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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA – ICET

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS

ESTUDO DA DISPONIBILIDADE DE RECURSOS HÍDRICOS NOS


PROJETOS DE ASSENTAMENTO DA REFORMA AGRÁRIA NA
REGIÃO DO PANTANAL DO CORIXO GRANDE, CÁCERES-MT

CÉLIA REGINA DA SILVA TAQUES BARROS

Cuiabá – Mato Grosso

2010
ii

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT


INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA – ICET
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS

CÉLIA REGINA DA SILVA TAQUES BARROS

ESTUDO DA DISPONIBILIDADE DE RECURSOS HÍDRICOS NOS


PROJETOS DE ASSENTAMENTO DA REFORMA AGRÁRIA NA
REGIÃO DO PANTANAL DO CORIXO GRANDE, CÁCERES-MT

Orientador: Prof. Dr. Renato Blat Migliorini

Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Ximenes de Tavares Salomão

Dissertação apresentada ao Instituto de Ciências Exatas e da Terra,


da Universidade Federal de Mato Grosso, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos,
para obtenção do Título de Mestre.

Cuiabá – Mato Grosso

2010
iii

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte

B277e Barros, Célia Regina da Silva Taques.

Estudo da Disponibilidade de Recursos Hídricos nos Projetos de Assentamento


da Reforma Agrária na Região no Pantanal do Corixo Grande, Cáceres-MT /
Célia Regina da Silva Taques Barros. Cuiabá, 2010.

xix, 190f. : il. color. ; 30 cm. (incluem figuras e tabelas).

Orientador: Renato Blat Migliorini

Co-orientador: Fernando Ximenes de Tavares Salomão

Dissertação (mestrado). Universidade Federal de Mato Grosso.


ICET/FAET/FAMEV/IB/ICHS. Programa de Pós-graduação em Recursos
Hídricos, 2010.

1. Recursos Hídricos. 2. Assentamentos Rurais. 3. Hidrogeologia. 4.


Geomorlogia Carstica. 5. Pantanal do Corixo Grande – Cáceres. I.título.

– CRB1/1860
CDU 556.3(817.2)
Catalogação: Maurício Silva de Oliveira. Bibliotecário
iv

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS
Avenida Fernando Corrêa da Costa, 2367 - - Boa Esperança - Cep: 78060900
-CUIABÁ/MT
Tel : (65) 3615-8752 - Email : nearh@ufmt.br

FOLHA DE APROVAÇÃO

TÍTULO: "Estudo da disponibilidade de Recursos Hídricos nos projetos de assentamento da


reforma agrária na região do Pantanal do Corixo Grande – MT"

AUTOR: Célia Regina da Silva Taques Barros

Dissertação defendida e aprovada em 17/12/2010.

Composição da Banca Examinadora:


________________________________________________________________________________

Presidente Banca /Prof. Dr. Renato Blat Migliorini


Instituição:
Orientador UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Examinador Interno Prof. Dr. Alteredo Oliveira Cutrin
Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Examinador Externo Prof. Dr. Giancarlo Lastoria
Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
v

Dedico com amor incondicional a minha linda guerreira “Cangi” e ao meu visionário favorito
“Seoné”, meus pais (in memoriam). Aos assentados dos projetos Jatobá, Nova Esperança,
Rancho da Saudade, Sapiqua, Bom Sucesso, Katira e Corixo que fizeram da sua persistência
uma bandeira de luta, aprendendo aproveitar “aquela única gota” de água disponível, da forma
mais eficiente possível. Aos sondadores de poços tubulares, em especial Natal, Rogério,
Alexandre e Ademir (in memoriam) A todas as pessoas que me incentivaram. Àquele que
possibilitou este desafio e encontra-se acima de tudo.
vi

AGRADECIMENTOS

A Deus, que me encoraja e fortalece;


A minha linda guerreira “Cangi”, minha maior educadora e incentivadora;
Ao meu amado esposo, Aloizio, pela compreensão de inúmeros momentos dedicados a este
trabalho;
Aos meus adoráveis filhos, Lucas Felipe e Manoella, obrigado pelo carinho e paciência;
Aos meus irmãos Luiz, Munil, Nilza, Nilma e Manoel, pelo momento que estamos vivenciando
sem esmorecer;
A minha cunhada Beth que sempre me incentivou e ao meu sobrinho João Albano que recuperou
arquivos importantes;
Ao meu orientador professor Dr. Renato Blat Migliorini pelos importantes momentos de
discussão, apoio, amizade, paciência, ética profissional e aprendizado;
Ao co-orientador professor. Dr. Fernando Ximenes T. Salomão pelo apoio, consideração e
momentos de descontração;
Em especial ao Professor Dr. Aldo Rebouças, pelo estimulo, exemplo de simplicidade e
competência profissional, ao primar pelo reconhecimento das águas subterrâneas e qualidade das
perfurações de poços tubulares, pois “um poço não é um buraco no solo”;
Aos professores. Dr. Altero Cutrin, Dr. Giancarlo Lastoria e Drª Carolina Lorencetti, pelas
correções e sugestões que muito contribuiu para este trabalho;
A Professora Dr.ª Eliana Freire G. de C. Dores, pela responsabilidade e disciplina que conduziu a
coordenação do mestrado sempre incentivando os alunos na conclusão e qualidade dos trabalhos.
Em especial, pela correção do abstract;
As professoras Dr.ª Maria Anunciação Neta, Dr.ª Oscarlina e Dr.ª Edna Hardoim, sempre
sugerindo e contribuindo positivamente. Aos professores Dr. Brandt Vecchiato e Dr. Shozo
Shiraiwa e em especial Professor Dr. Zacarias pela dedicação nas descrições das amostras;
A Luiz Antonio (Xipinha) pelo apoio, parceiro dedicado e imprescindível nas horas mais difíceis
de ansiedade e atribuições profissionais e demais colegas do Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária;
Ao empresário e amigo Leandro Luciano que muito contribuiu na confecção de mapas, dados,
coleta de analises e disponibilização de fotos;
vii

Aos assentados dos projetos de assentamento de reforma agrária, em especial aos Srs. Antonio
Bodoque, Leandrão, Donana, Irmã Luiza, Sebastião e João (in memorian), pelo apoio e
colaboração no levantamento de dados e apoio logístico na etapa de campo, divertida
convivência;
Aos colegas e funcionários do Departamento de Geologia da UFMT, em especial a Alexandrino,
pelo apoio;
Aos colegas mestrandos da 1ª e 2ª turma de Recursos Hídricos em especial ao Vanderley Belato,
Anderson, Marcelo, Samantha, Etiene e Iris, pelo apoio, amizade colaboração e gratificante
convivência durante o desenvolvimento das disciplinas do curso de mestrado;
A todos aqueles que direta ou indiretamente, contribuíram para que este estudo se realizasse.
viii

Água boa pra beber? Aqui não tem disso, moço. Água boa é a que tenho!

(autor desconhecido, mas citada por inúmeros assentados)


ix

RESUMO

A disponibilidade de recursos hídricos em área de assentamentos rurais é imprescindível para a


sobrevivência dos assentados e consequentemente para o pleno desenvolvimento e qualidade de
vida dos beneficiários do Programa de Reforma Agrária. Na área de estudo, denominada de
Pantanal do Corixo Grande, Cáceres – MT, a distribuição de recursos hídricos não é uniforme,
apresenta-se desprovida de águas superficiais, existindo regiões com graves cenários de escassez,
em quantidade, destacando os projetos de assentamento Jatobá, Nova Esperança, Bom Sucesso e
Sapiqua, e em quantidade e qualidade os projetos Katira, Corixo e Rancho da Saudade. Este
trabalho constitui parte de estudos realizados pela autora no Instituto Nacional de Colonização de
Reforma Agrária que tem por objetivo fornecer subsídios técnicos para o gerenciamento dos
recursos hídricos nas áreas de assentamento de implementação do Programa de Reforma Agrária,
município de Cáceres (MT). Sendo os objetivos específicos: 1- Confeccionar um Mapa
Litológico na escala 1:70. 000 na Região do Pantanal do Corixo-Grande, contendo a delimitação
dos assentamentos, as drenagens superficiais os pontos investigados pelos métodos geofísicos, os
poços tubulares e poços escavados; 2- Caracterização hidrogeológica da região; 3- Análise da
demanda hídrica familiar dos assentamentos e 4- Definição de alternativas para o abastecimento
de água para os assentados. Os resultados do presente trabalho permitiram as seguintes
conclusões: embora localizada na região pantaneira, a área de estudo é carente de recursos
hídricos; embora a área de estudo esteja inserida numa região intensamente dobrada e falhada
(Cinturão de dobramentos Paraguai-Araguaia), os assentamentos estão localizados na Zona de
Cobertura Sedimentar de Plataforma, cujas rochas encontram-se menos deformadas (Formações
Araras e Raizama); as zonas aquíferas mais promissoras são os sedimentos da Formação
Pantanal, e na região de contato entre as Formações Raizama e Araras; as rochas carbonáticas da
Formação Araras se apresentam como as piores condições aquíferas, com grande índice de poços
improdutivos e secos; o aquífero freático na região possibilita a captação subterrânea via poços
rasos e cacimbas, e as famílias de assentados se utilizam de vários meios de captação hídrica e
transporte para suprir a demanda familiar, com comprometimento de ordem quantitativa e
qualitativa de suas águas.

Palavras - chave: Recursos Hídricos; Assentamentos Rurais; Hidrogeologia e Geomorlogia


carstica; Pantanal do Corixo Grande, Cáceres - Mato Grosso.
x

ABSTRACT

The availability of water resources in the area of rural settlements is essential for the survival of
the settlers and consequently for the full development and quality of life of beneficiaries of the
Agrarian Reform Program. In the study area, called Pantanal of Corixo Grande, Cáceres - MT,
the distribution of water resources is not uniform, devoid of surface water, with regions wich
present serious scenarios of water shortage, either in quantity, especially in the settlement
projects of Jatoba, Nova Esperança, Bom Sucesso and Sapiqua, as in quantity and quality in the
projects Katira, Corixo and Rancho da Saudade. This work is part of studies conducted by the
author at the National Institute for Colonization of Agrarian Reform which aims to provide
technical information for water resources management in the settlement areas of the Agrarian
Reform Program, in the municipality of Cáceres (MT). The specific objectives were: 1- to
prepare a lithological map at 1:70.000 scale in the Pantanal Region of Corixo Grande, containing
the delimitation of settlements, the surface drainage as wells as the localization of points
investigated by geophysical methods, the tube wells and dug wells, 2- to characterize hydrogeoly
of the region; 3 to analyze water demand in the settlements and families 4 – to define alternatives
for water supply to the settlers. The results of this study allowed the following conclusions:
although located in the Pantanal region, the study area is the deprived of water resources;
although the study area is within an intensely folded and faulted region(Belt folding Paraguay-
Araguaia), the settlements are located in Zone of Sediment Cover of the Platform, whose rocks
are less deformed (Araras Formation and Raizama); the most promising aquifers areas are the
sediments of Pantanal Formation, and in the region contact between the formations Raizama and
Araras; the carbonate rocks of the Araras Formation are considered the worst aquifer conditions
with high rate of unproductive and dry wells. The unconfined aquifer in the region enables to
capture groundwater shallow wells and ponds. The settlers families use various means to collect
and transport water in order to supply their demand compromising the quality and quantity of the
available waters.

Key-words: Water resources: rural settlements: hidrogeology and karst geomorphology; Pantanal
of Corixo Grande, Cáceres – Mato Grosso.
xi

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 3

2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................................... 3

2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................................... 3

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 4

3.1 A ÁGUA – DISPONIBILIDADE, USO, DEMANDA E ALTERNATIVAS .................... 4

3.1.1 Legislação de Recursos Hídricos ....................................................................................... 12

3.2 POLÍTICA DE REFORMA AGRÁRIA ........................................................................... 25

3.2.1 Legislação Agrária ............................................................................................................. 25

3.2.2 Desapropriação por Interesse Social para fins de Reforma Agrária .................................. 28

3.2.3 Componente Ambiental nas Áreas da Reforma Agrária ................................................... 29

3.2.4 Projetos de Assentamento da Reforma Agrária ................................................................. 31

3.2.5 Histórico das Desapropriações para Fins de Reforma Agrária no Município de Cáceres-
MT ........................................................................................................................................... 32

3.3 COMPARTIMENTAÇÃO GEOTECTONICA ................................................................ 35

3.4 UNIDADES LITOESTRAGRAFICAS ............................................................................ 40

3.4.1 Grupo Alto Paraguai .......................................................................................................... 40

3.4.2 Formação Pantanal ............................................................................................................ 43

3.5 GEOMORFOLOGIA CÁRSTICA ................................................................................... 44

3.6 HIDROGEOLOGIA .......................................................................................................... 48

3.6.1 Contexto Hidrogeológico do Estado de Mato Grosso ....................................................... 48

3.7 CADASTRO DOS POÇOS DO ESTADO DE MATO GROSSO ................................... 50


xii

3.8 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS AQUÍFEROS DO ESTADO DE


MATO GROSSO........................................................................................................................... 51

3.8.1 Domínio Poroso ................................................................................................................. 55

3.8.2 Domínio Fraturado ............................................................................................................ 57

3.9 CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA DAS UNIDADES DE PLANEJAMENTO


E GERENCIAMENTO DE MATO GROSSO ............................................................................. 59

3.9.1 Unidade de Planejamento e Gerenciamento do Rio Jaurú (P-1) ....................................... 60

3.9.2 Unidade de Planejamento e Gerenciamento Rio Paraguai Pantanal (P-7) ........................ 60

3.10 CARACTERIZAÇÕES DO USO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS EM MATO


GROSSO ....................................................................................................................................... 61

4 ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................................ 62

4.1 LOCALIZAÇÃO ............................................................................................................... 62

4.2 CLIMA .............................................................................................................................. 63

4.2.1 Balanço Hídrico ................................................................................................................. 64

4.3 VEGETAÇÃO ................................................................................................................... 65

4.4 SOLOS E RELEVOS REGIONAIS ................................................................................. 66

4.5 RECURSOS HÍDRICOS................................................................................................... 66

4.6 GEOLOGIA LOCAL ........................................................................................................ 67

4.6.1 Principais Estruturas .......................................................................................................... 67

4.6.2 Caracterização Litoestratigráficas ..................................................................................... 67

4.7 GEOMORFOLOGIA ........................................................................................................ 68

4.7.1 Depressão do Rio Paraguai ................................................................................................ 68

4.7.2 Planícies e Pantanais Mato-grossenses .............................................................................. 69

5 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 70

5.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 70


xiii

5.2 TRABALHOS DE CAMPO.............................................................................................. 70

5.2.1 Estudos e Levantamentos Geofísicos ................................................................................ 71

5.2.2 Perfuração de Poços Tubulares ......................................................................................... 74

5.2.3 Captação ............................................................................................................................ 74

5.2.4 Aplicação de Questionário................................................................................................. 75

5.3 TRABALHOS DE ESCRITÓRIO .................................................................................... 75

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 77

6.1 LEVANTAMENTOS GEOFÍSICOS ................................................................................ 77

6.1.1 Sondagem Elétrica Vertical (SEV) .................................................................................... 77

6.1.2 Caminhamento Elétrico (CE) ............................................................................................ 79

6.2 CARACTERIZAÇÃO DA GEOLOGIA .......................................................................... 79

6.2.1 Formação Araras................................................................................................................ 79

6.2.2 Formação Raizama ............................................................................................................ 83

6.2.3 Formação Pantanal ............................................................................................................ 86

6.2.4 Mapa Litológico ................................................................................................................ 89

6.3 POÇOS TUBULARES ...................................................................................................... 91

6.4 POÇOS ESCAVADOS OU CACIMBAS......................................................................... 95

6.5 CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA .................................................................. 97

6.5.1 Sistema Fissural Cárstico .................................................................................................. 97

6.5.2 Sistema Poroso .................................................................................................................. 98

6.6 DISTRIBUIÇÃO QUANTITATIVA DAS PROFUNDIDADES, VAZÕES E


CAPACIDADES ESPECIFICAS DOS POÇOS TUBULARES DA REGIÃO DOS
ASSENTAMENTOS ................................................................................................................... 100

6.7 CAPTAÇÃO SUPERFICIAL ......................................................................................... 102


xiv

6.8 CAPTAÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL............................................................................... 104

6.9 MAPA DE ALTITUDES ................................................................................................ 106

6.10 MAPA LITOLÓGICO COM PARCELAMENTO DOS ASSENTAMENTOS ............ 108

6.11 APLICAÇÕES DO QUESTIONÁRIO ........................................................................... 110

6.12 QUALIDADES DAS ÁGUAS........................................................................................ 110

6.13 LEVANTAMENTOS DA DEMANDA FAMILIAR ..................................................... 113

6.14 ALTERNATIVAS VIÁVEIS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA OS


ASSENTADOS ........................................................................................................................... 116

7 CONCLUSÕES.............................................................................................................. 124

8 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES ....................................................................... 126

9 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 128

10 ANEXOS ........................................................................................................................ 145


xv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Distribuição das faixas de dobramentos brasilianas e seus respectivos antepaís. ........ 37

Figura 2 – Divisão das províncias hidrogeológicas do Brasil. ...................................................... 48

Figura 3 - Distribuição dos poços tubulares no Estado de Mato Grosso. ...................................... 51

Figura 4 – Características geológicas do Estado de Mato Grosso (Extraído do Diagnóstico


Hidrogeológico do Estado de Mato Grosso – Relatório Parcial 1, 2007. ...................................... 53

Figura 5 – Principais aquíferos do Estado de Mato Grosso. ......................................................... 54

Figura 6 – Localização da área de estudo. ..................................................................................... 62

Figura 7 - Balanço hídrico da região de Cáceres. .......................................................................... 65

Figura 8 - Geomorfologia da região em rochas pré-cambrianas - Projeto de Assentamento Corixo


(A e B). .......................................................................................................................................... 69

Figura 9 – Arranjo Schulumberger simétrico mostrando esquematicamente o comportamento das


linhas de fluxo de corrente e equipotenciais, em subsuperfície. ................................................... 73

Figura 10 - Equipamento Resistivimetro GEOTEST R300D. ...................................................... 73

Figura 11 – Calcários dolomiticos ricos em sílica. Assentamento Sapiqua. ................................. 80

Figura 12 – Afloramento de calcoarenito com processos de dissolução (A, B, C e D) e


estratificação cruzada (B e D). ...................................................................................................... 81

Figura 13 - Feições cársticas com fraturas de dissolução (A e B) sedimentos das formações


Raizama / Araras. .......................................................................................................................... 82

Figura 14 – Projeto de assentamento Corixo – Feição cárstica superficial (exocarste) em


sedimentos das Formações Raizama com a Araras (Membro Superior). ...................................... 82

Figura 15 – (A) Vegetação aquática característica de acumulação de água superficial (aguapé) e


(B) Vegetação típica (Imbaúba) dos assentamentos Corixo e Rancho de Saudade. ..................... 83

Figura 16 – Arenito de granulometria média, de cor amarela esbranquiçado a róseo e algumas


inclusões de material silicoclástico em forma de seixos, Projeto Katira – Lote do Sr. José
Mudesto. ........................................................................................................................................ 84
xvi

Figura 17 – Arenitos da formação Raizama localizados no Projeto de Assentamento PA Rancho


da Saudade (A, B e C). .................................................................................................................. 85

Figura 18 – Afloramento de contato das formações Araras/Raizama; seixos de quartzo


distribuídos caoticamente em uma matriz arenosa, com visível alteração da parte arenosa. Projeto
de Assentamento Corixo – Lote D. Ana. ....................................................................................... 85

Figura 19 – Sedimentos da Formação Pantanal recoberto por pastagem, Lote do Edson, assentado
do Projeto Katira, município de Cáceres/MT. ............................................................................... 86

Figura 20 – Imagem dos assentamentos. ....................................................................................... 87

Figura 21 – Síntese da distribuição das formações geológicas nas áreas dos assentamentos
estudados. ...................................................................................................................................... 87

Figura 22 – Distribuição das formações geológicas por projeto de assentamento. ....................... 88

Figura 23 - Mapa Litológico (Formações geológicas). ................................................................. 90

Figura 24 – Poço tubular profundo (A) e quadro comando da bomba submersa (B), Projeto
Corixo – Linhão do Gasoduto. ...................................................................................................... 92

Figura 25 – Perfurações improdutivas, localizados nos Projetos Rancho da Saudade (A e B); poço
(provavelmente) com gás no Projeto Bom Sucesso (C); Amostras coletadas nos intervalos de
perfuração (D)................................................................................................................................ 93

Figura 26 – Problemática de água no Assentamento Jatobá: (A) Tambores de armazenamento de


água; (B) Equipamento de perfuração (Percussora) abandonado e (C) Cisterna seca. ................. 94

Figura 27 - Poço tubular, formação Pantanal. Projeto de Assentamento Katira. .......................... 95

Figura 28 – Poços Escavados/Cacimbão – Arenitos da formação Raizama localizados no Projeto


de Assentamento PA Rancho da Saudade (A, C, D) e Projeto de Assentamento Corixo (B). ...... 96

Figura 29 - Diagrama esquemático dos diferentes tipos de poços. ............................................. 100

Figura 30 – Adutora – Balsa flutuante (A) captando água do Córrego São Sebastião (B).
Localizada na BR-070 sentido Cáceres – Assentamentos – San Mathias (Bolívia). .................. 103

Figura 31 – Sistema de captação de água pluvial (A, B, C). Projeto de Assentamento Bom
Sucesso. ....................................................................................................................................... 105
xvii

Figura 32 – Cisterna de vinil: Escavação (A); Kit de vinil (instalado), Projeto de Assentamento
Katira, Cáceres/MT. .................................................................................................................... 106

Figura 33 - Mapa de altitudes. ..................................................................................................... 107

Figura 34 – Mapa litológico com parcelamento dos assentamentos. .......................................... 109

Figura 35 – Vulnerabilidade à contaminação dos poços escavados. Poço exposto (A) e protegido
(B). ............................................................................................................................................... 111

Figura 36 – Transporte de água (A, B) armazenada em tambores plásticos (Bombonas). ......... 111

Figura 37 – Amostras de água coletadas. Fica evidente que todas as amostras apresentam cor
aparente elevada. ......................................................................................................................... 113

Figura 38 - Projeto esquemático construtivo de filtro de areia.................................................... 122


xviii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Consumo hídrico típico humano e animal (Governo do Rio Grande do Sul, 1995). .... 7

Tabela 2 – Tecnologias não tradicionais para incremento da disponibilidade de água. .................. 9

Tabela 3 – Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária, Cáceres – MT................................. 34

Tabela 4 – Localização das sondagens elétricas verticais – SEV.................................................. 77

Tabela 5 – Resultados das investigações geofísicas (SEV) nos assentamentos na região de


Cáceres/MT. .................................................................................................................................. 78

Tabela 6 – Levantamentos geofísicos associados às formações geológicas e produtividade dos


poços. ............................................................................................................................................. 92

Tabela 7 – Levantamento da demanda familiar nos assentamentos. ........................................... 113


xix

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Consumo médio diário (L/hab/dia) para áreas rurais de países em desenvolvimento. 6

Quadro 2 - Caracterização hidrogeológica. ................................................................................... 97

Quadro 3 – Distribuição quantitativa do levantamento dos poços tubulares no domínio poroso e


fraturado da região. ...................................................................................................................... 101

Quadro 4 – Valores de capacidade específica e vazão das unidades geológicas. ....................... 101

Quadro 5 – Síntese das informações hidrogeológicas no âmbito das Universidades de


Planejamento e Gestão (UPG’s). ................................................................................................. 102

Quadro 6 – Síntese de qualidade da água superficial e subterrânea. ........................................... 112

Quadro 7 - Síntese do inventário das captações hídricas nos assentamentos. ............................. 114

Quadro 8 - Consumo humano e animal diário por unidade familiar. .......................................... 115

Quadro 9 – Demanda, disponibilidade e déficit hídrico diário dos assentamentos. .................... 116
1

1 INTRODUÇÃO

A água é elemento indispensável, tanto para a manutenção da vida no planeta, como para
o desenvolvimento da maioria das atividades produtivas desenvolvidas pelo ser humano.

O Projeto de Assentamento é o retrato físico da Reforma Agrária, ele nasce quando o


Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, após imitir-se na posse do
imóvel, destina-o para trabalhadores rurais sem terra a fim de que o cultive e promovam o seu
desenvolvimento econômico mediante o atendimento dos serviços básicos de assistência técnica,
crédito rural e infra-estrutura econômica e social, vinculados ao Programa Nacional de Reforma
Agrária.

Tanto a criação oficial de um projeto de assentamento quanto a sua consolidação se dão


por ato do INCRA, observadas as determinações legais e regulamentares.

O Assentamento receberá a denominação de “projeto consolidado” quando conseguir


desenvolvimento econômico, obras de infra-estruturas implantadas, tais como medição das
parcelas, estradas, saneamento básico e eletrificação rural e finalmente se integrar na vida do
município em que está localizado.

Para isso, os programas contam com o apoio de diversas políticas públicas, como os
créditos de instalação e produção. Quando esse fato ocorre, o INCRA não mais atuará neste
assentamento e o trabalhador entra no Programa como assentado, tutelado pelo INCRA, sairá do
mesmo como agricultor familiar com condições de competir no mercado.

A simples alocação dos parceleiros para seus lotes não acaba o problema social gerado por
políticas agrárias que nem sempre contempla os anseios dos assentados, o potencial das áreas
destinadas ao assentamento e preservação do meio ambiente. Muitas vezes alguns assentamentos
são fadados ao fracasso devido a essas desconsiderações, contribuindo para um desarranjo no
setor rural, havendo necessidade em se buscar o desenvolvimento dos assentamentos de forma
sustentável.

A importância da disponibilidade da água, elemento vital ao ser humano, é um fator


fundamental na implantação de projetos de assentamento de reforma agrária.
2

Tendo em vista a aquisição de áreas para fins de reforma agrária carentes em recursos
hídricos e as dificuldades enfrentadas na solução desse problema, este trabalho avalia as
alternativas viáveis para o abastecimento dos assentados dos projetos de reforma agrária no
município de Cáceres-MT, com o objetivo de fornecer subsídios para o gerenciamento dos
recursos hídricos.

Na revisão bibliográfica, procurou-se situar o leitor quanto:

1. A importância da água como elemento indispensável, tanto para a manutenção da vida no


planeta, como para o desenvolvimento da maioria das atividades produtivas desenvolvidas pelo
ser humano;

2. Ao ordenamento jurídico brasileiro, reportando-se a política de recursos hídricos, política


agrária e ambiental, a relevância da água em todos os seus fundamentos legais, objetivos e
instrumentos de gestão;

3. A caracterização física dos assentamentos da reforma agrária, e indisponibilidade de


águas superficiais.

A Metodologia apresenta dados obtidos em períodos anteriores e durante a realização do


estudo.
3

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho foi estudar as condições de ocorrência dos recursos
hídricos nas áreas de assentamentos de implementação do Programa de Reforma Agrária,
município de Cáceres (MT), para auxiliar no gerenciamento desse precioso recurso natural.

2.2 Objetivos Específicos

1. Confeccionar um Mapa Litológico na Região do Pantanal do Corixo-Grande contendo a


delimitação dos assentamentos, as drenagens superficiais, os pontos investigados pelos
métodos geofísicos, os poços tubulares e poços escavados;

2. Caracterização hidrogeológica da região;

3. Análise da demanda hídrica familiar dos assentamentos, e;

4. Alternativas viáveis de abastecimento de água para os assentados.


4

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 A ÁGUA – DISPONIBILIDADE, USO, DEMANDA E ALTERNATIVAS


Água elemento vital, água purificadora, água recurso natural
renovável, são alguns dos significados referidos em diferentes
mitologias, religiões, povos e culturas, em todas as épocas. Além
disso, a Terra é o único corpo do Universo, até agora conhecido,
onde a água ocorre, simultaneamente, nos três estados físicos
fundamentais: líquido, sólido e gasoso (REBOUÇAS, 1999, p.1).

Toda água na natureza está em continuo movimento. Dos oceanos ou de grandes massas
de água para a atmosfera, sob a forma de vapor, da atmosfera para a terra, sob a forma de
precipitações (chuvas, orvalho, granizo, geadas, neve), e da terra para os oceanos, sob a forma de
escoamento superficial, sub-superficial e subterrâneo.

Esse processo rotativo de água na natureza se denomina de ciclo hidrológico. Os


fenômenos físicos e biológicos que intervêm no desenvolvimento do ciclo hidrológico podem ser
agrupados nas categorias: evapotranspiração, precipitação, infiltração e escoamento.

Rebouças (1999) refere-se ao termo água, regra geral, ao elemento natural, desvinculado
de qualquer uso ou utilização e ao termo recurso hídrico, a água como bem econômico.
Ressaltando, que toda a água da Terra não é necessariamente, um recurso hídrico, na medida em
que seu uso ou utilização nem sempre tem viabilidade econômica.

Embora o potencial hídrico do planeta seja estimado em 1,4 bilhões km³, a quantidade de
água doce, em condições econômicas e de qualidade para satisfazer as necessidades do homem,
nem todo volume pode ser utilizado, a disponibilidade efetiva de água é estimada entre 9 mil e 14
mil km³/ano (SHIKLOMANOV,1993).

Do volume total de água no planeta, apenas 2,5% podem ser consideradas águas doces.
Deste, 69% estão contidos nas calotas polares ou em aquíferos subterrâneos profundos. Resta,
portanto, um estoque de 11milhões de km³ de água doce (SHIKLOMANOV, 1993).

Este volume não pode ser considerado exatamente como disponibilidade, pois são as
precipitações sobre o planeta que, na maior parte, podem proporcionar um fluxo de água
renovável para atendimento às demandas humanas e ambientais.
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A disponibilidade renovável de água é estimada pela diferença entre as precipitações e as


evapotranspirações (ETR) médias anuais.

Segundo Rebouças (1999), existem diferentes estimativas de disponibilidade de água no


mundo e no Brasil. Na maior parte dos casos, os valores são discrepantes, derivadas de
abordagens distintas, embasadas em diferentes informações. Entretanto, a ordem de grandeza
apresentada é a mesma e permitem que sejam realizadas reflexões sobre o tema. O importante é
confrontar disponibilidades e demandas hídricas em escalas regionais ou locais, e avaliar os
problemas de escassez nestas mesmas escalas, independente de apresentar valores definitivos.

Segundo Rebouças (1997): "Não podemos separar a água subterrânea da superficial,


seus gerenciamentos, monitoramentos, o planejamento de bacias e poços, bem como o uso e
ocupação do solo. A má utilização do solo é um dos principais mentores da degradação da água.
Tem que existir uma visão mais ampla, e integrar todos esses determinantes é o grande desafio”.

A água doce não está uniformemente distribuída pela superfície do planeta, ocorrendo
regiões com relativa abundância e outras de extrema escassez. O Brasil é um país rico em
recursos hídricos de superfície e subterrâneos, calcula-se que detenha cerca de 11,6% do
potencial de água doce mundial, com regiões extremamente ricas, como a Amazônia, e outras
com baixa disponibilidade no semi árido nordestino, segundo Rebouças et al. (2002).

Devido a continua expansão da fronteira agrícola e ao desperdício, o setor que exerce o


maior consumo de água doce no planeta é a agricultura, sendo responsável por aproximadamente
70% do consumo total. A ineficiência do uso da água na agricultura é estimada de cerca de 60%
de desperdício da água fornecida ao setor (GONÇALVES, 2009). O consumo doméstico vem em
segundo lugar, cerca de 23%, com aumento médio de 4% anual desde a década de 1990, na
sequência vem a industria, com cerca de 7% de consumo de água (TERPSTRA, 1999).

No Brasil, a agricultura é a atividade que mais, consome água (56%), seguindo o padrão
mundial. O uso doméstico, urbano e rural é o segundo (27%), atividade industrial (12%) e a
dessedentação animal (5%) (ANA, 2003).

