera, a enfrentar uma vida
independente.

O consumo de substâncias psicoativas, como drogas e álcool, chega a ser


natural: 87% dos jovens entrevistados já beberam, com uma idade média de
iniciação em 15 anos. E 94% acreditam que o acesso às drogas é fácil e que o
consumo quase não é reprimido.

A vida sexual começa em geral por volta dos 16 anos (mas cerca de 22%
perdem a virgindade aos 14 anos). E cerca de 83% dos entrevistados já
mantiveram relações sexuais.

A evolução dos dados entre a pesquisa de 1999 e a atual revela o crescimento


vertiginoso da tecnologia no cotidiano da parcela mais abastada da população
jovem: celulares (de 19% para 71%), computadores (de 22% para 46%).

O acesso à Internet (15% para 66%). Pelo menos 79% dos jovens usam o
"torpedo" do celular para falar com os amigos, e a avalanche de blogs e
fotoblogs não passa despercebida pela geração plugada na Web: 79% dos
jovens sabem o que é Blog.

Há 77% de jovens que sabem o que é Fotoblog. Há 48% que já passaram pelo
Orkut, a principal rede de relacionamentos da Internet, e 43% usam o
Messenger, programa de mensagens instantâneas da Microsoft. Hoje mais de
60% usam Facebook e Twitter.

Na matéria da Revista Ultimato realizada pela Editora Ultimato, em julho


deste ano, com 1960 jovens de idade entre 13 e 34 anos “Juventude
Evangélica: crenças, valores, atitudes e sonhos” Em relação às coisas
importantes para a vida pessoal:

• Ter fé (94%),
• Ser honesto (89%),
• Ser amigo e leal (87%)
• Ter uma boa relação familiar (86%)
• Ser trabalhador e responsável (77%)
• Viver numa sociedade mais justa (59%)
• Ter um trabalho que traga realização (58%)
• Ser estudioso (58%)

Ter um corpo bonito e saudável (63%) ( Revista Ultimato. Para não virar a
cabeça. Setembro/Outubro. 2010 - Ano XLIII, p. 25).
Todas as estatísticas de alguma maneira refletem dentro das nossas
comunidades cristãs, pois, os nossos jovens estão na igreja 120 horas por ano
e na escola 920 horas. Temos 168 horas por semana. Destas 168 horas os
nossos jovens vêm à igreja menos do que 10% destas horas.
Então a influência da tecnologia e das atividades seculares são maiores. Os
nossos adolescentes e jovens estão expostos aos prazeres e tentações das
drogas e do consumismo.
É preciso entender, como igreja, que temos uma responsabilidade enorme de
investir um tempo de qualidade e exercer uma influência profunda do Reino
na vida deles porque a proposta para o rapaz e a moça perderem princípios e
valores de Deus é forte demais.
É preciso perceber a necessidade de acompanhar o crescimento e o processo
de desenvolvimento mental, físico e espiritual dos nossos jovens e
adolescentes. Precisamos perceber que, quando o filho começa a crescer e
ganhar espaço na casa, surge à adolescência. Parece que a família deixa de
ser normal. Os pais deduzem que alguma coisa excepcional está acontecendo
em sua casa (PETERSON, 2007, p. 11).
Precisamos como igreja ensinar nossos filhos que vivemos bem quando
vivemos de acordo com o projeto original, para o qual nascemos. Nascemos
para amar e sermos amados. Como diz C. S. Lewis no seu livro O problema
do sofrimento: “Deus nos criou para a felicidade, mas a felicidade de sermos
um, indo a ele numa relação de amor” (LEWIS, C. S. O problema do
sofrimento. São Paulo: Vida, 2006, p. 58).
Um fator interessante para avaliação é que a adolescência é um presente de
Deus para os pais na meia-idade.
Ela não é apenas um processo estabelecido por Deus para levar crianças à
idade adulta, é ainda o plano dele para fornecer algo essencial aos pais nos
anos em que são críticos na vida deles também.
Deus dá filhos para restaurar a nossa percepção de ser criatura, um filho dele,
para que vivenciemos a renovação da condição essencial para entrar no Reino
de Deus (PETERSON, 2007, p. 12).
Tanto os adolescentes como os jovens e pais têm uma parceria no
crescimento espiritual na presença de Deus.
Agora sim, chegamos ao texto de Eclesiastes, pois, ele nos dá uma chamada
ao jovem para se alegrar e se lembrar do Senhor nos dias da mocidade não se
esquecendo de que o Senhor pedirá contas de tudo. Só que não é uma
responsabilidade só dos jovens, é dos pais também.
Porque a Bíblia diz que quem ensina a criança no caminho em que deve
andar são seus pais. Ela diz também que a glória dos filhos são seus pais. E a
honra dada aos pais tem a ver com o ensino que eles dão aos seus filhos.
A palavra hoje é dirigida tanto para adolescentes e jovens como para os pais
também. Porque pais têm responsabilidade profunda na formação e
desenvolvimento moral, espiritual e afetivo dos seus filhos.
Vejamos o que Salomão tem a nos ensinar.
O primeiro princípio que aprendemos é:

Não se esqueçam do que seus pais ensinaram sobre Deus e sobre o seu
Reino

Salomão afirma em Eclesiastes 12.1: Lembra-te também do teu criador nos


dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias e cheguem os anos em
que dirás: Não tenho prazer neles.

Hoje vivemos um tempo complicado demais na educação dos filhos. Os pais


têm influência sobre os filhos até os 10 ou 11 anos. Hoje os pais têm muito
menos controle do processo do que desejariam. Isto tem provocado rupturas
nos lares. Refletindo sobre isto, resolvi ouvir alguns pais sobre frustrações e
alegrias na educação dos filhos, eles dizem:

Frustração: Como pai, não consigo passar todos os valores e princípios para
os meus filhos. E também vejo como é difícil educá-los. Pois, inculcar neles
os preceitos de Deus é uma tarefa que exige, constantemente da nossa parte
muito tempo e dedicação com os filhos. E nessa correria da vida vejo que,
muitas vezes, não consigo passar todos os valores que desejo. Pode parecer
simplista a minha resposta.

Alegria: A maior alegria são eles mesmos. Pois, apesar do trabalho que dá
instruir os nossos filhos nos dias de hoje, eles são presentes que Deus nos dá,
seja gerado no ventre materno ou gerado no coração (adoção).

Frustração: Ver alguns defeitos nos meus filhos que são defeitos que tenho
na minha vida.
Alegria:O crescimento físico, intelectual, emocional e espiritual deles.

Frustração: As duas maiores frustrações são: não vê-los com um


compromisso sério com Deus. A segunda é que não valorizaram muita coisa
boa que eu tenho para passar a eles.

Alegria: Minha maior alegria é saber são pessoas de caráter inquestionável.


Eles aprenderam os princípios de Deus. Isso alegra o meu coração”.

Por causa das dificuldades na educação e a influência séria e contagiosa de


valores da nossa sociedade, o rapaz de 15 anos chega para o pai e diz: Vou
acampar com os meus amigos no final de semana.

O pai contesta: Você está pedindo ou comunicando? O pai contra-argumenta:


Então não vai. Por que não posso ir? Insiste o filho. Porque eu me preocupo
quando você está fora de casa. O pai tenta explicar, mas não o convence. E
ele bate o pé e diz que vai. Alguns pais dizem: Então o problema é seu. E
assim vemos estabelecido o confronto de autoridade.

