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Secretaria de Estado de

Educação e Qualidade de Ensino


do Amazonas - SEDUC-AM

Pedagogo

Língua Portuguesa
Leitura, compreensão e interpretação de textos. ..........................................................................................................1
Estruturação do texto e dos parágrafos. .........................................................................................................................3
Articulação do texto: pronomes e expressões referenciais, nexos, operadores sequenciais. ................................3
Significação contextual de palavras e expressões. ........................................................................................................9
Equivalência e transformação de estruturas. .............................................................................................................. 11
Sintaxe: processos de coordenação e subordinação. ................................................................................................. 11
Emprego de tempos e modos verbais. .......................................................................................................................... 16
Pontuação. ......................................................................................................................................................................... 21
Estrutura e formação de palavras. ................................................................................................................................ 22
Funções das classes de palavras. ................................................................................................................................... 24
Flexão nominal e verbal. ................................................................................................................................................. 39
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação. ......................................................................................... 44
Concordância nominal e verbal. .................................................................................................................................... 46
Regência nominal e verbal. ............................................................................................................................................. 49
Ortografia oficial. .............................................................................................................................................................. 53
Acentuação gráfica. .......................................................................................................................................................... 57

Legislação Específica
Constituição Federativa do Brasil de 1988 e suas alterações, Dos princípios fundamentais; ...............................1
Dos direitos fundamentais; ................................................................................................................................................3
Da organização do Estado; Da organização político-administrativa Federativa do Brasil; ................................ 32
Da administração pública; .............................................................................................................................................. 33
Da organização dos poderes; .......................................................................................................................................... 41
Título VIII capítulo III, seção I (da Educação). ............................................................................................................. 69
Constituição Estadual do Amazonas – Título V, Capítulo VII, Seção I (da Educação). .......................................... 71
Estatuto do funcionário público do Estado do Amazonas Lei n.º 1.762/86 e suas alterações. ........................... 73
Estatuto da Criança e do Adolescente Lei nº 8.069/90. ............................................................................................. 88

Conhecimentos Específicos
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº 9.394/96: princípios, fins e organização da Educação
Nacional; níveis e modalidades de Educação e Ensino. O Ensino Fundamental a partir da Lei no 9.394/96; as
diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Fundamental. O Ensino Médio a partir da Lei no 9.394/96; as
diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Médio. ...............................................................................................1
Diretrizes para Educação de Jovens e Adultos. ........................................................................................................... 58
Diretrizes para Educação Especial. ............................................................................................................................... 61
História da educação (Brasil). ........................................................................................................................................ 78
Gestão democrática na escola: a construção do projeto politico-pedagógico. ...................................................... 89
Os referenciais nacionais para a formação de professores: papel do professor no coletivo escolar; as novas
competências requeridas para o ensino. ....................................................................................................................102

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Organização curricular; fundamentos do currículo centrado em disciplinas/conteúdos e do currículo centrado
em áreas; a organização do currículo por áreas de conhecimento; currículo orientado para a construção de
competências. ..................................................................................................................................................................187
O ensino-aprendizagem no contexto do currículo por competências: o processo ensino-aprendizagem: atores
e componentes; aprendizagem e desenvolvimento. ................................................................................................195
A metodologia dos projetos didáticos; avaliação diagnóstica e formativa; a análise de erros numa perspectiva
de orientação/reorientação do ensino. ......................................................................................................................209
A especificidade do pedagogo – saberes pedagógicos e atividade docente. ........................................................228
Base Nacional Comum Curricular. ...............................................................................................................................244
Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. ................................................................................................................262

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LÍNGUA PORTUGUESA

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APOSTILAS OPÇÃO
Não saber interpretar corretamente um texto pode gerar
inúmeros problemas, afetando não só o desenvolvimento
profissional, mas também o desenvolvimento pessoal. O mundo
moderno cobra de nós inúmeras competências, uma delas é a
proficiência na língua, e isso não se refere apenas a uma boa
comunicação verbal, mas também à capacidade de entender
aquilo que está sendo lido. O analfabetismo funcional está
Leitura, compreensão e relacionado com a dificuldade de decifrar as entrelinhas do
interpretação de textos. código, pois a leitura mecânica é bem diferente da leitura
interpretativa, aquela que fazemos ao estabelecer analogias e
criar inferências. Para que você não sofra mais com a análise de
Interpretação de Texto
textos, elaboramos algumas dicas para você seguir e tirar suas
dúvidas.
A leitura é o meio mais importante para chegarmos ao
Uma interpretação de texto competente depende de
conhecimento, portanto, precisamos aprender a ler e não
inúmeros fatores, mas nem por isso deixaremos de contemplar
apenas “passar os olhos sobre algum texto”. Ler, na verdade,
alguns que se fazem essenciais para esse exercício. Muitas vezes,
é dar sentido à vida e ao mundo, é dominar a riqueza de
apressados, descuidamo-nos das minúcias presentes em um
qualquer texto, seja literário, informativo, persuasivo, narrativo,
texto, achamos que apenas uma leitura já se faz suficiente, o que
possibilidades que se misturam e as tornam infinitas. É preciso,
não é verdade. Interpretar demanda paciência e, por isso, sempre
para uma boa leitura, exercitar-se na arte de pensar, de captar
releia, pois uma segunda leitura pode apresentar aspectos
ideias, de investigar as palavras… Para isso, devemos entender,
surpreendentes que não foram observados anteriormente.
primeiro, algumas definições importantes:
Para auxiliar na busca de sentidos do texto, você pode também
retirar dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo,
Texto
isso certamente auxiliará na apreensão do conteúdo exposto.
O texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de
Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados, pelo
organização e transmissão de ideias, conceitos e informações de
menos em um bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar
modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro, um
que estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo
símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, uma novela de
uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando
televisão também são formas textuais.
ideias supracitadas ou apresentando novos conceitos.
Para finalizar, concentre-se nas ideias que de fato foram
Interlocutor
explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não costumam
É a pessoa a quem o texto se dirige.
conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente
contidas nas entrelinhas. Devemos nos ater às ideias do autor,
Texto-modelo
isso não quer dizer que você precise ficar preso na superfície
“Não é preciso muito para sentir ciúme. Bastam três – você,
do texto, mas é fundamental que não criemos, à revelia do
uma pessoa amada e uma intrusa. Por isso todo mundo sente.
autor, suposições vagas e inespecíficas. Quem lê com cuidado
Se sua amiga disser que não, está mentindo ou se enganando.
certamente incorre menos no risco de tornar-se um analfabeto
Quem agüenta ver o namorado conversando todo animado com
funcional e ler com atenção é um exercício que deve ser
outra menina sem sentir uma pontinha de não-sei-o-quê? (…)
praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós
É normal você querer o máximo de atenção do seu namorado,
leitores proficientes e sagazes. Agora que você já conhece nossas
das suas amigas, dos seus pais. Eles são a parte mais importante
dicas, desejamos a você uma boa leitura e bons estudos!
da sua vida.”
Fonte: http://portugues.uol.com.br/redacao/dicas-para-uma-boa-
(Revista Capricho)
interpretacao-texto.html
Modelo de Perguntas
1) Considerando o texto-modelo, é possível identificar quem
Questões
é o seu interlocutor preferencial?
Um leitor jovem.
O uso da bicicleta no Brasil
2) Quais são as informações (explícitas ou não) que permitem
A utilização da bicicleta como meio de locomoção no Brasil
a você identificar o interlocutor preferencial do texto?
ainda conta com poucos adeptos, em comparação com países
Do contexto podemos extrair indícios do interlocutor
como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos quais a bicicleta
preferencial do texto: uma jovem adolescente, que pode ser
é um dos principais veículos nas ruas. Apesar disso, cada vez
acometida pelo ciúme. Observa-se ainda , que a revista Capricho
mais pessoas começam a acreditar que a bicicleta é, numa
tem como público-alvo preferencial: meninas adolescentes.
comparação entre todos os meios de transporte, um dos que
A linguagem informal típica dos adolescentes.
oferecem mais vantagens.
A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicletas
09 DICAS PARA MELHORAR A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
e a outros veículos que, por lei, devem andar na via e jamais
01) Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do
na calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são todos
assunto;
considerados veículos, com direito de circulação pelas ruas e
02) Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a
prioridade sobre os automotores.
leitura;
Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à bicicleta
03) Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo
no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade, pois as bikes
menos duas vezes;
não emitem gases nocivos ao ambiente, não consomem petróleo
04) Inferir;
e produzem muito menos sucata de metais, plásticos e borracha;
05) Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
a diminuição dos congestionamentos por excesso de veículos
06) Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do
motorizados, que atingem principalmente as grandes cidades; o
autor;
favorecimento da saúde, pois pedalar é um exercício físico muito
07) Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor
bom; e a economia no combustível, na manutenção, no seguro e,
compreensão;
claro, nos impostos.
08) Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada
No Brasil, está sendo implantado o sistema de
questão;
compartilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por exemplo,
09) O autor defende ideias e você deve percebê-las;
o BikePOA é um projeto de sustentabilidade da Prefeitura, em
parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA, com quase um
Fonte: http://portuguesemfoco.com/09-dicas-para-melhorar-a-
ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São Paulo, Santos,
interpretacao-de-textos-em-provas/
Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo país aderirem a

Língua Portuguesa 1
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APOSTILAS OPÇÃO
esse sistema, mais duas capitais já estão com o projeto pronto Considerando a relação entre o título e a imagem, é correto
em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do compartilhamento é concluir que um dos temas diretamente explorados no cartum é
semelhante em todas as cidades. Em Porto Alegre, os usuários (A) o aumento da circulação de ciclistas nas vias públicas.
devem fazer um cadastro pelo site. O valor do passe mensal é (B) a má qualidade da pavimentação em algumas ruas.
R$ 10 e o do passe diário, R$ 5, podendo-se utilizar o sistema (C) a arbitrariedade na definição dos valores das multas.
durante todo o dia, das 6h às 22h, nas duas modalidades. Em (D) o número excessivo de automóveis nas ruas.
todas as cidades que já aderiram ao projeto, as bicicletas estão (E) o uso de novas tecnologias no transporte público.
espalhadas em pontos estratégicos.
A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção 04. Considere o cartum de Douglas Vieira.
não está consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda não Televisão
sabem que a bicicleta já é considerada um meio de transporte,
ou desconhecem as leis que abrangem a bike. Na confusão de
um trânsito caótico numa cidade grande, carros, motocicletas,
ônibus e, agora, bicicletas, misturam-se, causando, muitas vezes,
discussões e acidentes que poderiam ser evitados.
Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. A
verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles estão
totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. Por isso
é tão importante usar capacete e outros itens de segurança. A
maior parte dos motoristas de carros, ônibus, motocicletas e
caminhões desconhece as leis que abrangem os direitos dos
ciclistas. Mas muitos ciclistas também ignoram seus direitos
e deveres. Alguém que resolve integrar a bike ao seu estilo de
vida e usá-la como meio de locomoção precisa compreender (http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br.
que deverá gastar com alguns apetrechos necessários para Adaptado)
poder trafegar. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro,
as bicicletas devem, obrigatoriamente, ser equipadas com É correto concluir que, de acordo com o cartum,
campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos (A) os tipos de entretenimento disponibilizados pelo livro ou
pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo. pela TV são equivalentes.
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. Adaptado) (B) o livro, em comparação com a TV, leva a uma imaginação
mais ativa.
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como meio de (C) o indivíduo que prefere ler a assistir televisão é alguém
locomoção nas metrópoles brasileiras que não sabe se distrair.
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra (D) a leitura de um bom livro é tão instrutiva quanto assistir
devido à falta de regulamentação. a um programa de televisão.
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido (E) a televisão e o livro estimulam a imaginação de modo
incentivado em várias cidades. idêntico, embora ler seja mais prazeroso.
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela
maioria dos moradores. Leia o texto para responder às questões:
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com os
demais meios de transporte. Propensão à ira de trânsito
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade
arriscada e pouco salutar. Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente
perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais seguro
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos do mundo, existem muitas variáveis de risco no trânsito, como
objetivos centrais do texto é clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas.
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do E com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas
ciclista. não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir, mas
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta é também se engajam num comportamento de risco – algumas até
mais seguro do que dirigir um carro. agem especificamente para irritar o outro motorista ou impedir
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bicicleta que este chegue onde precisa.
no Brasil. Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como meio de ter antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando um
locomoção se consolidou no Brasil. motorista a tomar decisões irracionais.
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista deve Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocionante.
dar prioridade ao pedestre. Para muitos de nós, os carros são a extensão de nossa
personalidade e podem ser o bem mais valioso que possuímos.
03. Considere o cartum de Evandro Alves. Dirigir pode ser a expressão de liberdade para alguns, mas
Afogado no Trânsito também é uma atividade que tende a aumentar os níveis de
estresse, mesmo que não tenhamos consciência disso no
momento.
Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez que
entra no trânsito, você se junta a uma comunidade de outros
motoristas, todos com seus objetivos, medos e habilidades ao
volante. Os psicólogos Leon James e Diane Nahl dizem que um
dos fatores da ira de trânsito é a tendência de nos concentrarmos
em nós mesmos, descartando o aspecto comunitário do ato de
dirigir.
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito, o
Dr. James acredita que a causa principal da ira de trânsito não
são os congestionamentos ou mais motoristas nas ruas, e sim
como nossa cultura visualiza a direção agressiva. As crianças
aprendem que as regras normais em relação ao comportamento
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br) e à civilidade não se aplicam quando dirigimos um carro. Elas
podem ver seus pais envolvidos em comportamentos de disputa

Língua Portuguesa 2
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APOSTILAS OPÇÃO
ao volante, mudando de faixa continuamente ou dirigindo em Conclusão
alta velocidade, sempre com pressa para chegar ao destino.
Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos É o ponto de chegada de todas as argumentações elencadas
sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era descarregar no desenvolvimento, ou seja, é o fechamento do texto e dos
a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a descarga de questionamentos propostos pelo autor.
frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma situação de ira Na elaboração da conclusão deve-se evitar as construções
de trânsito, a descarga de frustrações pode transformar um padrões como: “Portanto, como já dissemos antes...”,
incidente em uma violenta briga. “Concluindo...”, “Em conclusão, ...”.
Com isso em mente, não é surpresa que brigas violentas
aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas está Parágrafo
predisposta a apresentar um comportamento irracional quando
dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a maior parte das Esteticamente, o parágrafo se caracteriza como um sutil recuo
pessoas fica emocionalmente incapacitada quando dirige. O que em relação à margem esquerda da folha; conceitualmente, o
deve ser feito, dizem os psicólogos, é estar ciente de seu estado parágrafo completo deve dispor de introdução, desenvolvimento
emocional e fazer as escolhas corretas, mesmo quando estiver e conclusão.
tentado a agir só com a emoção. * Introdução – também denominada de tópico frasal,
(Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.uol.com.br/ constitui-se pela apresentação da ideia principal, feita de
furia-no-transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013. Adaptado) maneira sintética de acordo com os objetivos do autor...
* Desenvolvimento – fundamenta-se na ampliação do tópico
05. Tomando por base as informações contidas no texto, é frasal, atribuído pelas ideias secundárias, com vistas a reforçar e
correto afirmar que conferir credibilidade na discussão.
(A) os comportamentos de disputa ao volante acontecem à * Conclusão – caracteriza-se pela retomada da ideia
medida que os motoristas se envolvem em decisões conscientes. central associando-a aos pressupostos mencionados no
(B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são causadas desenvolvimento, procurando arrematá-los.
pela constante preocupação dos motoristas com o aspecto
comunitário do ato de dirigir. Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução,
(C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas é desenvolvimento e conclusão):
o principal motivo que provoca, nos motoristas, uma direção
agressiva. (ideia-núcleo) A poluição que se verifica principalmente nas
(D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de capitais do país é um problema relevante, para cuja solução é
experiências e atividades não só individuais como também necessária uma ação conjunta de toda a sociedade.
sociais.
(E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle das (ideia secundária) O governo, por exemplo, deve rever sua
emoções positivas por parte dos motoristas. legislação de proteção ao meio ambiente, ou fazer valer as leis
em vigor; o empresário pode dar sua contribuição, instalando
Respostas filtro de controle dos gases e líquidos expelidos, e a população,
1. (B) / 2. (A) / 3. (D) / 4. (B) / 5. (D) utilizando menos o transporte individual e aderindo aos
programas de rodízio de automóveis e caminhões, como já
ocorre em São Paulo.
Estruturação do texto e dos
parágrafos. (conclusão) Medidas que venham a excluir qualquer um
desses três setores da sociedade tendem a ser inócuas no
combate à poluição e apenas onerar as contas públicas.
Estruturação dos Textos e Parágrafos

Os elementos essenciais para a composição de um texto são: Articulação do texto: pronomes


introdução, desenvolvimento e conclusão1. e expressões referenciais, nexos,
Analisemos cada uma das partes separadamente: operadores sequenciais.
Introdução

Apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. Pronome


Caracteriza-se por ser o parágrafo inicial.
Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele
Desenvolvimento se refere, ou ainda, que acompanha o nome qualificando-o de
alguma forma.
Estruturalmente, é a maior parte contida no texto. A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
O desenvolvimento estabelece uma relação entre a [substituição do nome]
introdução e a conclusão, pois é nesta etapa que as ideias,
argumentos e posicionamento do autor vão sendo formados e A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
desenvolvidos com o intuito de dirigir a atenção do leitor para [referência ao nome]
a conclusão.
Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e Essa moça morava nos meus sonhos!
capazes de fazer com que o leitor anteceda a conclusão. [qualificação do nome]
Grande parte dos pronomes não possuem significados
Os três principais erros cometidos durante a elaboração do fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de
desenvolvimento são: um contexto, o qual nos permite recuperar a referência exata
1. Distanciamento do texto em relação à discussão inicial. daquilo que está sendo colocado por meio dos pronomes no
2. Concentrar-se em apenas um tópico do tema e esquecer ato da comunicação. Com exceção dos pronomes interrogativos
os demais. e indefinidos, os demais pronomes têm por função principal
3. Tecer muitas ideias ou informações e não conseguir apontar para as pessoas do discurso ou a elas se relacionar,
organizá-las ou relacioná-las, dificultando, assim, a linha de indicando-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
entendimento do leitor. dessa característica, os pronomes apresentam uma forma
1 Fonte: https://www.algosobre.com.br/redacao/a-unidade- específica para cada pessoa do discurso.
-basica-do-texto-estrutura-do-paragrafo.html

Língua Portuguesa 3
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APOSTILAS OPÇÃO
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante
do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? diversa que eles desempenham na oração: pronome reto marca
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala] o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da
oração.
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala] a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos.

Em termos morfológicos, os pronomes são palavras Pronome Oblíquo Átono


variáveis  em gênero (masculino ou feminino) e em número
(singular ou plural). Assim, espera-se que a referência através São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são
do pronome seja coerente em termos de gênero e número precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica  fraca.
(fenômeno da concordância) com o seu objeto, mesmo quando Ele me deu um presente.
este se apresenta ausente no enunciado.
O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:
Fala-se de Roberta. Ele  quer participar do desfile - 1ª pessoa do singular (eu): me
da nossa escola neste ano. - 2ª pessoa do singular (tu): te
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
adequada] - 1ª pessoa do plural (nós): nos
[neste: pronome que determina “ano” = concordância - 2ª pessoa do plural (vós): vos
adequada] - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concordância
inadequada] Observações:
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se
Existem seis tipos de pronomes:  pessoais, possessivos, apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por acompanhar
diretamente uma preposição, o pronome “lhe” exerce sempre a
Pronomes Pessoais função de objeto indireto na oração.

São aqueles que substituem os substantivos, indicando Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve diretos como objetos indiretos.
assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, “vós”, Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como
“você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e “ele”, “ela”, objetos diretos.
“eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa ou às pessoas de
quem fala. Saiba que:
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se
que exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo,
oblíquo. mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los, no-
la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas formas
Pronome Reto nos exemplos que seguem:

Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença,


exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito. - Trouxeste o pacote? - Não contaram a novidade a
Nós lhe ofertamos flores. vocês?
- Sim, entreguei-to ainda há - Não, no-la contaram.
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero pouco.
(apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal
flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o No português do Brasil, essas combinações não são usadas;
quadro dos pronomes retos é assim configurado: até mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro. 
- 1ª pessoa do singular: eu
- 2ª pessoa do singular: tu Atenção:
- 3ª pessoa do singular: ele, ela Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais depois
- 1ª pessoa do plural: nós de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em -z,
- 2ª pessoa do plural: vós -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo
- 3ª pessoa do plural: eles, elas tempo que a terminação verbal é suprimida.
Por exemplo: fiz + o = fi-lo
Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como fazei + o = fazei-os
complementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi dizer + a = dizê-la
ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”,
comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume
formal escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os as formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a viram + o: viram-no
na praça”, “Trouxeram-me até aqui”. repõe + os = repõe-nos
Obs.: frequentemente observamos a  omissão  do pronome retém + a: retém-na
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas tem + as = tem-nas
verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do
verbo indicadas pelo pronome reto. Pronome Oblíquo Tônico
Fizemos boa viagem. (Nós)
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre
Pronome Oblíquo precedidos por preposições, em geral as preposições a, para, de
e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença, de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte.
exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou  O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim
indireto) ou complemento nominal. configurado:

Língua Portuguesa 4
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APOSTILAS OPÇÃO
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo Elas deram a si um dia de folga.
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela A Segunda Pessoa Indireta
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso
interlocutor ( portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na
Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento,
são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais que podem ser observados no quadro seguinte:
repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
- As preposições essenciais introduzem sempre pronomes Pronomes de Tratamento
pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos
contextos interlocutivos que exigem o uso da língua formal, os Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
pronomes costumam ser usados desta forma: Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Não há mais nada entre mim e ti. Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e
Não há nenhuma acusação contra mim. oficiais-generais
Não vá sem mim. Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de
universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Atenção: Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Há construções em que a preposição, apesar de surgir Vossa Santidade V. S. Papa
anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração cujo Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento
verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito cerimonioso
expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser do caso Vossa Onipotência V. O. Deus
reto.
Também são pronomes de tratamento o senhor, a
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados
Não vá sem eu mandar. no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento
familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
- A combinação da preposição  “com” e alguns pronomes do Brasil; em algumas regiões, a forma  tu  é de uso frequente;
originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à
conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
frequentemente exercem a função de  adjunto adverbial de
companhia. Observações:
Ele carregava o documento consigo. a) Vossa Excelência X Sua Excelência:  os pronomes de
tratamento que possuem “Vossa (s)”  são empregados em
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por “com relação à pessoa com quem falamos.
nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são reforçados Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este
por palavras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou encontro.
algum numeral. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o
Você terá de viajar com nós todos. Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.
Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias. - Os pronomes de tratamento representam uma forma
Ele disse que iria com nós três. indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
Pronome Reflexivo estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem
como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração. b)  3ª pessoa:  embora os pronomes de tratamento dirijam-
Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo se à  2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª
verbo. pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado: pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar
na 3ª pessoa.
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim. Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas,
Eu não me vanglorio disso. para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
c) Uniformidade de Tratamento:  quando escrevemos ou
- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti. nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
Assim tu te prejudicas. texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim,
Conhece a ti mesmo. por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não
poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. na terceira pessoa.
Guilherme já se preparou. Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus
Ela deu a si um presente. cabelos. (errado)
Antônio conversou consigo mesmo. Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus
cabelos. (correto)
- 1ª pessoa do plural (nós): nos. Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus
Lavamo-nos no rio. cabelos. (correto)

- 2ª pessoa do plural (vós): vos. Pronomes Possessivos


Vós vos beneficiastes com a esta conquista.
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo. (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa
Eles se conheceram. possuída).

Língua Portuguesa 5
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APOSTILAS OPÇÃO
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular) No tempo:
Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se refere
Observe o quadro: ao ano presente.
Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se refere a
Número Pessoa Pronome um passado próximo.
singular primeira meu(s), minha(s) Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele está se
referindo a um passado distante.
singular segunda teu(s), tua(s)  
singular terceira seu(s), sua(s) - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
invariáveis, observe:
plural primeira nosso(s), nossa(s)
plural segunda vosso(s), vossa(s) Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
plural terceira seu(s), sua(s)
- Também aparecem como pronomes demonstrativos:
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa - o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e puderem
gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam com ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
o objeto possuído. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele momento
difícil. Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela que
Observações: te indiquei.)
- mesmo(s), mesma(s):
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
alteração fonética da palavra senhor. - próprio(s), própria(s):
- Muito obrigado, seu José. Os próprios alunos resolveram o problema.
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse. - semelhante(s):
Podem ter outros empregos, como: Não compre semelhante livro.
a) indicar afetividade. - tal, tais:
- Não faça isso, minha filha. Tal era a solução para o problema.
b) indicar cálculo aproximado.
Ele já deve ter seus 40 anos. Note que:
c) atribuir valor indefinido ao substantivo.
Marisa tem lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. a)  Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em
construções redundantes, com finalidade expressiva, para
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o salientar algum termo anterior. Por exemplo:
pronome possessivo fica na 3ª pessoa. Manuela, essa é que dera em cheio casando com o José Afonso.
Vossa Excelência trouxe sua mensagem? Desfrutar das belezas brasileiras, isso é que é sorte!
b)  O pronome demonstrativo neutro  ou  pode representar
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em que
concorda com o mais próximo. aparece, geralmente, como objeto direto, predicativo ou aposto.
Trouxe-me seus livros e anotações. O casamento seria um desastre. Todos o pressentiam.
c)  Para evitar a repetição de um verbo anteriormente
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblíquos expresso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer,
átonos assumem valor de possessivo. chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que faz as vezes
Vou seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos.) de).
Ninguém teve coragem de falar antes que ela o fizesse.
Pronomes Demonstrativos d)  Em frases como a seguinte,  este  se refere à pessoa
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em primeiro
Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a lugar.
posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. O referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos;
Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, no tempo ou aquele casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, aquele casado]
discurso. e) O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irônica.
A menina foi a tal que ameaçou o professor?
No espaço: f) Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro pronome demonstrativo:  àquele, àquela, deste, desta, disso,
está perto da pessoa que fala. nisso, no, etc.
Compro esse carro (aí). O pronome  esse  indica que o carro Não acreditei no que estava vendo. (no = naquilo)
está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que
fala. Pronomes Indefinidos
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro
está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo. São palavras que se referem à terceira pessoa do discurso,
  dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quantidade
Atenção:  em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto indeterminada.
por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
fala), são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro plantadas.
localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação Não é difícil perceber que  “alguém”  indica uma pessoa
ao destinatário. Trocá-los pode causar ambiguidade. de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser humano
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar que seguramente existe, mas cuja identidade é desconhecida ou
informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade não se quer revelar. 
destinatária).
Reafirmamos a disposição  desta  universidade em participar Classificam-se em:
no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que - Pronomes Indefinidos Substantivos:  assumem o lugar
envia a mensagem). do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. São

Língua Portuguesa 6
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APOSTILAS OPÇÃO
eles:  algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, Quem casa, quer casa.
outrem, quem, tudo.
Algo o incomoda? Observe:
Quem avisa amigo é. Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais,
cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, quantas.
- Pronomes Indefinidos Adjetivos:  qualificam um ser Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). Note que:
Cada povo tem seus costumes. a)  O pronome  “que”  é o relativo de mais largo emprego,
Certas pessoas exercem várias profissões. sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído
por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora um substantivo.
pronomes indefinidos adjetivos:
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. b)  O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
Menos palavras e mais ações. pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente para
Alguns se contentam pouco. verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter
várias classificações) são pronomes relativos. Todos eles são
Os pronomes indefinidos podem ser divididos usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza
em variáveis e invariáveis. Observe: ou depois de determinadas preposições:

Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto, Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o
outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária, qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, geraria
tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns, ambiguidade.)
todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, algumas,
nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas. Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo, dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.)
cada.
São  locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada um, c) O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se
qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja quem for, refere a uma oração.
seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal e qual, tal ou
qual, um ou outro, uma ou outra, etc. Não chegou a ser padre, mas deixou de ser poeta, que era a
Cada um escolheu o vinho desejado. sua vocação natural.

Indefinidos Sistemáticos d) O pronome “cujo” não concorda com o seu antecedente,


mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais,
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, das quais.
percebemos que existem alguns grupos que criam oposição
de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sentido Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas.
afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm sentido negativo; (antecedente) (consequente)
todo/tudo,  que indicam uma totalidade afirmativa, e  nenhum/
nada, que indicam uma totalidade negativa; alguém/ninguém, e) “Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente
que se referem à pessoa, e  algo/nada, que se referem à coisa; um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
certo, que particulariza, e qualquer, que generaliza.
Essas oposições de sentido são muito importantes na Emprestei tantos quantos foram necessários.
construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas (antecedente)
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumentos
expostos. Observe nas frases seguintes a força que os pronomes Ele fez tudo quanto havia falado.
indefinidos destacados imprimem às afirmações de que fazem (antecedente)
parte:
Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado f)  O pronome  “quem” se refere a pessoas e vem sempre
prático. precedido de preposição.
Certas  pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
pessoas quaisquer. É um professor a quem muito devemos.
(preposição)
Pronomes Relativos
g)  “Onde”, como pronome relativo, sempre possui
São aqueles que representam nomes já mencionados antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar.
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as A casa onde morava foi assaltada.
orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema  que  afirma a superioridade de um h) Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em
grupo racial sobre outros. que.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no
oração subordinada adjetiva). exterior.
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e
introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “sistema” i) Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras:
é antecedente do pronome relativo que. - como (= pelo qual)
O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome Não me parece correto o modo como você agiu semana
demonstrativo o, a, os, as. passada.
Não sei o que você está querendo dizer. - quando (= em que)
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame.
expresso.

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APOSTILAS OPÇÃO
j)  Os pronomes relativos permitem reunir duas orações mundo. Mas, não é bem assim. As redes sociais têm o poder de
numa só frase. transformar os chamados elos latentes (pessoas que frequentam
O futebol é um esporte. o mesmo ambiente social, mas não são suas amigas) em elos
O povo gosta muito deste esporte. fracos – uma forma superficial de amizade. Pois é, por mais
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. que existam exceções _______qualquer regra, todos os estudos
mostram que amizades geradas com a ajuda da Internet são
k)  Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode mais fracas, sim, do que aquelas que nascem e se desenvolvem
ocorrer a elipse do relativo “que”. fora dela.
A sala estava cheia de gente que conversava, (que) ria, Isso não é inteiramente ruim. Os seus amigos do peito
(que) fumava. geralmente são parecidos com você: pertencem ao mesmo
mundo e gostam das mesmas coisas. Os elos fracos, não. Eles
Pronomes Interrogativos transitam por grupos diferentes do seu e, por isso, podem lhe
São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas apresentar novas pessoas e ampliar seus horizontes – gerando
ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem- uma renovação de ideias que faz bem a todos os relacionamentos,
se à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes inclusive às amizades antigas. O problema é que a maioria das
interrogativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações). redes na Internet é simétrica: se você quiser ter acesso às
Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço. informações de uma pessoa ou mesmo falar reservadamente com
Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas ela, é obrigado a pedir a amizade dela. Como é meio grosseiro
preferes. dizer “não” ________ alguém que você conhece, todo mundo acaba
Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos adicionando todo mundo. E isso vai levando ________ banalização
passageiros desembarcaram. do conceito de amizade.
É verdade. Mas, com a chegada de sítios como o Twitter, ficou
Sobre os pronomes: diferente. Esse tipo de sítio é uma rede social completamente
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de assimétrica. E isso faz com que as redes de “seguidores” e
sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando “seguidos” de alguém possam se comunicar de maneira muito
desempenha função de complemento. Vamos entender, mais fluida. Ao estudar a sua própria rede no Twitter, o sociólogo
primeiramente, como o pronome pessoal surge na frase e que Nicholas Christakis, da Universidade de Harvard, percebeu
função exerce. Observe as orações: que seus amigos tinham começado a se comunicar entre si
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. independentemente da mediação dele. Pessoas cujo único ponto
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia ajudá- em comum era o próprio Christakis acabaram ficando amigas.
lo. No Twitter, eu posso me interessar pelo que você tem a dizer e
começar a te seguir. Nós não nos conhecemos.
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” Mas você saberá quando eu o retuitar ou mencionar seu
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. nome no sítio, e poderá falar comigo. Meus seguidores também
Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo podem se interessar pelos seus tuítes e começar a seguir você.
função de complemento, e, consequentemente, é do caso oblíquo. Em suma, nós continuaremos não nos conhecendo, mas as
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, pessoas que estão ________ nossa volta podem virar amigas entre
o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a si.
segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia Adaptado de: COSTA, C. C.. Disponível em:
ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe). <http://super.abril.com.br/cotidiano/como-internet-
Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do estamudando-amizade-619645.shtml>.
pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do verbo intransitivo
“ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou Considere as seguintes afirmações sobre a relação que se
entre locução verbal, caso o verbo principal (no caso “ajudar”) estabelece entre algumas palavras do texto e os elementos a que
estiver no infinitivo ou gerúndio. se referem.
Eu desejo lhe perguntar algo. I. No segmento que nascem, a palavra que se refere a
Eu estou perguntando-lhe algo. amizades.
II. O segmento elos fracos retoma o segmento uma forma
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: superficial de amizade.
os primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente III. Na frase Nós não nos conhecemos, o pronome Nós refere-
dos segundos que são sempre precedidos de preposição. se aos pronomes eu e você.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu
estava fazendo. Quais estão corretas?
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que (A) Apenas I.
eu estava fazendo. (B) Apenas II.
Questões (C) Apenas III.
(D) Apenas I e II.
01. Observe as sentenças abaixo. (E) I, II e III.
I. Esta é a professora de cuja aula todos os alunos gostam.
II. Aquela é a garota com cuja atitude discordei - tornamo- 03. Observe a charge a seguir.
nos inimigas desde aquele episódio.
III. A criança cuja a família não compareceu ficou inconsolável.

O pronome ‘cuja’ foi empregado de acordo com a norma


culta da língua portuguesa em:
(A) apenas uma das sentenças
(B) apenas duas das sentenças.
(C) nenhuma das sentenças.
(D) todas as sentenças.

02. Um estudo feito pela Universidade de Michigan constatou


que o que mais se faz no Facebook, depois de interagir com
amigos, é olhar os perfis de pessoas que acabamos de conhecer.
Se você gostar do perfil, adicionará aquela pessoa, e estará
formado um vínculo. No final, todo mundo vira amigo de todo

Língua Portuguesa 8
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APOSTILAS OPÇÃO
Em relação à charge acima, assinale a afirmativa inadequada. Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes
(A) A fala do personagem é uma modificação intencional de no timbre ou na intensidade das vogais.
uma fala de Cristo. - Rego (substantivo) e rego (verbo).
(B) As duas ocorrências do pronome “eles” referem-se a - Colher (verbo) e colher (substantivo).
pessoas distintas. - Jogo (substantivo) e jogo (verbo).
(C) A crítica da charge se dirige às autoridades políticas no - Apoio (verbo) e apoio (substantivo).
poder. - Para (verbo parar) e para (preposição).
(D) A posição dos braços do personagem na charge repete a - Providência (substantivo) e providencia (verbo).
de Cristo na cruz. - Às (substantivo), às (contração) e as (artigo).
(E) Os elementos imagísticos da charge estão distribuídos de - Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de
forma equilibrada. per+o).
Respostas
01. A\02. E\03. B Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e
diferentes na escrita.
- Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir).
Significação contextual de - Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar).
palavras e expressões. - Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de
consertar).
- Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar).
- Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (acelerar).
Significação das palavras - Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar).
- Censo (recenseamento) e senso (juízo).
Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabola, que - Cerrar (fechar) e serrar (cortar).
por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser definida como - Paço (palácio) e passo (andar).
sendo um conjunto de letras ou sons de uma língua, juntamente - Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo).
com a ideia associada a este conjunto. - Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar =
anular).
Sinônimos: são palavras de sentido igual ou aproximado. - Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão
Exemplo: (tempo de uma reunião ou espetáculo).
- Alfabeto, abecedário.
- Brado, grito, clamor. Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pronúncia.
- Extinguir, apagar, abolir, suprimir. - Caminhada (substantivo), caminhada (verbo).
- Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial. - Cedo (verbo), cedo (advérbio).
Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo - Somem (verbo somar), somem (verbo sumir).
pelo outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os - Livre (adjetivo), livre (verbo livrar).
sinônimos diferenciam-se, entretanto, uns dos outros, por - Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
matizes de significação e certas propriedades que o escritor não - Alude (avalancha), alude (verbo aludir).
pode desconhecer. Com efeito, estes têm sentido mais amplo,
aqueles, mais restrito (animal e quadrúpede); uns são próprios Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na
da fala corrente, desataviada, vulgar, outros, ao invés, pertencem pronúncia: Coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente,
à esfera da linguagem culta, literária, científica ou poética tetânico e titânico, atoar e atuar, degradar e degredar, cético e
(orador e tribuno, oculista e oftalmologista, cinzento e cinéreo). séptico, prescrever e proscrever, descrição e discrição, infligir
A contribuição Greco-latina é responsável pela existência, (aplicar) e infringir (transgredir), osso e ouço, sede (vontade
em nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. Exemplos: de beber) e cede (verbo ceder), comprimento e cumprimento,
- Adversário e antagonista. deferir (conceder, dar deferimento) e diferir (ser diferente,
- Translúcido e diáfano. divergir, adiar), ratificar (confirmar) e retificar (tornar reto,
- Semicírculo e hemiciclo. corrigir), vultoso (volumoso, muito grande: soma vultosa) e
- Contraveneno e antídoto. vultuoso (congestionado: rosto vultuoso).
- Moral e ética.
- Colóquio e diálogo. Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma significação.
- Transformação e metamorfose. A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos:
- Oposição e antítese. - Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as
O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinonímia, plantas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de
palavra que também designa o emprego de sinônimos. gado.
- Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; dó.
Antônimos: são palavras de significação oposta. Exemplos: - Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo ao véu
- Ordem e anarquia. do palato.
- Soberba e humildade. Podemos citar ainda, como exemplos de palavras
- Louvar e censurar. polissêmicas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que
- Mal e bem. têm dezenas de acepções.

A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido Sentido Próprio e Figurado das Palavras
oposto ou negativo. Exemplos: Bendizer/maldizer, simpático/ Pela própria definição acima destacada podemos perceber
antipático, progredir/regredir, concórdia/discórdia, explícito/ que a palavra é composta por duas partes, uma delas relacionada
implícito, ativo/inativo, esperar/desesperar, comunista/ a sua forma escrita e os seus sons (denominada significante) e a
anticomunista, simétrico/assimétrico, pré-nupcial/pós-nupcial. outra relacionada ao que ela (palavra) expressa, ao conceito que
ela traz (denominada significado).
Homônimos: são palavras que têm a mesma pronúncia, e às Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdividem-se
vezes a mesma grafia, mas significação diferente. Exemplos: assim:
- São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo). - Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o sentido comum
- Aço (substantivo) e asso (verbo). que costumamos dar a uma palavra.
Só o contexto é que determina a significação dos homônimos. - Sentido Figurado -  é o sentido  “simbólico”,  “figurado”, que
A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por isso é podemos dar a uma palavra.
considerada uma deficiência dos idiomas. Vamos analisar a palavra  cobra utilizada em diferentes
O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto contextos:
fônico (som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em: 1. A cobra picou o menino. (cobra = tipo de réptil peçonhento)

Língua Portuguesa 9
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APOSTILAS OPÇÃO
2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagradável, que d) intrometer-se / prezar / esclarecer
adota condutas pouco apreciáveis) e) contrapor-se / consolidar / iluminar
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que conhece muito
sobre alguma coisa, “expert”) 02. A entrada dos prisioneiros foi comovedora (...) Os
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido comum combatentes contemplavam-nos entristecidos. Surpreendiam-
(ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado em sentido se; comoviam-se. O arraial, in extremis, punhalhes adiante,
figurado. naquele armistício transitório, uma legião desarmada,
Podemos então concluir que um mesmo significante (parte mutilada faminta e claudicante, num assalto mais duro que o
concreta) pode ter vários significados (conceitos). das trincheiras em fogo. Custava-lhes admitir que toda aquela
Fonte: gente inútil e frágil saísse tão numerosa ainda dos casebres
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de-justica-tjm- bombardeados durante três meses. Contemplando-lhes os
sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figurado-das-palavras.html rostos baços, os arcabouços esmirrados e sujos, cujos molambos
Denotação e Conotação em tiras não encobriam lanhos, escaras e escalavros – a vitória
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o tão longamente apetecida decaía de súbito. Repugnava aquele
seu significado primitivo e original, com o sentido do dicionário; triunfo. Envergonhava. Era, com efeito, contraproducente
usada de modo automatizado; linguagem comum. Veja este compensação a tão luxuosos gastos de combates, de reveses e de
exemplo: milhares de vidas, o apresamento daquela caqueirada humana –
Cortaram as asas da ave para que não voasse mais. do mesmo passo angulhenta e sinistra, entre trágica e imunda,
passando-lhes pelos olhos, num longo enxurro de carcaças e
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido molambos...
próprio, comum, usual, literal. Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender
- DICA - Procure associar Denotação com Dicionário: trata- uma arma, nem um peito resfolegante de campeador domado:
se de definição literal, quando o termo é utilizado em seu sentido mulheres, sem-número de mulheres, velhas espectrais,
dicionarístico. moças envelhecidas, velhas e moças indistintas na mesma
- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o fealdade, escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris
seu significado secundário, com o sentido amplo (ou simbólico); desnalgados, filhos encarapitados às costas, filhos suspensos
usada de modo criativo, figurado, numa linguagem rica e aos peitos murchos, filhos arrastados pelos braços, passando;
expressiva. Veja este exemplo: crianças, sem-número de crianças; velhos, sem-número de
Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes que velhos; raros homens, enfermos opilados, faces túmidas e
seja tarde mais. mortas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante.
Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma figurada,
fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle de ações; (CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos.
disciplina, limitação de conduta e comportamento. Edição Especial. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980.)

Questões Em qual das alternativas abaixo NÃO há um par de sinônimos?


a) Armistício – destruição
01. McLuhan já alertava que a aldeia global resultante das b) Claudicante – manco
mídias eletrônicas não implica necessariamente harmonia, c) Reveses – infortúnios
implica, sim, que cada participante das novas mídias terá um d) Fealdade – feiura
envolvimento gigantesco na vida dos demais membros, que terá e) Opilados – desnutridos
a chance de meter o bedelho onde bem quiser e fazer o uso que
quiser das informações que conseguir. A aclamada transparência 03. Atento ao emprego dos Homônimos, analise as palavras
da coisa pública carrega consigo o risco de fim da privacidade sublinhadas e identifique a alternativa CORRETA: 
e a superexposição de nossas pequenas ou grandes fraquezas a) Ainda vivemos no Brasil a  descriminação  racial. Isso é
morais ao julgamento da comunidade de que escolhemos crime! 
participar. b) Com a crise política, a renúncia já parecia eminente.
Não faz sentido falar de dia e noite das redes sociais, apenas c) Descobertas as manobras fiscais, os políticos irão
em número de atualizações nas páginas e na capacidade dos agora expiar seus crimes. 
usuários de distinguir essas variações como relevantes no d) Em todos os momentos, para agir corretamente, é preciso
conjunto virtualmente infinito das possibilidades das redes. Para o bom censo. 
achar o fio de Ariadne no labirinto das redes sociais, os usuários e) Prefiro macarronada com molho, mas sem  estrato de
precisam ter a habilidade de identificar e estimar parâmetros, tomate. 
aprender a extrair informações relevantes de um conjunto finito
de observações e reconhecer a organização geral da rede de que 04. Assinale a alternativa em que as palavras podem servir
participam. de exemplos de parônimos:
O fluxo de informação que percorre as artérias das redes
sociais é um poderoso fármaco viciante. Um dos neologismos a) Cavaleiro (Homem a cavalo) – Cavalheiro (Homem gentil).
recentes vinculados à dependência cada vez maior dos jovens b) São (sadio) – São (Forma reduzida de Santo).
a esses dispositivos é a “nomobofobia” (ou “pavor de ficar sem c) Acento (sinal gráfico) – Assento (superfície onde se senta).
conexão no telefone celular”), descrito como a ansiedade e o d) Nenhuma das alternativas.
sentimento de pânico experimentados por um número crescente
de pessoas quando acaba a bateria do dispositivo móvel ou 05. Na língua portuguesa, há muitas palavras parecidas,
quando ficam sem conexão com a Internet. Essa informação, seja no modo de falar ou no de escrever. A palavra sessão, por
como toda nova droga, ao embotar a razão e abrir os poros da exemplo, assemelha-se às palavras cessão e seção, mas cada
sensibilidade, pode tanto ser um remédio quanto um veneno uma apresenta sentido diferente. Esse caso, mesmo som, grafias
para o espírito. diferentes, denomina-se homônimo homófono. Assinale a
(Vinicius Romanini, Tudo azul no universo das redes. alternativa em que todas as palavras se encontram nesse caso.
Revista USP, no 92. Adaptado)
a) taxa, cesta, assento
As expressões destacadas nos trechos –  meter o bedelho b) conserto, pleito, ótico
/ estimar  parâmetros / embotar a razão – têm sinônimos c) cheque, descrição, manga
adequados respectivamente em: d) serrar, ratificar, emergir
a) procurar / gostar de / ilustrar
b) imiscuir-se / avaliar / enfraquecer Respostas
c) interferir / propor / embrutecer 01. B\02. A\03. C\04. A\05. A

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APOSTILAS OPÇÃO
Tal construção, além de expressar a ideia de adição,
Equivalência e transformação de ainda retrata um enfoque especial ao se referir aos pedestres
estruturas. (representada pela conjunção “mas também”).

quanto mais... (tanto) mais


Equivalência e transformação de estruturas Atualmente, quanto mais nos aperfeiçoamos, mais temos
condições de ser bem sucedidos. As estruturas paralelísticas
A equivalência e transformação de estruturas consiste denotam o sentido de progressão entre os elementos.
em saber mudar uma sentença ou parte dela de modo a que
fique gramaticalmente correta. Um exemplo muito comum em tanto... quanto
provas de concursos é o enunciado trazer uma frase no singular, O tabagismo é prejudicial tanto para os fumantes
por exemplo, e pedir que o aluno passe a frase para o plural, ativos, quanto para os passivos. Aqui, tais estruturas, além
mantendo o sentido. Outro exemplo é o enunciado dar a frase de expressarem adição, ainda acrescentam uma ideia de
em um tempo verbal, e pedir que o aluno a passe para outro equiparação ou equivalência.
tempo. Ou ainda a reescritura de trechos, mantendo a correção primeiro... segundo
semântica e sintática. Há dois procedimentos a realizar: primeiro você diz toda a
verdade; segundo, pede desculpas pelo erro cometido.
Paralelismo sintático (e paralelismo semântico) Constatamos que os elementos utilizados se relacionam à
ideia de uma enumeração, evidenciados de forma sequencial.
Desde o primeiro instante em que nos propomos a discorrer
sobre ambos os elementos, somos impulsionados a tornar não... e não / nem
evidentes nossos conhecimentos em relação às estruturas Não obteve um bom resultado neste ano, nem no anterior.
que compõem uma boa escrita. Mesmo que todas estejam Tal recurso foi empregado no sentido de evidenciar uma
interligadas entre si, formando uma relação de dependência, sequência negativa em relação aos fatos.
mencioná-las de forma particular não seria algo viável para o
momento. Em razão disso, procuraremos exaltar uma, ora tida seja... seja / quer...quer / ora... ora
como sendo de singular importância – a coerência. Quer você apareça, quer não, iremos ao cinema.
Desta forma, para que toda interlocução se materialize O emprego das estruturas paralelísticas está relacionado à
de forma plausível, antes de tudo, as ideias precisam estar noção de alternância no que se refere às ações.
dispostas em uma sequência lógica, clara e precisa, pois, se
por um motivo ou outro houver uma quebra desta sequência, por um lado... por outro
o discurso certamente estará comprometido. Mediante este Se por um lado as obras garantem o emprego de todos, por
aspecto, vale dizer que determinados elementos revelam sua outro, desagradam aos moradores.
parcela de contribuição para que tais pressupostos se tornem
efetivamente concretizados, o que é garantido, muitas vezes, Tempos verbais.
pelo paralelismo sintático e pelo paralelismo semântico. Se todos comparecessem, o evento ficaria mais animado.
Esses se caracterizam pelas relações de semelhança que / se todos comparecerem, o evento ficará mais animado.
determinadas palavras e expressões apresentam entre si. Tais Constatamos que o emprego do pretérito imperfeito do
relações de similaridade podem se dar no campo morfológico subjuntivo (comparecessem) na oração subordinada condicional
(quando as palavras integram a mesma classe gramatical), requisita o emprego do futuro do pretérito (ficaria) na oração
no semântico (quando há correspondência de sentido) e no principal. Já o emprego do futuro do subjuntivo (comparecerem)
sintático (quando a construção de frases e orações se apresenta na oração subordinada pede o emprego do futuro do presente
de forma semelhante). (ficará) na principal.
Assim, analisemos um caso no qual podemos constatar a
ausência de paralelismo de ordem morfológica: A tão inesperada Fonte: http://classroombr.blogspot.com.br/2014/07/equivalencia-
decisão é fruto resultante de humilhações, mágoas, concepções e-transformacao-de.html
equivocadas e agressores por parte de colegas que almejavam
ocupar sua função. Sintaxe: processos de
Constatamos uma nítida ruptura relacionada a fatores de
ordem gramatical, demarcada pela exposição de um adjetivo coordenação e subordinação.
(agressores) em detrimento ao substantivo “agressões”.

Ausência de paralelismo de ordem semântica: Período

Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de Período: Toda frase com uma ou mais orações constitui um
réis (Machado de Assis). Detectamos que houve uma quebra de período, que se encerra com ponto de exclamação, ponto de
sentido com relação à ideia expressa pelo tempo, ao associá-lo interrogação ou com reticências.
com a noção de quantidade, valor. O período é simples quando só traz uma oração, chamada
absoluta; o período é composto quando traz mais de uma
Ausência de paralelismo de ordem sintática: oração. Exemplo: Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração
O respeito às leis de trânsito não representa segurança absoluta.); Quero que você aprenda. (Período composto.)
somente para o motorista e é para o pedestre. Tal ocorrência
manifesta-se por intermédio do uso do conectivo e em Existe uma maneira prática de saber quantas orações há
detrimento a outro, que também integra a classe das conjunções num período: é contar os verbos ou locuções verbais. Num
aditivas, representado pela expressão “mas também.” Assim, no período haverá tantas orações quantos forem os verbos ou as
intento de reformularmos o discurso, obteríamos: locuções verbais nele existentes. Exemplos:
O respeito às leis de trânsito não representa segurança Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração)
somente para o motorista, mas também para o pedestre. Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações)
Vejamos alguns casos que representam esta dualidade Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma
paralelística: oração)
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas locuções
não só... mas também verbais, duas orações)
O respeito às leis de trânsito representa segurança não só Há três tipos de período composto: por coordenação, por
para o motorista, mas também para o pedestre. subordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo
tempo (também chamada de misto).

Língua Portuguesa 11
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APOSTILAS OPÇÃO
Período Composto por Coordenação – Orações Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
Coordenadas que expressa ideia de conclusão de um fato enunciado na oração
anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva.
Considere, por exemplo, este período composto:
Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os tempos Vives mentindo; logo, não mereces fé.
de infância. Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade.
1ª oração: Passeamos pela praia
2ª oração: brincamos - Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou,ou... ou,
3ª oração: recordamos os tempos de infância ora... ora, seja... seja, quer... quer.
As três orações que compõem esse período têm sentido
próprio e não mantêm entre si nenhuma dependência sintática: Seja mais educado / ou retire-se da reunião!
elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de OCA OCS Alternativa
sentido, mas, como já dissemos, uma não depende da outra Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma
sintaticamente. conjunção que estabelece uma relação de alternância ou escolha
As orações independentes de um período são chamadas com referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção
de orações coordenadas (OC), e o período formado só de coordenativa alternativa.
orações coordenadas é chamado de período composto por
coordenação. Venha agora ou perderá a vez.
As orações coordenadas são classificadas em assindéticas e “Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo.” (Machado de
sindéticas. Assis)
“Em aviação, tudo precisa ser bem feito ou custará preço
- As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando muito caro.” (Renato Inácio da Silva)
não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo: “A louca ora o acariciava, ora o rasgava freneticamente.”
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram. (Luís Jardim)
OCA OCA OCA
- Orações coordenadas sindéticas explicativas: que,
“Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de porque, pois, porquanto.
Assis) Vamos andar depressa / que estamos atrasados.
“A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.” OCA OCS Explicativa
(Antônio Olavo Pereira)
“O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.” Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção
(Coelho Neto) que expressa ideia de explicação, de justificativa em relação
à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
- As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando vêm explicativa.
introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo: Leve-lhe uma lembrança, que ela aniversaria amanhã.
O homem saiu do carro / e entrou na casa. “A mim ninguém engana, que não nasci ontem.” (Érico
OCA OCS Veríssimo)
Questões
As orações coordenadas sindéticas são classificadas de
acordo com o sentido expresso pelas conjunções coordenativas 01. Relacione as orações coordenadas por meio de
que as introduzem. Pode ser: conjunções:
(A) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões surgiram.
- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só... (B) Não durma sem cobertor. A noite está fria.
mas também, não só... mas ainda. (C) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los.
Saí da escola / e fui à lanchonete.   
OCA OCS Aditiva 02. Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar
das ondas...” a partícula como expressa uma ideia de:
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção (A) causa
que expressa idéia de acréscimo ou adição com referência à (B) explicação
oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa aditiva. (C) conclusão
(D) proporção
A doença vem a cavalo e volta a pé. (E) comparação
As pessoas não se mexiam nem falavam.  
“Não só findaram as queixas contra o alienista, mas até 03. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração
nenhum ressentimento ficou dos atos que ele praticara.” sublinhada pode indicar uma ideia de:
(Machado de Assis) (A) concessão
- Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, (B) oposição
porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto. (C) condição
(D) lugar
Estudei bastante / mas não passei no teste. (E) consequência
OCA OCS Adversativa   
04. Assinale a sequência de conjunções que estabelecem,
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção entre as orações de cada item, uma correta relação de sentido.
que expressa idéia de oposição à oração anterior, ou seja, por 1. Correu demais, ... caiu.
uma conjunção coordenativa adversativa. 2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.
3. A matéria perece, ... a alma é imortal.
A espada vence, mas não convence. 4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com
“É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles) detalhes.
5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde.
- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto,
por isso, pois, logo. (A) porque, todavia, portanto, logo, entretanto
(B) por isso, porque, mas, portanto, que
Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão. (C) logo, porém, pois, porque, mas
OCA OCS Conclusiva (D) porém, pois, logo, todavia, porque
(E) entretanto, que, porque, pois, portanto

Língua Portuguesa 12
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APOSTILAS OPÇÃO
05. Reúna as três orações em um período composto por - Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da
coordenação, usando conjunções adequadas. oração principal, sem, no entanto, impedir sua realização.
Os dias já eram quentes. Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais
A água do mar ainda estava fria. que, mesmo que.
As praias permaneciam desertas. Ela saiu à noite / embora estivesse doente.
OP OSA Concessiva
Respostas Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que
01. ou se bem que) não o conhecesse pessoalmente.
Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões surgiram. Embora não possuísse informações seguras, ainda assim
Não durma sem cobertor, pois a noite está fria. arriscou uma opinião.
Quero desculpar-me, mas consigo encontrá-los. Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo quando
02. E\03. C\04. B ou ainda quando ou mesmo que) todos nos critiquem.
Por mais que gritasse, não me ouviram.
05. Os dias já eram quentes, mas a água do mar ainda estava
fria, por isso as praias permaneciam desertas. - Conformativas: Expressam a conformidade de um fato
com outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
Período Composto por Subordinação O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado.
OP OSA Conformativa
Observe os termos destacados em cada uma destas orações:
Vi uma cena triste. (adjunto adnominal) O homem age conforme pensa.
Todos querem sua participação. (objeto direto) Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi.
Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas.
causa) O jornal, como sabemos, é um grande veículo de informação.

Veja, agora, como podemos transformar esses termos em - Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao
orações com a mesma função sintática: que foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim
Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que).
com função de adjunto adnominal) Ele saiu da sala / assim que eu cheguei.
Todos querem / que você participe. (oração subordinada OP OSA Temporal
com função de objeto direto)
Não pude sair / porque estava chovendo. (oração Formiga, quando quer se perder, cria asas.
subordinada com função de adjunto adverbial de causa) “Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se
esvaziam.” (Carlos Povina Cavalcânti)
Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma “Quando os tiranos caem, os povos se levantam.” (Marquês
certa função sintática em relação à primeira, sendo, portanto, de Maricá)
subordinada a ela. Quando um período é constituído de pelo Enquanto foi rico, todos o procuravam.
menos um conjunto de duas orações em que uma delas (a - Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi
subordinada) depende sintaticamente da outra (principal), ele enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de
é classificado como período composto por subordinação. As que, porque (=para que), que.
orações subordinadas são classificadas de acordo com a função Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar.
que exercem: adverbiais, substantivas e adjetivas. OP OSA Final

Orações Subordinadas Adverbiais “O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.”
(Marquês de Maricá)
As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aquelas Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor.
que exercem a função de adjunto adverbial da oração principal “Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que =
(OP). São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa para que)
que as introduz: “Instara muito comigo não deixasse de frequentar as
recepções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse =
- Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração para que não deixasse)
principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que,
visto que. - Consecutivas: Expressam a consequência do que foi
Não fui à escola / porque fiquei doente. enunciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como (=
OP OSA Causal porque), pois que, visto que.
A chuva foi tão forte / que inundou a cidade.
O tambor soa porque é oco. OP OSA Consecutiva
Como não me atendessem, repreendi-os severamente.
Como ele estava armado, ninguém ousou reagir. Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos.
“Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de “A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.” (José
Sousa) J. Veiga)
De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais.
- Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a As notícias de casa eram boas, de maneira que pude
ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, prolongar minha viagem.
contanto que, a menos que, a não ser que, desde que.
Irei à sua casa / se não chover. - Comparativas: Expressam ideia de comparação com
OP OSA Condicional referência à oração principal. Conjunções: como, assim como,
tal como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado com
Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos menos ou mais).
ofensores. Ela é bonita / como a mãe.
Se o conhecesses, não o condenarias. OP OSA Comparativa
“Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond de
Andrade) A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro.”
(Marquês de Maricá)
A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro.
tenha êxito. Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram.

Língua Portuguesa 13
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APOSTILAS OPÇÃO
Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à luz Estou convencido / de que ele é inocente.
daquele olhar. OP OSS Completiva Nominal

Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão
claramente o verbo, como no exemplo acima, em que está dele.)
subentendido o verbo ser (como a mãe é). Estava ansioso por que voltasses.
- Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona Sê grato a quem te ensina.
proporcionalmente ao que foi enunciado na principal. “Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão cedo.”
Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto (Graciliano Ramos)
mais, quanto menos.
Quanto mais reclamava / menos atenção recebia. - Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela
OSA Proporcional OP que exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal,
À medida que se vive, mais se aprende. vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O importante é sua
À proporção que avançávamos, as casas iam rareando. felicidade. (predicativo)
O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai O importante é / que você seja feliz.
diminuindo. OP OSS Predicativa

Orações Subordinadas Substantivas Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.)
Minha esperança era que ele desistisse.
As orações subordinadas substantivas (OSS) são aquelas Meu maior desejo agora é que me deixem em paz.
que, num período, exercem funções sintáticas próprias de Não sou quem você pensa.
substantivos, geralmente são introduzidas pelas conjunções
integrantes que e se. Elas podem ser: - Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela
que exerce a função de aposto de um termo da oração principal.
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É Observe: Ele tinha um sonho: a união de todos em benefício
aquela que exerce a função de objeto direto do verbo da oração do país. (aposto)
principal. Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto) Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício do
O grupo quer / que você ajude. país.
OP OSS Objetiva Direta OP OSS Apositiva

O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma
mestre exigia a presença de todos.) coisa: a sua felicidade)
Mariana esperou que o marido voltasse. Só lhe peço isto: honre o nosso nome.
Ninguém pode dizer: Desta água não beberei. “Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto: de
O fiscal verificou se tudo estava em ordem. que virias a morrer...” (Osmã Lins)
“Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum motivo
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É oculto?” (Machado de Assis)
aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de dois-
principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto indireto) pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à oração
Necessito / de que você me ajude. principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho recuperasse a
OP OSS Objetiva Indireta saúde, tornou-se realidade.

Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua Observação: Além das conjunções integrantes que e se,
viagem.) as orações substantivas podem ser introduzidas por outros
Aconselha-o a que trabalhe mais. conectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos:
Daremos o prêmio a quem o merecer. Não sei quando ele chegou.
Lembre-se de que a vida é breve. Diga-me como resolver esse problema.

- Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela Orações Subordinadas Adjetivas


que exerce a função de sujeito do verbo da oração principal.
Observe: É importante sua colaboração. (sujeito) As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem
É importante / que você colabore. a função de adjunto adnominal de algum termo da oração
OP OSS Subjetiva principal. Observe como podemos transformar um adjunto
adnominal em oração subordinada adjetiva:
A oração subjetiva geralmente vem: Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal)
- depois de um verbo de ligação + predicativo, em construções Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada
do tipo é bom, é útil, é certo, é conveniente, etc. Ex.: É certo que adjetiva)
ele voltará amanhã.
- depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta- As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas
se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade. por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem, etc.) e podem
- depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir, ser classificadas em:
ocorrer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e seguidos
das conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos participem - Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas
da reunião. quando restringem ou especificam o sentido da palavra a que se
referem. Exemplo:
É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar.
necessária.) OP OSA Restritiva
Parece que a situação melhorou.
Aconteceu que não o encontrei em casa. Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica
Importa que saibas isso bem. o sentido do substantivo cantor, indicando que o público não
aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º lugar.
- Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal:
É aquela que exerce a função de complemento nominal de um Pedra que rola não cria limo.
termo da oração principal. Observe: Estou convencido de sua Os animais que se alimentam de carne chamam-se
inocência. (complemento nominal) carnívoros.

Língua Portuguesa 14
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APOSTILAS OPÇÃO
Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas O homem fechou a porta e saiu depressa de casa. (oração
escreveram. coordenada sindética aditiva)
“Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida de
Mariano) gerúndio.
- Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas Qual é a diferença entre as orações coordenadas explicativas
quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se e as orações subordinadas causais, já que ambas podem ser
referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem iniciadas por que e porque? Às vezes não é fácil estabelecer a
restringi-lo ou especificá-lo. Exemplo: diferença entre explicativas e causais, mas como o próprio nome
O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um indica, as causais sempre trazem a causa de algo que se revela na
novo livro. oração principal, que traz o efeito.
OP OSA Explicativa OP Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre
a oração explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes,
Deus, que é nosso pai, nos salvará. imperativa, o que não acontece com a oração adverbial causal.
Valério, que nasceu rico, acabou na miséria. Essa noção de causa e efeito não existe no período composto por
Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho. coordenação. Exemplo: Rosa chorou porque levou uma surra.
Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado. Está claro que a oração iniciada pela conjunção é causal, visto
que a surra foi sem dúvida a causa do choro, que é efeito.
Orações Reduzidas Rosa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. O
Observe que as orações subordinadas eram sempre período agora é composto por coordenação, pois a oração
introduzidas por uma conjunção ou pronome relativo e iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo que se revelou
apresentavam o verbo numa forma do indicativo ou do na coordena anterior. Não existe aí relação de causa e efeito: o
subjuntivo. Além desse tipo de orações subordinadas há outras fato de os olhos de Elisa estarem vermelhos não é causa de ela
que se apresentam com o verbo numa das formas nominais ter chorado.
(infinitivo, gerúndio e particípio). Exemplos: Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto.
OP OSA Comparativa OSA Condicional
- Ao entrar nas escola, encontrei o professor de inglês.
(infinitivo) Questões
- Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio)
- Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. 01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que estava
(particípio) para ser mãe”, a oração destacada é:
(A) subordinada substantiva objetiva indireta
As orações subordinadas que apresentam o verbo numa das (B) subordinada substantiva completiva nominal
formas nominais são chamadas de reduzidas. (C) subordinada substantiva predicativa
Para classificar a oração que está sob a forma reduzida, (D) coordenada sindética conclusiva
devemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo: colocamos (E) coordenada sindética explicativa
a conjunção ou o pronome relativo adequado ao sentido e
passamos o verbo para uma forma do indicativo ou subjuntivo, 02. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inventada.
conforme o caso. A oração reduzida terá a mesma classificação Há reconstituição de uma cena como ela devia ter sido na
da oração desenvolvida. realidade.” A oração sublinhada é:
(A) adverbial conformativa
Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês. (B) adjetiva
Quando entrei na escola, / encontrei o professor de inglês. (C) adverbial consecutiva
OSA Temporal (D) adverbial proporcional
Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial temporal, (E) adverbial causal
reduzida de infinitivo.
03.“Esses produtos podem ser encontrados nos
Precisando de ajuda, telefone-me. supermercados com rótulos como ‘sênior’ e com características
Se precisar de ajuda, / telefone-me. adaptadas às dificuldades para mastigar e para engolir dos
OSA Condicional mais velhos, e preparados para se encaixar em seus hábitos de
Precisando de ajuda: oração subordinada adverbial consumo”. O segmento “para se encaixar” pode ter sua forma
condicional, reduzida de gerúndio. verbal reduzida adequadamente desenvolvida em
(A) para se encaixarem.
Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. (B) para seu encaixotamento.
Assim que acabou o treino, / os jogadores foram para o (C) para que se encaixassem.
vestiário. (D) para que se encaixem.
OSA Temporal (E) para que se encaixariam.
Acabado o treino: oração subordinada adverbial temporal,
reduzida de particípio. 04. A palavra “se” é conjunção integrante (por introduzir
oração subordinada substantiva objetiva direta) em qual das
Observações: orações seguintes?
(A) Ele se mordia de ciúmes pelo patrão.
- Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo de (B) A Federação arroga-se o direito de cancelar o jogo.
(C) O aluno fez-se passar por doutor.
desenvolvimento. Há casos também de orações reduzidas (D) Precisa-se de operários.
fixas, isto é, orações reduzidas que não são passíveis de (E) Não sei se o vinho está bom.
desenvolvimento. Exemplo: Tenho vontade de visitar essa
cidade. 05. “Lembro-me de que ele só usava camisas brancas.” A
- O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem oração sublinhada é:
orações reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal. (A) subordinada substantiva completiva nominal
Exemplos: (B) subordinada substantiva objetiva indireta
Preciso terminar este exercício. (C) subordinada substantiva predicativa
Ele está jantando na sala. (D) subordinada substantiva subjetiva
Essa casa foi construída por meu pai. (E) subordinada substantiva objetiva direta  
- Uma oração coordenada também pode vir sob a forma
reduzida. Exemplo: Respostas
O homem fechou a porta, saindo depressa de casa. 01. B\02. A\03. D\04. E\05. B

Língua Portuguesa 15
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APOSTILAS OPÇÃO
- Impessoais: são os verbos que não têm sujeito.
Emprego de tempos e modos Normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
principais verbos impessoais são:
verbais. a) haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se
ou fazer (em orações temporais).
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Verbo Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
Verbo  é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros
processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); b) fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
ocorrência (nascer); desejo (querer). Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus Era primavera quando a conheci.
possíveis significados. Observe que palavras como corrida, Estava frio naquele dia.
chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns
verbos mencionados acima; não apresentam, porém, todas as c) Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
possibilidades de flexão que esses verbos possuem. são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal-
Estrutura das Formas Verbais humorado”, usa-se o verbo  “amanhecer”  em sentido figurado.
Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado,
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode deixa de ser impessoal para ser pessoal.
apresentar os seguintes elementos: Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
a)  Radical:  é a parte invariável, que expressa o significado Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
essencial do verbo. Por exemplo:
fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-) d) São impessoais, ainda:
1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo.
b) Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a Ex.: Já passa das seis.
conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r 2. os verbos  bastar  e  chegar, seguidos da preposição  de,
indicando suficiência. Ex.: 
São três as conjugações: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
1ª - Vogal Temática - A - (falar) 3. os verbos  estar  e  ficar  em orações tais como  Está bem,
2ª - Vogal Temática - E - (vender) Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal,  sem referência
3ª - Vogal Temática - I - (partir) a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso,
classificar o sujeito como  hipotético, tornando-se, tais verbos,
c) Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o então, pessoais.
tempo e o modo do verbo. 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de “ser
Por exemplo: possível”. Por exemplo:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) Não deu para chegar mais cedo.
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) Dá para me arrumar uns trocados?

d)  Desinência número-pessoal:  é o elemento que designa - Unipessoais:  são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se
a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
plural). A fruta amadureceu.
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.) As frutas amadureceram.
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos
Observação:  o verbo pôr, assim como seus derivados pessoais na linguagem figurada:
(compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a Teu irmão amadureceu bastante.
forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de
desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas formas do animais; eis alguns:
verbo: põe, pões, põem, etc. bramar: tigre
bramir: crocodilo
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas cacarejar: galinha
coaxar: sapo
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos cricrilar: grilo
verbos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com
facilidade que nas formas rizotônicas, o acento tônico cai no Os principais verbos unipessoais são:
radical do verbo: opino, aprendam,  nutro, por exemplo. Nas 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer,
formas arrizotônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim ser (preciso, necessário, etc.).
na terminação verbal: opinei, aprenderão, nutriríamos. Cumpre  trabalharmos bastante. (Sujeito:  trabalharmos
bastante.)
Classificação dos Verbos Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
Classificam-se em: 2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da
a) Regulares:  são aqueles que possuem as desinências conjunção que.
normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações
no radical. Faz  dez anos que deixei de fumar. (Sujeito:  que deixei de
fumar.)
Por exemplo: canto     cantei      cantarei     cantava      cantasse Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia.
b) Irregulares:  são aqueles cuja flexão provoca alterações (Sujeito: que não vejo Cláudia)
no radical ou nas desinências. Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
Por exemplo: faço     fiz      farei     fizesse - Pessoais:  não apresentam algumas flexões por motivos
c) Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais.

Língua Portuguesa 16
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APOSTILAS OPÇÃO
verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha sido.
indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que Futuro do Pretérito simples: eu seria, tu serias, ele seria,
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos nós seríamos, vós seríeis, eles seriam.
contextos. Futuro do Pretérito Composto: terei sido.
verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do Futuro do Presente: eu serei, tu serás, ele será, nós seremos,
indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade vós sereis, eles serão.
considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas Futuro do Pretérito Composto: Teria sido.
razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas
verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é SER - Modo Subjuntivo
o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e a
popularização da informática, tem sido conjugado em todos os Presente: que eu seja, que tu sejas, que ele seja, que nós
tempos, modos e pessoas. sejamos, que vós sejais, que eles sejam.
d) Abundantes:  são aqueles que possuem mais de uma Pretérito Imperfeito: se eu fosse, se tu fosses, se ele fosse,
forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma se nós fôssemos, se vós fôsseis, se eles fossem.
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse sido.
terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas Futuro Simples: quando eu for, quando tu fores, quando ele
curtas (particípio irregular). Observe: for, quando nós formos, quando vós fordes, quando eles forem.
Futuro Composto: tiver sido.
Infinitivo Particípio regular Particípio irregular SER - Modo Imperativo

Anexar Anexado Anexo Imperativo Afirmativo: sê tu, seja ele, sejamos nós, sede
vós, sejam eles.
Dispersar Dispersado Disperso Imperativo Negativo: não sejas tu, não seja ele, não sejamos
Eleger Elegido Eleito nós, não sejais vós, não sejam eles.
Infinitivo Pessoal: por ser eu, por seres tu, por ser ele, por
Envolver Envolvido Envolto sermos nós, por serdes vós, por serem eles.
Imprimir Imprimido Impresso
SER - Formas Nominais
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto Formas Nominais
Infinitivo: ser
Pegar Pegado Pego Gerúndio: sendo
Soltar Soltado Solto Particípio: sido

e) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical Infinitivo Pessoal : ser eu, seres tu, ser ele, sermos
em sua conjugação. nós, serdes vós, serem eles.
Por exemplo: 
ESTAR - Modo Indicativo
Presente: eu estou, tu estás, ele está, nós estamos, vós estais,
Ir Pôr Ser Saber eles estão.
vou ponho sou sei Pretérito Imperfeito: eu estava, tu estavas, ele estava, nós
vais pus és sabes estávamos, vós estáveis, eles estavam.
ides pôs fui soube Pretérito Perfeito Simples: eu estive, tu estiveste, ele
fui punha foste saiba esteve, nós estivemos, vós estivestes, eles estiveram.
Pretérito Perfeito Composto: tenho estado.
foste seja
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu estivera, tu
estiveras, ele estivera, nós estivéramos, vós estivéreis, eles
f) Auxiliares estiveram.
São aqueles que entram na formação dos tempos Pretérito Mais-que-perfeito Composto: tinha estado
compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando Futuro do Presente Simples: eu estarei, tu estarás, ele
acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas estará, nós estaremos, vós estareis, eles estarão.
nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio. Futuro do Presente Composto: terei estado.
                         Futuro do Pretérito Simples: eu estaria, tu estarias, ele
  Vou                       espantar           as          moscas. estaria, nós estaríamos, vós estaríeis, eles estariam.
(verbo auxiliar)       (verbo principal no infinitivo) Futuro do Pretérito Composto: teria estado.
Está                    chegando            a         hora     do    debate. ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo
(verbo auxiliar)      (verbo principal no gerúndio)                  Presente: que eu esteja, que tu estejas, que ele esteja, que
                    nós estejamos, que vós estejais, que eles estejam.
Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e Pretérito Imperfeito: se eu estivesse, se tu estivesses, se
haver. ele estivesse, se nós estivéssemos, se vós estivésseis, se eles
estivessem.
Conjugação dos Verbos Auxiliares Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse estado
Futuro Simples: quando eu estiver, quando tu estiveres,
SER - Modo Indicativo quando ele estiver, quando nós estivermos, quando vós
estiverdes, quando eles estiverem.
Presente: eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são. Futuro Composto: Tiver estado.
Pretérito Imperfeito: eu era, tu eras, ele era, nós éramos,
vós éreis, eles eram. Imperativo Afirmativo: está tu, esteja ele, estejamos nós,
Pretérito Perfeito Simples: eu fui, tu foste, ele foi, nós estai vós, estejam eles.
fomos, vós fostes, eles foram. Imperativo Negativo: não estejas tu, não esteja ele, não
Pretérito Perfeito Composto: tenho sido. estejamos nós, não estejais vós, não estejam eles.
Mais-que-perfeito simples: eu fora, tu foras, ele fora, nós Infinitivo Pessoal: por estar eu, por estares tu, por estar ele,
fôramos, vós fôreis, eles foram. por estarmos nós, por estardes vós, por estarem eles.

Língua Portuguesa 17
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APOSTILAS OPÇÃO
Formas Nominais Futuro do Presente Simples: eu terei, tu terás, ele terá, nós
Infinitivo: estar teremos, vós tereis, eles terão.
Gerúndio: estando Futuro do Presente: terei tido.
Particípio: estado Futuro do Pretérito Simples: eu teria, tu terias, ele teria,
nós teríamos, vós teríeis, eles teriam.
ESTAR - Formas Nominais Futuro do Pretérito composto: teria tido.

Infinitivo Impessoal: estar TER - Modo Subjuntivo e Imperativo


Infinitivo Pessoal: estar, estares, estar, estarmos, estardes,
estarem. Modo Subjuntivo
Gerúndio: estando Presente: que eu tenha, que tu tenhas, que ele tenha, que
Particípio: estado nós tenhamos, que vós tenhais, que eles tenham.
Pretérito Imperfeito: se eu tivesse, se tu tivesses, se ele
HAVER - Modo Indicativo tivesse, se nós tivéssemos, se vós tivésseis, se eles tivessem.
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse tido.
Presente: eu hei, tu hás, ele há, nós havemos, vós haveis, eles Futuro: quando eu tiver, quando tu tiveres, quando ele tiver,
hão. quando nós tivermos, quando vós tiverdes, quando eles tiverem.
Pretérito Imperfeito: eu havia, tu havias, ele havia, nós Futuro Composto: tiver tido.
havíamos, vós havíeis, eles haviam.
Pretérito Perfeito Simples: eu houve, tu houveste, ele Modo Imperativo
houve, nós houvemos, vós houvestes, eles houveram. Imperativo Afirmativo: tem tu, tenha ele, tenhamos nós,
Pretérito Perfeito Composto: tenho havido. tende vós, tenham eles.
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu houvera, tu Imperativo Negativo: não tenhas tu, não tenha ele, não
houveras, ele houvera, nós houvéramos, vós houvéreis, eles tenhamos nós, não tenhais vós, não tenham eles.
houveram. Infinitivo Pessoal: por ter eu, por teres tu, por ter ele, por
Pretérito Mais-que-Prefeito Composto: tinha havido. termos nós, por terdes vós, por terem eles.
Futuro do Presente Simples: eu haverei, tu haverás, ele
haverá, nós haveremos, vós havereis, eles haverão. g) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com
Futuro do Presente Composto: terei havido. os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma
Futuro do Pretérito Simples: eu haveria, tu haverias, ele pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais
haveria, nós haveríamos, vós haveríeis, eles haveriam. acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio
Futuro do Pretérito Composto: teria havido. sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os
HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se,
ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos
Modo Subjuntivo verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está implícita
Presente: que eu haja, que tu hajas, que ele haja, que nós no radical do verbo. Por exemplo:
hajamos, que vós hajais, que eles hajam. Arrependi-me de ter estado lá.
Pretérito Imperfeito: se eu houvesse, se tu houvesses, se A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem
ele houvesse, se nós houvéssemos, se vós houvésseis, se eles um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma,
houvessem. pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse havido. pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do
Futuro Simples: quando eu houver, quando tu houveres, verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-
quando ele houver, quando nós houvermos, quando vós se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva
houverdes, quando eles houverem. expressa pelo radical do próprio verbo.  
Futuro Composto: tiver havido. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e
respectivos pronomes): 
Modo Imperativo Eu me arrependo 
Imperativo Afirmativo: haja ele, hajamos nós, havei vós, Tu te arrependes 
hajam eles. Ele se arrepende 
Imperativo Negativo: não hajas tu, não haja ele, não Nós nos arrependemos 
hajamos nós, não hajais vós, não hajam eles. Vós vos arrependeis 
Infinitivo Pessoal: por haver eu, por haveres tu, por haver Eles se arrependem
ele, por havermos nós, por haverdes vós, por haverem eles.
 - 2. Acidentais:  são aqueles verbos transitivos diretos em que
HAVER - Formas Nominais a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por
pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito
Infinitivo Impessoal: haver, haveres, haver, havermos, faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos
haverdes, haverem. transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser
Infinitivo Pessoal: haver conjugados com os pronomes mencionados, formando o que se
Gerúndio: havendo chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
Particípio: havido A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode
ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:  Maria
TER - Modo Indicativo penteou-me.
 
Presente: eu tenho, tu tens, ele tem, nós temos, vós tendes, Observações:
eles têm. 1- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes
Pretérito Imperfeito: eu tinha, tu tinhas, ele tinha, nós oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
tínhamos, vós tínheis, eles tinham. sintática.
Pretérito Perfeito Simples: eu tive, tu tiveste, ele teve, nós 2- Há verbos que também são acompanhados de pronomes
tivemos, vós tivestes, eles tiveram. oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronominais,
Pretérito Perfeito Composto: tenho tido. são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes,
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu tivera, tu tiveras, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito,
ele tivera, nós tivéramos, vós tivéreis, eles tiveram. exercem funções sintáticas.
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha tido. Por exemplo:

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APOSTILAS OPÇÃO
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto - Pretérito Perfeito (simples)  -  Expressa um fato ocorrido
direto) - 1ª pessoa do singular num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado.
Por exemplo: Ele estudou as lições ontem à noite.
Modos Verbais - Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato que teve
início no passado e que pode se prolongar até o momento atual.
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo Por exemplo: Tenho estudado muito para os exames.
verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido
modos:  antes de outro fato já terminado. Por exemplo: Ele já  tinha
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade. Por exemplo: estudado  as lições quando os amigos chegaram. (forma
Eu sempre estudo. composta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram.
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade. Por (forma simples)
exemplo: Talvez eu estude amanhã. - Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que deve
Imperativo  - indica uma ordem, um pedido. Por ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual.
exemplo: Estuda agora, menino. Por exemplo:  Ele estudará as lições amanhã.
- Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato que deve
Formas Nominais ocorrer posteriormente a um momento atual, mas já terminado
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas antes de outro fato futuro. Por exemplo: Antes de bater o sinal,
que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, os alunos já terão terminado o teste.
advérbio), sendo por isso denominadas  formas nominais. - Futuro do Pretérito (simples) - Enuncia um fato que pode
Observe:  ocorrer posteriormente a um determinado fato passado. Por
- a) Infinitivo Impessoal:  exprime a significação do verbo exemplo: Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de - Futuro do Pretérito (composto)  -  Enuncia um fato que
substantivo. Por exemplo: Viver é lutar. (= vida é luta) poderia ter ocorrido posteriormente a um determinado fato
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) passado. Por exemplo:  Se eu tivesse ganho esse dinheiro, teria
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente viajado nas férias.
(forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro. Era preciso ter lido este livro. 2. Tempos do Subjuntivo

b) Infinitivo Pessoal:  é o infinitivo relacionado às três - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não atual. Por exemplo: É conveniente que estudes para o exame.
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; - Pretérito Imperfeito  -  Expressa um fato passado, mas
nas demais, flexiona- -se da seguinte maneira: posterior a outro já ocorrido. Por exemplo: Eu esperava que
ele vencesse o jogo.
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.:termos (nós) Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.:terdes (vós) em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo:
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.:terem (eles) Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.
- Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato totalmente
Por exemplo: terminado num momento passado. Por exemplo: Embora tenha
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação. estudado bastante, não passou no teste.
- Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que pode
- c) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou ocorrer num momento futuro em relação ao atual. Por exemplo:
advérbio. Por exemplo:  Quando ele vier à loja, levará as encomendas.
Saindo  de casa, encontrei alguns amigos. (função de Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que
advérbio) indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja,
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função adjetivo) levará as encomendas.
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; - Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato posterior
na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo: ao momento atual mas já terminado antes de outro fato
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro. futuro. Por exemplo:  Quando ele  tiver saído do hospital, nós o
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro. visitaremos.

- d) Particípio:  quando não é empregado na formação dos Presente do Indicativo


tempos compostos, o particípio indica geralmente o resultado
de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e 1ª conjugação/2ª conjugação/3ª conjugação / Desinência
grau. Por exemplo: pessoal
Terminados os exames, os candidatos saíram. CANTAR VENDER PARTIR
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma cantO vendO partO O
relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo cantaS vendeS parteS S
(adjetivo verbal). Por exemplo: canta vende parte -
Ela foi a aluna escolhida para representar a escola. cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
Tempos Verbais cantaM vendeM parteM M

Tomando-se como referência o momento em que se fala, Pretérito Perfeito do Indicativo


a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.
Veja: 1ª conjugação/2ª conjugação/3ª conjugação/Desinência
pessoal
1. Tempos do Indicativo CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
- Presente  - Expressa um fato atual. Por exemplo: cantaSTE vendeSTE partISTE STE
Eu estudo neste colégio. cantoU vendeU partiU U
- Pretérito Imperfeito  - Expressa um fato ocorrido num cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
momento anterior ao atual, mas que não foi completamente cantaSTES vendeSTES partISTES STES
terminado. Por exemplo: Ele  estudava  as lições quando foi cantaRAM vendeRAM partiRAM AM
interrompido.

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APOSTILAS OPÇÃO
Pretérito mais-que-perfeito cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíssemos SSE MOS
1ª conj. / 2ª conj. / 3ª conj. /Desin. Temp. /Desin. Pess. cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
1ª/2ª e 3ª conj. cantaSSE vendeSSEM partiSSEM SSE M
CANTAR VENDER PARTIR - -
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø Futuro do Subjuntivo
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa
correspondente.
Pretérito Imperfeito do Indicativo
1ª conj. / 2ª conj. / 3ª conj. / Des. temp. /Desin. pess.
1ª conjugação / 2ª conjugação / 3ª conjugação 1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA cantaR vendeR partiR Ø
cantAVAS vendIAS partAS cantaRES vendeRES partiRES R ES
CantAVA vendIA partIA cantaR vendeR partiR R Ø
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantAVAM vendIAM partIAM cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Futuro do Presente do Indicativo Imperativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Imperativo Afirmativo


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente
cantar ás vender ás partir ás do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do
cantar á vender á partir á plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm,
cantar emos vender emos partir emos sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja: 
cantar eis vender eis partir eis Pres. do Indicativo Imperativo Afirm. Pres. do Subjuntivo
cantar ão vender ão partir ão Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Futuro do Pretérito do Indicativo Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
CANTAR VENDER PARTIR Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS Imperativo Negativo
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS negação às formas do presente do subjuntivo.
cantarIAM venderIAM partirIAM Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo
Que eu cante ---
Presente do Subjuntivo Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a Que nós cantemos Não cantemos nós
desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do Que vós canteis Não canteis vós
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou Que eles cantem Não cantem eles
pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).
Observações:
1ª conj./2ª conj./3ª conju./Des.Temp./Des.temp./Des. pess
1ª conj. 2ª/3ª conj. - No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa
CANTAR VENDER PARTIR (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
cantE vendA partA E A Ø ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se
cantES vendAS partAS E A S fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
cantE vendA partA E A Ø - O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu),
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS sede (vós).
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M Infinitivo Impessoal

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a
desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, Infinitivo Pessoal
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse
tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
e pessoa correspondente. CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
1ª conj. 2ª conj. 3ª conj. Des. temporal Desin. pessoal cantarES venderES partirES
1ª /2ª e 3ª conj. cantar vender partir
CANTAR VENDER PARTIR cantarMOS venderMOS partirMOS
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø cantarDES venderDES partirDES
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S cantarEM venderEM partirEM

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APOSTILAS OPÇÃO
Questões - Caminhada na praia;
- Reunião com amigos.
01. Considere o trecho a seguir. É comum que objetos
___ esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos Dois pontos
poderiam ser evitados se as pessoas ______ a atenção voltada 1- Antes de uma citação
para seus pertences, conservando-os junto ao corpo. Assinale a - Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas
do texto. 2- Antes de um aposto
(A) sejam … mantesse - Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde
(B) sejam … mantivessem e calor à noite.
(C) sejam … mantém
(D) seja … mantivessem 3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
(E) seja … mantêm - Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a
rotina de sempre.
02. Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão
apresentando quedas sucessivas de 2005 para cá. –, a locução 4- Em frases de estilo direto
verbal em destaque expressa ação  Maria perguntou:
(A) concluída. - Por que você não toma uma decisão?
(B) atemporal.
(C) contínua. Ponto de Exclamação
(D) hipotética. 1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto,
(E) futura. súplica, etc.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
03. (Escrevente TJ SP Vunesp) Sem querer estereotipar, 2- Depois de interjeições ou vocativos
mas já estereotipando: trata--se de um ser cujas interações sociais - Ai! Que susto!
terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”. - João! Há quanto tempo!
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
(A) considerar ao acaso, sem premeditação. Ponto de Interrogação
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela. Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
(C) adotar como referência de qualidade. “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)
(D) julgar de acordo com normas legais. Reticências
(E) classificar segundo ideias preconcebidas. 1- Indica que palavras foram suprimidas.
- Comprei lápis, canetas, cadernos...
Respostas
1-B / 2-C / 3-E 2- Indica interrupção violenta da frase.
“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”

Pontuação. 3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida


- Este mal... pega doutor?

4- Indica que o sentido vai além do que foi dito


Pontuação - Deixa, depois, o coração falar...

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem Vírgula


para compor a coesão e a coerência textual além de ressaltar Não se usa vírgula
especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as principais *separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se
funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo uso da língua diretamente entre si:
portuguesa.
a) entre sujeito e predicado.
Ponto Todos os alunos da sala    foram advertidos. 
1- Indica o término do discurso ou de parte dele. Sujeito                            predicado
- Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em que
se encontra. b) entre o verbo e seus objetos.
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite. O trabalho custou            sacrifício             aos realizadores. 
             V.T.D.I.              O.D.                      O.I.
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
c) entre nome e complemento nominal; entre nome e adjunto
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr. adnominal.
A surpreendente reação do governo contra os sonegadores
Ponto e Vírgula ( ; ) despertou reações entre os empresários.
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma adj. adnominal nome adj. adn. complemento nominal
importância.
-  “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão Usa-se a vírgula:
a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de - Para marcar intercalação:
nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância,
vem caindo de preço.
2- Separa partes de frases que já estão separadas por b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
vírgulas. produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros montanhas, frio c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias
e cobertor. não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem abrir
mão dos lucros altos.
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos,
decreto de lei, etc. - Para marcar inversão:
- Ir ao supermercado; a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
- Pegar as crianças na escola; Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas.

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APOSTILAS OPÇÃO
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos D) Duas explicações do treinamento para consultores
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e a construção
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou falar das metas de
de 1982. vendas associadas aos dois temas.
E) Duas explicações, do treinamento para consultores
- Para separar entre si elementos coordenados (dispostos iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a construção
em enumeração): de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das metas, de
Era um garoto de 15 anos, alto, magro. vendas associadas aos dois temas.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais. 04. Assinale a alternativa em que o período, adaptado da
revista Pesquisa Fapesp de junho de 2012, está correto quanto à
- Para marcar elipse (omissão) do verbo: regência nominal e à pontuação.
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. (A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente,
seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais
- Para isolar: notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em
outros.
- o aposto: (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapidamente
São Paulo, considerada a metrópole brasileira, possui um seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço seja mais
trânsito caótico. notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, do que em
outros.
- o vocativo: (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapidamente
Ora, Thiago, não diga bobagem. seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço seja mais
notável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, do que em
Questões outros.
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente
01. Assinale a alternativa em que a pontuação está seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço seja mais
corretamente empregada, de acordo com a norma-padrão da notável em alguns países – o Brasil é um exemplo – do que em
língua portuguesa. outros.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora, (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente,
experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, procurou seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais
a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em
ajudar a revelar quem era a sua dona. outros.
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, embora
experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, procurou 05. Assinale a alternativa em que a frase mantém-se correta
a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse após o acréscimo das vírgulas.
ajudar a revelar quem era a sua dona. (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na pulseira
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora instruções para que envie, uma mensagem eletrônica ao grupo
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou ou acione o código na internet.
a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse (B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o
ajudar a revelar quem era a sua dona. código foi acionado.
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, embora (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados,
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou recebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a
a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse criança foi encontrada.
ajudar a revelar quem era a sua dona. (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega primeiro
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora, às, areias do Guarujá.
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou (E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone
a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse de quem a encontrou e informar um ponto de referência
ajudar a revelar quem era a sua dona.
Resposta
02. Assinale a opção em que está corretamente indicada a 1-C 2-C 3-B 4-D 5-E
ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as lacunas
da frase abaixo:
Estrutura e formação de palavras.
“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas devem
ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica que o trabalho
oferece ___ a outra é o valor prático que possa ter.
A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula Estrutura e formação das palavras
B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; Observe as seguintes palavras:
D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; escol-a
E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula. escol-ar
escol-arização
03. Os sinais de pontuação estão empregados corretamente escol-arizar
em: sub-escol-arização
A) Duas explicações, do treinamento para consultores
iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a construção Percebemos que há um elemento comum a todas elas: a
de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das metas de forma escol-. Além disso, em todas há elementos destacáveis,
vendas associadas aos dois temas. responsáveis por algum detalhe de significação. Compare, por
B) Duas explicações do treinamento para consultores exemplo, escola e escolar: partindo de escola, formou-se escolar
iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a construção pelo acréscimo do elemento destacável: ar.
de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar das metas de Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas
vendas associadas aos dois temas. palavras que selecionamos, podemos depreender a existência
C) Duas explicações do treinamento para consultores de diferentes elementos formadores. Cada um desses elementos
iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a construção formadores é uma unidade mínima de significação, um elemento
de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das metas de significativo indecomponível, a que damos o nome de morfema.
vendas associadas aos dois temas.

Língua Portuguesa 22
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APOSTILAS OPÇÃO
Classificação dos morfemas: Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando átonas
Radical finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola, triste, base,
Há um morfema comum a todas as palavras que estamos combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que essas
analisando: escol-. terminações são desinências indicadoras de gênero, pois a mesa,
É esse morfema comum – o radical – que faz com que as escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a essas
consideremos palavras de uma mesma família de significação – vogais temáticas que se liga a desinência indicadora de plural:
os cognatos. O radical é a parte da palavra responsável por sua mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais
significação principal. tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam
Afixos vogal temática.
Como vimos, o acréscimo do morfema – ar - cria uma
nova palavra a partir de escola. De maneira semelhante,
o acréscimo dos morfemas sub e arização à forma escol Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que caracterizam
criou  subescolarização. Esses morfemas recebem o nome de três grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações.
afixos. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira
Quando são colocados antes do radical, como acontece conjugação; aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à
com sub, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como segunda conjugação e os que têm vogal temática -i pertencem à
arização, surgem depois do radical os afixos são chamados terceira conjugação.
de sufixos.  
Prefixos e sufixos, além de operar mudança de classe primeira conjug. segunda conjug. terceira conjug.
gramatical, são capazes de introduzir modificações de govern-a-va estabelec-e-sse defin-i-ra
significado no radical a que são acrescentados. atac-a-va cr-e-ra imped-i-sse
realiz-a-sse mex-e-rá g-i-mos
Desinências
Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se formas como Vogal ou consoante de ligação 
amava, amavas, amava, amávamos, amáveis, amavam. Essas
modificações ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexionado As vogais ou consoantes de ligação são morfemas que
em número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda ou surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo
terceira). Também ocorrem se modificarmos o tempo e o modo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Temos um
do verbo (amava, amara, amasse, por exemplo). exemplo de vogal de ligação na palavra escolaridade: o - i - entre
Podemos concluir, assim, que existem morfemas que indicam os sufixos -ar- e -dade facilita a emissão vocal da palavra. Outros
as flexões das palavras. Esses morfemas sempre surgem no fim exemplos: gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira,
das palavras variáveis e recebem o nome de desinências. Há chaleira, tricota.
desinências nominais e desinências verbais.
Processos de formação de palavras:
Desinências nominais: indicam o gênero e o número dos 1-) Composição
nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma opor as Haverá composição quando se juntarem dois ou mais
desinências -o/-a: garoto/garota; menino/menina. radicais para formar nova palavra. Há dois tipos de composição;
Para a indicação de número, costuma-se utilizar o justaposição e aglutinação.
morfema –s,  que indica o plural em oposição à ausência de 1.1-) Justaposição: ocorre quando os elementos que
morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/garotas; formam o composto são postos lado a lado, ou seja, justapostos:
menino/meninos; menina/meninas. Corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira, girassol.
No caso dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de 1.2-) Aglutinação:  ocorre quando os elementos que
plural assume a forma -es: formam o composto se aglutinam e pelo menos um deles perde
mar/mares; sua integridade sonora: Aguardente (água + ardente), planalto
revólver/revólveres; (plano + alto), pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + acre)
cruz/cruzes.
Derivação por acréscimo de afixos 
Desinências verbais: em nossa língua, as desinências É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (derivadas)
verbais pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que indicam pela anexação de afixos à palavra primitiva. A derivação pode
o modo e o tempo (desinências modo-temporais) e aquelas que ser: prefixal, sufixal e parassintética.
indicam o número e a pessoa dos verbos (desinência número- 1-) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por
pessoais): acréscimo de prefixo.
  cant-á-va-mos In------ --feliz        des----------leal
cant-á-sse-is Prefixo radical  prefixo radical
cant: radical
cant: radical 2-) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por
-á-: vogal temática acréscimo de sufixo.
-á-: vogal temática Feliz---- mente    leal------dade
Radical sufixo   radical sufixo
-va-: desinência modo-temporal(caracteriza o pretérito
imperfeito do indicativo) 3-) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
-sse-: desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito simultâneo de prefixo e sufixo (não posso retirar o prefixo nem o
imperfeito do subjuntivo) sufixo que estão ligados ao radical, pois a palavra não “existiria”).
-mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primeira Por parassíntese formam-se principalmente verbos.
pessoa do plural) En-- -----trist- ----ecer
-is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda Prefixo radical  sufixo
pessoa do plural)
en----- ---tard--- --ecer 
Vogal temática prefixo radical sufixo
Observe que, entre o radical cant- e as desinências verbais,
surge sempre o morfema –a. Outros tipos de derivação
Esse morfema, que liga o radical às desinências, é chamado
de vogal temática. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem que
o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temática) que se haja a presença de afixos. São eles: a derivação regressiva e a
acrescentam as desinências. Tanto os verbos como os nomes derivação imprópria.
apresentam vogais temáticas.

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APOSTILAS OPÇÃO
1-) Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por B) formado por derivação parassintética
redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação C) formado por derivação regressiva
de substantivos derivados de verbos. Exemplo: A pesca está D) formado por derivação imprópria
proibida. (pescar). Proibida a caça. (caçar) E) formado por onomatopeia

05.As palavras são formadas através de derivação


2-) Derivação imprópria:  a palavra nova (derivada) parassintética em
é obtida pela mudança de categoria gramatical da palavra A)infelizmente, desleal, boteco, barraco.
primitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas tão somente B)ajoelhar, anoitecer, entristecer, entardecer.
na classe gramatical. C)caça, pesca, choro, combate.
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo porquê deriva D)ajoelhar, pesca, choro, entristecer.
da conjunção porque)
Seu olhar me fascina! (o verbo olhar tornou-se, aqui, Respostas
substantivo) 01. (B) / 2. (B) / 3. (B) / 4. (C) / 5. (B)

Outros processos de formação de palavras:


Funções das classes de palavras.
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos oriundos
de línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim)
sociologia (socio: latim; logia: grego) Caro(a) Candidato(a), alguns assuntos como Pronome e
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego) Verbo já foram abordados nos tópicos anteriores, então neste
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e- tópico abordaremos os outros assunto relacionados ao Classes
formacao-de-palavras-i.htm de Palavras.

- Abreviação vocabular, cujo traço peculiar manifesta- Classes de Palavras


se por meio da eliminação de um segmento de uma palavra
no intuito de se obter uma forma mais reduzida, geralmente Artigo
aquelas mais longas. Vejamos alguns exemplos: 
Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, indica
metropolitano – metrô se ele está sendo empregado de maneira definida ou indefinida.
extraordinário – extra Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o gênero e o
otorrinolaringologista – otorrino número dos substantivos.
telefone – fone
pneumático – pneu Classificação dos Artigos

- Onomatopeia: Consiste em criar palavras, tentando Artigos Definidos: determinam os substantivos de maneira


imitar sons da natureza ou sons repetidos. Por exemplo: zum- precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
zum, cri-cri, tique-taque, pingue-pongue, blá-blá-blá.
  Artigos Indefinidos:  determinam os substantivos
- Siglas: As siglas são formadas pela combinação das de maneira vaga:  um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu
letras iniciais de uma sequência de palavras que constitui um matei um animal.
nome. Por exemplo:IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística); IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano). Combinação dos Artigos
As siglas escrevem-se com todas as letras maiúsculas, a não É muito presente a combinação dos artigos definidos e
ser que haja mais de três letras e  a sigla seja pronunciável sílaba indefinidos com preposições. Este quadro apresenta a forma
por sílaba. Por exemplo: Unicamp, Petrobras.  assumida por essas combinações:
 
Questões Preposições Artigos
- o, os
01. Assinale a opção em que todas as palavras se formam
pelo mesmo processo: a ao, aos
A) ajoelhar / antebraço / assinatura de do, dos
B) atraso / embarque / pesca
C) o jota / o sim / o tropeço em no, nos
D) entrega / estupidez / sobreviver por (per) pelo, pelos
E) antepor / exportação / sanguessuga
a, as um, uns uma, umas
02. A palavra “aguardente” formou-se por: à, às - -
A) hibridismo
B) aglutinação da, das dum, duns duma, dumas
C) justaposição na, nas num, nuns numa, numas
D) parassíntese
E) derivação regressiva pela, pelas - -

03. Que item contém somente palavras formadas por - As formas à e às indicam a fusão da preposição  a com o
justaposição? artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida
A) desagradável - complemente por crase.
B) vaga-lume - pé-de-cabra
C) encruzilhada - estremeceu Constatemos as circunstâncias em que os artigos se
D) supersticiosa - valiosas manifestam:
E) desatarraxou - estremeceu
- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do numeral
04. “Sarampo” é: “ambos”:
A) forma primitiva Ambos os garotos decidiram participar das olimpíadas.

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APOSTILAS OPÇÃO
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do B) D. Manuel, o Venturoso, era bastante esperto.
artigo, outros não: C) O Antônio comunicou-se com o João.
São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia... D) O professor João Ribeiro está doente.
E) Os Lusíadas são um poema épico
- Quando indicado no singular, o artigo definido pode indicar
toda uma espécie: 03.Assinale a alternativa em que o uso do artigo está
O trabalho dignifica o homem. substantivando uma palavra.
A) A liberdade vai marcar a poesia social de Castro Alves.
- No caso de nomes próprios personativos, denotando a ideia B) Leitor perspicaz é aquele que consegue ler as entrelinhas.
de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do artigo: C) A navalha ia e vinha no couro esticado.
O Pedro é o xodó da família. D) Haroldo ficou encantado com o andar de bailado de Joana.
E) Bárbara dirigia os olhos para a lua encantada.
- No caso de os nomes próprios personativos estarem no
plural, são determinados pelo uso do artigo: Respostas
Os Maias, os Incas, Os Astecas... 1-B / 2-C / 3-D

- Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) para Substantivo


conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o artigo), o
pronome assume a noção de qualquer. Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Substantivo é
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) a classe gramatical de palavras variáveis, as quais denominam
Toda classe possui alunos interessados e desinteressados. os seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os substantivos
(qualquer classe) também nomeiam:
-lugares: Alemanha, Porto Alegre...
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é facultativo: -sentimentos: raiva, amor...
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo. -estados: alegria, tristeza...
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia de -qualidades: honestidade, sinceridade...
aproximação numérica: -ações: corrida, pescaria...
O máximo que ele deve ter é uns vinte anos.
Morfossintaxe do substantivo
- O artigo também é usado para substantivar palavras Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em geral
oriundas de outras classes gramaticais: exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua
Não sei o porquê de tudo isso. como núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto
direto ou indireto) e do agente da passiva. Pode ainda funcionar
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome relativo como núcleo do complemento nominal ou do aposto, como
cujo (e flexões). núcleo do predicativo do sujeito ou do objeto ou como núcleo
Este é o homem cujo amigo desapareceu. do vocativo. Também encontramos substantivos como núcleos
Este é o autor cuja obra conheço. de adjuntos adnominais e de adjuntos adverbiais - quando essas
funções são desempenhadas por grupos de palavras. 
- Não se deve usar artigo antes das palavras casa (no sentido
de lar, moradia) e terra (no sentido de chão firme), a menos que Classificação dos Substantivos
venham especificadas.
Eles estavam em casa. 1-  Substantivos Comuns e Próprios
Eles estavam na casa dos amigos. Observe a definição:
Os marinheiros permaneceram em terra.
Os marinheiros permanecem na terra dos anões. s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas casas e edifícios,
dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a sede de município
- Não se emprega artigo antes dos pronomes de tratamento, é cidade). 2. O centro de uma cidade (em oposição aos bairros).
com exceção de senhor(a), senhorita e dona.
Vossa excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria. Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e
edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada  cidade.
- Não se une com preposição o artigo que faz parte do nome Isso significa que a palavra cidade é um substantivo comum.
de revistas, jornais, obras literárias. Substantivo Comum é aquele que designa os seres de uma
Li a notícia em O Estado de S. Paulo. mesma espécie de forma genérica.
cidade, menino, homem, mulher, país, cachorro.
Morfossintaxe
Estamos voando para Barcelona.
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas relações
com o substantivo. Assim, nas orações da língua portuguesa, O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie
o artigo exerce a função de adjunto adnominal do substantivo cidade. Esse substantivo é  próprio. Substantivo Próprio:  é
a que se refere. Tal função independe da função exercida pelo aquele que designa os seres de uma mesma espécie de forma
substantivo: particular.
A existência é uma poesia.
Uma existência é a poesia. Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.

Questões 2 - Substantivos Concretos e Abstratos

01. Determine o caso em que o artigo tem valor qualificativo: LÂMPADA MALA
A) Estes são os candidatos que lhe falei.
B) Procure-o, ele é o médico! Ninguém o supera. Os substantivos lâmpada e mala  designam seres com
C) Certeza e exatidão, estas qualidades não as tenho. existência própria, que são independentes de outros seres. São
D) Os problemas que o afligem não me deixam descuidado. assim, substantivos concretos.
E) Muito é a procura; pouca é a oferta. Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que existe,
independentemente de outros seres.
02. Em qual dos casos o artigo denota familiaridade?
A) O Amazonas é um rio imenso.

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APOSTILAS OPÇÃO
Plural: meninos
Obs.: os substantivos concretos designam seres do mundo
Feminino: menina
real e do mundo imaginário.
Aumentativo: meninão
Diminutivo: menininho
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasília,
etc.
Flexão de Gênero
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma, etc.
Gênero  é a propriedade que as palavras têm de indicar
 
sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa,
Observe agora:
há dois gêneros:  masculino  e  feminino. Pertencem ao
gênero masculino os substantivos que podem vir precedidos dos
Beleza exposta
artigos o, os, um, uns. Veja estes títulos de filmes:
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
O velho e o mar
O substantivo beleza designa uma qualidade.
Um Natal inesquecível
Substantivo Abstrato:  é aquele que designa seres que
Os reis da praia
dependem de outros para se manifestar ou existir.
 
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem
observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa
vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
que seja bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar.
A história sem fim
Portanto, a palavra beleza é um substantivo abstrato.
Uma cidade sem passado
Os substantivos abstratos designam estados, qualidades,
As tartarugas ninjas
ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos,
e sem os quais não podem existir.
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
(sentimento).  
Substantivos Biformes (= duas formas):  ao indicar nomes
de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado
3 - Substantivos Coletivos
ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra
masculino e outra para o feminino. Observe: gato – gata, homem
abelha, mais outra abelha.
– mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma
única forma, que serve tanto para o masculino quanto para o
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário
feminino. Classificam-se em:
repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais outra
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos.
abelha...
a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
fêmea.
No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular
- Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas.
(enxame) para designar um conjunto de seres da mesma espécie
a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo,
(abelhas).
o indivíduo.
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por
Substantivo Coletivo:  é o substantivo comum que, mesmo
meio do artigo.
estando no singular, designa um conjunto de seres da mesma
o colega e a colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
espécie.
Saiba que:
Formação dos Substantivos
- Substantivos de origem grega terminados em ema ou oma,
Substantivos Simples e Compostos
são masculinos.
o axioma, o fonema, o poema, o sistema, o sintoma, o teorema.
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra.
- Existem certos substantivos que, variando de gênero,
O substantivo chuva é formado por um único elemento ou
variam em seu significado.
radical. É um substantivo simples.
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora) o
Substantivo Simples:  é aquele formado por um único
capital (dinheiro) e a capital (cidade)
elemento.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja agora:
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos
a) Regra geral: troca-se a terminação -o por -a.
(guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
aluno - aluna
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais
elementos.
b) Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
masculino.
 
freguês - freguesa
Substantivos Primitivos e Derivados
Meu limão meu limoeiro,
c) Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três
meu pé de jacarandá...
formas:
- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de
- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
nenhum outro dentro de língua portuguesa.
- troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma
Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - sultana
outra palavra da própria língua portuguesa.
O substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir
d) Substantivos terminados em -or:
da palavra limão.
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
Substantivo Derivado:  é aquele que se origina de outra
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
palavra.
e) Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
Flexão dos substantivos
cônsul - consulesa abade - abadessa poeta - poetisa
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável
duque - duquesa conde - condessa profeta - profetisa
quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo,
pode sofrer variações para indicar:

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APOSTILAS OPÇÃO
f) Substantivos que formam o feminino trocando o -e final o sanduíche
por -a: o clarinete
elefante - elefanta o champanha
o sósia
g) Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e o maracajá
no feminino: o clã
bode – cabra boi - vaca o hosana
o herpes
h) Substantivos que formam o feminino de maneira especial, o pijama
isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
czar – czarina réu - ré Femininos
a dinamite
Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes a áspide
a derme
- Epicenos: a hélice
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. a alcíone
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre a filoxera
porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar a clâmide
o masculino e o feminino. a omoplata
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para a cataplasma
designar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de a pane
epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade a mascote
de especificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea. a gênese
A cobra macho picou o marinheiro. a entorse
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. a libido

Sobrecomuns: - São geralmente masculinos os substantivos de origem


grega terminados em -ma:
Entregue as crianças à natureza. o grama (peso)
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino, o quilograma
quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo nem o plasma
um possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que o apostema
se refere a palavra. Veja: o diagrama
A criança chorona chamava-se João. o epigrama
A criança chorona chamava-se Maria. o telefonema
Outros substantivos sobrecomuns: o estratagema
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa o dilema
criatura. o teorema
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O o apotegma
cônjuge de Marcela faleceu o trema
o eczema
Comuns de Dois Gêneros: o edema
o magma
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez
que a palavra motorista é um substantivo uniforme. O restante Gênero dos Nomes de Cidades:
da notícia informa-nos de que se trata de um homem.
A distinção de gênero pode ser feita através da análise do Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo. A histórica Ouro Preto.
o colega - a colega A dinâmica São Paulo.
um jovem - uma jovem A acolhedora Porto Alegre.
artista famoso - artista famosa Uma Londres imensa e triste.

- A palavra personagem é usada indistintamente nos dois Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
gêneros.
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada Gênero e Significação:
preferência pelo masculino:
O menino descobriu nas nuvens os personagens dos contos de Muitos substantivos têm uma significação no masculino e
carochinha. outra no feminino.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino: Observe:
O problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam
a personagem. o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
Não cheguei assim, nem era minha intenção, a criar uma movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à frente
personagem. de um bloco carnavalesco, manejando um bastão)
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou
fotográfico Ana Belmonte. proibição de trânsito)

Observe o gênero dos substantivos seguintes: o cabeça (chefe)


a cabeça (parte do corpo)
Masculinos
o tapa o cisma (separação religiosa, dissidência)
o eclipse a cisma (ato de cismar, desconfiança)
o lança-perfume
o dó (pena) o cinza (a cor cinzenta)

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APOSTILAS OPÇÃO
a cinza (resíduos de combustão) f) Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de duas
maneiras:
o capital (dinheiro) - Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo
a capital (cidade) de “es”: ás – ases / retrós - retroses
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis:
o coma (perda dos sentidos) o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
a coma (cabeleira) g) Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de três
maneiras.
o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro) - substituindo o -ão por -ões: ação - ações
a coral (cobra venenosa) - substituindo o -ão por -ães: cão - cães
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
o crisma (óleo sagrado, usado na administração da crisma e h) Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o
de outros sacramentos) látex - os látex.
a crisma (sacramento da confirmação)
Plural dos Substantivos Compostos
o cura (pároco) A formação do plural dos substantivos compostos depende
a cura (ato de curar) da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam
o composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que
o estepe (pneu sobressalente) são grafados sem hífen comportam-se como os substantivos
a estepe (vasta planície de vegetação) simples:
aguardente e aguardentes girassol e girassóis
o guia (pessoa que guia outras) pontapé e pontapés malmequer e malmequeres
a guia (documento, pena grande das asas das aves)
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são
o grama (unidade de peso) ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões.
a grama (relva) Algumas orientações são dadas a seguir:

o caixa (funcionário da caixa) a) Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:


a caixa (recipiente, setor de pagamentos) substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos
o lente (professor) adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
a lente (vidro de aumento) numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras

o moral (ânimo) b) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando


a moral (honestidade, bons costumes, ética) formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
o nascente (lado onde nasce o Sol) palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-
a nascente (a fonte) falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
Flexão de Número do Substantivo
c) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
Em português, há dois números gramaticais: o singular, que formados de:
indica um ser ou um grupo de seres, e substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-
o plural, que indica mais de um ser ou grupo de seres. A colônia e águas-de-colônia
característica do plural é o “s” final. substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-
vapor e cavalos-vapor
Plural dos Substantivos Simples substantivo + substantivo que funciona como determinante
do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo
a) Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” anterior.
fazem o plural pelo acréscimo de “s”. palavra-chave - palavras-chave
pai – pais ímã - ímãs hífen - hifens (sem acento, no bomba-relógio - bombas-relógio
plural). notícia-bomba - notícias-bomba
Exceção: cânon - cânones. homem-rã - homens-rã

b) Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em d) Permanecem invariáveis, quando formados de:
“ns”. verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
homem - homens. verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas

c) Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural e) Casos Especiais


pelo acréscimo de “es”. o louva-a-deus e os louva-a-deus
revólver – revólveres raiz - raízes o bem-te-vi e os bem-te-vis
Atenção: O plural de caráter é caracteres. o bem-me-quer e os bem-me-queres
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
d) Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se
no plural, trocando o “l” por “is”. Plural das Palavras Substantivadas
quintal - quintais caracol – caracóis hotel - hotéis
Exceções: mal e males, cônsul e cônsules. As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes
gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no plural, as
e) Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas flexões próprias dos substantivos.
maneiras: Pese bem os prós e os contras.
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis O aluno errou na prova dos noves.
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não
maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). variam no plural.
Nas provas mensais consegui muitos seis e alguns dez.

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APOSTILAS OPÇÃO
Plural dos Diminutivos honra (probidade, bom nome) e honras (homenagem,
títulos)
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e
acrescenta-se o sufixo diminutivo. d) Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com
pãe(s) + zinhos = pãezinhos sentido de plural:
animai(s) + zinhos = animaizinhos Aqui morreu muito negro.
botõe(s) + zinhos = botõezinhos Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos improvisadas.
farói(s) + zinhos = faroizinhos
tren(s) + zinhos = trenzinhos Flexão de Grau do Substantivo
colhere(s) + zinhas = colherezinhas Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as
flore(s) + zinhas = florezinhas variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
mão(s) + zinhas = mãozinhas
papéi(s) + zinhos = papeizinhos - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas normal. Por exemplo: casa
funi(s) + zinhos = funizinhos
pé(s) + zitos = pezitos - Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser.
Classifica-se em:
Plural dos Nomes Próprios Personativos Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que
indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
que a terminação preste-se à flexão. aumento. Por exemplo: casarão.
Os Napoleões também são derrotados.
As Raquéis e Esteres. - Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser.
Pode ser:
Plural dos Substantivos Estrangeiros Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que
indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
como na língua original, acrescentando -se “s” (exceto quando diminuição. Por exemplo: casinha.
terminam em “s” ou “z”). Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php
os shows os shorts os jazz
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo com Questões
as regras de nossa língua:
os clubes os chopes 01. A flexão de número do termo “preços-sombra” também
os jipes os esportes ocorre com o plural de
as toaletes os bibelôs (A) reco-reco.
os garçons os réquiens (B) guarda-costa.
(C) guarda-noturno.
Observe o exemplo: (D) célula-tronco.
Este jogador faz gols toda vez que joga. (E) sem-vergonha.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
02. Assinale a alternativa cujas palavras se apresentam
Plural com Mudança de Timbre flexionadas de acordo com a norma-padrão.
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
Certos substantivos formam o plural com mudança de (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
chamado metafonia (plural metafônico). (D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
Singular Plural Singular Plural 03. Indique a alternativa em que a flexão do substantivo está
corpo (ô) corpos (ó) osso (ô) ossos (ó) errada:
esforço esforços ovo ovos A) Catalães.
fogo fogos poço poços B) Cidadãos.
forno fornos porto portos C) Vulcães.
fosso fossos posto postos D) Corrimões.
imposto impostos rogo rogos Respostas
olho olhos tijolo tijolos 1-D / 2-D / 3-C

Adjetivo
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos,
esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
característica do ser e se relaciona com o substantivo.
molho (ó) = feixe (molho de lenha).
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, percebemos
que, além de expressar uma qualidade, ela pode ser colocada ao
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
lado de um substantivo: homem bondoso, moça bondosa, pessoa
bondosa.
a) Há substantivos que só se usam no singular:
Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade,
o sul, o norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem bondade,
moça bondade, pessoa bondade. 
b) Outros só no plural:
Bondade, portanto, não é adjetivo, mas substantivo.
as núpcias, os víveres, os pêsames, as espadas/os paus
(naipes de baralho), as fezes.
Morfossintaxe do Adjetivo:
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro
c) Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular:
de uma oração) relativas aos substantivos, atuando como adjunto
bem (virtude) e bens (riquezas)
adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

Língua Portuguesa 29
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APOSTILAS OPÇÃO
Adjetivo Pátrio Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença
alguns deles: político-social.
Estados e cidades brasileiros:
Número dos Adjetivos
Alagoas alagoano Plural dos adjetivos simples
Amapá amapaense Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo com
as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substantivos
Aracaju aracajuano ou aracajuense simples.
Amazonas amazonense ou baré Por exemplo:
mau e maus
Belo Horizonte belo-horizontino feliz e felizes
Brasília brasiliense ruim e ruins
boa e boas
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função
de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver
Adjetivo Pátrio Composto  qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo,
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra  cinza  é
elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita. originalmente um substantivo; porém, se estiver qualificando
Observe alguns exemplos: um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável.
Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Veja outros exemplos:
África afro- / Por exemplo: Cultura afro-americana
Alemanha germano- ou teuto- / Por exemplo: Motos vinho (mas: motos verdes)
Competições teuto-inglesas Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
América américo- / Por exemplo: Companhia
américo-africana Adjetivo Composto
Bélgica belgo- / Por exemplo: Acampamentos belgo-
franceses É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente,
esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemento
China sino- / Por exemplo: Acordos sino-japoneses concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam
Espanha hispano- / Por exemplo: Mercado hispano- na forma masculina, singular. Caso um dos elementos que
português formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado,
todo o adjetivo composto ficará invariável. Por exemplo:  a
Europa euro- / Por exemplo: Negociações euro- palavra rosa é originalmente um substantivo, porém, se estiver
americanas qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso se
França franco- ou galo- / Por exemplo: Reuniões ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto;
franco-italianas como é um substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro
ficará invariável. Por exemplo:
Grécia greco- / Por exemplo: Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Por exemplo: Letras anglo- Camisas rosa-claro.
portuguesas Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros.
Itália ítalo- / Por exemplo: Sociedade ítalo- Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
portuguesa Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Japão nipo- / Por exemplo: Associações nipo-
brasileiras Observe
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjetivo
Portugal luso- / Por exemplo: Acordos luso-brasileiros composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis.
- O adjetivo composto pele-vermelha têm os dois elementos
Flexão dos adjetivos flexionados.
O adjetivo varia em gênero, número e grau. Grau do Adjetivo
Gênero dos Adjetivos Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a
intensidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo:
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem o comparativo e o superlativo.
(masculino e feminino). De forma semelhante aos substantivos,
classificam-se em:  Comparativo
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e
outra para o feminino. Nesse grau, comparam-se a mesma característica
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais características
Por exemplo: ativo e ativa, mau e má, judeu e judia. atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade,
de superioridade ou de inferioridade. Observe os exemplos
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino abaixo:
somente o último elemento.
Por exemplo: o moço norte-americano, a moça norte- 1) Sou tão alto como você.  = Comparativo de Igualdade
americana.  No comparativo de igualdade, o segundo termo da
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão.
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como
para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher feliz. 2) Sou  mais alto  (do) que  você.  = Comparativo de
Superioridade Analítico

Língua Portuguesa 30
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APOSTILAS OPÇÃO
No comparativo de superioridade analítico, entre os dois 2)  O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas
substantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma é formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem
analítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou “mais...que”. vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo
latino +  um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo:
3) O Sol é  maior (do) que  a Terra.  = Comparativo de fidelíssimo, facílimo, paupérrimo.
Superioridade Sintético A forma popular é constituída do radical do adjetivo
português + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de 3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo,
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas
São eles: seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável
bom-melhor hiato i-í.
pequeno-menor Questões
mau-pior
alto-superior 01. Leia o texto a seguir.
grande-maior
baixo-inferior Violência epidêmica

Observe que:  A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Embora


a) As formas menor e pior são comparativos de superioridade, possa acometer indivíduos vulneráveis em todas as classes
pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente. sociais, é nos bairros pobres que ela adquire características
b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas epidêmicas.
(melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas A prevalência varia de um país para outro e entre as cidades
entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar de um mesmo país, mas, como regra, começa nos grandes
as formas analíticas mais bom, mais mau, mais grande e mais centros urbanos e se dissemina pelo interior.
pequeno. As estratégias que as sociedades adotam para combater a
Por exemplo: Pedro é maior do que Paulo - Comparação de violência variam muito e a prevenção das causas evoluiu muito
dois elementos. pouco no decorrer do século 20, ao contrário dos avanços
Pedro é  mais grande  que pequeno -  comparação de duas ocorridos no campo das infecções, câncer, diabetes e outras
qualidades de um mesmo elemento. enfermidades.
A agressividade impulsiva é consequência de perturbações
4) Sou  menos alto  (do) que  você.  = Comparativo de nos mecanismos biológicos de controle emocional. Tendências
Inferioridade agressivas surgem em indivíduos com dificuldades adaptativas
Sou menos passivo (do) que tolerante. que os tornam despreparados para lidar com as frustrações de
seus desejos.
Superlativo A violência é uma doença. Os mais vulneráveis são os que
tiveram a personalidade formada num ambiente desfavorável ao
O superlativo expressa qualidades num grau muito desenvolvimento psicológico pleno.
elevado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser A revisão de estudos científicos permite identificar três
absoluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades: fatores principais na formação das personalidades com maior
Superlativo Absoluto:  ocorre quando a qualidade de um inclinação ao comportamento violento:
ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se 1) Crianças que apanharam, foram vítimas de abusos,
nas formas: humilhadas ou desprezadas nos primeiros anos de vida.
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras 2) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não
secretário é muito inteligente. lhes impuseram limites de disciplina.
Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de 3) Associação com grupos de jovens portadores de
sufixos. comportamento antissocial.
Por exemplo: Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de crianças
O secretário é inteligentíssimo. que se enquadram nessas três condições de risco. Associados à
falta de acesso aos recursos materiais, à desigualdade social,
Observe alguns superlativos sintéticos:  esses fatores de risco criam o caldo de cultura que alimenta a
violência crescente nas cidades.
Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a
benéfico beneficentíssimo resposta do aprisionamento. Porém, seu efeito é passageiro: o
bom boníssimo ou ótimo criminoso fica impedido de delinquir apenas enquanto estiver
preso.
comum comuníssimo Ao sair, estará mais pobre, terá rompido laços familiares
cruel crudelíssimo e sociais e dificilmente encontrará quem lhe dê emprego. Ao
mesmo tempo, na prisão, terá criado novas amizades e conexões
difícil dificílimo mais sólidas com o mundo do crime.
doce dulcíssimo Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ainda.
Obrigados a optar por uma repressão policial mais ativa,
fácil facílimo aumentaremos o número de prisioneiros. As cadeias continuarão
fiel fidelíssimo superlotadas.
Seria mais sensato investir em educação, para prevenir a
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser criminalidade e tratar os que ingressaram nela.
é intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo.
pode ser: Precisamos de uma divisão de renda menos brutal, motivar os
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala. policiais a executar sua função com dignidade, criar leis que
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala. acabem com a impunidade dos criminosos bem-sucedidos e
construir cadeias novas para substituir as velhas.
Note bem: Enquanto não aprendermos a educar e oferecer medidas
1)  O superlativo absoluto analítico é expresso por meio preventivas para que os pais evitem ter filhos que não serão
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., capazes de criar, cabe a nós a responsabilidade de integrá-los
antepostos ao adjetivo. na sociedade por meio da educação formal de bom nível, das

Língua Portuguesa 31
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APOSTILAS OPÇÃO
práticas esportivas e da oportunidade de desenvolvimento afinal, breve, constantemente, entrementes, imediatamente,
artístico. primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
(Drauzio Varella. In Folha de S.Paulo, 9 mar.2002. Adaptado) à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de
Em – características epidêmicas –, o adjetivo epidêmicas quando em quando, a qualquer momento, de tempos em tempos,
corresponde a – características de epidemias. em breve, hoje em dia
Assinale a alternativa em que, da mesma forma, o adjetivo de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
em destaque corresponde, corretamente, à expressão indicada. além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde,
A) água fluvial – água da chuva. longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora,
B) produção aurífera – produção de ouro. alhures, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a distância,
C) vida rupestre – vida do campo. à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda,
D) notícias brasileiras – notícias de Brasília. ao lado, em volta
E) costela bovina – costela de porco. de negação  : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
02.Não se pluraliza os adjetivos compostos abaixo, exceto: de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente,
A) azul-celeste provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
B) azul-pavão de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto,
C) surda-muda efetivamente, certo, decididamente, realmente, deveras,
D) branco-gelo indubitavelmente
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente,
03.Assinale a única alternativa em que os adjetivos não simplesmente, só, unicamente
estão no grau superlativo absoluto sintético: de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também
A) Arquimilionário/ ultraconservador; de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
B) Supremo/ ínfimo; de designação: Eis
C) Superamigo/ paupérrimo; de interrogação: onde?(lugar), como?(modo),
D) Muito amigo/ Bastante pobre quando?(tempo), por quê?(causa), quanto?(preço e intensidade),
para quê?(finalidade)
Respostas
1-B / 2-C / 3-D Locução adverbial 
É reunião de duas ou mais palavras com valor de advérbio.
Advérbio Exemplo:
Carlos saiu às pressas. (indicando modo)
O  advérbio, assim como muitas outras palavras existentes Maria saiu à tarde. (indicando tempo)
na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo,
tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade, Há locuções adverbiais que possuem advérbios
contiguidade. correspondentes.
Essa proximidade faz referência ao processo verbal, no Exemplo:
sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu apressadamente.
em que esse processo se desenvolve. 
O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sentido de Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo são
caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis. A única
é modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também flexão propriamente dita que existe na categoria dos advérbios
modifica o  adjetivo e até outro advérbio. Seguem alguns é a de grau:
exemplos:
Superlativo:  aumenta a intensidade. Exemplos: longe
Para quem se diz  distantemente alheio  a esse assunto, - longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
você está até bem informado. inconstitucionalissimamente, etc;
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo Diminutivo: diminui a intensidade.
alheio, representando uma qualidade, característica. Exemplos: perto - pertinho, pouco - pouquinho, devagar -
devagarinho, 
Questões
O artista canta muito mal.
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica outro 01. Leia os quadrinhos para responder a questão.
advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos pudemos
verificar que se tratava de somente uma palavra funcionando
como advérbio. No entanto, ele pode estar demarcado por
mais de uma palavra, que mesmo assim não deixará de ocupar
tal função. Temos aí o que chamamos de  locução adverbial,
representada por algumas expressões, tais como: às vezes, sem
dúvida, frente a frente, de modo algum, entre outras.
Mediante tais postulados, afirma-se que, dependendo das
circunstâncias expressas pelos advérbios, eles se classificam em
distintas categorias, uma vez expressas por:    
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas, às
claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse
jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado
a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos que terminam
em -mente: calmamente, tristemente, propositadamente,
pacientemente, amorosamente, docemente, escandalosamente,
bondosamente, generosamente
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em
excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, quão,
tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de
muito, por completo.
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora,
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, (Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano. Português. Volume
doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, Único)

Língua Portuguesa 32
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APOSTILAS OPÇÃO
No primeiro e segundo quadrinhos, estão em destaque dois tempo, a resposta foi sim. Aqueles que não simpatizavam muito
advérbios: AÍ e ainda. com Pitágoras podiam simplesmente escolher carreiras nas
Considerando que advérbio é a palavra que modifica quais os números não encontravam muito espaço, como direito,
um verbo, um outro advérbio ou um adjetivo, expressando jornalismo, as humanidades e até a medicina de antigamente.
a circunstância em que determinado fato ocorre, assinale Como observa Steven Pinker, ainda hoje, nos meios
a alternativa que classifica, correta e respectivamente, as universitários, é considerado aceitável que um intelectual se
circunstâncias expressas por eles. vanglorie de ter passado raspando em física e de ignorar o beabá
A) Lugar e negação. da estatística. Mas ai de quem admitir nunca ter lido Joyce ou
B) Lugar e tempo. dizer que não gosta de Mozart. Sobre ele recairão olhares tão
C) Modo e afirmação. recriminadores quanto sobre o sujeito que assoa o nariz na
D) Tempo e tempo. manga da camisa.
E) Intensidade e dúvida. Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida
02. Leia o texto a seguir. prática. Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma
ponta de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental, mesmo
Impunidade é motor de nova onda de agressões para quem não pretende ser engenheiro ou seguir carreiras
técnicas.
Repetidos episódios de violência têm sido noticiados nas Como sobreviver à era do crédito farto sem saber calcular as
últimas semanas. Dois que chamam a atenção, pela banalidade armadilhas que uma taxa de juros pode esconder? Hoje, é difícil
com que foram cometidos, estão gerando ainda uma série de até posicionar-se de forma racional sobre políticas públicas sem
repercussões. assimilar toda a numeralha que idealmente as informa.
Em Natal, um garoto de 19 anos quebrou o braço da Conhecimentos rudimentares de estatística são pré-requisito
estudante de direito R.D., 19, em plena balada, porque ela teria para compreender as novas pesquisas que trazem informações
recusado um beijo. O suposto agressor já responde a uma ação relevantes para nossa saúde e bem-estar.
penal, por agressão, movida por sua ex-mulher. A matemática está no centro de algumas das mais intrigantes
No mesmo final de semana, dois amigos que saíam de uma especulações cosmológicas da atualidade. Se as equações da
boate em São Paulo também foram atacados por dois jovens mecânica quântica indicam que existem universos paralelos,
que estavam na mesma balada, e um dos agredidos teve a perna isso basta para que acreditemos neles? Ou, no rastro de Eugene
fraturada. Esses dois jovens teriam tentado se aproximar, sem Wigner, podemos nos perguntar por que a matemática é tão
sucesso, de duas garotas que eram amigas dos rapazes que eficaz para exprimir as leis da física.
saíam da boate. Um dos suspeitos do ataque alega que tudo não Releia os trechos apresentados a seguir.
passou de um engano e que o rapaz teria fraturado a perna ao - Aqueles que não simpatizavam muito com Pitágoras
cair no chão. podiam simplesmente escolher carreiras nas quais os números
Curiosamente, também é possível achar um blog que diz não encontravam muito espaço... (1.º parágrafo)
que R.D., em Natal, foi quem atacou o jovem e que seu braço se - Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma
quebrou ao cair no chão. ponta de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental...(3.º
Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos parágrafo)
felizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão
ajudar a polícia na investigação. Os advérbios em destaque nos trechos expressam, correta e
O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se respectivamente, circunstâncias de
quebrando por aí ao cair no chão, não é mesmo? As agressões A) afirmação e de intensidade.
devem ser rigorosamente apuradas e, se houver culpados, que B) modo e de tempo.
eles sejam julgados e condenados. C) modo e de lugar.
A impunidade é um dos motores da onda de violência que D) lugar e de tempo.
temos visto. O machismo e o preconceito são outros. O perfil E) intensidade e de negação.
impulsivo de alguns jovens (amplificado pela bebida e por
outras substâncias) completa o mecanismo que gera agressões. Respostas
Sem interferir nesses elementos, a situação não vai mudar. 1-B / 2-C / 3-B
Maior rigor da justiça, educação para a convivência com o outro,
aumento da tolerância à própria frustração e melhor controle Preposição
sobre os impulsos (é normal levar um “não”, gente!) são alguns
dos caminhos. Preposição  é uma palavra invariável que serve para ligar
(Jairo Bouer, Folha de S.Paulo, 24.10.2011. Adaptado) termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente
há uma subordinação do segundo termo em relação ao
Assinale a alternativa cuja expressão em destaque apresenta primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura
circunstância adverbial de modo. da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores
A) Repetidos episódios de violência (...) estão gerando ainda semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.
uma série de repercussões.
B) ...quebrou o braço da estudante de direito R. D., 19, em Tipos de Preposição
plena balada… 1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente
C) Esses dois jovens teriam tentado se aproximar, sem como preposições.
sucesso, de duas amigas… A, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre,
D) Um dos suspeitos do ataque alega que tudo não passou para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
de um engano...
E) O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se 2.  Preposições acidentais: palavras de outras  classes
quebrando por aí… gramaticais que podem atuar como preposições.
Como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão,
03. Leia o texto a seguir. visto.

Cultura matemática 3.  Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo


Hélio Schwartsman como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas.
Abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de
SÃO PAULO – Saiu mais um estudo mostrando que o ensino acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de,
de matemática no Brasil não anda bem. A pergunta é: podemos graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por
viver sem dominar o básico da matemática? Durante muito trás de.

Língua Portuguesa 33
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APOSTILAS OPÇÃO
A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância em termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar
Vale ressaltar que essa concordância não é característica da um tratamento adequado.
preposição, mas das palavras às quais ela se une.
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/
Esse processo de junção de uma preposição com outra ou a função de um substantivo.
palavra pode se dar a partir de dois processos: Temos Maria como parte da família. / A temos como parte
da família
1. Combinação: A preposição não sofre alteração. Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. /
preposição a + artigos definidos o, os Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
a + o = ao
preposição a + advérbio onde 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das
a + onde = aonde preposições:
Destino = Irei para casa.
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração. Modo = Chegou em casa aos gritos.
Lugar = Vou ficar em casa;
Preposição + Artigos Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
De + o(s) = do(s) Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
De + a(s) = da(s) Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
De + um = dum Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o
De + uns = duns tratamento.
De + uma = duma Instrumento = Escreveu a lápis.
De + umas = dumas Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
Em + o(s) = no(s) Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
Em + a(s) = na(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
Em + um = num Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
Em + uma = numa Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
Em + uns = nuns Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
Em + umas = numas Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
A + à(s) = à(s) Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
Por + o = pelo(s) Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
Por + a = pela(s)
Questões
Preposição + Pronomes
De + ele(s) = dele(s) 01. Leia o texto a seguir.
De + ela(s) = dela(s)
De + este(s) = deste(s) “Xadrez que liberta”: estratégia, concentração e reeducação
De + esta(s) = desta(s) João Carlos de Souza Luiz cumpre pena há três anos e dois
De + esse(s) = desse(s) meses por assalto. Fransley Lapavani Silva está há sete anos
De + essa(s) = dessa(s) preso por homicídio. Os dois têm 30 anos. Além dos muros,
De + aquele(s) = daquele(s) grades, cadeados e detectores de metal, eles têm outros pontos
De + aquela(s) = daquela(s) em comum: tabuleiros e peças de xadrez.
De + isto = disto O jogo, que eles aprenderam na cadeia, além de uma válvula
De + isso = disso de escape para as horas de tédio, tornou-se uma metáfora para o
De + aquilo = daquilo que pretendem fazer quando estiverem em liberdade.
De + aqui = daqui “Quando você vai jogar uma partida de xadrez, tem que pensar
De + aí = daí duas, três vezes antes. Se você movimenta uma peça errada,
De + ali = dali pode perder uma peça de muito valor ou tomar um xeque-mate,
De + outro = doutro(s) instantaneamente. Se eu for para a rua e movimentar a peça
De + outra = doutra(s) errada, eu posso perder uma peça muito importante na minha
Em + este(s) = neste(s) vida, como eu perdi três anos na cadeia. Mas, na rua, o problema
Em + esta(s) = nesta(s) maior é tomar o xeque-mate”, afirma João Carlos.
Em + esse(s) = nesse(s) O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil internos
Em + aquele(s) = naquele(s) em 22 unidades prisionais do Espírito Santo. É o projeto “Xadrez
Em + aquela(s) = naquela(s) que liberta”. Duas vezes por semana, os presos podem praticar
Em + isto = nisto a atividade sob a orientação de servidores da Secretaria de
Em + isso = nisso Estado da Justiça (Sejus). Na próxima sexta-feira, será realizado
Em + aquilo = naquilo o primeiro torneio fora dos presídios desde que o projeto foi
A + aquele(s) = àquele(s) implantado. Vinte e oito internos de 14 unidades participam da
A + aquela(s) = àquela(s) disputa, inclusive João Carlos e Fransley, que diz que a vitória
A + aquilo = àquilo não é o mais importante.
“Só de chegar até aqui já estou muito feliz, porque eu não
Dicas sobre preposição esperava. A vitória não é tudo. Eu espero alcançar outras coisas
devido ao xadrez, como ser olhado com outros olhos, como
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal estou sendo olhado de forma diferente aqui no presídio devido
oblíquo e artigo. Como distingui-los? ao bom comportamento”.
Segundo a coordenadora do projeto, Francyany Cândido
- Caso o “a” seja um artigo, virá precedendo a um substantivo. Venturin, o “Xadrez que liberta” tem provocado boas mudanças
Ele servirá para determiná-lo como um substantivo singular no comportamento dos presos. “Tem surtido um efeito positivo
e feminino. por eles se tornarem uma referência positiva dentro da unidade,
A dona da casa não quis nos atender. já que cumprem melhor as regras, respeitam o próximo e
Como posso fazer a Joana concordar comigo? pensam melhor nas suas ações, refletem antes de tomar uma
atitude”.

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APOSTILAS OPÇÃO
Embora a Sejus não monitore os egressos que ganham a 1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e  mostrou
liberdade, para saber se mantêm o hábito do xadrez, João Carlos 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
já faz planos. “Eu incentivo não só os colegas, mas também A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a
minha família. Sou casado e tenho três filhos. Já passei para a terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As
minha família: xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações.
vai ter que aprender porque vai rolar até o torneio familiar”.
“Medidas de promoção de educação e que possibilitem que o Observe: Gosto de natação e de futebol.
egresso saia melhor do que entrou são muito importantes. Nós Nessa frase as expressões de natação, de futebol são partes
não temos pena de morte ou prisão perpétua no Brasil. O preso ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra  “e” está
tem data para entrar e data para sair, então ele tem que sair ligando termos de uma mesma oração.
sem retornar para o crime”, analisa o presidente do Conselho
Estadual de Direitos Humanos, Bruno Alves de Souza Toledo. Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações
(Disponível em: www.inapbrasil.com.br/en/noticias/xadrez-que- ou dois termos semelhantes de uma mesma oração.
liberta-estrategia-concentracao-e-reeducacao/6/noticias. Adaptado)
Morfossintaxe da Conjunção
No trecho –... xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo
vai ter que aprender porque vai rolar até o torneio familiar.– o As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem
termo em destaque expressa relação de propriamente uma função sintática: são conectivos.
A) espaço, como em – Nosso diretor foi até Brasília para falar
do projeto “Xadrez que liberta”. Classificação - Conjunções Coordenativas- Conjunções
B) inclusão, como em – O xadrez mudou até o nosso modo Subordinativas
de falar.
C) finalidade, como em – Precisamos treinar até junho para Conjunções coordenativas
termos mais chances de vencer o torneio de xadrez. Dividem-se em:
D) movimento, como em – Só de chegar até aqui já estou
muito feliz, porque eu não esperava. - ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma.
E) tempo, como em – Até o ano que vem, pretendo conseguir Ex. Gosto de cantar e de dançar.
a revisão da minha pena. Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas também,
não só...como também.
02. Considere o trecho a seguir.
O metrô paulistano, ________quem a banda recebe apoio, - ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de oposição,
garante o espaço para ensaios e os equipamentos; e a estabilidade de compensação.
no emprego, vantagem________ que muitos trabalhadores sonham, Ex. Estudei, mas não entendi nada.
é o que leva os integrantes do grupo a permanecerem na Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo,
instituição. todavia, no entanto, entretanto.

As preposições que preenchem o trecho, correta, - ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância.


respectivamente e de acordo com a norma-padrão, são: Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
A) a ...com Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, quer...
B) de ...com quer, já...já.
C) de ...a
D) com ...a - CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações. Ex.
E) para ...de Estudei muito, por isso mereço passar.
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois
03. Assinale a alternativa cuja preposição em destaque (depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.
expressa ideia de finalidade.
A) Além disso, aumenta a punição administrativa, de R$ - EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. É
957,70 para R$ 1.915,40. melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora.
B) ... o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes
o bafômetro e o exame de sangue eram obrigatórios para do verbo), porquanto.
comprovar o crime.
C) “... Ele é encaminhado para a delegacia para o perito fazer Conjunções subordinativas
o exame clínico”... - CAUSAIS
D) Já para o juiz criminal de São Paulo, Fábio Munhoz Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma
Soares, um dos que devem julgar casos envolvendo pessoas vez que, como (= porque).
embriagadas ao volante, a mudança “é um avanço”. Ele não fez o trabalho porque não tem livro.
E) Para advogados, a lei aumenta o poder da autoridade
policial de dizer quem está embriagado... - COMPARATIVAS
Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...como,
Respostas mais...do que, menos...do que.
1-B / 2-B / 3-B Ela fala mais que um papagaio.

Conjunção - CONCESSIVAS
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que,
Conjunção  é a palavra invariável que liga duas orações ou mesmo que, apesar de, se bem que.
dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por exemplo: Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato
inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”.
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as
amiguinhas. Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de estar
Deste exemplo podem ser retiradas três informações: cansada)
Apesar de ter chovido fui ao cinema.
1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as
amiguinhas - CONFORMATIVAS
Cada informação está estruturada em torno de um verbo: Principais conjunções conformativas: como, segundo,
segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações: conforme, consoante

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APOSTILAS OPÇÃO
Cada um colhe conforme semeia. Desde que Edison inventou o cilindro fonográfico, em1877,
Expressam uma ideia de acordo, concordância, conformidade. existe gente que avalia o que a gravação fez em favor e desfavor
da arte da música. Inevitavelmente, a conversa descambou para
- CONSECUTIVAS os extremos retóricos. No campo oposto ao dos que diziam que a
Expressam uma ideia de consequência. tecnologia acabaria com a música estão os utópicos, que alegam
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, “tanto”, que a tecnologia não aprisionou a música, mas libertou-a, levando
“tão”, “tamanho”). a arte da elite às massas. Antes de Edison, diziam os utópicos,
Falou tanto que ficou rouco. as sinfonias de Beethoven só podiam ser ouvidas em salas de
concerto selecionadas. Agora, as gravações levam a mensagem
- FINAIS de Beethoven aos confins do planeta, convocando a multidão
Expressam ideia de finalidade, objetivo. saudada na “Ode à alegria”: “Abracem-se, milhões!”. Glenn Gould,
Todos trabalham para que possam sobreviver. depois de afastar-se das apresentações ao vivo em 1964, previu
Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque que dentro de um século o concerto público desapareceria no éter
(=para que), eletrônico, com grande efeito benéfico sobre a cultura musical.
(Adaptado de Alex Ross. Escuta só. Tradução Pedro Maia
- PROPORCIONAIS Soares. São Paulo, Cia. das Letras, 2010, p. 76-77)
Principais conjunções proporcionais: à medida que, quanto
mais, ao passo que, à proporção que. No entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mesmos,
À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha. ou até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós.

- TEMPORAIS Considerando-se o contexto, é INCORRETO afirmar que o


Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo elemento grifado pode ser substituído por:
que. A) Porém.
Quando eu sair, vou passar na locadora. B) Contudo.
C) Todavia.
Importante: D) Entretanto.
E) Conquanto.
Diferença entre orações causais e explicativas
Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais (OSA) 02. Observando as ocorrências da palavra “como” em –
e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos deparamos Como fomos programados para ver o mundo como um lugar
com a dúvida de como distinguir uma oração causal de uma ameaçador… – é correto afirmar que se trata de conjunção
explicativa. Veja os exemplos: (A) comparativa nas duas ocorrências.
(B) conformativa nas duas ocorrências.
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser (C) comparativa na primeira ocorrência.
atropelado”: (D) causal na segunda ocorrência.
a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificativa ou (E) causal na primeira ocorrência.
uma explicação do fato expresso na oração anterior.
b) As orações são coordenadas e, por isso, independentes 03. Leia o texto a seguir.
uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as orações que
vêm marcadas por vírgula. Participação
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado. Num belo poema, intitulado “Traduzir-se”, Ferreira Gullar
b) Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Oração aborda o tema de uma divisão muito presente em cada um de
Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela será nós: a que ocorre entre o nosso mundo interior e a nossa atuação
explicativa. junto aos outros, nosso papel na ordem coletiva. A divisão não é
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo imperativo) simples: costuma-se ver como antagônicas essas duas “partes”
de nós, nas quais nos dividimos. De fato, em quantos momentos
2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra cidade da nossa vida precisamos escolher entre o atendimento de um
porque não havia cemitério no local.” interesse pessoal e o cumprimento de um dever ético? Como poeta
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada e militante político, Ferreira Gullar deixou-se atrair tanto pela
(parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo expressão das paixões mais íntimas quanto pela atuação de um
verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê- convicto socialista. Em seu poema, o diálogo entre as duas partes
la é colocá-la no início do período, introduzida pela é desenvolvido de modo a nos fazer pensar que são incompatíveis.
conjunção como - o que não ocorre com a CS Explicativa.
Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar os mortos Mas no último momento do poema deparamo-nos com esta
em outra cidade. estrofe:
b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente “Traduzir uma parte na outra parte − que é uma questão de
dependentes uma da outra. vida ou morte − será arte?”

Questões O poeta levanta a possibilidade da “tradução” de uma parte


na outra, ou seja, da interação de ambas, numa espécie de
01. Leia o texto a seguir. espelhamento. Isso ocorreria quando o indivíduo conciliasse
A música alcançou uma onipresença avassaladora em nosso verdadeiramente a instância pessoal e os interesses de uma
mundo: milhões de horas de sua história estão disponíveis em comunidade; quando deixasse de haver contradição entre a razão
disco; rios de melodia digital correm na internet; aparelhos particular e a coletiva. Pergunta-se o poeta se não seria arte esse
de mp3 com 40 mil canções podem ser colocados no bolso. No tipo de integração. Realmente, com muita frequência a arte se
entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mesmos, ou mostra capaz de expressar tanto nossa subjetividade como nossa
até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós. identidade social.
Ela se tornou um meio radicalmente virtual, uma arte sem Nesse sentido, traduzir uma parte na outra parte significaria
rosto. Quando caminhamos pela cidade num dia comum, nossos vencer a parcialidade e chegar a uma autêntica participação,
ouvidos registram música em quase todos os momentos − pedaços de sentido altamente político. O poema de Gullar deixa-nos essa
de hip-hop vazando dos fones de ouvido de adolescentes no metrô, hipótese provocadora, formulada com um ar de convicção.
o sinal do celular de um advogado tocando a “Ode à alegria”, de (Belarmino Tavares, inédito)
Beethoven −, mas quase nada disso será resultado imediato de
um trabalho físico de mãos ou vozes humanas, como se dava no Os seguintes fatos, referidos no texto, travam entre si uma
passado. relação de causa e efeito:

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APOSTILAS OPÇÃO
A) ser poeta e militante político / confronto entre As interjeições podem ser formadas por:
subjetividade e atuação social a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
B) ser poeta e militante político / divisão permanente em b) palavras: Oba!, Olá!, Claro!
cada um de nós c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Ora
C) ser movido pelas paixões / esposar teses socialistas bolas!
D) fazer arte / obliterar uma questão de vida ou morte A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes
E) participar ativamente da política / formular hipóteses da entonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer que
com ar de convicção uma interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo:
Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade)
Respostas Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
1-E / 2-E / 3-A
Classificação das Interjeições
Interjeição
Comumente, as interjeições expressam sentido de:
- Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!,
Interjeição  é a palavra invariável que exprime emoções,
Atenção!, Olha!, Alerta!
sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o
- Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem que,
- Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
para isso, seja necessário fazer uso de estruturas linguísticas
- Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
mais elaboradas. Observe o exemplo:
- Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!,
Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda sua
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa!
raiva se traduz numa palavra: Droga!
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
Ele poderia ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!,
simplesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga!
Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
As sentenças da língua costumam se organizar de forma
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui
- Desculpa: Perdão!
em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!,
outro lado, são uma espécie de “palavra-frase”, ou seja, há uma
Eh!
ideia expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras -
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!,
locução interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma
Ora!
sentença.
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!,
Veja os exemplos:
Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!, Putz!
Bravo! Bis!
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!,
bravo  e  bis: interjeição / sentença (sugestão): «Foi muito
Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!
bom! Repitam!»
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade!
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé...
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!,
ai: interjeição / sentença (sugestão): “Isso está doendo!” ou
Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me,
“Estou com dor!”
Deus!
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio!
A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
não há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as
sentenças da língua, mas sim a manifestação de um suspiro, Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto é,
um estado da alma decorrente de uma situação particular, um não sofrem variação em gênero, número e grau como os nomes,
momento ou um contexto específico. Exemplos: nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os
Ah, como eu queria voltar a ser criança! verbos. No entanto, em uso específico, algumas interjeições
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição sofrem variação em grau. Deve-se ter claro, neste caso, que
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! não se trata de um processo natural dessa classe de palavra,
hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite.
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
O significado das interjeições está vinculado à maneira
Locução Interjetiva
como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita
o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto de
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
enunciação. Exemplos:
expressão com sentido de interjeição. Por exemplo
Psiu!
Ora bolas!
contexto:  alguém pronunciando essa expressão na rua;
Quem me dera!
significado da interjeição (sugestão):  “Estou te chamando! Ei,
Virgem Maria!
espere!”
Meu Deus!
Psiu!
Ai de mim!
contexto:  alguém pronunciando essa expressão em um
Valha-me Deus!
hospital; significado da interjeição (sugestão):  “Por favor, faça
Graças a Deus!
silêncio!”
Alto lá!
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
Muito bem!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
Observações:
puxa: interjeição; tom da fala: decepção
1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. Por
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
exemplo:
a)  Sintetizar uma frase  exclamativa, exprimindo alegria,
Ué! = Eu não esperava por essa!
tristeza, dor, etc.
Perdão! = Peço-lhe que me desculpe.
Você faz o que no Brasil?
Eu? Eu negocio com madeiras.
2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o seu
Ah, deve ser muito interessante.
tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes gramaticais
b) Sintetizar uma frase apelativa
podem aparecer como interjeições.
Cuidado! Saia da minha frente.

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APOSTILAS OPÇÃO
Viva! Basta! (Verbos) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos
Fora! Francamente! (Advérbios) seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada:
dobro, triplo, quíntuplo, etc.
3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase”
porque sozinha pode constituir uma mensagem. Leitura dos Numerais
Socorro!
Ajudem-me!  Separando os números em centenas, de trás para frente,
Silêncio! obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no
Fique quieto! início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos
usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitativas, 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte
que exprimem ruídos e vozes. e seis.
Pum! Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
Flexão dos numerais
5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com a sua
homônima  “oh!”, que exprime admiração, alegria, tristeza, etc. Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma,
Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo e não a fazemos dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas em
depois do “ó” vocativo. diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc.
Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número:
“Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!» (Olavo Bilac)  milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
Oh! a jornada negra!» (Olavo Bilac)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
6) Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas primeiro segundo milésimo
de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas no primeira segunda milésima
diminutivo ou no superlativo. primeiros segundos milésimos
Calminha! Adeusinho! Obrigadinho! primeiras segundas milésimas
Interjeições, leitura e produção de textos
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam
Usadas com muita frequência na língua falada informal, em funções substantivas:
quando empregadas na língua escrita, as interjeições costumam Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo de produção.
conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
disso, elas podem muitas vezes indicar traços pessoais do falante flexionam-se em gênero e número:
- como a escassez de vocabulário, o temperamento agressivo ou Teve de tomar doses triplas do medicamento.
dócil, até mesmo a origem geográfica. É nos textos narrativos - Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número.
particularmente nos diálogos - que comumente se faz uso Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças
das interjeições com o objetivo de caracterizar personagens partes
e, também, graças à sua natureza sintética, agilizar as falas. Os numerais coletivos flexionam-se em número. Veja: uma
Natureza sintética e conteúdo mais emocional do que dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
racional fazem das interjeições presença constante nos textos É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos
publicitários. numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido.
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/ É o que ocorre em frases como:
morf89.php “Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
Numeral O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda
divisão de futebol)
Numeral é a palavra que indica os seres em termos
numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa Emprego dos Numerais
em determinada sequência.
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco. *Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em
[quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”] que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a
Eu quero café duplo, e você? partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do
[duplo: numeral = atributo numérico de “café”] substantivo:
A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor! Ordinais Cardinais
[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência de João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
“fila”] D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando a Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata
de numerais, mas sim de algarismos. *Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a até nono e o cardinal de dez em diante:
ideia expressa pelos números, existem mais algumas palavras Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
consideradas numerais porque denotam quantidade, proporção Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
ou ordenação. São alguns exemplos: década, dúzia, par,
ambos(as), novena. *Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um
e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são largamente
Classificação dos Numerais empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez
referência.
Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico:
um, dois, cem mil, etc. Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância
Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada: da solidariedade. Ambos agora participam das atividades
primeiro, segundo, centésimo, etc. comunitárias de seu bairro.
Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão
dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.

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APOSTILAS OPÇÃO
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática.
Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.
Flexão nominal e verbal.
Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários
um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio Flexão nominal e verbal.
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto Flexão nominal
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto Flexão de número
sete sétimo sétuplo sétimo Os nomes (substantivo, adjetivo etc.), de modo geral,
oito oitavo óctuplo oitavo admitem a flexão de número: singular e plural.
nove nono nônuplo nono Ex.: animal − animais
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos Palavras simples
doze décimo segundo - doze avos 1) Na maioria das vezes, acrescenta-se S.
treze décimo terceiro - treze avos Ex.: ponte − pontes
catorze décimo quarto - catorze avos bonito − bonitos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos 2) Palavras terminadas em R ou Z: acrescenta-se ES.
dezessete décimo sétimo - dezessete avos Ex.: éter − éteres
dezoito décimo oitavo - dezoito avos avestruz − avestruzes
dezenove décimo nono - dezenove avos Obs.: O pronome qualquer faz o plural no meio: quaisquer.
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos 3) Palavras oxítonas terminadas em S: acrescenta-se ES.
quarenta quadragésimo - quarenta avos Ex.: ananás − ananases,
cinquenta quinquagésimo - cinquenta avos Obs.: As paroxítonas e as proparoxítonas são invariáveis.
sessenta sexagésimo - sessenta avos Ex.: o pires − os pires, o ônibus − os ônibus
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos 4) Palavras terminadas em IL:
noventa nonagésimo - noventa avos a) átono: trocam IL por EIS.
cem centésimo cêntuplo centésimo Ex.: fóssil − fósseis
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo b) tônico: trocam L por S.
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo Ex.: funil − funis
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo 5) Palavras terminadas em EL:
setecentos septingentésimo - septingentésimo a) átono: plural em EIS.
oitocentos octingentésimo - octingentésimo Ex.: nível − níveis
novecentos nongentésimo b) tônico: plural em ÉIS.
ou noningentésimo - nongentésimo Ex.: carretel − carretéis
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo 6) Palavras terminadas em X são invariáveis.
bilhão bilionésimo - bilionésimo Ex.: o clímax − os clímax

Questões 7) Há palavras cuja sílaba tônica avança.


Ex.: júnior − juniores; caráter − caracteres
01.Na frase “Nessa carteira só há duas notas de cinco reais” Obs.: A palavra caracteres é plural tanto de caractere quanto
temos exemplos de numerais: de caráter.
A) ordinais;
B) cardinais; 8) Palavras terminadas em ÃO
C) fracionários; Fazem o plural em ÃOS, ÃES e ÕES.
D) romanos; Veja alguns muito importantes.
E) Nenhuma das alternativas. a) Em ões: balões, corações, grilhões, melões, gaviões.

02.Aponte a alternativa em que os numerais estão bem b) Em ãos: pagãos, cristãos, cidadãos, bênçãos, órgãos.
empregados. Obs.: Os paroxítonos, como os dois últimos, sempre fazem o
plural em ÃOS.
A) Ao papa Paulo Seis sucedeu João Paulo Primeiro.
B) Após o parágrafo nono virá o parágrafo décimo. c) Em ães: escrivães, tabeliães, capelães, capitães, alemães
C) Depois do capítulo sexto, li o capitulo décimo primeiro.
D) Antes do artigo dez vem o artigo nono. d) Em ões ou ãos: corrimões/corrimãos, verões/verãos,
E) O artigo vigésimo segundo foi revogado. anões/anãos

03. Os ordinais referentes aos números 80, 300, 700 e 90 e) Em ões ou ães: charlatões/charlatães, guardiões/
são, respectivamente guardiães, cirugiões/cirurgiães

A) octagésimo, trecentésimo, septingentésirno, f) Em ões, ãos ou ães: anciões/anciãos/anciães, ermitões/


nongentésimo ermitãos/ermitães
B) octogésimo, trecentésimo, septingentésimo, nonagésimo
C) octingentésimo, tricentésimo, septuagésimo, nonagésimo 9) Plural dos diminutivos com a letra z
D) octogésimo, tricentésimo, septuagésimo, nongentésimo Coloca-se a palavra no plural, corta-se o s e acrescenta-se
zinhos (ou zinhas).
Respostas
1-B / 2-D / 3-B Ex.: coraçãozinho

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APOSTILAS OPÇÃO
corações → coraçõe → coraçõezinhos grã-cruz − grã-cruzes
bel-prazer − bel-prazeres
azulzinha
azuis → azui → azuizinhas c) Quando o composto é formado por verbo ou qualquer
elemento invariável (advérbio,
10) Plural com metafonia (ô → ó) interjeição, prefixo etc.) mais substantivo ou adjetivo.
Ex.: arranha-céu − arranha-céus
Algumas palavras, quando vão ao plural, abrem o timbre da sempre-viva − sempre-vivas
vogal o; outras, não. super-homem − super-homens
Veja a seguir.
d) Quando os elementos são repetidos ou onomatopaicos
Com metafonia (representam sons).
Ex.: reco-reco − reco-recos
singular (ô) plural (ó) pingue-pongue − pingue-pongues
coro - coros bem-te-vi − bem-te-vis
corvo - corvos
destroço - destroços Observações
forno - fornos a) Como se vê pelo segundo exemplo, pode haver alguma
fosso - fossos alteração nos elementos, ou seja, não serem iguais.
poço - poços
rogo - rogos b) Se forem verbos repetidos, admite-se também pôr os dois
no plural.
Sem metafonia Ex.: pisca-pisca − pisca-piscas ou piscas-piscas

singular (ô) - plural (ô) 4) Nenhum elemento varia.


adorno - adornos
bolso - bolsos a) Quando há verbo mais palavra invariável.
endosso - endossos Ex.: O cola-tudo − os cola-tudo
esgoto - esgotos
estojo - estojos b) Quando há dois verbos de sentido oposto.
gosto - gostos Ex.: o perde-ganha − os perde-ganha

11) Casos especiais: c) Nas frases substantivas (frases que se transformam em


aval − avales e avais substantivos).
cal − cales e cais Ex.: O maria-vai-com-as-outras − os maria-vai-com-as-
cós − coses e cós outras
fel − feles e féis
mal e cônsul − males e cônsules Observações
a) São invariáveis arco-íris, louva-a-deus, sem-vergonha,
Palavras compostas sem-teto e sem-terra.
1) Os dois elementos variam. Ex.: Os sem-terra apreciavam os arco-íris.
Quando os compostos são formados por substantivo mais
palavra variável (adjetivo, substantivo, numeral, pronome). b) Admitem mais de um plural:
Ex.: amor-perfeito − amores-perfeitos pai-nosso − pais-nossos ou pai-nossos
couve-flor − couves-flores padre-nosso − padres-nossos ou padre-nossos
segunda-feira − segundas-feiras terra-nova − terras-novas ou terra-novas
salvo-conduto − salvos-condutos ou salvo-condutos
2) Só o primeiro elemento varia. xeque-mate − xeques-mates ou xeques-mate
a) Quando há preposição no composto, mesmo que oculta.
Ex.: pé-de-moleque − pés-de-moleque c) Casos especiais: palavras que não se encaixam nas regras.
cavalo-vapor − cavalos-vapor (de ou a vapor) o bem-me-quer − os bem-me-queres
o joão-ninguém − os joões-ninguém
b) Quando o segundo substantivo determina o primeiro (fim o lugar-tenente − os lugar-tenentes
ou semelhança). o mapa-múndi − os mapas-múndi
Ex.: banana-maçã − bananas-maçã (semelhante a maçã)
navio-escola − navios-escola (a finalidade é a escola) Flexão de gênero
Os substantivos e as palavras que o acompanham na frase
Observações admitem a flexão de gênero: masculino e feminino.
a) Alguns autores admitem a flexão dos dois elementos. É Ex.: Meu amigo diretor recebeu o primeiro salário.
uma situação polêmica. Minha amiga diretora recebeu a primeira prestação.
Ex.: mangas-espada (preferível) ou mangas-espadas A flexão de feminino pode ocorrer de duas maneiras.

b) Quando dizemos (e isso vai ocorrer outras vezes) que é 1) Com a troca de o ou e por a.
uma situação polêmica, discutível, convém ter em mente que a Ex.: lobo − loba
questão do concurso deve ser resolvida por eliminação, ou seja, mestre − mestra
analisando bem as outras opções.
2) Por meio de diferentes sufixos nominais de gênero, muitas
3) Apenas o último elemento varia. vezes com alterações do radical.
a) Quando os elementos são adjetivos.
Ex.: hispano-americano − hispano-americanos Veja alguns femininos importantes.
Obs.: A exceção é surdo-mudo, em que os dois adjetivos se ateu − atéia
flexionam: surdos-mudos. bispo − episcopisa
b) Nos compostos em que aparecem os adjetivos GRÃO, GRÃ conde − condessa
e BEL. duque − duquesa
Ex.: grão-duque − grão-duques frade − freira

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APOSTILAS OPÇÃO
ilhéu − ilhoa b) relativo
judeu − judia de superioridade: João é o mais forte da turma.
marajá − marani de inferioridade: João é o menos forte da turma.
monje − monja
pigmeu − pigméia Observações
a) O grau superlativo absoluto corresponde a um aumento
Alguns substantivos são uniformes quanto ao gênero, ou do adjetivo. Pode ser expresso por um sufixo (íssimo, érrimo
seja, possuem uma única forma para masculino e feminino. ou imo) ou uma palavra de apoio, como muito, bastante,
Podem ser: demasiadamente, enorme etc.
1) Sobrecomuns: admitem apenas um artigo, podendo
designar os dois sexos. b) As palavras maior, menor, melhor e pior constituem
Ex.: a pessoa, o cônjuge, a testemunha sempre graus de superioridade.
2) Comuns de dois gêneros: admitem os dois artigos, Ex.: O carro é menor que o ônibus.
podendo então ser masculinos ou femininos. menor (mais pequeno): comparativo de superioridade.
Ex.: o estudante − a estudante, o cientista − a cientista, o Ele é o pior do grupo.
patriota − a patriota pior (mais mau): superlativo relativo de superioridade.
3) Epicenos: admitem apenas um artigo, designando os
animais. c) Alguns superlativos absolutos sintéticos que podem
Ex.: O jacaré, a cobra, o polvo apresentar dúvidas.
acre − acérrimo
Observações amargo − amaríssimo
a) O feminino de elefante é elefanta, e não elefoa. Aliá é amigo − amicíssimo
correto, mas designa apenas uma espécie de elefanta. antigo − antiquíssimo
b) Mamão, para alguns gramáticos, deve ser considerado cruel − crudelíssimo
epiceno. É algo discutível. doce − dulcíssimo
c) Há substantivos de gênero duvidoso, que as pessoas fácil − facílimo
costumam trocar. Veja alguns que convém gravar. feroz − ferocíssimo
Masculinos - Femininos fiel − fidelíssimo
champanha - aguardente geral − generalíssimo
dó - alface humilde − humílimo
eclipse - cal magro − macérrimo
formicida - cataplasma negro − nigérrimo
grama (peso) - grafite pobre − paupérrimo
milhar - libido sagrado − sacratíssimo
plasma - omoplata sério − seriíssimo
soprano - musse soberbo – superbíssimo
suéter - preá
telefonema Questões

d) Existem substantivos que admitem os dois gêneros. 1) Assinale a alternativa que apresenta erro de plural.
Ex.: diabetes (ou diabete), laringe, usucapião etc. a) o balãozinho – os balõezinhos, o júnior – os juniores
b) o lápis – os lápis, o projetil − os projéteis
Flexão de grau c) o arroz – os arrozes, o éter – os éteres
d) o mel – os meles, o gol – os goles
Por razões meramente didáticas, incluo, aqui, o grau entre os
processos de flexão. 2) Está mal flexionada em número a palavra:
Alguns autores também o fazem, talvez pelo mesmo motivo. a) o paul − os pauis
b) o látex − os látex
Grau do substantivo c) a gravidez − as gravidezes
d) o caráter − os caráteres
1) Normal ou positivo: sem nenhuma alteração.
Ex.: chapéu 3) Assinale o item em que todas as palavras são masculinas.
a) dinamite, pijama, eclipse
2) Aumentativo b) grafite, formicida, omoplata
a) sintético: chapelão c) grama (peso), dó, telefonema
b) analítico: chapéu grande, chapéu enorme etc. d) suéter, faringe, clã

3) Diminutivo 4) Marque a opção em que todas as palavras são femininas.


a) sintético: chapeuzinho a) agravante, aguardente, libido
b) analítico: chapéu pequeno, chapéu reduzido etc. b) milhar, alface, musse
Obs.: Um grau é sintético quando formado por sufixo; c) cataplasma, lança-perfume, champanha
analítico, por meio de outras palavras. d) cal, soprano, laringe

Grau do adjetivo Respostas


1) Normal ou positivo: João é forte. 1–B/ 2–D /3–C /4–A
2) Comparativo
a) de superioridade: João é mais forte que André. (ou do que) Flexão verbal
b) de inferioridade: João é menos forte que André. (ou do
que) 1) Número: singular ou plural
c) de igualdade: João é tão forte quanto André. (ou como) Ex.: ando, andas, anda → singular
3) Superlativo andamos, andais, andam → plural
a) absoluto
sintético: João é fortíssimo. 2) Pessoas: são três.
analítico: João é muito forte. (bastante forte, forte demais a) A primeira é aquela que fala; corresponde aos pronomes
etc.) eu (singular) e nós (plural).

Língua Portuguesa 41
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APOSTILAS OPÇÃO
Ex.: escreverei, escreveremos Reunindo, temos: bebe, beba, bebamos, bebei, bebam.

b) A segunda é aquela com quem se fala; corresponde aos 2) Negativo: sai do presente do subjuntivo mais a palavra
pronomes tu (singular) e vós (plural). não.
Ex.: escreverás, escrevereis Ex.: beba
bebas → não bebas (tu)
c) A terceira é aquela acerca de quem se fala; corresponde beba → não beba (você)
aos pronomes ele ou ela (singular) e eles ou elas (plural). bebamos → não bebamos (nós)
Ex.: escreverá, escreverão bebais → não bebais (vós)
bebam → não bebam (vocês)
3) Modos: são três. Assim, temos: não bebas, não beba, não bebamos, não
a) Indicativo: apresenta o fato verbal de maneira positiva, bebais, não bebam.
indubitável.
Ex.: vendo Observações
a) No imperativo não existe a primeira pessoa do singular,
b) Subjuntivo: apresenta o fato verbal de maneira duvidosa, eu; a terceira pessoa é você.
hipotética. b) O verbo ser não segue a regra nas pessoas que saem do
Ex.: que eu venda presente do indicativo. Eis o seu imperativo:
afirmativo: sê, seja, sejamos, sede, sejam
c) Imperativo: apresenta o fato verbal como objeto de uma negativo: não sejas, não seja, não sejamos, não sejais, não
ordem. sejam
Ex.: venda! c) O tratamento dispensado a alguém numa frase não pode
mudar. Se começamos a tratar a pessoa por você, não podemos
4) Tempos: são três. passar para tu, e vice-versa.
a) Presente: falo Ex.: Pede agora a tua comida. (tratamento: tu)
Peça agora a sua comida. (tratamento: você)
b) Pretérito d) Os verbos que têm z no radical podem, no imperativo
perfeito: falei afirmativo, perder também a letra e que aparece antes da
imperfeito: falava desinência s.
mais-que-perfeito: falara Ex.: faze (tu) ou faz (tu)
dize (tu) ou diz (tu)
Obs.: O pretérito perfeito indica uma ação extinta; o e) Procure ter “na ponta da língua” a formação e o emprego
imperfeito, uma ação que se prolongava num determinado do imperativo. É assunto muito cobrado em concursos públicos.
ponto do passado; o mais-que-perfeito, uma ação passada em
relação a outra ação, também passada. Tempos primitivos e tempos derivados
Ex.: Eu cantei aquela música. (perfeito)
Eu cantava aquela música. (imperfeito) 1) O presente do indicativo é tempo primitivo. Da primeira
Quando ele chegou, eu já cantara. (mais-que-perfeito) pessoa do singular sai todo o presente do subjuntivo.
Ex.: digo → que eu diga, que tu digas, que ele diga etc.
c) Futuro dizes
do presente: estudaremos diz
do pretérito: estudaríamos Obs.: Isso não ocorre apenas com os poucos verbos que não
apresentam a desinência o na primeira pessoa do singular.
Obs.: No modo subjuntivo, com relação aos tempos simples, Ex.: eu sou → que eu seja
temos apenas o presente, o pretérito imperfeito e o futuro (sem eu sei → que eu saiba
divisão). Os tempos compostos serão estudados mais adiante.
2) O pretérito perfeito é tempo primitivo. Da segunda pessoa
5) Vozes: são três do singular saem:

a) Ativa: o sujeito pratica a ação verbal. a) o mais-que-perfeito.


Ex.: O carro derrubou o poste. Ex.: coubeste → coubera, couberas, coubera, coubéramos,
coubéreis, couberam
b) Passiva: o sujeito sofre a ação verbal.
analítica ou verbal: com o particípio e um verbo auxiliar. b) o imperfeito do subjuntivo.
Ex.: O poste foi derrubado pelo carro. Ex.: coubeste → coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos,
sintética ou pronominal: com o pronome apassivador se. coubésseis, coubessem
Ex.: Derrubou-se o poste.
c) o futuro do subjuntivo.
Obs.: Estudaremos bem o pronome apassivador (ou partícula Ex.: coubeste → couber, couberes, couber, coubermos,
apassivadora) na sétima lição: concordância verbal. couberdes, couberem

c) Reflexiva: o sujeito pratica e sofre a ação verbal; aparece 3) Do infinitivo impessoal derivam:
um pronome reflexivo.
Ex.: O garoto se machucou. a) o imperfeito do indicativo.
Ex.: caber → cabia, cabias, cabia, cabíamos, cabíeis, cabiam
Formação do imperativo
1) Afirmativo: tu e vós saem do presente do indicativo b) o futuro do presente.
menos a letra s; você, nós e vocês, do presente do subjuntivo. Ex.: caber → caberei, caberás, caberá, caberemos, cabereis,
Ex.: Imperativo afirmativo do verbo beber caberão
Bebo → beba
bebes → bebe (tu) bebas c) o futuro do pretérito.
bebe beba → beba (você) Ex.: caber → caberia, caberias, caberia, caberíamos, caberíeis,
bebemos bebamos → bebamos (nós) caberiam
bebeis → bebei (vós) bebais
bebem bebam → bebam (vocês) d) o infinitivo pessoal.

Língua Portuguesa 42
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APOSTILAS OPÇÃO
Ex.: caber → caber, caberes, caber, cabermos, caberdes, 7) Aderir, competir, preterir, discernir, concernir, impelir,
caberem expelir, repelir:
a) presente do indicativo: adiro, aderes, adere, aderimos,
e) o gerúndio. aderimos, aderem.
Ex.: caber → cabendo
b) presente do subjuntivo: adira, adiras, adira, adiramos,
f) o particípio. adirais, adiram.
Ex.: caber → cabido
Obs.: Esses verbos mudam o e do infinitivo para i na primeira
Tempos compostos pessoa do singular do presente do indicativo e em todas do
presente do subjuntivo.
Formam-se os tempos compostos com o verbo auxiliar (ter
ou haver) mais o particípio do verbo que se quer conjugar. 8) Aguar, desaguar, enxaguar, minguar:
a) presente do indicativo: águo, águas, água; enxáguo,
1) Perfeito composto: presente do verbo auxiliar mais enxáguas, enxágua
particípio do verbo principal.
Ex.: tenho falado ou hei falado → perfeito composto do b) presente do subjuntivo: águe, águes, águe; enxágue,
indicativo tenha falado ou haja falado → perfeito composto do enxágues, enxágue
subjuntivo
9) Arguir, no presente do indicativo: arguo, argúis, argúi,
2) Mais-que-perfeito composto: imperfeito do auxiliar mais arguimos, arguis, argúem
particípio do principal.
Ex.: tinha falado → mais-que-perfeito composto do indicativo 10) Apaziguar, averiguar, obliquar, no presente do
tivesse falado → mais-que-perfeito composto do subjuntivo subjuntivo: apazigúe, apazigúes, apazigúe, apaziguemos,
apazigueis, apazigúem
3) Demais tempos: basta classificar o verbo auxiliar.
Ex.: terei falado → futuro do presente composto (terei é 11) Mobiliar:
futuro do presente) a) presente do indicativo: mobílio, mobílias, mobília,
mobiliamos, mobiliais, mobíliam
Verbos irregulares comuns em concursos
b) presente do subjuntivo: mobílie, mobílies, mobílie,
É importante saber a conjugação dos verbos que seguem. mobiliemos, mobilieis, mobíliem
Eles estão conjugados apenas nas pessoas, tempos e modos mais
problemáticos. 12) Polir, no presente do indicativo: pulo, pules, pule,
1) Compor, repor, impor, expor, depor etc.: seguem polimos, polis, pulem
integralmente o verbo pôr.
Ex.: ponho → componho, imponho, deponho etc. 13) Passear, recear, pentear, ladear (e todos os outros
pus → compus, repus, expus etc. terminados em ear)
a) presente do indicativo: passeio, passeias, passeia,
2) Deter, conter, reter, manter etc.: seguem integralmente o passeamos, passeais, passeiam
verbo ter.
Ex.: tivermos → contivermos, mantivermos etc. b) presente do subjuntivo: passeie, passeies, passeie,
tiveste → retiveste, mantiveste etc. passeemos, passeeis, passeiem

3) Intervir, advir, provir, convir etc.: seguem integralmente Observações


o verbo vir. a) Os verbos desse grupo (importantíssimo) apresentam
Ex.: vierem → intervierem, provierem etc. o ditongo ei nas formas risotônicas, mas apenas nos dois
vim → intervim, convim etc presentes.

4) Rever, prever, antever etc.: seguem integralmente o verbo b) Os verbos estrear e idear apresentam ditongo aberto.
ver. Ex.: estreio, estreias, estreia; ideio, ideias, ideia
Ex.: vi → revi, previ etc.
víssemos → prevíssemos, antevíssemos etc. 14) Confiar, renunciar, afiar, arriar etc.: verbos regulares.
Ex.: confio, confias, confia, confiamos, confiais, confiam
Observações
a) Como se vê nesses quatro itens iniciais, o verbo derivado Observações
segue a conjugação do seu primitivo. Basta conjugar o verbo a) Esses verbos não têm o ditongo ei nas formas risotônicas.
primitivo e recolocar o prefixo. Há outros verbos que dão origem
a verbos derivados. Por exemplo, dizer, haver e fazer. Para eles, b) Mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar e intermediar,
vale a mesma regra explicada acima. apesar de terminarem em iar, apresentam o ditongo ei.
Ex.: eu houve → eu reouve (e não reavi, como normalmente Ex.: medeio, medeias, medeia, mediamos, mediais, medeiam
se fala por aí) medeie, medeies, medeie, mediemos, medieis, medeiem
15) Requerer: só é irregular na 1ª pessoa do singular do
b) Requerer e prover não seguem integralmente os verbos presente do indicativo e,
querer e ver. Eles serão mostrados mais adiante. consequentemente, em todo o presente do subjuntivo.
Ex.: requeiro, requeres, requer
5) Crer, no pretérito perfeito do indicativo: cri, creste, creu, requeira, requeiras, requeira
cremos, crestes, creram. requeri, requereste, requereu

6) Estourar, roubar, aleijar, inteirar etc.: mantém o ditongo 16) Prover: conjuga-se como verbo regular no pretérito
fechado em todos os tempos, inclusive o presente do indicativo. perfeito, no mais-que-perfeito, no imperfeito do subjuntivo,
Ex.: A bomba estoura. (e não estóra, como normalmente se no futuro do subjuntivo e no particípio; nos demais tempos,
diz) acompanha o verbo ver.
Eu inteiro (e não intéro) Ex.: Provi, proveste, proveu; provera, proveras, provera;
provesse, provesses, provesse etc.

Língua Portuguesa 43
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APOSTILAS OPÇÃO
provejo, provês, provê; provia, provias, provia; proverei, Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades
proverás, proverá etc. Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
17) Reaver, precaver-se, falir, adequar, remir, abolir, colorir, Vossa Santidade V. S. Papa
ressarcir, demolir, Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso
acontecer, doer são verbos defectivos. Estude o que falamos Vossa Onipotência V. O. Deus
sobre eles na lição anterior, no item sobre a classificação dos
verbos. Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora
Ex.: Reaver, no presente do indicativo: reavemos, reaveis e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento
Questões familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões , a forma tu é de uso frequente,
1) Marque o erro de flexão verbal. em outras, é muito pouco empregada. Já a forma vós tem uso
a) Teus amigos só veem problemas na empresa. restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
b) Eles vêm cedo para o trabalho.
c) Se nós virmos a solução, a brincadeira perderá a graça. Observações:
d) Viemos agora tentar um acordo. a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes
de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em
2) Assinale a única forma verbal correta. relação à pessoa com quem falamos.
a) Tudo que ele contradizer deve ser analisado. Por exemplo:
b) Se o guarda retesse o trânsito, haveria enorme Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este
engarrafamento. encontro.
c) Carlos preveu uma desgraça.
d) Eu não intervinha no seu trabalho. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Por Exemplo:
3) Aponte a frase sem erro no que toca à flexão verbal. Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o
a) Os funcionários reporam a mercadoria. Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.
b) Se ele manter a calma, poderá ser aprovado. - Os pronomes de tratamento representam uma forma
c) Quando eu revesse o processo, acharia o erro. indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
d) Àquela altura, já tínhamos intervindo na conversa. tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
4) Assinale a frase com erro de flexão verbal. supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
a) Eu já reouve meu relógio.
b) Isso não condizeria com meus ideais. b) 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento se dirijam
c) Enquanto depúnhamos, ele procurava novas provas. à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª pessoa.
d) Quando contiverdes as emoções, sereis felizes. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes
oblíquos empregados em relação a eles devem ficar na 3ª pessoa.
5) Assinale a opção que apresenta um verbo que não é Por exemplo:
defectivo. Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas,
a) polir, abolir para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
b) adequar, falir
c) acontecer, doer c) Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou
d) precaver, reaver nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim,
Respostas por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não
1-D / 2-D / 3-B / 4-A / 5-B poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo
na terceira pessoa.
Por exemplo:
Pronomes: emprego, formas de Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus
tratamento e colocação. cabelos. (errado)
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus
cabelos. (correto)
Pronome de Tratamento Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus
cabelos. (correto)
Quando nos dirigimos às pessoas do nosso convívio diário
utilizamos uma linguagem mais informal, mais íntima. Ao passo Fontes: DUARTE, Vânia Maria Do Nascimento. “Pronomes de
que, se formos nos dirigir a alguém que possui um prestígio social Tratamento”; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.
mais alto ou um grau hierárquico mais elevado, necessariamente br/gramatica/pronomes-tratamento.htm>. Acesso em 10 de fevereiro
temos que utilizar uma linguagem mais formal. Lembrando que de 2016.
isto prevalece tanto para a escrita quanto para a fala. http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf46.php
Para isto, podemos usufruir de um completo aparato no
que se refere às normas gramaticais e à maneira correta de Questões
como e onde utilizá-las. E fazendo parte deste aparato, estão
os pronomes, os quais pertencem às dez classes gramaticais e 01. Como sabemos, a língua escrita requer uma linguagem
possuem a função de acompanhar ou substituir o nome, ou seja, que esteja de acordo com a norma padrão. Assim sendo, as
o próprio substantivo, relacionando-o à pessoa do discurso. frases a seguir pertencem a um nível mais coloquial. Reescreva-
É importante lembrarmos que eles representam a forma pela as procurando adequá-las à forma correta:
qual nos atribuímos às pessoas, como já foi dito anteriormente. a – Encontrei ela passeando no shopping.
São eles: b – Deixa eu sossegada, pois preciso descansar.
c – Desejas ir comigo e com minha irmã?
Vossa Alteza V. A. príncipes, duques d - De hoje em diante está tudo terminado entre eu e você.
Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais e - Entreguei o livro hoje, portanto poderás pegar ele.
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e 02. Da oração que segue, propõe-se que seja feita uma análise
oficiais-generais e, posteriormente, responda às questões que a ela se refere:

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APOSTILAS OPÇÃO
Marcos, o André saiu com sua irmã! 04. (C)

a – O uso do pronome possessivo implica em uma duplicidade 05.


de sentido? Relate. a – Vossa Santidade
b – Reescreva-a eliminando esta ocorrência de modo a torná- b – Vossa Magnificência
la clara e objetiva. c - Você
d – Vossa Majestade
03. Preencha as lacunas utilizando corretamente os e – Vossa Excelência
pronomes demonstrativos:
a - _________ é a pessoa da qual lhe falei. Colocação dos Pronomes Oblíquos
b – Não conseguiremos encontrar ________________estimados Átonos
professores, pois eles já não trabalham mais aqui.
c – Empreste-me _____________livro? Há muito tento encontrá- De acordo com as autoras Rose Jordão e Clenir Bellezi, a
lo. colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais
d- Olha! Quem são _____________________convidados que oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se
acabaram de chegar? referem.
e - ___________ foi o aluno destaque deste ano, desejas
entrevistá-lo? São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe,
lhes, nos e vos.
04. Assinale o item em que há erro no emprego do pronome O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na
demonstrativo: oração em relação ao verbo:
a – ( ) Paulo, que é isso que você leva?
b - ( ) “Amai vossos irmãos”! são essas as verdadeiras 1. próclise: pronome antes do verbo
palavras de amor. 2. ênclise: pronome depois do verbo
c - ( ) Trinta de dezembro de 1977! Foi significativo para 3. mesóclise: pronome no meio do verbo
mim esse dia.
d – ( ) Pedro, esse livro que está com José é meu. Próclise
e – ( ) Não estou de acordo com aquelas palavras que José
pronunciou. A próclise é aplicada antes do verbo quando temos:
- Palavras com sentido negativo:
05. Observe o trecho no qual encontra-se empregado o Nada me faz querer sair dessa cama.
pronome de tratamento de forma correta. Logo em seguida Não se trata de nenhuma novidade.
atente-se para o que se pede:
- Advérbios:
“-Vossa Excelência, por obséquio, queira falar mais alto, que Nesta casa se fala alemão.
não ouvi bem – e apontava agoniado, um dos deputados mais Naquele dia me falaram que a professora não veio.
próximos.” (Fernando Sabino)
- Pronomes relativos:
Qual o pronome de tratamento seria utilizado no caso de nos A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje.
dirigirmos às seguintes pessoas: Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram.
a- Papa _____________________________
b – Ao reitor de uma universidade _________________________ - Pronomes indefinidos:
c – A um amigo mais íntimo, convidando-o para um passeio Quem me disse isso?
____________________ Todos se comoveram durante o discurso de despedida.
d – A um rei ou uma rainha _____________________________
e – A uma autoridade ligada ao mundo da política - Pronomes demonstrativos:
______________________________ Isso me deixa muito feliz!
Aquilo me incentivou a mudar de atitude!
Respostas
01. - Preposição seguida de gerúndio:
a – Encontrei-a passeando no shopping. Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais
b – Deixe-me sossegada, pois preciso descansar. indicado à pesquisa escolar.
c – Desejas ir conosco?
d - De hoje em diante está tudo terminado entre nós. - Conjunção subordinativa:
e - Entreguei o livro hoje, portanto poderás pegá-lo. Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.

02. Ênclise
a- Sim, o uso dos pronomes possessivos quando utilizados
de forma inadequada incide de forma negativa na clareza A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não
do discurso, muitas vezes demarcado pela ambiguidade. No aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A
caso em questão, o uso do pronome “sua” remete ao seguinte ênclise vai acontecer quando:
questionamento: trata-se da irmã de Marcos ou de André?
- O verbo estiver no imperativo afirmativo:
b – No intuito de atribuir clareza ao enunciado, esse deve ser Amem-se uns aos outros.
assim expresso: Marcos, o André saiu com a irmã dele. Sigam-me e não terão derrotas.

03. - O verbo iniciar a oração:


a - Esta é pessoa da qual lhe falei. Diga-lhe que está tudo bem.
b – Não conseguiremos encontrar aqueles estimados Chamaram-me para ser sócio.
professores, pois eles já não trabalham mais aqui.
c – Empreste-me esse livro? Há muito tento encontrá-lo. - O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da preposição
d- Olha! Quem são aqueles convidados que acabaram de “a”:
chegar? Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
e – Este foi o aluno destaque deste ano, desejas entrevistá- Passaram a cumprimentar-se mutuamente.
lo?

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APOSTILAS OPÇÃO
- O verbo estiver no gerúndio:
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de
despreocupada. Concordância nominal e verbal.
Despediu-se, beijando-me a face.

- Houver vírgula ou pausa antes do verbo: Concordância Verbal


Se passar no vestibular em outra cidade, mudo-me no
mesmo instante. Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas. referindo à relação de dependência estabelecida entre um termo
e outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os agentes
Mesóclise principais desse processo são representados pelo sujeito, que no
caso funciona como subordinante; e o verbo, o qual desempenha
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no a função de subordinado. 
futuro do presente ou no futuro do pretérito: Dessa forma, temos que a concordância verbal caracteriza-
se pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos “número
A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela se e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando, temos: O aluno
realizará) chegou
Temos que o verbo apresenta-se na terceira pessoa do
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma singular, pois faz referência a um sujeito, assim também expresso
proposta a você) (ele).  Como poderíamos também dizer: os alunos chegaram
Fontes: atrasados.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42.php Temos aí o que podemos chamar de princípio básico.
http://www.brasilescola.com/gramatica/colocacao-pronominal. Contudo, a intenção a que se presta o artigo em evidência é
htm eleger as principais ocorrências voltadas para os casos de sujeito
simples e para os de sujeito composto. Dessa forma, vejamos: 
Questões
Casos referentes a sujeito simples
01. Considerada a norma culta escrita, há correta substituição 1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o
de estrutura nominal por pronome em: núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado. 

(A) Agradeço antecipadamente sua Resposta // Agradeço- 2) Nos casos referentes a sujeito representado por
lhes antecipadamente. substantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do
(B) do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica. // do singular:  A multidão, apavorada, saiu aos gritos.
verbo fabricar se extraiu-lhe. Observação:
(C) não faltam lexicógrafos // não faltam-os. - No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnominal
(D) Gostaria de conhecer suas considerações // Gostaria de no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para o
conhecê-las. plural: Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
(E) incluindo a palavra ‘aguardo’ // incluindo ela. Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.

02. Caso fosse necessário substituir o termo destacado em 3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas,
“Basta apresentar um documento” por um pronome, de acordo representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade de,
com a norma-padrão, a nova redação deveria ser uma porção de, entre outras”, o verbo tanto pode concordar
com o núcleo dessas expressões quanto com o substantivo
(A) Basta apresenta-lo. que a segue: A  maioria  dos alunos  resolveu  ficar.   A maioria
(B) Basta apresentar-lhe. dos alunos resolveram ficar.
(C) Basta apresenta-lhe.
(D) Basta apresentá-la. 4) No caso de o sujeito ser representado por expressões
(E) Basta apresentá-lo. aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo
concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca de
03. Em qual período, o pronome átono que substitui o vinte candidatos se inscreveram no concurso de piadas.
sintagma em destaque tem sua colocação de acordo com a
norma-padrão? 5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão
“mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de
(A) O porteiro não conhecia o portador do embrulho – um candidato se inscreveu no concurso de piadas.  
conhecia-o Observação:
(B) Meu pai tinha encontrado um marinheiro na praça Mauá - No caso da referida expressão aparecer repetida ou
– tinha encontrado-o. associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo,
(C) As pessoas relatarão as suas histórias para o registro no necessariamente, deverá permanecer no plural: Mais de um
Museu – relatá-las-ão. aluno, mais de um professor contribuíram na campanha de
(D) Quem explicou às crianças as histórias de seus doação de alimentos. 
antepassados? – explicou-lhes. Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades
(E) Vinham perguntando às pessoas se aceitavam a ideia de de formatura. 
um museu virtual – Lhes vinham perguntando.
6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos
04. A substituição do elemento grifado pelo pronome que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi  um dos
correspondente foi realizada de modo INCORRETO em: que atuaram na Copa América.

(A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu 7) Em casos relativos à concordância com locuções
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
(C) para fazer a dragagem = para fazê-la quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário nos
(D) que desviava a água = que lhe desviava atermos a duas questões básicas:
(E) supriam a necessidade = supriam-na - No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural,
o verbo poderá com ele concordar, como poderá também
Respostas concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós o receberemos.
01. D/02. E/03. C/04. D / Alguns de nós o receberão.

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APOSTILAS OPÇÃO
- Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso 5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas
no singular, o verbo permanecerá, também, no singular:  Algum ou ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá
de nós o receberá.   permanecer no singular ou ir para o plural: Minha vitória,
minha conquista, minha premiação são frutos de meu esforço.
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pronome / Minha vitória, minha conquista, minha premiação é fruto de
“quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do singular meu esforço.
ou poderá concordar com o antecedente desse pronome:   
Fomos nós  quem  contou  toda a verdade para ela. / Fomos Questões
nós quem contamos toda a verdade para ela.
01. A concordância realizou-se adequadamente em qual
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela palavra alternativa?
“que”, o verbo deverá concordar com o termo que antecede essa (A) Os Estados Unidos é considerado, hoje, a maior potência
palavra: Nesta empresa somos nós que tomamos as decisões. / econômica do planeta, mas há quem aposte que a China, em
Em casa sou eu que decido tudo.    breve, o ultrapassará.
(B) Em razão das fortes chuvas haverão muitos candidatos
10) No caso de o sujeito aparecer representado por que chegarão atrasados, tenho certeza disso.
expressões que indicam porcentagens, o verbo concordará com o (C) Naquela barraca vendem-se tapiocas fresquinhas, pode
numeral ou com o substantivo a que se refere essa porcentagem:    comê-las sem receio!
50% dos funcionários aprovaram a decisão da diretoria. / 50% (D) A multidão gritaram quando a cantora apareceu na
do eleitorado apoiou a decisão. janela do hotel!
Observações:
- Caso o verbo aparecer anteposto à expressão de 02. “Se os cachorros correm livremente, por que eu não
porcentagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprovaram posso fazer isso também?”, pergunta Bob Dylan em “New
a decisão da diretoria 50% dos funcionários.      Morning”. Bob Dylan verbaliza um anseio sentido por todos
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular: nós, humanos supersocializados: o anseio de nos livrarmos
1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria.   de todos os constrangimentos artificiais decorrentes do fato
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de de vivermos em uma sociedade civilizada em que às vezes nos
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os sentimos presos a uma correia. Um conjunto cultural de regras
50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria.  tácitas e inibições está sempre governando as nossas interações
cotidianas com os outros.
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por Uma das razões pelas quais os cachorros nos atraem é o fato
pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira de eles serem tão desinibidos e livres. Parece que eles jogam
pessoa do singular ou do plural:  Vossas Majestades gostaram das com as suas próprias regras, com a sua própria lógica interna.
homenagens. Vossa Majestade agradeceu o convite.   Eles vivem em um universo paralelo e diferente do nosso - um
universo que lhes concede liberdade de espírito e paixão pela
12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo vida enormemente atraentes para nós. Um cachorro latindo ao
próprio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos vento ou uivando durante a noite faz agitar-se dentro de nós
que os determinam: alguma coisa que também quer se expressar.
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser, Os cachorros são uma constante fonte de diversão para
este permanece no singular, contanto que o predicativo também nós porque não prestam atenção as nossas convenções sociais.
esteja no singular:  Memórias póstumas de Brás Cubas  é  uma Metem o nariz onde não são convidados, pulam para cima
criação de Machado de Assis.    do sofá, devoram alegremente a comida que cai da mesa. Os
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também cachorros raramente se refreiam quando querem fazer alguma
permanece no plural: Os  Estados Unidos  são  uma potência coisa. Eles não compartilham conosco as nossas inibições. Suas
mundial. emoções estão ã flor da pele e eles as manifestam sempre que
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele nem as sentem.
aparece, o verbo permanece no singular:  Estados Unidos é uma (Adaptado de Matt Weistein e Luke Barber. Cão que
potência mundial.  late não morde. Trad. de Cristina Cupertino. S.Paulo: Francis,
2005. p 250)
Casos referentes a sujeito composto
A frase em que se respeitam as normas de concordância
1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas verbal é:
gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando (A) Deve haver muitas razões pelas quais os cachorros nos
relacionado a dois pressupostos básicos: atraem.
- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as (B) Várias razões haveriam pelas quais os cachorros nos
demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio. atraem.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá (C) Caberiam notar as muitas razões pelas quais os cachorros
flexionar na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. nos atraem.
Tu e ele são primos. (D) Há de ser diversas as razões pelas quais os cachorros nos
atraem.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto (E) Existe mesmo muitas razões pelas quais os cachorros
ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois nos atraem.
filhos compareceram ao evento.  
03. Uma pergunta
3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este
poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer Frequentemente cabe aos detentores de cargos de
no plural: Compareceram  ao evento  o pai e seus dois filhos. responsabilidade tomar decisões difíceis, de graves
Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos. consequências. Haveria algum critério básico, essencial, para
amparar tais escolhas? Antonio Gramsci, notável pensador
4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com e político italiano, propôs que se pergunte, antes de tomar a
mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: decisão: - Quem sofrerá?
Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade do Para um humanista, a dor humana é sempre prioridade a se
mundo. considerar.
(Salvador Nicola, inédito)

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APOSTILAS OPÇÃO
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no Respostas
singular para preencher adequadamente a lacuna da frase: 01. C\02. A\03. C\04. E\05. C
(A) A nenhuma de nossas escolhas ...... (poder) deixar de
corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. Concordância Nominal
(B) Não se ...... (poupar) os que governam de refletir sobre o
peso de suas mais graves decisões. Concordância nominal é que o ajuste que fazemos aos
(C) Aos governantes mais responsáveis não ...... (ocorrer) demais termos da oração para que concordem em gênero e
tomar decisões sem medir suas consequências. número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto, o
(D) A toda decisão tomada precipitadamente ...... (costumar) artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, temos
sobrevir consequências imprevistas e injustas. também o verbo, que se flexionará à sua maneira.
(E) Diante de uma escolha, ...... (ganhar) prioridade,
recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome
humana. concordam em gênero e número com o substantivo.
- A pequena criança é uma gracinha.
04. Em um belo artigo, o físico Marcelo Gleiser, analisando a - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
constatação do satélite Kepler de que existem muitos planetas
com características físicas semelhantes ao nosso, reafirmou sua Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra
fé na hipótese da Terra rara, isto é, a tese de que a vida complexa geral mostrada acima.
(animal) é um fenômeno não tão comum no Universo.
Gleiser retoma as ideias de Peter Ward expostas de modo a) Um adjetivo após vários substantivos
persuasivo em “Terra Rara”. Ali, o autor sugere que a vida 1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural
microbiana deve ser um fenômeno trivial, podendo pipocar até ou concorda com o substantivo mais próximo.
em mundos inóspitos; já o surgimento de vida multicelular na - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
Terra dependeu de muitas outras variáveis físicas e históricas, - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
o que, se não permite estimar o número de civilizações
extra terráqueas, ao menos faz com que reduzamos nossas 2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o
expectativas. plural masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
Uma questão análoga só arranhada por Ward é a da - Ela tem pai e mãe louros.
inexorabilidade da inteligência. A evolução de organismos - Ela tem pai e mãe loura.
complexos leva necessariamente à consciência e à inteligência?
Robert Wright diz que sim, mas seu argumento é mais 3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente
matemático do que biológico: complexidade engendra para o plural.
complexidade, levando a uma corrida armamentista entre - O homem e o menino estavam perdidos.
espécies cujo subproduto é a inteligência. - O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
Stephen J. Gould e Steven Pinker apostam que não. Para
eles, é apenas devido a uma sucessão de pré-adaptações e b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
coincidências que alguns animais transformaram a capacidade 1 - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais
de resolver problemas em estratégia de sobrevivência. Se próximo.
rebobinássemos o filme da evolução e reencenássemos o Comi delicioso almoço e sobremesa.
processo mudando alguns detalhes do início, seriam grandes as Provei deliciosa fruta e suco.
chances de não chegarmos a nada parecido com a inteligência. 2 - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
(Adaptado de Hélio Schwartsman. Folha de S. Paulo, concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
28/10/2012) Estavam feridos o pai e os filhos.
Estava ferido o pai e os filhos.
A frase em que as regras de concordância estão plenamente
respeitadas é: c) Um substantivo e mais de um adjetivo
(A) Podem haver estudos que comprovem que, no passado, 1- antecede todos os adjetivos com um artigo.
as formas mais complexas de vida - cujo habitat eram oceanos Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
ricos em nutrientes - se alimentavam por osmose. 2- coloca o substantivo no plural.
(B) Cada um dos organismos simples que vivem na natureza Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.
sobrevivem de forma quase automática, sem se valerem de
criatividade e planejamento. d) Pronomes de tratamento
(C) Desde que observe cuidados básicos, como obter energia 1 - sempre concordam com a 3ª pessoa.
por meio de alimentos, os organismos simples podem preservar Vossa Santidade esteve no Brasil.
a vida ao longo do tempo com relativa facilidade.
(D) Alguns animais tem de se adaptar a um ambiente cheio de e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
dificuldades para obter a energia necessária a sua sobrevivência 1 - Concordam com o substantivo a que se referem.
e nesse processo expõe- se a inúmeras ameaças. As cartas estão anexas.
(E) A maioria dos organismos mais complexos possui um A bebida está inclusa.
sistema nervoso muito desenvolvido, capaz de se adaptar a Precisamos de nomes próprios.
mudanças ambientais, como alterações na temperatura. Obrigado, disse o rapaz.

05. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, a f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
concordância verbal está correta em: 1 - Após essas expressões o substantivo fica sempre no
(A) Ela não pode usar o celular e chamar um taxista, pois singular e o adjetivo no plural.
acabou os créditos. Renato advogou um e outro caso fáceis.
(B) Esta empresa mantêm contato com uma rede de táxis Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
que executa diversos serviços para os clientes.
(C) À porta do aeroporto, havia muitos táxis disponíveis para g) É bom, é necessário, é proibido
os passageiros que chegavam à cidade. 1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier
(D) Passou anos, mas a atriz não se esqueceu das calorosas precedido de artigo ou outro determinante.
lembranças que seu tio lhe deixou. Canja é bom. / A canja é boa.
(E) Deve existir passageiros que aproveitam a corrida de táxi É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
para bater um papo com o motorista. É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada
é proibida.

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APOSTILAS OPÇÃO
h) Muito, pouco, caro 03. A concordância nominal está INCORRETA em:
1- Como adjetivos: seguem a regra geral. (A) A mídia julgou desnecessária a campanha e o
Comi muitas frutas durante a viagem. envolvimento da empresa.
Pouco arroz é suficiente para mim. (B) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa
Os sapatos estavam caros. desnecessária.
2- Como advérbios: são invariáveis. (C) A mídia julgou desnecessário o envolvimento da empresa
Comi muito durante a viagem. e a campanha.
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. (D) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa
Comprei caro os sapatos. desnecessárias.

i) Mesmo, bastante 04. Complete os espaços com um dos nomes colocados nos
1- Como advérbios: invariáveis parênteses.
Preciso mesmo da sua ajuda. (A) Será que é ____ essa confusão toda? (necessário/
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. necessária)
2- Como pronomes: seguem a regra geral. (B) Quero que todos fiquem ____. (alerta/ alertas)
Seus argumentos foram bastantes para me convencer. (C) Houve ____ razões para eu não voltar lá. (bastante/
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou. bastantes)
(D) Encontrei ____ a sala e os quartos. (vazia/vazios)
j) Menos, alerta (E) A dona do imóvel ficou ____ desiludida com o inquilino.
1- Em todas as ocasiões são invariáveis. (meio/ meia)
Preciso de menos comida para perder peso.
Estamos alerta para com suas chamadas. 05. Quanto à concordância nominal, verifica-se ERRO em:
(A) O texto fala de uma época e de um assunto polêmicos.
k) Tal Qual (B) Tornou-se clara para o leitor a posição do autor sobre o
1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o assunto.
consequente. (C) Constata-se hoje a existência de homem, mulher e
As garotas são vaidosas tais qual a tia. criança viciadas.
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos. (D) Não será permitido visita de amigos, apenas a de
parentes.
l) Possível Respostas
1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor”
ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões. 01. D\02. D\03. B
A mais possível das alternativas é a que você expôs.
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa. 04. a) necessária b) alerta c) bastantes d) vazia e) meio
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da
cidade. 05. C

m) Meio
1- Como advérbio: invariável. Regência nominal e verbal.
Estou meio (um pouco) insegura.
2- Como numeral: segue a regra geral.
Comi meia (metade) laranja pela manhã.
Regência Verbal e Nominal
n) Só
1- apenas, somente (advérbio): invariável. Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que
Só consegui comprar uma passagem. ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos.
2- sozinho (adjetivo): variável. Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando
Estiveram sós durante horas. frases não ambíguas, que expressem efetivamente o sentido
desejado, que sejam corretas e claras.
Questões
Regência Verbal
01. Indique o uso INCORRETO da concordância verbal ou
nominal: Termo Regente:  VERBO
(A) Será descontada em folha sua contribuição sindical.
(B) Na última reunião, ficou acordado que se realizariam A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre
encontros semanais com os diversos interessados no assunto. os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e
(C) Alguma solução é necessária, e logo! objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
(D) Embora tenha ficado demonstrado cabalmente a O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa
ocorrência de simulação na transferência do imóvel, o pedido capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
não pode prosperar. conhecermos as diversas significações que um verbo pode
(E) A liberdade comercial da colônia, somada ao fato de D. assumir com a simples mudança ou retirada de uma preposição. 
João VI ter também elevado sua colônia americana à condição de Observe:
Reino Unido a Portugal e Algarves, possibilitou ao Brasil obter A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar.
certa autonomia econômica. A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agrado ou
prazer”, satisfazer.
02. Aponte a alternativa em que NÃO ocorre silepse (de
gênero, número ou pessoa): Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
(A) “A gente é feito daquele tipo de talento capaz de fazer a
diferença.” “agradar a alguém”.
(B) Todos sabemos que a solução não é fácil.
(C) Essa gente trabalhadora merecia mais, pois acordam às Saiba que:
cinco horas para chegar ao trabalho às oito da manhã. O conhecimento do uso adequado das preposições é um
(D) Todos os brasileiros sabem que esse problema vem de dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e
longe... também nominal). As preposições são capazes de modificar
(E) Senhor diretor, espero que Vossa Senhoria seja mais completamente o sentido do que se está sendo dito. Veja os
compreensivo. exemplos:

Língua Portuguesa 49
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APOSTILAS OPÇÃO
Cheguei ao metrô. Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Cheguei no metrô. a) Consistir - Tem complemento introduzido pela
preposição “em”.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para
caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei todos.
no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se b) Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos
vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é introduzidos pela preposição “a”.
muito comum existirem divergências entre a regência coloquial, Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
cotidiana de alguns verbos, e a regência culta. Eles desobedeceram às leis do trânsito.
c) Responder - Tem complemento introduzido pela
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é quem” ou “ao que” se responde.
um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes Respondi ao meu patrão.
formas em frases distintas. Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura.
Verbos Intransitivos Obs.:  o verbo  responder, apesar de transitivo indireto
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É quando exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos analítica. Veja:
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. O questionário foi respondido corretamente.
a) Chegar, Ir Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais d) Simpatizar e  Antipatizar - Possuem seus complementos
de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para introduzidos pela preposição “com”.
indicar destino ou direção são: a, para. Antipatizo com aquela apresentadora.
Fui ao teatro. Simpatizo com  os que condenam os políticos que governam
      Adjunto Adverbial de Lugar para uma minoria privilegiada.

Ricardo foi para a Espanha. Verbos Transitivos Diretos e Indiretos


                  Adjunto Adverbial de Lugar Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados
b) Comparecer de um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido grupo:
por em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último Agradecer, Perdoar e Pagar
jogo. São verbos que apresentam objeto direto
relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas.
Verbos Transitivos Diretos Veja os exemplos:
Os verbos transitivos diretos são complementados por Agradeço    aos ouvintes         a audiência.
objetos diretos. Isso significa que  não  exigem preposição  para                    Objeto Indireto      Objeto Direto
o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses Cristo ensina que é preciso perdoar     o pecado        ao pecador.
verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os,                                                                  Obj. Direto       Objeto Indireto
as atuam como objetos diretos. Esses pronomes podem assumir Paguei      o débito        ao cobrador.
as formas lo, los, la, las (após formas verbais terminadas em -r,                Objeto Direto      Objeto Indireto
-s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas verbais terminadas em
sons nasais), enquanto  lhe e lhes são, quando complementos - O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com
verbais, objetos indiretos. particular cuidado. Observe:
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, Agradeci o presente. / Agradeci-o.
abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar, Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, Paguei minhas contas. / Paguei-as.
socorrer, suportar, ver, visitar. Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o
verbo amar: Informar
Amo aquele rapaz. / Amo-o. - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
Amo aquela moça. / Amo-a. indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Amam aquele rapaz. / Amam-no. Informe os novos preços aos clientes.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. Informe  os  clientes  dos  novos preços. (ou sobre os novos
preços)
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para
indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais). - Na utilização de pronomes como complementos,  veja as
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) construções:
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira) Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor) Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre
eles)
Verbos Transitivos Indiretos Obs.: a mesma regência do verbo  informar é usada  para os
Os verbos transitivos indiretos são complementados por seguintes:  avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma
preposição  para o estabelecimento da relação de regência. Comparar
Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
podem atuar como objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para preposições  “a”  ou  “com” para introduzir o complemento
substituir pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a, as como indireto.
complementos de verbos transitivos indiretos. Com os objetos Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança.
indiretos que não representam pessoas, usam-se pronomes
oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos Pedir
pronomes átonos lhe, lhes.  Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma
de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.

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APOSTILAS OPÇÃO
Pedi-lhe                 favores. 2) Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar,
Objeto Indireto    Objeto Direto estar presente, caber, pertencer.
                                     
Pedi-lhe                     que mantivesse em silêncio. Exemplos:
Objeto Indireto           Oração Subordinada Substantiva Assistimos ao documentário.
                                                           Objetiva Direta Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino.
Saiba que: Obs.: no sentido de  morar, residir,  o verbo  “assistir”  é
1) A construção  “pedir para”,  muito comum na linguagem intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar
cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No introduzido pela preposição “em”.
entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver Assistimos numa conturbada cidade.
subentendida.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa. CHAMAR
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma 1)  Chamar  é transitivo direto no sentido de  convocar,
oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para solicitar a atenção ou a presença de.
ir entregar-lhe os catálogos em casa). Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la.
2) A construção  “dizer para”,  também muito usada Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
popularmente, é igualmente considerada incorreta.
2)  Chamar  no sentido de  denominar, apelidar  pode
Preferir apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto preposicionado ou não.
indireto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo: A torcida chamou o jogador mercenário.
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. A torcida chamou ao jogador mercenário.
Prefiro trem a ônibus. A torcida chamou o jogador de mercenário.
Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem A torcida chamou ao jogador de mercenário.
termos intensificadores, tais como:  muito, antes, mil vezes, um
milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente CUSTAR
no próprio verbo (pre). 1) Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor
ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial.
Mudança de Transitividade versus Mudança de Frutas e verduras não deveriam custar muito.
Significado
2) No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, transitivo indireto.
apresentam mudança de significado. O conhecimento das Muito custa          viver tão longe da família.
diferentes regências desses verbos é um recurso linguístico             Verbo   Oração Subordinada Substantiva Subjetiva 
muito importante, pois além de permitir a correta interpretação        Intransitivo                       Reduzida de Infinitivo
de passagens escritas, oferece possibilidades expressivas a
quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão: Custa-me (a mim)  crer que tomou realmente aquela atitude.
        Objeto                 Oração Subordinada Substantiva Subjetiva 
AGRADAR         Indireto                                     Reduzida de Infinitivo
1) Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos,
acariciar. Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa.
quando o revê. Observe o exemplo abaixo:
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia Custei para entender o problema. 
não perde oportunidade de agradá-lo. Forma correta: Custou-me entender o problema.

2) Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado IMPLICAR


a, satisfazer, ser agradável a.  Rege complemento introduzido 1) Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
pela preposição “a”.
O cantor não agradou aos presentes. a) dar a entender, fazer supor, pressupor
O cantor não lhes agradou. Suas atitudes implicavam um firme propósito.

ASPIRAR b)  Ter como consequência, trazer como consequência,


1) Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar acarretar, provocar
(o ar), inalar. Liberdade de escolha implica amadurecimento político de um
Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) povo.

2)  Aspirar  é transitivo indireto no sentido de  desejar, ter 2) Como transitivo direto e indireto, significa comprometer,
como ambição. envolver
Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.
elas)
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” indireto e rege com preposição “com”.
e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”.  Veja o Implicava com quem não trabalhasse arduamente.
exemplo:
Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela) PROCEDER
1)  Proceder  é intransitivo no sentido de  ser decisivo,
ASSISTIR ter cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se,
1)  Assistir  é transitivo direto no sentido de  ajudar, prestar agir.  Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de
assistência a, auxiliar. Por Exemplo: adjunto adverbial de modo.
As afirmações da testemunha procediam, não havia como
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. refutá-las.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. Você procede muito mal.

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APOSTILAS OPÇÃO
2) Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição” Regência Nominal
de”) e  fazer, executar  (rege complemento introduzido pela    
preposição “a”) é transitivo indireto. É o nome da relação existente entre um nome (substantivo,
O avião procede de Maceió. adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa
Procedeu-se aos exames. relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo
O delegado procederá ao inquérito. da regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes
apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que
QUERER derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos,
1)  Querer  é transitivo direto no sentido de  desejar, ter conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo:
vontade de, cobiçar. Verbo  obedecer  e os nomes correspondentes: todos regem
Querem melhor atendimento. complementos introduzidos pela preposição «a”.Veja:
Queremos um país melhor. Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.
2)  Querer  é transitivo indireto no sentido de  ter afeição,
estimar, amar. Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados
Quero muito aos meus amigos. da preposição ou preposições que os regem. Observe-os
Ele quer bem à linda menina. atentamente e procure, sempre que possível, associar esses
Despede-se o filho que muito lhe quer. nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

VISAR Substantivos
1)  Como transitivo direto, apresenta os sentidos de  mirar, Admiração a, por
fazer pontaria e de pôr visto, rubricar. Devoção a, para, com, por
O homem visou o alvo. Medo a, de
O gerente não quis visar o cheque. Aversão a, para, por
Doutor em
2)  No sentido de  ter em vista, ter como meta, ter como Obediência a
objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”. Atentado a, contra
O ensino deve sempre visar ao progresso social. Dúvida acerca de, em, sobre
Prometeram tomar medidas que visassem  ao bem-estar Ojeriza a, por
público. Bacharel em
Questões Horror a
Proeminência sobre
01. Todas as alternativas estão corretas quanto ao emprego Capacidade de, para
correto da regência do verbo, EXCETO: Impaciência com
(A) Faço entrega em domicílio. Respeito a, com, para com, por
(B) Eles assistem o espetáculo.
(C) João gosta de frutas. Adjetivos
(D) Ana reside em São Paulo. Acessível a
(E) Pedro aspira ao cargo de chefe. Diferente de
Necessário a
02. Assinale a opção em que o verbo Acostumado a, com
chamar é empregado com o mesmo sentido que Entendido em
apresenta em __ “No dia em que o chamaram de Ubirajara, Nocivo a
Quaresma ficou reservado, taciturno e mudo”: Afável com, para com
(A) pelos seus feitos, chamaram-lhe o salvador da pátria; Equivalente a
(B) bateram à porta, chamando Rodrigo; Paralelo a
(C) naquele momento difícil, chamou por Deus e pelo Diabo; Agradável a
(D) o chefe chamou-os para um diálogo franco; Escasso de
(E) mandou chamar o médico com urgência. Parco em, de
Alheio a, de
03. A regência verbal está correta na alternativa: Essencial a, para
(A) Ela quer namorar com o meu irmão. Passível de
(B) Perdi a hora da entrevista porque fui à pé. Análogo a
(C) Não pude fazer a prova do concurso porque era de menor. Fácil de
(D) É preferível ir a pé a ir de carro. Preferível a
Ansioso de, para, por
04. Em todas as alternativas, o verbo grifado foi empregado Fanático por
com regência certa, exceto em: Prejudicial a
(A) a vista de José Dias lembrou-me o que ele me dissera. Apto a, para
(B) estou deserto e noite, e aspiro sociedade e luz. Favorável a
(C) custa-me dizer isto, mas antes peque por excesso; Prestes a
(D) redobrou de intensidade, como se obedecesse a voz do Ávido de
mágico; Generoso com
(E) quando ela morresse, eu lhe perdoaria os defeitos. Propício a
Benéfico a
05. A regência verbal está INCORRETA em: Grato a, por
(A) Proibiram-no de fumar. Próximo a
(B) Ana comunicou sua mudança aos parentes mais íntimos. Capaz de, para
(C) Prefiro Português a Matemática. Hábil em
(D) A professora esqueceu da chave de sua casa no carro da Relacionado com
amiga. Compatível com
(E) O jovem aspira à carreira militar. Habituado a
Relativo a
Respostas Contemporâneo a, de
01. B\02. A\03. D\04. B\05. D Idêntico a

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APOSTILAS OPÇÃO
Advérbios a A (á) b B (bê)
Longe de Perto de c C (cê) d D (dê)
e E (é) f F (efe)
Obs.: os advérbios terminados em  -mente tendem a seguir g G (gê ou guê) h H (agá)
o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; i I (i) j J (jota)
paralelamente a; relativa a; relativamente a. k K (cá) l L (ele)
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php m M (eme) n N (ene)
o O (ó) p P (pê)
Questões q Q (quê) r R (erre)
s S (esse) t T (tê)
01. Assinale a alternativa em que a preposição “a” não deva u U (u) v V (vê)
ser empregada, de acordo com a regência nominal. w W (dáblio) x X (xis)
(A) A confiança é necessária ____ qualquer relacionamento. y Y (ípsilon) z Z (zê)
(B) Os pais de Pâmela estão alheios ____ qualquer decisão.
(C) Sirlene tem horror ____ aves. Observação: emprega-se também o ç, que representa o
(D) O diretor está ávido ____ melhores metas. fonema /s/ diante das letras: a, o, e u em determinadas palavras.
(E) É inegável que a tecnologia ficou acessível ____ toda
população. Emprego das letras K, W e Y
Utilizam-se nos seguintes casos:
02. Quanto a amigos, prefiro João.....Paulo,.....quem sinto...... a) Em antropônimos originários de outras línguas e seus
simpatia. derivados.
(A) a, por, menos Exemplos: Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Taylor,
(B) do que, por, menos taylorista.
(C) a, para, menos
(D) do que, com, menos b) Em topônimos originários de outras línguas e seus
(E) do que, para, menos derivados.
Exemplos: Kuwait, kuwaitiano.
03. Assinale a opção em que todos adjetivos podem ser
seguidos pela mesma preposição: c) Em siglas, símbolos, e mesmo em palavras adotadas como
(A) ávido, bom, inconsequente unidades de medida de curso internacional.
(B) indigno, odioso, perito Exemplos: K (Potássio), W (West), kg (quilograma), km
(C) leal, limpo, oneroso (quilômetro), Watt.
(D) orgulhoso, rico, sedento
(E) oposto, pálido, sábio Emprego de X e Ch
Emprega-se o X:
04. “As mulheres da noite,......o poeta faz alusão a colorir 1) Após um ditongo.
Aracaju,........coração bate de noite, no silêncio”. A opção que Exemplos: caixa, frouxo, peixe
completa corretamente as lacunas da frase acima é: Exceção: recauchutar e seus derivados
(A) as quais, de cujo
(B) a que, no qual 2) Após a sílaba inicial “en”.
(C) de que, o qual Exemplos: enxame, enxada, enxaqueca
(D) às quais, cujo Exceção: palavras iniciadas por “ch” que recebem o prefixo
(E) que, em cujo “en-”
Exemplos: encharcar (de charco), enchiqueirar (de chiqueiro),
05. Com relação à Regência Nominal, indique a alternativa encher e seus derivados (enchente, enchimento, preencher...)
em que esta foi corretamente empregada.
(A) A colocação de cartazes na rua foi proibida. 3) Após a sílaba inicial “me-”.
(B) É bom aspirar ao ar puro do campo. Exemplos: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão
(C) Ele foi na Grécia. Exceção: mecha
(D) Obedeço o Código de Trânsito.
4) Em vocábulos de origem indígena ou africana e nas palavras
Respostas inglesas aportuguesadas.
01. D\02. A\03. D\04. D\05. A Exemplos: abacaxi, xavante, orixá, xará, xerife, xampu

5) Nas seguintes palavras:


Ortografia oficial. bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, puxar,
rixa, oxalá, praxe, roxo, vexame, xadrez, xarope, xaxim, xícara, xale,
xingar, etc.

Ortografia Emprega-se o dígrafo Ch:


1) Nos seguintes vocábulos:
A ortografia se caracteriza por estabelecer padrões para a bochecha, bucha, cachimbo, chalé, charque, chimarrão,
forma escrita das palavras. Essa escrita está relacionada tanto chuchu, chute, cochilo, debochar, fachada, fantoche, ficha, flecha,
a critérios etimológicos (ligados à origem das palavras) quanto mochila, pechincha, salsicha, tchau, etc.
fonológicos (ligados aos fonemas representados). É importante
compreender que a ortografia é fruto de uma convenção. A Para representar o fonema /j/ na forma escrita, a grafia
forma de grafar as palavras é produto de acordos ortográficos considerada correta é aquela que ocorre de acordo com a origem
que envolvem os diversos países em que a língua portuguesa é da palavra. Veja os exemplos:
oficial. A melhor maneira de treinar a ortografia é ler, escrever e gesso: Origina-se do grego gypsos
consultar o dicionário sempre que houver dúvida. jipe: Origina-se do inglês jeep.

O Alfabeto Emprega-se o G:
O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras. Cada 1) Nos substantivos terminados em -agem, -igem, -ugem
letra apresenta uma forma minúscula e outra maiúscula. Veja: Exemplos: barragem, miragem, viagem, origem, ferrugem
Exceção: pajem

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APOSTILAS OPÇÃO
2) Nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio abuso, asilo, através, aviso, besouro, brasa, cortesia,
Exemplos: estágio, privilégio, prestígio, relógio, refúgio decisão,despesa, empresa, freguesia, fusível, maisena, mesada,
paisagem, paraíso, pêsames, presépio, presídio, querosene,
3) Nas palavras derivadas de outras que se grafam com g raposa, surpresa, tesoura, usura, vaso, vigésimo, visita, etc.
Exemplos: engessar (de gesso), massagista (de massagem),
vertiginoso (de vertigem) Emprega-se o Z:
1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam z no
4) Nos seguintes vocábulos: radical
algema, auge, bege, estrangeiro, geada, gengiva, gibi, gilete, Exemplos:
hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, vagem. deslize- deslizar razão- razoável vazio- esvaziar
raiz- enraizar cruz-cruzeiro
Emprega-se o J:
1) Nas formas dos verbos terminados em -jar ou -jear 2) Nos sufixos -ez, -eza, ao formarem substantivos abstratos a
Exemplos: partir de adjetivos
arranjar: arranjo, arranje, arranjem Exemplos:
despejar: despejo, despeje, despejem inválido- invalidez limpo-limpeza macio- maciez
gorjear: gorjeie, gorjeiam, gorjeando rígido- rigidez
enferrujar: enferruje, enferrujem frio- frieza nobre- nobreza pobre-pobreza surdo-
viajar: viajo, viaje, viajem surdez

2) Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica 3) Nos sufixos -izar, ao formar verbos e -ização, ao formar
Exemplos: biju, jiboia, canjica, pajé, jerico, manjericão, Moji substantivos
Exemplos:
3) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam j civilizar- civilização hospitalizar- hospitalização
Exemplos: colonizar- colonização realizar- realização
laranja- laranjeira loja- lojista lisonja -
lisonjeador nojo- nojeira 4) Nos derivados em -zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita
cereja- cerejeira varejo- varejista rijo- enrijecer Exemplos:
jeito- ajeitar cafezal, cafezeiro, cafezinho, arvorezinha, cãozito, avezita

4) Nos seguintes vocábulos: 5) Nos seguintes vocábulos:


berinjela, cafajeste, jeca, jegue, majestade, jeito, jejum, laje, azar, azeite, azedo, amizade, buzina, bazar, catequizar, chafariz,
traje, pegajento cicatriz, coalizão, cuscuz, proeza, vizinho, xadrez, verniz, etc.

Emprego das Letras S e Z 6) Nos vocábulos homófonos, estabelecendo distinção no


Emprega-se o S: contraste entre o S e o Z
1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam s no Exemplos:
radical cozer (cozinhar) e coser (costurar)
prezar( ter em consideração) e presar (prender)
Exemplos: traz (forma do verbo trazer) e trás (parte posterior)
análise- analisar catálise- catalisador
casa- casinha, casebre liso- alisar Observação: em muitas palavras, a letra X soa como Z. Veja os
exemplos:
2) Nos sufixos -ês e -esa, ao indicarem nacionalidade, título exame exato exausto exemplo existir exótico
ou origem inexorável
Exemplos:
burguês- burguesa inglês- inglesa Emprego de S, Ç, X e dos Dígrafos Sc, Sç, Ss, Xc, Xs
chinês- chinesa milanês- milanesa Existem diversas formas para a representação do fonema /S/.
Observe:
3) Nos sufixos formadores de adjetivos -ense, -oso e -osa
Exemplos: Emprega-se o S:
catarinense gostoso- gostosa amoroso- amorosa Nos substantivos derivados de verbos terminados em
palmeirense gasoso- gasosa teimoso- teimosa “andir”,”ender”, “verter” e “pelir”
Exemplos:
4) Nos sufixos gregos -ese, -isa, -osa expandir- expansão pretender- pretensão verter-
Exemplos: versão expelir- expulsão
catequese, diocese, poetisa, profetisa, sacerdotisa, glicose, estender- extensão suspender- suspensão
metamorfose, virose converter - conversão repelir- repulsão

5) Após ditongos Emprega-se Ç:


Exemplos: Nos substantivos derivados dos verbos “ter” e “torcer”
coisa, pouso, lousa, náusea Exemplos:
ater- atenção torcer- torção
6) Nas formas dos verbos pôr e querer, bem como em seus deter- detenção distorcer-distorção
derivados manter- manutenção contorcer- contorção
Exemplos:
pus, pôs, pusemos, puseram, pusera, pusesse, puséssemos Emprega-se o X:
quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera, quiséssemos Em alguns casos, a letra X soa como Ss
repus, repusera, repusesse, repuséssemos Exemplos:
auxílio, expectativa, experto, extroversão, sexta, sintaxe, texto,
7) Nos seguintes nomes próprios personativos: trouxe
Baltasar, Heloísa, Inês, Isabel, Luís, Luísa, Resende, Sousa,
Teresa, Teresinha, Tomás Emprega-se Sc:
Nos termos eruditos
8) Nos seguintes vocábulos: Exemplos:

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APOSTILAS OPÇÃO
acréscimo, ascensorista, consciência, descender, discente, Emprego das letras O e U
fascículo, fascínio, imprescindível, miscigenação, miscível, Emprega-se o O/U:
plebiscito, rescisão, seiscentos, transcender, etc. A oposição o/u é responsável pela diferença de significado de
algumas palavras. Veja os exemplos:
Emprega-se Sç: comprimento (extensão) e cumprimento (saudação,
Na conjugação de alguns verbos realização)
Exemplos: soar (emitir som) e suar (transpirar)
nascer- nasço, nasça
crescer- cresço, cresça Grafam-se com a letra O: bolacha, bússola, costume,
descer- desço, desça moleque.

Emprega-se Ss: Grafam-se com a letra U: camundongo, jabuti, Manuel, tábua


Nos substantivos derivados de verbos terminados em “gredir”,
“mitir”, “ceder” e “cutir” Emprego da letra H
Exemplos: Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético.
agredir- agressão demitir- demissão ceder- cessão Conservou-se apenas como símbolo, por força da etimologia e
discutir- discussão da tradição escrita. A palavra hoje, por exemplo, grafa-se desta
progredir- progressão t r a n s m i t i r - t r a n s m i s s ã o forma devido a sua origem na forma latina hodie.
exceder- excesso repercutir- repercussão
Emprega-se o H:
Emprega-se o Xc e o Xs: 1) Inicial, quando etimológico
Exemplos: hábito, hesitar, homologar, Horácio
Em dígrafos que soam como Ss
Exemplos: 2) Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh, nh
exceção, excêntrico, excedente, excepcional, exsudar Exemplos: flecha, telha, companhia

Observações sobre o uso da letra X 3) Final e inicial, em certas interjeições


1) O X pode representar os seguintes fonemas: Exemplos: ah!, ih!, eh!, oh!, hem?, hum!, etc.
/ch/ - xarope, vexame
4) Em compostos unidos por hífen, no início do segundo
/cs/ - axila, nexo elemento, se etimológico
Exemplos: anti-higiênico, pré-histórico, super-homem, etc.
/z/ - exame, exílio
Observações:
/ss/ - máximo, próximo 1) No substantivo Bahia, o “h” sobrevive por tradição. Note que
nos substantivos derivados como baiano, baianada ou baianinha
/s/ - texto, extenso ele não é utilizado.

2) Não soa nos grupos internos -xce- e -xci- 2) Os vocábulos erva, Espanha e inverno não possuem a
Exemplos: excelente, excitar letra “h” na sua composição. No entanto, seus derivados eruditos
sempre são grafados com h. Veja:
Emprego das letras E e I herbívoro, hispânico, hibernal.
Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i /
pode não ser nítida. Observe: Emprego das Iniciais Maiúsculas e Minúsculas
1) Utiliza-se inicial maiúscula:
a) No começo de um período, verso ou citação direta.
Emprega-se o E: Exemplos:
1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -oar, -uar Disse o Padre Antonio Vieira: “Estar com Cristo em qualquer
Exemplos: lugar, ainda que seja no inferno, é estar no Paraíso.”
magoar - magoe, magoes
continuar- continue, continues “Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
2) Em palavras formadas com o prefixo ante- (antes, anterior) Estandarte que à luz do sol encerra
Exemplos: antebraço, antecipar As promessas divinas da Esperança…”
(Castro Alves)
3) Nos seguintes vocábulos:
cadeado, confete, disenteria, empecilho, irrequieto, mexerico, Observações:
orquídea, etc. - No início dos versos que não abrem período, é facultativo o
uso da letra maiúscula.
Emprega-se o I :
1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -air, -oer, -uir Por Exemplo:
Exemplos: “Aqui, sim, no meu cantinho,
cair- cai vendo rir-me o candeeiro,
doer- dói gozo o bem de estar sozinho
influir- influi e esquecer o mundo inteiro.”

2) Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra) - Depois de dois pontos, não se tratando de citação direta, usa-
Exemplos: se letra minúscula.
Anticristo, antitetânico Por Exemplo:
“Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro,
3) Nos seguintes vocábulos: incenso, mirra.” (Manuel Bandeira)
aborígine, artimanha, chefiar, digladiar, penicilina, privilégio,
etc. b) Nos antropônimos, reais ou fictícios.
Exemplos:
Pedro Silva, Cinderela, D. Quixote.

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APOSTILAS OPÇÃO
c) Nos topônimos, reais ou fictícios. Exemplos:
Exemplos: Governador Mário Covas ou governador Mário Covas
Rio de Janeiro, Rússia, Macondo. Papa João Paulo II ou papa João Paulo II
Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor reitor
d) Nos nomes mitológicos. Santa Maria ou santa Maria.
Exemplos:
Dionísio, Netuno. c) Nos nomes que designam domínios de saber, cursos e
disciplinas.
e) Nos nomes de festas e festividades. Exemplos:
Exemplos: Português ou português
Natal, Páscoa, Ramadã. Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas
modernas
f) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais. História do Brasil ou história do Brasil
Exemplos: Arquitetura ou arquitetura
ONU, Sr., V. Ex.ª.
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/
g) Nos nomes que designam altos conceitos religiosos, fono24.php
políticos ou nacionalistas. Emprego do Porquê
Exemplos:
Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Estado, Nação, Pátria, Orações
União, etc. Interrogativas Exemplo:

Observação: esses nomes escrevem-se com inicial minúscula (pode ser Por que devemos nos
quando são empregados em sentido geral ou indeterminado. substituído por: preocupar com o meio
Exemplo: Por por qual motivo, ambiente?
Todos amam sua pátria. Que por qual razão)
Exemplo:
Emprego FACULTATIVO de letra maiúscula: Equivalendo
a) Nos nomes de logradouros públicos, templos e edifícios. a “pelo qual” Os motivos por que não
Exemplos: respondeu são desconhecidos.
Rua da Liberdade ou rua da Liberdade
Igreja do Rosário ou igreja do Rosário Exemplos:
Edifício Azevedo ou edifício Azevedo
Você ainda tem coragem de
Final de
2) Utiliza-se inicial minúscula: Por perguntar por quê?
frases e seguidos
a) Em todos os vocábulos da língua, nos usos correntes. Quê
de pontuação
Exemplos: Você não vai? Por quê?
carro, flor, boneca, menino, porta, etc.
Não sei por quê!
b) Nos nomes de meses, estações do ano e dias da semana.
Exemplos: Exemplos:
janeiro, julho, dezembro, etc. Conjunção
segunda, sexta, domingo, etc. A situação agravou-se
que indica
primavera, verão, outono, inverno porque ninguém reclamou.
explicação ou
causa
c) Nos pontos cardeais. Ninguém mais o espera,
Porque porque ele sempre se atrasa.
Exemplos:
Percorri o país de norte a sul e de leste a oeste. Conjunção de
Estes são os pontos colaterais: nordeste, noroeste, sudeste, Exemplos:
Finalidade –
sudoeste. equivale a “para
Não julgues porque não te
que”, “a fim de
Observação: quando empregados em sua forma absoluta, os julguem.
que”.
pontos cardeais são grafados com letra maiúscula.
Função de
Exemplos: Exemplos:
Nordeste (região do Brasil) substantivo
Ocidente (europeu) – vem
Não é fácil encontrar o
acompanhado
Oriente (asiático) Porquê porquê de toda confusão.
de artigo ou
pronome
Lembre-se: Dê-me um porquê de sua
Depois de dois-pontos, não se tratando de citação direta, usa- saída.
se letra minúscula.

Exemplo: 1. Por que (pergunta)


“Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, 2. Porque (resposta)
incenso, mirra.” (Manuel Bandeira) 3. Por quê (fim de frase: motivo)
4. O Porquê (substantivo)
Emprego FACULTATIVO de letra minúscula:
a) Nos vocábulos que compõem uma citação bibliográfica. Emprego de outras palavras
Exemplos:
Crime e Castigo ou Crime e castigo Senão: equivale a “caso contrário”, “a não ser”: Não fazia coisa
Grande Sertão: Veredas ou Grande sertão: veredas nenhuma senão criticar.
Em Busca do Tempo Perdido ou Em busca do tempo perdido Se não: equivale a “se por acaso não”, em orações adverbiais
condicionais: Se não houver homens honestos, o país não sairá
b) Nas formas de tratamento e reverência, bem como em desta situação crítica.
nomes sagrados e que designam crenças religiosas.

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APOSTILAS OPÇÃO
Tampouco: advérbio, equivale a “também não”: Não (D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
compareceu, tampouco apresentou qualquer justificativa. (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos tão
pouco esta semana. Respostas
01. D/02. B/03. D/4-B/5-D
Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios.
Traz - do verbo trazer.
Acentuação gráfica.
Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui.
Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face está
vultuosa e deformada.
Questões Acentuação

01. Que mexer o esqueleto é bom para a saúde já virou A acentuação é um dos requisitos que perfazem as regras
até sabedoria popular. Agora, estudo levanta hipóteses sobre estabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se compõe de
........................ praticar atividade física..........................benefícios algumas particularidades, às quais devemos estar atentos,
para a totalidade do corpo. Os resultados podem levar a novas procurando estabelecer uma relação de familiaridade e,
terapias para reabilitar músculos contundidos ou mesmo para consequentemente, colocando-as em prática na linguagem
.......................... e restaurar a perda muscular que ocorre com o escrita.
avanço da idade.
(Ciência Hoje, março de 2012) Regras básicas – Acentuação tônica

As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e A acentuação tônica implica na intensidade com que são
respectivamente, com: pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá de
(A) porque … trás … previnir forma mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. As
(B) porque … traz … previnir demais, como são pronunciadas com menos intensidade, são
(C) porquê … tras … previnir denominadas de átonas.
(D) por que … traz … prevenir
(E) por quê … tráz … prevenir De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas
como:
02. Assinale a opção que completa corretamente as lacunas
da frase abaixo: Não sei o _____ ela está com os olhos vermelhos, Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a
talvez seja _____ chorou. última sílaba.
(A) porquê / porque; Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel
(B) por que / porque;
(C) porque / por que; Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica se
(D) porquê / por quê; evidencia na penúltima sílaba.
(E) por que / por quê. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato – passível

03. Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica se


evidencia na antepenúltima sílaba.
Ex.: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus

Como podemos observar, mediante todos os exemplos


mencionados, os vocábulos possuem mais de uma sílaba, mas
em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente:
são os chamados monossílabos, que, quando pronunciados,
apresentam certa diferenciação quanto à intensidade.

Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos


Considerando a ortografia e a acentuação da norma- em uma dada sequência de palavras. Assim como podemos
padrão da língua portuguesa, as lacunas estão, correta e observar no exemplo a seguir:
respectivamente, preenchidas por:
(A) mal ... por que ... intuíto “Sei que não vai dar em nada, seus segredos sei de cor”.
(B) mau ... por que ... intuito
(C) mau ... porque ... intuíto Os monossílabos em destaque classificam-se como tônicos;
(D) mal ... porque ... intuito os demais, como átonos (que, em, de).
(E) mal ... por quê ... intuito
Os Acentos Gráficos
04. Assinale a alternativa que preenche, correta e
respectivamente, as lacunas do trecho a seguir, de acordo com acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”, “i”, “u” e
a norma-padrão. sobre o “e” do grupo “em” - indica que estas letras representam
Além disso, ___certamente ____entre nós ____do fenômeno da as vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns.
corrupção e das fraudes. Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre aberto. 
(A) a … concenso … acerca Ex.: herói – médico – céu(ditongos abertos)
(B) há … consenso … acerca
(C) a … concenso … a cerca acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e
(D) a … consenso … há cerca “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado:
(E) há … consenço … a cerca Ex.: tâmara – Atlântico – pêssego – supôs
05. Assinale a alternativa cujas palavras se apresentam acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com
flexionadas de acordo com a norma-padrão. artigos e pronomes.
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. Ex.: à – às – àquelas – àqueles
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.

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APOSTILAS OPÇÃO
trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi totalmente O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido.
abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras Ex.:
derivadas de nomes próprios estrangeiros.
Ex.: mülleriano (de Müller) Antes Agora
crêem creem
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais vôo voo
nasais.
Ex.: coração – melão – órgão – ímã - Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos que,
no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais acento
Regras fundamentais: como antes: CRER, DAR, LER e VER.
Repare:
Palavras oxítonas: 1-) O menino crê em você
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, “o”, Os meninos creem em você.
“em”, seguidas ou não do plural(s): 2-) Elza lê bem!
Pará – café(s) – cipó(s) – armazém(s) Todas leem bem!
3-) Espero que ele dê o recado à sala.
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos: Esperamos que os dados deem efeito!
4-) Rubens vê tudo!
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, seguidos Eles veem tudo!
ou não de “s”.
Ex.: pá – pé – dó – há - Cuidado! Há o verbo vir:
Ele vem à tarde!
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, seguidas Eles vêm à tarde!
de lo, la, los, las. Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando
respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:

Paroxítonas: Ra-ul, ru-im, con-tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz


Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
- i, is Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem
táxi – lápis – júri seguidas do dígrafo nh:
- us, um, uns ra-i-nha, ven-to-i-nha.
vírus – álbuns – fórum
- l, n, r, x, ps Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps precedidas de vogal idêntica:
- ã, ãs, ão, ãos xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
ímã – ímãs – órfão – órgãos
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com
- Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Repare que “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i” não
essa palavra apresenta as terminações das paroxítonas que são serão mais acentuadas. Ex.:
acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim
ficará mais fácil a memorização! Antes Depois
apazigúe (apaziguar) apazigue
- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de “s”. argúi (arguir) argui

água – pônei – mágoa – jóquei Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do


plural de:
Regras especiais:
ele tem – eles têm
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” ( ditongos abertos), ele vem – eles vêm (verbo vir)
que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com
a nova regra, mas desde que estejam em palavras paroxítonas. A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter,
deter, abster. 
Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma ele contém – eles contêm
palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são ele obtém – eles obtêm
acentuados. Mas caso não forem ditongos perdem o acento. ele retém – eles retêm
Ex.: ele convém – eles convêm
Antes Agora
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes
assembléia assembleia
eram acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes
idéia ideia
(regra do acento diferencial). Apenas em algumas exceções,
jibóia jiboia
como:
apóia (verbo apoiar) apoia
A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanhados
pretérito perfeito do modo indicativo) ainda continua
ou não de “s”, haverá acento:
sendo acentuada para diferenciar-se de pode (terceira
Ex.: saída – faísca – baú – país – Luís
pessoa do singular do presente do indicativo). Ex:
Observação importante:
Ela pode fazer isso agora.
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando hiato
Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou...
quando vierem depois de ditongo: Ex.:
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da
Antes Agora
preposição por.
bocaiúva bocaiuva
- Quando, na frase, der para substituir o “por” por “colocar”,
feiúra feiura
então estaremos trabalhando com um verbo, portanto: “pôr”;
nos outros casos, “por” preposição. Ex:

Língua Portuguesa 58
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APOSTILAS OPÇÃO
Faço isso por você.
Posso pôr (colocar) meus livros aqui?

Questões

01. “Cadáver” é paroxítona, pois:


A) Tem a última sílaba como tônica.
B) Tem a penúltima sílaba como tônica.
C) Tem a antepenúltima sílaba como tônica.
D) Não tem sílaba tônica.

02. Assinale a alternativa correta.


A palavra faliu contém um:
A) hiato
B) dígrafo
C) ditongo decrescente
D) ditongo crescente

03. Em “O resultado da experiência foi, literalmente,


aterrador.” a palavra destacada encontra-se acentuada pelo
mesmo motivo que:
A) túnel
B) voluntário
C) até
D) insólito
E) rótulos

04. Assinale a alternativa correta.


A) “Contrário” e “prévias” são acentuadas por serem
paroxítonas terminadas em ditongo.
B) Em “interruptor” e “testaria” temos, respectivamente,
encontro consonantal e hiato.
C) Em “erros derivam do mesmo recurso mental” as palavras
grifadas são paroxítonas.
D) Nas palavras “seguida”, “aquele” e “quando” as partes
destacadas são dígrafos.
E) A divisão silábica está correta em “co-gni-ti-va”, “p-si-có-
lo-ga” e “a-ci-o-na”.

05. Todas as palavras abaixo são hiatos, EXCETO:


A) saúde
B) cooperar
C) ruim
D) creem
E) pouco

Respostas
1-B / 2-C / 3-B / 4-A / 5-E

Anotações

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APOSTILAS OPÇÃO

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

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APOSTILAS OPÇÃO

do povo (o povo tem uma participação ativa, sempre com o


respeito aos Direitos e garantias fundamentais), e tem por
fundamentos:
I - Soberania. Constitui um dos atributos do próprio
Estado, pois não existe Estado sem soberania. Significa a
supremacia do Estado brasileiro na ordem política interna e a
independência na ordem política externa.
Constituição Federativa do II - Cidadania. O termo “cidadania” foi empregado em
sentido amplo, abrangendo não só a titularidade de direitos
Brasil de 1988 e suas políticos, mas também civis. Alcança tanto o exercício do
alterações, Dos princípios direito de votar e ser votado como o efetivo exercício dos
fundamentais; diversos direitos previstos na Constituição, tais como
educação, saúde e trabalho. Cidadania, no conceito expresso
por Hannah Arendt, o direito a ter direitos.
Princípios fundamentais III - Dignidade da pessoa humana. O valor dignidade da
pessoa humana deve ser entendido como o absoluto respeito
Quando falamos em princípios, estamos nos referindo à aos direitos fundamentais de todo ser humano, assegurando-
institutos que guardam os valores fundamentais da ordem se condições dignas de existência para todos. O ser humano é
jurídica. Os princípios constituem ideias gerais e abstratas que considerado pelo Estado brasileiro como um fim em si mesmo,
expressam, em menor ou maior escala, todas as normas que jamais como meio para atingir outros objetivos.
compõem a seara do direito. Poderíamos dizer que cada área IV - Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. O
do direito retrata a concretização de certo número de trabalho e a livre iniciativa foram identificados como
princípios, que constituem o seu núcleo central. Eles possuem fundamentos da ordem econômica estabelecida no Brasil,
uma força que permeia todo o campo sob seu alcance, daí por ambos considerados indispensáveis para o adequado
que todas as normas que compõem o direito constitucional desenvolvimento do Estado brasileiro. Esses dois fatores
devem ser estudadas, interpretadas e compreendidas à luz revelam o modo de produção capitalista vigente. A
desses princípios. Constituição pretende estabelecer um regime de harmonia
Nos princípios fundamentais, condensam-se bens e valores entre capital e trabalho.
considerados fundamentos de validade de todo o sistema V - Pluralismo político. O pluralismo político significa a
jurídico. Assim, os princípios consagrados livre formação de correntes políticas no País, permitindo a
constitucionalmente servem, a um só tempo, como objeto da representação das diversas camadas da opinião pública em
interpretação constitucional, como diretriz para a atividade diferentes segmentos. Esse dispositivo constitucional veda a
interpretativa e como guias a opção de interpretação. adoção de leis infraconstitucionais que estabeleçam um
Os princípios constituem a base, o alicerce de um sistema regime de partido único ou um sistema de bipartidarismo
jurídico. São verdadeiras proposições lógicas que forçado ou que impeçam uma corrente política de se
fundamentam e sustentam um sistema. manifestar no País.
Sabe-se que os princípios, ao lado das regras, são normas
jurídicas. Os princípios, porém, exercem dentro do sistema Vejamos a seguir o texto constitucional pertinente ao
normativo um papel diferente dos das regras. As regras, por assunto:
descreverem fatos hipotéticos, possuem a nítida função de
regular, direta ou indiretamente, as relações jurídicas que se TÍTULO I
enquadrem nas molduras típicas por elas descritas. Não é DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
assim com os princípios, que são normas generalíssimas
dentro do sistema. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
Serve o princípio como limite de atuação do jurista. No indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
mesmo passo em que funciona como vetor de interpretação, o constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
princípio tem como função limitar a vontade subjetiva do fundamentos:
aplicador do direito, vale dizer, os princípios estabelecem I - a soberania;
balizamentos dentro dos quais o jurista exercitará sua II - a cidadania
criatividade, seu senso do razoável e sua capacidade de fazer a III - a dignidade da pessoa humana;
justiça do caso concreto. IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Assim, a Constituição brasileira tem o seu Título I (artigos V - o pluralismo político.
1º ao 4º), integralmente dedicado aos “princípios Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce
fundamentais”, que são as regras informadoras de todo um por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
sistema de normas, as diretrizes básicas do ordenamento desta Constituição.
constitucional brasileiro. São regras que contêm os mais
importantes valores que informam a elaboração da Separação dos Poderes
Constituição da República Federativa do Brasil, e que por tal
motivo merecem estudo aprofundado, por serem tema a) O Poder Executivo é um dos poderes governamentais,
constante em provas de concursos. segundo a teoria da separação dos poderes cuja
responsabilidade é a de implementar, ou executar, as leis e a
Dos Fundamentos da República Federativa do Brasil. agenda diária do governo ou do Estado.). O poder executivo
varia de país a país. Nos países presidencialistas, o poder
O artigo 1º da CF/88 define a forma de Estado (Federativa) executivo é representado pelo seu presidente, que acumula as
e a forma de Governo (República) em duas palavras “República funções de chefe de governo e chefe de estado.
Federativa”, “formada pela União indissolúvel” (nenhum ente b) O Poder Legislativo é o poder de legislar, criar leis. No
pode pretender se separar), numa Federação não existe a sistema de três poderes proposto por Montesquieu, o poder
hipótese de separação, “constitui em Estado Democrático de legislativo é representado pelos legisladores, homens que
Direito”. Essa expressão traz em si a ideia do Estado formado devem elaborar as leis que regulam o Estado. O poder
a partir da vontade do povo, voltado para o povo e ao interesse legislativo na maioria das repúblicas e monarquias é

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constituído por um congresso, parlamento, assembleias ou memorizar a palavra: “SoCiDigVaPlu” e Objetivos a frase:
câmaras. O objetivo do poder legislativo é elaborar normas de “Com garra erra pouco”, que correspondem as suas
direito de abrangência geral (ou, raramente, de abrangência iniciais.
individual) que são estabelecidas aos cidadãos ou às
instituições públicas nas suas relações recíprocas.
c) O Poder judiciário é um dos três poderes do Estado
moderno na divisão preconizada por Montesquieu em sua Princípios que regem a República Federativa do Brasil
teoria da separação dos poderes. Ele possui a capacidade de nas relações internacionais
julgar, de acordo com as leis criadas pelo Poder Legislativo e
de acordo com as regras constitucionais em determinado país. O art. 4º da CF/88 traz os princípios que regem o Brasil nas
Ministros, Desembargadores e Juízes formam a classe dos suas relações internacionais. A República Federativa do Brasil
magistrados (os que julgam). rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios: independência nacional, prevalência dos direitos
Dispositivos constitucionais pertinentes: humanos, autodeterminação dos povos, não-intervenção,
igualdade entre os Estados, defesa da paz, solução pacífica dos
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. entre os povos para o progresso da humanidade, concessão de
asilo político. A República Federativa do Brasil buscará a
Dos objetivos da República Federativa do Brasil integração econômica, política, social e cultural dos povos da
América Latina, visando à formação de uma comunidade
A nossa Constituição, quanto ao modelo, classifica-se como latino-americana de nações.
dirigente, pois estabelece metas que devem ser buscadas pelo
Estado brasileiro, diretrizes que devem informar os Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas
programas de atuação governamental em todas as esferas do relações internacionais pelos seguintes princípios:
poder político.
Atenção! Observa-se que os objetivos previstos no artigo I - independência nacional. A República Federativa do
3º, da CF/88, não se confundem com os fundamentos Brasil não se submeterá a nenhum outro ordenamento
estabelecidos no artigo 1º, tendo em vista que os fundamentos jurídico.
são princípios inerentes ao próprio Estado brasileiro, fazem
parte de sua construção, já os objetivos fundamentais são as II - prevalência dos direitos humanos. Os direitos humanos
finalidades a serem alcançadas. têm de estar em posição hierárquica acima do que qualquer
outro bem jurídico local.
Nos termos do art. 3º, da CF/88, foram estabelecidos
quatro objetivos fundamentais para a República Federativa III - autodeterminação dos povos. Esse princípio pode ser
do Brasil: interpretado como o respeito à soberania dos outros países.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República IV - não-intervenção. Pode ser entendida como a não
Federativa do Brasil: aceitação de invasão armada de outros países a nossa
República.
I - Construir uma sociedade livre, justa e solidária. Significa
que o Estado tem de propiciar todos os meios para que a V - igualdade entre os Estados. Não chega a ser uma
democracia seja exercida. Esse preceito foi estabelecido para igualdade absoluta, mas relativa, na medida de suas
os brasileiros no intuito de proporcionar bem estar, qualidade desigualdades, que se mostram mais específicas no plano
de vida e harmonia social. Contudo, ainda não é uma realidade econômico, sendo que é uma tentativa de diminuir essa
vista na prática, existem mecanismos constitucionais de distância entre uns e outros Estados. Como premissa
garantia, porém muitos indivíduos ainda não sabem como usá- fundamental de Direito Internacional Público, a igualdade está
los. intimamente associada aos princípios da reciprocidade.