A água é utilizada para muitos fins e há grandes variedades na quantidade de água que as
pessoas requerem ou podem usar. No Quadro 1 é apresentado levantamento realizado pela
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Organização Mundial de Saúde (OMS), citado por Setti et al. (2001) referente aos valores
médios diários consumidos em áreas rurais de países em desenvolvimento.

Quadro 1 – Consumo médio diário (L/hab/dia) para áreas rurais de países em desenvolvimento.
Região Consumo médio diário (L/hab/dia)
Mínimo Máximo
África 15 35
Sudeste da Ásia 30 70
Pacífico Ocidental 30 95
Mediterrâneo Oriental 40 85
Argélia, Marrocos e Turquia 20 65
América Latina e Caribe 70 190
Média Mundial (países em desenvolvimento) 35 90
Fonte: Setti et al.(2001).

Segundo Rebouças et al. (1999), no setor rural, a população abastecida com água potável
no Brasil é de apenas 31%, índice superior somente aos da Bolívia com 22%, Haiti 23%, Peru
24% e Nicarágua com 27% (ano de referência 1991).

Observa-se, a água é elemento indispensável, tanto para a manutenção da vida no planeta,


como para o desenvolvimento da maioria das atividades produtivas desenvolvidas pelo ser
humano.

Para os ambientalistas, a quantidade de água no mundo é a mesma desde a antiguidade.


Por isso, tecnicamente, não está se tornando escassa. Está, sim, havendo carência. Pois além da
poluição dos recursos hídricos, o que acontece é que a população tem aumentado e vem se
concentrando em locais onde a água é pouca.

As demandas consuntivas (abastecimento doméstico, irrigação e consumo industrial)


crescem em taxas geométricas, sem racionalização dos usos, sob o ponto de vista da quantidade e
da qualidade de desperdício.

Os consumos específicos de água geralmente crescem com o melhoramento do nível de


vida e com o desenvolvimento do núcleo urbano. Fatores sociais, econômicos, climáticos e
técnicos podem influir nesses consumos específicos. De modo geral, o consumo per capita nos
centros urbanos varia de 200 a 300 l/dia.
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Considerado um país que se preocupa com o consumo de água, em Israel o uso industrial
e para o setor de serviços atinge cerca de 20 m³ per capita/ano (LANNA, 1995).

O abastecimento doméstico da área rural é pouco significativo por serem as demandas


dispersas e de pequeno volume. Para o cálculo do volume demandado neste caso, basta adotar a
população favorecida com o abastecimento de água e as respectivas quotas per capita, em geral
bem menores do que as dos núcleos urbanos, devido as diferenças de estilo de vida e padrões de
consumo.

Segundo Lanna (1995), cada individuo necessitaria de cerca de 1m³ de água por ano, para
dessedentação e adicionais de 100 m³ para propósitos domésticos, embora esse valor possa variar
entre 25 e 150 m³ per capita/ano. Para produção de alimento a necessidade é muito maior,
podendo atingir cerca de 1.000 m³ per capita/ano.

Considerando a Tabela 1 que apresenta valores típicos adotados na bacia do rio dos
Sinos/RS, o uso da água para consumo doméstico e dessedentação animal não é muito
significativo.

Tabela 1 – Consumo hídrico típico humano e animal (Governo do Rio Grande do Sul, 1995).
Usuário Consumo Típico (litros per capita/dia)
Humano Urbano 200
Rural 100
Animais Grande porte (bovinos, suínos) 34,5
Médio porte (ovinos) 4,5
Pequeno porte (aves) 0,35
Fonte: Lanna, 1999.

O Estado de Mato Grosso registrou, nas últimas décadas, crescimento superior (7%) à
média nacional (2,5%), sendo a agropecuária a maior responsável pelo aumento do PIB estadual,
ditando o modelo de desenvolvimento e ocupação, pautado em um modelo agroexportador e nas
políticas agrícolas nacionais (IBGE, 2005). No Estado, a agropecuária é a maior usuária de água,
apresentando um uso consuntivo de aproximadamente 70%. Fato que associado a intensificação
do desmatamento, principalmente em regiões de nascentes, áreas que vem sendo substituídas pela
atividade de monocultura, uma vez intercaladas como pecuária extensiva, implicam em sérios
problemas como: o assoreamento dos leitos; redução da oferta de água em qualidade e
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quantidade; enriquecimento das águas com nutrientes minerais; contaminação por produtos
químicos das águas superficiais e subterrâneas e degradação de bacias com conflito de uso de
água principalmente nas áreas que exigem grande consumo no estado, a exemplo de
dessedentação de animais (pecuária) e irrigação.

Segundo o resumo executivo do Plano de Recursos Hídricos do Estado de Mato Grosso


do Sul – PERH (2009), a população estadual consome cerca de 87 milhões de metros cúbicos de
água por ano. Desse volume, 81% provém da Região Hidrográfica do Paraná, e apenas 19% da
Região Hidrográfica do Paraguai. A demanda média per capita de água para o abastecimento
urbano no Estado é de 219,9 litros diários por habitante com perdas, e de 131,9 litros, sem perdas.
O consumo humano é o segundo maior uso de recurso hídrico de Mato Grosso do Sul, perdendo
apenas para a atividade da pecuária, com a dessedentação de animais.

O consumo da atividade agropecuária, segundo o estudo, depende de fatores como


temperatura, categoria de animal, estágio de crescimento, alimentação, dentre outros. Para a
dessedentação de animais, a vazão de retirada para consumo, calculada multiplicando-se o
número de cabeças pelo valor per capita de cada espécie (bovinos, aves, muares), é de mais de
9.800m³ por segundo na Região Hidrográfica do Paraná e de mais de 7.400 m³ por segundo na
Região Hidrográfica do Paraguai.

A disposição de pagar pela água para consumo doméstico é alta quando o usuário se
encontra em extrema carência e a água será destinada à dessedentação e higiene. A medida que
estas necessidades são supridas, usos menos relevantes poderão ser realizados, como irrigação de
jardins, lavagem de calçadas, automóveis entre outros, com o conseqüente decréscimo da
disposição de pagar (Lanna,1995).

Quando a satisfação é proveniente do uso da água como fator de produção, a disposição a


pagar é determinada pela renda que o consumidor recebe da atividade produtiva, por unidade de
água adicional utilizada.

Conforme Lanna (1995), os custos de oferta e a disposição a pagar variam em função de


diversos fatores, por exemplo, quando a água é escassa, duas situações podem ocorrer,
dependendo do tipo de uso. Quando é para consumo, a disposição pode ser alta, pois existem
necessidades altamente relevantes, o consumidor está disposto a comprometer boa parte da sua
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renda familiar para ser suprido. Entretanto, quando fatores como geologia, clima, baixa
fertilidade dos solos, inadequação de certas práticas agrícolas, onde a rentabilidade da agricultura
seja baixa, entre outros, a disposição a pagar pela água pode ser reprimida.

Algumas alternativas não tradicionais para incremento da disponibilidade de água estão


resumidas na Tabela 2, os dados são OEA (1997), com exceção dos dados relativos a transporte
de água com carros pipas extraídos de Campos et al. (1997).

Tabela 2 – Tecnologias não tradicionais para incremento da disponibilidade de água.


Tecnologia Usos indicados Custo (US$/mil m3)
Coleta de água de chuva em Domésticos e em agricultura 2.000 – 5.000 (dependendo da
telhados de menor escala localização e tipo de material
utilizado)
Captação de escoamentos Agricultura e pecuária, 100 – 2000 (no Equador)
utilizando estruturas doméstico, indústria e 600 – 1200 (na Argentina)
superficiais subterrâneas mineração
Transporte de água com carros Usos domésticos 910 – 11.140 (varia com a
pipas distância transportada)
Dessalinização por osmose Doméstico, industrial, 4.600 – 5.100 (nas Bahamas)
reversa mineração e agricultura 120 – 370 (no Brasil)
Fonte: OEA, 1997 e Campos et al. 1997.

Referente às mudanças climáticas resultantes do aquecimento global, importantes


modificações no regime de precipitações na escala global se encontram em curso, causando
impacto direto nos recursos hídricos disponíveis (STEDMAN, 2009). De maneira geral prevê-se
um aumento de eventos extremos, como precipitações intensas com inundações em algumas
regiões do planeta e secas em outras (GONÇALVES, 2009).

Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente - Eco 92, realizada no Rio de
Janeiro, foi aprovada a Agenda 21. Adotado o conceito de manejo integrado dos recursos
hídricos, baseado na percepção da água como parte integrante do ecossistema.

Representantes de mais de cem países em Dublin, 1992, estabelecem que a água tem valor
econômico e o conceito de gestão participativa e integrada. Reconhecem o papel das mulheres na
provisão, proteção e gerenciamento dos recursos hídricos.
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Segundo Relatório do Fundo Mundial para a Natureza – WWF Planeta Vivo (1999), a
crise de abastecimento e o perigo que a degradação dos ecossistemas de água doce pode nos
trazer tem sido motivo de alerta. A qualidade dos ecossistemas mundiais de água doce sofreu
uma queda de 45%, em apenas 26 anos (1970 -1995), o que está relacionado diretamente à
ameaça de extinção ou a própria extinção de centenas de espécies animais.

A competição pela água dos rios Jordão, Litani, Orontes, Yarmouk e outros foi a principal
razão para a guerra entre Árabes e Israelitas em 1967 e também influenciou a decisão de Israel
para invadir o Líbano em 1982. Vários estudos sugeriram que a escassez de água intensificará e
agravará as competições, gerando situações sem nenhum precedente (WALLENSTEEN e
SWAIN, 1992-1995).

Segundo Neto (1997), o direito à água é um dos direitos fundamentais do homem – o


direito à vida. O planejamento e gestão da água devem levar em conta a solidariedade e o
consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra, a fonte de vida e do
desenvolvimento. Trata-se de um recurso estratégico por questão de segurança nacional e por
seus valores sociais, econômicos e ecológicos.

Devemos equilibrar nosso consumo e a capacidade da natureza para se regenerar e para


absorver nossos detritos sob pena de danos irreversíveis. A degradação dos ecossistemas naturais
acontece num nível sem precedentes na história. É o que mostra o Relatório Planeta Vivo (2006).
O documento analisa o estado da natureza e indica que, se as atuais projeções se concretizarem, a
humanidade consumirá perigosamente até 2050, duas vezes mais recursos que o planeta pode
gerar por ano. Entretanto, existe uma clara diferença entre países desenvolvidos e em
desenvolvimento. O Brasil, por exemplo, está praticamente na média de consumo mundial, mas
ainda assim os brasileiros consomem mais do que o planeta aguenta.

No relatório publicado pela WWF (2007), “Top 10 rivers at risk”, foram ilustradas as
situações mais ameaçadoras para as maiores bacias hidrográficas do mundo, com o objetivo de
provocar o diálogo e o debate entre os governos e demais atores para agirem antes que seja muito
tarde. Para isso, a WWF selecionou, ao seu critério, os dez principais rios que estão
comprometidos em uso econômico e perda de biodiversidade.
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Neste sentido, a grosso modo pode-se elencar como motivos principais degradatórios dos
recursos hídricos: o crescimento demográfico; a expansão econômica com os impactos
produzidos pelas indústrias; aumento das fronteiras agrícolas e o consequente uso excessivo e
irregular de agrotóxicos; ocupação irregular do solo; tratamento sanitário irregular do lixo; falta
ou insuficiência de saneamento básico; visão imediatista das políticas públicas e falta de
conscientização da problemática.

Em sistemas públicos de abastecimento, do ponto de vista operacional, as perdas são


consideradas correspondentes aos volumes não contabilizados. Englobando tanto as perdas
físicas, que representam a parcela não consumida, como as perdas não físicas, que correspondem
à água consumida e não registrada.

A média das perdas de água reais e aparentes nos sistemas públicos de abastecimento no
Brasil é de aproximadamente 40% do volume total produzido. Associado a essa perda de água ao
longo das atividades de captação, tratamento, transporte e distribuição ocorre um considerável
desperdício de energia necessária ao transporte da água até o consumidor (GONÇALVES, 2009).

Em 2006, cerca de 1,1 bilhão de pessoas não tinham acesso a água potável e 2,6 bilhões,
quase metade da população mundial, não contavam com serviço de saneamento básico (UNDP,
2006). As projeções das Organizações Unidas indicam, que se a tendência continuar, em 2050
mais de 45% da população mundial estará vivendo em países que não poderão garantir a cota
mínima diária de 50 litros de água por pessoa. Com base nestes dados, foi aprovada a Declaração
do Milênio das Nações Unidas (ONU), na Cúpula do Milênio, em 2000, em Nova York,
refletindo as preocupações de 191 países que assumiram como uma das metas de
desenvolvimento do milênio reduzir à metade a quantidade de pessoas que não tem acesso à água
potável e saneamento básico até 2015 (ONU, 2005).

Um em cada três habitantes sofre de escassez de água no mundo. Para cada mil litros de
água utilizados, outros 10 mil são poluídos. Em 2025, 1,8 bilhão de pessoas deverão viver sem
água. Apenas 0,007% do total de água da Terra é própria para consumo. As águas subterrâneas
representam 97% de água disponível para consumo no planeta (ABAS, 2009).

No Brasil, em 2006, o índice de cobertura com abastecimento de água era de 93,1% e de


esgotamento sanitário de 48,3%, dos quais 32,2 % com tratamento (BRASIL, 2007).
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Embora o Brasil seja considerado um dos maiores detentores de água doce do planeta, sua
distribuição não é uniforme, as regiões de maior densidade demográfica e industrializadas
apresentam menor disponibilidade hídrica, um dos fatores que exige do país desafios na gestão
dos seus recursos hídricos.

3.1.1 Legislação de Recursos Hídricos

Além de dispersa, a legislação brasileira que trata, direta ou indiretamente, dos recursos
hídricos é vasta, podendo ser encontrada em todos os níveis legais, verticalmente (Constituições e
leis infraconstitucionais) e horizontalmente (federal estadual e municipal).

Os rios como bens públicos de uso comum, foram classificados no Código Civil de 1916.
Entretanto, a gestão de recursos hídricos foi tratado pela primeira vez de forma especifica no
Código das Águas de 1934, tornando-se um marco para legislações futuras.

O Código das águas é considerado como marco na legislação


nacional. Instrumento obsoleto em alguns aspectos nos dias de
hoje, mas sintonizado com interesses da época. O Decreto não
revelou maior preocupação com a prevenção da poluição hídrica,
mas algumas normas de proteção foram incluídas (art 109 e 110)
considerando ilícita a contaminação de águas por pessoas que não a
consomem, em prejuízo de terceiros. Identificando uma regra de
responsabilidade civil e criminal em caso de poluição hídrica
(VON SPERLING, 1998, p.113).

Segundo Versentini (1995), em razão de possuir uma densa rede hidrográfica, podendo
ser considerada como a mais densa do globo, nesse contexto, que foi criado o Decreto n.° 24.643
de 10.7.34, conhecido como Código de Águas, acompanhando em regra, o Direito das regiões
úmidas, sobretudo o romano-germânico.
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O homem vem se preocupando em disciplinar o uso da água, desde


as antigas civilizações. As normas permitiam, em certos, ainda
permitem, por estarem algumas em pleno vigor, a divisão das
sociedades em dois grupos básicos: o das sociedades ricas em água
e o das sociedades com pouca água. Desse modo, a normatização
quanto ao uso da água guarda estreita relação com a abundância, ou
escassez, desse recurso nas regiões do planeta, resultando em um
Direito próprio das regiões secas e em outro próprio das regiões
úmidas (POMPEU, 1994, p.137).

O Decreto n.º 7. 841 de 08.08.1945 dispõe sobre a lavra e a comercialização das águas
minerais, considerada como águas subterrâneas, como de domínio da União. A concessão de sua
exploração é de competência do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral – DNPM.

A Lei nº 4.869, de 01.12.65, declarou publicas e de uso comum as águas subterrâneas


captadas na área da SUDENE.

Para o Brasil, a temática da gestão da água é estratégica, seja por estar relacionada ao
tema do desenvolvimento, seja porque a maior parte das fronteiras do país é definida por rios.

A configuração do território por bacias hidrográficas originou-se, provavelmente, na


Idade Média e foram surgindo inúmeros conceitos desde então. Um desenvolvimento precoce por
bacias hidrográficas foi observada em Sri Lanka, a classificação, pioneira, provavelmente é
chinesa, dos recursos hídricos em diversas categorias (MOLLE, 2006).

Mas foi só entre as décadas de 1960 a 1970 que surgiram alguns conceitos considerados
marcos em conferências de níveis internacionais. Em 1966, a Finlândia foi sede da 52ª
Conferencia da International Law Association (ILA), na qual foram discutidas e aprovadas as
Regras de Helsinque. Essas regras estabeleceram o conceito de bacia de drenagem internacional
(YAHN, 2005).

O Tratado da Bacia do Prata, assinado em 1969, surgiu no âmbito de um cenário político


regional estruturado em torno do eixo de conflito entre o Brasil e a Argentina, causado, em parte,
pela determinação brasileira em desenvolver a região das principais bacias em território nacional
compreendidas na Bacia do Prata.
14

Portanto, é importante ressaltar que a partir deste Tratado os países passaram a reconhecer
os principais rios em seus trechos fronteiriços não como divisores de interesses, ou obstáculos, e
sim como fatores de integração.

É nesse ambiente que surge, primeiramente, o Comitê Intergovernamental Coordenador


dos Países da Bacia do Prata (CIC), cuja criação foi aprovada, em 1968, reunidos em Santa Cruz
de la Sierra, Bolívia.

A ativa participação do Brasil no cenário internacional tem contribuído para avançar na


gestão integrada dos recursos hídricos e nas questões das águas fronteiriças e transfronteiriças,em
particular.

A Lei n.º 6.938/81 que estabeleceu a Lei da Política Nacional de Meio Ambiente,
instituindo o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, que possui como órgão
consultivo e deliberativo, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade
de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais
para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre
normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à
sadia qualidade de vida.

A classificação das águas doces, salobras e salinas do território nacional foi estabelecida
pela Resolução CONAMA N.º 20 de 18.06.86, importante instrumento na legislação da qualidade
das águas de corpos receptores e de lançamento de efluentes líquidos, alterando os critérios da
classificação dos corpos d’ água da União (BRASIL, 1986).

A Constituição Federal de 1988 avançou em relação à gestão dos recursos hídricos no


Brasil, ao considerar a água como bem de domínio público.

No seu Art.20, inciso III, estabelece como bens da União os rios, lagos e quaisquer
correntes de água em domínios, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros
países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como terrenos marginais
e as praias fluviais e no Art. 21, inciso XIX, define como competência da União a instituição de
um sistema nacional de gerenciamento dos recursos hídricos.

Ao estabelecer que a água é um bem de domínio público pertencendo aos Estados e à


União, inclui-se entre os bens dos Estados as águas superficiais e subterrâneas (Art. 26º, inciso I).
15

A Constituição Federal (1988) criou os fundamentos para uma Política Nacional de


Recursos Hídricos. Estabeleceu a necessidade de criação do Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos (SINGREH) e disciplinou o regime jurídico das águas a ser partilhado entre União e
estados.

A Lei n.° 9.433/97 que regulamentou o art. 21, XIX, da Constituição Federal de 1988,
instituindo a Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos, estabelece as regras gerais para
gestão e proteção dos recursos hídricos, tanto superficiais como subterrâneos, destacando-se
como instrumentos para efetividade desta Política, os Planos de Recursos Hídricos; o
Enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; a
Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos; a Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos; a
Compensação dos Municípios; e, o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos,
aliados à gestão participativa da água com a criação dos Comitês de Bacia Hidrográfica.

Referida lei ao disciplinar sobre o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, cria o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SINGREH, com os seguintes
objetivos: coordenar a gestão integrada das águas; arbitrar administrativamente os conflitos
relacionados com os recursos hídricos; implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; e
promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos. E para integrar este Sistema estabelece seus
integrantes, cabendo destaque para o Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, com
competência, entre outras, para analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos
hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos; estabelecer diretrizes complementares para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e
atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; e estabelecer critérios
gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso.

A Lei N.º 9.433, de 08.01.97 partiu do principio de que a água integra o domino publico,
reforçando a posição de muitos juristas de que o Código de Águas foi revogado, pela
Constituição Federal de 1988, quanto à previsão da existência de águas particulares (Art 1º, I, da
lei a, c/c art. 8º do Código).

Considerando que a “água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico”


(Art 1º, inciso I), então, no entendimento de Laranjeira (1999), o nosso Direito de águas rompeu,
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expressamente, com a herança romano-germânica, identificando-se com o Direito das regiões


secas, cuja característica peculiar é, justamente, a de valorizar a água como recurso escasso finito.

Vista como recurso natural limitado, e não mais abundante, como no passado, a água
passou a ser encarada como bem suscetível de apreciação econômica, o que levou a instituição da
cobrança pela sua utilização.

A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas (Art.
1º, inciso III).

Nas situações de escassez, como as que marcam, sobremaneira, o Sertão Nordestino e


determinadas regiões do país em alguns meses do ano, a referida legislação priorizou a utilização
da água disponível para suprir o consumo humano e a dessedentação de animais (Art. 1º, inciso
IV).

A bacia hidrográfica é definida como a unidade territorial para os efeitos da


implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (Art.1º, inciso V).

Ao utilizar a locução “água é um bem de domínio público”, a lei 9.433/97 abrange todo
tipo de água, diante da generalidade empregada. Não especificando qual a água a ser considerada,
água de superfície e água subterrânea, água fluente e água emergente passaram a ser de domínio
publico.

Segundo Machado (2001), o domínio hídrico público deve dar acesso à água aqueles que
não sejam proprietários dos terrenos em que as nascentes aflorem, àqueles que não estão em
prédios á jusante das nascentes e àqueles que não são ribeirinhos ou lindeiros dos cursos d’água.

Considerados bens da União, os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de


seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se
estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias
fluviais (Art. 20, inciso III).

As águas subterrâneas passam a fazer parte do domínio público em face do Arts Iº, I, 12,
II e 49, caput e inc. V, da lei 9.433/97, estando sujeita a outorga pelo Poder Público “extração de
água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo” e é
17

considerado infração de normas de utilização de recursos hídricos subterrâneos “perfurar poços


para extração de água subterrânea ou operacionalizá-los sem a devida autorização”. As águas
subterrâneas integram os bens dos Estados.

A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do
Poder Público, dos usuários e das comunidades. Planejamento e Gestão descentralizada por bacia
hidrográfica (Art. 1º, inciso VI).

A referida Lei, ao assinalar os objetivos da Política Nacional de


Recursos Hídricos (Art. 2º), guarda estreita relação com o art. 225,
caput, da Constituição Federal, no sentido de trazer – e adaptar –
aos recursos hídricos, a noção de “meio ambiente ecologicamente
equilibrado”. Ou seja, a disponibilidade de água deve ser garantida,
mas assegurada “em padrões de qualidade adequados aos
respectivos usos“ assegurando-a em padrões de qualidade “à atual e
às futuras gerações” (LARANJEIRA, 1999, pag. 182).

A cada bacia hidrográfica corresponde um Plano Nacional de Recursos Hídricos, onde


constam programas e projetos a serem implantados, a longo prazo, na respectiva bacia, com o fim
de fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o
gerenciamento destes recursos (art 6º).

Os planos de recursos hídricos na verdade constituem num


planejamento a longo prazo, que estude demanda, demografia, usos
do solo, usos dos recursos hídricos, qualidade, quantidade, enfim
todas as interações humanas ou naturais que estejam ligadas aos
recursos hídricos, pois o objetivo é que o Estado (administração
publica) possua dados realísticos sobre a situação (Matos,1998,
p.538).
A presença do poder Público no setor hídrico tem que traduzir um
eficiente resultado na política de conservar e recuperar as águas.
Nesse sentido o art 11 da lei 9.433/97, que diz ‘ o regime de
outorga de direito de uso de recursos hídricos tem como objetivos
assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o
efetivo exercício dos direitos de acesso a água. O Poder Publico
não pode agir como um ‘testa-de-ferro’ de interesse de grupos para
18

excluir a maioria dos usuários do acesso qualitativo e quantitativo


das águas, pois seria um aberrante contra-senso a dominialidade
pública ‘parente da águas, para privatiza-las, através das
concessões e autorizações injustificadas do Governo Federal e
estaduais, privilegiando, favorecendo ao lucro de minorias
(Machado ,2001, p. 413).

O Plano Nacional de Recursos Hídricos define como objetivos estratégicos a melhoria da


disponibilidade hídrica, em quantidade e qualidade, a redução dos conflitos pelo uso da água e a
percepção da conservação da água como valor socioambiental relevante.

Esses objetivos refletem, por sua vez, grande parte das discussões em nível internacional,
configuradas nos eventos relativos à Década Brasileira e Internacional da Água (2005-2015),
além de atender às deliberações da I e da II Conferências Nacionais do Meio Ambiente.

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio compreendem oito macro-objetivos a serem


atingidos até 2015, por meio de ações concretas dos governos e da sociedade.

Essa iniciativa tem como propósito chamar a atenção para a elevada importância do tema
água com vistas a atingir as Metas do Milênio, bem como estabelecer o vínculo necessário da
Política Nacional de Recursos Hídricos com as questões da saúde, da educação; da mortalidade
infantil, da erradicação da pobreza; da fome, da mulher e do desenvolvimento sustentável e
estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.

A Meta n° 7, garantir a sustentabilidade ambiental, desdobra-se em uma série de tantas


outras igualmente relacionadas ao meio ambiente e aos recursos hídricos, dentre elas se destaca a
que se refere ao compromisso dos países de ter elaborado seus Planos Nacionais de Gestão
Integrada de Recursos Hídricos até 2005.

A Lei das Águas (9.433/97) prevê para a gestão compartilhada uma estrutura composta
pelo Conselho Nacional, Estaduais e do Distrito Federal de Recursos Hídricos, Comitês de Bacias
Hidrográficas, Agências de Água e Órgãos e entidades do serviço público federal, estaduais, do
Distrito Federal e municipais de atuação na gestão dos recursos hídricos.
19

O setor agrícola brasileiro é o principal usuário consuntivo dos recursos hídricos, e é na


área física abrangida pelo setor que pode ocorrer a maioria das intervenções para a melhoria da
utilização deste recurso fundamental aos processos produtivos. Assim, a integração entre as
políticas hídrica, ambiental e agrícola é fundamental para que o país possa desenvolver-se
sustentavelmente.

Por ter sido instituída depois das Políticas Agrícola (Lei no 8.171, de 17 de janeiro de
1991) e de Irrigação (Lei no 6.662, de 25 de junho de 1979), a Política Nacional de Recursos
Hídricos (Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997) não é abordada, especificamente, em nenhuma
das políticas deste setor usuário. Entretanto, em ambos os casos, são feitas referências explícitas à
necessidade de preservação dos recursos naturais.

A Decisão Normativa nº 59, de 09 de maio de 1997. Dispõe sobre o registro de pessoas


jurídicas que atuam nas atividades de planejamento, pesquisa, locação, perfuração, limpeza e
manutenção de poços tubulares para captação de água subterrânea e dá outras providências

A Lei n.º 9.605, de 12.02.98, dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de
condutas lesivas ao meio ambiente; prevê sanções para aquele que poluir as águas, art.54
(BRASIL, 1998).

A Agência Nacional de Águas – ANA (BRASIL, 2000) foi criada como agência
reguladora de serviços pela Lei n.º 9.984 em 17.07.2000, vinculada ao Ministério de Meio
Ambiente com a principal função de atuar como a entidade federal responsável pela
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, obedecendo a seus
fundamentos, objetivos e instrumentos, conjuntamente com outros órgãos e entidades públicas e
privadas. Passou a integrar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
incumbindo-lhe a responsabilidade de organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de
Informações sobre Recursos Hídricos. Criada nos moldes de autarquia sob regime especial possui
autonomia administrativa e financeira. Entre várias atribuições a ANA deve, em conjunto com
Conselho Nacional de Recursos Hídricos, elaborar e supervisionar a implementação do Plano
Nacional de Recursos Hídricos, é a autoridade responsável no âmbito federal pela autorização de
outorgas de direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União (antiga
atribuição do DNAEE e posteriormente da ANEEL), como também pela fiscalização do uso da
água.
20

Em tramitação no Senado da República do Brasil, a Proposta de Emenda à Constituição –


PEC nº 43/00 (2000) “Modifica a redação dos arts. 20, III, e 26, I, da Constituição Federal, para
definir a titularidade das águas subterrâneas”. As modificações introduzidas transferem a
dominialidade do Estado para União.

Na nova redação da proposta para o Inciso III do Artigo 20 da Constituição Federal/88 é


definido que são bens da União “os lagos, rios e quaisquer correntes de águas, superficiais ou
subterrâneas, inclusive os aquíferos, em terrenos de seu domínio, ou que banhe mais de um
estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais”. Para o Inciso I do Artigo 26 da
CF/88 “incluem-se entre os bens dos Estados as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
emergentes e em depósito, circunscritas ao seu território, ressalvadas, neste caso, na forma da
lei, as decorrentes de obras da União.

Devido a complexidade do assunto com as modificações propostas pela PEC 43/00, a


posição oficial da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas – ABAS (2002) junto à
Secretaria de Recursos Hídricos - SRH/MMA, pronuncia não ter dúvidas de que a perda da
dominialidade das águas subterrâneas por parte dos Estados, para a União, criará grandes
dissabores aos órgãos gestores estaduais incumbidos de conceder as outorgas das águas
superficiais e subterrâneas. Ressalta ser fundamental lembrar “que os divisores de águas
subterrâneas profundas raramente coincidem com os divisores das bacias hidrográficas.

A Portaria n° 518/2004 do Ministério da Saúde regulamenta a qualidade de água para o


consumo humano e estabelece os procedimentos e responsabilidade referentes ao controle de
qualidade, captação e distribuição de água (superficiais e subterrâneas) a serem obedecidos em
todo território nacional.

Tendo em vista a competência de cada Estado em gerir as águas subterrâneas sob seu
território, e o fato de que muitos ainda não legislaram sobre o assunto, convém listar somente os
diplomas legais advindos da competência federal. Dentro da competência do CONAMA, para a
proteção das águas subterrâneas destacam-se as seguintes resoluções:

1. Resolução CONAMA n.º 387/2006.

2. Resolução CONAMA n.º 002, de 22 de agosto de 1991;


21

3. Resolução CONAMA n.º 273, de 29 de novembro de 2000;

4. Resolução CONAMA n.º 357, de 17 março de 2005;

5. Resolução CONAMA n.º 396, de 03 de abril de 2008;

6. Resolução CONAMA n.º 420, de 28 de dezembro de 2009.

De acordo com as atribuições do CNRH, anotam-se as resoluções afetas ao tema:


Resolução CNRH nº. 16, de 8 de maio de 2001; nº. 17, de 29 de maio de 2001; n.º 48, de 21de
março de 2005; n.º 54, de 28 de novembro de 2005, estabelece modalidades. Diretrizes e critérios
gerais para a prática de reuso direto não potável de água, e dá outras providências; n.º 91, de 05
de novembro de 2008; n.º 92, de 05 de novembro de 2008; n.º 107, de 13 de abril de 2010. E, a
Resolução CNRH Nº 65/2006 de 07 de dezembro de 2006. Estabelece diretrizes de articulação
dos procedimentos para obtenção da Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos com os
procedimentos de Licenciamento Ambiental.

