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Sumario

1 Introdução à Ergonomia 3
2 Conceito de Ergonomia 4
3 Qualidade de Vida 7
4 NR 17 8
5 Soluções ergonômicas 15
6 Equação de NIOSH 19
7 Transporte de cargas 23
8 Antropometria 31
9 Biomecânica 38
10 Postura 46
11 Organização do trabalho 63
12 Condições ambientais 67
13 Informações visuais e uso de outros sentidos 89
14 Metabolismo 110
15 Bibliografia 114

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Introdução à Ergonomia

O objetivo desta apostila é dar ao estudante do curso de Técnico em


Segurança do Trabalho e também a todos que dela fizerem uso noções
fundamentais e sempre que possível pratica de técnicas e conceitos dentro da
Ergonomia.

Não pretendemos ser profundo no estudo, pois para isso há a


necessidade de um tempo bem maior de estudo que os 6 meses de que
dispomos dentro do nosso curso.

Mas é importante que o aluno tenha essas noções que pelo menos lhe
abra a visão sobre o assunto e à medida do possível, posteriormente, no
exercício de sua profissão possa buscar através de pesquisa ou mesmo
estudo, curso específico, etc., um aprofundamento nesta importante área de
conhecimento.

Veremos no decorrer de nosso estudo toda a abrangência da


Ergonomia, que está presente em toda a atividade humana quer profissional,
lazer, e até mesmo no convívio social e em nosso lar.

O conteúdo desta apostila é fruto de estudo, pesquisa e também de


experiência prática.

O impacto que o estudo da Ergonomia causa no aluno de Técnico em


Segurança do Trabalho é um pouco variado, uns consideram a matéria um
tanto maçante, outros difícil, mas a maioria gosta e se interessa por ela
entendendo a importância que ela realmente tem.

Então a fica aqui o meu desejo de que todos que com essa matéria
tenha contato que se encaixem no ultimo grupo de alunos.

Professor Djair Lugli

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Conceito de Ergonomia

A palavra “ergonomia” é de origem grega formada pelas palavras


Ergon (trabalho) e Nomos (regra), então na raiz a palavra ergonomia significa
“regras para o trabalho”. Nos Estados Unidos também se usa como sinônimo
de Ergonomia o termo “human factors” (fatores humanos).

Existem alguns conceitos que são atribuídos à Ergonomia:

“Conjunto de estudos que visa a organização metódica do trabalho em função


do fim proposto e das relações entre o homem e a máquina” (dicionário
Aurélio).

“Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho,


equipamento, ambiente e, particularmente, da aplicação dos conhecimentos de
anatomia e fisiologia na solução dos problemas surgidos desse
relacionamento”. (Sociedade de Ergonomia – Inglaterra década de 50)

“Ergonomia é a ciência que objetiva adaptar o trabalho ao trabalhador e o


produto ao usuário” (Meister- 1998)

“É o estudo do homem com seu trabalho, equipamento e meio ambiente para


que exista maior produtividade com menor prejuízo físico e mental”.

Os exemplos acima mostram que existem diversas formas de se definir


o que vem a ser Ergonomia, existem outras definições, mas todas elas de
forma mais completa ou mais simplificada dizem a mesma coisa e que pode
ser resumida em uma definição bastante simples: “Adaptação do trabalho ao
homem”.

Isto na pratica quer dizer que o trabalho deve estar (ou deveria estar)
atendendo as condições que proporcionem conforto e segurança, sem riscos à
saúde do trabalhador.

A Ergonomia é aplicada ao projeto de máquinas, equipamentos,


sistemas, tarefas e ambiente, para além de melhorar a segurança, saúde,

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conforto melhorar também a eficiência no trabalho. Ela focaliza o homem! Não
se limita a um conhecimento específico e sim se apóia em outras áreas do
conhecimento como: antropometria, fisiologia, biomecânica, psicologia,
engenharia mecânica, desenho industrial, informática, eletrônica, toxicologia,
etc.

A Ergonomia surgiu com a própria evolução da história do trabalho.

O trabalho antes de 1750: era obtido pelo uso da energia física do


homem ou da tração animal. Não existia outra forma de energia, nas cidades
vivia-se do comércio e o padrão econômico era o agropastoril de subsistência e
de troca.

Revolução industrial: com a invenção da máquina a vapor, passou-se


a usar a energia do vapor dando origem às fábricas.

Houve então uma migração dos trabalhadores rurais para as cidades


industrializadas resultando no aparecimento de favelas com condições
subumanas. As condições para o trabalho eram péssimas e as horas de
trabalho eram excessivas, resultando em acidentes, doenças ocupacionais,
além de salários baixos.

A segunda revolução industrial: originou-se na administração


científica de Taylor e Ford que estabeleceram a produção em massa
aumentando com isso a produtividade das empresas.

Reestruturação produtiva: a partir da década de 70, outra mudança


significativa ocorreu com a utilização de novas tecnologias, mudanças nas
relações de trabalho, mudanças na organização do trabalho e novas formas de
gerenciamento.

A Ergonomia apareceu em 1950, nos paises socialmente


industrializados e desenvolvidos e para entender o porquê do seu
desenvolvimento vamos verificar alguns detalhes dentro da evolução do
trabalho.

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Os princípios básicos instituídos por Taylor eram:

• Análise racional do trabalho e a instituição da técnica de


trabalho que consistia na análise de movimentos, cronometragem e
a organização da única forma correta de trabalho, contemplando
basicamente a alta produtividade.
• Autoridade técnica do engenheiro para fazer a análise do
trabalho: trabalho feito por alguém com preparo específico nessa
área.
• Adaptação do homem ao trabalho: assim para tarefas com grande
esforço físico, necessitaria de uma pessoa forte, uma tarefa embaixo
uma pessoa baixa, para trabalhos de alta precisão de movimentos,
uma pessoa extremamente habilidosa.
• Pagamento diferenciado de produção: melhor salário para quem
produzisse mais.

O mais expressivo aumento de produtividade dessa época surgiu em


conseqüência da aplicação dos princípios de Henry Ford:

• Organização do trabalho em linha de montagem;


• Ritmo de trabalho determinado pela velocidade da esteira;
• Trabalhador fixo em determinada posição;
• Produção de grandes quantidades.

Problemas causados pelos princípios de Taylor e Ford:

• Impossibilidade de se conseguir um método correto para a execução


do trabalho (o ser humano é diferente e complexo);
• Alienação do trabalhador (nos engenheiros concentravam o método e
a decisão sobre o trabalho);
• Seleção física e psicológica rigorosa (com a exclusão social daí
decorrente, seja porque o individuo não tinha a condição física
exigida na seleção – por incapacidade, por desgaste – seja por
gradativa deterioração da capacidade física e exclusão social após
determinada idade);

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• Trabalho exaustivo até a fadiga (aumento da produtividade);
• Isolamento do trabalhador numa mesma posição ao longo do tempo
(tornando o ser humano autômato);
• Desencadeamento de distúrbios osteomusculares por sobrecarga
funcional (trabalho em uma mesma posição por um longo tempo);
• Aumento da velocidade da esteira diante da necessidade de produzir
mais (gerando fadiga, lesões e distúrbios dolorosos);
• Colocando a pessoa mais hábil na primeira posição da linha de
montagem (correria e sobrecarga para os demais);

Neste contexto apareceu a Ergonomia como uma proposta aproveitando


o que havia de positivo e a necessidade de preservação do trabalhador.

O conceito mais mudado pela Ergonomia é o da adaptação do homem


ao trabalho. Ela propõe justamente o contrario, a adequação do trabalho ao
homem.

É importante destacar que até1960 as fábricas e postos de trabalhos


eram construídos sem qualquer consideração sobre o ser humano que ali iria
trabalhar, apesar de ainda hoje muitos fabricantes de equipamentos os
constroem completamente inadequados aos trabalhadores.

O grande desencadeador da Ergonomia foi o projeto da cápsula espacial


norte-americana. (os astronautas exigiram melhores condições principalmente
dentro da cápsula espacial).

Outro grande motivo do rápido desenvolvimento da ergonomia foram as


lesões do sistema osteomuscular (geram absenteísmo e quando o trabalhador
sai da empresa originam processos de indenização. Então um dos motivos da
difusão da Ergonomia foi o custo da “Não Ergonomia”.

Qualidade de Vida

O ser humano constrói a sua qualidade de vida a partir das relações com
o ambiente e consigo mesmo. Neste contexto a saúde é o bem estar físico e

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psíquico. Ela não é apenas condição fundamental para a qualidade de vida,
mas também sua expressão mais evidente.

A saúde é condição básica para se ter um excelente desempenho e


produtividade. Fatores tais como motivação, treinamento e comprometimento
compõem com a saúde o conjunto de condições que permitem que as pessoas
tornem o trabalho um diferencial competitivo de importância estratégica para as
empresas.

A qualidade de vida pode ser encarada sob quatro pontos de vista


diferentes:

• Condições mínimas de vida digna;


• Condições do meio urbano em que se vive;
• Qualidade de vida no trabalho
• Aspectos pessoais.

Qualidade de Vida no trabalho é a conciliação dos interesses dos


indivíduos e das organizações, ou seja, ao melhorar a satisfação do
trabalhador, melhora-se a produtividade da empresa.

Uma eficiente área de segurança do trabalho irá garantir que, pelo


menos durante o tempo disponível para a empresa, o indivíduo terá um nível
adequado de segurança e não sofrerá acidentes.

É bom lembrar que, de fato, nas empresas dotadas de trabalhos


eficazes de segurança, o trabalhador costuma estar muito mais seguro dentro
da mesma do que fora de seus muros.

NR 17 - Ergonomia (117.000-7)

17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que


permitam a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de
conforto, segurança e desempenho eficiente.

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17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao
levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos
equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho, e à própria
organização do trabalho.

17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características


psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise
ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições
de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora.

17.2. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais.

17.2.1. Para efeito desta Norma Regulamentadora:

17.2.1.1. Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso


da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o
levantamento e a deposição da carga.

17.2.1.2. Transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada


de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte
manual de cargas.

17.2.1.3. Trabalhador jovem designa todo trabalhador com idade inferior a 18


(dezoito) anos e maior de 14 (quatorze) anos.

17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas,
por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou
sua segurança. (117.001-5 / I1)

17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de


cargas, que não as leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias
quanto aos métodos de trabalho que deverá utilizar, com vistas a salvaguardar
sua saúde e prevenir acidentes. (117.002-3 / I2)

17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas, deverão


ser usados meios técnicos apropriados.

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17.2.5. Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o
transporte manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser
nitidamente inferior àquele admitido para os homens, para não comprometer a
sua saúde ou a sua segurança. (117.003-1 / I1)

17.2.6. O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou tração de


vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico
deverão ser executados de forma que o esforço físico realizado pelo
trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a
sua saúde ou a sua segurança. (117.004-0 / 11)

17.2.7. O trabalho de levantamento de material feito com equipamento


mecânico de ação manual deverá ser executado de forma que o esforço físico
realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não
comprometa a sua saúde ou a sua segurança. (117.005-8 / 11)

17.3. Mobiliário dos postos de trabalho.

17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o


posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição. (117.006-
6 / I1)

17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as
bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao
trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem
atender aos seguintes requisitos mínimos:

a) Ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o


tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de
trabalho e com a altura do assento; (117.007-4 / I2)
b) Ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador;
(117.008-2 / I2)
c) Ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e
movimentação adequados dos segmentos corporais. (117.009-0 / I2)

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17.3.2.1. Para trabalho que necessite também da utilização dos pés, além dos
requisitos estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais e demais comandos para
acionamento pelos pés devem ter posicionamento e dimensões que
possibilitem fácil alcance, bem como ângulos adequados entre as diversas
partes do corpo do trabalhador, em função das características e peculiaridades
do trabalho a ser executado. (117.010-4 / I2)

17.3.3. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos


seguintes requisitos mínimos de conforto:

a) Altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida;


(117.011-2 / I1);
b) Características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;
(117.012-0 / I1);
c) Borda frontal arredondada; (117.013-9 / I1);
d) Encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região
lombar. (117.014-7 / Il)

17.3.4. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados sentados,


a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os
pés, que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador. (117.015-5 / I1)

17.3.5. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados de pé,


devem ser colocados assentos para descanso em locais em que possam ser
utilizados por todos os trabalhadores durante as pausas. (117.016-3 / I2)

17.4. Equipamentos dos postos de trabalho.

17.4.1. Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem


estar adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à
natureza do trabalho a ser executado.

17.4.2. Nas atividades que envolvam leitura de documentos para digitação,


datilografia ou mecanografia deve:

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a) Ser fornecido suporte adequado para documentos que possa ser ajustado
proporcionando boa postura, visualização e operação, evitando
movimentação freqüente do pescoço e fadiga visual; (117.017-1 / I1)
b) Ser utilizado documento de fácil legibilidade sempre que possível, sendo
vedada a utilização do papel brilhante, ou de qualquer outro tipo que
provoque ofuscamento. (117.018-0 / I1)

17.4.3. Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados com


terminais de vídeo devem observar o seguinte:

a) Condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do


equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e
proporcionar corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador; (117.019-8 /
I2);
b) O teclado deve ser independente e ter mobilidade, permitindo ao
trabalhador ajustá-lo de acordo com as tarefas a serem executadas;
(117.020-1 / I2)
c) A tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de
maneira que as distâncias olho-tela, olho-teclado e olho-documento sejam
aproximadamente iguais; (117.021-0 / I2);
d) Serem posicionados em superfícies de trabalho com altura ajustável.
(117.022-8 / I2)

17.4.3.1. Quando os equipamentos de processamento eletrônico de dados com


terminais de vídeo forem utilizados eventualmente poderão ser dispensadas as
exigências previstas no subitem 17.4.3, observada a natureza das tarefas
executadas e levando-se em conta a análise ergonômica do trabalho.

17.5. Condições ambientais de trabalho.

17.5.1. As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às


características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a
ser executado.

17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam
solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle,

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laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos,
dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto:

a) Níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma


brasileira registrada no INMETRO; (117.023-6 / I2)
b) Índice de temperatura efetiva entre 20°C (vinte) e 23°C (vinte e três graus
centígrados); (117.024-4 / I2)
c) Velocidade do ar não superior a 0,75m/s; (117.025-2 / I2)
d) Umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento. (117.026-0 /
I2)

17.5.2.1. Para as atividades que possuam as características definidas no


subitem 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com aquelas
relacionadas na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito de conforto
será de até 65 dB (A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não
superior a 60 dB.

17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser medidos nos


postos de trabalho, sendo os níveis de ruído determinados próximos à zona
auditiva e as demais variáveis na altura do tórax do trabalhador.

17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada,


natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade.

17.5.3.1. A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa.

17.5.3.2. A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de


forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes
excessivos.

17.5.3.3. Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais


de trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos na NBR 5413, norma
brasileira registrada no INMETRO. (117.027-9 / I2)

17.5.3.4. A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem 17.5.3.3


deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-

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se de luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e
em função do ângulo de incidência. (117.028-7 / I2)

17.5.3.5. Quando não puder ser definido o campo de trabalho previsto no


subitem 17.5.3.4, este será um plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco
centímetros) do piso.

17.6. Organização do trabalho.

17.6.1. A organização do trabalho deve ser adequada às características


psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.

17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em


consideração, no mínimo:

a) As normas de produção;
b) O modo operatório;
c) A exigência de tempo;
d) A determinação do conteúdo de tempo;
e) O ritmo de trabalho;
f) O conteúdo das tarefas.

17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do


pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da
análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte:

a) Para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar


em consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores;
(117.029-5 / I3)
b) Devem ser incluídas pausas para descanso; (117.030-9 / I3)
c) Quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou
superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção deverá permitir um
retorno gradativo aos níveis de produção vigentes na época anterior ao
afastamento. (117.031-7 / I3)

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17.6.4. Nas atividades de processamento eletrônico de dados, deve-se, salvo o
disposto em convenções e acordos coletivos de trabalho, observar o seguinte:

a) O empregador não deve promover qualquer sistema de avaliação dos


trabalhadores envolvidos nas atividades de digitação, baseado no número
individual de toques sobre o teclado, inclusive o automatizado, para efeito
de remuneração e vantagens de qualquer espécie; (117.032-5)
b) O número máximo de toques reais exigidos pelo empregador não deve ser
superior a 8 (oito) mil por hora trabalhada, sendo considerado toque real,
para efeito desta NR, cada movimento de pressão sobre o teclado;
(117.033-3 / I3)
c) O tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve exceder o limite
máximo de 5 (cinco) horas, sendo que, no período de tempo restante da
jornada, o trabalhador poderá exercer outras atividades, observado o
disposto no art. 468 da Consolidação das Leis do Trabalho, desde que não
exijam movimentos repetitivos, nem esforço visual; (117.034-1 / I3)
d) Nas atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo, uma pausa de
10 (dez) minutos para cada 50 (cinqüenta) minutos trabalhados, não
deduzidos da jornada normal de trabalho; (117.035-0 / I3)
e) Quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou
superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção em relação ao
número de toques deverá ser iniciado em níveis inferiores do máximo
estabelecido na alínea "b" e ser ampliada progressivamente. (117.036-8 /
I3)

Soluções Ergonômicas

A Ergonomia não é cara. É um dos processos de melhor


custo/benefícios, portanto a aplicação de alguns tipos de solução ergonômica
(que devem ser aplicados na ordem em que são apresentados a seguir) devem
ser criteriosamente analisados quanto a sua aplicabilidade:

1 – Eliminação do movimento crítico ou da postura crítica

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Trata-se de procurar novas formas de se fazer aquele trabalho em que a
ação técnica de alta sobrecarga ergonômica, não necessite mais ser feita.

