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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE- UERN

JULIETE ALVES CUNHA

A CONTRIBUIÇÃO DOS CONTOS INFANTIS PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA


NOS ANOS INICIAIS

MOSSORÓ

2018
SÚMARIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................
2. O CONTO E O SEU PERCURSO HISTÓRICO....................................................
2.1 A origem dos contos infantis ..................................................................................
2.2 O que é conto? ........................................................................................................
2.3 Contos maravilhosos e Contos de fadas ................................................................
3. OS CONTOS INFANTIS NOS ANOS INICIAIS ..................................................
3.1 A leitura em sala de aula.........................................................................................
3.2 A importância dos contos para a formação da criança ...........................................
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................
5. REFERÊNCIAS ......................................................................................................
1. INTRODUÇÃO

Vivemos hoje numa era digital, onde cada vez mais aumenta o número de
novas tecnologias usadas para o fim de entretenimento de milhares de crianças e
adultos no mundo todo. Com isso, os livros de contos que costumavam a ser lidos
diariamente, de pais para filhos, na finalidade de adormecê-los ou simplesmente
diverti-los, estão sendo substituídos por aparelhos eletrônicos cada vez mais
sofisticados. Diante disso, a opção pela leitura se torna progressivamente mais rara,
em função dos múltiplos desenhos animados e jogos disponibilizados pela internet.
Como assim afirma Oliveira et al (2016):

As mudanças ocorridas na sociedade nos últimos tempos têm


modificado os seus costumes. Com os avanços tecnológicos
contemporâneos, as pessoas têm cada vez mais substituído o livro pelos
aparelhos eletrônicos. Com isso, poucas famílias têm mantido o hábito de
contar histórias para as crianças na hora de dormir e essa atividade foi
dando lugar a outros interesses. O que parece é que a percepção que se
tem de contos infantis é de algo antigo, ultrapassado pelas inovações da
modernidade. (OLIVEIRA et al. 2016,p. 68).

Apesar, dos jogos digitais e desenhos animados desempenharem


também um papel importante na infância, sabemos que não são tão poderosos em
estimular a criatividade, pois já trazem imagens prontas, restando assim, pouco
espaço para a criança fantasiar cenários e personagens e, com isso, estimular a sua
imaginação, como acontece com os contos. Não é nosso intuito aqui, fazer julgo de
valores, nem tampouco negar o impacto positivo das tecnologias para os nossos
dias, mas sim, assumir a indispensável contribuição que a leitura dos contos infantis
traz para a formação da criança nos diferentes âmbitos da sua vida. E se é evidente
essa importância, de maneira nenhuma devem se tornarem ultrapassados e
esquecidos.
No período de alfabetização, se torna fundamental o contato das crianças
com os livros, uma vez que, este possibilita a familiarização com as palavras e
desenvolve o gosto pela leitura. À vista disso, é lançado um novo desafio para os
educadores dos anos iniciais frente a crescente modernização: o de estimular o
interesse das crianças pelos livros infantis e resgatar para o mundo da infância a
imaginação e a fantasia que só os contos oferecem. E isso, é independente de
estarem em folhas impressas ou em formato de conteúdo digital.
Contudo, isso só será possível quando desmistificarmos a ideia de leitura
associada a uma obrigação. Ideia esta, que ainda é muito reafirmada dentro e fora
do contexto escolar. É nesse sentido, que a opção pelos livros vai se tornando cada
vez menor, visto que passam, assim, a perder o seu encanto e, logo, a sua atração.
Fanny Abramovich (1997), em seu livro Gostosuras e Bobices, explica:

Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir


muitas, muitas histórias... Escutá-las é o inicio da aprendizagem para ser
um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta
e compreensão de mundo [...] (ABRAMOVICH, 1997).

O ato de ler para crianças nem sempre é uma prática que se encontra
inserida no cotidiano dos lares de nosso país. Sabemos que apesar de algumas
pequenas melhorias que tivemos ao longo dos anos em nossa educação, o quadro
de analfabetismo ainda é grande em nosso país, consequentemente, nem sempre
há leitores na família, ou alguém que conheça a importância de incentivar a leitura
logo nos primeiros anos de vida da criança.
Não queremos dizer com isso, que um pai analfabeto não possa incentivar
seu filho a ler, mas que nem sempre é fácil incentivar a leitura quando não somos
leitores, com isso, a autora acima citada traz em sua fala considerações que são
importantes para que a leitura dos contos seja inserida nos anos iniciais da vida de
toda criança, em prol não apenas da formação de um leitor, mas como ferramenta
de suma importância em todo o processo de formação do aluno.
Pois entendemos que ser um leitor, abre caminhos para compreender melhor
os outros conteúdos que vão surgindo, sem contar que ajuda ao aluno a refletir,
compreender e interpretar de maneira mais clara as coisas do mundo em que vive.
Os contos, desde muito tempo, encantam crianças no mundo todo. Apesar de
ter surgido com o intuito de divertir adultos, como assim afirma Nelly Novaes Coelho
(2000), em seu livro Literatura Infantil: Teoria, Análise e Didática, por apresentar em
suas narrativas um mundo surreal e ao mesmo tempo real derivados do pensamento
mítico muito predominante no contexto em que foram criados, despertam nos
pequenos ouvintes um misto de fantasia e realidade, levando-os a voar em sua
imaginação.
Segundo Verônica Pontes (2012), apesar da presença de seres com poderes
sobrenaturais em suas narrativas, como heróis e fadas, por exemplo, os contos
sempre costumam a retratar uma realidade do nosso cotidiano e a ter, como figura
principal, personagens com características e sentimentos humanos. Isso revela o
porquê que esses contos, mesmo depois de passado tanto tempo e ser feito por
outros povos, continuam a falar aos nossos dias por meio de uma linguagem
universal e simbólica.
Assim sendo, essa linguagem possibilita que a criança se veja na história, se
identifique com os personagens e situações vividas por eles, passando, deste modo,
a encontrar soluções para os seus próprios problemas á medida que os
personagens desvendam uma saída para os seus.
Pontes (2012), ainda afirma:

Se esse mundo encanta, convida o leitor a ler, voltar a ler, e acima


de tudo, gostar do que ler, então esse mundo deve estar presente nas salas
de aula, nas escolas das nossas crianças, para que assim possam
experienciar momentos literários mais felizes do que os que estamos
vivendo hoje. (PONTES, 2012, p.87 e 88).

A importância da prática da leitura de contos em sala de aula se dá por


diversos motivos, entre eles estão: cultivar o gosto pela leitura; ampliar a visão de
mundo; desenvolver a imaginação e criatividade; trabalhar a fantasia; possibilitar a
vivência de emoções, desenvolver a oralidade e a escrita, dentre outros. (BRASIL,
1997, p. 47.).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua portuguesa – PCNLP
(1997), para o ensino do primeiro ciclo do ensino fundamental, deixam claro que são
muitas as contribuições de textos literários para a formação de leitores e explicita,
também, a necessidade dos professores exercerem o papel de mediadores neste
processo, se preocupando sempre em oferecer bons materiais, saber conduzir os
momentos de leitura e pós-leitura, e ainda transmitir a imagem de professor/leitor
como uma forma de estimular e incentivar os alunos.

Não se formam leitores oferecendo materiais de leitura


empobrecidos justamente no momento em que as crianças são iniciadas no
mundo da escrita. As pessoas aprendem a gostar de ler quando, de alguma
forma, a qualidade de suas vidas melhora com a leitura. (BRASIL, 1997,
p.20).

É dessa forma, que os contos maravilhosos e contos de fadas funcionam


como ferramentas ideais a serem trabalhadas durante os primeiros anos iniciais,
pois formam para além do que é cognitivo, ajudam as crianças a se sentirem e
viverem melhor.
Sobre isto, Bruno Bettelheim (1998), afirma:
Para que uma estória realmente prenda a atenção da criança, deve
entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve
estimular-lhe a imaginação; ajuda-la a desenvolver seu intelecto e a tornar
clara suas emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações;
reconhecer plenamente suas dificuldades e ao mesmo tempo sugerir
soluções para os problemas que a perturbam. (BETTELHEIM, 1998, P.13)