Com relação às águas subterrâneas o Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH


através das Resoluções: N° 9/2000 criou a Câmara Técnica Permanente de Águas Subterrâneas;
na de Nº 15/2001 são determinadas as diretrizes para a gestão integrada das águas e a de Nº 22 de
24.05.2002 são estabelecidos que os Planos de Recursos Hídricos Estaduais e os Comitês de
Bacia deverão considerar o monitoramento da qualidade e quantidade de águas subterrâneas,
visando à gestão integrada dos recursos hídricos.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, órgão fundado em 1940


responsável pela normatização técnica no país, após anos de estudos e discussões aprovou e
publicou as normas NBR12212/NB – 588 referente a Projeto de poço para captação de água
subterrânea; e, NBR12244/NB – 1290 para Construção de poço para captação de água
subterrânea. Normas que se aplicam a todos os tipos de poços, perfurados em rochas de
características físicas das mais diversas.

Na aplicação destas Normas torna-se necessário consultar: NBR -


13604/13605/13606/13606/13607 que dispõe sobre tubos de PVC para poços tubulares
22

profundos, e NB-587 que estabelece procedimentos para estudos de concepção de sistemas


públicos de abastecimento de água.

A Lei n.º 11.445/2007 estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; e dá


outras providências. Lei que representou um avanço no setor de saneamento básico, pois
estabelece diretrizes nacionais para as relações entre usuários, consumidores, concessionárias,
entre outros do setor. Em relação ao uso de fontes alternativas aos sistemas públicos de
abastecimento de água, a interpretação do Artigo 45º, Parágrafo Segundo, gerava polêmica
quanto a captação das águas subterrâneas para abastecimento urbano ou na área rural, devido a
falta de esclarecimentos quanto a definição de instalação hidráulica predial.

O Decreto nº 7.217/2010. Regulamenta a Lei nº 11.445/2007, que estabelece diretrizes


nacionais para o saneamento básico, e dá outras providências. Neste Decreto o Governo Federal
acata uma reivindicação encaminhada pela Associação Brasileira de Águas Subterrâneas –
ABAS, junto com outras entidades profissionais, e esclarece a dúvida ocorrida por conta do
Artigo 45º no Parágrafo Primeiro do Artigo 7º do referido Decreto, pelo qual o governo
regulamentou a Lei de Saneamento nº 11.445/2007. A redação do Parágrafo Primeiro do Artigo
7º afirma que “Entende-se como sendo a instalação hidráulica predial mencionada no caput a rede
ou tubulação de água da prestadora até o reservatório de água do usuário” (ABAS, 2010).

O Brasil conta com um arcabouço legal e institucional extremamente avançado no que diz
respeito à gestão dos seus recursos hídricos, que aliado a práticas inovadoras de gestão o coloca
entre os países líderes em relação à gestão democrática, participativa, ambiental e politicamente
sustentável dos recursos hídricos.

Segundo Laranjeira (1999), a legislação que dispõe sobre a proteção dos recursos hídricos
encontra-se dispersa no universo jurídico. Essa dispersão existe em função, principalmente da
diversidade de formas de poluição das águas.

Atividades diversas como agricultura, a deposição de resíduos sólidos em aterros


sanitários, a emissão de poluentes atmosféricos, o despejo de efluentes líquidos, a destruição de
matas ciliares e muitas outras, acabam por acarretar dano ao meio ambiente liquido, daí a
complexidade da questão.
23

Enfim, a opinião de muitos juristas brasileiros, de modo especifico a Constituição Federal


de 1988 limitou-se a definir a competência exclusiva da União para legislar sobre as águas (Art.
22, IV), mas não se pode retirar dos Estados e dos Municípios o poder de legislar supletivamente
(Arts.25,§1º e 30, I e III). Os problemas de poluição ultrapassam as fronteiras municipais,
estaduais e muitas vezes nacionais, atingindo locais distantes da fonte poluidora, o que torna
inoperante a tentativa de diminuí-los sem a participação de todos os envolvidos.

3.1.1.1 Âmbito Estadual

Em Mato Grosso (1997) a Lei Estadual n.º 6.945/97, dispõe sobre a Política Estadual de
Recursos Hídricos e institui o Sistema Estadual de Recursos Hídricos de Mato Grosso.

Para os efeitos desta Lei (6.945/97) Art. 2º, a água exerce a função natural, quando
desempenha o papel de manutenção: do fluxo da água nas nascentes e nos cursos d’água perenes;
das características ambientais em área de preservação natural; de estoques de fauna e flora dos
ecossistemas dependentes do meio hídrico; do fluxo e da integridade das acumulações de águas
subterrâneas; e) outros papéis naturais exercidos no ambiente da bacia hidrográfica onde não se
faça sentir a ação antrópica’ (inciso I) a “função social, quando o seu uso objetivar garantir as
condições mínimas de subsistência dentro dos padrões de qualidade de vida assegurados pelos
princípios constitucionais”, como abastecimento humano e qualquer atividade produtiva com fins
de subsistência, levando-se em conta suas peculiaridades climatológicas, fisiográficas e sócio-
econômicas (inciso II).

Tem como diretrizes básicas o gerenciamento dos recursos hídricos “levando em conta
todos os processos do ciclo hidrológico, particularmente a integração das águas superficiais e
subterrâneas, em seus aspectos quantitativos e qualitativos” (Art 4º, inciso II).

“Dependerão de prévio cadastramento e outorga pela Fundação Estadual do Meio


Ambiente-FEMA” projeto de qualquer empreendimento que demande a utilização de recursos
hídricos de domínio do Estado, ou a execução de obras e/ou serviços que alterem o regime,
quantidade ou qualidade dos mesmos (Art. 10).

A concessão de licença prévia para empreendimentos que demandem a utilização de


recursos hídricos dependerá da obtenção da respectiva outorga do direito de uso (Art. 34).
24

O Estado de Mato Grosso (2000) através do Decreto n.º 1291/00, regulamenta o inciso VI
do artigo 2º da Lei n.º 7153/99, que altera o parágrafo 4º do artigo 1º da Lei n.º 7083/98, ref.
poços tubulares, c.c Lei n.º 6945/97 ref. Política Estadual de Recursos Hídricos.

O Decreto n.º 1.291 de 14.05.2000, dispõe sobre o licenciamento de poços tubulares no


Estado de Mato Grosso.

São consideradas subterrâneas as águas que ocorram natural ou artificialmente no subsolo,


de forma suscetível de extração e utilização pelo homem (Art. Iº); instituindo o cadastro estadual
de poços tubulares da captação de águas subterrâneas, no Estado de Mato Grosso (Art. 2º).

Estabelece o Art. 3º “Aquele que tiver perfurado ou pretender perfurar poço tubular, no
Estado de Mato Grosso, fica sujeito ao licenciamento da Fundação Estadual do Meio Ambiente –
FEMA”.

Reconhece o poço tubular como uma obra de engenharia que requer conhecimentos de
geologia e hidrogeologia exigindo técnicos e empresas habilitadas na implantação desse tipo de
obra e visa a preservação da qualidade das águas subterrâneas (Art. 5º).

A obtenção de licença da Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEMA passa a ser


obrigatória, para qualquer obra de captação de água subterrânea, incluída em projetos, estudos e
pesquisas (Art. 6º).

Os poços abandonados, inclusive cacimbas, temporários ou definitivos, e as perfurações


realizadas para outros fins, que não a captação de água, deverão ser adequadamente tamponados,
por seus responsáveis, para evitar a poluição dos aquíferos ou acidentes (Art. 15 § 2º).

A Portaria N.º 002/00, estabelece condições mínimas para a construção de poços tubulares
com vistas ao uso dos depósitos subterrâneos de água no Estado de Mato Grosso. Secretaria
Estadual de Meio Ambiente – Sema.

O processo de Licenciamento Ambiental dos projetos de assentamento rural no Estado de


Mato Grosso são disciplinados através da Portaria Conjunta N.º 01/2008, da Secretaria Estadual
de Meio Ambiente – Sema.
25

A Resolução n.º 12/2007 do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CEHIDRO


estabelece critérios técnicos a serem aplicados nas análises dos pedidos de Outorga para captação
de águas superficiais de domínio do Estado.

Através da Resolução N.º 18/2008 (CEHIDRO/MT). São estabelecidos os procedimentos


referentes ao licenciamento Ambiental dos Projetos de Irrigação no Estado de Mato Grosso.

Sendo os usos de recursos hídricos para a satisfação de pequenos núcleos populacionais,


as acumulações, derivações e lançamentos considerados insignificantes, na forma do
regulamento, independem de outorga pelo Poder Público estadual.

3.2 POLÍTICA DE REFORMA AGRÁRIA

3.2.1 Legislação Agrária

O ordenamento jurídico agrário brasileiro sempre tem trazido em seu bojo uma
preocupação com o componente ambiental e recursos hídricos.

Logo no início do regime militar foi dado o primeiro passo para a realização da reforma
agrária no país, editando o Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/1964) e criando o Instituto Brasileiro
de Reforma Agrária (Ibra) e o Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (Inda), em
substituição à Superintendência da Reforma Agrária (Supra).

Na forma prevista pela Lei 4.504/64 (BRASIL, 1964) de 30 de novembro de 1964 -


Estatuto da Terra é assegurado a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra,
condicionada pela sua função social e a conservação dos recursos naturais, face aos Arts 2º, §1º e
30, I e III. I, 12, II e 49, caput e inc. V, da Lei 9.433/97.

Na referida Lei os objetivos da Reforma Agrária (Art. 16) eram de estabelecer um sistema
de relações entre o homem, a propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça
social, o progresso e o bem estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do País,
com a gradual extinção do minifúndio e do latifúndio.

O Estatuto da Terra já previa que a desapropriação por interesse social teria a finalidade
de: condicionar o uso da terra a sua função social; promover a justa e adequada distribuição da
propriedade rural; obrigar a exploração racional da terra; permitir a recuperação social e
26

econômica de regiões; estimular pesquisas pioneiras, experimentação, demonstração e assistência


técnica; efetuar obras de renovação, melhoria e valorização dos recursos naturais; incrementar a
eletrificação e a industrialização no meio rural; facultar a criação de áreas de proteção à fauna, à
flora ou a outros recursos naturais, a fim de preservá-los de atividades predatórias (Art.18).

A referida Lei previa que a Reforma Agrária seria realizada por meio de planos
periódicos, nacionais e regionais, com prazos e objetivos determinados, de acordo com projetos
específicos (Art. 33), com Planos Regionais de Reforma Agrária antecedendo as desapropriações
por interesse sociais, e elaboradas pelas unidades regionais do Órgão, obedecendo aos requisitos
mínimos, como determinação dos objetivos específicos de Reforma Agrária na região respectiva
e previsão das obras de melhoria (Art.35).

A Lei 8.629, de 25 de fevereiro de 1993 dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos


constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no capítulo III, título VII, da Constituição
Federal.

A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, a


utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente:

Considera-se adequado a utilização dos recursos naturais disponíveis quando a exploração


se faz respeitando a vocação natural da terra, de modo a respeitar o potencial produtivo da
propriedade e, considera-se preservação do meio ambiente a manutenção das características
próprias do meio natural e da qualidade dos recursos ambientais, na medida adequada à
manutenção do equilíbrio ecológico da propriedade e da saúde e qualidade de vida das
comunidades vizinhas (Art 9.°, inciso II, § 2.° e 3).

Nas áreas prioritárias de reforma agrária serão complementadas as fichas cadastrais


elaboradas para atender as finalidades fiscais com dados relativos ao relevo, as pendentes, `a
drenagem, aos solos e a outras características ecológicas que permitam avaliar a capacidade de
uso atual e potencial (Art 46, inciso III, § 1º).

Estabelecido no Art. 61 § 4º, que para gozar de vantagens desta Lei a aprovação do
projeto de colonização estaria condicionada a obrigações mínimas como: a divisão dos lotes,
tanto quanto possível, ao critério de acompanhar as vertentes, de modo a todos os lotes possuírem
27

água própria ou comum; e, manutenção de uma reserva florestal nos vértices dos espigões e nas
nascentes.

Foi estabelecido que os planos nacional e regional de Reforma Agrária incluirão,


obrigatoriamente, as providências de valorização relativas a obras de melhoria de infra-estrutura,
tais como reflorestamento, regularização dos deflúvios dos cursos d’água, açudagem, barragens
submersa, drenagem, irrigação, abertura de poços, saneamento, obras de conservação do solo,
além do sistema viário indispensável à realização do projeto (Art..89).

Referente a Colonização e outras forma de acesso a propriedade , o Decreto n.º 59.428 de


27 de outubro de 1966, estabeleceu (art 6º) que: nas regiões definidas nos incisos I e II do art. 43
do Estatuto da Terra (Lei 4.504/64) , a colonização visará ao aproveitamento de áreas incluídas
em planos preferenciais de implantação de grandes obras de infra-estrutura e ao aproveitamento
de áreas de bacias hidrográficas que possibilitem o uso múltiplo de suas águas.

O abastecimento público, a dessedentação de animais, a irrigação, entre outros estão


condicionados a assistência adequada aos produtores rurais e ao desenvolvimento das
propriedades familiares.

O abastecimento público, sem dúvida alguma é o uso mais importante e elementar da


água e se manifesta praticamente em todas as atividades do homem; beber, higiene pessoal e das
habitações, entre outras.

A execução dos programas de colonização, em qualquer caso, estava condicionada a


avaliação dos recursos naturais e condições de salubridade e saneamento (Art.17).

Quando a água é consumida individualmente, em alguns casos não


sofre tratamento. No caso de consumo coletivo, o adequado é
fornecer a comunidade um sistema de abastecimento de água, que
pressupõe a existência de unidades de captação de água bruta (In
natura), adução, tratamento, reservação e distribuição (TUCCI,
2007 p. 851).

No Decreto n.º 59.428/66 foi estabelecido, que na área escolhida para implantação do
núcleo urbano, deverá ser elaborado o respectivo anteprojeto que, em linhas gerais conterá:
caracterização sumária dos aspectos físicos da área, incluindo hidrologia (Art. 21, I, g).
28

Em 4 de novembro de 1966, o Decreto nº 59.456 instituiu o primeiro Plano Nacional de


Reforma Agrária. Não saiu do papel. Em 9 de julho de 1970, o Decreto nº 1.110/70
(BRASIL,1970) criou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), resultado
da fusão do Ibra com o Inda.

3.2.2 Desapropriação por Interesse Social para fins de Reforma Agrária

O Estatuto da Terra, Lei 4.504/64 em seu artigo segundo conceitua Reforma Agrária
como um conjunto de medidas que visam a promover melhor distribuição da terra, mediante
modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao
aumento da produtividade.

A desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária, apesar de existir a Lei
nº 4.132/62 (BRASIL, 1962), só foi implementada a partir de 1984 com a elaboração do novo
Plano Nacional de Reforma Agrária, instituído pelo Decreto nº 97.766/85 (BRASIL, 1985), que
previa a criação de projetos de assentamento, com toda infra-estrutura necessária, assistência
técnica, crédito, comercialização, saúde e educação para os assentados.

A Instrução Normativa Nº 07/INCRA de 17.10.1988 fixa a sistemática e os roteiros a


serem aplicados na elaboração dos Projetos de Assentamento e de Colonização, através dos
instrumentos operacionais: Plano Preliminar, Programa de Ação Imediata e Projeto Definitivo.

A Instrução Normativa (IN) Nº 08/93, estabelece diretrizes para o procedimento


administrativo das desapropriações por interesse social, para fins de reforma agrária, a serem
promovidas pela União, através do INCRA, nos termos da Lei 4.504/64. Lei n.º 8.629/93 e Lei
Complementar n.º 76/93. Conforme a IN 08/93, as desapropriações de imóveis rurais por
interesse social, serão precedidas de Levantamento Preliminar para coleta de dados e informações
sobre o imóvel nos termos do artigo 2º, § 2º, da Lei n.º 8.629/93 (BRASIL,1993).

A Comissão designada para promover o levantamento de dados e informações


preliminares, deverá verificar se a propriedade é ou não produtiva bem como se é viável para o
assentamento de trabalhadores rurais, de acordo com os requisitos expressos no artigo 6º, da Lei
n.º 8.629/93, elaborando o respectivo Relatório Técnico, com observância rigorosa do anexo I da
referida IN.
29

O Relatório Técnico deverá conter informações sobre fatores condicionantes do uso das
terras, disponibilidade de recursos hídricos quanto a “existência de aguadas (rios, riachos, açudes,
lagoas, barreiros) e poços (cacimbas, poço artesiano)”.

A Instrução Normativa 08/93 foi substituída pela IN 041/INCRA de 24.05.de 2000,


estabelecendo o Manual de Procedimentos Técnicos para elaboração de diagnósticos de quadro
fundiário regional, de levantamento de dados e informações de imóveis rurais e sua avaliação.

Com inovações em relação à IN 041/00, o relatório técnico é denominado de Relatório


Agronômico de Fiscalização. Neste relatório, os recursos hídricos são abrangidos como de suma
importância na determinação da potencialidade agrícola do imóvel, exigindo informações sobre
as águas subterrâneas e prevê a outorga do uso da água.

3.2.3 Componente Ambiental nas Áreas da Reforma Agrária

Alvarenga (1985, p.5) esclarece: “O Direito Agrário tem como objeto as atividades
humanas desenvolvidas no meio rural, mediante a utilização dos recursos naturais,
primordialmente a terra, observados os princípios de produtividade e justiça social”.

Pode-se dizer, portanto, que a ‘’atividade agrária’’ é o conjunto de ações interventivas do


homem no meio ambiente, visando à produção de bens de consumo ou matéria prima, à
conservação dos recursos naturais e à experimentação e pesquisa (LARANJEIRA, 1981).

As formas de exploração rurais típicas são a agricultura e a pecuária, nas quais os recursos
naturais fundamentais são o solo e a água, de cujo manejo adequado depende não só os resultados
econômicos da atividade agrária como também o equilíbrio do respectivo ecossistema.

Os agraristas, conscientes já há algum tempo da importância do


equacionamento da questão ambiental nas atividades rurais,
destacam em suas obras os problemas de desmatamento e de
poluição das águas. Há a consciência, hoje, de que a degradação
ambiental, além dos seus reflexos ecológicos, interfere na
produtividade e, até mesmo, em alguns casos, na própria
viabilidade do empreendimento (ALVARENGA, 1985, p.4).
30

O INCRA, ao desapropriar um imóvel que não vinha cumprindo a sua função social, cria
nesta área um projeto de assentamento com a finalidade de destiná-la aos trabalhadores rurais
sem terra; estas famílias assentadas darão às suas unidades de produção novos usos dos recursos
naturais, em relação ao que vinha sendo dado pelo expropriado.

Quando a grande propriedade é repartida em várias pequenas propriedades familiar


(parcelamento) uma série de problemas ambientais pode aflorar, tais como: lotes sobre áreas de
preservação permanente, em áreas litólicas, areias quartzosas, lotes sem acesso à água, entre
outros.

Até a bem pouco tempo, o INCRA, ao eleger uma área para desapropriação, não
observava o componente ecológico, aferia apenas o aspecto produtivo do imóvel, segundo os
índices do grau de utilização da terra e grau de eficiência na exploração, não levando em
consideração outros fatores inviabilizadores de um desenvolvimento sustentável na área
desapropriada.

A pressão dos movimentos sociais para ocupar uma área tão logo o INCRA fosse imitido
na posse da mesma, não possibilitava ao Órgão um espaço mínimo de tempo para se elaborar e
executar um planejamento eficiente que levasse em consideração, entre outros, o componente
ambiental.

Mediante essa pressão a Instituição acabava não atentando para a distribuição geográfica
do parcelamento de modo a respeitar os critérios conservacionistas, o que causou e vem causando
sérios impactos negativos à natureza.

A pressão dos movimentos ambientalistas em todo o mundo, e até mesmo do Ministério


Público Federal, levou o INCRA, enquanto autarquia federal, a repensar o processo de reforma
agrária incluindo no mesmo a variável ambiental de forma a se conseguir um equilíbrio entre a
exploração das parcelas e o meio ambiente.

A reforma agrária, por exemplo, pode se constituir num importante meio de combate às
desigualdades sociais. Se executada de conformidade com a nossa legislação agroambiental,
certamente estaremos promovendo o desenvolvimento sustentável e demonstrando que o
desenvolvimento econômico não é incompatível com a preservação ambiental.
31

Na avaliação dos impactos ambientais o meio físico é fundamental para a sustentação da


vida do planeta, constituindo-se esse meio dos elementos solo, ar e água.

As águas, em especial sua qualidade, possuem uma relação um pouco mais complexa e
específica com as qualidades antrópicas. Cada atividade provoca um efeito dependendo de suas
características e das peculiaridades regionais.

Os maiores impactos ambientais provocados pela agricultura brasileira são causados pelo
uso inadequado do solo, pelo uso de agentes químicos, como agrotóxicos, fertilizantes e
corretivos, pelo desmatamento para fins agrícolas e pelo uso dos recursos hídricos.

O INCRA lançou a “Agenda Ambiental”, intitulada “Brasil que te Quero Verde”


(BRASIL, 1998), que traçou macro diretrizes ambientais e o “Plano de Ação para o
Desenvolvimento Sustentável dos Assentamentos.

Para os projetos de assentamento criados a partir de 1999, tornou-se obrigatório a


elaboração do Plano de Desenvolvimento dos assentamentos – PDA, o qual é elaborado de forma
participativa com a comunidade assentada, contemplando os aspectos econômicos, sociais e
ambientais do assentamento.

Somente após a elaboração do PDA é que o assentamento terá suas parcelas medidas e
demarcadas. Além da preocupação com o ordenamento espacial do assentamento no sentido de se
respeitar a vocação e a conservação dos recursos naturais.

A Resolução Conama Nº 387 de 27 de dezembro de 2006, estabelece procedimentos para


o Licenciamento Ambiental de projetos de Reforma Agrária.

A Portaria Conjunta N° 01, de 25 de janeiro de 2008 disciplina o processo de


licenciamento dos Projetos de Assentamento Rural do Estado de Mato Grosso.

3.2.4 Projetos de Assentamento da Reforma Agrária

O Projeto de Assentamento é o retrato físico da Reforma Agrária, ele nasce quando o


Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, após imitir-se na posse do
imóvel destina-a para trabalhadores rurais sem terra a fim de que a cultive e promovam o seu
desenvolvimento econômico mediante o atendimento dos serviços básicos de assistência técnica,
32

crédito rural e infra-estrutura econômica e social, vinculados ao Programa Nacional de Reforma


Agrária.

Atualmente, são 538 projetos de assentamento em todo o estado de Mato Grosso,


beneficiando aproximadamente 100.420 mil famílias de trabalhadores rurais sem terra. Cerca de
80% dos projetos são oriundos de desapropriação por interesse social.

São consideradas na definição da implantação dos Projetos de assentamento, as questões


sobre o cumprimento da legislação, da conservação do meio ambiente e do uso sustentável dos
recursos naturais.

Enfim, reportando-se à Constituição Federal de 1998 ao Manual de Obtenção de Terras e


Perícia Judicial de 2000, por meio do ordenamento jurídico brasileiro, trazendo em seu bojo a
preocupação com a água como parte do meio ambiente, verificou-se da sua importância, como
recurso fundamental na implantação de projetos de assentamentos da Reforma Agrária.

3.2.5 Histórico das Desapropriações para Fins de Reforma Agrária no Município


de Cáceres-MT

Devido à grande pressão na região pela demanda de terras para assentamento de


trabalhadores rurais, dado o grande número de acampamentos existentes, região na época
apresentando problemas quanto a disponibilidade de terras agricultáveis para a Reforma Agrária,
em 1997, foram criados os projetos de assentamento Rancho da Saudade, Bela Vista e Jatobá.
Imóveis oriundos de desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária, com área
total de 5.010, 3180 hectares, contígua, localizados no município de Cáceres-MT.

Na vistoria preliminar e levantamento de dados, de acordo com a Lei 8.629/93 e Instrução


Normativa/INCRA/N.º08/93, anexo I, atualmente substituído pelo Manual de Obtenção de Terras
e Perícia Judicial NE/INCRA /DT/Nº52 e seus anexos, os imóveis Rancho da Saudade, Nova
Esperança ou Bela Vista e Jatobá, com área de 2.408,2100 hectares, 1695,2160 hectares e
906,8840 hectares respectivamente, foram considerados pelo Relatório Técnico de “baixo valor
no mercado imobiliário”, apresentando um custo/benefício bem abaixo da média estipulada para
a região, tornando para o INCRA uma alternativa, que poderia ser revertida em recursos para
implantação de obras de infra-estrutura.
33

Após as desapropriações a área dos três imóveis foi destinada para assentamento de
agricultores, prevendo 126 unidades agrícolas familiares e implantação de infra-estrutura física
necessária ao desenvolvimento da comunidade rural, de conformidade com o Plano Preliminar,
elaborado pela Divisão Técnica do INCRA/MT.

Posteriormente foram desapropriados e criados mais quatro projetos de assentamento


Sapicua, Corixo, Katira e Bom Sucesso.

O projeto de assentamento Sapiqua, foi criado através da Portaria INCRA/SR (13) Nº


114/99, de 27 de setembro de 1.999. A área do imóvel abrange uma superfície total de
1.246,1083 ha oriunda da desapropriação da fazenda Sapiqua.

A criação do projeto de assentamento Corixo, foi definido através da portaria


INCRA/SR–13/Nº006/01, de 05 de abril de 2001, considerando a necessidade de dar destinação
ao imóvel denominado Fazenda São Judas Tadeu/Corixinho, com área de 3.370,5552 hectares,
localizado no município de Cáceres – MT, desapropriado para fins de reforma agrária, através do
decreto de 17 de setembro de 1998 (Tabela 1).

A desapropriação para fins de reforma agrária foi determinada com base na conclusão da
comissão de vistoria técnica que classificou o imóvel como “Grande Improdutiva”, que não
cumpria a função social, por não atender o bem estar dos proprietários e dos trabalhadores, sem
níveis satisfatórios de produtividade.

O projeto de assentamento Katira, foi criado a partir do decreto de desapropriação de 05


de setembro de 2002 para fins de reforma agrária do imóvel denominado fazenda Agrovera -
Agroindustrial Vera Cruz S/A, com área de 1.886,3684 hectares, localizado no município de
Cáceres – MT e através da portaria INCRA/SR – 13/nº093/03, de 27 de setembro de 2003, com
capacidade de assentar 48 famílias. A Tabela 3 apresenta os projetos de assentamento e reforma
agrária no município de Cáceres, MT.
34

Tabela 3 – Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária, Cáceres – MT.


Projetos de Forma de Ano de Município Área do Imóvel N° de
Assentamento aquisição Criação (hectares) famílias
Jatobá Desapropriação 1997 Cáceres/MT 906,8840 28
Nova Desapropriação 1997 Cáceres/MT 1.695,2160 50
Esperança
Rancho da Desapropriação 1997 Cáceres/MT 2.408,2100 47
Saudade
Sapiqua Desapropriação 1999 Cáceres/MT 1.246,1083 40
Corixo Desapropriação 2001 Cáceres/MT 3.370,5552 73
Katira Desapropriação 2003 Cáceres/MT 1.886,3684 48
Bom Sucesso Arrecadação 2003 Cáceres/MT 433,2607 13
Total 11.946,6106 299

O projeto de assentamento Bom Sucesso, foi criado através da portaria INCRA/SR –


13/Nº093/03, de 27 de setembro de 2003 a partir de uma área de terras devoluta localizada no
município de Cáceres, arrecadada pela União e transcrita no Cartório de Cáceres - MT sob a
matrícula n° 5.609/L2-D/fl.231 de 22 de janeiro de 1985. O imóvel detém uma área de 433,2607
hectares, com capacidade de assentar 13 famílias (Tabela 3).

Oriundas do município de Cáceres e regiões circunvizinhas, as condições sócio-


econômicas destas famílias eram de exclusão social. Desempregados vivendo em barracos
precários, sem condições de avanço social e econômico, situação que as incentivaram a se
mobilizarem tendo como objetivo, serem beneficiárias do Programa de Reforma Agrária.

3.2.5.1 Fatores Condicionantes ao Uso das Terras

A carência em recursos hídricos superficiais, nos projetos de assentamento Rancho da


Saudade, Bela Vista e Jatobá, foi ressaltada no Laudo de Vistoria, por ocasião da vistoria
preliminar e levantamento de dados e informações sobre os imóveis em questão, procedendo aos
trabalhos para fins de desapropriação, onde a Comissão enfatizava que os imóveis reuniam
condições de boa localização e vias de acesso, fertilidade natural dos solos, luminosidade,
pluviosidade, entre outros. Observando o problema da deficiência hídrica nos imóveis.
Deficiência esta, “que poderia ser suprida com a construção de poços tubulares profundos
(artesianos) ou captação de água de uma fonte existente na área vizinha a 5 km de distância, uma
35

vez que poços (tipos cacimbas, amazonas) dificilmente seriam viáveis, pois as experiências na
área mostraram sua inviabilidade devido a grande profundidade para encontrar minas d’água
subterrâneas”.

Considerações quanto às dificuldades técnicas na implantação desse tipo de obra e o


custo/beneficio das mesmas não foram fatores para inviabilização da criação dos projetos de
assentamento, as famílias foram assentadas oficialmente e, posteriormente, foram criados mais
04(quatro) assentamentos: Corixo, Sapiqua, Katira e Bom Sucesso.

No entendimento dos políticos e responsáveis do Instituto Nacional de Colonização e


Reforma Agrária - INCRA, conforme despachos exarados nos processos de desapropriação e de
criação dos projetos de assentamento das referidas áreas, a solução para o problema de água seria
dotá-los de obras de infra-estrutura, especificamente poços tubulares.

Referente a potencialidade agrícola, os imóveis foram considerados como de aptidão para


lavoura nos sistemas de manejo A, B, C, em se tratando da fertilidade natural dos solos.
Apresentando interesse econômico para as culturas de arroz, milho, feijão, soja, algodão,
mandioca, cana de açúcar, seringueira, cacau, citrus, coco, entre outras.

3.3 COMPARTIMENTAÇÃO GEOTECTONICA

Dentro dos limites geográficos do Estado de Mato Grosso, são identificados três grandes
províncias geotectônicas: Bacias Sedimentares do Fanerozoico, Província Tocantins e o Craton
Amazonas (LACERDA et al. 2004).

O Craton Amazonas, uma província geotectônica estabilizada em tempos pré-Brasilianos,


ocupa extensas áreas ao norte e a sudoeste do estado de Mato Grosso, com a bacia sedimentar dos
Parecis (mais jovem) interpondo-se entre essas duas áreas pré-cambrianas. A Faixa Alto Paraguai
da Província Tocantins, define os limites a leste, sul e sudeste do Craton (LACERDA et al.
2004).

Segundo Lacerda et al. (2004), a região de Cáceres esta inserida nas unidades
geotectônicas de Tocantins e Bacias Sedimentares do Fanerozoico.
36

A área de estudo se insere na Faixa Alto Paraguai da Província de Tocantins, estruturada


no Ciclo Orogênico Brasiliano, entre 960 e 540 Ma. e a Formação Pantanal da Bacia Cenozóica
(LACERDA et al.2004).

Conforme Pinho (2004), estas rochas foram deformadas entre 550-500 Ma. e afetadas por
magmatismo granítico pós-orogênico (Suíte São Vicente) de idade 504 ± 5 Ma.

A Faixa Alto Paraguai exibe-se na forma de arco com concavidade para SE, orientando
na direção NE-SW no seu ramo norte e N-S no seu segmento sul, com extensão de 1.500 km e
largura média de 300 km. Estende-se desde a região de Nova Xavantina, passando pelas regiões
de Cuiabá e Província Serrana no Mato Grosso e seguindo até Bonito e Corumbá, no Mato
Grosso do Sul. Outro segmento de direção NW-SE ocorre desde Corumbá ao interior da Bolívia,
onde recebe a denominação de Cinturão Tucavaca e é interpretado como um aulacógeno
(ALVARENGA et al. 2000).

Os Grupos Cuiabá, Corumbá, Jacadigo e Alto Paraguai distribuem-se ao longo do arco


orogênico que Almeida (1965b) denominou Geossinclineo Paraguaio.

