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Educação é dever do Estado?

A Constituição brasileira, de 1988 em seus artigos 205 e 206, assegura a


educação como direito de todos e dever do Estado, mas uma agenda de
reformas estruturais foi, na prática, imposta aos países denominados
‘mercados emergentes’, com o objetivo de atender às demandas do capital no
que concerne ao fornecimento de energia, à exploração dos recursos naturais,
renováveis e não renováveis e, antes de tudo, de instaurar uma lógica de
propriedade intelectual que possibilitasse o controle sobre todas as formas de
produção humana, sempre a favor dos países hegemônicos, em especial, os do
chamado G7. O “Consenso de Washington”, estabelecido em 1989, é
instrumento importante para a implementação desse objetivo.

No caso brasileiro, no período seguinte à promulgação da Constituição de


1988, surgiram as primeiras articulações em torno das exigências dos
organismos internacionais que, para serem atendidas, demandavam mudanças
na Carta Magna. O processo retardou um pouco devido à incapacidade de
Collor de Mello em liderar a aglutinação de forças políticas que foi aguçada pela
crise que paralisou seu governo até a cassação. É com o Plano Real que se
torna possível, já sob a liderança de Fernando Henrique Cardoso, na época
ministro de Itamar Franco, uma coesão das forças conservadoras em torno da
agenda neoliberal. Em agosto de 1995, o Congresso Nacional aprova a Emenda
Constitucional no 6, proposta por Fernando Henrique Cardoso, que
introduzmodificações no capítulo da ordem econômica, substituindo o conceito
de empresa nacional por empresa constituída sob as leis brasileiras e com sede
no território nacional, concedendo a essas o direito de serem concessionárias
dos monopólios estatais, desde a exploração mineral até a produção de
serviços. Com isso, empresas multinacionais passaram a ter acesso à
exploração do subsolo e á participação em todo o processo de privatizações de
empresas estatais que se seguiu.

Na seqüência da liberalização do Estado, o governo Fernando Henrique


Cardoso aprova uma lei de propriedade intelectual que representa um freio às
possibilidades de desenvolvimento autônomo do país, sob o ponto de vista
científico e tecnológico. Em 1998, ainda sob FHC, o então Ministério da
Administração e Reforma do Estado - MARE, na gestão de Bresser Pereira,
executa uma reforma na qual praticamente todos os setores de infra-estrutura,
que davam sustentação à máquina do Estado brasileiro, são privatizados ou
terceirizados. As vagas deixadas pelos servidores públicos aposentados,
falecidos ou afastados não foram mais preenchidas e um exemplo do resultado
desta política pode ser visto na categoria dos docentes das universidades
federais que acumula um déficit de 8.000 vagas.

Houve a “delimitação das funções típicas do Estado”, reduzindo seu tamanho,


em termos principalmente de pessoal, por meio de programas de privatização
e terceirização, mas, especialmente, por meio daquilo que se pode chamar de
‘publicização’ (este último processo implicando na transferência de atividades e
recursos para o setor público não-estatal – tomado como sendo as
“organizações sociais de interesse público”) - dos serviços sociais e científicos
que o Estado ainda presta.

De acordo com a doutrina aplicada, que se convencionou chamar de


‘neoliberal’, substitui-se o conceito de direito social – Art. 6° da C.F./1988, que
o define como direito de todos e dever do Estado – pelo de “serviço sociais e
científicos”, com o entendimento de que os investimentos na infra-estrutura e
na execução desses serviços não seriam mais, a rigor, obrigações exclusivas do
Estado.

Dentre esses chamados “serviços sociais e científicos” estão: escolas,


universidades, centros de pesquisa científica e tecnológica, creches,
ambulatórios, hospitais, etc. Atividades essas que dizem respeito aos direitos
sociais, mas que passam a ser concebidas como atividades sujeitas à
“constituição de quase mercados”, segundo argumentação nos documentos do
MARE.

As reformas, promovidas ao longo dos dezessete anos que se seguiram às


primeiras investidas efetivadas pelo governo Collor, reconfiguraram, de fato, a
estrutura da organização do Estado brasileiro em três grandes blocos. O
primeiro ficou caracterizado como o bloco das ‘funções típicas de Estado’, que
se resumem à segurança nacional e interna (forças armadas e de repressão), à
emissão de moeda (Banco Central, Casa da Moeda), ao corpo diplomático
(Itamarati) e à fiscalização (Receita Federal, Ibama).

Em um segundo bloco foram agregadas as instituições das áreas de saúde,


cultura, educação, ciência e tecnologia. O objetivo era, e ainda é, transformar
todos os órgãos públicos desse bloco (hospitais, museus, universidades e
centros de pesquisa) em organizações sociais ou em fundações públicas de
direito privado, abrindo as portas para o processo de privatização dos recursos
humanos e patrimoniais dessas autarquias e das fundações que, por enquanto,
ainda são de direito público. Muitos desses órgãos públicos já foram, ao longo
do tempo, total ou parcialmente ‘publicizados’, ou seja, gerenciados, na
prática, por fundações privadas ditas de apoio.

No terceiro bloco do Estado brasileiro estão as empresas estatais dos setores


de energia, mineração, telecomunicações, recursos hídricos, saneamento entre
outras. Neste bloco da infra-estrutura do Estado, os governos neoliberais,
incluindo o atual, aprofundaram a dependência econômica do país em relação
às potências hegemônicas, por meio das privatizações, licitações fraudulentas
e venda do patrimônio nacional em troca, muitas vezes, de “moeda podre”

Vale lembrar que, quanto à pesquisa, antes da implantação da reforma do


Estado, algumas empresas estatais, como a Petrobras, Eletrobrás e Embratel
mantinham centros próprios de pesquisa de altíssimo nível. Algo sem
equivalência no setor privado, mesmo nas empresas com acesso a subsídios
constitucionais para essa finalidade. Esses centros de pesquisa das
estataismantinham estreitas relações com as universidades e com os institutos
de pesquisa públicos, sem maiores arranhões à autonomia universitária.
Com a privatização das estatais, foi estabelecida, como um dos braços
principais da atual política de ciência e tecnologia do país, a criação dos fundos
setoriais das áreas de energia, telefonia, mineração, transporte, petróleo etc.
As agências reguladoras – Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL ,
Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel, Agência Nacional de Águas -
ANA, Agência Nacional de Transporte Terrestre - ANTT, Agência Nacional do
Petróleo - ANP e outras -, criadas pelo governo para intermediar as relações
entre os interesses da sociedade e a atuação das empresas privatizadas,
passaram a definir os rumos das pesquisas a serem financiadas por esses
fundos. Como as agências reguladoras, na verdade, atendem aos interesses do
mercado, as pesquisas universitárias financiadas com recursos desses
fundospassaram a atender às demandas das empresas. E, no lugar do antigo
fomento e suporte direto às universidades e institutos de pesquisa, patrocinado
pelos centros de pesquisa das estatais, foi criado o Fundo de Infra-Estrutura -
CT-INFRA, com o objetivo de viabilizar a modernização e ampliação da infra-
estrutura e dos serviços de apoio à pesquisa nas instituições públicas de ensino
superior e nas instituições públicas de pesquisa, devendo ter como fonte de
financiamento 20% dos recursos destinados aos demais fundos.

Destaque-se que os valores repassados pelos fundos setoriais, ao contrário do


que é propagandeado por muitas reitorias, não adicionaram, percentualmente,
nada – e, em muitos casos, até chegaram a reduzir – ao que era repassado
pelas estatais na relação que mantinham entre seus centros de pesquisa e as
universidades. A legislação já previa que as estatais deveriam destinar parte
de seus recursos para a formação de profissionais e para a pesquisa no país.
Note-se que, para ter acesso aos recursos dos fundos setoriais, as
universidades passaram a depender das fundações privadas, ditas “de apoio”,
para concorrer aos editais de fomento e manutenção.

Ainda com respeito às fundações de direito privado, a Emenda Constitucional


no 20/98, do governo Fernando Henrique, que criou o regime de emprego
público para contratação de novos servidores com base nas regras da
Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT, facultou- lhes contratar pessoal para
atuar nos projetos oriundos das universidades. Nesse contexto, são criadas nas
universidades novas fundações de direito privado e, no âmbito do Ministério da
Ciência e Tecnologia, as redes nacionais de pesquisa são integradas por
entidades majoritariamente constituídas como Organizações da Sociedade Civil
de Interesse Público - OSCIP, uma nova modalidade de organização não
governamental - ONG. As OSCIP operam nas universidades em convênios ou
associações com as fundações de direito privado, utilizando professores,
técnicos-administrativos e estudantes de pós-graduação, além de contratar
servidores por tempo determinado ou no regime celetista, nos moldes
previstos pelo regime de emprego público.
As fundações de apoio e a universidade pública.

As fundações não são mais que entes privados intermediando a relação


financeira entre órgãos públicos. Além da insustentabilidade jurídica desta
relação e do desvirtuamento acadêmico, utilizam-se da estrutura das
universidades públicas para fechar negócios privados sem precisar passar por
processos de licitação.

Embora seja ilegal e não garanta lisura ou transparência, as direções das


fundações são em muitos casos, compostas por membros da administração
superior da universidades. A FUMP é regida por um conselho diretor composto
por sete membros, cujo presidente é indicado pelo reitor, conforme seu
Estatuto. Trata-se de uma prática ilegal pois órgãos públicos não podem
preencher cargos privados. Além disso, há um erro conceitual, porque é
preciso evitar a promiscuidade entre público e privado.

A lei 8.666/93 dispensa as fundações de processos de licitação por serem


instituições sem fins lucrativos. Assim as universidades afirmam convênios com
essas entidades privadas. As fundações, entretanto, não têm estrutura para
atender a demandas tão diversas e terceirizam empresas de acordo com
critérios internos. Ou se, há uma transação comercial com dinheiro público,
sem licitação que serve, muitas vezes, para agradar pessoas e empresas.

Atualmente há cerca de 85 fundações “de apoio” ao ensino superior, que


receberam somente em 2007 825,5 milhões em convênios firmados com
órgãos públicos. O Valor chega a 2,5 bilhões se as fundações não credenciadas
também forem consideradas.

O ranking de transferências a fundações é encabeçado pela fundep que


recebeu em 5 anos 127,6 milhões.

O único argumento razoável para a existência de tais entidades privadas e seu


relacionamento com as IFES é a prática desrespeitosa da União de
contingenciar os recursos orçamentários e só liberá-los no final do ano fiscal,
combinada à lei que manda devolver ao Tesouro os recursos não
desembolsados no período.

Não basta limitar a atuação das fundações de apoio, é preciso revogar a Lei
8.958/94 colocando um ponto final num relacionamento que tem sido
extremamente danoso ao ensino superior público. Esta lei foi sancionada por
Itamar Franco em 1994 e dispõe sobre as relações entre as IFES e as
fundações de apoio.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n.º 9394/96) estabelece em seu


artigo 55 que caberá à União assegurar, anualmente, em seu orçamento geral,
recursos suficientes para manutenção e desenvolvimento das instituições de
educação superior por ela mantidas. Ou seja, o mais importante é que o
governo cumpra seu dever constitucional de garantir às universidades federais
financiamento regular e compatível com as exigências da educação pública
gratuita, universal, de qualidade e socialmente referenciada, quebrando a
lógica neoliberal de tudo sacrificar no altar dos juros da dívida pública.

Lei 9394/96

Esta lei foi sancionada pelo FHC e estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. É muito extensa, mas abaixo estão alguns artigos importantes.

Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu Orçamento Geral,


recursos suficientes para manutenção e desenvolvimento das instituições de
educação superior por ela mantidas.

Art. 56. As instituições públicas de educação superior obedecerão ao princípio


da gestão democrática, assegurada a existência de órgãos colegiados
deliberativos, de que participarão os segmentos da comunidade institucional,
local e regional.

Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão setenta por cento


dos assentos em cada órgão colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem
da elaboração e modificações estatutárias e regimentais, bem como da escolha
de dirigentes.

Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados,


o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta nas
respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de impostos,
compreendidas as transferências constitucionais, na manutenção e
desenvolvimento do ensino público.

Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e desenvolvimento do


ensino aquelas realizadas com:

I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino, ou, quando


efetivada fora dos sistemas de ensino, que não vise, precipuamente, ao
aprimoramento de sua qualidade ou à sua expansão;

II - subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial,


desportivo ou cultural;

III - formação de quadros especiais para a administração pública, sejam


militares ou civis, inclusive diplomáticos;
IV - programas suplementares de alimentação, assistência médico
odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras formas de assistência social;

V - obras de infra-estrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou


indiretamente a rede escolar;

VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio


de função ou em atividade alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino.

FUMP

A antecessora distante da Fump foi a Caixa de Pensões da Associação


Universitária Mineira, criada em 1929: uma sociedade formada por alunos para
prestar assistência a estudantes necessitados. Três anos depois, a Caixa de
Pensões foi extinta. Em 1936, com anuência do Conselho Universitário, foi
criada uma nova entidade, a “Assistência aos Universitários Mendes Pimentel”
(Aump), a qual em 1973 tornou-se a Fundação Mendes Pimentel (Fump).

Prestação de contas e atividades em 2009:

A tabela abaixo apresenta uma síntese das execuções orçamentárias da FUMP,


correspondentes aos exercícios de 2008 e 2009.

RESUMO GERAL DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DE 2008 E DE 2009


(em R$)
EVENTOS REALIZADO REALIZADO DIFERENÇA
2008 2009
RECEITAS 21.422.820 17.228.406 (4.194.41
,93 ,97 3,96)
ASSISTÊNCIA 17.271.328, 9.400.214,8 (7.871.113,
01 4 17)
MORADIA 887.361,35 3.297.747,8 2.410.386,
0 45
RESTAURANTE 3.264.131,5 4.530.444,3 1.266.312,
7 3 76

DESPESAS 17.071.337 18.484.367 1.413.030


,36 ,87 ,51
ASSISTÊNCIA 11.372.691, 9.901.868,1 (1.470.823,
19 1 08)
MORADIA 1.823.785,3 4.105.983,1 2.282.197,
0 4 84
RESTAURANTE 3.874.860,8 4.476.516,6 601.655,75
7 2
SUPERÁVIT/DÉFICIT 4.351.483, (1.255.960 (5.607.44
57 ,90) 4,47)
ASSISTÊNCIA 5.898.636,8 (501.653,27 (6.400.290,
2 ) 09)
MORADIA (936.423,95 (808.235,34 128.188,61
) )
RESTAURANTE (610.729,30 53.927,71 664.657,01
)

Fonte: FUMP, Demonstrações Financeiras, 2009, Belo Horizonte, 2010.

Assistência
Em Assistência, estão incluídas todas as receitas e despesas da FUMP não
relacionadas aos restaurantes e moradias universitárias.
As receitas em Assistência sofreram significativo declínio entre os dois últimos
anos, queda de R$ 4.194.413,96. Entre 2008 e 2009, a Contribuição de Fundo
de Bolsas passou de R$ 10.688.030,55 para R$ 760.961,01, como
conseqüência da proibição pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de sua
cobrança obrigatória. A receita nesta rubrica, em 2010, correspondeu a
contribuições voluntárias por parte de membros da comunidade da
Universidade..

O déficit na conta Assistência, de R$ 501.653,27, só não foi maior, como


conseqüência da decisão do STF, principalmente porque, do lado da receita, a
FUMP recebeu, nesta conta, transferência de R$ 1.148.338,60, oriunda de
recursos do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), e, do lado
da despesa total, houve um declínio, entre 2008 e 2009, de R$ 1.470.823,08.
Para manter compensar a dimuição de sua verba houve a desativação do
Programa “Meu Primeiro Computador”, no qual foram gastos R$ 671.145,00,
em 2008, e a diminuição do número de bolsas de manutenção, que passou de
963 para 860, entre 2008 e 2009. Houve restituição à FUMP de R$
1.858.366,43 da parte de ex-alunos que receberam bolsa de manutenção
enquanto discentes da UFMG, assim como uma receita de R$1.986.021,92,
proveniente de aplicações financeiras da conta Assistência.
Moradia
A Conta Moradia teve, em 2009, receita total de R$ 3.297.747,80, e despesa
total de R$ 4.105.983,14, com déficit de R$ 808.235,34.
Do lado da receita, R$ 935.080,00 tiveram como origem a venda do imóvel do
Bairro Santa Rosa; R$ 1.194.844,65, recursos do PNAES; R$ 595.705,23,
taxas condominiais (pagamento pelo uso dos apartamentos); R$ 513.662,26,
transferência de recursos pela UFMG para o término da obra da Moradia de
Montes Claros, onde foram aplicados, em 2009, R$ 2.239.225,96.
A grosso modo pode-se afirmar que o restante das despesas, R$
1.866.757,18, corresponde, aproximadamente, às despesas correntes com a
manutenção das diversas moradias universitárias da UFMG.
Entre 2008 e 2009, o número total de vagas nas Moradias da Universidade
passou de 630 para 650; aquelas destinadas aos estudantes carentes (níveis I,
II e III), de 565 para 542.
A Resolução no 06/99 do Conselho Universitário da UFMG, que trata da Moradia
Universitária, determina em seu artigo 3o que “A composição das taxas
mensais ou diárias para utilização da Moradia Universitária incluirá os custos
de água, energia e gás, material de limpeza e de uso comum, impostos e taxas
municipais, bem como despesas com administração, pessoal de apoio,
vigilância e portaria”. No parágrafo 1o do mesmo artigo, que “O valor das taxas
mensais corresponderá à média dos custos operacionais, previstos no caput
deste artigo, rateados pelo total de vagas existentes nas unidades do sistema
da Moradia Universitária”, e no parágrafo 3o que “O Conselho Diretor da
Moradia Universitária definirá trimestralmente o valor das taxas condominiais
mensais”. Preside o Conselho Diretor o (a) Vice-Reitor (a) da Universidade.
O artigo 4o da mesma Resolução prevê que “Os alunos carentes, que sejam
bolsistas de manutenção da Fundação Mendes Pimentel .... e usuários da
Moradia Universitária, arcarão com até 30% (...) do valor da referida bolsa,
que serão dela descontados diretamente pela FUMP, para cobertura das taxas
condominiais da Moradia”.
As taxas condominiais mensais atualmente cobradas, fixadas em dezembro de
2005, são as seguintes:

Nível I ................. R$ 56,00


Nível II ................ R$ 70,00
Nível III ............... R$ 85,00
Outros ................. R$ 141,00
A bolsa de manutenção paga em 2009, quando integral, correspondeu a R$
300,00 mensais.

Restaurante
A Conta Restaurante teve, em 2009, receita total de R$ 4.530.444,33 e
despesa total de R$ 4.476.516,62, o que levou a um superávit de R$
53.927,71.
Do lado da receita, houve transferência pela UFMG de R$ 428.400,00 (recursos
orçamentários), como subsídio à refeição dos Carentes I, e de R$ 791.448,92,
oriundos do PNAES. As demais receitas tiveram origem, em sua quase
totalidade no fornecimento de refeições às diversas categorias de usuários dos
restaurantes da FUMP.
Do total das despesas, imobilizou-se o montante de R$ 87.962,48
(benfeitorias, veículos, máquinas, móveis e utensílios). Pode-se considerar o
restante das despesas, R$ 4.388.554,14, como correspondente às despesas
correntes com a produção da alimentação oferecida nos restaurantes da FUMP,
exceto aquelas com água e eletricidade, arcadas diretamente pela
Universidade.
A Resolução 009/97 do Conselho Universitário, de 18 de setembro de 1997,
que estabelece critérios para o funcionamento dos Restaurantes Universitários,
estabelece no item I do artigo 1o, no que se refere ao Diarista I (estudantes
não-carentes), que “... o preço da refeição será o equivalente ao custo total
dos gêneros alimentícios e dos gastos com a folha de pessoal contratado pela
FUMP para os Restaurantes Universitários”. Em seu artigo 3o, estabelece os
preços relativos a serem cobrados dos estudantes classificados como carentes,
tendo por referência o preço pago, por refeição, pelo Diarista I, a saber:
Carente I, 30%; Carente II, 70%; Carente III, 80%. O mesmo artigo prevê
que o subsídio do Carente I seria de responsabilidade da UFMG; dos Carentes
II e III, da FUMP.
O artigo 4o da mesma Resolução delega à Reitoria da UFMG “a fixação dos
preços nos Restaurantes, com base nos critérios ...” estabelecidos na
Resolução.
Os preços das refeições foram fixados, pela última vez, em 17 de janeiro de
2005. São os seguintes, por refeição:

Carente I ................R$ 0,75


Carente II ............... R$ 1,60
Carente III .............. R$ 1,85
Diarista I ................. R$ 2,50
Diarista II ................ R$ 2,85
Visitante III ............. R$ 3,50

Os Diaristas II são os servidores da UFMG.


Em dezembro de 2009 estavam classificados pela FUMP como Carentes I,
1805; como Carentes II, 1171 e como Carentes III, 1561 estudantes.
Em seu Relatório de Atividades, referente a 2009, a FUMP estimou o custo
médio da refeição, naquele ano, em R$3,10, como “resultado do custo total
(dos Restaurantes) dividido pelo número total de refeições servidas nos
restaurantes universitários”. Vale a pena observar que, no custo médio das
refeições, não estão incluídos os gastos com água e eletricidade, nem os
valores referentes à depreciação e à manutenção dos próprios da Universidade
ocupados pelos Restaurantes.

Posicionamento da FUMP com relação às prestação de contas:

As contas, ora em análise, referem-se a um exercício (2009) em que, de um


lado, houve significativa redução das receitas da FUMP, devido à decisão do
STF, referente à proibição da cobrança da contribuição ao Fundo de Bolsas, e,
por outro lado, por uma dessas coincidências históricas não previsíveis, houve
um aporte significativo de transferências do Governo Federal, através do
PNAES. As críticas, a seguir, referem-se, mormente, à administração das
contas Moradia e Restaurante, cujos problemas, a nosso ver, advêm,
majoritariamente, de decisões exógenas à FUMP.

No caso das Moradias, os preços estão congelados desde dezembro de 2005,


em desobediência clara ao previsto na Resolução no 06/99 do Conselho
Universitário, que prevê reajustes trimestrais. A mesma resolução prevê que
os “bolsistas de manutenção da Fundação Universitária Mendes Pimentel
arcarão com até 30% (...) do valor da referida bolsa, ..., para cobertura das
taxas condominiais da Moradia”. No entanto, os estudantes carentes de níveis
I, II e III continuam a pagar, mensalmente, respectivamente, R$ 56,00, R$
70,00 e R$ 85,00, quando os 30% da referida bolsa correspondem a R$ 90,00.
Levando-se em consideração os gastos correntes com a Moradia Universitária
em 2009 (R$ 1.866.757,18) e o número de vagas existentes no final do ano
(650), chega-se a um custo médio mensal de R$ 238,96! Isto significa que
todos os usuários da Moradia Universitária estão sendo altamente subsidiados,
carentes e não-carentes! Não fosse a transferência de recursos do PNAES, e os
recursos advindos da transferência do imóvel no Bairro Santa Mônica, a conta
Moradia teria sido altamente deficitária em 2009. As taxas condominiais (total
de R$ 595.705,23) correspondem a 31,9% das despesas correntes das
Moradias.
Os custos correntes das moradias universitárias são tão altos que,
realisticamente, não seria possível aplicar plenamente o determinado pela
Resolução no 06/99, do Conselho Universitário. O que fazer diante de tal
dilema? Há, com urgência, que se examinar este assunto, analisando,
inclusive, os serviços oferecidos e os custos do programa!
Passemos à conta Restaurante. Diante de um custo médio, por refeição, de R$
3,10, subestimado, por não incluir alguns custos arcados diretamente pela
UFMG, os preços cobrados em 2009, com exceção dos visitantes (R$ 3,50),
embutiram um forte subsídio, inclusive aos Diaristas I (alunos não-carentes,
R$2,50) e Diaristas II (servidores da UFMG, R$ 2,85).
Há de se lembrar que o Conselho Curador da FUMP, em setembro de 2005, ao
arrepio do disposto na Resolução no 09/97, do Conselho Universitário, decidiu
que se cobrasse dos Carentes II e III o mesmo preço dos Carentes I, (R$ 0,75
cada refeição), subsídio extra que, em 2009, passou a ser coberto com
recursos do PNAES.
O Professor Ronaldo Tadêu Pena, então Reitor da Universidade, mediante a
Portaria no. 015, de 17 de abril de 2007, instituiu Comissão, com a finalidade
de estudar a Resolução no 09/1997, que trata de Restaurantes Universitários, e
a Resolução no. 06/1999, que trata de Moradia Universitária, ambas do
Conselho Universitário, com o objetivo de adequá-las aos dispositivos legais
em vigor e, ainda, de definir o conceito de carente, a periodicidade de revisão
dos preços praticados, bem como adequar a formulação dos cálculos para a
formação de preços.
A Comissão entregou seu Relatório Final em 13 de dezembro de 2007, mas o
assunto não foi pautado para apreciação pelo Conselho Universitário,
aguardando a realização de um Seminário sobre Assistência Estudantil, que só
veio a ocorrer em 23 de outubro de 2008. O tema da conferência de abertura,
proferida pela Professora Marilena Chauí (USP), foi “Reflexão sobre Assistência
Estudantil: Interesse Público e Interesse Privado”. No entanto, até hoje o
relatório não foi ao Conselho Universitário!
O Tribunal de Contas da União, em 13 de março de 2007, aprovou o Acórdão
de no. 349/2007 – TCU – 2a Câmara, que, entre as inúmeras determinações
relativas ao “Campus 2000” e ao “Mecanismo de funcionamento do subsídio às
refeições nos Restaurantes Universitários” da UFMG, afirma que a Universidade
deve “abster-se de conceder subsídios, custeados com recursos orçamentários
federais ou com receitas de assistência estudantil; previstas no Regimento
Geral da UFMG, para segmentos da comunidade universitária distintos dos
estudantes formalmente considerados carentes após processo idôneo de
avaliação da respectiva situação sócio-econômica, ...” (Determinação 53.1.17).
Por outro lado, o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) foi
criado com o objetivo de permitir aos estudantes igualdade de oportunidades,
através do apoio àqueles discentes em condições sócio-econômicas
desvantajosas.
Esse objetivo é claramente explicitado no Decreto no 7.234, da Presidência da
República, datado de 19 de julho de 2010. O artigo 2o do Decreto estabelece
que: “São objetivos do PNAES: I – democratizar as condições de permanência
dos jovens na educação pública federal; II – minimizar os efeitos das
desigualdades sociais e regionais na permanência e conclusão da educação
superior; III – reduzir as taxas de evasão; e IV – contribuir para a promoção
da inclusão social pela educação”. O parágrafo 2o do artigo 3o do mesmo
Decreto determina que “Caberá à instituição federal de ensino superior definir
os critérios e a metodologia de seleção dos alunos de graduação a serem
beneficiados”.
Quanto ao determinado pelo TCU, no que se refere ao “Mecanismo de
funcionamento do subsídio às refeições nos Restaurantes Universitários”,
quando o que prevê o Decreto relativo ao PNAES, estão plenamente
contemplados nas diversas Resoluções do Conselho Universitário relacionadas
à política de Assistência Estudantil da UFMG. O que acontece é que essas
Resoluções têm sido, na prática, em boa parte ignoradas pela Universidade.
Desde 2005, a Comissão de Orçamento e Contas tem questionado o não
cumprimento de diversos dispositivos das Resoluções, nos pareceres sobre as
Prestações de Contas da FUMP. Os pareceres são aprovados pelo Conselho
Universitário, sem que, no entanto, medidas sejam tomadas para que os
problemas apontados sejam sanadas!
Quando a Universidade passa a receber um número rapidamente crescente de
estudantes, através dos novos cursos do REUNI, estudantes esses que,
seguramente, têm em maior proporção, condições socioeconômicas mais
desvantajosas do que aqueles que até então entravam na UFMG, apresenta-se
agora uma oportunidade ímpar em termos de política de Assistência Estudantil.
De um lado, para se corrigir as distorções ora existentes, que contribuem para
a redistribuição regressiva de renda. De outro lado, para se dar um apoio
efetivo aos estudantes menos privilegiados, para que possam transformar em
realidade a oportunidade que se lhes apresenta.

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