De acordo com o autor, a criança pode encontrar na estória de um conto,


soluções para os seus problemas e a superação de suas dificuldades, pois ela
começa a enxergar a narrativa a partir de sua concepção, de suas próprias
vivencias. Dessa forma, passa a assumir posições frente aos fatos narrados,
defendendo, ou não, atitudes dos personagens e, ainda, imaginar novos rumos para
a estória. Então, quando a criança pede para que um conto seja relido mais de uma
vez, pode ser porque aquela narrativa está atuando em seu inconsciente, ajudando-
a a resolver algum problema que, ela própria, pode até não ter identificado qual é.
(BETTELHEIM, 1998, P. 26).
A escolha por esse tema se deu mediante a experiência vivenciada no estágio
supervisionado II do curso de pedagogia da UERN, que acontece nos anos inicias
do ensino fundamental. Durante esse período, percebi que o uso proveitoso dos
contos infantis por professores alfabetizadores ocasiona a realização de diversas
atividades literárias que podem levar os alunos a se apropriarem do universo da
leitura e escrita como um campo que, prazerosamente, precisa ser explorado.
Os momentos de leitura dos contos eram tanto prazerosos pra mim, enquanto
educadora e amante da Literatura infantil, como para os alunos, visto que nesses
momentos percebia-se uma maior atenção e curiosidade por parte das crianças.
Diante disso, surgiu a curiosidade de investigar o trabalho com os contos
infantis por professoras dos primeiros anos iniciais, considerando os seus papéis de
incentivadoras no processo de formação de leitores, na fase em que se espera que
os alunos desenvolvam habilidades na linguagem escrita e compreensão leitora.
Por esse motivo, a presente monografia tem como objeto de estudo, qual a
contribuição dos contos infantis para a prática pedagógica, e como objetivo principal,
compreender quais as contribuições que os contos infantis podem trazer para a
prática pedagógica nos anos iniciais do ensino fundamental, mais precisamente no
1º e 2º ano, fase que se desenvolve o processo de alfabetização.
Partindo desse objetivo geral, o presente estudo tem ainda como objetivos
específicos estudar o conceito de conto, identificar a importância da leitura dos
contos nos primeiros anos iniciais, bem como, conhecer a opinião de professores
sobre a contribuição dos contos para a sua prática pedagógica em sala de aula.
Portanto, esta pesquisa é do tipo qualitativa com embasamento teórico nos
principais autores: Fanny Abramovich (1997), Bruno Bettelheim (1998), Nelly Novaes
Coelho (2000), Verônica pontes (2012) e os Parâmetros Curriculares Nacionais
para o Ensino Fundamental (1997).
Compreende também uma pesquisa de campo, por meio de entrevistas
semiestruturadas que tem como principal finalidade analisar as perspectivas de
professores dos anos iniciais (1º e 2º ano) a respeito das contribuições que o uso
dos contos infantis pode proporcionar para as suas práticas pedagógicas e para a
formação (cognitiva emocional, social) da criança.
Quanto aos sujeitos da pesquisa, foram realizadas entrevistas
semiestruturadas com três professoras do 1º e 2º ano do ensino fundamental que
trabalham nas escolas municipal de Ensino Fundamental Maria Edilce Barbosa e
Carlota Tavares de Holanda, ambas situadas no município de Icapuí-CE. Através
dos dados coletados foi feita uma análise qualitativa, onde foi possível refletir por
meio de diferentes perspectivas de professoras que atuam na Educação Básica a
respeito do uso dos contos em sala de aula e relaciona-las com as visões teóricas.
Neste trabalho, a pesquisa está sistematizada em três capítulos: capitulo
introdutório, capitulo teórico e capitulo de análise dos dados, e por fim as
considerações finais.
O primeiro e presente capítulo tem a finalidade de situar o leitor ao estudo,
discorrendo sobre a relevância do tema, a importância dos contos infantis no
desenvolvimento e formação das crianças nos anos iniciais, levando em
consideração o atual contexto em que estão inseridas, bem como, mostrar como se
deu a identificação com o tema e objeto de estudo investigado.
O segundo capítulo trata sobre a origem dos contos infantis, no qual foi
possível investigar um pouco sobre o seu percurso histórico, bem como trazer o
conceito de conto e apresentar a diferença entre as formas dos contos infantis: os
contos maravilhosos e os contos de fadas.
O terceiro capítulo abordou a análise dos dados das entrevistas feitas com
três professoras dos primeiros anos iniciais, durante a pesquisa de campo nas
escolas do município de Icapuí, a respeito da importância dos contos infantis para a
sua prática pedagógica enquanto professoras alfabetizadoras, bem como a
contribuição dessa literatura para a formação das crianças nas esferas cognitiva,
emocional e social. Na oportunidade, foi possível intercalar as perspectivas das
professoras com os pontos de vista teórico.
Por meio dessa pesquisa foi possível compreender como os contos podem
atuar como uma ferramenta de grande valor na prática de professores se usados e
explorados de forma em que não se limite a uma simples decodificação de leitura,
mas que possibilite aos alunos o prazer, a diversão e o deleite de estimular o
mundo de imaginação, das descobertas, dos sonhos.
2. O CONTO E O SEU PERCURSO HISTÓRICO

2.1 A origem dos contos infantis

Os contos infantis que narram histórias fantásticas e que agradam não só ao


público infantil, mas também aos adultos, surgiram a milhares de anos e eram
contados oralmente, sendo, dessa forma, repassado de geração em geração.
Entretanto, Coelho (2000, p. 40), diz que se seguirmos o seu percurso histórico,
iremos nos deparar com o fato de que, em suas origens, eles surgiram destinados
aos adultos e com o tempo é que se transformaram em literatura infantil.
Isto porque em suas versões originais, os contos eram carregados de
episódios bizarros envolvendo medos, canibalismo e insinuações sexuais, ou seja,
não eram nada atrativos para as crianças. Podemos citar como exemplo o conto
Chapeuzinho Vermelho, que bem diferente da história que conhecemos hoje, sua
primeira versão possui relatos que indicam a presença de sexualidade infantil,
antropofagia, além de apresentar um desfecho cruel, pois tanto a vovó quanto a
menina são realmente devoradas pelo lobo. (BETTELHEIM, p. 6,1997).
Com o decorrer do tempo surge a necessidade de registrar os contos na
linguagem escrita, é então no período do século XVII que Charles Perrault passa a
ser o primeiro escritor a transformar essas narrativas orais em literatura,
documentando e imortalizando narrativas que vinham atravessando épocas ao
serem contadas de pais para filhos. Dessa forma, Perrault passa a ser considerado
como o percursor da Literatura infantil mundial. Em suas versões, este faz
adaptações dos contos eliminando passagens de violência e sexualidade explicita,
passando, assim, a obter uma maior aceitação na sociedade.
Sobre isto, Falconi e Farago (2015) diz:

As histórias provenientes de uma cultura arcaica, devido alterações


e mudanças dos temas polêmicos passaram a ser bem aceita pela
população nobre. Entretanto os textos também agradavam o público infantil,
por apresentarem narrativas simples e acessíveis as crianças, sendo assim,
pertencendo ao mundo fantástico. (FALCONI e FARAGO P.91, 2015).

De acordo com as autoras, as versões de Perrault ainda eram destinadas aos


adultos com a função de entretenimento, mas também abordavam mensagens
cheias de valores morais afim de orientar e instruir seus leitores. Contudo, com as
adaptações feitas, os contos passaram a ser mais habilitados ao público infantil. Por
envolver um mundo fantástico nas histórias, as crianças se maravilhavam com os
relatos maravilhosos e sobrenaturais. É dessa forma que Perrault publica sua
primeira coletânea Contos a Mamãe Gansa (1697), no qual registra os contos: A
Bela Adormecida no Bosque, Os Músicos de Bremem, Os sete anões e a Branca de
Neve, Chapeuzinho Vermelho, O Barba Azul, O gato de Bota, As fadas, A Gata
Borralheira Henrique do Topete e O Pequeno Polegar.
Mediante a tudo o que já foi dito, podemos observar que até então não existia
uma literatura voltada exclusivamente para o público infantil, isto porque não existia
a concepção de infância como uma fase própria, como assim destaca Verônica
Pontes (2012):
Podemos afirmar que a literatura infantil é uma literatura recente, não pelo
fato de não ter sido publicada anteriormente, mas na verdade publicada
sem essa intenção direcionada ás crianças tão somente, visto que as obras
literárias eram produzidas apenas para adultos e isso se dava por não
existir ainda a infância como uma fase diferenciada das demais, nem
tratada como tal. (PONTES, 2012, P. 50).

Antes do reconhecimento da infância como fase própria, a criança era tida


como um adulto em miniatura, dessa forma eram inexistentes literaturas ou outras
obras de artes voltadas para este público, especificamente. Sobre a ideia das
primeiras literaturas infantis, Coelho (2000) diz:

Ligada desde a origem á diversão ou ao aprendizado das crianças,


obviamente sua matéria deveria ser adequada á compreensão e ao
interesse desse peculiar destinatário. E como a criança era vista como um
“adulto em miniatura”, os primeiros textos infantis resultaram da adaptação
(ou minimização) de textos escritos para adultos. Expurgadas as
dificuldades de linguagem, as digressões ou reflexões que estariam acima
da compreensão infantil; retiradas as situações ou os conflitos não-
exemplares e realçando principalmente as ações ou peripécias de caráter
aventuresco ou exemplar... as obras literárias eram reduzidas em seu valor
intrínseco, mas atingiam o novo objetivo: atrair o pequeno leitor/ouvinte e
levá-lo a participar das diferentes experiências que a vida pode
proporcionar, no campo do real ou do maravilhoso. (COELHO, P. 31, 2000).

