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Humanização dos Animais

Discentes: Bárbara Véstia nº3; Beatriz Pereira nº4; Margarida Martins nº18
Docente: Lurdes Pequito

24 de abril de 2019
Índice

Capítulo I: Introdução do projeto……………………………………………. 1 e 2


Capítulo II: Contextualização sociológica………………………………….... 2 e 3
Capitulo III: Desenvolvimento do projeto………………………………….... 3 e 4
 Relação entre o Homem e o animal ao longo do tempo……………….. 3 e 4
 Conceito de antropomorfização……………………………………….... 4
 Possível explicação para a frequente humanização de animais…............ 4 e 5
 Formas e locais de humanização………………………………………... 5 e 6
 Perigos da humanização (consequências para o Homem e para o
animal)…………………………………………………………………... 7
Capitulo IV: Apresentação de resultados (técnicas de investigação
documental)…………………………………………………………………….. 7 e 8
Técnica de investigação documental
 Análise de estudo: Portugal…………………………………………….. 9
 Análise de estudo: nível Mundial………………………………………10
Técnica de investigação de inquirição
 Entrevista à deputada Cristina Rodrigues …………………. 11, 12, 13 e 14
 Inquérito por questionário……………………………………………….. 15
Capítulo V: Conclusão………………………………………………………... 16
Referências…………………………………………………………………….17
Anexos………………………………………………………………………….. 18
Introdução do projeto

Inúmeros estudos revelam os efeitos que a antropomorfização pode ter no animal. Foi
perante um episódio pessoal, por parte de uma das colegas do grupo, que surgiu este
enquadramento entre sociologia e animais.
Primeiramente, antes de revelarmos os objetivos deste projeto realizar-se-á uma
breve contextualização perante a escolha do tema e as ideias iniciais do trabalho. Basta
estar atento aos media, para perceber que as preocupações nacionais em relação a este
tema não são consideradas relevantes. Porém, mais recentemente, entrou em vigor, no
dia 3 de março de 2017 a Lei nº.8/2017 que estabelece
“um estatuto jurídico dos animais, reconhecendo a sua natureza de seres vivos dotados
de sensibilidade, procedendo à alteração do Código Civil, aprovado pelo decreto – Lei
nº.47344, de 25 de novembro de 1966, do Código de Processo Civil” (Diário da
República 2017, p.1145).
Exposta a breve contextualização, este projeto focar-se-á na relação dos donos
com os seus animais de estimação (pets), na forma de tratamento do animal, na forma
como ele é representado na família e por último, nas consequências para o
humano/animal da sua humanização em excesso.
Deste modo, a nossa pergunta de partida é: de que forma a antropomorfização
influencia as mentalidades e comportamentos de animais de companhia no seculo
XXI?
Ao longo do trabalho, fomos procurando responder de forma completa e
organizada à nossa pergunta de partida, que nos motivou e desafiou, sobretudo, por ser
um assunto que não é abordado no nosso país (o que tornou mais complicada a nossa
pesquisa documental) mas que nos despertou ainda mais interesse pelo trabalho e nos
fez refletir sobre um tema tão comum, mas tão pouco falado nos dias de hoje.
Para se testar estas interrogações, optámos pelo método intensivo que tinha como
vantagem a profundidade da observação. Em termos técnicos utilizámos a técnica
documental através da análise de documentos de fontes secundárias.
Nas técnicas de inquirição, ao entrevistarmos a deputada Cristina Rodrigues (porta voz
do PAN), decidimos fazer uma entrevista semidiretiva ou em profundidade pois
achámos necessário abordar alguns temas e valorizamos a organização relativamente
livre do discurso da nossa entrevistada, permitindo-nos recolher toda a informação
possível.
Tendo em conta os objetivos do projeto, este relatório dividir-se-á em 5 capítulos, sendo
que o primeiro já se inclui esta introdução, os objetivos e a metodologia.
O segundo capítulo tem como título: “A contextualização sociológica”, e é a partir
daqui que iremos integrar o nosso trabalho num dos temas da disciplina de sociologia e
abordar alguns assuntos fundamentais.
O terceiro capítulo baseia-se no desenvolvimento do projeto, no qual estarão presentes
todos os assuntos de maior importância (já apresentados em aula) que permitem criar
bases solidas quanto à pesquisa documental do trabalho.
O quarto capítulo é totalmente dedicado à apresentação de resultados (estudos,
entrevistas e inquéritos). Elaborámos um inquérito por questionário destinado aos
alunos da Escola Secundária Rainha Dona Leonor, onde combinámos questões fechadas
com questões semiabertas e mais tarde recolhemos os resultados obtidos.
Por último, no quinto capítulo apresentaremos as conclusões.