II - Garantir o desenvolvimento nacional. Ele ocorre com o VI - defesa da paz. É o estado estabelecido para respeito à
aperfeiçoamento do ser humano, das propriedades e das ordem.
Instituições. Que esse desenvolvimento seja estendido à
política, a economia, a vida social e a todas as áreas que VII - solução pacífica dos conflitos. Complementa o
contribuam para o aperfeiçoamento da nação. princípio anterior, pois busca solução pacífica e repudia a
guerra para que ocorram mudanças nos países.
III - Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais. Segundo esse enunciado VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo. O terrorismo
notamos que o objetivo da República é tomar medidas de internacional não encontrará refúgio aqui e qualquer tipo de
governo que possibilite uma igualdade de condições para terrorismo em solo nacional sofrerá as penas da lei.
todos os cidadãos. Medidas essas que tragam melhorias para
áreas como educação, saúde e emprego, dando às classes mais IX - cooperação entre os povos para o progresso da
pobres maiores possibilidades a esses direitos. humanidade. A interação pelo progresso da humanidade
baseia-se no dever de solidariedade e de auxílio mútuo entre
IV - Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, as nações.
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação. Segundo esse princípio, o objetivo de nosso país X - concessão de asilo político. Esse asilo concedido a quem
é que seja de respeito. esteja sendo perseguido por motivos políticos ou de opinião,
em seus países ou em outros países que estejam habitando.
Dica! Processos mnemônicos são muito úteis para Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará
auxiliar na fixação do conteúdo, por isso tente desenvolver a integração econômica, política, social e cultural dos povos da
métodos que lhe ajudem no estudo. Ex.: Fundamentos

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América Latina, visando à formação de uma comunidade latino- 05. (Prefeitura de Chapecó/SC - Engenheiro de
americana de nações. Trânsito IOBV/2016) Assinale a alternativa que está
incorreta:
Outros princípios fundamentais estão espalhados por todo (A) A República Federativa do Brasil é formada pela união
o texto constitucional, de forma explícita ou implícita. Muitos indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal.
de forma até repetitiva, para que não sejam desconsiderados. (B) São Poderes da União, independentes e sucessivos
As colisões de princípios são resolvidas pelo critério de entre si, o Legislativo, o Executivo e o Conselho Nacional de
peso, preponderando o de maior valor no caso concreto, pois Justiça.
ambas as normas jurídicas são consideradas igualmente (C) A soberania e o pluralismo político são fundamentos da
válidas. Por exemplo: o eterno dilema entre a liberdade de República Federativa do Brasil.
informação jornalística e a tutela da intimidade, da vida (D) É objetivo fundamental da República Federativa do
privada, da honra e da imagem das pessoas (CF/88, art. 220, Brasil garantir o desenvolvimento nacional.
§1º). Há necessidade de compatibilizar ao máximo os
princípios, podendo prevalecer, no caso concreto, a aplicação Respostas
de um ou outro direito.
01. Resposta: A
Questões 02. Resposta: C
03. Resposta: A
01. (MPE/RN - Técnico do Ministério Público Estadual 04. Resposta: D
- COMPERVE/2017) Os objetivos fundamentais da república 05. Resposta: B
brasileira são metas que o Estado deve promover com força
vinculante e imediata, servindo como norte a ser seguido em
toda e qualquer atividade estatal. Nessa acepção, a
Constituição Federal aponta, expressamente, como objetivo Dos direitos fundamentais;
fundamental a PROMOÇÃO
(A) do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
sexo e cor. Direitos e garantias fundamentais.
(B) de uma sociedade livre, justa e solidária com repúdio
ao racismo e ao terrorismo. A Constituição Federal de 1988 trouxe em seu Título II os
(C) da erradicação da miséria e da marginalização e da direitos e garantias fundamentais, subdividindo-os em cinco
redução da desigualdade nacional. capítulos: direitos e deveres individuais e coletivos,
(D) da autodeterminação dos povos e dos direitos direitos sociais, nacionalidade, direitos políticos e
humanos. partidos políticos.

02. (IF/TO - Auditor - IF/TO/2016) Quantos aos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
princípios do Estado brasileiro constantes na Constituição
Federal, assinale a alternativa incorreta. A Constituição de 1988 foi a primeira a estabelecer direitos
(A) A promoção da cidadania e a dignidade da pessoa não só de indivíduos, mas também de grupos sociais, os
humana são exemplos de fundamentos da República denominados direitos coletivos. As pessoas passaram a ser
Federativa do Brasil. coletivamente consideradas. Por outro lado, pela primeira vez,
(B) São Poderes da União, independentes e harmônicos junto com direitos foram estabelecidos expressamente
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. deveres fundamentais. Tanto os agentes públicos como os
(C) A República Federativa do Brasil apenas é formada pela indivíduos têm obrigações específicas, inclusive a de respeitar
união dos Municípios e do Distrito Federal. os direitos das demais pessoas que vivem na ordem social.
(D) Construir uma sociedade livre, justa e solidária, bem
como garantir o desenvolvimento nacional, são exemplos de Constituição Federal:
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil.
(E) A prevalência dos direitos humanos, assim como o TÍTULO II
repúdio ao terrorismo e ao racismo, são exemplos de Dos Direitos e Garantias Fundamentais
princípios que devem reger o Brasil nas relações CAPÍTULO I
internacionais. DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

03. (PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto - Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
CESPE/2016) Assinale a opção que apresenta um dos qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
fundamentos da República Federativa do Brasil previsto estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
expressamente na Constituição Federal de 1988. vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
(A) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa termos seguintes:
(B) autodeterminação dos povos O artigo 5º da Constituição da República Federativa do
(C) igualdade entre os estados Brasil de 1988 pode ser caracterizado como um dos mais
(D) erradicação da pobreza importantes constantes do arcabouço jurídico brasileiro. Tal
(E) solução pacífica dos conflitos fato se justifica em razão de que este apresenta, em seu bojo, a
proteção dos bens jurídicos mais importantes para os
04. (DPE/BA - Defensor Público - FCC/2016) De acordo cidadãos, quais sejam: vida, liberdade, igualdade,
com disposição expressa da Constituição Federal, a República segurança e propriedade.
Federativa do Brasil tem como fundamento A relação extensa de direitos individuais estabelecida no
(A) desenvolvimento nacional. art. 5º da Constituição tem caráter meramente enunciativo,
(B) estado social de direito. não se trata de rol taxativo. Existem outros direitos
(C) defesa da paz. individuais resguardados em outras normas previstas na
(D) soberania. própria Constituição (por exemplo, o previsto no art. 150,
(E) prevalência dos direitos humanos. contendo garantias de ordem tributária).

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Vamos acompanhar em seguida o que prevê os demais corriqueiro da aplicação deste inciso encontra-se nas
dispositivos da norma: propagandas partidárias, quando um eventual candidato
realiza ofensas ao outro. Desta maneira, o candidato ofendido
I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos possui o direito de resposta proporcional à ofensa, ou seja, a
termos desta Constituição; resposta deverá ser realizada nos mesmos parâmetros que a
O inciso supracitado traz, em seu bojo, um dos princípios ofensa. Assim, se a resposta deverá possuir o mesmo tempo
mais importantes existentes no ordenamento jurídico que durou a ofensa, deverá ocorrer no mesmo veículo de
brasileiro, qual seja, o princípio da isonomia ou da igualdade. comunicação em que foi realizada a conduta ofensiva. Não
Tal princípio igualou os direitos e obrigações dos homens e obstante, o horário obedecido para a resposta deverá ser o
mulheres, porém, permitindo as diferenciações realizadas nos mesmo que o da ofensa.
termos da Constituição. Em que pese haja a existência do direito de resposta
proporcional ao agravo, ainda há possibilidade de ajuizamento
II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma de ação de indenização por danos materiais, morais ou à
coisa senão em virtude de lei; imagem. Assim, estando presente a conduta lesiva, que tenha
O inciso supracitado contém em seu conteúdo o princípio causando um resultado danoso e seja provado o nexo de
da legalidade. Ele garante a segurança jurídica e impede que o causalidade com o eventual elemento subjetivo constatado, ou
Estado aja de forma arbitrária. Tal princípio tem por escopo seja, a culpa, demonstra-se medida de rigor, o arbitramento de
explicitar que nenhum cidadão será obrigado a realizar ou indenização ao indivíduo lesado.
deixar de realizar condutas que não estejam definidas em lei.
Ou seja, para o particular, apenas a lei pode criar uma VI- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
obrigação. Além disso, se não existe uma lei que proíba uma assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
determinada conduta, significa que ela é permitida. forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
Outro ponto importante a ser ressaltado é que legalidade Este inciso demonstra a liberdade de escolha da religião
não se confunde com reserva legal. A legalidade é mais ampla, pelas pessoas. Não obstante, a segunda parte deste resguarda
significa que deve haver lei, elaborada segundo as regras do a liberdade de culto, garantindo, na forma da lei, a proteção aos
processo legislativo, para criar uma obrigação. Já a reserva locais de culto e liturgias. Existem doutrinadores que
legal é de menor abrangência e significa que, determinadas entendem que a liberdade expressa neste inciso é absoluta,
matérias, especificadas pela Constituição, só podem ser inexistindo qualquer tipo de restrição a tal direito. Contudo,
tratadas por lei proveniente do Poder Legislativo (ex.: art. 5.º, entendemos não ser correto tal posicionamento. Tal fato se
inciso XXXIX: "não há crime sem lei anterior que o defina, nem justifica com a adoção de um simples exemplo. Imaginemos
pena sem prévia cominação legal", este é o famoso princípio da que uma determinada religião utiliza em seu culto, alta
reserva legal). sonorização, que causa transtornos aos vizinhos do recinto.
Aqui estamos diante de dois direitos constitucionalmente
III- ninguém será submetido à tortura nem a tratamento tutelados. O primeiro que diz respeito à liberdade de culto e o
desumano ou degradante; segundo, referente ao meio ambiente ecologicamente
O inciso em questão garante que nenhum cidadão será equilibrado, explicitado pelo artigo 225 da CF/88. Como é
submetido a tortura nem a tratamento desumano ou possível perceber com a alta sonorização empregada, estamos
degradante. Tal assertiva se alicerça ao fato de que o sujeito diante de um caso de poluição sonora, ou seja, uma conduta
que cometer tortura estará cometendo crime tipificado na Lei lesiva ao meio ambiente. Curiosamente, estamos diante de um
nº 9.455/97. Cabe ressaltar, ainda, que a prática de tortura conflito entre a liberdade de culto e o direito ao meio ambiente
caracteriza-se como crime inafiançável e insuscetível de graça ecologicamente equilibrado, ambos direitos
ou anistia. Não obstante as características anteriormente constitucionalmente expressos. Como solucionar tal conflito?
citadas, o crime de tortura ainda é considerado hediondo, Essa antinomia deverá ser solucionada através da adoção do
conforme explicita a Lei nº 8.072/90. Crimes hediondos são princípio da cedência recíproca, ou seja, cada direito deverá
aqueles considerados como repugnantes, de extrema ceder em seu campo de aplicabilidade, para que ambos possam
gravidade, os quais a sociedade não compactua com a sua conviver harmonicamente no ordenamento jurídico brasileiro.
realização. São exemplos de crimes hediondos: tortura, Desta maneira, como foi possível perceber a liberdade de
homicídio qualificado, estupro, extorsão mediante sequestro, culto não é absoluta, possuindo, portanto, caráter relativo, haja
estupro de vulnerável, dentre outros. vista a existência de eventuais restrições ao exercício de tal
direito consagrado.
IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o O Brasil é um país LAICO ou LEIGO, ou seja, não tem uma
anonimato; religião oficial.
Este inciso garante a liberdade de manifestação de
pensamento, até como uma resposta à limitação desses VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
direitos no período da ditadura militar. Não somente por este assistência religiosa nas entidades civis e militares de
inciso, mas por todo o conteúdo, que a Constituição da internação coletiva;
República Federativa de 1988 consagrou-se como a Neste inciso encontra-se assegurado o direito de prestação
“Constituição Cidadã”. Um ponto importante a ser citado neste de assistência religiosa em entidades civis e militares de
inciso é a proibição do anonimato. Cabe ressaltar que a adoção internação coletiva. Quando o inciso se refere às entidades
de eventuais pseudônimos não afetam o conteúdo deste inciso, civis e militares de internação coletiva está abarcando os
mas tão somente o anonimato na manifestação do sanatórios, hospitais, quartéis, dentre outros.
pensamento. Cabe ressaltar que a assistência religiosa não abrange
somente uma religião, mas todas. Logo, por exemplo, os
V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao protestantes não serão obrigados a assistirem os cultos
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à religiosos das demais religiões, e vice versa.
imagem;
O referido inciso traz, em seu bojo, uma norma VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença
assecuratória de direitos fundamentais, onde se encontra religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as
assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
da indenização correspondente ao dano causado. Um exemplo recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

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Este inciso expressa a possibilidade de perda dos direitos XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
pelo cidadão que, para não cumprir obrigação legal imposta a podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em
todos e para recusar o cumprimento de prestação alternativa, caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
alega como motivo crença religiosa ou convicção filosófica ou durante o dia, por determinação judicial;
política. O conceito de casa é amplo, alcançando os locais habitados
Um exemplo de obrigação estipulada por lei a todos os de maneira exclusiva. Exemplo: escritórios, oficinas,
cidadãos do sexo masculino é a prestação de serviço militar consultórios e locais de habitação coletiva (hotéis, motéis etc.)
obrigatório. Nesse passo, se um cidadão deixar de prestar o que não sejam abertos ao público, recebendo todos estes locais
serviço militar obrigatório alegando como motivo a crença em esta proteção constitucional.
determinada religião que o proíba poderá sofrer privação nos O referido inciso traz a inviolabilidade do domicílio do
seus direitos. indivíduo. Todavia, tal inviolabilidade não possui cunho
absoluto, sendo que o mesmo artigo explicita os casos em que
IX – é livre a expressão de atividade intelectual, artística, há possibilidade de penetração no domicílio sem o
científica e de comunicação, independentemente de censura ou consentimento do morador. Os casos em que é possível a
licença; penetração do domicílio são:
Este inciso tem por escopo a proteção da liberdade de
expressão, sendo expressamente vedada a censura e a licença. Durante o dia Durante a noite
Como é possível perceber, mais uma vez nossa Constituição
visa proteger o cidadão de alguns direitos fundamentais que Consentimento do morador Consentimento do morador
foram abolidos durante o período da ditadura militar. Para
Caso de flagrante delito Caso de flagrante delito
melhor compreensão do inciso supracitado, a censura consiste
na verificação do pensamento a ser divulgado e as normas Desastre ou prestar socorro Desastre ou prestar socorro
existentes no ordenamento. Desta maneira, a Constituição
veda o emprego de tal mecanismo, visando garantir ampla Determinação judicial --
liberdade ao cidadão, taxado como um bem jurídico inviolável
do cidadão, expressamente disposto no caput do artigo 5º. Note-se que o ingresso em domicílio por determinação
judicial somente é passível de realização durante o dia. Tal
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ingresso deverá ser realizado com ordem judicial expedida por
imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização por autoridade judicial competente, sob pena de considerar-se o
dano material ou moral decorrente de sua violação; ingresso desprovido desta como abuso de autoridade, além da
Os direitos da personalidade decorrem da dignidade tipificação do crime de Violação de Domicílio, que se encontra
humana. O direito à privacidade decorre da autonomia da disposto no artigo 150 do Código Penal.
vontade e do livre-arbítrio, permitindo à pessoa conduzir sua Todavia, o que podemos considerar como dia e noite?
vida da forma que julgar mais conveniente, sem intromissões Existem entendimentos que consideram o dia como o período
alheias, desde que não viole outros valores constitucionais e em que paira o sol, enquanto a noite onde há a existência do
direitos de terceiro. crepúsculo. No entanto, entendemos não ser eficiente tal
A CF/88 protege a privacidade, que abrange: intimidade, classificação, haja vista a existência no nosso país do horário
vida privada, honra e imagem. de verão adotado por alguns Estados e não por outros, o que
A honra pode ser subjetiva (estima que a pessoa possui de pode gerar confusão na interpretação desse inciso.
si mesma) ou objetiva (reputação do indivíduo perante o meio Assim, para fins didáticos e de maior segurança quanto à
social em que vive). As pessoas jurídicas só possuem honra interpretação, entendemos que o dia pode ser compreendido
objetiva. entre as 6 horas e às 18 horas do mesmo dia, enquanto o
O direito à imagem, que envolve aspectos físicos, inclusive período noturno é compreendido entre as 18 horas de um dia
a voz, impede sua captação e difusão sem o consentimento da até às 6 horas do dia seguinte (critério cronológico).
pessoa, ainda que não haja ofensa à honra. Neste sentido, a
súmula 403 do STJ: “Súmula 403 do STJ: Independe de prova XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das
do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”. telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
Este direito, como qualquer outro direito fundamental, investigação criminal ou instrução processual penal;
pode ser relativizado quando em choque com outros direitos. Este inciso tem por escopo demonstrar a inviolabilidade do
Por exemplo, pessoas públicas, tendem a ter uma restrição do sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas, de
direito à imagem frente ao direito de informação da sociedade. dados e comunicações telefônicas. No entanto, o próprio inciso
Também a divulgação em contexto jornalístico de interesse traz a possibilidade de quebra do sigilo telefônico, por ordem
público, a captação por radares de trânsito, câmeras de judicial, desde que respeite a lei, para que seja possível a
segurança ou eventos de interesse público, científico, investigação criminal e instrução processual penal.
histórico, didático ou cultural são limitações legítimas ao Para que fique mais claro o conteúdo do inciso em questão,
direito à imagem. vejamos:
Por outro lado, o inciso em questão traz a possibilidade de - Sigilo de Correspondência: Possui como regra a
ajuizamento de ação que vise à indenização por danos inviolabilidade trazida no Texto Constitucional. Todavia, em
materiais ou morais decorrentes da violação dos direitos caso de decretação de estado de defesa ou estado de sítio
expressamente tutelados. Entende-se como dano material, o poderá haver limitação a tal inviolabilidade. Outra
prejuízo sofrido na esfera patrimonial, enquanto o dano moral, possibilidade de quebra de sigilo de correspondência
aquele não referente ao patrimônio do indivíduo, mas sim que entendida pelo Supremo Tribunal Federal diz respeito às
causa ofensa à honra do indivíduo lesado. correspondências dos presidiários. Visando a segurança
Não obstante a responsabilização na esfera civil, ainda é pública e a preservação da ordem jurídica o Supremo Tribunal
possível constatar que a agressão a tais direitos também Federal entendeu ser possível à quebra do sigilo de
encontra guarida no âmbito penal. Tal fato se abaliza na correspondência dos presidiários. Um dos motivos desse
existência dos crimes de calúnia, injúria e difamação, entendimento da Suprema Corte é que o direito constitucional
expressamente tipificados no Código Penal Brasileiro. de inviolabilidade de sigilo de correspondência não pode

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servir de guarida aos criminosos para a prática de condutas Esse sigilo diz respeito àquela pessoa que prestou as
ilícitas. informações. Todavia, esse sigilo não possui conotação
- Sigilo de Comunicações Telegráficas: A regra absoluta, haja vista que há possibilidade de revelação da fonte
empregada é da inviolabilidade do sigilo, sendo, porém, informadora, em casos expressos na lei.
possível à quebra deste em caso de estado de defesa e estado
de sítio. XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de
- Sigilo das Comunicações Telefônicas: A regra é a paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar,
inviolabilidade de tal direito. Outrossim, a própria permanecer ou dele sair com seus bens;
Constituição traz no inciso supracitado a exceção. Assim, será O inciso em questão prega o direito de locomoção. Esse
possível a quebra do sigilo telefônico, desde que esteja direito abrange o fato de se entrar, permanecer, transitar e sair
amparado por decisão judicial de autoridade competente para do país, com ou sem bens. Quando o texto constitucional
que seja possível a instrução processual penal e a investigação explicita que qualquer pessoa está abrangida pelo direito de
criminal. O inciso em questão ainda exige para a quebra do locomoção, não há diferenciação entre brasileiros natos e
sigilo a obediência de lei. Essa lei entrou em vigor em 1996, sob naturalizados, bem como nenhuma questão atinente aos
o nº 9.296. A lei em questão, traz em seu bojo, alguns requisitos estrangeiros. Assim, no presente caso a Constituição tutela não
que devem ser observados para que seja possível realizar a somente o direito de locomoção do brasileiro nato, bem como
quebra do sigilo telefônico. o do naturalizado e do estrangeiro.
Isso demonstra que não será possível a quebra dos sigilos Desta forma, como é possível perceber a locomoção será
supracitados por motivos banais, haja vista estarmos diante de livre em tempo de paz. Porém tal direito é relativo, podendo
um direito constitucionalmente tutelado. ser restringido em casos expressamente dispostos na
A quebra desse tipo de sigilo pode ocorrer por Constituição, como por exemplo, no estado de sítio e no estado
determinação judicial ou por Comissão Parlamentar de de defesa.
Inquérito (CPI).
O sigilo de dados engloba dados fiscais, bancários e XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
telefônicos (referente aos dados da conta e não ao conteúdo locais abertos ao público, independentemente de autorização,
das ligações). desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
Quanto às comunicações telefônicas (conteúdo das para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
ligações), existe uma reserva jurisdicional. A interceptação só autoridade competente;
pode ocorrer com ordem judicial, para fins de investigação Neste inciso encontra-se presente outro direito
criminal ou instrução processual penal, sob pena de constituir constitucional, qual seja: o direito de reunião. A grande
prova ilícita. característica da reunião é a descontinuidade, ou seja, pessoas
se reúnem para discutirem determinado assunto, e finda a
XIII- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou discussão, a reunião se encerra. Cabe ressaltar que a diferença
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei entre reunião e associação está intimamente ligada a tal
estabelecer; característica. Enquanto a reunião não é contínua, a
Aqui estamos diante de uma norma de aplicabilidade associação tem caráter permanente.
contida. A norma de aplicabilidade contida possui total Explicita o referido inciso, a possibilidade da realização de
eficácia, dependendo, no entanto, de uma lei posterior que reuniões em locais abertos ao público, desde que não haja
reduza a aplicabilidade da primeira. Como é possível perceber presença de armas e que não frustre reunião previamente
o inciso em questão demonstra a liberdade de exercício de convocada. É importante salientar que o texto constitucional
trabalho, ofício ou profissão, devendo, no entanto, serem não exige que a reunião seja autorizada, mas tão somente haja
obedecidas às qualificações profissionais que a lei posterior uma prévia comunicação à autoridade competente.
estabeleça. Note-se que essa lei posterior reduz os efeitos de De forma similar ao direito de locomoção, o direito de
aplicabilidade da lei anterior que garante a liberdade de reunião também é relativo, pois poderá ser restringido em
exercício de trabalho, ofício ou profissão. caso de estado de defesa e estado de sítio.
Um exemplo muito utilizado pela doutrina é o do Exame
aplicado pela Ordem dos Advogados do Brasil aos bacharéis XVII- é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
em Direito, para que estes obtenham habilitação para exercer vedada a de caráter paramilitar;
a profissão de advogados. Como é notório, a lei garante a Como foi explicitado na explicação referente ao inciso
liberdade de trabalho, sendo, no entanto, que a lei posterior, anterior, a maior diferença entre reunião e associação está na
ou seja, o Estatuto da OAB, prevê a realização do exame para descontinuidade da primeira e na permanência da segunda.
que seja possível o exercício da profissão de advogado. Este inciso prega a liberdade de associação. É importante
salientar que a associação deve ser para fins lícitos, haja vista
XIV- é assegurado a todos o acesso à informação e que a ilicitude do fim pode tipificar conduta criminosa.
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício O inciso supracitado ainda traz uma vedação, que consiste
profissional; no fato da proibição de criação de associações com caráter
Este inciso prega a proteção ao direito de liberdade de paramilitar. Quando falamos em associações com caráter
informação. Aqui estamos tratando do direito de informar, paramilitar estamos nos referindo àquelas que buscam se
como também o de ser informado. Tal é a importância da estruturar de maneira análoga às forças armadas ou policiais.
proteção desse direito que a própria Constituição trouxe no Assim, para que não haja a existência de tais espécies de
bojo do seu artigo 5º, mais precisamente no seu inciso XXXIII, associações o texto constitucional traz expressamente a
que todos têm direito a receber dos órgãos públicos vedação.
informações de seu interesse particular ou de interesse
coletivo ou geral. É importante salientar que no caso de XVIII- a criação de associações e, na forma da lei, a de
desrespeito a tal direito, há existência de um remédio cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
constitucional, denominado habeas data, que tem por objetivo interferência estatal em seu funcionamento;
dar às pessoas informações constantes em bancos de dados, Neste inciso está presente o desdobramento da liberdade
bem como de retificá-los, seja através de processo sigiloso, de associação, onde a criação de cooperativas e associações
judicial ou administrativo. Cabe ressaltar, ainda, que o referido independem de autorização. É importante salientar que o
inciso traz a possibilidade de se resguardar o sigilo da fonte. constituinte também trouxe no bojo deste inciso uma vedação

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no que diz respeito à interferência estatal no funcionamento plano diretor consiste em um instrumento de política
de tais órgãos. O constituinte vedou a possibilidade de desenvolvimentista, obrigatório para as cidades que possuam
interferência estatal no funcionamento das associações e mais de vinte mil habitantes. Tal plano tem por objetivo traçar
cooperativas obedecendo à própria liberdade de associação. metas que serão obedecidas para o desenvolvimento das
cidades.
XIX- as associações só poderão ser compulsoriamente
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para
exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
O texto constitucional traz expressamente as questões interesse social, mediante justa e prévia indenização em
referentes à dissolução e suspensão das atividades das dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
associações. Neste inciso estamos diante de duas situações O inciso XXIV traz o instituto da desapropriação. A
diversas. Quando a questão for referente à suspensão de Desapropriação é o procedimento pelo qual o Poder Público,
atividades da associação, a mesma somente se concretizará fundado na necessidade pública, utilidade pública ou interesse
através de decisão judicial. Todavia, quando falamos em social, compulsoriamente, priva alguém de certo bem, móvel
dissolução compulsória das entidades associativas, é ou imóvel, adquirindo-o para si em caráter originário,
importante salientar que a mesma somente alcançará êxito mediante justa e prévia indenização. É, em geral, um ato
através de decisão judicial transitada em julgado. promovido pelo Estado, mas poderá ser concedido a
Logo, para ambas as situações, seja na dissolução particulares permissionários ou concessionários de serviços
compulsória, seja na suspensão de atividades, será necessária públicos, mediante autorização da Lei ou de Contrato com a
decisão judicial. Entretanto, como a dissolução compulsória Administração. Assim, desde que sejam obedecidos alguns
possui uma maior gravidade exige-se o trânsito em julgado da requisitos o proprietário poderá ter subtraída a coisa de sua
decisão judicial. propriedade. São eles:
Para uma compreensão mais simples do inciso em questão, - Necessidade pública;
o que podemos entender como decisão judicial transitada em - Utilidade pública;
julgado? A decisão judicial transitada em julgado consiste em - Interesse social;
uma decisão emanada pelo Poder Judiciário onde não seja - Justa e prévia indenização; e
mais possível a interposição de recursos. - Indenização em dinheiro.

XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a XXV- no caso de iminente perigo público, a autoridade
permanecer associado; competente poderá usar de propriedade particular, assegurada
Aqui se encontra outro desdobramento da liberdade de ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
associação. Estamos diante da liberdade associativa, ou seja, No caso do inciso XXV estamos diante do instituto da
do fato que ninguém será obrigado a associar-se ou a requisição administrativa. Este instituto, como o próprio
permanecer associado. inciso denota, permite à autoridade competente utilizar
propriedades particulares em caso de iminente perigo público.
XXI- as entidades associativas, quando expressamente Desta maneira, utilizada a propriedade particular será seu
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados proprietário indenizado, posteriormente, caso seja constatada
judicial ou extrajudicialmente; a existência de dano. Em caso negativo, este não será
Este inciso expressa a possibilidade das entidades indenizado. Um exemplo típico do instituto da requisição
associativas, desde que expressamente autorizadas, administrativa é o encontrado no caso de guerras. A título
representem seus filiados judicial ou extrajudicialmente. Cabe exemplificativo, se o nosso país estivesse em guerra,
ressaltar que, de acordo com a legislação processual civil, propriedades particulares poderiam ser utilizadas e, caso
ninguém poderá alegar em nome próprio direito alheio, ou fosse comprovada a ocorrência de danos, os proprietários
seja, o próprio titular do direito buscará a sua efetivação. No seriam indenizados.
entanto, aqui estamos diante de uma exceção a tal regra, ou
seja, há existência de legitimidade extraordinária na defesa XXVI- a pequena propriedade rural, assim definida em lei,
dos interesses dos filiados. Assim, desde que expressamente desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora
previsto no estatuto social, as entidades associativas passam a para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade
ter legitimidade para representar os filiados judicial ou produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
extrajudicialmente. Quando falamos em legitimidade na esfera desenvolvimento;
judicial, estamos nos referindo à tutela dos interesses no Poder Este inciso traz a impenhorabilidade da pequena
Judiciário. Porém, quando falamos em tutela extrajudicial a propriedade rural. É importante salientar que a regra de
tutela pode ser realizada administrativamente. impenhorabilidade da pequena propriedade rural para
pagamento de débitos decorrentes da atividade produtiva
XXII- é garantido o direito de propriedade; abrange somente aquela trabalhada pela família. Cabe
Este inciso traz a tutela de um dos direitos mais ressaltar que essa proteção acaba por trazer consequências
importantes na esfera jurídica, qual seja: a propriedade. Em negativas para os pequenos produtores. Tal assertiva se
que pese tenha o artigo 5º, caput, consagrado à propriedade justifica pelo fato de que, não podendo ser a propriedade rural
como um direito fundamental, o inciso em questão garante o objeto de penhora, com certeza a busca pelo crédito será mais
direito de propriedade. De acordo com a doutrina civilista, o difícil, haja vista a inexistência de garantias para eventuais
direito de propriedade caracteriza-se pelo uso, gozo e financiamentos.
disposição de um bem. Todavia, o direito de propriedade não
é absoluto, pois existem restrições ao seu exercício, como por Súmula 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de
exemplo, a obediência à função social da propriedade. bem de família abrange também o imóvel pertencente a
pessoas solteiras, separadas e viúvas.
XXIII- a propriedade atenderá a sua função social;
Neste inciso encontra-se presente uma das limitações ao
direito de propriedade, qual seja: a função social. A Súmula 486-STJ: É impenhorável o único imóvel
propriedade urbana estará atendendo sua função social residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde
quando atender as exigências expressas no plano diretor. O

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que a renda obtida com a locação seja revertida para a XXXI- a sucessão de bens de estrangeiros situados no País
subsistência ou a moradia da sua família. será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos
filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável à lei
pessoal do de cujus;
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de Neste inciso estamos diante da sucessão de bens de
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, estrangeiros situados no nosso país. A regra, conforme denota
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; o inciso supracitado, é que a sucessão dos bens do estrangeiro
Este inciso tem por escopo a tutela do direito de será regulada pela lei brasileira. Todavia, o próprio inciso traz
propriedade intelectual, quais sejam: a propriedade industrial uma exceção, que admite a possibilidade da sucessão ser
e os direitos do autor. Como é possível extrair do inciso regulada pela lei do falecido, desde que seja mais benéfica ao
supracitado esses direitos são passíveis de transmissão por cônjuge e aos filhos brasileiros.
herança, sendo, todavia, submetidos a um tempo fixado pela
lei. Desta maneira, não é pelo simples fato de ser herdeiro do XXXII- o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
autor de uma determinada obra que lhe será garantida a consumidor;
propriedade da mesma, pois a lei estabelecerá um tempo para Este inciso traz, em seu conteúdo, a intenção do Estado em
que os herdeiros possam explorar a obra. Após o tempo atuar na defesa do consumidor, ou seja, da parte
estabelecido a obra pertencerá a todos. hipossuficiente da relação de consumo. O inciso supracitado
explicita que o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
XXVIII- são assegurados, nos termos da lei: consumidor. A lei citada pelo inciso entrou em vigor no dia 11
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas de setembro de 1990 e foi denominada como Código de Defesa
e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas do Consumidor, sob o nº 8.078/90.
atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico XXXIII- todos têm direito a receber dos órgãos públicos
das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo
intérpretes e às respectivas representações sindicais e ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
associativas; responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
Este inciso preza a proteção dos direitos individuais do imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
autor quando participe de uma obra coletiva. Um exemplo que Aqui encontramos um desdobramento do direito à
pode ilustrar o conteúdo da alínea “a” diz respeito à gravação informação. Como é cediço é direito fundamental ao cidadão
de um CD por diversos cantores. Não é pelo simples fato da informar e ser informado. Desta maneira, todos têm direito a
gravação ser coletiva que não serão garantidos os direitos receber dos órgãos públicos informações de seu interesse ou
autorais individuais dos cantores. Pelo contrário, serão de interesse coletivo ou geral. Para que seja efetivado o direito
respeitados os direitos individuais de cada cantor. de informação, em caso de descumprimento, o ofendido
Ato contínuo, o inciso “b” traz o instituto do direito de poderá utilizar-se do remédio constitucional denominado
fiscalização do aproveitamento das obras. A alínea em questão habeas data, que tem por escopo assegurar o conhecimento
expressa que o próprio autor poderá fiscalizar o das informações dos indivíduos que estejam em bancos de
aproveitamento econômico da obra, bem como os intérpretes, dados, bem como de retificar informações que estejam
representações sindicais e associações. incorretas, por meio sigiloso, judicial ou administrativo.
É importante salientar que as informações deverão ser
XXIX- a lei assegurará aos autores de inventos industriais prestadas dentro do prazo estipulado em lei, sob pena de
privilégio temporário para sua utilização, bem como às criações responsabilidade.
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e Todavia, o final do inciso supracitado traz uma limitação à
a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o liberdade de informação qual seja: a restrição aos dados cujo
desenvolvimento tecnológico e econômico do País; sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Este inciso trata, ainda, da tutela do direito de propriedade Estado.
intelectual, explicitando o caráter não-definitivo de exploração
das obras, haja vista a limitação temporal de exploração por XXXIV- são a todos assegurados, independentemente do
lei. Isso ocorre pelo fato de que há imbuído um grande pagamento de taxas:
interesse da sociedade em conhecer o conteúdo das pesquisas a) o direito de petição aos Poder Públicos em defesa de
e inventos que podem trazer maior qualidade de vida à direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
população. b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
XXX- é garantido o direito de herança; pessoal;
Como um desdobramento do direito de propriedade, a Preliminarmente, é importante salientar que tanto o
Constituição consagra, no presente inciso, o direito de herança. direito de petição ao Poder Público, como o direito de
Segundo Maria Helena Diniz “o objeto da sucessão causa obtenção de certidões em repartições públicas são
mortis é a herança, dado que, com a abertura da sucessão, assegurados, independentemente, do pagamento de taxas. Isso
ocorre a mutação subjetiva do patrimônio do de cujus, que se não quer dizer que o exercício desses direitos seja realizado
transmite aos seus herdeiros, os quais se sub-rogam nas gratuitamente, mas sim, que podem ser isentos de taxas para
relações jurídicas do defunto, tanto no ativo como no passivo as pessoas reconhecidamente pobres.
até os limites da herança”. A alínea “a” traz, em seu bojo, o direito de petição. Tal
De acordo com a citação da doutrinadora supracitada, direito consiste na possibilidade de levar ao conhecimento do
podemos concluir que a herança é o objeto da sucessão. Com a Poder Público a ocorrência de atos eivados de ilegalidade ou
morte abre-se a sucessão, que tem por objetivo transferir o abuso de poder.
patrimônio do falecido aos seus herdeiros. É importante Posteriormente, a alínea “b” trata da obtenção de certidões
salientar que são transferidos aos herdeiros tanto créditos em repartições públicas. De acordo com a Lei nº 9.051/95 o
(ativo) como dívidas (passivo), até que seja satisfeita a prazo para o esclarecimento de situações e expedição de
totalidade da herança. certidões é de quinze dias. Todavia, se a certidão não for
Os herdeiros só respondem pelas dívidas de seu sucessor expedida a medida jurídica cabível é a impetração do mandado
nas forças da herança. de segurança e não o habeas data.

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XXXV- a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário passar dos tempos, essa instituição passou a ser utilizada com
lesão ou ameaça a direito; a finalidade de julgar os crimes dolosos contra a vida.
Neste inciso encontra-se consagrado o princípio da Os crimes contra a vida, compreendidos entre os artigos
inafastabilidade da jurisdição. Como explicita o próprio 121 a 128 do Código Penal, são os seguintes: homicídio;
conteúdo do inciso supracitado, não poderão haver óbices induzimento; instigação e auxílio ao suicídio; infanticídio e
para o acesso ao Poder Judiciário. Havendo lesão ou ameaça de aborto. Cabe ressaltar que a instituição do júri somente é
lesão a direito, tal questão deverá ser levada até o Poder competente para o julgamento dos crimes dolosos contra a
Judiciário para que possa ser dirimida. Quando a lesão vida, cabendo ao juízo monocrático ou singular o julgamento
acontecer no âmbito administrativo não será necessário o dos crimes culposos.
esgotamento das vias administrativas. Assim, o lesado poderá Crime doloso, segundo o Código Penal, é aquele onde o
ingressar com a medida cabível no Poder Judiciário, sujeito praticante da conduta lesiva quer que o resultado
independentemente do esgotamento das vias administrativas. lesivo se produza ou assume o risco de produzi-lo. Já, o crime
Todavia, há uma exceção a essa regra. Tal exceção diz respeito culposo, é aquele onde o sujeito ativo praticante da conduta
à Justiça Desportiva, que exige para o ingresso no Poder agiu sob imprudência, negligência ou imperícia.
Judiciário, o esgotamento de todos os recursos administrativos Como característica dessa instituição está à plenitude de
cabíveis. defesa. A plenitude de defesa admite a possibilidade de todos
os meios de defesa, sendo caracterizado como um nível maior
XXXVI- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato de defesa do que a ampla defesa, defendida em todos os
jurídico perfeito e a coisa julgada; procedimentos judiciais, sob pena de nulidade processual.
Quando este inciso explicita que a lei não prejudicará o Outra característica importante acerca da instituição do
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, a real Tribunal do Júri é o sigilo das votações. No dia do julgamento
intenção é a preservação da segurança jurídica, pois com a em plenário, após os debates, o juiz presidente do Tribunal do
observância deste estaremos diante da estabilidade das Júri efetua a leitura dos quesitos formulados acerca do crime
relações jurídicas. Para um melhor entendimento, o conceito para os sete jurados, que compõe o Conselho de Sentença, e os
dos institutos supracitados estão dispostos no artigo 6º da questiona se estão preparadas para a votação. Caso seja
LINDB (Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro). afirmativa a resposta, estes serão encaminhados, juntamente
São eles: com o magistrado até uma sala onde será realizada a votação.
- Direito adquirido: Direito que o seu titular, ou alguém por Neste ato, o juiz efetua a leitura dos quesitos e um oficial
ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício entrega duas cédulas de papel contendo as palavras sim e não
tenha termo prefixo ou condição preestabelecida inalterável, a aos jurados. Posteriormente, estas são recolhidas, para que
arbítrio de outrem; seja possível chegar ao resultado final do julgamento. É
- Ato jurídico perfeito: Ato já consumado segundo a lei importante salientar que essa característica de sigilo atribuída
vigente ao tempo em que se efetuou; à votação deriva do fato que inexiste possibilidade de se
- Coisa julgada: Decisão judicial de que não caiba mais descobrir qual o voto explicitado pelos jurados
recurso. individualmente. Isso decorre que inexiste qualquer
identificação nas cédulas utilizadas para a votação.
Estes institutos são de extrema relevância no A última característica referente à instituição do Tribunal
ordenamento jurídico brasileiro, pois eles garantem a do Júri diz respeito à soberania dos veredictos. Essa
estabilidade de relações jurídicas firmadas. Imaginemos se característica pressupõe que as decisões tomadas pelo
inexistissem tais institutos e uma lei que trouxesse malefícios Tribunal do Júri não poderão ser alteradas pelo Tribunal de
entrasse em vigor? Estaríamos diante de total insegurança e Justiça respectivo. No entanto, um entendimento doutrinário
anarquia jurídica, pois, transações realizadas, contratos atual considera a possibilidade de alteração da sentença
firmados, sentenças prolatadas poderiam ser alteradas pela condenatória prolatada no Tribunal do Júri, quando estiver
superveniência de um ato normativo publicado. Assim, com a pairando questão pertinente aos princípios da plenitude de
existência de tais institutos jurídicos, uma lei posterior não defesa, do devido processo legal e da verdade real.
poderá alterar o conteúdo de relações jurídicas firmadas, o que
enseja ao jurisdicionado um sentimento de segurança ao XXXIX- não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
buscar o acesso ao Poder Judiciário. sem prévia cominação legal;
Esse princípio, muito utilizado no Direito Penal, encontra-
XXXVII- não haverá juízo ou tribunal de exceção; se bipartido em dois subprincípios, quais sejam: subprincípio
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 da reserva legal e subprincípio da anterioridade.
apresenta no inciso supracitado, a impossibilidade de adoção O primeiro explicita que não haverá crime sem uma lei que
no ordenamento jurídico brasileiro, do juízo ou tribunal de o defina, ou seja, não será possível imputar determinado crime
exceção. São considerados juízos ou tribunais de exceção, a um indivíduo, sem que a conduta cometida por este esteja
aqueles organizados posteriormente à ocorrência do caso tipificada, ou seja, prevista em lei como crime. Ainda o
concreto. O juízo de exceção é caracterizado pela subprincípio da reserva legal explicita que não haverá pena
transitoriedade e pela arbitrariedade aplicada a cada caso sem cominação legal.
concreto. Esse juízo ofende claramente ao princípio do juiz Já, o subprincípio da anterioridade, demonstra que há
natural, que prevê a garantia de ser julgado por autoridade necessidade uma lei anterior ao cometimento da conduta para
judiciária previamente competente. que seja imputado o crime ao sujeito ativo praticante da
conduta lesiva. Outrossim, não será possível a aplicabilidade
XXXVIII- é reconhecida a instituição do júri, com a de pena, sem uma cominação legal estabelecida previamente.
organização que lhe der a lei, assegurados: Não teria sentido adotarmos o princípio da legalidade, sem
a) a plenitude da defesa; a correspondente anterioridade, pois criar uma lei, após o
b) o sigilo das votações; cometimento do fato, seria totalmente inútil para a segurança
c) a soberania dos veredictos; que a norma penal deve representar a todos os seus
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos destinatários.
contra a vida; O indivíduo somente está protegido contra os abusos do
A instituição do Tribunal do Júri foi criada originariamente Estado, caso possa ter certeza de que as leis penais são
com o escopo de julgar os crimes de imprensa. Todavia, com o

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aplicáveis para o futuro, a partir de sua criação, não Outrossim, a prática do racismo constitui crime
retroagindo para abranger condutas já realizadas. imprescritível. Para interpretar de maneira mais eficaz o
A lei penal produz efeitos a partir de sua entrada em vigor, conteúdo do inciso supracitado é necessário entendermos em
não se admitindo sua retroatividade maléfica. Não pode que consiste o instituto da prescrição. A prescrição consiste na
retroagir, salvo se beneficiar o réu. perda do direito de punir pelo Estado, em razão do elevado
É proibida a aplicação da lei penal inclusive aos fatos tempo para apuração dos fatos. Assim, o Estado não possui
praticados durante seu período de vacatio. Embora já tempo delimitado para a apuração do fato delituoso, podendo
publicada e vigente, a lei ainda não estará em vigor e não o procedimento perdurar por vários anos. Cabe ressaltar que
alcançará as condutas praticadas em tal período. existem diversas espécies de prescrição, todavia, nos ateremos
Vale destacar, entretanto, a existência de entendimentos somente ao gênero para uma noção do instituto tratado.
no sentido de aplicabilidade da lei em vacatio, desde que para Ademais, o inciso estabelece que o crime em questão será
beneficiar o réu. sujeito à pena de reclusão. A reclusão é uma modalidade de
pena privativa de liberdade que comporta alguns regimes
Vacatio refere-se ao tempo em que a lei é publicada até prisionais, quais sejam: o fechado, o semiaberto e o aberto.
a sua entrada em vigor. A lei somente será aplicável a fatos
praticados posteriormente a sua vigência. XLIII- a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis
de graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
XL- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
Nesse caso estamos diante da irretroatividade da lei penal. executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
Como é possível perceber, o inciso em questão veda O inciso em questão tem por objetivo vetar alguns
expressamente a retroatividade da lei penal. Todavia, a benefícios processuais aos praticantes de crimes considerados
retroatividade, exceção expressamente prevista, somente será como repugnantes pela sociedade. Os crimes explicitados pelo
possível no caso de aplicação de lei benéfica ao réu. inciso são: tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
Cabe ressaltar que o réu é o sujeito ativo praticante da afins, o terrorismo e os hediondos.
conduta criminosa. No caso específico deste inciso estamos
diante de aplicação de leis penais no tempo. A critério XLIV- constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
exemplificativo, imaginemos: o artigo 121, caput, do Código grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
Penal explicita que o indivíduo que cometa o crime de constitucional e o Estado Democrático;
homicídio (matar alguém) terá contra si aplicada pena de 6 a Este inciso demonstra o caráter inafiançável e
20 anos. Um indivíduo que cometa essa conduta na vigência imprescritível da ação de grupos, armados, civis ou militares,
desta lei terá contra si aplicada a pena supracitada. Agora, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. Como
imaginemos que após a realização de tal conduta seja já foi explicitado anteriormente, o cometimento de tais crimes
publicada uma lei que aumente o limite de pena a ser aplicada não são submetidos ao pagamento de fiança, para que o sujeito
aos praticantes do crime de homicídio para 10 a 30 anos. Essa praticante do mesmo possa aguardar em liberdade eventual
lei poderá retroagir e atingir a situação processual do sentença condenatória. Não obstante, a prática de tais ações se
indivíduo que cometeu o crime sob a égide da lei anterior mais caracteriza como imprescritíveis, ou seja, o Estado não possui
benéfica? A resposta é negativa. Isso ocorre pelo fato de que um tempo delimitado para apuração dos fatos, podendo levar
não é possível a retroatividade de lei maléfica ao réu. anos para solucionar o caso.
Agora, imaginemos que após a realização da conduta
criminosa haja a superveniência de uma lei que reduza a pena XLV- nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
aplicada ao sujeito ativo praticante do crime de homicídio para podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
1 a 3 anos ou determine que a prática de tal conduta não será perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
mais considerada como crime pelo ordenamento jurídico. Tal sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
lei poderá retroagir? A resposta é afirmativa. Isso ocorre pelo patrimônio transferido;
fato de que a existência de lei mais benéfica ao réu retroagirá. Neste inciso estamos diante do princípio da personalização
da pena. Preliminarmente, para melhor compreensão do
XLI- a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos inciso é necessário explicitar que estamos diante de
direitos e liberdades fundamentais; responsabilidades nos âmbitos civil e penal.
Este inciso garante que a lei punirá qualquer conduta No âmbito penal, a pena é personalíssima, ou seja, deverá
discriminatória que atente contra os direitos e liberdades ser cumprida pelo sujeito praticante do delito, não podendo
fundamentais. Todavia, como é possível perceber há ser transferida a seus herdeiros. Esta assertiva se justifica pelo
necessidade da existência de uma lei que descreva a punição fato de que se o condenado falecer, de acordo com o artigo 107
aos sujeitos praticantes dessas condutas, tendo em vista a do Código Penal, será extinta sua punibilidade.
obediência ao princípio da legalidade. Todavia, quando tratamos de responsabilidade no âmbito
civil, a interpretação é realizada de maneira diversa. De acordo
XLII- a prática do racismo constitui crime inafiançável e com o inciso supracitado, a obrigação de reparar o dano e a
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; decretação de perdimento de bens podem se estender aos
Atualmente, um dos grandes objetivos da sociedade global sucessores do condenado e contra eles executadas, até o limite
é a luta pela extinção do racismo no mundo. A nossa do valor do patrimônio transferido. Isso ocorre pelo fato que
Constituição no inciso supracitado foi muito feliz em abordar no âmbito civil a pena não possui o caráter personalíssimo.
tal assunto, haja vista a importância do mesmo dentro da
conjectura social do nosso país. XLVI- a lei regulará a individualização da pena e adotará,
De acordo com o inciso XLII, a prática de racismo constitui entre outras, as seguintes:
crime inafiançável, imprescritível e sujeito à pena de reclusão. a) privação ou restrição de liberdade;
O caráter de inafiançabilidade deriva do fato que não será b) perda de bens;
admitido o pagamento de fiança em razão do cometimento de c) multa;
uma conduta racista. Como é cediço, a fiança consiste na d) prestação social alternativa;
prestação de caução pecuniária ou prestação de obrigações e) suspensão ou interdição de direitos;
que garantem a liberdade ao indivíduo até sentença
condenatória.
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Este inciso expressa o princípio da individualização da L- às presidiárias serão asseguradas condições para que
pena. Desta maneira, além do princípio da personalização da possam permanecer com seus filhos durante o período de
pena, há o emprego da individualização no cumprimento da amamentação;
pena, pois é necessário que exista uma correspondência entre Neste inciso não se busca a proteção dos direitos da
a conduta externalizada pelo sujeito e a punição descrita pelo presidiária, mas sim dos filhos, pois, como é cediço, é de
texto legal. extrema importância à alimentação das crianças com leite
Nesse passo, o inciso XLVI traz, em seu bojo, as espécies de materno, bem como a convivência com a mãe nos primeiros
penas admissíveis de aplicação no Direito Pátrio. São elas: dias de vida.
a) privação ou restrição de direitos
b) perda de bens; LI- nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
c) multa; naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
d) prestação social alternativa; naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
e) suspensão ou interdição de direitos. ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
Assim, o inciso apresenta um rol exemplificativo das penas O presente inciso demonstra a impossibilidade de
admissíveis no ordenamento jurídico brasileiro, para, extradição do brasileiro nato. Em hipótese alguma o brasileiro
posteriormente, no inciso subsequente expressar as espécies nato será extraditado. Contudo, o brasileiro naturalizado,
de penas vedadas. poderá ser extraditado desde que ocorram as seguintes
situações:
XLVII- não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos Antes da Depois da
do artigo 84, XIX; naturalização naturalização
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados; - prática de crime
--
d) de banimento; comum
e) cruéis;
- comprovado - comprovado
Aqui estamos diante do rol taxativo de penas não passíveis
envolvimento em tráfico envolvimento em tráfico
de aplicação no ordenamento jurídico brasileiro. São elas:
ilícito de entorpecentes e ilícito de entorpecentes e
- Pena de morte: em regra, não será admitida sua
drogas afins drogas afins.
aplicação no Direito Pátrio. Porém, a própria alínea “a”
demonstra a possibilidade de aplicação de tal pena nos casos
de guerra declarada. LII- não será concedida extradição de estrangeiro por crime
- Pena de caráter perpétuo: Não é admissível sua político ou de opinião;
aplicação, pois uma das características inerentes da pena é o Este inciso traz as únicas hipóteses em que o estrangeiro
caráter de provisoriedade. não será extraditado, quais sejam: O cometimento de crime
- Pena de trabalhos forçados: Essa espécie de pena político ou de opinião. É importante não confundir a expressão
proíbe o trabalho infamante, prejudicial ao condenado, em “crime político” com a expressão “crime eleitoral”. Essa
condições muito difíceis. No entanto, é importante salientar diferenciação é de extrema importância, pois crimes políticos
que a proibição de trabalhos forçados não impede o trabalho são aqueles que atentam contra a estrutura política de um
penitenciário, utilizado como sistemática de recuperação. Estado, enquanto os crimes eleitorais são aqueles referentes
- Pena de banimento: A pena de banimento consiste na ao processo eleitoral, explicitados pelo respectivo Código.
expulsão do brasileiro do território nacional. Tal pena é Com relação aos crimes de opinião, podemos defini-los
proibida pela nossa Constituição sem qualquer ressalva. como aqueles que sua execução consiste na manifestação de
- Pena cruel: Essa espécie de pena é vedada pelo pensamento. Sendo estes a calúnia, a difamação e a injúria.
ordenamento jurídico brasileiro. Todavia, a definição de
crueldade é complexa, haja vista se tratar de questão subjetiva, LIII- ninguém será processado nem sentenciado senão por
pois cada pessoa pode atribuir um conceito diverso a tal autoridade competente;
expressão. Este inciso expressa a existência de dois princípios
consagrados pela doutrina. O primeiro diz respeito ao
XLVIII- a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, princípio do promotor natural e o segundo ao princípio do juiz
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; natural. O princípio do promotor natural consiste no fato que
De acordo com o inciso supracitado a pena será cumprida ninguém será processado, senão por autoridade competente,
em estabelecimentos distintos, devendo-se levar em conta ou seja, será necessária a existência de um Promotor de Justiça
critérios, como: natureza do delito, idade e sexo do apenado. previamente competente ao caso, não se admitindo, portanto,
Um exemplo a ser citado é o da Fundação CASA, para onde são a designação de uma autoridade para atuar em determinado
destinados os adolescentes que cometem atos infracionais. caso. Já a segunda parte do inciso demonstra a presença do
princípio do juiz natural, onde há a consagração que ninguém
XLIX- é assegurado aos presos o respeito à integridade física será sentenciado, senão por autoridade competente. Isso
e moral; importa dizer que não será possível existência de juízos ou
A tutela do preso cabe ao Estado. Assim, sua integridade tribunais de exceção, ou seja, especificamente destinados à
física e moral deve ser preservada, sob pena de análise de um caso concreto.
responsabilização do Estado pela conduta dos seus agentes e
dos outros presos. O fato de estar preso não significa que ele LIV- ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem
poderá receber tratamento desumano ou degradante. o devido processo legal;
É importante salientar que este inciso é um Este inciso denota o princípio constitucional do devido
desdobramento do princípio da dignidade da pessoa humana, processo legal. Vislumbra-se que para que haja um processo
pois, independentemente do instinto criminoso, o preso é uma legal, há necessidade da observância do contraditório e da
pessoa que possui seus direitos protegidos pela Carta Magna. ampla defesa. Além disso, não poderão ser utilizadas provas
ilícitas bem como julgamento por autoridade incompetente.
Assim, como é possível perceber, o princípio do devido

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processo legal abrange vários outros princípios, visando, desta Atualmente, a Lei nº 12.037/2009, traz em seu artigo
maneira, chegar a um provimento jurisdicional satisfativo. 3º, as hipóteses em que o civilmente identificado deverá
proceder à identificação criminal. São elas:
LV- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e – o documento apresentar rasura ou tiver indício de
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla falsificação;
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; – o documento apresentado for insuficiente para
Neste inciso estamos diante dos princípios do identificar cabalmente o indiciado;
contraditório e da ampla defesa. Esses princípios, – o indiciado portar documentos de identidade
definitivamente, são dois dos mais importantes existentes no distintos, com informações conflitantes entre si;
ordenamento jurídico. É importante salientar que o – a identificação criminal for essencial às investigações
contraditório e a ampla defesa devem ser observados não policiais, segundo despacho da autoridade judiciária
somente em processos judiciais, mas também nos competente, que decidirá de ofício ou mediante
administrativos. representação da autoridade policial, do Ministério Público
Todavia, existem questões controversas acerca do ou da defesa;
contraditório e da ampla defesa. Uma delas diz respeito ao – constar de registros policiais o uso de outros nomes
inquérito policial, onde para alguns doutrinadores não há que ou diferentes qualificações;
se cogitar a aplicação destes princípios, já que no inquérito – o estado de conservação ou a distância temporal ou da
inexiste acusação, sendo este apenas um instrumento localidade da expedição do documento apresentado
administrativo tendente à coleta de provas que visem embasar impossibilite a completa identificação dos caracteres
a propositura da ação penal pelo membro do Ministério essenciais.
Público.

LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por LIX- será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
meios ilícitos; se esta não for intentada no prazo legal;
A Constituição ao explicitar serem inadmissíveis no O inciso LIX consagra a possibilidade de ajuizamento da
processo, as provas obtidas por meios ilícitos, diz respeito às ação penal privada subsidiária da pública. Preliminarmente,
provas adquiridas em violação a normas constitucionais ou antes de tecer quaisquer comentários acerca dessa espécie de
legais. Em outras palavras: prova ilícita é a que viola regra de ação, cabe ressaltar que as ações penais se dividem em: ações
direito material, seja constitucional ou legal, no momento de penais públicas e ações penais privadas.
sua obtenção (ex.: confissão mediante tortura). Por outro lado, As ações penais públicas, que possuem o Ministério
as provas que atingem regra de direito processual, no Público como legitimado privativo na sua proposição, se
momento de sua produção em Juízo, como por exemplo, dividem em ações penais públicas incondicionadas e ações
interrogatório sem a presença de advogado; colheita de penais públicas condicionadas.
depoimento sem a presença de advogado, não são taxadas de As ações penais públicas incondicionadas independem de
ilícitas, mas sim de ilegítimas. Em que pese essas qualquer espécie de condição para a sua propositura. Neste
considerações, ambos os tipos de provas são inadmissíveis no caso, se o membro do Ministério Público, após a análise do caso
processo, sob pena de nulidade. concreto, se convencer da ocorrência de crime, deverá
oferecer a denúncia, peça processual inaugural da ação penal.
LVII- ninguém será considerado culpado até o trânsito em Neste caso, o membro do Ministério Público poderá iniciar a
julgado da sentença penal condenatória; ação penal sem a necessidade de obediência de qualquer
Aqui estamos diante do princípio da presunção de condição.
inocência ou da não-culpabilidade. Conforme dispõe o próprio Noutro passo, as ações penais condicionadas dependem da
inciso, ninguém será considerado culpado até o trânsito em obediência de algumas condições para que o Ministério
julgado da sentença penal condenatória. Quando falamos em Público possa oferecer a denúncia, e assim, dar início à ação
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, estamos penal que levará a uma sentença penal que poderá ter cunho
diante de uma sentença que condenou alguém pela prática de condenatório ou absolutório. As condições a serem obedecidas
um crime e não há mais possibilidade de interposição de são as seguintes: representação do ofendido e requisição do
recursos. Assim, após o trânsito em julgado da sentença será Ministro da Justiça.
possível lançar o nome do réu no rol dos culpados. É importante salientar que os crimes onde seja necessário
A sentença de pronúncia é aquela que encerra a primeira o ajuizamento de ação penal pública condicionada e os de ação
fase do procedimento do júri, após verificadas a presença de penal privada serão expressamente dispostos. Assim,
autoria e materialidade. Como já dito anteriormente, não é podemos chegar à conclusão de que, subtraídos os crimes de
possível efetuar o lançamento do nome do réu no rol dos ação penal pública condicionada e os crimes de ação penal
culpados após essa sentença, pois este ainda será julgado pelo privada, os demais serão de ação penal pública
Tribunal do Júri, constitucionalmente competente para julgar incondicionada.
os crimes dolosos contra a vida. Os crimes de ação penal privada são aqueles em que o
Outro ponto controverso diz respeito à prisão preventiva. Estado transferiu a titularidade do ajuizamento da ação ao
Muito se discutiu se a prisão preventiva afetaria ao princípio ofendido, ou seja, à vítima do crime.
da presunção de inocência. Porém, esse assunto já foi dirimido A ação penal privada se divide em algumas espécies, mas
pela jurisprudência, ficando decidido que a prisão processual vamos nos ater à ação penal privada subsidiária da pública,
não afeta o princípio esposado no inciso em questão. objeto do inciso em estudo.
Essa espécie de ação penal privada irá entrar em cena
LVIII- o civilmente identificado não será submetido à quando o Ministério Público, legitimado privativamente ao
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; exercício da ação penal pública, ficar inerte, não agir, como por
A regra admitida pelo Texto Constitucional é que o exemplo, deixar de oferecer a denúncia.
indivíduo já identificado civilmente não deverá ser submetido Assim, em caso de inércia do Ministério Público, o próprio
à outra identificação, para fins criminais. Todavia, o inciso ofendido poderá ajuizar a ação penal. Cabe ressaltar, no
supracitado, traz, em sua parte final, uma exceção à regra, presente caso, que mesmo havendo a inércia do Ministério
admitindo a identificação criminal aos civilmente Público e o eventual ajuizamento da ação pelo ofendido, a
identificados, desde que haja previsão legal. legitimidade privativa no ajuizamento da ação penal conferida
ao Ministério Público não é transferida.
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LX- a lei só poderá restringir a publicidade dos atos identificação destes há facilidade de responsabilização em
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social caso de eventuais atos abusivos cometidos contra o preso.
o exigirem;
A regra, de acordo com o artigo 93, inciso IX, da LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, é a autoridade judiciária;
publicidade de todos os atos processuais. Contudo o inciso LX, Este inciso é de extrema relevância, pois permite o
dispõe que poderá haver restrição da publicidade dos atos relaxamento da prisão do indivíduo que porventura tenha
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse sofrido cerceamento em sua liberdade por uma prisão que
social o exigirem. Um exemplo do presente caso diz respeito às esteja eivada de ilegalidade. Esta ilegalidade pode ocorrer por
questões referentes ao Direito de Família (ex.: ação de diversos motivos, como por exemplo, nulidades, abuso de
reconhecimento de paternidade). autoridade no ato da prisão, dentre outros.
Desta maneira, comprovada a ilegalidade da prisão, o
LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por relaxamento desta é medida indispensável, ou seja, deverá ser
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária libertado o indivíduo do cárcere.
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei; LXVI- ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando
A liberdade é um direito do cidadão constitucionalmente a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
tutelado. Porém, a prisão constitui uma das restrições à Diferentemente do inciso anterior, onde a prisão
aplicabilidade do direito à liberdade. Este inciso explicita que encontrava-se eivada de ilegalidade, aqui estamos diante de
ninguém será preso, senão em flagrante delito ou por ordem prisão legalmente realizada, sem ocorrência de nulidades,
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, vícios ou abusos. Todavia, o Código de Processo Penal
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente brasileiro admite que o indivíduo responda ao processo pelo
militar, definidos em lei. De acordo com este inciso só existem crime que cometeu em liberdade, desde que, previamente,
duas maneiras de se efetuar a prisão de um indivíduo. A efetue o pagamento de fiança. Contudo, existem outros casos
primeira se dá através da prisão em flagrante, ou seja, quando, em que é admissível a liberdade provisória, sem o pagamento
em regra, o indivíduo é flagrado praticando o crime. É de fiança.
importante salientar que existem diversas espécies de prisão Cabe ressaltar que a liberdade provisória com o
em flagrante, todavia, nos ateremos somente ao gênero para pagamento de fiança constitui dever tanto do Juiz de Direito
entendimento deste inciso. Cabe ressaltar que a prisão em como do Delegado de Polícia, (sendo deste somente nos casos
flagrante não pressupõe a existência de ordem escrita e de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja
fundamentada de juiz competente, pois este tipo de prisão superior a 4 anos). Já, a liberdade provisória, sem o pagamento
pode ser realizada por qualquer pessoa. de fiança deverá ser analisada somente pelo Juiz de Direito.
Já a segunda maneira é a prisão realizada por ordem
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente LXVII- não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
(ou seja, mandado de prisão). É importante ressaltar que responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
existem outras espécies de prisão, tais como: prisão obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
preventiva e prisão temporária. Essas prisões para se Este inciso consagra, em regra, a impossibilidade de prisão
efetivarem, necessitam da existência de um mandado de civil por dívida no ordenamento jurídico brasileiro. A prisão
prisão assinado pelo juiz competente. civil é medida privativa de liberdade, sem caráter de pena, com
Em que pese à garantia de que ninguém será preso senão a finalidade de compelir o devedor a satisfazer uma obrigação.
através das hipóteses supracitadas, cabe ressaltar que para os Nos termos da Constituição Federal a prisão civil será cabível
militares existem algumas ressalvas. De acordo com a parte em duas situações, no caso de inadimplemento voluntário e
final do inciso comentado, os militares poderão ser presos em inescusável de obrigação alimentícia e no caso do depositário
razão de transgressão militar ou pelo cometimento de crime infiel. Porém, o Pacto de San José da Costa Rica, ratificado pelo
militar, previstos em lei. Brasil (recepcionado de forma equivalente a norma
constitucional), autoriza a prisão somente em razão de dívida
LXII- a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre alimentar. Desta forma, com base no pacto não se admite, por
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à manifesta inconstitucionalidade, a prisão civil por dívida no
família ou à pessoa por ele indicada; Brasil, quer do alienante fiduciário, quer do depositário infiel.
Este inciso demonstra alguns dos direitos do preso, dentre O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que só
eles a comunicação à família ou pessoa por ele indicada. é possível a prisão civil do responsável pelo inadimplemento
Ademais, é importante salientar que o juiz competente voluntário e inescusável de obrigação alimentícia.
também será comunicado para que tome as medidas cabíveis.
LXVIII- conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém
LXIII- o preso será informado de seus direitos, entre os quais sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
família e de advogado; Neste inciso estamos diante de um dos remédios
Neste inciso, outros direitos do preso estão presentes, constitucionais processuais mais importantes existentes no
quais sejam: o de permanecer calado, de assistência da família ordenamento jurídico, qual seja: o habeas corpus.
e de advogado. O primeiro deles trata da possibilidade do Este remédio constitucional tem por escopo assegurar a
preso permanecer calado, haja vista que este não é obrigado a efetiva aplicação do direito de locomoção, ou seja, o direito de
produzir prova contra si. Ademais, os outros garantem que ir, vir e permanecer em um determinado local.
seja assegurado este a assistência de sua família e de um Como é possível perceber, este remédio constitucional
advogado. poderá ser utilizado tanto no caso de iminência de violência ou
coação à liberdade de locomoção, como no caso de efetiva
LXIV- o preso tem direito a identificação dos responsáveis ocorrência de ato atentatório à liberdade supracitada.
por sua prisão ou por seu interrogatório policial; Assim, são duas as espécies de habeas corpus:
Este inciso visa à identificação das pessoas ou autoridades - Preventivo ou salvo-conduto: Neste caso o habeas corpus
responsáveis pela prisão ou pelo interrogatório, pois com a será impetrado pelo indivíduo que se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por

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ilegalidade ou abuso de poder. Esta espécie de habeas corpus É importante salientar que somente serão legitimados
será impetrada na iminência de ocorrência de violência ou para a impetração do mandado de segurança coletivo os
coação à liberdade de locomoção, com a finalidade de obter um disposto no inciso supracitado. São eles:
salvo-conduto, ou seja, um documento para garantir o livre - Partido político com representação no Congresso
trânsito em sua liberdade de locomoção (ir, vir e permanecer). Nacional;
Por exemplo, Fulano está sendo acusado de cometer um crime - Organização sindical, entidade de classe ou associação
de roubo, porém existem indícios de que não foi ele que legalmente constituída há pelo menos um ano, em defesa dos
comete o crime, este impetra o Habeas Corpus preventivo, o interesses de seus membros ou associados.
juiz reconhecendo legítimos seus argumentos concede a este o Cabe frisar que deverão ser obedecidos todos os requisitos
salvo-conduto, que permitirá que este se mantenha solto até a estabelecidos para que seja possível a impetração do remédio
decisão final do processo. constitucional. Ressalta-se ainda, que uma associação
- Repressivo ou liberatório: Aqui haverá a impetração legalmente constituída há menos de um ano não pode
quando alguém sofrer violência ou coação em sua liberdade de impetrar mandado de segurança coletivo, pois há necessidade
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Assim, estamos da constituição legal desta por, no mínimo, um ano. Ademais,
diante de um ato atentatório já realizado contra a liberdade de há necessidade de que o objeto da tutela seja a defesa dos
locomoção do indivíduo. Nesse passo, o habeas corpus será interesses dos membros ou associados, sob pena de não
impetrado com a finalidade de obter a expedição de um alvará consagração do remédio constitucional supracitado.
de soltura (documento no qual consta ordem emitida pelo juiz Outrossim, para que os partidos políticos sejam
para que alguém seja posto em liberdade). legitimados ativos para a impetração de mandado de
segurança coletivo há necessidade de que estes possuam
LXIX- conceder-se-á mandado de segurança para proteger representação no Congresso Nacional.
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de LXXI- conceder-se-á mandado de injunção sempre que a
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
exercício de atribuições de Poder Público; direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
O mandado de segurança é outro importante remédio inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
constitucional que tem por objetivo a tutela de direito líquido Este inciso traz, em seu bojo, o mandado de injunção, que
e certo, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso do tem por escopo principal combater a inefetividade das normas
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no constitucionais. Para que seja possível a impetração de
exercício de atribuições do Poder Público. mandado de injunção há necessidade da presença de dois
De acordo com o inciso supracitado, o objeto desta ação requisitos:
constitucional é a proteção de direito líquido e certo. - Existência de norma constitucional que preveja o
Direito líquido e certo é aquele que pode ser demonstrado exercício de direitos e liberdades constitucionais e das
de plano, através de prova pré-constituída, sendo, portanto, prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
dispensada a dilação probatória. cidadania.
É importante salientar que somente será possível a - Inexistência de norma regulamentadora que torne
impetração de mandado de segurança, nos casos não inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
amparados por habeas corpus ou habeas data. Isso ocorre pelo das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
fato de que é necessário utilizar o remédio processual cidadania.
adequado ao caso. Caber ressaltar que um dos requisitos mais A grande consequência do mandado de injunção consiste
importantes para a impetração do mandado de segurança é a na comunicação ao Poder Legislativo para que elabore a lei
identificação da autoridade coatora pela ilegalidade ou abuso necessária ao exercício dos direitos e liberdades
do poder. De acordo com o inciso em questão a autoridade constitucionais.
poderá ser pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
das atribuições de Poder Público. Para fins de impetração de Durante muitos anos não houve uma lei regulamentando
mandado de segurança, autoridade é o agente investido no o procedimento do mandado de injunção, e por tal razão,
poder de decisão. É importante tal caracterização, pois, desta aplicava-se, por analogia, as regras procedimentais do
maneira, não há o risco de ilegitimidade passiva na impetração mandado de segurança.
do mandado de segurança. Contudo, após longa espera foi editada a Lei nº
Similarmente ao habeas corpus, existem duas espécies de 13.300/2016, que disciplina o processo e o julgamento dos
mandado de segurança: mandados de injunção individual e coletivo.
- Preventivo: Quando estamos diante de ameaça ao direito A grande consequência do mandado de injunção consiste
líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder. na comunicação ao Poder Legislativo para que elabore a lei
- Repressivo: Quando a ilegalidade ou abuso de poder já necessária ao exercício dos direitos e liberdades
foram praticados. constitucionais.
LXX- o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por: LXXII- conceder-se-á habeas data:
a) partido político com representação no Congresso a) para assegurar o conhecimento de informações relativas
Nacional; à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de
b) organização sindical, entidade de classe ou associação dados de entidades governamentais ou de caráter público;
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
Neste inciso encontra-se presente o remédio O habeas data, considerado como um remédio
constitucional denominado de mandado de segurança constitucional tem por escopo assegurar o direito de
coletivo. Este remédio constitucional tem por finalidade a informação consagrado no artigo 5º, XXXIII, da Constituição da
proteção de direito líquido e certo, não amparado por habeas República Federativa do Brasil de 1988. De acordo com o
corpus ou habeas data, por ilegalidade ou abuso de poder princípio da informação todos têm direito de receber
referente à proteção ou reparação de interesses da informações dos órgãos públicos, sendo apresentadas algumas
coletividade. ressalvas. Assim, o habeas data é o remédio constitucional
adequado à tutela do direito de informação, pois, através dele
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busca-se assegurar o conhecimento de informações relativas à Conforme explicita o inciso em tela, a Constituição garante
pessoa do impetrante, constante de registros ou banco de aos reconhecidamente pobres a gratuidade do registro civil de
dados de entidades governamentais ou de caráter público. nascimento e da certidão de óbito. É importante salientar que
Não obstante, o habeas data é utilizado para a retificação a gratuidade somente alcança aos reconhecidamente pobres.
de dados do impetrante, sempre que não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo. LXXVII- são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas
data e, na forma da lei, os atos necessário ao exercício da
LXXIII- qualquer cidadão é parte legítima para propor ação cidadania;
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de Este inciso expressa a gratuidade das ações de habeas
entidade de que o Estado participe, à moralidade corpus e habeas data, além dos atos necessários ao exercício
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e da cidadania, como por exemplo, a emissão do título de eleitor,
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de que garante ao indivíduo o caráter de cidadão, para fins de
custas judiciais e do ônus da sucumbência; propositura de ação popular.
Neste inciso estamos diante da Ação Popular, efetivo
instrumento processual utilizado para anulação de atos lesivos LXXVIII- a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
ao patrimônio público e para a defesa de alguns interesses de assegurados a razoável duração do processo e os meios que
extrema importância como o meio ambiente. garantam a celeridade de sua tramitação.
Tal instrumento, regido pela Lei nº 4.717/65, confere Visando combater a morosidade do Poder Judiciário, este
legitimidade de propositura ao cidadão, imbuído de direitos inciso trouxe ao ordenamento jurídico brasileiro a garantia de
políticos, civis e sociais. Este remédio constitucional, cuja razoabilidade na duração do processo. Como é possível
legitimidade para propositura, é do cidadão, visa um perceber, a duração razoável do processo deverá ser
provimento jurisdicional (sentença) que declare a nulidade de empregada tanto na esfera judicial, como administrativa,
atos lesivos ao patrimônio público. fazendo com que o jurisdicionado não necessite aguardar
Quando o inciso em questão explicita que qualquer longos anos à espera de um provimento jurisdicional. Não
cidadão poderá ser parte legítima para proporá a ação obstante, o inciso em questão ainda denota que serão
popular, é necessário ter em mente que somente aquele que se assegurados os meios que garantam a celeridade da
encontra no gozo dos direitos políticos, ou seja, possa votar e tramitação do processo.
ser votado, será detentor de tal prerrogativa.
Existe um grande debate na doutrina sobre um eventual § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
conflito de aplicabilidade entre a ação popular e a ação civil fundamentais têm aplicação imediata.
pública. O parágrafo em tela demonstra que os direitos e garantias
A ação civil pública, explicitada pela Lei nº 7.347/85, é um fundamentais constantes no bojo de toda a Carta Magna
instrumento processual tendente a tutelar interesses difusos, passaram a ter total validade com a entrada em vigor da
coletivos e individuais homogêneos. Neste caso, a Lei da Ação Constituição, independentemente, da necessidade de
Civil Pública, dispõe, em seu artigo 5º, um rol de legitimados à regulamentação de algumas matérias por lei
propositura da ação, como por exemplo: a União, os Estados, infraconstitucional.
os Municípios, o Distrito Federal, o Ministério Público, dentre
outros. Desta maneira, se formos analisar minuciosamente o § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
conteúdo disposto no artigo 5º, podemos perceber que o excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
cidadão individualmente considerado, detentor de direitos adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
políticos, não é legitimado para a propositura de tal ação. Federativa do Brasil seja parte.
Assim, não há que cogitar de conflito entre essas ações, pois, O parágrafo 2º explicita que os direitos e garantias
indubitavelmente, ambas se completam em seus objetos. expressos em toda a Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios adotados, ou dos
LXXIV- o Estado prestará assistência jurídica integral e tratados internacionais em que o Brasil seja parte. Desta
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; maneira, além dos direitos e garantias já existentes, este
De acordo com o inciso supracitado será dever do Estado à parágrafo consagra a possibilidade de existência de outros
prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos que decorrentes do regime democrático. Não obstante, o parágrafo
comprovarem insuficiência de recursos. Desta maneira, com a supracitado não exclui outros princípios derivados de tratados
finalidade de atender aos indivíduos mais necessitados, a internacionais em que o Brasil seja signatário. Quando o
própria Constituição em seu artigo 134, trata da Defensoria assunto abordado diz respeito aos tratados, cabe ressaltar a
Pública, instituição especificamente destinada a esse fim. De importante alteração trazida pela Emenda Constitucional nº
acordo com o artigo 134, a Defensoria Pública é instituição 45/04, que inseriu o parágrafo 3º, que será analisado
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a posteriormente.
orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos
necessitados, na forma do artigo 5º, LXXIV. § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
LXXV- o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; respectivos membros, serão equivalentes às emendas
Este inciso consagra o dever de indenização do Estado no constitucionais.
caso de erro judiciário e de prisão além do tempo fixado na Este parágrafo trouxe uma novidade inserida pela Emenda
sentença. Aqui estamos diante de responsabilidade objetiva do Constitucional nº 45/04 (Reforma do Judiciário). A novidade
Estado, ou seja, comprovado o nexo de causalidade entre a consiste em atribuir aos tratados e convenções internacionais
conduta e o resultado danoso, será exigível a indenização, sobre direitos humanos o mesmo valor de emendas
independentemente da comprovação de culpa ou dolo. constitucionais, desde que sejam aprovados pelo rito
necessário. Para que as emendas alcancem tal caráter é
LXXVI- são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na necessária à aprovação em cada Casa do Congresso Nacional,
forma da lei: em dois turnos, por três quintos dos votos dos membros.
a) o registro civil de nascimento; Contudo, cabe ressaltar que este parágrafo somente abrange
b) a certidão de óbito; os tratados e convenções internacionais sobre direitos

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humanos. Assim, os demais tratados serão recepcionados pelo (A) Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
ordenamento jurídico brasileiro com o caráter de lei ordinária, de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
diferentemente do tratamento dado aos tratados de direitos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
humanos, com a edição da Emenda nº 45/04. inerentes à igualdade, à soberania e à cidadania.
(B) São gratuitas as ações de habeas corpus e mandado de
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal segurança, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. da cidadania.
Este parágrafo é outra novidade inserida ao ordenamento (C) As normas definidoras dos direitos e garantias
jurídico pela Emenda Constitucional nº 45/04. Nos moldes do fundamentais têm aplicação mediata.
parágrafo supracitado o Brasil se submete à jurisdição do TPI (D) A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis
(Tribunal Penal Internacional), a cuja criação tenha de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de
manifestado adesão. Referido tribunal foi criado pelo Estatuto entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
de Roma em 17 de julho de 1998, o qual foi subscrito crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
pelo Brasil. Trata-se de instituição permanente, com jurisdição executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
para julgar genocídio, crimes de guerra, contra a humanidade
e de agressão, e cuja sede se encontra em Haia, na Holanda. Os 04. (PC-AP - Agente de Polícia – FCC/2017) A
crimes de competência desse Tribunal são imprescritíveis, Constituição Federal de 1988, ao tratar dos direitos e deveres
dado que atentam contra a humanidade como um todo. O individuais e coletivos,
tratado foi aprovado pelo Decreto Legislativo nº 112, de 6 de (A) assegura-os aos brasileiros residentes no País, mas não
junho de 2002, antes, portanto, de sua entrada em vigor, que aos estrangeiros em trânsito pelo território nacional, cujos
ocorreu em 1 de julho de 2002. direitos são regidos pelas normas de direito internacional.
Tal tratado foi equiparado no ordenamento jurídico (B) prescreve que a natureza do delito praticado não pode
brasileiro às leis ordinárias. Em que pese tenha adquirido este ser critério para determinar o estabelecimento em que a pena
caráter, o mencionado tratado diz respeito a direitos humanos, correspondente será cumprida pelo réu.
porém não possui característica de emenda constitucional, (C) atribui ao júri a competência para o julgamento dos
pois entrou em vigor em nosso ordenamento jurídico antes da crimes dolosos contra a vida, assegurando a plenitude de
edição da Emenda Constitucional nº 45/04. Para que tal defesa, a publicidade das votações e a soberania dos
tratado seja equiparado às emendas constitucionais deverá veredictos.
passar pelo mesmo rito de aprovação destas. (D) excepciona o princípio da irretroatividade da lei penal
ao permitir que a lei seja aplicada aos crimes cometidos
Questões anteriormente a sua entrada em vigência, quando for mais
benéfica ao réu, regra essa que incide, inclusive, quando se
01. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Área 2 – tratar de crime hediondo.
CESPE/2018) A respeito dos direitos e das garantias (E) determina que a prática de crime hediondo constitui
fundamentais, julgue o item a seguir. crime inafiançável e imprescritível.
O direito à liberdade de expressão artística previsto
constitucionalmente não exclui a possibilidade de o poder 05. (Prefeitura de Chapecó/SC - Engenheiro de
público exigir licença prévia para a realização de determinadas Trânsito - IOBV/2016) De acordo com o texto constitucional,
exposições de arte ou concertos musicais. é direito fundamental do cidadão:
( ) Certo ( ) Errado (A) A manifestação do pensamento, ainda que através do
anonimato.
02. (DPE-SC - Técnico Administrativo – (B) A liberdade de associação para fins lícitos, inclusive de
FUNDATEC/2018) Em relação aos Direitos e Garantias caráter paramilitar.
fundamentais previstos na Constituição Federal, analise as (C) Ser compelido a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
seguintes assertivas: somente em virtude de lei.
I. Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em (D) Ser livre para expressar atividade intelectual e
locais abertos ao público, independentemente de autorização, artística, mediante licença do Ministério da Educação e
desde que não frustrem outra reunião anteriormente Cultura.
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio
aviso à autoridade competente. Respostas
II. É plena a liberdade de associação para fins lícitos, 01. Resposta: Errado
inclusive a de caráter paramilitar. 02. Resposta: D
III. Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, 03. Resposta: D
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos 04 Resposta: D
herdeiros pelo tempo que a lei fixar. 05. Resposta: “C”
Quais estão corretas?
(A) Apenas I. Direitos Sociais
(B) Apenas III. Desde o surgimento do constitucionalismo, século XVIII, os
(C) Apenas I e II. direitos fundamentais representam a principal garantia dos
(D) Apenas I e III. cidadãos de que o Estado se conduzirá pela liberdade e pelo
(E) I, II e III. respeito da pessoa humana. Heranças da tradição francesa, a
liberdade, a igualdade e a fraternidade podem ser
03. (Prefeitura de Penalva – MA - Procurador consideradas como os pilares de sustentação da doutrina dos
Municipal – IMA/2017) Nos termos da Constituição Federal direitos fundamentais. A cada um destes pilares corresponde
de 1988, acerca dos direitos e garantias individuais e coletivos, uma dimensão de tal gênero de direitos.
é CORRETO afirmar que: Segundo doutrina de Rafael Grandulpho Bertramello1 as
declarações de direitos norte-americanas, bem como a

1 BERTRAMELLO, Rafael Grandulpho. Os Direitos Sociais: conceito, finalidade http://rafaelbertramello.jusbrasil.com.br/artigos/121943093/os-direitos-


e teorias. 2013; Disponível em: sociais-conceito-finalidade-e-teorias, acesso em 17/06/2015.

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francesa de 1789, representaram a “emancipação histórica Foi na Constituição de Weimar que a propriedade se viu,
do indivíduo perante os grupos sociais aos quais ele sempre talvez pela primeira vez, submetida à função social. Essa e
se submeteu: a família, o clã, o estamento 2, as organizações outras características fizeram dela um modelo, depois imitado
religiosas”.3 pelo direito brasileiro.
Em contrapartida, a ascensão do indivíduo na história A Constituição Federal de 1934, embora vigente por tão
trouxe-lhe a perda da proteção por parte desses grupos, o pouco tempo e em tão conturbado contexto histórico, refletiu
deixando à deriva, às vicissitudes da vida. Em troca da ruptura, com bastante veemência as aspirações por um sistema jurídico
a sociedade liberal ofereceu-lhe a suposta segurança da fincado nos direitos econômicos e sociais, sobretudo o direito
legalidade, com a garantia de igualdade de todos perante a lei. ao trabalho.
Com o avanço do capitalismo, os trabalhadores viram-se A Constituição Federal de 1988, como fruto da exposição
compelidos a empregarem-se nas fábricas, sem garantias histórica que ora colacionamos, estipulou com certa eficácia
condignas com a dignidade da pessoa humana. A lei os um extenso rol de direitos fundamentais de segunda
considerava, patrão e operário, iguais. Igualdade esta que se dimensão, especialmente em seu Artigo 6º: educação, saúde,
revelou fútil e inócua, a ponto de provocar a reunião da classe trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança,
trabalhadora, sob a bandeira socialista, a lutar pelo previdência social, proteção à maternidade, dentre
reconhecimento de direitos humanos de caráter econômico e outros.
social.
Como causa desta desigualdade material aponta-se o Conceito
liberalismo econômico, isto é, livre iniciativa num mercado
concorrencial, propiciado pelas instituições e sem qualquer Os direitos sociais pertencem à segunda dimensão de
interferência estatal (Estado abstencionista). Tal fato gerou Direitos Fundamentais, que está ligada ao valor da igualdade
um acréscimo de riqueza jamais visto, em contrapartida, a material (a igualdade formal já havia sido consagrada na
classe trabalhadora contava com condições precaríssimas de primeira geração, junto com os direitos de liberdade). Não são
trabalho; trabalho que, na lógica de mercado, equivale à meros poderes de agir – como o são as liberdades públicas -,
mercadoria, sujeita à lei da oferta e da procura.4 mas sim poderes de exigir, chamados, também, de direitos de
A classe operária, produtora da riqueza, mas excluída de crédito:
seus benefícios, passou a organizar-se na fórmula marxista da Há, sem dúvida, direitos sociais que são antes poderes de
luta de classes, situação que ameaçava as instituições liberais agir. É o caso do direito ao lazer. Mas assim mesmo quando a
e, por decorrência lógica, a estabilidade do desenvolvimento eles se referem, as constituições tendem a encará-los pelo prisma
econômico. Surge a ideia de “vida humana digna” e os do dever do Estado, portanto, como poderes de exigir prestação
argumentos favoráveis ao reconhecimento do direito ao concreta por parte deste.8
trabalho (de ter um trabalho), à subsistência, à educação, entre Em didática definição, André Ramos Tavares conceitua
outros, que são direitos sociais por excelência. direitos sociais como direitos “que exigem do Poder Público
Nesta perspectiva é que surgem os direitos sociais, uma atuação positiva, uma forma atuante de Estado na
intimamente relacionados ao princípio da solidariedade, implementação da igualdade social dos hipossuficientes. São,
denominados de direitos humanos de segunda dimensão. por esse exato motivo, conhecidos também como direitos a
Os direitos sociais “se realizam pela execução de políticas prestação, ou direitos prestacionais”.9
públicas, destinadas a garantir amparo e proteção social aos Segundo José Afonso da Silva, os direitos sociais “são
mais fracos e mais pobres; ou seja, aqueles que não dispõem de prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou
recursos próprios para viver dignamente”. 5 indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que
Tais direitos adquiriram certa relevância histórica a partir possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos
do momento em que as Constituições passaram a discipliná- que tendem a realizar a igualização de situações sociais
los sistematicamente, o que teve início com a Constituição desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito de
mexicana de 1917, primeira a atribuir aos direitos trabalhistas igualdade”.
a qualidade de direitos fundamentais, juntamente com as Uadi Lammêgo Bulos esclarece que tais “prestações
liberdades e os direitos políticos (artigos 5º e 123). qualificam-se como positivas porque revelam um fazer por parte
Registra-se, todavia, que o reconhecimento dos direitos de dos órgãos do Estado, que têm a incumbência de realizar
segunda dimensão já se encontra na Constituição Francesa de serviços para concretizar os direitos sociais”, e acrescenta que
1791, que no seu título 1º “previa a instituição do secours sua finalidade “é beneficiar os hipossuficientes, assegurando-
publics para criar crianças abandonadas, aliviar os pobres lhes situação de vantagem, direta ou indireta, a partir da
doentes e dar trabalho aos pobres inválidos que não o realização da igualdade real”.10
encontrassem”.6 Os direitos sociais exigem a intermediação dos entes
No Brasil, a primeira Constituição a disciplinar os direitos estatais para sua concretização; consideram o homem para
sociais, inscrevendo-os num título sobre a ordem econômica e além de sua condição individualista, e guardam íntima relação
social, foi a de 1934. Esta foi notavelmente influenciada pela com o cidadão e a sociedade, porquanto abrangem a pessoa
Constituição alemã de Weimar, de 19197, responsável pela humana na perspectiva de que ela necessita de condições
introdução de um novo espírito, de cunho social, nas mínimas de subsistência.
constituições. Por tratarem de direitos fundamentais, há de reconhecer a
eles aplicabilidade imediata (artigo 5º, § 1º da CF/88), e no

2 O estamento constitui uma forma de estratificação social com camadas mais 5 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos.

fechadas do que classes sociais, e mais abertas do que as castas, ou seja, possui 7ª ed. Rev. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2010, p. 77.
maior mobilidade social que no sistema de castas, e menor mobilidade social do 6 LAFER, Celso. A Reconstrução dos Direitos Humanos: um diálogo com o

que no sistema de classes sociais. É um tipo de estratificação ainda presente em pensamento de Hannah Arendt. – São Paulo: Cia das Letras, 2009 (7ª reimpressão),
algumas sociedades. Nessas sociedades, do presente ou do passado, o indivíduo p. 128.
desde o nascimento está obrigado a seguir um estilo de vida predeterminado, 7 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 32ª ed. Rev.

reconhecidas por lei e geralmente ligadas ao conceito de honra, embora exista E atual. – São Paulo: Malheiros Editores, 2009, p. 285.
alguma mobilidade social. 8 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos Humanos Fundamentais. 11ª
3 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. ed. Rev. E aum. – São Paulo: Saraiva, 2009, p. 50.
7ª ed. Rev. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2010, p. 65 e ss. 9 TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 10ª ed. Rev. E atual.
4 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos Humanos Fundamentais. 11ª – São Paulo: Saraiva, 2012, p. 837.
ed. Rev. E aum. – São Paulo: Saraiva, 2009, pp. 42-43. 10 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 6ª ed. Rev. E atual.

– São Paulo: Saraiva, 2011, p. 789.

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caso de omissão legislativa haverá meios de buscar sua Observa-se pela história que a obrigação de atender aos
efetividade, como o mandado de injunção e a ação direta de direitos sociais ditou ao Estado a expansão dos serviços
inconstitucionalidade por omissão. públicos, especialmente dos anos vinte para frente. Hoje, em
que pese o notável avanço, permanece válido discutir até que
Classificação ponto o Estado deve dar o atendimento a esses direitos ou
apenas amparar sua busca.
A amplitude dos temas inscritos no art. 6º da Constituição Os operadores do direito, hoje, trabalham com essa nova
deixa claro que os direitos sociais não são somente os que perspectiva, com a dificuldade de se determinar até que ponto
estão enunciados nos artigos 7º, 8º, 9º, 10 e 11. Eles podem ser os direitos sociais são exigíveis, até que ponto não operam
localizados, principalmente, no Título VIII - Da Ordem Social, eficácia imediata.
artigos 193 e seguintes. A doutrina mais acurada entende que o artigo 5º, § 1º da
CF/88 não deve ser interpretado como regra, mas como um
Os direitos sociais podem ser agrupados em grandes princípio, isto é, deve-se garantir a máxima efetividade
categoriais: possível. Para Luís Roberto Barroso, “o intérprete
constitucional deve ter compromisso com a efetividade da
a) os direitos sociais dos trabalhadores, por sua vez Constituição: entre interpretações alternativas e plausíveis,
subdivididos em individuais e coletivos; deverá prestigiar aquele que permita a atuação da vontade
b) os direitos sociais de seguridade social; constitucional, evitando, no limite do possível, soluções que se
c) os direitos sociais de natureza econômica; refugiem no argumento da não aplicabilidade da norma ou na
d) os direitos sociais da cultura; ocorrência de omissão do legislador”.13
e) os de segurança. Esta aplicação imediata é o desejável. Todavia, seria
utópico concluir que o Estado brasileiro, no seu atual estágio
Uadi Lammêgo Bulos11 destaca que os direitos sociais da de evolução, poderia assegurar o pleno exercício dos direitos
seguridade social envolvem o direito à saúde, à previdência sociais a todos.
social, à assistência social, enquanto que os relacionados à Teresa Arruda Alvim Wambier destaca que “a plena e
cultura abrangem a educação, o lazer, a segurança, a moradia efetiva realização do ordenamento jurídico no plano social,
e a alimentação. embora, embrionariamente, já esteja concebida no plano
José Afonso da Silva, em Curso de Direito Constitucional normativo (em sentido amplo), depende de fatores
positivo, propõe a divisão dos direitos sociais em: i) relativos econômicos, éticos e culturais”.14 Dissemina-se, no entanto, o
aos trabalhadores; ii) relativos ao homem consumidor. Na raciocínio de que a aplicação desses direitos deve se pautar na
primeira classificação, isto é, direitos sociais do homem máxima efetividade possível.
trabalhador, teríamos os direitos relativos ao salário, às
condições de trabalho, à liberdade de instituição sindical, o Reserva do possível
direito de greve, entre outros (CF, artigos 7º a 11).
Na segunda classificação, ou seja, direitos sociais do Segundo Ingo Wolfgang Sarlet15, a reserva do possível
homem consumidor, teríamos o direito à saúde, à educação, à apresenta tríplice dimensão: a) efetiva disponibilidade fática
segurança social, ao desenvolvimento intelectual, o igual dos recursos para a efetivação dos direitos fundamentais; b) a
acesso das crianças e adultos à instrução, à cultura e garantia disponibilidade jurídica dos recursos materiais e humanos,
ao desenvolvimento da família, que estariam no título da que guarda íntima conexão com a distribuição de receitas e
ordem social. competências tributárias, orçamentárias; c)
proporcionalidade da prestação, em especial no tocante à sua
Princípio da Máxima Efetividade exigibilidade e, nesta quadra, também da sua razoabilidade.
A reserva do possível, nas suas diversas dimensões, está
Segundo Paulo Bonavides, os direitos sociais tomaram ligada diretamente às limitações orçamentárias que o Estado
corpo após expansão da ideologia e da reflexão antiliberal. O possui. Para se determine a razoabilidade de determinada
jurista adverte que tais direitos passaram por um “ciclo de prestação estatal é importante pensar no contexto: a saída
baixa normatividade, ou tiveram eficácia duvidosa, em virtude adequada para A deve ser a saída adequada para todos os
de sua própria natureza de direitos que exigem do Estado que se encontram na mesma situação que A.
determinadas prestações materiais nem sempre resgatáveis Trata-se, também, de atenção ao princípio da isonomia,
por exiguidade, carência ou limitação essencial de meios e capitulado no artigo 5º da Constituição.
recursos”.12 Alguns autores denominam este princípio como a reserva
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 explicitou amplo do “financeiramente possível”, relacionando-o com a
rol de direitos sociais, tornando ainda mais relevante o tema necessidade de disponibilidade de recursos, principalmente
de sua eficácia. De fato, apenas positivar direitos, reconhecê- pelo Estado, para sua efetiva concretização.
los e apontar sua importância não é suficiente; quanto maior a Aponta-se este princípio como limitador de certas políticas
consagração formal de direitos sociais, maior a dificuldade de públicas. Por exemplo, não seria possível a edição de uma lei
lhes garantir uma aplicação efetiva. para aumentar o valor do salário mínimo, se tal medida
Como se tratam de direitos a prestações, que envolvem um implicasse negativamente e de forma desastrosa nas contas da
custo especial, deve-se refletir em que medida os direitos previdência social, outros gastos públicos. Certamente,
sociais, por força do disposto no § 1º, artigo 5º da CF, estão em medidas não razoáveis ou em desacordo com o momento e
condições de serem diretamente aplicáveis. Sem esquecer, evolução históricos implicam resultados contrários à própria
aliás, que inexiste norma constitucional destituída de eficácia eficácia dos direitos.
e aplicabilidade.

11 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 6ª ed. Rev. E atual. 14 DIDIER JR, Fredie – Org. Ações Constitucionais. 6ª ed. Rev., ampl. E atual. –

– São Paulo: Saraiva, 2011, p. 790. Salvador: Editora Juspodivm, 2012, p. 21.
12 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 27ª ed. Atual. – São 15 SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais:

Paulo: Malheiros Editores, 2012, pp. 582-583. uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 10ª ed.
13 BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os Rev. Atual. E ampl. – Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, 287.
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 3ª ed. – São Paulo: Saraiva,
2011, p. 329.

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A cláusula da reserva do possível não pode servir de Direitos sociais em espécie


argumento, ao Poder Público, para frustrar e inviabilizar a
implementação de políticas públicas definidas na própria Educação: O direito à educação está tratado nos artigos 6º
Constituição. A noção de “mínimo existencial” é extraída e 205 da Constituição Federal. Esse direito tem por sujeito
implicitamente de determinados preceitos constitucionais passivo o Estado e a família. O Estado tem o dever de promover
(CF, art. 1º, III, e art. 3º, III), e compreende um complexo de políticas públicas de acesso à educação de acordo com os
prerrogativas cuja concretização revela-se capaz de garantir princípios elencados na própria CF (art. 206), e, por expressa
condições adequadas de existência digna, em ordem a disposição, obriga-se a fornecer o ensino fundamental gratuito
assegurar, à pessoa, acesso efetivo ao direito geral de (art. 208, § 1º).
liberdade e, também, a prestações positivas originárias do Vale destacar, ainda, que o STF editou a súmula vinculante
Estado, viabilizadoras da plena fruição de direitos sociais de número 12, para evitar a violação do disposto no artigo 206,
básicos. IV da CF: “A cobrança de taxa de matrícula nas universidades
públicas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição
Mínimo existencial Federal”.

O mínimo existencial deve ser visto como a base e o Saúde: Apenas em 1988 foi que a saúde passou a ser
alicerce da vida humana. Trata-se de um direito fundamental tratada, pela ordem constitucional brasileira, como direito
e essencial, vinculado à Constituição Federal, e não necessita fundamental.
de Lei para sua obtenção, tendo em vista que é inerente a todo Gomes Canotilho e Vital Moreira sinalizam que o direito à
ser humano. Como conceito de mínimo existencial, temos que saúde comporta duas vertentes: “uma, de natureza negativa,
se refere ao “conjunto de condições materiais essenciais e que consiste no direito a exigir do Estado (ou de terceiros)
elementares cuja presença é pressuposto da dignidade que se abstenha de qualquer ato que prejudique a saúde;
para qualquer pessoa. Se alguém viver abaixo daquele outra, de natureza positiva, que significa o direito às
patamar, o mandamento constitucional estará sendo medidas e prestações estaduais visando à prevenção das
desrespeitado”.16 doenças e ao tratamento delas”.19
No caso de o Poder Público abster-se de cumprir, total ou
parcialmente, o dever de implementar políticas públicas Trabalho: O direito ao trabalho, isto é, de ter um trabalho
definidas no texto constitucional, transgride a própria ou de trabalhar, é o meio mais expressivo de se obter uma
Constituição.17 A inércia estatal configura desprezo e existência digna20, e está previsto na CF/88 como um direito
desrespeito à Constituição e, por isso mesmo, configura social, e não mais como uma obrigação social, tal como previa
comportamento juridicamente reprovável. a Constituição de 1946.
Constitui um dos fundamentos do Estado democrático de
Vedação do retrocesso Direito os valores sociais do trabalho (CF, artigo 1º, inciso IV),
ademais, o artigo 170 da CF/88 funda a ordem econômica na
A vedação do retrocesso não está expressamente prevista valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tudo a
no vigente texto constitucional, mas foi acolhida pela doutrina assegurar uma existência digna a todos, em atenção à justiça
moderna. social.
Esse princípio, no dizer de Vicente Paulo e Marcelo Nos termos do art. 22, I, da CF, compete privativamente à
Alexandrino, “visa a impedir que o legislador venha a União legislar sobre direito do trabalho, não estando ela
desconstituir pura e simplesmente o grau de concretização que obrigada a utilizar-se de lei complementar para disciplinar a
ele próprio havia dado às normas da Constituição, matéria, que somente é exigida, nos termos do art. 7º, I, da
especialmente quando se trata de disposições constitucionais mesma Carta, para regrar a dispensa imotivada.
que, em maior ou menor escala, acabam por depender dessas
normas infraconstitucionais para alcançarem sua pela eficácia Moradia: O direito à moradia não é necessariamente
e efetividade”.18 direito a uma casa própria, mas sim a um teto, um abrigo em
Em síntese, não pode o legislador diminuir ou radicar os condições adequadas para preservar a intimidade pessoal dos
direitos humanos fundamentais, aqui inseridos os de segunda membros da família (art. 5, X e XI), uma habitação digna e
dimensão. Muito embora o constituinte originário tenha adequada.
elevado à condição de cláusulas pétreas apenas os direitos e Não há dúvidas de que a casa própria seria o meio mais
garantias individuais, a doutrina e a jurisprudência parecem efetivo de se concretizar o direito à moradia, todavia, esta não
corroborar o entendimento de ser legítima a manutenção de é a realidade social vigente.
estabilidade nas conquistas dispostas na Carta Política. A própria impenhorabilidade do bem de família, levada a
Não se trata de conferir imutabilidade às normas relativas efeito pela Lei n° 8.009/90, encontra fundamento no artigo 6º
a direitos sociais, mas segurança jurídica ao assegurar que os da Constituição Federal.
tais não sejam suprimidos, ou diminuídos em sua importância
e alcance. Transporte: Com o advento da Emenda Constitucional nº
Tal princípio vincula não só o legislador 90, de 15 de setembro de 2015, o transporte passou a figurar
infraconstitucional, bem como o legislador constituinte no rol dos direitos sociais. A inserção de um direito ao
derivado, ao elaborar Emendas à Constituição. transporte guarda sintonia com o objetivo de assegurar a
todos uma efetiva fruição de direitos (fundamentais ou não),
mediante a garantia do acesso ao local de trabalho, bem como

16 BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os 17 ADI 1.484/DF, Rel. Min. Celso de Mello.
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 3ª ed. – São Paulo: Saraiva, 18 PAULO, Vicente. Resumo de direito constitucional descomplicado/Vicente
2011, p. 202. Cf., a propósito, Ana Paula de Barcellos, A eficácia jurídica dos Paulo, Marcelo Alexandrino. 6ª ed. – São Paulo: Método, 2012, p. 101.
princípios constitucionais: o princípio da dignidade da pessoa humana, 2002, p. 19 Apud José Afonso da Silva, Comentário Contextual à Constituição. 8ª ed.,

305: “Esse núcleo, no tocante aos elementos matérias da dignidade, é composto atual. Até a Emenda Constitucional 70, de 22.12.2011. – São Paulo: Malheiros
pelo mínimo existencial, que consiste em um conjunto de prestações mínimas sem Editores, 2012, p. 188.
as quais se poderá afirmar que o indivíduo se encontra em situação de indignidade 20 SILVA, José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição. 8ª ed., atual.

(...) Uma proposta de concretização do mínimo existencial, tendo em conta a ordem Até a Emenda Constitucional 70, de 22.12.2011. – São Paulo: Malheiros Editores,
constitucional brasileira, deverá incluir os direitos à educação fundamental, à 2012, p. 189.
saúde básica, à assistência no caso de necessidade e ao acesso à justiça”.

Legislação Específica 19
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aos estabelecimentos de ensino, serviços de saúde e outros Texto Constitucional a respeito:


serviços essenciais, assim como ao lazer e mesmo ao exercício
dos direitos políticos, sem falar na especial consideração das CAPÍTULO II
pessoas com deficiência (objeto de previsão específica no DOS DIREITOS SOCIAIS
artigo 227, § 2º, CF) e dos idosos, resulta evidente e insere o
transporte no rol dos direitos e deveres associados ao mínimo Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a
existencial, no sentido das condições materiais indispensáveis alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
à fruição de uma vida com dignidade. segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Lazer: A Constituição dispõe, no § 3º do Artigo 217 que “o Constituição. (NR Emenda Constitucional Nº 90, de 15 de
Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção setembro de 2015)
social”. Tal direito está relacionado com o direito ao descanso
dos trabalhadores, ao resgate de energias para retomada das Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além
atividades. de outros que visem à melhoria de sua condição social:
Costuma-se condenar os empregadores que, entregando I - relação de emprego protegida contra despedida
excessiva carga de trabalho ao empregado, retiram-lhe o arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar,
intervalo interjornada de modo a inibir o convívio social e que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
familiar, suprimindo a oportunidade de ócio, isto é, de tempo II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
destinado ao lazer, garantida constitucionalmente. involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
Segurança: A segurança tem o condão de conferir garantia IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
ao exercício pleno, e tranquilo, dos demais direitos e capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua
liberdades constitucionais. Na dimensão de direito social está família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
intimamente relacionada com o conceito de segurança pública, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes
tratada no artigo 144 da Constituição Federal. periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada
Ensina José Afonso da Silva que segurança “assume o sua vinculação para qualquer fim;
sentido geral de garantia, proteção, estabilidade de situação ou V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade
pessoa em vários campos, dependente do adjetivo que a do trabalho;
qualifica (...) A segurança pública consiste numa situação de VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
preservação ou restabelecimento dessa convivência social que convenção ou acordo coletivo;
permite que todos gozem de seus direitos e defesa de seus VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os
legítimos interesses”.21 que percebem remuneração variável;
O STF afirmou que o direito à segurança “é prerrogativa VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração
constitucional indisponível, garantido mediante a integral ou no valor da aposentadoria;
implementação de políticas públicas, impondo ao Estado a IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
obrigação de criar condições objetivas que possibilitem o X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime
efetivo acesso a tal serviço. É possível ao Poder Judiciário sua retenção dolosa;
determinar a implementação pelo Estado, quando XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da
inadimplente, de políticas públicas constitucionalmente remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da
previstas, sem que haja ingerência em questão que envolve o empresa, conforme definido em lei;
poder discricionário do Poder Executivo.” 22 XII - salário-família pago em razão do dependente do
trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
Previdência social: No texto constitucional, estão XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas
previstas prestações previdenciárias de dois tipos: os diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação
benefícios, que são prestações pecuniárias para a) de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou
aposentadoria por invalidez (CF, art. 201, I), por velhice e por convenção coletiva de trabalho;
tempo de contribuição (CF, art. 201, § 7º) b) nos auxílios por XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em
doença, maternidade, reclusão e funeral (art. 201, I, II, IV e V); turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
c) no salário-desemprego (artigos 7º, II, 201, II, e 239); d) na XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos
pensão por morte do segurado (art. 201, V). domingos;
Os serviços que são prestações assistenciais: médica, XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no
farmacêutica, odontológico, hospitalar, social e de reeducação mínimo, em cinquenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452,
ou readaptação profissional. art. 59 § 1º).
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos,
Proteção à maternidade e à infância: Tal direito está um terço a mais do que o salário normal;
inserido como direito previdenciário (artigo 201, II), e como XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do
direito assistencial (artigo 203, I e II). Destaca-se, também, no salário, com a duração de cento e vinte dias;
artigo 7º, XVIII da CF a previsão de licença à gestante. XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

Assistência aos desamparados: A Constituição Federal Observação: A Lei nº 11.770/2008 instituiu o programa
estabelece que a assistência social será prestada aos empresa Cidadã, que permite que seja prorrogada a licença à
necessitados, independentemente contribuírem ou não com a gestante por mais 60 (sessenta) dias, ampliando, com isso o
previdência social. prazo de 120 (cento e vinte) para 180 (cento e oitenta) dias.
Contudo, não é obrigatória a adesão a este programa.
Assim, a prorrogação é uma faculdade para as empresas
privadas (que ao aderirem o programa recebem incentivos

21 SILVA, José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição. 8ª ed., atual. 22 RE 559.646-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 7-6-2011, Segunda

Até a Emenda Constitucional 70, de 22.12.2011. – São Paulo: Malheiros Editores, Turma, DJE de 24-6-2011.
2012, p. 649.

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fiscais) e para a Administração Pública direita, indireta e III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses
fundacional. coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões
Cabe destacar, ainda, que esta lei foi recentemente judiciais ou administrativas;
alterada pela lei nº 13.257/2016, sendo instituída a IV - a Assembleia geral fixará a contribuição que, em se
possibilidade de prorrogação da licença-paternidade por tratando de categoria profissional, será descontada em folha,
mais 15 (quinze) dias, além dos 5 (cinco) já assegurados para custeio do sistema confederativo da representação sindical
constitucionalmente as empresas que fazem parte do respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
programa. Contudo, para isso, o empregado tem que requerer V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado
o benefício no prazo de 2 (dois) dias úteis após o parto e a sindicato;
comprovar a participação em programa ou atividade de VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
orientação sobre paternidade responsável. negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
organizações sindicais;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a
incentivos específicos, nos termos da lei; partir do registro da candidatura a cargo de direção ou
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um
no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de termos da lei.
normas de saúde, higiene e segurança; Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à
XXIII - adicional de remuneração para as atividades organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores,
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; atendidas as condições que a lei estabelecer.
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de os interesses que devam por meio dele defender.
trabalho; § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do comunidade.
empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, § 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas
quando incorrer em dolo ou culpa; da lei.
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus
extinção do contrato de trabalho; interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de discussão e deliberação.
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor
ou estado civil; Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a assegurada a eleição de um representante destes com a
salário e critérios de admissão do trabalhador portador de finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto
deficiência; com os empregadores.
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; Questões
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a 01. (IF/PA - Assistente em Administração -
menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a FUNRIO/2016) Constituem direitos sociais conforme
partir de quatorze anos; Constituição Federal de 1988, dentre outros, os seguintes:
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com (A) a religião, o lazer e a segurança.
vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso (B) o voto, a cultura e a integração nacional.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos (C) o trabalho, a moradia e a segurança.
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, (D) a igualdade tributária, a cultura e a segurança.
VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, (E) a cultura, a religião e o transporte.
XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e
observada a simplificação do cumprimento das obrigações 02. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário - NUCEPE/2016)
tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de Sobre a disciplina constitucional dos direitos sociais, assinale
trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, a alternativa CORRETA.
IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência (A) A assistência gratuita aos filhos e dependentes é
social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72, de garantida desde o nascimento até oito anos de idade em
2013). creches e pré-escolas.
(B) É garantido seguro contra acidentes de trabalho, a
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este
observado o seguinte: está obrigado, desde que tenha agido com dolo.
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a (C) É proibido trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de
intervenção na organização sindical; quatorze anos.
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, (D) É garantido o repouso semanal remunerado,
em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou obrigatoriamente aos domingos.
econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos (E) É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser partir do registro da candidatura a cargo de direção ou
inferior à área de um Município; representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até três

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anos após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos 04. Resposta: “C”.
termos da lei. 05. Resposta: “B”.

03. (Câmara de Natal/RN - Guarda Legislativo - Outras Questões


COMPERVE/2016) Os direitos sociais fundamentais, também
apelidados pelos juristas como direitos de segunda dimensão 01. (SEDS/MG - Agente de Segurança Penitenciária -
ou de segunda geração, têm, em sua ontologia, a intenção de IBFC/2014) NÃO é direito social expressamente previsto na
reduzir desigualdades para fins de concretização da igualdade Constituição Federal:
material, substancial ou isonômica. Uma das ideias que os (A) Saúde.
permeia é a de tratar igualmente os iguais e desigualmente os (B) Previdência social.
desiguais na proporção de suas desigualdades. O constituinte (C) Moradia.
brasileiro, visualizando a importância desses direitos, tratou (D) Proteção à juventude.
de expressamente tutelá-los. Nesse sentido, a Constituição
Federal prevê direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, tais 02. (SEDS/MG - Agente de Segurança Penitenciária -
como IBFC/2014) No que se refere aos direitos sociais, indique a
(A) a ação, quanto aos créditos resultantes das relações de alternativa CORRETA:
trabalho, com prazo prescricional de sete anos. (A) Somente através de lei alguém poderá ser obrigado a
(B) o reconhecimento das convenções e acordos coletivos filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato.
de trabalho e a proteção em face da automação, na forma da (B) É facultativa a participação dos sindicatos nas
lei. negociações coletivas de trabalho.
(C) o gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, (C) O aposentado filiado tem direito a votar e ser votado
dois terços a mais que o salário normal. nas organizações sindicais.
(D) a remuneração do serviço extraordinário superior, no (D) É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a
mínimo, em quarenta por cento relativamente à do normal. partir da posse no cargo de direção ou representação sindical
e, ainda que suplente, até seis meses após o final do mandato,
04. (Câmara de Natal/RN - Guarda Legislativo - salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
COMPERVE/2016) A liberdade do indivíduo, direito
fundamental tradicionalmente caracterizado como de 03. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) Com
primeira dimensão ou geração, possui desdobramentos e se referência à CF, aos direitos e garantias fundamentais, à
expressa em variadas espécies no âmbito do atual Estado organização político-administrativa, à administração pública e
Constitucional Democrático, sendo possível falar em liberdade ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos.
de ir e vir, liberdade religiosa, liberdade profissional, dentre A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e
outras. No que diz respeito especificamente à liberdade de determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades
associação sindical, de acordo com as diretrizes essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades
constitucionais, é possível observar que no Brasil é livre a inadiáveis da comunidade.
associação sindical, cabendo aos sindicatos a defesa dos Certo ( ) Errado ( )
(A) direitos individuais da categoria em questões judiciais,
excluídas as questões administrativas e de ordem 04. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a
internacional. alternativa correta.
(B) interesses individuais da categoria, excluídos os (A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e
coletivos, inclusive em questões judiciais ou administrativas. seguintes é exaustivo.
(C) direitos e interesses coletivos ou individuais da (B) É vedada a redução proporcional do salário do
categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas. trabalhador sob qualquer hipótese.
(D) interesses coletivos da categoria em questões (C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias anuais
judiciais, excluídos os interesses individuais e as questões remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do que o salário
administrativas e incluídas as questões internacionais. normal.
(D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do
05. (SJC/SC - Agente de Segurança Socioeducativo - salário, não está constitucionalmente prevista, mas é
FEPESE/2016) Assinale a alternativa correta sobre os direitos determinada pela CLT.
sociais previstos na Constituição Federal. (E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do
(A) É proibida a prática de qualquer espécie de trabalho a emprego e do salário, não está constitucionalmente previsto,
menores de dezoito anos. mas é determinado pela CLT.
(B) É vedada a diferença de salários, de exercício de
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, 05. (PM/SP - Oficial Administrativo - VUNESP/2014)
cor ou estado civil. Conforme estabelece a Constituição Federal, é um direito do
(C) A distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual trabalhador urbano ou rural, além de outros que visem à
ou entre os profissionais respectivos deverá ser aferida por melhoria de sua condição social,
meio de critérios objetivos e previamente estabelecidos. (A) seguro-desemprego de até trinta dias, em caso de
(D) O prêmio do seguro contra acidentes do trabalho desemprego voluntário.
contratado pelo empregador exclui a sua responsabilidade (B) gozo de férias anuais remuneradas com cinquenta
civil, mesmo quando incorrer em dolo ou culpa. por cento a mais do que o salário normal.
(E) O empregador poderá descontar até o limite de dez por (C) piso salarial proporcional à extensão e à
cento da remuneração do trabalhador em razão da restrição complexidade do trabalho.
decorrente de sua deficiência, física ou motora. (D) diversidade de direitos entre o trabalhador com
vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
Respostas (E) distinção de salário entre trabalhador manual,
técnico ou intelectual.
01. Resposta: “C”.,
02. Resposta: “C”.
03. Resposta: “B”.

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Respostas b) Nacionalidade secundária: Também denominada


nacionalidade adquirida ou voluntária, é a nacionalidade dos
01. Resposta: “D”. naturalizados, sempre dependendo de um requerimento
02. Resposta: “C”. sujeito à apreciação. Em geral, não é um direito potestativo,
03. Resposta: “Certo”. visto não ser automático.
04. Resposta: “C”.
05. Resposta: “C”. A pessoa é livre para escolher sua nacionalidade ou optar
por outra. A pessoa não pode ser constrangida a manter sua
BIBLIOGRAFIA nacionalidade, podendo optar por outra, sendo aceita ou não.
Considerando-se que compete ao direito interno de cada
AGRA, Walber de Moura. Tratado de Direito Constitucional, v. 1 / país fixar os critérios de aquisição da nacionalidade, é possível
coordenadores Ives Gandra da Silva Martins, Gilmar Ferreira Mendes, Carlos
Valder do Nascimento. – São Paulo: Saraiva, 2010.
a existência de polipátridas (pessoas com diversas
BARCELLOS, Ana Paula de. A eficácia jurídica dos princípios nacionalidades) e apátridas, também denominados heimatlos
constitucionais: o princípio da dignidade da pessoa humana. Rio de Janeiro ou apólidos (pessoas que não possuem pátria).
– São Paulo:Renovar, 2002.
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional
Contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo Existem três critérios para definir os natos: O critério do
modelo. 3ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. jus soli, o critério do jus sanguinis e o critério misto.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 27ª ed. Atual. – São Critério jus soli ou jus loci: É considerado brasileiro nato
Paulo: Malheiros Editores, 2012.
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 6ª ed., rev. E
aquele que nasce na República Federativa do Brasil, ainda que
atual. De acordo com a Emenda Constitucional n. 66/2010. – São Paulo: Saraiva, de pais estrangeiros, desde que nenhum deles esteja a serviço
2011. de seu país. A República Federativa do Brasil é o seu território
COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos nacional mais suas extensões materiais e jurídicas. Se o
Humanos. 7ª ed. Rev. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2010.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos Humanos e Cidadania. 2ª ed. Reform. estrangeiro estiver em território nacional a serviço de um
– São Paulo: Moderna, 2004. terceiro país, que não o seu de origem, o filho deste que nascer
DIDIER JR, Fredie – Org. Ações Constitucionais. 6ª ed. Rev., ampl. E atual. no Brasil será brasileiro nato.
– Salvador: Editora Juspodivm, 2012.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos Humanos Fundamentais.
Critério jus sanguinis: É considerado brasileiro nato o
11ª ed. Rev. E aum. – São Paulo: Saraiva, 2009. filho de brasileiros que nascer no estrangeiro estando
_____________________________________________. Curso de Direito qualquer um dos pais a serviço da República Federativa do
Constitucional. 38ª ed., rev. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2012. Brasil. Como República Federativa do Brasil entende-se a
LAFER, Celso. A Reconstrução dos Direitos Humanos: um diálogo com o
pensamento de Hannah Arendt. – São Paulo: Cia das Letras, 2009 (7ª União, os Estados, os Municípios, as autarquias, as fundações
reimpressão). públicas, as empresas públicas e as sociedades de economia
MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Tomo IV, 3ª ed. mista, ou seja, o brasileiro deve estar a serviço da
Coimbra: Coimbra Editores, 2000.
PAULO, Vicente. Resumo de direito constitucional
Administração Direta ou da Administração Indireta.
descomplicado/Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. 6ª ed. – São Paulo: Critério Misto: Também poderá exigir a nacionalidade, os
Método, 2012. nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira,
SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia Horizontal dos Direitos desde que sejam registrados em repartição brasileira
Fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva
constitucional. 10ª ed. Rev. Atual. E ampl. – Porto Alegre: Livraria do Advogado, competente ou venham a residir na República Federativa do
2009. Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a
_____________________________. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos maioridade, pela nacionalidade brasileira.
Fundamentais na Constituição de 1988. 7ª ed. Rev. E atual. – Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2009.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 32ª ed. Distinção entre Brasileiro Nato e Naturalizado:
Rev. E atual. – São Paulo: Malheiros Editores, 2009. Somente a CF/88 pode estabelecer distinções entre brasileiros
__________________________. Comentário Contextual à Constituição. 8ª ed. Até natos e naturalizados.
a Emenda Constitucional 70, de 22.12.2011. – São Paulo: Malheiros Editores,
2012.
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 10ª ed. Rev. E Alguns cargos são reservados aos brasileiros natos:
atual. – São Paulo: Saraiva, 2012.
- Presidente e Vice-Presidente da República: Só poderão
concorrer ao cargo brasileiros natos;
Nacionalidade
- Presidente da Câmara dos Deputados e Presidente do
Senado Federal: estão na linha de substituição do Presidente
Nacionalidade é o vínculo jurídico de uma pessoa com
da República, portanto deverão ser brasileiros natos;
determinado Estado Soberano. Vínculo que gera direitos,
- Presidente do STF: Considerando que todos os Ministros
porém, também acarreta deveres. Cidadão é aquele que está
do STF poderão ocupar o cargo de presidência do órgão,
no pleno gozo de seus direitos políticos.
também deverão ser brasileiros natos. Os demais cargos do
Geralmente, cidadão é o nacional, mas pode ocorrer de ser
Poder Judiciário poderão ser ocupados por brasileiros natos
nacional e não ser cidadão (Exemplo: Um indivíduo preso é
ou naturalizados;
nacional, mas não é cidadão, visto estarem suspensos seus
- Ministro de Defesa: Cargo criado pela Emenda
direitos políticos, em razão da prisão).
Constitucional 23/99, deverá necessariamente ser ocupado
Povo é o elemento humano da nação, do país soberano. É o
por um brasileiro nato;
conjunto dos nacionais. População é conceito demográfico,
- Membros da Carreira Diplomática: Deverão ser,
engloba nacionais e estrangeiros. Envolve todas as pessoas
necessariamente, brasileiros natos. Não se impõe essa
que estão em um território num dado momento histórico.
condição ao Ministro das Relações Exteriores;
- Parte dos Conselheiros da República (art. 89, VII, da
A nacionalidade apresenta-se de duas formas:
CF/88): O Conselho da República é um órgão consultivo do
a) Nacionalidade originária: Também denominada
Presidente da República, devendo ser composto por seis
nacionalidade primária ou involuntária, é a nacionalidade dos
brasileiros natos;
natos, não dependendo de qualquer requerimento. É um
- As empresas jornalísticas, de radiodifusão, som e
direito subjetivo, potestativo, que nasce com a pessoa. É
imagem são privativas de brasileiros natos ou naturalizados.
potestativo, pois depende exclusivamente de seu titular.
Somente a CF poderá estabelecer quem são os natos.

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Estatuto da Igualdade (Quase Nacionalidade): O II - naturalizados:


Estatuto da Igualdade é decorrente do Tratado entre Brasil e a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
Portugal de 1971. Quando são conferidos direitos especiais brasileira, exigidas aos originários de países de língua
aos brasileiros residentes em Portugal são conferidos os portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
mesmos direitos aos portugueses residentes no Brasil. O idoneidade moral;
núcleo do Estatuto é a reciprocidade. Os portugueses que b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
possuem capacidade civil e residência permanente no Brasil República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
podem requerer os benefícios do Estatuto da Igualdade e, ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
consequentemente, há reciprocidade em favor dos brasileiros nacionalidade brasileira.
que residem em Portugal. § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos
Perda da Nacionalidade: Perde a nacionalidade os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
brasileira o brasileiro naturalizado que tiver cancelada a sua Constituição.
naturalização ou adquirir voluntária e ativamente outra § 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
nacionalidade. natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta
Constituição.
Hipóteses de perda de nacionalidade: § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
a) Cancelamento da Naturalização: O elemento básico II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
que gera o cancelamento é a prática de atividade nociva ao III - de Presidente do Senado Federal;
interesse nacional, reconhecida por sentença judicial IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
transitada em julgado. Entende-se que a prática de atividade V - da carreira diplomática;
nociva tem pressuposto criminal (deve ser fato típico VI - de oficial das Forças Armadas.
considerado como crime). A sentença tem efeitos ex nunc (não VII - de Ministro de Estado da Defesa
retroativos, valem dali para frente) e atinge brasileiros § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
naturalizados. A reaquisição deve ser requerida por meio de que:
ação rescisória que desconstitua os efeitos da decisão judicial I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial,
anterior. em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
b) Aquisição voluntária e ativa de outra nacionalidade: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
Atinge tanto os brasileiros natos quanto os naturalizados. O estrangeira;
instrumento que explicita a perda da nacionalidade nesta b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira,
hipótese é o decreto do Presidente da República. Essa perda ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição
ocorre por meio de um processo administrativo que culmina para permanência em seu território ou para o exercício de
com o decreto do Presidente da República, que tem natureza direitos civis;
meramente declaratória e efeitos ex nunc. A situação que
impõe a perda é a aquisição da outra nacionalidade. O decreto Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República
somente irá reconhecer essa aquisição. A reaquisição deve ser Federativa do Brasil.
feita por decreto do Presidente da República. § 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a
Nem sempre a aquisição de outra nacionalidade implica a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
perda da nacionalidade brasileira. O Brasil, além de admitir a § 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
dupla nacionalidade, admite a múltipla nacionalidade. Em ter símbolos próprios.
regra, a aquisição de outra nacionalidade implica a perda da
nacionalidade brasileira, entretanto, há exceções. Questões

São essas exceções: 01. (TJ/MT - Analista Judiciário - Ciências Contábeis -


a) o reconhecimento de outra nacionalidade originária UFMT/2016) Sobre a nacionalidade, assinale a afirmativa
pela lei estrangeira; INCORRETA.
b) imposição da naturalização pelo Estado estrangeiro (A) São brasileiros natos os filhos de pais estrangeiros
para o brasileiro residente em outro país como condição de nascidos no Brasil, desde que estes não estejam a serviço de
permanência ou para exercício de direitos civis. seu país.
(B) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai
Texto Constitucional a respeito do assunto: ou mãe brasileira, desde que qualquer um deles esteja a
serviço do Brasil.
CAPÍTULO III (C) São brasileiros naturalizados os originários dos países
DA NACIONALIDADE de língua portuguesa, na forma da lei, residentes por um ano
ininterrupto no Brasil.
Art. 12. São brasileiros: (D) São brasileiros naturalizados os estrangeiros de
I - natos: qualquer nacionalidade residentes no Brasil há mais de dez
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que anos e sem condenação penal.
de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de
seu país; 02. (TRT - 14ª Região (RO e AC) - Técnico Judiciário -
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe Área Administrativa - FCC/2016) As irmãs Catarina e
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da Gabriela são brasileiras naturalizadas. Ambas possuem
República Federativa do Brasil; carreira jurídica brilhante, destacando-se profissionalmente.
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe Catarina almeja ocupar o cargo de Ministra do Supremo
brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira Tribunal Federal e Gabriela almeja ocupar o cargo de Ministra
competente ou venham a residir na República Federativa do do Tribunal Superior do Trabalho. Neste caso, com relação ao
Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a requisito nacionalidade,
maioridade, pela nacionalidade brasileira;

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(A) nenhuma das irmãs poderá alcançar o cargo almejado. brasileira. João, por cumprir todos os requisitos, já pode ser
(B) ambas as irmãs poderão alcançar o cargo almejado, naturalizado brasileiro, caso requeira.
independentemente de qualquer outra exigência legal. (E) ser filha de diplomatas americanos a serviço de seu
(C) apenas Gabriela poderá alcançar o cargo almejado. país, não é cidadã brasileira. Camilla, por não cumprir o
(D) apenas Catarina poderá alcançar o cargo almejado. requisito temporal mínimo, ainda não pode ser naturalizada
(E) ambas as irmãs só poderão alcançar o cargo almejado brasileira. João, por não cumprir o requisito temporal mínimo
se tiverem mais de quinze anos de naturalização. exigido, ainda não pode ser naturalizado brasileiro.

03. (IF/BA - Assistente em Administração -


FUNRIO/2016) De acordo com a Constituição Federal de Respostas
1988, são privativos de brasileiro nato, dentre outros, os
cargos de 01. Resposta: “D”.
(A) Procurador da República e de Ministro do Supremo 02. Resposta: “C”.
Tribunal Federal. 03. Resposta: “C”.
(B) Secretário Nacional da Infância e da Juventude e de 04. Resposta: “E”.
oficial das Forças Armadas. 05. Resposta: “D”.
(C) Ministro do Supremo Tribunal Federal e de Presidente
da Câmara dos Deputados. Outras Questões
(D) Advogado Geral da União e de Auditor da Receita
Federal. 01. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
(E) Ministro do Tribunal de Contas do Distrito Federal e de FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasileiro
Procurador da República. no ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou cometendo um
crime de roubo, cuja autoria foi apurada apenas no ano de
04. (SJC/SC - Agente de Segurança Socioeducativo – 2013, sendo instaurada a competente ação penal, culminando
FEPESE/2016) Assinale a alternativa correta acerca da com a condenação de Pietro, pela Justiça Pública, ao
nacionalidade. cumprimento da pena de 05 anos e 04 meses de reclusão, em
(A) Apenas os nascidos na República Federativa do Brasil regime inicial fechado, por sentença transitada em julgado.
poderão ser considerados brasileiros naturalizados. Neste caso, nos termos estabelecidos pela Constituição federal,
(B) As pessoas originárias de países de língua portuguesa Pietro
que contarem com residência permanente por um ano (A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a
ininterrupto e possuírem idoneidade moral poderão adquirir quantidade de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário.
a nacionalidade brasileira nata. (B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi cometido
(C) O filho de pai brasileiro ou mãe brasileira, ainda que antes da sua naturalização.
nascido no estrangeiro, sempre será considerado brasileiro (C) poderá ser extraditado.
nato. (D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu crime
(D) Passados dez anos de residência ininterrupta na hediondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afim.
República Federativa do Brasil, poderá o estrangeiro de (E) não poderá ser extraditado, pois a sentença
qualquer nacionalidade requerer a nacionalidade brasileira. condenatória transitou em julgado após a naturalização.
(E) É brasileiro nato o nascido na República Federativa do
Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não 02. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É
estejam a serviço de seu país. privativo de brasileiro nato o cargo de
(A) Ministro do Supremo Tribunal Federal.
05. (Prefeitura de Teresina/PI - Técnico de Nível (B) Senador.
Superior - FCC/2016) Paula, filha de diplomatas americanos, (C) Juiz de Direito.
nasceu no Brasil quando seus pais estavam a serviço dos (D) Delegado de Polícia.
Estados Unidos da América. Camilla, que é cidadã inglesa, sem (E) Deputado Federal.
condenação penal e residente há 10 anos no Brasil, deseja
obter a cidadania brasileira. João, estrangeiro originário de 03. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a
país de língua portuguesa, tem comprovada idoneidade moral alternativa correta.
e reside há 1 ano ininterrupto no Brasil. De acordo com as (A) Nação é um conceito ligado a um agrupamento
normas da Constituição Federal que disciplinam os requisitos humano cujos membros, fixados num território, são ligados
para a aquisição da nacionalidade brasileira, Paula, por por laços culturais, históricos, econômicos e linguísticos.
(A) ser filha de diplomatas americanos a serviço de seu (B) Cidadão é a pessoa que se vincula a outra por meio de
país, não é cidadã brasileira. Camilla preenche os requisitos e determinada nacionalidade.
já pode, caso requeira, ser naturalizada brasileira. João, por (C) Adquire-se nacionalidade primária por meio de
não cumprir o requisito temporal mínimo exigido, ainda não vontade própria.
pode ser naturalizado brasileiro. (D) A população está unida ao Estado pelo vínculo
(B) ter nascido no Brasil, é cidadã brasileira. Camilla jurídico da nacionalidade.
preenche os requisitos e já pode, caso requeira, ser (E) O povo é o conjunto de pessoas que se une mediante
naturalizada brasileira. João, por não cumprir o requisito laços culturais.
temporal mínimo exigido, ainda não pode ser naturalizado
brasileiro. 04. (TRF/2ª REGIÃO - Juiz Federal - TRF 2ª
(C) ser filha de diplomatas americanos a serviço de seu Região/2014) Pablo nasceu no estrangeiro, filho de mãe
país, não é cidadã brasileira. Camilla preenche os requisitos e brasileira e de pai mexicano, e veio a residir no Brasil pouco
já pode, caso requeira, ser naturalizada brasileira. João, por antes de completar 15 anos. Atingida a maioridade, optou pela
cumprir todos os requisitos, já pode ser naturalizado nacionalidade brasileira, através de processo que tramitou na
brasileiro, caso requeira. Justiça Federal. Pablo tem, agora, 30 anos de idade. Assinale a
(D) ser filha de diplomatas americanos a serviço de seu opção correta:
país, não é cidadã brasileira. Camila, por não cumprir o (A) Ele pode, em tese e imediatamente, ser nomeado
requisito temporal mínimo, ainda não pode ser naturalizada Ministro do Supremo Tribunal Federal.

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(B) Sua naturalização pode ser cancelada, também por População: É conceito meramente demográfico.
sentença judicial, se vier a praticar atividade nociva ao
interesse nacional. Povo: É o conjunto dos cidadãos.
(C) Em tese, Pablo poderá ser titular, dentro de alguns
anos, de qualquer cargo privativo de brasileiro nato. Cidadania: É conjunto de direitos fundamentais e de
(D) Pablo não poderá, a qualquer tempo, ser nomeado participação nos destinos do Estado. Tem sua face ativa
para o cargo de Ministro de Estado da Defesa. (direito de escolher os governantes) e sua face passiva (direito
(E) Pablo não poderá, a qualquer tempo, ser eleito para o de ser escolhido governante). Alguns, porém, por imposição
cargo de Vice-Presidente da República. constitucional, podem exercer a cidadania ativa (ser eleitor),
mas não podem exercer a cidadania passiva (ser candidato), a
05. (TCE/RS - Auditor Público Externo - Engenharia exemplo dos analfabetos (art. 14, § 4.º, da CF). Alguns atributos
Civil - Conhecimentos Básicos - FCC/2014) Sicrano, filho de da cidadania são adquiridos gradativamente, a exemplo da
mãe brasileira e pai egípcio, nascido durante período em que idade mínima exigida para alguém concorrer a um cargo
seus pais eram estudantes universitários na França, veio, após eletivo (18 anos para Vereador, 21 anos para Deputado etc.).
a maioridade, a residir no Brasil, onde pretende viver pelo
resto de sua vida. Nos termos da Constituição da República, Dentre as modalidades de direitos políticos duas
Sicrano classificações merecem destaque. A primeira divide-os em
(A) somente seria considerado brasileiro nato se, quando positivos e negativos. A segunda distingue entre direitos
de seu nascimento, sua mãe, que era brasileira, estivesse no políticos ativos ou cidadania ativa ou capacidade eleitoral
exterior a serviço da República Federativa do Brasil. passiva, que é o direito de votar, e direitos políticos passivos
(B) poderá vir a ser brasileiro naturalizado, se ou cidadania passiva ou capacidade eleitoral passiva, que
efetivamente residir no país por até quinze anos ininterruptos, significa o direito de ser votado (normas de elegibilidade).
desde que requeira a nacionalidade brasileira.
(C) é considerado brasileiro naturalizado, desde o Direitos políticos positivos
momento em que fixou residência no país, já que é filho de mãe
brasileira, estando sujeito, contudo, a extradição, na hipótese Normas que possibilitam ao cidadão a participação na vida
de cometimento de crime comum a partir de então. pública, incluindo os direitos de votar e ser votado.
(D) será considerado brasileiro nato, se optar, a qualquer O direito de sufrágio é exercido praticando-se o voto. Na
tempo, pela nacionalidade brasileira, caso em que não estará Constituição Federal, está previsto o voto secreto,
sujeito a extradição, nem mesmo na hipótese de comprovado obrigatório, direto e igual para todos os brasileiros. O voto
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes. é secreto porque seu conteúdo não pode ser revelado pela
(E) somente seria considerado brasileiro nato se, quando Justiça Eleitoral, que deve garantir ao eleitor que seu voto será
de seu nascimento, houvesse sido registrado em repartição resguardado e mantido em sigilo. É direto e igual porque o
brasileira competente. eleitor brasileiro escolhe seus governantes sem
intermediários, e cada pessoa tem direito a único voto de igual
Respostas valor.
Por fim, o voto é obrigatório, porque, além de um direito, é
01. Resposta: “C”. também um dever jurídico, social e político. A Constituição
02. Resposta: “A”. declara que, no Brasil, o alistamento eleitoral e o voto são
03. Resposta: “A”. obrigatórios para os maiores de 18 anos e facultativos para os
04. Resposta: “C”. analfabetos, os maiores de 70 anos e os maiores de 16 e
05. Resposta: “D menores de 18 anos.

Direitos políticos Sufrágio: Do latim sufragium, apoio. Representa o direito


de votar e ser votado e é considerado universal quando se
Direitos políticos: São as regras que disciplinam o outorga o direito de votar a todos que preencham requisitos
exercício da soberania popular e a participação nos negócios básicos previstos na Constituição, sem restrições derivadas de
jurídicos do Estado. São os direitos de participar da vida condição de raça, de fortuna, de instrução, de sexo ou de
política do País, da formação da vontade nacional incluindo os convicção religiosa. O sufrágio restrito (qualificativo) é aquele
de votar e ser votado. Os direitos políticos consistem no só conferido a pessoas que preencham determinadas
exercício da soberania popular das mais diversas formas. condições de nascimento, de fortuna etc. Pode ser restrito
censitário (quando impõe restrições vinculadas à capacidade
Regime de Governo ou Regime Político: É um complexo econômica do eleitor – por exemplo: As Constituições de 1891
estrutural de princípios e forças políticas que configuram e 1934 vedavam o voto dos mendigos) ou restrito capacitário
determinada concepção do Estado e da Sociedade, e que (pela Constituição Federal de 67 e até a Emenda Constitucional
inspiram seu ordenamento jurídico. 25/85, o analfabeto não podia votar). O sufrágio identifica um
sistema no qual o voto é um dos instrumentos de deliberação.
Estado de Direito: É aquele em que todos estão O sufrágio é universal porque todos os cidadãos do país
igualmente submetidos à força das leis. podem votar, não sendo admitidas restrições fundadas em
condições de nascimento, de capacidade intelectual,
Estado Democrático de Direito: É aquele que permite a econômicas ou por motivos étnicos.
efetiva participação do povo na administração da coisa
pública, visando sobretudo alcançar uma sociedade livre, justa Voto: É personalíssimo (não pode ser exercido por
e solidária em que todos (inclusive os governantes) estão procuração), pode ser direto (como determina a atual CF) ou
igualmente submetidos à força da lei. indireto. É direto quando os eleitores escolhem seus
representantes e governantes sem intermediários. É indireto
Cidadão: Na linguagem popular, povo, população e quando os eleitores (denominados de 1º grau) escolhem seus
nacionalidade são expressões que se confundem. representantes ou governantes por intermédio de delegados
Juridicamente, porém, cidadão é aquele nacional que está no (eleitores de 2º grau), que participarão de um Colégio Eleitoral
gozo de seus direitos políticos, sobretudo o voto. ou órgão semelhante. Observe-se que há exceção ao voto

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direto no § 1º do art. 81 da CF, que prevê eleição indireta para Nacional Constituinte, mas acabou sendo rejeitado no 2º
o cargo de Presidente da República se houver impedimento do turno, não sendo incluído na Constituição Federal de 1988.
Presidente e do Vice-Presidente nos dois últimos anos do
mandato. Recall: É a chamada para voltar, que também não está
O voto é secreto para garantir a lisura das votações, prevista em nosso sistema constitucional. É uma forma de
inibindo a intimidação e o suborno. O voto com valor igual para revogação de mandato, de destituição, pelos próprios
todos é a aplicação do Direito Político da garantia de que todos eleitores, de um representante eleito, que é submetido a uma
são iguais perante a lei (cada eleitor vale um único voto – one reeleição antes do término do seu mandato.
man, one vote).
Não se confunde voto direto com democracia direta. Na Impeachment: É parecido com o recall-político, mas com
verdade, a democracia direta em que os cidadãos se reúnem e ele não se confunde. Apesar de ambos servirem para pôr fim
exercem sem intermediários os poderes governamentais, ao mandato de um representante político, os dois institutos
administrando e julgando, pode ser classificada como diferem quanto à motivação e à iniciativa (titularidade) do ato
reminiscência histórica. Afinal, o tamanho dos Estados de cassação do mandato. Para que se desencadeie o processo
modernos e a complexidade de suas administrações já não de impeachment, é necessário motivação, ou seja, é preciso
permitem tal forma de participação (costuma-se citar como que se suspeite da prática de um crime ou de uma conduta
exceção alguns cantões suíços, com pequenas populações). inadequada para o cargo. Já no recall, tal exigência não existe:
o procedimento de revogação do mandato pode ocorrer sem
Iniciativa Popular, o Referendo e o Plebiscito nenhuma motivação específica. Ou seja, o recall é um
instrumento puramente político.
Os principais institutos da democracia direta Outra diferença é que, no impeachment, o procedimento é
(participativa) no Brasil são a iniciativa popular, o referendo geralmente desencadeado e decidido por um órgão legislativo,
popular e o plebiscito. enquanto que, no recall, é o povo que toma diretamente a
decisão de cassar ou não o mandato.
a) Iniciativa popular: Uma das formas de o povo exercer
diretamente seu poder é a iniciativa popular, pela qual 1% do Pluralismo político: Há que se relembrar inexistir uma
eleitorado nacional, distribuídos por pelo menos cinco democracia substancial sem a garantia do pluralismo político,
Estados-Membros, com não menos de três décimos de 1% dos caracterizado pela convivência harmônica dos interesses
eleitores de cada um deles, apresenta à Câmara dos Deputados contraditórios. Para tanto, há que se garantir a ampla
um projeto de lei (complementar ou ordinária). participação de todos (inclusive das minorias) na escolha dos
membros das casas legislativas, reconhecer a legitimidade das
b) Referendo: O referendo popular é a forma de alianças (sem barganhas espúrias) que sustentam o Poder
manifestação popular pela qual o eleitor aprova ou rejeita uma Executivo e preservar a independência e a transparência dos
atitude governamental já manifestada. Normalmente, órgãos jurisdicionais a fim de que qualquer lesão ou ameaça de
verifica-se quando uma emenda constitucional ou um projeto lesão possa ser legitimamente reparada por um órgão
de lei aprovado pelo Poder Legislativo é submetido à imparcial do Estado.
aprovação ou rejeição dos cidadãos antes de entrar em vigor.
Nas questões de relevância nacional, de competência do Poder Sistemas eleitorais
Legislativo ou do Poder Executivo (matéria constitucional,
administrativa ou legislativa), bem como no caso do § 3.º do O sistema eleitoral é o procedimento que vai orientar o
art. 18 da CF (incorporação, subdivisão ou desmembramento processo de escolha dos candidatos.
de um Estado), a autorização e a convocação do referendo Para José Afonso da Silva23, sistema eleitoral é “o
popular e do plebiscito são da competência exclusiva do conjunto de técnicas e procedimentos que se empregam na
Congresso Nacional, nos termos do art. 49, XV, da Constituição realização das eleições, destinados a organizar a
Federal, combinado com a Lei nº 9.709/98 (em especial os representação do povo no território nacional”. José Jairo
artigos 2º e 3º). Gomes24 igualmente conceitua o sistema eleitoral como “o
A iniciativa da proposta do referendo ou do plebiscito deve complexo de procedimentos empregados na realização das
partir de 1/3 dos Deputados Federais ou de 1/3 dos eleições”. São conhecidos três tipos de sistemas eleitorais:
Senadores. A aprovação da proposta é manifestada a) Majoritário
(exteriorizada) por decreto legislativo que exige o voto b) Proporcional
favorável da maioria simples dos Deputados Federais e dos c) Misto
Senadores (voto favorável de mais da metade dos presentes à O sistema majoritário é aquele em que são eleitos os
sessão, observando-se que para a votação ser iniciada exige-se candidatos que tiveram o maior número de votos para o cargo
a presença de mais da metade de todos os parlamentares da disputado. Por esse sistema são disputadas, no Brasil, as
casa). O referendo deve ser convocado no prazo de trinta dias, eleições para os cargos de presidente da República,
a contar da promulgação da lei ou da adoção de medida governadores, prefeitos e senadores. Deve-se observar, ainda,
administrativa sobre a qual se mostra conveniente à que, para os cargos de presidente, governador e prefeitos de
manifestação popular direta. municípios com mais de duzentos mil eleitores, é necessária a
obtenção da maioria absoluta de votos, não computados os em
c) Plebiscito: O plebiscito é a consulta popular prévia pela branco e os nulos, no primeiro turno, sob pena de se realizar o
qual os cidadãos decidem ou demostram sua posição sobre segundo turno com os dois candidatos mais votados.
determinadas questões. A convocação de plebiscitos é de O sistema proporcional, por sua vez, é utilizado para os
competência exclusiva do Congresso Nacional quando a cargos que têm várias vagas, como vereadores e deputados, e
questão for de interesse nacional. por ele são eleitos os candidatos mais votados de cada partido
ou coligação.
Veto popular: O veto popular é um modo de consulta ao Tal sistema objetiva distribuir proporcionalmente as vagas
eleitorado sobre uma lei existente, visando revogá-la pela entre os partidos políticos que participam da disputa e, com
votação direta. Foi aprovado em 1º turno pela Assembleia

23 Op. Cit. p. 368. 24 Op. Cit. p. 109.

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isso, viabilizar a representação de todos os setores da satisfeito na data do pleito. Não há idade máxima limitando o
sociedade no parlamento. acesso aos cargos eletivos.
A ideia do sistema proporcional é de que a votação seja
transformada em mandato, na ordem da sua proporção, isto é, Direitos Políticos Negativos: são as circunstâncias que
o partido que obtiver, por exemplo, 10% dos votos deve acarretam a perda ou suspensão dos direitos políticos, ou que
conseguir transformá-los em torno de 10% das vagas caracterizam a inelegibilidade, restringindo ou mesmo
disputadas. Por fim, o sistema misto é aquele que procura impedindo que uma pessoa participe dos negócios jurídicos de
combinar o sistema proporcional com o sistema majoritário. uma nação.
Muito se tem debatido sobre sua implantação no Brasil e há
propostas para que esse sistema seja chamado de distrital As inelegibilidades (que podem ser previstas pela CF
misto, já que, por ele, parte dos deputados é eleita pelo voto ou por lei complementar): São absolutamente inelegíveis, ou
proporcional e parte pelo majoritário. seja, inelegíveis para qualquer cargo eletivo em todo o
território nacional, os inalistáveis (incluídos os conscritos e os
Alistamento Eleitoral (Capacidade Eleitoral Ativa): estrangeiros) e os analfabetos. O exercício do mandato não
Cabe privativamente à União legislar sobre matéria eleitoral. afasta a inelegibilidade, conforme estabelece a Súmula nº 15
Tanto o Presidente da República quanto o Tribunal Superior do TSE.
Eleitoral podem expedir as instruções que julgarem São relativamente inelegíveis (só atinge a eleição para
convenientes à boa execução das leis eleitorais; poder determinados cargos ou em determinadas regiões) os
regulamentar que excepcionalmente pode ser exercido menores de 35 anos de idade (que não podem ser candidatos
também pelos Tribunais Regionais Eleitorais nas suas a Senador, Presidente da República ou Vice-Presidente da
respectivas circunscrições. República) e, no território da jurisdição do titular, o cônjuge e
O alistamento eleitoral (integrado pela qualificação e pela os parentes consanguíneos ou afins (afins são os parentes do
inscrição) e o voto são obrigatórios para os maiores de dezoito cônjuge), até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da
anos. São facultativos, contudo, para o analfabeto, para os República, de Governador, de Prefeito ou de quem os haja
maiores de dezesseis anos (até a data do pleito, conforme substituído nos seis meses anteriores ao pleito, salvo se o
prevê o art. 12 da Resolução n. 20.132/98) e menores de candidato já for titular de mandato eletivo e concorrer à
dezoito, bem como para os maiores de setenta anos. reeleição (continuidade do mesmo cargo). Os parentes e o
O art. 7.º do Código Eleitoral especifica as sanções para cônjuge, porém, são elegíveis para quaisquer cargos fora da
quem não observa a obrigatoriedade de se alistar e votar. Sem jurisdição do respectivo titular do mandato e mesmo para
a prova de que votou na última eleição, pagou a respectiva cargo de jurisdição mais ampla.
multa ou se justificou devidamente, o eleitor não poderá obter Exemplo: O filho de um Prefeito Municipal pode ser
passaporte ou carteira de identidade, inscrever-se em candidato a Deputado, a Senador, a Governador ou a
concurso público, receber remuneração dos entes estatais ou Presidente da República, ainda que não haja
paraestatais, renovar matrícula em estabelecimento oficial de desincompatibilização de seu pai.
ensino etc.
Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, Perda e Suspensão dos Direitos Políticos: É vedada a
durante o serviço militar obrigatório, o conscrito (aquele que, cassação de direitos políticos, cuja perda (privação definitiva)
regularmente convocado, presta o serviço militar obrigatório ou suspensão (privação temporária) acontecerá nos casos
ou serviço alternativo, incluindo-se no conceito os médicos, previstos no art. 15 da CF/88. A perda diferencia-se da
dentistas, farmacêuticos e veterinários que prestam o serviço suspensão porque nesta a reaquisição dos direitos políticos é
militar obrigatório após o encerramento da faculdade). O automática, e naquela, depende de requerimento. Os casos
conscrito que se alistou e adquiriu o direito de voto antes da previstos são:
conscrição tem sua inscrição mantida, mas não pode exercer o
direito de voto até que o serviço militar ou alternativo esteja a) Cancelamento da naturalização por sentença
cumprido. transitada em julgado: Somente os nacionais (natos ou
naturalizados) e os portugueses com residência permanente
Condições de Elegibilidade (Capacidade Eleitoral no Brasil (preenchido o requisito da reciprocidade) podem
Passiva): São condições de elegibilidade, na forma da lei: alistar-se como eleitores e candidatos. O cancelamento da
- A nacionalidade brasileira (observada a questão da naturalização é hipótese de perda dos direitos políticos, e a Lei
reciprocidade, antes destacada quanto aos portugueses, e que nº 818/49 prevê sua incidência em caso de atividades nocivas
apenas alguns cargos são privativos de brasileiros natos); ao interesse nacional.
- O pleno exercício dos direitos políticos;
- O alistamento eleitoral (só pode ser votado quem pode b) Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
votar, embora nem todos que votam possam ser votados – prestação alternativa: A recusa de cumprir obrigações a
como o analfabeto e o menor de 18 e maior de 16 anos); todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º,
- O domicílio eleitoral na cidade ou estado para o qual VII, da CF, implica a perda dos direitos políticos, pois não há
concorre; hipótese de restabelecimento automático. A Lei nº 8.239/91
A filiação partidária (pelo menos um ano antes das incluiu a hipótese como sendo de suspensão dos direitos
eleições, nos termos do art. 18 da Lei Federal n. 9.096/95); políticos, pois a qualquer tempo o interessado pode cumprir
A idade mínima de 35 anos para Presidente da República, as obrigações devidas e regularizar a sua situação.
Vice- Presidente da República e Senador; a idade mínima de 30
anos para Governador e Vice-Governador; a idade mínima de c) Incapacidade civil absoluta: São as hipóteses previstas
21 anos para Deputado (Federal, Distrital ou Estadual), na lei civil, em especial no art. 5º do Código Civil, e
Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz (mandato de 4 anos – art. supervenientes à aquisição dos direitos políticos. Desde a
98, II, da CF) e a idade mínima de 18 anos para Vereador. Constituição Federal de 1946, a incapacidade civil absoluta
A aquisição da elegibilidade, portanto, ocorre está incluída como causa de suspensão dos direitos políticos.
gradativamente. De acordo com o § 2.º do art. 11 da Lei nº
9.504/97, a idade mínima deve estar preenchida até a data d) Condenação criminal transitada em julgado: A
da posse. Há, contudo, entendimento jurisprudencial no condenação criminal transitada em julgado, enquanto
sentido de que o requisito da idade mínima deve estar

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durarem seus efeitos, é causa de suspensão dos direitos II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
políticos. autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no
ato da diplomação, para a inatividade.
e) Improbidade administrativa (art. 15, V, da CF): A § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
improbidade administrativa, prevista no art. 37, §4º, da CF, é inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a
uma imoralidade caracterizada pelo uso indevido da probidade administrativa, a moralidade para exercício de
Administração Pública em benefício do autor da improbidade mandato considerada vida pregressa do candidato, e a
ou de terceiros, não dependendo da produção de danos ao normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do
patrimônio público material. Seu reconhecimento gera a poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou
suspensão dos direitos políticos do improbo. emprego na administração direta ou indireta.
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
f) Condenação por crime de responsabilidade: A Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
condenação por crime de responsabilidade pode resultar na diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
inelegibilidade do condenado por até oito anos, mas não afeta econômico, corrupção ou fraude.
o direito de votar. § 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em
segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se
Vamos conferir os artigos pertinentes da Constituição temerária ou de manifesta má-fé.
Federal:
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda
CAPÍTULO IV ou suspensão só se dará nos casos de:
DOS DIREITOS POLÍTICOS I - cancelamento da naturalização por sentença transitada
em julgado;
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio II - incapacidade civil absoluta;
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto
e, nos termos da lei, mediante: durarem seus efeitos;
I - plebiscito; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
II - referendo; prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
III - iniciativa popular. V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em
II - facultativos para: vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que
a) os analfabetos; ocorra até um ano da data de sua vigência.
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, Questões
durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei: 01. (IFF - Operador de Máquinas Agrícolas -
I - a nacionalidade brasileira; FCM/2016) Sobre os Direitos Políticos, previstos na
II - o pleno exercício dos direitos políticos; Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
III - o alistamento eleitoral; analise as afirmativas abaixo, e marque (V) para verdadeiro ou
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; (F) para falso:
V - a filiação partidária; ( ) Os atos de improbidade administrativa importarão a
VI - a idade mínima de: suspensão dos direitos políticos, na forma e gradação
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da previstas em lei.
República e Senador; ( ) A soberania popular será exercida pelo sufrágio
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado universal e pelo voto indireto e aberto, com valor igual para
e do Distrito Federal; todos.
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado ( ) A filiação partidária é uma condição de elegibilidade.
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; ( ) O alistamento e o voto são obrigatórios para os maiores
d) dezoito anos para Vereador. de dezesseis anos.
§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e A sequência correta é
do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou (A) V, V, F, V.
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para (B) F, V, F, F.
um único período subsequente. (C) V, V, V, F.
§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da (D) F, V, F, V
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os (E) V, F, V, F.
Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis
meses antes do pleito. 02. (TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Técnico Judiciário -
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o FCC/2016) A respeito dos direitos políticos, considere:
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo I. São condições de elegibilidade, dentre outras, a idade
grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador mínima de trinta e cinco anos para Presidente e Vice-
de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de Presidente da República e Senador, trinta anos para
quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal
pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à e vinte um anos para Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz.
reeleição. II. O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios,
§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes inclusive para os conscritos, durante o período de serviço
condições: militar obrigatório.
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se III. Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
da atividade; República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e

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APOSTILAS OPÇÃO

os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até em vigor na época, já não mais cumpria o seu papel dentro da
seis meses antes do pleito. visão inovadora da nova Constituição. Assim, foi sancionada a
IV. São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o Lei nº 9.096/95 e editada a Res.-TSE nº 19.406/95, revogada
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo pela Res.-TSE nº 23.282/2010, que disciplinam a fundação, a
grau ou por adoção, do Presidente da República, do organização, o funcionamento e a extinção dos partidos
Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, do políticos de acordo com as ideias dos legisladores de 1988.
Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses Dentre outras coisas, a legislação permite que o próprio
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e partido estabeleça regras para a realização de suas
candidato à reeleição. convenções, determine prazos superiores àqueles previstos na
lei para que o filiado possa concorrer às eleições e ainda
Está correto o que consta APENAS em permite criar uma estrutura diferente da existente em outros
(A) II e IV. partidos.
(B) I e IV. Até a entrada em vigor da nova lei, os partidos não tinham
(C) I, III e IV. essa autonomia, pois seus atos internos eram submetidos à
(D) II e III. norma geral dirigida a todos os partidos – a LOPP –, bem como
(E) I e III. aos cuidados da Justiça Eleitoral.
Atualmente, as questões internas são resolvidas dentro do
03. (Prefeitura de Ilhéus/BA - Procurador - próprio partido, nos termos do estatuto, e, se questionadas
CONSULTEC/2016) É vedada a cassação de direitos políticos, judicialmente, após percorridas todas as instâncias dentro do
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de próprio partido, compete à Justiça Comum processar e julgar
(A) suspensão da naturalização por sentença transitada tais casos. Entretanto, há exceções. Dentre elas, aquelas que
em julgado, enquanto durarem seus efeitos. envolvam filiados impossibilitados de disputar eleições e não
(B) incapacidade civil relativa. haja mais tempo suficiente para se filiar a outra legenda, bem
(C) condenação criminal transitada em julgado, enquanto como os casos de infidelidade partidária, que são apreciados
durarem seus efeitos. pela Justiça Eleitoral.
(D) recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou Ressalte-se que, enquanto a LOPP vigorou, o processo de
prestação alternativa, nos termos do Art. 5º, XVIII da CF. registro de partidos políticos começava no TSE. Era necessário
(E) improbidade administrativa, exclusivamente para os que o interessado apresentasse cópia do manifesto, do
ocupantes de mandato eletivo. programa, do estatuto e da ata de sua fundação, a qual
comprovasse a formação de, pelo menos, nove comissões
Respostas regionais provisórias, com prova de publicação desses atos no
Diário Oficial da União (DOU). A partir de então, era concedido
01. Resposta: “E” um prazo de doze meses para que o partido se organizasse e
02. Resposta: “C” obtivesse seu registro definitivo.
03. Resposta: “C” Os partidos com registro provisório concedido
funcionavam como agremiações de fato e de direito, podendo,
Partidos políticos inclusive, participar de eleições, até que obtivessem seus
registros definitivos deferidos pela Justiça Eleitoral. A lei que
Os Partidos Políticos são associações constituídas para a estabelecia normas para a realização das eleições municipais
participação da vida política de um país, para a formação da de 1988 (Lei nº 7.664/88) trazia expressamente essa
vontade nacional, com objetivos de propagação de ideias e de permissão.
conquista, total ou parcial do poder político. São peças A partir da edição da Lei nº 9.096/95, o registro provisório
fundamentais de um sistema político democrático, destinadas passou a não mais ser permitido. Para registrar um partido
“a assegurar, no interesse do regime democrático, a político, o interessado tem que cumprir todos os requisitos
autenticidade do sistema representativo e a defender os estabelecidos na Lei dos Partidos Políticos e atualmente na
direitos fundamentais definidos na Constituição Federal”. Res.-TSE nº 23.465/2015, que revogou a Res.-TSE nº
Dentro desse contexto, compete aos partidos de situação, além 23.282/2010. Assim, devem reunir-se os fundadores (pelo
de propagar e implantar as ideias constantes do estatuto do menos 101 eleitores), com domicílio eleitoral em, no mínimo,
partido, dar sustentação política ao governo no Parlamento, um terço dos estados, para elaborar o programa e o estatuto
aprovando seus projetos. Aos partidos de oposição, além da do partido, que deverá ser publicado no DOU. Nessa mesma
propaganda de ideias e da luta pela conquista do poder reunião, serão eleitos, em caráter provisório, os dirigentes
político, compete à fiscalização dos atos do governo, bem como nacionais, que vão organizar o partido.
a formulação de políticas alternativas. Após a publicação no DOU, promove-se o registro do
Deve existir uma identidade política do candidato com o partido no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas da
partido pelo qual concorre às eleições populares. Pelo Capital Federal.
princípio da fidelidade partidária, o parlamentar eleito deve Obtido o registro no cartório, momento em que o partido
observar o programa ideológico do partido em que se em formação adquire personalidade jurídica, deve-se
inscreveu e as diretrizes dos órgãos de direção partidária. comunicar aos tribunais regionais o nome dos representantes
O artigo 17 da Constituição Federal de 5 de outubro de que serão responsáveis pela entrega das listas do apoiamento
1988 determina que é livre a criação, fusão, incorporação e mínimo de eleitores nos cartórios eleitorais.
extinção de partidos políticos, resguardados a soberania O apoiamento mínimo consiste no colhimento das
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os assinaturas correspondentes, no mínimo, a meio por cento
direitos fundamentais da pessoa humana. Assegurou também (0,5%) dos votos válidos, dados na última eleição geral para a
ao partido político autonomia para definir sua estrutura Câmara dos Deputados, não computados os brancos e nulos,
interna, organização e funcionamento, bem como manteve a que deverão estar distribuídas em pelo menos nove estados.
exigência do caráter nacional do partido político, instituída Além dessa exigência, em cada estado, deve-se atender ao
pelo Código Eleitoral, Decreto nº 7.586/1945. mínimo de um décimo por cento (0,1%) do eleitorado.
A partir de 1988, foi necessário produzir uma norma que É importante ressaltar que, com esse apoiamento,
disciplinasse o art. 17 da Constituição, uma vez que a Lei materializa-se o caráter nacional do novo partido.
Orgânica dos Partidos Políticos – LOPP (Lei nº 5.682/1971),

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Em seguida, o partido deverá constituir, definitivamente, de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso
na forma de seu estatuto, os órgãos diretivos municipais e gratuito ao tempo de rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda
regionais, registrando-os nos tribunais regionais eleitorais de, Constitucional nº 97, de 2017)
no mínimo, nove unidades da federação.
Registrados os órgãos partidários municipais e regionais
nos tribunais regionais, deverá ser solicitado o registro do Cabe destacar que as alterações trazidas pela EC nº
programa, do estatuto e do órgão de direção nacional no TSE, 97/2017 possuem prazos diferentes para entrar em vigor:
última fase do processo de registro.
A partir desse deferimento, o partido terá assegurada a (...)
exclusividade da denominação e da sigla, do número de Art. 2º A vedação à celebração de coligações nas eleições
legenda e dos símbolos, bem como estará apto a receber proporcionais, prevista no § 1º do art. 17 da Constituição
recursos do fundo partidário, a ter acesso gratuito ao rádio e à Federal, aplicar-se-á a partir das eleições de 2020.
televisão e a participar do processo eleitoral.
Nota-se que a legislação brasileira evoluiu no sentido de Art. 3º O disposto no § 3º do art. 17 da Constituição
afastar a possibilidade da influência ideológica do Estado Federal quanto ao acesso dos partidos políticos aos recursos
sobre os partidos políticos, garantindo independência e do fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio e na
autonomia nos procedimentos ligados a sua estrutura e a seu televisão aplicar-se-á a partir das eleições de 2030.
funcionamento. Dessa forma, essa liberdade partidária se
apresenta como uma homenagem à natureza republicana e Parágrafo único. Terão acesso aos recursos do fundo
democrática da Constituição de 1988 e como elemento que partidário e à propaganda gratuita no rádio e na televisão os
fortalece o Estado democrático de direito. partidos políticos que:
I - na legislatura seguinte às eleições de 2018:
Vejamos a seguir o texto constitucional pertinente ao a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados,
tema: no mínimo, 1,5% (um e meio por cento) dos votos válidos,
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
CAPÍTULO V Federação, com um mínimo de 1% (um por cento) dos votos
DOS PARTIDOS POLÍTICOS válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos nove Deputados Federais
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime Federação;
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
pessoa humana e observados os seguintes preceitos: II - na legislatura seguinte às eleições de 2022:
I - caráter nacional; a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados,
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de no mínimo, 2% (dois por cento) dos votos válidos,
entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; Federação, com um mínimo de 1% (um por cento) dos votos
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. válidos em cada uma delas; ou
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para b) tiverem elegido pelo menos onze Deputados Federais
definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e Federação;
sobre sua organização e funcionamento e para adotar os
critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições III - na legislatura seguinte às eleições de 2026:
majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados,
proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as no mínimo, 2,5% (dois e meio por cento) dos votos válidos,
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de Federação, com um mínimo de 1,5% (um e meio por cento)
disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda dos votos válidos em cada uma delas; ou
Constitucional nº 97, de 2017) b) tiverem elegido pelo menos treze Deputados Federais
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Federação.
Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e
acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os Questões
partidos políticos que alternativamente: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 97, de 2017) 01. (TJ/MA - Juiz Substituto - CESPE/2016) De acordo
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no com o que está expresso na CF acerca dos partidos políticos, é
mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em livre a criação, a fusão, a incorporação e a extinção de partidos
pelo menos um terço das unidades da Federação, com um políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais
delas; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017) da pessoa humana, desde que observado(a)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais (A) a obrigação de prestar contas à justiça eleitoral.
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da (B) a apreciação da legalidade dos atos de admissão de
Federação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de pessoal para fins de registro.
2017) (C) a vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional,
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de estadual, distrital ou municipal em caso de coligações
organização paramilitar. eleitorais.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos (D) o caráter regional do novo partido que se pretenda
previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e criar.
facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que (E) a ampla publicidade dos orçamentos dos partidos
os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins políticos.

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02. (TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário – Respostas


Contabilidade - CESPE/2016) Assinale a opção correta
acerca do que dispõe a CF sobre partidos políticos. 01. Resposta: “A”.
(A) Os partidos políticos possuem personalidade jurídica 02. Resposta: “D”.
de direito público. 03. Resposta: “D”.
(B) A previsão constitucional de que a lei regrará a função 04. Resposta: “D”.
parlamentar autoriza o estabelecimento, pela legislação 05. Resposta: “C”.
infraconstitucional, de padrões mínimos de desempenho
eleitoral como condição para funcionamento do partido nas
casas legislativas. Da organização do Estado;
(C) É inconstitucional, por ofensa ao pluripartidarismo e ao
pluralismo político, a fixação de proporcionalidade entre a Da organização político-
representatividade partidária e a distribuição do fundo administrativa Federativa do
partidário e do tempo na televisão e no rádio. Brasil;
(D) A exigência de caráter nacional dos partidos políticos
visa resguardar o princípio federativo da unidade nacional.
(E) A vedação à utilização de organização paramilitar não
obsta que os partidos, em razão da autonomia que lhe é A nossa Constituição Federal, em seu Título III
constitucionalmente assegurada, convencionem indumentária regulamenta a organização do Estado Brasileiro. Falar em
uniformizada ou que estabeleçam, em seu âmbito interno, organização de um estado é falar de como ele está composto,
relação de comando e obediência baseada em hierarquia rígida como está dividido, quais os poderes, as atribuições e
e fidelidade partidária. competências de cada entidade que o compõe, é falar o que é
proibido a cada poder e os relacionamentos que devem ter um
03. (CIS - AMOSC/SC - Técnico administrativo - para com os outros.
Cursiva/2015) Na Constituição Federal, Art. 17. É livre a Nossa organização político-administrativa compreende a
criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. A
resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o Constituição admite a criação de Territórios Federais, que, se
pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa criados, integrarão a União, podendo ser transformados em
humana e observados os seguintes preceitos. Assinale a Estados ou reintegrados ao Estado de origem.
alternativa correta. É permitido juntar um Estado a outro para formar novo
I - caráter nacional Estado ou Território Federal ou dividir um Estado para formar
II – proibição de recebimento de recursos financeiros de outros, desde que a população diretamente interessada
entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; aprove, através de plebiscito e o Congresso Nacional também
III – prestação de constas à Justiça Eleitoral; aprove, por lei complementar.
IV – funcionamento parlamentar de acordo com a lei. Da mesma forma, Municípios podem ser criados,
incorporados ou divididos, desde que seja divulgado junto às
(A) I, II, III estão corretos populações envolvidas, Estudos de Viabilidade Municipal, para
(B) I, III, IV estão corretos que essas populações votem, através de plebiscito. Esta
(C) II, III, IV estão corretos alteração será feita por lei estadual.
(D) Todas estão corretos
TÍTULO III
04. (TRE/MA - Analista Judiciário – Administrativa - Da Organização do Estado
IESES/2015) Sobre os partidos políticos é INCORRETO CAPÍTULO I
afirmar que: DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
(A) É vedada a utilização pelos partidos políticos de
organização paramilitar. Art. 18. A organização político-administrativa da República
(B) Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito
partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
lei. Constituição.
(C) Os partidos políticos não podem receber recursos § 1º Brasília é a Capital Federal.
financeiros de entidades ou governo estrangeiros ou de § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação,
subordinação a estes. transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem
(D) Os partidos políticos, após adquirirem personalidade serão reguladas em lei complementar.
jurídica, na forma civil e comercial, registrarão seus estatutos § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se
no Tribunal Regional Eleitoral. ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem
novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da
05. (AL/GO – Procurador - CS-UFG/2015) A Constituição população diretamente interessada, através de plebiscito, e do
Federal dispõe em capítulo próprio acerca dos partidos Congresso Nacional, por lei complementar.
políticos no Brasil, dizendo que é livre a sua criação, fusão, § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
incorporação e extinção, resguardados a soberania nacional, o de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período
regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de
fundamentais da pessoa humana e ainda observando, dentre consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos
outros, o seguinte preceito: Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de
(A) redução das desigualdades regionais e sociais. Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da
(B) independência nacional. lei.
(C) caráter nacional.
(D) igualdade entre os Estados. Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los,
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus

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representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada,


na forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
Da administração pública;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre
si.
Podemos considerar administração pública como a
Questões atividade desenvolvida pelo Estado ou seus delegados, sob o
regime de direito público, com fim de atendimento de modo
01. (PC/PE - Agente de Polícia - CESPE/2016) Com base direto e imediato as necessidades concretas da coletividade.
no disposto na CF, assinale a opção correta acerca da Podem ser listadas como características: a pratica de atos
organização político-administrativa do Estado. tão somente de execução – estes atos são denominados atos
(A) É da competência comum dos estados, do Distrito administrativos; quem pratica estes atos são os órgãos e seus
Federal e dos municípios organizar e manter as respectivas agentes, que são sempre públicos; o exercício de atividade
polícias civil e militar e o respectivo corpo de bombeiros politicamente neutra; sua atividade é vinculada à Lei e não à
militar. Política; conduta hierarquizada; dever de obediência -
(B) Compete à União, aos estados e ao Distrito Federal escalona os poderes administrativos do mais alto escalão até a
estabelecer normas gerais de organização das polícias mais humilde das funções; prática de atos com
militares e dos corpos de bombeiros militares, assim como responsabilidade técnica e legal; busca a perfeição técnica de
normas sobre seus efetivos, seu material bélico, suas garantias, seus atos, que devem ser tecnicamente perfeitos e segundo os
sua convocação e sua mobilização. preceitos legais; caráter instrumental – a Administração
(C) A organização político-administrativa da República Pública é um instrumento para o Estado conseguir seus
Federativa do Brasil compreende a União, os estados, os objetivos. A Administração serve ao Estado; competência
territórios federais, o Distrito Federal e os municípios, todos limitada – o poder de decisão e de comando de cada área da
autônomos, nos termos da CF. Administração Pública é delimitada pela área de atuação de
(D) Os estados podem incorporar-se entre si mediante cada órgão.
aprovação da população diretamente interessada, por meio de
plebiscito, e do Congresso Nacional, por meio de lei Disposições gerais
complementar.
(E) É facultado à União, aos estados, ao Distrito Federal e Administração pública é o conjunto de órgãos, serviços e
aos municípios subvencionar cultos religiosos ou igrejas e agentes do Estado que procuram satisfazer as necessidades da
manter com seus representantes relações de aliança e sociedade, tais como educação, cultura, segurança, saúde, etc.
colaboração de interesse público. Em outras palavras, administração pública é a gestão dos
interesses públicos por meio da prestação de serviços
02. (Prefeitura de Chapecó/SC - Procurador Municipal públicos, sendo dividida em administração direta e indireta.
- IOBV/2016) Assinale a alternativa que está correta: A Administração Pública direta se constitui dos serviços
(A) A organização político-administrativa da República prestados da estrutura administrativa da União, Estados,
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados e os Distrito Federal e Municípios. Já a Administração Pública
Municípios. indireta compreende os serviços prestados pelas autarquias,
(B) A criação ou a transformação de um território federal fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas
em Estado depende de regulamentação em lei ordinária. públicas. Conforme previsão constitucional, a Administração
(C) Somente a União pode criar distinções entre Pública Direta e Indireta ou Fundacional, de qualquer dos
brasileiros. poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
(D) É vedado aos entes da federação recusar dar fé aos Municípios, obedecerá aos princípios de legalidade,
documentos públicos. impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Podemos definir a Administração Pública como a atividade
03. (TRT 3ª - Analista Judiciário - FCC) As vedações mediante a qual as autoridades públicas tomam providências
constitucionais expressas impostas simultaneamente à União, para a satisfação das necessidades de interesse público,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios alcançam utilizando, quando necessário, as prerrogativas do Poder
(A) a existência de regime tributário fundado na Público, para alcançar os fins que não sejam os próprios à
cumulatividade; a observância de simetria entre os Poderes de legislação ou à distribuição da justiça.
cada um dos entes; intangibilidade da dignidade humana. Sobre Administração Pública, o professor José Afonso da
(B) a proibição de desapropriação de bens imóveis entre Silva assim explica: “...É o conjunto de meios institucionais,
si; a de legislar concorrentemente sobre qualquer tema; ao material, financeiro e humano preordenado à execução das
direito de secessão. decisões políticas. Essa é uma noção simples de Administração
(C) a de obrigatória simetria entre os entes; a de adoção de Pública que destaca, em primeiro lugar, que é subordinada ao
regime unicameral parlamentar; a de limitação de uso das Poder político; em segundo lugar, que é meio e, portanto, algo
forças armadas. de que se serve para atingir fins definidos e, em terceiro lugar,
(D) a proibição de órgão de controle externo da denota os dois aspectos: um conjunto de órgãos a serviço do
Administração; a não intervenção sobre o Poder Judiciário e o Poder político e as operações, as atividades administrativas”
Ministério Público; autonomia orçamentária. (in Curso de Direito Constitucional Positivo).
(E) o conceito de Estado laico; a proibição de recusa de fé Por sua vez, a Lei nº 9.784/99, que regula o processo
em documentos públicos e a proibição de distinções entre administrativo no âmbito federal, mas irradia sua força
brasileiros ou preferências entre si. normativa para os demais entes da federação, traz uma série
de princípios administrativos no seu art. 2º, senão vejamos:
Respostas Art. 2º “A Administração Pública obedecerá, dentre outros,
aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
01. Resposta: “D”. razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla
02. Resposta: “D”. defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público
03. Resposta: “E”. e eficiência”.

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Vejamos o que prevê a norma constitucional sobre o Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato
tema: eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos,
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
CAPÍTULO VII cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o
Seção I subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
DISPOSIÇÕES GERAIS Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no
Art. 37. A administração pública direta e indireta de Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça,
eficiência e, também, ao seguinte: limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Dica! Para conseguir memorizar e nunca mais Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
esquecer quais são os mais importantes princípios aplicável este limite aos membros do Ministério Público,
constitucionais da Administração Pública, basta unir as aos Procuradores e aos Defensores Públicos;
iniciais de cada destes e, com isso, chegaremos à palavra
mnemônica “LIMPE”. Lembre-se sempre do “LIMPE”, as Este inciso refere-se aos tetos remuneratórios. O teto é a
bancas adoram questões sobre esse tema. soma de todos os ganhos do agente político, pode ser dividido
em geral (nenhum servidor público no Brasil poderá ter
I - os cargos, empregos e funções públicas são remuneração que exceda o subsídio mensal, em espécie, dos
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos Ministros do STF) e específicos (cada ente da federação
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na possui regras próprias sobre o teto).
forma da lei;
II - a investidura em cargo ou emprego público União: há apenas o teto geral do subsídio de ministro do
depende de aprovação prévia em concurso público de STF; é igual para todos os poderes.
provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e
a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista Estados e DF: há tetos especiais para cada poder:
em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão 1) Poder Executivo: o subsídio mensal do Governador;
declarado em lei de livre nomeação e exoneração; 2) Poder Legislativo: o subsídio dos deputados estaduais
III - o prazo de validade do concurso público será de ou distritais;
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; 3) Poder Judiciário: o subsídio dos desembargadores do
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital TJ, limitado a 90,25% do subsídio de ministro do STF, sendo
de convocação, aquele aprovado em concurso público de aplicável este limite também ao MP, Procuradores e
provas ou de provas e títulos será convocado com Defensores Públicos.
prioridade sobre novos concursados para assumir cargo
ou emprego, na carreira; Municípios: o teto é o subsídio do Prefeito.
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em pelo Poder Executivo;
lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de
assessoramento; quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à remuneração de pessoal do serviço público;
livre associação sindical; XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos servidor público não serão computados nem acumulados
limites definidos em lei específica; para fins de concessão de acréscimos ulteriores;
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o
definirá os critérios de sua admissão; disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, §
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
tempo determinado para atender a necessidade XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
temporária de excepcional interesse público; públicos, exceto, quando houver compatibilidade de
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio horários, observado em qualquer caso o disposto no
de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados inciso XI:
ou alterados por lei específica, observada a iniciativa a) a de dois cargos de professor;
privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
sempre na mesma data e sem distinção de índices; científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de
Súmula vinculante 42-STF: É inconstitucional a profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
vinculação do reajuste de vencimentos de servidores
estaduais ou municipais a índices federais de correção Dica! Este inciso costuma ser muito cobrado em
monetária. concursos públicos, então é importante saber as situações
em que é permitida a acumulação remunerada de cargos
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de públicos.
cargos, funções e empregos públicos da administração
direta, autárquica e fundacional, dos membros de XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito e funções e abrange autarquias, fundações, empresas

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públicas, sociedades de economia mista, suas § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou ocupante de cargo ou emprego da administração direta e
indiretamente, pelo poder público; indireta que possibilite o acesso a informações
XVIII - a administração fazendária e seus servidores privilegiadas.
fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira
jurisdição, precedência sobre os demais setores dos órgãos e entidades da administração direta e indireta
administrativos, na forma da lei; poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado
XIX – somente por lei específica poderá ser criada entre seus administradores e o poder público, que tenha
autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão
de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
lei complementar, neste último caso, definir as áreas de I - o prazo de duração do contrato;
sua atuação; II - os controles e critérios de avaliação de
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no dirigentes;
inciso anterior, assim como a participação de qualquer III - a remuneração do pessoal."
delas em empresa privada; § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, públicas e às sociedades de economia mista, e suas
as obras, serviços, compras e alienações serão subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
contratados mediante processo de licitação pública que Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação com a remuneração de cargo, emprego ou função pública,
técnica e econômica indispensáveis à garantia do ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta
cumprimento das obrigações. Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão
XXII - as administrações tributárias da União, dos declarados em lei de livre nomeação e exoneração.
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste
servidores de carreiras específicas, terão recursos artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em
prioritários para a realização de suas atividades e atuarão lei.
de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito
convênio. Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite
e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter único, o subsídio mensal dos Desembargadores do
educativo, informativo ou de orientação social, dela não respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se
servidores públicos. aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
responsável, nos termos da lei. Acumulação de Cargo Público com Mandato Eletivo
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do
usuário na administração pública direta e indireta, A situação funcional do servidor público que passa a
regulando especialmente: desempenhar mandato eletivo é tratada com especificidade
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços pelo art. 38 da Constituição Federal, que estabelece as soluções
públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços em relação à acumulação de cargos, empregos ou funções com
de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, cargos eletivos.
externa e interna, da qualidade dos serviços;
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e Art. 38. Ao servidor público da administração direta,
a informações sobre atos de governo, observado o autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
disposto no art. 5º, X e XXXIII; aplicam-se as seguintes disposições:
III - a disciplina da representação contra o exercício I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
administração pública. II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da sua remuneração;
função pública, a indisponibilidade dos bens e o III - investido no mandato de Vereador, havendo
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, compatibilidade, será aplicada a norma do inciso
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as anterior;
respectivas ações de ressarcimento. IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
direito privado prestadoras de serviços públicos contado para todos os efeitos legais, exceto para
responderão pelos danos que seus agentes, nessa promoção por merecimento;
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. afastamento, os valores serão determinados como se no
exercício estivesse.

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Servidores públicos estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando


a natureza do cargo o exigir.
Podemos conceituar agentes públicos como todos aqueles
que têm uma vinculação profissional com o Estado, mesmo Vamos conferir o que diz os referidos incisos, do artigo 7º da
que em caráter temporário ou sem remuneração, comportado Constituição Federal:
diversas espécies, a saber: a) agentes políticos; b) ocupantes - Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
de cargos em comissão; c) contratados temporários; d) capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua
agentes militares; e) servidores públicos estatutários; f) família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
empregados públicos; g) particulares em colaboração com a vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
Administração (agentes honoríficos). reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
A Constituição Federal de 1988 tem duas seções sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
especificamente dedicadas ao tema dos agentes públicos: - Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
Seções I e II do Capítulo VII do Título III, tratando percebem remuneração variável;
respectivamente dos “servidores públicos civis” (arts. 37 e 38) - Décimo terceiro salário com base na remuneração
e dos “militares dos Estados, do Distrito Federal e dos integral ou no valor da aposentadoria;
Territórios” (art. 42). - Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
- Salário-família pago em razão do dependente do
SEÇÃO II trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
DOS SERVIDORES PÚBLICOS - Duração do trabalho normal não superior a oito horas
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou
Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, convenção coletiva de trabalho;
regime jurídico único e planos de carreira para os - Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos
servidores da administração pública direta, das domingos;
autarquias e das fundações públicas. 25 - Remuneração do serviço extraordinário superior, no
mínimo, em cinquenta por cento à do normal;
Com base nesse parâmetro foi promulgada a Lei nº - Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
8.112/90, que demarcou a opção da União pelo regime terço a mais do que o salário normal;
estatutário, no qual os servidores são admitidos sob regime de - Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
Direito Público, podem alcançar estabilidade e possuem com a duração de cento e vinte dias;
direitos e deveres estabelecidos por lei (e que podem, - Licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
portanto, ser alterados unilateralmente pelo Estado-
Legislador). Observação: A Lei nº 11.770/2008 instituiu o programa
empresa Cidadã, que permite que seja prorrogada a licença
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais à gestante por mais 60 (sessenta) dias, ampliando, com isso
componentes do sistema remuneratório observará: o prazo de 120 (cento e vinte) para 180 (cento e oitenta)
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a dias. Contudo, não é obrigatória a adesão a este programa.
complexidade dos cargos componentes de cada carreira; Assim, a prorrogação é uma faculdade para as empresas
II - os requisitos para a investidura; privadas (que ao aderirem o programa recebem incentivos
III - as peculiaridades dos cargos. fiscais) e para a Administração Pública direita, indireta e
fundacional.
Significa dizer que quanto maior o grau de dificuldade, Cabe destacar, ainda, que esta lei foi recentemente
tanto para ingressar no cargo, quanto para desenvolver as alterada pela lei nº 13.257/2016, sendo instituída a
funções inerentes a ele, melhor deverá ser a remuneração possibilidade de prorrogação da licença-paternidade por
correspondente. mais 15 (quinze) dias, além dos 5 (cinco) já assegurados
constitucionalmente as empresas que fazem parte do
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão programa. Contudo, para isso, o empregado tem que
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento requerer o benefício no prazo de 2 (dois) dias úteis após o
dos servidores públicos, constituindo-se a participação parto e comprovar a participação em programa ou
nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, atividade de orientação sobre paternidade responsável.
facultada, para isso, a celebração de convênios ou
contratos entre os entes federados.
- Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
Essas escolas possuem como objetivo a atualização e a incentivos específicos, nos termos da lei;
formação dos servidores públicos, melhorando os níveis de - Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
desempenho e eficiência dos ocupantes de cargos e funções do normas de saúde, higiene e segurança;
serviço público, estimulando e promovendo a especialização - Proibição de diferença de salários, de exercício de funções
profissional, preparando servidores para o exercício de e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
funções superiores e para a intervenção ativa nos projetos estado civil;
voltados para a elevação constante dos padrões de eficácia e
eficiência do setor público. § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo e Municipais serão remunerados exclusivamente por
público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de
XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de

25 O Plenário do STF deferiu medida cautelar na ADI 2.135-MC, em agosto integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.), sendo mantida a
de 2007, para suspender a eficácia do caput do art. 39 da CF, na redação dada redação anterior até julgamento em definitivo e solução sobre a regularidade
pela EC 19/1998 (Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios quanto a elaboração da emenda.
instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal,

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representação ou outra espécie remuneratória, servidores ativos e inativos e dos pensionistas,


obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
Ao falar em parcela única, fica clara a intenção de vedar a
fixação dos subsídios em duas partes, uma fixa e outra variável, Para o regime previdenciário ter equilíbrio financeiro,
tal como ocorria com os agentes políticos na vigência da basta ter no exercício atual um fluxo de caixa de entrada
Constituição de 1967. E, ao vedar expressamente o acréscimo superior ao fluxo de caixa de saída, gerado basicamente
de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de quando as receitas previdenciárias superam as despesas com
representação ou outra espécie remuneratória, também fica pagamento de benefícios.
clara a intenção de extinguir, para as mesmas categorias de Já para se ter equilibro atuarial, deve estar assegurado que
agentes públicos, o sistema remuneratório que compreende o o plano de custeio gera receitas não só atuais, como também
padrão fixado em lei mais as vantagens pecuniárias de variada futuras e contínuas por tempo indeterminado, em um
natureza previstas na legislação estatutária. montante suficiente para cobrir as respectivas despesas
previdenciárias.
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Para se manter o equilíbrio financeiro e atuarial é
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a imprescindível que o regime mantenha um fundo
menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, previdenciário que capitalize as sobras de caixa atuais que
em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. garantirão o pagamento de benefícios futuros.

§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de


publicarão anualmente os valores do subsídio e da previdência de que trata este artigo serão aposentados,
remuneração dos cargos e empregos públicos. calculados os seus proventos a partir dos valores fixados
na forma dos §§ 3º e 17:
Aqui a norma constitucional não manda publicar os I - por invalidez permanente, sendo os proventos
valores percebidos, individualmente, pelos ocupantes dos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se
cargos e empregos públicos, mas apenas o valor da decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional
remuneração correspondente aos cargos e empregos públicos, ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
pela evidente razão de que o montante da despesa assim II - compulsoriamente, com proventos proporcionais
gerada é que interessa considerar quando se analisa o peso ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade,
que a remuneração dos servidores públicos em geral tem no ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei
orçamento dos entes federativos, e que não pode ultrapassar complementar; (Redação dada pela Emenda
os limites fixados pela Lei de Responsabilidade Fiscal; Constitucional nº 88, de 2015)
eventuais desvios ou abusos personalizados sujeitam-se às
mais variadas instâncias de controle interno e externo, tais Com relação a aposentadoria por idade cabe ainda
como Tribunais de Contas e Ministério Público. destacar recente alteração no texto Constitucional pela
Emenda nº 88/2015, onde os servidores titulares de
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
Municípios disciplinará a aplicação de recursos dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, serão
orçamentários provenientes da economia com despesas aposentados compulsoriamente, com proventos
correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na
e produtividade, treinamento e desenvolvimento, forma de lei complementar (art.40, § 1°, II, da CF).
modernização, reaparelhamento e racionalização do A Lei Complementar nº 152/2015 foi instituída para
serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou regulamentar o novo dispositivo constitucional, vejamos:
prêmio de produtividade.
Art. 2º Serão aposentados compulsoriamente, com
Esses cursos são importantes para obter o envolvimento e proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos
o comprometimento de todos os agentes públicos com a 75 (setenta e cinco) anos de idade:
qualidade e produtividade, quaisquer que sejam os cargos, I - os servidores titulares de cargos efetivos da União,
funções ou empregos ocupados, minimizar os desperdícios e dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
os erros, inovar nas maneiras de atender as necessidades do incluídas suas autarquias e fundações;
cidadão, simplificar procedimentos, inclusive de gestão, e II - os membros do Poder Judiciário;
proceder às transformações essenciais à qualidade com III - os membros do Ministério Público;
produtividade. IV - os membros das Defensorias Públicas;
V - os membros dos Tribunais e dos Conselhos de
§ 8º A remuneração dos servidores públicos Contas.
organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do
§ 4º.
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo
Ou seja, por subsídio fixado em parcela única, vedado o mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço
acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
verba de representação ou outra espécie remuneratória, aposentadoria, observadas as seguintes condições:
obedecido, em qualquer caso, os tetos remuneratórios a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de
dispostos no art. 37, X da Constituição Federal. contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade
e trinta de contribuição, se mulher;
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sessenta anos de idade, se mulher, com proventos
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado proporcionais ao tempo de contribuição.
regime de previdência de caráter contributivo e solidário,
mediante contribuição do respectivo ente público, dos

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Em resumo: setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso


em atividade na data do óbito.
Aposentadoria Voluntária § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
Idade Contribuição conforme critérios estabelecidos em lei.

Proventos Homem 60 35
O valor real refere-se ao poder aquisitivo, em outros
integrais Mulher 55 30 temos, se no início do recebimento do benefício, o
Homem 65 - beneficiário conseguia suprir suas necessidades com
Proventos alimentação, saúde, lazer, educação, etc. Após alguns anos,
proporcionais Mulher 60 - o mesmo benefício deveria, em tese, propiciar o mesmo
poder aquisitivo.
Obs.: tempo mínimo de 10 (dez) anos de efetivo exercício
e 5 (cinco) no cargo efetivo.
§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou
municipal será contado para efeito de aposentadoria e o
§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por
tempo de serviço correspondente para efeito de
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a
disponibilidade.
remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência
contagem de tempo de contribuição fictício.
para a concessão da pensão.
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria,
total dos proventos de inatividade, inclusive quando
por ocasião da sua concessão, serão consideradas as
decorrentes da acumulação de cargos ou empregos
remunerações utilizadas como base para as contribuições
públicos, bem como de outras atividades sujeitas a
do servidor aos regimes de previdência de que tratam este
contribuição para o regime geral de previdência social, e
artigo e o art. 201, na forma da lei.
ao montante resultante da adição de proventos de
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios
inatividade com remuneração de cargo acumulável na
diferenciados para a concessão de aposentadoria aos
forma desta Constituição, cargo em comissão declarado
abrangidos pelo regime de que trata este artigo,
em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
ressalvados, nos termos definidos em leis
§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de
complementares, os casos de servidores:
previdência dos servidores públicos titulares de cargo
I- portadores de deficiência;
efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios
II- que exerçam atividades de risco;
fixados para o regime geral de previdência social.
III- cujas atividades sejam exercidas sob condições
§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
em comissão declarado em lei de livre nomeação e
§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de
exoneração bem como de outro cargo temporário ou de
contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação
emprego público, aplica-se o regime geral de previdência
ao disposto no § 1º, III, "a", para o professor que comprove
social.
exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de
§ 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os
magistério na educação infantil e no ensino fundamental
Municípios, desde que instituam regime de previdência
e médio.
complementar para os seus respectivos servidores
titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das
A redução só é permitida nos casos em que o tempo de
aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo
contribuição é exclusivamente no magistério. Ou seja, não é
regime de que trata este artigo, o limite máximo
possível somar o tempo de magistério com o tempo em outra
estabelecido para os benefícios do regime geral de
atividade e ainda reduzir 5 (cinco) anos. A soma é possível, no
previdência social de que trata o art. 201
entanto, sem a redução de 5 (cinco) anos.
§ 15. O regime de previdência complementar de que
trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do
§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos
respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art.
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada
202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio de
a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do
entidades fechadas de previdência complementar, de
regime de previdência previsto neste artigo.
natureza pública, que oferecerão aos respectivos
participantes planos de benefícios somente na
Os cargos acumuláveis são: Dois de professor; um de modalidade de contribuição definida.
professor com outro técnico ou científico; dois cargos ou § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção,
empregos privativos de profissionais de saúde, com o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
profissões regulamentadas. que tiver ingressado no serviço público até a data da
publicação do ato de instituição do correspondente
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de regime de previdência complementar.
pensão por morte, que será igual § 17. Todos os valores de remuneração considerados
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão
falecido, até o limite máximo estabelecido para os devidamente atualizados, na forma da lei.
benefícios do regime geral de previdência social de que § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de
trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que
excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito; trata este artigo que superem o limite máximo
ou estabelecido para os benefícios do regime geral de
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor previdência social de que trata o art. 201, com percentual
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite igual ao estabelecido para os servidores titulares de
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral cargos efetivos.
de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha
completado as exigências para aposentadoria voluntária
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estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
atividade fará jus a um abono de permanência obrigatória a avaliação especial de desempenho por
equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária comissão instituída para essa finalidade.
até completar as exigências para aposentadoria
compulsória contidas no § 1º, II. A Avaliação de Desempenho é uma importante ferramenta
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime de Gestão de Pessoas que corresponde a uma análise
próprio de previdência social para os servidores titulares sistemática do desempenho do profissional em função das
de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do atividades que realiza, das metas estabelecidas, dos resultados
respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o alcançados e do seu potencial de desenvolvimento.
disposto no art. 142, § 3º, X.
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo Militares dos estados, do Distrito Federal e dos
incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de territórios.
aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral Estamos diante aqui de uma classe de servidor público
de previdência social de que trata o art. 201 desta especial denominada militares dos Estados, do Distrito
Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for Federal e dos Territórios, como bem assevera o artigo 42 da
portador de doença incapacitante. CF, inclusive ao designar-lhes lugar separado em seção III,
tratando-os como "Dos Militares dos Estados, Distrito Federal
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício e Territórios".
os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo Deste modo, aos militares a própria Constituição impôs
em virtude de concurso público. regime especial e diferenciado do servidor civil. Os direitos e
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: deveres dos militares e dos civis não se misturam a não ser por
I - em virtude de sentença judicial transitada em expressa determinação constitucional. Não pode o legislador
julgado; infraconstitucional cercear direitos ou impor deveres que a
II - mediante processo administrativo em que lhe seja Constituição Federal não trouxe de forma taxativa, tampouco
assegurada ampla defesa; não se pode inserir deveres dos servidores civis aos militares
III - mediante procedimento de avaliação periódica de de forma reflexa.
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
ampla defesa. Seção III
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO
Referido instituto corresponde à proteção ao FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
ocupante do cargo, garantindo, não de forma absoluta, a
permanência no Serviço Público, o que permite a execução Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de
regular de suas atividades, visando exclusivamente o Bombeiros Militares, instituições organizadas com base
alcance do interesse coletivo. na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art.
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor
origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as
cargo ou posto em disponibilidade com remuneração patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos
proporcional ao tempo de serviço. governadores.
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do
Reintegração é o instituto jurídico que ocorre quando o Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for
servidor retorna a seu cargo após ter sido reconhecida a fixado em lei específica do respectivo ente estatal.
ilegalidade de sua demissão.

§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua Súmula vinculante 39-STF: Compete privativamente à


desnecessidade, o servidor estável ficará em União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias
disponibilidade, com remuneração proporcional ao civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito
tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em Federal.
outro cargo.
Regiões
A disponibilidade é um instituto que permite ao servidor
estável, que teve o seu cargo extinto ou declarado O art. 43 da Constituição dispõe que, para efeitos
desnecessário, permanecer sem trabalhar, com remuneração administrativos, a União poderá articular sua ação em um
proporcional ao tempo de serviço, à espera de um eventual mesmo complexo geoeconômico e social, visando a seu
aproveitamento. desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais. E
Desde já, cumpre-nos ressaltar: o servidor estável que teve ainda, o mesmo dispositivo prevê que caberá à lei
seu cargo extinto ou declarado desnecessário não será nem complementar dispor sobre as condições para integração de
exonerado, nem, muito menos, demitido. Será ele posto em regiões em desenvolvimento e a composição dos organismos
disponibilidade! regionais que executarão, na forma da lei (ordinária), os
Segundo a doutrina majoritária, o instituto da planos regionais, integrantes dos planos nacionais de
disponibilidade não protege o servidor não estável quanto a desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente
uma possível extinção de seu cargo ou declaração de com estes.
desnecessidade. Caso o servidor não tenha, ainda, adquirido
estabilidade, será ele exonerado ex officio.

Legislação Específica 39
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APOSTILAS OPÇÃO

Seção IV novos concursados para assumir cargo ou emprego, na


DAS REGIÕES carreira.
(E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente por
Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos
e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei,
desigualdades regionais. destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
§ 1º - Lei complementar disporá sobre: assessoramento.
I - as condições para integração de regiões em
desenvolvimento; 03. (PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto -
II - a composição dos organismos regionais que CESPE/2016) No que se refere à administração pública,
executarão, na forma da lei, os planos regionais, assinale a opção correta.
integrantes dos planos nacionais de desenvolvimento (A) É vedada a acumulação não remunerada de cargos,
econômico e social, aprovados juntamente com estes. empregos e funções públicos na administração direta, nas
§ 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
outros, na forma da lei: economia mista e sociedades controladas, direta ou
I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de indiretamente, pelo poder público.
custos e preços de responsabilidade do Poder Público; (B) As obras, os serviços, as compras e as alienações serão
II - juros favorecidos para financiamento de atividades contratados mediante processo de licitação pública que
prioritárias; assegure igualdade de condições a todos os concorrentes,
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de permitindo-se exigências de qualificação técnica e econômica
tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações, nos
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e termos da lei.
social dos rios e das massas de água represadas ou (C) Agente público que cometer ato de improbidade
represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas administrativa estará sujeito à cassação de direitos políticos, à
periódicas. perda da função pública, à indisponibilidade dos bens e ao
§ 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
incentivará a recuperação de terras áridas e cooperará sem prejuízo da ação penal cabível.
com os pequenos e médios proprietários rurais para o (D) A remuneração dos servidores públicos organizados
estabelecimento, em suas glebas, de fontes de água e de em carreira não pode ser fixada exclusivamente por subsídio
pequena irrigação. constituído de parcela única.
(E) Os cargos em comissão, que devem ser ocupados
Questões exclusivamente por servidores de carreira, destinam-se
apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
01. (CREA/SP - Analista Advogado - NR/2017) A
administração pública, a teor do que dispõe o art. 37 da 04. (EBSERH - Advogado - IBFC/2017) Assinale a
Constituição Federal, deve atender aos seguintes princípios alternativa correta com base nas previsões da Constituição
nele contidos: Federal sobre a Administração Pública.
(A) Legalidade, impessoalidade, moralidade, celeridade, (A) Os vencimentos dos cargos do Poder Executivo e do
eficiência. Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
(B) Legalidade, pessoalidade, moralidade, publicidade e Poder Legislativo
eficiência. (B) São garantidas a vinculação e a equiparação de
(C) Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
eficiência. remuneração de pessoal do serviço público
(D) Legalidade, impessoalidade, contraditório, publicidade (C) Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor
e eficiência. público não serão computados nem acumulados para fins de
(E) Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e concessão de acréscimos ulteriores
isonomia. (D) É vedado ao servidor público civil o direito qualquer
associação sindical
02. (CRQ - 19ª Região (PB) - Assistente Administrativo (E) A lei reservará percentual dos cargos e empregos
- EDUCA/2017) De acordo com a Constituição Federal, em seu públicos para as pessoas portadoras de deficiência, mas não
art.37, a administração pública direta e indireta de qualquer poderá definir critérios de sua admissão.
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 05. (TRE/PE - Técnico Judiciário - Área Administrativa
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, - CESPE/2017) Assinale a opção correta acerca dos
também, ao seguinte, EXCETO: vencimentos e das remunerações dos servidores públicos.
(A) Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis (A) Os acréscimos pecuniários recebidos por servidor
aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em público tornam-se vinculativos para o futuro.
lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. (B) De regra, é permitida a acumulação remunerada de
(B) A investidura em cargo ou emprego público depende cargos públicos, ressalvadas as exceções constitucionais.
de aprovação prévia em concurso público de provas ou de (C) É possível a concessão de equiparação de remuneração
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade de servidores públicos.
do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as (D) Os vencimentos dos cargos do Poder Judiciário
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo.
nomeação e exoneração. (E) Como regra, o subsídio e os vencimentos dos ocupantes
(C) O prazo de validade do concurso público será de até de cargos e empregos públicos são irredutíveis.
três anos, prorrogável uma vez, por igual período.
(D) Durante o prazo improrrogável previsto no edital de
convocação, aquele aprovado em concurso público de provas
ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre

Legislação Específica 40
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APOSTILAS OPÇÃO

Respostas Assim, dispõe a Constituição Federal brasileira sobre a


teoria da separação dos poderes na forma tripartida, ou seja,
01. Resposta: “C” os poderes são separados em três: Executivo, Legislativo e
02. Resposta: “C” Judiciário. Vejamos:
03. Resposta: “B”
04. Resposta: “C” Art. 2º São Poderes da União, independentes e
05. Resposta: “E” harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.

Da organização dos Dentro dessa divisão cada poder possui funções típicas e
poderes; atípicas.
As funções típicas são aquelas predominantes em um
dado poder, ou seja, são as funções inerentes à natureza de
O Estado é uma nação politicamente organizada, conceito determinado órgão. Ex.: a função típica do Poder Legislativo é
sintético que demandaria desdobramentos esclarecedores, legislar.
pelo menos quanto aos chamados elementos constitutivos do As funções atípicas, por sua vez, são aquelas que tem
Estado - povo, território e governo — e, principalmente, sobre natureza de outro poder. Tendo sido usado o Poder Legislativo
o modo como, em seu interior, se exerce a violência física como exemplo, tem-se que suas funções atípicas são as
legítima, cujo monopólio Max Weber considera necessário à executivas e as jurisdicionais, atividades próprias dos poderes
própria existência do Estado Moderno. Executivo e Judiciário respectivamente.
O tema da separação de poderes tem sido objeto de Ex.: A Constituição Federal conferiu competência para o
considerações ao longo da história por grandes pensadores e Senado julgar o Presidente da República nos crimes de
jurisconsultos, dentre os quais podemos citar: Platão, responsabilidade. O Senado é órgão do Poder Legislativo e, por
Aristóteles, Locke, Montesquieu, entre outros, que culminaram meio dessa competência constitucional está realizando a
no modelo tripartite conhecido atualmente, inclusive como função jurisdicional.
princípio constitucional no ordenamento jurídico brasileiro Não há que se falar em ferimento à independência e
(artigo 2º), também utilizado na maioria das organizações de harmonia dos poderes por meio das funções atípicas, haja vista
governo das democracias ocidentais. O modelo tripartite atual que elas são criadas justamente para assegurá-las. Caso assim
consiste em atribuir a três órgãos independentes e harmônicos não fosse um poder ficaria dependente do outro. Imagine que
entre si as funções Legislativa, Executiva e Judiciária. o Poder Judiciário para abrir concurso público, precisasse que
A separação dos poderes é atribuída ao filósofo grego o Poder Legislativo redigisse o edital. Como se sabe o edital é
Aristóteles que, em sua obra “Política” defendeu que o lei e a função legislativa é típica do Poder Legislativo. Se não
Soberano exercia três diferentes funções, quais sejam: a de fosse o fato de os poderes possuírem as funções atípicas um
editar normas gerais que devem ser obedecidas por todos, a de ficaria dependente do outro para realizar suas próprias
aplicar essas normas aos casos concretos e a de julgar. funções e, nesse caso haveria afronta ao disposto no art. 2º da
Destaque-se que, embora distinga as funções, o filósofo não Constituição.
as separava, haja vista o fato de todas serem exercidas por uma Alguns doutrinadores criticam a expressão “tripartição de
única pessoa – Soberano – logo, há a concentração do poder. poderes” haja vista o poder não ser dividido, posto que esse é
Montesquieu por meio de sua obra “O Espírito das Leis” uno, indivisível e indelegável. Para eles o que se divide são as
aprimorou a divisão feita por Aristóteles ao defender que as funções que cada poder exerce por meio de seus órgãos.
três funções deveriam ser exercidas por órgãos distintos, ou Vigora entre os três poderes o princípio da
seja, ele pregava a desconcentração do poder. Afirmava ainda indelegabilidade das atribuições, ou seja, os poderes não
que esses órgãos deveriam ser dotados de autonomia e podem delegar suas funções para outro ou outros. Contudo, é
independência. possível que um órgão exerça atribuições de outro quando
Deve-se também lembrar o importante papel da Revolução houver previsão expressa na Constituição Federal.
Gloriosa, na Inglaterra que originou o Bill of Rights, documento
inspirado nas ideias de John Locke que separou e limitou os PODER LEGISLATIVO
poderes do rei e do parlamento, conferindo ainda
independência aos juízes. O Poder Legislativo, segundo o art. 44 da Constituição
A principal função da separação dos poderes é também Federal de 1988, é exercido pelo Congresso Nacional, que se
limitá-los de forma que não haja concentração nas mãos de compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. É o
uma só pessoa. Uma vez separados, minimiza-se os abusos e Poder que mais se sobressai na estrutura de Poderes, já que é
garante-se os direitos fundamentais do homem, a ele que compete inovar o Direito, além de ser onde o povo,
principalmente os que reportam à liberdade, por isso mesmo, teoricamente, manifesta indiretamente a sua vontade.
esse sistema é também chamado de sistema de freios e O Poder Legislativo federal tem estrutura bicameral. O
contrapesos. bicameralismo é uma característica da federação, pois é
Dalmo de Abreu Dallari explica que pelo sistema de freios necessária a instalação de um órgão representativo dos
e contrapesos, o Poder Legislativo somente edita atos gerais, Estados. Apesar de ser uma característica da federação, nem
ou seja, regras gerais e abstratas que, quando são formuladas sempre é o reflexo de um federalismo. Ex.: Inglaterra (Estado
não se sabe quem irão atingir, logo, o Legislativo não atua Unitário) – câmara dos lordes e câmara dos comuns.
concretamente na vida social, o que o impede de cometer Deve ser lembrado que é da tradição constitucional
qualquer ato de abuso de poder. Uma vez que a norma geral é brasileira a organização do Poder Legislativo em dois ramos,
emitida, o Poder Executivo executa os chamados atos sistema denominado bicameralismo, que vem desde o
especiais, ou seja, aplica as normas abstratas aos casos Império, salvo as limitações contidas nas Constituições de
concretos, porém, embora possua meios concretos para agir, 1934 e 1937, que tenderam para o unicameralismo, sistema
esse poder está impossibilitado de agir discricionariamente, segundo o qual o Poder Legislativo é exercido por uma única
uma vez que fica limitado pelos atos gerais emitidos pelo câmara. Tem-se o bicameralismo como um sistema mais
Poder Legislativo. propício ao conservadorismo, enquanto o unicameralismo
Havendo qualquer abuso ou tentativa de abuso, o Poder favoreceria os avanços democráticos, na medida em que
Judiciário se manifesta no sentido de fiscalizar e punir.

Legislação Específica 41
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APOSTILAS OPÇÃO

canaliza e exprime melhor os anseios da soberania popular por V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e
transformações. bens do domínio da União;
O Poder Legislativo, porém, de modo não típico, também VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas
exerce funções de administrar (ao prover cargos da sua de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias
estrutura ou atuar o poder de polícia, p. ex.) e de julgar (o Legislativas;
Senado processa e julga, por crimes de responsabilidade, o VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;
Presidente da República e o Vice-Presidente da República, bem VIII - concessão de anistia;
como os Ministros de Estado e os Comandantes das três Forças IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério
Armadas, nos crimes de mesma natureza conexos com os Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e
praticados pelo Chefe do Executivo; também processa e julga, organização judiciária e do Ministério Público do Distrito
por crimes de responsabilidade, os Ministros do Supremo Federal;
Tribunal Federal, os membros dos Conselhos Nacionais da X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e
Justiça e do Ministério Público, o Procurador-Geral da funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b;
República e o Advogado-Geral da União). XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da
administração pública;
Texto constitucional pertinente ao tema: XII - telecomunicações e radiodifusão;
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições
CAPÍTULO I financeiras e suas operações;
DO PODER LEGISLATIVO XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida
SEÇÃO I mobiliária federal.
DO CONGRESSO NACIONAL XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153,
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso III; e 153, § 2º, I.
Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal. Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos
anos. internacionais que acarretem encargos ou compromissos
gravosos ao patrimônio nacional;
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a
representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo
cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. território nacional ou nele permaneçam temporariamente,
§ 1º - O número total de Deputados, bem como a ressalvados os casos previstos em lei complementar;
representação por Estado e pelo Distrito Federal, será III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República
estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze
população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano dias;
anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal,
Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas
(Vide Lei Complementar nº 78, de 1993) medidas;
§ 2º - Cada Território elegerá quatro Deputados. V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos legislativa;
Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio VI - mudar temporariamente sua sede;
majoritário. VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os
§ 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150,
Senadores, com mandato de oito anos. II, 153, III, e 153, § 2º, I;
§ 2º - A representação de cada Estado e do Distrito Federal VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da
será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem
um e dois terços. os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
§ 3º - Cada Senador será eleito com dois suplentes. IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente
da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as planos de governo;
deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de
por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da
membros. administração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa
SEÇÃO II em face da atribuição normativa dos outros Poderes;
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão
de emissoras de rádio e televisão;
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de
Presidente da República, não exigida esta para o especificado Contas da União;
nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a
competência da União, especialmente sobre: atividades nucleares;
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o
anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de
forçado; riquezas minerais;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos
desenvolvimento; hectares.

Legislação Específica 42
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Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou VII - dispor sobre limites globais e condições para as
qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do
Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais
subordinados à Presidência da República para prestarem, entidades controladas pelo Poder Público federal;
pessoalmente, informações sobre assunto previamente VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de
determinado, importando crime de responsabilidade a ausência garantia da União em operações de crédito externo e interno;
sem justificação adequada. IX - estabelecer limites globais e condições para o montante
§ 1º - Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos
Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Municípios;
Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei
Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de seu declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo
Ministério. Tribunal Federal;
§ 2º - As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a
Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes
Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no do término de seu mandato;
caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade a XII - elaborar seu regimento interno;
recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia,
como a prestação de informações falsas. criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e
funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da
SEÇÃO III respectiva remuneração, observados os parâmetros
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: do art. 89, VII.
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema
de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o
e os Ministros de Estado; desempenho das administrações tributárias da União, dos
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.
quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II,
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal,
III - elaborar seu regimento interno; limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com
criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública,
funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.
respectiva remuneração, observados os parâmetros
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; SEÇÃO V
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES
art. 89, VII.
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e
SEÇÃO IV penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
DO SENADO FEDERAL § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do
diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: Tribunal Federal.
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do
República nos crimes de responsabilidade, bem como os Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos
e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo
aqueles; voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por
Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal
Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido
República e o Advogado-Geral da União nos crimes de político nela representado e pelo voto da maioria de seus
responsabilidade; membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da
III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição ação.
pública, a escolha de: § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo seu recebimento pela Mesa Diretora.
Presidente da República; § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto
c) Governador de Território; durar o mandato.
d) Presidente e diretores do banco central; § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a
e) Procurador-Geral da República; testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição confiaram ou deles receberam informações.
em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e
caráter permanente; Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra,
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de dependerá de prévia licença da Casa respectiva.
interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão
Territórios e dos Municípios; durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos
globais para o montante da dívida consolidada da União, dos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; sejam incompatíveis com a execução da medida.

Legislação Específica 43
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Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: Das reuniões


I - desde a expedição do diploma:
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito Nos termos do artigo 57 da Constituição Federal, o período
público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia em que os parlamentares deliberam e aprovam as normas
mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo legais que vão reger a República Federativa do Brasil é o
quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; compreendido entre 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1 de
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, agosto a 22 de dezembro. Durante o resto do ano os deputados
inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades e senadores estão de férias.
constantes da alínea anterior; Contudo, por causa da relevância dos cargos que ocupam,
II - desde a posse: as férias, ou seja, os recessos dos parlamentares podem ser
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa interrompidos. São as hipóteses de convocação extraordinária
que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de do Congresso Nacional.
direito público, ou nela exercer função remunerada; A convocação extraordinária é uma situação excepcional
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad (que foge à normalidade), em que as deliberações das Casas
nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a"; Legislativas ocorrem durante os recessos legislativos.
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das
entidades a que se refere o inciso I, "a"; SEÇÃO VI
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público DAS REUNIÕES
eletivo.
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no a 22 de dezembro.
artigo anterior; § 1º - As reuniões marcadas para essas datas serão
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o transferidas para o primeiro dia útil subsequente, quando
decoro parlamentar; recaírem em sábados, domingos ou feriados.
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à § 2º - A sessão legislativa não será interrompida sem a
terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
licença ou missão por esta autorizada; § 3º - Além de outros casos previstos nesta Constituição, a
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos sessão conjunta para:
nesta Constituição; I - inaugurar a sessão legislativa;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada II - elaborar o regimento comum e regular a criação de
em julgado. serviços comuns às duas Casas;
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-
casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas Presidente da República;
asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
de vantagens indevidas. § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da
decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, legislatura, para a posse de seus membros e eleição das
por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a
ou de partido político representado no Congresso Nacional, recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente
assegurada ampla defesa. (Redação dada pela Emenda subsequente.
Constitucional nº 76, de 2013) § 5º - A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão
declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos
provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. § 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que far-se-á:
vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação
terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de
tratam os §§ 2º e 3º. autorização para a decretação de estado de sítio e para o
compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente-
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: Presidente da República;
I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da
Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento
Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de
diplomática temporária; urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma
para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde das Casas do Congresso Nacional.
que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias § 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso
por sessão legislativa. Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi
§ 1º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o
investidura em funções previstas neste artigo ou de licença pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação.
superior a cento e vinte dias. § 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de
§ 2º - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas
eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para automaticamente incluídas na pauta da convocação.
o término do mandato.
§ 3º - Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá
optar pela remuneração do mandato.

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APOSTILAS OPÇÃO

Das comissões encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a


responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
José Afonso da Silva define as comissões parlamentares § 4º - Durante o recesso, haverá uma Comissão
como "organismos constituídos em cada Câmara, composto de representativa do Congresso Nacional, eleita por suas
número geralmente restrito de membros, encarregados de Casas na última sessão ordinária do período legislativo,
estudar e examinar as proposições legislativas e apresentar com atribuições definidas no regimento comum, cuja
pareceres". composição reproduzirá, quanto possível, a
De acordo com o art. 58, as comissões podem ser proporcionalidade da representação partidária.
permanentes ou temporárias e serão constituídas na forma e
com as atribuições previstas no Regimento Interno do Processo Legislativo
Congresso Nacional e de cada Casa, já que existirão comissões
do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e do Senado O processo legislativo compreende o conjunto de atos
Federal. observados na proposta e na elaboração de emendas à
Estabelece o art. 58, §1º, que na constituição das Mesas e Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis
de cada Comissão é assegurada, tanto quanto possível, a delegadas, decretos legislativos, resoluções e medidas
representação proporcional dos partidos ou dos blocos provisórias. A Lei Complementar n. 95/98, que regulamenta o
parlamentares que participam da respectiva Casa. parágrafo único do art. 59 da Constituição Federal, dispõe
sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.
SEÇÃO VII É a denominada “lei das leis”.
DAS COMISSÕES Existem três espécies de procedimentos legislativo, três
modos diferentes para a elaboração de atos legislativos:
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões
permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as a) Ordinário ou Comum: Destinados à elaboração de leis
atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que ordinárias.
resultar sua criação. b) Sumário: Destinado à elaboração de leis ordinárias em
§ 1º - Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é regime de urgência.
assegurada, tanto quanto possível, a representação c) Especial: Destinados à elaboração e outras normas,
proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que como emendas à Constituição, leis complementares, leis
participam da respectiva Casa. delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos,
§ 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, resoluções e leis financeiras (lei do plano plurianual, lei de
cabe: diretrizes orçamentárias, lei de orçamento anual e de abertura
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do de créditos adicionais).
regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso O processo legislativo ordinário é utilizado para a
de um décimo dos membros da Casa; elaboração de leis ordinárias, ato legislativo típico. Esse
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade processo compreende o seguinte conjunto de atos: iniciativa
civil; (legitimidade para apresentação de proposições legislativas);
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações emendas (proposições apresentadas por parlamentares
sobre assuntos inerentes a suas atribuições; visando alterações no projeto de lei); votação ou deliberação
IV - receber petições, reclamações, representações ou (envolve três etapas distintas: discussão; votação; e aprovação
queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das ou rejeição); sanção (é a aquiescência do Presidente da
autoridades ou entidades públicas; República ao projeto de lei elaborado pelo Congresso Nacional
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; e encaminhado para sua aprovação) ou veto (é a discordância
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, do Presidente da República com o projeto de lei aprovado pelo
regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir Legislativo e encaminhado para sua apreciação);
parecer. promulgação (é o ato pelo qual se atesta a existência de uma
lei; esta já existe antes de ser promulgada, mas seus efeitos
Comissões parlamentares de inquérito dependem de posterior promulgação e publicação); e
publicação (é a comunicação feita a todos, pelo Diário Oficial,
As Comissões Parlamentares de Inquérito têm um papel de da existência de uma nova lei, assim como de seu conteúdo).
grande importância no que tange à fiscalização de atividades A Constituição Federal prevê procedimentos especiais
de interesse público. Essas Comissões foram adotadas na para a elaboração de emendas constitucionais, leis
Câmara dos Deputados, a partir da Constituição de 1934, com complementares, leis delegadas, medidas provisórias, leis
a aplicação subsidiária do Processo Penal Comum. financeiras (seguem o procedimento previsto no art. 166 e
Posteriormente, também foi instituída no Senado Federal. O seus parágrafos da Constituição Federal), decretos legislativos
objetivo das CPIs é investigar fatos determinados, diante do e resoluções.
que se afigura inviável a criação de CPI para investigar a
prática de delitos, em substituição à investigação policial, ou Texto Constitucional sobre o assunto:
para processar e julgar agentes de crimes.26
Seção VIII
§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que DO PROCESSO LEGISLATIVO
terão poderes de investigação próprios das autoridades Subseção I
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das Disposição Geral
respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
separadamente, mediante requerimento de um terço de I - emendas à Constituição;
seus membros, para a apuração de fato determinado e por II - leis complementares;
prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, III - leis ordinárias;

26 Comissões parlamentares de inquérito no direito brasileiro. José de de Documentação e Informação Coordenação de Biblioteca
Ribamar Barreiros Soares. Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados Centro http://bd.camara.gov.br

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IV - leis delegadas; distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três
V - medidas provisórias; décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções. Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei,
elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre
SUBSEÇÃO II matéria:
DA EMENDA À CONSTITUIÇÃO I - relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante políticos e direito eleitoral;
proposta: b) direito penal, processual penal e processual civil;
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a
Deputados ou do Senado Federal; carreira e a garantia de seus membros;
II - do Presidente da República; d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela art. 167, § 3º;
maioria relativa de seus membros. II - que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência popular ou qualquer outro ativo financeiro;
de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. III - reservada a lei complementar;
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo
Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente
se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos da República
membros. § 2º Medida provisória que implique instituição ou
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV,
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte
número de ordem. se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda foi editada.
tendente a abolir: § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11
I - a forma federativa de Estado; e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do §
III - a separação dos Poderes; 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional
IV - os direitos e garantias individuais. disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada decorrentes.
ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação
na mesma sessão legislativa. da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de
recesso do Congresso Nacional.
SUBSEÇÃO III § 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso
DAS LEIS Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de
juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias constitucionais.
cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos § 6º Se a medida provisória não for apreciada em até
Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em
Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas
Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a
cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em
§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República que estiver tramitando.
as leis que: § 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias,
II - disponham sobre: contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na nas duas Casas do Congresso Nacional.
administração direta e autárquica ou aumento de sua § 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na
remuneração; Câmara dos Deputados.
b) organização administrativa e judiciária, matéria § 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores
tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer,
administração dos Territórios; antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime cada uma das Casas do Congresso Nacional.
jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de
d) organização do Ministério Público e da Defensoria medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha
Pública da União, bem como normas gerais para a organização perdido sua eficácia por decurso de prazo.
do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º
Distrito Federal e dos Territórios; até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de
administração pública, observado o disposto no art. 84, VI atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, regidas.
provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, § 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto
reforma e transferência para a reserva original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente
§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional,

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Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista: Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria
I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º; I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público,
II - nos projetos sobre organização dos serviços a carreira e a garantia de seus membros;
administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e
dos Tribunais Federais e do Ministério Público. eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa orçamentos.
do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos § 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma
Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados. de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu
§ 1º - O Presidente da República poderá solicitar urgência conteúdo e os termos de seu exercício.
para apreciação de projetos de sua iniciativa. § 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada
Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual qualquer emenda.
sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão
todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria
com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, absoluta.
até que se ultime a votação.
§ 3º - A apreciação das emendas do Senado Federal pela Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária
Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado
quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior. Conforme bem leciona Antonio Henrique Lindemberg27,
§ 4º - Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso a função fiscalizadora teve origem no estado de direito
do Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código. implantado com a Revolução Francesa, com atribuição ao
Poder Legislativo, ao qual cabe a criação das leis, sendo
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto consequência lógica a fiscalização do Poder Executivo, a quem
pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à cabe a execução da administração.
sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou Desse modo, ao Poder Legislativo cabe o denominado
arquivado, se o rejeitar. controle externo na área contábil, financeira, orçamentária,
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa operacional (verificação da eficiência na aplicação dos
iniciadora. recursos) e patrimonial dos outros Poderes.
A atual Administração, baseada nas modernas técnicas de
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação gestão empresarial, também adota o sistema de autocontrole,
enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, ou seja, o controle interno de que é titular cada um dos
aquiescendo, o sancionará. Poderes, conforme art. 70 da atual Lei Fundamental.
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no
todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse O sistema de controle interno:
público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias A Constituição Federal estabelece, no artigo 74, que os
úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma
quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os integrada, sistema de controle interno. Este controle é
motivos do veto. exercido pelos superiores em relação aos subordinados que
§ 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de sejam responsáveis pela execução dos programas
artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. orçamentários e pela aplicação do dinheiro público; trata-se de
§ 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do controle de natureza administrativa.
Presidente da República importará sanção. As finalidades do controle interno estão estabelecidas no
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de artigo 74 da Constituição Federal, merecendo destaque que
trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado uma de suas funções é apoiar o controle externo no exercício
pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores. de sua missão institucional, razão pela qual os responsáveis
§ 5º - Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer
promulgação, ao Presidente da República. irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária
o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, (consiste na possibilidade de se exigir o total da dívida de
sobrestadas as demais proposições, até sua votação final. apenas um, uma pessoa acaba respondendo pelos atos de
§ 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito outra em igual intensidade, como se os tivesse praticado –
horas pelo Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o CF/88, art. 70,§ 1 º).
Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em
igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo. O sistema de controle externo:
O controle externo, como dito acima, é função atribuída ao
Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado Poder Legislativo, nos respectivos âmbitos federais, estaduais
somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma e municipais com o auxílio dos respectivos Tribunais de
sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos Contas, com destaque para o artigo 31 da Constituição Federal,
membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional. segundo o qual o controle externo dos municípios será
exercido pela Câmara dos Vereadores como auxílio dos
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos
da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde
Nacional. houver, sendo atualmente vedada a criação de Tribunais,
§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.
exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da

27 Adaptado de :
https://www.editoraferreira.com.br/Medias/1/Media/Professores/ToqueDe
Mestre/AntonioLindemberg/lindemberg_toq15.pdf

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A fiscalização exercida pelo Legislativo atende ao VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de
postulado republicano, o qual exige que o povo, através de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei,
seus representantes, verifique e controle a Administração, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional
devendo se dar em relação aos aspectos contábeis (aplicação ao dano causado ao erário;
dos recursos públicos conforme as técnicas contábeis); IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as
orçamentários (aplicação dos recursos públicos conforme as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se
leis orçamentárias); financeiros (fluxo de recursos [entradas verificada ilegalidade;
e saídas] gerenciados pelo administrador) ; Operacionais X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado,
(verificação do cumprimento das metas resultados, eficácia e comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado
eficiência na aplicação dos recursos públicos); patrimoniais Federal;
(controle e conservação do patrimônio público). XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades
ou abusos apurados.
Texto Constitucional sobre o assunto: § 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado
diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de
Seção IX imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E § 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no
ORÇAMENTÁRIA prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no
parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, § 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de
operacional e patrimonial da União e das entidades da débito ou multa terão eficácia de título executivo.
administração direta e indireta, quanto à legalidade, § 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art.
cada Poder. 166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou que sob a forma de investimentos não programados ou de
jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste
pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma os esclarecimentos necessários.
obrigações de natureza pecuniária. § 1º - Não prestados os esclarecimentos, ou considerados
estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao dias.
qual compete: § 2º - Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável
da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso
em sessenta dias a contar de seu recebimento; Nacional sua sustação.
II - julgar as contas dos administradores e demais
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove
administração direta e indireta, incluídas as fundações e Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no
as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra que couber, as atribuições previstas no art. 96.
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; § 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta requisitos:
e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de
Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de idade;
provimento em comissão, bem como a das concessões de II - idoneidade moral e reputação ilibada;
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato e financeiros ou de administração pública;
concessório; IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de no inciso anterior.
inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, § 2º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas escolhidos:
unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em
supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade
direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; e merecimento;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados II - dois terços pelo Congresso Nacional.
pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros § 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as
instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e
Município; vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça,
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas
Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das constantes do art. 40.
respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, § 4º - O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as
orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no
auditorias e inspeções realizadas; exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de
Tribunal Regional Federal.

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Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário Texto constitucional pertinente ao tema:
manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com
a finalidade de: CAPÍTULO II
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano DO PODER EXECUTIVO
plurianual, a execução dos programas de governo e dos Seção I
orçamentos da União; DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à
eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da
patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de
direito privado; Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo
garantias, bem como dos direitos e haveres da União; de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro,
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do
institucional. mandato presidencial vigente.
§ 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem § 1º - A eleição do Presidente da República importará a do
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela Vice-Presidente com ele registrado.
darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de § 2º - Será considerado eleito Presidente o candidato que,
responsabilidade solidária. registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de
§ 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou votos, não computados os em branco e os nulos.
sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar § 3º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na
irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a
União. proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais
votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no dos votos válidos.
que couber, à organização, composição e fiscalização dos § 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte,
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á,
dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios. dentre os remanescentes, o de maior votação.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre § 5º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer,
os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação,
sete Conselheiros. qualificar-se-á o mais idoso.

PODER EXECUTIVO Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República


tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o
O Brasil adota o presidencialismo como sistema de compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição,
governo. A Constituição Federal traz como os poderes da observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro,
União, o Poder Executivo, o Legislativo, o Executivo e o sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.
Judiciário, independentes e harmônicos entre si (art. 2º da Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para
CF/88). a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força
A função do poder Executivo é administrar e implementar maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.
políticas públicas nas mais diversas áreas de atuação do
Estado, de acordo com as leis elaboradas pelo Poder Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e
Legislativo. É da atribuição do Poder Executivo o governo e a suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.
administração do Estado. Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de
O Poder Executivo é regulado pela Constituição Federal outras atribuições que lhe forem conferidas por lei
nos seus artigos 76 a 91. É exercido, no âmbito federal, desde complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele
1891, pelo Presidente da República, eleito por sufrágio convocado para missões especiais.
popular e direto, em eleição de dois turnos, e substituído em
seus impedimentos pelo Vice-Presidente. Colaboram com o Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-
chefe do executivo os Ministros de Estado, por ele nomeados. Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão
O Presidente acumula as funções de Chefe de Estado sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o
(representação externa e interna do Estado) e Chefe de Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o
Governo (liderança política e administrativa dos órgãos do do Supremo Tribunal Federal.
Estado). É eleito com mandato fixo, não dependendo de
maioria política no Congresso Nacional para investir-se no Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente
cargo ou nele permanecer. da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a
No plano estadual, o Poder Executivo é exercido pelo última vaga.
Governador, substituído em seus impedimentos pelo Vice- § 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período
Governador, e auxiliado pelos Secretários de Estado. presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta
Já no plano municipal, é exercido pelo Prefeito, substituído dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma
em seus impedimentos pelo Vice-Prefeito e auxiliado pelos da lei.
Secretários Municipais. A sede de cada município toma seu § 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o
nome e tem oficialmente a categoria de cidade. período de seus antecessores.

Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro


anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da
sua eleição.

Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não


poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do

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País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas
cargo. mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a
mobilização nacional;
Seção II XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
Das Atribuições do Presidente da República Congresso Nacional; (autorização ou referendo feito por decreto
legislativo)
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
República: XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção permaneçam temporariamente;
superior da administração federal; XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de
previstos nesta Constituição; orçamento previstos nesta Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; Sobre de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas
os decretos regulamentares, tem-se: referentes ao exercício anterior;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na
A diferença entre lei e regulamento, no Direito forma da lei; (Atribuição delegável somente quanto ao
brasileiro, não se limita à origem ou à supremacia daquela provimento).
sobre este. A distinção substancial reside no fato de que a lei XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos
pode inovar originariamente no ordenamento jurídico, termos do art. 62;
enquanto o regulamento não o altera, mas tão-somente fixa XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
as regras orgânicas e processuais destinadas a colocar em Constituição.
execução os princípios institucionais estabelecidos por lei, Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar
ou para desenvolver os preceitos constantes da lei, expressos as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira
ou implícitos, dentro da órbita por ele circunscrita, isto é, às parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da
diretrizes por ela determinada. República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os
limites traçados nas respectivas delegações.
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; Todas essas atribuições, ressalvadas as que ficaram
VI - dispor, mediante decreto, sobre: (trata-se, aqui, de consignadas, são indelegáveis. Além disso, elas não são
decreto autônomo, com força de lei. Atribuição delegável). exaustivas, apenas exemplificativas.
a) organização e funcionamento da administração federal, Todas as atribuições privativas são extensíveis, no que
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou couber, e por força do federalismo e do princípio da simetria,
extinção de órgãos públicos; aos demais Chefes dos Poderes Executivos de outros entes
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; federados.
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar
seus representantes diplomáticos; Seção III
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, Da Responsabilidade do Presidente da República
sujeitos a referendo do Congresso Nacional; (o referendo se dá
por decreto legislativo) Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; (o Estado da República que atentem contra a Constituição Federal e,
de sítio somente é decretado após autorização do Congresso especialmente, contra:
Nacional por Decreto Legislativo) I - a existência da União;
X - decretar e executar a intervenção federal; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário,
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades
Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo da Federação;
a situação do País e solicitando as providências que julgar III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
necessárias; IV - a segurança interna do País;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se V - a probidade na administração;
necessário, dos órgãos instituídos em lei; (Atribuição delegável). VI - a lei orçamentária;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei
Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.
os cargos que lhes são privativos;
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal,
da República, o presidente e os diretores do banco central e nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos
outros servidores, quando determinado em lei; (aprovação crimes de responsabilidade.
mediante resolução) § 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou
Tribunal de Contas da União; queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do
Constituição, e o Advogado-Geral da União; processo pelo Senado Federal.
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos § 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o
termos do art. 89, VII; julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do
Conselho de Defesa Nacional; processo.
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele,
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§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas VI - o Ministro da Justiça;


infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e
a prisão. cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela
não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos,
de suas funções. vedada a recondução.

Os Ministros de Estado Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se


sobre:
Os Ministros de Estado são auxiliares do Presidente da I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;
República na direção superior da Administração Federal. Os II - as questões relevantes para a estabilidade das
Ministros são de livre nomeação pelo Presidente da República, instituições democráticas.
podendo ser por ele exonerados a qualquer tempo, sendo § 1º O Presidente da República poderá convocar Ministro de
desnecessária a sabatina do Senado Federal, salvo para o Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar
presidente do BACEN, que é equiparado. da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério.
Poderão ser Ministros quaisquer brasileiros, natos ou § 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do
naturalizados, maior de 21 anos e no pleno exercício de seus Conselho da República.
direitos políticos; porém, somente poderá ser ministro da
defesa brasileiro nato. Do Conselho de Defesa Nacional

Seção IV O Conselho de Defesa Nacional também é órgão de


DOS MINISTROS DE ESTADO consulta do Presidente da República nos assuntos
relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre democrático. Sua regulamentação é prevista na Lei n°
brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos 8.183/1991. Conforme previsto na lei regulamentadora, a
políticos. participação, efetiva ou eventual, no Conselho de Defesa
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de Nacional, constitui serviço público relevante e seus membros
outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei: não poderão receber remuneração sob qualquer título ou
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos pretexto.
órgãos e entidades da administração federal na área de sua
competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Subseção II
Presidente da República; Do Conselho de Defesa Nacional
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e
regulamentos; Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual do Presidente da República nos assuntos relacionados com a
de sua gestão no Ministério; soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem participam como membros natos:
outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República. I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de III - o Presidente do Senado Federal;
Ministérios e órgãos da administração pública. IV - o Ministro da Justiça;
V - o Ministro de Estado da Defesa;
Conselho da República VI - o Ministro das Relações Exteriores;
VII - o Ministro do Planejamento.
O Conselho da República é órgão superior de consulta do VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Presidente da República, que atua de maneira opinativa, sendo Aeronáutica.
reunido mediante convocação e sob a presidência do § 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
Presidente da República. Tem sua organização e I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de
funcionamento estabelecidos pela Lei n° 8.041/1990. celebração da paz, nos termos desta Constituição;
Conforme previsão constitucional, pode o Presidente da II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado
República convocar Ministro de Estado para participar da de sítio e da intervenção federal;
reunião do Conselho, quando da pauta constar questão III - propor os critérios e condições de utilização de áreas
relacionada com o respectivo Ministério. A participação no indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre
Conselho da República é considerada atividade relevante e seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas
não remunerada. relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos
naturais de qualquer tipo;
Seção V IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de
DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a
DEFESA NACIONAL defesa do Estado democrático.
Subseção I § 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do
Do Conselho da República Conselho de Defesa Nacional.

Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de


consulta do Presidente da República, e dele participam: PODER JUDICIÁRIO
I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; O Poder Judiciário é um dos três poderes clássicos
III - o Presidente do Senado Federal; previstos pela doutrina e consagrado como poder autônomo e
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos independente de importância crescente no Estado de Direito,
Deputados;
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;

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pois, como afirma Sanches Viamonte28, sua função não I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz
consiste somente em administrar a Justiça, sendo mais, pois substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a
seu mister é ser o verdadeiro guardião da Constituição, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as
finalidade de preservar, basicamente, os princípios da fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos
legalidade e igualdade, sem os quais os demais tornar-se-iam de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem
vazios. Esta concepção resultou da consolidação de grandes de classificação;
princípios de organização política, incorporados pelas II - promoção de entrância para entrância, alternadamente,
necessidades jurídicas na solução de conflitos. por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes normas:
Assim, dentro do sistema de separação de Poderes a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes
compete ao Poder Judiciário a função jurisdicional do Estado, consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento;
ou seja, de distribuição de justiça, de resolver litígios, de b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de
aplicação da lei ao caso concreto, que lhe é posto, resultante de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira
um conflito de interesses. quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver
Contudo, o Judiciário, como os demais Poderes do Estado, com tais requisitos quem aceite o lugar vago;
possui outras funções, denominadas atípicas, de natureza c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos
administrativa e legislativa. critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da
Desta forma, o Poder Judiciário além de suas funções jurisdição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais
típicas de preservar pela Constituição Federal e exercer a ou reconhecidos de aperfeiçoamento;
jurisdição (Jurisdição significa a aplicação da lei ao caso d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá
concreto), exerce funções atípicas como organizar suas recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois
secretárias e serviços auxiliares (art. 96, I, b, da CF). terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e
À função jurisdicional atribui-se o papel de fazer valer o assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a
ordenamento jurídico no caso concreto, se necessário de indicação;
forma coativa, ainda que em substituição à vontade das partes. e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver
Atipicamente, por expressa delegação constitucional, os autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-
demais poderes exercem atividades jurisdicionais (a exemplo los ao cartório sem o devido despacho ou decisão;
do art. 52, inc. I, da CF, que atribui ao Senado a competência III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por
para julgar algumas autoridades por crime de antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na
responsabilidade). Competência é o limite da jurisdição. última ou única entrância;
O Brasil adota o sistema inglês ou sistema de unicidade de IV previsão de cursos oficiais de preparação,
jurisdição, no qual somente o Poder Judiciário tem jurisdição, aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo
somente ele pode dizer, em caráter definitivo, o direito etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a participação
aplicável aos casos concretos litigiosos submetidos à sua em curso oficial ou reconhecido por escola nacional de formação
apreciação. e aperfeiçoamento de magistrados;
Logo, não existe no Brasil a coisa julgada administrativa, V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores
tampouco a jurisdição administrativa. corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal
São características essenciais de um Poder Judiciário fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os
independente e imparcial as diversas prerrogativas da subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e
magistratura, como a vitaliciedade, inamovibilidade, dentre escalonados, em nível federal e estadual, conforme as
outros, expressos na Constituição Federal. respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não
podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez por
Texto constitucional pertinente ao tema: cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e
cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais
CAPÍTULO III Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37,
DO PODER JUDICIÁRIO XI, e 39, § 4º;
Seção I VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus
DISPOSIÇÕES GERAIS dependentes observarão o disposto no art. 40;
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: autorização do tribunal;
I - o Supremo Tribunal Federal; VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do
I-A o Conselho Nacional de Justiça; magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por
II - o Superior Tribunal de Justiça; voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa;
Emenda Constitucional nº 92, de 2016) VIII-A a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; comarca de igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; nas alíneas a, b, c e e do inciso II;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
VI - os Tribunais e Juízes Militares; públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados
Territórios. atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes,
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores informação;
têm jurisdição em todo o território nacional. X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas
e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo maioria absoluta de seus membros;
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco
observados os seguintes princípios: julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo

28 Temas de Direito Constitucional. São Paulo: Acadêmica, 1993. p. 36.

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de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício Judiciário como um todo, e outras garantias aos membros
das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da desse Poder (os magistrados).
competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas As garantias dos juízes são prerrogativas funcionais, e não
por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal privilégios pessoais, sendo, portanto, irrenunciáveis, segundo
pleno; o artigo 95 da CF/88:
XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado
férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
funcionando, nos dias em que não houver expediente forense I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida
normal, juízes em plantão permanente; após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse
XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver
proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada
população; em julgado;
XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público,
de administração e atos de mero expediente sem caráter na forma do art. 93, VIII;
decisório; III – irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos
XV a distribuição de processos será imediata, em todos os arts. 37, X e XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I.
graus de jurisdição.
a) Vitaliciedade: Em primeiro grau, é adquirida após dois
O quinto constitucional anos de exercício (em razão da emenda constitucional da
reforma do Poder Judiciário poderá subir para três anos, prazo
Segundo o art. 94 da CF/88, um quinto dos lugares dos já exigido para a aquisição da estabilidade daqueles servidores
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do nomeados para cargos efetivos).
Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do
Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de b) Inamovibilidade: Em regra, o juiz titular goza de
advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, inamovibilidade, podendo somente ser removido (permutar)
com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, ou promovido, com seu consentimento, voluntariamente.
indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das Contudo, essa regra não é absoluta, pois, como estabelece o art.
respectivas classes. 93, VIII, o magistrado poderá ser removido compulsoriamente
Conforme previsto nos artigos 111-A e 115 da CF/88, (além de colocado em disponibilidade e aposentado), por
também o Tribunal Superior do Trabalho e os Tribunais interesse público, fundando-se tal decisão por voto da maioria
Regionais do Trabalho deverão ter em seus quadros membros absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de
advindos da regra do quinto constitucional. Justiça, assegurada ampla defesa.
Cada órgão, a Ordem dos Advogados do Brasil ou o
Ministério Público, formará uma lista sêxtupla para enviá-la ao c) Irredutibilidade de subsídios: Garantia estendida a
Tribunal onde existe a vaga de ministro ou desembargador. todos os servidores públicos civis e militares pelo art. 37, inc.
Este tribunal, após votação interna para a formação de uma XV, da Constituição Federal. De acordo com o Supremo
lista tríplice, a remete ao chefe do Poder Executivo, isto é, Tribunal Federal, trata-se de irredutibilidade meramente
governadores, no caso de vagas da justiça estadual, e o nominal, inexistindo direito à automática reposição do valor
presidente da república no caso de vagas da justiça federal, corroído pela inflação. Todos os magistrados estão sujeitos ao
que nomeará um dos indicados. pagamento dos impostos legalmente instituídos.
Aos juízes é vedado exercer, ainda que em disponibilidade,
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais outro cargo ou função, salvo uma de magistério, receber, a
Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e qualquer título ou pretexto, custas ou participação em
Territórios será composto de membros, do Ministério Público, processo e dedicar-se à atividade político-partidária.
com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório
saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou
órgãos de representação das respectivas classes. função, salvo uma de magistério;
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou
formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos participação em processo;
vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para III - dedicar-se à atividade político-partidária.
nomeação. IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas,
Garantias funcionais do Judiciário ressalvadas as exceções previstas em lei;
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se
A aplicação das normas aos casos concretos e a afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo
salvaguarda dos direitos individuais e coletivos muitas vezes por aposentadoria ou exoneração.
exigem decisões contrárias a grandes forças econômicas,
políticas ou de algum dos poderes, havendo por isto a Garantias Institucionais do Judiciário
necessidade de órgãos independentes para a aplicação das leis
(sistema de freios e contrapesos). Portanto, ao lado das A Constituição de 1988, reportando-se ao princípio da
funções de legislar e administrar, o Estado exerce a função separação dos poderes, assegura ao Judiciário a garantia de
jurisdicional típica por um poder independente, que é o autonomia orgânico-administrativa e a garantia da
Judiciário. independência financeira, conforme se depreende dos artigos
O exercício das funções jurisdicionais de forma 96 e 9929 da CF/88:
independente exige algumas garantias atribuídas ao Poder

29 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do

Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.

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Art. 96. Compete privativamente: § 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros


I - aos tribunais: tribunais interessados, compete:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal
internos, com observância das normas de processo e das Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos
garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência respectivos tribunais;
e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e
administrativos; Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos aprovação dos respectivos tribunais.
juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da § 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as
atividade correicional respectiva; respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder
juiz de carreira da respectiva jurisdição; Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta
d) propor a criação de novas varas judiciárias; orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma
títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os do § 1º deste artigo.
cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de § 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo
confiança assim definidos em lei; forem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes
membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária
vinculados; anual.
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e § 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não
aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, poderá haver a realização de despesas ou a assunção de
observado o disposto no art. 169: obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de
a) a alteração do número de membros dos tribunais diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas,
inferiores; mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus
serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem Segundo lições do professor José de Albuquerque Rocha30,
como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, acerca das garantias constitucionalmente previstas para o
inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; poder Judiciário no âmbito administrativo-financeiro, a
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; autonomia administrativa, chamada de autogoverno da
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias; magistratura, significa a capacidade conferida ao Judiciário de
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do ministrar seus órgãos, abrangendo o pessoal e os meios
Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do financeiros, necessários ao desempenho das funções
Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, jurisdicionais.
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.
O precatório
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus
membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão Precatórios são requisições de pagamentos decorrentes de
os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato dívidas do poder público reconhecidas por decisão judicial
normativo do Poder Público. com trânsito em julgado. Decorre da emissão de um ofício pelo
Presidente do Tribunal, relativo à ordem do pagamento da
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os dívida reconhecida judicialmente.
Estados criarão: Ante o princípio da impenhorabilidade dos bens públicos,
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados existirá todo um procedimento especial para se efetuar a
e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução contra a Fazenda Pública. A este procedimento se
execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações deu o nome de precatórios, conforme previsão do artigo 100
penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos da CF/88:
oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a
transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de “Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas
primeiro grau; Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos
anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de
verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais
processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem abertos para este fim.
caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação. § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos,
no âmbito da Justiça Federal. pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em
exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial
específicas da Justiça. transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre
todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia deste artigo.
administrativa e financeira. § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares,
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias originários ou por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta)
dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas
Poderes na lei de diretrizes orçamentárias. com deficiência, assim definidos na forma da lei, serão pagos
com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor

30 José de Albuquerque Rocha apud Marcus Vinícius Amorim de Oliveira.

Legislação Específica 54
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equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § § 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da
3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, entidade federativa devedora, a entrega de créditos em
sendo que o restante será pago na ordem cronológica de precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente
apresentação do precatório. (Redação dada pela Emenda federado.
Constitucional nº 94, de 2016) § 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional,
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição,
expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza,
obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as será feita pelo índice oficial de remuneração básica da
Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora,
transitada em julgado. incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de
leis próprias, valores distintos às entidades de direito público, juros compensatórios.
segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus
igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência créditos em precatórios a terceiros, independentemente da
social. (Teto INSS em 2017 – R$ 5.531,31) concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de disposto nos §§ 2º e 3º.
direito público, de verba necessária ao pagamento de seus § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após
débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de
constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de origem e à entidade devedora.
julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, § 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei
quando terão seus valores atualizados monetariamente. complementar a esta Constituição Federal poderá estabelecer
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão regime especial para pagamento de crédito de precatórios de
consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Estados, Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre
Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de
determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento liquidação.
do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu § 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União
direito de precedência ou de não alocação orçamentária do poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados,
valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente.”
quantia respectiva. § 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato aferirão mensalmente, em base anual, o comprometimento de
comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação suas respectivas receitas correntes líquidas com o pagamento de
regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade precatórios e obrigações de pequeno valor. (Incluído pela
e responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça. Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares § 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os fins
ou suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, de que trata o § 17, o somatório das receitas tributárias,
repartição ou quebra do valor da execução para fins de patrimoniais, industriais, agropecuárias, de contribuições e de
enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste serviços, de transferências correntes e outras receitas correntes,
artigo. incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal,
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, verificado no período compreendido pelo segundo mês
independentemente de regulamentação, deles deverá ser imediatamente anterior ao de referência e os 11 (onze) meses
abatido, a título de compensação, valor correspondente aos precedentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas: (Incluído
débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Distrito
devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, Federal e aos Municípios por determinação constitucional;
ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
contestação administrativa ou judicial. II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal determinação constitucional; (Incluído pela Emenda
solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 Constitucional nº 94, de 2016)
(trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos
informação sobre os débitos que preencham as condições Municípios, a contribuição dos servidores para custeio de seu
estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. sistema de previdência e assistência social e as receitas
provenientes da compensação financeira referida no § 9º do art.
O STF julgou inconstitucionais os §§ 9º e 10 do art. 100 da 201 da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda
CF/88, que impunham que a pessoa que fosse receber Constitucional nº 94, de 2016)
precatórios teria que se submeter a um regime de § 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de
compensação obrigatória, de forma que, se tivesse também condenações judiciais em precatórios e obrigações de pequeno
débitos com o Fisco, esses já seriam descontados. Agora, o STF valor, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse a média do
afirmou que a declaração de inconstitucionalidade dos §§ 9º comprometimento percentual da receita corrente líquida nos 5
e 10 do art. 100 da CF/88 também se aplica às requisições de (cinco) anos imediatamente anteriores, a parcela que exceder
pequeno valor. Em outras palavras, é inconstitucional impor esse percentual poderá ser financiada, excetuada dos limites de
ao credor a compensação obrigatória nos casos em que ele irá endividamento de que tratam os incisos VI e VII do art. 52 da
receber RPV. Assim, se alguém tiver recursos para receber por Constituição Federal e de quaisquer outros limites de
meio de RPV, não deverão ser aplicados os §§ 9º e 10 do art. endividamento previstos, não se aplicando a esse financiamento
100 da CF/88, ou seja, esse credor não é obrigado a aceitar a a vedação de vinculação de receita prevista no inciso IV do art.
compensação imposta pela Fazenda Pública, mesmo que 167 da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda
tenha débitos com o Fisco. STF. Plenário. RE 614406/RS, rel. Constitucional nº 94, de 2016)
orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, § 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% (quinze
julgado em 23/10/2014 (Info 764). por cento) do montante dos precatórios apresentados nos
termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze por cento) do valor
deste precatório serão pagos até o final do exercício seguinte e o

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restante em parcelas iguais nos cinco exercícios subsequentes, de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e
acrescidas de juros de mora e correção monetária, ou mediante reputação ilibada. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal
acordos diretos, perante Juízos Auxiliares de Conciliação de serão nomeados pelo Presidente da República, depois de
Precatórios, com redução máxima de 40% (quarenta por cento) aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
do valor do crédito atualizado, desde que em relação ao crédito O artigo 102 da CF, traz de forma expressa no texto
não penda recurso ou defesa judicial e que sejam observados os constitucional a competência do Supremo Tribunal Federal.
requisitos definidos na regulamentação editada pelo ente
federado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de Seção II
2016) DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

O pagamento se dará por meio de duas listas, em que o Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze
pagamento se dá na ordem cronológica de apresentação dos Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco
precatórios. A primeira lista é a convencional. A segunda lista e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber
abrange os créditos de natureza alimentar. jurídico e reputação ilibada.
A Constituição Federal indica que é obrigatória a inclusão, Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal
no orçamento das entidades de direito público, de verba serão nomeados pelo Presidente da República, depois de
necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios
judiciais, apresentados até 1º de julho, fazendo-se o Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,
pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
valores atualizados monetariamente. Caso haja preterição na I - processar e julgar, originariamente:
lista de pagamentos, caberá sequestro da quantia necessária. a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato
O §3º do art. 100 c/c art. 87 ADCT trata da possibilidade de normativo federal ou estadual e a ação declaratória de
renúncia da parte excedente, em relação aos créditos de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
pequeno valor, nos quais não serã pagos por precatórios e sim b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o
diretamente pela Fazenda. Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus
próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
CF/88, Art. 100: c) nas infrações penais comuns e nos crimes de
(...) responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no
expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal
obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter
Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença permanente;
judicial transitada em julgado. d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas
referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e
ADCT o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de
Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio
Constituição Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Supremo Tribunal Federal;
Constitucionais Transitórias serão considerados de pequeno e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo
valor, até que se dê a publicação oficial das respectivas leis internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o
definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto Território;
no § 4º do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União
obrigações consignados em precatório judiciário, que e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as
tenham valor igual ou inferior a: respectivas entidades da administração indireta;
I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
Estados e do Distrito Federal; h) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II – trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou
Municípios. quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário
Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo
estabelecido neste artigo, o pagamento far-se-á, sempre, por Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição
meio de precatório, sendo facultada à parte exequente a em uma única instância;
renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma prevista l) a reclamação para a preservação de sua competência e
no § 3º do art. 100. garantia da autoridade de suas decisões;
m) a execução de sentença nas causas de sua competência
originária, facultada a delegação de atribuições para a prática
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO de atos processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam
O Supremo Tribunal Federal direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da
metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos
Trata-se de órgão de cúpula do Poder Judiciário brasileiro, ou sejam direta ou indiretamente interessados;
com a função principal de “guarda da Constituição”. Compete- o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de
lhe a relevante atribuição de julgar as questões Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou
constitucionais, assegurando a supremacia da Constituição entre estes e qualquer outro tribunal;
Federal em todo o território nacional. Porém, O Supremo p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de
Tribunal Federal não é uma Corte exclusivamente inconstitucionalidade;
constitucional, pois diversas outras atribuições foram-lhes q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma
conferidas pela Constituição Federal. regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do
O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado
escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos
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Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Súmulas vinculantes


Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou
do próprio Supremo Tribunal Federal; Súmulas são enunciados aprovados pelos Tribunais,
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o contendo a jurisprudência predominante em determinada
Conselho Nacional do Ministério Público; matéria. As súmulas editadas pelos Tribunais não possuem
II - julgar, em recurso ordinário: força obrigatória, não vinculam magistrados e tribunais de
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas instância inferior. Por outro lado, as súmulas vinculantes são
data e o mandado de injunção decididos em única instância aquelas editadas com o efeito de vincular os órgãos do Poder
pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; Judiciário e à Administração Pública Direta e Indireta, nas
b) o crime político; esferas federal, estadual e municipal. Serão editadas a partir
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas de reiteradas decisões do Supremo Tribunal Federal sobre
decididas em única ou última instância, quando a decisão uma questão constitucional que acarrete grave insegurança
recorrida: jurídica e multiplicidade de processos sobre questão idêntica.
a) contrariar dispositivo desta Constituição; Somente o Supremo tribunal Federal pode editar, rever ou
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; cancelar súmulas vinculantes.
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em As súmulas vinculantes têm como requisitos formais: a)
face desta Constituição. aprovação por maioria de 2/3 dos membros da Corte (oito dos
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. onze Ministros); b) incidir sobre matéria constitucional; c)
§ 1.º A arguição de descumprimento de preceito existência de reiteradas decisões da Suprema Corte sobre o
fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada tema.
pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. (Transformado A arguição de descumprimento de preceito fundamental,
do parágrafo único em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo
17/03/93) Tribunal Federal. As decisões definitivas de mérito, proferidas
pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de
Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário esferas federal, estadual e municipal. No recurso
e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão
estadual e municipal. geral das questões constitucionais discutidas no caso, a fim de
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente
demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus
discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal membros.
examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela
manifestação de dois terços de seus membros. Dispõe a CF/88 sobre o tema:

Art. 103. Podem propor a ação direta de Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou
inconstitucionalidade e a ação declaratória de por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus
constitucionalidade: membros, após reiteradas decisões sobre matéria
I - o Presidente da República; constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação
II - a Mesa do Senado Federal; na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública
IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem
Legislativa do Distrito Federal; como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma
V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; estabelecida em lei.
VI - o Procurador-Geral da República; § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja
VIII - partido político com representação no Congresso controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a
Nacional; administração pública que acarrete grave insegurança jurídica
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
nacional. § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a
§ 1º O Procurador-Geral da República deverá ser aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser
previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em provocada por aqueles que podem propor a ação direta de
todos os processos de competência do Supremo Tribunal inconstitucionalidade.
Federal. § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá
medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a
ciência ao Poder competente para a adoção das providências procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão
necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com
fazê-lo em trinta dias. ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.
§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a
inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato Conselho Nacional de Justiça – CNJ
normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que
defenderá o ato ou texto impugnado. Trata-se de órgão de natureza administrativas em
§ 4.º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) exercício de qualquer atribuição jurisdicional, com a
competência de realizar o controle da atuação administrativa
e financeira do Poder Judiciário e de zelar pelo cumprimento
dos deveres funcionais dos juízes. É denominado controle
externo exercido sobre o Poder Judiciário.

