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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
AS REPRESENTAÇÕES DAS MULHERES NAS MÚSICAS DO
SERTANEJO UNIVERSITÁRIO

Adriane Mallmann Eede Hartwig1


Ivonete Pereira2

RESUMO: Este artigo apresenta os resultados da implementação do Projeto de Intervenção na


Escola, sob o título: ―Música e História: As representações das mulheres nas músicas do sertanejo
universitário‖ como parte das atividades do PDE, e discutir juntamente com alunos da 3ª série do
ensino médio – turnos matutino e noturno como as mulheres são representadas por essas músicas,
os sentidos que a elas são atribuídos, nos diferentes lugares, construindo diferentes imagens sobre
elas, favorecendo a continuação de estereótipos e reforçando a dominação masculina, entendendo-a
como uma construção social, visando com tal implementação a quebra de paradigmas e a
desconstrução dos diferentes conceitos que criam junto dessas músicas à jovens de diferentes
idades e classes sociais.

PALAVRAS - CHAVE: Musicas; Representações; Sertanejo universitário; Mulheres.

1 INTRODUÇÃO

Falar sobre os diferentes grupos humanos como a juventude, por exemplo,


tem se configurado num grande desafio, pois se trata de um grupo heterogêneo,
com múltiplos gostos e opiniões, que inseridos nesse universo dominado pela
tecnologia em poder de uma Indústria da Cultura, cria e recria práticas e discursos
conforme seus interesses.

Cada cultura juvenil, em última instância, é o resultado de formas


particulares de expressar as contradições determinadas pelas questões de
classe, de relações de poder, com as instituições, de gênero, de cor, de
local de moradia, enfim, de diferentes inserções e relacionamentos sociais,
econômicos, políticos e culturais assim como, evidentemente, pelos
interesses específicos que organizam o agir coletivo de cada grupo
(CARRANO, 2007, p. 36).

1
Professora Ms.de História da rede estadual de Educação do Paraná, no Colégio Estadual Novo Sarandi – TOO
Email:adrianemeh@seed.pr.gov.br
2
Doutora em História, Orientadora do PDE pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE –
campus de Marechal Cândido Rondon. Email: ivi.pereira21@gmail.com
Dentre as várias práticas cotidianas juvenis, uma delas é a utilização da
música nos momentos de lazer, no espaço público e privado, pois produzida por um
sujeito social, é fruto de suas vivências, e contribui para a reelaboração de conceitos
e pré-conceitos acerca de temáticas como as mulheres, por exemplo.
Nesse sentido, este artigo é fruto de uma pesquisa feita com alunos do ensino
médio, da 3º série, tanto do período matutino como do noturno, do Colégio Estadual
do Campo Novo Sarandi, para analisar, discutir e refletir sobre as representações
construídas sobre as mulheres nas músicas do sertanejo universitário.
Esta pesquisa se insere na linha de estudo: Fundamentos teórico-
metodológicos para o ensino de História, para discutir a utilização de fontes
históricas no contexto escolar, tendo como temática central a utilização da música
como fonte histórica e objeto de ensino de história.
A partir deste entendimento em relação à musica, vista como uma prática
social da cultura, produzida por sujeitos históricos num determinado contexto
histórico, construtora de sentidos e representações sobre o universo por ela criados,
a problemática desta pesquisa está em identificar que tipo de representações sobre
as mulheres as músicas do sertanejo universitário constroem, e de que maneira os
alunos percebem essas construções.
Esta problemática surgiu a partir das observações feitas entre os alunos que
tem como prática cotidiana, ao chegar ao colégio, nos intervalos e no fim das aulas,
o uso constante de aparelhos eletrônicos como MP3 e principalmente de aparelhos
de celular, que dentre seus vários usos, é utilizado para ouvir e reproduzir músicas,
de estilos variados, chamando a atenção para esta investigação. Quando
questionados sobre analisar as músicas em relação à sua composição, muitos
disseram que não o fazem e não pensam no seu conteúdo, gostando dela pela sua
sonoridade. Esse comportamento despertou o interesse em fazer junto aos alunos,
em especial do ensino médio, por ter maior compreensão e capacidade de
discussão, um trabalho de pesquisa e análise de músicas do sertanejo universitário,
o estilo mais ouvido pelos alunos (as).
Além disso, outro interesse foi a possibilidade de produção de conhecimento
histórico com a fonte música, despertando o interesse dos alunos/as por uma
história mais próxima de suas realidades, dando-lhes sentido, fazendo-os
perceberem-se como sujeitos históricos, considerando seus saberes e suas
representações de mundo e indivíduo.
Trata-se, portanto de uma atividade que viesse a despertar o gosto dos
alunos pelo conhecimento histórico a partir de uma fonte muito apreciada e próxima
a eles, a música, percebendo nela outras temáticas como das representações e os
sentidos construídos nas e pelas músicas do sertanejo universitário.
Assim, o objetivo geral estava em compreender os diversos usos da música
popular do estilo sertanejo universitário, como sendo uma fonte histórica e objeto de
ensino, problematizando-a, percebendo os sentidos e as representações construídas
sobre as mulheres.
Como objetivos específicos o interesse era de desenvolver uma metodologia
de ensino, de forma a valorizar as representações sociais dos alunos, utilizando a
música como fonte histórica; de pesquisar e selecionar músicas do sertanejo
universitário falando sobre as mulheres e compreender a construção de imaginários
sociais, representações e discursos presentes nestas músicas, relacionando o
conteúdo das músicas com seu contexto histórico de produção. Também se discutiu
a influência da Indústria Cultural com seus diversos meios de comunicação de
massa, na escolha musical dos alunos, influenciando-os ideologicamente.
A pesquisa foi realizada entre os meses de março e julho de 2014,
simultaneamente às aulas de história, com alunos do período matutino e noturno.
Como método de trabalho, foi utilizada a proposta metodológica das diretrizes
curriculares de História aliada à proposta da pedagogia histórico-crítica de João Luiz
Gasparin. Como material, foi produzido aos alunos/as uma apostila a partir da
produção didático- pedagógica – Unidade Didática, divida em 05 capítulos, que
contemplou desde a análise da música como fonte histórica à uma discussão
historiográfica de alguns conceitos como Representação, Indústria Cultural, dentre
outros. Quanto às fontes, optamos um utilizar videoclipes musicais selecionados dos
principais artistas indicados pelos alunos, como Michel Teló, Munhoz e Mariano,
Luan Santana, Fernando e Sorocaba, Pedro Paulo e Alex.
Contribuiu ainda para esta pesquisa a discussão feita por professores da rede
estadual no Grupo de Trabalho em Rede – GTR, onde fizeram suas contribuições ao
projeto e ao material produzido, sendo muitas dessas contribuições positivas,
apresentando diferentes pontos de vista acerca das interpretações das músicas.
A organização deste artigo se inicia com uma discussão bibliográfica acerca
da fundamentação histórica da pesquisa, para na sequencia apresentar de forma
mais detalhada a metodologia utilizada nesta pesquisa. Após, apresenta-se a
organização dos conteúdos de História em relação à temática central (música e
mulheres) com indicação dos instrumentos e recursos usados no trabalho. Posterior
a esta atividade há um detalhamento das atividades contidas na Unidade Didática,
para compreender como as ações foram efetivadas.
Ainda, há uma breve análise da implementação do projeto na escola, com as
diversas situações e atividades desenvolvidas na pesquisa para finalmente
apresentar o entendimento dos alunos sobre sua percepção acerca das
representações das mulheres nas musicas do sertanejo universitário, culminando
com algumas contribuições do GTR.

