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PULVERIZADO
André Andrade
Estudante de Engenharia do Ambiente
Universidade Fernando Pessoa
18990@ufp.edu.pt
Arlindo Bastos
Estudante de Arquitectura
Universidade Fernando Pessoa
18478@ufp.edu.pt
Miguel Chivarria
Estudante Arquitectura
Universidade Fernando Pessoa
17691@ufp.edu.pt
Abstract
In this article will be discussed several issues concerning to one of several clean coal
technologies available, the supercritical pulverized coal power plants, making a description of
this type of technology, the description of its operation, type of materials used in its boilers
and turbines, among other aspects. There will be also analyzed the environmental impacts and
costs associated with these thermal power plants. The article is also carried out a description
of the technologies of CO2 capture and storage, presenting some hypothesis of application of
this technology in Portugal. With the realization of this article we could conclude that the
integration of these two types of technology could be very important in terms of
environmental and energetic sustainability in the future.
Resumo
Neste artigo irão ser discutidos vários aspectos que dizem respeito a uma das várias
tecnologias de carvão limpo disponíveis, as centrais termoeléctricas supercríticas a carvão
pulverizado, realizando uma descrição deste tipo de tecnologia, a descrição do seu
funcionamento, do tipo de materiais utilizados nas suas caldeiras e turbinas, entre outros. São
também analisados os impactes ambientais e os custos associados a estas centrais
termoeléctricas. No artigo é também efectuada uma descrição das tecnologias de sequestro e
armazenamento de CO2, apresentando hipóteses de aplicação desta tecnologia em Portugal.
Pode concluir-se com a realização deste artigo que a integração destes dois tipos de tecnologia
poderá ser muito importante em termos de sustentabilidade ambiental e energética no futuro.
1. Introdução
Actualmente, as centrais termoeléctricas que usam combustíveis fósseis para gerar energia
eléctrica representam cerca de 70% da produção mundial de energia eléctrica (Gráfico 1 em
Anexo), sendo que desses 70%, cerca de 42% das centrais utilizam como combustível o
carvão (Gráfico 2). Em Portugal, no ano de 2007, o carvão representou cerca de 11,3% do
total do consumo de energia primária, sendo 95% do carvão consumido destinou-se à
produção de electricidade (DGEG, 2009). Prevê-se no entanto uma redução significativa do
peso do carvão na produção de electricidade em Portugal, essencialmente devido ao
crescimento da utilização do gás natural e de energias renováveis na produção de energia
eléctrica e devido ao impacto das centrais termoeléctricas a carvão nas emissões de CO2.
Contudo, o carvão deverá continuar a ser um componente essencial do “mix” de combustíveis
utilizados na produção de energia eléctrica, no futuro. De facto, o carvão apresenta algumas
vantagens em relação ao petróleo e ao gás natural, tais como: um preço relativamente estável,
(Gráfico 3), podendo ser adquirido a baixos custos; uma grande abundância, possuindo o
maior número de reservas a nível mundial (Tabela 1), e assegurando um fornecimento para
pelo menos mais 130 anos; e as suas reservas apresentam uma distribuição geográfica mais
equitativa, possuindo mais de 70 países reservas de carvão expressivas, tornando desta forma
o carvão menos vulnerável a influências geopolíticas (Beér, 2000; Oliveira, 2009).
