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RONDÔNIA:
COMPORTAMENTOS E RELAÇÕES SOCIAIS.
Resumo
Este artigo objetiva descrever aspectos estratégicos na ótica de equalização social
homeostática, possibilitada pela ciência da Psicologia no âmbito da situação de rua das
populações urbanas. Tem-se a finalidade de analisar a logística metabólica da civilização no
sentido de expor ações educacionais, preventivas, retificadoras, terapêuticas e afetivas,
visando a elaboração de uma tática técnico-científica de reintegração civil desses elementos
da cidadania atingida pelo espectro falho da ruptura patológica do contrato social de bem-
estar entre o Estado e o Indivíduo. Buscando a compreensão das trajetórias de exclusão social,
bem como das transformações identitárias oriundas dessa dimensão da esclerose interativa de
sociabilidade, o autor pauta-se sobre os fundamentos da interdisciplinaridade, propondo uma
anastomose entre as diversas Ciências das Humanidades, da Saúde, bem como das áreas de
Urbanização, Política e Cultura, utilizando-se da pesquisa bibliográfica e documental para
indicar possíveis caminhos de intervenções biopsicossociais capazes de fortalecer e nutrir as
identidades, corpos e presenças das consciências ultrajadas pelo materialismo histórico
dialético do metabolismo civilizatório, imposto pela modernidade capital aos desdobramentos
humanos de convivência e vizinhança ambiental na ecologia do Mundo. Logo, hasteia-se a
esperança de contribuição desta análise acadêmica, mesmo que embrionária, para a solução o
enfrentamento deste flagelo social que é a situação de rua, e as populações que nela se
encontram.
Palavras-Chave: psicologia; situação de rua; exclusão social; interdisciplinaridade;
intervenções biopsicossociais.
This article aims to describe strategic aspects in the view of homeostatic social equali-
zation, made possible by the science of Psychology in the context of the street situation of ur-
ban populations. The aim is to analyze the metabolic logistics of civilization in order to expo-
se educational, preventive, rectifying, therapeutic and affective actions, aiming at the elabora-
tion of a technical-scientific tactic of civil reintegration of these elements of citizenship affec-
ted by the faulty spectrum of pathological rupture of the social welfare contract between the
State and the Individual. Seeking to understand the trajectories of social exclusion, as well as
the identity transformations that originate from this dimension of interactive sclerosis of soci-
ability, the author focuses on the foundations of proposing an anastomosis between the vari-
ous Ciences of the Humanities, Health, Urbanization, Politics and Culture areas, using biblio-
graphical research to indicate possible ways of biopsychosocial interventions capable of
strengthening and nourishing the identities, bodies and presence of the consciences outraged
by dialectical historical materialism of the civilizational metabolism imposed by capital mo-
dernity to the human unfolding of coexistence and environmental surroundings of the ecology
of the World. Therefore, in the hope for the contribution of this academic analysis, even if
embryonic, to the solution of this social scourge, which is the street situation, and the popula-
tions that are in it, was raised.
Introdução
A estatística da exclusão
Sendo assim, utilizando os dados levantados em 2009 pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) do Governo Federal do Brasil (2009), em
uma pesquisa realizada entre as 71 maiores cidades do território nacional, investigando cerca
de 32 mil pessoas em situação de rua, pôde-se ter uma noção mais abrangente sobre o
processo de construção da compreensão a respeito das bases que fundamentam a
sustentabilidade da identidade social desse nicho populacional urbano.
Deste modo, foi possível perceber as relações de tal grupo com a cidade, na dimensão
de mobilidade, histórico sociofamiliar, interações psicotrópicas, bem como das estratégias de
sobrevivência metropolitana. Dos entrevistados, 35,5% citaram as interações psicotrópicas
como principal motivo para o exílio ao êxodo de rua (sendo o Álcool a mais nociva isca de
drogadição, excepcionalmente por sua adesão e permissividade social, sua propaganda
legislativa e, sobretudo, por seus privilégios econômicos); 29,8 % relataram o desemprego
como causa fundamental para sua situação; 29,1% descreveram seus processos de desavenças,
fragmentação e diluição de seus núcleos familiares.