É nesse sentido que podemos dizer que as primeiras literaturas infantis


surgiram quando o conceito de infância nem sequer havia se desenvolvido e, por
conseguinte, ainda inexistia a valorização da criança como tal.
É em meados do século XIX, período em que o assunto infância é expandido
passando a ter o seu reconhecimento como fase própria no meio social e escolar,
que surge então a preocupação de adaptar a linguagem dos contos para versões
mais lúdicas e infantilizadas. É quando os irmãos Jacob (1785- 1863) e Wilhelm
(1786-1859), mais conhecidos como os Irmãos Grimm, adaptam a linguagem dos
contos, passando a serem destinados ao público infantil. Como afirma Gurgel
(2016):
[...] os irmãos Grimm, escreveram suas histórias em um momento
histórico em que a concepção de criança já estava totalmente reformulada,
século XIX, fato que levou a modificação do conto. Se o conto era
direcionado às crianças, era essencial substituir aqueles aspectos mais
violentos e eróticos, pois esses já não faziam mais parte do universo infantil.
Os Grimm também se preocuparam em modificar o final, e assim fizeram,
pois ainda havia um sentido cruel e sexual. (GURGEL, 2016, P. 26).

Segundo a autora, os Grimm faz uma reformulação dos contos publicados por
Perrault por considera-los ainda inapropriados para as crianças. É dessa forma, que
eles retiram por completo todo conteúdo erótico e cruel dos contos de fadas e lhes
atribuem um final feliz, movidos pelo pensamento cristão em que estavam inseridos,
pois vinham de uma família Calvinista.
De acordo com Falconi e Farago (2016), os irmãos Grimm foram
grandes pesquisadores que se formaram em Direito na Universidade de Kassel e
eram amantes dos estudos. Através dos relatos e narrativas de tradição oral,
buscavam proteger e reafirmar as origens da realidade histórica do povo alemão.
Conforme isso Coelho (2003, p.23 apud Falconi e Farago, 2015, p. 91) diz que:

Em meio à imensa massa de textos que lhes servia para os estudos


linguísticos, Os Grimm foram descobrindo o fantástico acervo de narrativas
maravilhosas, que, selecionadas entre as centenas registadas pela memória
do povo, acabaram por formar a coletânea que é hoje conhecida como
Literatura Clássica Infantil. (COELHO, 2003, p.23 apud FALCONI e
FARAGO; 2015, P .91).

Grande foi a importância de Jacob e Wilhelm para a história da literatura


infantil. As adaptações feitas por eles atraíram leitores de todas as idades. Não é a
toa que até hoje os seus contos fazem o maior sucesso entre crianças e adultos.
Logo depois surge o dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875),
lançando mão de sua criatividade aliava os contos de tradição oral com as
invenções advindas de sua imaginação, fazendo dessa forma, um registro próprio de
suas obras. Seguindo esse pensamento, as obras de Andersen ganham um
destaque no meio da literatura infantil ao diferenciar-se das de Perrault e dos Irmãos
Grimm por não se ater apenas em recontar os contos tradicionais, pois além de
recontar essas histórias, criou diversos contos novos. Seguindo o modelo das
histórias tradicionais, conservava ainda a visão poética e melancólica como sua
principal característica. Desta forma, sua obra, além de consistir em contos
compilados nos países nórdicos, versava também histórias como, O Patinho feio, A
Roupa Nova do Imperador, O Soldadinho de Chumbo, entre outras.
Outros escritores como o italiano Collodi, o inglês Lewis Carrol, o americano
Frank Baum e o escocês James Barrie, destacaram-se também como grandes
autores no meio da Literatura Infantil.
No Brasil, a origem dos contos infantis se deu incorporada no caráter
pedagógico, pois tinham unicamente o objetivo de instruir as crianças, ensinando
boas maneiras para viver em sociedade. Nesse sentido, Coelho (1982 apud Souza
2016, p. 17) explica que foi na segunda metade do século XIX que começa a
desenvolver no Brasil a preocupação da necessidade de uma literatura nacional
voltada para as crianças brasileiras. Segundo a autora, as primeiras obras de
literaturas destinadas ás crianças, se deram no âmbito escolar, uma vez que a
percepção de literatura era intrinsicamente ligada à educação.
Vários autores brasileiros consagram Monteiro Lobato como o pioneiro da
literatura infantil no Brasil, isso porque, suas obras como “Narizinho arrebitado” e a
criação de vários outros personagens que deu origem ao “Sitio do pica pau
amarelo”, adentraram nas escolas públicas de todo o país, gerando grande
repercussão e influenciando outros escritores que o passaram a ter como inspiração.

Sobre isso Coelho (1991, p. 225) afirma que:

A Monteiro Lobato coube a fortuna de ser, na área da Literatura Infantil e


Juvenil, o divisor de águas que separa o Brasil de ontem e o de hoje.
Fazendo a herança do passado imergir no presente, Lobato encontrou o
caminho criador que a Literatura Infantil estava necessitando. Rompe, pela
raiz, com as convenções estereotipadas e abre as portas para as novas
ideias e formas que o nosso século exigia. (COELHO 1991, P. 225).

As obras de Monteiro Lobato caracterizavam-se por apresentar realidades do


cotidiano das crianças brasileiras, algo que era pouco explorado até então no meio
das literaturas infantis, dessa forma, suas obras passaram a ligar a literatura com as
questões sociais. Cademartori (1987 apud Souza, 2016, p. 19) diz que “o escritor
fugiu do moralismo comum dos livros infantis incentivando a formação da
consciência crítica”.
Atualmente, a ideia de contos infantis não está ligada apenas á recursos
pedagógicos, mas apresentam como algumas principais funções o lúdico e a
resolução de conflitos internos. Barros afirma (2013):

Hoje a Literatura Infantil é mais apreciada como gênero de leitura, como


obra literária formadora de consciência da vida social e cultural, abordando
temas contemporâneos e mantendo a representação de histórias clássicas
como os contos de fadas. (BARROS, 2013. P. 19,20).

Segundo a autora, com o desenvolvimento da concepção de infância ao longo


do tempo, o conceito de criança foi ganhando espaço, principalmente no ambiente
escolar. Com isso, a função dos contos infantis que em sua origem mostravam-se
mais interligados a uma intenção pedagógica, funcionando como suportes de
conteúdos nas escolas, hoje se apresentam como literaturas autônomas, onde é
explorado o lúdico no intuito de divertir e dá prazer aos pequenos leitores.
São inúmeros os autores brasileiros de literatura infantil, cujas obras, hoje,
repercutem dentro e fora das escolas, fazendo assim o maior sucesso com o público
infanto-juvenil. Alguns dos principais são: Ana Maria Machado, Fanny Abramovich,
Ziraldo Pinto, Ruth Rocha, entre outros.

2.2 O que é conto?

Quem já ouviu e se encantou na infância com as fantásticas estórias que


eram contadas pelos pais ou avós antes de dormir sabe a sensação que é embarcar
numa viajem cheia de aventuras. Isso porque, os contos infantis são carregados de
relatos maravilhosos e repletos de fantasia que á medida que suas narrativas são
lidas ou contadas, convidam as crianças a navegar para o mundo da imaginação.
Sobre o conceito de contos, Pontes (2012) diz que:

Os contos são definidos como narrativas que falam de heróis poderosos,


mágicos mas que são um pouco parecidos com os personagens que
conhecemos que fazem parte do nosso cotidiano. Até seus nomes são
nomes comuns como João e Maria, algumas vezes descrevem algo como A
Bela Adormecida, Branca de Neve e os sete anões, entre outros. (PONTES,
2012, p.76).

Conforme a autora, essa aproximação do mundo fictício com a realidade


habitual presente nas narrativas dos contos é que geram no leitor/ouvinte a sua
identificação com os personagens e com as suas experiências de vida, passando a
despertar o seu interesse pela leitura.
Os contos são formados de acordo com a cultura predominante em cada
época, sendo assim, o conteúdo de suas narrativas variam conforme o contexto em
que cada autor vive. É por esta razão, que os primeiros contos de origem popular
exploravam a presença de seres sobrenaturais como heróis, fadas, isto é,
personagens que eram ligados à magia do pensamento mítico bastante comum
entre os antigos. Com o tempo, a linguagem dos contos passa a ser atualizada,
porém, o maravilhoso e o fantástico continuam agradando as crianças, como é o
caso dos clássicos contos infantis. Isto se dá devido a sua linguagem universal e
simbólica que permite que o homem atual consiga ver sentido e relacionar o drama
dos contos com seus conflitos do dia-a-dia.
Sobre isso, Coelho (2000) explica:

Está claro que, com a passagem dos tempos e a transformação dos


costumes, perdeu-se a memória das circunstâncias particulares e imediatas
que teriam atuado na criação dos textos originais. Entretanto, como os
valores (humanos, sociais, éticos, políticos, etc.) visados pela transfiguração
literária eram gerias e perenes (pois de alguma forma se ligavam ás
paixões, vícios, impulsos ou desejos da natureza humana), embora tenha
desaparecido no tempo a circunstancia particular e real que provocou a
invenção do texto, tais valores continuaram presentes e vivos na linguagem
imagística ou simbólica que os expressou em arte. Continuam falando aos
homens, porque, devido á verdade geral que expressam e ao meio
metafórico com que foram concretizados, podem ser continuamente
atualizados. (COELHO, 2000, P.44, grifo da autora).