2 A MÚSICA: FONTE HISTÓRICA E PRODUTORA DE REPRESENTAÇÕES


SOCIAIS

A música, aqui entendida como uma prática social da cultura, por vezes
requisitada pelos poetas ou pelos críticos, entoada pelas mais diversas
vozes e nos mais variados lugares, expressa tanto estados de espírito como
experiências de sujeitos históricos múltiplos. (HARTWIG, 2008, p.14)

A música, entendida como fonte histórica, está presente nas experiências


sociais dos sujeitos (meninos e meninas) e usá-la para fins de pesquisa e ensino
torna-se, aos alunos/as, uma prática diferenciada à disciplina de História. Aborda
diversas temáticas, misturando sonoridades múltiplas, mexendo com a emoção de
quem ouve, despertando sentimentos, desejos, construindo sentidos, conceitos,
valores e imaginários.
Nessa perspectiva de fonte histórica, a linguagem da música (SCHMIDT;
CAINELLI, 2004; ABUD, 2005), pode ser usada para o ensino de história, por ser
fruto de uma produção cultural que se transforma em evidência. ―Elas são
representações, não se constituem num discurso neutro, mas identificam o modo
como, em diferentes lugares e em diferentes tempos, uma determinada realidade
social é pensada e construída‖ (ABUD, 2005, p. 312).
Para Bittencourt (2011), o uso da música se torna interessante ao estudo da
história e como prática de ensino por se tratar de um meio de comunicação próximo
da vivência dos alunos, e, o professor pode, além de identificar os gostos estéticos
de seus alunos, transformá-la em objeto de investigação histórica, pois ouvir música
é diferente de pensar música. ―Ouvir música é um prazer, um momento de diversão,
de lazer, o qual, ao entrar na sala de aula, se transforma em uma ação intelectual‖
(BITTENCOURT, 2011, p. 380).
Essa ação intelectual consiste em perceber e compreender que a música
produz sentidos e constrói representações sociais e de sujeitos, que por sua vez,
são reelaborados nas suas vivências cotidianas. Esses sentidos consistem em
discursos presentes num elemento constitutivo da cultura3, a música, como sendo
uma prática social assim pensada e estruturada. Para Foucault (1996, p. 22) ―esses
discursos são entendidos como verdade, carregados de poderes, que
indefinidamente, para além de sua formulação, são ditos, permanecem ditos e estão
ainda por dizer‖.
Para Orlandi (2005, p. 26) os sentidos dos discursos percebidos nas músicas,
vista como um objeto simbólico, possibilitam saber como as interpretações
funcionam, ou seja ―[...] como um objeto simbólico produz sentidos, como ele está
investido de significância para e por sujeitos‖.
Assim, podemos entender que a música é produtora de um discurso que
tende a representar sujeitos, ações, lugares, numa correlação de forças entre quem
produz e quem recebe, tornando-o prática. Esse discurso é reelaborado, criando
outras representações de mundo. No campo da produção cultural e social, esses
discursos tem o poder de criar verdades, em especial pelo lugar que fala o sujeito.
―Como nossa sociedade é constituída por relações hierarquizadas, são relações de
força, sustentadas no poder desses diferentes lugares, que se fazem valer na
‗comunicação‘.‖ (ORLANDI, 2005, p. 40).
Construtora de discursos, múltipla em estilos, conteúdos, sonoridades, a
música constrói também representações de uma dada realidade. Para Chartier
(apud PARANÁ, 2008, p. 52) ―a representação é entendida como as diferentes
formas pelas quais as comunidades, a partir de suas diferenças sociais e culturais,
percebem e compreendem sua sociedade‖.
Essa música produzida na era das massas promove, segundo Adorno (1999),
uma regressão da audição, por se tratar de uma música autofabricada, pois
necessita de estímulos emocionais e corpóreos, criando mecanismos de repetição,

3 O conceito de cultura é polissêmico, mas nesse contexto é entendido como ―[...] um padrão,
transmitido historicamente, de significados corporizados em símbolos, um sistema de concepções
herdadas, expressas em formas simbólicas, por meio das quais os homens comunicam, perpetuam
e desenvolvem o seu conhecimento e as atitudes perante a vida» (GEERTZ apud CHARTIER, 1988,
p.67). Ainda, ―a cultura designa e sintetiza os aspectos que conferem identidade e especificidade
aos diversos grupos humanos e sociedades humanas‖. (SIMÕES; GIUMBELLI, 2011, p. 188)
chamando a atenção do ouvinte, que passa a desejar o fetiche dessa música,
consumindo apenas seu sucesso. ―O ouvinte quer o simples, o conhecido, a parte
que lhe agrada. A criação musical inovadora fica bloqueada na medida em que se
querem agências de comercialização da música e querem apenas a fórmula‖.
(ADORNO apud NAPOLITANO, 2005, p. 27).
Nos anos de 1990 essa discussão ampliou à criação de um novo conceito, o
de cena musical (STRAW, 1991 apud NAPOLITANO, 2005) para dar conta dessa
multiplicidade e pluralidade de novos estilos, de novas possibilidades musicais
advindas de vários grupos sociais, como sendo práticas de uma cultura, não sendo
necessariamente uma cultura de oposição ao sistema, mas traduzindo várias
coalizões e alianças (NEGUS apud NAPOLITANO, 2005, p. 31).

A cena musical seria um espaço cultural no qual um leque de práticas


musicais coexistem, interagem umas com as outras dentro de uma
variedade de processos de diferenciação, de acordo com uma ampla
variedade de trajetórias e interinfluências.(STRAW apud NAPOLITANO,
2005, p. 30).