Porém, tendo em vista o próprio aspecto fisiológico característico dos elementos que
comportam a PSR, é plausível a compreensão analítica que expõe o equívoco perceptivo dos
próprios entrevistados, no tangente aos princípios causais relatados como responsáveis por
suas situações de vulnerabilidade. A Psicologia Moderna (SCHULTZ, 2019), sob um viés
bioenergético (Reich, 1999), afirma que não se trata apenas das psicotropías tóxicas ingeridas
sem mensuração posológica, muito menos da ausência de vínculo laboral remunerado; mas
sim da fragilização dos vínculos afetivos, da quebra das relações de pertencimento
sociofamiliares, assim como da negação do livre arbítrio de escolha de identidade,
sexualidade, crenças religiosas e, acima de tudo, dos parâmetros de utilização do Corpo no
contexto socioeconômico da cidadania democrática, no tangente à resposta às exigências do
mercado financeiro; como sendo, de fato, os agentes principais no feitio dimensional desse
fenômeno do espectro de rua.
Sob a análise de Silveira (2009), admite-se a situação de rua como a relação
conflituosa entre o público e o privado, em remitência à ocupação de vias públicas por
pessoas, em um contexto habitacional. A moradia, que na dimensão do capital equalizado é
percebida como de caráter privado, na situação de rua é vivenciada ao ar livre, em exposição
pública. Tal contradição dicotômica gera posturas e olhares discriminatórios, segundo Rosa,
Secco y Brêtas (2006), projetados pelos estigmas fenotípicos característicos dessa condição de
rua, oriundos da degradação depreciativa da fisiologia corporal e higiênica dos indivíduos
mergulhados em tal situação.
Tal qual a lepra dos séculos XIII e XIV, substituída simbolicamente pela Loucura,
como relata Foucault (1972), a situação de rua constitui, na modernidade, a mais desprezível e
repreensível condição de patologia social, vilipendiada sob o viés da higienização urbana, em
favor do conforto ofertado à burguesia cômoda, como atalho para o ato de ignorar a
responsabilidade devida ao Estado por conta da permissão dada à continuidade da anemia
instaurada na cidadania cotidiana, em detrimento dos interesses bancários e industriais, bem
como das especulações imobiliárias e do império farmacêutico que envenena a medicina em
geral, com sérias distorções na psiquiatria.
Logo, fica nítida a compreensão do processo de construção da introjeção da patologia
psicológica, mediante a um contexto de sanções impostas pela sociedade às interações
afetivas, conjecturando uma série de privações de direitos como sentença social ao espectro
estigmático das PSR. Tal dinâmica anula as demais possibilidades de reconhecimento da
representação de si, afetando a constituição identitária do indivíduo na sua relação com o
mundo da realidade material, propiciando o acúmulo de frustrações egoicas (Freud, 2011)
necessárias para o estabelecimento de ciclos viciosos de auto sabotagem.
Por conseguinte, pela depreciação da fisiologia corporal, advinda da fome, bem como
do desequilíbrio do ciclo circadiano, segundo Best e Taylor (1937/2010), os indivíduos
apresentam baixo rendimento laboral, assim como cognitivo, acarretando a continuidade da
dimensão de vulnerabilidade socioeconômica, por conta de seu não assistencialismo salarial
advinda com o desemprego. Além do mais, mediante a tais processos sociais de
sustentabilidade, os indivíduos acabam por apresentar, também, o espectro depressivo do
isolamento social, oriundos de sentimentos de inferioridade e autocomiseração, vetorizando a
conduta existencial às interações psicotrópicas desmensuradas de equilíbrio posológico,
perpetuando os vícios tóxicos mortíferos da modernidade.
