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Breves apontamentos sobre infralapsarianismo e supralapsarianismo

Por Francisco Tourinho1

No calvinismo, acreditamos que a vontade de Deus é una, mas considerando a possibilidade


de que haja alguma ordem de decretos Naquele que tudo sabe sem progressão alguma,
consideramos uma dupla ordem as obras de Deus: uma é a obra da providência e outra é a obra da
predestinação. Na ordem da providência Deus primeiramente, em sua vontade antecedente, quis
manifestar sua glória na criação e então na permissão da queda. Conforme a ordem da
predestinação, Deus com sua vontade antecedente quer manifestar sua glória pela misericórdia,
elegendo muitos dentre os caídos e providenciando redenção a estes, e sua justiça, deixando outros
aos seus próprios pecados. No entanto, entendemos a salvação em três modos: destinação,
aquisição e aplicação. Então há três decretos em relação a ela: eleição, redenção e vocação.
Assim, Deus por sua eterna bondade, mostra sua misericórdia à raça humana, pois dado que todos
caíram, a humanidade inteira estaria destinada ao inferno, Deus então elege incondicionalmente a
muitos, para evitar a tragédia da humanidade inteira se perder, e a outros ele “passa por cima”, e
entrega aos seus próprios caminhos, para executar seu juízo. Isso servirá como um meio de lembrar
ao homem no futuro, que o pecado não fica sem punição, pois se todos são salvos, os seres humanos
poderiam pensar que nada acontece caso pequem, já que todos foram salvos. Mas, visto que, ele não
poderia exercer misericórdia sem livrá-los da ira divina, então decreta a morte do cordeiro, que será
o expiador dos pecados dos eleitos, adquirindo para eles salvação, fé e santificação. Após a criação,
queda, eleição e reprovação, morte de Cristo, temos o chamado eficaz, no qual Deus concede a
graça eficaz para todos os eleitos, por ocasião da pregação da Palavra de Deus. Através da graça, ao
homem é dado fé, arrependimento e justificação, tudo pelo mérito de Cristo, que salva o eleito
incondicionalmente. Não há espaço para previsão de méritos. A reprovação prevê méritos somente
no tocante ao pecado original, que é condenatório, visto que todos já eram perdidos por seus
próprios méritos, continuam assim, a isso, chamamos de dupla predestinação assimétrica. A dupla
predestinação simétrica, posicionamento em que Deus elege ativamente e reprova ativamente, sem
previsão alguma de mérito, foi condenada no Sínodo de Dort, portanto, o calvinismo oficial defende
que Deus elege ativamente, e aos outros ele somente deixa entregues à sua própria miséria, que
entrou por conta própria. Cai aqui um mito, a de que Deus criou pessoas para ir para o inferno,
se não que as pessoas caíram por sua própria vontade, se lançando ao inferno, e Deus agora, usa de
sua misericórdia, salvando muitos com sua graça. João Calvino diz:

Portanto, se alguém nos acometer com palavras desta natureza: Por que Deus no início
predestinou alguns à morte, os quais, como ainda não existissem, não podiam ainda ser

1 Membro da Primeira Igreja Batista de Dourados. Mestrando em Teologia – Miami International Seminary.
merecedores de juízo de morte, à guisa de resposta lhes indaguemos, por nossa vez, se
pensam que Deus deve algo ao homem, caso o queira estimar por sua própria natureza?
Como estamos todos infeccionados pelo pecado, não podemos deixar ser odiosos a Deus, e
isso não por crueldade tirânica, mas por razão de justiça mui eqüitativa. Porque, se todos
são passíveis de juízo de morte, por condição natural, os que o Senhor predestina à morte,
pergunto de que iniqüidade sua para consigo, se hajam de queixar-se?2
Continua o reformador:
Ora, se nós não estamos realmente envergonhados do Evangelho, precisamos
necessariamente reconhecer o que está nele abertamente declarado: que Deus, por sua
eterna bondade (para a qual não houve nenhuma causa senão seu próprio propósito),
nomeou aqueles que quis para a salvação, rejeitando todos os demais; e que aqueles a quem
ele abençoou com essa livre adoção para serem seus filhos ele ilumina pelo seu Santo
Espírito, para que possam receber a vida que lhes é oferecida em Cristo; enquanto que
outros, continuando de vontade própria em descrença, são deixados destituídos da luz da
fé, em escuridão total. 3
Dr Sproul emite o parecer:

A teologia reformada clássica rejeita a doutrina de ultimação igual4. Embora alguns tenham
rotulado essa doutrina de "hipercalvinismo", eu prefiro chamá-la de "subcalvinismo", ou, até
mais precisamente, "anticalvinismo”. Ainda que o calvinismo certamente mantenha uma
espécie de predestinação dupla, ela não abraça a ultimação igual. A visão reformada faz
uma distinção crucial entre os decretos positivos e negativos. Deus decreta positivamente a
eleição de alguns e negativamente decreta a reprovação de outros. A diferença entre positivo
e negativo não se refere ao final (conquanto o resultado de fato seja ou positivo ou negativo),
mas à maneira pela qual Deus faz acontecer seus decretos na História. 5
Francis Turretin diz:

Segundo essa ordem, o primeiro decreto relativo a nos diz respeito a criação do homem. O
segundo diz respeito a permissão de sua queda, pela qual ele arrastou consigo a ruína e
destruição toda sua posteridade. O terceiro diz respeito à eleição para a salvação de alguns
dentre a raca humana caída e ao abandono dos demais a sua corrupção e miséria naturais.
O quarto diz respeito ao envio de Cristo ao mundo como Mediador e fiador dos eleitos.
Havendo apaziguado a justiça de Deus por sua perfeitíssima obediência, Cristo obteve
somente para eles a plena salvação. O quinto diz respeito a sua vocação eficaz pela
pregação do evangelho e pela graça do Espirito Santo, dando-lhes fé, justificação,
santificação e, por fim, glorificação6
Assim também está nos Cânones de Dort:

7. Esta eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual Ele, antes da fundação do mundo,
escolheu um número grande e definido de pessoas para a salvação, por graça pura. Estas
são escolhidas de acordo com o soberano bom propósito de sua vontade, dentre todo o
gênero humano, decaído pela sua própria culpa de sua integridade original para o pecado
e a perdição. Os eleitos não são melhores ou mais dignos que os outros, porém envolvidos na

2 CALVINO, J Institutas. 3.22.3


3 CALVINO apud SPROUL, R.C. O que é teologia reformada. Cultura Cristã. P 134-137
4 O mesmo que dupla predestinação simétrica.
5SPROUL, R.C. O que é teologia reformada. Cultura Cristã. P 134
6 TURRETINI, Vol 1, 2011, p 545
mesma miséria dos demais. São escolhidos em Cristo, quem Deus constituiu, desde a
eternidade, como Mediador e Cabeça de todos os eleitos e fundamento da salvação.7
10. A causa desta eleição graciosa é somente o bom propósito de Deus. Este bom propósito
não consiste no fato de que, dentre todas as condições possíveis Deus tenha escolhido certas
qualidades ou ações dos homens como condição para salvação. Mas este bom propósito
consiste no fato de que Deus adotou certas pessoas dentre da multidão inteira de pecadores
para ser a sua propriedade.8
Ao posicionamento em que Deus elege homens dentre os caídos, chama-se
infralapsarianismo, e o que ensina que Deus elegeu e reprovou sem levar em consideração a
queda, é o supralapsarianismo. A posição supralapsariana não foi diretamente condenada em Dort,
mas em Dort foi condenado a dupla predestinação simétrica. Como a dupla predestinação
simétrica é condição sine qua non do supralapsarianismo, então, por consequência, ele foi
condenado.

O reverendo Franklin Ferreira, também observa:

A maioria dos teólogos reformados afirmou a posição infralapsariana, e todas as confissões


reformadas também a ensinam, contudo, sem condenar o supralapsarianismo. Entre os
teólogos que defenderam o conceito infralapsário podem ser mencionados Agostinho,
François Turretini, Charles Hodge, A. A. Hodge e B. B. Warfield. Entre as confissões
reformadas, destacam-se a Confissão Belga (artigo 16), o Catecismo de Heidelberg
(pergunta 54), os Cânones de Dort (1.7-10), a Confissão de Westminster (artigo UI) e o Breve
Catecismo de Westminster (perguntas 19 e 20)9

Discordamos em parte do reverendo Franklin Ferreira. Por questões lógicas A e ~A não


podem ser verdadeiros ao mesmo tempo. A medida que se afirma um, se nega o outro. Vejam, não
estamos afirmando que quando se afirma algo, automaticamente se nega outra, isso não é absoluto
em todas as situações. Por exemplo se afirmamos: Fulano de Tal toca violão. De modo algum eu
estou negando que ele possa também tocar outro instrumento, mas estaria negando que ele não sabe
tocar violão, pois é o mesmo objeto e o mesmo sentido. Se um homem diz que é casado, segue-se
que ele não é solteiro. Assim, se o supralapsarianismo é inconciliável e antagônico ao
infralapsarianismo, então não há como afirmar um, sem negar o outro, é impossível. Portanto, na
contramão de alguns mestres, afirmamos que sim, o supralapsarianismo foi condenado pelas
confissões e sínodo de Dort, não podendo ser um posicionamento calvinista confessional.