Todavia, o carvão possui uma grande desvantagem em relação aos outros combustíveis
fósseis, o facto de os métodos tradicionais de combustão de carvão emitirem poluentes
atmosféricos, nomeadamente CO2, em elevadas quantidades (Tabela 2). Para que ocorra uma
substancial redução das emissões libertadas pelas centrais termoeléctricas a carvão são por
isso necessárias tecnologias mais avançadas e eficientes, a fim de minimizar o impacto
ambiental na utilização deste combustível. Abre-se então uma janela de oportunidade para as
centrais termoeléctricas supercríticas a carvão pulverizado (de agora em diante apenas
denominadas de centrais supercríticas), uma tecnologia de carvão limpo (“clean coal
technology”) que utiliza o carvão de forma mais eficiente, produzindo menos emissões e
consumindo menos combustível (Herzog e Katzer, 2006; Susta, 2004)
Este tipo de tecnologia tem sido aplicado há várias décadas nos países mais desenvolvidos,
como os Estados Unidos da América, Japão, Alemanha e Dinamarca, encontrando-se
actualmente em expansão nos países em desenvolvimento, como a China e a Índia. A nível
mundial, do total de centrais termoeléctricas a carvão, 85% são unidades sub-críticas e 11%
são unidades supercríticas, estimando-se que existam mais de 500 centrais supercríticas
instaladas em todo o Mundo, com uma capacidade total instalada de aproximadamente 300
GW (DOE-NETL, 2008-1). Actualmente, a instalação de unidades sub-críticas novas a nível
mundial é muito reduzida, optando a maioria dos países pela construção de centrais
supercríticas (Gráfico 4).
Vários especialistas defendem no entanto que para uma redução efectiva das emissões de CO2
para a atmosfera, resultantes do processo de “queima” de carvão em centrais termoeléctricas,
não chega melhorar a eficiência das novas centrais termoeléctricas que são construídas, ou
mesmo a eficiência das centrais existentes, é também essencial o desenvolvimento de
soluções de sequestro e armazenamento de CO2, as denominadas tecnologias CCS (Carbon
Capture and Storage), que poderão ser acopladas a centrais supercríticas, a longo prazo (Beér,
2006).
Sendo previsível um aumento do consumo de energia eléctrica em termos globais, que resulta
do crescente aumento de população a nível mundial e do aumento do nível de vida e conforto
das populações, e para que possam ser satisfeitas quer as necessidades energéticas das
populações, quer a preservação do meio ambiente, é portanto fundamental analisarem-se as
várias opções tecnológicas que poderão ser adoptadas para esse fim (IPCC, 2007).
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2. Centrais Termoeléctricas Supercríticas a Carvão Pulverizado
2.1. Descrição da Tecnologia
As centrais termoeléctricas existentes podem ser divididas em três grandes grupos: centrais de
ciclo sub-crítico, de ciclo supercrítico e de ciclo ultra-supercrítico. As condições de operação
de cada tipo de central são distintas, sendo essencialmente diferentes as pressões e
temperaturas de operação de cada central, como ilustrado na tabela 3. Como já foi referido
anteriormente, as centrais sub-críticas são as mais abundantes a nível mundial e as centrais
ultra-supercríticas encontram-se numa fase de desenvolvimento, existindo apenas algumas
instaladas no Japão (Huang, 2010).
Este artigo apenas abordará com mais detalhe as centrais supercríticas, uma tecnologia com
maturidade técnica suficiente, implementada em vários países e economicamente viável. O
termo supercrítico que designa estas centrais termoeléctricas, advém do facto de o ciclo
supercrítico operar com pressões acima do ponto crítico de pressão da água (22,1 MPa), ou
seja nunca ocorre uma mudança de fase da água, não havendo uma distinção clara entre o
estado líquido e o estado gasoso, fazendo com que a água esteja sempre no estado de vapor
sobreaquecido. Desta forma poupa-se energia necessária à sublimação da água, conseguindo-
se produzir a mesma quantidade de energia eléctrica do que numa central sub-crítica, mas
com menos combustível, o que corresponde em termos práticos a um aumento de rendimento
das centrais supercríticas (Espatolero et al., 2009; MIT, 2006).
Em termos de eficiência correspondente a cada central termoeléctrica a carvão, os valores
encontrados na bibliografia são muito variáveis, essencialmente devido às diferentes
condições de operação em que as centrais termoeléctricas podem operar, sabendo-se de forma
clara que quanto maior for a temperatura e a pressão de vapor do ciclo, mais eficiente é o
processo de geração de energia eléctrica (Gráfico 5). A eficiência das centrais termoeléctricas
resulta então da eficiência conjunta quer das suas caldeiras quer das suas turbinas, mas a
ênfase para a melhoria da eficiência energética de uma central termoeléctrica tem-se centrado
no ciclo de vapor porque a maioria das modernas caldeiras a carvão têm mais de 90% de
eficiência e são em grande parte independentes das condições de vapor (Booras e Holt, 2004).
