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Discentes: Bárbara Véstia nº3; Beatriz Pereira nº4; Margarida Martins nº18
Docente: Lurdes Pequito
24 de abril de 2019
Índice
Inúmeros estudos revelam os efeitos que a antropomorfização pode ter no animal. Foi
perante um episódio pessoal, por parte de uma das colegas do grupo, que surgiu este
enquadramento entre sociologia e animais.
Primeiramente, antes de revelarmos os objetivos deste projeto realizar-se-á uma
breve contextualização perante a escolha do tema e as ideias iniciais do trabalho. Basta
estar atento aos media, para perceber que as preocupações nacionais em relação a este
tema não são consideradas relevantes. Porém, mais recentemente, entrou em vigor, no
dia 3 de março de 2017 a Lei nº.8/2017 que estabelece
“um estatuto jurídico dos animais, reconhecendo a sua natureza de seres vivos dotados
de sensibilidade, procedendo à alteração do Código Civil, aprovado pelo decreto – Lei
nº.47344, de 25 de novembro de 1966, do Código de Processo Civil” (Diário da
República 2017, p.1145).
Exposta a breve contextualização, este projeto focar-se-á na relação dos donos
com os seus animais de estimação (pets), na forma de tratamento do animal, na forma
como ele é representado na família e por último, nas consequências para o
humano/animal da sua humanização em excesso.
Deste modo, a nossa pergunta de partida é: de que forma a antropomorfização
influencia as mentalidades e comportamentos de animais de companhia no seculo
XXI?
Ao longo do trabalho, fomos procurando responder de forma completa e
organizada à nossa pergunta de partida, que nos motivou e desafiou, sobretudo, por ser
um assunto que não é abordado no nosso país (o que tornou mais complicada a nossa
pesquisa documental) mas que nos despertou ainda mais interesse pelo trabalho e nos
fez refletir sobre um tema tão comum, mas tão pouco falado nos dias de hoje.
Para se testar estas interrogações, optámos pelo método intensivo que tinha como
vantagem a profundidade da observação. Em termos técnicos utilizámos a técnica
documental através da análise de documentos de fontes secundárias.
Nas técnicas de inquirição, ao entrevistarmos a deputada Cristina Rodrigues (porta voz
do PAN), decidimos fazer uma entrevista semidiretiva ou em profundidade pois
achámos necessário abordar alguns temas e valorizamos a organização relativamente
livre do discurso da nossa entrevistada, permitindo-nos recolher toda a informação
possível.
Tendo em conta os objetivos do projeto, este relatório dividir-se-á em 5 capítulos, sendo
que o primeiro já se inclui esta introdução, os objetivos e a metodologia.
O segundo capítulo tem como título: “A contextualização sociológica”, e é a partir
daqui que iremos integrar o nosso trabalho num dos temas da disciplina de sociologia e
abordar alguns assuntos fundamentais.
O terceiro capítulo baseia-se no desenvolvimento do projeto, no qual estarão presentes
todos os assuntos de maior importância (já apresentados em aula) que permitem criar
bases solidas quanto à pesquisa documental do trabalho.
O quarto capítulo é totalmente dedicado à apresentação de resultados (estudos,
entrevistas e inquéritos). Elaborámos um inquérito por questionário destinado aos
alunos da Escola Secundária Rainha Dona Leonor, onde combinámos questões fechadas
com questões semiabertas e mais tarde recolhemos os resultados obtidos.
Por último, no quinto capítulo apresentaremos as conclusões.
Contextualização sociológica
Desenvolvimento do projeto
Relação entre animal e o Homem ao longo do tempo
O Homem desde os seus primórdios sempre teve uma estreita relação com o mundo
animal, ligada sobretudo à sua própria sobrevivência.
Os animais sempre foram elementos integrantes do meio ambiente que os rodeava, não
sendo, portanto, de estranhar que as primeiras representações artísticas sejam da fauna
existente (pinturas rupestres).
No principio a relação entre os homens e os animais era apenas utilitarista, onde o
Homem mesolítico passou a domesticar os animais domésticos para que os mesmos
protegessem as suas cavernas, ajudassem na caça e mais tarde, algumas espécies
passaram a ser criadas para que servissem de alimentação para a população humana,
isso foi um passo muito importante para o desenvolvimento das primeiras civilizações,
visto que, o Homem agora não dependia apenas da caça para suprir as suas necessidades
nutricionais, tinha uma reserva de alimentos vivos junto ao desenvolvimento da
agricultura. Tal relação teve início por volta de 25.000 e 50.000 anos atrás.
Contudo ao longo dos milénios que marcaram a evolução do Homem esta relação
também se modificou. Se inicialmente este caçava e recolhia os alimentos, com as
mudanças climatéricas ocorridas, aumento da população e com a sua própria evolução
cultural, os animais passaram a coabitar com o ser humano dando-se inicio ao processo
de domesticação dos mesmos.
