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Motivação e liderança em empreendimentos socialmente responsáveis

1.0 Introdução

É possível perceber, atualmente, um aumento da participação ou criação de


projetos sociais pelas empresas privadas, com ou sem a ajuda do Estado, visando a
melhoria da qualidade de vida da população e diminuir a desigualdade social. Essas
empresas com responsabilidade social, no entanto, não se isentam da obtenção do lucro,
porém é possível observar empresas que se implicam em projetos de melhoria social nos
locais em que operam, de modo que essa atividade com responsabilidade social
constitui um importante elemento do próprio modo de ser da organização.

Nesse sentido, é interessante observar os fatores motivacionais envolvidos


nesses empreendimentos e como se dá a relação, nesse contexto, entre líder,
organização, o meio social do qual ela faz parte e suas motivações para, além do
trabalho organizacional, a ação social da organização e suas relações com o trabalho
feito por esta.

Diante disso, esta pesquisa objetiva explorar as relações entre motivação e


liderança nos empreendimentos com responsabilidade social a partir das visões de dois
líderes e suas concepções acerca de responsabilidade e ação social, levando em conta
suas motivações relacionadas ao trabalho que exercem e à ação social de suas
organizações.

2.0 Metodologia

Para a construção desta pesquisa, foram colhidos dados no evento A Sala,


promovido pelas Benditas, no qual participaram Márcia Ganem, presidente do Instituto
de Design e Inovação e Davi Hertz, fundador da Gastromotiva. Esses dados foram
gravados e posteriormente transcritos, para análise fundamentada em uma revisão da
literatura acerca do tema proposto.

3.0 Motivação e liderança em empreendimentos socialmente responsáveis

3.1 Responsabilidade Social Empresarial

Zarpelon (2006), define responsabilidade social como a que se assume diante da


sociedade, de modo a garantir melhor qualidade de vida aos cidadãos, gerando
empregos e, desse modo, crescimento e desenvolvimento da comunidade, com ações
justas, pagando e cobrando valores justos. É possível perceber, a partir desse conceito,
que as ações de responsabilidade social voltam-se para o crescimento local dos lugares
onde operam, num processo que faz parte do próprio modo operativo da empresa em
sua relação com a sociedade, transcendendo interesses individuais ou de uma minoria,
mas fazendo parte de interesses e valores coletivos.

Grajew (2001) aponta a percepção de que não há possibilidade do crescimento


de um negócio em uma sociedade que não é propícia a isso:
"uma sociedade empobrecida, com renda mal distribuída, violenta como a
nossa, não é uma sociedade propícia para os negócios [...] uma sociedade
deteriorada ameaça os próprios negócios e não adianta demitir os
funcionários, pois não terão quem compre, não terão uma sociedade justa."
(GRAJEW, 2001; p. 56)

Essa ideia tem alcançado um espaço cada vez maior nas organizações e, com
isso, surge a ideia de Gestão Social, voltada para o gerenciamento e práticas de cunho
social nas empresas, de modo que empresa e sociedade se beneficiam mutuamente.

Nesse contexto, é possível observar essa preocupação na fala de Márcia Ganem,


quando trata sobre o empreendimento socialmente sustentável:

"Então é abrir os olhos, porque, [...] isso não pode ser uma moeda só
financeira, acho que tem que ter um olho aberto em uma perspectiva aberta
pro bem-estar social [...] há que se ter a sensibilidade com a dimensão
humana, com a dimensão cultural, com essas importâncias e transformar
isso de uma forma menos agressiva no valor econômico também." (Márcia
Ganem)

Percebe-se aí, portanto, que a ação de responsabilidade social consiste numa


relação em que se faz necessário um alinhamento entre comunidade e empresa, de modo
que sua ação, ao visar crescimento e desenvolvimento, não termine por ser danosa à
cultura e bem-estar locais. Assim, é possível conceber a responsabilidade social
empresarial a partir de duas premissas: que os negócios existem para o benefício da
sociedade, e seu comportamento e seus métodos de operação devem seguir as diretrizes
definidas por esta; a segunda, de que os negócios atuam como agentes morais dentro da
sociedade, ou seja, organizações refletem valores. (WARTICK, COCHRAIN, 1985
apud OLIVEIRA, 2008). É preciso haver uma integração, uma relação de troca entre
organização e comunidade, visão também apresentada por Davi Hertz:

"[...] poder atuar em uma favela foi o maior presente que eu recebi da vida
porque eu aprendi ali que você não domina o conhecimento, você troca o
conhecimento, você faz as coisas juntos e tudo isso começou a mexer comigo
[...]" (Davi Hertz)

Para isso, portanto, é preciso que haja coerência entre a ação da organização e os
interesses da comunidade, de modo que possam trabalhar em conjunto em benefício de
ambas. Orchis (2002) afirma que a prática da responsabilidade social pode melhorar o
desempenho e a sustentabilidade da empresa e médio e longo prazo, proporcionando
valor agregado à imagem corporativa da empresa, motivação do público interno,
posição influente nas decisões de compras, vantagem competitiva e melhoria do clima
organizacional.