Exemplo: na fabricação de cubos de roda do caminhão, após estas


serem passadas pela máquina de lavar, precisavam ser viradas sobre a
bancada para escorrer a água acumulada nos furos onde seriam colocados
pinos prisioneiros. O esforço era enorme devido ao peso de cada peça (40kg) e
envolvia alta repetição.

A solução foi colocar os pinos antes da lavagem.

Nem sempre é possível eliminar o esforço crítico, mas muitas vezes é


possível reduzir a freqüência dos movimentos ao longo da jornada de trabalho.

2 – Pequenas melhorias

São atuações mais eficazes na Ergonomia.

Cerca de 50% dos problemas ergonômicos existentes na empresa


podem ser resolvidos com pequenas melhorias.

Exemplo: mudança na altura de máquinas e bancadas visando reduzir


os problemas da coluna. Pequenas mudanças no braço de alavanca de
determinado esforço, com redução do esforço humano também é uma forma
de executar uma melhoria.

3 – Equipamentos e soluções conhecidos

Talhas elétricas, ventosas, (para manuseio de cargas), mesas e cadeiras


com regulagens, talhas elétricas, mesas elevadoras, etc.

4 – Projetos ergonômicos

Geralmente as soluções que envolvem projetos ergonômicos precisam


ser amadurecidas.

Devem envolver esforços de diversos setores da empresa: Engenharia,


Administração do processo, manutenção, fornecedores, etc.

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Também devem ser vistos os impactos com a logística como por
exemplo o ar comprimido; a tubulação de gases; a rede elétrica, etc.)

5 – Rodízios de tarefas

Funciona como uma forma de reduzir a sobrecarga existente nas


diversas operações. Operações feitas sem rodízio, caso sejam
biomecanicamente críticas, costumam trazer lesões sérias par ao corpo
humano.

As mesmas operações, com um rodízio eficiente costumam ser feitas


sem lesões.

Para o bom funcionamento do rodízio deve-se ter os seguintes cuidados:

• Isonomia de salários entre todos os trabalhadores participantes do


rodízio;
• Preocupar-se com a qualidade;
• Deve-se prestar atenção no rodízio para que todos tenham
efetivamente padrões diferentes de movimentos;
• Cuidar para que todos passem pelas posições mais difíceis;

6 – Melhoria na organização do trabalho

Uma série de situações antiergonômicas tem origem em falhas na


organização do trabalho. Uma vez identificado o problema ergonômico como
sendo dessa natureza, a solução também deve ser adequada. Assim:

• Se houver horas extras em excesso por falta de pessoal, a solução


envolve um efetivo adequadamente dimensionado e adequadamente
treinado;
• Se as horas extras forem em função de deficiência do processo,
deve-se estudar melhorias desse processo para que ele se torne
mais produtivo;

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• Se a sobrecarga for devido a esforços excessivos por falta de
manutenção de um equipamento, a solução é fazer uma manutenção
adequada.

7 – Condicionamento físico e distensionamento para o trabalho

Determinadas tarefas exigem padrões de movimentos musculares


específicos que não se adquirem da noite para o dia, ou são feitas em posições
forçadas que exigem ginásticas compensatórias ou ainda tem um alto
componente de esforço muscular estático, que exige distensionamento.

Trabalhar a condição física das pessoas é de grande importância e


envolve cinco momentos fundamentais:

• Preparação física para o trabalho (em tarefas de alta repetibilidade,


preparando o trabalhador para executá-la com posturas adequadas);
• Ginástica de aquecimento e alongamento (indicada para pessoas
que executam atividades físicas pesadas);
• Ginástica de distensionamento (exercícios de alongamento, por
exemplo, para quem trabalha com digitação);
• Ginástica compensatória (quando a tarefa exige postura forçada, os
exercícios neste caso são os contrários à posição exigida na tarefa);
• Ginástica de condicionamento muscular para a tarefa (quando a
tarefa exige esforços físicos importantes do trabalhador; neste caso
tem-se que cuidar para que o exercício atenda as características
individuais das pessoas. Não se deve generalizar).

8 – Orientação ao trabalhador e cobrança de atitudes correta

Pessoas sentadas de forma imprópria; pessoas fazendo esforços


individuais de forma imprópria, quando existem recursos nos postos de
trabalho para utilização correta do corpo, etc.

Muitas vezes a solução ergonômica é uma postura adequada do


trabalhador no seu posto de trabalho.

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Outras vezes é o uso correto de um recurso ergonômico existente no
posto de trabalho ou ainda a orientação quanto à técnica correta para se fazer
um determinado esforço.

9 – Seleção (mínima)

Um dos objetivos da ergonomia é minimizar a utilização de técnicas de


seleção em itens que não dependem da qualificação para o trabalho: idade,
sexo, compleição física, altura.

Mas existem situações em que não se consegue adequar o trabalho à


maioria das pessoas e, nesse caso, torna-se necessário apelar para o principio
de adaptação do homem ao trabalho.

Como uma referência essa seleção não deve ser a primeira, mas uma
das últimas medidas, esgotadas todas as outras possibilidades.

10 – Pausas de recuperação

Devem ser adotadas quando não se consegue a neutralização dos


riscos ergonômicos com as medidas colocadas acima.

As pausas devem ser instituídas de forma inteligente, somente incidindo


quando houver efetivamente um número alto de repetitividade e não existirem
mecanismos de regulação no próprio trabalho.

Equação de NIOSH

Devem ser criadas condições favoráveis para o levantamento de pesos.

Se o levantamento manual de pesos (até 23 kg) não puder ser evitado é


necessário criar condições favoráveis para isso.

a) Manter a carga próxima do corpo (distância horizontal entre a mão e


o tornozelo em torno de 25 cm);
b) A carga deve estar colocada sobre uma bancada de altura
aproximada de 75 cm, antes de começar o levantamento;

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c) O deslocamento vertical do peso não deve ser maior que 25 cm;
d) Deve ser possível segurar o peso com as duas mãos;
e) A carga deve ter alças ou furos para encaixe dos dedos;
f) Deve ser possível escolher a postura mais adequada para o
levantamento;
g) O tronco não deve ficar torcido durante o levantamento;
h) Os levantamentos não devem ter a freqüência superior a um por
minuto;
i) O tempo de atividade de levantamento não deve ser maior que uma
hora, seguindo um período de descanso ou tarefas mais leves de
120% da duração da atividade de levantamento.

Somente nas condições descritas acima, uma pessoa pode levantar 23


kg. Quando não existem todas essas condições, o limite deve ser reduzido não
podendo exceder alguns quilos.

Equação de NIOSH para cálculo da carga máxima

Utilizar a equação de NIOSH (criada nos Estados Unidos pelo National


Institute for Occupational Safety and Health – Instituto Nacional para
Segurança e Saúde Ocupacional) para determinar a carga máxima em
condições desfavoráveis.

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A equação é composta pelas variáveis: distância horizontal (H) e
distância vertical (V), a rotação do tronco (A), o deslocamento vertical da carga
(D), a freqüência do levantamento (F) e a dificuldade de manuseio da carga
(M). Ela supõe que o trabalhador pode escolher a própria postura e que a carga
é segura com as duas mãos. Assim, a carga máxima de 23 kg é multiplicada
por seis coeficientes, que representam as variáveis acima:

Equação de NIOSH

Carga máxima = 23 kg x CM x CH x CV x CF x CD x CA

Onde:

H = Distância horizontal (cm)


V = Distância vertical (cm)
F = Freqüência (levantamentos/minuto)
D = Deslocamento vertical da carga (cm)
A = Fator de assimetria (graus)
M = Fator de manuseio

Determinação do fator de pega (CM)

Tipo de Fator de pega CM


pega V < 75 V ≥ 75
Boa 1,00 1,00
Regular 0,95 1,00
Má 0,90 0,90

Coeficiente vertical (CV)

distância CD distância CD distância CD


0 0,80 60 1,00 120 0,89
10 0,85 70 1,20 130 0,86
20 0,88 80 1,20 140 0,82
30 0,90 90 1,00 150 0,80
40 0,93 100 0,97 160 0,76
50 0,97 110 0,91 170 0,72

Deslocamento vertical de carga (CD)

distância CD distância CD distância CD

21
0 1,30 70 0,93 130 0,90
10 1,30 80 0,92 140 0,90
20 1,30 90 0,91 150 0,89
30 1,10 100 0,90 160 0,88
40 0,98 110 0,90 170 0,88
50 0,96 120 0,90 180 0,00
60 0,94

Coeficiente de freqüência (CF):

Freqüência Duração do trabalho


(elevações / ≤ 1 hora > 1 ~ 2 horas > 2 ~ 8 horas
minuto) V < 75 V ≥ 75 V < 75 V ≥ 75 V < 75 V ≥ 75
≤ 0,2 1,00 1,00 0,95 0,95 0,85 0,85
0,5 0,97 0,97 0,92 0,92 0,81 0,81
1 0,94 0,94 0,88 0,88 0,75 0,75
2 0,91 0,91 0,84 0,84 0,65 0,65
3 0,88 0,88 0,79 0,79 0,55 0,55
4 0,84 0,84 0,72 0,72 0,45 0,45
5 0,80 0,80 0,60 0,60 0,35 0,35
6 0,75 0,75 0,50 0,50 0,27 0,27
7 0,70 0,70 0,42 0,42 0,22 0,22
8 0,60 0,60 0,35 0,35 0,18 0,18
9 0,52 0,52 0,30 0,30 0,00 0,15
10 0,45 0,45 0,26 0,26 0,00 0,13
11 0,41 0,41 0,00 0,23 0,00 0,00
12 0,37 0,37 0,00 0,21 0,00 0,00
13 0,00 0,34 0,00 0,00 0,00 0,00
14 0,00 0,31 0,00 0,00 0,00 0,00
15 0,00 0,28 0,00 0,00 0,00 0,00
> 15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Os valores de V estão em cm. Para freqüências inferiores a 5
minutos, utilizar F = 0,2 elevação por minuto.

Coeficiente de assimetria (CA)

Graus CA Graus CA
0 1,2 70 0,72
10 1,12 80 0,68
20 1,04 90 0,64
30 0,96 100 0,60
40 0,88 110 0,55
50 0,80 120 0,50
60 0,76 130 0,45

Coeficiente horizontal (CH)

22
Distância CH Distância CH
0 1,00 40 0,62
10 1,00 50 0,50
20 1,00 60 0,41
30 0,83 70 0,00

Quanto mais desfavoráveis forem as condições, esses coeficientes


tenderão a zero se afastando do valor 1,0. O valor de CV cresce até a altura de
75 cm, porque esta é a posição mais conveniente para começar a levantar
cargas.

A equação de NIOSH supõe que a maioria da população (99% dos


homens e 75% das mulheres) não suporta cargas no dorso, superiores a 3.400
N (340 kg força), e que a energia gasta em uma hora de trabalho repetitivo é
260 W para levantamentos até a altura da bancada (75 cm) e 190 W para
levantamentos acima da bancada. Nos casos em que as condições da equação
de NIOSH não são satisfeitas (quando o trabalhador não consegue escolher o
método de levantamento ou não for possível usar as duas mãos), os
coeficientes a serem considerados serão ainda menores, reduzindo-se o valor
da carga máxima.

O valor de cada carga deve ser escolhido cuidadosamente: por um lado,


essa carga não deve superar o valor encontrado pela equação de NIOSH, por
outro, não deve ser muito leve, pois isso estimularia o trabalhador a carregar
várias cargas simultaneamente correndo o risco de superar o peso permitido.
Além disso, são preferíveis cargas unitárias maiores com menores freqüências,
do que cargas menores e mais freqüentes, desde que não superem os valores
calculados pela equação de NIOSH.

Transporte de carga

O posto precisa ser adequado para o trabalho pesado. As bancadas,


prateleiras, máquinas e outros, onde ocorrerão trabalhos pesados, seguir as
recomendações abaixo:

a) Ser possível aproximar a carga do corpo quando ela está sendo


levantada ou depositada;

23
b) Os espaços devem permitir a adoção de uma postura estável para
os pés e flexão das pernas;
c) Evitar a torção do corpo;
d) As mãos devem ficar a aproximadamente 75 cm de altura,
encostadas ao corpo, no levantamento e o depósito da carga;
e) Nos estoques, os itens manuseados com maior freqüência e os
mais pesados devem ficar depositados próximos da altura ideal de
75 cm.

Quando não for possível atender as condições acima, reduzir o peso a


ser movimentado. Os objetos para serem carregados devem ter duas alças ou
furos laterais para o encaixe dos dedos e carga deve ser segura com as duas
mãos.

Para o levantamento desses objetos utilizar a palma das mãos. O uso


somente dos dedos deve ser evitado senão dessa forma se transmitem
menores forças. As pegas devem ser arredondadas (sem cantos cortantes) e
posicionadas de modo a evitar que as cargas girem ao serem erguidas.

O tamanho da carga deve ser pequeno o suficiente para que possa ser
mantida junto ao corpo. O volume não deve ter protuberâncias ou cantos
cortantes nem deve ser muito quente ou frio, a ponto de dificultar o contato. A
carga a ser levantada do chão deve ser posicionada entre os joelhos.

No caso de cargas especiais, como gases, líquidos perigosos ou


pacientes de um hospital, é necessário planejar a operação e tomar cuidados

24
especiais com a segurança. Quando a carga é desconhecida para a pessoa
que vai carregá-la, é necessário colocar uma etiqueta, informando o peso e os
cuidados necessários para a manipulação da mesma.

Técnicas para o levantamento de pesos

As pessoas envolvidas na manipulação de pesos devem ser treinadas.


Muitas vezes, é difícil mudar hábitos de movimentos arraigados. Para isso, é
necessário promover treinamentos intensivos e repetitivos nos seguintes
aspectos:

a) Analise da carga e do local para onde ela deve ser removida,


considerando a possibilidade de usar uma equipe ou equipamento
para levantamento de peso;
b) Quando o levantamento deve ser feito sem nenhuma outra ajuda,
coloque-se bem em frente à carga, com os pés em posição estável
(não erguer a carga com os pés juntos);
c) Segure a carga firmemente, com a palma das mãos, e não apenas
com alguns dedos, usando sempre os dois braços;
d) Erga a carga mantendo a coluna reta, na vertical, conservando-a
próxima ao corpo, evitando torcer o corpo e, se for necessário, mova
a perna.

Esta recomendação é muito importante para evitar as dores nas costas.


Inclinar ou girar o tronco durante o levantamento de carga pode provocar
lesões nas costas. Inclinar o tronco, em vez de usar a musculatura das pernas,
provoca um aumento de 30% na tensão do dorso.

25
As cargas superiores a 23 kg devem ser manipuladas por duas ou mais
pessoas. Os membros dessa equipe devem ter estaturas e forças semelhantes
entre si, e devem trabalhar coordenadamente. Um deles deve assumir a
coordenação, comandando os movimentos do grupo, de modo a evitar
movimentos inesperados.

Uso de equipamentos para levantamentos de pesos

Muitos equipamentos para levantamento e transporte de carga são


disponíveis, incluindo carrinhos, alavancas, roldanas, polias, guindastes, paus
de carga e outros. Sempre que possível esses equipamentos devem ser
usados com o objetivo de aliviar o trabalho humano.

Transporte de cargas

Muitas vezes, após o levantamento, é necessário fazer o transporte


manual das cargas. Geralmente, andar com uma carga, é mecanicamente
estressante e envolve um custo energético. Enquanto se segura um peso, os
músculos dos braços e das costas são submetidos a uma tensão mecânica
contínua.

O peso máximo a ser carregado é determinado pela operação anterior


de levantamento da carga. Como já vimos este limite é de 23 kg, podendo ser
reduzido, devido a vários fatores já considerados na equação de NIOSH.

26
A carga deve ser conservada o mais próxima possível do corpo, para
diminuir a tensão mecânica dos músculos e o consumo de energia. Para isso,
volumes mais compactos são preferíveis. O uso de mochilas ou correias pode
ajudar a manter a carga próxima do corpo.

A carga deve ser equipada com alças ou pegas, que não devem ser
muito finas nem devem ter ângulos cortantes. Em alguns casos, pode-se usar
acessórios como um gancho, que pode ser encaixado na carga.

A dimensão vertical da carga deve ser limitada, porque uma pessoa


carregando um volume muito alto, tende a erguer os braços, para evitar que o
mesmo dificulte o movimento das pernas. Isso provoca fadiga adicional dos
músculos dos braços, ombros e costas, além de dificultar a visão.

Quando se usa apenas uma das mãos para carregar um peso, o corpo é
submetido a uma tensão assimétrica. Exemplos bem conhecidos dessa prática
são os alunos carregando pastas e os viajantes carregando malas. Pode-se
dividir a carga em dois pesos menores ou usar uma mochila.

27
Uso de equipamentos para transporte

Existem equipamentos para substituir o transporte manual de cargas


como: rolos transportadores, correias transportadoras, plataformas móveis,
carrinhos etc..

Mas esses equipamentos exigem outros movimentos corporais, como


levantar pesos, puxar e empurrar. Esses movimentos devem provocar um
menor esforço que o transporte manual de cargas.

28
O movimento de puxar ou empurrar cargas provoca tensões nos braços,
ombros e costas. Essas tensões podem ser aliviadas com um carrinho
adequado.

Para colocar um carrinho em movimento, puxando ou empurrando, a


força exercida não deve ultrapassar 200 N (cerca de 20 kg força). Embora a
força exigida seja freqüentemente maior, este limite é colocado para evitar
maiores tensões mecânicas, principalmente nas costas.

Para movimentos com durações superiores a um minuto, a força


permitida para puxar ou empurrar é limitada a 100 N.

