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O final dos anos 70 foi marcado por uma mudança gradual na forma de

fazer política, marcado pela maior flexibilidade nas ações públicas, iniciando com
o Presidente Geisel e João Figueiredo. Ao passo que as mudanças ocorriam em
nível nacional, na Amazônia se estabelecia uma crescente mobilização de
pequenos agricultores, garimpeiros, seringueiros e indígenas. O movimento se
iniciou com protestos locais evoluiu a movimentos de resistência que cresceram
a ponto de encontrar aliados nos partidos de oposição em escala estadual e
nacional.
O regime, no entanto, pra não perder o controle, iniciou uma espécie de
“populismo militar” que recebia base institucional por meio do Grupo Executivo
das Terras do Araguaia-Tocantins (GETAT) e foi aperfeiçoada pela tomada dos
campos auríferos de Serra Pelada. Porém, as estratégias não foram eficazes:
logo na metade dos anos 80 a GETAT perdeu seu crédito, os garimpeiros de
Serra Pelada resolviam suas questões entre si e os partidos de oposição
passaram a vencer nos municípios da região. Além disso, a população indígena
passou a ganhar força e sofisticação política em prol das terras que
reivindicavam.
As mudanças no sistema democrático passaram a permitir a proposição
de uma reforma agrária, essa que foi prontamente interrompida pela oposição
de grandes proprietários de terra e investidores cujos interesses eram
ameaçados. Com isso, a presença militar, os conflitos sociais e os resquícios
autoritários ainda faziam presença nos primeiros anos da Nova República. As
políticas de desenvolvimentos da Amazônia permaneceram basicamente os
mesmos da época do regime, como por exemplo, o programa Calha Norte, que
desdenhava dos direitos fundiários e da diversidade étnica dos índios yanomami
que viviam na fronteira do Brasil com a Venezuela.
No final dos anos 80, porém, os debates a nível dos movimentos de base
e a nível nacional encontraram eco a nível internacional por meio dos
questionamentos sobre as consequências ambientais dos modelos recorrentes
de desenvolvimento. Grupos locais de militantes com conexões globais e com
maior acesso a recursos materiais e informações passaram a emergir e pela
primeira vez os próprios moradores da região passaram a ter voz na política
desenvolvimentista amazônica.
Nos anos 90, os interesses de diversos grupos já eram debatidos em torno
de termos de princípios ecológicos e ética da conservação.
O congresso brasileiro passou a avaliar de forma mais minuciosa as
políticas de desenvolvimento amazônicas, em 1979 o deputado federal Jader
Barbalho reuniu uma CPI pra investigar as distorções feitas pelo Plano de
Desenvolvimento da Amazônia pela SUDAM. O relatório disparou diversas
críticas as estratégias do regime e ao papel do órgão, que eram de fato
preocupantes visto que a SUDAM gastou o equivalente ao dobro de todo
orçamento do estado do Pará e os resultados apenas pioravam a situação da
Amazônia na economia nacional, além do balanço comercial passou a se
deteriorar e apresentar déficit.
Além disso, a distribuição de renda na região não havia melhorado, a
maior parte dos incentivos fiscais eram aplicadas em grandes empresas que
eram controladas por investidores de fora da Amazônia e a aplicação em
empregos era baixíssima, o que aumentava a disparidade.
O Projeto Jari e A hidrelétrica do Tucuruí foram o alvo focal de críticas, pelas
consequências sociais e ambientais que apesar do planejamento não foram
consideradas.
No final dos anos 70 a pecuária foi posta sob escrutínio ao serem
detectadas as consequências ambientais da prática proveniente da queima e
queda de biomassa. Sem as defesas naturais, os pastos passaram a serem
invadidos por pragas e ervas daninhas tóxicas ao gado, o que fez diversas áreas
vastas, como em Paragominas, serem totalmente abandonadas, pois era mais
lucrativo abrir novas áreas florestais do que recuperar os pastos antigos.
Em 1978, a SUDAM passou a considerar “alarmistas” as preocupações
expressas na mídia e pelos cientistas do Brasil e outros países acerca da taxa
de desmatamento. Os críticos do órgão rapidamente observaram que a média
geral divulgada pelo SUDAM escondia taxas altas de desmatamento em
Rondônia e no sul do Pará. A preocupação maior, porém, não era a taxa já
desmatada (que era grande o suficiente) mas o crescimento exponencial da
prática. Nos anos 80, a ligação da prática com a situação climática deu o caráter
de urgência ao assunto.
Além disso, o aumento dos casos de malária preocupava ativistas
ambientais e funcionários de saúde pública, que viam as ocorrências
quadriplicarem em um pouco mais de 10 anos, chegando no seu auge em 88,
principalmente em Rondônia, sul do Pará e Maranhão. O mercúrio usado pelos
garimpeiros pra separar ouro de areia e cascalho causava isso.
