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14/8/2015
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Subjetividade e Relações
Comportamentais
Bibliografia.
ISBN 978-85-62550-00-3
09-03765 CDD-150
edição - 2009
Paradigma Núcleo de Análise do Comportamento
Rua Vanderlei, 611
Perdizes São Paulo/SP
Tel. 11 3864 9732
Subjetividade e Relações
Comportamentais
nni* p a ra d ig m a
IÚCLFO 1)1 ANALISE DO CO M PORTAM ENTO
Sumário
Prefácio 11
Apresentação 17
Considerações Iniciais acerca da
Subjetividade à Luz de um Enfoque Comportamental 21
Capítulo 1 - Relações Interpessoais e o
Florescimento das Dicotomias Psicológicas Clássicas 29
A Interdependência Humana em uma Sociedade Hierárquica 32
Condições de Interdependência em uma Sociedade de Mercado 38
A Emergência do Indivíduo e o Acobertamento das
Relações de Interdependência 47
Dimensões do Indivíduo e as Dicotomias Psicológicas Clássicas 63
Prefácio
PREFÁCIO II
PREFÁCIO 13
14/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 14/8/2015
Referências
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Tourinho, E. Z. (2004). Behaviorism, interbehaviorism and the boundaries
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Tourinho, E. Z. (2006). Private stimuli, covert responses and private events:
Conceptual remarks. The Behavior Analyst, 29(1), 13-31.
PREFÁCIO 15
Apresentação
Emoções e pensamento são tratados em manuais de Psicologia (e.g.,
Hulfman, Vernoy & Vernoy, 2003) como alguns dos processos psi
cológicos básicos (ao lado de aprendizagem, cognição, memória,
percepção e outros), uma matéria que requer um tratamento es
pecífico de qualquer sistema explicativo abrangente na Psicologia.
Como o conceito de emoções, o conceito de sentimentos é também
empregado com frequência na abordagem de fenômenos considera
dos afetivos. Ainda que muitas vezes sejam usados como sinônimos,
sentimentos e emoções são em alguns sistemas diferenciados com
base na existência (para os primeiros) de um componente linguístico
na afetividade. Emoções, sentimentos e pensamentos constituem
o foco do presente trabalho. Eles serão abordados como instâncias
privilegiadas do que tem sido denominado de subjetividade. A aná
lise oferecida pode se estender a outros fenômenos ou conceitos
correlatos, como cognição, sensação etc., embora não sejam exami
nadas particularidades desses outros fenômenos ou dos usos desses
outros conceitos. Discutindo pensamentos, emoções e sentimentos,
acreditamos ser possível oferecer um tratamento (comportamcntal)
abrangente para o tema da subjetividade, objetivo deste trabalho.
Homens e mulheres de todas as culturas emocionam-se c refletem
sobre o mundo à sua volta. Algumas emoções (e.g., medo, tristeza)
são, inclusive, consideradas parte de nossa herança filogenética (cf.
Ekman, 1993; Millenson, 1967/1975; Russell, 1991). Com o con
ceito de subjetividade, porém, referiremos o modo específico como
emoções, sentimentos c pensamenLos são experimentados na cultura
ocidental moderna, um modo que tem sido referido como “privado”
(cf. Elias, 1987/1994) ou “privatizado” (cf. Figueiredo & Santi, 1997).
E a configuração (discutida brevemente ao longo deste trabalho) que
sentimentos, emoções e pensamentos adquirem na cultura ocidental
moderna que dá origem aos conceitos de privado, subjetivo, interno e
APRESENTAÇÃO 17
APRESENTAÇÃO 19
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 21
1 Neste trabalho, não ignoramos que o projeto skínneriano tinha como objeto
o comportamento dos organismos (humanos e infra-humanos). Entendemos,
porém, que seu interesse principal era o comportamento humano (cf. Andery,
1990) e que é na espécie humana, apenas, que se encontram os fenômenos mais
complexos relacionados à subjetividade (ver Capítulo 2, adiante). As análises
aqui desenvolvidas são pautadas pelo interesse específico no comportamento
humano e por isso deixará de ser assinalado (exceto em casos particulares) quan
do as argumentações desenvolvidas se aplicarem ao comportamento de outros
organismos.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 23
CONSIDERAÇOES INICIAIS 25
CAPÍTULO 1
Relações Interpessoais e o
Florescimento das Dicotomias
Psicológicas Clássicas
Organismos humanos são capazes de interagir uns com os outros de
modos complexos, impondo à realidade configurações sofisticadas,
com graus variados de diferenciação e que afetam de maneiras im
portantes sua vida cotidiana. Transcendem, assim, as determinações
de sua história filogenética em larga medida e de modos únicos. Suas
realizações nas artes, nas técnicas e nas ciências atestam sua capa
cidade diferenciada e constituem alguns dos produtos mais salientes
dos processos de criação e transformação da realidade em que vi
vem. O caráter social de tais produções dificilmente será negado por
alguém que se debruce sobre o processo histórico que está na sua
origem. Todavia, a interdependência entre os homens e mulheres
de uma sociedade (mais ou menos complexa) constitui um fato que
nem sempre sc reflete nas crenças ou sistemas explicativos que essa
mesma sociedade vem a construir sobre suas conquistas, ou sobre as
capacidades humanas. E quando as condições de interdependência
tornam-se menos evidentes, ou menos reconhecidas, estão criadas as
condições para uma concepção de homem como ser autônomo, cujas
ocorrências ou faculdades pessoais constituem o núcleo dc sua exis
tência e de suas realizações. Os fatos da interdependência entre os
membros de uma cultura e do seu obscurecimento em muitos modos
de representar a vida nas sociedades modernas têm sido examinados
nas humanidades sob várias óticas (c.g., Durkheim, 1893/1995). No
presente trabalho, serão considerados principalmente à luz das aná
lises sociológicas dc Elias (e.g., 1939/1990b, 1987/1994).
