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A denúncia foi oferecida pelo Grupo de Trabalho Justiça de Transição do MPF. Antes de analisarmos
o tema central do texto, esclareçamos algumas coisas.
2. A sentença da CIDH
A CIDH considera que “a forma na qual foi interpretada e aplicada a Lei de Anistia aprovada pelo
Brasil (supra pars. 87, 135 e 136) afetou o dever internacional do Estado de investigar e punir as
graves violações de direitos humanos, ao impedir que os familiares das vítimas no presente caso
fossem o idos por m j i conforme estabelece o artigo 8 1 da Con enção Americana e iolo o
fossem ouvidos por um juiz, conforme estabelece o artigo 8.1 da Convenção Americana, e violou o
direito à proteção judicial consagrado no artigo 25 do mesmo instrumento, precisamente pela falta de
investigação, persecução, captura, julgamento e punição dos responsáveis pelos fatos, descumprindo
também o artigo 1.1 da Convenção. Adicionalmente, ao aplicar a Lei de Anistia impedindo a
investigação dos fatos e a identificação, julgamento e eventual sanção dos possíveis responsáveis por
violações continuadas e permanentes, como os desaparecimentos forçados, o Estado descumpriu sua
obrigação de adequar seu direito interno, consagrada no artigo 2 da Convenção Americana” (§ 256,
b). Além disso, a referida sentença da CIDH declara (grifo meu):
Dessa forma, a CIDH estabelece que o Estado brasileiro deve conduzir eficazmente, perante a
jurisdição ordinária, a investigação penal dos fatos do presente caso a fim de esclarecê-los,
determinar as correspondentes responsabilidades penais e aplicar efetivamente as sanções e
consequências que a lei preveja, em conformidade com o estabelecido nos parágrafos 256 e 257 da
presente Sentença.
A rigor, a decisão da CIDH está dizendo que o Brasil deve rasgar não apenas a Lei de Anistia, mas a
própria Constituição, para que os supostos abusos contra os direitos humanos cometidos por agentes
de Estado durante o regime militar sejam punidos.
América, continente esquecido pelas últimas lutas políticas de liberação, que começa a fazer-se
sentir através da Tricontinental, na voz de vanguarda de seus povos, que é a revolução cubana,
terão uma tarefa de muito maior relevo: a criação do segundo e terceiro Vietnã do mundo. […] O
ódio como fator de luta, o ódio intransigente ao inimigo, o ódio que impulsiona mais além das
limitações naturais do ser humano e o converte em uma efetiva, violenta, seletiva e fria máquina de
matar. Nossos soldados têm que ser assim, pois um povo sem ódio não pode triunfar sobre um
inimigo brutal.
A OSPAAAL deveria servir de órgão de articulação entre os diversos grupos de agitprop e guerrilha
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ativos nos três continentes (Ásia, África e América). Documentos oficiais de investigação das Forças
Armadas brasileiras informam:
Durante todo o encontro, a tônica foi a defesa da luta armada, desde o discurso de abertura,
pronunciado pelo Presidente de Cuba, Oswaldo Dórticos, quando afirmou que “todos os
movimentos de libertação têm o direito de responder à violência armada do imperialismo com a
violência da Revolução”, até o encerramento, com a afirmação de Fidel Castro de que a luta
revolucionária deveria estender-se a todos os países latino-americanos.
Símbolo da OSPAAAL
OSPAAALlogo
A Conferência Tricontinental suscitou, no dia 16 de
janeiro de 1966, a criação da Organização Latino-
Americana de Solidariedade (OLAS), cujo objetivo era
“unir, coordenar e estimular a luta contra o
imperialismo norte-americano, por parte de todos os
povos explorados da América Latina”. Aluísio Palhano
era o representante brasileiro no colegiado máximo que
dirigia a organização. Com a fundação da Vanguarda
Popular Revolucionária (VPR) por membros do antigo
MNR e do grupo Política Operária (POLOP), ingressou
na organização, que era comandada por Carlos
Lamarca. É conveniente lembrar que a VPR queria a
instauração de um regime comunista nos moldes
cubanos no Brasil, e, para isso, não poupou esforços em
ações criminosas – das quais podemos citar o ataque ao quartel-general do II Exército, em São Paulo,
no dia 26 de junho de 1968, que vitimou o soldado Mário Kozel Filho.
