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3 l DIA A DIA l EDIÇÃO: 13/06/2010


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dia a dia
DIÁRIO DE S. PAULO · DOMINGO, 13 DE JUNHO DE 2010 · PÁGINA 3
Uma massa de ar polar deve derrubar as
temperaturas hoje. Pela manhã, os termômetros
na capital podem marcar entre 6 e 7 graus, com
previsão de geada na Serra da Mantiqueira.

Feliz após os 50
FOTOS DE MARCOS RIBOLLI/ DIÁRIO SP

PEDRO E
NALTECI
descobriram o
amor depois
dos 60 anos e
estão casados
há dois meses

Pesquisa feita com pessoas de


18 a 85 anos revela que a
felicidade plena começa a ser
vivida a partir da meia idade

CRISTINA CHRISTIANO brindo bons projetos, realizando


cristinamc@diariosp.com.br
atividades que se goste, buscan-
aa Se você já passou dos 50, pre- do afinidades. Ele aconselha pes-
pare-se para uma vida de plena soas com mais de 50 anos a fazer
felicidade, a partir de agora. É o análise para aprenderem a man-
que revela pesquisa do Instituto ter sempre bons pensamentos.
Gallup feita com 340 mil entre- “Após os 50 anos, a pessoa
vistados, de 18 a 85 anos, no tem mais experiência de vida, é
mundo todo. Segundo o levan- mais tolerante, mais compa-
tamento, as pessoas tornam-se nheira, está mais acostumada a
mais felizes à medida em que conviver com doenças e, por is-
envelhecem e, ao atingirem 85 so, começa a encontrar prazer
anos, estão muito mais satisfei- em pequenas coisas que antes
tas com elas mesmas do que aos não percebia”, explica.
18. O estudo não surpreendeu ELPÍDIO, 75 anos, virou ator
psicólogos nem especialistas em Sexualidade e amor
comportamento na terceira ida- Tractenberg acredita que a feli-
de. “Até os 35 anos, as pessoas cidade está diretamente relacio-
estão mais voltadas com a sua nada à sexualidade. “Hoje, a hu-
sobrevivência, em estabelecer manidade teve a longevidade
metas para o futuro. A energia é expandida e, com todos os me-
toda focada nos outros. Mas, a dicamentos que surgiram, tam-
partir da meia idade, quando já bém é ativa sexualmente.”
têm estabilidade, sentem-se mais O psicólogo Ailton Amélio
confortáveis para dizer não, es- da Silva, professor de Relacio-
tão mais fortes, mais maduras e namento Amoroso da USP,
aí começam a fazer escolhas em concorda. “À medida em que
busca da própria satisfação. E é se sentem mais ativas, mais
justamente nessa fase que surge saudáveis em todos os aspec-
a grande oportunidade de alcan- tos, as pessoas também amam
çar a felicidade”, explica a psicó- mais e se dispõem a aceitar no- MARIA e Lurdes riem à toa GRUPO de idosos do Mandaqui encontrou na arte de representar um novo sentido para a vida
loga Angelita Scarduci, especia- vos desafios”, explica.
lizada em felicidade e desenvol- A pesquisa Gallup revela
Casal fez até votos de felicidade eterna

‘‘
vimento humano. também que, a partir dos 50, a
Segundo o psicólogo Moisés preocupação das pessoas com
Tractenberg, felicidade não é um problemas rotineiros e senti- aa Pedro Duarte de Oliveira, de um se trancava em seu quarto
estado contínuo, mas algo que se mentos de tristeza e raiva en- 74 anos, se recuperava de um para os filhos não ouvirem”,
constrói todos os dias, desco- tram em franco declínio. acidente vascular cerebral e usa- lembra Natelci.
va muletas quando reencontrou Um dia, Pedro pediu para a

‘O teatro me transforma’ a amiga Natelci Brandão, de 64,


que sofre de diverticulite renal
Quem acha amiga ir à sua casa. “Quando
entrei, me olhou bem nos olhos
grave. Ambos estavam viúvos, que idoso não e perguntou se queria casar com
aa Quando o marido morreu,
em 2002, Lurdes de Oliveira No-
quatro filhos, também integra o
grupo. Ela chegou ao CRI em
dependendo de cuidados dos fi-
lhos e à beira da depressão. Co-
faz sexo se ele. Levei um susto, mas antes
que pudesse responder qualquer
gueira, de 68 anos, sentiu-se co- depressão, mas hoje está curada. meçaram a conversar escondido engana” coisa, ele me abraçou e me bei-
mo se tivesse perdido o chão, fi- “Deixei de ser anônima e recon- e a frequentar o centro de con- PEDRO DE OLIVEIRA · Recém-casado jou. Aí não resisti”, conta.
cou sem rumo. Não tinha famí- quistei o respeito da minha fa- MARLI vive para os idosos vivência do idoso em Ferraz de Mas logo surgiu um proble-
lia nem amigos. Mas, um dia, mília”, comenta, orgulhosa. Vasconcelos, na Grande São pois sentia falta de uma compa- ma. Como contar à família. Pe-
folheando um jornal, leu uma Segundo a psicóloga Adriana Paulo, onde moram. Um mês nheira e de sexo. “Quando a Na- dro tem quatro filhos, 11 netos e
reportagem sobre o Centro de Terras de Almeida, a maioria dos depois, se apaixonaram e casa- telci veio me visitar, senti que era quatro bisnetos e, Natelci, oito
Referência do Idoso (CRI) do idosos chega ao centro com sin- ram. “Prometemos um ao outro a pessoa que procurava”, conta. filhos e mais de 20 netos (são
Mandaqui, na Zona Norte, e foi tomas depressivos. Mas, aos que seremos felizes até o fim de O casal se conhecia há 30 tantos que já perdeu a conta).
conhecê-lo. Aprendeu arte dra- poucos, vai se modificando, nossas vidas”, diz o casal. anos e frequentou a mesma igre- “Quando contei para a mi-
mática e nunca mais saiu de lá. principalmente na maneira de se “O Pedro chegou na cerimô- ja Batista. Mas há dez anos não nha filha mais velha, ela quase
Hoje, integra o grupo de teatro vestir e encarar a vida. “O teatro nia sem muletas e emocionou se via. “O filho do Pedro traba- surtou. ‘Só me faltava isso. Mi-
do centro e já fez 20 apresenta- ajuda as pessoas a trabalharem todos”, lembra a coordenadora lha na mesma empresa onde mi- nha mãe criou asas e está que-
ções em hospitais e simpósios. com as questões emocionais e do CCI, Marli Zucki, de 56 anos, nha filha serve almoço e, por is- rendo voar’”, lembra. Mas o pior
“Minha vida mudou. Hoje sociais”, explica. que organizou a festa do casa- so, soube que estava viúvo e ti- foi quando disse com quem: “o
sou feliz, alegre, cheia de moti- Adriana é autora da peça mento, para 400 pessoas. “Me nha sofrido AVC. Por isso fui vi- que? Aquele velho de muletas”.
vação. O teatro me transforma, “Envelheci. E agora, o que faço”, sinto feliz por ajudar os outros a sitá-lo e oferecer ajuda”, conta Pedro também teve proble-
faz com que eu bote para fora que o grupo de idosos encena. O encontrar a felicidade”, afirma. Natelci, que até então só chama- mas. Mas, a história teve um fi-
aquilo que sinto”, diz Lurdes. único homem da turma é Elpí- Natelci diz que casar de novo va o amigo de “irmão” Pedro. nal feliz. “Parecemos duas crian-
Maria Auxiliadora Antônio, dio Leonel Filho, de 75 anos, que não estava em seus projetos. A partir daí, os dois começa- ças em loja de brinquedo”, defi-
de 66 anos, casada e mãe de canta músicas românticas. MARIA JOSÉ passou a pintar Mas, para Pedro, era prioridade, ram a falar pelo celular. “Cada nem a felicidade deles.

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