O conccíto de indivíduo e a noção de autonomia em que está
fundamentado, na contramão das evidências empíricas de interde
pendência, refletem uma autoimagem do homem moderno como
capaz de realizar-se à parte das relações com outros homens. São as
virtudes e faculdades do ou no homem particular que começam a ser
vistas como a base de suas realizações, quer materiais, espirituais,
CAPÍTULO 1 29
CAPÍTULO 1 31
A Interdependência Humana
em uma Sociedade Hierárquica
Homens e mulheres nascem c se desenvolvem como membros de
grupos sociais específicos, no interior dos quais encontram um modo
de vida e participam, também, da construção dc suas condições dc
sobrevivência c reprodução. Assim, ainda que as crianças revelem, ao
CAPÍTULO 1 33
CAPÍTULO 1 35
3 Ariès (1981) afirma também: “Na sociedade feudal, que tomamos como pon
to de partida, o sentimento da infância não existia - o que não quer dizer que
as crianças fossem negligenciadas, abandonadas ou desprezadas. O sentimento
de infância não significa o mesmo que a afeição pelas crianças: corresponde à
consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essen
cialmente a criança do adulto, mesmo jovem. Por essa razão, assim que a criança
tinha condições dc viver sem a solicitude constante de sua mãe ou de sua ama, ela
ingressava na sociedade dos adultos e não se distinguia mais destes” (p. 156).
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Condições de Interdependência
em uma Sociedade de Mercado
A transição do feudalismo para o capitalismo é descrita por his
toriadores como um processo desencadeado pelo crescimento da
produtividade agrícola na Europa Ocidental, que se prolongou por
vários scculos, c que assumiu características peculiares em dife
rentes contextos geográficos c sociopolíticos. Para fins da presente
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5 Uma passagem de Sennett (1989) ilustra esse ponto, ainda que se referindo
apenas a Londres e Paris no século XVIII, um momento liem avançado do desen
volvimento do capitalismo: “Do ponto de vista social, o crescimento do comércio
criou empregos nos setores financeiro, comercial c burocrático da cidade. Falar
em 'crescimento da burguesia' em qualquer das duas cidades é, pois, se referir a
uma classe engajada em atividades de distribuição, e não na produção. Os jovens
que vinham para a cidade encontravam trabalho nessas profissões mercantis e
comerciais; na verdade, havia como que uma escassez de mão-de-obra, pois
havia mais empregos que exigiam trabalhadores alfabetizados do que jovens que.
sabiam ler” (p. 79).
CAPÍTULO 1 41
CAPÍTULO 1 43
CAPÍTULO 1 45
CAPÍTULO I 47
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7 Hobbes (1651/1979) provoca <> interlocutor que tende a reagira sua caracteri
zação do homem: “Que opinião tem ele de seus compatriotas, ao viajar armado;
dc seus concidadãos, ao fechar suas portas; e de seus filhos e servidores, quando
tranca seus cofres?" (p. 76).
8 Desse ponto de vista, há um conflito entre a visão de 1lobbes (favorável a um
listado forte e centralizado) e o liberalismo clássico (que embora fundamen
tado na mesma concepção de homem postula menor intervenção do EsLado
nas relações económicas). Para A. Smith (1776/1988), as funções dos governos
estariam circunscritas a proteger o país contra invasões, proteger os cidadãos
contra injustiças praticadas por outros cidadãos e construir e manter instituições
públicas (importantes para a sociedade, mas que não seriam construídas por
indivíduos particulares porque não atenderiam à lógica do lucro) (cf. HunL &
Sherman, 1993, p. 66).
9 Note-se que, para Hobbes (1651/1979), apenas quando outros também abrem
mão de seus direitos naturais a renúncia do indivíduo e justificada. Caso contrário,
“equivaleria a oferecer-se como presa ... e não a dispor-se para a paz” (p. 79).