3.2 O Papel do líder

Diante disso, é possível perceber que cabe aí, segundo Porter e Kramer (2006,
apud OLIVEIRA, 2008) o papel integrador da liderança, conciliando os interesses da
empresa e da sociedade, o que envolve uma mudança de atitudes, conhecimentos e
habilidades para enfrentar questões sociais, ambientais e econômicas, gerando
benefícios para a empresa e sociedade.

A figura do líder socialmente responsável é concebida como quem projeta novos


futuros para a organização, além de seus limites legais e físicos, trabalhando com
públicos externos para a construção de novas parcerias e abrir novos diálogos, visando
resultados sociais e ambientais. (BOECHAT, 2007, apud OLIVEIRA, 2008). Ao falar
sobre sua experiência na relação com as rendeiras de Saubara, Márcia Ganem trata
sobre essa questão da inovação e das relações externas, numa relação cooperativa entre
ambas:

"Então, o que primeiro era pegar o artesanato tradicional e colocar num


escopo inovador passou a ser a possibilidade de junto com elas, numa
relação cooperativa, pra criar até novas tipologias, como foi o caso com
Saubara, em que a gente criou a renda flor-da-maré." (Márcia Ganem)

Salienta ainda a importância de um diálogo com a comunidade, para que seja


possível um alinhamento entre comunidade e organização, de maneira que seja possível
que ambas sejam beneficiadas, seguindo a ideia de um desenvolvimento comunitário
que beneficia a organização:

"Quer dizer, tem que sentar com a comunidade pra conversar, entendeu? E
ver de que forma pode haver uma... um mútuo-benefício de alguma maneira,
aquela empresa dali, como que ela pode se beneficiar, entendeu, com esse
desenvolvimento local." (Márcia Ganem)

Diz ainda, ao falar sobre as relações com outras instituições, que:

"[...] eu penso que, por exemplo, assim, a questão de você chamar pro
relacionamento é importante, você não sabe o que vai dar nessa sinergia,
mas essa mesa de encontro, como a gente tava fazendo ali, que eu mostrei
que eram pessoas da cultura local, junto com a prefeitura, junto com a
universidade conversando, isso é muito importante [...]" (Márcia Ganem)

É interessante observar que nesse processo de diálogo e estabelecimento de


relações externas há uma mobilização de pessoas, um gerenciamento de
relacionamentos em função do objetivo, o que também pode ser percebido dentro das
atribuições do líder nesse contexto. É possível notar esse processo de mobilização no
relato de Davi Hertz, em que ele fala sobre o "nascimento" da Gastromotiva no Rio de
Janeiro:

"[...] ai eu olhei pra Cátia e disse: vamos fazer isso, ai ela disse: 'fechado!
Aqui em baixo tem uma Universidade, eu já ligo pra Universidade', ligou pro
reitor, a gente sentou no boteco e naquela noite nasceu a Gastromotiva no
Rio de Janeiro. Ai eu falei: 'cara, nasceu, e agora?' Nasceu, a gente não está
preparado pra isso, não tem dinheiro [...]. Daí tinha um evento em São
Paulo com os chefes do mundo todo, daí eu falei: 'vamos levar esses chefes
pra cozinhar na favela?'" (Davi Hertz)
Conclui ainda que:

"o que eu gosto da Gastromotiva é que de alguma forma, nós conseguimos


engajar toda uma equipe e um grupo, apoiadores e patrocinadores, aqueles
que doam seu tempo e professores que fazem dessa organização, uma
organização delas" (Davi Hertz)

Assim, é possível perceber a importância desses processos, no sentido de trazer


as ideias para o plano real, mobilizando pessoas e recursos para isso e de como essa
relação contribui para o sucesso da ação social de maneira proveitosa para a
organização e, ainda, a importância do papel do líder como articulador e possibilitador
desses processos.