Destarte, a partir dos dados colhidos pelo MDS, cerca de 31,8 % da PSR é impedida
de adentrar em Comércios; 31,3 % em shoppings; 21,7% em órgãos públicos; 29,8 % de
utilizar os serviços de transporte público; sobretudo, 18,4% tem os seus direitos, de acesso à
Saúde, negados, inclusive no Sistema Único de Saúde (SUS); sem contar os impedimentos ao
direito ao Estatuto do Trabalho, tendo em vista a questão documental da PSR.
Tais dados confirmam, alarmantemente, a condição carcerária que os indivíduos que
se encontram sob o espectro da rua vivenciam fora do sistema prisional, pois são diretamente
atingidos em seu poder de Liberdade, de escolhas. Apesar das possíveis patologias
constatadas na PSR, ainda fazem parte da Nação Brasileira e, portanto, não deveriam ter
menosprezados os seus direitos constitucionais de convivência cidadã, de ir e vir, e voltar a ir,
tanto quanto julguem necessário, a quaisquer lugares que tenham a vontade de averiguar.
Considerações Finais
Logo, o que cabe à Psicologia neste contexto nefasto de selvageria capital? A mesma
responsabilidade que lhe é imputada nos consultórios, hospitais e universidades: a mediação
terapêutica. A humanização da intervenção clínica, no sentido da elucidação das práticas de
retificação social, do alarde aos desvios de conduta, às patológicas intenções de infligir dano à
vida. Além da qualificação afetiva ofertada à academia de formação gradualista. O
Bacharelado deve preparar os seus formandos para a sociedade, humanamente gerenciável, e
não apenas como produtos industrializados do mercado financeiro, atendendo as demandas
capitais do lucro egoísta.
A Jurisprudência deverá ter sua autonomia chancelada pelo aval higiênico e neutro da
análise psicológica, bem como a psiquiatria, o processo eleitoral e político, a permissividade
privativa da ideologia mercadológica de consumo do mundo; assim, a harmonia será
implementada, de fato, na civilização humana. Reconheceremos a paz como sendo o pilar
central de todo o equilíbrio do universo. Teremos efetivada a eficácia da educação,
promovendo saúde, bem-estar, segurança, tecnologia e desenvolvimento social. De cidade em
cidade, estado a estado, país a país, continente a continente, é possível.
Podemos vencer as distinções sociais de uma economia ideologicamente falida,
restaurar as sequelas da ganância humana no tempo do espaço da dialética material das
relações sociais. Somente assim, pela técnica científica afetiva de vinculação humanizada das
interações sociopolíticas da civilização aplicadas sob a tutela do respeito mútuo, da promoção
perpétua da dignidade a todos os eres viventes, poderemos, de fato, alcançar o tão almejado
patamar civilizatório proposto por Auguste Comte, o pai da metodologia metabólica que nutre
a Academia Cientifica Moderna, da qual a Psicologia eflui: “O Amor por princípio, a Ordem
por base e o Progresso por fim.”
Enfim, não só o flagelo social das populações em situação de rua será sanada, mas sim
todos os desentendimentos e assimetrias civis, todo sofrimento humano, toda escassez e
ignorância. Deste modo, tendo em vista tudo quanto já foi discorrido nessa análise, este artigo
se finalizará com a exposição do poema Vence-dor, de Ricardo Teixeira, retirado do jornal O
Trecheiro, que disponibiliza a ciência do jornalismo a serviço da população em situação de
rua, no intuito de demonstrar a sensibilidade pela qual os seres humanos, que estão
vulnerabilizados por tal condição, enfrentam a vida:
“Já nasci complicado. Fui crescendo, foi piorando.
Tentei descomplicar, mas não deu.
Hoje continuo complicado, mas mais sábio.
Cresci, amadureci e estou aqui.
Vivendo a vida, tentando descomplicar.
E não desarrumar o que já arrumei.
Pouco estudei, pouco sei.
Mas sei acreditar e seguir em frente.
Passei por muitos lugares.
Por pouco tempo em cada um, mas intensamente.
E vou vivendo cada dia,
mas não como se fosse o último.
Hoje tenho metas, planos e sonhos.
Agora vou devagar.
Só para simplificar.”
Referências