As preocupações levaram ao debate acerca de um novo programa de
zoneamento ecológico na Amazônia, onde os indígenas e o recém-formado
Movimento em Defesa da Amazônia protagonizaram a defesa pela
regulamentação e ocupação da região como um meio de proteger as populações
locais assim como o meio ambiente, o que provocou a animosidade de
fazendeiros e interessados da mineração.
Os debates políticos passaram a fomentar uma nova fase dos
movimentos de resistência na Amazônia, que passaram a ficar mais
organizados, com esforços coordenados e maior capacidade de comunicação
entre os diversos interesses. As organizações ligadas a igreja católica ajudavam
a população rural a se organizar: a Comissão Pastoral da Terra e o Conselho
Indigenista Missionário foram criados para coordenar atividades de apoio da
igreja a índios e pessoas envolvidas em conflitos fundiários na Amazônia.
Nos anos 70, grupos de nativos, incluindo os kayapó, passaram a se
organizar e expulsar invasores, além de pressionar os funcionários da FUNAI e
representantes de outros órgãos em Brasília, o que uniu grupos até então
separados geograficamente, culturalmente e linguisticamente, o que serviu para
elaboração de estratégias mais bem estruturadas contra invasões. Foi criada,
portanto, a União das Nações Indígenas que agregou 38 tribos em 81. No ano
seguinte, Mario Juruna foi eleito o primeiro índio Deputado Federal
A mobilização de garimpeiros, camponeses e seringueiros passou a ser
mais evidente, e com isso as organizações rurais na Amazônia passaram a ter
conotação política mais ampla e a medida que isso ocorria as medidas do regime
militar para a Amazônia ficavam em completa desordem.
Reforma foi o tema dominante na nova república, a respeito da Amazônia,
a reforma agrária e os direitos dos grupos indígenas foram as duas questões
mais controversas.
Por todo o resto dos anos 80, qualquer chance de reforma agrária
minimamente significativa era minada pela forte resistência dos grandes
proprietários e impedimentos burocráticos. Mesmo após a extinção do GETAT,
os impasses a respeito das políticas agrárias no Pará estavam longe de solução.
Os rumores a respeito da reforma provocaram uma escalada da violência
rural entre os sem-terra e proprietários de terra, que além de tudo estavam bem
representados politicamente. Ironicamente, as forças armadas foram as que
mais se beneficiaram da nova redistribuição de terras na Amazônia, visto que o
Presidente Sarney revogou a lei que impedia o poder do governo federal de
atribuir concessões de terra para as forças armadas usarem como bases
militares e áreas de treinamento. Portanto novos decretos transferiram ao
exército milhões de hectares de terra.
Durante os primeiros anos da Nova República, houve certo avanço na
demarcação de terras indígenas, em 1986 o presidente da Funai deu ao
Presidente Sarney o título de “presidente dos índios” devido ao aumento
considerável na demarcação de terras, beneficiando diversos grupos indígenas.
Porém em 1987 a política indigenista ficou mais hostil com Romero Jucá Filho
assumindo a presidência da Funai, o mesmo lançou ataques ao antigo artigo 198
da constituição por conceder direitos fundiários “exagerados” aos grupos nativos,
em seu argumento comparava as baixas densidades demográficas nas áreas
indígenas com o resto do país.
Tais ataques aos direitos indígenas e as premissas xenofóbicas da
maioria dos discursos políticos a respeito do assunto decepcionaram aqueles
que acharam que a volta da democracia significaria a volta de políticas
progressistas.
Em 1990, porém, uma notável preocupação foi surgindo a respeito da
questão ambiental, a mudança gradual da opinião pública e a experiência política
e social adquirida dos movimentos de base amazônicos favoreceram
possibilidades de construções de novas alternativas pra região.
Apesar da internacionalização do debate ter contribuído pra chamar
atenção e atrair novos olhares em torno das condições ecológicas e sociais na
região amazônica, nenhum impacto nacional surgiria se não fossem as
mudanças já em curso. De uma perspectiva nacional, a queda do regime militar
se caracterizou como o evento mais relevante nesse aspecto. Já de uma
perspectiva amazônica, os movimentos de resistência formados por indígenas,
seringueiros, garimpeiros, entre outros, que ganharam força política através de
uma construção de base, sólida e de estratégias pra se fazerem ser ouvidos
foram essenciais. As alianças políticas e sociais criadas por esses grupos
introduziram novas questões e novos atores ao debate, estabelecendo elos entre
o que acontecia na Amazônia e os gabinetes de deputados em Brasília.
Em 89, muitas das mudanças tinham mudado mais teoricamente do que
na prática porém os movimentos de base foram os responsáveis para mudanças
significativas na vida da região, o que ganhou o apoio de setores nacionais e
internacionais no processo. Tendo em vista que os interesses dos mais ricos
ainda são politicamente privilegiados e tem todo o equilíbrio político a seu favor,
os povos amazônicos com todo esse processo passam a ter munição política pra
estabelecer mudanças e se fazerem ser ouvidos, esses grupos se mobilizaram
e aprenderam a proteger seus interesses mais efetivamente.

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