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De acordo com a denúncia oferecida pelo GTJT/MPF contra o coronel Ustra e o delegado Gravina,
Palhano também era próximo a Carlos Marighella. Documentos das Forças Armadas informam que,
“de 31 de julho a 10 de agosto de 1967, em Havana, realizou-se a I Conferência de Solidariedade dos
Povos da América Latina (I COSPAL), da Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS)”. A
denúncia informa que, de acordo com investigações do Serviço Nacional de Informação (SNI),
“Aloysio Palhano e Carlos Marighella, antes de chegarem ao Brasil, passaram por Montevidéu, onde
mantiveram contatos com Brizola. Ficou então acertado que o Comando Nacional revolucionário
deveria se deslocar para São Paulo, onde iniciaram a estruturação de frentes de luta, contando com o
apoio de líderes sindicais e estudantis filiados à UNE. Tiveram início, então, as atividades terroristas
em São Paulo e outros Estados, com a criação de organizações sob a inspiração de Carlos Marighella.”
4. A denúncia do GTJT/MPF
A denúncia enfatiza, em diversos pontos, a suposta debilidade da luta armada no Brasil. Ao enfatizar,
por exemplo, que “os dissidentes políticos que haviam se engajado na luta armada estavam, em sua
maioria, presos (cerca de quinhentos dissidentes) ou exilados” e que “a VPR na data de início dos
fatos não chegava a somar cinquenta quadros”, o objetivo é claro: criar uma imagem de desequilíbrio
de forças entre os terroristas e o governo militar, um desequilíbrio que, de alguma forma, suaviza as
ações levadas a cabo pelo terror revolucionário e deslegitima qualquer ação de combate levada a cabo
pelas forças nacionais de segurança.
Outra característica que salta aos olhos é a referência quase exclusiva a indícios testemunhais
fornecidos por pessoas que, a exemplo de Aluízio Palhano, participaram ativamente de grupos
terroristas e guerrilheiros durante o regime militar: Altino Dantas Júnior, que foi membro da Ação
Popular (AP), responsável pelo atentado do Aeroporto de Guararapes, e um dos fundadores do
Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT); Inês Etienne Romeu que pertenceu ao POLOP e
Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT); Inês Etienne Romeu, que pertenceu ao POLOP e
foi uma das fundadoras do Comando de Libertação Nacional (COLINA), grupo ao qual pertenceu a
presidente Dilma Rousseff; Lenira Machado, que integrou o Partido Revolucionário Trotskista;
Edson Lourival Reis de Menezes, integrante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR)
que foi enviado para treinamento militar em Cuba em meados de 1968; e o ex-padre Alípio Cristiano
de Freitas, português radicado no Brasil e um dos responsáveis pelo atentado do Aeroporto dos
Guararapes, levado a cabo pela AP. Não se trata de pessoas que então foram presas e processadas
pelo Estado brasileiro sem motivo plausível: todas essas pessoas pertenceram a organizações que se
utilizavam sistematicamente de assaltos à mão armada, seqüestros, atentados e assassinatos como
forma de combater o regime da época e, assim, implantarem seus próprios regimes ditatoriais.
Não apenas isso. É fato notório que um dos principais meios de ação utilizados pelos grupos
comunistas é a agitprop (agitação e propaganda). Vladimir Lênin, citando o teórico marxista Georgy
Plekhanov, diz:
Georgy Plekhanov
plekhanov
Na guerra de informação e contra-informação necessária ao
proceder revolucionário, a utilização de mentiras, calúnias e
invencionices é algo não apenas corriqueiro, mas
imprescindível. Um exemplo emblemático é o comunicado
preparado pelos guerrilheiros que tentaram, sem sucesso,
seqüestrar o diplomata Curtis Cutter, cônsul norte-americano
em Porto Alegre/RS: o comunicado dizia que, após
interrogatório, o diplomata revelara que trabalhava para a CIA
e que esta agência de inteligência não apenas fornecia
assistência para o Centro de Informações da Marinha
(Cenimar), como também tinha uma rivalidade tão grande com
o SNI que um agente norte-americano havia sido morto por
agentes do SNI, assassinato que foi plenamente abafado pelo governo.