Segundo vestígios arqueológicos, o primeiro animal a ter sido domesticado foi a ovelha
(ideal pela quantidade de recursos que disponibilizava). Bovídeos, equídeos, suínos e
caprinos foram domesticados um pouco mais tarde por servirem de força de trabalho,
meio de transporte e fonte de matéria-prima.
As aves, assim como os gatos tornaram-se animais domésticos inicialmente no Antigo
Egipto. Devido principalmente ao culto religioso que era prestado ao gato e ao canto e à
estética muito apreciada nas aves.
Ao longo dos séculos estas relações intensificaram-se dando origem ao animal de
companhia nas mais variadas espécies. O primeiro indício concreto de um elo de
emoção entre um humano e um animal foi à 12 000 anos atrás: são restos fossilizados
de uma mulher abraçada a um filhote de cão, encontrados no Médio Oriente.
Conceito de Antropomorfização
Beatriz Sinogas (veterinária) refere uma moda que não teve grande sucesso em Portugal
mas já está a ser implementada noutros países como o Brasil: “Existem unhas de gel de
várias cores que são utilizadas para evitar que os gatos arranhem os sofás ou as pernas
dos donos (muitas delas são de fácil acesso, encontram-se à venda online). A cola que
se utiliza para a aplicação destas unhas provoca dermatites graves”. A médica
veterinária chegou a receber casos de gatos mais velhos cujos donos lhes retiraram as
unhas na totalidade por serem muito agressivos. “Isto é atualmente proibido por lei, a
menos que exista alguma justificação clínica”, explica.
Alguns locais de humanização podem ser exemplo: hotéis, restaurantes, spas, lojas,
creches, cinemas onde os animais já podem acompanhar o seu dono, ginásios e parques
direcionados param cães e gatos.
A titulo exemplificativo o D Pet Hotel Chelsea apresenta quartos equipados com
televisão, bem decorados, oferece ainda ginásio e spa com massagens, serviço de
cabeleireiro e uma loja que vende artigos de luxo, podia bem ser a descrição de um bom
hotel em qualquer parte do mundo se não fosse um pequeno detalhe: ali o ser humano
não entra. Localizado em Nova Iorque, o D Pet Hotel Chelsea é uma unidade hoteleira
de 5 estrelas destinada a receber apenas cães, proporcionando-lhes mimos que muitos
hotéis do mundo não têm. Claro que todas estas regalias têm um preço e a diária custa
cerca de 200 dólares.
I
II
III
IV
Perigos da Humanização
Cada vez mais os animais de estimação se parecem com os donos por causa do
tratamento humanizado que recebem. Isso significa que lhes são atribuídas
a características presentes nos seres humanos, fazendo com que os animais deixem de
ser tratados como deveriam.
Dentro das ações mais comuns praticadas por estes donos encontram-se tratar o animal
como um bebé, vesti-lo exageradamente com roupas e acessórios "da moda", só passear
em carrinho, no braço ou na bolsa, submetê-lo a sofisticados tratamentos estéticos,
utilizar produtos feitos para humanos, etc. Por mais divertido que possa parecer,
o tratamento humanizado pode trazer muitos problemas.
1. Transtornos de comportamento
Tratar o animal como se fosse uma pessoa irá provocar confusões na sua mente, o que
resulta em alterações na sua conduta. Ele passa a ser agressivo com os outros,
começando a ter comportamentos inapropriados.
2. Dificuldades de socialização
3. Transtornos alimentares
4. Perda de identidade
Quanto mais o animal é tratado de forma humana, mais ele se esquece dos seus instintos
naturais e deixa de ser quem é. Ele tornar-se-á mimado, não terá vontade de brincar ou
correr e começará a depender de coisas inúteis para um animal.
Tratar o animal doméstico como igual fará com que ele se esqueça quem é o líder da
casa. Não considerando o dono mais como tal. Aos poucos o animal começará a fazer o
que quiser, esperando que todos ao seu redor estejam à sua disposição.
6. Problemas de saúde
Donos que humanizam os seus companheiros peludos costumam acreditar que itens ou
produtos que são bons para um, também serão bons para o outro. Então, acabam por
oferecer remédios para pessoas a animais, utilizam cosméticos feitos para os humanos e
vestem-nos com roupas inapropriadas.
O problema é que essas ações geram diversos problemas de saúde. Alguns remédios e
produtos, por exemplo, podem provocar alergia, complicações ou até mesmo a morte.
A Nielsen realizou um estudo que teve como base o universo animal e que permitiu
concluir que os portugueses estão a aplicar cada vez mais aos seus animais os ideais de
alimentação saudável e natural e o seu fascínio pelos acessórios.
Ao nível da sua alimentação, verificou-se um aumento médio dos preços, bem como
uma forte inovação e um maior nível de customização dos produtos alimentares
derivado da crescente noção das diferentes necessidades dos animais, sendo aqui
também evidente uma maior “humanização” da categoria.
