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A doutrina costuma conceituar Direito Penal sob três perspectivas, quais sejam:
1- a formal;
2- a material ou social;
3- a analítica.
Conceito formal: O direito penal é um conjunto de normas jurídicas pelas
quais o Estado proíbe determinadas condutas (ativas ou omissivas), sob a
ameaça da aplicação de uma sanção penal.
Conceito social: Trata-se de um modo de controle social que o Estado faz
uso. Este tipo de controle somente deve ser utilizado quando outras formas de
controle falharem, como por exemplo a família, moral, religião, bem como os
demais ramos do direito (Civil e o Administrativo), daí decorre o caráter
subsidiário do Direito Penal.
Analítico (dogmático ou formal analítico): É o que enfoca os elementos,
substraros ou requisitos do crime. O delito é concebido a partir da
convergência de uma conduta típica, antijurídica e culpável (conceito
tripartido), ou apenas como conduta típica e antijurídica (conceito bipartido).
O Direito Penal Objetivo constitui-se das normas penais, que podem ser:
→ Incriminadoras: descrevem os crimes e suas respectivas sanções;
→ Não incriminadoras: são as que tornam lícitas determinadas condutas;
afastam a culpabilidade do agente; esclarecem determinados conceitos;
fornecem princípios gerais para a aplicação da lei penal.
Direito Penal Subjetivo também conhecido como o jus puniendi doEstado,
traduz-se no direito de punir do Estado, concretizando a aplicação da norma
penal.
Qual a diferença entre o direito penal do fato para o direito penal do autor.
Podemos afirmar que somente a União pode legislar sobre Direito Penal?
Cuidado, nosso primeiro impulso é responder afirmativamente à questão, no
entanto, precisamos observar que, conforme disposto no parágrafo único do
art. 22, excepcionalmente a CF autoriza, mediante lei complementar,
que estados membros e o DF legislem sobre matérias específicas
relacionadas no artigo, confira:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho" (...);
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Como a medida provisória tem força de lei, então uma MP também pode
criar crime?
De jeito nenhum... crimes somente podem ser criados por lei em sentido
estrito, ou, como prefere a doutrina, vige o princípio da reserva legal, conforme
estabelece o art. 62 da Constituição, com redação dada pela EC 32/2001, que
dispõe sobre a proibição da edição de medida provisória em matéria penal,
seja ela prejudicial (o que já era pacífico em sede jurisprudencial) ou mesmo
favorável ao réu. Segundo a doutrina, o texto constitucional é cristalino e não
autoriza conclusão em sentido contrário.
Por fim, segundo Capez, nenhuma outra fonte subalterna pode gerar a norma
penal, uma vez que a reserva de lei proposta pela Constituição é absoluta, e
não meramente relativa. Nem seria admissível que restrições a direitos
individuais pudessem ser objeto de regramento unilateral pelo Poder Executivo.
Assim, somente a lei, na sua concepção formal e estrita, emanada e aprovada
pelo Poder Legislativo, por meio de procedimento adequado, pode criar tipos e
impor penas.
Pode-se afirmar que fere o princípio da reserva legal a criação de crimes e
a cominação de pena por meio de medida provisória?
Sim... o tema várias vezes já foi explorado em concursos, medida provisória
jamais pode criar crimes ou estabelecer penas, sob pena de ferir o princípio da
reserva legal.
Como as medidas de segurança não são penas, podemos afirmar que não
estão submetidas ao princípio constitucional da reserva legal em matéria
penal?
Errado, para a doutrina majoritária, bem como as principais bancas de
concursos, tal princípio também se aplica às medias de segurança, ao
argumento de que a Constituição Federal proclama que não há “crime” sem lei
anterior ou “pena” sem prévia cominação legal; ao fazê-lo, porém, emprega tais
vocábulos como sinônimos de “infração penal” (crime ou contravenção penal) e
“sanção penal” (pena ou medida de segurança).
Podemos afirmar que somente a União pode legislar sobre Direito Penal?
Cuidado, nosso primeiro impulso é responder afirmativamente à questão, no
entanto, precisamos observar que, conforme disposto no parágrafo único do
art. 22, excepcionalmente a CF autoriza, mediante lei complementar,
que estados membros e o DF legislem sobre matérias específicas
relacionadas no artigo, confira:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho" (...);
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Como a medida provisória tem força de lei, então uma MP também pode
criar crime?
De jeito nenhum... crimes somente podem ser criados por lei em sentido
estrito, ou, como prefere a doutrina, vige o princípio da reserva legal, conforme
estabelece o art. 62 da Constituição, com redação dada pela EC 32/2001, que
dispõe sobre a proibição da edição de medida provisória em matéria penal,
seja ela prejudicial (o que já era pacífico em sede jurisprudencial) ou mesmo
favorável ao réu. Segundo a doutrina, o texto constitucional é cristalino e não
autoriza conclusão em sentido contrário.
Por fim, segundo Capez, nenhuma outra fonte subalterna pode gerar a norma
penal, uma vez que a reserva de lei proposta pela Constituição é absoluta, e
não meramente relativa. Nem seria admissível que restrições a direitos
individuais pudessem ser objeto de regramento unilateral pelo Poder Executivo.
Assim, somente a lei, na sua concepção formal e estrita, emanada e aprovada
pelo Poder Legislativo, por meio de procedimento adequado, pode criar tipos e
impor penas.
Como as medidas de segurança não são penas, podemos afirmar que não
estão submetidas ao princípio constitucional da reserva legal em matéria
penal?
Errado, para a doutrina majoritária, bem como as principais bancas de
concursos, tal princípio também se aplica às medias de segurança, ao
argumento de que a Constituição Federal proclama que não há “crime” sem lei
anterior ou “pena” sem prévia cominação legal; ao fazê-lo, porém, emprega tais
vocábulos como sinônimos de “infração penal” (crime ou contravenção penal) e
“sanção penal” (pena ou medida de segurança).
1- Falso testemunho;
2- Autoaborto.
O CRIME COMISSIVO é aquele que descreve uma ação proibida pela norma
penal (Ex. Art. 129- Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem).
O CRIME OMISSIVO PRÓPRIO é o praticado por meio de uma omissão
(abstenção de comportamento), sendo que sua consumação dispensa qualquer
resultado naturalístico. (Ex.: art. 135- omissão de socorro).
A par de tais informações, o que seria o crime omissivo impróprio?
Como se classifica o crime que exige dois ou mais agentes para que reste
configurado?
São aqueles que consumam-se com a prática de um ou vários atos, como por
exemplo, o crime de lesões corporais (art. 129 do CP).
Crime de ação única: Art. 121. Matar alguém; Art. 129. Ofender a integridade
corporal ou a saúde de outrem, Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a
dignidade ou o decoro.
Crime de ação múltipla: Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou
prestar-lhe auxílio para que o faça; e o mais interessante tráfico de drogas, que
prevê 17 condutas alternativas que podem configurar o crime, confira:
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir,
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar.
Os crimes materiais são aqueles em que o tipo descreve a conduta e o
resultado naturalístico. Cite um exemplo de um crime de tal espécie.
Sim, de fato, todo crime possui resultado, pois, segundo a teoria normativa ou
jurídica, resultado é a lesão ou a possibilidade de lesão a um bem jurídico
tutelado pela norma penal.
Mas fique esperto, pois o que você não não pode afirmar é que todo crime tem
resultado naturalístico, pois como sabemos, os crimes de mera conduta não
apresentam resultados naturalísticos, ao passo que os crimes formais podem
ou não ter resultado naturalístico.
Nos termos do art. 13, caput, do CP, considera-se causa a conduta sem a qual
o resultado não teria ocorrido. No que se refere ao nexo de causalidade, qual
teoria adotada pelo CP?
Somente a cogitação é interna, logo, por não agredir qualquer bem jurídico,
jamais será punível.
São os seguintes:
1- Prática de um ato de execução (realiza-se parte do tipo objetivo);
2- Presença dos elementos subjetivos do tipo doloso (realiza-se o tipo
subjetivo);
3- Não-consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Não, existem algumas espécies de crimes que não admitem a tentativa, veja
quais são:
1- Crimes Culposos;
2- Preterdolosos;
3- Crimes de mera conduta (omissivos próprios);
4- Crimes habituais;
5- Crimes em que só haverá punição se ocorrer o resultado resultado.
Exemplo: participação em suicídio (art. 122);
6- Crimes de atentado (a lei pune a tentativa da mesma forma que o crime
consumado).
Exemplo: Crime de evasão mediante violência contra a pessoa. Art. 352 -
Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de
segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa.
Por fim, lembre-se que as contravenções penais não admitem tentativa.
Não, vimos que a tentativa ocorre quando o resultado não se produz por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
Na situação em análise o agente, voluntariamente desiste de prosseguir ou
impede que o resultado seja produzido, fazendo-se presente a DESISTÊNCIA
VOLUNTÁRIA, na primeira hipótese, ou o ARREPENDIMENTO EFICAZ, na
segunda. Nesses casos, o agente só responderá pelos atos praticados.
Exemplo: A, com Animus Necandi, atira contra B o ferindo, mas, mesmo
dispondo de munição, desiste de matar a vítima. Nesse caso, não ocorrendo a
morte de B, A responderá por lesões corporais e não por tentativa de
homicídio.
O tema ainda não se encontra pacificado, mas prevalece no STJ que não,
segundo o tribunal, não se trata a hipótese de crime impossível, por ineficácia
absoluta do meio, não incidindo o art. 17 do Código Penal, uma vez que ao teor
da jurisprudência da Corte, o fato do paciente estar sendo vigiado por fiscal
do estabelecimento comercial ou a existência de sistema eletrônico de
vigilância não impede de forma completamente eficaz a consumação do
delito, de modo a se reconhecer caracterizado o crime impossível, pela
absoluta ineficácia dos meios empregados".
Crime impossível – sistema de vigilância – não caracterização: “O sistema de
vigilância instalado nos estabelecimentos comerciais, seja eletrônico, seja
mediante fiscais de prevenção e perda, não se mostra infalível a prevenir
delitos de furto, pois a despeito de dificultar a ocorrência da inversão da posse
quanto ao bem jurídico protegido pela lei penal, não é capaz de impedir, por si
só, a ocorrência do fato delituoso” (STJ: HC 181.138/MG, rel. Min. Gilson Dipp,
5ª Turma, j. 08.11.2011).
EX. 1- O sujeito subtrai coisa alheia móvel pensando que a coisa é própria.
Ocorre o erro sobre a elementar alheia (CP, art. 155).
Ex. 2- Uma sujeito se depara com a carcaça de um carro, imaginando se tratar
de a coisa abandonada, apodera-se e leva a lata-velha para casa. Porém é
acusado de furto. No entanto, nesta situação, não responderá por crime algum,
pois não cometeu furto porque estava equivocado quanto à elementar coisa
alheia móvel, considerando que não há previsão de furto culposo.
Ex. 3- O agente pega uma caneta alheia, supondo-a de sua propriedade. Seu
erro não incidiu sobre nenhuma regra legal, mas sobre uma situação fática, daí
também não haver furto.
Ex. 4- O sujeito, pretendendo matar um animal, vem a matar uma pessoa
imaginando que seu alvo era um animal. Ocorre o erro sobre a elementar
alguém (CP, art. 121). Não responderá por homicídio doloso, pois não possuía
consciência e vontade de matar alguém (não tinha dolo). Neste caso,
importante destacar que poderá responder por homicídio culposo caso o erro
seja evitável.
Quais os efeitos da incidência do erro de tipo essencial?
Sim, não resta dúvida, visto que sujeito não possui a consciência nem a
vontade de cometer um crime.
Exemplo 1: mulher que pratica auto aborto (de forma consciente e voluntária)
sem ter conhecimento de que a conduta é típica. (Art. 124 - Provocar aborto em
si mesma ou consentir que outrem lho provoque).
Exemplo 2: o sujeito deixa de prestar socorro porque acredita que não está
obrigado, uma vez que não tem nenhum vínculo com a vítima, ou porque
acredita que não está obrigado a socorrer. (Art. 135 - Deixar de prestar
assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada
ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e
iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública).
Exemplo 3: Registro de menor, filho de outrem, como filho próprio praticado por
motivo de reconhecida nobreza e não ocultado pelo agente que tinha a plena
convicção de estar atuando licitamente (Art. 242 - Dar parto alheio como
próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou
substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil).
Está correto afirmar que atuará em estado de necessidade quem pratica o fato
para salvar de perigo atual direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável se exigir, que não provocou por sua vontade
nem podia de outro modo evitar?
José, supondo estar em perigo atual, não causado voluntariamente, para salvar
seu patrimônio de pequeno valor, mata uma pessoa. Nesta hipótese, podemos
dizer que José agiu em estado de necessidade.
Sim, uma vez que o agente agindo em legítima defesa imaginária pratica
realmente uma agressão injusta. Perceba que a legítima defesa real pressupõe
uma agressão injusta, e essa agressão injusta estará presente na legítima
defesa putativa, pois aquele que assim atua, atacando terceira pessoa, o faz de
maneira ilícita, permitindo a reação defensiva.
O agente que, em legítima defesa, disparar contra seu agressor, mas, por erro,
alvejar um terceiro inocente, não responderá nem no âmbito penal ou civil.
Sabemos que agressão injusta só pode ser conduta humana. Então podemos
afirmar que em casos de ataques de animais jamais teríamos hipótese de
legítima defesa?
Não, cuidado, não podemos responder assim de forma direta. Se for um ataque
espontâneo do animal, esse ataque configura perigo atual e, portanto, enseja
estado de necessidade.
No entanto, se o dono de um animal delibera o ataque, tal fato passa a ser
considerada uma agressão injusta, passando a permitir a incidência da legítima
defesa.
Errado. Não age em legítima defesa aquele que aceita desafio para
luta,respondendo os contendores pelos ilícitos praticados. Segundo
destaca Bitencourt, se a agressão injusta constitui o pressuposto da legítima
defesa, não é possível admitir uma defesa lícita em relação a ambos os
contendores, como é o caso típico do duelo, no qual ambos são agressores
recíprocos.
Errado, segundo o STJ, a lei proíbe à autoridade, aos seus agentes e a quem
quer que seja, desfechar tiros contra pessoas em fuga (Resp. 402.419/RO).
Veja que a hipótese aqui narrada também não se trata de legítima defesa em
face de agressão do perseguido.
Errado, segundo o STJ, a lei proíbe à autoridade, aos seus agentes e a quem
quer que seja desfechar tiros contra pessoas em fuga (Resp. 402.419/RO).
Segundo o Art. 26 do Código Penal, é isento de pena o agente que, por doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Da leitura do dispositivo acima, responda quais são as causas que excluem a
imputabilidade?
Sim, como vimos, tal previsão consta do Art. 45 e seguintes da Lei de Drogas
(Lei 11.343/ 2006):
Art. 45, é isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o
efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da
ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.
Não, fique esperto, a condição de indígena, por si só, não induz a esta
condição, sendo necessário, em regra, laudo pericial para aferir a
inimputabilidade.
Estaria correto afirmar que os menores de 18 anos, por não poderem sofrer
sanção penal pela prática de ilícito penal, não serão punidos?
Está correto afirmar que o marco temporal da maioridade penal aos dezoito
anos é determinado pela lei civil, não cabendo interpretação diversa na
legislação penal.
Correto, tá aí um belo exemplo de tal hipótese, neste caso, nos termos do art.
28, §1º, João deverá ficar isento de de pena, confira:
"Art. 28, § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa,
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento".
Em regra sim, haja vista que, ocorrendo após a consumação, não há que se
falar em contribuição para o crime já consumado. O que poderia ocorrer seria
um crime autônomo, como por exemplo a pessoa que oculta um cadáver para
encobrir o homicídio praticado por seu amigo ou hipótese de receptação após a
ocorrência do crime de furto.
Imagine o seguinte exemplo, "José, com intenção de matar seu desafeto João,
induz Pedro Bó a acreditar falsamente que um revólver está desmuniciado,
induzindo-o a atirar e passar um susto em João. Pedro Bó assim o faz, e para a
sua surpresa acaba matando João com o disparo. Podemos afirmar que nessa
situação houve concurso de agentes?