A rotina familiar está revolucionada. Por situações semelhantes, os pais


percebem que têm um adolescente emergente dentro de casa. Eles dão conta,
no convívio diário, que têm diante de si um novo ser.

Essa descoberta os coloca diante de duas situações inesperadas, para as quais


não estão preparados para lidar: rivalidade e competição.

Essa descoberta é sempre acompanhada pela perplexidade dos pais: Eu, não
reconheço mais os meus filhos. Onde foi que errei?
Muitos pais não estão disponíveis para se questionarem nessa crise
existencial. Assumem posições extremas: ou proíbem tudo – ou permitem
tudo, liberam, transferem suas frustrações.
Na educação, a maior dificuldade quando os filhos estão crescendo é ir
alargando os limites com compreensão, amor e carinho. Assim surgem
perguntas: Como me relacionar com meus filhos sem competição? Como me
relacionar com meus filhos sem perder o respeito e a autoridade?
Para responder as perguntas é necessário observarmos as palavras de
Salomão neste texto: Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua
mocidade, antes que venham os maus dias e cheguem os anos em que dirás:
Não tenho prazer neles.
Antes Salomão afirma que os jovens podem curtir a vida reconhecendo os
limites que ela tem. Agora ele convida os jovens a se lembrarem do criador
nos dias da juventude (alvorecer da vida). É para os jovens se lembrarem de
Deus na mocidade antes de chegarem ao estado lastimável da idade avançada
(CHAMPLIN, 2005, Vol. 4, 2738).
As razões para esta lembrança são:
• Com o criador na mente e no coração o jovem agirá
corretamente e guardará a Torá (Lei) e desta maneira terá uma
vida temente;
• Com o criador na mente e no coração o jovem pensará
mais no processo de amadurecimento na vida e no preparo
para a velhice;
• Com o criador na mente e no coração o jovem experimenta
o melhor da sua vida de maneira sadia e eficaz.
Só que, para este processo acontecer na vida de um jovem, ele precisa de um
mentor, ele precisa de um pai e uma mãe que ensinem as verdades contidas
na Bíblia. Ele precisa de referenciais. Ele precisa de modelos.
Pais e mães, os jovens não se lembram de Deus por acaso. Eles precisam do
aprendizado desde cedo. Eles precisam formar o caráter deles e a vida ética
deles olhando para os pais. Não é por outro propósito a não ser o de
aprendizado que Salomão diz: Ensina a criança no caminho em que deve
andar e ainda quando for velho não se desviará dele (Provérbios 22.6).
Salomão ensina que temos responsabilidade profunda na lembrança de quem
Deus é na vida dos filhos. Então devemos ter uma atitude de seriedade e fé
diante do privilégio de criar filhos no Senhor. Temos apenas uns 18 ou 20
anos para completar em cada filho a etapa de formação.
Não podemos perder nenhum desses anos. Precisamos de graça, amor e
sabedoria para fazer isto no meio de uma sociedade que liberou geral e que
não tem mais respeito pelos pais.
É preciso que os pais tenham a plena consciência para encaminharmos a
geração seguinte, à vontade de Deus. É a idéia da criação de uma criança em
Israel. O texto de Deuteronômio 6.7 afirma: Tu as inculcarás a teus filhos e
delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e
ao levantar-te (Deuteronômio 6.7).
Esta tarefa não é fácil. Requer uma dedicação seria durante muitos anos. Mas,
é Deus quem nos assegura a sua graça e sabedoria. As palavras de Salomão
são sérias tanto para os pais que criam seus filhos como para os filhos que
recebem o ensino.
Os jovens devem se lembrar daquilo que aprenderam de seus pais sobre o
caráter e vontade de Deus. Porque isto lhe trará um livramento enorme para
não dizer jamais: Não tenho prazer neles.
Quero deixar alguns conselhos para pais e filhos no processo de educação e
de aprendizado sobre quem Deus é:
• Pais: Compreendem a natureza da criança (Provérbios 22.15; Salmo 51.5).
Elas não se inclinam naturalmente para o bem. Por isso devemos ensiná-las,
formá-las e discipliná-las. O texto de Provérbios 22 afirma que a criança tem
a maldade no seu coração e por isso necessita da varinha santa que educa e
forma.
• Filhos: Saibam que Deus quer que vocês cresçam e
amadureçam através do modelo de seus pais.
• Pais: Saibam que a presença de vocês é essencial para ajudar
a lembrança dos filhos sobre Deus. Vocês precisam crescer e
amadurecer junto com seus filhos. Orar com eles e por eles. Vocês
precisam buscar o entendimento dos conflitos deles desde a fase
infantil. Lembrem-se de que é na família que eles aprenderão acerca da fé em
Cristo. As crianças não ouvem apenas as palavras dos pais, ouvem as
intenções e atitudes por detrás das palavras. Elas aprendem o que os pais
realmente admiram e desprezam. Se eles desprezam Deus e os seus
princípios, seus filhos também farão o mesmo.
• Filhos: A formação do caráter é a capacidade para enfrentar as
responsabilidades da vida, trabalho, casamento, sólida base moral, auto-
disciplina, auto-estima, domínio próprio, controle sobre os sentimentos,
gostos e etc. Só que a ajuda dos pais é essencial para o desenvolvimento
sadio destes processos.
• Pais: Sejam exemplos de instrução, disciplina e carinho. Tudo isto é
expressão prática do amor.
• Devemos considerá-los como herança do Senhor. Temos, portanto, a
responsabilidade diante de Deus de criá-los para a sua glória. Os filhos
precisam saber o que há nos escritos bíblicos. Que Deus ama aos seus e que
vivem na dinâmica do cuidado divino (PETERSON, 2007, p. 31).
• Filhos: Jovens têm inseguranças que precisam ser trabalhadas via mentoria.
Então olhem para seus pais com graça reconhecendo que eles já passaram
pelos conflitos que vocês passam. Eles têm a experiência. Então ouçam os
conselhos dos pais. Porque A Bíblia diz: Ouve o conselho e recebe a
instrução para que sejas sábio nos teus dias por vir (Provérbios 19.20).
• Pais: Lembrem-se de que a presença das diferenças entre vocês e seus filhos
enfatiza o amor e não o ódio. Cresçam com os filhos mesmo no meio das
diferenças. Falem, mas ouçam também o que eles têm a dizer sobre os
dilemas e conflitos existentes. Com ouvidos carinhosos podermos escutar
suas idéias, verificar como pensam, como julgam e nos ajudam a aceitá-los
com seus limites.
• Filhos: O importante na vida é dar vazão para o crescimento diante de Deus
e se lembrar de quem Deus é. Ele é o Deus de amor, de bondade, de justiça e
que corrige a quem ele ama. Então, lembrem-se, todos os dias da vida, de
Deus e do seu Reino. Isto fará a diferença total na sua vida. Cresçam na graça
e conhecimento de Deus. Cresçam na obediência a sua Palavra e vocês verão
o diferencial. Não negociem a consciência cristã de vocês por nada deste
mundo. Percam tudo na vida menos a consciência diante de Deus.
O propósito de Deus é que não sejamos mais meninos, levados de um lado
para o outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por outro vento de
doutrina ou ensinamento.
O propósito de Deus é que o conheçamos através dos nossos pais e
valorizemos tudo aquilo que aprendemos desde cedo e assim andemos com
ele, na presença dele, no temor dele sabendo que a vida é como o vento que
passa muito rápido e vai embora.
Quando olhamos para Abraão, percebemos um homem que amava o seu
filho. Um pai que se preocupava de maneira profunda com o seu filho. O
relato de Gênesis 24 é elucidativo para nós, no Século XXI. Ele está
preocupado com o futuro do seu filho. Ele ora pelo seu filho e tem um servo
na sua casa, Elieser que é encarregado de procurar no meio do povo de Israel
uma esposa para Isaque.
Ele faz o seu servo lhe jurar dizendo no capítulo 24.2-4: E disse Abraão ao
seu servo, o mais antigo da casa, que tinha o governo sobre tudo o que
possuía: Põe a tua mão debaixo da minha coxa, para que eu te faça jurar pelo
Senhor, Deus do céu e da terra, que não tomarás para meu filho mulher
dentre as filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito; mas que irás à
minha terra e à minha parentela, e dali tomarás mulher para meu filho Isaque.
Interessante que aconteceu todo o processo de busca e o servo encontrou
Rebeca que era prima de Isaque e no momento em que Isaque voltava do
campo à tarde depois de meditar e levantando os olhos, viu a Rebeca e se
tornaram marido e mulher. E o texto afirma que ele a amou. Assim Isaque foi
consolado depois da morte de sua mãe. Vemos aqui a história de um pai que
investe em todos os sentidos na vida do seu filho. Preocupa-se com o futuro
dele. E o ensina a orar diante de Deus.
Abraão é modelo para nós, hoje, de alguém que anda com o seu filho e divide
todos os espaços da vida dele sem perder a postura. Seja um pai como Abraão
e aprenderá como andar com seu filho em todas as fases da vida dele.
Em um artigo para a revista Mission Frontiers, Chuck Edwards e John
Stonestreet, do Summit Ministeries, organização que lida especialmente com
jovens universitários e suas crises, apontam algumas razões para o
afastamento dos jovens: “o aumento de professores liberais” (que passam sua
aversão ao cristianismo para os alunos, que se tornam “presas da retórica
anticristã”), “a ausência de fundamentação adequada” (muitos estudantes se
dizem cristãos, mas são incapazes de explicar por que acreditam no que
acreditam) e “uma visão errada do cristianismo” (enquanto uns se opõem a
ele, outros simplesmente não o entendem).
Mas como ajudá-los? Stonestreet faz um alerta: em vez de tentar fazer com
que o cristianismo pareça atraente e divertido para os jovens, devemos nos
preocupar em garantir que isso que estamos transmitindo seja de fato
cristianismo.
Ele propõe as seguintes ideias:

Devemos desafiá-los em vez de mimá-los:


Os estudantes não precisam de mais entretenimento. O ipod, a internet e os
amigos já são suficientes. “Nunca os prepararemos efetivamente para encarar
essa cultura movida a entretenimento se simplesmente a substituirmos por
entretenimento cristão.” Os estudantes precisam ser desafiados com
perguntas difíceis e dilemas culturais.

Devemos oferecer a eles uma educação completa sobre apologética e


visão de mundo:
“Os estudantes cristãos frequentemente têm a impressão de que somos salvos
‘de’, e não ‘para’.” Muitos conhecem a Bíblia, mas não pensam biblicamente.
Eles precisam saber no que crêem e também no que os outros crêem.

Devemos mostrar não somente a que nos opomos, mas também o que
defendemos:
Muitos estudantes são vítimas de escolhas imorais porque lhes falta uma
visão maior de suas vidas. Muitos sabem mais sobre o que é proibido do que
sobre o propósito para o qual Deus os chama.

Devemos confrontá-los com as grandes batalhas culturais dos nossos


dias, e não isolá-los:
O cristianismo não é uma religião ascética ou uma filosofia dualística. Seus
seguidores são chamados a mergulhar no significado histórico e cultural da
humanidade. A oração de Jesus é reveladora: Não tire-os do mundo, mas
proteja-os do mal (João 17.15).
Apesar das estatísticas, John Stonestreet tem boas expectativas: “Eles [os
jovens de hoje] serão melhores do que a minha geração. Eles vão amar mais a
Deus, servir melhor, se preocupar de forma mais profunda e pensar de forma
mais clara. Eles querem ler bons livros e querem viver por algo maior do que
eles mesmos” (Revista Ultimato. Para não virar a cabeça.
Setembro/Outubro. 2010 - Ano XLIII, p. 32).

Para refletir e viver


• Os jovens são como o orvalho e não como o granito. Então é necessário que
os pais invistam alguns minutos e aprendam a compreender melhor seus
filhos adolescentes.
• É preciso entender, como igreja, que temos uma responsabilidade enorme
de investir um tempo de qualidade e exercer uma influência profunda do
Reino na vida deles porque a proposta para o rapaz e a moça perderem
princípios e valores de Deus é forte demais.
• É preciso que os pais tenham a plena consciência para encaminharmos a
geração seguinte, à vontade de Deus.
• O propósito de Deus é que o conheçamos através dos nossos pais e
valorizemos tudo aquilo que aprendemos desde cedo e assim andemos com
ele, na presença dele, no temor dele sabendo que a vida é como o vento que
passa muito rápido e vai embora.
• Tudo que fizermos nesta vida terá um resultado lá na frente. Não tem jeito,
porque isto é um princípio.

Que Deus nos dê graça na vida para observarmos estes conselhos de


Salomão!
Capítulo 21

C a p í t u l o 21
A dinâmica da vida compromissada com
Deus
(Eclesiastes 12.2-8)

Temos nos preocupado com os nossos jovens e crianças no meio cristão? Na


perspectiva de Salomão, o jovem precisa se lembrar do criador no tempo de
hoje. Porque na visão de Salomão a legislação para o coração é Deus, é o seu
Reino e a sua Palavra. Não tem como ser guiado na vida a não ser pelo Reino
de Deus.

Salomão apresenta na seqüência do texto as facetas da velhice. E as


enfermidades que ela traz e ele vai até chegar a hora da morte. Vejam como
Salomão nos dá dicas sérias sobre a rapidez e os efeitos que a velhice traz na
vida.

O sol é uma figura agradável que lembra vida. A luz lembra o quanto a
juventude é brilhante e cheia de esperança. E Salomão chama a atenção
dizendo que devemos nos lembrar do criador antes que se escureçam o sol e a
luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir às nuvens depois da chuva. Ou seja,
antes que o dia da escuridão venha, o jovem deve se lembrar do seu criador.

Salomão nos adverte que um dia a doença de Parkinson que é uma afecção do
sistema nervoso central que acomete principalmente o sistema motor, pode
nos pegar. Ele fala que um dia podem cessar os dentes que caem. Ele fala
sobre a perda da visão por causa da catarata.

Ele fala da fraqueza dos ossos que é a osteoporose quando afirma do temor
do que é alto e espantos no caminho. Ou seja, a idéia de andar com cuidado
para que os ossos na sua fragilidade não se quebrem. E fala da rapidez em
que chega a morte quando ele se refere à sua casa eterna – sepultura, ou seja,
o lugar do silêncio eterno.

A reflexão sobre o investimento no Reino é tão importante que ele aprofunda


a idéia da chegada ao fim, no sentido humano. Por isso, ele diz: E o pó volte
para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que o deu. Vaidade de
vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade.