Na prática, isso significa que carrinho com peso total superior a 700 kg,
não deve ser movido manualmente. Naturalmente, esse limite pode variar,
dependendo do tipo de carrinho, tipo de piso, forma das rodas e assim por
diante.

Nos casos em que esse peso é ultrapassado, o carrinho deve ser


motorizado, usando-se, por exemplo, transportadores elétricos.

A postura correta para puxar ou empurrar é aquela que permite usar o


peso do próprio corpo a favor do movimento. Para puxar, o corpo deve pender
para trás e, para empurrar, inclinar para frente.

O atrito entre o calçado e o piso deve ser suficiente para permitir esses
movimentos. Deve existir também espaço suficiente para as pernas para que
essas posturas se tornem possíveis.

Para puxar ou empurrar, a distância horizontal entre o joelho mais


afastado e as mãos deve ser 120 cm, no mínimo. Para puxar, deve existir um
espaço sob o carrinho para que um dos pés fique na mesma posição vertical
das mãos.

29
Os carrinhos devem ter pegas em forma de barras, de modo que as
duas mãos possam ser utilizadas para transmitir forças. As pegas devem ser
cilíndricas, com diâmetro de 3 cm e comprimento mínimo de 30cm. As pegas
verticais devem situar-se entre 90 a 120 cm do piso, para permitir uma boa
postura tanto para puxar, como para empurrar.

Para trafegar em pisos irregulares, deve ter rodas grandes e largas.


Duas rodas devem ser giratórias, para se garantir uma boa manobra. Elas
devem ser colocadas no lado em que será exercido a força de puxar ou
empurrar. A colocação de quatro rodas giratórias não é aconselhável, pois
torna a trajetória do carrinho muito instável.

A altura total do carrinho quando carregado não deve exceder 130 cm,
para que a maioria das pessoas possa enxergar sobre o mesmo.

Se possível, o piso deve ser duro, sem depressões ou desníveis, como


meio-fios. Se isso for inevitável, o carrinho deve ser munido de pegas

30
horizontais, para que possa ser erguido. Nesse caso, o peso suportado não
deve ultrapassar os limites já apresentados para o levantamento de cargas.

Antropometria

A antropometria estuda as dimensões físicas e proporções do corpo


humano.

Ela é muito importante para o estudo do corpo humano no trabalho e


para a concepção de postos de trabalho.

Princípios antropométricos que são do interesse da ergonomia:

Considerar as diferenças individuais do corpo humano

Os projetistas de postos de trabalho, máquinas, equipamentos e móveis


não devem se esquecer de que existem diferenças individuais entre os seus
usuários potenciais.

A altura de uma cadeira que é adequada para um indivíduo de estatura


média pode ser desconfortável para aqueles mais altos ou para os mais baixos,
então uma cadeira regulável seria a mais adequada para atender a essas
diferenças.

Existem situações em que o projeto é dimensionado deliberadamente


para um dos extremos da população como, por exemplo, um painel de controle
que deve ser alcançado com os braços, deve ser dimensionado a sua altura
pelo usuário mais baixo, ou ainda uma porta deve ser dimensionada para as
pessoas mais altas (se fosse dimensionada para as pessoas de estatura
média, uma boa parte das pessoas bateria a cabeça, pois tem estatura acima
da média).

31
A figura acima mostra que mesmo quando se faz um projeto abrangente,
levando-se em consideração um maior número de pessoas atendidas, por
exemplo, em relação à altura, sempre haverá os extremos que não serão
atendidos.

Uso de tabelas antropométricas adequadas

As tabelas antropométricas apresentam as dimensões do corpo, pesos e


alcances dos movimentos e referem-se sempre a uma determinada população
e nem sempre podem servir de referência para outras populações.

A tabela abaixo apresenta as dimensões de ingleses adultos. As


dimensões referem-se a homens e mulheres nus e descalços.

As três colunas da tabela têm o seguinte significado:

• Baixos: significa que existem 5% da população adulta abaixo disso;


• Médios: média de todos os homens e mulheres adultos;
• Altos: significa que existem 5% da população acima destes valores
ou que 95% dessa população está abaixo.

32
Medidas em cm
Item
Baixos Médios Altos
Em pé
1.Estatura 150,5 167,5 185,5
2.Alcance horizontal para agarrar 65,0 74,5 83,5
3.Profundidade do tórax 21,0 25,0 28,5
4.Alcance vertical para agarrar 179,0 198,3 219,0
5.Altura dos olhos 140,5 156,8 174,5
6.Altura dos ombros 121,5 136,8 153,5
7.Altura do cotovelo 93,0 104,4 118,0
8.Altura do punho 66,0 73,8 82,5
Sentado
11.Altura (a partir do assento) 79,5 88,0 96,5
12.Altura olhos-assento 68,5 76,5 84,5
13.Altura do cotovelo-assento 18,5 24,0 29,5
14.Altura poplítea 35,5 42,0 49,0
15.Comprimento do antebraço 30,4 34,3 38,7
16.Comprimento nádegas-poplítea 43,5 48,8 55,0
17.Comprimento nádegas-joelho 52,0 58,3 64,5

Peso (kg) 44,1 68,5 93,7

33
No Brasil ainda não existem medidas antropométricas normalizadas da
população.

A própria composição étnica, bastante heterogênea, da população


brasileira e o processo de miscigenação, além dos desníveis socioeconômicos
que tem profunda influência sobre as medidas corporais, a partir de variantes
nutricionais, dificultam o estabelecimento de padrões antropométricos.

Antropometria estática e dinâmica

A antropometria estática está se referindo as medidas do corpo parado –


utilizada para projetos de produtos sem partes móveis ou com pouco
movimento.

A antropometria dinâmica estuda os limites de movimentos de cada


parte do corpo, cuidando para que cada pessoa possa mover-se sem haver
solicitação de esforço físico além do necessário, com segurança e preservando
a saúde através da postura e dos movimentos adequados ao trabalhar.

34
1. Estatura.
2. Altura dos olhos.
3. Altura dos ombros.
4. Altura dos cotovelos.
5. Altura dos quadris.
6. Altura do punho.
7. Altura da ponta dos dedos.
8. Altura do alto da cabeça (pessoa sentada).
9. Altura dos olhos (pessoa sentada).
10. Altura dos ombros (pessoa sentada).
11. Altura dos cotovelos (pessoa sentada)
12. Espessura das coxas.
13. Comprimento nádegas-joelho.
14. Comprimento nádegas-dobra interna do joelho.
15. Altura dos joelhos.

35
16. Altura da dobra interna do joelho.
17. Largura dos ombros (deltóide).
18. Largura dos ombros (crista da escápula).
19. Largura dos quadris.
20. Profundidade do tórax.
21. Profundidade do abdômen.
22. Comprimento ombro-cotovelo.
23. Comprimento cotovelo-ponta dos dedos.
24. Comprimento do braço.
25. Comprimento do ombro-pega.
26. Profundidade da cabeça.
27. Largura da cabeça.
28. Comprimento da mão.
29. Largura da mão.
30. Comprimento do pé.
31. Largura do pé.
32. Envergadura.
33. Envergadura dos cotovelos.
34. Altura de pega (em pé).
35. Altura de pega (sentado).
36. Alcance frontal de pega.

A utilidade de algumas dessas medidas está exemplificada a seguir:

• Altura do alto da cabeça (pessoa sentada): determinar as distâncias


entre o topo da cabeça e qualquer estrutura acima dela (apoio de
cabeça em banco de veículos, espaços interiores etc.).
• Altura dos olhos (pessoa sentada): determinar a linha de visão em
relação a qualquer ponto desejado (estabelecer a altura de terminais,
painéis, visores, altura de cadeira de auditórios etc.).
• Altura dos joelhos: determinar a distância do chão até a parte inferior
do tampo da mesa.

36
• Altura dos cotovelos (pessoa sentada): determinar a altura de apoio
para os braços de cadeiras, poltronas, superfícies de mesas de
trabalho etc.
• Altura da dobra interna do joelho: determinar a altura do assento para
trabalhos realizados na posição sentada.
• Comprimento nádegas-dobra interna do joelho: determinar a
profundidade de assentos.
• Comprimento nádegas-joelho: determinar a distância entre a parte
posterior do assento e qualquer obstáculo físico ou objeto em frente
aos joelhos.
• Largura dos quadris: determinar a largura dos assentos.
• Largura entre os cotovelos: determinar a distância entre os apoios de
braços das cadeiras e os espaços entre os assentos ao redor de
mesas.
• Comprimento do pé: determinar o comprimento do apoio para os pés
e de pedais.
• Largura do pé: determinar a largura de apoio para os pés.
• Comprimento da mão: dimensionar tamanho de pegas de
ferramentas, tamanho de luvas.
• Perímetro da mão: dimensionar a largura de luvas e de pegas de
ferramentas.
• Espessura da coxa: determinar a distância entre o plano do assento
e a altura sob a mesa.
• Estatura: determinar a altura mínima para portas e vãos.
• Altura dos olhos: determinar a linha de visão em relação a qualquer
ponto desejado (em teatros, auditórios etc.) e para estabelecer a
altura de divisórias, sinalizadores, quadros de avisos etc.
• Altura dos ombros: determinar a altura de alcance do braço na
posição em pé.
• Altura dos cotovelos: determinar a altura de bancadas para trabalhos
moderados.

37
• Altura de pega: determinar a altura máxima de alcance do braço em
relação ao solo, como interruptores, alavancas, estantes, cabides,
controles etc.
• Alcance do braço: distância horizontal da parte posterior até a
extremidade do dedo indicador, estando o indivíduo com as costas
apoiadas na parede. Utilidade: determinar a distância de alcance
máximo no posto de trabalho (painéis, mostradores etc.).
• Altura dos quadris: determinar a altura da bancada para trabalhos
pesados.

Biomecânica

Parte do conhecimento da Ergonomia aplicada ao trabalho origina-se no


estudo da “máquina humana”. Os ossos, os músculos, ligamentos e tendões
são os elementos dessa máquina que possibilitam realizar movimentos.

No estudo da biomecânica, as leis físicas da mecânica são aplicadas ao


corpo humano. Assim, pode-se estimar as tensões que ocorrem nos músculos
e articulações durante uma postura ou um movimento. Os princípios mais
importantes da biomecânica para a ergonomia são descritos a seguir.

O ser humano tem pouca capacidade de desenvolver força física no


trabalho. O sistema osteomuscular possibilita desenvolver movimentos de
grande velocidade e amplitude, mas com pequenas resistências. Isso em
função do tipo de alavanca predominante nesse sistema.

Examinando os tipos de alavancas existentes no corpo humano, temos a


alavanca de 1º grau [ou interfixa] existe especialmente no pescoço e na coluna
vertebral.

A alavanca de 2º grau [inter-resistente] adequada para a realização de


esforço físico, praticamente não existe no corpo humano. Então o que
predomina no corpo humano é a alavanca interpotente, onde o movimento e a
velocidade são grandes, mas o esforço que é possível de se fazer é muito
pequeno.

38
O ser humano é adaptado a fazer contrações musculares dinâmicas,
mas tem pouca adaptação para fazer contrações musculares estáticas nas
quais ocorre dor muscular intensa e fadiga precoce, devido ao acúmulo do
ácido lático e outros metabólitos.

As situações de fadiga por esforço muscular estático são aliviadas pelo


relaxamento do músculo, durante o qual ocorre o fluxo do sangue e remoção
das substâncias tóxicas produzidas durante o esforço.

Os músculos têm força, resistência, flexibilidade, velocidade, potência,


agilidade, equilíbrio e coordenação.

Definições:

a) Força: potência máxima que pode ser exercida numa única


contração voluntária;
b) Resistência: capacidade de repetição de contrações ou o tempo de
sustentação do esforço;
c) Flexibilidade: amplitude de movimento através da qual os membros
são capazes de mover-se;
d) Velocidade: tempo de reação e o tempo de movimento; muito útil
em atividades esportivas;
e) Potência: combinação de força e velocidade (é à distância
percorrida pelo músculo em determinada carga em determinado
tempo);
f) Agilidade: capacidade de mudar de direção e posição rapidamente,
com precisão e sem perda do equilíbrio;
g) Equilíbrio: capacidade de o manter o posicionamento correto do
corpo durante movimentos vigorosos.
h) Coordenação: relação harmoniosa entre os movimentos repetidos
e de alta velocidade.

Compatível com essas características, no aproveitamento racional do


ser humano no trabalho, as regras abaixo devem ser aplicadas:

• Nunca usar esforço excessivo sobre o trabalhador de uma só vez;

39
• Praticar ginástica de aquecimento e alongamento no início das
jornadas de trabalho;
• Garantir a adaptação gradativa do automatismo dos movimentos;

O limite de segurança para algum esforço físico isolado é de 50% da


força máxima (acima desse valor aumenta a incidência de distúrbios e lesões).

Quanto mais freqüente é o esforço, menor é a porcentagem da força


máxima que pode ser usada.

A melhor postura para trabalhar é aquela em que o corpo alterna as


diversas posições: sentado, de pé, andando.

Principais situações de sobrecarga biomecânica no trabalho

Todas as situações em que o trabalhador tenha que exercer grande


força física (mesmo entre as pessoas dotadas de maior capacidade de força
muscular)

Todas as situações de esforço estático no trabalho:

• Sustentação de cargas com os membros superiores;


• Postura de pé, parada durante grande parte da jornada de trabalho;
• Postura de pé apoiada sobre um dos pés;
• Trabalho feito com os braços acima do nível dos ombros;
• Movimentação, manuseio e levantamento de cargas pesadas;
• Pequenas contrações musculares estáticas (como no trabalho em
computadores)
• Braços suspensos
• Antebraços suspensos
• Uso da mão como morsa

Todas as situações de alavanca biomecanicamente desfavorável em


que a distância da potência ao ponto de apoio seja muito pequena e a distância
da resistência entre a resistência e o ponto de apoio seja muito grande.

40
Todas as situações de desagregação do esforço muscular (quando o
indivíduo tem que fazer esforço lento, sob controle, no sentido contrário ao que
seria a ação motora natural) ex. colocar uma caixa pesada no chão de forma
lenta.

Postura e movimento têm uma grande importância na ergonomia. Tanto


no trabalho como na vida cotidiana, eles são determinados pela tarefa e pelo
posto de trabalho.

Para realizar uma postura ou um movimento, são acionados diversos


músculos, ligamentos e articulações do corpo. Os músculos fornecem a força
necessária para o corpo adotar uma postura ou realizar um movimento.

Os ligamentos desempenham uma função auxiliar, enquanto as


articulações permitem um deslocamento de partes do corpo em relação às
outras.

Posturas ou movimentos inadequados produzem tensões mecânicas nos


músculos, ligamentos e articulações, resultando em dores no pescoço, costas,
ombros, punhos e outras partes do sistema musculoesquelético.

Alguns movimentos, além de produzirem tensões mecânicas nos


músculos e articulações, apresentam um gasto energético que exige muito dos
músculos, coração e pulmões.

Abaixo, serão apresentadas recomendações para melhorar as tarefas e


os postos de trabalho, envolvendo posturas e movimentos usuais, na posição
sentada, em pé, levantando pesos, puxando e empurrando cargas.

Muitos princípios de postura e movimentos derivam-se de


conhecimentos das áreas de biomecânica, fisiologia e antropometria, como se
verá nos tópicos seguintes.

Bases biomecânicas, fisiológicas e antropométricas.

Diversos princípios importantes da ergonomia derivam-se de outras


áreas do conhecimento como a biomecânica, fisiologia e antropometria. Esses

41
conhecimentos são importantes para formular as recomendações sobre a
postura e o movimento, como se verá a seguir.

As articulações devem ocupar uma posição neutra

Para manter uma postura ou realizar um movimento, as articulações


devem ser conservadas, tanto quanto possível, na sua posição neutra. Nesta
posição, os músculos e ligamentos que se estendem entre as articulações são
esticados o menos possível, ou seja, são tensionados ao mínimo.

Além disso, os músculos são capazes de liberar a força máxima, quando


as articulações estão na posição neutra.

Exemplos de más posturas, onde as articulações não estão em posição


neutra: braços erguidos, perna levantada, cabeça abaixada e tronco inclinado.

Conserve pesos próximos ao corpo

Os pesos devem ser mantidos o mais próximo possível do corpo.


Quanto mais o peso estiver afastado do corpo, mais os braços serão
tensionados e o corpo penderá para frente.

As articulações (cotovelo, ombro e costas) serão mais exigidas,


aumentando as tensões sobre elas e os respectivos músculos. A figura abaixo
mostra o aumento da tensão nas costas, quando o braço se afasta do corpo,
segurando um peso de 20 kg.

42
Ao aumentar a distância entre as mãos e o corpo há um aumento da tensão
nas costas.

Evite curvar-se para frente

Os períodos prolongados com o corpo inclinado devem ser evitados


sempre que possível. A parte superior do corpo de um adulto, acima da cintura,
pesa 40 kg, em média.

Quando o tronco pende para frente, há contração dos músculos e dos


ligamentos das costas para manter essa posição. A tensão é maior na parte
inferior do tronco, onde surgem dores.

Evite inclinar a cabeça

A cabeça de um adulto pesa de 4 a 5 kg. Quando a cabeça se inclina


mais de 30 graus para frente, os músculos do pescoço são tensionados para
manter essa postura e começam a aparecer dores na nuca e nos ombros.
Portanto, a cabeça deve ser mantida o mais próximo possível da postura
vertical.

Evite torções do tronco

Posturas torcidas do tronco causam tensões indesejáveis nas vértebras.


Os discos elásticos que existem entre as vértebras são tensionados, e as

43
articulações e músculos que existem nos dois lados da coluna vertebral são
submetidos a cargas assimétricas, que são prejudiciais.