Segundo Projeto Radambrasil (1982), sob a denominação de Lineamento Província


Serrana foram englobadas, nas áreas das folhas Cuiabá e Corumbá, todas as feições lineagenicas
com direção geral nordeste, que se formaram nas rochas do Grupo Cuiabá e Alto Paraguai, nos
eventos finais do desenvolvimento do Geossinclineo de Almeida (1964a, 1965 a e b). Em
trabalhos anteriores esta faixa foi subdividida em zona interna (Grupo Cuiabá) metamorfisada e
dobrada e tida como mais antiga e zona externa que engloba as formações Bauxi, Puga, Araras,
Raizama e Diamantino (ALMEIDA, 1974, FIGUEIREDO e OLIVATTI, 1974; RIBEIRO FILHO
e FIGUEIREDO, 1974; RIBEIRO FILHO et al. 1975; LUZ et al. 1980; SCHOBBENHAUS
FILHO e OLIVA, 1979; BARROS et al.1982 e ALVARENGA, 1984).

A Faixa de dobramentos Paraguai é a faixa móvel atribuída ao ciclo orogênico Brasiliano,


que em trabalhos anteriores, foi dividida em duas zonas estruturais distintas; Brasilides
Metamórficas e Não – Metamórficas, sendo as últimas mais distintas do Cráton Amazônico.
Consideradas as Brásilides Não-Metamórficas, as zonas mais externas da faixa de dobramentos,
incluindo os sedimentos do Grupo Alto Paraguai (RADAMBRASIL, 1982).
37

Conforme apresentada na Figura 1, a Faixa Alto Paraguai é uma unidade tectônica


Neoproterozóica edificada na borda sul do Cráton Amazonas. É caracterizada por uma seqüência
de rochas metassedimentares (grupos Cuiabá, Alto Paraguai e formações Puga, Bauxi e Urucum)
e rochas metavulcanossedimentares da Unidade Nova Xavantina (LACERDA et al. 2004).

Figura 1 – Distribuição das faixas de dobramentos brasilianas e seus respectivos antepaís.


Fonte: SCHOBBENHAUS FILHO, 1984.

No mapeamento geológico do Estado de Mato Grosso, conforme Lacerda et.al. (2004), a


Faixa Alto Paraguai é apresentada como uma entidade geotectônica neoproterozóica dividida em
dois principais domínios: Margem Passiva e Bacia de Ante-País, com o primeiro domínio
envolvendo remanescentes de Crosta Oceânica.
38

Esta faixa é caracterizada pela presença de importantes depósitos de rochas carbonáticas


principalmente no domínio da Bacia da Ante-Pais e de mineralizações auríferas relacionadas na
margem passiva e remanescente de Crosta Oceânica.

O domínio da Margem Passiva é caracterizado por uma sedimentação que se inicia por
sedimentos químicos e camadas de filitos carbonosos, indicando ambientes redutores e
profundos, possivelmente em posição de talude e distal à margem da plataforma, correspondente
ao Grupo Cuiabá. Nas áreas proximais da plataforma a sedimentação inicia-se sob um ambiente
glacial, desenvolvida durante a glaciação Varangiana, aproximadamente 610-590 Ma
(ALVARENGA e TROMPETTE, 1992) com equivalentes laterais na zona de talude
retrabalhados por fluxos de gravidade a leste da plataforma com a deposição de turbiditos distais
e pelitos bacinais, representados pela porção superior dos sedimentos do Grupo Cuiabá.

A esta seqüência segue-se a deposição transgressiva de uma unidade carbonática,


representando o final da influência glacial, com desenvolvimento de uma plataforma carbonática
formada pelas camadas de calcários e dolomitos da Formação Araras, Grupo Cuiabá (Fácies da
Guia) e do Grupo Corumbá no Mato Grosso do Sul com microfósseis de idade Vendiana superior
650-590 Ma, descrito por Alvarenga et al. (2000). Associados a importantes concentrações de
fosfatos (microfosforitos e brechas intraformacionais) nas formações Bocaina e Tamengo no
Mato Grosso do Sul (BOGGIANI, 1997).

Com o fechamento oceânico e a conseqüente formação de uma cadeia de montanhas


dobradas, transformada em área fonte de sedimentos, inicia-se a deposição de uma seqüência de
rochas siliciclásticas. Estas pertencem ao Grupo Alto Paraguai, depositadas em ambiente de
Bacia de Antepaís que afogaram a plataforma carbonática. É constituída predominantemente por
arenitos com estratificação cruzada e arcósios finos a grosseiros da Formação Raizama tendo
folhelhos vermelhos, siltitos e arcósios da Formação Diamantino, no topo. Sua idade Rb-Sr de
568 ± 20 Ma., é interpretada como a idade da diagênese (BONHOMME et al. 1982).

A estruturação da Faixa Alto Paraguai, segundo Alvarenga e Trompette (1992), é o


produto da atuação progressiva de esforços com um incremento da intensidade do strain da zona
externa para a zona interna, onde observam-se registros desta progressividade estampados na
foliação, dobramentos, clivagens, culminando com rochas do fácies xisto verde na zona interna.
A deformação mais tardia está associada a dobras amplas de expressão regional.
39

Segundo Alvarenga et al. (2000) esta faixa exibe uma zonação sedimentar tectônica e
metamórfica, compartimentada em: 1 - Zona cratônica, com estratos horizontais; 2 - Zona
pericratônica, com dobras holomórficas de grande amplitude e extensão; e 3 - Zona bacinal
profunda, metamórfica, com dobras e empurrões com vergência para oeste (ALMEIDA, 1945,
1964, 1974; ALVARENGA e TROMPETE, 1992, 1993; BOGGIANI,1990, 1997;
ALVARENGA et al. 2000; DARDENE e SCHOBBENHAUS, 2001).

Estas três zonas foram referidas por Almeida (1984, 1985) e Alvarenga e Trompette
(1993) como: cobertura sedimentar de plataforma; zona externa dobrada, com pouco ou sem
metamorfismo; e zona interna metamórfica com intrusões graníticas, respectivamente.

As rochas do Grupo Cuiabá ocupam a zona interna e exibem uma estruturação marcada
pelo desenvolvimento de um sistema de empurrões e dobras inversas e isoclinais de direção NE-
SW a ENE-WSW, com planos axiais exibindo mergulhos suaves para SE e também dobras
assimétricas a isoclinais com nítida vergência para as áreas internas da faixa dobrada, em sentido
oposto ao Cráton (ALMEIDA, 1964, 1984; LUZ et al.1980; ALVARENGA, 2000; SILVA,
1990).

O Grupo Alto Paraguai ocorre na região centro-sul do Estado de Mato Grosso,


conformando a unidade geomorfológica reconhecida como Província Serrana (ALMEIDA,
1964), configurando uma faixa em forma de arco de aproximadamente 350Km x 30km, de
direção sudoeste/nordeste, situada na zona externa da Faixa Paraguai, com suas rochas
intensamente dobradas e falhadas.

As rochas do Grupo Alto Paraguai ocupam a zona externa e encontram-se estruturadas


por uma sucessão de falhas de empurrão e amplas dobras em anticlinal e sinclinal,
predominantemente assimétricas, com eixos na direção NE-SW a ENE-WSW com caimento para
NE e subordinadamente para SW e planos axiais subverticais mergulhando para SE, com nítida
vergência em direção ao Cráton Amazônico, lançando as rochas mais antigas de encontro às mais
jovens (LACERDA et al.2004).

Para explicar esta dupla vergência (SILVA, 1990) propõe modelo evolutivo baseado em
empurrões e retro empurrões.
40

É a mais importante e expressiva zona de ocorrência de rochas carbonáticas do Estado de


Mato Grosso, distribuindo-se ao longo de uma faixa que se inicia na borda do Pantanal
Matogrossense, ao sul da cidade de Cáceres, com direção geral N30ºE até as imediações da
cidade de Nobres. A partir daí, flexiona-se na direção leste, estendendo-se de forma descontínua
até a região de Cocalinho. Abrange uma área com cerca de 27.000 km2.

Em reflexo à fase Orogênica Andina do final do Terciário e ao soerguimento


epirogenéticos diversas áreas da Plataforma Brasileira abateram-se, constituindo-se varias bacias
ou fossas terciário-quaternarias ou quaternárias. Em decorrência dessa orogenia, as áreas abatidas
constituíram-se em duas principais na região: Depressão do Rio Paraguai englobando Planícies e
Pantanais Mato-Grossenses, e a Depressão do Guaporé (LACERDA et al. 2004).

A maior parte das formações sedimentares que ocorrem na Depressão do Rio Paraguai e
nas Planícies e Pantanais Mato-Grossenses, tem sido descritas sob a denominação de Formação
Pantanal dada por Oliveira e Leonardo (1943) e inserida na Bacia do Pantanal.

Segundo Almeida (1964), a Bacia do Pantanal é uma vasta planície aluvial constituída por
depósitos de leques aluviais de talude e lateritos ferruginosos, formados por sedimentos de
natureza arenosa e síltico-argilosa com pouco cascalho.

A Formação Pantanal, conforme Lacerda et al. (2004), esta inserida em uma das maiores
bacias intracratônicas cenozóicas do Brasil (Bacia Pantanal), com cerca de 600 metros de
espessura de sedimentos. A área fonte (sedimentos) está a leste da bacia, de planaltos resultantes
da erosão regressiva das rochas paleozóicas da Bacia do Paraná (LACERDA et al. 2004).

3.4 UNIDADES LITOESTRAGRAFICAS

3.4.1 Grupo Alto Paraguai

Foi primeiramente definida por Almeida (1964) para caracterizar uma sequência
sedimentar constituída pelas Formações Raizama (arenitos) Sepotuba (folhelhos) e Diamantino
(arcóseos) nas cercanias da cidade de Alto Paraguai-MT.

Figueiredo et al. (1974) e Figueiredo e Olivatti (1974) mantiveram a designação de


Grupo Alto Paraguai, no entanto redefiniram-no, anexando-lhe as formações Puga e Araras. Não
41

reconheceram a formação Sepotuba, incluindo-a como uma fácies da Formação Diamantino.


Barros e Simões (1980) definiram-no como constituído da base para o topo, pelas formações
Bauxi, Puga, Araras, Raizama e Diamantino. Almeida et al. (1981a) admitiram-no
compreendendo apenas as formações Raizama e Diamantino.

Dell‘Arco et al. (1982) deduziram que apesar das semelhanças, os grupos Alto Paraguai e
Corumbá deveriam ser considerados separadamente.

Almeida (1968); Alvarenga (1988, 1990) e Alvarenga e Trompette (1992) desvincularam


a formação Puga do Grupo Alto Paraguai, que passou então a constituir-se pelas formações
Araras, Raizama e Diamantino. Entendimento este adotado para área estudada, em conformidade
com Lacerda et al. (2004).

3.4.1.1 Formação Araras

A designação de Araras Limestones deveu-se a Evans (1894), quando descreveu rochas


calcárias na borda norte da serra das Araras, na localidade de Araras, hoje Bauxi, na estrada
Jangada – Barra do Bugres. Almeida (1964) definiu e posicionou estratigraficamente essas
rochas, denominando-as de Grupo Araras, constituído por um pacote pelítico-carbonático, na
base e outro dolomítico, no topo. Hennies (1966) adotou a proposição de Almeida (1964), no
entanto dividindo o Grupo nas formações Guia (inferior) e Nobres (superior). A primeira
constituída por uma seqüencia pelito-carbonática e a segunda representada por dolomitos.

Guimarães e Almeida (1972) preferiram considerar o Grupo Araras indivisível,


descrevendo-o, da base para o topo, compreendendo pelitos argosos, calcários calcíticos e
dolomíticos. Figueiredo et al. (1974) nominaram na de Formação Araras, dividindo-a em três
níveis distintos: basal (margas conglomeráticas e calcários); médio (dolomíticos e intercalações
de calcários calcíticos) e superior (dolomitos com nódulos de silex e lentes de arenitos finos).

Ribeiro Filho et al. (1975) e Olivatti e Ribeiro Filho (1976) concordaram com a proposta
de Figueiredo et al. (1974) Luz et al. (1978 e 1980) mantiveram a definição de Figueiredo et al.
(1974) todavia, amparados em características litológicas, subdividiram-na em dois membros,
informalmente nominados de Membro Superior e Membro Superior.
42

Segundo Lacerda et al.(2004), a Formação Araras é descrita com presença de margas


com seixos e/ou conglomerados com matriz margosa, na base, passando a calcários margosos
com intercalações de siltitos, argilitos calcíferos e calcários calcíticos e dolomíticos, no topo
(membro inferior) e, dolomitos com intercalações subordinadas de arenitos, siltitos e argilitos
calcíferos com níveis de silex e concreções silicosas.(membro superior).

Dardenne (1980) definiu esta formação como constituída por calcários na porção basal e
dolomitos na porção superior. Barros et al. (1982) admitiram a validade da conceituação de Luz
et al.(1978), todavia consideraram–na como um pacote único. O contato inferior com a Formação
Puga e o superior com a Formação Raizama é gradacional. São registrados contatos tectônicos
através de falhas de empurrão e inversas com as Formações Bauxi e Puga (Luz et al.1980),
Almeida (1964) admite deposição em um ambiente predominantemente nerítico, de águas rasas.

Segundo Luz et al. (1980) esta formação teria se depositado em ambiente nerítico de
águas rasas e calmas. Dardenne (1980) atribuiu-lhe um ambiente marinho raso, sendo que os
calcários representariam a fácies sublitorânea e os dolomitos a litorânea. Barros et al. (1982)
admitem uma deposição em ambiente marinho raso, de águas calmas, tipo plataformal. Concluem
que a fácies carbonáticas que marca o final da influência glacial na bacia pode ser considerada
como uma unidade cronoestratigráfica relacionada a um período de relativa elevação do nível do
mar.

Apesar da ausência de dados isotópicos, estima-se uma idade de cerca de 600 Ma. para a
deposição da Formação Araras(Alvarenga, 1990; Rodrigues et al. 1994).

3.4.1.2 Formação Raizama

Coube a Evans (1894) a denominação de Rizama Sandstone, referenciando o povoado de


Raizama, ao descrever os arenitos feldspáticos, na Serra do Tombador, Estado de Mato Grosso.
Almeida (1964) definiu-a como Formação Raizama, situando-a na base do Grupo Alto Paraguai.

Constitui-se de arenitos ortoquartzíticos brancos, médios a grossos, com níveis


conglomeráticos, passando a arenitos feldspáticos e arcoseanos de cores branca, rósea e violácea,
granulometria média, submaturos, com estratificações plano-paralela e cruzada, marcas de onda e
43

finas intercalações de folhelhos e siltitos (FIGUEIREDO et al.1974; RIBEIRO FILHO et al.


1975).

Segundo Lacerda et.al. (2004), na BR-070, ocorre como camadas de arenito, separadas
por drapes de pelito, com estruturas “em chama” na base. Detecta ainda a presença de intraclastos
pelíticos, depósitos de preenchimento de canal, estratificações onduladas e indicação de
paleocorrente para NW.

Os contatos inferior e superior com as formações Araras e Diamantino, respectivamente, é


gradacional. Contatos por falha são registrados nas serras do Tombador, Azul e Dourada,com as
formações Puga e Bauxi e o Grupo Cuiabá. Acha-se também recoberta pelos sedimentos da
Formação Pantanal (RIBEIRO FILHO et al. 1975).

Os litótipos dessa formação foram afetados pelo último evento tectônico registrado na
região (550 a 500 Ma.), resultante de esforços compressivos de sudeste para noroeste,
condicionando o desenvolvimento de extensos braquianticlinais e braquissinclinais de direção
NE-SW e dobras com vergência para NW. Figueiredo et al. (1974) propõem uma deposição
marinha nerítica na base, gradando a continental no topo. Segundo esses autores, a presença de
arenitos ortoquartzíticos sinaliza ambiente epinerítico que, associado à ocorrência de feldspatos
no topo, indicaria uma mudança gradativa para ambiente continental. Conseqüentemente, a
sedimentação estaria associada a uma regressão marinha.

As camadas tabulares de arenito são indicativas de deposição por correntes de turbidez,


enquanto que as intercalações de siltito e arenito muito fino, sob a forma de fina laminação,
representam a dispersão da fração areia sobre fundo lamoso. A geometria e estruturas
sedimentares dos arenitos indicam deposição em um contexto litorâneo, sugerindo como
hipótese, um ambiente estuarino ou planície de marés arenosa sujeita à ação eventual de ondas.
Alvarenga (1990) posicionou-a no Cambriano Inferior ou endiano Superior (630-570 Ma).

3.4.2 Formação Pantanal

Oliveira e Leonardo (1943) denominaram de Formação Pantanal os depósitos aluvionares


constituídos por vasas, arenitos e argilas de deposição recente que ocorrem no Pantanal Mato-
Grossense. Almeida (1964) definiu esta formação como depósito de leques aluviais de talude e
44

lateritos ferruginosos, constituídos por sedimentos de natureza arenosa e síltico-argilosa, com


pouco cascalho. Figueiredo et al. (1974) dividiram-na em três unidades reconhecidas como Qp1,
Qp2 e Qp3.

Ramalho (1978) subdividiu os aluviões da depressão mato-grossense em sete tipos, sendo


cinco aluviões essencialmente fluviais e dois de espraiamento aluvial sobre a área pediplanizada.

Almeida (1959) caracterizou a Formação Pantanal como uma das maiores planícies de
nível de base do interior do globo, ainda em processo de entulhamento, que influenciada pela
orogenia Andina, teve seu desenvolvimento em ambiente fluvial e/ou flúvio-lacustre. Del’Arco et
al. (1982) acreditaram que sua deposição está relacionada à subsidência gradativa do
embasamento, associado aos falhamentos e deposição desenvolvida em ambiente fluvio-lacustre.

Segundo Figueiredo et al. (1974); Correa et al. (1976); Luz et al. (1980); Godoi et al.
(1999) os sedimentos dessa unidade repousam discordantemente sobre as rochas dos grupos
Cuiabá, Jacadigo, das formações Diamantino, Corumbá e Coimbra e do Complexo Rio Apa.

Descrita como uma formação de inúmeros canais abandonados e pequenas lagoas


(RABELO; SOARES, 1999).

A Formação Pantanal recobre discordantemente as rochas do Grupo Cuiabá e na


Depressão do rio Paraguai sobrepõe-se a rochas do Grupo Alto Paraguai.

3.5 GEOMORFOLOGIA CÁRSTICA

Segundo Silva (1997), a palavra carste é utilizada para designar aquelas regiões da
superfície terrestre que apresentam características especiais do ponto de vista geomorfológico e
hidrogeológico das quais se destacam: a presença de extensas zonas sem correntes de águas
superficiais, inclusive em climas úmidos; a ocorrência de depressões, mais ou menos grandes,
cuja drenagem é subterrânea; a existência de cavidades no subsolo (sismas ou cavernas) pelas
quais circulam correntes de água subterrâneas; pequeno valor de escoamento superficial;
complexa circulação de águas subterrâneas tanto nas zonas saturadas como acima da superfície
potenciométrica do aquífero normalmente a existência de zonas desnudas sem vegetação.
45

As regiões de relevo carstico vêm sendo utilizadas desde os primórdios da humanidade


como fontes de alimento e abrigo. Constituído em locais para o estabelecimento dos primeiros
assentamentos humanos devido a essa disponibilidade de recursos, em especial a água.
Atualmente é possível constatar mundialmente inúmeras populações abastecidas por mananciais
cársticos. Essas áreas compreendem cerca de 10 a 15% da superfície terrestre, principalmente, as
desenvolvidas em rochas carbonáticas como o calcário e o dolomito, por exemplo. (FORD e
WILLIAMS, 2007).

O estudo deste tipo de relevo iniciou-se com as observações dos antigos filósofos gregos e
romanos, sendo formalizadas cientificamente na região do planalto de Kras, na Eslovênia. Essa
região é normalmente conhecida como o “Carste Clássico”, desenvolvida em rochas
carbonáticas.

Estas características são o resultado de um processo, chamado carstificação, no qual


intervém diversos fatores geológicos. Portanto, essa geomorfologia e a hidrologia carstica,
introduzem o processo de corrosão como parâmetro de gênese e evolução, condicionando formas
típicas e únicas sobre rochas solúveis (calcários) pelas águas em superfície e subterrâneas,
conforme Silva (1997).

Os sistemas cársticos podem ser considerados como uma rede de condutos de alta
permeabilidade cercados por um enorme volume de rochas impermeáveis. Através do processo
de infiltração difusa ou concentrada nos pontos de recarga, a água nessas regiões pode ser
armazenada no subterrâneo em grandes quantidades.

Dessa forma, para Travassos (2007) os processos hidrológicos e químicos existentes


devem ser compreendidos sob a ótica da Teoria dos Sistemas. Ford e Williams (2007)
consideram tais paisagens como grandes sistemas abertos compostos por dois subsistemas
integrados (o hidrológico e o geoquímico) operando sobre rochas suscetíveis à corrosão.
Portanto, esse tipo de paisagem, no caso brasileiro, inserida em um sistema intertropical,
distingue-se de outros sistemas geomorfológicos existentes.

O conhecimento das peculiaridades hidrológicas dos carstes recentemente vem tendo uma
crescente importância, não só pelo interesse como reservatório de água subterrânea, mas também
pela sua influência em uma série de problemas geotécnicos.
46

As regiões carsticas normalmente são áreas de grande interesse econômico e


hidrogeológico, pois, na maioria das vezes, possuem bons solos, inexiste drenagem superficial e
possuem grandes reservas de água no subsolo.

Segundo Silva (1997), embora existam muitas pesquisas e trabalhos em diversas regiões
carsticas do mundo, os seus resultados não podem ser extrapolados para todos os carstes
conhecidos, uma vez que suas características variam de um lugar para o outro. Em cada caso
estudado, devem ser adaptadas todas as técnicas de prospecção às condições locais de geologia,
hidrogeologia e hidrologia. A principal análise que deve ser feita nos estudos hidrogeológicos dos
carstes é a verificação das relações entre as formas de dissolução e o fraturamento das rochas.

De acordo com Kovačič (2003) e Ford e Williams (2007), em extensas áreas do globo,
especialmente em regiões cársticas, os aquíferos são a única fonte de água potável. Cerca de ¼
da população mundial e 50% das regiões alpinas são supridas por esse tipo de manancial. Para
Forti (2002) é possível que, no ano 2025, cerca de 80% da população mundial utilize água do
carste. Embora essa estimativa pareça exagerada, o estudo e conservação dessas áreas são de vital
importância para a sobrevivência das comunidades associadas.

Outro fator muito importante que age determinando o grau de dissolução das rochas em
ambientes cársticos é o clima. Geralmente em regiões tropicais ocorre dissolução elevada,
enquanto na zona temperada ocorre dissolução em grau menor, pois a temperatura da água
influencia diretamente nestes níveis. Deste modo, quanto mais quente, maior o grau de dissolução
que a água provoca. Portanto, as menores taxas de corrosão são registradas para as regiões
geladas, em vista destas propriedades (GUERRA, 2007).

Relevos desenvolvidos em rochas carbonáticas tendem a apresentar diversidades de


formas topográficas ocasionadas, sobretudo, pelo intemperismo químico através de variações
climáticas no tempo geológico. Feições topográficas ou carsticas como dolinas, sumidouros,
ressurgências, vales cegos, entre outras e afloramentos rochosos (maciços) são condicionados por
controles litológicos, estruturais, tectônicos e pelo grau de solubilidade da rocha.

Segundo Silva (1998), as principais formas cársticas superficiais são as dolinas, uvalas e
sumidouros. Assim, em toda formação de dolinas houve a participação da água na sua
elaboração, água esta que infiltrou no subsolo e migrou para algum outro ponto do aquífero
47

sugerindo, desta maneira, uma circulação de água subterrânea naquele ponto onde ocorre a
dolinas.

Este processo contínuo de esculturação das dolinas pode, em certas condições, carrear
material detrítico, principalmente argilas, para dentro das dolinas e em alguns casos obliterar os
condutos subterrâneos e interromper a infiltração e a circulação de água no subsolo. Silva (1998),
ressalta que uma dolina obliterada, em determinadas circunstâncias, pode ser reativada e
regenerar o processo de circulação de água subterrânea naquele ponto.

A classificação das dolinas como indicadoras de água subterrânea pode ser feita
considerando-se o seu diâmetro, forma, grau de preenchimento por material detrítico,
permeabilidade e relação com as outras estruturas geológicas. As dolinas com menores diâmetros
sugerem menor grau de evolução da carstificação ou infiltração rápida da água para o subsolo
(SILVA, 1998).

Uma das mais típicas manifestações do relevo cárstico são os pseudocarstes, apresentadas
por Guerra (2007) como feições topográficas do tipo carste, não elaboradas por processos de
desgaste químico e abatimento físico.

Segundo Hardt (2003, p.165) reforça esta idéia quando afirma que:

“[...] a definição de carste deve ser estabelecida apenas em termos


morfológicos independente do processo de formação. Esta
definição não depende da litologia ou dos processos formadores,
mas se atem as formas”.

Para Bigarella (2004), são todas aquelas feições que apresentam formas típicas de terrenos
cársticos como: marmitas, uvalas etc., não necessariamente elaboradas em rochas calcárias,
podendo ocorrer em arenitos e quartzitos. Deste modo, entende-se que sua conceituação está mais
ligada à morfologia do que aos processos genéticos responsáveis pela sua constituição e
formação.

Referente à Geomorfologia Cárstica, ainda existe inúmeras definições e discordâncias a


respeito dos conceitos, ao passo que ainda são escassos os estudos nesta área, acrescido de uma
vasta carência de contribuições científicas que ajudem a alcançar um melhor esclarecimento
sobre o tema.
48

Segundo Feitosa e Filho (1997), em rochas carbonáticas fraturadas e poços produtores de


grande capacidade e poços praticamente secos podem existir a pequena distância um do outro,
dependendo da magnitude das gretas e zonas fraturadas interceptadas pela perfuração. Embora a
ocorrência de camadas de calcário possa ser localizada e caracterizada através de estudos
estratigráficos e estruturais, a capacidade de produção de água de tais camadas é muito difícil de
prever.

3.6 HIDROGEOLOGIA

3.6.1 Contexto Hidrogeológico do Estado de Mato Grosso

No Brasil existem dez províncias hidrogeológicas, que abrangem diferentes tipos


litológicos. Como se trata de uma área muito ampla, a avaliação dos aspectos hidrogeológicos do
Estado de Mato Grosso foi realizada com base na divisão dessas províncias (Mente et al. 2003).

De acordo com o Diagnóstico Hidrogeológico de Mato Grosso (2007), no Estado de Mato


Grosso ocorrem porções de três províncias hidrogeológicas do Brasil dentro do Estado de Mato
Grosso, isto é, segmentos das províncias Escudo Central, Centro-Oeste e Paraná (Figura 02).

Figura 2 – Divisão das províncias hidrogeológicas do Brasil.


Fonte: Boscardin Borghetti et al. (2004), adaptado de MMA (2003).
49

Segundo Diagnóstico Hidrogeológico de Mato Grosso (SEMA, 2007), a Província Central


inclui praticamente todo setor sul do Cráton Amazonas na porção noroeste e este do Estado de
Mato Grosso. Predominam amplamente aquíferos fraturados sobre terrenos granito-gnáissicos
(Complexo Xingu), sobre coberturas metassedimentares e rochas vulcânicas ácidas (vulcanismo
Uatumã).

Essa província apresenta restrito conhecimento do ponto de vista de vazões médias ou


parâmetros dimensionais. Em face da ausência quase total de informações hidrogeológicas.
Estima-se que os aquíferos mais promissores correspondem aos arenitos do Proterozóico. As
rochas fraturadas do embasamento devem apresentar razoáveis possibilidades hídricas devido aos
altos índices pluviométricos da área (SEMA, 2007).

A Província Centro-Oeste abrange quase que totalmente o Estado de Mato Grosso. A


região é marcada principalmente pela presença de importantes faixas de dobramentos
Proterozóicos envolvendo um conjunto de unidades estratigráficas de evolução policíclica
assentadas sobre um embasamento arqueano de alto grau de metamorfismo, essencialmente
granito-gnáissico com sequências vulcanos sedimentares (SEMA, 2007).

A Província Centro-Oeste foi subdividida em 4 sub-províncias: Ilha do Bananal; Alto


Xingu; Alto Paraguai e Chapada dos Parecis. Portanto, são caracterizados por aquíferos porosos,
com eficiência variável em cada sub-província em função de sua espessura e das suas
características de permeabilidade. Esta província hidrogeológica apresenta potencial muito alto,
entretanto, em função da restrita ocupação humana, é pouco explorada e conhecida (SEMA,
2007).

As sub-províncias podem ser organizadas em ordem decrescente de reservas explotáveis


da seguinte forma: Chapada dos Parecis, Alto Paraguai, Ilha do Bananal e Alto Xingu. A
Província Paraná localiza-se na porção sudeste do Estado de Mato Grosso e corresponde a Bacia
Sedimentar do Paraná, onde predominam aquíferos granulares. Sedimentos aluviais e colúvio-
aluviais, compostos por arenitos finos, areias e cascalhos, proporcionam bons aquíferos.
Coberturas terciário-quatemárias de areias e areias argilosas formam aquíferos locais (SEMA,
2007).
50

3.7 CADASTRO DOS POÇOS DO ESTADO DE MATO GROSSO

Segundo Seplan (2000) o cadastro teve como finalidade obter informações sobre
localização, dados construtivos, litológicos, hidrogeológicos e hidrogeoquímicos dos poços, que
serviram de base para a caracterização e quantificação dos aquíferos no Estado de Mato Grosso.

Inicialmente foi elaborado um cadastro preliminar dos poços existentes, tomando como
base o Sistema de Informações de Águas Subterrâneas – SIAGAS (CPRM), banco de dados da
SEPLAN-MT e SEMA-MT. Em seguida, foi feito um levantamento junto aos órgãos públicos:
Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
– INCRA, Companhia de Saneamento do Estado de Mato Grosso – SANEMAT, Companhia de
Saneamento da Capital de Mato Grosso – SANECAP e Associação Mato-grossense dos
Municípios – AMM.

O inventário de 3.140 registros de poços no estado apresentou dificuldades na sua


elaboração quanto o nível de detalhe e confiabilidade das informações, uma vez que a maioria
dos poços não dispunha de dados de localização e tipo de usuário, coordenadas geográficas, e
principalmente de relatórios hidrogeológicos (SEPLAN, 2000).

O mapa de distribuição dos poços tubulares no Estado de Mato Grosso (Figura 3)


realizado pela CPRM-DNPM (2006) e adaptado pela SEMA-MT (2007).
51

Figura 3 - Distribuição dos poços tubulares no Estado de Mato Grosso.

3.8 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS AQUÍFEROS DO ESTADO


DE MATO GROSSO

Segundo o Relatório Parcial (SEMA, 2007), integrante do Diagnóstico Hidrogeológico do


Estado de Mato Grosso – Produto 1, a caracterização dos sistemas aquíferos no Estado de Mato
Grosso foi feita tomando com base a metodologia proposta por Rocha (2006) para elaboração do
Plano Diretor da Região Hidrográfica do Pratagy-AL e Campos et al. (2006), para o Mapa
Hidrogeológico do Estado de Goiás.
52

Nessa caracterização foram utilizados também os dados de trabalhos específicos de outros


sistemas aquíferos ou de determinadas regiões, principalmente do Mapa das Unidades Aquíferas
publicado pelo Prodeagro/Seplan-MT (2000), para o Zoneamento Sócio-Econômico Ecológico
do Estado de Mato Grosso (ZSEE).

A caracterização dos aquíferos foi feita tendo com base nos critérios de geologia, modo de
ocorrência, condições de armazenamento e circulação de água e variações dos parâmetros
hidrodinâmicos. A geologia representando o parâmetro do meio físico mais importante na
avaliação dos recursos hídricos subterrâneos, uma vez que as rochas do substrato representam a
base para a caracterização e entendimento do comportamento hidrogeológico, desempenhando
expressivo controle no padrão, densidade e manutenção das vazões do escoamento superficial
(Figura 4).