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Dispõe a CF/88 sobre o tema: V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos


disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 menos de um ano;
(quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre
(uma) recondução, sendo: processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação,
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;
II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo VII elaborar relatório anual, propondo as providências que
respectivo tribunal; julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País
III um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do
pelo respectivo tribunal; Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao
IV um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão
Supremo Tribunal Federal; legislativa.
V um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal
Federal; § 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a
VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição
Superior Tribunal de Justiça; de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições
VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as
Justiça; seguintes:
VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo I receber as reclamações e denúncias, de qualquer
Tribunal Superior do Trabalho; interessado, relativas aos magistrados e aos serviços
IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do judiciários;
Trabalho; II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de
X um membro do Ministério Público da União, indicado pelo correição geral;
Procurador-Geral da República; III requisitar e designar magistrados, delegando-lhes
XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais,
Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.
órgão competente de cada instituição estadual; § 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da
XII dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos
Ordem dos Advogados do Brasil; Advogados do Brasil.
XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação § 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios,
ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo criará ouvidorias de justiça, competentes para receber
Senado Federal. reclamações e denúncias de qualquer interessado contra
§ 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços
Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional de
Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal. Justiça.
§ 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo
Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela O Superior Tribunal de Justiça
maioria absoluta do Senado Federal.
§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas Foi criado o Superior Tribunal de Justiça pela Constituição
neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal. de 1988, com a missão de assegurar a supremacia da legislação
federal no Brasil, bem como uniformizar a interpretação da lei
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação federal em todo o país. É a última instância para causas
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do infraconstitucionais submetidas à jurisdição da Justiça
cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, Comum, que não versem diretamente sobre questões
além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo constitucionais.
Estatuto da Magistratura: A Emenda Constitucional n. 45 ampliou as competências
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo deste órgão de cúpula da Justiça comum em nosso país, ao
cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir transferir do Supremo Tribunal Federal para o Superior
atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou Tribunal de Justiça a homologação de sentenças estrangeiras e
recomendar providências; a concessão de exequatur às cartas rogatórias. Para as
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou sentenças estrangeiras terem eficácia executiva no Brasil é
mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos necessária a homologação judicial do STJ. Cartas rogatórias, ou
praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo seja, solicitações feitas por autoridades judiciais estrangeiras,
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as não dependem de homologação. Exigem somente uma decisão
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem de exequatur (execute-se, cumpra-se) do Superior Tribunal de
prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União; Justiça.
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo,
órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços trinta e três Ministros. Os Ministros do Superior Tribunal de
auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, dentre
e de registro que atuem por delegação do poder público ou brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e
oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada,
correicional dos tribunais, podendo avocar processos depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
disciplinares em curso e determinar a remoção, a Federal, sendo um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais
disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos Federais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de
proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio
administrativas, assegurada ampla defesa; Tribunal; um terço, em partes iguais, dentre advogados e
IV representar ao Ministério Público, no caso de crime membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito
contra a administração pública ou de abuso de autoridade; Federal e Territórios, alternadamente, indicados.
A Lei nº 11.672/2008 acrescentou o art. 543-C ao Código
de Processo Civil e estabeleceu um procedimento para o

Legislação Específica 58
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APOSTILAS OPÇÃO

julgamento dos recursos repetitivos no Superior Tribunal de i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de
Justiça. Quando houver multiplicidade de recursos com exequatur às cartas rogatórias;
fundamento em idêntica questão de direito será adotado um II - julgar, em recurso ordinário:
procedimento especial. O Presidente do Tribunal de origem a) os habeas corpus decididos em única ou última instância
deverá selecionar um ou mais recursos representativos da pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
controvérsia e encaminhá-los para o Superior Tribunal de Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for
Justiça, ficando suspensos os demais recursos especiais até denegatória;
pronunciamento definitivo. Se mantida a decisão divergente b) os mandados de segurança decididos em única instância
pelo tribunal de origem, será feito o exame de admissibilidade pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
do recurso especial. Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a
Sua competência está prevista no artigo 105 da CF/88. decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou
Texto constitucional a respeito: organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou
pessoa residente ou domiciliada no País;
Seção III III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no quando a decisão recorrida:
mínimo, trinta e três Ministros. a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de b) julgar válido ato de governo local contestado em face de
Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, dentre lei federal;
brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja
anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de atribuído outro tribunal.
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de
sendo: Justiça:
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar
indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na
do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da
Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94. Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central
do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: caráter vinculante.
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Os Tribunais Regionais Federais e os juízes federais
Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os
desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais são
Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos órgãos da justiça federal. Os Tribunais Regionais Federais
Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da
membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de
e os do Ministério Público da União que oficiem perante sessenta e cinco anos, sendo: um quinto dentre advogados com
tribunais; mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de do Ministério Público Federal com mais de dez anos de
Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e carreira; os demais, mediante promoção de juízes federais com
da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for merecimento, alternadamente.
qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o
coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar
ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça,
ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de
e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais deslocamento de competência para a Justiça Federal.
diversos; Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus seção judiciária que terá por sede a respectiva Capital, e varas
julgados; localizadas segundo o estabelecido em lei. Nos Territórios
f) a reclamação para a preservação de sua competência e Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes
garantia da autoridade de suas decisões; federais caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei.
g) os conflitos de atribuições entre autoridades
administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades Observação: Serão processadas e julgadas na justiça
judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários,
Distrito Federal, ou entre as deste e da União; as causas em que forem parte instituição de previdência
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de
regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei
autoridade federal, da administração direta ou indireta, poderá permitir que outras causas sejam também
excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal processadas e julgadas pela justiça estadual. Nesse caso,
Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da contudo, o recurso cabível será sempre para o Tribunal
Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro
grau.

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Texto constitucional a respeito: tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou


reciprocamente;
Seção IV V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o
DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES § 5º deste artigo;
FEDERAIS VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos
determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal: econômico-financeira;
I - os Tribunais Regionais Federais; VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua
II - os Juízes Federais. competência ou quando o constrangimento provier de
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no jurisdição;
mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato
região e nomeados pelo Presidente da República dentre de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos
brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, tribunais federais;
sendo: IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves,
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de ressalvada a competência da Justiça Militar;
efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de
Federal com mais de dez anos de carreira; estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur",
II - os demais, mediante promoção de juízes federais com e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas
mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e merecimento, referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à
alternadamente. naturalização;
§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos XI - a disputa sobre direitos indígenas.
Tribunais Regionais Federais e determinará sua jurisdição e § 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na
sede. seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser
itinerante, com a realização de audiências e demais funções da aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor,
atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à
jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito
comunitários. Federal.
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar § 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em
assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as que forem parte instituição de previdência social e segurado,
fases do processo. sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e,
se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: causas sejam também processadas e julgadas pela justiça
I - processar e julgar, originariamente: estadual.
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível
da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de
de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da jurisdição do juiz de primeiro grau.
União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o
seus ou dos juízes federais da região; cumprimento de obrigações decorrentes de tratados
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte,
próprio Tribunal ou de juiz federal; poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de
federal; deslocamento de competência para a Justiça Federal.
e) os conflitos de competência entre juízes federais
vinculados ao Tribunal; Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal,
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos constituirá uma seção judiciária que terá por sede a respectiva
juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei.
competência federal da área de sua jurisdição. Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as
atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: justiça local, na forma da lei.
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou
empresa pública federal forem interessadas na condição de Os tribunais e juízes do Trabalho
autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as
de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à A Justiça do Trabalho tem competência para julgar todas as
Justiça do Trabalho; ações envolvendo as relações de trabalho, abrangidos todos
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo entes de direito público externo e da administração pública
internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no direta e indireta de todas as entidades federativas. Ações que
País; envolvam o exercício do direito de greve; ações sobre
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União representação sindical; ações de indenização por dano moral
com Estado estrangeiro ou organismo internacional; ou patrimonial decorrentes da relação de trabalho, bem como
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em outras controvérsias decorrentes da mesma relação, sã
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas julgadas pelas Varas do Trabalho, com a jurisdição exercida
entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as por um juiz do trabalho, com a possibilidade de recurso para
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e as instâncias superiores.
da Justiça Eleitoral; O Supremo Tribunal Federal deu interpretação conforme
V - os crimes previstos em tratado ou convenção ao art. 114 da Constituição Federal para excluir das
internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado competências da Justiça do trabalho “causas que envolvam o

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Poder Público e seus servidores estatutários, em razão de ser Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura,
estranho ao conceito de relação de trabalho o vínculo jurídico jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos
de natureza estatutária existente entre servidores públicos e a órgãos da Justiça do Trabalho.
administração”.
A respeito da competência da Justiça do Trabalho, o Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
Supremo editou as Súmulas Vinculantes nº 22 e nº 23: I- as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os
entes de direito público externo e da administração pública
Súmula Vinculante nº 22: “a Justiça do Trabalho é direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
competente para processar e julgar as ações de indenização Municípios;
por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de II- as ações que envolvam exercício do direito de greve;
trabalho propostas por empregado contra empregador, III- as ações sobre representação sindical, entre sindicatos,
inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e
em primeiro grau quando da promulgação da Emenda empregadores;
Constitucional nº 45/04”; IV- os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data,
quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua
Súmula Vinculante nº 23: “A Justiça do Trabalho é jurisdição;
competente para processar e julgar ação possessória V- os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição
ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;
pelos trabalhadores da iniciativa privada”. VI- as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,
decorrentes da relação de trabalho;
VII- as ações relativas às penalidades administrativas
Seção V impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 92, de relações de trabalho;
2016) VIII- a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas
Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das
Regionais do Trabalho e dos Juízes do Trabalho sentenças que proferir;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho,
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: na forma da lei.
I - o Tribunal Superior do Trabalho; § 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão
II - os Tribunais Regionais do Trabalho; eleger árbitros.
III - Juízes do Trabalho. § 2º- Recusando-se qualquer das partes à negociação
§§ 1º a 3º (Revogados) coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum
acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica,
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as
vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como
trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, de notável as convencionadas anteriormente.
saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da § 3º Em caso de greve em atividade essencial, com
República após aprovação pela maioria absoluta do Senado possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público
Federal, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à
92, de 2016) Justiça do Trabalho decidir o conflito.
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de
efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se
do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na
observado o disposto no art. 94; respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República
II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco
Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo anos, sendo:
próprio Tribunal Superior. I- um quinto dentre advogados com mais de dez anos de
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público
do Trabalho. do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício,
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho: observado o disposto no art. 94;
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de II- os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por
Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, antiguidade e merecimento, alternadamente.
regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na § 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça
carreira; itinerante, com a realização de audiências e demais funções de
II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva
exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e
orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho comunitários.
de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, § 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar
cujas decisões terão efeito vinculante. descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de
§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as
julgar, originariamente, a reclamação para a preservação de fases do processo.
sua competência e garantia da autoridade de suas decisões.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016) Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida
por um juiz singular.
Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo,
nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos Os tribunais e juízes eleitorais
juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal
Regional do Trabalho. A competência e a organização da Justiça Eleitoral serão
estabelecidas por lei complementar. Sua finalidade é cuidar da
lisura de todo o processo eleitoral. Do texto constitucional

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resultam algumas atribuições, como as relativas ao IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos
alistamento de mandato eletivo e à expedição e anulação de eletivos federais ou estaduais;
diploma (arts. 14, 17 e 121 da CF). As competências estão V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança,
estabelecidas no Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65). "habeas-data" ou mandado de injunção.

Seção VI Os tribunais e juízes militares


DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS
A Constituição Federal estabelece a possibilidade de ser
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral: criada mediante lei estadual proposta pelo Tribunal de Justiça,
I - o Tribunal Superior Eleitoral; uma justiça Militar Estadual para julgar os crimes militares
II - os Tribunais Regionais Eleitorais; cometidos por policiais militares e ações judiciais contra atos
III - os Juízes Eleitorais; disciplinares militares, ressalvada a competência do Tribunal
IV - as Juntas Eleitorais. do Júri para os crimes dolosos contra a vida quando a vítima
for civil.
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no Crimes militares são os tipificados no Código Penal Militar.
mínimo, de sete membros, escolhidos: Militares e civis podem ser julgados pela prática de infrações
I - mediante eleição, pelo voto secreto: previstas na legislação penal de competência da Justiça Militar
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal da União, pois esta não estabelece qualquer restrição, ao
Federal; contrário do que ocorre em relação à Justiça Militar dos
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Estados, que julga somente policiais militares (art. 125, §4º da
Justiça; CF).
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes
dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade Seção VII
moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu
Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:
Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros I - o Superior Tribunal Militar;
do Superior Tribunal de Justiça. II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.

Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze
de cada Estado e no Distrito Federal. Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República,
§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três
I - mediante eleição, pelo voto secreto: dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de generais do Exército, três dentre oficiais-generais da
Justiça; Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira,
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo e cinco dentre civis.
Tribunal de Justiça; Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta e
Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de cinco anos, sendo:
juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta
Federal respectivo; ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional;
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e
juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e membros do Ministério Público da Justiça Militar.
idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os
o Vice-Presidente- dentre os desembargadores. crimes militares definidos em lei.
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e funcionamento e a competência da Justiça Militar.
competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas
eleitorais. Os tribunais e juízes dos Estados
§ 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os
integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas funções, e Os Estados organizarão sua Justiça, observados os
no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão princípios estabelecidos nesta Constituição. A competência
inamovíveis. dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a
§ 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de
justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais Justiça. Cabe aos Estados a instituição de representação de
de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou
mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para municipais em face da Constituição Estadual, vedada a
cada categoria. atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
§ 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal
Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro
denegatórias de "habeas-corpus" ou mandado de segurança. grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em
§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por
somente caberá recurso quando: Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar
I - forem proferidas contra disposição expressa desta seja superior a vinte mil integrantes.
Constituição ou de lei; Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e
mais tribunais eleitorais; as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil,
diplomas nas eleições federais ou estaduais;

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cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do expondo a situação do País e solicitando as providências que
posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. julgar necessárias.
Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e (C) Nomear, unilateralmente, os Ministros do Supremo
julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores
civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente
cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de e os diretores do banco central e outros servidores, quando
direito, processar e julgar os demais crimes militares. determinado em lei.
O Tribunal de Justiça poderá funcionar (D) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim necessário, dos órgãos instituídos em lei.
de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em
todas as fases do processo. 02. (ANAC - Técnico Administrativo ESAF/2016) Em
O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a relação às atribuições do Presidente da República, nos termos
realização de audiências e demais funções da atividade do disposto na Constituição Federal, não compete a este
jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, (A) nomear o Advogado-Geral da União.
servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. (B) presidir o Conselho de Defesa Nacional.
(C) expedir instruções para a execução das leis
Seção VIII (D) nomear os Ministros do Tribunal de Contas da União
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS (E) executar a Intervenção Federal.

Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os 03. (PC/PA - Delegado de Polícia Civil - FUNCAB/2016)
princípios estabelecidos nesta Constituição. Assinale a alternativa correta no que concerne à
§ 1º - A competência dos tribunais será definida na responsabilidade do Presidente da República.
Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de (A) Nas infrações penais comuns, admitida a acusação
iniciativa do Tribunal de Justiça. contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara
§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou Supremo Tribunal Federal.
municipais em face da Constituição Estadual, vedada a (B) Se, decorrido o prazo de cento e vinte dias, o
atribuição da legitimação para agir a um único órgão. julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do
Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em processo.
primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça (C) Nos crimes de responsabilidade, o Presidente ficará
e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por suspenso de suas funções se recebida a denúncia ou queixa-
Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar crime pelo Supremo Tribunal Federal.
seja superior a vinte mil integrantes. (D) No crime de responsabilidade, admitida a acusação
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os contra o Presidente da República, por um terço da Câmara dos
militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Senado
ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a Federal.
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao (E) Nas infrações penais comuns, o Presidente ficará
tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente suspenso de suas funções após a instauração do processo pelo
dos oficiais e da graduação das praças. Senado Federal.
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar
e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra 04. (Prefeitura de Chapecó/SC - Procurador Municipal
civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, - IOBV/2016) Em relação à organização dos Poderes da União,
cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de mais precisamente do Poder Legislativo, assinale a alternativa
direito, processar e julgar os demais crimes militares. que está incorreta:
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar (A) O Congresso Nacional é formado pela Câmara dos
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de Deputados e o Senado Federal.
assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as (B) Cada senador será eleito com três suplentes.
fases do processo. (C) Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com Senadores, com mandato de oito anos.
a realização de audiências e demais funções da atividade (D) Autorizar referendo e convocar plebiscito é da
jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, competência exclusiva do Congresso Nacional.
servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
05. (SEGEP/MA - Agente Penitenciário -
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de FUNCAB/2016) Sobre o Poder Legislativo, é correto afirmar
Justiça proporá a criação de varas especializadas, com que:
competência exclusiva para questões agrárias. (A) a Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente Presidente da Câmara dos Deputados, ocupados os demais
prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do cargos, sucessivamente, pelos titulares de cargos equivalentes
litígio. na Câmara dos Deputados e Senado Federal.
(B) a Câmara dos Deputados é formada por representantes
Questões de entidades da federação, eleitos pelo sistema eleitoral
proporcional, ao passo que o Senado Federal é formado por
01. (CBTU - Assistente Operacional – FUMARC/2016) representantes do povo, eleitos pelo sistema eleitoral
Compete privativamente ao Presidente da República, EXCETO: majoritário.
(A) Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem (C) a Câmara dos Deputados compõe-se de representantes
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução. do povo, eleitos segundo o princípio majoritário.
(B) Remeter mensagem e plano de governo ao Congresso
Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa,

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(D) o Senado Federal compõe-se de representantes dos Ao MPU é assegurada autonomia funcional, administrativa
Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio e financeira. Sendo as carreiras dos membros dos diferentes
majoritário. ramos independentes entre si. Dessa forma, para ser membro
(E) as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão do MPF, deve-se prestar concurso público para o MPF. Para ser
tomadas por maioria absoluta dos votos, presente a minoria de membro do MPT, deve-se prestar concurso para o MPT, e
seus membros, salvo disposição constitucional em contrário. assim por diante. Quanto à carreira técnico-administrativa,
esta é única para todo o MPU. O candidato presta concurso
Respostas público para o MPU e pode ser lotado em qualquer um dos
ramos.
01. Resposta: “C”
02. Resposta: “C” Princípios, garantias, vedações, organização e
03. Resposta: “A” competências.
04. Resposta: “B”
05. Resposta: “D” A Constituição de 1988 dotou o Ministério Público e seus
membros, para garantia do efetivo exercício de suas funções,
Funções Essenciais à Justiça de uma série de prerrogativas, dentre as quais se destacam os
princípios institucionais elencados no §1o de seu artigo 127.
Com o objetivo de dinamizar a atividade jurisdicional, o 1) Princípio da unidade: os membros do Ministério
poder constituinte originário institucionalizou atividades Público integram um só órgão, sob uma mesma direção do
profissionais (públicas e privadas), atribuindo-lhes o status de Procurador-Geral da República, na esfera federal, e do
funções essenciais à Justiça, tendo estabelecido suas regras Procurador-Geral de Justiça, na estadual.
nos arts. 127 a 135 da CF/88: Ministério Público (arts. 127 a 2) Princípio da Indivisibilidade: os integrantes do
130-A), Advocacia Pública (arts. 131 e132), Advocacia (art. Ministério Público atuam sempre em nome de toda a
133) e Defensoria Pública (art. 134). instituição, podendo ser substituídos uns pelos outros, dentro
dos critérios estabelecidos pela lei.
O Ministério Público 3) Princípio da independência funcional: garante a
inexistência de vinculação dos órgãos da Instituição a
De acordo com o art. 127, caput, da Constituição Federal de pronunciamentos processuais anteriores de outros membros.
1988, o Ministério Público é instituição permanente, essencial Tal prerrogativa, juntamente com outras existentes na própria
à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da Lei Maior e no ordenamento infraconstitucional, demonstra a
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais preocupação do legislador em garantir ao Parquet todos os
e individuais indisponíveis. meios para exercer seu papel fundamental de defesa da ordem
Não se trata de um poder do Estado, mas de uma jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
instituição independente dos demais poderes, considerada individuais indisponíveis.
essencial ao exercício da função jurisdicional do Estado. O órgão do Ministério Público é independente no exercício
O Ministério público pode ser federal ou estadual. No de suas funções, não ficando sujeito às ordens de quem quer
primeiro, há os procuradores da república que atuam junto aos que seja, somente devendo prestar contas de seus atos à
juízes federais (justiça federal) e pertencem ao Ministério Constituição, às leis e à sua consciência.
Público da União (MPU). No segundo, existem os promotores Neste contexto, o princípio da independência afigura-se
de justiça que exercem suas funções perante os juízes de instrumento garantidor de uma atuação libertária, que visa
direito (justiça estadual) e pertencem a carreira do Ministério arredar constrangimentos, pressões, imposições, censuras –
Público Estadual (MPE). interna e externa corporis – em face das importantes
Estas distinções entre o ministério público federal e atribuições manuseadas.31
estadual continuam na segunda instância, isto é, em grau de
recurso. Quando a matéria for federal, quem representará a Segundo Mazzilli32:
sociedade serão os Procuradores Regionais da República,
sendo o processo distribuído para o Tribunal Regional Federal. (...) unidade significa que os membros do Ministério
Já no caso da matéria ser estadual, quem atuará serão os Público integram um só órgão sob a direção de um só chefe;
Procuradores de Justiça, junto aos Tribunais de Justiça indivisibilidade significa que esses membros podem ser
Estaduais. substituídos uns pelos outros, não arbitrariamente, porém,
mas segundo a forma estabelecida na lei. Por sua vez, a
Segundo previsto no artigo 128 da CF, o Ministério Público independência funcional do membro ministerial brota
abrange: como um seu alvedrio, garantindo um agir emancipado de
I - o Ministério Público da União, que compreende: quaisquer ingerências ou repressões.
a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar; A Constituição Federal de 1988 estabelece, no art. 5º, LIII,
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; “que ninguém será processado nem sentenciado senão pela
II - os Ministérios Públicos dos Estados. autoridade competente”. Ao lado do tradicional princípio do
juiz natural, inscreveu-se, como garantia individual, o
Os Ministérios Públicos dos Estados (MPE) princípio do promotor natural. De acordo com este as
atribuições do promotor de justiça em determinado feito
A organização, as atribuições e o estatuto do Ministério devem ser anteriormente fixadas. Assim, além de ser julgado
Público da União divergem do Ministério Público dos Estados. por órgão independente e pré-constituído, o acusado também
Enquanto o MPU é regido pela Lei Complementar nº 75/1993, tem o direito e a garantia constitucional de somente ser
o MPE rege-se pela Lei nº 8.625/1993. processado por um órgão independente do Estado, vedando-
se, por consequência, a designação arbitrária, inclusive, de

31
"Considerações sobre o princípio da independência funcional dos 32
MAZZILLI, Hugo Niro. Regime jurídico do Ministério Público, p. 80.
membros do Ministério Público", Luciano França da Silveira Júnior, na Revista
Jurídica do Ministério Público de Minas Gerais, n. 4, p. 113/128.

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promotores ad hoc (nomeados apenas para a execução do Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP
ato) ou por encomenda.
Aos membros do Ministério Público foram atribuídas as O art. 130-A, introduzido pela Emenda Constitucional n.
mesmas garantias concedidas aos integrantes do Poder 45/2004 e regulamentado pela Lei n. 11.372/2006, prevê a
Judiciário: vitaliciedade (após o cumprimento do estágio criação do Conselho Nacional do Ministério Público
probatório de dois anos, somente podem ser destituídos do composto por 14 membros nomeados pelo Presidente da
cargo por sentença judicial transitada em julgado), República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta
inamovibilidade (não podem ser transferidos do Senado Federal, para um mandato de 2 anos, admitida uma
compulsoriamente de seus cargos, salvo por motivo de recondução.
interesse público, mediante decisão do órgão colegiado, por Além da fiscalização administrativa de atos de Ministérios
maioria absoluta dos votos, assegurada ampla defesa) e Públicos de todo o País, terá a importante função de formular
irredutibilidade do subsídio (a remuneração dos membros políticas institucionais, ao elaborar um relatório anual sobre a
do Ministério Público não poderá ser reduzida, lembrando que atuação da Instituição em todo o País e propor as providências
está assegurada a irredutibilidade nominal, não se garantindo que considerar necessárias ao Congresso Nacional.
a corrosão inflacionária). Ao CNMP compete o controle da atuação administrativa e
Ao mesmo tempo que são concedidas essas importantes financeira do Ministério Público e do cumprimento dos
garantias, também para assegurar a sua independência, são deveres funcionais de seus membros, cabendo-lhe:
impostas algumas vedações aos membros do Ministério I – zelar pela autonomia funcional e administrativa do
Público: Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares, no
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
honorários, percentagens ou custas processuais; II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício
b) exercer a advocacia; ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou
função pública, salvo uma de magistério; fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao
e) exercer atividade político-partidária; exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou Tribunais de Contas;
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou III – receber e conhecer das reclamações contra membros
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados,
g) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo competência disciplinar e correicional da instituição, podendo
por aposentadoria ou exoneração (CF, art. 128, §§ 5º, II e 6º). avocar processos disciplinares em curso, determinar a
remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios
Funções Institucionais ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar
outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
De acordo com o arts. 129 da CF/88, são funções IV – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos
institucionais do Ministério Público: disciplinares de membros do Ministério Público da União ou
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na dos Estados julgados há menos de um ano;
forma da lei; V – elaborar relatório anual, propondo as providências que
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público no
serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a
Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua mensagem prevista no art. 84, XI.
garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a Texto Constitucional sobre o assunto
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e
de outros interesses difusos e coletivos; CAPÍTULO IV
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
representação para fins de intervenção da União e dos Estados, SEÇÃO I
nos casos previstos nesta Constituição; DO MINISTÉRIO PÚBLICO
V - defender judicialmente os direitos e interesses das
populações indígenas; Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente,
VI - expedir notificações nos procedimentos essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
administrativos de sua competência, requisitando defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
informações e documentos para instruí-los, na forma da lei interesses sociais e individuais indisponíveis.
complementar respectiva; § 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; § 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no
de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus
suas manifestações processuais; cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os
que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e
representação judicial e a consultoria jurídica de entidades funcionamento.
públicas. § 3º - O Ministério Público elaborará sua proposta
A legitimação do Ministério Público para as ações civis orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas diretrizes orçamentárias.
hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei. As § 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva
funções do Ministério Público só podem ser exercidas por proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de
integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para
respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores

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aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos
os limites estipulados na forma do § 3º. serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua
encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma garantia;
do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
para fins de consolidação da proposta orçamentária anual. proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não outros interesses difusos e coletivos;
poderá haver a realização de despesas ou a assunção de IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou
obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de representação para fins de intervenção da União e dos Estados,
diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, nos casos previstos nesta Constituição;
mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais. V - defender judicialmente os direitos e interesses das
populações indígenas;
Art. 128. O Ministério Público abrange: VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos
I - o Ministério Público da União, que compreende: de sua competência, requisitando informações e documentos
a) o Ministério Público Federal; para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
b) o Ministério Público do Trabalho; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na
c) o Ministério Público Militar; forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração
II - os Ministérios Públicos dos Estados. de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas
§ 1º - O Ministério Público da União tem por chefe o manifestações processuais;
Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde
República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a
cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta representação judicial e a consultoria jurídica de entidades
dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, públicas.
permitida a recondução. § 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis
§ 2º - A destituição do Procurador-Geral da República, por previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas
iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
autorização da maioria absoluta do Senado Federal. § 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas
§ 3º - Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da
Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição.
da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu § 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á
Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a
Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua
recondução. realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três
§ 4º - Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a
Federal e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da ordem de classificação.
maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o
complementar respectiva. disposto no art. 93.
§ 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja § 5º A distribuição de processos no Ministério Público será
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, imediata.
estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada
Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros: Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos
I - as seguintes garantias: Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta seção
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura.
perder o cargo senão por sentença judicial transitada em
julgado; Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, compõe-se de quatorze membros nomeados pelo Presidente da
mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta
Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, do Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida
assegurada ampla uma recondução, sendo:
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § I - o Procurador-Geral da República, que o preside;
4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, II - quatro membros do Ministério Público da União,
153, § 2º, I; assegurada a representação de cada uma de suas carreiras;
II - as seguintes vedações: III - três membros do Ministério Público dos Estados;
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, IV - dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal
honorários, percentagens ou custas processuais; e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
b) exercer a advocacia; V - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; Ordem dos Advogados do Brasil;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra VI - dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação
função pública, salvo uma de magistério; ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo
e) exercer atividade político-partidária; Senado Federal.
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou § 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, serão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma
ressalvadas as exceções previstas em lei. da lei.
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o
no art. 95, parágrafo único, V. controle da atuação administrativa e financeira do Ministério
Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: membros, cabendo-lhe:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma
da lei;

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I - zelar pela autonomia funcional e administrativa do relação à qual pertençam. Cabendo observa-se em cada caso, o
Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares, no que disciplina a lei para cada carreira.
âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou Texto Constitucional sobre o assunto
mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos
praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da SEÇÃO II
União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar DA ADVOCACIA PÚBLICA
prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que,
de Contas; diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União,
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei
órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive complementar que dispuser sobre sua organização e
contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento
disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar jurídico do Poder Executivo.
processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a § 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-
disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República
proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber
administrativas, assegurada ampla defesa; jurídico e reputação ilibada.
IV - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos § 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da
disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos instituição de que trata este artigo far-se-á mediante concurso
Estados julgados há menos de um ano; público de provas e títulos.
V - elaborar relatório anual, propondo as providências que § 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a
julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda
e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem Nacional, observado o disposto em lei.
prevista no art. 84, XI.
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal,
Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério Público organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de
que o integram, vedada a recondução, competindo-lhe, além das concurso público de provas e títulos, com a participação da
atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes: Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases,
I - receber reclamações e denúncias, de qualquer exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das
interessado, relativas aos membros do Ministério Público e dos respectivas unidades federadas.
seus serviços auxiliares; Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é
II - exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício,
correição geral; mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios,
III - requisitar e designar membros do Ministério Público, após relatório circunstanciado das corregedorias.
delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do
Ministério Público. A advocacia e Defensoria Pública
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. O advogado é o bacharel em direito inscrito na Ordem dos
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Advogados do Brasil (OAB). Sem sua participação não há
Ministério Público, competentes para receber reclamações e possibilidade de distribuição equânime da função
denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos jurisdicional. Conforme dispõe o art. 133 da Constituição, “o
do Ministério Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, advogado é indispensável à administração da justiça, sendo
representando diretamente ao Conselho Nacional do Ministério inviolável por seus atos e manifestações no exercício da
Público. profissão, nos limites da lei”.
Surgem, então dois princípios: a) indisponibilidade do
A Advocacia Pública advogado (o advogado é indispensável para à administração
da justiça, deve-se observar porém que tal princípio não é
A advocacia pública é aquela que aconselha ou patrocina absoluto, existindo casos onde é dispensada a participação do
interesses de pessoas jurídicas de direito público, interesses advogado, por exemplo, na interposição de habeas corpus) e b)
em que prevalece não a vontade do agente, mas a da inviolabilidade (não pode ser punido por seus atos e
coletividade consagrada no ordenamento constitucional ou manifestações, a própria legislação penal prevê a imunidade
legal. judiciária “pela ofensa irrogada em juízo, na discussão da
Os integrantes da advocacia pública têm vinculação causa, pela parte ou por seu procurador”; porém manifestos
funcional ao Estado, aqui utilizado em sentido genérico e abusos e ofensas, não vinculadas a atividade profissional,
incluindo as pessoas políticas federativas e as pessoas de serão normalmente punidas, pois a inviolabilidade não é
direito público de natureza administrativa (englobando irrestrita; deve ser exercida dentro dos limites da lei).
naturalmente, os advogados das autarquias e fundações). Não existe relação de hierarquia entre advogados,
A Advocacia-Geral da União é uma instituição que promotores de justiça e juízes; todos são indispensáveis para
representa a União, judicial e extrajudicialmente, além de uma perfeita e adequada distribuição da justiça.
exercer as atividades de consultoria e assessoramento do A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à
Poder Executivo. função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como
A representação judicial e extrajudicial dos Estados- expressão e instrumento do regime democrático,
Membros, além das atividades de consultoria e fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos
assessoramento jurídico, é feita pela Procuradoria-Geral do direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e
Estado. extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma
Teoricamente, e desde que não haja proibição legal (já que integral e gratuita, aos necessitados, assim considerados na
não houve previsão constitucional) os advogados públicos forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal.
poderão advogar fora das atribuições institucionais, e desde Esta tutela para os necessitados não se restringe à
que não violem os interesses da pessoa de direito público em atividade judicial, mas compreende toda a esfera jurídica,

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abrangendo a prática de atos não processuais, como a Entre os princípios institucionais do Ministério Público,
instauração e movimentação de processos administrativos, está o princípio da unidade, que informa serem os integrantes
atos notariais e prestação de serviços de consultoria. do Ministério Público parte de uma única instituição, sendo
dirigidos por um mesmo chefe institucional e possuidores das
Texto Constitucional sobre o assunto mesmas prerrogativas funcionais.

SEÇÃO III ( ) CERTO ( ) ERRADO


DA ADVOCACIA
03. (TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Técnico Judiciário -
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da FCC/2016) A Constituição Federal veda ao membro do
justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no Ministério Público exercer
exercício da profissão, nos limites da lei. (A) qualquer outra função pública, ainda quando estiver
em disponibilidade, com exceção de exercer uma função de
SEÇÃO IV magistério.
DA DEFENSORIA PÚBLICA (B) qualquer outra função pública, ainda quando estiver
em disponibilidade, sem qualquer exceção.
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, (C) qualquer outra função pública, com exceção de exercer
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, a função de defensor público quando estiver em
como expressão e instrumento do regime democrático, disponibilidade.
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos (D) algumas funções públicas predeterminadas
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e taxativamente no texto constitucional.
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma (E) qualquer outra função pública, exceto quando estiver
integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV em disponibilidade, sem qualquer exceção.
do art. 5º desta Constituição Federal.
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da 04. (ANS - Técnico Administrativo - FUNCAB/2016) Em
União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá relação às funções essenciais da justiça e correlates princípios,
normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de assinale a alternativa correta.
carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público (A) Englobam a Advocacia Pública, Defensoria Pública,
de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da Ministério Público e Polícias Civil e Militar.
inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das (B) Constituem princípios institucionais do Ministério
atribuições institucionais. Público a unidade, indivisibilidade e dependência funcional.
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas (C) O Ministério Público integra o Poder Judiciário,
autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de orientação jurídica e promoção dos direitos humanos.
diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, (D) A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-
§ 2º. Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de
União e do Distrito Federal. notável saber jurídico e reputação ilibada.
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a (E) Os membros do Ministério Público não gozam da
unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, garantia de irredutibilidade de subsídio.
aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no
inciso II do art. 96 desta Constituição Federal. 05. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE/2016) Assinale
a opção correta a respeito da defensoria e da advocacia
Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras públicas.
disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão (A) A independência funcional no desempenho das
remunerados na forma do art. 39, § 4º. atribuições previstas aos membros da defensoria pública
garante a vitaliciedade no cargo.
Questões (B) Os procuradores do estado representam, judicial e
administrativamente, as respectivas unidades federadas, suas
01. (PC/GO - Delegado de Polícia Substituto - autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de
CESPE/2017) No modelo de funcionamento da justiça economia mista.
montado no Brasil, entendeu-se ser indispensável a existência (C) O defensor público, estadual ou federal, que presta
de determinadas funções essenciais à justiça. Nesse sentido, a orientação jurídica a necessitados pode também exercer a
CF considera como funções essenciais à justiça advocacia fora de suas atribuições institucionais.
(A) o Poder Judiciário, o Ministério Público, a defensoria (D) À defensoria pública, instituição permanente essencial
pública, a advocacia e as polícias civil e militar. à função jurisdicional do Estado, incumbe a orientação jurídica
(B) o Ministério Público, a defensoria pública, a advocacia e a defesa dos direitos individuais e coletivos, de forma
pública, a advocacia e as polícias civil e militar. integral e gratuita, a necessitados, em todos os graus de
(C) o Poder Judiciário e o Ministério Público. jurisdição e instâncias administrativas.
(D) o Ministério Público, a defensoria pública, a advocacia (E) A defensoria pública não está legitimada para propor
pública e a advocacia. ação civil pública: o constituinte concedeu essa atribuição
(E) o Poder Judiciário, o Ministério Público e a defensoria apenas ao MP.
pública.
Respostas
02. (SEDF - Professor – Direito - Quadrix/2017) Julgue
o próximo item com relação ao Direito Constitucional. 01. Resposta: “D”
02. Resposta: “CERTO”
03. Resposta: “A”
04. Resposta: “D”
05. Resposta: “D”

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APOSTILAS OPÇÃO

b) Progressiva universalização do ensino médio gratuito


Título VIII capítulo III, (inciso II);
seção I (da Educação). c) Atendimento educacional especializado aos portadores
de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino
(inciso III);
Da educação d) Educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças
até cinco anos de idade (inciso IV);
A educação é direito de todos e dever do Estado e da família, e) Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
devendo ser promovida e incentivada com a colaboração da e da criação artística, segundo a capacidade de cada um (inciso
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu V);
preparo para o exercício e sua qualificação para o trabalho. f) Oferta de ensino noturno regular, adequado às condições
Há se chamar atenção ao fato de que a Constituição torna a do educando (inciso VI);
família compromissária para com o direito social à educação. g) Atendimento ao educando, em todas as etapas da
Nenhuma política governamental que seja estabelecida para educação básica, por meio de programas suplementares de
diminuir a evasão escolar será profícua se não contar com o material didático-escolar, transporte, alimentação e
auxílio da família e da sociedade. assistência à saúde (inciso VII).
O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público
Princípios que movem o ensino subjetivo. Isto significa que pode um cidadão cobrar do Estado
o direito ao ensino gratuito (inclusive judicialmente), já que se
O art. 206 da Constituição dispõe que o ensino será trata de uma garantia que lhe é pré-estabelecida pelo
ministrado com base nos seguintes princípios: parágrafo primeiro, do art. 208, da Constituição. Isso tanto é
a) Igualdade de condições para o acesso e permanência na verdade que o não-oferecimento do ensino obrigatório pelo
escola (inciso I); Poder Público, ou sua oferta irregular, importa
b) Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o responsabilidade da autoridade competente (art. 208, §2º, CF).
pensamento, a arte e o saber (inciso II);
c) Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e Universidades
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino
(inciso III); Conforme o art. 207, da CF/88, as universidades gozam de
d) Gratuidade do ensino público em estabelecimentos autonomia didático-científica, administrativa e de gestão
oficiais (inciso IV); financeira e patrimonial, e obedecerão ao “Princípio de
e) Valorização dos profissionais da educação escolar, indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”.
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso É facultado às universidades admitir professores, técnicos
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos e cientistas estrangeiros, na forma da lei.
das redes públicas (inciso V); Tais disposições também se aplicam às instituições de
f) Gestão democrática do ensino público, na forma da lei pesquisa científica e tecnológica.
(inciso VI);
g) Garantia de padrão de qualidade (inciso VII); Plano Nacional de Educação
h) Piso salarial profissional nacional para os profissionais
da educação escolar pública, nos termos de lei federal (inciso A Lei (trata-se do diploma normativo de nº 13.005, de 25
VIII). de junho de 2014) estabelecerá o plano nacional de educação,
Ademais, há se lembrar que o ensino é livre à iniciativa de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema
privada, desde que cumpridas as normas gerais da educação nacional de educação em regime de colaboração e definir
nacional, sujeitando-se à autorização e avaliação de qualidade diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para
pelo Poder Público. assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus
Também, o ensino religioso, de matrícula facultativa, diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações
constituirá disciplina dos horários normais das escolas integradas dos Poderes Públicos das diferentes esferas
públicas de ensino fundamental. federativas que conduzam a (art. 214, CF):
Por fim, o ensino fundamental regular será ministrado em a) Erradicação do analfabetismo (inciso I);
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas b) Universalização do atendimento escolar (inciso II);
também a utilização de suas línguas maternas e processos c) Melhoria da qualidade do ensino (inciso III);
próprios de aprendizagem. d) Formação para o trabalho (inciso IV);
e) Promoção humanística, científica e tecnológica do país
Dever do Estado com a educação (inciso V).
f) Estabelecimento de meta de aplicação de recursos
Conforme o previsto no art. 208, da CF/88, o dever do públicos em educação como proporção do produto interno
Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: bruto (inciso VI).
a) Educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos
dezessete anos de idade, assegurada inclusive sua oferta CAPÍTULO III
gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
própria (inciso I). Neste diapasão, a Lei nº 12.796/13 alterou a SEÇÃO I
Lei nº 9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional DA EDUCAÇÃO
- para, dentre outros, fazer constar em seu art. 4º que o dever do
Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da
a garantia de educação básica obrigatória e gratuita dos quatro família, será promovida e incentivada com a colaboração da
aos dezessete anos (inciso I), organizada na forma escalonada sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
de pré-escola (alínea “a”), ensino fundamental (alínea “b”) e preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
ensino médio (alínea “c”). Tal preceito nada mais fez que trabalho.
regulamentar o inciso I, do art. 208, CF, com redação atual dada
pela Emenda Constitucional nº 59/2009; Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios:

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APOSTILAS OPÇÃO

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na § 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá
escola; disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o fundamental.
pensamento, a arte e o saber; § 2º - O ensino fundamental regular será ministrado em
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; também a utilização de suas línguas maternas e processos
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos próprios de aprendizagem.
oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso Municípios organizarão em regime de colaboração seus
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das sistemas de ensino.
redes públicas; § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais
VII - garantia de padrão de qualidade. e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades
da educação escolar pública, nos termos de lei federal. educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal
trabalhadores considerados profissionais da educação básica e e aos Municípios;
sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do fundamental e na educação infantil.
Distrito Federal e dos Municípios. § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão
prioritariamente no ensino fundamental e médio.
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático- § 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os
científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de
obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino
pesquisa e extensão. obrigatório.
§ 1º É facultado às universidades admitir professores, § 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente
técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. ao ensino regular.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de
pesquisa científica e tecnológica. Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de
dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos,
mediante a garantia de: compreendida a proveniente de transferências, na manutenção
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos e desenvolvimento do ensino.
17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta § 1º - A parcela da arrecadação de impostos transferida pela
gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos
própria; Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a
III - atendimento educacional especializado aos portadores transferir.
de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; § 2º - Para efeito do cumprimento do disposto no "caput"
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal,
5 (cinco) anos de idade; estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art.
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e 213.
da criação artística, segundo a capacidade de cada um; § 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições prioridade ao atendimento das necessidades do ensino
do educando; obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional
educação básica, por meio de programas suplementares de de educação.
material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência § 4º - Os programas suplementares de alimentação e
à saúde. assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito com recursos provenientes de contribuições sociais e outros
público subjetivo. recursos orçamentários.
§ 2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder § 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de
Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da financiamento a contribuição social do salário-educação,
autoridade competente. recolhida pelas empresas na forma da lei.
§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no § 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da
ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais contribuição social do salário-educação serão distribuídas
ou responsáveis, pela frequência à escola. proporcionalmente ao número de alunos matriculados na
educação básica nas respectivas redes públicas de ensino.
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as
seguintes condições: Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas
I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público. confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino excedentes financeiros em educação;
fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola
e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público,
regionais. no caso de encerramento de suas atividades.
§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser
destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e

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médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência


de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da Constituição Estadual do
rede pública na localidade da residência do educando, ficando o Amazonas – Título V, Capítulo
Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão
de sua rede na localidade. VII, Seção I (da Educação)
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e
fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por
instituições de educação profissional e tecnológica poderão CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO AMAZONAS33
receber apoio financeiro do Poder Público. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 85, de 2015) (....);

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de TÍTULO V


duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional DA ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL
de educação em regime de colaboração e definir diretrizes,
objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar (.....);
a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos
níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos CAPÍTULO VII
poderes públicos das diferentes esferas federativas que DA EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO
conduzam a: Seção I
I - erradicação do analfabetismo; Da Educação
II - universalização do atendimento escolar;
III - melhoria da qualidade do ensino; Art. 198. A educação, baseada nos princípios da
IV - formação para o trabalho; democracia, da liberdade de expressão, da sabedoria nacional
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País. e do respeito aos direitos humanos, é direito de todos e dever
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos do Estado e da família.
públicos em educação como proporção do produto interno Parágrafo único. Como agente do desenvolvimento, a
bruto. educação será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa para
Questões a elaboração e reflexão crítica da realidade, a preparação para
o trabalho e para o exercício da cidadania.
01. (IF/PI - Professor - Administração - IFPI/2016) A
Constituição Federal de 1988, também denominada de Art. 199. O Sistema Estadual de Educação, integrado por
Constituição Cidadã, estabeleceu no Capítulo III, Órgãos e estabelecimentos de ensino estaduais e municipais e
especificamente no Art. 206, os princípios que regem o ensino por escolas particulares, observará, além dos princípios e
no Brasil. Dentre estes, a gestão do ensino público passou a ser: garantias previstos na Constituição da República, os seguintes
(A) Autônoma e livre de qualquer poder, considerando os preceitos:
princípios de igualdade e liberdade do ensino. I - de observância obrigatória por todos os integrantes do
(B) Democrática em todos estabelecimentos de ensino Sistema:
públicos e privados. a) igualdade de condições para acesso e permanência na
(C) Democrática do ensino público, na forma da lei. escola;
(D) Oligárquica em todas as escolas em conformidade com b) liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
o projeto pedagógico de cada escola. pensamento, a arte e o saber;
(E) Participativa e democrática em todas as instituições de c) o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
ensino, em consonância com o que preconiza o direito público. d) preservação de valores educacionais regionais e locais;
e) liberdade de organização para alunos, professores,
02. (IF/TO – Técnico de laboratório – IFTO/2017) funcionários e pais de alunos;
Considerando as normas constitucionais sobre a educação, f) garantia de padrão de qualidade e de rendimento;
assinale a alternativa INCORRETA. g) implantação de programas de capacitação e
(A) As instituições de pesquisa científica e tecnológica aperfeiçoamento do pessoal docente e técnico-administrativo;
gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de h) as atividades de pesquisa e extensão privilegiarão o
gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao princípio de desenvolvimento da tecnologia regional e de proteção
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. ambiental;
(B) O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito i) a língua portuguesa será o veículo de ensino nas escolas
público subjetivo do cidadão. de educação fundamental, assegurada às comunidades
(C) O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos
Público, ou de sua oferta irregular, importa responsabilidade próprios de aprendizagem; j) obrigatoriedade do ensino e da
da autoridade competente. prática das linguagens da arte e da educação física;
(D) É vedado às instituições de pesquisa científica e k) implantação progressiva do turno de oito horas diárias
tecnológica admitir professores, técnicos e cientistas no ensino pré-escolar, alfabetização e de primeiro grau;
estrangeiros. l) o ensino religioso nas escolas de ensino fundamental;
(E) A gestão democrática do ensino público é um dos m) relação espaço-aluno por sala de aula e áreas
princípios do sistema educacional brasileiro. adequadas para a prática de educação física;
II- em relação ao ensino público:
Respostas a) gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais;
01. Resposta: “C” b) gestão democrática do ensino, na forma da lei (Alterado
02. Resposta: “D” pela EC 78/13)

33 Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas. Disponível em: Amazonas-Atualizada-2018.pdf. Atualizada até a EMENDA CONSTITUCIONAL
http://www.ale.am.gov.br/wp-content/uploads/2018/03/Constituicao-do- N. 97, DE 21 DE MARÇO DE 2018.

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c) participação de estudantes, funcionários, pais e universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade,


professores, representantes da comunidade científica e nos termos do plano nacional de educação (Alterado pela EC
entidades de classe na formulação da política de utilização dos 78/13)
recursos destinados à educação pública; § 3º Revogado pela EC 78/13
d) incentivo à participação da comunidade no processo § 4º Os recursos financeiros assegurados pelo Poder
educacional, conforme estabelecido em lei; Público para a manutenção do ensino fundamental deverão
e) valorização dos profissionais da educação escolar, contemplar, com dotação orçamentária específica, o ensino no
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso interior do Estado e dos Municípios.
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos § 5º O Poder Público editará oficialmente, até o dia dez de
das redes públicas (Alterado pela EC 78/13) março de cada ano, o demonstrativo da aplicação dos recursos
f) implantação de programas suplementares de material previstos neste artigo, por Município e por atividade.
didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde § 6º O Estado e os Municípios deverão publicar, no mesmo
no ensino fundamental, financiados com recursos prazo do parágrafo anterior, a relação nominal das entidades
provenientes de contribuições sociais e outros recursos de ensino sem fins lucrativos beneficiadas com recursos
orçamentários; públicos, assim como quantitativos a elas destinados e suas
g) a distribuição dos recursos públicos assegurará respectivas finalidades.
prioridade ao atendimento das necessidades do ensino § 7º As escolas comunitárias, confessionais ou
fundamental obrigatório, nos termos do Plano Estadual de filantrópicas, assim definidas em lei, poderão receber
Educação, constituindo-se em obrigação do Poder Público o subvenção do Estado e dos Municípios, desde que comprovem
investimento na expansão da rede escolar pública estadual e finalidade não-lucrativa, aplicando os seus excedentes
municipal; financeiros em obras educacionais, e assegurem a
h) os municípios atuarão, prioritariamente, no ensino transferência do seu patrimônio para outra escola congênere
fundamental e pré-escolar; ou para o Poder Público, no caso de sua extinção.
i) garantia do semestre sabático para fins de § 8º O Poder Público poderá dispensar apoio financeiro às
aperfeiçoamento profissional; atividades universitárias de pesquisa e extensão, bem como
j) o ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui destinar recursos a programas de bolsas de estudos para o
disciplina nas escolas públicas de ensino fundamental, aberto ensino fundamental e médio, na forma da lei, para os que
a todos os credos; demonstrarem insuficiência econômica, quando houver falta
l) garantia ao magistério público de remuneração de vagas e de cursos regulares na rede pública da localidade de
complementar por regência de classe ou atividades técnica residência do educando.
quando no exercício de sua atividade profissional, mesmo § 9º Não serão consideradas aplicações para o
quando no gozo de licença especial, afastamento por doença desenvolvimento e manutenção do ensino aquelas
profissional, acidente de trabalho, gestação ou casamento, relacionadas com obras de infra-estrutura urbana ou rural,
incorporando-se-lhe os proventos, quando inativos; mesmo que beneficiem a rede escolar pública.
m) autonomia didático-científica, administrativa e de § 10. O Estado destinará, anualmente, ao ensino público
gestão financeira e patrimonial, obedecidos os princípios de estadual de terceiro grau uma dotação orçamentária, em
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão nas percentual nunca inferior a cinco por cento do limite mínimo
instituições de ensino público estadual de terceiro grau. fixado pela Constituição da República para aplicação em
III- em relação ao ensino particular: educação pelos Estados e Municípios.
a) liberdade de iniciativa, na forma da lei;
b) autorização formal e avaliação objetiva pelo Conselho Art. 201. O dever do Estado com a educação também será
Estadual de Educação da qualidade, rendimento, custos e efetivado mediante a garantia:
condições de operação; I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
c) garantia de salário digno dos profissionais da educação, aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua
respeitado o piso salarial profissional; oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na
d) participação da comunidade no apoio ao trabalho idade própria; (Alterado pela EC 78/13)
educacional; II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
e) preço dos serviços educacionais compatíveis com a III- atendimento educacional especializado aos portadores
qualidade e rendimento do ensino com o tratamento de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
remuneratório dos profissionais da educação e as condições IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0
de funcionamento, observada, neste caso, a relação espaço- (zero) a 5 (cinco) anos de idade; (Alterado pela EC 78/13)
aluno nas salas de aula; V- acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
f) proibição de remuneração a qualquer título, pelo Poder e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
Público, de dirigentes, professores ou empregados de VI- oferta de ensino noturno regular, adequado às
entidades privadas de ensino; condições do educando;
g) definição pelo Poder Público do número máximo de VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
alunos por sala de aula e das instalações mínimas para educação básica, por meio de programas suplementares de
bibliotecas, práticas esportivas, pesquisas e atendimento material didático-escolar, transporte, alimentação e
médico. assistência à saúde; (Alterado pela EC 78/13)
VIII - compete ao Poder Público recensear os educandos no
Art. 200. O Estado e os Municípios aplicarão, anualmente, ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos
vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de pais ou responsáveis, pela frequência à escola (Alterado pela
impostos, compreendida a proveniente de transferências, na EC 78/13)
manutenção e desenvolvimento do ensino público.
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pelo Art. 202. Ao Conselho Estadual de Educação, sem prejuízo
Estado aos Municípios não é considerada receita estadual, de outras atribuições que lhe sejam conferidas por lei e
para efeito do disposto neste artigo. observadas as diretrizes e bases estabelecidas pela União,
§2.º A distribuição dos recursos públicos estadual e incumbe:
municipais assegurará prioridade ao atendimento das I - analisar e aprovar o Plano Estadual de Educação e
necessidades do ensino obrigatório, no que se refere à fiscalizar a sua execução;

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II- baixar normas disciplinares dos Sistemas Estadual e O GOVERNADOR DO ESTADO DO AMAZONAS,
Municipal de Ensino; III - autorizar, na forma da lei: FAÇO SABER a todos os habitantes que a ASSEMBLEIA
a) o funcionamento de ensino particular e avaliar-lhe a LEGISLATIVA decretou e eu sanciono a presente LEI:
qualidade, os custos e as condições de operação;
b) o funcionamento de cursos superiores de Universidades TÍTULO I
e instituições isoladas de ensino, mantidas pelo Estado, bem CAPÍTULO ÚNICO
como oferecer subsídios ao Conselho Federal de Educação DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
para efeito de reconhecimento dos mesmos.
IV- aprovar as anuidades escolares, na forma de legislação Art. 1.º - Esta Lei dispõe sobre o regime jurídico dos
competente; Funcionários Públicos Civis do Estado do Amazonas.
V - aprovar planos de aplicação dos recursos públicos Parágrafo único - As disposições desta Lei, salvo norma
destinados à educação. legal expressa, não se aplicam aos servidores regidos por
Parágrafo único. A organização, a competência e as legislação especial.
diretrizes de funcionamento do Conselho serão estabelecidas
em lei, observados os seguintes princípios: Art. 2.º - Para efeito desta Lei:
a) autonomia administrativa e funcional, constituindo-se I - Funcionário é a pessoa legalmente investida em cargo
em uma unidade orçamentária; público;
b) proporcionalidade na composição entre representantes II - Cargo é a designação do conjunto de atribuições e
do magistério público e privado e entidades da sociedade civil, responsabilidades cometidas a um funcionário, identificando-
inclusive as sindicais; se pelas características de criação por lei, denominação
c) duração do mandato, com renovação por um e dois própria, número certo e pagamento pelos cofres do Estado;
terços de seus membros, alternadamente, vedada a III - Classe é o conjunto de cargos de igual denominação e
recondução para o mandato subsequente. com atribuições, responsabilidades e padrões de vencimento;
IV - Série de Classes é o conjunto de classes da mesma
Art. 203. O plano estadual de educação, de duração denominação, dispostas, hierarquicamente, de acordo com o
plurianual, visará à articulação e ao desenvolvimento do grau de complexidade das atribuições, nível de
ensino em seus diversos níveis, à integração das ações do responsabilidade, e constitui a linha natural de promoção do
Poder Público e à adaptação ao plano nacional, com os funcionário.
seguintes objetivos: V - Lotação é o número de cargos e funções gratificadas
I- a erradicação do analfabetismo; fixado para cada repartição, ou ainda o número de servidores
II- a universalização do atendimento escolar; que devem ter exercício em cada unidade administrativa.
III- a melhoria da qualidade do ensino;
IV- a preparação para o trabalho; Art. 3.º - Ao funcionário não serão atribuídas
V- a promoção humanística, científica e tecnológica. responsabilidades ou cometidos serviços alheios aos definidos
Parágrafo único. O plano de educação será encaminhado em lei ou regulamento como típicos do seu cargo, exceto
para aprovação pela assembleia Legislativa em conjunto com funções gratificadas, comissões ou mandatos em órgãos de
o plano plurianual de que trata o art. 157, I, desta Constituição. deliberação coletiva do Estado ou de que o Estado participe.

Art. 204. A autorização para o funcionamento de escolas Art. 4.º - É vedada a prestação de serviços gratuitos, salvo
particulares, cumprindo o estabelecido no art. 4º, III, desta no desempenho de função transitória de natureza especial ou
Constituição, será condicionada ao atendimento de: na participação em comissões ou grupos de trabalho.
I- piso salarial profissional;
II- estruturação em carreira, do pessoal docente e técnico- TÍTULO II
administrativo; DO PROVIMENTO E DA VACÂNCIA DOS CARGOS
III- liberdade de organização estudantil autônoma; PÚBLICOS
IV- liberdade de organização sindical para docentes e CAPÍTULO I
servidores técnico-administrativo; DO PROVIMENTO
V- aplicação de parte de seus excedentes orçamentários SEÇÃO I
prioritariamente na capacitação de docentes e funcionários; DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
VI- avaliação periódica, pelo Poder Público, da qualidade e
rendimento do ensino. Art. 5.º - São formas de provimento dos cargos públicos:
I - Nomeação;
II - Promoção;
Estatuto do funcionário III - Acesso;
IV - Readmissão;
público do Estado do V - Reintegração;
Amazonas Lei n.º 1.762/86 e VI - Reversão;
suas alterações VII - Aproveitamento;
VIII - Transferência; e
IX - Readaptação.
Art. 6.º - Lei ou regulamento estabelecerá as qualificações
LEI N.º 1.762 DE 14 DE NOVEMBRO DE 198634 para o provimento e as atribuições dos cargos públicos em
geral.
Dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do
Estado do Amazonas.

34 Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas. Disponível em: Funcionarios-Publicos-Civis-do-Estado-do-Amazonas-editado.pdf. Atualizado


http://www.ale.am.gov.br/wp-content/uploads/2015/10/Estatuto-dos- até a LEI COMPLEMENTAR N. 155/2015.

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SEÇÃO II III - de maior tempo no serviço público estadual;


DA NOMEAÇÃO IV - de maior tempo no serviço público;
V - mais idoso.
Art. 7.º - A nomeação será feita:
I - Em caráter efetivo; Art. 19 - O merecimento obedecerá a critérios pelos quais
II - Em comissão, quando se tratar de cargo que, por Lei, serão aferidos os graus de pontualidade, assiduidade,
assim deva ser provido; eficiência, espírito de colaboração ético-profissional e
III - (Revogado). cumprimento dos deveres por parte do funcionário.

Art. 8.º - A nomeação em caráter efetivo dependerá, Art. 20 - O interstício para a promoção horizontal será de
sempre, de prévia habilitação em concurso público de provas dezoito meses.
ou de provas e títulos, devendo obedecer, obrigatoriamente, à
ordem de classificação dos concursados para cada cargo, Art. 21 - Para efeito de promoção vertical, o interstício, na
observados ainda o prazo de validade do concurso e o número classe, será de vinte e quatro meses.
de vagas existentes.
Art. 22 - Somente por antiguidade será promovido o
Art. 9.º - Ressalvados os casos previstos em lei, é exigida a funcionário em exercício de mandato legislativo.
idade mínima de dezoito e a máxima de sessenta anos
completos, na data do encerramento da inscrição em concurso SEÇÃO IV
público. DO ACESSO
Parágrafo único - Não dependerá de limite de idade a
inscrição em concurso do ocupante de cargo público estadual Art. 23 - O acesso é o ato pelo qual o funcionário obtém,
de provimento efetivo. mediante processo seletivo, elevação de uma série de classes
ou classe singular para outra do mesmo ou de outro grupo, na
Art. 10 - Dentre os candidatos aprovados, os classificados jurisdição do mesmo ou de outro órgão integrante da
até o limite de vagas, existentes à época do edital, têm Administração Direta.
assegurado o direito à nomeação, no prazo de validade do § 1.º - Quando se tratar de série de classes, o acesso só
concurso. poderá ocorrer para a classe inicial de carreira.
Parágrafo único - Os demais candidatos aprovados serão § 2.º - O acesso precederá ao concurso público.
nomeados à medida que ocorrerem vagas, dentro do prazo de
validade do concurso. Art. 24 - O processo seletivo exigirá concurso interno, de
caráter competitivo e eliminatório no qual será indispensável
Art. 11 - O regulamento ou edital do concurso indicará o nível de conhecimento compatível com a atividade própria do
respectivo prazo de validade, que não poderá ser superior a cargo a ser provido, formalidades e condições idênticas às
quatro anos, incluídas as prorrogações. estabelecidas para o concurso público, exceto limite de idade.
Parágrafo único - Somente poderá inscrever-se, no
Art. 12 - O cargo em comissão será sempre de livre escolha concurso interno, funcionário com mais de três anos de serviço
do Governador, dos Presidentes dos Poderes Legislativo ou público estadual, sob regime deste Estatuto, e com habilitação
Judiciário e dos Tribunais de Contas. profissional ou escolaridade exigida para o ingresso na classe
em concorrência.
SEÇÃO III
DA PROMOÇÃO SEÇÃO V
DA READMISSÃO
Art. 13 - Promoção é a forma pela qual o funcionário
progride na série de classes, e consiste na passagem da Art. 25 - Readmissão é o ato pelo qual o funcionário
referência em que se encontra, para a imediatamente superior, exonerado reingressa no serviço público, sem direito a
observadas as normas constantes de Regulamento próprio. ressarcimento de qualquer espécie e sempre por conveniência
da Administração.
Art. 14 - A promoção pode ocorrer mediante avanço Parágrafo único - A readmissão dependerá da existência de
horizontal e vertical. vaga e far-se-á no cargo anteriormente ocupado pelo
funcionário exonerado ou, se transformado, no cargo
Art. 15 - A promoção horizontal é a mudança de referência resultante da transformação.
dentro da mesma classe e independerá da existência de vaga.
SEÇÃO VI
Art. 16 - A promoção vertical consiste na passagem de DA REINTEGRAÇÃO
referência final de uma classe para a inicial da classe
imediatamente superior, dentro da mesma série de classes, e Art. 26 - Reintegração é o ato pelo qual o demitido
dependerá da existência de vaga. reingressa no serviço público, em decorrência de decisão
administrativa ou judicial transitada em julgado, com o
Art. 17 - As promoções obedecerão aos critérios de ressarcimento de todos os direitos e vantagens, bem como dos
antiguidade e de merecimento, alternadamente, sendo a prejuízos resultantes da demissão.
primeira sempre por antiguidade.
Art. 27 - Deferido o pedido por decisão administrativa ou
Art. 18 - A promoção por antiguidade recairá no transitada em julgado a sentença, será expedido o ato de
funcionário com mais tempo de efetivo exercício na referência, reintegração.
apurado em dias. § 1.º - Se o cargo houver sido transformado, a reintegração
Parágrafo único - Havendo empate, terá preferência dar-se-á no cargo resultante da transformação.
sucessivamente, o funcionário: § 2.º - Se extinto o cargo antes ocupado, a reintegração
I - de maior tempo na classe; ocorrerá no cargo de vencimento equivalente, respeitada a
II - de maior tempo na série de classes; habilitação profissional.

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§ 3.º - Se inviáveis as soluções indicadas nos parágrafos SEÇÃO X


precedentes, será restabelecido automaticamente o cargo DA READAPTAÇÃO
anterior, no qual se dará a reintegração.
Art. 37 - Readaptação é a investidura em cargo de
SEÇÃO VII atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação
DA REVERSÃO que tenha o funcionário sofrido em sua capacidade física ou
mental, apurada por junta médica oficial.
Art. 28 - Reversão é o ato pelo qual o aposentado Parágrafo único - A redução ou o aumento de vencimento
reingressa no serviço público, a pedido ou "ex-officio" que acaso decorrer da readaptação serão disciplinados em
§ 1.º - A reversão "ex-officio" ocorrerá quando regulamento.
insubsistentes as razões que determinaram a aposentadoria
por invalidez. CAPÍTULO II
§ 2.º - A reversão somente poderá se efetivar quando, em DA POSSE
inspeção médica, ficar comprovada a capacidade para o
exercício do cargo. Art. 38 - Posse é o ato de investidura em cargo público.
§ 3.º - Será tornada sem efeito a reversão "ex-officio" e § 1.º - A posse será formalizada com a assinatura do termo
cassada a aposentadoria do funcionário que não tomar posse pela autoridade competente e pelo empossado.
ou não entrar no exercício dentro de prazo legal. § 2.º - Não haverá posse nos casos de promoção, acesso,
substituição, reintegração, transferência e readaptação.
Art. 29 - A reversão far-se-á no mesmo cargo ou em cargo
resultante da transformação. Art. 39 - A posse em cargo público depende de prévia
Parágrafo único - Em casos especiais, a juízo da inspeção médica, para comprovar se o candidato satisfaz os
Administração, poderá o aposentado reverter em outro cargo requisitos físicos mentais exigidos para o desempenho do
de igual vencimento, respeitados os requisitos para o cargo.
respectivo provimento.
Art. 40 - Poderá haver posse mediante procuração quando
SEÇÃO VIII se tratar de funcionário ausente do Estado, em missão da
DO APROVEITAMENTO Administração ou ainda em casos especiais, a juízo da
autoridade competente.
Art. 30. O retorno à atividade do servidor em
disponibilidade far-se-á mediante adequado aproveitamento Art. 41 - A posse ocorrerá no prazo de trinta dias, contados
em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o da publicação do ato de provimento do Diário Oficial do
anteriormente ocupado, se existente vaga e mediante Estado.
comprovação, por junta médica oficial, da capacidade física e § 1.º - O prazo previsto neste artigo poderá ser prorrogado
mental do aproveitando. por igual período, a juízo da autoridade competente para
Parágrafo único. O aproveitamento de servidor de que empossar.
trata este artigo somente ocorrerá, mediante solicitação § 2.º - Quando o funcionário não tomar posse no prazo
devidamente fundamentada do órgão interessado e legal, o ato de provimento será tornado sem efeito.
autorização expressa do Chefe do Poder Executivo.
Art. 42. São requisitos para a posse:
Art. 31. Será tornado sem efeito o aproveitamento e I - nacionalidade brasileira ou estrangeira, esta quando
cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em admitida por legislação federal específica;
exercício no prazo de trinta dias contados da publicação do II - Idade mínima de dezoito anos;
ato, salvo doença comprovada por junta médica oficial. III - Exercício pleno dos direitos políticos;
IV - quitação com o serviço militar, quando o empossando
Art. 32. O aproveitamento precederá a realização de for do sexo masculino;
concurso público destinado ao provimento de cargo que V - sanidade física e mental atestada por junta médica
atenda as condições do artigo 30. oficial;
Art. 33 - Será aposentado no cargo que ocupava o VI - preenchimento das condições especiais prescritas para
funcionário em disponibilidade que, em inspeção médica, for o cargo;
julgado definitivamente incapaz para o serviço público. VII - declaração de bens e valores que constituem o
patrimônio do empossando;
SEÇÃO IX § 1º - O servidor, no ato de posse, declarará expressamente
DA TRANSFERÊNCIA se ocupa outro cargo ou emprego público, especificando cada
um deles com os respectivos horários, se for o caso, ou
Art. 34 - Transferência é o ato pelo qual o funcionário comprovará haver requerido exoneração ou dispensa, na
estável passa de um cargo para outro, de quadro diverso, hipótese de acumulação não-permitida.
ambos de provimento efetivo. § 2º - Na hipótese de o empossando perceber proventos,
fará declaração correspondente, indicando o cargo em que se
Art. 35 - A transferência ocorrerá a pedido do funcionário deu a inatividade.
ou "ex-officio", atendidos, sempre, a conveniência do serviço e
os requisitos necessários ao provimento do cargo. Art. 43 - São competentes para dar posse:
I - O Chefe do Poder Executivo, aos Secretários de Estado e
Art. 36 - A transferência será feita para cargo de mesmo demais autoridades que lhes sejam diretamente subordinadas,
padrão de vencimento ou de igual remuneração, ressalvados e o responsável pelo órgão de pessoal, nos demais casos;
os casos de transferência a pedido, quando o vencimento ou a II - Quando se tratar de funcionário dos Poderes
remuneração poderá ser inferior. Legislativo e Judiciário, dos Tribunais de Contas do Estado e
dos Municípios, ou ainda das autarquias, as autoridades
designadas em regimento interno, lei orgânica ou
regulamento.

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Parágrafo único - A autoridade que empossar verificará, SEÇÃO II


sob pena de responsabilidade, se foram satisfeitas as DA ESTABILIDADE
condições legais para a investidura no cargo.
Art. 49. O servidor não aprovado no estágio será
CAPÍTULO III exonerado, salvo se já estável no serviço público, hipótese em
DO EXERCÍCIO que será reconduzido ao cargo de que era titular ou
aproveitado em outro de atribuições e vencimentos
Art. 44 - Exercício é o desempenho das atribuições do compatíveis com o anteriormente ocupado, se aquele se
cargo. encontrar provido.

Art. 45 - O exercício começará no prazo máximo de trinta Art. 50 - O servidor público estável só perderá o cargo:
dias, contados da data da posse. I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
Parágrafo único - Tornar-se-á sem efeito o ato de II - mediante processo administrativo em que lhe seja
provimento, se o funcionário não entrar em exercício no prazo assegurada ampla defesa;
legal. III - mediante procedimento de avaliação periódica de
desempenho, na forma de lei complementar federal,
Art. 46 - O funcionário que deva ter exercício em outro assegurada ampla defesa.
órgão terá quinze dias, contados do desligamento do órgão de
origem, para assumir o cargo. CAPÍTULO V
DA SUBSTITUIÇÃO
CAPÍTULO IV
DO ESTÁGIO PROBATÓRIO E DA ESTABILIDADE Art. 51 - Haverá substituição nos casos de impedimento
SEÇÃO I legal ou afastamento de titular de cargo em comissão, função
DO ESTÁGIO PROBATÓRIO gratificada ou função de confiança.
Parágrafo único - (Revogado).
Art. 47. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para § 1º - A substituição de que trata este artigo será
cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório, remunerada, qualquer que seja a natureza do afastamento,
por período de três anos, durante o qual seu desempenho será desde que por período superior a trinta dias consecutivos,
avaliado por comissão especialmente constituída para essa paga na proporção dos dias de efetiva substituição que
finalidade. excederem o referido período
Parágrafo único - (Suprimido). § 2º - Em nenhuma hipótese haverá remuneração por
§ 1.º O estagiário poderá afastar-se do exercício do cargo substituição automática, entendida esta como a que integra a
em caso de férias, nomeação para cargo de provimento em função própria do cargo de que o servidor for titular.
comissão destinado às atribuições de direção, chefia e § 3º - A substituição prevista no caput deste artigo dar-se-
assessoramento superior ou licença para tratamento de saúde. á mediante designação do servidor substituto, por ato do
§ 2.º O servidor público que for nomeado para exercício de dirigente do órgão ou entidade.
cargo de provimento em comissão, destinado às atribuições de
direção, chefia e assessoramento superior, em organismo do CAPÍTULO VI
Poder Executivo Estadual, ficará, automaticamente, à DA RELOTAÇÃO, DA DISPOSIÇÃO E DA REMOÇÃO
disposição do órgão ou entidade onde tiver exercício, com ou (Capítulo alterado pela LEI COMPLEMENTAR N.
sem ônus para o órgão de origem, observadas as regras de 152/2015)
opção e limite remuneratórios.
§ 3.º Quando a nomeação decorrer de ato dos Poderes Art. 52. Os servidores públicos do Estado do Amazonas
Legislativo e Judiciário, do Ministério Público Estadual, do poderão ser relotados, postos à disposição ou removidos, de
Tribunal de Contas do Estado, de outros órgãos ou entidades acordo com as normas previstas neste artigo e nas
da Administração Federal, de outros Estados, do Distrito regulamentações específicas, sem prejuízo das normas fixadas
Federal ou das Administrações Municipais, as disposições para carreiras específicas. (Alterado pela LEI
serão concedidas, por ato do Governador, mediante a COMPLEMENTAR N. 152/2015).
satisfação dos seguintes requisitos: §1.º A Relotação é o ato, de competência exclusiva do
I - operar-se-ão, como regra geral, sem quaisquer ônus Governador do Estado, pelo qual o servidor é movimentado
para a repartição de origem e pelo prazo de doze meses, com o cargo, em caráter definitivo, para outro órgão ou
prorrogável a critério do Chefe do Poder Executivo; entidade integrante do Poder Executivo Estadual, respeitando
II - o ato concessivo somente será editado se a requisição as áreas específicas e condicionada à existência do cargo no
se referir ao exercício de cargo de provimento em comissão Quadro de Pessoal do órgão ou entidade pleiteado,
destinado às atribuições de direção, chefia e assessoramento independente da existência de vagas. (Acrescentado pela LEI
superior ou função de confiança, estabelecendo-se, no próprio COMPLEMENTAR N. 152/2015).
ato, o compromisso de ressarcimento ao Estado do Amazonas, §2.º As Disposições de servidores civis do Poder Executivo
quando o servidor optar pela remuneração de seu cargo - compreendendo as Administrações Direta, Autárquica e
efetivo, nos termos do artigo 109, XXIII, da Constituição Fundacional - para o Poder Legislativo, o Poder Judiciário, o
Estadual, com as alterações promovidas pela Emenda Ministério Público Estadual, o Tribunal de Contas do Estado e
Constitucional n.º 36, de 13 de dezembro de 1999. para outros órgãos ou entidades da Administração Federal, de
outros Estados, do Distrito Federal ou das Administrações
Art. 48. Cumprido satisfatoriamente o estágio probatório, Municipais, serão concedidas, por ato do Governador,
o servidor adquirirá estabilidade no serviço público após o mediante a satisfação dos seguintes requisitos: (Acrescentado
terceiro ano de efetivo exercício. pela LEI COMPLEMENTAR N. 152/2015).
I - o ato concessivo somente será editado se a requisição
referir o exercício de cargo em comissão ou função de
confiança; (Alterado pela LEI COMPLEMENTAR N. 155/2015).
II - operar-se-ão, como regra geral, sem quaisquer ônus
para o órgão ou entidade de origem e pelo prazo de doze

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meses, prorrogável a critério do Chefe do Poder Executivo; II - Casamento, até oito dias;
(Acrescentado pela LEI COMPLEMENTAR N. 152/2015). III - Falecimento do cônjuge ou parente consanguíneo ou
III - operar-se-ão, excepcionalmente, com ônus para o afim, até o segundo grau, não excedente a oito dias;
órgão de origem: (Acrescentado pela LEI COMPLEMENTAR N. IV - Serviços obrigatórios por lei;
152/2015). V - Licença, salvo a que determinar a perda do vencimento;
a) quando o servidor optar pela remuneração de seu cargo VI - Faltas justificadas, até o máximo de três por mês, na
efetivo ou emprego, estabelecendo-se, no próprio ato, o forma prevista no artigo 86 deste Estatuto;
compromisso de ressarcimento ao Estado do Amazonas, que VII - Missão ou estudo fora da sede de exercício, quando
deverá incluir o ressarcimento da remuneração bruta, bem autorizado o afastamento pela autoridade competente;
como dos encargos sociais; (Acrescentado pela LEI VIII - Trânsito em decorrência de mudança da sede de
COMPLEMENTAR N. 152/2015). exercício, até quinze dias;
b) desde que presente a reciprocidade de tratamento pelo IX - Competições esportivas em que represente o Brasil ou
órgão de destino em situações similares. (Acrescentado pela o Estado do Amazonas;
LEI COMPLEMENTAR N. 152/2015). X - Prestação de concurso público;
IV – (Revogado pela LEI COMPLEMENTAR N. 155/2015). XI - Disposição ou exercício de cargo de confiança no
§3.º As disposições de servidores civis do Poder Executivo serviço público.
terão caráter automático, quando o servidor for nomeado para
cargo de provimento em comissão em órgão ou entidade Art. 57 - O tempo de serviço do funcionário afastado para
diverso do de sua lotação, no âmbito do Poder Executivo, exercício de mandato eletivo federal, estadual ou municipal,
respeitado o direito de opção quanto aos vencimentos. será contado para todos os efeitos legais, exceto para
(Alterado pela LEI COMPLEMENTAR N. 155/2015). promoção por merecimento.
§4.º Os servidores civis do Poder Executivo Estadual
poderão ser colocados à disposição de órgão da Administração Art. 58 - Para efeito de aposentadoria, disponibilidade e
Direta ou entidade da Administração Indireta do Poder adicional, será computado integralmente:
Executivo Estadual diverso do de sua lotação, sem ônus para o I - O tempo de serviço federal, estadual ou municipal;
órgão de origem, independente da nomeação para exercício de II - O tempo de serviço ativo nas Forças Armadas prestado
cargo de confiança ou de provimento em comissão, passando durante a paz, computado em dobro quando em operação de
o servidor, a partir da edição do respectivo ato, a integrar a guerra.
folha de pessoal do outro organismo, inclusive para efeito de III - O tempo de serviço prestado em autarquia;
pagamento do vencimento do cargo efetivo, em caso de opção, IV - O tempo de serviço prestado à instituição ou empresa
na forma estatutária. (Acrescido pela LEI COMPLEMENTAR N. de caráter privado, que houver sido transformada em
155/2015). estabelecimento de serviço público VETADO.
§5.º A Remoção é o ato pelo qual o servidor é deslocado de V - O tempo de licença especial não gozada, contada em
um órgão ou entidade para outro, dentro da mesma repartição, dobro; e
podendo ser feita a seu pedido, por permuta, ou 'ex-officio'. VI - O tempo de licença para tratamento de saúde.
(Acrescido pela LEI COMPLEMENTAR N. 155/2015). Parágrafo único - VETADO.

Art. 53. Os procedimentos para a concessão da relotação, Art. 59 - O tempo em que o funcionário esteve em
da disposição e da remoção de servidores serão definidos em disponibilidade ou aposentado será considerado,
regulamento próprio. (Alterado pela LEI COMPLEMENTAR N. exclusivamente, para nova aposentadoria ou disponibilidade.
152/2015).
CAPÍTULO VII Art. 60 - O cômputo do tempo de serviço será feito em dias.
DA VACÂNCIA § 1.º - O número de dias será convertido em anos,
considerado o ano como de trezentos e sessenta e cinco dias.
Art. 54 - A vacância de cargo público decorrerá de: § 2.º - Para efeito de aposentadoria ou disponibilidade, a
I - Exoneração; fração do ano superior a cento e oitenta dias será arredondada
II - Demissão; para um ano.
III - Acesso; § 3.º - O tempo de serviço será computado à vista de
IV - Promoção; documentação expedida na forma da lei, incluindo o prestado
V - Transferência; à União, Estados, Municípios VETADO, bem como o relativo a
VI - Readaptação; mandato eletivo.
VII - Aposentadoria; e § 4.º - Somente após verificada a inexistência de
VIII - Falecimento. documentos bastantes na repartição do interessado e no
Art. 55 - Dar-se-á exoneração: Arquivo Geral correspondente, admitir-se-á a comprovação de
I - A pedido do funcionário; tempo de serviço através de justificação judicial.
II - "Ex-Officio".
a) quando se tratar de cargo em comissão e não ocorrer a Art. 61 - É vedada a acumulação de tempo de serviço
hipótese do item I; prestado concorrente e simultaneamente em dois ou mais
b) quando o funcionário não entrar em exercício dentro do cargos ou funções da União, dos Estados, do Distrito Federal,
prazo legal; Territórios, Municípios e Autarquias.
c) quando não satisfeitas as condições do estágio
probatório. TÍTULO IV
DOS DIREITOS E VANTAGENS
TÍTULO III CAPÍTULO I
CAPÍTULO ÚNICO DAS FÉRIAS
DO TEMPO DE SERVIÇO Art. 62 - O funcionário gozará férias anuais de trinta dias,
percebendo, sem qualquer prejuízo financeiro, um valor
Art. 56 - Será considerado como de efetivo exercício o correspondente a um terço da remuneração mensal.
afastamento do funcionário em virtude de: § 1.º - Somente depois do primeiro ano de exercício, o
I - Férias; funcionário terá direito a férias.

Legislação Específica 77
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§ 2.º - É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao Art. 70 - O funcionário licenciado para tratamento de saúde
serviço. não poderá dedicar-se a qualquer atividade remunerada, sob
§ 3.º - O órgão de pessoal de cada repartição organizará, no pena de imediata suspensão da licença, com perda total de
mês de novembro, a escala de férias para o exercício seguinte. vencimento e vantagens, até reassumir o cargo.
§ 4.º - Atendida a conveniência do serviço público,
observar-se-á na organização da escala, quando possível, o Art. 71 - (Revogado).
interesse do funcionário.
§ 5.º - A escala de férias poderá ser alterada por SEÇÃO III
necessidade do serviço. DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA
EM PESSOA DA FAMÍLIA
Art. 63 - Poderão ser acumuladas até três períodos de
férias, por imperiosa necessidade do serviço, declarada por Art. 72 - Sem prejuízo de sua remuneração, o servidor
escrito pelo chefe imediato do funcionário e, quando for o caso, poderá obter licença por motivo de doença em parente
reconhecida pelo titular da Secretária de Estado ou da consanguíneo ou afim até segundo grau, e do cônjuge ou
Autarquia competente, ou ainda, pelo Presidente do Poder companheiro, quando provado que a sua assistência pessoal é
Legislativo ou do Judiciário e dos Tribunais de Contas. indispensável e não pode ser prestada sem se afastar da
§ 1.º - A declaração constante do "caput" deste artigo será repartição
formulada até dez dias antes da data prevista para início do Parágrafo único - (Suprimido).
gozo de férias. § 1.º A licença dependerá de inspeção pela junta médica
§ 2.º - A acumulação de períodos de férias não autoriza a oficial, que avaliará e definirá o prazo da concessão, de acordo
acumulação do valor das férias anuais remuneradas a que se com a gravidade do caso.
refere o "caput" do artigo anterior, que será pago obedecendo § 2.º Enquanto perdurar a enfermidade, poderão ser
rigorosamente a escala antes obedecida. concedidas prorrogações, precedidas de perícia médica oficial,
§ 3.º - O período de férias acumuladas com base neste a quem cabe fixar o novo prazo da licença.
artigo será incluído na escala do ano seguinte, imediatamente § 3.º Nos casos de tratamento fora do Estado, o servidor,
após o período normal, VETADO. para fins de prorrogação da licença, deverá apresentar laudo
do médico responsável para exame da junta médica oficial.
Art. 64 - Durante as férias o funcionário terá direito a todas § 4.º Sobrevindo a cura ou o falecimento do familiar
as vantagens do cargo, como se em efetivo exercício estivesse. durante licença, o servidor deverá retornar às suas funções,
observado o disposto no art. 56, III, deste Estatuto, sob pena
CAPÍTULO II de instauração de processo administrativo disciplinar e
DAS LICENÇAS restituição ao erário dos valores percebidos a títulos de
SEÇÃO I remuneração.
DISPOSIÇÕES GERAIS
SEÇÃO IV
Art. 65 - Conceder-se-á, nos termos e condições de DA LICENÇA À GESTANTE
regulamento, licença:
I - Para tratamento de saúde; Art. 73 - (Revogado)
II - Por motivo de doença em pessoa da família; § 1.º - (Revogado)
III - À gestante; § 2.º - (Revogado)
IV - Por motivo de afastamento do cônjuge, funcionário
civil, militar, ou servidor de autarquia; SEÇÃO V
V - Para tratamento de interesse particular; DA LICENÇA PARA ACOMPANHAR
VI - Para serviço militar obrigatório; e O CÔNJUGE
VII - Especial.
Art. 74 - O funcionário terá direito à licença, sem
Art. 66 - A licença, concedida dentro de sessenta dias, após remuneração, para acompanhar o cônjuge removido ou
o término da anterior, será considerada como prorrogada. transferido para outro ponto do território nacional ou para o
Parágrafo único - Para efeito do disposto neste artigo, exterior, ou eleito para exercer mandato eletivo.
somente serão levadas em consideração as licenças da mesma Parágrafo único - Existindo no novo local de residência,
espécie. repartição estadual, o funcionário nele terá exercício,
enquanto perdurar aquela situação.
Art. 67 - O funcionário não poderá permanecer licenciado
por prazo superior a vinte e quatro meses, consecutivos, salvo SEÇÃO VI
nos casos dos itens IV, V e VI do artigo 65. DA LICENÇA PARA TRATAMENTO
DE INTERESSES PARTICULARES
SEÇÃO II
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE Art. 75 - A critério da Administração, ao servidor poderá
ser concedida licença para tratar de interesses particulares,
Art. 68 - A licença para tratamento de saúde depende de por período fixado no ato concessivo e sempre sem
inspeção médica e será concedida sem prejuízo da remuneração.
remuneração. § 1º - O servidor aguardará em exercício a concessão da
licença.
Art. 69 - Quando a inspeção médica verificar redução da § 2º - A licença de que trata este artigo poderá ser
capacidade física do funcionário, ou estado de saúde a interrompida a qualquer tempo, a pedido do servidor ou a
impossibilitar ou desaconselhar o exercício das funções critério da Administração.
inerentes ao seu cargo, e não se configurar necessidade de § 3º - A licença poderá ser prorrogada por requerimento
aposentadoria nem licença, poderá o funcionário ser do servidor interessado, pessoalmente ou por procurador com
readaptado na forma do artigo 37. poderes especiais, observado o disposto no caput deste artigo.

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APOSTILAS OPÇÃO

§ 4º - A licença suspende o vínculo do servidor com a II - vencimentos, a soma do vencimento básico com as
Administração, não se computando o tempo correspondente vantagens permanentes relativas ao cargo público.
para qualquer efeito, inclusive o de estágio probatório.
Art. 81 - Remuneração é a soma do vencimento com as
SEÇÃO VII vantagens criadas por lei, inclusive as de caráter individual e
DA LICENÇA PARA SERVIÇO MILITAR as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
OBRIGATÓRIO Parágrafo único - Em se tratando de cargo comissionado ao
qual seja atribuída gratificação distinta da de representação, o
Art. 76 - Ao funcionário convocado para o serviço militar e servidor que o ocupar optará por uma delas.
outras obrigações de segurança nacional será concedida
licença remunerada. Art. 82 - (Revogado)
§ 1.º - Da remuneração descontar-se-á a importância que o I - (Revogado).
funcionário perceber pelo serviço militar. II - (Revogado).
§ 2.º - A licença será concedida à vista de documento que § 1.º - (Revogado).
prove a incorporação. § 2.º - (Revogado).
§ 3.º - Ocorrido o desligamento do serviço militar o § 3.º - (Revogado).
funcionário terá prazo de trinta dias para reassumir o § 4.º - (Revogado).
exercício do cargo. § 5.º - (Revogado).

Art. 77 - Ao funcionário oficial da reserva das Forças Art. 83 - Perderá o vencimento do cargo efetivo o
Armadas será concedida licença remunerada, durante os funcionário.
estágios previstos pelos regulamentos militares quando pelo I - Nomeado para cargo em comissão, salvo se por ele optar
serviço militar não perceber vantagem pecuniária. ou acumular legalmente;
Parágrafo único - Quando o estágio for remunerado, II - Cumprindo mandato eletivo remuneração federal,
assegurar-se-á ao funcionário o direito de opção. estadual ou municipal, ressalvado, em relação ao último, o
direito de opção ou de acumulação legal;
SEÇÃO VIII III - Licenciado na forma do artigo 65, itens IV e V.
DA LICENÇA ESPECIAL
Art. 84 - O funcionário perderá:
Art. 78 - Após cada quinquênio de efetivo exercício, o I - O vencimento ou remuneração do dia, se não
funcionário fará jus à licença especial de três meses, com todos comparecer ao serviço, salvo por motivo legal ou por doença
os direitos e vantagens do seu cargo efetivo, podendo comprovada, de acordo com as disposições deste Estatuto;
acumular o período de dois quinquênios. II - Um terço do vencimento ou remuneração do dia, se
§ 1.º - Não será concedida licença especial se houver o comparecer ao serviço na hora seguinte ao início do
funcionário, no quinquênio correspondente: expediente ou dele se retirar antes da hora regulamentar, ou
I - Sofrido pena de multa ou suspensão; ainda, ausentar-se, sem autorização, por mais de sessenta
II - Faltado ao serviço sem justificação; minutos;
III - Gozado licença: III - Um terço do vencimento ou remuneração durante o
a) Para tratamento de saúde, por prazo superior a cento e afastamento por motivo de prisão preventiva, pronúncia por
oitenta dias, consecutivos ou não; crime comum ou denúncia por crime funcional, ou, ainda,
b) Para tratamento de saúde em pessoa da família, por condenação por crime inafiançável em processo em que não
prazo superior a cento e vinte dias, consecutivos ou não; haja pronúncia, tendo direito à diferença se absolvido;
c) Para tratamento de interesses particulares; IV - Um terço do vencimento ou remuneração, durante o
d) Por motivo de afastamento do cônjuge, funcionário civil período de afastamento em virtude de condenação, por
ou militar, por prazo superior a sessenta dias, consecutivos ou sentença definitiva, à pena que não acarrete a perda do cargo.
não. Parágrafo único - Para efeitos deste artigo, serão levadas
§ 2.º - Cessada a interrupção prevista neste artigo, em conta as gratificações percebidas pelo funcionário.
recomeçará a contagem de quinquênio, a partir da data da
reassunção do funcionário ao exercício do cargo. Art. 85 - Nenhum funcionário perceberá vencimento
§ 3.º - As faltas injustificadas ao serviço retardarão a inferior ao salário-mínimo fixado para o Estado do Amazonas.
concessão da licença prevista neste artigo, na proporção de um
(01) mês para cada falta. Art. 86 - Serão abonadas até três faltas, durante o mês, por
motivo de doença comprovada mediante atestado passado por
Art. 79 - O funcionário efetivo, ocupante de cargo em médico ou dentista do serviço oficial ou particular.
comissão ou função gratificada, terá direito à percepção, Parágrafo único - (Suprimido).
durante o período de licença especial, das vantagens § 1º - Sem prejuízo no disposto do "caput " do presente
financeiras do cargo em comissão ou da função gratificada que artigo 86, todo funcionário que doar sangue à Fundação
ocupar. Hemoam terá direito à folga no dia correspondente à sua
doação, desde que, porém, apresente no dia posterior, o
CAPÍTULO III respectivo atestado da doação, fornecido pela Hemoam.
DO VENCIMENTO E A REMUNERAÇÃO § 2º - Para os efeitos deste artigo, o funcionário
SEÇÃO I apresentará o atestado no primeiro dia em que retornar ao
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES serviço.

Art. 80 - Considera-se: Art. 87 - O vencimento, as gratificações e os proventos não


I - vencimento, a retribuição pecuniária mensal, com valor sofrerão descontos além dos previstos em lei, nem serão
fixado em lei, devida na Administração Pública Direta, objeto do arresto, sequestro ou penhora, salvo quando se
Autárquica e Fundacional de qualquer dos Poderes do Estado, tratar de:
pelo efetivo exercício de cargo público; I - Prestação de alimentos determinada judicialmente;
II - Reposição ou indenização devida à Fazenda do Estado.

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Art. 88 - As reposições e as indenizações à Fazenda do § 3.º - É vedado conceder gratificações por serviços
Estado serão descontadas em parcelas mensais e sucessivas, extraordinários com o objetivo de remunerar outros serviços
aquelas não excedentes da décima parte do valor da ou encargos.
remuneração e as outras, em no máximo seis vezes. § 4.º - O exercício de cargo em comissão ou função
Parágrafo único - (Suprimido). gratificada impede o pagamento de gratificação por serviços
extraordinários.
Art. 89 - Os vencimentos e proventos devidos ao
funcionário falecido não serão considerados herança, devendo Art. 93 - Para o serviço extraordinário noturno, o valor da
ser pagos, independentemente de ordem judicial, ao cônjuge gratificação será acrescido de vinte e cinco por cento.
ou companheiro ou, na falta deste, aos legítimos herdeiros.
Art. 94 - (Revogado).
SEÇÃO II Parágrafo único - (Revogado).
DAS GRATIFICAÇÕES
SEÇÃO III
Art. 90 - Poderão ser concedidas ao funcionário, na forma DA AJUDA DE CUSTO
regulamentar, as seguintes gratificações:
I - De função; Art. 95 - A administração pagará ajuda de custo ao
II - De representação; funcionário que, no interesse do serviço, passar a ter exercício
III - (Revogado). em nova sede.
IV - De produtividade ou de prêmio por produção § 1.º - A ajuda de custo destina-se a indenizar ao
V - Pela prestação de serviços extraordinários; funcionário as despesas de viagem e de nova instalação.
VI - Pela execução de trabalhos de natureza especial, com § 2.º - O transporte do funcionário, sua família e um
risco de vida ou de saúde; serviçal, ocorrerá por conta do Estado.
VII - Pela participação em órgão de deliberação coletiva; § 3.º - O nomeado para cargo em comissão, que não seja
VIII - Pela participação como membro ou auxiliar de funcionário do Estado e não resida na sede designada, também
comissão examinadora de concurso; fará jus aos benefícios deste artigo.
IX - Pela prestação de serviço em regime de tempo integral
ou tempo integral com dedicação exclusiva; Art. 96 - A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração
X - Pela participação em comissão, grupo de trabalho ou do cargo efetivo ou do cargo em comissão.
grupo especial de assessoramento técnico, de caráter Parágrafo único - A ajuda de custo não excederá a
transitório; importância correspondente a três meses de remuneração.
XI - Pelo exercício em determinadas zonas ou locais; e
XII - Pelo exercício do magistério em cursos especiais de Art. 97 - Não será concedida ajuda de custo:
treinamento de funcionários, se realizado o trabalho fora das I - Quando o funcionário for posto à disposição de outro
horas de expediente. órgão;
§ 1.º - Os percentuais de atribuição das gratificações II - Quando o funcionário for transferido ou removido a
previstas nos incisos deste artigo, a serem fixados por ato legal, pedido, mesmo por permuta; e
somente incidirão, para efeito de cálculo das referidas III - Quando o funcionário deixar a sede ou voltar em
vantagens, sobre o valor do vencimento do cargo efetivo do virtude de mandato eletivo.
funcionário.
§ 2.º - O percentual para percepção da gratificação pela Art. 98 - Restituirá a ajuda de custo, sem prejuízo da pena
prestação de serviço em regime de tempo integral ou tempo disciplinar cabível:
integral com dedicação exclusiva, não poderá ser superior a I - O funcionário que não se deslocar para a nova sede
60% (sessenta por cento) e a gratificação pela participação em dentro do prazo fixado, salvo por motivo devidamente
comissão, grupo de trabalho ou grupo especial de comprovado;
assessoramento técnico, de caráter transitório, não poderá ter II - Quando retornar ou pedir exoneração antes de
percentual de atribuição acima de 100% (cem por cento). completar cento e oitenta dias de exercício na nova sede.
§ 3º - (Revogado). Parágrafo único - Se o funcionário regressar por ordem
superior, ou por comprovado motivo de força maior, não
Art. 91 - A função gratificada é a vantagem pecuniária haverá restituição.
atribuída pelo exercício de encargos de chefia, assessoramento
ou secretariado e outros julgados necessários. Art. 99 - O transporte do funcionário inclui as passagens e,
§ 1.º - Em havendo recursos orçamentários, o Poder no limite estabelecido em regulamento próprio, as bagagens.
Executivo poderá criar funções gratificadas, previstas em Parágrafo único - O funcionário será obrigado a repor a
regulamento próprio, onde se estabelecerá também importância correspondente ao transporte irregularmente
competência para designação. requisitado, além de sofrer a pena disciplinar cabível.
§ 2.º - A dispensa da função gratificada cabe à autoridade
competente para a designação. SEÇÃO IV
DAS DIÁRIAS
Art. 92 - A gratificação por serviço extraordinário destina-
se a remunerar o trabalho executado fora do período normal Art. 100 - O funcionário, que a serviço se deslocar da sede
de expediente. em caráter eventual e transitório, fará jus a diárias
§ 1.º - A gratificação será paga por hora de trabalho, correspondentes ao período de afastamento, para cobrir as
prorrogado ou antecipado, na mesma razão de cada hora do despesas de alimentação e pousada.
período normal de trabalho. § 1.º - Entende-se por sede o lugar onde o funcionário
§ 2.º - Ressalvados os casos de convocação de emergência, reside.
o serviço extraordinário não excederá de noventa horas § 2.º - Não serão pagas diárias ao funcionário removido ou
mensais. transferido, quando designado para função gratificada ou
nomeado para cargo em comissão.

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§ 3.º - Não caberá pagamento de diárias quando a viagem § 2.º - Em caso de acumulação legal de cargos do Estado, o
do funcionário constituir exigência inerente ao cargo ou auxílio-funeral corresponderá ao pagamento do cargo de
função. maior vencimento ou remuneração do funcionário.
§ 3.º - A despesa com auxílio-funeral correrá à conta da
Art. 101 - Será paga diária especial ao funcionário dotação orçamentária própria do cargo, que não será provido
designado para serviços intensivos de campo, em qualquer antes de decorridos trinta dias da vacância.
lugar do Estado.
Parágrafo único - A diária especial de campo é devida a CAPÍTULO IV
partir da entrada em serviço, obedecendo seu pagamento aos DAS CONCESSÕES
valores fixados por ato governamental.
Art. 114 - Sem prejuízo da remuneração e qualquer outro
Art. 102 - O funcionário que, indevidamente, receber direito ou vantagem, o funcionário poderá faltar ao serviço até
diárias, restituirá de uma só vez igual importância, sujeito oito dias consecutivos, por motivo de:
ainda à punição disciplinar. I - Casamento; ou
II - Falecimento do cônjuge ou companheiro, pais, filhos ou
Art. 103 - Será punido com suspensão e, na reincidência, irmãos.
com demissão, o funcionário que, indevidamente, conceder
diárias. Art. 115 - Ao funcionário estudante será permitido
ausentar-se do serviço, sem prejuízo do vencimento,
SEÇÃO V remuneração ou vantagem, para submeter-se a prova ou
DO SALÁRIO-FAMÍLIA exame, mediante apresentação de atestado fornecido pelo
estabelecimento de ensino.
Art. 104 - O salário-família é devido por dependente,
menor de 21 anos, do funcionário, ativo ou inativo Art. 116 - Poderá o servidor público ser autorizado a se
§ 1.º - A cada dependente corresponderá uma cota de afastar de suas atividades funcionais para frequentar curso de
salário-família. aperfeiçoamento profissional, pelo prazo máximo de 04
§ 2.º - A cota do salário-família destinada a dependente (quatro) anos, sem prejuízo do vencimento e remuneração.
inválido será paga em dobro. § 1.º - A autorização prevista no "caput" deste artigo será
concedida por ato do Chefe do Poder Executivo Estadual,
Art. 105 - Não será devido o salário-família quando o mediante indicação do titular do órgão ou entidade, desde que
dependente passar a perceber qualquer rendimento, em comprovada a pertinência entre a atividade funcional do
importância igual ou superior à do salário-mínimo. servidor e o curso pretendido.
§ 2.º - O servidor ficará obrigado a prestar serviço ao
Art. 106 - Quando o pai e a mãe forem funcionários e Estado por período igual ao de seu afastamento, sob pena de
viverem em comum, o salário-família será pago a um deles indenização aos cofres públicos da importância despendida
apenas; se não viverem em comum, será pago ao que tiver os pelo Estado.
dependentes sob sua guarda ou; se ambos os tiverem, será § 3.º O prazo de afastamento previsto no "caput" deste
concedido a um e a outro, de acordo com a distribuição dos artigo poderá ser estendido quando devidamente justificado
dependentes. pela Instituição de Ensino e ratificado pelo Titular do órgão ou
entidade, que demonstrará a importância para o Estado e a
Art. 107 - O salário-família é devido mesmo quando o boa-fé do servidor público.
funcionário não receber vencimentos ou proventos. § 4.º Fica expressamente proibido o desvio de finalidade,
sob as penas da lei, devendo ser observado os termos do ato
Art. 108 - O salário-família não está sujeito a qualquer autorizativo.
imposto ou taxa, nem servirá de base para qualquer § 5.º Somente será concedida nova autorização para
contribuição, mesmo para a previdência social. afastamento, após o cumprimento da obrigação prevista no §
2.º deste artigo.
Art. 109 - (Revogado).
CAPÍTULO V
Art. 110 - Quando o funcionário, em regime de acumulação DA ASSISTÊNCIA E DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
legal, ocupar mais de um cargo, só perceberá o salário-família
por um dos cargos. Art. 117 - O Estado prestará assistência ao funcionário e à
sua família através de instituição própria criada por lei.
SEÇÃO VI
DO AUXÍLIO-DOENÇA CAPÍTULO VI
DO DIREITO DE PETIÇÃO
Art. 111 - (Revogado).
Art. 118 - É assegurado ao funcionário o direito de
Art. 112 - (Revogado). requerer, representar, pedir reconsideração e recorrer, desde
que o faça dentro das normas de urbanidade.
SEÇÃO VII
DO AUXÍLIO-FUNERAL Art. 119 - O requerimento é cabível para defesa de direito
ou de interesse legítimo e será dirigido à autoridade
Art. 113 - Será pago auxílio-funeral correspondente a um competente em razão da matéria.
mês de vencimento, remuneração ou provento, mediante
prova da despesa, a quem providenciou o sepultamento do Art. 120 - A representação é cabível contra abuso de
funcionário falecido. autoridade ou desvio de poder e, encaminhada pela via
§ 1.º - O vencimento, remuneração ou provento hierárquica, será obrigatoriamente apreciada pela autoridade
corresponderá àquele do funcionário, no momento do óbito. superior àquela contra a qual é interposta.

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Art. 121 - Caberá pedido de reconsideração dirigido à Art. 132 - (Revogado).


autoridade que houver expedido o ato ou proferido a primeira I - (Revogado).
decisão, quando contiver novos argumentos. a) (Revogada).
Parágrafo único - O prazo para apresentação do pedido de b) (Revogada)
reconsideração é de quinze dias a contar da ciência do ato, da II - (Revogado).
decisão ou da publicação oficial. Parágrafo único - (Revogado).

Art. 122 - O recurso é cabível contra indeferimento de Art. 133 - (Revogado).


pedido de reconsideração e contra decisões sobre recursos § 1.º - (Revogado).
sucessivamente interpostos. § 2.º - (Revogado).

Art. 123 - O recurso será dirigido à autoridade Art. 134 - (Revogado).


imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou
proferido a decisão recorrida. Art. 135 - (Revogado).
§ 1.º - O recurso será interposto por intermédio da
autoridade recorrida, que poderá reconsiderar a decisão, ou, Art. 136 - (Revogado).
mantendo-a, encaminhá-la à autoridade superior.
§ 2.º - É de trinta dias o prazo para a interposição de Art. 137 - (Revogado).
recurso, a contar da publicação ou ciência, pelo interessado, da
decisão recorrida. Art. 138 - (Revogado).

Art. 124 - O direito de pleitear na esfera administrativa Art. 139 - (Revogado).


prescreverá: I - (Revogado).
I - Em cinco anos, quando aos atos de demissão, cassação II - (Revogado).
de aposentadoria ou disponibilidade e aos referentes a III - (Revogado).
matéria patrimonial; Parágrafo único - (Revogado).
II - Em cento e vinte dias, nos demais casos.
Art. 140 - (Revogado)
Art. 125 - Os prazos de prescrição estabelecidos no artigo I - (Revogado)
anterior, contar-se-ão da data da publicação, no órgão oficial, II - (Revogado)
do ato impugnado, ou da data da ciência pelo interessado. § 1.º - (Revogado)
§ 2.º - (Revogado).
Art. 126 - Os pedidos de reconsideração e os recursos,
quando cabíveis, e apresentados dentro do prazo, Art. 141 - (Revogado)
interrompem a prescrição até duas vezes, determinando a § 1.º - (Revogado)
contagem de novos prazos a partir da data da publicação de § 2.º - (Revogado)
despacho denegatório ou restritivo ao pedido.
Art. 142 - (Revogado)
Art. 127 - O ingresso em juízo não implica necessariamente
suspensão, na instância administrativa, de pleito formulado Art. 143 - (Revogado)
pelo funcionário.
TÍTULO V
CAPÍTULO VII DO REGIME DISCIPLINAR
DA DISPONIBILIDADE CAPÍTULO I
DA ACUMULAÇÃO
Art. 128 - Disponibilidade é o ato pelo qual o funcionário
estável fica afastado de qualquer atividade, no serviço público Art. 144 - É vedada a acumulação remunerada de cargo
em virtude da extinção ou declaração da desnecessidade do com outro cargo, emprego ou função públicos, abrangendo a
seu cargo. Administração Direta, autarquias, fundações, empresas
Parágrafo único - O funcionário em disponibilidade públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
perceberá proventos proporcionais ao seu tempo de serviço, sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder
mais as vantagens incorporáveis à data da inativação e o público, exceto, quando houver compatibilidade de horários:
salário-família. I - a de dois cargos ou empregos de professor;
II - a de um cargo ou de emprego de professor com outro
Art. 129 - Restabelecido o cargo, mesmo modificada a sua técnico ou científico;
denominação, será nele aproveitado, com prioridade, o III - a de dois cargos ou empregos privativos de médico.
funcionário em disponibilidade. IV - (Suprimido)
Art. 130 - O funcionário em disponibilidade poderá ser § 1.º - (Suprimido)
aposentado, preenchidos os requisitos legais. § 2.º - (Suprimido)
§ 3.º - (Suprimido).
CAPÍTULO VIII Parágrafo único - É vedada a percepção simultânea de
DA APOSENTADORIA proventos com a remuneração de cargo, emprego ou função
pública, ressalvadas as hipóteses de acumulação permitida na
Art. 131 - (Revogado) atividade, de exercício de mandato eletivo, de cargo em
I - (Revogado). comissão ou de contrato para a prestação de serviços de
II - (Revogado). natureza técnica ou especializada.
a) (Revogada).
b) (Revogada). Art. 145 - O reconhecimento da licitude da acumulação de
III - (Revogado). cargos fica condicionado à comprovação da compatibilidade

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de horários a ser declarada pelo servidor em ato próprio vencimentos e proventos do cônjuge, companheiro ou parente
perante os órgãos ou entidades a que pertencer. consanguíneo ou afim, até segundo grau;
I - (Suprimido) IV - Retirar, modificar ou substituir, sem prévia
II - (Suprimido) autorização, qualquer documento de órgão estadual;
III - (Suprimido) V - Empregar materiais e bens do Estado em serviço
Parágrafo único - A qualquer tempo a Administração particular ou, sem autorização superior, retirar objetos de
poderá solicitar declaração do servidor atestando que não órgãos oficiais;
acumula cargos, empregos ou funções em órgão da União, VI - Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal;
Estado e Municípios. VII - Coagir ou aliciar subordinados com objetivo de
natureza partidária;
Art. 146 - As acumulações e a percepção de proventos VIII - Receber propinas, comissões, presentes e vantagens
vedadas pelo art. 144 serão apuradas em processo sumário, de qualquer espécie, em razão do cargo;
nos termos do artigo 174 deste Estatuto, por meio de comissão IX - Praticar a usura, em qualquer de suas formas;
constituída em caráter transitório ou permanente. X - Promover manifestações de apreço ou desapreço,
Parágrafo único - (Suprimido) mesmo para obsequiar superiores hierárquicos, e fazer
circular ou subscrever lista de donativos na repartição;
Art. 147 - Transitada em julgado a decisão do processo XI - Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
sumário que concluir pela acumulação ou pela percepção de previstos em lei, o desempenho de encargos de sua
proventos vedadas pelo art. 144, o servidor: competência ou de seus subordinados.
Parágrafo único - (Suprimido) XII - Participar da diretoria, gerência, administração,
I - optará, no prazo de 05 (cinco) dias, por um dos cargos, conselho-técnico ou administrativo de empresa ou sociedade:
empregos ou funções exercidos, ou pelos proventos, se a) Contratante ou concessionária de serviço público;
patenteada a boa-fé; b) Fornecedora de equipamento ou material de qualquer
II - será demitido do cargo ou cargos estaduais ilegalmente natureza ou espécie, a qualquer órgão estadual;
ocupados, ou terá cassada a aposentadoria ou a c) Com atividades relacionadas à natureza do cargo ou
disponibilidade, nos casos de má-fé comprovada. função pública exercida;
XIII - Exercer o comércio ou participar de sociedade
Art. 148 - As autoridades que tiverem conhecimento de comercial, exceto como acionistas, cotistas ou comanditário;
qualquer acumulação indevida, comunicarão o fato, sob pena XIV - Entreter-se, nos locais e horas de trabalho, em
de responsabilidade, ao órgão de pessoal, para os fins palestras, leituras ou atividades estranhas ao serviço;
indicados no artigo 146. XV - Atender pessoas estranhas ao serviço no local de
trabalho, para tratar de assuntos particulares;
CAPÍTULO II XVI - Incitar greves ou delas participar ou praticar atos de
DOS DEVERES sabotagem contra o serviço público;
XVII - Fundar sindicato de funcionário ou dele participar; e
Art. 149 - Além do exercício das atribuições do cargo, são XVIII - Ausentar-se do Estado, mesmo para estudo ou
deveres do funcionário: missão oficial de qualquer natureza, com ou sem ônus para os
I - Lealdade e respeito às instituições constitucionais e cofres públicos, sem autorização expressa do Chefe do Poder a
administrativas; cujo Quadro de Pessoal integre.
II - Assiduidade e pontualidade;
III - Cumprimento de ordens superiores, representando CAPÍTULO IV
quando manifestamente ilegais; DAS RESPONSABILIDADES
IV - Desempenho, com zelo e presteza, dos trabalhos de sua
incumbência; Art. 151 - (Revogado).
V - Sigilo sobre os assuntos da repartição;
VI - Zelo pela economia do material e pela conservação do Art. 152 - A responsabilidade civil decorre de
patrimônio sob sua guarda ou para sua utilização. procedimento doloso ou culposo, que importe em prejuízo à
VII - Urbanidade com companheiros de serviços e o público Fazenda Pública ou a terceiros.
geral; § 1.º - A indenização de prejuízo causado à Fazenda Pública
VIII - Cooperação e espírito de solidariedade com os será liquidada mediante desconto em prestações mensais, não
companheiros de trabalho; superiores à décima parte do vencimento ou remuneração, à
IX - Conhecimento das leis, regulamentos, regimentos, falta de outros bens que respondam pela reposição.
instruções e ordens de serviços referentes às suas funções; e § 2.º - Tratando-se de danos causado a terceiros,
X - Procedimento compatível com a dignidade da função responderá o funcionário perante a Fazenda Pública, em ação
pública. regressiva, proposta depois de transitada em julgado a decisão
que houver condenado a Fazenda a indenizar o prejudicado.
CAPÍTULO III
DAS PROIBIÇÕES Art. 153 - A responsabilidade penal abrange os crimes e
contravenções imputados ao funcionário, nesta qualidade.
Art. 150 - Ao funcionário é proibido:
I - Referir-se de modo depreciativo ou desrespeitoso em Art. 154 - A responsabilidade administrativa resulta de
informação, parecer ou despacho, às autoridades e a atos da omissões ou atos praticados no desempenho do cargo ou
Administração Pública, podendo, porém, em trabalho função.
assinado, criticá-los do ponto de vista doutrinário ou da
organização do serviço; Art. 155 - As sanções civis, penais e disciplinares poderão
II - Censurar, por qualquer órgão de divulgação pública, as acumular-se, umas e outras, independentes entre si, bem
autoridades constituídas; assim as instâncias cível, penal e administrativa.
III - Pleitear, como procurador ou intermediário junto às
repartições públicas, salvo quando se tratar de percepção de

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CAPÍTULO V Art. 163 - São competentes para aplicação das penalidades


DAS PENALIDADES disciplinares:
I - Governador;
Art. 156 - São penas disciplinares: II - O Secretário de Estado ou autoridade diretamente
I - Repreensão; subordinada ao Governador e os dirigentes de autarquias, nos
II - Suspensão; casos de suspensão por mais trinta dias; e
III - Demissão; e III - Os chefes de unidades administrativas, na forma
IV - Cassação de aposentadoria ou disponibilidade. regimental, nos casos de repreensão ou suspensão até trinta
Art. 157 - Na aplicação das penas disciplinares serão dias.
consideradas a natureza e a gravidade da infração, os danos Parágrafo único - Quando se tratar de funcionário dos
que dela resultarem para o serviço público e os antecedentes Poderes Legislativo e Judiciário, e dos Tribunais de Contas do
funcionais do culpado. Estado e dos Municípios, as penalidades serão aplicadas pelas
autoridades designadas em regimento interno, lei orgânica ou
Art. 158 - A pena de repreensão será aplicada por escrito, regulamento.
nos casos de indisciplina ou falta de cumprimento dos deveres
funcionais. Art. 164 - Constarão obrigatoriamente do seu
assentamento individual as penalidades disciplinares
Art. 159 - A pena de suspensão, que não excederá a noventa impostas ao funcionário.
dias, será aplicada em casos de falta grave ou de reincidência.
Parágrafo único - O funcionário suspenso perderá, durante Art. 165 - Além da pena judicial cabível, serão consideradas
o período de cumprimento da pena, todos os direitos e como de suspensão os dias em que o funcionário deixar de
vantagens decorrentes do exercício do cargo. atender, sem motivo justificado, à convocação do júri e outros
serviços obrigatórios previstos em lei.
Art. 160 - As penas de repreensão e suspensão até cinco
dias serão aplicadas de imediato pela autoridade que tiver Art. 166 - Será cassada a aposentadoria ou a
conhecimento direto de falta cometida. disponibilidade do inativo que praticou, quando em atividade,
§ 1.º - O ato punitivo será motivado e terá efeito imediato, falta punível com demissão.
mas provisório, assegurando-se ao funcionário o direito de
oferecer defesa por escrito, no prazo de três dias. Art. 167 - Será cassada a disponibilidade quando o
§ 2.º - A defesa prevista no parágrafo anterior é funcionário, nessa situação, investiu-se ilegalmente em cargo
independente de autuação e será apresentada mediante ou função pública, ou aceitou comissão, emprego ou pensão de
recibo, diretamente pelo funcionário à autoridade que aplicou Estado estrangeiro, sem prévia e expressa autorização do
a pena. Presidente da República.
§ 3.º - As penalidades aplicadas nas condições deste artigo, Parágrafo único - Será igualmente cassada a
somente serão confirmadas mediante novo ato, após a disponibilidade do funcionário que não assumir no prazo legal
apreciação da defesa, ou pelo decurso do prazo para tanto o exercício do cargo em que for aproveitado.
estabelecido, se tal direito não for exercido pelo funcionário.
§ 4.º - Somente se confirmada a penalidade constará no Art. 168 - Prescreverá:
assentamento individual do funcionário. I - Em dois meses, a falta sujeita à repreensão;
II - Em dois anos, a falta sujeita à pena de suspensão; e
Art. 161 - A pena de demissão será aplicada nos casos de: III - Em cinco anos, a falta sujeita às penas de demissão,
I - Crime contra a administração pública, assim definido na cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
Lei Penal; Parágrafo único - Também a falta, prevista em Lei Penal
II - Abandono de cargo; como crime, prescreverá juntamente com ele.
III - Inassiduidade habitual;
IV - Incontinência pública ou escandalosa e prática de jogos Art. 169 - A prescrição começa a contar da data em que a
proibidos; autoridade tomar conhecimento da existência da falta.
V - Insubordinação grave em serviço; Parágrafo único - O curso de prescrição interrompe-se pela
VI - Ofensa física em serviço contra funcionário ou abertura do competente procedimento administrativo.
particular, salvo em legítima defesa e em estrito cumprimento
do dever legal; CAPÍTULO VI
VII - Aplicação irregular de dinheiro público; DA PRISÃO ADMINISTRATIVA E DA
VIII - Revelação de fato ou informação de natureza sigilosa SUSPENSÃO PREVENTIVA
que o funcionário conheça em razão do cargo;
IX - Corrupção passiva, nos termos da Lei Penal; Art. 170 - Cabe dentro das respectivas competências ao
X - Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio Secretário de Estado e demais chefes de órgãos diretamente
estadual; subordinados ao Governador, ordenar a prisão administrativa,
XI - ocorrência de qualquer das vedações previstas no, art. mediante despacho fundamentado, de todo e qualquer
144, se provada a má-fé; responsável por dinheiro ou valores pertencentes à Fazenda
XII - Transgressão de quaisquer dos itens IV, V, VI, VII e IX Estadual ou que se acharem sob sua guarda, nos casos de
do artigo 150. alcance, remissão ou omissão em efetuar as entradas nos
§ 1.º - Considera-se abandono de cargo a ausência ao devidos prazos.
serviço, sem justa causa, por mais de trinta dias consecutivos. § 1.º - Em se tratando de funcionário dos Poderes
§ 2.º - Entende-se como inassiduidade habitual a falta ao Legislativo e Judiciário, e dos Tribunais de Contas do Estado e
serviço sem causa justificada, por sessenta dias intercalados dos Municípios, a prisão administrativa será ordenada pelas
durante o período de doze meses. autoridades designadas em regimento interno, lei orgânica ou
regulamento.
Art. 162 - O ato de imposição de penalidade mencionará § 2.º - Ordenada a prisão, será ela comunicada
sempre a causa da sanção e o fundamento legal. imediatamente à autoridade judiciária competente.

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§ 3.º - A prisão administrativa não excederá de noventa Art. 177 - O relatório da sindicância conterá descrição
dias, podendo, no entanto, ser revogada, a critério da articulada dos fatos e proposta objetiva ante as ocorrências
autoridade que a decretou, sem prejuízo do processo verificadas, recomendando o arquivamento do feito ou a
disciplinar e penas cabíveis, se o funcionário ressarcir os abertura do inquérito administrativo.
danos causados ao erário público ou oferecer garantia idônea. Parágrafo único - Quando recomendar abertura do
§ 4.º - No curso do processo disciplinar compete ao inquérito administrativo, o relatório deverá apontar os
Presidente da Comissão suscitar a prisão administrativa do dispositivos legais infringidos e a autoria do infrator.
indiciado, perante a autoridade competente para decretá-la,
nos casos legalmente cabíveis. Art. 178 - A sindicância deverá estar conclusa dentro de
trinta dias, prazo prorrogável mediante justificação
Art. 171 - A suspensão preventiva até trinta dias será fundamentada.
ordenada pelo chefe da unidade administrativa, mediante
despacho fundamentado, se o afastamento do funcionário for SEÇÃO IV
necessário, para que não venha a influir na apuração da falta DO INQUÉRITO ADMINISTRATIVO
cometida.
§ 1.º - Caberá ao Secretário de Estado ou às autoridades Art. 179 - Instaura-se inquérito administrativo quando a
designadas em regimento interno, lei orgânica ou falta disciplinar, por sua gravidade ou natureza, possa
regulamento, prorrogar, até noventa dias, o prazo de determinar a aplicação da penas de suspensão, por mais de
suspensão já ordenada, mas cumprida a penalidade, cessarão trinta dias, demissão, cassação de aposentadoria ou
os respectivos efeitos, ainda que o processo disciplinar não disponibilidade.
esteja concluso. Parágrafo único - No inquérito administrativo é
§ 2.º - A suspensão preventiva do funcionário não impede assegurado o amplo e irrestrito exercício do direito de defesa.
a decretação de sua prisão administrativa.
Art. 180 - Além do Governador, dos Presidentes dos
Art. 172 - Durante o período da prisão administrativa ou Poderes Legislativo, Judiciário, dos Tribunais de Contas e do
da suspensão preventiva, o funcionário perderá um terço do Secretário de Estado, são competentes para determinar a
vencimento ou remuneração. instauração do inquérito disciplinar os dirigentes dos órgãos
Parágrafo único - Reconhecida sua inocência, o funcionário diretamente subordinados ao Chefe do Poder Executivo e os
terá direito à diferença de remuneração e à contagem, para dirigentes de autarquias, respeitadas as atribuições
todos os efeitos, do período correspondente à prisão estabelecidas em regulamento, regimento interno ou lei
administrativa ou suspensão preventiva. orgânica.

CAPÍTULO VII Art. 181 - O inquérito administrativo será conduzido por


DO PROCESSO DISCIPLINAR uma Comissão, permanente ou especial, composta por cinco
SEÇÃO I funcionários estáveis.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS § 1.º - Entre os membros da Comissão, dois, no mínimo
serão Bacharéis em Direito.
Art. 173 - A autoridade que tiver ciência de irregularidade § 2.º - A Comissão obedecerá a regimento próprio e o
no serviço público é obrigada a tomar providências para mandato de seus membros será de 02 (dois) anos, admitida a
apurar os fatos e responsabilidades. recondução.
§ 1.º - As providências de apuração começarão logo após o § 3.º - A Comissão procederá a todas as diligências
conhecimento dos fatos e serão tomadas na unidade onde eles necessárias, recorrendo, quando aconselhável, a técnicos ou
ocorreram, devendo consistir, no mínimo, em relatório peritos.
circunstanciado sobre as possíveis irregularidades. § 4.º - Os órgãos estaduais responderão com a máxima
§ 2.º - A averiguação preliminar será cometida a um só presteza às solicitações da Comissão, devendo comunicar a
funcionário ou a uma comissão. impossibilidade de atendimento, em caso de força maior.
§ 5.º - Terá caráter urgente e prioritário e expedição de
SEÇÃO II documentos necessários à instrução do inquérito
DO PROCESSO SUMÁRIO administrativo.

Art. 174 - Instaura-se o processo sumário quando a falta Art. 182 - O inquérito administrativo começará no prazo de
disciplinar, pela gravidade ou natureza, não motivar demissão, cinco dias, contados do recebimento dos autos pela Comissão
ressalvado o disposto nos artigos 146 e 160. e terminará no prazo de noventa dias.
Parágrafo único - Concluída a instrução, a decisão do Parágrafo único - O prazo para conclusão do inquérito
processo sumário será tomada após 05 (cinco) dias do prazo poderá ser prorrogado, mediante justificação fundamentada e
para o servidor apresentar a sua defesa. a juízo da autoridade competente.

SEÇÃO III Art. 183 - Recebidos os autos, a Comissão formalizará o


DA SINDICÂNCIA indiciamento do funcionário, apontado o dispositivo legal
infringido.
Art. 175 - A sindicância constitui a peça preliminar e § 1.º - A citação será pessoal e contará com a transcrição do
informativa do inquérito administrativo, devendo ser indiciamento, bem como data, hora e local marcados para o
instaurada quando os fatos não estiverem definidos ou interrogatório.
faltarem elementos indicativos da autoria. § 2.º - Não sendo encontrado o indiciado, ou ignorando-se
o seu paradeiro, a citação será feita por editais, publicados no
Art. 176 - A sindicância não comporta o contraditório e tem órgão oficial, durante três dias consecutivos.
caráter sigiloso, devendo obrigatoriamente serem ouvidos, no § 3.º - Se o indiciado não comparecer, será decretada a sua
entanto, os envolvidos nos fatos. revelia e designado um defensor dativo, de preferência
Bacharel em Direito, ou funcionário da mesma classe e
categoria, para a promoção da defesa.

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Art. 184 - Nenhum funcionário será processado sem § 3.º - Ocorrendo o falecimento do punido, o pedido de
assistência de defensor habilitado. revisão poderá ser formulado pelo cônjuge ou parente até
Parágrafo único - Se o funcionário não constituir advogado, segundo grau.
ser-lhe-á designado um defensor dativo, na forma do disposto
no artigo anterior. Art. 197 - A revisão processar-se-á apensa ao processo
original.
Art. 185 - O indiciado estará presente a todas as diligências
do inquérito e poderá intervir em qualquer ato da Comissão. Art. 198 - O pedido de revisão será dirigido à autoridade
que tiver proferido a decisão.
Art. 186 - Para todas as provas e diligências será intimada § 1.º - A revisão será realizada por uma Comissão composta
a defesa, com antecedência mínima de quarenta e oito horas. de três funcionários estáveis, de categoria igual ou superior à
do punido.
Art. 187 - Realizadas as provas da Comissão, a defesa será § 2.º - Estarão impedidos de integrar a Comissão revisora
intimada para apresentar, em três dias, as provas que os funcionários que constituíram a Comissão que concluiu pela
pretender produzir. aplicação da penalidade ao requerente.

Art. 188 - Encerrada a instrução, dar-se-á vista ao defensor Art. 199 - Conclusos os trabalhos da Comissão, em prazo
para apresentação, por escrito e no prazo de dez dias, das não excedente a sessenta dias, será o Processo, com o
razões de defesa do indiciado. respectivo relatório, encaminhado à autoridade competente
§ 1.º - Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será para julgamento.
comum de vinte dias. Parágrafo único - Caberá, entretanto, aos Chefes dos
§ 2.º - O prazo de defesa será prorrogado pelo dobro, para Poderes o julgamento, quando do processo revisto houver
diligências reputadas imprescindíveis. resultado pena de demissão, cassação de aposentadoria ou
§ 3.º - Compete ao Presidente da Comissão indeferir, disponibilidade.
mediante despacho fundamentado, as diligências de caráter
procrastinatório ou manifestamente desnecessárias. Art. 200 - Julgada procedente a revisão, a autoridade
competente determinará a redução ou anulação da pena.
Art. 189 - As certidões de repartições públicas, necessárias Parágrafo único - A decisão será sempre fundamentada e
à defesa, serão fornecidas sem qualquer ônus, a requerimento publicada no órgão oficial do Estado.
do defensor, dirigido ao Presidente da Comissão.
Art. 201 - Aplicam-se ao processo de revisão, no que
Art. 190 - Produzida a defesa escrita, a Comissão couberem, as disposições concernentes ao processo
apresentará o relatório no prazo de dez dias. disciplinar.

Art. 191 - No relatório da Comissão serão apreciadas, em TÍTULO VI


relação a cada indiciado, as irregularidades imputadas, as DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
provas colhidas e as razões da defesa, justificando-se, com
fundamento objetivo, a absolvição ou punição, e indicando-se, Art. 202 - O Dia do Funcionário Público será comemorado
neste caso, a pena cabível e seu embasamento legal. a 28 de outubro.
Parágrafo único - A Comissão poderá sugerir outras
medidas que se fizerem necessárias à defesa do interesse Art. 203 - Salvo disposição em contrário, a contagem do
público. tempo e dos prazos previstos neste Estatuto será feita em dias
corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do seu
Art. 192 - Recebidos os autos com o relatório, a autoridade término.
competente proferirá a decisão por despacho fundamentado. Parágrafo único - Considerar-se-á prorrogado o prazo até
Art. 193 - O funcionário só poderá requerer exoneração o primeiro dia útil, se o término coincidir com sábado,
após a conclusão do processo disciplinar, e se reconhecida a domingo, feriado ou dia em que não haja expediente, ou este
sua inocência. não prossiga até a hora normal do encerramento.

Art. 194 - As decisões serão publicadas no Diário Oficial, Art. 204 - São isentos de quaisquer tributos as certidões e
dentro do prazo de oito dias, a contar da data do despacho outros documentos relacionados com o serviço público e de
final. interesse do funcionário.
Art. 195 - Quando ao funcionário se imputar crime
praticado na esfera administrativa, a autoridade que Art. 205 - O Governador determinará o número de horas
determinou a instauração do inquérito administrativo diárias de trabalho das várias categorias de funcionários nas
providenciará para se instaurar, simultaneamente, o inquérito repartições estaduais.
policial. Parágrafo único - Em se tratando de funcionários dos
Poderes Legislativo e Judiciário, a providência de que trata
CAPÍTULO VIII este artigo constará de regulamento administrativo.
DA REVISÃO DO PROCESSO
Art. 206 - Nos dias úteis somente por decreto do
Art. 196 - A qualquer tempo poderá ser requerida a revisão Governador deixarão de funcionar as repartições públicas
do processo administrativo de que haja resultado pena estaduais ou será suspenso o expediente.
disciplinar, quando forem aduzidos fatos ou circunstâncias
suscetíveis de justificar a inocência do punido. Art. 207 - Os atos de provimento de cargos públicos, das
§ 1.º - Não constitui fundamento para revisão a simples designações para funções gratificadas, bem como todos os
alegação de injustiça da penalidade. demais relativos a direitos, vantagens, concessões e licenças,
§ 2.º - A revisão não autoriza a agravação da pena. só produzirão efeitos após publicados no órgão oficial.

Legislação Específica 86
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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 208 - Para os efeitos desta Lei, e quando nela não (C) será concedida licença especial ainda que o servidor, no
definida, é considerada pessoa da família do funcionário quem quinquênio correspondente, tenha gozado licença para
viva às suas expensas e conste de seu assentamento individual. tratamento de interesses particulares;
(D) após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor
Art. 209 - Para fins de percepção dos benefícios previstos fará jus licença especial de três meses, com todos os direitos e
na legislação, obrigatoriamente são contribuintes da vantagens do seu cargo efetivo;
previdência social do Estado os funcionários regidos por este (E) será concedida licença especial ainda que o servidor,
Estatuto, ressalvados os ocupantes de cargo em comissão no quinquênio correspondente, tenha sofrido pena de multa
vinculados a outro sistema previdenciário público. ou suspensão.

Art. 210 - (Revogado). 03. (CETAM – Analista – FCC) Nos termos do Estatuto dos
I - (Revogado). Funcionários Públicos Civis do Estado do Amazonas (Lei nº
II - (Revogado). 1.762/1986), o interstício para a promoção horizontal é, em
§ 1.º - (Revogado). meses, igual a
§ 2.º - (Revogado). (A) 48.
§ 3.º - (Revogado). (B) 18.
(C) 24.
Art. 211 - O Poder Executivo expedirá os atos (D) 36.
complementares necessários à plena execução das disposições (E) 12.
da presente Lei.
04. (DPE/AM – Defensor – FCC) Consoante a Lei Estadual
Art. 212 - Ficam revogados o artigo 12 da Lei nº 1221, de no 1.762/86 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do
30/12/1976, a Lei nº 701, de 30/12/1967, com suas Estado do Amazonas), o regime disciplinar dos servidores a ele
alterações, e demais disposições em contrário. submetidos prevê a
(A) suspensão preventiva de até noventa dias do acusado
Art. 213 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua de infração, por decisão do chefe da unidade administrativa
publicação, e terá efeitos a partir de 28 de outubro de 1986. em que está classificado.
(B) condução do inquérito administrativo por Comissão
GABINETE DO GOVERNADOR DO ESTADO DO permanente ou especial, formada por três servidores, sendo
AMAZONAS, em Manaus, 14 de Novembro de 1986 que seu presidente deverá ser servidor estável.
(C) obrigatoriedade de defesa técnica do indiciado revel,
Questões por advogado dativo.
(D) vedação da exoneração a pedido do indiciado, no curso
01. (SSP/AM – Técnico – FGV/2015) O Estatuto dos do processo disciplinar.
funcionários públicos Civis do Estado do Amazonas (Lei nº (E) possibilidade de agravamento da pena, em revisão ex
1.762/1986) estabelece que a licença: officio do processo, quando forem revelados fatos ou
(A) para tratamento de saúde do próprio servidor depende circunstâncias não conhecidas à época do processo disciplinar.
de inspeção médica e será concedida pelo prazo de até 90 dias,
prorrogável quantas vezes forem necessárias, com direito à 05. (TJ/AM – Assistente – FGV) A Lei n° 1.762/86 -
remuneração integral no primeiro período de 90 dias e metade Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado do
da remuneração nas demais prorrogações; Amazonas - prevê diversas espécies de licença que podem ser
(B) por motivo de doença em parente consanguíneo ou concedidas aos servidores.
afim até segundo grau, e do cônjuge ou companheiro, quando As alternativas a seguir apresentam espécie de licença que
provado que a sua assistência pessoal é indispensável e não consta expressamente da referida lei, à exceção de uma.
pode ser prestada sem se afastar da repartição, ocorrerá sem Assinale-a.
prejuízo da remuneração do servidor;
(C) para acompanhar o cônjuge removido ou transferido (A) Licença para tratamento de interesse particular.
para outro ponto do território nacional ou para o exterior, ou (B) Licença para cumprimento de pena criminal superior a
eleito para exercer mandato eletivo, ocorrerá sem prejuízo da quatro anos.
remuneração do servidor; (C) Licença para tratamento de saúde.
(D) para tratar de interesses particulares, pelo prazo de até (D) Licença à gestante.
1 ano, prorrogável quantas vezes forem necessárias, será com (E) Licença por motivo de doença em pessoa da família.
direito remuneração integral no primeiro período de 1 ano e
metade da remuneração nas demais prorrogações; Respostas
(E) ao servidor convocado para o serviço militar e outras
obrigações de segurança nacional será sem direito à 01. Resposta: B.
remuneração e, ocorrido o desligamento do serviço militar, o 02. Resposta: D.
servidor terá prazo de até 60 dias para reassumir o exercício 03. Resposta: B.
do cargo. 04. Resposta: D.
05. Resposta: B.
02. (SSP/AM – Técnico – FGV/2015) Em relação à
chamada licença especial, o Estatuto dos funcionários públicos
Civis do Estado do Amazonas Lei n 1.762/1986) dispõe que:
(A) após cada três anos de efetivo exercício, o servidor fará
jus licença especial de um mês, com todos os direitos e
vantagens do seu cargo efetivo de origem;
(B) o servidor efetivo, que também seja ocupante de cargo
em comissão, não terá direito percepção, durante o período de
licença especial, das vantagens financeiras do cargo em
comissão que ocupar;

Legislação Específica 87
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Título II
Estatuto da Criança e do Dos Direitos Fundamentais
Adolescente Lei nº 8.069/90 Capítulo I
Do Direito à Vida e à Saúde

Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à


LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
outras providências.
Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso aos
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o
programas e às políticas de saúde da mulher e de
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada,
atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e
Título I
atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no
Das Disposições Preliminares
âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela Lei nº
13.257, de 2016)
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança
§ 1º O atendimento pré-natal será realizado por
e ao adolescente.
profissionais da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº
13.257, de 2016)
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a
§ 2º Os profissionais de saúde de referência da gestante
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao
aquela entre doze e dezoito anos de idade.
estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e
13.257, de 2016)
vinte e um anos de idade.
§ 3º Os serviços de saúde onde o parto for realizado
assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
hospitalar responsável e contrarreferência na atenção
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de
proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes,
apoio à amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
2016)
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
§ 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistência
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e
psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal,
de dignidade.
inclusive como forma de prevenir ou minorar as
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-
consequências do estado puerperal.
se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de
§ 5º A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser
nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor,
prestada também a gestantes e mães que manifestem
religião ou crença, deficiência, condição pessoal de
interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a
desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica,
gestantes e mães que se encontrem em situação de privação de
ambiente social, região e local de moradia ou outra condição
liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que
§ 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um)
vivem. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
acompanhante de sua preferência durante o período do pré-
natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
pela Lei nº 13.257, de 2016)
geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a
§ 7º A gestante deverá receber orientação sobre
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
aleitamento materno, alimentação complementar saudável e
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de
liberdade e à convivência familiar e comunitária.
estimular o desenvolvimento integral da criança. (Incluído
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
pela Lei nº 13.257, de 2016)
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
§ 8º A gestante tem direito a acompanhamento saudável
circunstâncias;
durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso,
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de
estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras
relevância pública;
intervenções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela
c) preferência na formulação e na execução das políticas
Lei nº 13.257, de 2016)
sociais públicas;
§ 9º A atenção primária à saúde fará a busca ativa da
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-
relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas
pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob
violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei
custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único
fundamentais.
de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o
sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os
integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os
direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores
da criança e do adolescente como pessoas em
propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno,
desenvolvimento.

Legislação Específica 88
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inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de § 1º As gestantes ou mães que manifestem interesse em
liberdade. entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente
§ 1º Os profissionais das unidades primárias de saúde encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da
desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de § 2º Os serviços de saúde em suas diferentes portas de
ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno entrada, os serviços de assistência social em seu componente
e à alimentação complementar saudável, de forma contínua. especializado, o Centro de Referência Especializado de
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de
§ 2º Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão
deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na
de leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação
de violência de qualquer natureza, formulando projeto
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se
à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através 13.257, de 2016)
de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas
impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem de assistência médica e odontológica para a prevenção das
prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil,
administrativa competente; e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e alunos.
terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém- § 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos
nascido, bem como prestar orientação aos pais; recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem do parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016)
necessariamente as intercorrências do parto e do § 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à
desenvolvimento do neonato; saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal,
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato integral e intersetorial com as demais linhas de cuidado
a permanência junto à mãe. direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257,
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, de 2016)
prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a § 3º A atenção odontológica à criança terá função
mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo educativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o
técnico já existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e,
2017) posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de vida,
com orientações sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei nº
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado 13.257, de 2016)
voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio § 4º A criança com necessidade de cuidados odontológicos
do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído
no acesso a ações e serviços para promoção, proteção e pela Lei nº 13.257, de 2016)
recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de § 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus
2016) primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro
§ 1º A criança e o adolescente com deficiência serão instrumento construído com a finalidade de facilitar a
atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da
necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e criança, de risco para o seu desenvolvimento psíquico.
reabilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017)
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente,
àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e Capítulo II
outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de
acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade,
específicas. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo
§ 3º Os profissionais que atuam no cuidado diário ou de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos
frequente de crianças na primeira infância receberão e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
formação específica e permanente para a detecção de sinais de Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o aspectos:
acompanhamento que se fizer necessário. (Incluído pela Lei nº I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
13.257, de 2016) comunitários, ressalvadas as restrições legais;
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, II - opinião e expressão;
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de III - crença e culto religioso;
cuidados intermediários, deverão proporcionar condições IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
para a permanência em tempo integral de um dos pais ou V - participar da vida familiar e comunitária, sem
responsável, nos casos de internação de criança ou discriminação;
adolescente. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) VI - participar da vida política, na forma da lei;
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo
físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente integridade física, psíquica e moral da criança e do
comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da
sem prejuízo de outras providências legais. (Redação dada identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos
pela Lei nº 13.010, de 2014) espaços e objetos pessoais.

Legislação Específica 89
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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e devendo a autoridade judiciária competente, com base em
do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento relatório elaborado por equipe interprofissional ou
desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela
constrangedor. possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de § 2º A permanência da criança e do adolescente em
tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, programa de acolhimento institucional não se prolongará por
disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, mais de 18 (dezoito meses), salvo comprovada necessidade
pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, que atenda ao seu superior interesse, devidamente
pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas fundamentada pela autoridade judiciária. (Redação dada pela
ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, Lei nº 13.509, de 2017)
educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei nº 13.010, de § 3º A manutenção ou a reintegração de criança ou
2014) adolescente à sua família terá preferência em relação a
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) serviços e programas de proteção, apoio e promoção, nos
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva termos do § 1º do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101
aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Redação
adolescente que resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
2014) § 4º Será garantida a convivência da criança e do
a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio
2014) de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas
b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma responsável, independentemente de autorização judicial.
cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente § 5º Será garantida a convivência integral da criança com a
que: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional.
a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de § 6º A mãe adolescente será assistida por equipe
2014) especializada multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) 2017)

Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em
responsáveis, os agentes públicos executores de medidas entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o
socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e da
crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou § 1º A gestante ou mãe será ouvida pela equipe
degradante como formas de correção, disciplina, educação ou interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, que
qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando
outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e
aplicadas de acordo com a gravidade do caso: (Incluído puerperal. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
pela Lei nº 13.010, de 2014) § 2º De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante
proteção à família; Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) sua expressa concordância, à rede pública de saúde e
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou assistência social para atendimento especializado. (Incluído
psiquiátrico; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) pela Lei nº 13.509, de 2017)
III - encaminhamento a cursos ou programas de § 3º A busca à família extensa, conforme definida nos
orientação; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual
especializado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) período. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) § 4º Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão não existir outro representante da família extensa apto a
aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras receber a guarda, a autoridade judiciária competente deverá
providências legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) decretar a extinção do poder familiar e determinar a colocação
da criança sob a guarda provisória de quem estiver habilitado
a adotá-la ou de entidade que desenvolva programa de
acolhimento familiar ou institucional. (Incluído pela Lei nº
13.509, de 2017)
Capítulo III § 5º Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado,
Seção I deve ser manifestada na audiência a que se refere o § 1o do art.
Disposições Gerais 166 desta Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela
Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e § 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência nem o
educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família genitor nem representante da família extensa para confirmar
substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, a intenção de exercer o poder familiar ou a guarda, a
em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. autoridade judiciária suspenderá o poder familiar da mãe, e a
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) criança será colocada sob a guarda provisória de quem esteja
§ 1º Toda criança ou adolescente que estiver inserido em habilitado a adotá-la. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua § 7º Os detentores da guarda possuem o prazo de 15
situação reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, (quinze) dias para propor a ação de adoção, contado do dia

Legislação Específica 90
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APOSTILAS OPÇÃO

seguinte à data do término do estágio de convivência. assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 8º Na hipótese de desistência pelos genitores -
manifestada em audiência ou perante a equipe Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não
interprofissional - da entrega da criança após o nascimento, a constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do
criança será mantida com os genitores, e será determinado poder familiar.
pela Justiça da Infância e da Juventude o acompanhamento § 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize a
familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias. (Incluído pela decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido
Lei nº 13.509, de 2017) em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser
§ 9º É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e
nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. promoção. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) § 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará
§ 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de
crianças acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão,
de 30 (trinta) dias, contado a partir do dia do acolhimento. contra o próprio filho ou filha. (Incluído pela Lei nº 12.962,
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) de 2014)

Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão
acolhimento institucional ou familiar poderão participar de decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos
programa de apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de
13.509, de 2017) descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que
§ 1º O apadrinhamento consiste em estabelecer e alude o art. 22.
proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à
instituição para fins de convivência familiar e comunitária e Seção II
colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, Da Família Natural
moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro. (Incluído
pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade
§2° Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.
de 18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção, Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou
desde que cumpram os requisitos exigidos pelo programa de ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e
apadrinhamento de que fazem parte. (Incluído pela Lei nº filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos
13.509, de 2017) com os quais a criança ou adolescente convive e mantém
§ 3º Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou vínculos de afinidade e afetividade.
adolescente a fim de colaborar para o seu desenvolvimento.
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser
§ 4º O perfil da criança ou do adolescente a ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no
apadrinhado será definido no âmbito de cada programa de próprio termo de nascimento, por testamento, mediante
apadrinhamento, com prioridade para crianças ou escritura ou outro documento público, qualquer que seja a
adolescentes com remota possibilidade de reinserção familiar origem da filiação.
ou colocação em família adotiva. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o
13.509, de 2017) nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar
§ 5º Os programas ou serviços de apadrinhamento descendentes.
apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser
executados por órgãos públicos ou por organizações da Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito
sociedade civil. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser
§ 6º Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer
responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento restrição, observado o segredo de Justiça.
deverão imediatamente notificar a autoridade judiciária
competente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Seção III
Da Família Substituta
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, Subseção I
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, Disposições Gerais
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
filiação. Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á
mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta
condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a Lei.
legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em § 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente será
caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado
competente para a solução da divergência. seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre
as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e considerada.
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse § 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será
destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as necessário seu consentimento, colhido em audiência.
determinações judiciais. § 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de
direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida.
no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado § 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a
comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que

Legislação Específica 91
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APOSTILAS OPÇÃO

justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, Art. 34. O poder público estimulará, por meio de
procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o
definitivo dos vínculos fraternais. acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente
§ 5º A colocação da criança ou adolescente em família afastado do convívio familiar.
substituta será precedida de sua preparação gradativa e § 1º A inclusão da criança ou adolescente em programas de
acompanhamento posterior, realizados pela equipe acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da institucional, observado, em qualquer caso, o caráter
Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos temporário e excepcional da medida, nos termos desta Lei.
responsáveis pela execução da política municipal de garantia § 2º Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal
do direito à convivência familiar. cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá
§ 6º Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou receber a criança ou adolescente mediante guarda, observado
proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei.
ainda obrigatório: § 3º A União apoiará a implementação de serviços de
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade acolhimento em família acolhedora como política pública, os
social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas quais deverão dispor de equipe que organize o acolhimento
instituições, desde que não sejam incompatíveis com os temporário de crianças e de adolescentes em residências de
direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não
Constituição Federal; estejam no cadastro de adoção. (Incluído pela Lei nº 13.257, de
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no 2016)
seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; § 4º Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais,
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão distritais e municipais para a manutenção dos serviços de
federal responsável pela política indigenista, no caso de acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de
crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante recursos para a própria família acolhedora. (Incluído pela Lei
a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá nº 13.257, de 2016)
acompanhar o caso.
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo,
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério
pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com Público.
a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar
adequado. Subseção III
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá Da Tutela
transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a
entidades governamentais ou não-governamentais, sem Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a
autorização judicial. pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos.
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e
constitui medida excepcional, somente admissível na implica necessariamente o dever de guarda.
modalidade de adoção.
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único
prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -
encargo, mediante termo nos autos. Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a
abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao
Subseção II controle judicial do ato, observando o procedimento previsto
Da Guarda nos arts. 165 a 170 desta Lei.
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei,
material, moral e educacional à criança ou adolescente, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na
conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, disposição de última vontade, se restar comprovado que a
inclusive aos pais. medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, em melhores condições de assumi-la.
podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art.
estrangeiros. 24.
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos
casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares
ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser Subseção IV
deferido o direito de representação para a prática de atos Da Adoção
determinados.
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á
de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive segundo o disposto nesta Lei.
previdenciários. § 1º A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se
§ 4º Salvo expressa e fundamentada determinação em deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a manutenção da criança ou adolescente na família natural ou
medida for aplicada em preparação para adoção, o extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei.
deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros § 2º É vedada a adoção por procuração.
não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim § 3º Em caso de conflito entre direitos e interesses do
como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos,
regulamentação específica, a pedido do interessado ou do devem prevalecer os direitos e os interesses do adotando.
Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017).

Legislação Específica 92
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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito § 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou
anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no
dos adotantes. mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco)
dias, prorrogável por até igual período, uma única vez,
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os § 3º- A. Ao final do prazo previsto no § 3o deste artigo,
impedimentos matrimoniais. deverá ser apresentado laudo fundamentado pela equipe
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do mencionada no § 4o deste artigo, que recomendará ou não o
outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o deferimento da adoção à autoridade judiciária. (Incluído
cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes. pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus § 4º O estágio de convivência será acompanhado pela
descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
hereditária. responsáveis pela execução da política de garantia do direito à
convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, acerca da conveniência do deferimento da medida.
independentemente do estado civil. § 5º O estágio de convivência será cumprido no território
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do nacional, preferencialmente na comarca de residência da
adotando. criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade
§ 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a competência do
adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união juízo da comarca de residência da criança. (Incluído pela Lei nº
estável, comprovada a estabilidade da família. 13.509, de 2017)
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais
velho do que o adotando. Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença
§ 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex- judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado
companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que do qual não se fornecerá certidão.
acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como
estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do pais, bem como o nome de seus ascendentes.
período de convivência e que seja comprovada a existência de § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o
vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da registro original do adotado.
guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão. § 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá ser
§ 5º Nos casos do § 4o deste artigo, desde que lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua
demonstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a residência.
guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei § 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá
no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. constar nas certidões do registro.
§ 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após § 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante
inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a
procedimento, antes de prolatada a sentença. modificação do prenome.
§ 6º Caso a modificação de prenome seja requerida pelo
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos. disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
§ 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista
saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa
pupilo ou o curatelado. à data do óbito.
§ 8º O processo relativo à adoção assim como outros a ele
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu
do representante legal do adotando. armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à a sua conservação para consulta a qualquer tempo.
criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou § 9º Terão prioridade de tramitação os processos de
tenham sido destituídos do poder familiar. adoção em que o adotando for criança ou adolescente com
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de deficiência ou com doença crônica. (Incluído pela Lei nº
idade, será também necessário o seu consentimento. 12.955, de 2014)
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por
com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade
(noventa) dias, observadas a idade da criança ou adolescente judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017).
e as peculiaridades do caso. (Redação dada pela Lei nº 13.509,
de 2017) Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem
§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no
adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após
durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a completar 18 (dezoito) anos.
conveniência da constituição do vínculo. Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá
§ 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos,
dispensa da realização do estágio de convivência. a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e
§ 2º-A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo psicológica.
pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão
fundamentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder
13.509, de 2017) familiar dos pais naturais.

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Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos
ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em arts. 237 ou 238 desta Lei.
condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o
na adoção. candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, que
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia preenche os requisitos necessários à adoção, conforme
consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério previsto nesta Lei.
Público. § 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não interessadas em adotar criança ou adolescente com
satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das deficiência, com doença crônica ou com necessidades
hipóteses previstas no art. 29. específicas de saúde, além de grupo de irmãos. (Incluído pela
§ 3º A inscrição de postulantes à adoção será precedida de Lei nº 13.509, de 2017)
um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado
pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela o pretendente possui residência habitual em país-parte da
execução da política municipal de garantia do direito à Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção
convivência familiar. das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção
§ 4º Sempre que possível e recomendável, a preparação Internacional, promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 junho
referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças e de 1999, e deseja adotar criança em outro país-parte da
adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em Convenção. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
condições de serem adotados, a ser realizado sob a orientação, § 1º A adoção internacional de criança ou adolescente
supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando
e da Juventude, com apoio dos técnicos responsáveis pelo restar comprovado:
programa de acolhimento e pela execução da política I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada
municipal de garantia do direito à convivência familiar. ao caso concreto; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 5º Serão criados e implementados cadastros estaduais e II - que foram esgotadas todas as possibilidades de
nacional de crianças e adolescentes em condições de serem colocação da criança ou adolescente em família adotiva
adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção. brasileira, com a comprovação, certificada nos autos, da
§ 6º Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil com
residentes fora do País, que somente serão consultados na perfil compatível com a criança ou adolescente, após consulta
inexistência de postulantes nacionais habilitados nos aos cadastros mencionados nesta Lei; (Redação dada pela Lei
cadastros mencionados no § 5o deste artigo. nº 13.509, de 2017)
§ 7º As autoridades estaduais e federais em matéria de III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi
adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a consultado, por meios adequados ao seu estágio de
troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida,
sistema. mediante parecer elaborado por equipe interprofissional,
§ 8º A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
(quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes § 2º Os brasileiros residentes no exterior terão preferência
em condições de serem adotados que não tiveram colocação aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança
familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que ou adolescente brasileiro.
tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros § 3º A adoção internacional pressupõe a intervenção das
estadual e nacional referidos no § 5o deste artigo, sob pena de Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de
responsabilidade. adoção internacional.
§ 9º Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
manutenção e correta alimentação dos cadastros, com Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento
posterior comunicação à Autoridade Central Federal previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes
Brasileira. adaptações:
§ 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar
pretendentes habilitados residentes no País com perfil criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de
compatível e interesse manifesto pela adoção de criança ou habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria
adolescente inscrito nos cadastros existentes, será realizado o de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido
encaminhamento da criança ou adolescente à adoção aquele onde está situada sua residência habitual;
internacional. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar,
em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que emitirá um relatório que contenha informações sobre a
possível e recomendável, será colocado sob guarda de família identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes
cadastrada em programa de acolhimento familiar. para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir
dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério uma adoção internacional;
Público. III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a
candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente Autoridade Central Federal Brasileira;
nos termos desta Lei quando: IV - o relatório será instruído com toda a documentação
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por
II - for formulada por parente com o qual a criança ou equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da
adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda vigência;
legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde V - os documentos em língua estrangeira serão
que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de devidamente autenticados pela autoridade consular,
laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a observados os tratados e convenções internacionais, e

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acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país
juramentado; de acolhida para o adotado;
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os
e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal
postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento
acolhida; estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade sejam concedidos.
Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira § 5º A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o
com a nacional, além do preenchimento por parte dos deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a
postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos suspensão de seu credenciamento.
necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta § 6º O credenciamento de organismo nacional ou
Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção
de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, internacional terá validade de 2 (dois) anos.
no máximo, 1 (um) ano; § 7º A renovação do credenciamento poderá ser concedida
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será mediante requerimento protocolado na Autoridade Central
autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao
Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança término do respectivo prazo de validade.
ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade § 8º Antes de transitada em julgado a decisão que
Central Estadual. concedeu a adoção internacional, não será permitida a saída
§ 1º Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, do adotando do território nacional.
admite-se que os pedidos de habilitação à adoção § 9º Transitada em julgado a decisão, a autoridade
internacional sejam intermediados por organismos judiciária determinará a expedição de alvará com autorização
credenciados. de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando,
§ 2º Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente
credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços
encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão
internacional, com posterior comunicação às Autoridades digital do seu polegar direito, instruindo o documento com
Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado.
imprensa e em sítio próprio da internet. § 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a
§ 3º Somente será admissível o credenciamento de qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das
organismos que: crianças e adolescentes adotados.
I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção § 11. A cobrança de valores por parte dos organismos
de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade credenciados, que sejam considerados abusivos pela
Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam
do adotando para atuar em adoção internacional no Brasil; devidamente comprovados, é causa de seu
II - satisfizerem as condições de integridade moral, descredenciamento.
competência profissional, experiência e responsabilidade § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser
exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central representados por mais de uma entidade credenciada para
Federal Brasileira; atuar na cooperação em adoção internacional.
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou
formação e experiência para atuar na área de adoção domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano,
internacional; podendo ser renovada.
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento § 14. É vedado o contato direto de representantes de
jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com
Autoridade Central Federal Brasileira. dirigentes de programas de acolhimento institucional ou
§ 4º Os organismos credenciados deverão ainda: familiar, assim como com crianças e adolescentes em
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições condições de serem adotados, sem a devida autorização
e dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do judicial.
país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela § 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá
Autoridade Central Federal Brasileira; limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo
e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada fundamentado.
formação ou experiência para atuar na área de adoção
internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e
Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de
Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal organismos estrangeiros encarregados de intermediar
competente; pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a
III - estar submetidos à supervisão das autoridades pessoas físicas.
competentes do país onde estiverem sediados e no país de Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser
acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente
situação financeira; e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a Direitos da Criança e do Adolescente.
cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem
como relatório de acompanhamento das adoções Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em
internacionais efetuadas no período, cuja cópia será país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção
encaminhada ao Departamento de Polícia Federal; tenha sido processado em conformidade com a legislação
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea
Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente
Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) recepcionada com o reingresso no Brasil.
anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de cópia

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§ 1º Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser condições do adolescente trabalhador;
homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. VII - atendimento no ensino fundamental, através de
§ 2º O pretendente brasileiro residente no exterior em país programas suplementares de material didático-escolar,
não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no transporte, alimentação e assistência à saúde.
Brasil, deverá requerer a homologação da sentença § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. público subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da
o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país autoridade competente.
de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela § 3º Compete ao poder público recensear os educandos no
Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos
habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à pais ou responsável, pela frequência à escola.
Autoridade Central Federal e determinará as providências
necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de
Provisório. matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
§ 1º A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério
Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino
decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
da criança ou do adolescente. II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar,
§ 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção, esgotados os recursos escolares;
prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá III - elevados níveis de repetência.
imediatamente requerer o que for de direito para resguardar
os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências
providências à Autoridade Central Estadual, que fará a e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo,
comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de
Autoridade Central do país de origem. crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental
obrigatório.
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for
o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores
de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da
ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da
adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à criação e o acesso às fontes de cultura.
Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da
adoção nacional. Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União,
Capítulo IV estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços
Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas
Lazer para a infância e a juventude.

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, Capítulo V


visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo Do Direito à Profissionalização e à Proteção no
para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, Trabalho
assegurando-se lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
escola; quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada
recorrer às instâncias escolares superiores; por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
IV - direito de organização e participação em entidades
estudantis; Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da
residência. legislação de educação em vigor.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
ciência do processo pedagógico, bem como participar da seguintes princípios:
definição das propostas educacionais. I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino
regular;
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao II - atividade compatível com o desenvolvimento do
adolescente: adolescente;
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive III - horário especial para o exercício das atividades.
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
ao ensino médio; assegurada bolsa de aprendizagem.
III - atendimento educacional especializado aos portadores
de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos,
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306,
de 2016) Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa assegurado trabalho protegido.
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica
familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em de conflitos que envolvam violência contra a criança e o
entidade governamental ou não-governamental, é vedado adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
trabalho: V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a
e as cinco horas do dia seguinte; atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e
II - perigoso, insalubre ou penoso; responsáveis com o objetivo de promover a informação, a
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso de
seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no
IV - realizado em horários e locais que não permitam a processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
frequência à escola. VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a
articulação de ações e a elaboração de planos de atuação
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho conjunta focados nas famílias em situação de violência, com
educativo, sob responsabilidade de entidade governamental participação de profissionais de saúde, de assistência social e
ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar de educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa dos
ao adolescente que dele participe condições de capacitação direitos da criança e do adolescente. (Incluído pela Lei nº
para o exercício de atividade regular remunerada. 13.010, de 2014)
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes
em que as exigências pedagógicas relativas ao com deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e
desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem políticas públicas de prevenção e proteção. (Incluído pela Lei
sobre o aspecto produtivo. nº 13.010, de 2014)
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo
trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas
seu trabalho não desfigura o caráter educativo. áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em
seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus-
proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre tratos praticados contra crianças e adolescentes. (Incluído
outros: pela Lei nº 13.046, de 2014)
I - respeito à condição peculiar de pessoa em Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela
desenvolvimento; comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas,
II - capacitação profissional adequada ao mercado de por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou
trabalho. ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crianças e
adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o injustificado
Título III retardamento ou omissão, culposos ou dolosos. (Incluído pela
Da Prevenção Lei nº 13.046, de 2014)
Capítulo I
Disposições Gerais Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação,
cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em
ou violação dos direitos da criança e do adolescente. desenvolvimento.
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela
Municípios deverão atuar de forma articulada na elaboração adotados.
de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir
o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e Art. 73. A inobservância das normas de prevenção
difundir formas não violentas de educação de crianças e de importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica,
adolescentes, tendo como principais ações: (Incluído pela Lei nos termos desta Lei.
nº 13.010, de 2014)
I - a promoção de campanhas educativas permanentes Capítulo II
para a divulgação do direito da criança e do adolescente de Da Prevenção Especial
serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de Seção I
tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e
proteção aos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.010, Espetáculos
de 2014)
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Art. 74. O poder público, através do órgão competente,
Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho regulará as diversões e espetáculos públicos, informando
Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
Adolescente e com as entidades não governamentais que recomendem, locais e horários em que sua apresentação se
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança mostre inadequada.
e do adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e
III - a formação continuada e a capacitação dos espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil
profissionais de saúde, educação e assistência social e dos acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada
demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada no
direitos da criança e do adolescente para o desenvolvimento certificado de classificação.
das competências necessárias à prevenção, à identificação de
evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas as Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às
formas de violência contra a criança e o adolescente; (Incluído diversões e espetáculos públicos classificados como
pela Lei nº 13.010, de 2014) adequados à sua faixa etária.

Legislação Específica 97
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APOSTILAS OPÇÃO

Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança,
poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma
exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável. região metropolitana;
b) a criança estiver acompanhada:
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,
no horário recomendado para o público infanto juvenil, comprovado documentalmente o parentesco;
programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai,
informativas. mãe ou responsável.
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou
anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua responsável, conceder autorização válida por dois anos.
transmissão, apresentação ou exibição.
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários autorização é dispensável, se a criança ou adolescente:
de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado
locação em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão expressamente pelo outro através de documento com firma
competente. reconhecida.
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão
exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial,
faixa etária a que se destinam. nenhuma criança ou adolescente nascido em território
nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro
Art. 78. As revistas e publicações contendo material residente ou domiciliado no exterior.
impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão
ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência PARTE ESPECIAL
de seu conteúdo. TÍTULO I
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas Da Política de Atendimento
que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam Capítulo I
protegidas com embalagem opaca. Disposições Gerais

Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e
infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de
legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, ações governamentais e não-governamentais, da União, dos
armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e estados, do Distrito Federal e dos municípios.
sociais da pessoa e da família.
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que I - políticas sociais básicas;
explorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por II - serviços, programas, projetos e benefícios de
casas de jogos, assim entendidas as que realizem apostas, assistência social de garantia de proteção social e de
ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja prevenção e redução de violações de direitos, seus
permitida a entrada e a permanência de crianças e agravamentos ou reincidências; (Redação dada pela Lei nº
adolescentes no local, afixando aviso para orientação do 13.257, de 2016)
público. III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico
e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos,
Seção II exploração, abuso, crueldade e opressão;
Dos Produtos e Serviços IV - serviço de identificação e localização de pais,
responsável, crianças e adolescentes desaparecidos;
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos
I - armas, munições e explosivos; direitos da criança e do adolescente.
II - bebidas alcoólicas; VI - políticas e programas destinados a prevenir ou
III - produtos cujos componentes possam causar abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a
dependência física ou psíquica ainda que por utilização garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de
indevida; crianças e adolescentes;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de
pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio
qualquer dano físico em caso de utilização indevida; familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças
V - revistas e publicações a que alude o art. 78; maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.

Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento I - municipalização do atendimento;
congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional
responsável. dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos
e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a
Seção III participação popular paritária por meio de organizações
Da Autorização para Viajar representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais;
III - criação e manutenção de programas específicos,
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da observada a descentralização político-administrativa;
comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e
responsável, sem expressa autorização judicial. municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos
§ 1º A autorização não será exigida quando: da criança e do adolescente;

Legislação Específica 98
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V - integração operacional de órgãos do Judiciário, § 3º Os programas em execução serão reavaliados pelo


Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para
para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente renovação da autorização de funcionamento:
a quem se atribua autoria de ato infracional; I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, como às resoluções relativas à modalidade de atendimento
Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e
encarregados da execução das políticas sociais básicas e de do Adolescente, em todos os níveis;
assistência social, para efeito de agilização do atendimento de II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido,
crianças e de adolescentes inseridos em programas de atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela
acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rápida Justiça da Infância e da Juventude;
reintegração à família de origem ou, se tal solução se mostrar III - em se tratando de programas de acolhimento
comprovadamente inviável, sua colocação em família institucional ou familiar, serão considerados os índices de
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família
desta Lei; substituta, conforme o caso.
VII - mobilização da opinião pública para a indispensável
participação dos diversos segmentos da sociedade. Art. 91. As entidades não-governamentais somente
VIII - especialização e formação continuada dos poderão funcionar depois de registradas no Conselho
profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual
primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade
da criança e sobre desenvolvimento infantil; (Incluído pela Lei judiciária da respectiva localidade.
nº 13.257, de 2016) § 1º Será negado o registro à entidade que:
IX - formação profissional com abrangência dos diversos a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas
direitos da criança e do adolescente que favoreça a de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente b) não apresente plano de trabalho compatível com os
e seu desenvolvimento integral; (Incluído pela Lei nº 13.257, princípios desta Lei;
de 2016) c) esteja irregularmente constituída;
X - realização e divulgação de pesquisas sobre d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência. e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado
expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos Adolescente, em todos os níveis.
conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do § 2º O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos,
adolescente é considerada de interesse público relevante e não cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
será remunerada. Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua
renovação, observado o disposto no § 1o deste artigo.
Capítulo II
Das Entidades de Atendimento Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de
Seção I acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os
Disposições Gerais seguintes princípios:
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela reintegração familiar;
manutenção das próprias unidades, assim como pelo II - integração em família substituta, quando esgotados os
planejamento e execução de programas de proteção e recursos de manutenção na família natural ou extensa;
socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;
regime de: IV - desenvolvimento de atividades em regime de
I - orientação e apoio sócio-familiar; coeducação;
II - apoio socioeducativo em meio aberto; V - não desmembramento de grupos de irmãos;
III - colocação familiar; VI - evitar, sempre que possível, a transferência para
IV - acolhimento institucional; outras entidades de crianças e adolescentes abrigados;
V - prestação de serviços à comunidade; VII - participação na vida da comunidade local;
VI - liberdade assistida; VIII - preparação gradativa para o desligamento;
VII - semiliberdade; e IX - participação de pessoas da comunidade no processo
VIII - internação. educativo.
§ 1º As entidades governamentais e não governamentais § 1º O dirigente de entidade que desenvolve programa de
deverão proceder à inscrição de seus programas, acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para
especificando os regimes de atendimento, na forma definida todos os efeitos de direito.
neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e § 2º Os dirigentes de entidades que desenvolvem
do Adolescente, o qual manterá registro das inscrições e de programas de acolhimento familiar ou institucional remeterão
suas alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses,
e à autoridade judiciária. relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança
§ 2º Os recursos destinados à implementação e ou adolescente acolhido e sua família, para fins da reavaliação
manutenção dos programas relacionados neste artigo serão prevista no § 1o do art. 19 desta Lei.
previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos § 3º Os entes federados, por intermédio dos Poderes
encarregados das áreas de Educação, Saúde e Assistência Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a
Social, dentre outros, observando-se o princípio da prioridade permanente qualificação dos profissionais que atuam direta
absoluta à criança e ao adolescente preconizado pelo caput do ou indiretamente em programas de acolhimento institucional
art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e parágrafo único e destinados à colocação familiar de crianças e adolescentes,
do art. 4o desta Lei. incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério Público e
Conselho Tutelar.

Legislação Específica 99
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§ 4º Salvo determinação em contrário da autoridade XVI - comunicar às autoridades competentes todos os


judiciária competente, as entidades que desenvolvem casos de adolescentes portadores de moléstias
programas de acolhimento familiar ou institucional, se infectocontagiosas;
necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos de XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos
assistência social, estimularão o contato da criança ou adolescentes;
adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao XVIII - manter programas destinados ao apoio e
disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. acompanhamento de egressos;
§ 5º As entidades que desenvolvem programas de XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício
acolhimento familiar ou institucional somente poderão da cidadania àqueles que não os tiverem;
receber recursos públicos se comprovado o atendimento dos XX - manter arquivo de anotações onde constem data e
princípios, exigências e finalidades desta Lei. circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus
§ 6º O descumprimento das disposições desta Lei pelo pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade,
dirigente de entidade que desenvolva programas de acompanhamento da sua formação, relação de seus pertences
acolhimento familiar ou institucional é causa de sua e demais dados que possibilitem sua identificação e a
destituição, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade individualização do atendimento.
administrativa, civil e criminal. § 1º Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes
§ 7º Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos deste artigo às entidades que mantêm programas de
em acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à acolhimento institucional e familiar.
atuação de educadores de referência estáveis e § 2º No cumprimento das obrigações a que alude este
qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ao artigo as entidades utilizarão preferencialmente os recursos
atendimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto da comunidade.
como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que
Art. 93. As entidades que mantenham programa de abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que
acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e em caráter temporário, devem ter, em seus quadros,
de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia profissionais capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho
determinação da autoridade competente, fazendo Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus-tratos. (Incluído
comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz pela Lei nº 13.046, de 2014)
da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade.
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade Seção II
judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o Da Fiscalização das Entidades
apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas
necessárias para promover a imediata reintegração familiar da Art. 95. As entidades governamentais e não-
criança ou do adolescente ou, se por qualquer razão não for governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo
isso possível ou recomendável, para seu encaminhamento a Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares.
programa de acolhimento familiar, institucional ou a família
substituta, observado o disposto no § 2o do art. 101 desta Lei. Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas
serão apresentados ao estado ou ao município, conforme a
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de origem das dotações orçamentárias.
internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
I - observar os direitos e garantias de que são titulares os Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de
adolescentes; atendimento que descumprirem obrigação constante do art.
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido 94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus
objeto de restrição na decisão de internação; dirigentes ou prepostos:
III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas I - às entidades governamentais:
unidades e grupos reduzidos; a) advertência;
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito b) afastamento provisório de seus dirigentes;
e dignidade ao adolescente; c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
preservação dos vínculos familiares; II - às entidades não-governamentais:
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os a) advertência;
casos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas
dos vínculos familiares; públicas;
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os d) cassação do registro.
objetos necessários à higiene pessoal; § 1º Em caso de reiteradas infrações cometidas por
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e entidades de atendimento, que coloquem em risco os direitos
adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos; assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, Ministério Público ou representado perante autoridade
odontológicos e farmacêuticos; judiciária competente para as providências cabíveis, inclusive
X - propiciar escolarização e profissionalização; suspensão das atividades ou dissolução da entidade.
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer; § 2º As pessoas jurídicas de direito público e as
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, organizações não governamentais responderão pelos danos
de acordo com suas crenças; que seus agentes causarem às crianças e aos adolescentes,
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; caracterizado o descumprimento dos princípios norteadores
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo das atividades de proteção específica.
máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à
autoridade competente;
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado
sobre sua situação processual;

Legislação Específica 100


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Título II XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o


Das Medidas de Proteção adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e
Capítulo I capacidade de compreensão, seus pais ou responsável devem
Disposições Gerais ser informados dos seus direitos, dos motivos que
determinaram a intervenção e da forma como esta se processa;
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o
são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de
forem ameaçados ou violados: responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e
III - em razão de sua conduta. de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela
autoridade judiciária competente, observado o disposto nos §§
Capítulo II 1º e 2º do art. 28 desta Lei.
Das Medidas Específicas de Proteção
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas outras, as seguintes medidas:
a qualquer tempo. I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante
termo de responsabilidade;
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao III - matrícula e frequência obrigatórias em
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. estabelecimento oficial de ensino fundamental;
Parágrafo único. São também princípios que regem a IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou
aplicação das medidas: comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos 2016)
previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição V - requisição de tratamento médico, psicológico ou
Federal; psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de
aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que VII - acolhimento institucional;
crianças e adolescentes são titulares; VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
III - responsabilidade primária e solidária do poder IX - colocação em família substituta.
público: a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças § 1º O acolhimento institucional e o acolhimento familiar
e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como
nos casos por esta expressamente ressalvados, é de forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo
responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de esta possível, para colocação em família substituta, não
governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e implicando privação de liberdade.
da possibilidade da execução de programas por entidades não § 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais
governamentais; para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da
intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e criança ou adolescente do convívio familiar é de competência
direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração,
consideração que for devida a outros interesses legítimos no a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo
âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se
concreto; garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da contraditório e da ampla defesa.
criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela § 3º Crianças e adolescentes somente poderão ser
intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada; encaminhados às instituições que executam programas de
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio
competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade
seja conhecida; judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros:
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais
exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja ou de seu responsável, se conhecidos;
indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da II - o endereço de residência dos pais ou do responsável,
criança e do adolescente; com pontos de referência;
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em
ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a tê-los sob sua guarda;
criança ou o adolescente se encontram no momento em que a IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao
decisão é tomada; convívio familiar.
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser § 4º Imediatamente após o acolhimento da criança ou do
efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para adolescente, a entidade responsável pelo programa de
com a criança e o adolescente; acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na individual de atendimento, visando à reintegração familiar,
proteção da criança e do adolescente deve ser dada ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em
prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na contrário de autoridade judiciária competente, caso em que
sua família natural ou extensa ou, se isso não for possível, que também deverá contemplar sua colocação em família
promovam a sua integração em família adotiva; (Redação dada substituta, observadas as regras e princípios desta Lei.
pela Lei nº 13.509, de 2017); § 5º O plano individual será elaborado sob a
responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de

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atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de
do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável. 1992.
§ 6º Constarão do plano individual, dentre outros: § 4º Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; dispensável o ajuizamento de ação de investigação de
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; paternidade pelo Ministério Público se, após o não
e comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para
a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou adoção.
responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja § 5º Os registros e certidões necessários à inclusão, a
esta vedada por expressa e fundamentada determinação qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento são
judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta
em família substituta, sob direta supervisão da autoridade prioridade. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
judiciária. § 6º São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação
§ 7º O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no requerida do reconhecimento de paternidade no assento de
local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, nascimento e a certidão correspondente. (Incluído dada pela
como parte do processo de reintegração familiar, sempre que Lei nº 13.257, de 2016)
identificada a necessidade, a família de origem será incluída
em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção Título III
social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança Da Prática de Ato Infracional
ou com o adolescente acolhido. Capítulo I
§ 8º Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o Disposições Gerais
responsável pelo programa de acolhimento familiar ou
institucional fará imediata comunicação à autoridade Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita
judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de como crime ou contravenção penal.
5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
§ 9º Em sendo constatada a impossibilidade de Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de
reintegração da criança ou do adolescente à família de origem, dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
após seu encaminhamento a programas oficiais ou Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser
comunitários de orientação, apoio e promoção social, será considerada a idade do adolescente à data do fato.
enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual
conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança
a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade corresponderão as medidas previstas no art. 101.
ou responsáveis pela execução da política municipal de
garantia do direito à convivência familiar, para a destituição Capítulo II
do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda. Dos Direitos Individuais
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo
de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua
do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem
estudos complementares ou de outras providências escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
indispensáveis ao ajuizamento da demanda. (Redação dada Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação
pela Lei nº 13.509, de 2017); dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou acerca de seus direitos.
foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas
sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local
familiar e institucional sob sua responsabilidade, com onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à
informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou
um, bem como as providências tomadas para sua reintegração à pessoa por ele indicada.
familiar ou colocação em família substituta, em qualquer das Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de
modalidades previstas no art. 28 desta Lei. responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o
Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser
Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e
implementação de políticas públicas que permitam reduzir o basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade,
número de crianças e adolescentes afastados do convívio demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
familiar e abreviar o período de permanência em programa de
acolhimento. Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será
submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais,
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação,
serão acompanhadas da regularização do registro civil. havendo dúvida fundada.
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o
assento de nascimento da criança ou adolescente será feito à Capítulo III
vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da Das Garantias Processuais
autoridade judiciária.
§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua
que trata este artigo são isentos de multas, custas e liberdade sem o devido processo legal.
emolumentos, gozando de absoluta prioridade. Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as
§ 3º Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado seguintes garantias:
procedimento específico destinado à sua averiguação, I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
infracional, mediante citação ou meio equivalente;

Legislação Específica 102


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II - igualdade na relação processual, podendo confrontar- jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados,
se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não
necessárias à sua defesa; prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de
III - defesa técnica por advogado; trabalho.
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos
necessitados, na forma da lei; Seção V
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade Da Liberdade Assistida
competente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se
responsável em qualquer fase do procedimento. afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar,
auxiliar e orientar o adolescente.
Capítulo IV § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
Das Medidas Socioeducativas acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
Seção I entidade ou programa de atendimento.
Disposições Gerais § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de
seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada,
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as orientador, o Ministério Público e o defensor.
seguintes medidas:
I - advertência; Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a
II - obrigação de reparar o dano; supervisão da autoridade competente, a realização dos
III - prestação de serviços à comunidade; seguintes encargos, entre outros:
IV - liberdade assistida; I - promover socialmente o adolescente e sua família,
V - inserção em regime de semiliberdade; fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em
VI - internação em estabelecimento educacional; programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade III - diligenciar no sentido da profissionalização do
da infração. adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será IV - apresentar relatório do caso.
admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência Seção VI
mental receberão tratamento individual e especializado, em Do Regime de Semiliberdade
local adequado às suas condições.
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto,
100. possibilitada a realização de atividades externas,
independentemente de autorização judicial.
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização,
a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos
da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a existentes na comunidade.
hipótese de remissão, nos termos do art. 127. § 2º A medida não comporta prazo determinado
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à
que houver prova da materialidade e indícios suficientes da internação.
autoria.
Seção II Seção VII
Da Advertência Da Internação

Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, Art. 121. A internação constitui medida privativa da
que será reduzida a termo e assinada. liberdade, sujeita aos princípios de brevidade,
Seção III excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
Da Obrigação de Reparar o Dano desenvolvimento.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa
patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, determinação judicial em contrário.
que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento § 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo
do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a fundamentada, no máximo a cada seis meses.
medida poderá ser substituída por outra adequada. § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de
internação excederá a três anos.
Seção IV § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o
Da Prestação de Serviços à Comunidade adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de
semiliberdade ou de liberdade assistida.
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de
realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período idade.
não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida
hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
como em programas comunitários ou governamentais. § 7º A determinação judicial mencionada no § 1o poderá
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária.
aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)

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Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada adolescente e sua maior ou menor participação no ato
quando: infracional.
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da
ameaça ou violência a pessoa; remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão
II - por reiteração no cometimento de outras infrações ou extinção do processo.
graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da Art. 127. A remissão não implica necessariamente o
medida anteriormente imposta. reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir
artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas
decretada judicialmente após o devido processo legal. em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e a
(Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) internação.
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação,
havendo outra medida adequada. Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá
ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do
exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele Ministério Público.
destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por
critérios de idade, compleição física e gravidade da infração. Título IV
Parágrafo único. Durante o período de internação, Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
inclusive provisória, serão obrigatórias atividades
pedagógicas. Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, comunitários de proteção, apoio e promoção da família;
entre outros, os seguintes: (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
Ministério Público; orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; III - encaminhamento a tratamento psicológico ou
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; psiquiátrico;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que IV - encaminhamento a cursos ou programas de
solicitada; orientação;
V - ser tratado com respeito e dignidade; V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar
VI - permanecer internado na mesma localidade ou sua frequência e aproveitamento escolar;
naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a
responsável; tratamento especializado;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; VII - advertência;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; VIII - perda da guarda;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio IX - destituição da tutela;
pessoal; X - suspensão ou destituição do poder familiar.
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos
e salubridade; incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts.
XI - receber escolarização e profissionalização; 23 e 24.
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade
desde que assim o deseje; judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de afastamento do agressor da moradia comum.
local seguro para guardá-los, recebendo comprovante Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a
daqueles porventura depositados em poder da entidade; fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança
XVI - receber, quando de sua desinternação, os ou o adolescente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei
documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade. nº 12.415, de 2011)
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender Título V
temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se Do Conselho Tutelar
existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade Capítulo I
aos interesses do adolescente. Disposições Gerais

Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e
mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de
adequadas de contenção e segurança. zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do
adolescente, definidos nesta Lei.
Capítulo V
Da Remissão Art. 132. Em cada Município e em cada Região
Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um)
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para Conselho Tutelar como órgão integrante da administração
apuração de ato infracional, o representante do Ministério pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela
Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1
do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do (uma) recondução, mediante novo processo de escolha.
fato, ao contexto social, bem como à personalidade do (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)

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Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos
Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: profissionais, ações de divulgação e treinamento para o
I - reconhecida idoneidade moral; reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e
II - idade superior a vinte e um anos; adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
III - residir no município. Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o
Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério
dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal
quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é entendimento e as providências tomadas para a orientação, o
assegurado o direito a: (Redação dada pela Lei nº 12.696, de apoio e a promoção social da família.
2012)
I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente
de 2012) poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 quem tenha legítimo interesse.
(um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído pela Lei
nº 12.696, de 2012) Capítulo III
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de Da Competência
2012)
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de
2012) competência constante do art. 147.
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de
2012) Capítulo IV
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e Da Escolha dos Conselheiros
da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao
funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e Art. 139. O processo para a escolha dos membros do
formação continuada dos conselheiros tutelares. (Redação Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e
dada pela Lei nº 12.696, de 2012) realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de
constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção 12.10.1991)
de idoneidade moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de § 1º O processo de escolha dos membros do Conselho
2012) Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território
nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês
Capítulo II de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial.
Das Atribuições do Conselho (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
§ 2º A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha.
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no § 3º No processo de escolha dos membros do Conselho
art. 101, I a VII; Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer
as medidas previstas no art. 129, I a VII; natureza, inclusive brindes de pequeno valor. (Incluído pela
III - promover a execução de suas decisões, podendo para Lei nº 12.696, de 2012)
tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, Capítulo V
educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança; Dos Impedimentos
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
descumprimento injustificado de suas deliberações. Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro
constitua infração administrativa ou penal contra os direitos ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho,
da criança ou adolescente; padrasto ou madrasta e enteado.
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua Parágrafo único. Estende-se o impedimento do
competência; conselheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária e ao representante do Ministério Público com
judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na
adolescente autor de ato infracional; comarca, foro regional ou distrital.
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de Título VI
criança ou adolescente quando necessário; Do Acesso à Justiça
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da Capítulo I
proposta orçamentária para planos e programas de Disposições Gerais
atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou
violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao
Constituição Federal; Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que
de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as dela necessitarem, através de defensor público ou advogado
possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente nomeado.
junto à família natural.

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§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou


Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, extinção do processo;
ressalvada a hipótese de litigância de má-fé. III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao
representados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e adolescente, observado o disposto no art. 209;
um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em
forma da legislação civil ou processual. entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de
especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente;
destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho
quando carecer de representação ou assistência legal ainda Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
que eventual. Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou
adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:
administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
a que se atribua autoria de ato infracional. b) conhecer de ações de destituição do poder familiar,
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não perda ou modificação da tutela ou guarda;
poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se c) suprir a capacidade ou o consentimento para o
fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, casamento;
residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna
ou materna, em relação ao exercício do poder familiar;
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando
refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade faltarem os pais;
judiciária competente, se demonstrado o interesse e f) designar curador especial em casos de apresentação de
justificada a finalidade. queixa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais
ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou
Capítulo II adolescente;
Da Justiça da Infância e da Juventude g) conhecer de ações de alimentos;
Seção I h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento
Disposições Gerais dos registros de nascimento e óbito.

Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar,
varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude, através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua I - a entrada e permanência de criança ou adolescente,
proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de desacompanhado dos pais ou responsável, em:
infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em a) estádio, ginásio e campo desportivo;
plantões. b) bailes ou promoções dançantes;
c) boate ou congêneres;
Seção II d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;
Do Juiz e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.
II - a participação de criança e adolescente em:
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da a) espetáculos públicos e seus ensaios;
Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na b) certames de beleza.
forma da lei de organização judiciária local. § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade
judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
Art. 147. A competência será determinada: a) os princípios desta Lei;
I - pelo domicílio dos pais ou responsável; b) as peculiaridades locais;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à c) a existência de instalações adequadas;
falta dos pais ou responsável. d) o tipo de frequência habitual ao local;
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a e) a adequação do ambiente a eventual participação ou
autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras frequência de crianças e adolescentes;
de conexão, continência e prevenção. f) a natureza do espetáculo.
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à § 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo
autoridade competente da residência dos pais ou responsável, deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as
ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou determinações de caráter geral.
adolescente.
§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão Seção III
simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma Dos Serviços Auxiliares
comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a
autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua
rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de
retransmissoras do respectivo estado. equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da
Infância e da Juventude.
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente
para: Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras
I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local,
Público, para apuração de ato infracional atribuído a fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou
adolescente, aplicando as medidas cabíveis; verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos
de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção

Legislação Específica 106


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e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade interprofissional ou multidisciplinar para comprovar a
judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista presença de uma das causas de suspensão ou destituição do
técnico. poder familiar, ressalvado o disposto no §10 do art. 101 desta
Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de Lei, e observada a Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017.
servidores públicos integrantes do Poder Judiciário (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
responsáveis pela realização dos estudos psicossociais ou de § 2º Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas,
quaisquer outras espécies de avaliações técnicas exigidas por é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe
esta Lei ou por determinação judicial, a autoridade judiciária interprofissional ou multidisciplinar referida no § 1º deste
poderá proceder à nomeação de perito, nos termos do art. 156 artigo, de representantes do órgão federal responsável pela
da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo política indigenista, observado o disposto no § 6º do art. 28
Civil). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017). desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)

Capítulo III Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez
Dos Procedimentos dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem
Seção I produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e
Disposições Gerais documentos.
§ 1º A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam- meios para sua realização.
se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação § 2º O requerido privado de liberdade deverá ser citado
processual pertinente. pessoalmente.
§ 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, § 3º Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver
prioridade absoluta na tramitação dos processos e procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o
procedimentos previstos nesta Lei, assim como na execução encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, informar
dos atos e diligências judiciais a eles referentes. (Incluído pela qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho
Lei nº 12.010, de 2009) do dia útil em que voltará a fim de efetuar a citação, na hora
§ 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus que designar, nos termos do art. 252 e seguintes da Lei no
procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
do começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
dobro para a Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído § 4º Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local
pela Lei nº 13.509, de 2017) incerto ou não sabido, serão citados por edital no prazo de 10
(dez) dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não para a localização. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a
autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de
ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua
Público. família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para dativo, ao qual incumbirá a apresentação de resposta,
o fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua contando-se o prazo a partir da intimação do despacho de
família de origem e em outros procedimentos nomeação.
necessariamente contenciosos. Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de
liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214. da citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor.
(Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
Seção II
Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária
requisitará de qualquer repartição ou órgão público a
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do apresentação de documento que interesse à causa, de ofício ou
poder familiar terá início por provocação do Ministério a requerimento das partes ou do Ministério Público.
Público ou de quem tenha legítimo interesse.
Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido
Art. 156. A petição inicial indicará: concluído o estudo social ou a perícia realizada por equipe
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; interprofissional ou multidisciplinar, a autoridade judiciária
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do dará vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias,
requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se salvo quando este for o requerente, e decidirá em igual prazo.
tratando de pedido formulado por representante do (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Ministério Público; § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
III - a exposição sumária do fato e o pedido; das partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de
logo, o rol de testemunhas e documentos. suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts.
1.637 e 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade (Código Civil), ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada pela Lei
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão nº 13.509, de 2017)
do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509, de
julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou 2017)
adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de § 3º Se o pedido importar em modificação de guarda, será
responsabilidade. obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança
§ 1º Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e
determinará, concomitantemente ao despacho de citação e grau de compreensão sobre as implicações da medida.
independentemente de requerimento do interessado, a § 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem
realização de estudo social ou perícia por equipe identificados e estiverem em local conhecido, ressalvados os

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casos de não comparecimento perante a Justiça quando § 1º Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (Redação
devidamente citados. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
2017) I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes,
§ 5º Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a devidamente assistidas por advogado ou por defensor público,
autoridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva para verificar sua concordância com a adoção, no prazo
máximo de 10 (dez) dias, contado da data do protocolo da
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária petição ou da entrega da criança em juízo, tomando por termo
dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo as declarações; e (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
quando este for o requerente, designando, desde logo, II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído pela
audiência de instrução e julgamento. Lei nº 13.509, de 2017)
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509, de § 2º O consentimento dos titulares do poder familiar será
2017) precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude,
Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente em especial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da
o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, medida.
manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e § 3º São garantidos a livre manifestação de vontade dos
o Ministério Público, pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das
um, prorrogável por mais 10 (dez) minutos. (Redação dada informações. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
pela Lei nº 13.509, de 2017) § 4º O consentimento prestado por escrito não terá
§ 3º A decisão será proferida na audiência, podendo a validade se não for ratificado na audiência a que se refere o §
autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
sua leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela § 5º O consentimento é retratável até a data da realização
Lei nº 13.509, de 2017) da audiência especificada no § 1o deste artigo, e os pais podem
§ 4º Quando o procedimento de destituição de poder exercer o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado
familiar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá da data de prolação da sentença de extinção do poder familiar.
necessidade de nomeação de curador especial em favor da (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
criança ou adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) § 6º O consentimento somente terá valor se for dado após
o nascimento da criança.
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento § 7º A família natural e a família substituta receberão a
será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de devida orientação por intermédio de equipe técnica
notória inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
esforços para preparar a criança ou o adolescente com vistas à Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
colocação em família substituta. (Redação dada pela Lei nº responsáveis pela execução da política municipal de garantia
13.509, de 2017) do direito à convivência familiar. (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a 13.509, de 2017)
suspensão do poder familiar será averbada à margem do
registro de nascimento da criança ou do adolescente. Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a
requerimento das partes ou do Ministério Público,
Seção III determinará a realização de estudo social ou, se possível,
Da Destituição da Tutela perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a
concessão de guarda provisória, bem como, no caso de adoção,
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o sobre o estágio de convivência.
procedimento para a remoção de tutor previsto na lei Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda
processual civil e, no que couber, o disposto na seção anterior. provisória ou do estágio de convivência, a criança ou o
adolescente será entregue ao interessado, mediante termo de
Seção IV responsabilidade.
Da Colocação em Família Substituta
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial,
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-
colocação em família substituta: se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste;
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a
seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto
especificando se tem ou não parente vivo; lógico da medida principal de colocação em família substituta,
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de será observado o procedimento contraditório previsto nas
seus pais, se conhecidos; Seções II e III deste Capítulo.
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda
anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão; poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento,
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou observado o disposto no art. 35.
rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47.
também os requisitos específicos. Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente
sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade
destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem por este responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias.
aderido expressamente ao pedido de colocação em família
substituta, este poderá ser formulado diretamente em
cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes,
dispensada a assistência de advogado.

Legislação Específica 108


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Seção V atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua


Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
Adolescente
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de
judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária. apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial,
devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e
infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais
policial competente. ou responsável, vítima e testemunhas.
Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o
para atendimento de adolescente e em se tratando de ato representante do Ministério Público notificará os pais ou
infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerá a responsável para apresentação do adolescente, podendo
atribuição da repartição especializada, que, após as requisitar o concurso das polícias civil e militar.
providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o
adulto à repartição policial própria. Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo
anterior, o representante do Ministério Público poderá:
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido I - promover o arquivamento dos autos;
mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade II - conceder a remissão;
policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo III - representar à autoridade judiciária para aplicação de
único, e 107, deverá: medida sócio-educativa.
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o
adolescente; Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou
II - apreender o produto e os instrumentos da infração; concedida a remissão pelo representante do Ministério
III - requisitar os exames ou perícias necessários à Público, mediante termo fundamentado, que conterá o resumo
comprovação da materialidade e autoria da infração. dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a homologação.
lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a
ocorrência circunstanciada. autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o
cumprimento da medida.
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos
o adolescente será prontamente liberado pela autoridade autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho
policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua fundamentado, e este oferecerá representação, designará
apresentação ao representante do Ministério Público, no outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou
mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a
exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua autoridade judiciária obrigada a homologar.
repercussão social, deva o adolescente permanecer sob
internação para garantia de sua segurança pessoal ou Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do
manutenção da ordem pública. Ministério Público não promover o arquivamento ou conceder
a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária,
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial propondo a instauração de procedimento para aplicação da
encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do medida socioeducativa que se afigurar a mais adequada.
Ministério Público, juntamente com cópia do auto de § 1º A representação será oferecida por petição, que
apreensão ou boletim de ocorrência. conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas,
autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade de podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada
atendimento, que fará a apresentação ao representante do pela autoridade judiciária.
Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas. § 2º A representação independe de prova pré-constituída
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de da autoria e materialidade.
atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial.
À falta de repartição policial especializada, o adolescente Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a
aguardará a apresentação em dependência separada da conclusão do procedimento, estando o adolescente internado
destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.
exceder o prazo referido no parágrafo anterior.
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade designará audiência de apresentação do adolescente,
policial encaminhará imediatamente ao representante do decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da
Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo.
ocorrência. § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
cientificados do teor da representação, e notificados a
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver comparecer à audiência, acompanhados de advogado.
indícios de participação de adolescente na prática de ato § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a
infracional, a autoridade policial encaminhará ao autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
representante do Ministério Público relatório das § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade
investigações e demais documentos. judiciária expedirá mandado de busca e apreensão,
determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato apresentação.
infracional não poderá ser conduzido ou transportado em § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a
compartimento fechado de veículo policial, em condições sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou
responsável.

Legislação Específica 109


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Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela Seção V-A


autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
estabelecimento prisional. Da Infiltração de Agentes de Polícia para a
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as Investigação de Crimes contra a Dignidade Sexual de
características definidas no art. 123, o adolescente deverá ser Criança e de Adolescente
imediatamente transferido para a localidade mais próxima.
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet
adolescente aguardará sua remoção em repartição policial, com o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240, 241,
desde que em seção isolada dos adultos e com instalações 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-
apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
cinco dias, sob pena de responsabilidade. dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes
regras: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou I – será precedida de autorização judicial devidamente
responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites
mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado. da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a Público; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público
proferindo decisão. ou representação de delegado de polícia e conterá a
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos
internação ou colocação em regime de semiliberdade, a policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e,
autoridade judiciária, verificando que o adolescente não quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que
possui advogado constituído, nomeará defensor, designando, permitam a identificação dessas pessoas; (Incluído pela Lei nº
desde logo, audiência em continuação, podendo determinar a 13.441, de 2017)
realização de diligências e estudo do caso. III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não
prazo de três dias contado da audiência de apresentação, exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua
oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas. efetiva necessidade, a critério da autoridade judicial. (Incluído
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas pela Lei nº 13.441, de 2017)
arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as § 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão
diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, requisitar relatórios parciais da operação de infiltração antes
será dada a palavra ao representante do Ministério Público e do término do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste artigo.
ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da § 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste artigo,
autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão. consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data,
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não início, término, duração, endereço de Protocolo de Internet
comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela
autoridade judiciária designará nova data, determinando sua Lei nº 13.441, de 2017)
condução coercitiva. II – dados cadastrais: informações referentes a nome e
endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário
do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do ou código de acesso tenha sido atribuído no momento da
procedimento, antes da sentença. conexão.
§ 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não será
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer admitida se a prova puder ser obtida por outros meios.
medida, desde que reconheça na sentença: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato; Art. 190-B. As informações da operação de infiltração
III - não constituir o fato ato infracional; serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela
o ato infracional. Lei nº 13.441, de 2017)
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso
adolescente internado, será imediatamente colocado em aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao
liberdade. delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo
de garantir o sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de 13.441, de 2017)
internação ou regime de semiliberdade será feita:
I - ao adolescente e ao seu defensor; Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais identidade para, por meio da internet, colher indícios de
ou responsável, sem prejuízo do defensor. autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240,
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A,
unicamente na pessoa do defensor. 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, dezembro de 1940 (Código Penal). (Incluído pela Lei nº
deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença. 13.441, de 2017)
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de
observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos
excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público


poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante

Legislação Específica 110


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procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as § 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-
informações necessárias à efetividade da identidade fictícia se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos
criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) motivos do retardamento.
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta
Seção será numerado e tombado em livro específico. (Incluído Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para
pela Lei nº 13.441, de 2017) apresentação de defesa, contado da data da intimação, que
será feita:
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado
eletrônicos praticados durante a operação deverão ser na presença do requerido;
registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente
ao Ministério Público, juntamente com relatório habilitado, que entregará cópia do auto ou da representação
circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão;
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for
caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e encontrado o requerido ou seu representante legal;
apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não
policial, assegurando-se a preservação da identidade do sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.
agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos
adolescentes envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.441, de Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a
2017) autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério
Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.
Seção VI
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária
Atendimento procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo
necessário, designará audiência de instrução e julgamento.
Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão
em entidade governamental e não-governamental terá início sucessivamente o Ministério Público e o procurador do
mediante portaria da autoridade judiciária ou representação requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um,
do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária,
necessariamente, resumo dos fatos. que em seguida proferirá sentença.
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a
autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar Seção VIII
liminarmente o afastamento provisório do dirigente da Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
entidade, mediante decisão fundamentada.
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil,
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo apresentarão petição inicial na qual conste:
de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar I - qualificação completa;
documentos e indicar as provas a produzir. II - dados familiares;
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo casamento, ou declaração relativa ao período de união estável;
necessário, a autoridade judiciária designará audiência de IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro
instrução e julgamento, intimando as partes. de Pessoas Físicas;
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o V - comprovante de renda e domicílio;
Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações VI - atestados de sanidade física e mental;
finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. VII - certidão de antecedentes criminais;
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou VIII - certidão negativa de distribuição cível.
definitivo de dirigente de entidade governamental, a
autoridade judiciária oficiará à autoridade administrativa Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48
imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para a (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério
substituição. Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá:
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe
judiciária poderá fixar prazo para a remoção das interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a
irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o que se refere o art. 197-C desta Lei;
processo será extinto, sem julgamento de mérito. II - requerer a designação de audiência para oitiva dos
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da postulantes em juízo e testemunhas;
entidade ou programa de atendimento. III - requerer a juntada de documentos complementares e
a realização de outras diligências que entender necessárias.
Seção VII
Da Apuração de Infração Administrativa às Normas Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe
de Proteção à Criança e ao Adolescente interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que
Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o
administrativa por infração às normas de proteção à criança e preparo dos postulantes para o exercício de uma paternidade
ao adolescente terá início por representação do Ministério ou maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios
Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado desta Lei.
por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por § 1º É obrigatória a participação dos postulantes em
duas testemunhas, se possível. programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude,
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a execução da política municipal de garantia do direito à
natureza e as circunstâncias da infração. convivência familiar e dos grupos de apoio à adoção
devidamente habilitados perante a Justiça da Infância e da

Legislação Específica 111


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Juventude, que inclua preparação psicológica, orientação e Capítulo IV


estímulo à adoção inter-racial, de crianças ou de adolescentes Dos Recursos
com deficiência, com doenças crônicas ou com necessidades
específicas de saúde, e de grupos de irmãos. (Redação dada Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e
pela Lei nº 13.509, de 2017) da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas
§ 2º Sempre que possível e recomendável, a etapa socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei no
obrigatória da preparação referida no § 1o deste artigo 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil),
incluirá o contato com crianças e adolescentes em regime de com as seguintes adaptações:
acolhimento familiar ou institucional, a ser realizado sob I - os recursos serão interpostos independentemente de
orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça preparo;
da Infância e da Juventude e dos grupos de apoio à adoção, com II - em todos os recursos, salvo nos embargos de
apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de declaração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa
acolhimento familiar e institucional e pela execução da política será sempre de 10 (dez) dias;
municipal de garantia do direito à convivência familiar. III - os recursos terão preferência de julgamento e
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) dispensarão revisor;
§ 3º É recomendável que as crianças e os adolescentes IV - Revogado
acolhidos institucionalmente ou por família acolhedora sejam V - Revogado
preparados por equipe interprofissional antes da inclusão em VI - Revogado
família adotiva. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior
instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho
participação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo
autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, de cinco dias;
decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão
Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, remeterá os autos ou o instrumento à superior instância
designando, conforme o caso, audiência de instrução e dentro de vinte e quatro horas, independentemente de novo
julgamento. pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou dependerá de pedido expresso da parte interessada ou do
sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da
juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos intimação.
autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em
igual prazo. Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art.
149 caberá recurso de apelação.
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será
inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito
sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem desde logo, embora sujeita a apelação, que será recebida
cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de
crianças ou adolescentes adotáveis. adoção internacional ou se houver perigo de dano irreparável
§ 1º A ordem cronológica das habilitações somente poderá ou de difícil reparação ao adotando
deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas
hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer
comprovado ser essa a melhor solução no interesse do dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que
adotando. deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo.
§ 2º A habilitação à adoção deverá ser renovada no mínimo
trienalmente mediante avaliação por equipe interprofissional. Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) destituição de poder familiar, em face da relevância das
§ 3º Quando o adotante candidatar-se a uma nova adoção, questões, serão processados com prioridade absoluta,
será dispensável a renovação da habilitação, bastando a devendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que
avaliação por equipe interprofissional. (Incluído pela Lei nº aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e
13.509, de 2017) serão colocados em mesa para julgamento sem revisão e com
§ 4º Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à parecer urgente do Ministério Público.
adoção de crianças ou adolescentes indicados dentro do perfil
escolhido, haverá reavaliação da habilitação concedida. Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
§ 5º A desistência do pretendente em relação à guarda para contado da sua conclusão.
fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da
depois do trânsito em julgado da sentença de adoção data do julgamento e poderá na sessão, se entender
importará na sua exclusão dos cadastros de adoção e na necessário, apresentar oralmente seu parecer.
vedação de renovação da habilitação, salvo decisão judicial
fundamentada, sem prejuízo das demais sanções previstas na Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a
legislação vigente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) instauração de procedimento para apuração de
responsabilidades se constatar o descumprimento das
Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habilitação providências e do prazo previstos nos artigos anteriores.
à adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável por igual
período, mediante decisão fundamentada da autoridade Capítulo V
judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017). Do Ministério Público

Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta


Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.

Legislação Específica 112


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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 201. Compete ao Ministério Público: a) reduzir a termo as declarações do reclamante,


I - conceder a remissão como forma de exclusão do instaurando o competente procedimento, sob sua presidência;
processo; b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou
infrações atribuídas a adolescentes; acertados;
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços
procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar, públicos e de relevância pública afetos à criança e ao
nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita
como oficiar em todos os demais procedimentos da adequação.
competência da Justiça da Infância e da Juventude;
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for
interessados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa
a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que
administradores de bens de crianças e adolescentes nas terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar
hipóteses do art. 98; documentos e requerer diligências, usando os recursos
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a cabíveis.
proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos
relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer
art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal; caso, será feita pessoalmente.
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para
instruí-los: Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público
a) expedir notificações para colher depoimentos ou acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo
esclarecimentos e, em caso de não comparecimento juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela
polícia civil ou militar; Art. 205. As manifestações processuais do representante
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos do Ministério Público deverão ser fundamentadas.
de autoridades municipais, estaduais e federais, da
administração direta ou indireta, bem como promover Capítulo VI
inspeções e diligências investigatórias; Do Advogado
c) requisitar informações e documentos a particulares e
instituições privadas; Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse
investigatórias e determinar a instauração de inquérito na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de que
policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado para
proteção à infância e à juventude; todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial,
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias respeitado o segredo de justiça.
legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária
medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis; integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas
corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática
interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será
ao adolescente; processado sem defensor.
X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á
por infrações cometidas contra as normas de proteção à nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo,
infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da constituir outro de sua preferência.
responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível; § 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto,
atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato.
pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se
remoção de irregularidades porventura verificadas; tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos indicado por ocasião de ato formal com a presença da
serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência autoridade judiciária.
social, públicos ou privados, para o desempenho de suas
atribuições. Capítulo VII
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais,
cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas Difusos e Coletivos
mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta
Lei. Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à
outras, desde que compatíveis com a finalidade do Ministério criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou
Público. oferta irregular:
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de I - do ensino obrigatório;
suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre II - de atendimento educacional especializado aos
criança ou adolescente. portadores de deficiência;
§ 4º O representante do Ministério Público será III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de
responsável pelo uso indevido das informações e documentos zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306,
que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo. de 2016)
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do
deste artigo, poderá o representante do Ministério Público: educando;

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V - de programas suplementares de oferta de material específica da obrigação ou determinará providências que


didático-escolar, transporte e assistência à saúde do educando assegurem o resultado prático equivalente ao do
do ensino fundamental; adimplemento.
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao
ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem; juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; prévia, citando o réu.
VIII - de escolarização e profissionalização dos § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na
adolescentes privados de liberdade. sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de
IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a
promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício do obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do
direito à convivência familiar por crianças e adolescentes. preceito.
X - de programas de atendimento para a execução das § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em
medidas socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida desde
XI - de políticas e programas integrados de atendimento à o dia em que se houver configurado o descumprimento.
criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência.
(Incluído pela Lei nº 13.431, de 2018) Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido
§ 1º As hipóteses previstas neste artigo não excluem da pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do
proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou respectivo município.
coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito
pela Constituição e pela Lei. em julgado da decisão serão exigidas através de execução
§ 2º A investigação do desaparecimento de crianças ou promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos,
adolescentes será realizada imediatamente após notificação facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro
portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em
transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes conta com correção monetária.
todos os dados necessários à identificação do desaparecido.
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas recursos, para evitar dano irreparável à parte.
no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou
omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser
a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa de
competência originária dos tribunais superiores. peças à autoridade competente, para apuração da
responsabilidade civil e administrativa do agente a que se
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses atribua a ação ou omissão.
coletivos ou difusos, consideram-se legitimados
concorrentemente: Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado
I - o Ministério Público; da sentença condenatória sem que a associação autora lhe
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público,
os territórios; facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
III - as associações legalmente constituídas há pelo menos
um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao
dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a réu os honorários advocatícios arbitrados na conformidade do
autorização da assembleia, se houver prévia autorização § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973
estatutária. (Código de Processo Civil), quando reconhecer que a
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os pretensão é manifestamente infundada.
Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa dos Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a
interesses e direitos de que cuida esta Lei. associação autora e os diretores responsáveis pela
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por propositura da ação serão solidariamente condenados ao
associação legitimada, o Ministério Público ou outro décuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por
legitimado poderá assumir a titularidade ativa. perdas e danos.

Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá
dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
às exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo quaisquer outras despesas.
extrajudicial.
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-
por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações lhe informações sobre fatos que constituam objeto de ação
pertinentes. civil, e indicando-lhe os elementos de convicção.
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as
normas do Código de Processo Civil. Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério
poder público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Público para as providências cabíveis.
Lei, caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da
lei do mandado de segurança. Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado
poderá requerer às autoridades competentes as certidões e
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no
obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela prazo de quinze dias.

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Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante
organismo público ou particular, certidões, informações, de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade
exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá judiciária competente:
ser inferior a dez dias úteis. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que
diligências, se convencer da inexistência de fundamento para procede à apreensão sem observância das formalidades legais.
a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos
autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
fundamentadamente. apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação comunicação à autoridade judiciária competente e à família do
arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta apreendido ou à pessoa por ele indicada:
grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Ministério Público.
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua
arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
público, poderão as associações legitimadas apresentar razões constrangimento:
escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do Pena - detenção de seis meses a dois anos.
inquérito ou anexados às peças de informação.
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame Art. 233. Revogado
e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público,
conforme dispuser o seu regimento. Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa,
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão
promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade:
disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985. Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Título VII Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade


Dos Crimes e Das Infrações Administrativas judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do
Capítulo I Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:
Dos Crimes Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Seção I
Disposições Gerais Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem
o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados o fim de colocação em lar substituto:
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
prejuízo do disposto na legislação penal.
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as a terceiro, mediante paga ou recompensa:
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
as pertinentes ao Código de Processo Penal. Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece
ou efetiva a paga ou recompensa.
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública
incondicionada Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato
destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior
Seção II com inobservância das formalidades legais ou com o fito de
Dos Crimes em Espécie obter lucro:
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter ou fraude:
registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à correspondente à violência.
parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica,
declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou
parto e do desenvolvimento do neonato: registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou
Pena - detenção de seis meses a dois anos. pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita,
recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena.
corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente
bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 comete o crime:
desta Lei: I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de
Pena - detenção de seis meses a dois anos. exercê-la;
Parágrafo único. Se o crime é culposo: II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. ou de hospitalidade; ou

Legislação Específica 115


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III – prevalecendo-se de relações de parentesco I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo
consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela
tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, praticar ato libidinoso;
a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com
consentimento. o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou
sexualmente explícita.
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou
outro registro que contenha cena de sexo explícito ou Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. compreende qualquer situação que envolva criança ou
adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive adolescente para fins primordialmente sexuais
por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia,
vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma,
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. munição ou explosivo:
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento
das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar,
artigo; ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o produtos cujos componentes possam causar dependência
caput deste artigo. física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º deste Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o
artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação fato não constitui crime mais grave. (Redação dada pela
do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o Lei nº 13.106, de 2015)
acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo.
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de
meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer
criança ou adolescente: dano físico em caso de utilização indevida:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de
pequena quantidade o material a que se refere o caput deste Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais
artigo. definidos no caput do art. 2º desta Lei, à prostituição ou à
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a exploração sexual:
finalidade de comunicar às autoridades competentes a Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da
ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em
241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da
I – agente público no exercício de suas funções; unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi
II – membro de entidade, legalmente constituída, que cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé.
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o (Redação dada pela Lei nº 13.440, de 2017)
processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes § 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente
referidos neste parágrafo; ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de
III – representante legal e funcionários responsáveis de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste
provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de artigo.
computadores, até o recebimento do material relativo à notícia § 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação
feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder da licença de localização e de funcionamento do
Judiciário. estabelecimento.
§ 3º As pessoas referidas no § 2º deste artigo deverão
manter sob sigilo o material ilícito referido. Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor
de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou induzindo-o a praticá-la:
adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, § 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
vídeo ou qualquer outra forma de representação visual: quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, internet.
expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por § 2º As penas previstas no caput deste artigo são
qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou
produzido na forma do caput deste artigo. induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei nº 8.072, de 25
de julho de 1990.
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por
qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela Capítulo II
praticar ato libidinoso: Das Infrações Administrativas
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental,

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pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer
os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade
confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente: a que não se recomendem:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Pena - multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. duplicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente,
à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade publicidade.
de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos
II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão,
Pena - multa de três a vinte salários de referência, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. sua classificação:
Pena - multa de vinte a cem salários de referência;
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária
devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou poderá determinar a suspensão da programação da emissora
documento de procedimento policial, administrativo ou por até dois dias.
judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato
infracional: Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere
Pena - multa de três a vinte salários de referência, classificado pelo órgão competente como inadequado às
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na
parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do
em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze
respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma dias.
a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de
emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste programação em vídeo, em desacordo com a classificação
artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão atribuída pelo órgão competente:
da publicação ou a suspensão da programação da emissora até Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso
por dois dias, bem como da publicação do periódico até por de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
dois números. (Expressão declara inconstitucional pela ADIN fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
869-2) Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79
desta Lei:
Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2018) Pena - multa de três a vinte salários de referência,
Pena - (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2018) duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de
apreensão da revista ou publicação.
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o
bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso
Tutelar: de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua
Pena - multa de três a vinte salários de referência, participação no espetáculo:
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso
de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem autorização
escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de
motel ou congênere: providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros
Pena – multa. previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei:
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o mil reais).
fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de
30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou
fechado e terá sua licença cassada. casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em
regime de acolhimento institucional ou familiar.
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer
meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
desta Lei: estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar
Pena - multa de três a vinte salários de referência, imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em
entregar seu filho para adoção:
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três
público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada mil reais).
do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de
diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no programa oficial ou comunitário destinado à garantia do
certificado de classificação: direito à convivência familiar que deixa de efetuar a
Pena - multa de três a vinte salários de referência, comunicação referida no caput deste artigo.
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso
II do art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)

Legislação Específica 117


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APOSTILAS OPÇÃO

Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 I - (VETADO);


(dez mil reais); Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) II - (VETADO);
Medida Administrativa - interdição do estabelecimento III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012.
comercial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação § 2º A dedução de que trata o caput:
dada pela Lei nº 13.106, de 2015) I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto
sobre a renda apurado na declaração de que trata o inciso II do
Disposições Finais e Transitórias caput do art. 260;
II - não se aplica à pessoa física que:
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da a) utilizar o desconto simplificado;
publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo b) apresentar declaração em formulário; ou
sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da c) entregar a declaração fora do prazo;
política de atendimento fixadas no art. 88 e ao que estabelece III - só se aplica às doações em espécie; e
o Título V do Livro II. IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios vigor.
promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às § 3º O pagamento da doação deve ser efetuado até a data
diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei. de vencimento da primeira quota ou quota única do imposto,
observadas instruções específicas da Secretaria da Receita
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Federal do Brasil.
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, § 4º O não pagamento da doação no prazo estabelecido no
distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, § 3o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução,
sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda, ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença
obedecidos os seguintes limites: de imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual com
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido os acréscimos legais previstos na legislação.
apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro § 5º A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na
real; e Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado ano-calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos
pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado Direitos da Criança e do Adolescente municipais, distrital,
o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de estaduais e nacional concomitantemente com a opção de que
1997. trata o caput, respeitado o limite previsto no inciso II do art.
§ 1º - Revogado 260.
§ 1º-A. Na definição das prioridades a serem atendidas
com os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260
municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão poderá ser deduzida:
consideradas as disposições do Plano Nacional de Promoção, I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas
Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e
Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para
pela Primeira Infância. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente.
2016) Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do
§ 2º Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos período a que se refere a apuração do imposto.
direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de
utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei
subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente podem ser efetuadas em espécie ou em bens.
percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem
guarda, de crianças e adolescentes e para programas de ser depositadas em conta específica, em instituição financeira
atenção integral à primeira infância em áreas de maior pública, vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art.
carência socioeconômica e em situações de calamidade. 260.
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das
Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos deste nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo
artigo. em favor do doador, assinado por pessoa competente e pelo
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a presidente do Conselho correspondente, especificando:
forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos I - número de ordem;
Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e
referidos neste artigo. endereço do emitente;
§ 5º Observado o disposto no § 4º do art. 3º da Lei no 9.249, III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do
de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata o inciso I doador;
do caput: IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a V - ano-calendário a que se refere a doação.
limite em conjunto com outras deduções do imposto; e § 1º O comprovante de que trata o caput deste artigo pode
II - não poderá ser computada como despesa operacional ser emitido anualmente, desde que discrimine os valores
na apuração do lucro real. doados mês a mês.
§ 2º No caso de doação em bens, o comprovante deve
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário conter a identificação dos bens, mediante descrição em campo
de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata próprio ou em relação anexa ao comprovante, informando
o inciso II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração também se houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço
de Ajuste Anual. dos avaliadores.
§ 1º A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até
os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador
na declaração: deverá:

Legislação Específica 118


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I - comprovar a propriedade dos bens, mediante números de inscrição no CNPJ e das contas bancárias
documentação hábil; específicas mantidas em instituições financeiras públicas,
II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos, destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos.
quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de
pessoa jurídica; e Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil
III - considerar como valor dos bens doados: expedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto nos
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última arts. 260 a 260-K.
declaração do imposto de renda, desde que não exceda o valor
de mercado; Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. criança e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão
considerado na determinação do valor dos bens doados, efetuados perante a autoridade judiciária da comarca a que
exceto se o leilão for determinado por autoridade judiciária. pertencer a entidade.
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D estados e municípios, e os estados aos municípios, os recursos
e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão
de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da dedução logo estejam criados os conselhos dos direitos da criança e do
perante a Receita Federal do Brasil. adolescente nos seus respectivos níveis.

Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares,
contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela
nacional, estaduais, distrital e municipais devem: autoridade judiciária.
I - manter conta bancária específica destinada
exclusivamente a gerir os recursos do Fundo; Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de
II - manter controle das doações recebidas; e 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal alterações:
do Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os 1) Art. 121 ............................................................
seguintes dados por doador: § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um
a) nome, CNPJ ou CPF; terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
em bens. imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de
previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de
Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério Público. catorze anos.
2) Art. 129 ...............................................................
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais das hipóteses do art. 121, § 4º.
divulgarão amplamente à comunidade: § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
I - o calendário de suas reuniões; 3) Art. 136.................................................................
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado
atendimento à criança e ao adolescente; contra pessoa menor de catorze anos.
III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem 4) Art. 213 ..................................................................
beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; Pena - reclusão de quatro a dez anos.
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano- 5) Art. 214...................................................................
calendário e o valor dos recursos previstos para Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
implementação das ações, por projeto; Pena - reclusão de três a nove anos
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de
por projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de 1973, fica acrescido do seguinte item:
dados do Sistema de Informações sobre a Infância e a "Art. 102 ....................................................................
Adolescência; e 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. "
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados
com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União,
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais. da administração direta ou indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo poder público federal promoverão
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada edição popular do texto integral deste Estatuto, que será posto
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos à disposição das escolas e das entidades de atendimento e de
fiscais referidos no art. 260 desta Lei. defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts.
260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla
judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá atuar de divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos meios
ofício, a requerimento ou representação de qualquer cidadão. de comunicação social. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
2016)
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será
Presidência da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria veiculada em linguagem clara, compreensível e adequada a
da Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, crianças e adolescentes, especialmente às crianças com idade
arquivo eletrônico contendo a relação atualizada dos Fundos inferior a 6 (seis) anos. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de
dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, 2016)
estaduais e municipais, com a indicação dos respectivos

Legislação Específica 119


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Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua 05. (SEAS/CE – Socioeducador - UECE-CEV/2017) O
publicação. direito ao respeito, previsto no ECA, consiste
Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão (A) na inviolabilidade da integridade física, psíquica e
ser promovidas atividades e campanhas de divulgação e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação
esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei. da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e
crenças, dos espaços e objetos pessoais.
Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de (B) em brincar, praticar esportes e divertir-se.
10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais (C) em participar da vida familiar e comunitária, sem
disposições em contrário. discriminação.
(D) no direito de buscar refúgio, auxílio e orientação.
Questões
Respostas
01. (Prefeitura de Maceió/AL – COPEVE-UFAL/2017)
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, considera-se 01. Resposta: B.
criança a pessoa até 02. Resposta: C.
(A) doze anos de idade completos. 03. Resposta: C.
(B) doze anos de idade incompletos. 04. Resposta: A.
(C) quatorze anos de idade completos. 05. Resposta: A.
(D) quatorze anos de idade incompletos.
(E) dezoito anos de idade incompleto.

02. (TJ/MG – Titular de Serviços – CONSULPLAN/2017)


As regras do Estatuto da Criança e do Adolescente podem ser
aplicadas Anotações
(A) às crianças e, excepcionalmente, aos adolescentes.
(B) apenas às crianças e aos adolescentes.
(C) excepcionalmente aos adultos com idade entre 18 e 21
anos.
(D) somente às crianças e aos adolescentes, mas jamais aos
adultos.

03. (SEAS/CE – Socioeducador - UECE-CEV/2017)


Conforme o ECA, considera-se criança
(A) a pessoa até quatorze anos de idade incompletos, e
adolescente aquela entre quatorze e dezoito anos de idade.
(B) a pessoa até doze anos de idade completos, e
adolescente aquela com mais de doze e menos de dezoito anos
de idade.
(C) a pessoa até doze anos de idade incompletos, e
adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
(D) a pessoa até quatorze anos de idade completos, e
adolescente aquela com mais de quatorze e menos de dezoito
anos de idade.

04. (SEAS/CE – Assistente Social/Psicólogo/Pedagogo -


UECE-CEV/2017) Configura crime previsto no ECA
(A) deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter
registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo
referidos no art. 10 do ECA, bem como de fornecer à
parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica,
declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do
parto e do desenvolvimento do neonato.
(B) deixar o médico, professor ou responsável por
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental,
pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente
os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou
confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente.
(C) divulgar, total ou parcialmente, sem autorização
devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou
documento de procedimento policial, administrativo ou
judicial relativo à criança ou adolescente a que se atribua ato
infracional.
(D) descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda,
bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho
Tutelar.

Legislação Específica 120


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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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I - igualdade de condições para o acesso e permanência na


escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a
cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de
ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
Lei de Diretrizes e Bases da oficiais;
Educação Nacional – LDB no VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta
9.394/96: princípios, fins e Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
organização da Educação IX - garantia de padrão de qualidade;
Nacional; níveis e X - valorização da experiência extraescolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
modalidades de Educação e práticas sociais.
Ensino. O Ensino Fundamental XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
a partir da Lei no 9.394/96; as XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao
longo da vida. (Incluído pela Lei nº 13.632, de 2018)
diretrizes curriculares
nacionais para o Ensino Comentários:
Fundamental. O Ensino Médio Os princípios e fins a que se refere à Lei 9.394/96, de modo
explícito e formal, são retirados da Constituição Federal de
a partir da Lei no 9.394/96; as 1988, em seu artigo 206.
diretrizes curriculares
nacionais para o Ensino TÍTULO III
Do Direito à Educação e do Dever de Educar
Médio.
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública
será efetivado mediante a garantia de:
LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte
forma:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o a) pré-escola;
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: b) ensino fundamental;
c) ensino médio;
TÍTULO I II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco)
Da Educação anos de idade;
III - atendimento educacional especializado gratuito aos
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos transversal a todos os níveis, etapas e modalidades,
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas preferencialmente na rede regular de ensino;
manifestações culturais. IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se médio para todos os que não os concluíram na idade própria;
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
instituições próprias. e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
trabalho e à prática social. condições do educando;
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e
Comentários: adultos, com características e modalidades adequadas às suas
A LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem
9.394/96, também conhecida como Lei Darcy Ribeiro, é a mais trabalhadores as condições de acesso e permanência na
importante lei do sistema educacional brasileiro, pois escola;
regulamenta as diretrizes gerais da educação, seja ele público VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
ou privado. educação básica, por meio de programas suplementares de
material didático-escolar, transporte, alimentação e
TÍTULO II assistência à saúde;
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos
como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade ensino-aprendizagem.
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do X – vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a
qualificação para o trabalho. partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de idade.

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes Art. 5° O acesso à educação básica obrigatória é direito
princípios: público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de
cidadãos, associação comunitária, organização sindical,

Conhecimentos Específicos 1
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entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em
Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo. relação às demais instâncias educacionais.
§ 1o O poder público, na esfera de sua competência § 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização
federativa, deverá: nos termos desta Lei.
I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em
idade escolar, bem como os jovens e adultos que não Art. 9º A União incumbir-se-á de:
concluíram a educação básica; I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração
II - fazer-lhes a chamada pública; com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e
escola. instituições oficiais do sistema federal de ensino e o dos
§ 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público Territórios;
assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório, III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao
nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de
níveis e modalidades de ensino, conforme as prioridades seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à
constitucionais e legais. escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste e supletiva;
artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito
hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a
gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente. educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade competente nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a
para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela assegurar formação básica comum;
ser imputada por crime de responsabilidade. IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o
§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e procedimentos
ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso para identificação, cadastramento e atendimento, na educação
aos diferentes níveis de ensino, independentemente da básica e na educação superior, de alunos com altas habilidades
escolarização anterior. ou superdotação; (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)
V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a
Art. 6° É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula educação;
das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos VI - assegurar processo nacional de avaliação do
de idade. rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior,
em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a
Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino;
seguintes condições: VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e
I - cumprimento das normas gerais da educação nacional e pós-graduação;
do respectivo sistema de ensino; VIII - assegurar processo nacional de avaliação das
II - autorização de funcionamento e avaliação de qualidade instituições de educação superior, com a cooperação dos
pelo Poder Público; sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de
III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o ensino;
previsto no art. 213 da Constituição Federal. IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
Comentários: educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de
ensino.
Com o advento da Lei 12.796, de 04 de abril de 2013, que § 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho
alterou a LDB n.º 9.394/96, incluindo Educação Infantil como Nacional de Educação, com funções normativas e de
parte da educação básica, esta é dever do Estado, que deverá supervisão e atividade permanente, criado por lei.
ser gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade. § 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a
União terá acesso a todos os dados e informações necessários
A Constituição Federal em seu artigo 205, diz: de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais.
§ 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que
família, será promovida e incentivada com a colaboração da mantenham instituições de educação superior.
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
trabalho. I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
oficiais dos seus sistemas de ensino;
Desse modo, a educação é vista como um direito público II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na
subjetivo, e isso significa que a não oferta ou a sua oferta oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a
irregular por parte do Poder Público (Federal, Estadual ou distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo
Municipal), importa no direito de acioná-lo para que este seja com a população a ser atendida e os recursos financeiros
oferecido. Por outro lado, a matrícula nas escolas é dever dos disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público;
pais ou responsáveis. III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em
consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação,
TÍTULO IV integrando e coordenando as suas ações e as dos seus
Da Organização da Educação Nacional Municípios;
IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
Municípios organizarão, em regime de colaboração, os educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de
respectivos sistemas de ensino. ensino;
§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de V - baixar normas complementares para o seu sistema de
educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e ensino;

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VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes
prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem, princípios:
respeitado o disposto no art. 38 desta Lei; I - participação dos profissionais da educação na
VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede elaboração do projeto pedagógico da escola;
estadual. II - participação das comunidades escolar e local em
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as conselhos escolares ou equivalentes.
competências referentes aos Estados e aos Municípios.
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades
Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: escolares públicas de educação básica que os integram
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa
oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito
e planos educacionais da União e dos Estados; financeiro público.
II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;
III - baixar normas complementares para o seu sistema de Art. 16. O sistema federal de ensino compreende:
ensino; I - as instituições de ensino mantidas pela União;
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os II - as instituições de educação superior criadas e mantidas
estabelecimentos do seu sistema de ensino; pela iniciativa privada;
V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, III - os órgãos federais de educação.
com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em
outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito
plenamente as necessidades de sua área de competência e com Federal compreendem:
recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente,
Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal;
ensino. II - as instituições de educação superior mantidas pelo
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede Poder Público municipal;
municipal. III - as instituições de ensino fundamental e médio criadas
Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por e mantidas pela iniciativa privada;
se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal,
um sistema único de educação básica. respectivamente.
Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada,
normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a integram seu sistema de ensino.
incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem:
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e I - as instituições do ensino fundamental, médio e de
financeiros; educação infantil mantidas pelo Poder Público municipal;
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas
estabelecidas; pela iniciativa privada;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada III - os órgãos municipais de educação.
docente;
V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis
rendimento; classificam-se nas seguintes categorias administrativas:
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas,
processos de integração da sociedade com a escola; mantidas e administradas pelo Poder Público;
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus II - privadas, assim entendidas as mantidas e
filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito
frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a privado.
execução da proposta pedagógica da escola;
VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão
competente da Comarca e ao respectivo representante do nas seguintes categorias: (Regulamento)
Ministério Público a relação dos alunos que apresentem I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que
quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou
percentual permitido em lei. jurídicas de direito privado que não apresentem as
características dos incisos abaixo;
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
estabelecimento de ensino; jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora
proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; representantes da comunidade;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos; III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
de menor rendimento; jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, específicas e ao disposto no inciso anterior;
além de participar integralmente dos períodos dedicados ao IV - filantrópicas, na forma da lei.
planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
VI - colaborar com as atividades de articulação da escola Comentários:
com as famílias e a comunidade. Quando a Constituição Federal determina que a União
estabeleça as diretrizes e bases da educação nacional, ela está
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da propondo que a educação em todo o território do país seja
gestão democrática do ensino público na educação básica, de organizada segundo diretrizes e bases comuns. Assim, a União

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é que coordena as políticas educacionais, ficando responsável I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas
por recolher impostos e tributos dos municípios, do Distrito para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas
Federal e dos estados e redistribuí-los as instâncias por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar,
educacionais (Art. 8º da LDB). excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver;
Os artigos 9º, 10, 11, 12 e 13 possuem natureza atributiva, (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
ou seja, tratam da atribuição de responsabilidade à nível II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a
federal, estadual, municipal, institucional e docente, primeira do ensino fundamental, pode ser feita:
respectivamente. a) por promoção, para alunos que cursaram, com
aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola;
TÍTULO V b) por transferência, para candidatos procedentes de
Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino outras escolas;
c) independentemente de escolarização anterior, mediante
CAPÍTULO I avaliação feita pela escola, que defina o grau de
Da Composição dos Níveis Escolares desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua
inscrição na série ou etapa adequada, conforme
Art. 21. A educação escolar compõe-se de: regulamentação do respectivo sistema de ensino;
I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular
fundamental e ensino médio; por série, o regimento escolar pode admitir formas de
II - educação superior. progressão parcial, desde que preservada a sequência do
currículo, observadas as normas do respectivo sistema de
Comentários: ensino;
A educação básica vai dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos
anos e é dividida em três etapas a educação infantil (creche e de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento
pré-escola), a educação fundamental (até a oitava série, 9° na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou
ano) e o ensino médio. outros componentes curriculares;
Outra etapa da educação é o ensino superior, em que o V - a verificação do rendimento escolar observará os
estudante opta pela “área” em que quer estudar e que só é seguintes critérios:
possível após a conclusão da educação básica. a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do
aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de
eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com
atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries
mediante verificação do aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de
preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo
rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições
Observa-se que a educação escolar vai desde a educação de ensino em seus regimentos;
infantil até a educação superior, enquanto a educação básica, VI - o controle de frequência fica a cargo da escola,
deixa a educação superior de fora. conforme o disposto no seu regimento e nas normas do
respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de
CAPÍTULO II setenta e cinco por cento do total de horas letivas para
DA EDUCAÇÃO BÁSICA aprovação;
Seção I VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos
Das Disposições Gerais escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou
certificados de conclusão de cursos, com as especificações
Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver cabíveis.
o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável § 1º A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do
para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no ensino
progredir no trabalho e em estudos posteriores. médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de
ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo menos
Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março de
anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de 2017. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, § 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de
na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular,
organização, sempre que o interesse do processo de adequado às condições do educando, conforme o inciso VI do
aprendizagem assim o recomendar. art. 4º. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive
quando se tratar de transferências entre estabelecimentos Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades
situados no País e no exterior, tendo como base as normas responsáveis alcançar relação adequada entre o número de
curriculares gerais. alunos e o professor, a carga horária e as condições materiais
§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se às do estabelecimento.
peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à
critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir vista das condições disponíveis e das características regionais
o número de horas letivas previsto nesta Lei. e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto
neste artigo.
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio,
será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:

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Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino § 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-
fundamental e do ensino médio devem ter base nacional brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados
comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de
cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, educação artística e de literatura e história brasileiras.
exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da
cultura, da economia e dos educandos. Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica
§ 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, observarão, ainda, as seguintes diretrizes:
obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social,
matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem
realidade social e política, especialmente do Brasil. comum e à ordem democrática;
§ 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões II - consideração das condições de escolaridade dos alunos
regionais, constituirá componente curricular obrigatório da em cada estabelecimento;
educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) III - orientação para o trabalho;
§ 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas
escola, é componente curricular obrigatório da educação desportivas não-formais.
básica, sendo sua prática facultativa ao aluno:
I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis Art. 28. Na oferta de educação básica para a população
horas; rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações
II – maior de trinta anos de idade; necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e
III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em de cada região, especialmente:
situação similar, estiver obrigado à prática da educação física; I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às
IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;
de 1969; II - organização escolar própria, incluindo adequação do
V – (Vetado) calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições
VI – que tenha prole. climáticas;
§ 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo,
do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do
africana e europeia. órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que
§ 5º No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de
ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação dada pela Lei nº Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a
13.415, de 2017) manifestação da comunidade escolar.
§ 6o As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as
linguagens que constituirão o componente curricular de que Comentários:
trata o § 2º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278, de Quando pensamos em educação básica devemos não só
2016). considerar os conteúdos ministrados em sala de aula, mas
§ 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério também, o desenvolvimento integral do aluno de modo a
dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os possibilitar seu desenvolvimento para o exercício da
temas transversais de que trata o caput. (Redação dada pela cidadania, favorecendo assim o seu desenvolvimento para o
Lei nº 13.415, de 2017) trabalho e também para seus estudos posteriores servindo
§ 8º A exibição de filmes de produção nacional constituirá como base para o seu desenvolvimento enquanto sujeito e
componente curricular complementar integrado à proposta autor do seu futuro.
pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no Assim, o Capítulo II, Seção I das disposições Gerais (Art. 22
mínimo, 2 (duas) horas mensais. a 28) trata sobre as regras comuns aos estabelecimentos de
§ 9o Conteúdos relativos aos direitos humanos e à ensino em relação à carga horária, dias letivos, bem como suas
prevenção de todas as formas de violência contra a criança e formas de organização (promoção, seriação, frequência,
ao adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos currículos, transferências e avaliações).
currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo
como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto Seção II
da Criança e do Adolescente), observada a produção e Da Educação Infantil
distribuição de material didático adequado.
§ 10. A inclusão de novos componentes curriculares de Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação
caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da
dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico,
de homologação pelo Ministro de Estado da Educação. psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) família e da comunidade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de
2013)
Art. 26.A- Nos estabelecimentos de ensino fundamental e
de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até
§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo três anos de idade;
incluirá diversos aspectos da história e da cultura que II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco)
caracterizam a formação da população brasileira, a partir anos de idade.
desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da
África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com
no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o as seguintes regras comuns:
índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas I - avaliação mediante acompanhamento e registro do
contribuições nas áreas social, econômica e política, desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção,
pertinentes à história do Brasil. mesmo para o acesso ao ensino fundamental;

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II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, § 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído
distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho como tema transversal nos currículos do ensino fundamental.
educacional;
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte
diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina
integral; dos horários normais das escolas públicas de ensino
IV - controle de frequência pela instituição de educação fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural
pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.
cento) do total de horas; § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os
V - expedição de documentação que permita atestar os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino
processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e
admissão dos professores.
Comentários: § 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil,
A Educação Infantil (0 aos 5 anos) deve ser constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a
complementar à ação da família e da comunidade desde então definição dos conteúdos do ensino religioso.
possibilitando o desenvolvimento físico, psicológico,
intelectual e social. Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá
O artigo 31 da Lei 9.394/96 traz em seu inciso I, algo que pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula,
merece ser destacado: Não existe promoção na educação sendo progressivamente ampliado o período de permanência
infantil, ou seja não há reprovação nessa etapa da educação na escola.
básica, a avaliação corre mediante registro e acompanhamento § 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das
do desenvolvimento da criança, sem o objetivo de promoção, formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei.
ainda que este seja para o acesso ao ensino fundamental. § 2º O ensino fundamental será ministrado
progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas
Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com de ensino.
as seguintes regras comuns:
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do Comentários:
desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, O Ensino Fundamenta (06 aos 14 anos) têm duração de 9
mesmo para o acesso ao ensino fundamental; anos, podendo ser desdobrado em ciclos (Art. 32 § 1º), visa a
formação básica do cidadão, ou seja, - o desenvolvimento da
Seção III capacidade de aprender através do domínio da leitura, da
Do Ensino Fundamental escrita e do cálculo, a compreensão do ambiente natural e
social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de valores em que se fundamenta a sociedade, a aquisição de
9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e
(seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do valores e o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
cidadão, mediante: solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo assenta a vida social.
como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do O artigo 33 da referida lei, merece ser destacado por trazer
cálculo; informações relevantes:
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é
fundamenta a sociedade; parte integrante da formação básica do cidadão e constitui
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, disciplina dos horários normais das escolas públicas de
tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade
formação de atitudes e valores; cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de proselitismo.
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os
assenta a vida social. procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e
fundamental em ciclos. admissão dos professores.
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular § 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída
por série podem adotar no ensino fundamental o regime de pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos
progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo conteúdos do ensino religioso.
de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo
sistema de ensino. Assim, o artigo 33 da Lei 9.394/96 está em consonância
§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em com o artigo 210 §1º da Constituição Federal que regulamenta
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a o ensino religioso, de matrícula facultativa nas escolas públicas
utilização de suas línguas maternas e processos próprios de de ensino fundamental. O objetivo de tal preceito não é uma
aprendizagem. formação religiosa específica, e sim a apresentação da
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino diversidade religiosa, a escola ao trazer em seus espaços as
a distância utilizado como complementação da aprendizagem diversas manifestações religiosas, ensina o princípio da
ou em situações emergenciais. tolerância e o exercita em sua rotina escolar.
§ 5o O currículo do ensino fundamental incluirá,
obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças Seção IV
e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 Do Ensino Médio
de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do
Adolescente, observada a produção e distribuição de material Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica,
didático adequado. com duração mínima de três anos, terá como finalidades:

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I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos II - conhecimento das formas contemporâneas de


adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o linguagem. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela
educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos,
se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes
aperfeiçoamento posteriores; arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber:
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
intelectual e do pensamento crítico; I - linguagens e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei nº
IV - a compreensão dos fundamentos científico- 13.415, de 2017)
tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria II - matemática e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei
com a prática, no ensino de cada disciplina. nº 13.415, de 2017)
III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Redação dada
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá pela Lei nº 13.415, de 2017)
direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, IV - ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação dada
conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas pela Lei nº 13.415, de 2017)
seguintes áreas do conhecimento: (Incluído pela Lei nº 13.415, V - formação técnica e profissional. (Incluído pela Lei nº
de 2017) 13.415, de 2017)
I - linguagens e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº § 1º A organização das áreas de que trata o caput e das
13.415, de 2017) respectivas competências e habilidades será feita de acordo
II - matemática e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino.
13.415, de 2017) (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Incluído pela I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
Lei nº 13.415, de 2017) II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
IV - ciências humanas e sociais aplicadas. (Incluído pela Lei § 2º Revogado pela Lei nº 11.741/08
nº 13.415, de 2017) § 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser
§ 1º A parte diversificada dos currículos de que trata o composto itinerário formativo integrado, que se traduz na
caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá composição de componentes curriculares da Base Nacional
estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser Comum Curricular - BNCC e dos itinerários formativos,
articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, considerando os incisos I a V do caput. (Redação dada pela Lei
ambiental e cultural. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) nº 13.415, de 2017)
§ 2º A Base Nacional Comum Curricular referente ao § 4º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008)
ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de § 5º Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de
educação física, arte, sociologia e filosofia. (Incluído pela Lei nº vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino
13.415, de 2017) médio cursar mais um itinerário formativo de que trata o
§ 3º O ensino da língua portuguesa e da matemática será caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada às § 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta de formação
comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas com ênfase técnica e profissional considerará: (Incluído pela
línguas maternas. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Lei nº 13.415, de 2017)
§ 4º Os currículos do ensino médio incluirão, I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor
obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecendo
outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, parcerias e fazendo uso, quando aplicável, de instrumentos
preferencialmente o espanhol, de acordo com a estabelecidos pela legislação sobre aprendizagem
disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos profissional; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) II - a possibilidade de concessão de certificados
§ 5º A carga horária destinada ao cumprimento da Base intermediários de qualificação para o trabalho, quando a
Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e formação for estruturada e organizada em etapas com
oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio, de terminalidade. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
acordo com a definição dos sistemas de ensino. (Incluído pela § 7º A oferta de formações experimentais relacionadas ao
Lei nº 13.415, de 2017) inciso V do caput, em áreas que não constem do Catálogo
§ 6º A União estabelecerá os padrões de desempenho Nacional dos Cursos Técnicos, dependerá, para sua
esperados para o ensino médio, que serão referência nos continuidade, do reconhecimento pelo respectivo Conselho
processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional Estadual de Educação, no prazo de três anos, e da inserção no
Comum Curricular. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos,
§ 7º Os currículos do ensino médio deverão considerar a contados da data de oferta inicial da formação. (Incluído pela
formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho Lei nº 13.415, de 2017)
voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua § 8º A oferta de formação técnica e profissional a que se
formação nos aspectos físicos, cognitivos e sócio emocionais. refere o inciso V do caput, realizada na própria instituição ou
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) em parceria com outras instituições, deverá ser aprovada
§ 8º Os conteúdos, as metodologias e as formas de previamente pelo Conselho Estadual de Educação,
avaliação processual e formativa serão organizados nas redes homologada pelo Secretário Estadual de Educação e
de ensino por meio de atividades teóricas e práticas, provas certificada pelos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº
orais e escritas, seminários, projetos e atividades on-line, de 13.415, de 2017)
tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: § 9º As instituições de ensino emitirão certificado com
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) validade nacional, que habilitará o concluinte do ensino médio
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que ao prosseguimento dos estudos em nível superior ou em
presidem a produção moderna; (Incluído pela Lei nº 13.415, outros cursos ou formações para os quais a conclusão do
de 2017) ensino médio seja etapa obrigatória. (Incluído pela Lei nº
13.415, de 2017)

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§ 10. Além das formas de organização previstas no art. 23, conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível
o ensino médio poderá ser organizado em módulos e adotar o médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se
sistema de créditos com terminalidade específica. (Incluído matrícula única para cada aluno;
pela Lei nº 13.415, de 2017) II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino
§ 11. Para efeito de cumprimento das exigências médio ou já o estejam cursando, efetuando-se matrículas
curriculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão distintas para cada curso, e podendo ocorrer:
reconhecer competências e firmar convênios com instituições a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as
de educação a distância com notório reconhecimento, oportunidades educacionais disponíveis;
mediante as seguintes formas de comprovação: (Incluído pela b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as
Lei nº 13.415, de 2017) oportunidades educacionais disponíveis;
I - demonstração prática; (Incluído pela Lei nº 13.415, de c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios
2017) de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao
II - experiência de trabalho supervisionado ou outra desenvolvimento de projeto pedagógico unificado.
experiência adquirida fora do ambiente escolar; (Incluído pela
Lei nº 13.415, de 2017) Art. 36.D- Os diplomas de cursos de educação profissional
III - atividades de educação técnica oferecidas em outras técnica de nível médio, quando registrados, terão validade
instituições de ensino credenciadas; (Incluído pela Lei nº nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na
13.415, de 2017) educação superior.
IV - cursos oferecidos por centros ou programas Parágrafo único. Os cursos de educação profissional
ocupacionais; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante e
V - estudos realizados em instituições de ensino nacionais subsequente, quando estruturados e organizados em etapas
ou estrangeiras; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados
VI - cursos realizados por meio de educação a distância ou de qualificação para o trabalho após a conclusão, com
educação presencial mediada por tecnologias. (Incluído pela aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma
Lei nº 13.415, de 2017) qualificação para o trabalho.
§ 12. As escolas deverão orientar os alunos no processo de
escolha das áreas de conhecimento ou de atuação profissional Comentários:
previstas no caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) A Educação Profissional Técnica de Nível Médio, que
tem por princípios os mesmos pressupostos do ensino médio
Comentários: além de preparar o educando para o exercício de profissões
O Ensino Médio é a etapa final da educação básica, com técnicas, assim a Educação profissional técnica de nível médio
duração mínima de 3 anos, sua finalidade é o aprofundamento poderá ser articulada com o ensino médico, dessa forma,
dos conhecimentos adquiridos anteriormente, a preparação poderá ser integrada quando oferecida aos que tenha
para o trabalho, aprofundamento do desenvolvimento concluído o ensino fundamental, e concomitante quando
enquanto ser humano além da integração da teoria à pratica oferecida a quem ingresse no ensino médio ou já o estejam
profissional. cursando ou subsequente para aqueles que já concluíram o
ensino médio.
Seção IV-A
Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Seção V
Da Educação de Jovens e Adultos
Art. 36.A- Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste
Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada
educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos
técnicas. nos ensinos fundamental e médio na idade própria e
Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, constituirá instrumento para a educação e a aprendizagem ao
facultativamente, a habilitação profissional poderão ser longo da vida. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018)
desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos
ou em cooperação com instituições especializadas em jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na
educação profissional. idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,
consideradas as características do alunado, seus interesses,
Art. 36.B- A educação profissional técnica de nível médio condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
será desenvolvida nas seguintes formas: § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a
I - articulada com o ensino médio; permanência do trabalhador na escola, mediante ações
II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha integradas e complementares entre si.
concluído o ensino médio. § 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-se,
Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível preferencialmente, com a educação profissional, na forma do
médio deverá observar: regulamento.
I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes
curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames
de Educação; supletivos, que compreenderão a base nacional comum do
II - as normas complementares dos respectivos sistemas de currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em
ensino; caráter regular.
III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
de seu projeto pedagógico. I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os
maiores de quinze anos;
Art. 36.C- A educação profissional técnica de nível médio II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores
articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B desta Lei, de dezoito anos.
será desenvolvida de forma: § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos
I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos
o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a mediante exames.