Quanto a sua estrutura como gênero literário, o conto apresenta-se em uma


narrativa curta. É caracterizado por apresentar uma forte concentração de intriga;
gira em torno de um só conflito, um só drama e uma só acção; possui uma unidade
de espaço e tempo; integra um número reduzido de personagens, de descrição, mas
oferece um vasto espaço ao diálogo e discursão, que é predominante neste
subgênero narrativo. (LUZ, 2006).
Conforme Coelho (2000, p.172), desde as origens e como se desenvolveu, o
conto se diferencia em “maravilhosos” e de “fadas”. O tópico seguinte abordará
melhor como se deu e se caracteriza essas formas.

2.3 Contos Maravilhosos e Contos de fadas


Quando paramos para pensar no que vem a ser o maravilhoso, logo nos vem
à mente a imagem de algo encantador, que nos causa fascínio. É do meio dessa
natureza deslumbrante que se formaram as narrativas maravilhosas: os contos
maravilhosos e os contos de fadas, carregados de relatos que expressam ações e
habilidades derivadas do pensamento imaginário, ao mesmo tempo em que são
relacionados com experiências diárias e presentes no mundo real.
Apesar de apresentarem semelhanças e ambos envolverem episódios
maravilhosos e fantásticos em suas narrativas, chegando até mesmo a serem
confundidos, os contos maravilhosos se diferencia dos contos de fadas por terem
naturezas diferentes.
Segundo Coelho (2000), o conto maravilhoso tem origem oriental, foi
difundido pelos árabes e parte da problemática material/social/sensorial. Sendo
assim, a história se desenvolve a partir de uma busca constante dos personagens
por riquezas, reinos, tesouros, ou seja, pela conquista no âmbito material e social. E
essa conquista sempre se dá no final da história com a vitória do protagonista,
quando este, através de sua inteligência e agilidade vence o vilão que aparenta ser
bem mais poderoso, ou então, com a intervenção de seres com superpoderes que
aparecem na história com o objetivo de ajuda-lo a alcançar sua vitória.
Portanto, é bastante frequente na fase inicial desses contos os protagonistas
serem extremamente pobres ou invalidados socialmente e no final alcançarem
riquezas e sucesso, com o triunfo do bem sobre o mal, do fraco sobre o forte, do
pequeno sobre o grande. Alguns exemplos dos contos maravilhosos são: Aladim e
sua lâmpada mágica, O Gato de Botas, Os Músicos de Bremêm e etc.

No inicio dos tempos, o maravilhoso foi a fonte misteriosa e


privilegiada de onde nasceu a literatura. Desse maravilhoso nasceram
personagens que possuem poderes sobrenaturais; deslocam-se
contrariando as leis da gravidade; sofrem metamorfoses contínuas;
defrontam-se com as forças do Bem e do Mal, personificadas; sofrem
profecias que se cumprem; são beneficiadas com milagres; assistem a
fenômenos que desafiam as leis da lógicas, etc. (COELHO, 2000, p. 172).

De acordo com a autora, os contos maravilhosos recebem este nome por


serem narrativas que apresentam um mundo surreal, seja no espaço em que os
episódios se desenvolvem ou com os personagens, que contrariam os limites de
ordem natural, dessa forma é bastante comum nesses contos os animais e objetos
falarem, a presença de seres extraordinários, como heróis, duendes, gnomos,
gigantes e etc.
Considerando isto, podemos entender o caráter aventuresco do universo
maravilhoso e o motivo de causar tanto encanto e fascinação nas crianças e adultos,
visto que esses contos são passaportes para uma viagem a um mundo arrebatador,
no qual a leitura é a espaçonave, o imaginário é o piloto e o sobrenatural a maior
descoberta.
É sobre os encantos proporcionados pelos contos maravilhosos que Pontes
(2012) diz:

Entendemos porque os autores consideram esses contos


maravilhosos, no sentido de envolvimento, de fazer transitar um mundo
próprio, com suas leis, uma trama envolvente e um final feliz, mas também
capaz de suscitar a imaginação, possibilitar expandir horizontes, fazer
vivenciar um mundo desconhecido e diferente, mas que estabelece, acima
de tudo, relações com um mundo vivido pelo leitor, em que as aspirações,
expectativas são satisfeitas pelos personagens visando um final desejável e
possível que é o da obtenção do objetivo inicial e pretendido, o que
possibilita a todos um mundo de consequências felizes. (PONTES, 2012, P.
87).

Apesar da presença de seres surreais no meio do enredo, os principais


personagens dos contos maravilhosos e contos de fadas geralmente são humanos
ou apresentam atitudes humanas, sendo assim, assumem posições de pai, mãe,
madrasta, filho, filha, avôs e netos e compartilham de uma situação ligada a
realidade. Isto possibilita a identificação do leitor com a história e, por conseguinte a
sua torcida pela resolução dos conflitos e por um desfecho feliz.
Os contos de fadas, por sua vez, tem origem celta e é de natureza
espiritual/ética/existencial, portanto, apresentam-se mais ligados aos mistérios do
além da vida e a realização interior do homem, envolvendo emoções e sentimentos
em suas narrativas, como o medo e a coragem, o ódio e o amor, a tristeza e alegria .
(COELHO, 2000 P. 173).
Suas narrações têm, na maioria das vezes, a presença de fadas: seres que
podem ser do bem e aparecem com a finalidade de socorrer os personagens
oprimidos, ou do mal, como as bruxas que usam de seus feitiços e magias para a
destruição dos protagonistas. Como afirma Coelho (2000):

Segundo a Tradição, as fadas são seres imaginários, dotados de


virtudes positivas e poderes sobrenaturais, que interferem na vida dos
homens para auxilia-los em situações-limite (quando nenhuma solução
natural poderia valer). A partir do momento em que passam a ter
comportamento negativo, transformam-se em bruxas. (COELHO, 2000, P.
174).
Nestes contos, a busca principal dos ”mocinhos” é pelo amor, sentimento
capaz de enfrentar quaisquer desafios e obstáculos que aparecer em seus
caminhos. A bondade e beleza são características fortes desses personagens, que
com sua doçura e inocência lutam para vencer seus vilões. É por esta razão que a
presença da figura feminina como personagem principal se torna constante nos
contos de fadas, que na maioria das vezes carregam nomes de princesas e fadas
em suas capas como o título da história, por ser vista, ao longo da história, como um
ser dócil e frágil.

Em conformidade com este pensamento, Martins (2002) diz:

A mulher assim representada é bondosa, bela, ingênua, frágil, mas


decidida a realizar qualquer sacrifício para salvar seus entes queridos, [...].
A Jovem desses contos também é incapaz de sentir ódio ou rancor por
aqueles que a maltratam, como Branca de Neve, dos irmãos Grimm, e A
Gata Borralheira, de Perrault. Como personagens principais dessas
histórias, essas moças são vítimas de inumeráveis maldades de suas
madrastas, mas as perdoam, demonstrando, com isso, não sentirem ódio e
possuírem pureza de coração. (MARTINS, 2002, P. 15, grifo do autor.).

As emoções e sentimentos presentes nos contos de fadas permitem que o


pequeno leitor se aproxime da história, pois são situações que ele vivencia em seu
cotidiano, como o medo, a dificuldade de ser criança, carências, perdas, buscas e
etc. Isso faz com ele sinta prazer em ler e descobrir a superação de seus conflitos
existenciais. (ABRAMOVICH, 1991).
Sobre a presença dessas emoções e sentimentos nas narrativas dos contos
de fadas, Pontes (2012) afirma:

As emoções vividas pelos personagens das histórias narradas nos


contos são diversas e também podem ser relacionadas com as
experimentadas pela criança em sua realidade, sejam as emoções
ocasionadas pelos medos: como o medo do que não se conhece e o medo
do escuro, bem como outras causadas pelos sentimentos de rivalidade,
amor, raiva, rejeição, orgulho, vaidade, entre tantos outros vividos pelos
seres humanos em seu cotidiano. (PONTES, 2012. P. 94).

Através da identificação da criança com os personagens e com as situações


apresentadas, esta passa a se envolver na história como sendo a sua própria. E
nesse sentido, os conflitos dos personagens passam a serem os próprios conflitos e
a busca por soluciona-los passa, também, a ser sua busca.
Em conformidade com este pensamento, Abramovich (1997) explica:
[...] Porque os contos de fadas estão envolvidos no maravilhoso, um
universo que detona a fantasia, partindo sempre duma situação real,
concreta, lidando com emoções que qualquer criança já viveu... Porque se
passam num lugar que é apenas esboçado, fora dos limites do tempo e do
espaço, mas onde qualquer um pode caminhar... Porque as personagens
são simples e colocadas em inúmeras situações diferentes, onde têm que
buscar e encontrar uma resposta de importância fundamental, chamando a
criança a percorrer e a achar junto uma resposta sua para o conflito...
Porque todo esse processo é vivido através de fantasia, do imaginário, com
intervenção de entidades fantásticas (bruxas, fadas, duendes, animais
falantes, plantas sábias...) (ABRAMOVICH, 1997, p. 120).