Segundo a teoria do domínio do fato, autor é aquele que possui o domínio final
do fato, ou seja, além de quem executa o fato, também é autor aquele que tem
o domínio consciente do fato dirigido para o fim, em outras palavras, tem as
rédeas da conduta criminosa.
Tal teoria se aplica aos crimes culposos?
Prevalece que sim, desde que o autor mediato tenha as condições especiais
exigidas pelo tipo penal.
Nos crimes de mão própria, nos quais o tipo penal exige do sujeito ativo
qualidade específica e, ainda, que realize a conduta pessoalmente, seria
possível a ocorrência de autoria mediata?
Não há, justamente por faltar um dos requisitos para o concurso de pessoas,
qual seja, o liame subjetivo.
É a que ocorre quando na autoria colateral, não se sabe qual dos autores
causou o resultado. Nesse sentido, a conseqüência é que, não sendo possível
descobrir quem é ou autor, aplica-se o princípio in dúbio pro reo, de forma que
na autoria colateral incerta ambos responderão por crime tentado.
O que diferencia a conduta do partícipe da do autor?
Vimos que o partícipe não realiza a conduta típica, apenas contribui para a
ocorrência desta. Quais as formas de participação?
Para a maioria da doutrina sim, desde que o partícipe não tenha o co-domínio
do fato (é mero participante), como por exemplo, na hipótese em que um
policial, ao presenciar um furto, deixa de agir, aderindo subjetivamente ao
crime.
Seria possível a aplicação de menor importância (art. 29, §1º, CP) ao coautor
do delito?
Não, haja vista que o coautor realiza o núcleo do tipo ou tem o controle da
situação, e tal instituto somente é direcionado ao partícipe, confira o texto legal:
Art. 29, § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser
diminuída de um sexto a um terço.
Sim, como por exemplo no tipo previsto no Art. 126, provocar aborto com o
consentimento da gestante, em que o agente provocador responde por este
crime, ao passo que a gestante que consentiu reponde pela figura do art. 124,
qual seja, provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque.
Não.
Penas » Imputáveis e Semi-imputáveis;
Medidas de Segurança » Semi-imputáveis e Inimputáveis.
Perceba que ambas modalidade de sanção penal são aplicáveis aos semi-
imputáveis, daí porque são chamados de fronteiriços.
Não, não existe regime inicial fechado na pena de detenção (CP, art. 33,
caput), a qual começa obrigatoriamente em regime semiaberto ou aberto.
Não, diz o art. 33 do CP é que o regime inicial será semiaberto ou aberto, não
vedando a possibilidade de regressão, conforme entendimento do Superior
Tribunal de Justiça, que admite o regime fechado nos casos de regressão de
regime.
Não, se não houver expressa menção quanto ao regime inicial, a dúvida deve
ser resolvida em prol do regime mais benéfico, desde que juridicamente
cabível.
Está correto afirmar que o condenado por crime contra a administração pública
terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à
reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado,
com os acréscimos legais?
Seria possível que A, réu primário, condenado a uma pena de 6 (seis) anos de
reclusão, inicie a execução da pena em um regime mais rigoroso que o previsto
para a quantidade de pena aplicada?
Sim, excepcionalmente, o juiz pode impor regime fechado mesmo que a pena
não seja superior a 8 anos (art. 33, § 2º, letra a, do CP), considerando que a
imposição de regime inicial fechado depende de fundamentação adequada em
face do que dispõem as alíneas b, c e d do mesmo parágrafo 2º e também o §
3º c.c. o art. 59 do CP. Não por outro motivo, o STF editou a súmula sobre o
assunto, confira:
SÚMULA Nº 719: A IMPOSIÇÃO DO REGIME DE CUMPRIMENTO MAIS
SEVERO DO QUE A PENA APLICADA PERMITIR EXIGE MOTIVAÇÃO
IDÔNEA.
O art. 2º, §1º da Lei 8.078/ 90 (Lei de Crimes Hediondos) prevê que aos
condenados por crimes hediondos ou equiparados iniciarão o cumprimento da
pena em regime fechado, tal previsão legal é constitucional?
Nos termos do art. 33, § 2°, do CP e do art. 112 da LEP, a pena privativa de
liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para
regime menos rigoroso. Quais critérios devem ser observado?
Não, desde a edição da Lei nº 10.792/03, que alterou o art. 112 da Lei de
Execução Penal, não mais se exige o exame criminológico.
Como a edição da Lei nº 10.792/03, que alterou o art. 112 da Lei de Execução
Penal, não mais se exige o exame criminológico para a progressão do regime.
Desta forma, está correto concluir que este passou a ser proibido para a
progressão do regime?
Sim, conforme previsto no art. 70, §1º, in verbis: Quando o agente for
condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta)
anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.
Não. Segundo a Súmula nº 715 do STF, "A pena unificada para atender ao
limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código
Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o
livramento condicional ou regime mais favorável de execução".
Quais os pressupostos da medida de segurança?
São dois:
1- Prática de um fato típico e ilícito;
2- Periculosidade social (análise feita em relação ao futuro).
A periculosidade social do agente que pratica um fato típico deve ser real ou
presumida?
É possível que o condenado por crime punido com reclusão venha a cumprir a
medida de segurança de tratamento ambulatorial?
Sim, nos termos do art. 183 da LEP, sobrevindo doença mental o juiz poderá
substituir a pena por medida de segurança. Havendo recuperação de sua
saúde mental, deverá voltar a cumprir a pena.
Segundo o §1º do art. 97, prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.
Não, as expressões não se confundem, haja vista que uma conduta pode ser
formada por vários atos.
Veja o exemplo do sujeito que subtrai vários bens da mesma vítima, praticou
vários atos mas somente uma conduta.
Para que haja concurso material de crimes, as condutas devem ser praticas no
mesmo contexto fático?
É correto dizer que no caso de concurso material a pena será aplicada pelo
sistema de cúmulo material (soma das penas de cada crime)?
Correto, segundo tal sistema, cada delito corresponde a uma pena, que será
somada às demais.
É o adotado pelo CódigoPena nas seguintes hipóteses:
Art. 69 (concurso material);
Art. 70, caput, 2º parte (concurso formal impróprio ou imperfeito);
Penas de multa (art. 72).
Sim, segundo o art. 69, §2º do CP, quando forem aplicadas penas restritivas de
direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis
entre si e sucessivamente as demais.
Sim, não há qualquer vedação, o que importa é que a(s) conduta(s) constitua
(m) mais de um crime.
Acaso seja aplicada pena privativa de liberdade por um dos crimes, para os
demais será possível a aplicação das penas restritivas de direito?
Somente será possível se a PPL estiver suspensa, ao teor do art. 69, §1º do
Código Penal, confira: quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de
liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a
substituição de que trata o art. 44 do Código Penal.
Sim, considerando que nos termos do art. 119 do CP, o prazo prescricional
deve ser contado separadamente para cada uma das infrações penais, confira:
"no caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a
pena de cada um, isoladamente".
Imagine a seguinte situação: Dois policiais torturam uma vítima para que ela
confesse um crime, em seguida, a levam a um local ermo onde a matam com
um disparo de arma de fogo a fim de assegurar a impunidade do crime de
tortura. Nesse caso temos um concurso material de crimes?
Sim, pois houve duas condutas que geraram a ocorrência de dois crimes
diversos.
A conexão teleológica é assim denominada porque o agente comete um crime
para depois cometer outro, como no exemplo do seqüestrador que mata o
segurança para sequestrar seu patrão. Nesses casos há a ocorrência de
concurso material de crimes?
Sim, houve mais de uma conduta que resultou em mais de um crime (homicídio
e sequestro).
As penas devem ser somadas, da mesma forma que é feita nos casos de
concurso material.
Cuidado! Essa forma de aplicação será utilizada nos casos de concurso formal
homogêneo (crimes iguais).
Nos casos de concurso formal heterogêneo (crimes diferentes) deverá ser
aplicada a pena do crime mais grave, aí sim acrescida de 1/6 até a metade.
Deve responder por roubo majorado conforme o art. 157, §2º, I emconcurso
formal, pois o agente, mediante uma só ação, praticou crimes de roubo contra
vítimas diferentes.
Errado, segundo a súmula 711 do STF, a lei penal mais grave aplica-se ao
crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à
cessação da continuidade ou da permanência.
Não, justamente pelo contrário, entende o STJ que tal critério é válido, inclusive
o tribunal entende ser válida a tabela abaixo.
Número de crimes Percentual de aumento ou
2 1/6
3 1/5
4 1/4
5 1/3
6 +Metade da pena
Segundo o art. 71, quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo,
lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser
havidos como continuação do primeiro. Temos aí o conceito de crime
continuado.
A par destas informações, quais os requisitos para a ocorrência do crime
continuado?
1- Pluralidade de condutas;
2- Pluralidade de crimes da mesma espécie;
3- Similitude de circunstâncias objetivas (tempo lugar maneira de execução).
Errado, não são crimes da mesma espécie, de forma que não haverá crime
continuado. Prevalece o entendimento doutrinário que tais tipos visam proteger
bens jurídicos diversos. Veja o que diz Capez:
"roubo e latrocínio não são crimes da mesma espécie, pois no roubo ocorrem a
subtração e o constrangimento ilegal, enquanto no latrocínio, subtração e a
morte da vítima"
Para uma primeira corrente, seguida pelo Superior Tribunal de Justiça, crimes
da mesma espécie são aqueles tipificados pelo mesmo dispositivo legal,
consumados ou tentados, seja na forma simples, privilegiada ou qualificada.
Segundo esta corrente, roubo e latrocínio, embora previstos no art. 157 do
Código Penal (são crimes do mesmo gênero), não são crimes da mesma
espécie.
Por seu turno, há outra corrente doutrinária, a exemplo de Basileu Garcia e
Heleno Cláudio Fragoso, que sustenta serem crimes da mesma espécie
aqueles que tutelam o mesmo bem jurídico, pouco importando se estão ou
não previstos no mesmo tipo penal. Exemplificativamente, furto mediante
fraude e estelionato – crimes contra o patrimônio – seriam da mesma espécie.
Observe o art. 89 da Lei 9.099/99 (JECRIM): Art. 89. Nos crimes em que a
pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por
esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a
suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime,
presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da
pena.
Nesse sentido, nas hipóteses de concurso material, formal ou crime
continuado, se a pena mínima cominada for dentro do limite acima indicado,
caberá a suspensão condicional do processo?
Correto, segundo o art. 73 do CP, quando, por acidente ou erro no uso dos
meiosde execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa quepretendia
ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime
contra aquela (pessoa quepretendia ofender), atendendo-seao disposto no § 3°
do art. 20. No caso de sert ambém atingida a pessoa que o agente pretendia
ofender,aplica-se a regra do concurso formal.
* Art. 20, § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não
isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da
vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
Segundo o art. 73 do CP, quando, por acidente ou erro no uso dos meios de
execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge
pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela
(pessoa que pretendia ofender), atendendo-se ao disposto no § 3° do art. 20*.
No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender,
aplica-se a regra do concurso formal. Desta forma, quais são as espécies
de aberratio ictus?
São duas as espécies:
Aberratio ictus com unidade simples: ocorre quando o agente, não atinge a
pessoa que pretendia ofender, mas somente pessoa diversa. Responderá
como se tivesse praticado o crime contra aquela, sendo consideradas então as
condições e qualidades da pessoa que se pretendia ofender.
Aberratio ictus com unidade complexa: Aqui há resultado duplo, de forma
que, ao agente, será aplicada a regra do concurso formal de crimes.
*Art. 20, § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não
isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da
vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
Não, haverá aberratio ictus (erro na execução) nas situações em que , por
acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente atinge pessoa
diversa. Na questão em análise, Ada fez uma confusão mental, atingiu quem
mirou, errando, no entanto, a pessoa que desejava matar, tratando a hipótese
desta forma de erro quanto à pessoa.
Podemos afirmar que, de acordo com o Código Penal, salvo exceção, quando,
por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do
pretendido, o agente responde por culpa caso o fato seja previsto como crime
culposo. Entretanto, se ocorrer, também, o resultado pretendido, o agente
responderá por ele segundo a regra do concurso formal?
O réu reicidente em crime doloso deve cumprir mais da metade da pena, nos
termos do art. 83, I do CP.
Dentre os requisitos objetivos para a concessão do livramento condicional, está
o cumprimento de mais de 1/3 (um terço) da pena, ostentar bons antecedentes
e que não ser reincidente. Se o réu for reincidente em crime doloso, deve
cumprir mais da 1/2 (metade) da pena.
Nos casos de condenação por crimes hediondos e afins, qual será o período
mínimo de cumprimento da pena?
Nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, desde que o apenado não for
reincidente específico em crimes dessa natureza, devem cumprir mais
de 2/3 dois terços da pena.
Não, segundo a Súmula 441 do STJ, falta grave não interrompe o prazo
para obtenção delivramento condicional.
Sim, conforme prevê o art. 86, II, se o beneficiário vem a ser condenado, por
sentença transitada em julgado, a pena privativa de liberdade, por crime
cometido antes do benefício. Atente-se que nesta hipótese, o Código Penal
permite que seja descontado o período em que o condenado esteve em
liberdade, podendo, ainda, ser somado o tempo restante à pena referente à
segunda condenação para fim de obtenção de novo benefício (conforme o art.
84 do CP).
Correto, o item cobra os requisitos subjetivos básicos para que o juiz conceda o
livramento condicional, confira:
- Comportamento satisfatório (menos do que bom) durante a execução da
pena;
- Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído (a omissão do Poder
Público na atribuição de trabalho ao condenado não impede a concessão do
benefício);
- Aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto;
Relembrando ainda que:
Nos crimes dolosos cometidos mediante violência ou grave ameaça à pessoa,
o benefício fica sujeito à verificação da cessação da periculosidade do agente;
Nos crimes previstos na Lei n. 8.072/90 (Crimes Hediondos), não ser
reincidente específico.
Seria correto afirmar que o livramento condicional pressupõe a inexistência de
reincidência específica em crimes hediondos ou assemelhados.
Não, não há qualquer previsão neste sentido, de forma que, mesmo que o
condenado esteja no regime fechado será possível a concessão de benefício.
Não, tal afirmação está errada, uma vez que a perda do cargo ou função
pública é um efeito extrapenal específico, de forma que deve ser
devidamente declarada e motivada na decisão condenatória (art. 92, p.
único do CP).
Imagine que o servidor público Astrogildo foi denunciado por crime praticado
com abuso de poder, antes da condenação a 6 anos de reclusão, Astrogildo se
aposenta.
Nessa caso, como uma das consequências da pena seria a declaração da
perda da função pública, seria possível afirmar que a aposentadoria do
condenado pode ser cassada?
Errado, a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a
prática de crime doloso é um efeito específico da condenação, de forma
que, nos termos do art. 92, p. único, deve ser motivadamente declarados na
sentença.
Não, pois nos casos não de crimes praticados com abuso de poder ou
violação de dever para com a administração pública basta que a pena seja
igual ou superior a um ano. Nos demais casos é que a quantidade de pena
levada em consideração será de quatros anos.
A reabilitação tem por fim assegurar ao condenado o sigilo dos registros sobre
seu processo e condenação (CP,art. 93), bem como extinguir os efeitos
secundários extrapenais específicos da sentença penal condenatória, vedada
reintegração na situação anterior, nos seguintes casos: I - a perda de
cargo, função pública ou mandato eletivo; II- a incapacidade para o exercício
do poder familiar, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de
reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado.
É correto dizer que se o condenado obtiver o benefício da reabilitação não
poderá mais ser considerado reincidente?
Não, não podemos afirmar que a reabilitação impede que o condenado seja
considerado reincidente, pois se este vier a praticar novo delito durante o
período do art. 64, I, do CP (cinco anos) será considerado reincidente.
A revogação somente pode ocorrer no prazo de cinco anos, previsto no art. 64,
I do CP, mesmo prazo para que o condenado seja considerado reincidente.
Nas concisas palavras de Capez, a reincidência não é apagada pela
reabilitação, pois só desaparece após o decurso de mais de 5 anos entre a
extinção da pena e a prática do novo crime.
O que são causas extintivas da punibilidade?
São fatos que tem o poder de extinguir o direito de punir do Estado, no Código
Penal estão enumeradas no art. 107, confira:
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de
ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII Revogado.
VIII -Revogado.