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Comentários: IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais,


A Educação de Jovens e Adultos, diz respeito àqueles que científicos e técnicos que constituem patrimônio da
não tiveram acesso ou continuidade no ensino fundamental e humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
médio na idade regular, assim, o EJA traz a oportunidade de publicações ou de outras formas de comunicação;
acesso e permanência do trabalhador na escola. V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento
O artigo 37 §3º traz a possibilidade da educação de jovens cultural e profissional e possibilitar a correspondente
e adultos se articular com um ensino profissional, porém não concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo
há essa obrigatoriedade. Observe: adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do
conhecimento de cada geração;
Art. 37. § 3o A educação de jovens e adultos deverá articular- VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo
se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma presente, em particular os nacionais e regionais, prestar
do regulamento. serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta
uma relação de reciprocidade;
CAPÍTULO III VII - promover a extensão, aberta à participação da
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL população, visando à difusão das conquistas e benefícios
Da Educação Profissional e Tecnológica resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e
tecnológica geradas na instituição.
Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no VIII - atuar em favor da universalização e do
cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se aprimoramento da educação básica, mediante a formação e a
aos diferentes níveis e modalidades de educação e às capacitação de profissionais, a realização de pesquisas
dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão
§ 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica que aproximem os dois níveis escolares. (Incluído pela Lei nº
poderão ser organizados por eixos tecnológicos, 13.174, de 2015)
possibilitando a construção de diferentes itinerários
formativos, observadas as normas do respectivo sistema e Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos
nível de ensino. e programas:
§ 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os I - cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes
seguintes cursos: níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos
I – de formação inicial e continuada ou qualificação requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino, desde
profissional; que tenham concluído o ensino médio ou equivalente;
II – de educação profissional técnica de nível médio; II - de graduação, abertos a candidatos que tenham
III – de educação profissional tecnológica de graduação e concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido
pós-graduação. classificados em processo seletivo;
§ 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de III - de pós-graduação, compreendendo programas de
graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne mestrado e doutorado, cursos de especialização,
a objetivos, características e duração, de acordo com as aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados
diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho em cursos de graduação e que atendam às exigências das
Nacional de Educação. instituições de ensino;
IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam aos
Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de
articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias ensino.
de educação continuada, em instituições especializadas ou no § 1º Os resultados do processo seletivo referido no inciso
ambiente de trabalho. II do caput deste artigo serão tornados públicos pelas
instituições de ensino superior, sendo obrigatória a divulgação
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação da relação nominal dos classificados, a respectiva ordem de
profissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser classificação, bem como do cronograma das chamadas para
objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para matrícula, de acordo com os critérios para preenchimento das
prosseguimento ou conclusão de estudos. vagas constantes do respectivo edital.
Art. 42. As instituições de educação profissional e § 2º No caso de empate no processo seletivo, as instituições
tecnológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos públicas de ensino superior darão prioridade de matrícula ao
especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula à candidato que comprove ter renda familiar inferior a dez
capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível salários mínimos, ou ao de menor renda familiar, quando mais
de escolaridade. de um candidato preencher o critério inicial. (Incluído pela Lei
nº 13.184, de 2015)
CAPÍTULO IV § 3º O processo seletivo referido no inciso II considerará
Da Educação Superior as competências e as habilidades definidas na Base Nacional
Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
Art. 43. A educação superior tem por finalidade:
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do Art. 45. A educação superior será ministrada em
espírito científico e do pensamento reflexivo; instituições de ensino superior, públicas ou privadas, com
II - formar diplomados nas diferentes áreas de variados graus de abrangência ou especialização.
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais
e para a participação no desenvolvimento da sociedade Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem
brasileira, e colaborar na sua formação contínua; como o credenciamento de instituições de educação superior,
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação terão prazos limitados, sendo renovados, periodicamente,
científica, visando o desenvolvimento da ciência e da após processo regular de avaliação.
tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, § 1º Após um prazo para saneamento de deficiências
desenvolver o entendimento do homem e do meio em que eventualmente identificadas pela avaliação a que se refere este
vive; artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, conforme o
caso, em desativação de cursos e habilitações, em intervenção

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na instituição, em suspensão temporária de prerrogativas da V - deve conter as seguintes informações: (Incluído pela lei
autonomia, ou em descredenciamento. nº 13.168, de 2015)
§ 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição de
responsável por sua manutenção acompanhará o processo de ensino superior; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessários, b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricular
para a superação das deficiências. de cada curso e as respectivas cargas horárias; (Incluída pela
§ 3º No caso de instituição privada, além das sanções lei nº 13.168, de 2015)
previstas no § 1o deste artigo, o processo de reavaliação c) a identificação dos docentes que ministrarão as aulas em
poderá resultar em redução de vagas autorizadas e em cada curso, as disciplinas que efetivamente ministrará naquele
suspensão temporária de novos ingressos e de oferta de curso ou cursos, sua titulação, abrangendo a qualificação
cursos. (Alterado pela Lei 13.530/2017). profissional do docente e o tempo de casa do docente, de forma
§ 4º É facultado ao Ministério da Educação, mediante total, contínua ou intermitente. (Incluída pela lei nº 13.168,
procedimento específico e com aquiescência da instituição de de 2015)
ensino, com vistas a resguardar os interesses dos estudantes, § 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento
comutar as penalidades previstas nos §§ 1o e 3o deste artigo nos estudos, demonstrado por meio de provas e outros
por outras medidas, desde que adequadas para superação das instrumentos de avaliação específicos, aplicados por banca
deficiências e irregularidades constatadas. (Alterado pela Lei examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos
13.530/2017). seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino.
§ 5º Para fins de regulação, os Estados e o Distrito Federal § 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores,
deverão adotar os critérios definidos pela União para salvo nos programas de educação a distância.
autorização de funcionamento de curso de graduação em § 4º As instituições de educação superior oferecerão, no
Medicina.” (Incluído pela Lei 13.530/2017). período noturno, cursos de graduação nos mesmos padrões de
qualidade mantidos no período diurno, sendo obrigatória a
Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, oferta noturna nas instituições públicas, garantida a
independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de necessária previsão orçamentária.
trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos
exames finais, quando houver. Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos,
§ 1º As instituições informarão aos interessados, antes de quando registrados, terão validade nacional como prova da
cada período letivo, os programas dos cursos e demais formação recebida por seu titular.
componentes curriculares, sua duração, requisitos, § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por
qualificação dos professores, recursos disponíveis e critérios elas próprias registrados, e aqueles conferidos por instituições
de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições, não-universitárias serão registrados em universidades
e a publicação deve ser feita, sendo as 3 (três) primeiras indicadas pelo Conselho Nacional de Educação.
formas concomitantemente: (Redação dada pela lei nº 13.168, § 2º Os diplomas de graduação expedidos por
de 2015). universidades estrangeiras serão revalidados por
I - em página específica na internet no sítio eletrônico universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e
oficial da instituição de ensino superior, obedecido o seguinte: área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais
(Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) de reciprocidade ou equiparação.
a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter como § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos
título “Grade e Corpo Docente”; (Incluída pela lei nº 13.168, de por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos
2015) por universidades que possuam cursos de pós-graduação
b) a página principal da instituição de ensino superior, bem reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e
como a página da oferta de seus cursos aos ingressantes sob a em nível equivalente ou superior.
forma de vestibulares, processo seletivo e outras com a mesma
finalidade, deve conter a ligação desta com a página específica Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão a
prevista neste inciso; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) transferência de alunos regulares, para cursos afins, na
c) caso a instituição de ensino superior não possua sítio hipótese de existência de vagas, e mediante processo seletivo.
eletrônico, deve criar página específica para divulgação das Parágrafo único. As transferências ex officio dar-se-ão na
informações de que trata esta Lei; (Incluída pela lei nº 13.168, forma da lei.
de 2015)
d) a página específica deve conter a data completa de sua Art. 50. As instituições de educação superior, quando da
última atualização; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de seus
II - em toda propaganda eletrônica da instituição de ensino cursos a alunos não regulares que demonstrarem capacidade
superior, por meio de ligação para a página referida no inciso de cursá-las com proveito, mediante processo seletivo prévio.
I; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
III - em local visível da instituição de ensino superior e de Art. 51. As instituições de educação superior credenciadas
fácil acesso ao público; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) como universidades, ao deliberar sobre critérios e normas de
IV - deve ser atualizada semestralmente ou anualmente, de seleção e admissão de estudantes, levarão em conta os efeitos
acordo com a duração das disciplinas de cada curso oferecido, desses critérios sobre a orientação do ensino médio,
observando o seguinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) articulando-se com os órgãos normativos dos sistemas de
a) caso o curso mantenha disciplinas com duração ensino.
diferenciada, a publicação deve ser semestral; (Incluída pela
lei nº 13.168, de 2015) Art. 52. As universidades são instituições
b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do início pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de
das aulas; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo
c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo do saber humano, que se caracterizam por: (Regulamento)
docente até o início das aulas, os alunos devem ser I - produção intelectual institucionalizada mediante o
comunicados sobre as alterações; (Incluída pela lei nº 13.168, estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes,
de 2015) tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e
nacional;

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II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos
acadêmica de mestrado ou doutorado; disponíveis;
III - um terço do corpo docente em regime de tempo II - elaborar o regulamento de seu pessoal em
integral. conformidade com as normas gerais concernentes;
Parágrafo único. É facultada a criação de universidades III - aprovar e executar planos, programas e projetos de
especializadas por campo do saber. investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em
geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo
Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às Poder mantenedor;
universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;
atribuições: V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas
I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e peculiaridades de organização e funcionamento;
programas de educação superior previstos nesta Lei, VI - realizar operações de crédito ou de financiamento, com
obedecendo às normas gerais da União e, quando for o caso, do aprovação do Poder competente, para aquisição de bens
respectivo sistema de ensino; imóveis, instalações e equipamentos;
II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras
observadas as diretrizes gerais pertinentes; providências de ordem orçamentária, financeira e patrimonial
III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa necessárias ao seu bom desempenho.
científica, produção artística e atividades de extensão; § 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser
IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade estendidas a instituições que comprovem alta qualificação
institucional e as exigências do seu meio; para o ensino ou para a pesquisa, com base em avaliação
V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em realizada pelo Poder Público.
consonância com as normas gerais atinentes;
VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu
VII - firmar contratos, acordos e convênios; Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção e
VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de desenvolvimento das instituições de educação superior por ela
investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em mantidas.
geral, bem como administrar rendimentos conforme
dispositivos institucionais; Art. 56. As instituições públicas de educação superior
IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegurada a
prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos existência de órgãos colegiados deliberativos, de que
estatutos; participarão os segmentos da comunidade institucional, local
X - receber subvenções, doações, heranças, legados e e regional.
cooperação financeira resultante de convênios com entidades Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão
públicas e privadas. setenta por cento dos assentos em cada órgão colegiado e
§ 1º Para garantir a autonomia didático-científica das comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e
universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e modificações estatutárias e regimentais, bem como da escolha
pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários de dirigentes.
disponíveis, sobre: (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017)
I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos; Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, o
(Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas semanais de
II - ampliação e diminuição de vagas; (Redação dada pela aulas.
Lei nº 13.490, de 2017)
III - elaboração da programação dos cursos; (Redação dada Comentários:
pela Lei nº 13.490, de 2017) A Educação Superior faz parte apenas da educação
IV - programação das pesquisas e das atividades de escolar, com objetivos específicos e voltados a cultura de
extensão; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) transformação, de forma avançada para aperfeiçoar
V - contratação e dispensa de professores; (Redação dada competências voltadas ao trabalho, além de uma perspectiva
pela Lei nº 13.490, de 2017) de pesquisa.
VI - planos de carreira docente. (Redação dada pela Lei nº
13.490, de 2017) CAPÍTULO V
§ 2º As doações, inclusive monetárias, podem ser dirigidas DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
a setores ou projetos específicos, conforme acordo entre
doadores e universidades. (Incluído pela Lei nº 13.490, de Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos
2017) desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida
§ 3º No caso das universidades públicas, os recursos das preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos
doações devem ser dirigidos ao caixa único da instituição, com com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
destinação garantida às unidades a serem beneficiadas. altas habilidades ou superdotação.
(Incluído pela Lei nº 13.490, de 2017) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio
especializado, na escola regular, para atender às
Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público peculiaridades da clientela de educação especial.
gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial para § 2º O atendimento educacional será feito em classes,
atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das
financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus planos condições específicas dos alunos, não for possível a sua
de carreira e do regime jurídico do seu pessoal. integração nas classes comuns de ensino regular.
§ 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições § 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput
asseguradas pelo artigo anterior, as universidades públicas deste artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao
poderão: longo da vida, observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo
I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e único do art. 60 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.632,
administrativo, assim como um plano de cargos e salários, de 2018)

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Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim.
altas habilidades ou superdotação: IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de
organização específicos, para atender às suas necessidades; áreas afins à sua formação ou experiência profissional,
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atestados por titulação específica ou prática de ensino em
atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, unidades educacionais da rede pública ou privada ou das
em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em corporações privadas em que tenham atuado, exclusivamente
menor tempo o programa escolar para os superdotados; para atender ao inciso V do caput do art. 36; (Incluído pela lei
III - professores com especialização adequada em nível nº 13.415, de 2017)
médio ou superior, para atendimento especializado, bem como V - profissionais graduados que tenham feito
professores do ensino regular capacitados para a integração complementação pedagógica, conforme disposto pelo
desses educandos nas classes comuns; Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415,
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua de 2017)
efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições
adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção Parágrafo único. A formação dos profissionais da
no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos educação, de modo a atender às especificidades do exercício
oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes
habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou etapas e modalidades da educação básica, terá como
psicomotora; fundamentos:
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais I – a presença de sólida formação básica, que propicie o
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas
regular. competências de trabalho;
II – a associação entre teorias e práticas, mediante estágios
Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro supervisionados e capacitação em serviço;
nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação III – o aproveitamento da formação e experiências
matriculados na educação básica e na educação superior, a fim anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades.
de fomentar a execução de políticas públicas destinadas ao
desenvolvimento pleno das potencialidades desse alunado. Art. 62 A formação de docentes para atuar na educação
(Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015) básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura
plena, admitida, como formação mínima para o exercício do
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do
estabelecerão critérios de caracterização das instituições ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na
privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação modalidade normal. (Redação dada pela lei nº 13.415, de
exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e 2017)
financeiro pelo Poder Público. § 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios,
Parágrafo único. O poder público adotará, como em regime de colaboração, deverão promover a formação
alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de
educandos com deficiência, transtornos globais do magistério.
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na § 2º A formação continuada e a capacitação dos
própria rede pública regular de ensino, independentemente profissionais de magistério poderão utilizar recursos e
do apoio às instituições previstas neste artigo. tecnologias de educação a distância.
§ 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará
Comentários: preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo
A Educação Especial diz respeito ao direito à Educação uso de recursos e tecnologias de educação a distância.
aos educandos com deficiência, transtornos globais do § 4o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, adotarão mecanismos facilitadores de acesso e permanência
assim, com a alteração sofrida pela Lei 12.796/2013, a em cursos de formação de docentes em nível superior para
nomenclatura educandos portadores de necessidades atuar na educação básica pública.
especiais deixou de ser utilizada. À essas crianças o direito § 5o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
à educação deve ser garantido visando o maior incentivarão a formação de profissionais do magistério para
desenvolvimento possível desse educando que deverá ser atuar na educação básica pública mediante programa
oferecido preferencialmente na rede regular, assim a educação institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes
especial oferecerá um acesso igualitário além de uma matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena,
educação de qualidade. nas instituições de educação superior.
§ 6o O Ministério da Educação poderá estabelecer nota
TÍTULO VI mínima em exame nacional aplicado aos concluintes do ensino
Dos Profissionais da Educação médio como pré-requisito para o ingresso em cursos de
graduação para formação de docentes, ouvido o Conselho
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar Nacional de Educação - CNE.
básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido § 7o (Vetado).
formados em cursos reconhecidos, são: § 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes
I – professores habilitados em nível médio ou superior terão por referência a Base Nacional Comum
para a docência na educação infantil e nos ensinos Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
fundamental e médio;
II – trabalhadores em educação portadores de diploma de Art. 62. A- A formação dos profissionais a que se refere o
pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de conteúdo
supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com técnico-pedagógico, em nível médio ou superior, incluindo
títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; habilitações tecnológicas.

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Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para IV - progressão funcional baseada na titulação ou
os profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho ou habilitação, e na avaliação do desempenho;
em instituições de educação básica e superior, incluindo V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação,
cursos de educação profissional, cursos superiores de incluído na carga de trabalho;
graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação. VI - condições adequadas de trabalho.
§ 1o A experiência docente é pré-requisito para o exercício
Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas de profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos
educação básica a cursos superiores de pedagogia e termos das normas de cada sistema de ensino.
licenciatura será efetivado por meio de processo seletivo § 2o Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no §
diferenciado. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017) 8o do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas
funções de magistério as exercidas por professores e
§ 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no caput especialistas em educação no desempenho de atividades
deste artigo os professores das redes públicas municipais, educativas, quando exercidas em estabelecimento de
estaduais e federal que ingressaram por concurso público, educação básica em seus diversos níveis e modalidades,
tenham pelo menos três anos de exercício da profissão e não incluídas, além do exercício da docência, as de direção de
sejam portadores de diploma de graduação. (Incluído pela Lei unidade escolar e as de coordenação e assessoramento
nº 13.478, de 2017) pedagógico.
§ 3o A União prestará assistência técnica aos Estados, ao
§ 2º As instituições de ensino responsáveis pela oferta de Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de concursos
cursos de pedagogia e outras licenciaturas definirão critérios públicos para provimento de cargos dos profissionais da
adicionais de seleção sempre que acorrerem aos certames educação.
interessados em número superior ao de vagas disponíveis
para os respectivos cursos. (Incluído pela Lei nº 13.478, de TÍTULO VII
2017) Dos Recursos financeiros

§ 3º Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os
definidos em regulamento pelas universidades, terão originários de:
prioridade de ingresso os professores que optarem por cursos I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do
de licenciatura em matemática, física, química, biologia e Distrito Federal e dos Municípios;
língua portuguesa. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017) II - receita de transferências constitucionais e outras
transferências;
Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: III - receita do salário-educação e de outras contribuições
I - cursos formadores de profissionais para a educação sociais;
básica, inclusive o curso normal superior, destinado à IV - receita de incentivos fiscais;
formação de docentes para a educação infantil e para as V - outros recursos previstos em lei.
primeiras séries do ensino fundamental;
II - programas de formação pedagógica para portadores de Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de
diplomas de educação superior que queiram se dedicar à dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte
educação básica; e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas
III - programas de educação continuada para os Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de
profissionais de educação dos diversos níveis. impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na
manutenção e desenvolvimento do ensino público.
Art. 64. A formação de profissionais de educação para § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela
administração, planejamento, inspeção, supervisão e União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou
orientação educacional para a educação básica, será feita em pelos Estados aos respectivos Municípios, não será
cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós- considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo,
graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta receita do governo que a transferir.
formação, a base comum nacional. § 2º Serão consideradas excluídas das receitas de impostos
mencionadas neste artigo as operações de crédito por
Art. 65. A formação docente, exceto para a educação antecipação de receita orçamentária de impostos.
superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas § 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes aos
horas. mínimos estatuídos neste artigo, será considerada a receita
estimada na lei do orçamento anual, ajustada, quando for o
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério caso, por lei que autorizar a abertura de créditos adicionais,
superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente com base no eventual excesso de arrecadação.
em programas de mestrado e doutorado. § 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por efetivamente realizadas, que resultem no não atendimento dos
universidade com curso de doutorado em área afim, poderá percentuais mínimos obrigatórios, serão apuradas e corrigidas
suprir a exigência de título acadêmico. a cada trimestre do exercício financeiro.
§ 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela educação,
termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério observados os seguintes prazos:
público: I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de cada
I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas mês, até o vigésimo dia;
e títulos; II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo
II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive dia de cada mês, até o trigésimo dia;
com licenciamento periódico remunerado para esse fim; III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final
III - piso salarial profissional; de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente.

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§ 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção § 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a fórmula
monetária e à responsabilização civil e criminal das de domínio público que inclua a capacidade de atendimento e
autoridades competentes. a medida do esforço fiscal do respectivo Estado, do Distrito
Federal ou do Município em favor da manutenção e do
Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e desenvolvimento do ensino.
desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas § 2º A capacidade de atendimento de cada governo será
à consecução dos objetivos básicos das instituições definida pela razão entre os recursos de uso
educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se constitucionalmente obrigatório na manutenção e
destinam a: desenvolvimento do ensino e o custo anual do aluno, relativo
I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e ao padrão mínimo de qualidade.
demais profissionais da educação; § 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, a
II - aquisição, manutenção, construção e conservação de União poderá fazer a transferência direta de recursos a cada
instalações e equipamentos necessários ao ensino; estabelecimento de ensino, considerado o número de alunos
III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao que efetivamente frequentam a escola.
ensino; § 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser
IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos
visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à Municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino de sua
expansão do ensino; responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10 e o inciso V
V - realização de atividades-meio necessárias ao do art. 11 desta Lei, em número inferior à sua capacidade de
funcionamento dos sistemas de ensino; atendimento.
VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas
públicas e privadas; Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no artigo
VII - amortização e custeio de operações de crédito anterior ficará condicionada ao efetivo cumprimento pelos
destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; Estados, Distrito Federal e Municípios do disposto nesta Lei,
VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção sem prejuízo de outras prescrições legais.
de programas de transporte escolar.
Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas
Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com: confessionais ou filantrópicas que:
I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de I - comprovem finalidade não-lucrativa e não distribuam
ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcela
não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto;
ou à sua expansão; II - apliquem seus excedentes financeiros em educação;
II - subvenção a instituições públicas ou privadas de III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
caráter assistencial, desportivo ou cultural; escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder
III - formação de quadros especiais para a administração Público, no caso de encerramento de suas atividades;
pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos; IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos
IV - programas suplementares de alimentação, assistência recebidos.
médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser
formas de assistência social; destinados a bolsas de estudo para a educação básica, na forma
V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos,
beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar; quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede
VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educação, pública de domicílio do educando, ficando o Poder Público
quando em desvio de função ou em atividade alheia à obrigado a investir prioritariamente na expansão da sua rede
manutenção e desenvolvimento do ensino. local.
§ 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão
Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e poderão receber apoio financeiro do Poder Público, inclusive
desenvolvimento do ensino serão apuradas e publicadas nos mediante bolsas de estudo.
balanços do Poder Público, assim como nos relatórios a que se
refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal. TÍTULO VIII
Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, Das Disposições Gerais
prioritariamente, na prestação de contas de recursos públicos,
o cumprimento do disposto no art. 212 da Constituição Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração
Federal, no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos
Transitórias e na legislação concernente. índios, desenvolverá programas integrados de ensino e
pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e
Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Distrito intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:
Federal e os Municípios, estabelecerá padrão mínimo de I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a
oportunidades educacionais para o ensino fundamental, recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de
baseado no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e
assegurar ensino de qualidade. ciências;
Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso
será calculado pela União ao final de cada ano, com validade às informações, conhecimentos técnicos e científicos da
para o ano subsequente, considerando variações regionais no sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-
custo dos insumos e as diversas modalidades de ensino. índias.

Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os
Estados será exercida de modo a corrigir, progressivamente, sistemas de ensino no provimento da educação intercultural
as disparidades de acesso e garantir o padrão mínimo de às comunidades indígenas, desenvolvendo programas
qualidade de ensino. integrados de ensino e pesquisa.

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§ 1º Os programas serão planejados com audiência das de ensino que estiver sendo ocupado por professor não
comunidades indígenas. concursado, por mais de seis anos, ressalvados os direitos
§ 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos nos assegurados pelos arts. 41 da Constituição Federal e 19 do Ato
Planos Nacionais de Educação, terão os seguintes objetivos: das Disposições Constitucionais Transitórias.
I - fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna
de cada comunidade indígena; Art. 86. As instituições de educação superior constituídas
II - manter programas de formação de pessoal como universidades integrar-se-ão, também, na sua condição
especializado, destinado à educação escolar nas comunidades de instituições de pesquisa, ao Sistema Nacional de Ciência e
indígenas; Tecnologia, nos termos da legislação específica.
III - desenvolver currículos e programas específicos, neles
incluindo os conteúdos culturais correspondentes às TÍTULO IX
respectivas comunidades; Das Disposições Transitórias
IV - elaborar e publicar sistematicamente material didático
específico e diferenciado. Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um
§ 3o No que se refere à educação superior, sem prejuízo de ano a partir da publicação desta Lei.
outras ações, o atendimento aos povos indígenas efetivar-se-á, § 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação
nas universidades públicas e privadas, mediante a oferta de desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano
ensino e de assistência estudantil, assim como de estímulo à Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos
pesquisa e desenvolvimento de programas especiais. seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre
Educação para Todos.
Art. 79-A. (Vetado) § 2º (Revogado)
§ 3o O Distrito Federal, cada Estado e Município, e,
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de supletivamente, a União, devem:
novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’. I - (Revogado)
a) (Revogado)
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a b) (Revogado)
veiculação de programas de ensino a distância, em todos os c) (Revogado)
níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e adultos insuficientemente escolarizados;
regime especiais, será oferecida por instituições III - realizar programas de capacitação para todos os
especificamente credenciadas pela União. professores em exercício, utilizando também, para isto, os
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização recursos da educação a distância;
de exames e registro de diploma relativos a cursos de IV - integrar todos os estabelecimentos de ensino
educação a distância. fundamental do seu território ao sistema nacional de avaliação
§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de do rendimento escolar.
programas de educação a distância e a autorização para sua § 4º (Revogado)
implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, § 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a
podendo haver cooperação e integração entre os diferentes progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino
sistemas. fundamental para o regime de escolas de tempo integral.
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento § 6º A assistência financeira da União aos Estados, ao
diferenciado, que incluirá: Distrito Federal e aos Municípios, bem como a dos Estados aos
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais seus Municípios, ficam condicionadas ao cumprimento do art.
de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros meios 212 da Constituição Federal e dispositivos legais pertinentes
de comunicação que sejam explorados mediante autorização, pelos governos beneficiados.
concessão ou permissão do poder público;
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente Art. 87.A- (Vetado).
educativas;
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Público, pelos concessionários de canais comerciais. Municípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino
às disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a partir
Art. 81. É permitida a organização de cursos ou instituições da data de sua publicação.
de ensino experimentais, desde que obedecidas as disposições § 1º As instituições educacionais adaptarão seus estatutos
desta Lei. e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas dos
respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes
Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de estabelecidos.
realização de estágio em sua jurisdição, observada a lei federal § 2º O prazo para que as universidades cumpram o
sobre a matéria. disposto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos.

Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica, Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que venham
admitida a equivalência de estudos, de acordo com as normas a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da
fixadas pelos sistemas de ensino. publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de
ensino.
Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser
aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o regime
respectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de anterior e o que se institui nesta Lei serão resolvidas pelo
acordo com seu rendimento e seu plano de estudos. Conselho Nacional de Educação ou, mediante delegação deste,
pelos órgãos normativos dos sistemas de ensino, preservada a
Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação autonomia universitária.
própria poderá exigir a abertura de concurso público de
provas e títulos para cargo de docente de instituição pública Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

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Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024, de Cabe ao Estado garantir, a partir da nova redação do Art.
20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novembro de 1968, 4º da LDB instituída pela Lei nº 12.796, de 2013:
não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24 de novembro de (A) educação básica obrigatória e gratuita dos seis aos
1995 e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis nºs quatorze anos de idade;
5.692, de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro de (B) educação infantil e ensino fundamental obrigatórios e
1982, e as demais leis e decretos-lei que as modificaram e gratuitos;
quaisquer outras disposições em contrário. (C) ensino fundamental e ensino médio obrigatórios e
gratuitos;
Questões (D) educação básica obrigatória e gratuita a todos que
desejarem cursá-la;
01. (SEAP/DF- Professor- IBFC) De acordo com o que (E) educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos
disserta a Lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação dezessete anos de idade.
Brasileira (LDB), julgue os itens a seguir:
I. A LDB reconhece que a educação abrange os processos 04. (Pref. Mun. de Palhoça/SC – Professor de Educação
formativos que se desenvolvem na vida familiar, na Infantil – Pref. Mun. de Palhoça/2016) Assinale a
convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino, alternativa FALSA:
nos movimentos sociais e nas manifestações culturais. Por (A) A educação superior somente será ministrada em
isso, a lei disserta, expressamente, que a educação escolar instituições de ensino superior públicas, com variados graus
deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. de abrangência ou especialização.
II. A educação básica é obrigatória e gratuita dos 6 anos aos (B) Os cursos de pós-graduação serão oferecidos em
17 anos de idade, organizada da seguinte forma: pré-escola, diversas instituições públicas ou privadas.
ensino fundamental e ensino médio. Sendo a educação infantil (C) A educação superior será oferecida tanto em
gratuita às crianças de até 6 anos de idade instituições públicas como nas privadas.
III. O atendimento ao educando é previsto, em todas as (D) A educação superior será ministrada em instituições
etapas da educação básica, por meio de programas de ensino superior, públicas ou privadas, com variados graus
suplementares de material didático-escolar e alimentação. de abrangência ou especialização.
Transporte e assistência à saúde não estão expressamente
previstos na LDB 9394/96, sendo deixados à lei ordinária. 05. (Pref. Mun. de Nova Friburgo/RJ - Secretário
IV. É garantida a vaga na escola pública de educação Escolar - EXATUS/PR) A questão é concernente a Lei de
infantil ou de ensino fundamental mais próxima da residência Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Nº 9394/96)”.
a toda criança a partir do dia em que completar 4 anos de Segundo a LDB, a educação escolar compõe-se de:
idade. (A) Educação Básica e Educação Infantil.
V. É garantido acesso público e gratuito aos ensinos (B) Educação Infantil e Ensino Fundamental.
fundamental e médio para todos os que não os concluíram na (C) Educação Básica e Educação Superior.
idade própria, porém vedado acesso aos níveis mais elevados (D) Educação Básica, Educação Infantil e Educação
do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a Superior.
capacidade de cada um.
É correto o que afirma em: Respostas
(A) I, II e III, apenas.
(B) I e IV, apenas. 01. B. / 02. E. / 03. E. / 04. A. / 05. C.
(C) II, III e V, apenas.
(D) I, IV e V, apenas.
PARECER CNE/CEB Nº: 11/2010
02. (Prefeitura Municipal de Alumínio/SP - Auxiliar de
Desenvolvimento Infantil - VUNESP/2016) A Lei Federal nº MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
9.394, de 20.12.1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO1
Nacional), introduziu uma série de inovações em relação à
Educação Básica, dentre as quais, Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
(A) a construção de identidade das creches e pré-escolas Fundamental de 9 (nove) anos
com base nas diferenciações em relação à classe social das
crianças. I – RELATÓRIO
(B) o atendimento obrigatório e gratuito no ensino
fundamental e gratuidade extensiva apenas à Educação 1. Histórico
Infantil das crianças a partir dos 4 anos de idade.
(C) o atendimento em creches e pré-escolas pelos órgãos Pedra angular da Educação Básica, o Ensino Fundamental
de assistência social, prioritariamente. tem constituído foco central da luta pelo direito à educação.
(D) o entendimento da creche e pré-escola como um favor Em consequência, no Brasil, nos últimos anos, sua organização
aos socialmente menos favorecidos. e seu funcionamento têm sido objeto de mudanças que se
(E) a integração das creches nos sistemas de ensino, refletem nas expectativas de melhoria de sua qualidade e de
compondo, junto com as pré-escolas, a primeira etapa da ampliação de sua abrangência, consubstanciadas em novas
Educação Básica. leis, normas, sistemas de financiamento, sistemas de avaliação
e monitoramento, programas de formação e aperfeiçoamento
03. (TJ/GO- Analista Judiciário- Pedagogia- FGV) A de professores e, o mais importante, em preocupações cada
educação escolar, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da vez mais acentuadas quanto à necessidade de um currículo e
Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96, é dever da família de novos projetos político-pedagógicos que sejam capazes de
e do Estado. dar conta dos grandes desafios educacionais da
contemporaneidade.

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias
=6324-pceb011-10&category_slug=agosto-2010-pdf&Itemid=30192

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Entre as mudanças recentes mais significativas, atenção para a Educação Básica, Carlos Artexes Simões, da
especial passou a ser dada à ampliação do Ensino Fundamental Coordenadora de Ensino Fundamental, Edna Martins Borges,
para 9 (nove) anos de duração, mediante a matrícula bem como de outros integrantes de suas equipes.
obrigatória de crianças com 6 (seis) anos de idade, objeto da Os subsídios referentes ao currículo do Ensino
Lei nº 11.274/2006. Sobre isso, o Conselho Nacional de Fundamental enviados pelo MEC a este Colegiado contaram
Educação (CNE), pelos esforços da Câmara de Educação Básica com a colaboração das professoras Lucíola Licínio Santos, da
(CEB), vem produzindo um conjunto de normas orientadoras Universidade Federal de Minas Gerais, e Elba Siqueira de Sá
para as escolas, seus professores, alunos e suas famílias, bem Barretto, da Universidade de São Paulo e da Fundação Carlos
como para os órgãos executivos e normativos das redes e Chagas. Esta última também assessorou a Câmara de Educação
sistemas de ensino. Em todas essas orientações, o CNE tem Básica do CNE e, especialmente, este Relator, na redação das
insistido que a implantação do Ensino Fundamental de 9 diferentes minutas de Parecer e Projeto de Resolução destas
(nove) anos de duração implica na elaboração de um novo Diretrizes.
currículo e de um novo projeto político-pedagógico. Um documento produzido dessa forma, portanto, não é
Além das urgências provocadas por essas mudanças, as obra de um autor, mas obra coletiva. Do mesmo modo, o
atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino currículo, o projeto político- pedagógico, os programas e
Fundamental (Parecer CNE/CEB nº 4/98 e Resolução projetos educacionais, matéria prima do trabalho criativo dos
CNE/CEB nº 2/98), vigentes desde 1998, já vinham exigindo professores e das escolas, devem ter por base a abordagem
uma acurada revisão com vistas à sua atualização. democrática e participativa na sua concepção e
No primeiro semestre de 2009, o Sr. Ministro da Educação, implementação.
Fernando Haddad, solicitou ao CNE que o Colegiado desse Diretrizes Curriculares definidas em norma nacional pelo
prioridade a esse esforço revisor e atualizador, incumbindo a Conselho Nacional de Educação são orientações que devem ser
Secretaria de Educação Básica do MEC de preparar um necessariamente observadas na elaboração dos currículos e
documento inicial de referência sobre Diretrizes Curriculares dos projetos político-pedagógicos das escolas. Essa elaboração
Nacionais para o Ensino Fundamental, destinado a subsidiar é, contudo, de responsabilidade das escolas, seus professores,
os estudos e debates que se seguiriam. dirigentes e funcionários, com a indispensável participação
Desde então, uma intensa jornada de trabalho foi das famílias e dos estudantes. É, também, responsabilidade
organizada e implementada. Ao receber o documento dos gestores e órgãos normativos das redes e dos sistemas de
ministerial, a Câmara de Educação Básica do CNE constituiu ensino, consideradas a autonomia e a responsabilidade
uma comissão formada pelas conselheiras Clélia Brandão conferidas pela legislação brasileira a cada instância. O que se
Alvarenga Craveiro, Regina Vinhaes Gracindo e por este espera é que esse documento contribua efetivamente para o
Relator (Portaria CNE/CEB nº 5, de 8 de dezembro de 2009). êxito desse trabalho e, assim, para a melhoria da qualidade do
E, consoante o padrão de trabalho que vem sendo adotado por Ensino Fundamental brasileiro, um direito de todos.
este Colegiado no trato de todos os temas relevantes sob a sua Por fim, cumpre esclarecer que o presente Parecer e seu
responsabilidade normativa, foi organizada uma série de Projeto de Resolução não completam o trabalho concebido
audiências públicas e reuniões técnicas de modo a pela Câmara de Educação Básica do CNE para a elaboração das
proporcionar a necessária participação de todos os segmentos novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
e instituições educacionais das diferentes regiões do Brasil. Fundamental. Etapa complementar e importante será iniciada
Propostas foram intensamente debatidas, críticas foram nos próximos meses a partir de nova contribuição proveniente
acolhidas e ideias incorporadas. do Ministério da Educação. De comum acordo quando da
redação dos termos dessas Diretrizes, o MEC se compromete a
Nos últimos meses, o CNE realizou três audiências públicas enviar a este Colegiado propostas de expectativas de
nacionais (Salvador: 12/3/2010, Brasília: 5/4/2010, e São aprendizagem dos conhecimentos escolares que devem ser
Paulo: 16/4/2010), com a participação ativa da Secretaria de atingidas pelos alunos em diferentes estágios do Ensino
Educação Básica do MEC (SEB/MEC), Secretaria de Educação Fundamental. Portanto, em complementação, um novo
Especial do MEC (SEESP/MEC), do Conselho Nacional de Parecer e um novo Projeto de Resolução com essas
Secretários Estaduais de Educação (CONSED), da União expectativas de aprendizagem serão objeto de elaboração do
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME), da CNE nos próximos meses.
União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação
(UNCME), do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de 2. Fundamentos
Educação (FNCEE), da Associação Nacional pela Formação dos
Profissionais da Educação (ANFOPE), da Associação Nacional O direito à educação como fundamento maior destas
de Política e Administração da Educação (ANPAE), da Diretrizes
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
Educação (ANPEd), da Confederação Nacional de O Ensino Fundamental, de frequência compulsória, é uma
Trabalhadores em Educação (CNTE), do Fórum de Diretores conquista resultante da luta pelo direito à educação travada
de Centros, Faculdades e Departamentos de Educação das nos países do ocidente ao longo dos dois últimos séculos por
Universidades Públicas Brasileiras (FORUMDIR), da Sociedade diferentes grupos sociais, entre os quais avultam os setores
Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), da Comissão de populares. Esse direito está fortemente associado ao exercício
Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, da Comissão de da cidadania, uma vez que a educação como processo de
Educação do Senado Federal, de coordenadores estaduais do desenvolvimento do potencial humano garante o exercício dos
Ensino Fundamental, entre outros, além de professores, direitos civis, políticos e sociais. De acordo com Cury (2002),
pesquisadores, dirigentes municipais e estaduais de ensino, seja por razões políticas, seja por razões ligadas ao indivíduo,
bem como de representantes de escolas privadas. Para a a educação foi tida historicamente como um canal de acesso
discussão dessas Diretrizes, foram também realizadas duas aos bens sociais e à luta política e, como tal, também um
reuniões com coordenadores de Ensino Fundamental das caminho de emancipação do indivíduo.
Secretarias Estaduais de Educação, em Brasília e Florianópolis, Pelo leque de campos atingidos pela educação, ela tem sido
e inúmeras reuniões de trabalho com técnicos e dirigentes do considerada, segundo o ponto de vista dos diferentes grupos
MEC, contando com as contribuições diretas da Secretária de sociais, ora como síntese dos direitos civis, políticos e sociais,
Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda Almeida e ora como fazendo parte de cada um desses direitos.
Silva, do Diretor de Concepções e Orientações Curriculares

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Resumidamente, pode-se dizer que os direitos civis dizem dignidade intrínseca a todo o ser humano. Na Declaração
respeito aos direitos do indivíduo garantidos pela legislação Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela
de cada país, como por exemplo, o direito à privacidade, à Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948, a educação
liberdade de opinião e de crenças e o direito à defesa diante de tem por objetivo o pleno desenvolvimento da pessoa humana
qualquer acusação. A luta pelos direitos civis baseou-se, e o fortalecimento do respeito aos direitos humanos e às
historicamente, na luta pela igualdade, perante a Lei, de todas liberdades fundamentais, aos quais, posteriormente, se agrega
as camadas da população, independente de origem social, a necessidade de capacitar a todos para participarem
credo religioso, cor, etnia, gênero e orientação sexual. Assim, a efetivamente de uma sociedade livre. Na Convenção sobre os
educação é um direito civil por ser garantida pela legislação Direitos da Criança, celebrada pelo Fundo das Nações Unidas
brasileira como direito do indivíduo, independentemente de para a Infância (UNICEF), em 1989, acrescenta-se, ainda, a
sua situação econômica, social e cultural. finalidade de incutir no educando o respeito ao meio ambiente
O direito político, indo muito além do direito de votar e ser natural, à sua identidade cultural e aos valores nacionais e de
votado, está relacionado com a inserção plena do conjunto de outras civilizações.
indivíduos nos processos decisórios que ocorrem nas A Constituição Federal de 1988, ao reconhecer esses
diferentes esferas da vida pública. Implica, ainda, o direitos, traduz a adesão da Nação a princípios e valores
reconhecimento de que os cidadãos, mais do que portadores amplamente compartilhados no concerto internacional. O
de direitos, são criadores de novos direitos e de novos espaços inciso I do art. nº 208 da Carta Magna, Seção da Educação,
para expressá-los. A educação é, portanto, também um direito declara que o dever do Estado se efetiva com a garantia do
político porque a real participação na vida pública exige que os “Ensino Fundamental obrigatório e gratuito, assegurada,
indivíduos, dentre outras coisas, estejam informados, saibam inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não
analisar posições divergentes, saibam elaborar críticas e se tiveram acesso na idade própria”. Por sua vez, o § 1º desse
posicionar, tenham condições de fazer valer suas mesmo artigo afirma que “o acesso ao ensino obrigatório e
reivindicações por meio do diálogo e de assumir gratuito é direito público subjetivo”.
responsabilidades e obrigações, habilidades que cabe também Por ser direito público subjetivo, o Ensino Fundamental
à escola desenvolver. Outrossim, importância é dada também exige que o Estado determine a sua obrigatoriedade, que só
à educação por razões políticas associadas à necessidade de pode ser garantida por meio da gratuidade de ensino, o que irá
preservar o regime democrático. permitir o usufruto desse direito por parte daqueles que se
Já os direitos sociais se referem aos direitos que dependem virem privados dele.
da ação do Estado para serem concretizados e estão Se essa etapa de ensino, sendo um direito fundamental, é
associados, fundamentalmente, à melhoria das condições de direito do cidadão, uma vez que constitui uma garantia mínima
vida do conjunto da população, relacionando-se com a questão de formação para a vida pessoal, social e política. É dever do
da igualdade social. São exemplos de direito social, o próprio Estado, dos sistemas de ensino e das escolas assegurarem que
direito à educação, à moradia, à saúde, ao trabalho etc. todos a ela tenham acesso e que a cursem integralmente,
Nas últimas décadas, tem se firmado, ainda, como chegando até à conclusão do processo de escolarização que lhe
resultado de movimentos sociais, o direito à diferença, como corresponde. Além disso, todos têm o direito de obter o
também tem sido chamado o direito de grupos específicos domínio dos conhecimentos escolares previstos para essa
verem atendidas suas demandas, não apenas de natureza etapa e de adquirir os valores, atitudes e habilidades derivados
social, mas também individual. Ele tem como fundamento a desses conteúdos e das interações que ocorrem no processo
ideia de que devem ser consideradas e respeitadas as educativo.
diferenças que fazem parte do tecido social e assegurado lugar
à sua expressão. O direito à diferença, assegurado no espaço A oferta de uma educação com qualidade social
público, significa não apenas a tolerância ao outro, aquele que
é diferente de nós, mas implica a revisão do conjunto dos O Ensino Fundamental foi, durante a maior parte do século
padrões sociais de relações da sociedade, exigindo uma XX, o único grau de ensino a que teve acesso a grande maioria
mudança que afeta a todos, o que significa que a questão da da população. Em 1989, já na virada da última década,
identidade e da diferença tem caráter político. O direito à portanto, a proporção de suas matrículas ainda representava
diferença se manifesta por meio da afirmação dos direitos das mais de ¾ do total de alunos atendidos pelos sistemas
crianças, das mulheres, dos jovens, dos homossexuais, dos escolares brasileiros em todas as etapas de ensino. Em 2009, o
negros, dos indígenas, das pessoas com deficiência, entre perfil seletivo da nossa escola havia se atenuado um pouco,
outros, que para de fato se efetivarem, necessitam ser com a expansão do acesso às diferentes etapas da
socialmente reconhecidos. escolaridade. Contudo, entre os 52,6 milhões de alunos da
Trata-se, portanto, de compreender como as identidades e Educação Básica, cerca de 66,4% estavam no Ensino
as diferenças são construídas e que mecanismos e instituições Fundamental, o que correspondia a 35 milhões de estudantes,
estão implicados na construção das identidades, incluídos entre eles os da Educação Especial e os da Educação
determinando a valorização de uns e o desprestígio de outros. de Jovens e Adultos (conforme a Sinopse Estatística da
É nesse contexto que emerge a defesa de uma educação Educação Básica, MEC/INEP 2009).
multicultural. Se praticamente conseguimos universalizar o acesso à
Os direitos civis, políticos e sociais focalizam, pois, direta escola para crianças e jovens na faixa etária de 7 (sete) a 14
ou indiretamente, o tratamento igualitário, e estão em (quatorze) anos, e estamos próximos de assegurá-la a todas as
consonância com a temática da igualdade social. Já o direito à crianças de 6 (seis) anos, não conseguimos sequer que todos
diferença busca garantir que, em nome da igualdade, não se os alunos incluídos nessa faixa de idade cheguem a concluir o
desconsiderem as diferenças culturais, de cor/raça/etnia, Ensino Fundamental. Isso é um indicativo de quão insuficiente
gênero, idade, orientação sexual, entre outras. Em decorrência, tem sido o processo de inclusão escolar para o conjunto da
espera-se que a escola esteja atenta a essas diferenças, a fim de população, a despeito dos avanços obtidos no que se refere ao
que em torno delas não se construam mecanismos de exclusão acesso à escola, e de quão inadequada permanece sendo a
que impossibilitem a concretização do direito à educação, que nossa estrutura educacional.
é um direito de todos. Mas, de que qualidade está-se falando?
Todos esses direitos estão englobados nos direitos O conceito de qualidade da educação é uma construção
humanos, cuja característica é a de serem universais e sem histórica que assume diferentes significados em tempos e
distinção de espécie alguma, uma vez que decorrem da espaços diversos e tem a ver com os lugares de onde falam os

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sujeitos, os grupos sociais a que pertencem, os interesses e os A educação escolar, comprometida com a igualdade de
valores envolvidos, os projetos de sociedade em jogo. acesso ao conhecimento a todos e especialmente empenhada
Conforme argumenta Campos (2008), para os movimentos em garantir esse acesso aos grupos da população em
sociais que reivindicavam a qualidade da educação entre os desvantagem na sociedade, será uma educação com qualidade
anos 70 e 80, ela estava muito presa às condições básicas de social e contribuirá para dirimir as desigualdades
funcionamento das escolas, porque seus participantes, pouco historicamente produzidas, assegurando, assim, o ingresso, a
escolarizados, tinham dificuldade de perceber as nuanças dos permanência e o sucesso de todos na escola, com a
projetos educativos que as instituições de ensino consequente redução da evasão, da retenção e das distorções
desenvolviam. Na década de 90, sob o argumento de que o de idade/ano/série (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução
Brasil investia muito na educação, porém gastava mal, CNE/CEB n° 4/2010, que define as Diretrizes Curriculares
prevaleceram preocupações com a eficácia e a eficiência das Nacionais Gerais para a Educação Básica).
escolas e a atenção voltou-se, predominantemente, para os
resultados por elas obtidos quanto ao rendimento dos alunos. Princípios norteadores
A qualidade priorizada somente nesses termos pode, contudo,
deixar em segundo plano a superação das desigualdades Os sistemas de ensino e as escolas adotarão como
educacionais. norteadores das políticas educativas e das ações pedagógicas
Outro conceito de qualidade passa, entretanto, a ser os seguintes princípios:
gestado por movimentos de renovação pedagógica, Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e autonomia; de
movimentos sociais, de profissionais e por grupos políticos: o respeito à dignidade da pessoa humana e de compromisso com
da qualidade social da educação. Ela está associada às a promoção do bem de todos, contribuindo para combater e
mobilizações pelo direito à educação, à exigência de eliminar quaisquer manifestações de preconceito e
participação e de democratização e comprometida com a discriminação.
superação das desigualdades e injustiças. Políticos: de reconhecimento dos direitos e deveres de
Em documento de 2007, a Organização das Nações Unidas cidadania, de respeito ao bem comum e à preservação do
para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), ao entender regime democrático e dos recursos ambientais; de busca da
que a qualidade da educação é também uma questão de equidade no acesso à educação, à saúde, ao trabalho, aos bens
direitos humanos, defende conceito semelhante. Para além da culturais e outros benefícios; de exigência de diversidade de
eficácia e da eficiência, advoga que a educação de qualidade, tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os
como um direito fundamental, deve ser antes de tudo alunos que apresentam diferentes necessidades; de redução
relevante, pertinente e equitativa. A relevância reporta-se à da pobreza e das desigualdades sociais e regionais.
promoção de aprendizagens significativas do ponto de vista Estéticos: de cultivo da sensibilidade juntamente com o da
das exigências sociais e de desenvolvimento pessoal. A racionalidade; de enriquecimento das formas de expressão e
pertinência refere-se à possibilidade de atender às do exercício da criatividade; de valorização das diferentes
necessidades e às características dos estudantes de diversos manifestações culturais, especialmente as da cultura
contextos sociais e culturais e com diferentes capacidades e brasileira; de construção de identidades plurais e solidárias.
interesses. E a equidade, à necessidade de tratar de forma Os objetivos que a Educação Básica busca alcançar, quais
diferenciada o que se apresenta como desigual no ponto de sejam, propiciar o desenvolvimento do educando, assegurar-
partida, com vistas a obter aprendizagens e desenvolvimento lhe a formação comum indispensável para o exercício da
equiparáveis, assegurando a todos a igualdade de direito à cidadania e fornecer-lhe os meios para que ele possa progredir
educação. no trabalho e em estudos posteriores, segundo o artigo 22 da
Na perspectiva de contribuir para a erradicação das Lei nº 9.394/96 (LDB), bem como os objetivos específicos
desigualdades e da pobreza, a busca da equidade requer que dessa etapa da escolarização (artigo 32 da LDB), devem
se ofereçam mais recursos e melhores condições às escolas convergir para os princípios mais amplos que norteiam a
menos providas e aos alunos que deles mais necessitem. Ao Nação brasileira.
lado das políticas universais, dirigidas a todos sem requisito de Assim sendo, eles devem estar em conformidade com o que
seleção, é preciso também sustentar políticas reparadoras que define a Constituição Federal, no seu artigo 3º, a saber: a
assegurem maior apoio aos diferentes grupos sociais em construção de uma sociedade livre, justa e solidária, que
desvantagem. garanta o desenvolvimento nacional; que busque “erradicar a
Para muitos, a educação é considerada a mola propulsora pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
das transformações do país. No entanto, o que se constata é e regionais”; e que promova “o bem de todos, sem preconceitos
que problemas econômicos e sociais repercutem na escola e de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
dificultam o alcance de seus objetivos. A garantia do Ensino discriminação”.
Fundamental de qualidade para todos está intimamente
relacionada ao caráter inclusivo da escola e à redução da 3. Trajetória do Ensino Fundamental obrigatório no
pobreza, ao mesmo tempo em que tem um papel importante país
nesse processo. As políticas educacionais só surtirão efeito se
articuladas a outras políticas públicas no campo da saúde, No Brasil, foi a Constituição de 1934 a primeira a
habitação, emprego, dentre outros, porque essas políticas determinar a obrigatoriedade do ensino primário ou
dependem umas das outras, pelo estreito relacionamento que fundamental, com a duração de 4 (quatro) anos. A Carta
mantêm entre si. Assim, se para ingressar e transitar no Constitucional promulgada em 1967 amplia para 8 (oito) anos
mundo do trabalho a educação se torna cada vez mais essa obrigatoriedade e, em decorrência, a Lei nº 5.692/71
necessária, ela depende, por sua vez, das disponibilidades de modifica a estrutura do ensino, unificando o curso primário e
emprego, tanto para que os pais consigam criar seus filhos com o ginásio em um único curso, o chamado 1º grau, com duração
dignidade, como, também, para que os estudantes vislumbrem de 8 (oito) anos. O ensino de 2º grau – atual Ensino Médio –
na educação escolar o aumento das possibilidades de inserção torna-se profissionalizante.
nesse mundo. Se os cuidados com a saúde dependem da De acordo com a tradição federativa brasileira, os Estados,
educação, a educação também requer que os alunos tenham a a partir de princípios e orientações gerais da esfera federal, se
assistência para os problemas de seu bem-estar físico, os quais encarregaram de elaborar as propostas curriculares para as
se refletem nas suas condições de aprendizagem. escolas de 1º grau pertencentes ao seu sistema de ensino,

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quais sejam, as estaduais, as municipais e as privadas, 6 (seis) anos os conteúdos que eram desenvolvidos com as
localizadas no seu território. crianças de 7 (sete) anos. Trata-se, portanto, de criar um novo
Anos antes da promulgação da atual Lei de Diretrizes e currículo e de um novo projeto político-pedagógico para o
Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), algumas redes Ensino Fundamental que abranja os 9 anos de escolarização,
escolares passaram a adotar medidas de expansão do Ensino incluindo as crianças de 6 anos.
Fundamental para 9 (nove) anos, mediante a incorporação das
crianças de 6 (seis) anos de idade, por vezes procedentes das Matrícula no Ensino Fundamental de 9 (nove) anos e
numerosas classes de alfabetização que existiam em vários carga horária
Estados e Municípios. Na sua redação original, a LDB se mostra
bastante flexível quanto à duração do Ensino Fundamental, O Ensino Fundamental com duração de 9 (nove) anos
estabelecendo como mínima a sua duração de 8 (oito) anos e abrange a população na faixa etária dos 6 (seis) aos 14
sinalizando, assim, para a ampliação dessa etapa da Educação (quatorze) anos de idade e se estende, também, a todos os que,
Básica. na idade própria, não tiveram condições de frequentá-lo.
O Plano Nacional de Educação (Lei nº 10.172/2001) É obrigatória a matrícula no Ensino Fundamental de
estabelece como Meta 1 a universalização do Ensino crianças com 6 (seis) anos completos ou a completar até o dia
Fundamental no prazo de 5 (cinco) anos, garantindo o acesso 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula, nos termos da
e a permanência de todas as crianças na escola, e a sua Lei e das normas nacionais vigentes. As crianças que
ampliação para 9 (nove) anos, com início aos 6 (seis) anos de completarem 6 (seis) anos após essa data deverão ser
idade, à medida que for sendo universalizado o atendimento matriculadas na Educação Infantil (Pré-Escola).
de 7 (sete) a 14 (quatorze) anos. A Meta 2, definida com base A carga horária mínima anual do Ensino Fundamental
no diagnóstico de que 87% das crianças de 6 (seis) anos já regular será de 800 (oitocentas) horas relógio, distribuídas
estavam matriculadas em Pré-Escolas, classes de alfabetização em, pelo menos, 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho
ou mesmo no Ensino Fundamental, determina a sua ampliação escolar.
para 9 (nove) anos, com início aos 6 (seis) anos de idade, à
medida que for sendo universalizado o atendimento de 7 4. A população escolar
(sete) a 14 (quatorze) anos. A ideia central das propostas
contidas no Plano é que a inclusão definitiva das crianças nessa Como toda a população na faixa do ensino obrigatório deve
etapa educacional pode oferecer maiores oportunidades de frequentar o Ensino Fundamental, nele também estão
aprendizagem no período da escolarização obrigatória e representadas a grande diversidade sociocultural da
assegurar que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, população brasileira e as grandes disparidades
elas prossigam nos estudos alcançando maior nível de socioeconômicas que contribuem para determinar
escolaridade. oportunidades muito diferenciadas de acesso dos alunos aos
Em 2005, a Lei nº 11.114 altera a LDB, tornando bens culturais. Numerosos estudos têm mostrado que as
obrigatória a matrícula das crianças de 6 (seis) anos de idade maiores desigualdades em relação às possibilidades de
no Ensino Fundamental, entretanto, dá margem para que se progressão escolar e de realização de aprendizagens
antecipe a escolaridade de 8 (oito) anos para esses alunos, o significativas na escola, embora estejam fortemente
que reduziria a idade de conclusão do Ensino Fundamental em associadas a fatores sociais e econômicos, mostram-se
1 (um) ano. também profundamente entrelaçadas com as características
Finalmente, a Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, culturais da população. As maiores desigualdades
altera a redação da LDB, dispondo sobre a duração de 9 (nove) educacionais são encontradas entre ricos e pobres, mas elas
anos para o Ensino Fundamental, com matrícula obrigatória a também são grandes entre brancos, negros e outros grupos
partir dos 6 (seis) anos de idade, e concedendo aos sistemas raciais e estão, por sua vez, particularmente relacionadas à
de ensino o prazo até 2009 para que procedam às devidas oferta educativa mais precária que restringe as oportunidades
adequações de modo que a partir de 2010 esse Ensino de aprendizagem das populações mestiças e negras,
Fundamental de 9 (nove) anos seja assegurado a todos. ribeirinhas, indígenas, dos moradores das áreas rurais, das
Assim determinando, a Lei reflete a tendência de expansão crianças e jovens que vivem nas periferias urbanas, daqueles
da escolaridade obrigatória na maior parte dos países em situações de risco, das pessoas com deficiência, e dos
desenvolvidos do ocidente e da própria América Latina, adolescentes, jovens e adultos que não puderam estudar
mediante a incorporação das crianças menores de 7 (sete) quando crianças.
anos ao Ensino Fundamental. Em vários países do continente, Essa diversidade econômica, social e cultural exige da
em que a faixa de escolarização compulsória se inicia aos 6 escola o conhecimento da realidade em que vivem os alunos,
(seis) anos de idade, verifica-se, ainda, que a obrigatoriedade pois a compreensão do seu universo cultural é imprescindível
também se estende às crianças do último ano da Pré-Escola. para que a ação pedagógica seja pertinente. Inserida em
O acesso ao Ensino Fundamental aos 6 (seis) anos permite contextos diferentes, a proposta político-pedagógica das
que todas as crianças brasileiras possam usufruir do direito à escolas deve estar articulada à realidade do seu alunado para
educação, beneficiando-se de um ambiente educativo mais que a comunidade escolar venha a conhecer melhor e valorizar
voltado à alfabetização e ao letramento, à aquisição de a cultura local. Trata-se de uma condição importante para que
conhecimentos de outras áreas e ao desenvolvimento de os alunos possam se reconhecer como parte dessa cultura e
diversas formas de expressão, ambiente a que já estavam construir identidades afirmativas o que, também, pode levá-
expostas as crianças dos segmentos de rendas média e alta e los a atuar sobre a sua realidade e transformá-la com base na
que pode aumentar a probabilidade de seu sucesso no maior compreensão que adquirem sobre ela. Ao mesmo
processo de escolarização. tempo, a escola deverá propiciar aos alunos condições para
O Conselho Nacional de Educação (CNE), cumprindo as transitarem em outras culturas, para que transcendam seu
suas funções normativas, tem elaborado Diretrizes e universo local e se tornem aptos a participar de diferentes
orientações que devem ser observadas pelos sistemas de esferas da vida social, econômica e política.
ensino para a reorganização do Ensino Fundamental de 9
(nove) anos. Os sistemas de ensino e as escolas não poderão As múltiplas infâncias e adolescências
apenas adaptar seu currículo à nova realidade, pois não se
trata de incorporar, no primeiro ano de escolaridade, o Os alunos do Ensino Fundamental regular são crianças e
currículo da Pré-Escola, nem de trabalhar com as crianças de adolescentes de faixas etárias cujo desenvolvimento está

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marcado por interesses próprios, relacionado aos seus Há que se considerar que a multiplicação dos meios de
aspectos físico, emocional, social e cognitivo, em constante comunicação e informação nas sociedades de mercado em que
interação. Como sujeitos históricos que são, as características vivemos contribui fortemente para disseminar entre as
de desenvolvimento dos alunos estão muito relacionadas com crianças, jovens e população em geral o excessivo apelo ao
seus modos próprios de vida e suas múltiplas experiências consumo e uma visão de mundo fragmentada, que induz à
culturais e sociais, de sorte que mais adequado seria falar de banalização dos acontecimentos e à indiferença quanto aos
infâncias e adolescências no plural. problemas humanos e sociais. É importante que a escola
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a criança contribua para transformar os alunos em consumidores
desenvolve a capacidade de representação, indispensável para críticos dos produtos oferecidos por esses meios, ao mesmo
a aprendizagem da leitura, dos conceitos matemáticos básicos tempo em que se vale dos recursos midiáticos como
e para a compreensão da realidade que a cerca, conhecimentos instrumentos relevantes no processo de aprendizagem, o que
que se postulam para esse período da escolarização. O também pode favorecer o diálogo e a comunicação entre
desenvolvimento da linguagem permite a ela reconstruir pela professores e alunos.
memória as suas ações e descrevê-las, bem como planejá-las, Para tanto, é preciso que se ofereça aos professores
habilidades também necessárias às aprendizagens previstas formação adequada para o uso das tecnologias da informação
para esse estágio. A aquisição da leitura e da escrita na escola, e comunicação e que seja assegurada a provisão de recursos
fortemente relacionada aos usos sociais da escrita nos midiáticos atualizados e em número suficiente para os alunos.
ambientes familiares de onde veem as crianças, pode Novos desafios se colocam também para a função docente
demandar tempos e esforços diferenciados entre os alunos da diante do aumento das informações nas sociedades
mesma faixa etária. A criança nessa fase tem maior interação contemporâneas e da mudança da sua natureza. Mesmo
nos espaços públicos, entre os quais se destaca a escola. Esse quando experiente, o professor muitas vezes terá que se
é, pois, um período em que se deve intensificar a aprendizagem colocar na situação de aprendiz e buscar junto com os alunos
das normas da conduta social, com ênfase no desenvolvimento as respostas para as questões suscitadas. Seu papel de
de habilidades que facilitem os processos de ensino e de orientador da pesquisa e da aprendizagem sobreleva, assim, o
aprendizagem. de mero transmissor de conteúdos.
Mas é também durante a etapa da escolarização
obrigatória que os alunos entram na puberdade e se tornam A ampliação dos objetivos da escola em face do seu
adolescentes. Eles passam por grandes transformações alunado
biológicas, psicológicas, sociais e emocionais. Os adolescentes,
nesse período da vida, modificam as relações sociais e os laços Crianças e adolescentes brasileiros também estão sujeitos
afetivos, intensificando suas relações com os pares de idade e à violência doméstica, ao abuso e à exploração sexual, a formas
as aprendizagens referentes à sexualidade e às relações de de trabalho não condizentes com a idade, à falta de cuidados
gênero, acelerando o processo de ruptura com a infância na essenciais com a saúde, aspectos em relação aos quais a escola,
tentativa de construir valores próprios. Ampliam-se as suas como instituição responsável pelos alunos durante o seu
possibilidades intelectuais, o que resulta na capacidade de período de formação – e muitas vezes o único canal
realização de raciocínios mais abstratos. Os alunos se tornam institucional com quem a família mantém contato – precisa
crescentemente capazes de ver as coisas a partir do ponto de estar atenta. Essas questões repercutem na aprendizagem e no
vista dos outros, superando, dessa maneira, o egocentrismo desenvolvimento do aluno e, não raro, colocam o professor
próprio da infância. Essa capacidade de descentração é diante de situações para as quais as práticas que ele conhece
importante na construção da autonomia e na aquisição de não surtem resultados. O trabalho coletivo na escola poderá
valores morais e éticos. respaldá-lo de algum modo. No entanto, ao se tratar de
Os professores, atentos a esse processo de questões que extrapolam o âmbito das atividades escolares,
desenvolvimento, buscarão formas de trabalho pedagógico e cabe à escola manter-se articulada com o Conselho Tutelar,
de diálogo com os alunos, compatíveis com suas idades, com os serviços de apoio aos sistemas educacionais e com
lembrando sempre que esse processo não é uniforme e nem instituições de outras áreas capazes de ministrar os cuidados
contínuo. e os serviços de proteção social a que esses alunos têm direito.
Entre os adolescentes de muitas escolas, é frequente Deve-se considerar, ainda, que o crescimento da violência
observar forte adesão aos padrões de comportamento dos e da indisciplina, sobretudo nas escolas das grandes cidades,
jovens da mesma idade, o que é evidenciado pela forma de se tem dificultado sobremaneira a aprendizagem dos alunos e o
vestir e também pela linguagem utilizada por eles. Isso requer trabalho dos professores, provocando entre estes uma atitude
dos educadores maior disposição para entender e dialogar de desânimo diante do magistério, revelada pelo alto índice de
com as formas próprias de expressão das culturas juvenis, absenteísmo dos docentes e pelas reiteradas licenças para
cujos traços são mais visíveis, sobretudo, nas áreas urbanas tratamento de saúde.
mais densamente povoadas. Eles são reflexos não só da violência das sociedades
A exposição das crianças e adolescentes de praticamente contemporâneas, mas também da violência simbólica da
todas as classes sociais no Brasil à mídia e, em particular, à cultura da escola que impõe normas, valores e conhecimentos
televisão durante várias horas diárias tem, por sua vez, tidos como universais e que não estabelece diálogo com a
contribuído para o desenvolvimento de formas de expressão cultura dos alunos, frequentemente conduzindo um número
entre os alunos que são menos precisas e mais atreladas ao considerável deles ao fracasso escolar. Não só o fracasso no
universo das imagens, o que torna mais difícil o trabalho com rendimento escolar, mas também a possibilidade de fracassar
a linguagem escrita, de caráter mais argumentativo, no qual se que paira na escola, criam um efeito de halo que leva os alunos
baseia a cultura da escola. O tempo antes dedicado à leitura a se insurgirem contra as regras escolares.
perde o lugar para as novelas, os programas de auditório, os O questionamento da escola que está por traz desses
jogos irradiados pela TV, a internet, sendo que a linguagem comportamentos deriva também da rápida obsolescência dos
mais universal que a maioria deles compartilha é a da música, conhecimentos provocada pela multiplicação dos meios de
ainda que, geralmente, a partir de poucos gêneros musicais. comunicação e do fato de, ao ter-se popularizado, o certificado
Novos desafios se colocam, pois, para a escola, que também que ela oferece já não é mais garantia de ascensão e
cumpre um papel importante de inclusão digital dos alunos. mobilidade social como já foi nos períodos em que a escola
Ela precisa valer-se desses recursos e, na medida de suas pública era altamente seletiva. Daí decorre que o professor,
possibilidades, submetê-los aos seus propósitos educativos. para assegurar a disciplina em sala de aula, condição

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necessária para o trabalho pedagógico, precisa agora legitimar O aluno precisa aprender não apenas os conteúdos
a sua autoridade pedagógica junto aos alunos, o que requer um escolares, mas também saber se movimentar na instituição
esforço deliberado para manter o diálogo e a comunicação com pelo conhecimento que adquire de seus valores, rituais e
eles. normas, ou seja, pela familiaridade com a cultura da escola. Ele
Diante desse contexto, se torna imperativo um trabalho costuma ir bem na escola quando compreende não somente o
entre as instituições, as famílias e toda a sociedade no sentido que fica explícito, como o que está implícito no cotidiano
de valorizar a escola e o professor. Além disso, é necessária escolar, ou seja, tudo aquilo que não é dito mas que é
forte articulação da unidade escolar com a família e os alunos valorizado ou desvalorizado pela escola em termos de
no estabelecimento das normas de convívio social na escola, comportamento, atitudes e valores que fazem parte de seu
construídas com a participação ativa da comunidade e dos currículo oculto.
alunos e registradas em um regimento escolar pautado na É preciso, pois, que a escola expresse com clareza o que
legislação educacional e no Estatuto da Criança e do espera dos alunos, buscando coerência entre o que proclama e
Adolescente (Lei nº 8.069/90). o que realiza, ou seja, o que realmente ensina em termos de
conhecimento. Os alunos provenientes de grupos sociais cuja
5. O currículo cultura é muito diferente daquela da escola, encontram na
diferença entre o que é cobrado e o que é ensinado por ela um
Cabe primordialmente à instituição escolar a socialização obstáculo para o seu aproveitamento. Eles precisam fazer um
do conhecimento e a recriação da cultura. De acordo com as esforço muito maior do que os outros para entender a
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação linguagem da escola, seus códigos ocultos, uma vez que a
Básica (Parecer CNE/CEB nº7/2010 e Resolução CNE/CEB nº instituição pressupõe que certos conhecimentos que ela não
4/2010), uma das maneiras de se conceber o currículo é ensina são do domínio de todos, quando na verdade não são.
entendê-lo como constituído pelas experiências escolares que A escola constitui a principal e, muitas vezes, a única forma
se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas de acesso ao conhecimento sistematizado para a grande
relações sociais, buscando articular vivências e saberes dos maioria da população. Esse dado aumenta a responsabilidade
alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e do Ensino Fundamental na sua função de assegurar a todos a
contribuindo para construir as identidades dos estudantes. O aprendizagem dos conteúdos curriculares capazes de fornecer
foco nas experiências escolares significa que as orientações e os instrumentos básicos para a plena inserção na vida social,
propostas curriculares que provêm das diversas instâncias só econômica e cultural do país. Michael Young (2007) denomina
terão concretude por meio das ações educativas que envolvem “poderoso” o conhecimento que, entre as crianças,
os alunos. adolescentes, jovens e adultos não pode ser adquirido apenas
Os conhecimentos escolares podem ser compreendidos em casa e na comunidade, ou ainda nos locais de trabalho. Nas
como o conjunto de conhecimentos que a escola seleciona e sociedades contemporâneas esse conhecimento é o que
transforma, no sentido de torná-los passíveis de serem permite estabelecer relações mais abrangentes entre os
ensinados, ao mesmo tempo em que servem de elementos para fenômenos, e é principalmente na escola que ele tem condições
a formação ética, estética e política do aluno. As instâncias que de ser adquirido.
mantêm, organizam, orientam e oferecem recursos à escola, Para isso, a escola, no desempenho das suas funções de
como o próprio Ministério da Educação, as Secretarias de educar e cuidar, deve acolher os alunos dos diferentes grupos
Educação, os Conselhos de Educação, assim como os autores sociais, buscando construir e utilizar métodos, estratégias e
de materiais e livros didáticos, transformam o conhecimento recursos de ensino que melhor atendam às suas características
acadêmico, segmentando-o de acordo com os anos de cognitivas e culturais. Acolher significa, pois, propiciar aos
escolaridade, ordenando-o em unidades e tópicos e buscam alunos meios para conhecerem a gramática da escola,
ainda ilustrá-lo e formulá-lo em questões para muitas das oferecendo àqueles com maiores dificuldades e menores
quais já se têm respostas. Esse processo em que o oportunidades, mais incentivos e renovadas oportunidades de
conhecimento de diferentes áreas sofre mudanças, se familiarizarem com o modo de entender a realidade que é
transformando-se em conhecimento escolar, tem sido valorizado pela cultura escolar.
chamado de transposição didática. Acolher significa, também, garantir as aprendizagens
Também se diz que os conhecimentos produzidos nos propostas no currículo para que o aluno desenvolva interesses
diversos componentes curriculares, para adentrarem a escola e sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens culturais
são recontextualizados de acordo com a lógica que preside as disponíveis na comunidade, na sua cidade ou na sociedade em
instituições escolares. Uma vez que as escolas são instituições geral, e que lhe possibilitem, ainda, sentir-se como produtor
destinadas à formação das crianças, jovens e adultos, os valorizado desses bens. Ao lado disso, a escola é, por
conhecimentos escolares dos diferentes componentes, além excelência, o lugar em que é possível ensinar e cultivar as
do processo de didatização que sofrem, passam a trazer regras do espaço público que conduzem ao convívio
embutido um sentido moral e político. Assim, a história da democrático com as diferenças, orientado pelo respeito mútuo
escola está indissoluvelmente ligada ao exercício da cidadania; e pelo diálogo. É nesse espaço que os alunos têm condições de
a ciência que a escola ensina está impregnada de valores que exercitar a crítica e de aprender a assumir responsabilidades
buscam promover determinadas condutas, atitudes e em relação ao que é de todos.
determinados interesses, como por exemplo, a valorização e
preservação do meio ambiente, os cuidados com a saúde, entre A base nacional comum e a parte diversificada:
outros. Esse mesmo processo ocorre com os demais complementaridade
componentes curriculares e áreas de conhecimento, porque
devem se submeter às abordagens próprias aos estágios de O currículo do Ensino Fundamental tem uma base nacional
desenvolvimento dos alunos, ao período de duração dos comum, complementada em cada sistema de ensino e em cada
cursos, aos horários e condições em que se desenvolve o estabelecimento escolar por uma parte diversificada. A base
trabalho escolar e, sobretudo, aos propósitos mais gerais de nacional comum e a parte diversificada do currículo do Ensino
formação dos educandos. O acesso ao conhecimento escolar Fundamental constituem um todo integrado e não podem ser
tem, portanto, dupla função: desenvolver habilidades consideradas como dois blocos distintos.
intelectuais e criar atitudes e comportamentos necessários A articulação entre a base nacional comum e a parte
para a vida em sociedade. diversificada do currículo do Ensino Fundamental possibilita a
sintonia dos interesses mais amplos de formação básica do

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cidadão com a realidade local, as necessidades dos alunos, as V - Ensino Religioso


características regionais da sociedade, da cultura e da
economia e perpassa todo o currículo. O Ensino Fundamental deve ser ministrado em língua
Voltados à divulgação de valores fundamentais ao portuguesa, mas às comunidades indígenas é assegurada
interesse social e à preservação da ordem democrática, os também “a utilização de suas línguas maternas e processos
conhecimentos que fazem parte da base nacional comum a que próprios de aprendizagem” (Constituição Federal, art. 210,
todos devem ter acesso, independentemente da região e do §2º, e art. 32, §3º da LDB).
lugar em que vivem, asseguram a característica unitária das O ensino da História do Brasil levará em conta as
orientações curriculares nacionais, das propostas curriculares contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação
dos Estados, Distrito Federal e Municípios e dos projetos do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena,
político-pedagógicos das escolas. africana e europeia (art. 26, §4º da LDB). Ainda conforme o
Os conteúdos curriculares que compõem a parte artigo 26 A, alterado pela Lei nº 11.645/2008 (que inclui no
diversificada do currículo serão definidos pelos sistemas de currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da
ensino e pelas escolas, de modo a complementar e enriquecer temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”), a
o currículo, assegurando a contextualização dos História e a Cultura Afro-Brasileira, bem como a dos povos
conhecimentos escolares diante das diferentes realidades. É indígenas, presentes obrigatoriamente nos conteúdos
assim que, a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais e dos desenvolvidos no âmbito de todo o currículo escolar, em
conteúdos obrigatórios fixados em âmbito nacional, conforme especial na Arte, Literatura e História do Brasil, assim como a
determina a Constituição Federal em seu artigo 210, História da África, contribuirão para assegurar o
multiplicam-se as propostas e orientações curriculares de conhecimento e o reconhecimento desses povos para a
Estados e Municípios e, no seu bojo, os projetos político- constituição da nação. Sua inclusão possibilita ampliar o leque
pedagógicos das escolas, revelando a autonomia dos entes de referências culturais de toda a população escolar e
federados e das escolas nas suas respectivas jurisdições e contribui para a mudança das suas concepções de mundo,
traduzindo a pluralidade de possibilidades na implementação transformando os conhecimentos comuns veiculados pelo
dos currículos escolares diante das exigências do regime currículo e contribuindo para a construção de identidades
federativo. mais plurais e solidárias.
Os conteúdos que compõem a base nacional comum e a A Música constitui conteúdo obrigatório, mas não
parte diversificada têm origem nas disciplinas científicas, no exclusivo, do componente curricular Arte, o qual compreende,
desenvolvimento das linguagens, no mundo do trabalho e na também, as artes visuais, o teatro e a dança.
tecnologia, na produção artística, nas atividades desportivas e A Educação Física, componente obrigatório do currículo do
corporais, na área da saúde, nos movimentos sociais, e ainda Ensino Fundamental, integra a proposta político-pedagógica
incorporam saberes como os que advêm das formas diversas da escola e será facultativa ao aluno apenas nas circunstâncias
de exercício da cidadania, da experiência docente, do cotidiano previstas na LDB.
e dos alunos. O Ensino Religioso, de matrícula facultativa ao aluno, é
Os conteúdos sistematizados que fazem parte do currículo parte integrante da formação básica do cidadão e constitui
são denominados componentes curriculares, os quais, por sua componente curricular dos horários normais das escolas
vez, se articulam às áreas de conhecimento, a saber: públicas de Ensino Fundamental, assegurado o respeito à
Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências diversidade cultural e religiosa do Brasil e vedadas quaisquer
Humanas. As áreas de conhecimento favorecem a formas de proselitismo.
comunicação entre os conhecimentos e saberes dos diferentes Na parte diversificada do currículo do Ensino
componentes curriculares, mas permitem que os referenciais Fundamental, será incluído, obrigatoriamente, a partir do 6º
próprios de cada componente curricular sejam preservados. ano, o ensino de, pelo menos, uma Língua Estrangeira
O currículo da base nacional comum do Ensino moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar
Fundamental deve abranger obrigatoriamente, conforme o que poderá optar, entre elas, pela Língua Espanhola, nos
artigo 26 da LDB, o estudo da Língua Portuguesa e da termos da Lei nº 11.161/2005. É necessário esclarecer que
Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da língua indígena ou outras formas usuais de expressão verbal
realidade social e política, especialmente a do Brasil, bem de certas comunidades não podem ocupar o lugar do ensino de
como o ensino da Arte, a Educação Física e o Ensino Religioso. Língua Estrangeira moderna.
Os componentes curriculares obrigatórios do Ensino Os componentes curriculares e as áreas de conhecimento
Fundamental serão assim organizados em relação às áreas de devem articular a seus conteúdos, a partir das possibilidades
conhecimento: abertas pelos seus referenciais, a abordagem de temas
abrangentes e contemporâneos, que afetam a vida humana em
I – Linguagens: escala global, regional e local, bem como na esfera individual.
a) Língua Portuguesa Temas como saúde, sexualidade e gênero, vida familiar e
b) Língua materna, para populações indígenas social, assim como os direitos das crianças e adolescentes, de
c) Língua Estrangeira moderna acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº
d) Arte 8.069/90), preservação do meio ambiente, nos termos da
e) Educação Física política nacional de educação ambiental (Lei nº 9.795/99),
educação para o consumo, educação fiscal, trabalho, ciência e
II – Matemática tecnologia, diversidade cultural, devem permear o
desenvolvimento dos conteúdos da base nacional comum e da
III – Ciências da Natureza parte diversificada do currículo.
Outras leis específicas, que complementam a LDB,
IV – Ciências Humanas: determinam ainda que sejam incluídos temas relativos à
a) História educação para o trânsito (Lei nº 9.503/97) e à condição e
b) Geografia direitos dos idosos, conforme a Lei nº 10.741/2003.
A transversalidade constitui uma das maneiras de
trabalhar os componentes curriculares, as áreas de
conhecimento e os temas contemporâneos em uma
perspectiva integrada, tal como indicam as Diretrizes

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Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Essa interpretações, a escola também oferece lugar para que os
abordagem deve ser apoiada por meios adequados. Aos órgãos próprios educandos reinventem o conhecimento e criem e
executivos dos sistemas de ensino compete a produção e recriem cultura.
disseminação de materiais subsidiários ao trabalho docente, O currículo não se esgota, contudo, nos componentes
com o objetivo de contribuir para a eliminação de curriculares e nas áreas de conhecimento. Valores, atitudes,
discriminações, racismos e preconceitos, e conduzir à adoção sensibilidades e orientações de conduta são veiculados não só
de comportamentos responsáveis e solidários em relação aos pelos conhecimentos, mas por meio de rotinas, rituais, normas
outros e ao meio ambiente. de convívio social, festividades, visitas e excursões, pela
Na perspectiva de construção de uma sociedade mais distribuição do tempo e organização do espaço, pelos
democrática e solidária, novas demandas provenientes de materiais utilizados na aprendizagem, pelo recreio, enfim,
movimentos sociais e de compromissos internacionais pelas vivências proporcionadas pela escola.
firmados pelo país, passam, portanto, a ser contempladas Ao se debruçar sobre uma área de conhecimento ou um
entre os elementos que integram o currículo, como as tema de estudo, o aluno aprende, também, diferentes maneiras
referentes à promoção dos direitos humanos. Muitas delas de raciocinar; é sensibilizado por algum aspecto do tema
tendem a ser incluídas nas propostas curriculares pela adoção tratado, constrói valores, torna-se interessado ou se
da perspectiva multicultural. Entende-se, que os desinteressa pelo ensino. Assim, a aprendizagem de um
conhecimentos comuns do currículo criam a possibilidade de componente curricular ou de um problema a ser investigado,
dar voz a diferentes grupos como os negros, indígenas, bem como as vivências dos alunos no ambiente escolar,
mulheres, crianças e adolescentes, homossexuais, pessoas com contribuem para formar e conformar as subjetividades dos
deficiência. alunos, porque criam disposições para entender a realidade a
Mais ainda: o conhecimento de valores, crenças, modos de partir de certas referências, desenvolvem gostos e
vida de grupos sobre os quais os currículos se calaram durante preferências, levam os alunos a se identificarem com
uma centena de anos sob o manto da igualdade formal, determinadas perspectivas e com as pessoas que as adotam,
propicia desenvolver empatia e respeito pelo outro, pelo que é ou a se afastarem de outras. Desse modo, a escola pode
diferente de nós, pelos alunos na sua diversidade étnica, contribuir para que eles construam identidades plurais, menos
regional, social, individual e grupal, e leva a conhecer as razões fechadas em círculos restritos de referência e para a formação
dos conflitos que se escondem por trás dos preconceitos e de sujeitos mais compreensivos e solidários.
discriminações que alimentam as desigualdades sociais, Do ponto de vista da abordagem, reafirma-se a
étnico-raciais, de gênero e diversidade sexual, das pessoas importância do lúdico na vida escolar, não se restringindo sua
com deficiência e outras, assim como os processos de presença apenas à Arte e à Educação Física. Hoje se sabe que
dominação que têm, historicamente, reservado a poucos o no processo de aprendizagem a área cognitiva está
direto de aprender, que é de todos. inseparavelmente ligada à afetiva e à emocional. Pode-se dizer
A perspectiva multicultural no currículo leva, ainda, ao que tanto o prazer como a fantasia e o desejo estão imbricados
reconhecimento da riqueza das produções culturais e à em tudo o que fazemos. Os estudos sobre a vida diária, sobre o
valorização das realizações de indivíduos e grupos sociais e homem comum e suas práticas, desenvolvidos em vários
possibilita a construção de uma autoimagem positiva a muitos campos do conhecimento e, mais recentemente, pelos estudos
alunos que vêm se defrontando constantemente com as culturais, introduziram no campo do currículo a preocupação
condições de fracasso escolar, agravadas pela discriminação de estabelecer conexões entre a realidade cotidiana dos alunos
manifesta ou escamoteada no interior da escola. Além de e os conteúdos curriculares. Há, sem dúvida, em muitas
evidenciar as relações de interdependência e de poder na escolas, uma preocupação com o prazer que as atividades
sociedade e entre as sociedades e culturas, a perspectiva escolares possam proporcionar aos alunos. Não obstante,
multicultural tem o potencial de conduzir a uma profunda frequentemente parece que se tem confundido o prazer que
transformação do currículo comum. decorre de uma descoberta, de uma experiência estética, da
Quando os conhecimentos escolares se nutrem de temas comunhão de ideias, da solução de um problema, com o prazer
da vida social, também é preciso que as escolas se aproximem hedonista que tudo reduz à satisfação do prazer pessoal,
mais dos movimentos que os alimentam, das suas demandas e alimentado pela sociedade de consumo.
encaminhamentos. Ao lado disso, a interação na escola entre A escola tem tido dificuldades para tornar os conteúdos
os conhecimentos de referência disciplinar e aqueles escolares interessantes pelo seu significado intrínseco. É
provenientes das culturas populares pode possibilitar o necessário que o currículo seja planejado e desenvolvido de
questionamento de valores subjacentes em cada um deles e a modo que os alunos possam sentir prazer na leitura de um
necessidade de revê-los, ao mesmo tempo em que permite livro, na identificação do jogo de sombra e luz de uma pintura,
deixar clara a lógica que preside cada uma dessas formas de na beleza da paisagem, na preparação de um trabalho sobre a
conhecimento e que os torna diferentes uns dos outros, mas descoberta da luz elétrica, na pesquisa sobre os vestígios dos
não menos importantes. homens primitivos na América e de sentirem o estranhamento
ante as expressões de injustiça social e de agressão ao meio
A reinvenção do conhecimento e a apropriação da ambiente.
cultura pelos alunos As escolas devem propiciar ao aluno condições de
desenvolver a capacidade de aprender, como quer a Lei nº
Ao procurar aliviar o peso do individualismo que alimenta 9.394/96, em seu artigo 32, mas com prazer e gosto, tornando
as sociedades contemporâneas, movidas predominantemente suas atividades desafiadoras, atraentes e divertidas. Isso vale
pelas forças do mercado, a possibilidade de uma cultura tanto para a base nacional comum como para a parte
comum no ensino obrigatório tem de traduzir a tensão diversificada. Esta última, por estar voltada para aspectos e
permanente entre a universalização e a individualização dos interesses regionais e locais, pode incluir a abordagem de
conhecimentos (Dussel, 2009). temas que proporcionem aos estudantes maior compreensão
A leitura e a escrita, a História, as Ciências, a Arte, e interesse pela realidade em que vivem.
propiciam aos alunos o encontro com um mundo que é
diferente, mais amplo e diverso que o seu. Ao não se restringir 6. O projeto político-pedagógico
à transmissão de conhecimentos apresentados como verdades
acabadas e levar os alunos a perceberem que essas formas de O currículo do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de
entender e de expressar a realidade possibilitam outras duração exige a estruturação de um projeto educativo

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coerente, articulado e integrado, de acordo com os modos de que deve recair sobre as escolas e seus educadores toda a
ser e de se desenvolver das crianças e dos adolescentes nos responsabilidade pela mudança da qualidade do ensino. Ao
diferentes contextos sociais. O projeto educativo pode ser contrário, o esforço compartilhado necessita de forte apoio
entendido como uma das formas de expressão dos propósitos dos órgãos gestores, dos sistemas de ensino e da comunidade;
educacionais que pode ser compartilhada por diferentes mas ele é realmente insubstituível quando projeta o desejo de
escolas e redes. mudar a escola para melhor.
Ciclos, séries e outras formas de organização a que se O regimento escolar e o projeto político-pedagógico, em
refere a Lei nº 9.394/96 serão compreendidos como tempos e conformidade com a legislação e as normas vigentes, devem
espaços interdependentes e articulados entre si, ao longo dos conferir espaço e tempo para que os profissionais da escola e,
9 (nove) anos. em especial, os professores, possam participar de reuniões de
Ao empenhar-se em garantir aos alunos uma educação de trabalho coletivo, planejar e executar as ações educativas de
qualidade, todas as atividades da escola e a sua gestão deverão modo articulado, avaliar os trabalhos dos alunos, tomar parte
estar articuladas com esse propósito. O processo de em ações de formação continuada e estabelecer contatos com
enturmação dos alunos, a distribuição de turmas por a comunidade.
professor, as decisões sobre o currículo, a escolha dos livros No projeto político-pedagógico e no regimento escolar, o
didáticos, a ocupação do espaço, a definição dos horários e aluno, centro do planejamento curricular, deve ser
outras tarefas administrativas e/ou pedagógicas precisam considerado como sujeito que atribui sentidos à natureza e à
priorizar o atendimento aos interesses e necessidades dos sociedade nas práticas sociais que vivencia, produzindo
alunos. cultura, recriando conhecimentos e construindo sua
identidade pessoal e social. Como sujeito de direitos, ele deve
A gestão democrática e participativa como garantia do tomar parte ativa na discussão e implementação das normas
direito à educação que regem as formas de relacionamento na escola, fornecendo
indicações relevantes a respeito do que deve ser trabalhado no
O projeto político-pedagógico da escola e o seu regimento currículo ao tempo em que precisa ser incentivado a participar
escolar devem ser elaborados por meio de processos das organizações estudantis. Dentro das condições próprias da
participativos próprios da gestão democrática. idade, mesmo as crianças menores poderão manifestar-se, por
O projeto político-pedagógico traduz o projeto educativo exemplo, sobre o que gostam e não gostam na escola e também
construído pela comunidade escolar no exercício de sua a respeito da escola com que sonham.
autonomia com base nas características dos alunos, nos Na implementação do projeto político-pedagógico, o
profissionais e recursos disponíveis, tendo como referência as cuidar e o educar, indissociáveis funções da escola, resultarão
orientações curriculares nacionais e dos respectivos sistemas em ações integradas que buscam articular-se
de ensino. pedagogicamente no interior da própria instituição e, também,
Deve ser assegurada ampla participação dos profissionais externamente, com serviços de apoio aos sistemas
da escola, da família, dos alunos e da comunidade local na educacionais e com as políticas de outras áreas, para assegurar
definição das orientações imprimidas aos processos a aprendizagem, o bem-estar e o desenvolvimento do aluno em
educativos e nas formas de implementá-las. Estas devem ser todas as suas dimensões.
apoiadas por um processo contínuo de avaliação das ações de As escolas necessitam se articular também com as
modo a assegurar a distribuição social do conhecimento e instituições formadoras, com vistas a assegurar a atualização
contribuir para a construção de uma sociedade democrática e de seus profissionais tendo em conta as suas demandas
igualitária. específicas.
O regimento escolar deve assegurar as condições
institucionais adequadas para a execução do projeto político- Relevância dos conteúdos, integração e abordagens do
pedagógico e a oferta de uma educação inclusiva e com currículo
qualidade social, igualmente garantida a ampla participação
da comunidade escolar na sua elaboração. Quanto ao planejamento curricular, há que se pensar na
É a participação da comunidade que pode dar voz e vez às importância da seleção dos conteúdos e na sua forma de
crianças, aos adolescentes e às suas famílias, e também aos que organização. No primeiro caso, é preciso considerar a
frequentam a Educação de Jovens e Adultos (EJA), criando relevância dos conteúdos selecionados para a vida dos alunos
oportunidades institucionais para que todos os segmentos e para a continuidade de sua trajetória escolar, bem como a
envolvidos no processo educativo, particularmente aqueles pertinência do que é abordado em face da diversidade dos
pertencentes aos segmentos majoritários da população que estudantes, buscando a contextualização dos conteúdos e o
encontram grande dificuldade de se fazerem ouvir e de seu tratamento flexível. Além do que, será preciso oferecer
fazerem valer os seus direitos, possam manifestar os seus maior atenção, incentivo e apoio aos que deles demonstrarem
anseios e expectativas e possam ser levados em conta, tendo mais necessidade, com vistas a assegurar a igualdade de
como referência a oferta de um ensino de qualidade para acesso ao conhecimento.
todos. Em relação à organização dos conteúdos, há necessidade
O fato de o projeto político-pedagógico de muitas escolas de superar o caráter fragmentário das áreas, buscando uma
figurar apenas como um texto formal que cumpre uma integração no currículo que possibilite tornar os
exigência burocrática, não significa que a escola não tenha um conhecimentos abordados mais significativos para os
projeto próprio. Significa que ele é, na verdade, um projeto educandos e favorecer a participação ativa de alunos com
pedagógico fragmentado, em que cada professor se encerra no habilidades, experiências de vida e interesses muito
seu trabalho solitário para desenvolver o currículo à sua diferentes.
maneira. Os estudiosos do tema têm insistido na crítica aos
As experiências das escolas que conseguem reverter o jogo currículos em que as disciplinas apresentam fronteiras
e obter melhorias significativas na qualidade do ensino fortemente demarcadas, sem conexões e diálogos entre elas.
seguem por caminhos bem variados, mas todas têm em Criticam, também, os currículos que se caracterizam pela
comum um fato: é por meio de um projeto educativo distância que mantêm com a vida cotidiana, pelo caráter
democrático e compartilhado, em que os professores, a abstrato do conhecimento trabalhado e pelas formas de
direção, os funcionários e a comunidade unem seus esforços e avaliação que servem apenas para selecionar e classificar os
chegam mais perto da escola que desejam. Isso não quer dizer alunos, estigmatizando os que não se enquadram nas suas

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expectativas. A literatura sobre currículo avança ao propor educação que trabalha com abstrações e estimula a capacidade
que o conhecimento seja contextualizado, permitindo que os de raciocínio lógico. Assim sendo, vale repetir que os
alunos estabeleçam relações com suas experiências. Evita-se, segmentos populares, ao lutarem pelo direito à escola e à
assim, a transmissão mecânica de um conhecimento que educação, aspiram apossar-se dos conhecimentos que,
termina por obscurecer o seu caráter provisório e que não leva transcendendo as suas próprias experiências, lhes forneçam
ao envolvimento ativo do estudante no processo de instrumentos mais complexos de análise da realidade e
aprendizagem (Moreira e Candau, 2008). permitam atingir níveis mais universais de explicação dos
Os componentes curriculares e as áreas de conhecimento, fenômenos. São esses conhecimentos que os mecanismos
relacionados a um projeto educativo de longo prazo, como internos de exclusão na escola têm reservado somente às
deve ser o da Educação Básica, concorrem de maneira decisiva minorias, mas que é preciso assegurar a toda a população.
para assegurar uma sistematização de conhecimentos Ainda quanto à abordagem do currículo, os professores
imprescindível no Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, levarão em conta a diversidade sociocultural da população
garantindo-lhe continuidade e consistência. Mas eles escolar, as desigualdades de acesso ao consumo de bens
certamente devem ser trabalhados por diversas abordagens culturais e a multiplicidade de interesses e necessidades
integradoras. Continuidade e consistência não querem dizer apresentados pelos estudantes no desenvolvimento de
uniformidade e padronização de sequências e conteúdos. metodologias e estratégias variadas que melhor respondam às
Têm sido numerosas e variadas as experiências das escolas diferenças de aprendizagem entre os alunos e às suas
brasileiras quanto ao esforço de integração do currículo. Há demandas.
propostas curriculares ordenadas em torno de grandes eixos A criação de um ambiente propício à aprendizagem na
articuladores; experiências de redes que trabalham projetos escola terá como base o trabalho compartilhado e o
de interdisciplinaridade com base em temas geradores compromisso dos professores e dos demais profissionais com
formulados a partir de problemas detectados na comunidade; a aprendizagem dos alunos; o atendimento às necessidades
as que procuram enredar esses temas às áreas de específicas de aprendizagem de cada um mediante formas de
conhecimento; os chamados currículos em rede; as que abordagem apropriadas; a utilização dos recursos disponíveis
propõem a integração do currículo por meio de conceitos- na escola e nos espaços sociais e culturais do entorno; a
chave ou ainda de conceitos nucleares que permitem trabalhar contextualização dos conteúdos, assegurando que a
as questões cognitivas e as questões culturais numa aprendizagem seja relevante e socialmente significativa; e o
perspectiva transversal. cultivo do diálogo e de relações de parceria com as famílias.
Atualmente, estão muito disseminadas nas escolas Para tanto, é fundamental contar com o apoio solidário dos
concepções diversas de projetos de trabalho, que se espera, sistemas de ensino e das próprias escolas no provimento de
devem enriquecer o currículo tornando os conhecimentos adequadas condições de trabalho e de outros recursos, de
escolares mais vivos e desafiadores para os alunos. Entretanto, acordo com os padrões mínimos de qualidade referidos no
é importante que os vários projetos em andamento em muitas inciso IX, do art. 4º da LDB, e objeto de manifestação deste
escolas estejam articulados ao tratamento dos conteúdos colegiado no Parecer CNE/CEB nº 8/2010.
curriculares e às áreas de conhecimento, evitando a Os sistemas de ensino, as escolas e os professores, com o
fragmentação e a dispersão provocadas por iniciativas com apoio das famílias e da comunidade, devem envidar esforços
propósitos diferentes e que não se comunicam entre si. É nesse para assegurar o progresso contínuo dos alunos no que se
sentido que deve ser operacionalizada a orientação contida refere ao seu desenvolvimento pleno e à aquisição de
nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação aprendizagens significativas, lançando mão de todos os
Básica, quando preconizam o tratamento dos conteúdos recursos disponíveis e criando renovadas oportunidades para
curriculares por meio de projetos e que orientam que, para evitar que a trajetória escolar discente seja retardada ou
eles, sejam destinados pelo menos 20% da carga horária de indevidamente interrompida. Devem, portanto, adotar as
trabalho anual. providências necessárias para que a operacionalização do
O fundamental no esforço de integração parece ser princípio da continuidade não seja traduzida como “promoção
justamente a necessária disposição, por parte dos professores, automática” de alunos de um ano, série ou ciclo para o
de trabalhar juntos, de compartilhar com os colegas os acertos seguinte, e para que o combate à repetência não se transforme
e as indagações que decorrem de posturas e práticas ainda em descompromisso com o ensino e a aprendizagem.
minoritárias no país. A organização do trabalho pedagógico deve levar em conta
Os esforços de integração têm buscado maior conexão com a mobilidade e a flexibilização dos tempos e espaços escolares,
os problemas que os alunos e sua comunidade enfrentam, ou a diversidade nos agrupamentos de alunos, as diversas
ainda com as demandas sociais e institucionais mais amplas linguagens artísticas, a diversidade de materiais, os variados
que a escola deve responder. Nesse processo, é preciso que os suportes literários, as atividades que mobilizem o raciocínio,
conteúdos curriculares não sejam banalizados. Algumas as atitudes investigativas, a articulação entre a escola e a
escolas, por vezes, têm caído em extremos: a valorização comunidade e o acesso aos espaços de expressão cultural.
apenas dos conteúdos escolares de referência disciplinar ou
certa rejeição a esses conteúdos, sob o pretexto de que é As articulações do Ensino Fundamental e a
preciso evitar o “conteudismo”. A literatura educacional tem continuidade da trajetória escolar dos alunos
mostrado que, em nome de um ensino que melhor responda às
exigências de competitividade das sociedades Um desafio com que se depara o Ensino Fundamental diz
contemporâneas, é frequente que a escola termine alijando os respeito à sua articulação com as demais etapas da educação,
alunos pertencentes às camadas populares do contato e do especialmente com a Educação Infantil e com o Ensino Médio.
aprendizado de conhecimentos essenciais à sua formação, A falta de articulação entre as diferentes etapas da Educação
porque desconhece o universo material e simbólico das Básica tem criado barreiras que dificultam o percurso escolar
crianças, adolescentes, jovens e adultos e não faz a ponte de dos alunos. Para a sua superação é preciso que o Ensino
que necessitam os alunos para dominar os conhecimentos Fundamental passe a incorporar tanto algumas práticas que
veiculados. integram historicamente a Educação Infantil, assim como
Por sua vez, alguns currículos muito centrados nas traga para o seu interior preocupações compartilhadas por
culturas dos alunos, ao proporem às camadas populares uma grande parte dos professores do Ensino Médio, como a
educação escolar calcada sobretudo na espontaneidade e na necessidade de sistematizar conhecimentos, de proporcionar
criatividade, terminam por reservar apenas para as elites uma

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oportunidades para a formação de conceitos e a preocupação proporcionada pelo alargamento da Educação Básica, o Ensino
com o desenvolvimento do raciocínio abstrato, dentre outras. Fundamental terá muito a ganhar se absorver da Educação
Não menos necessária é uma integração maior entre os Infantil a necessidade de recuperar o caráter lúdico da
anos iniciais e os anos finais do Ensino Fundamental. Há que aprendizagem, particularmente entre as crianças de 6 (seis) a
superar os problemas localizados na passagem das séries 10 (dez) anos que frequentam as suas classes, tornando as
iniciais e a das séries finais dessa etapa, decorrentes de duas aulas menos repetitivas, mais prazerosas e desafiadoras e
diferentes tradições de ensino. Os alunos, ao mudarem do levando à participação ativa dos alunos. A escola deve adotar
professor generalista dos anos iniciais para os professores formas de trabalho que proporcionem maior mobilidade às
especialistas dos diferentes componentes curriculares, crianças na sala de aula, explorar com elas mais intensamente
costumam se ressentir diante das muitas exigências que têm as diversas linguagens artísticas, a começar pela literatura,
de atender, feitas pelo grande número de docentes dos anos utilizar mais materiais que proporcionem aos alunos
finais. Essa transição acentua a necessidade de um oportunidade de racionar manuseando-os, explorando as suas
planejamento curricular integrado e sequencial e abre a características e propriedades, ao mesmo tempo em que passa
possibilidade de adoção de formas inovadoras a partir do 6º a sistematizar mais os conhecimentos escolares.
ano, a exemplo do que já o fazem algumas escolas e redes de Além disso, é preciso garantir que a passagem da Pré-
ensino. Escola para o Ensino Fundamental não leve a ignorar os
A passagem dos anos iniciais para os anos finais do Ensino conhecimentos que a criança já adquiriu. Igualmente, o
Fundamental apresenta ainda mais uma dificuldade: o intenso processo de alfabetização e letramento, com o qual ela passa a
processo de descentralização ocorrido na última década estar mais sistematicamente envolvida, não pode sofrer
acentuou a cisão dessa etapa da escolaridade, levando à interrupção ao final do primeiro ano dessa nova etapa da
concentração da oferta dos anos iniciais, majoritariamente nas escolaridade.
redes municipais, e dos anos finais, nas redes mantidas pelos Assim como há crianças que depois de alguns meses estão
Estados. O fato requer especial atenção de Estados e alfabetizadas, outras requerem de dois a três anos para
Municípios ao planejarem conjuntamente o atendimento à consolidar suas aprendizagens básicas, o que tem a ver, muito
demanda, a fim de evitar obstáculos ao acesso dos alunos que frequentemente, com seu convívio em ambientes em que os
devem mudar de uma rede para outra para completar o Ensino usos sociais da leitura e escrita são intensos ou escassos, assim
Fundamental. como com o próprio envolvimento da criança com esses usos
As articulações no interior do Ensino Fundamental, e deste sociais na família e em outros locais fora da escola. Entretanto,
com as etapas que o antecedem e o sucedem na Educação mesmo entre as crianças das famílias de classe média, em que
Básica, são, pois, elementos fundamentais para o bom a utilização da leitura e da escrita é mais corrente, verifica-se,
desempenho dos estudantes e a continuidade dos seus também, grande variação no tempo de aprendizagem dessas
estudos. habilidades pelos alunos.
Um dos sérios entraves ao percurso escolar dos alunos tem Para as crianças que entram pela primeira vez na escola
sido a cultura da repetência que impregna as práticas aos 6 (seis) anos, o período requerido para esse aprendizado
escolares. Há muitos anos, diferentes estudos têm mostrado pode ser mais prolongado, mas o esperado é que, com a
que a repetência não é o melhor caminho para assegurar que ampliação da obrigatoriedade escolar para a faixa etária dos 4
os alunos aprendam. Ao contrário, a repetência, além de (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, todas as crianças se
desconsiderar o que o aluno já aprendeu, geralmente não lhe beneficiem. Entretanto, os anos iniciais do Ensino
oferece oportunidade de superar as dificuldades que Fundamental de 9 (nove) anos não se reduzem apenas à
apresentava e termina por desinteressá-lo dos estudos ainda alfabetização e ao letramento. Desde os 6 (seis) anos de idade,
mais, aumentando a probabilidade de que repita novamente os conteúdos dos demais componentes curriculares devem
aquela série e contribuindo para baixar a sua autoestima. Mas também ser trabalhados. São eles que, ao descortinarem às
aqui é preciso enfatizar, mais uma vez, que o combate à crianças o conhecimento do mundo por meio de novos olhares,
repetência não pode significar descompromisso com o ensino lhes oferecem oportunidades de exercitar a leitura e a escrita
e a aprendizagem. de um modo mais significativo.
A enturmação dos alunos por idade e não por nível de Há que lembrar, porém, que os anos iniciais do Ensino
conhecimento passou a ser uma alternativa ao que costumava Fundamental têm se constituído, historicamente, em um dos
ser feito quando as escolas dividiam as turmas de alunos em maiores obstáculos interpostos aos alunos para prosseguirem
fracas, médias e fortes, as quais terminavam prejudicando aprendendo. Há não muito tempo atrás, por décadas e décadas,
especialmente os considerados mais fracos e aumentando a cerca de metade dos alunos repetiam a primeira série, sendo
defasagem entre eles e os demais. Pesquisas mostraram a barrados logo no início da escolarização por não estarem
impossibilidade de formar turmas homogêneas, em vista das completamente alfabetizados. Além disso, a maioria dos
diferenças existentes entre os alunos. Evidenciaram, também, alunos matriculados no ensino obrigatório não conseguia
que muito do que se aprende na escola é aprendido nas chegar ao seu final por causa da repetência. Os poucos que o
interações dos próprios alunos e advogam, há algumas concluíam levavam, em média, perto de 12 (doze) anos, ou
décadas, que a heterogeneidade das turmas pode se converter seja, o tempo previsto para cursar o Ensino Fundamental e o
em uma vantagem, tanto do ponto de vista cognitivo, quanto Ensino Médio. Mesmo nos dias atuais, em que baixaram
do afetivo e do cultural, pois favorece a ajuda entre os consideravelmente os índices de repetência escolar no país,
educandos, estimula-os mutuamente e enriquecendo o seu esses índices ainda figuram entre os maiores do mundo. E a
convívio. repetência, como se sabe, não gera qualidade!
As maiores vítimas da repetência têm sido as crianças e
A entrada de crianças de 6 (seis) anos no Ensino adolescentes pobres, mestiços e negros, e, mais recentemente,
Fundamental tem-se observado, ainda, que são os alunos do sexo masculino,
pobres e negros, os que mais ficam em recuperação e
A entrada de crianças de 6 (seis) anos no Ensino apresentam atraso escolar. Esse dado remete às implicações
Fundamental implica assegurar-lhes garantia de do currículo com as desigualdades sociais, étnico-raciais e de
aprendizagem e desenvolvimento pleno, atentando para a gênero. A despeito do grande esforço feito pelas famílias de
grande diversidade social, cultural e individual dos alunos, o baixa renda para manter os filhos na escola, depois de muito
que demanda espaços e tempos diversos de aprendizagem. Na repetirem, um grande número deles se evade.
perspectiva da continuidade do processo educativo

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A proposta de organização dos três primeiros anos do Ainda que já dito em termos mais gerais, vale enfatizar que
Ensino Fundamental em um único ciclo exige mudanças no no início do Ensino Fundamental, atendendo às
currículo para melhor trabalhar com a diversidade dos alunos especificidades do desenvolvimento infantil, a avaliação
e permitir que eles progridam na aprendizagem. Ela também deverá basear-se, sobretudo, em procedimentos de
questiona a concepção linear de aprendizagem que tem levado observação e registro das atividades dos alunos e portfólios de
à fragmentação do currículo e ao estabelecimento de seus trabalhos, seguidos de acompanhamento contínuo e de
sequências rígidas de conhecimentos, as quais, durante muito revisão das abordagens adotadas, sempre que necessário.
tempo, foram evocadas para justificar a reprovação nas
diferentes séries. A promoção dos alunos deve vincular-se às A avaliação
suas aprendizagens; não se trata, portanto, de promoção
automática. Para garantir a aprendizagem, as escolas deverão Quanto aos processos avaliativos, parte integrante do
construir estratégias pedagógicas para recuperar os alunos currículo, há que partir do que determina a LDB em seus
que apresentarem dificuldades no seu processo de construção artigos 12, 13 e 24, cujos comandos genéricos prescrevem o
do conhecimento. zelo pela aprendizagem dos alunos, a necessidade de prover os
Entre as iniciativas de redes que adotaram ciclos, muitas meios e as estratégias para a recuperação daqueles com menor
propostas terminaram por incorporar algumas das rendimento e consideram a prevalência dos aspectos
formulações mais avançadas do ideário contemporâneo da qualitativos sobre os quantitativos, bem como os resultados ao
educação, com vistas a garantir o sucesso dos alunos na longo do período sobre os de eventuais provas finais.
aprendizagem, combater a exclusão e assegurar que todos A avaliação do aluno, a ser realizada pelo professor e pela
tenham, efetivamente, direito a uma educação de qualidade. escola, é redimensionadora da ação pedagógica e deve assumir
Movimentos de renovação pedagógica têm-se esforçado por um caráter processual, formativo e participativo, ser contínua,
trabalhar com concepções que buscam a integração das cumulativa e diagnóstica.
abordagens do currículo e uma relação mais dialógica entre as A avaliação formativa, que ocorre durante todo o processo
vivências dos alunos e o conhecimento sistematizado. educacional, busca diagnosticar as potencialidades do aluno e
Os ciclos assim concebidos concorrem, juntamente com detectar problemas de aprendizagem e de ensino. A
outros dispositivos da escola calcados na sua gestão intervenção imediata no sentido de sanar dificuldades que
democrática, para superar a concepção de docência solitária alguns estudantes evidenciem é uma garantia para o seu
do professor que se relaciona exclusivamente com a sua turma, progresso nos estudos. Quanto mais se atrasa essa
substituindo-a pela docência solidária, que considera o intervenção, mais complexo se torna o problema de
conjunto de professores de um ciclo responsável pelos alunos aprendizagem e, consequentemente, mais difícil se torna saná-
daquele ciclo, embora não eliminem o professor de referência lo.
que mantém um contato mais prolongado com a classe. A avaliação contínua pode assumir várias formas, tais
Aposta-se, assim, que o esforço conjunto dos professores, como a observação e o registro das atividades dos alunos,
apoiado por outras instâncias dos sistemas escolares, sobretudo nos anos iniciais do Ensino Fundamental, trabalhos
contribua para criar uma escola menos seletiva e capaz de individuais, organizados ou não em portfólios, trabalhos
proporcionar a cada um e a todos o atendimento mais coletivos, exercícios em classe e provas, dentre outros. Essa
adequado a que têm direito. avaliação constitui um instrumento indispensável do
Para evitar que as crianças de 6 (seis) anos se tornem professor na busca do sucesso escolar de seus alunos e pode
reféns prematuros da cultura da repetência e que não seja indicar, ainda, a necessidade de atendimento complementar
indevidamente interrompida a continuidade dos processos para enfrentar dificuldades específicas, a ser oferecido no
educativos levando à baixa autoestima do aluno e, sobretudo, mesmo período de aula ou no contra turno, o que requer
para assegurar a todas as crianças uma educação de qualidade, flexibilidade dos tempos e espaços para aprender na escola e
recomenda-se enfaticamente que os sistemas de ensino também flexibilidade na atribuição de funções entre o corpo
adotem nas suas redes de escolas a organização em ciclo dos docente.
três primeiros anos do Ensino Fundamental, abrangendo Os projetos político-pedagógicos das escolas e os
crianças de 6 (seis), 7 (sete) e 8 (oito) anos de idade e regimentos escolares deverão, pois, obrigatoriamente,
instituindo um bloco destinado à alfabetização. disciplinar os tempos e espaços de recuperação, de preferência
Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola, no uso de paralelos ao período letivo, tal como determina a LDB, e prever
sua autonomia, fizerem opção pelo regime seriado, é a possibilidade de aceleração de estudos para os alunos com
necessário considerar os três anos iniciais do Ensino atraso escolar. Há ainda que assegurar tempos e espaços de
Fundamental como um bloco pedagógico ou um ciclo reposição dos conteúdos curriculares ao longo do ano letivo
sequencial não passível de interrupção, voltado para ampliar a aos alunos com frequência insuficiente, evitando, sempre que
todos os alunos as oportunidades de sistematização e possível, a retenção por faltas.
aprofundamento das aprendizagens básicas, imprescindíveis Considerando que a avaliação implica sempre um
para o prosseguimento dos estudos. julgamento de valor sobre o aproveitamento do aluno, cabe,
Os três anos iniciais do Ensino Fundamental devem contudo alertar que ela envolve frequentemente juízos prévios
assegurar: e não explicitados pelo professor acerca do que o aluno é capaz
a) a alfabetização e o letramento; de aprender. Esses pré-julgamentos, muitas vezes baseados
b) o desenvolvimento das diversas formas de expressão, em características que não são de ordem cognitiva e sim social,
incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa, a Literatura, a conduzem o professor a não estimular devidamente certos
Música e demais artes, a Educação Física, assim como o alunos que, de antemão, ele acredita que não irão
aprendizado da Matemática, de Ciências, de História e de corresponder às expectativas de aprendizagem. O resultado é
Geografia; que, por falta de incentivo e atenção docente, tais alunos
c) a continuidade da aprendizagem, tendo em conta a terminam por confirmar as previsões negativas sobre o seu
complexidade do processo de alfabetização e os prejuízos que desempenho.
a repetência pode causar no Ensino Fundamental como um Mas a avaliação não é apenas uma forma de julgamento
todo, e, particularmente, na passagem do primeiro para o sobre o processo de aprendizagem do aluno, pois também
segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro. sinaliza problemas com os métodos, as estratégias e
abordagens utilizados pelo professor. Diante de um grande
número de problemas na aprendizagem de determinado

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assunto, o professor deve ser levado a pensar que houve falhas aos alunos, reforçando a sua responsabilidade de propiciar
no processo de ensino que precisam ser reparadas. renovadas oportunidades e incentivos aos que deles
A avaliação proporciona ainda oportunidade aos alunos de necessitem.
melhor se situarem em vista de seus progressos e dificuldades,
e aos pais, de serem informados sobre o desenvolvimento 7. Educação em tempo integral
escolar de seus filhos, representando também uma prestação
de contas que a escola faz à comunidade que atende. Esse A escola brasileira é uma das que possui menor número de
espaço de diálogo com os próprios alunos – e com as suas horas diárias de efetivo trabalho escolar. Não obstante, há
famílias, no caso do Ensino Fundamental regular – sobre o reiteradas manifestações da legislação apontando para o seu
processo de aprendizagem e o rendimento escolar que tem aumento na perspectiva de uma educação integral
consequência importante na trajetória de estudos de cada um, (Constituição Federal, artigos 205, 206 e 227; Estatuto da
precisa ser cultivado pelos educadores e é muito importante Criança e do Adolescente, Lei nº 9.089/90; Diretrizes e Bases
na criação de um ambiente propício à aprendizagem. Além da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, art. 34; Plano Nacional
disso, a transparência dos processos avaliativos assegura a de Educação, Lei nº 10.172/2001; e Fundo de Manutenção e
possibilidade de discussão dos referidos resultados por parte Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
de pais e alunos, inclusive junto a instâncias superiores à Profissionais da Educação, Lei nº 11.494/2007). Além do mais,
escola, no sentido de preservar os direitos destes, tal como já existem variadas experiências de escola em período integral
determina o Estatuto da Criança e do Adolescente. em diferentes redes e sistemas de ensino no país. Diante desse
Os procedimentos de avaliação adotados pelos professores quadro, considera-se que a proposta educativa da escola de
e pela escola serão articulados às avaliações realizadas em tempo integral poderá contribuir significativamente para a
nível nacional e às congêneres nos diferentes Estados e melhoria da qualidade da educação e do rendimento escolar,
Municípios, criadas com o objetivo de subsidiar os sistemas de ao passo em que se exorta os sistemas de ensino a ampliarem
ensino e as escolas nos esforços de melhoria da qualidade da a sua oferta. Esse tipo de escola, quando voltada
educação e da aprendizagem dos alunos. A análise do prioritariamente para o atendimento das populações com alto
rendimento dos alunos com base nos indicadores produzidos índice de vulnerabilidade social que, não por acaso,
por essas avaliações deve auxiliar os sistemas de ensino e a encontram-se concentradas em instituições com baixo
comunidade escolar a redimensionarem as práticas educativas rendimento dos alunos, situadas em capitais e regiões
com vistas ao alcance de melhores resultados. metropolitanas densamente povoadas, poderá dirimir as
Entretanto, a ênfase excessiva nos resultados das desigualdades de acesso à educação, ao conhecimento e à
avaliações externas – que oferecem indicações de uma parcela cultura e melhorar o convívio social.
restrita do que é trabalhado na escola – pode produzir a O currículo da escola de tempo integral, concebido como
inversão das referências para o trabalho pedagógico, o qual um projeto educativo integrado, deve prever uma jornada
tende a abandonar as propostas curriculares e orientar-se escolar de, no mínimo, 7 (sete) horas diárias. A ampliação da
apenas pelo que é avaliado por esses sistemas. Desse modo, a jornada poderá ser feita mediante o desenvolvimento de
avaliação deixa de ser parte do desenvolvimento do currículo, atividades como as de acompanhamento e apoio pedagógico,
passando a ocupar um lugar indevido no processo reforço e aprofundamento da aprendizagem, experimentação
educacional. Isso ocasiona outras consequências, como a e pesquisa científica, cultura e artes, esporte e lazer,
redução do ensino à aprendizagem daquilo que é exigido nos tecnologias da comunicação e informação, afirmação da
testes. A excessiva preocupação com os resultados desses cultura dos direitos humanos, preservação do meio ambiente,
testes sem maior atenção aos processos pelos quais as promoção da saúde, entre outras, articuladas aos
aprendizagens ocorrem, também termina obscurecendo componentes curriculares e áreas de conhecimento, bem como
aspectos altamente valorizados nas propostas da educação as vivências e práticas socioculturais.
escolar que não são mensuráveis, como, por exemplo, a As atividades serão desenvolvidas dentro do espaço
autonomia, a solidariedade, o compromisso político e a escolar, conforme a disponibilidade da escola, ou fora dele, em
cidadania, além do próprio ensino de História e de Geografia e espaços distintos da cidade ou do território em que está
o desenvolvimento das diversas áreas de expressão. É situada a unidade escolar, mediante a utilização de
importante ainda considerar que os resultados da educação equipamentos sociais e culturais aí existentes e o
demoram, às vezes, longos períodos de tempo para se estabelecimento de parcerias com órgãos ou entidades locais,
manifestar ou se manifestam em outros campos da vida sempre de acordo com o projeto político-pedagógico de cada
humana. Assim sendo, as referências para o currículo devem escola.
continuar sendo as contidas nas propostas político- Ao restituir a condição de ambiente de aprendizagem à
pedagógicas das escolas, articuladas às orientações e comunidade e à cidade, a escola estará contribuindo para a
propostas curriculares dos sistemas, sem reduzir os seus construção de redes sociais na perspectiva das cidades
propósitos ao que é avaliado pelos testes de larga escala. educadoras.
Os resultados de aprendizagem dos alunos devem ser Os órgãos executivos e normativos dos sistemas de ensino
aliados, por sua vez, à avaliação das escolas e de seus da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
professores, tendo em conta os insumos básicos necessários à assegurarão que o atendimento dos alunos na escola de tempo
educação de qualidade para todos nesta etapa da educação, integral das redes públicas possua infraestrutura adequada e
consideradas, inclusive, as suas modalidades e as formas pessoal qualificado. E para que a oferta de educação nesse tipo
diferenciadas de atendimento como a Educação do Campo, a de escola não se resuma a uma simples justaposição de tempos
Educação Escolar Indígena, a Educação Escolar Quilombola e e espaços disponibilizados em outros equipamentos de uso
as escolas de tempo integral. social, como quadras esportivas e espaços para práticas
A melhoria dos resultados de aprendizagem dos alunos e culturais, é imprescindível que atividades programadas no
da qualidade da educação obriga os sistemas de ensino a projeto político-pedagógico da escola de tempo integral sejam
incrementarem os dispositivos da carreira e de condições de de presença obrigatória e, em face delas, o desempenho dos
exercício e valorização do magistério e dos demais alunos seja passível de avaliação.
profissionais da educação, e a oferecerem os recursos e apoios
que demandam as escolas e seus profissionais para melhorar
a sua atuação. Obriga, também, as escolas a uma apreciação
mais ampla das oportunidades educativas por elas oferecidas

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8. Educação do Campo, Educação Escolar Indígena e A participação das populações locais é importante também
Educação Escolar Quilombola para subsidiar as redes escolares e os sistemas de ensino
quanto à produção e oferta de materiais escolares e no que diz
A Educação do Campo, tratada como educação rural na respeito ao transporte e a equipamentos que atendam as
legislação brasileira, incorpora os espaços da floresta, da características ambientais e socioculturais das comunidades e
pecuária, das minas e da agricultura e se estende também aos as necessidades locais e regionais.
espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extrativistas,
conforme as Diretrizes para a Educação Básica do Campo 9. Educação Especial
(Parecer CNE/CEB nº 36/2001 e Resolução CNE/CEB nº
1/2002, e Parecer CNE/CEB nº 3/2008 e Resolução CNE/CEB Intensificando o processo de inclusão e buscando a
nº 2/2008). universalização do atendimento, as escolas públicas e privadas
A Educação Escolar Indígena e a Educação Escolar deverão, também, contemplar a melhoria das condições de
Quilombola são, respectivamente, oferecidas em unidades acesso e de permanência dos alunos com deficiência,
educacionais inscritas em suas terras e culturas e para essas transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades
populações estão assegurados direitos específicos na nas classes comuns do ensino regular. Os recursos de
Constituição Federal que lhes permitem valorizar e preservar acessibilidade, como o nome já indica, asseguram condições de
suas culturas e reafirmar o seu pertencimento étnico. acesso ao currículo dos alunos com deficiência e mobilidade
As escolas indígenas, atendendo a normas e ordenamentos reduzida, por meio da utilização de materiais didáticos, dos
jurídicos próprios e a Diretrizes Nacionais específicas, terão espaços, mobiliários e equipamentos, dos sistemas de
ensino intercultural e bilíngue, com vistas à afirmação e comunicação e informação, dos transportes e outros serviços.
manutenção da diversidade étnica e linguística; assegurarão a Além disso, com o objetivo de ampliar o acesso ao
participação da comunidade no seu modelo de edificação, currículo, proporcionando independência aos educandos para
organização e gestão; e deverão contar com materiais a realização de tarefas e favorecendo a sua autonomia, foi
didáticos produzidos de acordo com o contexto cultural de criado, pelo Decreto nº 6.571/2008, o atendimento
cada povo (Resolução CNE/ CEB nº 3/99). educacional especializado aos alunos da Educação Especial,
O detalhamento da Educação Escolar Quilombola deverá posteriormente regulamentado pelo Parecer CNE/CEB nº
ser definido pelo CNE por meio de Diretrizes Curriculares 13/2009 e pela Resolução CNE/CEB nº 4/2009. Esse
Nacionais específicas. atendimento, a ser expandido gradativamente com o apoio dos
O atendimento escolar às populações do campo, povos órgãos competentes, não substitui a escolarização regular,
indígenas e quilombolas requer respeito às suas peculiares sendo complementar à ela. Ele será oferecido no contraturno,
condições de vida e pedagogias condizentes com as suas em salas de recursos multifuncionais na própria escola, em
formas próprias de produzir conhecimentos, observadas as outra escola ou em centros especializados e será
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação implementado por professores e profissionais com formação
Básica (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/ CEB nº especializada, de acordo com plano de atendimento aos alunos
4/2010). que identifique suas necessidades educacionais específicas,
As escolas das populações do campo, dos povos indígenas defina os recursos necessários e as atividades a serem
e dos quilombolas, ao contar com a participação ativa das desenvolvidas.
comunidades locais nas decisões referentes ao currículo,
estarão ampliando as oportunidades de: 10. Educação de Jovens e Adultos
I– reconhecimento de seus modos próprios de vida, suas
culturas, tradições e memórias coletivas, como fundamentais A Educação de Jovens e Adultos (EJA), voltada para a
para a constituição da identidade das crianças, adolescentes e garantia de formação integral, abrange da alfabetização às
adultos; diferentes etapas da escolarização ao longo da vida, inclusive
II– valorização dos saberes e do papel dessas populações àqueles em situação de privação de liberdade, sendo pautada
na produção de conhecimentos sobre o mundo, seu ambiente pela inclusão e pela qualidade social. Ela requer um processo
natural e cultural, assim como as práticas ambientalmente de gestão e financiamento que lhe assegure isonomia em
sustentáveis que utilizam; relação ao Ensino Fundamental regular, um modelo
III– reafirmação do pertencimento étnico, no caso das pedagógico próprio que permita a apropriação e
comunidades quilombolas e dos povos indígenas, e do cultivo contextualização das Diretrizes Curriculares Nacionais, a
da língua materna na escola para estes últimos, como implantação de um sistema de monitoramento e avaliação,
elementos importantes de construção da identidade; uma política de formação permanente de seus professores,
IV– flexibilização, se necessário, do calendário escolar, das formas apropriadas para a destinação à EJA de profissionais
rotinas e atividades, tendo em conta as diferenças relativas às experientes e qualificados nos processos de escolha e
atividades econômicas e culturais, mantido o total de horas atribuição de aulas nas redes públicas e maior alocação de
anuais obrigatórias no currículo; recursos para que seja ministrada por docentes licenciados.
V– superação das desigualdades sociais e escolares que Conforme a Resolução CNE/CEB nº 3/2010, que institui
afetam essas populações, tendo por garantia o direito à Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos,
educação; a idade mínima para ingresso nos cursos de EJA e para a
realização de exames de conclusão de EJA será de 15 (quinze)
Os projetos político-pedagógicos das escolas do campo, anos completos.
indígenas e quilombolas devem contemplar a diversidade nos Considerada a prioridade de atendimento à escolarização
seus aspectos sociais, culturais, políticos, econômicos, obrigatória, para que haja oferta capaz de contemplar o pleno
estéticos, de gênero, geração e etnia. atendimento dos adolescentes, jovens e adultos na faixa dos 15
As escolas que atendem essas populações deverão ser (quinze) anos ou mais, com defasagem idade/série, tanto no
devidamente providas pelos sistemas de ensino de materiais ensino regular, quanto em EJA, assim como nos cursos
didáticos e educacionais que subsidiem o trabalho com a destinados à formação profissional, torna-se necessário:
diversidade, bem como de recursos que assegurem aos alunos a) fazer a chamada ampliada dos estudantes em todas as
o acesso a outros bens culturais e lhes permitam estreitar o modalidades do Ensino Fundamental;
contato com outros modos de vida e outras formas de b) apoiar as redes e os sistemas de ensino no
conhecimento. estabelecimento de política própria para o atendimento desses

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estudantes que considere as suas potencialidades, c) a coordenação do processo de implementação do


necessidades, expectativas em relação à vida, às culturas currículo, evitando a fragmentação dos projetos educativos no
juvenis e ao mundo do trabalho, inclusive com programas de interior de uma mesma realidade educacional;
aceleração da aprendizagem, quando necessário; d) o acompanhamento e a avaliação dos programas e ações
c) incentivar a oferta de EJA nos períodos diurno e noturno, educativas nas respectivas redes e escolas e o suprimento das
com avaliação em processo. necessidades detectadas.

Os cursos de EJA, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, O Ministério da Educação, em articulação com os Estados,
serão presenciais e a sua duração ficará a critério de cada os Municípios e o Distrito Federal, precedida de consulta
sistema de ensino, nos termos do Parecer CNE/CEB nº pública nacional, deverá encaminhar para o Conselho Nacional
29/2006, ao qual remete a Resolução CNE/CEB nº 3/2010. de Educação propostas de expectativas de aprendizagem dos
Nos anos finais, ou seja, do 6º ao 9º ano, os cursos, poderão ser conhecimentos escolares que devem ser atingidas pelos
presenciais ou a distância, quando devidamente credenciados, alunos em diferentes estágios do Ensino Fundamental e, ainda,
e terão 1600 (mil e seiscentas) horas de duração. elaborar orientações e oferecer outros subsídios para a
Tendo em conta as situações, os perfis e as faixas etárias implementação destas Diretrizes.
dos adolescentes, jovens e adultos, o projeto político-
pedagógico e o regimento escolar viabilizarão um modelo II– VOTO DO RELATOR
pedagógico próprio para essa modalidade de ensino
assegurando a identificação e o reconhecimento das formas de À vista do exposto, propõe-se à Câmara de Educação Básica
aprender dos adolescentes, jovens e adultos e a valorização de a aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o
seus conhecimentos e experiências; a distribuição dos Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, na forma deste Parecer
componentes curriculares de modo a proporcionar um e do Projeto de Resolução em anexo, do qual é parte integrante.
patamar igualitário de formação, bem como a sua disposição
adequada nos tempos e espaços educativos em face das Brasília, (DF), 7 de julho de 2010.
necessidades específicas dos estudantes. Conselheiro Cesar Callegari– Relator
Estima-se que a inserção de EJA no Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica, incluindo, além da avaliação do Referências:
rendimento dos alunos, a aferição de indicadores
institucionais das redes públicas e privadas, concorrerá para a CAMPOS, M. M. Qualidade da educação: conceitos, representações, práticas.
Trabalho apresentado na mesa redonda Qualidade da Educação: conceitos, e
universalização e a melhoria da qualidade do processo representações, integrante do ciclo A qualidade da Educação Básica, promovido
educativo. pelo Instituto de Estudos Avançados/USP, em 26 de abril de 2007.
CURY, C. R. J. Direito à educação: direito à igualdade, direto à diferença.
11. O compromisso solidário das redes e sistemas de Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n. 116, p.245-262, jul. 2002.
DUARTE, C. S. Direito público e subjetivo e políticas educacionais. São Paulo
ensino com a implementação destas Diretrizes em Perspectiva, São Paulo, v. 18, n. 2, abr./jun. 2004.
DUSSEL, I. A transmissão cultural sob assédio: metamorfoses da cultura
Com base nos elementos contidos no presente Parecer, comum na escola. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v.39, n.137, 351-365,
maio/ago. 2009.
propõe-se o Projeto de Resolução anexo, contendo Diretrizes MOREIRA, A. F. B.; CANDAU, V. Indagações sobre currículo. Currículo,
destinadas a contribuir para: conhecimento e cultura. Brasília: Ministério da Educação. Secretaria da Educação
a) ampliar os debates sobre as concepções curriculares Básica, 2008.
para o Ensino Fundamental e levar a questionamentos e ONU. Declaração Universal dos Diretos Humanos. Nova York: Nações Unidas,
1948.
mudanças no interior de cada escola, visando assegurar o UNESCO/OREALC. Educação de qualidade para todos: um assunto de diretos
direito de todos a uma educação de qualidade; humanos. Brasília: UNESCO/ OREALC, 2007.
b) subsidiar a análise e elaboração das propostas UNICEF. Convención sobre los derechos del niño. Nova York:
UNICEF, 1989 YOUNG, Michael. Para que servem as escolas? In: Educação &
curriculares dos sistemas e redes de ensino, dos projetos Sociedade. Vol. 28 n. 101. Campinas set./dez/2007
político-pedagógicos das escolas e dos regimentos escolares,
tendo em vista a implementação do Ensino Fundamental de 9 Questões
(nove) anos;
c) fortalecer a constituição de ambientes educativos na 01. (Prefeitura de Nilópolis/RJ - Professor I –
escola propícios à aprendizagem, reafirmando a instituição FUNRIO/2016). Intensificando o processo de inclusão e
escolar como espaço do conhecimento, do convívio e da buscando a universalização do atendimento, as escolas
sensibilidade, dimensões imprescindíveis ao exercício da públicas e privadas deverão, também, contemplar a melhoria
cidadania; das condições de acesso e de permanência dos alunos com
d) consolidar a instituição escolar como espaço deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
democrático que reconhece e respeita a diversidade; habilidades nas classes comuns do ensino regular.
e) fortalecer o regime de colaboração entre as instâncias Sobre a questão da Inclusão, o Parecer Nº
na oferta do ensino de qualidade para todos. 11/2010/CNE/CEB expressa que o atendimento especializado
aos alunos da Educação Especial deverá ser expandido
E tendo em vista as responsabilidades compartilhadas gradativamente, com o apoio dos órgãos competentes e não
pelos entes federados na manutenção e desenvolvimento do substituirá a escolarização regular, sendo
ensino, tais Diretrizes devem indicar que aos sistemas e redes (A) complementar a ela, oferecido no contra turno
de ensino cabe prover: (B) concomitante a ela, nos primeiros anos do Ensino
a) os recursos necessários à ampliação dos tempos e Fundamental.
espaços dedicados ao trabalho educativo nas escolas e a (C) concomitante a ela, ao longo de todo o Ensino
distribuição de materiais didáticos e escolares adequados; Fundamental.
b) a formação continuada dos professores e demais (D) não concomitante a ela, apenas no Ensino Médio.
profissionais da escola, em estreita articulação com as
instituições responsáveis pela formação inicial, dispensando 02. (Prefeitura de Suzano/SP - Diretor de Escola –
especiais esforços quanto à formação dos docentes das VUNESP). O Conselho Nacional de Educação ao propor as
modalidades específicas do Ensino Fundamental e àqueles que diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental de
trabalham nas escolas do campo, indígenas e quilombolas; nove anos, Parecer CNE/CEB N o 11/10, afirma que “o

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APOSTILAS OPÇÃO

currículo do Ensino Fundamental tem uma base nacional sobretudo nos anos iniciais do Ensino Fundamental, trabalhos
comum, complementada em cada sistema de ensino e em cada individuais, organizados ou não em portfólios, trabalhos
estabelecimento escolar por uma parte diversificada”. Dentre coletivos, exercícios em classe e provas, dentre outros.
os componentes curriculares definidos, estabelece ainda que ( ) Certo ( ) Errado
(A) a História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena deve ser
incluída como disciplina obrigatória ampliando o leque de 05. O Plano Nacional de Educação (Lei nº 10.172/2001)
referências culturais de toda a população escolar. estabelece como Meta 1 a universalização do Ensino
(B) a Educação Física compreende em componente Fundamental no prazo de 5 (cinco) anos, garantindo o acesso
obrigatório do currículo e deve integrar a proposta político- e a permanência de todas as crianças na escola.
pedagógica da escola. ( ) Certo ( ) Errado
(C) o componente curricular Arte deve constar de maneira
optativa como música, artes visuais, teatro e dança. Respostas
(D) o Ensino Religioso é parte integrante da formação
básica do cidadão e constitui componente curricular dos 01. Resposta: A
horários normais das escolas, portanto, de matrícula 02. Resposta: B
obrigatória ao aluno. 03. Resposta: A
(E) a Língua Indígena ou outras formas usuais de 04. Resposta: errado
expressão verbal de certas comunidades poderão ocupar o 05. Resposta: certo
lugar do ensino de língua estrangeira moderna.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
03. (SEAP/DF - Professor – Atividades – IBFC). CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
Considerando o Parecer e o Projeto de Resolução das
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
de 9 anos (Parecer CNE/CEB n. 11/2010), e a ampliação do Médio
Ensino Fundamental obrigatório para 9 anos de duração,
julgue os itens a seguir: PARECER CNE/CEB Nº: 5/2011
I. A Câmara de Educação Básica ratifica que a organização
do Ensino Fundamental, com 9 (nove) anos de duração, 1. Introdução
implica na necessidade de um debate sobre o projeto político-
pedagógico, o regimento escolar, a formação de professores, as O Brasil vive, nos últimos anos, um processo de
condições de infraestrutura. No que tange aos recursos desenvolvimento que se reflete em taxas ascendentes de
didático-pedagógicos apropriados ao atendimento da infância crescimento econômico tendo o aumento do Produto Interno
e da adolescência, tem-se uma série de apontamentos no Bruto ultrapassado a casa dos 7%, em 2010. Este processo de
referido parecer, de modo que as escolas podem adequar-se crescimento tem sido acompanhado de programas e medidas
gradativamente ao sugerido, ficando a critério dos entes de redistribuição de renda que o retroalimentam. Evidenciam-
federativos a organização dos tempos e espaços escolares. se, porém, novas demandas para a sustentação deste ciclo de
II. O documento evidencia que a estruturação do novo desenvolvimento vigente no País. A educação, sem dúvida, está
ensino fundamental apresenta desafios a serem enfrentados no centro desta questão.
pelos sistemas de ensino, tais como a observação da O crescimento da economia e novas legislações, como o
convivência das duas estruturas do ensino fundamental (8 Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), a
anos em extinção, e 9 anos em implantação e implementação), Emenda Constitucional nº 59/2009 – que extinguiu a
a elaboração de novo currículo, a reorganização da educação Desvinculação das Receitas da União (DRU) – e dispôs sobre
infantil e fortalecimento dos conselhos de educação. Todavia, outras medidas, têm permitido ao País aumentar o volume de
o documento não disserta sobre a consolidação do ciclo de recursos destinados à Educação.
alfabetização, tema este deixado a regulamentação por lei Tais iniciativas, nas quais o Conselho Nacional de Educação
complementar. (CNE) tem tido destacada participação, visam criar condições
III. A data de ingresso das crianças no Ensino Fundamental para que se possa avançar nas políticas educacionais
é a partir dos 6 anos de idade, completos ou a completar até o brasileiras, com vistas à melhoria da qualidade do ensino, à
dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula, conforme formação e valorização dos profissionais da educação e à
as orientações legais e normas estabelecidas pelo CNE na inclusão social.
Resolução CNE/CEB n° 3/2005 e nos seguintes Pareceres: Para alcançar o pleno desenvolvimento, o Brasil precisa
CNE/CEB n° 6/2005, n° 18/2005, n° 7/2007, n° 4/2008, n° investir fortemente na ampliação de sua capacidade
22/209, e Resolução CNE/CEB n° 1/2010. A mesma tecnológica e na formação de profissionais de nível médio e
recomendação aplica-se ao ingresso na Educação Infantil, nos superior. Hoje, vários setores industriais e de serviços não se
termos do Parecer CNE/CEB n° 20/2009 e Resolução expandem na intensidade e ritmos adequados ao novo papel
CNE/CEB n° 5/2009. Portanto, observando o princípio do não que o Brasil desempenha no cenário mundial, por se
retrocesso, a matrícula no 1o ano fora da data de corte deve, ressentirem da falta desses profissionais. Sem uma sólida
imediatamente, ser corrigida para as matrículas novas, pois as expansão do Ensino Médio com qualidade, por outro lado, não
crianças que não completaram 6 anos de idade no início do ano se conseguirá que nossas universidades e centros tecnológicos
letivo devem ser matriculadas na Educação Infantil. atinjam o grau de excelência necessário para que o País dê o
grande salto para o futuro.
É correto o que se afirma em: Tendo em vista que a função precípua da educação, de um
(A) III, apenas. modo geral, e do Ensino Médio – última etapa da Educação
(B) Todas as sentenças são corretas. Básica – em particular, vai além da formação profissional, e
(C) I e III, apenas. atinge a construção da cidadania, é preciso oferecer aos nossos
(D) II e III, apenas jovens novas perspectivas culturais para que possam expandir
seus horizontes e dotá-los de autonomia intelectual,
04. Quanto à avaliação, julgue o item abaixo: assegurando-lhes o acesso ao conhecimento historicamente
A avaliação formativa pode assumir várias formas, tais acumulado e à produção coletiva de novos conhecimentos,
como a observação e o registro das atividades dos alunos, sem perder de vista que a educação também é, em grande

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medida, uma chave para o exercício dos demais direitos trouxe para as escolas públicas um novo contingente de
sociais. estudantes, de modo geral jovens filhos das classes
É nesse contexto que o Ensino Médio tem ocupado, nos trabalhadoras. Os sistemas de ensino passam a atender novos
últimos anos, um papel de destaque nas discussões sobre jovens com características diferenciadas da escola
educação brasileira, pois sua estrutura, seus conteúdos, bem tradicionalmente organizada. Situação semelhante acontece
como suas condições atuais, estão longe de atender às com o aumento da demanda do Ensino Médio no campo, cujo
necessidades dos estudantes, tanto nos aspectos da formação atendimento induz a novos procedimentos no sentido de
para a cidadania como para o mundo do trabalho. Como promover a permanência dos mesmos na escola, evitando a
consequência dessas discussões, sua organização e evasão e diminuindo as taxas de reprovação.
funcionamento têm sido objeto de mudanças na busca da Apesar das ações desenvolvidas pelos governos estaduais
melhoria da qualidade. Propostas têm sido feitas na forma de e pelo Ministério da Educação, os sistemas de ensino ainda não
leis, de decretos e de portarias ministeriais e visam, desde a alcançaram as mudanças necessárias para alterar a percepção
inclusão de novas disciplinas e conteúdos, até a alteração da de conhecimento do seu contexto educativo e ainda não
forma de financiamento. Constituem-se exemplos dessas estabeleceram um projeto organizativo que atenda às novas
alterações legislativas a criação do FUNDEB e a ampliação da demandas que buscam o Ensino Médio. Atualmente mais de
obrigatoriedade de escolarização, resultante da Emenda 50% dos jovens de 15 a 17 anos ainda não atingiram esta etapa
Constitucional no 59, de novembro de 2009. da Educação Básica e milhões de jovens com mais de 18 anos
A demanda provocada por essas mudanças na legislação, e adultos não concluíram o Ensino Médio, configurando uma
por si só, já indica a necessidade de atualização das Diretrizes grande dívida da sociedade com esta população.
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (Parecer De acordo com o documento “Síntese dos Indicadores
CNE/CEB no 15/98 e Resolução CNE/CEB nº 3/98), além de se Sociais do IBGE: uma análise das condições de vida da
identificarem outros motivos que reforçam essa necessidade. população brasileira” (IBGE, 2010), constata-se que a taxa de
A elaboração de novas Diretrizes Curriculares Nacionais frequência bruta às escolas dos adolescentes de 15 a 17 anos é
para o Ensino Médio se faz necessária, também, em virtude das de 85,2%. Já a taxa de escolarização líquida dos mesmos
novas exigências educacionais decorrentes da aceleração da adolescentes (de 15 a 17 anos) é de 50,9%. Isso significa dizer
produção de conhecimentos, da ampliação do acesso às que metade dos adolescentes de 15 a 17 anos ainda não está
informações, da criação de novos meios de comunicação, das matriculada no Ensino Médio. No Nordeste a taxa de
alterações do mundo do trabalho, e das mudanças de interesse escolaridade líquida é ainda inferior, ficando em 39,1%. A
dos adolescentes e jovens, sujeitos dessa etapa educacional. proporção de pessoas de 18 a 24 anos de idade,
Nos dias atuais, a inquietação das “juventudes” que economicamente ativas, com mais de 11 anos de estudos é de
buscam a escola e o trabalho resulta mais evidente do que no 15,2% e a proporção de analfabetos nessa mesma amostra
passado. O aprendizado dos conhecimentos escolares tem atinge a casa de 4,6%.
significados diferentes conforme a realidade do estudante. Especificamente em relação ao Ensino Médio, o número de
Vários movimentos sinalizam no sentido de que a escola estudantes da etapa é, atualmente, da ordem de 8,3 milhões. A
precisa ser repensada para responder aos desafios colocados taxa de aprovação no Ensino Médio brasileiro é de 72,6%,
pelos jovens. enquanto as taxas de reprovação e de abandono são,
Para responder a esses desafios, é preciso, além da respectivamente, de 13,1% e de 14,3% (INEP, 2009). Observe-
reorganização curricular e da formulação de diretrizes se que essas taxas diferem de região para região e entre as
filosóficas e sociológicas para essa etapa de ensino, reconhecer zonas urbana e rural. Há também uma diferença significativa
as reais condições dos recursos humanos, materiais e entre as escolas privadas e públicas.
financeiros das redes escolares públicas em nosso país, que Em resposta a esses desafios que permanecem, algumas
ainda não atendem na sua totalidade às condições ideais. políticas, diretrizes e ações do governo federal foram
É preciso que além de reconhecimento esse processo seja desenvolvidas com a proposta de estruturar um cenário de
acompanhado da efetiva ampliação do acesso ao Ensino Médio possibilidades que sinalizam para uma efetiva política pública
e de medidas que articulem a formação inicial dos professores nacional para a Educação Básica, comprometida com as
com as necessidades do processo ensino-aprendizagem, múltiplas necessidades sociais e culturais da população
ofereçam subsídios reais e o apoio de uma eficiente política de brasileira. Nesse sentido, situam-se a aprovação e implantação
formação continuada para seus professores – tanto a oferecida do FUNDEB (Lei nº 11.494/2007), a formulação e
fora dos locais de trabalho como as previstas no interior das implementação do Plano de Desenvolvimento da Educação
escolas como parte integrante da jornada de trabalho – e (PDE), e a consolidação do Sistema de Avaliação da Educação
dotem as escolas da infraestrutura necessária ao Básica (SAEB), do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e
desenvolvimento de suas atividades educacionais. do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). No
No sentido geral, da forma como está organizado na âmbito deste Conselho, destacam-se as Diretrizes Curriculares
maioria das escolas, o Ensino Médio não dá conta de todas as Nacionais Gerais para a Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº
suas atribuições definidas na Lei de Diretrizes e Bases da 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010) e o processo de
Educação Nacional (LDB). O trabalho “Melhores Práticas em elaboração deste Parecer, de atualização das Diretrizes
Escolas de Ensino Médio no Brasil” (BID, 2010) mostrou, Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.
entretanto, que é possível identificar, nos Estados da O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE),
Federação, escolas públicas que desenvolvem excelentes concretizado por Estados e Municípios, por meio da
trabalhos. estruturação da adesão ao Plano de Metas Compromisso
Com a promulgação da Lei nº 9.394/96 (LDB), o Ensino Todos pela Educação e respectivos Planos de Ações
Médio passou a ser configurado com uma identidade própria, Articuladas (PAR), conduz à revisão das políticas públicas de
como etapa final de um mesmo nível da educação, que é a educação e potencializa a articulação de programas e ações
Educação Básica, e teve assegurada a possibilidade de se educacionais de governo.
articular, até de forma integrada em um mesmo curso, com a A concepção de uma educação sistêmica expressa no PDE,
profissionalização, pois o artigo 36-A prevê que “o Ensino ao valorizar conjuntamente os níveis e modalidades
Médio, atendida a formação geral do educando, poderá educacionais, possibilita ações articuladas na organização dos
prepará-lo para o exercício de profissões técnicas”. sistemas de ensino. Significa compreender o ciclo educacional
No Brasil, nos últimos 20 anos, houve uma ampliação do de modo integral, promovendo a articulação entre as políticas
acesso dos adolescentes e jovens ao Ensino Médio, a qual orientadas para cada nível, etapa e modalidade de ensino e,

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também, a coordenação entre os instrumentos disponíveis de Educação Básica do MEC, realizada nas dependências do CNE,
política pública. Visão sistêmica implica, portanto, reconhecer em 17 de setembro de 2010.
as conexões intrínsecas entre Educação Básica e Educação No dia 4 de outubro de 2010, a sugestão de resolução
Superior; entre formação humana, científica, cultural e destas Diretrizes foi discutida em audiência pública convocada
profissionalização e, a partir dessas conexões, implementar pela Câmara de Educação Básica e realizada no CNE e contou
políticas de educação que se reforcem reciprocamente. com a participação de mais de 100 pessoas, entre educadores
Para levar adiante todas as ideias preconizadas na LDB, a e representantes de entidades. Destaque-se que o mesmo
educação no Ensino Médio deve possibilitar aos adolescentes, documento foi enviado ao Conselho Nacional de Secretários de
jovens e adultos trabalhadores acesso a conhecimentos que Educação (CONSED) que, por sua vez, o encaminhou para as
permitam a compreensão das diferentes formas de explicar o Secretarias Estaduais de Educação.
mundo, seus fenômenos naturais, sua organização social e Foram recebidas diversas contribuições individuais e de
seus processos produtivos. associações, dentre as quais se destaca o documento enviado
O debate sobre a atualização das Diretrizes Curriculares pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
Nacionais para o Ensino Médio deve, portanto, considerar Educação (ANPEd).
importantes temáticas, como o financiamento e a qualidade da Em 16 de fevereiro de 2011, o relator participou da
Educação Básica, a formação e o perfil dos docentes para o reunião do CONSED com os Secretários Estaduais de Educação,
Ensino Médio e a relação com a Educação Profissional, de para informar sobre o andamento dos trabalhos de elaboração
forma a reconhecer diferentes caminhos de atendimento aos destas Diretrizes e solicitar a contribuição dos mesmos.
variados anseios das “juventudes” e da sociedade. É importante considerar que este parecer está sendo
É sabido que a questão do atendimento das demandas das elaborado na vigência de um quadro de mudanças e propostas
“juventudes” vai além da atividade da escola, mas entende-se que afetam todo o sistema educacional e, particularmente, o
que uma parte significativa desse objetivo pode ser alcançada Ensino Médio, dentre as quais se destacam os seguintes
por meio da transformação do currículo escolar e do projeto exemplos:
político-pedagógico.
A atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais para o I – os resultados da Conferência Nacional da Educação
Ensino Médio deve contemplar as recentes mudanças da Básica (2008);
legislação, dar uma nova dinâmica ao processo educativo II – os 14 anos transcorridos de vigência da LDB e as
dessa etapa educacional, retomar a discussão sobre as formas inúmeras alterações nela introduzidas por várias leis, bem
de organização dos saberes e reforçar o valor da construção do como a edição de outras que repercutem nos currículos da
projeto político-pedagógico das escolas, de modo a permitir Educação Básica, notadamente no do Ensino Médio;
diferentes formas de oferta e de organização, mantida uma III – a aprovação do Fundo de Manutenção e
unidade nacional, sempre tendo em vista a qualidade do Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
ensino. Profissionais da Educação Básica (FUNDEB), regulado pela Lei
Para tratar especificamente da atualização das Diretrizes nº 11.494/2007, que fixa percentual de recursos a todas as
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio foi criada, em etapas e modalidades da Educação Básica;
janeiro de 2010, pela Portaria CNE/CEB nº 1/2010, IV – a criação do Conselho Técnico Científico (CTC) da
recomposta pela Portaria CNE/CEB nº 2/2010, a Comissão Educação Básica, da Coordenação de Aperfeiçoamento de
constituída na Câmara de Educação Básica (CEB) do CNE, Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação
formada pelos Conselheiros Adeum Sauer (presidente), José (CAPES/MEC);
Fernandes de Lima (relator), Mozart Neves Ramos, Francisco V – a formulação, aprovação e implantação das medidas
Aparecido Cordão e Rita Gomes do Nascimento. expressas na Lei nº 11.738/2008, que regulamenta o piso
Registre-se, por oportuno, que o Conselho Nacional de salarial profissional nacional para os profissionais do
Educação, no cumprimento do que determina o art. 7º da Lei magistério público da Educação Básica;
nº 9.131/95 (que altera dispositivos da Lei nº 4.024, de 20 de VI – a implantação do Programa Nacional do Livro Didático
dezembro de 1961), vinha trabalhando na atualização das para o Ensino Médio (PNLEM);
várias Diretrizes Curriculares Nacionais. Além da elaboração VII – a instituição da política nacional de formação de
das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação profissionais do magistério da Educação Básica;
Básica, já foram atualizadas, entre outras, as Diretrizes para a VIII – a aprovação do Parecer CNE/CEB nº 9/2009 e da
Educação Infantil, para o Ensino Fundamental e para a Resolução CNE/CEB nº 2/2009, que fixam as Diretrizes
Educação de Jovens e Adultos. Nacionais para os Planos de Carreira e Remuneração dos
Em agosto de 2010, a Secretaria de Educação Básica do Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública;
Ministério da Educação (SEB/MEC) encaminhou ao CNE uma IX – a aprovação do Parecer CNE/CEB nº 9/2010 e da
sugestão de resolução feita por especialistas daquela Resolução CNE/CEB nº 5/2010, que fixam as Diretrizes
Secretaria e outros contratados especificamente para Nacionais para os Planos de Carreira e Remuneração dos
elaboração do referido documento. Juntamente com a Funcionários da Educação Básica pública;
proposta de resolução, a SEB encaminhou outros documentos X – o final da vigência do Plano Nacional de Educação
para subsidiar as discussões, além de disponibilizar técnicos (PNE), bem como a mobilização em torno da nova proposta do
para acompanhamento dos trabalhos, dentre os quais cumpre PNE para o período 2011-2020;
destacar o Diretor de Concepções e Orientações Curriculares XI – as recentes avaliações do PNE, sistematizadas pelo
para a Educação Básica, Carlos Artexes Simões, e a CNE, expressas no documento “Subsídios para Elaboração do
Coordenadora Geral do Ensino Médio, Maria Eveline Pinheiro PNE: Considerações Iniciais. Desafios para a Construção do
Villar de Queiroz, bem como o consultor Bahij Amin Aur. PNE”;
A proposta foi encaminhada aos membros do Fórum dos XII – a realização da Conferência Nacional de Educação
Coordenadores do Ensino Médio que apresentaram, além das (CONAE), com tema central “Construindo um Sistema Nacional
sugestões das Secretarias Estaduais de Educação, um Articulado de Educação: Plano Nacional de Educação: suas
documento coletivo discutido na reunião do Fórum, realizada Diretrizes e Estratégias de Ação”, visando à construção do PNE
em Natal, RN, em 1º de setembro de 2010. Em seguida, a 2011- 2020;
mesma proposta foi submetida à apreciação de especialistas XII – a relevante alteração na Constituição, pela
que deram suas sugestões na reunião conjunta com os promulgação da Emenda Constitucional nº 59/2009, que,
membros da Comissão Especial da CEB e da Secretaria de entre suas medidas, assegura Educação Básica obrigatória e

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gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, inclusive a sua oferta (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), também a Lei
gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade nº 10.172/2001 (Plano Nacional de Educação para 2001-
própria, assegura o atendimento ao estudante, em todas as 2010), embora já tenha chegado ao final de seus dez anos de
etapas da Educação Básica, mediante programas vigência.
suplementares de material didático-escolar, transporte, No tocante à Constituição Federal, lembra-se a importante
alimentação e assistência à saúde, bem como reduz, alteração promovida pela Emenda Constitucional nº 59/2009,
anualmente, a partir do exercício de 2009, o percentual da que assegura Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos
Desvinculação das Receitas da União incidente sobre os 17 anos de idade, o que significa que, regularizado o fluxo
recursos destinados a manutenção e ao desenvolvimento do escolar no Ensino Fundamental, o Ensino Médio também
ensino; estará incluído na faixa de obrigatoriedade, constituindo-se
XII – a homologação das Diretrizes Curriculares Nacionais em direito público subjetivo.
Gerais para a Educação Básica; Na LDB, destaca-se que o inciso VI do art. 10 determina que
XIV – a aprovação do Parecer CNE/CEB nº 8/2010, que os Estados incumbir- se-ão de “assegurar o Ensino
estabelece normas para aplicação do inciso IX do art. 4º da Lei Fundamental e oferecer, com prioridade, o Ensino Médio a
nº 9.394/96 (LDB), que trata dos padrões mínimos de todos que o demandarem.
qualidade de ensino para a Educação Básica pública; O PNE 2001-2010 apresentou diagnóstico e estabeleceu
XV – iniciativas relevantes, tanto na esfera federal, diretrizes, objetivos e metas para todos os níveis e
sobretudo com o Programa Ensino Médio Inovador do MEC, modalidades de ensino, para a formação e a valorização do
como na esfera estadual e, mesmo, na municipal; magistério e para o financiamento e a gestão da educação. Para
XVI – a consolidação de sistemas nacionais de avaliação, o Ensino Médio, estabeleceu a meta de atender 100% da
como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e o população de 15 a 17 anos até 2011, e Diretrizes para o Ensino
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM); Médio, que constituíam pressupostos para serem
XVII – a reformulação do ENEM e sua utilização nos considerados na definição de uma política pública para essa
processos seletivos das Instituições de Educação Superior, etapa.
visando democratizar as oportunidades de acesso a esse nível Desde 2007, o Ministério da Educação, vem
de ensino, potencialmente induzindo a reestruturação dos implementando o Plano de Desenvolvimento da Educação
currículos do Ensino Médio; (PDE), como uma estratégia complementar ao PNE no que se
XVIII – a criação do Índice de Desenvolvimento da refere ao seu caráter executivo e de posição política de
Educação Básica (IDEB) para medir a qualidade de cada escola governo. Com prioridade na Educação Básica de qualidade, o
e de cada rede de ensino, com base no desempenho do PDE assume uma concepção sistêmica da educação e o
estudante em avaliações do INEP e em taxas de aprovação; compromisso explícito com o atendimento aos grupos
XIX – a instituição do Programa Nacional de Direitos discriminados pela desigualdade educacional. Além disso,
humanos (PNDH), o qual indica a implementação do Plano propõe envolver todos, pais, estudantes, professores e
Nacional de Educação em Direitos humanos (PNEDH). gestores, em iniciativas que busquem o sucesso e a
XX – o envio ao Congresso Nacional do Projeto de Lei que permanência na escola.
trata do novo Plano Nacional de Educação para o período de Para a implementação dessas medidas, o PDE adotou como
2011-2020. orientação estratégica a mobilização dos agentes públicos e da
sociedade em geral, com vistas à adesão ao Plano de Metas
É expectativa que estas diretrizes possam se constituir Compromisso Todos pela Educação, a ser viabilizado mediante
num documento orientador dos sistemas de ensino e das programas e ações de assistência técnica e financeira aos
escolas e que possam oferecer aos professores indicativos Estados e Municípios.
para a estruturação de um currículo para o Ensino Médio que O Projeto de Lei que cria o novo PNE estabelece 20 metas
atenda as expectativas de uma escola de qualidade que garanta a serem alcançadas pelo país de 2011 a 2020. As metas
o acesso, a permanência e o sucesso no processo de voltadas diretamente ou que têm relação com o Ensino Médio
aprendizagem e constituição da cidadania. são:
Desse modo, o grande desafio deste parecer consiste na
incorporação das grandes mudanças em curso na sociedade I – Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para
contemporânea, nas políticas educacionais brasileiras e em toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até 2020, a taxa
constituir um documento que sugira procedimentos que líquida de matrículas no Ensino Médio para 85%, nesta faixa
permitam a revisão do trabalho das escolas e dos sistemas de etária.
ensino, no sentido de garantir o direito à educação, o acesso, a II – Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o
permanência e o sucesso dos estudantes, com a melhoria da atendimento escolar aos estudantes com deficiência,
qualidade da educação para todos. transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação na rede regular de ensino.
2. Direito à educação III – Oferecer educação em tempo integral em 50% das
escolas públicas de Educação Básica.
2.1 Educação como direito social IV – Atingir as médias nacionais para o IDEB já previstas
no Plano de Desenvolvi- mento da Educação (PDE).
A educação, por meio da escolarização, consolidou-se nas V – Elevar a escolaridade média da população de 18 a
sociedades modernas como um direito social, ainda que não 24 anos de modo a alcançar o mínimo de 12 anos de estudo
tenha sido universalizada. Concebida como forma de socializar para as populações do campo, da região de menor escolaridade
as pessoas de acordo com valores e padrões culturais e ético- no país e dos 25% mais pobres, bem como igualar a
morais da sociedade e como meio de difundir de forma escolaridade média entre negros e não negros, com vistas à
sistemática os conhecimentos científicos construídos pela redução da desigualdade educacional.
humanidade, a educação escolar reflete um direito e VI – Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas da
representa componente necessário para o exercício da Educação de Jovens e Adultos na forma integrada à Educação
cidadania e para as práticas sociais. Profissional nos anos finais do Ensino Fundamental e no
No Brasil, constituem-se importantes instrumentos Ensino Médio.
normativos relativos à educação, além da própria Constituição VII – Duplicar as matrículas da Educação Profissional
da República Federativa do Brasil de 1988 e da Lei nº 9.394/96 Técnica de Nível Médio, assegurando a qualidade da oferta.

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VIII – Garantir, em regime de colaboração entre a União, permanência e o sucesso de todos na escola, com a
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, que todos os consequente redução da evasão, da retenção e das distorções
professores da Educação Básica possuam formação específica de idade-ano/série (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução
de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de CNE/CEB n° 4/2010, que definem as Diretrizes Curriculares
conheci- mento em que atuam. Nacionais Gerais para a Educação Básica).
IX – Formar 50% dos professores da Educação Básica Exige-se, pois, problematizar o desenho organizacional da
em nível de pós-graduação lato e stricto sensu, garantir a todos instituição escolar que não tem conseguido responder às
formação continuada em sua área de atuação. singularidades dos sujeitos que a compõem. Torna-se
X – Valorizar o magistério público da Educação Básica inadiável trazer para o debate os princípios e as práticas de um
a fim de aproximar o rendi- mento médio do profissional do processo de inclusão social que garanta o acesso e considere a
magistério com mais de onze anos de escolaridade do diversidade humana, social, cultural e econômica dos grupos
rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade historicamente excluídos.
equivalente. Para que se conquiste a inclusão social, a educação escolar
XI – Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de deve fundamentar-se na ética e nos valores da liberdade,
planos de carreira para os pro- fissionais do magistério em justiça social, pluralidade, solidariedade e sustentabilidade,
todos os sistemas de ensino. cuja finalidade é o pleno desenvolvimento de seus sujeitos, nas
XII – Garantir, mediante lei específica aprovada no dimensões individual e social de cidadãos conscientes de seus
âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a direitos e deveres, compromissados com a transformação
nomeação comissionada de diretores de escola vinculada a social. Diante dessa concepção de educação, a escola é uma
critérios técnicos de mérito e desempenho e à participação da organização temporal, que deve ser menos rígida, segmentada
comunidade escolar. e uniforme, a fim de que os estudantes, indistintamente,
XIII – Ampliar progressivamente o investimento público possam adequar seus tempos de aprendizagens de modo
em educação até atingir, no mínimo, o patamar de 7% do menos homogêneo e idealizado.
Produto Interno Bruto (PIB) do país. A escola, face às exigências da Educação Básica, precisa ser
reinventada, ou seja, priorizar processos capazes de gerar
2.2 Educação com qualidade social sujeitos inventivos, participativos, cooperativos, preparados
para diversificadas inserções sociais, políticas, culturais,
O conceito de qualidade da educação é uma construção laborais e, ao mesmo tempo, capazes de intervir e
histórica que assume diferentes significados em tempos e problematizar as formas de produção e de vida. A escola tem,
espaços diversos e tem relação com os lugares de onde falam diante de si, o desafio de sua própria recriação, pois tudo que
os sujeitos, os grupos sociais a que pertencem, os interesses. a ela se refere constitui-se como invenção: os rituais escolares
Conforme argumenta Campos (2008), para os movimentos são invenções de um determinado contexto sociocultural em
sociais que reivindicavam a qualidade da educação entre os movimento.
anos 70 e 80, ela estava muito presa às condições básicas de A qualidade na escola exige o compromisso de todos os
funcionamento das escolas, porque seus participantes, pouco sujeitos do processo educativo para:
escolarizados, tinham dificuldade de perceber as nuanças dos
projetos educativos que as instituições de ensino I – a ampliação da visão política expressa por meio de
desenvolviam. Na década de 90, sob o argumento de que o habilidades inovadoras, fundamentadas na capacidade para
Brasil investia muito na educação, porém gastava mal, aplicar técnicas e tecnologias orientadas pela ética e pela
prevaleceram preocupações com a eficácia e a eficiência das estética;
escolas, e a atenção voltou-se, predominantemente, para os II – a responsabilidade social, princípio educacional que
resultados por elas obtidos quanto ao rendimento dos norteia o conjunto de sujeitos comprometidos com o projeto
estudantes. A qualidade priorizada somente nesses termos que definem e assumem como expressão e busca da qualidade
pode, contudo, deixar em segundo plano a superação das da escola, fruto do empenho de todos.
desigualdades educacionais.
Outro conceito de qualidade passa, entretanto, a ser Construir a qualidade social pressupõe conhecimento dos
gestado por movimentos de renovação pedagógica, interesses sociais da comunidade escolar para que seja
movimentos sociais, de profissionais e por grupos políticos: o possível educar e cuidar mediante interação efetivada entre
da qualidade social da educação. Ela está associada às princípios e finalidades educacionais, objetivos,
mobilizações pelo direito à educação, à exigência de conhecimentos e concepções curriculares. Isso abarca mais
participação e de democratização e comprometida com a que o exercício político-pedagógico que se viabiliza mediante
superação das desigualdades e injustiças. atuação de todos os sujeitos da comunidade educativa. Ou seja,
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a efetiva-se não apenas mediante participação de todos os
Ciência e a Cultura (UNESCO), ao entender que a qualidade da sujeitos da escola – estudante, professor, técnico, funcionário,
educação é também uma questão de direitos humanos, coordenador – mas também, mediante aquisição e utilização
defende conceito semelhante (2008). Para além da eficácia e adequada dos objetos e espaços (laboratórios, equipamentos,
da eficiência, advoga que a educação de qualidade, como um mobiliário, salas-ambiente, biblioteca, videoteca, ateliê,
direito fundamental, deve ser antes de tudo relevante, oficina, área para práticas esportivas e culturais, entre outros)
pertinente e equitativa. A relevância reporta-se à promoção de requeridos para responder ao projeto político-pedagógico
aprendizagens significativas do ponto de vista das exigências pactuado, vinculados às condições/disponibilidades mínimas
sociais e de desenvolvimento pessoal. A pertinência refere-se para se instaurar a primazia da aquisição e do
à possibilidade de atender às necessidades e às características desenvolvimento de hábitos investigatórios para construção
dos estudantes de diversos contextos sociais e culturais e com do conhecimento.
diferentes capacidades e interesses. A escola de qualidade social adota como centralidade o
A educação escolar, comprometida com a igualdade de diálogo, a colaboração, os sujeitos e as aprendizagens, o que
acesso ao conhecimento a todos e especialmente empenhada pressupõe, sem dúvida, atendimento a requisitos tais como:
em garantir esse acesso aos grupos da população em
desvantagem na sociedade, é uma educação com qualidade I – revisão das referências conceituais quanto aos
social e contribui para dirimir as desigualdades diferentes espaços e tempos educativos, abrangendo espaços
historicamente produzidas, assegurando, assim, o ingresso, a sociais na escola e fora dela;

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II – consideração sobre a inclusão, a valorização das anos, destinado a fundamentos; o segundo correspondia aos
diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade cursos clássico e científico, com duração de 3 anos, com o
cultural, resgatando e respeitando os direitos humanos, objetivo de consolidar a educação ministrada no ginasial. O
individuais e coletivos e as várias manifestações de cada ensino secundário, de um lado, e o ensino profissional, de
comunidade; outro, não se comunicavam nem propiciavam circulação de
III – foco no projeto político-pedagógico, no gosto pela estudos, o que veio a ocorrer na década seguinte.
aprendizagem, e na avaliação das aprendizagens como Em 1950, a equivalência entre os estudos acadêmicos e os
instrumento de contínua progressão dos estudantes; profissionais foi uma mudança decisiva, comunicando os dois
IV – inter-relação entre organização do currículo, do tipos de ensino. A Lei Federal nº 1.076/50 permitiu que
trabalho pedagógico e da jornada de trabalho do professor, concluintes de cursos profissionais ingressassem em cursos
tendo como foco a aprendizagem do estudante; superiores, desde que comprovassem nível de conhecimento
V – compatibilidade entre a proposta curricular e a indispensável à realização dos aludidos estudos. Na década
infraestrutura, entendida como espaço formativo dotado de seguinte, sobreveio a plena equivalência entre os cursos, com
efetiva disponibilidade de tempos para a sua utilização e a equiparação, para todos os efeitos, do ensino profissional ao
acessibilidade; ensino propedêutico, efetivada pela primeira Lei de Diretrizes
VI – integração dos profissionais da educação, dos e Bases da Educação Nacional (Lei nº 4.024/61).
estudantes, das famílias e dos agentes da comunidade Novo momento decisivo ocorreu dez anos depois, com a
interessados na educação; promulgação da Lei nº 5.692/71, que reformou a Lei nº
VII – valorização dos profissionais da educação, com 4.024/61, no que se refere ao, então, ensino de 1º e de 2º graus.
programa de formação continuada, critérios de acesso, Note-se que ocorreu aqui uma transposição do antigo ginasial,
permanência, remuneração compatível com a jornada de até então considerado como fase inicial do ensino secundário,
trabalho definida no projeto político-pedagógico; para constituir-se na fase final do 1o grau de oito anos. Para o
VIII – realização de parceria com órgãos, tais como os de 2º grau (correspondente ao atual Ensino Médio), a
assistência social, desenvolvimento e direitos humanos, profissionalização torna-se obrigatória, supostamente para
cidadania, trabalho, ciência e tecnologia, lazer, esporte, eliminar o dualismo entre uma formação clássica e científica,
turismo, cultura e arte, saúde, meio ambiente; preparadora para os estudos superiores e, outra, profissional
IX – preparação dos profissionais da educação, gestores, (industrial, comercial e agrícola), além do Curso Normal,
professores, especialistas, técnicos, monitores e outros. destinado à formação de professores para a primeira fase do
1o grau. A implantação generalizada da habilitação
A qualidade social da educação brasileira é uma conquista profissional trouxe, entre seus efeitos, sobretudo para o ensino
a ser construída coletivamente de forma negociada, pois público, a perda de identidade que o 2º grau passara a ter, seja
significa algo que se concretiza a partir da qualidade da relação a propedêutica para o ensino superior, seja a de terminalidade
entre todos os sujeitos que nela atuam direta e indiretamente. profissional. Passada uma década, foi editada a Lei nº
Significa compreender que a educação é um processo de 7.044/82, tornando facultativa essa profissionalização no 2º
produção e socialização da cultura da vida, no qual se grau.
constroem, se mantêm e se transformam conhecimentos e O mais novo momento decisivo veio com a atual lei de
valores. Produzir e socializar a cultura inclui garantir a Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a Lei Federal
presença dos sujeitos das aprendizagens na escola. Assim, a nº 9.394/96, que ainda vem recebendo sucessivas alterações e
qualidade social da educação escolar supõe encontrar acréscimos. A LDB define o Ensino Médio como uma etapa do
alternativas políticas, administrativas e pedagógicas que nível denominado Educação Básica, constituído pela Educação
garantam o acesso, a permanência e o sucesso do indivíduo no Infantil, pelo Ensino Fundamental e pelo Ensino Médio, sendo
sistema escolar, não apenas pela redução da evasão, da esta sua etapa final.
repetência e da distorção idade- ano/série, mas também pelo Das alterações ocorridas na LDB, destacam-se, aqui, as
aprendizado efetivo. trazidas pela Lei nº 11.741/2008, a qual redimensionou,
institucionalizou e integrou as ações da Educação Profissional
3. O Ensino Médio no Brasil Técnica de Nível Médio, da Educação de Jovens e Adultos e da
Educação Profissional e Tecnológica. Foram alterados os
Em uma perspectiva histórica (UNESCO, 2009), verifica-se artigos 37, 39, 41 e 42, e acrescido o Capítulo II do Título V com
que foi a reforma educacional conhecida pelo nome do a Seção IV-A, denominada “Da Educação Profissional Técnica
Ministro Francisco Campos, que regulamentou e organizou o de Nível Médio”, e com os artigos 36-A, 36-B, 36-C e 36-D. Esta
ensino secundário, além do ensino profissional e comercial lei incorporou o essencial do Decreto nº 5.154/2004,
(Decreto nº 18.890/31) que estabeleceu a modernização do sobretudo, revalorizando a possibilidade do Ensino Médio
ensino secundário nacional. integrado com a Educação Profissional Técnica,
Apesar de modernizadora, essa reforma não rompeu com contrariamente ao que o Decreto nº 2.208/97 anteriormente
a tradição de uma educação voltada para as elites e setores havia disposto.
emergentes da classe média, pois foi concebida para conduzir A LDB define como finalidades do Ensino Médio a
seus estudantes para o ingresso nos cursos superiores. preparação para a continuidade dos estudos, a preparação
Em 1942, por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema, foi básica para o trabalho e o exercício da cidadania. Determina,
instituído o conjunto das Leis Orgânicas da Educação Nacional, ainda, uma base nacional comum e uma parte diversificada
que configuraram a denominada Reforma Capanema: para a organização do currículo escolar.
a) Lei orgânica do ensino secundário, de 1942; Na sequência, foram formuladas as Diretrizes Curriculares
b) Lei orgânica do ensino comercial, de 1943; Nacionais para o Ensino Médio, em 1998, que destacam que as
c) Leis orgânicas do ensino primário, de 1946. ações administrativas e pedagógicas dos sistemas de ensino e
das escolas devem ser coerentes com princípios estéticos,
Nas leis orgânicas firmou-se o objetivo do ensino políticos e éticos, abrangendo a estética da sensibilidade, a
secundário de formar as elites condutoras do país, a par do política da igualdade e a ética da identidade. Afirmam que as
ensino profissional, este mais voltado para as necessidades propostas pedagógicas devem ser orientadas por
emergentes da economia industrial e da sociedade urbana. competências básicas, conteúdos e formas de tratamento dos
Nessa reforma, o ensino secundário mantinha dois ciclos: conteúdos previstos pelas finalidades do Ensino Médio. Os
o primeiro correspondia ao curso ginasial, com duração de 4 princípios pedagógicos da identidade, diversidade e

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autonomia, da interdisciplinaridade e da contextualização são Entender o jovem do Ensino Médio dessa forma significa
adotados como estruturadores dos currículos. A base nacional superar uma noção homogeneizante e naturalizada desse
comum organiza-se, a partir de então, em três áreas de estudante, passando a percebê-lo como sujeito com valores,
conhecimento: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; comportamentos, visões de mundo, interesses e necessidades
Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias; e singulares. Além disso, deve-se também aceitar a existência de
Ciências Humanas e suas Tecnologias. pontos em comum que permitam tratá-lo como uma categoria
Mesmo considerando o tratamento dado ao trabalho social. Destacam-se sua ansiedade em relação ao futuro, sua
didático-pedagógico, com as possibilidades de organização do necessidade de se fazer ouvir e sua valorização da
Ensino Médio, tem-se a percepção que tal discussão não sociabilidade. Além das vivências próprias da juventude, o
chegou às escolas, mantendo-se atenção extrema no jovem está inserido em processos que questionam e
tratamento de conteúdos sem a articulação com o contexto do promovem sua preparação para assumir o papel de adulto,
estudante e com os demais componentes das áreas de tanto no plano profissional quanto no social e no familiar.
conhecimento e sem aproximar-se das finalidades propostas Pesquisas sugerem que, muito frequentemente, a
para a etapa de ensino, constantes na LDB. Foi observado em juventude é entendida como uma condição de transitoriedade,
estudo promovido pela UNESCO, que incluiu estudos de caso uma fase de transição para a vida adulta (Dayrell, 2003). Com
em dois Estados, que os ditames legais e normativos e as isso, nega-se a importância das ações de seu presente,
concepções teóricas, mesmo quando assumidas pelos órgãos produzindo-se um entendimento de que sua educação deva
centrais de uma Secretaria Estadual de Educação, têm fraca ser pensada com base nesse “vir a ser”. Reduzem-se, assim, as
ressonância nas escolas e, até, pouca ou nenhuma, na atuação possibilidades de se fazer da escola um espaço de formação
dos professores (UNESCO, 2009). para a vida hoje vivida, o que pode acabar relegando-a a uma
O Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e a Resolução CNE/CEB nº obrigação enfadonha.
4/2010, que definem as Diretrizes Curriculares Nacionais Muitos jovens, principalmente os oriundos de famílias
Gerais para Educação Básica, especificamente quanto ao pobres, vivenciam uma relação paradoxal com a escola. Ao
Ensino Médio, reiteram que é etapa final do processo mesmo tempo em que reconhecem seu papel fundamental no
formativo da Educação Básica e indicam que deve ter uma base que se refere à empregabilidade, não conseguem atribuir-lhe
unitária sobre a qual podem se assentar possibilidades um sentido imediato (Sposito, 2005). Vivem ansiosos por uma
diversas. escola que lhes proporcione chances mínimas de trabalho e
A definição e a gestão do currículo inscrevem-se em uma que se relacione com suas experiências presentes.
lógica que se dirige, predominantemente, aos jovens, Além de uma etapa marcada pela transitoriedade, outra
considerando suas singularidades, que se situam em um forma recorrente de representar a juventude é vê-la como um
tempo determinado. Os sistemas educativos devem prever tempo de liberdade, de experimentação e irresponsabilidade
currículos flexíveis, com diferentes alternativas, para que os (Dayrell, 2003). Essas duas maneiras de representar a
jovens tenham a oportunidade de escolher o percurso juventude – como um “vir a ser” e como um tempo de liberdade
formativo que atenda seus interesses, necessidades e – mostram-se distantes da realidade da maioria dos jovens
aspirações, para que se assegure a permanência dos jovens na brasileiros. Para esses, o trabalho não se situa no futuro, já
escola, com proveito, até a conclusão da Educação Básica. fazendo parte de suas preocupações presentes. Uma pesquisa
Pesquisas realizadas com estudantes mostram a realizada com jovens de várias regiões brasileiras, moradores
necessidade de essa etapa educacional adotar procedimentos de zonas urbanas de cidades pequenas e capitais, bem como da
que guardem maior relação com o projeto de vida dos zona rural, constatou que 60% dos entrevistados
estudantes como forma de ampliação da permanência e do frequentavam escolas. Contudo, 75% deles já estavam
sucesso dos mesmos na escola. inseridos ou buscando inserção no mundo do trabalho
Estas Diretrizes orientam-se no sentido do oferecimento (Sposito, 2005). Ou seja, o mundo do trabalho parece estar
de uma formação humana integral, evitando a orientação mais presente na vida desses sujeitos do que a escola.
limitada da preparação para o vestibular e patrocinando um Muitos jovens abandonam a escola ao conseguir emprego,
sonho de futuro para todos os estudantes do Ensino Médio. alegando falta de tempo. Todavia, é possível que, se os jovens
Esta orientação visa à construção de um Ensino Médio que atribuíssem um sentido mais vivo e uma maior importância à
apresente uma unidade e que possa atender a diversidade sua escolarização, uma parcela maior continuasse
mediante o oferecimento de diferentes formas de organização frequentando as aulas, mesmo depois de empregados.
curricular, o fortalecimento do projeto político pedagógico e a O desencaixe entre a escola e os jovens não deve ser visto
criação das condições para a necessária discussão sobre a como decorrente, nem de uma suposta incompetência da
organização do trabalho pedagógico. instituição, nem de um suposto desinteresse dos estudantes.
As análises se tornam produtivas à medida que enfoquem a
4. Os sujeitos/estudantes do Ensino Médio relação entre os sujeitos e a escola no âmbito de um quadro
mais amplo, considerando as transformações sociais em curso.
4.1 As juventudes Essas transformações estão produzindo sujeitos com estilos
de vida, valores e práticas sociais que os tornam muito
Os estudantes do Ensino Médio são predominantemente distintos das gerações anteriores (Dayrell, 2007). Entender tal
adolescentes e jovens. Segundo o Conselho Nacional de processo de transformação é relevante para a compreensão
Juventude (CONJUVE), são considerados jovens os sujeitos das dificuldades hoje constatadas nas relações entre os jovens
com idade compreendida entre os 15 e os 29 anos, ainda que a e a escola.
noção de juventude não possa ser reduzida a um recorte etário Possivelmente, um dos aspectos indispensáveis a essas
(Brasil, 2006). Em consonância com o CONJUVE, esta proposta análises é a compreensão da constituição da juventude. A
de atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais para o formação dos indivíduos é hoje atravessada por um número
Ensino Médio concebe a juventude como condição sócio- crescente de elementos. Se antes ela se produzia,
histórico-cultural de uma categoria de sujeitos que necessita dominantemente, no espaço circunscrito pela família, pela
ser considerada em suas múltiplas dimensões, com escola e pela igreja, em meio a uma razoável homogeneidade
especificidades próprias que não estão restritas às dimensões de valores, muitas outras instituições, hoje, participam desse
biológica e etária, mas que se encontram articuladas com uma jogo, apresentando formas de ser e de viver heterogêneas.
multiplicidade de atravessamentos sociais e culturais, A identidade juvenil é determinada para além de uma
produzindo múltiplas culturas juvenis ou muitas juventudes. idade biológica ou psicológica, mas situa-se em processo de

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contínua transformação individual e coletiva, a partir do que Que características sócio-econômico-culturais possuem os
se reconhece que o sujeito do Ensino Médio é constituído e jovens que frequentam as escolas de Ensino Médio?
constituinte da ordem social, ao mesmo tempo em que, como Que representações a escola, seus professores e dirigentes
demonstram os comportamentos juvenis, preservam fazem dos estudantes?
autonomia relativa quanto a essa ordem. A escola conhece seus estudantes?
Segundo Dayrell, a juventude é “parte de um processo mais Quais os pontos de proximidade e distanciamento entre os
amplo de constituição de sujeitos, mas que tem especificidades sujeitos das escolas (estudantes e professores
que marcam a vida de cada um. A juventude constitui um particularmente)?
momento determinado, mas não se reduz a uma passagem; ela Quais sentidos e significados esses jovens têm atribuído à
assume uma importância em si mesma. Todo esse processo é experiência escolar?
influenciado pelo meio social concreto no qual se desenvolve e Que relações se podem observar entre jovens, escola e
pela qualidade das trocas que este proporciona”. (2003). sociabilidade?
Zibas, ao analisar as relações entre juventude e oferta Quais experiências os jovens constroem fora do espaço
educacional observa que a ampliação do acesso ao Ensino escolar?
Médio, nos últimos 15 anos, não veio acompanhada de Como os jovens interagem com a diversidade?
políticas capazes de dar sustentação com qualidade a essa Que representações fazem diante de situações que têm
ampliação. Entre 1995 e 2005, os sistemas de ensino estaduais sido alvo de preconceito?
receberam mais de 4 milhões de jovens no Ensino Médio, Em que medida a cultura escolar instituída compõe uma
totalizando uma população escolar de 9 milhões de indivíduos referência simbólica que se distancia/aproxima das
(2009). expectativas dos estudantes?
É diante de um público juvenil extremamente diverso, que Que elementos da cultura juvenil são derivados da
traz para dentro da escola as contradições de uma sociedade experiência escolar e contribuem para conferir identidade(s)
que avança na inclusão educacional sem transformar a ao jovem da contemporaneidade?
estrutura social desigual – mantendo acesso precário à saúde, Que articulações existem entre os interesses pessoais,
ao transporte, à cultura e lazer, e ao trabalho – que o novo projetos de vida e experiência escolar?
Ensino Médio se forja. As desigualdades sociais passam a Que relações se estabelecem entre esses planos e as
tencionar a instituição escolar e a produzir novos conflitos experiências vividas na escola?
(idem). Em que medida os sentidos atribuídos à experiência
Segundo Dayrell (2009), o censo de 2000 informa que escolar motivam os jovens a elaborar projetos de futuro?
47,6% dos jovens da Região Sudeste de 15 a 17 anos Que expectativas são explicitadas pelos jovens diante da
frequentavam o Ensino Médio; no Nordeste apenas 19,9%; e a relação escola e trabalho?
média nacional era de 35,7%. O autor assinala, com base em Que aspectos precisariam mudar na escola tendo em vista
dados do IPEA (2008), que há uma frequência líquida no oferecer condições de incentivo ao retorno e à permanência
Sul/Sudeste de 58%, contra 33,3% no Norte/Nordeste. Em para os que a abandonaram?
que pese essa presença ser expressivamente maior na Região
Sul do país, observa-se um quadro reiterado de desistência da Viabilizar as condições para que tais questões pautem as
escola também nessa região. Esse quadro parece se formulações dos gestores e professores na discussão do seu
intensificar no Ensino Médio, devido à existência de forte cotidiano pode permitir novas formas de organizar a proposta
tensão na relação dos jovens com a escola (Correia e Matos, de trabalho da escola na definição de seu projeto político-
2001; Dayrell, 2007; Krawczyk, 2009 apud Dayrell, 2009). pedagógico.
Dentre os fatores relevantes a se considerar está a relação
entre juventude, escola e trabalho. Ainda que não se parta, a 4.2 Os estudantes do Ensino Médio noturno
priori, de que haja uma linearidade entre permanência na
escola e inserção no emprego, as relações entre escolarização, O Ensino Médio noturno tem estado ausente do conjunto
formação profissional e geração de independência financeira de medidas acenadas para a melhoria da Educação Básica.
por meio do ingresso no mundo do trabalho vêm sendo Estas Diretrizes definem que todas as escolas com Ensino
tensionadas e reconfiguradas conforme sinalizam estudos Médio, independentemente do horário de funcionamento,
acerca do emprego e do desemprego juvenil. sejam locais de incentivo, desafios, construção do
O Brasil vive hoje um novo ciclo de desenvolvimento conhecimento e transformação social.
calcado na distribuição de renda que visa à inclusão de um Para que esse objetivo seja alcançado, é necessário ter em
grande contingente de pessoas no mercado consumidor. mente as especificidades dos estudantes que compõem a
A sustentação desse ciclo e o estabelecimento de novos escola noturna, com suas características próprias.
patamares de desenvolvimento requerem um aporte de Em primeiro lugar, cabe destacar que a maioria dos
trabalhadores qualificados em todos os níveis, o que implica estudantes do ensino noturno são adolescentes e jovens. Uma
na reestruturação da escola com vistas à introdução de novos parte está dando continuidade aos estudos, sem interrupção,
conteúdos e de novas metodologias de ensino capazes de mesmo que já tenha tido alguma reprovação. Outra parte, no
promover a oferta de uma formação integral. entanto, está retornando aos estudos depois de haver
Os jovens, atentos aos destinos do País, percebem essas interrompido em determinado momento.
modificações e criam novas expectativas em relação às Levantamentos específicos mostram que os estudantes do
possibilidades de inserção no mundo do trabalho e em relação ensino noturno diferenciam- se dos estudantes do ensino
ao papel da escola nos seus projetos de vida. diurno, pois estes últimos têm o estudo como principal
Diante do exposto, torna-se premente que as escolas, ao atividade/interesse, enquanto os do noturno são, na sua
desenvolverem seus projetos político-pedagógicos, se maioria, trabalhadores antes de serem estudantes. Do ponto
debrucem sobre questões que permitam ressignificar a de vista das expectativas destes estudantes, uns objetivam
instituição escolar diante de uma possível fragilização que essa prosseguir os estudos ingressando no ensino superior,
instituição venha sofrendo, quando se trata do público alvo do enquanto outros pretendem manter ou retomar sua dedicação
Ensino Médio, considerando, ainda, a necessidade de ao trabalho.
acolhimento de um sujeito que possui, dentre outras, as O fato de muitos terem retornado aos estudos depois de tê-
características apontadas anteriormente. Assim, sugerem-se los abandonado, é um atestado de que acreditam no valor da
questões como: escolarização como uma forma de buscar melhores dias e um

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futuro melhor. Em geral são estudantes que, não tendo escola. O art. 37 traduz os fundamentos da EJA, ao atribuir ao
condição econômica favorável, não têm acesso aos bens poder público a responsabilidade de estimular e viabilizar o
culturais e, como tal, esperam que a escola cumpra o papel de acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante
supridora dessas condições. Não raras vezes, a escola noturna ações integradas e complementares entre si e mediante oferta
é vista por esses estudantes trabalhadores como um locus de cursos gratuitos aos jovens e aos adultos, que não puderam
privilegiado de socialização. efetuar os estudos na idade regular, proporcionando-lhes
Os que estudam e trabalham, em geral, enfrentam oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as
dificuldades para conciliar as duas tarefas. Todos têm características do alunado, seus interesses, condições de vida
consciência de que as escolas noturnas convivem com maiores e de trabalho, mediante cursos e exames. Esta
dificuldades do que as do período diurno e isso é um fator de responsabilidade deve ser prevista pelos sistemas educativos
desestímulo. e por eles deve ser assumida, no âmbito da atuação de cada
Segundo Arroyo (1986, in Togni e Carvalho, 2008), ao sistema, observado o regime de colaboração e da ação
tratar do “aluno (estudante)- trabalhador”, estamos nos redistributiva, definidos legalmente.
referindo a um trabalhador que estuda, ou seja, jovens que, As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação e
antes de serem estudantes, são trabalhadores e que “dessa Jovens e Adultos estão expressas na Resolução CNE/CEB nº
diferenciação, não deveria decorrer qualquer interpretação 1/2000, fundamentada no Parecer CNE/CEB nº 11/2000,
que indique uma valorização diferente, por parte dos sendo que o Parecer CNE/CEB nº 6/2010 e a Resolução
estudantes, da escolarização, mas sim, especificidades nas CNE/CEB nº 3/2010 instituem Diretrizes Operacionais para a
relações estabelecidas na escola” (Oliveira e Sousa, 2008). Educação de Jovens e Adultos (EJA) nos aspectos relativos à
Desse modo, o enfrentamento das necessidades detectadas duração dos cursos e idade mínima para ingresso nos cursos
no ensino noturno passa, inicialmente, pelo reconhecimento de EJA; idade mínima e certificação nos exames de EJA; e
da diversidade que caracteriza a escola e o corpo discente do Educação de Jovens e Adultos desenvolvida por meio da
ensino noturno para, em seguida, adequar seus procedimentos Educação a Distância. Indicam, igualmente, que mantém os
aos projetos definidos para a mesma. princípios, objetivos e diretrizes formulados no Parecer
A própria Constituição Federal, no inciso VI do art. 208, CNE/CEB nº 11/2000.
determina, de forma especial, a garantia da oferta do ensino Sendo os jovens e adultos que estudam na EJA, no geral
noturno regular adequado às condições do educando. A LDB, trabalhadores, cabem as considerações anteriores sobre os
no inciso VI do art. 4º, reitera este mandamento como dever estudantes do Ensino Médio noturno, uma vez que esta
do Estado. modalidade é, majoritariamente, oferecida nesse período.
Ainda a LDB, no § 2º do art. 23, prescreve que o calendário Assim, deve especificar uma organização curricular e
escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive metodológica que pode incluir ampliação da duração do curso,
climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de com redução da carga horária diária e da anual, garantindo o
ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas mínimo total de 1.200 horas.
previsto. A aproximação entre a EJA – Ensino Médio – e a Educação
Considerando, portanto, a situação e as circunstâncias de Profissional, materializa- se, sobretudo, no Programa Nacional
vida dos estudantes trabalhadores do Ensino Médio noturno, de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica
cabe indicar e possibilitar formas de oferta e organização que na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA),
sejam adequadas às condições desses educandos, de modo a instituído pelo Decreto nº 5.840/2006. A proposta pedagógica
permitir seu efetivo acesso, permanência e sucesso nos do PROEJA alia direitos fundamentais de jovens e adultos,
estudos desta etapa da Educação Básica. É óbice evidente a educação e trabalho. É também fundamentada no conceito de
carga horária diária, a qual, se igual à do curso diurno, não é educação continuada, na valorização das experiências do
adequada para o estudante trabalhador, que já cumpriu longa indivíduo e na formação de qualidade pressuposta nos marcos
jornada laboral. Este problema é agravado em cidades da educação integral.
maiores, nas quais as distâncias e os deslocamentos do local de
trabalho para a escola e desta para a morada impõe acréscimo 4.4 Os estudantes indígenas, do campo e quilombolas
de sacrifício, levando a atraso e perda de tempos escolares.
Essa sobrecarga de horas no período noturno torna-se, sem O Ensino Médio, assim como as demais etapas da Educação
dúvida, causa de desestímulo e aproveitamento precário que Básica, assume diferentes modalidades quando destinadas a
leva a uma deficiente formação e/ou à reprovação, além da contingentes da população com características diversificadas,
retenção por faltas além do limite legal e, no limite, de como é, principalmente, o caso dos povos indígenas, do campo
abandono dos estudos. e quilombolas.
Nesse sentido, com base no preceito constitucional e da O art. 78 da LDB se detém na oferta da Educação Escolar
LDB, e respeitados os mínimos previstos de duração e carga Indígena. Da confluência dos princípios e direitos desta
horária total, o projeto pedagógico deve atender com educação, traduzidos no respeito à sociodiversidade; na
qualidade a singularidade destes sujeitos. interculturalidade; no direito de uso de suas línguas maternas
e de processos próprios de aprendizagem, na articulação entre
4.3 Os estudantes de Educação de Jovens e Adultos os saberes indígenas e os conhecimentos técnico- científicos
(EJA) com os princípios da formação integral, visando à atuação
cidadã no mundo do trabalho, da sustentabilidade
O inciso I do art. 208 da Constituição Federal determina socioambiental e do respeito à diversidade dos sujeitos, surge
que o dever do Estado para com a educação é efetivado a possibilidade de uma educação indígena que possa
mediante a garantia da Educação Básica obrigatória e gratuita contribuir para a reflexão e construção de alternativas de
dos 4 aos 17 anos de idade, assegurada, inclusive, sua oferta gerenciamento autônomo de seus territórios, de sustentação
gratuita para todos os que a ele não tiverem acesso na idade econômica, de segurança alimentar, de saúde, de atendimento
própria. às necessidades cotidianas, entre outros.
A LDB, no inciso VII do art. 4º, determina a oferta de Esta modalidade tem Diretrizes próprias instituídas pela
educação escolar regular para jovens e adultos, com Resolução CNE/CEB nº 3/99, que fixou Diretrizes Nacionais
características e modalidades adequadas às suas necessidades para o Funcionamento das Escolas Indígenas, com base no
e disponibilidades, garantindo-se, aos que forem Parecer CNE/CEB nº 14/99, A escola desta modalidade tem
trabalhadores, as condições de acesso e permanência na uma realidade singular, inscrita na territorialidade, em

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processos de afirmação de identidades étnicas, produção e resultante “da interação entre pessoas com deficiência e as
(re)significação de crenças, línguas e tradições culturais. Em barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a
função de suas especificidades requer normas e ordenamentos plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade em
jurídicos próprios em respeito aos diferentes povos, como igualdade de oportunidades com as demais pessoas”.
afirmado no Parecer CNE/CEB nº 14/99: “Na estruturação e Considerando o “respeito pela dignidade inerente, a
no funcionamento das escolas indígenas é reconhecida sua autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as
condição de escolas com normas e ordenamento jurídico próprias escolhas” e o entendimento da diversidade dos
próprios, com ensino intercultural e bilíngue, visando à educandos com necessidades educacionais especiais, as
valorização plena das culturas dos povos indígenas e a instituições de ensino não podem restringir o acesso ao Ensino
afirmação e manutenção de sua diversidade étnica”. Médio por motivo de deficiência. Tal discriminação “configura
A escola indígena, portanto, visando cumprir sua violação da dignidade e do valor inerentes ao ser humano”.
especificidade, alicerçada em princípios comunitários, Cabe assim às instituições de ensino garantir a
bilíngues e/ou multilíngues e interculturais, requer formação transversalidade das ações da Educação Especial no Ensino
específica de seu quadro docente, observados os princípios Médio, assim como promover a quebra de barreiras físicas, de
constitucionais, a base nacional comum e os princípios que comunicação e de informação que possam restringir a
orientam a Educação Básica brasileira (artigos 5º, 9º, 10, 11, e participação e a aprendizagem dos educandos.
inciso VIII do art. 4º da LDB), como destacado no Parecer Nesse sentido, faz-se necessário organizar processos de
CNE/CEB nº 7/2010, de Diretrizes Curriculares Nacionais avaliação adequados às singularidades dos educandos,
Gerais para a Educação Básica. incluindo as possibilidades de dilatamento de prazo para
A educação ofertada à população rural no Brasil tem sido conclusão da formação e complementação do atendimento.
objeto de estudos e de reivindicações de organizações sociais Para o atendimento desses objetivos, devem as escolas
há muito tempo. O art. 28 da LDB estabelece o direito dos definir formas inclusivas de atendimento de seus estudantes,
povos do campo a uma oferta de ensino adequada à sua devendo os sistemas de ensino dar o necessário apoio para a
diversidade sociocultural. É, pois, a partir dos parâmetros implantação de salas de recursos multifuncionais; a formação
político-pedagógicos próprios que se busca refletir sobre a continuada de professores para o atendimento educacional
Educação do Campo. As Diretrizes Operacionais para a especializado e a formação de gestores, educadores e demais
Educação Básica nas Escolas do Campo estão orientadas pelo profissionais da escola para a educação inclusiva; a adequação
Parecer CNE/CEB nº 36/2001, pela Resolução CNE/CEB nº arquitetônica de prédios escolares e a elaboração, produção e
1/2002, pelo Parecer CNE/CEB nº 3/2008 e pela Resolução distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade,
CNE/CEB nº 2/2008. bem como a estruturação de núcleos de acessibilidade com
Esta modalidade da Educação Básica e, portanto, do Ensino vistas à implementação e à integração das diferentes ações
Médio, está prevista no art. 28 da LDB, definindo, para institucionais de inclusão de forma a prover condições para o
atendimento da população do campo, adaptações necessárias desenvolvimento acadêmico dos educandos, propiciando sua
às peculiaridades da vida rural e de cada região, com plena e efetiva participação e inclusão na sociedade.
orientações referentes a conteúdos curriculares e
metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses 5. Pressupostos e fundamentos para um Ensino Médio
dos estudantes da zona rural; organização escolar própria, de qualidade social
incluindo adequação do calendário escolar as fases do ciclo
agrícola e as condições climáticas; e adequação à natureza do 5.1 Trabalho, ciência, tecnologia e cultura: dimensões
trabalho na zona rural. As propostas pedagógicas das escolas da formação humana
do campo com oferta de Ensino Médio devem, portanto, ter
flexibilidade para contemplar a diversidade do meio, em seus O trabalho é conceituado, na sua perspectiva ontológica de
múltiplos aspectos, observados os princípios constitucionais, transformação da natureza, como realização inerente ao ser
a base nacional comum e os princípios que orientam a humano e como mediação no processo de produção da sua
Educação Básica brasileira. existência. Essa dimensão do trabalho é, assim, o ponto de
Especificidades próprias, similarmente, tem a educação partida para a produção de conhecimentos e de cultura pelos
destinada aos quilombolas, desenvolvida em unidades grupos sociais.
educacionais inscritas em suas terras e cultura, requerendo O caráter teleológico da intervenção humana sobre o meio
pedagogia própria em respeito à especificidade étnico-cultural material, isto é, a capacidade de ter consciência de suas
de cada comunidade e formação específica de seu quadro necessidades e de projetar meios para satisfazê-las, diferencia
docente. A Câmara de Educação Básica do CNE instituiu o ser humano dos outros animais, uma vez que estes não
Comissão para a elaboração de Diretrizes Curriculares distinguem a sua atividade vital de si mesmos, enquanto o
específicas para esta modalidade. homem faz da sua atividade vital um objeto de sua vontade e
consciência. Os animais podem reproduzir, mas o fazem
4.5 Os estudantes da Educação Especial somente para si mesmos; o homem reproduz toda a natureza,
porém de modo transformador, o que tanto lhe atesta quanto
Como modalidade transversal a todos os níveis, etapas e lhe confere liberdade e universalidade. Desta forma, produz
modalidades de ensino a Educação Especial deve estar conhecimentos que, sistematizados sob o crivo social e por um
prevista no projeto político-pedagógico da instituição de processo histórico, constitui a ciência.
ensino. Nesses termos, compreende-se o conhecimento como uma
O Ensino Médio de pessoas com deficiência, transtornos produção do pensamento pela qual se apreende e se
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou representam as relações que constituem e estruturam a
superdotação segue, pois, os princípios e orientações realidade. Apreender e determinar essas relações exige um
expressos nos atos normativos da Educação Especial, o que método, que parte do concreto empírico – forma como a
implica assegurar igualdade de condições para o acesso e realidade se manifesta – e, mediante uma determinação mais
permanência na escola e o atendimento educacional precisa através da análise, chega a relações gerais que são
especializado na rede regular de ensino. determinantes do fenômeno estudado. A compreensão do real
Conforme expresso no texto da Convenção sobre os como totalidade exige que se conheçam as partes e as relações
Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo entre elas, o que nos leva a constituir seções tematizadas da
Facultativo, “a deficiência é um conceito em evolução”, realidade. Quando essas relações são “arrancadas” de seu

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contexto originário e ordenadas, tem-se a teoria. A teoria, determinada realidade e intervir sobre ela no sentido de
então, é o real elevado ao plano do pensamento. Sendo assim, transformá-la.
qualquer fenômeno que sempre existiu como força natural só A unidade entre pensamento e ação está na base da
se constitui em conhecimento quando o ser humano dela se capacidade humana de produzir sua existência. É na atividade
apropria tornando-a força produtiva para si. Por exemplo, a orientada pela mediação entre pensamento e ação que se
descarga elétrica, os raios, a eletricidade estática como produzem as mais diversas práticas que compõem a produção
fenômenos naturais sempre existiu, mas não são de nossa vida material e imaterial: o trabalho, a ciência, a
conhecimentos enquanto o ser humano não se apropria desses tecnologia e a cultura.
fenômenos conceitualmente, formulando teorias que Por essa razão trabalho, ciência, tecnologia e cultura são
potencializam o avanço das forças produtivas. instituídos como base da proposta e do desenvolvimento
A ciência, portanto, que pode ser conceituada como curricular no Ensino Médio de modo a inserir o contexto
conjunto de conhecimentos sistematizados, produzidos escolar no diálogo permanente com a necessidade de
socialmente ao longo da história, na busca da compreensão e compreensão de que estes campos não se produzem
transformação da natureza e da sociedade, se expressa na independentemente da sociedade, e possuem a marca da sua
forma de conceitos representativos das relações de forças condição histórico- cultural.
determinadas e apreendidas da realidade. O conhecimento de
uma seção da realidade concreta ou a realidade concreta 5.2 Trabalho como princípio educativo
tematizada constitui os campos da ciência, que são as
disciplinas científicas. Conhecimentos assim produzidos e A concepção do trabalho como princípio educativo é a base
legitimados socialmente ao longo da história são resultados de para a organização e desenvolvimento curricular em seus
um processo empreendido pela humanidade na busca da objetivos, conteúdos e métodos.
compreensão e transformação dos fenômenos naturais e Considerar o trabalho como princípio educativo equivale a
sociais. Nesse sentido, a ciência conforma conceitos e métodos dizer que o ser humano é produtor de sua realidade e, por isto,
cuja objetividade permite a transmissão para diferentes dela se apropria e pode transformá-la. Equivale a dizer, ainda,
gerações, ao mesmo tempo em que podem ser questionados e que é sujeito de sua história e de sua realidade. Em síntese, o
superados historicamente, no movimento permanente de trabalho é a primeira mediação entre o homem e a realidade
construção de novos conhecimentos. material e social.
A extensão das capacidades humanas, mediante a O trabalho também se constitui como prática econômica
apropriação de conhecimentos como força produtiva, sintetiza porque garante a existência, produzindo riquezas e
o conceito de tecnologia aqui expresso. Pode ser conceituada satisfazendo necessidades. Na base da construção de um
como transformação da ciência em força produtiva ou projeto de formação está a compreensão do trabalho no seu
mediação do conhecimento científico e a produção, marcada duplo sentido – ontológico e histórico.
desde sua origem pelas relações sociais que a levaram a ser Pelo primeiro sentido, o trabalho é princípio educativo à
produzida. O desenvolvimento da tecnologia visa à satisfação medida que proporciona a compreensão do processo histórico
de necessidades que a humanidade se coloca, o que nos leva a de produção científica e tecnológica, como conhecimentos
perceber que a tecnologia é uma extensão das capacidades desenvolvidos e apropriados socialmente para a
humanas. A partir do nascimento da ciência moderna, pode-se transformação das condições naturais da vida e a ampliação
definir a tecnologia, então, como mediação entre das capacidades, das potencialidades e dos sentidos humanos.
conhecimento científico (apreensão e desvelamento do real) e O trabalho, no sentido ontológico, é princípio e organiza a base
produção (intervenção no real). unitária do Ensino Médio.
Entende-se cultura como o resultado do esforço coletivo Pelo segundo sentido, o trabalho é princípio educativo na
tendo em vista conservar a vida humana e consolidar uma medida em que coloca exigências específicas para o processo
organização produtiva da sociedade, do qual resulta a educacional, visando à participação direta dos membros da
produção de expressões materiais, símbolos, representações e sociedade no trabalho socialmente produtivo. Com este
significados que correspondem a valores éticos e estéticos que sentido, conquanto também organize a base unitária,
orientam as normas de conduta de uma sociedade. fundamenta e justifica a formação específica para o exercício
Por essa perspectiva, a cultura deve ser compreendida no de profissões, estas entendidas como forma contratual
seu sentido mais ampliado possível, ou seja, como a articulação socialmente reconhecida, do processo de compra e venda da
entre o conjunto de representações e comportamentos e o força de trabalho. Como razão da formação específica, o
processo dinâmico de socialização, constituindo o modo de trabalho aqui se configura também como contexto.
vida de uma população determina- da. Do ponto de vista organizacional, essa relação deve
Uma formação integral, portanto, não somente possibilita integrar em um mesmo currículo a formação plena do
o acesso a conhecimentos científicos, mas também promove a educando, possibilitando construções intelectuais mais
reflexão crítica sobre os padrões culturais que se constituem complexas; a apropriação de conceitos necessários para a
normas de conduta de um grupo social, assim como a intervenção consciente na realidade e a compreensão do
apropriação de referências e tendências que se manifestam em processo histórico de construção do conhecimento.
tempos e espaços históricos, os quais expressam concepções,
problemas, crises e potenciais de uma sociedade, que se vê 5.3 Pesquisa como princípio pedagógico
traduzida e/ou questionada nas suas manifestações.
Assim, evidencia-se a unicidade entre as dimensões A produção acelerada de conhecimentos, característica
científico-tecnológico-cultural, a partir da compreensão do deste novo século, traz para as escolas o desafio de fazer com
trabalho em seu sentido ontológico. que esses novos conhecimentos sejam socializados de modo a
O princípio da unidade entre pensamento e ação é promover a elevação do nível geral de educação da população.
correlato à busca intencional da convergência entre teoria e O impacto das novas tecnologias sobre as escolas afeta tanto
prática na ação humana. A relação entre teoria e prática se os meios a serem utilizados nas instituições educativas, quanto
impõe, assim, não apenas como princípio metodológico os elementos do processo educativo, tais como a valorização
inerente ao ato de planejar as ações, mas, fundamentalmente, da ideia da instituição escolar como centro do conhecimento;
como princípio epistemológico, isto é, princípio orientador do a transformação das infraestruturas; a modificação dos papeis
modo como se compreende a ação humana de conhecer uma do professor e do aluno; a influência sobre os modelos de
organização e gestão; o surgimento de novas figuras e

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instituições no contexto educativo; e a influência sobre para atuação na comunidade, terão maior relevância, além de
metodologias, estratégias e instrumentos de avaliação. seu forte sentido ético-social.
O aumento exponencial da geração de conhecimentos tem, É fundamental que a pesquisa esteja orientada por esse
também, como consequência que a instituição escolar deixa de sentido ético, de modo a potencializar uma concepção de
ser o único centro de geração de informações. A ela se juntam investigação científica que motiva e orienta projetos de ação
outras instituições, movimentos e ações culturais, públicas e visando à melhoria da coletividade e ao bem comum.
privadas, além da importância que vão adquirindo na A pesquisa, como princípio pedagógico, pode, assim,
sociedade os meios de comunicação como criadores e propiciar a participação do estudante tanto na prática
portadores de informação e de conteúdos desenvolvidos fora pedagógica quanto colaborar para o relacionamento entre a
do âmbito escolar. escola e a comunidade.
Apesar da importância que ganham esses novos
mecanismos de aquisição de informações, é importante 5.4 Direitos humanos como princípio norteador
destacar que informação não pode ser confundida com
conhecimento. O fato dessas novas tecnologias se As escolas, assim como outras instituições sociais, têm um
aproximarem da escola, onde os alunos, às vezes, chegam com papel fundamental a desempenhar na garantia do respeito aos
muitas informações, reforça o papel dos professores no direitos humanos.
tocante às formas de sistematização dos conteúdos e de Este respeito constitui irrevogável princípio nacional, pois
estabelecimento de valores. nossa Constituição, já no seu preâmbulo, declara a instituição
Uma consequência imediata da sociedade de informação é de um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício
que a sobrevivência nesse ambiente requer o aprendizado dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o
contínuo ao longo de toda a vida. Esse novo modo de ser bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como
requer que o aluno, para além de adquirir determinadas valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
informações e desenvolver habilidades para realizar certas preconceitos. Entre os princípios fundamentais do país,
tarefas, deve aprender a aprender, para continuar consagra o fundamento da dignidade da pessoa humana; os
aprendendo. objetivos de construir uma sociedade livre, justa e solidária, de
Essas novas exigências requerem um novo garantir o desenvolvimento nacional, de erradicar a pobreza e
comportamento dos professores que devem deixar de ser a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
transmissores de conhecimentos para serem mediadores, regionais, e de promover o bem de todos, sem preconceitos de
facilitadores da aquisição de conhecimentos; devem estimular origem, etnia, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
a realização de pesquisas, a produção de conhecimentos e o discriminação; além de consagrar o princípio da prevalência
trabalho em grupo. Essa transformação necessária pode ser dos direitos humanos nas suas relações internacionais. A
traduzida pela adoção da pesquisa como princípio pedagógico. Constituição estabelece, ainda, os direitos e garantias
É necessário que a pesquisa como princípio pedagógico fundamentais, afirmando, discriminadamente, os direitos e
esteja presente em toda a educação escolar dos que deveres individuais e coletivos.
vivem/viverão do próprio trabalho. Ela instiga o estudante no Após sua promulgação em 1988, novos textos legais,
sentido da curiosidade em direção ao mundo que o cerca, gera documentos, programas e projetos vêm materializando a
inquietude, possibilitando que o estudante possa ser defesa e promoção dos direitos humanos. São exemplos os
protagonista na busca de informações e de saberes, quer sejam Programas Nacional5, Estaduais e Municipais de Direitos
do senso comum, escolares ou científicos. Humanos, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o
Essa atitude de inquietação diante da realidade Estatuto do Idoso, a Convenção Internacional sobre os Direitos
potencializada pela pesquisa, quando despertada no Ensino das Pessoas com Deficiência (que tem status constitucional),
Médio, contribui para que o sujeito possa, individual e as leis de combate à discriminação racial e à tortura, bem como
coletivamente, formular questões de investigação e buscar as recomendações das Conferências Nacionais de Direitos
respostas em um processo autônomo de (re)construção de Humanos. Estas iniciativas e medidas são fundamentadas em
conhecimentos. Nesse sentido, a relevância não está no vários instrumentos internacionais dos quais o Brasil é
fornecimento pelo docente de informações, as quais, na signatário, sob a inspiração da Declaração Universal de
atualidade, são encontradas, no mais das vezes e de forma Direitos Humanos, de 1948.
ampla e diversificada, fora das aulas e, mesmo, da escola. O Compreender a relação indissociável entre democracia e
relevante é o desenvolvimento da capacidade de pesquisa, respeito aos direitos humanos implica no compromisso do
para que os estudantes busquem e (re)construam Estado brasileiro, no campo cultural e educacional, de
conhecimentos. promover seu aprendizado em todos os níveis e modalidades
A pesquisa escolar, motivada e orientada pelos de ensino. Os direitos humanos na educação encontram-se
professores, implica na identificação de uma dúvida ou presentes como princípio internacional, não só nas Resoluções
problema, na seleção de informações de fontes confiáveis, na da ONU acerca da Década da Educação em direitos humanos,
interpretação e elaboração dessas informações e na como no Programa Mundial de Educação em Direitos
organização e relato sobre o conhecimento adquirido. Humanos. Conclama-se a responsabilidade coletiva de todos
Muito além do conhecimento e da utilização de os países a dar centralidade à Educação em direitos humanos
equipamentos e materiais, a prática de pesquisa propicia o na legislação geral e específica, na estrutura da política e
desenvolvimento da atitude científica, o que significa planos educacionais, e nas diretrizes e programas de educação.
contribuir, entre outros aspectos, para o desenvolvimento de Educar para os direitos humanos, como parte do direito à
condições de, ao longo da vida, interpretar, analisar, criticar, educação, significa fomentar processos que contribuam para a
refletir, rejeitar ideias fechadas, aprender, buscar soluções e construção da cidadania, do conhecimento dos direitos
propor alternativas, potencializadas pela investigação e pela fundamentais, do respeito à pluralidade e à diversidade de
responsabilidade ética assumida diante das questões políticas, nacionalidade, etnia, gênero, classe social, cultura, crença
sociais, culturais e econômicas. religiosa, orientação sexual e opção política, ou qualquer outra
A pesquisa, associada ao desenvolvimento de projetos diferença, combatendo e eliminando toda forma de
contextualizados e interdisciplinares/articuladores de discriminação.
saberes, ganha maior significado para os estudantes. Se a Os direitos humanos, como princípio que norteia o
pesquisa e os projetos objetivarem, também, conhecimentos desenvolvimento de competências, com conhecimentos e
atitudes de afirmação dos sujeitos de direitos e de respeito aos

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demais, desenvolvem a capacidade de ações e reflexões No contexto nacional, a Educação Ambiental está
próprias para a promoção e proteção da universalidade, da amparada pela Constituição Federal e pela Lei nº 9.795/99,
indivisibilidade e da interdependência dos direitos e da que dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política
reparação de todas as suas violações. Nacional de Educação Ambiental (PNEA), bem como pela
Em um contexto democrático, nos diversos níveis, etapas e legislação dos demais entes federativos. A PNEA entende por
modalidades, é imprescindível propiciar espaços educativos esta educação os processos por meio dos quais o indivíduo e a
em que a cultura de direitos humanos perpasse todas as coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
práticas desenvolvidas no ambiente escolar, tais como o habilidades, atitudes e competências voltadas para a
currículo, a formação inicial e continuada dos profissionais da conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
educação, o projeto político-pedagógico, os materiais didático- essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.
pedagógicos, o modelo de gestão, e a avaliação, conforme Entre os objetivos fundamentais da Educação Ambiental, estão
indica o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio
(PNEDH). É nesse sentido que a implementação deste Plano é ambiente em suas múltiplas e complexas relações, e o
prescrita pelo Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH incentivo à participação individual e coletiva, permanente e
3), instituído pelo Decreto nº 7.037/2009. responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente,
Para isso, a escola tem um papel fundamental, devendo a entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um
Educação em direitos humanos ser norteadora da Educação valor inseparável do exercício da cidadania. E preceitua que
Básica e, portanto, do Ensino Médio. ela é componente essencial e permanente da educação
nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em
5.5 Sustentabilidade ambiental como meta universal todos os níveis e modalidades do processo educativo, seja
formal ou não formal. Na educação formal e, portanto, também
O compromisso com a qualidade da educação no século no Ensino Médio, deve ser desenvolvida como uma prática
XXI, em momento marcado pela ocorrência de diversos educativa integrada, contínua e permanente sem que constitua
desastres ambientais, amplia a necessidade dos educadores de componente curricular específico.
compreender a complexa multicausalidade da crise ambiental
contemporânea e de contribuir para a prevenção de seus 6. Desafios do Ensino Médio
efeitos deletérios e para o enfrentamento das mudanças
socioambientais globais. Esta necessidade e decorrentes É preciso reconhecer que a escola se constitui no principal
preocupações são universais. espaço de acesso ao conhecimento sistematizado, tal como ele
Tais questões despertam o interesse das juventudes de foi produzido pela humanidade ao longo dos anos. Assegurar
todos os meios sociais, culturais, étnicos e econômicos, pois essa possibilidade, garantindo a oferta de educação de
apontam para uma cidadania responsável com a construção de qualidade para toda a população, é crucial para que a
um presente e um futuro sustentáveis, sadios e socialmente possibilidade da transformação social seja concretizada. Neste
justos. No Ensino Médio há, portanto, condições para se criar sentido, a educação escolar, embora não tenha autonomia
uma educação cidadã, responsável, crítica e participativa, que para, por si mesma, mudar a sociedade, é importante
possibilita a tomada de decisões transformadoras a partir do estratégia de transformação, uma vez que a inclusão na
meio ambiente no qual as pessoas se inserem, em um processo sociedade contemporânea não se dá sem o domínio de
educacional que supera a dissociação sociedade/natureza. determinados conhecimentos que devem ser assegurados a
No contexto internacional é significativa a atuação da todos.
Organização das Nações Unidas (ONU), da qual o Brasil é Com a perspectiva de um imenso contingente de
protagonista destacado. Ressalta-se, nesse âmbito, o Tratado adolescentes, jovens e adultos que se diferenciam por
de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e condições de existência e perspectivas de futuro desiguais, é
Responsabilidade Global, 1992, elaborado na Conferência das que o Ensino Médio deve trabalhar. Está em jogo a recriação
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio- da escola que, embora não possa por si só resolver as
92). Esse documento enfatiza a Educação Ambiental como desigualdades sociais, pode ampliar as condições de inclusão
instrumento de transformação social e política, comprometido social, ao possibilitar o acesso à ciência, à tecnologia, à cultura
com a mudança social, rompendo com o modelo e ao trabalho.
desenvolvimentista e inaugurando o paradigma de sociedades O desenvolvimento científico e tecnológico acelerado
sustentáveis. impõe à escola um novo posicionamento de vivência e
Na Cúpula do Milênio, promovida em setembro de 2000 convivência com os conhecimentos capaz de acompanhar sua
pela ONU, 189 países, incluindo o Brasil, estabeleceram os produção acelerada. A apropriação de conhecimentos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), com o científicos se efetiva por práticas experimentais, com
compromisso de colocar em prática ações para que sejam contextualização que relacione os conhecimentos com a vida,
alcançados até 2015. Um dos objetivos é o de Qualidade de em oposição a metodologias pouco ou nada ativas e sem
Vida e Respeito ao Meio Ambiente, visando inserir os significado para os estudantes. Estas metodologias
princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e nos estabelecem relação expositiva e transmissivista que não
programas nacionais, e reverter a perda de recursos coloca os estudantes em situação de vida real, de fazer, de
ambientais. elaborar. Por outro lado, tecnologias da informação e
A mesma ONU instituiu o período de 2005 a 2014 como a comunicação modificaram e continuam modificando o
Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, comportamento das pessoas e essas mudanças devem ser
indicando uma nova identidade para a Educação, como incorporadas e processadas pela escola para evitar uma nova
condição indispensável para a sustentabilidade, promovendo forma de exclusão, a digital.
o cuidado com a comunidade de vida, a integridade dos De acordo com Silva (2005), privilegiar a dimensão
ecossistemas, a justiça econômica, a equidade social e de cognitiva não pode secundarizar outras dimensões da
gênero, o diálogo para a convivência e a paz. formação, como, por exemplo, as dimensões física, social e
Estas preocupações universais têm crescente repercussão afetiva. Des- se modo, pensar uma educação escolar capaz de
no Brasil, que, institucionalmente, possui um Ministério realizar a educação em sua plenitude, implica em refletir sobre
específico no Governo Federal, secundado por Secretarias e as práticas pedagógicas já consolidadas e problematizá-las no
órgãos nos Estados e em Municípios. sentido de produzir a incorporação das múltiplas dimensões

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de realização do humano como uma das grandes finalidades da como direito social, a participação ativa e crítica do sujeito, dos
escolarização básica. grupos a que ele pertença, na definição de uma sociedade justa
Como fundamento dessa necessidade podemos recorrer, e democrática. (CURY, 2007, 171-2)
por exemplo, a um dos grandes pensadores dos processos
cognitivos, Henry Wallon, e apreender, a partir dele, essa A LDB estabelece, portanto, que o Ensino Médio é etapa
natureza multidimensional implicada nas relações de ensinar que completa a Educação Básica (art. 35), definindo-a como a
e aprender. Segundo Wallon (apud Silva, 2005), para que a conclusão de um período de escolarização de caráter geral.
aprendizagem ocorra, um conjunto de condições necessita Trata-se de reconhecê-lo como parte de um nível de
estar satis- feito: a emoção, a imitação, a motricidade e o socius, escolarização que tem por finalidade o desenvolvimento do
isto é, a condição da interação social. Esses quatro elementos, indivíduo, assegurando-lhe a formação comum indispensável
marcados por uma estreita interdependência, geram a para o exercício da cidadania, fornecendo-lhe os meios para
possibilidade de que cada um de nós possa se apropriar dos progredir no trabalho e em estudos posteriores (art. 22).
elementos culturais, objeto de nossa formação. Na ausência de Segundo Saviani, a educação integral do homem, a qual deve
qualquer um deles, esse processo ocorre de forma limitada. cobrir todo o período da Educação Básica que vai do
Do mesmo modo, assim como a dimensão emocional- nascimento, com as creches, passa pela Educação Infantil, o
afetiva foi, historicamente, trata- da de modo periférico, a Ensino Fundamental e se completa com a conclusão do Ensino
dimensão físico-corpórea também não tem merecido a Médio por volta dos dezessete anos, é uma educação de caráter
atenção necessária. Aceita, geralmente, como atributo de um desinteressado que, além do conhecimento da natureza e da
terreno específico – o da Educação Física Es- colar – raramente cultura envolve as formas estéticas, a apreciação das coisas e
se têm disseminadas compreensões mais abrangentes que nos das pessoas pelo que elas são em si mesmas, sem outro
permitam entender que o crescimento intelectual e afetivo não objetivo senão o de relacionar-se com elas. (Saviani, 2000).
se realizam sem um corpo, e que, enquanto uma das dimensões Ainda, segundo Cury, do ponto de vista legal, o Ensino
do humano, tem sua concepção demarcada histórico Médio não é nem porta para a Educação Superior e nem chave
culturalmente. Desse modo, ao educador é imprescindível para o mercado de trabalho, embora seja requisito tanto para
tomar o educando nas suas múltiplas dimensões – intelectual, a graduação superior quanto para a profissionalização técnica.
social, física e emocional – e situá-las no âmbito do contexto No contexto desta temática, consideram-se, na LDB, os
sociocultural em que educador e educando estão inseridos. artigos 2º e 35. Um explicita os deveres, os princípios e os fins
Tomar o educando em suas múltiplas dimensões tem como da educação brasileira; o outro trata das finalidades do Ensino
finalidade realizar uma educação que o conduza à autonomia, Médio.
intelectual e moral.
Para o Ensino Médio, reconhecidos seu caráter de Diz o art. 2º:
integrante da Educação Básica e seu necessário
asseguramento de oferta para todos, a própria LDB aponta A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos
para a possibilidade de ofertar distintas modalidades de princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana,
organização, inclusive a formação técnica, com o intuito de tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
tratar diferentemente os desiguais, conforme seus interesses e preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho.
necessidades, para que possam ser iguais do ponto de vista dos
direitos. Este artigo possibilita-nos afirmar que a finalidade da
Desse modo, dentre os grandes desafios do Ensino Médio, educação é de tríplice natureza:
está o de organizar formas de enfrentar a diferença de I – o pleno desenvolvimento do educando deve ser voltado
qualidade reinante nos diversos sistemas educacionais, para uma concepção teórico-educacional que leve em conta as
garantindo uma escola de qualidade para todos. Além disso, dimensões: intelectual, afetiva, física, ética, estética, política,
também é desafio indicar alternativas de organização social e profissional;
curricular que, com flexibilidade, deem conta do atendimento II - o preparo para o exercício da cidadania centrado na
das diversidades dos sujeitos. condição básica de ser sujeito histórico, social e cultural;
sujeito de direitos e deveres;
6.1 Função do Ensino Médio no marco legal III - a qualificação para o trabalho fundamentada na
perspectiva de educação como um processo articulado entre
A Lei nº 9.394/96 (LDB), define que a educação escolar ciência, tecnologia, cultura e trabalho.
brasileira está constituída em dois níveis: Educação Básica O Ensino Médio corporifica a concepção de trabalho e
(formada pela Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o cidadania como base para a formação, configurando-se
Ensino Médio) e Educação Superior. A Educação Básica tem enquanto Educação Básica. A formação geral do estudante em
por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a torno dos fundamentos científico-tecnológicos, assim como
formação comum indispensável para o exercício da cidadania sua qualificação para o trabalho, sustentam-se nos princípios
e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos estéticos, éticos e políticos que inspiram a Constituição
posteriores. Federal e a LDB. Nesse sentido, não é possível compreender a
Cury considera o conceito de Educação Básica definido na tríplice intencionalidade expressa na legislação de forma
LDB um conceito novo e esclarece: fragmentada e estanque. São finalidades que se entrecruzam
umas nas outras, fornecendo para a escola o horizonte da ação
A Educação Básica é um conceito mais do que inovador para pedagógica, quando se vislumbram, também, as finalidades do
um país que por séculos, negou, de modo elitista e seletivo, a seus Ensino Médio explicitadas no art. 35, da LDB:
cidadãos o direito ao conhecimento pela ação sistemática da
organização escolar. Art. 35 O Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, com
Resulta daí que a Educação Infantil é a base da Educação duração mínima de três anos, terá como finalidade:
Básica, o Ensino Fundamental é o seu tronco e o Ensino Médio é I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos
seu acabamento, e é de uma visão do todo como base que se pode adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o
ter uma visão consequente das partes. prosseguimento de estudos;
A Educação Básica torna-se, dentro do art. 4º da LDB, um II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do
direito do cidadão à educação e um dever do Estado em atendê- educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de
lo mediante oferta qualificada. E tal o é por ser indispensável, se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou

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aperfeiçoamento posteriores; verdadeiramente, a todos e com qualidade, a diversidade


III – o aprimoramento do educando como pessoa humana nacional com sua heterogeneidade cultural, de considerar os
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia anseios das diversas juventudes formadas por adolescentes e
intelectual e do pensamento crítico; jovens que acorrem à escola e que são sujeitos concretos com
IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos suas múltiplas necessidades.
dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, Isso implica compreender a necessidade de adotar
no ensino de cada disciplina. diferentes formas de organização desta etapa de ensino e,
sobretudo, estabelecer princípios para a formação do
Estas finalidades legais do Ensino Médio definem a adolescente, do jovem e, também, da expressiva fração de
identidade da escola no âmbito de quatro indissociáveis população adulta com escolaridade básica incompleta.
funções, a saber: A definição da identidade do Ensino Médio como etapa
I – consolidação dos conhecimentos anteriormente conclusiva da Educação Básica precisa ser iniciada mediante
adquiridos; um projeto que, conquanto seja unitário em seus princípios e
II – preparação do cidadão para o trabalho; objetivos, desenvolva possibilidades formativas com
III – implementação da autonomia intelectual e da itinerários diversificados que contemplem as múltiplas
formação ética; e necessidades socioculturais e econômicas dos estudantes,
IV – compreensão da relação teoria e prática. reconhecendo-os como sujeitos de direitos no momento em
que cursam esse ensino.
A escola de Ensino Médio, com essa identidade legalmente As instituições escolares devem avaliar as várias
delineada, deve levantar questões, dúvidas e críticas com possibilidades de organização do Ensino Médio, garantindo a
relação ao que a instituição persegue, com maior ou menor simultaneidade das dimensões trabalho, ciência, tecnologia e
ênfase. cultura e contemplando as necessidades, anseios e aspirações
As finalidades educativas constituem um marco de dos sujeitos e as perspectivas da realidade da escola e do seu
referência para fixar prioridades, refletir e desenvolver ações meio.
em torno delas. Elas contribuem para a configuração da
identidade da escola no lugar da homogeneização, da 6.3 Ensino Médio e profissionalização
uniformização. Kuenzer (2000) chama a atenção para as
finalidades e os objetivos do Ensino Médio, que se resumem A identidade do Ensino Médio se define na superação do
(...) no compromisso de educar o jovem para participar política dualismo entre propedêutico e profissional. Importa que se
e produtivamente do mundo das relações sociais concretas com configure um modelo que ganhe uma identidade unitária para
comportamento ético e compromisso político, através do esta etapa e que assuma formas diversas e contextualizadas da
desenvolvimento da autonomia intelectual e da autonomia realidade brasileira.
moral. No referente à profissionalização, a LDB, modificada pela
A escola persegue finalidades. É importante ressaltar que Lei nº 11.741/2008, prevê formas de articulação entre o
os profissionais da educação precisam ter clareza das Ensino Médio e a Educação Profissional: a articulada
finalidades propostas pela legislação. Para tanto, há (integrada ou concomitante) e a subsequente, atribuindo a
necessidade de refletir sobre a ação educativa que a escola decisão de adoção às redes e instituições escolares.
desenvolve com base nas finalidades e os objetivos que ela A profissionalização nesta etapa da Educação Básica é uma
define. Uma das principais tarefas da escola ao longo do das formas possíveis de diversificação, que atende a
processo de elaboração do seu projeto político-pedagógico é o contingência de milhares de jovens que têm o acesso ao
trabalho de refletir sobre sua intencionalidade educativa. trabalho como uma perspectiva mais imediata.
O projeto político-pedagógico exige essa reflexão, assim Parte desses jovens, por interesse ou vocação, almejam a
como a explicitação de seu papel social, e a definição dos profissionalização neste nível, seja para exercício profissional,
caminhos a serem percorridos e das ações a serem seja para conexão vertical em estudos posteriores de nível
desencadeadas por todos os envolvidos com o processo superior.
escolar. Outra parte, no entanto, a necessita para prematuramente
buscar um emprego ou atuar em diferentes formas de
6.2 Identidade e diversificação no Ensino Médio atividades econômicas que gerem subsistência. Esta
profissionalização no Ensino Médio responde a uma condição
Um dos principais desafios da educação consiste no social e histórica em que os jovens trabalhadores precisam
estabelecimento do significado do Ensino Médio, que, em sua obter uma profissão qualificada já no nível médio.
representação social e realidade, ainda não respondeu aos Entretanto, se a preparação profissional no Ensino Médio
objetivos que possam superar a visão dualista de que é mera é uma imposição da realidade destes jovens, representando
passagem para a Educação Superior ou para a inserção na vida importante alternativa de organização, não pode se constituir
econômico-produtiva. Esta superação significa uma formação em modelo hegemônico ou única vertente para o Ensino
integral que cumpra as múltiplas finalidades da Educação Médio, pois ela é uma opção para os que, por uma ou outra
Básica e, em especial, do Ensino Médio, completando a razão, a desejarem ou necessitarem.
escolaridade comum necessária a todos os cidadãos. Busca-se O Ensino Médio tem compromissos com todos os jovens.
uma escola que não se limite ao interesse imediato, pragmático Por isso, é preciso que a escola pública construa propostas
e utilitário, mas, sim, uma formação com base unitária, pedagógicas sobre uma base unitária necessariamente para
viabilizando a apropriação do conhecimento e todos, mas que possibilite situações de aprendizagem variadas
desenvolvimento de métodos que permitam a organização do e significativas, com ou sem profissionalização com ele
pensamento e das formas de compreensão das relações sociais diretamente articulada.
e produtivas, que articule trabalho, ciência, tecnologia e
cultura na perspectiva da emancipação humana. 6.4 Formação e condição docente
Frente a esse quadro, é necessário dar visibilidade ao
Ensino Médio no sentido da superação daquela dupla A perspectiva da educação como um direito e como um
representação histórica persistente na educação brasileira. processo formativo contínuo e permanente, além das novas
Nessa perspectiva, a última etapa da Educação Básica precisa determinações com vistas a atender novas orientações
assumir, dentro de seus objetivos, o compromisso de atender, educacionais, amplia as tarefas dos profissionais da educação,

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no que diz respeito às suas práticas. Exige-se do professor que A implantação de uma política efetiva de formação de
ele seja capaz de articular os diferentes saberes escolares à docentes para o Ensino Médio constitui-se um grande desafio.
prática social e ao desenvolvimento de competências para o Um caminho para efetivação dessa política pública foi
mundo do trabalho. Em outras palavras, a vida na escola e o sinalizado no Decreto no 6.755/2009, que estabelece os
trabalho do professor tornam-se cada vez mais complexos. seguintes objetivos para a Política Nacional de Formação de
Como consequência, é necessário repensar a formação dos Professores:
professores para que possam enfrentar as novas e
diversificadas tarefas que lhes são confiadas na sala de aula e I – promover a melhoria da qualidade da Educação Básica
além dela. pública;
Uma questão a ser discutida é a função docente e a II – apoiar a oferta e a expansão de cursos de formação
concepção de formação que deve ser adotada nos cursos de inicial e continuada a profissionais do magistério pelas
licenciatura. De um lado, há a defesa de uma concepção de instituições públicas de Educação Superior;
formação centrada no “fazer” enfatizando a formação prática III – promover a equalização nacional das oportunidades
desse profissional e, de outro, há quem defenda uma de formação inicial e continuada dos professores do
concepção centrada na “formação teórica” onde é enfatizada, magistério em instituições públicas de Educação Superior;
sobretudo, a importância da ampla formação do professor. IV – identificar e suprir a necessidade das redes e sistemas
A LDB, no Parágrafo único do art. 61, preconiza a públicos de ensino por formação inicial e continuada de
associação entre teorias e práticas ao estabelecê-la entre os profissionais do magistério;
fundamentos da formação dos profissionais da educação, para V – promover a valorização do docente, mediante ações de
atender às especificidades do exercício das suas atividades, formação inicial e continuada que estimulem o ingresso, a
bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades permanência e a progressão na carreira;
da Educação Básica. VI – ampliar o número de docentes atuantes na Educação
As diretrizes indicadas no I Plano Nacional de Educação Básica pública que tenham sido licenciados em instituições
2001-2010 deram uma ideia da amplitude das qualidades públicas de ensino superior, preferencialmente na modalidade
esperadas dos professores: presencial;
VII – ampliar as oportunidades de formação para o
I – sólida formação teórica nos conteúdos específicos a atendimento das políticas de Educação Especial, Alfabetização
serem ensinados na Educação Básica, bem como nos e Educação de Jovens e Adultos, Educação Indígena, Educação
conteúdos especificamente pedagógicos; do Campo e de populações em situação de risco e
II – ampla formação cultural; vulnerabilidade social;
III – atividade docente como foco formativo; VIII – promover a formação de professores na
IV – contato com realidade escolar desde o início até o perspectiva da educação integral, dos direitos humanos, da
final do curso, integrando a teoria à prática pedagógica; sustentabilidade ambiental e das relações étnico-raciais, com
V – pesquisa como princípio formativo; vistas à construção de ambiente escolar inclusivo e
VI – domínio das novas tecnologias de comunicação e da cooperativo;
informação e capacidade para integrá-las à prática do IX – promover a atualização teórico-metodológica nos
magistério; processos de formação dos profissionais do magistério,
VII – análise dos temas atuais da sociedade, da cultura e da inclusive no que se refere ao uso das tecnologias de
economia; comunicação e informação nos processos educativos;
VIII – inclusão das questões de gênero e da etnia nos X – promover a integração da Educação Básica com a
programas de formação; formação inicial docente, assim como reforçar a formação
IX – trabalho coletivo interdisciplinar; continuada como prática escolar regular que responda às
X – vivência, durante o curso, de formas de gestão características culturais e sociais regionais.
democrática do ensino;
XI – desenvolvimento do compromisso social e político do O Projeto de Lei que propõe o II Plano Nacional de
magistério; Educação, para o decênio 2011- 2020, prevê, entre suas
XII – conhecimento e aplicação das Diretrizes Curriculares diretrizes, a valorização dos profissionais da educação, o que
Nacionais dos níveis e modalidades da Educação Básica. inclui o fortalecimento da formação inicial e continuada dos
docentes. Destacam-se metas que dizem respeito diretamente
O CNE, em fins de 2001, definiu orientações gerais para à essa valorização:
todos os cursos de formação de professores do país, pelo
Parecer CNE/CP nº 9/2001, com alteração dada pelo Parecer Meta 15 Garantir, em regime de colaboração entre a União,
CNE/CP nº 27/2001. Após homologação destes, foi editada a os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, que todos os
Resolução CNE/CP nº 1/2002 que institui Diretrizes professores da Educação Básica possuam formação específica
Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de
Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de conhecimento em que atuam.
graduação plena. Meta 16 Formar 50% dos professores da Educação Básica
Em 2008, considerando a persistência da notória carência em nível de pós-graduação lato e stricto sensu, garantir a todos
por professores com formação específica, o MEC propôs o formação continuada em sua área de atuação. Meta 17
Programa Emergencial de Segunda Licenciatura para Valorizar o magistério público da Educação Básica a fim de
Professores da Educação Básica Pública, com o objetivo de aproximar o rendimento médio do profissional do magistério
enfrentar uma demanda já existente de professores com mais de onze anos de escolaridade do rendimento médio
licenciados, mas que atuam em componentes curriculares dos demais profissionais com escolaridade equivalente.
distintos de sua formação inicial. O CNE, por meio do Parecer Meta 18 Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de
CNE/CP nº 8/2008 e da Resolução CNE/CP nº 1/2009, planos de carreira para os profissionais do magistério em
estabeleceu Diretrizes Operacionais para a implantação desse todos os sistemas de ensino.
Programa, a ser coordenado pelo MEC em regime de
colaboração com os sistemas de ensino e realizado por Levar adiante uma política nacional de formação e
instituições públicas de Educação Superior. condição docente pode ser considerado um grande desafio na
medida em que tal perspectiva implica a priorização da

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educação e formação de professores como política pública de II – participação das comunidades escolar e local em
Estado, superando, desse modo, a redução desse debate às conselhos escolares ou equivalentes.
diferentes iniciativas governamentais nem sempre
convergentes. Embora na LDB a gestão democrática apareça
Destaque-se, por fim, que a discussão sobre a formação de especificamente como orientação para o ensino público, ela
professores não pode ser dissociada da valorização está indicada, implicitamente, para todas as instituições
profissional, tanto no que diz respeito a uma remuneração educacionais nos arts. 12 e 13, entre as quais as instituições
mais digna, quanto à promoção da adequação e melhoria das privadas, que não devem se furtar ao processo, sob pena de
condições de trabalho desses profissionais. contrariarem os valores democráticos e participativos que
presidem nossa sociedade.
6.5 Gestão democrática A institucionalização da participação é necessária, com
especial destaque para a constituição de conselhos escolares
O currículo da Educação Básica e, portanto, do Ensino ou equivalentes, indicados no inciso II do art. 14, com atuação
Médio, exige a estruturação de um projeto educativo coerente, permanente, garantindo a constância do processo
articulado e integrado de acordo com os modos de ser e de se democrático na unidade de ensino.
desenvolver dos estudantes nos diferentes contextos sociais. Outro elemento necessário para a gestão democrática, com
Ciclos, séries, módulos e outras formas de organização a que previsão de direitos e deveres dos sujeitos comprometidos
se refere a LDB são compreendidos como tempos e espaços com a unidade educacional, é o seu regimento escolar. Convém
interdependentes e articulados entre si ao longo dos anos de que este possa assegurar à escola as condições institucionais
duração dessa etapa educacional. adequadas para a execução do projeto político-pedagógico e a
Ao empenhar-se em garantir aos estudantes uma educação oferta de uma educação inclusiva e com qualidade social. A
de qualidade, todas as atividades da escola e a sua gestão elaboração do regimento deve ser feita de forma a garantir
devem estar articuladas para esse propósito. O processo de ampla participação da comunidade escolar. É essa
organização das turmas de estudantes, a distribuição de participação da comunidade que pode dar protagonismo aos
turmas por professor, as decisões sobre o currículo, a escolha estudantes e voz a suas famílias, criando oportunidades
dos livros didáticos, a ocupação do espaço, a definição dos institucionais para que todos os segmentos majoritários da
horários e outras tarefas administrativas e/ou pedagógicas população, que encontram grande dificuldade de se fazerem
precisam priorizar o atendimento dos interesses e ouvir e de fazerem valer seus direitos, possam manifestar os
necessidades dos estudantes, e a gestão democrática é um dos seus anseios e expectativas e possam ser levados em conta,
fatores decisivos para assegurar a todos eles o direito ao tendo como referência a oferta de um ensino com qualidade
conhecimento. para todos.
O projeto político-pedagógico da escola traduz a proposta A experiência mostra que é possível alcançar melhorias
educativa construída pela comunidade escolar no exercício de significativas da qualidade de ensino desenvolvendo boas
sua autonomia, com base no diagnóstico dos estudantes e nos práticas, adequadas à situação da comunidade de cada escola.
recursos humanos e materiais disponíveis, sem perder de vista Em outras palavras, existem diferentes caminhos para se
as orientações curriculares nacionais e as orientações dos desenvolver uma educação de qualidade social, embora todas
respectivos sistemas de ensino. É muito importante que haja elas passem pelo compromisso da comunidade e da escola.
uma ampla participação dos profissionais da escola, da família, Sempre que, por intermédio do desenvolvimento de um
dos estudantes e da comunidade local na definição das projeto educativo democrático e compartilhado, os
orientações imprimidas nos processos educativos. Este professores, a direção, os funcionários, os estudantes e a
projeto deve ser apoiado por um processo contínuo de comunidade unem seus esforços, a escola chega mais perto da
avaliação que permita corrigir os rumos e incentivar as boas escola de qualidade que zela pela aprendizagem, conforme o
práticas. inciso III do art. 13 da LDB.
Diferentemente da ideia de texto burocrático, como muitas Além da organização das escolas, é necessário tratar da
vezes ocorre nas escolas, o projeto político-pedagógico é o organização dos sistemas de ensino, os quais devem,
instrumento facilitador da gestão democrática. Quando a obrigatoriamente, nortear-se por Planos de Educação, sejam
escola não discute o seu projeto político-pedagógico ou o faz estaduais, sejam municipais. A obrigação destes planos,
apenas de uma forma burocrática, os professores lamentavelmente, não vem sendo cumprida por todos os entes
desenvolvem trabalhos isolados que, em geral, têm baixa federados, sendo que o Projeto de Lei do II Plano Nacional de
eficiência. Educação para o decênio 2011-2020 reafirma esta
O desenvolvimento de todo o processo democrático necessidade, em seu art. 8º.
depende, em muito, dos gestores dos sistemas, das redes e de Os órgãos gestores devem contribuir e apoiar as escolas
cada escola, aos quais cabe criar as condições e estimular sua nas tarefas de organização dos seus projetos na busca da
efetivação, o que implica em que sejam escolhidos e melhoria da qualidade da educação, embora se saiba que a
designados atendendo a critérios técnicos de mérito e de vontade da comunidade escolar é um fator determinante para
desempenho e à participação da comunidade escolar. que esse sucesso seja alcançado. Nenhum esforço é vitorioso
Cabe lembrar que a gestão democrática do ensino público se não for focado no sucesso do estudante. Por isso, o projeto
é um dos princípios em que se baseia o ensino, conforme político-pedagógico deve colocar o estudante no centro do
determina o inciso VIII do art. 3º da LDB, completado pelo seu planejamento curricular. É preciso considerá-lo um sujeito
art. 14: com todas as suas necessidades e potencialidades, que tem
uma vivência cultural e é capaz de construir a sua identidade
Art. 3º (...) pessoal e social.
VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta Como sujeitos de direitos, os estudantes devem tomar
Lei e da legislação dos sistemas de ensino. parte ativa nas discussões para a definição das regras da
escola, sendo estimulados à auto-organização e devem ter
Art. 14 Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão acesso a mecanismos que permitam se manifestar sobre o que
democrática do ensino público na Educação Básica, de acordo gostam e o que não gostam na escola e a respeito da escola a
com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: que aspiram.
I – participação dos profissionais da educação na A descentralização de recursos, por outro lado, é
elaboração do projeto pedagógico da escola; fundamental para o exercício da autonomia das escolas

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públicas. Por isso é necessário que a comunidade escolar, e futuras, tanto em relação ao mundo do trabalho quanto em
necessariamente aqueles que ocupam os cargos de direção, relação à continuidade de estudos;
dominem os processos administrativos e financeiros exigidos II – estruturar uma avaliação ao final da Educação Básica
por lei. Isso evita o uso indevido dos recursos. Todos esses que sirva como modalidade alternativa ou complementar aos
processos requerem qualificação da comunidade escolar. processos de seleção nos diferentes setores do mundo do
trabalho;
6.6 Avaliação do Ensino Médio III – estruturar uma avaliação ao final da Educação Básica
que sirva como modalidade alternativa ou complementar a
As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a processos seletivos de acesso aos cursos de Educação
Educação Básica indicam três dimensões básicas de avaliação: Profissional e Tecnológica posteriores ao Ensino Médio e à
avaliação da aprendizagem, avaliação institucional interna e Educação Superior;
externa e avaliação de redes de Educação Básica. IV – possibilitar a participação e criar condições de acesso
A avaliação da aprendizagem, que conforme a LDB pode a programas governamentais;
ser adotada com vistas à promoção, aceleração de estudos e V – promover a certificação de jovens e adultos no nível de
classificação, deve ser desenvolvida pela escola refletindo a conclusão do Ensino Médio nos termos do art. 38, §§ 1º e 2º da
proposta expressa em seu projeto político-pedagógico. Lei nº 9.394/96 (LDB);
Importante observar que a avaliação da aprendizagem deve VI – promover avaliação do desempenho acadêmico das
assumir caráter educativo, viabilizando ao estudante a escolas de Ensino Médio, de forma que cada unidade escolar
condição de analisar seu percurso e, ao professor e à escola, receba o resultado global;
identificar dificuldades e potencialidades individuais e VII – promover avaliação do desempenho acadêmico dos
coletivas. estudantes ingressantes nas Instituições de Educação
A avaliação institucional interna é realizada a partir da Superior.
proposta pedagógica da escola, assim como do seu plano de
trabalho, que devem ser avaliados sistematicamente, de Assim, cada um destes objetivos delineia o
maneira que a instituição possa analisar seus avanços e aprofundamento de uma função do ENEM:
localizar aspectos que merecem reorientação. I – avaliação sistêmica, que tem como objetivo subsidiar as
A Emenda Constitucional nº 59/2009, ao assegurar o políticas públicas para a Educação Básica;
atendimento da população de 4 aos 17 anos de idade, com II – avaliação certificatória, que proporciona àqueles que
oferta gratuita determina um salto significativo no processo de estão fora da escola aferir os conhecimentos construídos no
democratização do ensino, garantindo não só o atendimento processo de escolarização ou os conhecimentos tácitos
para aqueles matriculados na idade tida como regular para a construídos ao longo da vida;
escolarização, como para aqueles que se encontram em III – avaliação classificatória, que contribui para o acesso
defasagem idade-tempo de organização escolar ou afastados democrático à Educação Superior.
da escola.
O esforço necessário para cumprir tais objetivos exige mais Nesse caminho, o ENEM vem ampliando o espectro de
do que investimentos em infraestrutura e recursos materiais e atendimento apresentando um crescimento que veio de
humanos. E necessário estabelecer ações no sentido de definir 156.000 inscritos, em 1998, e alcançou 4,6 milhões, em 2009.
orientações e práticas pedagógicas que garantam melhor À medida que se garantir participação de amostragem
aproveitamento, com atenção especial para aqueles grupos expressiva do sistema, incluindo diferentes segmentos
que até então estavam excluídos do Ensino Médio. escolares, se estará aproximando de uma percepção mais fiel
Um dos aspectos que deve estar presente em tais do sistema, na perspectiva do direito dos estudantes. Nesse
orientações é o acompanhamento sistêmico do processo de sentido, deve manter-se alinhado com estas Diretrizes e com
escolarização, viabilizando ajustes e correções de percurso, as expectativas de aprendizagem a serem elaboradas.
bem como o estabelecimento de políticas e programas que O INEP deve continuar desenvolvendo metodologia
concretizem a proposta de universalização da Educação adequada no sentido de alcançar esta multifuncionalidade do
Básica. sistema de avaliação.
A avaliação de redes de ensino é responsabilidade do
Estado, seja realizada pela União, seja pelos demais entes 7. Projeto político-pedagógico e organização
federados. Em âmbito nacional, no Ensino Médio, ela está curricular
contemplada no Sistema de Avaliação da Educação Básica
(SAEB), que informa sobre os resultados de aprendizagem 7.1. Projeto político-pedagógico
estruturados no campo da Língua Portuguesa e da Matemática,
lembrando-se o Índice de Desenvolvimento da Educação As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
Básica (IDEB), que mede a qualidade de cada escola e rede, Educação Básica (Parecer CNE/CEB no 7/2010 e Resolução
com base no desempenho do estudante em avaliações do CNE/CEB no 4/2010) tratam pertinentemente do projeto
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira político-pedagógico, já referido várias vezes neste Parecer,
(INEP) e em taxas de aprovação. como elemento constitutivo para a operacionalização da
Para tratar das exigências relacionadas com o Ensino Educação Básica e, portanto, do Ensino Médio.
Médio, além do cumprimento do SAEB, o Ministério da Segundo o Parecer CNE/CEB no 7/2010, o projeto político-
Educação vem trabalhando no aperfeiçoamento do Exame pedagógico, interdependentemente da autonomia pedagógica,
Nacional do Ensino Médio (ENEM) que, gradativamente, administrativa e de gestão financeira da instituição
assume funções com diferentes especificidades estratégicas educacional, representa mais do que um documento, sendo um
para estabelecer procedimentos voltados para a dos meios de viabilizar a escola democrática para todos e de
democratização do ensino e ampliação do acesso a níveis qualidade social.
crescentes de escolaridade. Neste sentido, este exame Continua o citado Parecer indicando que a autonomia da
apresenta hoje os seguintes objetivos, conforme art. 2º da instituição educacional baseia-se na busca de sua identidade,
Portaria nº 109/2009: que se expressa na construção de seu projeto político-
pedagógico e do seu regimento escolar, enquanto
I – oferecer uma referência para que cada cidadão possa manifestação de seu ideal de educação e que permite uma nova
proceder à sua auto avaliação com vistas às suas escolhas e democrática ordenação pedagógica das relações escolares.