Nesse sentido, ao analisar a produção musical do presente é possível


perceber que a música, em especial a popular, com o auxílio dos meios de
comunicação de massa, cresceu significativamente, dando visibilidade a sujeitos e
estilos musicais até então desconhecidos do grande público. Daí resultou numa
ampliação de novos estilos musicais, novos artistas, novas temáticas e novas
propostas mercadológicas.
E um desses estilos amplamente explorados na atualidade pela mídia de
massa é o sertanejo universitário, muito popular entre os jovens.
Este estilo tornou-se comercializável e conhecido no meio jovem e
universitário, graças aos meios de comunicação de massa. Refere-se a uma
subdivisão da música sertaneja, com uma proposta musical mais dançante e mais
voltada ao público jovem, inicialmente universitário. Surgiu nos anos de 1994, com a
expansão das universidades privadas no Brasil, trazendo para a cidade muitos
estudantes oriundos de áreas rurais, e que, ao se instalar em pensionatos e
repúblicas, trouxeram na bagagem o violão e repertório musical de canções ouvidas
em casa.
Munidos de violão e sonoridade mais rural, alguns artistas como João Bosco
e Vinícius iniciaram suas carreiras em bares próximos as universidades, trazendo
para o sertanejo, considerado de raiz, um som mais dançante e com temáticas mais
próximas do universo dos estudantes universitários. O estilo popularizou-se entre o
meio universitário, caindo nas graças de grandes produtores midiáticos, vendo nele
uma oportunidade comercial.
O sertanejo universitário se fez cada vez mais presente nas baladas juvenis,
organizadas em danceterias, shows, festas regionais, programas de televisão,
repúblicas de estudantes universitários, com músicas mais dançantes, falando de
festas, diversão, prazeres e mulheres, relacionando-os com o mundo acadêmico.
Entre os diversos temas abordados por estas músicas, as mulheres estão
entre os mais frequentes, sendo abordadas com sentidos que podem ser entendidos
não apenas pelos ditos, mas muito pelos não ditos, pois ao misturar letra, melodia,
ritmo, som, produção musical e produção visual, cria-se um fetiche dessas músicas,
produzindo diferentes imaginários.
Essas práticas contrariam as lutas de outrora feita pelas mulheres que lhes
possibilitaram uma diminuição da opressão e da violência que sofriam, física e
psicologicamente, de um universo masculino e conservador para a conquista de
direitos, como de liberdade de escolha, de pensamento, de ir e vir, de sexualidade,
dentre outros.
No entanto as representações que são construídas sobre as mulheres são
provenientes de um hábitus4 numa perspectiva de se pensar as características de
uma identidade social, uma matriz cultural que predispõe os indivíduos a fazerem
suas escolhas, ora consciente ou inconsciente. (BOURDIEU apud SETON, 2002, p.
61). Essa construção de identidades sociais pode ser percebida nos sentidos
(ORLANDI, 2005) que as músicas traduzem, ao abordar da temática das mulheres,
amplamente veiculadas pelos meios de comunicação de massa, sendo esses
sentidos reelaborados de diferentes maneiras.
São os meios de comunicação de massa, que a serviço de uma Indústria da
Cultura5, utiliza-se de diferentes estratégias, para difundir os produtos culturais e

4Pierre Bourdieu definiu habitus como ―sistema das disposições socialmente constituídas que,
enquanto estruturas estruturadas e estruturantes, constituem o princípio gerador e unificador do
conjunto das práticas e das ideologias características de um grupo de agentes‖.
5
A expressão indústria cultural foi empregada pelos filósofos da Escola da Frankfurt, Theodor Adorno
e Max Horkheimer e Walter Benjamin quando da publicação de obra, ―Dialética do Esclarecimento‖,
em 1947, que procurou analisar as produções culturais dos anos de 1930 em diante, na Alemanha.
Para Adorno o termo Indústria Cultural serviria para explicar a arte consumida pelas massas,
transformada numa mercadoria, pertencente a uma grande ―indústria‖, perdeu sua espontaneidade,
originalidade.
criando necessidades de consumo. No caso do sertanejo universitário uma
estratégia publicitária muito utilizada atualmente é a produção de videoclipes para a
internet, criando a ideia de fetiche na música. A cultura de consumo se transformou
numa das principais modelos para definir e legitimar comportamentos, valores e
ideologias.
Assim, é possível perceber que a música, constituidora de uma identidade,
está fortemente arraigada na memória dos sujeitos, pelo processo de repetição, o hit
parede, que dominados ou alienados por uma audição fetichizada, faz com que
muitos dos jovens nela se identifiquem. Numa sociedade marcada por mudanças
constantes e rápidas, a música se torna um dos elementos que contribuem para a
construção dessas identidades, ao que Hall (2006), irá chamar de identidades
plurais6, onde as velhas identidades estão em declínio, fazendo surgir novas
identidades.

À medida que os sistemas de significação e representação cultural se


multiplicam, somos confrontados para uma multiplicidade desconcertante e
cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos
nos identificar – ao menos temporariamente. (HALL, 2006, p.13).

Além, disso, a música pode se configurar num método eficaz de dominação e


construção de sentidos. Ela constrói aos jovens possibilidades e imaginários que
nem sempre condizem com os mesmos. Mas numa tentativa de pertença a um
grupo, ouvir, reproduzir, vivenciar essas práticas se configura numa tentativa de
aceitação. Esse jovem, muitas vezes, percebe que tem nesse universo da musica
uma identificação para consigo e se vê possuidor de algo, de um capital simbólico,
que o projeta junto ao grupo. Sem capital econômico, a música e o sentido que dela
se extrai torna-se um objeto simbólico como sendo algo próprio, significativo ao seu
modo de ver e agir na sociedade.

O campo da produção simbólica é um microcosmos da luta simbólica entre


as classes: é ao servirem aos seus interesses na luta interna do campo de
produção que os produtores servem os interesses dos grupos exteriores ao
campo de produção. (BOURDIEU, 1989, p. 12).

Muitos de nossos alunos/as têm sua audição dominada ou alienada por uma
cultura de massa, que por vezes é apenas construída por uma indústria da cultura

6 Identidade plural é uma criação de Stuart Hall, para explicar as múltiplas identidades do fim do séc.
XX.
interessada em torná-los ouvintes cada vez mais pobres em audição e cultura, vistos
apenas como consumidores.
E, para que esses sentidos construídos na música sejam entendidos, há de
se compreender uma série de fatores como: criar um artista com carisma popular,
um estilo de música que terá identificação popular, uma sonoridade que leve em
conta a pluralidade da música popular e que caia no gosto da massa, uma ampla
difusão nos meios de comunicação de massa e uma temática que possibilite
identificação e envolvimento do sujeito.
Portanto, são nessas relações sociais construídas ao longo do tempo de cada
ser, que as identidades se constituem diferentemente para cada lugar e sujeito,
sofrendo influências oriundas de diversos lugares, como com família, escola, meios
de comunicação e a partir de uma música, por exemplo, construindo um imaginário
sobre as mulheres na sociedade.

3 A METODOLOGIA PARA A CONSTITUIÇÃO DA PESQUISA EM HISTÓRIA

Para a constituição deste trabalho, pensamos numa metodologia que


promovesse a troca de conhecimentos, de forma interativa e participativa, onde as
representações sociais dos alunos fossem valorizadas nesse processo de produção
do conhecimento histórico.
Segundo Schmidt e Garcia (2005, p. 229), em seu texto ―A formação da
consciência histórica de alunos e professores e o cotidiano em aulas de história‖, a
aula é um espaço de compartilhamento de significados e de experiências individuais
e coletivas, numa perspectiva crítica, de relação de sujeitos com os diferentes
saberes envolvidos na produção do saber escolar e estas experiências podem ser
percebidas por meio de uma investigação histórica, ―para compreender e interpretar
os sentidos que os sujeitos atribuem às suas ações‖ (PARANÁ, 2008, p.46).
Nesse sentido, a metodologia usada nesta atividade está fundamentada na
proposta das Diretrizes Curriculares Estaduais de História, que propõe ao Ensino
Médio, um ensino por temas históricos, de forma investigativa por meio do uso de
fontes históricas e da Pedagogia Histórico Crítica de João Luiz Gasparin, de sua
obra ―Uma Didática para a Pedagogia Histórico Critica‖, de 2012, com sua proposta
de diferentes níveis de conhecimento, sendo feitos em cinco passos, conforme
quadro comparativo e explicativo abaixo:
Metodologia contida nas Diretrizes
Metodologia da Didática Histórico Crítica de
Curriculares Estaduais de História,
J.Luiz Gasparin, 2012.
2008, pag. 68/73
Definir temática e Conteúdos básicos Prática Social Inicial: Definir conteúdo e verificar
1
mais os específicos o que os alunos sabem
Definir problemática acerca do conteúdo Problematização, que pressupõe um trabalho
2
específico a ser investigada com questões desafiadoras.
3 Trabalhar com fontes históricas diversas Instrumentalização consiste em utilizar fontes
nesta pesquisa e outras narrativas/historiografia
4 Fundamentação na historiografia sobre a temática
Catárse – produzir uma síntese do que
aprendeu com esta atividade
Produção de narrativas históricas pelos
5 Prática Social final de conteúdo - É a expressão
sujeitos
mais forte de que de fato se apropriou do
conteúdo, aprendeu, e por isso sabe e aplica.

3.1 ORGANIZAÇÃO DE CONTEÚDOS E INSTRUMENTOS PARA A PESQUISA

Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi selecionado como conteúdo


estruturante: ―As relações de Poder e Cultura‖ presentes nas músicas, numa
perspectiva teórico-metodológica da Nova História Cultural; como conteúdo básico:
―Cultura e Religiosidade‖ e como conteúdo específico: ―A História do Brasil
Contemporâneo e as representações das mulheres nas músicas‖. Esta pesquisa foi
inserida no Plano de Trabalho Docente do 3º ano do Ensino Médio, para o ano letivo
de 2014, sendo trabalhada junto dos conteúdos do 1º e 2º bimestre, que prevê o
estudo dos conteúdos referente a História do Brasil - Da Redemocratização ao
tempo presente (dos anos 1984 à 2013).
O trabalho de investigação com os alunos se deu a partir da produção de um
material ou de uma produção didático-pedagógica – a Unidade Didática, que
contemplou uma série de fontes (letras de música e videoclipes), textos
bibliográficos, sugestão de atividades e leitura. Este material se configurou numa
apostila desta Unidade Didática, sendo está dividida em 05 capítulos, detalhados
mais a frente. E como avaliação, todas as atividades da apostila foram organizadas
num Caderno de Atividades, para que os alunos fizessem um registro escrito e
documental de algumas atividades, que foram selecionadas e serviram ao processo
avaliativo formal da escola.
Como estratégias pedagógicas foram utilizadas diferentes recursos didáticos,
como: a análise e interpretação de fontes, como letras de músicas, de fragmentos de
textos, debates; Pesquisa em grupos, na Biblioteca (livros) e no Laboratório PR
Digital (internet), exibição, audição e análise de videoclipes, documentários,
Produção de Mapas Conceituais, de slides (em PPT ou Impress), de produção de
textos e de vídeo final.
Como recursos foram necessários a utilização de Letras de Músicas,
Videoclipes, Documentários, Pen Drive, Biblioteca, TV Multimídia, Laboratório PR
Digital, Aparelho Multimídia com som, texto encadernado da Unidade Didática,
Caderno de Atividades, Textos, artigos e Livros diversos (historiografia) e Livros
Didáticos Públicos – Estadual e Federal, de História e Sociologia, DCE de História.

3.2 SOBRE A UNIDADE DIDÁTICA: DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES

A produção didático-pedagógica selecionada foi a elaboração de uma unidade


didática, material que foi construído com uma série de fragmentos de documentos,
de textos historiográficos, de fontes e indicação de links de fontes, como os
videoclipes, imagens, sendo este o material utilizado para a realização da pesquisa.
Para tanto, a unidade didática está organizada em 05 atividades/capítulos,
sendo:
ATIVIDADE 01 - O conhecimento histórico no presente.
ATIVIDADE 02 – Música como fonte histórica (proposta metodológica de
análise da música)
ATIVIDADE 03 – A música popular do Brasil, o sertanejo universitário e a
Indústria Cultural (Sertanejo Universitário – Breve histórico de sua origem: Música
Caipira, Música Sertaneja, Música Sertaneja Moderna, Expansão do Sertanejo
Universitário), O papel da Indústria Fonográfica no Sertanejo Universitário, Música e
Indústria Cultural.
ATIVIDADE 04 - A representação das mulheres nos discursos das músicas
do sertanejo universitário (Relações de gênero – as mulheres em perspectiva,
analisando fontes históricas: músicas sobre as mulheres no contexto histórico atual),
Ficha técnica das fontes/músicas selecionadas, Justificativa das músicas/artistas
selecionados, Atividades de pesquisa e análise das fontes.
As músicas selecionadas, em letra e videoclipes, foram: ―Pantera Cor de
Rosa‖ (2013) de Munhoz e Mariano; ―Ai se eu te pego‖ de Michel Teló; ―Tá calor‖
(2013) de Pedro Paulo e Alex; ―Tá tirando onda‖ (2012) de Fernando e Sorocaba;
―Eu vou pegar você e tãe‖ (2011) de Munhoz e Mariano e ―Sogrão caprichou‖ (2013)
de Luan Santana.
As músicas bem como os artistas selecionados são fruto de uma pesquisa
realizada neste ano, junto aos alunos do Colégio Estadual Novo Sarandi, e apontou
o Sertanejo Universitário como um dos estilos mais ouvidos pelos alunos do ensino
médio.
Vale ressaltar que o colégio onde foi feita esta pesquisa está situado (interior
do município de Toledo – PR) numa região predominantemente agrícola, sendo os
alunos (em sua maioria) netos de avós que vieram da região do Rio Grande do Sul
(italianos e alemães) e trouxeram junto consigo a tradição do violão e da gaita,
instrumentos estes muito apreciados e sempre citados como pertencentes às
memórias culturais dos mesmos. Isso foi percebido na pesquisa, pois alguns alunos
citaram representantes da música sertaneja de viola e sertaneja dos anos 1980,
numa clara referência ao que ouvem em casa junto dos pais.
ATIVIDADE 05 – Produzindo Narrativas históricas, como sendo a finalização
geral da Unidade Didática. Os alunos produziram uma Narrativa Histórica na forma
de uma produção midiática, em vídeo, que foi postada na rede social, o facebook,
local este em que foi criado um grupo para os alunos participantes do projeto, postá-
lo e fazer seus comentários.
Como prática efetiva, utilizamos o método de investigação denominado de
Unidade Temática Investigativa (UTI), na perspectiva da pedagogia histórico-crítica
conforme sugestão do artigo da professora PDE/2007, Lindamir Zeglin Fernandes
(2011), com adaptações feitas a esta investigação.
I. Definição de temática, conforme diretrizes curriculares;
II. Preparação da investigação dos conhecimentos prévios, tendo por base
os objetivos de ensino, de cada atividade;
III. Aplicação da investigação junto aos alunos com o uso da Unidade
Didática;
IV. Categorização e análise, pelo professor;
V. Problematização junto aos alunos a partir da temática central –
representações sobre as mulheres;
VI. Intervenção pedagógica do professor (Interpretação e contextualização
de fontes);
VII. Produção de narrativa pelos alunos na forma de videoclipes, numa
perspectiva de formar a consciência Histórica dos alunos, percebendo a
criticidade dos mesmos e as mudanças ou permanências após a
pesquisa realizada.
VIII. Aplicação de instrumento de meta cognição ou aprendizado final após a
pesquisa;
IX. Preservação de algumas produções dos alunos e reflexão da
implementação do projeto.

Esta estratégia pedagógica promove uma discussão mais organizada durante


a pesquisa, análise e produção do conhecimento histórico.

3.3 SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA

A implementação do projeto na escola ocorreu entre os meses de fevereiro de


2014 a julho de 2014. Algumas atividades de pesquisa com auxílio da internet foram
realizadas em contra turno, mas a maioria da aplicação foi no tempo de 02 aulas por
semana. O início das atividades promoveu certa estranheza e espanto pelo fato dos
alunos não terem o hábito de realizar tais atividades.
No decorrer da aplicação, percebemos que para um trabalho mais
aprofundando seria necessário mais tempo, pois duas aulas por semana, em tempo
presencial, não dariam conta. A solução foi aumentar o prazo de aplicação, o que
consumiu quase dois bimestres de aula e ainda assim, nem todo o planejado foi
adequadamente trabalhado. Outro ponto a destacar foi que alguns alunos
esqueciam-se de trazer o material, o que inviabilizou algumas ações em alguns
momentos. Outra questão foi a diferenciação de envolvimento e de participação dos
alunos, divididos em dois turnos, matutino e noturno. Os alunos do noturno eram
mais críticos, mais abertos a discussões, ao enfrentamento de novas ideias, mas
também mais dispostos ao debate. Talvez pela maturidade, pois todos já exercem
um trabalho remunerado.
Ambas as turmas participaram, houve muita interação, pois foram elaboradas
diversas estratégias para essa aplicação, como por exemplo, fazer uma pesquisa
em sala de aula com o uso de dispositivos móveis como aparelhos de celular e
notebooks, o que tornou a aula muito produtiva. Houve grande interação,
socialização de ideias, sendo possível conhecer um pouco mais da subjetividade de
cada um, em especial das meninas, que por vezes demonstraram opiniões mais
preconceituosas e carregadas de estereótipos, como ―isso não é roupa decente para
mulher vestir‖, do que os meninos.
A primeira ação desenvolvida foi a apresentação do projeto de
Implementação Pedagógica e da Unidade Didática à equipe pedagógica, aos
professores e aos demais membros da comunidade escolar na Semana Pedagógica.
Na discussão feita pelos professores foi possível perceber a necessidade de se
trabalhar diferentes temáticas, vivenciadas pelos jovens como as representações
das mulheres nas músicas, sendo estas vivências, muitas vezes, o reflexo das
influências que recebem e, a escola se caracteriza num importante espaço para a
vida e construção de identidades dos alunos.

É preciso desenvolver uma escuta atenta e observação cuidadosa de


questões identitárias que refletem sobre a vida desses estudantes e que
certamente terão impacto em suas decisões futuras, tanto na trajetória
pessoal como profissional. (DAYRELL; MOREIRA; STENGEL, 2011, p.
276).

Após a apresentação do projeto è equipe pedagógica, o mesmo foi


apresentado aos alunos. A empatia inicial foi positiva em especial por se tratar de
uma atividade que fora realizada com outra fonte – a música, e, pela proximidade da
temática em questão. Os alunos simpatizaram com a possibilidade de realizar uma
pesquisa com músicas pelo fato de seu cotidiano ser permeado pela música, seja
em aparelhos de celular, de computador, de rádio.
As atividades 01 e 02, que eram mais bibliográficas, possibilitaram perceber
nos alunos o entendimento acerca da história e sua função, onde muitos deles
continuam a repetir conceitos padrões como sendo uma disciplina que estuda o
passado pelo passado. Com as discussões compreenderam que ela é viva e fruto de
uma construção humana no tempo, sendo o presente um reflexo do passado.
Quanto da utilização da música como fonte, a atividade em que foi analisada a
canção de Elis Regina, ―O Bêbado e o Equilibrista‖ foi possível concluir que a
canção, além de bela sonoridade e letra bem construída, é fruto da experiência de
um sujeito histórico, que nela expressa suas vivências acerca do contexto sócio
histórico.
As atividades 03 e 04 se ocuparam de, na perspectiva da música como fonte,
compreender o universo que está em torno da produção de uma música, que por
não ser neutra, tem todo um sentido ao ser produzido. Assim, buscamos conhecer
sobre a Indústria da Cultural, compreendendo suas intencionalidades, e a todo o
processo que envolve a produção de um produto comerciável, no caso a música. As
discussões sobre a origem do sertanejo universitário foi um dos momentos mais
divertidos, em que houve grande interação dos alunos, pois em sua grande maioria,
o estilo musical preferido foi o sertanejo, o que trouxe mais identificação deles com a
pesquisa.
A atividade 04, a parte central dessa aplicação, tratava da análise das fontes,
foi sem dúvida a mais debatida, a mais contraditória a alguns alunos, pois no
decorrer das apresentações, os/as alunos/as, tanto meninos quanto meninas,
demonstravam seus posicionamentos acerca do que estavam vendo e ouvindo.
Muitos/as, com opiniões conservadoras, já possuem ideias preconcebidas acerca
das representações que as musicas constroem sobre as mulheres. Em sua maioria,
as opiniões foram de que essas mulheres representadas nas músicas são
vulgarizadas, são mulheres que não tem a credibilidade da sociedade, pelas roupas
que vestem, pelo comportamento liberado que exercem, pela superexposição do
corpo que fazem.

Esses esquemas de pensamento, de aplicação universal, registram como


que diferenças de natureza, inscritas na objetividade, das variações e dos
traços distintivos ( por exemplo em matéria corporal) que eles contribuem
para fazer existir, ao mesmo tempo que as ―naturalizam‖, inscrevendo-as
em um sistema de diferenças, todas igualmente naturais em aparência; de
modo que as previsões que elas engendram são incessantemente
confirmadas pelo curso do mundo, sobretudo por todos os ciclos biológicos
e cósmicos.(BOURDIEU, 2002, p. 8)

Para alguns alunos/as, foi possível perceber em seus posicionamentos, que


as mulheres não tenham direito a própria sexualidade, à própria liberdade, pois
ainda estão presas a valores socialmente construídos pela comunidade, que é
predominantemente cristã católica germânica.
4 AS REPRESENTAÇÕES DAS MULHERES NAS MUSICAS DO SERTANEJO
UNIVERSITÁRIO – ANÁLISE FEITA PELOS ALUNOS COM AS FONTES E AS
CONTRIBUIÇÕES DE PROFESSORES NO GTR

Dos vários artistas que apareceram na pesquisa, foram selecionados para


este trabalho os cinco mais citados, por serem deles algumas das músicas mais
cantaroladas, tanto por meninos como por meninas, a saber: Luan Santana, Michel
Teló, Munhoz e Mariano, Pedro Paulo e Alex e Fernando e Sorocaba. Estes artistas
fazem parte do estilo conhecido por Sertanejo Universitário, e têm em comum o fato
de dispor de um repertório musical composto por canções que falam de ostentação
e ascensão social, (muito em função das trajetórias pessoais destes artistas) com
muita festa e diversão em baladas regadas à bebedeira em companhia de mulheres,
num tempo em que os meios tecnológicos estão em alta e favorecem a rápida
difusão das músicas. Além da sonoridade atrativa, a música representa imaginários
de muitos alunos, como de diversão livre, de dominação sexual, de controle, de
ostentação social, quer seja por meio de objetos quer seja com a ostentação de
belas mulheres ou em companhia de homens atraentes e economicamente
independentes.
A primeira fonte analisada foi a canção de Munhoz e Mariano, com o título
―Pantera cor de rosa‖, do ano de 2013. Foi utilizada para a análise tanto a letra como
a produção do videoclipe, por ser este ultimo, muito apreciado pelos alunos e por
construir, através dos gestos e do visual, sentido à música, conforme trecho a
seguir:
toda produzida. jeitinho de santinha
ela saiu de casa doida pra perder a linha
me chama pra dançar, eu não tô aguentando
ela tá provocando o Munhoz e o Mariano. (MUNHOZ; MARIANO, 2013)

Esta foi uma das canções mais cantaroladas pelos alunos e mais tocadas nas
mídias locais, como o rádio. Trata-se de uma canção curta, com o tempo de 2‘43
min e que tem boa parte de seu tempo destinado a repetição constante do refrão:
―Pra dá pra dá, pra dá, pra dá pra dá pra dá pra dá pra dá - Pra dar o que falar‖ . Na
visão dos/as alunos/as, o refrão, que se apresenta com duplo sentido cria a
conotação de que a mulher gosta de ser falada, que sai com roupas insinuantes
para ser popularizada quando sai, e que quer mostrar-se às outras mulheres e aos
homens, e que não se importa com o que vão falar dela. Noutro sentido, analisaram
que ela se sente livre para fazer as opções que quiser, que as roupas fazem parte
de uma ação maior, como de sair para a prática do sexo, mas que por isso será
falada, criticada, julgada.
Na análise feita pelos/as alunos/as, de forma individualizada justamente para
perceber como cada um deles/as percebeu as diferentes construções sobre as
mulheres na música, uma das questões consistia em saber que tipo de imagem
sobre as mulheres a música estaria construindo, ao que responderam:

Meninos Meninas

―uma mulher que não se valoriza, apronta todas, ―que a mulher é fácil, usa roupas curtas e bem
provoca olhares, atraente, que saem a noite para coladas para chamar a atenção‖
flertar, perder a linha‖ ―que ela é linda e usa roupas curtas e coladas
―que a mulher é assanhada e gosta de chamar a provocando o desejo nos homens‖
atenção dos homens‖ ―que a mulher para ser bonita e ―gostosa‖ tem
―uma mulher que veste roupas provocativas e que usar roupas apertadinhas e coladas‖
roupas apertadas‖ ―uma mulher safada, vulgar e gostosa‖
―de mulher que não sabe se valorizar‖ ―que a mulher que coloca roupas curtas vai pra
balada pra fazer sexo.‖
―uma mulher bonita e bem arrumada‖
―uma imagem irônica, mas que as mulheres não
são assim‖
―de mulher piriguete‖
―que a mulher é submissa a vontade do homem‖

Noutra questão, a percepção era sobre a imagem de homem que a música


construiu, onde meninos e meninas responderam diferentemente:

Meninos Meninas

―que todo homem gosta de vestido apertadinho e ―de um homem que gosta de mulher que se
mulher gostosa‖ veste com vestido curto e corpo sarado‖
―que o homem manda do jeito que o pai gosta‖ ―alguém sério, bonito, charmoso, poderoso e que
―que o homem gosta de mulher com jeito de tem a razão‖
santinha e ele observa seu corpo‖ ―de homem safadinho que gosta de mulher que
―de um homem que visualiza somente o corpo da usa roupa bem apertadinha‖
mulher‖ ―de homem pegador, que pega todas‖
―de pagador e se a mulher de mole o homem
pega‖
―de homem safado que não se importa com a
mulher‖
― que o homem tudo pode‖

Na questão sobre que tipo de mulher a música construiu, as respostas foram:



‗uma mulher bonita de acordo com o padrão de beleza proposto pela
sociedade‘ e que ‗uma mulher bonita é aquela que o senso comum define
como bonita‘, ou que ‗é um tipo de mulher bonita, saradona, corpinho
sarado, com peitão, bundão‘, ‗que a mulher tem que estar na moda, de
corpo e atitude‘, ‗que para uma mulher ser bonita, ela tem que parecer com
a descrita na música, vista no vídeo, pois mostra um padrão de beleza‘,
‗baladeira, mulher oferecida‘ de ser ‗uma mulher gostosa que todos os
homens gostariam de ter‘, ‗que é uma mulher vulgar, que se atira para os
homens‘, ‗mostra a mulher como um objeto sexual‘.

As respostas acima demonstram certa dominação masculina muito presente


no habitus cotidiano desses jovens. Esta dominação masculina pode ser entendida a
partir de Bourdieu (2002, p. 7), quando ele afirma que:

Dado o fato de que é o princípio de visão social que constrói a diferença


anatômica e que é esta diferença socialmente construída que se torna o
fundamento e a caução aparentemente natural da visão social que a
alicerça, caímos em uma relação circular que encerra o pensamento na
evidência de relações de dominação inscritas ao mesmo tempo na
objetividade e na subjetividade.

Ou seja, essa dominação se constrói socialmente e passa a ser naturalizada


pela sociedade, que apesar de novos tempos e mudanças, as reelabora, conforme
percebido nas afirmações de meninos e meninas. Ressalta-se ainda que, são jovens
em idade de 17 a 25 anos, alguns casados, algumas mães-solteiras, algumas
separadas, quase todas com algum tipo de experiência sexual e a maioria já
trabalhadores (as) formais.
Outra questão interessante a ser observada é quando alguns falam sobre a
mulher ter de se adequar aos padrões da moda, da sociedade, estando escravizada
aos modismos dos corpos, dos padrões de vestimenta para determinados lugares,
dos padrões de comportamento por ela esperados, ao que Del Priore (2000, p.11)
afirma:

no decorrer do séc. XX a mulher se despiu. O nu, na mídia, nas televisões,


nas revistas e nas praias, incentivou o corpo a desvelar-se em público,
banalizando-se sexualmente. [...] Uma estética esportiva votada ao culto do
corpo, fonte inesgotável e ansiedade e frustração, levou a melhor sobre a
sensualidade imaginária e simbólica. Diferentemente de nossas avós, não
nos preocupamos mais em salvar nossas almas, mas em salvar nossos
corpos da desgraça da rejeição social.

Essa ditadura da beleza, construída na e pela mídia, é entendida pelas


meninas como modelo de atitude às mulheres, que para fugirem da rejeição
masculina buscam um ideal a ser aceito. Isso se percebeu quando perguntado às
meninas sobre como se vestem quando vão para as baladas, e a maioria respondeu
que semelhante a ―pantera com de rosa‖, mas que não se comportam como o
descrito na música. Ou seja, as músicas contribuem para a construção de
identidades e normas sociais, que são reelaboradas pelos jovens.
Ainda, no final da canção os intérpretes dizem: ―Não importa se é preto,
branco, verde ou cor de rosa - Se for apertadinho pode por que o pai gosta‖ dando a
entender que a mulher pode se vestir dessa forma, e o homem, o pai, com poder
para tal, ―aceita‖ pois tudo sabe, concorda, ou seja, avaliza esse comportamento,
desde que seja para ele.

Se as mulheres, submetidas a um trabalho de socialização que tende a


diminuí-las, a negá-las, fazem a aprendizagem das virtudes negativas da
abnegação, da resignação e do silêncio, os homens também estão
prisioneiros, e sem perceberem, vítimas da representação dominante. Tal
como a disposição à submissão, as que levam a reivindicar e a exercer a
dominação não estão inscritas em uma natureza e têm que ser construídas
ao longo de um trabalho de socialização. (BOURDIEU, 2002, p.31)

A partir da análise individualizada da canção inicial, as outras canções


passaram a ser entendidas de forma mais crítica, provocando debates mais
acalorados. Nas músicas ― ai se eu te pego‖, de Michel Teló, ―eu vou pegar você e
tãe, de Munhoz e Mariano, e ―tá calor‖, de Pedro Paulo e Alex, os alunos(as)
interpretaram as canções denotando uma mulher como sendo objeto sexual, de um
tipo de mulher que se coloca a disposição do homem que a acha vulgar. Esse tipo
de interpretação gerou bastante discussão pois para meninas esse tipo de
construção da mulher não representa o que elas na prática veem, ouvem e praticam.
Quando questionados sobre o fato de a música influenciar no comportamento
dos jovens, muitos afirmaram que a música é apresentada de tal forma que esse
comportamento é descrito como bonito, como aceitável em especial pelos homens e
que algumas jovens agem conforme a música propõe, pois ela constrói um ideal de
mulher aceita pelos homens e agir daquela forma a fará estar próxima deles, irá lhes
chamar sua atenção. Isso nos remete compreender que as representações que se
constroem acerca das mulheres, por exemplo, são construtoras de identidades, em
especial aos jovens, que plurais em sua forma de agir e pensar, estão numa fase de
autoafirmação social.

E principalmente nos tempos livres e nos momentos de lazer que os jovens


constroem suas próprias normas e expressões culturais, seus ritos, suas
simbologias e seus modos de ser, que os diferenciam do denominado
mundo adulto. [...] Assim considerado, o lazer pode ser espaço de
aprendizagem das relações sociais em contexto de liberdade de
experimentação. (CARRANO, 2007, p.30)

Suas músicas podem ser entendidas como discursos que constroem


representações sociais acerca de temáticas como das mulheres, por exemplo, de
serem representadas como seres instáveis emocionalmente, como na música ―Tá
tirando onda‖, de Fernando e Sorocaba ao dizer: ―o que tá pegando, não precisa
disso, cê tá louca, tá pirada, tá perdendo o juízo, toma vergonha nessa cara‖ ou
como objetos de fetiche sexual, e percebido na música ―Tá calor, tá calor‖, de Pedro
Paulo e Alex ao dizer: ―Tá calor, tá calor, joguei água nela, como ela ficou – toda
molhadinha, toda molhadinha, vestido encharcado, mostrando a marquinha, que
delícia‖.
Esses discursos são reproduzidos nas vozes de meninos e meninas, que os
internalizam e em muitas vezes os tomam como sendo verdades. Para meninos, as
mulheres devem ser do tipo desejável sexualmente, ―gostosinha‖, linda, liberada e a
disposição do homem que a deseja dentro desses padrões, construídos por esses
artistas em suas músicas com grande carisma e representatividade entre esses
adolescentes/jovens.
Estes estereótipos representam as mulheres como sendo descartáveis. Para
meninas, essas representações criam nelas uma necessidade de assim ser, pois
esses discursos sugerem que, para conquistar um homem, as mulheres precisam
―andar perfumada, de blusinha coladinha, marquinha de biquíni e sainha bem
curtinha‖, pois é assim que ―o homem gosta‖, como percebido na música ―Eu vou
pegar você e tãe‖, de Munhoz e Mariano. Ou seja, o homem gosta da mulher que
seja os padrões da moda contemporânea, do culto ao corpo e da exacerbação do
mesmo, continuando a ser submissa, mas agora à vontade de modelos socialmente
construídos, ao que Del Priore (2000, p.15) afirma:

Mesmo tomando posse do controle de seu corpo, sob certos aspectos,


mesmo regulando o momento de conceber, a mulher não está fazendo mais
que repetir grandes modelos tradicionais. Ela continua submissa. Submissa
não mais às múltiplas gestações, mas a tríade de ―perfeição física‖. A
associação entre juventude, beleza e saúde, modelo de sociedades
ocidentais, aliada às práticas de aperfeiçoamento do corpo, intensificou-se
brutalmente, consolidando um mercado florescente que comporta indústrias,
linhas de produtos, jogadas de marketing e espaços nas mídias.

Desta forma, podemos entender que o uso massivo de dançarinas com a


exposição de corpos bem tratados, bem produzidos e uma superprodução contribui
na construção de modelos, que são repetidos e reelaborados por meninos e
meninas. Esse marketing e essa mídia tem grande poder de persuasão entre os
jovens, fazendo-os copiar modelos de cabelo, de corpo, de atitude, de desejos,
como os demonstrados nas músicas do sertanejo universitário.

Assim, há construção cultural do corpo, com uma valorização de certos


atributos e comportamentos em detrimento de outros, fazendo com que haja
um corpo típico para cada sociedade. Esse corpo, que pode variar de
acordo com o contexto histórico e cultural, é adquirido pelos membros da
sociedade por meio da ‗imitação prestigiosa‘. (GOLDENBERG, 2006, p.
117).

Essa exacerbação de corpos e modismos, que se utiliza das mulheres como


vitrine de seus produtos, também foi citada por professores/as que participaram do
Grupo de Trabalho em Rede (GTR), nos meses de março a maio de 2014, ao
analisar uma das atividades propostas neste curso, a ser: Que tipo de
representações a música de Michel Teló, ―Ai se eu te pego‖, está construindo sobre
as mulheres?
As respostas foram as mais variadas, com pontos de vista diferentes, mas em
sua grande maioria, a interpretação é de que a música constrói uma imagem de
mulher vulgar, como objeto sexual, fútil, como percebido em alguns relatos.

A representação feminina é a de satisfazer os desejos masculinos. Se o


homem for para a balada e ver uma mulher dançando e gostar, pode chegar
e se ele quiser, pegará e fará o que quiser. Que a beleza do corpo é a
fundamental para o relacionar-se, sem compromisso. A mulher que vai à
balada, nesta visão é a que está disponível. (professora A)

Para esta professora a música está reproduzindo estereótipos machistas,


onde demostra a dominação ainda muito forte do homem sobre a mulher. Outra
professora entende que a música é aceita pelas mulheres que ao fazer isso, se
desvalorizam. Mas para outro professor, o entendimento foi:

A letra da música sugerem duas leituras:


a) apresenta a beleza da mulher como instrumento de dominação do
homem: "e passou a menina mais linda [...] nossa, nossa, assim você
me mata". Sem dúvidas, essa tal menina linda, dado aos seus atributos
físicos, teria condição de dominar este homem e submetê-lo aos seus
desejos e suas vontades.
b) a mulher como objeto sexual: "ai, ai se eu te pego... Delícia, delícia". No
universo masculino esse tipo de expressão e mesmo a partir do
contexto de toda a música, a ideia transmitida é a da atração sexual
provocada pela mulher presente na letra da canção. ( Professor B).
Outro professor ainda complementa:

A representação da supremacia do homem em relação a mulher e, poucas


pessoas se dão conta do que estão cantando ou dançando, reforçando o
estereótipo sem sentido de que os homens são superiores e por isso elas
devem estar sempre à disposição, inclusive sexual. (professor C).

Ou seja, para maioria dos professores a música mexe com os sentidos dos
jovens, em especial pelo do aparato tecnológico, que lhes chama a atenção, para
então reproduzir seus comportamentos, suas falas, suas propostas de que ele seja
um ator, ou seja, de que ele represente alguém que interesse à sociedade
capitalista.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir esta atividade, foi possível perceber que os alunos amadureceram


em relação a algumas questões e noutras mantiveram alguns posicionamentos, que
estão muito ligados ao lugar onde moram. Para muitos dos meninos as mulheres
tem um lugar construído para ela e quebrar esse circulo se torna um problema. A
mulher tem normas de conduta e comportamento e não segui-los a coloca na
condição de uma desviante social. Ou seja, as mulheres que não seguirem os
padrões pré-estabelecidos pela dominação masculina são estereotipadas como
vulgar, frívola e volúvel.
As mulheres da atualidade, com todas as conquistas que obtiveram ao longo
dos tempos ainda carregam alguns elementos de uma cultura machista, como nos
casos de violência doméstica, inferiorizando-as, ou vulgarizando por não se
submeterem ao masculino.
Nesse sentido, os alunos participaram entusiasticamente dos debates, que
por vezes era extremado por alguns posicionamentos que não tinham a colaboração
da maioria. A questão da maneira como as músicas representam as mulheres
significa o olhar e o entendimento que é feito por uma produção dos artistas, que
precisam criar certo fetiche ao público receptor, como se fosse um ―canto da sereia‖,
onde os mesmos, ao verem as mulheres em determinados comportamentos,
atitudes e vestimentas faz com que o homem queira dominá-la, na perspectiva de
controle.
Porém nem todas se submetem ao jogo da indústria da cultura e utilizam-se
desses artifícios como corpo, vestimenta, cabelo, sensualidade para exacerbação
pública. Os lugares que são construídos aos sujeitos sociais são determinados por
essa sociedade, que em busca do que ela chama de ―preservação‖ de certa moral
também estabelecida por elas, marginaliza, tenta reprimir esses diferentes
comportamentos.
A pesquisa demonstrou ainda que o trabalho com esse tipo de fonte e com
esse tipo de temática carece de mais tempo e mais discussão, pois se tratam de
jovens que estão se constituindo enquanto sujeito de ação, que constrói e reconstrói
discursos e valores sociais.
Houve grande interação entre os alunos, momentos de diversão, de alegria,
de aprendizado coletivo, de trocas de ideias, o que enriqueceu e muito a aplicação
deste projeto.
A atividade final ficou muito bem elaborada por alguns alunos e fez com que
os mesmos acessassem a internet e a rede social Facebook não apenas para
simples lazer, mas que incluíssem nesse lazer a atividade final, os vídeos, sendo
bastante comentados7.
Neles foi solicitado que fizessem comentários, e estes por sua vez
possibilitaram um produtivo debate quando da questão sobre as mulheres terem de
seguir um determinado tipo de comportamento social, ao que meninos e meninas
responderam diferentemente:

— Existe sim, a sociedade em geral julga muito uma mulher, na roupa que
ela usa, a personalidade dela, se ela gosta de beber ou não, se vai em
festas, baladas, etc. Na visão de muitos uma mulher com o comportamento
adequado é aquela que cuida da casa, da família, uma mulher comportada,
que não usa roupas vulgares ou no caso de mulheres jovens, que não tem
família (marido, filhos), tem que ser uma jovem que trabalha, estuda, que se
valoriza e não se vulgariza.(menina)
— A sociedade impõe um comportamento que ela diz ser certo, e se você
não cumprir essas maneiras e "obrigações" você acaba sofrendo
preconceitos (menina)
— Não existe comportamento dito como certo ou errado, pois cada mulher
tem características psicológicas, emocionais e até mesmo culturais diferente
das outras. Porém a sociedade, como um órgão do convívio entre os
humanos, exerce uma pressão nas mulheres de modo que o seu
comportamento rotulam o seu modo de pensar e, portanto, influenciam nas
suas características pessoais que denominam o que é o certo ou o errado.
(menino)

7
Os vídeos finais podem ser encontrados no link: https://www.facebook.com/groups/
466580916802649/
— Perante a sociedade há sim um comportamento adequado a ser seguido
pelas mulheres... Como, por exemplo, cuidar dos filhos, da casa, não vestir-
se com vulgaridade!! Quando não seguidos dessa maneira, as mulheres
normalmente são vistas de uma maneira diferente, como se não fossem
apropriadas. (menino)

As diferentes opiniões, ao final da atividade de pesquisa e debate, demostram


a permanência de alguns estereótipos para com as mulheres bem como de um
amadurecimento para outros, tendo o entendimento de que muitas das construções
sociais feitas sobre as mulheres são fruto de uma prática histórica que perpassa o
tempo e ainda tenta manter velhos resquícios de uma cultura machista, presente
não somente com meninos, mas idem às meninas.
Portanto, como análise geral final, a atividade, apesar de extensa em sua
plena aplicação, contribui para que tenhamos jovens mais críticos, mas que
busquem fundamentar suas críticas, com produção de saber e não de simples senso
comum, ao que declara uma aluna sobre o projeto e a pesquisa ―Antes do projeto
não tinha um pensamento formado em relação a mulher nas músicas, só ouvia e
achava legal e nem vinha na minha mente fazer uma reflexão das palavras, mas
esse projeto abriu minha mente para refletir sobre a posição que a mulher é posta ou
imposta nessas músicas‖.

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<http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=51UBNFT6vKA>.
Acesso em: 03 out. 2013.

LUAN SANTANA. Sogrão caprichou. 2013. Disponível em:


<http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=HtpPvt1wyzU>.
Acesso em: 03 out. 2013.

MICHEL TELÓ. Ai se eu te pego. Disponível em:


<http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=DAHHjnORTIM>.
Acesso em: 03 out. 2013.

MUNHOZ e MARIANO. Pantera cor de rosa. 2013. Disponível


em:<http://www.youtube.com/watch?v=qHF6gpnaTAsI>. Acesso em: 03 out. 2013.
MUNHOZ e MARIANO. Vou pegar você e tãe. 2011. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=FaHfRkemtT4>.
Acesso em 03/10/2013.

PEDRO PAULO e ALEX. Tá calor, tá calor. 2013. Disponível


em:<http://www.youtube.com/watch?v=03--nSMpu4c>. Acesso em: 03 out. 2013.

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