3.3 Motivação

Resta analisar um último aspecto do tema, que é a motivação. Esta pesquisa tem
como base a motivação dos líderes em suas ações socialmente responsáveis, o que
envolve, além dos interesses da organização, os interesses do próprio líder em questão.
Márcia Ganem fala sobre a importância da motivação em seu trabalho, ao relatar o seu
processo de descoberta e decisão da sua preferência pelo trabalho com comunidades
tradicionais:

"Então sempre teve um desconforto com relação a isso e eu passei por


algumas crises, assim, de moda, né, com esse relacionamento com a moda. E
teve um dia em que eu me perguntei assim: 'certo, mas e aí, qual é mesmo o
barato com isso?' [...] né, porque cê tem que tá bem com o que cê faz, cê tem
que tá apaixonada e motivada, se é o ambiente de criação, cê tem que tá
bem, tem que tá... aquilo tem que alimentar sua alma." (Márcia Ganem)

Herzberg aponta cinco fatores motivacionais para o indivíduo numa


organização: reconhecimento; responsabilidade; realização pessoal e conquistas; o
trabalho em si; e a ascensão. Nesse contexto, é possível identificar alguns desses fatores
nas falas de Márcia Ganem e Davi Hertz:

"Aí eu tava andando no Capão, e eu digo 'tá certo, mas o que é que você
gosta com essa coisa de moda? O que é que é aquilo que realmente você
gosta, que te motiva e que você, daqui a muitos anos, você vai olhar e vai
dizer: 'poxa, mas isso ainda alimenta a minha alma''. Aí eu pensei e me
respondi que o que realmente eu gostava na moda era o trabalho com as
comunidades tradicionais. Isso era o que eu gostava. Isso era a coisa que eu
mais gostava." (Márcia Ganem)

"acho que é isso, a gente vai abrindo campos de energia mesmo para a
Gastromotiva se prolifera e criar essas novas economias, muitas vezes a
moeda da troca é o valor humano, o olhar, o reconhecimento, o sentimento
de gratidão e pra nós, o ato de comer é pra trazer essa energia do planeta
pra fluir mais" (Davi Hertz)

Aqui é possível observar que, enquanto Márcia Ganem aponta como principal
fator motivacional seu interesse pelo trabalho com comunidades tradicionais, ou seja, o
trabalho em si; Davi Hertz revela ser motivado pelo crescimento da Gastromotiva, que
pode ser associado ao fator motivacional de realização pessoal e conquistas, e pelo que
se expressa através das suas relações com as pessoas: o sentimento de gratidão, o
reconhecimento, fator também apresentado por Herzberg.

Já como fatores desmotivacionais, Márcia Ganem diz que:

"Eu... eu diria assim, que eu me sinto muito frustrada, porque assim, eu sinto
que as comunidades tradicionais, elas estão desfavorecidas [...] a gente sabe
como manter essas tradições, assim, a gente tem muito dessas tradições
artesanais [...] porque a gente precisa que isso se transforme em política
pública. Entendeu? E a gestão pública, ela não tem olhar sobre isso [...]"
(Márcia Ganem)

Percebe-se, então, uma preocupação com o desenvolvimento das comunidades


tradicionais, que constituem parte essencial para o seu trabalho e motivação. Davi Hertz
falou sobre algumas dificuldades da Gastromotiva, mas não apresentou fatores
desmotivacionais.

4.0 Conclusão

Diante do que foi exposto, é possível concluir que o sucesso de um


empreendimento socialmente responsável envolve, além da dinâmica das relações
empresa-comunidade, habilidades e competências das lideranças que representarão
essas organizações na relação com a comunidade, tendo também o papel de articular-se
com esta numa relação mutuamente benéfica.

Percebe-se também a importância da motivação nessa relação, em que, a nível


organizacional, está relacionada aos ganhos para a organização à médio e longo prazo, e
para os líderes, à execução do trabalho e às conquistas e realizações.

Nos entrevistados, foi possível observar uma posição crítica a respeito das
motivações organizacionais em busca de lucro, afirmando a necessidade de observar o
bem-estar social da comunidade, respeitando a cultura e estabelecendo um alinhamento
com esta, para que a ação social dê certo.

Assim, a ação da empresa socialmente responsável envolve fatores que possuem


implicações entre si, de modo que o líder precisa manejar esses fatores, observando
processos internos da organização e externos a ela, visando o desenvolvimento social e
maneiras de beneficiar com ele a organização.
5.0 Referências

GRAJEW, O. Responsabilidade Social nas Empresas. São Paulo: Atlas, 2001

Instituto Brasileiro de Coaching. Teorias da motivação. Disponível em:


<http://www.ibccoaching.com.br/tudo-sobre-coaching/lideranca-e-motivacao/teorias-
da-motivacao/> Acesso em: 04/12/2014

OLIVEIRA, A. M. F. O papel da liderança na implementação do processo de


responsabilidade social empresarial. 2008. Disponível em: <http://btd.egc.ufsc.br/wp-
content/uploads/2008/11/Angela-Fleury.pdf> Acesso em: 04/12/2014

ORCHIS, Marcelo A. Responsabilidade Social das Empresas: A contribuição das


universidades. São Paulo: Peirópolis: 2002.

ZARPELON, Marcio Ivanor. Gestão e Responsabilidade Social: NBR 16001/ SA 8000


- implantação e prática. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006.
6.0 Anexos

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