Como aponta Ramiro Vaz, Client Consultant Manager da Nielsen, “também no que se
refere à alimentação dos animais, tem-se verificado uma maior preocupação em
oferecer-lhes uma alimentação saudável. Desta forma os consumidores procuram
produtos com nutrientes mais naturais, nomeadamente receitas menos complexas, mais
orgânicas, sem OGM’s ou sem glúten, por exemplo. Os donos pretendem que a
alimentação dos seus animais seja de alguma forma semelhante à sua, e procuram
produtos que permitam controlar o peso dos seus animais. Verifica-se por exemplo, a
procura de produtos vegan ou sopas gourmet para gatos”.
V
Análise de estudo: a Nível Mundial
VI
Entrevista á deputada Cristina Rodrigues
PERFIL DA ENTREVISTADA
PERFIL DO PARTIDO
O PAN intitula-se um partido de causas, defensor dos direitos das pessoas, dos animais
e da natureza. Foi fundado em 2009 com outra designação, chamava-se PPA – Partido
Pelos Animais, mas em 2011 quando foram ultrapassadas as questões burocráticas e foi
inscrito no Tribunal Constitucional, os líderes desta organização política optaram por
alargar o campo de intervenção. Chamaram-lhe PAN Partido Pessoas, Animais e
Natureza.
Nas segundas eleições legislativas a que se candidatou, em outubro de 2015, o PAN foi
a quinta força política mais votada, conseguindo eleger, em Lisboa, um deputado
nacional. André Silva é o parlamentar que dá voz no hemiciclo da Assembleia da
República às ideias e propostas do PAN.
Desde que tem acento parlamentar o PAN tem feito inúmeras propostas sobre os
direitos dos animais.
Na entrevista que se segue procurámos ouvir as razões, as causas e o contexto social das
alterações legais propostas.
Foi numa sala da Assembleia da República, em Lisboa, no dia 30 de Outubro de 2018,
que Cristina Rodrigues, chefe de gabinete do PAN e por indisponibilidade de agenda do
deputado André Silva, recebeu a equipa do nosso grupo de trabalho.
Demos início á entrevista, começando por perguntar:
Grupo: “EM 1995 FOI APROVADA UMA LEI DE PROTEÇÃO DOS ANIMAIS
QUE NO SEU PRIMEIRO ARTIGO PREVIA QUE “SÃO PROIBIDAS TODAS AS
VIOLÊNCIAS INJUSTIFICADAS CONTRA ANIMAIS, CONSIDERANDO-SE
COMO TAIS OS ATOS CONSISTENTES EM, SEM NECESSIDADE, SE INFLIGIR
A MORTE, O SOFRIMENTO CRUEL E PROLONGADO OU GRAVES LESÕES A
UM ANIMAL”.
EM 2017, 3 DE MARÇO, OS DEPUTADOS DO PS, PSD, BE E O PAN UNIRAM-SE
E APROVARAM UMA NOVA LEGISLAÇÃO QUE ESTABELECE O NOVO
ESTATUTO JURÍDICO DOS ANIMAIS. O QUE SIGNIFICA ESTA ALTERAÇÃO?
CR: A questão é distinguir entre pessoas humanas e não humanas.
Existe uma corrente doutrinária que defende que os animais devem ser
classificados como pessoas não humanas.
Na Índia, por exemplo, os golfinhos já foram identificados dessa forma.
A ideia é abrir uma reflexão sobre esse assunto e encontrar a melhor maneira de
fazer a classificação dos animais.
Neste caso, a lei anterior, não refletia a verdade biológica sobre os animais.
Qualquer pessoa entende que um cão, um gato ou uma vaca não são coisas. Uma
coisa é imóvel, uma secretária, um móvel.
A lei, para facilitar a troca de bens ou os negócios jurídicos sobre os animais
classificou-os como animais. Esta mudança de classificação como animais é muito
importante do ponto de vista legal.
Foi conseguida esta classificação para todos os animais e não só para alguns, como
acontece na lei de Criminalização de animais, que só fala de animais de companhia.
Houve alterações no Código de Processo Penal e, mesmo, no Código Civil em
relação às coisas. Passou de ter de se identificar coisas e animais para fazer essa
distinção.
Para além disso, há depois dessas consequências imediatas de reconhecimento
como animais, que têm a ver com a propriedade dos animais e que tem de ser
diferente da propriedade das coisas.
Por exemplo: eu tenho um copo, posso parti-lo, se eu quiser, mas um animal já não
é assim.
Há aqui uma limitação ao direito de propriedade sobre os animais.
VII
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Inquérito por questionário
https://sensientfoodcolors.com/pt-br/mercados-globais/humanizacao-dos-
animais-de-estimacao/;
https://www.saberviver.pt/bem-estar/relacoes-e-familia/humanizacao-de-
animais-como-criancas/;
https://www.imagensdemarca.pt/artigo/a-humanizacao-dos-animais-
domesticos-pelos-portugueses/;
https://pt.scribd.com/document/134252486/HUMANIZACAO-DOS-ANIMAIS;
https://dre.pt/home/-/dre/106549655/details/maximized
https://dre.pt/pesquisa/-/search/562269/details/maximized
https://dre.pt/pesquisa/-/search/114913768/details/maximized
Anexo
Anexo V – pág. 9;