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2010
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
2010
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– CRB1/1860
CDU 556.3(817.2)
Catalogação: Maurício Silva de Oliveira. Bibliotecário
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS
Avenida Fernando Corrêa da Costa, 2367 - - Boa Esperança - Cep: 78060900
-CUIABÁ/MT
Tel : (65) 3615-8752 - Email : nearh@ufmt.br
FOLHA DE APROVAÇÃO
Dedico com amor incondicional a minha linda guerreira “Cangi” e ao meu visionário favorito
“Seoné”, meus pais (in memoriam). Aos assentados dos projetos Jatobá, Nova Esperança,
Rancho da Saudade, Sapiqua, Bom Sucesso, Katira e Corixo que fizeram da sua persistência
uma bandeira de luta, aprendendo aproveitar “aquela única gota” de água disponível, da forma
mais eficiente possível. Aos sondadores de poços tubulares, em especial Natal, Rogério,
Alexandre e Ademir (in memoriam) A todas as pessoas que me incentivaram. Àquele que
possibilitou este desafio e encontra-se acima de tudo.
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AGRADECIMENTOS
Aos assentados dos projetos de assentamento de reforma agrária, em especial aos Srs. Antonio
Bodoque, Leandrão, Donana, Irmã Luiza, Sebastião e João (in memorian), pelo apoio e
colaboração no levantamento de dados e apoio logístico na etapa de campo, divertida
convivência;
Aos colegas e funcionários do Departamento de Geologia da UFMT, em especial a Alexandrino,
pelo apoio;
Aos colegas mestrandos da 1ª e 2ª turma de Recursos Hídricos em especial ao Vanderley Belato,
Anderson, Marcelo, Samantha, Etiene e Iris, pelo apoio, amizade colaboração e gratificante
convivência durante o desenvolvimento das disciplinas do curso de mestrado;
A todos aqueles que direta ou indiretamente, contribuíram para que este estudo se realizasse.
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Água boa pra beber? Aqui não tem disso, moço. Água boa é a que tenho!
RESUMO
ABSTRACT
The availability of water resources in the area of rural settlements is essential for the survival of
the settlers and consequently for the full development and quality of life of beneficiaries of the
Agrarian Reform Program. In the study area, called Pantanal of Corixo Grande, Cáceres - MT,
the distribution of water resources is not uniform, devoid of surface water, with regions wich
present serious scenarios of water shortage, either in quantity, especially in the settlement
projects of Jatoba, Nova Esperança, Bom Sucesso and Sapiqua, as in quantity and quality in the
projects Katira, Corixo and Rancho da Saudade. This work is part of studies conducted by the
author at the National Institute for Colonization of Agrarian Reform which aims to provide
technical information for water resources management in the settlement areas of the Agrarian
Reform Program, in the municipality of Cáceres (MT). The specific objectives were: 1- to
prepare a lithological map at 1:70.000 scale in the Pantanal Region of Corixo Grande, containing
the delimitation of settlements, the surface drainage as wells as the localization of points
investigated by geophysical methods, the tube wells and dug wells, 2- to characterize hydrogeoly
of the region; 3 to analyze water demand in the settlements and families 4 – to define alternatives
for water supply to the settlers. The results of this study allowed the following conclusions:
although located in the Pantanal region, the study area is the deprived of water resources;
although the study area is within an intensely folded and faulted region(Belt folding Paraguay-
Araguaia), the settlements are located in Zone of Sediment Cover of the Platform, whose rocks
are less deformed (Araras Formation and Raizama); the most promising aquifers areas are the
sediments of Pantanal Formation, and in the region contact between the formations Raizama and
Araras; the carbonate rocks of the Araras Formation are considered the worst aquifer conditions
with high rate of unproductive and dry wells. The unconfined aquifer in the region enables to
capture groundwater shallow wells and ponds. The settlers families use various means to collect
and transport water in order to supply their demand compromising the quality and quantity of the
available waters.
Key-words: Water resources: rural settlements: hidrogeology and karst geomorphology; Pantanal
of Corixo Grande, Cáceres – Mato Grosso.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 3
3.2.2 Desapropriação por Interesse Social para fins de Reforma Agrária .................................. 28
3.2.5 Histórico das Desapropriações para Fins de Reforma Agrária no Município de Cáceres-
MT ........................................................................................................................................... 32
7 CONCLUSÕES.............................................................................................................. 124
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Distribuição das faixas de dobramentos brasilianas e seus respectivos antepaís. ........ 37
Figura 19 – Sedimentos da Formação Pantanal recoberto por pastagem, Lote do Edson, assentado
do Projeto Katira, município de Cáceres/MT. ............................................................................... 86
Figura 21 – Síntese da distribuição das formações geológicas nas áreas dos assentamentos
estudados. ...................................................................................................................................... 87
Figura 24 – Poço tubular profundo (A) e quadro comando da bomba submersa (B), Projeto
Corixo – Linhão do Gasoduto. ...................................................................................................... 92
Figura 25 – Perfurações improdutivas, localizados nos Projetos Rancho da Saudade (A e B); poço
(provavelmente) com gás no Projeto Bom Sucesso (C); Amostras coletadas nos intervalos de
perfuração (D)................................................................................................................................ 93
Figura 30 – Adutora – Balsa flutuante (A) captando água do Córrego São Sebastião (B).
Localizada na BR-070 sentido Cáceres – Assentamentos – San Mathias (Bolívia). .................. 103
Figura 31 – Sistema de captação de água pluvial (A, B, C). Projeto de Assentamento Bom
Sucesso. ....................................................................................................................................... 105
xvii
Figura 32 – Cisterna de vinil: Escavação (A); Kit de vinil (instalado), Projeto de Assentamento
Katira, Cáceres/MT. .................................................................................................................... 106
Figura 35 – Vulnerabilidade à contaminação dos poços escavados. Poço exposto (A) e protegido
(B). ............................................................................................................................................... 111
Figura 36 – Transporte de água (A, B) armazenada em tambores plásticos (Bombonas). ......... 111
Figura 37 – Amostras de água coletadas. Fica evidente que todas as amostras apresentam cor
aparente elevada. ......................................................................................................................... 113
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Consumo hídrico típico humano e animal (Governo do Rio Grande do Sul, 1995). .... 7
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Consumo médio diário (L/hab/dia) para áreas rurais de países em desenvolvimento. 6
Quadro 4 – Valores de capacidade específica e vazão das unidades geológicas. ....................... 101
Quadro 7 - Síntese do inventário das captações hídricas nos assentamentos. ............................. 114
Quadro 8 - Consumo humano e animal diário por unidade familiar. .......................................... 115
Quadro 9 – Demanda, disponibilidade e déficit hídrico diário dos assentamentos. .................... 116
1
1 INTRODUÇÃO
A água é elemento indispensável, tanto para a manutenção da vida no planeta, como para
o desenvolvimento da maioria das atividades produtivas desenvolvidas pelo ser humano.
Para isso, os programas contam com o apoio de diversas políticas públicas, como os
créditos de instalação e produção. Quando esse fato ocorre, o INCRA não mais atuará neste
assentamento e o trabalhador entra no Programa como assentado, tutelado pelo INCRA, sairá do
mesmo como agricultor familiar com condições de competir no mercado.
A simples alocação dos parceleiros para seus lotes não acaba o problema social gerado por
políticas agrárias que nem sempre contempla os anseios dos assentados, o potencial das áreas
destinadas ao assentamento e preservação do meio ambiente. Muitas vezes alguns assentamentos
são fadados ao fracasso devido a essas desconsiderações, contribuindo para um desarranjo no
setor rural, havendo necessidade em se buscar o desenvolvimento dos assentamentos de forma
sustentável.
Tendo em vista a aquisição de áreas para fins de reforma agrária carentes em recursos
hídricos e as dificuldades enfrentadas na solução desse problema, este trabalho avalia as
alternativas viáveis para o abastecimento dos assentados dos projetos de reforma agrária no
município de Cáceres-MT, com o objetivo de fornecer subsídios para o gerenciamento dos
recursos hídricos.
2 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho foi estudar as condições de ocorrência dos recursos
hídricos nas áreas de assentamentos de implementação do Programa de Reforma Agrária,
município de Cáceres (MT), para auxiliar no gerenciamento desse precioso recurso natural.
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Toda água na natureza está em continuo movimento. Dos oceanos ou de grandes massas
de água para a atmosfera, sob a forma de vapor, da atmosfera para a terra, sob a forma de
precipitações (chuvas, orvalho, granizo, geadas, neve), e da terra para os oceanos, sob a forma de
escoamento superficial, sub-superficial e subterrâneo.
Rebouças (1999) refere-se ao termo água, regra geral, ao elemento natural, desvinculado
de qualquer uso ou utilização e ao termo recurso hídrico, a água como bem econômico.
Ressaltando, que toda a água da Terra não é necessariamente, um recurso hídrico, na medida em
que seu uso ou utilização nem sempre tem viabilidade econômica.
Embora o potencial hídrico do planeta seja estimado em 1,4 bilhões km³, a quantidade de
água doce, em condições econômicas e de qualidade para satisfazer as necessidades do homem,
nem todo volume pode ser utilizado, a disponibilidade efetiva de água é estimada entre 9 mil e 14
mil km³/ano (SHIKLOMANOV,1993).
Do volume total de água no planeta, apenas 2,5% podem ser consideradas águas doces.
Deste, 69% estão contidos nas calotas polares ou em aquíferos subterrâneos profundos. Resta,
portanto, um estoque de 11milhões de km³ de água doce (SHIKLOMANOV, 1993).
Este volume não pode ser considerado exatamente como disponibilidade, pois são as
precipitações sobre o planeta que, na maior parte, podem proporcionar um fluxo de água
renovável para atendimento às demandas humanas e ambientais.
5
A água doce não está uniformemente distribuída pela superfície do planeta, ocorrendo
regiões com relativa abundância e outras de extrema escassez. O Brasil é um país rico em
recursos hídricos de superfície e subterrâneos, calcula-se que detenha cerca de 11,6% do
potencial de água doce mundial, com regiões extremamente ricas, como a Amazônia, e outras
com baixa disponibilidade no semi árido nordestino, segundo Rebouças et al. (2002).
No Brasil, a agricultura é a atividade que mais, consome água (56%), seguindo o padrão
mundial. O uso doméstico, urbano e rural é o segundo (27%), atividade industrial (12%) e a
dessedentação animal (5%) (ANA, 2003).
A água é utilizada para muitos fins e há grandes variedades na quantidade de água que as
pessoas requerem ou podem usar. No Quadro 1 é apresentado levantamento realizado pela
6
Organização Mundial de Saúde (OMS), citado por Setti et al. (2001) referente aos valores
médios diários consumidos em áreas rurais de países em desenvolvimento.
Quadro 1 – Consumo médio diário (L/hab/dia) para áreas rurais de países em desenvolvimento.
Região Consumo médio diário (L/hab/dia)
Mínimo Máximo
África 15 35
Sudeste da Ásia 30 70
Pacífico Ocidental 30 95
Mediterrâneo Oriental 40 85
Argélia, Marrocos e Turquia 20 65
América Latina e Caribe 70 190
Média Mundial (países em desenvolvimento) 35 90
Fonte: Setti et al.(2001).
Segundo Rebouças et al. (1999), no setor rural, a população abastecida com água potável
no Brasil é de apenas 31%, índice superior somente aos da Bolívia com 22%, Haiti 23%, Peru
24% e Nicarágua com 27% (ano de referência 1991).
Considerado um país que se preocupa com o consumo de água, em Israel o uso industrial
e para o setor de serviços atinge cerca de 20 m³ per capita/ano (LANNA, 1995).
Segundo Lanna (1995), cada individuo necessitaria de cerca de 1m³ de água por ano, para
dessedentação e adicionais de 100 m³ para propósitos domésticos, embora esse valor possa variar
entre 25 e 150 m³ per capita/ano. Para produção de alimento a necessidade é muito maior,
podendo atingir cerca de 1.000 m³ per capita/ano.
