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Fernanda Andrade Ferreira¹; Laila Vasconcelos Coelho Silva²; Pedro Henrique de Souza Rabello ³;
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Vinicius Silva Oliveira ; Patrícia Barreto Costa Nico .
RESUMO
Introdução: A Síndrome de Down (SD) é uma patologia causada pela trissomia do cromossomo
21. A criança com Síndrome de Down apresenta como características: retardo mental, hipotonia,
frouxidão ligamentar e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM). Objetivo: Caracterizar
a intervenção fisioterapêutica por meio da estimulação precoce no desenvolvimento neuropsicomotor
de crianças com Síndrome de Down. Método: Revisar a literatura ultilizando artigos científicos
publicados em bases de dados como BIREME, LILACS, SCIELO E MEDLINE e teses. Discussão: O
desenvolvimento motor é a mudança nas ações e padrões de movimentos que ocorrem no decorrer
da vida. A criança com SD possui esse desenvolvimento alterado devido a fatores genéticos. A
estimulação precoce é o conjunto de ações que proporcionarão à criança as experiências sensório-
motoras de que esta necessita desde o seu nascimento, para desenvolver ao máximo, seu potencial
neuropsicomotor. A fisioterapia utilizará diversos estímulos que vão intervir na maturação da criança
proporcionando, a ela, posturas que favorecerão o seu desenvolvimento motor. Conclusão: As
crianças com SD apresentam atraso no DNPM e a estimulação precoce é essencial. A
fisioterapia utiliza técnicas que irão proporcionar a aquisição de habilidades funcionais das
crianças minimizando atrasos. Novos estudos devem ser realizados para fortalecer as evidências
científicas.
ABSTRACT
Introduction: Down Syndrome (DS) is a disease caused by trisomy 21. The child with Down
Syndrome presenting as features: mental retardation, hypotonia, ligament laxity and psychomotor
developmental. Objective: Describe the physical therapy intervention through early stimulation on
psychomotor development of children with Down Syndrome Method: The literature review using
scientific articles published in databases such as BIREME, LILACS, SCIELO and MEDLINE and
theses. Discussion: The motor development is the change in actions and movement patterns that
occur throughout life. The child with DS has this altered development due to genetic factors. This is
essentially stimulation a set of actions that will allow the child experiences sensor motor it needs from
birth to develop the maximum potential milestones. Physical therapy through early stimulation use of
several stimuli that will intervene in the maturation of the child giving her the postures favoring the
development engine. Conclusion: All children with DS have developmental delay and early
intervention is essential. Physical therapy uses techniques that will facilitate the acquisition of
functional skills of children by minimizing delays. Further studies should be undertaken to strengthen
the scientific evidence.
principal objetivo da estimulação precoce é evitar bases de dados como Bireme, Lilacs, Scielo e
e/ou amenizar distúrbios do DNPM (RIBEIRO et Medline, e teses. As palavras-chave utilizadas
al., 2007; HALLAL, MARQUES, BRACHIALLI, foram Síndrome de Down, Estimulação Precoce,
2008). Fisioterapia e Desenvolvimento
Desta forma, a intervenção Neuropsicomotor. Foram selecionados os textos
fisioterapêutica precoce, tem por objetivos publicados no período de 2000 a 2010, nos
minimizar os atrasos da motricidade grossa e idiomas português e espanhol.
fina, prevenir instabilidades articulares e
deformidades ósseas e estimular a criança com 3. DESENVOLVIMENTO
SD por meio da utilização de técnicas do
conceito neuroevolutivo que favoreçam a aptidão 3.1 Desenvolvimento neuropsicomotor da
motora (RIBEIRO et al., 2007). criança com Síndrome de Down
O tratamento precoce é indicado como
uma forma de aumentar a interação do O desenvolvimento motor é a mudança
organismo com o ambiente, obtendo respostas nas ações e padrões de movimentos que
motoras próximas ao padrão de normalidade e ocorrem no decorrer da vida e está relacionado
prevenindo a aprendizagem de padrões atípicos com a idade de cada indivíduo. É um processo
de movimento e postura (HALLAL, MARQUES, ordenado, contínuo, seqüencial e progressivo,
BRACHIALLI, 2008; MATTOS & BELLANI, que se inicia com a própria vida, sendo
2010). É baseada em exercícios para o influenciado pela maturação (ARAÚJO,
desenvolvimento da criança conforme a fase em SCARTEZINI, KREBS, 2007).