Mediante a isto, podemos perceber como os contos de fadas podem ajudar as


crianças a solucionar problemas internos, a superar as dificuldades que ela encontra
no seu dia a dia após se deparar com situações que lhe cause insegurança, dúvidas.
E o mais incrível é que isso acontece de maneira inconsciente através do seu
próprio envolvimento com a história e suas possíveis identificações.
3. OS CONTOS NOS ANOS INICIAIS

Há algum tempo, o gênero literário conto tem se tornado dentro das escolas
brasileiras um recurso indispensável no enriquecimento da prática do professor.
Entretanto, com as reformas na educação e atualizações na Lei De Diretrizes e
Bases, este tem ganhado um espaço bem mais considerável nas propostas
educacionais, visto o reconhecimento de sua grande importância tanto para o auxilio
da prática pedagógica de professores alfabetizadores como para a formação do
aluno nas esferas cognitiva, emocional e social.
Sabendo, pois, que é nos primeiros anos iniciais do ensino fundamental que
se espera que os alunos desenvolvam habilidades na leitura e iniciem a construção
de seus perfis de alunos leitores, os contos infantis funcionam como materiais ideais
nesse processo, já que suas narrativas encantadoras costumam sempre atrair a
admiração e o interesse das crianças.
Os Parâmetros curriculares Nacionais – PCN (1997) de Língua portuguesa,
nos objetivos propostos para o primeiro ciclo do ensino fundamental, propõem que
os alunos sejam capazes de:

Compreender o sentido nas mensagens orais e escritas de que é


destinatário direto ou indireto: saber atribuir significado, começando a
identificar elementos possivelmente relevantes segundo os propósitos e
intenções do autor; ler textos dos gêneros previstos para o ciclo,
combinando estratégias de decifração com estratégias de seleção,
antecipação, inferência e verificação; utilizar a linguagem oral com eficácia,
sabendo adequá-la a intenções e situações comunicativas que requeiram
conversar num grupo, expressar sentimentos e opiniões, defender pontos
de vista, relatar acontecimentos, expor sobre temas estudados; participar de
diferentes situações de comunicação oral, acolhendo e considerando as
opiniões alheias e respeitando os diferentes modos de falar; produzir textos
escritos coesos e coerentes, considerando o leitor e o objeto da mensagem,
começando a identificar o gênero e o suporte que melhor atendem à
intenção comunicativa; escrever textos dos gêneros previstos para o ciclo,
utilizando a escrita alfabética e preocupando-se com a forma ortográfica;
considerar a necessidade das várias versões que a produção do texto
escrito requer, empenhando-se em produzi-las com ajuda do professor.
(BRASIL, 1997, p. 68).

Visto que, nos blocos de conteúdos de Língua portuguesa recomendados


para o primeiro ciclo do ensino fundamental, os contos aparecem como gênero
adequado para se trabalhar tanto o desenvolvimento da linguagem oral quanto o da
linguagem escrita, surge aqui a necessidade de apresentar de que forma eles
podem contribuir nesse processo.
Portanto, este capítulo trará um estudo sobre a utilização do conto infantil
como ferramenta pedagógica e literária nos primeiros anos iniciais, por meio do qual
foi possível apresentar análises de professoras do 1ºe 2º ano que atuam nas escolas
da rede municipal de Icapuí-CE sobre a importância deste para a prática do
professor e para a formação dos alunos nas esferas cognitiva, emocional e social.

3.1 O CONTO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA:


PERSPECTIVAS DE PROFESSORAS

Apesar de que sua utilização em muitas escolas ainda se dê de forma


mecânica e fragmentada, o uso dos contos infantis por professores que saibam
explorar as suas muitas facetas podem abrir caminhos grandiosos para a formação
de leitores. Leitores que não apenas saibam decodificar palavras, mas aqueles que
conseguem entender os muitos significados proporcionados por uma leitura.
Segundo Pontes (2012, p. 17), cabe a escola a responsabilidade pelo ensino
da leitura e da escrita e é através dela que o acesso aos saberes e aos
conhecimentos é democratizado e possibilitado. Dessa forma, a leitura no ambiente
escolar deve se dá de forma constante pelos profissionais que nela atuam.
Para a autora, por mais que a leitura não seja algo exclusivo da escola, pois
está presente em nosso dia a dia, de várias formas, muitas crianças não desfrutam
em casa de um ambiente que lhes auxiliem no desenvolvimento da formação de
leitores. Assim, é que a escola se torna, para muitos, o único lugar que possibilita a
prática da leitura e o contato com os mais diversos livros.
Levando em consideração, também, o contexto digital em que estamos
imersos, no qual as crianças já nascem rodeadas de aparelhos eletrônicos com
múltiplas funções de entretenimento, proporcionar este espaço que incentive a
formação de leitores tem se tornado um papel cada vez mais desafiador nos lares da
era atual. Posto que, o livro que era lido constantemente durante as noites para
fazer as crianças adormecer, tem sido substituído por jogos digitais e desenhos
animados. O folhear das páginas tem sido suprido pelos cliques em telas Touch
Screen. Dessa forma, a visão da escola como um espaço responsável na formação
de leitores tem ganhado um sentido cada vez maior, já que, para muitos alunos este
é, realmente, o único ambiente que lhes possibilitem desenvolver essa formação.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (1997) de Língua Portuguesa
para o ensino de primeira a quarta série, deixam claro que uma prática de leitura
intensa nas escolas é necessária por vários motivos, pois é através dela que o aluno
desenvolve uma série de competências, como:
1. Ampliar a visão de mundo e inserir o leitor numa cultura letrada;
2. Estimular o desejo de outras leituras;
3. Possibilitar a vivência de emoções, o exercício da fantasia e da imaginação;
4. Permitir a compreensão do funcionamento da escrita: escreve-se para ser
lido;
5. Expandir o conhecimento a respeito da própria leitura;
6. Aproximar o leitor dos textos e os tornar familiares - condição para a leitura
fluente e para a produção de textos;
7. Informar como escrever e sugerir sobre o que escrever;
8. Favorecer a aquisição na velocidade da leitura;
9. Favorecer a estabilização de formas ortográficas;

Nesse sentido, os contos se tornam ferramentas preciosas para desenvolver


essas habilidades durante o processo de alfabetização, pois por meio de suas
leituras o aluno pode desenvolver o gosto pela leitura, passo inicial na formação de
leitores, bem como, expandir a sua linguagem escrita, ao se familiarizar com as
palavras em suas formas ortográficas. Porquanto, “uma prática intensa de leitura na
escola é, sobretudo, necessária, porque ler ensina a ler e a escrever”. (BRASIL,
1997, p. 47).
Segundo Coelho (2000), a partir dos 6 a 7 anos de idade, a criança já é capaz
de reconhecer os signos do alfabeto e a formação das sílabas. Porém, a presença
do professor como mediador da leitura ainda se faz necessária, não somente para
ajuda-la na identificação com o mundo da narrativa, mas para estimular a
decodificação dos sinais gráficos que lhe possibilitará adentrar no mundo da escrita.
Por isso, “um dos melhores incentivos a lhe ser dado é o aplauso ou o estímulo
carinhoso a cada uma de suas pequenas “vitórias”.” (COELHO, 2000. P. 35).
Criar situações que provoquem no aluno o desejo da descoberta e a
sensação prazerosa de aprender é um papel fundamental do educador que, durante
o processo de aprendizagem da leitura, se reflete como um sinônimo de motivação
para as crianças.
Conforme a professora do 2º ano, entrevistada durante a pesquisa de campo
nas escolas do município de Icapuí - CE:

Os contos podem contribuir bastante, pois quando a criança ler ou ouve


uma história vai se desenvolvendo a familiarização com a linguagem na
forma escrita e sabemos que isso ajuda não somente a ensina-la a escrever
corretamente nas normas ortográficas ou decifrar os códigos da leitura, mas
podemos ensinar também por meio da leitura de um conto a sua estrutura
textual, por exemplo, como um gênero, suas funções... (PROFESSORA A,
2º ano, 2018).

Ao falar sobre a contribuição dos contos na linguagem escrita, a professora A,


por sua vez, esclarece que esta não se restringe apenas a codificação e
decodificação, mas que é possível também trabalhar a identificação dos elementos
textuais e funções do gênero. Deste modo, a criança aprenderá também, ao
perceber as especificidades existentes em um texto literário e em um texto de
instruções, por exemplo, a quando retoma-los e desfrutar de suas determinadas
funções.
Portanto, podemos afirmar que a formação de leitor não implica somente em
desenvolver em alguém habilidades em decifrar códigos de uma língua, mas em
formar pessoas capazes de construir conhecimentos e refletir criticamente sobre
aquilo que está sendo decifrado.
Conforme isso, os PCN (1997) afirmam que a leitura:

É um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do


significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre
o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características
do gênero, do portador, do sistema de escrita, etc. Não se trata
simplesmente de extrair informação da escrita, decodificando-a letra por
letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica,
necessariamente, compreensão na qual os sentidos começam a ser
constituídos antes da leitura propriamente dita. (BRASIL, 1997, p. 41).