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Não, pois estas causas podem surgir, antes ou após o trânsito em julgado da
sentença, de forma que não há qualquer relação implicacional nesse sentido.
Podemos afirmar que, com base no art. 5º, XLV da CF, a pena não pode
passar da pessoa do condenado. Com base neste dispositivo constitucional
podemos afirmar que a morte do agente extingue também todos os efeitos
extrapenais da sentença condenatória?
Não, cuidado aqui, é cediço que a morte extingue todos os efeitos penais, no
entanto, quanto aos efeitos extrapenais, a morte não os atinge, de forma que
nada impedirá a execução da sentença penal no juízo cível contra os
sucessores do falecido, desde que realizada a prévia liquidação do valor do
dano.
Podemos afirmar que a morte do agente não extingue a pena de multa, por
esta ser dívida de valor?
Não, a morte do agente também extingue a pena de multa, uma vez que esta
não poderá ser cobrada dos seus herdeiros, considerando mais uma vez o
preceito constitucional de que a pena não passará da pessoa do condenado,
pois a pena de multa é uma pena.
Destaca Capez que, mesmo em face da Lei nº 9.268/96, segundo a qual
amulta passou a ser considerada dívida de valor para fins de cobrança,
permanece a impossibilidade de a pena pecuniária ser executada dos
herdeiros, uma vez que subsiste sua natureza de pena.
Não, vimos que a anistia se refere a fatos e que a anistia imprópria é concedida
antes da condenação criminal.
Correto, conforme previsto no art. 5º, XLIII. Item adaptado da prova CESPE,
AJAJ do TJ_DF, aplicada em 2013.
Qual a principal diferença entre a graça e o indulto?
Da mesma forma que a anistia, a graça e o indulto são atos privativos do Poder
Legislativo?
É correto dizer que a anistia é dirigida aos fatos, enquanto o indulto e a graça
se dirigem à pessoa?
Sim, é exatamente isso, a anistia exclui o fato criminoso, ao passo que agraça
e o indulto são benefícios concedidos aos indivíduos diretamente.
Podemos afirmar que o indultado que cometer novo delito não será
considerado reincidente?
Não, haja vista que o indulto somente extingue os efeitos penais principais, de
forma que persiste a reincidência, que como vimos, é um efeito penal
secundário da condenação.
Em regra sim, pois guarda relação com a pena aplicada ao agente. No entanto,
a jurisprudência do STF já não reclama o trânsito em julgado da condenação
nem para a concessão do indulto, nem para a progressão de regime de
execução, nem para o livramento condicional (HC 76.524).
Não podemos assim afirmar, pois pode não haver a descontinuidade normativa
típica, que ocorre quando uma lei altera o nome de um crime, mas a conduta
permanece típica, só que abrigada em outro tipo penal.
Ilustramos com o exemplo do crime de atentado violento ao pudor (CP, art.
214), que, com o advento da Lei 12.015/2009, o art. 214 do CP foi formalmente
revogado, mas não a conduta, que passou a ser considerado como estupro
(CP, art. 213).
É correto afirmar que somente a revogação formal e material da lei será causa
de abolitio criminis?
Em regra não, bem como também não ocorrerá nos crimes de ação penal
pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça.
Lembrando que a decadência poderá ocorrer na ação penal privada subsidiária
da pública, que é a ação proposta pela vítima em crime de ação pública,
possibilidade que só existe quando o Ministério Público, dentro do prazo que a
lei lhe confere, não apresenta qualquer manifestação.
O prazo é contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, nos
crime de ação privada ou do dia em que se esgota o prazo para oferecimento
da denúncia na ação penal privada subsidiária da pública.
Errado, somente pode ser concedido em algumas hipóteses legais, tais como:
Art. 121, § 5º, do CP: homicídio culposo em que as consequências da infração
atinjam o agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária;
Art. 129, § 8º, do CP: lesão corporal culposa com as consequências
mencionadas no art. 121, § 5º;
Art. 140, § 1º, I e II, do CP: injúria, em que o ofendido de forma reprovável
provocou diretamente a ofensa, ou no caso de retorsão imediata consistente
em outra injúria.
É correto afirmar que a pretensão punitiva e executória não atingirá os crimes
de racismo e de tortura?
Está correto afirmar que o instituto da perempção não se aplica nas ações
penais de iniciativa pública incondicionada ou condicionada à representação do
ofendido, de forma que somente é aplicável às ações penais de iniciativa
privada?
Prescrição Decadência
Atinge o direito do ofendido
Extingue o direito de punir do Estado de promover a ação penal
privada
Atinge, portanto, em primeiro lugar o direito de
A decadência ao contrário,
punir do Estado e, em consequência, extingue o
alcança primeiro o direito de
direito de ação (a ação se iniciou para a
ação, e, por efeito, o Estado
satisfação do direito não existindo mais jus
perde a pretensão punitiva.
puniendi, o processo perde seu objeto)
;
Não, apesar de a maioria das infrações trazer o ser humano como sujeito
passivo, em alguns casos a vítima pode ser a pessoa jurídica, como nos crimes
de difamação.
Não, basta a prova de que o indivíduo nasceu com vida, de forma que qualquer
antecipação da morte será considerada homicídio.
Apesar de este ser o entendimento mais difundido, para Nelson Hungria, e para
o CESPE, o neonato apneico (recém nascido que não respira) já possui vida
mesmo antes de respirar, pois a vida pode se manifestar por movimento
circulatório, pulsações do coração dentre outros sinais. Logo, tão afirmação
não está correta.
As espécies são:
Simples (art. 121, caput);
Privilegiado (art. 121, §1º);
Qualificado (art. 121, §2º);
Culposo (art. 121, §3º);
Culposo majorado (art. 121, §4º);
Doloso majorado (art. 121, §4º, segunda parte);
Doloso com aumento de pena (art. 121, §6º);
Sim, de acordo com o STJ, uma vez que não ocorrendo dano, não há corpo de
delito a ser examinado (RHC 22.433, julgado em 23/03/2010).
Não, nesta situação o motorista não praticou nenhum crime, pois lhe era
impossível prever tal comportamento da vítima.
O homicídio cometido na direção de veículo automotor em virtude de pega ou
racha é hipótese de homicídio doloso, previsto no art. 121, §3º do CP?
Correto, pois João foi imprudente ao realizar a ultrapassagem, por mais que
tivesse motivos para chegar logo, a situação não caracteriza estado de
necessidade.
O homicídio é crime material, logo deixa vestígios. Com base nessa afirmação
podemos afiurmar que somente pode ser provada a materialidade deste crime
por meio de exame de corpo de delito? Ou seja, é válido o brocardo popular
que diz que há homicídio se houver corpo!
Errado, mais uma vez a sabedoria popular e o direito não se harmonizam...
Veja o que diz o STJ no julgamento do HC nº 170.507/2012:
HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRONÚNCIA MANTIDA
PELO TRIBUNAL ESTADUAL. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. FALTA DE
MATERIALIDADE. AUSÊNCIA DO CORPO DA SUPOSTA VÍTIMA. ART. 167
DO CPP. SUPRIMENTO DA PROVA PERICIAL. EXAME APROFUNDADO
DAS PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA.
1. Nos termos do art. 167 do Código de Processo Penal, a prova testemunhal
pode suprir a falta do exame de corpo de delito, caso desaparecidos os
vestígios. Esta Corte já decidiu que tal situação se aplica inclusive aos casos
de homicídio, se ocultado o corpo da vítima.
Imagine a seguinte situação: José, ao saber que sua noiva Jocasta, grávida de
8 meses, abortou o filho que iriam ter em comum, sob a influência de violenta
emoção, matou-a quando recebeu a notícia de que o bebê havia morrido.
Podemos afirmar que José cometera um homicídio privilegiado?
Sim, pois agiu já que agiu por relevante valor moral, que compreende
também os interesses individuais do agente, entre eles a piedade e a
compaixão.
Se para defender-se de uma injusta agressão atual a sua vida, o agente agride
o ofensor, vindo este a morrer. Nessa situação, podemos falar que ocorreu um
homicídio privilegiado?
Não, nesta hipótese há a legítima defesa, e não haverá crime algum, pois se
trata de uma causa de exclusão de antijuridicade. Veja o que diz o art. 23 do
CP:
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de
necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal
ou no exercício regular de direito(...)
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos
meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou
de outrem.
Imagine que Caim, por motivo torpe, mata Abel utilizando um lança chamas
enquanto este dormia. Podemos afirmar que o homicídio será triplamente
qualificado?
No Trinunal do Juri é comum o reconhecimento por parte dos jurados de duas
ou mais situações qualificadoras. No entanto, cabe destacar que se trata de
apenas um crime, considerando que há somente uma vítima, de forma
que basta uma só qualificadora para que seja aplicada a pena do crime
qualificado, no caso em tela de 12 a 30 anos. No entanto, como destaca Vítor
Eduardo Rios Gonçalves, não seria justo que o réu condenado por mais de
uma figura qualificada tenha a mesma daquele em relação ao qual só se
reconheceu uma delas. Por isso, embora os Jurados tenham reconhecido duas
ou mais qualificadoras, o Juiz, no momento da aplicação da pena, usa a
primeira delas para fixar a pena-base dentre os limites de 12 a 30 anos, e, em
seguida, utiliza as demais como circunstâncias agravantes do art. 61, II, "a" a
"d", do Código Penal que, à exceção da asfixia, são as mesmas hipóteses que
qualificam o homicídio. (Direito Pewnal Esquematizado, Vol 1, Ed. Saraiva).
Veja alguns julgados sobre o tema: “Concorrendo várias as qualificadoras em
um mesmo tipo penal, só uma delas deve incidir como aumento. A outra, ou as
demais, apenas devem servir como circunstância agravante, ..., quando
enquadráveis nas hipóteses previstas nos arts. 61 e 62 do CP” (STF — HC
71.293-2/RJ — Rel. Celso de Mello, RT 726/555);
“Penal. Homicídio duplamente qualificado. Dosimetria da pena. Ocorrendo o
reconhecimento de mais de uma qualificadora do delito, uma só deve forrar a
fixação da pena-base, remetendo-se 118 Direito Penal Esquematizado — Parte
Especial Victor Eduardo Rios Gonçalves as demais ao campo das agravantes
consideradas para o encontro da pena definitiva” (STJ — 5ª turma — Rel.
Ministro José Dantas, DJ de 18.05.1998);
O homicídio será qualificado se for praticado por milícia privada, sob o pretexto
de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio?
Estaria correto afirmar que o homicídio simples jamais será considerado crime
hediondo?
Caim, sabendo que Abel é diabético em estado avançado, com o fim de lhe
ceifar a vida, insere grande quantidade de glicose em seu suco. Abel, logo
após ingerir a bebida, vem a óbito. Neste caso, mesmo a glicose não sendo
considerada tecnicamente veneno, qualifica o crime de homicídio pelo emprego
de veneno?
Sim, haja vista que uma substância não considerada veneno às pessoas em
geral, deve ser considerada veneno no caso concreto.
Segundo o §1º da Lei 9.455/ 97, que cuida dos crime autônomo de Tortura, se
desta resultar morte, a reclusão será de oito a dezesseis anos.
Dessa forma, podemos dizer que a qualificadora relativa ao emprego de tortura
foi tacitamente revogada pela lei específica que previu o crime de tortura com
resultado morte?
Errado, esta previsão do art. 121, §4º, segunda parte, somente se refere ao
homicídio doloso, confira:
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime
resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta)
anos.
Errado, segundo a doutrina, meios cruéis são aqueles em que o ato executório
é breve, mas provocam forte sofrimento físico na vítima, como por exemplo o
espancamento mediante socos e pontapés, golpes no corpo da vítima com
martelo, barra de ferro, apedrejamento, atropelamento intencional dente
outros. (CESPE/ Promotor- MPE-RO/ 2013).
Errado, nos termos do art. 28, II, a embriaguez não exclui a imputabilidade
penal. (CESPE/ Promotor- MPE-RO/ 2013)
Errado, segundo o art. 121, §4º, segunda parte, o homicídio praticado contra
menores de 14 anos e maiores e sessenta é causa de aumento de pena e
não qualificadora.
O homicídio praticado à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido é hipótese
de homicídio qualificado. Desta forma, seria à traição o homicídio praticado
pelas costas da vítima logo após discussão acalorada com o agente?
Não, para que haja homicídio à traição (homicidium proditorium) a vítima não
pode ter motivos para desconfiar do agressor, pois a vítima tem que estar
desprevenida.
É aquele que guarda vínculo, ligação, conexão com outro crime a ser
realizado. Pode ser:
-Conexão teleológica- para assegurar a execução de outro crime a ser
realizado ou já realizado;
-Conexão consequencial- assegurar a ocultação, impunidade ou vantagem
de outro crime.
No homicídio por conexão, o outro crime pode ter sido praticado tanto pelo
agente quanto por terceiro?
Seria correto afirmar que o aumento de pena previsto no art. 121, §4º
(homicídio doloso majorado) se aplica tanto ao homicídio simples, privilegiado e
ao qualificado?
Sim, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de
segurança, ou por grupo de extermínio, confira: "Art. 121, § 6o A pena é
aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio".
O artigo 121, §3º do Código Penal prevê o crime de homicídio culposo, que
ocorre nas hipóteses em que o agente não quer e não assume o risco de
provocar a morte, mas por sua conduta, acaba dando causa a ela. Quais são
tipos de culpa previstas no Código?
São três:
- Imprudência (agir culposo);
- Negligência (omissão culposa);
- Imperícia (culpa profissional).
Sim, desde que duas ou mais pessoas atuem culposamente causando a morte
de alguém.
Não, nesta hipótese incide o art. 302 da Lei 9.503/ 97 (CTB), confira:
Dos Crimes em Espécie
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo
automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal,
à vítima do acidente;
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo
de transporte de passageiros.
Não, o agente responderá tão somente por homicídio culposo com aumento de
pena, pois foi ele quem criou a situação, de forma que afasta o delito de
omissão de socorro.
Está correto afirmar que se o socorro não for prestado porque o agente teve
que fugir para não ser linchado por parte de amigos ou familiares da da vítima,
não incidira o aumento de pena?
O instituto do perdão judicial somente terá aplicação nos casos em que a vítima
do homicídio culposo for ente querido do agente, como por exemplo familiar
próximo, cônjuge ou companheiro?
Sim, já está pacificado que se aplica o perdão judicial também ao art. 302 do
CTB.
Cumpre destacar que na menciona lei não há a possibilidade de aplicação de
perdão judicial, sendo certo que o art. 291, caput, refere-se apenas à
possibilidade de aplicação subsidiária das regras gerais do CP, que, em
princípio, não abrangem o perdão judicial. No entanto, na redação originária
constava a possibilidade de sua aplicação, dispositivo que acabou sendo
vetado (art. 300), sob o fundamento de que o CP disciplina o tema de forma
mais abrangente. As razões do veto, portanto, demonstram que o perdão
judicial pode ser aplicado também aos delitos da lei especial.
Sim, a lei penal não pune aquele quer se matar, pois segundo a doutrina, a
punição poderia servir somente como um reforço a ideia de dar cabo à própria
vida. Inclusive parte da doutrina sustenta que quem comete o ato suicida é a
vítima do delito.
Qual a diferença entre induzimento, instigação e auxílio para a caracterização
do crime de suicídio?
Seria correto dizer que o crime do art. 122, também chamado de participação
em suicídio, não admite participação?
Falou homicídio qualificado por autoria mediata? Acertou... Veja que não há
falar em tentativa de suicídio pois o item fala que a vítima não tinha qualquer
discernimento.
Segundo o art. 122, p. único, a pena será duplicada se o crime for praticado:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.
Diz o art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho,
durante o parto ou logo após. Podemos dizer que se trata de um crime
próprio?
Sim, pois somente pode ser cometido pela mãe que estiver sobre influência do
estado puerperal.
Imagine a seguinte situação. Uma mulher grávida, prestes a dar à luz, chorava
compulsivamente na antessala de cirurgia da maternidade quando uma
enfermeira, condoída com a situação, perguntou o motivo daquele choro. A
mulher respondeu-lhe que a gravidez era espúria e que tinha sido abandonada
pela família. Após dar à luz, sob a influência do estado puerperal, a referida
mulher matou o próprio filho, com o auxílio da citada enfermeira. As duas
sufocaram o neonato com almofadas. Nesse caso, ambas responderão pelo
crime de infanticídio, devendo a enfermeira responder em coautoria?