Então enquanto estamos vivos, jovens, sonhemos com uma geração que não
perde a meninice, mas lembra que um dia o tempo de juventude acabará.
Porém, jamais esta geração deixará de lutar por um caráter verdadeiro, santo
e honesto. Até me lembro de uma canção de Oswaldo Montenegro,
Travessuras:

“Eu insisto em cantar, diferente do que ouvi. Seja como for recomeçar Nada
há, mais há de vir. Disseram-me que sonhar Era ingênuo e dai? Nossa
geração não quer sonhar, pois que sonhe a que há de vir. Eu preciso é te
provar que ainda sou o mesmo menino, que não dorme a planejar,
travessuras. E fez do som da tua risada um hino”.

Que princípios podemos extrair para nossa vida para nos lembrar sempre do
criador? O primeiro princípio é:

Precisamos da audácia e compromisso de Sadraque, Mesaque e Abede-


Nego
Salomão afirma no versículo 1: Lembra-te também do teu Criador nos dias da
tua mocidade, antes que venham os maus dias e cheguem os anos em que
dirás: Não tenho prazer neles.
Quando olho para a vida destes jovens percebo a coragem e a disciplina deles
em se lembrar do criador. Eles não estavam preocupados com o decreto do
rei, de quem não adorasse a estátua seria lançado na fornalha ardente.
Eles estavam preocupados na adoração sincera e verdadeira ao Deus de
Israel. Eles se lembravam do Criador em todos os aspectos da vida deles. Há
muitos jovens cristãos que estão vendendo a alma para os movimentos do
mundo por aí. Alguns perderam a ética por causa de uma promoção.
Alguns jovens se dobraram a mentira para galgarem espaços e status na vida.
Estão com carros de primeira linha e a consciência está no buraco da vida.
Alguns jovens afundaram o seu compromisso com Deus por causa das drogas
e do sexo fora do casamento.
Quando olhamos para a vida de Sadraque, Mesaque e Abede- Nego
percebemos que em nenhum momento eles perdem o foco. Eles não perdem o
temor e o compromisso com o Deus deles.
A Palavra de Deus é absolutamente clara quanto a dizermos não para as
ondas da cultura mundana. O Conselho de Paulo em Romanos 12 é
apresentarmos nosso corpo como um sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o nosso culto racional. E de maneira forte, é para não nos
conformarmos com este mundo, mas nos transformar pela renovação da
nossa mente.
Paulo chama esta compreensão de culto racional e inteligente. Jesus convida
o jovem rico para se sacrificar deixando tudo para trás e o seguir nesta vida
de culto de vida. Mas, ele se recusa a tomar o verdadeiro sentido da vida
humana que é adorar e cultuar ao Senhor da vida para sempre (NOUWEN. O
caminho para o amanhecer. 1999, p. 26).
Só pertencemos a Deus quando o adoramos de verdade e com todo o coração.
Ele não nos aceita se não for com o culto da vida, do coração, com santidade
e sinceridade. Paulo diz que devemos nos apresentar com um corpo e o modo
é: como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus que é o nosso culto
racional.
A vida de pecado não é mais uma realidade em nós, a realidade é que a velha
vida foi sacrificada e possuímos uma nova vida em Cristo. Então o nosso
sacrifício é inteiramente vivo. Ele é também santo porque aponta para a nossa
natureza redimida. Ele é santo porque Cristo nos representa diante do Pai nos
tornando aceitos diante dele (CALVINO, Comentário aos Romanos, 1997, p.
423). E ele é agradável porque é feito pela mediação de Cristo como o nosso
sumo sacerdote que cumpre a vontade do Pai.
E ele só se torna racional porque é divino. Ele é inteligente, ele é com ordem,
com razão da fé. Ele tem um significado: gratidão ao Pai pela obra da
redenção. Ele é realizado quando despertamos e passamos o nosso dia na
presença marcante do criador.
Calvino diz que o culto racional é aquele que obedece a todos os padrões da
Palavra de Deus e que tem a ver com a obra de Cristo e o seu reconhecimento
(CALVINO, 1997, p. 425).
Culto racional é o coração voltado para a espiritualidade na presença do
eterno Deus. Paulo disse: E não vos conformeis a este mundo, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente para que experimenteis qual
seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus (grifos meus).
A verdade é que muitos jovens estão envolvidos com uma vida de pecado e
totalmente suja diante de Deus por causa da conformação com o mundo. E
quando eles estão numa celebração são extremamente envolvidos pela
emoção do culto, do louvor e da meditação. Mas, o coração está
comprometido com as questões não do Reino e sim, do terreno.
Quando lemos este texto percebemos que vida suja não combina com culto
racional que Paulo trata aqui, pois, o mesmo é revestido de santidade,
sinceridade e renúncia da própria vida para que se torne em oferta aceitável
diante de Deus. Então se não houver uma conversão das emoções, e isto no
coração, ouviremos sempre vozes estranhas produzindo um cristianismo oco,
sem vida, sem razão, sem emoção verdadeira.
Discernimos a voz de Deus na conversão das nossas emoções quando elas
produzem efeitos no nosso caráter. Quando apenas buscamos sensações
espirituais que nascem não de um desejo sincero por Deus, na sua Palavra, no
seu Reino, na sua justiça e no seu amor, mas apenas para satisfazer
sentimentos egoístas que nascem de emoções não transformadas. Com
certeza, ouviremos vozes estranhas no nosso coração. A voz estranha é se
conformar com o mundo. O que é esta palavra se conformar?
É ser moldado e lapidado pelo princípio de Satanás, é não seguir a conduta e
o caráter de Cristo na vida de culto divino. Ouvimos vozes estranhas quando
não damos vazão para a Palavra. Somos moldados pelo mundo quando
dizemos não para o Reino de Deus.
Quando não nos conformamos com o mundo vemos o poder recriador de
Deus nos tornando pessoas novas nele. As coisas velhas ficam para trás por
causa do poder de Deus sendo derramado em nós.
Quando olhamos para a vida de Paulo identificamos que ele não procura
varrer o que tem para trás, ele lembra que Deus transformou tudo isso pelo
seu poder na sua alma e no seu coração. E isto fez com que ele vivesse uma
história redimida. Paulo foi mal e um carrasco dos cristãos antes de sua
conversão. E de repente é transformado pelo poder de Deus e não se
conforma mais com o seu mundo.
Paulo não é mais refém do que ficou para trás, ele não é mais refém do
mundo passado, ele é servo de Deus que não vive mais para o mundo, aliás,
para ele, o mundo é algo vão e passageiro. Ele diz que não pertence mais ao
mundo e sim, a Cristo.
Paulo é recriado todo dia para a glória do seu Deus e não para o mundo.
Paulo sabe do significado da vida em Cristo, por isso, o convite dele é que
sejamos transformados pela renovação da nossa mente. Não é uma renovação
pela razão e, sim, pela ação divina nela. É uma mudança de estado. Antes
ouvíamos vozes estranhas do mundo, agora ouvimos a voz do Espírito. É
mudança de direção espiritual.
É a ideia de Paulo de levarmos cativo todo o nosso pensamento à obediência
a Cristo. É de sofrermos dores de parto até Cristo ser formado em nós. É a de
renunciarmos tudo por amor a Cristo e o seu Reino. Paulo termina o texto
dizendo que esta transformação resulta na experiência da boa, perfeita e
agradável vontade de Deus. O que de fato agrada a Deus é culto que combina
com a Palavra de Deus, com os mandamentos que Deus requer do homem na
sua presença.
Precisamos experimentar uma conversão tanto da nossa razão como das
nossas emoções. Porque aí teremos sensibilidade para ouvir a voz de Deus
Pai e não seremos envolvidos por vozes estranhas que atrapalham a nossa
caminhada com Deus Pai.
Há muitas famílias e jovens nelas que estão se acabando, se destruindo,
porque se entregaram à cultura mundana. Uma cultura sem Deus, uma cultura
que visa ao individualismo e não o caráter e a justiça. Há pessoas que
perderam a noção, a coragem de defenderem a bandeira do Reino de Deus
com a vida e coração.
Jovens sejam fortes pela graça do eterno Deus e sejam moldados não pela
cultura mundana e sem os princípios do Reino de Deus, mas sejam moldados
e lapidados pela renovação da mente e coração na presença do Criador que
quer o melhor do nosso coração para ele.
O segundo princípio é:

Precisamos do coração fiel, íntegro e sério diante de Deus como o de José


O texto de Gênesis 39.2 afirma que o Senhor era com José, e ele se tornou
próspero; e estava na casa do seu senhor, o egípcio. Ele estava servindo na
casa do seu chefe Potifar e a Bíblia diz que José era formoso a vista.
Ele deve ter chamado à atenção da esposa de seu chefe que começou a
persuadi-lo e sua resposta foi: Eis que o meu senhor não sabe o que está
comigo na sua casa, e entregou em minha mão tudo o que tem; ele não é
maior do que eu nesta casa; e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto
és sua mulher. Como, pois, posso eu cometer este grande mal, e pecar contra
Deus? (Gênesis 39.8-9).
Ele foi preso por ser fiel a Deus e aos seus princípios aprendidos diante do
seu velho pai Jacó. José é modelo para nós, filhos. Ele é fiel em suas ações.
Ele não se dobra diante da sua cultura para desobedecer a Deus. Um filme
que marca a nossa vida é: O Conde Monte Cristo.6
Neste filme vemos a experiência de um homem que é justo, correto em seu
proceder e que num certo momento da sua vida ele é acusado por um crime
que não cometeu. Ele é preso e passa 12 anos sofrendo e sendo humilhado
numa prisão que nenhum ser humano deveria passar. Mas, lá ele aprende
tudo o que alguém precisa saber na vida.
Ele encontra um padre que é sábio e mesmo idoso ensina princípios
profundos para ele. Quando ele sai da prisão por milagre, ele tem a
possibilidade de aplicar tudo o que aprendeu com este padre que foi
referencial para o seu coração. Quando vemos este filme nos lembramos da
história de José. Lembramos que José foi fiel aos seus princípios em todos os
momentos da vida.
Na sua jornada da vida, quando você for tentado a trair a sua esposa, lembre-
se de que você pecará contra o seu Deus a quem serve. Quando você for
tentado a receber suborno, você pecará contra o seu Deus. Quando você for
tentado a colar na prova, você pecará contra o seu Deus.
Quando você for tentado a ficar com a menina que não é sua namorada, você
pecará contra o seu Deus. Quando você for tentado a ir para a cama com sua
namorada, você pecará contra o seu Deus. Quando você for tentado a mentir
para alcançar algo, você pecará contra o seu Deus.
Podemos ver que fidelidade é a prática da vida de José. Ele faz da fidelidade
o rumo da sua vida para viver confiando nas promessas do seu Deus. No
meio das crises terríveis de tentações e abandonos, José é inflexível na
fidelidade diante do seu Deus.
Ele é preso, mas não abre mão dela no seu viver. Resista às flechas das
tentações como José do Egito e você verá que a fidelidade, a integridade e
seriedade serão as marcas da sua vida na presença de Deus e dos homens.
Finalizo este capítulo com algumas dicas espirituais importantes tanto para
pais como para os jovens:

Sejamos discípulos da pureza e não da impureza: A maior luta para o


jovem cristão hoje é cultivar a pureza. Porque as bancas de jornal mostram as
curvas de uma moça de corpo bem torneado e lapidado. E o jovem tem de se
guardar puro e resistir às pressões sexuais. Qual a maneira de se guardar puro
e não ser um discípulo da impureza?
É voltando o coração para a maior necessidade de nossos dias que é a vida de
fidelidade aos princípios. É o exemplo de José do Egito mesmo! Somos
convidados a ser discípulos da pureza em todas as esferas da existência
humana, com relação a dinheiro, sexo e poder.
Não há outras questões que nos atinjam de forma tão profunda e universal.
Não há outros temas que sejam tão inseparavelmente interligados. Não há
outros assuntos que causem tanta controvérsia. Não há outros aspectos da
vida humana que tenham tanta influência na vida como estes.
A busca frenética por dinheiro nos faz perder a pureza, o sexo fora do tempo
de casamento nos pesa a consciência e nos tira a pureza diante de Deus. E o
poder nos atira para dentro da arena da soberba e arrogância nos privando de
uma pureza e humildade diante de Deus. Vivamos ética e espiritualmente
como discípulos da pureza e não da impureza. Sejamos seguidores de Cristo,
pois, ele tomou os assuntos cruciais de seus dias e mostrou a relevância da
mensagem do Evangelho em relação a eles.
Ele nos deu parâmetros a partir dos quais somos capazes de viver um
Evangelho fiel e sincero. Tendo olhos santos, tendo uma vida de seriedade e
honestidade. Dizendo não para a impureza e podridão do pecado.

Se j a m o s d i s c í p u l o s d o c o m p ro m i s s o e n ã o d o
descompromisso.
Dostoievsky tem uma obra-prima chamada: O idiota. Nesse romance, o
príncipe Myshkin, símbolo de Cristo, é jogado em uma cultura obcecada por
riqueza, poder e conquista sexual.
Mas, o príncipe não possui orgulho, cobiça, malícia, inveja, vaidade ou
temor. Comporta-se de maneira tão anormal que as pessoas não sabem o que
pensar dele. Confiam nele devido à inocência e à simplicidade que
demonstra. Mesmo assim, a falta de outras motivações por parte do príncipe
leva o povo à conclusão de que ele é um idiota.
Dostoievsky entretece os temas: dinheiro, sexo e poder por toda a história,
contrastando o espírito do príncipe com o de todos aqueles que o rodeiam. A
respeito do personagem principal, o narrador observa: "Ele não se importava
com pompa ou riqueza, nem mesmo com estima pública, mas apenas com a
verdade!".
Numa carta, o próprio Dostoievsky disse, acerca do príncipe: "Minha
intenção é a de retratar uma alma verdadeiramente bela" (DOSTOIEVSKY,
Fiodor. O idiota. Rio de Janeiro, São Paulo: Ediouro, 2002, p. 220). A
verdadeira pergunta que paira sobre todo o romance é a seguinte: quem, de
fato, é o idiota?
Talvez a pessoa verdadeiramente tola seja aquela cuja vida é dominada pela
ganância, pela ambição e pela luxúria. Esta história do livro de Dostoievsky
mostra alguém determinado pelo compromisso com o seu viver. Alguém que
estava disposto a viver uma vida simples e relevante com compromisso.
Há um filme que me marcou demais: Um amor para se recordar. O filme é
um dos mais encantadores que já vi, graças a linda estória romântica
totalmente plausível entre os personagens principais.
Landon Carter (Shane West) é um adolescente-problema e está sempre se
metendo em confusões. Quando uma de suas brincadeiras dá errado e deixa
um colega paralisado, ele é forçado a participar do clube de drama da escola,
como punição. Lá que ele conhece a inocente Jamie Sullivan até então uma
estranha para quem ele mal havia olhado. Por sua inocência, Jamie oferece
ajuda a Landon em seu novo papel.
A personalidade contagiante de Jamie, e a conexão natural que Landon sente,
o leva a olhar para seu próprio coração e se dar conta de que há algo mais
nesse relacionamento. No entanto, Jamie é uma garota com a qual Landon
jamais iria querer ser visto 6 meses antes, muito diferente das meninas
superficiais com quem ele costuma sair.
Tudo no filme nos leva a refletir sobre quem somos, sobre a maneira como
temos conduzido nossa vida. Muitas vezes conduzida com perspectivas
mesquinhas, acabamos nos esquecendo do que é essencial.
O amor e o poder que ele tem de transformar, de trazer à existência o que não
existe. E também como é bom viver de maneira radical sem jamais abandonar
os princípios da vida, sem jamais deixar de seguir Deus e tê-lo como a nossa
maior referência e como o Senhor e dono do nosso coração.
As palavras de Salomão: Lembra-te também do teu criador nos dias da tua
mocidade. São para os que possuem compromisso com o Reino de Deus. São
palavras para quem tem reverência diante do Criador e o reconhecem como
Senhor da vida e do coração.