De acordo com a professora B, os contos são bastante importantes para a


formação cognitiva da criança, pois:

[...] desenvolve a atenção, a compreensão leitora e desenvolve o gosto pela


leitura, até porque a gente sabe como é importante a criança ler porque ela
desenvolve uma boa escrita, um bom vocabulário [...]. (PROFESSORA B, 1º
ano. Entrevista sobre o uso dos contos nos primeiros anos iniciais. 2018).
Assim, torna-se bastante importante que na escola essa formação de leitores
seja diária, disponibilizando ás crianças o contato com os mais diversos livros
infantis e fazendo leituras de formas dinâmicas e contextualizadas, seja esta leitura
feita pelos alunos, ao ler o livro em sua forma escrita, ou para os alunos, ao ser
narrada em voz alta pelo professor.
Sobre como são conduzidos os momentos de leitura em sala de aula, a
professora B, ainda diz:

A contação de história é feita diariamente. A gente sempre procura fazer de


forma lúdica, mas sempre obedecendo a rotina, porque a gente inicia a aula
com uma história e ela é contada de várias formas, a gente pode leva-los a
um outro ambiente da escola pra fazer a contação, podemos fazer na sala
de aula mesmo, aí a gente apresenta o livro, o ilustrador, o autor, conta pra
eles. Pode ser através de fantoche, sempre mostrando ali o livro, mesmo a
gente usando de forma lúdica a gente mostra sempre o livro pra que eles
tenham um contato e desenvolva o gosto pela leitura. E nós fazemos a
escolha dos livros no planejamento, durante aquela semana, a gente ver
qual é o nosso objetivo, o quê que a gente quer alcançar, que
aprendizagem quer extrair daquela semana com os nossos alunos [...].
(PROFESSORA B, 1º ano. Entrevista sobre o uso dos contos nos anos
iniciais. 2018).

Podemos observar na fala da professora B, o reconhecimento da importância


de oferecer aos alunos o contato diário com os livros infantis, bem como, fazer a
apresentação dos autores do livro: escritor e ilustrador, para apreciação do livro em
sua totalidade e desenvolver o gosto pela leitura. Outro ponto bastante marcante em
sua fala é a questão de mostrar o livro mesmo que a contação seja feita por meio de
outros recursos, como os fantoches, por exemplo. É necessário deixar claro para as
crianças que a narrativa contada está escrita no livro, para que assim sejam
estabelecidas as noções da relação entre fala e escrita, e, mostrar que elas podem
voltar á ele quantas vezes quiserem (ABRAMOVICH, 1997, p.22).
Nesse sentido, a forma que o professor conta uma história se torna bastante
relevante para traçar caminhos no processo de formação de leitores.
Em concordância com este pensamento, Abramovich diz que:

Daí que quando se vai ler uma história – seja qual for- para a criança,
não se pode fazer isso de qualquer jeito, pegando o primeiro volume que se
vê na estante... E aí no decorrer da leitura mostrar que não está
familiarizado com uma ou com outra palavra (ou com várias), empacar ao
pronunciar o nome dum determinado personagem ou lugar, mostrar que não
percebeu o jeito como o autor construiu as frases e ir dando as pausas nos
lugares errados, fragmentando um parágrafo porque perdeu o fôlego ou
fazendo ponto final quando aquela ideia continuava, deslizante na página ao
lado... (ABRAMOVICH, 1997, P. 19 e 20).
A forma como o professor ler os contos para os seus alunos é fundamental
para alcançar os objetivos propostos para uma boa leitura, pois se não houver o total
envolvimento do contador e o domínio das técnicas de entonação da fala
necessárias para a contação de história, não será possível fazer fluir todo o
encantamento e as múltiplas sensações provindas do mundo maravilhoso dos
contos infantis. É necessário, também, que o professor faça uma leitura do conto
antes de ler para os alunos, para ter ciência do que está sendo lido e assim
apresentar uma postura de familiarização com a história da narrativa, pois é
somente assim que o narrador transmitirá aos ouvintes a confiança, e, em resposta
disso, despertará a atenção e interesse dos alunos.
A escolha do livro tem um poder considerável no estímulo desse interesse. Em
sua seleção, o professor precisa analisar se este apresenta-se próximo a realidade
dos alunos, de sua faixa etária, do nível intelectual e linguístico necessários para a
sua compreensão.
Bernadino e Souza (2011), explica:
. A didática do conto de histórias é motivante e enriquecedora nas
series inicias, mas com o cuidado de que a estrutura da narração deve ser
previsível para a criança, de fácil linguagem, com imagens e possibilidade
de explorá-las posteriormente de forma lúdica, às narrativas possibilitarão
as crianças um melhor desenvolvimento da capacidade de produção e
compreensão textual. (BERNADINO; SOUZA, 2011, p. 238).

Sabemos que em nada adianta insistir em uma leitura quando não se percebe
o entusiasmo por parte dos ouvintes ou dos leitores, nem tampouco a sua
compreensão. Em razão disso, evitar leitura de narrativas muito longas e com
palavras muito complexas para leitores iniciantes se torna um ponto relevante a ser
considerado pelo professor no momento da seleção de livros.

Sobre como é feita a escolha da narrativa a ser lida, a professora C, responde:

A gente trabalha com projetos de leitura durante o ano letivo [...], um


dos projetos é que eles tragam livrinhos, historinhas, contos infantis para
que a gente faça uma mini biblioteca para que todos os dias a gente possa
contar uma historinha diferente. (PROFESSORA C, 1º ano. Entrevista sobre
o uso dos contos nos primeiros anos iniciais. 2018).

Nessa mesma questão, a professora diz A diz:


[...] conforme a rotina nós temos o momento da leitura e varia o tipo, tem
dias que a gente faz contação com o uso do livro, tem dias que é com
fantoches, tem dias que é as próprias crianças, elas mesmo escolhem o
conto que querem ler e elas mesmo leem sozinhas, cada um escolhe o seu
livro. (PROFESSORA A, 2º ano. Entrevista sobre o uso dos contos nos
primeiros anos inicias. 2018).

Por mais que a criança ainda saiba ler, tecnicamente falando, disponibilizar o
contato manual com os livros é fundamental para cultivar a afeição pela obra como
objeto, pois, ao folhear as páginas, esta notará que pelo simples movimento dos
seus dedos será possível descobrir mundos sem sair do lugar.
Fazer uso de livros com bastantes ilustrações é apropriado para esta fase de
leitor iniciante, pois as crianças ainda são muito movidas pela alegria das cores e a
curiosidade de saber de que forma cada personagem está desenhado.
Sobre a importância das ilustrações nos livros infantis, Coelho (2000) afirma:

A ilustração na literatura para as crianças aparece como uma


linguagem de acesso mais imediato, auxiliando o leitor mirim a interagir com
a palavra. As duas linguagens (visual e verbal) compartilham o mesmo
suporte e na ilustração, geralmente, predomina o figurativo, referindo
modelos da natureza ou figuras fantásticas oriundas do imaginário (COELHO,
2000, p.189).

Algo que também chama atenção ainda na última fala da professora A, é a


questão da liberdade dada pela professora para que os alunos escolham os livros.
Deixar a criança livre para escolher o livro que lhe chame a atenção, seja pela
ilustração da capa, título ou mesmo pelos personagens é permitir que venha ocorrer
a interação entre o leitor e a narrativa e sua possível identificação com as situações
vividas pelos personagens, pois, uma vez dada esta identificação, a criança passa a
ver a história da narrativa como a sua própria história.
Portanto, em relação ao interesse despertado nos alunos no momento da
leitura dos contos, a professora C relata:

A maioria das crianças gostam muito do momento da leitura porque


é um prazer, é um momento de deleite. Eles tentam interagir. A gente
percebe que eles gostaram da leitura porque a todo momento, a cada
página lida eles tentam interromper “ah, tia, é assim né que a história
acontece, que vai acontecer?”, então aí a gente sente o desenvolvimento
deles com relação a leitura, a questão da compreensão do texto lido.
(PROFESSORA C, 1º ano. Entrevista sobre o uso dos contos nos primeiros
anos iniciais. 2018).

.
Enxergar a leitura como algo prazeroso é essencial. Infelizmente em muitas
escolas a leitura é passada como uma obrigação, isto é, que é preciso ler para
realizar uma tarefa e para conseguir boas notas. E isso tem contribuído
grandemente para que muitos alunos tenham a visão da leitura como sinônimo de
desgaste e exaustão.
A professora A, em sua fala também refere-se ao momento da leitura como
algo que precisa ser prazeroso para os alunos quando diz que:

A sala de aula é adequada, tem o cantinho da leitura, justamente


para isso, onde tem tapetes, tem almofadas para que a criança fique
confortável, para que aquele momento seja um momento divertido para a
criança e não uma obrigação. (PROFESSORA A, 2º ano. Entrevista sobre o
uso dos contos nos primeiros anos iniciais. 2018)

Portanto, é necessário que, no primeiro momento, a busca do professor seja


em desenvolver o gosto e prazer pela leitura, pois “[...] uma das atividades mais
fundantes, mais significativas, mais abrangentes e suscitadoras dentre tantas outras
é a que decorre do ouvir uma boa história, quando bem contada”. (ABRAMOVICH,
1997, p.24.)
A mesma autora ainda acrescenta que através de uma história é possível
trabalhar a Interdisciplinaridade, quando diz:

É através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros


tempos, outros jeitos de agir e ser, outra ética, outra ótica. É ficar sabendo
historia, geografia, filosofia, sociologia, sem precisar saber o nome disso
tudo e muito menos achar que tem cara de aula (ABRAMOVICH, 1997,
p.17).