Contextualização sociológica

Em termos sociológicos, integramos o nosso trabalho no Tema II – Sociedade e


Indivíduo – estudado e abordado em aula. Assim, consideramos que a Humanização dos
Animais faz parte do processo de socialização e da sua relação com o conceito de
cultura, evidenciando a importância das novas representações sociais. Neste caso, o
modo como estes donos interagem com os animais pertence a um novo processo de
socialização que se proporcionou devido à evolução da relação entre o Homem e o
animal.
Num enquadramento teórico, uma das centralidades deste projeto tem como enfoque as
representações sociais – pois são estas que se tentam analisar relativamente aos animais
de estimação.
Durkheim foi um dos primeiros investigadores a focar-se neste conceito, apelidando-o
de representações coletivas. Este considerava que elas eram desenvolvidas pelos
indivíduos e pelos grupos e que serviam para interpretar a realidade, para vincar as
posições socias relativamente a situações e comunicações.
O conceito refere-se a uma ideia, que é partilhada por um grupo, perante uma situação
ou ate mesmo um objeto, e possui a capacidade de moldar a interação e os
comportamentos humanos são maioritariamente associadas ao nível cognitivo e ao
conhecimento de senso comum, mas também representam uma parte da componente
social, ‘’as representações socias funcionam como elemento de articulação entre o
individual e o social’’ (Lourenço e Lisboa 1992,27).

Desenvolvimento do projeto
 Relação entre animal e o Homem ao longo do tempo

O Homem desde os seus primórdios sempre teve uma estreita relação com o mundo
animal, ligada sobretudo à sua própria sobrevivência.
Os animais sempre foram elementos integrantes do meio ambiente que os rodeava, não
sendo, portanto, de estranhar que as primeiras representações artísticas sejam da fauna
existente (pinturas rupestres).
No principio a relação entre os homens e os animais era apenas utilitarista, onde o
Homem mesolítico passou a domesticar os animais domésticos para que os mesmos
protegessem as suas cavernas, ajudassem na caça e mais tarde, algumas espécies
passaram a ser criadas para que servissem de alimentação para a população humana,
isso foi um passo muito importante para o desenvolvimento das primeiras civilizações,
visto que, o Homem agora não dependia apenas da caça para suprir as suas necessidades
nutricionais, tinha uma reserva de alimentos vivos junto ao desenvolvimento da
agricultura. Tal relação teve início por volta de 25.000 e 50.000 anos atrás.
Contudo ao longo dos milénios que marcaram a evolução do Homem esta relação
também se modificou. Se inicialmente este caçava e recolhia os alimentos, com as
mudanças climatéricas ocorridas, aumento da população e com a sua própria evolução
cultural, os animais passaram a coabitar com o ser humano dando-se inicio ao processo
de domesticação dos mesmos.
Segundo vestígios arqueológicos, o primeiro animal a ter sido domesticado foi a ovelha
(ideal pela quantidade de recursos que disponibilizava). Bovídeos, equídeos, suínos e
caprinos foram domesticados um pouco mais tarde por servirem de força de trabalho,
meio de transporte e fonte de matéria-prima.
As aves, assim como os gatos tornaram-se animais domésticos inicialmente no Antigo
Egipto. Devido principalmente ao culto religioso que era prestado ao gato e ao canto e à
estética muito apreciada nas aves.
Ao longo dos séculos estas relações intensificaram-se dando origem ao animal de
companhia nas mais variadas espécies. O primeiro indício concreto de um elo de
emoção entre um humano e um animal foi à 12 000 anos atrás: são restos fossilizados
de uma mulher abraçada a um filhote de cão, encontrados no Médio Oriente.

 Conceito de Antropomorfização

A humanização dos animais ou a antropomorfização consiste em atribuir aos animais


características humanas em exagero que descaracterizam as diversas espécies e que
frequentemente resultam em consequências que são prejudiciais ao bem-estar animal.

 Possível explicação para a mais frequente humanização de animais

As pesquisas de comportamento demonstram que, mais até do que amigos, os animais


de estimação são hoje vistos como filhos ou irmãos em grande parte dos lares que os
acolhem. Na Europa e nos Estados Unidos, a percentagem de donos que consideram os
seus animais como familiares já chega a 30%.
O novo estatuto que cães e gatos estão a assumir nos lares tem pelo menos duas razões
sociais distintas. A primeira diz respeito à diminuição do tamanho das famílias. Hoje
são poucos os casais que optam por ter mais de um ou dois filhos – o quinto membro da
família, que costuma surgir quando esses já estão mais crescidos, é quase sempre um
cão ou gato. A segunda razão é a crescente quantidade de pessoas que vivem sozinhas
nas grandes cidades e procuram um animal para lhes fazer companhia.
As mesmas contingências da vida contemporânea que levam as pessoas a procurar uma
proximidade maior com os animais são com frequência, posteriormente, as causas para
os diversos problemas na convivência com os animais domésticos. A falta de tempo e o
ritmo de vida agitado por parte do dono associado ao convívio com um animal
inadaptado pode conduzir a situações, por exemplo, de agressividade e automutilação
do animal. Os cães têm tendência para seguir um líder de matilha e para, ao menor sinal
de fraqueza do líder, mostrarem a sua superioridade. Com base nos factos que
observamos diariamente, podemos afirmar que a disciplina dos animais tornou-se uma
questão crucial dentro dos lares. Como todas as relações ancoradas na emoção, esta não
é imune a crises. Os donos muitas vezes não sabem impor os devidos limites ao
comportamento dos seus companheiros de quatro patas e o drama ganha contornos
semelhantes ao dos pais que enfrentam adolescentes revoltosos.

Neste contexto, surgiu há vários anos a especialidade de psicologia animal na qual o


objeto de trabalho é tanto o animal como o dono.
Os cães demonstraram grande capacidade de assimilar o nosso estilo de vida. Isso talvez
explique por que a evolução nos fez tão amigos deles, e não de outros primatas, o que à
primeira vista talvez parecesse mais lógico. Os gatos também se adaptaram à vida na
companhia das pessoas, mas nunca abriram mão da independência e do instinto de
caçadores.

 Formas e locais de Humanização

Beatriz Sinogas (veterinária) refere uma moda que não teve grande sucesso em Portugal
mas já está a ser implementada noutros países como o Brasil: “Existem unhas de gel de
várias cores que são utilizadas para evitar que os gatos arranhem os sofás ou as pernas
dos donos (muitas delas são de fácil acesso, encontram-se à venda online). A cola que
se utiliza para a aplicação destas unhas provoca dermatites graves”. A médica
veterinária chegou a receber casos de gatos mais velhos cujos donos lhes retiraram as
unhas na totalidade por serem muito agressivos. “Isto é atualmente proibido por lei, a
menos que exista alguma justificação clínica”, explica.
Alguns locais de humanização podem ser exemplo: hotéis, restaurantes, spas, lojas,
creches, cinemas onde os animais já podem acompanhar o seu dono, ginásios e parques
direcionados param cães e gatos.
A titulo exemplificativo o D Pet Hotel Chelsea apresenta quartos equipados com
televisão, bem decorados, oferece ainda ginásio e spa com massagens, serviço de
cabeleireiro e uma loja que vende artigos de luxo, podia bem ser a descrição de um bom
hotel em qualquer parte do mundo se não fosse um pequeno detalhe: ali o ser humano
não entra. Localizado em Nova Iorque, o D Pet Hotel Chelsea é uma unidade hoteleira
de 5 estrelas destinada a receber apenas cães, proporcionando-lhes mimos que muitos
hotéis do mundo não têm. Claro que todas estas regalias têm um preço e a diária custa
cerca de 200 dólares.

I
II

III
IV
 Perigos da Humanização

Cada vez mais os animais de estimação se parecem com os donos por causa do
tratamento humanizado que recebem. Isso significa que lhes são atribuídas
a características presentes nos seres humanos, fazendo com que os animais deixem de
ser tratados como deveriam.
Dentro das ações mais comuns praticadas por estes donos encontram-se tratar o animal
como um bebé, vesti-lo exageradamente com roupas e acessórios "da moda", só passear
em carrinho, no braço ou na bolsa, submetê-lo a sofisticados tratamentos estéticos,
utilizar produtos feitos para humanos, etc. Por mais divertido que possa parecer,
o tratamento humanizado pode trazer muitos problemas.

o Problemas gerados pelo tratamento humanizado

1. Transtornos de comportamento

Tratar o animal como se fosse uma pessoa irá provocar confusões na sua mente, o que
resulta em alterações na sua conduta. Ele passa a ser agressivo com os outros,
começando a ter comportamentos inapropriados.

2. Dificuldades de socialização

Animais humanizados começam a achar-se superiores e não sentem a necessidade de


socializar com os outros. A falta de interação com seus semelhantes não é saudável
para eles, nem para os donos, pois o animal pode ter crises de ansiedade e tornar-se
agressivo e inquieto

3. Transtornos alimentares

Outra consequência da humanização é os transtornos alimentares. Animais que são


alimentados com comida humana, para além da sua ração habitual, provavelmente
ficarão obesos ou com deficiência nutricional. O animal precisa de uma dieta
equilibrada e própria para a espécie. Uma guloseima ou outra é permitida de vez em
quando, mas deve ser específica para estes animais e dentro da sua dieta natural. Assim,
é possível variar nos alimentos oferecidos.

4. Perda de identidade

Quanto mais o animal é tratado de forma humana, mais ele se esquece dos seus instintos
naturais e deixa de ser quem é. Ele tornar-se-á mimado, não terá vontade de brincar ou
correr e começará a depender de coisas inúteis para um animal.

5. Perda dos princípios de hierarquia

Tratar o animal doméstico como igual fará com que ele se esqueça quem é o líder da
casa. Não considerando o dono mais como tal. Aos poucos o animal começará a fazer o
que quiser, esperando que todos ao seu redor estejam à sua disposição.

6. Problemas de saúde

Donos que humanizam os seus companheiros peludos costumam acreditar que itens ou
produtos que são bons para um, também serão bons para o outro. Então, acabam por
oferecer remédios para pessoas a animais, utilizam cosméticos feitos para os humanos e
vestem-nos com roupas inapropriadas.
O problema é que essas ações geram diversos problemas de saúde. Alguns remédios e
produtos, por exemplo, podem provocar alergia, complicações ou até mesmo a morte.

o Consequências para o Homem

A Humanização excessiva não tem só consequências na vida dos animais de estimação:


esta dependência animal que o Ser Humano tem pode provocar o isolamento social, a
tristeza ou depressão por acreditar que o animal não vive sem ele e por acreditar em
emoções caninas inexistentes.
Apresentação de resultados

 Análise de estudo: Portugal

A Nielsen realizou um estudo que teve como base o universo animal e que permitiu
concluir que os portugueses estão a aplicar cada vez mais aos seus animais os ideais de
alimentação saudável e natural e o seu fascínio pelos acessórios.
Ao nível da sua alimentação, verificou-se um aumento médio dos preços, bem como
uma forte inovação e um maior nível de customização dos produtos alimentares
derivado da crescente noção das diferentes necessidades dos animais, sendo aqui
também evidente uma maior “humanização” da categoria.
Como aponta Ramiro Vaz, Client Consultant Manager da Nielsen, “também no que se
refere à alimentação dos animais, tem-se verificado uma maior preocupação em
oferecer-lhes uma alimentação saudável. Desta forma os consumidores procuram
produtos com nutrientes mais naturais, nomeadamente receitas menos complexas, mais
orgânicas, sem OGM’s ou sem glúten, por exemplo. Os donos pretendem que a
alimentação dos seus animais seja de alguma forma semelhante à sua, e procuram
produtos que permitam controlar o peso dos seus animais. Verifica-se por exemplo, a
procura de produtos vegan ou sopas gourmet para gatos”.

V
 Análise de estudo: a Nível Mundial

A crença do consumidor de que os animais de estimação são membros da família com


pleno direito continua a crescer. Com a mudança, os proprietários começam a alinhar as
suas preferências pessoais de alimentos e nutrição com as suas compras de alimentos
para animais. Considerem o seguinte do Mintel:

 90% dos donos de animais canadenses concordam que ter um animal de


estimação melhora a qualidade de vida de uma pessoa;
 Donos europeus de animais estragam-nos com lanches e guloseimas, criando um
problema crescente de animais obesos;
 Mais de 60% dos europeus tratam os seus animais de estimação com o mesmo
cuidado que tratariam uma criança;

VI
 Entrevista á deputada Cristina Rodrigues

 PERFIL DA ENTREVISTADA

CRISTINA RODRIGUES, Advogada, membro da comissão política e chefe de gabinete


do PAN – Partido Pessoas-Animais-Natureza.

 PERFIL DO PARTIDO

O PAN intitula-se um partido de causas, defensor dos direitos das pessoas, dos animais
e da natureza. Foi fundado em 2009 com outra designação, chamava-se PPA – Partido
Pelos Animais, mas em 2011 quando foram ultrapassadas as questões burocráticas e foi
inscrito no Tribunal Constitucional, os líderes desta organização política optaram por
alargar o campo de intervenção. Chamaram-lhe PAN Partido Pessoas, Animais e
Natureza.
Nas segundas eleições legislativas a que se candidatou, em outubro de 2015, o PAN foi
a quinta força política mais votada, conseguindo eleger, em Lisboa, um deputado
nacional. André Silva é o parlamentar que dá voz no hemiciclo da Assembleia da
República às ideias e propostas do PAN.
Desde que tem acento parlamentar o PAN tem feito inúmeras propostas sobre os
direitos dos animais.
Na entrevista que se segue procurámos ouvir as razões, as causas e o contexto social das
alterações legais propostas.
Foi numa sala da Assembleia da República, em Lisboa, no dia 30 de Outubro de 2018,
que Cristina Rodrigues, chefe de gabinete do PAN e por indisponibilidade de agenda do
deputado André Silva, recebeu a equipa do nosso grupo de trabalho.
Demos início á entrevista, começando por perguntar:
Grupo: “EM 1995 FOI APROVADA UMA LEI DE PROTEÇÃO DOS ANIMAIS
QUE NO SEU PRIMEIRO ARTIGO PREVIA QUE “SÃO PROIBIDAS TODAS AS
VIOLÊNCIAS INJUSTIFICADAS CONTRA ANIMAIS, CONSIDERANDO-SE
COMO TAIS OS ATOS CONSISTENTES EM, SEM NECESSIDADE, SE INFLIGIR
A MORTE, O SOFRIMENTO CRUEL E PROLONGADO OU GRAVES LESÕES A
UM ANIMAL”.
EM 2017, 3 DE MARÇO, OS DEPUTADOS DO PS, PSD, BE E O PAN UNIRAM-SE
E APROVARAM UMA NOVA LEGISLAÇÃO QUE ESTABELECE O NOVO
ESTATUTO JURÍDICO DOS ANIMAIS. O QUE SIGNIFICA ESTA ALTERAÇÃO?
CR: A questão é distinguir entre pessoas humanas e não humanas.
Existe uma corrente doutrinária que defende que os animais devem ser
classificados como pessoas não humanas.
Na Índia, por exemplo, os golfinhos já foram identificados dessa forma.
A ideia é abrir uma reflexão sobre esse assunto e encontrar a melhor maneira de
fazer a classificação dos animais.
Neste caso, a lei anterior, não refletia a verdade biológica sobre os animais.
Qualquer pessoa entende que um cão, um gato ou uma vaca não são coisas. Uma
coisa é imóvel, uma secretária, um móvel.
A lei, para facilitar a troca de bens ou os negócios jurídicos sobre os animais
classificou-os como animais. Esta mudança de classificação como animais é muito
importante do ponto de vista legal.
Foi conseguida esta classificação para todos os animais e não só para alguns, como
acontece na lei de Criminalização de animais, que só fala de animais de companhia.
Houve alterações no Código de Processo Penal e, mesmo, no Código Civil em
relação às coisas. Passou de ter de se identificar coisas e animais para fazer essa
distinção.
Para além disso, há depois dessas consequências imediatas de reconhecimento
como animais, que têm a ver com a propriedade dos animais e que tem de ser
diferente da propriedade das coisas.
Por exemplo: eu tenho um copo, posso parti-lo, se eu quiser, mas um animal já não
é assim.
Há aqui uma limitação ao direito de propriedade sobre os animais.