Para refletir e viver


• Só pertencemos a Deus quando o adoramos de verdade e com todo o
coração. Ouvimos vozes estranhas quando não damos vazão para a Palavra.
Somos moldados pelo mundo quando dizemos não para o Reino de Deus.
• Precisamos experimentar uma conversão tanto da nossa razão como das
nossas emoções. Porque aí teremos sensibilidade para ouvir a voz de Deus
Pai e não seremos envolvidos por vozes estranhas que atrapalham a nossa
caminhada com Deus Pai.
• Vivamos ética e espiritualmente como discípulos da pureza e não da
impureza. Sejamos seguidores de Cristo, pois, ele tomou os assuntos cruciais
de seus dias e mostrou a relevância da mensagem do Evangelho em relação a
eles.

Que o eterno Deus nos ajude na caminhada!


6 O filme retrata bem a ilha de Elba, onde Napoleão Bonaparte estava exilado. Esta história tem uma
mensagem de Edmond Dantes. Com um sentimento de vingança, o atual Conde de Monte Cristo mostra
que não basta usar a espada para se vingar de alguém, porém o seu traidor prefere o duelo final do que
viver sem toda a fortuna que ele teria conseguido. O jovem e destemido marinheiro Edmond Dantes
(JIM CAVIEZEL) é um rapaz honesto e sincero, cuja vida pacífica e planos de se casar com a linda
Mercedes (DAGMARA DOMINCZYK) são abruptamente destruídos quando Fernand (GUY
PEARCE), seu melhor amigo, que deseja Mercedes para ele, o trai. Com uma sentença fraudulenta para
cumprir na infame prisão da ilha do Castelo de If, Edmond se vê aprisionado em um pesadelo que dura
13 anos. Assombrado pelo curso que tomou sua vida, com o passar do tempo ele abandona tudo que
sempre acreditou sobre o que é certo e errado, e se consume por pensamentos de vingança contra
aqueles que o traíram. Com a ajuda de outro preso (RICHARD HARRIS), Dantes planeja e é bem-
sucedido em sua missão de escapar da prisão e se transforma no misterioso e riquíssimo Conde de
Monte Cristo. Algumas frases no filme são excelentes para refletirmos: “Não cometa o crime pelo qual
cumpre sentença, Deus diz ‘a vingança é minha’. Edmond Responde: Eu não acredito em Deus, o padre
Abad Farid encerra: Não importa! Ele crê em você...”(Frase dita tempos antes da morte do padre na
prisão do castelo Dif ). “Eu sou padre e não santo”. “Deus me fará justiça”. “Edmond: Porque faz isso.
Mondego: Isso é complicado”. “Eu sou conde e não um santo”. “A vida é uma aventura jovem
Mondego, você se aquece ao sol um dia e é jogado as pedras no outro, o que faz de você um homem é
sua reação quando vem a tormenta... Que se faça o pior. (a frase indica uma forma objetiva de se
enfrentar as dificuldades)”. “Somos todos reis ou peões”. “Você só tem uma bala, é preciso muito mais
do que isso para me deter!”. Contexto: o Conde parte para atacar Fernan (principal vilão). Conde:
“Como eu fugi?... Com dificuldade. Como planejei este momento? Com prazer”.

C a p í t u l o 22
Compromisso e fé através do temor a Deus
(Eclesiastes 12.9-14)
O que está ocorrendo na compreensão do temor de Deus na igreja de hoje?

Creio que muitos líderes e membros não aprenderam os princípios


elementares da doutrina deixada por Jesus. A igreja está deixando de ser um
organismo de salvação, de restauração e edificação de vidas e passou a ser
uma casa de espetáculos.

Os cultos estão aos poucos deixando de se caracterizar por espaços de


adoração, de louvor, oração, reflexão e edificação; passaram a ser palco de
espetáculos de oratória e shows musicais onde se procura a projeção pessoal.

Não dá para agüentar mais ligar o aparelho de TV e ter que engolir pastores
berrando e dizendo chavões que são copiados uns dos outros. Não dá mais
para suportar os líderes de louvor com aquela pobreza de conhecimento
bíblico e superficialidade teológica dizendo que estão ministrando sobre a
vida das pessoas.

Os programas evangélicos na TV, numa boa parte, não visam alcançar os


perdidos, mas são voltados para o público já evangelizado. Não conseguimos
ver amor nas mensagens que são pregadas e nem a essência do temor de Deus
na vida.

Os pregadores têm estratégia de fazer o povo rir. Outros manipulam seus


auditórios fazendo-os chorar. O que está ocorrendo na conotação de temor de
Deus na igreja de hoje?

Os líderes querem pronunciar uma revelação de Deus e dizer que naquele


momento, em algum lugar, em alguma casa, tem uma pessoa com suas
finanças afetadas, mas se ele ofertar para o programa uma determinada
quantia, Deus liberará uma grande bênção financeira sobre sua vida. Isso tem
conotação, relação com o temor de Deus? Eu diria que não! O que está
ocorrendo na compreensão de temor de Deus na igreja de hoje?
As meninas ficam com os rapazes e dizem: Pastor, temos que curtir a vida!
As pessoas são freqüentadoras dos cultos no domingo e na segunda-feira são
um vexame como cristãos. O que está ocorrendo na compreensão do temor de
Deus na igreja de hoje?

Eu diria que está muito mal compreendido e quase não vivido por nós como
cristãos. Quando Leio o livro dos Mártires, vejo a vida dos homens de Deus
pagando um preço alto demais e a vida deles falava muito mais alto por meio
de sangue.

Hoje a vida fala muito mais por uma conduta absolutamente longe de sangue
e perto de divertimento e convicções totalmente distantes dos ricos e
preciosos princípios do Reino de Deus. O que fazer? Precisamos olhar para as
advertências de Salomão que sabia o que significava o temor de Deus.