Evite movimentos bruscos que produzem picos de tensão

Movimentos bruscos podem produzir alta tensão, de curta duração. Esse


pico de tensão é resultado da aceleração do movimento. Sabe-se que
levantamentos rápidos de peso podem produzir fortes dores nas costas.

O levantamento de peso deve ser feito gradualmente. É necessário pré-


aquecer a musculatura antes de fazer uma grande força. Os movimentos
devem ter um ritmo suave e contínuo.

Alterne posturas e movimentos

Nenhuma postura ou movimento repetitivo deve ser mantido por um


longo período. As posturas prolongadas e os movimentos repetitivos são muito
fatigantes. Em longo prazo, podem produzir lesões nos músculos e
articulações. Isso pode ser prevenido com uma alternância de posturas ou
tarefas.

Significa, por exemplo, alternar posições sentadas por aquelas em pé e


andando. Pode-se também fazer rodízios periódicos, de um posto de trabalho
para outro, entre os trabalhadores envolvidos em tarefas que exigem
movimentos muito repetitivos, desde que os movimentos exigidos nesses
postos sejam diferentes entre si.

Restrinja a duração do esforço muscular continuo

A tensão contínua de certos músculos do corpo, como resultado de uma


postura prolongada ou de movimentos repetitivos, provoca fadiga muscular
localizada, resultando em desconforto e queda do desempenho.

Quanto maior o esforço muscular, menor se torna o tempo suportável


(ver figura abaixo). A maioria das pessoas não consegue manter o esforço
muscular máximo além de alguns segundos. Com 50% do esforço muscular
máximo, o tempo suportável é de aproximadamente dois minutos.

44
A duração de um esforço muscular localizado deve ser limitada. Afigura mostra
as durações máximas do esforço muscular contínuo (em minutos), em função
do esforço muscular exercido (como percentagem do esforço máximo).

Curvas de recuperação da capacidade muscular após um tempo de descanso.


A curva 1 é para músculos completamente exaustos e as curvas 2, 3 e 4 são
para músculos parcialmente exaustos.

Previna a exaustão muscular

A exaustão muscular deve ser evitada porque, se isso ocorrer, há uma


demora de vários minutos para a recuperação. O gráfico acima mostra algumas
curvas de recuperação, depois que os músculos foram parcial ou totalmente
exauridos por um esforço contínuo.

Observa-se que são necessários cerca de trinta minutos para uma


recuperação de 90% de um músculo exausto. Músculos meio exaustos atingem

45
a mesma recuperação em quinze minutos. O processo de recuperação
completa pode levar várias horas.

Pausas curtas e freqüentes são melhores

A fadiga muscular pode ser reduzida com diversas pausas curtas


distribuídas ao longo da jornada de trabalho. Isso é melhor que as pausas
longas concedidas no final da tarefa ou ao fim da jornada.

Muitas vezes, essas pausas já existem naturalmente dentro do próprio


ciclo do trabalho. Por exemplo, quando se espera que a máquina complete o
seu ciclo ou quando um carregador retorna descarregado. Do Contrário, é
necessário programar essas pausas periódicas.

Postura

A postura é, freqüentemente, determinada pela natureza da tarefa ou do


posto de trabalho. Um porteiro de hotel tem uma postura estática, enquanto um
carteiro passa a maior parte do tempo andando.

As posturas prolongadas podem prejudicar os músculos e as


articulações.

Trabalho sentado

Posturas sentadas por um longo tempo ocorrem em escritórios, mas


também nas fábricas (linhas de montagem). A posição sentada apresenta
vantagens sobre a em pé.

O corpo fica melhor apoiado em diversas superfícies: piso, assento,


encosto, braços da cadeira, mesa. Portanto, a posição sentada é menos
cansativa que a em pé.

Entretanto, as atividades que exigem maiores forças ou movimentos do


corpo, são melhor executadas em pé.

Alternar a posição sentada com a em pé e andando

46
Embora a posição sentada seja melhor que a em pé, deve-se evitar
longos períodos sentado. Muitas atividades manuais, executadas quando se
está sentado, exigem um acompanhamento visual.

Isso significa que o tronco e a cabeça ficam inclinados para frente.

O pescoço e as costas ficam submetidos a longas tensões, que podem


provocar dores. O dorso pode ser submetido também a tensões, quando for
necessário girar o corpo com o assento fixo.

As tarefas manuais geralmente são feitas com os braços suspensos,


sem apoio, o que provoca dores nos ombros.

As tarefas que exigem um longo período sentado devem ser alternadas


com outras que permitam ficar em pé ou andando. Alguns postos de trabalho
permitem alternar essas duas posturas, usando cadeiras mais altas, com
apoios para os pés na posição sentada.

Ajuste da altura do assento e a posição do encosto.

Existem muitas cadeiras que permitem regular a altura do assento e


ajustar a posição do encosto. Estas devem ter as seguintes características:

• A altura do assento deve ser regulável em movimentos contínuos e


suaves, e não por “degraus”. Para adultos ingleses, a faixa mínima
de ajustes deve ser de 13 cm, indo de 39 a 52 cm de altura, baseado
nas diferenças de medidas poplíteas (‘da parte inferior da coxa ao
chão) da opulação. No Brasil, devido à maior heterogeneidade étnica
da população, provavelmente seria necessário uma faixa maior de
ajustes, principalmente na altura mínima, (que deve ser de 36 cm).
• A altura do assento pode ser considerada boa quando a coxa está
bem apoiada no assento, sem esmagamento de sua parte inferior
(em contato com as bordas do assento) e os pés se apóiam no chão.
A postura com os pés em balanço é extremamente fatigante.
• O encosto da cadeira deve proporcionar apoio para a região lombar
(na altura do abdômen). Deve-se deixar um vão livre de 10 a 20 cm

47
entre o assento e o encosto. O encosto deve ter uma altura de 30 cm
(portanto, a altura total deve ficar entre 40 a 50 cm acima do
assento). Não se deve utilizar esse apoio lombar para apoiar as
costas, no caso de uma postura relaxada.
• A parte inferior do encosto deve ser convexa, para acomodar a
curvatura das nádegas, ou ser vazada (na recomendação acima, o
tamanho desse vão livre deve ser regulável, entre 10 a 20 cm entre o
assento e o encosto).

A cadeira também pode ser giratória. Isso reduz a necessidade de torcer


o tronco e permite maiores variações na postura, prevenindo a fadiga.

Limite o número de ajustes possíveis da cadeira.

É preferível limitar o número de ajustes apenas para os componentes


mais importantes da cadeira: pelo menos, a altura do assento e a altura do
encosto. Se houver muitos ajustes, é provável que os usuários façam ajustes
incorretos. Isso, em vez de ajudar, acaba prejudicando.

Forma correta de usar a cadeira

Os usuários de cadeiras devem receber instruções sobre a forma correta


de regulá-las. Isso deve incluir outros elementos ajustáveis do posto de
trabalho, como a altura da mesa, que deve estar conjugada com a altura da
cadeira.

48
Uso de cadeiras especiais para tarefas específicas

Alguns tipos de cadeiras especiais podem ser recomendados para


tarefas específicas. Uma cadeira com braços pode ser escolhida, desde que
não atrapalhem.

Os braços da cadeira devem ser curtos, para que a cadeira possa ficar
próxima da mesa. Eles podem ajudar a suportar os pesos do tronco e dos
braços e dão apoio na hora de se levantar.

As rodinhas nos pés da cadeira podem ser úteis quando esta precisa ser
movimentada freqüentemente, mas não devem ser usadas quando há
operação de pedais, pois provocam instabilidade.

O assento também pode ser pouco inclinável para frente e para trás.

Exemplo de uma cadeira ergonômica para trabalho de digitação.


As alturas do assento e do encosto são reguláveis. A cadeira é
dotada de rodinhas, braços curtos reguláveis, e pode girar em
torno do eixo.

A figura acima ilustra uma cadeira usada para digitadores. Nesse caso, o
assento e o encosto são reguláveis, o encosto é alto, dando suporte para os
ombros e região lombar.

49
Os apoios curtos para os braços e as rodinhas nos pés dão um conforto
adicional, facilitando as mudanças de posturas.

A altura da superfície de trabalho depende da tarefa

O uso de uma cadeira adequada não é suficiente para garantir uma


postura correta no trabalho. A posição das mãos, bem como o ponto de
focalização dos olhos, tem uma grande importância para a postura da cabeça,
tronco e braços.

A altura correta das mãos e do foco visual depende da tarefa, dimensões


corporais e preferências individuais. Muitas tarefas exigem acompanhamento
visual dos movimentos manuais.

Então, a altura da superfície de trabalho deve ser determinada pelo


compromisso entre a melhor altura para as mãos e a melhor posição para os
olhos, que acaba determinando a postura da cabeça e do tronco.

Em princípio, uma superfície baixa é melhor, porque os braços não


precisam ser erguidos e, nesta posição, é mais fácil aplicar forças. Em
compensação, as superfícies mais altas permitem uma melhor visualização do
trabalho, sem necessidade de curvar-se para frente.

As recomendações gerais para a altura da superfície de trabalho estão


na tabela abaixo, para três tipos de tarefas. Elas podem ser aplicadas para
trabalho em pé ou sentado.

Tipo de tarefa Altura da superfície de trabalho


Uso dos olhos: muito

10 a 30cm abaixo da altura dos olhos


Uso das mãos e braços:
pouco
Uso dos olhos: muito

0 a 15cm acima da altura do cotovelo


Uso das mãos e braços:
muito

50
Uso dos olhos: pouco
0 a 30 cm acima da altura do
Uso das mãos e braços: cotovelo
muito

As mãos e o foco visual nem sempre estão na superfície da mesa ou da


bancada. É necessário considerar a altura ou espessura das peças,
ferramentas ou acessórios em uso.

Por exemplo, no uso de teclados, a superfície de trabalho situa-se 3 cm


(medida no ponto médio) acima da superfície da mesa.

A altura da superfície de trabalho deve ser ajustável, entre 54 a 79 cm,


com uma faixa de 25 cm para acomodar as diferenças individuais. No caso de
manipulação de peças de diferentes alturas, a faixa de ajustes deve ser ainda
maior.

De preferência, essa altura deve ser facilmente regulável, a partir da


posição sentada.

Compatibilizar as alturas da superfície de trabalho e do assento

Para o trabalho sentado, a distância vertical entre a altura do assento e a


superfície de trabalho deve ser compatibilizada para cada indivíduo. A altura do
assento é regulada de acordo com a altura poplítea.

A superfície de trabalho deve ficar na altura do cotovelo da pessoa


sentada, de modo que o antebraço trabalhe paralelo à superfície.

Se a altura da superfície de trabalho não for ajustável, como no caso de


máquinas, é melhor dimensioná-la para o usuário mais alto. A altura do
assento, então, é regulada para essa superfície.

Para os usuários mais baixos, deve ser providenciado um apoio para os


pés, que não seja uma simples barra, mas uma superfície ligeiramente
inclinada, para permitir mudanças de postura.

51
Esse tipo de apoio pode ser providenciado também para trabalhos em
escritórios, para facilitar a mudança de postura durante a jornada, contribuindo,
assim, para a redução da fadiga.

Evitar manipulações fora do alcance

As manipulações fora de alcance dos braços exigem movimentos do


tronco. Para evitar isso, as ferramentas, controles e peças devem situar-se
dentro de um envoltório tridimensional de alcance dos braços.

As operações mais importantes devem situar-se dentro de um raio


aproximado de 50 cm a partir da articulação entre os braços e os ombros. Isto
se aplica tanto ao trabalhador sentado como em pé.

Superfície para leitura

Sempre que possível, as tarefas que exigem um acompanhamento


visual contínuo, como no caso de leituras e inspeções de qualidade, devem ser
feitas em superfície inclinada.

A superfície inclinada tem o objetivo de aproximar o trabalho dos olhos.


Do contrário, seria necessário inclinar a cabeça e o tronco para frente. No caso
de leitura, a inclinação recomendada é 45 graus e para escrever a inclinação
pode ser de 15 graus.

Inclinações maiores são inconvenientes porque não permitem apoio dos


braços e os objetos escorregam.

52
Espaço para as pernas

As pernas devem ser acomodadas dentro de um espaço sob a superfície


de trabalho. Esse espaço é importante para permitir uma postura adequada,
sem inclinar o corpo para frente. A largura desse espaço deve ser 60 cm, no
mínimo.

A profundidade deve ser pelo menos 40 cm na parte superior e 100 cm


na parte inferior, junto aos pés. Esta dimensão maior junto aos pés justifica-se
pela necessidade de esticar as pernas para frente, de vez em quando, para
mudar a postura.

A espessura da superfície de trabalho deve ser a mais fina possível,


para que haja um vão suficiente entre a parte inferior da superfície de trabalho
e a parte superior das pernas.

Digamos que essa espessura não pode ultrapassar 3 cm. Isso pode dar
maior mobilidade para as pernas, facilitando as mudanças de postura.

Trabalho em pé

53
A posição em pé é recomendada para os casos em que há freqüentes
deslocamentos do local de trabalho ou quando há necessidade de aplicar
grandes forças.

Não se recomenda passar o dia todo na posição em pé, pois isso


provoca fadiga nas costas e pernas.

Um estresse adicional pode aparecer quando a cabeça e o tronco ficam


inclinados, provocando dores no pescoço e nas costas. Além disso, trabalhar
com os braços para cima, sem apoio, provoca dores nos ombros.

As tarefas que exigem longo tempo na posição de pé, devem ser


intercaladas com tarefas que possam ser realizadas na posição sentada ou
andando.

Deve-se permitir que os trabalhadores possam sentar durante as pausas


naturais do trabalho. É o caso, por exemplo, de operadores de máquinas e
vendedores em lojas. Também se pode projetar postos de trabalho que
permitam alternar a postura sentada com a em pé.

A altura da superfície de trabalho em pé depende da tarefa

A altura da superfície para trabalho em pé depende, como no caso do


trabalho sentado, do tipo de tarefa, das dimensões corporais e da preferência
individual.

54
A altura da bancada deve ser ajustável. Quando a mesma bancada é
usada por várias pessoas, sua altura deve ser regulável.

Para acomodar as diferenças individuais, a faixa de ajustes deve ser de


pelo menos 25 cm. Isso acontece também quando a mesma pessoa deve
trabalhar com peças de diferentes alturas.

Nesse caso, a faixa de ajustes depende da diferença de altura das


peças a serem manuseadas. Os usuários devem ser instruídos sobre a melhor
altura da bancada para cada pessoa, a fim de prevenir a fadiga.

O uso de plataformas não é recomendado para trabalhadores em pé.


Elas exigem um espaço adicional, são difíceis de limpar e incômodas para
transportar. Além disso, as pessoas costumam tropeçar nelas.

Reservar espaço suficiente para pernas e pés

Um espaço suficiente deve ser mantido livre sob a bancada ou máquina,


para acomodaras pernas e pés. Isso permite que a pessoa se aproxime do
trabalho, sem necessidade de curvar o tronco.

O espaço livre deve permitir também mudanças freqüentes de postura,


movimentando as pernas e os pés.

55
Evitar alcance excessivo

Os alcances com os braços, para frente e para os lados, devem ser


limitados para evitar a inclinação ou rotação do corpo. Para isso, as
ferramentas, peças e controles de uso mais freqüente devem situar-se em
frente e perto do corpo.

Para leituras e outras tarefas que exigem um acompanhamento visual


contínuo, a superfície deve ser inclinada, sempre que possível, de forma
semelhante ao caso do trabalho sentado.

Mudança de postura

Descrevemos a seguir alguns meios para aliviar os problemas causados


por posturas prolongadas, incluindo maneiras de variar as tarefas e atividades,
construção de postos de trabalho que permitam alternar as posturas sentada e
em pé, o uso da cadeira Balans e o uso de um selim para apoiar as nádegas
na postura em pé.

O projeto e a organização do trabalho devem preocupar-se em introduzir


variações nas tarefas e atividades, de modo a eliminar as posturas
prolongadas.

Se uma tarefa deve ter longa duração, o posto de trabalho pode ser
projetado para que as atividades possam ser exercidas tanto na posição
sentada como em pé. Para isso, a superfície de trabalho é dimensionada para
o trabalho em pé.

Em seguida, providencia-se uma cadeira alta, que permita realizar o


trabalho sentado. Nesta postura, deve haver um apoio para os pés e um
espaço para acomodar as pernas, abaixo da superfície de trabalho.

Uso da cadeira Balans de vez em quando

A cadeira Balans tem assento inclinado para frente em


aproximadamente 20 graus. Essa inclinação força postura vertical do dorso.
Para que o corpo não deslize para frente, há um apoio na altura dos joelhos.

56
Essa cadeira não pode ser usada por longos períodos, devido à pressão
nos joelhos, falta de movimento das pernas e ausência do encosto. Como a
cadeira não tem rodinhas e o assento não pode girar, ela só pode ser utilizada
para tarefas que se encontram à frente do corpo.

Em todos os casos, pode-se usar essa cadeira, por curtos períodos, em


substituição à cadeira convencional, apenas com o objetivo de alternar a
postura de vez em quando. Ela não deve ser usada por longos períodos ou de
forma contínua.

Uso do selim para apoiar o corpo na posição em pé

Pode-se usar um tipo de selim com tripé para apoiar as nádegas na


posição em pé. Esse selim consiste de um pequeno assento com altura
regulável entre 65 a 85 cm e é inclinado para frente em 15 a 30 graus Ele
possibilita uma postura semi-apoiada, servindo para aliviar a tensão nas
pernas.