A assertiva a seguir está correta? O crime de aborto pode ser cometido pela
própria gestante e por terceiro, sendo, nesse caso, uma a pena para o caso de
o terceiro provocar o aborto com o consentimento da gestante e outra para o
caso de o terceiro provocar o aborto sem o consentimento da gestante.
É aquele praticado por médico quando não há outro meio de salvar a vida da
gestante.
No aborto terapêutico o consentimento da gestante é obrigatório?
Não, nos termos do art. 128, I c/c o §3º do art. 146 não há necessidade de
consentimento da gestante, confira este último dispositivo.
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois
de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a
não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de
seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
Não, é dispensável, pois a lei não exige. Para parte da doutrina basta o boletim
de ocorrência.
Não se caracteriza o crime de aborto provocado por terceiro aquele praticado
pelo médico, se a gravidez resulta de estupro, ainda que sem o consentimento
da gestante capaz.
Quais crimes comete aquele que mata uma mulher sabendo da sua condição
de grávida?
Atinge ambas, a saúde mental também pode ser atingida, vindo a ser objeto do
crime, pois a lei fala sem integridade física (escoriações, fraturas) e saúde,
contemplando a saúde mental.
Está correto afirma que a incolumidade física, por ser bem indisponível, torna
irrelevante o consentimento do ofendido, de forma que toda lesão corporal será
de ação penal publica incondicionada.
A lesão corporal leve é subsidiária, de forma que, não sendo grave, gravissima
ou seguida de morte, será leve.
Está correto dizer que os §§ 1º e 2º do Art. 129 somente podem ser aplicados
às lesões corporais dolosas?
Como deve ser feita a comprovação para fins de caracterização das lesões
corporais como grave ou gravíssima?
Deverá ser feita por meio de exame complementar, nos termos do art. 168,
§2º do CPP, logo que decorridos os 30 dias da data do crime. Dessa
forma, trata-se crime a prazo, porque sua configuração depende do
transcorrer de determinado prazo, no cso em tela, mais de trinta dias.
A prostituta, por exercer atividade imoral, não pode ser vítima de lesões
corporais graves, porque a lei diz que a atividade habitual deve ser lícita.
Não, não precisa que seja permanente, basta que seja duradoura.
Vimos que somente as lesões dolosas podem ser graves ou gravíssimas, pois
as culposas não admitem tais qualificações. Desta forma, no que tange às
consequências das lesões corporias dolosas, o dano agravador tanto pode ser
causado a título de dolo, exemplo, o agente intenciona amputar o dedo de
outrem, ou o resultado agravador pode ocorrer de forma culposa, A dá um soco
em B, vindo este cair e perder um dente...
Caim, movido pela intenção de matar seu desafeto Abel, atraiu-o para local
ermo e lhe desferiu um golpe de faca, causando-lhe grave ferimento no
abdome, com intensa hemorragia. Arrependido, Caim levou Abel ao hospital.
Abel, apesar de ter corrido perigo de vida, foi operado e sobreviveu. Nesta
situação Caim responderá por tentativa de homicídio com redução de pena.
Não, será condenado por lesões corporais simples, pois Caim não causou o
resultado morte nem por culpa, pois ausente o nexo de causalidade entre sua
conduta e o resultado.
Segundo o STJ, não há a configuração do crime de lesão corporal seguida de
morte se a conduta do agente não foi a causa imediata do resultado morte,
estando ausente o necessário nexo de causalidade (REsp. 1.094.458- RS, j.
01/03/2012). Por fim, cabe lembrar aqui o teor do art. 13 do CP, confira: Art. 13
- O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a
quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido.
Errado, nesta hipótese, o crime será de lesão corporal seguida de morte, pois
se trata de um crime preterintencional, pois o resultado morte adveio a título de
culpa.
Na hipótese de lesão corporal culposa, o juiz poderá deixar de aplicar a pena
se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave
que a sanção penal se torne desnecessária.
Correto, segundo o art. 129, §8º, aplica-se à lesão corporal culposa operdão
judicial previsto no Art. 121, §9º.
Correto, segundo o art. 129, §7º, aplica-se o disposto no art. 121, §4° se o
crime resulta:
- De inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício;
- Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir
as consequências do seu ato;
- Foge para evitar prisão em flagrante.
Sim, da mesma forma que se dá com as majorantes previstas no art. 121, §4º.
Observe o que diz o CP, com redação dada pela Lei Maria da Penha, sobre as
lesões corporais que caracterizam violência doméstica:
Art. 129, § 9º- Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão,
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade:
Pena- Detenção de 3 meses a 3 anos.
Do exposto, podemos afirmar que tal qualificadora somente tem aplicação se a
vítima for mulher?
Sim, segundo o §10 do art. 129, nos casos previstos nos §§ 1º a 3º, se as
circunstâncias de violência doméstica, a pena deverá ser aumentada em 1/3.
Atenção, se o crime tiver sido cometido enquanto o agente público exercia sua
função sim, igualmente se o crime tiver sido cometido contra parentes do
agente em razão dessa condição. Tal novidade foi implementada pela Lei
13.142/ 2015, que incluiu mais uma hipótese de aumento de pena nos crimes
de lesões corporais, confira:
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois
terços.
Sempre que o crime de lesões corporais for praticado contra um dos agentes
elencados nos artigos 142 e 144 da Constituição incidirá aumento de pena?
* Art. 142- Membros das Forças Armadas.
* Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
Sim, pois as doenças que tipificam a conduta devem estar contidas nos
regulamentos do Ministério da Saúde.
Errado, segundo a doutrina, a AIDS, por não estar contida nos regulamentos do
Ministério da Saúde, não é entendida como doença venérea, daí porque em
relação à entende-se que pode haver hipótese de contágio de moléstia grave
(art. 131), lesão corporal gravíssima ou homicídio. No caso em tela, resta claro
que houve tentativa de homicídio, pois o próprio enunciado indica o animus
necandi do autor.
O tipo de Perigo de contágio venéreo (Art. 130) é de ação livre ou
vinculada?
O crime de perigo para a vida ou saúde de outrem (Art. 132. Expor a vida
ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena detenção, de três
meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave), constitui crime
de perigo concreto ou abstrato?
O crime de perigo para a vida ou saúde de outrem (Art. 132. Expor a vida
ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena detenção, de três
meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave), o perigo tem
que ser iminente?
Sim, tem que ser aquele prestes a ocorrer, se for uma possibilidade futura não
haverá o crime.
Sim, pois para a doutrina mais moderna o Direito Penal somente deve tutelar
condutas que criem ou aumentem os riscos proibidos.
O crime de perigo para a vida ou saúde de outrem (Art. 132. Expor a vida ou a
saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena detenção, de três meses a
um ano, se o fato não constitui crime mais grave), traz implícito a
subsidiariedade expressa ou explícita?
Não, nesta hipótese o crime será de disparo de arma de fogo, previsto no art.
15 da Lei 10.826/ 2003, confira: Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar
munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em
direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de
outro crime: Pena reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 132, parágrafo único prevê hipótese de aumento de pena, confira: A
pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da
saúde de outrem a perigo decorre de transporte de pessoas para a
prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em
desacordo com as normas legais. Por seu turno, o CTB, tipifica a seguinte
conduta Art. 309- Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida
Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de
dirigir, gerando perigo de dano: Penas - detenção, de seis meses a um
ano, ou multa.
Nesse caso, podemos dizer que deve prevalecer o principalmente da
especialidade, aplicando-se o CTB?
Correto, pois somente será autor do delito aquele que exerce cuidado, guarda
vigilância ou autoridade sobre a vítima. Consequentemente somente quem está
sob esta condição pode ser o sujeito passivo.
Sim, trata-se de delito de forma livre, pois, segundo Fragoso, o crime pode ser
praticado mediante um deslocamento no espaço, por meio de ação (levar a
vítima a um determinado lugar e dela se afastar) ou por omissão (deixar a
vítima no lugar onde se encontra).
Não, o simples abandono não consuma o crime, deve haver uma situação de
perigo concreto para a vítima, situação esta que caberá ao juiz analisar em
cada caso se houve efetiva situação de perigo. Trata-se de crime instantâneo
de efeitos permanentes.
Sim, pois somete somente a genitora que concebeu o filho fora do matrimônio,
isto é, solteira, adúltera, viúva, comete esse crime para ocultar desonra
própria.
Correto.
* Art. 121, §4º- No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço),
se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou
ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.
Se a vítima for idosa (maior que 60 anos) deverá incidir o crime do art. 135
ou o crime próprio previsto no art. 97 da Lei 10.741/ 03?
Correto.
Sim, trata-se de crime próprio, pois somente pode ser praticado por quem
ostente a condição especial, qual seja, exercer a autoridade, guarda ou
vigilância, para fins de educação (atividade destinada a aperfeiçoar a
capacidade individual), ensino (ministrar conhecimentos visando a formação
básica cultural), tratamento (cura e subsistência) ou custódia (detenção de uma
pessoa para fim autorizado em lei). Consequentemente, somente será sujeito
passivo a pessoa que se encontre subordinada para tais fins (educação,
ensino, tratamento ou custódia).
Não, essa afirmação não é correta, a lei fala em menor de 14 anos e não
adolescente.
Cabe aqui lembrar que adolescente é o menor que tem entre 12 e 18 anos.
Logo, nem sempre o crime de maus tratos praticado contra adolescente será
qualificado.
O art. 137 prevê o crime de rixa (Art. 137. Participar de rixa, salvo para
separar os contendores) para a caracterização desta conduta, há a
necessidade mínima de quanto brigões?
Nestes crimes a natureza da ação penal, como regra geral, será deexclusiva
iniciativa privada (art. 145 do CP), no entanto será:
- Condicionada a requisição do Ministro da Justiça se o crime for praticado
contra Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro;
- Pública condicionada à representação da vítima, concorrente com a
privada, se o crime for praticado contra funcionário público, em razão de
suas funções.
- Pública condicionada à representação da vítima se a injúria consiste na
utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
Está correto dizer que os parlamentares são imunes aos crimes contra a
honra?
O bem jurídico que tal crime visa proteger é a honra objetiva, pois atinge a
reputação da pessoas perante a sociedade.
Art. 138- Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Da análise do dispositivo legal, quais são os requisitos para a configuração do
crime de calúnia?
Errado, para que seja calúnia o fato imputado deve ser tipificado como CRIME,
se for contravenção será o crime de difamação.
Não, basta que somente outra pessoa (terceiro) tome conhecimento para que o
crime esteja consumado. Destaca-se ainda que é irrelevante se a vítima tomou
ou não ciência do fato.
Está correto afirmar que quem ouve imputação de fato criminoso a alguém,
sabidamente falso, e mesmo assim o leva a diante, não comete o crime de
calúnia, pois não foi quem criou as imputações.
Não, pois incorre em erro de tipo, por ignorar a elementar do tipo "falsamente".
Exclui o próprio crime, pois provada pelo agente que a imputação que faz é
verdadeira, não se há que falar em calúnia.
Para todos os crimes contra a honra será cabível a exceção da verdade?
Vamos com calma. Por lhe faltar possuir honra subjetiva (interna) a PJ
jamais será sujeito passivo de crime de injúria. Veja o que diz Bitencourt
sobre a PJ e injúria:
"Ainda predomina o entendimento segundo o qual a pessoa jurídica não possui
honra subjetiva e, por isso, não pode ser sujeito passivo do crime de injúria,
embora se admita que os titulares da pessoa jurídica podem ter a honra lesada,
nessas circunstâncias, passando à condição de vítimas do crime".
No entanto, calúnia e difamação não há consenso nem na doutrina nem na
jurisprudência.
Para o STF, a pessoa jurídica pode ser vítima de difamação, mas não de
injúria e calúnia. A imputação da prática de crime a pessoa jurídica gera a
legitimidade do sócio-gerente para a queixa-crime por calúnia (STF, RHC
83091/DF, DJ 26-9-2003). No mesmo sentido: STF, Pet-AgR 2491/BA, DJ 14-
6-2002). É a corrente majoritária.
Para uma segunda corrente, com base nos arts. 225, § 3º, e 173, § 5º, da
Constituição Federal, é possível que a PJ pratique crime,
consequentemente seja vítima de calúnia. Nesse sentido, o STJ passou a
admitir a responsabilidade penal das pessoas jurídicas nos crimes contra a
ordem econômica e financeira, economia popular e meio ambiente, estes
regulamentados pela Lei n. 9.065/98 (arts. 3º e 21 a 24). Pois, segundo o
Ministro Gilson DIPP, a responsabilidade penal desta, à evidência, não poderá
ser entendida na forma tradicional baseada na culpa, na responsabilidade
individual subjetiva, propugnada pela Escola Clássica, mas deve ser
entendida à luz de uma nova responsabilidade, classificada como
social (STJ, REsp 564960).
Não, trata-se de crime de forma livre, que pode ser cometido de qualquer
forma, tais como: gestos, palavras, símbolos, atitudes, ou seja, pode ser
praticada por qualquer meio idôneo para manifestar o pensamento.
No crime de injúria, em quais hipóteses poderá haver perdão judicial?
Quais são as causas que aumentam a pena nos crimes contra a honra?
Para que incida a majorante prevista no art. 141, II, (presença de várias
pessoas) a doutrina e jurisprudência entendem que deve ser no mínimo três.
Neste cômputo entram os incapazes?
Está correto afirmar que as penas cominadas aos crimes de calúnia, difamação
e injúria aumentam-se de um terço se qualquer dos crimes é cometido contra
pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência?
Cuidado! Cuidado! Muita atenção aqui, esta majorante genérica não incide
sobre a injúria, pois esta quando cometida contra idoso ou deficiente será
considerada forma qualificada pelo art. 140, § 3º, do Código Penal, com
pena elevada de 1 a 3 anos de reclusão. Então fique esperto, somente incide
nos crimes de calúnia e injúria.
Quais causas excluem os crimes de difamação e injúria ?
Não, basta que seja por escrito seja e juntada aos autos, lembrando que deve
ser completa, cabal, abrangendo tudo o que o ofensor disse contra o
ofendido, e incondicional. Por fim, pode ser feita pelo próprio ofensor ou por
procurador com poderes especiais para tal fim.
Sim, é possível que responda também por lesões corporais (leve, grave ou
gravíssima), pois, segundo o § 2º do art. 146, além da pena cominada ao crime
de constrangimento ilegal, aplicar-se-á correspondentes à violência.
Cabe aqui destacar que se trata de concurso formal, pois não há desígnios
autônomos de constranger e lesionar, no entanto, ainda assim haverá o cúmulo
material por expressa disposição legal.
Há autores que entendem que se trata de concurso material porque a lei prevê
a aplicação do cúmulo material de penas.
O simples fato do agente portar arma já será capaz para majorar a pena
do delito de constrangimento ilegal?
No crime de ameaça, os meios que a lei enumera para anúncio do mal injusto
intimidativo não abrangem as formas mímica e simbólica, mas só a oral e a
escrita. (TRT-2/ Juiz/ 2011)
São as previstas no §1º do art. 149, que estabelece, incorre na mesma pena
quem:
o cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com
o fim de retê-lo no local de trabalho;
Segundo o §2º do art. 149, a pena será aumentada de metade, se o crime for
cometido: I contra criança ou adolescente; II por motivo de preconceito de raça,
cor, etnia, religião ou origem.
Não, pois a lei não exige que a ocupação seja em caráter permanente, basta
que o compartimento seja habitado.
Gabarito: Correto.
Está correto dizer que o crime de violação de domicílio é essencialmente
subsidiário?
Sim, pois sempre que sempre que a violação de domicílio for meio para
executar crime mais grave, restará absorvida pelo crime-fim, como nas
hipóteses em que ingressar em casa alheia para cometimento de crime contra
o patrimônio, contra a dignidade sexual, contra a vida etc.
Destaca Capez que, sendo o crime menos grave, Se o crime-fim for menos
grave, por exemplo, no caso de contravenção penal, o agente responderá
apenas pelo crime do art. 150.
Art. 5º, XI- A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito
ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial.
Sim, pois somente pode ter como sujeito ativo o destinatário do documento
particular ou da correspondência confidencial, assim como o detentor da
correspondência.