Considerando a Tabela 1 que apresenta valores típicos adotados na bacia do rio dos
Sinos/RS, o uso da água para consumo doméstico e dessedentação animal não é muito
significativo.
Tabela 1 – Consumo hídrico típico humano e animal (Governo do Rio Grande do Sul, 1995).
Usuário Consumo Típico (litros per capita/dia)
Humano Urbano 200
Rural 100
Animais Grande porte (bovinos, suínos) 34,5
Médio porte (ovinos) 4,5
Pequeno porte (aves) 0,35
Fonte: Lanna, 1999.
O Estado de Mato Grosso registrou, nas últimas décadas, crescimento superior (7%) à
média nacional (2,5%), sendo a agropecuária a maior responsável pelo aumento do PIB estadual,
ditando o modelo de desenvolvimento e ocupação, pautado em um modelo agroexportador e nas
políticas agrícolas nacionais (IBGE, 2005). No Estado, a agropecuária é a maior usuária de água,
apresentando um uso consuntivo de aproximadamente 70%. Fato que associado a intensificação
do desmatamento, principalmente em regiões de nascentes, áreas que vem sendo substituídas pela
atividade de monocultura, uma vez intercaladas como pecuária extensiva, implicam em sérios
problemas como: o assoreamento dos leitos; redução da oferta de água em qualidade e
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quantidade; enriquecimento das águas com nutrientes minerais; contaminação por produtos
químicos das águas superficiais e subterrâneas e degradação de bacias com conflito de uso de
água principalmente nas áreas que exigem grande consumo no estado, a exemplo de
dessedentação de animais (pecuária) e irrigação.
A disposição de pagar pela água para consumo doméstico é alta quando o usuário se
encontra em extrema carência e a água será destinada à dessedentação e higiene. A medida que
estas necessidades são supridas, usos menos relevantes poderão ser realizados, como irrigação de
jardins, lavagem de calçadas, automóveis entre outros, com o conseqüente decréscimo da
disposição de pagar (Lanna,1995).
renda familiar para ser suprido. Entretanto, quando fatores como geologia, clima, baixa
fertilidade dos solos, inadequação de certas práticas agrícolas, onde a rentabilidade da agricultura
seja baixa, entre outros, a disposição a pagar pela água pode ser reprimida.
Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente - Eco 92, realizada no Rio de
Janeiro, foi aprovada a Agenda 21. Adotado o conceito de manejo integrado dos recursos
hídricos, baseado na percepção da água como parte integrante do ecossistema.
Representantes de mais de cem países em Dublin, 1992, estabelecem que a água tem valor
econômico e o conceito de gestão participativa e integrada. Reconhecem o papel das mulheres na
provisão, proteção e gerenciamento dos recursos hídricos.
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Segundo Relatório do Fundo Mundial para a Natureza – WWF Planeta Vivo (1999), a
crise de abastecimento e o perigo que a degradação dos ecossistemas de água doce pode nos
trazer tem sido motivo de alerta. A qualidade dos ecossistemas mundiais de água doce sofreu
uma queda de 45%, em apenas 26 anos (1970 -1995), o que está relacionado diretamente à
ameaça de extinção ou a própria extinção de centenas de espécies animais.
A competição pela água dos rios Jordão, Litani, Orontes, Yarmouk e outros foi a principal
razão para a guerra entre Árabes e Israelitas em 1967 e também influenciou a decisão de Israel
para invadir o Líbano em 1982. Vários estudos sugeriram que a escassez de água intensificará e
agravará as competições, gerando situações sem nenhum precedente (WALLENSTEEN e
SWAIN, 1992-1995).
No relatório publicado pela WWF (2007), “Top 10 rivers at risk”, foram ilustradas as
situações mais ameaçadoras para as maiores bacias hidrográficas do mundo, com o objetivo de
provocar o diálogo e o debate entre os governos e demais atores para agirem antes que seja muito
tarde. Para isso, a WWF selecionou, ao seu critério, os dez principais rios que estão
comprometidos em uso econômico e perda de biodiversidade.
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Neste sentido, a grosso modo pode-se elencar como motivos principais degradatórios dos
recursos hídricos: o crescimento demográfico; a expansão econômica com os impactos
produzidos pelas indústrias; aumento das fronteiras agrícolas e o consequente uso excessivo e
irregular de agrotóxicos; ocupação irregular do solo; tratamento sanitário irregular do lixo; falta
ou insuficiência de saneamento básico; visão imediatista das políticas públicas e falta de
conscientização da problemática.
A média das perdas de água reais e aparentes nos sistemas públicos de abastecimento no
Brasil é de aproximadamente 40% do volume total produzido. Associado a essa perda de água ao
longo das atividades de captação, tratamento, transporte e distribuição ocorre um considerável
desperdício de energia necessária ao transporte da água até o consumidor (GONÇALVES, 2009).
Em 2006, cerca de 1,1 bilhão de pessoas não tinham acesso a água potável e 2,6 bilhões,
quase metade da população mundial, não contavam com serviço de saneamento básico (UNDP,
2006). As projeções das Organizações Unidas indicam, que se a tendência continuar, em 2050
mais de 45% da população mundial estará vivendo em países que não poderão garantir a cota
mínima diária de 50 litros de água por pessoa. Com base nestes dados, foi aprovada a Declaração
do Milênio das Nações Unidas (ONU), na Cúpula do Milênio, em 2000, em Nova York,
refletindo as preocupações de 191 países que assumiram como uma das metas de
desenvolvimento do milênio reduzir à metade a quantidade de pessoas que não tem acesso à água
potável e saneamento básico até 2015 (ONU, 2005).
Um em cada três habitantes sofre de escassez de água no mundo. Para cada mil litros de
água utilizados, outros 10 mil são poluídos. Em 2025, 1,8 bilhão de pessoas deverão viver sem
água. Apenas 0,007% do total de água da Terra é própria para consumo. As águas subterrâneas
representam 97% de água disponível para consumo no planeta (ABAS, 2009).
Embora o Brasil seja considerado um dos maiores detentores de água doce do planeta, sua
distribuição não é uniforme, as regiões de maior densidade demográfica e industrializadas
apresentam menor disponibilidade hídrica, um dos fatores que exige do país desafios na gestão
dos seus recursos hídricos.
Além de dispersa, a legislação brasileira que trata, direta ou indiretamente, dos recursos
hídricos é vasta, podendo ser encontrada em todos os níveis legais, verticalmente (Constituições e
leis infraconstitucionais) e horizontalmente (federal estadual e municipal).
Os rios como bens públicos de uso comum, foram classificados no Código Civil de 1916.
Entretanto, a gestão de recursos hídricos foi tratado pela primeira vez de forma especifica no
Código das Águas de 1934, tornando-se um marco para legislações futuras.
Segundo Versentini (1995), em razão de possuir uma densa rede hidrográfica, podendo
ser considerada como a mais densa do globo, nesse contexto, que foi criado o Decreto n.° 24.643
de 10.7.34, conhecido como Código de Águas, acompanhando em regra, o Direito das regiões
úmidas, sobretudo o romano-germânico.
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O Decreto n.º 7. 841 de 08.08.1945 dispõe sobre a lavra e a comercialização das águas
minerais, considerada como águas subterrâneas, como de domínio da União. A concessão de sua
exploração é de competência do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral – DNPM.
Para o Brasil, a temática da gestão da água é estratégica, seja por estar relacionada ao
tema do desenvolvimento, seja porque a maior parte das fronteiras do país é definida por rios.
Mas foi só entre as décadas de 1960 a 1970 que surgiram alguns conceitos considerados
marcos em conferências de níveis internacionais. Em 1966, a Finlândia foi sede da 52ª
Conferencia da International Law Association (ILA), na qual foram discutidas e aprovadas as
Regras de Helsinque. Essas regras estabeleceram o conceito de bacia de drenagem internacional
(YAHN, 2005).
Portanto, é importante ressaltar que a partir deste Tratado os países passaram a reconhecer
os principais rios em seus trechos fronteiriços não como divisores de interesses, ou obstáculos, e
sim como fatores de integração.
A Lei n.º 6.938/81 que estabeleceu a Lei da Política Nacional de Meio Ambiente,
instituindo o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, que possui como órgão
consultivo e deliberativo, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade
de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais
para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre
normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à
sadia qualidade de vida.
A classificação das águas doces, salobras e salinas do território nacional foi estabelecida
pela Resolução CONAMA N.º 20 de 18.06.86, importante instrumento na legislação da qualidade
das águas de corpos receptores e de lançamento de efluentes líquidos, alterando os critérios da
classificação dos corpos d’ água da União (BRASIL, 1986).
No seu Art.20, inciso III, estabelece como bens da União os rios, lagos e quaisquer
correntes de água em domínios, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros
países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como terrenos marginais
e as praias fluviais e no Art. 21, inciso XIX, define como competência da União a instituição de
um sistema nacional de gerenciamento dos recursos hídricos.
A Lei n.° 9.433/97 que regulamentou o art. 21, XIX, da Constituição Federal de 1988,
instituindo a Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos, estabelece as regras gerais para
gestão e proteção dos recursos hídricos, tanto superficiais como subterrâneos, destacando-se
como instrumentos para efetividade desta Política, os Planos de Recursos Hídricos; o
Enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; a
Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos; a Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos; a
Compensação dos Municípios; e, o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos,
aliados à gestão participativa da água com a criação dos Comitês de Bacia Hidrográfica.
Referida lei ao disciplinar sobre o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, cria o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SINGREH, com os seguintes
objetivos: coordenar a gestão integrada das águas; arbitrar administrativamente os conflitos
relacionados com os recursos hídricos; implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; e
promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos. E para integrar este Sistema estabelece seus
integrantes, cabendo destaque para o Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, com
competência, entre outras, para analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos
hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos; estabelecer diretrizes complementares para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e
atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; e estabelecer critérios
gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso.
A Lei N.º 9.433, de 08.01.97 partiu do principio de que a água integra o domino publico,
reforçando a posição de muitos juristas de que o Código de Águas foi revogado, pela
Constituição Federal de 1988, quanto à previsão da existência de águas particulares (Art 1º, I, da
lei a, c/c art. 8º do Código).
Vista como recurso natural limitado, e não mais abundante, como no passado, a água
passou a ser encarada como bem suscetível de apreciação econômica, o que levou a instituição da
cobrança pela sua utilização.
A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas (Art.
1º, inciso III).
Ao utilizar a locução “água é um bem de domínio público”, a lei 9.433/97 abrange todo
tipo de água, diante da generalidade empregada. Não especificando qual a água a ser considerada,
água de superfície e água subterrânea, água fluente e água emergente passaram a ser de domínio
publico.
Segundo Machado (2001), o domínio hídrico público deve dar acesso à água aqueles que
não sejam proprietários dos terrenos em que as nascentes aflorem, àqueles que não estão em
prédios á jusante das nascentes e àqueles que não são ribeirinhos ou lindeiros dos cursos d’água.
As águas subterrâneas passam a fazer parte do domínio público em face do Arts Iº, I, 12,
II e 49, caput e inc. V, da lei 9.433/97, estando sujeita a outorga pelo Poder Público “extração de
água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo” e é
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A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do
Poder Público, dos usuários e das comunidades. Planejamento e Gestão descentralizada por bacia
hidrográfica (Art. 1º, inciso VI).
Esses objetivos refletem, por sua vez, grande parte das discussões em nível internacional,
configuradas nos eventos relativos à Década Brasileira e Internacional da Água (2005-2015),
além de atender às deliberações da I e da II Conferências Nacionais do Meio Ambiente.
