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Apostila de

Fundamentos
Históricos Teóricos e
Metodológicos do
Serviço Social.

Professora: Marilane(Lana)

APRESENTAÇÃO
Prezado aluno (a),
O objetivo desta disciplina é oferecer ao aluno o material de apoio para o
acompanhamento da disciplina Fundamentos Histórico, Teóricos e Metodológicos do
Serviço Social Esta matéria será a sua primeira aproximação com o curso escolhido e
pretende estabelecer parâmetros para a compreensão da profissão no seu contexto sócio
histórico.
A discipli na pret ende proporcionar a apreensão críti ca em
rel ação ao surgi ment o da pr ofi ssão de servi ço soci al a part i r do
context o decorrent e da reprodução das rel ações soci ais – perspecti va
capit al e t rabal ho, em parti cul ar a part i r da R evolução Indust ri al .
Obj eti va -se expli cit ar, no que se refere à herança do servi ço soci al ,
as práti cas assi st enci ali st as advi ndas da influênci a europeia e nort e-
am eri cana, num cont exto m arcado pelas l ut as de cl asses, dit adura
na Am éri ca Lat i na, t endo seu m om ent o de conceit uação e renovação a
parti r do aci rram ento do confl it o ent re as cl asses.
O serviço social, sob a influência das ciências sociais, reconceitua-se e
através de uma reflexão teórica que revê seus paradigmas e parte para a
regulamentação da profissão, definindo seus espaços .Na sociedade contemporânea
iniciamos este curso revendo a questão do assistencialismo no Brasil, suas
práticas e formas de organização, sua influência nas políticas públicas e como estas,
através da distribuição de renda desigual, contribuem para a manutenção da acumulação
capitalista – o capital na mão de poucos. Toda profissão é permeada por um
contexto histórico, para tal se faz necessário .A partir da Revolução Industrial,
novos impactos sociais se evidenciam, pois as mudanças que esta proporcionou
trouxeram novas expressões de pobreza, o que exigiu ações que fossem além do
assistencialismo.
Nesse sentido, o contexto histórico influencia o sistema econômico, sistema capitalista,
pelo movimento da economia, a qual organiza a sociedade e influencia a história do
serviço social desde sua gênese.
Desde seu início, o serviço social sofre influência externa e interna de correntes
filosóficas e de pensamento. A primeira foi a Igreja Católica que colocava um caráter
missionário para o assistente social. Soma-se a essa o pensamento norte-americano de
Mary Elly Richmond. Outras influências como o tomismo, o neotomismo, o
funcionalismo americano, como o estudo de caso, grupo e comunidade, a
fenomenologia, o positivismo, o conservadorismo, o marxismo permearam a atuação
do assistente social nestas seis décadas de existência da profissão.

No Brasil, o contexto sócio-histórico influencia a prática do serviço social,


que tem no golpe militar de 1964 um divisor de águas para a profissão, requisitou-se
um rearranjo, uma revisão geral, que teve nos congressos de serviço social
nacionais e internacionais, nos códigos de ética profissional, nas legislações
sociais, um rompimento com a visão tradicional e conservadora impressa
desde a gênese da profissão. Sua inserção no âmbito da universidade, da pesquisa, o
agregamento da teoria marxista, a conversa com as ciências sociais, reafirmaram o
processo de renovação crítica. O Movimento de Reconceituação – 1965-1975 –
reconceitua o pensamento e a prática do assistente social, revisando sua ação e as
tendências. Esta renovação teve três vertentes: perspectiva modernizadora – 1967 e
de Teresópolis – 1970), reatualização do conservadorismo (Documentos de Sumaré –
1978 e do alto da Boa Vista – 1984) e a intenção de ruptura (Método de BH –
1972/75 e INOCOOP).A década de 1980 demonstrou o ápice revisional da
profissão rompendo com o tradicionalismo. Os anos de 1990 imprimem uma nova
visão de homem e de mundo sob a ótica da totalidade e da sua historicidade – ser
histórico que é e faz historia.
Novas demandas são colocadas para o serviço social, exigindo novas legislações
e políticas, tendo a profissão na cena contemporânea sua direção voltada à defesa da
classe trabalhadora e do trabalho, dentro do processo de reprodução da vida
material e dos modos de vida; comprometido com a afirmação da democracia, a
liberdade, a igualdade e a justiça social, lutando pelos direitos e a cidadania em
direção do desenvolvimento social inclusivo. Muitas viradas o serviço social
vivenciou desde o movimento de conceituação, dos congressos de serviço social
que sistematizaram a prática, até a contemporaneidade, expressas nas unidades desta
apostila e que podem revelar sua escolha por este curso.
Nesta unidade serão introduzidas as primeiras expressões sociais de
desigualdade que necessitavam de respostas junto à população. Tais ações visavam
sanar as mazelas sociais, pois a pobreza faz parte de uma analise .Social
UMA ANALISE PEQUENA EM FUNDAMENTOS HISTÓRICOS,
TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL.IÇO SOCI AAAL
Seus primórdios, era vista como uma disfunção social, um caso de polícia
que necessitava de ações emergenciais mesmo que profissionalizadas.O
assistencialismo surgiu desde os primórdios sociedade, nos primeiros agrupamentos
sociais, como uma forma de resposta às expressões da pobreza, ao desemprego, à
questão da criança e de outros segmentos. A pobreza ocorre no mundo todo e, em
especial, em nossa realidade brasileira, pois a própria colonização brasileira já
expressava a desigualdade social e a necessidade de ações assistencialistas; a
riqueza era privada e para poucos e se fazia necessário executar ações
assistenciais para abarcar os empregados dos senhores de terra. Com a evolução de
nossa sociedade, essa prática não só mudou como era efetuada de modos e maneiras
diferentes, por meio de ações assistenciais da Igreja, instituições Sociais, ações
caritativas.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E SEUS IMPACTOS NA SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA.
A Revolução Industrial teve início na segunda metade do século XVIII, na
Inglaterra, aonde veio modificar os modos e meios de industrialização. O trabalho
deixava de ser manual e rudimentar passando a ser técnico e mecânico. A Revolução foi
dividida em três fases distintas. O capitulo dois ainda contempla o advento do
capitalismo como modo de organização societária e sua influência no serviço social.
Nesse sistema, as relações se dão entre duas classes distintas: os que possuem os
meios de produção e aqueles que necessitam vender sua força de trabalho.
Introduz-se o pensamento de Karl Marx, cujas ideias e ideais expressam que as
relações entre estas classes distintas produzem muito mais que riqueza e mercadorias:
produz desigualdades sociais

O ASSISTENCIALISMO
Conceito
O conceito de assistencialismo estabelece uma linha tênue com o conceito de
assistência, podendo muitas vezes esses ser confundidos ou mesclados.
O assistencialismo teve seu início em torno de 3000 a.C., quando era praticado
no mundo antigo pelas confrarias, em especial as “Confrarias do Deserto”. Em
algumas de suas expressões, o assistencialismo é agregado a uma dimensão espiritual. O
assistencialismo é visto como uma técnica voluntária e espontânea de doação, ajuda ou
favorece às populações menos favorecidas, uma ação filantrópica, na qual se procura
proporcionar uma vinculação dos assistidos aos que realizaram tal benfeitoria sob o
sentimento de gratidão, vínculo e tutela. Ao ser desenvolvido pelo Estado, suas
ações visam à retribuição por parte dos assistidos, perdendo a intenção de ser um
direito, devendo ser retribuído eleitoralmente.
O assistencialismo parte de uma concepção do senso comum, sem
profissionalização, para o qual as ações tidas como de “assistência” não são
compreendidas ou entendidas como um direito social e um dever do Estado, mas
sim como uma prática paternalista e burocrática, reduzindo os serviços e ações
prestadas a repasses e concessões apenas. Essa ação não é percebida muitas
vezes pelos indivíduos, pois eles se veem como um objeto de determinada ação
e não mais como seres sociais, dotados de capacidades e valores.

As ações assistenciais expressam, portanto, uma forma de acessar um


determinado bem, expressão da benesse, através da doação intencional, que
estabelece uma relação que apresenta duas pessoas ou partes distintas: um doador
e um receptor. Essa relação, mesmo que permeada de boas intenções, acarreta a
dependência, pois a relação de apadrinhamento pressupõe uma dívida, um
devedor que mesmo em longo prazo deverá pagar sua dívida. Em síntese nas práticas
assistenciais, a necessidade se constitui em um objeto de ajuda, em uma
dificuldade a ser eliminada, num problema a ser resolvido, sem finalidade. Esse conceito
busca justificar a criação de serviços e instituições, pois se verifica na ajuda a
melhor forma de realizar certa benfeitoria. Tem-se como instituições criadas
durante esse período as casas de apoio, asilos, albergues, orfanatos, criados como
forma de eliminar algumas demandas sociais por meio de ações do Estado ou mesmo
dos serviços ou instituições privadas, sem apresentarem o caráter de dever ou de
inclusão, apenas como forma e meio de apaziguar situações que demonstravam
alguma disfunção a ordem social vigente.
Desses assistidos esperava-se a submissão e dependência, a sua não articulação ou
organização, era pretendida apenas sua dominação e subordinação. Alguns filósofos da
antiguidade, tais como Aristóteles, Platão, Sêneca e Cícero, refletiram sobre as
ações assistencialistas e, através de seus estudos verificaram a necessidade de propor
uma racionalização a essas ações. O assistencialismo parte de uma concepção do
senso comum, sem profissionalização, para o qual as ações tidas como de
“assistência” não são compreendidas ou entendidas como um direito social e um
dever do Estado, mas sim como uma prática paternalista e burocrática, reduzindo
os serviços e ações prestadas a repasses e concessões apenas. Essa ação não é
percebida muitas vezes pelos indivíduos, pois eles se veem como um objeto de
determinada ação e não mais como seres sociais, dotados de capacidades e
valores. As ações assistenciais expressam, portanto, uma forma de acessar um
determinado bem, expressão da benesse, através da doação intencional, que
estabelece uma relação que apresenta duas pessoas ou partes distintas: um doador
e um receptor. Essa relação, mesmo que permeada de boas intenções, acarreta a
dependência, pois a relação de apadrinhamento pressupõe uma dívida, um
devedor que mesmo em longo prazo deverá pagar sua dívida. Em síntese nas práticas
assistenciais, a necessidade se constitui em um objeto de ajuda, em uma
dificuldade a ser eliminada, num problema a ser resolvido, sem finalidade. Esse conceito
busca justificar a criação de serviços e instituições, pois se verifica na ajuda a
melhor forma de realizar certa benfeitoria. Tem-se como instituições criadas
durante esse período as casas de apoio, asilos, albergues, orfanatos, criados como
forma de eliminar algumas demandas sociais por meio de ações do Estado ou mesmo
dos serviços ou instituições privadas, sem apresentarem o caráter de dever ou de
inclusão, apenas como forma e meio de apaziguar situações que demonstravam
alguma disfunção a ordem social vigente. Desses assistidos esperava-se a submissão e
dependência, a sua não articulação ou organização, era pretendida apenas sua
dominação e subordinação.
Alguns filósofos da antiguidade, tais como Aristóteles, Platão, Sêneca e
Cícero, refletiram sobre as ações assistencialistas e, através de seus estudos
verificaram a necessidade de propor uma racionalização a essas ações atende pelo o
nome de São Tomás de Aquino (1224-1274) organizou a doutrina cristã, situando
a caridade como um de seus pilares. No século XVII, São Vicente de Paulo, na
França, trouxe de volta o modelo de confraria para o assistencialismo com a
Revolução Francesa, a base da assistência foi deslocada, sendo posicionada como um
direito do cidadão e um dever de todos de prestá-la. Os t eóri cos cl ássi cos
(s écul os XVII e XV III) acredi t avam que os hom ens são m ovi dos por
paixões que provocam desejos m at eriai s que poderi am possibili t ar
confl i t os ent re el es. C onsi deravam que o poder não nasci a do hom em
e si m de Deus e, port ant o, a von t ade divi na deveri a ser a base de todos
os di rei tos. Nessa concepção, surge a necessi dade do Est ado cont rol ar
e at ender ao bem com um . s clássicos consideravam que o homem vive em
competição pela honra e pela dignidade, está em constante processo de comparação
e sempre se julga mais capaz de exercer o poder público do que os que estão no
poder. Essas concepções geram conflitos que podem ameaçar a paz Da Idade Média até
o século XIX, a assistência era encarada como forma de controlar a pobreza e de
ratificar a sujeição. A assistência aqui é o assistencialismo, pois ainda havia um
confusão entre estes conceitos. Essa busca de acesso aos bens de consumo coloca
o indivíduo em constante conflito entre o espaço que ocupa na sociedade e o
que deseja alcançar, provocando uma busca por acumulação de bens. Tal
comportamento pode ter por consequência imediata o aumento da violência, a
complacência com a guerra e a morte. O sistema capitalista implica convivência
constante com a distribuição de renda desigual e a moral judaico-cristã de caridade
e distribuição de bens. Essa contradição é abrandada pela representação coletiva
de que, se o indivíduo se esforçar, terá condições de acumular bens e melhorar
sua condição social, implicando uma busca constante de bens materiais, que acirra o
espírito competitivo, necessário à manutenção do sistema. Nesse contexto, o
assistencialismo surge como uma possibilidade de abrandar conflitos, uma vez que
desperta o sentimento de gratidão. A relação de benemerência vincula o assistido
ao benemérito, seja ele público ou privado, abrandando assim os conflitos, uma vez que
o indivíduo passa a perceber o explorador como benfeitor. Tal prática dificulta a
percepção das políticas de assistência como um direito
do cidadão e um dever do Estado.

AS PRIMEIRAS FORMAS DE ASSISTENCIALISMO NO BRASIL

A história do assistencialismo no Brasil se confunde com a própria


organização do estado brasileiro, ao nos reportamos com a primeira organização
geográfica, as capitanias hereditárias, verificamos que, conforme um decreto de
Dom João III, o rei de Portugal estabeleceu que o Brasil fosse dividido em
quinze grandes áreas geográficas que seriam administradas por doze famílias
portuguesas e que estas terras continuariam a pertencer a Portugal. Além disso, essas
famílias teriam direitos, amplos poderes e poucos deveres, e, em contrapartida, o
rei teria a garantia da colonização sem precisar fazer investimentos, já que sua
maior preocupação era com o comércio nas Índias. Através deste processo, garantir-
se-ia a submissão à coroa portuguesa (Costa; Melo, 1997).Por outro lado, a
população nativa brasileira jamais teria direito a qualquer terra. Os senhores feudais,
que eram donos absolutos da terra e de tudo que ela produzisse, ofereciam
favores aos trabalhadores das terras, o que era considerado como caridade e não como
uma forma de trabalho. O assistencialismo continua durante o período da
escravidão, quando os senhores tinham poder absoluto sobre os escravos, sendo
estes sua propriedade privada. Utilizava-se de meios como a prática religiosa
obrigatória, por meio da qual os escravos frequentavam as capelas e eram obrigados a
servir a fé religiosa católica. Tal atitude era apresentada como uma forma de justificar o
direito às torturas e aos maus-tratos. Os escravos eram obrigados a se adequar à
realidade de seus senhores, apropriando-se de sua cultura, hábitos, crença e religião.
Apesar de não serem remunerados por suas atividades, os escravos muitas vezes
recebiam presentes, que eram importantes para preservação da imagem de bondade
dos patrões. O processo não foi diferente nas relações de produção agrícola, em
que imigrantes e nativos eram explorados, não recebiam salários dignos e tinham
vinculação de consumo na própria fazenda. Para manter esta situação, os
detentores do poder pagavam o salário, que mal dava para os empregados
manterem-se, forneciam crédito como uma forma de preocupação e assistência,
além de relações de apadrinhamento que causavam dependência e falsa sensação
de aceitação do empregado no seio da família do patrão. Essas situações e esses
pequenos presentes serviam para abrandar conflitos e revoltas trabalhistas. As práticas
assistencialistas, mesmo com a evolução do contexto histórico brasileiro, continuaram.
Já no início do processo de industrialização, exatamente no
governo de Getúlio Vargas, manobras assistencialistas permeavam a
administração, vista a am pliação da classe trabalhadora devido a essa
mesma industrialização. Nesse período, foram criadas as legislações
trabalhistas, pois se verificou que não se poderia atenuar os
conflitos sociais apenas pela a força. Criou-se desse modo, um
pacto, pacto de natureza populista, com uma mentalidade de
direito. O direito, nesse caso, era expresso através da doação de
bens e benefícios, a fim de evitar a revolta dos trabalhadores.Esse
pacto consistia na oferta gratuita de direitos trabalhistas em troca da passividade
dos trabalhadores enquanto classe, impedindo a luta por direitos, abafando suas
lutas, além de passar a imagem de Getúlio como um presidente comprometido
com o povo. Porém, esse pacto, mesmo na forma de uma política ou legislação,
não rompia com o caráter assistencialista impresso nessas ações, pois elas nada
mais eram do que uma forma de atenuar os conflitos entre as classes sociais.
Acredita-se que uma das mais expressivas formas de assistencialismo expressas
no Brasil se deu a partir da criação, em 1942, da Legião Brasileira de
Assistência – LBA, no governo Vargas, sob a nfluencia de Darcy Vargas e com
uma roupagem do primeiro damismo, sendo o primeiro damismo a
institucionalização do assistencialismo na figura da mulher do governante.
Tal ação assistencialista perdura até os dias atuais, porem com uma nova feição.
Tem-se em todo Brasil os “Fundos de Solidariedade” que nada mais são do que
uma LBA sob uma nova roupagem. Os Fundos proporcionam, até os dias de hoje
mesmo com todo o evoluir das políticas sociais publicas –, o assistencialismo nu e
cru. Muitas instituições políticas e partidárias se utilizam desse como forma de
arrebanhar votos, voltando às velhas práticas.
Com esse breve relato histórico, percebemos que o assistencialismo no Brasil
sempre foi utilizado como forma de abafar os conflitos entre explorados e
exploradores, servindo para mascarar situações precárias de trabalho e acúmulo de
capital nas mãos de poucos.

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Industrial teve início na segunda metade do século XVIII, na
Inglaterra, com a transição da manufatura e cultura artesanal para a mecanização dos
sistemas de produção, encerrando a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase
de acumulação primitiva de capitais e de preponderância do capital mercantil
sobre a produção. Completou ainda o movimento da revolução burguesa iniciada
na Inglaterra no século XVII. Esse período passou a ser considerado a Idade Moderna,
definida como a busca de alternativas para melhorar a produção de mercadorias. O
crescimento populacional incentivou a burguesia detentora do capital, na época, a
buscar maior produção a menores custos. Salienta-se que este século possuía várias
particularidades. Foi um século marcado pelo grande avanço tecnológico nos
meios de transportes, com a invenção da locomotiva e dos trens a vapor; o
advento das máquinas. Com as máquinas a vapor, principalmente os gigantes teares,
revolucionou-se o modo de produzir, substituindo o homem nas suas funcionalidades.
Não foram só os avanços tecnológicos que marcaram esse século, mas sim os
reflexos que esses avanços proporcionavam à sociedade. A baixa nos custos das
mercadorias acelerava o ritmo de produção, fazia crescer, na mesma escala, o
desemprego e a insatisfação. O trabalhador passou a ser considerado também como
máquina, passível de regulagem e ajustes. Ao se substituir as ferramentas por máquinas,
substituindo o ser humano e sua energia pela energia gerada por uma máquina,
configurou-se a Revolução Industrial, processo esse que veio a revolucionar a história
através da evolução que ele imprimiu – revolução e evolução tecnológica. As primeiras
expressões do desenvolvimento da produção industrial tiveram início na Idade
Média, com o desenvolvimento da manufatura, através de atividades de cunho
doméstico e artesanal. A manufatura, mencionando-a dentro desse contexto, era
resultante do processo de ampliação da produção e do consumo de determinadas
mercadorias, pela qual o pequeno produtor, nesse caso o artesão, a fim ampliar e
aumentar a produção, introduziu-se nos modos de produção industrial realizando,
domesticamente, uma parte da produção. Logo após esse fato, vendo que eram
insuficientes essas relações de partilha, surgiram as primeiras fábricas.Com o
surgimento dessas, uma nova relação se introduzia, a relação de trabalho e de
assalariamento. A produtividade aumentava em longa escala, sendo fruto dessa
divisão chamada de divisão social e técnica do trabalho, que delimitava papeis,
aumentava a produção e reduzia a participação do trabalhador em todas as etapas da
confecção da mercadoria.
No período de maquinofatura – trabalho realizado já por máquinas – o
trabalhador passou a ser regido pelo tempo e funcionamento da máquina, quando a
gerência de seu próprio corpo era realizada por alguém fora dele. É nessa
“coisificação” e “desumanização” do trabalho que a Revolução Industrial se
consolidava. A particularidade da Revolução Industrial ocorre exatamente na
Inglaterra porque, nesse período, ela vivia uma situação privilegiada, pois possuía
grandes reservas de carvão mineral em seu subsolo, fonte de energia para
movimentar máquinas, como também grandes reservas de minério de ferro,
principal matéria-prima utilizada nesse período. Era privilegiada, também, no
contingente de mão de obra disponível, motivada pelo processo do êxodo rural
para os centros urbanos, o que ampliou o mercado consumidor inglês.
A Ingl at erra i ndust ri al i z ou -se cerca de um sécul o ant es das
outras nações, pois cont ava com part i cul ari dades que a
favoreci am. O grande acúm ul o de capit al, de m ão de obra e
m at éri a -prim a vinham a privil egi ar sua ascensão enquant o nação
i ndust ri aliz ada e evoluí da t ecnologi cam ent e. Outro fator relevante era o
modelo de Estado, pois a Inglaterra convivia, desde 1688, com a Revolução Gloriosa,
um modelo de estado liberal. Essa particularidade fazia com que a Inglaterra
vivenciasse esse modelo estatal um século antes da Revolução Frances.
A Revolução Industrial poderia também ser chamada de Revolução fabril,
pois uma de suas características era a concentração dos trabalhadores em fábricas.
Essa característica produzia uma separação, que se pode dizer uma separação
entre classes sociais, aspecto esse particular ao trabalho em si – o trabalho, desde
essa época, é caracterizado como elemento de fundação para as relações,
separando o capital dos meios de produção (instalações, máquinas, matéria-prima) do
trabalho. A Revolução Industrial poderia também ser chamada de Revolução
fabril, pois uma de suas características era a concentração dos trabalhadores em
fábricas. Essa característica produzia uma separação, que se pode dizer uma
separação entre classes sociais, aspecto esse particular ao trabalho em si – o
trabalho, desde essa época, é caracterizado como elemento de fundação para as
relações, separando o capital dos meios de produção (instalações, máquinas, matéria-
prima) do trabalho. A Revolução alcançava patamares que iam além do chão da
fábrica. A evolução gerada por esta proporcionava o desenvolvimento. Mesmo com
o desenvolvimento das cidades, a vida dos que vivenciavam essa realidade não
acompanhava o ritmo das engrenagens das máquinas. A situação para os
camponeses e artesãos era difícil, vivenciando uma realidade que não evoluía, só
evoluía. A partir das ideias advindas da Revolução Francesa, as classes dominantes
procuraram “apaziguar” os ânimos, pois verificavam que outro tipo de revolução
poderia surgir e acabar com seus sonhos dourados e enriquecedores. Para tal, criou-
se a Lei Speenhamland, que garantia subsistência mínima ao homem incapaz de se
sustentar pela ausência do trabalho. Em consequência desse aumento da produção,
cresceu a concorrência que ameaçava o capital. Para tanto, foi encontrada uma
solução: a formação de cartéis e associações, que originou o capitalismo
monopolista. Surgiram, nesse contexto, as grandes corporações, que objetivavam o
agrupamento do capital e garantiam sua expansão com muito mais impacto. A
administração passa dos capitalistas individuais para setores administrativos que são
responsabilizados pela circulação do capital, da força de trabalho e sua
mercantilização. A necessidade de aumentar o consumo para fazer girar a produção
trouxe a proposta de expandir o mercado para dentro da vida familiar, que até então se
autogeria em suas necessidades de alimentação e vestuário. O capitalismo começou a
industrializar alimentos e vestuários, o que levou à dependência toda a vida social.
Para tanto, desprezou a capacidade de produzir os alimentos e objetos necessários
para a vida cotidiana (cultura de subsistência) no contexto doméstico, e supervalorizou a
capacidade de consumir os produtos oferecidos no mercado. As fábricas do início
da Revolução Industrial eram insalubres e priorizavam a produção, sem
considerar a necessidade de preservação das condições de vida e de trabalho da
classe trabalhadora. Os salários eram baixos e ocorria a contratação de mão de
obra infantil e feminina, com jornadas que chegavam a dezoito horas diárias.
Funcionavam em ambientes com péssima iluminação, abafados e
sujos. Os trabalhadores, incluindo mulheres e crianças, eram sujeitados a castigos
físicos, não possuíam direitos trabalhistas ou qualquer outro benefício. Por outro lado,
a situação de desemprego gerava uma condição de extrema precariedade, levando o
trabalhador a aceitar as péssimas condições de trabalho.

AS FASES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL


A Revolução Industrial, mesmo sendo um movimento único, tomou em seu
evoluir rumos diferenciados que podem dividi-la em fases.
A primeira fase da Revolução Industrial aconteceu entre os anos de 1760 a
1850. Nesses anos a Inglaterra, primeira a aderir a esse novo modelo produtivo,
liderava todo o processo de industrialização. As particularidades expressas pelo seu
desenvolvimento técnico-científico foram significativas, pois ela foi terreno das
primeiras máquinas confeccionadas em ferro e que utilizavam o vapor como
força motriz. Já a segunda fase se iniciava logo na década de 1850, marcada pela
aceleração do processo de industrialização, uso de novas tecnologias e matérias
primas, descoberta de novas fontes de energia, entre outros. A terceira fase da
Revolução industrial ocorreu logo após a Segunda Grande guerra, quando a
economia internacional começava a passar por profundas transformações. Essa
nova fase apresenta processos tecnológicos decorrentes de uma integração física entre
ciência e produção, também chamada de revolução tecnocientífica.
O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO PÓS-REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
O processo de modernização ocorrido pós Revolução industrial acelerava o
ritmo da produção industrial marcou esse contexto o boom de inovações tecnológicas,
a evolução no processo de transformação da matéria-prima, uso de máquinas mais
evoluídas e automáticas, com menor uso da força humana. A evolução nem sempre
gera uma apropriação completa por parte de todos os partícipes desse processo.
Com a aceleração do processo evolutivo dos modos de produção, pensava-se em modos
de se obter mais lucro e gastar menos. Para tal, um reordenamento geral foi elaborado e
estabelecido, no qual os trabalhadores passavam por um processo de especialização de
sua mão de obra, pela qual só tinham responsabilidade e domínio sob uma única parte
do processo industrial, não tendo mais ciência do valor da riqueza por eles produzida.
Isso gerava lucro. vivenciamos atualmente uma quarta Revolução industrial. Em
diferentes países, o processo de modernidade não parou; a cada dia o avanço
tecnológico substitui a necessidade de mão de obra trabalhadora e exige um nível
de especialização dessa mão de obra nem sempre disponível para atender as
demandas. Nessa nova relação de trabalho, a mão de obra excedente vê-se
obrigada a buscar novas vias para subsistir, subalternizando as condições de
produção e de trabalho .A família perde a capacidade de suprir suas necessidades
mínimas e básicas de subsistir, sofrendo um enfraquecimento, demandando uma
atuação do Estado, que tem uma função reguladora das relações sociais. O
Estado, a serviço do capitalismo, cria equipamentos sociais e regulatórios que
enquadram e fragmentam as relações sociais. Seus aparatos servem, também, como
modo de alienação e submissão. Na expansão do capitalismo, novas necessidades e
novos serviços surgem para responder às demandas da vida capitalista, e a cada
necessidade um serviço é oferecido, num processo de mercantilização de todas as
ações da vida dos indivíduos. A Revolução Industrial, mesmo com um caráter que
marcava mais negativamente do que positivamente a sociedade, proporciono.
Urbanização devido ao êxodo rural – sociedade rural para a sociedade indústria.

Desenvolvimento industrial.
• Desenvolvimento dos meios de transportes e comunicações.
• Expansão do sistema capitalista
• Mecanização

ADVENTO DO CAPITALISMO
O sistema capitalista surgiu e concretizou-se como sistema econômico durante o
século XVI, com as práticas industriais e mercantis no continente europeu. Como modo
de produção, o capitalismo passou a se assentar em relações sociais de produção
capitalista, marcadas fundamentalmente pela compra e venda da força de trabalho. Esse
sistema relaciona-se com a produção. A produção é uma atividade social na qual se
estabelece a cooperação entre os homens, porém essa relação depende do nível dos
meios de produção. Ela ainda reproduz a condição de existência humana através de
meios materiais: produção social e relação social. O capital é o determinante de
todo processo de vida e suas relações. Ele pode ser expresso por mercadorias e
dinheiro. O capital, portanto, se expressa sob a forma de mercadorias: meios de
produção e meios de vida necessários para a reprodução da força de trabalho.

A DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO: INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO DE


KARL MARX
O marxismo se baseia no materialismo e no socialismo científico,
constituindo, ao mesmo tempo, uma teoria geral e o programa dos movimentos
operários, tendo suas bases de ação nestes movimentos, porque eles unem a teoria à
prática. Karl Marx. com sua teoria – muitos chamam de método de Marx – desvenda as
leis do desenvolvimento do capitalismo, revelando que para cada época ou
contexto histórico, um modelo de produção é vivenciado e, por consequência, um
sistema de poder é estabelecido. Para ele, as relações existentes no sistema capitalista
de produção estabeleciam relações de poder tais, que pela apropriação dos meios e
modo de produção eram vivenciadas relações entre classes antagônicas. Marx pauta
sua teoria nas relações oriundas do trabalho, estabelecendo este como motor das
demais relações sociais. Identifica também as relações de produção que iniciam e
introduzem as relações sociais.
A relação fundamental do capitalismo tinha por base o assalariamento.
Através desta relação, um contrato era firmado entre o empregador e o
trabalhador, contrato esse com objetivos distintos. Era estabelecido que o
trabalhador vendesse sua força de trabalho ao empregador e em troca desta era-lhe pago
um salário. Essa era sua mercadoria dentro desta relação de mercado o capitalista
pagaria aos trabalhadores um salário em troca do seu trabalho. O trabalho era
desenvolvido, porém o valor pago por esse não condizia com as horas que eram
disponibilizadas ao empregador, ou seja, dentro dessa relação de compra e venda,
o capitalista retirava maior proveito e ainda lucrava com este trabalho excedente e
não pago. Para Marx, o trabalho humano é único que o diferencia das demais espécies,
segundo sua ação com a natureza. Todo trabalho operado pelo homem tem uma
intencionalidade previamente elaborada, ou seja, ele elabora um processo de trabalho,
com o uso consciente e racional da natureza e a compreensão dessa intencionalidade
processual.O trabalho envolve um ato criativo que vai além da atividade instintiva.
Além de transformar o objeto que está sendo elaborado, ele também se transforma
numa busca por aperfeiçoamento. Cria novas possibilidades de ação, possibilitando
uma socialização desse conhecimento apreendido para outros indivíduos, que
poderão reproduzir o trabalho ou propor novas formas de executá-lo,
independentemente de o terem criado. Essa força de trabalho, segundo Marx, como
base na relação capitalista de produção, é vendida para um empregador que
possui os meios de produção. Tal relação implica três fatores anteriores: a
separação da força de trabalho dos meios de produção, o desejo dos trabalhadores de
vender sua força de trabalho e do empregador de utilizar esse trabalho, acumulando
capital.

AS RELAÇÕES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL DENTRO DO SISTEMA


CAPITALISTA
O Serviço Social como profissão inserida na divisão social do trabalho tem
algumas singularidades no seu “fazer profissional”.O estudo da profissão de serviço
social procura seu significado dentro da sociedade capitalista, ou seja, através de
sua compreensão. A reprodução das relações sociais é a reprodução da totalidade
do processo social, a reprodução de determinado modo de vida, ou seja, o modo de
como são produzidas e reproduzidas as relações sociais na sociedade. O trabalho
apresenta-se como base da vida social, ou seja, é por ele e através dele que o homem
se relaciona consigo mesmo e com o meio, utilizando de sua racionalidade para
apropriar-se dos recursos naturais. O homem é impulsionado por necessidades básicas e
vitais na manutenção de suas existenciais, dessas necessidades surgem outras, formando
um conjunto de relações sociais, fazendo-o um ser social e histórico dentro desse
processo. Assim, o homem realiza sua práxis, atividade na qual ele transforma a
si e o meio, ação na matéria, criando uma nova realidade humanizada, cuja forma
privilegiada é o trabalho.

UNIDADE II

OS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO


SERVIÇO SOCIAL: AS PROTOFORMAS DO SERVIÇO SOCIAL – UMA
BREVE ANÁLISE HISTÓRICA.
Define uma personalidade social, através da ação de evidência social,
como ponto de partida para a construção das bases teóricas da prática
profissional. Também, uma nova concepção para o ser social, sendo este produto das
relações intrínsecas entre a personalidade e o meio, podendo explicar o caso social
como um fenômeno de totalidade. Ela teve a primeira iniciativa em institucionalizar
a prática do serviço social, pois verificou que as ações caritativas não eram mais
suficientes para atender às reivindicações da classe operária e de outros setores
da população. Identificou tais ações como formas de intervenção desumanizadora da
instituição e da população. Assim, no ano de 1897, ela propôs a fundação de uma
escola de filantropia aplicada, transmitindo caráter profissional aos serviços sociais
até então executados. Em 1898, a New York Charity Organization Society levaria o
ideário inicial de Mary Richmond.A primeira escola de serviço social foi fundada em
Amsterdã, no ano de 1899, o Instituto de Treinamento em Serviço Social, com um
curso de apenas dois anos, composto de matérias como conhecimentos
sociológicos gerais, problemas socioeconômicos, legislação e treinamento prático
supervisionado em diferentes campos do serviço social. Já em 1904, o curso mantido
pela New York Charity Organization Society adquire a forma de curso de apenas um
ano de duração, ministrado pela Escola de Filantropia de Nova York, a primeira escola
de serviço social dos Estados Unidos. Posteriormente, essa escola se tornaria a
Escola de Serviço Social da Universidade de Columbia.
Na América do Norte, segundo Silva, o serviço social, especialmente o de caso,
deve a Mary Richmond seu conteúdo lógico e coerência interna. Lá se sustenta a
prática na necessidade de se individualizar a assistência tanto no diagnóstico
como no tratamento, abrangendo o estudo de caso, seu diagnóstico e tratamento,
com uma prática sistemática e técnica. Tal prática se orientava pela concepção de uma
sociedade estruturada, que necessita apenas de reformas e ajustes, nas quais a ação
profissional era individualista, com o predomínio da autoajuda, reflexo do processo
político americano, a ascensão do sistema capitalista.Em 1917, Richmond tentou
racionalizar essa assistência, dando-lhe uma visão “terapêutica”, que considera a
questão social como uma doença que necessita de diagnostico e de tratamento a partir
do indivíduo. No ano de 1918, a Escola de Filantropia passou a se denominar
“Escola de Serviço Social” e Mary Richmond ocupou a cadeira de docente em
Serviço Social de Casos. O serviço social como profissão moderna começou a ser
sistematizado com a contribuição de Richmond a partir do voluntariado
assistencialista, por meio de sua teorização do diagnóstico social das situações-
problema. É fruto de dois fatores: a situação da sociedade segundo seu contexto
(industrialização e ascensão da classe proletária) e o desafio de oferecer respostas.

O SURGIMENTO DO SER VIÇO SOCIAL NO BRASIL


A implantação do serviço social deu-se no decorrer de um processo
histórico iniciado a partir dos anos de 1920-30.
O reconhecimento legal da “cidadania”, do proletariado e dos direitos
sociais por meio da criação de legislações sociais. Em seguida, buscou um
profissional capaz de apresentar respostas, aprimorando-se e apropriando-se das
técnicas do serviço social norte-americano. Ainda segundo Iamamoto, dentro das
instituições mais importantes para o surgimento do serviço social podemos
destacar: o Conselho Nacional de Serviço Social (1938), a Legião Brasileira de
Assistência (1942), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (1942) e o Serviço
Social da Indústria (1946). A criação de tais instituições tem como pano de fundo
um período na história do Brasil marcado pelo aprofundamento do modelo de Estado
intervencionista sob a égide do capitalismo monopolista internacional e de uma
política econômica nacional que privilegiou o crescimento da industrialização. A
profissionalização do serviço social, mesmo que inicialmente estivesse
intimamente ligada às questões do assistencialismo, não se relacionava à evolução
da ajuda, à racionalização da filantropia, nem à organização da caridade. Sua
vinculação referenda a dinâmica da ordem monopólica, mesmo com suas primeiras
ações desenvolvidas tendo cunho religioso, filantrópico e assistencial; diga-se
assistencial, mas com um caráter assistencialista e de benemerência, desenvolvido por
meio da solidariedade social, porém ainda hipossuficiente. Tinham um caráter
missionário, de apostolado social, justificando sua ideologia com a Doutrina Social
da Igreja. Sob essa perspectiva, tinha como característica essencial a doutrina
social da Igreja de substituir a análise da realidade e a prática social pelo o
enfrentamento das expressões da questão social por valores, exigências, por uma
apreensão moral dos fenômenos sociais. Para isso deu-se a emergência de sua
institucionalização, devido à progressiva intervenção do Estado nos processos de
regulação da vida social. As condições para a profissionalização do serviço social
decorrem da institucionalização e legitimação de seu valor dentro da sociedade,
mobilizado pela ação do Estado e do empresariado, com o suporte da Igreja Católica,
na perspectiva de enfrentar as primeiras expressões da questão social.
No Brasil, até 1930, a pobreza não era vista como uma expressão da
questão social, pelo contrário, todas as expressões dela eram tratadas como “casos de
polícia” e resolvidas através de meios repressivos. Dessa forma, a pobreza era tratada
como disfunção individual uma doença que poderia ter tratamento ou um caso que
poderia ser resolvido. A questão social só passa a ser objeto de intervenção por
parte do Estado com a instituição das políticas sociais, porém com ações
fragmentadas e parcializadas. As primeiras escolas de serviço social do país, fundadas
em São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente em 1936 e 1937, organizaram-se sob
forte influência europeia, especialmente franco-belga .A base da formação para o
serviço social era inspirada na Doutrina Social Católica, que tinha na psicologia
sua maior influência. Com base nisso, a formação era permeada por
características que psicossocial e individualizavam os problemas sociais, colocando
como prioridade o enquadramento do indivíduo ao sistema – sistema imutável – através
do enquadramento ético-moral e da responsabilidade individual. O serviço social
surgiu como um departamento especializado da Ação Social da Igreja Católica,
embasado por sua doutrina social, que buscava, à época, restaurar seu prestígio e
poder na sociedade republicana brasileira através de um projeto de
descristianização da sociedade, e, também, por meio da iniciativa de movimentos
laicos oriundos das classes dominantes, também vinculados à si referente à orientação
do pensamento à ação profissional do serviço social nessa gênese, mereciam
destaque as influências da doutrina social da Igreja, do ideário franco-belga de
ação social e do pensamento de São Tomás de Aquino (séc. XII): tomismo.
Outra influência de pensamento se instaurou no fim do século XIX. Jacques
Maritain na França e o Cardeal Marcier na Bélgica retornam ao pensamento tomista e
instalam o neotomismo como corrente e filosofia de pensamento. Surge o serviço social
como um prolongamento da ação social católica, adotando como pressuposto teórico
sua linha mais tradicional. Neste sentido, com as pregações e diretrizes, exige-se
uma recatolização da nação e que a Igreja assuma a questão social..
Unidade IAssim, se introduz o conceito de que as desigualdades levariam os menos
favorecidos a alcançar, com maior facilidade, a perfeição, e, portanto, a verdadeira
felicidade, não está neste mundo, mas no reino dos céus. A perspectiva conservadora
perdurou até meados da década de 1960, década essa marcada pelo questionamento
das bases de influência, pelos debates e questionamentos da profissão – inicio do
movimento de reconceituação que será estudado mais adiante. Em sí nt ese, é sob a
i nfl uênci a do pensam ent o da Igrej a C atóli ca que o servi ço soci al
brasi l ei ro i ni ciou sua fundament ação, t endo um posi ci onam ento
hum ani st a e conservador. Nos post ul ados fil osófi cos t om ist as e
neotom ist as que marcaram o servi ço soci a l, int roduz iu -se a noção
de di gni dade da pessoa hum ana; sua perfei ção, sua capaci dade de
des envol ver pot enci ali dades; a soci abi li dade nat ural do homem,
com o um ser soci al e polí ti co; a com preensão da sociedade como
uni ão dos homens para realiz ar o bem e a necessi dade da aut oridade
para cui dar da justiça geral . No que se refere à doutrina social da
Igreja merecem destaque, nesse contexto, as encíclicas “Rerum
Novarum” do Papa Leão XIII de 1891 e a “Quadragésimo Anno”, de
Pio XI de 1931, comemorando 40 anos da “Rerum Novarum”, que tratava
a questão social sob uma ótica antiliberal e antissocialista. A “questão social”,
nesse momento, era vista a partir do pensamento social da Igreja: questão moral,
conjunto de problemas sob a responsabilidade individual dos sujeitos. Num cont exto
m ais geral, em especi al na Am éri ca Lat i na, o pensam ento
cat ól i co t am bém influenci ava a gênese da profi ssão, porém out ras
corrent es e fil os ofias engendravam a formul ação da profi ssão nesse
com eço. Um grande ex em pl o dessas outras influên ci as ocorreu no
s ervi ço soci al chi l eno e argenti no, nos quais se som ava a ao
pens am ent o cat ólico o raci onalism o hi gi eni st a, i nfl uênci a do
m ovim ent o de m édi cos hi gi eni st as. Esse movi m ent o tinha como
fi nal idade fom ent ar e exi gi r a i nt ervenção est at al sobre as
expressões da quest ão soci al, com o t am bém a cri ação de uma
form a de assistênci a soci al e de um program a preventi vo nas
áreas sani t ári a, soci al e m oral . As particularidades da criação ocorreram
justamente em São Paulo, em virtude do contexto político-ideológico em curso à
época – momento pós-crise, recuperação do poder local do Estado. A visão do serviço
social nesse período era marcada pela adaptação do indivíduo ao meio e do meio ao
indivíduo, sob a orientação de restaurar normalizar. O serviço social – também chamado
por muitos como serviço social católico nessa gênese – aliou-se ao movimento de
higiene mental. Uma característica dessa aliança é a introdução de disciplinas na
grade curricular do serviço social, onde podemos Verifica-se essa influência nas
escolas de São Paulo e Rio de Janeiro, com um conteúdo médico estudado Como
acreditava ainda que tal estrutura social existe de maneira estática, não suscetível a
mudanças, e que o homem convive com essa estrutura na busca constante de
melhorar sua condição, facilitando assim sua inserção na mesma. A perspectiva
positivista, por trabalhar com o aparente e com o verificável, tem uma visão
restrita dos fatos, pois analisa-os apenas no âmbito do verificável, da
experimentação e da fragmentação, demonstrando uma relação estática deles, sem
mudanças, senão dentro da ordem estabelecida, voltando-se antes para ajustes e
conservação. Essa moral positivista serve para atenuar os conflitos e
reforçar o sistema de filantropia estabelecido. As possibilidades de
transformação da sociedade a partir dos movimentos sociais são
ignoradas. A sociedade é pensada como uma grande engrenagem e os
indivíduos como parte dessa engrenagem; quando surge um fato social
que ameaça seu funcionamento, este deve ser trabalhado como
disfuncional e ajustado para garantir a volta ao funcionamento
perfeito dessa engrenagem.
A filosofia básica do positivismo é a lei universal, a evolução, um processo
segundo o qual o homem deve se adaptar ao meio, considerando as diferenças entre
funções e capacidades, sempre numa perspectiva de adequação do homem à
sociedade .As relações sociais são hierarquizadas: os mais capazes devem
governar os segmentos inferiores, considerados incapazes de se autogerirem. Apesar
do doutrinaríssimo e conservadorismo não se constituírem como teorias sociais,
foi a primeira orientação de visão de mundo que conduziu o serviço social para sua
elaboração de uma visão de mundo.
O Positivismo
O positivismo de Augusto Comte encontra-se fundamentado na Lei dos
Três Estados, que pode ser sintetizada pela afirmação de que todas as ciências e o
espírito humano como um todo se desenvolvem através de três fases distintas:
• estado teológico em que o espírito humano explica os fenômenos por meio das
vontades divinas ou agentes sobrenaturais;
• estado metafísico, onde os fenômenos são explicados por meio de forças ou entidades
ocultas e abstratas, como o princípio vital; e
• estado positivo, no qual os fenômenos se explicam de forma científica, utilizando-se a
experiência sensível. O estado positivo seria então um último estágio de evolução
da sociedade.NTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO ERVIÇ;
O serviço social de grupo utiliza-se da abordagem grupal das situações sociais
problema, identificando seus aspectos significativos. Essa abordagem está muito ligada
à educação. Identificava-se enquanto atribuição do assistente social:
• proceder ao levantamento das situações sociais significativas, através de
atendimento individual com líderes formais e informais da comunidade e de pesquisas;
• levar ao conhecimento da equipe os problemas sociais que surgirem como prioridade
na população atendida, apresentando sugestões para intervenção;
• planejar, executar e coordenar atividade a nível grupal.
O funci onali sm o, um a expressão de influênci a posi ti vist a, é
com preendido at ravés da expli ci t ação de aspectos da soci edade em
t ermos de funções real iz adas por insti tui ções e suas consequênci as
para soci edade com o um t odo. É um a corrent e soci ol ógi ca
as s oci ada à obra de Émil e Durkhei m .Sendo que para o funcionalismo, eram
valorizados:
• humanismo na orientação da realidade;
• universalidade dos valores, aplicados e aplicáveis em qualquer realidade social;
• neutralidade ideológica e prática apolítica – passividade; interpretava a sociedade
através de uma análise que recorria a fatos internos e externos do homem, relacionada
ao estudo do fato social, que apresenta características específicas: exterioridade e a
coercitividade. Para ele a sociedade era estruturada em pilares e interpretada pelo fato
social. O fato social é exterior, na medida em que existe antes do próprio
indivíduo, e coercitivo, na medida em que a sociedade impõe tais postulados, sem o
consentimento prévio do indivíduo.d
• procedimentos distintos entre o profissional e população, valorizando os
conhecimentos técnico-científicos e desprezando os valores da população;
• a técnica do profissional, que tinha papel importante para orientar as ações e
decisões da população;
• uma concepção abstrata de sociedade, equilibrada e harmônica, regida por uma
ordem funcional, na qual cada membro deve contribuir para seu funcionamento
social;
• uma sociedade estratificada em classes sociais integrante do sistema social;
• ordem moral que proporcionaria a harmonia social, com a regulamentação e
adequação dos indivíduos;
• visão de Estado interventor e mediado Deveres .TOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS
EETODOLÓGICOS DO
O SERVIÇO SOCIAL A PAR TIR DOS ANOS 1950: RUMO A UMA
RENOVAÇÃO CRÍTICA
A partir da influência teórica e metodológica estabelecida segundo o contexto dos
congressos de serviço social, a década de 1950 seria marcada a fase de renovação
crítica para a profissão. É nesse contexto que o serviço social passa a ter influências
teóricas heterogêneas, com a presença da teoria da modernização. Esse período
correspondia ao período do desenvolvimentismo brasileiro e de aposta no capitalismo
industrial. Diante dessa realidade, o serviço social passa ser um agente de vital
importância no enfrentamento da questão social, o que ampliava o universo de
intervenção da profissão. Nessa mesma década, surge o método do “desenvolvimento de
comunidade” – DC, que propunha a melhoria nas condições imediatas do meio,
contando com a participação dos grupos como coparticipantes na execução dos projetos
e atividades, unidos pelo bem comum, porém deslocados de suas elaborações e
proposições.Embora o desenvolvimentismo tenha se constituído como central no
governo vigente – governo Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956-60) – sua
influência no serviço social estava limitada ao DC no meio rural, influenciado
pelo funcionalismo, pelo qual se queria, através de suas ações junto à
comunidade, corrigir as “funcionalidades” causadas pelo sistema capitalista, “forçando”
a integração da população empobrecida aos projetos de desenvolvimento. O serviço
social apresentava-se, portanto como agente do desenvolvimento, já nos anos 50/60,
segundo essa introdução do assistente social ao DC rural, um novo impulso ocorreu
para na oferta e procura profissional o aumento do número de escolas;
interiorização do serviço social; abertura de um novo campo de trabalho,
incorporação de novas atribuições profissionais relacionadas à coordenação,
planejamento e administração de programas sociais O serviço social incorpora o DC
em sua prática, porém um padrão moralizador é instaurado como forma de
ajustamento do trabalhador e de sua família à ordem capitalista monopolista.O DC
apresentava-se sob duas perspectivas:
1. DC ortodoxo: inspirado nos postulados funcionalistas que abordavam a
comunidade como uma
unidade constituída de partes independentes que devem colaborar para o equilíbrio do
todo. Tinha como pano de fundo a modernização como uma unidade consensual.
Seu caráter era acrítico, apolítico e classista.
2. DC heterodoxo: tinha uma visão mais abrangente da problemática brasileira e
de uma maior abertura do espaço político, tendo um caráter mais crítico. Tinha força
reivindicatória por direitos e mudanças estruturais como requisito fundamental ao
desenvolvimento econômico do país. Era inspirado na vertente estrutural histórica
– engajamento no campo educacional com a conscientização e participação popular
– e no Movimento de Educação de Base – MEB.

TRAÇOS DO PROCESSO DE RENOVAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL


A renovação do serviço social inicia-se mediante um conjunto de
ações organizadas, com características inovadoras que articularam as bases
do rearranjo de suas tradições e da ascensão segundo as tendências do
pensamento contemporâneo, procurando dar respostas às demandas sociais.
Essa renovação marca uma diferenciação e redefinição profissional dada pelas
novas condições impostas pelo ciclo de governo militar e determinação sócio-
históricas. O processo de renovação expressa um quadro complexo e heterogêneo, com
um pluralismo teórico, vários projetos em confronto, diferentes concepções de
intervenção e práticas, novas propostas de formação profissional e uma fratura
ideológica. Nesse processo, a perspectiva modernizadora foi um esforço para adequar o
serviço social enquanto instrumento de intervenção às novas técnicas que atendessem às
exigências postas pelo período, porém tinha uma visão funcionalista.
A ruptura com esse cenário tem suas bases na laicização do serviço social que se
dava em diferentes níveis na categoria profissional com o fim de alcançar sua
hegemonia.Resumindo:As primeiras expressões da renovação do serviço social estão
contidas nos Documentos de varias instituições, além da experiência expressa pelo
documento sistematizado na Escola de Serviço Social de Minas Gerais (1972-75),
conhecido como um “método usados por varias cidades.
• ideologia da segurança nacional – contida na doutrina de segurança nacional
que tinha como objetivo exercer funções de direção e planejamento de segurança
nacional a partir das teorias de desenvolvimento a serem adotadas;
• doutrina de segurança nacional – era utilizada para justificar a imposição de um
sistema de controle e dominação, dispensando o apoio das massas e prevendo
que o estado conquistaria certo grau de legitimidade a partir do constante
desenvolvimento capitalista. Legitima a força do Estado, realizando um binômio entre
segurança x desenvolvimento.
Eram três o elementos que respaldavam essas ações:
• teoria do “inimigo interno”: enfatizava os “inimigos internos”; o inimigo
morava ao lado, todos eram suspeitos segundo o governo, que desenvolvia
campanhas repressivas, anticomunistas, com muito abuso de poder (repressivo e
armado). Esse “Estado” montava dois tipos de estrutura: criação de um aparato
repressivo e de controle armado; e a montagem de uma rede de informações
políticas para detectar os inimigos;
poder do Brasil no contexto internacional: condições geográficas favoráveis e vastos
recursos naturais e grande população;
• o modelo econômico: não há segurança sem desenvolvimento econômico,
principalmente industrial, justificando a interferência do Estado no planejamento
econômico. A defesa militar, onde era necessária, como fim de aumentar a
produção industrial, desenvolve-se um complexo industrial militar. O modelo mais
desejável era o capitalista e não o liberal, com forte interferência do Estado no
planejamento econômico, na produção direta, no investimento em infraestrutura e
a apropriação dos recursos naturais. O desenvolvimento não visava à imediata
melhoria no padrão de vida da população – apenas impulsionava uma produtividade
tendenciosa. Ideologia de modernização .

UnidaIMudanças nas rel ações de t rabal ho: pol íti ca sal ari al ,
al t erações arbi trárias do cont rato de t rabal ho com um a nova
polít i ca salari al , com o t am bém nos si ndi catos e organiz ações;
abol i ção do di rei t o de greve, i nst i t ui ção do FGTS , m ani pul ação
dos í ndi ces e custo de vi da, arrocho sal ari al, espol i ação urbana,
aum ento da ex pl oração, aum ento da jornada de t rabalho, queda do
padrão de vi da, aum ent o da mi séri a absol ut a e rel ati va, acentuam ento
das desi gualdades soci ai s.

O MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL.


Os anos de 1960 influenciaram grandemente o serviço social brasileiro. Com a
instalação da ditadura militar, novas demandas foram impostas ao assistente social,
porém, com o grande cerceamento ide politico, muito pouco se avançava. A
categoria profissional apresentava-se engessada e de braços atados com os limites
impostos pelo período. A impossibilidade de questionar as condições políticas,
sociais e econômicas da realidade brasileira sinalizavam um movimento interno e
externo, que indagavam e questionavam o objeto, os objetivos, os métodos e os
procedimentos de intervenção do serviço social, dando início ao chamado movimento
de reconceituação. O movimento de reconceituação do serviço social, ocorrido entre os
anos de 1965 – 1975, expressa uma nova corrente para a profissão, com caráter
mais heterogêneo – várias vertentes, linhas políticas, teóricas e profissionais. Ele
é fruto de condicionantes históricas, com aprovação de setores jovens e
profissionais de vanguarda do serviço social.

SERVIÇO SOCIAL PÓS ANOS 1980: VIVÊNCIAS DA RENOVAÇÃO CRÍTICA


A década de 1980 inaugura um novo processo para a revisão profissional.
É nessa década que a categoria profissional respira novos ares rumo a uma atuação
mais democrática e autônoma. Instala-se um processo dentro e fora da categoria,
processo de renovação do serviço social, conhecido como o processo de ruptura do
serviço social com o tradicionalismo profissional. Esse processo não foi imediato,
por isso é chamado de processo de ruptura, pois nessa época ainda não havia uma
hegemonia na própria categoria profissional. Um questionamento das bases se iniciava,
questionando e refletindo criticamente a metodologia e a prática profissional. Esse era
também um questionamento ético. A ética entra em pauta nas discussões profissionais,
pois se verifico que se fazia necessário romper com a neutralidade e com o
tradicionalismo filosófico fundado pelo neotomismo e humanismo cristão. Ao assumir
esse posicionamento ético, novas possibilidades se abririam, pois ainda eram
insuficientes as ações voltadas para a classe trabalhadora. O regime militar vigente
nessa década apresentava-se desgastado, pois havia no momento uma falta de
sincronia no interior das classes dominantes, que refletia no sistema econômico e fazia
cada dia mais aumentar a condição de pobreza e desigualdade social. Essa herança da
reconceituação foi a base para a renovação crítica do serviço social brasileiro na
década de 1980, mesmo com os limites, aponta-se algumas conquistas
decorrentes dessa época no Brasil:
1. intercâmbio e interação profissionais com outros países que respondessem as
problemáticas comuns da América Latina;
2. a explicitação da dimensão política da ação profissional;
3. interlocução crítica com as ciências sociais: crítica ao tradicionalismo, com abertura
para a tradição marxista e sincronia com tendências diversificadas do pensamento social
contemporâneo;
4. inauguração do pluralismo profissional

SERVIÇO SOCIAL E OS ANOS 1990: CONSOLIDAÇÃO DA RENOVAÇÃO


CRÍTICA
A s d é c a d a s d e 1 98 0 e 1 9 9 0 s i n a l i z a r a m a m a t u ri d a d e d o s er v i ç o
s o c i a l . C om s u a a p r o x i m a ç ã o c o m o u t ra s m a t r i z e s t e ó ri c a s , c o m a
crítica f u n d a m e nt a d a e elaborada t o r n o u -s e e v i d en t e q u e o
c a r á t e r d a d o à p ro f i s s ã o a nt e r i o r m en t e a c r í t i c o e a -h i s t ó ri c o –
deveria ser rompido e repensado. Nos horizontes se abriam pa ra o
e x e r c í c i o p r o f i s si on a l , c o l o c o u -s e p ar a o a s s i st e n t e soc i a l um a
maior participação, participação essa para a l ém da
intelectualidade. A participação do a s s i st e n t e s o ci a l retorna à
militância e ao ideário de luta tão obscurecido pelo p e r í o do
d i t a t o r i al .

O SERVIÇO SOCIAL NA CENA CONTEMPORÂNEA


O Serviço Social na cena contemporânea tem sua direção voltada à defesa
da classe trabalhadora e do trabalho, dentro do processo de reprodução da vida
material e dos modos de vida; comprometido com a afirmação da democracia, da
liberdade, da igualdade e da justiça social, lutando pelos direitos e pela cidadania
em direção do desenvolvimento social inclusivo. As condições concretas na atualidade
para a atuação profissional sinalizam um atrelamento com o movimento, como
um todo, da sociedade. Através do desenvolvimento do ideário neoliberal, dois
aspectos em particular se interpelam ao serviço social: as novas manifestações e
expressões da questão social e os processos de redefinição dos sistemas de proteção
social. Até mesmo a própria expressão da questão social apresenta-se num novo perfil,
com a precarização, insegurança e a vulnerabilidade do trabalho, que geram a perda
das proteções e seguranças sociais no enfrentamento do desemprego e do
crescimento do trabalho informal e das formas precarizadas de trabalho, o
achatamento salarial e o aumento da desproteção social. Evidencia-se a renovação
crítica profissional, fruto do amplo processo de lutas pela democratização, de lutas
operárias, processo esse que rompia com o tradicionalismo. Face às mudanças
estruturais e sociais, exige-se da profissão de serviço social que continuadamente
estabeleça uma interligação e apropriação teórico-metodológica, que o permita ler e
reler a realidade e atribuir visibilidade aos fios que integram o singular com o coletivo.
Este sinaliza um avanço no chamado terceiro setor, que muitas das vezes vem
substituir as ações socioassistenciais estatais.
São apresentados vários desafios profissionais e acadêmicos:
1. Formação teórica e metodológica que permita explicar o atual processo do
desenvolvimento capitalista.
2. Qualidade acadêmica na formação universitária.
3. Articulação em rede rumo à defesa do trabalho e dos direitos.
4. Afirmação do horizonte social e ético-político do projeto profissional no trabalho
cotidiano.
5. Atitude crítica e ofensiva na defesa das condições de trabalho e na qualidade
dos serviços prestados. Entre esses desafios vários serão encontrados na sua carreira
Profissional.

Referências Bibliográficas
ABESS. Formação profissional:trajetórias e desafios. Cortez: São Paulo, 1996.
(Cadernos ABESS– Caderno 7)
AMMANN, Safira Bezerra. Ideologia do desenvolvimento de comunidade no.10. ed.
São Paulo: Cortez, 2003.ANTUNES, Ricardo A dialética do trabalho.São Paulo:
Expressão Popular, 2004.Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação
do trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999.___________Adeus ao trabalho?Ensaios sobre
a metamorfose e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez,
1995.BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil São Paulo. Saraiva,
2005.BRAVO, Maria Inês Bravo; GAMA, Andréa Sousa; MONNERAT, Giselle
Lavinas (orgs). Saúde e serviço social. Rio de Janeiro: Cortez/UERJ, 2007.
CBCISS. Documento de Teresópolis: metodologia do serviço socia. Revista Debates
Sociais.Rio de Janeiro: CBCISS, 197

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