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DO DIREITO À EDUCAÇÃO EM PERNAMBUCO À LUZ DAS

CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS E DOS CENSOS DEMOGRÁFICOS.

Com autoria do professor Dr. Alceu Ravanello Ferraro (UFRGS), em parceria


com a professora Drª. Allene Carvalho Lage (UFPE/CAA), o artigo busca analisar a
efetivação das propostas constitucionais, tomando ainda como referência dados de
censos demográficos, ao longo de 186 anos, no que compete ao direito à educação
no Brasil. A pesquisa foi desenvolvida abordando três períodos de tempo com cerca
de 60 anos de duração cada, dando ênfase nos dados educacionais referentes ao
Estado de Pernambuco, e sua comparação com o Estado de São Paulo e por fim com
o país em sua totalidade.
O primeiro período abordado nas pesquisas compreende um espaço de tempo
de 66 anos, partindo da constituição imperial de 1824 e findando com informações do
censo de 1890. Nessa primeira análise, é importante mencionar que educação e
cultura não eram pensadas com um direito social, isso fica claro uma vez que a
educação é apenas menciona no art. 179 dessa constituição, artigo esse que trata
principalmente sobre a realização dos direitos políticos e civis dos cidadãos. Ainda
fica evidenciado com base nos resultados do censo demográfico que os altos níveis
de analfabetismo tanto em Pernambuco, 83,2%, quanto em São Paulo, 83,4%, bem
como no restante do país, 82,6%, apesar de se apresentavam extremamente
elevados, se mostram parcialmente iguais. Essa situação se explica tanto pela
reduzida quantidade de escolas disponíveis, cerca de quatro mil para uma população
de nove milhões de habitantes com 10 anos ou mais, quanto pelas dificuldades de
acesso, uma vez que se encontravam dispersas em um território significativamente
vasto, e ainda, muitas, dessas poucas escolas existentes, ainda estavam sujeitas a
uma direção incapaz da pratica à docência. Por outro lado, a situação educacional no
Brasil nesse período não era um caso isolado, sendo então reflexo do que acontecia
por ventura em outros países, que ao mencionar a educação, estavam na verdade
fazendo referência principalmente à questão política, como é citado o caso da França
por exemplo, que apesar te possuir planos para implantação de um sistema
educacional público, gratuito e obrigatório ainda na época da Revolução de 1789, teve
que esperar cerca de um século para ter esse princípio reconhecido.
Dando continuidade às análises, parte-se então para um período de 60 anos,
que tem seu início no censo de 1890 e estende-se até os resultados do censo de
1950. Período que conta com quatro constituições, sendo a primeira delas de 1891,
já na República. Na primeira constituição republicana é perceptível que a educação
está ainda menos em evidencia que na imperial, sendo mencionada apenas aquando
da laicidade do Estado ou ao direito ao voto para os analfabetos. É só constituição de
1934 que a expressão direito à educação aparece pela primeira vez, e aqui destaca-
se a determinação de que compete a União, fixar, coordenar e fiscalizar e o plano
nacional de educação em todo o território. Na mesma é extensivo ainda ensino
primário integral, gratuito e obrigatório para adultos. Há, entretanto, um retrocesso
nesse campo na constituição de 1937, durante o governo Vargas, onde não se tem
qualquer menção à educação enquanto direito social. Já em 1946, em uma nova
constituição, significativamente semelhante à de 1937, é retomada a afirmação de que
a educação é sim um direito de todos. Direcionando então para a análise dos censos,
e tendo como base que até 1890, os níveis de analfabetismo eram relativamente os
mesmo para todo o país, observa-se que mudanças expressivas já tenham ocorrido.
Mesmo que as taxas de letramento tenham diminuído, permanecem elevadas no
Brasil, com mais de 50% da população com 10 anos ou mais ainda não tendo sido
alfabetizadas. No Estado de Pernambuco ao longo desses 60 anos houve uma
redução mínima de 15% das taxas de analfabetismo ao passo que no Estado de São
Paulo a redução registrada foi de 49%, isso pode ser facilmente explicado nas
desigualdades regionais que vieram por emergir a partir da transferência do centro
político, financeiro e comercial do Nordeste para a região Sudeste nessa época,
concentrando-se principalmente em São Paulo. Contudo, apesar dessa desigual
redução de analfabetismo, é importante observar que mesmo em São Paulo, mais de
2 milhões de pessoas ainda não eram capazes de ler ou escrever, demonstrando
dessa forma que a universalização do ensino primário ainda estava longe ser
efetivado.
Por fim, o artigo leva ao último período abordado, mais 60 anos, que
correspondem do censo de 1950 até o de 2010, e nesse contexto dando particular
importância a constituição de 1988. Durante o período ditatorial, foram mantidos os
pontos, nas constituições de 1934 e 1946, de que a educação é direito de todos e que
o ensino primário deve ser ofertado de maneira obrigatória e gratuita, mas com uma
novidade, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, torna-se
obrigatório o ensino primário de 8 anos, denominado pela LDB como Ensino de 1º
Grau. Já a constituição de 1988, diferentemente das anteriores, foi construída sob
uma nova perspectiva de que é a partir os direitos que afirma o Estado. Dessa forma,
observa-se que nessa constituição a educação finalmente é reconhecida como um
direito fundamental social e ainda é expresso que o acesso ao ensino obrigatório e
gratuito é direito público subjetivo. Vale lembrar ainda a grande importância que tem
a LBD ao estabelecer o ensino primário com duração de 9 anos e por considerar
também o Ensino Médio como uma etapa da educação obrigatória e gratuita. O
resultado do censo de 2010 é expressivo quanto a essas mudanças. No contexto do
Brasil em sua totalidade há uma redução para 9% de analfabetos com 10 anos ou
mais. Não apenas no Estado de Pernambuco, mas no Nordeste em geral, o que se
tem uma persistência dos altos níveis de analfabetismo, ao mesmo que tempo que
São Paulo a tendência de queda é inegável, mesmo que esse Estado ainda chegue a
apresentar mais de um milhão de sua população sem saber ler ou escrever. É
importante também observar que a média de anos de estudo da população tem
aumentado mesmo que sigam baixas ao se considerar o país como um todo.
Para concluir, é importante ressaltar que o país está caminhando, apesar dos
passos lentos, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste, para garantir a
universalização da educação. As desigualdades regionais são evidentes, explicadas
principalmente na transferência do centro político do país do Nordeste para o Sudeste,
seguido ainda pelo desenvolvimento e concentração da indústria brasileira no Estado
de São Paulo, evidenciando cada vez mais o distanciamento nos níveis educacionais
entre as regiões do país. Mesmo assim, garantir o direito à educação, em meio a
tantas desigualdades, deve ser uma prioridade e um passo fundamental na
consolidação da cidadania. A educação é uma competência comum a todos os
Estados do país e é sobretudo, um direito público subjetivo de todos.

REFERÊNCIAS

FERRARO, Alceu Ravanello; LAGE, Allene Carvalho. Do direito à educação em


Pernambuco à luz das constituições brasileiras e dos censos demográficos.
Revista de Educação Pública, Cuiabá, v. 23, n. 54, p.919-939, set./dez. 2014.
Disponível em:
<http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/educacaopublica/article/view/1291/
pdf>. Acesso em: 25 nov. 2019.

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