Essa iniciativa tem como propósito chamar a atenção para a elevada importância do tema
água com vistas a atingir as Metas do Milênio, bem como estabelecer o vínculo necessário da
Política Nacional de Recursos Hídricos com as questões da saúde, da educação; da mortalidade
infantil, da erradicação da pobreza; da fome, da mulher e do desenvolvimento sustentável e
estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.
A Lei das Águas (9.433/97) prevê para a gestão compartilhada uma estrutura composta
pelo Conselho Nacional, Estaduais e do Distrito Federal de Recursos Hídricos, Comitês de Bacias
Hidrográficas, Agências de Água e Órgãos e entidades do serviço público federal, estaduais, do
Distrito Federal e municipais de atuação na gestão dos recursos hídricos.
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Por ter sido instituída depois das Políticas Agrícola (Lei no 8.171, de 17 de janeiro de
1991) e de Irrigação (Lei no 6.662, de 25 de junho de 1979), a Política Nacional de Recursos
Hídricos (Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997) não é abordada, especificamente, em nenhuma
das políticas deste setor usuário. Entretanto, em ambos os casos, são feitas referências explícitas à
necessidade de preservação dos recursos naturais.
A Lei n.º 9.605, de 12.02.98, dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de
condutas lesivas ao meio ambiente; prevê sanções para aquele que poluir as águas, art.54
(BRASIL, 1998).
A Agência Nacional de Águas – ANA (BRASIL, 2000) foi criada como agência
reguladora de serviços pela Lei n.º 9.984 em 17.07.2000, vinculada ao Ministério de Meio
Ambiente com a principal função de atuar como a entidade federal responsável pela
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, obedecendo a seus
fundamentos, objetivos e instrumentos, conjuntamente com outros órgãos e entidades públicas e
privadas. Passou a integrar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
incumbindo-lhe a responsabilidade de organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de
Informações sobre Recursos Hídricos. Criada nos moldes de autarquia sob regime especial possui
autonomia administrativa e financeira. Entre várias atribuições a ANA deve, em conjunto com
Conselho Nacional de Recursos Hídricos, elaborar e supervisionar a implementação do Plano
Nacional de Recursos Hídricos, é a autoridade responsável no âmbito federal pela autorização de
outorgas de direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União (antiga
atribuição do DNAEE e posteriormente da ANEEL), como também pela fiscalização do uso da
água.
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Tendo em vista a competência de cada Estado em gerir as águas subterrâneas sob seu
território, e o fato de que muitos ainda não legislaram sobre o assunto, convém listar somente os
diplomas legais advindos da competência federal. Dentro da competência do CONAMA, para a
proteção das águas subterrâneas destacam-se as seguintes resoluções:
O Brasil conta com um arcabouço legal e institucional extremamente avançado no que diz
respeito à gestão dos seus recursos hídricos, que aliado a práticas inovadoras de gestão o coloca
entre os países líderes em relação à gestão democrática, participativa, ambiental e politicamente
sustentável dos recursos hídricos.
Segundo Laranjeira (1999), a legislação que dispõe sobre a proteção dos recursos hídricos
encontra-se dispersa no universo jurídico. Essa dispersão existe em função, principalmente da
diversidade de formas de poluição das águas.
Em Mato Grosso (1997) a Lei Estadual n.º 6.945/97, dispõe sobre a Política Estadual de
Recursos Hídricos e institui o Sistema Estadual de Recursos Hídricos de Mato Grosso.
Para os efeitos desta Lei (6.945/97) Art. 2º, a água exerce a função natural, quando
desempenha o papel de manutenção: do fluxo da água nas nascentes e nos cursos d’água perenes;
das características ambientais em área de preservação natural; de estoques de fauna e flora dos
ecossistemas dependentes do meio hídrico; do fluxo e da integridade das acumulações de águas
subterrâneas; e) outros papéis naturais exercidos no ambiente da bacia hidrográfica onde não se
faça sentir a ação antrópica’ (inciso I) a “função social, quando o seu uso objetivar garantir as
condições mínimas de subsistência dentro dos padrões de qualidade de vida assegurados pelos
princípios constitucionais”, como abastecimento humano e qualquer atividade produtiva com fins
de subsistência, levando-se em conta suas peculiaridades climatológicas, fisiográficas e sócio-
econômicas (inciso II).
Tem como diretrizes básicas o gerenciamento dos recursos hídricos “levando em conta
todos os processos do ciclo hidrológico, particularmente a integração das águas superficiais e
subterrâneas, em seus aspectos quantitativos e qualitativos” (Art 4º, inciso II).
O Estado de Mato Grosso (2000) através do Decreto n.º 1291/00, regulamenta o inciso VI
do artigo 2º da Lei n.º 7153/99, que altera o parágrafo 4º do artigo 1º da Lei n.º 7083/98, ref.
poços tubulares, c.c Lei n.º 6945/97 ref. Política Estadual de Recursos Hídricos.
Estabelece o Art. 3º “Aquele que tiver perfurado ou pretender perfurar poço tubular, no
Estado de Mato Grosso, fica sujeito ao licenciamento da Fundação Estadual do Meio Ambiente –
FEMA”.
Reconhece o poço tubular como uma obra de engenharia que requer conhecimentos de
geologia e hidrogeologia exigindo técnicos e empresas habilitadas na implantação desse tipo de
obra e visa a preservação da qualidade das águas subterrâneas (Art. 5º).
A Portaria N.º 002/00, estabelece condições mínimas para a construção de poços tubulares
com vistas ao uso dos depósitos subterrâneos de água no Estado de Mato Grosso. Secretaria
Estadual de Meio Ambiente – Sema.
O ordenamento jurídico agrário brasileiro sempre tem trazido em seu bojo uma
preocupação com o componente ambiental e recursos hídricos.
Logo no início do regime militar foi dado o primeiro passo para a realização da reforma
agrária no país, editando o Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/1964) e criando o Instituto Brasileiro
de Reforma Agrária (Ibra) e o Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (Inda), em
substituição à Superintendência da Reforma Agrária (Supra).
Na referida Lei os objetivos da Reforma Agrária (Art. 16) eram de estabelecer um sistema
de relações entre o homem, a propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça
social, o progresso e o bem estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do País,
com a gradual extinção do minifúndio e do latifúndio.
O Estatuto da Terra já previa que a desapropriação por interesse social teria a finalidade
de: condicionar o uso da terra a sua função social; promover a justa e adequada distribuição da
propriedade rural; obrigar a exploração racional da terra; permitir a recuperação social e
26
A referida Lei previa que a Reforma Agrária seria realizada por meio de planos
periódicos, nacionais e regionais, com prazos e objetivos determinados, de acordo com projetos
específicos (Art. 33), com Planos Regionais de Reforma Agrária antecedendo as desapropriações
por interesse sociais, e elaboradas pelas unidades regionais do Órgão, obedecendo aos requisitos
mínimos, como determinação dos objetivos específicos de Reforma Agrária na região respectiva
e previsão das obras de melhoria (Art.35).
Estabelecido no Art. 61 § 4º, que para gozar de vantagens desta Lei a aprovação do
projeto de colonização estaria condicionada a obrigações mínimas como: a divisão dos lotes,
tanto quanto possível, ao critério de acompanhar as vertentes, de modo a todos os lotes possuírem
27
água própria ou comum; e, manutenção de uma reserva florestal nos vértices dos espigões e nas
nascentes.
No Decreto n.º 59.428/66 foi estabelecido, que na área escolhida para implantação do
núcleo urbano, deverá ser elaborado o respectivo anteprojeto que, em linhas gerais conterá:
caracterização sumária dos aspectos físicos da área, incluindo hidrologia (Art. 21, I, g).
28
O Estatuto da Terra, Lei 4.504/64 em seu artigo segundo conceitua Reforma Agrária
como um conjunto de medidas que visam a promover melhor distribuição da terra, mediante
modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao
aumento da produtividade.
A desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária, apesar de existir a Lei
nº 4.132/62 (BRASIL, 1962), só foi implementada a partir de 1984 com a elaboração do novo
Plano Nacional de Reforma Agrária, instituído pelo Decreto nº 97.766/85 (BRASIL, 1985), que
previa a criação de projetos de assentamento, com toda infra-estrutura necessária, assistência
técnica, crédito, comercialização, saúde e educação para os assentados.
O Relatório Técnico deverá conter informações sobre fatores condicionantes do uso das
terras, disponibilidade de recursos hídricos quanto a “existência de aguadas (rios, riachos, açudes,
lagoas, barreiros) e poços (cacimbas, poço artesiano)”.
Alvarenga (1985, p.5) esclarece: “O Direito Agrário tem como objeto as atividades
humanas desenvolvidas no meio rural, mediante a utilização dos recursos naturais,
primordialmente a terra, observados os princípios de produtividade e justiça social”.
As formas de exploração rurais típicas são a agricultura e a pecuária, nas quais os recursos
naturais fundamentais são o solo e a água, de cujo manejo adequado depende não só os resultados
econômicos da atividade agrária como também o equilíbrio do respectivo ecossistema.
O INCRA, ao desapropriar um imóvel que não vinha cumprindo a sua função social, cria
nesta área um projeto de assentamento com a finalidade de destiná-la aos trabalhadores rurais
sem terra; estas famílias assentadas darão às suas unidades de produção novos usos dos recursos
naturais, em relação ao que vinha sendo dado pelo expropriado.
Até a bem pouco tempo, o INCRA, ao eleger uma área para desapropriação, não
observava o componente ecológico, aferia apenas o aspecto produtivo do imóvel, segundo os
índices do grau de utilização da terra e grau de eficiência na exploração, não levando em
consideração outros fatores inviabilizadores de um desenvolvimento sustentável na área
desapropriada.
A pressão dos movimentos sociais para ocupar uma área tão logo o INCRA fosse imitido
na posse da mesma, não possibilitava ao Órgão um espaço mínimo de tempo para se elaborar e
executar um planejamento eficiente que levasse em consideração, entre outros, o componente
ambiental.
Mediante essa pressão a Instituição acabava não atentando para a distribuição geográfica
do parcelamento de modo a respeitar os critérios conservacionistas, o que causou e vem causando
sérios impactos negativos à natureza.
A reforma agrária, por exemplo, pode se constituir num importante meio de combate às
desigualdades sociais. Se executada de conformidade com a nossa legislação agroambiental,
certamente estaremos promovendo o desenvolvimento sustentável e demonstrando que o
desenvolvimento econômico não é incompatível com a preservação ambiental.
31
As águas, em especial sua qualidade, possuem uma relação um pouco mais complexa e
específica com as qualidades antrópicas. Cada atividade provoca um efeito dependendo de suas
características e das peculiaridades regionais.
Os maiores impactos ambientais provocados pela agricultura brasileira são causados pelo
uso inadequado do solo, pelo uso de agentes químicos, como agrotóxicos, fertilizantes e
corretivos, pelo desmatamento para fins agrícolas e pelo uso dos recursos hídricos.
Somente após a elaboração do PDA é que o assentamento terá suas parcelas medidas e
demarcadas. Além da preocupação com o ordenamento espacial do assentamento no sentido de se
respeitar a vocação e a conservação dos recursos naturais.
Após as desapropriações a área dos três imóveis foi destinada para assentamento de
agricultores, prevendo 126 unidades agrícolas familiares e implantação de infra-estrutura física
necessária ao desenvolvimento da comunidade rural, de conformidade com o Plano Preliminar,
elaborado pela Divisão Técnica do INCRA/MT.
A desapropriação para fins de reforma agrária foi determinada com base na conclusão da
comissão de vistoria técnica que classificou o imóvel como “Grande Improdutiva”, que não
cumpria a função social, por não atender o bem estar dos proprietários e dos trabalhadores, sem
níveis satisfatórios de produtividade.
vez que poços (tipos cacimbas, amazonas) dificilmente seriam viáveis, pois as experiências na
área mostraram sua inviabilidade devido a grande profundidade para encontrar minas d’água
subterrâneas”.