CAPÍTULO 1 51
Quem se afasta do mundo transforma sua vida num jogo de azar. Pude
ganhar ou perder tudo. Acabaram-se os meios-termos da vida comum.
Será Deus ou o Diabo; antes da contemplação, a tentação. O exem
plo evangélico desses retiros é, com efeito, fornecido pelo episódio
da Tentação no deserto ... Bento, em sua Regra, define as condições
que os eremitas devem preencher: “Os que já não têm na vida regular
um fervor de noviço e que, por um exercício prolongado no mosteiro,
aprenderam a lutar contra o Demônio c se fizeram aguerridos graças
ao apoio de seus irmãos. Então, bem exercitados, passam do batalhão
fraternal ao combate singular do deserto. Sólidos agora sem o apoio
de outros, bastam-se a si m esm os para combalcr, com a ajuda de
Deus, unicamente com sua mão c seu braço, os vícios da carne e dos
pensam entos”. (Dalarun, 1990, p. 27)
Ao mesmo tempo em que a Regra definia aquela perfeição acessível
apenas pelo respeito à 'obrigação do silcncio, cxperiência de retiro”
(Duby, 1990, p. 508), também insistia no despreparo do homem co
mum para aquela provação: “Nosso Senhor Jesus Cristo advertiu seus
discípulos que ainda não têm a confirmação do Espírito Santo nem o
treinamento do combatc espiritual dizendo: ‘Quanto a vós, permane
cei na cidadc até receberdes a virtude do alto ” (Chartres, em Dalarun,
1990, p. 28). Ainda: “O ditado popular resume rudemente essas belas
palavras: 'Para eremita jovem, diabo velho’” (Dalarun, 1990, p. 28),
O que cra reservado, no mundo medieval, àquela parcela do clcro
disposta a cumprir o estágio mais elevado dc perfeição espiritual,
penetra, com a Reforma protestante e a Contra-Heforma católica, no
cotidiano do homem comum. Se, antes, chegar a Deus era matéria
de uma dimensão da existência na qual havia sempre o outro, seja
por meio de práticas com os outros (a participação nas cerimônias),
para os outros (a caridade) ou pelos outros (as rezas nos mosteiros,
como as boas ações dos monarcas alcançavam graças para o povo
- cf. Duby, 1990), agora, encontra-se Deus no próprio íntimo - e
apenas se houver a necessária disciplina para desligar-se do mundo
físico e social externo.
As novas formas de religião que se estabelecem nos séculos XVI c
XVII ... desenvolvem uma devoção interior —sem excluir, muito pelo
CAPÍTULO 1 53
10 Segundo Chaui (1999), "O direito à preguiça teve um sucesso setn preceden
tes, comparável apenas ao Manifesto comunista, tendo sido traduzido para o russo
antes mesmo deste último" {p. 16).
CAPÍTULO 1 55
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CAPÍTULO 1 57
CAPÍTULO 1 59
13 Ainda de acordo com Elias (1939/1990b), o Tratado de Erasmo foi mais po
pular do que seu Elogio à loucura. O Tratado “teve imediatamente uma imensa
circulação, passando por sucessivas edições. Ainda durante a vida de Erasmo ...
teve mais de 30 reedições. No conjunto, houve mais de 130 edições” (p. 68).
CAPÍTULO 1 61
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15 Elias (1939/1 990b) também comenta esse aspecto: “[O espectador do século
XX] acha, talvt.'/., que a eliminação do hábito de ‘comer com as maos’, a adoção
do garfo, as louças e talheres individuais, e todos os demais rituais de seu pró
prio padrão podem ser explicados por 'razões higiênicas’. Isto porque é esta a
maneira corno ele mesmo explica, de modo geral, esses costumes. Mas o fato 6
que, em data tão recente como a segunda metade do século XVill, praticamente
nada desse tipo condicionava o maior controle que as pessoas impunham a si
mesmas” (p. 122).
Dimensões do Indivíduo e as
Dicotomias Psicológicas Clássicas
As seções anteriores sumarixam algumas informações relevantes
para uma compreensão da emergência c da centralidade da noção
de indivíduo, como autoímagcm do homem no Ocidente moderno.
A medida que essa autoimagem vai se estabelecendo, torna-se mais
provável que certos fenômenos humanos sejam vistos como ocorrên
cias pessoais ou internas, ou explicados peia referência a ocorrências
desse tipo. Paulatinamente torna-se mais difícil compreender certas
dimensões da vida do homem como relações com o mundo, com a
natureza e com outros homens. E apenas à luz dessas transformações
que se instituem as categorias dc privado, subjetivo, interno e mental
na análise dos fenômenos humanos, dando origem à disciplina psico
lógica (inicialmente, uma disciplina reflexiva sobre essas questões).