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Cabe à escola, considerada a sua identidade e a de seus realidade cultural, entre outros aspectos. Por isso, trata-se de
sujeitos, articular a formulação do projeto político- pedagógico um processo político, tanto quanto pedagógico, pois ocorre em
com os Planos de Educação nacional, estadual e/ou municipal, meio a conflitos, tensões e negociações que desafiam o
o contexto em que a escola se situa e as necessidades locais e exercício da democracia na escola. Em decorrência, a
de seus estudantes. construção desse projeto é essencial e necessariamente
A proposta educativa da unidade escolar, o papel coletiva.
socioeducativo, artístico, cultural, ambiental, as questões de O projeto político-pedagógico aponta um rumo, uma
gênero, etnia e diversidade cultural que compõem as ações direção, mas, principalmente, um sentido específico para um
educativas, a organização e a gestão curricular são compromisso estabelecido coletivamente. O projeto, ao se
componentes integrantes do projeto político-pedagógico, constituir em processo participativo de decisões, preocupa-se
devendo ser previstas as prioridades institucionais que a em instaurar uma forma de organização do trabalho
identificam, definindo o conjunto das ações educativas pedagógico que desvele os conflitos, as contradições,
próprias das etapas da Educação Básica assumidas, de acordo buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e
com as especificidades que lhes correspondam, preservando a autoritárias, rompendo com a rotina do mando pessoal e
sua articulação sistêmica. racionalizado da burocracia e permitindo as relações
Segundo o art. 44 da Resolução CNE/CEB no 4/2010, o horizontais no interior da escola.
projeto político-pedagógico, instância de construção coletiva O projeto político-pedagógico exige um compromisso
que respeita os sujeitos das aprendizagens, entendidos como ético-político de adequação intencional entre o real e o ideal,
cidadãos com direitos à proteção e à participação social, deve assim como um equilíbrio entre os interesses individuais e
contemplar: coletivos.
A abordagem do projeto político-pedagógico, como
I – o diagnóstico da realidade concreta dos sujeitos do organização do trabalho de toda a escola, está fundamentada
processo educativo, contextualizados no espaço e no tempo; em princípios que devem nortear a escola democrática, entre
II – a concepção sobre educação, conhecimento, avaliação os quais, liberdade, solidariedade, pluralismo, igualdade,
da aprendizagem e mobilidade escolar; qualidade da oferta, transparência, participação.
III – o perfil real dos sujeitos – crianças, jovens e adultos – Com fundamento no princípio do pluralismo de ideias e de
que justificam e instituem a vida da e na escola, do ponto de vista concepções pedagógicas e no exercício de sua autonomia, o
intelectual, cultural, emocional, afetivo, socioeconômico, como projeto político-pedagógico deve traduzir a proposta
base da reflexão sobre as relações vida-conhecimento-cultura, educativa construída coletivamente, garantida a participação
professor-estudante e instituição escolar; efetiva da comunidade escolar e local, bem como a permanente
IV – as bases norteadoras da organização do trabalho construção da identidade entre a escola e o território no qual
pedagógico; está inserida.
V – a definição de qualidade das aprendizagens e, por Concretamente, o projeto político-pedagógico das
consequência, da escola, no contexto das desigualdades que se unidades escolares que ofertam o Ensino Médio deve
refletem na escola; considerar:
VI – os fundamentos da gestão democrática, compartilhada I – atividades integradoras artístico-culturais,
e participativa (órgãos colegiados e de representação tecnológicas, e de iniciação científica, vinculadas ao trabalho,
estudantil); ao meio ambiente e à prática social;
VII – o programa de acompanhamento de acesso, de II – problematização como instrumento de incentivo à
permanência dos estudantes e de superação da retenção pesquisa, à curiosidade pelo inusitado e ao desenvolvimento
escolar; do espírito inventivo;
VIII – o programa de formação inicial e continuada dos III – a aprendizagem como processo de apropriação
profissionais da educação, regentes e não regentes; significativa dos conhecimentos, superando a aprendizagem
IX – as ações de acompanhamento sistemático dos limitada à memorização;
resultados do processo de avaliação interna e externa (SAEB, IV – valorização da leitura e da produção escrita em todos
Prova Brasil, dados estatísticos, pesquisas sobre os sujeitos da os campos do saber;
Educação Básica), incluindo dados referentes ao Índice de V – comportamento ético, como ponto de partida para o
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e/ou que reconhecimento dos Direitos humanos, da cidadania, da
complementem ou substituam os desenvolvidos pelas unidades responsabilidade socioambiental e para a prática de um
da federação e outros; humanismo contemporâneo expresso pelo reconhecimento,
X – a concepção da organização do espaço físico da respeito e acolhimento da identidade do outro e pela
instituição escolar de tal modo que este seja compatível com as incorporação da solidariedade;
características de seus sujeitos, que atenda as normas de VI – articulação teoria e prática, vinculando o trabalho
acessibilidade, além da natureza e das finalidades da educação, intelectual às atividades práticas ou experimentais;
deliberadas e assumidas pela comunidade educacional. VII – integração com o mundo do trabalho por meio de
estágios de estudantes do Ensino Médio conforme legislação
O primeiro fundamento para a formulação do projeto específica;
político-pedagógico de qualquer escola ou rede de ensino é a VIII – utilização de diferentes mídias como processo de
sua construção coletiva. O projeto político-pedagógico só dinamização dos ambientes de aprendizagem e construção de
existe de fato – não como um texto formal, mas como novos saberes;
expressão viva de concepções, princípios, finalidades, IX – capacidade de aprender permanente, desenvolvendo
objetivos e normas que orientam a comunidade escolar – se ele a autonomia dos estudantes; X – atividades sociais que
resultar do debate e reflexão do grupo que compõe a formação estimulem o convívio humano;
destes espaços (escola ou rede de ensino). Nesse contexto, XI – avaliação da aprendizagem, com diagnóstico
identifica-se a necessidade do grupo comprometer-se com preliminar, e entendida como pro- cesso de caráter formativo,
esse projeto e sentindo-se autores e sujeitos de seu permanente e cumulativo;
desenvolvimento. XII – acompanhamento da vida escolar dos estudantes,
Sua construção e efetivação na escola ocorrem em um promovendo o seguimento do desempenho, análise de
contexto concreto desta instituição, de sua organização resultados e comunicação com a família;
escolar, relação com a comunidade, condições econômicas e

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XIII – atividades complementares e de superação das Falar em currículo implica em duas dimensões:
dificuldades de aprendizagem para que o estudante tenha I – uma dimensão prescritiva, na qual se explicitam as
sucesso em seus estudos; intenções e os conteúdos de formação, que constitui o
XIV – reconhecimento e atendimento da diversidade e currículo prescritivo ou formal; e
diferentes nuances da desigualdade, da diversidade e da II – uma dimensão não explícita, constituída por relações
exclusão na sociedade brasileira; entre os sujeitos envolvidos na prática escolar, tanto nos
XV – valorização e promoção dos Direitos humanos momentos formais, como informais das suas atividades e nos
mediante temas relativos a gênero, identidade de gênero, raça quais trocam ideias e valores, constituindo o currículo oculto,
e etnia, religião, orientação sexual, pessoas com deficiência, mesmo que não tenha sido pré-determinado ou intencional.
entre outros, bem como práticas que contribuam para a
igualdade e para o enfrenta- mento de todas as formas de Ambas as dimensões geram uma terceira, real, que
preconceito, discriminação e violência sob todas as for- mas; concretiza o currículo vivo ou em ação, que adquire
XVI – análise e reflexão crítica da realidade brasileira, de materialidade a partir das práticas formais prescritas e das
sua organização social e produtiva na relação de informais espontâneas vivenciadas nas salas de aula e nos
complementaridade entre espaços urbanos e do campo; demais ambientes da escola.
XVII – estudo e desenvolvimento de atividades O conhecimento é a “matéria prima” do trabalho
socioambientais, conduzindo a educação ambiental como uma pedagógico escolar. Dada sua condição de ser produto
prática educativa integrada, contínua e permanente; histórico-cultural, isto é, de ser produzido e elaborado pelos
XVIII – práticas desportivas e de expressão corporal, que homens por meio da interação que travam entre si, no intuito
contribuam para a saúde, a sociabilidade e a cooperação; de encontrar respostas aos mais diversificados desafios que se
XIX – atividades intersetoriais, entre outras, de interpõem entre eles e a produção da sua existência material e
promoção da saúde física e mental, saúde sexual e saúde imaterial, o conhecimento articula-se com os mais variados
reprodutiva, e prevenção do uso de drogas; interesses. Na medida em que a produção, elaboração e
XX – produção de mídias nas escolas a partir da disseminação do conhecimento não são neutras, planejar a
promoção de atividades que favoreçam as habilidades de ação educativa, melhor definindo, educar é uma ação política
leitura e análise do papel cultural, político e econômico dos que envolve posicionamentos e escolhas articulados com os
meios de comunicação na sociedade; modos de compreender e agir no mundo.
XXI – participação social e protagonismo dos estudantes, O trabalho pedagógico ganha materialidade nas ações: no
como agentes de transformação de suas unidades escolares e planejamento da escola em geral e do currículo em particular,
de suas comunidades; no processo de ensinar e aprender e na avaliação do trabalho
XXII – condições materiais, funcionais e didático- realizado, seja com relação a cada estudante individualmente
pedagógicas, para que os profissionais da escola efetivem as ou ao conjunto da escola. No que se refere à avaliação, muito
proposições do projeto. se tem questionado sobre seus princípios e métodos. Vale
ressaltar a necessidade de que a avaliação ultrapasse o sentido
O projeto político-pedagógico das unidades escolares deve, de mera averiguação do que o estudante aprendeu, e torne-se
ainda, orientar: elemento chave do processo de planejamento educacional.
I – dispositivos, medidas e atos de organização do trabalho O planejamento educacional, assim como o currículo e a
escolar; avaliação na escola, enquanto componentes da organização do
II – mecanismos de promoção e fortalecimento da trabalho pedagógico, estão circunscritos fortemente a esse
autonomia escolar, mediante a alocação de recursos caráter de não neutralidade, de ação intencional condicionada
financeiros, administrativos e de suporte técnico necessários à pela subjetividade dos envolvidos, marcados, enfim, pelas
sua realização; distintas visões de mundo dos diferentes atores do processo
III – adequação dos recursos físicos, inclusive educativo escolar. Desse modo, o trabalho pedagógico define-
organização dos espaços, equipamentos, biblioteca, se em sua complexidade, e não se submete plenamente ao
laboratórios e outros ambientes educacionais. controle. No entanto, isso não se constitui em limite ou
problema, mas indica que se está diante da riqueza do
7.2. Currículo e trabalho pedagógico processo de formação humana, e diante, também, dos desafios
que a constituição dessa formação, sempre histórica, impõe.
O currículo é entendido como a seleção dos conhecimentos O currículo possui caráter polissêmico e orienta a
historicamente acumulados, considerados relevantes e organização do processo educativo escolar. Suas diferentes
pertinentes em um dado contexto histórico, e definidos tendo concepções, com maior ou menor ênfase, refletem a
por base o projeto de sociedade e de formação humana que a importância de componentes curriculares, tais como os
ele se articula; se expressa por meio de uma proposta pela qual saberes a serem ensinados e aprendidos; as situações e
se explicitam as intenções da formação, e se concretiza por experiências de aprendizagem; os planos e projetos
meio das práticas escolares realizadas com vistas a dar pedagógicos; as finalidades e os objetivos a serem alcançados,
materialidade a essa proposta. bem como os processos de avaliação a serem adotados. Em
Os conhecimentos escolares são reconhecidos como todas essas perspectivas é notável o propósito de se organizar
aqueles produzidos pelos homens no processo histórico de e de se tornar a educação escolar mais eficiente, por meio de
produção de sua existência material e imaterial, valorizados e ações pedagógicas coletivamente planejadas.
selecionados pela sociedade e pelas escolas que os organizam O planejamento coletivo promove “a conquista da
a fim de que possam ser ensinados e aprendidos, tornando-se cidadania plena, mediante a compreensão do significado social
elementos do desenvolvimento cognitivo do estudante, bem das relações de poder que se reproduzem no cotidiano da
como de sua formação ética, estética e política. escola, nas relações entre os profissionais da educação, o
Para compreender a dinâmica do trabalho pedagógico conhecimento, as famílias e os estudantes, bem assim, entre
escolar a partir do currículo, é necessário que se tome como estes e o projeto político-pedagógico, na sua concepção
referência a cultura escolar consolidada, isto é, as práticas coletiva que dignifica as pessoas, por meio da utilização de um
curriculares já vivenciadas, os códigos e modos de organização método de trabalho centrado nos estudos, nas discussões, no
produzidos, sem perder de vista que esse trabalho se articula diálogo que não apenas problematiza, mas também propõe,
ao contexto sócio-histórico-cultural mais amplo e guarda com fortalecendo a ação conjunta que busca, nos movimentos
ele estreitas relações.

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sociais, elementos para criar e recriar o trabalho da e na sentido para ele, toquem-no intensamente, como propõe
escola”. Larrosa (2004), e, ainda, contribuam para formar identidades
Nesse sentido, ressalta-se a inter-relação entre projeto pautadas por autonomia, solidariedade e participação na
político-pedagógico, currículo, trabalho pedagógico e, sociedade.
concretamente, condição e jornada dos professores. Nesse sentido, deve ser levado em conta o que os
Reitera-se, com base na legislação concernente ao Ensino estudantes já sabem, o que eles gostariam de aprender e o que
Médio, o quanto os princípios adotados e as finalidades se considera que precisam aprender.
perseguidas precisam nortear as decisões tomadas no âmbito Nessa perspectiva, são também importantes metodologias
do currículo, compreendido esse como o conjunto de de ensino inovadoras, distintas das que se encontram nas salas
experiências escolares que se desdobram a partir do de aula mais tradicionais e que, ao contrário dessas, ofereçam
conhecimento, em meio às relações sociais que se travam nos ao estudante a oportunidade de uma atuação ativa,
espaços institucionais, e que afetam a construção das interessada e comprometida no processo de aprender, que
identidades dos estudantes. incluam não só conhecimentos, mas, também, sua
Currículo tem a ver com os esforços pedagógicos contextualização, experimentação, vivências e convivência em
desdobrados na escola, visando a organizar e a tornar efetivo tempos e espaços escolares e extraescolares, mediante aulas e
o processo educativo que conforma a última etapa da situações diversas, inclusive nos campos da cultura, do esporte
Educação Básica. Expressa, assim, o projeto político- e do lazer.
pedagógico institucional, discutido e construído pelos Do professor, espera-se um desempenho competente,
profissionais e pelos sujeitos diretamente envolvidos no capaz de estimular o estudante a colaborar e a interagir com
planejamento e na materialização do percurso escolar. seus colegas, tendo-se em mente que a aprendizagem, para
Pode-se afirmar a importância de se considerar, na bem ocorrer, depende de um diálogo produtivo com o outro.
construção do currículo do Ensino Médio, os sujeitos e seus Cabe enfatizar, neste momento, que os conhecimentos e os
saberes, necessariamente respeitados e acolhidos nesse saberes trabalhados por professores e estudantes, assumem
currículo. O diálogo entre saberes precisa ser desenvolvido, de contornos e características específicas, constituindo o que se
modo a propiciar a todos os estudantes o acesso ao tem denominado de conhecimento escolar.
indispensável para a compreensão das diferentes realidades O conhecimento escolar apresenta diferenças em relação
no plano da natureza, da sociedade, da cultura e da vida. aos conhecimentos que lhe serviram de referência, aos quais
Assume importância, nessa perspectiva, a promoção de um se associa intimamente, mas dos quais se distingue com
amplo debate sobre a natureza da produção do conhecimento. bastante nitidez.
Ou seja, o que se está defendendo é como inserir no currículo, Os conhecimentos escolares provêm de saberes histórica e
o diálogo entre os saberes. socialmente formulados nos âmbitos de referência dos
Mais do que o acúmulo de informações e conhecimentos, currículos. Segundo Terigi (1999), tais âmbitos de referência
há que se incluir no currículo um conjunto de conceitos e podem ser considerados como correspondendo aos seguintes
categorias básicas. Não se pretende, então, oferecer ao espaços:
estudante um currículo enciclopédico, repleto de informações I – instituições produtoras de conhecimento científico
e de conhecimentos, formado por disciplinas isoladas, com (universidades e centros de pesquisa);
fronteiras demarcadas e preservadas, sem relações entre si. A II – mundo do trabalho;
preferência, ao contrário, é que se estabeleça um conjunto III – desenvolvimentos tecnológicos;
necessário de saberes integrados e significativos para o IV – atividades desportivas e corporais;
prosseguimento dos estudos, para o entendimento e ação V – produção artística;
crítica acerca do mundo. VI – campo da saúde;
Associado à integração de saberes significativos, há que se VII – formas diversas de exercício da cidadania;
evitar a prática, ainda frequente, de um número excessivo de VIII – movimentos sociais.
componentes em cada tempo de organização do curso,
gerando não só fragmentação como o seu congestionamento. Nesses espaços são produzidos e selecionados
Além de uma seleção criteriosa de saberes, em termos de conhecimentos e saberes dos quais derivam os escolares.
quantidade, pertinência e relevância, e de sua equilibrada Esses conhecimentos são escolhidos e preparados para
distribuição ao longo dos tempos de organização escolar, vale compor o currículo formal e para configurar o que deve ser
possibilitar ao estudante as condições para o desenvolvimento ensinado e aprendido.
da capacidade de busca autônoma do conhecimento e formas Compreender o que são os conhecimentos escolares faz-se
de garantir sua apropriação. Isso significa ter acesso a diversas relevante para os profissionais da educação, pois permite
fontes, de condições para buscar e analisar novas referências concluir que os ensinados nas escolas não constituem cópias
e novos conhecimentos, de adquirir as habilidades mínimas dos saberes e conhecimentos socialmente produzidos. Por
necessárias à utilização adequada das novas tecnologias da esse motivo, não faz sentido pensar em inserir, nas salas de
informação e da comunicação, assim como de dominar aula, os saberes e as práticas tal como funcionam em seus
procedimentos básicos de investigação e de produção de contextos de origem. Para se tornarem conhecimentos
conhecimentos científicos. É precisamente no aprender a escolares, os conhecimentos e saberes de referência passam
aprender que deve se centrar o esforço da ação pedagógica, por processos de descontextualização e recontextualização. A
para que, mais que acumular conteúdos, o estudante atividade escolar, por conseguinte, implica uma determinada
desenvolva a capacidade de aprender, de pesquisar e de ruptura com as atividades específicas dos campos de
buscar e (re)construir conhecimentos. referência (Moreira e Candau, 2006; Terigi, 1999).
Por se desejar que as experiências de aprendizagem Explicitado como a concepção de conhecimento escolar
venham a tocar os estudantes, afetando sua formação, mostra- pode influir no processo curricular, cabe discutir,
se indispensável a promoção de um ambiente democrático em resumidamente, em que consistem os mencionados processos
que as relações entre estudantes e docentes e entre os de descontextualização e recontextualização do conhecimento
próprios estudantes se caracterizem pelo respeito aos outros escolar. Tais processos incluem algumas estratégias, sendo
e pela valorização da diversidade e da diferença. pertinente observar que o professor capaz de melhor entender
Faz-se imprescindível uma seleção de saberes e o processo de construção do conhecimento escolar pode, de
conhecimentos significativos, capazes de se conectarem aos modo mais acurado, distinguir em que momento os
que o estudante já tenha apreendido e que, além disso, tenham mecanismos implicados nesse processo favorecem ou

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dificultam as atividades docentes. Ou seja, a compreensão de portanto, está mais habilitado para tomar decisões a respeito
como se constitui os conhecimentos escolares e saberes é um do currículo que vai levar à prática.
fator que facilita tanto o planejamento quanto o Compreende-se que organizar o currículo implica romper
desdobramento do próprio processo pedagógico. com falsas polarizações, oposições e fronteiras consolidadas
ao longo do tempo. Isso representa, para os educadores que
7.3. Organização curricular do Ensino Médio atuam no Ensino Médio, a possibilidade de avançar na
compreensão do sentido da educação que é proporcionada aos
Toda ação educativa é intencional. Daí decorre que todo estudantes. Esses professores são instigados a buscar relações
processo educativo fundamenta-se em pressupostos e entre a ciência com a qual trabalham e o seu sentido, enquanto
finalidades, não havendo neutralidade possível nesse força propulsora do desenvolvimento da sociedade em geral e
processo. Ao determinar as finalidades da educação, quem o do cidadão de cuja formação está participando.
faz tem por base uma visão social de mundo, que orienta a Após as análises e reflexões desenvolvidas, discute-se a
reflexão bem como as decisões tomadas. organização curricular propriamente dita, ou seja, como os
O planejamento curricular passa a ser compreendido de componentes curriculares podem ser organizados de modo a
forma estreitamente vinculada às relações que se produzem contribuir para a formação humana integral, tendo como
entre a escola e o contexto histórico-cultural em que a dimensões o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura.
educação se realiza e se institui, como um elemento, portanto, Em geral, quando se discute currículo no Ensino Médio, há
integrador entre a escola e a sociedade. uma tendência a se questionar, corretamente, o espaço dos
As decisões sobre o currículo resultam de um processo saberes específicos, alegando-se que, ao longo da história, a
seletivo, fazendo-se necessário que a escola tenha claro quais concepção disciplinar do currículo isolou cada um deles em
critérios orientam esse processo de escolha. compartimentos estanques e incomunicáveis. Os
O currículo não se limita ao caráter instrumental, conhecimentos de cada ramo da ciência, para chegarem até a
assumindo condição de conferir materialidade às ações escola precisaram ser organizados didaticamente,
politicamente definidas pelos sujeitos da escola. Para transformando-se em conhecimentos escolares. Estes se
concretizar o currículo, essa perspectiva toma, ainda, como diferenciam dos conhecimentos científicos porque são
principais orientações os seguintes pontos: retirados/isolados da realidade social, cultural, econômica,
política, ambiental etc. em que foram produzidos para serem
I – a ação de planejar implica na participação de todos os transpostos para a situação escolar. Nesse processo,
elementos envolvidos no processo; evidentemente, perdem-se muitas das conexões existentes
II – a necessidade de se priorizar a busca da unidade entre entre determinada ciência e as demais. Como forma de
teoria e prática; resolver ou, pelo menos, minimizar os prejuízos decorrentes
III – o planejamento deve partir da realidade concreta e da organização disciplinar escolar, têm surgido, ao longo da
estar voltado para atingir as finalidades legais do Ensino história, propostas que organizam o currículo a partir de
Médio e definidas no projeto coletivo da escola; outras estratégias. É muito rica a variedade de denominações.
IV – o reconhecimento da dimensão social e histórica do Mencionam-se algumas dessas metodologias e estratégias,
trabalho docente. apenas a título de exemplo, sendo propostas que tratam da
aprendizagem baseada em problemas; centros de interesses;
Como proporcionar, por outro lado, compreensões globais, núcleos ou complexos temáticos; elaboração de projetos,
totalizantes da realidade a partir da seleção de componentes e investigação do meio, aulas de campo, construção de
conteúdos curriculares? Como orientar a seleção de conteúdos protótipos, visitas técnicas, atividades artístico-culturais e
no currículo? desportivas, entre outras. Buscam romper com a centralidade
A resposta a tais perguntas implica buscar relacionar das disciplinas nos currículos e substituí-las por aspectos mais
partes e totalidade. Segundo Kosik (1978), cada fato ou globalizadores e que abranjam a complexidade das relações
conjunto de fatos, na sua essência, reflete toda a realidade com existentes entre os ramos da ciência no mundo real.
maior ou menor riqueza ou completude. Por esta razão, é Tais estratégias e metodologias são práticas desafiadoras
possível que um fato contribua mais que outro na explicitação na organização curricular, na medida em que exigem uma
do real. Assim, a possibilidade de se conhecer a totalidade a articulação e um diálogo entre os conhecimentos, rompendo
partir das partes é dada pela possibilidade de se identificar os com a forma fragmentada como historicamente tem sido
fatos ou conjunto de fatos que esclareçam sobre a essência do organizado o currículo do Ensino Médio.
real. Outros aspectos a serem considerados estão relacionados Nesta etapa de ensino, tais metodologias encontram
com a distinção entre o que é essencial e acessório, assim como barreiras em função da necessidade do aprofundamento dos
o sentido objetivo dos fatos. conceitos inerentes às disciplinas escolares, já que cada uma
Além disso, o conhecimento contemporâneo guarda em si se caracteriza por ter objeto próprio de estudo e método
a história da sua construção. O estudo de um fenômeno, de um específico de abordagem. Dessa maneira, tem se revelado
problema, ou de um processo de trabalho está articulado com praticamente difícil desenvolver propostas globalizadoras que
a realidade em que se insere. A relação entre partes que abranjam os conceitos e especificidades de todas as disciplinas
compõem a realidade possibilita ir além da parte para curriculares.
compreender a realidade em seu conjunto. Assim, as propostas voltadas para o Ensino Médio, em
A partir dos referenciais construídos sobre as relações geral, estão baseadas em metodologias mistas (SANTOMÉ,
entre trabalho, ciência, tecnologia e cultura e dos nexos 1998), as quais são desenvolvidas em, pelo menos, dois
estabelecidos entre o projeto político-pedagógico e a espaços e tempos. Um, destinado ao aprofundamento
organização curricular do Ensino Médio, são apresentadas, em conceitual no interior das disciplinas, e outro, voltado para as
seguida, algumas possibilidades deste. denominadas atividades integradoras. É a partir daí que se
Estas possibilidades de organização devem considerar as apresenta uma possibilidade de organização curricular do
normas complementares dos respectivos sistemas de ensino e Ensino Médio, com uma organização por disciplinas (recorte
apoiar-se na participação coletiva dos sujeitos envolvidos, do real para aprofundar conceitos) e com atividades
bem como nas teorias educacionais que buscam as respectivas integradoras (imersão no real ou sua simulação para
soluções. compreender a relação parte-totalidade por meio de
Ninguém mais do que os participantes da atividade escolar atividades interdisciplinares). Há dois pontos cruciais nessa
em seus diferentes segmentos, conhece a sua realidade e, proposta: a definição das disciplinas com a respectiva seleção

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de conteúdos; e a definição das atividades integradoras, pois é concretas (ou simulações) e os conteúdos das disciplinas,
necessário que ambas sejam efetivadas a partir das inter- tendo como fio condutor as conexões entre o trabalho e as
relações existentes entre os eixos constituintes do Ensino demais dimensões.
Médio integrando as dimensões do trabalho, da ciência, da É, portanto, na busca de desenvolver estratégias
tecnologia e da cultura. pedagógicas que contribuam para compreender como o
Cabem, aqui, observações referentes às atividades trabalho, enquanto mediação primeira entre o ser humano e o
integradoras interdisciplinares, como colocadas nas Diretrizes meio ambiente, produz social e historicamente ciência e
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Parecer tecnologia e é influenciado e influencia a cultura dos grupos
CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010): sociais.
A interdisciplinaridade pressupõe a transferência de Este modo de organizar o currículo contribui, não apenas
métodos de uma disciplina para outra. Ultrapassa-as, mas sua para incorporar ao processo formativo, o trabalho como
finalidade inscreve-se no estudo disciplinar. Pela abordagem princípio educativo, como também para fortalecer as demais
interdisciplinar ocorre a transversalidade do conhecimento dimensões estruturantes do Ensino Médio (ciência, tecnologia,
constitutivo de diferentes disciplinas, por meio da ação cultura e o próprio trabalho), sem correr o risco de realizar
didático-pedagógica mediada pela pedagogia dos projetos abordagens demasiadamente gerais e, portanto, superficiais,
temáticos. uma vez que as disciplinas, se bem planejadas, cumprem o
A interdisciplinaridade é, assim, entendida como papel do necessário aprofundamento.
abordagem teórico-metodológica com ênfase no trabalho de
integração das diferentes áreas do conhecimento. 7.4. Base nacional comum e a parte diversificada:
Continua o citado Parecer, considerando que essa integralidade
orientação deve ser enriquecida, por meio de proposta
temática trabalhada transversalmente: A organização da base nacional comum e da parte
A transversalidade é entendida como forma de organizar o diversificada no currículo do Ensino Médio tem sua base na
trabalho didático- pedagógico em que temas, eixos temáticos legislação e na concepção adotada nesse parecer, que
são integrados às disciplinas, às áreas ditas convencionais de apresentam elementos fundamentais para subsidiar diversos
forma a estarem presentes em todas elas. formatos possíveis. Cada escola/rede de ensino pode e deve
A interdisciplinaridade é, portanto, uma abordagem que buscar o diferencial que atenda às necessidades e
facilita o exercício da transversalidade, constituindo-se em características sociais, culturais, econômicas e a diversidade e
caminhos facilitadores da integração do processo formativo os variados interesses e expectativas dos estudantes,
dos estudantes, pois ainda permite a sua participação na possibilitando formatos diversos na organização curricular do
escolha dos temas prioritários. A interdisciplinaridade e a Ensino Médio, garantindo sempre a simultaneidade das
transversalidade complementam-se, ambas rejeitando a dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura.
concepção de conhecimento que toma a realidade como algo O currículo do Ensino Médio tem uma base nacional
estável, pronto e acabado. comum, complementada em cada sistema de ensino e em cada
Qualquer que seja a forma de organização adotada, esta estabelecimento escolar por uma parte diversificada. Esta
deve, como indica a LDB, ter seu foco no estudante e atender enriquece aquela, planejada segundo estudo das
sempre o interesse do processo de aprendizagem. características regionais e locais da sociedade, da cultura, da
No que concerne à seleção dos conteúdos disciplinares, economia e da comunidade escolar, perpassando todos os
importa também evitar as superposições e lacunas, sem fazer tempos e espaços curriculares constituintes do Ensino Médio,
reduções do currículo, ratificando-se a necessidade de independentemente do ciclo da vida no qual os sujeitos
proporcionar a formação continuada dos docentes no sentido tenham acesso à escola.
de que se apropriem da concepção e dos princípios de um A base nacional comum e a parte diversificada constituem
Ensino Médio que integre sua proposta pedagógica às um todo integrado e não podem ser consideradas como dois
características e desenvolvimento das áreas de conhecimento. blocos distintos. A articulação entre ambas possibilita a
Igualmente importante é organizar os tempos e os espaços de sintonia dos interesses mais amplos de formação básica do
atuação dos professores visando garantir o planejamento, cidadão com a realidade local e dos estudantes, perpassando
implementação e acompanhamento em conjunto das todo o currículo.
atividades curriculares. Voltados à divulgação de valores fundamentais ao
Com relação às atividades integradoras, não cabe interesse social e à preservação da ordem democrática, os
especificar denominações, embora haja várias na literatura, conhecimentos que fazem parte da base nacional comum a que
cada uma com suas peculiaridades. Assume-se essa postura todos devem ter acesso, independentemente da região e do
por compreender que tal definição é função de cada sistema de lugar em que vivem, asseguram a característica unitária das
ensino e escola, a partir da realidade concreta vivenciada, o orientações curriculares nacionais, das propostas curriculares
que inclui suas especificidades e possibilidades, assim como as dos Estados, Distrito Federal e Municípios e dos projetos
características sociais, econômicas, políticas, culturais, político-pedagógicos das escolas.
ambientais e laborais da sociedade, do entorno escolar e dos Os conteúdos curriculares que compõem a parte
estudantes e professores. diversificada são definidos pelos sistemas de ensino e pelas
Entretanto, de forma coerente com as dimensões que escolas, de modo a complementar e enriquecer o currículo,
sustentam a concepção de Ensino Médio aqui discutido, é assegurando a contextualização dos conhecimentos escolares
importante que as atividades integradoras sejam concebidas a diante das diferentes realidades.
partir do trabalho como primeira mediação entre o homem e a É assim que, a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais
natureza e de suas relações com a sociedade e com cada uma e dos conteúdos obrigatórios fixados em âmbito nacional,
das outras dimensões curriculares reiteradamente multiplicam-se as propostas e orientações curriculares de
mencionadas. Estados e Municípios e, no seu bojo, os projetos político-
Desse modo, sugere-se que as atividades integradoras pedagógicos das escolas, revelando a autonomia dos entes
sejam desenvolvidas a partir de várias estratégias/temáticas federados e das escolas nas suas respectivas jurisdições e
que incluam a problemática do trabalho de forma relacional. traduzindo a pluralidade de possibilidades na implementação
Assim sendo, a cada tempo de organização escolar as dos currículos escolares diante das exigências do regime
atividades integradoras podem ser planejadas a partir das federativo.
relações entre situações reais existentes nas práticas sociais

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APOSTILAS OPÇÃO

Os conteúdos que compõem a base nacional comum e a b) Física;


parte diversificada têm origem nas disciplinas científicas, no c) Química.
desenvolvimento das linguagens, no mundo do trabalho e na
tecnologia, na produção artística, nas atividades desportivas e III – Ciências Humanas:
corporais, na área da saúde, nos movimentos sociais, e ainda a) História;
incorporam saberes como os que advêm das formas diversas b) Geografia;
de exercício da cidadania, da experiência docente, do cotidiano c) Filosofia;
e dos estudantes. d) Sociologia.
Os conteúdos sistematizados que fazem parte do currículo
são denominados componentes curriculares, os quais, por sua Em decorrência de legislação específica, são obrigatórios:
vez, se articulam com as áreas de conhecimento, a saber:
Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências I – Língua Espanhola, de oferta obrigatória pelas unidades
Humanas. As áreas de conhecimento favorecem a escolares, embora facultativa para o estudante.
comunicação entre os conhecimentos e saberes dos diferentes II – Tratados transversal e integradamente, permeando
componentes curriculares, mas permitem que os referenciais todo o currículo, no âmbito dos demais componentes
próprios de cada componente curricular sejam preservados. curriculares:
A legislação, seja pela LDB seja por outras leis específicas, a) a educação alimentar e nutricional (Lei nº 11.947/2009,
já determina componentes que são obrigatórios e que, que dispõe sobre o atendi- mento da alimentação escolar e do
portanto devem ser tratados em uma ou mais das áreas de Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da Educação
conheci- mento para compor o currículo. Outros, Básica, altera outras leis e dá outras providências);
complementares, a critério dos sistemas de ensino e das b) o processo de envelhecimento, o respeito e a valorização
unidades escolares, podem e devem ser incluídos e tratados do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir
como disciplinas ou, de forma integradora, como unidades de conhecimentos sobre a matéria (Lei nº 10.741/2003: Estatuto
estudos, módulos, atividades, práticas e projetos do Idoso);
contextualiza- dos e interdisciplinares ou diversamente c) a Educação Ambiental (Lei nº 9.795/99: Política
articuladores de saberes, desenvolvimento transversal de Nacional de Educação Ambiental);
temas ou outras formas de organização. d) a educação para o trânsito (Lei nº 9.503/97: Código de
Os componentes definidos pela LDB como obrigatórios Trânsito Brasileiro).
são: e) a educação em direitos humanos (Decreto nº
7.037/2009: Programa Nacional de Direitos Humanos -
I – o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o PNDH).
conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social
e política, especialmente do Brasil; Reitera-se que outros componentes complementares, a
II – o ensino da Arte, especialmente em suas expressões critério dos sistemas de ensino e das unidades escolares e
regionais, de forma a promover o desenvolvimento cultural definidos em seus projetos político-pedagógicos, podem ser
dos estudantes, com a Música como seu conteúdo obrigatório, incluídos no currículo, sendo tratados ou como disciplinas ou
mas não exclusivo; com outro formato, preferencialmente, de forma transversal e
III – a Educação Física, integrada à proposta pedagógica da integradora.
instituição de ensino, sendo sua prática facultativa ao Ainda nos termos da LDB, o currículo do Ensino Médio,
estudante nos casos previstos em Lei; deve garantir ações que pro- movam a educação tecnológica
IV – o ensino da História do Brasil, que leva em conta as básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e
contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação das artes; o processo histórico de transformação da sociedade
do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, e da cultura; e a língua portuguesa como instrumento de
africana e europeia; comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da
V – o estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e cidadania. Deve, também, adotar metodologias de ensino e de
Indígena, no âmbito de todo o currículo escolar, em especial avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes, bem
nas áreas de educação artística e de literatura e história como organizar os conteúdos, as metodologias e as formas de
brasileiras; avaliação de tal modo que ao final do Ensino Médio o estudante
VI – a Filosofia e a Sociologia em todos os anos do curso; demonstre domínio dos princípios científicos e tecnológicos
VII – uma língua estrangeira moderna na parte que presidem a produção moderna, e conhecimento das
diversificada, escolhida pela comunidade escolar, e uma formas contemporâneas de linguagem.
segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da Na perspectiva das dimensões trabalho, ciência, tecnologia
instituição. e cultura, as instituições de ensino devem ter presente que
formam um eixo integrador entre os conhecimentos de
Em termos operacionais, os componentes curriculares distintas naturezas, contextualizando-os em sua dimensão
obrigatórios decorrentes da LDB que integram as áreas de histórica e em relação à realidade social contemporânea.
conhecimento são os referentes a: Essa integração entre as dimensões do trabalho, ciência,
tecnologia e cultura na perspectiva do trabalho como princípio
I – Linguagens: educativo, tem por fim propiciar a compreensão dos
a) Língua Portuguesa. fundamentos científicos e tecnológicos dos processos sociais e
b) Língua Materna, para populações indígenas. produtivos, devendo orientar a definição de toda proposição
c) Língua Estrangeira moderna. curricular, constituindo-se no fundamento da seleção dos
d) Arte, em suas diferentes linguagens: cênicas, plásticas e, conhecimentos, disciplinas, metodologias, estratégias, tempos,
obrigatoriamente, a musical. espaços, arranjos curriculares alternativos e formas de
e) Educação Física. avaliação.
Estas dimensões dão condições para um Ensino Médio
II – Matemática. unitário que, ao mesmo tempo, deve ser diversificado para
atender com motivação à heterogeneidade e pluralidade de
III – Ciências da Natureza: condições, interesses e aspirações dos estudantes. Mantida a
a) Biologia; diversidade, a unidade nacional a ser buscada, no entanto,

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necessita de alvos mais específicos para orientar as VIII – Os componentes curriculares que integram as áreas
aprendizagens comuns a todos no país, nos termos das de conhecimento podem ser tratados ou como disciplinas,
presentes Diretrizes. Estes alvos devem ser constituídos por sempre de forma integrada, ou como unidades de estudos,
expectativas de aprendizagem dos conhecimentos escolares módulos, atividades, práticas e projetos contextualizados e
da base nacional comum que devem ser atingidas pelos interdisciplinares ou diversamente articuladores de saberes,
estudantes em cada tempo do curso de Ensino Médio, as quais, desenvolvimento transversal de temas ou outras formas de
por sua vez devem necessariamente orientar as matrizes de organização.
competência do ENEM. Nesse sentido, o Conselho Nacional de IX – Tanto na base nacional comum quanto na parte
Educação deverá apreciar proposta dessas expectativas, a diversificada a organização curricular do Ensino Médio deve
serem elaboradas pelo Ministério da Educação, em articulação oferecer tempos e espaços próprios para estudos e atividades
com os órgãos dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito que permitam itinerários formativos opcionais diversificados,
Federal e dos Municípios. a fim de melhor responder à heterogeneidade e pluralidade de
condições, múltiplos interesses e aspirações dos estudantes,
7.5. Formas de oferta e de organização do Ensino com suas especificidades etárias, sociais e culturais, bem como
Médio sua fase de desenvolvimento.
X – Formas diversificadas de itinerários formativos podem
O Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, deve ser organizadas, desde que garantida a simultaneidade das
assegurar sua função formativa para todos os estudantes, dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura,
sejam adolescentes, jovens ou adultos, atendendo: e definidas pelo projeto político-pedagógico, atendendo
I – O Ensino Médio pode organizar-se em tempos escolares necessidades, anseios e aspirações dos sujeitos e a realidade
no formato de séries anu- ais, períodos semestrais, ciclos, da escola e de seu meio.
alternância regular de períodos de estudos, grupos não XI – A interdisciplinaridade e a contextualização devem
seriados, com base na idade, na competência e em outros assegurar a transversalidade e a articulação do conhecimento
critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o de diferentes componentes curriculares, propiciando a
interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. interlocução entre os saberes das diferentes áreas de
II – No Ensino Médio regular, a duração mínima é de 3 anos, conhecimento.
com carga horária mínima total de 2.400 horas, tendo como
referência uma carga horária anual de 800 horas, distribuídas Note-se que as horas acima indicadas são, obviamente, de
em pelo menos 200 dias de efetivo trabalho escolar. 60 minutos, não se confundindo com as horas-aula, as quais
III – O Ensino Médio regular diurno, quando adequado aos podem ter a duração necessária que for considerada no
seus estudantes, pode se organizar em regime de tempo projeto de cada escola.
integral, com no mínimo 7 horas diárias; Destaque-se que há redes escolares com Ensino Médio que
IV – No Ensino Médio regular noturno, adequado às já vêm desenvolvendo formas de oferta que atendem às
condições de trabalhadores e res- peitados os mínimos de indicações acima, inclusive com ampliação da duração e da
duração e carga horária, o projeto pedagógico deve atender carga horária do curso e com organização curricular flexível e
com qualidade a sua singularidade, especificando uma integradora. São exemplos desse comportamento as escolas
organização curricular e metodológica diferenciada, e pode, que aderiram aos Programas Mais Educação e Ensino Médio
para garantir a permanência e o sucesso destes estudantes: Inovador, ambos incentivados pelo MEC na perspectiva do
a) ampliar a duração para mais de 3 anos, com menor carga desenvolvimento de experiências curriculares inovadoras.
horária diária e anual, garantido o mínimo total de 2.400 horas Ao lado das alternativas que incluem a ampliação da carga
para o curso; horária deve-se estimular a busca de metodologias que
V – Na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, promovam a melhoria da qualidade, sem necessariamente
observadas suas Diretrizes específicas, a duração mínima é de implicar na ampliação do tempo de permanência na sala de
1.200 horas, sendo que o projeto pedagógico deve atender com aula, tais como o uso intensivo de tecnologias da informação e
qualidade a sua singularidade, especificando uma organização comunicação.
curricular e metodológica diferenciada que pode, para garantir No referente à integração com a profissionalização,
a permanência e o sucesso de estudantes trabalhadores: acrescenta-se que a base científica não deve ser compreendida
a) ampliar seus tempos de organização escolar, com menor como restrita àqueles conhecimentos que fundamentam a
carga horária diária e anu- al, garantida sua duração mínima; tecnologia específica. Ao contrário, a incorporação das ciências
VI – Atendida a formação geral, incluindo a preparação humanas na formação do trabalhador é fundamental para
básica para o trabalho, o Ensino Médio pode preparar para o garantir o currículo integrado. Por exemplo: história social do
exercício de profissões técnicas, por articulação na forma trabalho, da tecnologia e das profissões; compreensão, no
integrada com a Educação Profissional e Tecnológica, âmbito da geografia, da produção e difusão territorial das
observadas as Diretrizes específicas, com as cargas horárias tecnologias e da divisão internacional do trabalho; filosofia,
mínimas de: pelo estudo da ética e estética do trabalho, além de
a) 3.200 horas, no Ensino Médio regular integrado com a fundamentos da epistemologia que garantam uma iniciação
Educação Profissional Técnica de Nível Médio; científica consistente; sociologia do trabalho, com o estudo da
b) 2.400 horas, na Educação de Jovens e Adultos integrada organização dos processos de trabalho e da organização social
com a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, do trabalho; meio ambiente, saúde e segurança, inclusive
respeitado o mínimo de 1.200 horas de educação geral; conhecimentos de ecologia, ergonomia, saúde e psicologia do
c) 1.400 horas, na Educação de Jovens e Adultos integrada trabalho, no sentido da prevenção das doenças ocupacionais.
com a formação inicial e continuada ou qualificação
profissional, respeitado o mínimo de 1.200 horas de educação 8. Implementação das Diretrizes Curriculares
geral; Nacionais e o compromisso com o sucesso dos estudantes
VII – Na Educação Especial, Educação do Campo, Educação
Escolar Indígena, Educação Escolar Quilombola, de pessoas em O Ensino Médio, fundamentado na integração das
regime de acolhimento ou internação e em regime de privação dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura,
de liberdade, e na Educação a Distância, devem ser observadas pode contribuir para explicitar o significado da formação na
as respectivas Diretrizes e normas nacionais. etapa conclusiva da Educação Básica, uma vez que materializa
a formação humana integral.

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Para que essa educação integral constitua-se em política do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), do Plano de
pública educacional é necessário que o Estado se faça presente Ações Articuladas (PAR) e vários programas, dentre estes, o
e que assuma uma amplitude nacional, na perspectiva de que Brasil Profissionalizado, o Ensino Médio Inovador, o Programa
as ações realizadas nesse âmbito possam enraizar-se em todo Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM), vêm
o território brasileiro. criando condições que favorecem a implementação destas
Para que isso possa ocorrer é fundamental que as ações Diretrizes.
desencadeadas nesse domínio sejam orientadas por um Lembra-se, igualmente, a proposta do Custo Aluno-
regime de coordenação e cooperação entre as esferas públicas Qualidade Inicial (CAQi), que indica insumos essenciais
dos vários níveis, dentro do quadro de um sistema nacional de associados aos padrões mínimos de qualidade para a Educação
educação, no qual cada ente federativo, com suas peculiares Básica pública no Brasil, previstos na Constituição Federal
competências, colabora para uma educação de qualidade. A (inciso VII do art. 206) e na LDB (inciso IX do art. 4º), a qual foi
Emenda Constitucional nº 59/2009, incluiu na Constituição objeto do Parecer CNE/CEB nº 8/2010. No contexto do CAQi, é
Federal justamente a prescrição de que a União, os Estados, o exigência um padrão mínimo de insumos, que tem como base
Distrito Federal e os Municípios devem organizar em regime um investimento com valor calculado a partir das despesas
de colaboração seus sistemas de ensino (art. 211), e que será essenciais ao desenvolvimento dos processos e procedimentos
articulado o sistema nacional de educação em regime de formativos, que levem, gradualmente, a uma educação
colaboração, o qual é um objetivo do Plano Nacional de integral, dotada de qualidade social. Tais padrões mínimos são
Educação, de duração decenal, a ser estabelecido por lei (art. definidos como os que levam em conta, entre outros
214). parâmetros: professores qualificados com remuneração
Em nível nacional, almeja-se coordenação e cooperação adequada; pessoal de apoio técnico e administrativo que
entre o MEC e outros Ministérios, tendo em vista a articulação assegure o bom funcionamento da escola; escolas possuindo
com as políticas setoriais afins; internamente, entre suas condições de infraestrutura e de equipamentos adequados;
Secretarias e órgãos vinculados; e externamente, com as definição de relação adequada entre número de estudantes
instituições de Educação Superior, os sistemas estaduais, do por turma e por professor, e número de salas e estudantes.
Distrito Federal e os sistemas municipais de ensino. Finalmente, visando alcançar unidade nacional e
No nível de cada unidade da Federação, espera-se que haja respeitadas as diversidades, reitera-se que o Ministério da
coordenação e cooperação entre o respectivo sistema de Educação elabore e encaminhe ao Conselho Nacional de
ensino, as instituições de Educação Superior e os sistemas Educação, precedida de consulta pública nacional, proposta de
municipais de ensino. Pressupõe igualmente a cooperação expectativas de aprendizagem dos conhecimentos escolares e
entre órgãos ou entidades responsáveis pelas políticas saberes que devem ser alcançadas pelos estudantes em
setoriais afins no âmbito estadual e dos municípios. diferentes tempos do curso de Ensino Médio que,
No nível das unidades escolares é igualmente relevante a necessariamente, se orientem por estas Diretrizes. Esta
criação de mecanismos de comunicação e intercâmbio, elaboração deve ser conduzida pelo MEC em articulação e
visando à difusão e adoção de boas práticas que desenvolvam. colaboração com os órgãos dos sistemas de ensino dos
É esse regime de colaboração mútua que deve contribuir Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. As expectativas
para que as escolas, as redes e os sistemas de ensino possam de aprendizagem, que não significam conteúdos obrigatórios
desenvolver um Ensino Médio organicamente articulado e de currículo mínimo, devem vir a ser encaradas como direito
sequente em relação às demais etapas da Educação Básica, a dos estudantes, portanto, com resultados correspondentes
partir de soluções adequadas para questões centrais como exigíveis por eles.
financiamento; existência de quadro específico de professores É imprescindível que o MEC articule e compatibilize, com
efetivos; formação inicial e continuada de docentes, estas Diretrizes, as expectativas de aprendizagem, a formação
profissionais técnico-administrativos e de gestores; de professores, os investimentos em materiais didáticos, e as
infraestrutura física necessária a cada tipo de instituição, entre avaliações de desempenho e exames nacionais, especialmente
outros aspectos relevantes. o ENEM. Com essa compatibilização, o Ensino Médio, em
No tocante aos profissionais da educação – gestores, âmbito nacional, ganhará coerência e consistência, visando à
professores, especialistas, técnicos, monitores e outros – cabe sua almejada qualidade social.
papel de relevo aos gestores, seja dos sistemas, seja das Ao Ministério cabe, ainda, oferecer subsídios para a
escolas. A eles cabe liderar as equipes, criar as condições implementação destas Diretrizes.
adequadas e estimular a efetivação do projeto político-
pedagógico e do respectivo currículo, o que requer processo Questões
democrático de seleção segundo critérios técnicos de mérito e
de desempenho, como também lhes deve ser propiciada 01. De acordo com o Art. 35 da Lei 9.394/96, o Ensino
formação apropriada, inclusive continuada, para atualização e Médio, etapa final da Educação Básica terá como finalidade:
aprimoramento do desempenho desse papel. I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos
Quanto aos professores, embora repetitivo, cabe reiterar a adquiridos no Ensino Fundamental com a finalidade de inseri-
necessidade de efetivação da sua valorização, tanto no lo no mercado de trabalho;
referente a remuneração, quanto a plano de carreira, II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do
condições de trabalho, jornada de trabalho completa em única educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de
escola, organização de tempos e espaços de sua atuação para se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou
garantia de planejamento, implementação e acompanhamento aperfeiçoamento posteriores;
conjunto das atividades curriculares, formação inicial e III – o aprimoramento do educando como pessoa humana
continuada, inclusive para que se apropriem da concepção e incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia
dos princípios do Ensino Médio proposto nestas diretrizes e no intelectual e do pensamento crítico;
respectivo projeto político-pedagógico, incorporando atuação IV – a compreensão dos fundamentos científico-
diversificada, com estratégias, metodologias e atividades tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria
integradoras, contextualizadas e interdisciplinares ou com a prática, no ensino de cada disciplina.
diversamente articuladores de saberes.
É oportuno lembrar que as ações do MEC voltadas para a Assinale a alternativa que contém a resposta CORRETA.
expansão e melhoria do Ensino Médio, como a proposição do (A) Apenas as assertivas I e III são verdadeiras.
FUNDEB (Lei nº 11.494/2007), a formulação e implementação (B) Apenas a assertiva I é falsa

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(C) Apenas a assertiva II e IV é falsa. médio, nos termos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(D) Apenas a assertiva III é verdadeira. Nacional, em especial dos seus artigos 4º, 5º ,37, 38, e 87 e, no
(E) Apenas assertiva I é verdadeira. que couber, da Educação Profissional.
§ 1º Estas Diretrizes servem como referência opcional para
02. Com relação aos princípios norteadores das normas da as iniciativas autônomas que se desenvolvem sob a forma de
gestão democrática do ensino público na educação básica, processos formativos extraescolares na sociedade civil.
assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa: § 2º Estas Diretrizes se estendem à oferta dos exames
( ) I - participação dos profissionais da educação na supletivos para efeito de certificados de conclusão das etapas
elaboração do projeto pedagógico da escola; do ensino fundamental e do ensino médio da Educação de
( ) II - participação das comunidades escolar e local em Jovens e Adultos.
conselhos escolares ou equivalentes.
( ) III – participação das comunidades escolar na Art. 3º As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
elaboração do projeto pedagógico da escola; Fundamental estabelecidas e vigentes na Resolução CNE/CEB
2/98 se estendem para a modalidade da Educação de Jovens e
As afirmativas são, respectivamente, Adultos no ensino fundamental.
(A) F, V e F.
(B) V, V e V. Art. 4º As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
(C) F, V e V. Médio estabelecidas e vigentes na Resolução CNE/CEB 3/98,
(D) V, V e F. se estendem para a modalidade de Educação de Jovens e
(E) F, F e F. Adultos no ensino médio.

03. Em relação aos conteúdos curriculares que compõem a Art. 5º Os componentes curriculares consequentes ao
parte diversificada são definidos pelos sistemas de ensino e modelo pedagógico próprio da educação de jovens e adultos e
pelas escolas, de modo a complementar e enriquecer o expressos nas propostas pedagógicas das unidades
currículo, assegurando a contextualização dos conhecimentos educacionais obedecerão aos princípios, aos objetivos e às
escolares diante das diferentes realidades, essa assertiva pode diretrizes curriculares tais como formulados no Parecer
ser considerada em conformidade com a Lei 9.394/96? CNE/CEB 11/2000, que acompanha a presente Resolução, nos
( ) Verdadeiro ( ) Falso pareceres CNE/CEB 4/98, CNE/CEB 15/98 e CNE/CEB 16/99,
suas respectivas resoluções e as orientações próprias dos
Respostas sistemas de ensino.
Parágrafo único. Como modalidade destas etapas da
01. Gabarito B. Educação Básica, a identidade própria da Educação de Jovens
02. Gabarito D. e Adultos considerará as situações, os perfis dos estudantes, as
03. Gabarito VERDADEIRO. faixas etárias e se pautará pelos princípios de equidade,
diferença e proporcionalidade na apropriação e
contextualização das diretrizes curriculares nacionais e na
Diretrizes para Educação proposição de um modelo pedagógico próprio, de modo a
assegurar:
de Jovens e Adultos. I - quanto à equidade, a distribuição específica dos
componentes curriculares a fim de propiciar um patamar
igualitário de formação e restabelecer a igualdade de direitos
RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 1, DE 5 DE JULHO DE 20002 e de oportunidades face ao direito à educação;
II- quanto à diferença, a identificação e o reconhecimento
Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a da alteridade própria e inseparável dos jovens e dos adultos
Educação e Jovens e Adultos. em seu processo formativo, da valorização do mérito de cada
qual e do desenvolvimento de seus conhecimentos e valores;
O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho III - quanto à proporcionalidade, a disposição e alocação
Nacional de Educação, de conformidade com o disposto no Art. adequadas dos componentes curriculares face às necessidades
9º, § 1°, alínea “c”, da Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961, próprias da Educação de Jovens e Adultos com espaços e
com a redação dada pela Lei 9.131, de 25 de novembro de tempos nos quais as práticas pedagógicas assegurem aos seus
1995, e tendo em vista o Parecer CNE/CEB 11/2000, estudantes identidade formativa comum aos demais
homologado pelo Senhor Ministro da Educação em 7 de junho participantes da escolarização básica.
de 2000,
Art. 6º Cabe a cada sistema de ensino definir a estrutura e
RESOLVE: a duração dos cursos da Educação de Jovens e Adultos,
respeitadas as diretrizes curriculares nacionais, a identidade
Art. 1º Esta Resolução institui as Diretrizes Curriculares desta modalidade de educação e o regime de colaboração entre
Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos a serem os entes federativos.
obrigatoriamente observadas na oferta e na estrutura dos Art. 7º Obedecidos o disposto no Art. 4º, I e VII da LDB e a
componentes curriculares de ensino fundamental e médio dos regra da prioridade para o atendimento da escolarização
cursos que se desenvolvem, predominantemente, por meio do universal obrigatória, será considerada idade mínima para a
ensino, em instituições próprias e integrantes da organização inscrição e realização de exames supletivos de conclusão do
da educação nacional nos diversos sistemas de ensino, à luz do ensino fundamental a de 15 anos completos. Parágrafo único.
caráter próprio desta modalidade de educação. Fica vedada, em cursos de Educação de Jovens e Adultos, a
matrícula e a assistência de crianças e de adolescentes da faixa
Art. 2º A presente Resolução abrange os processos etária compreendida na escolaridade universal obrigatória ou
formativos da Educação de Jovens e Adultos como modalidade seja, de sete a quatorze anos completos.
da Educação Básica nas etapas dos ensinos fundamental e

2 http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB012000.pdf

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Parágrafo único. Fica vedada, em cursos de Educação de a) divulgar a relação dos cursos e dos estabelecimentos
Jovens e Adultos, a matrícula e a assistência de crianças e de autorizados à aplicação de exames supletivos, bem como das
adolescentes da faixa etária compreendida na escolaridade datas de validade dos seus respectivos atos autorizadores.
universal obrigatória ou seja, de sete a quatorze anos b) acompanhar, controlar e fiscalizar os estabelecimentos
completos. que ofertarem esta modalidade de educação básica, bem como
no caso de exames supletivos.
Art. 8º Observado o disposto no Art. 4º, VII da LDB, a idade
mínima para a inscrição e realização de exames supletivos de Art. 16. As unidades ofertantes desta modalidade de
conclusão do ensino médio é a de 18 anos completos. educação, quando da autorização dos seus cursos,
§ 1º O direito dos menores emancipados para os atos da apresentarão aos órgãos responsáveis dos sistemas o
vida civil não se aplica para o da prestação de exames regimento escolar para efeito de análise e avaliação.
supletivos. Parágrafo único. A proposta pedagógica deve ser
§ 2º Semelhantemente ao disposto no parágrafo único do apresentada para efeito de registro e arquivo histórico.
Art. 7º, os cursos de Educação de Jovens e Adultos de nível
médio deverão ser voltados especificamente para alunos de Art. 17. A formação inicial e continuada de profissionais
faixa etária superior à própria para a conclusão deste nível de para a Educação de Jovens e Adultos terá como referência as
ensino ou seja, 17 anos completos. diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental e
para o ensino médio e as diretrizes curriculares nacionais para
Art. 9º Cabe aos sistemas de ensino regulamentar, além a formação de professores, apoiada em:
dos cursos, os procedimentos para a estrutura e a organização I – ambiente institucional com organização adequada à
dos exames supletivos, em regime de colaboração e de acordo proposta pedagógica;
com suas competências. II – investigação dos problemas desta modalidade de
Parágrafo único. As instituições ofertantes informarão aos educação, buscando oferecer soluções teoricamente
interessados, antes de cada início de curso, os programas e fundamentadas e socialmente contextuadas;
demais componentes curriculares, sua duração, requisitos, III – desenvolvimento de práticas educativas que
qualificação dos professores, recursos didáticos disponíveis e correlacionem teoria e prática;
critérios de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas IV – utilização de métodos e técnicas que contemplem
condições. códigos e linguagens apropriados às situações específicas de
aprendizagem.
Art. 10. No caso de cursos semipresenciais e a distância, os Art. 18. Respeitado o Art. 5º desta Resolução, os cursos de
alunos só poderão ser avaliados, para fins de certificados de Educação de Jovens e Adultos que se destinam ao ensino
conclusão, em exames supletivos presenciais oferecidos por fundamental deverão obedecer em seus componentes
instituições especificamente autorizadas, credenciadas e curriculares aos Art. 26, 27, 28 e 32 da LDB e às diretrizes
avaliadas pelo poder público, dentro das competências dos curriculares nacionais para o ensino fundamental.
respectivos sistemas, conforme a norma própria sobre o Parágrafo único. Na organização curricular, competência
assunto e sob o princípio do regime de colaboração. dos sistemas, a língua estrangeira é de oferta obrigatória nos
anos finais do ensino fundamental.
Art. 11. No caso de circulação entre as diferentes
modalidades de ensino, a matrícula em qualquer ano das Art. 19. Respeitado o Art. 5º desta Resolução, os cursos de
etapas do curso ou do ensino está subordinada às normas do Educação de Jovens e Adultos que se destinam ao ensino
respectivo sistema e de cada modalidade. médio deverão obedecer em seus componentes curriculares
aos Art. 26, 27, 28, 35 e 36 da LDB e às diretrizes curriculares
Art. 12. Os estudos de Educação de Jovens e Adultos nacionais para o ensino médio.
realizados em instituições estrangeiras poderão ser
aproveitados junto às instituições nacionais, mediante a Art. 20. Os exames supletivos, para efeito de certificado
avaliação dos estudos e reclassificação dos alunos jovens e formal de conclusão do ensino fundamental, quando
adultos, de acordo com as normas vigentes, respeitados os autorizados e reconhecidos pelos respectivos sistemas de
requisitos diplomáticos de acordos culturais e as ensino, deverão seguir o Art. 26 da LDB e as diretrizes
competências próprias da autonomia dos sistemas. curriculares nacionais para o ensino fundamental.
§ 1º A explicitação desses componentes curriculares nos
Art. 13. Os certificados de conclusão dos cursos a distância exames será definida pelos respectivos sistemas, respeitadas
de alunos jovens e adultos emitidos por instituições as especificidades da educação de jovens e adultos.
estrangeiras, mesmo quando realizados em cooperação com § 2º A Língua Estrangeira, nesta etapa do ensino, é de
instituições sediadas no Brasil, deverão ser revalidados para oferta obrigatória e de prestação facultativa por parte do
gerarem efeitos legais, de acordo com as normas vigentes para aluno.
o ensino presencial, respeitados os requisitos diplomáticos de § 3º Os sistemas deverão prever exames supletivos que
acordos culturais. considerem as peculiaridades dos portadores de necessidades
especiais.
Art. 14. A competência para a validação de cursos com
avaliação no processo e a realização de exames supletivos fora Art. 21. Os exames supletivos, para efeito de certificado
do território nacional é privativa da União, ouvido o Conselho formal de conclusão do ensino médio, quando autorizados e
Nacional de Educação. reconhecidos pelos respectivos sistemas de ensino, deverão
observar os Art. 26 e 36 da LDB e as diretrizes curriculares
Art. 15. Os sistemas de ensino, nas respectivas áreas de nacionais do ensino médio.
competência, são corresponsáveis pelos cursos e pelas formas § 1º Os conteúdos e as competências assinalados nas áreas
de exames supletivos por eles regulados e autorizados. definidas nas diretrizes curriculares nacionais do ensino
Parágrafo único. Cabe aos poderes públicos, de acordo com médio serão explicitados pelos respectivos sistemas,
o princípio de publicidade: observadas as especificidades da educação de jovens e adultos.
§ 2º A língua estrangeira é componente obrigatório na
oferta e prestação de exames supletivos.

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APOSTILAS OPÇÃO

§ 3º Os sistemas deverão prever exames supletivos que normas dos respectivos sistemas e no âmbito de suas
considerem as peculiaridades dos portadores de necessidades competências, inclusive para a educação profissional de nível
especiais. técnico, obedecendo-se às respectivas diretrizes curriculares
nacionais, pela mesma instituição que oferece o curso.
Art. 22. Os estabelecimentos poderão aferir e reconhecer, (B) Os estabelecimentos poderão aferir e reconhecer,
mediante avaliação, conhecimentos e habilidades obtidos em mediante avaliação, conhecimentos e habilidades obtidos em
processos formativos extraescolares, de acordo com as processos formativos extraescolares, de acordo com as
normas dos respectivos sistemas e no âmbito de suas normas dos respectivos sistemas e no âmbito de suas
competências, inclusive para a educação profissional de nível competências, exceto para a educação profissional de nível
técnico, obedecidas as respectivas diretrizes curriculares técnico.
nacionais. (C) Os históricos escolares e declarações de conclusão de
cursos supletivos realizados em escolas regulares deverão ser
Art. 23. Os estabelecimentos, sob sua responsabilidade e expedidos pela Superintendência Regional de Ensino.
dos sistemas que os autorizaram, expedirão históricos (D) No caso de cursos semipresenciais e a distância, os
escolares e declarações de conclusão, e registrarão os alunos poderão ser avaliados para fins de certificados de
respectivos certificados, ressalvados os casos dos certificados conclusão na mesma instituição que ofereceu o curso, ainda
de conclusão emitidos por instituições estrangeiras, a serem que esta não pertença ao sistema oficial de ensino.
revalidados pelos órgãos oficiais competentes dos sistemas.
Parágrafo único. Na sua divulgação publicitária e nos 03. (IF/RJ - Pedagogo – IF-RJ). A Resolução CNE/CEB Nº
documentos emitidos, os cursos e os estabelecimentos 1/00, que estabelece as diretrizes curriculares nacionais para
capacitados para prestação de exames deverão registrar o a Educação de Jovens e Adultos, prevê que a formação inicial e
número, o local e a data do ato autorizador. continuada de profissionais para Educação de Jovens e Adultos
terá como referência as diretrizes curriculares nacionais para
Art. 24. As escolas indígenas dispõem de norma específica o ensino fundamental e para o ensino médio e as diretrizes
contida na Resolução CNE/CEB 3/99, anexa ao Parecer curriculares nacionais para a formação de professores,
CNE/CEB 14/99. apoiadas em alguns princípios, EXCETO o que preconiza
Parágrafo único. Aos egressos das escolas indígenas e (A) a investigação dos problemas desta modalidade de
postulantes de ingresso em cursos de educação de jovens e educação, buscando oferecer soluções teoricamente
adultos, será admitido o aproveitamento destes estudos, de fundamentadas e socialmente contextualizadas.
acordo com as normas fixadas pelos sistemas de ensino. (B) o ambiente institucional com organização adequada à
proposta pedagógica.
Art. 25. Esta Resolução entra em vigor na data de sua (C) a transmissão de conhecimentos de forma fragmentada
publicação, ficando revogadas as disposições em contrário. e deslocada do contexto social do educando.
(D) o desenvolvimento de práticas educativas que
FRANCISCO APARECIDO CORDÃO correlacionem teoria e prática.
(E) a utilização de métodos e técnicas que contemplem
Presidente da Câmara de Educação Básica códigos e linguagens apropriados às situações específicas de
aprendizagem.
Questões
04. (IF/SP - Professor – IF-SP). Segundo a RESOLUÇÃO
01. (Prefeitura de Goiana/PE - Professor - Educação CNE/CEB Nº 1, DE 5 DE JULHO DE 2000, que estabelece as
Infantil – IPAD). A Resolução CNE/CEB Nº 1, de 5 de julho de Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação e Jovens e
2000, considera que: Adultos, podemos dizer que não é verdadeira a alternativa:
(A) os processos formativos da Educação de Jovens e (A) As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Adultos como modalidade da Educação Básica nas etapas dos Fundamental estabelecidas e vigentes na Resolução CNE/CEB
ensinos fundamental e médio, devem obedecer aos termos da 2/98 se estendem para a modalidade da Educação de Jovens e
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Adultos no ensino fundamental.
(B) as iniciativas devem ser governamentais e se (B) As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio
desenvolverem sob a forma de processos formativos estabelecidas e vigentes na Resolução CNE/CEB 3/98, se
intraescolares na sociedade jurídica, de acordo com a Lei de estendem para a modalidade de Educação de Jovens e Adultos
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. no ensino médio.
(C) a autonomia dos sistemas de ensino quanto à definição, (C) Cabe a cada sistema de ensino definir a estrutura e a
estrutura e duração dos cursos da Educação de Jovens e duração dos cursos da Educação de Jovens e Adultos,
Adultos deverá ser independente das diretrizes curriculares respeitadas as diretrizes curriculares nacionais, a identidade
nacionais. desta modalidade de educação e o regime de colaboração entre
(D) a matrícula e a assistência de crianças e de os entes federativos.
adolescentes da faixa etária compreendida na escolaridade (D) É permitida, em casos específicos, a matrícula e a
universal obrigatória deverá ser de cinco aos dezesseis anos assistência de crianças e de adolescentes da faixa etária
completos. compreendida na escolaridade universal obrigatória ou seja,
(E) a idade mínima para a inscrição e realização de exames de sete a quatorze anos completos.
supletivos de conclusão do ensino médio deve ser a de quinze (E) Semelhantemente ao disposto no parágrafo único do
anos completos. Art. 7º, os cursos de Educação de Jovens e Adultos de nível
médio deverão ser voltados especificamente para alunos de
02. (Prefeitura de Unaí/MG - Pedagogo – faixa etária superior à própria para a conclusão deste nível de
COTEC/2015). Nos termos da Resolução CNE/CEB nº ensino ou seja, 17 anos completos.
01/2000, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação de Jovens e Adultos, é CORRETO afirmar:
(A) Os estabelecimentos poderão aferir e reconhecer,
mediante avaliação, conhecimentos e habilidades, se obtidos
em processos formativos extraescolares, de acordo com as

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Respostas tornou-se possível, atendendo aos Referenciais para a


01. Resposta: A Educação Especial , elaborar o texto próprio para a edição das
02. Resposta: A Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
03. Resposta: C Básica, em dois grandes temas:
04. Resposta: D a) TEMA I: A Organização dos Sistemas de Ensino para o
Atendimento ao Aluno que Apresenta Necessidades
Educacionais Especiais; e
b) TEMA II: A Formação do Professor.
Diretrizes para Educação
Especial. O tema II, por ser parte da competência da Câmara de
Educação Superior do Conselho Nacional de Educação
(CES/CNE), foi encaminhado àquela Câmara encarregada de
elaborar as diretrizes para a formação de professores.
PARECER CNE/CEB Nº 17/20013
I - RELATÓRIO 1. A ORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE ENSINO PARA O
ATENDIMENTO AO ALUNO QUE APRESENTA
A edição de Diretrizes Nacionais envolve estudos NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
abrangentes relativos à matéria que, no caso, é a Educação
Especial. Muitas interrogações voltam-se para a pesquisa 1. Fundamentos
sobre o assunto; sua necessidade, sua incidência no âmbito da
Educação e do Ensino, como atendimento à clientela A Educação Especial, como modalidade da educação
constituída de portadores de deficiências detectáveis nas mais escolar, organiza-se de modo a considerar uma aproximação
diversas áreas educacionais, políticas e sociais. sucessiva dos pressupostos e da prática pedagógica social da
Como base para o presente relatório e decorrente educação inclusiva, a fim de cumprir os seguintes dispositivos
produção de parecer foram utilizadas, além de ampla legais e políticofilosóficos:
bibliografia, diversos estudos oferecidos à Câmara da
Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, entre 1.1 - Constituição Federal, Título VIII, da ORDEM SOCIAL:
outros, os provenientes do Fórum dos Conselhos Estaduais de
Educação, do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Artigo 208:
Educação e, com ênfase, os estudos e trabalhos realizados pela III Atendimento educacional especializado aos portadores
Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação. de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
Dentre os principais documentos que formaram o IV - § 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
substrato documental do parecer sobre a Educação Especial público e subjetivo.
citam-se: V Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
1 - Proposta de Inclusão de Itens ou Disciplina acerca dos e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
Portadores de Necessidades Especiais nos currículos dos Artigo 227:
cursos de 1º e 2º graus” (sic.) II - § 1º - Criação de programas de prevenção e
2 - Outros estudos: atendimento especializado para os portadores de deficiência
a) Desafios para a Educação Especial frente à Lei de física, sensorial ou mental, bem como de integração social do
Diretrizes e Bases da Educação Nacional”; adolescente porta-dor de deficiência, mediante o treinamento
b) Formação de Professores para a Educação Inclusiv para o trabalho e a con-vivência, e a facilitação do acesso aos
c) Recomendações aos Sistemas de Ensino”; e, bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e
d) Referenciais para a Educação Especial”. obstáculos arquitetônicos.
O presente Parecer é resultado do conjunto de estudos OBS: a atual redação §1º, II é a seguinte:
provenientes das bases, onde o fenômeno é vivido e
trabalhado. II - criação de programas de prevenção e atendimento
De modo particular, foi o documento “Recomendações aos especializado para as pessoas portadoras de deficiência física,
Sistemas de Ensino” que configurou a necessidade e a urgência sensorial ou mental, bem como de integração social do
da elaboração de normas, pelos sistemas de ensino e educação, adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o
para o atendimento da significativa população que apresenta treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do
necessidades educacionais especiais. acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de
A elaboração de projeto preliminar de Diretrizes Nacionais obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de
para a Educação Especial na Educação Básica havia sido discriminação. (Redação dada Pela Emenda
discutida por diversas vezes, no âmbito da Câmara de Constitucional nº 65, de 2010)
Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, para a
qual foi enviado o documento “Referenciais para a Educação § 2º - A lei disporá normas de construção dos logradouros
Especial”. Após esses estudos preliminares, a Câmara de e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de
Educação Básica decidiu retomar os trabalhos, sugerindo que trans-porte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às
esse documento fosse encaminhado aos sistemas de ensino de pessoas por-tadoras de deficiência.
todo o Brasil, de modo que suas orientações pudessem
contribuir para a normatização dos serviços previstos nos 1.2 - Lei nº 10.172/01. Aprova o Plano Nacional de
Artigos 58, 59 e 60, do Capítulo V, da Lei de Diretrizes e Bases Educação e dá outras providências.
da Educação Nacional - LDBEN. O Plano Nacional de Educação estabelece vinte e sete obje-
Isto posto, tem agora a Câmara de Educação Básica os ele- tivos e metas para a educação das pessoas com necessidades
mentos indispensáveis para analisar, discutir e sintetizar o educacionais especiais. Sinteticamente, essas metas tratam:
conjunto de estudos oferecidos pelas diversas instâncias - do desenvolvimento de programas educacionais em to-
educacionais mencionadas. Com o material assim disposto, dos os municípios - inclusive em parceria com as áreas de

3 http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB017_2001.pdf

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saúde e assistência social - visando à ampliação da oferta de § 2º O atendimento educacional será feito em classes,
atendimento desde a educação infantil até a qualificação escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das
profissional dos alunos; condições específicas dos alunos, não for possível a sua
- das ações preventivas nas áreas visual e auditiva até a integração nas classes comuns de ensino regular.
generalização do atendimento aos alunos na educação infantil § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do
e no ensino fundamental; Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a
- do atendimento extraordinário em classes e escolas es- educação infantil.
peciais ao atendimento preferencial na rede regular de ensino;
e Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos
- da educação continuada dos professores que estão em com necessidades especiais:
exercício à formação em instituições de ensino superior.
Como ficou a nova redação dada ao caput:
1.3 - Lei nº 853/89. Dispõe sobre o apoio às pessoas com
deficiências, sua integração social, assegurando o pleno Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos
exercício de seus direitos individuais e sociais. com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação: (Redação dada pela Lei nº
1.4 - Lei nº 8.069/90. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e 12.796, de 2013)
do Adolescente. I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
O Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outras organização específicos, para atender às suas necessi-dades;
determinações, estabelece, no § 1º do Artigo 2º: II – terminalidade específica para aqueles que não
- “A criança e o adolescente portadores de deficiências puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino
receberão atendimento especializado.” fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração
para concluir em menor tempo o programa escolar para os
Nova redação dada ao artigo 2º, lembrando que não temos superdotados;
mais o §1º, mas sim o parágrafo único: III – professores com especialização adequada em nível
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a médio ou superior, para atendimento especializado, bem como
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela professores do ensino regular capacitados para a integração
entre doze e dezoito anos de idade. desses educandos nas classes comuns;
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se IV – educação especial para o trabalho, visando a sua
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte efetiva integração na vida em sociedade, inclusive con-dições
e um anos de idade. adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção
no trabalho competitivo, mediante articu-lação com os órgãos
O ordenamento do Artigo 5º é contundente: oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma
- “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qual- habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou
quer forma de negligência, discriminação, violência, crueldade psicomotora;
e opressão, punido na forma da lei qualquer aten-tado, por V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.” suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino
regular.
1.5 - Lei nº 9.394/96. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino
estabelecerão critérios de caracterização das instituições
Art. 4º, III – atendimento educacional especializado aos privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação
portadores de deficiência, preferencialmente na rede re-gular exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e
de ensino. financeiro pelo Poder Público.
Parágrafo Único. O Poder Público adotará, como
Acompanhe a nova redação do inciso III: alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos
educandos com necessidades especiais na própria rede
III - atendimento educacional especializado gratuito aos pública regular de ensino, independentemente do apoio às
educandos com deficiência, transtornos globais do instituições previstas neste artigo.”
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, Nova redação conferida ao parágrafo único:
preferencialmente na rede regular de ensino; (Redação dada
pela Lei nº 12.796, de 2013) Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efei-tos preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com
desta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos habilidades ou superdotação na própria rede pública regular de
portadores de necessidades especiais”. ensino, independentemente do apoio às instituições previstas
neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
Novo caput trazido ao artigo 58, fica da seguinte forma:
1.6 - Decreto nº 3.298/99. Regulamenta a Lei nº 7.853/89,
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da
desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos proteção e dá outras providências.
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 1.7 - Portaria MEC nº 1679/99. Dispõe sobre os requisitos
12.796, de 2013) de acessibilidade a pessoas portadoras de deficiências para
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio instruir processos de autorização e de reconhecimento de
especializado, na escola regular, para atender às peculiarida- cursos e de credenciamento de instituições.
des da clientela de educação especial.

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1.8 - Lei nº 10.098/00. Estabelece normas gerais e só recomendável naqueles casos, pouco fre-qüentes, nos quais
critérios básicos para promoção da acessibilidade das pessoas se demonstre que a educação nas classes comuns não pode
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e dá satisfazer às necessidades educativas ou sociais da criança, ou
outras providências. quando necessário para o bem estar da criança...” “... nos casos
excepcionais, em que seja necessário escolarizar crianças em
1.9 - Declaração Mundial de Educação para Todos e escolas especiais, não é necessário que sua educação seja
Declaração de Salamanca. completamente isolada”.
O Brasil fez opção pela construção de um sistema - “Deverão ser tomadas as medidas necessárias para con-
educacional inclusivo ao concordar com a Declaração Mundial seguir a mesma política integradora de jovens e adultos com
de Educa-ção para Todos, firmada em Jomtien, na Tailândia, necessidades especiais, no ensino secundário e superior, assim
em 1990, e ao mostrar consonância com os postulados como nos programas de formação profissional”;
produzidos em Salamanca (Espanha, 1994) na Conferência - “assegurar que, num contexto de mudança sistemática, os
Mundial sobre Necessidades Edu-cacionais Especiais: Acesso e programas de formação do professorado, tanto inicial como
Qualidade. contínua, estejam voltados para atender às necessidades
Desse documento, ressaltamos alguns trechos que criam as educacionais especiais nas escolas...”;
justificativas para as linhas de propostas que são apresentadas - “Os programas de formação inicial deverão incutir em
neste texto2: todos os professores da educação básica uma orientação
- “todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito positiva sobre a deficiência que permita entender o que se
fundamental à educação e que a ela deva ser dada a opor- pode conseguir nas escolas com serviços locais de apoio. Os
tunidade de obter e manter nível aceitável de conhecimento”; conhecimentos e as aptidões requeridos são basicamente os
- “cada criança tem características, interesses, capacidades mesmos de uma boa pedagogia, isto é, a capacidade de avaliar
e necessidades de aprendizagem que lhe são pró-prios”; as necessidades especiais, de adaptar o conteúdo do programa
- “os sistemas educativos devem ser projetados e os de estudos, de re-correr à ajuda da tecnologia, de
programas aplicados de modo que tenham em vista toda gama individualizar os proce-dimentos pedagógicos para atender a
dessas diferentes características e necessidades”; um maior número de aptidões... Atenção especial deverá ser
- “as pessoas com necessidades educacionais especiais dispensada à preparação de todos os professores para que
devem ter acesso às escolas comuns que deverão integrá-las exerçam sua autonomia e apliquem suas competências na
numa pedagogia centralizada na criança, capaz de atender a adap-tação dos programas de estudos e da pedagogia, a fim de
essas necessidades”; atender às necessidades dos alunos e para que cola-borem
- “adotar com força de lei ou como política, o princípio da com os especialistas e com os pais”;
educação integrada que permita a matrícula de todas as - “A capacitação de professores especializados deverá ser
crianças em escolas comuns, a menos que haja razões reexaminada com vista a lhes permitir o trabalho em dife-
convincentes para o contrário”; rentes contextos e o desempenho de um papel chave nos
- “... Toda pessoa com deficiência tem o direito de programas relativos às necessidades educacionais especiais.
manifestar seus desejos quanto a sua educação, na medida de Seu núcleo comum deve ser um método geral que abranja
sua capacidade de estar certa disso. Os pais têm o direito todos os tipos de deficiências, antes de se especializar numa ou
inerente de serem consultados sobre a forma de educação que várias categorias particulares de deficiência”;
melhor se ajuste às necessidades, circuns-tâncias e aspirações - “o acolhimento, pelas escolas, de todas as crianças, in-
de seus filhos” [Nesse aspecto último, por acréscimo nosso, os dependentemente de suas condições físicas, intelectu-ais,
pais não podem incorrer em lesão ao direito subjetivo à sociais, emocionais, lingüísticas ou outras (necessi-dades
educação obrigatória, garantido no texto constitucional]; educativas especiais);
- “As políticas educacionais deverão levar em conta as - “uma pedagogia centralizada na criança, respeitando
diferenças individuais e as diversas situações. Deve ser levada tanto a dignidade como as diferenças de todos os alu-nos”;
em consideração, por exemplo, a importância da língua de - “uma atenção especial às necessidades de alunos com
sinais como meio de comunicação para os surdos, e ser deficiências graves ou múltiplas, já que se assume terem eles
assegurado a todos os surdos acesso ao ensino da língua de os mesmos direitos, que os demais membros da comunidade,
sinais de seu país. Face às necessidades específicas de de virem a ser adultos que desfrutem de um máximo de
comunicação de surdos e de surdoscegos, seria mais independência. Sua educação, assim, deverá ser orientada
conveniente que a educação lhes fosse ministrada em escolas nesse sentido, na medida de suas capacidades”;
especiais ou em classes ou unidades especiais nas escolas - “os programas de estudos devem ser adaptados às
comuns”; necessidades das crianças e não o contrário, sendo que as que
- “... desenvolver uma pedagogia centralizada na criança, apresentarem necessidades educativas especiais devem
capaz de educar com sucesso todos os meninos e meninas, receber apoio adicional no programa regular de estudos, ao
inclusive os que sofrem de deficiências graves. O mérito dessas invés de seguir um programa de estudos di-ferente”;
escolas não está só na capacidade de dispensar educação de - “os administradores locais e os diretores de
qualidade a todas as crianças; com sua criação, dá-se um passo estabelecimentos escolares devem ser convidados a criar
muito importante para tenar mudar atitudes de discriminação, procedi-mentos mais flexíveis de gestão, a remanejar os
criar comunidades que acolham a todos...”; recursos pedagógicos, diversificar as opções educativas,
- “... que todas as crianças, sempre que possível, possam estabelecer relações com pais e a comunidade”;
aprender juntas, independentemente de suas dificuldades e - “o corpo docente, e não cada professor, deverá partilhar
diferenças... as crianças com necessidades educacionais a responsabilidade do ensino ministrado a crianças com
especiais devem receber todo apoio adicional necessário para necessidades especiais”;
garantir uma educação eficaz”. “... deverá ser dispensado apoio - “as escolas comuns, com essa orientação integradora,
contínuo, desde a ajuda mínima nas classes comuns até a representam o meio mais eficaz de combater atitudes
aplicação de programas suplementares de apoio pedagógico discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras, construir
na escola, ampliando-os, quando necessário, para receber a uma sociedade integradora e dar educação para todos; além
ajuda de professores especializados e de pessoal de apoio disso, proporcionam uma educação efetiva à maioria das
externo”; crianças e melhoram a eficiência e, certamente, a relação
- “... A escolarização de crianças em escolas especiais – ou custo-benefício de todo o sistema educativo”;
classes especiais na escola regular – deveria ser uma exceção,

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APOSTILAS OPÇÃO

- “A inclusão de alunos com necessidades educacionais integrante desse processo e contribuição essencial para a
especiais, em classes comuns, exige que a escola regu-lar se determinação de seus rumos, encontra-se a inclusão
organize de forma a oferecer possibilidades objeti-vas de educacional.
aprendizagem, a todos os alunos, especialmente àqueles Um longo caminho foi percorrido entre a exclusão e a
portadores de deficiências”. inclu-são escolar e social. Até recentemente, a teoria e a prática
domi-nantes relativas ao atendimento às necessidades
Esses dispositivos legais e político-filosóficos possibilitam educacionais especiais de crianças, jovens e adultos, definiam
estabelecer o horizonte das políticas educacionais, de modo a organização de escolas e de classes especiais, separando essa
que se assegure a igualdade de oportunidades e a valorização população dos demais alunos. Nem sempre, mas em muitos
da diversidade no processo educativo. Nesse sentido, tais casos, a escola es-pecial desenvolvia-se em regime residencial
dispositivos devem converter-se em um compromisso ético- e, consequentemente, a criança, o adolescente e o jovem eram
político de todos, nas diferentes esferas de poder, e em afastados da família e da sociedade. Esse procedimento
responsabilidades bem de-finidas para sua operacionalização conduzia, invariavelmente, a um aprofundamento maior do
na realidade escolar. preconceito.
Essa tendência, que já foi senso comum no passado,
2. A política educacional reforçava não só a segregação de indivíduos, mas também os
preconceitos sobre as pessoas que fugiam do padrão de
Percorrendo os períodos da história universal, desde os “normalidade”, agravando-se pela irresponsabilidade dos
mais remotos tempos, evidenciam-se teorias e práticas sociais sistemas de ensino para com essa parcela da população, assim
segregadoras, inclusive quanto ao acesso ao saber. Poucos como pelas omissões e/ou insuficiência de informações acerca
podiam participar dos espaços sociais nos quais se desse alunado nos cursos de formação de professores. Na
transmitiam e se criavam conhecimentos. A pedagogia da tentativa de eliminar os preconceitos e de integrar os alunos
exclusão tem origens remotas, condizentes com o modo como portadores de deficiências nas escolas comuns do ensino
estão sendo construídas as condições de existência da regular, surgiu o movimento de integração es-colar.
humanidade em determinado momento histórico. Esse movimento caracterizou-se, de início, pela utilização
Os indivíduos com deficiências, vistos como “doentes” e das classes especiais (integração parcial) na “preparação” do
incapazes, sempre estiveram em situação de maior aluno para a “integração total” na classe comum. Ocorria, com
desvantagem, ocupando, no imaginário coletivo, a posição de frequência, o encaminhamento indevido de alunos para as
alvos da caridade popular e da assistência social, e não de classes especiais e, conseqüentemente, a rotulação a que eram
sujeitos de direitos soci-ais, entre os quais se inclui o direito à submetidos.
educação. Ainda hoje, constata-se a dificuldade de aceitação do O aluno, nesse processo, tinha que se adequar à escola, que
diferente no seio familiar e social, principalmente do portador se mantinha inalterada. A integração total na classe comum só
de deficiências múltiplas e graves, que na escolarização era permitida para aqueles alunos que conseguissem
apresenta dificuldades acentuadas de aprendizagem. acompanhar o currículo ali desenvolvido. Tal processo, no
Além desse grupo, determinados segmentos da comunida- entanto, impedia que a maioria das crianças, jovens e adultos
de permanecem igualmente discriminados e à margem do com necessidades especiais alcançassem os níveis mais
sistema educacional. É o caso dos superdotados, portadores de elevados de ensino. Eles engrossavam, dessa forma, a lista dos
altas habilidades, “brilhantes” e talentosos que, devido a excluídos do sistema educacional.
necessidades e motivações específicas – incluindo a não Na era atual, batizada como a era dos direitos, pensa-se
aceitação da rigidez curricular e de aspectos do cotidiano diferentemente acerca das necessidades educacionais de
escolar – são tidos por muitos como trabalhosos e alunos. A ruptura com a ideologia da exclusão proporcionou a
indisciplinados, deixando de receber os serviços especiais de implantação da política de inclusão, que vem sendo debatida e
que necessitam, como por exemplo o enri-quecimento e exercitada em vários países, entre eles o Brasil. Hoje, a
aprofundamento curricular. Assim, esses alunos muitas vezes legislação brasileira posiciona-se pelo atendimento dos alunos
abandonam o sistema educacional, inclusive por dificuldades com necessidades educacionais especiais preferencialmente
de relacionamento. em classes comuns das escolas, em todos os níveis, etapas e
Outro grupo que é comumente excluído do sistema modalidades de educação e ensino.
educaci-onal é composto por alunos que apresentam A educação tem hoje, portanto, um grande desafio: garantir
dificuldades de adaptação escolar por manifestações o acesso aos conteúdos básicos que a escolarização deve pro-
condutuais peculiares de síndromes e de quadros psicológicos, porcionar a todos os indivíduos, inclusive àqueles com
neurológicos ou psiquiátri-cos que ocasionam atrasos no necessidades educacionais especiais, particularmente alunos
desenvolvimento, dificuldades acen-tuadas de aprendizagem e que apresentam altas habilidades, precocidade, superdotação;
prejuízo no relacionamento social. condutas típicas de síndromes/quadros psicológicos,
Certamente, cada aluno vai requerer diferentes estratégias neurológicos ou psiquiátricos; portadores de deficiências, ou
pedagógicas, que lhes possibilitem o acesso à herança cultural, seja, alunos que apresentam significativas diferenças físicas,
ao conhecimento socialmente construído e à vida produtiva, sensoriais ou intelectuais, decorrentes de fatores genéticos,
condições essenciais para a inclusão social e o pleno exercício inatos ou ambientais, de caráter temporário ou permanente e
da cidadania. Entretanto, devemos conceber essas estratégias que, em interação dinâmica com fatores sócio ambientais,
não como medidas compensatórias e pontuais, e sim como resultam em necessidades muito diferencia-das da maioria das
parte de um projeto educativo e social de caráter pessoas.
emancipatório e global. Ao longo dessa trajetória, verificou-se a necessidade de se
A construção de uma sociedade inclusiva é um processo de reestruturar os sistemas de ensino, que devem organizar-se
fundamental importância para o desenvolvimento e a para dar respostas às necessidades educacionais de todos os
manutenção de um Estado democrático. Entende-se por alunos. O caminho foi longo, mas aos poucos está surgindo
inclusão a garantia, a todos, do acesso contínuo ao espaço uma nova mentalidade, cujos resultados deverão ser
comum da vida em sociedade, sociedade essa que deve estar alcançados pelo esfor-ço de todos, no reconhecimento dos
orientada por relações de acolhimento à diversidade humana, direitos dos cidadãos. O principal direito refere-se à
de aceitação das diferenças individuais, de esforço coletivo na preservação da dignidade e à busca da identidade como
equiparação de oportunidades de desenvolvimento, com cidadãos. Esse direito pode ser alcançado por meio da
qualidade, em todas as dimensões da vida. Como parte

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implementação da política nacional de educação especial. A vida humana ganha uma riqueza se é construída e experi-
Existe uma dívida social a ser resgatada. mentada tomando como referência o princípio da dignidade.
Vem a propósito a tese defendida no estudo e Parecer da Segundo esse princípio, toda e qualquer pessoa é digna e
Câmara de Educação Básica (CEB/CNE) sobre a função merecedora do respeito de seus semelhantes e tem o direito a
reparadora na Educação de Jovens e Adultos (EJA) que, do seu boas condições de vida e à oportunidade de realizar seus
relator Prof. Carlos Roberto Jamil Cury, mereceu um capítulo projetos.
especial. Sem dúvida alguma, um grande número de alunos Juntamente com o valor fundamental da dignidade, impõe-
com necessidades educacionais especiais poderá recuperar o se o da busca da identidade. Trata-se de um caminho nunca
tempo perdido por meio dos cursos dessa modalidade: suficientemente acabado. Todo cidadão deve, primeiro, tentar
“Desse modo, a função reparadora da EJA, no limite, significa encontrar uma identidade inconfundivelmente sua. Para
não só a entrada no circuito do direito civil pela restauração de simbolizar a sociedade humana, podemos utilizar a forma de
um direito negado: o direito a uma escola de qualidade, mas um prisma, em que cada face representa uma parte da
também o reconhecimento daquela igualdade ontológica de realidade. Assim, é possível que, para encontrar sua identidade
todos e qualquer ser humano. Desta negação, evidente na específica, cada cidadão precise encontrar-se como pessoa,
história brasileira, resulta uma perda: o acesso a um bem real, familiarizar-se consigo mesmo, até que, finalmente, tenha uma
social e simbolicamente importante. Logo, não se deve confundir identidade, um rosto humanamente respeitado.
a noção de reparação com a de suprimento”. Essa reflexão favorece o encontro das possibilidades, das
capacidades de que cada um é dotado, facilitando a verdadeira
Falando da Função Equalizadora, o mesmo Parecer inclusão. A interdependência de cada face desse prisma
especifica: possibili-tará a abertura do indivíduo para com o outro,
“A igualdade e a desigualdade continuam a ter relação decorrente da aceitação da condição humana. Aproximando-
imediata ou mediata com o trabalho. Mas seja para o trabalho, se, assim, as duas rea-lidades – a sua e a do outro – visualiza-
seja para a multiformidade de inserções sócio – político – se a possibilidade de interação e extensão de si mesmo.
culturais , aqueles que se virem privados do saber básico, dos Em nossa sociedade, ainda há momentos de séria rejeição
conhecimentos aplicados e das atualizações requeridas, podem ao outro, ao diferente, impedindo-o de sentir-se, de perceber-
se ver excluí-dos das antigas e novas oportunidades do mercado se e de respeitar-se como pessoa. A educação, ao adotar a
de trabalho e vulneráveis a novas formas de desigualdades. Se diretriz in-clusiva no exercício de seu papel socializador e
as múltiplas modalidades de trabalho informal, o subemprego, o pedagógico, busca estabelecer relações pessoais e sociais de
desemprego estrutural, as mudanças no processo de produção e solidariedade, sem máscaras, refletindo um dos tópicos mais
o aumento do setor de serviços geram uma grande instabilidade importantes para a humanidade, uma das maiores conquistas
e insegurança para todos os que estão na vida ativa e quanto de dimensionamento “ad intra” e “ad extra” do ser e da
mais para os que se vêem desprovidos de bens tão básicos, como abertura para o mundo e para o outro. Essa abertura, solidária
a escrita e a leitura.” (Parecer nº 11/2000-CEB/CNE). e sem preconceitos, poderá fazer com que todos percebam-se
Certamente, essas funções descritas e definidas no Parecer como dignos e iguais na vida social.
que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a A democracia, nos termos em que é definida pelo Artigo I
Educação de Jovens e Adultos podem, sem prejuízo, qualificar da Constituição Federal, estabelece as bases para viabilizar a
as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação igualdade de oportunidades, e também um modo de
Básica, princi-palmente porque muitos alunos que apresentam sociabilidade que permite a expressão das diferenças, a
necessidades educacionais especiais também se incluem nessa expressão de conflitos, em uma palavra, a pluralidade.
modalidade de educação. Portanto, no desdobramento do que se chama de conjunto
central de valores, devem valer a liberdade, a tolerância, a
3. Princípios sabedoria de conviver com o diferente, tanto do ponto de vista
de valores quanto de costumes, crenças religiosas, ex-pressões
Matéria tão complexa como a do direito à educação das artísticas, capacidades e limitações.
pessoas que apresentam necessidades educacionais especiais A atitude de preconceito está na direção oposta do que se
requer fundamentação nos seguintes princípios: requer para a existência de uma sociedade democrática e
- a preservação da dignidade humana; plural. As relações entre os indivíduos devem estar
- a busca da identidade; e sustentadas por atitudes de respeito mútuo. O respeito traduz-
- o exercício da cidadania. se pela valorização de cada indivíduo em sua singularidade,
nas características que o constituem. O respeito ganha um
Se historicamente são conhecidas as práticas que levaram, significado mais amplo quando se realiza como respeito
inclusive, à extinção e à exclusão social de seres humanos mútuo: ao dever de respeitar o outro, articula-se o direito de
considerados não produtivos, é urgente que tais práticas sejam ser respeitado. O respeito mútuo tem sua significação
definitivamente banidas da sociedade humana. E banilas não ampliada no conceito de solidariedade.
significa apenas não praticá-las. Exige a adoção de práticas A consciência do direito de constituir uma identidade
fundamenta-das nos princípios da dignidade e dos direitos própria e do reconhecimento da identidade do outro traduz-se
humanos. Nada terá sido feito se, no exercício da educação e no direito à igualdade e no respeito às diferenças, assegurando
da formação da personalidade humana, o esforço permanecer oportunidades diferenciadas (equidade), tantas quantas
vinculado a uma atitude de comiseração, como se os alunos forem necessárias, com vistas à busca da igualdade. O princípio
com necessidades educacionais especiais fossem dignos de da equidade reconhece a diferença e a necessidade de haver
piedade. condições diferenci-adas para o processo educacional.
A dignidade humana não permite que se faça esse tipo de Como exemplo dessa afirmativa, pode-se registrar o
discriminação. Ao contrário, exige que os direitos de igualdade direito à igualdade de oportunidades de acesso ao currículo
de oportunidades sejam respeitados. O respeito à dignidade da escolar. Se cada criança ou jovem brasileiro com necessidades
qual está revestido todo ser humano impõe-se, portanto, como educacionais especiais tiver acesso ao conjunto de
base e valor fundamental de todo estudo e ações práticas conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como
direcionadas ao atendimento dos alunos que apresentam necessários para o exercício da cidadania, estaremos dando
necessidades especiais, independentemente da forma em que um passo decisivo para a constituição de uma sociedade mais
tal necessidade se ma-nifesta. justa e solidária.

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A forma pela qual cada aluno terá acesso ao currículo favoreçam determinados tipos de interações sociais,
distingue-se pela singularidade. O cego, por exemplo, por meio definindo, em seu currículo, uma opção por práticas
do sis-tema Braille; o surdo, por meio da língua de sinais e da heterogêneas e inclusivas. De conformidade com o Artigo 13
língua portuguesa; o paralisado cerebral, por meio da da LDBEN, em seus incisos I e II, ressalta-se o necessário
informática, entre ou-tras técnicas. protagonismo dos professores no processo de construção
O convívio escolar permite a efetivação das relações de res- coletiva do projeto pedagógico.
peito, identidade e dignidade. Assim, é sensato pensar que as Dessa forma, não é o aluno que se amolda ou se adapta à
regras que organizam a convivência social de forma justa, escola, mas é ela que, consciente de sua função, coloca-se à
respeitosa, solidária têm grandes chances de aí serem disposição do aluno, tornando-se um espaço inclusivo. Nesse
seguidas. contexto, a educação especial é concebida para possibilitar que
A inclusão escolar constitui uma proposta que representa o aluno com necessidades educacionais especiais atinja os
valores simbólicos importantes, condizentes com a igualdade objetivos da educação geral.
de direitos e de oportunidades educacionais para todos, mas O planejamento e a melhoria consistentes e contínuos da
encontra ainda sérias resistências. Estas se manifestam, estrutura e funcionamento dos sistemas de ensino, com vistas
principalmente, contra a idéia de que todos devem ter acesso a uma qualificação crescente do processo pedagógico para a
garantido à escola comum. A dignidade, os direitos individuais educação na diversidade, implicam ações de diferente
e coletivos garantidos pela Constituição Federal impõem às natureza:
autoridades e à sociedade brasileira a obrigatoriedade de
efetivar essa política, como um direito público subjetivo, para 4.1 - No âmbito político
o qual os recursos humanos e materiais devem ser
canalizados, atingindo, necessariamente, toda a educação Os sistemas escolares deverão assegurar a matrícula de
básica. todo e qualquer aluno, organizando-se para o atendimento aos
O propósito exige ações práticas e viáveis, que tenham educandos com necessidades educacionais especiais nas
como fundamento uma política específica, em âmbito nacional, classes comuns. Isto requer ações em todas as instâncias,
orientada para a inclusão dos serviços de educação especial na concernentes à garantia de vagas no ensino regular para a
educação regular. Operacionalizar a inclusão escolar – de diversidade dos alunos, independentemente das necessidades
modo que todos os alunos, independentemente de classe, raça, especiais que apresentem; a elaboração de projetos
gênero, sexo, características individuais ou necessidades pedagógicos que se orientem pela política de inclusão e pelo
educacionais especiais, possam aprender juntos em uma compromisso com a educação es-colar desses alunos; o
escola de qualidade – é o grande desafio a ser enfrentado, provimento, nos sistemas locais de ensino, dos necessários
numa clara demonstração de respeito à diferença e recursos pedagógicos especiais, para apoio aos programas
compromisso com a promoção dos direitos hu-manos. educativos e ações destinadas à capacitação de recursos
humanos para atender às demandas desses alunos.
4. Construindo a inclusão na área educacional Essa política inclusiva exige intensificação quantitativa e
qualitativa na formação de recursos humanos e garantia de
Por educação especial, modalidade de educação escolar – recursos financeiros e serviços de apoio pedagógico públicos e
conforme especificado na LDBEN e no recente Decreto nº privados especializados para assegurar o desenvolvimento
3.298, de 20 de dezembro de 1999, Artigo 24, § 1º – entende- educacional dos alunos.
se um processo educacional definido em uma proposta Considerando as especificidades regionais e culturais que
pedagógica, assegurando um conjunto de recursos e serviços caracterizam o complexo contexto educacional brasileiro, bem
educacionais especiais, organizados institucionalmente para como o conjunto de necessidades educacionais especiais
apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, presentes em cada unidade escolar, há que se enfatizar a
substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir necessidade de que decisões sejam tomadas local e/ou
a educação escolar e promover o desenvolvimento das regionalmente, tendo por parâmetros as leis e diretrizes
potencialidades dos educandos que apresentam necessidades pertinentes à educação brasileira, além da legislação específica
educacionais especiais, em todos os níveis, etapas e da área.
modalidades da educação (Mazzotta, 1998). É importante que a descentralização do poder,
A educação especial, portanto, insere-se nos diferentes manifestada na política de colaboração entre União, Estados,
níveis da educação escolar: Educação Básica - abrangendo Distrito Federal e Municípios seja efetivamente exercitada no
educação infantil, educação fundamental e ensino médio – e País, tanto no que se refere ao debate de idéias, como ao
Educação Superior, bem como na interação com as demais processo de tomada de decisões acerca de como devem se
modalidades da educação escolar, como a educação de jovens estruturar os sistemas educacio-nais e de quais
e adultos, a educação profissional e a educação indígena. procedimentos de controle social serão desenvol-vidos.
A política de inclusão de alunos que apresentam Tornar realidade a educação inclusiva, por sua vez, não se
necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino efetuará por decreto, sem que se avaliem as reais condições
não consiste apenas na permanência física desses alunos junto que possibilitem a inclusão planejada, gradativa e contínua de
aos demais educandos, mas representa a ousadia de rever alunos com necessidades educacionais especiais nos sistemas
concepções e paradigmas, bem como desenvolver o potencial de ensino. Deve ser gradativa, por ser necessário que tanto a
dessas pessoas, respeitando suas diferenças e atendendo suas educação especial como o ensino regular possam ir se
necessidades. adequando à nova realidade educacional, construindo
O respeito e a valorização da diversidade dos alunos políticas, práticas institucionais e pedagógicas que garantam o
exigem que a escola defina sua responsabilidade no incremento da qualidade do ensino, que envolve alunos com
estabelecimento de relações que possibilitem a criação de ou sem necessidades educacionais especiais.
espaços inclusivos, bem como procure superar a produção, Para que se avance nessa direção, é essencial que os siste-
pela própria escola, de necessidades especiais. mas de ensino busquem conhecer a demanda real de
A proposição dessas políticas deve centrar seu foco de atendimento a alunos com necessidades educacionais
discussão na função social da escola. É no projeto pedagógico especiais, mediante a criação de sistemas de informação que,
que a escola se posiciona em relação a seu compromisso com além do conhecimento da demanda, possibilitem a
uma educação de qualidade para todos os seus alunos. Assim, identificação, análise, divulgação e intercâmbio de
a escola deve assumir o papel de propiciar ações que experiências educacionais inclusivas e o estabelecimento de

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interface com os órgãos governamentais responsáveis pelo 4.3 - No âmbito pedagógico


Censo Escolar e pelo Censo Demográfico, para atender a todas
as variáveis implícitas à qualidade do processo formativo Todos os alunos, em determinado momento de sua vida es-
desses alunos. colar, podem apresentar necessidades educacionais, e seus
professores, em geral, conhecem diferentes estratégias para
4.2 - No âmbito técnico-científico dar respostas a elas. No entanto, existem necessidades
educacionais que requerem, da escola, uma série de recursos e
A formação dos professores para o ensino na diversidade, apoios de caráter mais especializado, que proporcionem ao
bem como para o desenvolvimento de trabalho de equipe são aluno meios para acesso ao currículo. Essas são as chamadas
es-senciais para a efetivação da inclusão. necessidades educacionais especiais.
Tal tema, no entanto, por ser da competência da Câmara de Como se vê, trata-se de um conceito amplo: em vez de
Educação Superior do Conselho Nacional de Educação focalizar a deficiência da pessoa, enfatiza o ensino e a escola,
(CES/CNE), foi encaminhado para a comissão bicameral bem como as formas e condições de aprendizagem; em vez de
encarregada de elaborar as diretrizes para a formação de procurar, no aluno, a origem de um problema, define-se pelo
professores. tipo de resposta educativa e de recursos e apoios que a escola
Cabe enfatizar que o inciso III do artigo 59 da LDBEN deve proporcionar-lhe para que obtenha sucesso escolar; por
refere-se a dois perfis de professores para atuar com alunos fim, em vez de pressupor que o aluno deva ajustar-se a padrões
que apresentam necessidades educacionais especiais: o de normalidade para aprender, aponta para a escola o desafio
professor da classe comum capacitado e o professor de ajustar-se para atender à diversidade de seus alunos.
especializado em educação especial. Um projeto pedagógico que inclua os educandos com
São considerados professores capacitados para atuar em necessidades educacionais especiais deverá seguir as mesmas
classes comuns com alunos que apresentam necessidades diretrizes já traçadas pelo Conselho Nacional de Educação
educacionais especiais, aqueles que comprovem que, em sua para a educação infantil, o ensino fundamental, o ensino
formação, de nível médio ou superior, foram incluídos médio, a educa-ção profissional de nível técnico, a educação de
conteúdos ou disciplinas sobre educação especial e jovens e adultos e a educação escolar indígena. Entretanto,
desenvolvidas competências para: esse projeto deverá atender ao princípio da flexibilização, para
que o acesso ao currículo seja adequado às condições dos
I - perceber as necessidades educacionais especiais dos discentes, respeitando seu ca-minhar próprio e favorecendo
alunos; seu progresso escolar.
II - flexibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas de No decorrer do processo educativo, deverá ser realizada
conhecimento; uma avaliação pedagógica dos alunos que apresentem
III - avaliar continuamente a eficácia do processo educativo; necessidades educacionais especiais, objetivando identificar
IV - atuar em equipe, inclusive com professores barreiras que estejam impedindo ou dificultando o processo
especializados em educação especial. educativo em suas múltiplas dimensões.
Essa avaliação deverá levar em consideração todas as
São considerados professores especializados em educação variáveis: as que incidem na aprendizagem: as de cunho
especial aqueles que desenvolveram competências para individual; as que incidem no ensino, como as condições da
identificar as necessidades educacionais especiais, definir e escola e da prática docente; as que inspiram diretrizes gerais
implementar respostas educativas a essas necessidades, da educação, bem como as relações que se estabelecem entre
apoiar o professor da classe comum, atuar nos processos de todas elas.
desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, desenvolvendo Sob esse enfoque, ao contrário do modelo clínico,
estratégias de flexibilização, adaptação curricular e práticas tradicional e classificatório, a ênfase deverá recair no
pedagógicas alternativas, entre outras, e que possam desenvolvimento e na aprendizagem do aluno, bem como na
comprovar: melhoria da instituição escolar, onde a avaliação é entendida
a) formação em cursos de licenciatura em educação como processo permanente de análise das variáveis que
especial ou em uma de suas áreas, preferencialmente de modo interferem no processo de ensino e aprendizagem, para
concomitante e associado à licenciatura para educação infantil identificar potencialidades e necessidades educacionais dos
ou para os anos iniciais do ensino fundamental; e alunos e as condições da escola para responder a essas
b) complementação de estudos ou pós-graduação em áreas necessidades. Para sua realização, deverá ser formada, no
específicas da educação especial, posterior à licenciatura nas âmbito da própria escola, uma equipe de avaliação que conte
diferentes áreas de conhecimento, para atuação nos anos com a participação de todos os profissionais que acompa-
finais do ensino fundamental e no ensino médio. nhem o aluno.
Aos professores que já estão exercendo o magistério Nesse caso, quando os recursos existentes na própria
devem ser oferecidas oportunidades de formação continuada, escola mostrarem-se insuficientes para melhor compreender
inclusive em nível de especialização, pelas instâncias as neces-sidades educacionais dos alunos e identificar os
educacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos apoios indispensáveis, a escola poderá recorrer a uma equipe
Municípios. multiprofissional.
Cabe a todos, principalmente aos setores de pesquisa, às A composição dessa equipe pode abranger profissionais de
Universidades, o desenvolvimento de estudos na busca dos uma determinada instituição ou profissionais de instituições
melho-res recursos para auxiliar/ampliar a capacidade das diferentes. Cabe aos gestores educacionais buscar essa equipe
pessoas com necessidades educacionais especiais de se multiprofissional em outra escola do sistema educacional ou
comunicar, de se locomover e de participar de maneira cada na comunidade, o que se pode concretizar por meio de
vez mais autônoma do meio educacional, da vida produtiva e parcerias e convênios entre a Secretaria de Educação e outros
da vida social, exercendo assim, de maneira plena, a sua órgãos, governamentais ou não.
cidadania. Estudos e pesquisas sobre inovações na prática A partir dessa avaliação e das observações feitas pela
pedagógica e desenvolvimento e aplicação de novas equipe escolar, legitima-se a criação dos serviços de apoio
tecnologias ao processo educativo, por exemplo, são de grande pedagógico especializado para atendimento às necessidades
relevância para o avanço das práticas inclusivas, assim como educacionais especiais dos alunos, ocasião em que o “especial”
atividades de extensão junto às comunidades escolares. da educação se manifesta.

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Para aqueles alunos que apresentem dificuldades Para o atendimento dos padrões mínimos estabelecidos
acentuadas de aprendizagem ou dificuldades de comunicação com respeito à acessibilidade, deve ser realizada a adaptação
e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandem das escolas existentes e condicionada a autorização de
ajuda e apoio intenso e contínuo e cujas necessidades especiais construção e funcionamento de novas escolas ao
não puderem ser atendidas em classes comuns, os sistemas de preenchimento dos requisitos de infraestrutura definidos.
ensino poderão organizar, extraordinariamente, classes Com relação ao processo educativo de alunos que apresen-
especiais, nas quais será realizado o atendimento em caráter tem condições de comunicação e sinalização diferenciadas dos
transitório. demais alunos, deve ser garantida a acessibilidade aos
Os alunos que apresentem necessidades educacionais conteúdos curriculares mediante a utilização do sistema
especiais e requeiram atenção individualizada nas atividades Braille, da língua de sinais e de demais linguagens e códigos
da vida autônoma e social, recursos, ajudas e apoios intensos e aplicáveis, sem prejuízo do aprendizado da língua portuguesa,
contínuos, bem como adaptações curriculares tão facultando-se aos surdos e a suas famílias a opção pela
significativas que a escola comum não tenha conseguido abordagem pedagógica que julgarem adequada. Para
prover, podem ser atendidos, em caráter extraordinário, em assegurar a acessibilidade, os sistemas de ensi-no devem
escolas especiais, públicas ou privadas, atendimento esse prover as escolas dos recursos humanos e materiais
complementado, sempre que necessário e de maneira necessários.
articulada, por serviços das áreas de Saúde, Trabalho e Além disso, deve ser afirmado e ampliado o compromisso
Assistência Social. político com a educação inclusiva – por meio de estratégias de
É nesse contexto de ideias que a escola deve identificar a comunicação e de atividades comunitárias, entre outras – para,
melhor forma de atender às necessidades educacionais de seus desse modo:
alunos, em seu processo de aprender. Assim, cabe a cada a) fomentar atitudes pró-ativas das famílias, alunos,
unidade escolar diagnosticar sua realidade educacional e profes-sores e da comunidade escolar em geral;
implementar as alternativas de serviços e a sistemática de b) superar os obstáculos da ignorância, do medo e do
funcionamento de tais serviços, preferencialmente no âmbito preconceito;
da própria escola, para favorecer o sucesso escolar de todos os c) divulgar os serviços e recursos educacionais existentes;
seus alunos. Nesse processo, há que se considerar as d) difundir experiências bem sucedidas de educação
alternativas já existentes e utilizadas pela comunidade escolar, inclusiva;
que se têm mostrado eficazes, tais como salas de recursos, e) estimular o trabalho voluntário no apoio à inclusão
salas de apoio pedagógico, serviços de itinerância em suas escolar.
diferentes possibilidades de realização (itinerância intra e
interescolar), como também investir na criação de novas É também importante que a esse processo se sucedam
alternativas, sempre fundamentadas no conjunto de ações de amplo alcance, tais como a reorganização
necessidades educacionais especiais encontradas no contexto administrativa, técni-ca e financeira dos sistemas educacionais
da unidade escolar, como por exemplo a modalidade de apoio e a melhoria das condi-ções de trabalho docente.
alocado na classe comum, sob a forma de professores e/ou O quadro a seguir ilustra como se deve entender e ofertar
profissionais especializados, com os recursos e materiais os serviços de educação especial, como parte integrante do
adequados. sistema educacional brasileiro, em todos os níveis de educação
Da mesma forma, há que se estabelecer um e ensino:
relacionamento profissional com os serviços especializados
disponíveis na comunidade, tais como aqueles oferecidos
pelas escolas especiais, centros ou núcleos educacionais
especializados, instituições públicas e privadas de atuação na
área da educação especial. Im-portante, também, é a
integração dos serviços educacionais com os das áreas de
Saúde, Trabalho e Assistência Social, garantindo a totalidade
do processo formativo e o atendimento adequado ao
desenvolvimento integral do cidadão.

4.4 - No âmbito administrativo

Para responder aos desafios que se apresentam, é


necessário que os sistemas de ensino constituam e façam
funcionar um setor responsável pela educação especial,
dotado de recursos humanos, materiais e financeiros que
2. OPERACIONALIZAÇÃO PELOS SISTEMAS DE ENSINO
viabilizem e dêem sustentação ao processo de construção da
educação inclusiva.
Para eliminar a cultura de exclusão escolar e efetivar os
É imprescindível planejar a existência de um canal oficial e
propósitos e as ações referentes à educação de alunos com
formal de comunicação, de estudo, de tomada de decisões e de
necessidades educacionais especiais, torna-se necessário
coordenação dos processos referentes às mudanças na
utilizar uma linguagem consensual, que, com base nos novos
estruturação dos serviços, na gestão e na prática pedagógica
paradigmas, passa a utilizar os conceitos na seguinte acepção:
para a inclusão de alunos com necessidades educacionais
especiais.
1. Educação Especial: Modalidade da educação escolar;
Para o êxito das mudanças propostas, é importante que os
processo educacional definido em uma proposta pedagógica,
gestores educacionais e escolares assegurem a acessibilidade
assegurando um conjunto de recursos e serviços educacionais
aos alunos que apresentem necessidades educacionais
especiais, organizados institucionalmente para apoiar,
especiais, mediante a eliminação de barreiras arquitetônicas
complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os
urbanísticas, na edificação – incluindo instalações,
serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação
equipamentos e mobiliário – e nos transportes escolares, bem
escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades
como de barreiras nas comunica-ções.
dos educandos que apresentam necessidades educacionais

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especiais, em todas as etapas e modalidades da educação dos seus dispositivos preconizados. Para compreender tais
básica. propósitos, torna-se necessário retomar as indagações já men-
cionadas:
2. Educandos que apresentam necessidades educacionais
especiais são aqueles que, durante o processo educacional, 1. O “locus” dos serviços de educação especial
demonstram:
2.1 - dificuldades acentuadas de aprendizagem ou A educação especial deve ocorrer em todas as instituições
limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o escolares que ofereçam os níveis, etapas e modalidades da
acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas educação escolar previstos na LDBEN, de modo a propiciar o
em dois gru-pos: pleno desenvolvimento das potencialidades sensoriais,
2.1.1 - aquelas não vinculadas a uma causa orgânica afetivas e intelectuais do aluno, mediante um projeto
específica; pedagógico que contem-ple, além das orientações comuns –
2.1.2 - aquelas relacionadas a condições, disfunções, cumprimento dos 200 dias letivos, horas aula, meios para
limitações ou deficiências. recuperação e atendimento do aluno, avaliação e certificação,
2.2 - dificuldades de comunicação e sinalização articulação com as famílias e a comunidade – um conjunto de
diferenciadas dos demais alunos, demandando adaptações de outros elementos que permitam definir objetivos, conteúdos e
acesso ao currículo, com utilização de linguagens e códigos procedimentos relativos à própria dinâmica escolar.
aplicáveis; Assim sendo, a educação especial deve ocorrer nas escolas
2.3 - altas habilidades/superdotação, grande facilidade de públicas e privadas da rede regular de ensino, com base nos
aprendizagem que os leve a dominar rapidamente os prin-cípios da escola inclusiva. Essas escolas, portanto, além
conceitos, os procedimentos e as atitudes e que, por terem do aces-so à matrícula, devem assegurar as condições para o
condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos, devem sucesso es-colar de todos os alunos.
receber desafi-os suplementares em classe comum, em sala de Extraordinariamente, os serviços de educação especial
recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas de podem ser oferecidos em classes especiais, escolas especiais,
ensino, inclusive para concluir, em menor tempo, a série ou classes hospitalares e em ambiente domiciliar.
etapa escolar. Os sistemas públicos de ensino poderão estabelecer
convênios ou parcerias com escolas ou serviços públicos ou
3. Inclusão: Representando um avanço em relação ao privados, de modo a garantir o atendimento às necessidades
movimento de integração escolar, que pressupunha o educacionais especiais de seus alunos, responsabilizando-se
ajustamento da pessoa com deficiência para sua participação pela identificação, análise, avaliação da qualidade e da
no processo educativo desenvolvido nas escolas comuns, a idoneidade, bem como pelo credenciamento das instituições
inclusão postula uma reestruturação do sistema educacional, que venham a realizar esse aten-dimento, observados os
ou seja, uma mudança estrutural no ensino regular, cujo princípios da educação inclusiva.
objetivo é fazer com que a escola se torne inclusiva, um espaço Para a definição das ações pedagógicas, a escola deve pre-
democrático e competente para trabalhar com todos os ver e prover, em suas prioridades, os recursos humanos e
educandos, sem distinção de raça, classe, gênero ou materiais necessários à educação na diversidade.
características pessoais, baseando-se no princípio de que a É nesse contexto que a escola deve assegurar uma resposta
diversidade deve não só ser aceita como desejada. educativa adequada às necessidades educacionais de todos os
seus alunos, em seu processo de aprender, buscando
Os desafios propostos visam a uma perspectiva relacional implantar os serviços de apoio pedagógico especializado
entre a modalidade da educação especial e as etapas da educa- necessários, ofe-recidos preferencialmente no âmbito da
ção básica, garantindo o real papel da educação como processo própria escola.
educativo do aluno e apontando para o novo “fazer É importante salientar o que se entende por serviço de
pedagógico”. apoio pedagógico especializado: são os serviços educacionais
Tal compreensão permite entender a educação especial diversificados oferecidos pela escola comum para responder
numa perspectiva de inserção social ampla, historicamente às necessi-dades educacionais especiais do educando. Tais
dife-renciada de todos os paradigmas até então exercitados serviços podem ser desenvolvidos:
como modelos formativos, técnicos e limitados de simples a) nas classes comuns, mediante atuação de professor da
atendimento. Trata-se, portanto, de uma educação escolar que, educação especial, de professores intérpretes das lin-guagens
em suas especificidades e em todos os momentos, deve estar e códigos aplicáveis e de outros profissionais; itinerância intra
voltada para a prática da cidadania, em uma instituição escolar e interinstitucional e outros apoios neces-sários à
dinâmica, que valorize e respeite as diferenças dos alunos. O aprendizagem, à locomoção e à comunicação;
aluno é sujeito em seu processo de conhecer, aprender, b) em salas de recursos, nas quais o professor da educação
reconhecer e construir a sua própria cultura. especial realiza a complementação e/ou suplementação
Ao fazer a leitura do significado e do sentido da educação curricular, utilizando equipamentos e materiais específicos.
especial, neste novo momento, faz-se necessário resumir onde Caracterizam-se como serviços especializados aqueles
ela deve ocorrer, a quem se destina, como se realiza e como se realizados por meio de parceria entre as áreas de educação,
dá a escolarização do aluno, entre outros temas, balizando o saúde, assistência social e trabalho.
seu pró-prio movimento como uma modalidade de educação
escolar. 2. Alunos atendidos pela educação especial
Todo esse exercício de realizar uma nova leitura sobre a
edu-cação do cidadão que apresenta necessidades O Artigo 2º da LDBEN, que trata dos princípios e fins da
educacionais especiais visa subsidiar e implementar a LDBEN, educação brasileira, garante: “A educação, dever da família e do
baseado tanto no pressuposto constitucional – que determina Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da
visando ao pleno desen-volvimento da pessoa, seu preparo cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o Consoante esse postulado, o projeto pedagógico da escola
trabalho” – como nas interfaces necessárias e básicas viabiliza-se por meio de uma prática pedagógica que tenha
propostas no Capítulo V da própria LDBEN, com a totalidade como princípio norteador a promoção do desenvolvimento da

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aprendizagem de todos os educandos, inclusive daqueles que conceitos, os procedimentos e as atitudes e que, por terem
apresentem necessidades educacionais especiais. condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos, devem
Tradicionalmente, a educação especial tem sido concebida receber desafios suplementares em classe comum, em sala de
como destinada apenas ao atendimento de alunos que recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas de
apresentam deficiências (mental, visual, auditiva, ensino, inclusive para concluir, em menor tempo, a série ou
física/motora e múltiplas); condutas típicas de síndromes e etapa escolar.
quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos, bem
como de alunos que apresentam altas Dessa forma, a educação especial – agora concebida como
habilidades/superdotação. o conjunto de conhecimentos, tecnologias, recursos humanos
Hoje, com a adoção do conceito de necessidades e materiais didáticos que devem atuar na relação pedagógica
educacionais especiais, afirma-se o compromisso com uma para assegurar resposta educativa de qualidade às
nova abordagem, que tem como horizonte a Inclusão. necessidades educacionais especiais – continuará atendendo,
Dentro dessa visão, a ação da educação especial amplia-se, com ênfase, os grupos citados inicialmente. Entretanto, em
passando a abranger não apenas as dificuldades de consonância com a nova abordagem, deverá vincular suas
aprendizagem relacionadas a condições, disfunções, ações cada vez mais à qualidade da relação pedagógica e não
limitações e deficiências, mas também aquelas não vinculadas apenas a um público-alvo delimitado, de modo que a atenção
a uma causa orgânica específica, considerando que, por especial se faça presente para todos os educandos que, em
dificuldades cognitivas, psicomotoras e de comportamento, qualquer etapa ou modalidade da educação básica, dela
alunos são frequentemente negligenciados ou mesmo necessitarem para o seu sucesso escolar.
excluídos dos apoios escolares.
O quadro das dificuldades de aprendizagem absorve uma 3. Implantação e implementação dos serviços de
diversidade de necessidades educacionais, destacadamente educação especial
aquelas associadas a: dificuldades específicas de
aprendizagem, como a dislexia e disfunções correlatas; Os princípios gerais da educação das pessoas com
problemas de atenção, perceptivos, emocionais, de memória, necessidades educacionais especiais foram delineados pela
cognitivos, psicolinguísticos, psicomotores, motores, de LDBEN, tendo como eixo norteador a elaboração do projeto
comportamento; e ainda a fatores ecológicos e pedagógico da escola, que incorpora essa modalidade de
socioeconômicos, como as privações de caráter sociocultural e educação escolar em articulação com a família e a comunidade.
nutricional. Esse projeto, fruto da participação dos diferentes atores da
Assim, entende-se que todo e qualquer aluno pode comunidade escolar, deve incorporar a atenção de qualidade à
apresentar, ao longo de sua aprendizagem, alguma diversidade dos alunos, em suas necessidades educacionais
necessidade educacional especial, temporária ou permanente, comuns e especiais, como um vetor da estrutura,
vinculada ou não aos grupos já mencionados, agora funcionamento e prática pedagógica da escola. Nesse sentido,
reorganizados em consonância com essa nova abordagem: deve ser garantida uma ampla discussão que contemple não só
os elementos enunciados anteriormente, mas também os pais,
1. Educandos que apresentam dificuldades acentuadas de os professores e outros segmentos da comunidade escolar,
aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento explicitando uma competência institucional voltada à
que dificultem o acompanhamento das atividades diversidade e às especificidades dessa comunidade,
curriculares, compreendidas em dois grupos: considerando que o aluno é o centro do processo pedagógico.
1.1. aquelas não vinculadas a uma causa orgânica Além disso, recomenda-se às escolas e aos sistemas de
específica; ensino a constituição de parcerias com instituições de ensino
1.2. aquelas relacionadas a condições, disfunções, superior para a realização de pesquisas e estudos de caso
limitações ou deficiências; relativos ao processo de ensino e aprendizagem de alunos com
necessidades educacionais especiais, visando ao
2. Dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas aperfeiçoamento desse processo educativo.
dos demais alunos, particularmente alunos que apresentam
surdez, cegueira, surdocegueira ou distúrbios acentuados de 4. Organização do atendimento na rede regular de
linguagem, para os quais devem ser adotadas formas ensino
diferenciadas de ensino e adaptações de acesso ao currículo,
com utilização de linguagens e códigos aplicáveis, A escola regular de qualquer nível ou modalidade de
assegurando-se os recursos humanos e materiais necessários; ensino, ao viabilizar a inclusão de alunos com necessidades
2.1 - Em face das condições específicas associadas à surdez, especiais, deverá promover a organização de classes comuns e
é importante que os sistemas de ensino se organizem de forma de serviços de apoio pedagógico especializado.
que haja escolas em condições de oferecer aos alunos surdos o Extraordinariamente, poderá promover a organização de
ensino em língua brasileira de sinais e em língua portuguesa e, classes especiais, para atendimento em caráter transitório.
aos surdoscegos, o ensino em língua de sinais digital, tadoma e
outras técnicas, bem como escolas com propostas de ensino e 4.1 Na organização das classes comuns, faz-se necessário
aprendizagem diferentes, facultando-se a esses alunos e a suas prever:
famílias a opção pela abordagem pedagógica que julgarem a) professores das classes comuns e da educação especial
adequada; capacitados e especializados, respectivamente, para o
2.2 - Em face das condições específicas associadas à atendimento às necessidades educacionais especiais dos
cegueira e à visão subnormal, os sistemas de ensino devem alunos;
prover aos alunos cegos o material didático, inclusive provas, b) distribuição dos alunos com necessidades educacionais
e o livro didático em Braille e, aos alunos com visão subnormal especiais pelas várias classes do ano escolar em que forem
(baixa visão), os auxílios ópticos necessários, bem como classificados, de modo que essas classes comuns se beneficiem
material didático, livro didático e provas em caracteres das diferenças e ampliem positivamente as experiências de
ampliados; todos os alunos, dentro do princípio de educar para a
diversidade;
3. Altas habilidades/superdotação, grande facilidade de c) flexibilizações e adaptações curriculares, que
aprendizagem que os leve a dominar rapidamente os considerem o significado prático e instrumental dos conteúdos

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básicos, metodologias de ensino e recursos didáticos meio de convênios com instituições de ensino superior e
diferenciados e processos de avaliação adequados ao outros segmentos da comunidade.
desenvolvimento dos alunos que apresentam necessidades
educacionais especiais, em consonância com o projeto Recomenda-se às escolas de Educação Básica a
pedagógico da escola, respeitada a frequência obrigatória; constituição de parcerias com instituições de ensino superior
d) serviços de apoio pedagógico especializado, realizado: com vistas à identificação de alunos que apresentem altas
- na classe comum, mediante atuação de professor da habilidades/ superdotação, para fins de apoio ao
educação especial, de professores intérpretes das linguagens e prosseguimento de estudos no ensino médio e ao
códigos aplicáveis, como a língua de sinais e o sistema Braille, desenvolvimento de estudos na educação superior, inclusive
e de outros profissionais, como psicólogos e fonoaudiólogos, mediante a oferta de bolsas de estudo, destinando-se tal apoio
por exemplo; itinerância intra e interinstitucional e outros prioritariamente àqueles alunos que pertençam aos estratos
apoios necessários à aprendizagem, à locomoção e à sociais de baixa renda.
comunicação;
- em salas de recursos, nas quais o professor da educação 4.2 - Os serviços de apoio pedagógico especializado
especial realiza a complementação e/ou suplementação ocorrem no espaço escolar e envolvem professores com
curricular, utilizando equipamentos e materiais específicos. diferentes funções:
e) avaliação pedagógica no processo de ensino e Classes comuns: serviço que se efetiva por meio do
aprendizagem, inclusive para a identificação das necessidades trabalho de equipe, abrangendo professores da classe comum
educacionais especiais e a eventual indicação dos apoios e da educação especial, para o atendimento às necessidades
pedagógicos adequados; educacionais especiais dos alunos durante o processo de
f) temporalidade flexível do ano letivo, para atender às ensino e aprendizagem. Pode contar com a colaboração de
necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência outros profissionais, como psicólogos escolares, por exemplo.
mental ou graves deficiências múltiplas, de forma que possam Salas de recursos: serviço de natureza pedagógica,
concluir em tempo maior o currículo previsto para a conduzido por professor especializado, que suplementa (no
série/etapa escolar, principalmente nos anos finais do ensino caso dos superdotados) e complementa (para os demais
fundamental, conforme estabelecido por normas dos sistemas alunos) o atendimento educacional realizado em classes
de ensino, procurando-se evitar grande defasagem comuns da rede regular de ensino. Esse serviço realiza-se em
idade/série; escolas, em local dotado de equipamentos e recursos
g) condições para reflexão, ação e elaboração teórica da pedagógicos adequados às necessidades educacionais
educação inclusiva, com protagonismo dos professores, especiais dos alunos, podendo estender-se a alunos de escolas
articulando experiência e conhecimento com as próximas, nas quais ainda não exista esse atendimento. Pode
necessidades/possibilidades surgidas na relação pedagógica, ser realizado individualmente ou em pequenos grupos, para
inclusive por meio de colaboração com instituições de ensino alunos que apresentem necessidades educacionais especiais
superior e de pesquisa; semelhantes, em horário diferente daquele em que
h) uma rede de apoio interinstitucional que envolva frequentam a classe comum.
profissionais das áreas de Saúde, Assistência Social e Trabalho, Itinerância: serviço de orientação e supervisão pedagógica
sempre que necessário para o seu sucesso na aprendizagem, e desenvolvida por professores especializados que fazem visitas
que seja disponibilizada por meio de convênios com periódicas às escolas para trabalhar com os alunos que
organizações públicas ou privadas daquelas áreas; apresentem necessidades educacionais especiais e com seus
i) sustentabilidade do processo inclusivo, mediante respectivos professores de classe comum da rede regular de
aprendizagem cooperativa em sala de aula; trabalho de equipe ensino.
na escola e constituição de redes de apoio, com a participação Professores-intérpretes: são profissionais especializados
da família no processo educativo, bem como de outros agentes para apoiar alunos surdos, surdoscegos e outros que
e recursos da comunidade. apresentem sérios comprometimentos de comunicação e
j) atividades que favoreçam o aprofundamento e o sinalização.
enriquecimento de aspetos curriculares aos alunos que Todos os professores de educação especial e os que atuam
apresentam superdotação, de forma que sejam desenvolvidas em classes comuns deverão ter formação para as respectivas
suas potencialidades, permitindo ao aluno superdotado funções, principalmente os que atuam em serviços de apoio
concluir em menor tempo a educação básica, nos termos do pedagógico especializado.
Artigo 24, V, “c”, da LDBEN. A inclusão de alunos com necessidades educacionais
especiais em classes comuns do ensino regular, como meta das
Para atendimento educacional aos superdotados, é políticas de educação, exige interação constante entre
necessário: professor da classe comum e os dos serviços de apoio
a) organizar os procedimentos de avaliação pedagógica e pedagógico especializado, sob pena de alguns educandos não
psicológica de alunos com características de superdotação; atingirem rendimento escolar satisfatório.
b) prever a possibilidade de matrícula do aluno em série A interação torna-se absolutamente necessária quando se
compatível com seu desempenho escolar, levando em conta, trata, por exemplo, da educação dos surdos, considerando que
igualmente, sua maturidade sócio emocional; lhes é facultado efetivar sua educação por meio da língua
c) cumprir a legislação no que se refere: portuguesa e da língua brasileira de sinais, depois de
- ao atendimento suplementar para aprofundar e/ou manifestada a opinião dos pais e sua própria opinião.
enriquecer o currículo; Recomenda-se que o professor, para atuar com educação
- à aceleração/avanço, regulamentados pelos respectivos infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental, tenha
sistemas de ensino, permitindo, inclusive, a conclusão da complementação de estudos sobre o ensino de línguas: língua
Educação Básica em menor tempo; portuguesa e língua brasileira de sinais. Recomenda-se
- ao registro do procedimento adotado em ata da escola e também que o professor, para atuar com alunos surdos em sala
no dossiê do aluno; de recursos, principalmente a partir da 5ª série do ensino
d) incluir, no histórico escolar, as especificações cabíveis; fundamental, tenha, além do curso de Letras e Linguística,
e) incluir o atendimento educacional ao superdotado nos complementação de estudos ou cursos de pós-graduação
projetos pedagógicos e regimentos escolares, inclusive por sobre o ensino de línguas: língua portuguesa e língua brasileira
de sinais.

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Os serviços de apoio pedagógico especializado, ou outras experiências escolares anteriores, dificultando o


alternativas encontradas pela escola, devem ser organizados e desenvolvimento do currículo em classe comum.
garantidos nos projetos pedagógicos e regimentos escolares, Não se deve compor uma classe especial com alunos que
desde que devidamente regulamentados pelos competentes apresentam dificuldades de aprendizagem não vinculadas a
Conselhos de Educação. uma causa orgânica específica, tampouco se deve agrupar
O atendimento educacional especializado pode ocorrer alunos com necessidades especiais relacionadas a diferentes
fora de espaço escolar, sendo, nesses casos, certificada a deficiências. Assim sendo, não se recomenda colocar, numa
frequência do aluno mediante relatório do professor que o mesma classe especial, alunos cegos e surdos, por exemplo.
atende: Para esses dois grupos de alunos, em particular, recomenda-se
a) Classe hospitalar: serviço destinado a prover, mediante o atendimento educacional em classe especial durante o
atendimento especializado, a educação escolar a alunos processo de alfabetização, quando não foram beneficiados
impossibilitados de frequentar as aulas em razão de com a educação infantil. Tal processo abrange, para os cegos, o
tratamento de saúde que implique internação hospitalar ou domínio do sistema Braille, e para os surdos, a aquisição da
atendimento ambulatorial. língua de sinais e a aprendizagem da língua portuguesa.
b) Ambiente domiciliar: serviço destinado a viabilizar, O professor da educação especial, nessa classe, deve
mediante atendimento especializado, a educação escolar de desenvolver o currículo com a flexibilidade necessária às
alunos que estejam impossibilitados de frequentar as aulas em condições dos alunos e, no turno inverso, quando necessário,
razão de tratamento de saúde que implique permanência deve desenvolver outras atividades, tais como atividades da
prolongada em domicílio. vida autônoma e social (para alunos com deficiência mental,
Os objetivos das classes hospitalares e do atendimento em por exemplo); orientação e mobilidade (para alunos cegos e
ambiente domiciliar são: dar continuidade ao processo de surdoscegos); desenvolvimento de linguagem: língua
desenvolvimento e ao processo de aprendizagem de alunos portuguesa e língua brasileira de sinais (para alunos surdos);
matriculados em escolas da Educação Básica, contribuindo atividades de informática, etc.
para seu retorno e reintegração ao grupo escolar; e Essa classe deverá configurar a etapa, ciclo ou modalidade
desenvolver currículo flexibilizado com crianças, jovens e da educação básica em que o aluno se encontra – educação
adultos não matriculados no sistema educacional local, infantil, ensino fundamental, educação de jovens e adultos –
facilitando seu posterior acesso à escola regular. promovendo avaliação contínua do seu desempenho – com a
equipe escolar e pais – e proporcionando, sempre que possível,
4.3 A classe especial e sua organização: atividades conjuntas com os demais alunos das classes
As escolas podem criar, extraordinariamente, classes comuns.
especiais, cuja organização fundamente-se no Capítulo II da É importante que, a partir do desenvolvimento
LDBEN, nas diretrizes curriculares nacionais para a Educação apresentado pelo aluno e das condições para o atendimento
Básica, bem como nos referenciais e parâmetros curriculares inclusivo, a equipe pedagógica da escola e a família decidam
nacionais, para atendimento, em caráter transitório, a alunos conjuntamente, com base em avaliação pedagógica, quanto ao
que apresentem dificuldades acentuadas de aprendizagem ou seu retorno à classe comum.
condições de comunicação e sinalização diferenciadas dos
demais alunos e demandem ajudas e apoios intensos e 5. Organização do atendimento em escola especial
contínuos.
Aos alunos atendidos em classes especiais devem ter A educação escolar de alunos que apresentam
assegurados: necessidades educacionais especiais e que requeiram atenção
individualizada nas atividades da vida autônoma e social, bem
como ajudas e apoios intensos e contínuos e flexibilizações e
adaptações curriculares tão significativas que a escola comum
a) professores especializados em educação especial; não tenha conseguido prover – pode efetivar-se em escolas
b) organização de classes por necessidades educacionais especiais, assegurando-se que o currículo escolar observe as
especiais apresentadas, sem agrupar alunos com diferentes diretrizes curriculares nacionais para as etapas e modalidades
tipos de deficiências; da Educação Básica e que os alunos recebam os apoios de que
c) equipamentos e materiais específicos; necessitam. É importante que esse atendimento, sempre que
d) adaptações de acesso ao currículo e adaptações nos necessário, seja complementado por serviços das áreas de
elementos curriculares; Saúde, Trabalho e Assistência Social.
e) atividades da vida autônoma e social no turno inverso, A partir do desenvolvimento apresentado pelo aluno, a
quando necessário. equipe pedagógica da escola especial e a família devem decidir
conjuntamente quanto à transferência do aluno para escola da
Classe especial é uma sala de aula, em escola de ensino rede regular de ensino, com base em avaliação pedagógica e na
regular, em espaço físico e modulação adequada. Nesse tipo de indicação, por parte do setor responsável pela educação
sala, o professor da educação especial utiliza métodos, especial do sistema de ensino, de escolas regulares em
técnicas, procedimentos didáticos e recursos pedagógicos condições de realizar seu atendimento educacional.
especializados e, quando necessário, equipamentos e Para uma educação escolar de qualidade nas escolas
materiais didáticos específicos, conforme série/ciclo/etapa da especiais, é fundamental prover e promover em sua
educação básica, para que o aluno tenha acesso ao currículo da organização:
base nacional comum. I - matrícula e atendimento educacional especializado nas
A classe especial pode ser organizada para atendimento às etapas e modalidades da Educação Básica previstas em lei e no
necessidades educacionais especiais de alunos cegos, de seu regimento escolar;
alunos surdos, de alunos que apresentam condutas típicas de II - encaminhamento de alunos para a educação regular,
síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou inclusive para a educação de jovens e adultos;
psiquiátricos e de alunos que apresentam casos graves de III - parcerias com escolas das redes regulares públicas ou
deficiência mental ou múltipla. Pode ser utilizada privadas de educação profissional;
principalmente nas localidades onde não há oferta de escolas IV - conclusão e certificação de educação escolar, incluindo
especiais; quando se detectar, nesses alunos, grande terminalidade específica, para alunos com deficiência mental e
defasagem idade/série; quando faltarem, ao aluno, múltipla;

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V - professores especializados e equipe técnica de apoio; revisão e adequação. Os métodos e técnicas, recursos
VI - flexibilização e adaptação do currículo previsto na educativos e organizações específicas da prática pedagógica,
LDBEN, nos Referenciais e nos Parâmetros Curriculares por sua vez, tornam-se elementos que permeiam os conteúdos.
Nacionais. O currículo, em qualquer processo de escolarização,
transforma-se na síntese básica da educação. Isto nos
As escolas especiais públicas e privadas obedecem às possibilita afirmar que a busca da construção curricular deve
mesmas exigências na criação e no funcionamento: ser entendida como aquela garantida na própria LDBEN,
a) são iguais nas finalidades, embora diferentes na ordem complementada, quando necessário, com atividades que
administrativa e na origem dos recursos; possibilitem ao aluno que apresenta necessidades
b) necessitam de credenciamento e/ou autorização para o educacionais especiais ter acesso ao ensino, à cultura, ao
seu funcionamento. exercício da cidadania e à inserção social produtiva.
O Artigo 5o da LDBEN preceitua: “o acesso ao ensino
As escolas da rede privada, sem fins lucrativos, que fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer
necessitam pleitear apoio técnico e financeiro dos órgãos cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária,
governamentais devem credenciar-se para tal; as escolas da organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente
rede privada, com fins lucrativos, assim como as constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder
anteriormente citadas, devem ter o acompanhamento e a Público para exigi-lo”.
avaliação do órgão gestor e cumprir as determinações dos Os currículos devem ter uma base nacional comum,
Conselhos de Educação similares às previstas para as demais conforme determinam os Artigos 26, 27 e 32 da LDBEN, a ser
escolas. suplementada ou complementada por uma parte diversificada,
No âmbito dos sistemas de ensino, cabe aos Conselhos de exigida, inclusive, pelas características dos alunos.
Educação legislar sobre a matéria, observadas as normas e As dificuldades de aprendizagem na escola apresentam-se
diretrizes nacionais. como um contínuo, compreendendo desde situações mais
simples e/ou transitórias – que podem ser resolvidas
6. Etapas da escolarização de alunos com necessidades espontaneamente no curso do trabalho pedagógico – até
especiais em qualquer espaço escolar situações mais complexas e/ ou permanentes – que requerem
o uso de recursos ou técnicas especiais para que seja
Conforme estabelecido nos dispositivos legais da educação viabilizado o acesso ao currículo por parte do educando.
brasileira, o processo escolar tem início na educação infantil, Atender a esse contínuo de dificuldades requer respostas
que se realiza na faixa etária de zero a seis anos – em creches educativas adequadas, que abrangem graduais e progressivas
e em turmas de pré-escola – permitindo a identificação das adaptações de acesso ao currículo, bem como adaptações de
necessidades educacionais especiais e a estimulação do seus elementos.
desenvolvimento integral do aluno, bem como a intervenção Em casos muito singulares, em que o educando com graves
para atenuar possibilidades de atraso de desenvolvimento, comprometimentos mentais e/ou múltiplos não possa
decorrentes ou não de fatores genéticos, orgânicos e/ou beneficiar-se do currículo da base nacional comum, deverá ser
ambientais. proporcionado um currículo funcional para atender às
O atendimento educacional oferecido pela educação necessidades práticas da vida.
infantil pode contribuir significativamente para o sucesso O currículo funcional, tanto na educação infantil como nos
escolar desses educandos. Para tanto, é importante prover a anos iniciais do ensino fundamental, distingue-se pelo caráter
escola que realiza essa etapa da educação básica de recursos pragmático das atividades previstas nos parágrafos 1º, 2º, 3º e
tecnológicos e humanos adequados à diversidade das 4º do Artigo 26 e no Artigo 32 da LDBEN e pelas adaptações
demandas. curriculares muito significativas.
Do mesmo modo, é indispensável a integração dos serviços Tanto o currículo como a avaliação devem ser funcionais,
educacionais com os das áreas de Saúde e Assistência Social, buscando meios úteis e práticos para favorecer: o
garantindo a totalidade do processo formativo e o desenvolvimento das competências sociais; o acesso ao
atendimento adequado ao desenvolvimento integral do conhecimento, à cultura e às formas de trabalho valorizadas
educando. É importante mencionar que o fato de uma criança pela comunidade; e a inclusão do aluno na sociedade.
necessitar de apoio especializado não deve constituir motivo
para dificultar seu acesso e frequência às creches e às turmas 8. Terminalidade específica
de pré-escola da educação regular.
Após a educação infantil – ou seja, a partir dos sete anos de No atendimento a alunos cujas necessidades educacionais
idade – a escolarização do aluno que apresenta necessidades especiais estão associadas a grave deficiência mental ou
educacionais especiais deve processar-se nos mesmos níveis, múltipla, a necessidade de apoios e ajudas intensos e
etapas e modalidades de educação e ensino que os demais contínuos, bem como de adaptações curriculares
educandos, ou seja, no ensino fundamental, no ensino médio, significativas, não deve significar uma escolarização sem
na educação profissional, na educação de jovens e adultos e na horizonte definido, seja em termos de tempo ou em termos de
educação superior. Essa educação é suplementada e competências e habilidades desenvolvidas. As escolas,
complementada quando se utilizam os serviços de apoio portanto, devem adotar procedimentos de avaliação
pedagógico especializado. pedagógica, certificação e encaminhamento para alternativas
educacionais que concorram para ampliar as possibilidades de
7. Currículo inclusão social e produtiva dessa pessoa.
Quando os alunos com necessidades educacionais
O currículo a ser desenvolvido é o das diretrizes especiais, ainda que com os apoios e adaptações necessários,
curriculares nacionais para as diferentes etapas e modalidades não alcançarem os resultados de escolarização previstos no
da Educação Básica: educação infantil, educação fundamental, Artigo 32, I da LDBEN: “o desenvolvimento da capacidade de
ensino médio, educação de jovens e adultos e educação aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da
profissional. leitura, da escrita e do cálculo” – e uma vez esgotadas as
A escolarização formal, principalmente na educação possibilidades apontadas nos Artigos 24, 26 e 32 da LDBEN –
infantil e/ou nos anos iniciais do ensino fundamental, as escolas devem fornecer-lhes uma certificação de conclusão
transforma o currículo escolar em um processo constante de de escolaridade, denominada terminalidade específica.

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Terminalidade específica é uma certificação de conclusão II VOTO DOS RELATORES


de escolaridade – fundamentada em avaliação pedagógica –
com histórico escolar que apresente, de forma descritiva, as A organização da educação especial adquire, portanto,
habilidades e competências atingidas pelos educandos com seus contornos legítimos. O que passou faz parte do processo
grave deficiência mental ou múltipla. É o caso dos alunos cujas de amadurecimento da sociedade brasileira. Agora é preciso
necessidades educacionais especiais não lhes possibilitaram pôr em prática, corajosamente, a compreensão que foi
alcançar o nível de conhecimento exigido para a conclusão do alcançada pela comunidade sobre a importância que deve ser
ensino fundamental, respeitada a legislação existente, e de dada a este segmento da sociedade brasileira.
acordo com o regimento e o projeto pedagógico da escola. Com a edição deste Parecer e das Diretrizes que o
O teor da referida certificação de escolaridade deve integram, este Colegiado está oferecendo ao Brasil e aos alunos
possibilitar novas alternativas educacionais, tais como o que apresentam necessidades educacionais especiais um
encaminhamento para cursos de educação de jovens e adultos caminho e os meios legais necessários para a superação do
e de educação profissional, bem como a inserção no mundo do grave problema educacional, social e humano que os envolve.
trabalho, seja ele competitivo ou protegido. Igualdade de oportunidades e valorização da diversidade
Cabe aos respectivos sistemas de ensino normatizar sobre no processo educativo e nas relações sociais são direitos
a idade-limite para a conclusão do ensino fundamental. dessas crianças, jovens e adultos. Tornar a escola e a sociedade
inclusivas é uma tarefa de todos.
9. A educação profissional do aluno com necessidades
educacionais especiais Brasília, 03 de julho de 2001

A educação profissional é um direito do aluno com Conselheiro Kuno Paulo Rhoden- Relator
necessidades educacionais especiais e visa à sua integração Conselheira Sylvia Figueiredo Gouvêa- Relatora
produtiva e cidadã na vida em sociedade. Deve efetivar-se nos
cursos oferecidos pelas redes regulares de ensino públicas ou Questões
pela rede regular de ensino privada, por meio de adequações e
apoios em relação aos programas de educação profissional e 01. (IF/PE - Técnico em Assuntos Educacionais – IF-
preparação para o trabalho, de forma que seja viabilizado o PE). O Parecer CNE/CEB n. 17/2001, das Diretrizes Nacionais
acesso das pessoas com necessidades educacionais especiais para a Educação Especial na Educação Básica, tendo em vista a
aos cursos de nível básico, técnico e tecnológico, bem como a complexidade da matéria, qual seja, o direito à educação das
transição para o mercado de trabalho. pessoas que apresentam necessidades educacionais especiais,
Essas adequações e apoios – que representam a fundamenta suas considerações nos seguintes princípios:
colaboração da educação especial para uma educação (A) a estética da sensibilidade, a política da igualdade e a
profissional inclusiva – efetivam-se por meio de: ética da identidade.
a) flexibilizações e adaptações dos recursos instrucionais: (B) a preservação da dignidade humana, a busca da
material pedagógico, equipamento, currículo e outros; identidade e o exercício da cidadania.
b) capacitação de recursos humanos: professores, (C) a supremacia da dignidade humana, a solidariedade e o
instrutores e profissionais especializados; direito à cidadania.
c) eliminação de barreiras atitudinais, arquitetônicas, (D) a acessibilidade, a dignidade da identidade e o direito
curriculares e de comunicação e sinalização, entre outras; à educação.
d) encaminhamento para o mundo do trabalho e (E) a preservação da identidade, a busca da igualdade e a
acompanhamento de egressos. legitimidade.

As escolas das redes de educação profissional podem 02. (Prefeitura de Araraquara/SP - Professor -
realizar parcerias com escolas especiais, públicas ou privadas, Educação Infantil – CETRO). De acordo com o PARECER
tanto para construir competências necessárias à inclusão de CNE/CEB nº 17/01, no que diz respeito à construção da
alunos em seus cursos quanto para prestar assistência técnica inclusão na área educacional, marque V para verdadeiro ou F
e convalidar cursos profissionalizantes realizados por essas para falso e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a
escolas especiais. sequência correta.
Além disso, na perspectiva de contribuir para um processo ( ) A educação especial insere-se tanto na Educação Básica
de inclusão social, as escolas das redes de educação quanto na Educação Superior, bem como na interação com
profissional poderão avaliar e certificar competências laborais outras modalidades da educação escolar, como a educação
de pessoas com necessidades especiais não matriculadas em profissional e a educação indígena, sendo excluída desse ramo
seus cursos, encaminhando-as, a partir desses procedimentos, apenas a Educação de Jovens e Adultos.
para o mundo do trabalho. ( ) A política de inclusão de alunos que apresentam
A educação profissional do aluno com necessidades necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino
educacionais especiais pode realizar-se em escolas especiais, consiste, exclusivamente, na permanência física desses alunos
públicas ou privadas, quando esgotados os recursos da rede junto aos demais educandos, sempre respeitando suas
regular na provisão de resposta educativa adequada às diferenças e atendendo suas necessidades.
necessidades educacionais especiais e quando o aluno ( ) O respeito e a valorização da diversidade dos alunos
demandar apoios e ajudas intensos e contínuos para seu exigem que a escola defina sua responsabilidade no
acesso ao currículo. Nesse caso, podem ser oferecidos serviços estabelecimento de relações que possibilitem a criação de
de oficinas pré-profissionais ou oficinas profissionalizantes, de espaços inclusivos, bem como procure superar a produção,
caráter protegido ou não. pela própria escola, de necessidades especiais.
Os Artigos 3º e 4º, do Decreto no 2.208/97, contemplam a ( ) Não é o aluno que se amolda ou se adapta à escola, mas
inclusão de pessoas em cursos de educação profissional de é ela que, consciente de sua função, coloca-se à disposição do
nível básico independentemente de escolaridade prévia, além aluno, tornando-se um espaço inclusivo. Nesse contexto, a
dos cursos de nível técnico e tecnológico. Assim, alunos com educação especial é concebida para possibilitar que o aluno
necessidades especiais também podem ser beneficiados, com necessidades educacionais especiais atinja os objetivos da
qualificando-se para o exercício de funções demandadas pelo educação geral.
mundo do trabalho.

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APOSTILAS OPÇÃO

(A) V/ F/ V/ F Art. 2º Os sistemas de ensino devem matricular todos os


(B) V/ V/ F/ F alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento
(C) F/ F/ V/ V aos educandos com necessidades educacionais especiais,
(D) F/ V/ F/ V assegurando as condições necessárias para uma educação de
(E) V/ V/ V/ V qualidade para todos.
Parágrafo único. Os sistemas de ensino devem conhecer a
03. Julgue o item abaixo: demanda real de atendimento a alunos com necessidades
Classe especial é uma sala de aula, em escola de ensino educacionais especiais, mediante a criação de sistemas de
regular, em espaço físico e modulação adequada. informação e o estabelecimento de interface com os órgãos
( ) Certo ( ) Errado governamentais responsáveis pelo Censo Escolar e pelo Censo
Demográfico, para atender a todas as variáveis implícitas à
04. Os serviços de apoio pedagógico especializado qualidade do processo formativo desses alunos.
ocorrem no espaço escolar e envolvem professores com
diferentes funções, dentre elas as classes comuns que se Art. 3º Por educação especial, modalidade da educação
destacam pelo serviço de natureza pedagógica, conduzido por escolar, entende-se um processo educacional definido por uma
professor especializado, que suplementa (no caso dos proposta pedagógica que assegure recursos e serviços
superdotados) e complementa (para os demais alunos) o educacionais especiais, organizados institucionalmente para
atendimento educacional realizado em classes comuns da rede apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos,
regular de ensino. substituir os serviços educacionais comuns, de modo a
( ) Certo ( ) Errado garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento
das potencialidades dos educandos que apresentam
05. Com relação ao atendimento educacional especializado necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e
fora de espaço escolar, julgue o que segue abaixo: modalidades da educação básica.
Parágrafo único. Os sistemas de ensino devem constituir e
A Classe hospitalar: serviço destinado a prover, mediante fazer funcionar um setor responsável pela educação especial,
atendimento especializado, a educação escolar a alunos dotado de recursos humanos, materiais e financeiros que
impossibilitados de frequentar as aulas em razão de viabilizem e deem sustentação ao processo de construção da
tratamento de saúde que implique internação hospitalar ou educação inclusiva.
atendimento ambulatorial.
( ) Certo ( ) Errado Art. 4º Como modalidade da Educação Básica, a educação
especial considerará as situações singulares, os perfis dos
Respostas estudantes, as características biopsicossociais dos alunos e
suas faixas etárias e se pautará em princípios éticos, políticos
01. Resposta: B e estéticos de modo a assegurar:
02. Resposta: C I- a dignidade humana e a observância do direito de cada
03. Resposta: certo aluno de realizar seus projetos de estudo, de trabalho e de
04. Resposta: errado inserção na vida social;
05. Resposta: certo II- a busca da identidade própria de cada educando, o
reconhecimento e a valorização das suas diferenças e
potencialidades, bem como de suas necessidades educacionais
RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 2, DE 11 DE SETEMBRO DE especiais no processo de ensino e aprendizagem, como base
20014 para a constituição e ampliação de valores, atitudes,
conhecimentos, habilidades e competências;
Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na III- o desenvolvimento para o exercício da cidadania, da
Educação Básica. capacidade de participação social, política e econômica e sua
ampliação, mediante o cumprimento de seus deveres e o
O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho usufruto de seus direitos.
Nacional de Educação, de conformidade com o disposto no Art.
9o, § 1o, alínea “c”, da Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961, Art. 5º Consideram-se educandos com necessidades
com a redação dada pela Lei 9.131, de 25 de novembro de educacionais especiais os que, durante o processo educacional,
1995, nos Capítulos I, II e III do Título V e nos Artigos 58 a 60 apresentarem:
da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e com fundamento I- dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações
no Parecer CNE/CEB 17/2001, homologado pelo Senhor no processo de desenvolvimento que dificultem o
Ministro de Estado da Educação em 15 de agosto de 2001, acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas
RESOLVE: em dois grupos:
a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica;
Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações
Nacionais para a educação de alunos que apresentem ou deficiências;
necessidades educacionais especiais, na Educação Básica, em II– dificuldades de comunicação e sinalização
todas as suas etapas e modalidades. diferenciadas dos demais alunos, demandando a utilização de
Parágrafo único. O atendimento escolar desses alunos terá linguagens e códigos aplicáveis;
início na educação infantil, nas creches e pré-escolas, III- altas habilidades/superdotação, grande facilidade de
assegurando-lhes os serviços de educação especial sempre aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos,
que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família procedimentos e atitudes.
e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional
especializado. Art. 6 Para a identificação das necessidades educacionais
especiais dos alunos e a tomada de decisões quanto ao
atendimento necessário, a escola deve realizar, com

4 http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf

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assessoramento técnico, avaliação do aluno no processo de suplementares nas classes comuns, em sala de recursos ou em
ensino e aprendizagem, contando, para tal, com: outros espaços definidos pelos sistemas de ensino, inclusive
I- a experiência de seu corpo docente, seus diretores, para conclusão, em menor tempo, da série ou etapa escolar,
coordenadores, orientadores e supervisores educacionais; nos termos do Artigo 24, V, “c”, da Lei 9.394/96.
II- o setor responsável pela educação especial do
respectivo sistema; Art. 9° As escolas podem criar, extraordinariamente,
III– a colaboração da família e a cooperação dos serviços classes especiais, cuja organização fundamente-se no Capítulo
de Saúde, Assistência Social, Trabalho, Justiça e Esporte, bem II da LDBEN, nas diretrizes curriculares nacionais para a
como do Ministério Público, quando necessário. Educação Básica, bem como nos referenciais e parâmetros
curriculares nacionais, para atendimento, em caráter
Art. 7º O atendimento aos alunos com necessidades transitório, a alunos que apresentem dificuldades acentuadas
educacionais especiais deve ser realizado em classes comuns de aprendizagem ou condições de comunicação e sinalização
do ensino regular, em qualquer etapa ou modalidade da diferenciadas dos demais alunos e demandem ajudas e apoios
Educação Básica. intensos e contínuos.
§1° Nas classes especiais, o professor deve desenvolver o
Art. 8° As escolas da rede regular de ensino devem prever currículo, mediante adaptações, e, quando necessário,
e prover na organização de suas classes comuns: atividades da vida autônoma e social no turno inverso.
I- professores das classes comuns e da educação especial §2° A partir do desenvolvimento apresentado pelo aluno e
capacitados e especializados, respectivamente, para o das condições para o atendimento inclusivo, a equipe
atendimento às necessidades educacionais dos alunos; pedagógica da escola e a família devem decidir conjuntamente,
II- distribuição dos alunos com necessidades educacionais com base em avaliação pedagógica, quanto ao seu retorno à
especiais pelas várias classes do ano escolar em que forem classe comum.
classificados, de modo que essas classes comuns se beneficiem
das diferenças e ampliem positivamente as experiências de Art. 10. Os alunos que apresentem necessidades
todos os alunos, dentro do princípio de educar para a educacionais especiais e requeiram atenção individualizada
diversidade; nas atividades da vida autônoma e social, recursos, ajudas e
III– flexibilizações e adaptações curriculares que apoios intensos e contínuos, bem como adaptações
considerem o significado prático e instrumental dos conteúdos curriculares tão significativas que a escola comum não consiga
básicos, metodologias de ensino e recursos didáticos prover, podem ser atendidos, em caráter extraordinário, em
diferenciados e processos de avaliação adequados ao escolas especiais, públicas ou privadas, atendimento esse
desenvolvimento dos alunos que apresentam necessidades complementado, sempre que necessário e de maneira
educacionais especiais, em consonância com o projeto articulada, por serviços das áreas de Saúde, Trabalho e
pedagógico da escola, respeitada a frequência obrigatória; Assistência Social.
IV – serviços de apoio pedagógico especializado, realizado, §1º As escolas especiais, públicas e privadas, devem
nas classes comuns, mediante: cumprir as exigências legais similares às de qualquer escola
a) atuação colaborativa de professor especializado em quanto ao seu processo de credenciamento e autorização de
educação especial; funcionamento de cursos e posterior reconhecimento.
b) atuação de professores-intérpretes das linguagens e §2º Nas escolas especiais, os currículos devem ajustar-se
códigos aplicáveis; às condições do educando e ao disposto no Capítulo II da
c) atuação de professores e outros profissionais LDBEN.
itinerantes intra e interinstitucionalmente; §3° A partir do desenvolvimento apresentado pelo aluno, a
d) disponibilização de outros apoios necessários à equipe pedagógica da escola especial e a família devem decidir
aprendizagem, à locomoção e à comunicação. conjuntamente quanto à transferência do aluno para escola da
V– serviços de apoio pedagógico especializado em salas de rede regular de ensino, com base em avaliação pedagógica e na
recursos, nas quais o professor especializado em educação indicação, por parte do setor responsável pela educação
especial realize a complementação ou suplementação especial do sistema de ensino, de escolas regulares em
curricular, utilizando procedimentos, equipamentos e condição de realizar seu atendimento educacional.
materiais específicos;
VI– condições para reflexão e elaboração teórica da Art. 11. Recomenda-se às escolas e aos sistemas de ensino
educação inclusiva, com protagonismo dos professores, a constituição de parcerias com instituições de ensino superior
articulando experiência e conhecimento com as para a realização de pesquisas e estudos de caso relativos ao
necessidades/possibilidades surgidas na relação pedagógica, processo de ensino e aprendizagem de alunos com
inclusive por meio de colaboração com instituições de ensino necessidades educacionais especiais, visando ao
superior e de pesquisa; aperfeiçoamento desse processo educativo.
VII– sustentabilidade do processo inclusivo, mediante Art. 12. Os sistemas de ensino, nos termos da Lei
aprendizagem cooperativa em sala de aula, trabalho de equipe 10.098/2000 e da Lei 10.172/2001, devem assegurar a
na escola e constituição de redes de apoio, com a participação acessibilidade aos alunos que apresentem necessidades
da família no processo educativo, bem como de outros agentes educacionais especiais, mediante a eliminação de barreiras
e recursos da comunidade; arquitetônicas urbanísticas, na edificação – incluindo
VIII– temporalidade flexível do ano letivo, para atender às instalações, equipamentos e mobiliário – e nos transportes
necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência escolares, bem como de barreiras nas comunicações,
mental ou com graves deficiências múltiplas, de forma que provendo as escolas dos recursos humanos e materiais
possam concluir em tempo maior o currículo previsto para a necessários.
série/etapa escolar, principalmente nos anos finais do ensino §1° Para atender aos padrões mínimos estabelecidos com
fundamental, conforme estabelecido por normas dos sistemas respeito à acessibilidade, deve ser realizada a adaptação das
de ensino, procurando-se evitar grande defasagem escolas existentes e condicionada a autorização de construção
idade/série; e funcionamento de novas escolas ao preenchimento dos
IX– atividades que favoreçam, ao aluno que apresente altas requisitos de infraestrutura definidos.
habilidades/superdotação, o aprofundamento e §2° Deve ser assegurada, no processo educativo de alunos
enriquecimento de aspectos curriculares, mediante desafios que apresentam dificuldades de comunicação e sinalização

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diferenciadas dos demais educandos, a acessibilidade aos § 2° As escolas das redes de educação profissional podem
conteúdos curriculares, mediante a utilização de linguagens e avaliar e certificar competências laborais de pessoas com
códigos aplicáveis, como o sistema Braille e a língua de sinais, necessidades especiais não matriculadas em seus cursos,
sem prejuízo do aprendizado da língua portuguesa, encaminhando-as, a partir desses procedimentos, para o
facultando-lhes e às suas famílias a opção pela abordagem mundo do trabalho.
pedagógica que julgarem adequada, ouvidos os profissionais
especializados em cada caso. Art. 18. Cabe aos sistemas de ensino estabelecer normas
para o funcionamento de suas escolas, a fim de que essas
Art. 13. Os sistemas de ensino, mediante ação integrada tenham as suficientes condições para elaborar seu projeto
com os sistemas de saúde, devem organizar o atendimento pedagógico e possam contar com professores capacitados e
educacional especializado a alunos impossibilitados de especializados, conforme previsto no Artigo 59 da LDBEN e
frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a
implique internação hospitalar, atendimento ambulatorial ou Formação de Docentes da Educação Infantil e dos Anos Iniciais
permanência prolongada em domicílio. do Ensino Fundamental, em nível médio, na modalidade
§1° As classes hospitalares e o atendimento em ambiente Normal, e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a
domiciliar devem dar continuidade ao processo de Formação de Professores da Educação Básica, em nível
desenvolvimento e ao processo de aprendizagem de alunos superior, curso de licenciatura de graduação plena.
matriculados em escolas da Educação Básica, contribuindo §1º São considerados professores capacitados para atuar
para seu retorno e reintegração ao grupo escolar, e em classes comuns com alunos que apresentam necessidades
desenvolver currículo flexibilizado com crianças, jovens e educacionais especiais aqueles que comprovem que, em sua
adultos não matriculados no sistema educacional local, formação, de nível médio ou superior, foram incluídos
facilitando seu posterior acesso à escola regular. conteúdos sobre educação especial adequados ao
§ 2° Nos casos de que trata este Artigo, a certificação de desenvolvimento de competências e valores para:
frequência deve ser realizada com base no relatório elaborado I– perceber as necessidades educacionais especiais dos
pelo professor especializado que atende o aluno. alunos e valorizar a educação inclusiva;
II- flexibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas de
Art. 14. Os sistemas públicos de ensino serão responsáveis conhecimento de modo adequado às necessidades especiais de
pela identificação, análise, avaliação da qualidade e da aprendizagem;
idoneidade, bem como pelo credenciamento de escolas ou III- avaliar continuamente a eficácia do processo educativo
serviços, públicos ou privados, com os quais estabelecerão para o atendimento de necessidades educacionais especiais;
convênios ou parcerias para garantir o atendimento às IV - atuar em equipe, inclusive com professores
necessidades educacionais especiais de seus alunos, especializados em educação especial.
observados os princípios da educação inclusiva. §2º São considerados professores especializados em
educação especial aqueles que desenvolveram competências
Art. 15. A organização e a operacionalização dos currículos para identificar as necessidades educacionais especiais para
escolares são de competência e responsabilidade dos definir, implementar, liderar e apoiar a implementação de
estabelecimentos de ensino, devendo constar de seus projetos estratégias de flexibilização, adaptação curricular,
pedagógicos as disposições necessárias para o atendimento às procedimentos didáticos pedagógicos e práticas alternativas,
necessidades educacionais especiais de alunos, respeitadas, adequados ao atendimentos das mesmas, bem como trabalhar
além das diretrizes curriculares nacionais de todas as etapas e em equipe, assistindo o professor de classe comum nas
modalidades da Educação Básica, as normas dos respectivos práticas que são necessárias para promover a inclusão dos
sistemas de ensino. alunos com necessidades educacionais especiais.
§ 3º Os professores especializados em educação especial
Art. 16. É facultado às instituições de ensino, esgotadas as deverão comprovar:
possibilidades pontuadas nos Artigos 24 e 26 da LDBEN, I- formação em cursos de licenciatura em educação
viabilizar ao aluno com grave deficiência mental ou múltipla, especial ou em uma de suas áreas, preferencialmente de modo
que não apresentar resultados de escolarização previstos no concomitante e associado à licenciatura para educação infantil
Inciso I do Artigo 32 da mesma Lei, terminalidade específica ou para os anos iniciais do ensino fundamental;
do ensino fundamental, por meio da certificação de conclusão II- complementação de estudos ou pós-graduação em
de escolaridade, com histórico escolar que apresente, de forma áreas específicas da educação especial, posterior à licenciatura
descritiva, as competências desenvolvidas pelo educando, bem nas diferentes áreas de conhecimento, para atuação nos anos
como o encaminhamento devido para a educação de jovens e finais do ensino fundamental e no ensino médio;
adultos e para a educação profissional. §4º Aos professores que já estão exercendo o magistério
devem ser oferecidas oportunidades de formação continuada,
Art. 17. Em consonância com os princípios da educação inclusive em nível de especialização, pelas instâncias
inclusiva, as escolas das redes regulares de educação educacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
profissional, públicas e privadas, devem atender alunos que Municípios.
apresentem necessidades educacionais especiais, mediante a
promoção das condições de acessibilidade, a capacitação de Art. 19. As diretrizes curriculares nacionais de todas as
recursos humanos, a flexibilização e adaptação do currículo e etapas e modalidades da Educação Básica estendem-se para a
o encaminhamento para o trabalho, contando, para tal, com a educação especial, assim como estas Diretrizes Nacionais para
colaboração do setor responsável pela educação especial do a Educação Especial estendem-se para todas as etapas e
respectivo sistema de ensino. modalidades da Educação Básica.
§1° As escolas de educação profissional podem realizar
parcerias com escolas especiais, públicas ou privadas, tanto Art. 20. No processo de implantação destas Diretrizes
para construir competências necessárias à inclusão de alunos pelos sistemas de ensino, caberá às instâncias educacionais da
em seus cursos quanto para prestar assistência técnica e União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em
convalidar cursos profissionalizantes realizados por essas regime de colaboração, o estabelecimento de referenciais,
escolas especiais. normas complementares e políticas educacionais.

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Art. 21. A implementação das presentes Diretrizes garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento
Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica será das potencialidades dos educandos que apresentam
obrigatória a partir de 2002, sendo facultativa no período de necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e
transição compreendido entre a publicação desta Resolução e modalidades da educação básica.
o dia 31 de dezembro de 2001.
02. (Prefeitura de Nilópolis/RJ - Auxiliar de Educação
Art. 22. Esta Resolução entra em vigor na data de sua Infantil – FUNCEFET). A Resolução CNE/CEB Nº 2, de 11 de
publicação e revoga as disposições em contrário. fevereiro de 2001, institui as Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica.
FRANCISCO APARECIDO CORDÃO Em relação ao atendimento escolar dos alunos que
apresentam necessidades educacionais especiais é correto
Presidente da Câmara de Educação Básica afirmar que ele terá início na educação
(A) infantil, somente nas pré-escolas, assegurando-lhes os
Questões serviços de educação especial sempre que se evidencie a
necessidade de atendimento educacional especializado.
01. (IF/SP - Professor – Pedagogia – IF-SP). A Resolução (B) fundamental, assegurando-lhes os serviços de
nº 2, de 11 de setembro de 2001, institui as Diretrizes educação especial sempre que se evidencie a necessidade de
Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Sobre atendimento educacional especializado.
esta resolução, assinale a alternativa que contempla, de forma (C) infantil, nas creches e pré-escolas especificamente
correta, o conceito de educação especial trazido pelo referido preparadas para o atendimento educacional especializado, em
documento. substituição aos serviços educacionais comuns.
(A) Por educação especial, forma de atendimento aos (D) infantil, nas creches e pré-escolas, assegurando-lhes os
alunos deficientes, entende-se um processo educacional serviços de educação especial sempre que se evidencie a
definido pela escola que assegure aulas e projetos especiais, necessidade de atendimento educacional especializado.
organizados institucionalmente para educar as crianças que
não são consideradas normais, de modo a garantir a educação 03. Analise a proposição abaixo e assinale certo ou errado:
escolar e promover o desenvolvimento das crianças que O atendimento aos alunos com necessidades educacionais
apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as especiais deve ser realizado em classes comuns do ensino
etapas e modalidades da educação básica. regular, em qualquer etapa ou modalidade da Educação Básica.
(B) Por educação especial, modalidade da educação
escolar, entende-se um processo educacional definido por ( ) Certo ( ) Errado
escolas especiais que assegure recursos e serviços
educacionais especiais, organizados institucionalmente para 04. Os professores especializados em educação especial
atender crianças com necessidades educacionais especiais e, deverão comprovar complementação de estudos ou pós-
em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, graduação em áreas específicas da educação especial,
de modo a garantir a educação escolar e promover o posterior à licenciatura nas diferentes áreas de conhecimento,
desenvolvimento das potencialidades dos educandos que para atuarem apenas nos anos finais do ensino fundamental.
apresentam necessidades educacionais especiais, na educação
infantil e no ensino fundamental, nos termos da lei. ( ) Certo ( ) Errado
(C) Por educação especial, um sistema de educação escolar
próprio e especial, entende-se um processo educacional Respostas
definido pelo Ministério da Educação e pelas Secretarias
Estaduais de educação que assegure educação especial, 01. Resposta: E
organizados institucionalmente para apoiar, complementar, 02. Resposta: D
suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços 03. Resposta: certo
educacionais comuns, de modo a garantir a alfabetização de 04. Resposta: errado
todos e promover o desenvolvimento habilidades motoras e
sociais dos educandos que apresentam necessidades
educacionais especiais, na educação infantil e no ensino História da educação
fundamental, nos termos da lei. (Brasil).
(D) Por educação especial, modalidade de atendimento de
escolas e professores, entende-se um processo educacional
definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos História da Educação Brasileira
e serviços educacionais especiais, organizados
institucionalmente formar os professores para que eles Conforme o texto de Bello5, a História da Educação
possam atender as crianças com necessidades educacionais Brasileira não é uma História difícil de ser estudada e
especiais. Que a escola especial possa substituir os serviços compreendida. Ela evolui em rupturas marcantes e fáceis de
educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e serem observadas.
promover o desenvolvimento das potencialidades dos A primeira grande ruptura travou-se com a chegada
educandos que apresentam necessidades educacionais mesmo dos portugueses ao território do Novo Mundo. Não
especiais, em todas as etapas e modalidades da educação podemos deixar de reconhecer que os portugueses trouxeram
básica. um padrão de educação próprio da Europa, o que não quer
(E) Por educação especial, modalidade da educação dizer que as populações que por aqui viviam já não possuíam
escolar, entende-se um processo educacional definido por uma características próprias de se fazer educação. E convém
proposta pedagógica que assegure recursos e serviços ressaltar que a educação que se praticava entre as populações
educacionais especiais, organizados institucionalmente para indígenas não tinha as marcas repressivas do modelo
apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, educacional europeu.
substituir os serviços educacionais comuns, de modo a

5 Texto adaptado de BELLO, J. L. P.

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Num programa de entrevista na televisão, o indigenista Período Jesuítico


Orlando Villas Boas contou um fato observado por ele numa
aldeia Xavante que retrata bem a característica educacional A educação indígena foi interrompida com a chegada dos
entre os índios: Orlando observava uma mulher que fazia jesuítas. Os primeiros chegaram ao território brasileiro em
alguns potes de barro. Assim que a mulher terminava um pote março de 1549. Comandados pelo Padre Manoel de Nóbrega,
seu filho, que estava ao lado dela pegava o pote pronto e o quinze dias após a chegada edificaram a primeira escola
jogava ao chão quebrando. Imediatamente ela iniciava outro e, elementar brasileira, em Salvador, tendo como mestre o Irmão
novamente, assim que estava pronto, seu filho repetia o Vicente Rodrigues, contando apenas 21 anos. Irmão Vicente
mesmo ato e o jogava no chão. Esta cena se repetiu por sete tornou-se o primeiro professor nos moldes europeus, em
potes até que Orlando não se conteve e se aproximou da terras brasileiras, e durante mais de 50 anos dedicou-se ao
mulher Xavante e perguntou por que ela deixava o menino ensino e a propagação da fé religiosa.
quebrar o trabalho que ela havia acabado de terminar. No que No Brasil, os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica
a mulher índia respondeu: "- Porque ele quer". e ao trabalho educativo. Perceberam que não seria possível
Podemos também obter algumas noções de como era feita converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e
a educação entre os índios na série Xingu, produzida pela escrever. De Salvador a obra jesuítica estendeu-se para o sul e,
extinta Rede Manchete de Televisão. Neste seriado podemos em 1570, vinte e um anos após a chegada, já era composta por
ver crianças indígenas subindo nas estruturas de madeira das cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São
construções das ocas, numa altura inconcebivelmente alta. Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três
Quando os jesuítas chegaram por aqui, eles não trouxeram colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia).
somente a moral, os costumes e a religiosidade europeia; Quando os jesuítas chegaram por aqui, eles não trouxeram
trouxeram também os métodos pedagógicos. somente a moral, os costumes e a religiosidade europeia;
Este método funcionou absoluto durante 210 anos, quando trouxeram também os métodos pedagógicos. Todas as escolas
uma nova ruptura marca a História da Educação no Brasil: a jesuítas eram regulamentadas por um documento, escrito por
expulsão dos jesuítas por Marquês de Pombal. Se existia Inácio de Loiola, o Ratio Studiorum, que tinha como objetivos
alguma coisa muito bem estruturada em termos de educação o de organização social e cultural, bem como de catequese
que se viu a seguir foi o mais absoluto caos. Tentou-se as aulas baseada na “cristandade”. O ensino era essencialmente de
régias, o subsídio literário, mas o caos continuou até que a caráter humanístico. Eles não se limitaram ao ensino das
Família Real, fugindo de Napoleão na Europa, resolve primeiras letras; além do curso elementar mantinham cursos
transferir o Reino para o Novo Mundo. de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de
Na verdade não se conseguiu implantar um sistema Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação
educacional nas terras brasileiras, mas a vinda da Família Real de sacerdotes. No curso de Letras estudava-se Gramática
permitiu uma nova ruptura com a situação anterior. Para Latina, Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia
preparar terreno para sua estadia no Brasil, D. João VI abriu estudava-se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências
Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Físicas e Naturais. E quem tinha interesse em estudar Medicina
Biblioteca Real, o Jardim Botânico e, sua iniciativa mais ou Direito deveria ir estudar na Europa.
marcante em termos de mudança, a Imprensa Régia. Segundo Este modelo funcionou absoluto durante 210 anos, de
alguns autores, o Brasil foi finalmente "descoberto" e a nossa 1549 a 1759, quando uma nova ruptura marca a História da
História passou a ter uma complexidade maior. Educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas por Marquês de
A educação, no entanto, continuou a ter uma importância Pombal. Se existia algo muito bem estruturado, em termos de
secundária. Basta ver que, enquanto nas colônias espanholas educação, o que se viu a seguir foi o mais absoluto caos.
já existiam muitas universidades, sendo que em 1538 já existia No momento da expulsão, os jesuítas tinham 25
a Universidade de São Domingos e em 1551 a do México e a de residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, além de
Lima, a nossa primeira Universidade só surgiu em 1934, em seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas
São Paulo. em todas as cidades onde havia casas da Companhia de Jesus.
Por todo o Império, incluindo D. João VI, D. Pedro I e D. A educação brasileira, com isso, vivenciou uma grande ruptura
Pedro II, pouco se fez pela educação brasileira e muitos histórica num processo já implantado e consolidado como
reclamavam de sua qualidade ruim. Com a Proclamação da modelo educacional.
República tentaram-se várias reformas que pudessem dar uma
nova guinada, mas se observarmos bem, a educação brasileira Período Pombalino
não sofreu um processo de evolução que pudesse ser
considerado marcante ou significativo em termos de modelo. Com a expulsão saíram do Brasil 124 jesuítas da Bahia, 53
Até os dias de hoje muito tem se mexido no planejamento de Pernambuco, 199 do Rio de Janeiro e 133 do Pará. Com eles
educacional, mas a educação continua a ter as mesmas levaram também a organização monolítica baseada no Ratio
características impostas em todos os países do mundo, que é a Studiorum.
de manter o "status quo" para aqueles que frequentam os Desta ruptura, pouca coisa restou de prática educativa no
bancos escolares. Brasil. Continuaram a funcionar o Seminário Episcopal, no
Concluindo podemos dizer que a Educação Brasileira tem Pará, e os Seminários de São José e São Pedro, que não se
um princípio, meio e fim bem demarcado e facilmente encontravam sob a jurisdição jesuítica; a Escola de Artes e
observável. E é isso que tentamos passar neste texto. Edificações Militares, na Bahia, e a Escola de Artilharia, no Rio
Os períodos foram divididos a partir das concepções do de Janeiro.
autor em termos de importância histórica. Os jesuítas foram expulsos das colônias em função de
Se considerarmos a História como um processo em eterna radicais diferenças de objetivos com os dos interesses da
evolução, não podemos considerar este trabalho como Corte. Enquanto os jesuítas preocupavam-se com o
terminado. Novas rupturas estão acontecendo no exato proselitismo e o noviciado, Pombal pensava em reerguer
momento em que esse texto está sendo lido. A educação Portugal da decadência em que se encontrava diante de outras
brasileira evolui em saltos desordenados, em diversas potências europeias da época. Além disso, Lisboa passou por
direções. um terremoto que destruiu parte significativa da cidade e
precisava ser reerguida. A educação jesuítica não convinha aos
interesses comerciais emanados por Pombal. Ou seja, se as
escolas da Companhia de Jesus tinham por objetivo servir aos

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interesses da fé, Pombal pensou em organizar a escola para intenção de bons resultados não foi o que aconteceu, já que,
servir aos interesses do Estado. pelas dimensões do país, a educação brasileira perdeu-se mais
Através do alvará de 28 de junho de 1759, ao mesmo uma vez, obtendo resultados pífios.
tempo em que suprimia as escolas jesuíticas de Portugal e de Em 1837, onde funcionava o Seminário de São Joaquim, na
todas as colônias, Pombal criava as aulas régias de Latim, cidade do Rio de Janeiro, é criado o Colégio Pedro II, com o
Grego e Retórica. Criou também a Diretoria de Estudos que só objetivo de se tornar um modelo pedagógico para o curso
passou a funcionar após o afastamento de Pombal. Cada aula secundário. Efetivamente o Colégio Pedro II não conseguiu se
régia era autônoma e isolada, com professor único e uma não organizar até o fim do Império para atingir tal objetivo.
se articulava com as outras. Em 1872, a população brasileira era de 10 milhões de
Portugal logo percebeu que a educação no Brasil estava habitantes, e apenas150.000 estavam matriculados em escolas
estagnada e era preciso oferecer uma solução. Para isso primárias. O analfabetismo era da ordem de 64%.
instituiu o "subsídio literário" para manutenção dos ensinos Até a Proclamação da República, em 1889 praticamente
primário e médio. Criado em 1772 o “subsídio” era uma nada se fez de concreto pela educação brasileira. O Imperador
taxação, ou um imposto, que incidia sobre a carne verde, o D. Pedro II, quando perguntado que profissão escolheria não
vinho, o vinagre e a aguardente. Além de exíguo, nunca foi fosse Imperador, afirmou que gostaria de ser "mestre-escola".
cobrado com regularidade e os professores ficavam longos Apesar de sua afeição pessoal pela tarefa educativa, pouco foi
períodos sem receber vencimentos a espera de uma solução feito, em sua gestão, para que se criasse, no Brasil, um sistema
vinda de Portugal. educacional.
Os professores geralmente não tinham preparação para a O resultado do ensino no Brasil Império foi deficiente, sem
função, já que eram improvisados e mal pagos. Eram uma plano nacional que lhe desse um sistema ou estrutura
nomeados por indicação ou sob concordância de bispos e se adequada. As políticas foram sucessivas e caracterizadas pela
tornavam "proprietários" vitalícios de suas aulas régias. falta de continuidade e articulação.
O resultado da decisão de Pombal foi que, no princípio do
século XIX, a educação brasileira estava reduzida a Período da Primeira República
praticamente nada. O sistema jesuítico foi desmantelado e
nada que pudesse chegar próximo deles foi organizado para A República proclamada adotou o modelo político
dar continuidade a um trabalho de educação. americano baseado no sistema presidencialista. Na
organização escolar percebe-se influência da filosofia
Período Joanino positivista. A Reforma de Benjamin Constant tinha como
princípios orientadores a liberdade e laicidade do ensino,
A vinda da Família Real, em 1808, permitiu uma nova como também a gratuidade da escola primária. Estes
ruptura com a situação anterior. Para atender às necessidades princípios seguiam a orientação do que estava estipulado na
de sua estadia no Brasil, D. João VI abriu Academias Militares, Constituição brasileira.
Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim Uma das intenções desta Reforma era transformar o
Botânico e, sua iniciativa mais marcante em termos de ensino em formador de alunos para os cursos superiores e não
mudança, a Imprensa Régia. Segundo alguns autores, o Brasil apenas preparador. Outra intenção era substituir a
foi finalmente "descoberto" e a nossa História passou a ter uma predominância literária pela científica.
complexidade maior. O surgimento da imprensa permitiu que Esta Reforma foi bastante criticada: pelos positivistas, já
os fatos e as ideias fossem divulgados e discutidos no meio da que não respeitava os princípios pedagógicos de Comte; pelos
população letrada, preparando terreno propício para as que defendiam a predominância literária, já que o que ocorreu
questões políticas que permearam o período seguinte da foi o acréscimo de matérias científicas às tradicionais,
História do Brasil. tornando o ensino enciclopédico.
A educação, no entanto, continuou a ter uma importância O Código Epitácio Pessoa, de 1901, inclui a lógica entre as
secundária. Para Lima, "a 'abertura dos portos', além do matérias e retira a biologia, a sociologia e a moral, acentuando,
significado comercial da expressão, significou a permissão assim, a parte literária em detrimento da científica.
dada aos 'brasileiros' (madeireiros de pau-brasil) de tomar A Reforma Rivadávia Correa, de 1911, pretendeu que o
conhecimento de que existia, no mundo, um fenômeno curso secundário se tornasse formador do cidadão e não como
chamado civilização e cultura". simples promotor a um nível seguinte. Retomando a
orientação positivista, prega a liberdade de ensino,
Período Imperial entendendo-se como a possibilidade de oferta de ensino que
não seja por escolas oficiais, e de frequência. Além disso, prega
D. João VI volta a Portugal em 1821. Em 1822 seu filho D. ainda a abolição do diploma em troca de um certificado de
Pedro I proclama a Independência do Brasil e, em 1824, assistência e aproveitamento e transfere os exames de
outorga a primeira Constituição brasileira. O Art. 179 desta Lei admissão ao ensino superior para as faculdades. Os resultados
Magna dizia que a "instrução primária é gratuita para todos os desta Reforma foram desastrosos para a educação brasileira.
cidadãos". Num período complexo da História do Brasil surge a
Em 1823, na tentativa de se suprir a falta de professores Reforma João Luiz Alves que introduz a cadeira de Moral e
institui-se o Método Lancaster, ou do "ensino mútuo", onde um Cívica com a intenção de tentar combater os protestos
aluno treinado (decurião) ensinava um grupo de dez alunos estudantis contra o governo do presidente Arthur Bernardes.
(decúria) sob a rígida vigilância de um inspetor. A década de vinte foi marcada por diversos fatos
Em 1826 um Decreto institui quatro graus de instrução: relevantes no processo de mudança das características
Pedagogias (escolas primárias), Liceus, Ginásios e Academias. políticas brasileiras. Foi nesta década que ocorreu o
Em 1827 um projeto de lei propõe a criação de pedagogias em Movimento dos 18 do Forte (1922), a Semana de Arte Moderna
todas as cidades e vilas, além de prever o exame na seleção de (1922), a fundação do Partido Comunista (1922), a Revolta
professores, para nomeação. Propunha ainda a abertura de Tenentista (1924) e a Coluna Prestes (1924 a 1927).
escolas para meninas. Além disso, no que se refere à educação, foram realizadas
Em 1834 o Ato Adicional à Constituição dispõe que as diversas reformas de abrangência estadual, como as de
províncias passariam a ser responsáveis pela administração Lourenço Filho, no Ceará, em 1923, a de Anísio Teixeira, na
do ensino primário e secundário. Graças a isso, em 1835, surge Bahia, em 1925, a de Francisco Campos e Mario Casassanta, em
a primeira Escola Normal do país, em Niterói. Se houve Minas, em 1927, a de Fernando de Azevedo, no Distrito Federal

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(atual Rio de Janeiro), em 1928 e a de Carneiro Leão, em entre clássico e científico, a predominância recaiu sobre o
Pernambuco, em 1928. científico, reunindo cerca de 90% dos alunos do colegial.
Período da Segunda República
Período da Nova República
A Revolução de 30 foi o marco referencial para a entrada
do Brasil no mundo capitalista de produção. A acumulação de O fim do Estado Novo consubstanciou-se na adoção de uma
capital, do período anterior, permitiu com que o Brasil pudesse nova Constituição de cunho liberal e democrático. Esta nova
investir no mercado interno e na produção industrial. A nova Constituição, na área da Educação, determina a
realidade brasileira passou a exigir uma mão-de-obra obrigatoriedade de se cumprir o ensino primário e dá
especializada e para tal era preciso investir na educação. competência à União para legislar sobre diretrizes e bases da
Sendo assim, em 1930, foi criado o Ministério da Educação e educação nacional. Além disso, a nova Constituição fez voltar
Saúde Pública e, em 1931, o governo provisório sanciona o preceito de que a educação é direito de todos, inspirada nos
decretos organizando o ensino secundário e as universidades princípios proclamados pelos Pioneiros, no Manifesto dos
brasileiras ainda inexistentes. Estes Decretos ficaram Pioneiros da Educação Nova, nos primeiros anos da década de
conhecidos como "Reforma Francisco Campos". 30.
Em 1932, um grupo de educadores lança à nação o Ainda em 1946 o então Ministro Raul Leitão da Cunha
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, redigido por regulamenta o Ensino Primário e o Ensino Normal, além de
Fernando de Azevedo e assinado por outros conceituados criar o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC,
educadores da época. atendendo as mudanças exigidas pela sociedade após a
Em 1934, a nova Constituição (a segunda da República) Revolução de 1930.
dispõe, pela primeira vez, que a educação é direito de todos, Baseado nas doutrinas emanadas pela Carta Magna de
devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes Públicos. 1946, o Ministro Clemente Mariani, cria uma comissão com o
Ainda em 1934, por iniciativa do governador Armando objetivo de elaborar um anteprojeto de reforma geral da
Salles Oliveira, foi criada a Universidade de São Paulo. A educação nacional. Esta comissão, presidida pelo educador
primeira a ser criada e organizada segundo as normas do Lourenço Filho, era organizada em três subcomissões: uma
Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931. para o Ensino Primário, uma para o Ensino Médio e outra para
Em 1935 o Secretário de Educação do Distrito Federal, o Ensino Superior. Em novembro de 1948 este anteprojeto foi
Anísio Teixeira, cria a Universidade do Distrito Federal, no encaminhado à Câmara Federal, dando início a uma luta
atual município do Rio de Janeiro, com uma Faculdade de ideológica em torno das propostas apresentadas. Num
Educação na qual se situava o Instituto de Educação. primeiro momento, as discussões estavam voltadas às
interpretações contraditórias das propostas constitucionais.
Período do Estado Novo Num momento posterior, após a apresentação de um
substitutivo do Deputado Carlos Lacerda, as discussões mais
Refletindo tendências fascistas é outorgada uma nova marcantes relacionaram-se à questão da responsabilidade do
Constituição em 1937. A orientação político-educacional para Estado quanto à educação, inspirados nos educadores da velha
o mundo capitalista fica bem explícita em seu texto sugerindo geração de 1930, e a participação das instituições privadas de
a preparação de um maior contingente de mão-de-obra para ensino.
as novas atividades abertas pelo mercado. Neste sentido, a Depois de 13 anos de acirradas discussões foi promulgada
nova Constituição enfatiza o ensino pré-vocacional e a Lei 4.024, em 20 de dezembro de 1961, sem a pujança do
profissional. anteprojeto original, prevalecendo as reivindicações da Igreja
Por outro lado propõe que a arte, a ciência e o ensino sejam Católica e dos donos de estabelecimentos particulares de
livres à iniciativa individual e à associação ou pessoas coletivas ensino no confronto com os que defendiam o monopólio
públicas e particulares, tirando do Estado o dever da educação. estatal para a oferta da educação aos brasileiros.
Mantém ainda a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino Se as discussões sobre a Lei de Diretrizes e Bases para a
primário. Também dispõe como obrigatório o ensino de Educação Nacional foi o fato marcante, por outro lado, muitas
trabalhos manuais em todas as escolas normais, primárias e iniciativas marcaram este período como, talvez, o mais fértil da
secundárias. História da Educação no Brasil: em 1950, em Salvador, no
No contexto político o estabelecimento do Estado Novo, Estado da Bahia, Anísio Teixeira inaugura o Centro Popular de
segundo a historiadora Otaíza Romanelli, faz com que as Educação (Centro Educacional Carneiro Ribeiro), dando início
discussões sobre as questões da educação, profundamente a sua ideia de escola-classe e escola-parque; em 1952, em
ricas no período anterior, entrem "numa espécie de Fortaleza, Estado do Ceará, o educador Lauro de Oliveira Lima
hibernação". As conquistas do movimento renovador, inicia uma didática baseada nas teorias científicas de Jean
influenciando a Constituição de 1934, foram enfraquecidas Piaget: o Método Psicogenético; em 1953 a educação passa a
nessa nova Constituição de 1937. Marca uma distinção entre o ser administrada por um Ministério próprio: o Ministério da
trabalho intelectual, para as classes mais favorecidas, e o Educação e Cultura; em 1961 tem início uma campanha de
trabalho manual, enfatizando o ensino profissional para as alfabetização, cuja didática, criada pelo pernambucano Paulo
classes mais desfavorecidas. Freire, propunha alfabetizar em 40 horas adultos analfabetos;
Em 1942, por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema, em 1962 é criado o Conselho Federal de Educação, que
são reformados alguns ramos do ensino. Estas Reformas substitui o Conselho Nacional de Educação e os Conselhos
receberam o nome de Leis Orgânicas do Ensino, e são Estaduais de Educação e, ainda em 1962 é criado o Plano
compostas por Decretos-lei que criam o Serviço Nacional de Nacional de Educação e o Programa Nacional de Alfabetização,
Aprendizagem Industrial – SENAI e valoriza o ensino pelo Ministério da Educação e Cultura, inspirado no Método
profissionalizante. Paulo Freire.
O ensino ficou composto, neste período, por cinco anos de
curso primário, quatro de curso ginasial e três de colegial, Período do Regime Militar
podendo ser na modalidade clássico ou científico. O ensino
colegial perdeu o seu caráter propedêutico, de preparatório Em 1964, um golpe militar aborta todas as iniciativas de se
para o ensino superior, e passou a se preocupar mais com a revolucionar a educação brasileira, sob o pretexto de que as
formação geral. Apesar dessa divisão do ensino secundário, propostas eram "comunizantes e subversivas".

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O Regime Militar espelhou na educação o caráter Até os dias de hoje muito tem se mexido no planejamento
antidemocrático de sua proposta ideológica de governo: educacional, mas a educação continua a ter as mesmas
professores foram presos e demitidos; universidades foram características impostas em todos os países do mundo, que é
invadidas; estudantes foram presos e feridos, nos confronto mais o de manter o "status quo", para aqueles que frequentam
com a polícia, e alguns foram mortos; os estudantes foram os bancos escolares, e menos de oferecer conhecimentos
calados e a União Nacional dos Estudantes proibida de básicos, para serem aproveitados pelos estudantes em suas
funcionar; o Decreto-Lei 477 calou a boca de alunos e vidas práticas.
professores. Concluindo, podemos dizer que a História da Educação
Neste período deu-se a grande expansão das universidades Brasileira tem um princípio, meio e fim bem demarcado e
no Brasil. Para acabar com os "excedentes" (aqueles que facilmente observável. Ela é feita em rupturas marcantes, e em
tiravam notas suficientes para serem aprovados, mas não cada período determinado teve características próprias.
conseguiam vaga para estudar), foi criado o vestibular A bem da verdade, apesar de toda essa evolução e rupturas
classificatório. inseridas no processo, a educação brasileira não evoluiu muito
Para erradicar o analfabetismo foi criado o Movimento no que se refere à questão da qualidade. As avaliações, de
Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, aproveitando-se, em todos os níveis, estão priorizadas na aprendizagem dos
sua didática, do expurgado Método Paulo Freire. O MOBRAL estudantes, embora existam outros critérios. O que podemos
propunha erradicar o analfabetismo no Brasil. Não conseguiu. notar, por dados oferecidos pelo próprio Ministério da
E, entre denúncias de corrupção, acabou por ser extinto e, no Educação, é que os estudantes não aprendem o que as escolas
seu lugar criou-se a Fundação Educar. se propõem a ensinar.
É no período mais cruel da ditadura militar, onde qualquer Embora os Parâmetros Curriculares Nacionais estejam
expressão popular contrária aos interesses do governo era sendo usados como norma de ação, nossa educação só teve
abafada, muitas vezes pela violência física, que é instituída a caráter nacional no período da Educação jesuítica. Após isso o
Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em que se presenciou foi o caos e muitas propostas
1971. A característica mais marcante desta Lei era tentar dar desencontradas que pouco contribuíram para o
à formação educacional um cunho profissionalizante. desenvolvimento da qualidade da educação oferecida.
É provável que estejamos próximos de uma nova ruptura.
Período da Abertura Política E esperamos que ela venha com propostas desvinculadas do
modelo europeu de educação, criando soluções novas em
No fim do Regime Militar a discussão sobre as questões respeito às características brasileiras, como fizeram os países
educacionais já haviam perdido o seu sentido pedagógico e conhecidos como Tigres Asiáticos, os quais, buscaram soluções
assumido um caráter político. Para isso contribuiu a para seu desenvolvimento econômico, investindo em
participação mais ativa de pensadores de outras áreas do educação; ou, como fez Cuba que, por decisão política de
conhecimento que passaram a falar de educação num sentido governo erradicou o analfabetismo em apenas um ano e trouxe
mais amplo do que as questões pertinentes à escola, à sala de para a sala de aula todos os cidadãos cubanos.
aula, à didática, à relação direta entre professor e estudante e Assim, na evolução da História da Educação brasileira a
à dinâmica escolar em si mesma. Impedidos de atuarem em próxima ruptura precisaria implantar um modelo que fosse
suas funções, por questões políticas durante o Regime Militar, único e que atendesse às necessidades de nossa população e
profissionais de outras áreas, distantes do conhecimento que fosse eficaz.
pedagógico, passaram a assumir postos na área da educação e Duas instituições educativas, em particular, sofreram uma
a concretizar discursos em nome do saber pedagógico. profunda redefinição e reorganização na Modernidade: a
No bojo da nova Constituição, um Projeto de Lei para uma família e a escola, que se tornaram cada vez mais centrais na
nova LDB foi encaminhado à Câmara Federal, pelo Deputado experiência formativa dos indivíduos e na própria reprodução
Octávio Elísio, em 1988. No ano seguinte o Deputado Jorge (cultural, ideológica e profissional) da sociedade. As duas
Hage enviou à Câmara um substitutivo ao Projeto e, em 1992, instituições chegaram a cobrir todo o arco da infância –
o Senador Darcy Ribeiro apresenta um novo Projeto que adolescência, como “locais” destinados à formação das jovens
acabou por ser aprovado em dezembro de 1996, oito anos gerações, segundo um modelo socialmente aprovado e
após o encaminhamento do Deputado Octávio Elísio. definido.
Neste período, do fim do Regime Militar aos dias de hoje, a
fase politicamente marcante na educação, foi o trabalho do Período Moderno
economista e Ministro da Educação Paulo Renato de Souza.
Logo no início de sua gestão, através de uma Medida Provisória 6A família, objeto de uma retomada como núcleo de afetos
extinguiu o Conselho Federal de Educação e criou o Conselho e animada pelo “sentimento da infância”, que fazia cada vez
Nacional de Educação, vinculado ao Ministério da Educação e mais da criança o centro-motor da vida familiar, elaborava um
Cultura. Esta mudança tornou o Conselho menos burocrático e sistema de cuidados e de controles da mesma criança, que
mais político. tendiam a conformá-la a um ideal, mas também a valorizá-la
Mesmo que possamos não concordar com a forma como como mito, um mito de espontaneidade e de inocência, embora
foram executados alguns programas, temos que reconhecer às vezes obscurecido por crueldade, agressividade etc. Os pais
que, em toda a História da Educação no Brasil, contada a partir não se contentavam mais em apenas pôr filhos no mundo. A
do descobrimento, jamais houve execução de tantos projetos moral da época impõe que se dê a todos os filhos, não só ao
na área da educação numa só administração. primogênito, e no fim dos anos seiscentos também as filhas,
O mais contestado deles foi o Exame Nacional de Cursos e uma preparação para a vida. A tarefa de assegurar tal
o seu "Provão", no qual os alunos das universidades têm que afirmação é atribuída à escola.
realizar uma prova ao fim do curso para receber seus Ao lado da família, à escola: uma escola que instruía e que
diplomas. Esta prova, em que os alunos podem simplesmente formava que ensinava conhecimentos, mas também
assinar a ata de presença e se retirar sem responder nenhuma comportamentos, que se articulava em torno da didática, da
questão, é levada em consideração como avaliação das racionalização da aprendizagem dos diversos saberes, e em
instituições. Além do mais, entre outras questões, o exame não torno da disciplina, da conformação programada e das práticas
diferencia as regiões do país. repressivas (constritivas, mas por isso produtoras de novos

6 http://www.pedagogia.com.br/historia/moderno.php

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comportamentos). Mas, sobretudo, uma escola que A história da estrutura e da organização do Sistema
reorganizava suas próprias finalidades e seus meios de ensino no Brasil9
específicos. Uma escola não mais sem graduação na qual se
ensinavam as mesmas coisas a todos e segundo processos de A história da estrutura e da organização do ensino no
tipo adulto, não mais caracterizada pela “promiscuidade das Brasil reflete as condições socioeconômicas do país, mas
diversas idades” e, portanto, por uma forte incapacidade revela, sobretudo, o panorama político de determinados
educativa, por uma rebeldia endêmica por causa da ação dos períodos históricos.
maiores sobre os menores e, ainda, marcadas pela “liberdade A partir da década de 1980, por exemplo, o panorama
dos estudantes”, sem disciplina interna e externa. Com a socioeconômico brasileiro indicava uma tendência
instituição do colégio (no século XVI), porém, teve início um neoconservadora para a minimização do Estado, que se
processo de reorganização disciplinar da escola e de afastava de seu papel de provedor dos serviços públicos, como
racionalização e controle de ensino, através da elaboração de saúde e educação. Na década de 1990, esse modelo instalou-se
métodos de ensino/educação – o mais célebre foi a Ratio e, no primeiro decênio do século XXI, ainda não foi superado.
Studiorum dos jesuítas – que fixavam um programa minucioso Paradoxalmente, as alterações da organização do trabalho,
de estudo e de comportamento, o qual tinha ao centro a resultantes, em grande parte, dos avanços tecnológicos,
disciplina, o internato e as “classes de idade”, além da solicitam da escola um trabalhador mais qualificado para as
graduação do ensino/aprendizagem. novas funções no processo de produção e de serviços.
Também é dessa época a descoberta da disciplina: uma Ausentando-se o Estado de suas responsabilidades com
disciplina constante e orgânica, muito diferente da violência e educação pública, como e onde formar, então, o trabalhador?
autoridade não respeitada. A disciplina escolar teve raízes na As constantes críticas ao desempenho do poder público
disciplina religiosa; era menos instrumento de exercício que remetem ao setor privado, apontado como o mais competente
de aperfeiçoamento moral e espiritual, era buscada pela sua para essa tarefa. Apresenta-se uma questão crucial para o
eficácia, como condição necessária do trabalho em comum, entendimento do papel social da escola: é sua função formar
mas também por seu valor próprio de edificação. Enfim, a especificamente para o trabalho ou ela constitui espaço de
escola ritualizava o momento do exame atribuindo-lhe o papel formação do cidadão participe da vida social?
crucial no trabalho escolar. O exame era o momento em que o O teórico Hayek (1990), considerado o pai do
sujeito era submetido ao controle máximo, mas de modo neoliberalismo, contrapõe-se à ingerência estatal na educação.
impessoal: mediante o controle do seu saber. Na realidade, o Sua referência, porém, são os países em que a educação básica
exame agia, sobretudo como instrumento disciplinar, de já foi universalizada e as condições sociais são mais favoráveis,
controle do sujeito, como instrumento de conformação. em razão de anterior consolidação do Estado de bem-estar
social. Mas como pensar a atuação do Estado no Brasil, país
Uma reflexão sobre o ponto histórico da Educação no Brasil considerado periférico, com grandes desigualdades sociais,
perversa concentração de renda, baixo índice de escolaridade,
7A História está aí para mostrar os resultados e provar a escola básica não universalizada? Certamente, para países com
viabilidade ou não de cada lei. A análise de Marçal8 é bastante estas condições socioeconômicas, a receita deveria ser outra.
pertinente a esta questão: “A história mostra que a educação Organismos financiadores dos países terceiro-mundistas,
escolar no Brasil nunca foi considerada como prioridade como o Banco Internacional de Reconstrução e
nacional: ela serviu apenas a uma determinada camada social, Desenvolvimento, também chamado Banco Mundial (BM),
em detrimento das outras camadas da sociedade que sugerem a garantia de educação básica mantida pelo Estado,
permaneceram iletradas e sem acesso à escola. Mesmo com a isto é, gratuita, o que não significa, todavia, que ela seja
evolução histórico-econômica do país (...); mesmo tendo, ao ministrada em escolas públicas. Os neoliberais criticam o fato
longo de cinco séculos de história, passado de uma economia de a escola pública manter o monopólio do ensino gratuito.
agrária-comercial-exportadora para uma economia baseada Sugerem que o Estado dê aos pais vales-escolas ou cheques
na industrialização e no desenvolvimento tecnológico; mesmo com o valor necessário para manter o estudo dos filhos,
com as oscilações políticas e revoluções por que passou, o cabendo ao mercado de escolas públicas e particulares
Brasil não priorizou a educação em seus investimentos disputar esses subsídios. Assim, as escolas públicas não
político-sociais e a estrutura educacional permaneceu recebe- riam recursos do Estado, mas manter-se-iam com o
substancialmente inalterada até nossos dias, continuando a recebimento desses valores em condições iguais às das
agir como transmissora da ideologia das elites e atendendo de particulares, alterando-se, assim, o conceito de instituição
forma mais ou menos satisfatória apenas a uma pequena "pública". Trata-se da implementação da política de livre
parcela da sociedade.” escolha, uma das propostas mais caras ao ideário neoliberal.
Quando se faz propostas educacionais, é necessário que se Os defensores de posições neoconservadoras alegam que
conheça toda a História percorrida até nossos dias, para que se países mais pobres, como o Brasil, devem dar primazia à
crie a partir dos resultados dos trabalhos que foram educação básica (leia-se ensino fundamental), o que significa
desenvolvidos até o presente, para que os erros cometidos não menor aporte de recursos para a educação infantil e para o
se repitam, e os aceitos de outrora sirvam de base para que se ensino médio e superior. Também, no caso do ensino superior,
amadureçam as propostas educacionais. Não se pode ignorar o Estado financiaria o aluno que não pudesse pagar seus
a bagagem educacional que o tempo nos legou, pois, se assim estudos, e este devolveria os valores do empréstimo depois de
o fizermos, estaremos regredindo historicamente. Os governos formado.
devem aproveitar as ideias e projetos que deram ou estão O estudo Primary Education, de 1996, patrocinado pelo
dando certo, aperfeiçoando cada trabalho, mesmo se forem de BM, diz que a educação escolar básica “é o pilar do crescimento
adversários políticos, pois a História nos tem mostrado que, no econômico e do desenvolvimento social e o principal meio de
Brasil, se julga uma obra ou um trabalho não pelo seu mérito promover o bem-estar das pessoas” (Netz, 1996, p. 41-2). A
ou pelo benefício que está trazendo, mas sim pelo seu autor e média de escolaridade dos trabalhadores no Brasil é de
pela ideologia que este traz. aproximadamente 4 anos, contra 7,5 anos no Chile, 8,7 anos na
Argentina e 11 anos na França. Há a preocupação dos

7 História da educação escolar no Brasil: notas para uma reflexão. RIBEIRO, 9LIBÂNEO, José Carlos, OLIVEIRA, João Ferreira e TOSCHI, Mirza Seabra.

Paulo Rennes Marçal. Paidéia (Ribeirão Preto) [online]. 1993, n.4, pp.15-30. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. 10ª. Ed., São Paulo: Cortez,
8 MARÇAL RIBEIRO, P. R. Educação Escolar no Brasil: Problemas, Reflexões e 2012.
Propostas. Coleção Textos, Vol. 4. Araraquara, UNESP, 1990.

Conhecimentos Específicos 83
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empresários brasileiros em ampliar essa média, não só para Diz ele: “A centralização ou descentralização tratam da forma
“promover o bem-estar das pessoas”, como diz o documento pela qual se encontra organizada a sociedade, como se assegura
do BM, mas também para oferecer ao mercado uma mão de a coesão social e como se dá o fluxo de poder na sociedade civil,
obra mais qualificada. Um fabricante de armas gaúcho na sociedade militar e no Estado, explorando aspectos como os
declarou que “os processos de produção estão cada vez mais partidos políticos e a administração” 0995, p. 38). Por tratar-se
sofisticados. (...) Não podemos deixar equipamentos de 500 de um processo de distribuição, redistribuição ou
mil, 1 milhão de dólares, nas mãos de operários sem reordenamento do poder na sociedade, no qual uns diminuem
qualificação” (Netz, 1996, p. 44). o poder em benefício de outros, a questão reflete o tipo de
Como se pode observar, não é possível discutir educação e diálogo social que prevalece e o tipo de negociação que se faz
ensino sem fazer referência a questões econômicas, políticas e para assegurar a estabilidade e a coesão social – daí sua
sociais. Daí a escolha da década de 1930, começo do processo relação com o processo conflituoso de democratização da
de industrialização do país, para iniciarmos o estudo sobre o educação nacional.
processo de organização do ensino no Brasil. Os anos 1930 a 1945 no Brasil são identificados como um
Os acontecimentos políticos, econômicos e sociais da período centralizador da organização da educação. Com a
década de 1930 imprimiram novo perfil à sociedade brasileira. Reforma Francisco Campos, iniciada em 1931, o Estado
A quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, mergulhou o Brasil organizou a educação escolar no plano nacional,
na crise do café, mas em contrapartida encaminhou o país para especialmente nos níveis secundário e universitário e na
o desenvolvimento industrial, por meio da adoção do modelo modalidade do ensino comercial, deixando em segundo plano
econômico de substituição das importações, alterando assim o o ensino primário e a formação dos professores. Esta atitude,
comando da nação, que passou da elite agrária aos novos à primeira vista voltada para a descentralização – como definia
industriais. a Constituição de 1891, ao instituir a União como responsável
De 1930 a 1937, motivada pela industrialização emergente pela educação superior e secundária e repassar aos estados a
e pelo fortalecimento do Estado-nação, a educação ganhou responsabilidade da educação elementar e profissional –, na
importância e foram efetuadas ações governamentais com a realidade revelava o desapreço pela educação elementar.
perspectiva de organizar, em plano nacional, a educação Nesse período, educadores católicos e liberais passaram a
escolar. A intensificação do capitalismo industrial alterou as envolver-se na elaboração da proposta educacional da
aspirações sociais em relação à educação, uma vez que nele primeira fase do governo Vargas, sob a alegação de que o
eram exigidas condições mínimas para concorrer no mercado, governo não possuía uma proposta educacional. Tão logo,
diferentemente da estrutura oligárquica rural, na qual a porém, Francisco Campos tomou posse no recém-criado
necessidade de instrução não era sentida nem pela população Ministério da Educação e Saúde Pública, impôs a todo o país as
nem pelos poderes constituídos (Romanelli, 1987). diretrizes traçadas pelo Mesp.
A complexidade do período histórico que abrange desde a Já na Constituição Federal de 1934, em meio a disputas
década de 1930 até o momento atual e sua repercussão na ideológicas entre católicos e liberais, foi incluí- da boa parte da
evolução da educação escolar no país requerem, para proposta educacional destes inscrita no Manifesto dos
apropriada compreensão, a utilização de outras categorias Pioneiros da Educação Nova (1932) por uma escola pública
além das econômicas e políticas. Vamos, pois, a partir de agora, única, laica, obrigatória e gratuita, fortalecendo a mobilização
analisar a história da estrutura e da organização da educação e as iniciativas da sociedade civil em torno da questão da
brasileira com base em pares conceituais que acompanharam educação. Com a Constituição de 1937, que consolidou a
historicamente o debate da democratização do ensino no ditadura de Getúlio Vargas, o debate sobre pedagogia e política
Brasil, permeando os diferentes períodos e alternando-se em educacional passou a ser restrito à sociedade política, em clara
importância, de acordo com o momento histórico. demonstração de que a questão do poder estava mesmo
presente no processo de centralização ou descentralização.
Centralização/descentralização na organização da O escolanovista Anísio Teixeira foi ardoroso defensor da
educação brasileira descentralização por meio do mecanismo de municipalização.
A seu ver, a descentralização educacional contribuiria para a
A Revolução de 1930 representou a consolidação do democracia e para a sociedade industrial, moderna e
capitalismo industrial no Brasil e foi determinante para o plenamente desenvolvida. Assim, a municipalização do ensino
consequente aparecimento de novas exigências educacionais. primário constituiria uma reforma política, e não mera
Nos dez primeiros anos que se seguiram, houve um reforma administrativa ou pedagógica. Enquanto os liberais,
desenvolvimento do ensino jamais registrado no país. Em grupo em que se incluíam os escolanovistas, desejavam
vinte anos, o número de escolas primárias dobrou e o de mudanças qualitativas e quantitativas na rede pública de
secundárias quase quadruplicou. ensino, católicos e integralistas desaprovavam alterações
As escolas técnicas multiplicaram-se – de 1933 a 1945, qualitativas modernizantes e democráticas. Essa situação
passaram de 133 para 1.368, e o número de matrículas, de 15 conferia um caráter contraditório à educação escolar. Tinha
mil para 65 mil (Aranha, 1989). início, então, um sistema que – embora sofresse pressão social
Em 1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde por um ensino mais democrático numérica e qualitativamente
Pública (Mesp). A reforma elaborada por Fran- cisco Campos, falando – estava sob o controle das elites no poder, as quais
ministro da Educação, atingiu a estrutura do ensino, levando o buscavam deter a pressão popular e manter a educação
Estado nacional a exercer ação mais objetiva sobre a educação escolar em seu formato elitista e conservador. O resultado foi
mediante o oferecimento de uma estrutura mais orgânica aos um sistema de ensino que se expandia, mas controlado pelas
ensinos secundário, comercial e superior. elites, com o Estado agindo mais pelas pressões do momento e
De 1937 a 1945 vigorou o Estado Novo, período da de maneira improvisada do que buscando delinear uma
ditadura de Getúlio Vargas, em que a questão do poder se política nacional de educação, em que o objetivo fosse tornar
tornou central. Aliás, o poder é categoria essencial para universal e gratuita a escola elementar (Romanelli, 1987).
compreender o processo de centralização ou descentralização Os católicos conservadores opunham-se à política de
na problemática da organização do ensino. O chileno Juan laicização da escola pública, conseguindo acrescentar à
Casassus, ao escrever sobre o processo de descentralização em Constituição Federal de 1934 o ensino religioso. Por força
países da América Latina (incluindo o Brasil), observa que a dessa mesma Constituição, o Estado passou a fiscalizar e
base de todos os enfoques da descentralização ou da regulamentar as instituições de ensino público e particular.
centralização se encontra na questão do poder na sociedade.

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As leis orgânicas editadas entre 1942 e 1946 – a chamada fundamental), embora muito da qualidade do ensino
Reforma Capanema, que recebeu o nome do então ministro da ministrado tenha sido perdido.
Educação – reafirmaram a centralização da década de 1930, Segundo Cunha (1995), a contenção do setor educacional
com o Estado desobrigando-se de manter e expandir o ensino público constituiu condição de sucesso do setor privado.
público, ao mesmo tempo, porém, que decretava as reformas Apesar disso, foi possível a criação de uma rede de escolas
de ensino industrial, comercial e secundário e criava, em 1942, públicas que atendia, com qualidade variável, parte da
o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). sociedade, o que levou as famílias de classe média a optar pela
A lei orgânica do ensino primário e as do ensino normal e escola particular, mesmo com sacrifícios financeiros, como
agrícola foram promulgadas em 1946, assim como a criação do forma de garantir educação de melhor qualidade aos filhos.
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). A partir O descontentamento com a deterioração da gestão das
de então, as esquerdas e os partidos progressistas retomaram redes públicas, o rebaixamento salarial dos professores, a
o debate pedagógico a fim de democratizar e melhorar o elevação das despesas escolares pela ampliação da
ensino, apesar da centralização federal do sistema educacional escolaridade sem aumento dos recursos, os inúmeros casos de
não só na administração, mas também no aspecto pedagógico, desvio de recursos, além de abrirem portas à iniciativa
ao fixar currículos, programas e metodologias de ensino privada, levaram a sociedade civil a propor soluções que se
(Jardim, 1988). tornaram ações políticas concretas por ocasião das eleições de
O debate realizado durante a votação da primeira Lei de 1982. Foi nesse contexto que intelectuais de esquerda
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), exigência da passaram a ocupar cargos na administração pública, em vários
Constituição Federal de 1946, envolveu a sociedade civil, e a estados brasileiros, em virtude da vitória do Partido do
lei resultante, nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, instituiu Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), o principal
a descentralização, ao determinar que cada estado organizasse partido de oposição aos militares. Embora a transição
seu sistema de ensino. Porém, o momento democrático que o democrática tenha tido início nos municípios em 1977, neles
país vivia não combinava com o centralismo das ditaduras e não se observaram as mudanças ocorridas nos estados. Esse
durou pouco. Em 1964, o golpe dos militares provocou nova- fato leva Cunha a afirmar que a precedência política da
mente o fortalecimento do Executivo e a centralização das democratização da educação se localiza nos níveis mais
decisões no âmbito das políticas educacionais. elevados do Estado. Assim, as mudanças democráticas, para
Embora a Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971 (Brasil, serem efetivas, devem ocorrer dos níveis federal e estadual
1971), prescrevesse a transferência gradativa do ensino de 1º para o municipal.
grau (ensino fundamental) para os municípios, a concentração As principais alterações realizadas pelos novos
dos recursos no âmbito federal assim como as medidas administradores oposicionistas tiveram como meta a
administrativas centralizadoras tornaram estados e descentralização da administração, com formas de gestão
municípios extremamente dependentes das decisões da União. democrática da escola, com participação de professores,
A fragilidade do Legislativo, nesse período, impedia mais ainda funcionários, alunos e seus pais e também com eleição direta
a participação da sociedade, uma vez que esse poder era o mais de diretores. Outro ponto foi a suspensão de taxas escolares, a
próximo da sociedade civil. criação de escolas de tempo integral, a organização sindical
Conforme Casassus (1995), o processo de descentralização dos professores.
coincidiu com a universalização da cobertura escolar, isto é, A retomada da discussão sobre a municipalização do
iniciou-se quando se passou da preocupação quantitativa para ensino com o apoio dos privatistas, aliada à busca da escola
a busca da qualidade na educação. Paradoxalmente, a privada por pais (em boa parte, para evitar as greves nas
descentralização adveio quando o Estado se esquivou de sua escolas públicas), reforçou a tese da privatização do ensino e
responsabilidade com o ensino, fato que, segundo esse autor, diminuiu o suporte popular à escola pública.
foi perceptível na América Latina a partir do fim dos anos A modernização educativa e a qualidade do ensino, nos
1970. Há ainda, na atualidade, um discurso corrente nos meios anos 1990, assumiram conotação distinta ao se vincularem à
oficiais de que a questão quantitativa está resolvida, proposta neoconservadora que inclui a qualidade da formação
escondendo o fato de que os dados estatísticos são do trabalhador como exigência do mercado competitivo em
frequentemente maquiados, as salas de aula estão época de globalização econômica. O novo discurso da
superlotadas e a qualidade das aprendizagens deixa a desejar. modernização e da qualidade, de certa forma, impõe limites ao
Em contrapartida, a centralização mantém-se no que o autor discurso da universalização, da ampliação quantitativa do
chama de alma do processo educativo – quer dizer, a ensino, pois traz ao debate o tema da eficiência, excluindo os
centralização, especialmente a dos currículos, tem lógica ineficientes, e adota o critério da competência.
diferente da administrativa. Com aquela se pretende garantir A política educacional adotada com a eleição de Fernando
a integridade social almejada, o que facilitará a mobilidade dos Henrique Cardoso para a Presidência da República, concebida
indivíduos, tanto no território nacional como na escala social. de acordo com a proposta do neoliberalismo, assumiu
No fim da década de 1970 e início da de 1980, esgotava-se dimensões tanto centralizadoras como descentralizadoras. A
a ditadura militar e iniciava-se um pro- cesso de retomada da descentralização, nesse caso, não apareceu como resultado de
democracia e reconquista dos espaços políticos que a maior participação da sociedade, uma vez que as ações
sociedade civil brasileira havia perdido. A reorganização e o realizadas não foram fruto de consultas aos diversos setores
fortalecimento da sociedade civil, aliados à proposta dos sociais, tais como pesquisadores, professores de ensino
partidos políticos progressistas de pedagogias e políticas superior e da educação básica, sindicatos, associações e outros,
educacionais cada vez mais sistematizadas e claras, fizeram mas surgiram das propostas preparadas para campanha
com que o Estado brasileiro reconhecesse a falência da política eleitoral.
educacional, especialmente a profissionalizante, como No primeiro ano de governo (1995), assumiu-se o ensino
evidencia a promulgação da Lei nº 7.044/1982, que acabou fundamental como prioridade e foram defini- dos cinco pontos
com a profissionalização compulsória em nível de 2º grau para as ações: currículo nacional, livros didáticos melhores e
(ensino médio). distribuídos mais cedo, aparte de kits eletrônicos para as
O debate acerca da qualidade, no Brasil, iniciou-se após a escolas, avaliação externa, recursos financeiros enviados
ampliação da cobertura do atendimento escolar. Reconhece-se diretamente às instituições escolares. Em 1996, considerado o
que, durante o período militar, particularmente com o Ano da Educação, a política incluiu a instauração da TV Escola,
prolongamento da duração da escolaridade obrigatória, se cursos para os professores de Ciências, formação para os
estendeu o atendimento ao ensino de 1º grau (ensino trabalhadores, reformas no ensino profissionalizante e a

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convocação da sociedade para contribuir com a educação no Escola e Amigos da Escola e a descentralização de
país. Dessas ações, a única orientada para a descentralização responsabilidades do ensino fundamental em direção aos
foi a destinação dos recursos financeiros diretamente para as municípios são outros exemplos concretos de uma política que
escolas - ressaltando-se que, no primeiro ano, a merenda centraliza o poder e descentraliza as responsabilidades
escolar foi garantida com eles e, em seguida, os reparos nas
instalações físicas das instituições, com recursos do Fundo O debate qualidade/quantidade na educação
Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), advindos brasileira
do salário-educação. As demais ações caracterizaram-se por O debate qualidade/quantidade na educação brasileira
certo tipo de centralismo entendido até como começou muito cedo. Ainda no século XIX, na transição do
antidemocrático, uma vez que não ocorreram discussões com Império para a República, apareceram dois movimentos
a sociedade – como as relativas à avaliação da educação básica sociais os quais Nagle (1974) denominou Entusiasmo pela
e da superior, à instauração da TV Escola e aos kits eletrônicos Educação e Otimismo Pedagógico. O movimento Entusiasmo
nas escolas – e se procurou estabelecer mecanismos de pela Educação revelava preocupação de caráter quantitativo,
controle do trabalho do professor. A política de escolha e de ao propor a expansão da rede escolar e a alfabetização da
distribuição do livro didático poderia ter recebido preciosa população que vivia um processo de urbanização decorrente
colaboração de professo- res, especialistas e pesquisadores da do crescimento econômico. A adoção do trabalho assalariado,
área. aliada a outras questões de modernização do país, fez com que
O centralismo apresentou-se mais nitidamente na a escolarização aparecesse como fator promotor da ascensão
formação dos parâmetros curriculares nacionais (PCN), os social. Já o Otimismo Pedagógico caracterizou-se pela ênfase
quais, embora tenham contado com a participação da nos aspectos qualitativos da educação nacional, pregando a
sociedade civil em um dos momentos de sua discussão, melhoria das condições didáticas e pedagógicas das escolas.
pecaram por ignorar a universidade e as pesquisas sobre Este movimento surgiu nos anos 1920 e alcançou o apogeu nos
currículo e não contemplaram, desde o início de sua anos 30 do século XX.
elaboração, o debate com a sociedade educacional. A ampla Entre 1930 e 1937, o debate político incorporava
utilização da mídia no processo de adoção dos PCN trouxe diferentes projetos educacionais. Os liberais, que
aprovação para o governo, apesar da manutenção de uma preconizavam o desenvolvimento urbano-industrial em bases
política mais centralizadora, especialmente na alma do democráticas, desejavam mudanças qualitativas e
processo educativo. quantitativas na rede de ensino público, ao pro- porem a escola
Paiva (1986) observa que a questão centralização/ única fundamentada nos princípios de laicidade, gratuidade,
descentralização deve ser remetida à história da própria obrigatoriedade e coeducação. Alegando que os liberais
formação social brasileira e às tendências econômico-sociais destruíam os princípios da liberdade de ensino e retiravam das
presentes em cada período histórico. Assim, descentralização famílias a educação dos filhos, os católicos aproximaram-se
e democratização da educação escolar no Brasil não podem ser das teses dos integralistas, defensores do nazismo e do
discutidas independentemente do modo pelo qual é concebido fascismo europeus, e com estes desaprovavam as alterações
o exercício do poder político no país. qualitativas modernizantes e democráticas objetivadas pelos
Uma das formas de descentralização política é a primeiros, além de acusá-los de defender propostas
municipalização, que consiste em atribuir aos municípios a comunistas.
responsabilidade de oferecimento da educação elementar. Durante o Estado Novo, regime ditatorial de Vargas que
Conforme já mencionado, a municipalização foi proposta por durou de 1937 a 1945, oficializou-se o dualismo educacional:
Anísio Teixeira, na década de 1930, para o estabelecimento do ensino secundário para as elites e ensino profissionalizante
ensino primário de quatro anos de duração, não como reforma para as classes populares. As leis orgânicas ditadas nesse
administrativa, mas com o caráter de reforma política, uma vez período, por meio de exames rígidos e seletivos, tornavam o
que isso significaria reconhecer a maioridade dos municípios ensino antidemocrático, ao dificultarem ou impedirem o
e discutir a necessidade de democratização e de acesso das classes populares não só ao ensino propedêutico,
descentralização do exercício do poder político no país. de nível médio, como também ao ensino superior.
A Lei nº 5.692/1971, editada durante a ditadura militar, O processo de democratização do país foi retomado com a
repassou arbitrariamente a tarefa da gestão do ensino de 1º deposição de Vargas em 1945. A industrialização crescente,
grau (ensino fundamental) aos governos municipais, sem especialmente nos anos 1950 e 1960, levou à adoção da
oferecer ao menos as condições financeiras e técnicas para tal política de educação para o desenvolvimento, com claro
e em uma situação constitucional que nem sequer reconhecia incentivo ao ensino técnico-profissional. O golpe de 1964
a existência administrativa dos municípios. Somente com a atrelou a educação ao mercado de trabalho, incentivando a
Constituição Federal de 1988 o município se legitimou como profissionalização na escola média a fim de conter as
instância administrativa e a responsabilidade do ensino aspirações ao ensino superior. A Lei nº 5.692, de 11 de agosto
fundamental lhe foi repassada prioritariamente. A de 1971, ampliou a escolaridade mínima para oito anos
Constituição ou uma lei, porém, não conseguem sozinhas e (ensino de 1º grau) e tornou profissionalizante,
rapidamente descentralizar o ensino e fortalecer o município. obrigatoriamente, o ensino de 2º grau. A evolução quantitativa
Essa é tarefa política de longo prazo, associada às formas de do 1º grau – 100% na primeira fase do 1º grau (1ª a 4ª séries)
fazer política no país e às questões de concepção do poder. e 700% em suas últimas séries em apenas dez anos – não foi
Descentralização faz-se com espírito de colaboração, e a acompanhada de melhora qualitativa. Ao contrário, a
tradição política brasileira é de competição, de medição de expansão da oferta de vagas, nos diversos níveis de ensino,
forças. As categorias centralização/descentralização estão teve como consequência o comprometimento da qualidade
vinculadas à questão do exercício do poder político, mesmo dos serviços prestados, em razão da crescente degradação das
porque, desde o final do século XX, a descentralização vem condições de exercício do magistério e da desvalorização do
atrelada aos interesses neoliberais de diminuir gastos sociais professor.
do Estado. Isso ficou evidente após a promulgação da Lei nº “A expansão das oportunidades, nos vinte anos de ditadura
9.394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional militar, foi feita através de um padrão perverso”, sublinha
(LDB) –, que centraliza no âmbito federal as decisões sobre Azevedo (1994, p. 461). A ampliação das vagas deu-se pela
currículo e avaliação e atribui à sociedade responsabilidades redução da jornada escolar, pelo aumento do número de
que deveriam ser do Estado, tal como ocorreu, por exemplo, turnos, pela multiplicação de classes multisseriadas e uni
com o trabalho voluntário na escola. Os Projetos Família na docentes, pelo achatamento dos salários dos professores e

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pela absorção de professores leigos. O trabalho precoce e o o papel educativo da família e a liberdade de os pais
empobrecimento da população, aliados às condições precárias escolherem a melhor escola para seus filhos, o que mais tarde
de oferecimento do ensino, levaram à baixa qualidade do foi usado como argumento a favor da destinação de recursos
processo, com altos índices de reprovação. financeiros públicos também para as escolas privadas.
Atualmente, o país está sendo vítima dessa política. O Imposta pelo Estado Novo, a Carta Constitucional de 1937
atraso técnico-científico e cultural brasileiro impede sua atenuou o dever do Estado como educador, instituindo-o como
inserção no novo reordenamento mundial. A escolaridade subsidiário, para preencher lacunas ou deficiências da
básica e a qualidade do ensino são necessidades da produção educação particular. Em vez de consolidar o ensino público e
flexível, e a educação básica falha constitui fator que tolhe a gratuito como tarefa do Estado, a Carta de 1937 reforçou o
competitividade internacional do Brasil. dualismo educacional que provê os ricos com escolas
Para Azevedo (1994), o problema é que as propostas particulares e públicas de ensino propedêutico e confere aos
neoliberais e os conteúdos da ideia de qualidade esvaziam-se pobres a condição de usufruir da escola pública mediante a
de condicionamentos políticos e tornam-se questão técnica, opção pelo ensino profissionalizante.
restringindo o conceito de qualidade à eternização do Com a promulgação das leis orgânicas – a chamada
desempenho do sistema e às parcerias com o setor privado no Reforma Capanema – entre 1942 e 1946, foram desenvolvidos
que tange às estratégias da política educacional. A qualidade empreendimentos particulares no ensino profissionalizante,
do ensino consiste em desenvolver o espírito de iniciativa, a com o objetivo de preparar melhor a mão de obra em uma fase
autonomia para tomar decisões, a capacidade de resolver de expansão da indústria, por causa das restrições às
problemas com criatividade e competência crítica - visando, importações no período da Segunda Guerra Mundial. O Senai
porém, atender aos interesses dos grandes blocos econômicos foi organizado e dirigido pelos industriais, e o Senac, pelos
internacionais. A questão é, antes, ético-política, uma vez que comerciantes. Atualmente, essas duas instituições têm peso
se processa na discussão dos direitos de cidadania para os significativo no ensino profissional oferecido no país, embora
excluídos. Por isso, ensino de qualidade para todos constitui, em ritmo decrescente a partir do final dos anos 1980, diante
mais do que nunca, dever do Estado em uma sociedade que se do crescimento do atendimento público gratuito. Nos
quer mais justa e democrática. primeiros anos do século XXI passaram a atuar, também, em
Na reflexão e no debate sobre a qualidade da educação e do cursos tecnológicos de nível superior e em programas de
ensino, os educadores têm caracterizado o termo "qualidade" educação a distância.
com os adjetivos social e cidadã – isto é, qualidade social, Quando o anteprojeto da primeira LDB iniciou sua
qualidade cidadã –, para diferenciar o sentido que as políticas tramitação em 1948, a maioria das escolas particulares de
oficiais dão ao termo. Qualidade social da educação significa nível secundário estava nas mãos dos católicos, atendendo à
não apenas diminuição da evasão e da repetência, como classe privilegiada. Alegando que o projeto determinava o
entendem os neoliberais, mas refere-se à condição de exercício monopólio estatal da educação, os católicos defendiam a
da cidadania que a escola deve promover. Ser cidadão significa liberdade do ensino e o direito da família de escolher o tipo de
ser partícipe da vida social e política do país, e a escola educação a ser oferecida aos filhos. Na verdade, essa questão
constitui espaço privilegiado para esse aprendizado, e não impedia a democratização da educação pública, ao incorporar
apenas para ensinar a ler, escrever e contar, habilidades no texto legal a cooperação financeira para as escolas privadas
importantes, mas insuficientes para a promoção da cidadania. em uma sociedade em que mais da metade da população não
Além disso, a qualidade social da educação precisa considerar tinha acesso à escolarização.
tanto os fatores externos (sociais, econômicos, culturais, Opondo-se a essa postura elitista, os liberais, apoiados por
institucionais, legais) quanto os fatores interescolares, que intelectuais, estudantes e sindicalistas, iniciaram campanha
afetam o processo de ensino-aprendizagem, articulados em em defesa da escola pública que culminou, em 1959, com o
função da universalização de uma educação básica de Manifesto dos Educadores. Este propunha o uso dos recursos
qualidade para todos. públicos unicamente nas escolas públicas e a fiscalização
estatal para as escolas privadas.
O embate entre defensores da escola pública e A expansão da escola privada foi mais intensa após o golpe
privatistas na educação brasileira militar de 1964, que instaurou a ditadura militar e beneficiou
Compreender a educação pública no Brasil supõe conhecer grandemente a iniciativa privada, especialmente no ensino
como se deram, historicamente, os embates entre os superior.
defensores da escola pública e as forças privatistas, presentes Durante o processo de elaboração da Constituição de 1988,
ao longo da história educacional brasileira. verificou-se novamente o confronto entre publicitas e
A gênese da educação brasileira ocorreu com a vinda dos privatistas. No entanto, os privatistas apresentavam novas
jesuítas, que iniciaram a instauração, no ideário educacional, feições, uma vez que passaram a ser compostos não apenas de
dos princípios da doutrina religiosa católica, a educação grupos religiosos católicos, mas também de protestantes e
diferenciada pelos sexos e a responsabilidade da família com a empresários do ensino. Ideologicamente, atacavam o ensino
educação. Esses princípios, a partir da década de 1920, público, caracterizado como ineficiente e fracassado,
chocavam-se com os princípios liberais dos escola novistas contrastando-o com a suposta excelência da iniciativa privada,
que publicaram, em 1932, o Manifesto dos Pioneiros da mas ocultando os mecanismos de apoio governamental à rede
Educação Nova, propondo novas bases pedagógicas e a privada, tais como imunidade fiscal sobre bens, serviços e
reformulação da política educacional. rendas, garantia de pagamento das mensalidades escolares e
A Constituição de 1934 absorveu apenas parte dessas bolsas de estudo. Esses mecanismos mantiveram-se mesmo
propostas, atribuindo papel relevante ao Estado no controle e após a promulgação da Constituição Federal de 1988.
na promoção da educação pública. Essa Constituição instituiu Como que reforçando as disparidades entre uma e outra
o ensino primário obrigatório e gratuito, criou o concurso rede, o descompromisso estatal com a educação pública
público para o magistério, conferiu ao Estado o poder deteriorou os salários dos professores e as condições de
fiscalizador e regulador de instituições de ensino públicas e trabalho, o que gerou greves e mobilizações. A preferência pela
particulares e fixou percentuais mínimos para a educação. escola particular ampliou-se por sua aparência de melhor
Os católicos, porém, não foram totalmente tirados de cena. organização e eficácia. Muitas famílias fizeram sacrifícios em
A educação religiosa tornou-se obrigatória na escola pública, muitos gastos para propiciar um ensino supostamente de
contrariando o princípio liberal da laicidade, os melhor qualidade em uma escola particular.
estabelecimentos privados foram reconhecidos e legitimou-se

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A análise de que a escola privada é superior à pública não se sustenta, em geral, por não haver homogeneidade em nenhuma das
redes – há boas e más escolas em ambas –, como demonstram as análises do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Além
disso, é nas escolas públicas que se encontram os segmentos economicamente menos favorecidos da sociedade. Conforme o Censo
Escolar da Educação Básica de 2010 (Tabela 1 e Gráfico 1):

Nos 194.939 estabelecimentos-de educação básica do país estão matriculados 51.549.889 alunos, sendo que 43.989.507 (85,4%) estão
em escolas públicas e 7.560.382 (14,6%) em escolas da rede privada. As redes municipais são responsáveis por quase metade das
matrículas – 46,0% –, o equivalente a 23.722.411 alunos, seguida pela rede estadual, que atende a 38,9% do total, o equivalente a
20.031.988. A rede federal, com 235.108 matrículas, participa com 0,5% do total (Brasil. MEC/lnep, 2010, p. 3-4).

Por esses dados, fica clara a importância da educação pública no país e para a democratização da sociedade, uma vez que ela
desempenha papel significativo no processo de inclusão social.

Tabela 1- Número de matrículas na Educação Básica por Dependência Administrativa


Brasil 2002-2010

Fonte: MEC/Inep/DEED
Notas: 1) Não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar.
2) O mesmo aluno pode ter mais de uma matrícula.

Gráfico 1 - Evolução do número de matrículas na Educação Básica por Dependência Administrativa


Brasil - 2002 a 2010

Fonte: Brasil (2010).

A partir de meados da década de 1980, com a crise econômica internacional e o desemprego estrutural que levaram ao arrocho
salarial, a classe média, pressionada pelo custo de vida, buscou retirar do orçamento familiar o gasto com mensalidades escolares e foi
à procura da escola pública. A inadimplência cresceu nas escolas particulares e nova ofensiva apresentou-se: a ideia do público não
estatal. Público passou a ser entendido como tudo o que se faz na sociedade e nela interfere. Nessa perspectiva, haveria o público
estatal e o público privado, definindo a gratuidade do ensino apenas em estabelecimentos oficiais, como assegura o art. 206 da
Constituição Federal de 1988.
Essa concepção deve-se à política neoliberal, que prega o Estado mínimo, incluindo até mesmo a privatização ou a minimização da
oferta de serviços sociais. Na educação básica, orientado até mesmo por organismos internacionais como o Banco Mundial, o Estado
deveria atender o ensino público, uma vez que esse nível de educação é considerado imprescindível na organização do trabalho. Tal
atendimento, no entanto, deveria ser conduzido por parâmetros de gestão da iniciativa privada e do mercado, tais como diversificação,
competitividade, seletividade, eficiência e qualidade. Essa orientação aponta, mais uma vez, o beneficiamento das forças privatistas na
educação.
Verifica-se, no entanto, considerável esforço de segmentos sociais no âmbito oficial e em associações e movimentos de educadores,
sobretudo a partir da segunda metade da década de 2000, em favor da retomada do protagonizo-o do Estado na área educacional.
Nesse sentido, cumpre destacar a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb), em 2007; a Emenda Constitucional nº 59, que torna obrigatório o ensino de 4 a 17 anos; as
iniciativas que visam ao aumento dos investimentos públicos na educação; a expansão da oferta de educação superior por meio das
universidades federais; a ampliação da educação profissional e tecnológica mediante a criação de institutos federais de educação,
ciência e tecnologia.

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APOSTILAS OPÇÃO

Questões (C) Está ligada à preservação da memória da educação


brasileira.
01. Os Jesuítas chegaram ao Brasil em 1549 e tiveram uma (D) É matéria presente nos currículos de ensino
forte influência na formação escolar e cultural do Brasil fundamental I e II das escolas do Brasil.
Colônia. No decorrer do século XVIII passa a ocorrer no (E) Relaciona-se apenas ao ensino da história no cotidiano
contexto das Reformas Pombalinas, uma forte animosidade de sala de aula.
entre a Coroa Portuguesa e a Companhia de Jesus, que levou:
(A) ao fortalecimento da Companhia de Jesus. Respostas
(B) ao oferecimento da educação de base protestante na
Colônia. 01. E / 02. A / 03. B / 04. C
(C) a descentralização político-administrativa do Estado
Português.
(D) ao enfraquecimento do Estado Português. Gestão democrática na
(E) a expulsão dos Jesuítas do Brasil.
escola: a construção do
02. Por que devemos estudar sobre a história da educação projeto politico-pedagógico.
no Brasil hoje? Pergunta um aluno ao seu professor e este
responde exemplificando com uma frase que retrata um
fenômeno iniciado no século XX: "A destruição do passado- ou Gestão democrática e a mobilização da equipe
melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossas escolar10
experiência pessoais à das gerações passadas- é um dos
fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século E por falar em gestão, como proceder de forma mais
XX.(...) Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que os democrática nos sistemas de ensino e nas escolas públicas?
outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no
fim desse segundo milênio" A participação é educativa tanto para a equipe gestora
Essa frase de Eric Hobsbawn explica a importância do quanto para os demais membros das comunidades escolar e
estudo sobre a história da educação no Brasil pois: local. Ela permite e requer o confronto de ideias, de
(A) É fundamental que os educadores e toda a sociedade argumentos e de diferentes pontos de vista, além de expor
percebam que a situação na qual o trabalho educativo se novas sugestões e alternativas. Maior participação e
processa, suas rupturas e permanências, os problemas que os envolvimento da comunidade nas escolas produzem os
educadores enfrentam são produtos de construções históricas. seguintes resultados:
(B) Buscar recuperar os conhecimentos do passado
evidencia as principais necessidades econômicas de uma - Respeito à diversidade cultural, à coexistência de ideias e
sociedade. de concepções pedagógicas, mediante um diálogo franco,
(C) É importante apenas para o professor, único agente esclarecedor e respeitoso;
responsável pelo ensino, perceber que a educação é um - Formulações de alternativas, após um período de
fenômeno contínuo e imutável. discussões onde as divergências são expostas.
(D) Cabe lembrar ao educador que a educação do presente - Tomada de decisões mediante procedimentos aprovados
não apresenta relação com o passado, devendo o professor por toda a comunidade envolvida
preocupar-se, sobretudo, com fenômenos cotidianos do - Participação e convivência de diferentes sujeitos sociais em
presente. um espaço comum de decisões educacionais.
(E) É preciso que alunos, professores e a sociedade notem A gestão democrática dos sistemas de ensino e das escolas
que as determinações do passado não se relacionam com a públicas requer a participação coletiva das comunidades
prática do ensino aprendizado, mas apenas com a escolar e local na administração dos recursos educacionais
compreensão daquilo que aconteceu no passado. financeiros, de pessoal, de patrimônio, na construção e na
implementação dos projetos educacionais.
03. O primeiro ministro Marques de Pombal procura Mas para promover a participação e deste modo
através de uma reorganização administrativa e econômica implementar a gestão democrática da escola, procedimentos
superar o atraso de Portugal frente às potencias europeias no prévios podem ser observados:
século XVIII. Como metas da Reforma Pombalina no Brasil - Solicitar a todos os envolvidos que explicitem seu
temos: comprometimento com a alternativa de ação escolhida;
(A) a formação de Universidades na Colônia. - Responsabilizar pessoas pela implementação das
(B) a criação das aulas régias avulsas em substituição da alternativas acordadas;
ação educativa dos jesuítas. - Estabelecer normas prévias sobre como os debates e as
(C) a possibilidade do uso da língua tupi em detrimento do decisões serão realizados;
ensino da gramática da língua portuguesa. - Estabelecer regras adequadas à igualdade de participação
(D) o fortalecimento da aliança do Estado Português e a de todos os segmentos envolvidos;
Companhia de Jesus. - Articular interesses comuns, ideias e alternativas
(E) o incentivo a escolas de ofícios na Colônia. complementares, de forma a contribuir para organizar
propostas mais coletivas.
04. A construção da memória histórica da educação - Esclarecer como a implementação das ações serão
brasileira é importante uma vez que: acompanhadas e supervisionadas;
(A) Toda a produção historiográfica depende de sua - Criar formas de divulgação das ideias e alternativas em
compreensão. debate como também do processo de decisão.
(B) É fundamental para a elaboração de manuais didáticos
para universitários.

10 Dourado, L. F.Progestão: como promover, articular e envolver a ação das

pessoas no processo de gestão escolar? Brasília : CONSED – Conselho Nacional de


Secretários de Educação, 2001.

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Gestão democrática implica compartilhar o poder, possibilidade de articular os diversos segmentos da escola e
descentralizando-o. Como fazer isso? Incentivando a tem por objeto de estudo o processo de ensino, que é o eixo
participação e respeitando as pessoas e suas opiniões; central em torno do qual desenvolve-se o processo de trabalho
desenvolvendo um clima de confiança entre os vários escolar" (DALBEN, 1995). Nesse sentido, entendemos que o
segmentos das comunidades escolar e local; ajudando a conselho de classe não deve ser uma instância que tem como
desenvolver competências básicas necessárias à participação função reunir-se ao final de cada bimestre ou do ano letivo
(por exemplo, saber ouvir, saber comunicar suas ideias). A para definir a aprovação ou reprovação de alunos, mas deve
participação proporciona mudanças significativas na vida das atuar em espaço de avaliação permanente, que tenha como
pessoas, na medida em que elas passam a se interessar e se objetivo avaliar o trabalho pedagógico e as atividades da
sentir responsáveis por tudo que representa interesse comum. escola. Nessa ótica, é fundamental que se reveja a atual
Assumir responsabilidades, escolher e inventar novas estrutura dessa instância, rediscutindo sua função, sua
formas de relações coletivas faz parte do processo de natureza e seu papel na unidade escolar.
participação e trazem possibilidades de mudanças que
atendam a interesses mais coletivos. Associação de pais e mestres
A participação social começa no interior da escola, por
meio da criação de espaços nos quais professores, A associação de pais e mestres, enquanto instância de
funcionários, alunos, pais de alunos etc. possam discutir participação, constitui-se em mais um dos mecanismos de
criticamente o cotidiano escolar. Nesse sentido, a função da participação da comunidade na escola, tornando-se uma
escola é formar indivíduos críticos, criativos e participativos, valiosa forma de aproximação entre os pais e a instituição,
com condições de participar criticamente do mundo do contribuindo para que a educação escolarizada ultrapasse os
trabalho e de lutar pela democratização da educação. A escola, muros da escola e a democratização da gestão seja uma
no desempenho dessa função, precisa ter clareza de que o conquista possível.
processo de formação para uma vida cidadã e, portanto, de
gestão democrática passa pela construção de mecanismos de Grêmio estudantil
participação da comunidade escolar, como: Conselho Escolar,
Associação de Pais e Mestres, Grêmio Estudantil, Conselhos de Numa escola que tem como objetivo formar indivíduos
Classes etc. participativos, críticos e criativos, a organização estudantil
Para que a tomada de decisão seja partilhada e coletiva, é adquire importância fundamental.
necessária a efetivação de vários mecanismos de participação, O grêmio estudantil constitui-se em mecanismo de
tais como: o aprimoramento dos processos de escolha ao cargo participação dos estudantes nas discussões do cotidiano
de dirigente escolar; a criação e a consolidação de órgãos escolar e em seus processos decisórios, constituindo-se num
colegiados na escola (conselhos escolares e conselho de laboratório de aprendizagem da função política da educação e
classe); o fortalecimento da participação estudantil por meio do jogo democrático. Possibilita, ainda, que os estudantes
da criação e da consolidação de grêmios estudantis; a aprendam a se organizarem politicamente e a lutar pelos seus
construção coletiva do Projeto Político-Pedagógico da escola; direitos.
a redefinição das tarefas e funções da associação de pais e Articulado ao processo de constituição de mecanismos de
mestres, na perspectiva de construção de novas maneiras de participação colegiada dentro da escola destaca-se também a
se partilhar o poder e a decisão nas instituições. necessidade da participação e acompanhamento da aplicação
Não existe apenas uma forma ou mecanismo de dos recursos financeiros, tanto na escola como nos sistemas de
participação. Entre os mecanismos de participação que podem ensino. A responsabilidade de acompanhar e fiscalizar a
ser criados na escola, destacam-se: o conselho escolar, o aplicação dos recursos para a educação é de toda a sociedade.
conselho de classe, a associação de pais e mestres e o grêmio Todos os envolvidos direta e indiretamente são chamados a se
escolar. responsabilizar pelo bom uso das verbas destinadas à
educação. Nesse sentido, pais, alunos, professores, servidores
Conselho escolar administrativos, associação de bairros, ou seja, as
comunidades escolar e local têm o direito de participar, por
O conselho escolar é um órgão de representação da meio dos diferentes conselhos criados para essa finalidade.
comunidade escolar. Trata-se de uma instância colegiada que
deve ser composta por representantes de todos os segmentos O processo de participação na escola produz, também,
da comunidade escolar e constitui-se num espaço de discussão efeitos culturais importantes. Ele ajuda a comunidade a
de caráter consultivo e/ou deliberativo. Ele não deve ser o reconhecer o patrimônio das instituições educativas – escolas,
único órgão de representação, mas aquele que congrega as bibliotecas, equipamentos – como um bem público comum,
diversas representações para se constituir em instrumento que é a expressão de um valor reconhecido por todos, o qual
que, por sua natureza, criará as condições para a instauração oferece vantagens e benefícios coletivos. Sua utilização por
de processos mais democráticos dentro da escola. Portanto, o algumas pessoas não exclui o uso pelas demais. É um bem de
conselho escolar deve ser fruto de um processo coerente e todos; todos podem e devem zelar pelo seu uso e sua adequada
efetivo de construção coletiva. A configuração do conselho conservação. A manutenção e o desenvolvimento de um bem
escolar varia entre os estados, entre os municípios e até público comum requerem algumas condições:
mesmo entre as escolas. Assim, a quantidade de 1. Recursos financeiros adequados, regulares e bem
representantes eleitos, na maioria das vezes, depende do gerenciados, de modo a oferecer as mesmas condições de uso,
tamanho da escola, do número de classes e de estudantes que acesso e permanência nas escolas a alunos em condições
ela possui. sociais desiguais;
2. Transparência administrativa e financeira com o
Conselho de classe controle público de ações e decisões. Desse modo, cabe ao
gestor informar com clareza e em tempo hábil a relação dos
O conselho de classe é mais um dos mecanismos de recursos disponíveis, fazer prestações de contas, promover o
participação da comunidade na gestão e no processo de registro preciso e claro das decisões tomadas em reuniões;
ensino-aprendizagem desenvolvido na unidade escolar. 3. Processo participativo de tomada de decisões,
Constitui-se numa das instâncias de vital importância num implementação, acompanhamento e avaliação. Ressaltamos
processo de gestão democrática, pois "guarda em si a que o cotidiano de trabalho das escolas deve ter por referência

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um projeto pedagógico construído coletivamente e o apreço às Gestão escolar para o sucesso do ensino e da
decisões tomadas pelos órgãos colegiados representativos. aprendizagem11

Em síntese, a gestão democrática do ensino pressupõe uma Práticas de organização e gestão e escolas bem
maneira de atuar coletivamente, oferecendo aos membros das sucedidas
comunidades local e escolar oportunidades para:
- Reconhecer que existe uma discrepância entre a situação Pesquisas acerca dos elementos da organização escolar
real (o que é) e o que gostaríamos que fosse (o que pode vir a que interferem no sucesso escolar dos alunos mostram que o
ser). modo como funciona uma escola faz diferença em relação aos
- Identificar possíveis razões para essa discrepância. resultados escolares dos alunos. Embora as escolas não sejam
- Elaborar um plano de ação para minimizar ou solucionar iguais, essas pesquisas indicam características organizacionais
esses problemas. úteis para compreensão do funcionamento das escolas,
considerados os contextos e as situações escolares específicos.
Envolvendo a comunidade na gestão da escola Os aspectos a seguir aparecem em várias dessas pesquisas:

A gestão escolar constitui um modo de articular pessoas e


experiências educativas, atingir objetivos da instituição a) Em relação aos professores: boa formação
escolar, administrar recursos materiais, coordenar pessoas, profissional, autonomia profissional, capacidade de assumir
planejar atividades, distribuir funções e atribuições. Em responsabilidade pelo êxito ou fracasso de seus alunos,
síntese, se estabelecem, intencionalmente, contatos entre as condições de estabilidade profissional, formação profissional
pessoas, os recursos administrativos, financeiros e jurídicos na em serviço, disposição para aceitar inovações com base nos
construção do projeto pedagógico da escola. A gestão seus conhecimentos e experiências; capacidade de análise
democrática, por sua vez, requer, dentre outros, a participação crítico-reflexiva.
da comunidade nas ações desenvolvidas na escola. Envolver a b) Quanto à estrutura organizacional: sistema de
comunidades escolar e local é tarefa complexa, pois articula organização e gestão, plano de trabalho com metas bem
interesses, sentimentos e valores diversos. Nem sempre é fácil, definidas e expectativas elevadas; competência específica e
mas compete às equipes gestoras pensar e desenvolver liderança efetiva e reconhecida da direção e coordenação
estratégias para motivar as pessoas a se envolver e participar pedagógica; integração dos professores e articulação do
na vida da escola. As possibilidades de motivação são várias, trabalho conjunto e participativo; clima de trabalho
desde a concepção e o uso dos espaços escolares até a propício ao ensino e à aprendizagem; práticas de gestão
organização do trabalho pedagógico. A mobilização das participativa; oportunidades de reflexão conjunta e trocas
pessoas pode começar quando elas se defrontam com de experiências entre os professores;
situações-problema. As dificuldades nos incentivam a criar c) Autonomia da escola, criação de identidade própria,
novas formas de organização, de participar das decisões para com possibilidade de projeto próprio e tomada de decisões
resolvê-las. Espaços de discussão possibilitam trabalhar ideias sobre problemas específicos; planejamento compatível com
divergentes na construção do projeto educativo. Como criar, as realidades locais; decisão e controle sobre uso de recursos
ou então fortalecer, ambientes que favoreçam a participação? financeiros; planejamento participativo e gestão
Na construção de ambientes de participação e mobilização de participativa, bom relacionamento entre os professores,
pessoas, algumas estratégias tornam-se fundamentais. responsabilidades assumidas em conjunto;
Vejamos algumas: d) Prédios adequados e disponibilidade de condições
materiais, recursos didáticos, biblioteca e outros, que
- Estar atento às solicitações da comunidade. propiciem aos alunos oportunidades concretas para
- Ouvir com atenção o que os membros da comunidade têm aprender;
a dizer. e) Quanto à estrutura curricular: adequada seleção e
- Delegar responsabilidades ao máximo possível de pessoas. organização dos conteúdos; valorização das aprendizagens
- Mostrar a responsabilidade e a importância do papel de acadêmicas e não apenas das dimensões sociais e
cada um para o bom andamento do processo. relacionais; modalidades de avaliação formativa;
- Garantir a palavra a todos. organização do tempo escolar de forma a garantir o máximo
- Respeitar as decisões tomadas em grupo. de tempo para as aprendizagens e o clima para o estudo;
- Criar ambientes físicos confortáveis para assembleias e acompanhamento de alunos com dificuldades de
reuniões. aprendizagem.
- f) Participação dos pais nas atividades da escola;
Estimularcadapresentenasreuniõesounasassembléiasaserespon investimento em formar uma imagem pública positiva da
sabilizar por trazer, pelo menos, mais uma pessoa para o escola.
próximo encontro.
- Tornar a escola um espaço de sociabilidade.
- Valorizar o trabalho participativo. Essas características reforçam a ideia de que a qualidade
- Destacar a importância da integração entre as pessoas. de ensino depende de mudanças no âmbito da organização
- Submeter o trabalho desenvolvido na escola às avaliações escolar, envolvendo a estrutura física e as condições de
da comunidade e dos conselhos ou órgãos colegiados. funcionamento, a estrutura organizacional, a cultura
- Valorizar a presença de cada um e de todos. organizacional, as relações entre alunos, professores,
- Desenvolver projetos educativos voltados para a funcionários, as práticas colaborativas e participativas. É a
comunidade em geral, não só para os alunos. escola como um todo que deve responsabilizar-se pela
- Ressaltar a importância da comunidade na identidade da
aprendizagem dos alunos, especialmente em face dos
unidade escolar.
problemas sociais, culturais, econômicos, enfrentados
- Tornar o espaço escolar disponível para comunidade.
atualmente.