Dentro dos limites geográficos do Estado de Mato Grosso, são identificados três grandes
províncias geotectônicas: Bacias Sedimentares do Fanerozoico, Província Tocantins e o Craton
Amazonas (LACERDA et al. 2004).
Segundo Lacerda et al. (2004), a região de Cáceres esta inserida nas unidades
geotectônicas de Tocantins e Bacias Sedimentares do Fanerozoico.
36
Conforme Pinho (2004), estas rochas foram deformadas entre 550-500 Ma. e afetadas por
magmatismo granítico pós-orogênico (Suíte São Vicente) de idade 504 ± 5 Ma.
A Faixa Alto Paraguai exibe-se na forma de arco com concavidade para SE, orientando
na direção NE-SW no seu ramo norte e N-S no seu segmento sul, com extensão de 1.500 km e
largura média de 300 km. Estende-se desde a região de Nova Xavantina, passando pelas regiões
de Cuiabá e Província Serrana no Mato Grosso e seguindo até Bonito e Corumbá, no Mato
Grosso do Sul. Outro segmento de direção NW-SE ocorre desde Corumbá ao interior da Bolívia,
onde recebe a denominação de Cinturão Tucavaca e é interpretado como um aulacógeno
(ALVARENGA et al. 2000).
O domínio da Margem Passiva é caracterizado por uma sedimentação que se inicia por
sedimentos químicos e camadas de filitos carbonosos, indicando ambientes redutores e
profundos, possivelmente em posição de talude e distal à margem da plataforma, correspondente
ao Grupo Cuiabá. Nas áreas proximais da plataforma a sedimentação inicia-se sob um ambiente
glacial, desenvolvida durante a glaciação Varangiana, aproximadamente 610-590 Ma
(ALVARENGA e TROMPETTE, 1992) com equivalentes laterais na zona de talude
retrabalhados por fluxos de gravidade a leste da plataforma com a deposição de turbiditos distais
e pelitos bacinais, representados pela porção superior dos sedimentos do Grupo Cuiabá.
Segundo Alvarenga et al. (2000) esta faixa exibe uma zonação sedimentar tectônica e
metamórfica, compartimentada em: 1 - Zona cratônica, com estratos horizontais; 2 - Zona
pericratônica, com dobras holomórficas de grande amplitude e extensão; e 3 - Zona bacinal
profunda, metamórfica, com dobras e empurrões com vergência para oeste (ALMEIDA, 1945,
1964, 1974; ALVARENGA e TROMPETE, 1992, 1993; BOGGIANI,1990, 1997;
ALVARENGA et al. 2000; DARDENE e SCHOBBENHAUS, 2001).
Estas três zonas foram referidas por Almeida (1984, 1985) e Alvarenga e Trompette
(1993) como: cobertura sedimentar de plataforma; zona externa dobrada, com pouco ou sem
metamorfismo; e zona interna metamórfica com intrusões graníticas, respectivamente.
As rochas do Grupo Cuiabá ocupam a zona interna e exibem uma estruturação marcada
pelo desenvolvimento de um sistema de empurrões e dobras inversas e isoclinais de direção NE-
SW a ENE-WSW, com planos axiais exibindo mergulhos suaves para SE e também dobras
assimétricas a isoclinais com nítida vergência para as áreas internas da faixa dobrada, em sentido
oposto ao Cráton (ALMEIDA, 1964, 1984; LUZ et al.1980; ALVARENGA, 2000; SILVA,
1990).
Para explicar esta dupla vergência (SILVA, 1990) propõe modelo evolutivo baseado em
empurrões e retro empurrões.
40
A maior parte das formações sedimentares que ocorrem na Depressão do Rio Paraguai e
nas Planícies e Pantanais Mato-Grossenses, tem sido descritas sob a denominação de Formação
Pantanal dada por Oliveira e Leonardo (1943) e inserida na Bacia do Pantanal.
Segundo Almeida (1964), a Bacia do Pantanal é uma vasta planície aluvial constituída por
depósitos de leques aluviais de talude e lateritos ferruginosos, formados por sedimentos de
natureza arenosa e síltico-argilosa com pouco cascalho.
A Formação Pantanal, conforme Lacerda et al. (2004), esta inserida em uma das maiores
bacias intracratônicas cenozóicas do Brasil (Bacia Pantanal), com cerca de 600 metros de
espessura de sedimentos. A área fonte (sedimentos) está a leste da bacia, de planaltos resultantes
da erosão regressiva das rochas paleozóicas da Bacia do Paraná (LACERDA et al. 2004).
Foi primeiramente definida por Almeida (1964) para caracterizar uma sequência
sedimentar constituída pelas Formações Raizama (arenitos) Sepotuba (folhelhos) e Diamantino
(arcóseos) nas cercanias da cidade de Alto Paraguai-MT.
Dell‘Arco et al. (1982) deduziram que apesar das semelhanças, os grupos Alto Paraguai e
Corumbá deveriam ser considerados separadamente.
Ribeiro Filho et al. (1975) e Olivatti e Ribeiro Filho (1976) concordaram com a proposta
de Figueiredo et al. (1974) Luz et al. (1978 e 1980) mantiveram a definição de Figueiredo et al.
(1974) todavia, amparados em características litológicas, subdividiram-na em dois membros,
informalmente nominados de Membro Superior e Membro Superior.
42
Dardenne (1980) definiu esta formação como constituída por calcários na porção basal e
dolomitos na porção superior. Barros et al. (1982) admitiram a validade da conceituação de Luz
et al.(1978), todavia consideraram–na como um pacote único. O contato inferior com a Formação
Puga e o superior com a Formação Raizama é gradacional. São registrados contatos tectônicos
através de falhas de empurrão e inversas com as Formações Bauxi e Puga (Luz et al.1980),
Almeida (1964) admite deposição em um ambiente predominantemente nerítico, de águas rasas.
Segundo Luz et al. (1980) esta formação teria se depositado em ambiente nerítico de
águas rasas e calmas. Dardenne (1980) atribuiu-lhe um ambiente marinho raso, sendo que os
calcários representariam a fácies sublitorânea e os dolomitos a litorânea. Barros et al. (1982)
admitem uma deposição em ambiente marinho raso, de águas calmas, tipo plataformal. Concluem
que a fácies carbonáticas que marca o final da influência glacial na bacia pode ser considerada
como uma unidade cronoestratigráfica relacionada a um período de relativa elevação do nível do
mar.
Apesar da ausência de dados isotópicos, estima-se uma idade de cerca de 600 Ma. para a
deposição da Formação Araras(Alvarenga, 1990; Rodrigues et al. 1994).
Segundo Lacerda et.al. (2004), na BR-070, ocorre como camadas de arenito, separadas
por drapes de pelito, com estruturas “em chama” na base. Detecta ainda a presença de intraclastos
pelíticos, depósitos de preenchimento de canal, estratificações onduladas e indicação de
paleocorrente para NW.
Os litótipos dessa formação foram afetados pelo último evento tectônico registrado na
região (550 a 500 Ma.), resultante de esforços compressivos de sudeste para noroeste,
condicionando o desenvolvimento de extensos braquianticlinais e braquissinclinais de direção
NE-SW e dobras com vergência para NW. Figueiredo et al. (1974) propõem uma deposição
marinha nerítica na base, gradando a continental no topo. Segundo esses autores, a presença de
arenitos ortoquartzíticos sinaliza ambiente epinerítico que, associado à ocorrência de feldspatos
no topo, indicaria uma mudança gradativa para ambiente continental. Conseqüentemente, a
sedimentação estaria associada a uma regressão marinha.
Almeida (1959) caracterizou a Formação Pantanal como uma das maiores planícies de
nível de base do interior do globo, ainda em processo de entulhamento, que influenciada pela
orogenia Andina, teve seu desenvolvimento em ambiente fluvial e/ou flúvio-lacustre. Del’Arco et
al. (1982) acreditaram que sua deposição está relacionada à subsidência gradativa do
embasamento, associado aos falhamentos e deposição desenvolvida em ambiente fluvio-lacustre.
Segundo Figueiredo et al. (1974); Correa et al. (1976); Luz et al. (1980); Godoi et al.
(1999) os sedimentos dessa unidade repousam discordantemente sobre as rochas dos grupos
Cuiabá, Jacadigo, das formações Diamantino, Corumbá e Coimbra e do Complexo Rio Apa.
Segundo Silva (1997), a palavra carste é utilizada para designar aquelas regiões da
superfície terrestre que apresentam características especiais do ponto de vista geomorfológico e
hidrogeológico das quais se destacam: a presença de extensas zonas sem correntes de águas
superficiais, inclusive em climas úmidos; a ocorrência de depressões, mais ou menos grandes,
cuja drenagem é subterrânea; a existência de cavidades no subsolo (sismas ou cavernas) pelas
quais circulam correntes de água subterrâneas; pequeno valor de escoamento superficial;
complexa circulação de águas subterrâneas tanto nas zonas saturadas como acima da superfície
potenciométrica do aquífero normalmente a existência de zonas desnudas sem vegetação.
45
O estudo deste tipo de relevo iniciou-se com as observações dos antigos filósofos gregos e
romanos, sendo formalizadas cientificamente na região do planalto de Kras, na Eslovênia. Essa
região é normalmente conhecida como o “Carste Clássico”, desenvolvida em rochas
carbonáticas.
Os sistemas cársticos podem ser considerados como uma rede de condutos de alta
permeabilidade cercados por um enorme volume de rochas impermeáveis. Através do processo
de infiltração difusa ou concentrada nos pontos de recarga, a água nessas regiões pode ser
armazenada no subterrâneo em grandes quantidades.
O conhecimento das peculiaridades hidrológicas dos carstes recentemente vem tendo uma
crescente importância, não só pelo interesse como reservatório de água subterrânea, mas também
pela sua influência em uma série de problemas geotécnicos.
46
Segundo Silva (1997), embora existam muitas pesquisas e trabalhos em diversas regiões
carsticas do mundo, os seus resultados não podem ser extrapolados para todos os carstes
conhecidos, uma vez que suas características variam de um lugar para o outro. Em cada caso
estudado, devem ser adaptadas todas as técnicas de prospecção às condições locais de geologia,
hidrogeologia e hidrologia. A principal análise que deve ser feita nos estudos hidrogeológicos dos
carstes é a verificação das relações entre as formas de dissolução e o fraturamento das rochas.
De acordo com Kovačič (2003) e Ford e Williams (2007), em extensas áreas do globo,
especialmente em regiões cársticas, os aquíferos são a única fonte de água potável. Cerca de ¼
da população mundial e 50% das regiões alpinas são supridas por esse tipo de manancial. Para
Forti (2002) é possível que, no ano 2025, cerca de 80% da população mundial utilize água do
carste. Embora essa estimativa pareça exagerada, o estudo e conservação dessas áreas são de vital
importância para a sobrevivência das comunidades associadas.
Outro fator muito importante que age determinando o grau de dissolução das rochas em
ambientes cársticos é o clima. Geralmente em regiões tropicais ocorre dissolução elevada,
enquanto na zona temperada ocorre dissolução em grau menor, pois a temperatura da água
influencia diretamente nestes níveis. Deste modo, quanto mais quente, maior o grau de dissolução
que a água provoca. Portanto, as menores taxas de corrosão são registradas para as regiões
geladas, em vista destas propriedades (GUERRA, 2007).
Segundo Silva (1998), as principais formas cársticas superficiais são as dolinas, uvalas e
sumidouros. Assim, em toda formação de dolinas houve a participação da água na sua
elaboração, água esta que infiltrou no subsolo e migrou para algum outro ponto do aquífero
47
sugerindo, desta maneira, uma circulação de água subterrânea naquele ponto onde ocorre a
dolinas.
