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Extensão do trauma:
INCIDÊNCIA: lembrar que homens são mais acometidos (10:1) e crianças também, pela
baixa altura renal e menor depósito de gordura perirrenal; a faixa etária mais acometida vai de 20-40
anos de idade;
ANATOMIA: rim está associado a diversos órgãos, o que implica risco de acometimentos
múltiplos; além de que, está próximo à aorta e veia cava inferior; está preso ao espaço retroperitonial
pelo pedículo vascular e ureter, o que implica fácil locomoção do mesmo frente à desacelerações ou
acelerações (ocasionando avulsão do sistema coletor e lesão vascular);
SINTOMATOLOGIA:
A hematúria está presente na maioria dos pacientes com lesões renais penetrantes ou fechadas,
mas a intensidade da hematúria não se relaciona diretamente com a gravidade da lesão. Nos
casos de pequenas lesões parenquimatosas, pode não haver hematúria ou esta ser muito
discreta. Entretanto, a ausência de hematúria pode ocorrer nos casos de avulsão do ureter
associada a trauma renal, obstrução ureteral por coágulo ou fragmento de tecido renal ou
mesmo em extensas lesões do parênquima ou do pedículo renal, ou seja, situações em que
nem urina nem sangue alcançam a bexiga.
O quadro pode ser acompanhado por dor abdominal, que, às vezes, irradia-se para o escroto
ou grandes lábios, simulando cólica renal.
Massa palpável no flanco é indicativa de grande hematoma retroperitoneal e lesão renal grave.
DIAGNÓSTICO:
Exame de urina: deve ser feito em todos os casos de traumatismos abdominais, mesmo na
ausência de sinais de comprometimento renal.
O estudo radiológico pode ser iniciado com a urografia excretora. Este exame pode
demonstrar a presença ou não de dois rins funcionantes e sinais que podem indicar hematoma
no retroperitônio, como borramento da sombra do músculo psoas e desvio da coluna vertebral.
Tomografia computadorizada parece ser o método de imagem de escolha para o trauma renal;
TRATAMENTO:
Nos traumas fechados, com suspeita de lesão renal, a avaliação radiológica apropriada,
associada à observação clínica rigorosa, determinará se o tratamento deve ser clínico, como ocorre
na maioria dos casos, ou se a intervenção cirúrgica é necessária.
Para facilidade de conduta, nos traumas fechados, podemos separar os pacientes com
hematúria em:
1. Hemodinamicamente estáveis:
TRAUMA RENAL
Traumas renais contusos são causados, principalmente, por acidentes automobilísticos e
quedas de altura.
Traumas renais penetrantes são, geralmente, oriundos de ferimentos por armas de fogo ou
brancas. Qualquer ferimento penetrante no abdome superior, no flanco e no tórax inferior deve
levantar suspeita para o acometimento renal.
Paciente com patologias renais preexistentes, como rim “em ferradura”, hidronefrose, rins
policísticos ou tumores, são mais suscetíveis a lesões secundárias ao trauma;
CLASSIFICAÇÃO:
Grau II: laceração < 1cm (córtex); hematoma contido pela fáscia de Gerota;
Grau III: laceração > 1 cm (cortiço-medular); Não atinge sistema coletor (não
extravasa urina pela lesão)
Grau IV: laceração atinge sistema coletor. Lesão ou trombose de Veia ou Artéria
segmentar.
Graus IV e V – lesões maiores; tto cirúrgico; na lesão de pedículo renal, se o diagnóstico for
rápido pode-se tentar revascularizar.
Indicações de nefrectomia:1. sangramento incontrolável; 2. explosão renal; 3. lesão de
pedículo irreparável (pode colocar prótese ou enxerto).
TRAUMA URETERAL
Devido à localização profunda na pelve, a bexiga urinária está menos exposta aos traumas.
Lateralmente, está protegida pelos ossos pélvicos, inferiormente pelo diafragma urogenital e
posteriormente pelo reto. Entretanto, quando está cheia, o seu volume é maior e
a proteção menor.
As lesões vesicais por agentes penetrantes, como arma de fogo ou branca, ou por instrumentação
endourológica, são pouco frequentes.
Os traumas fechados, localizados na parte inferior do abdome, podem produzir dois tipos de lesões
distintas:
1. Rotura vesical extraperitoneal: encontrada em pacientes com fratura de bacia (95%),
nos quais o trauma vesical se faz por penetração de fragmentos ósseos na bexiga (parede
anterior e lateral) ou por arrancamento dos ligamentos pubovesicais e da fáscia
endopélvica.