A sistematização do mapa dos domínios hidrogeológicos do Estado de Mato Grosso foi


estabelecida tendo como critério principal, o comportamento geológico homogêneo das unidades
litoestratigráficas intrínseca (SEMA, 2007).

Com base nesse mapa das características geológicas (Figura 4) e estimativa do tipo de
porosidade predominante, foram definidos dois domínios, o Domínio Poroso e o Domínio
Fraturado, respectivamente com porosidade intergranular e com porosidade secundária fissural
(SEMA, 2007). Esses domínios por sua vez, puderam ser divididos em sistemas, em função da
disponibilidade de informações sobre as variações litológicas e estruturais das unidades
litoestratigráficas associadas.
53

ÁREA DE
ESTUDO

Figura 4 – Características geológicas do Estado de Mato Grosso (Extraído do Diagnóstico Hidrogeológico do Estado de Mato Grosso – Relatório Parcial 1,
2007.
54

Na Figura 5 é apresentado o mapa dos principais aquíferos de Mato Grosso, adaptado da


CPRM-DNPM (2006) pela SEMA-MT (2007).

Figura 5 – Principais aquíferos do Estado de Mato Grosso.

Esses sistemas aquíferos foram individualizados com base no tipo de porosidade,


parâmetros dimensionais e potenciais, os quais foram descritos conforme classificação do
SEPLAN (2000), e distribuídos por diferentes compartimentos geotectônicos do Estado de Mato
Grosso.

Refere-se ao termo sistema aquífero à associação de unidades hidroestratigráficas que, em


conjunto, formam uma única unidade aquífera, incluindo diferentes tipos petrográficos, diferentes
subambientes deposicionais e distintos padrões internos de circulação hídrica (SEMA, 2007).
55

O Estado de Mato Grosso foi dividido em dois Domínios Aquíferos: o Domínio Poroso
(Granular e Dupla Porosidade) e Domínio Fraturado (Fissural e Físsuro-Cárstico),
respectivamente com porosidade intergranular e com porosidade fissural, onde esses domínios
foram subdivididos com base no Zoneamento Sócio-Econômico Ecológico do Estado de Mato
Grosso (ZSEE) em treze sistemas aquíferos, sendo seis Sistemas Aquíferos Granulares e sete
Sistemas Aquíferos Fraturados, dos quais alguns apresentam um bom nível de conhecimento
hidrogeológico no Estado e outros são pouco conhecidos (SEMA, 2007).

Dentro dessas considerações, maior parte do Estado é composta por aquíferos porosos
(granular), associados a sedimentos não consolidados (aquíferos freáticos), que cobrem substratos
rochosos antigos (aquíferos fraturados).

Os sistemas freáticos ou rasos constituídos por coberturas regolíticas com uma área de
recarga de 139.563,5 km2 (15,6%), no Estado de Mato Grosso são de importância fundamental
na perenização e regularização das vazões dos cursos de drenagens superficiais. A falta de dados
e estudos específicos dessas coberturas Terciárias e Quaternárias impossibilitou uma avaliação da
sua potencialidade hidrogeológica (SEMA, 2007).

3.8.1 Domínio Poroso

Segundo Diagnostico Hidrogeológico de Mato Grosso (SEMA, 2007), considerando o


tipo de porosidade, parâmetros dimensionais e potenciais, o Domínio Poroso (granular) inclui o
Sistema Aquífero Intergranular e de Dupla Porosidade.

O sistema aquífero com porosidade intergranular (granular) envolve os siltes, argilas e


principalmente os arenitos, com os espaços primários e/ou secundários entre os grãos
constituintes, que, em geral, compõem excelentes aquíferos, cujo potencial é função da espessura
saturada e das taxas de precipitação pluviométrica.

O sistema de dupla porosidade é composto por rochas sedimentares litificadas, onde ainda
persiste porosidade intergranular primária residual associada à porosidade secundária, com levada
ocorrência de planos de fraturas (SEMA, 2007).
56

A seguir são apresentadas descrições dos sistemas aquíferos granulares G-1 e G-5 do
Domínio Poroso segundo o Mapa das Unidades Aquíferas do Estado de Mato Grosso (SEPLAN,
2000).

3.8.1.1 Sistema Aquífero Granular 1 (G-1)

Aquífero de permeabilidade média a alta; continuo; livre; inconsolidado; extensão


regional e eventualmente local. Dentro deste sistema estão enquadradas as Superfícies
Paleogênicas Pediplanizadas com Latossolização, as Coberturas Sedimentares Indiferenciadas
(Formação Guaporé), Bacia do Bananal (Formação Araguaia) e Bacia do Pantanal (Formação
Pantanal).

Segundo Diagnóstico Hidrogeológico do estado de Mato Grosso - SEMA (2007), em


função dos dados disponíveis das unidades desse sistema no Estado somente foi analisada e
descrita a Formação Araguaia. Sem análise e descrições da Formação Pantanal.

3.8.1.2 Sistema Aquífero Granular 5 (G-5)

Aquífero de permeabilidade média a alta; localmente descontinuo; livre a


semiconfinado/confinado; consolidado; extensão regional a local. Neste aquífero está incluído o
Grupo Caiabis, Bacia dos Parecis, Bacia do Paraná; Grupo Itararé. Das unidades indicadas neste
sistema aquífero foram analisadas como Sistema Aquífero Granular (intergranular) o Grupo
Bauru, a Formação Cachoeirinha e o Grupo Parecis. Como Sistema Aquífero de Dupla
Porosidade foi analisada a Formação Aquidauana (SEMA, 2007).

O Sistema Aquífero Parecis pode ser considerado o de melhor potencial hidrogeológico


no Estado de Mato Grosso (SEMA, 2007).

A Formação Raizama representa este sistema na Faixa Paraguai-Araguaia, e ocorre como


janelas estruturais na Bacia do Pantanal.
57

3.8.2 Domínio Fraturado

Considerando também o tipo de porosidade, parâmetros dimensionais e potenciais, o


Domínio Fraturado incluiu o Sistema Aquífero Fissural e Fissuro-cárstico.

Engloba seis sistemas aquíferos com porosidade fissural e um com porosidade fissuro-
cárstica, distribuídos no Cráton Amazonas (províncias Amazônia Central, Rondônia-Juruena e
Sunsás), Província Tocantins, Bacia do Paraná e Bacia dos Parecis. Esse domínio ocupa uma área
de 223.143,3 km2, que corresponde a 24,7% do Estado de Mato Grosso (SEMA, 2007).

O Sistema Aquífero Fissural, comumente designado por “cristalino”, é caracterizado pela


inexistência ou presença muito reduzida de espaços intergranulares na rocha. Nesse meio
aquífero, a água subterrânea encontra-se limitada aos espaços fendilhados e/ou fraturados, daí ser
toda a circulação da água subterrânea efetuada através das fraturas e/ou fissuras, resultando na
denominação de aquífero fissural ou fraturado, para as rochas que armazenam e possibilitam a
extração da água por tal meio (SEMA, 2007).

Nestes casos, os processos neotectônicos são de fundamental importância para a


manutenção da abertura da porosidade secundária planar. O potencial destes aquíferos é
vinculado à abertura, densidade e interconexão das anisotropias (SEMA, 2007).

A seguir são apresentadas as descrições dos sistemas aquíferos F-2, F-4 e F-5 do Domínio
Fraturado segundo o Mapa das Unidades Aquíferas do Estado de Mato Grosso (SEPLAN, 2000).

3.8.2.1 Sistema Aquífero Fraturado 2 (F-2)

Sema (2007) discrimina o Sistema F-2 como um aquífero eventual restrito às zonas
fraturadas. Permeabilidade média a baixa, ampliada localmente pela dissolução cárstica; livre;
extensão local.

O Sistema Aquífero Fraturado 2 (F-2) engloba as rochas carbonáticas da Formação Araras


(Grupo Alto Paraguai). Com uma área aflorante de 5.514,2 km2, ocorre em estreitas faixas, de
direção sudoeste-nordeste na porção centro-oeste do Estado de Mato Grosso, em associação com
as formações do Grupo Alto Paraguai. É constituído de sedimentos carbonáticos calcíferos e
pelíticos na base e dolomitos no topo, com finas intercalações de siltitos e folhelhos.
58

Neste Sistema, a presença de rochas carbonáticas é restrita e o aquífero não apresenta


feições típicas de sistemas fraturados ou de sistemas cársticos clássico. As condições de
circulação da água são intermediárias com relação ao sistema fraturado. Neste caso, não são
desenvolvidas cavernas amplas, onde os valores dimensionais de condutividade hidráulica devem
ser baixos (SEMA, 2007).

A recarga é realizada essencialmente pela chuva, drenagem nas áreas de afloramento e


coberturas sedimentares.

As rochas predominantemente carbonáticas da Formação Araras formam uma unidade


aquífera distinta (F-2) devido à possibilidade de existência de feições de dissolução cárstica, que
associadas às fraturas, controlam o fluxo da água subterrânea. Dada sua constituição
predominantemente carbonática, a água desta unidade pode encontrar-se enriquecida em sais de
bicarbonato.

Esta unidade forma um aquífero eventual, de permeabilidade média a baixa, heterogêneo


e descontínuo, com comportamento livre (SEMA, 2007). Com extensão local, esta unidade
ocorre principalmente na porção sudoeste da Faixa Paraguai-Araguaia, e também na forma de
janelas estruturais nas bacias do Pantanal e do Araguaia.

3.8.2.2 Sistema Aquífero Fraturado 4 (F-4)

Segundo Sema (2007) caracteriza o sistema heterogêneo F-4 como aquífero eventual
restrito às zonas fraturadas. Condutividade hidráulica baixa a média; ampliada eventualmente
pela presença de camadas de material grosseiro; livre a semiconfinado a confinado; extensão
regional a local.

O Sistema Aquífero Fraturado 4 (F-4) compreende o conjunto de rochas


metassedimentares e metavulcânicas, associadas a Sequência Metavulcanossedimentar do
Planalto do Jaurú e Grupo Cuiabá. Pode ser incluído neste contexto o Grupo Cuiabá, que se
comporta como um aquífero fraturado. A recarga é realizada essencialmente pela chuva,
drenagem nas áreas de afloramento e coberturas sedimentares (SEMA, 2007).
59

3.8.2.3 Sistema Aquífero Fraturado 5 (F-5)

Descrito (SEMA, 2007), como aquífero eventual restrito às zonas fraturadas.


Permeabilidade baixa; ampliada localmente devido à associação com material poroso do manto
de intemperismo; descontinuo; livre a semi-confinado; extensão local.

O Sistema Aquífero Fraturado 5 (F-5) corresponde as rochas ígneas intrusivas com manto
de intemperismo associadas ao Cráton Amazonas e província Tocantins. Esse sistema
compreende um conjunto de corpos ígneos isolados, localizados de maneira dispersa em todo o
Estado de Mato Grosso, segundo o Diagnostico Hidrogeológico de Mato Grosso – Sema (2007).

Esse sistema é pouco conhecido, entretanto, em função das altas taxas de precipitação
pluviométrica e presença comum de solos com espessuras moderadas nas áreas de ocorrência,
estima-se um potencial razoável para este tipo de aquífero (SEMA, 2007).

De um modo geral, apresenta permeabilidade secundária variando de média a baixa,


geralmente baixa, resultante de fraturamento heterogêneo dessas rochas. Apresenta importância
hidrogeológica muito pequena em virtude da baixa ocupação antrópica nas áreas de ocorrência e
de pouca disponibilidade de águas subterrâneas. A recarga deste sistema se processa diretamente
pelas chuvas e indiretamente pelas coberturas sedimentares que transmitem parte da água que
recebem para o aquífero (SEMA, 2007).

3.9 CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA DAS UNIDADES DE


PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO DE MATO GROSSO

A caracterização das unidades de gerenciamento foram realizadas com base na divisão


hidrográfica adotada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Mato
Grosso – SEMA (2007), que definiu vinte e sete Unidades de Planejamento e Gerenciamento
(UPG), que constituem porções de três bacias hidrográficas nacionais (I – Amazônica; II –
Paraguai e III – Tocantins-Araguaia) e de cinco bacias hidrográficas regionais (I- Aripuanã; II –
Juruena-Teles Pires; III Xingu; IV – Alto Rio Paraguai e V – Araguaia), das quais serão descritas
as UPG’s P-1e P-7.
60

3.9.1 Unidade de Planejamento e Gerenciamento do Rio Jaurú (P-1)

Inserido na Bacia Hidrográfica do Paraguai – Alto Rio Paraguai, o rio Jaurú tem como
seus principais tributários o rio Aguapeí e rio Brigadeiro. Esta Unidade possui uma área total de
15.356,73 km² que compreende o total ou em parte os municípios de Tangará da Serra,
Curvelândia, Pontes e Lacerda, Vale do São Domingos, Reserva do Cabaçal, Jaurú, Indiavaí,
Figueirópolis do Oeste, Araputanga, São José dos Quatro Marcos, Mirassol, Glória D’Oeste,
Porto Esperidião e Cáceres (SEMA, 2007).

Esta unidade ocupa 6.228,5 km², do Domínio Poroso, representado pela Bacia dos
Parecis, Bacia do Pantanal e Parte do Grupo Alto Paraguai, enquanto que o Domínio Fraturado
ocupa uma área de 6.463,0 km², representado pelas rochas ígneas e metamórficas da Província
Sunsás (SEMA, 2007). Inexiste citação quanto a área de 3.000 Km2 do total referido.

Apesar de pouco representativo, os dados dos dezoito poços tubulares fornecidos pela
SEMA (2007), apresentam um profundidade média de 104,00 metros e vazão média de 6,52
m³/h. A capacidade específica média é de 0,330 (m³/h)/m, com moda de 0,200 (m³/h)/m.

3.9.2 Unidade de Planejamento e Gerenciamento Rio Paraguai Pantanal (P-7)

O Rio Paraguai - Pantanal tem como seu principal tributário o rio Cuiabá. A área total
desta unidade é de 53.945.92 km², compreende o total ou em parte os municípios de Santo
Antônio do Leverger, Barão de Melgaço, Nossa Senhora do Livramento, Poconé, Cáceres,
Rosário Oeste, Vila Bela da Santíssima Trindade, Juscimeira, Porto Estrela, Campo Verde,
Pontes e Lacerda e Porto Esperidião (SEMA, 2007).

Esta unidade ocupa 32.205,90 km2 do Domínio Poroso, representado pela Bacia do
Pantanal e parte da Bacia dos Parecis, enquanto que o Domínio Fraturado ocupa uma área de
8.189,00 km², representado pelas rochas metamórficas da Província Tocantins (SEMA, 2007).

Os dados de quatro poços tubulares cadastrados SEMA (2007) nessa unidade, apresenta
uma profundidade média de 78,50 metros e vazão média de 8,65 m³/h. A capacidade específica
média é de 1,411 (m³/h)/m, com moda de 1,245 (m³/h)/m (SEMA, 2007).
61

3.10 CARACTERIZAÇÕES DO USO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS EM MATO


GROSSO

Da análise da alimentação, circulação e exutórios, pressupõem-se que a alimentação ou


recarga dos sistemas aquíferos do Estado ocorre, principalmente, pela infiltração direta das águas
de chuva e infiltração de parte das águas que escoam nas calhas fluviais, nos trechos em que os
rios são influentes. O alto índice pluviométrico e a regularidade das precipitações favorecem
também a infiltração (SEMA, 2007).

Não consta no Diagnóstico Hidrogeológico de Mato Grosso (SEMA, 2007), a análise do


fluxo subterrâneo para subsidiar a avaliação da descarga natural, com disponibilização dos dados
de monitoramento de poços durante 12 meses, referente a um ciclo hidrológico.

A utilização das águas subterrâneas no Estado é uma constante, com fins variados e tempo
de bombeamento compatível com a necessidade e vazão do poço. A adequabilidade para cada uso
varia em função da finalidade proposta e dos constituintes que possam afetá-las, existindo para
isto diversos padrões que procuram reger a utilização para consumo humano, industrial e agrícola
(SEMA, 2007).

O enfoque dado pelo Diagnóstico Hidrogeológico do Estado de Mato Grosso – Sema


(2007), neste item foi para consumo humano, considerado o uso das águas subterrâneas na
dessedentação animal e irrigação praticamente inexistentes. Entendido que a área rural no
domínio da agropecuária, a irrigação geralmente é feita por meio da captação de águas de
superfície.

Na área rural, em função do domínio da agropecuária em algumas regiões, a explotação


das águas subterrâneas se restringe ao abastecimento doméstico.

Pela análise dos resultados apresentados (SEMA, 2007) observa-se que em todo o Estado,
94,7% da explotação das águas subterrâneas destina-se praticamente ao consumo humano (poços
para abastecimento público, comercial e residencial) e na indústria (5,3%) seu uso é muito
restrito.
62

4 ÁREA DE ESTUDO

4.1 LOCALIZAÇÃO

A área de estudo está inserida na mesorregião Centro Sul, Microrregião do Alto Pantanal,
municípios de Cáceres, sudoeste do estado de Mato Grosso, região denominada Pantanal do
Corixo Grande. Dista aproximadamente à 80 km da sede do município e a 10 km do território
boliviano e a 292 km da capital Cuiabá. O acesso a área é feito partindo de Cáceres, pela BR 070,
no sentido Cáceres/San Mathias (Bolívia), insere-se geograficamente entre as coordenadas
16º11’40“ – 16º17’30” Sul e 58º08’22” – 58º14’07” Oeste de Grw (Figura 6).

Figura 6 – Localização da área de estudo.


Fonte: Imagem Google (2009).
63

A área abrange sete Projetos de Assentamento de Reforma Agrária denominados Rancho


da Saudade (azul claro), Corixo (laranja), Sapicua (verde), Bom Sucesso (retângulo laranja
claro), Katira (vermelho), Nova Esperança (amarelo) e Jatobá (azul escuro), com
aproximadamente 12 km², contíguas.

4.2 CLIMA

Segundo Köppen, a região enquadra-se ao tipo climático Awi, pertencente ao domínio de


clima tropical chuvoso, onde a temperatura média do mês mais quente está acima de 18ºC (A), o
índice pluviométrico anual é relativamente elevado, apresentando-se nítida estação seca (w) e
com oscilação anual de temperatura inferior a 5ºC (i). O ambiente térmico é caracterizado por
apresentar temperaturas médias, máximas e mínimas oscilando, respectivamente, entre 23 e 26ºC,
23 e 33ºC e 19 e 21ºC (SEPLAN, 2000).

Com relação às condições hídricas pode-se dizer que a área em questão fica submetida à
pequena variação espacial, principalmente em relação a de umidade relativa do ar, onde os
valores médios anuais devem oscilar em torno de 70%, com período mais úmido ocorrendo de
dezembro a abril e o menos úmido de junho a setembro. Os totais de precipitação pluviométricas
anuais oscilam entre 1200 a 1600 mm (SEPLAN, 2000).

De acordo com o Zoneamento Socioeconômico Ecológico do Mato Grosso (SEPLAN,


2000), a região de estudo está situada na unidade climática denominada Clima Tropical
Continental Alternadamente Úmido e Seco. Abrange a porção sul do Estado, a partir do paralelo
12°30’S, e é influenciada pela grande distância do litoral, pela forma e orientação do relevo, e
pelos sistemas de circulação atmosférica vindas do sul do país, os quais determinam as diversas
variações climáticas nesta região. Fazem parte desta unidade os menores totais pluviométricos do
estado (Depressão do Alto Paraguai e Pantanais), o predomínio dos maiores períodos secos, de
abril a setembro, e a maior variabilidade interanual das chuvas.
64

4.2.1 Balanço Hídrico

Com base nos dados da pluviometria média anual de 1.711 mm, para uma área de
903,357,91 km2 (IBGE, 2001), o volume de chuva precipitado no Estado de Mato Grosso é de
1.545,645 x 106 m³/ano (SEMA,2007).

A Evapotranspiração Potencial (EP) sobre as chapadas e serras do estado de Mato Grosso


é em geral inferior a 1.140 mm anuais, podendo baixar para valores inferiores a 997 mm, em
virtude de baixas temperaturas.

Entretanto, na região do Pantanal, graças as baixas altitudes e às temperaturas mais


elevadas, a carência hídrica se intensifica e evapotranspiração potencial supera os 1.420 mm
anuais (SEPLAN, 2000).

Os pesquisadores da Embrapa Cerrados (2008) observaram que o balanço hídrico do


Pantanal é negativo em relação à geração de vazão, significando que o total de água perdida para
a atmosfera (evapotranspiração) em sua área é superior a precipitação, provocando inclusive, o
consumo de parte de recursos hídricos provenientes do bioma cerrado.

Na parte da bacia hidrográfica, não ocupada por Cerrado a evapotranspiração é muito


superior ao total precipitado na forma de chuva, provocando grande déficit hídrico. Dessa forma,
o Pantanal, que fica na parte mais baixa da região hidrográfica do Paraguai, funciona como um
vasto reservatório raso e como um grande espelho d’água, contribuindo de maneira significativa
com a “perda” de água para a atmosfera por evaporação.

Conforme a Figura 7 abaixo o gráfico representa o balanço hídrico verificado na estação


meteorológica do município de Cáceres, contando com a média histórica de 30 anos.
65

Figura 7 - Balanço hídrico da região de Cáceres.


Fonte: Normal 1961/1990 – INMET.

Os excedentes hídricos ocorrem em geral entre o final da primavera e o verão, sendo mais
intenso nesta última estação. Tendem a ser menores ao Sul, verificando-se excedentes inferiores a
200 mm anuais em direção ao Pantanal.

A deficiência hídrica anual é de aproximadamente 2 a 5 meses no estado, sendo maiores


na porção Oeste-Sudoeste, principalmente na região do Pantanal (300 a 350 mm anuais
distribuídos em 4 a 5 meses).

4.3 VEGETAÇÃO

De acordo com os domínios morfoclimáticos (SEPLAN, 2000) a região está inserida na


Área de Tensão Ecológica, também denominada Área de Transição, entre os domínios
morfoclimáticos Equatorial Amazônico, presente no norte, com predominância de vegetação de
formação florestal pluvial, e dos Cerrados, de ocorrência em quase todo o restante do território
mato-grossense, com predominância de vegetação composta por árvores contorcidas e grossas, de
pequena altura, associadas a estratos arbustivo e herbáceo formando bosques abertos.

No âmbito da área de estudo, a cobertura florista dos imóveis é composta


aproximadamente de 80% de Savana Arbórea Aberta com floresta de galeria e 20% de Savana
66

Arbórea Densa, ambas com presença de madeira de lei do tipo aroeira, ipê, peroba, jatobá,
cumbaru, entre outras.

4.4 SOLOS E RELEVOS REGIONAIS

A região apresenta uma variabilidade de solos elevada, estando correlacionada com as


diversas formações geológicas e geomorfológicas existentes. A composição edafologica
predomina solos do tipo Podzólicos, Latossolos, Litólicos, Cambissolos e Plintossolos, sob
relevos colinares e tabulares, praticamente planos a suavemente ondulados (0 a 8% de
declividade), e eventualmente ondulados (8 a 20% de declividade). Reflete a morfogênese da
paisagem ainda em ação (EMBRAPA, 1999).

Segundo critérios e normas do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA,


1999), com a proximidade do pantanal, passam também a ocorrer solos de várzea como Gleis,
Areias Quartzosas Hidromórficas, Aluviais e outros, sob relevos planos.

No âmbito do projeto de Assentamento Corixo, seu desenvolvimento tem limitações de


ordem natural, relacionadas ao clima e a baixa potencialidade de boa parte de suas terras. Estas
limitações tendem a ser maiores nos solos mais frágeis e suscetíveis à erosão, principalmente por
não terem sido considerados aspectos naturais relevantes na definição do parcelamento aprovado.

4.5 RECURSOS HÍDRICOS

A área de estudo faz parte da Região Hidrográfica do Rio Paraguai, localizada na Sub-
Bacia do Alto Rio Paraguai, denominado de Pantanal do Corixo-Grande Jauru – Padre Inácio –
Paraguai, tradicionalmente conhecido como Pantanal do Descalvado. Ocorre no noroeste da zona
pantaneira, ocupando posição interfluvial. É drenado pelos córregos Saloba, Gambá e Manhoso,
afluentes do Corixo Grande, apresentando um padrão de drenagem do tipo subdentrítico
(SEPLAN, 2000).

O Rio Corixo Grande, na porção oeste da área, representa o marco divisório da divisa
internacional entre Brasil e Bolívia, juntamente com as inúmeras lagoas que este interliga.
67

Inexistem na maioria dos imóveis, fontes naturais de água, seja rio ou nascentes, apenas
barragens de retenção de enxurradas e córregos intermitentes. Áreas desnudas de vegetação e
desprovidas de águas superficiais.

4.6 GEOLOGIA LOCAL

4.6.1 Principais Estruturas

Segundo Almeida (1984), o cinturão de dobramentos Paraguai-Araguaia ocorre, na região


do município de Cáceres–MT, representada pelas 03 zonas estruturais designadas por
ALVARENGA e TROMPETTE (1993): Zona Interna, representada pelo Grupo Cuiabá; Zona
externa, correspondente a Província Serrana representada por toda sequência do Grupo Alto
Paraguai, com suas rochas intensamente dobradas e falhadas; e, Cobertura Sedimentar de
Plataforma.

No âmbito desta designação e de ocorrência local, a Cobertura Sedimentar de Plataforma


esta representada pelas Formações Araras e Raizama, menos deformadas que a sequência
externa.

As faixas de transição entre os limites da Zona Externa com a Cobertura de Plataforma


encontram-se encobertas pelos sedimentos da Formação Pantanal.

4.6.2 Caracterização Litoestratigráficas

Afloram as unidades litoestratigráficas, referidas anteriormente, representadas pelo Grupo


Alto Paraguai, reunindo as Formações Araras e Raizama; e pelos sedimentos da Formação
Pantanal. As rochas do Grupo Alto Paraguai, afloram recobertas nas porções onde o relevo é mais
arrasado, por solos resultantes da decomposição do substrato rochoso das Formações Araras,
Raizama e por sedimentos da Formação Pantanal.

A Formação Araras é composta por rochas calcárias, ocorrendo, nas adjacências do Rio
Jauru a margem direita, estendendo-se a sudoeste até próximo ao território boliviano, onde
provavelmente é recoberta pelos sedimentos da Formação Pantanal. A sequencia basal da
formação Araras é composta principalmente por calcários com intercalações subordinadas de
68

siltitos e margas marrom-arroxeados, coloração cinza clara a esverdeada. No sentido do topo da


formação, gradam a calcários dolomíticos e estes a dolomíticos, com características similares às
dos calcários e deles se distinguem por apresentarem uma discreta efervescência ao acido
clorídrico, a frio. Para o topo, os dolomitos tornam-se mais esbranquiçados e silicificados,
assumindo o aspecto de chert. Quando alterados tem aparência caulínica, e estrutura “cavernosa”
ou ”porosa” (Membro Superior da Formação Araras), Radambrasil (1982).

A Formação Raizama é composta por arenitos ortoquartizíticos e feldspáticos, brancos


róseos, médios a grosseiros, com níveis conglomeráticos e intercalações de camadas de siltitos e
argilitos. Apresentam estratificações gradacional e cruzada. Os arenitos tem coloração primária
cinza-claro a esbranquiçada e quando alterados, rósea. A granulometria varia de fina a grosseira,
com níveis conglomeráticos, sendo em grãos de quartzo em geral subarrendondados (LACERDA
et al.2004). Os sedimentos da formação recobrem os dolomitos da formação Araras.

A Formação Pantanal esta caracterizada pela Fácies Terraços Aluvionares constituída por
sedimentos areno-argilosos, semi-consolidados, parcialmente laterizados.

4.7 GEOMORFOLOGIA

O relevo vai de plano a ondulado e com ocorrência das unidades geomorfológicas:


Depressão do Rio Paraguai e Planícies e Pantanais Mato-grossenses.

4.7.1 Depressão do Rio Paraguai

Segundo o Projeto Radambrasil SE-21(1982), a depressão propriamente dita compreende


extensas superfícies aplanadas, que por vezes apresentam formas pedimentadas, porém em sua
maior parte, as superfícies são recobertas por sedimentos recentes (quaternários).
Secundariamente, ocorrem formas dissecadas de topo continuo e aguçado, com diferentes ordens
de grandeza e aprofundamento de drenagens separadas geralmente por vales em “V”. Na porção
central entre o rio Jauru e o alto curso do Corixo Grande, o pedimento imunado tem continuidade
através das rochas pré-cambrianas da formação Araras (Figura 8).
69

As áreas de ocorrência da Formação Araras são configuradas por relevos altos e


dissecados e chegam até 300 m de desnível. Neste tipo de relevo podem ser encontradas formas
“carstícas” (RADAMBRASIL, 1982), Figura 8.

A B

Figura 8 - Geomorfologia da região em rochas pré-cambrianas - Projeto de Assentamento Corixo (A e B).

4.7.2 Planícies e Pantanais Mato-grossenses

Segundo o Projeto Radambrasil SE-21(1982), os sedimentos da Formação Pantanal são


sedimentos recentes (quaternários), em seus domínios está definida a unidade geomorfológica
Planícies e Pantanais Mato-grossenses, caracterizadas por áreas periodicamente inundáveis, de
topografia plana, com cotas altimétricas variando entre 90 a 130 m.

Planície fluvial e área plana resultante de acumulação fluvio-lacustre, periodicamente


alagada. Apresentam padrões de drenagens do tipo subdendritico, padrão representado pelos
afluentes do rio Jauru, sistema hidráulico natural de compensação e vazão.

A área do Pantanal do Corixo Grande – Jauru - Paraguai comporta inúmeras planícies


deprimidas, drenadas por “corixos” e “vazantes”, que são balizadas por diques marginais,
apresentando em determinados trechos “baías” isoladas (RADAMBRASIL SE-21, 1982).

A Depressão do Alto Paraguai e Pantanais fazem parte da unidade climática de menores


totais pluviométricos do estado, o predomínio dos maiores períodos secos, de abril a setembro, e
a maior variabilidade interanual das chuvas.
70

5 MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho teve inicio com uma revisão bibliográfica, em seguida foram realizados os
trabalhos de campo, os quais foram divididos em três etapas: na primeira, foram realizadas visitas
na área dos projetos de assentamento de Reforma Agrária e na segunda, foi realizada uma
caracterização do meio físico (geologia e hidrogeologia). Em uma terceira etapa foram aplicados
questionário aos assentados. Posteriormente, os dados coletados foram analisados e os resultados
interpretados em escritório.

5.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Após a revisão bibliográfica sobre o meio físico, teve início uma pesquisa sobre o
histórico dos assentamentos de reforma agrária. Foram consultados os relatórios técnicos e mapas
dos assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. As análises
basearam-se em dados secundários disponíveis em bibliografias especializadas, nos órgãos
oficiais federais, estaduais e municipais, em relatórios técnicos anteriores, em pesquisas
acadêmicas e na rede mundial de computadores.

5.2 TRABALHOS DE CAMPO

Na primeira fase, os trabalhos de campo foram restritos ao acompanhamento dos estudos


geofísicos e das perfurações de poços tubulares realizadas nos Projetos de Assentamento
denominados Katira, Sapiqua, Corixo, Bom Sucesso Jatobá, Rancho da Saudade e Nova
Esperança localizados ao longo da BR 070, município de Cáceres.

Na segunda fase de trabalho de campo, a geologia foi novamente caracterizada com


auxilio do mapa Geológico do Estado de Mato Grosso (CPRM, 2004). Foram identificados a
litologia das formações Araras e Raizama do Grupo Alto Paraguai e Fácies Terraços Aluvionares
da Formação Pantanal.