Esse selim não pode ser usado por longos períodos e só é prático no
caso de trabalhos em pé, sem necessidade de grandes forças ou movimentos
extensos. O piso onde se apóia deve ter atrito suficiente para evitar que o
mesmo deslize.

57
Posturas das mãos e braços

O trabalho por longos períodos, usando as mãos e os braços em


posturas inadequadas, pode produzir dores nos punhos, cotovelos e ombros.
Quando o punho fica muito tempo inclinado, pode haver inflamação dos nervos,
resultando em dores e sensações de formigamento nos dedos.

Dores no pescoço e nos ombros podem ocorrer quando se trabalha


muito tempo com os braços levantados, sem apoio. Esses problemas ocorrem
principalmente com o uso de ferramentas manuais.

As dores se agravam quando há aplicação de forças ou se realizam


movimentos repetitivos com as mãos. Pode-se conseguir posturas melhores
com o posicionamento correto para a altura das mãos e uso de ferramentas
apropriadas.

Existem muitos modelos de ferramentas. Deve se selecionado o modelo


que melhor se adapte à tarefa e à postura, de modo que as articulações
possam ser mantidas na posição neutra.

A figura abaixo mostra formas erradas e certas de usar furadeira e


parafusadeira elétrica

58
.

Uso de ferramentas com empunhaduras curvas para não torcer o punho

Em vez de torcer o punho, usando ferramentas retas, podem-se usar


ferramentas com empunhaduras curvas, que permitam conservar o punho reto.

Note que muitas ferramentas agrícolas, como a enxada e a pá, têm cabo
reto e provocam muitas dores nas costas dos usuários, quando poderiam ser
substituídas por cabos curvos, aliviando o incômodo.

59
As ferramentas manuais não devem exceder 2 kg. Quando houver
necessidade de usar ferramentas mais pesadas, elas devem ficar suspensas
por contrapesos ou molas.

A manutenção periódica do equipamento pode contribuir para reduzir a


carga de trabalho. Facas sem fio e serrotes sem corte exigem muito mais força.
Além disso, consomem mais energia e aumentam os ruídos, vibrações e riscos
de acidentes.

Prestar atenção na forma da pega. Pega é a parte da ferramenta ou


máquina segurada pelas mãos. A forma e a localização da mesma devem
possibilitar uma boa postura para as mãos e os braços. Sé for necessário
segurar com a palma das mãos, para exercer força, a pega deve ter um
diâmetro de 3cm e um comprimento de 10cm.

A pega deve ser um pouco convexa para aumentar o seu contato com
as mãos. Não se recomenda o uso de pegas anatômicas ou antropomorfas

60
(com sulcos para encaixe dos dedos), porque os dedos podem ficar apertados,
a mudança de posição fica mais difícil e não se adaptam ao uso de luvas.

Evite atividades acima do nível dos ombros

As mãos e os cotovelos devem permanecer abaixo do nível dos ombros.


Se for inevitável, a tarefa executada acima do nível dos ombros deve ter
duração limitada. Deve haver também descansos regulares durante realização
da mesma.

Evite trabalhar com as mãos para trás

Deve-se evitar o trabalho com as mãos para trás do corpo. Esse tipo de
postura ocorre, por exemplo, quando se empurram objetos para trás, como
ocorre com os caixas dos supermercados.

Essa postura pode ser evitada colocando-se uma esteira motorizada


para movimentar os produtos.

61
Movimentos

Vários tipos de tarefas exigem movimentos do corpo todo, exercendo


força. Esses movimentos podem causar tensões mecânicas localizadas. Com o
tempo, acabam causando dores.

Os movimentos também podem exigir muita energia, provocando


sobrecarga nos músculos, coração e pulmões. Nesta seção são examinados os
esforços para levantar pesos, carregar, puxar e empurrar.

Levantamento de pesos

O levantamento manual de pesos ainda é necessário, apesar da


automatização. Este é uma das maiores causas das dores nas costas. Muitos
trabalhos envolvendo levantamentos de pesos não satisfazem os requisitos
ergonômicos.

Os principais aspectos a serem examinados para resolver esses


problemas são: o processo produtivo (manual ou mecânico); a organização do
trabalho (projeto do trabalho), tipo da carga (forma, peso, pegas); acessórios
de levantamento; e o método (individual ou coletivo).

Restrinja o número de tarefas que envolvam a carga manual

Os sistemas de produção devem ser projetados para uso de


equipamentos mecânicos, a fim de aliviar o trabalho manual de levantamento
de pesos. Nesse caso, deve-se tomar cuidado adicional com os problemas de
postura e movimento.

Estes podem incluir operações demoradas com máquinas e


equipamentos e manutenções de difícil acesso. Além disso, o processo de
mecanização pode criar outros problemas como ruídos, vibrações, monotonia e
redução dos contatos sociais.

Se não for possível evitar os levantamentos manuais de pesos,


freqüentes e pesados, estes devem ser intercalados com outras atividades
leves, aplicando-se o enriquecimento do trabalho.

62
No levantamento de pesos, assim como em outras atividades físicas, é
importante que o ritmo de trabalho seja determinado pelo próprio trabalhador.
Cada trabalhador tem um ritmo próprio de trabalho, em que ele se sente bem.

Assim, devem-se evitar situações em que esse ritmo seja imposto pela
máquina, pelos colegas ou pelos superiores, cerceando a sua individualidade.

Organização do trabalho

A organização do trabalho relaciona-se à maneira como o trabalho é


distribuído no tempo, estando os trabalhadores em sistemas pessoa – meios
de trabalho – ambiente.

A organização do trabalho deve definir quem faz, como faz, quando faz e
o quanto faz e também em que condições físicas, organizacionais, gerenciais,
etc.

Aspectos abrangentes da organização do trabalho

São alguns fatores que relacionam a ergonomia ao trabalho:

• Políticas de recursos humanos;


• Metas da organização;
• Situações vividas pelas empresas como, por exemplo,
reestruturação, flutuações de mercado, etc.;
• Organograma;
• Cargos e salários;
• Liderança e autoridade;
• Comunicação dentro da organização;
• Avaliação de desempenho;
• Promoções;
• Recrutamento e seleção;
• Composição da mão-de-obra (idade, gênero, qualificação);
• Salários e benefícios;

63
• Relacionamento humano na empresa – geral e, mais
especificamente, em cada área de trabalho;

Aspectos mais específicos da organização do trabalho

São os relacionados à execução da tarefa e que deverão responder a


questionamento como:

a) O trabalho é predominantemente físico ou psíquico?


b) Quais os segmentos musculoesqueléticos mais envolvidos?
c) Como?
d) Que tipo de exigência é feito sobre o sistema óptico?
e) Como é feita a estimulação sensorial?

Alguns dos conceitos mais utilizados em organização do trabalho são:

• Ciclo
• Ritmo
• Carga
• Duração
• Autonomia
• Pausas

Ciclo

Um ciclo de trabalho consiste numa seqüência de passos e ações para a


execução de uma tarefa.

Existem ciclos repetitivos como, por exemplo, numa linha de montagem,


num trabalho com prensa.

No ciclo repetitivo temos:

O ciclo de alta repetitividade – de duração menor que 30 segundos ou em


que mais de 50% do tempo é ocupado com o mesmo tipo de movimento.

64
Ciclo de baixa repetitividade – de duração maior que 30 segundos ou ciclos
nos quais menos de 50% do tempo é ocupado com o mesmo tipo de
movimento.

Ritmo

O ritmo de trabalho está relacionado à velocidade com que as ações são


realizadas durante as atividades. Ritmos muito lentos tendem a produzir a
monotonia e ritmos muito rápidos tendem a gerar sobrecarga. É função da
ergonomia buscar o ritmo adequado para que haja produtividade durante a
execução da tarefa sem o prejuízo para a saúde do trabalhador.

Carga

A carga de trabalho diz respeito à quantidade de exigências a que são


submetidos os trabalhadores na realização da tarefa. Essa carga pode ser
subdividida de forma mais específica:

a) Carga sensorial – são os estímulos recebidos pelas pessoas


(auditivos, visuais, táteis, etc.).
b) Carga cognitiva – uso da memória, atenção, raciocínio,
conhecimento.
c) Carga afetiva – necessidade do relacionamento humano na
interação dentro do trabalho como, por exemplo, atendimento ao
público.
d) Carga visual – são as exigências sobre o aparelho ótico.
e) Carga musculoesquelética – é a exigência sobre o corpo através
da solicitação de certos segmentos dos segmentos do corpo em
função da atividade executada. Um digitador usa principalmente os
dedos, um jogador de futebol principalmente os membros inferiores.

Duração

A duração é um fator que está relacionado ao tempo usado com a


execução da atividade e pode ser avaliado como um todo – duração da jornada
de trabalho – ou em partes – duração de partes específicas dessa jornada.

65
Autonomia

Autonomia significa a possibilidade do trabalhador ter controle sobre o


seu trabalho, podendo intervir na sua execução. Pode ser na utilização de
componentes, regulação do ambiente e organização do trabalho.

O nível de autonomia possível e ao mesmo tempo adequado em cada


situação é difícil, mas é importante.

Soluções utilizadas na organização do trabalho:

Muitas soluções podem ser propostas para se proporcionar condições


ideais de trabalho em que a saúde e a produtividade sejam respeitadas. Os
objetivos principais são: equilibrar esforço e repouso através de pausas e,
enriquecer o trabalho proporcionando diversidade de utilização do corpo e da
mente do trabalhador.

Enriquecer o trabalho é torna-lo mais ativo através da variação de ações


e movimentos para diminuir o risco da monotonia e sobrecargas no sistema
musculoesquelético.

O enriquecimento do trabalho pode ser conseguido de vaias forma


como, por exemplo:

a) Enriquecimento das atividades, aumentando a sua complexidade e


diversidade de exigências;
b) Rodízio de atividade;
c) Células de produção.

Pausas

As pausas referem-se à necessidade de alternância entre o esforço e o


repouso. O organismo humano necessita de períodos de recuperação de
energia para que possa manter sua capacidade funcional. Quanto maior o
esforço, maior a necessidade de pausa.

Tipos de pausa:

66
a) Micropausas – duração mínima que acontecem em função da
própria execução da tarefa;
b) Pausas formais – horário de almoço, café;
c) Pausas definidas pela organização ergonômica do trabalho –
como, por exemplo, a cada 50 minutos de trabalho de digitação, 10
minutos de pausa.
d) Pausas para rodízio – quando há rodízio de atividades, o momento
do rodízio constitui uma interrupção ou redução do esforço que
vinha sendo executado.

Condições ambientais

Clima

O clima de trabalho deve satisfazer diversas condições, para ser


considerado confortável. Quatro fatores contribuem para isso: temperatura do
ar, temperatura radiante, velocidade do ar e umidade relativa.

Para que o clima seja considerado agradável, depende-se também do


tipo de atividade física e do vestuário.

Muitos trabalhos são executados em condições desfavoráveis, como em


câmaras frigoríficas muito frias ou perto dos fornos muito quentes.

Cuidados especiais são necessários nesses casos extremos para evitar


congelamentos ou queimaduras da pele, principalmente no rosto e nas mãos.
Sem esses cuidados, o tempo de exposição ao frio ou calor deve ser reduzido.

Conforto térmico

O conforto térmico depende do indivíduo. Cada pessoa tem preferências


climáticas próprias. Assim, sempre que for possível, o clima deve ser regulável
para cada pessoa. Isso pode ser feito nos escritórios divididos em cubículos.

Ajuste da temperatura do ar ao esforço físico: em trabalhos pesados,


a pessoa sente-se melhor em climas mais frios, ocorrendo o inverso em

67
trabalhos mais leves. A tabela abaixo apresenta as faixas de conforto para
diversos tipos de atividades.

No caso, as medidas de temperatura foram realizadas com umidade


relativa entre 30 e 70%, velocidade do ar menor que 0,1 m/s e uso de roupas
normais. As faixas de temperaturas apresentadas na tabela referem-se a um
organismo adaptado ao clima temperado.

Tipo de trabalho Temperatura do ar (°C)


Trabalho intelectual, sentado. 18 a 24
Trabalho manual leve, sentado. 16 a 22
Trabalho manual leve, em pé. 15 a 21
Trabalho manual pesado, em pé. 14 a 20
Trabalho pesado 13 a 19

Evitar umidades ou securas exageradas: o ar muito úmido (umidade


relativa acima de 70%) ou muito seco (abaixo de 30%) pode afetar o conforto
térmico. O ar muito seco pode provocar irritação nos olhos e nas mucosas,
além de produzir eletricidade estática (riscos de incêndios, choques
desagradáveis, interferências em equipamentos).

O ar saturado dificulta a evaporação do suor, tornando-se desagradável


para os trabalhos pesados. A umidade do ar pode ser controlada adicionando
ou retirando água do ar.

Evitar superfícies radiantes muito quentes ou frias: as superfícies


mais quentes que o corpo irradia calor para o mesmo e acontece o inverso com
as superfícies frias.

Devem-se tomar providências quando as diferenças entre as


temperaturas dessas superfícies e aquela do ar forem superior a 4 graus.
Neste caso, podem ser colocadas superfícies refletoras, como uma folha de
alumínio polido entre o corpo e essas superfícies, para evitar a troca de calor
por irradiação.

68
Evitar correntes de ar: as correntes de ar podem afetar o conforto
térmico, principalmente no caso de trabalhos leves. Podem ser ventos naturais
ou movimentos de ar provocados por ventiladores. Elas são desconfortáveis
com velocidades do ar acima de 0,1 m/s.

Evite o frio e o calor intensos: as partes do corpo expostas ao calor


intenso ou superfícies radiantes muito quentes podem experimentar sensações
dolorosas. Em climas muito frios, o risco é de congelamento, que aumenta com
a velocidade elevada do vento.

O frio e calor intensos são desconfortáveis e provocam sobrecarga


energética no corpo, principalmente no coração e pulmões. Além disso, partes
do corpo podem sofrer danos com queimaduras ou congelamentos.

Os materiais manipulados não devem ser muito quentes ou frios:


Quando a pele entra em contato com superfícies metálicas muito frias, pode
ficar grudada nelas. Para segurança, essas superfícies devem estar a pelo
menos 5°C.

Uma temperatura menor pode ser tolerada para materiais isolantes,


como plásticos ou madeira. A tabela abaixo apresenta os tempos máximos de
contato com superfícies quentes, para evitar queimaduras na pele.

Tipo de material Temperatura (°C) Duração máxima do contato


Metais 50 Até 1 minuto
Vidros, cerâmicas, concreto. 55 Até 1 minuto
Plásticos; madeira 60 Até 1 minuto
Todos os materiais 48 Até 10 minutos
Todos os materiais 43 Até 8 horas

Controle do clima

Agrupar as tarefas de igual arduidade: é desejável que as tarefas que


exigem esforços físicos semelhantes sejam agrupadas dentro de uma mesma
sala. Com isso, torna-se possível controlar o clima para que esta fique

69
agradável a cada grupo, de acordo com o esforço dispendido. Quanto maior o
esforço físico mais baixo pode ser a temperatura ambiente.

Ajuste as tarefas ao clima externo: como não é possível controlar o


clima externo, as tarefas realizadas ao ar livre devem ter o gasto energético
adaptado às mesmas. Em climas frios, as tarefas podem ser pesadas, porque
isso ajuda a produzir calor e aquecer o corpo.

Em climas quentes, as tarefas devem ser mais leves. As tarefas


pesadas devem ser feitas mais lentamente, ou intercaladas com pausas, para
permitir que o corpo elimine o calor adicional gerado pelo trabalho.

Ajuste da velocidade do ar: em climas frios, velocidades baixas do ar


são preferíveis, para evitar que retirem muito calor do corpo. Ao contrário, em
climas quentes, o aumento da velocidade do ar ajuda a retirar o calor do corpo,
melhorando o conforto térmico.

Reduzir os efeitos do calor radiante: a radiação quente ou fria pode


ser neutralizada confinando-se a fonte ou colocando material isolante em
superfícies como paredes, tetos, pisos e janelas. Além disso, um layout correto
pode manter as pessoas longe das fontes de radiação.

A radiação pode ser diminuída também se a temperatura do ar for


controlada, de modo a reduzir as diferenças entre a temperatura do ar e a da
fonte radiante.

Limite da exposição ao frio ou ao calor intensos: o tempo de


exposição ao frio ou ao calor intensos deve ser limitado. Cada pessoa tem um
limite diferente para suportar essas temperaturas extremas.

Uso de roupas especiais: as roupas isolantes protegem melhor contra o


frio. No calor, devem ser usadas roupas mais leves, que favoreçam a
transpiração. Para o calor extremo, devem ser usadas roupas especiais, como
as dos bombeiros.

Iluminação

70
A intensidade de luz que incide sobre a superfície de trabalho deve ser
suficiente para garantir uma boa visibilidade.Além disso, o contraste entre a
figura e o fundo também é importante.

Candela (cd): iluminação de uma vela “padrão” a uma distância de 1m.


Lux: unidade de iluminamento de um ponto localizado a 1m de uma fonte
luminosa de 1cd.

Fórmula de cálculo de iluminamento:

Intensidade de luz (cd)


Iluminamento (lux) =
(distância em metros)²

Exemplo: 1 lâmpada de 60 cd a uma distância de 2 m

60 cd
Iluminamento = = 15 lux

Lux mede em um ponto. Para medir o iluminamento de uma superfície


adota-se a unidade “lúmen”

1 lúmen = um lux/m² (uma superfície de 1m² em que todos os pontos dessa


superfície recebem iluminamento de 1 lux).

