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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE ARTES - UERJ


SEMINÁRIO DE HISTÓRIA CRÍTICA DA ARTE E TEORIA DA ARTE I - MANHÃ
ALUNO: FELLIPE EDUARDO GONÇALVES AMORIM
MATRÍCULA: 201710190611

Segundo Luis Quesada (2019), o ativismo realizado pelas lutas indígenas


contra as grandes corporações extrativistas e até mesmo o Estado, são as mais
importantes em conjunto da tentativa de desconstrução do pensamento colonial
existente no contexto educacional e midiático. Ativismo necessário na vida
contemporânea que busca uma valorização cultural das populações indígenas e
de seus saberes ancestrais, que adentram as áreas da literatura, escultura e das
artes visuais.
No Brasil há importantes artistas indígenas atuando no dentro circuito de
arte contemporânea como representantes desse ativismo anti-colonialista.
Denilson Baniwa, pertencente à etnia Baniwa, que vivem na fronteira entre Brasil,
Colômbia e Venezuela, é um artista visual, ilustrador e comunicador ativista dos
direitos indígenas e cofundador da Rádio Yandê, primeira rádio indígena online do
Brasil.
Dentro das ações do artista, a rádio tem grande importância pelo aspecto
educativo, mantendo viva a cultura dos povos indígenas e difundindo através da
ótica tradicional da fala e da escuta, mas agregando a tecnologia e a internet.
Dentro de sua produção artística Baniwa possui um caráter político marcante que
demonstra através de sua ótica indígena os acontecimentos históricos que foram
retratados de forma diferenciada na construção do pensamento colonialista.
“DECOLONIZE o descobrimento do Brasil” (Denilson Baniwa, design gráfico, 2017).

Seu trabalho “DECOLONIZE o descobrimento do Brasil”, trata da


desconstrução da imagem de um homem visto na história como importante e
corajoso desbravador que descobre o Brasil e na imagem tem seu busto alterado
e transformado em um pirata. Os elementos inseridos pelo artista vão de encontro
a ideia de que a terra “descoberta” já era habitada anteriormente, passando a ser
saqueada pelos europeus que ignorando os verdadeiros donos das terras,
invadiram e passaram a explorar suas riquezas e impor seus próprios costumes.
O fato de o artista se apropriar de elementos tecnológicos para produzir
sua arte adentra no campo de diversas discussões como o ético-estético,
abordando os contornos histórico-sociais ligados intimamente segundo Larissa
Lara (2004), as mudanças na vida social que levam a transformações nas vidas
moral e estética, cujos princípios, normas e valores tendem a serem modificados
para atender aos anseios do homem.
Trata-se de um anseio por direitos que já deveriam existir mas são
ignorados por conta da construção ideológica histórica e social sobre à imagem
dos povos indígenas. Assim Denilson Baniwa se insere também no campo do que
Quesada, nomeia de uma “Cibercultura Indígena”, tomando grande importância
por suas dimensões de alcance políticas, culturais e comunicacionais, rompendo
as fronteiras existentes pelo uso das tecnologias para transmitir suas mensagens.
Desta forma tem sido possível discutir também, a problemática ideológica
existente no imaginário nacional, no qual, o índio deixa de ser índio quando passa
a utilizar a tecnologia global. Esta é abordada no quadro de Luis Quesada “Homo
Transfronterizus Sapiens” de 2012, ao retratar o líder da etnia Caiapó, Raoni
Metuktire, grande ativista socioambiental na luta pela preservação da natureza e
contra a expansão das grandes empreiteiras e do Estado sobre as áreas
indígenas, utilizando um notebook para transmitir sua mensagem.
O artista utiliza-se do jogo de palavras com o termo utilizado para
descrever cientificamente o ser humano (Homo Sapiens), juntamente da palavra
transfronteiriço para demonstrar que os indígenas são capazes de atravessar
barreiras tanto quanto, quaisquer outras pessoas sem perder sua origem social e
cultural. E que a aceitação dessa ideia passa pela educação moral/ética, que não
é uma forma de internalizar “normas corretas”, mas de evidenciar que as normas
são necessárias como parâmetros no estabelecimento de princípios mínimos de
convivência humana e que qualquer projeto de formação moral/ética exige o
estabelecimento de princípios universais mínimos que sejam vinculantes para
todos, o que não existe na sociedade atual, mas que de certa forma tem sido
encontrado dentro da internet.
“Homo Transfronterizus Sapiens” (Luis Quesada, 2012; óleo sobre madeira, 125cm x 95
cm).

E que tem sido utilizada para demonstrar também as diversas formas de


violência contra os povos indígenas, representadas na série de trabalhos “Alvos
Vivos” de Baniwa, que critica o assassinato de 118 indígenas no ano de 2016,
demonstrando segundo Quesada, a violência moral, psicológica, sexual e
institucional. A forte representação das figuras indígenas com alvos que possuem
as inscrições “Alvos Vivos” e “Indígenas Indigentes”, são retratos da realidade
vivida pelos povos indígenas espalhados por diversas localidades do país.

“Falta de atendimento social e médico que mata mulheres indígenas em todo o país”, Série
Alvos Vivos (Denilson Baniwa, 2017; acrílico recortado eletronicamente e serigrafado, 160
cm de altura).

Trata-se da utilização da arte como meio de expressão para os povos


indígenas, uma ferramenta de denúncia social e política para as causas sociais e
ambientais que envolvem os aspectos indígenas, não atendo-se apenas as
próprias causas mas também às apropriações que as culturas consideradas
dominantes fazem das culturas consideradas minorias.
Evidentemente, a repercussão disso não muda as coisas de
imediato, mas contribuem para uma série de reflexões,
enriquecendo os debates nacionais e internacionais sobre a
questão de tais desigualdades que ocorrem no mundo
globalizado, além de penetrar na mídia nacional e internacional,
gerando reflexão crítica por meio do artivismo indigenista.
(Quesada, 2019, p.137).

BIBLIOGRAFIA
QUESADA, Luis Roberto Andrade. ​Artivismo Indígena e Indigenista. ​São Paulo,​ ​2019.
LARA, Larissa Michelle. ​O Sentido Ético-Estético do Corpo Na Cultura Popular. ​São
Paulo, 2004.
ALMEIDA, Maria Regino Celestino de. ​Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro:
Ed. da FGV, 2010.
BOURDIEU, Pierre. ​A Miséria do Mundo​. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

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