Foram tiradas cotas topográficas e coordenadas geográficas dos pontos d’água (poços
tubulares, poços escavados, adutora) e afloramentos, com auxilio do aparelho GPS de marca
Garmin.
71

As medidas encontradas serviram de base para interpretação de diferenças altimétricas


entre a locação dos poços, drenagens e litologias. Os pontos d’água, afloramentos geológicos e
assentamentos foram fotografados.

Foram aplicados os questionários durante essa fase do campo.

Devido a localização dos assentamentos, em proximidade da divisa de duas Unidades de


Planejamento e Gestão de classificação estadual, a interpretação foi realizada no âmbito das
Unidades de Planejamento e Gestão Jauru e Paraguai-Pantanal.

Durante a perfuração de cinco poços nos Projetos de Assentamento Katira, Sapiqua,


Rancho da Saudade, Bom Sucesso e Corixo, amostras foram coletadas e acondicionadas
conforme intervalo de avanço na litologia perfurada.

Para cada poço cadastrado foram coletados dados de profundidade, níveis d’água, vazão,
revestimento e ano de perfuração.

5.2.1 Estudos e Levantamentos Geofísicos

Estudos e levantamentos geofísicos foram realizados em parceria com o Instituto


Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA/MT.

Numa primeira etapa, optou-se pela técnica geofísica SEV – Sondagem Elétrica Vertical
para locação dos poços a serem perfurados nos Projetos de Assentamento Jatobá, Rancho da
Saudade e Nova Esperança, município de Cáceres.

Este método de investigação foi sugerido “tecnicamente como o mais adequado”,


considerando que as vazões de poços tubulares perfurados em terrenos cristalinos dependiam
quase exclusivamente da existência de fraturas que viessem favorecer o armazenamento e a
percolação de água. Estruturas que por vezes encontram-se encobertas por vegetação e solos,
dificultando sua identificação em superfície.

Posteriormente, em uma segunda etapa, foi aplicada a mesma técnica geofísica Sondagem
Elétrica Vertical–SEV e inovando com outra técnica denominada Caminhamento Elétrico – CE
(Arranjo Schulumberger). Opção que viesse complementar e/ou confirmar satisfatoriamente os
72

resultados na locação dos poços a serem perfurados nos Projetos de Assentamento, Rancho da
Saudade, Sapiqua, Bom Sucesso, Katira e Corixo, município de Cáceres.

Nas áreas selecionadas para os estudos geofísicos sempre foi considerado pelo
INCRA/MT a geologia, dados de poços existentes, demanda exigida, disponibilidade de energia e
acesso, visando perfuração dos poços tubulares e obras complementares. Entretanto, sempre que
possível, a locação do poço foi priorizada em áreas próximas as sedes dos núcleos comunitários.

5.2.1.1 Sondagem Elétrica Vertical – SEV

Esse tipo de técnica de investigação é usada para investigar as variações do subsolo com a
profundidade. De maneira análoga a uma sondagem mecânica, apresenta como resultado o perfil
geolétrico, ou seja, a variação da resistividade com a profundidade.

Através do processo licitatório realizado pelo INCRAMT (2001), os estudos geofísicos


foram executados pela empresa Geoeste Construções Civis Ltda. Foram realizadas 10 sondagens
elétricas verticais (SEVs): 01 (uma) no PA Rancho da Saudade e 06 (seis) no PA Bela Vista 3
(três) no PA Jatobá com profundidade de investigação até 150 metros, cada ponto, visando a
locação mais adequada dos poços a serem perfurados.

Posteriormente na segunda etapa (2008), foram realizadas investigações em 05 Projetos


de assentamento, Sapiqua (S), Katira (K), Bom Sucesso (BS), Corixo (C) e novamente no
Rancho Saudade (RS). A abertura máxima de AB foi de 960 metros, o que possibilitou uma
profundidade de investigação em torno de 160 metros. As SEV’s foram posicionadas sobre os
perfis de CE com arranjos Schulumberger, sendo a sua localização determinada a partir dos
resultados apresentados por esses métodos. A interpretação dos dados foi realizada através do
método do Ridge Regression, usando software específico.

5.2.1.2 Caminhamento Elétrico – CE

A técnica de Caminhamento Elétrico (Arranjo Schulumberger) estuda a variação


horizontal da resistividade no meio geológico, investigando normalmente até quatro níveis de
73

profundidade. Técnica muito empregada no estudo de caracterização de meio fraturado, permite o


mapeamento de fraturas/falhas e o conhecimento aproximado de suas profundidades.

Os dados de resistividade aparente foram coletados ao longo de um perfil com


espaçamento de 1m, utilizando arranjo Schulumberger (Figura 09) e um Resistivimetro
GEOTEST R300D (Figura 10), com potencia 600W, 1200W de pico a pico e voltagens de 20,
100, 200, 300, 400, 600V. A abertura de AB foi de 480m, o que possibilitou uma profundidade
de investigação entorno de 80 metros.

Figura 9 – Arranjo Schulumberger simétrico mostrando esquematicamente o comportamento das linhas de


fluxo de corrente e equipotenciais, em subsuperfície.
Fonte: Relatório Geopoços (2008).

Figura 10 - Equipamento Resistivimetro GEOTEST R300D.


74

Este método foi utilizado na segunda etapa dos estudos geofísicos, com 07 investigações
realizadas pela empresa Geopoços Ltda (2008), em 05 Projetos de Assentamento denominados
Sapiqua (S), Katira (K), Bom Sucesso (BS), Corixo (C) e Rancho Saudade (RS).

5.2.2 Perfuração de Poços Tubulares

A perfuração dos poços tubulares foi realizada em duas etapas pelo INCRA em parceria
com empresas habilitadas através de processo licitatório.

Na primeira etapa, em 2001, aproveitando dois dos pontos sugeridos pela geofísica (SEV)
como prováveis à obtenção de água, a empresa Geoeste Ltda perfurou no Projeto Rancho da
Saudade os sedimentos da formação Raizama. A perfuração foi realizada com equipamento a
percussão.

Na segunda etapa em 2008/2009, com os resultados dos pontos investigados pelos


métodos SEV e CE, considerados como favoráveis a obtenção de água, foram perfurados 05
poços nos Projetos Rancho da Saudade, Sapiqua, Bom Sucesso, Kátira e Corixo, pela empresa de
perfuração Hidrotec Ltda, O equipamento utilizado foi o roto/pneumático.

5.2.3 Captação

Foi construído um sistema de captação de água superficial, pelo INCRA/MT, no córrego


São Sebastião na BR-070 sentido Cáceres (MT) - San Mathias (Bolívia), com extensão de
aproximadamente 14 km, na sua maioria externa à área dos projetos de assentamentos.

O projeto da captação superficial teve como objetivo viabilizar uma proposta alternativa
para abastecimento de água nos assentamentos Jatobá, Rancho da Saudade e Bela Vista,
buscando superar os problemas enfrentados pelas 127 famílias, desde sua inserção no projeto de
assentamento.
75

5.2.4 Aplicação de Questionário

Foram aplicados, informalmente, 210 questionários para coletar dados quanto à


disponibilidade, qualidade e acessibilidade ao recurso hídrico, os itens avaliados foram: projeto
de assentamento, município, número do lote, dados pessoais do proprietário, número de
residentes no lote, tempo de residência, tipo de captação para o consumo de água utilizada,
qualidade da água consumida quanto ao aspecto visual e de paladar, cuidados adotados com água
ingerida (ferver, filtrar, coar, in natura. e outros), disponibilidade da água, prioridade de
demanda, custos com consumo de energia, saneamento básico, destinação do lixo, observações e
sugestões, (Anexo 04).

5.3 TRABALHOS DE ESCRITÓRIO

Os trabalhos de escritório foram divididos em duas etapas:

Na primeira etapa foram consultados as seguintes fontes: SIAGAS, SEPLAN, SEMA,


FUNASA, INCRA, SANEMAT, SANECAP e AMM , referente a dados de poços tubulares na
região.

A consolidação dos dados levantados foi realizada da seguinte maneira:

(i) retrabalhamento das informações quantitativas relativas a Sistemas Aquiferos


Granulares e Fraturados e à Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (com ênfase nas Unidades de
Planejamento e Gestão do Jauru e Pantanal Paraguai) na forma de tabelas de síntese;

(ii) agregação de informações quantitativas relativas a levantamentos e técnicas geofísica


(SEV e CE), perfuração de poços tubulares e cadastro de poços em assentamentos da reforma
agrária, (com ênfase no município de Cáceres-MT), e;

(iii) incorporação de informações qualitativas gerais (análises de água, construção de


poços, poços escavados e cacimbas).

De posse dos dados anteriores foi realizado o Mapa Litológico da região do Pantanal do
Corixo-Grande com informações parciais (hidrografia, geologia, delimitação do perímetro dos
sete projetos de assentamento e localização dos pontos investigados pela geofísica), (Anexo 1).
76

Para melhor compreensão dos desníveis topográficos, foi elaborado um mapa de altitudes
(Anexo 02). O mapa contem as áreas dos assentamentos, localização das técnicas geofísicas
(SEV e CE), diferentes tipos de poços e adutora.

Posteriormente, o Mapa Litológico foi complementado com a plotagem do parcelamento


dos projetos de reforma agrária, com o objetivo de subsidiar o gerenciamento dos recursos
hídricos (Anexo 03).

Para plotagem dos assentamentos foram usadas as bases digitais de cada um deles com
seus respectivos parcelamento dos lotes. Optou-se por uma escala compatível com as
especificações de formatação da dissertação (1:70.000). As áreas dos imóveis e pontos plotados
foram georreferenciados e executados no programa AutoCAD.

Na segunda etapa de trabalho de escritório, após levantamento de dados referente ao


consumo de água por unidade familiar (em campo), foi realizado o cálculo da demanda familiar
nos projetos de assentamento. Para o cálculo do volume demandado adotamos a população
favorecida com o abastecimento de água e as respectivas quotas per capita, segundo o método
utilizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), apud Setti et al.(2001) e pelo método
utilizado na Bacia do Rio Sinos/RS, segundo Lanna (1999) apud Águas Doces do Brasil (1999).

Pelo método utilizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), apud Setti et
al.(2001) os valores médios diários consumidos nos assentamentos rurais, foi considerado como
consumo mínimo diário por habitante de 35 (L/dia) e o consumo máximo por habitante de 90
(L/dia).

Pelo método utilizado na Bacia do Rio Sinos/RS (Lanna, 1999), os valores do consumo
nos assentamentos rurais foi considerado, para dessedentação humana 500 L/dia/família e para
dessedentação animal de pequeno e grande porte os valores de 880 L/dia.
77

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 LEVANTAMENTOS GEOFÍSICOS

Tendo em vista, a pressão social dos assentamentos da região de Cáceres junto ao


INCRA, quanto a indisponibilidade de água superficial, foram realizados levantamentos
geofísicos e implantadas obras de captação hídrica como: poços tubulares e captação superficial,
na tentativa de suprir ou complementar as principais fontes de águas domésticas, captadas via
cisternas, poços tipo amazonas e/ou águas de chuva.

6.1.1 Sondagem Elétrica Vertical (SEV)

Na primeira etapa (2001), foram realizadas 10 investigações geofísicas (SEV) realizadas


nos assentamentos Rancho da Saudade, Jatobá e Nova Esperança, onde apresentaram valores de
resistividade que oscilaram entre baixos e altos, com predominância de valores altos. Apenas o
Projeto Rancho da Saudade apresentou resultado de contraste favorável a perfuração de poços
tubulares (Tabela 4).

A Tabela 4 apresenta a localização das sondagens elétricas verticais com suas respectivas
coordenadas.

Tabela 4 – Localização das sondagens elétricas verticais – SEV.


Sondagem Elétrica Vertical Coordenadas
SEVK1 – PA Katira – Núcleo 16º 19´40´´S / 58º 16´30´´W
SEVC1– PA Corixo – Lote Sr. Sebastião 16º 15´28´´S / 58º 16´52´´W
SEVC2 – PA Corixo – Lote Sr. Sebastião 16º 15´27´´S / 58º 16´51´´W
SEVBS1 – PA Bom Sucesso – Lote Sr. Pio 16º 19´16´´S / 58º 14´26´´W
SEVRS1 – PA Rancho da Saudade – Lote Sr. Deto 16º 16´30´´S / 58º 11´41´´W
SEVRS2 – PA Rancho da Saudade – Lote Sr. Deto 16º 16´30´´S / 58º 11´41´´W
SEVS1 – PA Sapiquá – Núcleo 16º 14´48´´S / 58º 11´19´´W

Os resultados da primeira etapa de investigações geofísicas (SEV) indicaram como


favorável as SEVRS1 (Rancho da Saudade) e como não favoráveis as SEVJ1 (Jatoba),
SEVJ2(Jatobá), SEVJ3 (Jatobá), SEVNV1(Nova Esperança), SEVNV2(Nova Esperança),
78

SEVNV3(Nova Esperança), SEVNV2(Nova Esperança), SEVNV5 (Nova Esperança) e SEVNV6


(Nova Esperança).

Na segunda etapa (2008) foram realizadas 07 investigações, todas apresentaram


resultados de contraste de resistividade favoráveis a perfuração de poço tubular até a
profundidade de 120 metros (Tabela 5).

Os resultados da segunda etapa das investigações geofísicas (SEV) indicaram como


favoráveis as SEVK1 (Katira), SEVC2 (Corixo), SEVBS1 (Bom Sucesso), SEVRS2 (Rancho da
Saudade) e SEVS1 (Sapiqua) e como não favoráveis as SEVC1 (Corixo), SEVRS1 (Rancho da
Saudade), Tabela 5.

Tabela 5 – Resultados das investigações geofísicas (SEV) nos assentamentos na região de Cáceres/MT.
Resultados dos Pontos Investigados
- SEVK1 – PA Katira - Núcleo Comunitário
Na SEVK1 o calcário sã fraturado ocorre a partir dos 63,1 metros até 93,1 metros com
resistividade 63 .m – Favorável
SEVC1 – PA Corixo – Lote Sr. Sebastião
Na SEVC1 o calcário sã fraturado ocorre a partir dos 53,9 até a 82,5 metros com
resistividade 227 .m. – Não Favorável
SEVC2 – PA Corixo – Lote Sr. Sebastião
Na SEVC2 o calcário sã fraturado ocorre a partir dos 44,8 a até 78,4 metros, com
resistividade 169 .m – Favorável.
SEVBS1 – PA Bom Sucesso – Lote Sr. Pio
Na SEVBS1 o calcário sã fraturado ocorre a partir dos 46,7 a até 78,4 metros, com
resistividade 91 .m – Favorável.
SEVRS1 – PA Rancho da Saudade – Lote Sr. Deto
Na SEVRS1 o calcário sã fraturado ocorre a partir dos 42,2 até 64,9 metros, com
resistividade 508 .m – Não Favorável
SEVRS2 – PA Rancho da Saudade – Lote Sr. Deto
Na SEVRS2 o calcário sã fraturado ocorre a partir dos 61,3 até 91,7 metros, com
resistividade 96 .m – Favorável.
SEVS1 – PA Sapiquá – Núcleo Comunitário
Na SEVS1 o calcário sã fraturado ocorre a partir dos 60,7 até 85,7 metros, com
resistividade 47,3 .m – Favorável.

Fonte: Geopoços Ltda, 2008.


79

6.1.2 Caminhamento Elétrico (CE)

Os resultados das investigações geofísicas (CE) indicaram como favoráveis as


CEK1(Katira), CEVC2 (Corixo), CEVRS2 (Rancho da Saudade) e CEVS1 (Sapiqua) e como não
favorável o CEBS1(Bom Sucesso).

6.2 CARACTERIZAÇÃO DA GEOLOGIA

A região estudada encontra-se na Cobertura de Plataforma da Faixa Paraguai - Araguaia,


onde ocorrem rochas das Formações Araras e Raizama. É interessante salientar que essas rochas
apresentam-se menos deformadas que na Província Serrana.

As rochas encontram-se em camadas suavemente inclinadas para o noroeste, e por vezes


estão fraturadas.

Entre os litotipos aflorantes predominam os calcários dolomíticos da Formação Araras e


arenitos da Formação Raizama, sendo os últimos nas porções onde o relevo é mais acentuado.
Ocorrem ainda calcoarenitos que representam litotipos intermediários entre os dolomitos e os
arenitos.

Não foram realizados estudos de geologia estrutural, no entanto, observa-se no campo,


praticamente a ausência de rochas dobradas e fraturadas.

6.2.1 Formação Araras

A Formação Araras ocupa cerca de 100% da área dos assentamentos Nova Esperança,
Jatobá, Bom Sucesso e Katira, cerca de 86% no Assentamento Sapiqua, 54% no Assentamento
Corixo e 44% no Assentamento Rancho da Saudade (Anexo 01).
80

Figura 11 – Calcários dolomiticos ricos em sílica. Assentamento Sapiqua.

Os calcários dolomíticos da Formação Araras, são esbranquiçados, as vezes amarelados


devido ao imtemperismo (Figura 11). Ocorrem sob a forma de blocos extremamente silicificados
e quando intemperizados apresentam finas camadas de matéria orgânica.

Os calcoarenitos foram visualizados nas proximidades do poço tubular do Projeto de


Assentamento Corixo. Afloram sob a forma de uma parede de 2,5 m de altura, apresenta
estratificação cruzada, níveis com cavidades de dissolução e direção SE/NW, Figura 12 (A, B, C,
D).

Nos afloramentos (Figura 12), localizados no projeto de assentamento Corixo, as atitudes


das camadas são da ordem de N70°E/05°NW (em uma direção da camada nordeste com suave
mergulho para noroeste).
81

A B

C D

Figura 12 – Afloramento de calcoarenito com processos de dissolução (A, B, C e D) e estratificação cruzada (B


e D).

6.2.1.1 Feições Cársticas Observadas no Campo

A extensão da área de estudo restringe-se ao perímetro dos 07 projetos de assentamentos:


Jatobá, Nova Esperança, Rancho da Saudade, Sapiqua, Corixo Katira e Bom Sucesso, totalizando
11.946,6106 hectares.

Foram observadas em fotos aéreas, imagens de satélite e campo, características de relevo


cárstico em desenvolvimento, em parte dos assentamentos Corixo, Rancho da Saudade e Sapiqua,
exigindo investigações mais aprofundadas em Geomorfologia Cárstica.

É desconsiderável a ocorrência de cursos d’água na área do assentamento Corixo, apenas


cabeceiras de drenagem cortam internamente o imóvel. Entretanto, é interessante observar que o
córrego principal (córrego Corixinho) é intermitente. Aparece em determinados trechos,
desaparece em outros (sumidouro), ressurgindo novamente em um ponto a jusante, próximo da
divisa oeste do imóvel com a Bolívia.
82

A B

Figura 13 - Feições cársticas com fraturas de dissolução (A e B) sedimentos das formações Raizama / Araras.

Entre as feições cársticas identificadas no campo (Figuras 13 e 14), destacam-se cavernas,


dolinas. Sumidouros e ressurgências, observadas somente no período chuvoso.

A B

Figura 14 – Projeto de assentamento Corixo – Feição cárstica superficial (exocarste) em sedimentos das
Formações Raizama com a Araras (Membro Superior).

Foi observado no assentamento Corixo, cobertura floristica, no interior de uma feição


cárstica denominada clarabóia (Figura 15 A). É uma vegetação rasteira, aquática de acumulação
de água superficial (aguapé), diferente do interior de uma dolina ativa, que tem pouca capacidade
de reter água na superfície. Sugerindo que o processo contínuo de esculturação das feiçoes
cársticas pode, em certas condições, carrear material detrítico, principalmente argilas, para dentro
das dolinas e, em alguns casos, obliterar os condutos subterrâneos e interromper a infiltração e a
circulação de água no subsolo. Na área, podem existir dolinas inativas, que não são boas como
indicadores de ocorrência de água subterrânea.
83

Observa-se na Figura 15 B, vegetação denominada de Imbaúba, encontrada nos solos de


alteração das formações Araras e Raizama.

A B

Figura 15 – (A) Vegetação aquática característica de acumulação de água superficial (aguapé) e (B) Vegetação
típica (Imbaúba) dos assentamentos Corixo e Rancho de Saudade.

6.2.2 Formação Raizama

A Formação Raizama ocorre com cerca 14%, 45% e 56% nos assentamentos Sapiqua,
Corixo e Rancho da Saudade, respectivamente (Anexo 01).

É composta por arenitos quartzosos e quartzofeldspáticos com níveis conglomeráticos e


subordinadamente por siltitos, argilitos, e arcóseos. Em geral são rochas friáveis, provavelmente
devido à alteração, porém, muitas vezes, apresentam-se bem compactadas e até silicificadas,
assemelhando-se alguns arenitos a quartzitos.

Na Figura 16, os arenitos são de granulometria média, de cor amarelo esbranquiçado


(plagioclásio) a róseo (provavelmente felspato ortoclasio) ocorrem algumas inclusões de material
silicoclástico em forma de seixos, inexistindo matriz fina. Aflora nas regiões de contato entre as
formações Araras e Raizama. Localizam-se nas porções topográficas menos elevadas à sudoeste
dos assentamentos.
84

Figura 16 – Arenito de granulometria média, de cor amarela esbranquiçado a róseo e algumas inclusões de
material silicoclástico em forma de seixos, Projeto Katira – Lote do Sr. José Mudesto.

Os arenitos que apresentam coloração bege a esbranquiçada afloram nas porções


topográficas mais elevadas, principalmente na porção norte dos assentamentos. São arenitos de
granulometria média a grossa, mas conglomeraticos não são raros. No caso dos conglomerados, a
matriz é constituída por areia grossa, já os seixos são predominantemente de quartzo e menores
que 1cm de diâmetro, porém alguns desagregados apresentam diâmetros de até 2 cm (Figura 17
B, C).

O relevo é relativamente plano, embora existam alguns pequenos vales, onde afloram as
camadas de arenitos. Nestes raros afloramentos as atitudes das camadas, da ordem de
N70°E/05°NW (Figura 17 A).
85

A B

NW SE

Figura 17 – Arenitos da formação Raizama localizados no Projeto de Assentamento PA Rancho da Saudade


(A, B e C).

Na Figura 18 pode-se observar afloramento de sedimentos das formações


Araras/Raizama (zona de contato), seixos de quartzo distribuídos caoticamente em uma matriz
arenosa, com visível alteração da parte arenosa.

Figura 18 – Afloramento de contato das formações Araras/Raizama; seixos de quartzo distribuídos


caoticamente em uma matriz arenosa, com visível alteração da parte arenosa. Projeto de Assentamento
Corixo – Lote D. Ana.
86

6.2.3 Formação Pantanal

Devido a escala do mapa litológico (1:70. 000), os sedimentos da Formação Pantanal não
estão bem visualizados, porém, ocorrem em cerca de 1% da área, a oeste do assentamento
Corixo e Katira, na divisa com o território boliviano.

Esta formação é caracterizada pela Fácies Terraços Aluvionares, que representam a


porção intermediária da Formação Pantanal, compreende fácies terraços aluvionares elevados,
caracterizado como planície aluvial antiga, engloba sedimentos areno-argilosos, parcialmente
inconsolidados e laterizados de coloração avermelhada.

Os sedimentos da formação Pantanal ocorrem nas cotas topográficas mais baixas dos
assentamentos Corixo e Katira (Figura 19).

Figura 19 – Sedimentos da Formação Pantanal recoberto por pastagem, Lote do Edson, assentado do Projeto
Katira, município de Cáceres/MT.

Na Figura 20, observa-se a delimitação do perímetro dos assentamentos (vermelho) e a


divisa de dois deles (Katira e Corixo) com Bolívia (amarelo). As drenagens localizam-se na
maioria em território boliviano (a oeste) ou propriedade particular (a leste do assentamento
Corixo e leste do Rancho da Saudade).
87

Figura 20 – Imagem dos assentamentos.

Na Figura 21 encontra-se síntetizada a distribuição das Formações Araras, Raizama e


Pantanal, em percentuais de ocorrência na área de estudo. O Grupo Alto Paraguai ocupa 99% da
área superficial destacando-se em maior área de abrangência a Formação Araras (80%) e
posteriormente a Formação Raizama (19%). Os sedimentos da Formação Pantanal englobam
entorno de 1%.
Distribuição das Formações Geológicas na Área
1%

19%

FORMAÇÃO PANTANAL
FORMAÇÃO RAIZAMA
FORMAÇÃO ARARAS

80%

Figura 21 – Síntese da distribuição das formações geológicas nas áreas dos assentamentos estudados.
88

A ocorrência das formações geológicas distribuídas nos assentamentos Sapiqua, Rancho


da Saudade, Jatobá, Nova Esperança, Katira, Bom Sucesso e Corixo, encontram-se representada
em percentuais, Figura 22.
Distribuição das Formações Geológicas Distribuição das Formações Geológicas
Projeto de Assentamento Sapiqua Projeto de Assentamento Rancho da Saudade

14%

FORMAÇÃO RAIZAMA 44% FORMAÇÃO RAIZAMA


FORMAÇÃO ARARAS 56% FORMAÇÃO ARARAS

86%

A B

Distribuição das Formações Geológicas Distribuição das Formações Geológicas


Projeto de Assentamento Jatobá Projeto de Assentamento Nova Esperança

FORMAÇÃO ARARAS FORMAÇÃO ARARAS

100% 100%

C D

Distribuição das Formações Geológicas Distribuição das Formações Geológicas


Projeto de Assentamento Katira Projeto de Assentamento Bom Sucesso

-1%

FORMAÇÃO PANTANAL
FORMAÇÃO ARARAS
FORMAÇÃO ARARAS

100%
100%
E F

Distribuição das Formações Geológicas


Projeto de Assentamento Corixo
A – Sapiqua
-1%
B – Racho da Saudade
C – Jatobá
45%
FORMAÇÃO PANTANAL D – Nova Esperança
55%
FORMAÇÃO RAIZAMA
E – Katira
FORMAÇÃO ARARAS
F – Bom Sucesso
G - Corixo
G

Figura 22 – Distribuição das formações geológicas por projeto de assentamento.


89

6.2.4 Mapa Litológico

Após a identificação das litologias no campo, foi confeccionado o Mapa Litológico da


área, com delimitação dos assentamentos, inserção das drenagens, pontos investigados pelos
métodos geofísicos, poços tubulares perfurados, cisternas, entre outras formas de captação
(Figura 23)

Observa-se no Mapa Litológico (Figura 23) que em relação a área das unidades, o Grupo
Alto Paraguai ocupa 99% da área superficial destacando-se em maior área de abrangência a
Formação Araras (80%) seguida da Formação da Raizama ( 19%) e menor ocorrência os
sedimentos da Formação Pantanal (1%).

As drenagens existentes na maioria são córregos intermitentes, ocorrem nos projetos de


assentamento Rancho da Saudade e Corixo, que fazem divisa com propriedades particulares
dotadas de maior disponibilidade hídrica. São tributários do córrego Saloba, afluente do Corixo
Grande a noroeste da área. Parte do Assentamento Sapiqua é drenado por tributários do córrego
São Sebastião, afluente do Jauru a nordeste da área (Figura 23).

Destaca-se no mesmo mapa, as plotagens dos pontos investigados pela geofísica técnica
Sondagem Elétrica Vertical - SEV e Caminhamento Elétrico - CE juntamente com a inserção dos
poços perfurados, poço abandonado e poços tipo escavados distribuídos dentro do perímetro dos
assentamentos.
90

Figura 23 - Mapa Litológico (Formações geológicas).


Fonte: Modificado do Mapa Geológico do Estado de Mato Grosso 1/1.000.000 (CPRM, 2004) e Mapas Cadastrais do INCRA (1998, 2002).
91

6.3 POÇOS TUBULARES

Antes da realização dos estudos geofísicos, as informações existentes referiam-se apenas a


02 poços tubulares com profundidades entre 100 a 120 metros, considerados improdutivos, que
tinham sido abandonados.

A partir das informações de geofísica utilizando a técnica (SEV) e trabalhos de campo,


iniciou-se a primeira fase de perfuração em 2001 no Projeto Rancho da Saudade, pela empresa
Geoeste Ltda. Embora sugerido como favorável pela geofísica, os dois poços tubulares não
obtiveram sucesso.

Na segunda fase, em 2008/2009 foram perfurados 05 poços nos Projetos Rancho da


Saudade, Sapiqua, Bom Sucesso, Kátira e Corixo, pela empresa Hidrotec Ltda. Embora sugerido
como favorável pela geofísica, utilizando técnicas SEV e CE, todos os poços tubulares
apresentaram-se improdutivos. As descrições da litologia obtidas na perfuração dos poços
encontram-se Tabela 6.

Considerando as perfurações da primeira e segunda fase, que utilizaram os resultados dos


levantamentos geofísicos, e demais poços existentes na área de estudo, totalizam18 poços
tubulares perfurados, com intervalos de perfuração entre 48 a 300 metros de profundidade, com
diâmetros de perfuração entre 4” a 8”, parcialmente ou totalmente revestido, a maioria com
insucesso nos resultados de produção de água. Destes, 14 são improdutivos ou secos e 04 de
baixa a média produção.

Na Tabela 6 estão sintetizadas as informações dos poços implantados pelo INCRA nos 07
assentamentos de reforma agrária, com os resultados dos estudos geofísicos (técnicas SEV e CE),
associados às formações geológicas (Raizama e Araras) e a produtividade dos poços.
92

Tabela 6 – Levantamentos geofísicos associados às formações geológicas e produtividade dos poços.


Projeto de Método Ano Formação Litologia Profund. Produtividade
Assentamento geológica estimada
Rancho da SEV-01 2002 Raizama/Araras Capeamento do - Improdutivo
Saudade arenito/calcário
SEV/CE 2008 Raizama/Araras sem fratura
- 02 Arenito/calcário 61 -91 Seco
fraturado
Jatobá SEV 2002 Araras Rocha calcária / Seco
fratura seca
Bela SEV 2002 Araras Rocha calcária/ Seco
Vista/Nova fratura seca
Esperança
Sapiqua SEV/CE 2008 Raizama/Araras Arenito / rocha 60 -85 Seco
sã fraturada
Bom Sucesso SEV/CE 2008 Rocha sã 46-78 Seco
fraturada
Corixo SEV/CE 2008 Araras Rocha sã 44- 78 Seco
fraturada
Kátira SEV/CE 2009 Raizama/Araras Arenito/ rocha 63 -93 Improdutivo
sã fraturada

Pode-se observar (Tabela 6) que, nos intervalos de profundidade estimada pelos estudos
geofísicos realizados, 06 poços apresentaram secos e 02 improdutivos.

Na Figura 24 (A, B) observa-se um poço tubular profundo, que captava inicialmente cerca
de 1.500L/h de água do aquífero Raizama, posteriormente foi aprofundado até 300 metros e
captava apenas 700L/h. Poço de baixa vazão, alto rebaixamento de nível e alto consumo de
energia.

A B

Figura 24 – Poço tubular profundo (A) e quadro comando da bomba submersa (B), Projeto Corixo – Linhão
do Gasoduto.
93

Podem ser observados na Figura 25 (A e B) dois poços improdutivos, ambos foram


perfurados no projeto de assentamento Rancho da Saudade e um terceiro Figura 25 (C) perfurado
no assentamento Bom Sucesso. Inicialmente atingiram sedimentos da Formação Raizama em
contato com o membro superior da Formação Araras (Fig. 25, D). A perfuração avançou de 15 a
20 metros, obteve a vazão entorno de 800 a 1.200 L/h (Figura 24B), a partir dessa profundidade,
na maioria dos poços, os problemas geotécnicos se apresentaram: fuga de material,
aprisionamento de ferramentas, entre outros. Rompidas as dificuldades de ordem técnica, a
perfuração avançou até a profundidade de 80 metros (Figura 25 A e C) encontrando “cavernas”
nos últimos 40 metros, traduzidas em fraturas secas e queda de vazão.

