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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA

DA CAPITAL/RJ

Processo nº xxxxxxxxx–xx.xxxx.x.xx.xxxx

CONDOMINIO BOSQUE DAS ARARAS, devidamente qualificado, por


meio de seus advogados que a presente subscrevem conforme instrumentos
procuratórios anexos (doc. 01), nos autos da AÇÃO INDENIZATÓRIA, que lhe promove
JOÃO, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar
CONTESTAÇÃO, pelas razões de fato e de direito que expõe a seguir.

I – DOS FATOS ALEGADOS PELO AUTOR

João, Autor da presente ação indenizatória, alega que estava caminhando


pela calçada do Condomínio Bosque das Araras, ora Réu, quando inesperadamente foi
atingido por um objeto, que irresponsavelmente, estava locado no parapeito do
apartamento 601.

Após o trauma sofrido, foi encaminhado assim que possível ao Hospital


Municipal X, onde recebeu os primeiros socorros, sendo submetido à exames e uma
cirurgia para estagnar a hemorragia decorrente.
O Autor é caminhoneiro autônomo, tendo como principal fonte de renda
a contratação de fretes, alega que devido ao período de internação de 30 (trinta) dias,
teria sofrido um abalo financeiro, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Porém,
após prognostico médico positivo, o Autor retornou quase imediatamente, a sua rotina
normal, inclusive à sua função como caminhoneiro, realizando novos fretes.

Após 20 (vinte) dias da sua alta hospitalar, o Autor afirma que por conta
de um mal-estar retornou ao Hospital X, onde foi constatado que em decorrência de
erro médico no primeiro procedimento realizado, seria necessária nova internação, e
que por conta disso ficou mais 30 dias afastado de suas atividades laborais.

Por fim, requereu a condenação do Réu ao pagamento de lucros


cessantes no valor estimado de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) e danos morais no valor
correspondente de 50 (cinquenta) salários mínimos.

Contudo, a pretensão autoral não deve prosperar pelos motivos de fato


e de direito que serão abordados a seguir, que demonstrarão que ao fim a ação deverá
ser julgada totalmente improcedente.

II – PRELIMINARES

II.I – DA ILEGITIMIDADE PASSIVA

Preliminarmente, ressalta-se a evidente ilegitimidade passiva do Réu,


uma vez que o objeto que atingiu o Autor caiu da unidade 601, conforme mensagens do
proprietário enviadas ao síndico (doc. 02), onde aquele afirma ter deixado o objeto na
sacada e inclusive procura saber a situação de saúde do Autor.

O artigo 938 do Código Civil, dispõe sobre a responsabilidade do


proprietário acerca de eventuais danos causados por objetos que caírem de alguma das
unidades autônomas do condomínio edilício.
Em consonância com esse artigo, observa-se a ausência de legitimidade
passiva do Réu para integrar o polo passivo da ação. Conforme se extrai dos fatos
narrados e documentos juntados objeto que caiu do apartamento 601, devendo assim
ser o proprietário da unidade o integrante da relação jurídica em tela.

Quanto aos alegados danos sofridos em decorrência de erro médico, não


há que se falar, também, de legitimidade passiva. quanto aos danos causados pelo erro
médico no procedimento cirúrgico realizado no Hospital X. De maneira clara, foi
realizado um segundo procedimento cirúrgico, devido a imperícia técnica da equipe
médica, pois a infecção foi causada pelo esquecimento de produto médico hospitalar no
corpo do paciente.

Assim, diante da evidente ilegitimidade passiva do Réu tanto em relação


ao acidente causado pelo objeto que atingiu o Autor, quanto ao pela infecção
decorrente da cirurgia realizada, requer seja aplicado o disposto no artigo 338 do Código
de Processo Civil, e consequentemente a aplicação do artigo 485, VI do CPC
extinguindo-se assim a ação sem resolução do mérito.

Caso Vossa Excelência assim não entender, hipótese que considera


improvável, passa a expor as questões de mérito.

III – DO MÉRITO
III.I – AUSÊNCIA DE CONDUTA

Conforme se extrai dos fatos narrados, pelo próprio Autor, o Condomínio


não concorreu para o resultado de nenhum dos supostos danos sofridos.

Como já abordado anteriormente em sede de preliminares, o infeliz


episódio decorreu da queda de um objeto da sacada do apartamento 601, ou seja, a
responsabilidade é integralmente do proprietário, e não do condomínio como um todo.
Cada um dos condôminos responde pelos eventos referentes à suas
unidades de forma independente. Imputar o ônus de um condômino que não seguiu as
normas do estatuto do condomínio (doc. 03) à todos os outros que cumprem com as
regras não é razoável, muito menos justo.

Quanto ao segundo episódio, também tratado no capítulo anterior, não


é possível imputar a conduta irresponsável do Hospital e seu corpo médico ao Réu, que
nada tem a ver com essa relação jurídica, muito menos com os resultados dela
decorrentes.

A responsabilidade do Hospital é objetiva, pois cabe à ele prezar pela


saúde dos pacientes internados. Como consta no laudo médico (doc. 04) a infecção foi
causada por conta de uma gaze cirúrgica deixada no corpo do Autor no momento da
cirurgia. O artigo 932 do Código Civil, em seu inciso III prevê a responsabilidade pela
reparação civil do “empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e
prepostos no exercício do trabalho que lhe competir ou em razão dele”, como é o caso
dos médicos que realizaram tal cirurgia.

Portanto, incube ao hospital responder pelos danos causados pelo erro


médico cometido que acarretaram na segunda internação do Autor, inclusive no que se
refere à reparação do suposto prejuízo financeiro sofrido no importe estimado de R$
10.000,00 (dez mil reais).

III.II – AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL

Nos termos do artigo 927, do Código Civil, o dever de indenizar incumbe


aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem. Esses elementos são indissociáveis
para a caraterização do dever de indenizar, por quanto deve haver nexo causal entre o
resultado obtido e a conduta praticada.
Conforme já exposto acima, o Réu não praticou qualquer ato ilícito, uma
vez que, o verdadeiro Autor do ato ilícito já foi devidamente identificado como morador
do apartamento 601 do edifício.

Ressalta-se que não se pode imputar responsabilidade à quem


simplesmente se inseriu no processo dos acontecimentos (condomínio), mas, tão
somente à quem de fato insurgiu para que o dano ocorresse (proprietário e hospital).

Dessa forma, não há que se falar em um dever de indenizar pelo Réu, a


jurisprudência é pacífica no sentido de que se foi possível identificar o causador do dano,
este mesmo deve prosseguir com a reparação do dano e não o condomínio. Senão
vejamos:
“PROCESSO CIVIL – PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA
– INOCORRÊNCIA – Desnecessidade da dilação probatória para
produção de prova oral – Preliminar rejeitada. CIVIL –
CONDOMÍNIO – RESPONSABILIDADE POR OBJETOS CAÍDOS E
ARREMESSADOS – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS E MORAIS – Condomínio que é responsável
objetivamente pelos danos causados pela queda de objetos das
unidades autônomas, desde que não identificado o agente do
ato ilícito – Jurisprudência do C. Superior Tribunal de Justiça –
Precedente deste E. Tribunal de Justiça – Dano moral
configurado – Ferimentos pela explosão de fogos de artifício –
Precedentes deste E. Tribunal de Justiça – Valor fixado em
consonância com os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade – Condômina que não participa do rateio das
despesas condominiais decorrentes da indenização, visto que
não concorreu para os danos – Dano material não verificado –
Sucumbência redimensionada – Recurso parcialmente
provido.”1 (sem grifo no original)

1 TJSP; Apelação Cível 1030756-50.2014.8.26.0562; Relator (a): Carlos von Adamek;


Órgão Julgador: 34ª Câmara de Direito Privado; Foro de Santos - 5ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 12/07/2017; Data de Registro: 12/07/2017
Superada a questão de que o Réu não possui legitimidade para arcar com
os danos sofridos, e se ainda, esse Douto Juízo entender que o Réu deve arcar com o
dever de indenizar, vejamos os reais danos supostamente sofridos pelo Autor.

III.III – DOS DANOS MATERIAIS – LUCROS CESSANTES

O Autor afirma que após a queda do pote de vidro, se submeteu a uma


cirurgia e ficou internado no hospital por 30 dias, ocasionando uma perda de R$
20.000,00 (vinte mil reais). Ato contínuo, o mesmo, teve de retornar novamente ao
hospital uma vez que estava com uma infecção em seu crânio causada por uma gaze
cirúrgica deixada no seu corpo por ocasião da primeira cirurgia, ocasionando uma nova
perda de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Sem qualquer sentido, o Autor alega que a integralidade dos danos


sofridos é consequência da queda do pote de vidro do apartamento 601, o que não
condiz com a realidade. A queda do pote de vidro não se relaciona em nenhuma
hipótese à infecção em seu crânio, esse dano é único e exclusivo da imperícia do
hospital, não tendo o Réu qualquer responsabilidade sobre isso.

Vossa Excelência, caso não entenda que inexiste dever de indenizar por
parte do Réu, deve-se analisar os limites da suposta culpa que lhe é, injustamente,
imputada e consequente responsabilidade, que mais uma vez ressalta não é do
condomínio.

Pois bem. O dano sofrido pelo Autor que se, na remota hipótese, for
atribuída ao Réu, deverá ser, tão somente, o dano proveniente da queda do pote de
vidro, ou seja, o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Uma vez que, o dano sofrido por
consequência da imperícia do hospital de deixar uma gaze cirúrgica em seu crânio, não
foi consequência da queda do objeto.
O caso concreto deve ser sempre analisado para que se evite o
enriquecimento sem causa e imputação de ônus injusto à quem age de boa-fé. Assim,
para apurar se realmente o Autor sofreu um prejuízo no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil
reais), será necessária uma análise dos contratos mencionados, dessa forma, requer-se
que o Autor seja intimado a apresentar os contratos negociados para assim verificar o
dano realmente sofrido.

III.IV – DOS DANOS MORAIS E DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

Mais uma vez, vem à tona os pressupostos para a caracterização do dano


moral: 1) ação ou omissão do agente; 2) ocorrência do dano; 3) culpa ou negligência e
4) nexo de causalidade.

Como exaustivamente demonstrado o Réu não agiu para o resultado


causado, ausente o primeiro requisito essencial não se faz necessário a análise dos
outros, pois inexiste a obrigação.

Ainda que seja imputada tal obrigação ao Réu, observa-se que o Autor
requer a indenização por danos morais no valor de 50 salários mínimos, pela violação
de sua integridade física. Ora, tal valor é expressamente abusivo.

A indenização por dano moral deve ser utilizada como forma de


reparação pelos danos sofridos ou ainda com caráter pedagógico, em ambas as
situações é imprescindível a observação dos princípios de proporcionalidade e
razoabilidade.

O valor à título de dano moral estimado pelo Autor, ultrapassa a


gravidade, a natureza e a repercussão da lesão sofrido. Essa vultuosa quantia estipulada
insurgiria no enriquecimento sem causa do Autor.
Conforme assegurado pelo artigo 884, do Código de Civil, aquele que,
sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o
indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.

O quanto pleiteado pelo Autor é abusivo, um valor de 50 salários para


uma mera lesão não condiz em hipótese alguma com a realidade. Os tribunais entendem
que o valor fixado à título de danos morais por lesões decorrentes de quedas de objetos
não pode ultrapassar R$ 10.000,00 (dez mil reais). Senão vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL. Danos morais. Autora que sofreu traumatismo


craniano leve com ferimento contuso de couro cabeludo parietal
à esquerda devido à queda de poltrona do segundo pavimento
da loja ré. Sentença de parcial procedência, com condenação da
ré ao pagamento de danos morais. Insurgência da parte Autora
quanto ao quantum fixado para a indenização. Acolhimento.
Indenização que deve considerar a gravidade, a natureza e
repercussão da lesão, o sofrimento e a posição social da parte
ofendida, bem como o dolo ou a culpa do responsável, sua
situação econômica, a reparação espontânea e sua eficácia.
Condenação, ante as peculiaridades do caso, majorada de R$
3.000,00 para R$ 10.000,00, quantia suficiente para indenizar a
Autora e, ao mesmo tempo, coibir a ré de reproduzir a conduta.
Recurso provido.2

"APELAÇÃO – Indenização por danos morais – Queda de objeto


do teto de shopping causando lesão leve – Indenização por
danos morais devida – Valor fixado em R$ 2.000,00 – Majoração
para R$ 5.000,00 – Sucumbência recíproca bem reconhecida.
Recurso do Autor parcialmente provido e improvido o da
requerida.”3

2
TJSP; Apelação Cível 1057085-28.2017.8.26.0002; Relator (a): José Joaquim dos Santos; Órgão Julgador:
2ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional II - Santo Amaro - 5ª Vara Cível; Data do Julgamento:
18/10/2018; Data de Registro: 18/10/2018
3 TJSP; Apelação Cível 1021480-11.2014.8.26.0007; Relator (a): Egidio Giacoia; Órgão Julgador:

3ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional VII - Itaquera - 5ª Vara Cível; Data do Julgamento:
07/08/2018; Data de Registro: 08/08/2018)
Diante do exposto, se esse Douto Juízo entender que a reparação dos
danos sofridos deve ser indenizada pelo Réu, serve a presente, para que os valores
pleiteados pelo Autor, tanto por danos materiais e morais sejam melhores apreciados.

IV – DOS PEDIDOS E DOS REQUERIMENTOS

Ante todo o exposto e argumentado, diante da evidente ilegitimidade


passiva do Réu, requer seja acolhida a preliminar suscitada acarretando na extinção da
presente ação nos termos do artigo 485, VI do Código de Processo Civil.

Caso assim não entenda, requer seja julgada a presente ação totalmente
IMPROCEDENTE, reconhecendo a ausência de conduta e nexo de causalidade.
Subsidiariamente, pugna pelo arbitramento razoável dos valores indenizatórios
pleiteados pelo Autor, sendo tão somente imputada a responsabilidade dos lucros
cessantes do suposto contrato perdido em decorrência da primeira internação, bem
como seja reduzido o valor de indenização por danos morais, no limite de R$ 10.000,00
(dez mil reais).

Ainda, requer a condenação do Autor ao pagamento de custas e despesas


processuais a que deu causa. No mais, pugna pela produção de provas por todos os
meios em direito admitidos, sobretudo as provas testemunhais, periciais e documentais.

Por fim, requer que toda e qualquer intimação e publicações sejam


expedidas em nome de seus advogados que a presente subscrevem, com poderes
outorgados pelos instrumentos procuratórios juntados, inscritos na OAB sob o nº xxxxx,
com endereço comercial em Rua, nº, bairro – cidade/estado, CEP, e endereço eletrônico
(email).

Termos em que,
Pede deferimento.

Rio de Janeiro, data


Advogado, OAB

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