Nos parágrafos seguintes, as dicotomias psicológicas clássicas
(piíblico-privado, objetivo-subjetivo, interno-externo, lísico-mental)
serão abordadas de uma ótica particular, que tem por objetivo desta
car como funcionam para deslocar a análise dos problemas humanos
de uma dimensão relacional para dimensões pessoais, individuais,
isto é, como funcionam para reproduzir concepções e valores dc uma
cultura individualista. É importante esclarecer que ao fazer esse exa
me crítico não sc está ignorando que ocorrências pessoais são cons
titutivas dos fenômenos de que a Psicologia se ocupa, mas apenas se
estará questionando a suficiência da referência a ocorrências do ou
no homem na abordagem daqueles fenômenos, ou a sua assimila
ção como objeto de estudo. Para além disso, a análise complementa
as observações anteriores enquanto referência do caráter histórico-
cultural da experiência moderna dc individualidade.
CAPÍTULO 1 63
O público e o privado
A existência de uma esfera da vida à parte do universo social no
qual o homem produz cotidianam ente sua sobrevivência constitui
uma invenção datada no mundo ocidental. Mais especificamente, a
separação nítida entre vida pública e vida privada institui-sc com
a dissolução do modo dc vida feudal e o advento de uma sociedade
dc mercado. Duby (1990) faz referência ao “advento do indivíduo”
ao abordar temas como a solidão e o anacorctismo na Baixa Idade
Média. Como já assinalado neste capítulo, até bastante tardiamente
na Idade Média as condições para o isolamento pessoal eram muito
limitadas e o desejo de estar só visto com desconfiança (quando
manifestado pelo homem comum, era um sinal de loucura, que jus-
tificava inclusive despojar o homem de seus pertences - cf. Duby).
O isolamento físico encontrava dois tipos de “barreira . De um
lado, a exposição da vida individual, representada pelo comparti
lhamento de todo espaço doméstico c pela imposição da presença
do(s) outro(s). Na moradia, ou nos espaços de trabalho, lazer e reza,
a arquitetura prevê sempre o deslocamento em grupos. Apenas no
final da Idade Média a casa sofre processo acelerado de transforma
ção, com a separação e especialização dos cômodos e a criação de
espaços de comunicação (corrcdor, hall etc.) (cf. Ariès, 1991). De
outro lado, as práticas c os valores sociais, que condicionavam a
satisfação pessoal e mesmo o reconhecimento social a condições dc
compartilhamento da vida cotidiana com o círculo social imediato. O
isolamento não é possível, mas também não faz sentido no contexto
de vida do homem comum no mundo feudal.
A separação possível entre privado e público na sociedade feudal
correspondia à distinção entre o espaço físico e social das grandes
famílias unidas pela terra (no que o privado era simplesmente um pú
blico mais restrito) e o espaço físico e social para além desse universo
(d. Duby, 1990). “E se vida privada significava segredo, esse segredo,
necessariamente partilhado por todos os membros da família ampla,
era frágil, logo descoberto; se vida privada significa independência,
também essa independência era coletiva” (Duby, 1990, p. 504).
Os rituais ou práticas religiosas, como já assinalado, também não
previam, pelo menos para o homem comum (e mesmo para novi
16 Segundo Manguei (1997), ‘as palavras escritas, desde os tempos das primei
ras tabuletas sumérias, destinavam-se a ser pronunciadas etn voz. alta, uma vez
que os signos traziam implícito, como se fosse sua alma, um som particular” (p.
61). Também de acordo com Manguei, “ainda que se possam encontrar exem
plos anteriores de leitura silenciosa, foi somente no século X que esse modo de
ler se tornou usual no Ocidente” (p. 61).
CAPÍTULO 1 65
19 Sennett (1989) observa tambem que no século XVIII as máscaras são abo
lidas nas representações teatrais, em parte porque deixam de ser necessárias,
na medida em que os indivíduos (todos eles, em alguma medida, e os atores e
atrizes, de modo especial) estão mais bem adestrados para o autocontrole e a
representação, garantindo a expressão apenas de emoções próprias das persona
gens e ocultando emoções e inclinações pessoais.
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CAPÍTULO 1 69
CAPÍTULO 1 71
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CAPÍTULO 1 75
25 Colli (1988) observa que "Platão inventou o diálogo como literatura, como
tipo particular de dialética escrita, de retórica escrita, que, num quadro narrativo,
apresenta a um público indiferenciado os conteúdos dc discussões imaginárias. A
esse novo gênero literário, o próprio Platão chama pelo novo nome de 'filosofia'.
Depois de Platão, esta forma de escrita permaneceria como algo adquirido, e ain
da que o gênero literário do diálogo se transforme no gênero do tratado, mesmo
assim continuará a chamar-se ‘filosofia’ à exposição escrita de temas abstratos e
racionais eventualmente estendidos, após a confluência com a retórica, a con
teúdos morais e políticos” (p. 92). Paradoxalmente, porém, Platão não acreditava
que as coisas importantes pudessem ser escritas, ou que aquilo que um homem
escreve contivesse o que havia de mais importante em seu pensamento: “Platão
nega à escrita, em linhas gerais, a possibilidade de exprimir um pensamento
sério, e diz literalmente; ‘Nenhum homem de siso ousará confiar seus pensamen
tos filosóficos aos discursos e além do mais a discursos imóveis, como é o caso
dos escritos com letras’. Ainda mais solenemente, reafirma um pouco adiante,
recorrendo a uma citação homérica: 'Justamente por isso toda pessoa séria evita
escrever coisas sérias para não expô-las à malevolência e à incompreensão dos
homens ... ” (p. 94).
26 Para Platão, "a democracia direta favorece ... a demagogia, isto é, a arte de
incensar a opinião pública por meio do talento oratório; também favorece a ti
rania, pois há o perigo de que um homem seduza e canalize a opinião pública
em seu proveito para, em seguida, subjugá-la. A critica platônica à democracia
origina-se, fundamentalmente, de sua ‘reflexão sobre a linguagem’. Para Platão, a
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O físico e o mental
A ideia de que o homem é constituído por uma substância física,
corpórea, e outra imaterial, transcendental ou mental, não se origina
com o pensamento religioso cristão, embora tenha se propagado na
cultura ocidental com a difusão de ideias religiosas a esse respeito
ao longo da Idade Média.
O dualismo não c um dado originário do pensam ento mais antigo
[judaico-cristãoj que, pelo contrário, tende a afirmar a unidade do real
e do homem em particular. Ele é fruto de formas mais elaboradas de
conhecimento, desenvolvidas sobretudo no âmbito da filosofia grega e
penetrado posteriormente na teologia. (Massimi, 1986, p. 10)
Massimi (1986) argumenta que o monismo antropológico dos
primeiros Padres da Igreja deu lugar ao dualismo a partir de uma
assimilação das categorias filosóficas do pensam ento platônico na
doutrina religiosa. Segundo Massimi,
as ideias de preeminência da alma c de sua autonomia do corpo, da
imortalidade da alma e da identificação entre alma e vida, estão rela
cionadas, nas suas origens, à investigação filosófica c à necessidade
de fundamentar a objetividade do conhecimento humano de seu ins
trumento principal, a razão. E portanto no alvo da filosofia grega, e
sobretudo do platonismo, que nasce a categoria de alma, enquanto
substância, e a raiz do dualismo. De fato, o dualismo é um efeito ine
vitável do surgir de uma nova forma de pensamento analítico e autor-
reflexivo. E uma criação epistemológiea, antes de ser uma afirmação
ontológica. Todo o problema, a nosso ver, está na medida cm que
procura-se transformar uma dimensão epistemológiea em realidade
ontológica, (p. 22)
Retomando as colocações anteriores accrca do contexto em que
Platão desenvolve sua doutrina sobre a razão como faculdade dc
uma alma que preexiste ao nascim ento do homem, é importante
observar que há uma motivação essencial para essa suposição: a
desqualificação dos processos de interlocução como meios pelos
quais o hom em pode chegar a cnunciados verdadeiros. Se dim en
sões interpessoais da existência hum ana não estão qualificadas para
CAPÍTULO 1 79
CAPÍTULO 1 81
CAPÍTULO 1 83
CAPÍTULO 1 85
CAPÍTULO 1 87
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CAPÍTULO 2
Dimensões da Abordagem
Analítico-Comportamental para
o Problema da Subjetividade
CAPÍTULO 2 95
CAPÍTULO 2 97
CAPÍTULO 2 99
CAPÍTULO 2 101
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CAPÍTULO 2 103
40 L. J. Hayes (1994) afirma que, dc acordo com Kantor, as respostas são mais
ou menos sutis e “a sutileza não ó uma característica formal do evento cm ques
tão. Isto é, a sutileza não é uma propriedade de um evento particular, à parte dc
uma história insuficiente do observador com respeito ao mesmo. Quanto maior
CAPÍTULO 2 105
a história de interação de uma pessoa com eventos sutis, mais óbvios eles se
tornam, pois, falando psicologicamente, os eventos observados são nada mais do
que os loci de tunções de resposta para os observadores" (p. 160).
41 Segundo Donahoe e Palmer (í 994), “a observabilidade de uma resposta não
é determinada por sua intensidade ou magnitude, mas pelas características ou
instrumentos do observador ... Devemos evitar a tentação de pensar no com
portamento encoberto como um tipo de comportamento, com propriedades
essencialmente diferentes do comportamento aberto. Em vez disso, lodo com
portamento localiza-se em um continuum de observabilidade’’ (p. 275).