A ausência de conforto visual impõe cargas inadequadas de esforço


sobre o sistema óptico, com dois tipos principais de conseqüências:

• Fadiga visual, caracterizada por sensação de cansaço nos olhos,


dor, irritabilidade, vermelhidão. O conceito de astenopia é, em parte,
superposto ao de fadiga visual. A fadiga visual pode generalizar-se
como fadiga simples.
• Adoção de posturas e movimentos inadequados, visando ao
encontro de situações de maior conforto visual.

Intensidades luminosas

71
A intensidade de iluminação deve ser adequada para cada tipo de
atividade. A NBR 5413 define valores legais no Brasil.

A luz ambiental deve estar entre 10 a 200 lux: é suficiente para lugares
onde não há tarefas críticas. É o caso dos corredores, depósitos e outros
lugares onde não há tarefas de leitura.

O mínimo necessário para visualizar obstáculos é 10 lux. Uma


intensidade maior é necessária para ler avisos. Uma intensidade maior também
pode ser necessária para evitar grandes contrastes.

O olho demora mais tempo para se adaptar, quando há grandes


diferenças nos brilhos. Para diminuir esses contrastes, um túnel deve ser mais
bem iluminado durante o dia, podendo ficar mais escuro à noite.

Uso de intensidades de 200 a 800 lux para tarefas normais, como leitura
de livros, montagens de peças e operações com máquinas aplicam-se as
seguintes recomendações:

• Uma intensidade de 200 lux é suficiente para tarefas com bons


contrastes, sem necessidade de percepção de muitos detalhes,
como na leitura de letras pretas sobre um fundo branco;
• É necessário aumentar a intensidade luminosa à medida que o
contraste diminui e se exige a percepção de pequenos detalhes;
• Uma intensidade maior pode ser necessária para reduzir as
diferenças de brilhos no campo visual, como, por exemplo, quando
há presença de uma lâmpada ou uma janela no campo visual;
• As pessoas idosas e aquelas com deficiência visual requerem mais
luz.

Uso de 800 a 3 000 lux para tarefas especiais: quando há grandes


exigências visuais, o nível de iluminação deve ser aumentado, colocando-se
um foco de luz diretamente sobre a tarefa.

Isso ocorre, por exemplo, em tarefas de inspeção, em que pequenos


detalhes devem ser detectados, ou quando o contraste é muito pequeno.

72
Nesses casos, o nível pode chegar até 3000 lux, entretanto, deve-se considerar
que esses níveis muito elevados provocam fadiga visual.

Ausência de ofuscamento: ofuscamentos consistem em fluxos luminosos


intensos, que perturbam a capacidade de adaptação da retina. Eles diminuem
tanto o poder da visão quanto o conforto visual.

Legenda: o efeito de fontes de ofuscamento na capacidade de visão. As barras cinza


representam a redução da capacidade visual com a aproximação da fonte de ofuscamento

Recomendações

Algumas orientações práticas são importantes para se evitar o


ofuscamento:

• No campo visual de uma pessoa trabalhando não deve encontrar-se


nenhum corpo luminoso. A visão direta do corpo luminoso durante o
trabalho deve ser evitada por todos os meios.
• Todas as luminárias devem ter quebra-luz.
• O ângulo entre a direção horizontal da visão e olho-luminária deve
ser maior que 30 graus. Se, em um ambiente grande, um ângulo de
menos de 30 graus é inevitável, as luminárias devem ter quebra-
luzes eficazes.
• Um número maior de luminárias com pequenas densidades
luminosas é melhor do que poucas luminárias com grandes
densidades.

73
Melhoria da iluminação

Melhorar a intensidade luminosa sobre os objetos: consegue-se


providenciando intensidade luminosa suficiente sobre os objetos e evitando as
diferenças excessivas de brilho no campo visual causadas por focos de luz,
janelas, reflexos e sombras.

Melhorar a legibilidade da informação: se a informação for pouco legível


tem melhor resultado melhorar a sua legibilidade do que aumentar o nível de
iluminação. Aumentos de intensidade luminosa acima de 200 lux não
aumentam significativamente a eficiência visual.

A legibilidade pose ser melhorada com o aumento dos detalhes (uso de


tipos maiores ou reduzindo a distância de leitura) ou o aumento do contraste
(escurecendo a figura e clareando o fundo)

A iluminação local, sobre a tarefa, deve ser ligeiramente superior a luz


ambiental. A relação entre elas depende das diferenças de brilho entre a tarefa
e o ambiente, e também das preferências pessoais. De qualquer forma é
conveniente que a luz local seja regulável.

Evitar reflexos e sombras: a luz deve ser posicionada, em relação à


tarefa, de modo a evitar os reflexos e as sombras. A figura abaixo apresenta a
forma correta para colocar as fontes de luz no posto de trabalho.

74
Nos trabalhos com monitores, deve-se tomar especial cuidado para
evitar os reflexos sobre a tela.

Use luz difusa

Os reflexos podem ser diminuídos com o uso de luz difusa no teto. Isso
pode ser feito também substituindo as superfícies lisas e polidas das mesas,
paredes e objetos, por superfícies rugosas e difusoras, que disseminam a luz.

A proporção entre a luz incidente e refletida em uma superfície chama-


se refletância. Esta varia de zero, para corpos negros (totalmente absorventes)
até 1,00, para corpos brancos (totalmente refletores). O valor ótimo dessa
refletância depende do objetivo da superfície. A tabela abaixo apresenta alguns
valores recomendados de refletância para diversos tipos de superfícies.

Superfície Refletância
Teto 0,80 a 0,90 (claro)
Parede 0,40 a 0,60
Tampo de mesa 0,25 a 0,45
Piso 0.20 a 0,40 (escuro)

75
Evite as oscilações da luz fluorescente: a luz fluorescente é intermitente,
piscando na mesma freqüência da corrente alternada. Isso pode ser perigoso
em ambientes onde existem peças giratórias, como as pás ‘de um ventilador.

O efeito estroboscópico pode produzir a imagem de um objeto parado. O


problema pode ser reduzido, usando-se lâmpadas alimentadas por duas fases
diferentes.

Ruído

Fatores ambientais

Analisaremos os fatores ambientais de natureza física e química, tais


como ruídos, vibrações, iluminação, clima e substâncias químicas, que podem
afetar a saúde, a segurança e o conforto das pessoas.

Existem outros fatores ambientais como a radiação e a poluição


microbiológica (bactérias, fungos) que não abordaremos dentro do tema
“fatores ambientais”.

Apresentamos aqui recomendações sobre os limites máximos de


exposição a cada um desses fatores, seguidas de medidas possíveis para
limitar essa exposição.

Em geral, há três tipos de medidas que podem ser aplicadas para


reduzir ou eliminar efeitos nocivos dos fatores ambientais:

• Na fonte - eliminar ou reduzir a emissão de poluentes;


• Na propagação entre a fonte e o receptor - isolar a fonte e/ou a
pessoa;
• No nível individual - reduzir o tempo de exposição ou usar
equipamento de proteção individual.

A presença de ruídos em níveis elevados no ambiente de trabalho pode


perturbar e, com o tempo, acaba atrapalhando a audição.

76
O primeiro sintoma é a dificuldade cada vez maior para entender a fala
em ambientes barulhentos (festas, bares). Isso provoca interferência nas
comunicações e redução da concentração, que podem ocorrer com ruídos
relativamente baixos. Esses efeitos podem ser reduzidos fixando-se limites
superiores para os ruídos.

Os níveis de ruídos são expressos em decibéis ou dB(A). Os dados


abaixo apresentam alguns valores de ruídos típicos, em decibéis.

Tipo de ruído dB(A)


Motor a jato a 25m 130
Avião a jato partindo a 50 m 120
Grupo de música pop 110
Britadeira pneumática 100
Grito a curta distância 90
Conversa em voz alta a 0,5 rn 80
Rádio em alto volume 70
Grupo conversando 60
Conversa em voz baixa 50
Sala de leitura em biblioteca 40
Ambiente doméstico calmo 30
Sala em silêncio, folhas
20
caindo.
Ambiente muito quieto 10
Limiar da audição 0

Nível do ruído

As recomendações apresentadas aqui referem-se à prevenção da


surdez, bem como à limitação da perturbação causada pelos ruídos.

Manter o ruído abaixo de 80 dB(A)

Um ruído que ultrapassa a média de 80 dB(A) em oito horas de


exposição, pode provocar surdez. Se o ruído tiver uma intensidade constante
de 80 dB(A), o tempo de exposição máximo permitido é de oito horas.

77
A cada aumento de 3 db(A), deve haver uma redução do tempo para
metade. Assim, se o ruído for de 83 dB(A), o tempo de exposição se reduz para
quatro horas e, com 89 dB(A), para uma hora.

Recomenda-se, portanto, que as máquinas não emitam ruídos


superiores a 80 dB(A), caso contrário, providências adicionais devem ser
tomadas para proteger o trabalhador.

Limite das perturbações

As perturbações nas comunicações e no trabalho intelectual ocorrem a


partir dos 80 dB(A) de ruído. Isso pode acontecer até mesmo com os ruídos
que não chegam a provocar surdez.

Esses ruídos geralmente são provocados por outras pessoas, máquinas


ou equipamentos. Os ruídos de alta freqüência (sons agudos) geralmente são
mais perturbadores. A tabela abaixo apresenta recomendações sobre os ruídos
máximos permitidos para alguns tipos de atividade.

Tipo de atividade dB(A)


Trabalho físico pouco qualificado 80
Trabalho físico qualificado (garagista) 75
Trabalho físico de precisão (relojoeiro) 70
Trabalho rotineiro de escritório 70
Trabalho de alta precisão (lapidação) 60

78
Trabalho em escritórios com conversas 60
Concentração mental moderada
55
(escritórios)
Grande concentração mental (projeto) 45
Grande concentração mental (leitura) 35

Certo nível de ruídos é benéfico: embora se recomende sempre reduzir


o nível dos ruídos, esta redução não deve ser inferior a 30 dB(A). Isso porque
os nossos ouvidos acabam se acostumando a esse ruído de fundo. Se o ruído
de fundo for muito baixo, qualquer barulho de baixa intensidade acaba
sobressaindo e distraindo a atenção.

Redução do ruído na fonte

Uma das medidas mais importantes para diminuir o ruído ambiental


consiste em reduzi-lo na própria fonte.

Deve-se pensar nos ruídos quando se escolhe um determinado método


produtivo. Um processo menos barulhento é benéfico não apenas para os
trabalhadores, mas também sob muitos outros aspectos.

Pode significar menos desgaste das máquinas o menos dano aos


produtos. Às vezes, o barulho concentra-se em algumas fases do processo,
como nas máquinas de cortar ou prensar, que podem ser substituídas.

79
Um número cada vez maior de máquinas “silenciosas” tem surgido no
mercado. Isso é conseguindo, substituindo peças metálicas por plásticas,
fazendo o confinamento das partes ruidosas, reduzindo as vibrações,
providenciando isolantes acústicos ou substituindo partes mecânicas por
eletrônicas.

Na ocasião de comprar as máquinas e equipamentos deve-se verificar o


nível de ruído dos mesmos em operação.

A manutenção regular das máquinas também contribui para reduzir os


ruídos. Fixações soltas, desbalanceamentos e atritos são causas de vibrações,
que produzem ruídos.

A substituição de peças defeituosas, regulagem e uma boa lubrificação


contribuem para reduzir esses ruídos.

Quando as outras medidas não forem eficientes, pode-se confirmar a


máquina ruidosa dentro de uma câmara acústica Isso pode reduzir
consideravelmente o ruído, mas tem desvantagens como a de dificultar a
operação e a manutenção.

Redução do ruído pelo projeto e organização do trabalho. A redução do


ruído faz-se também, interceptando a sua propagação, entre a fonte e o
receptor. Algumas recomendações desse tipo são apresentadas a seguir.

Separar o trabalho barulhento do silencioso

As atividades barulhentas podem ser separadas espacialmente das


silenciosas, mas também se organizando horários diferentes para as mesmas.

A vantagem é que se pode investir mais na proteção apenas daquelas


pessoas sujeitas ao ruído, enquanto as outras ficam livres desse tratamento.
Do contrário, essa proteção deveria ser estendida a todos os trabalhadores.

Manter uma distância suficiente da fonte de ruído

80
A fonte de ruído deve ser colocada o mais longe possível das pessoas.
O efeito do afastamento será mais efetivo nas proximidades da fonte. Por
exemplo, o afastamento de 5 para 10m será mais efetivo do que de 20 para
25m, considerando um deslocamento igual de 5m para ambos.

Usar teto acústico

O teto pode ser revestido de um material absorvente de ruídos. Embora


isso tenha um efeito limitado, tem o mérito de reduzir os barulhos que
incomodam como aqueles produzidos pelo eco. Isso pode ser usado em salas
amplas, onde trabalhem muitas pessoas, causando reflexão do som.

Em outros casos, materiais absorvedores de som podem ser


pendurados no teto. Outra possibilidade é fazer um teto rebaixado, com
material acústico. Isso tem a vantagem de permitir a passagem de instalações
elétricas, dutos de ar e canos, além de ajudar no isolamento térmico do
ambiente.

Uso de barreiras acústicas

Barreiras absorvedoras de som, colocadas entre a fonte e o receptor,


podem ajudar a reduzir os ruídos. Às vezes, só se conseguem resultados
satisfatórios, quando forem combinadas com os tetos acústicos.

Essa barreira deve ser suficientemente ampla, a ponto de evitar que a


fonte seja vista pelas pessoas que se colocam atrás dela. Elas não são efetivas
quando a distância entre a fonte e o receptor é grande, pois o som acaba se
espalhando pelo ambiente.

Existem diversos tipos de barreiras ao som, desde paredes de alvenaria,


até biombos ou painéis móveis. Algumas podem ser fixadas na máquina ou
serem penduradas no teto.

Proteção dos ouvidos

Quando os outros métodos falharem, resta uma última alternativa


proteger os ouvidos, com protetores auriculares. Esses protetores auriculares

81
podem ser usados também quando o barulho for ocasional, como no caso de
alguma obra ou instalação, não compensando adotar medidas mais
dispendiosas.

Os protetores devem ser adaptados ao ruído e ao usuário: na escolha


dos protetores deve-se analisar a altura (freqüência) do som. Eles variam em
forma, tamanho e material.

Alguns tipos de protetores são mais eficientes em determinadas faixas


de freqüência. As características desses protetores podem ser obtidas com os
seus fabricantes. Em geral, deve-se ter uma variedade desses protetores, para
que cada pessoa possa escolher aquele que melhor se adapte a cada caso
específico.

Vibrações

A vibração pode afetar o corpo inteiro ou apenas parte do corpo, como


as mãos e os braços. A vibração do corpo inteiro ocorre quando há uma
vibração dos pés (na posição em pé) ou do assento (na posição sentada).

Geralmente, essas vibrações têm um sentido vertical, como ocorre com


os carros. As vibrações das mãos e braços ocorrem quando se usam
ferramentas elétricas ou pneumáticas, como as furadeiras.

Há três variáveis que influem nos efeitos da vibração: a sua freqüência


(expressa em Hz), o seu nível (expresso em m/s2), e a duração (tempo). As

82
vibrações de baixa freqüência, menores que 1 Hz, podem produzir sensações
de enjôo.

As vibrações entre 1 e 100 Hz, especialmente entre 4 e 8 Hz, podem


produzir dores no peito, dificuldades respiratórias, dores nas costas e visão
embaralhada.

As vibrações na mão e braço entre 8 e 1000 Hz produzem alterações na


sensibilidade, redução da destreza dos dedos, “dedos brancos” bem como
distúrbios dos músculos, ossos e articulações. As vibrações usuais das
ferramentas manuais concentram-se na faixa entre 25 e 150 Hz.

Na prática, as vibrações consistem de uma mistura complexa de


diversas ondas com freqüências e direções diferentes. A partir da análise
desses componentes é possível calcular um nível médio das vibrações. Esse
nível médio pode ser usado para se estimar o impacto das vibrações no corpo
humano.

Recomendações:

A vibração do corpo não deve chegar ao desconforto

A vibração do corpo provoca desconforto quando houver combinação de


certo nível com o tempo de exposição. O gráfico abaixo apresenta os limites
máximos para combinações de níveis e durações, para vibrações do corpo
inteiro, na posição sentada ou em pé.

83
Prevenção do “dedo branco”

O “dedo branco” (também chamado “dedo morto”) é provocado pela falta


de circulação de sangue nos dedos, tornando-os descoloridos. O dedo fica frio
e insensível. Se esse processo for demorado, pode chegar a provocar necrose
das pontas dos dedos. A situação é agravada pelo frio.

O fenômeno do “dedo branco depende, entre outras coisas, do nível


médio e da duração da exposição à vibração. O gráfico abaixo mostra os
limites máximos dessas variáveis”.

Evitar choques e solavancos

84
Os choques e solavancos aparecem quase sempre junto com as
vibrações. São ondas de intensidades maiores que o nível médio das
vibrações. Acontece, por exemplo, quando um carro bate em um obstáculo ou
passa sobre um buraco na pista.

As recomendações apresentadas até aqui sobre vibrações baseiam-se


no pressuposto de que não há choques e solavancos. Quando esses choques
e solavancos atingem um nível três vezes superior ao da vibração média, o
estresse das pessoas aumenta consideravelmente. Se possível, devem ser
evitados.

Prevenção da vibração

Apresentamos aqui algumas medidas possíveis para reduzir o efeito das


vibrações. Para tanto, pode-se atuar na fonte, na transmissão entre a fonte e o
receptor, ou ao nível final do receptor.

Combater a fonte das vibrações

As máquinas e ferramentas motorizadas constituem fontes de vibrações.


Durante o projeto de máquinas e equipamentos, deve-se levar em conta que
certos tipos de mecanismos são mais favoráveis.

