Sei sulla pagina 1di 2

Lei de abuso de autoridade blinda ainda ma...

by guilherme nucci -
http://www.guilhermenucci.com.br/artigo/lei-de-abuso-de-autoridade-blinda-ainda-mais-o-agente-publico

Lei de abuso de autoridade blinda ainda mais o agente público

É interessante observar que várias entidades de classes dos operadores do Direito ingressaram com ações,
junto ao Supremo Tribunal Federal, apontando inconstitucionalidades da nova Lei de Abuso de Autoridade.

Em ligeira comparação, vejamos um tema: a exposição das pessoas presas em flagrante ou por ordem judicial
às redes de TV, em programas de sensacionalismo, gera, segundo me parece, flagrante vexame ou
constrangimento não autorizado em lei. São os casos de repórteres colocando microfones no rosto do preso e
perguntando por que ele cometeu tamanha atrocidade. Se o preso não fala, a câmera de TV está ligada,
mostrando a sua imagem em programa de alcance nacional. Enfim, nasce ali um culpado aos olhos da opinião
pública. Se o preso fala algo, vira prova contra si mesmo.

Parece-me a adequação típica referente ao art. 4º, “b”, da Lei 4.898/65 (lei de abuso de autoridade que vigora há
décadas e ainda hoje vigente): “Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: (…) b) submeter pessoa sob sua
guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei”. Note-se que não se menciona
violência ou grave ameaça, nem redução da capacidade de resistência. Cita o referido tipo penal
apenas submeter o preso (deixar que a pessoa detida seja exposta) sob sua guarda (delegados e agentes
policiais) a vexame ou constrangimento (aparecer em cadeia nacional de TV como bandido é bem vergonhoso e
constrangedor). Surge a indagação: quantas autoridades foram enquadradas nesse dispositivo da Lei de Abuso
de Autoridade atual (ainda não revogada), pois a nova lei encontra-se em vacatio legis? Não conheço nenhuma.
Possivelmente, o leitor também não conheça.

Edita-se a nova Lei de Abuso de Autoridade, tão questionada por vários operadores do Direito, prevendo o

página 1 / 2
Lei de abuso de autoridade blinda ainda ma...
by guilherme nucci -
http://www.guilhermenucci.com.br/artigo/lei-de-abuso-de-autoridade-blinda-ainda-mais-o-agente-publico

seguinte: “Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua
capacidade de resistência, a: I – exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; II –
submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; III – produzir prova contra si
mesmo ou contra terceiro” (grifamos). Esse art. 13 da Lei Nova é o correspondente ao art. 4º, “b”, da Lei
anterior. Mas ele tem muitos entraves para ser aplicado. O tipo penal do art. 4º, “b”, da Lei 4.898/65 era muito
mais fácil de ser utilizado – e quase nunca foi. O tipo penal do art. 13 da Lei 13.869/2019 prevê que a
autoridade condutora do preso aja com violência, grave ameaça ou outro recurso a reduzir a capacidade de
resistência do preso (uso de drogas, por exemplo).

“Qual autoridade policial agrediria o preso para ele aparecer na TV? Não se tem notícia
e não se terá.”

Não bastasse a redação do art. 13 atual, há dois valorosos obstáculos à punição do agente público, que deixa o
preso ser filmado e interrogado por um repórter, sofrendo vexame, humilhação e até produzindo prova contra si
mesmo. São eles, previstos no art. 1º da Lei 13.869/2019: “§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem
crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou
beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal; § 2º A divergência na
interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade”.

Noutros termos, torna-se praticamente impossível punir o agente público que permite a filmagem e entrevista de
preso frente às redes de TV. Afinal, a autoridade teria que agredir o preso ou ameaçá-lo para se submeter àquela
exposição. Além disso, precisaria submeter o preso à filmagem vexatória para prejudicá-lo, beneficiar-se (ou a
outrem) ou por mero capricho (quem prova isso com segurança?). Finalmente, interpretações diversas sobre os
fatos passíveis de enquadramento nos tipos penais de abuso de autoridade não configuram abuso de
autoridade.

Seria muito interessante que alguém conseguisse, comparando os artigos da Lei 4.898/65 com os da Lei
13.869/2019, apontar inconstitucionalidades desta última. A verdade é a seguinte: a) a Lei 4.898/65 tem sido
inoperante há muitos anos; b) a Lei 13.869/2019 surgiu para blindar, ainda mais, o agente público. O que era
inútil, pois a Lei 4.898/65 não era utilizada, passa a ser inútil e, mais, produtora de uma blindagem jamais vista
em qualquer outra lei penal aos agentes da autoridade.

Conheça as obras do autor clicando aqui!

página 2 / 2

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

Potrebbero piacerti anche