Constitui o crime de furto subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel
(Art. 155 do CP).
Da análise do tipo penal, quem pode ser o sujeito ativo do crime de furto?
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, exceto o proprietário, mesmo que
este aja em relação ao possuidor, pois faltará à coisa a elementar normativa
“alheia”, já que é impossível furtar “coisa própria”.
A conduta do proprietário poderá se adequar ao crime de exercício arbitrário
das próprias razões do art. 346 "Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa
própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou
convenção).
Não, é elemento normativo do tipo que a coisa móvel seja alheia. Lembrando
que o apoderamento por terceiro de res deperdita (coisa perdida) poderá
constituir o crime de apropriação de coisa achada (CP, art. 169, parágrafo
único, II).
Segundo a doutrina, coisa, para fins penais, é tudo que possa constituir objeto
da ação física de subtrair, isto é, coisa corpórea passível de ser deslocada,
removida, apreendida ou transportada de um lugar para outro.
A intangibilidade da coisa (impossibilidade de tocar) afasta o crime de furto?
Se o agente “furtar” o bem apenas para seu uso transitório e depois devolvê-lo
no mesmo estado e local em que se encontrava, restará configurado o crime?
Prevalece que sim, no entanto, a questão está longe de ser pacificada, veja o
que diz a doutrina:
- 1ª Corrente: Para Heleno Fragoso, não pode existir crime patrimonial se não
houver lesão a interesse jurídico apreciável economicamente. Também é a
posição de Capez e Nucci.
- 2ª Corrente: Já para Nélson Hungria, reconhecendo que, embora a nota
predominante do elemento patrimonial seja seu caráter econômico, deve-se
advertir que, “por extensão, também se dizem patrimoniais aquelas coisas que,
embora sem valor venal, representam uma utilidade, ainda que simplesmente
moral”.
Cabe aqui ressaltar que no HC 107.615-2011 o STF denegou ordem no caso
do furto do disco de ouro de Milton Nascimento, dentre outros argumentos, o
de que o caso envolve valor imaterial, adotando assim a primeira corrente.
É correto afirmar que ladrão que rouba ladrão não comete o crime de furto, já
que o possuidor não tem a posse legítima?
Errado, haverá o crime de furto, no entanto, o sujeito passivo será o possuidor
original e não o ladrão que primeiro roubou.
O que se entende por pequeno valor da coisa para fins de furto privilegiado?
Segundo o §3º do art. 155 do CP, coisa móvel por equiparação é a energia
elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Segundo o STF não, ao argumento de que o objeto do aludido crime não seria
“energia” e ressaltou-se a inadmissibilidade da analogia in malam partem em
Direito Penal, razão pela qual a conduta não poderia ser considerada
penalmente típica. HC 97261/RS, 12.4.2011.
É o mesmo entendimento que prevalece na doutrina, como podemos ver na
clara explanação de Bitencourt:
Certamente, “sinal de TV a cabo” não é energia elétrica; deve-se examinar, por
conseguinte, seu enquadramento na expressão genérica “qualquer outra”
contida no dispositivo em exame. A locução “qualquer outra” refere-se, por
certo, a “energia” que, apenas por razões linguísticas, ficou implícita na
redação do texto legal; mas, apesar de sua multiplicidade, energia solar,
térmica, luminosa, sonora, mecânica, atômica, genética, entre outras,
inegavelmente“sinal de TV” não é nem se equipara a “energia”, seja de
que natureza for. Na verdade, energia se consome, se esgota, diminui, e
pode, inclusive, terminar, ao passo que “sinal de televisão” não se gasta, não
diminui; mesmo que metade do País acesse o sinal ao mesmo tempo, ele não
diminui, ao passo que, se fosse a energia elétrica, entraria em colapso.
Não se pode adotar interpretação extensiva para sustentar que o § 3º
equiparou a coisa móvel “a energia elétrica ou qualquer outra coisa”, quando
na verdade se refere a “qualquer outra energia”. Se a pretensão do legislador
fosse essa, equiparar coisa móvel a coisa que tenha valor econômico, poderia
ter utilizado uma forma mais clara, por exemplo: “equipara-se à coisa móvel
qualquer outra que tenha valor econômico".
O furto qualificado por fraude é aquele em que o agente utiliza o ardil, meio
fraudulento ou o engodo para burlar a vigilância da vítima e se apoderar da
coisa, sem o conhecimento dela. O que diferencia este crime do crime de
estelionato?
Exatamente, chave falsa aqui será qualquer instrumento desde que não
seja a verdadeira. Veja o que diz o STJ:
“A jurisprudência desta Corte tem pontificado que o emprego de gazuas, mixas,
ou qualquer outro instrumento, ainda que sem a forma de chave, mas apto a
abrir fechadura ou imprimir funcionamento em aparelhos e máquinas, a
exemplo, automóveis, caracteriza a qualificadora do art. 155, § 4º, inciso III, do
Código Penal”.(HC 119524- MG, Dje 22/11/2010).
Errado, segundo o §5º do art. 155, a pena será de reclusão de três a oito anos,
se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para
outro Estado ou para o exterior.
Sim, pois somente pode ser praticado por aqueles que compartilham a
propriedade ou posse da coisa móvel (condômino, coerdeiro ou sócio).
Será punível a subtração de coisa comum fungível cujo valor não exceda a
quota a que tiver direito o agente? (CESPE/ Juiz-TRT-5ª/ 2013).
Não, segundo o art. 156, § 2º, não é punível a subtração de coisa comum
fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
No crime de roubo (Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la,
por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência) eventuais lesões
corporais leves serão absorvidas?
No crime de roubo (Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la,
por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência), o que se
entende por violência imprópria?
Está correto afirmar que o crime de ameaça é crime meio para roubo, sendo
por este absorvido, de forma que deve ser aplicado o princípio da consunção?
É o crime de roubo qualificado pelo resultado morte (Art. 157, §3º parte final),
trata-se de espécie de crime complexo (roubo + morte), sendo que o resultado
morte pode decorrer tanto de culpa quanto de dolo.
Sim, conforme previsto na Lei 8.072/ 90, art. 1º, II, confira:
Art. 1º- São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados
ou tentados:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art.
121, § 2º, I, II, III, IV, V e VI); (Redação dada pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - latrocínio (art. 157, § 3º, in fine);
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º);
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§
lo, 2º e 3º);
V- estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º);
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º);
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º).
VII-A – (VETADO)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a
fins terapêuticos ou medicinais.
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de
criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
(Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014)
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto
nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tentado ou
consumado.
O crime de extorsão é descrito na seguinte forma pelo Código Penal: "Art. 158 -
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de
obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que
se faça ou deixar fazer alguma coisa”.
Está correto afirmar que restará consumado com a efetiva obtenção da
vantagem econômica?
Sim, não sendo a exigência de vantagem econômica deverá ser outro crime,
como por exemplo, constrangimento ilegal ou assédio sexual.
Sim, da mesma forma que o previsto para o crime de roubo, diz o art. 157, §3º
do CP: “Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de
sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a
trinta anos, sem prejuízo da multa”.
Sim, haja vista a previsão do art. 1º, III, da Lei n. 8.072/90, que prevê como
crime hediondo a extorsão qualificada pela morte, consumada ou tentada.
São as seguintes:
1- Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas (§1º);
2- Se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)
anos (§1º);
3- Se o crime é cometido por bando ou quadrilha (§1º).
Também será qualificado se do fato resulta lesão corporal de natureza grave
(§2º) ou morte (§3º).
Sim, tal previsão está no §4º do art. 159 e o agente poderá ter redução da pena
de 1 a dois terços, desde que preenchido os seguintes requisitos:
1- Crime é cometido em concurso;
2- O concorrente que o denunciar à autoridade;
3- Facilitar a libertação do sequestrado.
É possível, como bem justifica Capez, “se o agente não logra privar a vítima de
sua liberdade de locomoção por circunstâncias alheias à sua vontade, provada
a sua intenção específica de obter vantagem econômica, haverá o crime de
tentativa de extorsão mediante sequestro”.
Os sujeitos podem ser qualquer pessoa, desde que haja uma relação de débito
e crédito entre elas.
Ø Alteração de limites
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal
indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa
imóvel alheia:
Ø Usurpação de águas;
Art. 161, I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas
alheias;
Ø Esbulho possessório;
Invadir, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso
de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho
possessório.
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência,
somente se procede mediante queixa.
O crime de dano , quando praticado como meio para o furto, será absorvido por
este? (Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia)
Pode ser sujeito ativo aquele que tem a posse ou detenção lícita do bem,
como por exemplo, o condômino, sócio ou coerdeiro, desde que se apropriam
com exclusividade da coisa comum.
Consequentemente, o sujeito passivo será a pessoa física ou jurídica, titular do
direito patrimonial diretamente atingido pela ação criminosa ou o possuidor do
bem.
Obs. Em se tratando de vítima idosa, o Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003)
em seu artigo 102, prevê a conduta de apropriar-se ou de desviar bens,
proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes
aplicação diversa da de sua finalidade, punido tal conduta com pena de
reclusão de um a quatro anos e multa. Prevê ainda que aação será pública
incondicionada.
Quando ocorre a consumação da apropriação indébita?
Temos aqui mais uma espécie de crime próprio, somente poderá ser cometido
pelo responsável tributário, ou seja, o responsável legal para repassar à
Previdência Social as contribuições recolhidas dos contribuintes.
O sujeito passivo a apropriação indébita previdenciária é o segurado
previdenciário?
Aquele que se apropria de coisa por erro, caso fortuito ou força da natureza,
não comete qualquer crime. Está correta a afirmação?
Não, o art. 169 criminaliza a conduta daquele que se apropria de coisa alheia
vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza(Apropriação de
coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza): Pena –
detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
De fato tem, quem acha e fica com a coisa para si não pratica roubo, mas isso
que quer dizer que sua conduta será atípica, já que restará caracterizado o
crime de apropriação de coisa achada, consistente em achar coisa alheia
perdida e dela se apropriar, total ou parcialmente, deixando de restituí-la
ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente,
dentro no prazo de 15 (quinze) dias (art. 1169, II)
Podemos dizer que o estelionato (Art. 171 - Obter, para si ou para outrem,
vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro,
mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de
um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis) é crime
de resultado duplo?
Sim, pois para a sua configuração, além da vantagem ilícita, tem que
haver prejuízo para a vítima.
No art. 171, a fraude é utilizada para que a vítima entregue, ao autor a coisa,
em decorrência da fraude ou ardil perpetrado, ao passo que no furto mediante
fraude o autor faz com que a vítima diminua a vigilância sobre a coisa,
facilitando a subtração.
Sim, desde que o agente, mesmo tendo empregado a fraude não consiga obter
a vantagem indevida.
Se o agente for primário, e de pequeno valor o prejuízo, haverá o estelionato
privilegiado?
Comete crime aquele que emite cheque, sem suficiente provisão de fundos no
momento, mas que acredita que será capaz de cobrir na data aprazada, mas
no entanto o cheque é devolvido?
Não, para que seja típica a conduta deve ser provado que o agente agiu de
má-fé, ou seja, exige dolo ab initio.
Como bem adverte Cleber Masson, se o crime é legalmente chamado de
“fraude no pagamento por meio de cheque”, esta finalidade específica é a
intenção de fraudar o tomador do título de crédito, também conhecida
como animus lucri faciendi ou “intenção de fraudar”.
No crime de Fraude no pagamento por meio de cheque (art. 171, §2º, VI- emite
cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra
o pagamento), se não for comprovada a existência de fraude não haverá
crime?
O STJ entende que não, uma vez que o prejuízo da vítima já era anterior à
emissão, ou seja, a emissão do cheque não propiciou nenhuma vantagem. (HC
96.132, j.07/08/2008).
Consuma-se com a efetiva prática do ato potencialmente lesivo a que ele foi
induzido, independentemente da obtenção de proveito em seu favor ou de
terceiro. Trata-se de hipótese de crime formal.
Parte da doutrina entente que o crime previsto no art. 176 constitui modalidade
privilegiada de estelionato.
Art. 176. Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de
meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento: Pena 15
dias a dois meses ou multa.
Sim, tal previsão consta do art. 180, § 4º - A receptação é punível, ainda que
desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
Sim, respondem pelo crime todos aqueles que, nas sucessivas negociações
envolvendo o mesmo objeto material, tenham conhecimento da sua origem
criminosa, ainda que a pessoa que lhe transferiu a coisa ignorasse tal
circunstância.
A lei não exige que o delito antecedente tenha que ser patrimonial.
Sim, conforme art. 180,§5º, primeira parte, que diz: “Na hipótese do § 3º
(receptação culposa) se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em
consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena”. Cabe destacar que o
perdão somente será aplicável na hipótese de receptação culposa, de forma
que, presentes os requisitos legais, o juiz está obrigado a conceder esse
benefício legal.
Não! Fique esperto, as escusas somente têm aplicação face aos crimes que
não envolvem violência.
Será isento de pena o neto que subtrai, sem violência ou grave ameaça, o
dinheiro de seu avô, que conta com 59 anos de idade?
Não, o que ocorreu foi a revogação formal do crime, de forma que a conduta
descrita como atentado violento ao pudor foi abarcada pela crime de estupro,
ou seja, houve uma fusão dos dois crimes. Segundo a doutrina, incide aqui o
princípio da continuidade normativa ou da continuidade típico-normativa,
haja vista que a conduta permanece criminosa, embora disciplinado em outro
tipo penal.
Sim, entende pacificamente a doutrina que a violência tanto pode ser direta ou
imediata quanto indireta ou mediata, por todos, Bitencourt, in verbis:
"A violência poderá ser imediata, quando empregada diretamente contra o
próprio ofendido, e mediata, quando utilizada contra terceiro ou coisa a que a
vítima esteja diretamente vinculada. Não é necessário que a força empregada
seja irresistível: basta que seja idônea para coagir a vítima a permitir que o
sujeito ativo realize seu intento". (Penal Comentado).
Sim, trata-se de crime comum, podendo ter como sujeito ativo tanto o homem
quanto a mulher. Mas cabe algumas observações: Reveja a conduta:
“Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a
ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro
ato libidinoso”.
Desta forma, no que se refere à modalidade “constranger alguém, mediante
violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal”, o estupro subsiste como
crime próprio, somente podendo figurar como autor imediato o homem.
Por outro lado, a modalidade “praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso” tanto pode ser sujeito ativo homem ou mulher,
de sorte que está correto afirmar que o homem pode ser vítima de estupro.
Obs. Conjunção carnal: Significa cópula vagínica, ou seja, a penetração efetiva
do membro viril na vagina.
Sim, o estupro admite tentativa. No entanto, com a nova redação dada pela Lei
12.015/2009, alguns pontos devem ser destacados, pois, conforme destaca
Masson, “é preciso diferenciar os limites tênues da tentativa de estupro,
quando o agente busca a conjunção carnal, mas não alcança o resultado por
circunstâncias alheias à sua vontade, do estupro consumado pela prática de
outro ato libidinoso. Nessa hipótese, o dolo deve ser utilizado como o vetor do
intérprete da lei penal para solução do caso concreto".
No entanto, o posicionamento do STJ parece não ser este, malgrado o caso
julgado se refira ao crime de estupro de vulnerável, os fundamentos da decisão
parecem ser aplicáveis também às demais modalidade de estupro, confira:
1- A consumação do delito de estupro de vulnerável (art. 217-A do Código
Penal) se dá com a prática de atos libidinosos diversos da conjunção
carnal. Precedentes.
2 - No caso, o recorrido deitou-se por cima da vítima com o membro viril à
mostra, após retirar-lhe as calças, o que, de per si, configura ato libidinoso para
a consumação do delito de estupro de vulnerável.
3 - Impossibilidade de desclassificação do delito para sua forma tentada, com
base no princípio da proporcionalidade, em decorrência da menor gravidade da
conduta, por ser contrário à norma legal.
4 - O Superior Tribunal de Justiça entende que é "inadmissível que o Julgador,
de forma manifestamente contrária à lei e utilizando-se dos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, reconheça a forma tentada do delito, em
razão da alegada menor gravidade da conduta (REsp 1313369⁄RS, Rel.
Ministro Og Fernandes, 6T., DJe5.8.2013).