Os movimentos de rotação produzem menos vibrações que os de


translação. As transmissões hidráulicas e pneumáticas são melhores que
mecânicas (engrenagens). Máquinas pesadas, com uma grande massa,
também vibram menos.

Fazer manutenção regular das máquinas

As máquinas e ferramentas manuais sofrem um desgaste natural, ficam


soltas e desbalanceadas, isso torna-se fonte de ruídos e vibrações. Uma
manutenção regular pode prevenir esses problemas.

Reduzir a transmissão das vibrações

85
Quando não for possível atuar sobre a fonte, deve-se procurar reduzir a
transmissão das vibrações. Isso é feito procurando amortecer as vibrações
antes que elas atinjam o corpo. Por exemplo, revestindo o piso e as pegas das
ferramentas com material antivibratório.

Um outro exemplo é o estofamento no banco dos ônibus, que absorve


as vibrações, antes que estas atinjam os passageiros. Também se pode
colocar um amortecedor pneumático nos pés dos bancos, com o mesmo
propósito.

Em último caso, proteja a pessoa.

Se a etapa anterior de controle na fonte e na transmissão das vibrações


falharem resta proteger a pessoa afetada. Isso pode ser feito pela redução do
tempo de exposição às vibrações, por exemplo, alternando as tarefas com
outras, não sujeitas a vibrações.

O frio, umidade e o fumo são fatores agravantes dos “dedos brancos”.


Assim, ao nível individual, pode-se proteger o trabalhador fornecendo-lhe luvas
para evitar o frio e a umidade.

Substâncias químicas

Estão presentes no ambiente em forma de líquidos, gases, vapores,


poeiras e sólidos. Algumas substâncias causam mal-estar quando inaladas,
ingeridas ou em contato com a pele ou olhos. O organismo deve ser exposto o
menos possível a esse tipo de substância.

Exposição a substâncias químicas:

Aplique os limites de tolerância:

• Limite de tolerância é a concentração média de uma substância


encontrada no ar durante 8 hs.

86
• Algumas substâncias provocam intoxicação rapidamente. Neste caso
no lugar da média diária, estabelece-se um teto que não pode ser
ultrapassado em nenhum momento.
• Muitas substâncias têm definidos os limites de tolerância, nas que
não tem informações há a necessidade de pesquisar para determinar
o próprio limite.

Evite substâncias cancerígenas:

Algumas substâncias dispersas no ar são cancerígenas. A exposição a


essas substâncias deve ser evitada sempre. Abaixo alguns exemplos de
substâncias químicas

Substância Onde é encontrada


Asbesto Isolante térmico
Benzeno Solventes
Composto de cromo Pigmento
Hidrocarboneto policíclicos Componente do alcatrão
Clorovinil Matéria-prima do PVC

Evite exposições a picos:

Exposição a altas concentrações de substancias em curtos períodos


pode afetar a saúde mesmo que a média não ultrapasse a média para 8hs.
Nestes casos utilizar os tetos.

Limite à exposição à mistura de substâncias:

Há casos de exposição simultânea a várias substâncias. Não é


suficiente garantir que cada uma delas isoladamente esteja dentro dos limites,
não se sabe o efeito acumulativo das mesmas no organismo.

87
Procure ficar bem abaixo dos limites de tolerância

É importante procurar manter o ambiente livre de contaminantes


químicos, se possível sempre abaixo dos limites de tolerância. Como regra
prática as concentrações devem ficar abaixo de 1/5 dos limites de tolerância.

Os rótulos dos produtos químicos devem conter um alerta

Os fabricantes de produtos químicos devem fornecer informações sobre


a sua toxidade e cuidados necessários para manipulação dos mesmos a
primeira indicação deve aparecer no rótulo do produto com uso de pictogramas
de alerta.

Há três tipos de medidas de controle da poluição:

Controle na fonte:

São mais efetivas. As medidas abrangem tanto o produto como o


processo produtivo e o método de trabalho.

• Remover a fonte poluidora


• Reduzir a emissão na fonte
• Isolar a fonte

Propagação do agente poluidor:

Ventilação – atuação durante a propagação

88
• Fazer a extração perto da fonte
• Ter um sistema de exaustão eficiente
• O sistema de ventilação deve considerar o efeito no clima

Providenciar renovação suficiente do ar

Trabalho Volume de ar (m³/pess.) Renovação (m³/h)


Muito leve 10 30

Leve 12 35

Moderado 15 50

Pesado 18 60

As pessoas

• Proteção individual
• Limitar o tempo de exposição
• Uso de EPI
• Mascara para poeira não protege contra gases
• Uso de aventais e luvas
• Manter a higiene pessoal

Informações visuais e uso de outros sentidos

Informação e operação

No mundo moderno, um número cada vez maior de pessoas usa


produtos e sistemas complexos. Isso exige interações que consistem em
receber informações, processá-las e agir em função dessas e de outras
informações. Essas interações podem ser esquematicamente descritas no
modelo homem-máquina.

Nesse modelo, o homem recebe informações da máquina e atua sobre


ela, acionando algum dispositivo de controle.

89
Tendo em vista que os computadores estão presentes, cada vez mais,
na vida diária das pessoas, muitas recomendações aqui apresentadas são
relativas ao trabalho de computação. Entretanto, suas aplicações não se
restringem ao campo da computação, como se pode ver pelos exemplos.

Informações visuais

O olho humano é capaz de perceber simultaneamente uma grande


quantidade de informações. Assim, o olho é a mais importante fonte de
informações e isso significa que uma pessoa com deficiência visual perde
muitas informações ou só é capaz de assimilá-las muito lentamente.

A forma como são apresentadas essas informações deve ser adequada,


tanto quanto possível, à capacidade de percepção dos olhos.

Caracteres

Evitar textos apenas com letras maiúsculas. Em um texto contínuo, as


letras minúsculas são melhores que as maiúsculas. As letras com traços
ascendentes (b, d, f, h, k, l, t) e aquelas com descendentes (g, j, p, q, y)
sobressaem e contribuem para formar a imagem da palavra.

O leitor vê a palavra inteira em um único relance e não precisa


reconhecer letra por letra. As maiúsculas devem ser usadas apenas no começo

90
da sentença, em nomes próprios, títulos, siglas ou abreviaturas que sejam
familiares ao leitor.

folhagem FOLHAGEM

Os alinhamentos à direita não devem deixar espaços em branco. Deve-


se evitar grandes espaços em branco entre as palavras, produzidos quando se
alinha o texto pela margem direita. Eles prejudicam a legibilidade, quebrando a
continuidade da linha.

A escrita proporcional, onde letras estreitas como i e l ocupam menos


espaços que aquelas mais largas como w e m são mais agradáveis à leitura,
mas não são essenciais.

Usar tipos de letras simples

Os caracteres mais simples, despojados de enfeites, são mais legíveis.


Para os títulos principais, um tipo sem serifa é preferível a letras com serifas.
(Serifa é uma pequena linha perpendicular que aparece nas terminações das
letras).

Muitos mostradores modernos apresentam letras e números compostos


por pontos ou segmentos. Isso é feito, por exemplo, usando-se uma matriz de
pontos.

91
Uma matriz mínima para letras maiúsculas é de 5 x 7 (largura e altura),
enquanto é necessária uma matriz de 7 x 9 para letras minúsculas.

Confusão Mútua Troca Unidirecional


Entre O e O C no lugar de G
Entre T e Y D no lugar de B
Entre S e 5 H no lugar de M ou N
Entre I e L J, T no lugar de I
Entre X e K K no lugar de R
Entre l e1 2 no lugar de Z
Entre O e 0 (zero) B no lugar de R, S ou 8

Evitar confusão entre letras

Algumas letras são parecidas com outras e isso pode causar confusão,
principalmente quando elas são apresentadas em mostradores. Essas
confusões são causadas pelo formato semelhante entre certas letras e
números.

A confusão pode ser maior quando aparecem letras e números


misturados, sem relações entre si, como no caso de códigos alfanuméricos.
Quando há uma relação entre elas, por exemplo, quando formam uma palavra
conhecida, essa confusão é menor.

As letras devem ter tamanho adequado

O tamanho recomendado para as letras depende da distância de leitura.


Como regra prática, o tamanho das letras maiúsculas deve ser pelo menos
1/200 da distância de leitura. Por exemplo, para uma distância de 100 cm, a
letra deve ter pelo menos 5 mm de altura.

92
Em telas de computador, a letras maiúsculas devem ter pelo menos 3
mm de altura.

As recomendações sobre proporções são apresentadas na figura


abaixo. Em geral, a altura e a largura das letras maiúsculas são baseadas na
letra “O” e, para as minúsculas, também na letra “o”. A largura do traço deve
ser baseada em alguma letra com traços retos como “F” ou L.

As linhas longas exigem maior espaçamento entre elas

O espaçamento entre linhas, ou seja, entre as linhas imaginárias sobre


as quais se colocam as palavras, depende do comprimento das linhas. Quanto
maior o comprimento, maior deverá ser também o espaçamento.

Como regra prática, esse espaçamento deverá ser de pelo menos 1/30
do comprimento da linha. Se esse espaçamento for menor, o olho tem
dificuldade para acompanhar uma linha do começo ao fim, podendo
embaralhá-la com outra.

Um bom contraste ajuda na legibilidade

O contraste é a diferença de brilho entre a figura e o fundo.


Aumentando-se o contraste, há uma melhoria da legibilidade. No caso deste

93
texto, por exemplo, a figura (letra) preta sobre um fundo branco (segundo
plano), apresenta um bom contraste. O contraste apresenta influência maior
que a iluminação na legibilidade.

No caso de telas de computador, não é aconselhável promover


mudanças freqüentes entre figuras escuras e fundo claro com o contrário, ou
seja, figuras claras sobre fundo escuro.

Para o processamento de texto, copiando-o de um papel, é preferível


usar tela com letras pretas sobre fundo branco. No caso contrário, com letras
claras sobre fundo escuro, o olho tem dificuldade de se adaptar. Além do mais,
com a tela de fundo claro, pode-se reduzir o incômodo causado pelas
oscilações da imagem.

Diagramas

Os diagramas podem ser usados para ilustrar um texto ou até mesmo


para substituí-lo. O uso de diagramas foi facilitado com os programas de
computadores. Com eles, mesmo aquelas pessoas sem habilidade para
desenho, podem produzi-los sem dificuldade.

Há muitas opções nessa área e sempre se consegue produzir um


diagrama adequado para a informação que se quer transmitir.

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Produzir diagramas de fácil entendimento

Os diagramas devem ser simples para que possam ser entendidos por
todos. A legibilidade deles é particularmente importante na confecção de
transparências para projeções.

Deve-se lembrar que o tamanho de letras influi na legibilidade. Isso


implica na redução da mensagem, colocando apenas as informações
relevantes. As demais recomendações para construção de diagramas são:

a) Os títulos e legendas não devem usar somente letras maiúsculas;


b) Só use abreviaturas e siglas conhecidas;
c) Não permita que o computador corte as palavras aleatoriamente;
d) O uso de cores e sombreamentos diferentes pode ajudar na
separação de áreas;
e) O uso de padrões ondulados pode provocar vibrações ópticas;

Usar pictogramas com cuidado

Pode parecer uma boa idéia substituir palavras por signos,


principalmente em avisos públicos. Esses signos teriam uma vantagem
adicional de ser compreendidos por analfabetos ou pessoas de diferentes
línguas. Observa-se, entretanto, que a maioria desses signos tem baixa
compreensão. As principais recomendações para a produção dos mesmos são:

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a) Considere as diferenças culturais. Uma simples imagem de uma faca
cruzada com um garfo pode indicar, para alguns, apenas um
barzinho e, para outros, um restaurante luxuoso;
b) Cada imagem deve transmitir apenas um conceito, nunca uma
combinação de conceitos.
c) Pictogramas muito estilizados, ou seja, aqueles que se afastam da
realidade, são mais difíceis de ser entendidos;

Os pictogramas da Figura abaixo, que representam o bombeiro e a


ambulância, que é universalmente conhecido e aparece nas listas telefônicas
de muitos países.

Percepção da informação visual

O progresso técnico facilitou enormemente a tarefa de coletar e


armazenar informações. Entretanto, ficou mais difícil selecionar os dados
necessários e interpretá-los corretamente. Algumas recomendações nesse
sentido podem ser úteis:

Selecione um mostrador adequado

Existem muitos tipos de mostradores, incluindo os analógicos (ponteiro


móvel ou escala móvel) e os digitais (numéricos). A escolha de um mostrador
adequado está relacionada com o seu objetivo. Apresentam-se algumas
recomendações para isso:

• Os ponteiros são melhores para indicação de uma situação global e


percepção de mudanças rápidas. O mostrador completamente visível
e com ponteiro móvel (velocímetro do carro) é melhor para isso:

96
• Os mostradores digitais são mais precisos na indicação de um valor
exato;
• Os instrumentos de registro (sismógrafo) são melhores para
apresentar fenômenos lentos ou de longa duração.

Informações simples são melhores

A simplicidade na apresentação das informações melhora a clareza e


reduz o risco de erros. Urna certa redundância também ajuda nessa clareza.
As informações sem redundância aumentam as probabilidades de erros no
entendimento, porque reduzem as chances de correção.

Uso de outros sentidos

As modernas tecnologias permitem a apresentação simultânea de uma


grande quantidade de informações. Essas informações podem chegar ao
organismo através de diferentes canais sensoriais.

Quando sinais simultâneos usam diferentes canais, geralmente não há


maiores problemas. E o caso, por exemplo, de dirigir o carro com o rádio
ligado. Já quando essas informações competem no mesmo canal, pode ficar
difícil.

Por exemplo, é difícil ler um manual ao mesmo tempo em que se


controla um painel, porque ambos dependem da visão. Nesse caso, os eventos
do painel podem ser transformados em alarmes sonoros, para usar o canal
auditivo, tomando possível a leitura simultânea.

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Em casos de maior responsabilidade, a mesma informação pode ser
transmitida simultaneamente por mais de um canal, para aumentar a
percepção. Por exemplo, as ambulâncias usam luz pisca-pisca junto com a
sirene.

Audição

A audição é um sentido pouco utilizado nos sistemas de informação,


exceto na comunicação falada. Apesar disso, quando a visão está
sobrecarregada, pode-se desviar algumas informações para o canal auditivo.

Contudo, não se recomenda o uso intensivo desse canal. Até mesmo os


sons agradáveis podem tornar-se irritantes a longo prazo. Além disso, a perda
de informações tende a aumentar com o tempo.

Reserve os sons para sinais de alerta

O som é adequado para transmitir sinais de alerta, porque o mesmo se


propaga em todas as direções. Os sinais luminosos têm a desvantagem de
propagar-se em linha reta e só serem visíveis para quem esteja olhando para
eles.

O som, ao contrário, tem mais facilidade de superar os obstáculos e


pode ser ouvido por uma pessoa que esteja prestando atenção em outra coisa.
Em uma tarefa que consiste em monitorar um processo, corrigindo-o quando
determinados limites são atingidos, não se deve usar apenas o sinal luminoso.

Com o passar do tempo, a quantidade de sinais perdidos começa a


crescer. A tarefa será melhor desempenhada se o sinal for emitido por uma
campainha. Para assegurar um desempenho ainda superior, pode-se usar o
sinal luminoso conjugado com o sonoro.

Selecione a freqüência e intensidade do som

A freqüência do som (grave ou aguda) está ligada ao comprimento de


onda e, a intensidade, à energia transmitida. Baixas freqüências (graves) são
melhores para o som se propagar, superando cantos e obstáculos.

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Se a distância entre o emissor e o receptor for grande, o som deve ter
maior intensidade, com freqüências não muito altas. Um som de alta freqüência
(agudo) é melhor quando o ambiente já é dominado por outros sons de baixa
freqüência. É o que acontece, por exemplo, com as sirenes de ambulância.

Quando o sinal emitido tiver freqüência semelhante à do ruído ambiental,


a sua percepção fica difícil e, nesse caso, diz-se que há um mascaramento.

Para melhorar a audibilidade nesse caso, a intensidade da fonte deve


ser aumentada. O sinal também pode ser intermitente para se diferenciar de
um ruído continuo no ambiente.

Outros sentidos

O ser humano possui mais cinco sentidos, além de visão e audição:


olfato, paladar, tato, sensibilidade ao calor e o sentido sinestésico. Esses
sentidos também podem ser usados como receptores de informações.

Use olfato, paladar e temperatura para sinais de alerta

O olfato, paladar e temperatura só devem ser usados na transmissão de


sinais de alerta. Um exemplo é a adição de odores em gases venenosos.

Eles devem ser usados apenas esporadicamente. Além disso, não se


prestam à combinação de efeitos. Por exemplo, a mistura de dois odores pode
tornar difícil diferenciá-los entre si.

Use o sentido sinestésico e o tato para realimentações

O sentido sinestésico permite a percepção de movimentos corporais.


Esses movimentos podem ser percebidos, mesmo que não haja
acompanhamento visual dos mesmos.

O sentido sinestésico e o tato podem ser usados para realimentar o


sistema, através dos movimentos de controle, sobretudo, quando estes se
realizam fora do campo visual. E o caso de um motorista que consegue operar
a alavanca de câmbio, mesmo que não esteja olhando para ela.

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Em máquinas de calcular, no lugar do número 5, há uma pequena
saliência para permitir a identificação tátil dessa posição. Para facilitar essas
identificações táteis e sinestésicas, os controles podem ser diferenciados pela
forma, acabamento superficial, tipo de material ou direção dos movimentos.

Controles

As pessoas podem transmitir suas idéias ou decisões à máquina, por


meio dos controles. Os controles podem assumir diversas formas, como
teclados, alavancas, botões, volantes, manivelas e outros.