CAPÍTULO 2 107
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CAPÍTULO 2 109
CAPÍTULO 2 111
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CAPÍTULO 2 113
CAPÍTULO 2 115
CAPÍTULO 2 117
CAPÍTULO 2 119
CAPÍTULO 2 121
Cultura
CAPÍTULO 2 123
CAPÍTULO 2 125
CAPÍTULO 2 127
CAPÍTULO 2 129
CAPfTULO 2 131
CAPÍTULO 2 133
CAPÍTULO 2 135
Relações Comportamentais e as
Dicotomias Psicológicas Clássicas
A abordagem para a subjetividade delineada nas seções anteriores,
na medida em que trata os problemas relacionados a sentimentos e
pensamentos como problemas no campo das relações do indivíduo
com contingências de seu mundo físico c social (especialmente o
último), conflita com as categorias analíticas encerradas nas dico
tomias psicológicas clássicas. Na presente seção, serão discutidos
alguns aspectos desse conflito.
Como assinalado no Capítulo 1, as dicotomias psicológicas sur
gem como expressão de uma visão de homem particular (própria do
individualismo). É nesse terreno que começam as dificuldades para
conciliar aqueles conceitos com o sistema explicativo analíLico-com-
portamcntal. Para este último, o homem não é um ser autônomo,
que por força de suas faculdades ou qualidades c capaz de submeter
o mundo a seus interesses. Diferente disso, as compeLências (e.g.,
cognitivas, profissionais, artísticas etc.) do homem definem-se ape
nas nas relações com outros hom ens (uma discussão do problema
da autonomia é apresentada no Capítulo 3, adiante). Com respeito
a isso, há grande proximidade entre o ponto de vista analítico-com-
portamental c a abordagem oferecida por Elias (e.g,, 1939/1990b,
1987/1994). No lugar de indivíduos, a análise do com portam ento
também vê homens e mulheres relacionando-se com o mundo físico
e uns com os outros, c identifica nessas relações a descrição/explica
ção possível para os ternas de que a Psicologia se ocupa.
Uma análise científica do comportamcnto despoja o homem autô
nomo e transfere o controle que se tem dito que ele exerce sobre o
ambiente. O indivíduo pode então ser visto como particularmente vul
nerável. Ele será a partir de então controlado pelo mundo à sua volta c
em grande parte por outros homens. (Skinner, 1971/2002, p. 205)
64 Apesar de ter alirrnado, em 1945 (Skinner, 1945), que o que importa para o
Robinson Crusoé não é se ele concorda com alguém, mas se consegue lidar cio
modos efetivos com a realidade, Skinner {1971/2002) reconhece que Crusoé
tem "débitos com a sociedade” {p. 123), pois se tivesse chegado à ilha em que
viveu isolado ainda bebê, sua hisLória "Leria sido diferente” {p. 124).
CAPÍTULO 2 137
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CAPÍTULO 2 139
A dicotomia objetivo-subjetivo
A ideia de separação entre um mundo objetivo e um mundo sub
jetivo está assentada em uma visão representacional da linguagem,
duram ente criticada ao longo do século XX, cspccialmcntc a partir
do trabalho de Wittgenstein (1 953/1 988). A adoção de uma concep
ção funcional da linguagem, como na análise do comportamento,
conduz necessariamentc a uma dissolução desse dualismo, uma vez
que implica considerar que Lodas as descrições (de pensam entos
e sentimentos, ou da realidade física que cerca os indivíduos) são
função da exposição a parcelas do universo, sob controle de certas
contingências do reforço que tornam essas parcclas mais ou menos
diferenciadas, ou diferenciadas quanto a uns ou outros aspectos.
Para Skinner, uma vez que todo responder verbal é função de
contingências dc reforço, enunciados científicos sobre a realidade
não são mais objetivos do que descrições concorrentes (poéticas,
literárias, ou jornalísticas), não estão mais próximas de uma essência
ou propriedade fundam ental da realidade. Dilcrcnciam-sc apenas
porque são mais eficientes em promover a previsão e o controle dos
fenômenos66.
E um erro ... dizer que o mundo descrito pela ciência é, de alguma
forma, mais próximo “do que realmente existe", mas também é um
erro dizer que a experiência pessoal do artista, composilor, ou poeta
está mais próxima “do que realmente existe”. Todo comportamento é
determinado, direta ou indiretamente, por consequências, e os cnm-
CAPÍTULO 2 141
CAPÍTULO 2 143
A dicotomia interno-externo
Interno e externo constituem conceitos que podem ser empregados
na descrição da localização de objetos ou eventos, tendo-se como
referência alguma fronteira, a partir da qual se diz que os objetos ou
eventos estão de um lado (dentro) ou de outro (fora). A gramática
desses conceitos (para usar novamente o termo wittgensteiniano)
requer, portanto, a indicação das relações espaciais entre o que é
contido c o que o contém. Uma bola pode estar dentro de uma cai
xa, assim como um livro pode estar dentro de uma casa. Quando se
diz que pensam entos e sentimentos são eventos internos, há duas
possibilidades: (a) ignorar o requisito de especificar uma fronteira
e usar os conceitos de interno e externo com um sentido metafó
rico impreciso, ou (b) postular que a pele constitui a fronteira. No
primeiro caso, abdicamos de prover uma descrição científica para
sentim entos e pensam entos. No segundo, deixamos de consi
derar sentimentos e pensamentos como eventos do organismo como
um todo e passamos a trabalhar com a ideia de que pensar c sentir
são atividades de parte(s) do organismo (ainda por serem especifi
cadas). As duas posições sustentam a noção de mundo interno, que
assim invade o discurso do leigo e do cientista.
A opção de ignorar o requisito de especificar uma fronteira para a
definição da interioridade frequentem ente aparece quando a noção
de interioridade vem associada ao mentalismo. O mundo mental é
que é interno. Nesse caso, há uma impossibilidade lógica notória. Sc
o mundo mental não está dotado da propriedade de extensão encon
trada no mundo material, se não pode ser localizado espacialmente,
como pode localizar-se dentro ou fora de alguma coisa?
A opção de considerar sentimentos e pensamentos como eventos
sob a pele significa tratá-los como ocorrências de partes do organis
mo, o que conduz a um reducionismo organicista. Esse rcducionis-
mo pode funcionar para evitar o mentalismo, mas não para instaurar
um objeto de investigação psicológica. Se o “pensar”, por exemplo,
for identificado com a atividade do sistema nervoso central, podemos
considerá-lo uma ocorrência interna ao organismo, 'lòdavia, neste
caso, trata-se de um tipo de lenômeno que se confunde com o ob
jeto das neurociências, não requerendo o exame dc uma disciplina
CAPÍTULO 2 145
CAPÍTULO 2 147
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 3 151
A Individualização
O processo de individualização no m undo moderno pode ser en
focado a partir de duas referências. A prim eira consiste no fato
de que cada hom em ou m ulher vem a ser único(a), singular,
diferenciado(a) de todos os outros hom ens e mulheres à sua volta
em aspectos considerados muito relevantes. Sob essa ótica, a indivi
dualidade, ou singularidade do indivíduo, implica o reconhecimento
de que mesmo no interior de uma cultura compartilhada por outros
homens e mulheres cada um merece atenção por aquilo que lhe é
pessoal, próprio, inconfundível com os atributos do vizinho ao lado
(em outras palavras, sua “subjetividade”).
Uma segunda abordagem possível para o processo de individuali
zação consiste em examinar relações de contingências que definem
a diferenciação de homens e mulheres uns dos outros na vida coti
diana, e que ganham importância especial nas sociedades de mer
cado. Homens e mulheres sempre foram diferentes uns dos outros,
cm muitos aspectos, e isso, em outros contextos culturais, não deu
origem ao conceito de indivíduo, a conjuntos dc práticas e crenças
baseadas na autoimagem do homo clmisus, enfim, a uma cultura in
dividualista c subjetivista. Quando a diferenciação se tom a muito
importante, o que muda não é o fato dc que atributos pessoais di
ferem, mas o fato dc que relações de contingências importantes na
vida cotidiana se transformam. Ksse segundo percurso analítico põe
então em destaque a peculiaridade do processo dc individualização
nas sociedades de mercado, buscando identificar contingências que
explicam a cmcrgcncia da individualidade como categoria do pensa
mento moderno.
O primeiro tipo de abordagem para o processo de individualização
é claramente desenvolvido na liLeralura analítico-comportamental.
Na introdução de seu Sobre o behaviorismo, Skinner (1974/1993)
enumera vinte concepções equivocadas acerca das realizações e do
alcance da análise do comportamento. Uma dessas concepções vei
cula a ideia de que a análise do comportamento “se prcocupa apenas
com princípios gerais e, portanto, despreza a singularidade do indi
víduo” (p. 5). Há, nessa eríLiea, uma confusão entre a investigação
dc rcgularidades dos fenômenos comportamcntais e a aplicação do
CAPÍTULO 3 153
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CAPÍTULO 3 161
A Autonomia
Este trabalho tem afirmado em muitos momentos que a emergência
de uma condição de autonomia foi essencial para o processo de in
dividualização e para a construção da subjetividade moderna. Como
se acomoda essa proposição em um sistema explicativo que entende
o homem como produto de sua história ambiental r1Para responder a
essa questão, comecemos com uma caracterização mais precisa do
que c a crítica que analistas do comportamento tecem à noção de
autonomia, ou, mais especificamente, à noção de liberdade.
O comportamento humano, sendo uma interação do homem com
o mundo, consiste em uma relação de dependência luncional entre
respostas e estímulos. Apenas no contexto de relações desse tipo
uma ação do homem pode ser apropriadamente designada uma res
CAPÍTULO 3 163
72 lim uma passagem, Skinner (1971/2002) afirma que “uma das coisas mais
notáveis da luta por liberdade do controle intencional é a frequência com que ela
não existe. Muitas pessoas têm se submetido aos mais óbvios controles religiosos,
governamentais e econômicos por séculos, lutando por liberdade apenas espo
radicamente, quando lutam. A literatura da liberdade prestou uma contribuição
essencial à eliminação de muitas práticas aversivas no governo, na religião, na
educação, na vida familiar e na produção de bens” (p. 31).