Dessa forma, fica evidente que não é só a Língua Portuguesa que pode ser
trabalhada na leitura dos contos infantis, mas todas as outras disciplinas podem ser
vistas conjuntamente por meio da interdisciplinaridade, pois uma história pode
abordar de forma divertida: as culturas e histórias dos povos, regiões, formas de
governo e até mesmo os temidos cálculos matemáticos. Assim, enfatizamos que a
aprendizagem pode ocorrer de forma lúdica, por meio do prazer e diversão e não
somente pela transmissão de conteúdos disciplinares.
A Professora C, falando ainda sobre o momento da escolha dos livros, cita
algo bastante interessante:
Acontece também, da gente trabalhar com a sequência didática
onde a gente pega um livro e durante uma semana a gente trabalha
somente com aquele livro, com aquela história, aí com aquele livro que a
gente escolheu pra fazer a sequência didática, a gente trabalha atividades
interdisciplinares né, introduzindo a matemática, o português, história,
Geografia, ciências entre outras. (professora C, 1º ano. Entrevista sobre o
uso dos contos nos primeiros anos iniciais. 2018).
Essa inter-relação possibilita que o aluno venha alargar seus horizontes ao
enxergar o mundo em sua totalidade, passando a construir uma leitura critica sobre
a realidade que o cerca. É nesse sentido, que podemos formar leitores críticos e
reflexivos, que conseguem ler além do que convencionalmente está escrito.
As possibilidades de atividades que podem ser desenvolvidas após o
momento de leitura são muitas, mas não necessariamente elas precisam estar
ligadas a ideia de um dever que a criança faz por obrigação. O professor pode criar
um momento de discussão por meio do qual os alunos irão trabalhar a oralidade e
comunicação, ao expressar suas compreensões e suas emoções, bem como,
possibilitar a troca de opiniões com os demais colegas sobre os vários aspectos da
literatura:

E cada aluno poderá escrever sobre tudo isso – ou sobre outros


itens não citados que pareçam importantes – de modo pessoal, sem roteiros
definidos e muito menos definitivos... Se cada livro chama a atenção por
algo especial, porque não deixar a criança – sozinha - descobrir essa
especificidade que ela sentiu, percebeu... e escolher sobre o que quer falar?
E também pode haver ocasiões em que troquem opiniões... E constatar que
cada um pode ter amado ou detestado o mesmo livro, por mui razões
diferentes... ou através dos olhos do colega se deter em aspectos que não
havia notado, se dado conta [...](ABRAMOVICH, 1993, P .147).

Em conformidade com o pensamento da autora, a professora C relata:

[...] quando a gente termina a leitura, que a gente vai fazer o momento da
oralidade, eles dizem coisas, eles já criam coisas que a gente nem falou no
livro né, então eles passam a imaginar diferente do que a gente até leu,
então isso ai é um ponto positivo que é a questão da compreensão deles.
(PROFESSORA C, 1º ano. Entrevista sobre o uso dos contos nos primeiros
anos iniciais. 2018).

De acordo com a professora, após a leitura de contos, no qual se abre uma


discussão a respeito do que foi lido, os alunos expõem suas compreensões e muitas
vezes acrescentam passagens nas narrativas que não foram mencionadas pelo
escritor, as quais são oriundas de suas imaginações ou de significados que foram
construídos historicamente no meio social em que vivem, como assim afirma Orlandi
(1998.p 58):

Não é só quem escreve que significa; quem lê também produz sentidos. E o


faz não como algo que se dá abstratamente, mas em condições
determinadas, cuja especificidade está em serem sócio-históricas. (Orlandi,
199, p. 58, grifo do autor).
Nesse sentido, Zilberman (1985) também afirma:
A atividade com a literatura infantil - e, por extensão, com todo o tipo
de obra de arte ficcional - desemboca num exercício de hermenêutica, uma
vez que é mister dar relevância ao processo de compreensão,
complementar á recepção, na medida em que não apenas evidencia a
captação de um sentido, mas as relações que existem entre essa
significação e a situação atual e histórica do leitor. (ZILBERMAN, 1985, p.
28).

Considerando isto, podemos dizer que a compreensão de uma determinada


história se dá de forma particular, ou seja, cada criança atribui seus próprios
significados à medida que relacionam com suas bagagens e leituras de mundo.
Desse modo, uma mesma narrativa pode ser entendida e significada de várias
formas, sob a ótica de cada aluno.
Logo, se torna de extrema importância que professores saibam mediar estes
momentos de oralidade dos alunos, nunca os reprimindo por suas interpretações se
darem de formas diferentes da que o autor explicita ou do esperado pelo professor,
mas que este último os incentivem a imaginarem, a criarem e a socializarem seus
pensamentos.
Sugerir novos desfechos para o conto é outra atividade que pode aflorar ainda
mais a imaginação das crianças, pois nesse momento elas passam a fantasiar
novos rumos para a estória. A dramatização da narrativa, também, é outra atividade
que pode ser desenvolvida de forma bastante divertida pelos alunos, pois possibilita
que estes trabalhem o improviso das falas, desenvolvendo sua oralidade e
expressão corporal. (ARCOVERDE, 2008, p. 601).
Diante de tudo que já foi dito, podemos observar a grande contribuição que os
contos podem trazer nos primeiros anos iniciais, se tornando uma ferramenta valiosa
na prática pedagógica em sala de aula, como assim afirma uma das professoras:

O conto é uma ferramenta indispensável para qualquer professor porque


através do conto a gente pode desenvolver um plano de aula completo,
através do tema, da história, então o conto é muito importante porque
através dele nós desenvolvemos nossa aula, a temática do dia, as
atividades, então eu acho ele super indispensável. (PROFESSORA A, 2º
ano).

Em síntese, são inúmeros benefícios que os contos infantis podem trazer para
a alfabetização de alunos e para a melhoria da prática de professores em sala de
aula, devendo assim, estar presente diariamente nos anos iniciais, pois essa
ferramenta não apenas contribui para o desenvolvimento cognitivo dos alunos, mas
exerce, também, um grande poder na vida emocional e social das crianças.

3.2 A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS PARA A FORMAÇÃO DA


CRIANÇA

Como visto no tópico anterior, os contos apresentam dentro dos conteúdos


propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais para a Língua Portuguesa –
PCNLP, como um gênero indicativo para desenvolver a aquisição da linguagem oral
e escrita. Foi apresentado também, que estes podem ser usados para se trabalhar
conteúdos de outras disciplinas através da interdisciplinaridade.
Em contrapartida, por ser uma literatura, o uso dos contos infantis não pode ser
reduzido apenas em funções didáticas, pois isto extingue seu caráter literário,
tornando-o, assim, em apenas mais um livro didático. Não podemos negar aqui o
seu valor como instrumento pedagógico, mas é importante ressaltar que apenas ao
narrar uma estória, o professor já contribui, e muito, na formação das crianças. Isto
porque, conforme também já mencionado anteriormente, a leitura dos contos
infantis possibilita não somente a formação da criança na esfera cognitiva, mas
contribui ainda para solução dos seus conflitos internos e prepara-la para viver
socialmente.
Bettelheim (1998), afirma:

O prazer que experimentamos quando nos permitimos ser suscetíveis


a um conto [...], o encantamento que sentimos não vêm do significado
psicológico de um conto (embora isto contribua para tal) mas das suas
qualidades literárias – o próprio como uma obra de arte. (BETTELHEIM,
1998, P. 20).

É nesse sentido, que os contos falam tanto as crianças, pois como toda obra
de arte, eles têm o poder de se comunicar de forma singular a cada ouvinte ou
leitor.
Os inicios “Era uma vez” ou “Há muito tempo atrás”, leva a criança a imaginar
não um mundo concreto, como o que vivemos aqui, mas a viajar em um espaço e
tempo do inconsciente. “São as coordenadas que colocam a estória não no tempo
ou no lugar da realidade externa, mas num estado da mente.” (BETTEHEIM, 1998,
p.79). Nesse estado, tudo é possível acontecer, pois é movido pela fantasia. É
desse modo, que se torna tão comum para a criança ouvir uma narrativa onde os
animais falam, pessoas voem, objetos com poderes existam, pois elas entendem
que se trata de uma viagem ao mundo da imaginação.
Nesse sentido, os contos funcionam como instrumentos poderosos no exercício
da fantasia e no desenvolvimento da imaginação.
Ainda segundo Bettelheim (1998), o maior benefício dos contos infantis,
principalmente dos contos de fadas, é no âmbito emocional, pois realiza a tarefa de
desenvolver a fantasia, fornecer escapes necessários, falando aos medos e às
ansiedades, ou seja, às agitações internas da criança e ainda proporcionar a
recuperação e o consolo desses conflitos.
Os contos infantis podem falar sobre qualquer dilema da existência humana,
como o medo, rejeição, angustias, tristezas, perdas, separações, entre tantas mais,
e o mais interessante é que costumam a tratar de forma mais natural possível.
Alguns começam retratando a morte como uma realidade, como acontece nos
contos João e Maria, Branca de Neve, Cinderela, dentre outros, que iniciam o
enredo já com a ausência de um ou dos dois progenitores do personagem principal.
Nesses contos, a morte é enfrentada como um dilema angustiante, que
causa abandono e carência, mas o desfecho da estória com “o final feliz” consola e
encoraja as crianças, mostrando que é sempre possível encontrar uma saída para
suas aflições.
O herói do conto de fadas avança isolado por algum tempo, assim
como a criança moderna com frequência se sente isolada. Ajuda-o o fato de
estar em contato com coisas primitivas – uma árvore, um animal, a natureza
-, da mesma forma como a criança se sente mais em contato com essas
coisas do que com a maioria dos adultos. O destino desses heróis a
convence de que, como eles, ela pode se sentir rejeitada e abandonada no
mundo, tateando no escuro, mas, como eles, no decorrer da sua vida ela
será guiada passo a passo e receberá ajuda quando necessário.
(BETTELHEIM, 1998, p.20).

