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TODOROV.
Giovanna Gomes Santos Oliveira¹
Josué Andrade Ramos¹
Laiany Nunes Lobato¹
Maria Clara Cunha Paixão Gomes¹
Mariana Amorim Garcia¹
Rayoline Amorim dos Santos Cirino²
RESUMO
1. Introdução
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2. Introdução de Fantástico
Um homem que se transforma em inseto, uma criança que fala com um coelho, o
funcionário público que acredita ser rei, a luta de uma mulher e seu reflexo no espelho, o
labirinto guardado por um ser sobrenatural, o gênio saído da lâmpada e o conde viúvo que
acreditar ainda viver com a esposa. Estas histórias, apesar de diferentes possuem a capacidade
de introduzir no enredo acontecimentos inabituais. A literatura fantástica é uma expressão que
refere-se a uma variedade literária ou o chamado gênero literário (Todorov. 1975). O exame
de obras literárias pode ser feito por mais de uma maneira, não há uma averiguação unilateral.
Porém é necessário encontrar uma regra que abranja todos os textos desta linha, para então
conseguir denomina-las obras fantásticas.
A exemplo dessa hesitação, onde o personagem diverge entre o que deveria ser real e
o que esta posto a sua frente, temos esta pequena passagem, de As Crônicas de Nárnia: O Leão,
a Feiticeira e o Guarda-roupa, quando a pequena Lucia Pevensie, entra pelo guarda-roupa e da
de encontro com Nárnia pela primeira vez:
Todorov define, portanto, um evento fantástico como ocorrências que não podem ser
explicadas pelas leis do mundo real, acontecendo quando há a dúvida se esse evento pode ser
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solucionado pela lógica, um evento natural, ou intrínseca às leis desconhecidas, um evento
sobrenatural:
“Há um fenômeno estranho que pode ser explicado de duas maneiras , por
tipos de causas naturais e sobrenaturais. A possibilidade de vacilar entre
ambas cria o efeito fantástico.” (TODOROV, 1975, pág. 16).
“O fantástico não dura mais que o tempo de uma vacilação: vacilação essa
comum ao leitor e ao personagem, que deve decidir se o que percebem provém
ou não da ‘realidade’”
Todorov afirma que existe uma linha tênue entre o fantástico, o estranho e o maravilhoso
e, que isso irá depender exclusivamente da solução dos acontecimentos sobrenaturais no
decorrer do livro.
Para ele, se as leis da realidade ficam intactas e, nos permite explicar os fenômenos
descritos na história, então ela pertence ao gênero Estranho. Se, pelo contrário, for necessário
admitir que é preciso criar novas leis da natureza para nos permitir explicar os fenômenos da
história, então ela pertence gênero Maravilhoso.
Sendo assim, o fantástico pode desvanecer-se a qualquer momento, ele parece estar
sempre no limite entre estes dois gêneros, a exemplo disso o livro discorre sobre várias obras
onde o fantástico sobrenatural pode ter uma explicação dentro das leis da realidade, bem como
livros em que novas leis da natureza podem ser criadas para explica-los.
Um exemplo destes limites é o livro Inés das Serras de Charles Nodier, um dos pioneiros
do fantástico na França:
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ouvintes que prefere deter-se, e se justifica desta maneira: “Qualquer outro
desenlace seria vicioso pois modificaria a natureza de meu relato” (pág. 697).
Mas não podemos dizer que o fantástico não existe, ou que ele existe apenas em uma
parte da obra, antes que os acontecimentos sobrenaturais sejam explicados. Todorov afirma que
o fantástico existe quando essa ambiguidade, retratada no trecho acima, se perpetua durante
todo o texto. Todorov dá em exemplo para explicar tão afirmativa o livro de Henry James, A
volta do Parafuso, onde o leitor nunca saberá se os fantasmas rondam a velha propriedade ou
se tudo não passa de alucinações da governanta que é atormentada pelo clima inquietante a sua
volta.