A B

C D

Figura 25 – Perfurações improdutivas, localizados nos Projetos Rancho da Saudade (A e B); poço
(provavelmente) com gás no Projeto Bom Sucesso (C); Amostras coletadas nos intervalos de perfuração (D).
94

Um bom exemplo de problemas construtivos enfrentados pelas empresas de perfuração,


nos calcários da Formação Araras, é o poço tubular do projeto de assentamento Jatobá. Devido à
grande quantidade de cavernas encontradas no avanço da perfuração, o que culminou no
aprisionamento de ferramentas em sub-superfície, o poço foi abandonado. Alegando prejuízo
com as despesas realizadas, o dono do lote aprisionou a máquina percussora como garantia
(Figura 26 B).

A B

Figura 26 – Problemática de água no Assentamento Jatobá: (A) Tambores de armazenamento de água; (B)
Equipamento de perfuração (Percussora) abandonado e (C) Cisterna seca.

É importante salientar que além dos poços improdutivos, foi constatada a presença de
outros poços tubulares profundos nos arredores dos assentamentos, bem como poços tipo
cacimba, poços rasos ou freáticos.
95

Na Figura 27, observa-se poço tubular perfurado nos sedimentos na Formação Pantanal,
com diâmetro de 4 polegadas, com vazão aproximada de 4.400L/h. localizado dentro do
perímetro do assentametno Katira na zona de fronteira Brasil, com o território boliviano.

Figura 27 - Poço tubular, formação Pantanal. Projeto de Assentamento Katira.

6.4 POÇOS ESCAVADOS OU CACIMBAS

Foram identificados 33 poços denominados localmente de “cacimba”, “caseiro” ou


“Amazonas” e “Cacimbão” (diâmetros maiores), construídos de forma manual, escavado, com
intervalos de profundidade entre 6 a 25 metros, diâmetros médios de 1,20 m a 2,30 metros, com
ou sem revestimento (manilhas, tijolos) (Figura 28).
96

A B

C D

Figura 28 – Poços Escavados/Cacimbão – Arenitos da formação Raizama localizados no Projeto de


Assentamento PA Rancho da Saudade (A, C, D) e Projeto de Assentamento Corixo (B).

Os poços são rasos, a escavação fica restrita às camadas de alteração de arenitos, em


média 10 m de profundidade e produzem água doce.

Os assentamentos Rancho da Saudade, Corixo, Katira e Sapiqua, possuem os principais


poços escavados, não se restringindo ao abastecimento doméstico e dessedentação de animais.
Dependendo da vazão, atendem lotes vizinhos que não obtiveram êxito na perfuração.
97

6.5 CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA

Foram identificados dois sistemas aquíferos: um sistema aquífero poroso sobreposto a um


sistema aquífero fissural cárstico.

O sistema fissural cárstico é representado pelas rochas calcárias da Formação Araras e o


sistema aquífero poroso é representado pelo manto de alteração da Formação Araras. Sobreposto
a estes, ocorrem os arenitos da Formação Raizama, e no topo, ocorrem sedimentos das Fácies
Terraços Aluvionares da Formação Pantanal, conforme esquema do Quadro 2.

Quadro 2 - Caracterização hidrogeológica.


Domínios Sistemas Aquíferos Litologia
Hidrogeológicos
Poroso Sistema Poroso Fácies Terraços Aluvionares da
Formação Pantanal
Arenitos da Formação Raizama
Manto de alteração da Formação
Araras

Fraturado Sistema Fissural Cárstico Formação Araras (membro


superior)

6.5.1 Sistema Fissural Cárstico

O sistema aquífero fissural cárstico, é do tipo livre, não possui continuidade lateral, o
armazenamento e circulação das águas subterrâneas estão relacionados às descontinuidades e a
solubilidade das rochas carbonáticas da Formação Araras, que pode ampliar suas características
de porosidade e permeabilidade.

As rochas da Formação Araras são constituídas de dolomito, arenito, siltito, concreções


silicosas, argilito e níveis de sílex.

Foi observado em campo, nos estudos geofísicos e nos dados de poços tubulares
profundos, que este sistema aquífero, na área de abrangência dos assentamentos é pobre em água
subterrânea, com exceção do Projeto Corixo, que demonstram características de um relevo
cárstico em desenvolvimento, na divisa do assentamento com propriedades particulares,
sugerindo investigações mais aprofundadas. Foram identificadas feições carsticas com
distribuição espacial caótica e com acumulo de águas pluviais.
98

Dos 15 poços tubulares perfurados neste sistema, 14 poços foram improdutivos ou secos,
e somente 01 poço produtivo no Assentamento Corixo, com 135 metros de profundidade e vazão
entorno de 2.500 L/h (PT 09, Figura 23). Destaca-se o poço com 300 metros de profundidade (PT
10) e de baixíssima vazão, entorno de 700 L/h, que vem suprindo o consumo de 02 famílias.

6.5.2 Sistema Poroso

O sistema aquífero poroso é do tipo livre e possui extensão regional pequena.

Caracterizado como um sistema aquífero intergranular, representado por um conjunto de


litologias: o membro inferior é representado por solos e o manto de alteração da Formação
Araras, sobreposto a este, encontra-se os arenitos da Formação Raizama, e à sudoeste da área, no
topo da coluna estratigráfica, ocorre os sedimentos da Fácies Terraços Aluvionares da Formação
Pantanal (Coberturas Cenozoicas).

Este sistema aquífero caracteriza-se pela presença de áreas com afloramentos rochosos e
com manto de intemperismo espesso, que funciona como área de recarga.

Em área de abrangência do manto de alteração da Formação Araras, foram identificados


inúmeros poços rasos denominados cacimbas, com profundidades entre 3 a 6 metros, a água é
salobra, a vazão está sujeita a sazonalidade das chuvas e são vulneráveis a contaminação.

A Formação Raizama, embora ocorra em menor proporção que a do domínio anterior, tem
boas condições de armazenamento e circulação das águas subterrâneas. Possuem poços
escavados com diâmetros entorno 1,20 metros e profundidade média de 15 metros, no
capeamento da formação. Suas águas são doces, e apresentam vazões que atendem a demanda
familiar local, dessedentação de animais e pomares (PT 01,02, 03 da Figura 23).

Na maioria são sistemas freáticos, constituídos por coberturas regoliticas. Embora ocorra
rebaixamento do nível d’água na época de estiagem, esses poços dificilmente secam. Porém, são
vulneráveis a contaminação.

Nos sedimentos identificados como da Fácies Terraços Aluvionares da Formação


Pantanal, ocorrem as melhores condições de armazenamento e circulação das águas subterrâneas.
99

Em mapa não tem representatividade, ocorre numa pequena região à sudoeste da área, na divisa
do projeto de assentamento Kátira com a Bolívia, em direção ao distrito de São Jose.

Neste sistema Pantanal, foram identificados dois poços tubulares produtivos. O primeiro
poço tubular foi perfurado no Projeto Sapicuá, com 108 metros (PT 31, das Figuras 23 e 34) com
vazão de aproximadamente 1.000 l/h, com nível estático de 32,00 metros e o dinâmico entorno de
65 metros.

No projeto Corixo, foi identificado o segundo poço tubular produtivo, de 101 metros de
profundidade, em diâmetro de 4 polegadas, revestimento Geomecanico, vazão entorno de 4.400
L/h, nível estático 11,3m, nível dinâmico 53,39 m, vazão específica 0,1 m3/h/m, e
cacimbas/poços caseiros na área circunvizinha (PT 07, das Figuras 23 e 34).

Resumindo a hidrogeologia, no domino fraturado, isto é, nos aquíferos de porosidade


fissural-cárstico, encontram-se os poços perfurados nos projetos de assentamento Corixo, Rancho
da Saudade e Sapiqua, onde as rochas carbonáticas (calcários, dolomitos, e arenitos) da Formação
Araras e base da Formação Raizama, ocorrem na forma de lentes com restrita continuidade lateral
interdigitadas com litologias pouco permeáveis (siltitos argilosos, argilitos). Nesse Domínio, a
presença de rochas carbonáticas é restrita e o aquífero não apresenta feições típicas de sistemas
fraturados ou de sistemas cársticos clássico.

No Domínio Poroso, o Sistema Granular está representado pelos sedimentos da Formação


Pantanal (Fácies Terrosos Aluvionares) e Formação Raizama. São aquíferos de permeabilidade
média a baixa; inconsolidados, do tipo livres e de extensão local.

A Figura 29 ilustra, de forma esquemática, os diferentes tipos de poços nos sedimentos


das Formações Pantanal, Raizama e nas rochas carbonáticas da Formação Araras. Observa-se a
presença de água nas captações vias poço tubular e poço tipo cacimba nas Formações Pantanal e
Raizama, e no contato da Formação Raizama com a Formação Araras.

Na ilustração, a representação de escala entre o percentual de ocorrência das formações


geológicas com os tipos de captação (cacimba, poços tubulares, escavado), encontra-se sem
proporcionalidade com a profundidade atingida.
100

Figura 29 - Diagrama esquemático dos diferentes tipos de poços.


Fonte: Modificado Relatório Técnico da Empresa Hidrotec, 2009.

6.6 DISTRIBUIÇÃO QUANTITATIVA DAS PROFUNDIDADES, VAZÕES E


CAPACIDADES ESPECIFICAS DOS POÇOS TUBULARES DA REGIÃO
DOS ASSENTAMENTOS

Nos resultados desta parte do trabalho, consta a avaliação dos dados de 02 poços tubulares
já existentes (Projetos de Assentamento Sapiqua e Katira) referentes ao cadastro de poços
consultados, sendo que os demais (16) foram levantados durante o trabalho de campo.

Após a avaliação dos dados, os resultados foram sintetizados no Quadro 03 de


distribuição quantitativa do levantamento dos poços tubulares no domínio poroso e no domínio
fraturado. Observa-se que a diferença de dados quanto aos parâmetros (profundidade e vazão) é
devido ao número de incidência de poços improdutivos e secos na Formação Araras
(físsuro/cárstico).
101

Quadro 3 – Distribuição quantitativa do levantamento dos poços tubulares no domínio poroso e fraturado da
região.
Parâmetros Hidrogeológicos
Domínio Profundidade (m)
Aquífero Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Nº Poços c/
Padrão Dados
Granular G 104,50 104,50 101,00 108,00 4,94 2

Fraturado F 101,81 80,00 48,00 300,00 60,87 16


Domínio Vazão (m3/h)
Sistema Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Nº Poços c/
Aquífero Padrão Dados
Granular G 2,70 2,70 1,00 4,40 2,40 2

Fraturado F 0,83 0,50 0,50 2,50 0,69 8


Domínio Capacidade Específica (m3/h/m)
Sistema Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Nº Poços c/
Aquífero Padrão Dados
Granular G 0,10 0,10 0,10 0,10 1

Fraturado F 0,013 0,018 0,004 0,02 0,008 3

O Quadro 4 apresenta os valores de capacidade específica e vazão das unidades


geológicas da região. Ressalta-se a baixa produtividade dos poços. Apesar do quantitativo de
poços ser pouco representativo, alguns resultados apresentam-se em desacordo com os dados
obtidos fornecidos pela SEMA (2007), estes com resultados de vazões médias bem mais
produtivas.

Quadro 4 – Valores de capacidade específica e vazão das unidades geológicas.


Sistema Unidade Sigla Q/s (m3/h/m) Q (m3/h)
Aquífero Geológica Média Mediana Nº Média Mediana Nº
Poços Poços
G Fm. Pantanal Q1p1 0,1 0,1 1 4,4 4,4 01
NP3ra /
Fm. Raizama/Araras 0,02 0,02 1 1,0 1,0 01
Np3ars
F Fm. Araras Np3ars 0,01 0,018 3 0,83 0,50 8
102

O Quadro 5 apresenta a síntese das informações hidrogeológicas no âmbito das Unidades


de Planejamento e Gestão (UPG). Na Unidade de Planejamento do Rio Jauru o principal aquífero
é o Físsuro-carstico (F) e na Unidade de Planejamento e Gestão Paraguai Pantanal o principal
aquífero é o Granular(G). Foram considerados de potencial hídrico baixo e médio para uma
quantidade pouca expressiva de poços, ou seja, 16 poços levantados no sistema fraturado e 02
poços levantados no granular.

Na Unidade de Planejamento e Gestão Paraguai Pantanal, apesar de pouco representativo,


os resultados dos quatro poços cadastrados pela SEMA (2007), apresentam capacidade especifica
boa para vazões muito baixa.

Quadro 5 – Síntese das informações hidrogeológicas no âmbito das Universidades de Planejamento e Gestão
(UPG’s).

Região Região Unidade de Domínio Principais Potencial


Hidrográfica Hidrográfi Planejamento e Aquíferos Hídrico
Nacional ca Regional Gerenciamento -
UPG
Paraguai Alto Rio Jauru Fraturado e G +F Baixo
Paraguai Poroso

Paraguai- Pantanal Poroso G Médio

6.7 CAPTAÇÃO SUPERFICIAL

Aprovada pelo INCRA no valor inicial de R$ 361 mil para sua construção, a adutora foi
Implantada em 2001. Possui ponto de captação a 12 km de distância, no córrego São Sebastião
(Figura 29), em área externa ao perímetro dos assentamentos. A rede mestra fica na BR-070 com
extensão de 14 km e rede de distribuição totalizando 36 km. Com o objetivo inicial de atender
127 famílias, de 03 Projetos de Assentamentos: Jatobá, Rancho da Saudade e Bela Vista/Nova
Esperança (PT 37, Anexo 02 e 03).
103

A B

Figura 30 – Adutora – Balsa flutuante (A) captando água do Córrego São Sebastião (B). Localizada na BR-
070 sentido Cáceres – Assentamentos – San Mathias (Bolívia).

Os resultados da última análise físico-química e bacteriológica da água (2010) mostram


que existem restrições quanto a sua potabilidade, apresentou-se imprópria para consumo humano
devido à presença principalmente de coliformes totais, Anexo 5.

Sua eficiência encontra-se comprometida devido a vários fatores:

1. Localização externa ao perímetro dos assentamentos sujeita a atos de vandalismo;


2. Inexistência de proteção (alambrado) preservando a integridade da obra;
3. Os parâmetros físico-químicos e bacteriológicos do recurso hídrico encontram-se acima
dos valores permitidos para o consumo humano;
4. Problemas de operacionalização, pois foi construída para atender a demanda de 03
projetos de assentamento e atualmente atende parcialmente 07 projetos; e,
5. Consumo excessivo de energia elétrica.

Alternativas, que compensasse o custo/benefício da mesma, a exemplo de instalação de


uma adutora com ponto de captação no Corixo-Grande à 20 km em direção a San Mathias ou
Rio Jauru à 25 km em direção a sede do Município, foram descartadas.

O INCRA foi questionado pelo Ministério Público da possibilidade do volume captado


pela adutora ser responsável pelo exaurimento do curso d’água São Sebastião (Figura 30).
Entretanto, a vazão mínima medida no córrego foi de 0,42 m³/s (36.288 m3/d) e o volume
104

captado estimado de 120 m³/d, ou seja, 0,33% da vazão mínima do córrego. A vazão máxima da
bomba (funcionando 24 h/dia) seria de 518,4 m³/d, ou seja, 1,43 % da mesma vazão (mínima) do
córrego, para abastecimento dos referidos assentamentos, desde que não ultrapassasse 120.000
L/d para atender o consumo de 95.250 L/ dia. Sendo assim, o volume captado não seria
responsável pelo exaurimento do curso d’água.

Essas parcelas (0,33% e 1,43%), consideradas dentro dos limites pré-estabelecidos para
licenciamentos possibilitou junto a SEMA/MT, pronunciamento favorável à emissão da Licença
de Operação para Captação da água superficial do referido manancial.

Atualmente, a operacionalização da adutora fica restrita ao poder aquisitivo dos


assentados com as despesas de energia elétrica e manutenção da mesma. O volume que vem
sendo captado é estimado em 20 m³/d. A vazão máxima da bomba (funcionando 24 h/dia) seria
de 240m³/d, ou seja, 0,66 % da mesma vazão (mínima) do córrego.

6.8 CAPTAÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL

Vem sendo utilizada parcialmente, a captação de água pluviométrica para atender a


demanda familiar. O consumo vem sendo atendido para dessedentação humana e animal, higiene
pessoal e quando possível irrigação de pomares.

É importante observar, que a captação pluvial é utilizada em complementação às outras


formas de captação, contando com alguma reserva nos meses de estiagem (Figura 31).

Observa-se (Figura 31, C) um sistema de armazenamento de água pluvial (cisterna). Essas


cisternas têm capacidade de armazenar de 5 a 108.000 litros no período chuvoso, dependendo do
consumo e da localidade do assentamento. As cisternas com maior capacidade de armazenamento
têm sido construídas nos Projetos de assentamento Jatobá, Nova Esperança e Bom Sucesso, onde
inexistem drenagens superficiais, são raros os poços rasos e o insucesso com a produtividade de
poços é considerável.
105

B C

Figura 31 – Sistema de captação de água pluvial (A, B, C). Projeto de Assentamento Bom Sucesso.

Com o objetivo de atenuar as dificuldades enfrentadas pelos assentados quanto a


problemática da água, o INCRA em Mato Grosso, em fase experimental, vem utilizando cisternas
de vinil (atóxico) para captar e armazenar água de chuva. No projeto de assentamento Katira,
Cáceres/MT, foi instalada uma dessas cisternas. Essa etapa do projeto contou com o apoio da
Empresa Matogrossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural S/A (EMPAER) e Secretaria
Municipal de Agricultura.

A cisterna (Figura 32) foi instalada no lote do assentado José Vítor Mudesto, conhecido
como Zé Branco (PT 32). Ele foi escolhido por ocupar um lote-modelo, que funciona como
vitrine de um projeto da EMPAER chamado Vida Nova. Esse projeto visa garantir a subsistência
da família através de hortas, agricultura e criação de pequenos animais desenvolvidas em dois
hectares.
106

Com capacidade de 8 mil litros (Figura 32 A,B) a cisterna (Kit de vinil) é instalada ao
lado da casa do assentado, sob escavações de 2,6 metros de diâmetro e 1,5 metro de
profundidade. A água chega à cisterna através de um tubo, afixado na calha do telhado.

Figura 32 – Cisterna de vinil: Escavação (A); Kit de vinil (instalado), Projeto de Assentamento Katira,
Cáceres/MT.

Após exaurir a reserva no período de estiagem, esses reservatórios são utilizados para
armazenar água oriunda das mais diversas localidades, trazidas via tração animal ou carros pipa.

6.9 MAPA DE ALTITUDES

Para melhor compreensão dos desníveis topográficos, foi elaborado um mapa de altitudes
(Figura 33), com as áreas dos assentamentos, plotagem das técnicas geofísicas (SEV e CE),
diferentes tipos de poços e adutora.

Na Figura 33 observa-se que as cotas variam de 293 a 102 metros de altitudes, diminuindo
na direção da divisa brasileira com o território boliviano (região pantaneira).

Apesar de não constar (Figura 33) a inserção das linhas de contorno da superfície da zona
saturada do aquífero livre, estes resultados (cotas topográficas) fornecem subsídios para
elaboração de um mapa potenciométrico da área.
107

Figura 33 - Mapa de altitudes.


108

6.10 MAPA LITOLÓGICO COM PARCELAMENTO DOS ASSENTAMENTOS

Com a finalidade de auxiliar no gerenciamento dos recursos hídricos da região, o Mapa


Litológico foi complementado com a inserção do parcelamento dos assentamentos (em lotes)
Figura 34.

O parcelamento dos assentamentos Sapiqua, Rancho da Saudade, Nova Esperança, Jatobá,


Bom Sucesso, Katira e Corixo estão inseridos em geologia local de ocorrência das Formações
Araras, Raizama e Pantanal (Figura 34). Observa-se que os lotes mais carentes em recursos
hídricos são os próximos a BR-070, constituído de rochas carbonáticas, de difícil acesso às
drenagens superficiais, com insucesso nos estudos geofísicos e com maior índice de poços
improdutivos, ou seja, cerca de 65% do parcelamento total.
109

Figura 34 – Mapa litológico com parcelamento dos assentamentos.


Fonte: Mapa Geológico do Estado de Mato Grosso 1/1.000.000 (CPRM, 2004) e Mapas cadastrais do INCRA (1998, 2002).
110

6.11 APLICAÇÕES DO QUESTIONÁRIO

Foi elaborado um questionário informal com o objetivo de retratar a situação vigente


(Figura 34) no qual obtive-se as seguintes informações:

1. A disponibilidade em água é satisfatória para alguns lotes localizados próximo ao poço


tubular do Projeto de assentamento Kátira (PT 07 da Figura 34) e nos poços tipo amazonas
(caseiros) dos Projetos de Assentamentos Corixa e Rancho da Saudade;

2. A disponibilidade hídrica é insuficiente na maioria dos lotes, ficam comprometidos


devido à hidrogeologia, indisponibilidade de rede distribuição e/ou qualidade da água existente;

3. A problemática da água foi identificada como principal ponto de entrave a execução de


qualquer tipo de atividade e desenvolvimento econômico das famílias envolvidas. A visão de
futuro dessas comunidades é traçada pela maioria, a partir desse ponto crucial e limitante, a água;

4. O objetivo das famílias tem sido produção de subsistência com qualidade para
manutenção da família na propriedade São produtores vindo de comunidades tradicionais
(herança agrícola);

5. Problemas de saneamento básico vêm sendo trabalhados através de orientações técnicas,


quanto a questões básicas de higiene (alimentar, corporal e ambiental), o destino de dejetos,
águas servidas e lixo (vendem , queimam ou reciclam).

6.12 QUALIDADES DAS ÁGUAS

A qualidade da água no poço tubular do PA Kátira (Anexo 04, PT 07 da Figura 34) é


considerada potável dentro dos parâmetros físico-química e bacteriológicos, conforme portaria nº
518/04 do Ministério da Saúde. Entretanto, a água captada do Córrego São Sebastião (Anexos 5 e
6), que atende a maioria dos lotes dos Projetos de assentamento Rancho da Saudade, Sapiqua,
Boa Esperança, Jatobá e Bom Sucesso esta comprometida em qualidade bacteriológica.

Nos poços caseiros, a qualidade da água na sua maioria esta sujeita a alterações físico-
química e bacteriológicas, ficando vulnerável à contaminação devido a sua locação, o não
isolamento de águas indesejáveis e condições sanitárias inexistentes no seu entorno (Figura 34 e
35).
111

A B

Figura 35 – Vulnerabilidade à contaminação dos poços escavados. Poço exposto (A) e protegido (B).

As famílias, por falta de opção, utilizam essas águas para consumo sem restrição.
Geralmente, apresentam concentrações de ferro acima do permitido para o consumo humano.

Foram constatados inúmeros assentados transportando água de corixos, lagoas, barreiros e


cacimbas, utilizando como meio de transporte camionete, charretes, carroças tracionadas por
animais (Figura 36 A, B).

A B

Figura 36 – Transporte de água (A, B) armazenada em tambores plásticos (Bombonas).


112

Como a quantidade de água transportada nas carroças é pequena, esta fica armazenada em
tambores de 200 ou 220 litros de aço ou de plástico (Bombonas). Reservatórios estes,
normalmente já utilizados com produtos químicos. São assentados de baixa renda, que não
dispõem de recipientes adequados ao armazenamento de águas.

O carro-pipa, embora resolva emergencialmente o fornecimento de água, está sujeito a


contaminá-la durante o transporte, pois nem sempre atende exigências previstas em portarias
especificas do Ministério da Saúde.

Enfim, a qualidade físico-química e bacteriológica dessas águas para consumo humano


fica comprometida devido ao tipo de fonte, transporte e armazenamento.

O Quadro 6 apresenta a síntese de qualidade da água superficial e subterrânea, com


informações retrabalhadas a partir das análises físico-químicas e bacteriológicas de águas dos
assentamentos, coletadas em 2009, no córrego São Sebastião (Adutora, PT 37 das Figuras 33 e
34) e no poço tipo cacimba do Projeto de Assentamento Corixo (PT 08), município de
Cáceres/MT.

Quadro 6 – Síntese de qualidade da água superficial e subterrânea.


UPG P-1 Adutora pH 6,2 , condutividade 29,8 μS/cm., Nas duas amostras
– Jaurú cor aparente 140 UH, turbidez 20,0 avaliadas, foi detectada a
NTU e ferro 4,88 mg/L. Os outros presença de coliformes
parâmetros considerados de totais.
importância para as águas
subterrâneas, apresentaram valores
normais.
UPG P-7 PA Corixo pH 4,9, baixa condutividade, 17,7 Nas amostras coletadas, foi
– I μS/cm; cor aparente 100 UH, turbidez detectada a presença de
Paraguai 58,0 NTU e ferro 1,02 mg/L. Os coliformes totais, sendo
- Pantanal outros parâmetros considerados de que a ultima amostra
importância para as águas apresentou também valores
subterrâneas mostraram valores de coliformes fecais.
normais.

Na Figura 37 pode observar amostras de água enviadas ao laboratório, ordem da esquerda


para a direita (PT 32, 02, 03, 06, da Figura 34) coletada em cisternas, no poço tipo cacimba e
poço tubular dos projetos Katira e Rancho da Saudade, e do Córrego São Sebastião (adutora) na
BR-070.
113

As demais análises coletadas no decorrer dos trabalhos encontram-se no Anexo 7.

Figura 37 – Amostras de água coletadas. Fica evidente que todas as amostras apresentam cor aparente
elevada.

6.13 LEVANTAMENTOS DA DEMANDA FAMILIAR

Para o cálculo do volume demandado nos assentamentos de reforma agrária, região de


Cáceres/MT, adotou-se a população favorecida com o abastecimento de água e as respectivas
quotas per capita.

No levantamento da demanda familiar considera-se: os assentamentos Jatobá, Nova


Esperança, Rancho da Saudade, Sapiqua, Corixo, Katira, Bom Sucesso, com suas respectivas
áreas e total de 11.946,6106 hectares (distribuídas em áreas de reserva legal, preservação
permanente, comunitária e plantio); área média dos lotes de variação de 31,15 a 51,23 hectares;
número de famílias existentes; média familiar e fontes de consumo de água (Tabela 7).

Tabela 7 – Levantamento da demanda familiar nos assentamentos.


Projetos de Área do Imóvel Área N.° de Nº de Pessoas Fontes
Assentamento (hectares) Média famílias (Média fam/5 p) Captação
dos lotes
Jatoba 906,8840 32,35 28 140 Cisterna e Adutora
Nova Esperança 1.695,2160 33,90 50 250 Cisterna e Adutora
Rancho da Saudade 2.408,2100 51,23 47 235 Cacimbão Adutora
Sapiqua 1.246,1083 31,15 40 200 Cacimba Poço Tubular
Corixo 3.370,5552 46,16 73 365 Cacimba e Poço
Tubular
Katira 1.886,3684 39,19 48 240 Cacimba Poço Tubular
Bom Sucesso 433,2607 33,30 13 65 Cisterna e Adutora
Total 11.946,6106 299 1.495
114

Considerado a média familiar de 05 pessoas, a demanda familiar a ser atendida por água
totaliza 1.495 pessoas, tendo como fontes alternativas de captação adutora, cacimbas, poços
freáticos e cisternas.

No Quadro 7, está sintetizado o inventário das captações hídricas existentes nos


assentamentos estudados, via poços tubulares, poços amazonas, cacimbão e adutora, com dados
de profundidade, extensão, revestimento, vazões dos poços e capacidade de armazenamento das
cisternas, Quadro 9.

Quadro 7 - Síntese do inventário das captações hídricas nos assentamentos.


Quantitativo Profundidade Revestimento/ Vazão/capac. de Captação
/extensão diâmetro armazenamento
Poços 14 (secos ou 48 -300 m Geomecanico/ 0 - 0,8 m3/h Aquífero
Tubulares Improdutivos) Ferro 6 e 8” Fraturado

01 300 m Geomecanico 6” 700 l Aquífero


01 135 m Geomecanico 6” 2,5 m3/h Fraturado e
Poroso

01 108 Ferro DIN 2440 6” 1,0 m3/h Aquífero


Poroso
01 101 m Geomecanico 4” 4,4 m3/h
Poços Manilha, tijolos
Amazonas 33 6 – 22 m 1,30 a 2,60 metros 0,5 a 4 m3/h Freático
/Cacimbão de diâmetro

Cisternas 42 Alvenaria 5 a 108 m3 Pluvial


Tubulação Córrego
Adutora 01 14 km galvanizada 100, 75 10 m3 /h São
e 50 mm DN Sebastião

Observa-se que os poços tubulares contribuem com vazões de médias (aquífero poroso) a
baixas (aquífero fraturado) e que os poços tipo amazonas e cacimbão são representativos na
complementação da demanda hídrica a ser atendida.

Observa-se (Quadro 7) que a demanda hídrica familiar depende diariamente da vazão da


adutora de 10 m3/h. No período de estiagem algumas famílias poderão dispor de até 108 m3
armazenada em cisternas.
115

Os dados referentes à pluviosidade não foram adicionados à estimativa disponível, devido


à inexistência de monitoramento durante o período dos estudos.

Considerado a disponibilidade de água através da média de vazão dos poços de 42.000


(L/dia) a adutora de 20.000 (L/dia), a estimativa é de 62.000 L/dia. Cálculo referente a
operacionalização média dos poços de 4 horas/dia e a adutora 2 horas/dia.

Considerado os valores médios diários consumidos em áreas rurais de países em


desenvolvimento (SETTI et al. 2001), o consumo mínimo diário de 1.495 pessoas assentados nos
07 projetos de assentamento de reforma agrária será de 52.325 (L/dia) e o consumo máximo
134.550 (L/dia).

Considerado os valores para consumo doméstico e dessedentação animal (LANNA,


1999), no Quadro 8 observamos que o consumo típico por unidade familiar totaliza 1.380 L/dia.

Quadro 8 - Consumo humano e animal diário por unidade familiar.


Usuário Qtd/ Consumo Típico Consumo
unidade (litros / per capita / Típico
familiar dia) (litros/unidade
familiar /dia)
Humano Rural 05 100 500

Animais Grande porte 25 34,5 862,5


(bovinos, suínos)
Pequeno porte (aves) 50 0,35 17,5
Total 1.380

Adotado a população favorecida com o abastecimento de água e as respectivas quotas per


capita, a demanda dos 07 assentamentos de reforma agrária será de 149.500 L/dia para consumo
doméstico de 299 famílias, mais 263.120 L/dia para a dessedentação dos animais, totalizando
412.620 L/dia.

No Quadro 11 abaixo esta discriminada a demanda hídrica diária necessária para suprir a
dessedentação humana e animal, conforme Setti et al. (2001) e Lanna (1999), a disponibilidade
das vazões na área (poços e adutora) e déficit hídrico diário existente.
116

Quadro 9 – Demanda, disponibilidade e déficit hídrico diário dos assentamentos.


Demanda Mínimo Máximo Médio Vazões/dia Déficit
Hídrica (L/dia) (L/dia) (L/dia) (Disponíveis) Hídrico
(L/dia) (L/dia)
Setti et al. 299 52.325 134.550 93.437 62.000 31.437
(2001) fam.
Lanna 299 412.620 62.000 350.620
(1999) fam.+
animais

Observa-se (Quadro 9) que a disponibilidade média de água para atender as 299 famílias é
de aproximadamente 62.000 L/dia, com déficit hídrico para os dois métodos utilizados, de
31.437/L/dia (dessedentação humana) e de 350.620L/dia (dessedentação humana e animal).

6.14 ALTERNATIVAS VIÁVEIS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA OS


ASSENTADOS

As alternativas para o abastecimento através das captações subterrâneas são:

1 – Poços Escavados, poços rasos ou freáticos:

O poço raso ou freático é o tipo de captação também denominado de cacimba, poço


amazona e cacimbão e/ou poços caseiros, locados em áreas restritas, principalmente nas áreas
rurais ao longo das drenagens existentes.