Mas não só o aumento da temperatura e da pressão de vapor do ciclo permitem uma maior
eficiência, podendo ser utilizadas diferentes técnicas para que a uma central supercrítica possa
aumentar, até mais cinco pontos percentuais a sua eficiência, tais como: uma redução do
excesso de ar do sistema; uma redução da temperatura dos gases de exaustão libertados pela
chaminé, recuperando parte do calor libertado; a utilização de uma segunda fase de
reaquecimento do vapor; e reduzindo a pressão do condensador (Gráfico 6) (DTI, 2006).
Apesar de as eficiências dependerem das diferentes condições de operação, de um modo geral
pode afirmar-se que a eficiência das centrais sub-críticas pode variar entre 30% a 40%, a
eficiência das centrais supercríticas pode variar entre 40% a 46%, e a eficiência das centrais
ultra-supercríticas pode ser superior a 48%, esperando-se que no futuro se possam atingir
eficiências da ordem dos 50% a 55% (Boben e Hasan, s/d; Romeo et al., 2008).
É também importante referir que as instalações sub-críticas existentes podem ser modificadas
para operar em condições avançadas de vapor supercrítico, operando-se a modificações nas
turbinas e na caldeira do sistema, como demonstrado na Figura 1.
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pressões. Desde os anos 80, data a partir da qual houve uma maior compreensão da química
do ciclo da água, que estes materiais têm sido melhorados, estando o futuro das tecnologias de
carvão pulverizado e os limites de temperatura e pressão de vapor que poderão ser atingidos,
inteiramente dependentes da evolução que estes materiais irão sofrer (Espatolero et al., 2009).
De uma forma geral, pretende-se que estes materiais utilizados nas caldeiras e turbinas
possuam uma alta resistência a rupturas por deformação, uma elevada resistência à corrosão,
uma alta resistência a fissuração por fadiga e que sejam materiais facilmente produzidos e
abundantes. Os materiais mais vulgarmente utilizados no fabrico de equipamentos para
produção de energia eléctrica são os aços e as ligas metálicas (Huang, 2010).
2.3.1. Caldeiras
A caldeira é o equipamento que produz vapor em alta pressão utilizando a energia térmica
libertada durante a combustão do carvão. Ao contrário das caldeiras utilizadas nas centrais
sub-críticas, que são denominadas de caldeiras “drum” (em forma de tambor), nas quais o
vapor encontra-se separado da água, nas caldeiras utilizadas nas centrais supercríticas,
denominadas de caldeiras “once-through” ou caldeiras Benson, o sistema de circulação
normal, que depende da diferença de densidade entre o vapor e água para impulsionar a
circulação e o arrefecimento dos tubos da parede do forno, e para separar o vapor da água, não
é necessário, sendo a água completamente evaporada numa única passagem através da
caldeira (Huang, 2010; Tumanovskii. 2009).
As caldeiras “once-through” (Figura 4) são geralmente construídas em espiral e apresentam
uma tubagem vertical, com uma superfície interna em estrias para uma distribuição mais
uniforme do calor e estão mais adaptadas às frequentes variações de carga. São também
adequadas para a inclusão de sistemas de tratamento de gases e de fácil manutenção (Chopra,
2009).
Quanto aos materiais utilizados nas caldeiras, as ligas de níquel, como Inconel 617 e 740, são
os materiais mais adequados para componentes sujeitos a condições severas de temperatura e
pressão, embora o preço destas ligas seja bastante superior ao dos aços. Porém, este material é
menos pesado, com dimensões mais pequenas e paredes mais espessas do que os aços
(Huang, 2010). Tendo em vista a redução dos custos de investimento, podem então ser
utilizadas ligas de aço 9Cr, como o P91 e P92, que são muito resistentes a altas temperaturas,
até 620ºC e possuem uma boa resistência à deformação. Contudo, continuam a existir
problemas com estes materiais, principalmente falhas prematuras por fluência em zonas de
soldadura, afectadas pelo calor, assim como a sua resistência à oxidação também não é boa
(Sotomente, 2009).
Uma outra opção é a utilização de aços austeníticos, como o NF 12 e o NF 709, adaptados a
condições de vapor superiores até 650ºC/31,5 MPa, que apresentam uma resistência à
oxidação muito superior às dos aços P91 e P92, possuindo apenas como grande inconveniente
uma elevada fadiga térmica, devida às suas baixas condutividades térmicas e aos seus altos
coeficientes de expansão (Espatolero et al., 2009). Na tabela 4 estão definidos alguns dos
materiais mais utilizados nas caldeiras a carvão das centrais supercríticas, assim como as
gamas de temperatura a que podem operar.
2.3.2. Turbinas
Uma turbina a vapor é um equipamento mecânico robusto, pesado e altamente sofisticado que
extrai a energia térmica do vapor e a converte em trabalho mecânico rotacional, que
posteriormente é convertido por um gerador em energia eléctrica. Para maximizar a eficiência
da turbina, o vapor é expandido em vários corpos de pressão (alta pressão, média pressão e
baixa pressão), produzindo trabalho (Valente e Torres, 2003). As turbinas das centrais
supercríticas (Figuras 5 e 6) não diferem significativamente das turbinas das centrais sub-
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críticas, mas devido ao facto de operarem com pressões e temperaturas mais elevadas, as suas
paredes têm de ser mais espessas e o tipo de material de que são constituídas é diferente. Os
materiais no qual são constituídas as turbinas das centrais supercríticas podem ser os mesmos
aços e ligas metálicas que constituem as caldeiras das centrais supercríticas, como ligas de
níquel, aços P91 e P92, aços austeníticos, como o NF 12 e o NF 709, entre outros (DOE-
NETL, 2008-1).
De forma a prolongar a sua vida útil, as pás e ventoinhas das turbinas possuem também
revestimentos intermetálicos, como aluminetos e silicetos e revestimentos cerâmicos de
barreira térmica (TBC), que reduzem a severidade das transições de temperatura do sistema e
melhoram a resistência à fadiga térmica destes componentes (DOE-NETL, 2008-1).
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energético, porém, de alta eficácia, podendo reduzir até 99,99% o nível de emissão de
partículas (Susta, 2004). Já os filtros de mangas consistem num sistema de filtragem pela
passagem dos gases através de mangas onde as partículas ficam retidas na sua superfície e nos
poros do sistema (Chopra, 2009).
Quanto ao dióxido de enxofre, os sistemas mais utilizados para a captura destes gases são os
sistemas de dessulfuração (Figura 9) (FGD – Flue Gas Desulfurization). Esta tecnologia
remove o SO2 a partir da lavagem dos gases de combustão, através da injecção de gotas de
água juntamente com um absorvente, podendo ser utilizados como absorventes o calcário ou
amoníaco. Este sistema exige o tratamento posterior dos efluentes líquidos e pode remover até
95% do SO2 contido nos gases de exaustão (Aroonwilas e Veawab, 2007).
Relativamente aos óxidos de azoto, as tecnologias mais utilizadas de redução das quantidades
de NOx emitidas para a atmosfera são aos sistemas de redução catalítica selectiva (Figura 10)
(SCR – Selective Catalytic Reduction) que consistem na conversão de óxidos de azoto em
água e N2, através da adição de uma solução redutora, tipicamente amoníaco anidro,
amoníaco aquoso ou carbamida. Em teoria, este sistema é capaz de alcançar rendimentos
superiores a 90% na redução das emissões de NOx. Também pode ser alcançada uma redução
das emissões de NOx através de modificações nos sistemas de combustão das centrais
supercríticas, utilizando queimadores de baixo NOx (Bohm et al., 2007).
Quanto ao CO2, o poluente atmosférico no qual estão centradas as maiores preocupações
actualmente, não existe nenhum equipamento prático e económico que possa controlar as
emissões deste poluente para a atmosfera, geradas durante o processo de queima de carvão,
podendo apenas ocorrer reduções conseguidas com a melhoria da eficiência das centrais
termoeléctricas e a mais longo prazo com tecnologias de captura e armazenamento de CO2.
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3. Tecnologias de Sequestro e Armazenamento de CO2
Os conceitos de captura e sequestro de CO2 estão baseados em tecnologias existentes e que
poderão ser demonstradas à escala real possivelmente num horizonte de 10 a 15 anos. Este
tipo de tecnologia, ao contrário de outras tecnologias, não implica uma redução dos consumos
de combustíveis fósseis, nem implica uma redução das quantidades de CO2 geradas, apenas
pretende-se capturar a maior percentagem de CO2 possível, tendo esta tecnologia potencial
para capturar entre 75% a 95% do CO2. Por outro lado, este tipo de tecnologia não diminui a
actual dependência da Humanidade dos combustíveis de origem fóssil, recursos esses que irão
esgotar-se a longo prazo (DOE-NETL, 2008-2; IPCC, 2005).
As centrais supercríticas, apesar de não possuírem instalações de captura de CO2 integradas,
pois ainda não estão disponíveis no mercado, estão concebidas para que no futuro seja
possível a integração de um destes sistemas no seu processo de funcionamento (Lawal, 2008).
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casos, de forma a promover a remoção desses poluentes, é necessária a instalação de
equipamentos específicos que efectuem essa remoção antes do processo de remoção do CO2.
O sequestro pode então ser efectuado através de absorventes líquidos (aminas) ou adsorventes
sólidos (zeólitos. óxidos de sódio e óxidos de potássio) por processos químicos, no caso dos
absorventes e por processos físicos, no caso dos adsorventes (Hamilton et al., 2009). A
separação através de absorventes/adsorventes é conseguida pelo contacto do efluente gasoso
que contém o CO2 com substâncias líquidas ou sólidas, que conseguem reter apenas o CO2.
Depois de retido, são alteradas as condições químicas ou físicas no meio, e o CO2 é libertado,
formando-se uma corrente gasosa essencialmente constituída por CO2 (Lawal, 2008). Por
outro lado, a substância que retirou o CO2 é regenerada, estando pronta a repetir o processo
(Figura 13). Uma vantagem da utilização de adsorventes, em detrimento de absorventes, é que
estes sólidos permitem o contacto com correntes gasosas de temperaturas mais elevadas do
que o verificado com os métodos que recorrem a absorventes líquidos. Este facto proporciona
uma menor penalização na eficiência global da unidade de produção de energia
(Sanpasertparnich et al., 2010).
3.1.3 Sistemas de combustão “oxy-fuel”
Esta técnica tem como princípio básico o facto de a combustão ser propiciada através da
injecção de oxigénio puro em vez de ar atmosférico. Para fins de remoção de CO2, a técnica
está ainda em desenvolvimento, enquanto que para fins industriais este princípio já é aplicado
em sectores como a produção de alumínio, aço ou vidro (Alves, 2008).
Este processo elimina o Azoto e seus derivados do efluente gasoso, facto que proporciona
com que a quantidade de CO2 nos gases exaustos seja altamente concentrada, tornando-o fácil
de capturar e comprimir (Figura 14) (Chalmers e Gibbins, 2007).
É de notar que, nestes sistemas, a eficiência de remoção de CO2 pode atingir valores muito
próximos de 100%, possuindo também este sistema a vantagem da ausência de resíduos de
solventes resultantes da captura do CO2 e por outro lado a desvantagem de possuir custos
elevados na produção do oxigénio puro (DOE-NETL, 2008-2).
Na Figura 15 está ilustrado um esquema que resume os processos actualmente mais
considerados para a captura de CO2.
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O tipo de transporte terá de ser ajustado dependendo da situação e da distância em causa. Na
Figura 16 pode ver-se a análise comparativa de custos para o transporte em “pipelines” em
terra, no mar e por navios. Observando a Figura 16, observa-se que para distâncias mais
curtas, inferiores a 1500 km, o transporte através de “pipelines” quer em terra quer por mar é
a opção mais económica e que para distâncias superiores, o transporte por navio torna-se a
opção mais económica.
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ocorrer uma redução substancial das emissões de CO2 para a atmosfera durante os próximos
anos (Bohm et al., 2007).
Quanto às centrais termoeléctricas a carvão no geral, e as centrais supercríticas em particular,
é importante referir que a implementação de sistemas de captura de CO2 nestas instalações,
reduzem a sua eficiência em cerca de 6% a 11% (Tabela 7), visto ser necessária mais energia
para alimentar o sistema, o que resulta num maior consumo de combustível e a consequente
redução da eficiência geral da central termoeléctrica (Chalmers e Gibbins, 2007).
Na tabela 8 são apresentados os custos de investimento e da electricidade, de uma central sub-
crítica e de uma central supercrítica, ambas com 500 MW de potência instalada, após a
instalação de sistemas de captura de CO2.
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Esta seria sem dúvida a última opção pois este transporte, de cerca de 2000 km, iria
representar maiores gastos custos acrescidos a todo o processo (Alves, 2008).
5. Conclusões
Os combustíveis fósseis continuarão a ter um papel muito relevante para a produção de
energia nas próximas décadas, de forma a responder às futuras necessidades de consumo
energético a nível mundial, consumo esse que tendencialmente tem aumentado ao longo dos
últimos anos e que previsivelmente será ainda maior no futuro. O carvão uma fonte de energia
barata e abundante poderá então ser um dos combustíveis fósseis com um papel muito
importante na produção de energia eléctrica no futuro. A utilização de tecnologias de
produção de energia eléctrica, que fazem parte do “mix” de tecnologias avançadas, limpas e
eficientes do futuro, como as centrais termoeléctricas supercríticas a carvão pulverizado,
deverá crescer em boa parte devido ao aumento das restrições de emissões de gases com
efeito de estufa. As centrais termoeléctricas de ciclo de vapor supercrítico são tecnologias
também tecnologias completamente sedimentadas a nível mundial, tecnologicamente maduras
e economicamente viáveis, não se justificando actualmente a aquisição de centrais sub-críticas
devido às suas piores performances ambientais, além de que as centrais supercríticas apesar
de possuírem um ligeiro investimento inicial, permitem uma poupança de combustível a
longo prazo que compensa esses custos. Ao nível do desenvolvimento de tecnologias limpas
de queima de carvão para produzir energia eléctrica as tecnologias supercríticas poderão
mesmo ser ultrapassadas num futuro próximo, estando actualmente a ser desenvolvidos
projectos com a intenção de serem desenvolvidos novos materiais para a sua utilização em
caldeiras e turbinas, que permitam condições de vapor, superiores a 350-375 bar de pressão e
temperaturas de superiores a 720ºC, as denominadas tecnologias ultra-supercríticas que
poderão atingir eficiências superiores a 55%.
Já as tecnologias de sequestro e armazenamento de CO2 que consistem num conjunto de
processos que, não acarretam aspectos inovadores, ainda estão numa fase de desenvolvimento
muito prematura, mas encerram em si um elevado potencial no “combate” às alterações
climáticas, pois poderão fazer com que os níveis de CO2 libertados para a atmosfera sejam
reduzidos em 75% a 90%
Estima-se, as tecnologias de sequestro e armazenamento de CO2 poderão estar plenamente
desenvolvidas, num cenário optimista, a partir de 2020, não sendo construída a partir desta
data nenhuma central alimentada a combustíveis fósseis sem esta tecnologia incorporada
(IPCC, 2005). A implementação deste tipo de tecnologias no futuro vai depender muito do
facto de serem ultrapassadas as suas limitações técnicas e de poderem ser tecnologias
economicamente viáveis. Na União Europeia, foi muito recentemente divulgada uma Proposta
de Directiva do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Janeiro de 2008, relativa à
armazenagem geológica de dióxido de carbono e faz parte do pacote "Energia e Alterações
Climáticas" lançado pela Comissão no início de 2008, um sinal de que este tipo de tecnologias
não se passa apenas de uma tecnologia utópica, mas sim uma tecnologia a ter em conta em
opções futuras.