Não se trata apenas de pessoas com um singular dom para a construção de histórias falsas, mas que
receberam treinamento especializado no exterior (Cuba, China, União Soviética, dentre outros países
comunistas) para realizar esse tipo de tarefa. Diante desse contexto, qualquer investigador
minimamente isento, com algum compromisso com a verdade e a justiça, tomaria o testemunho de
pessoas com esse histórico de modo cauteloso, buscando outros indícios que corroborassem os
testemunhos. Os únicos indícios considerados, além dos testemunhais, são os documentos
produzidos pelos serviços de segurança da época – documentos que, é preciso dizer, nada revelam
sobre quaisquer ações ilegais por parte dos agentes de Estado, mas revelam muito sobre a índole e as
atividades não só de Aluízio Palhano, mas das testemunhas em questão. Estas revelações, no entanto,
são solenemente ignoradas pelo GTJT/MPF, que parece selecionar e mesclar com cuidado
excepcional as informações que melhor transformem os terroristas em vítimas indefesas
excepcional as informações que melhor transformem os terroristas em vítimas indefesas.
[…] a forma na qual foi interpretada e aplicada a Lei de Anistia aprovada pelo Brasil (supra pars.
87, 135 e 136) afetou o dever internacional do Estado de investigar e punir as graves violações de
direitos humanos, ao impedir que os familiares das vítimas no presente caso fossem ouvidos por um
juiz, conforme estabelece o artigo 8.1 da Convenção Americana, e violou o direito à proteção
judicial consagrado no artigo 25 do mesmo instrumento, precisamente pela falta de investigação,
persecução, captura, julgamento e punição dos responsáveis pelos fatos, descumprindo também o
artigo 1.1 da Convenção. Adicionalmente, ao aplicar a Lei de Anistia impedindo a investigação dos
fatos e a identificação, julgamento e eventual sanção dos possíveis responsáveis por violações
continuadas e permanentes, como os desaparecimentos forçados, o Estado descumpriu sua
obrigação de adequar seu direito interno, consagrada no artigo 2 da Convenção Americana.
Para uma melhor análise, transcrevo abaixo os artigos mencionados pela sentença (grifos meus).
[…]
[…]
1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo
razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na
determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra
natureza.
[…]
1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro recurso efetivo,
perante os juízes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos
fundamentais reconhecidos pela Constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando
tal violação seja cometida por pessoas que estejam atuando no exercício de suas funções oficiais.
2. Os Estados-partes comprometem-se:
a) a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sistema legal do Estado decida sobre os
direitos de toda pessoa que interpuser tal recurso;
Algo que notamos de antemão é a ausência de qualquer menção a familiares das vítimas no artigo 8.1
do pacto. Em segundo lugar, um artigo imprescindível para uma análise do caso em questão parece
ter sido convenientemente esquecido pela decisão da CIDH: o artigo 13 do
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito à censura prévia, mas
a responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente previstas em lei e que se façam
necessárias para assegurar:
3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias e meios indiretos, tais como o abuso de
controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, de freqüências radioelétricas ou de
equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros meios
destinados a obstar a comunicação e a circulação de idéias e opiniões.
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o objetivo exclusivo de regular
o acesso a eles, para proteção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto no
inciso 2.
5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao
ódio nacional racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação à
ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, à
hostilidade, ao crime ou à violência.