Essas narrativas costumam abordar as crises existenciais da infância, como a


insegurança e as dificuldades de ser criança, apresentando uma solução para esses
conflitos no final da estória, quando os personagens conseguem vencer todos os
contratempos que surgira em seus caminhos. Dessa forma, o pequeno leitor se
sente mais esperançoso e encorajado para lidar com os obstáculos que tiver que
enfrentar ao longo de sua existência.
Segundo Pontes (2012), ao vivenciar as experiências dos personagens, a
criança passa a vivenciar as suas próprias experiências do dia a dia. Deste modo, o
leitor estabelece uma relação entre o real e o fictício, o que permitirá que ele adentre
na estória, passando a enxergar a sua própria vivência. Isso explica o motivo de
muitas vezes, na infância, as crianças terem esses personagens como suas
inspirações e a querer incorpora-los, seja se fantasiando ou simplesmente se
autodeclarando os heróis e heroínas da estória lida. Assim, a criança passa a criar
fortes laços afetivos com a narrativa, ao passo de pedir que esta seja lida repetidas
vezes, mesmo que já tenha decorado a sucessão dos fatos narrados.
No entanto, toda vez que a criança reler um conto, ela pode se identificar cada
vez mais, ou não, com a mesma estória, pois depende da situação que esta
vivencia naquele momento. É dessa forma, que a narrativa pode se tornar cada vez
mais interessante para a criança à medida que é relida, pois pode esclarecer mais
sobre suas dúvidas e dificuldades ou simplesmente não fazer mais nenhum sentido,
por ela já haver superado tais situações que, outrora, causavam a sua identificação.
(ABRAMOVICH, 1997, p. 17).
Sobre a contribuição dos contos para a formação da criança, a professora A
diz:

Os contos pode sim contribuir para o desenvolvimento da criança porque


pode contribuir na sua imaginação, no seu emocional, ajudando a criança
no sentindo de tornar-se mais sensível, esperançosa, otimista e a tornar a
criança confiante para a vida, porque através dos contos elas podem tornar-
se mais preparadas para o mundo.

De acordo com a professora, os contos contribuem grandemente para a


formação da criança, uma vez que, estimula a imaginação e a prepara para uma
vida social, tornando-a mais confiante e esperançosa.
Esta preparação se dá em torno dos ensinamentos de valores morais muito
presentes nos contos de fadas, que sempre costumam passar alguma instrução
para o leitor, como por exemplo, que a prática do bem sempre trará uma boa
recompensa.
Geralmente, os princípios morais presentes nessas narrativas são interligados
a valores éticos cristãos, deste modo, trazem ensinamentos do tipo: obedecer aos
pais; não se deixar iludir por vozes estranhas; não ser ambicioso; não se enganar
por boas aparências, etc.
Coelho afirma:

O maniqueísmo que divide as personagens em boas e más, belas ou


feias, poderosas ou fracas, etc, facilita à criança a compreensão de certos
valores básicos da conduta humana ou do convívio social. Tal dicotomia, se
transmitida através de uma linguagem simbólica, e durante a infância, a
nosso ver, não será prejudicial à formação de sua consciência ética (como
temem, muitos, ao lembrarem a falsidade das divisões estanques, Bem/Mal,
Certo/Errado, etc., que caracteriza os contos maravilhosos). E não o será,
porque através deles a criança incorporará os valores que desde sempre
regeram a vida humana. (COELHO, 2000, p. 55).

Segundo a autora, os valores que são transmitidos nos contos de fadas sempre
foram importantes para a vida humana, pois são princípios que auxilia no convívio
social. Deste modo, os vilões sempre serão aqueles personagens com condutas
egoístas, opressoras e impiedosas, enquanto os heróis apresentam personalidades
compassivas e humanas.
A dicotomia entre Bem e Mal, presente nos contos de fadas, se torna ainda
mais aceitável diante de sua linguagem simbólica. Quando a criança costuma a se
identificar com os bons heróis, por exemplo, não é devido a sua bondade, mas por
apresentarem um forte apelo positivo. (BETTELHEIM, 1998).
A linguagem simbólica dessas narrativas possibilita que a criança enxergue as
bruxas, gigantes e vilões como os obstáculos que precisa enfrentar no seu dia a dia,
logo, o triunfo do bem sobre o mal, no desfecho da estória, traz a esperança de que
ela também conseguirá vencer.
Algumas narrativas dos contos maravilhosos, por sua vez, não costumam
retratar, de forma clara, essa distinção entre bem e mal, certo e errado, visto que,
em determinadas estórias, o personagem principal usa de comportamentos amorais
para alcançar os seus objetivos, como enganar, trapacear, roubar, etc. Contudo,
ainda assim, esses contos passam uma mensagem positiva à criança, isto é, que
qualquer pessoa, mesmo diante de uma vida de fracassos e derrotas, tem a
possibilidade de se erguer e conquistar vitórias.
A respeito disso, Bettelheim(1998) esclarece:

Tais contos ou figuras típicas como o “Gato de Botas”, que arranja o


sucesso do herói através da trapaça, e João, que rouba o tesouro do
gigante, constroem o personagem não pela promoção de escolhas entre o
bem e o mal, mas dando à criança a esperança de que mesmo o mais
medíocre pode ter sucesso na vida. (BETTELHEIM, 1998, p. 18)

Sobre a presença dos valores nos contos, a professora B também fala:


[...] os valores são trabalhados nos contos, com as contações, a ética, até o
convívio social, tudo isso a gente pode abranger, pode trabalhar dentro de
uma contação de história.

Através das mensagens presentes nos contos infantis, a criança pode


aprender a tornar-se mais humana e altruísta, o que se torna bastante importante na
infância, fase na qual ainda é bastante forte a presença de atitudes egocêntricas.
Como assim, explica Coelho (2000):

[...] os significados simbólicos dos contos maravilhosos estão ligados aos


eternos dilemas que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento
emocional. O que se processa desde a fase narcisista ou egocêntrica inicial,
em que domina o eu inconsciente, primitivo e instintivo (id), durante a qual,
segundo Jung, a energia psíquica primária (que regula toda a vida humana)
é dirigida exclusivamente para o próprio eu, até a fase final (a que poucos
chegam) de transcendência da própria humanidade, por um eu ideal
(superego). Entre essas duas fases polares, dá-se a evolução mais
significativa do ser humano: a passagem do egocentrismo para o
sociocentrismo: a do eu para o nós, a fase do eu consciente (ego), real,
afetivo, inteligente, que reconhece e valoriza o outro como elemento-chave
para a sua própria autorrealização. (COELHO, 2000, p. 54, grifo da autora).

De acordo com a autora, a transição do egocentrismo para o sociocentrismo é


feita quando o ser humano, em determinada fase de sua vida, passa a reconhecer o
valor do outro como essencial para sua própria satisfação pessoal, dessa forma, ele
se torna alguém muito mais afetivo e menos egoísta.
É nesse sentido, que concordamos com a professora A, quando esta fala que
os contos podem ajudar a criança no sentido de tornar-se mais sensível, e com a
professora B, quando menciona a importância desses contos para se trabalhar o
convívio social
Hoje, os contos modernos apresentam uma grande diversidade de temas que
contribuem no convívio social, como o respeito às diferenças, seja ela física, cultural
ou racial. Temos contos que enaltecem as características da negritude, que desde
muito tempo tem sido descriminada dentro da sociedade, podemos citar aqui como
um melhor exemplo para se trabalhar essa temática, o conto Menina Bonita do Laço
de Fita, de Ana Maria Machado.
Existem, também, contos que trabalham a questão do divórcio dos pais,
contexto bastante comum nos dias atuais, auxiliando a criança a compreender e a
lidar com essas situações, como o conto Sexta-feira de noite, de Mário Prata, que
através de um diálogo simples e curto entre dois irmãos, mostra os desafios de
conviver com os pais separados. (ABRAMOVICH, 1997, p. 105).
Ainda tem aqueles contos, que carregados de humor arrancam gargalhadas
das crianças ao mesmo tempo em que tratam sua autoestima, ajudando-as, de
forma consciente ou inconsciente, a superar seus traumas e medos da infância.
Em suma, os contos podem Por meio da leitura de um conto, pode-se
trabalhar diversos temas sociais, como o respeito às diferenças , a visão da criança
pode ser expandida em relação ao outro, pois ela pode aprender
Deste modo,.

.
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