Ao projetar os controles deve-se considerar que os movimentos


musculares têm características diferentes de velocidade, precisão e força. Um
controle que exija maior força deve ser acionado com a musculatura da perna
ou dos braços, enquanto aquele que exige maior precisão, deve ser acionado
com a ponta dos dedos.

Em geral, são preferíveis controles que exijam menos força, mas não tão
pequena, para evitar os acionamentos acidentais.

Teclados

Desde a invenção da máquina de escrever, no século passado, o


teclado tornou-se a forma de controle mais sofisticada e difundida em
escritórios. Com o acoplamento do mesmo ao computador, ele invadiu
praticamente todos os setores do trabalho humano.

100
O teclado QWERTY é assim chamado porque as letras que aparecem
na fileira superior do lado esquerdo seguem essa ordem (Figura 3.13). A
principal vantagem desse teclado é a sua grande difusão, sendo aceito, hoje,
como padrão universal.

Existem três padrões internacionais aceitos para o teclado numérico. Os


telefones digitais usam o padrão 1-2-3 na fileira superior. As máquinas de
calcular usam 7-8-9 na primeira fileira superior.

Em outros casos, como em máquinas de datilografia, usam-se todos os


algarismos na mesma fila. Para escolha de um desses três tipos, deve-se
considerar aquele que seria mais lógico para o usuário e o que provoca menor
confusões.

Restrinja o número de teclas de função

As teclas de função podem ser usadas para que um comando não


necessite digitação letra por letra. Contudo, essa função deve ser claramente
entendida, em qualquer circunstância.

E conveniente que as teclas de função sejam diferenciadas das outras,


pelo tamanho, forma, cor ou posição. As teclas de função de formas
semelhantes devem ser agrupadas em conjuntos de três ou quatro, porque,
assim, fica mais fácil distingui-las.

Se elas fossem alinhadas em um único conjunto de 10 a 12, a confusão


seria maior. Existem três tipos básicos de teclas de função:

101
• Funções fixas, quando cada tecla tem um significado constante.
Esse tipo de teclado é usado em funções como: partir/parar (on/off),
avançar linha (enter), apagar (delete), imprimir e outros.
• Funções programáveis, quando o próprio usuário atribui um
significado específico a uma tecla. Isso pode ser feito quando há uma
rotina freqüentemente usada na operação de um sistema.
• Funções variáveis, quando o significado depende do software em
uso. Neste caso, é conveniente que o seu significado apareça na
tela, ocupando uma posição correspondente à do teclado.

Controles discrimináveis

Muitas vezes, o acionamento errado de controles pode provocar


acidentes, levando a sérias conseqüências. Para prevenir isso, os controles
devem ser discrimináveis entre si.

Os controles devem ser discrimináveis pelo tato

A maneira mais simples de indicar diferenças entre controles é pela


variação de formas e tamanhos.

No caso de formas semelhantes, é necessário haver uma diferenciação


de 30% no tamanho, de um para outro. Um contra-exemplo é o caso das
moedas, que não seguem essas proporções e causam confusão.

102
Faça um Iayout conveniente

Os controles podem ser arranjados espacialmente pelo tipo de função.


Por exemplo, controles de luz de um lado, e os de som do outro.

A distância entre eles também deve ser suficiente para evitar


acionamentos acidentais. Isso é importante para o caso de controles que
provocam efeitos contrários. Por exemplo, acelerar ou frear um carro.

Evite operações acidentais

O acionamento acidental ocorre quando algum controle é ativado sem


intenção e existe quando:

• Os manejos podem ser movidos de várias maneiras, cada uma com


um efeito diferente, como no caso de joysticks ou controles de luz do
carro associados a pisca-pisca;
• As teclas do tipo touch-screens que não precisam ser pressionadas,
mas apenas tocadas. A confusão aumenta quando as teclas ficam
muito próximas entre si. Em certos casos, podem ser substituídas por
teclas de membranas, nas quais se deve fazer alguma pressão com
os dedos. Esses tipos de teclados devem ser usados apenas nos
casos em que a sujeira (poeira, gordura) impede o uso de teclados
mecânicos ou quando há exigências higiênicas (equipamentos
médicos, indústria alimentícia).

Os acionamentos acidentais podem ser evitados substituindo-se o modo


de operação. Por exemplo, um controle rotativo pode ser colocado no lugar de
um botão de pressão. Pode-se também mudar a localização dos controles, ou
colocar proteções em torno deles, como rebaixos ou guias.

103
Os controles devem ficar dentro das áreas de alcance

Os controles não devem ser localizados fora do alcance normal do


operador e também não devem obstruir outros controles. Os seguintes
aspectos devem ser considerados na localização dos controles:

• A importância do controle;
• A freqüência de uso;
• A seqüência de operações.

Isso significa que os controles de maior importância ou de uso mais


freqüente devem situar-se na área de alcance ótimo, na frente do corpo,
enquanto os demais podem localizar-se em outros pontos dentro da área de
alcance máximo. A seqüência das operações deve ser considerada no
ordenamento desses controles.

104
Tome cuidado no uso de letreiros e símbolos

O uso de letreiros e símbolos junto aos controles pode parecer uma boa
idéia. Eles podem ser colocados ao lado ou sobre o próprio controle, como no
caso dos teclados.

Entretanto, para que os mesmos tenham visibilidade suficiente, devem


ter as seguintes características:

• Espaço suficiente para colocação dos letreiros e símbolos;


• Luz suficiente para leitura;
• Tamanho adequado das letras;
• Uso de palavras com significados conhecidos;
• Uso de símbolos facilmente compreensíveis;
• Informação restrita ao significado do controle.

Limite o uso de cores

Embora o olho seja capaz de discriminar um grande número de cores,


recomenda-se usar apenas cinco cores para aplicação em controles: verde,
vermelho, azul, amarelo e laranja.

Os seguintes aspectos também devem ser considerados:

• Contraste com a cor do fundo;


• As associações que existem para determinadas cores (vermelho
para perigo, verde para segurança);
• As cores e luzes do ambiente;
• As cores atraem a atenção e não devem ser usadas de forma
indiscriminada e algumas pessoas (daltônicos) apresentam cegueira
para certas cores.

Controles que indicam posição

Nesta seção, o estudo é concentrado em um tipo especial de controle,


que permite focalizar a atenção sobre um determinado ponto ou atividade. O

105
melhor exemplo desse tipo de controle, existente no teclado, é o cursor, que
permite deslocar o local da atividade para qualquer ponto da tela.

O tipo de cursor deve ser adequado à tarefa

O melhor método para localizar e perseguir algum ponto na tela, em uma


da situação depende da velocidade, precisão e direção do movimento.

O movimento pode ser controlado por um joystick, dedos do usuário,


lápis de luz, teclas de função ou um mouse. Para trabalho com texto, as teclas
cursoras são adequadas. A localização relativa delas no teclado deve ser
compatível com a direção dos movimentos.

Outros tipos de controles

Todos os controles discutidos até aqui são operados manualmente e


estão conectados diretamente com o aparelho controlado. Existem também
outros tipos de controles como os pedais e os controles remotos, que fogem
dessas características.

Use pedais só quando o controle manual for inconveniente

As mãos conseguem realizar movimentos de maior velocidade e


precisão, enquanto os pés podem exercer forças maiores.

Assim, os pedais podem ser usados quando se quer transmitir grandes


forças ou quando as duas mãos já estiverem ocupadas. Observa-se que os
pedais só funcionam em um sentido (pressão) e o número deles não pode ser
superior a três.

A posição dos dois pés não pode diferir muito. O uso exagerado dos
pedais deve ser evitado quando o trabalho se realiza em pé, pois tende a
desequilibrar o corpo.

O controle remoto dá mais liberdade ao usuário

O controle remoto é vantajoso no caso em que o usuário não quer ou

106
não pode ter contato direto com o aparelho ou sistema controlado.

As aplicações mais comuns são cm aparelhos eletrodomésticos, como


televisão, mas também se aplicam em indústrias. As principais recomendações
são:

• A direção de uso (lado da emissão dos raios) deve ficar evidente no


desenho;
• Para operar diversos sistemas a partir do mesmo ponto, deve-se
usar um único controle. Não se deve controlar mais de dois
aparelhos ou sistemas simultaneamente;
• As funções importantes devem ser localizadas em uma posição fixa,
por exemplo, na parte superior direita. O significado delas deve ser
consistente (liga/desliga ou stand by).

Relacionamento entre informação e operação

Considerando que há muitas possibilidades de combinar informação


com operação, é necessário que o “casamento” entre elas seja feito
adequadamente, de acordo com as seguintes considerações:

• A expectativa do usuário;
• A possibilidade de combinar mostrador com o controle;
• O diálogo entre o usuário e o sistema.

Expectativa do usuário

Quando um usuário aciona um controle, ele tem uma determinada


expectativa sobre o seu efeito. Por exemplo, quando se esterça o volante do
carro para a direita o efeito esperado é que o carro também siga para a direita.

Esses movimentos esperados pela maioria da população são chamados


estereótipos populares. Se esses movimentos forem contrariados durante o
projeto de um produto ou sistema, poder causar graves acidentes.

107
Assegure compatibilidade dos movimentos

Os movimentos no mostrador devem ser compatíveis com os do


controle. Os seguintes movimentos são considerados estereótipos populares:

• Ligar: para cima, para direita, afastando-se do usuário, sentido


horário, puxando para fora.
• Desligar: para baixo, para esquerda, aproximando-se do usuário,
sentido anti-horário, pressionando.
• Aumentar: para cima, para direita, afastando-se do usuário, sentido
horário, resistência crescente.
• Diminuir: para baixo, para esquerda, aproximando-se do usuário,
sentido anti-horário, resistência decrescente.

Existem também alguns relacionamentos ambíguos, quase sempre


devidos a hábitos arraigados. No acionamento do freio de um carro, por
exemplo, o aumento da pressão no pedal está relacionado com a diminuição
da velocidade.

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A localização do controle deve estar relacionada com o seu objetivo

A localização do controle deve sugerir uma relação lógica com as


respectivas informações ou efeitos. Já se apresentou o caso de teclas de
pressão localizadas logo abaixo das funções controladas pelas mesmas.

Outro exemplo é o relacionamento entre os botões e os queimadores de


um fogão doméstico. Se os botões se situarem em linha, em um plano vertical,
o relacionamento toma-se ambíguo. Essa ambigüidade pode ser eliminada se
os botões forem colocados no mesmo plano dos queimadores, com a mesma
posição relativa.

Use controles duplos só nos casos críticos

Algumas vezes, o número de controles ou teclas, é menor que o de


funções controladas. Nesses casos, é necessário executar alguma ação
adicional antes, durante ou depois da operação. Uma ação adicional que
precede a operação é chamada prefixo, e a que a segue, chama-se sufixo.

Exemplos de prefixos são os botões * e # no telefone ou as teclas CTRL


e ALT no teclado. Um sufixo no teclado pode ser o ENTER. O uso de mais de
um prefixo ou sufixo ou a operação simultânea de vários controles não é
recomendada. Por exemplo, não use CTRL ALT F1.

Os prefixos e sufixos são usados para se prevenir erros, por exemplo,


para evitar o apagamento acidental de dados. Situação semelhante pode ser
encontrada na indústria. Por exemplo, o uso simultâneo das duas mãos na
operação de uma prensa, para mantê-las ocupadas e evitar acidentes.

Controles associados a informações

Em alguns tipos de equipamentos, os controles aparecem associados


com as informações. Essa combinação ocorre quando há retorno de
informações dos controles, via tato ou sentido sinestésico. Ocorre também no
controle sonoro (bip) associado a touch-screens (telas sensíveis ao toque).

As touch-screens podem ser usadas com vantagens no diálogo entre

109
computadores e operadores inexperientes ou casuais. A principal vantagem
desse método é o relacionamento direto entre a visão e o toque manual.
Entretanto, há também algumas desvantagens:

• Os braços ficam esticados em uma posição incômoda;


• As áreas a serem apontadas na tela devem ser relativamente
grandes;
• A tela deve ficar próxima do usuário;
• A tela pode ficar suja.

Metabolismo

Trabalho é a transformação de energia pelo corpo humano. Essa


energia pode ser:

• Térmica
• Química
• Elétrica

O ser humano pode ser entendido como um motor ou uma máquina. A


atividade humana = produção e consumo de energia.

Para acontecer a vida:

110
Alimentação Fontes físicas Transformada em energia
+ Fontes biológicas térmica e mecânica para o
respiração Fontes químicas funcionamento do organismo

Metabolismo:

Metabolismo pode ser definido como “o conjunto de reações químicas da


célula”, isto é, toda a reação química para a manutenção da vida, para o
trabalho e para a reprodução das células do organismo.

Sendo assim, podemos dividir o metabolismo do organismo de acordo


com sua função:

• Metabolismo energético em que as reações químicas estão ligadas


ao gasto de energia da célula, podendo ser aeróbico (utiliza oxigênio)
ou anaeróbico (sem a utilização de oxigênio);
• Metabolismo basal em que ocorre o mínimo de reações químicas
para a manutenção da vida da célula.

Metabolismo basal

Metabolismo basal pode ser entendido como sendo as reações químicas


e gasto de energia mínima para a manutenção da vida na célula.

É medido em uma condição de repouso máximo com 12 horas sem


alimentação, pois a digestão implica em gasto de energia, uma noite de sono
de pelo menos 8 horas, 30 minutos após o despertar e a eliminação de fatores
que causem estresse como: luz forte, calor ou frio excessivos, vontade de
urinar ou evacuar ou mesmo pensamentos estressantes, em suma,
tranqüilidade física e psíquica.

O metabolismo basal é medido em kilojoule (kj) e pode variar de acordo


com a idade, sexo, peso e tamanho da pessoa.

111
Metabolismo energético

Quando tratamos do metabolismo energético, isto é, aquele que envolve


reações químicas para a obtenção de energia, podemos dividi-lo em dois
grandes grupos: aeróbico e anaeróbico.

Metabolismo aeróbico e anaeróbico

Como já foi dito, para a realização do metabolismo aeróbico


necessitamos do oxigênio proveniente da respiração.

O metabolismo aeróbico é necessário quando realizamos trabalhos em


que a energia é consumida de forma lenta, porém contínua como, por exemplo,
ao subirmos um lance de escadas e ficamos ofegantes ou um maratonista em
uma corrida em que deve respirar bastante, pois precisa manter um ritmo
constante.

Em contrapartida, no metabolismo anaeróbico, utilizamos ao invés do


processo de respiração, o processo de fermentação que ocorre no interior do
músculo quando este precisa de mais energia do que a respiração pode
fornecer.

Como exemplo podemos citar o trabalho em uma academia, ao levantar


um peso muito pesado o músculo exige uma grande quantidade de energia em
um curto espaço de tempo necessitando assim realizar a fermentação
(metabolismo anaeróbico).

Tendo isso em mente podemos aplicar ao nosso cotidiano. Por exemplo,


um jogador de futebol ao correr pelo campo, realiza um esforço que a
respiração comporta, mas ao chutar a bola com força exige muito do músculo e
realiza fermentação.

Fadiga

O excesso de trabalho pode provocar a fadiga muscular de duas formas:


ao exigir mais energia do que o músculo pode produzir ou ao provocar lesões
musculares, como é o caso da tendinite.

112
A dor que sentimos nos músculos após um árduo dia de trabalho, ou um
dia na academia ou ainda um dia em que permanecemos muito tempo na
mesma posição é decorrente de micro lesões nas fibras musculares. Por isso,
não sentimos a dor em um ponto específico, mas em toda uma região.

Já a fadiga psíquica pode ser de origem emocional ou nervosa,


produzindo efeito semelhante ao da fadiga física no rendimento do trabalho.

A fadiga pode ocorrer:

• Pelo esforço muscular localizado;


• Pelo esforço muscular contínuo
• Pelo esforço muscular realizado durante longos períodos.

O fator limitante é a energia que o coração, alimentação e os pulmões


podem fornecer aos músculos.

Gasto energético no trabalho:

Máximo 250W [80W no metabolismo basal e 170W para a tarefa]

1W = 0,06kJ/min = 0,043kcal/min

1J = quantidade de energia necessária para que 1 litro de água


passe de 14,5°C para 15,5°C.

Até 250W não é considerado trabalho pesado.

Acima de 250W necessita de pausas ou alternância com atividades mais


leves para a recuperação do organismo.

Na média não deve ultrapassar 250W durante toda a jornada de


trabalho.

Exemplo de atividades com gasto de energia menor que 250W:

• Datilografia
• Montagem de peças pequenas

113
• Trabalhos domésticos
• Operação de máquinas leves
• Andar normalmente
• Pedalar por lazer.

Exemplos de atividades com gasto de energia maior que 250W:

• Andar a 4km/h, com peso de 30kg 370W;


• Levantar peso de 1kg, 1vez/seg 600W;
• Correr a 10km/h 670W;
• Pedalar a 20 km/h 670W;
• Subir escada de 30 degraus, 1km/h 960W.

Bibliografia

Sartore, Kamilla F. O.

Curso de Ergonomia Aplicada: Teoria e Prática

Rio, Rodrigues Pires do

Ergonomia: fundamentos da prática ergonômica / Rodrigo Pires do Rio,


Licinia Pires – 3ª ed. São Paulo: LTr, 2001

Couto, Hudson de Araújo

Ergonomia Aplicada ao Trabalho em 18 Lições – Ergo, 2002

Dul, Jan

Ergonomia prática / Jan Dul e Bernard Weerdmeester – Editora Edgard


Blücher Ltda

Cidade, Paulo

Manual de Ergonomia no Escritório – Qualitymark Editora Ltda.

Cidade, Paulo

Manual de Ergonomia em Casa – Qualitymark Editora Ltda.

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