Todorov, usa essa pequena tabela, no livro, para nos mostrar os subgêneros.
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insólito, permitem que o leitor acredite na intervenção sobrenatural por um longo período de
tempo. Alguns críticos o descrevem como um sobrenatural explicado.
Em Uma Dobra no Tempo, de Madeleine L´ Engle, o pai da jovem Meg Murry passa
anos preso no espaço após entrar em um buraco de minhoca. Meg, então, juntamente com seu
irmão caçula Charles Wallace e seu amigo Calvin embarcam em uma aventura no tempo e
espaço para salva-lo. Os acontecimentos inquietantes da obra que causam no leitor uma
sensação de fantasia recebem uma explicação lógica com base na física quântica. Isto a torna
uma obra exemplo de um estranho-puro na contemporaneidade.
Para Todorov, o estranho relaciona-se unicamente com os sentimentos das pessoas e não
com o acontecimento material que desafia a razão, em particular a do medo, de acordo com o
autor, a pura literatura de horror pertence ao estranho e, muitas obras do autor Ambrose Bierce
poderiam servir de exemplo para o estranho puro.
Outrossim, Meg, em Uma Dobra no Tempo, sente-se presa ao medo de nunca mais ver o
pai e de não ser suficientemente capaz de salvá-lo:
“Meg, enrolada na colcha, tremia. Ela não costumava ter medo dos
elementos. Não é só a meteorologia, ela pensou. É o tempo, acima de tudo.
Acima de mim. Acima de mim, Meg Murry, que faço tudo errado.”
(L’ENGLE, 2010, pag. 9).
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O maravilhoso, ao contrário do estranho, vai se caracterizar, exclusivamente, pela
existência dos feitos sobrenaturais, sem implicar a reação que provocam nos personagens. No
texto de Todorov não parece haver uma definição de fantástico-maravilhoso, mas, sim, uma
serie de exemplos que nos sugere que, dentro da classe de relatos que se apresentam como
fantásticos nos textos, há uma aceitação do sobrenatural e estão muito próximos do fantástico
puro, pois sugere a existência do sobrenatural e, de acordo com a presença ou ausência de
detalhes o personagem se inclina a uma nova lei da natureza ou não:
“ Ao chegarmos, não demorou muito para que ela ficasse rodeada de fadas
e risse enquanto elas brincavam com sua echarpe e cabelo. Fadas são seres
muito curiosos, mas apesar disso não costumam se aproximar tanto dos
humanos como se aproximaram de Elizabeth. É algo raro e ao mesmo tempo
especial. Fadas costumam ser atraídas por seres gentis e de bom coração. ”
(CIRINO, 2019, pág. 158).
Soluço, personagem principal da série de livros, Como Treinar seu Dragão, da autora
Cressida Cowell, tem como realidade a antiga civilização viking, em que humanos coabitam
com dragões, em sua maioria, domesticados. É possível ver aspectos do maravilhoso-puro nesta
obra, pois os personagens e o leitor, em nenhum momento, hesitam em relação a realidade
apresentada, a autora deixa bem claro que essa perspectiva de mundo é possível em relação a
obra.
Por fim, temos o “fantástico-puro”, que se caracteriza por ser o fantástico por excelência.
Localiza-se entre o “fantástico-estranho” e o “fantástico-maravilhoso” e assemelha-se
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principalmente a este último, pois quando o fato permanece inexplicável, a existência do
sobrenatural é admitida, deixando o fantástico na sua forma “pura” (Todorov, 1975).
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as leis naturais sem dar a ele conhecimento de seus aspectos sobrenaturais. É importante
ressaltar que é algo que se repete ao longo da trajetória, mesmo quando Harry Potter (a criança
apresentada) tem conhecimento de seus poderes, seus tios o classificam como problemático e
por vezes até louco na frente de outros humanos, em uma tentativa de explicar e justificar seu
estranho comportamento.
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aceito como comum. Aqui podemos destacar um subgênero diferente do que havia se
manifestado na primeira parte da saga, o maravilho puro.