O poço escavado poderá ser executado em diâmetro de 1,20 metros até a profundidade
em que se encontre uma coluna d’água.

Esses poços são rasos e feitos artesanalmente a trado e manualmente a pá e picareta. Os


poços perfurados a trado chegam a atingir uma profundidade média de 10 metros, enquanto os
poços construídos manualmente (cacimbões e poços amazonas) atingem até 20 metros de
profundidade, com diâmetros de até 2,60 metros. Nas partes altas podem atingir 40 metros de
profundidade.
117

Sendo uma alternativa simples, de fácil execução e conservação, deverá ser sempre
estudada como primeira opção para abastecimento d’água, incentivando o parceleiro na
construção individual desse tipo de poço.

Este tipo de poço poderá ser parte integrante das instalações hidráulicas das escolas,
postos de saúde e demais obras de interesse comunitário, empregando-se uma bomba de recalque
elétrica ou manual, entre outras opções compatíveis à extração de água, conforme o que for
especificado.

Na locação do poço deverá ser escolhido um ponto que favoreça o afastamento da água de
chuvas e que fique próximo da edificação a ser suprida e o mais longe possível de qualquer fonte
de poluição.

Recomendam-se as distâncias mínimas: de 30 metros das privadas secas, fossas negras e


de 15 metros das fossas sépticas, esterqueiras, depósitos e despejos de águas servidas.

O poço deverá ser revestido com manilhas de concreto armado ou em alvenaria, até uma
altura mínima igual à da profundidade da coluna d’água estabilizada. A tampa do poço deverá ser
protegida por uma laje de concreto armado, pré-moldada, em duas partes, assentadas com
argamassa de cimento e areia, de modo a facilitar sua remoção;

A parte superior do poço deverá ter um ressalto de 0,50 metros acima do terreno natural;

A desinfecção do poço deverá ser feita com o uso de um dos seguintes compostos de
cloro: - Hipoclorito de cálcio - (70 % Cl2); Cloreto de cal - (70 % Cl2); Hipoclorito de sódio - (70
% Cl2) e Água sanitária - (70 % Cl2).

2 – Poço Econômico ou Mini-Poço:

O poço econômico ou mini-poço, desenvolvido pela Companhia de Pesquisa de Recursos


Minerais – CPRM/GO, concebido para regiões onde o aquífero é formado por um relativo e
espesso manto de intemperismo ou alteração sobres rochas cristalinas.

Sendo uma alternativa simples e econômica, devido a profundidade e diâmetros de


perfuração. Em função da sua economicidade e características do aquífero, o projeto prevê
somente a perfuração do solo e da rocha alterada, interrompendo a sua perfuração ao atingir a
rocha sã ou fresca.
118

O diâmetro do poço deverá ser no mínimo 100 mm, para revestimento de diâmetro
externo de 113 mm e diâmetro nas luvas de 125 mm.

O revestimento (liso e ranhurado) é um item que tem um peso de custo considerável no


projeto. Como alternativa ao tubo geomecânico próprio para poço, em muitos dos pequenos
poços perfurados, têm sido utilizados tubos de PVC rígido, PN 80 de diâmetro nominal de 100
mm (cor azul) fabricados para tubulação de irrigação. Com esses mesmos tubos são constituídos
filtros através de perfurações ou serrilhamento transversal. Essa solução torna o poço mais barato.

Para construção do filtro não é recomendada o uso de perfuração com broca. Os


revestimentos e filtros metálicos resistentes à corrosão e incrustações, são economicamente mais
caros, entretanto devem ser considerados no projeto.

O Pré-filtro deverá ser constituído de areia grossa de grãos arredondados, selecionados


entre 1,5 e 3 mm, opcionalmente entre 2 e 4 mm, deve ser esterilizada e sem matéria orgânica.

O isolamento sanitário deverá ser constituído pasta de cimento tem uma densidade
relativamente alta. Por isso deve ser tomado o cuidado de não formar uma coluna de pasta, que
provoque uma pressão hidrostática superior à capacidade do revestimento utilizado. Dependendo
da habilidade e meios do operador, pode ser adicionada areia fina na pasta, formando uma
argamassa fluida. Em substituição à pasta de cimento pode ser utilizada, como isolante sanitário,
argila expansiva de boa qualidade. Existe argila para essa finalidade, que tem vantagens sobre o
cimento, por não necessitar do tempo de pega da pasta de cimento.

O tubo de inspeção e reinjeção de pré-filtro colocado no topo do pré-filtro, o tubo tem a


finalidade de controlar a descida do pré filtro durante o desenvolvimento e completar o mesmo

Embora o poço possa ser bombeado por qualquer equipamento submerso que caiba no
diâmetro de 100 mm, o mesmo foi concebido para o uso de bomba centrífuga com injetor.

Para a faixa de vazão projetada, os modelos de injetor comuns no mercado têm a relação
de tubulação 1” para 1 1/4” ou 32 mm para 40 mm, no caso de uso de tubo de PVC soldável. Esta
é a maior relação possível para o revestimento de 100 mm com o uso de tubulações paralelas.

A caixa de bomba deve ser dimensionada de acordo com as características e tamanho da


bomba, que por sua vez condiciona o esquema de montagem da tubulação.
119

Pode ser construída de concreto ou alvenaria, tendo em mente que: deve permitir fácil
acesso à bomba e tubulações, ter um sistema de drenagem de água e ser um local limpo.

Na completação do poço, a distância entre o filtro e o fundo do poço é necessária para que
o revestimento e filtro não fiquem apoiados no fundo do poço, o evitando que o restante da
coluna encoste na parede do poço, provocando uma má distribuição do pré filtro em torno do
filtro. Resíduos de material perfurado no fundo - fragmentos grandes de veios de quartzo, por
exemplo - e que não foram removidos, podem formar um fundo falso. Por esse motivo essa
distância deve ser escolhida em função das condições do furo. Se não houver detritos no fundo do
poço, bastam 20 cm.

Em virtude da característica impermeável das rochas do substrato, tem-se observado que


essa zona de transição rocha alterada/rocha fresca tem boa característica de aquífero, em função
da abertura de poros e fraturas, provocada pela alteração.

As relações entre profundidade do poço, comprimento do filtro e profundidade que deve


ser alcançada pelo isolamento sanitário (pasta de cimento ou argila) vão variar de poço para poço,
conforme as condições locais, devendo, no entanto ser assegurada uma profundidade mínima de
isolamento para proteção sanitária, tanto do poço como do aquífero.

Para evitar a passagem de pasta de cimento através do pré-filtro para o interior do poço, a
distância entre a base do cimento e o topo do filtro deve ser da ordem de 2 m.

O tipo de poço que poderá ser parte integrante das instalações hidráulicas das escolas,
postos de saúde e demais obras de interesse comunitário.

Entre outras opções a bomba submersa é mais eficiente, mas devido seus custos torna-se
restritiva economicamente, recomendando-se bomba tipo centrifuga com injetor Para as faixas de
vazão e rebaixamento encontrados normalmente, a potência requerida estará entre 0,5 e 1,5Hp.

3 – Poço Tubular:

Um dos aspectos mais importantes na elaboração de um projeto de captação de água


subterrânea, diz respeito à abordagem para se viabilizar o empreendimento. O técnico deve usar
todos os dados e recursos de investigação de campo e escritório disponíveis para permitir a
interpretação mais aproximada possível do objeto de estudo, suas abrangências e limitações para
120

elaborar diagnóstico sobre a capacidade, profundidade e métodos construtivos adequados para a


explotação do aquífero. Enfim, não adianta projetar um poço com vazão de 20m³/h para abastecer
determinada comunidade, se a geologia local não possuir aquífero com vazão suficiente para
fornecer tal quantidade de água.

Obra de captação de água subterrânea, projetada e executada por perfuração verticalizada,


com equipamentos específicos (perfuratrizes), em diâmetros e profundidades variáveis, podendo
ser totalmente ou parcialmente revestidos, dependendo das condições da geologia e
hidrogeologias locais.

Em razão do alto custo construtivo, o poço tubular deverá constituir-se na última solução
a ser adotada, após estudos de todas as possíveis alternativas locais para abastecimento de água.

Deverá ser construído para uma comunidade interessada, capacitada e em condições de


absorver os custos operacionais e de manutenção do empreendimento.

Exige técnico e empresa habilitada para sua construção e requer licenciamento ambiental
e projeto conforme normas da ABNT.

A construção de um poço tubular é uma obra de engenharia, portanto é precedido de


Projeto Técnico para sua viabilização e exige conhecimentos geológicos e hidrogeológicos.

Deverá ser demonstrada no projeto básico a vazão pretendida para o poço especialmente
nos casos, em que, além do consumo humano, estiver destinado à irrigação de áreas agricultáveis,
estimando-se a profundidade mínima e máxima de perfuração.

Constituindo-se em instalações e obras complementares, o dimensionamento de


equipamentos que operacionalizam o poço e as especificações de abrigo, reservatório, chafariz ou
bicas, alambrado, entre outras.

Constituindo-se em instalações e obras complementares o dimensionamento de


equipamentos que operacionalizam o poço e as especificações de abrigo, reservatório, chafariz ou
bicas, alambrado entre outras deverão integrar o Projeto Básico. Caso a fonte de energia para
operacionalizar o poço seja a elétrica, o projeto de eletrificação deverá ser apresentado.

De um modo geral, a concepção de sistema de distribuição de água seja a partir de uma


captação subterrânea ou superficial deverá ficar restrita ao abastecimento de agrovilas e núcleos
121

urbanos, através de chafariz/ bicas ou ligações domiciliares. Entretanto, em projetos de


assentamentos com deficiências hídricas significativas em seus lotes rurais, será analisada a
possibilidade de dotá-los de rede redistribuição após analise dos parâmetros hidrogeológicos do
poço tubular.

4 – Captação Águas Pluviais:

Os imóveis construídos nos projetos de assentamento permitem que os telhados sejam


aproveitados para captação de água. Um milímetro de água precipitada corresponde a um litro de
água por metro quadrado. Considerando as perdas eventuais e uma precipitação média anual de
400 a 700 milímetros, será possível armazenar água suficiente para uma família se abastecer
durante o ano.

Normalmente se constroem cisternas com capacidade para armazenar 15.000 litros


d’água. Em condições de escassez de água e utilizando-a só para beber e cozinhar, estimando-se
5 litros de água por pessoa por dia, dez pessoas consumirão esta água em 300 dias, ou 5 pessoas
consumindo 10 litros por dia.

Esta situação é perfeitamente viável nas regiões dos assentamentos também. Apesar do
déficit hídrico na região pantaneira, as condições ainda são mais confortáveis que a pluviosidade
no semi-árido nordestino.

Inclusive, alguns assentados que implantaram, as vezes de forma artesanal, esse tipo de
sistema de captação, possuem reservas de água, em seus lotes, nos períodos críticos de escassez.
A questão é apenas otimizar o sistema.

A coleta é feita através de calhas ou bicas e armazenadas em cisternas. Trata-se de uma


alternativa simples cujo cuidado é evitar a coleta na primeira chuva. Esta servirá para a lavagem
do telhado evitando sua contaminação. Fora isto, alguns cuidados devem ser tomados no
armazenamento da água, tais como:

a) tratamento através de pastilhas que liberam cloro destruindo os micro-organismos;

b) permanecer bem tampada evitando o acesso de répteis, insetos e outros organismos;

c) não usar recipientes sujos para a sua retirada, e;

d) dar a destinação correta: unicamente para beber e cozinhar.


122

5 – Tratamento por Filtração:

Devido ao fato dos córregos serem intermitentes nos assentamentos, o aproveitamento das
águas superficiais para o consumo humano captados em represas, corixos, exige o seu tratamento,
considerando que as possibilidades de contaminação estão sempre presentes.

Deve ser dada prioridade aos tratamentos mais simples que assegurem uma melhor
qualidade da água, tais como, filtração simples em filtros de areia, filtros de porcelana e
tratamento com pastilhas à base de cloro disponíveis nos mercados locais.

5.1 – Filtros Domésticos de Areia:

Construções simples, de fácil operação, de baixo custo e que podem ser adotadas como
solução doméstica para se obter água filtrada de boa qualidade por períodos mais longos,
dependendo do consumo e da instalação (Figura 37).

Figura 38 - Projeto esquemático construtivo de filtro de areia.


123

O desenho é auto-explicativo. O recipiente pode ser de aço ou ferro e deve ser revestido
com pintura não tóxica, ou em concreto armado ou em plástico, dotados de uma saída, na sua
parte inferior, para adaptação de uma torneira. A tela, na parte inferior do funil, serve para reter
materiais grosseiros em suspensão. O carvão vegetal moído serve para retirar eventuais odores ou
gostos que a matéria orgânica incorpora na água. Com o tempo vai diminuindo a passagem da
água, observada na descarga da torneira. Neste caso, deixar sair toda a água e fazer a raspagem na
parte superior da areia que retém os materiais em suspensão e, com o tempo, vai fechando.
Quando a quantidade de areia chegar na metade substituí-la, completando o seu nível.
Recomenda-se que a água seja fervida ou desinfetada após a filtração, devido a probabilidade de
presença de bactérias ou patogênicos oportunistas no ambiente filtrante.

6 – Estação de Tratamento de Água – ETA:

Nos casos especiais que demandem a construção de estações de tratamento d’água, devido
o seu alto custo e dificuldades de operacionalização pelos próprios assentados, caso especifico da
adutora instalada na BR-070, sugerimos o seguinte:

Após avaliação técnica da sua real capacidade de funcionamento, sem exaurir o


manancial (córrego São Sebastião), discutir com a associação dos Projetos de Assentamentos o
comprometimento na operacionalização da ETA e em que condições;

Na impossibilidade da Associação responsabilizar-se pela operação, discutir com o


INCRA ou parcerias com o poder municipal ou estadual, para, em conjunto ou não com os
assentados, administrar e operacionalizar o sistema; e

Optando-se pela ETA, realizar convênios ou contratos com empresas especializadas para
elaborar o projeto técnico de construção e de operação, de acordo com a demanda requerida e as
condições locais, definindo as especificações contendo o seguinte: estação de tratamento; casa de
química; tanque de contato.
124

7 CONCLUSÕES

Os resultados do presente trabalho permitiram as seguintes conclusões:

A partir do Mapa Litológico verificou-se que a Formação Araras ocupa cerca de 100% da
área dos assentamentos Nova Esperança, Jatobá, Bom Sucesso e Katira, cerca de 86% no
Assentamento Sapiqua, 54% no Assentamento Corixo e 44% no Assentamento Rancho da
Saudade. A Formação Raizama ocorre com cerca 14%, 45% e 56% nos assentamentos Sapiqua,
Corixo e Rancho da Saudade, respectivamente. Os sedimentos da Formação Pantanal completam
1% restantes nos assentamentos Corixo e Katira.

Apesar de localizada na região pantaneira, a área de estudo é carente em recursos hídricos.


A indisponibilidade de águas superficiais e à acessibilidade às águas subterrâneas está sendo um
dos principais obstáculos em se obter esse recurso natural.

Embora a região esteja inserida no Cinturão de Dobramentos Paraguai-Araguaia, área


intensamente dobrada e falhada, os assentamentos estão localizados na Zona de Cobertura
Sedimentar de Plataforma, cujas rochas encontram-se menos deformadas.

Foram identificados dois sistemas aquíferos: um sistema aquífero poroso sobreposto a um


sistema aquífero fissural cárstico.

As zonas aquíferas mais promissoras estão localizadas nos sedimentos da Formação


Pantanal e na região de contato entre as Formações Raizama e Araras.

A Formação Araras apresenta as piores condições de armazenamento e circulação das


águas subterrâneas, com grande índice de poços improdutivos e secos.

O aquífero freático possibilita a captação de água subterrânea via poços rasos, escavados e
cacimbas. Embora ocorra rebaixamento do nível d’água na época de estiagem, esses poços
dificilmente secam. Sendo a melhor alternativa em termos de vazões, contudo, a vulnerabilidade
à contaminação é grande.

Os métodos de investigações geofísicos (SEV e CE), utilizados na locação dos poços


tubulares, não obtiveram resultados satisfatórios.

A perfuração de poços tubulares profundos não é a melhor opção para suprir a demanda
exigida d’água nos assentamentos Bom Sucesso, Jatobá, Nova Esperança.
125

As famílias de assentados se utilizam de vários meios de captação e transporte para suprir


a demanda familiar, com comprometimento de ordem quantitativa e qualitativa de suas águas.

Os maiores problemas das águas superficiais e subterrâneas estão relacionados aos


processos de contaminação, devido a má construção dos poços e operação da adutora, além da
ausência de orientação técnica na implantação das mesmas.

Considerando a higiene pessoal das famílias, dessedentação de animais e plantio de


culturas, pode-se concluir que a carência de água é considerável e representativa. Na sua maioria,
a demanda familiar é suprida por água superficial (adutora) e fontes alternativas como poços
tubulares, poços caseiros tipo cacimbas e águas pluviais.

A disponibilidade média de água para atender as 299 famílias está abaixo da demanda
exigida, com déficit hídrico para os dois métodos utilizados, de 31.437/L/dia (dessedentação
humana) e de 350.620L/dia (dessedentação humana e animal).

A problemática da água foi identificada como principal ponto de entrave a execução de


qualquer tipo de atividade e desenvolvimento econômico das famílias envolvidas.

O projeto de assentamento Rancho da Saudade é o que apresenta as melhores condições


hidrogeológicas para atender sua demanda hídrica.

Tendo em vista o custo/beneficio de um poço tubular, dentre a área dos assentamentos


estudados, os projetos Rancho da Saudade, Corixo, Kátira e Sapiqua, são os que apresentam
(parcialmente) as melhores características hidrogeologicas, em condições de análise visando a
implantação desse tipo de captação hídrica.

Os principais desafios para a gestão da água dos assentamentos é prove-la na quantidade


necessária que atenda a demanda familiar, com qualidade compatível com seus usos, em locais e
condições economicamente viáveis e de forma sustentável. As alternativas viáveis para atender a
demanda familiar deverão ser precedidas de orientações técnicas e econômicas, visando
aperfeiçoar o gerenciamento qualitativo e quantitativo das águas superficiais e subterrâneas.
126

8 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES

Tendo em vista a assimetria entre bacias superficiais e subterrâneas, onde uma bacia
hidrográfica pode abranger em profundidade duas ou três bacias hidrogeológicas, ou seja, seus
limites não coincidem entre si, e reiterando recomendações de trabalhos consultados, sugere-se
que os temas relacionados ao escoamento subterrâneo sejam aprofundados, que a mesma faça
parte de agenda política (municipal e estadual) e técnico institucional. Até porque o grau de
compreensão e aprofundamento técnico-científico dos recursos superficiais em nível de bacia
hidrográfica, independente do seu grau de ocupação (urbano ou rural), é mais enriquecido ao
nível de conhecimento hidrogeológico dos aquíferos que a compõem. Desequilíbrio este que
impõe dificuldades ao gerenciamento das águas subterrâneas.

Sugere-se que as Unidades de Planejamento e Gestão (Relatório Hidrogeológico do


estado de Mato Grosso, 2007), sejam revistas quanto ao tipo de fluxo hidrogeológico (local,
regional) e regime hídrico da rede de drenagem superficial. O referido trabalho encontrou
dificuldades de interpretação (na bibliografia consultada), especificamente a forma de ocorrência
dos sedimentos da Formação Raizama, em relação aos sistemas aquíferos (poroso e fissuro-
carstico). Em função da falta de consistência e da grande heterogeneidade qualitativa e espacial
das informações, estes dados, para serem utilizados como uma ferramenta de apoio à gestão
precisam ser ampliados e corrigidos.

Na Região Hidrográfica do Alto Paraguai, as baixas vazões específicas dos poços não
podem ser atribuídas especificamente às influências climáticas, mas sim a aspectos geológico-
geomorfológicos, visto que a morfologia do relevo do Pantanal apresenta uma configuração
favorável à perda de água por evapotranspiração. Entretanto, o Pantanal é uma região
essencialmente acumuladora da água proveniente do planalto, área do bioma Cerrado, região com
cabeceiras de bacias hidrográficas, na qual sugere-se a ampliação dos conhecimentos referente ao
seu comportamento hidrológico e aos impactos sobre seus recursos hídricos. Até porque, apesar
de pouco representativo na área de estudo, os sedimentos da Formação Pantanal é o aquífero que
melhor se destaca, juntamente com os arenitos da Formação Raizama.

A área requer estudo especifico quanto a identificação do relacionamento tectônico com o


desenvolvimento das feições cársticas.
127

Em decorrência da inobservância pelo INCRA/MT, quanto a importância da


disponibilidade de recursos hídricos na aquisição de imóveis para fins de desapropriação, caso
especifico dos assentamentos analisados, com transtornos incomensuráveis enfrentados pelos
beneficiários, sugere-se ser fundamental a analise com critérios técnicos sobre os aspectos físicos
do imóvel a ser adquirido ou desapropriado. A realidade geológica e hidrogeológica têm que ser
condicionada ao bom senso na implantação de poços tubulares profundos, atrelando-se ao
custo/benefício da obra e cumprimento da sua função social.
128

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Resolução CONAMA Nº n.º 273, de 29 de novembro de 2000, dispõe sobre a obrigatoriedade de
prévio licenciamento do órgão ambiental competente para localização, construção, instalação,
modificação, ampliação e operação de postos revendedores, postos de abastecimento, instalações
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Resolução CONAMA Nº 357, de 17 de março de 2005, dispõe sobre a classificação dos corpos
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Resolução CONAMA Nº 387, de 27 de Dezembro de 2006. Estabelece procedimentos para o
Licenciamento Ambiental de Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária, e dá outras
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Resolução CONAMA Nº 396 de 03 de abril de 2008. Dispõe sobre a classificação e diretrizes
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144

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145

10 ANEXOS

ANEXO 1 : Questionário aplicado nos assentamentos


ANEXO 2: Análise de água do captação do Córrego São Sebastião (adutora), 2009
ANEXO 3: Análise de Água do captação do Córrego São Sebastião (adutora) 2010
ANEXO 4: Análise de água do poço tubular - Assentamento Katira
ANEXO 5: Análise de água do poço escavado - Assentamento Corixo
ANEXO 6: Análise de Água do poço escavado - Assentamento Corixo
ANEXO 7: Análise de água do poço escavado (Leandrão)- Assentamento Corixo
ANEXO 8: Análise de água do poço escavado (Leandrinho) - Assentamento Corixo
ANEXO 9: Análise de água poço escavado (Sr Bodoque) - Assentamento Corixo
ANEXO 10: Análise de água do poço escavado - Assentamento Katira
ANEXO 11: Análise de água da cisterna - Assentamento Katira
ANEXO 12: Análise de água do poço escavado (João Resende I) – Assentamento Rancho da
Saudade
ANEXO 13: Análise de água do poço escavado (João Resende II) – Assentamento Rancho da
Saudade
ANEXO 14: Poço escavado- Assentamento Katira
ANEXO 15: Captação de água pluvial- Cisterna de vinil
ANEXO 16: Problemática da água – Assentamento Corixo
ANEXO 17: Linhão do Gasoduto – Assentamento Corixo
ANEXO 18: Surgência de água - Linhão do Gasoduto – Assentamento Corixo
ANEXO 19: Linhão do Morcego – Assentamento Corixo
ANEXO 20: Transporte utilizado nos assentamentos (tração animal)
ANEXO 21: Geologia do Assentamento Rancho da Saudade
ANEXO 22: Assentamento Rancho da Saudade (Identificação de nascentes)
ANEXO 23: Assentamento Rancho da Saudade (levantamento altimétrico)
ANEXO 24: Zona de fronteira Brasil com o território boliviano
ANEXO 25: Legenda e Identificação das Classes de Capacidade de Uso do Solo –
Assentamento Corixo
ANEXO 26: Modelo Interpretativo Sondagem Elétrica Vertical (SEV) realizada no Projeto de
Assentamento Katira.
ANEXO 27: Descrição da litologia perfurada por intervalo de profundidade no poço tubular
PA Bom Sucesso.
146
ANEXO 1 : Questionário aplicado nos assentamentos

Projeto de Assentamento:

Município: Cáceres Nº Lote:

Nome:

Estado de origem:

Nº de Residentes no lote : Tempo de residência:

1 - Consumo de água (captação)

Beber
( ) Adutora ( ) Cacimba ( ) poço tubular ( ) córrego, rio ( ) outros

Higiene pessoal
( ) Adutora ( ) Cacimba ( ) poço tubular ( ) córrego, rio ( ) outros

Dessedentação de animais
( ) Adutora ( ) Cacimba ( ) poço tubular ( ) córrego, rio ( ) outros

2 - Qualidade da Água
( ) Pessima ( ) Boa ( ) Otima ( ) outros (aspecto visual)

3 - Utiliza (dessedentação humana)


( ) ferver a água ( ) filtro ( ) natural ( ) outros

4 -Disponibilidade de Água
( ) satisfatoria ( ) carente ( ) outros ( difícil acesso, insuficiente)

5 - Maior consumo
( ) beber ( ) higiene pessoal ( ) animais ( ) outros ( irrigação)

6 - Consumo de energia (custos/ valores)


( ) Acessível ( ) inacessível ( ) outros

7- Saneamento básico
( ) Fossa séptica ( ) Vaso sanitário ( ) outros

8 - Destinação do lixo (queimam, reciclam)

9 - Observações

10- Sugestões
147
ANEXO 2: Análise de Água da captação do Córrego São Sebastião (adutora)
2009.
148
ANEXO 3: Análise de Água do captação do Córrego São Sebastião (adutora)
2010.
149
ANEXO 4: Análise de água do poço tubular - Assentamento Katira.
150
ANEXO 5: Análise de água do poço escavado - Assentamento Corixo.
151
ANEXO 6: Análise de Água do poço escavado - Assentamento Corixo.
152
ANEXO 7: Análise de água do poço escavado (Leandrão) – Assentamento Corixo.
153
ANEXO 8: Análise de água do poço escavado (Leandrinho) - Assentamento
Corixo.
154
ANEXO 9: Análise de água poço escavado (Sr. Bodoque) - Assentamento Corixo.
155
ANEXO 10: Análise de água do poço escavado - Assentamento Katira.
156
ANEXO 11: Análise de água da cisterna - Assentamento Katira.
157
ANEXO 12: Análise de água do poço escavado (João Resende I) – Assentamento
Rancho da Saudade.
158
ANEXO 13: Análise de água do poço escavado (João Resende II) – Assentamento
Rancho da Saudade.
159
ANEXO 14: Poço escavado – Assentamento Katira.

Poço tipo cacimba no Projeto de Assentamento Katira, que atende inúmeras famílias,
água armazenada em tambores plásticos e transportadas via charretes (tração animal).
160
ANEXO 15: Captação de água pluvial – cisterna de vinil.

Anexo 15: Captação de água pluvial: Cisterna de vinil, capacidade 8m³ - instalada no
lote do Sr. Jose Branco, Projeto de Assentamento Katira, Cáceres /MT.
161
ANEXO 16: Problemática da água – Assentamento Corixo.

Anexo 19: Poço tipo Cacimba. Sr. Jose “Branco” do Assentamento Katira colaborando no
aprofundamento do poço “do cachorro”, locado no assentamento Corixo, Cáceres/MT.
162

ANEXO 17: Linhão do Gasoduto – Assentamento Corixo.

Anexo 17: Fotos de poços do Linhão do Gasoduto,Projeto de Assentamento Corixo: No


sentido horário fotos do poço tubular de 135 metros de profundidade; revestimento
geomecânico; ferramenta de perfuração; cabo submersível (bomba submersa) e barras
galvanizadas (edutor), abandonadas.
163
ANEXO 18: Surgência de água – Linhão do Gasoduto – Assentamento Corixo.

Surgência no contato das Formações Raizama/Araras projeto de assentamento Corixo em


divisa com a propriedade da Empresa Floresteca. Linhão do Gasoduto Brasil/Bolívia.

ANEXO 19: Linhão do Morcego – Assentamento Corixo.

Transporte de água de poço escavado e à direita perfuração improdutiva Linhão do Morcego –


Assentamento Corixo.
164
ANEXO 20: Transporte utilizado nos assentamentos (tração animal).

A charrete (tração animal) utilizada para deslocamento dentro dos assentamentos e


principalmente para transporte de água, captada do poço tipo cacimba do projeto Katira para
atender consumo de famílias dos assentamentos Bom Sucesso e Jatobá.
165

ANEXO 21: Geologia do Assentamento Rancho da Saudade.

Projeto de assentamento Rancho da Saudade,a esquerda sentido da seta placa de sinalização


da tubulação do gasoduto, afloramento de sedimentos da Formação Raizama , poço caseiro
(freático), geologia grupo Alto Paraguai.
166

ANEXO 22: Assentamento Rancho da Saudade (Identificação de nascentes).

Etapa de campo, Formação Raizama identificação de nascentes no Assentamento Rancho da


Saudade.
167
ANEXO 23: Assentamento Rancho da Saudade (levantamento altimétrico).

Levantamento altimétrico, Assentamento Rancho da Saudade.


168
ANEXO 24: Zona de fronteira Brasil com o território boliviano.

Fotos sentido da esquerda para direita: Divisa do Brasil com a Bolívia, sentido San Mathias,
direita destacamento policial do distrito de San Jose.; estudantes Chiquitos retornando de
escola brasileira, na divisa do Brasil (projeto Corixo) com território boliviano (San Jose) e
poço freático, Formação Pantanal, comunidade San Jose, território boliviano.
169
ANEXO 25: Legenda e Identificação das Classes de Capacidade de Uso do Solo –
Assentamento Corixo.

Área % Do Natureza Das


Classe Características Gerais Por Classes
(Ha) Imóvel Limitações

terras cultiváveis com culturas anuais com subclasse e –


III problemas complexos de conservação e/ou 1.293,52 38,38 limitações por
manutenção de melhoramentos. erosão presente ou
potencial
terras cultiváveis com culturas anuais apenas
ocasionalmente ou em extensão limitada, com
IV sérios problemas de conservação; algumas 638,12 18,93 subclasse a –
culturas perenes; lavouras em rotação com limitações por
pastagens e florestas. excesso de água

terras cultiváveis com pastagens,


moderadamente, e/ou reflorestamento, com subclasse s –
VI problemas simples de conservação; 1.201,16 35,64 limitações por
excepcionalmente também cultiváveis com restrições do solo
culturas permanentes protetoras do solo.

terras cultiváveis com pastagens adaptadas ou subclasse c –


VII reflorestamento, com problemas complexos de 237,73 7,05 limitações
conservação. climáticas
170
ANEXO 26: Modelo Interpretativo Sondagem Elétrica Vertical (SEV) realizada
no Projeto de Assentamento Katira.

Fonte: Relatório Técnico Contrato INCRA/ Empresa Geopoços Ltda (2008).


171
ANEXO 27: Descrição da litologia perfurada por intervalo de profundidade no
poço tubular PA Bom Sucesso.

Geologia Intervalo Descrição


(m)
Rocha incosolidada, 0-6 Solos arenosos de coloração marrom
alterada avermelhada, fragmentos de quartzo
6-12 Silexitos de coloração predominantemente
esbranquiçada, mas a tonalidade laranjada
também é comum, originada provavelmente
na
intemperização de minerais ferrosos
Formação Araras 12- 42
(Membro Superior) Calcários dolomíticos com fragmentos de
silexito, ambos de coloração cinza clara a
esbranquiçada.

42 – 49 Similarmente ao descrito no intervalo


anterior,
porém é notável a presença de material
terrigeno e também se diferencia por estar
49 -54 muito
mais fraturado

Calcários dolomíticos amplamente fraturado


com destaque para grãos angulares de
quartzo
e silexito.

Fonte: Dados extraídos do Relatório Técnico Contrato INCRA/ Empresa Hidrotec (2009).

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