2. Rotura intraperitoneal: ocorre com a bexiga cheia. O trauma externo provoca
aumento súbito da pressão intravesical, com consequente rotura da parede vesical na
área de menor resistência, ou seja, na cúpula vesical. Provoca irritação peritoneal difusa;
DIAGNÓSTICO: inicia-se com uma procura de lesão uretral associada com uretrografia.
Verificada a integridade da uretra, pode ser realizado o cateterismo vesical e a cistografia,
injetando-se cerca de 200ml a 300ml de contraste iodado;
No trauma vesical observa-se extravasamento de contraste no local da rotura e/ou
modificação da forma da bexiga pela compressão exercida pelo hematoma perivesical.
Na rotura intraperitoneal, o extravasamento se dá para dentro da cavidade peritoneal,
enquanto na extraperitoneal, respeita o espaço perivesical.
O método complementar padrão-ouro para o diagnóstico de trauma vesical é a
cistografa retrógrada.
A tomografa com contraste é uma alternativa no diagnóstico de trauma vesical, e, quando
realizada de maneira adequada, seus resultados são semelhantes aos da cistografa, com a
vantagem de estudar concomitantemente o trato urinário superior.
TRATAMENTO:
A sutura da lesão deve ser feita sempre que possível.
Deve-se manter drenagem contínua da urina no pós-operatório, por meio de sonda de
Foley, a fim de evitar a distensão do órgão, permitindo melhor cicatrização;
O espaço de Retzius é drenado como na cavidade abdominal, para evitar infecções
generalizadas ou abscessos locais.
Situações especiais de pequenas roturas extraperitoneais, a simples drenagem vesical, por
meio de uma sonda de Foley
TRAUMA URETRAL
Anatomicamente, a uretra masculina é dividida pelo diafragma urogenital em duas regiões:
URETRA POSTERIOR
A rotura da uretra membranosa é, entre as lesões uretrais, a mais frequente. Nas lesões
da uretra membranosa predomina a rotura, sendo bastante raro o ferimento da uretra
membranosa.
Traumas da porção posterior são, geralmente, ocasionados por fraturas da bacia.
A transformação de uretra profunda em uretra superficial ocorre em relação íntima com o
diafragma urogenital, cruzando o ligamento transverso da pelve (ligamento de Henle).
Confere grande fixação da uretra!
Somente em casos excepcionais pode haver rotura da uretra membranosa sem fratura da
bacia.
Mecanismo de guilhotina: uretra membranosa são quase sempre totais e completas, devido
a um mecanismo de guilhotina por garra.
*Nos casos em que há lesão vesical associada, tenta-se a sutura vesical, que nem
sempre é realizável, em virtude da localização e da irregularidade das
bordas da lesão. Porém, com boa drenagem vesical, haverá cicatrização.
URETRA PENIANA
Tanto as roturas como os ferimentos da uretra peniana são raros!
Rotura da uretra peniana está associada à ereção do pênis;
Rotura verifica-se por choque direto ou flexão brusca (coito ou masturbação).
QUADRO CLÍNICO: dor e uretrorragia.
Uretrorragia existe em casos de rotura parcial interna e NÃO
existe em rotura parcial externa.
TRATAMENTO: em casos mais simples, uma sonda de demora resolve, mas em casos mais
complexos necessita-se da cirurgia;
O procedimento (uretrorrafia) consiste na sutura da lesão, sendo
necessária em geral a ressecção das bordas da ferida, seguida da
anastomose terminoterminal com categute cromado 3-0, com
pontos separados.
URETRA BULBAR
A causa mais comum da rotura da uretra bulbar é a queda a cavaleiro;
As lesões da uretra podem ser parciais e completas. Costumam-se distinguir os seguintes tipos
de lesão, mais teóricas que verdadeiras: intersticial, lesão do tecido esponjoso; parcial, lesão da
mucosa uretral; parcial externa, lesão da túnica externa; total, todas as camadas são lesadas.
DIAGNÓSTICO: roturas totais caracterizam-se clinicamente por uretrorragia, hematoma
perineal e impossibilidade de micção; estado geral do paciente é bom, em contraposição ao do
doente com rotura da uretra membranosa; uretrocistografia;
TRATAMENTO: A conduta será sempre cirúrgica, com perineotomia e uretrorrafia
terminoterminal, esvaziamento do hematoma e hemostasia. A sutura uretral realiza-se com
categute cromado 3-0, atraumático, com pontos separados.
O paciente deverá periodicamente submeter-se a avaliação uretral, em virtude de
estreitamento que via de regra se estabelece. O estudo do fluxo urinário é o mais
indicado, necessitando eventualmente estudo radiológico ou calibragem uretral com
sondas.