Este processo contínuo de esculturação das dolinas pode, em certas condições, carrear
material detrítico, principalmente argilas, para dentro das dolinas e em alguns casos obliterar os
condutos subterrâneos e interromper a infiltração e a circulação de água no subsolo. Silva (1998),
ressalta que uma dolina obliterada, em determinadas circunstâncias, pode ser reativada e
regenerar o processo de circulação de água subterrânea naquele ponto.
A classificação das dolinas como indicadoras de água subterrânea pode ser feita
considerando-se o seu diâmetro, forma, grau de preenchimento por material detrítico,
permeabilidade e relação com as outras estruturas geológicas. As dolinas com menores diâmetros
sugerem menor grau de evolução da carstificação ou infiltração rápida da água para o subsolo
(SILVA, 1998).
Uma das mais típicas manifestações do relevo cárstico são os pseudocarstes, apresentadas
por Guerra (2007) como feições topográficas do tipo carste, não elaboradas por processos de
desgaste químico e abatimento físico.
Segundo Hardt (2003, p.165) reforça esta idéia quando afirma que:
Para Bigarella (2004), são todas aquelas feições que apresentam formas típicas de terrenos
cársticos como: marmitas, uvalas etc., não necessariamente elaboradas em rochas calcárias,
podendo ocorrer em arenitos e quartzitos. Deste modo, entende-se que sua conceituação está mais
ligada à morfologia do que aos processos genéticos responsáveis pela sua constituição e
formação.
3.6 HIDROGEOLOGIA
Segundo Seplan (2000) o cadastro teve como finalidade obter informações sobre
localização, dados construtivos, litológicos, hidrogeológicos e hidrogeoquímicos dos poços, que
serviram de base para a caracterização e quantificação dos aquíferos no Estado de Mato Grosso.
Inicialmente foi elaborado um cadastro preliminar dos poços existentes, tomando como
base o Sistema de Informações de Águas Subterrâneas – SIAGAS (CPRM), banco de dados da
SEPLAN-MT e SEMA-MT. Em seguida, foi feito um levantamento junto aos órgãos públicos:
Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
– INCRA, Companhia de Saneamento do Estado de Mato Grosso – SANEMAT, Companhia de
Saneamento da Capital de Mato Grosso – SANECAP e Associação Mato-grossense dos
Municípios – AMM.
A caracterização dos aquíferos foi feita tendo com base nos critérios de geologia, modo de
ocorrência, condições de armazenamento e circulação de água e variações dos parâmetros
hidrodinâmicos. A geologia representando o parâmetro do meio físico mais importante na
avaliação dos recursos hídricos subterrâneos, uma vez que as rochas do substrato representam a
base para a caracterização e entendimento do comportamento hidrogeológico, desempenhando
expressivo controle no padrão, densidade e manutenção das vazões do escoamento superficial
(Figura 4).
Com base nesse mapa das características geológicas (Figura 4) e estimativa do tipo de
porosidade predominante, foram definidos dois domínios, o Domínio Poroso e o Domínio
Fraturado, respectivamente com porosidade intergranular e com porosidade secundária fissural
(SEMA, 2007). Esses domínios por sua vez, puderam ser divididos em sistemas, em função da
disponibilidade de informações sobre as variações litológicas e estruturais das unidades
litoestratigráficas associadas.
53
ÁREA DE
ESTUDO
Figura 4 – Características geológicas do Estado de Mato Grosso (Extraído do Diagnóstico Hidrogeológico do Estado de Mato Grosso – Relatório Parcial 1,
2007.
54
O Estado de Mato Grosso foi dividido em dois Domínios Aquíferos: o Domínio Poroso
(Granular e Dupla Porosidade) e Domínio Fraturado (Fissural e Físsuro-Cárstico),
respectivamente com porosidade intergranular e com porosidade fissural, onde esses domínios
foram subdivididos com base no Zoneamento Sócio-Econômico Ecológico do Estado de Mato
Grosso (ZSEE) em treze sistemas aquíferos, sendo seis Sistemas Aquíferos Granulares e sete
Sistemas Aquíferos Fraturados, dos quais alguns apresentam um bom nível de conhecimento
hidrogeológico no Estado e outros são pouco conhecidos (SEMA, 2007).
Dentro dessas considerações, maior parte do Estado é composta por aquíferos porosos
(granular), associados a sedimentos não consolidados (aquíferos freáticos), que cobrem substratos
rochosos antigos (aquíferos fraturados).
Os sistemas freáticos ou rasos constituídos por coberturas regolíticas com uma área de
recarga de 139.563,5 km2 (15,6%), no Estado de Mato Grosso são de importância fundamental
na perenização e regularização das vazões dos cursos de drenagens superficiais. A falta de dados
e estudos específicos dessas coberturas Terciárias e Quaternárias impossibilitou uma avaliação da
sua potencialidade hidrogeológica (SEMA, 2007).
O sistema de dupla porosidade é composto por rochas sedimentares litificadas, onde ainda
persiste porosidade intergranular primária residual associada à porosidade secundária, com levada
ocorrência de planos de fraturas (SEMA, 2007).
56
A seguir são apresentadas descrições dos sistemas aquíferos granulares G-1 e G-5 do
Domínio Poroso segundo o Mapa das Unidades Aquíferas do Estado de Mato Grosso (SEPLAN,
2000).
Engloba seis sistemas aquíferos com porosidade fissural e um com porosidade fissuro-
cárstica, distribuídos no Cráton Amazonas (províncias Amazônia Central, Rondônia-Juruena e
Sunsás), Província Tocantins, Bacia do Paraná e Bacia dos Parecis. Esse domínio ocupa uma área
de 223.143,3 km2, que corresponde a 24,7% do Estado de Mato Grosso (SEMA, 2007).
A seguir são apresentadas as descrições dos sistemas aquíferos F-2, F-4 e F-5 do Domínio
Fraturado segundo o Mapa das Unidades Aquíferas do Estado de Mato Grosso (SEPLAN, 2000).
Sema (2007) discrimina o Sistema F-2 como um aquífero eventual restrito às zonas
fraturadas. Permeabilidade média a baixa, ampliada localmente pela dissolução cárstica; livre;
extensão local.
Segundo Sema (2007) caracteriza o sistema heterogêneo F-4 como aquífero eventual
restrito às zonas fraturadas. Condutividade hidráulica baixa a média; ampliada eventualmente
pela presença de camadas de material grosseiro; livre a semiconfinado a confinado; extensão
regional a local.
O Sistema Aquífero Fraturado 5 (F-5) corresponde as rochas ígneas intrusivas com manto
de intemperismo associadas ao Cráton Amazonas e província Tocantins. Esse sistema
compreende um conjunto de corpos ígneos isolados, localizados de maneira dispersa em todo o
Estado de Mato Grosso, segundo o Diagnostico Hidrogeológico de Mato Grosso – Sema (2007).
Esse sistema é pouco conhecido, entretanto, em função das altas taxas de precipitação
pluviométrica e presença comum de solos com espessuras moderadas nas áreas de ocorrência,
estima-se um potencial razoável para este tipo de aquífero (SEMA, 2007).
Inserido na Bacia Hidrográfica do Paraguai – Alto Rio Paraguai, o rio Jaurú tem como
seus principais tributários o rio Aguapeí e rio Brigadeiro. Esta Unidade possui uma área total de
15.356,73 km² que compreende o total ou em parte os municípios de Tangará da Serra,
Curvelândia, Pontes e Lacerda, Vale do São Domingos, Reserva do Cabaçal, Jaurú, Indiavaí,
Figueirópolis do Oeste, Araputanga, São José dos Quatro Marcos, Mirassol, Glória D’Oeste,
Porto Esperidião e Cáceres (SEMA, 2007).
Esta unidade ocupa 6.228,5 km², do Domínio Poroso, representado pela Bacia dos
Parecis, Bacia do Pantanal e Parte do Grupo Alto Paraguai, enquanto que o Domínio Fraturado
ocupa uma área de 6.463,0 km², representado pelas rochas ígneas e metamórficas da Província
Sunsás (SEMA, 2007). Inexiste citação quanto a área de 3.000 Km2 do total referido.
Apesar de pouco representativo, os dados dos dezoito poços tubulares fornecidos pela
SEMA (2007), apresentam um profundidade média de 104,00 metros e vazão média de 6,52
m³/h. A capacidade específica média é de 0,330 (m³/h)/m, com moda de 0,200 (m³/h)/m.
O Rio Paraguai - Pantanal tem como seu principal tributário o rio Cuiabá. A área total
desta unidade é de 53.945.92 km², compreende o total ou em parte os municípios de Santo
Antônio do Leverger, Barão de Melgaço, Nossa Senhora do Livramento, Poconé, Cáceres,
Rosário Oeste, Vila Bela da Santíssima Trindade, Juscimeira, Porto Estrela, Campo Verde,
Pontes e Lacerda e Porto Esperidião (SEMA, 2007).
Esta unidade ocupa 32.205,90 km2 do Domínio Poroso, representado pela Bacia do
Pantanal e parte da Bacia dos Parecis, enquanto que o Domínio Fraturado ocupa uma área de
8.189,00 km², representado pelas rochas metamórficas da Província Tocantins (SEMA, 2007).
Os dados de quatro poços tubulares cadastrados SEMA (2007) nessa unidade, apresenta
uma profundidade média de 78,50 metros e vazão média de 8,65 m³/h. A capacidade específica
média é de 1,411 (m³/h)/m, com moda de 1,245 (m³/h)/m (SEMA, 2007).
61
A utilização das águas subterrâneas no Estado é uma constante, com fins variados e tempo
de bombeamento compatível com a necessidade e vazão do poço. A adequabilidade para cada uso
varia em função da finalidade proposta e dos constituintes que possam afetá-las, existindo para
isto diversos padrões que procuram reger a utilização para consumo humano, industrial e agrícola
(SEMA, 2007).
Pela análise dos resultados apresentados (SEMA, 2007) observa-se que em todo o Estado,
94,7% da explotação das águas subterrâneas destina-se praticamente ao consumo humano (poços
para abastecimento público, comercial e residencial) e na indústria (5,3%) seu uso é muito
restrito.
62
4 ÁREA DE ESTUDO
4.1 LOCALIZAÇÃO
A área de estudo está inserida na mesorregião Centro Sul, Microrregião do Alto Pantanal,
municípios de Cáceres, sudoeste do estado de Mato Grosso, região denominada Pantanal do
Corixo Grande. Dista aproximadamente à 80 km da sede do município e a 10 km do território
boliviano e a 292 km da capital Cuiabá. O acesso a área é feito partindo de Cáceres, pela BR 070,
no sentido Cáceres/San Mathias (Bolívia), insere-se geograficamente entre as coordenadas
16º11’40“ – 16º17’30” Sul e 58º08’22” – 58º14’07” Oeste de Grw (Figura 6).
4.2 CLIMA
Com relação às condições hídricas pode-se dizer que a área em questão fica submetida à
pequena variação espacial, principalmente em relação a de umidade relativa do ar, onde os
valores médios anuais devem oscilar em torno de 70%, com período mais úmido ocorrendo de
dezembro a abril e o menos úmido de junho a setembro. Os totais de precipitação pluviométricas
anuais oscilam entre 1200 a 1600 mm (SEPLAN, 2000).
Com base nos dados da pluviometria média anual de 1.711 mm, para uma área de
903,357,91 km2 (IBGE, 2001), o volume de chuva precipitado no Estado de Mato Grosso é de
1.545,645 x 106 m³/ano (SEMA,2007).
Os excedentes hídricos ocorrem em geral entre o final da primavera e o verão, sendo mais
intenso nesta última estação. Tendem a ser menores ao Sul, verificando-se excedentes inferiores a
200 mm anuais em direção ao Pantanal.
4.3 VEGETAÇÃO
Arbórea Densa, ambas com presença de madeira de lei do tipo aroeira, ipê, peroba, jatobá,
cumbaru, entre outras.
A área de estudo faz parte da Região Hidrográfica do Rio Paraguai, localizada na Sub-
Bacia do Alto Rio Paraguai, denominado de Pantanal do Corixo-Grande Jauru – Padre Inácio –
Paraguai, tradicionalmente conhecido como Pantanal do Descalvado. Ocorre no noroeste da zona
pantaneira, ocupando posição interfluvial. É drenado pelos córregos Saloba, Gambá e Manhoso,
afluentes do Corixo Grande, apresentando um padrão de drenagem do tipo subdentrítico
(SEPLAN, 2000).
O Rio Corixo Grande, na porção oeste da área, representa o marco divisório da divisa
internacional entre Brasil e Bolívia, juntamente com as inúmeras lagoas que este interliga.
67
Inexistem na maioria dos imóveis, fontes naturais de água, seja rio ou nascentes, apenas
barragens de retenção de enxurradas e córregos intermitentes. Áreas desnudas de vegetação e
desprovidas de águas superficiais.
A Formação Araras é composta por rochas calcárias, ocorrendo, nas adjacências do Rio
Jauru a margem direita, estendendo-se a sudoeste até próximo ao território boliviano, onde
provavelmente é recoberta pelos sedimentos da Formação Pantanal. A sequencia basal da
formação Araras é composta principalmente por calcários com intercalações subordinadas de
68
A Formação Pantanal esta caracterizada pela Fácies Terraços Aluvionares constituída por
sedimentos areno-argilosos, semi-consolidados, parcialmente laterizados.
4.7 GEOMORFOLOGIA
A B
5 MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho teve inicio com uma revisão bibliográfica, em seguida foram realizados os
trabalhos de campo, os quais foram divididos em três etapas: na primeira, foram realizadas visitas
na área dos projetos de assentamento de Reforma Agrária e na segunda, foi realizada uma
caracterização do meio físico (geologia e hidrogeologia). Em uma terceira etapa foram aplicados
questionário aos assentados. Posteriormente, os dados coletados foram analisados e os resultados
interpretados em escritório.
Após a revisão bibliográfica sobre o meio físico, teve início uma pesquisa sobre o
histórico dos assentamentos de reforma agrária. Foram consultados os relatórios técnicos e mapas
dos assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. As análises
basearam-se em dados secundários disponíveis em bibliografias especializadas, nos órgãos
oficiais federais, estaduais e municipais, em relatórios técnicos anteriores, em pesquisas
acadêmicas e na rede mundial de computadores.
Foram tiradas cotas topográficas e coordenadas geográficas dos pontos d’água (poços
tubulares, poços escavados, adutora) e afloramentos, com auxilio do aparelho GPS de marca
Garmin.
71
Para cada poço cadastrado foram coletados dados de profundidade, níveis d’água, vazão,
revestimento e ano de perfuração.
Numa primeira etapa, optou-se pela técnica geofísica SEV – Sondagem Elétrica Vertical
para locação dos poços a serem perfurados nos Projetos de Assentamento Jatobá, Rancho da
Saudade e Nova Esperança, município de Cáceres.
Posteriormente, em uma segunda etapa, foi aplicada a mesma técnica geofísica Sondagem
Elétrica Vertical–SEV e inovando com outra técnica denominada Caminhamento Elétrico – CE
(Arranjo Schulumberger). Opção que viesse complementar e/ou confirmar satisfatoriamente os
72
resultados na locação dos poços a serem perfurados nos Projetos de Assentamento, Rancho da
Saudade, Sapiqua, Bom Sucesso, Katira e Corixo, município de Cáceres.
Nas áreas selecionadas para os estudos geofísicos sempre foi considerado pelo
INCRA/MT a geologia, dados de poços existentes, demanda exigida, disponibilidade de energia e
acesso, visando perfuração dos poços tubulares e obras complementares. Entretanto, sempre que
possível, a locação do poço foi priorizada em áreas próximas as sedes dos núcleos comunitários.
Esse tipo de técnica de investigação é usada para investigar as variações do subsolo com a
profundidade. De maneira análoga a uma sondagem mecânica, apresenta como resultado o perfil
geolétrico, ou seja, a variação da resistividade com a profundidade.
Este método foi utilizado na segunda etapa dos estudos geofísicos, com 07 investigações
realizadas pela empresa Geopoços Ltda (2008), em 05 Projetos de Assentamento denominados
Sapiqua (S), Katira (K), Bom Sucesso (BS), Corixo (C) e Rancho Saudade (RS).
A perfuração dos poços tubulares foi realizada em duas etapas pelo INCRA em parceria
com empresas habilitadas através de processo licitatório.
Na primeira etapa, em 2001, aproveitando dois dos pontos sugeridos pela geofísica (SEV)
como prováveis à obtenção de água, a empresa Geoeste Ltda perfurou no Projeto Rancho da
Saudade os sedimentos da formação Raizama. A perfuração foi realizada com equipamento a
percussão.
5.2.3 Captação
O projeto da captação superficial teve como objetivo viabilizar uma proposta alternativa
para abastecimento de água nos assentamentos Jatobá, Rancho da Saudade e Bela Vista,
buscando superar os problemas enfrentados pelas 127 famílias, desde sua inserção no projeto de
assentamento.
75
De posse dos dados anteriores foi realizado o Mapa Litológico da região do Pantanal do
Corixo-Grande com informações parciais (hidrografia, geologia, delimitação do perímetro dos
sete projetos de assentamento e localização dos pontos investigados pela geofísica), (Anexo 1).
76
Para melhor compreensão dos desníveis topográficos, foi elaborado um mapa de altitudes
(Anexo 02). O mapa contem as áreas dos assentamentos, localização das técnicas geofísicas
(SEV e CE), diferentes tipos de poços e adutora.
Para plotagem dos assentamentos foram usadas as bases digitais de cada um deles com
seus respectivos parcelamento dos lotes. Optou-se por uma escala compatível com as
especificações de formatação da dissertação (1:70.000). As áreas dos imóveis e pontos plotados
foram georreferenciados e executados no programa AutoCAD.
Pelo método utilizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), apud Setti et
al.(2001) os valores médios diários consumidos nos assentamentos rurais, foi considerado como
consumo mínimo diário por habitante de 35 (L/dia) e o consumo máximo por habitante de 90
(L/dia).
Pelo método utilizado na Bacia do Rio Sinos/RS (Lanna, 1999), os valores do consumo
nos assentamentos rurais foi considerado, para dessedentação humana 500 L/dia/família e para
dessedentação animal de pequeno e grande porte os valores de 880 L/dia.
77
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 4 apresenta a localização das sondagens elétricas verticais com suas respectivas
coordenadas.
Tabela 5 – Resultados das investigações geofísicas (SEV) nos assentamentos na região de Cáceres/MT.
Resultados dos Pontos Investigados
- SEVK1 – PA Katira - Núcleo Comunitário
Na SEVK1 o calcário sã fraturado ocorre a partir dos 63,1 metros até 93,1 metros com
resistividade 63 .m – Favorável
SEVC1 – PA Corixo – Lote Sr. Sebastião
Na SEVC1 o calcário sã fraturado ocorre a partir dos 53,9 até a 82,5 metros com
resistividade 227 .m. – Não Favorável
SEVC2 – PA Corixo – Lote Sr. Sebastião
Na SEVC2 o calcário sã fraturado ocorre a partir dos 44,8 a até 78,4 metros, com
resistividade 169 .m – Favorável.
SEVBS1 – PA Bom Sucesso – Lote Sr. Pio
Na SEVBS1 o calcário sã fraturado ocorre a partir dos 46,7 a até 78,4 metros, com
resistividade 91 .m – Favorável.
SEVRS1 – PA Rancho da Saudade – Lote Sr. Deto
Na SEVRS1 o calcário sã fraturado ocorre a partir dos 42,2 até 64,9 metros, com
resistividade 508 .m – Não Favorável
SEVRS2 – PA Rancho da Saudade – Lote Sr. Deto
Na SEVRS2 o calcário sã fraturado ocorre a partir dos 61,3 até 91,7 metros, com
resistividade 96 .m – Favorável.
SEVS1 – PA Sapiquá – Núcleo Comunitário
Na SEVS1 o calcário sã fraturado ocorre a partir dos 60,7 até 85,7 metros, com
resistividade 47,3 .m – Favorável.
A Formação Araras ocupa cerca de 100% da área dos assentamentos Nova Esperança,
Jatobá, Bom Sucesso e Katira, cerca de 86% no Assentamento Sapiqua, 54% no Assentamento
Corixo e 44% no Assentamento Rancho da Saudade (Anexo 01).
80
A B
C D
A B
Figura 13 - Feições cársticas com fraturas de dissolução (A e B) sedimentos das formações Raizama / Araras.
A B
Figura 14 – Projeto de assentamento Corixo – Feição cárstica superficial (exocarste) em sedimentos das
Formações Raizama com a Araras (Membro Superior).
A B
Figura 15 – (A) Vegetação aquática característica de acumulação de água superficial (aguapé) e (B) Vegetação
típica (Imbaúba) dos assentamentos Corixo e Rancho de Saudade.
A Formação Raizama ocorre com cerca 14%, 45% e 56% nos assentamentos Sapiqua,
Corixo e Rancho da Saudade, respectivamente (Anexo 01).
Figura 16 – Arenito de granulometria média, de cor amarela esbranquiçado a róseo e algumas inclusões de
material silicoclástico em forma de seixos, Projeto Katira – Lote do Sr. José Mudesto.
O relevo é relativamente plano, embora existam alguns pequenos vales, onde afloram as
camadas de arenitos. Nestes raros afloramentos as atitudes das camadas, da ordem de
N70°E/05°NW (Figura 17 A).
85
A B
NW SE
Devido a escala do mapa litológico (1:70. 000), os sedimentos da Formação Pantanal não
estão bem visualizados, porém, ocorrem em cerca de 1% da área, a oeste do assentamento
Corixo e Katira, na divisa com o território boliviano.
Os sedimentos da formação Pantanal ocorrem nas cotas topográficas mais baixas dos
assentamentos Corixo e Katira (Figura 19).
Figura 19 – Sedimentos da Formação Pantanal recoberto por pastagem, Lote do Edson, assentado do Projeto
Katira, município de Cáceres/MT.
19%
FORMAÇÃO PANTANAL
FORMAÇÃO RAIZAMA
FORMAÇÃO ARARAS
80%
Figura 21 – Síntese da distribuição das formações geológicas nas áreas dos assentamentos estudados.
88
14%
86%
A B
100% 100%
C D
-1%
FORMAÇÃO PANTANAL
FORMAÇÃO ARARAS
FORMAÇÃO ARARAS
100%
100%
E F
Observa-se no Mapa Litológico (Figura 23) que em relação a área das unidades, o Grupo
Alto Paraguai ocupa 99% da área superficial destacando-se em maior área de abrangência a
Formação Araras (80%) seguida da Formação da Raizama ( 19%) e menor ocorrência os
sedimentos da Formação Pantanal (1%).
Destaca-se no mesmo mapa, as plotagens dos pontos investigados pela geofísica técnica
Sondagem Elétrica Vertical - SEV e Caminhamento Elétrico - CE juntamente com a inserção dos
poços perfurados, poço abandonado e poços tipo escavados distribuídos dentro do perímetro dos
assentamentos.
90
Na Tabela 6 estão sintetizadas as informações dos poços implantados pelo INCRA nos 07
assentamentos de reforma agrária, com os resultados dos estudos geofísicos (técnicas SEV e CE),
associados às formações geológicas (Raizama e Araras) e a produtividade dos poços.
92
Pode-se observar (Tabela 6) que, nos intervalos de profundidade estimada pelos estudos
geofísicos realizados, 06 poços apresentaram secos e 02 improdutivos.
Na Figura 24 (A, B) observa-se um poço tubular profundo, que captava inicialmente cerca
de 1.500L/h de água do aquífero Raizama, posteriormente foi aprofundado até 300 metros e
captava apenas 700L/h. Poço de baixa vazão, alto rebaixamento de nível e alto consumo de
energia.
A B
Figura 24 – Poço tubular profundo (A) e quadro comando da bomba submersa (B), Projeto Corixo – Linhão
do Gasoduto.
93
A B
C D
Figura 25 – Perfurações improdutivas, localizados nos Projetos Rancho da Saudade (A e B); poço
(provavelmente) com gás no Projeto Bom Sucesso (C); Amostras coletadas nos intervalos de perfuração (D).
94
A B
Figura 26 – Problemática de água no Assentamento Jatobá: (A) Tambores de armazenamento de água; (B)
Equipamento de perfuração (Percussora) abandonado e (C) Cisterna seca.
É importante salientar que além dos poços improdutivos, foi constatada a presença de
outros poços tubulares profundos nos arredores dos assentamentos, bem como poços tipo
cacimba, poços rasos ou freáticos.
95
Na Figura 27, observa-se poço tubular perfurado nos sedimentos na Formação Pantanal,
com diâmetro de 4 polegadas, com vazão aproximada de 4.400L/h. localizado dentro do
perímetro do assentametno Katira na zona de fronteira Brasil, com o território boliviano.
A B
C D
O sistema aquífero fissural cárstico, é do tipo livre, não possui continuidade lateral, o
armazenamento e circulação das águas subterrâneas estão relacionados às descontinuidades e a
solubilidade das rochas carbonáticas da Formação Araras, que pode ampliar suas características
de porosidade e permeabilidade.
Foi observado em campo, nos estudos geofísicos e nos dados de poços tubulares
profundos, que este sistema aquífero, na área de abrangência dos assentamentos é pobre em água
subterrânea, com exceção do Projeto Corixo, que demonstram características de um relevo
cárstico em desenvolvimento, na divisa do assentamento com propriedades particulares,
sugerindo investigações mais aprofundadas. Foram identificadas feições carsticas com
distribuição espacial caótica e com acumulo de águas pluviais.
98
Dos 15 poços tubulares perfurados neste sistema, 14 poços foram improdutivos ou secos,
e somente 01 poço produtivo no Assentamento Corixo, com 135 metros de profundidade e vazão
entorno de 2.500 L/h (PT 09, Figura 23). Destaca-se o poço com 300 metros de profundidade (PT
10) e de baixíssima vazão, entorno de 700 L/h, que vem suprindo o consumo de 02 famílias.
Este sistema aquífero caracteriza-se pela presença de áreas com afloramentos rochosos e
com manto de intemperismo espesso, que funciona como área de recarga.
A Formação Raizama, embora ocorra em menor proporção que a do domínio anterior, tem
boas condições de armazenamento e circulação das águas subterrâneas. Possuem poços
escavados com diâmetros entorno 1,20 metros e profundidade média de 15 metros, no
capeamento da formação. Suas águas são doces, e apresentam vazões que atendem a demanda
familiar local, dessedentação de animais e pomares (PT 01,02, 03 da Figura 23).
Na maioria são sistemas freáticos, constituídos por coberturas regoliticas. Embora ocorra
rebaixamento do nível d’água na época de estiagem, esses poços dificilmente secam. Porém, são
vulneráveis a contaminação.
Em mapa não tem representatividade, ocorre numa pequena região à sudoeste da área, na divisa
do projeto de assentamento Kátira com a Bolívia, em direção ao distrito de São Jose.
Neste sistema Pantanal, foram identificados dois poços tubulares produtivos. O primeiro
poço tubular foi perfurado no Projeto Sapicuá, com 108 metros (PT 31, das Figuras 23 e 34) com
vazão de aproximadamente 1.000 l/h, com nível estático de 32,00 metros e o dinâmico entorno de
65 metros.
No projeto Corixo, foi identificado o segundo poço tubular produtivo, de 101 metros de
profundidade, em diâmetro de 4 polegadas, revestimento Geomecanico, vazão entorno de 4.400
L/h, nível estático 11,3m, nível dinâmico 53,39 m, vazão específica 0,1 m3/h/m, e
cacimbas/poços caseiros na área circunvizinha (PT 07, das Figuras 23 e 34).
Nos resultados desta parte do trabalho, consta a avaliação dos dados de 02 poços tubulares
já existentes (Projetos de Assentamento Sapiqua e Katira) referentes ao cadastro de poços
consultados, sendo que os demais (16) foram levantados durante o trabalho de campo.
Quadro 3 – Distribuição quantitativa do levantamento dos poços tubulares no domínio poroso e fraturado da
região.
Parâmetros Hidrogeológicos
Domínio Profundidade (m)
Aquífero Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Nº Poços c/
Padrão Dados
Granular G 104,50 104,50 101,00 108,00 4,94 2
Quadro 5 – Síntese das informações hidrogeológicas no âmbito das Universidades de Planejamento e Gestão
(UPG’s).
Aprovada pelo INCRA no valor inicial de R$ 361 mil para sua construção, a adutora foi
Implantada em 2001. Possui ponto de captação a 12 km de distância, no córrego São Sebastião
(Figura 29), em área externa ao perímetro dos assentamentos. A rede mestra fica na BR-070 com
extensão de 14 km e rede de distribuição totalizando 36 km. Com o objetivo inicial de atender
127 famílias, de 03 Projetos de Assentamentos: Jatobá, Rancho da Saudade e Bela Vista/Nova
Esperança (PT 37, Anexo 02 e 03).
103
A B
Figura 30 – Adutora – Balsa flutuante (A) captando água do Córrego São Sebastião (B). Localizada na BR-
070 sentido Cáceres – Assentamentos – San Mathias (Bolívia).
captado estimado de 120 m³/d, ou seja, 0,33% da vazão mínima do córrego. A vazão máxima da
bomba (funcionando 24 h/dia) seria de 518,4 m³/d, ou seja, 1,43 % da mesma vazão (mínima) do
córrego, para abastecimento dos referidos assentamentos, desde que não ultrapassasse 120.000
L/d para atender o consumo de 95.250 L/ dia. Sendo assim, o volume captado não seria
responsável pelo exaurimento do curso d’água.
Essas parcelas (0,33% e 1,43%), consideradas dentro dos limites pré-estabelecidos para
licenciamentos possibilitou junto a SEMA/MT, pronunciamento favorável à emissão da Licença
de Operação para Captação da água superficial do referido manancial.
B C
Figura 31 – Sistema de captação de água pluvial (A, B, C). Projeto de Assentamento Bom Sucesso.
A cisterna (Figura 32) foi instalada no lote do assentado José Vítor Mudesto, conhecido
como Zé Branco (PT 32). Ele foi escolhido por ocupar um lote-modelo, que funciona como
vitrine de um projeto da EMPAER chamado Vida Nova. Esse projeto visa garantir a subsistência
da família através de hortas, agricultura e criação de pequenos animais desenvolvidas em dois
hectares.
106
Com capacidade de 8 mil litros (Figura 32 A,B) a cisterna (Kit de vinil) é instalada ao
lado da casa do assentado, sob escavações de 2,6 metros de diâmetro e 1,5 metro de
profundidade. A água chega à cisterna através de um tubo, afixado na calha do telhado.
Figura 32 – Cisterna de vinil: Escavação (A); Kit de vinil (instalado), Projeto de Assentamento Katira,
Cáceres/MT.
Após exaurir a reserva no período de estiagem, esses reservatórios são utilizados para
armazenar água oriunda das mais diversas localidades, trazidas via tração animal ou carros pipa.
Para melhor compreensão dos desníveis topográficos, foi elaborado um mapa de altitudes
(Figura 33), com as áreas dos assentamentos, plotagem das técnicas geofísicas (SEV e CE),
diferentes tipos de poços e adutora.
Na Figura 33 observa-se que as cotas variam de 293 a 102 metros de altitudes, diminuindo
na direção da divisa brasileira com o território boliviano (região pantaneira).
Apesar de não constar (Figura 33) a inserção das linhas de contorno da superfície da zona
saturada do aquífero livre, estes resultados (cotas topográficas) fornecem subsídios para
elaboração de um mapa potenciométrico da área.
107
4. O objetivo das famílias tem sido produção de subsistência com qualidade para
manutenção da família na propriedade São produtores vindo de comunidades tradicionais
(herança agrícola);
Nos poços caseiros, a qualidade da água na sua maioria esta sujeita a alterações físico-
química e bacteriológicas, ficando vulnerável à contaminação devido a sua locação, o não
isolamento de águas indesejáveis e condições sanitárias inexistentes no seu entorno (Figura 34 e
35).
111
A B
Figura 35 – Vulnerabilidade à contaminação dos poços escavados. Poço exposto (A) e protegido (B).
As famílias, por falta de opção, utilizam essas águas para consumo sem restrição.
Geralmente, apresentam concentrações de ferro acima do permitido para o consumo humano.
A B
Como a quantidade de água transportada nas carroças é pequena, esta fica armazenada em
tambores de 200 ou 220 litros de aço ou de plástico (Bombonas). Reservatórios estes,
normalmente já utilizados com produtos químicos. São assentados de baixa renda, que não
dispõem de recipientes adequados ao armazenamento de águas.
Figura 37 – Amostras de água coletadas. Fica evidente que todas as amostras apresentam cor aparente
elevada.
Considerado a média familiar de 05 pessoas, a demanda familiar a ser atendida por água
totaliza 1.495 pessoas, tendo como fontes alternativas de captação adutora, cacimbas, poços
freáticos e cisternas.
Observa-se que os poços tubulares contribuem com vazões de médias (aquífero poroso) a
baixas (aquífero fraturado) e que os poços tipo amazonas e cacimbão são representativos na
complementação da demanda hídrica a ser atendida.
No Quadro 11 abaixo esta discriminada a demanda hídrica diária necessária para suprir a
dessedentação humana e animal, conforme Setti et al. (2001) e Lanna (1999), a disponibilidade
das vazões na área (poços e adutora) e déficit hídrico diário existente.
116
Observa-se (Quadro 9) que a disponibilidade média de água para atender as 299 famílias é
de aproximadamente 62.000 L/dia, com déficit hídrico para os dois métodos utilizados, de
31.437/L/dia (dessedentação humana) e de 350.620L/dia (dessedentação humana e animal).
O poço escavado poderá ser executado em diâmetro de 1,20 metros até a profundidade
em que se encontre uma coluna d’água.
Sendo uma alternativa simples, de fácil execução e conservação, deverá ser sempre
estudada como primeira opção para abastecimento d’água, incentivando o parceleiro na
construção individual desse tipo de poço.
Este tipo de poço poderá ser parte integrante das instalações hidráulicas das escolas,
postos de saúde e demais obras de interesse comunitário, empregando-se uma bomba de recalque
elétrica ou manual, entre outras opções compatíveis à extração de água, conforme o que for
especificado.
Na locação do poço deverá ser escolhido um ponto que favoreça o afastamento da água de
chuvas e que fique próximo da edificação a ser suprida e o mais longe possível de qualquer fonte
de poluição.
O poço deverá ser revestido com manilhas de concreto armado ou em alvenaria, até uma
altura mínima igual à da profundidade da coluna d’água estabilizada. A tampa do poço deverá ser
protegida por uma laje de concreto armado, pré-moldada, em duas partes, assentadas com
argamassa de cimento e areia, de modo a facilitar sua remoção;
A parte superior do poço deverá ter um ressalto de 0,50 metros acima do terreno natural;
A desinfecção do poço deverá ser feita com o uso de um dos seguintes compostos de
cloro: - Hipoclorito de cálcio - (70 % Cl2); Cloreto de cal - (70 % Cl2); Hipoclorito de sódio - (70
% Cl2) e Água sanitária - (70 % Cl2).
O diâmetro do poço deverá ser no mínimo 100 mm, para revestimento de diâmetro
externo de 113 mm e diâmetro nas luvas de 125 mm.
O isolamento sanitário deverá ser constituído pasta de cimento tem uma densidade
relativamente alta. Por isso deve ser tomado o cuidado de não formar uma coluna de pasta, que
provoque uma pressão hidrostática superior à capacidade do revestimento utilizado. Dependendo
da habilidade e meios do operador, pode ser adicionada areia fina na pasta, formando uma
argamassa fluida. Em substituição à pasta de cimento pode ser utilizada, como isolante sanitário,
argila expansiva de boa qualidade. Existe argila para essa finalidade, que tem vantagens sobre o
cimento, por não necessitar do tempo de pega da pasta de cimento.
Embora o poço possa ser bombeado por qualquer equipamento submerso que caiba no
diâmetro de 100 mm, o mesmo foi concebido para o uso de bomba centrífuga com injetor.
Para a faixa de vazão projetada, os modelos de injetor comuns no mercado têm a relação
de tubulação 1” para 1 1/4” ou 32 mm para 40 mm, no caso de uso de tubo de PVC soldável. Esta
é a maior relação possível para o revestimento de 100 mm com o uso de tubulações paralelas.
Pode ser construída de concreto ou alvenaria, tendo em mente que: deve permitir fácil
acesso à bomba e tubulações, ter um sistema de drenagem de água e ser um local limpo.
Na completação do poço, a distância entre o filtro e o fundo do poço é necessária para que
o revestimento e filtro não fiquem apoiados no fundo do poço, o evitando que o restante da
coluna encoste na parede do poço, provocando uma má distribuição do pré filtro em torno do
filtro. Resíduos de material perfurado no fundo - fragmentos grandes de veios de quartzo, por
exemplo - e que não foram removidos, podem formar um fundo falso. Por esse motivo essa
distância deve ser escolhida em função das condições do furo. Se não houver detritos no fundo do
poço, bastam 20 cm.
Para evitar a passagem de pasta de cimento através do pré-filtro para o interior do poço, a
distância entre a base do cimento e o topo do filtro deve ser da ordem de 2 m.
O tipo de poço que poderá ser parte integrante das instalações hidráulicas das escolas,
postos de saúde e demais obras de interesse comunitário.
Entre outras opções a bomba submersa é mais eficiente, mas devido seus custos torna-se
restritiva economicamente, recomendando-se bomba tipo centrifuga com injetor Para as faixas de
vazão e rebaixamento encontrados normalmente, a potência requerida estará entre 0,5 e 1,5Hp.
3 – Poço Tubular:
Em razão do alto custo construtivo, o poço tubular deverá constituir-se na última solução
a ser adotada, após estudos de todas as possíveis alternativas locais para abastecimento de água.
Exige técnico e empresa habilitada para sua construção e requer licenciamento ambiental
e projeto conforme normas da ABNT.
Deverá ser demonstrada no projeto básico a vazão pretendida para o poço especialmente
nos casos, em que, além do consumo humano, estiver destinado à irrigação de áreas agricultáveis,
estimando-se a profundidade mínima e máxima de perfuração.
Esta situação é perfeitamente viável nas regiões dos assentamentos também. Apesar do
déficit hídrico na região pantaneira, as condições ainda são mais confortáveis que a pluviosidade
no semi-árido nordestino.
Inclusive, alguns assentados que implantaram, as vezes de forma artesanal, esse tipo de
sistema de captação, possuem reservas de água, em seus lotes, nos períodos críticos de escassez.
A questão é apenas otimizar o sistema.
Devido ao fato dos córregos serem intermitentes nos assentamentos, o aproveitamento das
águas superficiais para o consumo humano captados em represas, corixos, exige o seu tratamento,
considerando que as possibilidades de contaminação estão sempre presentes.
Deve ser dada prioridade aos tratamentos mais simples que assegurem uma melhor
qualidade da água, tais como, filtração simples em filtros de areia, filtros de porcelana e
tratamento com pastilhas à base de cloro disponíveis nos mercados locais.
Construções simples, de fácil operação, de baixo custo e que podem ser adotadas como
solução doméstica para se obter água filtrada de boa qualidade por períodos mais longos,
dependendo do consumo e da instalação (Figura 37).
O desenho é auto-explicativo. O recipiente pode ser de aço ou ferro e deve ser revestido
com pintura não tóxica, ou em concreto armado ou em plástico, dotados de uma saída, na sua
parte inferior, para adaptação de uma torneira. A tela, na parte inferior do funil, serve para reter
materiais grosseiros em suspensão. O carvão vegetal moído serve para retirar eventuais odores ou
gostos que a matéria orgânica incorpora na água. Com o tempo vai diminuindo a passagem da
água, observada na descarga da torneira. Neste caso, deixar sair toda a água e fazer a raspagem na
parte superior da areia que retém os materiais em suspensão e, com o tempo, vai fechando.
Quando a quantidade de areia chegar na metade substituí-la, completando o seu nível.
Recomenda-se que a água seja fervida ou desinfetada após a filtração, devido a probabilidade de
presença de bactérias ou patogênicos oportunistas no ambiente filtrante.
Nos casos especiais que demandem a construção de estações de tratamento d’água, devido
o seu alto custo e dificuldades de operacionalização pelos próprios assentados, caso especifico da
adutora instalada na BR-070, sugerimos o seguinte:
Optando-se pela ETA, realizar convênios ou contratos com empresas especializadas para
elaborar o projeto técnico de construção e de operação, de acordo com a demanda requerida e as
condições locais, definindo as especificações contendo o seguinte: estação de tratamento; casa de
química; tanque de contato.
124
7 CONCLUSÕES
A partir do Mapa Litológico verificou-se que a Formação Araras ocupa cerca de 100% da
área dos assentamentos Nova Esperança, Jatobá, Bom Sucesso e Katira, cerca de 86% no
Assentamento Sapiqua, 54% no Assentamento Corixo e 44% no Assentamento Rancho da
Saudade. A Formação Raizama ocorre com cerca 14%, 45% e 56% nos assentamentos Sapiqua,
Corixo e Rancho da Saudade, respectivamente. Os sedimentos da Formação Pantanal completam
1% restantes nos assentamentos Corixo e Katira.
O aquífero freático possibilita a captação de água subterrânea via poços rasos, escavados e
cacimbas. Embora ocorra rebaixamento do nível d’água na época de estiagem, esses poços
dificilmente secam. Sendo a melhor alternativa em termos de vazões, contudo, a vulnerabilidade
à contaminação é grande.
A perfuração de poços tubulares profundos não é a melhor opção para suprir a demanda
exigida d’água nos assentamentos Bom Sucesso, Jatobá, Nova Esperança.
125
A disponibilidade média de água para atender as 299 famílias está abaixo da demanda
exigida, com déficit hídrico para os dois métodos utilizados, de 31.437/L/dia (dessedentação
humana) e de 350.620L/dia (dessedentação humana e animal).
8 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES
Tendo em vista a assimetria entre bacias superficiais e subterrâneas, onde uma bacia
hidrográfica pode abranger em profundidade duas ou três bacias hidrogeológicas, ou seja, seus
limites não coincidem entre si, e reiterando recomendações de trabalhos consultados, sugere-se
que os temas relacionados ao escoamento subterrâneo sejam aprofundados, que a mesma faça
parte de agenda política (municipal e estadual) e técnico institucional. Até porque o grau de
compreensão e aprofundamento técnico-científico dos recursos superficiais em nível de bacia
hidrográfica, independente do seu grau de ocupação (urbano ou rural), é mais enriquecido ao
nível de conhecimento hidrogeológico dos aquíferos que a compõem. Desequilíbrio este que
impõe dificuldades ao gerenciamento das águas subterrâneas.
Na Região Hidrográfica do Alto Paraguai, as baixas vazões específicas dos poços não
podem ser atribuídas especificamente às influências climáticas, mas sim a aspectos geológico-
geomorfológicos, visto que a morfologia do relevo do Pantanal apresenta uma configuração
favorável à perda de água por evapotranspiração. Entretanto, o Pantanal é uma região
essencialmente acumuladora da água proveniente do planalto, área do bioma Cerrado, região com
cabeceiras de bacias hidrográficas, na qual sugere-se a ampliação dos conhecimentos referente ao
seu comportamento hidrológico e aos impactos sobre seus recursos hídricos. Até porque, apesar
de pouco representativo na área de estudo, os sedimentos da Formação Pantanal é o aquífero que
melhor se destaca, juntamente com os arenitos da Formação Raizama.
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www.wwf.org.br, acesso em 23.10.2009.
10 ANEXOS
Projeto de Assentamento:
Nome:
Estado de origem:
Beber
( ) Adutora ( ) Cacimba ( ) poço tubular ( ) córrego, rio ( ) outros
Higiene pessoal
( ) Adutora ( ) Cacimba ( ) poço tubular ( ) córrego, rio ( ) outros
Dessedentação de animais
( ) Adutora ( ) Cacimba ( ) poço tubular ( ) córrego, rio ( ) outros
2 - Qualidade da Água
( ) Pessima ( ) Boa ( ) Otima ( ) outros (aspecto visual)
4 -Disponibilidade de Água
( ) satisfatoria ( ) carente ( ) outros ( difícil acesso, insuficiente)
5 - Maior consumo
( ) beber ( ) higiene pessoal ( ) animais ( ) outros ( irrigação)
7- Saneamento básico
( ) Fossa séptica ( ) Vaso sanitário ( ) outros
9 - Observações
10- Sugestões
147
ANEXO 2: Análise de Água da captação do Córrego São Sebastião (adutora)
2009.
148
ANEXO 3: Análise de Água do captação do Córrego São Sebastião (adutora)
2010.
149
ANEXO 4: Análise de água do poço tubular - Assentamento Katira.
150
ANEXO 5: Análise de água do poço escavado - Assentamento Corixo.
151
ANEXO 6: Análise de Água do poço escavado - Assentamento Corixo.
152
ANEXO 7: Análise de água do poço escavado (Leandrão) – Assentamento Corixo.
153
ANEXO 8: Análise de água do poço escavado (Leandrinho) - Assentamento
Corixo.
154
ANEXO 9: Análise de água poço escavado (Sr. Bodoque) - Assentamento Corixo.
155
ANEXO 10: Análise de água do poço escavado - Assentamento Katira.
156
ANEXO 11: Análise de água da cisterna - Assentamento Katira.
157
ANEXO 12: Análise de água do poço escavado (João Resende I) – Assentamento
Rancho da Saudade.
158
ANEXO 13: Análise de água do poço escavado (João Resende II) – Assentamento
Rancho da Saudade.
159
ANEXO 14: Poço escavado – Assentamento Katira.
Poço tipo cacimba no Projeto de Assentamento Katira, que atende inúmeras famílias,
água armazenada em tambores plásticos e transportadas via charretes (tração animal).
160
ANEXO 15: Captação de água pluvial – cisterna de vinil.
Anexo 15: Captação de água pluvial: Cisterna de vinil, capacidade 8m³ - instalada no
lote do Sr. Jose Branco, Projeto de Assentamento Katira, Cáceres /MT.
161
ANEXO 16: Problemática da água – Assentamento Corixo.
Anexo 19: Poço tipo Cacimba. Sr. Jose “Branco” do Assentamento Katira colaborando no
aprofundamento do poço “do cachorro”, locado no assentamento Corixo, Cáceres/MT.
162
Fotos sentido da esquerda para direita: Divisa do Brasil com a Bolívia, sentido San Mathias,
direita destacamento policial do distrito de San Jose.; estudantes Chiquitos retornando de
escola brasileira, na divisa do Brasil (projeto Corixo) com território boliviano (San Jose) e
poço freático, Formação Pantanal, comunidade San Jose, território boliviano.
169
ANEXO 25: Legenda e Identificação das Classes de Capacidade de Uso do Solo –
Assentamento Corixo.
Fonte: Dados extraídos do Relatório Técnico Contrato INCRA/ Empresa Hidrotec (2009).