Entrevista a Greta Thundberg

A jovem de 16 anos chegou a Montreal com o pai Svante, a bordo de um carro elétrico emprestado
por Arnold Schwarzenegger (um detalhe que ela acha "muito engraçado") e promete continuar a
desafiar os líderes do mundo, porque os ataques que ela recebe, cada vez mais frequentes, mostram
que a voz do movimento a favor do meio ambiente se tornou "forte demais para que os políticos a
possam ignorar". A entrevista abaixo é de Elena Molinari, publicada pela revista Avvenire de 28-09-
2019.

1. Greta, há milhares de jovens no mundo nas ruas pelo clima. Por que razão achas que o teu
protesto se veio a tornar um fenómeno mundial?

Eu não sei. Talvez tenha algo a ver com o facto de eu ter uma espécie de autismo. Não me adapto às
normas sociais, não me interessa fazer o que os outros fazem, sigo o meu caminho. Talvez os adultos
tenham percebido que eu não iria parar e começaram a prestar-me atenção.

2. Para ti, o clima vem primeiro? Prejudicas os teus estudos, a tua mãe praticamente abandonou
sua carreira como cantora de ópera, porque deixou de andar de avião e tua existência mudou
completamente. Não sentes falta da tua vida anterior?

Sim, mas isto, a minha luta, é mais importante. Caso contrário, eu teria uma moral dupla, se eu disser
que algo é importante, mas não o fizer, é uma “dissonância cognitiva”. Uma contradição. Quando se
acredita em algo, é preciso fazê-lo.

3. Achas que os jovens são imunes a praticar essa dupla moral? Ou seja, acreditam como tu na
mudança do planeta e fazem alguma coisa para isso?

Para nós, é uma ameaça direta. Os mais idosos já estarão mortos quando as piores consequências
desta crise forem sentidas. Em vez disso, nós vê-las-emos de perto, durante as nossas vidas: é por isso
que os jovens estão tão preocupados.

4. Depois de ouvir os discursos dos líderes mundiais na ONU e ter participado da Cimeira Mundial
sobre o Clima no Palácio de Vidro, tens mais esperança de que as coisas mudem?

Ainda há muito para fazer, ainda está tudo por fazer. Nada mudou por enquanto. Nenhum líder
realmente admitiu que tenha fracassado na proteção do planeta. A mudança ainda não se tornou uma
prioridade.

5. O que aprendeste ou o que mais te impressionou durante a tua estadia nos Estados Unidos?
O que me deixou assombrada nos Estados Unidos foi o facto de as pessoas se dividirem entre aquelas
que acreditam na mudança climática e aquelas que não acreditam. Mas não é uma escolha, é uma
realidade.

6. Qual foi a tua mensagem para Justin Trudeau (que encontraste na semana passada). Como sabes,
a indústria de petróleo e do gás, especialmente a extração do óleo de xisto, é muito importante para
o Canadá e tem efeitos desastrosos no clima...
A minha mensagem para todos os políticos do mundo é a mesma. Escutem a ciência. É fácil apontar
o dedo contra uma única pessoa, mas todos os políticos falharam e devem começar a ouvi-la.
 7. Em Montreal, foste recebida pelos líderes das Primeiras Nações Indígenas e convidaste-os para
as manifestações. O que te levou a procurar essa colaboração?
As populações indígenas protegeram a natureza durante séculos. Elas sempre estiveram na linha de
frente, por isso temos de ouvir as suas vozes. É importante que elas deem a sua contribuição para esta
luta.

8. O que queres dizer a todas as pessoas que participam nas marchas pelo clima em todo o mundo?

Que o movimento se tornou muito grande e que isso é comovente. A principal coisa a fazer é
informarem-se e depois agir. Por exemplo, eu sei que em breve haverá eleições no Canadá e eu espero
que todos assumam as suas responsabilidades. Não devemos subestimar a nossa força coletiva.

Foste atacada por homens poderosos. O último, recentemente, o vice-primeiro-ministro húngaro,

definiu-te como "uma criança doente". Por que é que achas que isso acontece?

Não sei e não entendo por que motivo é que eles fazem isso, quando poderiam usar o seu tempo para
fazerem algo de bom. Talvez porque sintam que o seu mundo, a sua visão do mundo está ameaçada.
Mas é um elogio para nós saber que temos tal impacto. A nossa voz tornou-se forte demais para que
eles a possam ignorar e então tentam silenciá-la.

Versão adaptada de: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/593006-os-politicos-nao-admitem-o-fracasso-

sobre-o-clima-entrevista-com-greta-thunberg (acedida a 1-12-19)

Grupo I
Depois de leres a entrevista, preenche a grelha abaixo com os elementos solicitados.

Critérios de análise Elementos do texto

Tipo de texto

Suporte

Entrevistada
Entrevistadora
Personalidade da
entrevistada
Local da entrevista (cidade e
país)
1ª parte (Introdução)
Simbolismo de chegar num
carro elétrico
Promessa que Greta faz

Força de que tira partido

2ª parte (Corpo da entrevista)

Razão da diferença de Greta
face aos outros jovens
Significado de “moral dupla”
para Greta
Perspetiva dos jovens e dos
idosos face ao clima
O que já mudou no clima (na
perspetiva da entrevistada)

Impressões de Greta sobre

os Estados Unidos

Papel da ciência na defesa

do clima

O que têm feito as

populações indígenas, desde
sempre
Apelo de Greta a todas as
pessoas que marcham pelo
clima
Razões que levam os
poderosos a atacar Greta
Razões para Greta se sentir
orgulhosa da sua ação
O que ficaste a saber sobre _________________________________________________________________
Greta Thundberg _________________________________________________________________
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O que sabes sobre a luta _________________________________________________________________

entre os defensores do
planeta e os líderes mundiais
que defendem as grandes
indústrias
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Razões para acreditares / _________________________________________________________________

não acreditares nesta jovem
líder mundial
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Que conselho dás a Greta _________________________________________________________________

Thundberg, relativamente à
continuidade da sua
intervenção no mundo
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Grupo II