Não, nessa hipótese, como Bino não realizou qualquer contato físico com a
vítima não há que se falar em tentativa, no entanto, como empregou a grave
ameaça, levando Geni a ficar nua, deverá responder pelo crime de
constrangimento ilegal (CP, art. 146), uma vez que, pela regra da desistência
voluntária, o sujeito ativo apenas responde pelos atos até então praticados
(CP, art. 15).
Violação sexual mediante fraude: Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar
outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou
dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem
econômica, aplica-se também multa.
O sujeito passivo do crime em tela é a vítima revestida na situação de
vulnerável*?
* (Menor de 14 anos ou quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem
o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência).
Não, ao contrário, se a vítima for vulnerável, restará cometido o crime de
estupro de vulnerável. Desta forma, qualquer pessoa pode ser sujeito passivo
de tal crime, desde que não se amolde ao conceito penal de vulnerável para
fins sexuais.
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso commenor de
14 (catorze) anos:
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com
alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa,
não pode oferecer resistência.
Sim, é o que diz o parágrafo único do art. 215: Se o crime é cometido com o fim
de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
Assédio sexual
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou
favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior
hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou
função."
Está correto afirmar que somente mulheres podem ser sujeito passivo de
assédio sexual?
Menores com idade a partir de 15 anos podem ser sujeitos passivos do crime
de assédio sexual?
Sim, considerando que o art. 7º, XXXIII, da CF permite o trabalho das pessoas
com 16 e 17 anos de idade, desde que não seja noturno, perigoso ou insalubre
e para os adolescentes com idade entre 15 e 16 anos, admite-se o trabalho na
condição de aprendiz, logo, como podem trabalhar, nada impede sejam vítimas
de assédio sexual.
Estupro de vulnerável.
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de
14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
Do exposto, podemos afirmar que o sujeito passivo de tal crime é a vítima do
sexo feminino e que a consumação se dá com a conjunção carnal?
Não, para ser sujeito passivo de tal crime é irrelevante o sexo da vítima e
caracteriza-se tanto pela conjunção carnal quanto por outro ato libidinoso.
Sim, acordo com a Lei de Crimes Hediondos (Art. 1º, V, da Lei 8.072/90), o
estupro, consumado ou tentado, em qualquer das suas espécies – simples ou
qualificadas – é crime hediondo.
Corrupção de menores:
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de
outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.o
Como se consuma este crime?
Bino, para atender sua irmã Ilma, por concupiscência desta, convenceu sua
vizinha Vânia, de 12 anos de idade, a assistir Ilma e seu namorado Nestor em
intimidades sexuais. Na hipótese, resta caracterizada o delito de corrupção de
menores?
Sim, exige-se o especial fim de agir, qual seja, satisfazer lascívia própria ou de
outrem, confira:
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou
induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
satisfazer lascívia própria ou de outrem.
Está correto afirmar que quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso
com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) também responde
pelo crime de favorecimento à exploração sexual de vulnerável?
Aquele que pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com menor de que
tem 13 anos de idade comete o crime de favorecimento à prostituição?
Sim, de acordo com o art. 225 do CP, crimes contra a liberdade sexual e os
crimes sexuais contra vulnerável procede-se mediante ação penal pública
condicionada à representação.
Excepcionalmente, tratando de vítima menor de idade vulnerável, a ação penal
será pública incondicionada (Parágrafo único do Art. 225), confira:
Ação penal
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I (liberdade sexial) e II (crimes
sexuais contra vulnerável) deste Título, procede-se mediante ação penal
pública condicionada à representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública
incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa
vulnerável.
Obs. Descata-se que segundo o STJ, “pessoa vulnerável” de que trata o
parágrafo único é somente aquela que possui uma incapacidade permanente
de oferecer resistência à prática dos atos libidinosos.
Se a pessoa é incapaz de oferecer resistência apenas na ocasião da
ocorrência dos atos libidinosos, ela não pode ser considerada vulnerável para
os fins do parágrafo único do art. 225 do CP, de forma que a ação penal
permanece sendo condicionada à representação da vítima.
STJ. 6ª Turma. HC 276.510-RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
11/11/2014 (Info 553).
Está correto afirmar que nos crimes contra a dignidade sexual a pena será
aumentada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas ou praticado por
ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem
autoridade sobre ela?
Segundo o art. 226, II, a pena será aumenta da metade se o sujeito ativo for
uma dessas pessoas arroladas acima. Por fim, se tais crimes forem
cometidos mediante concurso de duas ou mais pessoas o aumento será
de quarta parte da pena.
Ainda sobre o crime de mediação para servir a lascívia de outrem, o §1º do art.
227 qualifica o crime nas hipóteses em que a vítima for maior de 14 (catorze) e
menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente,
cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja
confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda, cuja pena será de
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Sendo a vítima menor de 14 anos, qual será a consequência jurídica?
Cuidado, de fato se trata de crime comum, em que o sujeito passivo pode ser
qualquer pessoa. No entanto, no crime em tela, a vítima deve ter idade igual
ou superior a 18 anos e dotada de discernimento para a prática do ato,
pois, se menor que esta idade ou que, por enfermidade ou doença mental,
não tenha o necessário discernimento para a prática do ato, incidirá o
crime de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração
sexual de vulnerável (art. 218-B do CP).
Atenção. Cabe aqui chamar a atenção que a Lei n.° 12.978/2014 acrescentou
mais um inciso ao art. 1º da Lei n.° 8.072/90, transformando em crime hediondo
o favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de
criança ou adolescente ou de vulnerável, delito previsto no art. 218-B, caput, e
§§ 1º e 2º do Código Penal.
Sim, além das duas situações mencionadas, também qualifica o crime se este
for cometido mediante violência, grave ameaça ou fraude, confira:
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração
sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1º- Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge,
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se
assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou
fraude:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à
violência.
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Está correto afirmar que somente a mulher pode ser sujeito passivo do crime
de rufianismo?
Não, qualquer pessoa, independente do sexo, pode ser sujeito passivo de tal
crime. Importante chamar a atenção para o fato de que se a vítima for
pessoa menor de 18 e maior de 14 anos, o crime será qualificado (art. 230, §
1º, primeira parte, do CP).
Sim, pois segundo o §1º do art. 231, incorre na mesma pena aquele
que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo
conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la.
Está correto afirmar que os crimes contra a dignidade sexual (Título VI do CP)
correrão em segredo justiça?
Sim, pois há ofensa a interesse da União, pois a esta compete emitir moeda.
Prevalece que sim. Cabe ainda destacar que a simples posse ou guarda de
instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à fabricação de
moeda, enseja o reconhecimento do crime de petrechos para falsificação de
moeda, tipificado no art. 291 do CP.
Aquele que desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda
autorizada, comete o crime de desvio de moeda e circulação antecipada (art.
289, §4º).
A posterior autorização para circulação torna a conduta atípica?
Errado, tal crime restará consumado com o desvio/ efetiva circulação
antecipada da moeda, sendo irrelevante posterior autorização, bem como será
irrelevante se sobrevier prejuízo a terceiros.
Não, segundo o STJ, tal conduta não se adéqua ao crime em tela, confira a
ementa:
(...) Petição inicial. Caráter propositivo. A exordial (Petição Inicial) não se
equipara a documento, pois as alegações ali deduzidas serão objeto de
análise pelo Poder Judiciário, bem como poderão ser contraditadas pela parte
adversa e por todos os meios de prova admitidos em Direito. HC 222613/ TO
de Superior Tribunal de Justiça, Sexta Turma, 24 de Abril de 2012.
Está correto afirmar que o crime de falsidade ideológica pode ser cometido
tanto de forma comissiva quanto omissiva?
Correto, confira:
1- Modalidade Omissiva: Omitir, em documento público ou particular,
declaração que dele devia constar;
2- Modalidade Comissiva: Fazer inserir declaração falsa ou diversa da que
devia ser escrita (...).
Por ser crime formal, estará consumado com a omissão, em documento público
ou particular, de declaração que dele devia constar ou com a inserção de
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita.
Na hipótese somente será punido o crime contra a ordem tributária (art. 1º,
I e II, da Lei 8.137/1990), pois tal crime tem como meio de execução a
falsidade ideológica. Em situações como esta, o crime contra a fé pública fica
absorvido, do contrário, haveria dupla punição pelo mesmo fato. Lembremos
que o conflito aparente de leis penais é superado pelo princípio da consunção.
Errado, se o atestado falso for emitido por estes profissionais, o crime será
de falsidade ideológica (art. 299 do CP).
Atenção: Sendo o médico funcionário público e fornecer atestado falso para
alguém que seja habilitado a obter cargo público, isenção de ônus ou de
serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem relacionada ao serviço
público, o crime será de atestado ideologicamente falso, definido no art. 301,
caput, do Código Penal.
Certidão ou atestado ideologicamente falso: Art. 301 - Atestar ou certificar
falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite
alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter
público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de dois meses a um
ano.
Se a pessoa que recebe o atestado médico falso o utiliza para obter vantagem,
cometerá o crime de uso de documento falso?
Correto, conforme previsto no art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis
falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302.
Imagine a seguinte situação. Rubinho, por não ter conseguido tirar sua carteira
de habilitação, possui uma CNH falsa. Desta forma, quando Rubinho conduz
veículo automotor, já pratica o uso de documento falso, independentemente de
apresentar ou não o documento falso à autoridade?
Prevalece o entendimento que sim, tendo em vista que o CTB determina que
“É obrigatório o porte da Permissão para Dirigir ou da Carteira Nacional de
Habilitação quando o condutor estiver à direção do veículo”. Nesse sentido,
quem conduz veículo automotor já está utilizando a carteira de habilitação.
Está correto afirmar que não constitui crime o uso de documento falso quando
o agente o faz com o propósito de ocultar antecedentes criminais ou evitar
medida coercitiva como a prisão em flagrante, haja vista tal conduta estar
protegida pelo princípio da não auto- incriminação?
Não, malgrado este já tenha sido o entendimento do STJ, hoje está pacificado
que há a ocorrência do crime em tal situação, confira duas ementas do STF
sobre o tema, uma referente ao crime de uso de documento falso e outra, com
repercussão geral, sobre o crime de falsa identidade. Destacando que os
argumentos são aplicáveis em ambas hipóteses.
HABEAS CORPUS. PENAL. USO DE DOCUMENTO FALSO. ATIPICIDADE.
INOCORRÊNCIA.
O fato de o paciente ter apresentado à polícia identidade com sua foto e
assinatura, porém com impressão digital de outrem, configura o crime do art.
304 do Código Penal. Havendo adequação entre a conduta e a figura típica
concernente ao uso de documento falso, não cabe cogitar de que a
atribuição de identidade falsa para esconder antecedentes criminais
consubstancia autodefesa. Ordem denegada. (HC 92763, Rel. Min. EROS
GRAU, PUBLIC 25-04-2008)
Sim, haja vista que a conduta criminosa faz menção aos arts. 297 a 302 do
Código Penal, confira: Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados
ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à
falsificação ou à alteração
Sim, pois para a sua configuração se exige a prática de outro crime anterior,
falsificação de documento ou falsidade ideológica.
Silas, maior e capaz, foi abordado por policiais militares e, ao ser questionado
acerca do documento de identificação, apresentou, como sendo seu, o único
documento que carregava, um título de eleitor, autêntico, pertencente a terceira
pessoa. Nessa situação hipotética, Silas cometeu crime de uso de documento
falso?
Não, nesta situação o uso de documento falso será um post factum impunível.
Veja ementa do STJ sobre o tema.
Falsificação e uso do documento falso pela mesma pessoa – crime único: “É
pacífico o entendimento doutrinário e jurisprudencial no sentido de que o
agente que pratica as condutas de falsificar e de usar o documento falsificado
deve responder apenas por um delito. Segundo jurisprudência desta Corte, se
o mesmo sujeito falsifica e, em seguida, usa o documento falsificado, responde
apenas pela falsificação. Em que pese a reprovabilidade do comportamento do
paciente, já que apreendidos em sua residência carteiras de habilitação,
certificados de dispensa de incorporação, carteiras da Ordem dos Advogados
do Brasil e cédulas de identidade, todos falsificados, a condenação pelo falso
(art. 297, CP) e pelo uso de documento falso (art. 304, CP) traduz ofensa ao
princípio que veda o bis in idem, já que a utilização, pelo próprio agente, do
documento que anteriormente falsificara, constitui fato posterior impunível. Bem
jurídico tutelado, ou seja, a fé pública, que foi malferida no momento em que se
constituiu a falsificação. Posterior utilização do documento, pelo próprio autor
do falso, consubstancia, em si, desdobramento dos efeitos da infração anterior”
(STJ: HC 107.103/GO, rel. Min. Og Fernandes,. 19.10.2010).
Qual a principal distinção entre o crime de uso de documento falso (art. 340 do
CP) e falsa identidade?
O crime de uso de documento falso (Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos
papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a
cominada à falsificação ou à alteração) é exemplo de norma penal em branco
ao avesso.
Errado, seno o crime praticado por estrangeiro com tal propósito, o crime será
de fraude de lei sobre estrangeiro (Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar
ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu).
Sim, conforme prevê o §1 do art. 311, confira: “Se o agente comete o crime no
exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um
terço”.
Não, o STJ firmou entendimento que não se exige finalidade específica para a
caracterização do crime do art. 311 do Código Penal, bastando para a sua
consumação a adulteração de qualquer sinal identificador do veículo (STJ:
AgRg no Ag 903.555/GP j. 05.05.2009).
Não, somente pode ser objeto deste crime dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular.
Art. 312- Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos,
e multa.
No crime em tela, está correto afirmar que se o funcionário subtrair bem público
que não esteja em sua posse, mas sim na de outro funcionário público,
cometerá o crime de furto e não peculato?
Não, na hipótese não haverá propriamente o crime de furto, mas sim o crime
de peculato impróprio ou peculato furto, conforme previsão do parágrafo
único do art. 312, confira:
Art. 312 (...)
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe
proporciona a qualidade de funcionário.
O crime de peculato é um crime próprio, pois somente pode ser cometido por
funcionário público. No entanto, está correto afirmar também se trata de um
crime funcional impróprio?
Sim, há previsão legal do peculato culposo (art. 312, §2º)*, destacando que
nesta espécie de peculato a reparação do dano opera os seguintes efeitos:
1- se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade;
2- se posterior à sentença irrecorrível, reduz de metade a pena imposta.
* Peculato culposo: Art. 312, §2º- Se o funcionário concorre culposamente para
o crime de outrem.
Está correto afirmar que o funcionário público somente responderá por peculato
culposo se houver também a prática de crime doloso consumado praticado por
terceiro?
Sim, deve haver a prática de um crime doloso por terceira pessoa. Veja o
que diz o §3º do art. 312, Peculato culposo. Se o funcionário concorre
culposamente para o crime de outrem.
Conforme bem resumido por Cleber Masson, dois são os requisitos para a
ocorrência do peculato culposo, confira:
1- Conduta culposa do funcionário público, mediante sua inobservância ao
dever objetivo de cuidado da coisa móvel da Administração Pública ou sob sua
vigilância;
2- Prática de um crime doloso por terceira pessoa, aproveitando-se da
facilidade culposamente proporcionada pelo funcionário público.
Sim, pois pode se consumar com a prática de qualquer um dos quatro núcleos
do tipo:
“Art. 313-A. Inserir ou facilitar (...) alterar ou excluir (...)”.
Não, apesar de ser crime próprio ou especial, pois somente pode ser cometido
pelo “funcionário autorizado” admite participação, pois, como já destacado,
prevê o art. 30 do CP que as circunstâncias de caráter pessoal, quando
elementares do crime, se comunicam a todos os demais. Desta forma, o
funcionário público não autorizado e o particular podem figurar como coautor
do crime de peculato.
Sim, como se extrai da expressão “se o fato não constitui crime mais grave”.
Não, somente pode praticar este crime o funcionário público que tenha poder
de gestão em relação às verbas ou rendas públicas, a exemplo do Presidente
da República e Ministros de Estado, os Governadores dos Estados e do Distrito
Federal e respectivos Secretários etc.
Obs. Se o a conduta for praticada por prefeito municipal o crime será o previsto
no art. 1º, III, do Decreto-lei 201/1967.