Percy Jackson e os Olimpianos é uma série literária de 5 livros composta pelo escritor
estadunidense Rick Riordan que aborda a mitologia Grega no universo contemporâneo. A saga
tem como personagem principal o pré-adolescente Percy, que com 12 anos está prestes a ser
expulso de seu colégio interno por não conseguir se encaixar e pelos seus problemas com déficit
de atenção. Ao descobrir que monstros míticos – que até então não passavam de histórias para
o personagem – o estão caçando. Ele, Percy, junto do seu amigo Grover Underwood, um sátiro
adolescente e protetor disfarçado de humano, decidem fugir de Nova York para encontrarem
refúgio num acampamento para semideuses onde estariam seguros.
Ao adentrar nesse novo mundo sobrenatural do qual Percy não tinha ideia, novos
conflitos surgem, tais quais o rapto de sua mãe pelo Minotauro, a acusação de ter roubado o
raio mestre de Zeus, que estava desaparecido e ser reclamado como filho de Poseidon, um dos
três grandes deuses: Zeus, Hades e Poseidon. A partir daí, Percy Jackson tem a missão de
encontrar o raio, descobrir quem o roubou e dar início a sua caminhada que tem como propósito
lutar contra Cronos, titã do tempo. Fazendo uma análise mais profunda do best-seller de Rick
Riordan e contextualizando com a visão de maravilhoso e estranho de Todorov, temos uma
narração em primeira pessoa participativa que até então vive num mundo que segue as leis
naturais, onde tudo segue a realidade em que vive e é a única que ele conhece. Como um
rompante, há o acontecimento inusitado, inesperado que muda o que até então é verdadeiro,
causando hesitação, caracterizando o fantástico.
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Até este acontecimento, Percy acredita ter uma vida usual, quando a sua professora se
transforma em uma Benevolente, pronta para mata-lo. Atrás de respostas, ele descobre que seu
melhor amigo é um sátiro, enviado para protege-lo e pois corre perigo, posto que chegou na
idade em que seu cheiro o entrega como semideus e ele não pode mais viver entre os humanos.
No reino de Norta dividido por dois grupos, sangue vermelho e sangue prateado, os
primeiros sendo servos, escravos e pobres e o segundo nobres e burgueses com poderes
sobrenaturais, vive Mare Barrow, uma jovem de 17 anos humilde de sangue vermelho. Sem
títulos, dinheiro ou emprego, Mare mora com sua mãe, uma dona de casa, seu pai um veterano
de guerra com uma perna amputada e sem um dos pulmões e uma irmã aprendiz de costureira.
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Com a aproximação de seu aniversário de 18 anos, a personagem está cada vez mais
proxima destino de jovens, sem opções profissionais como ela, ir para as trincheiras lutar na
guerra dos reinos que se perdura a anos. Mas antes disto, precisa garantir a sobrevivência da
família, com pequenos furtos de viajantes bêbados, já que o salário da irmã não supre as
necessidades do pai e seus problemas de saúde. Em uma das suas atividades ilícitas Mare rouba
um homem mais importante do que poderia imaginar, o próprio príncipe herdeiro que ao
contrário do que esperava em vez de prende-la lhe oferece um emprego no castelo.
Com a maioridade do então príncipe e futuro rei Cal da casa Calore, faz-se necessário
a escolha de uma futura rainha. Todas as casas então enviam suas princesas para fazerem uma
demonstração de poderes na arena. A família real, nobres e todo o reino acompanham a disputa.
Em meio da demonstração de poder magnetizante da casa Samos uma parte da arena sede e faz
com que Mare caia sobre o escudo de proteção da área de combate. Mas diferentemente dos
que muitos pensam a garota não queima no muro magico desintegrador, ela o destrói e vai de
encontro ao chão, proeza quase impossível, até para um prateado. Em meio a um turbilhão de
confusão, incredulidade e medo, Mare utiliza-se de poderes elétricos, até então desconhecidos,
para garantir sua sobrevivência na arena.