que se encontra, proporcionando nos primeiros De acordo com Ferreira et al., (2009), o
anos de vida, o alcance do pleno estudo do desenvolvimento típico depende da
desenvolvimento (RIBEIRO et al., 2007; interação entre os processos perceptuais e
HALLAL, MARQUES, BRACHIALLI, 2008). motores durante a produção, correção e
Foi reunido nesse artigo o que a compreensão do movimento e qualquer
literatura abrange sobre o efeito da estimulação alteração neurológica pode levar a déficits nessa
precoce em crianças com SD para que a melhor interação, alterando as habilidades funcionais.A
abordagem possa ser feita com essas crianças. funcionalidade de crianças com SD é diminuída
O presente trabalho visa caracterizar a em relação à funcionalidade de crianças que não
intervenção fisioterapêutica por meio da as possuem (MANCINI et al., 2003).
estimulação precoce no desenvolvimento A criança com SD possui o
neuropsicomotor de crianças com Síndrome de desenvolvimento motor alterado por diversos
Down. fatores, tais como genéticos, dificuldades de
integração perceptiva, cognitiva e proprioceptiva
2. METODOLOGIA (ARAÚJO, SCARTEZINI, KREBS, 2007). De
acordo com Mancini et al., (2003) o desempenho
O artigo trata-se de uma revisão da funcional de crianças com SD é inferior ao de
literatura por meio de fonte indireta com crianças que não as possuem.
utilização de artigos científicos publicados em
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No estudo de MATTOS & BELLANI, habilidades funcionais existe uma interação entre
(2010) foi observado que a hipotonia está a idade e patologia, ou seja, com o avançar da
presente em 100% dos casos de recém natos idade, o desempenho e a independência da
com SD. A hipotonia contribui para que o criança com SD se aproxima do apresentado por
desenvolvimento inicial seja precário e isso crianças normais.
ocorre devido à carência de impulsos
descendentes que comandam um conjunto dos 3.2 Estimulação Precoce
neurônios motores na medula espinhal. Desta
forma o DNPM torna-se comprometido e com A estimulação precoce proporcionará
isso a criança passa por todas as fases do experiências sensório-motoras que vão intervir
desenvolvimento de forma lentificada, na maturação da criança. São condições
necessitando de um tempo maior para controlar necessárias para conseguir uma reação
a cabeça, o tronco, rolar, sentar, arrastar, dinâmica com o meio em que vive, ensinando à
engatinhar, andar e correr. criança posturas e movimentos mais próximos do
O andar é comum nas crianças com SD, padrão de normalidade favorecendo assim, o
porém elas realizam a marcha com uma base desenvolvimento e a aquisição de habilidades
alargada, maior oscilação de tronco e cabeça, funcionais das crianças (URZEDA et al., 2009;
não conseguindo manter os membros inferiores WILLRICH, AZEVEDO, FERNANDES, 2009;
em extensão completa, apresentando um grau RIBEIRO et al., 2007; FORMIGA, 2003;
de flexão em nível de tronco, quadril e joelho. MATTOS e BELLANI, 2010; HALLAL,
Crianças com SD aprendem a andar com atraso MARQUES, BRACHIALLI, 2008).
