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1.1 Aviofobia
A fobia é um sentimento de medo injustificável,
ansiedade persistente, intensa e irrealística, sentimento o
qual surge quando o fóbico se depara com a situação O medo de voar é muito freqüente. Algumas pessoas
causadora de sua fobia. Este artigo apresenta uma têm medo de acidentes aéreos, mas mesmo assim, não
aplicação em Realidade Virtual para auxiliar o tratamento evitam o vôo. Outras desenvolvem uma fobia, porque
de superação de aviofobia, o ambiente em Realidade evitam o vôo. Não conseguem sequer entrar num avião
Virtual possui três níveis de interação e de dificuldades [10].
para o paciente fóbico. De acordo com o IBOPE1 – Instituto Brasileiro de
Opinião Pública e Estatística (1998), em torno de 42% da
população brasileira tem medo de viajar de avião.
1. Introdução O medo de avião não é exclusividade de quem nunca
viajou de avião. Ele afeta indiscriminadamente, os
A fobia é um sentimento de medo, injustificado e passageiros novatos e veteranos. É um pânico muitas vezes
desproporcional, que se intromete persistentemente no inexplicável que se manifesta de diferentes formas.
campo da consciência e se mantém ali, Para quem tem aviofobia (fobia de avião), não adianta
independentemente do reconhecimento de seu caráter explicar que apenas um entre milhões de vôos acabará em
absurdo. A característica essencial da Fobia consiste num desastre, o fóbico sempre viverá na expectativa de que o
temor patológico que escapa à razão e resiste a qualquer vôo fatídico será justamente o dele.
espécie de objeção, temor este dirigido a um objeto (ou
situação) específico [2]. 1.2 Realidade Virtual
A fobia não é causa de nada, mas sim conseqüência; é
o reflexo de alguma angústia interna, e em princípio deve A Realidade Virtual pode empregar várias técnicas
ser tratada como tal, ou seja, deve-se tratar a angústia que para reproduzir o mundo real e imaginário e possibilitar a
causou e não a fobia em si. Tratando-se e curando a manipulação e visualização de informações no computador
angústia estará curada a fobia [5]. como se estivesse no mundo real.
Por esse motivo a fobia não tem uma causa real Kirner e Siscoutto [9], afirmam que a Realidade Virtual
(trauma real) ela apenas existe simbolicamente. Se ela é uma “interface avançada do usuário” para acessar
tiver uma causa real como, por exemplo, medo de dirigir aplicações executadas no computador, proporcionando a
por causa de um acidente de carro, ela deixa de ser uma
fobia e passa a ser considerada um “comportamento
1
evitativo”. Disponível em http://www.ibope.com.br/opp/pesquisa/opiniaopublica
visualização, movimentação e interação do usuário, em
tempo real em ambientes tridimensionais gerados por
computador.
Assim pode-se entender que Realidade Virtual permite
a criação de uma interface homem – maquina, natural e
poderosa, possibilitando ao usuário interação, navegação e
imersão em um ambiente tridimensional sintético, gerado
pelo computador por meio de canais multisensoriais dos
cinco sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar).
2. Trabalhos Relacionados
Já existem alguns trabalhos usando a Realidade
Virtual para o tratamento de fobias, e destacamos alguns,
onde se pode constatar a sua eficiência no tratamento de
várias formas de fobias.
No artigo denominado "Using Augmented Reality to Figura 2. Ambiente Virtual
Treat Phobias - Usando a realidade aumentada para o
tratamento de fobias" [1], é demonstrada a criação de um Outro interessante trabalho é o de Medeiros [6], onde
protótipo para o tratamento de desordens psicológicas foram criados cinco cenários: Túnel, metro,
(fobias de aranhas e baratas). E conforme a figura 1, aeroporto/avião, elevador e ônibus, e em sua maioria,
abaixo, pode se notar que apresentaram resultados foram feitos pensando em transtornos, agorafóbicos,
positivos, sendo suas aplicações úteis como uma sendo útil para outras formas de fobias, como a aviofobia,
ferramenta terapêutica para várias outras desordens conforme podemos observar nas figuras 3 e 4, mas com
psicológicas. alguns acertos futuros, será possível abranger maior
número de fobias e com maior eficácia.
5. Avaliação e Resultados
O protótipo de software construído foi apresentado a
profissionais da área de psicologia, com o intuito de que os
mesmos captassem a idéia do projeto, auxiliando na
realização dos testes do sistema.
Figura 5. Ambiente externo Foram realizadas avaliações informais, através de um
simples questionário baseado no padrão ISO Norm 9241
Usability, questionário este apresentado na seção de
anexos I deste trabalho.
Por meio do questionário citado anteriormente foi
possível selecionar um grupo de 20 (vinte) alunos do
ILES\ULBRA, com perfil de fóbicos. Desta forma
possibilitando a realização de alguns teste, facilitando
assim o levantamento dos dados a seguir.
Classificação Usuários %
Muito útil 2 40%
Útil 2 40%
Pouco útil 1 20%
Total 5 100%
Figura 9. Gráfico da interface do protótipo
Auxílio na identificação dos níveis de fobia
5.3 Quanto ao nível de interatividade do
protótipo
40%
40% 40%
Foi feito uma analise com relação interatividade dos
30%
usuários/pacientes com o software, para que assim pudesse
20% ser avaliado se o protótipo oferece um nível de interação,
20%
onde verificamos se o usuário se sente apto a decidir
10% sozinho com relação a sua navegação, foi possível
perceber que logo após o usuário se adaptar com a
0% interface do protótipo, logo ele se sente capaz de navegar
Usuários
sem nenhum auxílio extra pelo ambiente, e quando ele
Muito útil Útil Pouco útil começa a realizar essa navegação, percebe-se que logo que
ele sente parcialmente imerso ao se deparar com o
Figura 8. Gráfico de análise de auxílio ambiente virtual. A tabela 3 abaixo, apresenta
percentualmente a análise de interatividade do software.
É importante ressaltar que foi difícil encontrar
profissionais que se disponibilizassem a auxiliar nesses Tabela 3: Interatividade protótipo
testes.
Classificação Usuários %
5.2 Quanto a interface do protótipo Alto 12 60%
Médio 6 30%
De acordo com o ponto de vista dos usuários/pacientes
este protótipo é um protótipo que possui uma interface de Baixo 2 10%
médio entendimento, devido ainda não termos feitos um
Total 20 100%
menu do próprio ambiente, o usuário/paciente, mostrou-se
com um certo receio de uso diante do ambiente, desta O gráfico da figura 10 representa de forma mais
forma este trata-se de um dos motivos que levou o explícita e clara este nível de interatividade que o
usuário/paciente a classificar o ambiente conforme mostra usuário/paciente consegue terno ambiente virtual.
a tabela 2. Nível de interatividade do protótipo
Tabela 2: Interface do protótipo
Durante a realização do procedimento de avaliação dos [1]ALCAÑIZ, Mariano; MONSERRAT, Carlos, Using
fóbicos foi possível observar que o mesmo sente o mesmo Augmented Reality to Treat Phobias. Disponível em:
pânico (medo) como no ambiente real. O simulador foi <http://www.computer.org/publications/dlib>. Acesso em: 15
mai. 2007, 14h30min.
apresentado a dois profissionais de psicologia e a um
grupo de indivíduos fóbicos. [2]BALLONE, Geraldo J. Medos, fobias e outros bichos.
Os pacientes foram expostos aos mesmos ambientes, Disponível em: <
com exposição virtual, onde foi apresentado uma ambiente http://gballone.sites.uol.com.br/voce/medos.html >. Acesso em:
tri-dimensional, conforme as figuras 5 e 6 acima. 10 mai. 2007, 14h00min.
Os testes consistiam de sessões de uma hora de duração
cada, na freqüência de uma sessão por semana. Todos os [3]CARDOSO, Alexandre. Realidade Virtual. Disponível em:
procedimentos foram realizados com o acompanhamento <http://www.compgraf.ufu.br/alexandre/rv.htm>. Acesso em: 13
mai. 2007, 20h40min.
de um dos profissionais (psicólogos). Os pacientes
expostos passaram por uma série de testes, realizados antes [4]MAGALHÃES, Fernando Lima. Fobias e Medos. Disponível
do tratamento (para avaliar a intensidade da fobia) esses em: <http://tvtel.pt/psicologia/page21.htm>. Acesso em: 29 abr.
testes foram analisados por profissionais da área de 2007, 23h50min.
psicologia e durante o tratamento (para avaliar a ansiedade
durante a exposição à condição do medo) e por último [5]MAUCH, Gustavo Huff. Superação de fobias através do uso
depois do tratamento (para avaliar a permanência dos de Realidade Virtual. Disponível em:
ganhos obtidos com a terapia). <www.inf.ufrgs.br/nedel/emp513/17. phobiap.php>. Acesso em:
Foi possível observar que os resultados de uma forma 21 mai. 2007, 13h30min.
geral, os ganhos obtidos em ambos os métodos de
[6]MEDEIROS, Gustavo Adolfo de. Sistema de Realidade
exposição foram semelhantes, e que a ansiedade dos Virtual para Tratamento de Fobia. Dissertação de mestrado em
pacientes no grupo tratado com exposição virtual é menor Ciências da Computação, Universidade Federal do Rio de
quando sé é realizada a sessão in vivo (no ambiente real). Janeiro, setembro de 2006.