Salomão fala sobre a vaidade na vida do homem. Ele mostra que o nosso
corpo se degenera, ele passa por dores e sofre até que a morte o arrebate da
vida. Salomão deixa claro que todo homem é conduzido ao pó novamente
como veio. Ele veio do pó e ao pó retornará.

Ele mostra que o pensador louco termina seu tratado em atitude de desespero.
Salomão nos chama a atenção para entender que tudo na vida não passa de
vaidade e tudo é perseguir o vento. Mas, nesse capítulo 12 ele chama a
atenção dos jovens para a lembrança de Deus como o verdadeiro criador da
vida.

E chama a atenção ao atentarmos para as palavras dos sábios que são como
pregos bem fixados. Ele afirma que a conclusão de tudo na vida cheia de
vaidades é: Temamos a Deus e obedeçamos aos seus mandamentos
(CHAMPLIN. Livro de Salmos. Vol. 4, p. 2738).

O que aprendemos para a vida?

O temor a Deus é o princípio para tudo na vida Temos algumas traduções


interessantes destes versículos 13 e 14: De tudo o que foi dito, a conclusão é
esta: tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos porque foi para isso que
fomos criados. Nós teremos de prestar contas a Deus de tudo o que fizermos
e até daquilo que fizermos em segredo, seja o bem ou o mal (Linguagem de
hoje). De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus
mandamentos; porque este é o dever de todo homem. Porque Deus há de
trazer a juízo toda obra e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer
seja mau (Revista e Corrigida). Ouçam a conclusão da matéria inteira: Temer
a Deus e manter seus mandamentos: para este fim é o dever inteiro do
homem. Para lembrar que Deus trará cada trabalho a julgamento, com cada
coisa secreta, se seja boa, ou se seja má (King James). Fim do discurso: Tudo
foi ouvido. Teme a Deus e observa os seus mandamentos; porque este é o
dever de todo homem. Porque Deus julgará toda obra e até mesmo a que está
escondida, para ver se é boa ou má (Bíblia de Jerusalém).
No seu livro A sabedoria dos monges na arte de liderar pessoas - Anselm
Grün trabalha a ideia do temor a Deus. Para ele o temor a Deus significa
perplexidade diante dele em todo o momento da vida.
Temor a Deus é se deixar afetar por ele e pelo seu Reino. Temor a Deus é ser
tocado pelas verdades que ele nos presenteou (GRUN, Anselm. A sabedoria
dos monges na arte de liderar pessoas. Rio de Janeiro: Vozes, 2006, p. 34).
Saibamos de uma verdade inquestionável: o temente a Deus intui que ele e
toda a sua existência vêm de Deus e é orientada por ele (GRUN, 2006, p. 34).
No latim temos a palavra Timens Deum a qual significa obediência aos
preceitos de Deus. Significa ter a Lei como guia absoluto para a vida e
coração. Temor significa atenção à realidade espiritual. Aos princípios da Lei
de Deus.
A grande verdade é que perdemos essa realidade espiritual no coração.
Perdemos a noção correta do temor a Deus que significa cuidado com as
questões divinas. Temor tem essa conotação de respeito para com a santidade
e Reino de Deus.
O temor nos conduz para uma reverência diante de Deus e da sua criação.
Talvez por essa falta de temor é que a sociedade se encontra no caos terrível e
também a igreja. Ninguém respeita a criação, são poucos que ainda querem
ver o ser humano como jóia da criação. São poucos os que ainda levam Deus
a sério.
O temor a Deus é esse ato de reverência que nos liberta do relacionamento
doentio conosco mesmo. Porque o temor a Deus me faz sentir livre de
qualquer tentativa de querer ser mais do que devo ser.
O temor a Deus nos leva para um ato de culto sério, reverente e que gera paz
e tranqüilidade no mais íntimo do ser. Por isso, Salomão consegue definir que
a conclusão de tudo na vida é: temor a Deus e guardar os mandamentos. Tudo
na vida é vaidade e correr atrás do vento, mas temer a Deus gera dignidade,
gera harmonia com a criação e com o criador.
O temor a Deus faz com que olhemos para Deus na visão de criatura sempre
dependente e que necessita de alguém maior para sobreviver. É a idéia de
Paulo em Atos 17.27 quando afirma que em Deus nós vivemos, nele nos
movemos e existimos. Só alguém que cultiva verdadeiramente o temor de
Deus é capaz de entender uma verdade como essa.
O temor a Deus nos liberta dos medos de falhar, de fracassar porque ele nos
lembra que somos pó e para o pó voltaremos.
O que o temor a Deus gera em nosso interior?

Desejo de guardar a Lei de Deus


Quando leio sobre a vida de Lutero fico fascinado com a seriedade dele em
querer observar de todo o coração a Lei de Deus. Sua vida correspondia as
suas convicções do coração. A sua vida era pautada pela Palavra de Deus.
A sua vida era tão marcante com Deus que a sua santidade de vida seduzia o
coração dos seus ouvintes (FOXE, John. O livro dos mártires. São Paulo:
Mundo Cristão, 2005, p. 141). Ele não queria saber dos ensinos dos bispos de
Roma, queria aprender e respeitar no seu coração a Lei de Deus.
Ele não abria mão de princípios para a sua vida - todos tirados da Palavra de
Deus. Os bispos diziam que ele deveria se redimir dos seus erros contra a
igreja e a resposta dele foi:

“Eu defenderei e ensinarei os méritos de Cristo porque eles não são o tesouro
de indulgências e perdões e que a fé é necessária para que receba um
sacramento. A voz de qualquer homem deve ser ouvida quando ele fala de
acordo com as Escrituras e só” (FOXE, 2005, p. 145).

E nós, como nos portamos diante da Palavra? Ela é realidade no nosso


coração? De fato mostramos o temor de Deus guardando a Palavra no
coração? O salmista já nos diz: Escondi a tua Palavra no meu coração para
não pecar contra ti.

É preciso levar a igreja de Jesus a sério, sem manipulações e sem estrelismo.


É preciso um compromisso verdadeiro e honesto com a Bíblia e com o Reino
de Deus no coração.

A realidade é que infelizmente hoje os que querem andar com a Palavra não
apenas nas mãos, mas no coração, eles são uma minoria. Pessoas que não
querem se colocar debaixo das luzes dos refletores da fama. Para elas, o
negócio é alcançar pessoas com o Evangelho de Jesus, discipulá-las,
capacitá-las e ajudá-las a exercerem o seu sacerdócio com um caráter honesto
e sincero. Isto não dá ibope e não sai na capa da revista Veja.

O que o temor a Deus gera em nosso interior?

Humildade no coração:
É exatamente isso que Jesus desejou de seus discípulos: humildade e espírito
de servo. Tem uma palavra em latim que se chama elatus é aquele que se
eleva acima das pessoas, que se coloca em primeiro lugar. Esse é aquele que
abusa do poder, humilha as pessoas.
Ao contrário, o que teme a Deus, anda contemplando a sua própria
humanidade e se lembra sempre que é pó. Então a humildade dos que andam
com Deus em temor e reverência diante dele é da fragilidade. Os que andam
com Deus reconhecem que são seres humanos que descem a própria
humanidade (GRUN, 2006, p. 24).
No Reino de Deus não há espaço para os arrogantes. Deus resiste a esses tais
e dá graça para aqueles que cultivam o temor através da humildade. Deus
quer que nos esforcemos para formar uma igreja onde os seus membros se
caracterizam por seu anonimato, por seu amor aos perdidos, por sua
mansidão e domínio próprio.
Pela formação de discípulos de Jesus que se caracterizem por sua integridade,
fidelidade, intimidade e amor para com Deus e para com o próximo. Isso com
a prática dessa palavra, humildade. Precisamos ser pessoas que almejam a
semelhança com Jesus e ele é a própria personificação da humildade no
coração.
Vejam as palavras de Salomão: Além de ser sábio, o pregador também
ensinou ao povo o conhecimento, meditando, e estudando, e pondo em ordem
muitos provérbios. Procurou o pregador achar palavras agradáveis, e escreveu
com retidão palavras de verdade (Eclesiastes 12.9-10).
Ele mostra humildade nestas palavras é o homem mais sábio mostrando o que
aprendeu de Deus.

Serenidade para com todos:


Cremos que o discipulado, sob a influência do Espírito Santo nos ajudará a
chegar à medida da estatura da plenitude de Cristo. Em termos práticos, isso
significa uma igreja integrada por famílias que vivem em paz, harmonia e
serenidade. Serenidade significa não ser belicoso. É exatamente o contrário
de turbulento. O turbulento é irrequieto, provocador de intranqüilidade.
A Palavra de Deus mostra que quando temos temor dele não somos pessoas
confusas, perturbadas e em desordem. A pessoa que cultiva temor de Deus
tem o fruto do Espírito Santo e, portanto, possui serenidade para com os
outros. Nunca perde a postura, nunca perde o equilíbrio. Assim temos
maridos ternos, sábios e amáveis.
Temos esposas submissas de caráter afável e aprazível. Temos filhos
respeitosos e obedientes. Temos jovens que andam em santificação e retidão
diante de Deus e dos homens. Temos adultos honrados e venerados pelos
mais jovens.
Temos crianças felizes, criadas no amor e no temor do Senhor. Termos
homens trabalhadores, honestos, responsáveis, diligentes e fiéis. Temos
mulheres virtuosas, alegres e cheias de boas obras.
Vejam as palavras de Salomão: As palavras dos sábios são como aguilhões; e
como pregos bem fixados são as palavras coligidas dos mestres, as quais
foram dadas pelo único pastor (Eclesiastes 12.11).
Salomão mostra que para ser moderado é preciso empurrar e depois frear.
Aqui é uma analogia instrutiva porque o aguilhão faz os animais andarem, e
os pregos os mantêm sob controle. É o equilíbrio que faz a coisa funcionar.
O animal que fica todo tempo preso não se desenvolve, não cresce, não
amadurece. São raros os bichos que vivem em cativeiro e têm vocação para a
vida domesticada. O ser humano não é um deles. O bicho homem tem
vocação para a liberdade. Mas, se ele ficar solto sem nenhum controle, o
animal faz o que ele quer e acaba se destruindo KIVITZ, Ed Renê. O livro
mais mal humorado. São Paulo: Mundo Cristão, 2009, p. 212).
O animal precisa de cabresto que o torna manso. O ser humano também
precisa e carece de limites, educação e controle para seguir a serenidade. Ele
precisa do fruto do Espírito na vida e no coração para ser manso, para ser
sereno com os outros.

Senso de justiça:
A Palavra de Deus mostra que devemos ser um povo diferente, formado por
discípulos que buscam sempre conhecer a vontade de Deus para a vida. Um
povo que lê, estuda e medita na Palavra de Deus. Discípulos que aprendem a
ser humildes, pacientes, mansos, justos, generosos, sinceros, bons, felizes,
honrados, íntegros e que vivem acima da mediocridade. Discípulos cujo
estilo de vida é amar, perdoar, servir, confessar suas faltas, obedecer,
cumprir, sujeitar-se às autoridades, pagar seus impostos, falar sempre a
verdade, viver de maneira íntegra, buscar a paz com todos.
Confiar em Deus, amar seu próximo, ajudar, compartilhar com os
necessitados, chorar com os que choram, se alegrar com os que se alegram,
ser um com os irmãos, devolver o mal com o bem, sofrer as injustiças, dar
graças sempre por tudo e vencer a tentação.
A Palavra nos ensina que devemos orar sem cessar pela justiça que o profeta
Isaías clama no capítulo 58 do seu livro. Texto afirma nos versículos 7 a 12:
Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas
em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te
escondas da tua carne? Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura
apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor
será a tua retaguarda. Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e ele
dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o
falar iniquamente; E se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita;
então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. E o
Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares áridos, e
fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um
manancial, cujas águas nunca faltam. E os que de ti procederem edificarão as
antigas ruínas; e levantarás os fundamentos de geração em geração; e
chamar-te-ão reparador das roturas, e restaurador de veredas para morar. Se
desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e
chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia do Senhor, digno de honra, e o
honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria
vontade, nem falares as tuas próprias palavras.

Vigilância na vida moral e espiritual:

O texto afirma no final que Deus julgará toda obra até mesmo o que está
escondido (bom ou ruim). Qual o significado disso? É que Deus nos chama
para uma vida de moral e no campo espiritual de seriedade mesmo que os
outros não nos vejam.

Nos bastidores da vida, Deus nos convida para uma postura séria e relevante.
Sabendo que com toda certeza ele nos exigirá contas. A lembrança é de novo
voltada para Lutero que seguia a sua consciência apoiando-se na Palavra de
Deus (FOXE, 2005, p. 146).

A vida de Lutero era tão séria que os cardeais e bispos tinham medo da
afirmação dele: Estou amarrado pelas Escrituras (FOXE, 2005, p. 154). Deus
nos chama para ser leais em tudo na vida. Ele nos chama para sermos
exemplos de uma vida moral séria. Como foi o apóstolo Paulo que dizia:
Sede meus imitadores como eu sou de Cristo.

As últimas palavras de Salomão neste livro são: Este é o fim do discurso;


tudo já foi ouvido: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto
é todo o dever do homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda obra, e até
tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.

Esta é a submissão inteligente para a nossa vida porque quem se submete a


Deus com inteligência, tem obediência aos mandamentos, sobretudo, no
coração e na alma. Este é o bem estar de todo ser humano completo perante o
criador.

Temor a Deus é o que precisamos na vida. E o meio para vivermos isto é nas
Escrituras Sagradas. Elas são o manual de instruções da vida, elas são a
referencia da nossa jornada espiritual, elas são a revelação viva de Deus para
nós.

Termino citando o texto de Hebreus que fala do livro Santo para a vida:
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz. E mais cortante do que qualquer
espada de dois gumes. E penetra até a divisão de alma e espírito e de juntas e
medulas. E é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração
(Hebreus 4.12).

Para refletir e viver


• Temor a Deus é se deixar afetar por ele e pelo seu Reino. Temor a Deus é
ser tocado pelas verdades que ele nos presenteou
• O temor a Deus faz com que olhemos para Deus na visão de criatura sempre
dependente e que necessita de alguém maior para sobreviver.
• No Reino de Deus não há espaço para os arrogantes. Deus resiste a esses
tais e dá graça para aqueles que cultivam o temor através da humildade.
• A Palavra de Deus mostra que devemos ser um povo diferente, formado por
discípulos que buscam sempre conhecer a vontade de Deus para a vida. Um
povo que lê, estuda e medita na Palavra de Deus.

Que Deus seja sobre nós no sentido de cultivarmos esse temor diante dele!
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Editora Fôlego Caixa Postal 16.610 CEP
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