Grupo: “UMA DAS ALTERAÇÕES REFERE-SE À GUARDA DOS ANIMAIS, QUE


PASSA A SER REGULADA EM CASO DE DIVÓRCIO, CONSIDERANDO,
NOMEADAMENTE, OS INTERESSES DE CADA UM DOS CÔNJUGES, DOS
FILHOS DO CASAL E TAMBÉM O BEM-ESTAR DO ANIMAL.
COMO SE VAI EXECUTAR?
CR: Em caso de divórcio o animal ou animais têm, obrigatoriamente, de constar
no inventário global do casal, no tribunal ou na conservatória do registo civil, onde
vai decorrer o processo de divórcio. E tem, obrigatoriamente, de se indicar qual
dos cônjuges vai ficar com o animal ou com os animais.
Grupo de trabalho: Como advogada, acontecem muitos casos destes de
estabelecimento judicial do poder de cuidar dos animais?
Já acontecia com alguma frequência, antes da lei, mas é mais frequente agora. A
lei antes não tinha respostas para estas situações.
Neste momento, são os próprios advogados que solicitam logo a regulação das
responsabilidades do casal em divórcio em relação aos animais.
Esta lei foi uma evolução de consciências.
Mesmo as pessoas que não adoram animais, gostam apenas, compreendem que um
animal não é uma coisa. Estamos a falar de realidades diferentes.
Grupo de trabalho: Para o PAN ainda falta mudar muita coisa em matéria legal?
CR: Sim, na legislação ainda falta mudar muita coisa.
O ideal é que a lei 92/95 fosse cumprida na sua plenitude, que fossem proibidas
todas as violências injustificadas sobre animais e que não tivéssemos de justificar
praticamente tudo.
Enquanto isso não acontecer teremos sempre um problema, seja, por exemplo, por
causa da matança do porco que é grotesca, seja do jogo do galo, que é o galo a
morrer à paulada, seja das vacadas, etc.
Há muitas atividades que causam grande sofrimento aos animais. Enquanto isso
acontecer tem de haver alterações à lei.
Por outro lado, a lei que já existe tem de ser, também ela, implementada na sua
plenitude.
Aquilo que notamos no que diz respeito em particular à criminalização dos maus
tratos dos animais, é que, embora haja cada vez mais denuncias, verificamos que
há ainda muitos polícias e agentes da autoridade que nem querem fiscalizar
questões com os animais. Acham um demérito, uma perda de tempo.
Há ainda uma sensibilização e uma questão cultural que têm de ser trabalhadas.
Isso vai com o tempo.
Nos últimos anos, temos assistido, no entanto, a uma mudança, até com uma
rapidez que não esperávamos, mas ainda não chega a todos.
Dou um exemplo:
Estou no PAN, há 4 anos. Como sou advogada, fiz sempre a gestão das denuncias e
neste momento, este ano (entrevista foi feita em outubro de 2018)* já recebemos
mais de mil denuncias e tem crescido todos os anos.
Há cada vez mais pessoas revoltadas com os maus tratos aos animais.

Há uma mudança de consciências coletiva, com uma maior incidência no litoral,


nos grandes centros urbanos.

VII

VIII

IX
Inquérito por questionário

No nosso questionário, já apresentado à turma, obtivemos um total de 100 respostas de


uma amostra representativa* (alunos da Escola Secundária Rainha Dona Leonor). Desta
amostra, 60% das pessoas inquiridas pertenciam ao género feminino e 40% ao
masculino. A nossa primeira questão permitiu-nos perceber quantas pessoas da amostra
tinham um animal de companhia (72% responderam que tinham) e qual era o animal
(respostas mais frequentes – cão e gato – sendo que o cão estava em maioria). Tentámos,
ainda, perceber se a nossa amostra possuía algum tipo de conhecimento sobre o novo
estatuto jurídico dos animais (60 respondeu que sim) e também se concordavam com a
nova lei em relação aos animais de companhia em caso de separação (a resposta mais
frequente foi “concordo”, mas 33% da amostra não tinha opinião formada quanto ao
assunto). A questão com respostas mais divididas foi “o que acha da humanização dos
animais?”, que teve como resposta “concordo, os animais têm o direito a ter as mesmas
rotinas/hábitos dos deres humanos” com uma percentagem de 25%; 46% das pessoas
responderam “não concordo, a humanização excessiva provoca danos no animal” e 29%
respondeu “não tenho opinião formada sobre o assunto”.
Por ultimo, perguntámos se um filho e um animal de companhia pertenciam ao mesmo
patamar emocional na vida dos pais e a resposta mais frequente que obtivemos foi “não”,
com 83%.
(*)por conveniência, sem preocupações probabilísticas
Conclusão

No decorrer do projeto, como processo normativo, foram encontradas algumas


limitações e obstáculos para a realização de todo o procedimento. Nós como
investigadoras deste projeto não estamos completamente inibidas de opiniões e
julgamentos, até porque, nos relacionamos na vida quotidiana diariamente com animais
de estimação, o que, por vezes, pode ter sido uma limitação.
Um outro aspeto a ter em consideração é o facto do questionário apenas abranger a
população urbana – alunos da Escola Secundária Rainha Dona Leonor – sendo que os
resultados poderão ser diferentes em amostras de outros locais.
Concluindo, a humanização dos animais é algo muito perigoso nos dias de hoje, pois
tem a tendência de tornar o relacionamento unilateral, ou seja, trazendo apenas
benefícios para o ser humano. As pessoas adquirem animais de estimação sem se
preocuparem com as reais exigências e responsabilidades que o animal em questão
necessita. Seguem tendências de modismo, impulsos consumistas e acabam por se
esquecer que estão a lidar com seres vivos com características próprias prejudicando
tanto a sua própria vida como a do animal.
Referências

https://sensientfoodcolors.com/pt-br/mercados-globais/humanizacao-dos-
animais-de-estimacao/;

https://www.saberviver.pt/bem-estar/relacoes-e-familia/humanizacao-de-
animais-como-criancas/;

https://www.imagensdemarca.pt/artigo/a-humanizacao-dos-animais-
domesticos-pelos-portugueses/;

https://pt.scribd.com/document/134252486/HUMANIZACAO-DOS-ANIMAIS;

https://dre.pt/home/-/dre/106549655/details/maximized

https://dre.pt/pesquisa/-/search/562269/details/maximized

https://dre.pt/pesquisa/-/search/114913768/details/maximized
Anexo

Anexos I, II, III e IV – pág. 6;

Anexo V – pág. 9;

Anexo VI – pág. 10;

Anexo VII, VIII e IX – pág. 14.

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