Portanto, como já observado por Francis Turrentin, a ordem correta dos decretos é essa:

1 – Deus decreta criar.

7 Cânones de Dort Seção 1.7


8 Cânones de Dort Seção 1.10
9 FERREIRA, F. MYATT, A. TEOLOGIA SISTEMÁTICA: uma análise histórica, bíblica e
apologética para o contexto atual. Vida Nova. São Paulo. 2007. p 306
2 – Deus decreta permitir a queda

3 – Deus elege homens perdidos

4 – O envio de Cristo.

5 – A chamado eficaz dos eleitos.

A ordem incorreta é essa (supralapsarianismo):

1 – Deus cria.

2 – Deus elege uns para serem salvos e outros para serem condenados.

3 – Decreta a queda.

4 – Decreta o envio de Cristo para levar consigo os eleitos.

Quando falamos desses decretos, estamos falando de uma ordem lógica, não cronológica,
dos decretos divinos que refletem a intenção de Deus e posteriormente a execução ou não dessa
primeira vontade. Essa ordem lógica é estabelecida na eternidade. Visto que na eternidade não há
tempo, então não se pode ter antes e depois, logo, embora todos estejam em um mesmo ato,
logicamente podem se distinguir em uma ordem, assim como são os números, que existem todos em
um só ato, mas logicamente obedece uma ordem, pois o numeral 1 vem antes do numeral 2, que é
antes do numeral 3 e assim sucessivamente. Todos estamos de acordo que deve-se existir uma
ordem lógica, e uma vontade antecedente com relação aos fins da vontade de Deus, e uma vontade
consequente na providência dos meios para alcançá-la. No calvinismo, a vontade antecedente é a
intenção de Deus, e a vontade consequente é a providência dos meios para alcançar tal intenção. Os
meios são garantidos pelos decretos, onde está a vontade absoluta de Deus, chamada vontade
consequente. Assim, se Deus queria como fim a salvação dos eleitos (vontade antecedente), ele
então decreta os meios para que isso se execute e por isso, com uma vontade consequente ele
decreta uma graça irresistível sobre os eleitos, assim infalivelmente se alcança o fim.

Normalmente não há discordâncias sobre o primeiro decreto, que seria o de criar. Mas há
uma discordância entre o 2 e 3 decreto. Deus elege e reprova antes da queda ou depois da queda na
ordem lógica dos decretos? A Escritura é clara quanto a isso, pois nunca apresenta os eleitos como
pessoas não caídas. Como São Paulo afirma: Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos
delitos e pecados, nos quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe
das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos de desobediência, entre os quais todos
nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos
pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais.
Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,
estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo {pela graça sois
salvos}, (Ef 2.1-5). Nós éramos filhos da ira, mas se fomos amados eletivamente antes da queda,
então é impossível que tenhamos sido filhos da ira algum dia. Deus jamais levaria em consideração
qualquer pecado, pois teríamos sido amados independente de nossos pecados. Mas esse não é o
ensino cristão. O ensino cristão diz que somos amados apesar de nossos pecados, não independente
deles, pois São Paulo afirma: Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos
ímpios.Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse
morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda
pecadores. (Rm 5.6-8), ou seja, a prova do amor de Deus para conosco é que APESAR de
pecadores, Cristo nos amou, mas o texto diz mais, ele diz que essa é a prova de que Deus nos amou,
portanto, uma eleição sem precisão de queda, é uma eleição sem misericórdia e sem amor e também
sem justiça, visto que, os reprovados, são reprovados sem pecado, eles simplesmente seriam criados
para serem destruídos. A Escritura continua a afirmar que fomos escolhidos dentre a massa caída:
Se fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo
contrário, dele vos escolhi, por isso o mundo vos odeia (Jo 15.19). Turretin explica que a eleição
dos homens e feita em Cristo (Ef 1.4). Por isso ela considera o homem já caído, porque ele não pode
ser eleito em Cristo exceto para ser redimido e santificado por ele. Portanto, são escolhidos
pecadores e miseráveis.

Eleger e reprovar só faz sentido se for depois da queda, pois, somos eleitos para sermos
salvos, e seremos salvos de que se ainda não há queda? E seremos reprovados pelo que se ainda não
há pecado?

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