de um ano comparando a crianças com A atuação conjunta dos profissionais,
desenvolvimento típico MATTOS & BELLANI, que compõe a equipe que realiza a estimulação
2010). Para Felício et al., (2008), as crianças precoce, está direcionada para o
com desenvolvimento típico iniciam essa função estabelecimento da independência e inserção
por volta dos 13 meses, enquanto a criança com social das crianças, e torna-se indispensável
SD adquire a marcha com aproximadamente 20 para minimizar o atraso no desenvolvimento
meses. neuropsicomotor. É muito importante que a
O estudo realizado por Ferreira et al., equipe seja uma equipe de estimulação precoce
(2009) mostrou que as funções motoras grossas, multidisciplinar (ROMÃO, CAETANO, 2009) a
em crianças com SD, são compatíveis com o qual geralmente é formada por Médicos,
desenvolvimento típico, mas a coordenação Enfermeiros, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos,
motora fina, a precisão, coordenação, tempo de Psicólogos e Terapeutas Ocupacionais
realização de tarefas bimanuais, equilíbrio e a (MATTOS & BELLANI, 2010).
variabilidade motora não são compatíveis com o Os profissionais da área de saúde têm o
desenvolvimento típico além de apresentar papel importante de orientar todos os membros
diferentes graus de comprometimento. da família de criança com SD, assim como
Ao comparar crianças com SD à criança estimular vínculo com estas crianças. Quanto
com desempenho normal, Mancini et al., (2003), mais afeto e carinho essas crianças receberem
constataram que em relação a mobilidade e mais positivas serão as respostas ao tratamento
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Hallal e seus colaboradores, (2008) seus primeiros anos de vida, constitui a base do
seja preferencialmente antes dos 3 anos de ressaltar que cada criança tem seu próprio ritmo
idade, pois é nessa fase que ocorre maior de desenvolvimento, que deve ser percebido e
existentes e os que poderão surgir, aproximando criança com síndrome de Down ao de uma
ao máximo do desenvolvimento normal, tornando criança comum, nem exigir da criança além do
essas crianças independentes e fornecendo que ela é capaz, mas auxiliá-la a alcançar as
melhor qualidade de vida (MATTOS & BELLANI, etapas desse desenvolvimento da forma mais
independente por volta dos 10 meses de idade, e resolução de problemas (MATTOS & BELLANI,
permitiu que três crianças com idade entre 6 e 7 uma técnica fisioterapêutica, entretanto a
meses, que não possuíam o controle de tronco fisioterapia é indispensável nas patologias em
lactantes nos primeiros 18 meses de vida até a ALMEIDA, K. M., DUTRA, M. V. P., MELLO,
R. R. et al. Validade concorrente e
marcha independente, constituída por 58 itens
confiabilidade da Alberta Infant Motor Scale
divididos quatro subescalas: em habilidades em lactentes nascidos prematuros. Rev.
Jornal de pediatria, v. 84, n. 5, p. 442 –
prono (21 itens), supino (9 itens), sentado (12
448, 2008.
itens) e de pé (16 itens). O escore total é dado
ARAÚJO, A. G. S; SCARTEZINI, C. M;
pela somatória dos pontos. (ALMEIDA et al.,
KREBS, R. J. Análise da marcha em
2008). crianças portadoras de Síndrome de Down e
crianças normais com idade de 2 a 5 anos.
O escore das escalas foi conferido mês
Fisioterapia em Movimento, v. 20, n. 3, p.
a mês. O grupo controle apresentou 79-85, jul./set. 2007.
desempenho superior ao experimental em todas
BARATA, L. F.; BRANCO, A. Os distúrbios
as posturas, o ritmo das habilidades das fonoarticulatórios na Síndrome de Down e a
intervenção precoce. Rev. CEFAC. v. 12, n.
crianças com SD foi considerado lento e
1, p. 134 – 139, jan – fev. 2010.
crescente, nas mesmas posturas todos lactentes
CARVALHO, R. L.; ALMEIDA, G. L. Controle
realizavam intervenção fisioterapêutica
postural em indivíduos portadores da
convencional ou baseada no método síndrome de Down: revisão de literatura.
Rev. Fisioter Pesq. v. 15, n. 3, p. 304 – 308,
neuroevolutivo Bobath e terapia de Integração
2008.
Sensorial. Seis lactantes faziam terapia
DOMÉNECH, J.; GARCÍA-AYMERICH, V.;
ocupacional e três faziam fonoaudiologia.
JUSTE, J. et al. Rehabilitación Motora. Rev.
(PEREIRA, 2008). Neurol. v. 34, n.1, p. 148 – 150, 2002.