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WITTGENSTEIN.
RESUMO
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O primeiro objetivo de Wittgenstein em uma de suas mais
importantes obras, intitulado Investigações Filosóficas é colocar em
cheque e demonstrar como insuficiente a teoria sobre a linguagem de sua
não menos importante obra, o Tractatus Lógico-Philosophicus. No
tractatus, Wittgenstein defende a linguagem como se tivesse o papel de
um espelho que reflete a todo e qualquer objeto que se possa falar, como
se só pudéssemos falar de um objeto ostensivamente, diretamente a
aquele objeto para conhecermos seu significado. Assim a linguagem teria
como papel denominar cada objeto ostensivamente, como se cada objeto
no mundo tivesse sua representação única na linguagem, buscando assim
erradicar, por assim dizer, toda e qualquer contradição na linguagem, pois
se cada sentença tivesse seu sentido único e irrevogável (assim como as
palavras) teríamos, como queria o autor do tractatus, uma linguagem
formal perfeita. Já no inicio das Investigações Filosóficas, Wittgenstein cita
Santo Agostinho, que parte do mesmo pressuposto do “autor do
Tractatus” sobre a linguagem, tomando a compreensão acerca dos objetos
e sentenças se dão pela intenção de se indicar algo, ostensivamente,
pelos signos da pronuncia ou gestos, partindo Wittgenstein deste ponto
para iniciar sua teoria, usando a descrição de Agostinho como plano de
fundo para pintar um novo cenário, mostrando que a linguagem não deve
ser entendida como ela é, como queriam os lógicos, mas deve ser
compreendido em seu funcionamento, e já no § 2 nos dá um exemplo
desta funcionalidade, onde um construtor A se comunica com seu
ajudante B, quando antes da representação direta com os objetos (vigas,
lajotas...) está a intenção do construtor para com aqueles objetos, não
simplesmente denominando-os. De acordo com Wittgenstein,
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Vemos aqui claramente como a intenção sobrepõe se ao
significado direto, quando Wittgenstein diz “o que quero realmente...” é
toda a intenção para com o objeto e não simplesmente seu apontamento.
O autor se serve de alguns termos que lhe auxiliaram e servirão de base a
toda teoria das Investigações, que lhe dará suporte para avançar em seu
pensamento e no desenvolvimento de todo âmbito da linguagem que ele
se propõe tratar. Wittgenstein coloca o desenvolvimento da linguagem
através do uso da linguagem entre os indivíduos, ou como nas palavras do
autor (I.F. § 53) “...o uso dos signos desta ou daquela maneira foi
ensinado aos homens que usam esta linguagem”. Este uso da linguagem
define seu significado e a compreensão mútua entre indivíduos que fazem
uso desta mesma linguagem, a partir do que o autor define como “jogos
de linguagem”. Posso dizer então que indivíduos que compartilham dos
mesmos jogos de linguagem, fazem uso dos mesmos jogos de linguagem,
se entendem, se compreendem e encontram a significação do que se
refere.
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Quando um pai ordena ao seu filho “Leve este pacote, pois está
mais leve”, que significados temos por leve? Se, para o “autor do
Tractatus” este sentença seria, no mínimo, dita de forma errada, ou sem
nenhum significado, para o autor das Investigações Filosóficas, a palavra
“leve” pode ser compreendida em seus diversos usos, ora de uma
maneira, ora de outra. “Leve este pacote...” então tem como significado,
primeiramente como uma ordem, a de levar o pacote, por alguma
necessidade daquele momento pelo pai e pelo filho, “... pois está mais
leve” temos uma obstruidade que o pai vê no filho que o impossibilite de
levar outro pacote por ser mais pesado, por exemplo. Neste exemplo
podemos analisar, dentro de um mesmo uso de palavras, significações
diferentes que, só podem ser identificadas como diferentes pelo uso que
se fez, pelo querer dizer em que cada palavra teve dentro das regras que
pai e filho fizeram em comum.
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compreendem a articulação da linguagem, aqueles pertencentes às
mesmas formas de vida. Como poderia o trabalhador fazer-se entender,
ao dizer „lajota‟ ao seu ajudante, se este não compreendesse os mesmos
jogos de linguagem do primeiro, se não estivesse inserido em seu modo
de vida. Não poderia. Nas palavras de Wittgenstein,
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Temos neste ponto talvez a maior das contraposições de
Wittgenstein ao “autor do tractatus”, sendo este significado proposto no
Tractatus, um significado tão direto ao objeto quanto seu significado em
uma sentença, imutável, o que não acontece nas investigações, onde a
significação se encontra sempre em contato com o uso que se faz da
palavra que está sendo dita, sempre se compreendendo dentro de uma
forma de vida, e sobre determinadas regras que se articulam nas formas
de vida.
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Em vez de indicar algo que é comum a tudo
aquilo que chamamos de linguagem, digo que
nao há coisa em comum com estes
fenômenos, em virtude da qual empregamos
para todos a mesma palavra, - mas sim que
estão aparentados uns com os outros de
muitos modos diferentes e por causa desse
parentesco ou desses parentescos chamamo-
los todos de “linguagens”. (I.F. § 65)
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vida, o homem se adapta a aquela linguagem, a aquelas regras pois
necessariamente fará uso da mesma linguagem que lhe é, em primeiro
momento estranho, mas que se tornará tão natural quanto aos modos de
vida a qual ele pertence e toda a articulação da linguagem que esta
compreende. „Não há palavra alguma que tenha sido usada uma única vez
por um único indivíduo‟, ou seja, necessariamente a linguagem se faz
entre indivíduos, não é algo isolado, característico do homem, mas
essencial do homem, que estão a todo momento compartilhando e
apreendendo novas formas de vida, se inserindo em novos jogos de
linguagem, fazendo uso de novas regras da linguagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas. São Paulo, Editora
Nova Cultural, 1999.
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