Não, pois se trata de crime formal, de forma que se consuma com a mera
exigência da vantagem indevida, independentemente de sua efetiva
obtenção, que se ocorrer, será exaurimento do crime.
Para a configuração do crime de concussão a mencionada vantagem deve ser
patrimonial?
Não, apesar de estar localizado com parágrafo do art. 316, trata-se de crime
autônomo.
O §1º do art. 316 traz o crime autônomo de excesso de exação. Tal crime pode
ser cometido de duas formas:
1ª- Exigência do tributo que sabe ser indevido;
2ª- Emprego de cobrança vexatória ou gravosa, que a lei não autoriza, o tributo
devido.
Quando se consuma cada uma das modalidades?
Excesso de Exação: Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio
vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza.
Não, tal afirmação está errado, lembre-se que se houver exigência, o crime
será de concussão.
Veja quais são as ações nucleares do crime de corrupção passiva:
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Quase isso, mas não se trata de crime qualificado, na verdade incidirá uma
causa de aumento de pena, confira:
“Art. 317, §1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato
de ofício ou o pratica infringindo dever funcional”.
Com previsão no §2º do art. 314, ocorre quando o funcionário público pratica,
deixa de praticar ou retarda o ato de ofício, não em virtude do recebimento
de vantagem indevida, mas cedendo a pedido ou influência de outrem, isto é,
para satisfazer interesse de terceiros ou para agradar ou bajular pessoas
influentes.
Não, somente a título de dolo, exigindo ainda que este seja específico, qual
seja, a vontade de satisfazer ‘interesse’ ou ‘sentimento pessoal’.
Não, basta que seja para satisfazer qualquer interesse do servidor público.
Errado, o ato tem que ser praticado contra a lei e não contra a moral.
O crime de prevaricação imprópria, ou prevaricação nos presídios é espécie de
crime omissivo próprio?
“Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir
seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou
similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente
externo”.
Sim, tal crime possui como núcleo do tipo o verbo “deixar”, no sentido de omitir-
se ou não fazer algo (crime omissivo próprio ou puro). Esse verbo está
associado à expressão “de cumprir seu dever de vedar”, isto é, proibir algo em
cumprimento de obrigação legal.
Não, somente pode ser cometido pelo diretor do presídio e ou agentes públicos
incumbidos do dever de evitar o acesso a aparelhos de comunicação pelos
presos, como é o caso dos agentes penitenciários, dos carcereiros, dos
policiais responsáveis pela escolta dos presos.
O crime de abandono de função (Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos
casos permitidos em lei) possui previsão legal na forma dolosa e culposa?
Errado, tal crime somente será punível a título de dolo.
Errado, segundo o §1º do art. 323, se do fato resulta prejuízo público, além da
pena de detenção, será acrescida a pena de multa.
Estaria correto afirmar que o crime de violação de Sigilo Profissional (Art. 325 -
Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em
segredo, ou facilitar-lhe a revelação: do CP) foi abolido pelo princípio da
publicidade da atividade administrativa, não existindo mais no ordenamento
jurídico?
Sim, conforme dito por Capez, “Referido preceito legal foi revogado tacitamente
pelo art. 94 da Lei de Licitações (Lei n. 8.666/93), que dispõe: “Devassar o
sigilo de proposta apresentada em procedimento licitatório, ou proporcionar a
terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena – detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e
multa”. Trata-se de norma penal mais abrangente, uma vez que se refere
genericamente ao procedimento licitatório, o qual engloba outras modalidades
licitatórias que não só a concorrência pública”.
Está correto afirmar que a não execução do ato legal em virtude da resistência
do particular é mero exaurimento do crime?
Ocorrendo o crime de resistência, eventual lesão corporal por este crime será
absorvida?
Errado, nesta hipótese, nos termos do §2º do art. 329, haverá concurso
material obrigatório - sistema do cúmulo material– de forma que o agente
responderá pela resistência somada ao crime resultante da violência, na
hipótese, lesão corpora, sendo incabível falar no princípio da absorção.
Não, nesta hipótese não haverá crime, confira como já decidiu o STF: “A
garantia constitucional do inciso XI do art. 5° da Carta da República, a
preservar a inviolabilidade do domicílio durante o período noturno, alcança
também a ordem judicial, não cabendo a cogitar de crime de resistência” (STF,
RE 460.880/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 1ª Turma, j. 25.09.2007).
Não, para a ocorrência do crime a ordem deve ser legal, sendo ilegal não
haverá crime.
Segundo o STF não, com base no princípio de que ninguém pode ser obrigado
a produzir prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere), confira dois
julgados sobre o tema:
“Diante do princípio nemo tenetur se detegere, que informa o nosso direito de
punir, é fora de dúvida que o dispositivo do inciso IV do art. 174 do Código de
Processo Penal há de ser interpretado no sentido de não poder ser o indiciado
compelido a fornecer padrões gráficos do próprio punho, para os exames
periciais, cabendo apenas ser intimado para fazê-lo a seu alvedrio” (HC 77.135,
Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 6-11-1998).
Aquele que, ao ser abordada pela polícia, ofender um policial comete o crime
de desacato?
Não, somente com haverá desacato se a conduta for dolosa, consistindo ainda
o dolo em causar desprestígio à função pública, ofendendo a dignidade do
cargo público ocupado pelo agente público.
Constitui o crime de Tráfico de Influência: Art. 332. Solicitar, exigir, cobrar ou
obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto
de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função.
Por ser, em regra, crime formal, consuma-se com o ato de solicitar, exigir ou
cobrar a vantagem ou promessa de vantagem. Em relação ao núcleo do
tipo obter, o crime é material ou causal, e consuma-se no instante em que o
sujeito alcança a vantagem esperada.
Não, veja que os núcleos do tipo da corrupção ativa são Oferecer ou prometer,
de forma que pedir que o funcionário pratique ato de ofício não é crime.
“Art. 333- Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício”.
Não, como bem destaca Capez, a corrupção, em nossa legislação, não é crime
necessariamente bilateral, de forma que nem sempre a configuração da
corrupção passiva dependerá do delito de corrupção ativa e vice-versa.
Assim, por exemplo, o oferecimento ou a promessa de vantagem feita pelo
particular ao funcionário público configura, por si só, o delito de corrupção ativa
(CP, art. 333), independentemente do recebimento da vantagem ou da
aceitação da promessa pelo funcionário público.
Sim, pois para entender o objeto material do crime (tributos não recolhidos) se
faz necessária a complementação por outra lei que indique quais são os
impostos devidos pela entrada ou saída de mercadorias do território nacional.
Sim, pois ofendem interesses da União, CF, art. 109, IV. Para espancar
qualquer dúvida o STJ editou a súmula nº 151: “A competência para o
processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela
prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens”.
Segundo o inciso IV do art. 134 do CP, aquele que adquire, recebe ou oculta,
em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação
legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos comete o crime
equiparado à descaminho. Quem pode ser o sujeito ativo deste crime?
Sim, pois o crime deve ser praticado por meio de uma das condutas previstas
nos incisos acima.
Não, pois se trata de crime omissivo próprio, unissubsistente, de forma que não
pode ser fracionado.
Quais são os requisitos legais para que o juiz possa conceder o perdão
judicial?
Não, conforme dispõe o §1º do art. 337,§1º do CP, o marco para a extinção da
punibilidade é o início da ação fiscal e não o recebimento da denúncia.
Está correto afirmar que no crime de sonegação de contribuição previdenciária,
se o empregador não for pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não
ultrapassar determinado valor fixado em lei, reajustado pelos mesmos índices
dos benefícios da previdência social, o juiz poderá aplicar somente a pena de
multa?
Sim, haja vista que somente pode ser praticado por quem se encontre “no
exercício de atividade comercial ou industrial”. Cabe ainda destacar que
equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer
forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
inclusive o exercido em residências (art. 134-A, §2º).
Letra E, pois o crime de tráfico de influência está no capítulo que trata dos
crimes praticados por particular contra a administração em geral.
Confira quais são os crimes contra a administração da Justiça.
Ø Reingresso de estrangeiro expulso (Art. 338);
Ø Denunciação caluniosa (Art. 339);
Ø Comunicação falsa de crime ou de contravenção (Art. 340);
Ø Autoacusação falsa (Art. 341);
Ø Falso testemunho ou falsa perícia (Art. 342 e 343);
Ø Coação no curso do processo (Art. 344);
Ø Exercício arbitrário das próprias razões (Art. 345 e 346);
Ø Fraude processual (Art. 347);
Ø Favorecimento pessoal (Art. 348);
Ø Favorecimento real (Art. 349 e 349-A);
Ø Exercício arbitrário ou abuso de poder (Art. 350);
Ø Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança (Art. 351);
Ø Evasão mediante violência contra a pessoa (Art. 352);
Ø Arrebatamento de preso (Art. 353);
Ø Motim de presos (Art. 354);
Ø Patrocínio infiel e Patrocínio simultâneo ou tergiversação (Art. 355);
Ø Sonegação de papel ou objeto de valor probatório (Art. 356);
Ø Exploração de prestígio (Art. 357);
Ø Violência ou fraude em arrematação judicial (Art. 358);
Ø Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito. Art.
359.
Não, conforme prevê o art. 338 do CP, será punido com reclusão de um a
quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena.
Não, e tal conclusão pode ser extraída da própria leitura do tipo, confira:
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial,
instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de
improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe
inocente.
Sim, observe que tal crime pode ser praticado mediante a prática de três
condutas:
1- Fazer afirmação falsa;
2- Negar a verdade;
3- Calar a verdade (reticência).
O contador que nega a verdade no âmbito de juízo arbitral não comete o crime
de falso, pois tal hipótese não está abrangida pelo artigo 342 do CP. Está
correto o que se afirma?
Errado, o juízo arbitral está previsto como uma das situações em que pode
ocorrer o delito, confira:
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha,
perito, contador, tradutor ou intérprete em:
Ø Processo judicial;
Ø Processo Administrativo;
Ø Inquérito policial;
Ø Juízo arbitral.
Tais espécies de delito delitos são incompatíveis com a coautoria, pois não é
possível transferir a condição indicada no tipo penal. No entanto, será possível
a participação nas três modalidades (induzimento, instigação e auxílio).
Cabe aqui uma observação, conforme destaca Cléber Masson, a possibilidade
de coautoria na hipótese de falsa perícia, confira:
Na falsa perícia há, curiosamente, uma exceção a esta regra. Somente o
perito, contador, tradutor ou intérprete podem figurar como sujeitos ativos do
delito, mas nada impede que duas ou mais pessoas de igual estirpe, como
coautores, executem o núcleo do tipo penal. (Código Penal Comentado).
Sabemos que no crime de falso testemunho o fato deixa de ser punível se,
antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou
declara a verdade. Neste caso, qual a natureza jurídica da retratação?
Tal crime, apesar de não ter sido nominado pelo Código, é chamado de
“Corrupção ativa de testemunha ou perito” pela doutrina e jurisprudência. Tal
espécie de delito é mais uma exceção à teoria monística do concurso de
pessoas consagrada pelo CP?
No crime de Exercício arbitrário das próprias razões (Art. 345. Fazer justiça
pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando
a lei o permite) sendo ilegítima a pretensão, estará excluído automaticamente o
delito?
Sim, pois a lei prevê a soma das penas entre o crime tipificado no art. 345 do
Código Penal e o delito oriundo da violência, qualquer que seja ele (lesão
corporal, leve, grave ou gravíssima, ou homicídio, consumado ou tentado).
Confira:
Art. 345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora
legítima, salvo quando a lei o permite:
Quem pode ser sujeito ativo do crime de exercício arbitrário das próprias
razões do art. 346 do CP?
“Art. 346- Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em
poder de terceiro por determinação judicial ou convenção”.
Fraude processual
Art. 347. Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou
administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a
erro o juiz ou o perito:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal,
ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro.
Aquele que remove o corpos da vítima do local do crime com o objetivo de
alterar a cena do crime será punido com a pena de 3 meses a 2 anos?
Não, pois se a inovação se der no âmbito do processo penal, a pena deve ser
aplicada em dobro.
Aquele que presta ajuda a quem cometeu crime punido à pena de detenção
comete o crime de favorecimento pessoal?
Não, não haverá favorecimento pessoal quando o fato estiver encoberto por
causa excludente da ilicitude, de igual modo também não haverá quando o fato
antecedente guardar relação com causa excludente da culpabilidade.
Bob Pai, sabendo que Bob filho acabara de cometer um homicídio, providencia
sua fuga do país, dando-lhe veículo e boa quantia em dinheiro. Nessa hipótese,
Bob pai cometeu o crime de favorecimento pessoal?
Favorecimento real: Art. 349. Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria
ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime.
A exemplo do crime de favorecimento pessoal, o crime de favorecimento real é
modalidade de crime parasitário/ subsidiário?
Quem pode ser sujeito ativo do crime de fuga de pessoa presa ou submetida
a medida de segurança?
Sim, embora em regra seja crime doloso, pode haver modalidade culposa se a
culpa fordo funcionário público incumbido da custódia ou guarda(art. 351, §4º).
Sim, prevê o art. 351, §2º, o concurso material obrigatório entre fuga de
pessoa presa ou submetida a medida de segurança e eventual crime resultante
da violência, qualquer que seja sua espécie (lesão corporal leve, grave ou
gravíssima, homicídio consumado ou tentado). Alertando que havendo
somente vias de fato, tal contravenção será absorvida pelo crime em análise.
Sim, pois somente pode ser praticado pela pessoa submetida à prisão
(provisória ou definitiva) ou à medida de segurança detentiva.
Sim, pois lei pune de forma idêntica o crime consumado e o fato que seria em
tese uma simples tentativa, de forma que é possível é possível afirmar que
pouco importa se o detento, após utilizar de violência contra a pessoa, evade-
se ou não.
(FCC/ TRF 2ª- TJ- Segurança/ 2012) A ação de várias pessoas, retirando,
mediante violência, pessoa presa da guarda da escolta que o tinha sob
custódia, para fins de linchamento, caracteriza o delito de arrebatamento de
preso.
Gabarito: Correto.
Gabarito: Errado.
Sim, trata-se de crime próprio ou especial, pois somente podem ser praticados
pelo advogado, seja ele público ou particular, constituído ou dativo, e também
pelo procurador. Segundo Capez o estagiário de advocacia, inscrito na Ordem
dos Advogados do Brasil também pode praticar tal crime.
São três:
1- Autos (processo cível ou penal, ou inquérito policial);
2- Documento (é o papel destinado a comprovar fato juridicamente
relevante);
3- Objeto de valor probatório (é a coisa que serve ou pretende servir a
provar fato juridicamente relevante no processo).
Sim, pois somente pode figurar como sujeito a pessoa que, por decisão judicial,
foi suspensa ou privada relativamente ao exercício de determinada função,
atividade, direito, autoridade ou múnus.
Como se consuma o crime de desobediência a decisão judicial sobre perda ou
suspensão de direito?
Face a tal informação, qual o critério que o legislador ordinário escolheu para
definir quais são os crimes hediondos, o legal o judicial ou o misto?
No Brasil foi adotado o sistema legal, segundo o qual somente a lei pode
estabelecer quais os crimes serão considerados hediondos.
Tal conclusão podemos tirar do próprio dispositivo constitucional acima
descrito, que já inicia afirmando que “a lei considerará crimes inafiançáveis e
insuscetíveis de graça ou anistia (...) os definidos como crimes hediondos”.
Sabemos que o Brasil adotou o sistema legal para definir os crimes hediondos,
qual a diferença entre esse sistema, o sistema judicial e o misto?
Pelo sistema judicial não haveria nenhuma enumeração da lei, devendoo juiz,
de acordo com as circunstâncias concretas reconhecer ou não a
hediondez do crime. A grande crítica a este sistema é que há excessiva
discricionariedade por parte do julgador.
Já o sistema misto contém proposta intermediária. Na lei haveria um rol
exemplificativo, podendo o juiz reconhecer em outras hipóteses a
hediondez de crime não constante da relação.
Acerca dos crimes hediondos, está correto afirmar que somente serão assim
considerados se consumados, de modo que a tentativa de tais crimes não
serão consideradas hediondas?
Errado, segundo o caput do art. 1° da Lei 8.072/ 90, Art. 1º São considerados
hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no CP, consumados
ou tentados:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art.