11 LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática; 6ª edição,

São Paulo, Heccus Editora, 2013.

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Ampliando o conceito de organização e de gestão de individual. Primeiro, entre pessoas (interpsicológica) e,


escolas depois, no interior da criança (intrapsicológica)”. Esse
princípio acentua as origens sociais do desenvolvimento
Para a perspectiva que compreende a escola apenas como mental individual, especialmente o peso atribuído às
organização administrativa, também conhecida como mediações culturais. Sendo assim, os contextos socioculturais
perspectiva técnico-racional, a organização e gestão da escola e institucionais atuam na formação do pensamento conceitual
diz respeito, comumente, à estrutura de funcionamento, às o que, em outras palavras, significa dizer que as práticas
formas de coordenação e gestão do trabalho, ao sociais em que uma pessoa está envolvida influenciam o modo
estabelecimento de normas administrativas, ao provimento e de pensar dessa pessoa.
utilização dos recursos materiais e financeiros, aos
procedimentos administrativos, etc., que formam o conjunto A teoria da atividade, assim, possibilita compreender a
de condições e meios de garantir o funcionamento da escola. A influência das práticas socioculturais e institucionais nas
concepção técnico-racional reduz as formas de organização aprendizagens e o papel dos indivíduos em modificar essas
apenas a esses aspectos, prevalecendo uma visão burocrática práticas. De que práticas se trata? Elas referem-se tanto ao
de organização, decisões centralizadas, baixo grau de contexto mais amplo da sociedade (o sistema econômico, as
participação, separação entre o administrativo e o pedagógico. contradições sociais, por exemplo), quanto ao contexto mais
Abdalla indica os inconvenientes dessa concepção próximo, por exemplo, a comunidade em que está inserida a
funcionalista e produtiva: “A organização se fecha, os escola, as práticas de organização e gestão, o tipo de
professores se individualizam, as interações se enfraquecem, relacionamento entre as pessoas da escola, as atitudes dos
regras são impostas, potencializa-se o campo do poder com professores, as rotinas cotidianas, o clima organizacional, o
vistas a controlar as estruturas administrativas e material didático, o espaço físico, o edifício escolar, etc. Desse
pedagógicas”. modo, as práticas sociais e culturais que ocorrem nos vários
Na perspectiva da escola como organização social, para espaços da escola são, também, mediações culturais, que
além da visão “administrativa”, as organizações escolares são atuam na aprendizagem das pessoas (professores,
abordadas como unidades sociais formadas de pessoas que especialistas, funcionários, alunos).
atuam em torno de objetivos comuns, portanto, como lugares Tais práticas institucionais afetam significativamente o
de relações interpessoais. A escola é uma organização em significado e o sentido, ou seja, atuam, positivamente ou
sentido amplo, uma “unidade social que reúne pessoas que negativamente, na motivação e na aprendizagem dos alunos, já
interagem entre si, intencionalmente, e que opera através de que, de alguma forma, eles participam nessas práticas.
estruturas e processos próprios, a fim de alcançar os objetivos
da instituição”. O ensino é, portanto, uma atividade situada, ou seja, é uma
Destas duas perspectivas ampliou-se a compreensão prática social que se realiza num contexto de cultura, de
da escola como lugar de aprendizagem, de compartilhamento relações e de conhecimento, histórica e socialmente
de saberes e experiências, ou seja, um espaço educativo que construídos. Isso significa que não é apenas na sala de aula que
gera efeitos nas aprendizagens de professores e alunos. As os alunos aprendem, eles aprendem também com os contextos
formas de organização e de gestão adquirem dois novos socioculturais, com as interações sociais, com as formas de
sentidos: organização e de gestão, de modo que a escola pode ser vista
a) o ambiente escolar é considerado em sua dimensão como uma organização aprendente, uma comunidade
educativa, ou seja, as formas de organização e gestão, o estilo democrática de aprendizagem. As pessoas – alunos,
das relações interpessoais, as rotinas administrativas, a professores, funcionários - respondem, com suas ações, a um
organização do espaço físico, os processos de tomada de contexto institucional e pedagógico preparado para produzir
decisões, etc., são também práticas educativas; mudanças qualitativas na sua personalidade e na sua
b) as escolas são tidas como instituições aprendentes, aprendizagem.
portanto, espaço de formação e aprendizagem, em que as
pessoas mudam com as organizações e as organizações A noção de cultura organizacional é útil para compreender
mudam com as pessoas. melhor o papel educativo das práticas de organização e gestão.
Ela é constituída do conjunto dos significados, modos de
A organização escolar como lugar de práticas pensar e agir, valores, comportamentos, modos de funcionar
educativas e de aprendizagem que revelam a identidade, os traços característicos, de uma
instituição – escola, empresa, hospital, prisão, etc. - e das
A escola entendida como espaço de compartilhamento de pessoas que nela trabalham. A cultura organizacional sintetiza
idéias, práticas socioculturais e institucionais, valores, os sentidos que as pessoas dão às coisas e situações, gerando
atitudes de modos de agir, tem recebido várias denominações, um modo característico de pensar, de perceber coisas e de agir.
com diferentes justificativas: comunidade de aprendizagem, Isso explica, por exemplo, a aceitação ou resistência frente a
comunidade de práticas, comunidade aprendente, inovações, certos modos de tratar os alunos, as formas de
organizações aprendentes, aprendizagem colaborativa, entre enfrentamento de problemas de disciplina, a aceitação ou não
outras. Adotaremos aqui a noção de ensino como “atividade de mudanças na rotina de trabalho, etc. Segundo o sociólogo
situada em contextos”. francês Forquin “A escola é, também, um mundo social, que tem
Conforme a teoria histórico-cultural da atividade a suas características de vida próprias, seus ritmos e seus ritos, sua
atividade humana mediatiza a relação entre o ser humano e o linguagem, seu imaginário, seus modos próprios de regulação e
meio físico e social. Esta relação é histórico-social, isto é, de transgressão, seu regime próprio de produção e de gestão de
depende das práticas sociais anteriores, de modo que a símbolos”.
atividade conjunta acumulada historicamente influencia a Essa afirmação mostra que, nas escolas, para além
atividade presente das pessoas. Ao mesmo tempo, o ser daquelas diretrizes, normas, procedimentos operacionais,
humano, ao pôr-se em contato com o mundo dos objetos e rotinas administrativas, há aspectos de natureza sociocultural
fenômenos, atua sobre essa realidade modificando-a e que as diferenciam umas das outras, a maior parte deles pouco
transformando-se a si mesmo. Este entendimento decorre da perceptíveis ou explícitos, traço que em estudos sobre
lei genética do desenvolvimento cultural, segundo a qual currículo tem sido denominado de “currículo oculto”. Essas
“todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem diferenças aparecem nas formas de interação entre as pessoas,
duas vezes: primeiro, no nível social e, depois, no nível nas crenças, valores, significados, modos de agir, configurando

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práticas que se projetam nas normas disciplinares, na relação escolar e de todo o espaço físico da escola; assegurar materiais
dos professores com os alunos na aula, na cantina, nos didáticos e livros na biblioteca.
corredores, na preparação de alimentos e distribuição da
merenda, nas formas de tratamento com os pais, na Tais ações representam, sem dúvida, o primeiro conjunto
metodologia de aula etc. de competências de diretores e coordenadores pedagógicos.
Falamos da escola como espaço de compartilhamento, lugar de
As atividades compartilhadas entre direção, aprendizagem, comunidade democrática de aprendizagem,
professores e alunos. gestão participativa, etc., mas as escolas precisam ser
organizadas e geridas como garantia de efetivação dos seus
A cultura organizacional aparece sob duas formas: como objetivos. Uma escola democrática tem por tarefa propiciar a
cultura instituída e como cultura instituinte. A cultura todos os alunos, sem distinção, educação e ensino de
instituída refere-se a normas legais, estrutura organizacional qualidade, o que põe a exigência de justiça. Isto supõe
definida pelos órgãos oficiais, rotinas, grade curricular, estrutura organizacional, regras explícitas e sua aplicação
horários, normas disciplinares etc. A cultura instituinte é igual para todos sem privilégios ou discriminações, garantia de
aquela que os membros da escola criam, recriam, nas suas ambiente de estudo e aprendizagem, tratamento das pessoas
relações e na vivência cotidiana, podendo modificar a cultura conforme critérios públicos e justificados. Por mais que tais
instituída. Neste sentido, as escolas são espaços de exigências pareçam como excesso de “racionalidade”, elas se
aprendizagem, comunidades democráticas de aprendizagem justificam pelo fato de as escolas serem unidades sociais em
onde se compartilham significados, criam-se outros modos de que pessoas trabalham juntas em agrupamentos humanos
agir, mudam-se práticas, recria-se a cultura vigente, aprende- intencionalmente constituídos, visando objetivos de
se com a participação real de seus membros. As ações aprendizagem. As escolas recebem hoje alunos de diferentes
realizadas na escola nesta perspectiva implicam a adoção de origens sociais, culturais, familiares, portadores vivos das
formas de participação real das pessoas nas decisões em contradições da sociedade. É preciso que o grupo de dirigentes
relação ao projeto pedagógico-curricular, ao desenvolvimento e professores definam formas de gestão e de convivência que
do currículo, às formas de avaliação e acompanhamento da regulem a organização da vida escolar e as práticas
aprendizagem escolar, às normas de funcionamento e pedagógicas, precisamente para conter tendências de
convivência, etc. discriminação e desigualdade social e assegurar a todos o
usufruto da escolarização de qualidade.
Para uma revisão das práticas de organização e gestão
das escolas c) A organização e a gestão implicam a gestão
participativa e a gestão da participação
Conclui-se que não é possível à escola atingir seus A organização da escola requer atender a duas
objetivos de melhoria da aprendizagem escolar dos alunos necessidades: a participação na gestão, enquanto requisito
sem formas de organização e gestão, tanto como provimento democrático, e a gestão da participação, como requisito
de condições e meios para o funcionamento da escola, quanto técnico. Por um lado, as escolas precisam cultivar os processos
como práticas socioculturais e institucionais com caráter democráticos e colaborativos de trabalho, em função da
formativo. Uma revisão das práticas de organização e gestão convivência e da tomada de decisões. Por outro, precisam
precisa considerar cinco aspectos, que apresentamos a seguir: funcionar bem tecnicamente, a fim de poder atingir
eficazmente seus objetivos, o que implica a gestão da
a) As práticas de organização e gestão devem estar participação. A gestão participativa significa alcançar de forma
voltadas à aprendizagem dos alunos. colaborativa e democrática os objetivos da escola. A
As práticas de organização e gestão, a participação dos participação é o principal meio de tomar decisões, de
professores na gestão, o trabalho colaborativo, estão a serviço mobilizar as pessoas para decidir sobre os objetivos, os
da melhoria do ensino e da aprendizagem. Mencionou-se conteúdos, as formas de organização do trabalho e o clima de
anteriormente que o que faz a diferença entre as escolas é o trabalho desejado para si próprias e para os outros. A
grau em que conseguem melhorar a qualidade da participação se viabiliza por interação comunicativa, diálogo,
aprendizagem escolar dos alunos. Desse modo, uma escola discussão pública, busca de consensos e de superações de
bem organizada e gerida é aquela que cria as condições conflitos. Nesse sentido, a melhor forma de gestão é aquela que
organizacionais, operacionais e pedagógico-didáticas que criar um sistema de práticas interativas e colaborativas para
permitam o bom desempenho dos professores em sala de aula, troca de idéias e experiências para chegar a ideias e ações
de modo que todos os seus alunos sejam bem sucedidos em comuns.
suas aprendizagens.
Já a gestão da participação implica repensar as práticas de
b) A qualidade do ensino depende do exercício eficaz da gestão, seja para assegurar relações interativas, democráticas
direção e da coordenação pedagógica e solidárias, seja para buscar meios mais eficazes de
Há boas razões para crer que a instituição escolar não pode funcionamento da escola. A gestão da participação refere-se à
prescindir de ações básicas que garantem o seu coordenação, acompanhamento e avaliação do trabalho das
funcionamento: formular planos, estabelecer objetivos, metas pessoas, como garantia para assegurar o sistema de relações
e ações; estabelecer normas e rotinas em relação a recursos interativas e democráticas. Para isso, faz-se necessária uma
físicos, materiais e financeiros; ter uma estrutura de bem definida estrutura organizacional, responsabilidades
funcionamento e definição clara de responsabilidades dos claras e formas eficazes de tomada de decisões grupais. As
integrantes da equipe escolar; exercer liderança; organizar e exigências de gestão e liderança por parte de diretores e
controlar as atividades de apoio técnico-administrativo; coordenadores se justificam cada vez mais em face de
cuidar das questões da legislação e das diretrizes pedagógicas problemas que incidem no cotidiano escolar: problemas
e curriculares; cobrar responsabilidades das pessoas; sociais e econômicos das famílias, problemas de disciplina
organizar horários, rotinas, procedimentos; estabelecer manifestos em agressão verbal, uso de armas, uso de drogas,
formas de relacionamento entre a escola e a comunidade, ameaças a professores, violência física e verbal. Os problemas
especialmente com as famílias; efetivar ações de avaliação do se acentuam com a inexperiência ou precária formação
currículo e dos professores; cuidar das condições do edifício profissional de muitos professores que levam a dificuldades no
manejo da sala de aula, no exercício da autoridade, no diálogo

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com os alunos. Constatar esses problemas implica que não Na primeira delas, que é o modelo mais comum de
pensemos apenas em mudanças curriculares ou funcionamento das instituições de ensino, as escolas dão muita
metodológicas, mas em formas de organização do trabalhado ênfase à estrutura organizacional, que pode ser planejada,
escolar que articulem, eficazmente, práticas participativas e organizada e controlada, de modo a alcançar maiores índices
colaborativas com uma sólida estrutura organizacional. de eficácia e eficiência, uma vez que a organização escolar se
embasa numa percepção de “realidade objetiva, neutra,
d) Projeto pedagógico-curricular bem concebido e técnica, que funciona racionalmente".
eficazmente executado Na segunda concepção, a organização escolar se estabelece
O projeto pedagógico-curricular é uma declaração de “basicamente como um sistema que agrega pessoas,
intenções do grupo de profissionais da escola, é expressão da importando bastante a intencionalidade e as interações
coletividade escolar. Em sua elaboração, é sumamente sociais, o contexto sócio-político etc., constituindo-se numa
relevante levar-se em conta a cultura da escola ou a cultura construção social a ser construída pelos professores, alunos,
organizacional e, também, seu papel de instituidor de outra pais e integrantes da comunidade próxima, caracterizada pelo
cultura organizacional. Para isso, uma recomendação inicial é interesse público.
de que a equipe de dirigentes e professores tenha
conhecimento e sensibilidade em relação às necessidades A visão crítica da escola resulta em diferentes formas de
sociais e demandas da comunidade local e do próprio viabilização da...
funcionamento da escola, de modo a ter clareza sobre as (A) administração empresarial.
mudanças a serem esperadas nos alunos em relação ao seu (B) administração escolar.
desenvolvimento e aprendizagem. Com base nos dados da (C) gestão democrática.
realidade, é preciso que o projeto pedagógico-curricular dê (D) gestão empresarial.
respostas a esta pergunta: em que comportamentos (E) administração colegiada.
cognitivos, afetivos, físicos, morais, estéticos, etc., queremos
intervir, de forma a produzir mudanças qualitativas no 02. (IF-PB- Técnico em Assuntos Educacionais- IF-PB)
desenvolvimento e aprendizagem dos alunos? Dentre os princípios e características da gestão escolar
Além disso, é necessário ter clareza sobre os objetivos da participativa, destaca-se a autonomia como o fundamento da
escola que, em minha opinião, é o de garantir a todos os alunos concepção democrático-participativa de gestão escolar. Com
uma base cultural e científica comum e uma base comum de base nessa informação, a autonomia na concepção
formação moral e de práticas de cidadania, baseadas em democrático-participativa de gestão escolar está expressa
critérios de solidariedade e justiça, na alteridade, na em:
descoberta e respeito pelo outro, no aprender a viver junto. (A) A faculdade de uma pessoa de autogovernar-se, decidir
Isto significa: uma escolarização igual, para sujeitos diferentes, sobre o próprio destino, gerenciamento das ações e recursos
por meio de um currículo comum a todos, na formulação de financeiros.
Gimeno Sacristán. A partir de uma base comum de cultura (B) A organização escolar depende exclusivamente de
geral para todos, o currículo para sujeitos diferentes significa decisões do poder central.
acolher a diversidade e a experiência particular dos diferentes (C) O êxito da gestão da escola está no controle emanado
grupos de alunos, propiciando na escola e nas salas de aula, um pelo poder central.
espaço de diálogo e comunicação. Um dos mais relevantes (D) A gestão da autonomia não implica
objetivos democráticos no ensino será fazer da escola um lugar corresponsabilidade dos membros da equipe escolar.
em que todos os alunos e alunas possam experimentar sua (E) A autonomia é um princípio que implica que um líder
própria forma de realização e sucesso. Para tudo isso, são tome as decisões para que os demais membros possam
necessárias formas de execução, gestão e avaliação do projeto participar do processo de gestão.
pedagógico-curricular.
03. (IF-MT- Auxiliar em Administração- UFMT)
e) A atividade conjunta dos professores na elaboração e
avaliação das atividades de ensino O novo gestor escolar
A modalidade mais rica e eficaz de formação docente
continuada ocorre pela atividade conjunta dos professores na Escrito por Roberta Braga
discussão e elaboração das atividades orientadoras de ensino. Publicado em 03, Novembro de 2014.
É assim porque a formação continuada passa a ser entendida
como um modo habitual de funcionamento do cotidiano da
escola, um modo de ser e de existir da escola. Para Moura, o
projeto pedagógico se concretiza mediante a realização de
atividades pedagógicas. Para isso, os professores realizam
ações compartilhadas que exigem troca de significados,
possibilitando ampliar o conhecimento da realidade. Desse
modo, “a coletividade de formação constitui-se ao desenvolver
a ação pedagógica. É essa constituição da coletividade que
possibilita o movimento de formação do professor”.

Questões

01. (IF-PI- Pedagogo- FUNRIO) Os estudos sobre a


administração escolar não é novo, bem como a da organização
do trabalho aí realizado.
As mudanças na sociedade, nas famílias e na forma de as
É sempre útil distinguir, no estudo desta questão, a pessoas perceberem a vida são constantes. Ideais autoritários
existência de duas concepções, que norteiam as análises: a ficam cada vez mais enfraquecidos, e ações colaborativas
científico-racional e a crítico, de cunho sócio-político. ganham mais força. A escola como ambiente de convívio e
educação é impactada por essas mudanças de comportamento.

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Nesse cenário, o gestor escolar passa a ter papel ainda mais educacionais como prova do cumprimento de tarefas
importante, uma vez que a maneira como a escola é burocráticas. Ele é construído e vivenciado em todos os
administrada pode refletir um melhor ambiente, tanto de momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo
trabalho quanto de aprendizagem. da escola.
Apesar de não existir uma receita pronta de administração
que funcione em todas as escolas, alguns princípios ajudam a O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação
nortear o trabalho dos gestores [...]. “A tendência é de uma intencional, com um sentido explícito, com um compromisso
gestão em que o poder é distribuído, em que existe incentivo definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da
ao trabalho coletivo e às decisões tomadas em conjunto com escola é, também, um projeto político por estar intimamente
os envolvidos", observa Helena Machado de Paula articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses
Albuquerque, doutora em Educação e coordenadora do curso reais e coletivos da população majoritária. É político no
de especialização em Gestão Educacional e Escolar da sentido de compromisso com a formação do cidadão para um
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Para a tipo de sociedade.
especialista, o momento atual pelo qual o sistema de ensino
passa é o de perceber as novas necessidades e migrar, pouco a “A dimensão política se cumpre na medida em que ela se
pouco, para esse tipo de gestão. “Nós ainda estamos realiza enquanto prática especificamente pedagógica”.
engatinhando para perceber a escola como ela está e atender
às necessidades reais do processo educativo", considera [...]. Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da
(Disponível em http://www.gestaoeducacional.com.br/. Acesso em efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do
13/07/2015.)
cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e
criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas
De acordo com o texto, qual é o modelo de gestão que
e as características necessárias às escolas de cumprirem seus
possibilita a distribuição do poder e incentiva o trabalho
propósitos e sua intencionalidade.
coletivo e as decisões tomadas em conjunto com os
envolvidos?
Político e pedagógico têm assim uma significação
(A) Gestão participativa
indissociável. Neste sentido é que se deve considerar o projeto
(B) Gestão autoritária
político-pedagógico como um processo permanente de
(C) Gestão por competência
reflexão e discussão dos problemas da escola, na busca de
(D) Gestão mecanicista
alternativas viáveis a efetivação de sua intencionalidade, que
“não é descritiva ou constatativa, mas é constitutiva”.
Respostas
Por outro lado, propicia a vivência democrática necessária
01. C / 02. A / 03. A
para a participação de todos os membros da comunidade
escolar e o exercício da cidadania. Pode parecer complicado,
Projeto Político-Pedagógico
mas trata-se de uma relação recíproca entre a dimensão
política e a dimensão pedagógica da escola.
Desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), em 1996, toda escola precisa ter um
O Projeto Político-Pedagógico, ao se constituir em
projeto político-pedagógico (o PPP, ou simplesmente Projeto
processo democrático de decisões, preocupa-se em instaurar
Pedagógico).
uma forma de organização do trabalho pedagógico que
supere os conflitos, buscando eliminar as relações
No sentido etimológico, o termo projeto vem
competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a
do latim projectu, particípio passado do verbo projicere, que
rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia
significa lançar para diante. Plano, intento, desígnio. Empresa,
que permeia as relações no interior da escola, diminuindo
empreendimento. Redação provisória de lei. Plano geral de
os efeitos fragmentários da divisão do trabalho que reforça
edificação.
as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão.
Segundo Veiga12, ao construirmos os projetos de nossas
Desse modo, o projeto político-pedagógico tem a ver com a
escolas, planejamos o que temos intenção de fazer, de realizar.
organização do trabalho pedagógico em dois níveis: como
Lançamo-nos para diante, com base no que temos, buscando o
organização da escola num todo e como organização da
possível. É antever um futuro diferente do presente.
sala de aula, incluindo sua relação com o contexto social
imediato, procurando preservar a visão de totalidade.
Nas palavras de Gadotti13:
Nesta caminhada será importante ressaltar que o projeto
Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas
político-pedagógico busca a organização do trabalho
para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado
pedagógico da escola na sua globalidade.
confortável para arriscar-se, atravessar um período de
instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da
A principal possibilidade de construção do projeto
promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o
político-pedagógico passa pela relativa autonomia da escola,
presente. Um projeto educativo pode ser tomado com a
de sua capacidade de delinear sua própria identidade. Isto
promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam
significa resgatar a escola como espaço público, lugar de
visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores
debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva.
e autores.
Portanto, é preciso entender que o projeto político-
Nessa perspectiva, o Projeto Político-Pedagógico vai além
pedagógico da escola dará indicações necessárias à
de um simples agrupamento de planos de ensino e de
organização do trabalho pedagógico, que inclui o trabalho do
atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em
professor na dinâmica interna da sala de aula.
seguida arquivado ou encaminhado às autoridades

12 VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola: 13 GADOTTI, Moacir. "Pressupostos do projeto pedagógico". In: MEC, Anais da

uma construção possível. 14ª edição Papirus, 2002. Conferência Nacional de Educação para Todos. Brasília, 1994.

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Buscar uma nova organização para a escola constitui uma arrogância do dono da verdade dá lugar à criatividade e ao
ousadia para os educadores, pais, alunos e funcionários. E para diálogo. A pluralidade de projetos pedagógicos faz parte da
enfrentarmos essa ousadia, necessitamos de um referencial história da educação da nossa época. Por isso, não deve existir
que fundamente a construção do projeto político-pedagógico. um padrão único que oriente a escolha do projeto das escolas.

A questão é, pois, saber a qual referencial temos que Não se entende, portanto, uma escola sem autonomia para
recorrer para a compreensão de nossa prática pedagógica. estabelecer o seu projeto e autonomia para executá-lo e avaliá-
Nesse sentido, temos que nos alicerçar nos pressupostos de lo. A autonomia e a gestão democrática da escola fazem parte
uma teoria pedagógica crítica viável, que parta da prática da própria natureza do ato pedagógico. A gestão democrática
social e esteja compromissada em solucionar os problemas da da escola é, portanto uma exigência de seu projeto político-
educação e do ensino de nossa escola. pedagógico.

Uma teoria que subsidie o projeto político-pedagógico e, Ela exige, em primeiro lugar, uma mudança de
por sua vez, a prática pedagógica que ali se processa deve estar mentalidade de todos os membros da comunidade escolar.
ligada aos interesses da maioria da população. Faz-se Mudança que implica deixar de lado o velho preconceito de
necessário, também, o domínio das bases teórico- que a escola pública é apenas um aparelho burocrático do
metodológicas indispensáveis à concretização das concepções Estado e não uma conquista da comunidade.
assumidas coletivamente. Mais do que isso, afirma Freitas14
que: A gestão democrática da escola implica que a
comunidade, os usuários da escola, sejam os seus dirigentes e
As novas formas têm que ser pensadas em um contexto de gestores e não apenas os seus fiscalizadores ou meros
luta, de correlações de força – às vezes favoráveis, às vezes receptores dos serviços educacionais. Os pais, alunos,
desfavoráveis. Terão que nascer no próprio “chão da escola”, professores e funcionários assumem sua parte na
com apoio dos professores e pesquisadores. Não poderão ser responsabilidade pelo projeto da escola.
inventadas por alguém, longe da escola e da luta da escola.
Há pelo menos duas razões, que justificam a implantação
Se a escola nutre-se da vivência cotidiana de cada um de de um processo de gestão democrática na escola pública:
seus membros, coparticipantes de sua organização do trabalho
pedagógico à administração central, seja o Ministério da 1º: a escola deve formar para a cidadania e, para isso, ela
Educação, a Secretaria de Educação Estadual ou Municipal, não deve dar o exemplo.
compete a eles definir um modelo pronto e acabado, mas sim 2º: porque a gestão democrática pode melhorar o que é
estimular inovações e coordenar as ações pedagógicas específico da escola, isto é, o seu ensino.
planejadas e organizadas pela própria escola.
A participação na gestão da escola proporcionará um
Em outras palavras, as escolas necessitam receber melhor conhecimento do funcionamento da escola e de todos
assistência técnica e financeira decidida em conjunto com as os seus atores. Proporcionará um contato permanente entre
instâncias superiores do sistema de ensino. professores e alunos, o que leva ao conhecimento mútuo e, em
consequência, aproximará também as necessidades dos
Isso pode exigir, também, mudanças na própria lógica de alunos dos conteúdos ensinados pelos professores.
organização das instâncias superiores, implicando uma
mudança substancial na sua prática. Para que a construção do O aluno aprende apenas quando ele se torna sujeito da sua
projeto político-pedagógico seja possível não é necessário própria aprendizagem. E para ele tornar-se sujeito da sua
convencer os professores, a equipe escolar e os funcionários a aprendizagem ele precisa participar das decisões que dizem
trabalhar mais, ou mobilizá-los de forma espontânea, mas respeito ao projeto da escola que faz parte também do projeto
propiciar situações que lhes permitam aprender a pensar e a de sua vida.
realizar o fazer pedagógico de forma coerente.
A autonomia e a participação - pressupostos do projeto
A escola não tem mais possibilidade de ser dirigida de cima político-pedagógico da escola, não se limitam à mera
para baixo e na ótica do poder centralizador que dita as declaração de princípios consignados em alguns documentos.
normas e exerce o controle técnico burocrático. A luta da Sua presença precisa ser sentida no conselho de escola ou
escola é para a descentralização em busca de sua autonomia e colegiado, mas também na escolha do livro didático, no
qualidade. planejamento do ensino, na organização de eventos culturais,
de atividades cívicas, esportivas, recreativas. Não basta apenas
O projeto político-pedagógico não visa simplesmente a um assistir reuniões.
rearranjo formal da escola, mas a uma qualidade em todo o
processo vivido. Vale acrescentar, ainda, que a organização do A gestão democrática deve estar impregnada por certa
trabalho pedagógico da escola tem a ver com a organização da atmosfera que se respira na escola, na circulação das
sociedade. A escola nessa perspectiva é vista como uma informações, na divisão do trabalho, no estabelecimento do
instituição social, inserida na sociedade capitalista, que reflete calendário escolar, na distribuição das aulas, no processo de
no seu interior as determinações e contradições dessa elaboração ou de criação de novos cursos ou de novas
sociedade. disciplinas, na formação de grupos de trabalho, na capacitação
dos recursos humanos, etc.
Está hoje inserido num cenário marcado pela diversidade.
Cada escola é resultado de um processo de desenvolvimento Então não se esqueça:
de suas próprias contradições. Não existem duas escolas
iguais. Diante disso, desaparece aquela arrogante pretensão de 1- O projeto político pedagógico da escola pode ser
saber de antemão quais serão os resultados do projeto. A entendido como um processo de mudança e definição de um

14 FREITAS Luiz Carlos. "Organização do trabalho pedagógico". Palestra

proferida no 11 Seminário Internacional de Alfabetização e Educação. Novo


Hamburgo, agosto de 1991.

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rumo, que estabelece princípios, diretrizes e propostas de ação Qualidade: que não pode ser privilégio de minorias
para melhor organizar, sistematizar e significar as atividades econômicas e sociais. O desafio que se coloca ao projeto
desenvolvidas pela escola como um todo. Sua dimensão político-pedagógico da escola é o de propiciar uma qualidade
política pedagógica pressupõe uma construção participativa para todos. A qualidade que se busca implica duas dimensões
que envolve ativamente os diversos segmentos escolares e a indissociáveis: a formal ou técnica e a política. Uma não está
própria comunidade onde a escola se insere. subordinada a outra; cada uma delas tem perspectivas
próprias.
2- Quando a atuação ocorre em um planejamento
participativo, as pessoas ressignificam suas experiências, Formal ou Técnica - enfatiza os instrumentos e os
refletem suas práticas, resgatam, reafirmam e atualizam métodos, a técnica. A qualidade formal não está afeita,
valores. Explicitam seus sonhos e utopias, demonstram seus necessariamente, a conteúdos determinados. Demo17 afirma
saberes, suas visões de mundo, de educação e o conhecimento, que a qualidade formal: “(...) significa a habilidade de manejar
dão sentido aos seus projetos individuais e coletivos, meios, instrumentos, formas, técnicas, procedimentos diante dos
reafirmam suas identidades estabelecem novas relações de desafios do desenvolvimento”.
convivência e indicam um horizonte de novos caminhos,
possibilidades e propostas de ação. Este movimento visa Política - a qualidade política é condição imprescindível da
promover a transformação necessária e desejada pelo coletivo participação. Está voltada para os fins, valores e conteúdos.
escolar e comunitário e a assunção de uma intencionalidade Quer dizer “a competência humana do sujeito em termos de se
política na organização do trabalho pedagógico escolar. fazer e de fazer história, diante dos fins históricos da sociedade
humana”.
3- Para que o projeto seja impregnado por uma
intencionalidade significadora, é necessário que as partes Nesta perspectiva, o autor chama atenção para o fato de
envolvidas na prática educativa de uma escola estejam que a qualidade centra-se no desafio de manejar os
profundamente integradas na constituição e que haja vivencia instrumentos adequados para fazer a história humana. A
dessa intencionalidade. A comunidade escolar então tem que qualidade formal está relacionada com a qualidade política e
estar envolvida na construção e explicitação dessa mesma esta depende da competência dos meios.
intencionalidade.
A escola de qualidade tem obrigação de evitar de todas as
Processos e Princípios de Construção maneiras possíveis a repetência e a evasão. Tem que garantir
a meta qualitativa do desempenho satisfatório de todos.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB 9394/96, no Qualidade para todos, portanto, vai além da meta quantitativa
artigo 12, define claramente a incumbência da escola de de acesso global, no sentido de que as crianças, em idade
elaborar o seu projeto pedagógico. escolar, entrem na escola. É preciso garantir a permanência
dos que nela ingressarem. Em síntese, qualidade “implica
Além disso, explicita uma compreensão de escola para consciência crítica e capacidade de ação, saber e mudar”.
além da sala de aula e dos muros da escola, no sentido desta
estar inserida em um contexto social e que procure atender às O projeto político-pedagógico, ao mesmo tempo em que
exigências não só dos alunos, mas de toda a sociedade. exige dos educadores, funcionários, alunos e pais a definição
clara do tipo de escola que intentam, requer a definição de fins.
Ainda coloca, nos artigos 13 e 14, como tarefa de Assim, todos deverão definir o tipo de sociedade e o tipo de
professores, supervisores e orientadores a responsabilidade cidadão que pretendem formar. As ações especificas para a
de participar da elaboração desse projeto. obtenção desses fins são meios. Essa distinção clara entre fins
e meios é essencial para a construção do projeto político-
A construção do projeto político-pedagógico numa pedagógico.
perspectiva emancipatória se constitui num processo de
vivência democrática à medida que todos os segmentos que Gestão Democrática: é um princípio consagrado pela
compõem a comunidade escolar e acadêmica dele devam Constituição vigente e abrange as dimensões pedagógica,
participar, comprometidos com a integridade do seu administrativa e financeira. Ela exige uma ruptura histórica
planejamento, de modo que todos assumem o compromisso na prática administrativa da escola, com o enfrentamento das
com a totalidade do trabalho educativo. questões de exclusão e reprovação e da não permanência do
aluno na sala de aula, o que vem provocando a marginalização
Segundo Veiga15, a abordagem do projeto político- das classes populares. Esse compromisso implica a construção
pedagógico, como organização do trabalho da escola como um coletiva de um projeto político-pedagógico ligado à educação
todo, está fundada nos princípios que deverão nortear a escola das classes populares.
democrática, pública e gratuita:
A gestão democrática exige a compreensão em
Igualdade: de condições para acesso e permanência na profundidade dos problemas postos pela prática pedagógica.
escola. Saviani16 alerta-nos para o fato de que há uma Ela visa romper com a separação entre concepção e execução,
desigualdade no ponto de partida, mas a igualdade no ponto entre o pensar e o fazer, entre teoria e prática. Busca resgatar
de chegada deve ser garantida pela mediação da escola. O o controle do processo e do produto do trabalho pelos
autor destaca: Portanto, só é possível considerar o processo educadores.
educativo em seu conjunto sob a condição de se distinguir a Implica principalmente o repensar da estrutura de poder
democracia com a possibilidade no ponto de partida e da escola, tendo em vista sua socialização. A socialização do
democracia como realidade no ponto de chegada. Igualdade de poder propicia a prática da participação coletiva, que atenua o
oportunidades requer, portanto, mais que a expansão individualismo; da reciprocidade, que elimina a exploração; da
quantitativa de ofertas; requer ampliação do atendimento com solidariedade, que supera a opressão; da autonomia, que anula
simultânea manutenção de qualidade.

15 VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola: 16 SAVIANI, Dermeval. "Para além da curvatura da 'vara". In: Revista Ande no

uma construção possível. 12ª edição Papirus, 2002. 3. São Paulo, 1982.
17 DEMO Pedro. Educação e qualidade. Campinas, Papirus,1994.

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a dependência de órgãos intermediários que elaboram A formação continuada deve estar centrada na escola
políticas educacionais das quais a escola é mera executora. e fazer parte do projeto político-pedagógico.
Assim, compete à escola:
A busca da gestão democrática inclui, necessariamente, a - proceder ao levantamento de necessidades de formação
ampla participação dos representantes dos diferentes continuada de seus profissionais;
segmentos da escola nas decisões/ações administrativo- - elaborar seu programa de formação, contando com a
pedagógicas ali desenvolvidas. Nas palavras de Marques18: A participação e o apoio dos órgãos centrais, no sentido de
participação ampla assegura a transparência das decisões, fortalecer seu papel na concepção, na execução e na avaliação
fortalece as pressões para que sejam elas legítimas, garante o do referido programa.
controle sobre os acordos estabelecidos e, sobretudo,
contribui para que sejam contempladas questões que de outra Daí, passarem a fazer parte dos programas de formação
forma não entrariam em cogitação. continuada, questões como cidadania, gestão democrática,
avaliação, metodologia de pesquisa e ensino, novas
Neste sentido, fica claro entender que a gestão tecnologias de ensino, entre outras.
democrática, no interior da escola, não é um princípio fácil de
ser consolidado, pois trata-se da participação crítica na Inicialmente, convém alertar para o fato de que
construção do projeto político-pedagógico e na sua gestão. essa tomada de consciência, dos princípios do projeto político-
pedagógico, não pode ter o sentido espontaneísta de se cruzar
Liberdade: o princípio da liberdade está sempre associado os braços diante da atual organização da escola, que inibe a
à ideia de autonomia. O que é necessário, portanto, como ponto participação de educadores, funcionários e alunos no processo
de partida, é o resgate do sentido dos conceitos de autonomia de gestão.
e liberdade. A autonomia e a liberdade fazem parte da própria
natureza do ato pedagógico. O significado de autonomia É preciso ter consciência de que a dominação no interior
remete-nos para regras e orientações criadas pelos próprios da escola efetiva-se por meio das relações de poder que se
sujeitos da ação educativa, sem imposições externas. expressam nas práticas autoritárias e conservadoras dos
diferentes profissionais, distribuídos hierarquicamente, bem
Para Rios19, a escola tem uma autonomia relativa e a como por meio das formas de controle existentes no interior
liberdade é algo que se experimenta em situação e esta é da organização escolar. Por outro lado, a escola é local de
uma articulação de limites e possibilidades. Para a autora, a desenvolvimento da consciência crítica da realidade.
liberdade é uma experiência de educadores e constrói-se na
vivência coletiva, interpessoal. Portanto, “somos livres com os Estratégia de Planejamento
outros, não, apesar dos outros”. Se pensamos na liberdade na
escola, devemos pensá-la na relação entre administradores, Definição de marco/referência: é necessário definir o
professores, funcionários e alunos que aí assumem sua parte conjunto de ideias, de opções e teorias que orientará a prática
de responsabilidade na construção do projeto político- da escola. Para tanto, é preciso analisar em que contexto a
pedagógico e na relação destes com o contexto social mais escola está inserida. Para assim definir e explicitar com que
amplo. tipo de sociedade a escola se compromete, que tipo de pessoas
ela buscará formar e qual a sua intencionalidade político,
A liberdade deve ser considerada, também, como social, cultural e educativa. Esta assunção permite clarear os
liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a arte e critérios de ação para planejar como se deseja a escola no que
o saber direcionados para uma intencionalidade definida se refere à dimensão pedagógica, comunitária e
coletivamente. administrativa.

Valorização do magistério: é um princípio central na É um momento que requer estudos, reflexões teóricas,
discussão do projeto político-pedagógico. A qualidade do análise do contexto, trabalho individual, em grupo, debates,
ensino ministrado na escola e seu sucesso na tarefa de formar elaboração escrita. Devem ser criadas estratégias para que
cidadãos capazes de participar da vida socioeconômica, todos os segmentos envolvidos com a construção do projeto
política e cultural do país relacionam-se estreitamente a político-pedagógico possam refletir, se posicionar acerca do
formação (inicial e continuada), condições de trabalho contexto em que a escola se insere. É necessário partir da
(recursos didáticos, recursos físicos e materiais, dedicação realidade local, para compreendê-la numa dimensão mais
integral à escola, redução do número de alunos na sala de aula ampla. Então se deve analisar e discutir como vivem as pessoas
etc.), remuneração, elementos esses indispensáveis à da comunidade, de onde vieram quais grupos étnicos a
profissionalização do magistério. compõem, qual o trabalho que realizam como são as relações
deste trabalho, como é a vida no período da infância,
O reforço à valorização dos profissionais da educação, juventude, idade adulta e a melhor idade (idoso) nesta
garantindo-lhes o direito ao aperfeiçoamento profissional comunidade, quais são as formas de organização desta
permanente, significa “valorizar a experiência e o comunidade, etc.
conhecimento que os professores têm a partir de sua prática
pedagógica”. A partir da reflexão sobre estes elementos pode-se discutir
a relação que eles têm no tempo histórico, no sentido de
A formação continuada é um direito de todos os perceber mudanças ocorridas na forma de vida das pessoas e
profissionais que trabalham na escola, uma vez que não só ela da comunidade. Analisar o que tem de comum e tentar fazer
possibilita a progressão funcional baseada na titulação, na relação com outros espaços, com a sociedade como um todo.
qualificação e na competência dos profissionais, mas também Discutir como se vê a sociedade brasileira, quais são os valores
propicia, fundamentalmente, o desenvolvimento profissional que estão presentes, como estes são manifestados, se as
dos professores articulado com as escolas e seus projetos. pessoas estão satisfeitas com esta sociedade e o seu modo de
organização.

18 MARQUES, Mário Osório. "Projeto pedagógico: A marca da escola". In: 19 RIOS, Terezinha. "Significado e pressupostos do projeto pedagógico". In:

Revista Educação e Contexto. Projeto pedagógico e identidade da escola no 18. ljuí, Série Ideias. São Paulo, FDE,1982.
Unijuí, abr./jun. 1990.

Conhecimentos Específicos 98
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APOSTILAS OPÇÃO

Para delimitar o marco doutrinal do projeto político- pedagógico, o qual precisa também de forma coletiva ser
pedagógico propõe-se discutir: que tipo de sociedade nós executado, avaliado e (re)planejado.
queremos construir, com que valores, o que significa ser
sujeito nesta sociedade, como a escola pode colaborar com Etapas
a formação deste sujeito durante a sua vida.
Devemos analisar e compreender a organização do
Para definirmos o marco operativo sugere-se que trabalho pedagógico, no sentido de se gestar uma nova
analisemos a concepção e os princípios para o papel que a organização que reduza os efeitos de sua divisão do trabalho,
escola pode desempenhar na sociedade. de sua fragmentação e do controle hierárquico.

Propomos a partir da leitura de textos, da compreensão de Nessa perspectiva, a construção do projeto político-
cada um, discutir com todos os segmentos como queremos que pedagógico é um instrumento de luta, é uma forma de
seja nossa escola, que tipo de educação precisamos contrapor-se à fragmentação do trabalho pedagógico e sua
desenvolver para ajudar a construir a sociedade que rotinização, à dependência e aos efeitos negativos do poder
idealizamos como entendemos que ser a proposta pedagógica autoritário e centralizador dos órgãos da administração
da escola, como devem ser as relações entre direção, equipe central.
pedagógica, professores, alunos, pais, comunidade, como a
escola pode envolver a comunidade e se fazer presente nela, As etapas de elaboração de um projeto pedagógico podem
analisando qual a importância desta relação para os sujeitos assim ser definidas:
que dela participam.
Cronograma de trabalho e definição da divisão de
Diagnóstico: é o segundo passo da construção do projeto tarefas: definição da periodicidade e das tarefas para a
e se constitui num momento importante que permite uma elaboração do projeto pedagógico. Definir um prazo faz com
radiografia da situação em que a escola se encontra na que haja organização e compromisso com o trabalho de
organização e desenvolvimento do seu trabalho pedagógico elaboração.
acima de tudo, tendo por base, o marco referencial, fazer
comparações e estabelecer necessidades para se chegar à É importante reiterar que, quando se busca uma nova
intencionalidade do projeto. organização do trabalho pedagógico, está se considerando que
as relações de trabalho, no interior da escola deverão estar
O documento produzido sobre o marco referencial deve calçadas nas atitudes de solidariedade, de reciprocidade e de
ser lido por todos. Com base neste documento deve-se participação coletiva, em contraposição à organização regida
elaborar um roteiro de discussão para comparar todos os pelos princípios da divisão do trabalho da fragmentação e do
elementos que aparecem no documento com a prática social controle hierárquico.
vivida, ou seja, discutir como de fato se dá a relação entre
escola e a comunidade, como ela trabalha com os É nesse movimento que se verifica o confronto de
conhecimentos que os alunos trazem da sua prática social, interesses no interior da escola. Por isso todo esforço de se
como os conteúdos são escolhidos, como os professores gestar uma nova organização deve levar em conta as condições
planejam o seu trabalho pedagógico da escola, como e quando concretas presentes na escola. Há uma correlação de forças e é
se avalia o trabalho na sala de aula e o trabalho pedagógico da nesse embate que se originam os conflitos, as tensões, as
escola, quem participa desta avaliação, como a escola tem rupturas, propiciando a construção de novas formas de
definido a sua opção teórica no trabalho pedagógico, como se relações de trabalho, com espaços abertos à reflexão coletiva
dão as relações e a participação de alunos, professores, que favoreçam o diálogo, a comunicação horizontal entre os
coordenadores, diretores, pais, funcionários e comunidade na diferentes segmentos envolvidos com o processo educativo, a
organização do trabalho pedagógico escolar. descentralização do poder.

Estes dados precisam ser sistematizados e discutidos por Histórico da instituição: sua criação, ato normativo,
todos da equipe que elabora o projeto. Com a finalização do origem de seu nome, etc.
diagnóstico da escola e de sua relação com a comunidade
pode-se definir um plano de ação e as grandes estratégias que Abrangência da ação educativa referente:
devem ser perseguidas para atingir a intencionalidade - Nível de ensino e suas etapas;
assumida no marco referencial. - Modalidades de educação que irá atender;
- Aos profissionais, considerando: à área, o trabalho da
Propostas de Ação: este é o momento em que se procura equipe pedagógica e administrativa;
pensar estratégias, linhas de ação, normas, ações concretas - À comunidade externa: entorno social.
permanentes e temporárias para responder às necessidades
apontadas a partir do diagnóstico tendo por referência sempre Objetivos: gerais, observando os objetivos definidos pela
à intencionalidade assumida. Assim, cada problema instituição.
constatado, cada necessidade apontada é preciso definir uma
proposta de ação. Princípios legais e norteadores da ação: a instituição
deve observar ainda os planos e Políticas (federal, estadual ou
Esta proposta de ação pode ser pensada a partir de grandes municipal) de Educação. A partir da identificação dos
metas. Para cada meta pode-se definir ações permanentes, princípios registrados nas legislações em vigor, deve explicitar
ações de curto, médio e longo prazo, normas e estratégias para o sentido que os mesmos adquirem em seu contexto de ação.
atingir a meta definida. Além disso, é preciso justificar cada
meta, traçar seus objetivos, sua metodologia, os recursos Currículo: identificar o paradigma curricular em
necessários, os responsáveis pela execução, o cronograma e concordância com sua opção do método, da teoria que orienta
como será feita a avaliação. sua prática. Implica, necessariamente, a interação entre
sujeitos que têm um mesmo objetivo e a opção por um
Com base nesses três momentos que devem estar referencial teórico que o sustente. Na organização curricular é
dialeticamente articulados elabora-se o projeto político- preciso considerar alguns pontos básicos:

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APOSTILAS OPÇÃO

1º - é o de que o currículo não é um instrumento neutro. O feriados cívicos e religiosos, as datas reservadas à avaliação, os
currículo passa ideologia, e a escola precisa identificar e períodos para reuniões técnicas, cursos etc.
desvelar os componentes ideológicos do conhecimento escolar
que a classe dominante utiliza para a manutenção de O horário escolar, que fixa o número de horas por semana
privilégios. A determinação do conhecimento escolar, e que varia em razão das disciplinas constantes na grade
portanto, implica uma análise interpretativa e crítica, tanto da curricular, estipula também o número de aulas por professor.
cultura dominante, quanto da cultura popular. O currículo Tal como afirma Enguita20.
expressa uma cultura.
2º - é o de que o currículo não pode ser separado do (...) As matérias tornam-se equivalentes porque ocupam o
contexto social, uma vez que ele é historicamente situado e mesmo número de horas por semana e, são vistas como tendo
culturalmente determinado. menor prestígio se ocupam menos tempo que as demais.
3º - diz respeito ao tipo de organização curricular que a
escola deve adotar. Em geral, nossas instituições têm sido A organização do tempo do conhecimento escolar é
orientadas para a organização hierárquica e fragmentada do marcada pela segmentação do dia letivo, e o currículo é,
conhecimento escolar. consequentemente, organizado em períodos fixos de tempo
4º - refere-se a questão do controle social, já que o para disciplinas supostamente separadas. O controle
currículo formal (conteúdos curriculares, metodologia e hierárquico utiliza o tempo que muitas vezes é desperdiçado e
recursos de ensino, avaliação e relação pedagógica) implica controlado pela administração e pelo professor.
controle. Por outro lado, o controle social é instrumentalizado
pelo currículo oculto, entendido este como as “mensagens Em resumo, quanto mais compartimentado for o tempo,
transmitidas pela sala de aula e pelo ambiente escolar”. mais hierarquizadas e ritualizadas serão as relações sociais,
reduzindo, também, as possibilidades de se institucionalizar o
Assim, toda a gama de visões do mundo, as normas e os currículo integração que conduz a um ensino em extensão.
valores dominantes são passados aos alunos no ambiente
escolar, no material didático e mais especificamente por Para alterar a qualidade do trabalho pedagógico torna-se
intermédio dos livros didáticos, na relação pedagógica, nas necessário que a escola reformule seu tempo, estabelecendo
rotinas escolares. Os resultados do currículo oculto períodos de estudo e reflexão de equipes de educadores
“estimulam a conformidade a ideais nacionais e convenções fortalecendo a escola como instância de educação continuada.
sociais ao mesmo tempo que mantêm desigualdades
socioeconômicas e culturais”. É preciso tempo para que os educadores aprofundem seu
conhecimento sobre os alunos e sobre o que estão
Orientar a organização curricular para fins emancipatórios aprendendo. É preciso tempo para acompanhar e avaliar o
implica, inicialmente desvelar as visões simplificadas de projeto político-pedagógico em ação. É preciso tempo para os
sociedade, concebida como um todo homogêneo, e de ser estudantes se organizarem e criarem seus espaços para além
humano como alguém que tende a aceitar papéis necessários da sala de aula.
à sua adaptação ao contexto em que vive. Controle social na
visão crítica, é uma contribuição e uma ajuda para a Acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico:
contestação e a resistência à ideologia veiculada por parâmetros, mecanismos de avaliação interna e externa,
intermédio dos currículos escolares. responsáveis, cronograma.

Ensino, aprendizagem e avaliação: orientações didáticas Esses são alguns elementos que devem ser abordados no
e metodológicas quanto à educação infantil, ensino projeto pedagógico.
fundamental, ensino médio, educação especial, educação de
jovens e adultos, educação profissional. Mecanismos de Geralmente encontram-se documentos com a seguinte
acompanhamento pedagógico, de recuperação paralela, de organização: apresentação, dados de identificação,
avaliação: indicadores de aprendizagem, diretrizes, organograma, histórico, filosofia, pressupostos teóricos e
procedimentos e instrumentos de recuperação e avaliação. metodológicos, objetivos, organização curricular, processo de
avaliação da aprendizagem, avaliação institucional, processo
Programa de formação continuada: concepção, de formação continuada, organização e utilização do espaço
objetivos, eixos, política e estratégia. físico, projetos/programas, referências, anexos, apêndices,
dentre outros:
Formas de relacionamento com a comunidade:
concepção de educação comunitária, princípios, objetivos e Finalidades
estratégias.
Segundo Veiga21, a escola persegue finalidades. É
Organização do tempo e do espaço escolar: cronograma importante ressaltar que os educadores precisam ter clareza
de atividades. das finalidades de sua escola. Para tanto há necessidade de se
- diárias, semanais, bimestrais, semestrais, anuais. refletir sobre a ação educativa que a escola desenvolve com
- estudo, planejamento, enriquecimento curricular, ação base nas finalidades e nos objetivos que ela define. As
comunitária. finalidades da escola referem-se aos efeitos intencionalmente
- normas de utilização de espaços comuns da instituição. pretendidos e almejados.

O tempo é um dos elementos constitutivos da organização Alves22 afirma que há necessidade de saber se a escola
do trabalho pedagógico. O calendário escolar ordena o tempo: dispõe de alguma autonomia na determinação das finalidades
determina o início e o fim do ano, prevendo os dias letivos, as e, consequentemente, seu desdobramento em objetivos
férias, os períodos escolares em que o ano se divide, os específicos. O autor enfatiza que: interessará reter se as

20 ENGUITA, Mariano F. A face oculta da escola: Educação e trabalho no 22 ALVES José Matias. Organização, gestão e projeto educativo das escolas.

capitalismo. Porto Alegre, Artes Médicas, 1989. Porto Edições Asa, 1992.
21 VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da
escola: uma construção possível. 12ª edição Papirus, 2002.

Conhecimentos Específicos 100


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APOSTILAS OPÇÃO

finalidades são impostas por entidades exteriores ou se são realidade escolar, estabelecendo relações, definindo
definidas no interior do território social e se são definidas por finalidades comuns e configurando novas formas de organizar
consenso ou por conflito ou até se é matéria ambígua, as estruturas administrativas e pedagógicas para a melhoria
imprecisa ou marginal. do trabalho de toda a escola na direção do que se pretende.

Essa colocação está sustentada na ideia de que a escola Assim, considerando o contexto, os limites, os recursos
deve assumir, como uma de suas principais tarefas, o trabalho disponíveis (humanos, materiais e financeiros) e a realidade
de refletir sobre sua intencionalidade educativa. Nesse escolar, cada instituição educativa assume sua marca, tecendo,
sentido, ela procura alicerçar o conceito de autonomia, no coletivo, seu projeto político-pedagógico, propiciando
enfatizando a responsabilidade de todos, sem deixar de lado consequentemente a construção de uma nova forma de
os outros níveis da esfera administrativa educacional. organização.

A ideia de autonomia está ligada à concepção Processo de Decisão


emancipadora da educação. Para ser autônoma, a escola não
pode depender dos órgãos centrais e intermediários que Na organização formal de nossa escola, o fluxo das tarefas
definem a política da qual ela não passa de executora. Ela das ações e principalmente das decisões é orientado por
concebe seu projeto político-pedagógico e tem autonomia para procedimentos formalizados, prevalecendo as relações
executá-lo e avaliá-lo ao assumir uma nova atitude de hierárquicas de mando e submissão, de poder autoritário e
liderança, no sentido de refletir sobre as finalidades centralizador.
sociopolíticas e culturais da escola.
Uma estrutura administrativa da escola adequada à
Estrutura Organizacional realização de objetivos educacionais, de acordo com os
interesses da população, deve prever mecanismos que
A escola, de forma geral, dispõe de dois tipos básicos de estimulem a participação de todos no processo de decisão.
estruturas: administrativas e pedagógicas.
Isto requer uma revisão das atribuições especificas e
Administrativas - asseguram praticamente, a locação e a gerais, bem como da distribuição do poder e da
gestão de recursos humanos, físicos e financeiros. Fazem descentralização do processo de decisão. Para que isso seja
parte, ainda, das estruturas administrativas todos os possível há necessidade de se instalarem mecanismos
elementos que têm uma forma material como, por exemplo, a institucionais visando à participação política de todos os
arquitetura do edifício escolar e a maneira como ele se envolvidos com o processo educativo da escola.
apresenta do ponto de vista de sua imagem: equipamentos e
materiais didáticos, mobiliário, distribuição das dependências Contudo, a participação da coordenação pedagógica
escolares e espaços livres, cores, limpeza e saneamento básico nesse processo é fundamental, pois o trabalho é garantir a
(água, esgoto, lixo e energia elétrica). satisfação do bom atendimento em prol de toda a
instituição.
Pedagógicas - que, teoricamente, determinam a ação das
administrativas, “organizam as funções educativas para que a Avaliação
escola atinja de forma eficiente e eficaz as suas finalidades”. As
estruturas pedagógicas referem-se, fundamentalmente, às Acompanhar as atividades e avaliá-las levam-nos a
interações políticas, às questões de ensino e de aprendizagem reflexão com base em dados concretos sobre como a escola
e às de currículo. Nas estruturas pedagógicas incluem-se todos organiza-se para colocar em ação seu projeto político-
os setores necessários ao desenvolvimento do trabalho pedagógico. A avaliação do projeto político-pedagógico, numa
pedagógico. visão crítica, parte da necessidade de se conhecer a realidade
escolar, busca explicar e compreender ceticamente as causas
A análise da estrutura organizacional da escola visa da existência de problemas bem como suas relações, suas
identificar quais estruturas são valorizadas e por quem, mudanças e se esforça para propor ações alternativas (criação
verificando as relações funcionais entre elas. É preciso ficar coletiva). Esse caráter criador é conferido pela autocrítica.
claro que a escola é uma organização orientada por
finalidades, controlada e permeada pelas questões do poder. A Avaliadores que conjugam as ideias de uma visão global,
análise e a compreensão da estrutura organizacional da escola analisam o projeto político-pedagógico, não como algo
significam indagar sobre suas características, seus polos de estanque desvinculado dos aspectos políticos e sociais. Não
poder, seus conflitos. rejeitam as contradições e os conflitos. A avaliação tem um
compromisso mais amplo do que a mera eficiência e eficácia
Avaliar a estrutura organizacional significa questionar os das propostas conservadoras. Portanto, acompanhar e avaliar
pressupostos que embasam a estrutura burocrática da escola o projeto político-pedagógico é avaliar os resultados da
que inviabiliza a formação de cidadãos aptos a criar ou a própria organização do trabalho pedagógico.
modificar a realidade social. Para realizar um ensino de
qualidade e cumprir suas finalidades, as escolas têm que Considerando a avaliação dessa forma é possível salientar
romper com a atual forma de organização burocrática que dois pontos importantes. Primeiro, a avaliação é um ato
regula o trabalho pedagógico – pela conformidade às regras dinâmico que qualifica e oferece subsídios ao projeto político-
fixadas, pela obediência a leis e diretrizes emanadas do poder pedagógico. Segundo, ela imprime uma direção às ações dos
central e pela cisão entre os que pensam e executam, que educadores e dos educandos.
conduz a fragmentação e ao consequente controle hierárquico
que enfatiza três aspectos inter-relacionados: o tempo, a O processo de avaliação envolve três momentos: a
ordem e a disciplina. descrição e a problematização da realidade escolar, a
compreensão crítica da realidade descrita e problematizada e
Nessa trajetória, ao analisar a estrutura organizacional, ao a proposição de alternativas de ação, momento de criação
avaliar os pressupostos teóricos, ao situar os obstáculos e coletiva.
vislumbrar as possibilidades, os educadores vão desvelando a

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APOSTILAS OPÇÃO

A avaliação, do ponto de vista crítico, não pode ser


instrumento de exclusão dos alunos provenientes das classes Assinale a opção em que todas as afirmativas estão
trabalhadoras. Portanto, deve ser democrática, deve favorecer corretas:
o desenvolvimento da capacidade do aluno de apropriar-se de (A) I, II e III.
conhecimentos científicos, sociais e tecnológicos produzidos (B) I e IV.
historicamente e deve ser resultante de um processo coletivo (C) I, II e IV.
de avaliação diagnóstica. (D) I e II

Questões 05. (Pref. Maceió/AL - Professor - Área 1º ao 5º ano -


COPEVE/UFAL/2017) Não se constrói um Projeto Político
01. (SEDUC-RO - Professor – História – FUNCAB) Pedagógico sem norte, sem rumo. Por isso, todo projeto
Quanto ao Projeto Político-Pedagógico, é INCORRETO afirmar pedagógico da escola é também político (GADOTTI e ROMÃO,
que ele: 1997). Dadas as afirmativas,
(A) deve ser democrático.
(B) precisa ser construído coletivamente. I. O Projeto Político Pedagógico deve ter como marco
(C) confere identidade à escola. fundamental a participação democrática, o ser multicultural,
(D) explicita a intencionalidade da escola. mantendo o convívio com base em hierarquias fixas.
(E) mostra-se abrangente e imutável. II. O Projeto Político Pedagógico deve registrar, orientar,
estabelecer ações, metas e estratégias que tenham como
02. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência – Área de objetivo o disciplinamento dos corpos e das mentes.
Pedagogia CESPE) Julgue o item a seguir, relativo a projeto III. O Projeto Político Pedagógico de uma escola é fruto de
político-pedagógico, que, nas instituições, pode ser uma ação cotidiana e que precisa tomar decisões para o bem
considerado processo de permanente reflexão e discussão a de toda comunidade escolar.
respeito dos problemas da organização, com o propósito de
propor soluções que viabilizem a efetivação dos objetivos Verifica-se que está(ão) correta(s)
almejados.
Os pressupostos que norteiam o projeto político- (A) I, apenas.
pedagógico estão desvinculados da proposta de gestão (B) III, apenas.
democrática. (C) I e II, apenas.
( ) Certo ( ) Errado (D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
03. (Prefeitura de Palmas/TO - Professor - Língua
Espanhola – FDC) “O projeto político-pedagógico antecipa um Respostas
futuro diferente do presente. Não é algo que é construído e
arquivado como prova do cumprimento de tarefas 01. Resposta: E
burocráticas.” 02. Resposta: Errado
(Ilma Passos) 03. Resposta: C
04. Resposta: D
Segundo a autora, o projeto político-pedagógico, 05. Resposta: B
comprometido com uma educação democrática e de
qualidade, caracteriza- se fundamentalmente como:
(A) atividades articuladas, com temas selecionados Os referenciais nacionais
semestralmente.
(B) planejamento global, com conteúdos selecionados por para a formação de
série. professores: papel do
(C) ação intencional, com compromisso definido
professor no coletivo escolar;
coletivamente.
(D) plano anual, com objetivos definidos pelos professores. as novas competências
(E) instrumento técnico, com definição metodológica. requeridas para o ensino.
04. (IFRN - Professor - Didática) A construção do projeto
político-pedagógico da escola exige a definição de princípios, REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A
objetivos, estratégias e, acima de tudo, um trabalho coletivo EDUCAÇÃO INFANTIL
para a sua operacionalização. Numa perspectiva crítica e VOLUME 1: INTRODUÇÃO23
democrática, o projeto político-pedagógico da escola
proporciona: A expansão da educação infantil no Brasil e no mundo tem
I - melhoria da organização pedagógica, administrativa e ocorrido de forma crescente nas últimas décadas,
financeira da escola, bem como o estabelecimento de novas acompanhando a intensificação da urbanização, a participação
relações pessoais e interpessoais na instituição; da mulher no mercado de trabalho e as mudanças na
II - redimensionamento da prática pedagógica dos organização e estrutura das famílias. Por outro lado, a
professores e formação continuada do quadro docente. sociedade está mais consciente da importância das
III - planejamento a curto prazo para definir aplicação de experiências na primeira infância, o que motiva demandas por
medidas emergenciais na escola, de modo a superar certas uma educação institucional para crianças de zero a cinco anos.
dificuldades, detectar outras e propor novas ações. A conjunção desses fatores ensejou um movimento da
IV - a superação de práticas pedagógicas fragmentadas e a sociedade civil e de órgãos governamentais para que o
garantia total de um ensino de qualidade. atendimento às crianças de zero a cinco anos fosse
reconhecido na Constituição Federal de 1988. A partir de

23 Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. —
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Brasília: MEC/SEF, 1998.

Conhecimentos Específicos 102


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então, a educação infantil em creches e pré-escolas passou a oferecidas que podem contribuir para o exercício da cidadania
ser, ao menos do ponto de vista legal, um dever do Estado e um devem estar embasadas nos seguintes princípios:
direito da criança (artigo 208, inciso IV). O Estatuto da Criança
e do Adolescente, de 1990, destaca também o direito da - o respeito à dignidade e aos direitos das crianças,
criança a este atendimento. consideradas nas suas diferenças individuais, sociais,
Reafirmando essas mudanças, a Lei de Diretrizes e Bases econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc.;
da Educação Nacional, Lei no 9.394, promulgada em dezembro - o direito das crianças a brincar, como forma particular de
de 1996, estabelece de forma incisiva o vínculo entre o expressão, pensamento, interação e comunicação infantil;
atendimento às crianças de zero a cinco anos e a educação. - o acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis,
Aparecem, ao longo do texto, diversas referências específicas ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à
à educação infantil. expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à
No título III, Do Direito à Educação e do Dever de Educar, ética e à estética;
art. 4°, IV, se afirma que: “O dever do Estado com educação - a socialização das crianças por meio de sua participação e
escolar pública será efetivado mediante a garantia de (...) inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem
atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças até discriminação de espécie alguma;
5 anos de idade”. Tanto as creches para as crianças de zero a - o atendimento aos cuidados essenciais associados à
três anos como as pré-escolas, para as de quatro a cinco anos, sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade.
são consideradas como instituições de educação infantil. A
distinção entre ambas é feita apenas pelo critério de faixa A estes princípios cabe acrescentar que as crianças têm
etária. direito, antes de tudo, de viver experiências prazerosas nas
A educação infantil é considerada a primeira etapa da instituições. O conjunto de propostas aqui expressas responde
educação básica (título V, capítulo II, seção II, art. 29), tendo às necessidades de referências nacionais, como ficou
como finalidade o desenvolvimento integral da criança até explicitado em um estudo recente elaborado pelo Ministério
cinco anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, da Educação e do Desporto, que resultou na publicação do
intelectual e social, complementando a ação da família e da documento “Proposta pedagógica e currículo em educação
comunidade. infantil: um diagnóstico e a construção de uma metodologia de
Outras questões importantes para este nível de educação análise. Nesse documento, constatou-se que são inúmeras e
são tratadas na LDB, como as que se referem à formação dos diversas as propostas de currículo para a educação infantil que
profissionais, as relativas à educação especial e à avaliação. têm sido elaboradas, nas últimas décadas, em várias partes do
Considerando a grande distância entre o que diz o texto Brasil. Essas propostas, tão diversas e heterogêneas quanto o
legal e a realidade da educação infantil, a LDB dispõe no título é a sociedade brasileira, refletem o nível de articulação de três
IX, Das Disposições Transitórias, art. 89, que: “As creches e instâncias determinantes na construção de um projeto
pré-escolas existentes ou que venham a ser criadas deverão, educativo para a educação infantil. São elas: a das práticas
no prazo de três anos, a contar da publicação desta Lei, sociais, a das políticas públicas e a da sistematização dos
integrar-se ao respectivo sistema de ensino”. No título IV, que conhecimentos pertinentes a essa etapa educacional. Porém,
trata da organização da Educação Nacional, art. 11, V, se essa vasta produção revela a riqueza de soluções
considera-se que: “Os Municípios incumbir-se-ão de: (...) encontradas nas diferentes regiões brasileiras, ela revela,
oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com também, as desigualdades de condições institucionais para a
prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em garantia da qualidade nessa etapa educacional.
outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas Considerando e respeitando a pluralidade e diversidade da
plenamente as necessidades de sua área de competência e com sociedade brasileira e das diversas propostas curriculares de
recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela educação infantil existentes, este Referencial é uma proposta
Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do aberta, flexível e não obrigatória, que poderá subsidiar os
ensino. Porém, reafirma, no art. 9º, IV, que: “A União incumbir- sistemas educacionais, que assim o desejarem, na elaboração
se-á de (...) estabelecer, em colaboração com os Estados, o ou implementação de programas e currículos condizentes com
Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes suas realidades e singularidades. Seu caráter não obrigatório
para a educação infantil (...) que nortearão os currículos e seus visa a favorecer o diálogo com propostas e currículos que se
conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica constroem no cotidiano das instituições, sejam creches, pré-
comum”. escolas ou nos diversos grupos de formação existentes nos
De acordo com a LDB e considerando seu papel e sua diferentes sistemas.
responsabilidade na indução, proposição e avaliação das Nessa perspectiva, o uso deste Referencial só tem sentido
políticas públicas relativas à educação nacional, o Ministério se traduzir a vontade dos sujeitos envolvidos com a educação
da Educação e do Desporto propõe, por meio deste documento, das crianças, sejam pais, professores, técnicos e funcionários
um Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. de incorporá-lo no projeto educativo da instituição ao qual
Características do Referencial Curricular Nacional para estão ligados.
a Educação Infantil Se por um lado, o Referencial pode funcionar como
Este documento constitui-se em um conjunto de elemento orientador de ações na busca da melhoria de
referências e orientações pedagógicas que visam a contribuir qualidade da educação infantil brasileira, por outro, não tem a
com a implantação ou implementação de práticas educativas pretensão de resolver os complexos problemas dessa etapa
de qualidade que possam promover e ampliar as condições educacional. A busca da qualidade do atendimento envolve
necessárias para o exercício da cidadania das crianças questões amplas ligadas às políticas públicas, às decisões de
brasileiras. ordem orçamentária, à implantação de políticas de recursos
Sua função é contribuir com as políticas e programas de humanos, ao estabelecimento de padrões de atendimento que
educação infantil, socializando informações, discussões e garantam espaço físico adequado, materiais em quantidade e
pesquisas, subsidiando o trabalho educativo de técnicos, qualidade suficientes e à adoção de propostas educacionais
professores e demais profissionais da educação infantil e compatíveis com a faixa etária nas diferentes modalidades de
apoiando os sistemas de ensino estaduais e municipais. atendimento, para as quais este Referencial pretende dar sua
Considerando-se as especificidades afetivas, emocionais, contribuição.
sociais e cognitivas das crianças, a qualidade das experiências

Conhecimentos Específicos 103


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APOSTILAS OPÇÃO

Algumas considerações sobre creches e pré-escolas entende que a educação deve principalmente promover a
construção das estruturas cognitivas e aquela que enfatiza a
O atendimento institucional à criança pequena, no Brasil e construção de conhecimentos como meta da educação, pouco
no mundo, apresenta ao longo de sua história concepções contribui porque o desenvolvimento das capacidades
bastante divergentes sobre sua finalidade social. Grande parte cognitivas do pensamento humano mantém uma relação
dessas instituições nasceram com o objetivo de atender estreita com o processo das aprendizagens específicas que as
exclusivamente às crianças de baixa renda. O uso de creches e experiências educacionais podem proporcionar. Polêmicas
de programas pré-escolares como estratégia para combater a sobre cuidar e educar, sobre o papel do afeto na relação
pobreza e resolver problemas ligados à sobrevivência das pedagógica e sobre educar para o desenvolvimento ou para o
crianças foi, durante muitos anos, justificativa para a conhecimento tem constituído, portanto, o panorama de fundo
existência de atendimentos de baixo custo, com aplicações sobre o qual se constroem as propostas em educação infantil.
orçamentárias insuficientes, escassez de recursos materiais; A elaboração de propostas educacionais veicula
precariedade de instalações; formação insuficiente de seus necessariamente concepções sobre criança, educar, cuidar e
profissionais e alta proporção de crianças por adultos. aprendizagem, cujos fundamentos devem ser considerados de
Constituir-se em um equipamento só para pobres, maneira explícita.
principalmente no caso das instituições de educação infantil,
financiadas ou mantidas pelo poder público, significou em A criança
muitas situações atuar de forma compensatória para sanar as
supostas faltas e carências das crianças e de suas famílias. A A concepção de criança é uma noção historicamente
tônica do trabalho institucional foi pautada por uma visão que construída e consequentemente vem mudando ao longo
estigmatizava a população de baixa renda. Nessa perspectiva, dos tempos, não se apresentando de forma homogênea
o atendimento era entendido como um favor oferecido para nem mesmo no interior de uma mesma sociedade e época.
poucos, selecionados por critérios excludentes. A concepção Assim é possível que, por exemplo, em uma mesma cidade
educacional era marcada por características assistencialistas, existam diferentes maneiras de se considerar as crianças
sem considerar as questões de cidadania ligadas aos ideais de pequenas dependendo da classe social a qual pertencem
liberdade e igualdade. do grupo étnico do qual fazem parte. Boa parte das
Modificar essa concepção de educação assistencialista crianças pequenas brasileiras enfrenta um cotidiano
significa atentar para várias questões que vão muito além dos bastante adverso que as conduz desde muito cedo a
aspectos legais. Envolve, principalmente, assumir as precárias condições de vida e ao trabalho infantil, ao
especificidades da educação infantil e rever concepções sobre abuso e exploração por parte de adultos. Outras crianças
a infância, as relações entre classes sociais, as são protegidas de todas as maneiras, recebendo de suas
responsabilidades da sociedade e o papel do Estado diante das famílias e da sociedade em geral todos os cuidados
crianças pequenas. necessários ao seu desenvolvimento. Essa dualidade
Embora haja um consenso sobre a necessidade de que a revela a contradição e conflito de uma sociedade que não
educação para as crianças pequenas deva promover a resolveu ainda as grandes desigualdades sociais
integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, presentes no cotidiano.
cognitivos e sociais da criança, considerando que esta é um ser A criança como todo ser humano, é um sujeito social e
completo e indivisível, as divergências estão exatamente no histórico e faz parte de uma organização familiar que está
que se entende sobre o que seja trabalhar com cada um desses inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em
aspectos. um determinado momento histórico. É profundamente
Há práticas que privilegiam os cuidados físicos, partindo marcada pelo meio social em que se desenvolvem, mas
de concepções que compreendem a criança pequena como também o marca. A criança tem na família, biológica ou não,
carente, frágil, dependente e passiva, e que levam à construção um ponto de referência fundamental, apesar da multiplicidade
de procedimentos e rotinas rígidas, dependentes todo o tempo de interações sociais que estabelece com outras instituições
da ação direta do adulto. Isso resulta em períodos longos de sociais.
espera entre um cuidado e outro, sem que a singularidade e As crianças possuem uma natureza singular, que as
individualidade de cada criança seja respeitada. Essas práticas caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um
tolhem a possibilidade de independência e as oportunidades jeito muito próprio. Nas interações que estabelecem desde
das crianças de aprenderem sobre o cuidado de si, do outro e cedo com as pessoas que lhe são próximas e com o meio que as
do ambiente. Em concepções mais abrangentes os cuidados circunda, as crianças revelam seu esforço para compreender o
são compreendidos como aqueles referentes à proteção, saúde mundo em que vivem, as relações contraditórias que
e alimentação, incluindo as necessidades de afeto, interação, presenciam e, por meio das brincadeiras, explicitam as
estimulação, segurança e brincadeiras que possibilitem a condições de vida a que estão submetidas e seus anseios e
exploração e a descoberta. desejos. No processo de construção do conhecimento, as
Outras práticas têm privilegiado as necessidades crianças se utilizam das mais diferentes linguagens e exercem
emocionais apresentando os mais diversos enfoques ao longo a capacidade que possuem de terem ideias e hipóteses
da história do atendimento infantil. A preocupação com o originais sobre aquilo que buscam desvendar. Nessa
desenvolvimento emocional da criança pequena resultou em perspectiva as crianças constroem o conhecimento a partir das
propostas nas quais, principalmente nas creches, os interações que estabelecem com as outras pessoas e com o
profissionais deveriam atuar como substitutos maternos. meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia
Outra tendência foi usar o espaço de educação infantil para da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação,
o desenvolvimento de uma pedagogia relacional, baseada significação e ressignificação.
exclusivamente no estabelecimento de relações pessoais Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das
intensas entre adultos e crianças. Desenvolvimento cognitivo crianças serem e estarem no mundo é o grande desafio da
é outro assunto polêmico presente em algumas práticas. educação infantil e de seus profissionais. Embora os
O termo “cognitivo” aparece ora especificamente ligado ao conhecimentos derivados da psicologia, antropologia,
desenvolvimento das estruturas do pensamento, ou seja, da sociologia, medicina etc. possam ser de grande valia para
capacidade de generalizar, recordar, formar conceitos e desvelar o universo infantil apontando algumas características
raciocinar logicamente, ora se referindo a aprendizagens de comuns de ser das crianças, elas permanecem únicas em suas
conteúdos específicos. A polêmica entre a concepção que individualidades e diferenças.

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Educar sociocultural. Pode-se dizer que além daquelas que preservam


a vida orgânica, as necessidades afetivas são também base
Nas últimas décadas, os debates em nível nacional e para o desenvolvimento infantil.
internacional apontam para a necessidade de que as A identificação dessas necessidades sentidas e expressas
instituições de educação infantil incorporem de maneira pelas crianças, depende também da compreensão que o adulto
integrada as funções de educar e cuidar, não mais tem das várias formas de comunicação que elas, em cada faixa
diferenciando nem hierarquizando os profissionais e etária possuem e desenvolvem. Prestar atenção e valorizar o
instituições que atuam com as crianças pequenas e/ou aqueles choro de um bebê e responder a ele com um cuidado ou outro
que trabalham com as maiores. As novas funções para a depende de como é interpretada a expressão de choro, e dos
educação infantil devem estar associadas a padrões de recursos existentes para responder a ele. É possível que alguns
qualidade. Essa qualidade advém de concepções de adultos conversem com o bebê tentando acalmá-lo, ou que
desenvolvimento que consideram as crianças nos seus peguem-no imediatamente no colo, embalando-o. Em
contextos sociais, ambientais, culturais e, mais concretamente, determinados contextos socioculturais, é possível que o adulto
nas interações e práticas sociais que lhes fornecem elementos que cuida da criança, tendo como base concepções de
relacionados às mais diversas linguagens e ao contato com os desenvolvimento e aprendizagem infantis, de educação e
mais variados conhecimentos para a construção de uma saúde, acredite que os bebês devem aprender a permanecer no
identidade autônoma. berço, após serem alimentados e higienizados, e, portanto, não
A instituição de educação infantil deve tornar acessível a considerem o embalo como um cuidado, mas como uma ação
todas as crianças que a frequentam, indiscriminadamente, que pode “acostumar mal” a criança. Em outras culturas, o
elementos da cultura que enriquecem o seu desenvolvimento embalo tem uma grande importância no cuidado de bebês,
e inserção social. Cumpre um papel socializador, propiciando tanto que existem berços próprios para embalar.
o desenvolvimento da identidade das crianças, por meio de O cuidado precisa considerar, principalmente, as
aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de necessidades das crianças, que quando observadas, ouvidas e
interação. respeitadas, podem dar pistas importantes sobre a qualidade
Na instituição de educação infantil, pode-se oferecer às do que estão recebendo. Os procedimentos de cuidado
crianças condições para as aprendizagens que ocorrem nas também precisam seguir os princípios de promoção à saúde.
brincadeiras e aquelas advindas de situações pedagógicas Para se atingir os objetivos dos cuidados com a preservação da
intencionais ou aprendizagens orientadas pelos adultos. É vida e com o desenvolvimento das capacidades humanas, é
importante ressaltar, porém, que essas aprendizagens, de necessário que as atitudes e procedimentos estejam baseados
natureza diversa, ocorrem de maneira integrada no processo em conhecimentos específicos sobre o desenvolvimento
de desenvolvimento infantil. biológico, emocional, e intelectual das crianças, levando em
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, consideração as diferentes realidades socioculturais.
brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e Para cuidar é preciso antes de tudo estar comprometido
que possam contribuir para o desenvolvimento das com o outro, com sua singularidade, ser solidário com suas
capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar necessidades, confiando em suas capacidades. Disso depende
com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e a construção de um vínculo entre quem cuida e quem é
confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais cuidado.
amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a Além da dimensão afetiva e relacional do cuidado, é
educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades preciso que o professor possa ajudar a criança a identificar
de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, suas necessidades e priorizá-las, assim como atendê-las de
afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de forma adequada. Assim, cuidar da criança é sobretudo dar
contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. atenção a ela como pessoa que está num contínuo crescimento
e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade,
Cuidar identificando e respondendo às suas necessidades. Isto inclui
interessar-se sobre o que a criança sente, pensa, o que ela sabe
Contemplar o cuidado na esfera da instituição da educação sobre si e sobre o mundo, visando à ampliação deste
infantil significa compreendê-lo como parte integrante da conhecimento e de suas habilidades, que aos poucos a
educação, embora possa exigir conhecimentos, habilidades e tornarão mais independente e mais autônoma.
instrumentos que extrapolam a dimensão pedagógica. Ou seja,
cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda a Brincar
integração de vários campos de conhecimentos e a cooperação
de profissionais de diferentes áreas. Para que as crianças possam exercer sua capacidade de
A base do cuidado humano é compreender como ajudar o criar é imprescindível que haja riqueza e diversidade nas
outro a se desenvolver como ser humano. Cuidar significa experiências que lhes são oferecidas nas instituições, sejam
valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O cuidado é um elas mais voltadas às brincadeiras ou às aprendizagens que
ato em relação ao outro e a si próprio que possui uma ocorrem por meio de uma intervenção direta.
dimensão expressiva e implica em procedimentos específicos. A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um
O desenvolvimento integral depende tanto dos cuidados vínculo essencial com aquilo que é o “não-brincar”. Se a
relacionais, que envolvem a dimensão afetiva e dos cuidados brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação isto
com os aspectos biológicos do corpo, como a qualidade da implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem
alimentação e dos cuidados com a saúde, quanto da forma simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da
como esses cuidados são oferecidos e das oportunidades de diferença existente entre a brincadeira e a realidade imediata
acesso a conhecimentos variados. que lhe forneceu conteúdo para realizar-se. Nesse sentido,
As atitudes e procedimentos de cuidado são influenciados para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade
por crenças e valores em torno da saúde, da educação e do imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa
desenvolvimento infantil. Embora as necessidades humanas peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação
básicas sejam comuns, como alimentar-se, proteger-se etc. as entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira
formas de identifica-las, valorizá-las e atendê-las são é uma imitação transformada, no plano das emoções e das
construídas socialmente. As necessidades básicas podem ser ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada.
modificadas e acrescidas de outras de acordo com o contexto

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Isso significa que uma criança que, por exemplo, bate (também chamados de jogos de tabuleiro), jogos tradicionais,
ritmicamente com os pés no chão e imagina-se cavalgando um didáticos, corporais etc., propiciam a ampliação dos
cavalo, está orientando sua ação pelo significado da situação e conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica.
por uma atitude mental e não somente pela percepção É o adulto, na figura do professor, portanto, que, na
imediata dos objetos e situações. instituição infantil, ajuda a estruturar o campo das
No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os brincadeiras na vida das crianças. Consequentemente é ele que
espaços valem e significam outra coisa daquilo que aparentam organiza sua base estrutural, por meio da oferta de
ser. Ao brincar as crianças recriam e repensam os determinados objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, da
acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que estão delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para brincar.
brincando. Por meio das brincadeiras os professores podem observar
O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das
papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando
papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de suas capacidades de uso das linguagens, assim como de suas
maneira não-literal, transferindo e substituindo suas ações capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que
cotidianas pelas ações e características do papel assumido, dispõem.
utilizando-se de objetos substitutos. A intervenção intencional baseada na observação das
A brincadeira favorece a autoestima das crianças, brincadeiras das crianças, oferecendo-lhes material adequado,
auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de assim como um espaço estruturado para brincar permite o
forma criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização enriquecimento das competências imaginativas, criativas e
de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos organizacionais infantis. Cabe ao professor organizar
sociais diversos. situações para que as brincadeiras ocorram de maneira
Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no diversificada para propiciar às crianças a possibilidade de
em um espaço singular de constituição infantil. escolherem os temas, papéis, objetos e companheiros com
Nas brincadeiras, as crianças transformam os quem brincar ou os jogos de regras e de construção, e assim
conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos elaborarem de forma pessoal e independente suas emoções,
gerais com os quais brinca. Por exemplo, para assumir um sentimentos, conhecimentos e regras sociais.
determinado papel numa brincadeira, a criança deve conhecer É preciso que o professor tenha consciência que na
alguma de suas características. brincadeira as crianças recriam e estabilizam aquilo que
Seus conhecimentos provêm da imitação de alguém ou de sabem sobre as mais diversas esferas do conhecimento, em
algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em uma atividade espontânea e imaginativa. Nessa perspectiva
outros ambientes, do relato de um colega ou de um adulto, de não se deve confundir situações nas quais se objetiva
cenas assistidas na televisão, no cinema ou narradas em livros determinadas aprendizagens relativas a conceitos,
etc. A fonte de seus conhecimentos é múltipla, mas estes procedimentos ou atitudes explícitas com aquelas nas quais os
encontram-se, ainda, fragmentados. É no ato de brincar que a conhecimentos são experimentados de uma maneira
criança estabelece os diferentes vínculos entre as espontânea e destituída de objetivos imediatos pelas crianças.
características do papel assumido, suas competências e as Pode-se, entretanto, utilizar os jogos, especialmente aqueles
relações que possuem com outros papéis, tomando que possuem regras, como atividades didáticas. É preciso,
consciência disto e generalizando para outras situações. porém, que o professor tenha consciência que as crianças não
Para brincar é preciso que as crianças tenham certa estarão brincando livremente nestas situações, pois há
independência para escolher seus companheiros e os papéis objetivos didáticos em questão.
que irão assumir no interior de um determinado tema e
enredo, cujos desenvolvimentos dependem unicamente da Aprender em situações orientadas
vontade de quem brinca.
Pela oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas A organização de situações de aprendizagens
e criadas por elas mesmas, as crianças podem acionar seus orientadas ou que dependem de uma intervenção direta
pensamentos para a resolução de problemas que lhe são do professor permite que as crianças trabalhem com
importantes e significativos. Propiciando a brincadeira, diversos conhecimentos. Estas aprendizagens devem
portanto, cria-se um espaço no qual as crianças podem estar baseadas não apenas nas propostas dos professores,
experimentar o mundo e internalizar uma compreensão mas, essencialmente, na escuta das crianças e na
particular sobre as pessoas, os sentimentos e os diversos compreensão do papel que desempenham a
conhecimentos. experimentação e o erro na construção do conhecimento.
O brincar apresenta-se por meio de várias categorias de A intervenção do professor é necessária para que, na
experiências que são diferenciadas pelo uso do material ou dos instituição de educação infantil, as crianças possam, em
recursos predominantemente implicados. Essas categorias situações de interação social ou sozinhas, ampliar suas
incluem: o movimento e as mudanças da percepção capacidades de apropriação dos conceitos, dos códigos sociais
resultantes essencialmente da mobilidade física das crianças; e das diferentes linguagens, por meio da expressão e
a relação com os objetos e suas propriedades físicas assim comunicação de sentimentos e ideias, da experimentação, da
como a combinação e associação entre eles; a linguagem oral e reflexão, da elaboração de perguntas e respostas, da
gestual que oferecem vários níveis de organização a serem construção de objetos e brinquedos etc. Para isso, o professor
utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis, deve conhecer e considerar as singularidades das crianças de
situações, valores e atitudes que se referem à forma como o diferentes idades, assim como a diversidade de hábitos,
universo social se constrói; e, finalmente, os limites definidos costumes, valores, crenças, etnias etc. das crianças com as
pelas regras, constituindo-se em um recurso fundamental para quais trabalha respeitando suas diferenças e ampliando suas
brincar. Estas categorias de experiências podem ser agrupadas pautas de socialização.
em três modalidades básicas, quais sejam, brincar de faz-de- Nessa perspectiva, o professor é mediador entre as
conta ou com papéis, considerada como atividade fundamental crianças e os objetos de conhecimento, organizando e
da qual se originam todas as outras; brincar com materiais de propiciando espaços e situações de aprendizagens que
construção e brincar com regras. articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais,
As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de construção e sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos
aqueles que possuem regras, como os jogos de sociedade prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de

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conhecimento humano. Na instituição de educação infantil o quando o professor organiza as situações para que as crianças
professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, compartilhem seus percursos individuais na elaboração dos
por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente diferentes trabalhos realizados.
rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de Portanto, é importante frisar que as crianças se
experiências educativas e sociais variadas. desenvolvem em situações de interação social, nas quais
Para que as aprendizagens infantis ocorram com sucesso, conflitos e negociação de sentimentos, ideias e soluções são
é preciso que o professor considere, na organização do elementos indispensáveis.
trabalho educativo: O âmbito social oferece, portanto, ocasiões únicas para
elaborar estratégias de pensamento e de ação, possibilitando a
- a interação com crianças da mesma idade e de idades ampliação das hipóteses infantis. Pode-se estabelecer, nesse
diferentes em situações diversas como fator de promoção da processo, uma rede de reflexão e construção de
aprendizagem e do desenvolvimento e da capacidade de conhecimentos na qual tanto os parceiros mais experientes
relacionar-se; quanto os menos experientes têm seu papel na interpretação
- os conhecimentos prévios de qualquer natureza, que as e ensaio de soluções. A interação permite que se crie uma
crianças já possuem sobre o assunto, já que elas aprendem por situação de ajuda na qual as crianças avancem no seu processo
meio de uma construção interna ao relacionar suas ideias com de aprendizagem.
as novas informações de que dispõem e com as interações que
estabelece; Diversidade e Individualidade
- a individualidade e a diversidade;
- o grau de desafio que as atividades apresentam e o fato de Cabe ao professor a tarefa de individualizar as situações de
que devam ser significativas e apresentadas de maneira aprendizagens oferecidas às crianças, considerando suas
integrada para as crianças e o mais próximas possíveis das capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas assim
práticas sociais reais; como os conhecimentos que possuem dos mais diferentes
- a resolução de problemas como forma de aprendizagem. assuntos e suas origens socioculturais diversas. Isso significa
que o professor deve planejar e oferecer uma gama variada de
Essas considerações podem estruturar-se nas seguintes experiências que responda, simultaneamente, às demandas do
condições gerais relativas às aprendizagens infantis a serem grupo e às individualidades de cada criança.
seguidas pelo professor em sua prática educativa. Considerar que as crianças são diferentes entre si, implica
propiciar uma educação baseada em condições de
Interação aprendizagem que respeitem suas necessidades e ritmos
individuais, visando a ampliar e a enriquecer as capacidades
A interação social em situações diversas é uma das de cada criança, considerando as como pessoas singulares e
estratégias mais importantes do professor para a com características próprias. Individualizar a educação
promoção de aprendizagens pelas crianças. Assim, cabe infantil, ao contrário do que se poderia supor, não é marcar e
ao professor propiciar situações de conversa, estigmatizar as crianças pelo que diferem, mas levar em conta
brincadeiras ou de aprendizagens orientadas que suas singularidades, respeitando-as e valorizando-as como
garantam a troca entre as crianças, de forma a que possam fator de enriquecimento pessoal e cultural.
comunicar-se e expressar-se, demonstrando seus modos
de agir, de pensar e de sentir, em um ambiente acolhedor Aprendizagem significativa e conhecimentos prévios
e que propicie a confiança e a autoestima.
Os assuntos trabalhados com as crianças devem guardar
A existência de um ambiente acolhedor, porém, não relações específicas com os níveis de desenvolvimento das
significa eliminar os conflitos, disputas e divergências crianças em cada grupo e faixa etária e, também, respeitar e
presentes nas interações sociais, mas pressupõe que o propiciar a amplitude das mais diversas experiências em
professor forneça elementos afetivos e de linguagem para que relação aos eixos de trabalho propostos.
as crianças aprendam a conviver, buscando as soluções mais O processo que permite a construção de aprendizagens
adequadas para as situações com as quais se defrontam significativas pelas crianças requer uma intensa atividade
diariamente. As capacidades de interação, porém, são também interna por parte delas. Nessa atividade, as crianças podem
desenvolvidas quando as crianças podem ficar sozinhas, estabelecer relações entre novos conteúdos e os
quando elaboram suas descobertas e sentimentos e constroem conhecimentos prévios (conhecimentos que já possuem),
um sentido de propriedade para as ações e pensamentos já usando para isso os recursos de que dispõem. Esse processo
compartilhados com outras crianças e com os adultos, o que possibilitará a elas modificarem seus conhecimentos prévios,
vai potencializar novas interações. Nas situações de troca, matizá-los, ampliá-los ou diferenciá-los em função de novas
podem desenvolver os conhecimentos e recursos de que informações, capacitando-as a realizar novas aprendizagens,
dispõem, confrontando-os e reformulando-os. tornando-as significativas.
Nessa perspectiva, o professor deve refletir e discutir com É, portanto, função do professor considerar, como ponto
seus pares sobre os critérios utilizados na organização dos de partida para sua ação educativa, os conhecimentos que as
agrupamentos e das situações de interação, mesmo entre crianças possuem, advindos das mais variadas experiências
bebês, visando, sempre que possível, a auxiliar as trocas entre sociais, afetivas e cognitivas a que estão expostas. Detectar os
as crianças e, ao mesmo tempo, garantir-lhes o espaço da conhecimentos prévios das crianças não é uma tarefa fácil.
individualidade. Assim, em determinadas situações, é Implica que o professor estabeleça estratégias didáticas para
aconselhável que crianças com níveis de desenvolvimento fazê-lo. Quanto menores são as crianças, mais difícil é a
diferenciados interajam; em outras, deve-se garantir uma explicitação de tais conhecimentos, uma vez que elas não se
proximidade de crianças com interesses e níveis de comunicam verbalmente. A observação acurada das crianças é
desenvolvimento semelhantes. Propiciar a interação quer um instrumento essencial nesse processo. Os gestos,
dizer, portanto, considerar que as diferentes formas de sentir, movimentos corporais, sons produzidos, expressões faciais, as
expressar e comunicar a realidade pelas crianças resultam em brincadeiras e toda forma de expressão, representação e
respostas diversas que são trocadas entre elas e que garantem comunicação devem ser consideradas como fonte de
parte significativa de suas aprendizagens. Uma das formas de conhecimento para o professor sobre o que a criança já sabe.
propiciar essa troca é a socialização de suas descobertas, Com relação às crianças maiores, podem-se também criar

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situações intencionais nas quais elas sejam capazes de enriquecida de educação em geral, que deve contribuir para a
explicitar seus conhecimentos por meio das diversas integração na sociedade dos portadores de deficiência, de
linguagens a que têm acesso. condutas típicas e de altas habilidades. O Estatuto da Criança e
do Adolescente, em seu art. 54, III, afirma que: “É dever do
Resolução de Problemas estado assegurar à criança e ao adolescente (...) atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência,
Nas situações de aprendizagem o problema adquire um preferencialmente na rede regular de ensino”. O MEC
sentido importante quando as crianças buscam soluções e desenvolve, por intermédio de sua Secretaria de Educação
discutem-nas com as outras crianças. Não se trata de situações Especial (SEESP) uma política visando à integração das
que permitam “aplicar” o que já se sabe, mas sim daquelas que crianças portadoras de necessidades especiais ao sistema de
possibilitam produzir novos conhecimentos a partir dos que já ensino, propondo a inclusão destas crianças nas instituições de
se tem e em interação com novos desafios. Neste processo, o educação infantil.
professor deve reconhecer as diferentes soluções, socializando No mundo inteiro tem se observado iniciativas no sentido
os resultados encontrados. da inclusão cada vez maior das crianças com necessidades
especiais nos mais diversos espaços sociais, o que culmina hoje
Proximidade com as práticas sociais reais com a Declaração de Salamanca, de princípios, política e
prática das necessidades educativas especiais. Este
A prática educativa deve buscar situações de documento se inspira “no princípio de integração e no
aprendizagens que reproduzam contextos cotidianos nos reconhecimento da necessidade de ação para conseguir escola
quais, por exemplo, escrever, contar, ler, desenhar, procurar para todos, isto é, escolas que incluam todo mundo e conheçam
uma informação etc. tenha uma função real. Isto é, escreve-se as diferenças, promovam a aprendizagem e atendam às
para guardar uma informação, para enviar uma mensagem, necessidades de cada um”. A realidade brasileira, de uma
contam-se tampinhas para fazer uma coleção etc. forma geral, exige que se busque alternativas para a integração
do portador de deficiência, de maneira a garantir-lhe uma
Educar crianças com necessidades especiais convivência participativa.
A Escola Inclusiva é uma tendência internacional deste
As pessoas que apresentam necessidades especiais final de século. É considerada Escola Inclusiva aquela que abre
(portadores de deficiência mental, auditiva, visual, física e espaço para todas as crianças, abrangendo aquelas com
deficiência múltipla, e portadores de altas habilidades) necessidades especiais. O principal desafio da Escola Inclusiva
representam 10% da população brasileira e possuem, em sua é desenvolver uma pedagogia centrada na criança, capaz de
grande maioria, uma vasta experiência de exclusão que se educar a todas, sem discriminação, respeitando suas
traduz em grandes limitações nas possibilidades de convívio diferenças; uma escola que dê conta da diversidade das
social e usufruto dos equipamentos sociais (menos de 3% têm crianças e ofereça respostas adequadas às suas características
acesso a algum tipo de atendimento), além de serem e necessidades, solicitando apoio de instituições e
submetidas a diversos tipos de discriminação. especialistas quando isso se fizer necessário. É uma meta a ser
Uma ação educativa comprometida com a cidadania e com perseguida por todos aqueles comprometidos com o
a formação de uma sociedade democrática e não excludente fortalecimento de uma sociedade democrática, justa e
deve, necessariamente, promover o convívio com a solidária. As alternativas de atendimento educacional às
diversidade, que é marca da vida social brasileira. Essa crianças que apresentam necessidades educativas especiais,
diversidade inclui não somente as diversas culturas, os no Brasil, vão desde o atendimento em instituições
hábitos, os costumes, mas também as competências, as especializadas até a completa integração nas várias
particularidades de cada um. instituições de educação.
Aprender a conviver e relacionar-se com pessoas que A qualidade do processo de integração depende da
possuem habilidades e competências diferentes, que possuem estrutura organizacional da instituição, pressupondo
expressões culturais e marcas sociais próprias, é condição propostas que considerem:
necessária para o desenvolvimento de valores éticos, como a
dignidade do ser humano, o respeito ao outro, a igualdade e a - grau de deficiência e as potencialidades de cada criança;
equidade e a solidariedade. A criança que conviver com a - idade cronológica;
diversidade nas instituições educativas, poderá aprender - disponibilidade de recursos humanos e materiais
muito com ela. Pelo lado das crianças que apresentam existentes na comunidade;
necessidades especiais, o convívio com as outras crianças se - condições socioeconômicas e culturais da região;
torna benéfico na medida em que representa uma inserção de - estágio de desenvolvimento dos serviços de educação
fato no universo social e favorece o desenvolvimento e a especial já implantado nas unidades federadas.
aprendizagem, permitindo a formação de vínculos
estimuladores, o confronto com a diferença e o trabalho com a Para que o processo de integração dessas crianças possa
própria dificuldade. acontecer de fato, há que se envolver toda a comunidade, de
Os avanços no pensamento sociológico, filosófico e legal forma a que o trabalho desenvolvido tenha sustentação. É
vêm exigindo, por parte do sistema educacional brasileiro, o preciso considerar este trabalho como parte do projeto
abandono de práticas segregacionistas que, ao longo da educativo da instituição.
história, marginalizaram e estigmatizaram pessoas com
diferenças individuais acentuadas. A LDB, no seu capítulo V, Da O Professor de Educação Infantil
Educação Especial, parágrafo 3°, determina que: “A oferta de
educação especial, dever constitucional do Estado, tem início Embora não existam informações abrangentes sobre os
na faixa etária de zero a cinco anos, durante a educação profissionais que atuam diretamente com as crianças nas
infantil”. creches e pré-escolas do país, vários estudos têm mostrado
A Educação Especial, termo cunhado para a educação que muitos destes profissionais ainda não têm formação
dirigida aos portadores de deficiência, de condutas típicas e de adequada, recebem remuneração baixa e trabalham sob
altas habilidades, é considerada pela Constituição brasileira, condições bastante precárias. Se na pré-escola, constata-se,
como parte inseparável do direito à educação. A posição da ainda hoje, uma pequena parcela de profissionais
UNESCO, considera a educação especial como uma forma considerados leigos, nas creches ainda é significativo o

Conhecimentos Específicos 108


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número de profissionais sem formação escolar mínima cuja A implementação e/ou implantação de uma proposta
denominação é variada: berçarista, auxiliar de curricular de qualidade depende, principalmente dos
desenvolvimento infantil, babá, pajem, monitor, recreacionista professores que trabalham nas instituições. Por meio de suas
etc. ações, que devem ser planejadas e compartilhadas com seus
A constatação dessa realidade nacional diversa e desigual, pares e outros profissionais da instituição, pode-se construir
porém, foi acompanhada, nas últimas décadas, de debates a projetos educativos de qualidade junto aos familiares e às
respeito das diversas concepções sobre criança, educação, crianças. A ideia que preside a construção de um projeto
atendimento institucional e reordenamento legislativo que educativo é a de que se trata de um processo sempre
devem determinar a formação de um novo profissional para inacabado, provisório e historicamente contextualizado que
responder às demandas atuais de educação da criança. As demanda reflexão e debates constantes com todas as pessoas
funções deste profissional vêm passando, portanto, por envolvidas e interessadas.
reformulações profundas. O que se esperava dele há algumas Para que os projetos educativos das instituições possam,
décadas não corresponde mais ao que se espera nos dias de fato, representar esse diálogo e debate constante, é preciso
atuais. Nessa perspectiva, os debates têm indicado a ter professores que estejam comprometidos com a prática
necessidade de uma formação mais abrangente e unificadora educacional, capazes de responder às demandas familiares e
para profissionais tanto de creches como de pré-escolas e de das crianças, assim como às questões específicas relativas aos
uma restruturação dos quadros de carreira que leve em cuidados e aprendizagens infantis.
consideração os conhecimentos já acumulados no exercício
profissional, como possibilite a atualização profissional. Organização do referencial curricular nacional para a
educação infantil
Em resposta a esse debate, a LDB dispõe, no título VI, art.
62 que: “A formação de docentes para atuar na educação A partir do diagnóstico realizado pela
básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura COEDI/DPE/SEF/MEC das propostas pedagógicas e dos
plena, admitida, como formação mínima para o exercício do currículos de educação infantil de vários estados e municípios
magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do brasileiros em 1996, pode-se observar alguns dados
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na importantes que contribuem para a reflexão sobre a
modalidade normal”. Considerando a necessidade de um organização curricular e seus componentes. Essa análise
período de transição que permita incorporar os profissionais aponta para o fato de que a maioria das propostas concebe a
cuja escolaridade ainda não é a exigida e buscando criança como um ser social, psicológico e histórico, tem no
proporcionar um tempo para adaptação das redes de ensino. construtivismo sua maior referência teórica, aponta o
Isto significa que as diferentes redes de ensino deverão universo cultural da criança como ponto de partida para o
colocar-se a tarefa de investir de maneira sistemática na trabalho e defende uma educação democrática e
capacitação e atualização permanente e em serviço de seus transformadora da realidade, que objetiva a formação de
professores (sejam das creches ou pré-escolas), aproveitando cidadãos críticos. Ao mesmo tempo, constata-se um grande
as experiências acumuladas daqueles que já vêm trabalhando desencontro entre os fundamentos teóricos adotados e as
com crianças há mais tempo e com qualidade. Ao mesmo orientações metodológicas. Não são explicitadas as formas que
tempo, deverão criar condições de formação regular de seus possibilitam a articulação entre o universo cultural das
profissionais, ampliando-lhes chances de acesso à carreira crianças, o desenvolvimento infantil e as áreas do
como professores de educação infantil, função que passa a lhes conhecimento.
ser garantida pela LDB, caso cumpridos os pré-requisitos. Com o objetivo de tornar visível uma possível forma de
Nessa perspectiva, faz-se necessário que estes profissionais, articulação, a estrutura do Referencial Curricular Nacional
nas instituições de educação infantil, tenham ou venham a ter para a Educação Infantil relaciona objetivos gerais e
uma formação inicial sólida e consistente acompanhada de específicos, conteúdos e orientações didáticas numa
adequada e permanente atualização em serviço. Assim, o perspectiva de operacionalização do processo educativo.
diálogo no interior da categoria tanto quanto os investimentos Para tanto estabelece uma integração curricular na qual os
na carreira e formação do profissional pelas redes de ensino é objetivos gerais para a educação infantil norteiam a definição
hoje um desafio presente, com vista à profissionalização do de objetivos específicos para os diferentes eixos de trabalho.
docente de educação infantil. Desses objetivos específicos decorrem os conteúdos que
Em consonância com a LDB, este Referencial utiliza a possibilitam concretizar as intenções educativas. O tratamento
denominação “professor de educação infantil” para designar didático que busca garantir a coerência entre objetivos e
todos os/as profissionais responsáveis pela educação direta conteúdos se explicita por meio das orientações didáticas.
das crianças, tenham eles/elas uma formação especializada ou Essa estrutura se apoia em uma organização por idades —
não. e se concretiza em dois âmbitos de experiências — Formação
Pessoal e Social e Conhecimento de Mundo — que são
Perfil profissional constituídos pelos seguintes eixos de trabalho: Identidade e
autonomia, Movimento, Artes visuais, Música, Linguagem oral
O trabalho direto com crianças pequenas exige que o e escrita, Natureza e sociedade, e Matemática.
professor tenha uma competência polivalente. Ser polivalente Cada documento de eixo se organiza em torno de uma
significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de estrutura comum, na qual estão explicitadas: as ideias e
naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos práticas correntes relacionadas ao eixo e à criança e aos
essenciais até conhecimentos específicos provenientes das seguintes componentes curriculares: objetivos; conteúdos e
diversas áreas do conhecimento. Este caráter polivalente orientações didáticas; orientações gerais para o professor e
demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do bibliografia.
profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz,
refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo com Organização por idade
seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e
buscando informações necessárias para o trabalho que A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996,
desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre explicita no art. 30, capítulo II, seção II que: “A educação
a prática direta com as crianças a observação, o registro, o infantil será oferecida em: I - creches ou entidades
planejamento e a avaliação. equivalentes para crianças de até três anos de idade; II - pré-

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escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de momentâneos, as tradições específicas e as convenções de
idade”. grupos sociais particulares. O domínio progressivo das
Este Referencial Curricular Nacional para a Educação diferentes linguagens que favorecem a expressão e
Infantil adota a mesma divisão por faixas etárias contemplada comunicação de sentimentos, emoções e ideias das crianças,
nas disposições iniciais da LDB. Embora arbitrária do ponto de propiciam a interação com os outros e facilitam a mediação
vista das diversas teorias de desenvolvimento, buscou-se com a cultura e os conhecimentos constituídos. Incide sobre
apontar possíveis regularidades relacionadas aos aspectos aspectos essenciais do desenvolvimento e da aprendizagem e
afetivos, emocionais, cognitivos e sociais das crianças das engloba instrumentos fundamentais para as crianças
faixas etárias abrangidas. No entanto, em alguns documentos continuarem a aprender ao longo da vida.
fez-se uma diferenciação para os primeiros 12 meses de vida Destacam-se os seguintes eixos de trabalho: Movimento,
da criança, considerando-se as especificidades dessa idade. Artes visuais, Música, Linguagem oral e escrita, Natureza e
A opção pela organização dos objetivos, conteúdos e sociedade, Matemática.
orientações didáticas por faixas etárias e não pela designação Estes eixos foram escolhidos por se constituírem em uma
institucional — creche e pré-escola — pretendeu também parcela significativa da produção cultural humana que amplia
considerar a variação de faixas etárias encontradas nos vários e enriquece as condições de inserção das crianças na
programas de atendimento nas diferentes regiões do país, não sociedade.
identificadas com as determinações da LDB.
Componentes curriculares
Organização em âmbitos e eixos
Objetivos
Frente ao mundo sociocultural e natural que se apresenta
de maneira diversa e polissêmica optou-se por um recorte Os objetivos explicitam intenções educativas e
curricular que visa a instrumentalizar a ação do professor, estabelecem capacidades que as crianças poderão desenvolver
destacando os âmbitos de experiências essenciais que devem como consequência de ações intencionais do professor. Os
servir de referência para a prática educativa. Considerando-se objetivos auxiliam na seleção de conteúdos e meios didáticos.
as particularidades da faixa etária compreendida e suas A definição dos objetivos em termos de capacidades — e
formas específicas de aprender criou-se categorias não de comportamentos — visa a ampliar a possibilidade de
curriculares para organizar os conteúdos a serem trabalhados concretização das intenções educativas, uma vez que as
nas instituições de educação infantil. Esta organização visa a capacidades se expressam por meio de diversos
abranger diversos e múltiplos espaços de elaboração de comportamentos e as aprendizagens que convergem para ela
conhecimentos e de diferentes linguagens, a construção da podem ser de naturezas diversas. Ao estabelecer objetivos
identidade, os processos de socialização e o desenvolvimento nesses termos, o professor amplia suas possibilidades de
da autonomia das crianças que propiciam, por sua vez, as atendimento à diversidade apresentada pelas crianças,
aprendizagens consideradas essenciais. Os âmbitos são podendo considerar diferentes habilidades, interesses e
compreendidos como domínios ou campos de ação que dão maneiras de aprender no desenvolvimento de cada
visibilidade aos eixos de trabalho educativo para que o capacidade.
professor possa organizar sua prática e refletir sobre a Embora as crianças desenvolvam suas capacidades de
abrangência das experiências que propicia às crianças. maneira heterogênea, a educação tem por função criar
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil condições para o desenvolvimento integral de todas as
define dois âmbitos de experiências: Formação Pessoal e crianças, considerando, também, as possibilidades de
Social e Conhecimento de Mundo. É preciso ressaltar que esta aprendizagem que apresentam nas diferentes faixas etárias.
organização possui um caráter instrumental e didático, Para que isso ocorra, faz-se necessário uma atuação que
devendo os professores ter consciência, em sua prática propicia o desenvolvimento de capacidades envolvendo
educativa, que a construção de conhecimentos se processa de aquelas de ordem física, afetiva, cognitiva, ética, estética, de
maneira integrada e global e que há inter-relações entre os relação interpessoal e inserção social.
diferentes âmbitos a serem trabalhados com as crianças. As capacidades de ordem física estão associadas à
O âmbito de Formação Pessoal e Social refere-se às possibilidade de apropriação e conhecimento das
experiências que favorecem, prioritariamente, a potencialidades corporais, ao autoconhecimento, ao uso do
construção do sujeito. Está organizado de forma a corpo na expressão das emoções, ao deslocamento com
explicitar as complexas questões que envolvem o segurança.
desenvolvimento de capacidades de natureza global e As capacidades de ordem cognitiva estão associadas ao
afetiva das crianças, seus esquemas simbólicos de desenvolvimento dos recursos para pensar, o uso e
interação com os outros e com o meio, assim como a apropriação de formas de representação e comunicação
relação consigo mesmas. O trabalho com este âmbito envolvendo resolução de problemas.
pretende que as instituições possam oferecer condições As capacidades de ordem afetiva estão associadas à
para que as crianças aprendam a conviver, a ser e a estar construção da autoestima, às atitudes no convívio social, à
com os outros e consigo mesmas em uma atitude básica de compreensão de si mesmo e dos outros.
aceitação, de respeito e de confiança. As capacidades de ordem estética estão associadas à
Este âmbito abarca um eixo de trabalho denominado possibilidade de produção artística e apreciação desta
Identidade e autonomia. O âmbito de Conhecimento de produção oriundas de diferentes culturas.
Mundo se refere à construção das diferentes linguagens As capacidades de ordem ética estão associadas à
pelas crianças e às relações que estabelecem com os possibilidade de construção de valores que norteiam a ação
objetos de conhecimento. Este âmbito traz uma ênfase na das crianças.
relação das crianças com alguns aspectos da cultura. As capacidades de relação interpessoal estão associadas à
A cultura é aqui entendida de uma forma ampla e plural, possibilidade de estabelecimento de condições para o convívio
como o conjunto de códigos e produções simbólicas, científicas social. Isso implica aprender a conviver com as diferenças de
e sociais da humanidade construído ao longo das histórias dos temperamentos, de intenções, de hábitos e costumes, de
diversos grupos, englobando múltiplos aspectos e em cultura etc.
constante processo de reelaboração e ressignificação. Esta As capacidades de inserção social estão associadas à
ideia de cultura transcende, mas engloba os interesses possibilidade de cada criança perceber-se como membro

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participante de um grupo de uma comunidade e de uma animal, fazendo uma generalização provisória, o acesso a uma
sociedade. nova informação, por exemplo, o fato de que gatos diferem de
Para que se possa atingir os objetivos é necessário cachorros, permite-lhe reorganizar o conhecimento que
selecionar conteúdos que auxiliem o desenvolvimento destas possui e modificar a ideia que tem sobre o que é um cachorro.
capacidades. Esta conceitualização, ainda provisória, será suficiente por
algum tempo — até o momento em que ela entrar em contato
Conteúdos com um novo conhecimento.
Assim, deve-se ter claro que alguns conteúdos conceituais
As diferentes aprendizagens se dão por meio de sucessivas são possíveis de serem apropriados pelas crianças durante o
reorganizações do conhecimento, e este processo é período da educação infantil. Outros não, e estes necessitarão
protagonizado pelas crianças quando podem vivenciar de mais tempo para que possam ser construídos. Isso significa
experiências que lhes forneçam conteúdos apresentados de dizer que muitos conteúdos serão trabalhados com o objetivo
forma não simplificada e associados a práticas sociais reais. É apenas de promover aproximações a um determinado
importante marcar que não há aprendizagem sem conteúdos. conhecimento, de colaborar para elaboração de hipóteses e
Pesquisas e produções teóricas realizadas, principalmente para a manifestação de formas originais de expressão.
durante a última década, apontam a importância das Os conteúdos procedimentais referem-se ao saber fazer. A
aprendizagens específicas para os processos de aprendizagem de procedimentos está diretamente
desenvolvimento e socialização do ser humano, relacionada à possibilidade de a criança construir
ressignificando o papel dos conteúdos nos processos de instrumentos e estabelecer caminhos que lhes possibilitem a
aprendizagem. realização de suas ações. Longe de ser mecânica e destituída
Muitas das pautas culturais e saberes socialmente de sentido, a aprendizagem de procedimentos constitui-se em
constituídos são aprendidos por meio do contato direto ou um importante componente para o desenvolvimento das
indireto com atividades diversas, que ocorrem nas diferentes crianças, pois relaciona-se a um percurso de tomada de
situações de convívio social das quais as crianças participam decisões. Desenvolver procedimentos significa apropriar-se
no âmbito familiar e cotidiano. de “ferramentas” da cultura humana necessárias para viver.
Outras aprendizagens, no entanto, dependem de situações No que se refere à educação infantil, saber manipular
educativas criadas especialmente para que ocorram. O corretamente os objetos de uso cotidiano que existem à sua
planejamento dessas situações envolve a seleção de conteúdos volta, por exemplo, é um procedimento fundamental, que
específicos a essas aprendizagens. responde às necessidades imediatas para inserção no universo
Nessa perspectiva, este Referencial concebe os conteúdos, mais próximo. É o caso de vestir-se ou amarrar os sapatos, que
por um lado, como a concretização dos propósitos da constituem-se em ações procedimentais importantes no
instituição e, por outro, como um meio para que as crianças processo de conquista da independência. Dispor-se a
desenvolvam suas capacidades e exercitem sua maneira perguntar é uma atitude fundamental para o processo de
própria de pensar, sentir e ser, ampliando suas hipóteses aprendizagem. Da mesma forma, para que as crianças possam
acerca do mundo ao qual pertencem e constituindo-se em um exercer a cooperação, a solidariedade e o respeito, por
instrumento para a compreensão da realidade. Os conteúdos exemplo, é necessário que aprendam alguns procedimentos
abrangem, para além de fatos, conceitos e princípios, também importantes relacionados às formas de colaborar com o grupo,
os conhecimentos relacionados a procedimentos, atitudes, de ajudar e pedir ajuda etc.
valores e normas como objetos de aprendizagem. A Deve-se ter em conta que a aprendizagem de
explicitação de conteúdos de naturezas diversas aponta para a procedimentos será, muitas vezes, trabalhada de forma
necessidade de se trabalhar de forma intencional e integrada articulada com conteúdos conceituais e atitudinais.
com conteúdos que, na maioria das vezes, não são tratados de Os conteúdos atitudinais tratam dos valores, das normas e
forma explícita e consciente. das atitudes. Conceber valores, normas e atitudes como
Esta abordagem é didática e visa a destacar a importância conteúdos implicam torná-los explícitos e compreendê-los
de se dar um tratamento apropriado aos diferentes conteúdos, como passíveis de serem aprendidos e planejados.
instrumentalizando o planejamento do professor para que As instituições educativas têm uma função básica de
possa contemplar as seguintes categorias: os conteúdos socialização e, por esse motivo, têm sido sempre um contexto
conceituais que dizem respeito ao conhecimento de conceitos, gerador de atitudes. Isso significa dizer que os valores
fatos e princípios; os conteúdos procedimentais referem-se ao impregnam toda a prática educativa e são aprendidos pelas
“saber fazer” e os conteúdos atitudinais estão associados a crianças, ainda que não sejam considerados como conteúdos a
valores, atitudes e normas. serem trabalhados explicitamente, isto é, ainda que não sejam
Nos eixos de trabalho, estas categorias de conteúdos estão trabalhados de forma consciente e intencional. A
contempladas embora não estejam explicitadas de forma aprendizagem de conteúdos deste tipo implica uma prática
discriminada. coerente, onde os valores, as atitudes e as normas que se
A seguir, as categorias de conteúdos serão melhor pretende trabalhar estejam presentes desde as relações entre
explicadas de forma a subsidiar a reflexão e o planejamento do as pessoas até a seleção dos conteúdos, passando pela própria
professor. forma de organização da instituição. A falta de coerência entre
Os conteúdos conceituais referem-se à construção ativa o discurso e a prática é um dos fatores que promove o fracasso
das capacidades para operar com símbolos, ideias, imagens e do trabalho com os valores.
representações que permitem atribuir sentido à realidade. Nesse sentido, dar o exemplo evidencia que é possível agir
Desde os conceitos mais simples até os mais complexos, a de acordo com valores determinados. Do contrário, os valores
aprendizagem se dá por meio de um processo de constantes tornam-se vazios de sentido e aproximam-se mais de uma
idas e vindas, avanços e recuos nos quais as crianças utopia não realizável do que de uma realidade possível.
constroem ideias provisórias, ampliam-nas e modificam-nas, Para que as crianças possam aprender conteúdos
aproximando-se gradualmente de conceitualizações cada vez atitudinais, é necessário que o professor e todos os
mais precisas. profissionais que integram a instituição possam refletir sobre
O conceito que uma criança faz do que seja um cachorro, os valores que são transmitidos cotidianamente e sobre os
por exemplo, depende das experiências que ela tem que valores que se quer desenvolver. Isso significa um
envolvam seu contato com cachorros. Se num primeiro posicionamento claro sobre o quê e o como se aprende nas
momento, ela pode, por exemplo, designar como “Au-Au” todo instituições de educação infantil.

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Deve-se ter em conta que, por mais que se tenha a intenção constituindo-se em uma atividade que pode contribuir para o
de trabalhar com atitudes e valores, nunca a instituição dará desenvolvimento das crianças.
conta da totalidade do que há para ensinar. Isso significa dizer
que parte do que as crianças aprendem não é ensinado de Orientações Didáticas
forma sistemática e consciente e será aprendida de forma
incidental. Isso amplia a responsabilidade de cada um e de Os conteúdos estão intrinsecamente relacionados com a
todos com os valores e as atitudes que cultivam. forma como são trabalhados com as crianças. Se, de um lado, é
verdade que a concepção de aprendizagem adotada determina
Organização dos conteúdos por blocos o enfoque didático, é igualmente verdade, de outro lado, que
nem sempre esta relação se explicita de forma imediata. A
Os conteúdos são apresentados nos diversos eixos de prática educativa é bastante complexa e são inúmeras as
trabalho, organizados por blocos. Essa organização visa a questões que se apresentam no cotidiano e que transcendem
contemplar as dimensões essenciais de cada eixo e situar os o planejamento didático e a própria proposta curricular. Na
diferentes conteúdos dentro de um contexto organizador que perspectiva de explicitar algumas indicações sobre o enfoque
explicita suas especificidades por um lado e aponta para a sua didático e apoiar o trabalho do professor, as orientações
“origem” por outro. Por exemplo, é importante que o professor didáticas situam-se no espaço entre as intenções educativas e
saiba, ao ler uma história para as crianças, que está a prática. As orientações didáticas são subsídios que remetem
trabalhando não só a leitura, mas também, a fala, a escuta, e a ao “como fazer”, à intervenção direta do professor na
escrita; ou, quando organiza uma atividade de percurso, que promoção de atividades e cuidados alinhados com uma
está trabalhando tanto a percepção do espaço, como o concepção de criança e de educação.
equilíbrio e a coordenação da criança. Vale lembrar que estas orientações não representam um
Esses conhecimentos ajudam o professor a dirigir sua ação modelo fechado que define um padrão único de intervenção.
de forma mais consciente, ampliando as suas possibilidades de Pelo contrário, são indicações e sugestões para subsidiar a
trabalho. reflexão e a prática do professor.
Embora estejam elencados por eixos de trabalho, muitos Cada documento de eixo contém orientações didáticas
conteúdos encontram-se contemplados em mais de um eixo. gerais e as específicas aos diversos blocos de conteúdos. Nas
Essa opção visa a apontar para o tratamento integrado que orientações didáticas gerais explicitam-se condições relativas
deve ser dado aos conteúdos. Cabe ao professor organizar seu à: princípios gerais do eixo; organização do tempo, do espaço
planejamento de forma a aproveitar as possibilidades que cada e dos materiais; observação, registro e avaliação.
conteúdo oferece, não restringindo o trabalho a um único eixo,
em fragmentando o conhecimento. Organização do tempo

Seleção de conteúdos A rotina representa, também, a estrutura sobre a qual será


organizado o tempo didático, ou seja, o tempo de trabalho
Os conteúdos aqui elencados pretendem oferecer um educativo realizado com as crianças. A rotina deve envolver os
repertório que possa auxiliar o desenvolvimento das cuidados, as brincadeiras e as situações de aprendizagens
capacidades colocadas nos objetivos gerais. No entanto, orientadas. A apresentação de novos conteúdos às crianças
considerando as características particulares de cada grupo e requer sempre as mais diferentes estruturas didáticas, desde
suas necessidades, cabe ao professor selecioná-los e adequá- contar uma nova história, propor uma técnica diferente de
los de forma que sejam significativos para as crianças. desenho até situações mais elaboradas, como, por exemplo, o
Deve se ter em conta que o professor, com vistas a desenvolvimento de um projeto, que requer um planejamento
desenvolver determinada capacidade, pode priorizar cuidadoso com um encadeamento de ações que visam a
determinados conteúdos; trabalhá-los em diferentes desenvolver aprendizagens específicas. Estas estruturas
momentos do ano; voltar a eles diversas vezes, aprofundando- didáticas contêm múltiplas estratégias que são organizadas
os a cada vez etc. Como são múltiplas as possibilidades de em função das intenções educativas expressas no projeto
escolha de conteúdos, os critérios para selecioná-los devem se educativo, constituindo-se em um instrumento para o
atrelar ao grau de significado que têm para as crianças. É planejamento do professor. Podem ser agrupadas em três
importante, também, que o professor considere as grandes modalidades de organização do tempo. São elas:
possibilidades que os conteúdos oferecem para o avanço do atividades permanentes, sequência de atividades e projetos de
processo de aprendizagem e para a ampliação de trabalho.
conhecimento que possibilita.
Atividades permanentes
Integração dos conteúdos
São aquelas que respondem às necessidades básicas de
Os conteúdos são compreendidos, aqui, como cuidados, aprendizagem e de prazer para as crianças, cujos
instrumentos para analisar a realidade, não se constituindo conteúdos necessitam de uma constância. A escolha dos
um fim em si mesmos. Para que as crianças possam conteúdos que definem o tipo de atividades permanentes a
compreender a realidade na sua complexidade e enriquecer serem realizadas com frequência regular, diária ou semanal,
sua percepção sobre ela, os conteúdos devem ser trabalhados em cada grupo de crianças, depende das prioridades elencadas
de forma integrada, relacionados entre si. Essa integração a partir da proposta curricular. Consideram-se atividades
possibilita que a realidade seja analisada por diferentes permanentes, entre outras:
aspectos, sem fragmentá-la. Um passeio pela rua pode oferecer
elementos referentes à análise das paisagens, à identificação - brincadeiras no espaço interno e externo;
de características de diferentes grupos sociais, à presença de - roda de história;
animais, fenômenos da natureza, ao contato com a escrita e os - roda de conversas;
números presentes nas casas, placas etc., contextualizando - ateliês ou oficinas de desenho, pintura, modelagem e
cada elemento na complexidade do meio. música;
O mesmo passeio envolve, também, aprendizagens - atividades diversificadas ou ambientes organizados por
relativas à socialização, mobilizam sentimentos e emoções temas ou materiais à escolha da criança, incluindo momentos

Conhecimentos Específicos 112


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para que as crianças possam ficar sozinhas se assim o sequências de atividades e pode-se utilizar atividades
desejarem; permanentes já em curso.
- cuidados com o corpo. A característica principal dos projetos é a visibilidade final
do produto e a solução do problema compartilhado com as
Sequência de atividades crianças. Ao final de um projeto, pode-se dizer que a criança
aprendeu porque teve uma intensa participação que envolveu
São planejadas e orientadas com o objetivo de promover a resolução de problemas de naturezas diversas. Soma-se a
uma aprendizagem específica e definida. São sequenciadas todas essas características mais uma, ligada ao caráter lúdico
com intenção de oferecer desafios com graus diferentes de que os projetos na educação infantil têm. Se o projeto é sobre
complexidade para que as crianças possam ir paulatinamente castelos, reis, rainhas, as crianças podem incorporar em suas
resolvendo problemas a partir de diferentes proposições. brincadeiras conhecimentos que foram construindo, e o
Estas sequências derivam de um conteúdo retirado de um dos produto final pode ser um baile medieval. Há muitos projetos
eixos a serem trabalhados e estão necessariamente dentro de que envolvem a elaboração de bonecos do tamanho de adultos,
um contexto específico. Por exemplo: se o objetivo é fazer com outros a construção de circos, de maquetes, produtos que por
que as crianças avancem em relação à representação da figura si só já representam criação e diversão para as crianças, sem
humana por meio do desenho, pode-se planejar várias etapas contar o prazer que lhes dá de conhecer o mundo.
de trabalho para ajudá-las a reelaborar e enriquecer seus
conhecimentos prévios sobre esse assunto, como observação Organização do espaço e seleção dos materiais
de pessoas, de desenhos ou pinturas de artistas e de
fotografias; atividades de representação a partir destas A organização dos espaços e dos materiais se constitui em
observações; atividades de representação a partir de um instrumento fundamental para a prática educativa com
interferências previamente planejadas pelo educador etc. crianças pequenas. Isso implica que, para cada trabalho
realizado com as crianças, deve-se planejar a forma mais
Projetos de trabalho adequada de organizar o mobiliário dentro da sala, assim
como introduzir materiais específicos para a montagem de
Os projetos são conjuntos de atividades que trabalham ambientes novos, ligados aos projetos em curso. Além disso, a
com conhecimentos específicos construídos a partir de um dos aprendizagem transcende o espaço da sala, toma conta da área
eixos de trabalho que se organizam ao redor de um problema externa e de outros espaços da instituição e fora dela. A
para resolver ou um produto final que se quer obter. Possui pracinha, o supermercado, a feira, o circo, o zoológico, a
uma duração que pode variar conforme o objetivo, o biblioteca, a padaria etc. são mais do que locais para simples
desenrolar das várias etapas, o desejo e o interesse das passeio, podendo enriquecer e potencializar as aprendizagens.
crianças pelo assunto tratado. Comportam uma grande dose
de imprevisibilidade, podendo ser alterado sempre que Observação, registro e avaliação formativa
necessário, tendo inclusive modificações no produto final.
Alguns projetos, como fazer uma horta ou uma coleção, podem A observação e o registro se constituem nos principais
durar um ano inteiro, ao passo que outros, como, por exemplo, instrumentos de que o professor dispõe para apoiar sua
elaborar um livro de receitas, podem ter uma duração menor. prática. Por meio deles o professor pode registrar
Por partirem sempre de questões que necessitam ser contextualmente, os processos de aprendizagem das crianças;
respondidas, possibilitam um contato com as práticas sociais a qualidade das interações estabelecidas com outras crianças,
reais. Dependem, em grande parte, dos interesses das crianças, funcionários e com o professor e acompanhar os processos de
precisam ser significativos, representar uma questão comum desenvolvimento obtendo informações sobre as experiências
para todas e partir de uma indagação da realidade. É das crianças na instituição.
importante que os desafios apresentados sejam possíveis de Esta observação e seu registro fornecem aos professores
serem enfrentados pelo grupo de crianças. Um dos ganhos de uma visão integral das crianças ao mesmo tempo em que
se trabalhar com projetos é possibilitar às crianças que a partir revelam suas particularidades. São várias as maneiras pelas
de um assunto relacionado com um dos eixos de trabalho, quais a observação pode ser registrada pelos professores.
possam estabelecer múltiplas relações, ampliando suas ideias A escrita é, sem dúvida, a mais comum e acessível. O
sobre um assunto específico, buscando complementações com registro diário de suas observações, impressões, ideias etc.
conhecimentos pertinentes aos diferentes eixos. Esse pode compor um rico material de reflexão e ajuda para o
aprendizado serve de referência para outras situações, planejamento educativo. Outras formas de registro também
permitindo generalizações de ordens diversas. podem ser consideradas, como a gravação em áudio e vídeo;
A realização de um projeto depende de várias etapas de produções das crianças ao longo do tempo; fotografias etc.
trabalho que devem ser planejadas e negociadas com as A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, sancionada em
crianças para que elas possam se engajar e acompanhar o dezembro de 1996, estabelece, na Seção II, referente à
percurso até o produto final. O que se deseja alcançar justifica educação infantil, artigo 31 que: “... a avaliação far-se-á
as etapas de elaboração. O levantamento dos conhecimentos mediante o acompanhamento e registro do seu
prévios das crianças sobre o assunto em pauta deve se desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o
constituir no primeiro passo. A socialização do que o grupo já acesso ao ensino fundamental”.
sabe e o levantamento do que desejam saber, isto é, as dúvidas Existem ainda no Brasil práticas na educação infantil que
que possuem, pode se constituir na outra etapa. possuem um entendimento equivocado da avaliação nessa
Onde procurar as informações pode ser uma decisão etapa da educação, o que vem gerando sérios problemas, com
compartilhada com crianças, familiares e demais funcionários consequências preocupantes, sobretudo, para as crianças de
da instituição. Várias fontes de informações poderão ser determinadas camadas da sociedade. A mais grave é a
usadas, como livros, enciclopédias, trechos de filmes, análise existência das chamadas “classes de alfabetização” que
de imagens, entrevistas com as mais diferentes pessoas, visitas conferem à educação infantil o caráter de terminalidade. As
a recursos da comunidade etc. O registro dos conhecimentos crianças que frequentam essas classes não ingressam na
que vão sendo construídos pelas crianças deve permear todo primeira série do ensino fundamental, até que tenham
o trabalho, podendo incluir relatos escritos, fitas gravadas, atingido os padrões desejáveis de aprendizagem da leitura e
fotos, produção das crianças, desenhos etc. Os projetos contêm escrita. A essas crianças têm sido vedado, assim, o direito
constitucional de serem matriculadas na primeira série do

Conhecimentos Específicos 113


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ensino fundamental. Outras práticas de avaliação conferem às Objetivos gerais da educação infantil
produções das crianças: notas, conceitos, estrelas, carimbos
com desenhos de caras tristes ou alegres conforme o A prática da educação infantil deve se organizar de modo
julgamento do professor. A avaliação nessa etapa deve ser que as crianças desenvolvam as seguintes capacidades:
processual e destinada a auxiliar o processo de aprendizagem, - desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma
fortalecendo a autoestima das crianças. cada vez mais independente, com confiança em suas
Neste documento, a avaliação é entendida, capacidades e percepção de suas limitações;
prioritariamente, como um conjunto de ações que - descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo,
auxiliam o professor a refletir sobre as condições de suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando
aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática às hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar;
necessidades colocadas pelas crianças. É um elemento - estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e
indissociável do processo educativo que possibilita ao crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando
professor definir critérios para planejar as atividades e gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação
criar situações que gerem avanços na aprendizagem das social;
crianças. Tem como função acompanhar, orientar, regular - estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais,
e redirecionar esse processo como um todo. No que se aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de
refere às crianças, a avaliação deve permitir que elas vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo
acompanhem suas conquistas, suas dificuldades e suas atitudes de ajuda e colaboração;
possibilidades ao longo de seu processo de aprendizagem. - observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade,
Para que isso ocorra, o professor deve compartilhar com percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e
elas aquelas observações que sinalizam seus avanços e agente transformador do meio ambiente e valorizando atitudes
suas possibilidades de superação das dificuldades. que contribuam para sua conservação;
São várias as situações cotidianas nas quais isso já ocorre, - brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos,
como, por exemplo, quando o professor diz: “Olhe que bom, desejos e necessidades;
você já está conseguindo se servir sozinho”, ou quando torna - utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical,
observável para as crianças o que elas sabiam fazer quando plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e
chegaram na instituição com o que sabem até aquele situações de comunicação, de forma a compreender e ser
momento. Nessas situações, o retorno para as crianças se dá compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, necessidades
de forma contextualizada, o que fortalece a função formativa e desejos e avançar no seu processo de construção de
que deve ser atribuída à avaliação. Além dessas, existem significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade
outras situações que podem ser aproveitadas ou criadas com expressiva;
o objetivo de situar a criança frente ao seu processo de - conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando
aprendizagem. É importante que o professor tenha atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas e
consciência disso, para que possa atuar de forma cada vez mais valorizando a diversidade.
intencional. Isso significa definir melhor a quem se dirige a
avaliação — se ao grupo todo ou às crianças em particular; A instituição e o projeto educativo
qual o melhor momento para explicitá-la e como deve ser feito.
Esses momentos de retorno da avaliação para a criança devem O Referencial Curricular propõe um diálogo com
incidir prioritariamente sobre as suas conquistas. Apontar programas e projetos curriculares de instituições de educação
aquilo que a criança não consegue realizar ou não sabe, só faz infantil, nos estados e municípios. Este diálogo supõe atentar
sentido numa perspectiva de possível superação, quando o para duas dimensões complementares que possam garantir a
professor detém conhecimento sobre as reais possibilidades efetividade das propostas: uma de natureza externa; outra,
de avanço da criança e sobre as possibilidades que ele tem interna às instituições.
para ajudá-la. Do contrário, ao invés de potencializar a ação
das crianças e fortalecer a sua autoestima, a avaliação pode Condições externas
provocar-lhes um sentimento de impotência e fracasso. Outro
ponto importante de se marcar refere-se à representação que As particularidades de cada proposta curricular devem
a criança constrói sobre a avaliação. O professor deve ter estar vinculadas principalmente às características
consciência de que a forma como a avaliação é compreendida, socioculturais da comunidade na qual a instituição de
na instituição e por ele próprio, será de fundamental educação infantil está inserida e às necessidades e
importância para que a criança possa construir uma expectativas da população atendida. Conhecer bem essa
representação positiva da mesma. população permite compreender suas reais condições de vida,
A avaliação também é um excelente instrumento para que possibilitando eleger os temas mais relevantes para o processo
a instituição possa estabelecer suas prioridades para o educativo de modo a atender a diversidade existente em cada
trabalho educativo, identificar pontos que necessitam de grupo social.
maior atenção e reorientar a prática, definindo o que avaliar, Nos diferentes municípios, existe um conjunto de
como e quando em consonância com os princípios educativos conhecimentos, formas de viver e de se divertir, de se
que elege. manifestar religiosamente, de trabalhar etc. que se constitui
Para que possa se constituir como um instrumento voltado em uma cultura própria. A valorização e incorporação desta
para reorientar a prática educativa, a avaliação deve se dar de cultura no currículo das instituições é fonte valiosa para a
forma sistemática e contínua, tendo como objetivo principal a intervenção pedagógica. Além disso, o conhecimento das
melhoria da ação educativa. O professor, ciente do que questões específicas de cada região, sejam elas de ordem
pretende que as crianças aprendam, pode selecionar econômica, social ou ambiental permite a elaboração de
determinadas produções das crianças ao longo de um período propostas curriculares mais significativas.
para obter com mais precisão informações sobre sua A problemática social de muitas das comunidades
aprendizagem. Os pais, também, têm o direito de acompanhar brasileiras faz com que os profissionais e as instituições de
o processo de aprendizagem de suas crianças, se inteirando educação infantil tenham que considerar questões bastante
dos avanços e conquistas, compreendendo os objetivos e as complexas que não podem ser ignoradas, pois afetam
ações desenvolvidas pela instituição. diretamente a vida das crianças pequenas. A desnutrição, a
violência, os abusos e maus tratos, os problemas de saúde etc.

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que algumas crianças sofrem não são questões que só a Em se tratando de crianças tão pequenas, a atmosfera
instituição de educação infantil pode resolver isoladamente. criada pelos adultos precisa ter um forte componente afetivo.
Só uma ação conjunta entre os diversos recursos da As crianças só se desenvolverão bem, caso o clima institucional
comunidade como as associações civis e os conselhos de esteja em condições de proporcionar-lhes segurança,
direitos das crianças, as organizações governamentais e não- tranquilidade e alegria. Adultos amigáveis, que escutam as
governamentais ligadas à saúde, à assistência, à cultura etc. necessidades das crianças e, com afeto, atendem a elas,
pode encaminhar soluções mais factíveis com a realidade de constituem-se em um primeiro passo para criar um bom clima.
cada situação. As crianças precisam ser respeitadas em suas diferenças
individuais, ajudadas em seus conflitos por adultos que sabem
Condições internas sobre seu comportamento, entendem suas frustrações,
possibilitando-lhes limites claros. Os adultos devem respeitar
As creches e pré-escolas existentes no Brasil se o desenvolvimento das crianças e encorajá-las em sua
constituíram de forma muito diversa ao longo de sua história, curiosidade, valorizando seus esforços.
se caracterizando por uma variedade de modalidades de
atendimento. Há creches funcionando em período integral Formação do coletivo institucional
entre 8 e 12 horas por dia, que atendem o ano todo sem
interrupção; outras fecham para férias; há creches de meio Elaborar e implantar um projeto educativo requer das
período; há creches que atendem 24 horas por dia; há pré- equipes de profissionais das instituições um grande esforço
escolas funcionando de 3 a 4 horas e há inclusive as que conjunto. A direção da instituição tem um papel chave neste
atendem em período integral. processo quando auxilia a criação de um clima democrático e
Ao se pensar em uma proposta curricular deve-se levar em pluralista. Deve incentivar e acolher as participações de todos
conta não só o número de horas que a criança passa na de modo a possibilitar um projeto que contemple a
instituição, mas também a idade em que começou a frequentá- explicitação das divergências e das expectativas de crianças,
la e quantos anos terá pela frente. Estas questões acabam pais, docentes e comunidade.
influindo na seleção dos conteúdos a serem trabalhados com O coletivo de profissionais da instituição de educação
as crianças, na articulação curricular de maneira a garantir um infantil, entendido como organismo vivo e dinâmico é o
maior número de experiências diversificadas a todas as responsável pela construção do projeto educacional e do clima
crianças que a frequentam. Muitas instituições de educação institucional. A tematização da prática, o compartilhar de
infantil têm a tarefa complexa de receber crianças a qualquer conhecimentos são ações que conduzidas com
tempo e idade. É possível, por exemplo, que crianças intencionalidade, formam o coletivo criando condições para
ingressem com seis meses, com dois anos ou cinco anos. Esta que o trabalho desenvolvido seja debatido, compreendido e
especificidade da educação infantil exige uma flexibilidade em assumido por todos. Compartilhar é um processo que
relação às propostas pedagógicas e em relação aos objetivos contribui para que a instituição se constitua como unidade
educacionais que se pretende alcançar. educacional no qual são expressas as teorias e os saberes que
O fato de muitas instituições atenderem em horário sustentam a prática pedagógica. Esse processo tece a unidade
integral implica uma maior responsabilidade quanto ao do projeto educativo que embora traduzida pelos diferentes
desenvolvimento e aprendizagens infantis, assim como com a indivíduos do coletivo, parte de princípios comuns. A unidade
oferta de cuidados adequados em termos de saúde e higiene. é, portanto, construída dinamicamente.
Estes horários estendidos devem significar sempre maiores
oportunidades de aprendizagem para as crianças e não apenas Espaço para formação continuada
a oferta de atividades para passar o tempo ou muito menos
longos períodos de espera. O coletivo, segundo as características apontadas acima,
Em alguns municípios, existe um tipo de prática em que as não pode prescindir da formação continuada que deve fazer
crianças ficam um período na creche e o outro na pré-escola. parte da rotina institucional e não pode ocorrer de forma
Nestes casos ou ainda naqueles onde há troca de turnos de esporádica.
professores entre os períodos da manhã e da tarde, é Hora e lugar especialmente destinado à formação devem
necessário um planejamento em conjunto, evitando repetições possibilitar o encontro entre os professores para a troca de
de atividades ou lacunas no trabalho com as crianças. Não é ideias sobre a prática, para supervisão, estudos sobre os mais
desejável que a creche seja considerada apenas um espaço de diversos temas pertinentes ao trabalho, organização e
cuidados físicos e recreação e a pré-escola o local onde se planejamento da rotina, do tempo e atividades e outras
legitima o aprendizado. questões relativas ao projeto educativo.
A elaboração da proposta curricular de cada instituição se A instituição deve proporcionar condições para que todos
constitui em um dos elementos do projeto educativo e deve ser os profissionais participem de momentos de formação de
fruto de um trabalho coletivo que reúna professores, demais naturezas diversas como reuniões, palestras, visitas,
profissionais e técnicos. Outros aspectos são relevantes para o atualizações por meio de filmes, vídeos etc.
bom desenvolvimento do projeto pedagógico e devem ser
considerados, abrangendo desde o clima institucional, formas Espaço físico e recursos materiais
de gestão, passando pela organização do espaço e do tempo,
dos agrupamentos, seleção e oferta dos materiais até a A estruturação do espaço, a forma como os materiais estão
parceria com as famílias e papel do professor. organizados, a qualidade e adequação dos mesmos são
elementos essenciais de um projeto educativo. Espaço físico,
Ambiente Institucional materiais, brinquedos, instrumentos sonoros e mobiliários
não devem ser vistos como elementos passivos, mas como
O ambiente de cooperação e respeito entre os profissionais componentes ativos do processo educacional que refletem a
e entre esses e as famílias favorece a busca de uma linha concepção de educação assumida pela instituição. Constituem-
coerente de ação. Respeito às diferenças, explicitação de se em poderosos auxiliares da aprendizagem. Sua presença
conflitos, cooperação, complementação, negociação e procura desponta como um dos indicadores importantes para a
de soluções e acordos devem ser a base das relações entre os definição de práticas educativas de qualidade em instituição
adultos. de educação infantil. No entanto, a melhoria da ação educativa
não depende exclusivamente da existência destes objetos, mas

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está condicionada ao uso que fazem deles os professores junto durar várias gerações, quando transmitidos de pai para filho.
às crianças com as quais trabalham. Os professores preparam Nessa perspectiva, as instituições devem integrá-los ao acervo
o ambiente para que a criança possa aprender de forma ativa de materiais existentes nas salas, prevendo critérios de
na interação com outras crianças e com os adultos. escolha, seleção e aquisição de acordo com a faixa etária
atendida e os diferentes projetos desenvolvidos na instituição.
Versatilidade do espaço
Acessibilidade dos materiais
O espaço na instituição de educação infantil deve propiciar
condições para que as crianças possam usufruí-lo em benefício Outro ponto importante a ser ressaltado diz respeito à
do seu desenvolvimento e aprendizagem. Para tanto, é preciso disposição e organização dos materiais, uma vez que isso pode
que o espaço seja versátil e permeável à sua ação, sujeito às ser decisivo no uso que as crianças venham a fazer deles. Os
modificações propostas pelas crianças e pelos professores em brinquedos e demais materiais precisam estar dispostos de
função das ações desenvolvidas. forma acessível às crianças, permitindo seu uso autônomo, sua
Deve ser pensado e rearranjado, considerando as visibilidade, bem como uma organização que possibilite
diferentes necessidades de cada faixa etária, assim como os identificar os critérios de ordenação.
diferentes projetos e atividades que estão sendo É preciso que, em todas as salas, exista mobiliário
desenvolvidos. Particularmente, as crianças de zero a um ano adequado ao tamanho das crianças para que estas disponham
de idade necessitam de um espaço especialmente preparado permanentemente de materiais para seu uso espontâneo ou
onde possam engatinhar livremente, ensaiar os primeiros em atividades dirigidas. Este uso frequente ocasiona,
passos, brincar, interagir com outras crianças, repousar inevitavelmente, desgaste em brinquedos, livros, canetas,
quando sentirem necessidade etc. Os vários momentos do dia pincéis, tesouras, jogos etc. Esta situação comum não deve ser
que demandam mais espaço livre para movimentação corporal pretexto para que os adultos guardem e tranquem os materiais
ou ambientes para aconchego e/ou para maior concentração, em armários, dificultando seu uso pelas crianças. Usar,
ou ainda, atividades de cuidados implicam, também, planejar, usufruir, cuidar e manter os materiais são aprendizagens
organizar e mudar constantemente o espaço. Nas salas, a importantes nessa faixa etária. A manutenção e reposição
forma de organização pode comportar ambientes que destes materiais devem fazer parte da rotina das instituições e
permitem o desenvolvimento de atividades diversificadas e não acontecer de forma esporádica.
simultâneas, como, por exemplo, ambientes para jogos, artes,
faz-de-conta, leitura etc. Segurança do espaço e dos materiais
Pesquisas indicam que ambientes divididos são mais
indicados para estruturar espaços para crianças pequenas ao Para as crianças circularem com independência no espaço,
invés de grandes áreas livres. Os pequenos interagem melhor é necessário um bom planejamento que garanta as condições
em grupos quando estão em espaços menores e mais de segurança necessárias. É imprescindível o uso de materiais
aconchegantes de onde podem visualizar o adulto. Os resistentes, de boa qualidade e testados pelo mercado, como
elementos que dividem o espaço são variados, podendo ser vidros e espelhos resistentes, materiais elétricos e hidráulicos
prateleiras baixas, pequenas casinhas, caixas, biombos baixos de comprovada eficácia e durabilidade. É necessária, também,
dos mais diversos tipos etc. Esse tipo de organização favorece proteção adequada em situações onde exista possibilidade de
à criança ficar sozinha, se assim o desejar. risco, como escadas, varandas, janelas, acesso ao exterior etc.
Na área externa, há que se criar espaços lúdicos que sejam Os brinquedos devem ser seguros (seguindo as normas do
alternativos e permitam que as crianças corram, balancem, Inmetro), laváveis e necessitam estar em boas condições. Os
subam, desçam e escalem ambientes diferenciados, brinquedos de parque devem estar bem fixados em área
pendurem-se, escorreguem, rolem, joguem bola, brinquem gramada ou coberta com areia e não sobre área cimentada.
com água e areia, escondam se etc.
Critérios para formação de grupos de crianças
Os recursos materiais
As diferenças que caracterizam cada fase de
Recursos materiais entendidos como mobiliário, espelhos, desenvolvimento são bastante grandes, o que leva, muitas
brinquedos, livros, lápis, papéis, tintas, pincéis, tesouras, cola, vezes, as instituições a justificar os agrupamentos
massa de modelar, argila, jogos os mais diversos, blocos para homogêneos por faixa etária. Esta forma de agrupamento está
construções, material de sucata, roupas e panos para brincar relacionada muito mais a uma necessidade do trabalho dos
etc. devem ter presença obrigatória nas instituições de adultos do que às necessidades da criança. Se, de um lado, isto
educação infantil de forma cuidadosamente planejada. facilita a organização de algumas atividades e o melhor
Os materiais constituem um instrumento importante para aproveitamento do espaço físico disponível, de outro, dificulta
o desenvolvimento da tarefa educativa, uma vez que são um a possibilidade de interação que um grupo heterogêneo
meio que auxilia a ação das crianças. Se de um lado, possuem oferece.
qualidades físicas que permitem a construção de um Não há uma divisão rígida, mas é comum que bebês fiquem
conhecimento mais direto e baseado na experiência imediata, em um mesmo grupo até conseguirem andar. As crianças que
por outro lado, possuem qualidades outras que serão já andam bem e estão iniciando o controle dos esfíncteres
conhecidas apenas pela intervenção dos adultos ou de costumam ser concentradas em outro agrupamento. Após a
parceiros mais experientes. As crianças exploram os objetos, retirada das fraldas, as crianças costumam ser agrupadas por
conhecem suas propriedades e funções e, além disso, idade, isto é, em turmas de três, quatro e cinco anos de idade.
transformam-nos nas suas brincadeiras, atribuindo-lhes Numa concepção de educação e aprendizagem que considera
novos significados. a interação como um elemento vital para o desenvolvimento,
Os brinquedos constituem-se, entre outros, em objetos o contato entre estas crianças de diferentes faixas etárias e
privilegiados da educação das crianças. São objetos que dão com diferentes capacidades deve ser planejado. Isto quer dizer
suporte ao brincar e podem ser das mais diversas origens que é interessante prever constantes momentos na rotina ou
materiais, formas, texturas, tamanho e cor. Podem ser planejar projetos que integrem estes diferentes
comprados ou fabricados pelos professores e pelas próprias agrupamentos.
crianças; podem também ter vida curta, quando inventados e Tão importante quanto pensar nos agrupamentos por faixa
confeccionados pelas crianças em determinada brincadeira e etária é refletir sobre o número de crianças por grupos e a

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proporção de adulto por crianças. Quanto menores as crianças, variar nas instituições de educação infantil, segundo os grupos
mais desaconselhados são os grupos muito grandes, pois há etários atendidos, o tempo de permanência diária das crianças
uma demanda de atendimento individualizado. Até os 12 na instituição e os acordos estabelecidos com as famílias.
meses, é aconselhável não ter mais de 6 crianças por adulto, As atividades de cuidado das crianças se organizam em
sendo necessária uma ajuda nos momentos de maior função de suas necessidades nas 24 horas do dia. Isto exige
demanda, como, por exemplo, em situações de alimentação. Do uma programação conjunta com as famílias para divisão de
primeiro ao segundo ano de vida, aproximadamente, responsabilidades, evitando-se a sobreposição ou a ausência
aconselha-se não mais do que 8 crianças para cada adulto, de alguns dos cuidados essenciais.
ainda com ajuda em determinados momentos. A partir do O planejamento dos cuidados e da vida cotidiana na
momento no qual as crianças deixam as fraldas até os 3 anos, instituição deve ser iniciado pelo conhecimento sobre a
pode-se organizar grupos de 12 a 15 crianças por adulto. criança e suas peculiaridades, que se faz pelo levantamento de
Quando as crianças adquirem maior autonomia em relação aos dados com a família no ato da matrícula e por meio de um
cuidados e interagem de forma mais independente com seus constante intercâmbio entre familiares e professores. Algumas
pares, é possível pensar em grupos maiores, mas que não informações podem ser colhidas previamente à sua entrada na
ultrapassem 25 crianças por professor. instituição, como os esquemas, preferências e intolerância
A razão adulto/criança, porém, não pode ser um critério alimentar; os hábitos de sono e de eliminação; os controles e
isolado. Mesmo quando as proporções acima indicadas são cuidados especiais com sua saúde. Outras serão conhecidas na
respeitadas, há de se considerar que grupos com muitas própria interação com a criança e sua família, ao longo do
crianças e muitos professores não resolvem as necessidades tempo.
de um trabalho mais individualizado e cria um ambiente
inadequado. Parceria com as famílias

As características da faixa etária das crianças atendidas,


Organização do tempo bem como as necessidades atuais de construção de uma
sociedade mais democrática e pluralista apontam para a
A rotina na educação infantil pode ser facilitadora ou importância de uma atenção especial com a relação entre as
cerceadora dos processos de desenvolvimento e instituições e as famílias.
aprendizagem. Constata-se em muitas instituições que estas relações têm
Rotinas rígidas e inflexíveis desconsideram a criança, que sido conflituosas, baseadas numa concepção equivocada de
precisa adaptar-se a ela e não o contrário, como deveria ser; que as famílias dificultam o processo de socialização e de
desconsideram também o adulto, tornando seu trabalho aprendizagem das crianças. No caso das famílias de baixa
monótono, repetitivo e pouco participativo. renda, por serem consideradas como portadoras de carências
O número de horas que a criança permanece na instituição, de toda ordem. No caso das famílias de maior poder aquisitivo,
a amplitude dos cuidados físicos necessários ao atendimento, a crítica incide na relação afetiva estabelecida com as crianças.
os ritmos e diferenças individuais e a especificidade do Esta concepção traduz um preconceito que gera ações
trabalho pedagógico demandam um planejamento constante discriminatórias, impedindo o diálogo. Muitas instituições que
da rotina. A organização do tempo deve prever possibilidades agem em função deste tipo de preconceito têm procurado
diversas e muitas vezes simultâneas de atividades, como implantar programas que visam a instruir as famílias,
atividades mais ou menos movimentadas, individuais ou em especialmente as mães, sobre como educar e criar seus filhos
grupos, com maior ou menor grau de concentração; de dentro de um padrão preestabelecido e considerado
repouso, alimentação e higiene; atividades referentes aos adequado. Essa ação, em geral moralizadora, tem por base o
diferentes eixos de trabalho. modelo de família idealizada e tem sido responsável muito
Considerada como um instrumento de dinamização da mais por um afastamento das duas instituições do que por um
aprendizagem, facilitador das percepções infantis sobre o trabalho conjunto em prol da educação das crianças.
tempo e o espaço, uma rotina clara e compreensível para as Visões mais atualizadas sobre a instituição familiar
crianças é fator de segurança. A rotina pode orientar as ações propõem que se rejeite a ideia de que exista um único modelo.
das crianças, assim como dos professores, possibilitando a Enfoques teóricos mais recentes procuram entender a família
antecipação das situações que irão acontecer. como uma criação humana mutável, sujeita a determinações
culturais e históricas que se constitui tanto em espaço de
Ambiente de cuidados solidariedade, afeto e segurança como em campo de conflitos,
lutas e disputa.
A instituição necessita criar um ambiente de cuidado que A valorização e o conhecimento das características étnicas
considere as necessidades das diferentes faixas etárias, das e culturais dos diferentes grupos sociais que compõem a nossa
famílias e as condições de atendimento da instituição. sociedade, e a crítica às relações sociais discriminatórias e
Como as crianças pequenas se caracterizam por um ritmo excludentes indicam que, novos caminhos devem ser trilhados
de crescimento e desenvolvimento físico variado os cuidados na relação entre as instituições de educação infantil e as
devem incluir o acompanhamento deste processo. famílias.
É possível, principalmente na creche, que alguns grupos
iniciem o ano com determinadas características e Respeito aos vários tipos de estruturas familiares
necessidades, que estarão modificadas no final do primeiro
trimestre. Algumas crianças começam a frequentar o primeiro Constate-se que as famílias independente da classe social a
grupo das creches ainda no seu primeiro mês de vida, outras qual pertencem se organizam das mais diversas maneiras.
serão matriculadas próximo ao quarto mês ou no final do Além da família nuclear que é constituída pelo pai, mãe e filhos,
primeiro ano. Assim nas instituições que atendem bebês e proliferam hoje as famílias mono parentais, nas quais apenas
crianças pequenas, não se pode prever uma organização do a mãe ou o pai está presente. Existem, ainda, as famílias que se
cotidiano de forma homogênea e que se mantenha o ano todo reconstituíram por meio de novos casamentos e possuem
sem alterações. filhos advindos dessas relações. Há, também, as famílias
A organização dos momentos em que são previstos extensas, comuns na história brasileira, nas quais convivem na
cuidados com o corpo, banho, lavagem de mãos, higiene oral, mesma casa várias gerações e/ou pessoas ligadas por
uso dos sanitários, repouso e brincadeiras ao ar livre, podem parentescos diversos. É possível ainda encontrar várias

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famílias coabitando em uma mesma casa. Enfim, parece não individuais fazem parte do cotidiano das instituições de
haver limites para os arranjos familiares na atualidade. educação infantil.
As crianças têm direito de ser criadas e educadas no seio
de suas famílias. O Estatuto da Criança e do Adolescente Em geral a troca de informações é diária com as famílias,
reafirma, em seus termos, que a família é a primeira instituição principalmente quando há cuidados especiais que a criança
social responsável pela efetivação dos direitos básicos das esteja necessitando. Assim, para que o professor não fique
crianças. Cabe, portanto, às instituições estabelecerem um sobrecarregado pela necessidade de dar atenção às famílias e
diálogo aberto com as famílias, considerando-as como crianças ao mesmo tempo, o planejamento deste momento —
parceiras e interlocutoras no processo educativo infantil. em conjunto com os pais e a ajuda de outros funcionários — é
fundamental para o relacionamento de todos os envolvidos.
Acolhimento das diferentes culturas, valores e crenças É preciso combinar formas de comunicação para trocas
sobre educação de crianças específicas de informações, como uso de medicamentos, que
precisam ser dados em doses precisas, de acordo com receita
A pluralidade cultural, isto é, a diversidade de etnias, do médico, ou eventos ligados à saúde e alimentação. Isso evita
crenças, costumes, valores etc. que caracterizam a esquecimentos que podem ser prejudiciais para a saúde da
população brasileira marca, também, as instituições de criança e facilita a vida do professor e da família.
educação infantil. Com as famílias de crianças maiores, a comunicação é de
O trabalho com a diversidade e o convívio com a natureza diferente. As informações entre as famílias e a
diferença possibilitam a ampliação de horizontes tanto instituição podem ser mais esporádicas, ocorrendo somente à
para o professor quanto para a criança. Isto porque medida das necessidades. As reuniões para discussão sobre o
permite a conscientização de que a realidade de cada um andamento dos trabalhos com as crianças são sempre bem-
é apenas parte de um universo maior que oferece vindas e se constituem em um direito dos pais.
múltiplas escolhas. Assumir um trabalho de acolhimento
às diferentes expressões e manifestações das crianças e No entanto, a participação das famílias não deve estar
suas famílias significa valorizar e respeitar a diversidade, sujeita a uma única possibilidade. As instituições de educação
não implicando a adesão incondicional aos valores do infantil precisam pensar em formas mais variadas de
outro. Cada família e suas crianças são portadoras de um participação de modo a atender necessidades e interesses
vasto repertório que se constitui em material rico e farto também diversificados.
para o exercício do diálogo, aprendizagem com a Os pais, também, devem ter acesso à:
diferença, a não discriminação e as atitudes não
preconceituosas. - filosofia e concepção de trabalho da instituição;
Estas capacidades são necessárias para o desenvolvimento - informações relativas ao quadro de pessoal com as
de uma postura ética nas relações humanas. Nesse sentido, as qualificações e experiências;
instituições de educação infantil, por intermédio de seus - informações relativas à estrutura e funcionamento da
profissionais, devem desenvolver a capacidade de ouvir, creche ou da pré-escola;
observar e aprender com as famílias. - condutas em caso de emergência e problemas de saúde;
Acolher as diferentes culturas não pode se limitar às - informações quanto a participação das crianças e famílias
comemorações festivas, a eventuais apresentações de danças em eventos especiais.
típicas ou à experimentação de pratos regionais. Estas
iniciativas são interessantes e desejáveis, mas não são As orientações podem ser modificadas caso haja um
suficientes para lidar com a diversidade de valores e crenças. trabalho coletivo envolvendo as famílias e o coletivo de
Compreender o que acontece com as famílias, entender profissionais por meio de consultas e negociações
seus valores ligados a procedimentos disciplinares, a hábitos permanentes.
de higiene, a formas de se relacionar com as pessoas etc. pode As trocas recíprocas e o suporte mútuo devem ser a tônica
auxiliar a construção conjunta de ações. De maneira geral, as do relacionamento. Os profissionais da instituição devem
instituições de educação devem servir de apoio real e efetivo partilhar, com os pais, conhecimentos sobre desenvolvimento
às crianças e suas famílias, respondendo às suas demandas e infantil e informações relevantes sobre as crianças utilizando
necessidades. Evitar julgamentos moralistas, pessoais ou uma sistemática de comunicações regulares.
vinculados a preconceitos é condição para o estabelecimento
de uma base para o diálogo. Inclusão do conhecimento familiar no trabalho
educativo
Estabelecimento de canais de comunicação
É possível integrar o conhecimento das famílias nos
Existem oportunidades variadas de incluir as famílias no projetos e demais atividades pedagógicas. Não só as questões
projeto institucional. Há experiências interessantes de criação culturais e regionais podem ser inseridas nas programações
de conselhos e associações de pais que são canais abertos de por meio da participação de pais e demais familiares, mas
participação na gestão das unidades educacionais. também as questões afetivas e motivações familiares podem
A comunicação mais individualizada entre as famílias e as fazer parte do cotidiano pedagógico. Por exemplo, a história da
instituições de educação infantil deve ocorrer desde o início de escolha do nome das crianças, as brincadeiras preferidas dos
forma planejada. Após os primeiros contatos, a comunicação pais na infância, as histórias de vida etc. podem tornar-se parte
entre as famílias e os professores pode se tornar uma rotina integrante de projetos a serem trabalhados com as crianças.
mais informal, mas bastante ativa. Entrar todos os dias até a
sala onde sua criança está trocar algumas palavras com o Acolhimento das famílias e das crianças na instituição
professor pode ser um fator de tranquilidade para muitos pais.
Quanto menor a criança, mais importante essa troca de A entrada na instituição
informações. Este contato direto não deve ser substituído por
comunicações impessoais, escritas de maneira burocrática. O ingresso das crianças nas instituições pode criar
Oportunidades de encontros periódicos com os pais de um ansiedade tanto para elas e para seus pais como para os
mesmo grupo por meio de reuniões, ou mesmo contatos professores. As reações podem variar muito, tanto em relação

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às manifestações emocionais quanto ao tempo necessário para separação, sendo capaz de se despedir da pessoa querida, com
se efetivar o processo. segurança e desprendimento.
Algumas crianças podem apresentar comportamentos Este período exige muita habilidade, por isso, o professor
diferentes daqueles que normalmente revelam em seu necessita de apoio e acompanhamento, especialmente do
ambiente familiar, como alterações de apetite; retorno às fases diretor e membros da equipe técnica uma vez que ele também
anteriores do desenvolvimento (voltar a urinar ou evacuar na está sofrendo um processo de adaptação. Os professores
roupa, por exemplo). precisam ter claro qual é o papel da mãe (ou de quem estiver
Podem, também, adoecer; isolar-se dos demais e criar acompanhando a criança) em seus primeiros dias na
dependência de um brinquedo, da chupeta ou de um paninho. instituição.
As instituições de educação infantil devem ter flexibilidade
diante dessas singularidades ajudando os pais e as crianças Os pais podem encontrar dificuldades de tempo para viver
nestes momentos. este processo por não poderem se ausentar muitos dias no
A entrevista de matrícula pode ser usada para apresentar trabalho. Neste caso, seria importante que pudessem estar
informações sobre o atendimento oferecido, os objetivos do presentes, ao menos no primeiro dia, e que depois pudessem
trabalho, a concepção de educação adotada. Esta é uma boa ser substituídos por alguém da confiança da criança.
oportunidade também para que se conheça alguns hábitos das O choro da criança, durante o processo de inserção, parece
crianças e para que o professor estabeleça um primeiro ser o fator que mais provoca ansiedade tanto nos pais quanto
contato com as famílias. nos professores. Mas parece haver, também, uma crença de
que o choro é inevitável e que a criança acabará se
Quanto mais novo o bebê, maior a ligação entre mãe e filho. acostumando, vencida pelo esgotamento físico ou emocional,
Assim, não é apenas a criança que passa pela adaptação, mas parando de chorar. Alguns acreditam que, se derem muita
também a mãe. Dependendo da família e da criança, outros atenção e as pegarem no colo, as crianças se tornarão
membros como o pai, irmãos, avós poderão estar envolvidos manhosas, deixando-as chorar. Essa experiência deve ser
no processo de adaptação à instituição. A maneira como a evitada. Deve ser dada uma atenção especial às crianças,
família vê a entrada da criança na instituição de educação nesses momentos de choro, pegando no colo ou sugerindo-
infantil tem uma influência marcante nas reações e emoções lhes atividades interessantes.
da criança durante o processo inicial. Acolher os pais com suas O professor pode planejar a melhor forma de organizar o
dúvidas, angústias e ansiedades, oferecendo apoio e ambiente nestes primeiros dias, levando em consideração os
tranquilidade, contribui para que a criança também se sinta gostos e preferências das crianças, repensando a rotina em
menos insegura nos primeiros dias na instituição. Reconhecer função de sua chegada e oferecendo-lhes atividades atrativas.
que os pais são as pessoas que mais conhecem as crianças e Ambientes organizados com material de pintura, desenho e
que entendem muito sobre como cuidá-las pode facilitar o modelagem, brinquedos de casinha, baldes, pás, areia e água
relacionamento. Antes de tudo, é preciso estabelecer uma etc., são boas estratégias.
relação de confiança com as famílias, deixando claro que o As orientações acima são válidas também para os
objetivo é a parceria de cuidados e educação visando ao bem- primeiros dias do ano ou do semestre, quando todas as
estar da criança. Quando há um certo número de crianças para crianças e funcionários estão em período de adaptação.
ingressar na instituição, pode-se fazer uma reunião com todos É necessário um período de planejamento da equipe para
os pais novos para que se conheçam e discutam conjuntamente organizar a entrada e a rotina das crianças.
suas dúvidas e preocupações.
Passagem para a escola
Os primeiros dias
Com a saída das crianças, as famílias enfrentam novamente
No primeiro dia da criança na instituição, a atenção do grandes mudanças. A passagem da educação infantil para o
professor deve estar voltada para ela de maneira especial. Este ensino fundamental representa um marco significativo para a
dia deve ser muito bem planejado para que a criança possa ser criança podendo criar ansiedades e inseguranças. O professor
bem acolhida. É recomendável receber poucas crianças por de educação infantil deve considerar esse fato desde o início
vez para que se possa atendê-las de forma individualizada. do ano, estando disponível e atento para as questões e atitudes
Com os bebês muito pequenos, o principal cuidado será que as crianças possam manifestar. Tais preocupações podem
preparar o seu lugar no ambiente, o seu berço, identificá-lo ser aproveitadas para a realização de projetos que envolvam
com o nome, providenciar os alimentos que irá receber, e visitas a escolas de ensino fundamental; entrevistas com
principalmente tranquilizar os pais. A permanência na professores e alunos; programar um dia de permanência em
instituição de alguns objetos de transição, como a chupeta, a uma classe de primeira série. É interessante fazer um ritual de
fralda que ele usa para cheirar, um mordedor, ou mesmo o bico despedida, marcando para as crianças este momento de
da mamadeira a que ele está acostumado, ajudará neste passagem com um evento significativo. Essas ações ajudam a
processo. Pode-se mesmo solicitar que a mãe ou responsável desenvolver uma disposição positiva frente às futuras
pela criança venha, alguns dias antes, ajudar a preparar o mudanças demonstrando que, apesar das perdas, há também
berço de seu bebê. crescimento.
Quando o atendimento é de período integral, é
recomendável que se estabeleça um processo gradual de Acolhimento de famílias com necessidades especiais
inserção, ampliando o tempo de permanência de maneira que
a criança vá se familiarizando aos poucos com o professor, com Algumas famílias enfrentam problemas sérios ligados ao
o espaço, com a rotina e com as outras crianças com as quais alcoolismo, violência familiar ou problemas de saúde e
irá conviver. desnutrição que comprometem sua atuação junto às crianças.
É importante que se solicite, nos primeiros dias, e até Apenas quando a sobrevivência física e mental está
quando se fizer necessário, a presença da mãe ou do pai ou de seriamente comprometida pela conduta familiar, ou quando a
alguém conhecido da criança para que ela possa enfrentar o criança sofre agressão sexual, é possível pensar em uma ação
ambiente estranho junto de alguém com quem se sinta segura. mais enérgica para a interrupção imediata do comportamento
Quando tiver estabelecido um vínculo afetivo com o professor agressor, admitindo-se, em casos extremos, o
e com as outras crianças, é que ela poderá enfrentar bem a encaminhamento de crianças para instituições especializadas
longe do convívio familiar.

Conhecimentos Específicos 119


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APOSTILAS OPÇÃO

No geral, as famílias que porventura tiverem dificuldades IV. A socialização das crianças por meio de sua
em cumprir qualquer uma de suas funções para com as participação e inserção nas mais diversificadas __________, sem
crianças deverão receber toda ajuda possível das instituições discriminação de espécie alguma;
de educação infantil, da comunidade, do poder público, das V. O atendimento aos cuidados essenciais associados à
instituições de apoio para que melhorem o desempenho junto sobrevivência e ao desenvolvimento de sua __________.
às crianças.
(A) direitos, brincar, bens socioculturais, atividades
Questões culturais, cidadania.
(B) deveres, estudar, livros, atividades culturais,
01. (Prefeitura de São José dos Campos/SP- Professor identidade.
I- VUNESP) Entre outras concepções apresentadas no (C) cuidados, interagir, livros, práticas sociais, cidadania.
Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil, educar a (D) direitos, brincar, bens socioculturais, práticas sociais,
criança refere-se identidade.
(A) aos cuidados relativos às suas necessidades físicas. (E) deveres, brincar, livros, atividades culturais,
(B) ao ensino centrado no desenvolvimento de sua cidadania.
capacidade cognitiva.
(C) ao ensino estruturado a partir das linguagens escrita, 04. (Prefeitura de Parnarama/MA- Professor
científica, artística e matemática. Educação Infantil-NUCEPE) Assinale as alternativas que
(D) aos cuidados, brincadeiras e aprendizagens integradas, expressam os princípios que embasam o Referencial
de modo a contribuir para o seu desenvolvimento integral. Curricular Nacional para a Educação infantil.
(E) ao convívio prazeroso entre as crianças, o que torna a I. O direito das crianças a brincar, como forma particular
escola um espaço de atividades pedagógicas produtivas. de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil.
II. O atendimento aos cuidados essenciais associados à
02. (Prefeitura de Maria Helena/PR- Professor sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade.
Educação Infantil- FAFIPA) O Ministério da Educação e do III. A socialização das crianças por meio de sua
Desporto (MEC) propôs no final da década de 1990, atendendo participação e inserção nas mais diversificadas práticas
às determinações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação sociais, sem discriminação de espécie alguma.
Nacional (Lei 9.394/96), um Referencial Curricular Nacional IV. O acesso das crianças aos bens socioculturais
para a Educação Infantil. Sobre este documento é CORRETO disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades
afirmar: relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao
pensamento, à ética e à estética.
(A) Um dos princípios do Referencial é o atendimento aos
cuidados básicos, à prevenção de doenças e à promoção da São verdadeiras as alternativas:
saúde. (A) apenas I, II e IV.
(B) O Referencial é uma proposta aberta, flexível e não (B) apenas I, II e III
obrigatória, pois respeita a pluralidade e a diversidade da (C) apenas II, III e IV.
sociedade brasileira. (D) apenas I e III.
(C) Um dos princípios do Referencial é fomentar a (E) I, II, III e IV.
formação inicial e continuada de profissionais do magistério
para a educação infantil. 05. (Prefeitura de Congonhas/MG- Professor Língua
(D) O Referencial é uma proposta diretiva e obrigatória, Portuguesa- CONSULPLAN) De acordo com o Referencial
sendo que os sistemas educacionais devem elaborar e Curricular Nacional para a Educação Infantil, marque V para as
implantar seus currículos conforme as referências e afirmativas verdadeiras e F para as falsas:
orientações nacionais. ( ) Constitui-se em um conjunto de normas pedagógicas
que visam contribuir com a implantação ou implementação de
03. (Prefeitura de Piraquara/PR- Professor- CEC) O práticas educativas de qualidade.
Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil é um ( ) Tem a função de contribuir com as políticas e programas
documento que “se constitui em um conjunto de referências e de Educação Infantil, socializando informações, discussões e
orientações pedagógicas que visam a contribuir com a pesquisas, subsidiando o trabalho educativo de técnicos,
implantação ou implementação de práticas educativas de professores e demais profissionais da Educação Infantil e
qualidade que possam promover e ampliar as condições apoiando os sistemas de ensino estaduais e municipais.
necessárias para o exercício da cidadania das crianças ( ) Possui um conjunto de propostas, diversas e
brasileiras”. Considerando as especificidades cognitivas, heterogêneas quanto à sociedade brasileira, refletindo o nível
afetivas, emocionais e sociais das crianças de zero a cinco anos, de articulação de instâncias determinantes na construção de
o RCNEI (p. 13, 1998) descreve 5 (cinco) princípios um projeto educativo para a Educação Infantil.
norteadores para a prática educativa, que visam promover o ( ) Este documento foi elaborado pelo Ministério da
exercício da cidadania. De acordo com esses princípios, Educação e do Desporto e está em consonância com a LDB
selecione a alternativa que contempla de forma correta as atual.
expressões que designam essas categorias, na sequência em A sequência está correta em:
que estão colocadas a seguir. (A) F, V, F, F
(B) V, F, F, F
I. O respeito à dignidade e aos ________das crianças, (C) V, V, V, F
consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, (D) F, F, V, F
econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc.; (E) F, V, V, V
II. O direito das crianças a ______, como forma particular de
expressão, pensamento, interação e comunicação infantil; Respostas
III. O acesso das crianças aos __________ disponíveis,
ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à 01. D/02. B/03. D/04. E/05. E
expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento,
à ética e à estética;

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APOSTILAS OPÇÃO

REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A de educação infantil, e também em seus professores.


EDUCAÇÃO INFANTIL O ingresso na instituição de educação infantil pode
VOLUME 2: FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL24 alargar o universo inicial das crianças, em vista da
possibilidade de conviverem com outras crianças e com
01. Introdução adultos de origens e hábitos culturais diversos, de aprender
novas brincadeiras, de adquirir conhecimentos sobre
Saber o que é estável e o que é circunstancial em sua realidades distantes.
pessoa, conhecer suas características e potencialidades e Dependendo da maneira como é tratada a questão da
reconhecer seus limites é central para o desenvolvimento da diversidade, a instituição pode auxiliar as crianças a
identidade e para a conquista da autonomia. A capacidade das valorizarem suas características étnicas e culturais, ou pelo
crianças de terem confiança em si próprias e o fato de contrário, favorecer a discriminação quando é conivente com
sentirem-se aceitas, ouvidas, cuidadas e amadas oferecem preconceitos.
segurança para a formação pessoal e social. A possibilidade de A maneira como cada um vê a si próprio depende também
desde muito cedo efetuarem escolhas e assumirem pequenas do modo como é visto pelos outros. O modo como os traços
responsabilidades favorece o desenvolvimento da autoestima, particulares de cada criança são recebidos pelo professor, e
essencial para que as crianças se sintam confiantes e felizes. pelo grupo em que se insere tem um grande impacto na
O desenvolvimento da identidade e da autonomia estão formação de sua personalidade e de sua autoestima, já que
intimamente relacionados com os processos de socialização. sua identidade está em construção. Um exemplo particular é
Nas interações sociais se dá a ampliação dos laços afetivos que o caso das crianças com necessidades especiais. Quando o
as crianças podem estabelecer com as outras crianças e com os grupo a aceita em sua diferença está aceitando-a também
adultos, contribuindo para que o reconhecimento do outro e a em sua semelhança, pois, embora com recursos
constatação das diferenças entre as pessoas sejam valorizadas diferenciados, possui, como qualquer criança, competências
e aproveitadas para o enriquecimento de si próprias. próprias para interagir com o meio. Vale destacar que, nesse
Isso pode ocorrer nas instituições de educação infantil caso, a atitude de aceitação é positiva para todas as crianças,
que se constituem, por excelência, em espaços de socialização, pois muito estarão aprendendo sobre a diferença e a
pois propiciam o contato e o confronto com adultos e crianças diversidade que constituem o ser humano e a sociedade.
de várias origens socioculturais, de diferentes religiões, etnias, As crianças vão, gradualmente, percebendo-se e
costumes, hábitos e valores, fazendo dessa diversidade um percebendo os outros como diferentes, permitindo que
campo privilegiado da experiência educativa. possam acionar seus próprios recursos, o que representa uma
O trabalho educativo pode, assim, criar condições para as condição essencial para o desenvolvimento da autonomia.
crianças conhecerem, descobrirem e ressignificarem novos A autonomia, definida como a capacidade de se conduzir e
sentimentos, valores, ideias, costumes e papéis sociais. tomar decisões por si próprio, levando em conta regras,
A instituição de educação infantil é um dos espaços de valores, sua perspectiva pessoal, bem como a perspectiva do
inserção das crianças nas relações éticas e morais que outro, é, nessa faixa etária, mais do que um objetivo a ser
permeiam a sociedade na qual estão inseridas. alcançado com as crianças, um princípio das ações educativas.
Conceber uma educação em direção à autonomia significa
02. Concepção considerar as crianças como seres com vontade própria,
capazes e competentes para construir conhecimentos, e,
A construção da identidade e da autonomia diz respeito dentro de suas possibilidades, interferir no meio em que
ao conhecimento, desenvolvimento e uso dos recursos vivem. Exercitando o autogoverno em questões situadas no
pessoais para fazer frente às diferentes situações da vida. plano das ações concretas, poderão gradualmente fazê-lo no
A identidade é um conceito do qual faz parte a ideia de plano das ideias e dos valores.
distinção, de uma marca de diferença entre as pessoas, a Do ponto de vista do juízo moral, nessa faixa etária, a
começar pelo nome, seguido de todas as características criança encontra-se numa fase denominada de heteronomia,
físicas, de modos de agir e de pensar e da história pessoal. em que dá legitimidade a regras e valores porque provêm de
Sua construção é gradativa e se dá por meio de interações fora, em geral de um adulto a quem ela atribui força e prestígio.
sociais estabelecidas pela criança, nas quais ela, Na moral autônoma, ao contrário, a maturidade da criança lhe
alternadamente, imita e se funde com o outro para permite compreender que as regras são passíveis de discussão
diferenciar-se dele em seguida, muitas vezes utilizando-se da e reformulação, desde que haja acordo entre os elementos do
oposição. grupo. Além disso, vê a igualdade e reciprocidade como
A fonte original da identidade está naquele círculo de componentes necessários da justiça e torna-se capaz de
pessoas com quem a criança interage no início da vida. Em coordenar seus pontos de vista e ações com os de outros,
geral a família é a primeira matriz de socialização. Ali, cada em interações de cooperação.
um possui traços que o distingue dos demais elementos, A passagem da heteronomia para a autonomia supõe
ligados à posição que ocupa (filho mais velho, caçula etc.), ao recursos internos (afetivos e cognitivos) e externos (sociais e
papel que desempenha, às suas características físicas, ao seu culturais). Para que as crianças possam aprender a gerenciar
temperamento, às relações específicas com pai, mãe e outros suas ações e julgamentos conforme princípios outros que não
membros etc. o da simples obediência, e para que possam ter noção da
A criança participa, também, de outros universos sociais, importância da reciprocidade e da cooperação numa
como festas populares de sua cidade ou bairro, igreja, feira sociedade que se propõe a atender o bem comum, é preciso
ou clube, ou seja, pode ter as mais diversas vivências, das que exercitem o autogoverno, usufruindo de gradativa
quais resultam um repertório de valores, crenças e independência para agir, tendo condições de escolher e
conhecimentos. tomar decisões, participando do estabelecimento de regras
Uma das particularidades da sociedade brasileira é a e sanções.
diversidade étnica e cultural. Essa diversidade apresenta-se Assim, é preciso planejar oportunidades em que as
com características próprias segundo a região e a localidade; crianças dirijam suas próprias ações, tendo em vista seus
faz-se presente nas crianças que frequentam as instituições recursos individuais e os limites inerentes ao ambiente.

24 Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998.

Conhecimentos Específicos 121


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Um projeto de educação que almeja cidadãos solidários e vocalizações, gestos e posturas que são percebidas,
cooperativos deve cultivar a preocupação com a dimensão interpretadas e respondidas pelo(s) outro(s), conforme
ética, traduzindo-a em elementos concretos do cotidiano na aprenderam em suas experiências na cultura à qual
instituição. pertencem. O bebê já nasce imerso nessa cultura.
O complexo processo de construção da identidade e da Entre o bebê e as pessoas que cuidam, interagem e brincam
autonomia depende tanto das interações socioculturais como com ele se estabelece uma forte relação afetiva (a qual
da vivência de algumas experiências consideradas essenciais envolve sentimentos complexos e contraditórios como amor,
associadas à fusão e diferenciação, construção de vínculos e carinho, encantamento, frustração, raiva, culpa etc.). Essas
expressão da sexualidade. pessoas não apenas cuidam da criança, mas também medeiam
seus contatos com o mundo, atuando com ela, organizando e
03. Processo de fusão e diferenciação interpretando para ela esse mundo. É nessas interações, em
que ela é significada/ interpretada como menino/menina,
Ao nascer, o bebê encontra-se em um estado que pode ser como chorão ou tranquilo, como inteligente ou não, que se
denominado como de fusão com a mãe, não diferenciando o constroem suas características. As pessoas com quem
seu próprio corpo e os limites de seus desejos. Pode ficar construíram vínculos afetivos estáveis são seus mediadores
frustrado e raivoso quando a mãe, ou o adulto que dele cuida, principais, sinalizando e criando condições para que as
não age conforme seus desejos — por exemplo, não lhe dando crianças adotem condutas, valores, atitudes e hábitos
de mamar na hora em que está com fome. Essas experiências necessários à inserção naquele grupo ou cultura específica.
de frustração, quando inseridas num clima de afeto e atenção, Em seguida, as crianças orientam-se para outras pessoas à
podem constituir- se em fatores importantes de medida que expandem seus campos de ação. Embora bem
desenvolvimento pessoal, já que explicitam divergências e pequenas, elas também demonstram forte motivação para a
desencontros, momentos favoráveis à diferenciação entre eu interação com outras crianças. A orientação para o outro, além
e o outro. de lhes garantir acesso a um grande conjunto de informações
Aos poucos, o bebê adquire consciência dos limites de seu que este outro lhes proporciona, evidencia uma característica
próprio corpo, bem como das consequências de seus básica do ser humano que é a capacidade de estabelecer
movimentos. Essas conquistas podem ser exemplificadas pelo vínculos.
encantamento em que fica quando descobre que pode
comandar os movimentos de sua mão, ou pela surpresa com 05. Expressão da sexualidade
que reage quando morde o próprio braço e sente dor. A
exploração de seu corpo e movimentos, assim como o contato A sexualidade tem grande importância no
com o corpo do outro, são fundamentais para um primeiro desenvolvimento e na vida psíquica das pessoas, pois
nível de diferenciação do eu. independentemente da potencialidade reprodutiva, relaciona-
É por meio dos primeiros cuidados que a criança percebe se com o prazer, necessidade fundamental dos seres
seu próprio corpo como separado do corpo do outro, organiza humanos. Nesse sentido, é entendida como algo inerente,
suas emoções e amplia seus conhecimentos sobre o mundo. O que está presente desde o momento do nascimento,
outro é, assim, elemento fundamental para o conhecimento de manifestando-se de formas distintas segundo as fases da vida.
si. Quanto menor a criança, mais as atitudes e procedimentos Seu desenvolvimento é fortemente marcado pela cultura e
de cuidados do adulto são de importância fundamental para o pela história, dado que cada sociedade cria regras que
trabalho educativo que realiza com ela. Na faixa de zero a seis constituem parâmetros fundamentais para o comportamento
anos os cuidados essenciais assumem um caráter prioritário sexual dos indivíduos. A marca da cultura faz-se presente
na educação institucional das crianças. desde cedo no desenvolvimento da sexualidade infantil, por
No ato de alimentar ou trocar uma criança pequena não exemplo, na maneira como os adultos reagem aos primeiros
é só o cuidado com a alimentação e higiene que estão em jogo, movimentos exploratórios que as crianças fazem em seu
mas a interação afetiva que envolve a situação. Ser carregado corpo.
ao colo e, ao mesmo tempo, ter o seio ou mamadeira para A relação das crianças com o prazer se manifesta de forma
mamar é uma experiência fundamental para o ser humano. Na diferente da do adulto. Em momentos diferentes de sua vida,
relação estabelecida, por exemplo, no momento de tomar a elas podem se concentrar em determinadas partes do corpo
mamadeira, seja com a mãe ou com o professor de educação mais do que em outras. A boca é uma das regiões pela qual as
infantil, o binômio dar e receber possibilita às crianças crianças vivenciam de modo privilegiado sensações de prazer,
aprenderem sobre si mesmas e estabelecerem uma confiança ao mesmo tempo em que se constitui em recurso de ação sobre
básica no outro e em suas próprias competências. Elas o mundo exterior. Para um bebê, o sugar está presente tanto
começam a perceber que sabem lidar com a realidade, que nos momentos em que mama ou é alimentado, como quando
conseguem respostas positivas, fato que lhes dá segurança e leva à boca objetos que estão ao seu alcance ou partes de seu
que contribui para a construção de sua identidade. corpo. Nesse contexto, a mordida pode ser entendida, também,
Os constantes cuidados com o conforto que são efetivados como uma ação sobre o meio. Também nessa fase, as
pelas trocas de vestuário, pelos procedimentos de higiene da crianças descobrem o poder que têm por meio de suas
pele, pelo contato com a água do banho, pelos toques e reações de recusa ou aceitação do alimento que lhe
massagens, pelos apoios corporais e mudanças posturais vão oferecem.
propiciando aos bebês novas referências sobre seu próprio Na fase do controle esfincteriano, tudo o que diz respeito
corpo, suas necessidades e sentimentos e sobre sua às eliminações ganha uma importância enorme para as
sexualidade. crianças e para os adultos com quem convivem. Logo elas
percebem o efeito que suas eliminações provocam nos adultos,
04. Construção de vínculos os quais tendem a reagir conforme hábitos e concepções muito
arraigados acerca do que é limpo, sujo, “feio” ou “bonito”,
Desde o nascimento, as crianças se orientam podendo usá-las como recurso para manipular o adulto,
prioritariamente para o outro, inicialmente para os adultos contrapondo o seu próprio desejo às expectativas dele.
próximos, que lhes garantem a sobrevivência, propiciando sua Outra consequência que decorre do controle esfincteriano
alimentação, higiene, descanso etc. O bebê nasce e cresce, pois, é o favorecimento da exploração dos órgãos genitais, antes
em íntimo contato com o outro, o que lhe possibilita o acesso escondidos pelas fraldas. Aumenta a curiosidade por seus
ao mundo. Ele expressa seu estado de bem ou mal- estar pelas próprios órgãos, podendo entregar-se a manipulações por

Conhecimentos Específicos 122


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meio das quais pesquisam as sensações e o prazer que meninas.


produzem. Paralelamente, cresce também o interesse pelos A estrutura familiar na qual se insere a criança fornece-lhe
órgãos das outras crianças que também podem se tornar importantes referências para sua representação quanto aos
objeto de manipulação e de exploração, em interações sociais papéis de homem e mulher. Em um mesmo grupo de creche ou
dos mais diversos tipos: na hora do banho, em brincadeiras de pré-escola, as crianças podem pertencer a estruturas
médico etc. familiares distintas, como uma que é criada pelo pai e pela
A reação dos adultos às explorações da criança de seu mãe, outra que é criada só pela mãe, ou só pelo pai, ou ainda
próprio corpo e aos jogos sexuais com outras crianças lhe outra criada só por homens ou só por mulheres.
fornecem parâmetros sobre o modo como é vista a sua busca Além do modelo familiar, as crianças podem constatar, por
de prazer. Esse contexto influencia seus comportamentos exemplo, que nas novelas ou desenhos veiculados pela
atuais e a composição de sua vida psíquica. A recepção dos televisão, homem e mulher são representados conforme
adultos a suas explorações ou perguntas ligadas à sexualidade visões presentes na sociedade. Essas visões podem influenciar
podem suscitar diferentes reações, desde atitudes de a sua percepção quanto aos papéis desempenhados pelos
provocação e exibicionismo até atitudes de extremo sujeitos dos diferentes gêneros.
retraimento e culpa.
Tanto nas famílias como na instituição, as explorações 06. Aprendizagem
sexuais das crianças mobilizam valores, crenças e conteúdos
dos adultos, num processo que nem sempre é fácil de ser A criança é um ser social que nasce com capacidades
vivido. Sobretudo se virem na curiosidade e exploração das afetivas, emocionais e cognitivas. Tem desejo de estar próxima
crianças uma conotação de promiscuidade ou manifestação de às pessoas e é capaz de interagir e aprender com elas de
algo “anormal”. A tendência é que, quanto mais tranquila for a forma que possa compreender e influenciar seu ambiente.
experiência do adulto no plano de sua própria sexualidade, Ampliando suas relações sociais, interações e formas de
mais natural será sua reação às explorações espontâneas comunicação, as crianças sentem-se cada vez mais seguras
infantis. para se expressar, podendo aprender, nas trocas sociais, com
No cotidiano, as crianças recebem, com frequência, diferentes crianças e adultos cujas percepções e
mensagens contraditórias. Veem o sexo ser alardeado nas compreensões da realidade também são diversas.
propagandas, ou abertamente representado nas novelas, Para se desenvolver, portanto, as crianças precisam
por exemplo. Esse tema pode aparecer em suas brincadeiras aprender com os outros, por meio dos vínculos que estabelece.
de faz-de-conta. Se as aprendizagens acontecem na interação com as outras
Vale lembrar que, do ponto de vista da criança, porém, não pessoas, sejam elas adultos ou crianças, elas também
é necessário que ela tenha presenciado a cenas ou a dependem dos recursos de cada criança. Dentre os recursos
representação de cenas de sexo nos meios de comunicação que as crianças utilizam, destacam-se a imitação, o faz-de-
para que se envolvam em explorações ou jogos sexuais. A conta, a oposição, a linguagem e a apropriação da imagem
motivação para essas brincadeiras pode vir exclusivamente de corporal.
curiosidades e desejos, integrantes de um processo normal de
desenvolvimento. 07. Imitação
A compreensão da sexualidade como um processo amplo,
cultural e inerente ao desenvolvimento das crianças pode A percepção e a compreensão da complementaridade
auxiliar o professor diante das ações exploratórias das presente nos atos e papéis envolvidos nas interações sociais é
crianças ou das perguntas que fazem a respeito do tema. um aspecto importante do processo de diferenciação entre o
Dentre as questões relacionadas à sexualidade, as relações eu e o outro. O exercício da complementaridade está presente,
de gênero ocupam um lugar central. Há um vínculo básico por exemplo, nos jogos de imitação típico das crianças.
entre o gênero de uma pessoa e suas características biológicas, É visível o esforço das crianças, desde muito pequenas, em
que a definem como do sexo feminino ou masculino. Perceber- reproduzir gestos, expressões faciais e sons produzidos pelas
se e ser percebido como homem ou mulher, pertencendo ao pessoas com as quais convivem. Imitam também animais
grupo dos homens ou das mulheres, dos meninos ou das domésticos, objetos em movimento etc. Na fase dos dois aos
meninas, se dá nas interações estabelecidas, principalmente três anos a imitação entre crianças pode ser uma forma
nos primeiros anos de vida e durante a adolescência. privilegiada de comunicação e para brincar com outras
Antes mesmo do nascimento, os familiares manifestam crianças. A oferta de múltiplos brinquedos do mesmo tipo
curiosidade em saber se o bebê será menino ou menina. Já facilita essa interação.
nesse momento começam a construir expectativas diferentes A imitação é resultado da capacidade de a criança observar
quanto ao futuro da criança, conforme a representação que é e aprender com os outros e de seu desejo de se identificar com
feita do papel do homem e da mulher em seu grupo social. eles, ser aceita e de diferenciar-se. É entendida aqui como
Com o nascimento, as expectativas e os planos tendem a se reconstrução interna e não meramente uma cópia ou repetição
intensificar e se fazem presentes nas interações cotidianas mecânica. As crianças tendem a observar, de início, as ações
com a criança, desde a escolha da cor da roupa, passando pelos mais simples e mais próximas à sua compreensão,
brinquedos a serem oferecidos, até as atividades e especialmente aquelas apresentadas por gestos ou cenas
brincadeiras permitidas. Assim, ser homem ou mulher varia atrativas ou por pessoas de seu círculo afetivo. A observação é
conforme a cultura e o momento histórico, pois supõe, mais uma das capacidades humanas que auxiliam as crianças a
do que as características biológicas de um ou outro sexo, o construírem um processo de diferenciação dos outros e
desempenho de papéis atribuídos socialmente. consequentemente sua identidade.
Ao se perceber como menino ou como menina, as
preocupações das crianças não residem mais unicamente nas 08. Brincar
diferenças anatômicas, mas nas características associadas ao
ser homem ou mulher. Brincar é uma das atividades fundamentais para o
Após uma fase de curiosidade quanto às diferenças entre desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de a
os sexos, por volta dos cinco e seis anos, a questão do gênero criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de
ocupa papel central no processo de construção da identidade. gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na
Isso se reflete nas ações e interações entre as crianças, que brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas
tendem a uma separação espontânea entre meninos e brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas

Conhecimentos Específicos 123


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capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a oposição é mais intensa, ocorrendo de forma sistemática e
memória, a imaginação. Amadurecem também algumas concentrada.
capacidades de socialização, por meio da interação e da A observação das interações infantis sugere que são
utilização e experimentação de regras e papéis sociais. diversos os temas de oposição, os quais tendem a mudar com
A diferenciação de papéis se faz presente sobretudo no faz- a idade — por exemplo, disputa por um mesmo brinquedo,
de-conta, quando as crianças brincam como se fossem o pai, a briga por causa de um lugar específico, desentendimento por
mãe, o filhinho, o médico, o paciente, heróis e vilões etc., causa de uma idéia ou sugestão etc. Embora seja de difícil
imitando e recriando personagens observados ou imaginados administração por parte do adulto, é bom ter em vista que
nas suas vivências. A fantasia e a imaginação são elementos esses momentos desempenham um papel importante na
fundamentais para que a criança aprenda mais sobre a relação diferenciação e afirmação do eu.
entre as pessoas, sobre o eu e sobre o outro.
No faz-de-conta, as crianças aprendem a agir em função da 10. Linguagem
imagem de uma pessoa, de uma personagem, de um objeto e
de situações que não estão imediatamente presentes e O uso que a criança faz da linguagem fornece vários
perceptíveis para elas no momento e que evocam emoções, indícios quanto ao processo de diferenciação entre o eu e o
sentimentos e significados vivenciados em outras outro. Por exemplo, a estabilização no uso do pronome “eu” em
circunstâncias. Brincar funciona como um cenário no qual as substituição à forma usada pelos menores que costumam
crianças tornam-se capazes não só de imitar a vida como referir-se a si mesmos pelo próprio nome, conjugando o verbo
também de transformá-la. Os heróis, por exemplo, lutam na terceira pessoa — “fulano quer isso ou aquilo” — sugere a
contra seus inimigos, mas também podem ter filhos, cozinhar identificação da sua pessoa como uma perspectiva particular e
e ir ao circo. única. Por outro lado, a própria linguagem favorece o processo
Ao brincar de faz-de-conta, as crianças buscam imitar, de diferenciação, ao possibilitar formas mais objetivas e
imaginar, representar e comunicar de uma forma específica diversas de compreender o real.
que uma coisa pode ser outra, que uma pessoa pode ser uma Ao mesmo tempo que enriquece as possibilidades de
personagem, que uma criança pode ser um objeto ou um comunicação e expressão, a linguagem representa um potente
animal, que um lugar “faz-de-conta” que é outro. Brincar é, veículo de socialização.
assim, um espaço no qual se pode observar a coordenação É na interação social que as crianças são inseridas na
das experiências prévias das crianças e aquilo que os objetos linguagem, partilhando significados e sendo significadas pelo
manipulados sugerem ou provocam no momento presente. outro. Cada língua carrega, em sua estrutura, um jeito próprio
Pela repetição daquilo que já conhecem, utilizando a ativação de ver e compreender o mundo, o qual se relaciona a
da memória, atualizam seus conhecimentos prévios, características de culturas e grupos sociais singulares. Ao
ampliando-os e transformando-os por meio da criação de uma aprender a língua materna, a criança toma contato com esses
situação imaginária nova. Brincar constitui- se, dessa forma, conteúdos e concepções, construindo um sentido de
em uma atividade interna das crianças, baseada no pertinência social.
desenvolvimento da imaginação e na interpretação da Por meio da linguagem, o ser humano pode ter acesso a
realidade, sem ser ilusão ou mentira. Também tornam-se outras realidades sem passar, necessariamente, pela
autoras de seus papéis, escolhendo, elaborando e colocando experiência concreta. Por exemplo, alguém que more no sul do
em prática suas fantasias e conhecimentos, sem a intervenção Brasil pode saber coisas sobre a floresta ou povos da Amazônia
direta do adulto, podendo pensar e solucionar problemas de sem que nunca tenha ido ao Amazonas, simplesmente se
forma livre das pressões situacionais da realidade imediata. baseando em relatos de viajantes, ou em livros. Com esse
Quando utilizam a linguagem do faz-de-conta, as crianças recurso, a criança tem acesso a mundos distantes e
enriquecem sua identidade, porque podem experimentar imaginários. As histórias que compõem o repertório infantil
outras formas de ser e pensar, ampliando suas concepções tradicional são inesgotável fonte de informações culturais, as
sobre as coisas e pessoas ao desempenhar vários papéis quais somam-se a sua vivência concreta. O Saci Pererê pode
sociais ou personagens. Na brincadeira, vivenciam ser, por exemplo, uma personagem cujas aventuras façam
concretamente a elaboração e negociação de regras de parte da vida da criança sem que exista concretamente na
convivência, assim como a elaboração de um sistema de realidade.
representação dos diversos sentimentos, das emoções e das
construções humanas. Isso ocorre porque a motivação da 11. Apropriação da imagem corporal
brincadeira é sempre individual e depende dos recursos
emocionais de cada criança que são compartilhados em A aquisição da consciência dos limites do próprio corpo é
situações de interação social. Por meio da repetição de um aspecto importante do processo de diferenciação do eu e
determinadas ações imaginadas que se baseiam nas do outro e da construção da identidade.
polaridades presença/ausência, bom/mau, prazer/desprazer, Por meio das explorações que faz, do contato físico com
passividade/ atividade, dentro/fora, grande/pequeno, outras pessoas, da observação daqueles com quem convive, a
feio/bonito etc., as crianças também podem internalizar e criança aprende sobre o mundo, sobre si mesma e comunica-
elaborar suas emoções e sentimentos, desenvolvendo um se pela linguagem corporal.
sentido próprio de moral e de justiça.
12. Objetivos
09. Oposição
A) Crianças de zero a três anos
Além da imitação e do faz-de-conta, a oposição é outro
recurso fundamental no processo de construção do sujeito. A instituição deve criar um ambiente de acolhimento que
Opor-se, significa, em certo sentido, diferenciar-se do outro, dê segurança e confiança às crianças, garantindo
afirmar o seu ponto de vista, os seus desejos. oportunidades para que sejam capazes de:
Vários são os contextos em que tal conduta pode
ocorrer, sua intensidade depende de vários fatores, tais a) Experimentar e utilizar os recursos de que dispõem
como características pessoais, grau de liberdade para a satisfação de suas necessidades essenciais, expressando
oferecido pelo meio, momento específico do desenvolvimento seus desejos, sentimentos, vontades e desagrados, e agindo
pessoal em que se encontra. É comum haver fases em que a com progressiva autonomia;

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b) Familiarizar-se com a imagem do próprio corpo, 14. Orientações didáticas


conhecendo progressivamente seus limites, sua unidade e as
sensações que ele produz; A) Autoestima
c) Interessar-se progressivamente pelo cuidado com o
próprio corpo, executando ações simples relacionadas à saúde A autoestima que a criança aos poucos desenvolve é, em
e higiene; grande parte, interiorização da estima que se tem por ela e da
d) Brincar; confiança da qual é alvo. Disso resulta a necessidade de o
e) Relacionar-se progressivamente com mais crianças, adulto confiar e acreditar na capacidade de todas as crianças
com seus professores e com demais profissionais da com as quais trabalha. A postura corporal, somada à linguagem
instituição, demonstrando suas necessidades e interesses. gestual, verbal etc., do adulto transmite informações às
crianças, possibilitando formas particulares e significativas de
B) Crianças de quarto a seis anos estabelecer vínculos com elas. É importante criar situações
educativas para que, dentro dos limites impostos pela vivência
Para esta fase, os objetivos estabelecidos para a faixa etária em coletividade, cada criança possa ter respeitados os seus
de zero a três anos deverão ser aprofundados e ampliados, hábitos, ritmos e preferências individuais. Da mesma forma,
garantindo-se, ainda, oportunidades para que as crianças ouvir as falas das crianças, compreendendo o que elas estão
sejam capazes de: querendo comunicar, fortalece a sua autoconfiança.
O processo de construção da autoconfiança envolve
a) Ter uma imagem positiva de si, ampliando sua avanços e retrocessos. As crianças podem fazer birra diante de
autoconfiança, identificando cada vez mais suas limitações e frustrações, demonstrar sentimentos como vergonha e medo
possibilidades, e agindo de acordo com elas; ou ter pesadelos, necessitando de apoio e compreensão dos
b) Identificar e enfrentar situações de conflitos, utilizando pais e professores. O adulto deve ter em relação a elas uma
seus recursos pessoais, respeitando as outras crianças e atitude continente, apoiando-as e controlando-as de forma
adultos e exigindo reciprocidade; flexível, porém segura.
c) Valorizar ações de cooperação e solidariedade, A colaboração entre pais e professores é fundamental no
desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração e acompanhamento conjunto dos progressos que a criança
compartilhando suas vivências; realiza na construção de sua identidade e progressiva
d) Brincar; autonomia pessoal. A preocupação em demarcar o espaço
e) Adotar hábitos de autocuidado, valorizando as atitudes individual no coletivo é imprescindível para que as crianças
relacionadas com a higiene, alimentação, conforto, segurança, tenham noção de que sua inserção no grupo não anula sua
proteção do corpo e cuidados com a aparência; individualidade. Isso pode se fazer presente, por exemplo, na
f) Identificar e compreender a sua pertinência aos diversos identificação dos pertences pessoais. O local escolhido e
grupos dos quais participam, respeitando suas regras básicas organizado para guardar os pertences de cada um pode ser
de convívio social e a diversidade que os compõe. identificado por sua fotografia ou a escrita de seu nome de
forma que, pelo reconhecimento dessa marca, as crianças
13. Conteúdos possam saber que ali estão suas coisas. Em contrapartida,
trabalhar o reconhecimento da marca de outros é também um
a) Comunicação e expressão de seus desejos, objetivo importante, pois favorece a formação do sentimento
desagrados, necessidades, preferências e vontades em de grupo.
brincadeiras e nas atividades cotidianas. É importante que os adultos refiram-se a cada criança
b) Reconhecimento progressivo do próprio corpo e das pelo nome, bem como assegurem que conheçam os nomes
diferentes sensações e ritmos que produz. de todos. Para isso, várias atividades podem ser planejadas,
c) Identificação progressiva de algumas singularidades com destaque para brincadeiras e cantigas em que se podem
próprias e das pessoas com as quais convive no seu inserir os nomes dos elementos do grupo, propiciando que
cotidiano em situações de interação. sejam ditos e repetidos num contexto lúdico e afetivo.
d) Iniciativa para pedir ajuda nas situações em que isso se O mesmo vale para a referência aos professores e aos pais. É
fizer necessário. comum que os professores sejam chamados pela designação
e) Realização de pequenas ações cotidianas ao seu alcance “tia” ou “tio”, tendo sua identidade diluída por trás de um
para que adquira maior independência. título que, a bem da verdade, nem lhes pertence. A
f) Interesse pelas brincadeiras e pela exploração de professora e o professor são profissionais e não membros da
diferentes brinquedos. família das crianças. Quanto às mães e aos pais, também ocorre
g) Participação em brincadeiras de “esconder e achar” de serem designados simplesmente como “mãe” ou como
e em brincadeiras de imitação. “pai”, como se todos fossem iguais, reconhecidos apenas por
h) Escolha de brinquedos, objetos e espaços para brincar. esse papel social que desempenham.
i) Participação e interesse em situações que envolvam a
relação com o outro. B) Escolha
j) Respeito às regras simples de convívio social.
k) Higiene das mãos com ajuda. Desde pequenos, os bebês já manifestam suas preferências
l) Expressão e manifestação de desconforto relativo à e são, também, capazes de escolher. Para isso dependem
presença de urina e fezes nas fraldas. diretamente da mediação do adulto que interpreta suas
m) Interesse em desprender-se das fraldas e utilizar o expressões faciais ou choro como indícios de preferência por
penico e o vaso sanitário. uma ou outra situação. O choro profundo de um bebê que é
n) Interesse em experimentar novos alimentos e comer retirado de uma brincadeira e colocado no berço, por exemplo,
sem ajuda. pode significar desagrado com a nova situação e preferência
o) Identificação de situações de risco no seu ambiente pela anterior. Ao buscar compreender o significado desse tipo
mais próximo. de manifestação e atendê-la, quando possível, o adulto está
dando, de uma maneira indireta, possibilidade de escolha à
criança cuja relação com o mundo ele medeia.
Escolhas mais diretas logo se tornam possíveis, tais como
as que se referem aos objetos com os quais brincar ou aos

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companheiros com quem interagir. Mas essas escolhas, fatores de desenvolvimento e aprendizagem quando se criam
também, dependem muito da maneira como o adulto organiza situações de ajuda mútua e cooperação. As características de
a rotina e dispõe o ambiente. Nesse sentido, a organização do cada criança, seja no âmbito afetivo, seja no emocional, social
espaço é um procedimento recomendado para que as crianças ou cognitivo, devem ser levadas em conta quando se
disponham de várias alternativas de ação e de parceiros. organizam situações de trabalho ou jogo em grupo ou em
Pode-se pensar, por exemplo, numa sala onde haja, num canto, momentos de brincadeira que ocorrem livremente.
instrumentos musicais, no outro, brinquedos de faz-de-
conta e, num terceiro, blocos de encaixe, permitindo que as E) Imagem
crianças possam circular livremente entre um e outro,
exercitando seu poder de escolha, tanto em relação às O espelho é um importante instrumento para a construção
atividades como em relação aos parceiros. da identidade. Por meio das brincadeiras que faz em frente a
ele, a criança começa a reconhecer sua imagem e as
C) Faz de conta características físicas que integram a sua pessoa. É
aconselhável que se coloque na sala, um espelho grande o
Cabe ao professor organizar situações de interação em que suficiente para que várias crianças possam se ver de corpo
panos, fraldas ou anteparos como caixas e biombos possam ser inteiro e brincar em frente a ele.
utilizados para esconder o rosto ou o corpo todo da criança e
do parceiro, num jogo de esconder e aparecer. Outras F) Cuidados
situações podem ser organizadas da mesma forma, para que as
crianças lancem e resgatem, façam aparecer e desaparecer Junto aos bebês, a intervenção educativa deve satisfazer
brinquedos e objetos. Isso as auxilia, pouco a pouco, a suas necessidades de higiene, alimentação e descanso. À
elaborarem a construção mental da imagem de um objeto ou medida em que vão crescendo, o professor pode incentivá-los
pessoa ausente. a participar ativamente dessas atividades de atendimento das
Nessa faixa etária, o faz-de-conta utiliza-se principalmente necessidades. O professor favorece a independência quando
da imitação para acontecer. O professor pode propiciar estimula a criança, exigindo dela com afeto e convicção aquilo
situações para que as crianças imitem ações que representam que ela tem condição de fazer.
diferentes pessoas, personagens ou animais, reproduzindo A higiene das mãos constitui-se um recurso simples e
ambientes como casinha, trem, posto de gasolina, fazenda etc. eficiente entre as atitudes e procedimentos básicos para a
Esses ambientes devem favorecer a interação com uma ou manutenção da saúde e prevenção de doenças. É sempre bom
mais crianças compartilhando um mesmo objeto, tal como lembrar que os adultos servem de modelo para as crianças que
empurrar o berço como se fosse um meio de transporte, levar observam suas atitudes e por isso é aconselhável que eles
bonecas para passear ou dar de mamar, cuidar de também lavem as mãos, sempre que necessário. É importante
cachorrinhos etc. que o professor lembre de lavar as mãos dos bebês, seja após
a troca, caso eles tenham tocado as próprias fraldas, seja após
D) Interação engatinharem e explorarem o ambiente, ou antes de
receberem alimentos na própria mão. Assim que eles
O desenvolvimento da capacidade de se relacionar adquirirem a marcha, podem observar o adulto e as outras
depende, entre outras coisas, de oportunidades de interação crianças lavarem suas mãos e iniciar o exercício dessa
com crianças da mesma idade ou de idades diferentes em habilidade.
situações diversas. Cabe ao professor promover atividades Às vezes, as crianças se entusiasmam, jogam água umas
individuais ou em grupo, respeitando as diferenças e nas outras, lavam o rosto e respingam água na roupa. Isso
estimulando a troca entre as crianças. acontece, frequentemente, porque brincar com água é uma
Para as crianças que ainda não andam sozinhas, é atividade prazerosa. Providenciar tanques ou recipientes
fundamental que se pense no local onde serão acomodadas. Se especiais e seguros onde as crianças possam brincar durante
forem mantidas em berços, por exemplo, terão mais algum tempo com água é uma forma de garantir que tenham
dificuldade para comunicar-se do que se forem acomodadas prazer, independentemente dos momentos em que precisam
em colchões ou almofadas espalhadas pelo chão de onde lavar as mãos.
possam se enxergar mais facilmente, arrastar-se em direção ao A retirada das fraldas e o controle dos esfíncteres pela
parceiro, emitir balbucios ou sorrisos. A estruturação do criança constitui um processo complexo que integra aspectos
espaço em áreas menores, o que possibilita mais intimidade e biológicos, afetivos, emocionais e sociais. Dependendo do
segurança, tende a ser fator facilitador. desenvolvimento de cada criança, ao final do segundo ano de
A disposição de objetos atraentes ao alcance das crianças vida, ou seja, entre 18 e 24 meses, aproximadamente, ela passa
também auxilia o estabelecimento de interações, uma vez que a se interessar pelas suas eliminações e experimentar com
servem como suporte e estímulo para o encadeamento das mais consciência as sensações provocadas pela contração e
ações. relaxamento dos esfíncteres. Passa também a reter o xixi
Um aspecto a ser levado em conta é a quantidade de durante mais tempo, resultado do desenvolvimento da
exemplares de brinquedos ou objetos significativos colocados capacidade de sua bexiga em armazenar uma certa
à disposição. A oferta de múltiplos exemplares pode facilitar a quantidade de urina durante um determinado tempo.
comunicação, na medida em que propicia ações paralelas, de As crianças nesta fase percebem e indicam para o
imitação, bem como ações encadeadas de faz-de-conta. Além professor que estão molhadas ou que estão com vontade de
disso, tal procedimento tem chances de reduzir a incidência de “fazer cocô”, seja emitindo sons, contorcendo e apertando as
conflitos em torno da posse de objetos. O faz-de-conta é pernas, apontando para o xixi que escorre, puxando ou
momento privilegiado de interação entre as crianças. Por isso apontando suas fraldas, seja falando uma palavra usada em
a importância de ter espaço assegurado na rotina ao longo de seu meio cultural e que expresse sua percepção ou desejo. Ao
toda a educação infantil. identificar os momentos em que a criança está sentindo
O estabelecimento de condições adequadas para as vontade de evacuar ou urinar, o professor pode perguntar-lhe
interações está pautado tanto nas questões emocionais e se quer ir ao sanitário, se precisa de ajuda. É aconselhável levá-
afetivas quanto nas cognitivas. As interações de diferentes las periodicamente ao banheiro.
crianças, incluindo aquelas com necessidades especiais, assim As fezes e a urina são produções da criança e têm um
como com conhecimentos específicos diferenciados, são significado especial para ela. Pela reação do professor e dos

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familiares diante do seu cocô e do seu xixi ela percebe como os G.1) Crianças de quatro a seis anos
adultos recebem o que ela produz. As crianças, em princípio,
lidam com suas eliminações com curiosidade e a) Expressão, manifestação e controle progressivo de
espontaneidade. A noção de sujo e limpo, de nojo a suas necessidades, desejos e sentimentos em situações
determinadas substâncias corporais é construída cotidianas.
culturalmente, sendo que em alguns grupos pode-se reagir ao b) Iniciativa para resolver pequenos problemas do
cheiro e aspecto das fezes e urina de uma forma diferente de cotidiano, pedindo ajuda se necessário.
outras, assim como pode-se classificá-las de forma diferente c) Identificação progressiva de algumas singularidades
em relação ao que se considera puro ou impuro, sujo ou limpo. próprias e das pessoas com as quais convive no seu
Adultos que são mais compreensivos e tolerantes com as cotidiano em situações de interação.
necessidades das crianças proporcionam sentimentos d) Participação em situações de brincadeira nas quais as
positivos como confiança, autoestima e segurança. crianças escolham os parceiros, os objetos, os temas, o espaço
O processo de retirada de fraldas pode ser facilitado pela e as personagens.
organização da rotina e do ambiente pelos professores e pela e) Participação de meninos e meninas igualmente em
observação e imitação pela criança das outras crianças que vão brincadeiras de futebol, casinha, pular corda.
ao sanitário ou que estão começando a utilizar o penico. A f) Valorização do diálogo como uma forma de lidar com
primeira condição para que os adultos iniciem esse os conflitos.
processo com a criança é o respeito por sua vontade e a g) Participação na realização de pequenas tarefas do
identificação de suas necessidades, tanto pelos familiares cotidiano que envolvam ações de cooperação, solidariedade e
quanto pelo professor. ajuda na relação com os outros.
É aconselhável que a instituição e a família compartilhem h) Respeito às características pessoais relacionadas ao
das mesmas intenções e cuidados durante esta fase, mas que gênero, etnia, peso, estatura etc.
evitem iniciar o processo em momentos de crise, como o i) Valorização da limpeza e aparência pessoal.
nascimento de um irmão, a perda de alguém importante, na j) Respeito e valorização da cultura de seu grupo de origem
fase de adaptação em um novo grupo ou durante a vigência e de outros grupos.
ou recuperação de uma doença. k) Conhecimento, respeito e utilização de algumas
Em torno dos três anos, caso tenha tido oportunidade de regras elementares de convívio social.
experimentar, a criança já tem condições para alimentar-se l) Participação em situações que envolvam a combinação
sozinha, determinar seu próprio ritmo e a quantidade de de algumas regras de convivência em grupo e aquelas
alimentos que ingere, mas podem necessitar de ajuda e referentes ao uso dos materiais e do espaço, quando isso for
incentivo do adulto para que experimente novos alimentos pertinente.
ou para servir-se. Nesta fase pode começar a rejeitar alguns m) Valorização dos cuidados com os materiais de uso
alimentos, selecionando apenas os seus preferidos, e a repelir individual e coletivo.
a ajuda do adulto para alimentar-se. n) Procedimentos relacionados à alimentação e à higiene
A organização dos momentos de oferta de alimentos das mãos, cuidado e limpeza pessoal das várias partes do
precisa ser feita em ambientes mais tranquilos, em pequenos corpo.
grupos, com acompanhamento mais próximo pelo adulto, que o) Utilização adequada dos sanitários.
propicia segurança afetiva e ajuda a construir gradativamente p) Identificação de situações de risco no seu ambiente
as habilidades para a independência ao alimentar-se. mais próximo.
Desaconselha-se a oferta das refeições em grandes q) Procedimentos básicos de prevenção a acidentes e
refeitórios com todos os grupos infantis presentes ao mesmo autocuidado.
tempo, o que além de aumentar o tempo de espera das
crianças, dispersa a atenção tanto das crianças quanto do 15. Orientações didáticas
professor, aumenta o nível de ruído e dificulta a ação
educativa. Algumas refeições podem ser feitas nas próprias A) Nome
salas dos grupos infantis, outras em companhia de grupos
etários diversos, mas sempre evitando grandes grupos ao Nesta faixa etária, mantém-se a importância da
mesmo tempo. identificação pelo nome e acrescenta- se o interesse por sua
representação escrita, a qual se manifesta em idades variadas,
G) Segurança conforme as experiências anteriores com essa linguagem. Uma
possibilidade de trabalho é identificar os pertences individuais
É recomendável orientar as crianças a usarem os pelo nome escrito e fazer do reconhecimento do seu próprio e
utensílios, brinquedos e objetos de forma segura. Por exemplo, do nome do outro, conteúdo de trabalho.
crianças de três anos (dependendo do desenvolvimento e do Vários são os jogos que podem ser construídos utilizando
ambiente sociocultural) já podem usar garfo e faca quando os nomes próprios, como, por exemplo, bingo, jogo da
fazem refeições, mas antes precisam ser orientadas sobre os memória, dominó, e que podem ser reconstruídos
cuidados com objetos pontiagudos e cortantes, assim como substituindo as letras, as imagens ou os números,
estes objetos devem ser destinado à sua finalidade, usados sob respectivamente, pelo nome dos integrantes do grupo.
supervisão de adultos e adequados ao tamanho da criança. Mas o nome traz mais do que uma grafia específica, ele traz
Atividades pedagógicas que envolvam uso de também uma história, um significado. Fazer uma pesquisa
procedimentos ou produtos que possam colocar em risco a para descobrir a história do nome de cada elemento do grupo
saúde das crianças, como atividades que utilizam produtos (por que os familiares escolheram esse nome) pode ser uma
químicos (como água sanitária para descolorir papel), velas ou interessante atividade, inclusive com o envolvimento da
eletricidade (para experiências de luz e sombra), ou objetos família.
pequenos que possam ser engolidos ou colocados em
cavidades (grãos, botões), precisam ser planejadas e B) Imagem
supervisionadas cuidadosamente.
O espelho é um excelente instrumento na construção e na
afirmação da imagem corporal recém-formada: é na frente
dele que meninos e meninas poderão se fantasiar, assumir

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papéis, brincar de ser pessoas diferentes, e olhar-se, O professor pode, por exemplo, distribuir tarefas para que
experimentando todas essas possibilidades. Nesse sentido, a transformem o espaço numa oficina de artes plásticas, ou que
maquiagem (que as crianças podem utilizar sozinhas ou arrumem a mesa para o almoço ou lanche. Vale lembrar que as
auxiliadas pelo professor), fantasias diversas, roupas, sapatos possibilidades de cooperação oferecidas pelo trabalho em
e acessórios que os adultos não usam mais, bijuterias, são grupo, em que as crianças conversam sobre o que fazem e se
ótimos materiais para o faz-de-conta nesta faixa etária. Com ajudam mutuamente, constitui-se num valioso recurso
eles, e diante do espelho, a criança consegue perceber que sua educativo. Além da troca de ideias, o confronto de pontos de
imagem muda, sem que modifique a sua pessoa. vista que o trabalho em grupo propicia é um fator fundamental
para que as crianças percebam que sua opinião é uma entre
C) Independência e autonomia outras possíveis, e para que possam assim integrar suas ideias
às dos demais, numa relação de cooperação.
Nos atos cotidianos e em atividades sistematizadas, o que Outro aspecto que contribui para o desenvolvimento da
se recomenda é a atenção permanente à questão da autonomia é que a criança tenha referências para situar-se na
independência e autonomia. O exercício da cidadania é um rotina da instituição. Quando se está num ambiente conhecido
processo que se inicia desde a infância, quando se oferecem às e em que se pode antecipar a sequência dos acontecimentos,
crianças oportunidades de escolha e de autogoverno. tem-se mais segurança para arriscar e ousar agir com
A capacidade de realizar escolhas amplia-se conforme o independência.
desenvolvimento dos recursos individuais e mediante a O conhecimento da sequência da rotina é também
prática de tomada de decisões. Isso vale tanto para os fator que favorece o desenvolvimento da autonomia. Pode-
materiais a serem usados como para as atividades a serem se pensar em organizá-lo por meio de instrumentos que se
realizadas. Podem-se criar situações em que as crianças fazem utilizem das novas conquistas no plano da representação, ou
suas escolhas entre várias opções, em locais distintos ou no seja, a crescente familiarização com linguagens gráficas, como
mesmo espaço. Esta pode representar uma ótima o desenho e a escrita. Assim, a elaboração de quadros e tabelas
oportunidade de integração entre crianças de diferentes onde as atividades fixas de cada dia da semana estejam
idades. registradas pode constituir-se numa interessante atividade.
No dia-a-dia da instituição pode parecer mais fácil que o Uma vez produzida a tabela, constitui-se num instrumento a
adulto centralize todas as decisões, definindo o que e como ser consultado pelas crianças para poderem se guiar com mais
fazer, com quem e quando. Essa centralização pode resultar, independência na sucessão de atividades a serem realizadas.
contudo, num ambiente autoritário, em que não há espaço Para favorecer o desenvolvimento da autonomia é
para o exercício da ação autônoma. Oferecer condições para necessário que o professor compreenda os modos próprios
que as crianças, conforme os recursos de que dispõem, dirijam de as crianças se relacionarem, agirem, sentirem, pensarem e
por si mesmas suas ações, propicia o desenvolvimento de um construírem conhecimentos.
senso de responsabilidade.
Tradicionalmente, as instituições escolares associam D) Respeito a diversidade
disciplina a silêncio e veem a conversa como sinônimo de
bagunça, indisciplina. Embora mais consolidada no ensino Para que seja incorporada pelas crianças, a atitude de
fundamental, essa visão influencia também a prática na aceitação do outro em suas diferenças e particularidades
educação infantil, em que não raro o comportamento que se precisa estar presente nos atos e atitudes dos adultos com
espera da criança é o da simples obediência, o silêncio, a quem convivem na instituição. Começando pelas
imobilidade. Essa expectativa é incompatível com um projeto diferenças de temperamento, de habilidades e de
educativo que valoriza a criança independente, que toma conhecimentos, até as diferenças de gênero, de etnia e de credo
iniciativas e que coordena sua ação com a de outros. religioso, o respeito a essa diversidade deve permear as
A progressiva independência na realização das mais relações cotidianas. Uma atenção particular deve ser voltada
diversas ações, embora não garanta a autonomia, é condição para as crianças com necessidades especiais que, devido
necessária para o seu desenvolvimento. Esse processo valoriza às suas características peculiares, estão mais sujeitas à
o papel do professor como aquele que organiza, discriminação. Ao lado dessa atitude geral, podem-se criar
sistematiza e conduz situações de aprendizagem. A situações de aprendizagem em que a questão da diversidade
disposição dos materiais e utensílios pedagógicos é fator que seja tema de conversa ou de trabalho.
interfere diretamente nas possibilidades do “fazer sozinho”,
devendo ser, também, alvo de reflexão e planejamento do E) Identidade de gênero
professor e da instituição. Uma sugestão é que os materiais
pedagógicos, brinquedos e outros objetos estejam à No que concerne a identidade de gênero, a atitude básica é
disposição, organizados de tal forma que possam ser transmitir, por meio de ações e encaminhamentos, valores de
encontrados sem a necessidade de interferência do adulto, igualdade e respeito entre as pessoas de sexos diferentes e
dispostos em altura ao alcance das crianças, em caixas ou permitir que a criança brinque com as possibilidades
prateleiras etc. sobretudo em ambientes especialmente relacionadas tanto ao papel de homem como ao da mulher.
organizados para brincar, como casinhas, garagem, circo, Isso exige uma atenção constante por parte do professor,
feira etc. para que não sejam reproduzidos, nas relações com as
Propiciar a ajuda entre as crianças é também recurso a crianças, padrões estereotipados quanto aos papéis do
ser explorado. As crianças possuem conhecimentos e homem e da mulher, como, por exemplo, que à mulher cabe
competências distintas. Criar situações para que prestem cuidar da casa e dos filhos e que ao homem cabe o sustento da
ajuda umas às outras — para calçar o sapato, para alcançar um família e a tomada de decisões, ou que homem não chora e
objeto, para fazer um desenho, para escrever uma palavra etc. que mulher não briga.
— possibilita trocas muito interessantes, nas quais as crianças Todavia, mesmo quando o ambiente é flexível quanto às
vivenciam essa diferença de saberes que é própria ao ser possibilidades de exploração dos papéis sociais, os
humano em qualquer idade. A ajuda entre pares pode ser estereótipos podem surgir entre as próprias crianças, fruto do
também um interessante recurso para facilitar a integração meio em que vivem, ou reflexo da fase em que a divisão entre
de crianças com necessidades especiais. meninos e meninas torna-se uma forma de se apropriar da
Pode-se planejar situações em que as crianças sejam identidade sexual. A observação e sensibilidade do professor
solicitadas a colaborar com o bom andamento das atividades. são ingredientes fundamentais para identificar as diferentes

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situações e ter clareza quanto aos encaminhamentos a serem das sanções, é preciso dar oportunidade para que as crianças
dados. participem do estabelecimento de regras que irão afetar-lhes
O trabalho com a identidade representa mais um diretamente.
importante espaço para a integração entre família e Na instituição coletiva, não são todas as regras que podem
instituição. Desenvolver atitudes de respeito às ser modificadas em função dos acordos feitos entre
particularidades de cada grupo familiar favorece, por exemplo, professores e crianças. Os horários das refeições, por exemplo,
que o professor e os outros profissionais de educação infantil assim como o uso de espaços comuns ou mesmo horários de
compreendam a dificuldade de uma criança em usar talheres, chegada e saída dependem de uma complexa rede que envolve
quando em sua casa o costume é comer com as mãos. Ao funcionários, pais e o conjunto das crianças atendidas,
lado dessa atitude permanente de respeito e compreensão, dificultando a sua modificação por pequenos grupos. Esse
podem-se planejar momentos específicos de colaboração assunto pode se transformar em interessante tema de
entre a instituição e as famílias. conversa com as crianças, podendo até, conforme o interesse
A presença dos familiares como elementos integrados ao que despertar, justificar a realização de um projeto de
trabalho pedagógico constitui-se em outro recurso pesquisa sobre algumas leis e regras da vida em grupo.
interessante. O convite aos familiares para irem à instituição Todavia, há muitas regras que são passíveis de serem
pode ser feito sob diversos pretextos, desde o simples relato discutidas e reformuladas no âmbito de um grupo específico,
ao vivo de um caso já mencionado pela criança, até a como, por exemplo, as que tratam das atitudes diante dos
participação em alguma atividade para a qual possa ter uma colegas, do uso de materiais, da organização do espaço etc.
contribuição especial. Por exemplo, pode-se convidar um pai Promover debates em que as crianças possam se pronunciar e
cujo filho(a) diz ser um exímio fazedor de pipas para ensinar exprimir suas opiniões até que se coordenem os pontos de
as crianças a construírem as suas próprias pipas. Ou então vista para o estabelecimento de regras comuns é um
pedir a uma mãe que toca violão para fazer uma seresta junto procedimento a ser assegurado no planejamento pedagógico.
ao grupo. Ou convidar um avô, bom contador de casos, para Além das regras, as sanções para o caso de descumprimento
contar histórias. Dessa forma, são aproveitadas as delas devem também ser tema de conversa, no qual a
habilidades dos familiares para enriquecer o conhecimento ponderação e mediação do adulto tem papel fundamental.
e a vivência na instituição. Uma noção importante de ser trabalhada, na perspectiva
de uma moral autônoma é que as sanções devem guardar
F) Interação coerência com a regra transgredida, ou seja, que haja
reciprocidade entre ambas. Um exemplo de sanção por
O domínio da fala diversifica as modalidades de interação, reciprocidade é a situação de um grupo de crianças que é
favorecendo o intercâmbio de ideias, realidades e pontos de impedido de participar da oficina de artes por ter destruído o
vista. A observação das interações espontâneas revela o material que seria utilizado. Nesse mesmo exemplo, se a
quanto as crianças conversam entre si. Não seria possível sanção proposta pelo adulto fosse a proibição de ir ao parque,
inventariar os possíveis temas de conversa, pois o repertório é haveria uma relação arbitrária, em que a sanção não está de
infinito, refletindo vivências pessoais, desejos, fantasias, acordo com a falta cometida.
projetos, conhecimentos. Por exemplo, ao conversarem sobre Para que a deliberação coletiva sobre regras de
assuntos do universo familiar de cada um, todos os convivência seja transformada em conteúdo mais
participantes se enriquecem, pela oportunidade de expressão sistematizado, pode-se pensar no registro delas.
e de contato com outras vivências. Dada a importância do
diálogo na construção de conhecimento sobre si e sobre o G) Jogos e brincadeiras
outro, são aconselháveis situações em que a conversa seja o
principal objetivo. Nas brincadeiras e jogos espontâneos a Alguns jogos e brincadeiras de parque ou quintal,
conversa também costuma estar presente. Ao lado desses envolvendo o reconhecimento do próprio corpo, o do outro e
momentos, é recomendável que o professor acolha as a imitação, podem se transformar em atividades da rotina.
conversas também durante as atividades mais sistematizadas, Bons exemplos são “Siga o Mestre” e “Seu Lobo” porque
tal como a realização de uma colagem, de um desenho, a propõem a percepção e identificação de partes do corpo e a
redação de um texto ou leitura de um livro. Compartilhar com imitação de movimentos.
o outro suas dúvidas, expressar suas ansiedades, comunicar Podem ser planejadas articulações com outros eixos de
suas descobertas, são ações que favorecem a aprendizagem. trabalho, como, por exemplo, pedir que as crianças modelem
A cooperação consolida-se como interação possível nesta parte do corpo em massa ou argila, tendo o próprio corpo ou
faixa etária. Pode ser desenvolvida por meio de atividades em o do outro como modelo. Essa possibilidade pode ser
grupo em que cada criança desempenha um papel ou tarefa aprofundada, se forem pesquisadas também obras de arte em
para a realização de um objetivo comum. O adulto pode que partes do corpo foram retratadas ou esculpidas. É
auxiliar na distribuição das funções, mas o interessante é que importante lembrar que neste tipo de trabalho não há
as crianças adquiram progressiva autonomia para fazê-lo. necessidade de se estabelecer uma hierarquia prévia entre as
Paralelamente a esse processo de divisão de tarefas para a partes do corpo que serão trabalhadas. Pensar que para a
integração em torno de um objetivo comum, as crianças criança “é mais fácil” começar a perceber o próprio corpo
desenvolvem o sentimento de pertencer a um grupo. Cuidar pela cabeça, depois pelo tronco e por fim pelos membros, por
das relações que se criam entre os vários elementos que exemplo, pode não corresponder à sua experiência real. Nesse
compõem o grupo deve ser uma preocupação do professor. sentido, o professor precisa estar bastante atento aos
A ação do professor de educação infantil, como mediador conhecimentos prévios das crianças acerca de si mesmas e de
das relações entre as crianças e os diversos universos sociais sua corporeidade.
nos quais elas interagem, possibilita a criação de condições Outra orientação de atividades tem a ver com o
para que elas possam, gradativamente, desenvolver reconhecimento dos sinais vitais e de sua alteração, como a
capacidades ligadas à tomada de decisões, à construção de respiração, os batimentos cardíacos, como também de
regras, à cooperação, à solidariedade, ao diálogo, ao respeito a sensações de prazer ou desprazer que qualquer atividade
si mesmas e ao outro, assim como desenvolver sentimentos de física pode proporcionar. Ouvir esses sinais, refletir,
justiça e ações de cuidado para consigo e para com os outros. conversar sobre o que acontece quando se corre, ou se rola, ou
Em relação às regras, além de se manter a preocupação quanto se massageia um ao outro; pedir às crianças que registrem
à clareza e transparência na sua apresentação e à coerência essas ideias utilizando desenhos ou outras linguagens pode

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garantir que continuem a entender e se expressar pelo corporais, tais como subir e descer de árvores e obstáculos,
movimento de forma harmoniosa. percorrer circuitos com dificuldades diversas, são atitudes
necessárias ao professor. Oferecer oportunidades diárias de se
H) Cuidados pessoais exercitarem ao ar livre e com os brinquedos como
escorregador, gangorra etc. valoriza a crescente capacidade
As crianças precisam ser lembradas para lavarem as mãos psicomotora das crianças.
antes das refeições, após o uso do banheiro, após a Para que elas desenvolvam a confiança em suas
manipulação de terra, areia e tintas, assim como antes do capacidades motoras, a organização do espaço físico deve se
preparo de atividades de culinária. É fundamental o acesso dar de forma a deixar ao alcance das crianças tanto materiais
à água, ao sabonete e à toalha. Embora já consigam lavar as que as desafiem como aqueles que lhes deem oportunidade de
mãos sozinhas, ainda precisam de um acompanhamento do ter sucesso. Criar um ambiente encorajador significa favorecer
professor. a aceitação de novos desafios.
As crianças nesta idade, na maioria das vezes, estão mais É também função do professor auxiliar as crianças a
independentes em relação ao controle de suas eliminações, identificarem situações de risco, tais como subir em locais
mas ainda precisam de ajuda e orientação para desenvolver muito altos, utilizar bases pouco firmes para escalar, utilizar
habilidades e manter atitudes de higiene consigo mesmas e objetos pontiagudos ou cortantes sem monitoração,
com o ambiente, durante e após uso do sanitário. Observar aproximar-se de fontes de calor (fogão, forno, aquecedor,
o estado de limpeza dos sanitários antes de sentarem, dar a fogueira, velas etc.). Todas as medidas de segurança
descarga, se limpar, descartar o papel higiênico e lavar as mãos, recomendadas para as crianças de zero a três anos são
cuidadosamente após limpar- se são exemplos de habilidades indicadas também para as crianças de quatro a seis anos,
e atitudes que se aconselha desenvolver com as crianças. embora os riscos potenciais sejam outros. Nesta fase as
Quanto menores, mais as crianças precisam de orientação e de crianças já desenvolveram capacidade de reconhecer alguns
ajuda dos professores e dos funcionários que estiverem perigos e podem aprender a se proteger, assim como aos
próximos no momento. companheiros, embora ainda necessitem de ajuda do adulto.
Os sanitários das instituições precisam estar Conversar com o grupo infantil sobre os acidentes que
constantemente limpos, pois as crianças tocam no vaso para ocorrem, onde, quando e por que ocorreram e o que podem
poderem sentar e descer e nem sempre lembram de lavar as fazer juntos para evitar que aconteçam novamente, são
mãos depois. É necessário prever papel higiênico, cestos de práticas educativas que vão gradativamente construindo com
lixo e pias de modelo e tamanho adequados às crianças e ao as crianças atitudes de respeito, cuidado e proteção com sua
ambiente coletivo, assim como prover sabonete e toalhas secas segurança e com a dos companheiros.
e limpas para que possam construir hábitos de higiene As crianças também podem aprender alguns
pessoal. procedimentos diante dos acidentes, como lavar com água e
A maioria das crianças nesta fase pode fazer suas refeições sabão um ferimento e protegê-lo.
com independência. É aconselhável que elas possam servir-se
sozinhas e utilizar os talheres (garfo, faca e colher) para 16. Orientações gerais para o professor
comer. Para tanto, pode-se oferecer diferentes oportunidades
para as crianças se servirem de acordo com as práticas sociais O estabelecimento de um clima de segurança, confiança,
de alimentação em cada região, mas sempre ampliando suas afetividade, incentivo, elogios e limites colocados de forma
experiências. Por exemplo: servir-se em um bufê; porções sincera, clara e afetiva dão o tom de qualidade da interação
colocadas na mesa; piqueniques; pequenos lanches entre adultos e crianças. O professor, consciente de que o
individuais na sala de atividades; refeições em que são vínculo é, para a criança, fonte contínua de significações,
servidas por outros companheiros ou pelos educadores. reconhece e valoriza a relação interpessoal.
Também é possível possibilitar a participação das crianças
na elaboração dos cardápios servidos na instituição. A) Jogos e brincadeiras
A aprendizagem dos movimentos para uma correta
escovação dos dentes e da língua, usar o fio dental, bochechar Responder como e quando o professor deve intervir nas
e cuspir a água, é construída pela observação e orientação do brincadeiras de faz de conta é, aparentemente, contraditório
adulto e pela própria experiência da criança ao ter com o caráter imaginativo e de linguagem independente que
oportunidade de manusear esses materiais e a água. o brincar compreende. Porém, há alguns meios a que o
É aconselhável que o educador infantil planeje professor pode recorrer para promover e enriquecer as
atividades para que as crianças desenvolvam habilidades e condições oferecidas para as crianças brincarem que podem
construam conhecimentos sobre os cuidados com a boca, ser observadas.
oferecendo oportunidades para que elas possam realizar sua Para que o faz-de-conta torne-se, de fato, uma prática
própria higiene oral. É importante combinar e pedir a cotidiana entre as crianças é preciso que se organize na sala
cooperação das crianças, para organizarem os materiais após um espaço para essa atividade, separado por uma cortina,
o uso, descartar o fio dental, fechar a torneira, conservando biombo ou outro recurso qualquer, no qual as crianças
seus objetos de higiene pessoal. Nas instituições de educação poderão se esconder, fantasiar-se, brincar, sozinhas ou em
infantil é aconselhável estabelecer parcerias com os familiares, grupos, de casinha, construir uma nave espacial ou um trem
pois a habilidade requerida para execução, pela criança, da etc. Nesse espaço, pode-se deixar à disposição das crianças
técnica correta de escovação só estará desenvolvida panos coloridos, grandes e pequenos, grossos e finos, opacos e
aproximadamente aos cinco anos de idade. Assim, as crianças transparentes; cordas; caixas de papelão para que as crianças
precisam que os adultos completem a escovação realizada por modifiquem e atualizem suas brincadeiras em função das
elas, principalmente à noite, antes de dormir. necessidades de cada enredo. Nesse espaço pode ser afixado
O medo de um professor diante do fato de que a criança um espelho de corpo inteiro, de maneira a que as crianças
pode se machucar não deve impedir os impulsos de ação possam reconhecer-se, imitar-se, olhar-se, admirar-se. Pode-
próprios da idade, que a conduzem a descobrir e exercitar se, ainda, agregar um pequeno baú de objetos e brinquedos
suas possibilidades. Por isso, há a necessidade de planejar o úteis para o faz-de-conta, que pode ser complementado por
espaço, cuidar da manutenção dos brinquedos e demais um cabideiro contendo roupas velhas de adultos ou fantasias.
materiais. Estar próximo das crianças, amparando-as, Fundamentais, também, são os materiais e acessórios para
orientando- as e sugerindo formas de lidar com desafios a casinha, tais como uma pequena cama, um fogão

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confeccionado com uma velha caixa de papelão, louças, As cadeiras e mesas utilizadas pelas crianças, os berços e
utensílios variados etc. É importante, porém, que esses os sanitários precisam ser adequados ao seu tamanho,
materiais estejam organizados segundo uma lógica; por confortáveis e permitir que sejam usados com independência
exemplo, que as maquiagens estejam perto do espelho e não e segurança. No berçário e nas salas é aconselhável prever a
dentro do fogão, de maneira a facilitar as ações simbólicas das redução da iluminação nos locais onde os bebês e crianças
crianças. pequenas dormem, assim como prever a luminosidade
No entanto, esse espaço poderá transformar-se em um adequada à exploração do ambiente e objetos, às atividades de
“elefante branco” na sala, caso não seja utilizado, arrumado e desenho, leitura e escrita etc.
mantido diariamente por crianças e professores. Não se pode Os tanques de areia precisam ser ensolarados, revolvidos
esquecer, porém, que apesar da existência do espaço, ao constantemente e protegidos de animais. Os brinquedos, tintas
brincar, as crianças se espalham e espalham brinquedos e e lápis precisam ser seguro, tanto do ponto de vista físico
objetos pela sala, usam mobiliário e o espaço externo. É quanto químico, evitando-se aqueles que contenham pinturas
recomendável que isso ocorra, e, na medida em que crescem, as ou outros materiais tóxicos.
crianças poderão organizar de forma mais independente seu As superfícies dos objetos e pisos precisam facilitar a
espaço de brincar. Sempre auxiliadas pelo professor e manutenção da higiene e ao mesmo tempo serem acolhedores
rearrumando o material depois de brincar, as crianças podem e confortáveis, oferecendo oportunidades para os bebês e
transformar a sala e o significado dos objetos cotidianos demais crianças permanecerem livres para explorar o
enriquecendo sua imaginação. ambiente.
Nesse sentido, brincar deve se constituir em atividade Os procedimentos de limpeza precisam ser executados por
permanente e sua constância dependerá dos interesses que as equipe treinada e com produtos adequados4. Produtos de
crianças apresentam nas diferentes faixas etárias. limpeza devem ser diluídos e aplicados de acordo com sua
Ainda com relação ao faz-de-conta, o professor poderá finalidade, sempre seguindo as recomendações de segurança.
organizar situações nas quais as crianças conversem sobre Procedimentos de limpeza não devem ocorrer com crianças
suas brincadeiras, lembrem-se dos papéis assumidos por si e presentes no ambiente, para evitar quedas e inalação de
pelos colegas, dos materiais e brinquedos usados, assim como
do enredo e da sequência de ações. Nesses momentos, produtos como sabão, água sanitária5, amoníaco e outros.
lembrar-se sobre o que, com quem e com o que brincaram É recomendável que todos os professores reconheçam e
poderá ajudar as crianças a organizarem seu pensamento e saibam como proceder diante de crianças com sinais de mal-
emoções, criando condições para o enriquecimento do brincar. estar, como febre, vômito, convulsão, sangramento nasal, ou
Nessas situações, podem-se explicitar, também, as quando ocorre um acidente.
dificuldades que cada criança tem com relação a brincar, caso
desejem, e a necessidade que tem da ajuda do adulto. D) Alimentação
B) Organizando um ambiente de cuidados essenciais
As atividades do sistema digestivo do bebê recém-nascido,
Uma criança saudável não é apenas aquela que tem o corpo como sensações de fome e saciedade, soluço, regurgitação e
nutrido e limpo, mas aquela que pode utilizar e desenvolver o cólica, ocupam boa parte do seu interesse e percepção durante
seu potencial biológico, emocional e cognitivo, próprio da o período em que ele está acordado. Pode-se observar esse
espécie humana, em um dado momento histórico e em dada interesse pelas expressões faciais e pelos movimentos
cultura. corporais diante do seio ou da mamadeira que lhe são
A promoção do crescimento e do desenvolvimento oferecidos. A partir de suas necessidades afetivas e
saudável das crianças na instituição educativa está baseada no alimentares o bebê constrói e dirige seus primeiros
desenvolvimento de todas as atitudes e procedimentos que movimentos no espaço, movimentos que podem ser vistos em
atendem as necessidades de afeto, alimentação, segurança e seus lábios e em suas mãos ao tentar pegar o seio ou a
integridade corporal e psíquica durante o período do dia em mamadeira.
que elas permanecem na instituição. Existem diversas linhas sobre nutrição infantil, mas todas
A saúde da criança que frequenta instituições de educação estão de acordo que o aleitamento ao seio é a forma mais
infantil revela sua singularidade como sujeito que vive em saudável. É aconselhável que a instituição de educação infantil
determinada família, que por sua vez vive em um grupo social, incentive e auxilie as mães nessa prática, acolhendo-as, dando-
tendo assim uma história e necessidade de cuidados lhes informações e propiciando local adequado para que
específicos. Revela, também, a qualidade de sua vida na creche possam amamentar seu bebê se assim o desejarem e puderem.
ou na pré-escola. O ambiente coletivo demanda condições Bebês amamentados exclusivamente ao peito têm esquemas
ambientais e cuidados adequados ao contexto educacional. de introdução de alimentos (sucos, frutas, papas)
diferenciados daqueles que já recebem leite de outra espécie.
C) Proteção Quando os bebês menores de seis meses frequentam a
creche e já foram desmamados ou estão em processo de
Oferecer conforto, segurança física e proteger não significa desmame, é necessário que um profissional de saúde possa
cercear as oportunidades das crianças em explorar o supervisionar a oferta do substituto do leite materno.
ambiente e em conquistar novas habilidades. Significa Aconselha-se que as mamadeiras sejam oferecidas com o
proporcionar ambiente seguro e confortável, acompanhar e bebê no colo, bem recostado, o que propicia contato corporal,
avaliar constantemente as capacidades das crianças, pesar os troca de olhares e expressões faciais entre o adulto e a criança.
riscos e benefícios de cada atitude e procedimento, além do Recomenda-se que seja sempre o mesmo adulto que
ambiente. alimente e cuide dos bebês, pois nesta fase o vínculo é
Ao organizar um ambiente e adotar atitudes e fundamental. Nessa situação, quando há risco de longo tempo
procedimentos de cuidado com a segurança, conforto e de espera dos demais bebês, é importante que se planejem
proteção da criança na instituição, os professores situações alternativas.
oferecem oportunidades para que ela desenvolva atitudes e Quando o bebê demonstra interesse em mamar sozinho e
aprenda procedimentos que valorizem seu bem-estar. Tanto apresenta condições motoras para fazê-lo, é importante
a creche quanto a pré-escola precisam considerar os cuidados que o professor providencie um local para que ele possa
com a ventilação, insolação, segurança, conforto, estética e apoiar-se.
higiene do ambiente, objetos, utensílios e brinquedos. Aconselha-se evitar que o bebê tome a mamadeira em

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posição horizontal, pois isso aumenta o risco de acidentes por O ato de alimentar tem como objetivo, além de fornecer
engasgo e de otites (infecções de ouvido). É preciso lembrar, nutrientes para manutenção da vida e da saúde, proporcionar
porém, que esse mesmo bebê que mama regularmente conforto ao saciar a fome, prazer ao estimular o paladar e
sem ajuda do adulto podem necessitar em outras ocasiões de contribui para a socialização ao revesti-lo de rituais. Além
ser pego ao colo para mamar. Os professores precisam estar disso é fonte de inúmeras oportunidades de aprendizagem.
atentos às mudanças de necessidades das crianças de acordo Apesar da diversidade dos hábitos alimentares é
com seu processo de desenvolvimento e com suas disposições possível definir uma certa regularidade nos elementos que
afetivas. compõem o que os nutricionistas chamam de uma dieta
A introdução de alimentos diferentes do leite, líquidos ou adequada, ainda que as preparações culinárias variem
pastosos, depende do esquema de amamentação de cada segundo a disponibilidade de determinados alimentos e
criança. Aos poucos a dieta vai se modificando, de acordo com hábitos regionais. Do ponto de vista biológico, dieta adequada
os hábitos regionais e o desenvolvimento da criança. é aquela que supre as necessidades nutricionais para
Compreendendo a criança como ser ativo nesse processo, manutenção da vida e saúde, e que segue algumas leis
o adulto pode propiciar experiências que possibilitem a propostas pela ciência que estuda a nutrição humana. As
aquisição de novas competências em relação ao ato de necessidades nutricionais de cada pessoa variam com a idade,
alimentar-se. Aos poucos, a criança que recebia papa com o sexo, o peso e estatura corporal, o metabolismo, o ambiente
ajuda do adulto começa a mostrar interesse em segurar a e o tipo de atividade que desenvolve.
colher, em pegar alimentos com os dedos e pôr na boca. É O preparo e oferta de refeições em ambientes coletivos
muito importante que os professores permitam que a criança demandam técnicas específicas, incluindo controle de
experimente os alimentos com a própria mão, pois a qualidade permanente, tanto para prevenir contaminações e
construção da independência é tão importante quanto os intoxicações alimentares quanto para avaliar a qualidade do
nutrientes que ela precisa ingerir. cardápio oferecido às crianças.
Crianças com necessidades educativas especiais O planejamento, junto com as crianças, de cardápios
podem necessitar de outros procedimentos e, nesse caso, balanceados, de cuidados com o preparo e oferta de lanches ou
especialistas em educação especial devem ser consultados outras refeições, de projetos pedagógicos que envolvam o
para orientarem professores e familiares responsáveis pelos conhecimento sobre os alimentos, de preparações
cuidados com essas crianças. culinárias cotidianas ou que façam parte de festividades,
A maioria dos bebês, ao final do primeiro ano, já pode permite que elas aprendam sobre a função social da
ingerir todos os alimentos que são servidos para as crianças alimentação e as práticas culturais.
maiores e para os adultos. Junto com as mudanças no cardápio É recomendável que os professores ofereçam uma
ocorrem as aquisições de aprender a usar talheres, tomar variedade de alimentos e cuidem para que a criança
líquidos na caneca, diminuir o uso da mamadeira, partilhar das experimente de tudo. O respeito às suas preferências e às suas
refeições à mesa com os companheiros. necessidades indica que nunca devem ser forçadas a comer,
Todas essas mudanças podem acarretar uma ingestão embora possam ser ajudadas por meio da oferta de alimentos
menor do volume de alimentos. O acompanhamento do estado atraentes, bem preparados, oferecidos em ambientes afetivos,
de saúde da criança, da evolução do seu peso e altura, poderá tranquilos e agradáveis.
dar subsídios para os familiares e educadores se Recomenda-se organizar os lanches e/ou demais refeições
tranquilizarem ou buscarem orientação dos profissionais de de forma que as crianças possam vivenciá-las de acordo com
saúde. as diversas práticas sociais em torno da alimentação, sempre
Crianças que estejam sem apetite, não acompanhando a permeadas pelo prazer e pela afetividade, permitindo que as
curva de crescimento e ganho de peso esperada para sua crianças conversem entre si.
faixa etária, devem ser observadas de perto, para Seguem algumas recomendações sobre procedimentos na
investigação de causas orgânicas ou emocionais que podem organização das refeições e algumas sugestões de atividades
estar se manifestando pela rejeição dos alimentos. Algumas que visam a integração dos cuidados com a ampliação das
fases do desenvolvimento das crianças levam a uma perda de experiências das crianças e que podem ser desenvolvidas nos
apetite ou a maiores exigências e recusas alimentares, mas que diversos grupos etários, de acordo com os interesses e
se resolvem com a ajuda e compreensão dos educadores e desenvolvimento infantil:
com o próprio processo de desenvolvimento.
Em torno dos dois anos, caso tenha tido oportunidade de a) Arrumar os ambientes onde são servidos pequenos
experimentar, a criança já poderá alimentar-se sozinha, lanches ou demais refeições de forma a permitir a conversa e
determinar seu próprio ritmo e a quantidade de alimentos que a interação entre diferentes grupos, mas, quando o número
ingere. Ela poderá necessitar de ajuda e incentivo do adulto de grupos infantis forem grandes (creches e pré-escolas com
para que experimente novos alimentos ou para servir-se. mais de cinquenta crianças), evitar oferecê-las para todos os
A oferta de alimentos nesta fase precisa ser feita em grupos ao mesmo tempo em grandes refeitórios;
ambientes mais tranquilos, em pequenos grupos, com b) Permitir que as crianças sentem com quem desejarem
acompanhamento mais próximo do professor, que propicia para comer e possam conversar com seus companheiros;
segurança afetiva e ajuda. Desaconselha-se a oferta das c) Servir refeições em ambientes higiênicos,
refeições em grandes refeitórios com todos os grupos infantis confortáveis, tranquilos, bonitos e prazerosos, de
presentes ao mesmo tempo. Isso porque essa forma de acordo com as singularidades de cada grupo etário e com as
organização aumenta o nível de ruído, o tempo de espera das diversas práticas culturais de alimentação;
crianças e dispersa a atenção tanto das crianças quanto dos d) Possibilitar às crianças oportunidades que propiciem o
professores. acesso e conhecimento sobre os diversos alimentos, o
As instituições que atendem meio período, nas quais as desenvolvimento de habilidades para escolher sua
crianças apenas fazem pequenos lanches ou merenda, alimentação, servir-se e alimentar-se com segurança, prazer e
precisam também preocupar-se com as questões nutricionais independência.
e sempre que possível respeitar práticas sociais e culturais de
cada criança. Oferecer apenas merendas industrializadas ou Assim como os demais cuidados, a alimentação envolve
lanches compostos por salgadinhos, bolachas, balas e parceria com os familiares. Bebês que estão sendo
chocolates não atendem a necessidade do organismo de desmamados e recebendo novos alimentos ou crianças que
ingerir frutas e sucos naturais. não fazem todas as refeições na instituição, por exemplo,

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necessitam que haja um planejamento conjunto sobre suas saboneteira, a toalha, o espelho etc. Por outro lado, as
refeições. condições ambientais e materiais precisam garantir a
segurança das crianças e prever o conforto dos adultos que as
E) Cuidados com os dentes ajudam, para evitar quedas, choques elétricos e queimaduras
com água quente ou dores no corpo ocasionadas pelo mal
Considerando que a primeira dentição inicia-se, em geral, posicionamento do adulto na hora de exercer as atividades
no segundo semestre de vida e que estará completa em torno com as crianças.
dos três anos de idade, recomenda-se incluir este cuidado a
partir do surgimento dos primeiros dentes. Os dentistas G) Troca de fraldas
recomendam a limpeza dos dentes do bebê com uma gaze
enrolada no dedo indicador do adulto responsável pelo A organização do ambiente e o planejamento dos cuidados
cuidado. É importante evitar as práticas de oferecer e das atividades com o grupo de bebês deve permitir um
mamadeiras para a criança antes de ela dormir, sem a contato individual mais prolongado com cada criança.
posterior limpeza dos dentes, ou mesmo o uso de chupetas Enquanto executa os procedimentos de troca, é aconselhável
mergulhadas em mel ou açúcar para acalmar as crianças, pois que o professor observe e corresponda aos sorrisos,
isso pode provocar cáries muito precoces. conversas, gestos e movimentos da criança. Para evitar que
Como a criança aprende muito pela observação e imitação esse cuidado individualizado implique num longo tempo de
é importante que ela presencie adultos e outras crianças espera para as demais crianças, ou se torne uma rotina
fazendo sua higiene bucal, ao mesmo tempo que poderão mecanizada, é importante considerar o número de bebês
ampliar seus conhecimentos sobre esses cuidados. sob a responsabilidade de cada professor, a localização e as
No período em que a criança está sob os cuidados da condições do local de troca e a organização do trabalho.
instituição educativa é possível prever uma rotina de Os procedimentos com a higiene e proteção da pele,
escovação dos dentes, visando desenvolver atitudes e proporcionam bem-estar às crianças e permitem que elas
construir habilidades para autocuidado com a boca e com os percebam a sensação de estar seca e molhada. A observação,
dentes. pelo professor, da frequência das eliminações, do aspecto do
cocô e do xixi e do estado da pele da criança fornece dados
F) Banho sobre a saúde e o conforto de cada criança e aponta para outros
cuidados que forem necessários.
Os bebês e crianças pequenas que ainda usam fraldas e que A troca de fraldas demanda ainda alguns procedimentos e
permanecem durante muitas horas na instituição educativa condições ambientais adequados para evitar a disseminação
podem precisar de um banho, tanto para maior conforto como de micróbios entre as crianças e adultos, o que geralmente é
para prevenção de assaduras e brotoejas. causa de surtos de diarreia e hepatite infecciosa nas creches.
Entretanto é aconselhável que o banho sirva também para Estudos comprovam que o risco aumenta quando se
relaxar, refrescar, proporcionar conforto e prazer e preservar manipulam as fraldas sujas no ambiente do berçário, ou não se
a integridade da pele. Os professores não devem tolher as adotam procedimentos corretos de higiene das mãos após
brincadeiras e explorações dos bebês ou crianças pequenas esses cuidados.
com medo de que se sujem. O local de troca e armazenamento de fraldas sujas precisa
Algumas famílias preferem dar banho em seus bebês em ser bem arejado para evitar que o cheiro característico do xixi
casa e esse desejo deve ser acolhido, desde que respeitado o e do cocô incomode a todos. O lixo onde são descartadas as
direito das crianças ao conforto, à saúde e ao bem-estar fraldas contendo dejetos precisa ser tampado e trocado com
durante o período em que estão na instituição. frequência.
No momento em que é incluído na rotina, o banho precisa
ser planejado, preparado e realizado como um procedimento H) Sono e repouso
que tanto promove o bem-estar quanto um momento no
qual a criança experimenta sensações, entra em contato O atendimento das necessidades de sono e repouso, nas
com a água e com objetos, interage com o adulto e com as diferentes etapas da vida da criança, tem um importante papel
outras crianças. A organização do banho na creche precisa na saúde em geral e no sistema nervoso em particular.
prever condições materiais, como banheiras seguras e As necessidades e o ritmo de sono variam de indivíduo
higiênicas para bebês, água limpa em temperatura para indivíduo, mas sofrem influências do clima, da idade, do
confortável, sabonete, toalhas, pentes etc. É aconselhável que estado de saúde e se estabelecem também em relação às
se leve em conta a idade das crianças, os hábitos regionais e as demandas da vida social.
recomendações sanitárias de prevenção de doenças por uso de Em um espaço coletivo, prever momentos para descanso
objetos pessoais entre as crianças, principalmente em vigência entre períodos de atividades — o que nem sempre significa
de infecções comunitárias. Esses objetos de uso pessoal podem dormir — pode ser importante para crianças que necessitam
ser rotulados com o nome da criança e cuidados por elas descansar ou de maior privacidade.
conforme vão adquirindo capacidade para isso. As crianças que chegam à instituição de madrugada
É necessário organizar o tempo de espera para o banho, muitas vezes estão sonolentas e precisam ser logo
oferecendo materiais, jogos e brincadeiras em um espaço levadas para o berço ou colchonete, e podem sentir-se
planejado para isso. mais seguras se conservam consigo seu boneco ou
As crianças que já andam e que permanecem em pé com travesseiro preferido, sua chupeta e/ou cobertor etc.
segurança e conforto, podem tomar banho de chuveiro em Os horários de sono e repouso não são definidos a priori,
companhia de outras, respeitando-se a necessidade de mas dependem de cada caso, ou de cada tipo de atendimento.
privacidade de algumas delas e de atenção individualizada A frequência em instituições de educação infantil acaba
que cada uma requer. É importante prever tempo para essa regulando e criando uma constância. Mas é importante que
atividade, permitindo que as crianças experimentem o prazer haja flexibilidade de horários e a existência de ambientes para
do contato com a água, aprendam a despir-se e a vestir-se, a sono ou para atividades mais repousantes, pois as
ensaboar-se e enxaguar- se. necessidades das crianças são diferentes. Desaconselha-se
Para que a criança possa ir gradativamente aprendendo a manter os bebês e crianças que estão dormindo, ou desejando
cuidar de si, é preciso que as condições ambientais fazê-lo, em ambientes muito claros ou ruidosos e recomenda-
permitam que ela possa alcançar o registro do chuveiro, a se prever brincadeiras, atividades, materiais e ambiente

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adequado para aqueles que não querem dormir no mesmo d) Desenvolver projetos de pesquisa sobre os hábitos,
horário. rituais e cuidados utilizados na família e em outras
Temperatura agradável, boa ventilação e penumbra, culturas nos momentos de sono e repouso.
oferta de colchonetes plastificados forrados com lençóis
limpos e de uso exclusivo de cada criança (ou esteiras 17. Organização do tempo
conforme a idade das crianças, o clima e os hábitos regionais)
também são cuidados para um sono e/ou descanso seguro e A) Atividades permanentes
reparador.
Durante o primeiro ano de vida as crianças vão regulando Todas as atividades permanentes do grupo contribuem, de
suas necessidades de sono. Alguns dormem logo que são forma direta ou indireta, para a construção da identidade e o
colocados no berço, outros ficam balbuciando, outros ainda desenvolvimento da autonomia, uma vez que são
gostam de ser embalados ou acalentados com toques e canções competências que perpassam todas as vivências das crianças.
de ninar. Esses rituais ajudam a controlar as ansiedades e a Algumas delas, como a roda de conversas e o faz-de-conta,
agitação muitas vezes desencadeadas pelo próprio cansaço. porém, constituem-se em situações privilegiadas para a
Um ambiente tranquilo e seguro, com pessoas e objetos explicitação das características pessoais, para a expressão
conhecidos, particularmente aqueles que têm um dos sentimentos, emoções, conhecimentos, dúvidas e
significado especial para a criança, como um “paninho”, a hipóteses quando as crianças conversam entre si e assumem
chupeta ou qualquer outro objeto que traga de casa, ajudam a diferentes personagens nas brincadeiras.
dormir melhor. Embalos e canções de ninar acalmam e A oferta permanente de atividades diversificadas em um
induzem ao sono. Alguns cuidados precisam ser mesmo tempo e espaço é uma oportunidade de propiciar a
providenciados antes dos bebês e crianças pequenas escolha pelas crianças. Organizar, todos os dias, diferentes
dormirem, como retirar calçados, verificar se há necessidade atividades, tais como cantos para desenhar, para ouvir música,
de troca de fraldas sujas ou molhadas, retirar objetos ou para pintar, para olhar livros, para modelar, para jogos de
roupas que apertam, colocar o bebê de lado para evitar regras etc., auxilia o desenvolvimento da autonomia.
acidentes no caso de regurgitar ou vomitar durante o sono. Uma parte significativa da autoestima advém do êxito
Conforme os bebês vão crescendo e permanecendo mais conseguido diante de diferentes tipos de desafios. Nesse
tempo acordados, com maior segurança emocional e sentido, a obtenção de êxito, por parte das crianças, na
capacidade de se locomoverem pelo espaço, é desejável que realização de algumas ações é um ponto que merece atenção.
os berços sejam substituídos por colchonetes individuais para Para que se possa garantir que as crianças tenham êxito em
os períodos de sono, preservando-se, entretanto, a suas ações, é preciso conhecer as possibilidades de cada uma
necessidade de privacidade, conforto e segurança física e e delinear um planejamento que inclua ações ao mesmo tempo
afetiva. Muitas creches, em especial aquelas que contam com desafiadoras e possíveis de serem realizadas por elas. Dessa
um espaço reduzido para os bebês, lotam o único espaço que forma, propiciar situações em que as crianças possam fazer
têm com berços e cercados, os quais são necessários apenas algumas coisas sozinhas, ou com pouca ajuda, deixá-las
nos períodos de sono. Com frequência, os bebês passam dias descobrir formas de resolver os problemas colocados, elogiar
inteiros presos nesses berços, sem oportunidades para suas conquistas, explicitando a elas a avaliação de como seu
explorar mais livremente o ambiente e interagir com as outras crescimento tem trazido novas competências são algumas
crianças, o que é desfavorável para seu desenvolvimento. ações que auxiliam nessa tarefa.
A organização do berçário, com vários cantos estruturados A arrumação da sala após uma atividade, é um exemplo
com colchonetes e almofadas que promovem a livre que contém várias ações que elas podem realizar sozinhas ou
movimentação e exploração dos bebês e sua interação com com pouca ajuda. Considerar um tempo ao final de cada
objetos e companheiros, possibilita maior liberdade de ação e atividade dedicado para a arrumação é uma boa oportunidade
ao mesmo tempo períodos de relaxamento e acolhimento. para que elas possam de um lado, aprender a cooperar e
Para crianças maiores que frequentam instituições de perceber que a arrumação é algo da responsabilidade de todos.
período integral é aconselhável prever um momento em que De outro lado, essa atividade pode permitir que elas percebam
possam relaxar, com atividades mais livres e tranquilas, em que são capazes de realizar ações de forma independente,
que possam repor suas energias ou terem sua necessidade de como guardar materiais, brinquedos, varrer a sala, jogar restos
privacidade e de isolamento respeitada. Às vezes, algumas de papel no lixo, devolver materiais que foram tomados
crianças, dependendo do clima e do número de horas de sono emprestados de outras salas ou locais da instituição etc. É
à noite, precisam de um breve cochilo na instituição. Para isso bastante provável que no início o professor tenha de apoiar e
é necessário um local tranquilo e confortável para essas supervisionar a ação das crianças. A arrumação gasta tempo,
crianças descansarem, enquanto as demais desenvolvem por isso deve ser considerada uma atividade em si e, como tal,
outras atividades. ser planejada. Pode ser feito um quadro em que as tarefas de
Além de oferecer ambiente, cuidados e oportunidade para cada um no momento de arrumação são marcadas, de forma
que as crianças tenham suas necessidades atendidas, o que todas as crianças saibam qual a sua tarefa daquele dia e
professor pode desenvolver com os diversos grupos etários, de possam, além disso, conferir que todos irão experimentar
acordo com seu desenvolvimento e interesse, atividades todas as modalidades.
relacionadas aos momentos de sono e repouso ou projetos que Outras atividades permanentes merecem um destaque
abordem a importância do descanso para os seres humanos e pela visibilidade que oferecem às crianças de suas próprias
outras espécies. competências. Permitem às crianças realizar sozinhas algumas
Exemplos: das ações para as quais elas já têm competência e que muitas
vezes, por questões de organização, são realizadas pelos
a) Cantar para os bebês as mesmas canções de ninar que adultos, como servir o prato de comida ou cuidar de sua
seus pais ou parentes cantam e gradativamente introduzir higiene pessoal.
outras; Na hora da refeição, é importante deixar que as crianças
b) Trocar, embalar, massagear, acalentar os bebês que sirvam-se sozinhas. Se, no início, elas terão necessidade de
desejem ou que necessitem desse cuidado para relaxar e/ou alguma ajuda, em pouco tempo poderão ter a sua
dormir; competência ampliada. Isso demanda algumas condições, tais
c) Conversar sobre os medos, sonhos e fantasias como um tempo maior para as refeições, oferta de pratos,
associadas ao dormir; talheres, travessas e jarras adequados para o tamanho e

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capacidade motora das crianças, arranjo do espaço que C) Observação, registro e avaliação formativa
permita mobilidade, entre outras coisas. Não se deve esquecer
que a organização da instituição deve estar a serviço da ação A observação das formas de expressão das crianças, de
educativa e não o contrário. suas capacidades de concentração e envolvimento nas
O banho, lavar as mãos, escovar os dentes etc. são outras atividades, de satisfação com sua própria produção e com suas
possibilidades de atividades permanentes que auxiliam a pequenas conquistas é um instrumento de acompanhamento
independência das crianças, contribuindo para a sua auto- do trabalho que poderá ajudar na avaliação e no
estima. replanejamento da ação educativa.
No que se refere à avaliação formativa, deve-se ter em
B) Sequências de atividades conta que não se trata de avaliar a criança, mas sim as
situações de aprendizagem que foram oferecidas. Isso significa
A construção da identidade e a conquista da autonomia dizer que a expectativa em relação à aprendizagem da criança
pelas crianças são processos que demandam tempo e respeito deve estar sempre vinculada às oportunidades e experiências
às suas características individuais. Nessa medida, algumas que foram oferecidas a ela. Assim, pode-se esperar, por
atividades propostas de forma sequenciada podem ajudá-las exemplo, que a criança identifique seus colegas pelo nome
nesse processo. Considerando- as que são muitas as apenas se foi dado a ela oportunidade para que pudesse
possibilidades de trabalho que envolvem este eixo, pois estão conhecer o nome de todos e pudesse perceber que isso, além
associadas às diversas características pessoais, culturais e de ser algo importante e valorizado, tem uma função real.
sociais dos grupos de crianças, pensar nas sequências de No que se refere à formação da identidade e ao
atividades implica planejar experiências que se organizam em desenvolvimento progressivo da independência e autonomia,
etapas diferenciadas e com graus de dificuldades diversos. são apontadas aqui aprendizagens prioritárias para crianças
Para que as crianças aprendam a comer sozinhas, por até os três anos de idade: reconhecer o próprio nome, o nome
exemplo, os professores podem planejar situações que de algumas crianças de seu grupo e dos adultos responsáveis
ampliem gradativamente suas capacidades de segurar os por ele e valorizar algumas de suas conquistas pessoais.
talheres, colocar a comida na boca etc. Para que a criança possa compreender seu próprio nome e
Vários projetos relacionados ao faz-de-conta podem ser o das outras pessoas como uma forma de identificação, é
desenvolvidos, tais como a construção de um cenário para uma necessário que os adultos e as outras crianças utilizem o nome
viagem intergaláctica; a confecção de fantasias para brincar de próprio de cada um com esse fim. Assim, chamar as crianças
bumba-meu-boi; construir castelos de reis e rainhas; cenas de sempre pelo nome e facilitar que elas se chamem, entre si, pelo
histórias e contos de fadas etc. Pode-se planejar um projeto de nome próprio sempre que isso for desejável, em vez de
realização de um circo, por exemplo, com todas as crianças da apelidos depreciativos ou pronomes que diluem a identidade,
instituição, envolvendo cada grupo em função da idade e das como “ele” ou “ela”, bem como utilizar o nome para identificar
suas capacidades. O grupo dos grandes pode definir as pertences pessoais, são algumas das condições necessárias
personagens, os meios e os materiais a serem utilizados, para que essa aprendizagem ocorra. Da mesma forma, é
assim como definirem quando e para quem será destinado. importante que as crianças saibam o nome do professor.
Podem, também, confeccionar fantasias para os pequenos, A valorização das suas conquistas pessoais, sejam elas
para que participem de seu circo ou que criem pequenos circos comer sem ajuda, conhecer o nome de todos, cantar uma
em sala. música, fazer um desenho etc. pode ser uma atitude esperada
Projetos que visem discutir a identidade cultural brasileira das crianças desde que tenha havido condições para que elas
também são interessantes. Dada a diversidade que constitui as próprias avaliem de forma positiva suas ações e, da mesma
manifestações culturais deste país, um projeto com esse forma, recebam uma avaliação positiva delas. O professor
objetivo pode tomar diferentes rumos. Por exemplo, pode-se pode ajudar as crianças a perceberem seu desenvolvimento e
enfocar as danças próprias a diferentes regiões, as comidas ou promover situações que favoreçam satisfazer-se com suas
vestimentas típicas, pode-se fazer um levantamento das ações. Uma expressão de aprovação diante de novas
diferentes maneiras de se chamar um mesmo brinquedo. conquistas é uma das ações que pode ajudar as crianças a
Há uma infinidade de perspectivas que devem ser escolhidas valorizarem suas conquistas. Uma conversa mostrando-lhes
em função do perfil e dos interesses das crianças que como faziam “antes” e como já conseguem fazer “agora” se
compõem o grupo. configura num momento importante de avaliação para as
A realização de projetos sobre a diversidade étnica que crianças.
compõe o povo brasileiro é um recurso importante para tratar A partir dos três e até os seis anos, pode-se esperar que as
de forma mais objetiva a questão da identidade. Conhecer a crianças manifestem suas preferências, seus desejos e
história e a cultura dos vários povos que para cá vieram é de desagrados, que demonstrem o desejo de independência em
grande valia para resgatar o valor de todas as etnias presentes relação aos adultos no que se refere às ações cotidianas.
no Brasil, o que pode ajudar a diluir as manifestações de Para que as crianças possam manifestar suas preferências,
preconceito, alargando a visão de mundo dos elementos do seus desejos e desagrados é necessário que elas percebam
grupo. que tais manifestações são recebidas e levadas em
Para que se trabalhe de forma mais completa o sentimento consideração. Uma criança que percebe que suas
de ser brasileiro e a identidade nacional, pode ser interessante colocações, sejam elas expressas verbalmente ou de outra
também percorrer realidades mais distantes, de outros países, forma, são desconsideradas, tende a desistir de fazê-lo e
de outros povos. Por exemplo, ao se pesquisar os costumes e a acreditar que suas tentativas são inócuas. Isso não significa
geografia de civilizações distantes da moderna, são oferecidos dizer que todas as queixas e desejos das crianças devam ser
parâmetros para que as crianças tenham mais consciência satisfeitos, mas sim que devem ser ouvidos e sempre
desses elementos presentes na sua cidade ou região. respondidos. Se não há possibilidade de atendê-los, é uma boa
A diversidade de crença religiosa, traço presente na atitude deixar isso claro para a criança e explicitar a razão da
sociedade brasileira, pode também ser tema de projetos. negativa.
Comumente essa diversidade está presente nas famílias que Para que as crianças possam se tornar cada vez mais
seguem diversas religiões ou nenhuma. independentes do adulto, é necessário que elas tenham tido a
chance de comprovar que são capazes. Isso pode ser facilitado
tanto por meio de experiências concretas, em que elas
experimentam agir sem ajuda, como também por meio de

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estímulos diante das tentativas feitas. Algumas constatações


que parecem óbvias aos adultos — como dizer “você já está
conseguindo amarrar os cadarços do seu sapato sozinho” —
para as crianças muitas vezes possuem uma importância
grande, pois representam uma avaliação sobre sua
competência, confirmando- lhes sua independência e
reforçando sua autoestima. Uma vez que tenham tido a
possibilidade de arriscar e experimentar sua capacidade de
realizar ações sem ajuda, pode- se, então, esperar que elas
manifestem cada vez mais o desejo de ser independentes do
adulto.
Ainda no que se refere à observação das crianças, algumas
de suas manifestações podem sinalizar desconforto, e devem
ser compreendidas e considerados pelo professor no
planejamento de suas ações.
O choro infantil é uma delas. Na relação com cada criança,
o professor vai percebendo o significado do choro em cada
situação, atendendo a criança quando ela sinalizar alguma
necessidade que, para ser suprida, requer a mediação do
adulto. Dependendo de sua intensidade, o choro pode, mais
do que mobilizar, irritar o adulto, deixando-o num estado de
tensão que acaba por dificultar o encaminhamento da
situação. O esforço para compreender as necessidades
expressas pelas crianças, bem como suas reações, auxilia o
professor a manter a calma necessária para encontrar formas
de resolver a situação.
Destacam-se, ainda, duas situações relacionadas ao
processo de construção da identidade que merecem Questões
atenção especial do professor e de outros profissionais da
instituição, por estarem relacionadas diretamente com a 01. De acordo com o RCN da Educação Infantil, volume 02,
autoestima. é incorreto afirmar que as instituições de Educação infantil
Uma delas refere-se a algumas crianças que podem devem criar um ambiente de acolhimento que dê segurança e
manifestar falta de confiança em si próprias ou exibir atitudes confiança às crianças de zero a três anos, garantindo assim
de autodesvalorização. Para o planejamento das ações a serem oportunidades para que sejam capazes de:
realizadas, será necessária uma observação cuidadosa das
crianças em questão, buscando compreender as situações que (A) Experimentar e utilizar os recursos de que dispõem
contribuem para esse sentimento. A valorização de suas para a satisfação de suas necessidades essenciais, expressando
competências e características positivas é uma orientação que seus desejos, sentimentos, vontades e desagrados, e agindo
pode ser útil para que se reverta esse quadro. com progressiva autonomia;
A outra diz respeito a manifestações de preconceitos e (B) Familiarizar-se com a imagem do próprio corpo,
discriminações dirigidas a algumas crianças. Essas situações conhecendo progressivamente seus limites, sua unidade e as
devem ser alvo de reflexão dos educadores para que avaliem sensações que ele produz;
sua prática e a da instituição. Além do diálogo, pode-se (C) Interessar-se progressivamente pelo cuidado com o
planejar a realização de projetos específicos, em que a próprio corpo, executando ações simples relacionadas à saúde
questão-alvo de preconceito seja trabalhada com as e higiene;
crianças. (D) Alfabetizar;
Para que as observações não se percam e possam ser (E) Relacionar-se progressivamente com mais crianças,
utilizadas como instrumento de trabalho, é necessário que com seus professores e com demais profissionais da
sejam registradas. instituição, demonstrando suas necessidades e interesses.

02. É correto afirmar que: “Os bebês e crianças pequenas


que ainda usam fraldas e que permanecem durante muitas
horas na instituição educativa podem precisar de um banho,
tanto para maior conforto como para prevenção de assaduras
e brotoejas. Entretanto é aconselhável que o banho sirva
apenas para a sua higiene”.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

03. Em relação aos cuidados com os dentes, o RCN da


Educação Infantil – volume 02, diz: “É importante evitar as
práticas de oferecer mamadeiras para a criança antes de ela
dormir, sem a posterior limpeza dos dentes, ou mesmo o uso
de chupetas mergulhadas em mel ou açúcar para acalmar as
crianças, pois isso pode provocar cáries muito precoces.”
( ) Verdadeiro
( ) Falso

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Respostas por exemplo, na imposição de longos momentos de espera —


em fila ou sentada — em que a criança deve ficar quieta, sem
01. Alternativa D se mover; ou na realização de atividades mais sistematizadas,
02. Falso como de desenho, escrita ou leitura, em que qualquer
03. Verdadeiro deslocamento, gesto ou mudança de posição pode ser visto
como desordem ou indisciplina. Até junto aos bebês essa
prática pode se fazer presente, quando, por exemplo, são
REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A mantidos no berço ou em espaços cujas limitações os impedem
EDUCAÇÃO INFANTIL de expressar-se ou explorar seus recursos motores.
VOLUME 03: CONHECIMENTO DE MUNDO25 Além do objetivo disciplinar apontado, a permanente
exigência de contenção motora pode estar baseada na ideia de
O movimento é uma importante dimensão do que o movimento impede a concentração e a atenção da
desenvolvimento e da cultura humana. As crianças se criança, ou seja, que as manifestações motoras atrapalham a
movimentam desde que nascem adquirindo cada vez maior aprendizagem. Todavia, a julgar pelo papel que os gestos e as
controle sobre seu próprio corpo e se apropriando cada vez posturas desempenham junto à percepção e à representação,
mais das possibilidades de interação com o mundo. conclui-se que, ao contrário, é a impossibilidade de mover-se
Engatinham, caminham, manuseiam objetos, correm, saltam, ou de gesticular que pode dificultar o pensamento e a
brincam sozinhas ou em grupo, com objetos ou brinquedos, manutenção da atenção.
experimentando sempre novas maneiras de utilizar seu corpo Em linhas gerais, as consequências dessa rigidez podem
e seu movimento. Ao movimentarem-se, as crianças apontar tanto para o desenvolvimento de uma atitude de
expressam sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando passividade nas crianças como para a instalação de um clima
as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas de hostilidade, em que o professor tenta, a todo custo, conter e
corporais. O movimento humano, portanto, é mais do que controlar as manifestações motoras infantis. No caso em que
simples deslocamento do corpo no espaço: constitui-se em as crianças, apesar das restrições, mantêm o vigor de sua
uma linguagem que permite às crianças agirem sobre o meio gestualidade, podem ser frequentes situações em que elas
físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as percam completamente o controle sobre o corpo, devido ao
pessoas por meio de seu teor expressivo. cansaço provocado pelo esforço de contenção que lhes é
As maneiras de andar, correr, arremessar, saltar resultam exigido.
das interações sociais e da relação dos homens com o meio; são Outras práticas, apesar de também visarem ao silêncio e à
movimentos cujos significados têm sido construídos em contenção de que dependeriam a ordem e a disciplina, lançam
função das diferentes necessidades, interesses e mão de outros recursos didáticos, propondo, por exemplo,
possibilidades corporais humanas presentes nas diferentes sequências de exercícios ou de deslocamentos em que a
culturas em diversas épocas da história. Esses movimentos criança deve mexer seu corpo, mas desde que em estrita
incorporam-se aos comportamentos dos homens, conformidade a determinadas orientações. Ou ainda
constituindo-se assim numa cultura corporal. Dessa forma, reservando curtos intervalos em que a criança é solicitada a se
diferentes manifestações dessa linguagem foram surgindo, mexer, para dispender sua energia física. Essas práticas, ao
como a dança, o jogo, as brincadeiras, as práticas esportivas permitirem certa mobilidade às crianças, podem até ser
etc., nas quais se faz uso de diferentes gestos, posturas e eficazes do ponto de vista da manutenção da “ordem”, mas
expressões corporais com intencionalidade. limitam as possibilidades de expressão da criança e tolhem
Ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as suas iniciativas próprias, ao enquadrar os gestos e
crianças também se apropriam do repertório da cultura deslocamentos a modelos predeterminados ou a momentos
corporal na qual estão inseridas. Nesse sentido, as instituições específicos.
de educação infantil devem favorecer um ambiente físico e No berçário, um exemplo típico dessas práticas são as
social onde as crianças se sintam protegidas e acolhidas, e ao sessões de estimulação individual de bebês, que com
mesmo tempo seguras para se arriscar e vencer desafios. frequência são precedidas por longos períodos de
Quanto mais rico e desafiador for esse ambiente, mais ele lhes confinamento ao berço. Nessas atividades, o professor
possibilitará a ampliação de conhecimentos acerca de si manipula o corpo do bebê, esticando e encolhendo seus
mesmas, dos outros e do meio em que vivem. membros, fazendo-os descer ou subir de colchonetes ou
O trabalho com movimento contempla a multiplicidade de almofadas, ou fazendo-os sentar durante um tempo
funções e manifestações do ato motor, propiciando um amplo determinado. A forma mecânica pela qual são feitas as
desenvolvimento de aspectos específicos da motricidade das manipulações, além de desperdiçarem o rico potencial de
crianças, abrangendo uma reflexão acerca das posturas troca afetiva que trazem esses momentos de interação
corporais implicadas nas atividades cotidianas, bem como corporal, deixam a criança numa atitude de passividade,
atividades voltadas para a ampliação da cultura corporal de desvalorizando as descobertas e os desafios que ela poderia
cada criança. encontrar de forma mais natural, em outras situações.
O movimento para a criança pequena significa muito mais
Presença do movimento na educação infantil: ideias e do que mexer partes do corpo ou deslocar-se no espaço. A
práticas correntes criança se expressa e se comunica por meio dos gestos e das
mímicas faciais e interage utilizando fortemente o apoio do
A diversidade de práticas pedagógicas que caracterizam o corpo. A dimensão corporal integra-se ao conjunto da
universo da educação infantil reflete diferentes concepções atividade da criança. O ato motor faz-se presente em suas
quanto ao sentido e funções atribuídas ao movimento no funções expressiva, instrumental ou de sustentação às
cotidiano das creches, pré-escolas e instituições afins. posturas e aos gestos. Quanto menor a criança, mais ela precisa
É muito comum que, visando garantir uma atmosfera de de adultos que interpretem o significado de seus movimentos
ordem e de harmonia, algumas práticas educativas procurem e expressões, auxiliando-a na satisfação de suas necessidades.
simplesmente suprimir o movimento, impondo às crianças de À medida que a criança cresce, o desenvolvimento de novas
diferentes idades rígidas restrições posturais. Isso se traduz, capacidades possibilita que ela atue de maneira cada vez mais

25 Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. —
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Brasília: MEC/SEF, 1998.

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independente sobre o mundo à sua volta, ganhando maior poderá ajudar o professor a organizar melhor a sua prática,
autonomia em relação aos adultos. levando em conta as necessidades das crianças.
Pode-se dizer que no início do desenvolvimento
predomina a dimensão subjetiva da motricidade, que encontra A criança e o movimento
sua eficácia e sentido principalmente na interação com o meio O primeiro ano de vida
social, junto às pessoas com quem a criança interage
diretamente. É somente aos poucos que se desenvolve a Nessa fase, predomina a dimensão subjetiva do
dimensão objetiva do movimento, que corresponde às movimento, pois são as emoções o canal privilegiado de
competências instrumentais para agir sobre o espaço e meio interação do bebê com o adulto e mesmo com outras crianças.
físico. O diálogo afetivo que se estabelece com o adulto, caracterizado
O bebê que se mexe descontroladamente ou que faz pelo toque corporal, pelas modulações da voz, por expressões
caretas provocadas por desconfortos terá na mãe e nos adultos cada vez mais cheias de sentido, constitui-se em espaço
responsáveis por seu cuidado e educação parceiros privilegiado de aprendizagem. A criança imita o parceiro e cria
fundamentais para a descoberta dos significados desses suas próprias reações: balança o corpo, bate palmas, vira ou
movimentos. Aos poucos, esses adultos saberão que levanta a cabeça etc.
determinado torcer de corpo significa que o bebê está, por Ao lado dessas capacidades expressivas, o bebê realiza
exemplo, com cólica, ou que determinado choro pode ser de importantes conquistas no plano da sustentação do próprio
fome. Assim, a primeira função do ato motor está ligada à corpo, representadas em ações como virar-se, rolar, sentar-se
expressão, permitindo que desejos, estados íntimos e etc. Essas conquistas antecedem e preparam o aprendizado da
necessidades se manifestem. locomoção, o que amplia muito a possibilidade de ação
Mas é importante lembrar que a função expressiva não é independente. É bom lembrar que, antes de aprender a andar,
exclusiva do bebê. Ela continua presente mesmo com o as crianças podem desenvolver formas alternativas de
desenvolvimento das possibilidades instrumentais do ato locomoção, como arrastar-se ou engatinhar.
motor. É frequente, por exemplo, a brincadeira de luta entre Ao observar um bebê, pode-se constatar que é grande o
crianças de cinco ou seis anos, situação em que se pode tempo que ele dedica à explorações do próprio corpo — fica
constatar o papel expressivo dos movimentos, já que essa olhando as mãos paradas ou mexendo-as diante dos olhos,
brincadeira envolve intensa troca afetiva. pega os pés e diverte-se em mantê-los sob o controle das mãos
A externalização de sentimentos, emoções e estados — como que descobrindo aquilo que faz parte do seu corpo e
íntimos poderão encontrar na expressividade do corpo um o que vem do mundo exterior. Pode-se também notar o
recurso privilegiado. Mesmo entre adultos isso aparece interesse com que investiga os efeitos dos próprios gestos
frequentemente em conversas, em que a expressão facial pode sobre os objetos do mundo exterior, por exemplo, puxando
deixar transparecer sentimentos como desconfiança, medo ou várias vezes a corda de um brinquedo que emite um som, ou
ansiedade, indicando muitas vezes algo oposto ao que se está tentando alcançar com as mãos o móbile pendurado sobre o
falando. Outro exemplo é como os gestos podem ser utilizados berço, ou seja, repetindo seus atos buscando testar o resultado
intensamente para pontuar a fala, por meio de movimentos que produzem.
das mãos e do corpo. Essas ações exploratórias permitem que o bebê descubra
Cada cultura possui seu jeito próprio de preservar esses os limites e a unidade do próprio corpo, conquistas
recursos expressivos do movimento, havendo variações na importantes no plano da consciência corporal. As ações em
importância dada às expressões faciais, aos gestos e às que procura descobrir o efeito de seus gestos sobre os objetos
posturas corporais, bem como nos significados atribuídos a propiciam a coordenação sensório motora, a partir de quando
eles. seus atos se tornam instrumentos para atingir fins situados no
É muito grande a influência que a cultura tem sobre o mundo exterior. Do ponto de vista das relações com o objeto,
desenvolvimento da motricidade infantil, não só pelos a grande conquista do primeiro ano de vida é o gesto de
diferentes significados que cada grupo atribui a gestos e preensão, o qual se constitui em recurso com múltiplas
expressões faciais, como também pelos diferentes possibilidades de aplicação.
movimentos aprendidos no manuseio de objetos específicos Aquisições como a preensão e a locomoção representam
presentes na atividade cotidiana, como pás, lápis, bolas de importantes conquistas no plano da motricidade objetiva.
gude, corda, estilingue etc. Consolidando-se como instrumentos de ação sobre o mundo,
Os jogos, as brincadeiras, a dança e as práticas esportivas aprimoram-se conforme as oportunidades que se oferecem à
revelam, por seu lado, a cultura corporal de cada grupo social, criança de explorar o espaço, manipular objetos, realizar
constituindo-se em atividades privilegiadas nas quais o atividades diversificadas e desafiadoras.
movimento é aprendido e significado. É curioso lembrar que a aceitação da importância da
Dado o alcance que a questão motora assume na atividade corporeidade para o bebê é relativamente recente, pois até
da criança, é muito importante que, ao lado das situações bem pouco tempo prescrevia-se que ele fosse conservado
planejadas especialmente para trabalhar o movimento em numa espécie de estado de “crisálida” durante vários meses,
suas várias dimensões, a instituição reflita sobre o espaço dado envolvido em cueiros e faixas que o confinavam a uma única
ao movimento em todos os momentos da rotina diária, posição, tolhendo completamente seus movimentos
incorporando os diferentes significados que lhe são atribuídos espontâneos. Certamente esse hábito traduzia um cuidado,
pelos familiares e pela comunidade. uma preocupação com a possibilidade de o bebê se machucar
Nesse sentido, é importante que o trabalho incorpore a ao fazer movimentos para os quais sua ossatura e musculatura
expressividade e a mobilidade próprias às crianças. Assim, um não estivessem, ainda, preparadas. Por outro lado, ao proteger
grupo disciplinado não é aquele em que todos se mantêm o bebê dessa forma, se estava impedindo sua movimentação.
quietos e calados, mas sim um grupo em que os vários Não tendo como interagir com o mundo físico e tendo menos
elementos se encontram envolvidos e mobilizados pelas possibilidades de interagir com o mundo social, era mais difícil
atividades propostas. Os deslocamentos, as conversas e as expressar-se e desenvolver as habilidades necessárias para
brincadeiras resultantes desse envolvimento não podem ser uma relação mais independente com o ambiente.
entendidos como dispersão ou desordem, e sim como uma
manifestação natural das crianças. Compreender o caráter
lúdico e expressivo das manifestações da motricidade infantil

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Crianças de um a três anos mesma postura. Do ponto de vista da atividade muscular, os


recursos de expressividade correspondem a variações do
Logo que aprende a andar, a criança parece tão encantada tônus (grau de tensão do músculo), que respondem também
com sua nova capacidade que se diverte em locomover-se de pelo equilíbrio e sustentação das posturas corporais.
um lado para outro, sem uma finalidade específica. O exercício O maior controle sobre a própria ação resulta em
dessa capacidade, somado ao progressivo amadurecimento do diminuição da impulsividade motora que predominava nos
sistema nervoso, propicia o aperfeiçoamento do andar, que se bebês.
torna cada vez mais seguro e estável, desdobrando-se nos atos É grande o volume de jogos e brincadeiras encontradas nas
de correr, pular e suas variantes. diversas culturas que envolvem complexas sequências
A grande independência que andar propicia na exploração motoras para serem reproduzidas, propiciando conquistas no
do espaço é acompanhada também por uma maior plano da coordenação e precisão do movimento.
disponibilidade das mãos: a criança dessa idade é aquela que As práticas culturais predominantes e as possibilidades de
não para, mexe em tudo, explora, pesquisa. exploração oferecidas pelo meio no qual a criança vive
Ao mesmo tempo em que explora, aprende gradualmente permitem que ela desenvolva capacidades e construa
a adequar seus gestos e movimentos às suas intenções e às repertórios próprios. Por exemplo, uma criança criada num
demandas da realidade. Gestos como o de segurar uma colher bairro em que o futebol é uma prática comum poderá
para comer ou uma xícara para beber e o de pegar um lápis interessar-se pelo esporte e aprender a jogar desde cedo. Uma
para marcar um papel, embora ainda não muito seguros, são criança que vive à beira de um rio utilizado, por exemplo, como
exemplos dos progressos no plano da gestualidade forma de lazer pela comunidade provavelmente aprenderá a
instrumental. O fato de manipular objetos que tenham um uso nadar sem que seja preciso entrar numa escola de natação,
cultural bem definido não significa que a manipulação se como pode ser o caso de uma criança de ambiente urbano.
restrinja a esse uso, já que o caráter expressivo do movimento Habilidades de subir em árvores, escalar alturas, pular
ainda predomina. Assim, se a criança dessa idade pode pegar distâncias, certamente serão mais fáceis para crianças criadas
uma xícara para beber água, pode também pegá-la em locais próximos à natureza, ou que tenham acesso a
simplesmente para brincar, explorando as várias parques ou praças.
possibilidades de seu gesto. As brincadeiras que compõem o repertório infantil e que
Outro aspecto da dimensão expressiva do ato motor é o variam conforme a cultura regional apresentam-se como
desenvolvimento dos gestos simbólicos, tanto aqueles ligados oportunidades privilegiadas para desenvolver habilidades no
ao faz-de-conta quanto os que possuem uma função indicativa, plano motor, como empinar pipas, jogar bolinhas de gude,
como apontar, dar tchau etc. No faz-de-conta pode-se observar atirar com estilingue, pular amarelinha etc.
situações em que as crianças revivem uma cena recorrendo
somente aos seus gestos, por exemplo, quando, colocando os Objetivos
braços na posição de ninar, os balançam, fazendo de conta que Crianças de zero a três anos
estão embalando uma boneca. Nesse tipo de situação, a
imitação desempenha um importante papel. A prática educativa deve se organizar de forma a que as
No plano da consciência corporal, nessa idade a criança crianças desenvolvam as seguintes capacidades:
começa a reconhecer a imagem de seu corpo, o que ocorre
principalmente por meio das interações sociais que estabelece - familiarizar-se com a imagem do próprio corpo;
e das brincadeiras que faz diante do espelho. Nessas situações, - explorar as possibilidades de gestos e ritmos corporais
ela aprende a reconhecer as características físicas que para expressar-se nas brincadeiras e nas demais situações de
integram a sua pessoa, o que é fundamental para a construção interação;
de sua identidade. - deslocar-se com destreza progressiva no espaço ao
andar, correr, pular etc., desenvolvendo atitude de confiança
Crianças de quatro a seis anos nas próprias capacidades motoras;
- explorar e utilizar os movimentos de preensão, encaixe,
Nessa faixa etária constata-se uma ampliação do lançamento etc., para o uso de objetos diversos.
repertório de gestos instrumentais, os quais contam com
progressiva precisão. Atos que exigem coordenação de vários Crianças de quatro a seis anos
segmentos motores e o ajuste a objetos específicos, como
recortar, colar, encaixar pequenas peças etc., sofisticam-se. Ao Para esta fase, os objetivos estabelecidos para a faixa etária
lado disso, permanece a tendência lúdica da motricidade, de zero a três anos deverão ser aprofundados e ampliados,
sendo muito comum que as crianças, durante a realização de garantindo-se, ainda, oportunidades para que as crianças
uma atividade, desviem a direção de seu gesto; é o caso, por sejam capazes de:
exemplo, da criança que está recortando e que de repente põe-
se a brincar com a tesoura, transformando-a num avião, numa - ampliar as possibilidades expressivas do próprio
espada etc. movimento, utilizando gestos diversos e o ritmo corporal nas
Gradativamente, o movimento começa a submeter-se ao suas brincadeiras, danças, jogos e demais situações de
controle voluntário, o que se reflete na capacidade de planejar interação;
e antecipar ações — ou seja, de pensar antes de agir — e no - explorar diferentes qualidades e dinâmicas do
desenvolvimento crescente de recursos de contenção motora. movimento, como força, velocidade, resistência e flexibilidade,
A possibilidade de planejar seu próprio movimento mostra-se conhecendo gradativamente os limites e as potencialidades de
presente, por exemplo, nas conversas entre crianças em que seu corpo;
uma narra para a outra o que e como fará para realizar - controlar gradualmente o próprio movimento,
determinada ação: “Eu vou lá, vou pular assim e vou pegar tal aperfeiçoando seus recursos de deslocamento e ajustando
coisa...”. suas habilidades motoras para utilização em jogos,
Os recursos de contenção motora, por sua vez, se traduzem brincadeiras, danças e demais situações;
no aumento do tempo que a criança consegue manter-se numa - utilizar os movimentos de preensão, encaixe, lançamento
mesma posição. Vale destacar o enorme esforço que tal etc., para ampliar suas possibilidades de manuseio dos
aprendizado exige da criança, já que, quando o corpo está diferentes materiais e objetos;
parado, ocorre intensa atividade muscular para mantê-lo na

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- apropriar-se progressivamente da imagem global de seu embalar, e aos brincos, brincadeiras ritmadas que combinam
corpo, conhecendo e identificando seus segmentos e gestos e música — podem fazer parte de sequências de
elementos e desenvolvendo cada vez mais uma atitude de atividades. Essas brincadeiras, ao propiciar o contato corporal
interesse e cuidado com o próprio corpo. da criança com o adulto, auxiliam o desenvolvimento de suas
capacidades expressivas. Um exemplo é a variante brasileira
Conteúdos de um brinco de origem portuguesa no qual o adulto segura a
criança em pé ou sentada em seu colo e imita o movimento do
A organização dos conteúdos para o trabalho com serrador enquanto canta: “Serra, serra, serrador, Serra o papo
movimento deverá respeitar as diferentes capacidades das do vovô. Serra um, serra dois, serra três, serra quatro, serra
crianças em cada faixa etária, bem como as diversas culturas cinco, serra seis, serra sete, serra oito, serra nove, serra dez!”.
corporais presentes nas muitas regiões do país. É importante que nos berçários e em cada sala haja um
Os conteúdos deverão priorizar o desenvolvimento das espelho grande o suficiente para permitir que várias crianças
capacidades expressivas e instrumentais do movimento, possam se ver refletidas ao mesmo tempo, oferecendo a elas a
possibilitando a apropriação corporal pelas crianças de forma possibilidade de vivenciar e compartilhar descobertas
que possam agir com cada vez mais intencionalidade. Devem fundamentais. O espelho deve estar situado de forma a
ser organizado num processo contínuo e integrado que permitir a visão do corpo inteiro, ao lado do qual poderão ser
envolve múltiplas experiências corporais, possíveis de serem colocados colchonetes, tapetes, almofadas, brinquedos
realizadas pela criança sozinha ou em situações de interação. variados etc. Alguns materiais, em contato com o corpo da
Os diferentes espaços e materiais, os diversos repertórios de criança, podem proporcionar experiências significativas no
cultura corporal expressos em brincadeiras, jogos, danças, que diz respeito à sensibilidade corporal. As características
atividades esportivas e outras práticas sociais são algumas das físicas de fluidez, textura, temperatura e plasticidade da terra,
condições necessárias para que esse processo ocorra. da areia e da água propiciam atividades sensíveis
Os conteúdos estão organizados em dois blocos. O interessantes, como o banho de esguicho, construir castelos
primeiro refere-se às possibilidades expressivas do com areia, fazer bolo de lama etc. Outra sugestão é o uso de
movimento e o segundo ao seu caráter instrumental. tecidos de diferentes texturas e pesos, ou materiais de
temperaturas diferentes, em brincadeiras prazerosas como
Expressividade esconder sob um pano grosso; fazer cabanas; túneis e
labirintos construídos com filó etc.
A dimensão subjetiva do movimento deve ser contemplada As mímicas faciais e gestos possuem um papel importante
e acolhida em todas as situações do dia-a-dia na instituição de na expressão de sentimentos e em sua comunicação. É
educação infantil, possibilitando que as crianças utilizem importante que a criança dessa faixa etária conheça suas
gestos, posturas e ritmos para se expressar e se comunicar. próprias capacidades expressivas e aprenda
Além disso, é possível criar, intencionalmente, oportunidades progressivamente a identificar as expressões dos outros,
para que as crianças se apropriem dos significados ampliando sua comunicação. Brincar de fazer caretas ou de
expressivos do movimento. imitar bichos propicia a descoberta das possibilidades
A dimensão expressiva do movimento engloba tanto as expressiva de si própria e dos outros. Participar de
expressões e comunicação de ideias, sensações e sentimentos brincadeiras de roda ou de danças circulares, como “A Galinha
pessoais como as manifestações corporais que estão do Vizinho” ou “Ciranda, Cirandinha”, favorecem o
relacionadas com a cultura. A dança é uma das manifestações desenvolvimento da noção de ritmo individual e coletivo,
da cultura corporal dos diferentes grupos sociais que está introduzindo as crianças em movimentos inerentes à dança.
intimamente associada ao desenvolvimento das capacidades Brincadeiras tradicionais como “A Linda Rosa Juvenil”, na
expressivas das crianças. A aprendizagem da dança pelas qual a cada verso corresponde um gesto, proporcionam
crianças, porém, não pode estar determinada pela marcação e também a oportunidade de descobrir e explorar movimentos
definição de coreografias pelos adultos. ajustados a um ritmo, conservando fortemente a possibilidade
de expressar emoções.
Crianças de zero a três anos O professor precisa cuidar de sua expressão e posturas
corporais ao se relacionar com as crianças. Não deve esquecer
- Reconhecimento progressivo de segmentos e elementos que seu corpo é um veículo expressivo, valorizando e
do próprio corpo por meio da exploração, das brincadeiras, do adequando os próprios gestos, mímicas e movimentos na
uso do espelho e da interação com os outros. comunicação com as crianças, como quando as acolhe no seu
- Expressão de sensações e ritmos corporais por meio de colo, oferece alimentos ou as toca na hora do banho. O
gestos, posturas e da linguagem oral. professor, também, é modelo para as crianças, fornecendo-
lhes repertório de gestos e posturas quando, por exemplo,
Orientações didáticas conta histórias pontuando ideias com gestos expressivos ou
usa recursos vocais para enfatizar sua dramaticidade.
Atividades como o banho e a massagem são oportunidades Conhecer jogos e brincadeiras e refletir sobre os tipos de
privilegiadas de explorar o próprio corpo, assim como de movimentos que envolvem é condição importante para ajudar
experimentar diferentes sensações, inclusive junto com outras as crianças a desenvolverem uma motricidade harmoniosa.
crianças.
Brincadeiras que envolvam o canto e o movimento, Crianças de quatro a seis anos
simultaneamente, possibilitam a percepção rítmica, a
identificação de segmentos do corpo e o contato físico. A - Utilização expressiva intencional do movimento nas
cultura popular infantil é uma riquíssima fonte na qual se situações cotidianas e em suas brincadeiras.
podem buscar cantigas e brincadeiras de cunho afetivo nas - Percepção de estruturas rítmicas para expressar-se
quais o contato corporal é o seu principal conteúdo, como no corporalmente por meio da dança, brincadeiras e de outros
seguinte exemplo: “Conheço um jacaré, que gosta de comer. movimentos.
Esconda a sua perna, senão o jacaré come sua perna e o seu - Valorização e ampliação das possibilidades estéticas do
dedão do pé”. Os jogos e brincadeiras que envolvem as movimento pelo conhecimento e utilização de diferentes
modulações de voz, as melodias e a percepção rítmica — tão modalidades de dança.
características das canções de ninar, associadas ao ato de

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- Percepção das sensações, limites, potencialidades, sinais e a flexibilidade dos movimentos do braço com a percepção
vitais e integridade do próprio corpo. espacial e, se for preciso correr, a velocidade etc.
As instituições devem assegurar e valorizar, em seu
Orientações didáticas cotidiano, jogos motores e brincadeiras que contemplem a
progressiva coordenação dos movimentos e o equilíbrio das
O espelho continua a se fazer necessário para a construção crianças. Os jogos motores de regras trazem também a
e afirmação da imagem corporal em brincadeiras nas quais oportunidade de aprendizagens sociais, pois ao jogar, as
meninos e meninas poderão se fantasiar, assumir papéis, se crianças aprendem a competir, a colaborar umas com as
olharem. Nesse sentido, um conjunto de maquiagem, fantasias outras, a combinar e a respeitar regras.
diversas, roupas velhas de adultos, sapatos, bijuterias e
acessórios são ótimos materiais para o faz-de-conta nessa Crianças de zero a três anos
faixa etária. Com eles, e diante do espelho, a criança consegue
perceber que sua imagem muda, sem que modifique a sua - Exploração de diferentes posturas corporais, como
pessoa. sentar-se em diferentes inclinações, deitar-se em diferentes
Pode-se propor alguns jogos e brincadeiras envolvendo a posições, ficar ereto apoiado na planta dos pés com e sem
interação, a imitação e o reconhecimento do corpo, como “Siga ajuda etc.
o Mestre” e “Seu Lobo”. - Ampliação progressiva da destreza para deslocar-se no
O professor pode propor atividades em que as crianças, de espaço por meio da possibilidade constante de arrastar-se,
forma mais sistemática, observem partes do próprio corpo ou engatinhar, rolar, andar, correr, saltar etc.
de seus amigos, usando-as como modelo, como, por exemplo, - Aperfeiçoamento dos gestos relacionados com a
para moldar, pintar ou desenhar. Essa possibilidade pode ser preensão, o encaixe, o traçado no desenho, o lançamento etc.,
aprofundada, se forem pesquisadas também obras de arte em por meio da experimentação e utilização de suas habilidades
que partes do corpo foram retratadas ou esculpidas. manuais em diversas situações cotidianas.
É importante lembrar que nesse tipo de trabalho não há
necessidade de se estabelecer uma hierarquia prévia entre as Orientações didáticas
partes do corpo que serão trabalhadas. Pensar que para a
criança é mais fácil começar a perceber o próprio corpo pela Quanto menor a criança, maior é a responsabilidade do
cabeça, depois pelo tronco e por fim pelos membros, por adulto de lhe proporcionar experiências posturais e motoras
exemplo, pode não corresponder à sua experiência real. Nesse variadas. Para isso ele deve modificar as posições das crianças
sentido, o professor precisa estar bastante atento aos quando sentadas ou deitadas; observar os bebês para
conhecimentos prévios das crianças acerca de si mesmas e de descobrir em que posições ficam mais ou menos confortáveis;
sua corporeidade, para adequar seus projetos e a melhor tocar, acalentar e massagear frequentemente os bebês para
maneira de trabalhá-los com o grupo de crianças. que eles possam perceber partes do corpo que não alcançam
O reconhecimento dos sinais vitais e de suas alterações, sozinhos.
como a respiração, os batimentos cardíacos, assim como as O professor pode organizar o ambiente com materiais que
sensações de prazer, podem ser trabalhados com as crianças. propiciem a descoberta e exploração do movimento. Materiais
Perceber esses sinais, refletir e conversar sobre o que acontece que rolem pelo chão, como cilindros e bolas de diversos
quando as crianças correm, rolam ou são massageadas pode tamanhos, sugerem às crianças que se arrastem, engatinhem
garantir a ampliação do conhecimento sobre seu corpo e ou caminhem atrás deles ou ainda que rolem sobre eles. As
expressão do movimento de forma mais harmoniosa. bolas podem ser chutadas, lançadas, quicadas etc. Túneis de
Representar experiências observadas e vividas por meio pano sugerem às crianças que se abaixem e utilizem a força dos
do movimento pode se transformar numa atividade bastante músculos dos braços e das pernas para percorrer seu interior.
divertida e significativa para as crianças. Derreter como um Móbiles e outros penduricalhos sugerem que as crianças
sorvete, flutuar como um floco de algodão, balançar como as exercitem a posição ereta, nas tentativas de erguer-se para
folhas de uma árvore, correr como um rio, voar como uma tocá-los. Almofadas organizadas num ambiente com livros ou
gaivota, cair como um raio etc., são exercícios de imaginação e gibis e brinquedos convidam as crianças a sentarem ou
criatividade que reiteram a importância do movimento para deitarem, concentradas nas suas atividades.
expressar e comunicar ideias e emoções. O professor pode organizar atividades que exijam o
No Brasil existem inúmeras danças, folguedos, aperfeiçoamento das capacidades motoras das crianças, ou
brincadeiras de roda e cirandas que, além do caráter de que lhes tragam novos desafios, considerando seus
socialização que representam, trazem para a criança a progressos.
possibilidade de realização de movimentos de diferentes Um bom exemplo são as organizações de circuitos no
qualidades expressivas e rítmicas. A roda otimiza a percepção espaço externo ou interno de modo a sugerir às crianças
de um ritmo comum e a noção de conjunto. Há muitas desafios corporais variados. Podem-se criar, com pneus,
brincadeiras de roda, como o coco de roda alagoano, o bumba- bancos, tábuas de madeira etc., túneis, pontes, caminhos,
meu-boi maranhense, a catira paulista, o maracatu e o frevo rampas e labirintos nos quais as crianças podem saltar para
pernambucanos, a chula rio-grandense, as cirandas, as dentro, equilibrar-se, andar, escorregar etc.
quadrilhas, entre tantas outras. O fato de todas essas Algumas brincadeiras tradicionais podem contribuir para
manifestações expressivas serem realizadas em grupo a qualidade das experiências motoras e posturais das crianças,
acrescentam ao movimento um sentido socializador e estético. como, por exemplo, a brincadeira de estátua cuja regra
principal é a de que as crianças fiquem paradas como estátua
Equilíbrio e coordenação a um sinal, promovendo a manutenção do tônus muscular
durante algum tempo.
As ações que compõem as brincadeiras envolvem aspectos
ligados à coordenação do movimento e ao equilíbrio. Por
exemplo, para saltar um obstáculo, as crianças precisam Crianças de quatro a seis anos
coordenar habilidades motoras como velocidade, flexibilidade
e força, calculando a maneira mais adequada de conseguir seu - Participação em brincadeiras e jogos que envolvam
objetivo. Para empinar uma pipa, precisam coordenar a força correr, subir, descer, escorregar, pendurar-se, movimentar-se,

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dançar etc., para ampliar gradualmente o conhecimento e O professor deve refletir sobre as solicitações corporais
controle sobre o corpo e o movimento. das crianças e sua atitude diante das manifestações da
- Utilização dos recursos de deslocamento e das motricidade infantil, compreendendo seu caráter lúdico e
habilidades de força, velocidade, resistência e flexibilidade nos expressivo. Além de refletir acerca das possibilidades
jogos e brincadeiras dos quais participa. posturais e motoras oferecidas no conjunto das atividades, é
- Valorização de suas conquistas corporais. interessante planejar situações de trabalho voltadas para
- Manipulação de materiais, objetos e brinquedos diversos aspectos mais específicos do desenvolvimento corporal e
para aperfeiçoamento de suas habilidades manuais. motor. Nessa perspectiva, o professor deverá avaliar
constantemente o tempo de contenção motora ou de
Orientações didáticas manutenção de uma mesma postura de maneira a adequar as
atividades às possibilidades das crianças de diferentes idades.
É importante possibilitar diferentes movimentos que Outro ponto de reflexão diz respeito à lateralidade, ou seja,
aparecem em atividades como lutar, dançar, subir e descer de à predominância para o uso de um lado do corpo. Durante o
árvores ou obstáculos, jogar bola, rodar bambolê etc. Essas processo de definição da lateralidade, as crianças podem usar,
experiências devem ser oferecidas sempre, com o cuidado de indiscriminadamente, ambos os lados do corpo.
evitar enquadrar as crianças em modelos de comportamento Espontaneamente a criança irá manifestar a preferência pelo
estereotipados, associados ao gênero masculino e feminino, uso de uma das mãos, definindo-se como destra ou canhota.
como, por exemplo, não deixar que as meninas joguem futebol Assim, cabe ao professor acolher suas preferências, sem
ou que os meninos rodem bambolê. impor-lhes, por exemplo, o uso da mão direita.
A brincadeira de pular corda, tão popular no Brasil, propõe A organização do ambiente, dos materiais e do tempo visa
às crianças uma pesquisa corporal intensa, tanto em relação às a auxiliar que as manifestações motoras das crianças estejam
diferentes qualidades de movimento que sugere (rápidos ou integradas nas diversas atividades da rotina.
lentos; pesados ou leves) como também em relação à Para isso, os espaços externos e internos devem ser amplos
percepção espaço-temporal, já que, para “entrar” na corda, as o suficiente para acolher as manifestações da motricidade
crianças devem sentir o ritmo de suas batidas no chão para infantil. Os objetos, brinquedos e materiais devem auxiliar as
perceber o momento certo. A corda pode também ser utilizada atividades expressivas e instrumentais do movimento.
em outras brincadeiras desafiadoras. Ao ser amarrada no
galho de uma árvore, possibilita à criança pendurar-se e Organização do tempo
balançar-se; ao ser esticada em diferentes alturas, permite que
as crianças se arrastem, agachem etc. Os conteúdos relacionados ao movimento deverão ser
Os primeiros jogos de regras são valiosos para o trabalhados inseridos na rotina. As atividades que buscam
desenvolvimento de capacidades corporais de equilíbrio e valorizar o movimento nas suas dimensões expressivas,
coordenação, mas trazem também a oportunidade, para as instrumentais e culturais podem ser realizadas diariamente de
crianças, das primeiras situações competitivas, em que suas maneira planejada ou não.
habilidades poderão ser valorizadas de acordo com os Também podem ser realizados projetos que integrem
objetivos do jogo. É muito importante que o professor esteja vários conhecimentos ligados ao movimento. A apresentação
atento aos conflitos que possam surgir nessas situações, de uma dança tradicional, por exemplo, pode- se constituir em
ajudando as crianças a desenvolver uma atitude de competição um interessante projeto para as crianças maiores, quando
de forma saudável. Nesta faixa etária, o professor é quem necessitam:
ajudará as crianças a combinar e cumprir regras,
desenvolvendo atitudes de respeito e cooperação tão - pesquisar diferentes danças tradicionais brasileiras para
necessárias, mais tarde, no desenvolvimento das habilidades selecionar aquela que mais interessar às crianças.
desportivas. - informar-se sobre a origem e história da dança
São muitos os jogos existentes nas diferentes regiões do selecionada.
Brasil que podem ser utilizados para esse fim; cabe ao - desenvolver recursos expressivos e aprender os passos
professor levantar junto a crianças, familiares e comunidade para a dança;
aqueles mais significativos. As brincadeiras e jogos envolvem - confeccionar roupas necessárias para a apresentação.
a descoberta e a exploração de capacidades físicas e a - planejar a apresentação, confeccionando cartazes,
expressão de emoções, afetos e sentimentos. Além de alegria e convites, etc.
prazer, algumas vezes a exposição de seu corpo e de seus
movimentos podem gerar vergonha, medo ou raiva. Isso Da mesma forma, podem ser desenvolvidos projetos
também precisa ser considerado pelo professor para que ele envolvendo jogos e brincadeiras de roda, circuitos motores
possa ajudar as crianças a lidar de forma positiva com limites etc.
e possibilidades do próprio corpo.
As diferentes atividades que ocorrem nas instituições Observação, registro e avaliação formativa
requerem das crianças posturas corporais distintas. Cabe ao
professor organizar o ambiente de tal forma a garantir a Para que se tenham condições reais de avaliar se uma
postura mais adequada para cada atividade, não as criança está ou não desenvolvendo uma motricidade saudável,
restringindo a modelos estereotipados. faz-se necessário refletir sobre o ambiente da instituição e o
trabalho ali desenvolvido: ele é suficientemente desafiador?
Orientações gerais para o professor Será que as crianças não ficam muito tempo sentadas, sem
oportunidades de exercitar outras posturas? As atividades
É muito importante que o professor perceba os diversos oferecidas propiciam situações de interação? A avaliação do
significados que pode ter a atividade motora para as crianças. movimento deve ser contínua, levando em consideração os
Isso poderá contribuir para que ele possa ajudá-las a ter uma processos vivenciados pelas crianças, resultado de um
percepção adequada de seus recursos corporais, de suas trabalho intencional do professor. Deverá constituir-se em
possibilidades e limitações sempre em transformação, dando- instrumento para a reorganização de objetivos, conteúdos,
lhes condições de se expressarem com liberdade e de procedimentos, atividades e como forma de acompanhar e
aperfeiçoarem suas competências motoras. conhecer cada criança e grupo.

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A observação cuidadosa sobre cada criança e sobre o grupo Outra prática corrente tem sido o uso das bandinhas
fornece elementos que podem auxiliar na construção de uma rítmicas para o desenvolvimento motor, da audição, e do
prática que considere o corpo e o movimento das crianças. domínio rítmico. Essas bandinhas utilizam instrumentos —
Devem ser documentados os aspectos referentes a pandeirinhos, tamborzinhos, pauzinhos etc. — muitas vezes
expressividade do movimento e sua dimensão instrumental. É confeccionados com material inadequado e
recomendável que o professor atualize, sistematicamente, consequentemente com qualidade sonora deficiente. Isso
suas observações, documentando mudanças e conquistas. reforça o aspecto mecânico e a imitação, deixando pouco ou
São consideradas como experiências prioritárias para a nenhum espaço às atividades de criação ou às questões ligadas
aprendizagem do movimento realizada pelas crianças de zero a percepção e conhecimento das possibilidades e qualidades
a três anos: uso de gestos e ritmos corporais diversos para expressivas dos sons.
expressar-se; deslocamentos no espaço sem ajuda. Para que Ainda que esses procedimentos venham sendo
isso ocorra é necessário que sejam oferecidas condições para repensados, muitas instituições encontram dificuldades para
que as crianças explorem suas capacidades expressivas, integrar a linguagem musical ao contexto educacional.
aceitando com confiança desafios corporais. Constata-se uma defasagem entre o trabalho realizado na
A partir dos quatro e até os seis anos, uma vez que tenham área de Música e nas demais áreas do conhecimento,
tido muitas oportunidades, na instituição de educação infantil, evidenciada pela realização de atividades de reprodução e
de vivenciar experiências envolvendo o movimento, pode-se imitação em detrimento de atividades voltadas à criação e à
esperar que as crianças o reconheçam e o utilizem como elaboração musical. Nesses contextos, a música é tratada como
linguagem expressiva e participem de jogos e brincadeiras se fosse um produto pronto, que se aprende a reproduzir, e
envolvendo habilidades motoras diversas. não uma linguagem cujo conhecimento se constrói.
É importante informar sempre as crianças acerca de suas A música está presente em diversas situações da vida
competências. Desde pequenas, a valorização de seu esforço e humana. Existe música para adormecer, música para dançar,
comentários a respeito de como estão construindo e se para chorar os mortos, para conclamar o povo a lutar, o que
apropriando desse conhecimento são atitudes que as remonta à sua função ritualística. Presente na vida diária de
encorajam e situam com relação à própria aprendizagem. É alguns povos, ainda hoje é tocada e dançada por todos,
sempre bom lembrar que seu empenho e suas conquistas seguindo costumes que respeitam as festividades e os
devem ser valorizados em função de seus progressos e do momentos próprios a cada manifestação musical. Nesses
próprio esforço, evitando colocá-las em situações de contextos, as crianças entram em contato com a cultura
comparação. musical desde muito cedo e assim começam a aprender suas
tradições musicais.
Mesmo que as formas de organização social e o papel da
Música música nas sociedades modernas tenham se transformado,
algo de seu caráter ritual é preservado, assim como certa
Introdução tradição do fazer e ensinar por imitação e “por ouvido”, em que
se misturam intuição conhecimento prático e transmissão
A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras oral. Essas questões devem ser consideradas ao se pensar na
capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e aprendizagem, pois o contato intuitivo e espontâneo com a
pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressão musical desde os primeiros anos de vida é
expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em importante ponto de partida para o processo de musicalização.
todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar
comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, brinquedos rítmicos, jogos de mãos, etc., são atividades que
políticas etc. Faz parte da educação desde há muito tempo, despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade
sendo que, já na Grécia antiga, era considerada como musical, além de atenderem a necessidades de expressão que
fundamental para a formação dos futuros cidadãos, ao lado da passam pela esfera afetiva, estética e cognitiva. Aprender
matemática e da filosofia. música significa integrar experiências que envolvem a
A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos vivência, a percepção e a reflexão, encaminhando-as para
e cognitivos, assim como a promoção de interação e níveis cada vez mais elaborados.
comunicação social, conferem caráter significativo à Pesquisadores e estudiosos vêm traçando paralelos entre
linguagem musical. É uma das formas importantes de o desenvolvimento infantil e o exercício da expressão musical,
expressão humana, o que por si só justifica sua presença no resultando em propostas que respeitam o modo de perceber,
contexto da educação, de um modo geral, e na educação sentir e pensar, em cada fase, e contribuindo para que a
infantil, particularmente. construção do conhecimento dessa linguagem ocorra de modo
significativo. O trabalho com Música proposto por este
Presença da música na educação infantil: documento fundamenta-se nesses estudos, de modo a garantir
Ideias e práticas correntes à criança a possibilidade de vivenciar e refletir sobre questões
musicais, num exercício sensível e expressivo que também
A música no contexto da educação infantil vem, ao longo de oferece condições para o desenvolvimento de habilidades, de
sua história, atendendo a vários objetivos, alguns dos quais formulação de hipóteses e de elaboração de conceitos.
alheios às questões próprias dessa linguagem. Tem sido, em Compreende-se a música como linguagem e forma de
muitos casos, suporte para atender a vários propósitos, como conhecimento. Presente no cotidiano de modo intenso, no
a formação de hábitos, atitudes e comportamentos: lavar as rádio, na TV, em gravações, jingles etc., por meio de
mãos antes do lanche, escovar os dentes, respeitar o farol etc.; brincadeiras e manifestações espontâneas ou pela intervenção
a realização de comemorações relativas ao calendário de do professor ou familiares, além de outras situações de
eventos do ano letivo simbolizados no dia da árvore, dia do convívio social, a linguagem musical tem estrutura e
soldado, dia das mães etc.; a memorização de conteúdos características próprias, devendo ser considerada como:
relativos a números, letras do alfabeto, cores etc., traduzidos - Produção- centrada na experimentação e na imitação,
em canções. Essas canções costumam ser acompanhadas por tendo como produtos musicais a interpretação, a improvisação
gestos corporais, imitados pelas crianças de forma mecânica e e a composição.
estereotipada. - Apreciação- percepção tanto dos sons e silêncios quanto
das estruturas e organizações musicais, buscando desenvolver

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por meio do prazer da escuta, a capacidade de observação, temas ou melodias definidos precisamente, ou seja, diante de
analise e reconhecimento. um teclado, por exemplo, importa explorar livremente os
- Reflexão- sobre questões referentes à organização, registros grave ou agudo (altura), tocando forte ou fraco
criação, produtos e produtores musicais. (intensidade), produzindo sons curtos ou longos (duração),
imitando gestos motores que observou e que reconhece como
Deve ser considerado o aspecto da integração do trabalho responsáveis pela produção do som, sem a preocupação de
musical às outras áreas, já que, por um lado, a música mantém localizar as notas musicais (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si) ou
contato estreito e direto com as demais linguagens expressivas reproduzir exatamente qualquer melodia conhecida. E ainda
(movimento, expressão cênica, artes visuais etc.), e, por outro, que possam, em alguns casos, manter um pulso (medida
torna possível a realização de projetos integrados. É preciso referencial de duração constante), a vivência do ritmo também
cuidar, no entanto, para que não se deixe de lado o exercício não se subordina à pulsação e ao compasso (a organização do
das questões especificamente musicais. pulso em tempos fortes e fracos) e assim vivenciam o ritmo
O trabalho com música deve considerar, portanto, que ela livre. Diferenças individuais e grupais acontecem, fazendo com
é um meio de expressão e forma de conhecimento acessível que, aos três anos, por exemplo, integrantes de comunidades
aos bebês e crianças, inclusive aquelas que apresentem musicais ou crianças cujos pais toquem instrumentos possam
necessidades especiais. A linguagem musical é excelente meio apresentar um desenvolvimento e controle rítmico diferente
para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da das outras crianças, demonstrando que o contato sistemático
autoestima e autoconhecimento, além de poderoso meio de com a música amplia o conhecimento e as possibilidades de
integração social. realizações musicais.
A expressão musical das crianças nessa fase é
A criança e a música caracterizada pela ênfase nos aspectos intuitivo e afetivo e
pela exploração (sensório-motora) dos materiais sonoros. As
O ambiente sonoro, assim como a presença da música em crianças integram a música às demais brincadeiras e jogos:
diferentes e variadas situações do cotidiano fazem com que os cantam enquanto brincam, acompanham com sons os
bebês e crianças iniciem seu processo de musicalização de movimentos de seus carrinhos, dançam e dramatizam
forma intuitiva. Adultos cantam melodias curtas, cantigas de situações sonoras diversas, conferindo “personalidade” e
ninar, fazem brincadeiras cantadas, com rimas, parlendas etc., significados simbólicos aos objetos sonoros ou instrumentos
reconhecendo o fascínio que tais jogos exercem. Encantados musicais e à sua produção musical. O brincar permeia a relação
com o que ouvem, os bebês tentam imitar e responder, criando que se estabelece com os materiais: mais do que sons, podem
momentos significativos no desenvolvimento afetivo e representar personagens, como animais, carros, máquinas,
cognitivo, responsáveis pela criação de vínculos tanto com os super-heróis etc.
adultos quanto com a música. Nas interações que se A partir dos três anos, aproximadamente, os jogos com
estabelecem, eles constroem um repertório que lhes permite movimento são fonte de prazer, alegria e possibilidade efetiva
iniciar uma forma de comunicação por meio dos sons. para o desenvolvimento motor e rítmico, sintonizados com a
O balbucio e o ato de cantarolar dos bebês têm sido objetos música, uma vez que o modo de expressão característico dessa
de pesquisas que apresentam dados importantes sobre a faixa etária integra gesto, som e movimento.
complexidade das linhas melódicas cantaroladas até os dois Aos poucos ocorre um maior domínio com relação à
anos de idade, aproximadamente. Procuram imitar o que entoação melódica. Ainda que sem um controle preciso da
ouvem e também inventam linhas melódicas ou ruídos, afinação, mas já com retenção de desenhos melódicos e de
explorando possibilidades vocais, da mesma forma como momentos significativos das canções, como refrão,
interagem com os objetos e brinquedos sonoros disponíveis, onomatopeias, o “to-to” de “Atirei o pau no gato” etc. A criança
estabelecendo, desde então, um jogo caracterizado pelo memoriza um repertório maior de canções e conta,
exercício sensorial e motor com esses materiais. consequentemente, com um “arquivo” de informações
A escuta de diferentes sons (produzidos por brinquedos referentes a desenhos melódicos e rítmicos que utiliza com
sonoros ou oriundos do próprio ambiente doméstico) também frequência nas canções que inventa. Ela é uma boa
é fonte de observação e descobertas, provocando respostas. A improvisadora, “cantando histórias”, misturando ideias ou
audição de obras musicais enseja as mais diversas reações: os trechos dos materiais conhecidos, recriando, adaptando etc. É
bebês podem manter-se atentos, tranquilos ou agitados. comum que, brincando sozinha, invente longas canções.
Do primeiro ao terceiro ano de vida, os bebês ampliam os Aos poucos, começa a cantar com maior precisão de
modos de expressão musical pelas conquistas vocais e entoação e a reproduzir ritmos simples orientados por um
corporais. Podem articular e entoar um maior número de sons, pulso regular. Os batimentos rítmicos corporais (palmas,
inclusive os da língua materna, reproduzindo letras simples, batidas nas pernas, pés etc.) são observados e reproduzidos
refrãos, onomatopeias etc., explorando gestos sonoros, como com cuidado, e, evidentemente, a maior ou menor
bater palmas, pernas, pés, especialmente depois de complexidade das estruturas rítmicas dependerá do nível de
conquistada a marcha, a capacidade de correr, pular e desenvolvimento de cada criança ou grupo.
movimentar-se acompanhando uma música. Além de cantar, a criança tem interesse, também, em tocar
No que diz respeito à relação com os materiais sonoros é pequenas linhas melódicas nos instrumentos musicais,
importante notar que, nessa fase, as crianças conferem buscando entender sua construção. Torna-se muito
importância e equivalência a toda e qualquer fonte sonora e importante poder reproduzir ou compor uma melodia, mesmo
assim explorar as teclas de um piano é tal e qual percutir uma que usando apenas dois sons diferentes e percebe o fato de que
caixa ou um cestinho, por exemplo. Interessam-se pelos modos para cantar ou tocar uma melodia é preciso respeitar uma
de ação e produção dos sons, sendo que sacudir e bater são ordem, à semelhança do que ocorre com a escrita de palavras.
seus primeiros modos de ação. Estão sempre atentas às A audição pode detalhar mais, e o interesse por muitos e
características dos sons ouvidos ou produzidos, se gerados por variados estilos tende a se ampliar. Se a produção musical
um instrumento musical, pela voz ou qualquer objeto, veiculada pela mídia lhe interessa, também se mostra
descobrindo possibilidades sonoras com todo material receptiva a diferentes gêneros e estilos musicais, quando tem
acessível. a possibilidade de conhecê-los.
Assim, o que caracteriza a produção musical das crianças
nesse estágio é a exploração do som e suas qualidades — que
são altura, duração, intensidade e timbre — e não a criação de

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Objetivos nova interpretação. A imitação é a base do trabalho de


Crianças de zero a três anos interpretação. Imitando sons vocais, corporais, ou produzidos
por instrumentos musicais, as crianças preparam-se para
O trabalho com Música deve se organizar de forma a que as interpretar quando, então, imitam expressivamente.
crianças desenvolvam as seguintes capacidades:
- ouvir, perceber e discriminar eventos sonoros diversos, Crianças de zero a três anos
fontes sonoras e produções musicais.
- Brincar com a música, imitar, inventar e reproduzir - Exploração, expressão e produção do silencio e de sons
criações musicais. com a voz, o corpo, o entorno e materiais sonoros diversos.
- Interpretação de músicas e canções diversas.
Crianças de quatro a seis anos - Participação em brincadeiras e jogos cantados e rítmicos.

Para esta fase, os objetivos estabelecidos para a faixa etária Orientações didáticas
de zero a três anos deverão ser aprofundados e ampliados,
garantindo-se, ainda, oportunidades para que as crianças No primeiro ano de vida, a prática musical poderá ocorrer
sejam capazes de: por meio de atividades lúdicas. O professor estará
- explorar e identificar elementos da música para se contribuindo para o desenvolvimento da percepção e atenção
expressar, interagir com os outros e ampliar seu conhecimento dos bebês quando canta para eles; produzem sons vocais
do mundo. diversos por meio da imitação de vozes de animais, ruídos etc.,
- perceber e expressar sensações, sentimentos e ou sons corporais, como palmas, batidas nas pernas, pés etc.;
pensamentos, por meio de improvisações, composições e embala-os e dança com eles. As canções de ninar tradicionais,
interpretações musicais. os brinquedos cantados e rítmicos, as rodas e cirandas, os
jogos com movimentos, as brincadeiras com palmas e gestos
Conteúdos sonoros corporais, assim como outras produções do acervo
cultural infantil, podem estar presentes e devem se constituir
A organização dos conteúdos para o trabalho na área de em conteúdos de trabalho. Isso pode favorecer a interação e
Música nas instituições de educação infantil deverá, acima de resposta dos bebês, seja por meio da imitação e criação vocal,
tudo, respeitar o nível de percepção e desenvolvimento do gesto corporal, ou da exploração sensório motora de
(musical e global) das crianças em cada fase, bem como as materiais sonoros, como objetos do cotidiano, brinquedos
diferenças socioculturais entre os grupos de crianças das sonoros, instrumentos musicais de percussão como chocalhos,
muitas regiões do país. guizos, blocos, sinos, tambores etc.
Os conteúdos deverão priorizar a possibilidade de É muito importante brincar, dançar e cantar com as
desenvolver a comunicação e expressão por meio dessa crianças, levando em conta suas necessidades de contato
linguagem. Serão trabalhados como conceitos em construção, corporal e vínculos afetivos. Deve-se cuidar para que os jogos
organizados num processo contínuo e integrado que deve e brinquedos não estimulem a imitação gestual mecânica e
abranger: estereotipada que, muitas vezes, se apresenta como modelo às
- a exploração de materiais e escuta de obras musicais para crianças.
propiciar o contato e experiências com a matéria prima da O canto desempenha um papel de grande importância na
linguagem musical: o som (e suas qualidades) e o silencio. educação musical infantil, pois integra melodia, ritmo e —
- a vivencia da organização dos sons e silêncios em frequentemente — harmonia, sendo excelente meio para o
linguagem musical pelo fazer e pelo contato com obras desenvolvimento da audição. Quando cantam, as crianças
diversas. imitam o que ouvem e assim desenvolvem condições
- a reflexão sobre a música como produto cultural do ser necessárias à elaboração do repertório de informações que
humano é importante forma de conhecer e representar o posteriormente lhes permitirá criar e se comunicar por
mundo. intermédio dessa linguagem. É importante apresentar às
crianças canções do cancioneiro popular infantil, da música
Os conteúdos estarão organizados em dois blocos: “O fazer popular brasileira, entre outras que possam ser cantadas sem
musical” e “Apreciação musical”, que abarcarão, também, esforço vocal, cuidando, também, para que os textos sejam
questões referentes à reflexão. adequados à sua compreensão. Letras muito complexas, que
exigem muita atenção das crianças para a interpretação,
O fazer musical acabam por comprometer a realização musical. O mesmo
acontece quando se associa o cantar ao excesso de gestos
O fazer musical é uma forma de comunicação e expressão marcados pelo professor, que fazem com que as crianças
que acontece por meio da improvisação, da composição e da parem de cantar para realizá-los, contrariando sua tendência
interpretação. Improvisar é criar instantaneamente, natural de integrar a expressão musical e corporal.
orientando-se por alguns critérios pré-definidos, mas com São importantes as situações nas quais se ofereçam
grande margem a realizações aleatórias, não determinadas. instrumentos musicais e objetos sonoros para que as crianças
Compor é criar a partir de estruturas fixas e determinadas e possam explorá-los, imitar gestos motores que observam,
interpretar é executar uma composição contando com a percebendo as possibilidades sonoras resultantes.
participação expressiva do intérprete.
Nessa faixa etária, a improvisação constitui-se numa das Crianças de quatro a seis anos
formas de atividade criativa. Os jogos de improvisação são
ações intencionais que possibilitam o exercício criativo de Nesta fase ampliam-se as possibilidades de trabalho que já
situações musicais e o desenvolvimento da comunicação por vinham sendo desenvolvidas com as crianças de zero a três
meio dessa linguagem. As crianças de quatro a seis anos já anos. Os conteúdos podem ser tratados em contextos que
podem compor pequenas canções. Com os instrumentos incluem a reflexão sobre aspectos referentes aos elementos da
musicais ainda é difícil criar estruturas definidas, e as criações linguagem musical.
musicais das crianças geralmente situam-se entre a - Reconhecimento e utilização expressiva, em contextos
improvisação e a composição, ou seja, a criança cria uma musicais das diferentes características geradas pelo silencio e
estrutura que, no entanto, sofre variações e alterações a cada pelos sons: altura (graves ou agudos), duração (curtos ou

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longos), intensidade (fracos e fortes) e timbre (característica os diferentes sons que percebe. Os movimentos de flexão,
que distingue e “personaliza” cada som). balanceio, torção, estiramento etc., e os de locomoção como
- Reconhecimento e utilização das variações de velocidade andar, saltar, correr, saltitar, galopar etc., estabelecem
e densidade na organização e realização de algumas produções relações diretas com os diferentes gestos sonoros.
musicais. As crianças podem improvisar a partir de um roteiro
- Participação em jogos e brincadeiras que devolvam a extramusical ou de uma história: nos jogos de improvisação
dança e/ ou a improvisação musical. temáticos desenvolvidos a partir de ideias extramusicais, cada
- Repertório de canções para desenvolver memória timbre (característica que diferencia um som do outro), por
musical. exemplo, pode ser uma personagem; podem ser criadas
situações para explorar diferentes qualidades sonoras quando
Orientações didáticas as crianças tocam com muita suavidade para não acordar
alguém que dorme, produzem impulsos sonoros curtos
O fazer musical requer atitudes de concentração e sugerindo pingos de chuva, realizam um ritmo de galope para
envolvimento com as atividades propostas, posturas que sonorizar o trotar dos cavalos etc. Podem vivenciar contrastes
devem estar presentes durante todo o processo educativo, em entre alturas ou intensidades do som, ritmos, som e silêncio
suas diferentes fases. Entender que fazer música implica etc., a partir de propostas especificamente musicais.
organizar e relacionar expressivamente sons e silêncios de Os jogos de improvisação podem, também, ser realizados
acordo com princípios de ordem é questão fundamental a ser com materiais variados, como os instrumentos confeccionados
trabalhada desde o início. Nesse sentido, deve-se distinguir pelas crianças, os materiais disponíveis que produzem sons, os
entre barulho, que é uma interferência desorganizada que sons do corpo, a voz etc. O professor poderá aproveitar
incomoda, e música, que é uma interferência intencional que situações de interesse do grupo, transformando-as em
organiza som e silêncio e que comunica. A presença do silêncio improvisações musicais. Poderá, por exemplo, explorar os
como elemento complementar ao som é essencial à timbres de elementos ligados a um projeto sobre o fundo do
organização musical. O silêncio valoriza o som, cria mar (a água do mar em seus diferentes momentos, os diversos
expectativa e é, também, música. Deve ser experimentado em peixes, as baleias, os tubarões, as tartarugas etc.), lidando com
diferentes situações e contextos. a questão da organização do material sonoro no tempo e no
Importa que todos os conteúdos sejam trabalhados em espaço e permitindo que as crianças se aproximem do conceito
situações expressivas e significativas para as crianças, tendo- da forma (a estrutura que resulta do modo de organizar os
se o cuidado fundamental de não tomá-los como fins em si materiais sonoros).
mesmos. Um trabalho com diferentes alturas, por exemplo, só Deverão ser propostos, também, jogos de improvisação
se justifica se realizado num contexto musical que pode ser que estimulem a memória auditiva e musical, assim como a
uma proposta de improvisação que valorize o contraste entre percepção da direção do som no espaço.
sons graves ou agudos ou de interpretação de canções que O professor pode estimular a criação de pequenas canções,
enfatizem o movimento sonoro, entre outras possibilidades. em geral estruturadas, tendo por base a experiência musical
Ouvir e classificar os sons quanto à altura, valendo-se das que as crianças vêm acumulando. Trabalhar com rimas, por
vozes dos animais, dos objetos e máquinas, dos instrumentos exemplo, é interessante e envolvente. As crianças podem criar
musicais, comparando, estabelecendo relações e, pequenas canções fazendo rimas com seus próprios nomes e
principalmente, lidando com essas informações em contextos dos colegas, com nomes de frutas, cores etc.
de realizações musicais pode acrescentar, enriquecer e Assuntos e acontecimentos vivenciados no dia-a-dia
transformar a experiência musical das crianças. A simples também podem ser temas para novas canções. O professor
discriminação auditiva de sons graves ou agudos, curtos ou deve observar o que e como cantam as crianças, tentando
longos, fracos ou fortes, em situações descontextualizadas do aproximar-se, ao máximo, de sua intenção musical. Muitas
ponto de vista musical, pouco acrescenta à experiência das vezes, as linhas melódicas criadas contam com apenas dois ou
crianças. Exercícios com instruções, como, por exemplo, três sons diferentes, em sintonia com a percepção, experiência
transformar-se em passarinhos ao ouvir sons agudos e em e modo de expressar infantis.
elefante em resposta aos sons graves ilustram o uso Uma outra atividade interessante é a sonorização de
inadequado e sem sentido de conteúdos musicais. histórias. Para fazê-lo, as crianças precisam organizar de
Em princípio, todos os instrumentos musicais podem ser forma expressiva o material sonoro, trabalhando a percepção
utilizados no trabalho com a criança pequena, procurando auditiva, a discriminação e a classificação de sons (altura,
valorizar aqueles presentes nas diferentes regiões, assim duração, intensidade e timbre). Os livros de história só com
como aqueles construídos pelas crianças. Podem ser imagens são muito interessantes e adequados para esse fim.
trabalhadas algumas noções técnicas como meio de obter Neste caso, após a fase de definição dos materiais, a
qualidade sonora, o que deve ser explorado no contato com interpretação do trabalho poderá guiar-se pelas imagens do
qualquer fonte produtora de sons. Assim, tocar um tambor de livro, que funcionará como uma partitura musical. Os contos
diferentes maneiras, por exemplo, variando força; modos de de fadas, a produção literária infantil, assim como as criações
ação como tocar com diferentes baquetas, com as mãos, pontas do grupo são ótimos materiais para o desenvolvimento dessa
dos dedos etc., e, especialmente, experimentando e ouvindo atividade que poderá utilizar-se de sons vocais, corporais,
seus resultados é um caminho importante para o produzidos por objetos do ambiente, brinquedos sonoros e
desenvolvimento da técnica aliada à percepção da qualidade instrumentos musicais. O professor e as crianças, juntos,
dos sons produzidos. Deve-se promover o crescimento e a poderão definir quais personagens ou situações deverão ser
transformação do trabalho a partir do que as crianças podem sonorizados e como, realizando um exercício prazeroso. Como
realizar com os instrumentos. Numa atividade de imitação, por representar sonoramente um bater de portas, o trotar de
exemplo, ao perceber que o grupo ou uma criança não cavalos, a água correndo no riacho, o canto dos sapos e, enfim,
responde com precisão a um ritmo realizado pelo professor, a diversidade de sons presentes na realidade e no imaginário
este deve guiar-se pela observação das crianças em vez de das crianças é atividade que envolve e desperta a atenção, a
repetir e insistir exaustivamente sua proposta inicial. percepção e a discriminação auditiva.
O gesto e o movimento corporal estão intimamente ligados
e conectados ao trabalho musical. A realização musical implica
tanto em gesto como em movimento, porque o som é, também,
gesto e movimento vibratório, e o corpo traduz em movimento

Conhecimentos Específicos 146


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Apreciação musical contato com a música instrumental ou vocal sem um texto


definido abre a possibilidade de trabalhar com outras
A apreciação musical refere-se a audição e interação com maneiras. As crianças podem perceber sentir e ouvir,
músicas diversas. deixando-se guiar pela sensibilidade, pela imaginação e pela
sensação que a música lhes sugere e comunica. Poderão ser
Crianças de zero e três anos apresentadas partes de composições ou peças breves, danças,
repertório da música chamada descritiva, assim como aquelas
- Escuta de obras músicas variadas. que foram criadas visando a apreciação musical infantil.
- Participação em situações que integrem músicas, canções A produção musical de cada região do país é muito rica, de
e movimentos corporais. modo que se pode encontrar vasto material para o
desenvolvimento do trabalho com as crianças. Nos grandes
Orientações didáticas centros urbanos, a música tradicional popular vem perdendo
sua força e cabe aos professores resgatar e aproximar as
A escuta musical deve estar integrada de maneira crianças dos valores musicais de sua cultura.
intencional às atividades cotidianas dos bebês e das crianças As músicas de outros países também devem ser
pequenas. É aconselhável a organização de um pequeno apresentadas e a linguagem musical deve ser tratada e
repertório que, durante algum tempo, deverá ser apresentado entendida em sua totalidade: como linguagem presente em
para que estabeleçam relações com o que escutam. Tal todas as culturas, que traz consigo a marca de cada criador,
repertório pode contar com obras da música erudita, da cada povo, cada época. O contato das crianças com produções
música popular, do cancioneiro infantil, da música regional etc. musicais diversas deve, também, prepará-las para
A música, porém, não deve funcionar como pano de fundo compreender a linguagem musical como forma de expressão
permanente para o desenvolvimento de outras atividades, individual e coletiva e como maneira de interpretar o mundo.
impedindo que o silêncio seja valorizado. A escuta de
emissoras de rádio comerciais com programas de variedades Orientações gerais para o professor
ou músicas do interesse do adulto durante o período em que
se troca a fralda ou se alimenta o bebê é desaconselhada. O Para as crianças nesta faixa etária, os conteúdos
trabalho com a apreciação musical deverá apresentar obras relacionados ao fazer musical deverão ser trabalhados em
que despertem o desejo de ouvir e interagir, pois para essas situações lúdicas, fazendo parte do contexto global das
crianças ouvir é, também, movimentar-se, já que as crianças atividades.
percebem e expressam-se globalmente. Quando as crianças se encontram em um ambiente afetivo
no qual o professor está atento a suas necessidades, falando,
Crianças de quatro a seis anos cantando e brincando com e para elas, adquirem a capacidade
de atenção, tornando-se capazes de ouvir os sons do entorno.
- Escuta de obras musicais de diversos gêneros, estilos, Podem aprender com facilidade as músicas mesmo que sua
épocas e culturas, da produção musical brasileira e de outros reprodução não seja fiel.
povo e países. Integrar a música à educação infantil implica que o
- Reconhecimento de elementos musicais básicos: frases, professor deva assumir uma postura de disponibilidade em
partes, elementos que se repetem etc. (a forma) relação a essa linguagem. Considerando-se que a maioria dos
- Informações sobre as obras ouvidas e sobre seus professores de educação infantil não tem uma formação
compositores para iniciar seus compositores para iniciar seus específica em música, sugere-se que cada profissional faça um
conhecimentos sobre a produção musical. contínuo trabalho pessoal consigo mesmo no sentido de:
- sensibilizar-se em relação às questões inerentes à música.
Orientações didáticas - Reconhecer a música como linguagem cujo conhecimento
se constrói.
Nessa faixa etária, o trabalho com a audição poderá ser - entender e respeitar como as crianças se expressam
mais detalhado, acompanhando a ampliação da capacidade de musicalmente em cada fase, para, a partir daí, fornecer os
atenção e concentração das crianças. A apreciação musical meios necessários (vivencias, informações, materiais) ao
poderá propiciar o enriquecimento e ampliação do desenvolvimento de sua capacidade expressiva.
conhecimento de diversos aspectos referentes à produção
musical: os instrumentos utilizados; tipo de profissionais que A escuta é uma das ações fundamentais para a construção
atuam e o conjunto que formam (orquestra, banda etc.); do conhecimento referente à música. O professor deve
gêneros musicais; estilos etc. O contato com uma obra musical procurar ouvir o que dizem e cantam as crianças, a “paisagem
pode ser complementado com algumas informações relativas sonora” de seu meio ambiente e a diversidade musical
ao contexto histórico de sua criação, a época, seu compositor, existente: o que é transmitido por rádio e TV, as músicas de
intérpretes etc. propaganda, as trilhas sonoras dos filmes, a música do folclore,
Há que se tomar cuidado para não limitar o contato das a música erudita, a música popular, a música de outros povos
crianças com o repertório dito “infantil” que é, muitas vezes, e culturas.
estereotipado e, não raro, o mais inadequado. As canções As marcas e lembranças da infância, os jogos, brinquedos e
infantis veiculadas pela mídia, produzidas pela indústria canções significativas da vida do professor, assim como o
cultural, pouco enriquecem o conhecimento das crianças. Com repertório musical das famílias, vizinhos e amigos das
arranjos padronizados, geralmente executados por crianças, podem integrar o trabalho com música.
instrumentos eletrônicos, limitam o acesso a um universo É importante desenvolver nas crianças atitudes de
musical mais rico e abrangente que pode incluir uma respeito e cuidado com os materiais musicais, de valorização
variedade de gêneros, estilos e ritmos regionais, nacionais e da voz humana e do corpo como materiais expressivos. Como
internacionais. o exemplo do professor é muito importante, é desejável que
É importante oferecer, também, a oportunidade de ouvir ele fale e cante com os cuidados necessários à boa emissão do
música sem texto, não limitando o contato musical da criança som, evitando gritar e colaborando para desenvolver nas
com a canção que, apesar de muito importante, não se crianças atitudes semelhantes.
constitui em única possibilidade. Por integrar poesia e música,
a canção remete, sempre, ao conteúdo da letra, enquanto o

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Organização do tempo ciranda, pular corda, amarelinha etc. são maneiras de


Cantar e ouvir músicas podem ocorrer com frequência e de estabelecer contato consigo próprio e com o outro, de se sentir
forma permanente nas instituições. As atividades que buscam único e, ao mesmo tempo, parte de um grupo, e de trabalhar
valorizar a linguagem musical e que destacam sua autonomia, com as estruturas e formas musicais que se apresentam em
valor expressivo e cultural (jogos de improvisação, cada canção e em cada brinquedo.
interpretação e composição) podem ser realizadas duas ou Os jogos e brinquedos musicais da cultura infantil incluem
três vezes por semana, em períodos curtos de até vinte ou os acalantos (cantigas de ninar); as parlendas (os brincos, as
trinta minutos, para as crianças maiores. mnemônicas e as parlendas propriamente ditas); as rondas
Podem ser, também, realizados projetos que integrem (canções de roda); as adivinhas; os contos; os romances etc. Os
vários conhecimentos ligados à produção musical. A acalantos e os chamados brincos são as formas de brincar
construção de instrumentos, por exemplo, pode se constituir musical característicos da primeira fase da vida da criança. Os
em um projeto por meio do qual as crianças poderão: acalantos são entoados pelos adultos para tranquilizar e
- explorar materiais adequados à confecção; adormecer bebês e crianças pequenas; os brincos são as
- desenvolver recursos técnicos para a confecção do brincadeiras rítmico-musicais com que os adultos entretêm e
instrumento; animam as crianças, como “Serra, serra, serrador, serra o papo
- informar-se sobre a origem e história do instrumento do vovô”, e suas muitas variantes encontradas pelo país afora,
musical em questões; que é cantarolado enquanto se imita o movimento do serrador.
- vivenciar e entender questões relativas a acústica e “Palminhas de guiné, pra quando papai vier...”, “Dedo mindinho,
produção do som; seu vizinho, maior de todos...”, “Upa, upa, cavalinho...” são
- Fazer música, por meio da improvisação ou composição, exemplos de brincos que, espontaneamente, os adultos
no momento em que os instrumentos criados estiverem realizam junto aos bebês e crianças.
prontos. As parlendas propriamente ditas e as mnemônicas são
rimas sem música. As parlendas servem como fórmula de
Da mesma forma, podem ser desenvolvidos projetos escolha numa brincadeira, como trava-línguas etc., como os
envolvendo jogos e brincadeiras de roda, gêneros musicais etc. seguintes exemplos: “Rei, capitão, soldado, ladrão, moço bonito
do meu coração...”; “Lá em cima do piano tem um copo de
Oficina veneno, quem bebeu morreu, o azar foi seu...”. Os travalínguas
são parlendas caracterizadas por sua pronunciação difícil:
A atividade de construção de instrumentos é de grande “Num ninho de mafagafos/ Seis mafagafinhos há/ Quem os
importância e por isso poderá justificar a organização de um desmafagafizar/ Bom desmafagafizador será...”, ou ainda, “Nem
momento específico na rotina, comumente denominado de a aranha arranha o jarro, nem o jarro arranha a aranha...”.
oficina. Além de contribuir para o entendimento de questões As mnemônicas referem-se a conteúdos específicos,
elementares referentes à produção do som e suas qualidades, destinados a fixar ou ensinar algo como número ou nomes:
estimula a pesquisa, a imaginação e a capacidade criativa. “Um, dois, feijão com arroz/ Três, quatro, feijão no prato/ Cinco,
Para viabilizar o projeto de construção de instrumentos seis, feijão inglês/ Sete, oito, comer biscoito/ Nove, dez, comer
com as crianças, o material a ser utilizado pode ser organizado pastéis...”, ou “Una, duna, tena, catena/ Bico de pena, solá,
de forma a facilitar uma produção criativa e interessante. soladá/ Gurupi, gurupá/ Conte bem que são dez...”.
Para isso é importante selecionar e colocar à disposição As rondas ou brincadeiras de roda integram poesia, música
das crianças: sucatas e materiais recicláveis que devem estar e dança. No Brasil, receberam influências de várias culturas,
bem cuidados, limpos e guardados de modo prático e especialmente a lusitana, africana, ameríndia, espanhola e
funcional; latas de todos os tipos; caixas de papelão firmes de francesa: “A moda da carranquinha”, “Você gosta de mim”, “Fui
diferentes tamanhos; tubos de papelão e de conduíte; retalhos no Itororó”, “A linda rosa juvenil”, “A canoa virou”, ou
de madeira; caixas de frutas; embalagens etc. Também, é “Terezinha de Jesus”.
preciso ter grãos, pedrinhas, sementes, elásticos, bexigas, Os jogos sonoro-musicais possibilitam a vivência de
plásticos, retalhos de panos, fita crepe e/ou adesiva, cola etc., questões relacionadas ao som (e suas características), ao
além de tintas e outros materiais destinados ao acabamento e silêncio e à música.
decoração dos materiais criados. Brincar de estátuas é um exemplo de jogo em que, por meio
A experiência de construir materiais sonoros é muito rica. do contraste entre som e silêncio, se desenvolve a expressão
Acima de tudo é preciso que em cada região do país este corporal, a concentração, a disciplina e a atenção. A tradicional
trabalho aproveite os recursos naturais, os materiais brincadeira das cadeiras é um outro exemplo de jogo que pode
encontrados com mais facilidade e a experiência dos artesãos ser realizado com as crianças.
locais, que poderão colaborar positivamente para o Jogos de escuta dos sons do ambiente, de brinquedos, de
desenvolvimento do trabalho com as crianças. objetos ou instrumentos musicais; jogos de imitação de sons
Tão importante quanto confeccionar os próprios vocais, gestos e sons corporais; jogos de adivinhação nos quais
instrumentos e objetos sonoros é poder fazer música com eles, é necessário reconhecer um trecho de canção, de música
postura essencial a ser adotada nesse processo. conhecida, de timbres de instrumentos etc.; jogos de direção
sonora para percepção da direção de uma fonte sonora; e jogos
Jogos e brincadeiras de memória, de improvisação etc. são algumas sugestões que
garantem às crianças os benefícios e alegrias que a atividade
A música, na educação infantil mantém forte ligação com o lúdica proporciona e que, ao mesmo tempo, desenvolvem
brincar. Em algumas línguas, como no inglês (to play) e no habilidades, atitudes e conceitos referentes à linguagem
francês (jouer), por exemplo, usa-se o mesmo verbo para musical.
indicar tanto as ações de brincar quanto as de tocar música.
Em todas as culturas as crianças brincam com a música. Jogos Organização do espaço
e brinquedos musicais são transmitidos por tradição oral,
persistindo nas sociedades urbanas nas quais a força da O espaço no qual ocorrerão as atividades de música deve
cultura de massas é muito intensa, pois são fonte de vivências ser dotado de mobiliário que possa ser disposto e
e desenvolvimento expressivo musical. Envolvendo o gesto, o reorganizado em função das atividades a serem desenvolvidas.
movimento, o canto, a dança e o faz-de-conta, esses jogos e Em geral, as atividades de música requerem um espaço
brincadeiras são expressão da infância. Brincar de roda, amplo, uma vez que estão intrinsecamente ligadas ao

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movimento. Para a atividade de construção de instrumentos, africanos e adaptados para uso no processo de educação
no entanto, será interessante contar com um espaço com musical.
mesas e cadeiras onde as crianças possam sentar-se e Os xilos e metalofones podem ser utilizados por meio de
trabalhar com calma. gestos motores responsáveis pela produção de diferentes
O espaço também deve ser preparado de modo a estimular sons: um som de cada vez, sons simultâneos, em movimentos
o interesse e a participação das crianças, contando com alguns do grave para o agudo e vice-versa etc. Quando maiores, no
estímulos sonoros. geral, as crianças se interessam em poder reproduzir
pequenas linhas melódicas e os xilos e metalofones passam a
As fontes sonoras ser trabalhados e percebidos de outra maneira.
Os tambores, que integram a categoria de membranofones
O trabalho com a música deve reunir toda e qualquer fonte — aqueles instrumentos em que o som é produzido por uma
sonora: brinquedos, objetos do cotidiano e instrumentos pele, ou membrana, esticada e amplificada por uma caixa —,
musicais de boa qualidade. É preciso lembrar que a voz é o podem ser utilizados no trabalho musical. São instrumentos
primeiro instrumento e o corpo humano é fonte de produção muito primitivos, dotados de função sagrada e ritual para
sonora. muitos povos e continuam exercendo grande fascínio e atração
É importante que o professor possa estar atento a maior ou para as crianças. Os vários tipos, como bongôs, surdos, caixas,
menor adequação dos diversos instrumentos à faixa etária de pandeiros, tamborins etc., estão muito presentes na música
zero a seis anos. Pode-se confeccionar diversos materiais brasileira. É possível construir com as crianças tambores de
sonoros com as crianças, bem como introduzir brinquedos vários tamanhos que utilizam, além da pele animal, acetato,
sonoros populares, instrumentos étnicos etc. O trabalho náilon, bexigas, papéis, tecidos etc.
musical a ser desenvolvido nas instituições de educação Os aerofones são instrumentos nos quais o som é
infantil pode ampliar meios e recursos pela inclusão de produzido por via aérea, ou seja, são os instrumentos de sopro.
materiais simples aproveitados do dia-a-dia ou presentes na São utilizados com menor intensidade durante o trabalho com
cultura da criança. essa faixa etária por apresentarem maiores exigências
Os brinquedos sonoros e os instrumentos de efeito sonoro técnicas. Os pios de pássaros, flautas de êmbolo, além de
são materiais bastante adequados ao trabalho com bebês e alguns instrumentos simples confeccionados pelas crianças,
crianças pequenas. Com relação aos brinquedos, devem-se no entanto, podem ser utilizados, constituindo-se em um
valorizar os populares, como a matraca, o “rói-rói” ou “berra- modo de introdução a esse grupo de instrumentos musicais.
boi” do Nordeste; os piões sonoros as sirenes e apitos etc., além Os cordofones, ou instrumentos de cordas, em seus
dos tradicionais chocalhos de bebês, alguns dos quais diversos grupos, são apresentados e trabalhados por meio de
portadores de timbres bastante especiais. construções simples, como, por exemplo, esticando elásticos
Pios de pássaros, sinos de diferentes tamanhos, folhas de sobre caixas ou latas. De forma elementar, eles preparam as
acetato, brinquedos que imitam sons de animais, entre outros, crianças para um contato posterior com os instrumentos de
são materiais interessantes que podem ser aproveitados na corda. Ao experimentar tocar instrumentos como violão,
realização das atividades musicais. Os pios de pássaros, por cavaquinho, violino etc., as crianças poderão explorar o
exemplo, além de servirem à sonorização de histórias, podem aspecto motor, experimentando diferentes gestos e
estimular a discriminação auditiva, o mesmo acontecendo com observando os sons resultantes.
os diferentes sinos. Um tipo de sino, chamado de “chocalho”, É aconselhável que se possa contar com um aparelho de
no Nordeste, e de “cencerro”, no Sul do país, e que costuma ser som para ouvir música e, também, para gravar e reproduzir a
pendurado no pescoço de animais com a função de sinalizar a produção musical das crianças.
direção, pode, por exemplo, ser utilizado no processo de
musicalização das crianças em improvisações ou pequenos O registro musical
arranjos e também em exercícios de discriminação,
classificação e seriação de sons. Com os mesmos objetivos O registro musical, que transpõe para outra dimensão um
podem ser usados conjuntos de tampas plásticas, potes, evento ou grupo de eventos sonoros, pode começar a ser
caixinhas etc. trabalhado nas instituições de educação infantil utilizando-se
Os pequenos idiofones, por suas características, são os de outras formas de notação que não sejam a escrita musical
instrumentos mais adequados para o início das atividades convencional.
musicais com crianças. Sendo o próprio corpo do instrumento Ao ouvir um impulso sonoro curto, a criança que realiza
o responsável pela produção do som, são materiais que um movimento corporal está transpondo o som percebido
respondem imediatamente ao gesto. para outra linguagem. Diferentes tipos de sons (curtos, longos,
Assim, sacudir um chocalho, ganzá ou guizo, raspar um em movimento, repetidos, muito fortes, muito suaves, graves,
reco-reco, percutir um par de clavas, um triângulo ou coco, agudos etc.) podem ser traduzidos corporalmente.
badalar um sino, são gestos motores possíveis de serem Esses gestos sonoros poderão ser transformados, também,
realizados desde pequenos. Nessa fase é importante misturar em desenho. Representar o som por meio do desenho é trazer
instrumentos de madeira, metal ou outros materiais a fim de para o gesto gráfico aquilo que a percepção auditiva
explorar as diferenças tímbricas entre eles, assim como identificou, constituindo-se em primeiro modo de registro.
pesquisar diferentes modos de ação num mesmo instrumento, Pode-se propor, para crianças a partir de quatro anos, que
tais como instrumentos indígenas etc. relacionem som e registro gráfico, criando códigos que podem
Podem ser construídos idiofones a partir do ser lidos e decodificados pelo grupo: sons curtos ou longos,
aproveitamento de materiais simples, como copos plásticos, graves ou agudos, fortes ou suaves etc.
garrafas de PVC, pedaços de madeira ou metal etc. Os idiofones Nessa faixa etária, a criança não deve ser treinada para a
citados são instrumentos de percussão com altura leitura e escrita musical na instituição de educação infantil. O
indeterminada, o que significa que não são afinados segundo mais importante é que ela possa ouvir, cantar e tocar muito,
uma escala ou modo. Não produzem tons (som com afinação criando formas de notação musicais com a orientação dos
definida), mas ruídos. Os xilofones e metalofones são idiofones professores.
afinados precisamente. Placas de madeira (xilofone) ou de
metal (metalofone) dispostos sobre uma caixa de ressonância
— o ambiente responsável pela amplificação do som — são
instrumentos musicais didáticos, inspirados nos xilofones

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Observação, registro e avaliação formativa cor e luz na pintura, no desenho, na escultura, na gravura, na
arquitetura, nos brinquedos, bordados, entalhes etc.
A avaliação na área de música deve ser contínua, levando O movimento, o equilíbrio, o ritmo, a harmonia, o
em consideração os processos vivenciados pelas crianças, contraste, a continuidade, a proximidade e a semelhança são
resultado de um trabalho intencional do professor. Deverá atributos da criação artística. A integração entre os aspectos
constituir-se em instrumento para a reorganização de sensíveis, afetivos, intuitivos, estéticos e cognitivos, assim
objetivos, conteúdos, procedimentos, atividades, e como como a promoção de interação e comunicação social, conferem
forma de acompanhar e conhecer cada criança e grupo. caráter significativo às Artes Visuais.
Deve basear-se na observação cuidadosa do professor. O As Artes Visuais estão presentes no cotidiano da vida
registro de suas observações sobre cada criança e sobre o infantil. Ao rabiscar e desenhar no chão, na areia e nos muros,
grupo será um valioso instrumento de avaliação. O professor ao utilizar materiais encontrados ao acaso (gravetos, pedras,
poderá documentar os aspectos referentes ao carvão), ao pintar os objetos e até mesmo seu próprio corpo, a
desenvolvimento vocal (se cantam e como); ao criança pode utilizar-se das Artes Visuais para expressar
desenvolvimento rítmico e motor; à capacidade de imitação, experiências sensíveis.
de criação e de memorização musical. É recomendável que o Tal como a música, as Artes Visuais são linguagens e,
professor atualize, sistematicamente, suas observações, portanto, uma das formas importantes de expressão e
documentando mudanças e conquistas. Deve-se levar em comunicação humanas, o que, por si só, justifica sua presença
conta que, por um lado, há uma diversidade de respostas no contexto da educação, de um modo geral, e na educação
possíveis a serem apresentadas pelas crianças, e, por outro, infantil, particularmente.
essas respostas estão frequentemente sujeitas a alterações,
tendo em vista não só a forma como as crianças pensam e Presença das artes visuais na educação infantil: ideias
sentem, mas a natureza do conhecimento musical. e práticas correntes
Nesse sentido, a avaliação tem um caráter instrumental
para o adulto e incide sobre os progressos apresentados pelas A presença das Artes Visuais na educação infantil, ao longo
crianças. da história, tem demonstrado um descompasso entre os
São consideradas como experiências prioritárias para a caminhos apontados pela produção teórica e a prática
aprendizagem musical realizada pelas crianças de zero a três pedagógica existente. Em muitas propostas as práticas de
anos: a atenção para ouvir, responder ou imitar; a capacidade Artes Visuais são entendidas apenas como meros passatempos
de expressar-se musicalmente por meio da voz, do corpo e com em que atividades de desenhar, colar, pintar e modelar com
os diversos materiais sonoros. argila ou massinha são destituídas de significados.
Para que o envolvimento com as atividades, o prazer e a Outra prática corrente considera que o trabalho deve ter
alegria em expressar-se musicalmente ocorram e para ter uma conotação decorativa, servindo para ilustrar temas de
curiosidade sobre os elementos que envolvem essa linguagem datas comemorativas, enfeitar as paredes com motivos
é preciso que as crianças participem de situações nas quais considerados infantis, elaborar convites, cartazes e pequenos
sejam utilizadas a exploração e produção de sons vocais e com presentes para os pais etc.
diferentes materiais, e a observação do ambiente sonoro. Nessa situação, é comum que os adultos façam grande
Uma vez que tenham tido muitas oportunidades, na parte do trabalho, uma vez que não consideram que a criança
instituição de educação infantil, de vivenciar experiências tem competência para elaborar um produto adequado.
envolvendo a música, pode-se esperar que as crianças entre As Artes Visuais têm sido, também, bastante utilizadas
quatro e seis anos a reconheçam e utilizem-na como linguagem como reforço para a aprendizagem dos mais variados
expressiva, conscientes de seu valor como meio de conteúdos. São comuns as práticas de colorir imagens feitas
comunicação e expressão. Por meio da voz, do corpo, de pelos adultos em folhas mimeografadas, como exercícios de
instrumentos musicais e objetos sonoros deverão interpretar, coordenação motora para fixação e memorização de letras e
improvisar e compor, interessadas, também, pela escuta de números.
diferentes gêneros e estilos musicais e pela confecção de As pesquisas desenvolvidas a partir do início do século em
materiais sonoros. vários campos das ciências humanas trouxeram dados
A conquista de habilidades musicais no uso da voz, do importantes sobre o desenvolvimento da criança, sobre o seu
corpo e dos instrumentos deve ser observada, acompanhada e processo criador e sobre as artes das várias culturas. Na
estimulada, tendo-se claro que não devem constituir-se em confluência da antropologia, da filosofia, da psicologia, da
fins em si mesmas e que pouco valem se não estiverem psicanálise, da crítica de arte, da psicopedagogia e das
integradas a um contexto em que o valor da música como tendências estéticas da modernidade, surgiram autores que
forma de comunicação e representação do mundo se faça formularam os princípios inovadores para o ensino das artes,
presente. da música, do teatro e da dança. Tais princípios reconheciam a
Uma maneira interessante de propiciar a auto avaliação arte da criança como manifestação espontânea e auto
das crianças nessa faixa etária é o uso da gravação de suas expressiva: valorizavam a livre expressão e a sensibilização
produções. Ouvindo, as crianças podem perceber detalhes: se para o experimento artístico como orientações que visavam ao
cantaram gritando ou não; se o volume dos instrumentos ou desenvolvimento do potencial criador, ou seja, as propostas
objetos sonoros estava adequado; se a história sonorizada eram centradas nas questões do desenvolvimento da criança.
ficou interessante; se os sons utilizados aproximaram-se do Tais orientações trouxeram inegável contribuição para
real etc. que se valorizasse a produção criadora infantil, mas o
princípio revolucionário que advogava a todos a necessidade e
Artes Visuais a capacidade da expressão artística aos poucos se transformou
em “um deixar fazer” sem nenhum tipo de intervenção, no qual
Introdução a aprendizagem das crianças pôde evoluir muito pouco.
O questionamento da livre expressão e da ideia de que a
As Artes Visuais expressam, comunicam e atribuem aprendizagem artística era uma consequência automática dos
sentido a sensações, sentimentos, pensamentos e realidade processos de desenvolvimento resultaram em um movimento,
por meio da organização de linhas, formas, pontos, tanto em vários países, pela mudança nos rumos do ensino de arte.
bidimensional como tridimensional, além de volume, espaço, Surge a constatação de que o desenvolvimento artístico é

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resultado de formas complexas de aprendizagem e, portanto, artística é um ato exclusivo da criança. É no fazer artístico e no
não ocorre automaticamente à medida que a criança cresce. contato com os objetos de arte que parte significativa do
conhecimento em Artes Visuais acontece. No decorrer desse
A arte da criança, desde cedo, sofre influência da cultura, processo, o prazer e o domínio do gesto e da visualidade
seja por meio de materiais e suportes com que faz seus evoluem para o prazer e o domínio do próprio fazer artístico,
trabalhos, seja pelas imagens e atos de produção artística que da simbolização e da leitura de imagens.
observa na TV, em revistas, em gibis, rótulos, estampas, obras O ponto de partida para o desenvolvimento estético e
de arte, trabalhos artísticos de outras crianças etc. artístico é o ato simbólico que permite reconhecer que os
Embora seja possível identificar espontaneidade e objetos persistem, independentes de sua presença física e
autonomia na exploração e no fazer artístico das crianças, seus imediata. Operar no mundo dos símbolos é perceber e
trabalhos revelam: o local e a época histórica em que vivem; interpretar elementos que se referem a alguma coisa que está
suas oportunidades de aprendizagem; suas ideias ou fora dos próprios objetos. Os símbolos reapresentam o mundo
representações sobre o trabalho artístico que realiza e sobre a a partir das relações que a criança estabelece consigo mesma,
produção de arte à qual têm acesso, assim como seu potencial com as outras pessoas, com a imaginação e com a cultura.
para refletir sobre ela. Ao final do seu primeiro ano de vida, a criança já é capaz
As crianças têm suas próprias impressões, ideias e de, ocasionalmente, manter ritmos regulares e produzir seus
interpretações sobre a produção de arte e o fazer artístico. Tais primeiros traços gráficos, considerados muito mais como
construções são elaboradas a partir de suas experiências ao movimentos do que como representações. É a conhecida fase
longo da vida, que envolvem a relação com a produção de arte, dos rabiscos, das garatujas. A repetida exploração e
com o mundo dos objetos e com seu próprio fazer. As crianças experimentação do movimento amplia o conhecimento de si
exploram, sentem, agem, refletem e elaboram sentidos de suas próprio, do mundo e das ações gráficas. Muito antes de saber
experiências. A partir daí constroem significações sobre como representar graficamente o mundo visual, a criança já o
se faz, o que é, para que serve e sobre outros conhecimentos a reconhece e identifica nele qualidades e funções. Mais tarde,
respeito da arte. quando controla o gesto e passa a coordená-lo com o olhar,
Nesse sentido, as Artes Visuais devem ser concebidas como começa a registrar formas gráficas e embora todas as
uma linguagem que tem estrutura e características próprias, modalidades artísticas devam ser contempladas pelo
cuja aprendizagem, no âmbito prático e reflexivo, se dá por professor, a fim de diversificar a ação das crianças na
meio da articulação dos seguintes aspectos: experimentação de materiais, do espaço e do próprio corpo,
- fazer artístico- centrado na exploração, expressão e destaca-se o desenvolvimento do desenho por sua
comunicação de produção de trabalhos de arte por meio de importância no fazer artístico delas e na construção das
práticas artísticas, propiciando o desenvolvimento de um demais linguagens visuais (pintura, modelagem, construção
percurso de criação pessoal. tridimensional, colagens). O desenvolvimento progressivo do
- apreciação- percepção do sentindo que o objeto propõe, desenho implica mudanças significativas que, no início, dizem
articulando-o tanto aos elementos da linguagem visual quanto respeito à passagem dos rabiscos iniciais da garatuja para
aos materiais e suportes utilizados, visando desenvolver, por construções cada vez mais ordenadas, fazendo surgir os
meio da observação e da fruição, a capacidade de construção primeiros símbolos.
do sentido, reconhecimento, análise e identificação de obras Imagens de sol, figuras humanas, animais, vegetação e
de arte e de seus produtores. carros, entre outros, são frequentes nos desenhos das crianças,
- reflexão- considerado tanto no fazer artístico como na reportando mais a assimilações dentro da linguagem do
apreciação é um pensar sobre todos os conteúdos do objeto desenho do que a objetos naturais. Essa passagem é possível
artístico que se manifesta em sala, compartilhando perguntas graças às interações da criança com o ato de desenhar e com
e afirmações que a criança realiza instigada pelo professor e desenhos de outras pessoas.
no contato com suas próprias produções e as dos artistas. Na garatuja, a criança tem como hipótese que o desenho é
simplesmente uma ação sobre uma superfície, e ela sente
O desenvolvimento da imaginação criadora, da expressão, prazer ao constatar os efeitos visuais que essa ação produziu.
da sensibilidade e das capacidades estéticas das crianças A percepção de que os gestos, gradativamente, produzem
poderão ocorrer no fazer artístico, assim como no contato com marcas e representações mais organizadas permite à criança o
a produção de arte presente nos museus, igrejas, livros, reconhecimento dos seus registros.
reproduções, revistas, gibis, vídeos, CD-ROM, ateliês de No decorrer do tempo, as garatujas, que refletiam
artistas e artesãos regionais, feiras de objetos, espaços sobretudo o prolongamento de movimentos rítmicos de ir e
urbanos etc. O desenvolvimento da capacidade artística e vir, transformam-se em formas definidas que apresentam
criativa deve estar apoiado, também, na prática reflexiva das maior ordenação, e podem estar se referindo a objetos
crianças ao aprender, que articula a ação, a percepção, a naturais, objetos imaginários ou mesmo a outros desenhos.
sensibilidade, a cognição e a imaginação.
Na medida em que crescem, as crianças experimentam
A criança e as artes visuais agrupamentos, repetições e combinações de elementos
O trabalho com as Artes Visuais na educação infantil gráficos, inicialmente soltos e com uma grande gama de
requer profunda atenção no que se refere ao respeito das possibilidades e significações, e, mais tarde, circunscritos a
peculiaridades e esquemas de conhecimento próprios a cada organizações mais precisas.
faixa etária e nível de desenvolvimento. Isso significa que o Apresentam cada vez mais a possibilidade de exprimir
pensamento, a sensibilidade, a imaginação, a percepção, a impressões e julgamentos sobre seus próprios trabalhos.
intuição e a cognição da criança devem ser trabalhados de Enquanto desenham ou criam objetos também brincam de
forma integrada, visando a favorecer o desenvolvimento das “faz-de-conta” e verbalizam narrativas que exprimem suas
capacidades criativas das crianças. capacidades imaginativas, ampliando sua forma de sentir e
No processo de aprendizagem em Artes Visuais a criança pensar sobre o mundo no qual estão inseridas.
traça um percurso de criação e construção individual que Na evolução da garatuja para o desenho de formas mais
envolve escolhas, experiências pessoais, aprendizagens, estruturadas, a criança desenvolve a intenção de elaborar
relação com a natureza, motivação interna e/ou externa. O imagens no fazer artístico. Começando com símbolos muito
percurso individual da criança pode ser significativamente simples, ela passa a articulá-los no espaço bidimensional do
enriquecido pela ação educativa intencional; porém, a criação papel, na areia, na parede ou em qualquer outra superfície.

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Passa também a constatar a regularidade nos desenhos Conteúdos


presentes no meio ambiente e nos trabalhos aos quais ela tem
acesso, incorporando esse conhecimento em suas próprias Os conteúdos estão organizados em dois blocos. O
produções. primeiro bloco se refere ao fazer artístico e o segundo trata da
No início, a criança trabalha sobre a hipótese de que o apreciação em Artes Visuais.
desenho serve para imprimir tudo o que ela sabe sobre o A organização por blocos visa a oferecer visibilidade às
mundo e esse saber estará relacionado a algumas fontes, como especificidades da aprendizagem em artes, embora as crianças
a análise da experiência junto a objetos naturais (ação física e vivenciem esses conteúdos de maneira integrada.
interiorizada); o trabalho realizado sobre seus próprios
desenhos e os desenhos de outras crianças e adultos; a O fazer artístico
observação de diferentes objetos simbólicos do universo
circundante; as imagens que cria. Crianças de zero a três anos
No decorrer da simbolização, a criança incorpora
progressivamente regularidades ou códigos de representação - Exploração e manipulação de materiais, como lápis e
das imagens do entorno, passando a considerar a hipótese de pinceis de diferentes texturas e espessuras, brochas, carvão,
que o desenho serve para imprimir o que se vê. carimbo, etc: de meios como tintas, água, areia, terra, argila,
É assim que, por meio do desenho, a criança cria e recria etc.: e de variados suportes gráficos, como jornal, papel,
individualmente formas expressivas, integrando percepção, papelão, parede, chão, caixas, madeiras, etc.
imaginação, reflexão e sensibilidade, que podem então ser - Exploração e reconhecimento de diferentes movimentos
apropriadas pelas leituras simbólicas de outras crianças e gestuais, visando a produção de marcas gráficas.
adultos. - Cuidado com o próprio corpo e dos colegas no contato
A imitação, largamente utilizada no desenho pelas crianças com os suportes e materiais de artes.
e por muitos combatida, desenvolve uma função importante - Cuidado com os materiais e com os trabalhos e objetos
no processo de aprendizagem. Imitar decorre antes de uma produzidos individualmente ou em grupo.
experiência pessoal, cuja intenção é a apropriação de
conteúdos, de formas e de figuras por meio da representação. Orientações didáticas
As atividades em artes plásticas que envolvem os mais
diferentes tipos de materiais indicam às crianças as Considera-se aqui a utilização de instrumentos, materiais
possibilidades de transformação, de reutilização e de e suportes diversos, como lápis, pincéis, tintas, papéis, cola
construção de novos elementos, formas, texturas etc. A relação etc., para o fazer artístico a partir do momento em que as
que a criança pequena estabelece com os diferentes materiais crianças já tenham condições motoras para seu manuseio.
se dão, no início, por meio da exploração sensorial e da sua As crianças podem manusear diferentes materiais,
utilização em diversas brincadeiras. Representações perceber marcas, gestos e texturas, explorar o espaço físico e
bidimensionais e construção de objetos tridimensionais construir objetos variados. Essas atividades devem ser bem
nascem do contato com novos materiais, no fluir da dimensionadas e delimitadas no tempo, pois o interesse das
imaginação e no contato com as obras de arte. crianças desta faixa etária é de curta duração, e o prazer da
Para construir, a criança utiliza-se das características atividade advém exatamente da ação exploratória. Nesse
associativas dos objetos, seus usos simbólicos, e das sentido, a confecção de tintas e massas com as crianças é uma
possibilidades reais dos materiais, a fim de, gradativamente, excelente oportunidade para que elas possam descobrir
relacioná-los e transformá-los em função de diferentes propriedades e possibilidades de registro, além de observar
argumentos. transformações. Vários tipos de tintas podem ser criados pelas
crianças, utilizando elementos da natureza, como folhas,
OBJETIVOS sementes, flores, terras de diferentes cores e texturas que,
Crianças de zero a três anos misturadas com água ou outro meio e peneiradas, criam
efeitos instigantes quando usadas nas pinturas. Há também
A instituição deve organizar sua prática em torno da diversas receitas de massas caseiras com corantes comestíveis
aprendizagem em arte, garantindo oportunidades para que as que são excelentes para modelagem. Outra possibilidade é
crianças sejam capazes de: pesquisar junto com as crianças a existência de locais
- ampliar o conhecimento de mundo que possuem, próximos à instituição de onde se podem extrair tipos de barro
manipulando diferentes objetos e materiais, explorando suas propícios a modelagens.
características, propriedades e possibilidades de manuseio e O trabalho com estruturas tridimensionais também pode
entrando em contato com formas diversas de expressão ser desenvolvido por meio da colagem, montagem e
artística; justaposição de sucatas previamente selecionadas, limpas e
- utilizar diversos materiais gráficos e plásticos sobre organizadas, provenientes de embalagens diversas, elementos
diferentes superfícies para ampliar suas possibilidades de da natureza, tecidos etc. É preciso observar cuidadosamente
expressão e comunicação. que as sucatas selecionadas sejam adequadas ao trabalho que
Crianças de quatro a seis anos se quer desenvolver. Assim, para um jogo de construção, por
exemplo, é preciso oferecer sucatas que possam ser
Para esta fase, os objetivos estabelecidos para a faixa etária empilhadas, encaixadas, justapostas etc. Da mesma forma,
de zero a três anos deverão ser aprofundados e ampliados, para trabalhos de colagem, as sucatas devem oferecer uma
garantindo-se, ainda, oportunidades para que as crianças superfície que aceite a cola e que permitam a composição com
sejam capazes de: diferentes suportes e materiais. É importante considerar,
- interessar-se pelas próprias produções, pelas de outras ainda, o percurso individual de cada criança, evitando-se a
crianças e pelas diversas obras artísticas (regionais, nacionais construção de modelos padronizados.
ou internacionais) com as quais entrem em contato, ampliando Quando se tratar de atividades de desenho ou pintura, é
seu conhecimento do mundo e da cultura; aconselhável que o professor esteja atento para oferecer
- produzir trabalhos de arte, utilizando a linguagem do suportes variados e de diferentes tamanhos para serem
desenho, da pintura, da modelagem, da colagem, da utilizados individualmente ou em pequenos grupos, como
construção, desenvolvendo o gosto, o cuidado e o respeito pelo panos, papéis ou madeiras, que permitam a liberdade do gesto
processo de produção e criação. solto, do movimento amplo e que favoreçam um trabalho de

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exploração da dimensão espacial, tão necessária às crianças das diferentes regiões brasileiras, pois além de serem mais
desta faixa etária. acessíveis, possibilitam a exploração de referenciais regionais.
As marcas gráficas realizadas em diferentes superfícies, Para que a criança possa desenhar, é importante que ela
inclusive no próprio corpo, permitem a percepção das possa fazê-lo livremente sem intervenção direta, explorando
variadas possibilidades de impressão. A articulação entre as os diversos materiais, como lápis preto, lápis de cor, lápis de
sensações corporais e as marcas gráficas, bem como o registro cera, canetas, carvão, giz, penas, gravetos etc., e utilizando
gráfico que surgir daí, fornecerá às crianças um maior suportes de diferentes tamanhos e texturas, como papéis,
conhecimento de si mesmas e poderá contribuir para as cartolinas, lixas, chão, areia, terra etc.
atividades de representação da própria imagem, dos Há várias intervenções possíveis de serem realizadas e que
sentimentos e de suas experiências corporais. Essas atividades contribuem para o desenvolvimento do desenho da criança.
podem se dar sobre a areia seca ou molhada, na terra, sobre Uma delas é, partindo das produções já feitas pelas crianças,
diferentes tipos e tamanhos de papel etc. Pode-se, por sugerir-lhes, por exemplo, que copiem seus próprios desenhos
exemplo, utilizar tinta para imprimir marcas em um papel em escala maior ou menor. Esse tipo de atividade possibilita
comprido sobre o qual as crianças caminham e vão que a criança reflita sobre seu próprio desenho e organize de
percebendo, aos poucos, que as inscrições, que no início eram maneira diferente os pontos, as linhas e os traçados no espaço
bem visíveis, vão ficando cada vez mais fracas até do papel. Outra possibilidade é utilizar papéis que já
desaparecerem. contenham algum tipo de intervenção, como, por exemplo, um
Sugere-se que sejam apresentadas atividades variadas que risco, um recorte, uma colagem de parte de uma figura etc.,
trabalhem uma mesma informação de diversas formas. Pode- para que a criança desenhe a partir disso.
se, por exemplo, eleger um instrumento, como o pincel, para É interessante propor às crianças que façam desenhos a
crianças que já manejem esse instrumento, e usá-lo sobre partir da observação das mais diversas situações, cenas,
diferentes superfícies (papel liso, rugado, lixa, argila etc.) ou pessoas e objetos. O professor pode pedir que observem e
um mesmo meio, como a tinta, por exemplo, em diversas desenhem a partir do que viram. Por exemplo, as crianças
situações (soprada em canudo, com esponjas, com carimbos podem perceber as formas arredondadas dos calcanhares,
etc.). É preciso trabalhar com as crianças os cuidados distinguir os diferentes tamanhos dos dedos, das unhas,
necessários com o próprio corpo e com o corpo dos outros, observar a sola do pé e a parte superior dele, bem como as
principalmente com os olhos, boca, nariz e pele, quando elas características que diferenciam os pés de cada um.
manuseiam diferentes materiais, instrumentos e objetos. As histórias, as imagens significativas ou os fatos do
A seleção dos materiais deve ser subordinada à segurança cotidiano podem ampliar a possibilidade de as crianças
que oferecem. Devem-se evitar materiais tóxicos, cortantes ou escolherem temas para trabalhar expressivamente. Tais
aqueles que apresentam possibilidade de machucar ou intervenções educativas devem ser feitas com o objetivo de
provocar algum dano para a saúde das crianças. ampliar o repertório e a linguagem pessoal das crianças e
Os diversos materiais para produções artísticas devem ser enriquecer seus trabalhos. Os temas e as intervenções podem
organizados de maneira a que as crianças tenham fácil acesso ser um recurso interessante desde que sejam observados seus
a eles. Isso contribui para que elas possam cuidar dos objetivos e função no desenvolvimento do percurso de criação
materiais de uso individual e coletivo, desenvolvendo noções pessoal da criança. É preciso, no entanto, ter atenção quanto a
relacionadas à sua conservação. programação de atividades para as crianças para se favorecer
também aquelas originárias das suas próprias ideias ou
Crianças de quatro a seis anos geradas pelo contato com os mais diversos materiais.
O professor, conhecendo bem o grupo, pode apresentar
- Criação de desenhos, pinturas, colagens, modelagens a sugestões e auxiliar as crianças a desenvolverem as propostas
partir de seu próprio repertório e da utilização dos elementos pelas quais optaram, indicando materiais mais adequados a
da linguagem das Artes Visuais: ponto, linha, forma, cor, cada uma.
volume, espaço, textura etc. As criações tridimensionais devem ser feitas em etapas,
- Exploração e utilização de alguns procedimentos pois exigem diversas ações, como colagem, pintura, montagem
necessários para desenhar, pintar, modelar, etc. etc. Fazer maquetes de cidades ou brinquedos são exemplos de
- Exploração e aprofundamento das possibilidades atividades que podem ser realizadas e que envolvem a
oferecidas pelos diversos materiais, instrumentos e suportes composição de volumes, proporcionalidades, equilíbrios etc.
necessários para o fazer artístico. Guardar, organizar a sala e documentar as produções são
- Exploração dos espaços bidimensionais e tridimensionais ações que podem ajudar cada criança na percepção de seu
na realização de seus projetos artísticos. processo evolutivo e do desenrolar das etapas de trabalho.
- Organização e cuidado com os materiais no espaço físico Essa é uma tarefa que o professor poderá realizar junto ao
da sala. grupo. A exposição dos trabalhos realizados é uma forma de
- Respeito e cuidado com os objetos produzidos propiciar a leitura dos objetos feitos pelas crianças e a
individualmente e em grupo. valorização de suas produções.
- Valorização de suas próprias produções, das de outras
crianças e da produção de arte em geral. Apreciação em Artes Visuais

Orientações didáticas Crianças de zero a três anos

Para que as crianças possam criar suas produções, é - Observação e identificação de imagem diversas;
preciso que o professor ofereça oportunidades diversas para
que elas se familiarizem com alguns procedimentos ligados Orientações didáticas
aos materiais utilizados, aos diversos tipos de suporte e para
que possam refletir sobre os resultados obtidos. No que diz respeito às leituras das imagens, deve-se eleger
É aconselhável, portanto, que o trabalho seja organizado materiais que contemplem a maior diversidade possível e que
de forma a oferecer às crianças a possibilidade de contato, uso sejam significativos para as crianças. É aconselhável que, por
e exploração de materiais, como caixas, latinhas, diferentes meio da apreciação, as crianças reconheçam e estabeleçam
papéis, papelões, copos plásticos, embalagens de produtos, relações com o seu universo, podendo conter pessoas, animais,
pedaços de pano etc. É indicada a inclusão de materiais típicos objetos específicos às culturas regionais, cenas familiares,

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cores, formas, linhas etc. Entretanto, imagens abstratas ou crianças desenvolvam relações entre as representações
renascentistas, por exemplo, também podem ser mostradas visuais e suas vivências pessoais ou grupais, enriquecendo seu
para as crianças. Nesses casos, há que se observar o sentido conhecimento do mundo, das linguagens das artes e
narrativo que elas atribuem a essas imagens e considerá-lo instrumentalizando-as como leitoras e produtoras de
como parte do processo de construção da leitura de imagens. trabalhos artísticos.
É aconselhável que as crianças realizem uma observação livre Outra questão ainda merece destaque: o que fazer com as
das imagens e que possam tecer os comentários que quiserem produções das crianças? As respostas são múltiplas. Elas
de tal forma que todo o grupo participe. O professor pode atuar podem virar um brinquedo que será utilizado tão logo a
como um provocador da apreciação e leitura da imagem. atividade termine; podem ser documentadas e arquivadas
Nesses casos o professor deve acolher e socializar as falas das para que as crianças adquiram aos poucos a percepção do seu
crianças. processo criativo como um todo e possam atinar para o
montante de trabalho produzido; podem ser enviadas para
Crianças de quatro a seis anos suas casas para servirem de enfeites nas paredes etc. Mas,
antes disso, as produções devem ser expostas, durante um
- Conhecimento da diversidade de produção artísticas, certo período, nas dependências das instituições de educação
como desenhos, pinturas, esculturas, construções, fotografias, infantil, tanto nos corredores quanto nas paredes das salas, o
colagens, ilustrações, cinema, etc. que favorece a sua valorização pelas crianças. Produção,
- Apreciação das suas produções e das dos outros, por meio comunicação, exposição, valorização e reconhecimento
da observação e leitura de alguns dos elementos da linguagem formam um conjunto que alimenta a criança no seu
plástica. desenvolvimento artístico. A participação em exposições
- Observação dos elementos constituintes da linguagem organizadas especialmente para dar destaque à produção
visual: ponto, linha, forma, cor, volume, contrastes, luz, infantil colabora com a autoestima das crianças e de seus
texturas. familiares.
- Leitura de obras de arte a partir da observação, narração,
descrição e interpretação de imagens e objetos. É essencial que se incluam atividades que se concentrem
- Apreciação das Artes Visuais e estabelecimento de basicamente na leitura das imagens produzidas pelas próprias
correlação com as experiências pessoais. crianças (desenhos, colagens, recortes, objetos
tridimensionais, pinturas etc.). Permitir que elas falem sobre
Orientações didáticas suas criações e escutem as observações dos colegas sobre seus
trabalhos é um aspecto fundamental do trabalho em artes. É
Ao trabalhar com a leitura de imagens, é importante assim que elas poderão reformular suas ideias, construindo
elaborar perguntas que instiguem a observação, a descoberta novos conhecimentos a partir das observações feitas, bem
e o interesse das crianças, como: “O que você mais gostou?”, como desenvolver o contato social com os outros.
“Como o artista conseguiu estas cores?”, “Que instrumentos e Nesta etapa é possível fortalecer o reconhecimento da
meios ele usou?”, “O que você acha que foi mais difícil para ele singularidade de cada indivíduo na criação, mostrando que
fazer?”. Este é um bom momento para descobrir que temas são não existe um jeito certo ou errado de se produzir um trabalho
mais significativos para elas. O professor poderá criar espaços de arte, mas sim um jeito individualizado, singular. Comentar
para a construção de uma observação mais apurada, os resultados dos trabalhos possibilita a descoberta do
instigando a descrição daquilo que está sendo observado. percurso na criação e a percepção das soluções encontradas no
É aconselhável que o professor interfira nessas processo de construção. Nas leituras grupais, as crianças
observações, aguçando as descobertas, fomentando as elaboram não somente os conteúdos comentados, mas
verbalizações e até ajudando as crianças na apreensão estabelecem uma experiência de contato e diálogo com as
significativa do conteúdo geral da imagem, deixando sempre outras crianças, desenvolvendo o respeito, a tolerância à
que as crianças sejam as autoras das interpretações. É diversidade de interpretações ou atribuição de sentido às
interessante fornecer dados sobre a vida do autor, suas obras imagens, a admiração e dando uma contribuição às produções
e outras características. As informações vão sendo realizadas, por intermédio de uma prática de solidariedade e
simplificadas ou aprofundadas conforme a curiosidade e as inclusão. É nessa interação ativa que acontecem
possibilidades do grupo. Algumas crianças destacarão cores e simultaneamente a observação, a apreciação, a verbalização e
outras, dependendo da sensibilidade, poderão arriscar a ressignificação das produções. Nessas situações, novamente,
comentários sobre a similaridade gráfica entre o trabalho do a imaginação, a ação, a sensibilidade, a percepção, o
artista e de suas próprias produções. Evidentemente, é pensamento e a cognição são reativados.
necessário que o professor escolha um determinado contexto
para que certa imagem possa ser apresentada, permitindo, Orientações gerais para o professor
inclusive, que os trabalhos em Artes Visuais aconteçam
também em atividades interdisciplinares, que são muito Os conteúdos da aprendizagem em artes poderão ser
pertinentes nas relações de ensino e aprendizagem. organizados de modo a permitir que, por um lado, a criança
As crianças têm prazer em reconhecer certas figuras, utilize aquilo que já conhece e tem familiaridade, e, por outro
identificando-as às personagens de uma história já conhecida, lado, que possa estabelecer novas relações, alargando seu
de um desenho e, até mesmo, de alguns filmes vistos na saber sobre os assuntos abordados.
televisão. Então, a partir da visualização de certas imagens, o Convém ainda lembrar que a necessidade e o interesse
professor poderá trabalhar com essas personagens por meio também são criados e suscitados na própria situação de
de jogos simbólicos, fazendo pequenas dramatizações dentro aprendizagem. Tendo clareza do seu projeto de trabalho, o
do próprio espaço que a sala oferece, aproveitando os objetos professor poderá imprimir maior qualidade à sua ação
presentes. educativa ao garantir que:
As crianças podem observar imagens figurativas fixas ou
em movimento e produções abstratas. Se for dada a - a criança possa compreender e conhecer a diversidade da
oportunidade para o trabalho com objetos e imagens da produção artística na medida em que estabelece contato com
produção artística (regional, nacional ou internacional), se for as imagens das artes nos diversos meios, como livros de arte,
possibilitado o contato com artistas, as visitas às exposições revistas, visitas às exposições, contato com artistas, filmes, etc.
etc., o professor estará criando possibilidade para que as

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- exista a possibilidade do uso de diferentes materiais pelas - montagem de paineis que contenham ampliações dos
crianças, fazendo com que estes sejam percebidos em sua desenhos de figuras humanas elaboradas pelas crianças do
diversidade, manipulados e transformados. grupo.
- os pontos de vistas de cada criança sejam respeitados,
estimulando e desenvolvendo suas leituras singulares e Tanto quanto as atividades livres, as sequências de
produções individuais. atividades também levam a apreciar, a refletir, e a buscar
- as trocas de experiência entre as crianças acontecem nos significados nas imagens da arte.
momentos de conversa e reflexão sobre os trabalhos,
elaborações conjuntas e atividades de grupos. Projetos
- o prazer lúdico seja o gerador do processo de produção.
- a arte seja compreendida como linguagem que constrói Os projetos são formas de trabalho que envolve diferentes
objetos plenos de sentido. conteúdos e que se organizam em torno de um produto final
- a valorização da ação artística e o respeito pela cuja escolha e elaboração são compartilhadas com as crianças.
diversidade dessa produção sejam elementos sempre Muitas vezes eles não terminam com esse produto final, mas
presentes. geram novas aprendizagens e novos projetos.
A construção de um cenário para brincar ou de uma
Organização do tempo maquete, a ornamentação de um bolo de aniversário ou de
uma mesa de festa, a elaboração de um painel, de uma
A organização do tempo em Artes Visuais deve respeitar as exposição, ou a ilustração de um livro são exemplos de
possibilidades das crianças relativas ao ritmo e interesse pelo projetos de artes. Os projetos em artes são permeados de
trabalho, ao tempo de concentração, bem como ao prazer na negociação e de pesquisas entre professores e crianças. Se de
realização das atividades. É aconselhável que o professor um lado o professor planeja as etapas e pode antecipar o
esteja atento para redimensionar as atividades propostas, seja produto final, por sua vez, as crianças interferem no
em relação ao tempo, ou à própria atividade. Cada criança, pelo planejamento, alterando o processo a partir das soluções que
seu ritmo, demonstra a necessidade de prolongar o tempo de encontram nas suas produções.
trabalho ou de reduzi-lo, quando for o caso. Os projetos podem ter como ponto de partida um tema, um
No que diz respeito à organização do tempo pode-se problema sugerido pelo grupo ou decorrente da vida da
apontar três possibilidades de organização: as atividades comunidade, uma notícia de televisão ou de jornal, um
permanentes, as sequências de atividades e os projetos. interesse particular das crianças etc. Uma das condições para
sua escolha é que ele mobilize o interesse do grupo como um
Atividades permanentes todo. As crianças, em primeiro lugar, mas também os
professores devem sentir-se atraídos pela questão.
São situações didáticas que acontecem com regularidade É aconselhável que o professor observe atentamente e
diária ou semanal, na rotina das crianças. Os ateliês ou os avalie continuamente o processo, tendo em vista a
ambientes de trabalho nos quais são oferecidas diversas reestruturação do trabalho a cada etapa do projeto.
atividades simultâneas, como desenhar, pintar, modelar e
fazer construções e colagens, para que as crianças escolham o Organização do espaço
que querem fazer, é um exemplo de atividade permanente.
Esses ateliês permitem o desenvolvimento do percurso A organização da sala, a quantidade e a qualidade dos
individual de cada criança, na medida em que elas podem fazer materiais presentes e sua disposição no espaço são
suas escolhas, regular por si mesmas o tempo dedicado a cada determinantes para o fazer artístico.
produção e experimentar diversas possibilidades. É É aconselhável que os locais de trabalho, de uma maneira
aconselhável também que se garanta um tempo na rotina para geral, acomodem confortavelmente as crianças, dando o
que as crianças possam desenhar diariamente sem a máximo de autonomia para o acesso e uso dos materiais.
intervenção direta do professor. Espaços apertados inibem a expressão artística, enquanto os
espaços suficientemente amplos favorecem a liberdade de
Sequências de atividades expressão. Nesse sentido, vale lembrar que os locais devem
favorecer o andar, o correr e o brincar das crianças. Devem,
A sequência de atividades se constitui em uma série também, ser concebidos e equipados de tal forma que sejam
planejada e orientada de tarefas, com objetivo de promover interessantes para as crianças, ativando o desejo de produzir e
uma aprendizagem específica e definida. São sequências que o prazer de estar ali. Precisam, igualmente, permitir o
podem fornecer desafios com diferentes graus de rearranjo do mobiliário de acordo com as propostas. Faz parte
complexidade, auxiliando as crianças a resolverem problemas do processo criativo certa desordem no local de trabalho
a partir de diferentes proposições. Por exemplo, se o objetivo causada, por exemplo, pela variedade de materiais utilizados.
é fazer com que elas avancem em relação à representação da A arrumação do espaço ao término das atividades deve
figura humana por meio do desenho, pode-se planejar várias envolver a participação das crianças.
etapas de trabalho complementares, ajudando-as numa O espaço deve possibilitar também a exposição dos
elaboração progressiva e cada vez mais rica de seus trabalhos e sua permanência nesse local pelo tempo que for
conhecimentos e habilidades, como: desejável.
- jogos de percepção e observação do seu corpo e do corpo Muitas vezes as atividades nas instituições acontecem num
de seus colegas. mesmo espaço. O professor pode, então, organizar o ambiente
- desenhar a partir de uma interferência colocada de forma a criar cantos específicos para cada atividade: cantos
previamente no papel, que pode ser um desenho ou uma de brinquedos, de Artes Visuais, de leitura de livros etc. No
colagem de uma parte do corpo humano. canto de artes, podem ser acomodadas caixas que abrigam os
- observação de figuras humanas nas imagens da arte. materiais, o chão pode ser coberto de jornal para evitar
- desenho a partir do que foi observado. manchas, a secagem das produções pode ser feita pregando os
- observação de corpos em movimento pesquisados em trabalhos em varais ou em paredes, tudo pode ser organizado
revistas, em vídeos e, fotos. de forma transitória, mas que possibilite a realização de uma
- representação figurativa por meio do desenho das atividade em Artes Visuais.
apreensoes perceptivas do corpo.

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É possível organizar ateliês, que são espaços específicos e adequação de sua prática para que possa repensá-los e
próprios para a realização de diferentes atividades em Artes estruturá-los sempre com mais segurança.
Visuais. Nesses ateliês, os materiais devem ficar São consideradas como experiências prioritárias em Artes
constantemente acessíveis às crianças, em prateleiras, Visuais realizada para as crianças de zero a três anos: a
estantes, caixas etc., de forma a permitir a livre escolha. É exploração de diferentes materiais e a possibilidade de
necessário também que haja lugar para a secagem dos expressar-se por meio deles. Para isso é necessário que as
trabalhos, sejam eles pinturas ou objetos tridimensionais. A crianças tenham tido oportunidade de desenhar, pintar,
presença de torneiras e pias é fundamental para a lavagem de modelar, brincar com materiais de construção em diversas
pincéis, brochas e outros tipos de materiais, assim como as situações, utilizando os mais diferentes materiais.
mãos, rostos etc. Quanto ao armazenamento das produções A partir dos quatro e até os seis anos, uma vez que tenham
realizadas, pastas e arquivos também podem fazer parte tido muitas oportunidades, na instituição de educação infantil,
desses locais que devem, inclusive, abrigar exposições de vivenciar experiências envolvendo as Artes Visuais, pode-
permanentes das produções. se esperar que as crianças utilizem o desenho, a pintura, a
modelagem e outras formas de expressão plástica para
Os recursos materiais representar, expressar-se e comunicar-se. Para tanto, é
necessário que as crianças tenham vivenciado diversas
Os materiais são a base da produção artística. É importante atividades, envolvendo o desenho, a pintura, a modelagem etc.,
garantir às crianças acesso a uma grande diversidade de explorando as mais diversas técnicas e materiais.
instrumentos, meios e suportes. Alguns deles são de uso
corrente, como lápis preto, lápis de cor, pincéis, lápis de cera, Linguagem oral e escrita
carvão, giz, brochas, rolos de pintar, espátulas, papéis de
diferentes tamanhos, cores e texturas, caixas, papelão, tintas, Introdução
argila, massas diversas, barbantes, cola, tecidos, linhas, lãs, fita
crepe, tesouras etc. Outros materiais podem diversificar os A aprendizagem da linguagem oral e escrita é um dos
procedimentos em Artes Visuais, como canudos, esferas, elementos importantes para as crianças ampliarem suas
conta-gotas, colheres, cotonetes, carretilhas, fôrmas diversas, possibilidades de inserção e de participação nas diversas
papel-carbono, estêncil, carimbos, escovas, pentes, palitos, práticas sociais.
sucatas, elementos da natureza etc. O trabalho com a linguagem se constitui um dos eixos
Com relação às sucatas é importante que se faça uma básicos na educação infantil, dada sua importância para a
seleção, garantindo que não ofereçam perigo à saúde da formação do sujeito, para a interação com as outras pessoas,
criança, que estejam em boas condições e que sejam na orientação das ações das crianças, na construção de muitos
adequadas ao uso. Cada região brasileira possui uma grande conhecimentos e no desenvolvimento do pensamento.
variedade de materiais próprios, tanto naturais quanto Aprender uma língua não é somente aprender as palavras,
artesanais e industrializados. O professor pode e deve mas também os seus significados culturais, e, com eles, os
aproveitá-los desde que sejam respeitados os cuidados modos pelos quais as pessoas do seu meio sociocultural
descritos. entendem, interpretam e representam a realidade.
Materiais e instrumentos, como mimeógrafos, vídeos, A educação infantil, ao promover experiências
projetores de slides, retroprojetores, mesas de luz, significativas de aprendizagem da língua, por meio de um
computadores, fotografias, xerox, filmadoras, CD-ROM etc., trabalho com a linguagem oral e escrita, se constitui em um dos
possibilitam o uso da tecnologia atual na produção artística, o espaços de ampliação das capacidades de comunicação e
que enriquece a quantidade de recursos de que o professor expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças. Essa
pode lançar mão. ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das
capacidades associadas às quatro competências linguísticas
Observação, registro e avaliação formativa básicas: falar, escutar, ler e escrever.

A avaliação deve buscar entender o processo de cada


criança, a significação que cada trabalho comporta, afastando Presença da linguagem oral e escrita na educação
julgamentos, como feio ou bonito, certo ou errado, que infantil: ideias e práticas correntes
utilizados dessa maneira em nada auxiliam o processo
educativo. A linguagem oral está presente no cotidiano e na prática
A observação do grupo, além de constante, deve fazer parte das instituições de educação infantil à medida que todos que
de uma atitude sistemática do professor dentro do seu espaço dela participam: crianças e adultos, falam, se comunicam entre
de trabalho. O registro dessas observações e das percepções si, expressando sentimentos e ideias. As diversas instituições
que surgem ao longo do processo, tanto em relação ao grupo concebem a linguagem e a maneira como as crianças
quanto ao percurso individual de cada criança, fornece alguns aprendem de modos bastante diferentes. Em algumas práticas
parâmetros valiosos que podem orientar o professor na se considera o aprendizado da linguagem oral como um
escolha dos conteúdos a serem trabalhados. Podem também, processo natural, que ocorre em função da maturação
ajudá-lo a avaliar a adequação desses conteúdos, colaborando biológica; prescinde-se nesse caso de ações educativas
para um planejamento mais afinado com as necessidades do planejadas com a intenção de favorecer essa aprendizagem.
grupo de crianças. Em outras práticas, ao contrário, acredita-se que a
Quando se aborda a questão da avaliação em Artes Visuais, intervenção direta do adulto é necessária e determinante para
surge inevitavelmente a discussão sobre a possibilidade de a aprendizagem da criança. Desta concepção resultam
realizá-la, posto que as produções em artes são sempre orientações para ensinar às crianças pequenas listas de
expressões singulares do sujeito produtor e, sendo assim, não palavras, cuja aprendizagem se dá de forma cumulativa e cuja
seriam passíveis de julgamento. complexidade cresce gradativamente. Acredita-se também
Em Artes Visuais a avaliação deve ser sempre processual e que para haver boas condições para essa aprendizagem é
ter um caráter de análise e reflexão sobre as produções das necessário criar situações em que o silêncio e a
crianças. Isso significa que a avaliação para a criança deve homogeneidade imperem. Eliminam-se as falas simultâneas,
explicitar suas conquistas e as etapas do seu processo criativo; acompanhadas de farta movimentação e de gestos, tão comuns
para o professor, deve fornecer informações sobre a ao jeito próprio das crianças se comunicarem.

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Nessa perspectiva a linguagem é considerada apenas como substancial na forma de compreender como elas aprendem a
um conjunto de palavras para nomeação de objetos, pessoas e falar, a ler e a escrever.
ações. A linguagem oral possibilita comunicar ideias,
Em muitas situações, também, o adulto costuma imitar a pensamentos e intenções de diversas naturezas, influenciar o
maneira de falar das crianças, acreditando que assim se outro e estabelecer relações interpessoais. Seu aprendizado
estabelece uma maior aproximação com elas, utilizando o que acontece dentro de um contexto. As palavras só têm sentido
se supõe seja a mesma “língua”, havendo um uso excessivo de em enunciados e textos que significam e são significados por
diminutivos e/ou uma tentativa de infantilizar o mundo real situações. A linguagem não é apenas vocabulário, lista de
para as crianças. palavras ou sentenças. É por meio do diálogo que a
O trabalho com a linguagem oral, nas instituições de comunicação acontece. São os sujeitos em interações
educação infantil, tem se restringido a algumas atividades, singulares que atribuem sentidos únicos às falas. A linguagem
entre elas as rodas de conversa. Apesar de serem organizadas não é homogênea: há variedades de falas, diferenças nos graus
com a intenção de desenvolver a conversa, se caracterizam, em de formalidade e nas convenções do que se pode e deve falar
geral, por um monólogo com o professor, no qual as crianças em determinadas situações comunicativas. Quanto mais as
são chamadas a responder em coro a uma única pergunta crianças puderem falar em situações diferentes, como contar o
dirigida a todos, ou cada um por sua vez, em uma ação que lhes aconteceu em casa, contar histórias, dar um recado,
totalmente centrada no adulto. explicar um jogo ou pedir uma informação, mais poderão
Em relação ao aprendizado da linguagem escrita, desenvolver suas capacidades comunicativas de maneira
concepções semelhantes àquelas relativas ao trabalho com a significativa.
linguagem oral vigoram na educação infantil. Pesquisas na área da linguagem tendem a reconhecer que
A ideia de prontidão para a alfabetização está presente em o processo de letramento está associado tanto à construção do
várias práticas. Por um lado, há uma crença de que o discurso oral como do discurso escrito. Principalmente nos
desenvolvimento de determinadas habilidades motoras e meios urbanos, a grande parte das crianças, desde pequenas,
intelectuais, necessárias para aprender a ler e escrever, é está em contato com a linguagem escrita por meio de seus
resultado da maturação biológica, havendo nesse caso pouca diferentes portadores de texto, como livros, jornais,
influência externa. Por meio de testes considera-se possível embalagens, cartazes, placas de ônibus etc., iniciando-se no
detectar o momento para ter início a alfabetização. Por outro conhecimento desses materiais gráficos antes mesmo de
lado, há os que advogam a existência de pré-requisitos ingressarem na instituição educativa, não esperando a
relativos à memória auditiva, ao ritmo, à discriminação visual permissão dos adultos para começarem a pensar sobre a
etc., que devem ser desenvolvidos para possibilitar a escrita e seus usos. Elas começam a aprender a partir de
aprendizagem da leitura e da escrita pelas crianças. Assim, os informações provenientes de diversos tipos de intercâmbios
exercícios mimeografados de coordenação perceptivo-motora, sociais e a partir das próprias ações, por exemplo, quando
como passar o lápis sobre linhas pontilhadas, ligar elementos presenciam diferentes atos de leitura e escrita por parte de
gráficos (levar o passarinho ao ninho, fazer os pingos da chuva seus familiares, como ler jornais, fazer uma lista de compras,
etc.), tornam-se atividades características das instituições de anotar um recado telefônico, seguir uma receita culinária,
educação infantil. buscar informações em um catálogo, escrever uma carta para
Em outra perspectiva, a aprendizagem da leitura e da um parente distante, ler um livro de histórias etc.
escrita se inicia na educação infantil por meio de um trabalho A partir desse intenso contato, as crianças começam a
com base na cópia de vogais e consoantes, ensinadas uma de elaborar hipóteses sobre a escrita. Dependendo da
cada vez, tendo como objetivo que as crianças relacionem sons importância que tem a escrita no meio em que as crianças
e escritas por associação, repetição e memorização de sílabas. vivem e da frequência e qualidade das suas interações com
A prática em geral realiza-se de forma supostamente esse objeto de conhecimento, suas hipóteses a respeito de
progressiva: primeiro as vogais, depois as consoantes; em como se escreve ou se lê podem evoluir mais lentamente ou
seguida as sílabas, até chegar às palavras. Outra face desse mais rapidamente. Isso permite compreender por que crianças
trabalho de segmentação e sequenciação é a ideia de partir de que vêm de famílias nas quais os atos de ler e escrever tem
um todo, de uma frase, por exemplo, decompô-la em partes até uma presença marcante apresentam mais desenvoltura para
chegar às sílabas. Acrescenta-se a essa concepção a crença de lidar com as questões da linguagem escrita do que aquelas
que a escrita das letras pode estar associada, também, à provenientes de famílias em que essa prática não é intensa.
vivência corporal e motora que possibilita a interiorização dos Esse fato aponta para a importância do contato com a escrita
movimentos necessários para reproduzi-las. nas instituições de educação infantil.
Nas atividades de ensino de letras, uma das sequências, Para aprender a ler e a escrever, a criança precisa construir
por exemplo, pode ser: primeiro uma atividade com o corpo um conhecimento de natureza conceitual: precisa
(andar sobre linhas, fazer o contorno das letras na areia ou na compreender não só o que a escrita representa, mas também
lixa etc.), seguida de uma atividade oral de identificação de de que forma ela representa graficamente a linguagem. Isso
letras, cópia e, posteriormente, a permissão para escrevê-la significa que a alfabetização não é o desenvolvimento de
sem copiar. Essa concepção considera a aprendizagem da capacidades relacionadas à percepção, memorização e treino
linguagem escrita, exclusivamente, como a aquisição de um de um conjunto de habilidades sensório-motoras. É, antes, um
sistema de codificação que transforma unidades sonoras em processo no qual as crianças precisam resolver problemas de
unidades gráficas. As atividades são organizadas em natureza lógica até chegarem a compreender de que forma a
sequências com o intuito de facilitar essa aprendizagem às escrita alfabética em português representa a linguagem, e
crianças, baseadas em definições do que é fácil ou difícil, do assim poderem escrever e ler por si mesmas.
ponto de vista do professor. Nessa perspectiva, a aprendizagem da linguagem escrita é
Pesquisas realizadas, nas últimas décadas, baseadas na concebida como:
análise de produções das crianças e das práticas correntes, - a compreensão de um sistema de representação e não
têm apontado novas direções no que se refere ao ensino e à somente como a aquisição de um código de transcrição da fala.
aprendizagem da linguagem oral e escrita, considerando a - um aprendizado que coloca diversas questões de ordem
perspectiva da criança que aprende. Ao se considerar as conceitual e não somente perceptivo- motoras, para a criança.
crianças ativas na construção de conhecimentos e não - um processo de construção do conhecimento pelas
receptoras passivas de informações há uma transformação crianças por meio de práticas que tem como ponto de partida

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e de chegada o uso da linguagem e a participação nas diversas utilizá-los. Muitos dos fenômenos relacionados com o discurso
práticas sociais de escrita. e a fala, como os sons expressivos, alterações de volume e
Quais são as implicações para a prática pedagógica e quais ritmo, ou o funcionamento dialógico das conversas nas
as principais transformações provocadas por essa nova situações de comunicação, são utilizados pelas crianças
compreensão do processo de aprendizagem da escrita pela mesmo antes que saibam falar. Isso significa que muito antes
criança? A constatação de que as crianças constroem de se expressarem pela linguagem oral as crianças podem se
conhecimentos sobre a escrita muito antes do que se supunha fazer compreender e compreender os outros, pois a
e de que elaboram hipóteses originais na tentativa de competência linguística abrange tanto a capacidade das
compreendê-la amplia as possibilidades de a instituição de crianças para compreenderem a linguagem quanto sua
educação infantil enriquecer e dar continuidade a esse capacidade para se fazerem entender. As crianças vão testando
processo. Essa concepção supera a ideia de que é necessário, essa compreensão, modificando-a e estabelecendo novas
em determinada idade, instituir classes de alfabetização para associações na busca de seu significado. Passam a fazer
ensinar a ler e escrever. Aprender a ler e a escrever fazem experiências não só com os sons e as palavras, mas também
parte de um longo processo ligado à participação em práticas com os discursos referentes a diferentes situações
sociais de leitura e escrita. comunicativas. Por exemplo, nas brincadeiras de faz-de-conta
de falar ao telefone tentam imitar as expressões e entonações
A criança e a linguagem que elas escutam dos adultos. Podem, gradativamente, separar
e reunir, em suas brincadeiras, fragmentos estruturais das
Desenvolvimento da linguagem oral frases, apoiando-se em músicas, rimas, parlendas e jogos
verbais existentes ou inventados. Brincam, também, com os
Muito cedo, os bebês emitem sons articulados que lhes dão significados das palavras, inventando nomes para si próprias
prazer e que revelam seu esforço para comunicar-se com os ou para os outros, em situações de faz-de-conta. Nos diálogos
outros. Os adultos ou crianças mais velhas interpretam essa com adultos e com outras crianças, nas situações cotidianas e
linguagem peculiar, dando sentido à comunicação dos bebês. no faz-de-conta, as crianças imitam expressões que ouvem,
A construção da linguagem oral implica, portanto, na experimentando possibilidades de manutenção dos diálogos,
verbalização e na negociação de sentidos estabelecidos entre negociando sentidos para serem ouvidas, compreendidas e
pessoas que buscam comunicar-se. Ao falar com os bebês, os obterem respostas.
adultos, principalmente, tendem a utilizar uma linguagem A construção da linguagem oral não é linear e ocorre em
simples, breve e repetitiva, que facilita o desenvolvimento da um processo de aproximações sucessivas com a fala do outro,
linguagem e da comunicação. Outras vezes, quando falam com seja ela do pai, da mãe, do professor, dos amigos ou aquelas
os bebês ou perto deles, adultos e crianças os expõem à ouvidas na televisão, no rádio etc.
linguagem oral em toda sua complexidade, como quando, por Nas inúmeras interações com a linguagem oral, as crianças
exemplo, na situação de troca de fraldas, o adulto fala: “Você vão tentando descobrir as regularidades que a constitui,
está molhado? Eu vou te limpar, trocar a fralda e você vai ficar usando todos os recursos de que dispõem: histórias que
sequinho e gostoso!”. conhecem, vocabulário familiar etc. Assim, acabam criando
Nesses processos, as crianças se apropriam, formas verbais, expressões e palavras, na tentativa de
gradativamente, das características da linguagem oral, apropriar-se das convenções da linguagem. É o caso, por
utilizando-as em suas vocalizações e tentativas de exemplo, da criação de tempos verbais de uma menina de
comunicação. cinco anos que, escondida atrás da porta, diz à professora:
As brincadeiras e interações que se estabelecem entre os “Adivinha se eu ‘tô’ sentada, agachada ou empezada?”, ou então
bebês e os adultos incorporam as vocalizações rítmicas, no exemplo de uma criança que, ao emitir determinados sons
revelando o papel comunicativo, expressivo e social que a fala na brincadeira, é perguntada por outra: “Você está chorando?”,
desempenha desde cedo. Um bebê de quatro meses que emite ao que a criança responde: “Não, estou graçando!”.
certa variedade de sons quando está sozinho, por exemplo, As crianças têm ritmos próprios e a conquista de suas
poderá, repeti-los nas interações com os adultos ou com outras capacidades linguísticas se dá em tempos diferenciados, sendo
crianças, como forma de estabelecer uma comunicação. que a condição de falar com fluência, de produzir frases
Além da linguagem falada, a comunicação acontece por completas e inteiras provém da participação em atos de
meio de gestos, de sinais e da linguagem corporal, que dão linguagem.
significado e apoiam a linguagem oral dos bebês. A criança Quando a criança fala com mais precisão o que deseja, o
aprende a verbalizar por meio da apropriação da fala do outro. que gosta e o que não gosta, o que quer e o que não quer fazer
Esse processo refere-se à repetição, pela criança, de e a fala passa a ocupar um lugar privilegiado como
fragmentos da fala do adulto ou de outras crianças, utilizados instrumento de comunicação, pode haver um predomínio
para resolver problemas em função de diferentes desta sobre os outros recursos comunicativos. Além de
necessidades e contextos nos quais se encontre. Por exemplo, produzirem construções mais complexas, as crianças são mais
um bebê de sete meses pode engatinhar em direção a uma capazes de explicitações verbais e de explicar-se pela fala. O
tomada e, ao chegar perto dela, ainda que demonstre vontade desenvolvimento da fala e da capacidade simbólica ampliam
de tocá-la, pode apontar para ela e menear a cabeça significativamente os recursos intelectuais, porém as falas
expressando assim, à sua maneira, a fala do adulto. infantis são, ainda, produto de uma perspectiva muito
Progressivamente, passa a incorporar a palavra “não” particular, de um modo próprio de ver o mundo.
associada a essa ação, que pode significar um conjunto de A ampliação de suas capacidades de comunicação oral
ideias como: não se pode mexer na tomada; mamãe ou a ocorre gradativamente, por meio de um processo de idas e
professora não me deixam fazer isso; mexer aí é perigoso etc. vindas que envolvem tanto a participação das crianças nas
Aprender a falar, portanto, não consiste apenas em conversas cotidianas, em situações de escuta e canto de
memorizar sons e palavras. A aprendizagem da fala pelas músicas, em brincadeiras etc., como a participação em
crianças não se dá de forma desarticulada com a reflexão, o situações mais formais de uso da linguagem, como aquelas que
pensamento, a explicitação de seus atos, sentimentos, envolvem a leitura de textos diversos.
sensações e desejos.
A partir de um ano de idade, aproximadamente, as crianças
podem selecionar os sons que lhe são dirigidos, tentam
descobrir sobre os sentidos das enunciações e procuram

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Desenvolvimento da linguagem escrita Objetivos

Nas sociedades letradas, as crianças, desde os primeiros Crianças de zero a três anos
meses, estão em permanente contato com a linguagem escrita.
É por meio desse contato diversificado em seu ambiente social As instituições e profissionais de educação infantil deverão
que as crianças descobrem o aspecto funcional da organizar sua prática de forma a promover as seguintes
comunicação escrita, desenvolvendo interesse e curiosidade capacidades nas crianças:
por essa linguagem. Diante do ambiente de letramento em que
vivem, as crianças podem fazer, a partir de dois ou três anos - participar de variadas situações de comunicação oral,
de idade, uma série de perguntas, como “O que está escrito para interagir e expressar desejos, necessidades e sentimentos
aqui?”, ou “O que isto quer dizer?”, indicando sua reflexão por meio da linguagem oral, contando suas vivências;
sobre a função e o significado da escrita, ao perceberem que - interessar-se pela leitura de histórias;
ela representa algo. - familiarizar-se aos poucos com a escrita por meio da
Sabe-se que para aprender a escrever a criança terá de participação em situações nas quais ela se faz necessária e do
lidar com dois processos de aprendizagem paralelos: o da contato cotidiano com livros, revistas, histórias em quadrinhos
natureza do sistema de escrita da língua – o que a escrita etc.
representa e como – e o das características da linguagem que
se usa para escrever. A aprendizagem da linguagem escrita Crianças de quatro a seis anos
está intrinsicamente associada ao contato com textos diversos,
para que as crianças possam construir sua capacidade de ler, e Para esta fase, os objetivos estabelecidos para a faixa etária
às práticas de escrita, para que possam desenvolver a de zero a três anos deverão ser aprofundados e ampliados,
capacidade de escrever autonomamente. promovendo-se, ainda, as seguintes capacidades nas crianças:
A observação e a análise das produções escritas das
crianças revelam que elas tomam consciência, - ampliar gradativamente suas possibilidades de
gradativamente, das características formais dessa linguagem. comunicação e expressão, interessando-se por conhecer
Constata-se, que, desde muito pequenas, as crianças podem vários gêneros orais e escritos e participando de diversas
usar o lápis e o papel para imprimir marcas, imitando a escrita situações de intercâmbio social nas quais possa contar suas
dos mais velhos, assim como utilizam-se de livros, revistas, vivências, ouvir as de outras pessoas, elaborar e responder
jornais, gibis, rótulos etc. para “ler” o que está escrito. Não é perguntas;
raro observar-se crianças muito pequenas, que têm contato - familiarizar-se com a escrita por meio do manuseio de
com material escrito, folhear um livro e emitir sons e fazer livros, revistas e outros portadores de texto e da vivência de
gestos como se estivessem lendo. diversas situações nas quais seu uso se faça necessário;
As crianças elaboram uma série de ideias e hipóteses - escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo
provisórias antes de compreender o sistema escrito em toda professor;
sua complexidade. - interessar-se por escrever palavras e textos ainda que
Sabe-se, também, que as hipóteses elaboradas pelas não de forma convencional;
crianças em seu processo de construção de conhecimento não - reconhecer seu nome escrito, sabendo identificá-lo nas
são idênticas em uma mesma faixa etária, porque dependem diversas situações do cotidiano;
do grau de letramento de seu ambiente social, ou seja, da - escolher os livros para ler e apreciar.
importância que tem a escrita no meio em que vivem e das
práticas sociais de leitura e escrita que podem presenciar e Conteúdos
participar.
No processo de construção dessa aprendizagem as O domínio da linguagem surge do seu uso em múltiplas
crianças cometem “erros”. Os erros, nessa perspectiva, não são circunstâncias, nas quais as crianças podem perceber a função
vistos como faltas ou equívocos, eles são esperados, pois se social que ela exerce e assim desenvolver diferentes
referem a um momento evolutivo no processo de capacidades.
aprendizagem das crianças. Eles têm um importante papel no Por muito tempo prevaleceu, nos meios educacionais, a
processo de ensino, porque informam o adulto sobre o modo ideia de que o professor teria de planejar, diariamente, novas
próprio de as crianças pensarem naquele momento. E atividades, não sendo necessário estabelecer uma relação e
escrever, mesmo com esses “erros”, permite às crianças continuidade entre elas. No entanto, a aprendizagem
avançarem, uma vez que só escrevendo é possível enfrentar pressupõe uma combinação entre atividades inéditas e outras
certas contradições. Por exemplo, se algumas crianças pensam que se repetem. Dessa forma, a organização dos conteúdos de
que não é possível escrever com menos de três letras, e Linguagem Oral e Escrita deve se subordinar a critérios que
pensam, ao mesmo tempo, que para escrever “gato” é possibilitem, ao mesmo tempo, a continuidade em relação às
necessário duas letras, estabelecendo uma equivalência com propostas didáticas e ao trabalho desenvolvido nas diferentes
as duas sílabas da palavra gato, precisam resolver essa faixas etárias, e a diversidade de situações didáticas em um
contradição criando uma forma de grafar que acomode a nível crescente de desafios.
contradição enquanto ainda não é possível ultrapassá-la. A oralidade, a leitura e a escrita devem ser trabalhadas de
Desse modo, as crianças aprendem a produzir textos antes forma integrada e complementar, potencializando-se os
mesmo de saber grafá-los de maneira convencional, como diferentes aspectos que cada uma dessas linguagens solicita
quando uma criança utiliza o professor como escriba ditando- das crianças. Neste documento, os conteúdos são
lhe sua história. A situação inversa também é possível, quando apresentados em um único bloco para as crianças de zero a
as crianças aprendem a grafar um texto sem tê-lo produzido, três anos, considerando-se a especificidade da faixa etária.
como quando escrevem um texto ditado por outro ou um que Para as crianças de quatro a seis anos, os conteúdos são
sabem de cor. Isso significa que, ainda que as crianças não apresentados em três blocos: “Falar e escutar”, “Práticas de
possuam a habilidade para escrever e ler de maneira leitura” e “Práticas de escrita”.
autônoma, podem fazer uso da ajuda de parceiros mais
experientes — crianças ou adultos — para aprenderem a ler e
a escrever em situações significativas.

Conhecimentos Específicos 159


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APOSTILAS OPÇÃO

Crianças de zero a três anos desenvolvimento das capacidades linguísticas das crianças,
uma das tarefas da educação infantil é ampliar, integrar e ser
- Uso da linguagem oral para conversar, comunicar-se, continente da fala das crianças em contextos comunicativos
relatar suas vivências e expressar desejos, vontades, para que ela se torne competente como falante. Isso significa
necessidades e sentimentos, nas diversas situações de que o professor deve ampliar as condições da criança de
interação presentes no cotidiano. manter-se no próprio texto falado. Para tanto, deve escutar a
- Participação em situações de leitura de diferentes fala da criança, deixando-se envolver por ela, ressignificando-
gêneros feita pelos adultos, como contos, poemas, parlendas, a e resgatando-a sempre que necessário.
trava-línguas etc. Em uma roda de conversa, por exemplo, a professora pediu
- Participação em situações cotidianas nas quais se faz que uma criança relatasse o motivo de suas faltas, explicitada
necessário o uso da leitura e da escrita. pelo seguinte diálogo:
- Observação e manuseio de materiais impressos, como Criança: Porque sim.
livros, revistas, histórias em quadrinhos etc. Professor: Porque sim não é resposta. (Ri.)
Criança: Eu “tava” doente.
Orientações didáticas Professor: Você faltou então porque estava doente? E que
doença você teve? Você sabe?
A aprendizagem da fala se dá de forma privilegiada por (Criança faz que não com a cabeça.)
meio das interações que a criança estabelece desde que nasce. Professor: Não? Você não consegue falar pra gente como
As diversas situações cotidianas nas quais os adultos falam era sua doença?
com a criança ou perto dela configuram uma situação rica que Criança: Deu umas... era vermelho... que coçava.
permite à criança conhecer e apropriar-se do universo Professor: Você teve catapora, que dá umas bolinhas que
discursivo e dos diversos contextos nos quais a linguagem oral se coçar viram feridas, né? Alguém já ouviu falar dessa doença?
é produzida. As conversas com o bebê nos momentos de Cabe ao professor, atento e interessado, auxiliar na construção
banho, de alimentação, de troca de fraldas são exemplos conjunta das falas das crianças para torná-las mais completas
dessas situações. Nesses momentos, o significado que o adulto e complexas. Ouvir atentamente o que a criança diz para ter
atribui ao seu esforço de comunicação fornece elementos para certeza de que entendeu o que ela falou, podendo checar com
que ele possa, aos poucos, perceber a função comunicativa da ela, por meio de perguntas ou repetições, se entendeu mesmo
fala e desenvolver sua capacidade de falar. o que ela quis dizer, ajudará a continuidade da conversa. Para
É importante que o professor converse com bebês e as crianças muito pequenas uma palavra, como “água”, pode
crianças, ajudando-os a se expressarem, apresentando-lhes ser significada pelo adulto, dependendo da situação, como:
diversas formas de comunicar o que desejam, sentem, “Ah! Você quer água?”, ou “Você derrubou água no chão”. Os
necessitam etc. Nessas interações, é importante que o adulto professores podem funcionar como apoio ao desenvolvimento
utilize a sua fala de forma clara, sem infantilizações e sem verbal das crianças, sempre buscando trabalhar com a
imitar o jeito de a criança falar. interlocução e a comunicação efetiva entre os participantes da
A ampliação da capacidade das crianças de utilizar a fala de conversa.
forma cada vez mais competente em diferentes contextos se dá O professor tem, também, o importante papel de
na medida em que elas vivenciam experiências diversificadas “evocador” de lembranças. Objetos e figuras podem ser
e ricas envolvendo os diversos usos possíveis da linguagem desencadeadores das lembranças das crianças e seu uso pode
oral. Portanto, eleger a linguagem oral como conteúdo exige o ajudar a enriquecer a narrativa delas.
planejamento da ação pedagógica de forma a criar situações de
fala, escuta e compreensão da linguagem. Crianças de quatro a seis anos
Além da conversa constante, o canto, a música e a escuta
de histórias também propiciam o desenvolvimento da Falar e escutar
oralidade. A leitura pelo professor de textos escritos, em voz
alta, em situações que permitem a atenção e a escuta das - Uso da linguagem oral para conversar, brincar, comunicar
crianças, seja na sala, no parque debaixo de uma árvore, antes e expressar desejos, necessidades, opiniões, ideias,
de dormir, numa atividade específica para tal fim etc., fornece preferências e sentimentos e relatar suas vivências nas
às crianças um repertório rico em oralidade e em sua relação diversas situações de interação presentes no cotidiano.
com a escrita. - Elaboração de perguntas e respostas de acordo com os
O ato de leitura é um ato cultural e social. Quando o diversos contextos de que participa.
professor faz uma seleção prévia da história que irá contar - Participação em situações que envolvem a necessidade de
para as crianças, independentemente da idade delas, dando explicar e argumentar suas ideias e pontos de vista.
atenção para a inteligibilidade e riqueza do texto, para a - Relato de experiências vividas e narração de fatos em
nitidez e beleza das ilustrações, ele permite às crianças sequência temporal e causal.
construírem um sentimento de curiosidade pelo livro (ou - Reconto de histórias conhecidas com aproximação às
revista, gibi etc.) e pela escrita. A importância dos livros e características da história original no que se refere à descrição
demais portadores de textos é incorporada pelas crianças, de personagens, cenários e objetos, com ou sem a ajuda do
também, quando o professor organiza o ambiente de tal forma professor.
que haja um local especial para livros, gibis, revistas etc. que - Conhecimento e reprodução oral de jogos verbais, como
seja aconchegante e no qual as crianças possam manipulá-los travalínguas, parlendas, adivinhas, quadrinhas, poemas e
e “lê-los” seja em momentos organizados ou canções.
espontaneamente. Deixar as crianças levarem um livro para
casa, para ser lido junto com seus familiares, é um fato que Orientações didáticas
deve ser considerado. As crianças, desde muito pequenas,
podem construir uma relação prazerosa com a leitura. O trabalho com a linguagem oral deve se orientar pelos
Compartilhar essas descobertas com seus familiares é um seguintes pressupostos:
fator positivo nas aprendizagens das crianças, dando um
sentido mais amplo para a leitura. - escutar a criança, dar atenção ao que ela fala, atribuir
Considerando-se que o contato com o maior número sentido, reconhecendo que quer dizer algo;
possível de situações comunicativas e expressivas resulta no

Conhecimentos Específicos 160


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- responder ou comentar de forma coerente aquilo que a manifestações culturais que expressam modos e formas
criança disse, para que ocorra uma interlocução real, não próprias de ver o mundo, de viver e pensar. Músicas, poemas,
tomando a fala do ponto de vista normativo, julgando-a se está histórias, bem como diferentes situações comunicativas,
certa ou errada. Se não se entende ou não se dá importância ao constituem-se num rico material para isso. Além de propiciar
que foi dito, a resposta oferecida pode ser incoerente com a ampliação do universo cultural, o contato com a diversidade
aquilo que permite conhecer e aprender a respeitar o diferente.
- a criança disse, podendo confundi-la. A resposta coerente Algumas crianças, porém, por diversas razões, não chegam
estabelece uma ponte entre a fala do adulto e a da criança; a desenvolver habilidades comunicativas por meio da fala,
- reconhecer o esforço da criança em compreender o que como, por exemplo, crianças com deficiência auditiva, algumas
ouve (palavras, enunciados, textos) a partir do contexto portadoras de paralisia cerebral, autistas etc. Nesses casos, a
comunicativo; inclusão das crianças nas atividades regulares favorece o
- integrar a fala da criança na prática pedagógica, desenvolvimento de várias capacidades, como a sociabilidade,
ressignificando-a. a comunicação, entre outras. Convém salientar que existem
O trabalho com as crianças exige do professor uma escuta certos procedimentos que favorecem a aquisição de sistemas
e atenção real às suas falas, aos seus movimentos, gestos e alternativos de linguagem, como a que é feita por meio de
demais ações expressivas. A fala das crianças traduz seus sinais, por exemplo, mas que requerem um conhecimento
modos próprios e particulares de pensar e não pode ser especializado. Cabe ao professor da educação infantil uma
confundida com um falar aleatório. Ao contrário, cabe ao ação no cotidiano visando a integrar todas as crianças no
professor ajudar as crianças a explicitarem, para si e para os grupo. As crianças com problemas auditivos criam recursos
demais, as relações e associações contidas em suas falas, variados para se fazerem entender. O professor deve também
valorizando a intenção comunicativa para dar continuidade buscar diferentes possibilidades para entender e falar com
aos diálogos. elas, valorizando várias formas de expressão. Além da inclusão
A criação de um clima de confiança, respeito e afeto em que em creches e pré-escolas regulares, as crianças portadoras de
as crianças experimentam o prazer e a necessidade de se necessidades especiais deverão ter paralelamente um
comunicar apoiadas na parceria do adulto, é fundamental. atendimento especializado.
Nessa perspectiva, o professor deve permitir e compreender A narrativa pode e deve ser a porta de entrada de toda
que o frequente burburinho que impera entre as crianças, mais criança para os mundos criados pela literatura. A criança
do que sinal de confusão, é sinal de que estão se comunicando. aprende a narrar por meio de jogos de contar e de histórias.
Esse burburinho cotidiano é revelador de que dialogam, Como jogos de contar entendem-se as situações em parceria
perguntam e respondem sobre assuntos relativos às com o adulto, os jogos de perguntar e responder, em que o
atividades que estão desenvolvendo — um desenho, a leitura adulto, inicialmente, assume a condução dos relatos sobre
de um livro etc. — ou apenas de que têm intenção de se acontecimentos, fatos e experiências da vida pessoal da
comunicar. criança. Estimulando as perguntas e respostas, o professor
Ao organizar situações de participação nas quais as propicia o estabelecimento da alternância dos sujeitos
crianças possam buscar materiais, pedir informações ou fazer falantes, ajudando as crianças a detalharem suas narrativas. As
solicitações a outros professores ou crianças, elaborar avisos, histórias, diferentemente dos relatos, são textos previamente
pedidos ou recados a outras classes ou setores da instituição construídos, estão completos. As histórias estão associadas a
etc., o professor possibilita às crianças o uso contextualizado convenções, como “Era uma vez”, frase de abertura formal, “e
dos pedidos, perguntas, expressões de cortesia e formas de foram felizes para sempre”, fecho formal. Distinguem-se dos
iniciar conversação. Deve-se cuidar que todos tenham relatos por se configurarem como ficção e não como fato, como
oportunidades de participação. realidade; relacionam-se, portanto, com o construído e não
É importante planejar situações de comunicação que com o real.
exijam diferentes graus de formalidade, como conversas, Uma atividade bastante interessante para se fazer com as
exposições orais, entrevistas e não só a reprodução de crianças é a elaboração de entrevistas. A entrevista, além de
contextos comunicativos informais. possibilitar que se ressalte a transmissão oral como uma fonte
Uma das formas de ampliar o universo discursivo das de informações, propicia às crianças pensarem no assunto que
crianças é propiciar que conversem bastante, em situações desejam conhecer, nas pessoas que podem ter as informações
organizadas para tal fim, como na roda de conversa ou em de que necessitam e nas perguntas que deverão fazer. Para
brincadeiras de faz-de-conta. Podem-se organizar rodas de tanto, deve-se partir dos conhecimentos prévios das crianças
conversa nas quais alguns assuntos sejam discutidos sobre entrevistas para preparar um roteiro de perguntas. É
intencionalmente, como um projeto de construção de um preciso, também, pensar sobre a melhor forma de registrar a
cenário para brincar, um passeio, a ilustração de um livro etc. fala dos entrevistados. Pode-se incluir essa atividade em
Pode-se, também, conversar sobre assuntos diversos, como a projetos que envolvam, por exemplo, o levantamento de
discussão sobre um filme visto na TV, sobre a leitura de um informações junto aos pais sobre a história do nome de cada
livro, um acontecimento recente com uma das crianças etc. um, sobre as histórias da comunidade etc.
A roda de conversa é o momento privilegiado de diálogo e Outra atividade a ser realizada refere-se às apresentações
intercâmbio de ideias. Por meio desse exercício cotidiano as orais ao vivo, de textos memorizados, nas quais as crianças
crianças podem ampliar suas capacidades comunicativas, reproduzem os mais diferentes gêneros, como histórias,
como a fluência para falar, perguntar, expor suas ideias, poesias, parlendas etc., em situações que envolvem público
dúvidas e descobertas, ampliar seu vocabulário e aprender a (seu grupo, outras crianças da instituição, os pais etc.), como
valorizar o grupo como instância de troca e aprendizagem. A sarau de poesias, recital de parlendas. Outra possibilidade é a
participação na roda permite que as crianças aprendam a preparação de fitas de áudio ou vídeo para a gravação de
olhar e a ouvir os amigos, trocando experiências. Pode-se, na poesias, músicas, histórias etc.
roda, contar fatos às crianças, descrever ações e promover
uma aproximação com aspectos mais formais da linguagem Práticas de leitura
por meio de situações como ler e contar histórias, cantar ou
entoar canções, declamar poesias, dizer parlendas, textos de - Participação nas situações em que os adultos leem textos
brincadeiras infantis etc. de diferentes gêneros, como contos, poemas, notícias de jornal,
A ampliação do universo discursivo das crianças também informativos, parlendas, trava-línguas etc.
se dá por meio do conhecimento da variedade de textos e de

Conhecimentos Específicos 161


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- Participação em situações que as crianças leiam, ainda conhecimentos prévios sobre o assunto, no conhecimento que
que não o façam de maneira convencional. têm sobre algumas características próprias do gênero etc.
- Reconhecimento do próprio nome dentro do conjunto de Nesses casos, os textos mais adequados são as embalagens
nomes do grupo nas situações em que isso se fizer necessário. comerciais, os folhetos de propaganda, as histórias em
- Observação e manuseio de materiais impressos, como quadrinhos e demais portadores que possibilitam às crianças
livros, revistas, histórias em quadrinhos etc., previamente deduzir o sentido a partir do conteúdo, da imagem ou foto, do
apresentados ao grupo. conhecimento da marca ou do logotipo.
- Valorização da leitura como fonte de prazer e Os textos de histórias já conhecidos possibilitam
entretenimento. atividades de buscar “onde está escrito tal coisa”. As crianças,
levando em conta algumas pistas contidas no texto escrito,
Orientações didáticas podem localizar uma palavra ou um trecho que até o momento
não sabem como se escreve convencionalmente. Podem
Práticas de leitura para as crianças têm um grande valor procurar no livro a fala de alguma personagem. Para isso,
em si mesmas, não sendo sempre necessárias atividades devem recordar a história para situar o momento no qual a
subsequentes, como o desenho dos personagens, a resposta de personagem fala e consultar o texto, procurando indícios que
perguntas sobre a leitura, dramatização das histórias etc. Tais permitam localizar a palavra ou trecho procurado.
atividades só devem se realizar quando fizerem sentido e A leitura de histórias é um momento em que a criança pode
como parte de um projeto mais amplo. Caso contrário, pode-se conhecer a forma de viver, pensar, agir e o universo de valores,
oferecer uma ideia distorcida do que é ler. costumes e comportamentos de outras culturas situadas em
A criança que ainda não sabe ler convencionalmente pode outros tempos e lugares que não o seu. A partir daí ela pode
fazê-lo por meio da escuta da leitura do professor, ainda que estabelecer relações com a sua forma de pensar e o modo de
não possa decifrar todas e cada uma das palavras. Ouvir um ser do grupo social ao qual pertence. As instituições de
texto já é uma forma de leitura. educação infantil podem resgatar o repertório de histórias que
É de grande importância o acesso, por meio da leitura pelo as crianças ouvem em casa e nos ambientes que frequentam,
professor, a diversos tipos de materiais escritos, uma vez que uma vez que essas histórias se constituem em rica fonte de
isso possibilita às crianças o contato com práticas culturais informação sobre as diversas formas culturais de lidar com as
mediadas pela escrita. emoções e com as questões éticas, contribuindo na construção
Comunicar práticas de leitura permite colocar as crianças da subjetividade e da sensibilidade das crianças.
no papel de “leitoras”, que podem relacionar a linguagem com Ter acesso à boa literatura é dispor de uma informação
os textos, os gêneros e os portadores sobre os quais eles se cultural que alimenta a imaginação e desperta o prazer pela
apresentam: livros, bilhetes, revistas, cartas, jornais etc. leitura. A intenção de fazer com que as crianças, desde cedo,
As poesias, parlendas, trava-línguas, os jogos de palavras, apreciem o momento de sentar para ouvir histórias exige que
memorizados e repetidos, possibilitam às crianças atentarem o professor, como leitor, preocupe-se em lê-la com interesse,
não só aos conteúdos, mas também à forma, aos aspectos criando um ambiente agradável e convidativo à escuta atenta,
sonoros da linguagem, como ritmo e rimas, além das questões mobilizando a expectativa das crianças, permitindo que elas
culturais e afetivas envolvidas. olhem o texto e as ilustrações enquanto a história é lida.
Quando o professor realiza com frequência leituras de um Quem convive com crianças sabe o quanto elas gostam de
mesmo gênero está propiciando às crianças oportunidades escutar a mesma história várias vezes, pelo prazer de
para que conheçam as características próprias de cada gênero, reconhecê-la, de apreendê-la em seus detalhes, de cobrar a
isto é, identificar se o texto lido é, por exemplo, uma história, mesma sequência e de antecipar as emoções que teve da
um anúncio etc. primeira vez. Isso evidencia que a criança que escuta muitas
São inúmeras as estratégias das quais o professor pode histórias pode construir um saber sobre a linguagem escrita.
lançar mão para enriquecer as atividades de leitura, como Sabe que na escrita as coisas permanecem, que se pode voltar
comentar previamente o assunto do qual trata o texto; fazer a elas e encontrá-las tal qual estavam da primeira vez.
com que as crianças levantem hipóteses sobre o tema a partir Muitas vezes a leitura do professor tem a participação das
do título; oferecer informações que situem a leitura; criar um crianças, principalmente naqueles elementos da história que
certo suspense, quando for o caso; lembrar de outros textos se repetem (estribilhos, discursos diretos, alguns episódios
conhecidos a partir do texto lido; favorecer a conversa entre as etc.) e que por isso são facilmente memorizados por elas, que
crianças para que possam compartilhar o efeito que a leitura aguardam com expectativa a hora de adiantar-se à leitura do
produziu, trocar opiniões e comentários etc. professor, dizendo determinadas partes da história.
O professor, além de ler para as crianças, pode organizar Diferenciam também a leitura de uma história do relato oral.
as seguintes situações de leitura para que elas próprias leiam: No primeiro caso, a criança espera que o leitor leia
literalmente o que o texto diz.
- situações em que as crianças estabelecem uma relação Recontar histórias é outra atividade que pode ser
entre o que é falado e o que está escrito (embora ainda não desenvolvida pelas crianças. Elas podem contar histórias
saibam ler convencionalmente). Nessas atividades de “leitura”, conhecidas com a ajuda do professor, reconstruindo o texto
as crianças devem saber o texto de cor e tentar localizar onde original à sua maneira. Para isso podem apoiar-se nas
estão escritas determinadas palavras. Para isso, as crianças ilustrações e na versão lida. Nessas condições, cabe ao
precisam buscar todos os indicadores disponíveis no texto professor promover situações para que as crianças
escrito. Não é qualquer texto que garante que o esforço de compreendam as relações entre o que se fala, o texto escrito e
atribuir significado a imagem. O professor lê a história, as crianças escutam,
- às partes escritas coloque problemas que ajudem a observam as gravuras e, frequentemente, depois de algumas
criança a refletir e a aprender. Nesse caso, os textos mais leituras, já conseguem recontar a história, utilizando algumas
adequados são as quadrinhas, parlendas e canções porque expressões e palavras ouvidas na voz do professor. Nesse
focalizam a sonoridade da linguagem (ritmos, rimas, sentido, é importante ler as histórias tal qual estão escritas,
repetições etc.), permitindo localizar o que o texto diz em cada imprimindo ritmo à narrativa e dando à criança a ideia de que
linha; ler significa atribuir significado ao texto e compreendê-lo.
- situações em que as crianças precisam descobrir o Para favorecer as práticas de leitura, algumas condições
sentido do texto apoiando-se nos mais diversos elementos, são consideradas essenciais.
como nas figuras que o acompanham, na diagramação, em seus

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São elas: O tratamento que se dá à escrita na instituição de educação


- dispor de um acervo em sala com livros e outros infantil pode ter como base a oralidade para ensinar a
materiais, como histórias em quadrinhos, revistas, linguagem que se usa para escrever. Ditar um texto para o
enciclopédias, jornais etc., classificados e organizados com a professor, para outra criança ou para ser gravado em fita
ajuda das crianças; cassete é uma forma de viabilizar a produção de textos antes
- organizar momentos de leitura livre nos quais o professor de as crianças saberem grafá-los. É em atividades desse tipo
também leia para si. Para as crianças é fundamental ter o que elas começam a participar de um processo de produção de
professor como um bom modelo. O professor que lê histórias, texto escrito, construindo conhecimento sobre essa
que tem boa e prazerosa relação com a leitura e gosta linguagem, antes mesmo que saibam escrever
verdadeiramente de ler, tem um papel fundamental: o de autonomamente.
modelo para as crianças; Ao participar em atividades conjuntas de escrita a criança
- possibilitar às crianças a escolha de suas leituras e o aprende a:
contato com os livros, de forma a que possam manuseá-los, por - repetir palavras ou expressões literais do texto original;
exemplo, nos momentos de atividades diversificadas; - controlar o ritmo do que está sendo ditado, quando a fala
- possibilitar regularmente às crianças o empréstimo de se ajusta ao tempo da escrita;
livros para levarem para casa. Bons textos podem ter o poder - diferenciar as atividades de contar uma história, por
de provocar momentos de leitura em casa, junto com os exemplo, da atividade de ditá-la para o professor, percebendo,
familiares. portanto, que não se diz as mesmas coisas nem da mesma
forma quando se fala e quando se escreve;
Uma prática constante de leitura deve considerar a - retomar o texto escrito pelo professor, a fim de saber o
qualidade literária dos textos. A oferta de textos supostamente que já está escrito e o que ainda falta escrever;
mais fáceis e curtos, para crianças pequenas, pode resultar em - considerar o destinatário ausente e a necessidade da
um empobrecimento de possibilidades de acesso à boa clareza do texto para que ele possa compreender a mensagem;
literatura. - diferenciar entre o que o texto diz e a intenção que se teve
Ler não é decifrar palavras. A leitura é um processo em que antes de escrever;
o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado - realizar várias versões do texto sobre o qual se trabalha,
do texto, apoiando-se em diferentes estratégias, como seu produzindo alterações que podem afetar tanto o conteúdo
conhecimento sobre o assunto, sobre o autor e de tudo o que como a forma em que foi escrito.
sabe sobre a linguagem escrita e o gênero em questão. O O professor pode chamar a atenção sobre a estrutura do
professor não precisa omitir, simplificar ou substituir por um texto, negociar significados e propor a substituição do uso
sinônimo familiar as palavras que considera difíceis, pois, se o excessivo de “e”, “aí”, “daí” por conectivos mais adequados à
fizer, correrá o risco de empobrecer o texto. A leitura de linguagem escrita e de expressões que marcam temporalidade,
histórias é uma rica fonte de aprendizagem de novos causalidade etc., como “de repente”, “um dia”, “muitos anos
vocabulários. Um bom texto deve admitir várias depois” etc. A reelaboração dos textos produzidos, realizada
interpretações, superando-se, assim, o mito de que ler é coletivamente com o apoio do professor, faz com que a criança
somente extrair informação da escrita. aprenda a conceber a escrita como processo, começando a
coordenar os papéis de produtor e leitor a partir da
Práticas de escrita intervenção do professor ou da parceria com outra criança
durante o processo de produção.
- Participação em situações cotidianas nas quais se faz As crianças e o professor podem tentar melhorar o texto,
necessário o uso da escrita. acrescentando, retirando, deslocando ou transformando
- Escrita do próprio nome em situações em que isso é alguns trechos com o objetivo de torná-lo mais legível para o
necessário. leitor, mais claro ou agradável de ler.
- Produção de textos individuais e/ou coletivos ditados No caso das crianças maiores, o ditado entre pares
oralmente ao professor para diversos fins. favorece muito a aprendizagem, pois elas se ajudam
- Prática de escrita de próprio punho, utilizando o mutuamente. Quando uma criança dita e outra escreve, aquela
conhecimento de que dispõe, no momento, sobre o sistema de que dita atua como revisora para a que escreve, por meio de
escrita em língua materna. diversas ações, como ler o que já foi escrito para não correr o
- Respeito pela produção própria e alheia. risco de escrever duas vezes a mesma palavra, diferenciar o
que “já está escrito” do que “ainda não está escrito” quando a
Orientações didáticas outra se perde, observar a conexão entre os enunciados, ajudar
a pensar em quais letras colocar e pesquisar, em caso de
Na instituição de educação infantil, as crianças podem dúvida, buscando palavras ou parte de palavras conhecidas em
aprender a escrever produzindo oralmente textos com destino outro contexto etc.
escrito. Nessas situações o professor é o escriba. A criança Saber escrever o próprio nome é um valioso conhecimento
também aprende a escrever, fazendo-o da forma como sabe, que fornece às crianças um repertório básico de letras que lhes
escrevendo de próprio punho. Em ambos os casos, é servirá de fonte de informação para produzir outras escritas.
necessário ter acesso à diversidade de textos escritos, A instituição de educação infantil deve preocupar-se em
testemunhar a utilização que se faz da escrita em diferentes marcar os pertences, os objetos pessoais e as produções das
circunstâncias, considerando as condições nas quais é crianças com seus nomes. É importante realizar um trabalho
produzida: para que, para quem, onde e como. intencional que leve ao reconhecimento e reprodução do
O trabalho com produção de textos deve se constituir em próprio nome para que elas se apropriem progressivamente
uma prática continuada, na qual se reproduz contextos da sua escrita convencional. A coleção dos nomes das crianças
cotidianos em que escrever tem sentido. Deve-se buscar a de um mesmo grupo, registrados em pequenas tiras de papel,
maior similaridade possível com as práticas de uso social, pode estar afixada em lugar visível da sala. Os nomes podem
como escrever para não esquecer alguma informação, estar escritos em letra maiúscula, tipo de imprensa (conhecida
escrever para enviar uma mensagem a um destinatário também como letra de fôrma), pois, para a criança,
ausente, escrever para que a mensagem atinja um grande inicialmente, é mais fácil imitar esse tipo de letra. Trata-se de
número de pessoas, escrever para identificar um objeto ou uma letra mais simples do ponto de vista gráfico que
uma produção etc.

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possibilita perceber cada caractere, não deixando dúvidas organizar grupos, ou duplas de crianças que possuam
sobre onde começa e onde termina cada letra. hipóteses diferentes (porém próximas) sobre a língua escrita,
As atividades de reescrita de textos diversos devem se o que favorece intercâmbios mais fecundos. As crianças podem
constituir em situações favoráveis à apropriação das utilizar a lousa ou letras móveis e, ao confrontar suas
características da linguagem escrita, dos gêneros, convenções produções, podem comparar suas escritas, consultarem-se,
e formas. Essas situações são planejadas com o objetivo de corrigirem-se, socializarem ideias e informações etc.
eliminar algumas dificuldades inerentes à produção de textos, Para favorecer as práticas de escrita, algumas condições
pois consistem em recriar algo a partir do que já existe. são consideradas essenciais.
Essas situações são aquelas nas quais as crianças
reescrevem um texto que já está escrito por alguém e que não Orientações gerais para o professor
é reprodução literal, mas uma versão própria de um texto já
existente. Ambiente alfabetizador
Podem reescrever textos já escritos e para tal precisam
retirar ou acrescentar elementos com relação ao texto original. Diz-se que um ambiente é alfabetizador quando promove
Pode-se propor às crianças que reescrevam notícias da um conjunto de situações de usos reais de leitura e escrita nas
atualidade que saíram no jornal que lhes interessou, ou uma quais as crianças têm a oportunidade de participar. Se os
lenda, uma história etc. adultos com quem as crianças convivem utilizam a escrita no
Nas atividades de escrita, parte-se do pressuposto que as seu cotidiano e oferecem a elas a oportunidade de presenciar
crianças se apropriam dos conteúdos, transformando-os em e participar de diversos atos de leitura e de escrita, elas podem,
conhecimento próprio em situações de uso, quando têm desde cedo, pensar sobre a língua e seus usos, construindo
problemas a resolver e precisam colocar em jogo tudo o que ideias sobre como se lê e como se escreve.
sabem para fazer o melhor que podem. Na instituição de educação infantil, são variadas as
As crianças que não sabem escrever de forma situações de comunicação que necessitam da mediação pela
convencional, ao receberem um convite para fazê-lo, estão escrita. Isso acontece, por exemplo, quando se recorre a uma
diante de uma verdadeira situação-problema, na qual se pode instrução escrita de uma regra de jogo, quando se lê uma
observar o desenvolvimento do seu processo de notícia de jornal de interesse das crianças, quando se informa
aprendizagem. Tal prática deve favorecer a construção de sobre o dia e o horário de uma festa em um convite de
escritas de acordo com as ideias construídas pelas crianças e aniversário, quando se anota uma ideia para não esquecê-la ou
promover a busca de informações específicas de que quando o professor envia um bilhete para os pais e tem a
necessitem, tanto nos textos disponíveis como recorrendo a preocupação de lê-lo para as crianças, permitindo que elas se
informantes (outras crianças e o professor). O fato de as informem sobre o seu conteúdo e intenção.
escritas não convencionais serem aceitas não significa Todas as tarefas que tradicionalmente o professor
ausência de intervenção pedagógica. O conhecimento sobre a realizava fora da sala e na ausência das crianças, como
natureza e o funcionamento do sistema de escrita precisa ser preparar convites para as reuniões de pais, escrever uma carta
construído pelas crianças com a ajuda do professor. Para que para uma criança que está se ausentando, ler um bilhete
isso aconteça é preciso que ele considere as ideias das crianças deixado pelo professor do outro período etc., podem ser
ao planejar e orientar as atividades didáticas com o objetivo de partilhadas com as crianças ou integrarem atividades de
desencadear e apoiar as suas ações, estabelecendo um diálogo exploração dos diversos usos da escrita e da leitura.
com elas e fazendo-as avançar nos seus conhecimentos. As A participação ativa das crianças nesses eventos de
crianças podem saber de cor os textos que serão escritos, letramento configura um ambiente alfabetizador na
como, por exemplo, uma parlenda, uma poesia ou uma letra de instituição. Isso é especialmente importante quando as
música. crianças provêm de comunidades pouco letradas, em que têm
Nessas atividades, as crianças precisam pensar sobre pouca oportunidade de presenciar atos de leitura e escrita
quantas e quais letras colocar para escrever o texto, usar o junto com parceiros mais experientes. Nesse caso, o professor
conhecimento disponível sobre o sistema de escrita, buscar torna-se uma referência bastante importante. Se a educação
material escrito que possa ajudar a decidir como grafar etc. infantil trouxer os diversos textos utilizados nas práticas
As crianças de um grupo encontram-se, em geral, em sociais para dentro da instituição, estará ampliando o acesso
momentos diferentes no processo de construção da escrita. ao mundo letrado, cumprindo um papel importante na busca
Essa diversidade pode resultar em ganhos no da igualdade de oportunidades.
desenvolvimento do trabalho. Daí a importância de uma Algumas vezes, o termo “ambiente alfabetizador” tem sido
prática educativa que aceita e valoriza as diferenças confundido com a imagem de uma sala com paredes cobertas
individuais e fomenta a troca de experiências e conhecimentos de textos expostos e, às vezes, até com etiquetas nomeando
entre as crianças. As atividades de escrita e de produção de móveis e objetos, como se esta fosse uma forma eficiente de
textos são muito mais interessantes, portanto, quando se expor as crianças à escrita. É necessário considerar que expor
realizam num contexto de interação. No processo de as crianças às práticas de leitura e escrita está relacionada com
aprendizagem, o que num dado momento uma criança a oferta de oportunidades de participação em situações nas
consegue realizar apenas com ajuda, posteriormente poderá quais a escrita e a leitura se façam necessárias, isto é, nas quais
ser feito com relativa autonomia. tenham uma função real de expressão e comunicação.
A criação de um clima favorável para o trabalho em grupo A experiência com textos variados e de diferentes gêneros
possibilita ricos intercâmbios comunicativos de enorme valor é fundamental para a constituição do ambiente de letramento.
social e educativo. Para que a interação grupal cumpra seu A seleção do material escrito, portanto, deve estar guiada pela
papel, é preciso que as crianças aprendam a trabalhar juntas. necessidade de iniciar as crianças no contato com os diversos
Para que desenvolvam essa capacidade, é necessário um textos e de facilitar a observação de práticas sociais de leitura
trabalho intencional e sistemático do professor para organizar e escrita nas quais suas diferentes funções e características
as situações de interação considerando a heterogeneidade dos sejam consideradas. Nesse sentido, os textos de literatura
conhecimentos das crianças. Além disso, é importante que o geral e infantil, jornais, revistas, textos publicitários etc. são os
professor escolha as crianças que possam se informar modelos que se pode oferecer às crianças para que aprendam
mutuamente, favoreça os intercâmbios, pontue as dificuldades sobre a linguagem que se usa para escrever.
de entendimento, ajude a percepção de detalhes do texto etc. O professor, de acordo com seus projetos e objetivos, pode
Deixando de ser o único informante, o professor pode escolher com que gêneros vai trabalhar de forma mais

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contínua e sistemática, para que as crianças os conheçam bem. dos animais, por exemplo, podem ser produtos finais de
Por exemplo, conhecer o que é uma receita culinária, seu projetos.
aspecto gráfico, formato em lista, combinação de palavras e Da mesma forma, preparar uma entrevista ou uma
números que indicam a quantidade dos ingredientes etc., comunicação oral, como um convite para que outro grupo
assim como as características de uma poesia, histórias em venha assistir a uma apresentação, são atividades que podem
quadrinhos, notícias de jornal etc. integrar projetos de diversas áreas. Os projetos de linguagem
Alguns textos são adequados para o trabalho com a oral podem propor, por exemplo, a gravação em fita cassete de
linguagem escrita nessa faixa etária, como, por exemplo, histórias contadas pelas famílias para fazer uma coleção para
receitas culinárias; regras de jogos; textos impressos em a sala, ou de parlendas, ou, ainda, de brincadeiras cantadas
embalagens, rótulos, anúncios, slogans, cartazes, folhetos; para o acervo de brincadeiras da instituição ou para outro
cartas, bilhetes, postais, cartões (de aniversário, de Natal etc.); lugar a ser definido pelo professor e pelas crianças. A pesquisa
convites; diários (pessoais, das crianças da sala etc.); histórias e o reconto de casos ou histórias da tradição oral envolvendo
em quadrinhos, textos de jornais, revistas e suplementos as famílias e a comunidade, que contarão sobre as histórias
infantis; parlendas, canções, poemas, quadrinhas, adivinhas e que povoam suas memórias, é outro projeto que oferece ricas
trava-línguas; contos (de fadas, de assombração etc.); mitos, possibilidades de trabalho com a linguagem oral.
lendas, “causos” populares e fábulas; relatos históricos; textos Pode-se também organizar saraus literários nos quais as
de enciclopédia etc. crianças escolhem textos (histórias, poesias, parlendas) para
contar ou recitar no dia do encontro. Elaborar um
Organização do tempo documentário em vídeo ou exposição oral sobre o que as
crianças sabem de assuntos tratados num projeto de outro
Atividades permanentes eixo, como, por exemplo, instruções sobre como se faz uma
pipa.
Contar histórias costuma ser uma prática diária nas No que se refere à linguagem escrita, os projetos
instituições de educação infantil. Nesses momentos, além de favorecem o planejamento do texto por meio da elaboração de
contar, é necessário ler as histórias e possibilitar seu reconto rascunhos, revisão (com ajuda) e edição (capa, dedicatória,
pelas crianças. É possível também a leitura compartilhada de índice, ilustrações etc.), na busca de uma bem cuidada
livros em capítulos, o que possibilita às crianças o acesso, pela apresentação do produto final.
leitura do professor, a textos mais longos. Os diversos textos que podem ser produzidos em cada
Outra atividade permanente interessante é a roda de projeto devem utilizar modelos de referência correspondentes
leitores em que periodicamente as crianças tomam aos gêneros com os quais se está trabalhando. É aconselhável
emprestado um livro da instituição para ler em casa. No dia que sejam apresentados textos impressos de diferentes
previamente combinado, as crianças podem relatar suas autores. Se o texto for um cartaz, devem-se apresentar às
impressões, comentar o que gostaram ou não, o que pensaram, crianças alguns cartazes sobre diversos assuntos, para que
comparar com outros títulos do mesmo autor, contar uma elas possam perceber como são organizados, como o texto é
pequena parte da história para recomendar o livro que a escrito, como são as imagens etc. Se for um jornal, é necessário
entusiasmou às outras crianças. que as crianças possam identificar, entre outras coisas, as
A leitura e a escrita também podem fazer parte das diversas seções que o compõem, como se caracteriza uma
atividades diversificadas, por meio de ambientes organizados manchete, uma propaganda, uma seção de classificados etc.
para: Para se montar uma história em quadrinhos, é necessário o
conhecimento de vários tipos de histórias em quadrinhos para
- leitura — são organizados de forma atraente, num que as crianças conheçam melhor suas características. Pode-
ambiente aconchegante, livros de diversos gêneros, de se identificar os principais temas que envolvem cada
diferentes autores, revistas, histórias em quadrinhos, jornais, personagem, os recursos de imagens usadas etc. Assim, se
suplementos, trabalhos de outras crianças etc.; amplia o repertório em uso pelas crianças e elas avançam no
- jogos de escrita — no ambiente criado para os jogos de conhecimento desse tipo de texto. Ao final, as crianças podem
mesa, podem-se oferecer jogos gráficos, como caça-palavras, produzir as próprias histórias em quadrinhos.
forca, cruzadinhas etc. Nesses casos, convém deixar à Os projetos que envolvem a escrita podem resultar em
disposição das crianças cartelas com letras, letras móveis etc. diferentes produtos: uma coletânea de textos de um mesmo
- faz-de-conta — a criação de ambientes para brincar no gênero (poemas, contos de fadas, lendas etc.); um livro sobre
interior ou fora da sala possibilita a ampliação contextualizada um tema pesquisado (a vida dos tubarões, das formigas etc.);
do universo discursivo, trazendo para o cotidiano da um cartaz sobre cuidados com a saúde ou com as plantas, para
instituição novas formas de interação com a linguagem. Esse afixar no mural da instituição; um jornal; um livro das receitas
espaço pode aprendidas com os pais que estiverem dispostos a ir preparar
- conter diferentes caixas previamente organizadas pelo um prato junto com as crianças; produção de cartas para
professor para incrementar o jogo simbólico das crianças, nas correspondência com outras instituições etc.
quais tenham diversos materiais gráficos, próprios às diversas Pode-se planejar projetos específicos de leitura,
situações cotidianas que os ambientes do faz-de-conta articulados ou não com a escrita: produzir uma fita cassete de
reproduzem, como embalagens diversas, livros de receitas, contos ou poesias recitadas por um grupo, para ouvir em casa
blocos para escrever, talões com impressos diversos etc. ou para enviar a uma turma de outra instituição; elaborar um
álbum de figuras (de animais ou de plantas, de fotos, de ícones
Projetos diversos, de logotipos da publicidade ou marcas de produtos
etc.) colecionadas pelas crianças; elaborar uma antologia de
Os projetos permitem uma interseção entre conteúdos de letras das músicas prediletas do grupo, para recordá-las e
diferentes eixos de trabalho. Há projetos que visam o trabalho poder cantá-las; elaborar uma coletânea de adivinhas para
específico com a linguagem, seja oral ou escrita, levando em “pegar” os pais e irmãos etc.
conta as características e função próprias do gênero. Nos
projetos relacionados aos outros eixos de trabalho, é comum Sequência de atividades
que se faça uso do registro escrito como recurso de
documentação. Elaborar um livro de regras de jogos, um Nas atividades sequenciadas de leitura, pode-se eleger
catálogo de coleções ou um fascículo informativo sobre a vida temporariamente, textos que propiciem conhecer a

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diversidade possível existente dentro de um mesmo gênero, se faça um levantamento inicial para obter as informações
como por exemplo, ler o conjunto da obra de um determinado necessárias sobre o conhecimento prévio que as crianças
autor ou ler diferentes contos sobre saci-pererê, dragões ou possuem sobre a escrita, a leitura e a linguagem oral, sobre
piratas, ou várias versões de uma mesma lenda etc. suas diferenças individuais, sobre suas possibilidades de
aprendizagem e para que, com isso, se possa planejar a prática,
Os recursos didáticos e sua utilização selecionar conteúdos e materiais, propor atividades e definir
objetivos com uma melhor adequação didática.
Dentre os principais recursos que precisam estar As situações de avaliação devem se dar em atividades
disponíveis na instituição de educação infantil estão os textos, contextualizadas para que se possa observar a evolução das
trazidos para a sala do grupo nos seus portadores de origem, crianças. É possível aproveitar as inúmeras ocasiões em que as
isto é, nos livros, jornais, revistas, cartazes, cartas etc. É crianças falam, leem e escrevem para se fazer um
necessário que esses materiais sejam colocados à disposição acompanhamento de seu progresso. A observação é o principal
das crianças para serem manuseados. Algumas vezes, por instrumento para que o professor possa avaliar o processo de
medo de que os livros se estraguem, acaba-se restringindo o construção da linguagem pelas crianças.
acesso a eles. Deve-se lembrar, no entanto, que a Em uma avaliação formativa é importante a devolução do
aprendizagem em relação aos cuidados no manuseio desses processo de aprendizagem à criança, isto é, o retorno que o
materiais implica em procedimentos e valores que só poderão professor dá para as crianças a respeito de suas conquistas e
ser aprendidos se as crianças puderem manuseá-los. daquilo que já aprenderam. Por exemplo: “Você já sabe
Além disso, sempre que possível, a organização do espaço escrever o seu nome”, “Você já consegue falar o nome do seu
físico deve ser aconchegante, com almofadas, iluminação amigo”, “Você já consegue ler o nome de fulano” etc. É
adequada e livros, revistas etc. organizados de modo a garantir imprescindível que os parâmetros de avaliação tenham
o livre acesso às crianças. Esse acervo deve conter textos dos estreita relação com as situações didáticas propostas às
mais variados gêneros, oferecidos em seus portadores de crianças.
origem: livros de contos, poesia, enciclopédias, dicionários, São consideradas experiências prioritárias para as
jornais, revistas (infantis, em quadrinhos, de palavras crianças de zero a três anos a utilização da linguagem oral para
cruzadas), almanaques etc. Também aqueles que são se expressar e a exploração de materiais escritos. Para isso, é
produzidos pelas crianças podem compor o acervo: coletâneas preciso que as crianças participem de situações nas quais
de contos, de trava-línguas, de adivinhas, brincadeiras e jogos possam conversar e interagir verbalmente, ouvir histórias
infantis, livros de narrativas, revistas, jornais etc. Se possível, contadas e lidas pelo professor, presenciar diversos atos de
é interessante ter também vários exemplares de um mesmo escrita realizados pelo professor, ter acesso a diversos
livro ou gibi. Isso facilita os momentos de leitura materiais escritos, como livros, revistas, embalagens etc. Há
compartilhada com o professor ou entre as crianças. um conjunto de indícios que permitem observar se as
O gravador é um importante recurso didático por permitir oportunidades oferecidas para as crianças dessa faixa etária
que se ouça posteriormente o que se falou. Pode ser usado têm sido suficientes para que elas se familiarizem com as
para a organização de acervos ou coletâneas de histórias, práticas culturais que envolvem a leitura e a escrita. Por
poesias, músicas, “causos” etc.; para viabilizar o diálogo entre exemplo, se a criança pede que o professor leia histórias, se
interlocutores distantes ou que não se encontram no mesmo procura livros e outros textos para ver, folhear e manusear, se
ambiente; para realizar entrevistas; para troca de brinca imitando práticas de leitura e escrita. O professor pode
informações, entre outras possibilidades. Pode ser utilizado também observar se a criança reconhece e utiliza gestos,
para gravar histórias contadas pelas crianças por meio de um expressões fisionômicas e palavras para comunicar-se e
rodízio de contadores. expressar-se; se construiu um repertório de palavras, frases e
Nessa situação, as crianças podem observar o tom e o ritmo expressões verbais para fazer perguntas e pedidos; se é capaz
de suas falas, refletir sobre a melhor entonação a ser dada em de escutar histórias e relatos com atenção e prazer etc.
cada momento da história etc. A partir dos quatro e até os seis anos, uma vez que tenham
Outra possibilidade interessante é utilizar a gravação das tido muitas oportunidades na instituição de educação infantil
rodas de conversa ou outras situações de interlocução. Com de vivenciar experiências envolvendo a linguagem oral e
isso, o professor pode promover novas atividades para que as escrita, pode-se esperar que as crianças participem de
crianças reformulem suas perguntas, justifiquem suas conversas, utilizando-se de diferentes recursos necessários ao
opiniões, expliquem a informação que possuem, explicitem diálogo; manuseiem materiais escritos, interessando-se por
desacordos. ler e por ouvir a leitura de histórias e experimentem escrever
Além disso, o gravador é também um excelente nas situações nas quais isso se faça necessário, como, por
instrumento para que o professor tenha documentado o que exemplo, marcar seu nome nos desenhos. Para que elas
aconteceu e possa a partir daí, refletir, avaliar e reorientar sua possam vivenciar essas experiências, é necessário oferecer
prática. oportunidades para que façam perguntas; elaborem respostas;
O trabalho com a escrita pode ser enriquecido por meio da ouçam as colocações das outras crianças; tenham acesso a
utilização do computador. Ainda são poucas as instituições diversos materiais escritos e possam manuseá-los, apreciá-los
infantis que utilizam computadores na sua prática, mas esse e incluí-los nas suas brincadeiras; ouçam histórias lidas e
recurso, quando possível, oferece oportunidades para que as contadas pelo professor ou por outras crianças; possam
crianças tenham acesso ao manuseio da máquina, ao uso do brincar de escrever, tendo acesso aos materiais necessários a
teclado, a programas simples de edição de texto, sempre com isso.
a ajuda do professor. Em relação às práticas de oralidade pode-se observar
Observação, registro e avaliação formativa também se as crianças ampliaram seu vocabulário,
incorporando novas expressões e utilizando de expressões de
A avaliação é um importante instrumento para que o cortesia; se percebem quando o professor está lendo ou
professor possa obter dados sobre o processo de falando e se reconhecem o tipo de linguagem escrita ou falada.
aprendizagem de cada criança, reorientar sua prática e Em relação às práticas de leitura, é possível observar se as
elaborar seu planejamento, propondo situações capazes de crianças pedem que o professor leia; se procuram livros de
gerar novos avanços na aprendizagem das crianças. histórias ou outros textos no acervo; se consideram as
A avaliação deve se dar de forma sistemática e contínua ao ilustrações ou outros indícios para antecipar o conteúdo dos
longo de todo o processo de aprendizagem. É aconselhável que textos; se realizam comentários sobre o que “leram” ou

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escutaram; se compartilham com os outros o efeito que a pelos professores, como coelhinhos, soldados, bandeirinhas,
leitura produziu; se recomendam a seus companheiros a cocares etc., e são fantasiadas e enfeitadas com chapéus, faixas,
leitura que as interessou. espadas e pinturas. Apesar de certas ocasiões comemorativas
Em relação às práticas de escrita e de produção de textos propiciarem aberturas para propostas criativas de trabalho,
pode-se observar se as crianças se interessam por escrever seu muitas vezes os temas não ganham profundidade e nem o
nome e o nome de outras pessoas; se recorrem à escrita ou cuidado necessário, acabando por difundir estereótipos
propõem que se recorra quando têm de se dirigir a um culturais e favorecendo pouco a construção de conhecimentos
destinatário ausente. sobre a diversidade de realidades sociais, culturais,
O professor deve colecionar produções das crianças, como geográficas e históricas. Em relação aos índios brasileiros, por
exemplos de suas escritas, desenhos com escrita, ensaios de exemplo, as crianças, em geral, acabam desenvolvendo uma
letras, os comentários que fez e suas próprias anotações como noção equivocada de que todos possuem os mesmos hábitos e
observador da produção de cada uma. Com esse material, é costumes: vestem-se com tangas e penas de aves, pintam o
possível fazer um acompanhamento periódico da rosto, moram em ocas, alimentam-se de mandioca etc. As
aprendizagem e formular indicadores que permitam ter uma crianças ficam sem ter a oportunidade de saber que há muitas
visão da evolução de cada criança. etnias indígenas no Brasil e que há grandes diferenças entre
Mesmo sem a exigência de que as crianças estejam elas.
alfabetizadas aos seis anos, todos os aspectos envolvidos no Outra proposta comum nas instituições de educação
processo da alfabetização devem ser considerados. Os infantil são as atividades voltadas para o desenvolvimento da
critérios de avaliação devem ser compreendidos como noção de tempo e espaço. Nessas práticas, geralmente, os
referências que permitem a análise do seu avanço ao longo do conteúdos são tratados de forma desvinculada de suas
processo, considerando que as manifestações desse avanço relações com o cotidiano, com os costumes, com a História e
não são lineares, nem idênticas entre as crianças. com o conhecimento geográfico construído na relação entre os
homens e a natureza. Em algumas práticas, tem sido
NATUREZA E SOCIEDADE priorizado o trabalho que parte da ideia de que a criança só
tem condições de pensar sobre aquilo que está mais próximo
Introdução a ela e, portanto, que seja materialmente acessível e concreto;
e também da ideia de que, para ampliar sua compreensão
O mundo onde as crianças vivem se constitui em um sobre a vida em sociedade, é necessário graduar os conteúdos
conjunto de fenômenos naturais e sociais indissociáveis diante de acordo com a complexidade que apresentam. Assim, para
do qual elas se mostram curiosas e investigativas. Desde muito que elas possam conhecer algo sobre os diferentes tipos de
pequenas, pela interação com o meio natural e social no qual organização social, devem centrar sua aprendizagem, primeiro
vivem, as crianças aprendem sobre o mundo, fazendo sobre os grupos menores e com estruturas mais simples e,
perguntas e procurando respostas às suas indagações e posteriormente, sobre as organizações sociais maiores e mais
questões. Como integrantes de grupos socioculturais complexas. Dessa forma, desconsideram-se o interesse, a
singulares, vivenciam experiências e interagem num contexto imaginação e a capacidade da criança pequena para conhecer
de conceitos, valores, ideias, objetos e representações sobre os locais e histórias distantes no espaço e no tempo e lidar com
mais diversos temas a que têm acesso na vida cotidiana, informações sobre diferentes tipos de relações sociais.
construindo um conjunto de conhecimentos sobre o mundo Propostas e práticas escolares diversas que partem
que as cerca. fundamentalmente da ideia de que falar da diversidade
Muitos são os temas pelos quais as crianças se interessam: cultural, social, geográfica e histórica significa ir além da
pequenos animais, bichos de jardim, dinossauros, capacidade de compreensão das crianças têm predominado na
tempestades, tubarões, castelos, heróis, festas da cidade, educação infantil. São negadas informações valiosas para que
programas de TV, notícias da atualidade, histórias de outros as crianças reflitam sobre paisagens variadas, modos distintos
tempos etc. As vivências sociais, as histórias, os modos de vida, de ser, viver e trabalhar dos povos, histórias de outros tempos
os lugares e o mundo natural são para as crianças parte de um que fazem parte do seu cotidiano.
todo integrado. No trabalho com os conteúdos referentes às Ciências
O eixo de trabalho denominado Natureza e Sociedade Naturais, por sua vez, algumas instituições limitam-se à
reúne temas pertinentes ao mundo social e natural. A intenção transmissão de certas noções relacionadas aos seres vivos e ao
é que o trabalho ocorra de forma integrada, ao mesmo tempo corpo humano. Desconsiderando o conhecimento e as ideias
em que são respeitadas as especificidades das fontes, que as crianças já possuem, valorizam a utilização de
abordagens e enfoques advindos dos diferentes campos das terminologia técnica, o que pode constituir uma formalização
Ciências Humanas e Naturais. de conteúdos não significativa para as crianças. Um exemplo
disso são as definições ensinadas de forma
Presença dos conhecimentos sobre natureza e descontextualizadas sobre os diversos animais: “são
sociedade na educação infantil: ideias e práticas correntes mamíferos” ou “são anfíbios” etc., e as atividades de classificar
animais e plantas segundo categorias definidas pela Zoologia e
Determinados conteúdos pertinentes às áreas das Ciências pela Biologia. Desconsidera-se assim a possibilidade de as
Humanas e Naturais sempre estiveram presentes na crianças exporem suas formulações para posteriormente
composição dos currículos e programas de educação infantil. compará-las com aquelas que a ciência propõe.
Na maioria das instituições, esses conteúdos estão Algumas práticas também se baseiam em atividades
relacionados à preparação das crianças para os anos voltadas para uma formação moralizante, como no caso do
posteriores da sua escolaridade, como no caso do trabalho reforço a certas atitudes relacionadas à saúde e à higiene.
voltado para o desenvolvimento motor e de hábitos e atitudes, Muitas vezes nessas situações predominam valores,
no qual é fundamental a aquisição de procedimentos como estereótipos e conceitos de certo/errado, feio/bonito,
copiar, repetir e colorir produções prévias (desenhos, limpo/sujo, mau/bom etc., que são definidos e transmitidos de
exercícios etc.). modo preconceituoso.
Algumas práticas valorizam atividades com festas do Outras práticas de Ciências realizam experiências pontuais
calendário nacional: o Dia do Soldado, o Dia das Mães, o Dia do de observação de pequenos animais ou plantas, cujos passos já
Índio, o Dia da Primavera, a Páscoa etc. Nessas ocasiões, as estão previamente estabelecidos, sendo conduzidos pelo
crianças são solicitadas a colorir desenhos mimeografados professor. Nessas atividades, a ênfase recai apenas sobre as

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características imediatamente perceptíveis. Em muitas Criança, a natureza e a sociedade


situações, os problemas investigados não ficam explícitos para
as crianças e suas ideias sobre os resultados do experimento, As crianças refletem e gradativamente tomam consciência
bem como suas explicações para os fenômenos, não são do mundo de diferentes maneiras em cada etapa do seu
valorizadas. desenvolvimento. As transformações que ocorrem em seu
O trabalho com os conhecimentos derivados das Ciências pensamento se dão simultaneamente ao desenvolvimento da
Humanas e Naturais deve ser voltado para a ampliação das linguagem e de suas capacidades de expressão. À medida que
experiências das crianças e para a construção de crescem se deparam com fenômenos, fatos e objetos do
conhecimentos diversificados sobre o meio social e natural. mundo; perguntam, reúnem informações, organizam
Nesse sentido, refere-se à pluralidade de fenômenos e explicações e arriscam respostas; ocorrem mudanças
acontecimentos — físicos, biológicos, geográficos, históricos e fundamentais no seu modo de conceber a natureza e a cultura.
culturais —, ao conhecimento da diversidade de formas de Nos primeiros anos de vida, o contato com o mundo
explicar e representar o mundo, ao contato com as explicações permite à criança construir conhecimentos práticos sobre seu
científicas e à possibilidade de conhecer e construir novas entorno, relacionados à sua capacidade de perceber a
formas de pensar sobre os eventos que as cercam. existência de objetos, seres, formas, cores, sons, odores, de
É importante que as crianças tenham contato com movimentar-se nos espaços e de manipular os objetos.
diferentes elementos, fenômenos e acontecimentos do mundo, Experimenta expressar e comunicar seus desejos e emoções,
sejam instigadas por questões significativas para observá-los atribuindo as primeiras significações para os elementos do
e explicá-los e tenham acesso a modos variados de mundo e realizando ações cada vez mais coordenadas e
compreendê-los e representá-los. intencionais, em constante interação com outras pessoas com
Os conhecimentos socialmente difundidos e as culturas quem compartilha novos conhecimentos.
dos diversos povos do presente e de outras épocas apresentam Ao lado de diversas conquistas, as crianças iniciam o
diferentes respostas para as perguntas sobre o mundo social e reconhecimento de certas regularidades dos fenômenos
natural. Por exemplo, para os antigos hindus, a Terra tinha a sociais e naturais e identificam contextos nos quais ocorrem.
forma plana e era sustentada por diversos animais. Para os Costumam repetir uma ação várias vezes para constatar se
ianomâmis, o mundo está dividido em três terras: a “terra de dela deriva sempre a mesma consequência. Inúmeras vezes
cima”, que é muito velha e cheia de rachaduras por onde colocam e retiram objetos de diferentes tamanhos e formas em
escoam as águas dos rios e dos lagos, formando a chuva que cai baldes cheios d’água, constatando intrigadas, por exemplo,
sobre a “terra do meio”, que é o lugar onde vivem os seres que existem aqueles que afundam e aqueles que flutuam.
humanos; e a “terra de baixo”, que, mais recente, está sob Observam, em outros momentos, a presença da lua em noites
nossos pés. de tempo bom e fazem perguntas interessantes quando a
Para algumas crianças, na perspectiva da superfície localizam no céu durante o dia.
terrestre, a Terra pode parecer um grande disco plano Movidas pelo interesse e pela curiosidade e confrontadas
recoberto por um gigantesco guarda-chuva — o céu. Assim, com as diversas respostas oferecidas por adultos, outras
diferentes formas de compreender, explicar e representar crianças e/ou por fontes de informação, como livros, notícias
elementos do mundo coexistem e fazem parte do repertório e reportagens de rádio e TV etc., as crianças podem conhecer o
sociocultural da humanidade. Os mitos e as lendas mundo por meio da atividade física, afetiva e mental,
representam uma das muitas formas de explicar os fenômenos construindo explicações subjetivas e individuais para os
da sociedade e da natureza e permitem reconhecer diferentes fenômenos e acontecimentos.
semelhanças e diferenças entre conhecimentos construídos Quanto menores forem as crianças, mais suas
por diferentes povos e culturas. representações e noções sobre o mundo estão associadas
O conhecimento científico socialmente construído e diretamente aos objetos concretos da realidade conhecida,
acumulado historicamente, por sua vez, apresenta um modo observada, sentida e vivenciada. O crescente domínio e uso da
particular de produção de conhecimento de indiscutível linguagem, assim como a capacidade de interação,
importância no mundo atual e difere das outras formas de possibilitam, todavia, que seu contato com o mundo se amplie,
explicação e representação do mundo, como as lendas e mitos sendo cada vez mais mediado por representações e por
ou os conhecimentos cotidianos, ditos de “senso comum”. Por significados construídos culturalmente.
meio da ciência, pode-se saber, por exemplo, que a Terra é Na medida em que as experiências cotidianas são mais
esférica, ligeiramente achatada nos polos. As descobertas variadas e os seus critérios de agrupamento não dão mais
científicas, ao longo da história, marcaram a relação entre o conta de explicar as relações, as associações passam a serem
homem e o mundo. Se por um lado o conhecimento científico revistas e reconstruídas. Nesse processo constante de
imprime novas possibilidades de relação do homem com o reconstrução, as estruturas de pensamento das crianças
mundo, por outro, as transformações dessa relação permitem sofrem mudanças significativas que repercutem na
que algumas ideias sejam modificadas e que novas teorias e possibilidade de elas compreenderem de modo diferenciado
novos conhecimentos sejam produzidos. Ainda que revistos e tanto os objetos quanto a linguagem usada para representá-
modificados ao longo do tempo e em função de novas los.
descobertas, algumas ideias, hipóteses e teorias e alguns O brincar de faz-de-conta, por sua vez, possibilita que as
diagnósticos produzidos em diferentes momentos da história crianças reflitam sobre o mundo. Ao brincar, as crianças
possuem uma inegável importância no processo de construção podem reconstruir elementos do mundo que as cerca com
do conhecimento científico atual. novos significados, tecer novas relações, desvincular-se dos
O trabalho com este eixo, portanto, deve propiciar significados imediatamente perceptíveis e materiais para
experiências que possibilitem uma aproximação ao atribuir-lhes novas significações, imprimir-lhes suas ideias e
conhecimento das diversas formas de representação e os conhecimentos que têm sobre si mesma, sobre as outras
explicação do mundo social e natural para que as crianças pessoas, sobre o mundo adulto, sobre lugares distantes e/ou
possam estabelecer progressivamente a diferenciação que conhecidos.
existe entre mitos, lendas, explicações provenientes do “senso Na medida em que se desenvolve e sistematiza
comum” e conhecimentos científicos. conhecimentos relativos à cultura, a criança constrói e
reconstrói noções que favorecem mudanças no seu modo de
compreender o mundo, permitindo que ocorra um processo de
confrontação entre suas hipóteses e explicações com os

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conhecimentos culturalmente difundidos nas interações com mais relevantes para as crianças e o seu grupo social. As
os outros, com os objetos e fenômenos e por intermédio da crianças devem, desde pequenas, ser instigadas a observar
atividade interna e individual. fenômenos, relatar acontecimentos, formular hipóteses,
Nesse processo, as crianças vão gradativamente prever resultados para experimentos, conhecer diferentes
percebendo relações, desenvolvendo capacidades ligadas à contextos históricos e sociais, tentar localizá-los no espaço e
identificação de atributos dos objetos e seres, à percepção de no tempo. Podem também trocar ideias e informações, debatê-
processos de transformação, como nas experiências com las, confrontá-las, distingui-las e representa-las, aprendendo,
plantas, animais ou materiais. Valendo-se das diferentes aos poucos, como se produz um conhecimento novo ou por
linguagens (oral, desenho, canto etc.), nomeiam e representam que as ideias mudam ou permanecem.
o mundo, comunicando ao outro seus sentimentos, desejos e Contudo, o professor precisa ter claro que esses domínios
conhecimentos sobre o meio que observam e vivem. e conhecimentos não se consolidam nesta etapa educacional.
No que se refere ao pensamento, uma das características São construídos, gradativamente, na medida em que as
principais nesta fase é a tendência que a criança apresenta crianças desenvolvem atitudes de curiosidade, de crítica, de
para eleger alguns aspectos de cada situação, construindo uma refutação e de reformulação de explicações para a pluralidade
lógica própria de interpretação. As hipóteses que as crianças e diversidade de fenômenos e acontecimentos do mundo
se colocam e a forma como resolvem os problemas social e natural.
demonstram uma organização peculiar em que as associações
e as relações são estabelecidas de forma pouco objetiva, OBJETIVOS
regidos por critérios subjetivos e afetivamente determinados.
A forma peculiar de elaboração das regularidades dos Crianças de zero a três anos
objetos e fenômenos, porém, não significa que a formação de
conceitos, pela criança, comece forçosamente do concreto, do A ação educativa deve se organizar para que as crianças, ao
particular ou da observação direta de objetos e fenômenos da final dos três anos, tenham desenvolvido as seguintes
realidade. A formação de conceitos pelas crianças, ao capacidades:
contrário, se apoia em concepções mais gerais acerca dos
fenômenos, seres, e objetos e, à medida que elas crescem, - explorar o ambiente, para que possa se relacionar com
dirige-se à particularização. Nesse processo, as crianças pessoas, estabelecer contato com pequenos animais, com
procuram mencionar os conceitos e modelos explicativos que plantas e com objetos diversos, manifestando curiosidade e
estão construindo em diferentes situações de convivência, interesse;
utilizando-os em momentos que lhes parecem convenientes e
fazendo uso deles em contextos significativos, formulando-os Crianças de quatro a seis anos
e reformulando-os em função das respostas que recebem às
indagações e problemas que são colocados por elas e para elas. Para esta fase, os objetivos estabelecidos para a faixa etária
Isso significa dizer que a aprendizagem de fatos, conceitos, de zero a três anos deverão ser aprofundados e ampliados,
procedimentos, atitudes e valores não se dá de forma garantindo-se, ainda, oportunidades para que as crianças
descontextualizada. O acesso das crianças ao conhecimento sejam capazes de:
elaborado pelas ciências é mediado pelo mundo social e
cultural. - interessar-se e demonstrar curiosidade pelo mundo
Assim, as questões presentes no cotidiano e os problemas social e natural, formulando perguntas, imaginando soluções
relacionados à realidade, observáveis pela experiência para compreendê-lo, manifestando opiniões próprias sobre os
imediata ou conhecidos pela mediação de relatos orais, livros, acontecimentos, buscando informações e confrontando ideias;
jornais, revistas, televisão, rádio, fotografias, filmes etc., são - estabelecer algumas relações entre o modo de vida
excelentes oportunidades para a construção desse característico de seu grupo social e de outros grupos;
conhecimento. É também por meio da possibilidade de - estabelecer algumas relações entre o meio ambiente e as
formular suas próprias questões, buscar respostas, imaginar formas de vida que ali se estabelecem, valorizando sua
soluções, formular explicações, expressar suas opiniões, importância para a preservação das espécies e para a
interpretações e concepções de mundo, confrontar seu modo qualidade da vida humana.
de pensar com os de outras crianças e adultos, e de relacionar
seus conhecimentos e ideias a contextos mais amplos, que a Conteúdos
criança poderá construir conhecimentos cada vez mais
elaborados. Esses conhecimentos não são, porém, Os conteúdos aqui indicados deverão ser organizados e
proporcionados diretamente às crianças. Resultam de um definidos em função das diferentes realidades e necessidades,
processo de construção interna compartilhada com os outros, de forma a que possam ser de fato significativos para as
no qual elas pensam e refletem sobre o que desejam conhecer. crianças.
É preciso reconhecer a multiplicidade de relações que se Os conteúdos deverão ser selecionados em função dos
estabelecem e dimensiona-las, sem reduzi-las ou simplificá- seguintes critérios:
las, de forma a promover o avanço na aprendizagem das
crianças. É preciso também considerar que a complexidade - relevância social e vínculo com as práticas sociais
dos diversos fenômenos do mundo social e natural nem significativas;
sempre pode ser captada de forma imediata. Muitas relações - grau de significado para a criança;
só se tornam evidentes na medida em que novos fatos são - possibilidade que oferecem de construção de uma visão
conhecidos, permitindo que novas ideias surjam. Por meio de de mundo integrada e relacional;
algumas perguntas e da colocação de algumas dúvidas pelo - possibilidade de ampliação do repertório de
professor, as crianças poderão aprender a observar seu conhecimentos a respeito do mundo social e natural.
entorno de forma mais intencional e a descrever os elementos
que o caracterizam, percebendo múltiplas relações que se Propõe-se que os conteúdos sejam trabalhados junto às
estabelecem e que podem, igualmente, ser estabelecidas com crianças, prioritariamente, na forma de projetos que integrem
outros lugares e tempos. diversas dimensões do mundo social e natural, em função da
Dada a grande diversidade de temas que este eixo oferece, diversidade de escolhas possibilitada por este eixo de
é preciso estruturar o trabalho de forma a escolher os assuntos trabalho.