Após uma vitória inacreditável a personagem desmaia e ao acordar encontra uma nova
vida. A exposição de Mare, fez com que despertar-se no povo vermelho e no rei esperança e
desespero respectivamente, então este último esconde a identidade de Mare. A personagem
agora é Mareena princesa herdeira da casa Titanos e noiva do príncipe Maven, irmão casula do
príncipe herdeiro. Enquanto se passa por nobre a personagem trabalha silenciosamente
ajudando a Guarda Escarlate – movimento dos vermelhos contra a divisão de classes – na sua
lutar por liberdade. Fato que vai desencadear futuramente na maior guerra do reino de Norta.
No decorrer da história ela se torna para os seus a Rainha Vermelha.
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Outrossim, no segundo livro Mare juntamente com príncipe Cal descobre a existência
de outros vermelhos possuintes de poderes, estes são denominados sangue novos – vermelhos
com poderes sobrenaturais superiores aos prateados – já no quarto livro descobrisse reinos
distantes onde vermelhos prateados e sangue novos convivem pacificamente. Em ambas as
situações Mare hesita em crê ou não nessas informações que posteriormente são comprovados
por ela. Ocorre aí uma alternância do maravilhoso-puro para o fantástico-maravilhoso,
caracterizada como a hesitação do personagem com base em acontecimentos que não fazem
parte do seu cotidiano. Carece então da criação de uma nova lei natural que possibilite a
aceitação destes fatos. No mundo conhecido por Mare, por séculos apenas os prateados
possuíam poderes, riquezas e liberdade, ter um conhecimento de um lugar em que o diferente
ocorra causa um estranhamento e depois uma aceitação a partir da criação de uma explicação
com base na verossimilhança delimitada pelo autor.
Segundo Todorov, em Introdução a Literatura Fantástica, fatos como este servem para
comprovar a existência de mais de um subgênero do fantástico, mesmo que de maneira rápida,
em obras que já tenham um gênero definido. No caso da obra abordada acima temos o
Maravilhoso-puro que oscila em duas passagens, mas com exceção destas passagens toda a
série Rainha Vermelha se guia pelo maravilhoso-puro.
Considerações finais
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É interessante observar o quanto a atual literatura infanto-juvenil tem atraído as
crianças e jovens, principalmente a fantástica que tem ultrapassado barreiras, dominando outros
mercados, como nos mostra o trecho a seguir:
O poder encantador dessa literatura tem levado os escritores a fazerem até mesmo
releituras de obras consagradas. Já existem hoje releituras de obras consideradas mais cultas,
como Escrava Isaura e O Vampiro, Razão e Sensibilidade e Monstros Marinhos e Dom
Casmurro e os Discos voadores, que chamam a atenção, por misturarem outros gêneros com o
fantástico. Fatos como estes reforçam a importância e contribuições da literatura fantástica no
mundo pós-moderno.
Referencias
CIRINO, R. A. Portal das Sombras. Editora Portal. Minas Gerais, 2019.
COWELL, Cressida. Como Treinar seu Dragão. Editora Intrínseca. Rio de Janeiro, 2010.
L’ENGLE, Madeleine. Uma Dobra no Tempo. Editora Haper Collins. Rio de Janeiro, 2017.
LEWIS, C. S. As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa. Trad. Editora
Martins Fontes. São Paulo, 2009.
RIORDAN, Rick. Percy Jackson e o Ladrão de Raios. Intrínseca. Rio de Janeiro, 2008.
RIOS, Rosana. Uma Introdução à Literatura Fantástica. Dezembro 2008. Dispinível
em:<http://www.valinor.com.br/8283/>
SILVA, Daniele Cristina Agostinho. Literatura Infanto-Juvenil. Março, 2019. Acessado em:
21 de junho de 2019 < https://www.infoescola.com/literatura/literatura-infantojuvenil/ >
TODOROV, Tzvetan. Introdução à Literatura Fantástica. Ed. Perspectiva. São Paulo, 1975.
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