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CAPÍTULO 3 171
CAPÍTULO 3 173
0 Autocontrole
Análises como a desenvolvida por Elias (1939/1990b, 1987/1994)
apontam para a importância do autocontrole na definição da expe
riência subjetiva moderna. Elias (1987/1994) salienta que a particu
laridade do processo de individualização no mundo moderno é que
ele vem acompanhado de uma exigência crescente de autocontrole.
Aquilo que visto por um aspecto se apresenta como um processo de
individualização crescente é, visto por outro, um processo de civili
zação. Pode-se considerar característico de certa fase desse processo
que se intensifiquem as tensões entre os ditames e proibições sociais,
internalizados como autocontrole, e os impulsos espontâneos reprimi
dos. Como dissemos, e esse conflito no indivíduo, essa '‘privatização”
... que desperta no indivíduo a sensação de ser, “internamente”, uma
coisa totalmente separada, de existir sem relação com outras pessoas,
relacionando-se apenas “retrospectivamente” com os que estão “fora”
dele. (Klias, 1987/1994, p. 103)
CAPÍTULO 3 175
o que quer que leve uma pessoa a sacrificar prazeres imediatos para
seu próprio bem no futuro pode também levar uma pessoa a sacrificar
bens individuais em prol de bens sociais. A ideia subjacente à analogia
é que cooperar com outros geralmente resulta cm bens maiores a lon
go prazo para o indivíduo (embora isso possa não acontecer o tempo
todo), (p, 284)
Skinner discute o autocontrole a partir de duas óticas. Uma pri
meira (cf. Skinner, 1953/1965) diz respeito à possibilidade de o
próprio indivíduo dispor contingências que favoreçam a emissão
do comportamento autocontrolado77. Neste caso, as “técnicas de
autocontrole” funcionam do mesmo modo que as estratégias para
controle do comportamento do outro: altera-se o ambiente e, como
resultado, a probabilidade de certas classes de respostas é alterada
(e.g., desliga-se a televisão para aumentar a probabilidade do com
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CAPÍTULO 3 103
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
A inexistência de programas de pesquisa amplos sobre a temática da
subjetividade na análise do comportamento86, consequência de uma
dedicação mais sistemática ao assunto apenas nos últimos anos, sig
nifica que. estamos ainda em uma etapa dc construção conceituai, na
direção dc estabelecer problemas relevantes, enfoques pertinentes
e alternativas metodológicas para esses estudos. Em um contexto
desse tipo, cada passo pode apenas remover algumas inconsistên
cias e sugerir algumas direções para os próximos passos. Trabalhos
como os de Anderson e cols. (2000) e Friman e cols. (1998) são
contribuições desse tipo, orientados principalmente por demandas
da aplicação clínica da análise do comportamento. Com o presente
estudo esperamos estar também dando um passo desse tipo adiante,
partindo de uma interlocução com uma literatura diversificada (não
apenas analítico-comportamental).
Não laz parte da tradição da análise do comportamenLo buscar
a interlocução com outros sistemas explicativos psicológicos ou de
outras áreas8 . Ao contrário disso, alguns analistas do comportamen
88 Sobre o enfoque relacional e a noção cie função ern Elias, ver Waizbort
(1999).
91 Afirma Skinner (1971/2002): “Uma pessoa que foi punida não estará sim
plesmente menos inclinada a comportar-se de uma dada maneira; no melhor dos
casos, ela aprende como evitar a punição. Algumas maneiras de fazer isso são
mal adaptadas ou neuróticas, como nos famosos ‘dinamismos freudianos’. Outras
maneiras incluem a esquiva de situações nas quais o comportamento punido é
provável de ocorrer e fazer coisas que são incompatíveis com o comportamento
punido” (p. 81).
92 Também sobre a possibilidade de usufruir da interlocução com as ciências
biológicas, é interessante observar o exemplo de Elias (1990a), que em dado
momento se dedicou ao estudo da Medicina: “Só mais tarde compreendi com
clareza que o estudo da medicina fora uma das experiências fundamentais que
me estimularam a abandonar a filosofia para me consagrar à sociologia. Mas até
os anos 60, quando dava minhas aulas de introdução a alunos de sociologia, tinha
às vezes ao alcance da mão urn crânio humano desmontável. Parecia-me que
um estudante de sociologia devia ter algumas noções essenciais da estrutura do
sistema nervoso humano, para ser capaz de se aproximar da concepção do ho
mem indispensável à compreensão de contextos sociais, ou seja, uma concepção
do homem como fundamentalmente organizado para viver em meio a homens,
animais, plantas e minerais” (p. 99).
Referências
REFERÊNCIAS 197
REFERÊNCIAS 199
REFERÊNCIAS 201
REFERÊNCIAS 2 03
REFERÊNCIAS 205
REFERÊNCIAS 207
REFERÊNCIAS 209
REFERÊNCIAS 211
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