Ora, as atividades nas quais Aluízio Palhano e as testemunhas citadas na denúncia do GTJT/MPF se
concentravam exatamente nesse campo. Em contrapartida, o coronel Ustra e o delegado Gravina
atuavam então justamente para que a lei fosse cumprida. No entanto, os homens que outrora
trabalharam na manutenção da ordem pública e na garantia de segurança aos cidadãos brasileiros
são hoje tidos por reles criminosos – assunção essa que se baseia, no mais das vezes, tão-somente nos
testemunhos daqueles que não só lutaram pela implantação do totalitarismo comunista em solo
pátrio, mas também receberam todo treinamento necessário para ludibriar, inventar histórias
convincentes e mentir descaradamente.
Não se desconhece, obviamente, o conteúdo da Lei nº 9.140/95, cujo texto reconhece a vítima
Aluízio Palhano Pedreira Ferreira e outros 135 dissidentes políticos como mortos.
Ocorre, todavia, que a norma em questão foi editada com o simples objetivo de favorecer
os familiares dos desaparecidos políticos, possibilitando-lhes o recebimento de reparações
pecuniárias e também a prática de atos de natureza civil, notadamente nas áreas de família e
sucessões.
Art. 1º – São reconhecidos como mortas, para todos os efeitos legais, as pessoas que tenham
participado, ou tenham sido acusadas de participação, em atividades políticas, no período de 2 de
setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988, e que, por este motivo, tenham sido detidas por agentes
públicos, achando-se, deste então, desaparecidas, sem que delas haja notícias.
A lei é claríssima: os “dissidentes políticos” (nome eufemístico para aqueles que seqüestraram,
assaltaram e mataram em nome da revolução comunista) listados no anexo da lei – dentre os quais se
encontra Aluízio Palhano Pedreira Ferreira – são considerados oficialmente mortos para todos os
efeitos legais, inclusive penais. Ainda que a fantasiosa possibilidade de o coronel Ustra e o delegado
Gravina serem realmente culpados pelo desaparecimento de Palhano fosse verdade, este foi
declarado oficialmente morto, o que faz cair por terra a tese do “desaparecimento forçado” e coloca os
supostos réus sob a proteção da Lei de Anistia.
7. Conclusão
Gramsci preconizava a infiltração comunista em todos os níveis do Estado para, desde dentro,
promover a revolução cultural e, pouco a pouco, deformar a sociedade, moldando-a ao bel-prazer da
causa revolucionária. A educação foi o primeiro foco de ação gramsciana no Brasil – no que muito
contribuiu Paulo Freire, seguidor tanto de Gramsci quanto de Althusser – e, nos tempos hodiernos,
vemos o resultado dessa contaminação
vemos o resultado dessa contaminação.
O GTJT/MPF é hoje comandado pelo Dr. Ivan Cláudio Marx (quanta ironia!), Procurador da
República no Município de Uruguaiana/RS. Em seu artigo “O julgamento pela Corte Interamericana
de Direitos Humanos e a Possível Efetivação do Direito à Justiça no Brasil”, publicado no início de
2011, o procurador deixa bem clara qual é a sua posição sobre a Guerrilha do Araguaia: “verdadeiro
massacre [que] foi marcado pela total liberdade de atuação dos aparatos de repressão, não havendo,
até hoje, maiores esclarecimentos sobre o paradeiro dos muitos desaparecidos.” Em um outro artigo,
“Sociedade civil e sociedade civil organizada: o ser e o agir” (publicado em 2006), o procurador deixa
bem clara a sua herança intelectual: Hegel, Marx e Gramsci. Se a própria existência do GTJT/MPF já
é algo detestável, vê-lo coordenado por um homem do calibre do procurador Marx é o mesmo que ver
o galinheiro entregue nas mãos da raposa.
Além do cristalino papel revolucionário do GTJT/MPF, algo que merece ser destacado é o desprezo
pela soberania nacional típico da mentalidade globalista. A assunção de que o Estado brasileiro deve
ser subserviente a um organismo internacional, ainda que essa subserviência represente uma ameaça
frontal à segurança jurídica e à normalidade constitucional no Brasil, é uma idéia abjeta. Nesse
sentido, o GTJT/MPF não trabalha apenas como títere da perseguição oficiosa àqueles que atuaram
como agentes de Estado durante o regime militar, mas adota uma posição frontalmente contrária à
soberania nacional brasileira.
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rseguicao/
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