121, § 2o, I, II, III, IV e V);
II - latrocínio (art. 157, § 3º,in fine);
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º);
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159,caput, e §§
1º, 2° e 3º)
V - estupro (art. 213,capute §§ 1° e 2°VI - estupro de vulnerável (art. 217-
A,capute §§ 1º, 2º, 3º e 4º)
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a
fins terapêuticos ou medicinais (art. 273,capute § 1º, § 1º-A e § 1º-B)
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de
criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
Cuidado, como vimos, o Brasil adotou o critério legal, e estes crimes não foram
incluídos no rol taxativo do artigo 1º da Lei 7.082/ 90, portanto não são
considerados crimes hediondos. Destaca-se, no entanto, que de acordo com o
art. 2º da Lei, os crimes de tortura, tráfico e terrorismo (“T” “T” “T”) são
crimes equiparados aos hediondos, logo, tais crimes merecem o mesmo
tratamento penal destinado aos crimes hediondos.
Não, e o próprio inciso I do art. 1° estabelece que será hediondo tal crime ainda
que praticado por um só agente, confira:
homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ainda que cometido por um só agente (...).
Não, de acordo com a Lei de Crimes Hediondos (Art. 1º, V, da Lei 8.072/90),
o estupro, consumado ou tentado, em qualquer das suas espécies – simples
ou qualificadas – é crime hediondo.
II – fiança."
O §1º do art. 2º da Lei 8.072/90 estabelece que a pena aplicável aos crimes
hediondosserá cumprida em regime inicialmente fechado. Está correto afirmar
que o STF decidiu que a tal previsão é inconstitucional?
Correto, no dia 27 de junho de 2012 o Plenário do STF decidiu que o § 1º, art.
2º da Lei n° 8.072/90, com a redação dada pela Lei n° 11.464/2007, ao impor o
regime inicial fechado, é INCONSTITUCIONAL.
Segundo a Lei de Execuções Penais (LEP, art. 112 da Lei 7.210/ 84) a pena
privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando
o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e
ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do
estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. No entanto,
está correto afirmar que tal previsão não se aplica aos hediondos e
equiparados?
Cuidado. O que não se aplica aos hediondos é a fração de 1/6 (um sexto),
considerando que nos crimes hediondos temos regramento próprio no §2° do
art. 2°, haja vista que a progressão se dará após o cumprimento de 2/5 (dois
quintos) ou 3/5 (três quintos), nas hipóteses de reincidência da pena, e não 1/6
como nos demais crimes.
Art. 2°, § 2° A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes
previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da
pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente
Segundo a Lei de Execuções Penais (LEP, art. 112 da Lei 7.210/ 84) a pena
privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando
o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e
ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do
estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. No entanto,
está correto afirmar que tal previsão não se aplica aos hediondos e
equiparados?
Cuidado. O que não se aplica aos hediondos é a fração de 1/6 (um sexto),
considerando que nos crimes hediondos temos regramento próprio no §2° do
art. 2°, haja vista que a progressão se dará após o cumprimento de 2/5 (dois
quintos) ou 3/5 (três quintos), nas hipóteses de reincidência da pena, e não 1/6
como nos demais crimes.
Art. 2°, § 2° A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes
previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da
pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente
Não, de acordo com a Lei de Crimes Hediondos (Art. 1º, V, da Lei 8.072/90), o
estupro, consumado ou tentado, em qualquer das suas espécies – simples ou
qualificadas – é crime hediondo.
Sim, acordo com a Lei de Crimes Hediondos (Art. 1º, V, da Lei 8.072/90), o
estupro, consumado ou tentado, em qualquer das suas espécies – simples ou
qualificadas – é crime hediondo.
Segundo a Lei 11.343/06, o que será considerado drogas para fins penais?
Não, nos termos do art. 1° da Lei 11.343 /06, vários aspectos relacionados às
drogas são tratados nessa lei, sendo que somente a quarta e quinta parte trata
efetivamente da matéria penal e processual penal.
1- Na primeira parte institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
Drogas — SISNAD;
2- Na segunda parte prescreve medidas de prevenção ao uso indevido;
3- Na terceira prescreve medidas para reinserção social dos usuários e
dependentes;
4- Na quarta prevê os novos crimes relativos às drogas;
5- Pro fim, na quinta e última parte estabelece o novo procedimento
criminal.
Obs. Destacamos desde já que só trabalharemos os itens 4 e 5, considerando
que são estes que tratam da parte penal da lei e são os exigidos em concursos
públicos.
Sim, como vimos na parte geral, o tipo misto alternativo (de ação múltipla ou de
conteúdo variado) ocorre quando a norma descrevevárias formas de
realização da figura típica (vários verbos), em que a realização de uma
conduta, ou mesmo de todas elas, configura um único crime.
Reveja quais são as condutas típicas:
1- Adquirir;
2- Guardar;
3- Tiver em depósito;
4- Transportar;
5- Trouxer consigo.
Nesse sentido, se o usuário adquirir, guardar e tiver em depósito, responderá
somente por um crime.
Observe que dentre as condutas não prevê como crime o USO de droga.
Os crimes previstos na lei de drogas são exemplos de normas penais em
branco?
Sim, podemos dizer que a Lei n. 11.343/2006 adotou o sistema das normas
penais em branco, haja vista que somente será considerada droga
a substância que estiver prevista em portaria própria do Ministério da
Saúde, cabendo destacar que, atualmente, as substâncias ou produtos
considerados drogas estão enumerados na Portaria 344/98 do Serviço de
Vigilância Sanitária.
Relembrando, A lei penal incriminadora possui:
a) "preceito primário", que descreve a conduta (ação ou omissão) ilícita;
b) "preceito secundário", que comina a sanção penal.
No entanto, algumas leis penais incriminadoras não possuem preceito primário
completo, necessitando da complementação de seu conteúdo por meio de
outra norma. (Integradora ou complementar, no caso em tela, Portaria n.
344/98 do Serviço de Vigilância Sanitária).
São as chamadas leis penais em branco.
Segundo Binding, "a lei penal em branco é um corpo errante em busca de sua
alma".
Sabendo que teria um show de reggae em sua cidade, Bob, além de comprar o
ingresso, compra de Escobar dois baseados para consumir no show. No
entanto, antes de chegar ao local do espetáculo, é interceptado pela polícia e
levado à autoridade competente.
Na situação descrita pergunta-se, é aplicável o princípio da insignificância ao
crime de porte de droga para consumo pessoal?
Por seu turno, para o crime de uso de drogas, a lei não prevê hipótese de
pena restritiva de liberdade, confira:
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar será submetido àsseguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
À II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
Face a tal situação pergunta-se: O art. 28 da Lei de Drogas, por não punir a
conduta com reclusão ou detenção, descriminalizou a aquisição, guarda,
depósito e transporte ou porte de droga para consumo pessoal?
Não, a Lei 11.343/11 tipifica tal prática, é o delito de plantio para consumo
pessoal (§ 1º) conduta equiparada ao porte de droga, confira:
Art. 28, §1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo
pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena
quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou
psíquica.as penas serem as mesmas.
Vimos que as penas previstas para o crime de porte de drogas para uso
pessoal são as de advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de
serviços à comunidade e, por fim, medida educativa de comparecimento a
programa ou curso educativo. No caso das últimas duas penas, qual o prazo
máximo para a aplicação?
Atenção... Fique esperto, essa é uma pegadinha em que muita gente cai.
A doutrina e a jurisprudência firmaram-se no sentido de que, quando alguma lei
comina determinada sanção civil ou administrativa para o descumprimento de
ordem legal de funcionário público, somente incidirá o crime em análise se a
mencionada lei ressalvar expressamente a aplicação cumulativa do delito de
desobediência. Logo, descumprimento injustificado das penas previstas
nos incisos I, II e III do caput do art. 28 não caracteriza o crime de
desobediência, isso porque a própria Lei de Drogas já prevê em seu art. 28,
§6°, as consequências decorrentes do descumprimento de tais penas-
admoestação verbal e multa, a serem aplicadas de maneira sucessiva - sem
fazer qualquer ressalva expressa quanto à possibilidade de responsabilização
criminal pelo delito de desobediência.
Para melhor ilustrar um exemplo trazido pela doutrina: se o motorista se
recusar a retirar o automóvel de local proibido, há somente a previsão legal de
sanção administrativa no CTB. O art. 219 do CPP, pelo contrário, prevê
expressamente: “O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no
art. 453 (atualmente prevista no art. 458 c/c o art. 436, § 2º, do CPP, conforme
Lei n. 11.689/2008), sem prejuízo do processo penal por crime de
desobediência, e condená-la ao pagamento das custas da diligência”. (Capez,
Código Penal Comentado).
Está correto afirmar que no caso de posse de droga para uso pessoal a pena
de serviços à comunidade é substitutiva da pena privativa de liberdade?
Tráfico de Drogas:
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir,
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
Podemos dizer que o crime de tráfico também é chamado de crime de múltipla
conduta?
Sim, como vimos na parte geral, e da mesma forma que o crime de porte de
droga para consumo pessoal, o crime de tráfico é um tipo misto alternativo,
de ação múltipla ou de conteúdo variado, de forma que ocorre quando a
norma descreve várias formas de realização da figura típica (vários verbos:
importar, exportar, remeter, preparar...), em que a realização de uma ou de
todas configura um único crime.
Quais as causas que podem diminuir a pena do crime de tráfico (art. 33) e nos
crimes equiparados ao tráfico (art. 33, §1º)?
Está correto afirmar que se o agente for primário, de bons antecedentes e não
se dedicar à atividades criminosas, nem integrar organização criminosa, haverá
a figura do tráfico privilegiado?
Cuidado, de fato o §4º da Lei 11.343/06 estabelece que a pena poderá ser
reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas
de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se
dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. Ou seja,
tais situações propiciam a diminuição da pena. Logo, cuidado, não se trata de
uma figura privilegiada, pois o legislador não inseriu um novo mínimo e um
novo máximo de pena privativa de liberdade.
No entanto, imperioso destacar que, mesmo não sendo o mais técnico,
normalmente é comum a referência a tal dispositivo como “tráfico privilegiado”.
Está correto afirmar que o tráfico privilegiado, face a sua menor gravidade, não
é considerado crime hediondo?
Qual a diferença entre o crime do caput do art. 33 (tráfico) e a dos seus incisos
(crimes equiparados ao tráfico)?
A diferença está no objeto material, uma vez que o objeto do tráfico é a
própria droga, ao passo que o objeto das condutas equiparadas é a matéria -
prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas,
uma vez que as condutas são praticamente as mesmas.
Em resumo:
Tráfico: Drogas;
Equiparados: Matéria prima, insumo ou produtos químicos para a produção de
drogas.
Não, este crime, a exemplo dos crimes que já vimos até aqui, não exige o dolo
específico de lucro. Lembre-se que os crimes relacionados às drogas são de
perigo abstrato.
Sim, conforme bem destaca Alberto Silva Franco, são necessários os seguintes
requisitos para a tipificação do delito:
1- duas ou mais pessoas;
2- vínculo associativo (aqui entra o ajuste prévio);
3- finalidade de traficar tóxicos.
Quais as principais diferenças entre os crimes de associação para o tráfico (art.
35 da Lei 11.343/06) e a associação criminosa do (art. 288 do CP)?
Obs. Em relação aos crimes hediondos, prevê o art. 8º, caput, da Lei
8.072/1990 – Lei dos Crimes Hediondos: “Será de três a seis anos de reclusão
a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes
hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou
terrorismo”.
Este dispositivo legal abre espaço para uma modalidade qualificada de
associação criminosa, aplicável unicamente aos agrupamentos ilícitos
constituídos com a finalidade de praticar delitos hediondos ou
assemelhados, com exceção do tráfico de drogas, pois em relação a este
crime incide a figura contida no art. 35 da Lei 11.343/2006 – Lei de Drogas
(associação para o tráfico de drogas).
Está correto afirmar que aquele que custeia ou financia o tráfico de drogas
deverá responder como participe de tal crime?
Segundo Capez, a lei não exigiu habitualidade, nem empregou núcleos cuja
natureza exija tal requisito. Sustenta o autor que “custear” é
açãoperfeitamente compatível com ação instantânea, de forma que o
agente pode, perfeitamente, efetuar em um só instante o pagamento de todas
as despesas ou parte delas, relacionadas ao tráfico. Ainda segundo o autor, o
mesmo se diga de um empréstimo ou financiamento, o qual pode também se
revestir de eventualidade, pois nada impede um neófito que reuniu suas
economias para esse fim, de efetuar em um único momento o financiamento de
traficantes.
As condutas, portanto, não se revestem em sua natureza do caráter
necessariamente eventual, não havendo que se fazer essa exigência, quando a
lei não o fez, ainda mais em um caso como o do tráfico, cujos efeitos malignos
corroem toda a estrutura legal, ética e moral da sociedade.
Está correto afirmar que somente o médico pode ser sujeito ativo de tal crime?
Não, de fato trata-se de crime próprio que pode ser cometido por profissional
de qualquer categoria cuja função inclua a prescrição ou aplicação de drogas
dentro das exigências legais. Nesse sentido, pode incorrer como sujeito ativo
desse delito quaisquer profissionais da área de saúde de um modo geral,
como médico, dentista, farmacêutico ou profissional de enfermagem no
exercício regular de sua profissão.
Observe que o par. único do art. 38 estabeleceu que o “juiz comunicará a
condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o
agente”, não deixando dúvidas quanto à exigência de que o autor seja um
profissional da área da saúde.
Não. Lembre-se que a conduta de tal crime deve ser culposa, e os crimes
culposos não admitem tentativa.
Como já vimos na parte geral do Código Penal, nos crimes de perigo abstrato o
risco é presumido pelo legislador, não permitindo prova em sentido contrário
(basta à acusação provar a realização da conduta). Por seu turno, os crimes de
perigo concreto exigem, caso a caso, a demonstração da real ocorrência de
probabilidade de dano a pessoa certa e determinada.
No caso em tela, segundo a doutrina, não se trata nem de um caso nem de
outro, pois se a condução for feita sob efeito de droga, estará configurado o
crime, a menos que se demonstre a absoluta impossibilidade de dano a
terceiro, daí não ser de perigo abstrato, pois o perigo impossível torna a ação
atípica.
De acordo com a redação original do art. 44, “os crimes previstos nos arts. 33,
caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis,
graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas
penas em restritivas de direitos”.
Tal dispositivo ainda está vigente?
Segundo o art. 40, III da Lei de drogas, a pena será aumentada de um sexto a
dois terços se o agente praticar tráfico de drogas nas dependências ou
imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de
sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou
beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem
espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de
dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou
policiais ou em transportes públicos. Tal rol é taxativo?
Sim, conforme destaca Renato Brasileiro, na medida em que não se admite o
emprego de analogia in malam partem no Direito Penal, forçoso é concluir que
se trata de rol de natureza taxativa. Por isso, se o local onde o crime de tráfico
de drogas não constar do art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/06, não será
possível a incidência da referida majorante, ainda que se trate de local de
grande aglomeração de pessoas (v.g., praça pública).
Para fins de aplicação da causa de aumento de pena do art. 40, V, tráfico entre
Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal, há a necessidade da
efetiva transposição das divisas?
A Lei de Drogas lista algumas causas que aumentam de um sexto a dois terços
as penas previstas para os crimes dos art. 33 ao 37. Você pode listar ao menos
duas destas causas?
Sete são as causas de aumento de pena elencadas pela Lei 11.343/ 06.
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as
circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no
desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de
estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades
estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais
de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de
qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de
reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de
arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o
Distrito Federal;
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem
tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de
entendimento e determinação;
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
O artigo supracitado trata da delação eficaz, que pode ocorrer tanto no curso
do inquérito (indicado) ou no curso do processo (acusado). A delação eficaz,
além de voluntária, como o próprio nome indica, deve ser eficaz, dessa
forma, somente incidirá a minorante se houver a identificação dos demais
coautores ou partícipes do crime e a recuperação total ou parcial do
produto do crime.
Está correto afirmar que fará jus à causa especial de redução de pena o agente
que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou
de força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento?
Está correto afirmar que terá a pena reduzida de um a dois terços o agente não
possuía, ao tempo da ação ou da o missão, a plena capacidade de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento?