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GRUPO IV – ESPELHO DE CORREÇÃO

CRITÉRIO GERAL:
Nos termos do art. 20 do “Regulamento do Concurso para Ingresso
na Carreira do Ministério Público”, na correção da prova escrita levar-
se-á em conta o saber jurídico, o conhecimento da língua portuguesa,
a capacidade de exposição do pensamento, o poder de
argumentação e de convencimento do candidato.

1ª QUESTÃO – DIREITO PROCESSUAL PENAL: PEÇA PRÁTICA


(pontuação: 3,0 – máximo de 100 linhas).

Analise o depoimento de Eleonora Nestário, mulher da vítima


Ariolando Nestário:

Mora na Rua Dois, casa 22, nesta cidade de Sol do Leste,


Estado de Peroba; que ontem, 20 de maio de 2014, por volta das 21
horas, retornava para sua residência quando viu pela janela seu
compadre, Oswardo Silverado, apontando um revólver, calibre 38,
para o marido da declarante, Ariolando Nestário; sofreu uma súbita
tontura, ficou sem voz e caiu junto à parede externa da casa; ficou
imóvel, mas consciente pôde ouvir seu compadre dizendo que sua
mulher, Nestora Passoal não valia nada, pois estava tendo um caso
amoroso com Ariolando; escutou Oswardo gritar: “ajoelha, ajoelha” e
logo em seguida, ouviu estampidos de tiros; em instantes escutou
mais dois tiros, os quais pareciam mais próximos da declarante; ficou
paralisada por alguns minutos e quando conseguiu entrar na casa
encontrou seu marido morto, caído no chão da sala; soube
posteriormente que Oswardo, logo depois de matar Ariolando, ainda
desferiu dois tiros contra a vizinha da declarante, Leontara Nicolau,
que ao ouvir os tiros correu até a casa da declarante para ver o que
aconteceu e topou com o indiciado fugindo depois de matar
Ariolando; o projétil traspassou o braço de Leontara, conforme
descreve o laudo de lesões de fl. 44; o laudo de necropsia de fl. 33
retrata os ferimentos sofridos por Ariolando, ou seja, os produzidos
por três tiros na cabeça; que seus vizinhos Terto Luis, Asnelson Raro
e Olavino Tostão levaram a declarante e sua vizinha Leontara ao
hospital; um minuto antes de chegar em sua casa ontem, viu
Rodoliro Silverado, irmão de Oswardo parado perto da cancela de
entrada da fazenda da declarante; soube posteriormente que
Oswardo Silverado fugiu num carro pequeno, cor vermelha, junto
com o irmão dele, Rodoliro; os dois irmãos, segundo souberam os
vizinhos, teriam combinado a morte de Ariolando e, outro irmão de
Oswardo, Tulíbio Silverado, emprestou a arma do crime e concordou
com todo o plano de seus dois irmãos; soube agora que Oswardo,
hoje de manhã, 5h, na perseguição da polícia, no quilômetro 12 da
estrada Rica, nesta cidade, atirou contra os policiais militares Terto
Jonas e Lindosol Anísio, que foram atingidos de raspão nos seus
ombros, mas conseguiram prender Oswardo; quando foi preso,
contaram os vizinhos, Oswardo estava com um carro que comprara
por R$ 5.000,00 (cinco mil reais), dois dias antes do crime de
homicídio, sabendo ser produto de crime, de Solito Moreno, dono de
uma venda de carros usados, no centro da cidade; disseram-lhe os
vizinhos que o carro marca GM, modelo corsa, cor vermelha, de
propriedade de Solania Tostes, tinha sido roubado na manhã
daquele mesmo dia que Oswardo comprara o automóvel, também no
centro da cidade, por um desconhecido, que vendeu o carro por R$
2.000,00 (dois mil reais) para Solito Moreno; soube agora que assim
que pegou o carro do ladrão, Solito Moreno trocou as placas dele, de
ARE 1717, para ARG 2134. Nada mais.

Com base no depoimento acima, prestado no


inquérito policial, que é corroborado por outras provas periciais e
testemunhais, elabore a DENÚNCIA (sem a cota respectiva). Supra
os eventuais dados faltantes e considere conexos todos os fatos.
Não é necessária a qualificação das pessoas.

PEÇA PRÁTICA:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO


DA COMARCA DE SOL DO LESTE

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE PEROBA, por seu


promotor de Justiça abaixo assinado, no uso de suas atribuições
legais e constitucionais, com base nos inclusos autos de inquérito
policial nº XX/14, da Delegacia de Polícia de Sol do Leste, vem,
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, oferecer:

DENÚNCIA em face de:

OSWARDO SILVERADO, qualificação;

RODOLIRO SILVERADO, qualificação;

TULÍBIO SILVERADO, qualificação;

SOLITO MORENO, qualificação, pelos fatos a seguir


descritos:

1º Fato:

No dia 20 de maio de 2014, por volta das 21 horas, na sala da


residência da vítima Ariolando Nestário, localizada na Rua 02, casa

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22, nesta cidade e comarca de Sol do Leste, Estado de Peroba, o
acusado OSWARDO SILVERADO, munido de um revólver, calibre
38, apreendido nos autos às fls. , por motivo torpe, qual seja, em
razão de suspeitar que a vítima mantinha caso amoroso com Nestora
Passoal, esposa do denunciado, este, após render a vítima e
determinar que ela se ajoelhasse, valendo-se de recurso que
dificultou a defesa da vítima, com ânimo de matar, desferiu três tiros
contra a cabeça de ARIOLANDO NESTÁRIO, produzindo-lhe os
ferimentos descritos no laudo de necropsia de fl. 33, que foram a
causa da morte da vítima. Ato contínuo, com intenção de matar e
para assegurar a impunidade do crime de homicídio anteriormente
praticado, desferiu dois tiros contra a também vítima, LEONTARA
NICOLAU, que ao ouvir os primeiros tiros veio até a residência de
Ariolando, sofrendo Leontara ferimento transfixante do braço direito
(laudo de fl. 44). No entanto, por circunstâncias alheias à vontade do
acusado Oswardo, qual seja, porque a vítima Leontara não foi
atingida em órgãos vitais, o crime de homicídio não se consumou. O
denunciado Oswardo ajustou previamente, a prática do crime de
homicídio contra Ariolando, com seus irmãos, Tulíbio Silverado e
Rodoliro Silverado, agindo todos em comunhão de vontades, um
querendo contribuir na conduta do outro, sendo de ciência de todos
que Ariolando seria morto porque estaria tendo um caso amoroso
com a esposa de Oswardo. Tulíbio forneceu o revólver 38 para a
prática do crime de homicídio de Ariolando, enquanto Rodoliro, no
data do crime, ficou de vigia na entrada da fazenda da vítima fatal e,
após as duas vítimas serem feridas a tiros, fugiu do local com
Oswardo num carro.

2º Fato:

Em 21 de maio de 2014, aproximadamente 5h, na altura do


quilômetro 5, da estrada Rica, nesta cidade e comarca de Sol do
Leste, o denunciado Oswardo Silverado, munido de um revólver
calibre 38, apreendido nos autos às fls. , desferiu tiros na direção
dos policiais militares Terto Jonas e Lindosol Anísio, vítimas, que o
perseguiam, pretendendo acertá-los. O acusado tinha intenção de
matar as vítimas, não se consumando o crime de homicídio por erro
de pontaria, haja vista que os policiais sofreram ferimento de
natureza leve nos seus ombros (tiro de raspão – cf. laudo de fls.),
circunstância alheia à vontade do denunciado Oswardo.

3º Fato:

Nas mesmas circunstâncias de tempo e local do fato nº 2, o


denunciado Oswardo Silverado, mediante violência, consistente em
efetuar vários disparos de arma de fogo que feriram os policiais,
resistiu à ordem de prisão dos policiais militares Terto Jonas e

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Lindosol Anísio, opondo-se à execução de ato legal, qual seja, sua
prisão em flagrante, levada a cabo pelos policiais, que eram
competentes para executá-lo.

4º Fato:

Em 18 de maio de 2014, por volta das 9h, no centro desta


cidade e comarca de Sol do Leste, o denunciado Solito Moreno, no
exercício de atividade comercial, adquiriu, em proveito próprio, por
R$ 2.000 (dois mil reais), de um rapaz desconhecido, o veículo
marca GM, modelo corsa, cor vermelha, placa ARE 1717, de
propriedade de Solania Tostes, sabendo o denunciado Solito que se
tratava de veículo roubado pelo desconhecido minutos antes,
naquela mesma manhã. Logo depois de adquirir o veículo, o
denunciado adulterou sinal identificador do veículo automotor, no
caso as placas trocando as placas ARE 1717 por ARG 2134,
vendendo o veículo, em sua loja, minutos depois, para o denunciado
Oswardo Silverado, conforme narrado abaixo.

5º Fato:

Em 18 de maio de 2014, por volta das 10h, no centro desta


cidade e comarca de Sol do Leste, o denunciado Oswardo Silverado,
mediante o pagamento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), adquiriu, em
proveito próprio, de Solito Moreno, sabendo que se tratava de
produto de crime, no caso roubo, um veículo marca GM, modelo
Corsa, cor vermelha, placas ARG 2134, de propriedade de Solania
Tostes.

Diante do exposto, o denunciado OSWARDO SILVERADO


infringiu os preceitos dos seguintes tipos penais: artigo 121, §2º, I e
IV, c.c. art. 29 (vítima Ariolando); art. 121, §2º, V, c.c. art. 14, II
(vítima Leontara); art. 180, “caput”, aplicada a regra do concurso
material (art. 69), todos artigos do Código Penal; art. 121, “caput”,
c.c. art. 14, II (duas vezes – vítimas Terto Jonas e Lindosol Anísio) e
art. 329, “caput”, todos artigos do Código Penal, aplicada a regra do
concurso formal (art. 70, do CP); o acusado RODOLIRO
SILVERADO infringiu os preceitos dos seguintes tipos penais: Artigo
121, §2º, I e IV, c.c. art. 29; o denunciado TULÍBIO SILVERADO
infringiu os preceitos dos seguintes tipos penais: Artigo 121, §2º, I e
IV, c.c. art. 29; e o denunciado SOLITO MORENO infringiu os
preceitos dos seguintes tipos penais: art. 180, parágrafo único e art.
311, “caput”, aplicada a regra do concurso material (art. 69), todos do
Código Penal. Assim, requer seja a presente denúncia recebida,
citando-se os acusados para oferecer defesa escrita, processando-
se no rito definido nos art. 406 a 497 do CPP, intimando as
testemunhas a seguir arroladas, sendo que, havendo provas, pede-

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se a pronúncia dos acusados.

Pede deferimento

Sol do Leste, 06 de outubro de 2014.

Promotor de Justiça

ROL DE INFORMANTES:

1) Eleonora Nestário (qualificação)

2) Leontara Nicolau (qualificação)

3) Terto Jonas (qualificação)

4) Lindosol Anísio (qualificação)

5) Nestora Passoal (qualificação)

ROL DE TESTEMUNHAS:

1) Terto Luis (qualificação),

2) Asnelson Raro (qualificação)

3) Olavino Tostão (qualificação)

4) Solania Tostes (qualificação)

2ª QUESTÃO – DIREITO PROCESSUAL PENAL: (pontuação: 1,0


– máximo de 20 linhas).

Discorra sobre a seguinte assertiva: “Com as últimas reformas


legislativas, alguns artigos do CPP, com traços do sistema penal
inquisitório, foram revogados ou alterados, mas persistem
dispositivos em descompasso com o sistema constitucional
acusatório”.

RESPOSTA:

Num primeiro momento deve-se diferenciar com brevidade sistema


inquisitório do sistema acusatório, bem como indicar qual é o modelo
brasileiro adotado pelo CPP (se acusatório, se inquisitorial ou misto,
fundamentando a posição) e seu eventual contraste com o sistema

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da Constituição Federal. Devem ser mencionadas as alterações
legislativas da mini-reforma de 2008 do CPP (Leis nºs 11.690/08,
11.689/08 e 11.719/08) e Lei nº 12.403/11, por meio das quais
reduziu-se a atuação de ofício do juízo e comentar ao menos um
dispositivo legal que manteve traço inquisitório, como a manutenção
de possibilidade do juiz determinar a produção de provas urgentes
antes de iniciada a ação penal e ordenar diligências de ofício para
esclarecimento de ponto relevante durante o processo (art. 156, I e
II, do CPP), quando o ônus probatório é do MP. É indispensável que
se trate na questão a alteração do interrogatório como primeiro ato –
lembre-se que no inquisitório valoriza-se a confissão como a rainha
das provas – meio de prova -, passando para depois da instrução –
meio de defesa, podendo o acusado permanecer em silêncio (norma
constitucional) e deixar de comparecer ao ato e ao julgamento no
júri. A valorização do sistema acusatório, por meio de comentário
fundamentado de pelo menos um dispositivo do CPP alterado pela
mini-reforma de 2008 ou pela lei de medidas cautelares pessoais,
como a possibilidade das partes fazerem indagações diretamente à
testemunha, antes do magistrado (art. 212, do CPP), a
impossibilidade do juiz aplicar de ofício medidas cautelares pessoais
durante a investigação (art. 282, §2º e 4º, do CPP – Lei nº
12.403/11).

3ª QUESTÃO – DIREITO PROCESSUAL PENAL (pontuação: 1,0 –


máximo de 20 linhas).

Discorra sobre o princípio da reformatio in pejus abrangendo a)


conceituação, b) exemplo prático; c) aplicabilidade aos casos do Júri
e d) exponha como ocorre a reformatio in pejus indireta.

RESPOSTA:

O candidato deverá conceituar no que consiste o princípio da


reformatio in pejus, vedado pelo ordenamento jurídico (art. 617, do
CPP) e contemplar a Súmula 160 do STF. Exemplo prático:
condenação em 10 anos de reclusão por roubo; recurso exclusivo da
defesa e aumento da pena pelo Tribunal para 11 anos. Quanto à
aplicabilidade aos casos do Tribunal do Júri, pela soberania do júri
popular, constituiria obstáculo à vedação da reformatio in pejus, na
hipótese de um novo julgamento, a nova decisão poderá piorar a
situação do réu, na hipótese de reconhecimento de agravantes, nas
causas de aumento ou de qualificadoras que não foram não
apreciadas, ou que foram rejeitadas no julgamento anterior. Sendo
os resultados das respostas aos quesitos iguais ao júri anterior, o juiz
não pode fixar pena superior à anteriormente fixada. Quando
explanar sobre a reformatio in pejus indireta: recurso da defesa é
provido para anular o processo e, afastada uma nulidade, advém

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nova condenação, com a imposição de pena mais grave. Pela
proibição da reformatio in pejus indireta o juiz, na segunda decisão,
não pode fixar pena maior da que foi fixada no primeiro julgamento
anulado.

4ª QUESTÃO – DIREITO PROCESSUAL PENAL (pontuação: 1,0 –


máximo de 20 linhas).

Discorra sobre o princípio do Juiz Natural no processo penal


brasileiro, abrangendo: a) conceituação e sua previsão no
ordenamento jurídico e b) explicite como se efetiva a distribuição de
competência a partir do referido princípio.

RESPOSTA:

Incumbe ao candidato conceituar Juiz Natural - compreensão do


direito que cada cidadão tem em saber previamente, por meio de
fontes constitucionais, qual autoridade irá processá-lo e julgá-lo,
sendo este juízo constituído antes do fato delituoso a ser julgado e
mediante regras taxativas de competência - e apontar sua previsão
no ordenamento jurídico brasileiro – O princípio está positivado no
art. 5º, incisos XXXVII e LIII, da CRFB, onde no primeiro inciso
destaca-se a vedação aos tribunais de exceção, JUÍZO AD HOC
(aqueles criados para julgamento de determinado fato) e JUÍZO EX
POST FACTUM (aqueles criados após a prática dos fatos postos a
julgamento). O segundo inciso, diz respeito aos julgamentos pelo
juízo competente, ou seja, que ninguém será processado nem
sentenciado senão pelo juízo competente, dotado de todas as
garantias institucionais e pessoais previstas constitucionalmente.
Quanto aos critérios de distribuição de competência a partir do
referido princípio, a Constituição Federal estabelece:

• Competência ratione personae, em razão das funções (foro por


prerrogativa de função), art. 102, 105, 108 e 96, III da CRFB.

• Competência ratione materiae, especializada por matéria, conforme


a titularidade do bem e à natureza do crime (Justiça Comum: Federal
(expressa) e Estadual (residual); Justiça Especializada: Justiça
Militar e Justiça Eleitoral; Julgamento pelo Tribunal do Júri: crimes
contra a vida, art. 5º, XXXVIII da CRFB).

5ª QUESTÃO – DIREITO PROCESSUAL PENAL (pontuação: 0,5 –


máximo de 15 linhas).

Discorra sobre a livre convicção motivada do julgador no processo


penal brasileiro.

RESPOSTA:

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O juiz é livre na formação de seu convencimento, não estando
comprometido por qualquer critério de valoração prévio da prova
(prova tarifada), podendo optar livremente por aquela que lhe
parecer mais conveniente. Um único testemunho, por exemplo,
poderá ser levado em consideração pelo juiz, ainda que em sentido
contrário a dois ou mais testemunhos, desde que em consonância
com as outras provas. A liberdade quanto ao convencimento não
dispensa, porém, a sua fundamentação, ou a sua explicitação. Está
previsto no art. 155, do CPP e a CF prevê a obrigatoriedade de
fundamentação da decisão, sob a pena de nulidade (inciso IX, do art.
93). O juiz deve declinar as razões que o levaram a optar por tal ou
qual prova, fazendo-o com base em argumentação racional, para
que as partes, eventualmente insatisfeitas, possam confrontar a
decisão nas mesmas bases argumentativas. Trata-se de regra de
julgamento, a ser utilizada por ocasião da decisão final, quando se
fará a valoração de todo o material probatório dos autos. No Tribunal
do Júri, não vigora tal sistema de apreciação da prova, aplicando-se
o princípio da íntima convicção.

6ª QUESTÃO – DIREITO PROCESSUAL PENAL (pontuação: 0,5 –


máximo de 15 linhas).

Discorra sobre o princípio da indisponibilidade da ação penal,


tratando da mitigação de sua aplicação no processo penal brasileiro.

RESPOSTA:

Também conhecido como princípio da indesistibilidade, trata-se de


desdobramento lógico do princípio da obrigatoriedade. Com efeito,
se o Ministério Público é obrigado a oferecer a denúncia, caso
visualize a presença das condições da ação penal e a existência de
justa causa (princípio da obrigatoriedade), também não pode dispor
ou desistir do processo em curso (indisponibilidade). Ele se aplica na
fase processual, enquanto o princípio da obrigatoriedade aplica-se
na fase pré-processual. O CPP é expresso ao prever no art. 42, que
o MP não pode desistir da ação penal, bem como, não poderá
desistir do recurso que interpôs (art. 576, CPP). O exemplo prático
de mitigação do princípio é a suspensão condicional do processo
(art. 89, da Lei nº 9.099/95), pois preenchendo o acusado os
requisitos objetivos e subjetivos para suspensão, oferecida a
proposta pelo órgão ministerial, com posterior aceitação do acusado
e de seu defensor, e ulterior homologação da autoridade judiciária, o
processo permanecerá suspenso.

7ª QUESTÃO – EXECUÇÃO PENAL (pontuação: 1,0 – máximo de


15 linhas).

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Num intervalo de três anos, por crimes praticados em 2011, 2012 e
2013, Juca Bacana foi condenado, sequencialmente, em três
processos diversos (em dois deles, às sanções do artigo 157,§3º do
Código Penal e, em outro, às do artigo 121, “caput”, do Código
Penal), cujas penas somadas atingiram o total de 45 (quarenta e
cinco) anos de reclusão, a serem cumpridas inicialmente em regime
fechado. Ocorreu a unificação das penas, em observância ao §1º, do
art. 75, do Código Penal. Supondo que Juca iniciou o cumprimento
de pena hoje (06 de novembro de 2014), a partir de quando ele terá
direito aos benefícios de progressão de regime e livramento
condicional? Discorra fundamentadamente.

RESPOSTA:

Embora o enunciado indique os anos em que os crimes foram


praticados, não há informação, propositadamente, sobre a data das
sentenças. A progressão de regime e o livramento condicional, assim
como o crime comum (art.121, caput) e os hediondos (art.157,§3º in
fine) terão tratamentos diferenciados se Juca Bacana for reincidente
ou tecnicamente primário. Sendo primário, alcançará a progressão
de regime para o crime previsto no artigo 121, caput, CP, após o
cumprimento de 1/6 da pena, conforme o artigo 112, da Lei de
Execução Penal. E, para os crimes previstos no artigo 157,§3º, CP,
após o cumprimento de 2/5 da pena, consoante o artigo 2º, §2º da
Lei 8072/1990. Já, o livramento condicional exigirá o cumprimento de
1/3 da pena, de acordo com o artigo 83, I, do Código Penal. Se
reincidente, a progressão de regime se dará após o cumprimento de
1/6 da pena aplicada ao homicídio (art.112, LEP) e após 3/5
relativamente aos latrocínios (art.2º, §2º, II, da Lei de Crimes
Hediondos). Com relação ao livramento condicional, terá de cumprir
mais metade da pena do homicídio (art.83, II, CP) e mais de 2/3 das
penas dos latrocínios. Se incidir reincidência específica quanto aos
latrocínios, será insuscetível de obter o benefício do livramento
condicional (art.83, V do CP).

8ª QUESTÃO – EXECUÇÃO PENAL (pontuação: 0,5 – máximo de


15 linhas).

Discorra sobre indulto coletivo, contendo: a) conceituação; b)


diferenciação de anistia; c) natureza da sentença que declara o
indulto; d) efeito na ação de reparação de dano decorrente de ilícito
penal.

RESPOSTA:

a) O indulto coletivo é um ato de indulgência privativo e discricionário


do Presidente da República, delegável aos Ministros, Procurador-

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Geral da República e Advogado-Geral da União, abrangendo toda ou
parte da pena (comutação); b) O indulto difere-se da anistia, porque
esta é condida pelo Congresso Nacional (Poder Legislativo), refere-
se a fatos e não a pessoas, e é geralmente motivada por
considerações de ordem política (crimes político, militar e eleitoral);
c) Possui natureza declaratória; d) O indulto não abrange os efeitos
civis, não tendo nenhuma repercussão sobre a ação de reparação
de dano decorrente do ilícito penal.

9ª QUESTÃO – DIREITO DO CONSUMIDOR (pontuação: 0,5 –


máximo de 15 linhas).

Diversas Promotorias de Justiça do Estado do Paraná, além de


outros órgãos municipais e estaduais de defesa do consumidor
receberam reclamações acerca da propaganda reputada enganosa,
atribuída à empresa “VIVA MAGRO Ltda.”, com sede na cidade de
Campinas – SP. A campanha publicitária, que afirmava que o
consumidor eliminaria até três quilos por semana, sem dieta ou uso
de medicamentos, apenas ingerindo um kit de chás, foi desenvolvida
pela agência de publicidade “ALTO LUCRO”, situada em Blumenau
– SC, e veiculada em todo o território nacional. A venda do kit
emagrecedor somente era feita por telefone, em central localizada
na região metropolitana de Curitiba, e a entrega era feita via correio,
para todos os Municípios do Brasil. A partir das informações
prestadas pelos consumidores, análise do material publicitário e
exame pericial do produto, apurou-se que o kit de chás não teria
nenhum efeito sobre o metabolismo humano e seu uso não
acarretaria quaisquer benefícios ou prejuízos, sendo absolutamente
inócuo e, portanto, incapaz de acarretar o emagrecimento prometido
na propaganda.

Considere a situação acima descrita e responda


fundamentadamente as seguintes questões:

a) Pelo fato de o produto ser inócuo, houve violação aos direitos do


consumidor? Em caso afirmativo, quais os direitos violados?

b) Tendo em vista que várias Promotorias de Justiça e outros órgãos


de defesa do consumidor receberam reclamações de consumidores
que se sentiram lesados pela oferta publicitária, discorra
fundamentadamente sobre a competência para a eventual
deflagração de medida judicial tendente à cessação da propaganda
e à reparação dos danos potencialmente sofridos pela coletividade
de consumidores.

RESPOSTA:

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a) Apesar de inócuo o produto, e ainda que não haja riscos para a
saúde do consumidor, o produto é considerado impróprio, nos
termos do artigo 18,§6º, II, do CDC. E a publicidade é enganosa
conforme o artigo 37, §1º, do CDC. Assim, foram violados os direitos
à informação adequada e clara sobre o produto e à proteção contra
a publicidade enganosa e abusiva, previstos, respectivamente, nos
incisos III e IV, do artigo 6º, do Código de Defesa do Consumidor; b)
Considerando que os danos aos consumidores tiveram repercussão
regional, pois houve reclamações em diversas Promotorias de
Justiça do Estado do Paraná, bem como, nacional, eis que, segundo
o enunciado, o produto era distribuído para todos os Municípios do
Brasil, será competente para a apreciação de eventual medida
judicial o foro da Capital do Estado ou do Distrito Federal, nos
termos do artigo 93, II, do Código de Defesa do Consumidor.

10ª QUESTÃO – DIREITO SANITÁRIO (pontuação: 1,0 – máximo


de 20 linhas).

José dos Anzóis Caracóis é portador de síndrome autoimune rara e


incurável e, submete-se a acompanhamento médico pelo Sistema
Único de Saúde (SUS), para controle dos sintomas da doença. Após
esgotar todas as alternativas de tratamentos com fármacos
padronizados pelo sistema, o médico assistente prescreveu
medicamento não previsto nos protocolos do SUS, porém, reputado
indispensável para garantia da sobrevivência do paciente, com
melhor qualidade de vida. O paciente solicitou a dispensação do
fármaco, que lhe foi negada pelo Poder Público, sob o argumento de
não estar relacionado nos protocolos do SUS. Ao que José dos
Anzóis Caracóis procurou o representante do Ministério Público
Estadual e informou a necessidade do medicamento. De posse
dessas informações, o órgão ministerial instaurou procedimento
próprio e, após a instrução do feito, concluiu pela veracidade da
reclamação.

Considere a situação acima descrita e responda


fundamentadamente as seguintes questões:

a) O Ministério Público Estadual detém legitimidade para atuar em


face da situação descrita? Quais os fundamentos de ordem
constitucional e legal para tanto?

b) Na eventualidade de se ingressar com ação judicial, quem


seria(seriam) o(s) legitimado(s) passivo(s)? Por quê?

RESPOSTA:

a) Tendo em vista a natureza indisponível do direito à saúde, assim

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como a previsão do artigo 197, da CF, no sentido de que as ações e
serviços de saúde são de relevância pública, o Ministério Público
Estadual possui legitimidade para atuar e face da situação descrita,
por força do artigo 127 da Constituição Federal, que incumbe à
instituição a defesa dos interesses individuais indisponíveis e do
artigo 129, II que prevê a função de zelar pelo efetivo respeito dos
poderes públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos
assegurados na Constituição, promovendo as medidas necessárias
a sua garantia. Também fundamentam a legitimidade ministerial o
artigo 114, caput da Constituição do Estado do Paraná, além do
art.25, IV, a, da Lei 8625/1993 e art.2º, IV, a, da Lei Estadual
Complementar nº85/199.

b) Na eventualidade de o Ministério Público ingressar com ação


judicial, conforme o entendimento maciço em todas as Cortes do
País, tratando-se de um sistema único de saúde, no qual não há a
especificação das tarefas que cabem a cada ente federado. E com
fundamento nos artigos 196 e 23, II, da Constituição Federal, seriam
legitimados passivos na demanda a União, o Estado e o Município.

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