Por fim é importante referir que tanto as tecnologias supercríticas a carvão pulverizado como
as tecnologias de sequestro e armazenamento de CO2 não serão a solução para resolver todos
os requisitos de energia no futuro e que outras tecnologias devem continuar a ser
desenvolvidas e implementadas, principalmente energias renováveis, mas a integração destes
dois tipos de tecnologias poderão ser muito importantes em termos de sustentabilidade
ambiental e energética.
12
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15
7. Anexos
Gráfico 2. – Produção de Energia Eléctrica por Tipo de Combustível, em 1973 e 2007 (IEA,
2010).
16
Gráfico 3. – Preço Relativo dos Combustíveis Fósseis. (BP, 2009).
17
Gráfico 4. – Instalação de Centrais Termoeléctricas a Nível Mundial. (Alstom, 2009).
19
Figura 2. – Fluxograma Simplificado do Processo de Produção de Energia Eléctrica a Partir
de Carvão Pulverizado. (EPE, 2007).
20
Gráfico 7. – Potências Máximas e Mínimas das Centrais Termoeléctricas Existentes (DTI,
2006).
21
Tabela 4. – Lista de Materiais Para Vários Componentes das Caldeiras a Carvão, em
Condições de Vapor Supercrítico e Ultra-Supercrítico (Oliveira, 2009).
22
Figura 6. – Sala da Turbina a Vapor (DTI, 2006).
23
Figura7. – Precipitador Electrostático (Fonte: http://www.hamon.com.br/prod_esp_desc.jpg).
24
Figura 9. – Sistema FGD com Depuração por Calcário Húmido (Fonte: http://media-
2.web.britannica.com/eb-media/00/27100-004-DC341DBD.gif).
25
Tabela 5. – Custos Estimados na Implementação de uma Central Supercrítica com uma
potência de 500 MW, e os custos da electricidade desta central, comparativamente com outros
tipos de tecnologias de combustão de carvão. (Bohm et al., 2007; DOE-NETL, 2008-1;
Oliveira, 2009; Susta, 2004).
Figura 11. – Esquema do Processo de Pré-Combustão Para a Captura de CO2 (Alves, 2008).
26
Figura 13. – Esquema do Processo de Pós-Combustão Para a Captura de CO2 Utilizando
Aminas Para a sua Absorção. (DOE-NETL, 2008-2).
Figura 14. – Esquema do Processo de Combustão “Oxy-Fuel” Para a Captura de CO2 (DOE-
NETL, 2008-2).
27
Figura 15. – Esquema Resumo dos Processos Considerados Para a Captura de CO2 (DOE-
NETL, 2008-2). a) Esquema do Processo de Produção de Energia Eléctrica a Partir de
Combustíveis Fósseis. b) Esquema do Processo de Captura Pós-Combustão. c) Esquema do
Processo de Captura Pré-Combustão. d) Esquema do Processo de Captura por Combustão
“Oxy-Fuel”.
28
Figura 17. – Formas de Armazenamento de CO2 (DOE-NETL, 2008-2).
29
Figura 18. – Locais Propícios Para o Armazenamento Geológico de CO2 (Alves, 2008).
30
Tabela 7. – Comparação da Performance de uma Central Supercrítica com e sem Sistemas de
Captura de CO2 (Romeo et al., 2008).
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Tabela 10. – Caracterização das Principais Unidades Electroprodutoras em Portugal no ano
de 2008 (Alves, 2008).
Tabela 11. – Emissões de CO2 das Principais Unidades Electroprodutoras em Portugal no ano
de 2009 (Relatório de Sustentabilidade da EDP, 2009).
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Figura 20. – Rede Nacional de Gasodutos e Principais Centrais Termoeléctricas de Portugal.
(Alves, 2008).
33