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Crianças de zero a três anos diferentes tipos de objetos. O professor pode colocar diversos
materiais e objetos na sala, dispostos de forma acessível:
O trabalho nessa faixa etária acontece inserido e integrado objetos que produzem sons, como chocalhos de vários tipos,
no cotidiano das crianças. Não serão selecionados blocos de tambores com baquetas etc.; brinquedos; livros; almofadas;
conteúdos, mas destacam-se ideias relacionadas aos objetivos materiais para construção, que possam ser empilhados e
definidos anteriormente e que podem estar presentes nos justapostos etc. As atividades que permitem observar e lidar
mais variados contextos que integram a rotina infantil, quais com transformações decorrentes de misturas de elementos e
sejam: materiais são sempre interessantes para crianças pequenas.
Elaborar receitas culinárias, fazer massas caseiras, tintas que
- participação em atividades que envolvam histórias, não sejam tóxicas ou as mais diversas misturas pelo simples
brincadeiras, jogos e canções que digam respeito às tradições prazer do manuseio são possibilidades de trabalho. Portanto,
culturais de sua comunidade e de outros grupos; oferecer diversos materiais, como terra, areia, farinha,
- exploração de diferentes objetos, de suas propriedades e pigmentos etc., que, misturados entre si ou com diferentes
de relações simples de causa e efeito; meios, como água, leite, óleo etc., passam por processos de
- contato com pequenos animais e plantas; transformação, ocasionando diferentes resultados,
- conhecimento do próprio corpo por meio do uso e da proporciona às crianças experiências interessantes.
exploração de suas habilidades físicas, motoras e perceptivas. As crianças podem gradativamente desenvolver uma
percepção integrada do próprio corpo por meio de seu uso na
Orientações didáticas realização de determinadas ações pertinentes ao cotidiano.
Devem ser evitadas as atividades que focalizam o corpo de
A observação e a exploração do meio constituem-se duas forma fragmentada e desvinculada das ações que as crianças
das principais possibilidades de aprendizagem das crianças realizam. É importante que elas possam perceber seu corpo
desta faixa etária. É dessa forma que poderão, gradualmente, como um todo integrado que envolve tanto os diversos órgãos
construir as primeiras noções a respeito das pessoas, do seu e funções como as sensações, as emoções, os sentimentos e o
grupo social e das relações humanas. A interação com adultos pensamento. A aprendizagem dos nomes das partes do corpo
e crianças de diferentes idades, as brincadeiras nas suas mais e de algumas de suas funções também deve ser feita de forma
diferentes formas, a exploração do espaço, o contato com a contextualizada, por meio de situações reais e cotidianas.
natureza, se constituem em experiências necessárias para o
desenvolvimento e aprendizagem infantis. Crianças de quatro a seis anos
O contato com pequenos animais, como formigas e tatus-
bola, peixes, tartarugas, patos, passarinhos etc. pode ser Nesta faixa etária aprofundam-se os conteúdos indicados
proporcionado por meio de atividades que envolvam a para as crianças de zero a três anos, ao mesmo tempo em que
observação, a troca de ideias entre as crianças, o cuidado e a outros são acrescentados. Os conteúdos estão organizados em
criação com ajuda do adulto. O professor pode, por exemplo, cinco blocos: “Organização dos grupos e seu modo de ser, viver
promover algumas excursões ao espaço externo da instituição e trabalhar”; “Os lugares e suas paisagens”; “Objetos e
com o objetivo de identificar e observar a diversidade de processos de transformação”; “Os seres vivos” e “Fenômenos
pequenos animais presentes ali. da natureza”.
A criação de alguns animais na instituição, como A organização dos conteúdos em blocos visa assim a
tartarugas, passarinhos ou peixes, também pode ser realizada contemplar as principais dimensões contidas neste eixo de
com a participação das crianças nas atividades de alimentação, trabalho, oferecendo visibilidade às especificidades dos
limpeza etc. Por meio desse contato, as crianças poderão diferentes conhecimentos e conteúdos. Deve-se ter claro, no
aprender algumas noções básicas necessárias ao trato com os entanto, que essa divisão é didática, visando a facilitar a
animais, como a necessidade de lavar as mãos antes e depois organização da prática do professor. Os conteúdos, sempre
do contato com eles, a possibilidade ou não de segurar cada que possível, deverão ser trabalhados de maneira integrada,
animal e as formas mais adequadas para fazê-lo, a evitando-se fragmentar a vivência das crianças.
identificação dos perigos que cada um oferece, como Os procedimentos indispensáveis para a aprendizagem
mordidas, bicadas etc. das crianças neste eixo de trabalho e que se aplicam a todos os
Cuidar de plantas e acompanhar seu crescimento podem se blocos foram abordados de forma destacada. São eles:
constituir em experiências bastante interessantes para as
crianças. O professor pode cultivar algumas plantas em Organização dos grupos e seu modo de ser, viver e
pequenos vasos ou floreiras, propiciando às crianças trabalhar
acompanhar suas transformações e participar dos cuidados
que exigem, como regar, verificar a presença de pragas etc. Se As crianças, desde que nascem, participam de diversas
houver possibilidade, as crianças poderão, com o auxílio do práticas sociais no seu cotidiano, dentro e fora da instituição
professor, participar de partes do processo de preparação e de educação infantil. Dessa forma, adquirem conhecimentos
plantio de uma horta coletiva no espaço externo. sobre a vida social no seu entorno. A família, os parentes e os
O trabalho com as brincadeiras, músicas, histórias, jogos e amigos, a instituição, a igreja, o posto de saúde, a venda, a rua
danças tradicionais da comunidade favorece a ampliação e a entre outros, constituem espaços de construção do
valorização da cultura de seu grupo pelas crianças. O professor conhecimento social. Na instituição de educação infantil, a
deve propiciar o acesso das crianças a esses conteúdos, criança encontra possibilidade de ampliar as experiências que
inserindo-os nas atividades e no cotidiano da instituição. Fazer traz de casa e de outros lugares, de estabelecer novas formas
um levantamento das músicas, jogos e brincadeiras do tempo de relação e de contato com uma grande diversidade de
que seus pais e avós eram crianças pode ser uma atividade costumes, hábitos e expressões culturais, cruzar histórias
interessante que favorece a ampliação do repertório histórico individuais e coletivas, compor um repertório de
e cultural das crianças. conhecimentos comuns àquele grupo etc.
Para desenvolver noções relacionadas às propriedades dos Os conteúdos deste bloco são:
diferentes objetos e suas possibilidades de transformação, é
necessário que as crianças possam, desde pequenas, brincar - participação em atividades que envolvam histórias,
com eles, explorá-los e utilizá-los de diversas formas. As brincadeiras, jogos e canções que digam respeito às tradições
crianças devem ter liberdade para manusear e explorar culturais de sua comunidade e de outras;

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- conhecimento de modos de ser, viver e trabalhar de crianças aprendem a observá-los de forma intencional,
alguns grupos sociais do presente e do passado; orientada por questões que elas se colocam ou que os adultos
- identificação de alguns papéis sociais existentes em seus à sua volta lhes propõem. Elas podem ser convidadas a
grupos de convívio, dentro e fora da instituição; reconhecer os componentes da paisagem por meio de algumas
- valorização do patrimônio cultural do seu grupo social e questões colocadas pelo professor, realizadas em função do
interesse por conhecer diferentes formas de expressão tema que está sendo trabalhado: “Que animais e plantas
cultural. convivem conosco?”, “Existem animais e plantas que só
podemos perceber em determinadas épocas do ano?”, “Quais
Orientações didáticas os sons que marcam este lugar?”. Temas relacionados ao
relevo, ao clima, à presença da água nos rios, lagos ou no mar,
O trabalho com estes conteúdos pode fomentar, entre as às construções, ao trabalho, aos meios de transporte e de
crianças, reflexões sobre a diversidade de hábitos, modos de comunicação, à vida no campo e na cidade podem ser
vida e costumes de diferentes épocas, lugares e povos, e abordados com as crianças, em função do significado que
propiciar o conhecimento da diversidade de hábitos existentes podem ter para elas e das intenções pedagógicas definidas
no seu universo mais próximo (as crianças da própria turma, pelo professor. É fundamental, porém, que as crianças possam
os vizinhos do bairro etc.). Esse trabalho deve incluir o estabelecer relações entre os temas tratados e o seu cotidiano,
respeito às diferenças existentes entre os costumes, valores e vinculando aspectos sociais e naturais. “Como será a vida das
hábitos das diversas famílias e grupos, e o reconhecimento de crianças que moram na praia, perto de um grande rio ou
semelhanças. Deve se ter sempre a preocupação para não floresta?”, “Como é viver em uma cidade muito grande ou
expor as crianças a constrangimentos e não incentivar a muito pequena?”, “Será que todas as crianças utilizam os
discriminação. mesmos meios de transporte que utilizamos? Será que elas
O professor deve eleger temas que possibilitem tanto o brincam das mesmas brincadeiras? Quais serão os alimentos
conhecimento de hábitos e costumes socioculturais diversos preferidos delas?” são algumas das questões que se pode
quanto a articulação com aqueles que as crianças conhecem, tentar responder ao desenvolver um trabalho sobre a vida das
como tipos de alimentação, vestimentas, músicas, jogos e pessoas em diferentes paisagens brasileiras
brincadeiras, brinquedos, atividades de trabalho e lazer etc. Outro aspecto que pode ser trabalhado está relacionado
Assim, as crianças podem aprender a estabelecer relações com as mudanças que ocorrem na paisagem local, conforme a
entre o seu dia-a-dia e as vivências socioculturais, históricas e variação do dia e da noite, a sucessão das estações do ano, a
geográficas de outras pessoas, grupos ou gerações. passagem dos meses e dos anos, à época das festas etc. A
É importante que as crianças possam também aprender a paisagem é dinâmica e observar as mudanças e as
indagar e a reconhecer relações de mudanças e permanências permanências que ocorrem no lugar onde as crianças vivem é
nos costumes. Para isso, as vivências de seus pais, avós, uma estratégia interessante para que elas percebam esse
parentes, professores e amigos podem ser de grande ajuda. dinamismo. Aqui também é fundamental que elas aprendam a
Nesse caso, a intenção é que reflitam sobre o que é específico estabelecer relações entre essas mudanças, reconhecendo os
da época em que vivem e da cultura compartilhada no seu vínculos que existem, por exemplo, entre a época do ano e a
meio social. vida das plantas, dos animais e das pessoas de uma forma
geral.
Os lugares e suas paisagens Ao observar a paisagem, as crianças poderão também
constatar as variações decorrentes da ação humana,
Os componentes da paisagem são tanto decorrentes da observando, por exemplo, as construções do lugar onde vivem:
ação da natureza como da ação do homem em sociedade. A “Para que e quando foram feitas?”, “Com que materiais?”, “O
percepção dos elementos que compõem a paisagem do lugar que existe de semelhante e de diferente entre elas?”, “Elas
onde vive é uma aprendizagem fundamental para que a sempre foram assim ou sofreram transformações?”, “Como são
criança possa desenvolver uma compreensão cada vez mais as construções de outros lugares?”, “As pessoas utilizam-nas
ampla da realidade social e natural e das formas de nela com as mesmas finalidades?”. Questões semelhantes poderão
intervir. Se por um lado, os fenômenos da natureza ser feitas focando outros temas, como o trabalho, a origem e
condicionam a vida das pessoas, por outro lado, o ser humano produção dos alimentos, as festas e comemorações etc.
vai modificando a paisagem à sua volta, transformando a No trabalho com este bloco de conteúdos, o professor
natureza e construindo o lugar onde vive em função de poderá recorrer a diferentes encaminhamentos. Poderá
necessidades diversas — para morar, trabalhar, plantar, se conversar com as crianças utilizando como suporte
divertir, se deslocar etc. O fato da organização dos lugares ser fotografias, cartões postais e outros tipos de imagens que
fruto da ação humana em interação com a natureza abre a retratem as paisagens variadas. Poderá também trabalhar com
possibilidade de ensinar às crianças que muitas são as formas textos informativos e literários, músicas, documentários e
de relação com o meio que os diversos grupos e sociedades filmes que façam referências a outras paisagens. A conversa
possuem no presente ou possuíam no passado. São conteúdos com pessoas da comunidade é outro recurso que pode ser
deste bloco: utilizado, principalmente com aquelas que testemunharam as
transformações pelas quais a paisagem do lugar já passou.
- observação da paisagem local (rios, vegetação, As vivências e percepções dessas pessoas é uma
construções, florestas, campos, dunas, açudes, mar, importante fonte de informação que o professor poderá
montanhas etc.); resgatar convidando-as para compartilharem com as crianças
- utilização, com ajuda dos adultos, de fotos, relatos e suas lembranças e experiências de vida.
outros registros para a observação de mudanças ocorridas nas O contato com representações como as plantas de rua, os
paisagens ao longo do tempo; mapas, globos terrestres e outros tipos de representação,
- valorização de atitudes de manutenção e preservação dos como os desenhos feitos pelos adultos para indicar percursos
espaços coletivos e do meio ambiente. (chamados croquis) poderá ocorrer com a mediação do
professor. Esse contato permitirá às crianças reconhecerem a
Orientações didáticas função social atribuída a essas representações nos contextos
cotidianos e de trabalho, e se aproximarem das características
A percepção dos componentes da paisagem local e de da linguagem gráfica utilizada pela cartografia. Algumas
outras paisagens pode se ampliar na medida em que as brincadeiras, como caça ao tesouro, por exemplo, apresentam

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desafios relacionados à representação gráfica do espaço e sobre suas características, funções e usos em contextos
podem ser desenvolvidas com as crianças desta faixa etária. significativos para elas.

Objetos e processos de transformação Os seres vivos

Há uma grande variedade de objetos presentes no meio em O ser humano, os outros animais e as plantas provocam
que a criança está inserida, com diferentes características, bastante interesse e curiosidade nas crianças: “Por que a
naturalmente constituídos ou elaborados em função dos usos lagartixa não cai do teto?”, “Existem plantas carnívoras?”, “Por
e estéticas de diferentes épocas, com maior ou menor que algumas flores exalam perfume e outras não?”, “O que
resistência, que se transformam ao longo do tempo, que aconteceria se os sapos comessem insetos até que eles
reagem de formas diferentes às ações que lhes são impressas, acabassem?”. São muitas as questões, hipóteses, relações e
que possuem mecanismos que consomem energia etc. associações que as crianças fazem em torno deste tema. Em
Conhecer o mundo implica conhecer as relações entre os função disso, o trabalho com os seres vivos e suas intricadas
seres humanos e a natureza, e as formas de transformação e relações com o meio oferece inúmeras oportunidades de
utilização dos recursos naturais que as diversas culturas aprendizagem e de ampliação da compreensão que a criança
desenvolveram na relação com a natureza e que resultam, tem sobre o mundo social e natural. A construção desse
entre outras coisas, nos diversos objetos disponíveis ao grupo conhecimento também é uma das condições necessárias para
social ao qual as crianças pertencem, sejam eles ferramentas, que as crianças possam, aos poucos, desenvolver atitudes de
máquinas, instrumentos musicais, brinquedos, aparelhos respeito e preservação à vida e ao meio ambiente, bem como
eletrodomésticos, construções, meios de transporte ou de atitudes relacionadas à sua saúde.
comunicação, por exemplo. São conteúdos deste bloco:
São conteúdos deste bloco:
- estabelecimento de algumas relações entre diferentes
- participação em atividades que envolvam processos de espécies de seres vivos, suas características e suas
confecção de objetos; necessidades vitais;
- reconhecimento de algumas características de objetos - conhecimento dos cuidados básicos de pequenos animais
produzidos em diferentes épocas e por diferentes grupos e vegetais por meio da sua criação e cultivo;
sociais; - conhecimento de algumas espécies da fauna e da flora
- conhecimento de algumas propriedades dos objetos: brasileira e mundial;
refletir, ampliar ou inverter as imagens, produzir, transmitir - percepção dos cuidados necessários à preservação da
ou ampliar sons, propriedades ferromagnéticas etc.; vida e do ambiente;
- cuidados no uso dos objetos do cotidiano, relacionados à - valorização da vida nas situações que impliquem
segurança e prevenção de acidentes, e à sua conservação. cuidados prestados a animais e plantas;
- percepção dos cuidados com o corpo, à prevenção de
Orientações didáticas acidentes e à saúde de forma geral;
- valorização de atitudes relacionadas à saúde e ao bem-
Para que os objetos possam ser utilizados como fonte de estar individual e coletivo.
conhecimentos para as crianças, é necessário criar situações
de aprendizagem nas quais seja possível observar e perceber Orientações didáticas
suas características e propriedades não evidentes. Para que
isso ocorra é preciso oferecer às crianças novas informações e O contato com animais e plantas, a participação em
propiciar experiências diversas. O professor pode organizar práticas que envolvam os cuidados necessários à sua criação e
uma atividade para a confecção de objetos variados, como cultivo, a possibilidade de observá-los, compará-los e
brinquedos feitos de madeira, tecido, papel e outros tipos de estabelecer relações é fundamental para que as crianças
materiais, alguns jogos de tabuleiro e de mesa, como dama ou possam ampliar seu conhecimento acerca dos seres vivos. O
dominó, ou objetos para uso cotidiano feitos de embalagens de professor pode criar situações para que elas percebam os
papelão e plástico, por exemplo. Pode também oferecer às animais que compartilham o mesmo espaço que elas: “Quais
crianças diferentes tipos de materiais (pedaços de madeira, são esses animais?”, “Onde vivem?”, “Existem épocas em que
tecidos, cordas, embalagens etc.) e propor alguns problemas eles desaparecem?”, “Nas árvores da redondeza vivem muitos
para as crianças resolverem e poderem aplicar os bichos?”, “E nas ruas, que tipos de animais se encontram?”,
conhecimentos que possuem, como, por exemplo, construir “Eles podem ser vistos de noite e de dia?”. Formigas, caracóis,
uma ponte de modo que ela não caia, montar uma cabana, tatus-bola, borboletas, lagartas etc. podem ser observados no
descobrir se um barco feito de pedaços de madeira ou de papel jardim da instituição, pesquisados em livros ou mantidos
flutua etc. temporariamente na sala. Oferecer oportunidades para que as
As crianças podem ser convidadas a conhecer diferentes crianças possam expor o que sabem sobre os animais que têm
objetos e modos de usá-los por meio de fontes escritas, em casa, como cachorros, gatos etc., também é uma forma de
ilustrações ou de entrevistas com pessoas da comunidade. promover a aprendizagem sobre os seres vivos. O cultivo de
Também poderão ser realizadas perguntas e colocações plantas também pode ser realizado por meio da manutenção
relacionadas ao uso que é dado a diferentes objetos pelas de pequenos vasos na sala ou do cultivo de uma horta no
crianças e pelos adultos; às transformações pelas quais espaço externo da instituição. Algumas hortaliças e plantas
passam ao longo do tempo; aos materiais de que são feitos; à frutíferas podem ser cultivadas em vasos, como é o caso do
sua confecção em outros tempos ou ainda àqueles objetos tomate, do morango, da pimenta, da salsinha e de vários
feitos por grupos que vivem em outros lugares ou viveram em temperos. No caso de haver possibilidade de se manter
outros tempos. pequenos animais e plantas no espaço da sala, as atividades de
O professor deverá também trabalhar de forma constante observação, registro etc. podem integrar a rotina diária. Da
e permanente com as atitudes de cuidado necessárias para mesma forma, se for possível manter uma horta na instituição,
lidar com os diferentes objetos, de forma a evitar o as crianças também podem observar o crescimento das
desperdício, conservá-los e prevenir acidentes. Para isso é hortaliças e vegetais, além de aproveitá-los nas refeições. Cabe
necessário que as crianças possam interagir com os diferentes ao professor planejar os momentos de visita e de cuidados,
objetos, fazer uso deles e receber do professor as informações integrando-os na rotina como atividades permanentes.

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Na educação infantil, é possível realizar um trabalho por permitindo que as crianças reflitam sobre como ele ocorre,
meio do qual as crianças possam conhecer o seu corpo, e o que pode-se também observar a sua interferência na vida humana
acontece com ele em determinadas situações, como quando e as suas consequências, como a situação das ruas, das plantas
correm bastante, quando ficam muitas horas sem comer etc. e das árvores, os odores, o movimento das pessoas, a erosão
Partindo sempre das ideias e representações que as crianças causada nos locais onde há terra descoberta etc. Da mesma
possuem, o professor pode fazer perguntas instigantes e forma, pode-se trazer, para conhecimento das crianças, livros,
oferecer meios para que as crianças busquem maiores fotos e ilustrações de diversos fenômenos ocorridos em outras
informações e possam reformular suas ideias iniciais. regiões e suas consequências, como, por exemplo, a neve, os
Ao conhecer o funcionamento do corpo, as crianças furacões, os vulcões etc.
poderão aprender também a cuidar de si de forma a evitar O trabalho com os fenômenos naturais também é uma
acidentes e manter a saúde: “Que cuidados ter para não se excelente oportunidade para a aprendizagem de alguns
machucar durante uma brincadeira?”, “Por que é importante procedimentos, como a observação, a comparação e o registro,
tomar água após um esforço físico prolongado?”. O trabalho entre outros.
com este bloco de conteúdo poderá ocorrer de forma Há muitas atividades que podem ser desenvolvidas com as
concomitante ao trabalho com os conteúdos propostos no crianças que permitem a observação dos efeitos de luz, calor,
documento de Identidade e Autonomia, no capítulo que se força e movimento. As atividades de cozimento de alimentos,
refere à Saúde, promovendo aprendizagens relacionadas aos por exemplo, oferecem uma ótima oportunidade para que as
cuidados com o corpo, à prevenção de acidentes, à saúde e ao crianças possam observar as transformações ocasionadas pelo
bem-estar. calor. Um trabalho interessante para se desenvolver junto com
as crianças são os jogos que envolvem luz e sombra. Por meio
Os fenômenos da natureza de diferentes atividades, as crianças poderão refletir sobre as
diversas fontes de luz possíveis de serem utilizadas — desde a
A seca, as chuvas e as tempestades, as estrelas e os luz natural do dia ou aquela proveniente do fogo, até as
planetas, os vulcões, os furacões etc. são assuntos que artificiais originadas por lanternas ou abajures. Poderão
despertam um grande interesse nas crianças. Alguns são também perceber quais são os materiais que permitem ou não
fenômenos presenciados e vividos pelas crianças, outros são a passagem da luz e selecioná-los em função da atividade que
conhecidos por serem comumente veiculados pelos meios de desejam realizar: se querem ver as sombras projetadas,
comunicação e outros por estarem presentes no imaginário deverão escolher materiais ou superfícies que não permitem a
das pessoas e nos mitos, nas lendas e nos contos. Algumas passagem da luz, como panos grossos; se querem modificar a
perguntas, como “Por que as sombras dos objetos mudam de cor da luz, poderão escolher tecidos e papéis translúcidos e
lugar ao longo do dia?”, “As estrelas são fixas no céu ou será coloridos etc. As crianças poderão observar como se faz para a
que elas se movimentam?”, “Como fica a cidade depois de uma sombra crescer ou diminuir na parede e observar como isso
pancada forte de chuva?”, ou “O que acontece quando fica também ocorre em função da posição do sol, durante o dia. O
muito tempo sem chover?”, podem desencadear um trabalho professor deve buscar informações que possam ser úteis para
intencional, favorecendo a percepção sobre a complexidade e essa aprendizagem.
diversidade dos fenômenos da natureza e o desenvolvimento
de capacidades importantes relacionadas à curiosidade, à Orientações gerais para o professor
dúvida diante do evidente, à elaboração de perguntas, ao
respeito ao ambiente etc. Ampliar o conhecimento das crianças em relação a fatos e
A compreensão de que há uma relação entre os fenômenos acontecimentos da realidade social e sobre elementos e
naturais e a vida humana é um importante aprendizado para a fenômenos naturais requer do professor trabalhar com suas
criança. A partir de questionamentos sobre tais fenômenos, as próprias ideias, conhecimentos e representações sociais
crianças poderão refletir sobre o funcionamento da natureza, acerca dos assuntos em pauta. É preciso, também, que os
seus ciclos e ritmos de tempo e sobre a relação que o homem professores reflitam e discutam sobre seus preconceitos,
estabelece com ela, o que lhes possibilitará, entre outras evitando transmiti-los nas relações com as crianças. Todo
coisas, ampliar seus conhecimentos, rever e reformular as trabalho pedagógico implica transmitir, conscientemente ou
explicações que possuem sobre eles. não, valores e atitudes relacionados ao ato de conhecer. Por
São conteúdos deste bloco: exemplo, o respeito pelo pensamento do outro e por opiniões
- estabelecimento de relações entre os fenômenos da divergentes, a valorização da troca de ideias, a posição
natureza de diferentes regiões (relevo, rios, chuvas, secas etc.) reflexiva diante de informações são algumas entre outras
e as formas de vida dos grupos sociais que ali vivem; atitudes que o professor deve possuir. É preciso também
- participação em diferentes atividades envolvendo a avançar para além das primeiras ideias e concepções acerca
observação e a pesquisa sobre a ação de luz, calor, som, força dos assuntos que se pretende trabalhar com as crianças. A
e movimento. atuação pedagógica neste eixo necessita apoiar-se em
conhecimentos específicos derivados dos vários campos de
Orientações didáticas conhecimento que integram as Ciências Humanas e Naturais.
Buscar respostas, informações e se familiarizar com conceitos
As atividades relacionadas com os fenômenos da natureza, e procedimentos dessas áreas se faz necessário.
além de tratarem de um tema que desperta bastante interesse Para que a criança avance na construção de novos
nas crianças, permitem que se trabalhe de forma privilegiada conhecimentos é importante que o professor desenvolva
a relação que o homem estabelece com a natureza. Podem ser algumas estratégias de ensino:
trabalhados por meio da observação direta quando ocorrem - partir de perguntas interessantes — em lugar de
na região onde se situa a instituição de educação infantil, como apresentar explicações, de passar conteúdos utilizando
as chuvas, a seca, a presença de um arco-íris etc., ou de forma didáticas expositivas sobre fatos sociais, elementos ou
indireta, por meio de fotografias, filmes de vídeo, ilustrações, fenômenos da natureza, é necessário propor questões
jornais e revistas etc. que tragam informações a respeito do instigantes para as crianças. Boas perguntas, questionamentos
assunto. Sair para um passeio na região próxima à instituição interessantes, dúvidas que mobilizem o processo de indagação
após uma pancada de chuva, para observar os efeitos causados acerca dos elementos, objetos e fatos são imprescindíveis para
na paisagem, por exemplo, pode ser bastante interessante. Ao o trabalho com este eixo. As boas perguntas além de
mesmo tempo em que se destaca um fenômeno natural, promoverem o interesse da criança, possibilitam que se

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conheça o que pensam e sabem sobre o assunto. É importante local, das características de paisagens distantes, daquilo que se
que as perguntas ou problematizações formuladas pelo transformou no lugar onde as crianças vivem.
professor permitam às crianças relacionar o que já sabem ou É interessante que os materiais informativos e
dominam com o novo conhecimento. Esse tipo de explicativos, trabalhados como fontes de informação — sejam
questionamento pode estar baseado em aspectos práticos do eles textos, imagens, filmes, objetos, depoimentos de pessoas
dia-a-dia da criança, relacionados ao modo de vida de seu etc. —, apresentem informações divergentes ou
grupo social (seus hábitos alimentares, sua forma de se vestir, complementares na maneira como explicam o assunto
o trabalho e as profissões que seus familiares realizam, por abordado. Isso será especialmente importante para as
exemplo); ou ainda ser formulado a partir de fotografias, crianças, que a partir de informações diversas poderão ter
notícias de jornais, histórias, lendas, filmes, documentários, mais elementos sobre os quais refletir.
uma exposição que esteja ocorrendo na cidade, a As fontes de informação devem ser apresentadas,
comemoração de um acontecimento histórico, um evento debatidas ou pesquisadas quanto ao lugar em que foram
esportivo etc.; obtidas, sua autoria e a época em que foram feitas. É
- considerar os conhecimentos das crianças sobre o importante que as crianças tenham a oportunidade de saber
assunto a ser trabalhado — a interação das crianças com os que existem estudiosos, jornalistas, artistas, fotógrafos, entre
adultos, com outras crianças, com os objetos e o meio social e outros profissionais, que produzem as versões, as explicações,
natural permitem que elas ampliem seus conhecimentos e as representações e diferentes registros. Ou seja, que as fontes
elaborem explicações e “teorias” cada vez mais complexas de informação também são produtos da pesquisa e do trabalho
sobre o mundo. Estes conhecimentos elaborados pelas de muitas pessoas.
crianças oferecem explicações para as questões que as É possível montar junto com as crianças um acervo dos
preocupam. São construções muito particulares e próprias do materiais obtidos — cartazes, livros, objetos etc. — sobre os
jeito das crianças serem e estarem no mundo. É fundamental diversos assuntos, para que possam recorrer a eles se
considerar esses conhecimentos, pois isso permite ao precisarem ou se interessarem.
professor planejar uma sequência de atividades que
possibilite uma aprendizagem significativa para as crianças, Diferentes formas de sistematização dos
nas quais elas possam reconhecer os limites de seus conhecimentos
conhecimentos, ampliá-los e/ou reformulá-los;
- utilizar diferentes estratégias de busca de informações — O processo de investigação de um tema, por meio dos
os conhecimentos das crianças podem ser ampliados na problemas identificados, da coleta de dados e da busca de
medida em que elas percebam a existência de algumas lacunas informações para confirmá-las, refutá-las ou ampliá-las,
nas ideias que possuem e possam obter respostas para as resulta na construção de conhecimentos que devem ser
perguntas que têm. É necessário, portanto, prever atividades organizados e registrados como produtos concretos dessa
que facilitem a busca de novas informações por meio de várias aprendizagem. O registro pode ser apresentado em diferentes
formas; linguagens e formas: textos coletivos ou individuais, murais
- coleta de dados — as crianças poderão pesquisar ilustrados, desenhos, maquetes, entre outros. A sistematização
informações em diferentes fontes, na forma de pesquisas, acontece não só ao final do processo, mas principalmente no
entrevistas, histórias de vida e pedidos de informações às decorrer dele. É possível planejar situações em que os
famílias, sempre com a ajuda do professor e de outras pessoas resultados de uma pesquisa de um grupo de crianças possam
adultas. As pesquisas se constituem de perguntas sobre ser socializados também para outros grupos da instituição.
determinado assunto, dirigidas a diferentes pessoas, Nesse momento, as crianças recuperam todas as etapas do
elaboradas pelas crianças com ajuda do professor. A história processo vivido para poderem construir seu relato sobre ele,
de vida é uma excelente forma de coleta de dados, por meio da selecionam materiais a serem expostos e decidem sobre a
reconstrução da trajetória de uma pessoa, que possibilita o configuração da mostra.
acesso às informações sobre a comunidade, a vida em tempos É interessante também que o professor organize registros
passados ou ainda sobre as transformações que a paisagem coletivos do trabalho realizado, confeccionando, com as
local já sofreu; crianças, álbuns, diários ou cadernos de anotações de campo
- experiência direta — os passeios com as crianças nos nos quais elas possam escrever ou desenhar aquilo que
arredores da instituição de educação infantil ou em locais mais aprenderam durante o trabalho. O registro escrito poderá ser
distantes, a ida a museus, centros culturais, granjas, feiras, feito em diferentes momentos da pesquisa, com o objetivo de
teatros, zoológicos, jardins botânicos, parques, exposições, relembrar as informações obtidas e as conclusões a que as
percursos de rios, matas preservadas ou transformadas pela crianças chegaram.
ação do homem etc. permitem a observação direta da
paisagem, a exploração ativa do meio natural e social, Cooperação
ampliando a possibilidade de observação da criança. A
observação direta de Considerando que o desenvolvimento de atitudes
cooperativas e solidárias, entre outras, é um dos objetivos da
Diversidade de recursos materiais educação infantil, e considerando as especificidades da faixa
etária abrangida, torna-se imprescindível que a instituição
Os recursos materiais usados pelo professor não precisam trabalhe para propor à criança a cooperação como desafio, de
ser necessariamente materiais didáticos tampouco forma que ela reconheça seus limites como próprios dessa
circunscritos àquilo que a instituição possui. Há várias idade, ao mesmo tempo em que se sinta instigada a ultrapassá-
organizações governamentais e não governamentais que los. Nesse sentido, o trabalho com este eixo pode promover a
dispõem de um acervo de livros, filmes etc. e que podem ser capacidade das crianças para cooperarem com seus colegas,
requisitados para empréstimo. por meio das situações de explicação e argumentação de ideias
É importante que o professor considere as pessoas da e opiniões, bem como por meio dos projetos, nos quais a
comunidade, principalmente as mais idosas, como participação de cada criança é imprescindível para a
importantes fontes de informação e convide-as para realização de um produto coletivo.
compartilhar com as crianças os conhecimentos que possuem
a respeito do modo de ser, viver e trabalhar da comunidade

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Atividades permanentes Organização do espaço

Atividades permanentes que podem ser desenvolvidas O espaço da sala deve ser organizado de modo a privilegiar
referem-se principalmente aos cuidados com os animais e a independência da criança no acesso e manipulação dos
plantas criados e cultivados na sala ou no espaço externo da materiais disponíveis ao trabalho, e deve traduzir, na forma
instituição. O professor pode estabelecer um rodízio ou como é organizado, a memória do trabalho desenvolvido pelas
marcar um horário diário para que se possa aguar as plantas, crianças. Tudo aquilo que foi produzido, trazido ou coletado
dar comida aos animais, observá-los, fazer a limpeza pelo grupo deve estar exposto e ao alcance de todos,
necessária no local etc. constituindo-se referência para outras produções e
Outro exemplo de atividade permanente são os cuidados encaminhamentos.
com o meio ambiente, relacionados à organização e O grupo deverá participar tanto da montagem e
conservação dos materiais e espaços coletivos, à coleta organização do espaço quanto da sua manutenção. As
seletiva de lixo, à economia de energia e água etc. Diariamente, produções expostas, sempre referentes ao momento vivido
o professor poderá organizar o grupo para recolher o lixo e/ou temas pesquisados, podem ser recolhidas ao término do
produzido nas brincadeiras e atividades. projeto e levadas pelas crianças para casa, que poderão
compartilhá-las, recuperando a história das etapas vividas
Jogos e brincadeiras junto a seus familiares.

Os momentos de jogo e de brincadeira devem se constituir Observação, registro e avaliação formativa


em atividades permanentes nas quais as crianças poderão
estar em contato também com temas relacionados ao mundo O momento de avaliação implica numa reflexão do
social e natural. O professor poderá ensinar às crianças jogos professor sobre o processo de aprendizagem e sobre as
e brincadeiras de outras épocas, propondo pesquisas junto aos condições oferecidas por ele para que ela pudesse ocorrer.
familiares e outras pessoas da comunidade e/ ou em livros e Assim, caberá a ele investigar sobre a adequação dos
revistas. Para a criança é interessante conhecer as regras das conteúdos escolhidos, sobre a adequação das propostas
brincadeiras de outros tempos, observar o que mudou em lançadas, sobre o tempo e ritmo impostos ao trabalho, tanto
relação às regras atuais, saber do que eram feitos os quanto caberá investigar sobre as aquisições das crianças em
brinquedos etc. vista de todo o processo vivido, na sua relação com os objetivos
propostos.
Projetos A avaliação não se dá somente no momento final do
trabalho. É tarefa permanente do professor, instrumento
A elaboração de projetos é, por excelência, a forma de indispensável à constituição de uma prática pedagógica e
organização didática mais adequada para se trabalhar com educacional verdadeiramente comprometida com o
este eixo, devido à natureza e à diversidade dos conteúdos que desenvolvimento das crianças.
ele oferece e também ao seu caráter interdisciplinar. A observação também deve ser planejada para que o
A articulação entre as diversas áreas que compõem este professor possa perceber manifestações importantes das
eixo é um dos fatores importantes para a aprendizagem dos crianças. Por meio dela, pode-se conhecer mais acerca do que
conteúdos propostos. A partir de um projeto sobre animais, as crianças sabem fazer, do que pensam a respeito dos
por exemplo, o professor pode ampliar o trabalho, trazendo fenômenos que observam, do que ainda lhes é difícil entender,
informações advindas do campo da História ou da Geografia. assim como conhecer mais sobre os interesses que possuem. A
Inúmeras culturas atribuem a certos animais valores prática de observar as crianças indica caminhos para
simbólicos (míticos e religiosos) e existem muitas histórias a selecionar conteúdos e propor desafios, a partir dos objetivos
respeito. A partir de uma pergunta, como, por exemplo, “Qual que se pretende alcançar por meio deles. O trabalho de
o maior animal existente na terra?”, as crianças, além de reflexão do professor se faz pela observação e pelo registro.
exporem suas ideias, poderão pesquisar o que pensam as O registro é entendido aqui como fonte de informação
outras crianças, os adultos da instituição, os familiares etc. As valiosa sobre as crianças, em seu processo de aprender, e
lendas, as fábulas e os contos sobre grandes animais, presentes sobre o professor, em seu processo de ensinar. O registro é o
nos repertórios e memórias populares, podem se tornar acervo de conhecimentos do professor, que lhe possibilita
excelentes recursos para confronto de ideias. Os recuperar a história do que foi vivido, tanto quanto lhe
conhecimentos científicos sobre animais pré-históricos e possibilita avaliá-la propondo novos encaminhamentos.
sobre os animais de grande porte existentes hoje, sua relação No que se refere à aprendizagem neste eixo, são
com a vida humana, onde e como vivem, a necessidade de sua consideradas como experiências prioritárias para as crianças
preservação etc. são informações valiosas para que as crianças de zero a três anos participar das atividades que envolvam a
possam pensar sobre o assunto. Ao final, as crianças poderão exploração do ambiente imediato e a manipulação de objetos.
desenhar coletivamente, por etapas, um animal entre aqueles Para tanto, é preciso que sejam oferecidas a elas muitas
que passaram a conhecer. Este produto final é interessante, oportunidades de explorar o ambiente e manipular objetos
pois envolve pesquisar medidas, formas de trabalhar para desde o momento em que ingressam na instituição. Andar,
fazer desenhos grandes, envolve a cooperação de adultos da engatinhar, rastejar, rolar, interagir com outras crianças e
instituição para ver onde expor etc. adultos, brincar etc. são algumas das ações que lhes permitirão
Pode-se também desenvolver um projeto sobre o modo de explorar o ambiente e adquirir confiança nas suas
ser, viver e trabalhar das pessoas de épocas passadas. Para capacidades.
isso, podem-se propor entrevistas com os pais e avós, A oferta de materiais diversificados que possibilitem
pesquisas sobre as brincadeiras que as crianças faziam, sobre diferentes experiências e a proposta de atividades
a alimentação etc. Também se pode desenvolver um projeto interessantes também são condições necessárias que
semelhante sobre a vida das crianças de uma determinada incentivam as ações exploratórias das crianças.
região do Brasil ou de uma cultura específica, como a indígena, A partir dos quatro e até os seis anos, uma vez que tenham
por exemplo. tido muitas oportunidades na instituição de educação infantil
de vivenciar experiências envolvendo aprendizagens
significativas relacionadas com este eixo, pode-se esperar que
as crianças conheçam e valorizem algumas das manifestações

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culturais de sua comunidade e manifestem suas opiniões, Presença da matemática na educação infantil: ideias e
hipóteses e ideias sobre os diversos assuntos colocados. Para práticas correntes
tanto, é preciso que o professor desenvolva atividades
variadas relacionadas a festas, brincadeiras, músicas e danças A atenção dada às noções matemáticas na educação
da tradição cultural da comunidade, inserindo-as na rotina e infantil, ao longo do tempo, tem seguido orientações diversas
nos projetos que desenvolve junto com as crianças. Por meio que convivem, às vezes de maneira contraditória, no cotidiano
dessas atividades, elas poderão conhecer e aprender a das instituições. Dentre elas, estão destacadas a seguir aquelas
valorizar sua cultura. Vale lembrar que os valores se mais presentes na educação infantil.
concretizam na prática cotidiana e são construídos pelas
crianças também por meio do convívio social. Assim, o Repetição, memorização e associação
professor e a instituição devem organizar sua prática de forma
a manter a coerência entre os valores que querem desenvolver Há uma ideia corrente de que as crianças aprendem não só
e a ação cotidiana. a Matemática, mas todos os outros conteúdos, por repetição e
O contato com a natureza é de fundamental importância memorização por meio de uma sequência linear de conteúdos
para as crianças e o professor deve oferecer oportunidades encadeados do mais fácil para o mais difícil. São comuns as
diversas para que elas possam descobrir sua riqueza e beleza. situações de memorização de algarismos isolados, por
Fazer passeios por parques e locais de área verde, manter exemplo, ensina-se o 1, depois o 2 e assim sucessivamente.
contato com pequenos animais, pesquisar em livros e Propõem-se exercícios de escrita dos algarismos em situações
fotografias a diversidade da fauna e da flora, principalmente como: passar o lápis sobre numerais pontilhados, colagem de
brasileira, são algumas das formas de se promover o interesse bolinhas de papel crepom sobre numerais, cópias repetidas de
e a valorização da natureza pela criança. um mesmo numeral, escrita repetida da sucessão numérica. Ao
Para que se sintam confiantes para expor suas ideias, mesmo tempo, é comum enfeitar os algarismos, grafando-os
hipóteses e opiniões é preciso que o professor promova com figuras de bichos ou dando-lhes um aspecto humano, com
situações significativas de aprendizagem nas quais as crianças olhos, bocas e cabelos, ou ainda, promovendo associação entre
possam perceber que suas colocações são acolhidas e os algarismos e desenhos, por exemplo, o número 2 associado
contextualizadas e ofereça atividades que as façam avançar a dois patinhos. Acredita-se que, dessa forma, a criança estará
nos seus conhecimentos por meio de problemas que sejam ao construindo o conceito de número.
mesmo tempo desafiadores e possíveis de serem resolvidos. A ampliação dos estudos sobre o desenvolvimento infantil
e pesquisas realizadas no campo da própria educação
MATEMÁTICA matemática permitem questionar essa concepção de
aprendizagem restrita à memorização, repetição e associação.
Introdução

As crianças, desde o nascimento, estão imersas em um Do concreto ao abstrato


universo do qual os conhecimentos matemáticos são parte
integrante. As crianças participam de uma série de situações Outra ideia bastante presente é que, a partir da
envolvendo números, relações entre quantidades, noções manipulação de objetos concretos, a criança chega a
sobre espaço. Utilizando recursos próprios e pouco desenvolver um raciocínio abstrato. A função do professor se
convencionais, elas recorrem a contagem e operações para restringe a auxiliar o desenvolvimento infantil por meio da
resolver problemas cotidianos, como conferir figurinhas, organização de situações de aprendizagem nas quais os
marcar e controlar os pontos de um jogo, repartir as balas materiais pedagógicos cumprem um papel de autoinstrução,
entre os amigos, mostrar com os dedos a idade, manipular o quase como um fim em si mesmo. Essa concepção resulta da
dinheiro e operar com ele etc. Também observam e atuam no ideia de que primeiro trabalha-se o conceito no concreto para
espaço ao seu redor e, aos poucos, vão organizando seus depois trabalhá-lo no abstrato. O concreto e o abstrato se
deslocamentos, descobrindo caminhos, estabelecendo caracterizam como duas realidades dissociadas, em que o
sistemas de referência, identificando posições e comparando concreto é identificado com o manipulável e o abstrato com as
distâncias. Essa vivência inicial favorece a elaboração de representações formais, com as definições e sistematizações.
conhecimentos matemáticos. Fazer matemática é expor ideias Essa concepção, porém, dissocia a ação física da ação
próprias, escutar as dos outros, formular e comunicar intelectual, dissociação que não existe do ponto de vista do
procedimentos de resolução de problemas, confrontar, sujeito. Na realidade, toda ação física supõe ação intelectual. A
argumentar e procurar validar seu ponto de vista, antecipar manipulação observada de fora do sujeito está dirigida por
resultados de experiências não realizadas, aceitar erros, uma finalidade e tem um sentido do ponto de vista da criança.
buscar dados que faltam para resolver problemas, entre outras Como aprender é construir significados e atribuir sentidos, as
coisas. Dessa forma as crianças poderão tomar decisões, ações representam momentos importantes da aprendizagem
agindo como produtoras de conhecimento e não apenas na medida em que a criança realiza uma intenção.
executoras de instruções. Portanto, o trabalho com a
Matemática pode contribuir para a formação de cidadãos Atividades pré-numéricas
autônomos, capazes de pensar por conta própria, sabendo
resolver problemas. Algumas interpretações das pesquisas psicogenéticas
Nessa perspectiva, a instituição de educação infantil pode concluíram que o ensino da Matemática seria beneficiado por
ajudar as crianças a organizarem melhor as suas informações um trabalho que incidisse no desenvolvimento de estruturas
e estratégias, bem como proporcionar condições para a do pensamento lógico-matemático. Assim, consideram-se
aquisição de novos conhecimentos matemáticos. O trabalho experiências-chave para o processo de desenvolvimento do
com noções matemáticas na educação infantil atende, por um raciocínio lógico e para a aquisição da noção de número as
lado, às necessidades das próprias crianças de construírem ações de classificar, ordenar/seriar e comparar objetos em
conhecimentos que incidam nos mais variados domínios do função de diferentes critérios.
pensamento; por outro, corresponde a uma necessidade social Essa prática transforma as operações lógicas e as provas
de instrumentalizá-las melhor para viver, participar e Piagetianas em conteúdos de ensino. A classificação e a
compreender um mundo que exige diferentes conhecimentos seriação têm papel fundamental na construção de
e habilidades. conhecimento em qualquer área, não só em Matemática.

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Quando o sujeito constrói conhecimento sobre conteúdos contexto favorável para propiciar a exploração de situações-
matemáticos, como sobre tantos outros, as operações de problema.
classificação e seriação necessariamente são exercidas e se Na aprendizagem da Matemática o problema adquire um
desenvolvem, sem que haja um esforço didático especial para sentido muito preciso. Não se trata de situações que permitam
isso. “aplicar” o que já se sabe, mas sim daquelas que possibilitam
A conservação do número não é um pré-requisito para produzir novos conhecimentos a partir dos conhecimentos
trabalhar com os números e, portanto, o trabalho com que já se tem e em interação com novos desafios. Essas
conteúdos didáticos específicos não deve estar atrelado à situações-problema devem ser criteriosamente planejadas, a
construção das noções e estruturas intelectuais mais gerais. fim de que estejam contextualizadas, remetendo a
conhecimentos prévios das crianças, possibilitando a
Jogos e aprendizagem de noções matemáticas ampliação de repertórios de estratégias no que se refere à
resolução de operações, notação numérica, formas de
O jogo tornou-se objeto de interesse de psicólogos, representação e comunicação etc., e mostrando-se como uma
educadores e pesquisadores como decorrência da sua necessidade que justifique a busca de novas informações.
importância para a criança e da ideia de que é uma prática que Embora os conhecimentos prévios não se mostrem
auxilia o desenvolvimento infantil, a construção ou homogêneos porque resultam das diferentes experiências
potencialização de conhecimentos. A educação infantil, vividas pelas crianças, eles são o ponto de partida para a
historicamente, configurou-se como o espaço natural do jogo e resolução de problemas e, como tal, devem ser considerados
da brincadeira, o que favoreceu a ideia de que a aprendizagem pelos adultos. Cada atividade e situação-problema proposta
de conteúdos matemáticos se dá prioritariamente por meio pelo adulto deve considerar esses conhecimentos prévios e
dessas atividades. A participação ativa da criança e a natureza prever estratégias para ampliá-los.
lúdica e prazerosa inerentes a diferentes tipos de jogos têm Ao se trabalhar com conhecimentos matemáticos, como
servido de argumento para fortalecer essa concepção, segundo com o sistema de numeração, medidas, espaço e formas etc.,
a qual se aprende Matemática brincando. Isso em parte é por meio da resolução de problemas, as crianças estarão,
correto, porque se contrapõe à orientação de que, para consequentemente, desenvolvendo sua capacidade de
aprender Matemática, é necessário um ambiente em que generalizar, analisar, sintetizar, inferir, formular hipótese,
predomine a rigidez, a disciplina e o silêncio. Por outro lado, deduzir, refletir e argumentar.
percebe-se certo tipo de euforia, na educação infantil e até
mesmo nos níveis escolares posteriores, em que jogos, A criança e a matemática
brinquedos e materiais didáticos são tomados sempre de
modo indiferenciado na atividade pedagógica: a manipulação As noções matemáticas (contagem, relações quantitativas
livre ou a aplicação de algumas regras sem uma finalidade e espaciais etc.) são construídas pelas crianças a partir das
muito clara. O jogo, embora muito importante para as crianças experiências proporcionadas pelas interações com o meio,
não diz respeito, necessariamente, à aprendizagem da pelo intercâmbio com outras pessoas que possuem interesses,
Matemática. conhecimentos e necessidades que podem ser compartilhados.
Apesar das crenças que envolvem a brincadeira como uma As crianças têm e podem ter várias experiências com o
atividade natural e auto instrutiva, algumas investigações universo matemático e outros que lhes permitem fazer
sobre seu significado, seu conteúdo e o conteúdo da descobertas, tecer relações, organizar o pensamento, o
aprendizagem em Matemática têm revelado a aproximação raciocínio lógico, situar-se e localizar-se espacialmente.
entre dois processos com características e alcances diferentes. Configura-se desse modo um quadro inicial de referências
O jogo é um fenômeno cultural com múltiplas manifestações e lógico-matemáticas que requerem outras, que podem ser
significados, que variam conforme a época, a cultura ou o ampliadas. São manifestações de competências, de
contexto. O que caracteriza uma situação de jogo é a iniciativa aprendizagem advindas de processos informais, da relação
da criança, sua intenção e curiosidade em brincar com individual e cooperativa da criança em diversos ambientes e
assuntos que lhe interessam e a utilização de regras que situações de diferentes naturezas, sobre as quais não se tem
permitem identificar sua modalidade. Apesar de a natureza do planejamento e controle. Entretanto, a continuidade da
jogo propiciar também um trabalho com noções matemáticas, aprendizagem matemática não dispensa a intencionalidade e
cabe lembrar que o seu uso como instrumento não significa, o planejamento. Reconhecer a potencialidade e a adequação de
necessariamente, a realização de um trabalho matemático. A uma dada situação para a aprendizagem, tecer comentários,
livre manipulação de peças e regras por si só não garante a formular perguntas, suscitar desafios, incentivar a
aprendizagem. O jogo pode tornar-se uma estratégia didática verbalização pela criança etc., são atitudes indispensáveis do
quando as situações são planejadas e orientadas pelo adulto adulto. Representam vias a partir das quais as crianças
visando a uma finalidade de aprendizagem, isto é, elaboram o conhecimento em geral e o conhecimento
proporcionar à criança algum tipo de conhecimento, alguma matemático em particular.
relação ou atitude. Para que isso ocorra, é necessário haver Deve-se considerar o rápido e intenso processo de
uma intencionalidade educativa, o que implica planejamento e mudança vivido pelas crianças nessa faixa etária. Elas
previsão de etapas pelo professor, para alcançar objetivos apresentam possibilidades de estabelecer vários tipos de
predeterminados e extrair do jogo atividades que lhe são relação (comparação, expressão de quantidade),
decorrentes. representações mentais, gestuais e indagações, deslocamentos
Os avanços na pesquisa sobre desenvolvimento e no espaço.
aprendizagem, bem como os novos conhecimentos a respeito Diversas ações intervêm na construção dos conhecimentos
da didática da Matemática, permitiram vislumbrar novos matemáticos, como recitar a seu modo a sequência numérica,
caminhos no trabalho com a criança pequena. Há uma fazer comparações entre quantidades e entre notações
constatação de que as crianças, desde muito pequenas, numéricas e localizar-se espacialmente. Essas ações ocorrem
constroem conhecimentos sobre qualquer área a partir do uso fundamentalmente no convívio social e no contato das
que faz deles em suas vivências, da reflexão e da comunicação crianças com histórias, contos, músicas, jogos, brincadeiras
de ideias e representações. etc.
Historicamente, a Matemática tem se caracterizado como As respostas de crianças pequenas a perguntas de adultos
uma atividade de resolução de problemas de diferentes tipos. que contenham a palavra “quantos?” podem ser
A instituição de educação infantil poderá constituir-se em aleatoriamente “três”, “cinco”, para se referir a uma suposta

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quantidade. O mesmo ocorre às perguntas que contenham Propõe-se a abordagem desses conteúdos de forma não
“quando?”. Nesse caso, respostas como “terça-feira” para simplificada, tal como aparecem nas práticas sociais. Se por
indicar um dia qualquer ou “amanhã” no lugar de “ontem” são um lado, isso implica trabalhar com conteúdos complexos, por
frequentes. Da mesma forma, uma criança pequena pode outro lado, traz implícita a ideia de que a criança vai construir
perguntar “quanto eu custo?” ao subir na balança, no lugar de seu conhecimento matemático por meio de sucessivas
“quanto eu peso?”. Esses são exemplos de respostas e reorganizações ao longo da sua vida.
perguntas não muito precisas, mas que já revelam algum Complexidade e provisoriedade são, portanto,
discernimento sobre o sentido de tempo e quantidade. São inseparáveis, pois o trabalho didático deve necessariamente
indicadores da permanente busca das crianças em construir levar em conta tanto a natureza do objeto de conhecimento
significados, em aprender e compreender o mundo. como o processo pelo qual as crianças passam ao construí-lo.
À medida que crescem, as crianças conquistam maior
autonomia e conseguem levar adiante, por um tempo maior, Crianças de zero a três anos
ações que tenham uma finalidade, entre elas atividades e jogos.
As crianças conseguem formular questões mais elaboradas, - Utilização da contagem oral, de noções de quantidade, de
aprendem a trabalhar diante de um problema, desenvolvem tempo e de espaço em jogos, brincadeiras e músicas junto com
estratégias, criam ou mudam regra de jogos, revisam o que o professor e nos diversos contextos nos quais as crianças
fizeram e discutem entre pares as diferentes propostas. reconheçam essa utilização como necessária.
- Manipulação e exploração de objetos e brinquedos, em
Objetivos situações organizadas de forma a existirem quantidades
individuais suficientes para que cada criança possa descobrir
Crianças de zero a três anos as características e propriedades principais e suas
possibilidades associativas: empilhar, rolar, transvasar,
A abordagem da Matemática na educação infantil tem encaixar etc.
como finalidade proporcionar oportunidades para que as
crianças desenvolvam a capacidade de: Orientações didáticas

- estabelecer aproximações a algumas noções matemáticas Os bebês e as crianças pequenas estão começando a
presentes no seu cotidiano, como contagem, relações espaciais conhecer o mundo e a estabelecer as primeiras aproximações
etc. com ele. As situações cotidianas oferecem oportunidades
privilegiadas para o trabalho com a especificidade das ideias
Crianças de quatro a seis anos matemáticas. As festas, as histórias e, principalmente, os jogos
e as brincadeiras permitem a familiarização com elementos
Para esta fase, o objetivo é aprofundar e ampliar o trabalho espaciais e numéricos, sem imposição. Assim, os conceitos
para a faixa etária de zero a três, garantindo, ainda, matemáticos não são o pretexto nem a finalidade principal a
oportunidades para que sejam capazes de: ser perseguida. As situações deverão ter um caráter múltiplo
para que as crianças possam interessar-se, fazer relações
- reconhecer e valorizar os números, as operações sobre várias áreas e comunicá-las.
numéricas, as contagens orais e as noções espaciais como As modificações no espaço, a construção de diferentes
ferramentas necessárias no seu cotidiano; circuitos de obstáculos com cadeiras, mesas, pneus e panos
- comunicar ideias matemáticas, hipóteses, processos por onde as crianças possam engatinhar ou andar — subindo,
utilizados e resultados encontrados em situações-problema descendo, passando por dentro, por cima, por baixo —
relativas a quantidades, espaço físico e medida, utilizando a permitem a construção gradativa de conceitos, dentro de um
linguagem oral e a linguagem matemática; contexto significativo, ampliando experiências. As
- ter confiança em suas próprias estratégias e na sua brincadeiras de construir torres, pistas para carrinhos e
capacidade para lidar com situações matemáticas novas, cidades, com blocos de madeira ou encaixe, possibilitam
utilizando seus conhecimentos prévios. representar o espaço numa outra dimensão. O faz-de-conta
das crianças pode ser enriquecido, organizando-se espaços
Conteúdos próprios com objetos e brinquedos que contenham números,
como telefone, máquina de calcular, relógio etc. As situações
A seleção e a organização dos conteúdos matemáticos de festas de aniversário podem constituir-se em momento rico
representam um passo importante no planejamento da de aproximação com a função dos números. O professor pode
aprendizagem e devem considerar os conhecimentos prévios organizar junto com as crianças um quadro de aniversariantes,
e as possibilidades cognitivas das crianças para ampliá-los. contendo a data do aniversário e a idade de cada criança. Pode
Para tanto, deve-se levar em conta que: também acompanhar a passagem do tempo, utilizando o
calendário. As crianças por volta dos dois anos já podem, com
- aprender matemática é um processo contínuo de ajuda do professor, contar quantos dias faltam para seu
abstração no qual as crianças atribuem significados e aniversário. Pode-se organizar um painel com pesos e medidas
estabelecem relações com base nas observações, experiências das crianças para que elas observem suas diferenças. As
e ações que fazem, desde cedo, sobre elementos do seu crianças podem comparar o tamanho de seus pés e depois
ambiente físico e sociocultural; olhar os números em seus sapatos. O folclore brasileiro é fonte
- a construção de competências matemáticas pela criança riquíssima de cantigas e rimas infantis envolvendo contagem
ocorre simultaneamente ao desenvolvimento de inúmeras e números, que podem ser utilizadas como forma de
outras de naturezas diferentes e igualmente importantes, tais aproximação com a sequência numérica oral. São muitas as
como comunicar-se oralmente, desenhar, ler, escrever, formas possíveis de se realizar o trabalho com a Matemática
movimentar-se, cantar etc. nessa faixa etária, mas ele sempre deve acontecer inserido e
Os domínios sobre os quais as crianças de zero a seis anos integrado no cotidiano das crianças.
fazem suas primeiras incursões e expressam ideias
matemáticas elementares dizem respeito a conceitos
aritméticos e espaciais.

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Crianças de quatro a seis anos compreendam o sentido do que se está fazendo. O grau de
desafio da recitação de uma série depende dos conhecimentos
Nesta faixa etária aprofundam-se os conteúdos indicados prévios das crianças, assim como das novas aprendizagens que
para as crianças de zero a três anos, dando-se crescente possam efetuar. Ao elaborar situações didáticas para que
atenção à construção de conceitos e procedimentos todos possam aprender e progredir em suas aprendizagens, o
especificamente matemáticos. Os conteúdos estão professor deve levar em conta que elas ocorrem de formas
organizados em três blocos: “Números e sistema de diferentes entre as crianças.
numeração”, “Grandezas e medidas” e “Espaço e forma”. A Na contagem propriamente dita, ou seja, ao contar objetos
organização por blocos visa a oferecer visibilidade às as crianças aprendem a distinguir o que já contaram do que
especificidades dos conhecimentos matemáticos a serem ainda não contaram e a não contar duas (ou mais) vezes o
trabalhados, embora as crianças vivenciem esses conteúdos de mesmo objeto; descobrem que tampouco devem repetir as
maneira integrada. palavras numéricas já ditas e que, se mudarem sua ordem,
obterão resultados finais diferentes daqueles de seus
Números e sistema de numeração companheiros; percebem que não importa a ordem que
estabelecem para contar os objetos, pois obterão sempre o
Este bloco de conteúdos envolve contagem, notação e mesmo resultado. Podem-se propor problemas relativos à
escrita numéricas e as operações matemáticas. contagem de diversas formas. É desafiante, por exemplo,
quando as crianças contam agrupando os números de dois em
- Utilização da contagem oral nas brincadeiras e em dois, de cinco em cinco, de dez em dez etc.
situações nas quais as crianças reconheçam sua necessidade.
- Utilização de noções simples de cálculo mental como Notação e escrita numéricas
ferramenta para resolver problemas.
- Comunicação de quantidades, utilizando a linguagem A importância cultural dos números e do sistema de
oral, a notação numérica e/ou registros não convencionais. numeração é indiscutível. A notação numérica, na qual os
- Identificação da posição de um objeto ou número numa símbolos são dotados de valores conforme a posição que
série, explicitando a noção de sucessor e antecessor. ocupam, característica do sistema hindu-arábico de
- Identificação de números nos diferentes contextos em numeração, é uma conquista do homem, no percurso da
que se encontram. história, e um dado da realidade contemporânea.
- Comparação de escritas numéricas, identificando Ler os números, compará-los e ordená-los são
algumas regularidades. procedimentos indispensáveis para a compreensão do
significado da notação numérica. Ao se deparar com números
Orientações didáticas em diferentes contextos, a criança é desafiada a aprender, a
desenvolver o seu próprio pensamento e a produzir
Os conhecimentos numéricos das crianças decorrem do conhecimentos a respeito. Nem sempre um mesmo número
contato e da utilização desses conhecimentos em problemas representa a mesma coisa, pois depende do contexto em que
cotidianos, no ambiente familiar, em brincadeiras, nas está. Por exemplo, o número dois pode estar representando
informações que lhes chegam pelos meios de comunicação etc. duas unidades, mas, dependendo da sua posição, pode
Os números estão presentes no cotidiano e servem para representar vinte ou duzentas unidades; pode representar
memorizar quantidades, para identificar algo, antecipar uma ordem, segundo, ou ainda representar um código (como
resultados, contar, numerar, medir e operar. Alguns desses nos números de telefone ou no código de endereçamento
usos são familiares às crianças desde pequenas e outros nem postal). Compreender o atual sistema numérico envolve uma
tanto. série de perguntas, como: “quais os algarismos que o
compõem?”, “como se chamam?”, “como são escritos?”, “como
Contagem podem ser combinados?”, “o que muda a cada combinação?”.
Para responder essas questões é preciso que as crianças
Contar é uma estratégia fundamental para estabelecer o possam trabalhar desde pequenas com o sistema de
valor cardinal de conjuntos de objetos. Isso fica evidenciado numeração tal como ele se apresenta.
quando se busca a propriedade numérica dos conjuntos ou Propor situações complexas para as crianças só é possível
coleções em resposta à pergunta “quantos?” (cinco, seis, dez se o professor aceitar respostas diferentes das convencionais,
etc.). É aplicada também quando se busca a propriedade isto é, aceitar que o conhecimento é provisório e compreender
numérica dos objetos, respondendo à pergunta “qual?”. Nesse que as crianças revisam suas ideias e elaboram soluções cada
caso está também em questão o valor ordinal de um número vez melhores.
(quinto, sexto, décimo etc.). Para as crianças, os aspectos relevantes da numeração são
A contagem é realizada de forma diversificada pelas os que fazem parte de suas vidas cotidianas. Pesquisar os
crianças, com um significado que se modifica conforme o diferentes lugares em que os números se encontram,
contexto e a compreensão que desenvolvem sobre o número. investigar como são organizados e para que servem, é tarefa
Pela via da transmissão social, as crianças, desde muito fundamental para que possam iniciar a compreensão sobre a
pequenas, aprendem a recitar a sequência numérica, muitas organização do sistema de numeração.
vezes sem se referir a objetos externos. Podem fazê-lo, por Há diversos usos de números presentes nos telefones, nas
exemplo, como uma sucessão de palavras, no controle do placas de carro e de ônibus, nas camisas de jogadores, no
tempo para iniciar uma brincadeira, por repetição ou com o código de endereçamento postal, nas etiquetas de preço, nas
propósito de observar a regularidade da sucessão. Nessa contas de luz etc., para diferenciar e nomear classes ou
prática, a criança se engana, pára, recomeça, progride. A ordenar elementos e com os quais as crianças entram em
criança pode, também, realizar a recitação das palavras, numa contato, interpretando e atribuindo significados.
ordem própria e particular, sem necessariamente fazer São muitas as possibilidades de a criança investigar as
corresponder as palavras da sucessão aos objetos de uma regras e as regularidades do sistema numérico. A seguir, são
coleção (1, 3, 4, 19, por exemplo). apresentadas algumas.
Embora a recitação oral da sucessão dos números seja uma Quando o professor lê histórias para as crianças, pode
importante forma de aproximação com o sistema numérico, incluir a leitura do índice e da numeração das páginas,
para evitar mecanização é necessário que as crianças

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organizando a situação de tal maneira que todos possam Geralmente se apoiam na contagem e utilizam os dedos,
participar. estabelecendo uma correspondência termo a termo, o que
É importante aceitar como válidas respostas diversas e permite referir-se a coleções ausentes.
trabalhar a partir delas. Histórias em capítulos, coletâneas e Pode-se propor para as crianças de cinco e seis anos
enciclopédias são especialmente propícias para o trabalho situações em que tenham de resolver problemas aritméticos e
com índice. Ao confeccionar um livro junto com as crianças é não contas isoladas, o que contribui para que possam
importante pesquisar, naqueles conhecidos, como se organiza descobrir estratégias e procedimentos próprios e originais. As
o índice e a numeração das páginas. soluções encontradas podem ser comunicadas pela linguagem
Colecionar em grupo um álbum de figurinhas pode informal ou por desenhos (representações não
interessar às crianças. Iniciada a coleção, pode-se pedir que convencionais). Comparar os seus resultados com os dos
antecipem a localização da figurinha no álbum ou, se abrindo outros, descobrir o melhor procedimento para cada caso e
em determinada página, devem folhear o álbum para frente ou reformular o que for necessário permite que as crianças
para trás. É interessante também confeccionar uma tabela tenham maior confiança em suas próprias capacidades. Assim,
numérica (com o mesmo intervalo numérico do álbum) para cada situação de cálculo constitui-se num problema aberto que
que elas possam ir marcando os números das figurinhas já pode ser solucionado de formas diversas, pois existem
obtidas. diferentes sentidos da adição e da subtração, os problemas
Há diferentes tipos de calendários utilizados socialmente podem ter estruturas diferentes, o grau de dificuldade varia
(folhinhas anuais, mensais, semanais) que podem ser em função dos tipos de perguntas formuladas. Esses
apropriados para diferentes usos e funções na instituição, problemas podem propiciar que as crianças comparem,
como marcar o dia corrente no calendário e escrever a data na juntem, separem, combinem grandezas ou transformem dados
lousa; usar o calendário para organizar a rotina, marcando numéricos.
compromissos importantes do grupo, como os aniversários
das crianças, a data de um passeio etc. Grandezas e medidas
As crianças podem pesquisar as informações numéricas de
cada membro de seu grupo (idade, número de sapato, número Exploração de diferentes procedimentos para comparar
de roupa, altura, peso etc.). Com ajuda do professor, as grandezas.
crianças podem montar uma tabela e criar problemas que - Introdução às noções de medida de comprimento, peso,
comparem e ordenem escritas numéricas, buscando as volume e tempo, pela utilização de unidades convencionais e
informações necessárias no próprio quadro, a partir de não convencionais.
perguntas como: “quantas crianças vestem determinado - Marcação do tempo por meio de calendários.
número de roupa?”, “quantos anos um tem a mais que o - Experiências com dinheiro em brincadeiras ou em
outro?”, “quanto você precisará crescer para ficar do tamanho situações de interesse das crianças.
de seu amigo?”. Orientações didáticas
É possível também pesquisar a idade dos familiares, da
pessoa mais velha da instituição, da cidade, do país ou do De utilidade histórica reconhecida, o uso de medidas
mundo. mostrou-se não só como um eficiente processo de resolução de
Jogos de baralho, de adivinhação ou que utilizem dados problemas práticos do homem antigo como teve papel
também oferecem inúmeras situações para que as crianças preponderante no tecido das inúmeras relações entre noções
pensem e utilizem a sequência ordenada dos números, matemáticas. A compreensão dos números, bem como de
considerando o antecessor e o sucessor, façam suas próprias muitas das noções relativas ao espaço e às formas, é possível
anotações de quantidades e comparem resultados. graças às medidas. Da iniciativa de povos (como os egípcios)
Fichas que indicam a ordinalidade — primeiro, segundo, para demarcar terras fazendo medições resultou a criação dos
terceiro — podem ser sugeridas às crianças como material números fracionários ou decimais. Mas antes de surgir esse
para uso nas brincadeiras de faz-de-conta, quando é número para indicar medidas houve um longo caminho e
necessário, por exemplo, decidir a ordem de atendimento num vários tipos de problemas tiveram de ser resolvidos pelo
posto de saúde ou numa padaria; em jogos ou campeonatos. homem.
As medidas estão presentes em grande parte das
Operações atividades cotidianas e as crianças, desde muito cedo, têm
contato com certos aspectos das medidas. O fato de que as
Nos contextos mencionados, quando as crianças contam de coisas têm tamanhos, pesos, volumes, temperaturas diferentes
dois em dois ou de dez em dez, isto é, quando contam e que tais diferenças frequentemente são assinaladas pelos
agregando uma quantidade de elementos a partir de outra, ou outros (está longe, está perto, é mais baixo, é mais alto, mais
contam tirando uma quantidade de outra, ou ainda quando velho, mais novo, pesa meio quilo, mede dois metros, a
distribuem figuras, fichas ou balas, elas estão realizando ações velocidade é de oitenta quilômetros por hora etc.) permite que
de acrescentar, agregar, segregar e repartir relacionadas a as crianças informalmente estabeleçam esse contato, fazendo
operações aritméticas. O cálculo é, portanto, aprendido junto comparações de tamanhos, estabelecendo relações,
com a noção de número e a partir do seu uso em jogos e construindo algumas representações nesse campo, atribuindo
situações-problema. Nessas situações, em geral as crianças significado e fazendo uso das expressões que costumam ouvir.
calculam com apoio dos dedos, de lápis e papel ou de materiais Esses conhecimentos e experiências adquiridos no âmbito da
diversos, como contas, conchinhas etc. É importante, também convivência social favorecem a proposição de situações que
que elas possam fazê-lo sem esse tipo de apoio, realizando despertem a curiosidade e interesse das crianças para
cálculos mentais ou estimativas. A realização de estimativas é continuar conhecendo sobre as medidas.
uma necessidade, por exemplo, de quem organiza eventos. O professor deve partir dessas práticas para propor
Para calcular quantas espigas de milho precisarão ser assadas situações-problema em que a criança possa ampliar,
na fogueira da festa de São João, é preciso perguntar: “quantas aprofundar e construir novos sentidos para seus
pessoas participarão da festa?”, “quantas espigas de milho conhecimentos. As atividades de culinária, por exemplo,
cada um come?”. As crianças pequenas também já utilizam possibilitam um rico trabalho, envolvendo diferentes unidades
alguns procedimentos para comparar quantidades. de medida, como o tempo de cozimento e a quantidade dos
ingredientes: litro, quilograma, colher, xícara, pitada etc.

Conhecimentos Específicos 180


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A comparação de comprimentos, pesos e capacidades, a brincadeiras e nas diversas situações nas quais as crianças
marcação de tempo e a noção de temperatura são considerarem necessário essa ação.
experimentadas desde cedo pelas crianças pequenas, - Exploração e identificação de propriedades geométricas
permitindo-lhes pensar, num primeiro momento, de objetos e figuras, como formas, tipos de contornos,
essencialmente sobre características opostas das grandezas e bidimensionalidade, tridimensionalidade, faces planas, lados
objetos, como grande/pequeno, comprido/curto, longe/perto, retos etc.
muito/pouco, quente/frio etc. Entretanto, esse ponto de vista - Representações bidimensionais e tridimensionais de
pode se modificar e as comparações feitas pelas crianças objetos.
passam a ser percebidas e anunciadas a partir das - Identificação de pontos de referência para situar-se e
características dos objetos, como, por exemplo, a casa branca deslocar-se no espaço.
é maior que a cinza; minha bola de futebol é mais leve e menor - Descrição e representação de pequenos percursos e
do que a sua etc. O desenvolvimento dessas capacidades trajetos, observando pontos de referência.
comparativas não garante, porém, a compreensão de todos os Orientações didáticas
aspectos implicados na noção de medida.
As crianças aprendem sobre medidas, medindo. A ação de O pensamento geométrico compreende as relações e
medir inclui: a observação e comparação sensorial e representações espaciais que as crianças desenvolvem, desde
perceptiva entre objetos; o reconhecimento da utilização de muito pequenas, inicialmente, pela exploração sensorial dos
objetos intermediários, como fita métrica, balança, régua etc., objetos, das ações e deslocamentos que realizam no meio
para quantificar a grandeza (comprimento, extensão, área, ambiente, da resolução de problemas. Cada criança constrói
peso, massa etc.). Inclui também efetuar a comparação entre um modo particular de conceber o espaço por meio das suas
dois ou mais objetos respondendo a questões como: “quantas percepções, do contato com a realidade e das soluções que
vezes é maior?”, “quantas vezes cabe?”, “qual é a altura?”, “qual encontra para os problemas.
é a distância?”, “qual é o peso?” etc. A construção desse Considera-se que as experiências das crianças, nessa faixa
conhecimento decorre de experiências que vão além da etária, ocorrem prioritariamente na sua relação com a
educação infantil. estruturação do espaço e não em relação à geometria
Para iniciar esse processo, as crianças já podem ser propriamente dita, que representa uma maneira de conceituar
solicitadas a fazer uso de unidades de medida não o espaço por meio da construção de um modelo teórico. Nesse
convencionais, como passos, pedaços de barbante ou palitos, sentido, o trabalho na educação infantil deve colocar desafios
em situações nas quais necessitem comparar distâncias e que dizem respeito às relações habituais das crianças com o
tamanhos: medir as suas alturas, o comprimento da sala etc. espaço, como construir, deslocar-se, desenhar etc., e à
Podem também utilizar-se de instrumentos convencionais, comunicação dessas ações. Assim, à educação infantil coloca-
como balança, fita métrica, régua etc., para resolver se a tarefa de apresentar situações significativas que
problemas. Além disso, o professor pode criar situações nas dinamizem a estruturação do espaço que as crianças
quais as crianças pesquisem formas alternativas de medir, desenvolvem e para que adquiram um controle cada vez maior
propiciando oportunidades para que tragam algum sobre suas ações e possam resolver problemas de natureza
instrumento de casa. O uso de uma unidade padronizada, espacial e potencializar o desenvolvimento do seu
porém, deverá aparecer como resposta às necessidades de pensamento geométrico.
comunicação entre as crianças, uma vez que a utilização de As crianças exploram o espaço ao seu redor e,
diferentes unidades de medida conduz a resultados diferentes progressivamente, por meio da percepção e da maior
nas medidas de um mesmo objeto. coordenação de movimentos, descobrem profundidades,
O tempo é uma grandeza mensurável que requer mais do analisam objetos, formas, dimensões, organizam mentalmente
que a comparação entre dois objetos e exige relações de outra seus deslocamentos. Aos poucos, também antecipam seus
natureza. Ou seja, utiliza-se de pontos de referência e do deslocamentos, podendo representá-los por meio de
encadeamento de várias relações, como dia e noite; manhã, desenhos, estabelecendo relações de contorno e vizinhança.
tarde e noite; os dias da semana; os meses; o ano etc. Presente, Uma rica experiência nesse campo possibilita a construção de
passado e futuro; antes, agora e depois são noções que sistemas de referências mentais mais amplos que permitem às
auxiliam a estruturação do pensamento. crianças estreitarem a relação entre o observado e o
O uso dos calendários e a observação das suas representado.
características e regularidades (sete dias por semana, a Nesse terreno, a contribuição do adulto, as interações
quantidade de dias em cada mês etc.) permitem marcar o entre as crianças, os jogos e as brincadeiras podem
tempo que falta para alguma festa, prever a data de um proporcionar a exploração espacial em três perspectivas: as
passeio, localizar as datas de aniversários das crianças, marcar relações espaciais contidas nos objetos, as relações espaciais
as fases da lua. entre os objetos e as relações espaciais nos deslocamentos.
O dinheiro também é uma grandeza que as crianças têm As relações espaciais contidas nos objetos podem ser
contato e sobre a qual podem desenvolver algumas ideias e percebidas pelas crianças por meio do contato e da
relações que articulam conhecimentos relativos a números e manipulação deles. A observação de características e
medidas. O dinheiro representa o valor dos objetos, do propriedades dos objetos possibilitam a identificação de
trabalho etc. As cédulas e moedas têm um valor convencional, atributos, como quantidade, tamanho e forma. É possível, por
constituindo-se em rico material que atende várias finalidades exemplo, realizar um trabalho com as formas geométricas por
didáticas, como fazer trocas, comparar valores, fazer meio da observação de obras de arte, de artesanato (cestas,
operações, resolver problemas e visualizar características da rendas de rede), de construções de arquitetura, pisos,
representação dos números naturais e dos números decimais. mosaicos, vitrais de igrejas, ou ainda de formas encontradas na
Além disso, o uso do dinheiro constitui-se uma oportunidade natureza, em flores, folhas, casas de abelha, teias de aranha etc.
que por si só incentiva a contagem, o cálculo mental e o cálculo A esse conjunto podem ser incluídos corpos geométricos,
estimativo. como modelos de madeira, de cartolina ou de plástico, ou
modelos de figuras planas que possibilitam um trabalho
Espaço e forma exploratório das suas propriedades, comparações e criação de
contextos em que a criança possa fazer construções.
Explicitação e/ou representação da posição de pessoas e As relações espaciais entre os objetos envolvem noções de
objetos, utilizando vocabulário pertinente nos jogos, nas orientação, como proximidade, interioridade e

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direcionalidade. Para determinar a posição de uma pessoa ou Orientações gerais para o professor
de um objeto no espaço é preciso situá-los em relação a uma
referência, seja ela outros objetos, pessoas etc., parados ou em Jogos e brincadeiras
movimento. Essas mesmas noções, aplicadas entre objetos e
situações independentes do sujeito, favorecem a percepção do Às noções matemáticas abordadas na educação infantil
espaço exterior e distante da criança. correspondem uma variedade de brincadeiras e jogos,
As relações espaciais nos deslocamentos podem ser principalmente aqueles classificados como de construção e de
trabalhadas a partir da observação dos pontos de referência regras.
que as crianças adotam, a sua noção de distância, de tempo etc. Vários tipos de brincadeiras e jogos que possam interessar
É possível, por exemplo, pedir para as crianças descreverem à criança pequena constituem-se rico contexto em que ideias
suas experiências em deslocar-se diariamente de casa até a matemáticas podem ser evidenciadas pelo adulto por meio de
instituição. Pode-se também propor jogos em que elas perguntas, observações e formulação de propostas. São
precisem movimentar-se ou movimentar um objeto no espaço. exemplos disso cantigas, brincadeiras como a dança das
As estratégias adotadas, as posições escolhidas, as cadeiras, quebra-cabeças, labirintos, dominós, dados de
comparações entre tamanhos, as características da construção diferentes tipos, jogos de encaixe, jogos de cartas etc.
realizada e o vocabulário adotado pelas crianças constituem- Os jogos numéricos permitem às crianças utilizarem
se em objeto de atenção do professor. números e suas representações, ampliarem a contagem,
Para coordenar as informações que percebem do espaço, estabelecerem correspondências, operarem. Cartões, dados,
as crianças precisam ter oportunidades de observá-las, dominós, baralhos permitem às crianças se familiarizarem
descrevê-las e representá-las. com pequenos números, com a contagem, comparação e
O desenho é uma forma privilegiada de representação, na adição. Os jogos com pistas ou tabuleiros numerados, em que
qual as crianças podem expressar suas ideias e registrar se faz deslocamento de um objeto, permitem fazer
informações. É uma representação plana da realidade. correspondências, contar de um em um, de dois em dois etc.
Desenhar objetos a partir de diferentes ângulos de visão, como Jogos de cartas permitem à distribuição, comparação de
visto de cima, de baixo, de lado, e propor situações que quantidades, a reunião de coleções e a familiaridade com
propiciem a troca de ideias sobre as representações é uma resultados aditivos. Os jogos espaciais permitem às crianças
forma de se trabalhar a percepção do espaço. observarem as figuras e suas formas, identificar propriedades
Pode-se propor, também, representações tridimensionais, geométricas dos objetos, fazer representações, modelando,
como construções com blocos de madeira, de maquetes, compondo, decompondo ou desenhando. Um exemplo desse
painéis etc. Apesar de estar intrinsecamente associado ao tipo de jogo é a modelagem de dois objetos em massa de
processo de desenvolvimento do faz-de-conta, o jogo de modelar ou argila, em que as crianças descrevem seu processo
construção permite uma exploração mais aprofundada das de elaboração.
propriedades e características associativas dos objetos, assim Pelo seu caráter coletivo, os jogos e as brincadeiras
como de seus usos sociais e simbólicos. Para construir, a permitem que o grupo se estruture, que as crianças
criança necessita explorar e considerar as propriedades reais estabeleçam relações ricas de troca, aprendam a esperar sua
dos materiais para, gradativamente, relacioná-las e vez, acostumem-se a lidar com regras, conscientizando-se que
transformá-las em função de diferentes argumentos de faz-de- podem ganhar ou perder.
conta. No início, as crianças utilizam os materiais buscando
ajustar suas ações a eles — por exemplo, deixando de coloca- Organização do tempo
los na boca para olhá-los, lançá-los ao chão, depois empilhá-los
e derrubá-los, equilibrá-los, agrupá-los etc. — até que os As situações de aprendizagem no cotidiano das creches e
utilizam como objetos substitutos para o faz-de-conta, pré-escolas podem ser organizadas de três maneiras: as
transformando-os em aviões, castelos, casinhas etc. atividades permanentes, os projetos e as sequências de
As crianças podem utilizar para suas construções os mais atividades.
diversos materiais: areia, massa de modelar, argila, pedras, Atividades permanentes são situações propostas de forma
folhas e pequenos troncos de árvores. sistemática e com regularidade, mas não são necessariamente
Além desses, materiais concebidos intencionalmente para diárias. A utilização do calendário assim como a distribuição
a construção, como blocos geométricos das mais diversas de material, o controle de quantidades de peças de jogos ou de
formas, espessuras, volumes e tamanhos; blocos imitando brinquedos etc., no cotidiano da instituição pode atrair o
tijolos ou ainda pequenos ou grandes blocos plásticos, interesse das crianças e se caracterizar como atividade
contendo estruturas de encaixe, propiciam não somente o permanente. Para isso, além de serem propostas de forma
conhecimento das propriedades de volumes e formas sistemática e com regularidade, o professor deverá ter o
geométricas como desenvolvem nas crianças capacidades cuidado de contextualizar tais práticas para as crianças,
relativas à construção com proporcionalidade e transformando-as em atividades significativas e organizando-
representações mais aproximadas das imagens desejadas, as de maneira que representem um crescente desafio para
auxiliando-as a desenvolver seu pensamento antecipatório, a elas. Pelo fato de essas situações estarem dentro de uma
iniciativa e a solução de problemas no âmbito das relações instituição educacional, requerem planejamento e intenção
entre espaço e objetos. educativa.
O trabalho com o espaço pode ser feito, também, a partir É preciso lembrar que os jogos de construção e de regras
de situações que permitam o uso de figuras, desenhos, fotos e são atividades permanentes que propiciam o trabalho com a
certos tipos de mapas para a descrição e representação de Matemática.
caminhos, itinerários, lugares, localizações etc. Pode-se As sequências de atividades se constituem em uma série de
aproveitar, por exemplo, passeios pela região próxima à ações planejadas e orientadas com o objetivo de promover
instituição ou a locais específicos, como a praia, a feira, a praça, uma aprendizagem específica e definida. São sequenciadas
o campo, para incentivar a pesquisa de informações sobre para oferecer desafios com graus diferentes de complexidade.
localização, caminhos a serem percorridos etc. Durante esse Pode-se, por exemplo, organizar com as crianças, uma
trabalho, é possível introduzir nomes de referência da região, sequência de atividades envolvendo a ação de colecionar
como bairros, zonas ou locais aonde se vai, e procurar localizá- pequenos objetos, como pedrinhas, tampinhas de garrafa,
los nos mapas ou guias da cidade. conchas, folhas, figurinhas etc.

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Semanalmente, as crianças trazem novas peças e agregam matemáticas, isto é, o que elas sabem e como pensam para
ao que já possuíam, anotam, acompanham e controlam o reorientar o planejamento da ação educativa. Deve-se evitar a
crescimento de suas coleções em registros. O professor propõe aplicação de instrumentos tradicionais ou convencionais,
o confronto dos registros para que o grupo conheça diferentes como notas e símbolos com o propósito classificatório, ou
estratégias, experimente novas formas e possa avançar em juízos conclusivos.
seus procedimentos de registro. Essas atividades, que se Os significados e pontos de vista infantis são dinâmicos e
desenvolverão ao longo de vários dias, semanas ou meses, podem se modificar em função das perguntas dos adultos, do
permitem às crianças executar operações de adição, de modo de propor as atividades e do contexto nas quais ocorrem.
subtração, assim como produzir e interpretar notações A partir do que observa, o professor deverá propor atividades
numéricas em situações nas quais isso se torna funcional. Por para que as crianças avancem nos seus conhecimentos. Deve-
outro lado, é possível comparar, em diferentes momentos da se levar em conta que, por um lado, há uma diversidade de
constituição da coleção, as quantidades de objetos respostas possíveis a serem apresentadas pelas crianças, e,
colecionados por diferentes crianças, assim como ordenar por outro, essas respostas estão frequentemente sujeitas a
quantidades e notações do menor ao maior ou do maior ao alterações, tendo em vista não só a forma como pensam, mas a
menor. Estes problemas tornam-se mais complexos conforme natureza do conceito e os tipos de situações-problema
aumentam as coleções. O aumento das quantidades com a qual envolvidos.
se opera funciona como uma “variável didática”, na medida em Nesse sentido, a avaliação tem um caráter instrumental
que exige a elaboração de novas estratégias, ou seja, uma coisa para o adulto e incide sobre os progressos apresentados pelas
é agregar 4 elementos a uma coleção de 5, e outra bem crianças.
diferente é agregar 18 a uma coleção de 25. As estratégias, no São consideradas como experiências prioritárias para a
último caso, podem ser diversas e supõem diferentes aprendizagem matemática realizada pelas crianças de zero a
decomposições e recomposições dos números em questão. É três anos o contato com os números e a exploração do espaço.
comum, por exemplo, as crianças utilizarem “risquinhos” ou Para isso, é preciso que as crianças participem de situações nas
outras marcas para anotar a quantidade de peças que quais sejam utilizadas a contagem oral, referências espaciais e
possuem, sem necessariamente corresponder uma marca para temporais. Também é preciso que se criem condições para que
cada objeto. as crianças engatinhem, arrastem-se, pulem etc., de forma a
Ao confrontar os diferentes tipos de registro, surgem explorarem o máximo seus espaços.
questões, como ter de contar tudo de novo. Dessa forma, A partir dos quatro e até os seis anos, uma vez que tenham
analisando e discutindo seus procedimentos, as crianças tido muitas oportunidades na instituição de educação infantil
podem experimentar diferentes tipos de registro até achar o de vivenciar experiências envolvendo aprendizagens
que consideram mais adequados. matemáticas, pode-se esperar que as crianças utilizem
Conforme a quantidade de peças aumenta, surgem novos conhecimentos da contagem oral, registrem quantidades de
problemas: “como desenhar todas aquelas peças?”, “como forma convencional ou não convencional e comuniquem
saber qual número corresponde àquela quantidade?”. Usar o posições relativas à localização de pessoas e objetos.
conhecimento que possuem para buscar a solução de seu A criança utiliza seus conhecimentos para contar
problema é tarefa fundamental. oralmente objetos. Um aspecto importante a observar é se as
Uma das formas de procurar resolver essa questão é crianças utilizam a contagem de forma espontânea para
utilizar a correspondência termo a termo e a contagem resolver diferentes situações que se lhe apresentam, isto é, se
associada a algum referencial numérico, como fita métrica, fazem uso das ferramentas. Por exemplo: se, ao distribuir os
balança etc. Essa busca de soluções para problemas reais que lápis, distribuem um de cada vez, tendo de fazer várias
surgem ao longo do registro e da contagem, levando as “viagens” ou se contam primeiro as crianças para depois pegar
crianças a estabelecerem novas relações, refletir sobre seus os lápis. Também pode-se observar se, ao contar objetos,
procedimentos, argumentar sobre aquelas que consideram a sincronizam seus gestos com a sequência recitada; se
melhor forma de organização de suas coleções, possibilita um organizam a contagem; se deixam de contar algum objeto ou
avanço real nas suas estratégias. se o contam mais de uma vez. O professor deverá acompanhar
Projetos são atividades articuladas em torno da obtenção os usos que as crianças fazem e os avanços que elas adquirem
de um produto final, visível e compartilhado com as crianças, na contagem.
em torno do qual são organizadas as atividades. A organização Em relação ao registro de quantidades, pode-se observar
do trabalho em projetos possibilita divisão de tarefas e as diferentes estratégias usadas pelas crianças, como se
responsabilidades e oferece contextos nos quais a desenham o próprio objeto, se desenham uma marca como
aprendizagem ganha sentido. Organizar uma festa junina ou pauzinhos, bolinhas etc., se colocam um número para cada
construir uma maquete são exemplos de projetos. Cada objeto ou se utilizam um único numeral para representar o
projeto envolve uma série de atividades que também se total de objetos.
organiza numa sequência. A localização de pessoas e objetos e sua comunicação
podem ser observadas nas situações cotidianas nas quais esses
Observação, registro e avaliação formativa conhecimentos se façam necessários. Pode-se observar se as
crianças usam e comunicam posições relativas entre objetos e
Considera-se que a aprendizagem de noções matemáticas se denominam as posições de localização.
na educação infantil esteja centrada na relação de diálogo
entre adulto e crianças e nas diferentes formas utilizadas por Questões
estas últimas para responder perguntas, resolver situações-
problema, registrar e comunicar qualquer ideia matemática. A 01. (Prefeitura de Tibagi/PR-Professor-UNIUV) De
avaliação representa, neste caso, um esforço do professor em acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação
observar e compreender o que as crianças fazem, os Infantil (RCNEI), elaborado pelo MEC em 1998, a educação
significados atribuídos por elas aos elementos trabalhados nas infantil deve oferecer às crianças de 0 (zero) a 6(seis) anos de
situações vivenciadas. Esse é um processo relacionado com a idade uma formação pessoal e social, bem como o
observação da criança nos jogos e atividades e de seu conhecimento de mundo que lhes oportunize a construção de
entendimento sobre diferentes domínios que vão além da sua identidade e autonomia. A respeito do RCNEI, é CORRETO
própria Matemática. A avaliação terá a função de mapear e afirmar:
acompanhar o pensamento da criança sobre noções

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(A) O RCNEI aspira a apontar metas de qualidade que


contribuam para que as crianças tenham um desenvolvimento (A) Procedimentais, normativos e atitudinais;
integral de sua identidade, capazes de crescerem como (B) Factuais, conceituais e atitudinais;
cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. (C) Conceituais, procedimentais e atitudinais;
(B) De acordo com o RCNEI, cuidar é propiciar situações de (D) Conceituais, atitudinais e normativos;
cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientados de forma (E) Afetivos, motores e morais.
singular e que possam contribuir para o desenvolvimento das
capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar com Respostas
os outros.
(C) De acordo com o RCNEI, para educar é preciso antes de 01. A/02. B/03. B/04. D/05. C
tudo estar comprometido com o outro, com sua singularidade,
ser solidário com suas necessidades, não confiar em suas Docente
capacidades. É necessário também ajudar o outro a se
desenvolver como ser humano. Uma abordagem sobre o papel do professor26
(D) Na escola, a organização das turmas por idade é A inquietação acerca do papel do professor e da atuação da
dispensável na educação infantil, uma vez que a sua função escola frente à formação do educando no processo de ensino e
primordial, nessa fase, é cuidar das crianças. aprendizagem vem, ao longo tempo, gerando estudos entre os
(E) As crianças de 0 a 6 anos e com necessidades especiais pesquisadores com o objetivo de ressaltar-se a importância do
deverão ser acolhidas em instituições próprias para seu professor na prática educativa, assim como sua atuação que
cuidado, não sendo aconselhável sua inclusão em classes deve estar voltada para a produção do conhecimento do aluno.
regulares da educação infantil. Não existe quem ensina ou quem aprende, mas quem aprende
a aprender.
02. (Prefeitura de Tibagi/PR- Professor- UNIUV) O Considerando-se a escola como o espaço onde acontece a
RCNEI tem por princípio: intervenção pedagógica, e o professor mediador da
formação do aluno, percebe-se a necessidade de se
(A) O desenvolvimento das crianças a partir da realização estabelecer um diálogo entre esses segmentos, objetivando
de estímulos aos aspectos cognitivos. adequar o conhecimento difundido no contexto escolar as
(B) O respeito à dignidade e aos direitos das crianças, práticas sociais. O professor deve atuar comprometido com
consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, essa difusão do conhecimento, mas sempre voltado à pesquisa,
econômicas, culturais, étnicas, religiosas. socializando suas buscas e experiências durante a prática
(C) O desenvolvimento afetivo das crianças a partir das educativa, para a melhoria da qualidade de ensino.
atividades de brincar. Na realidade, o professor é consciente de como é
(D) Fortalecer aspectos cognitivos como ênfase do importante sua atuação na formação de pensadores, contudo
trabalho nas escolas. o programa curricular preestabelecido pela escola tem o
(E) Articular os fazeres cognitivos e racionais das crianças. propósito de preparar o aluno para ingressar numa
universidade. Com isso o professor não tem a liberdade ou o
03. (Prefeitura de Tibagi/PR- Professor- UNIUV) O fato apoio para conduzir suas aulas, então o ensino volta-se para a
de uma instituição de educação infantil informar que trabalha transmissão de conteúdos e os alunos permanecem no papel
com as múltiplas linguagens da criança, significa que: de repetidores.
Observa-se que a responsabilidade de educar, hoje, recai
(A) Os professores priorizam duas formas de linguagem tão somente sobre a escola, especialmente sobre a figura do
em projetos didáticos orientados pelos interesses das crianças. professor. Contudo, o ato de educar compete a todas as
(B) Foram construídos espaços criativos para instituições sociais comprometidas com o desenvolvimento do
brincadeiras, interações e projetos voltados para expressão país, principalmente a família – uma das instituições mais
musical, corporal, artes plásticas e teatro. antigas – deve ter sua coparticipação junto à escola, uma vez
(C) A instituição considera que as crianças se comunicam e que é ela que compete a transmissão de valores morais. Essa
se expressam com dificuldade; assim, precisam ser parceria deve visar à formação do educando, a fim de que este
estimuladas. exerça sua autonomia e liberdade frente as suas atividades no
(D) As professoras, pautadas nas manifestações, interesses contexto escolar e no seu convívio em sociedade.
e necessidades das crianças, orientarão os pais a alfabetizá-las. Dessa forma, falar do papel do professor no processo
(E) As crianças são respeitadas em suas múltiplas vozes, ou ensino e aprendizagem é mostrar como deve ser permeada sua
seja, necessidades e desejos. prática, para que esta não seja como um mero transmissor
de informações, mas como um gerenciador do
04. (Prefeitura de Tibagi/PR- Professor-UNIUV) Não conhecimento, valorizando a experiência e o conhecimento
faz parte do perfil profissional do professor de educação internalizado de seu aluno na busca de sua formação como
infantil, segundo o RCNEI: pessoa capaz de pensar, criar e vivenciar o novo, assim
como da formação de sua cidadania.
(A) Ser polivalente;
(B) Ter comprometimento com a prática educacional; O papel do professor no processo de ensino e
(C) Ser capaz de trabalhar conteúdos de diversas áreas do aprendizagem
conhecimento;
(D) Evitar o envolvimento com a família das crianças; Durante muito tempo a prática educativa era centrada no
(E) Ser, além de professor, um aprendiz, refletindo professor. Este repassava os conteúdos, os alunos absorviam
continuamente sobre sua prática; ou memorizavam sem qualquer reflexão ou indagação. Ao
final, o conteúdo era cobrado em forma de uma avaliação. Esse
05. De acordo com o RCNEI os conteúdos de ensino devem tipo de informação, repassada e memorizada, destoa
abranger as seguintes categorias: completamente da proposta de um novo ensino na busca da

26 Texto adaptado de Wilandia Mendes de Oliveira, disponível em

https://www.inesul.edu.br

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produção do conhecimento. Essa prática pedagógica em nada f) Colaborar com as atividades de articulação da escola
contribui para o aspecto cognitivo do aluno. com as famílias e a comunidade.
Hoje, não se pede um professor que seja mero transmissor
de informações, ou que aprende no ambiente acadêmico o que Percebe-se que o papel do professor, segundo a LDB, é
vai ser ensinado aos alunos, mas um professor que produza o mais do que transmitir informações, em uma gestão
conhecimento em sintonia com o aluno. democrática, ele deve participar da elaboração da
Não é suficiente que ele saiba o conteúdo de sua disciplina, proposta pedagógica do estabelecimento de ensino, como
ele precisa não só interagir com outras disciplinas, como também estabelecer os objetivos, as metas a serem
também conhecer o aluno. Conhecer o aluno faz parte do papel alcançadas, uma vez que é ele que tem maior contato com o
desempenhado pelo professor pelo fato de que ele necessita aluno e é de sua responsabilidade a construção de uma
saber o que ensinar, para que e para quem, ou seja, como o educação cidadã. O artigo também fala com relevância sobre o
aluno vai utilizar o que aprendeu na escola em sua prática que o professor deve priorizar em relação à aprendizagem do
social. aluno, buscando meios que venham favorecer aqueles que
Dessa forma, Libâneo27 afirma que o professor medeia à apresentam dificuldades durante o processo. É importante que
relação ativa do aluno com a matéria, inclusive com os o professor participe das atividades da escola em conjunto
conteúdos próprios de sua disciplina, mas considerando o com as famílias dos alunos e a comunidade.
conhecimento, a experiência e o significado que o aluno traz à Por isso, na sua prática pedagógica, o professor não pode
sala de aula, seu potencial cognitivo, sua capacidade e ser omisso diante dos fatos sócio históricos locais e mundiais,
interesse, seu procedimento de pensar, seu modo de trabalhar. e precisa entender não apenas de sua disciplina, mas também
Nesse sentido o conhecimento de mundo ou o conhecimento como de política, ética, família, para que o processo de ensino
prévio do aluno tem de ser respeitado, explorando e ampliado. e aprendizagem seja efetivado na sua plenitude dentro da
Ensinar bem não significa repassar os conteúdos, mas realidade do aluno.
levar o aluno a pensar, criticar. Percebe-se que o professor tem Reforça Cury29 que os educadores, apesar das suas
a responsabilidade de preparar o aluno para se tornar um dificuldades, são insubstituíveis, porque a gentileza, a
cidadão ativo dentro da sociedade, apto a questionar, debater solidariedade, a tolerância, a inclusão, os sentimentos
e romper paradigmas. Cury28 afirma que a exposição altruístas, enfim todas as áreas da sensibilidade não podem ser
interrogada gera a dúvida, a dúvida gera o estresse positivo, e ensinadas por máquinas, e sim por seres humanos.
este estresse abre as janelas da inteligência. Assim formamos Conclui-se com essa afirmação que o professor é a alma do
pensadores, e não repetidores de informações. estabelecimento de ensino. Ele tem a tarefa importante de
A dúvida nessa exposição é um aspecto positivo, pois gera formar cidadãos e de desenvolver neles a capacidade crítica da
a curiosidade, levando o aluno a refletir e buscar respostas. O realidade, para que possam utilizar o que aprenderam na
autor citado enfatiza que a exposição interrogada escola em diversas situações e/ou lugares.
transforma a informação em conhecimento e esse Se os professores entrassem nos mundos que existem na
conhecimento, em experiência e o melhor, o professor não distração dos seus alunos, eles ensinariam melhor. Tornar-se-
mais é persuasivo, ou o que convence, mas o que provoca e iam companheiros de sonho e invenção. Muitas vezes a
estimula a inteligência. Diante disso, ele desempenha, no distração dos alunos leva-os para outro mundo fora da sala de
processo de ensino e aprendizagem, o papel de gerenciador e aula, mas a um mundo de criações, de sonhos, de desejos de
não de detentor do conhecimento. realização de algo que permeia sua vida. É importante o
Numa sociedade que está sempre em transformação, o professor conhecer o mundo do aluno para dar significado à
professor contribui com seu conhecimento e sua experiência, sua prática educativa. Pois a realização desta se dá quando
tornando o aluno crítico e criativo. Deve estar voltado ao existe o processo de compreensão professor-aluno, aluno-
ensino dialógico, uma vez que os seres humanos aprendem professor. Essa compreensão está no sentido de que ambos
interagindo com os outros. É o processo aprender a aprender. caminham juntos na produção do conhecimento.
O professor deve provocar o aluno passivo para que se Zagury30 afirma que o professor precisa mostrar a beleza e
torne num aluno sujeito da ação. o poder das ideias, mesmo que use apenas os recursos de que
A Lei nº 9.394/96 estabelece as diretrizes e bases da dispõe: quadro-negro e giz. Observa-se nessa afirmação que a
educação nacional, decretando a todo cidadão o direito a aula pode ser bem positiva e agradável, sem os grandes
educação, abrangendo processos formativos que se recursos que permeiam todas as atividades humanas e em
desenvolvem desde a família às manifestações culturais. Esta todos os lugares: os recursos tecnológicos.
Lei disciplina que a educação escolar se desenvolva por meio Antes de qualquer decisão acerca da educação, é preciso
do ensino em instituições próprias, mas devendo vincular-se ouvir o professor. É ele que acompanha o aluno, medeia o
ao mundo do trabalho e às práticas sociais. conhecimento, faz parte do processo pedagógico efetivamente.
É ele que enfrenta as dificuldades de aprendizagem do aluno,
Dessa forma, no artigo 13 da LDB, que tem como título “Da as carências afetivas destes, e principalmente sabe como
Organização da Educação Nacional”, trata-se sobre as funções adequar os conhecimentos prévios dos educandos aos
do professor, como sendo: conteúdos curriculares da escola. Nesse sentido, o professor
a) Participar da elaboração da proposta pedagógica do precisa também sentir-se motivado a caminhar frente às
estabelecimento de ensino; exigências da sociedade. Apoiá-lo nas decisões do que é
b) Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a melhor para o aluno e escutá-lo por sua vez, porque é com ele
proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; que o aluno passa o tempo em que está na escola. E o educando
c) Zelar pela aprendizagem dos alunos; precisa ter consciência de sua responsabilidade, respeitando
d) Estabelecer estratégias de recuperação dos alunos de as exigências da escola.
menor rendimento;
e) Ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos,
além de participar integralmente dos períodos dedicados ao
planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;

27 LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora: novas exigências 29 Idem
educacionais e profissão docente. São Paulo: Cortez, 1998. 30 ZAGURY, Tânia. Fala mestre. In: NOVA ESCOLA, nº 192, p.20-22, maio, 2006.
28 CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de

Janeiro: Sextante, 2003.

Conhecimentos Específicos 185


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O Papel da Escola A aprendizagem contextualizada em relação ao conteúdo


busca desenvolver o pensamento mais elevado, não apenas a
Sabe-se que a escola não é responsável sozinha pelas aquisição de fatos independentes da vida real. No processo, a
transformações sociais, porém é nela que acontece a aprendizagem é sócio interativa, envolve os valores, as
intervenção pedagógica, resultando no processo de ensino e relações de poder e o significado do conteúdo entre os alunos
aprendizagem. É preciso então, que ela tenha consciência da envolvidos. No contexto, propõe-se não apenas trazer o real
sua importância para desenvolver no educando a formação para a sala de aula, mas criar condições para que os alunos
crítica e dar condições para que ele possa participar das revejam os eventos da vida real numa outra perspectiva.
decisões da sua comunidade local ou mundial.
De acordo com o Art. 9º do referido Parecer, na
A escola, enquanto instituição social, é um dos espaços observância da Contextualização, as escolas terão presente
privilegiados de formação e informação, em que a que:
aprendizagem dos conteúdos deve estar em consonância a) Na situação de ensino e aprendizagem, o conhecimento
com as questões sociais que marcam cada momento é transposto da situação em que foi criado, inventado ou
histórico. Ou seja, deve estar relacionada ao cotidiano dos produzido, e por causa desta transposição didática deve ser
alunos, desde o aspecto local ao global. relacionado com a prática ou a experiência do aluno a fim de
adquirir significado;
Diante disso, a escola deve deixar de ser uma agência b) A relação entre teoria e prática requer concretização dos
transmissora de informações e transformar-se num lugar onde conteúdos curriculares em situações mais próximas e
a informação seja produzida e o conhecimento seja familiares do aluno, nas quais se incluem as do trabalho e do
significante. O educando afirma sua identidade através do exercício da cidadania;
conhecimento e competências adquiridos na escola. c) A aplicação de conhecimentos constituídos na escola às
Segundo Libâneo31 a formação de atitudes e valores, situações da vida cotidiana e da experiência espontânea
perpassando as atividades de ensino, adquire, portanto, um permite seu entendimento, crítica e revisão.
peso substantivo na educação escolar, por que se a escola
silencia valores, abre espaço para Diante desse relato, a escola deve trabalhar de forma que
os valores dominantes no âmbito social. adapte os conteúdos à realidade e à diversidade de cultural, e
Dessa forma, a escola, diante das transformações que que a teoria e a prática estejam em consonância com as
ocorrem no mundo, não pode deixar de recolocar valores situações vividas pelos alunos. É fundamental que ela ofereça
humanos fundamentais como o reconhecimento da condições e liberdade ao professor para que ele possa
diversidade e das diferenças, da justiça, assim como o respeito desenvolver um bom trabalho frente ao aluno, visando a sua
à vida como suporte de convicções. aprendizagem como cidadão e como ser capaz de realizar
A escola não é a que detém o saber, mas é a responsável tarefas em sociedade, uma vez que a aprendizagem é um
por preparar o aluno para as exigências postas pela sociedade. processo continuo e inacabado e não um fim com o objetivo de
Ela não deve resumir-se ao papel de repassar conteúdos que formar apenas profissionais para o campo de trabalho.
não estejam norteados com a realidade do aluno, como num Hoje, ainda se observa que a responsabilidade de formar e
processo “bancário”, ou seja, o acúmulo de conhecimento que informar incide sobre o professor. Quando ele realiza uma
o educando não sabe mobilizar quando sai da escola, frente as estratégia diferente para repassar os conteúdos, outros
suas aspirações pessoais. segmentos da escola questionam se o tempo é suficiente para
atingir toda a programação. No entanto o compromisso da
A escola brasileira, hoje, encontra-se voltada para escola deve ser com o conhecimento do aluno, como ele se dá,
conteúdos que vão ajudar o aluno a ingressar numa e não com a transmissão de conteúdos programados
universidade ou no campo de trabalho, pois os professores previamente sem a análise das necessidades do educando.
precisam cumprir um programa preestabelecido pela O professor precisa de liberdade e autonomia para lidar
instituição como um fim, e não como um meio para a com os conteúdos que vão provocar a inquietação do aluno.
aquisição do conhecimento ou a informação da cidadania Para isso, a escola deve contribuir oferecendo-lhe condições
do aluno. para atuar, apoiando-o nas suas ideias com o mesmo objetivo
de formar pessoas que podem mudar toda uma nação. Muito
Charlot32 afirma “a escola ideal é aquela que faz sentido mais que ensinar conteúdos, a escola tem a responsabilidade
para todos e na qual o saber é fonte de prazer”, assim, a escola de contribuir para a construção da cidadania e o respeito às
que se deseja é a que promova saberes que o aluno entenda. diversidades.
Um recurso importante que provoca interesse no aluno,
hoje é o computador. O que se pode perceber são alunos A Relevante Participação da Família no Contexto
querendo aulas diferentes utilizando esse recurso, porém com Escolar
o objetivo de conversar com pessoas pela internet, e não para
pesquisar. A escola precisa conscientizar o aluno que pode A relação família e escola é inerente ao processo educativo.
usar esse recurso nas aulas, mas deve orientá-los para a A família sofre influências externas no convívio com a
pesquisa. comunidade sendo relevante no processo educacional. Pode-
De acordo com os PCNs33 é importante a contextualização se afirmar que os valores morais que são orientados pela
no currículo como forma de facilitar a aplicação da experiência família fazem com que os educandos reconheçam a escola
escolar para a compreensão de experiência pessoal em níveis como espaço de exercício de cidadania, com direitos, deveres,
sistemáticos e abstratos e o aproveitamento de experiência normas e regras, uma vez que as instituições escola e família
pessoal para facilitar a concretização dos conhecimentos que têm objetivos comuns, no sentido de formação do caráter, de
a escola trabalha. A contextualização, nesse sentido é utilizada construção de conhecimento e de autoafirmação de cada um
como um recurso pedagógico para a constituição do deles.
conhecimento; é um processo continuo de habilidades Algumas vezes a família não tem consciência da
intelectuais superiores. importância de seu apoio junto à instituição escolar do filho.

31Idem 33 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Ensino Médio. Ministério da


32 CHARLOT, Bernard. Fala mestre. In: NOVA ESCOLA, nº 196, p.15-18, Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Brasília, 1999.
outubro, 2006.

Conhecimentos Específicos 186


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No entanto, a participação efetiva daquela na educação da De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
criança é essencial para que esta consiga atingir seu objetivo. Nacional, essas são atribuições dos:
A família é o suporte para que a educação da criança prevaleça (A) Docentes.
na sua vida escolar. Diante disso, o acompanhamento de perto (B) Discentes.
do que se desenvolve é fundamental no processo de (C) Assistentes de aluno.
aprendizagem, uma vez que não envolve apenas o aspecto (D) Monitores.
cognitivo do educando, mas a formação de pessoas como seres (E) Educandos
constituintes de uma sociedade de valores morais e éticos.
Embora a escola tenha objetivos peculiares na formação do 03. (CISCOPAR – Pedagogo) A elaboração e o
educando, como a produção de conhecimento e sua visão cumprimento do plano de trabalho, segundo a proposta
crítica da realidade e do mundo, não significa que ela não deva pedagógica do estabelecimento de ensino é dever do:
se preocupar com o desenvolvimento afetivo e as relações (A) Aluno.
desenvolvidas pelos alunos – apenas tem critérios diferentes. (B) Diretor
No entanto a família precisa conscientizar-se do seu papel no (C) Secretário.
processo de criação da criança, não responsabilizando (D) Professor.
unicamente a escola por essa função. (E) Pedagogo.
Para corroborar com a ideia acima Chalita34 diz que por
melhor que seja a escola, por mais bem preparados que Respostas
estejam seus professores, nunca vai suprir a carência deixada
por uma família ausente”. 01. Alternativa D
É preciso também que a sociedade, não apenas os setores 02. Alternativa A
ligados à educação, promova ações relacionadas ao cotidiano, 03. Alternativa D
para que a família compreenda os objetivos traçados pela
escola, assim como a sua corresponsabilidade no processo
educativo. Organização curricular;
Para Chalita35 a família tem a responsabilidade de formar
o caráter, educar para os desafios da vida, de perpetuar valores fundamentos do currículo
éticos e morais, sendo fundamental que o educando tenha centrado em
valores constituídos na família, para que junto à escola ele disciplinas/conteúdos e do
possa ampliar outros valores, respeitando e contribuindo para
a realização do processo educativo. currículo centrado em áreas; a
Considerando que a escola deve trabalhar com o organização do currículo por
conhecimento prévio e a experiência do aluno, a família áreas de conhecimento;
precisa contribuir no processo, educando, assumindo
responsabilidades e atuando em parceria com a escola, currículo orientado para a
ressaltando que cada uma das partes deve preservar suas construção de competências.
características próprias.
Essa ação conjunta facilitará a adaptação do educando no
espaço escolar e sua relação com a aprendizagem, Concepções de Currículo e a Organização Curricular da
possibilitando uma educação satisfatória. Pode-se perceber Educação Básica
que a escola e a família devem buscar parcerias, de forma que
os educandos tenham oportunidades de construir um perfil de Concepções de Currículo
pessoa capaz de viver e conviver em situações novas e
prazerosas para eles. À palavra currículo associam-se distintas concepções, que
Questões derivam dos diversos modos de como a educação é concebida
historicamente, bem como das influências teóricas que a
01. (Colégio Pedro II – Técnico em assuntos afetam e se fazem hegemônicas em um dado momento.
educacionais – AOCP) Um projeto de trabalho docente deve:
(A) Evitar as possibilidades de ruptura com o estabelecido Diferentes fatores socioeconômicos, políticos e culturais
no processo de ensino e de aprendizagem. contribuem, assim, para que currículo venha a ser entendido
(B) Prever com certeza os caminhos e os resultados a como:
serem alcançados. - os conteúdos a serem ensinados e aprendidos;
(C) Considerar que a vontade e a inteligência são capazes - as experiências de aprendizagem escolares a serem
de promover mudanças. vividas pelos alunos;
(D) Aumentar a qualidade e a eficácia do ensino. - os planos pedagógicos elaborados por professores,
(E) Opor- se a perspectiva do conhecimento globalizado. escolas e sistemas educacionais;
- os objetivos a serem alcançados por meio do processo de
02. (UTFPR – Assistente de Aluno) Analise as afirmativas ensino;
abaixo: - os processos de avaliação que terminam por influir nos
conteúdos e nos procedimentos selecionados nos diferentes
I) Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a graus da escolarização.
proposta pedagógica do estabelecimento de ensino.
II) Zelar pela aprendizagem dos alunos. Podemos afirmar que as discussões sobre o currículo
III) Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos incorporam, com maior ou menor ênfase, discussões sobre os
de menor rendimento. conhecimentos escolares, sobre os procedimentos e as
relações sociais que conformam o cenário em que os
conhecimentos se ensinam e se aprendem, sobre as

34 CHALITA, G. Educação: A solução está no afeto. 12ªed. São Paulo: Gente, 35 Idem
2004.

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transformações que desejamos efetuar nos alunos e alunas, conhecimento, como é produzido e distribuído, qual seu papel
sobre os valores que desejamos inculcar e sobre as identidades nos destinos humanos.
que pretendemos construir.
Pode-se agrupar essas teorias em duas grandes vertentes:
Estamos entendendo currículo como as experiências - o currículo centrado no conhecimento; e
escolares que se desdobram em torno do conhecimento, em - o currículo centrado no aluno.
meio a relações sociais, e que contribuem para a construção
das identidades de nossos/as estudantes. Conhecimento - a mais antiga e remonta a tempos em que
o conhecimento não se separava da crença religiosa. O
Currículo associa-se, assim, ao conjunto de esforços currículo é entendido como fonte de um saber fixo, universal e
pedagógicos desenvolvidos com intenções educativas. Por inquestionável e a escola como lugar de assimilar esse
esse motivo, a palavra tem sido usada para todo e qualquer conhecimento de acordo com algumas regras.
espaço organizado para afetar e educar pessoas, o que explica Os estudos começavam com aquilo que “disciplina” o
o uso de expressões como o currículo da mídia, o currículo da pensamento: gramática, lógica e retórica, ou seja, ensinar a
prisão etc. pensar e a expressar o pensamento de acordo com as regras da
gramática. Em seguida era constituído de aritmética,
Devemos, ainda, considerar que o currículo se refere a uma geometria, música e astronomia. Esta última era o único
realidade histórica, cultural e socialmente determinada, e se “estudo das coisas” aceito pela academia medieval. Os estudos
reflete em procedimentos didáticos, administrativos que finalmente se completavam com a teologia.
condicionam sua prática e teorização. Enfim, a elaboração de A concepção do currículo escolar centrado no
um currículo é um processo social, no qual convivem lado a conhecimento privilegia a apropriação do patrimônio
lado os fatores lógicos, epistemológicos, intelectuais e científico cultural acumulado em lugar do avanço em direção a
determinantes sociais como poder, interesses, conflitos novas descobertas e fronteiras científicas. Sua didática é
simbólicos e culturais, propósitos de dominação dirigidos por frontal, expositiva e fácil de observar e de aprender, motivo
fatores ligados à classe, raça, etnia e gênero. pelo qual ainda predomina em muitas salas de aula. Ao longo
da história, o currículo centrado no conhecimento garantiu
Cabe destacar que a palavra currículo tem sido também que o legado das várias gerações fosse assimilado, preservado
utilizada para indicar efeitos alcançados na escola, que não e transferido para uma nova geração.
estão explicitados nos planos e nas propostas, não sendo
sempre, por isso, claramente percebidos pela comunidade Aluno - a vertente centrada no aluno entende que o
escolar. currículo escolar deve ser constituído do conhecimento
reconstruído pelo aluno a partir de suas próprias referências
Trata-se do chamado currículo oculto, que envolve, culturais e individuais. As muitas variantes dessa vertente têm
dominantemente, atitudes e valores transmitidos, em comum a concepção do conhecimento como emancipação,
subliminarmente, pelas relações sociais e pelas rotinas do mas diferem significativamente no que diz respeito ao papel
cotidiano escolar. Fazem parte do currículo oculto, assim, do professor e da escola.
rituais e práticas, relações hierárquicas, regras e Para as mais radicais, a educação escolar deve ser abolida
procedimentos, modos de organizar o espaço e o tempo na porque é apenas transmissora de ideologia (Michael Apple38)
escola, modos de distribuir os alunos por grupamentos e ou de arbitrários culturais (Bourdieu & Passeron39). Já para
turmas, mensagens implícitas nas falas dos(as) seguidores de teóricos como Cesar Coll40 ou Emília Ferreiro e
professores(as) e nos livros didáticos. Ana Teberosky41, o conhecimento é emancipador se envolver a
participação do aluno e se o professor for antes de mais nada
São exemplos de currículo oculto: um facilitador da reconstrução do conhecimento. Sua didática
- a forma como a escola incentiva o aluno a chamar a requer atividade e vínculo do aluno com o saber; em lugar de
professora (tia, Fulana, Professora etc.); frontal, é distribuída entre professor e alunos.
- a maneira como arrumamos as carteiras na sala de aula
(em círculo ou alinhadas); O currículo é centrado no conhecimento mas num
- as visões de família que ainda se encontram em certos conhecimento falível, que deve ser submetido à
livros didáticos (restritas ou não à família tradicional de classe problematização. Diferentemente da concepção do currículo
média). centrado no conhecimento, essa nova perspectiva considera a
apropriação sistemática do mesmo, necessária mas não
Resumindo... currículo oculto é o termo usado para suficiente porque é preciso ir além e aplicá-lo às situações que
denominar as influências que afetam a aprendizagem dos demandam a intervenção humana.
alunos e o trabalho dos professores. Representa tudo o que os
alunos aprendem diariamente em meio às várias práticas, Da mesma forma, diferentemente da concepção do
atitudes, comportamentos, gestos, percepções, que vigoram no currículo centrado no aluno, considera insuficiente a
meio social e escolar. Está oculto por que ele não aparece no reconstrução do conhecimento descomprometida com a
planejamento do professor (Moreira36; Silva37). intervenção na realidade. A didática dessa vertente propõe
facilitar não só a reconstrução do conhecimento, como
Teoria em duas grandes vertentes também sua mobilização para intervir em situações de
diferentes graus de complexidade. De preferência, demanda
Como quase todos os temas educacionais, as decisões que o conhecimento seja reconstruído para um projeto ou um
sobre currículo envolvem diferentes concepções de mundo, de objetivo o que o torna inseparável da intenção e do valor.
sociedade e, principalmente, diferentes teorias sobre o que é o

36 MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Currículos e programas no Brasil. 39 BOURDIEU, P. & PASSERON, J-C. 2008. A reprodução - elementos para uma

Campinas: Papirus, 1990. teoria do ensino. Petrópolis: Vozes.


37 SILVA, Tomaz Tadeu da. Identidades terminais: as transformações na 40 COLL, C. 2006. O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática.

política da pedagogia e na pedagogia da política. Petrópolis: Vozes, 1996. 41 FERREIRO, E. & TEBEROSKY, A. 1988. Psicogenese da língua escrita. Porto
38 APPLE, M. 2004. Ideology and curriculum. New York: Routledge Falmer. Alegre: ArtMed.

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Por essa razão o currículo não é centrado nem no aluno A educação é um meio de liberação, cujos processos,
nem no conhecimento, mas na aprendizagem e no resultado, conduzidos pelos próprios alunos, estão relacionados aos
entendido como aquilo que o aluno é capaz de saber e fazer. ideais de crescimento, integridade e autonomia. A auto
Por essa razão é também denominado currículo referenciado realização constitui o cerne do currículo humanístico. Para
em competências. consegui-la, o educando deverá vivenciar situações que lhe
possibilitem descobrir e realizar sua própria individualidade,
Essa concepção superadora da polarização é sintonizada agindo, experimentando, errando, avaliando, reordenando e
com as novas fronteiras de aprendizagem que vêm sendo expressando. Tais situações ajudam os educandos a integrar
abertas pelo uso pedagógico das tecnologias da informação e emoções, pensamentos e ações.
comunicação. As Tecnologias da Informação e Comunicação
(TICs) estão se revelando um recurso pedagógico capaz de Currículo Tecnológico - sob a perspectiva tecnológica,
potencializar o ensino baseado em projetos e a organização de ainda segundo McNeil a educação consiste na transmissão de
situações problema, estratégias pedagógicas pertinentes na conhecimentos, comportamentos éticos, práticas sociais e
concepção do currículo referenciado em competências. habilidades que propiciem o controle social. Sendo assim, o
currículo tecnológico tem sua base sólida na tendência
Abordagens do Currículo tecnicista. O comportamento e o aprendizado são moldados
pelo externo, ou seja, ao professor, detentor do conhecimento,
Currículo Fechado cabe planejar, programar e controlar o processo educativo; ao
- Apresenta disciplinas isoladas; aluno, agente passivo, compete absorver a eficiência técnica,
- Organizadas em grade curricular; atingindo os objetivos propostos.
- Objetivos e competências definidos; O currículo tecnológico, concebido fundamentalmente no
- Professor limita-se a segui-los. método, tem, como função, identificar meios eficientes,
programas e materiais com a finalidade de alcançar resultados
Currículo Aberto: pré-determinados. É expresso de variadas formas:
- Preocupa-se com a interdisciplinaridade; levantamento de necessidades, plano escolar sob o enfoque
- Objetos e competências definidos em áreas geradoras; sistêmico, instrução programada, sequências instrucionais,
- Professores participam de todo o processo. ensino prescritivo individualmente e avaliação por
desempenho.
Para entendermos melhor, as ideologias e concepções em O desenvolvimento do sistema ensino e aprendizagem
relação ao currículo recorreremos ao texto de McNeil42. Neste segundo hierarquia de tarefas constitui o eixo central do
texto o autor classifica o currículo em quatro abordagens planejamento do ensino, proposto em termos de uma
distintas: Acadêmico, Humanista, Tecnológico e linguagem objetiva, esquematizadora e concisa.
Reconstrucionista, que foram sendo construídas ao longo do
tempo. Currículo Reconstrucionista Social - o currículo
reconstrucionista tem como concepção teórica e metodológica
Currículo Acadêmico - é dentre as várias orientações a tendência histórico crítica e tem como objetivo principal a
curriculares, a que possui maior tradição histórica. Para os transformação social e a formação crítica do sujeito. De acordo
adeptos da tendência tradicional, o núcleo da educação é o com McNeil o reconstrucionismo social concebe homem e
currículo, cujo elemento irredutível é o conhecimento. Nas mundo de forma interativa. A sociedade injusta e alienada
disciplinas acadêmicas de natureza intelectual – como língua e pode ser transformada à medida que o homem inserido em um
literatura, matemática, ciências naturais, história, ciências contexto, social, econômico, cultural, político e histórico
sociais e belas artes –, se encontra o núcleo do conhecimento, adquire, por meio da reflexão, consciência crítica para
o conteúdo principal ou a matéria de ensino. assumir-se sujeito de seu próprio destino.
Sua abordagem baseia-se, principalmente, na estrutura do Nesse prisma, a educação, é um agente social que promove
conhecimento, como um patrimônio cultural, transmitido às a mudança. A visão social da educação e currículo consiste em
novas gerações. As disciplinas clássicas, verdades consagradas provocar no indivíduo atitudes de reflexão sobre si e sobre o
pela ciência, representam ideias e valores que resistiram ao contexto social em que está inserido. É um processo de
tempo e às mudanças socioculturais. Portanto, são promoção que objetiva a intervenção consciente e libertadora
fundamentais à construção do conhecimento. sobre si e a realidade, de modo a alterar a ordem social. Na
Segundo McNeil a finalidade da educação, segundo o perspectiva de reconstrução social agrupam-se as posições
currículo acadêmico, é a transmissão dos conhecimentos que consideram o ensino uma atividade crítica, cujo processo
vistos pela humanidade como algo inquestionável e de ensino e aprendizagem devam se constituírem em uma
principalmente como uma verdade absoluta. À escola, cabe prática social com posturas e opções de caráter ético que
desenvolver o raciocínio dos alunos para o uso das ideias e levem à emancipação do cidadão e à transformação da
processos mais proveitosos ao seu progresso. realidade.
Sob o norte de emancipação do indivíduo, o currículo deve
Currículo Humanístico - o currículo humanista tem como confrontar e desafiar o educando frente aos temas sociais e
base teórica a tendência denominada Escola Nova e esta situações-problema vividos pela comunidade. Por
defende que o currículo necessita levar em consideração a conseguinte, não prioriza somente os objetivos e conteúdos
realidade dos alunos. Na ênfase humanista, segundo McNeil a universais, sua preocupação não reside na informação e sim na
atenção do conteúdo disciplinar se desloca para o indivíduo. O formação de sujeitos históricos, cujo conhecimento é
aluno é visto como um ser individual, dotado de uma produzido pela articulação da reflexão e prática no processo
identidade pessoal que precisa ser descoberta, construída e de apreensão da realidade. Enfatizando as relações sociais,
ensinada; e o currículo tem a função de propiciar experiências amplia seu âmbito de ação para além dos limites da sala de
gratificantes, de modo a desenvolver sua consciência para a aula, introduzindo o educando em atividades na comunidade,
libertação e auto realização. incentivando a participação e cooperação.

42 MCNEIL, John. O currículo reconstrucionista social. Tradução de José Camilo ______. O currículo acadêmico. Tradução de José Camilo dos Santos Filho.
dos Santos Filho. Campinas: editora, 2001. Campinas: editora, 2001.
______. O currículo humanístico. Tradução de José Camilo dos Santos Filho. ______. O currículo tecnológico. Tradução de José Camilo dos Santos Filho.
Campinas: editora, 2001. Campinas: editora, 2001.

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O currículo reconstrucionista acredita na capacidade do Desse modo, afirma José Pacheco44, “o currículo é um
homem conduzir seu próprio destino na direção desejada, e na propósito que não é neutro em termos de informação, já que
formação de uma sociedade mais justa e equânime. Esse esta deriva de diferentes níveis é veiculada por diversos
compromisso com ideais de libertação e transformação social agentes curriculares dentro do contexto de vários
lhe imputa certas dificuldades em uma sociedade hegemônica condicionalismos”.
e dominadora.
Currículo e Projeto Pedagógico
Professores Construtores do Currículo
É viável destacar que o currículo constitui o elemento
O currículo não surge de forma independente, há uma forte central do projeto pedagógico, ele viabiliza o processo de
interligação com os professores, que são uma parte integral do ensino e de aprendizagem.
currículo construído e transmitido às turmas, já que o modo
como é interpretado pelo professor, as decisões que toma e o Sacristán45 afirma que o currículo é a ligação entre a
modo como as concretiza influenciam o currículo. cultura e a sociedade exterior à escola e à educação; entre o
conhecimento e cultura herdados e a aprendizagem dos
Ele corresponde a um conjunto de valores, significados e alunos; entre a teoria (ideias, suposições e aspirações) e a
padrões de vida e, simultaneamente, é uma fonte de prática possível, dadas determinadas condições.
conhecimentos, compreensões, técnicas, destrezas e
estratégias necessárias para o desenvolvimento tanto pessoal Alguns estudos realizados sobre currículo a partir das
como social do sujeito. décadas 1960 a 1970 destacam a existência de vários níveis de
Currículo: formal, real e oculto. Esses níveis servem para fazer
a distinção de quanto o aluno aprendeu ou deixou de aprender.

O Currículo Formal refere-se ao currículo estabelecido


pelos sistemas de ensino, é expresso em diretrizes
curriculares, objetivos e conteúdos das áreas ou disciplina de
estudo. Este é o que traz prescrita institucionalmente os
conjuntos de diretrizes como os Parâmetros Curriculares
Nacionais.

O Currículo Real é o currículo que acontece dentro da sala


de aula com professores e alunos a cada dia em decorrência de
Mas esse processo requer uma progressão (Diogo; Vilar43), um projeto pedagógico e dos planos de ensino.
isto é, desde as decisões assumidas pela Administração Central
do Sistema Educativo (Lei de Bases do Sistema Educativo, Assim, o currículo não é um elemento neutro de
decretos-lei, programas...) que constituem o instrumento transmissão do conhecimento social. Ele está imbricado em
nuclear da política curricular: Currículo Prescrito relações de poder e é expressão do equilíbrio de interesses e
forças que atuam no sistema educativo em um dado momento,
É necessário interpretar seu conteúdo: Currículo tendo em seu conteúdo e formas, a opção historicamente
Apresentado. configurada de um determinado meio cultural, social, político
e econômico.
Por meio de manuais escolares, publicações científicas e
didáticas, passando pela planificação curricular e O caráter pedagógico compreende todos os aspectos
consequentes programações pedagógico-didáticas levadas a envolvidos com as finalidades que se pretende a educação. A
cabo na escola: Currículo Traduzido. Pedagogia, segundo Libâneo46, ocupa-se da educação
intencional, que investiga os fatores que contribuem para a
Já na sala de aula, o professor realiza diversas atividades construção do ser humano como membro de uma determinada
em função dessas finalidades educativas assumidas. Currículo sociedade, e aos processos e aos meios dessa formação.
Trabalhado.
Ter clara a compreensão de que Pedagogia se está falando,
Dando significado real às decisões curriculares pra qual escola, que aluno, que ensino, ou seja, que conceitos
previamente assumidas, o que implica uma aprendizagem fundamentam as finalidades educativas que se pretende
significativa dos alunos a diversos níveis: cognitivo, motor, alcançar, é imprescindível para “orientar a prática educativa
afetivo, moral, social, materializando-se o currículo. Currículo de modo consciente, intencional, sistemática, para finalidades
concretizado. sociais e políticas cunhadas a partir de interesses concretos no
seio da práxis social”.
Como tal, esse processo de construção do currículo implica
que professores interpretem, alterem e procedam à revisão e Portanto, o caráter pedagógico tem fundamental e estreita
adaptação do currículo prescrito, de acordo com as situações relação com a construção de um currículo que oriente a ação
concretas de suas intervenções educativas e de suas educativa e determine princípios e formas de atuação. Quando
perspectivas e concepções curriculares, de forma a surgir um os conceitos acerca do que se pretende tratar são
currículo trabalhado adequado ao meio envolvente, à apresentados, entendem-se seus “fins desejáveis” e, define-se
diversidade dos alunos e com a participação de toda a assim, “uma intencionalidade educativa, implicando escolhas,
comunidade educativa. valores, compromissos éticos” (Libâneo).

43 DIOGO, F.; VILAR, A. Gestão flexível do currículo. Porto: Edições Asa, 1998. 46 LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 3ª ed. São Paulo:
44 PACHECO, J. Currículo: teoria e práxis. Porto: Porto Editora, 1996. Cortez, 2000.
45 SACRISTAN, J. Gimeno. Poderes instáveis em educação. Tradução de Beatriz

Affonso Neves. Porto Alegre: Artmed, 1999.

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O desenvolvimento das teorias críticas de currículo fábrica e, que, portanto deve modelá-la como um produto de
somam-se à preocupação com uma prática pedagógica acordo com as especificações da sociedade, tem seus objetivos
comprometida, porque desejam ir além do estático voltados para um controle de qualidade.
formalismo das propostas curriculares. A partir dessas
considerações, fica clara a estreita relação entre currículo e Kliebard48, defendia que “padrões qualitativos e
práticas pedagógicas. quantitativos definitivos fossem estabelecidos para o
produto”, considerando esse produto como o material criança,
Os desafios da inovação curricular encontram-se a professor deveria obter de seus alunos a maior capacidade
justamente nessa articulação entre os fundamentos do caráter que eles possuíssem para solucionar determinada tarefa em
pedagógico e curriculares refletidos na ação docente, pois, determinado período de tempo.
segundo Libâneo é justamente nesse ponto, quando a teoria
une-se à prática, que o trabalho docente é produzido, sendo A prática docente desse currículo é facilmente
que o comprometimento do professor é fundamental, pois é compreendida, pois baseia-se num modelo funcional de
nesse momento que a produção pedagógica acontece. aplicação de conteúdos e atividades. Para Kliebard a
padronização de atividades ou unidades de trabalho e dos
Estar consciente dos objetivos educacionais irá refletir em próprios produtos (crianças), exigiu a especificação de
sua postura diante do objeto de conhecimento em sua relação objetivos educacionais e tornou a criança, em idade escolar
com a prática pedagógica, lembrando que o que define uma como algo a ser modelado e manipulado, produzido de modo
prática como pedagógica é o rumo que se dá às práticas que se encaixasse em seu papel social predeterminado.
educativas, em que “o caráter pedagógico é o que faz distinguir
os processos educativos que se manifestam em situações Em sequência a essa concepção fabril de currículo,
concretas, uma vez que é a análise pedagógica que explicita a Kliebard apresenta o pensamento de Tyler, que afirma que o
orientação do sentido (direção) da atividade educativa”. professor pode controlar as experiências de aprendizagem
através da “manipulação do ambiente de tal forma que crie
Contudo, para que ocorra a concretização do currículo ele situações estimulantes – situações que irão suscitar a espécie
precisa relacionar-se com o pedagógico, as políticas de de comportamento desejado, portanto, parte do pressuposto
formação e inovação curricular devem preocupar-se, de que “a educação é um processo de mudança nos padrões de
especialmente com a passagem desse currículo à escola, ao comportamento das pessoas”.
professor, ao currículo voltado para a ação, de forma que as
orientações curriculares não estejam configuradas como Nesse sentido, a elaboração do currículo limitava-se a
meros discursos, distantes e desconexos, em que a inovação e ser uma atividade burocrática, desprovida de sentido e
a mudança tornem-se, tão-somente, em palavras de efeito, em fundamentada na concepção de que o ensino estava
discursos ecoando no imaginário pedagógico. centrado na figura do professor, que transmitia
conhecimentos específicos aos alunos, estes vistos apenas
Teorias do Currículo como meros repetidores dos assuntos apresentados.
Teoria Tradicional
Teoria Crítica
Kliebard47 apresenta que os fundamentos da teoria
curricular de John Bobbit estão baseados na concepção de Quando Bobbitt (in Kliebard) concebeu esse currículo,
administração científica de Taylor, e que a extrapolação desses acreditamos que talvez não tenha tido a intenção de, além de
princípios para a área de currículo transformou a criança no padronizar atividades, padronizar pessoas. Essa teoria
objeto de trabalho da engrenagem burocrática da escola. produziu uma concepção mecanizada de currículo que
Neste sentido, as finalidades do currículo eram: perdura até hoje, mas ela abriu espaço para o campo político e
- educar o indivíduo segundo as suas potencialidades; econômico, conferindo ao currículo conteúdos implícitos de
- desenvolver o conteúdo do currículo de modo dominação e poder, através da ideologia dominante.
suficientemente variado com o fim de satisfazer as
necessidades de todos os tipos de indivíduos na comunidade; Essa foi a percepção de Michael Apple do que vinha
- favorecer um ritmo de treinamento e de estudo que seja acontecendo com o currículo e que o tornou, segundo
suficientemente flexível; Paraskeva49, o grande precursor da Escola de Frankfurt no
- dar ao indivíduo somente aquilo de que ele necessita; campo da educação e do currículo e o primeiro a reavivar, de
- estabelecer padrões de qualidade e quantidade uma forma explícita, o cunho político do ato educativo e
definitivos para o produto; curricular, colocando a teorização crítica como a saída para a
- desenvolver objetivos educacionais precisos e que compreensão do atual fenômeno da escolarização.
incluam o domínio ilimitado da capacidade humana através do
conhecimento de hábitos, habilidades, capacidades, formas de Aponta que Apple, em “Ideilogy and Curriculum”, denuncia
pensamento, valores, ambições, etc., enfim, conhecer o que a feliz promiscuidade entre Ideologia, Cultura e Currículo e o
seus membros necessitam para o desempenho de suas modo como os movimentos hegemônicos (e também contra
atividades; hegemônicos) se [re] [des] constroem e disputam um
- oferecer “experiências diretas” quando essas múltiplas determinado conhecimento decisivo na construção e
necessidades não fossem atendidas por “experiências manutenção de um dado senso comum com implicações
indiretas”. diretas nas políticas sociais, em geral e educativas e
curriculares, em particular. E esta obra, para muitas figuras de
Da transposição dos princípios gerais da administração proa no campo do currículo – Huebner, McDonald, Mann,
científica para a administração das escolas passou-se ao Kliebard, Beane, McLaren, Giroux, Macedo – seria o inaugurar
domínio da teoria curricular. As implicações para a prática de de uma nova era no campo, em que passava-se do Tylerismo ao
uma escola em que a criança é o material e a escola é a escola- Appleanismo.

47 KLIEBARD, H. Burocracia e teoria de currículo. In: MESSIK, R.; PAIXÃO, L.; 49 PARASKEVA, J.M. Michael Apple e os estudos [curriculares] críticos.

BASTOS, L. (Orgs.). Currículo: análise e debate. São Paulo: Zahar,1980. p.107-126. Currículo sem Fronteiras, v.2, n. 1, p. 106-120, Jan./Jun. 2002.
48 KLIEBARD, H. Os princípios de Tyler. In: MESSIK, R.; PAIXÃO, L.; BASTOS, L.

(Orgs.) Currículo: análise e debate. São Paulo: Zahar, 1980. p.107-126.

Conhecimentos Específicos 191


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Paraskeva, apresenta que para Apple, a problemática do - para James Ladwig, a crise resulta de um impasse teórico,
conhecimento é considerada como pedra angular para o pois são fundamentalmente qualitativos e não apresentam
estudo da escolarização como veículo de seletividade, um evidências suficientes de suas proposições, o que os torna
conhecimento que se toma parte nas dinâmicas desiguais de pouco convincentes para grande parte da comunidade
poder e de controle, no qual o processo de escolarização não é educacional tradicional;
inocente. - para Jennifer Gore a crise é mais evidente nos trabalhos
de Giroux e Peter Maclaren e são descritas em duas razões:
Sobre a preocupação com as formas de conhecimento ausência de sugestões para uma prática docente crítica e a
difundido Apple50, considera fundamental questionar “para utilização de um discurso altamente abstrato e complexo,
quem é esse conhecimento”, demonstrando uma preocupação cujos princípios dificilmente podem ser entendidos e
com o que deve ser ensinado não apenas como questão operacionalizados pelos professores.
educacional, mas, sobretudo, como questão ideológica e
política. Quanto ao Brasil, apresenta que Regina Celli Cunha
considera que a concepção crítica de currículo vivencia uma
Destaca a escola e o currículo porque considera “que crise de legitimação, por não conseguir, na prática,
discutir sobre o que acontece, o que pode acontecer e o que implementar seus princípios teóricos. Moreira revela, ainda,
deveria acontecer em sala de aula” (...) é uma “tarefa que que a opinião dominante entre especialistas em currículo
merece a aplicação de nossos melhores esforços”. acerca da crise é de que os avanços teóricos afetam pouco a
prática docente e que essas discussões têm predominância no
Nesse sentido observa que “enquanto não levarmos à sério campo acadêmico, dificilmente alcançando a escola, não
a intensidade do envolvimento da educação com o mundo real contribuindo para maior renovação, e que, apesar da crise, a
das alternativas e desiguais relações de poder, estaremos teoria curricular crítica constitui a mais produtiva tendência
vivendo em um mundo divorciado da realidade. As teorias, do campo do currículo.
diretrizes e práticas envolvidas na educação não são técnicas.
São intrinsecamente éticas e políticas, e em última análise Fundamentos:
envolvem – uma vez que assim se reconheça – escolhas - Crítica aos processos de convencimento, adaptação e
profundamente pessoais em relação ao que Marcus Raskin repressão da hegemonia dominante;
denomina “o bem comum”. - Contraposição ao empiricismo e ao pragmatismo das
teorias tradicionais;
Quanto ao professor afirma que “queria que os educadores, - Crítica à razão iluminista e racionalidade técnica;
sobretudo aqueles com interesse específico no que acontece - Busca da ruptura do status quo;
nas salas de aula, examinassem criticamente as suas próprias - Materialismo Histórico Dialético – crítica da organização
ideias acerca dos efeitos da educação”. Esse posicionamento social pautada na propriedade privada dos meios de produção
certamente modificaria a prática pedagógica, não no sentido (fundamentos em Marx e Gramsci);
de aplicação metodológica, mas enquanto intenções - Crítica à escola como reprodutora da hegemonia
provocativas à reflexão e à emancipação. dominante e das desigualdades sociais. (Michael Apple)

Portanto, segundo Silva51, as teorias tradicionais Principais Fundamentos:


pretendem ser apenas “teorias” neutras, científicas,
desinteressadas, concentrando-se em questões técnicas e de - Escola Francesa: teoria da reprodução cultural – “capital
organização, enquanto que “as teorias críticas e as teorias pós- cultural”. O currículo da escola está baseado na cultura
críticas argumentam que nenhuma teoria é neutra, científica dominante, na linguagem dominante, transmitido através do
ou desinteressada, mas que está, inevitavelmente implicada código cultural (Bourdieu e Passeron)
em relações de poder. Não se limita a questionar “que
conhecimentos”, mas por que esse conhecimento e não outro? - Escola de Frankfurt: crítica à racionalidade técnica da
Quais interesses fazem com que esse conhecimento e não escola “pedagogia da possibilidade” – da resistência. Currículo
outro esteja no currículo? Por que privilegiar um determinado como emancipação e libertação. (Giroux e Freire)
tipo de identidade ou subjetividade e não outro?”
Assim sendo, a função do currículo, mais do que um
Desta forma, percebemos que as teorias críticas conjunto coordenado e ordenado de matérias, seria
pretendem trazer as relações sociais e sua discussão para a também a de conter uma estrutura crítica que permitisse
sala de aula: questões de raça, de religião, dominação política uma perspectiva libertadora e conceitualmente crítica em
e ideológica, diferenças culturais, etc. A intenção é legítima favorecimento das massas populares. As práticas
quanto à uma educação voltada para a redução e até mesmo, curriculares, nesse sentido, eram vistas como um espaço
nivelação das desigualdades. de defesa das lutas no campo cultural e social.

Trazer essas intenções para a sala de aula, concretizar essa Teoria Pós-Críticas
teorização crítica do currículo na prática pedagógica não é
tarefa fácil. É possível perceber essa dificuldade sobre o que Já a teoria pós-críticas emergiu a partir das décadas de
observamos do que Moreira52 apresenta quando a teoria 1970 e 1980, partindo dos princípios da fenomenologia, do
curricular crítica é vista em crise tanto nos Estados Unidos pós-estruturalismo e dos ideais multiculturais. Assim como a
como no Brasil, e revela as seguintes interpretações: teoria crítica, a perspectiva pós-crítica criticou duramente a
- para Pinar, Reynolds Slattery e Taubman, como críticos à teoria tradicional, mas elevaram as suas condições para além
essa teoria, a crise resulta do ecletismo do discurso, da questão das classes sociais, indo direto ao foco principal: o
decorrente da amplidão desmedida de seus interesses e de sujeito.
suas categorias;

50 APPLE, M. W. Repensando ideologia e currículo. In: MOREIRA, A. F.; SILVA, 51 SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do

T. T. (Orgs.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1994, p. 39-57. currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
52 MOREIRA, A. F. B. A crise da teoria curricular crítica. 1999.

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Desse modo, mais do que a realidade social dos indivíduos, - Currículo oculto; - Relativismo;
era preciso compreender também os estigmas étnicos e - Definição do “o quê” e “por - Compreensão do “para
culturais, tais como a racialidade, o gênero, a orientação sexual quê” se ensina; quem” se constrói o currículo
e todos os elementos próprios das diferenças entre as pessoas. – formação de identidades.
Nesse sentido, era preciso estabelecer o combate à opressão - Noção de sujeito.
de grupos semanticamente marginalizados e lutar por sua
inclusão no meio social. Organização Curricular da Educação Básica

A teorias pós-crítica considerava que o currículo A Educação Básica no Brasil é composta por três etapas:
tradicional atuava como o legitimador dos modus operandi dos - Educação Infantil (que atende crianças de 0 a 6 anos, em
preconceitos que se estabelecem pela sociedade. Assim, a sua creches ou pré-escolas, geralmente mantidas pelo poder
função era a de se adaptar ao contexto específico dos municipal);
estudantes para que o aluno compreendesse nos costumes e - Ensino Fundamental (que atende alunos de 7 a 14 anos,
práticas do outro uma relação de diversidade e respeito. tem caráter obrigatório, é público, gratuito e oferecido de
forma compartilhada pelos poderes municipal e estadual); e
Além do mais, em um viés pós-estruturalista, o currículo - Ensino Médio (que atende jovens de 15 a 17 anos e é
passou a considerar a ideia de que não existe um oferecido basicamente pelo poder estadual).
conhecimento único e verdadeiro, sendo esse uma questão de
perspectiva histórica, ou seja, que se transforma nos No Brasil, existe um contingente ainda expressivo, embora
diferentes tempos e lugares. decrescente, de jovens e adultos com pouca ou nenhuma
escolaridade, o que faz da Educação de Jovens e Adultos um
Fundamentos: programa especial que visa dar oportunidades educacionais
apropriadas aos brasileiros que não tiveram acesso ao ensino
Currículo Multiculturalista – nenhuma cultura pode ser fundamental na idade própria.
julgada superior a outra.
No que se refere às comunidades indígenas, a
Multiculturalismo – contra o currículo universitário Constituição garante-lhes o direito de utilizar suas línguas
tradicional (cultura branca, masculina e europeia e maternas e processos próprios de aprendizagem.
heterossexual).
Relativamente à questão curricular e à qualidade da
- As questões de gênero são uma das questões muito educação, pode-se dizer que currículos compreendem a
presentes nas teorias pós-críticas; expressão dos conhecimentos e valores que uma sociedade
- O acesso à educação era desigual para homens e mulheres considera que devem fazer parte do percurso educativo de
e dentro do currículo havia distinções de disciplinas suas crianças e jovens. Eles são traduzidos nos objetivos que
masculinas e femininas; se deseja atingir, nos conteúdos considerados os mais
- Assim certas carreiras eram exclusivamente masculinas adequados para promovê-los, nas metodologias adotadas e
sem que as mulheres tivessem oportunidades; nas formas de avaliar o trabalho desenvolvido.
- A intenção era que os currículos percebessem as
experiências, os interesses, os pensamentos e os A definição de quais são esses conhecimentos e valores
conhecimentos femininos dando-lhes igual importância; vem sendo modificada nos últimos anos, devido às demandas
- As questões raciais e étnicas também começaram a fazer criadas pelas transformações na organização da produção e do
parte das teorias pós-críticas do currículo, tendo sido trabalho e pela conjuntura de redemocratização do país.
percebida a problemática da identidade étnica e racial. Portanto, a meta de melhoria da qualidade da educação impôs
o enfrentamento da questão curricular como aquilo que deve
É essencial, por meio do currículo, desconstruir o texto nortear as ações das escolas, dando vida e significado ao seu
racial, questionar por que e como valores de certos grupos projeto educativo.
étnicos e raciais foram desconsiderados ou
menosprezados no desenvolvimento cultural e histórico da É importante considerar também que, no quadro de
humanidade e, pela organização do currículo, diversidade da realidade brasileira, existem grandes
proporcionar os mesmos significados e valores a todos os discrepâncias em relação à possibilidade de se ter acesso aos
grupos, sem supervalorização de um ou de outro. centros de produção de conhecimento, tanto das áreas
curriculares quanto da área pedagógica. Isto é refletido na
Uma Análise Comparativa formação de professores e nos currículos das escolas, o que
não favorece a existência de uma equidade na qualidade da
Teorias Críticas Teorias Pós Críticas oferta de ensino das cerca de 250.000 escolas públicas
- Conceitos e conhecimentos - Fim das metanarrativas; brasileiras dispersas nas cinco regiões do país.
históricos e científicos;
- Concepções; - Hibridismo; Era preciso portanto construir referências nacionais para
- Teoria de currículo – - Currículo como discurso- impulsionar mudanças na formação dos alunos, no sentido de
conceitos; representações; enfrentar antigos problemas da educação brasileira e os novos
- Trabalho; - Cultura; desafios colocados pela conjuntura mundial e pelas novas
- - Identidade/subjetividade; características da sociedade como a urbanização crescente.
Materialidade/objetividade; Por outro lado, essas referências precisavam indicar pontos
- Realidade; - Discurso; comuns do processo educativo em todas as regiões e, ao
- Classes Sociais; - Gênero, raça, etnia, mesmo tempo, respeitar as diversidades regionais, culturais e
sexualidade; políticas existentes.
- Emancipação e libertação; - Representação e incertezas;
- Desigualdade Social; - Multiculturalismo;
- Currículo como - Currículo como construção
resistência; de identidades;

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Políticas do Governo Federal para o Currículo no Brasil * Desenho;


* Teatro, entre outros.
- Uma característica marcante da política curricular no
Brasil foi a centralização do currículo nas mãos do poder - Da mesma forma, programas de saúde substituem a visão
público. higienista predominante, pela compreensão mais abrangente
de saúde e prevenção.
- Estados legislaram sobre o programa de ensino primário
e secundário durante todo o século XIX e parte do século XX. - Assim foram definidos os objetivos das matérias.

- Divisor de águas – a reforma do ensino de 1º e 2º graus - Em Comunicação e Expressão: o cultivo de linguagens


ocorrida em 1971 – Lei 5.692/1971, que fixava as Diretrizes e que ensejem ao aluno o contato coerente com os seus
Bases para o ensino de 1° e 2º graus. semelhantes e a manifestação harmônica de sua personalidade
dos aspectos físico, psíquico e emocional, ressaltando-se a
- Principais características da Lei 5. 692/71: Língua Portuguesa como expressão da cultura brasileira.
* 2ª LDB implantada no país foi a Lei nº 5.692/71 que
estabeleceu um ensino tecnicista para atender ao regime - Nos Estudos Sociais: o ajustamento crescente do
vigente (Ditadura Militar) voltado para a ideologia do educando ao meio cada vez amplo e complexo, em que deve
Nacionalismo Desenvolvimentista; apenas viver como conviver, dando-se ênfase ao conhecimento
* Previa um núcleo comum para o currículo de 1º e 2º do Brasil na perspectiva atual do seu desenvolvimento.
graus e uma parte diversificada em função das peculiaridades
locais (art. 4); - Nas Ciências: o desenvolvimento do pensamento lógico e
* Inclusão da educação moral e cívica, Ed. Física, Ed. a vivência do método científico e de suas aplicações.
Artística e programas de saúde como matérias obrigatórias do
currículo, além do ensino religioso facultativo (art. 7); - A organização curricular definida pela Reforma de 1971
* Os municípios deveriam gastar 20% de seu orçamento vogou por quase três décadas até ser revogada pela nova Lei
com educação, não previa a dotação orçamentária para a União de Diretrizes e Bases da Educação – LDB – Lei 9.394/96, em
ou os estados (art. 59). 1976.

- Lei 4.024/81, contemplou a questão curricular - Apesar da vigência da Lei, várias reestruturações
superficialmente admitindo experiências pedagógicas, e no curriculares ocorreram na década de 1980, implementações
ensino secundário, a variedade de currículos de acordo com as pela ação dos governos estaduais e de alguns municípios.
matérias optativas escolhidas pelo estabelecimento de ensino.
Dessa forma, no primeiro mandato do presidente
- Nova estrutura educacional – finalidades da educação Fernando Henrique Cardoso, uma das prioridades do
nacional concernentes ao regime político vigente. Ministério da Educação foi a elaboração de referências
curriculares para a educação básica, um processo inédito na
- O paradigma curricular técnico, adotado na época, história da educação brasileira, sistematizando ideias que já
compreendeu uma complexa articulação que envolve quatro vinham sendo utilizadas nas reformulações curriculares de
aspectos: estados e municípios.
* A determinação dos conteúdos realçando as diferenças,
semelhanças e identidades que havia entre o núcleo comum e Os procedimentos seguidos na elaboração dos documentos
a parte diversificada; representam a manifestação do espírito democrático e
* O currículo pleno com as noções de atividade, áreas de participativo que deve caracterizar a educação de base no país.
estudo e disciplina; Equipes de educadores (professores com larga e boa
* Em relação ao currículo pleno, o desenvolvimento das experiência nas salas de aula, professores universitários e
ideias de relacionamento, ordenação, sequência e a função de pesquisadores) elaboraram os documentos preliminares.
cada uma delas para a construção de um currículo orgânico e
flexível; Estas equipes realizaram um estudo dos currículos de
* A delimitação da amplitude da educação geral e formação outros países (como Inglaterra, França, Espanha, Estados
especial, em torno das quais se desenvolvia toda a nova Unidos), analisaram as propostas dos estados e de alguns dos
escolarização. municípios brasileiros, considerando os indicadores da
educação no Brasil (como taxas de evasão e repetência,
- Outras categorias curriculares como educação geral e desempenho dos alunos nas avaliações sistêmicas) e
formação especial designavam com precisão as finalidades estudaram os marcos teóricos contemporâneos sobre
atribuídas ao ensino de 1º e 2º graus. currículo, ensino, aprendizagem e avaliação.

- A educação geral destinava-se a transmitir uma base A finalidade das referências curriculares consiste na
comum de conhecimentos indispensáveis a todos, tendo em radical transformação dos objetivos, dos conteúdos e da
vista a continuidade dos estudos; a parte especial tinha como didática na educação infantil, no ensino fundamental e na
objetivo a sondagem de aptidões e a indicação para o trabalho educação de jovens e adultos. Os conteúdos estudados passam
no 1ºgrau, e a habilitação profissional no 2º grau. a ser os meios com os quais o estudante desenvolve
capacidades intelectuais, afetivas, motoras, tendo em vista as
- Em relação aos conteúdos, optou-se pela classificação demandas do mundo em que vive. A formação se sobrepõe à
tríplice das matérias em: (Conteúdos Particulares) informação pura e simples, modificando o antigo conceito de
* Comunicação e Expressão; que educação é somente transmissão de conhecimentos.
* Estudos Sociais; A nova proposta apresentada pelo Ministério da Educação
* Ciências. aos educadores brasileiros é composta dos documentos:
- Parâmetros Curriculares Nacionais para Educação
- A Arte: Fundamental;
* Artes Plásticas; - Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

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- Referencial Curricular Nacional para a Educação As contribuições da teoria construtivista de Piaget, sobre a
Indígena; construção do conhecimento e os mecanismos de influência
- Proposta Curricular para Educação de Jovens e Adultos. educativa têm chamado a atenção para os processos
individuais, que têm lugar em um contexto interpessoal e que
Dentro das propostas já referidas, cada qual com sua procuram analisar como os alunos aprendem, estabelecendo
especificidade, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o uma estreita relação com os processos de ensino em que estão
Ensino Fundamental incluem, além das áreas curriculares conectados.
clássicas (Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, Os mecanismos de influência educativa têm um lugar no
História, Geografia, Arte, Educação Física e Línguas processo de ensino e aprendizagem, como um processo onde
Estrangeiras), o tratamento de questões da sociedade não se centra atenção em um dos aspectos que o
brasileira, como aquelas ligadas a Ética, Meio Ambiente, compreendem, mas em todos os envolvidos.
Orientação Sexual, Pluralidade Cultural, Saúde, Trabalho e Se analisarmos a situação atual da prática educativa em
Consumo, ou outros temas que se mostrem relevantes. nossas escolas identificaremos problemas como:
A) A grande ênfase dada a memorização, pouca
preocupação com o desenvolvimento de habilidades para
O ensino-aprendizagem no reflexão crítica e auto crítica dos conhecimentos que aprende;
contexto do currículo por B) As ações ainda são centradas nos professores que
determinam o quê e como deve ser aprendido e a separação
competências: o processo entre educação e instrução.
ensino-aprendizagem: atores
e componentes; aprendizagem A solução para tais problemas está no aprofundamento de
como os educandos aprendem e como o processo de ensinar
e desenvolvimento. pode conduzir à aprendizagem, assim o processo de ensino e
aprendizagem tem sido historicamente caracterizado de
formas diferentes, que vão desde a ênfase no papel do
PROCESSOS PEDAGÓGICOS – ENSINO E professor como transmissor de conhecimento, até as
APRENDIZAGEM concepções atuais que concebem o processo de ensino e
aprendizagem com um todo integrado que destaca o papel do
1. PRESSUPOSTOS PARA O PROCESSO DE ENSINO E educando.
APRENDIZAGEM Nesse último enfoque, considera-se a integração do
cognitivo e do afetivo, do instrutivo e do educativo como
Através do seu próprio interesse, o aluno busca nos requisitos psicológicos e pedagógicos essenciais.
conteúdos apresentados pelo professor, fazer relação com sua A concepção defendida aqui é que o processo de ensino e
realidade, para assim tornar sua experiência mais rica. Dessa aprendizagem é uma integração dialética entre o instrutivo e o
forma, o novo conhecimento se apoia numa construção educativo que tem como propósito essencial contribuir para a
cognitiva que já existe, ou o professor auxilia na construção formação integral da personalidade do aluno.
conhecimento no qual o discente ainda não dispõe. O nível de O instrutivo é um processo de formar homens capazes e
envolvimento na aprendizagem depende do interesse e inteligentes. Entendendo por homem inteligente quando,
disposição do aluno, além do empenho do professor no diante de uma situação problema ele seja capaz de enfrentar e
contexto da sala de aula. resolver os problemas, de buscar soluções para resolver as
A visão da pedagogia dos conteúdos desenvolve nos alunos situações. Ele tem que desenvolver sua inteligência e isso só
a capacidade de processar informações e transformar a será possível se ele for formado mediante a utilização de
realidade em que vive. Assim, o professor precisa atividades lógicas.
compreender seus alunos, o que eles dizem ou pensam e os Já o educativo, se logra com a formação de valores,
alunos precisam fazer o mesmo em relação a ele. Essa sentimentos que identificam o homem como ser social,
transferência de aprendizagem só se realiza no momento da compreendendo o desenvolvimento de convicções, vontade e
operação mental, isto é, quando o aluno supera sua visão outros elementos da esfera volitiva e afetiva que junto com a
parcial e confusa e adquire uma visão mais nítida e ampla. cognitiva permitem falar de um processo de ensino e
Ao fim do processo, o aluno já deve estar preparado para o aprendizagem que tem pôr fim a formação multilateral da
mundo adulto de modo a praticar todo o aprendizado personalidade do homem.
adquirido com a ajuda do professor, como a democracia, a A eficácia do processo de ensino e aprendizagem está na
liderança, a iniciativa e a responsabilidade, assim como ter resposta em que este dá à apropriação do conhecimento, ao
formação ética no sentido de pensar valores, a saber, desenvolvimento intelectual e físico do estudante, à formação
competências do pensar no âmbito da educação moral da de sentimentos, qualidades e valores, que alcancem os
tomada de decisões. objetivos gerais e específicos propostos em cada nível de
ensino de diferentes instituições, conduzindo a uma posição
2. O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM transformadora, que promova as ações coletivas, a
solidariedade e o viver em comunidade.
Para Fernández53, as reflexões sobre o estado atual do Todo ato educativo obedece determinados fins e
processo ensino e aprendizagem nos permite identificar um propósitos de desenvolvimento social e econômico e em
movimento de ideias de diferentes correntes teóricas sobre a consequência responde a determinados interesses sociais,
profundidade do binômio ensino e aprendizagem. sustentam-se em uma filosofia da educação, adere a
Entre os fatores que estão provocando esse movimento concepções epistemológicas específicas, leva em conta os
podemos apontar as contribuições da Psicologia atual em interesses institucionais e, depende, em grande parte, das
relação à aprendizagem, que nos leva a repensar nossa prática características, interesses e possibilidades dos sujeitos
educativa, buscando uma conceptualização do processo participantes, alunos, professores, comunidades escolares e
ensino e aprendizagem. demais fatores do processo. A visão tradicional do processo
ensino e aprendizagem é que ele é um processo neutro,

53 Texto adaptado de FERNÁNDEZ. F. A., 1998.

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transparente, afastado da conjuntura de poder, história e Há, entretanto, outras formas de aprendizagem, que
contexto social. O processo ensino e aprendizagem deve ser exigem determinação e postura ativa, envolvendo
compreendido como uma política cultural, isto é, como um considerável esforço e investimento. São os processos de
empreendimento pedagógico que considera com seriedade as aprendizagem por meio da mudança, da análise do
relações de raça, classe, gênero e poder na produção e desempenho, do treinamento, da contratação e da busca,
legitimação do significado e experiência. detalhados a seguir:
Tradicionalmente, este processo tem reproduzido as
relações capitalistas de produção e ideologias legitimadoras A) A introdução de novas tecnologias ou qualquer outro
dominantes ao ignorarem importantes questões referentes às elemento que aponte a necessidade de mudança, estrutural ou
relações entre conhecimento x poder e cultura x política. O processual, impele as organizações à aprendizagem. As
produto do processo ensino e aprendizagem é o experiências e conhecimentos, positivos ou negativos,
conhecimento. Partindo desse princípio, concebe-se que o adquiridos ao longo de processos de mudança são
conhecimento é uma construção social, assim torna-se extremamente enriquecedores, conferindo à organização um
necessário examinar a constelação de interesses econômicos, plus que todos os processos de aprendizagem oferecem.
políticos e sociais que as diferentes formas de conhecer podem B) A análise do desempenho da organização em termos
refletir. Para que o processo ensino e aprendizagem possa produtivos também irá conduzir à aprendizagem, não só em
gerar possibilidades de emancipação é necessário que os função da apreciação do comportamento de determinados
professores compreendam a razão de ser dos problemas que índices que indicarão a necessidade de manutenção do
enfrentam e assuma um papel de sujeito na organização desse processo produtivo ou sua correção, mas também como
processo. As influências sócio-político econômicas, exercem decorrência da necessidade de se buscarem índices de
sua ação inclusive nos pequenos atos que ocorrem na sala de desempenho confiáveis e expressivos.
aula, ainda que não sejam conscientes. Ao selecionar algum
destes componentes para aprofundar deve-se levar em conta 4. O CONTEXTO ORGANIZACIONAL ATUAL E O
a unidade, os vínculos e os nexos com os outros componentes. IMPERATIVO DE UMA NOVA DINÂMICA DE
O componente é uma propriedade ou atributo de um APRENDIZAGEM
sistema que o caracteriza; não é uma parte do sistema e sim
uma propriedade do mesmo, uma propriedade do processo De fato as tendências do mundo atual têm influenciado as
docente-educativo como um todo. Identificamos como organizações na busca da aprendizagem. A rápida
componente do processo de ensino e aprendizagem: disseminação de informações e a própria renovação do
conhecimento, impulsionadas pelo avanço constante da
A) Aluno - devem responder a pergunta: "quem?" ciência e da tecnologia, têm forçado as pessoas a renovar e a
B) Problema – elemento que é determinado a partir da adquirir novos conhecimentos, sob pena de se tornarem
necessidade do aprendiz. obsoletas.
C) Objetivo – deve responder a pergunta: "Para que A necessidade de aquisição e renovação dos
ensinar?" conhecimentos é percebida de modo individual e também
D) Conteúdo - deve responder a pergunta: "O que organizacional. As pessoas estão dispostas a desenvolver e
aprender?" aumentar seus estoques de conhecimento, porque percebem
E) Métodos - deve responder a pergunta: "Como as potenciais ameaças do ambiente sobre a passividade
desenvolver o processo?" intelectual, abalando principalmente questões de segurança
F) Recursos - deve responder a pergunta: "Com o quê?" profissional.
G) Avaliação - elemento regulador, sua realização oferece As organizações precisam de capacidade criativa e de
informação sobre a qualidade do processo de ensino competências para se tornarem mais ágeis. Não só em termos
aprendizagem, sobre a efetividade dos outros componentes e de capacidade de resposta às mudanças, mas também em
das necessidades de ajuste, modificações que o sistema deve termos de capacidade para estar à frente delas.
usufruir. Baseados na necessidade de transformar as organizações
em organizações de aprendizagem, uma série de autores,
A integração de todos os componentes forma o sistema, recomendam diferentes práticas para a promoção do
neste caso o processo de ensino e aprendizagem. As reflexões aprendizado organizacional, todas destacando o papel da
sobre o caráter sistêmico dos componentes do processo de mudança e inovação organizacional.
ensino e aprendizagem e suas relações são importantes em Esta competência para mudar e inovar implica a
função do caráter bilateral da comunicação entre professor- necessidade de a organização possuir maior expertise.
aluno; aluno-aluno, grupo-professor, professor-professor. Segundo Drucker “as dinâmicas do conhecimento implicam
num imperativo claro: cada organização precisa embutir o
3. O PROCESSO DE APRENDIZAGEM ORGACIONAL gerenciamento das mudanças em sua própria estrutura”. É,
portanto, responsabilidade de cada organização tornar esta
A questão da aprendizagem tem sido amplamente expertise disponível. Em outras palavras, além das pessoas
discutida, ocupando um espaço considerável em discussões estarem forçosamente motivadas a aprender, é papel das
educacionais e profissionais da atualidade; porém não se trata organizações contribuir e operacionalizar o aprendizado.
de algo totalmente novo, nem mesmo em ambientes
organizacionais. 5. AS ABORDAGENS DO PROCESSO DE ENSINO
As empresas aprendem a operar a produção e vão O Conhecimento humano, dependendo dos diferentes
melhorando os seus processos a partir de suas próprias referencias, é explicado diversamente em sua gênese e
experiências, alimentadas por informações advindas do desenvolvimento, o que condiciona conceitos diversos de
mercado e da concorrência. De acordo com Bell (1984)54, este homem, mundo, cultura, sociedade, educação, etc. Dentro de
tipo de aprendizado é passivo, automático e não implica um mesmo referencial, é possível haver abordagens diversas,
custos adicionais, sendo porém limitado. tendo em comum apenas os diferentes primados: ora do
objeto, ora do sujeito, ora da interação de ambos. Diferentes

54 ALPERSTEDT, Cristiane. Universidades corporativas: discussão e proposta

de uma definição. Rev. adm. Contemp. Curitiba, v. 5, n. 3, p. 149-165, Dec. 2001.

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posicionamentos pessoais deveriam derivar diferentes instrumento de hierarquização. Dessa forma, o diploma iria
arranjos de situações ensino aprendizagem e diferentes ações desempenhar um papel mediador entre a formação cultural e
educativas em sala de aula, partindo-se do pressuposto de que o exercício de funções sociais determinadas. Pode-se afirmar
a ação educativa exercida por professores em situações que as tendências englobadas por esse tipo de abordagem
planejadas de ensino-aprendizagem é sempre intencional. possuem uma visão individualista do processo educacional,
Subjacente a esta ação, estaria presente – implícita ou não possibilitando, na maioria das vezes, trabalhos de
explicitamente, de forma articulada ou não – um referencial cooperação nos quais o futuro cidadão possa experimentar a
teórico que compreendesse conceitos de homem, mundo, convergência de esforços.
sociedade, cultura, conhecimento, etc.
O estudo acerca das diferentes linhas pedagógicas, - Conhecimento: Parte-se do pressuposto de que a
tendências ou abordagens, no ensino brasileiro podem inteligência seja uma faculdade capaz de acumular/armazenar
fornecer diretrizes à ação docente, mesmo considerando que a informações. Aos alunos são apresentados somente os
elaboração que cada professor faz delas é individual e resultados desse processo, para que sejam armazenados.
intransferível. De acordo com Mizukami (1986)55, algumas Evidencia-se o caráter cumulativo do conhecimento humano,
abordagens apresentam claro referencial filosófico e adquirido pelo indivíduo por meio de transmissão, de onde se
psicológico, ao passo que outras são intuitivas ou supõe o papel importante da educação formal e da instituição
fundamentadas na prática, ou na imitação de modelos. A escola. Atribui-se ao sujeito um papel insignificante na
complexidade da realidade educacional deve ser considerada elaboração e aquisição do conhecimento. Ao indivíduo que
para não ser tratada de forma simplista e reducionista. está "adquirindo" conhecimento compete memorizar
Nesse estudo, deve-se ter em mente seu caráter parcial e definições, anunciando leis, sínteses e resumos que lhes são
arbitrário, assim como as limitações e problemas decorrentes oferecidos no processo de educação formal.
da delimitação e caracterização (necessárias) de cada
abordagem. A professora assim, não incluiu em seus estudos a - Educação: Entendida como instrução, caracterizada
abordagem escola novista, introduzida no Brasil através do como transmissão de conhecimentos e restrita à ação da
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (Anísio Teixeira, escola. Às vezes, coloca-se que, para que o aluno possa chegar,
Gustavo Capanema e outros), a partir da década de 1930. Ela e em condições favoráveis, há uma confrontação com o
justifica sua opção por considerar que essa abordagem pode modelo, é indispensável uma intervenção do professor, uma
ser tomada como didaticista, por suas atribuições aos aspectos orientação do mestre. Trata-se, pois, da transmissão de ideias
didáticos, e por possuir diretrizes incluídas em outras selecionadas e organizadas logicamente.
abordagens. Argumenta ainda que, as demais abordagens,
apresentadas por ela, apresentam justificativas teóricas ou - Escola: A escola, é o lugar por excelência onde se realiza
evidências empíricas. Mas reconhece que trata-se de uma a educação, a qual se restringe, a um processo de transmissão
abordagem com possível influência na formação de de informações em sala de aula e funciona como uma agência
professores no Brasil. sistematizadora de uma cultura complexa. Considera o ato de
aprender como uma cerimônia e acha necessário que o
A) Abordagem Tradicional professor se mantenha distante dos alunos. Uma escola desse
tipo é frequentemente utilitarista quanto a resultados e
Trata-se de uma concepção e uma prática educacionais que programas preestabelecidos. As possibilidades de cooperação
persistem no tempo, em suas diferentes formas, e que entre pares são reduzidas, já que a natureza da grande parte
passaram a fornecer um quadro diferencial para todas as das tarefas destinadas aos alunos exige participação individual
demais abordagens que a ela se seguiram. Como se sabe, o de cada um deles.
adulto, na concepção tradicional, é considerado como homem
acabado, "pronto" e o aluno um "adulto em miniatura", que - Ensino/Aprendizagem: A ênfase é dada às situações de
precisa ser atualizado. O ensino será centrado no professor. O sala de aula, onde os alunos são "instruídos" e "ensinados" pelo
aluno apenas executa prescrições que lhe são fixadas por professor. Os conteúdos e as informações têm de ser
autoridades exteriores. adquiridos, os modelos imitados. Seus elementos
fundamentais são imagens estáticas que progressivamente
- Homem: O homem é considerado como inserido num serão "impressas" nos alunos, cópias de modelos do exterior
mundo que irá conhecer através de informações que lhe serão que serão gravadas nas mentes individuais. Uma das
fornecidas. É um receptor passivo até que, repleto das decorrências do ensino tradicional, já que a aprendizagem
informações necessárias, pode repeti-las a outros que ainda consiste em aquisição de informações e demonstrações
não as possuam, assim como pode ser eficiente em sua transmitidas, é a que propicia a formação de reações
profissão, quando de posse dessas informações e conteúdos. estereotipadas, de automatismos denominados hábitos,
geralmente isolados uns dos outros e aplicáveis, quase
- Mundo: A realidade é algo que será transmitido ao sempre, somente às situações idênticas em que foram
indivíduo principalmente pelo processo de educação formal, adquiridos. O aluno que adquiriu o hábito ou que "aprendeu"
além de outras agências, tais como família, Igreja. apresenta, com frequência, compreensão apenas parcial.
Ignoram-se as diferenças individuais. É um ensino que se
- Sociedade/Cultura: O objetivo educacional preocupa mais com a variedade e quantidade de
normalmente se encontra intimamente relacionado aos noções/conceitos/informações que com a formação do
valores apregoados pela sociedade na qual se realiza. Os pensamento reflexivo.
Programas exprimem os níveis culturais a serem adquiridos
na trajetória da educação formal. A reprovação do aluno passa - Professor/Aluno: O professor/aluno é vertical, sendo
a ser necessária quando o mínimo cultural para aquela faixa que (o professor) detém o poder decisório quanto a
não foi atingido, e as provas e exames são necessários a metodologia, conteúdo, avaliação, forma de interação na aula
constatação de que este mínimo exigido para cada série foi etc. O professor detém os meios coletivos de expressão. A
adquirido pelo aluno. O diploma pode ser tomado como um maior parte dos exercícios de controle e dos de exames se

55 MIZUKAMI, Maria da Graça. Ensino as abordagens do processo. São Paulo:

EPU, 1986.

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orienta para a reiteração dos dados e informações - Professor/Aluno: Aso educandos caberia o controle do
anteriormente fornecidos pelos manuais. processo de aprendizagem, um controle científico da
educação, o professor teria a responsabilidade de planejar e
- Metodologia: Se baseia na aula expositiva e nas desenvolver o sistema de ensino aprendizagem, de forma tal
demonstrações do professor a classe, tomada quase como que o desempenho do aluno seja maximizado, considerando-
auditório. O professor já traz o conteúdo pronto e o aluno se se igualmente fatores tais como economia de tempo, esforços
limita exclusivamente a escutá-lo a didática profissional quase e custos.
que poderia ser resumida em dar a lição e tomar a lição. No
método expositivo como atividade normal, está implícito o - Metodologia: Nessa abordagem, se incluem tanto a
relacionamento professor - aluno, o professor é o agente e o aplicação da tecnologia educacional e estratégias de ensino,
aluno é o ouvinte. O trabalho continua mesmo sem a quanto formas de reforço no relacionamento professor-aluno.
compreensão do aluno somente uma verificação a posteriori é
que permitirá o professor tomar consciência deste fato. - Avaliação: Decorrente do pressuposto de que o aluno
Quanto ao atendimento individual há dificuldades pois a classe progride em seu ritmo próprio, em pequenos passos, sem
fica isolada e a tendência é de se tratar todos igualmente. cometer erros, a avaliação consiste, nesta abordagem, em se
constatar se o aluno aprendeu e atingiu os objetivos propostos
- Avaliação: A avaliação visa a exatidão da reprodução do quando o programa foi conduzido até o final de forma
conteúdo comunicado em sala de aula. As notas obtidas adequada.
funcionam na sociedade como níveis de aquisição do
patrimônio cultural. C) Abordagem Humanista

B) Abordagem Copormentalista Nesta abordagem é dada a ênfase no papel do sujeito como


principal elaborador do conhecimento humano. Da ênfase ao
O conhecimento é uma "descoberta" e é nova para o crescimento que dela se resulta, centrado no desenvolvimento
indivíduo que a faz. O que foi descoberto, porém, já se da personalidade do indivíduo na sua capacidade de atuar
encontrava presente na realidade exterior. Os como uma pessoa integrada. O professor em si não transmite
comportamentalistas consideram a experiência ou a o conteúdo, dá assistência sendo facilitador da aprendizagem.
experimentação planejada como a base do conhecimento, o O conteúdo advém das próprias experiências do aluno o
conhecimento é o resultado direto da experiência. professor não ensina: apenas cria condições para que os
alunos aprendam.
- Homem: O homem é uma consequência das influências
ou forças existentes no meio ambiente a hipótese de que o - Homem: É considerado como uma pessoa situada no
homem não é livre é absolutamente necessária para se poder mundo. Não existem modelos prontos nem regras a seguir mas
aplicar um método científico no campo das ciências. O homem um processo de vir a ser. O objetivo do ser humano é a auto
dentro desse referencial é considerado como o produto de um realização ou uso pleno de suas potencialidades e capacidades
processo evolutivo. o homem se apresenta como um projeto permanente e mau
acabado.
- Mundo: A realidade para Skinner, é um fenômeno
objetivo; O mundo já é construído e o homem é produto do - Mundo: O mundo é algo produzido pelo homem diante de
meio. O meio pode ser manipulado. O comportamento, por sua si mesmo. O mundo teria o papel fundamental de crias
vez, pode ser mudado modificando-se as condições das quais condições de expressão para a pessoa, cuja tarefa vital consiste
ele é uma função, ou seja, alterando-se os elementos no pleno desenvolvimento do seu potencial inerente. A ênfase
ambientais. O meio seleciona. é no sujeito mais uma das condições necessárias para o
desenvolvimento individual é o ambiente. Na experiência
- Sociedade/Cultura: A sociedade ideal, para Skinner, é pessoal e subjetiva o conhecimento é construído no decorrer
aquela que implicarias um planejamento social e cultural. do processo de vir a ser da pessoa humana. É atribuída ao
Qualquer ambiente, físico ou social, deve ser avaliado de sujeito papel central e primordial na elaboração e criação do
acordo com seus efeitos sobre a natureza humana. A cultura, é conhecimento. O conhecimento é inerente à atividade humana.
representada pelos usos e costumes dominantes, pelos O ser humano tem curiosidade natural para o conhecimento.
comportamentos que se mantém através dos tempos.
- Educação: Trata-se da educação centrada na pessoa, já
- Conhecimento: O conhecimento é o resultado direto da que nessa abordagem o ensino será centrado no aluno. A
experiência, o comportamento é estruturado indutivamente, educação tem como finalidade primeira a criação de condições
via experiência. que facilitam a aprendizagem de forma que seja possível seu
desenvolvimento tanto intelectual como emocional seria a
- Educação: A educação está intimamente ligada à criação de condições nas quais os alunos pudessem tornar-se
transmissão cultural. A educação, pois, deverá transmitir pessoas de iniciativas, de responsabilidade, autodeterminação
conhecimentos, assim como comportamentos éticos, práticas que soubessem aplicar-se a aprendizagem no que lhe servirão
sociais, habilidades consideradas básicas para a manipulação de solução para seus problemas servindo-se da própria
e controle do mundo /ambiente. existência. Nesse processo os motivos de aprender deverão ser
do próprio aluno. Autodescoberta e autodeterminação são
- Escola: A escola é considerada e aceita como uma agência características desse processo.
educacional que deverá adotar forma peculiar de controle, de
acordo com os comportamentos que pretende instalar e - Escola: A escola será uma escola que respeite a criança
manter. tal qual é, que ofereça condições para que ela possa
desenvolver-se em seu processo possibilitando a autonomia
- Ensino/Aprendizagem: É uma mudança relativamente do aluno. O princípio básico consiste na ideia da não
permanente em uma tendência comportamental e ou na vida interferência com o crescimento da criança e de nenhuma
mental do indivíduo, resultantes de uma prática reforçada. pressão sobre ela. O ensino numa abordagem como esta
consiste num produto de personalidades únicas, respondendo

Conhecimentos Específicos 198


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as circunstâncias únicas num tipo especial de fato de se principiar pela linguagem (acompanhada de
relacionamentos. A aprendizagem tem a qualidade de um desenhos, de ações fictícias ou narradas etc.) ao invés de o
envolvimento pessoal. fazer pela ação real e material.

- Professor/Aluno: Cada professor desenvolverá seu - Ensino/Aprendizagem: Um ensino que procura


próprio repertório de uma forma única, decorrente da base desenvolver a inteligência deverá priorizar as atividades do
percentual de seu comportamento. O processo de ensino irá sujeito, considerando-o inserido numa situação social.
depender do caráter individual do professor, como ele se
relaciona com o caráter pessoal do aluno. Assume a função de - Professor/Aluno: Ambos os polos da relação devem ser
facilitador da aprendizagem e nesse clima entrará em contato compreendidos de forma diferente da convencional, no
com problemas vitais que tenham repercussão na existência sentido de um transmissor e um receptor de informação.
do estudante. Isso implica que o professor deva aceitar o aluno Caberá ao professor criar situações, propiciando condições
tal como é e compreender os sentimentos que ele possui. O onde possam se estabelecer reciprocidade intelectual e
aluno deve responsabilizar-se pelos objetivos referentes a cooperação ao mesmo tempo moral e racional.
aprendizagem que tem significado para eles. As qualidades do
professor podem ser sintetizadas em autenticidade - Metodologia: O desenvolvimento humano que traz
compreensão empática, aceitação e confiança no aluno. implicações para o ensino. Uma das implicações fundamentais
é a de que a inteligência se constrói a partir da troca do
- Metodologia: Não se enfatiza técnica ou método para organismo como o meio, por meio das ações do indivíduo. A
facilitar a aprendizagem. Cada educador eficiente deve ação do indivíduo, pois, é centro do processo e o fator social ou
elaborar a sua forma de facilitar a aprendizagem no que se educativo constitui uma condição de desenvolvimento.
refere ao que ocorre em sala de aula é a ênfase atribuída a
relação pedagógica, a um clima favorável ao desenvolvimento - Avaliação: A avaliação terá de ser realizada a partir de
das pessoas que possibilite liberdade para aprender. parâmetros extraídos da própria teoria e implicará verificar se
o aluno já adquiriu noções, conservações, realizou operações,
- Avaliação: Só o indivíduo pode conhecer realmente sua relações etc. O rendimento poderá ser avaliado de acordo
experiência, só pode ser julgada a partir de critérios internos como a sua aproximação a uma norma qualitativa pretendida.
do organismo. O aluno deverá assumir formas de controle de
sua aprendizagem, definir e aplicar os critérios para avaliar até E) Abordagem Sócio Cultural
onde estão sendo atingidos os objetivos que pretende, com
responsabilidade. As relações verticais impostas por relações Pode-se situar Paulo Freire com sua obra, enfatizando
EU - TU e nunca EU - ISTO; As avaliações de acordo com aspectos sócio-político-cultural, havendo uma grande
padrões prefixados, por auto avaliação dos alunos. preocupação com a cultura popular, sendo que tal
Considerando-se pois o fato de que só o indivíduo pode preocupação vem desde a II Guerra Mundial com um aumento
conhecer realmente a sua experiência, está só pode ser julgada crescente até nossos dias.
a partir de critérios internos do organismo.
- Homem/Mundo: O homem está inserido no contexto
D) Abordagem Cognitivista histórico. O homem é sujeito da educação, onde a ação
educativa promove o próprio indivíduo, como sendo único
A organização do conhecimento, processamento de dentro de uma sociedade/ambiente.
informações estilos de pensamento ou estilos cognitivos,
comportamentos relativos à tomada de decisões, etc. - Sociedade/Cultura: O homem alienado não se relaciona
com a realidade objetivo, como um verdadeiro sujeito
- Homem/Mundo: O homem e mundo serão analisados pensante: o pensamento é dissociado da ação.
conjuntamente, já que o conhecimento é o produto da
interação entre eles, entre sujeito e objeto. - Conhecimento: A elaboração e o desenvolvimento do
conhecimento estão ligados ao processo de conscientização.
- Sociedade/Cultura: Os fatos sociológicos, pois, tais
como regras, valores, normas, símbolos etc. De acordo com - Educação: Toda ação educativa, para que seja válida,
este posicionamento, variam de grupo para grupo, de acordo deve, necessariamente, ser precedida tanto de uma reflexão
como o nível mental médio das pessoas que constituem o sobre o homem como de uma análise do meio de vida desse
grupo. homem concreto, a quem se quer ajudar para que se eduque.

- Conhecimento: O conhecimento é considerado como - Escola: Deve ser um local onde seja possível o
uma construção contínua. A passagem de um estado de crescimento mútuo, do professor e dos alunos, no processo de
desenvolvimento para o seguinte é sempre caracterizada por conscientização o que indica uma escola diferente de que se
formação de novas estruturas que não existiam anteriormente tem atualmente, coma seus currículos e prioridades.
no indivíduo.
- Ensino/Aprendizagem: Situação de ensino-
- Educação: O processo educacional, consoante a teoria de aprendizagem deverá procurar a superação da relação
desenvolvimento e conhecimento, tem um papel importante, opressor-oprimido. A estrutura de pensar do oprimido está
ao provocar situações que sejam desequilibradoras para o condicionada pela contradição vivida na situação concreta,
aluno, desequilíbrios esses adequados ao nível de existencial em que o oprimido se forma. Resultando
desenvolvimento em que a criança vive intensamente consequências tais como:
(intelectual e afetivamente) cada etapa de seu A) Ser ideal é ser mais homem.
desenvolvimento. B) Atitude fatalista
C) Atitude de auto desvalia
- Escola: Segundo Piaget, a escola deveria começar D) O medo da liberdade ou a submissão do oprimido.
ensinando a criança a observar. A verdadeira causa dos
fracassos da educação formal, diz, decorre essencialmente do

Conhecimentos Específicos 199


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- Professor/Aluno: A relação entre o professor e o aluno preponderantemente à atividade cerebral, ele terá condições
é horizontal. Professor empenhado na prática transformadora de chegar ao estágio das operações formais. Não se justificam
procurará desmitificar e questionar, junto com o aluno. nem se legitimam, por esta abordagem, desigualdades
baseadas nas potencialidades de cada um, tal como poderia
- Metodologia: Os alunos recebem informações e analisam decorrer dos princípios escola novistas. Estaria neste detalhe,
os aspectos de sua própria experiência existencial, utilizando talvez de grande importância, já que o determinismo biológico
situações vivenciais de grupo, em forma de debate Paulo Freire age mais em função de determinar desenvolvimento, do que
delineou seu método de alfabetização. de determinar máximos de desenvolvimento para cada sujeito,
Características: a ideia que despertaria maior interesse para um trabalho
A) Ser ativa realizado por um profissional com as idiossincrasias de um
B) Criar um conteúdo pragmático próprio educador.
C) Enfatiza o diálogo crítico De forma genérica tanto o cognitivismo, humanismo e
6. AS ABORDAGENS DO PROCESSO DE ENSINO, comportamentalismo apresentam aspectos escola novistas
APRENDIZAGEM E O PROFESSOR que os colocam contra a escola tradicional. Um outro elemento
a ser considerado é a ligação entre o desenvolvimento
Segundo Mizukami, a partir de análises feitas sobre as intelectual e os ideais apregoados pelo ensino tradicional
diferentes abordagens do processo ensino aprendizagem elaborado através dos séculos. Concluindo, de todas as
pôde-se constatar que certas linhas teóricas são mais abordagens analisadas obteve-se quase plenamente
explicativas sobre alguns aspectos em relação a outros, preferência dos professores pela abordagem cognitivista por
percebendo-se assim a possibilidade de articulação das que esta abordagem se baseia numa teoria de
diversas propostas de explicação do fenômeno educacional. desenvolvimento em grande parte válida, e também a
Ela procura fazer uma sistematização válida de conceitos do abordagem sociocultural que complementa o
fenômeno estudado. Mesmo com teorias incompletas por desenvolvimento humano e genético com aspectos
estarem ainda em fase de elaboração ou reelaboração, faltando socioculturais e personalistas. Sendo que a abordagem
validação empírica ou confronto com o real. Lembrando ainda sociocultural está impregnada de aspectos humanistas
as teorias não são as únicas fontes de resposta possíveis e característicos das primeiras obras de Paulo Freire. O ideário
incorrigíveis, pois (...) elas são elaboradas para explicar, de pedagógico de alguns professores não segue nenhuma das
forma sistemática, determinados fenômenos, e os dados do abordagens, e são classificados como tendência indefinida
real é que irão fornecer o critério para a sua aceitação ou não, dentre as demais abordagens.
instalando-se, assim, um processo de discussão permanente
entre teoria e prática. 7. A EDUCAÇÃO PARA ALÉM DO CAPITAL
Mizukami ainda critica a formação de professores
colocando que o aprendido pelos professores nada tinha a ver A educação para além do capital é um texto publicado a
com a prática pedagógica e seu posicionamento frente ao partir da conferência pronunciada por István Mészáros56, por
fenômeno educacional. A experiência pessoal refletiria um ocasião da abertura do Fórum Mundial de Educação, realizado
comportamento coerente por parte do educador, pondo fim em Junho de 2004, em Porto Alegre.
assim ao permanente processo de discussão entre teoria e O texto, partindo de três epígrafes atribuídas pelo autor a
prática. Uma possível solução seria repensar os cursos de Paracelso, pensador do Século XVI, a José Martí, político, poeta
formação de professores, voltando as atenções principalmente e pensador cubano, e a Marx, em Teses sobre Feuerbach, traz
para as disciplinas pedagógicas que analisam as abordagens a análise com vistas à urgente necessidade de se instituir uma
do processo ensino aprendizagem, procurando articulá-los à mudança que nos leve para além do capital, “no sentido
prática pedagógica. Também é discutida uma forma de genuíno e educacionalmente viável do termo”.
aproximar cada vez mais as opções teóricas existentes O exame discute as relações íntimas entre processos
analisando e discutindo as vivências na prática e à partir da educacionais e processos sociais amplos de reprodução do
prática, se pudesse discutir e criticar as opções teóricas capital em quatro aspectos básicos: Primeiro, no embate
confrontando com a mesma prática. É tentar criar teorias entre os parâmetros estruturais do capital – que se colocam
através da prática, analisando o cotidiano e questionando, com uma lógica irreversível e incontestável – e a necessidade
evitando-se assim a utilização de Receituários pedagógicos, de romper com essa lógica para a criação de uma alternativa
que é o que a autora chama de seguir cegamente a teoria educacional diferente, mediante a natureza irreformável do
ignorando a prática. capital como totalidade reguladora sistêmica; Segundo, na
Um curso de professores deveria possibilitar confronto clareza de que as possíveis soluções não podem ser formais,
entre abordagens, quaisquer que fossem elas, entre seus apenas como alterações superficiais, mas devem atingir o
pressupostos e implicações, limites, pontos de contraste e patamar de mudança essencial, abarcando a totalidade das
convergência. Ao mesmo tempo, deveria possibilitar ao futuro práticas educacionais da sociedade e seus processos de
professor a análise do próprio fazer pedagógico, de suas internalização dos parâmetros reprodutivos gerais do sistema
implicações, pressupostos e determinantes, no sentido de que do capital; Terceiro, na compreensão de que apenas uma
ele se conscientizasse de sua ação, para que pudesse, além de ampla concepção de educação pode assegurar a luta pelo
interpretá-la e contextualizá-la, superá-la constantemente. objetivo de mudança radical requerida e a aquisição de
Alguns dados revelam que são preferidas pelos instrumentos de pressão capazes de provocar o rompimento
professores as abordagens cognitivista e sociocultural com a lógica mistificadora do capital; Quarto, na defesa de que
deixando as abordagens tradicional e comportamentalista em o papel da educação é estratégico tanto para a mudança das
segundo plano. E também que a abordagem que mais faz condições objetivas de reprodução quanto para a auto
sucesso neste momento histórico é a cognitivista. Na mudança dos indivíduos envolvidos na luta pela construção de
abordagem cognitivista piagetiana e a preferida pelos uma nova ordem social metabólica radicalmente diferente.
professores, desde que o aluno se encontre em um ambiente Na primeira seção do texto, evidencia-se a ideia de que as
que o solicite devidamente, e que tenha sido constatada a reformulações que possam acontecer na educação são
ausência de distúrbios biológicos ligados inconcebíveis sem a transformação também no quadro social.

56 MÉSZAROS, István. A educação para além do capital. São Paulo: Boi

Tempo Editorial, 2006 (Mundo do Trabalho).

Conhecimentos Específicos 200


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O autor recusa a noção de reforma que se proponha apenas a qual é reservado o papel de objeto de manipulação. Mészáros
correções marginais, mantendo intactas as estruturas assevera a posição profundamente democrática de Gramsci
fundamentais da sociedade e conformando-se às exigências da como o caminho mais claro para a concepção ampla de
lógica do capital. Para Mészáros, esta modalidade utiliza-se das educação, na qual todo ser humano contribui para a formação
reformas educacionais para apenas remediar os efeitos de uma concepção de mundo ao mesmo tempo em que pode
desastrosos da ordem produtiva, mas não elimina os contribuir para manter ou mudar esta concepção. A educação,
“fundamentos causais e profundamente enraizados”. Para o reconhecida, no seu entendimento amplo, é um processo
autor, “limitar uma mudança educacional radical às margens contínuo de aprendizagem. “Temos de reivindicar uma
corretivas interesseiras do capital significa abandonar de uma educação plena para toda a vida, para que seja possível colocar
só vez, conscientemente ou não, o objetivo de uma em perspectiva a sua parte formal, a fim de instituir, também
transformação social qualitativa”. (MÉSZAROS, 2008). aí, uma reforma radical”. A reforma significa, segundo o autor,
Exemplificando: Mészáros examina a experiência de Adam desafiar as formas atualmente dominantes de internalização
Smith, economista político, e de Roberto Owen, reformador existentes no sistema educacional formal, pôr em execução
social educacional utópico. Sobre Smith, atesta que mesmo que urgentemente uma atividade de “contra internalização”
este ilustre iluminista reconheça o impacto negativo do coerente e sustentada na direção da criação de uma alternativa
sistema sobre a classe trabalhadora, sua análise atribuindo ao ao que já existe. Significa que a educação formal precisa
“espírito comercial” a causa do problema é incapaz de se desatar-se do revestimento da lógica do capital e mover-se em
dirigir às causas reais, reduzindo seu esforço de expressar sua direção a práticas educacionais mais abrangentes O bem
preocupação humanitária a um círculo vicioso de apontar sucedido processo de redefinição da tarefa da educação formal
apenas “os efeitos condenados”, dando assim prevalência aos num espírito orientado para a construção de uma alternativa
limites objetivos da lógica do capital. Ao tratar da posição de hegemônica à ordem existente irá contribuir para romper com
Robert Owen, reconhece sua posição de denúncia da a lógica do capital não somente em seu campo, mas em toda a
exploração e instrumentalização do empregado pelo sociedade.
empregador, mas condena no seu discurso – com marcas de No quarto tópico, Mészáros trata a educação como uma
parcialidade, gradualismo e circularidades – sinais de “transcendência positiva da auto alienação do trabalho”. A
conformação aos debilitantes limites do capital. análise atesta as condições desumanizantes da alienação em
Neste caso, Mészáros observa que Owen “não pode escapar que vivemos e afirma que, para a mudança dessa condição,
à auto imposta camisa de força das determinações causais do exige-se uma intervenção consciente em todos os domínios e
capital”. Numa conclusão ao tópico, o autor lembra que “[...] o níveis da existência individual e social, “em toda a nossa
sentido da mudança educacional radical não pode ser senão o maneira de ser”. O autor considera que estando na raiz de
rasgar da camisa de força da lógica incorrigível do sistema”. todos os tipos de alienação a historicamente revelada
A persecução de estratégias de rompimento com o alienação do trabalho, torna-se possível superar a alienação
controle exercido pelo capital é explicitada na segunda seção com a reestruturação radical de nossas condições de vida
do texto com a defesa de que as soluções devem ser buscadas estabelecida até então, já que o processo histórico se constitui
não apenas na dimensão formal, mas no que é essencial. O pelo próprio trabalho. Mas isso não pode ser apenas uma
autor reconhece que a educação institucionalizada serviu, nos questão de negação. Para Mészáros, “a tarefa histórica que
últimos 150 anos para fornecer condições técnicas e humanas temos de enfrentar é incomensuravelmente maior que a
à expansão do capital, ao mesmo tempo em que contribuiu negação do capitalismo”58. Ir para além do capital significa a
para instalar valores que legitimam os interesses dominantes realização de uma ordem social metabólica sem nenhuma
e que negam alternativas possíveis a esse modelo. relação nem ranços com a ordem anteriormente hegemônica.
Distanciando-se de uma posição reprodutivista, Assim advoga Por essa razão,
que não basta simplesmente reformar o sistema escolar formal O papel da educação é soberano, tanto para a elaboração
estabelecido, porque isso traduziria apenas uma mudança de estratégias apropriadas e adequadas para mudar as
institucional isolada. “O que precisa ser confrontado é todo o condições objetivas de reprodução, como para a auto mudança
sistema de internalização, com todas as suas dimensões, consciente dos indivíduos chamados a concretizar a criação de
visíveis e ocultas”. A internalização, entendida como o esforço uma ordem social metabólica radicalmente diferente
do capital em fazer com que cada indivíduo incorpore como Para esse fim, a universalização da educação e a
suas as metas de reprodução do sistema, legitimando sua universalização do trabalho são peças fundamentais, sem as
posição na hierarquia social e conformando suas expectativas quais não pode haver solução para a auto alienação do
e sua conduta ao estipulado pela ordem estabelecida, insere- trabalho. Tal realização pressupõe necessariamente a
se como instrumento que conforma a totalidade das práticas igualdade verdadeira – substancial e não apenas formal – de
sociais, entre elas, a educação, ao interesse do capital. todos os seres humanos. Apenas na perspectiva de ir além do
Romper com a lógica do capital na área de educação capital essa universalização e igualdade podem ser vistas,
equivale, portanto, a substituir as formas onipresentes e porque a educação para além do capital almeja uma ordem
profundamente enraizadas de internalização mistificadora social qualitativamente diferente.
por uma alternativa concreta abrangente. (MÉSZAROS, No nosso dilema histórico definido pela crise estrutural do
2008)57. capital global, época onde se evidencia uma condição histórica
A tarefa acima requerida aparece na terceira seção, de transição, define-se também um espaço histórico e social
condicionada ao fortalecimento de uma concepção de aberto à ruptura com a lógica do capital e à elaboração de
educação ampla e mais profunda, nos moldes de Paracelso, planos estratégicos na direção de uma educação para além do
vendo a “aprendizagem como nossa própria vida”. capital. Nesse ambiente, a tarefa educacional é uma tarefa de
Neste rumo, o autor se coloca, a exemplo de Gramsci, transformação social, ampla e emancipadora. A educação deve
contra a visão tendenciosamente elitista e estreita de educação ser articulada e redefinida no seu inter-relacionamento com as
que pleiteia o domínio da instituição educacional formal como condições cambiantes e as necessidades da transformação
único espaço de educação e define a educação e a atividade social emancipadora e progressiva em curso.
intelectual como possibilidade apenas dos que são designados
para “educar” e para governar, em detrimento da maioria, à

57 Mészàros –A educação para além do capital, 2ª. ed Boitempo, 2008 58 RABELO, C. D. Educação Para Além do Capital. Revista Resenha: A

Eletrônica Arma da Crítica. N.º 4. 2012.

Conhecimentos Específicos 201


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Questões compara os referenciais teóricos do processo de ensino e


aprendizagem em quatro aspectos relevantes:
01. Pode-se afirmar que: “O processo de ensino e - A escola,
aprendizagem não é uma integração dialética entre o - O aluno,
instrutivo e o educativo que tem como propósito essencial - O professor, e
contribuir para a formação integral da personalidade do - O processo de ensino e aprendizagem.
aluno”.
( ) Verdadeiro ( ) Falso Dos diversos autores que analisam e comparam as
abordagens do processo de ensino e aprendizagem, destacam-
02. Sobre a abordagem comportamentalista, é correto se os trabalhos de Bordenave, Libâneo, Saviani e Mizukami,
afirmar que: “A organização do conhecimento, processamento que classificam e agrupam as correntes teóricas, segundo
de informações estilos de pensamento ou estilos cognitivos, critérios diferentes.
comportamentos relativos à tomada de decisões, etc.”. Bordenave classifica e distingue “as diferentes opções
( ) Verdadeiro ( ) Falso pedagógicas segundo o fator educativo que elas mais
valorizam”. Libâneo utiliza como “critério a posição que as
03. (CEFET/RJ – Pedagogo – CESGRANRIO) O trecho teorias adotam em relação às finalidades sociais da escola”.
indica amplos desafios para a prática docente. “Um curso de Saviani toma como critério de classificação “a criticidade da
professores deveria possibilitar confronto entre abordagens, teoria em relação à sociedade e o grau de percepção da teoria
quaisquer que fossem elas, entre seus pressupostos e dos determinantes sociais”. Mizukami considera que a base
implicações, limites, pontos de contraste e convergência. Ao das teorias do conhecimento envolve três características
mesmo tempo, deveria possibilitar ao futuro professor a básicas: primado do sujeito, primado do objeto e interação
análise do próprio fazer pedagógico, de suas implicações, sujeito objeto – apesar de reconhecer que existam muitas
pressupostos e determinantes, no sentido de que ele se variações e diferentes combinações possíveis.
conscientizasse de sua ação, para que pudesse, além de
interpretá-la e contextualizá-la, superá-la constantemente”. Os autores citados analisam as abordagens do processo de
(MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens ensino e aprendizagem a partir de seus princípios, dos
do processo. São Paulo: EPU, 1986. p. 109.) componentes necessários ao fenômeno educativo e de seus
Sobre as diferentes abordagens pedagógicas, aquela que efeitos sobre o indivíduo e a sociedade
considera a relação professor-aluno como não imposta, que Como existem diversidade de critérios e diferenças
permite que o educador se torne educando e a aprendizagem relativas aos principais componentes que explicam o processo
seja favorecida pela mediação é a: educativo, no decorrer deste estudo resolvemos adotar os
(A) tradicional conceitos expostos por Mizukami, com algumas adaptações
(B) humanista para efeito comparativo.
(C) comportamentalista Nesse sentido, o enfoque deste estudo concentra-se nas
(D) ambientalista situações concretas de ensino e aprendizagem, por meio do
(E) sócio-histórico-cultural agente formal, a escola, envolvendo naturalmente as
atividades dos professores e alunos diante dos conteúdos de
Respostas ensino. Vale também acrescentar que um dos pontos
relevantes a serem analisados consiste na identificação das
01. Resposta: Falso correntes teóricas que suportam o comportamento do
02. Resposta: Falso professor em situações de ensino e aprendizagem,
03. Resposta: Alternativa E principalmente em sala de aula.

Abordagens de ensino e aprendizagem59 A educação formal ou informal, de alguma forma, sempre


foi objeto de preocupação da sociedade e de seus dirigentes,
O processo de ensino e aprendizagem tem sido estudado notadamente em seus aspectos formais, em seu conteúdo e em
segundo diferentes enfoques. Condensamos neste estudo uma sua utilidade enquanto instrumento de socialização. Como
análise comparativa tanto dos pressupostos comuns como dos bem observa Mizukami, para entendermos o fenômeno
diferentes, pertinentes às diversas abordagens teóricas que educativo, faz-se necessário refletir sobre seus diferentes
procuram explicar o processo de ensino e aprendizagem. Essas aspectos: “É um fenômeno humano, histórico e
correntes teóricas pro curam compreender o fenômeno multidimensional. Nele estão presentes tanto a dimensão
educativo através de diferentes enfoques, muitos deles humana quanto a técnica, a cognitiva, a emocional, a
relacionados com o momento histórico de sua criação e do sociopolítica e a cultural”. Consequentemente entendemos o
desenvolvimento da sociedade na qual estavam inseridas. Essa fenômeno educativo como um objeto em permanente
reflexão auxilia no entendimento do papel da didática para a construção e com diferentes causas e efeitos de acordo com a
formação do educador e sua importância nas atividades de dimensão enfocada.
ensinar e aprender. Como pano de fundo dessas correntes
teóricas, encontra-se a busca contínua para identificar os Abordagem Tradicional
pressupostos explícitos ou implícitos que fundamentam a ação
docente em situações de ensino e aprendizagem. Vale Entende-se por abordagem tradicional a prática educativa
esclarecer que, no nosso entender, o processo de ensino e caracterizada pela transmissão dos conhecimentos
aprendizagem é composto de duas partes: ensinar, que acumulados pela humanidade ao longo dos tempos. Essa tarefa
exprime uma atividade, e aprender, que envolve certo grau de cabe essencialmente ao professor em situações de sala de aula,
realização de uma determinada tarefa com êxito. agindo independentemente dos interesses dos alunos em
Considerando-se o papel da didática, explicitado na introdução relação aos conteúdos das disciplinas. Essa missão do
deste estudo, os objetivos do trabalho, a extensão e a professor, segundo Mizukami, é considerada “catequética e
complexidade do tema, o presente estudo somente analisa e unificadora da escola”; envolve “programas minuciosos,
rígidos e coercitivos. Exames seletivos, investidos de caráter

59 SANTOS, R. V. dos. Abordagens do processo de ensino e aprendizagem

Conhecimentos Específicos 202


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sacramental”. Nesse sentido, o ensino tradicional tem como Conhecimento


primado o objeto, o conhecimento, e dele o aluno deve ser um
simples depositário. A escola deve ser o local ideal para a Parte-se do pressuposto de que a inteligência seja uma
transmissão desses conhecimentos que foram selecionados e faculdade capaz de acumular/armazenar informações. Aos
elaborados por outros. Referências ao ensino tradicional alunos são apresentados somente os resultados desse
também são feitas por Bordenave (1984), que o denomina processo, para que sejam armazenados. Evidencia-se o caráter
“pedagogia da transmissão”: “Assim, se opção pedagógica cumulativo do conhecimento humano, adquirido pelo
valoriza sobretudo os conteúdos educativos, isto é, os indivíduo por meio de transmissão, de onde se supõe o papel
conhecimentos e valores a serem transmitidos, isto importante da educação formal e da instituição escola. Atribui-
caracterizaria um tipo de educação tradicional que se ao sujeito um papel insignificante na elaboração e aquisição
chamaremos Pedagogia da Transmissão.” E, na análise das do conhecimento. Ao indivíduo que está "adquirindo"
consequências sociais decorrentes desta pedagogia, esta conhecimento compete memorizar definições, anunciando
“forma alunos passivos, produz cidadãos obedientes e prepara leis, sínteses e resumos que lhes são oferecidos no processo de
o terreno para o Ditador Paternalista. A sociedade é marcada educação formal.
pelo individualismo, e não pela solidariedade”. Por outro lado,
Libâneo identifica essa abordagem como pedagogia liberal em Educação
sua versão conservadora, enfatizando que o papel da escola é
de formação intelectual e moral dos alunos, para que estes Entendida como instrução, caracterizada como
possam assumir o seu papel na sociedade. Ele afirma que, “na transmissão de conhecimentos e restrita à ação da escola. Às
versão conservadora, a pedagogia liberal se caracteriza por vezes, coloca-se que, para que o aluno possa chegar, e em
acentuar o ensino humanístico, de cultura geral, no qual o condições favoráveis, há uma confrontação com o modelo, é
aluno é educado para atingir, pelo próprio esforço, sua plena indispensável uma intervenção do professor, uma orientação
realização como pessoa. do mestre. Trata-se, pois, da transmissão de ideias
Os conteúdos, os procedimentos didáticos, a relação selecionadas e organizadas logicamente.
professor-aluno não tem nenhuma relação com o cotidiano do
aluno e muito menos com as realidades sociais”. Nesse sentido, Escola
Saviani identifica essa abordagem como pedagogia tradicional.
Ensina que “a escola surge como um antídoto à ignorância, A escola, é o lugar por excelência onde se realiza a
logo, um instrumento para equacionar o problema da educação, a qual se restringe, a um processo de transmissão de
marginalidade. Seu papel é difundir a instrução, transmitir os informações em sala de aula e funciona como uma agência
conhecimentos acumulados pela humanidade e sistematizadora de uma cultura complexa. Considera o ato de
sistematizados logicamente”. Os principais defensores do aprender como uma cerimônia e acha necessário que o
ensino tradicional, citados por Mizukami, são Émile Chartier e professor se mantenha distante dos alunos. Uma escola desse
Snyders. tipo é frequentemente utilitarista quanto a resultados e
programas preestabelecidos. As possibilidades de cooperação
Homem entre pares são reduzidas, já que a natureza da grande parte
das tarefas destinadas aos alunos exige participação individual
O homem é considerado como inserido num mundo que irá de cada um deles.
conhecer através de informações que lhe serão fornecidas. É
um receptor passivo até que, repleto das informações Ensino-aprendizagem
necessárias, pode repeti-las a outros que ainda não as
possuam, assim como pode ser eficiente em sua profissão, A ênfase é dada às situações de sala de aula, onde os alunos
quando de posse dessas informações e conteúdos. são "instruídos" e "ensinados" pelo professor. Os conteúdos e
as informações têm de ser adquiridos, os modelos imitados.
Mundo Seus elementos fundamentais são imagens estáticas que
progressivamente serão "impressas" nos alunos, cópias de
A realidade é algo que será transmitido ao indivíduo modelos do exterior que serão gravadas nas mentes
principalmente pelo processo de educação formal, além de individuais. Uma das decorrências do ensino tradicional, já que
outras agências, tais como família, Igreja. a aprendizagem consiste em aquisição de informações e
demonstrações transmitidas, é a que propicia a formação de
Sociedade-Cultura reações estereotipadas, de automatismos denominados
hábitos, geralmente isolados uns dos outros e aplicáveis, quase
O objetivo educacional normalmente se encontra sempre, somente às situações idênticas em que foram
intimamente relacionado aos valores apregoados pela adquiridos. O aluno que adquiriu o hábito ou que "aprendeu"
sociedade na qual se realiza. Os Programas exprimem os níveis apresenta, com frequência, compreensão apenas parcial.
culturais a serem adquiridos na trajetória da educação formal. Ignoram-se as diferenças individuais. É um ensino que se
A reprovação do aluno passa a ser necessária quando o preocupa mais com a variedade e quantidade de
mínimo cultural para aquela faixa não foi atingido, e as provas noções/conceitos/informações que com a formação do
e exames são necessários a constatação de que este mínimo pensamento reflexivo.
exigido para cada série foi adquirido pelo aluno. O diploma
pode ser tomado como um instrumento de hierarquização. Professor-aluno
Dessa forma, o diploma iria desempenhar um papel mediador
entre a formação cultural e o exercício de funções sociais O professor-aluno é vertical, sendo que (o professor)
determinadas. Pode-se afirmar que as tendências englobadas detém o poder decisório quanto a metodologia, conteúdo,
por esse tipo de abordagem possuem uma visão individualista avaliação, forma de interação na aula etc. O professor detém os
do processo educacional, não possibilitando, na maioria das meios coletivos de expressão. A maior parte dos exercícios de
vezes, trabalhos de cooperação nos quais o futuro cidadão controle e dos de exames se orienta para a reiteração dos
possa experienciar a convergência de esforços. dados e informações anteriormente fornecidos pelos manuais.

Conhecimentos Específicos 203


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Metodologia ensinar”, a instrução programada, computadores, manuais


tutoriais de treinamento etc. O principal representante da
Se baseia na aula expositiva e nas demonstrações do “análise funcional” do comportamento é Skinner. Ele não se
professor a classe, tomada quase como auditório. O professor preocupa em justificar por que o aluno aprende, mas sim em
já traz o conteúdo pronto e o aluno se limita exclusivamente a fornecer uma tecnologia que seja capaz de explicar como fazer
escutá-lo a didática profissional quase que poderia ser o estudante estudar e que seja eficiente na produção de
resumida em dar a lição e tomar a lição. No método expositivo mudanças comportamentais.
como atividade normal, está implícito o relacionamento
professor - aluno, o professor é o agente e o aluno é o ouvinte. O homem
O trabalho continua mesmo sem a compreensão do aluno
somente uma verificação a posteriori é que permitirá o O homem é uma consequência das influências ou forças
professor tomar consciência deste fato. Quanto ao existentes no meio ambiente a hipótese de que o homem não é
atendimento individual há dificuldades pois a classe fica livre é absolutamente necessária para se poder aplicar um
isolada e a tendência é de se tratar todos igualmente. método científico no campo das ciências. O homem dentro
desse referencial é considerado como o produto de um
Avaliação processo evolutivo.

A avaliação visa a exatidão da reprodução do conteúdo O mundo


comunicado em sala de aula. As notas obtidas funcionam na
sociedade como níveis de aquisição do patrimônio cultural. A realidade para Skinner62, é um fenômeno objetivo; O
mundo já é construído e o homem é produto do meio. O meio
Abordagem Comportamentalista pode ser manipulado. O comportamento, por sua vez, pode ser
mudado modificando-se as condições das quais ele é uma
Essa abordagem também se caracteriza pela ênfase no função, ou seja, alterando-se os elementos ambientais. O meio
objeto, no conhecimento, utilizando, porém, de uma seleciona.
“engenharia” comportamental e social sofisticada para moldar
os comportamentos sociais. O homem é considerado como Sociedade-Cultura
produto do meio; consequentemente, pode-se manipulá-lo e
controlá-lo por meio da transmissão dos conhecimentos A sociedade ideal, para Skinner, é aquela que implicarias
decididos pela sociedade ou por seus dirigentes. um planejamento social e cultural. Qualquer ambiente, físico
Bordenave60 denomina essa abordagem “pedagogia da ou social, deve ser avaliado de acordo com seus efeitos sobre a
moldagem do comportamento”, descrevendo-a assim: “Se o natureza humana. A cultura, é representada pelos usos e
fator é o efeito ou resultado obtido pela educação – quer dizer, costumes dominantes, pelos comportamentos que se mantém
as mudanças de conduta conseguidas no indivíduo –, isto através dos tempos.
definiria o tipo de educação comumente denominado
Pedagogia Moldagem do Comportamento, ou pedagogia Conhecimento
condutista”.
Libâneo61 privilegia o enfoque sociológico da educação. O conhecimento é o resultado direto da experiência, o
Identifica essa abordagem como parte da pedagogia liberal, em comportamento é estruturado indutivamente, via experiência.
sua versão renovada pro gressista, dando atenção ao
movimento da “tecnologia educacional”, e, ao discorrer sobre Educação
isso, diz que, “quanto ao movimento da ‘tecnologia
educacional’, preferimos situá-lo aqui, e não junto às A educação está intimamente ligada à transmissão
tendências de tipo behaviorista, embora tenha base teórica cultural. A educação, pois, deverá transmitir conhecimentos,
nessa corrente. A tecnologia educacional foi-se introduzindo assim como comportamentos éticos, práticas sociais,
nos sistemas públicos de ensino a partir da tradição habilidades consideradas básicas para a manipulação e
progressista que privilegia o ensino sob o ângulo dos aspectos controle do mundo /ambiente.
metodológicos, em contraposição à ênfase nos conteúdos das
matérias. Escola
Assim, os recursos fornecidos pela tecnologia da educação
(instrução programada, planejamento sistêmico, A escola é considerada e aceita como uma agência
operacionalização de objetivos comportamentais, análise educacional que deverá adotar forma peculiar de controle, de
comportamental e sequência instrucional) foram acordo com os comportamentos que pretende instalar e
incorporados à prática escolar”. Segundo a classificação de manter.
Saviani, essa abordagem é identificada como a pedagogia
tecnicista, que ele apresenta assim: “... na pedagogia tecnicista, Ensino-aprendizagem
o elemento principal passa a ser a organização dos meios,
ocupando professor e aluno posição secundária(...)”; “é o É uma mudança relativamente permanente em uma
processo que define o que professores e alunos devem fazer, e tendência comportamental e ou na vida mental do indivíduo,
assim também quando e como o farão(...);” marginalizado será resultantes de uma prática reforçada.
o incompetente (no sentido técnico da palavra), isto é, o
ineficiente e improdutivo”. Professor-aluno
Para realização dessa moldagem do comportamento, o
ensino deve utilizar-se de reforços e recompensas para, por Aso educandos caberia o controle do processo de
meio do treinamento, atingir objetivos preestabelecidos. Neste aprendizagem, um controle científico da educação, o professor
sentido, o ensino necessita de tecnologias derivadas da teria a responsabilidade de planejar e desenvolver o sistema
aplicação de pesquisas científicas, tais como “máquinas de de ensino e aprendizagem, de forma tal que o desempenho do

60 BORDENAVE, J. E. D. “A opção pedagógica pode ter conseqüências 61 LIBÂNEO, J. C. “Tendências pedagóg icas na prática escolar” In: Revista da

individuais e sociais importantes”. In: Revista de Educação AEC, nº 54, 1984, pp. Ande, nº 06, 1982, pp. 11-9.
41-5. 62 SKINNER, F B . Tecnologia do ensino. São Paulo: Herder, . 1972.

Conhecimentos Específicos 204


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aluno seja maximizado, considerando-se igualmente fatores uma decorrência espontânea do ambiente estimulante e da
tais como economia de tempo, esforços e custos. relação viva que se estabeleceria entre estes e o professor”.

Metodologia Homem

Nessa abordagem, se incluem tanto a aplicação da É considerado como uma pessoa situada no mundo. Não
tecnologia educacional e estratégias de ensino, quanto formas existem modelos prontos nem regras a seguir mas um
de reforço no relacionamento professor-aluno. processo de vir a ser. O objetivo do ser humano é a auto
realização ou uso pleno de suas potencialidades e capacidades
Avaliação o homem se apresenta como um projeto permanente e mau
acabado.
Decorrente do pressuposto de que o aluno progride em seu
ritmo próprio, em pequenos passos, sem cometer erros, a Mundo
avaliação consiste, nesta abordagem, em se constatar se o
aluno aprendeu e atingiu os objetivos propostos quando o O mundo é algo produzido pelo homem diante de si
programa foi conduzido até o final de forma adequada. mesmo. O mundo teria o papel fundamental de crias condições
de expressão para a pessoa, cuja tarefa vital consiste no pleno
A abordagem Humanista desenvolvimento do seu potencial inerente. A ênfase é no
sujeito mais uma das condições necessárias para o
Nessa abordagem o enfoque é o sujeito, com “ensino desenvolvimento individual é o ambiente. Na experiência
centrado no aluno”. No entanto, sob alguns pontos de vista, pessoal e subjetiva o conhecimento é construído no decorrer
esse enfoque também tem características interacionistas de do processo de vir a ser da pessoa humana. É atribuída ao
sujeito-objeto. Para Mizukami63, o referencial teórico desta sujeito papel central e primordial na elaboração e criação do
corrente tem origem no trabalho de Rogers, que não foi conhecimento. Ao experienciar o homem conhece. O
especificamente elaborado para a educação, e sim para conhecimento é inerente à atividade humana. O ser humano
tratamento terapêutico. O enfoque rogeriano enfatiza as tem curiosidade natural para o conhecimento.
relações interpessoais, objetivando o crescimento do
indivíduo, em seus processos internos de construção e Educação
organização pessoal da realidade, de forma que atue como
uma pessoa integrada. Nesse contexto, o professor deve ser Trata-se da educação centrada na pessoa, já que nessa
um “facilitador da aprendizagem”, ou seja, deve fornecer abordagem o ensino será centrado no aluno. A educação tem
condições para que os alunos aprendam, podendo ser treinado como finalidade primeira a criação de condições que facilitam
para tomar atitudes favoráveis condizentes com essa função. a aprendizagem de forma que seja possível seu
Os conteúdos de ensino são vistos como externos e desenvolvimento tanto intelectual como emocional seria a
assumem papel secundário, privilegiando-se o relacionamento criação de condições nas quais os alunos pudessem tornar-se
das pessoas envolvidas no processo de ensino e aprendizagem. pessoas de iniciativas, de responsabilidade, autodeterminação
Por outro lado, verifica-se na obra de Rogers e na abordagem que soubessem aplicar-se a aprendizagem no que lhe servirão
humanista a carência de uma teoria de instrução que forneça de solução para seus problemas servindo-se da própria
bases e diretrizes sólidas para a prática educativa. No trabalho existência. Nesse processo os motivos de aprender deverão ser
de Bordenave não se identifica de forma explícita à abordagem do próprio aluno. Autodescoberta e autodeterminação são
humanista, com base nos pressupostos de Rogers. No entanto, características desse processo.
é feita uma aproximação, somente em alguns aspectos, por
meio daquilo que este denomina “pedagogia da Escola
problematização”. Como exemplo disso, faz a seguinte
afirmação: “... o docente facilita a identificação de ‘problemas’ A escola será uma escola que respeite a criança tal qual é,
pelo grupo, sua análise e teorização, bem como a busca de que ofereça condições para que ela possa desenvolver-se em
soluções alternativas ... incentivam a aprendizagem ... a seu processo possibilitando a autonomia do aluno. O princípio
solidariedade com o grupo com o qual se trabalha ... sua básico consiste na ideia da não interferência com o
percepção do professor não é autoritária, pois o papel do crescimento da criança e de nenhuma pressão sobre ela. O
professor não é de autoridade superior, mas de facilitador de ensino numa abordagem como esta consiste num produto de
uma aprendizagem em que ele também é aprendiz”. personalidades únicas, respondendo as circunstâncias únicas
Libâneo identifica essa abordagem à pedagogia liberal, em num tipo especial de relacionamentos. A aprendizagem tem a
sua versão renovada não-diretiva. Discorrendo sobre isso diz qualidade de um envolvimento pessoal.
que, “em termos pedagógicos, a escola renovada propõe a
autoeducação — o aluno como sujeito do conhecimento —, de Professor-Aluno
onde se extrai a idéia do processo educativo como
desenvolvimento da natureza infantil: a ênfase na aquisição de Cada professor desenvolverá seu próprio repertório de
processos de conhecimentos em oposição aos conteúdos”. uma forma única, decorrente da base percentual de seu
Por outro lado, Saviani64 não explicita o trabalho de comportamento. O processo de ensino irá depender do caráter
Rogers, mas, em função das características observadas de não- individual do professor, como ele se relaciona com o caráter
diretividade do ensino e o primado do sujeito, podemos pessoal do aluno. Assume a função de facilitador da
enquadrar a abordagem humanista dentro do que Saviani aprendizagem e nesse clima entrará em contato com
chama de a pedagogia nova, considerada o marco inicial para problemas vitais que tenham repercussão na existência do
o surgimento das tendências não-diretivas e antiautoritárias. estudante. Isso implica que o professor deva aceitar o aluno tal
Esse autor nos ensina que “o professor agiria como um como é e compreender os sentimentos que ele possui. O aluno
estimulador e orientador da aprendizagem, cuja iniciativa deve responsabilizar-se pelos objetivos referentes a
principal caberia aos próprios alunos. Tal aprendizagem seria aprendizagem que tem significado para eles. As qualidades do

63 MIZUKAMI, M. G. N. Ensino, as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 64 SAVIANI, D. Escola e democracia. São Paulo: Cortez, 1984.
1986.

Conhecimentos Específicos 205


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professor podem ser sintetizadas em autenticidade as escolas ativas ou novas (Dewey, Montessori, Decroly,
compreensão empática, aceitação e confiança no aluno. Cousinet, Piaget e outros) partem sempre de atividades
adequadas à natureza do aluno e às etapas de seu
Metodologia desenvolvimento”.
No trabalho de Saviani referências à abordagem
Não se enfatiza técnica ou método para facilitar a cognitivista podem ser encontradas indiretamente no que ele
aprendizagem. Cada educador eficiente deve elaborar a sua identifica como a “pedagogia nova”. Entende “... que essa
forma de facilitar a aprendizagem no que se refere ao que maneira de entender a educação, por referência à pedagogia
ocorre em sala de aula é a ênfase atribuída a relação tradicional tenha deslocado o eixo da questão pedagógica do
pedagógica, a um clima favorável ao desenvolvimento das intelecto para o sentimento: do aspecto lógico para o
pessoas que possibilite liberdade para aprender. psicológico; ... de uma pedagogia de inspiração filosófica
centrada na ciência da lógica para uma pedagogia de
Avaliação inspiração experimental baseada principalmente nas
contribuições da biologia e da psicologia.
Só o indivíduo pode conhecer realmente sua experiência,
só pode ser julgada a partir de critérios internos do organismo. Homem e mundo
O aluno deverá assumir formas de controle de sua
aprendizagem, definir e aplicar os critérios para avaliar até O homem e mundo serão analisados conjuntamente, já que
onde estão sendo atingidos os objetivos que pretende, com o conhecimento é o produto da interação entre eles, entre
responsabilidade. O diretivismo no ensino é aqui substituído sujeito e objeto.
pelo não diretivismo: As relações verticais impostas por
relações EU - TU e nunca EU - ISTO; As avaliações de acordo Sociedade-cultura
com padrões prefixados, por auto avaliação dos alunos.
Considerando-se pois o fato de que só o indivíduo pode Os fatos sociológicos, pois, tais como regras, valores,
conhecer realmente a sua experiência, esta só pode ser julgada normas, símbolos etc. De acordo com este posicionamento,
a partir de critérios internos do organismo. variam de grupo para grupo, de acordo como o nível mental
médio das pessoas que constituem o grupo.
Abordagem Cognitivista
Conhecimento
Nessa abordagem a utilização do termo “cognitivista” visa
a identificar os psicólogos que pesquisam os chamados O conhecimento é considerado como uma construção
“processos centrais” do indivíduo, tais como organização do contínua. A passagem de um estado de desenvolvimento para
conhecimento, processamento de informações, estilos de o seguinte é sempre caracterizada por formação de novas
pensamento, estilos de comportamento etc. Os principais estruturas que não existiam anteriormente no indivíduo.
pesquisadores nessa área são Jean Piaget, biólogo e filósofo
suíço, e Jerome Bruner, americano. Essa abordagem é também Educação
conhecida como piagetiana, devido à sua grande difusão e
influência na pedagogia em geral. Nesse enfoque encontramos O processo educacional, consoante a teoria de
o caráter interacionista entre sujeito e objeto, e o aprendizado desenvolvimento e conhecimento, tem um papel importante,
é decorrente da assimilação do conhecimento pelo sujeito e ao provocar situações que sejam desequilibradoras para o
também da modificação de estruturas mentais já existentes. aluno, desequilíbrios esses adequados ao nível de
Pela assimilação o indivíduo explora o ambiente, toma parte desenvolvimento em que a criança vive intensamente
dele, transformando-o e incorporando-o a si. Sendo assim, o (intelectual e afetivamente) cada etapa de seu
pensamento é a base da aprendizagem, que se constitui de um desenvolvimento.
conjunto de mecanismos que o indivíduo movimenta para se
adaptar ao meio ambiente; o conhecimento é adquirido por Escola
meio de uma construção dinâmica e contínua. Dessa forma o
ensino deve visar ao desenvolvimento da inteligência por meio Segundo Piaget, a escola deveria começar ensinando a
do “construtivismo interacionista”, que em essência parte do criança a observar. A verdadeira causa dos fracassos da
princípio segundo o qual é assimilado o é a uma estrutura educação formal, diz, decorre essencialmente do fato de se
mental anterior, criando uma nova estrutura em seguida. principiar pela linguagem (acompanhada de desenhos, de
Nesse sentido, a concepção piagetiana implica a ações fictícias o narradas etc.) ao invés de o fazer pela ação real
interdependência do homem em relação ao meio em que vive, e material.
a sociedade, sua cultura, seus valores e seus objetos.
No trabalho de Bordenave não encontramos referências Ensino e aprendizagem
explícitas à abordagem cognitivista, mas podemos identificá-
la em parte na pedagogia da problematização, na qual este nos Um ensino que procura desenvolver a inteligência deverá
ensina que “...quando a opção valoriza o próprio processo de priorizar as atividades do sujeito, considerando-o inserido
transformação do aluno enquanto agente transformador da numa situação social.
sua realidade ... o aluno sente-se protagonista de um processo
de transformação da realidade e desenvolve um sentido de Professor aluno
responsabilidade social e uma atitude de entusiasmo
construtivo”. Ambos os polos da relação devem ser compreendidos de
Libâneo faz menção à abordagem piagetiana e a de outros forma diferente da convencional, no sentido de um
pensadores e seguidores da “escola nova”, classificando-os na transmissor e um receptor de informação. Caberá ao professor
pedagogia liberal, em sua versão renovada progressista, e criar situações, propiciando condições onde possam se
dizendo que “... a idéia de ‘aprender fazendo’ está sempre estabelecer reciprocidade intelectual e cooperação ao mesmo
presente. Valorizam-se as tentativas experimentais, a tempo moral e racional.
pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, o
método de solução de problemas – embora os métodos variem,

Conhecimentos Específicos 206


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Metodologia percepção da dependência da educação em relação à


sociedade. Entretanto, como as análises que desenvolvem
O desenvolvimento humano que traz implicações para o chegam invariavelmente à conclusão de que a função da
ensino. Uma das implicações fundamentais é a de que a educação consiste na reprodução da sociedade em que ela se
inteligência se constrói a partir da troca do organismo como o insere, bem merecem a denominação de ‘teorias crítico-
meio, por meio das ações do indivíduo. A ação do indivíduo, reprodutivistas’”.
pois, é centro do processo e o fator social ou educativo Como podemos observar pela análise comparativa dos
constitui uma condição de desenvolvimento. trabalhos de Bordenave, Libâneo, Saviani e Mizukami, as
diversas abordagens teóricas que procuram explicar o
Avaliação processo de ensino e aprendizagem podem ser agrupadas e
sistematizadas de diferentes formas, dependendo do enfoque
A avaliação terá de ser realizada a partir de parâmetros do autor. Deve ficar claro, também, que as diferentes
extraídos da própria teoria e implicará verificar se o aluno já classificações não têm limites totalmente fixos e que as
adquiriu noções, conservações, realizou operações, relações abordagens teóricas não se constituem em referenciais
etc. O rendimento poderá ser avaliado de acordo como a sua totalmente puros e fechados, sem pontos de interligação. Vale
aproximação a uma norma qualitativa pretendida. relembrar que os referidos trabalhos têm objetivos diferentes
e, consequentemente, produziram classificações diferentes.
Abordagem Sociocultural Vale rememorar que Bordenave classifica e distingue as
diferentes opções pedagógicas segundo o fator educativo que
Essa abordagem tem origem no trabalho de Paulo Freire e elas mais valorizam. Já Libâneo utiliza como critério a posição
no movimento de cultura popular, com ênfase principalmente que as teorias adotam em relação às finalidades sociais da
na alfabetização de adultos. Podemos caracterizá-la como escola. Por outro lado, Saviani toma como critério de
abordagem interacionista entre o sujeito e o objeto de classificação a criticidade da teoria em relação à sociedade e o
conhecimento, embora com enfoque no sujeito como grau de percepção da teoria dos determinantes sociais.
elaborador e criador do conhecimento. Na abordagem Finalmente, Mizukami considera que a base das teorias do
sociocultural, o fenômeno educativo não se restringe à conhecimento envolvem três características: primado do
educação formal, por intermédio da escola, mas a um processo sujeito, primado do objeto e interação sujeito-objeto. Apesar
amplo de ensino e aprendizagem, inserido na sociedade. A de reconhecer que existem muitas variações e combinações
educação é vista como um ato político, que deve provocar e possíveis. Adotou-se o enfoque de Mizukami como referencial
criar condições para que se desenvolva uma atitude de teórico básico de comparação das diferentes classificações que
reflexão crítica, comprometida com a sociedade e sua cultura. procuram explicar o fenômeno educativo em sua
Portanto, deve levar o indivíduo a uma consciência crítica de multidimensionalidade.
sua realidade, transformando-a e a melhorando-a. Dessa
forma, o aspecto formal da educação faz parte de um processo A escola, o aluno, o professor e o processo de ensino e
sociocultural, que não pode ser visto isoladamente, nem aprendizagem
tampouco priorizado.
Parece, pelas diversas abordagens, que as teorias e seus
Identificam-se no texto de Bordenave referências a essa diferentes enfoques ainda não constituem um corpo de
abordagem, denominada “pedagogia da problematização” ou conhecimentos capaz de explicar e/ou predizer todos os
“educação libertadora”. Esse autor assim se pronuncia: “...a aspectos do fenômeno educativo em suas diferentes situações.
situação preferida é quando o aluno enfrenta, em situação de Por outro lado, é inegável que a educação não pode ser
grupo, problemas concretos de sua própria realidade. analisada isoladamente, sem considerarmos a sociedade-
A aprendizagem realimenta-se constantemente pelo cultura envolvida nem tampouco seu momento histórico, com
confronto direto do grupo de alunos com a realidade objetiva todos os seus efeitos sobre os indivíduos. Também se pode
ou com a realidade mediatizada ... O aluno desenvolve sua inferir que a escola, com todas as suas críticas, ainda tem sido
consciência crítica e seu sentido de responsabilidade o local ideal para a realização do processo de ensino e
democrática baseada na participação”. Libâneo classifica essa aprendizagem. E, para tanto, deveria utilizar todos os meios
abordagem como “pedagogia progressista”, em sua versão materiais, humanos e tecnológicos possíveis para atingir seus
libertadora, da seguinte forma: “. a pedagogia progressista objetivos.
tem-se manifestado em três versões: a libertadora, mais É inegável também que a escola está intimamente ligada ao
conhecida como pedagogia de Paulo Freire “... dá” mais valor processo social, sendo ao mesmo tempo agente influenciador
ao processo de aprendizagem grupal ... do que a conteúdos de e influenciada por este. Em decorrência das pesquisas
ensino, como a decorrência, a prática educativa somente faz realizadas, leituras, experiências sociais etc., o professor
sentido numa prática social junto ao povo, “e por isso incorpora de certa forma um ou mais aspectos dos referenciais
preferem-se” as modalidades de educação popular ‘não teóricos analisados anteriormente em suas práticas docentes,
formal’ ... educação ... uma atividade em que professores e muitas das quais são derivadas de como foi educado durante
alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da qual sua vida escolar.
extraem o conteúdo de aprendizagem, atingem um nível de O aluno tem sido observado, analisado, ora como ser
consciência dessa mesma realidade a fim de nela atuarem, “ativo”, ora como ser “passivo”, dependendo do enfoque, e
num sentido de transformação social”. muitas vezes na prática docente assume papéis mistos e
Na obra de Saviani (1984) não existem referências diretas controvertidos. O processo de ensino e aprendizagem tem sido
ou indiretas detalhadas a essa abordagem. Apenas podemos visto de forma integrada à sociedade-cultura e suas crenças e
inferir que, como este estava preocupado com a relação entre valores dominantes em uma determinada época, o que
educação e o problema da marginalidade, esse enfoque teórico significa dizer que as teorias que suportam esse processo têm-
poderia ter algumas similaridades com as teorias crítico- se modificado ao longo do tempo. Dessa forma, foram
reprodutivistas, que entendem que a educação é um discutidas algumas considerações relevantes das diferentes
instrumento de discriminação social. O autor diz que “... as abordagens teóricas do processo de ensino e aprendizagem.
teorias ... são críticas, uma vez que postulam não ser possível Naturalmente, não se esgotou o assunto, devido à
compreender a educação senão a partir dos seus complexidade do tema e à necessidade de uma maior
condicionantes sociais. Há, pois, nessas teorias uma cabal

Conhecimentos Específicos 207


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profundidade em pesquisas teóricas e investigações empíricas Bordenave, J.E. D. “A opção pedagógica pode ter consequências individuais e
sociais importantes. “In Revista de Educação AEC.
sobre as controvérsias existentes. Skinner. E.B. Tecnologia do Ensino. São Paulo :Herder, 1972.
Rogers C. Liberdade para aprender. Belo Horizonte, Interlivros. 1972, 2ª
Homem-Mundo edição.

O homem está inserido no contexto histórico. O homem é Questões


sujeito da educação, onde a ação educativa promove o próprio
indivíduo, como sendo único dentro de uma 01. (IFBP - Técnico em Assuntos Educacionais –
sociedade/ambiente. IFB/2016). Leia as afirmativas sobre o processo de ensino e
aprendizagem, de acordo com o que Libâneo (2013) aborda no
Sociedade-Cultura livro Didática, e assinale a sentença INCORRETA.
(A) Ensino e aprendizagem são duas facetas de um mesmo
O homem alienado não se relaciona com a realidade processo. O professor planeja, dirige e controla o processo de
objetivo, como um verdadeiro sujeito pensante: o pensamento ensino, tendo em vista estimular e suscitar a atividade própria
é dissociado da ação. dos alunos para a aprendizagem.
(B) A aprendizagem escolar é um processo de assimilação
Conhecimento de determinados conhecimentos e modos de ação física e
mental, organizados e orientados no processo de ensino.
A elaboração e o desenvolvimento do conhecimento estão (C) A aprendizagem escolar surge naturalmente da
ligados ao processo de conscientização. interação entre as pessoas e com o ambiente em que vivem. É
uma atividade intencional, dirigida, casual e espontânea.
Educação (D) Na aprendizagem escolar há influência de fatores
afetivos e sociais, tais como os que suscitam a motivação para
Toda ação educativa, para que seja válida, deve, o estudo, os que afetam as relações professor-alunos e os que
necessariamente, ser precedida tanto de uma reflexão sobre o interferem nas disposições emocionais dos alunos para
homem como de uma análise do meio de vida desse homem enfrentar as tarefas escolares.
concreto, a quem se quer ajudar para que se eduque. (E) A atividade de ensino não pode se restringir a
atividades práticas. Elas somente fazem sentido quando
Escola suscitam a atividade mental dos alunos, de modo que estes
lidem com elas através dos conhecimentos sistematizados que
Deve ser um local onde seja possível o crescimento mútuo, vão adquirindo.
do professor e dos alunos, no processo de conscientização o
que indica uma escola diferente de que se tem atualmente, 02. (BHTRANS - Pedagogo – FUNDEP). Em relação às
coma seus currículos e prioridades. abordagens apresentadas por Mizukami (1986), é
INCORRETO afirmar que,
Ensino Aprendizagem (A) tanto na abordagem tradicional, quanto na abordagem
comportamentalista, a relação professor-aluno é vertical,
Situação de ensino-aprendizagem deverá procurar a cabendo ao professor o papel decisório.
superação da relação opressor-oprimido. A estrutura de (B) tanto na abordagem cognitivista, quanto na abordagem
pensar do oprimido está condicionada pela contradição vivida humanista, o professor tem um papel não diretivo, aquele que
na situação concreta, existencial em que o oprimido se forma. apenas cria condições para que os alunos aprendam.
Resultando consequências tais como: (C) tanto na abordagem cognitivista, quanto na abordagem
- ser ideal é ser mais homem... sociocultural, a ênfase está na relação do sujeito com o meio
- atitude fatalista em que está inserido.
- atitude de auto desvalia (D) nas abordagens cognitivista, humanista e sociocultural,
- o medo da liberdade ou a submissão do oprimido. o aluno tem um papel mais ativo como sujeito da
aprendizagem.
Professor-Aluno
03. (BHTRANS – Pedagogo - FUNDEP). Em cada uma das
Relação professor-aluno é horizontal. Professor abordagens apresentadas por Mizukami (1986),a avaliação da
empenhado na prática transformadora procurará desmitificar aprendizagem apresenta diferentes características.
e questionar, junto com o aluno. (A) que a abordagem humanista nega qualquer
padronização de estratégias e procedimentos avaliativos,
Metodologia provas, exames e notas, defendendo a auto avaliação
(B) que, na abordagem tradicional, a avaliação visa à
- Os alunos recebem informações e analisam os aspectos de exatidão da reprodução do conteúdo comunicado em sala de
sua própria experiência existencial aula por meio de provas, exames, chamadas orais.
- Utilizando situações vivenciais de grupo, em forma de (C) que, na abordagem cognitivista, se busca verificar se o
debate Paulo Freire delineou seu método de alfabetização. aluno já adquiriu noções, realizou operações, relações etc. por
meio de produções livres e expressões próprias.
Características: (D) que, na abordagem comportamentalista, a avaliação
- Ser ativa ocorre apenas ao final do processo, com o intuito de saber se
- Criar um conteúdo pragmático próprio os comportamentos desejados foram atingidos.
- Enfatiza o diálogo crítico
Respostas
Referências
01. Resposta: C
Mizukami, M.G.N. Ensino, as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. 02. Resposta: B
Libâneo, J. C. Tendências Pedagógicas na prática escolar . In: Revista da Ande 03. Resposta: D
Saviani, D. Escola e Democracia. São Paulo: Cortez, 1984.

Conhecimentos Específicos 208


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Os métodos sintéticos podem ser divididos em três tipos: o


A metodologia dos projetos alfabético, o fônico e o silábico. No alfabético, o estudante
didáticos; avaliação aprende inicialmente as letras, depois forma as sílabas
juntando as consoantes com as vogais, para, depois, formar as
diagnóstica e formativa; a palavras que constroem o texto.
análise de erros numa No fônico, também conhecido como fonético, o aluno parte
perspectiva de do som das letras, unindo o som da consoante com o som da
vogal, pronunciando a sílaba formada. Já no silábico, ou
orientação/reorientação do silabação, o estudante aprende primeiro as sílabas para formar
ensino. as palavras.
Por este método, a aprendizagem é feita primeiro através
de uma leitura mecânica do texto, através da decifração das
Métodos de Ensino65 palavras, vindo posteriormente a sua leitura com
compreensão.
Os métodos de ensino são as ações do professor pelas quais Neste método, as cartilhas são utilizadas para orientar os
se organizam as atividades de ensino e dos alunos para atingir alunos e professores no aprendizado, apresentando um
objetivos do trabalho docente em relação a um conteúdo fonema e seu grafema correspondente por vez, evitando
específico. Eles regulam as formas de interação entre ensino e confusões auditivas e visuais.
aprendizagem, entre o professor e os alunos, cujo resultado é Como este aprendizado é feito de forma mecânica, através
a assimilação consciente dos conhecimentos e o da repetição, o método sintético é tido pelos críticos como
desenvolvimento das capacidades cognoscitivas e operativas mais cansativo e enfadonho para as crianças, pois é baseado
dos alunos. apenas na repetição e é fora da realidade da criança, que não
O método não se reduz a um conjunto de procedimentos. O cria nada, apenas age sem autonomia.
procedimento é um detalhe do método, formas específicas da
ação docente utilizadas em distintos métodos de ensino. Por - Método Analítico
exemplo, se é utilizado o método da exposição, podem-se
utilizar procedimentos tais como leitura de texto, O método analítico, também conhecido como “método
demonstração de um experimento, etc. olhar-e-dizer”, defende que a leitura é um ato global e
audiovisual. Partindo deste princípio, os seguidores do
Qual é o melhor método método começam a trabalhar a partir de unidades completas
de linguagem para depois dividi-las em partes menores. Por
O melhor método para a alfabetização66 é uma discussão exemplo, a criança parte da frase para extrair as palavras e,
antiga entre os especialistas no assunto e também entre os depois, dividi-las em unidades mais simples, as sílabas.
pais quando vão escolher uma escola para seus filhos Este método pode ser divido em palavração, sentenciação
começaram a ler as primeiras palavras e frases. No caso ou global. Na palavração, como o próprio nome diz, parte-se da
brasileiro, com os elevados índices de analfabetismo e os palavra. Primeiro, existe o contato com os vocábulos em uma
graves problemas estruturais na rede pública de ensino, sequência que engloba todos os sons da língua e, depois da
especialistas debatem qual seria o melhor método para aquisição de certo número de palavras, inicia-se a formação
revolucionar, ou pelo menos, melhorar a educação brasileira. das frases.
Ao longo das décadas, houve uma mudança da forma de pensar
a educação, que passou de ser vista da perspectiva de como o Na setenciação, a unidade inicial do aprendizado é a frase,
aluno aprende e não como o professor ensina. que é depois dividida em palavras, de onde são extraídos os
São muitas as formas de alfabetizar e cada uma delas elementos mais simples: as sílabas. Já no global, também
destaca um aspecto no aprendizado. Desde o método fônico, conhecido como conto e estória, o método é composto por
adotado na maioria dos países do mundo, que faz associação várias unidades de leitura que têm começo, meio e fim, sendo
entre as letras e sons, passando pelo método da linguagem ligadas por frases com sentido para formar um enredo de
total, que não utiliza cartilhas, e o alfabético, que trabalha com interesse da criança. Os críticos deste método dizem que a
o soletramento, todos contribuem de uma forma ou de outra, criança não aprende a ler, apenas decora.
para o processo de alfabetização.
- Método Alfabético
Para Libâneo:67
Um dos mais antigos sistemas de alfabetização, o método
"Os métodos são determinados pela relação objetivos- alfabético, também conhecido como soletração, tem como
conteúdos, e referem-se aos meios para alcançar os objetivos princípio de que a leitura parte da decoração oral das letras do
gerais e específicos do ensino, ou seja, ao 'como' do processo alfabeto, depois, todas as suas combinações silábicas e, em
de ensino, englobando as ações a serem realizadas pelo seguida, as palavras. A partir daí, a criança começa a ler
professor e pelos alunos para atingir objetivos e conteúdos." sentenças curtas e vai evoluindo até conhecer histórias.
Por este processo, a criança vai soletrando as sílabas até
Passamos a analisar os métodos detalhadamente: decodificar a palavra.

- Método Sintético Por exemplo, a palavra casa soletra-se assim c, a, ca, s,


a, sa, casa. O método Alfabético permite a utilização de
O método sintético estabelece uma correspondência entre cartilhas.
o som e a grafia, entre o oral e o escrito, através do
aprendizado por letra por letra, ou sílaba por sílaba e palavra As principais críticas a este método estão relacionadas à
por palavra. repetição dos exercícios, o que o tornaria tedioso para as

65 Libâneo , Os Métodos de Ensino , 1994, cap.7.) 67 Libâneo, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994
66 Adaptação de VISVANATHAN, C.

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crianças, além de não respeitar os conhecimentos adquiridos alfabetização brasileira até o início dos anos 80, quando o
pelos alunos antes de eles ingressarem na escola. construtivismo começou a tomar forma. Em 1995, o Ministério
O método alfabético, apesar de não ser o indicado pelos da Educação retirou a cartilha do seu catálogo de livros. Apesar
Parâmetros Curriculares Nacionais, ainda é muito utilizado em disto, estima-se que ainda são vendidas 10 mil cartilhas por
diversas cidades do interior do Nordeste e Norte do país, já que ano no Brasil.
é mais simples de ser aplicado por professores leigos, através
da repetição das Cartas de ABC, e na alfabetização doméstica. Tipos de Método68

- Método Fônico 1 – Método de Exposição pelo professor


Exposição verbal, demonstração, ilustração,
O método fônico consiste no aprendizado através da exemplificação, etc.
associação entre fonemas e grafemas, ou seja, sons e letras.
Esse método de ensino permite primeiro descobrir o princípio 2 – Método de Trabalho Independente;
alfabético e, progressivamente, dominar o conhecimento Estudo dirigido, investigação e solução de problemas, etc.
ortográfico próprio de sua língua, através de textos
produzidos especificamente para este fim. 3 – Método de Elaboração Conjunta
O método é baseado no ensino do código alfabético de Conversação didática (perguntas)
forma dinâmica, ou seja, as relações entre sons e letras devem
ser feitas através do planejamento de atividades lúdicas para 4 – Método de Trabalho em Grupo
levar as crianças a aprender a codificar a fala em escrita e a Debate, TPG, Tempestade Mental, GV-GO, Seminário, etc.
decodificar a escrita no fluxo da fala e do pensamento.
O método fônico nasceu como uma crítica ao método da 5 – Atividades Especiais
soletração ou alfabético. Primeiro são ensinadas as formas e os Estudo do meio, atividades práticas, etc.
sons das vogais. Depois são ensinadas as consoantes, sendo,
aos poucos, estabelecidas relações mais complexas. Cada letra Questões
é aprendida como um fonema que, juntamente com outro,
forma sílabas e palavras. São ensinadas primeiro as sílabas 01. (IF/AP - Pedagogo – FUNIVERSA/2016). Os métodos
mais simples e depois as mais complexas. de ensino são as ações por meio das quais os professores
organizam as atividades de ensino com o intuito de atingir
Visando aproximar os alunos de algum significado é que objetivos. Considerando essa informação, assinale a
foram criadas variações do método fônico. O que difere uma alternativa correta.
modalidade da outra é a maneira de apresentar os sons: seja a (A) Os métodos de ensino adotados em sala de aula
partir de uma palavra significativa, de uma palavra vinculada independem dos objetivos gerais propostos pelo Projeto
à imagem e som, de um personagem associado a um fonema, Político-Pedagógico (PPP) da escola.
de uma onomatopeia ou de uma história para dar sentido à (B) O método de ensino deve corresponder à necessária
apresentação dos fonemas. Um exemplo deste método é o unidade: objetivos; conteúdos; métodos; e formas de
professor que escreve uma letra no quadro e apresenta organização do ensino.
imagens de objetos que comecem com esta letra. Em seguida, (C) Os métodos de ensino independem dos conteúdos e das
escreve várias palavras no quadro e pede para os alunos disciplinas, por isso todos os métodos podem ser utilizados em
apontarem a letra inicialmente apresentada. A partir do qualquer conteúdo.
conhecimento já adquirido, o aluno pode apresentar outras (D) A escolha do método a ser utilizado para o ensino de
palavras com esta letra. um determinado conteúdo independe da idade e do nível de
Os especialistas dizem que este método alfabetiza crianças, desenvolvimento dos alunos.
em média, no período de quatro a seis meses. Este é o método (E) No PPP da escola, já estão definidos todos os métodos
mais recomendado nas diretrizes curriculares dos países e todas as ações que o professor adotará em sala de aula.
desenvolvidos que utilizam a linguagem alfabética.
A maior crítica a este método é que não serve para 02. (Secretaria da Criança/DF - Especialista
trabalhar com as muitas exceções da língua portuguesa. Por Socioeducativo – Pedagogia – FUNIVERSA/2015). Assinale
exemplo, como explicar que cassa e caça têm a mesma a alternativa que apresenta o termo correspondente ao
pronúncia e se escrevem de maneira diferente? seguinte conceito: são determinados pela relação objetivo-
conteúdo e referem-se aos meios para alcançar objetivos
A velha cartilha Caminho Suave gerais e específicos do ensino, englobando as ações a serem
realizadas pelo professor e pelos alunos.
A grande maioria dos brasileiros alfabetizados até os anos (A) conteúdos de ensino
de 1970 e início dos 80 teve na cartilha Caminho Suave o seu (B) planos de aulas
primeiro passo para o aprendizado das letras. Com mais de 40 (C) currículos
milhões de exemplares vendidos desde a sua criação, a cartilha (D) planejamentos curriculares
idealizada pela educadora Branca Alves de Lima, que morreu (E) métodos de ensino
em 2001, aos 90 anos, teve um grande sucesso devido à
simplicidade de sua técnica. Respostas
Na tentativa de facilitar a memorização das letras, vogais e 01. Resposta: B
consoantes, e depois das sílabas para aprender a formar as 02. Resposta: E
palavras, a então professora Branca, no final da década de 40,
criou uma série de desenhos que continham a inicial das A Avaliação
palavras: o “A” no corpo da abelha, o “F” no cabo da faca, o “G”,
no corpo do gato. A avaliação69, tal como concebida e vivenciada na maioria
Por causa da facilidade no aprendizado por meio desta das escolas brasileiras, tem se constituído no principal
técnica, rapidamente a cartilha tornou-se o principal aliado na mecanismo de sustentação da lógica de organização do

68 Libaneo, Texto 5: Os Métodos de Ensino 1994, cap.7 69 Texto adaptado de KRAEMER, M. E. P.

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trabalho escolar e, portanto, legitimador do fracasso, A avaliação proporciona também o apoio a um processo a
ocupando mesmo o papel central nas relações que decorrer, contribuindo para a obtenção de produtos ou
estabelecem entre si os profissionais da educação, alunos e resultados de aprendizagem.
pais.
Os métodos de avaliação ocupam, sem dúvida espaço As avaliações a que o professor procede enquadram-se
relevante no conjunto das práticas pedagógicas aplicadas ao em três grandes tipos: avaliação diagnostica, formativa e
processo de ensino e aprendizagem. Avaliar, neste contexto, somativa.
não se resume à mecânica do conceito formal e estatístico; não
é simplesmente atribuir notas, obrigatórias à decisão de Evolução da avaliação
avanço ou retenção em determinadas disciplinas.
Para Oliveira70, devem representar as avaliações aqueles A partir do início do século XX, a avaliação vem
instrumentos imprescindíveis à verificação do aprendizado atravessando pelo menos quatro gerações, conforme Guba e
efetivamente realizado pelo aluno, ao mesmo tempo que Lincoln71 são elas: mensuração, descritiva, julgamento e
forneçam subsídios ao trabalho docente, direcionando o negociação.
esforço empreendido no processo de ensino e aprendizagem
de forma a contemplar a melhor abordagem pedagógica e o 1 – Mensuração – não distinguia avaliação e medida. Nessa
mais pertinente método didático adequado à disciplina – mas fase, era preocupação dos estudiosos a elaboração de
não somente -, à medida que consideram, igualmente, o instrumentos ou testes para verificação do rendimento
contexto sócio-político no qual o grupo está inserido e as escolar. O papel do avaliador era, então, eminentemente
condições individuais do aluno, sempre que possível. técnico e, neste sentido, testes e exames eram indispensáveis
A avaliação da aprendizagem possibilita a tomada de na classificação de alunos para se determinar seu progresso.
decisão e a melhoria da qualidade de ensino, informando as
ações em desenvolvimento e a necessidade de regulações 2 – Descritiva – essa geração surgiu em busca de melhor
constantes. entendimento do objetivo da avaliação. Conforme os
estudiosos, a geração anterior só oferecia informações sobre o
Origem da avaliação aluno.
Precisavam ser obtidos dados em função dos objetivos por
Avaliar vem do latim a + valere, que significa atribuir valor parte dos alunos envolvidos nos programas escolares, sendo
e mérito ao objeto em estudo. Portanto, avaliar é atribuir um necessário descrever o que seria sucesso ou dificuldade com
juízo de valor sobre a propriedade de um processo para a relação aos objetivos estabelecidos.
aferição da qualidade do seu resultado, porém, a compreensão Neste sentido o avaliador estava muito mais concentrado
do processo de avaliação do processo ensino/aprendizagem tem em descrever padrões e critérios. Foi nessa fase que surgiu o
sido pautada pela lógica da mensuração, isto é, associa-se o ato termo “avaliação educacional”.
de avaliar ao de “medir” os conhecimentos adquiridos pelos
alunos. 3 – Julgamento – a terceira geração questionava os testes
A avaliação da aprendizagem tem seus princípios e padronizados e o reducionismo da noção simplista de
características no campo da Psicologia, sendo que as duas avaliação como sinônimo de medida; tinha como preocupação
primeiras décadas do século XX foram marcadas pelo maior o julgamento.
desenvolvimento de testes padronizados para medir as Neste sentido, o avaliador assumiria o papel de juiz,
habilidades e aptidões dos alunos. incorporando, contudo, o que se havia preservado de
A avaliação é uma operação descritiva e informativa nos fundamental das gerações anteriores, em termos de
meios que emprega, formativa na intenção que lhe preside e mensuração e descrição.
independente face à classificação. De âmbito mais vasto e Assim, o julgamento passou a ser elemento crucial do
conteúdo mais rico, a avaliação constitui uma operação processo avaliativo, pois não só importava medir e descrever,
indispensável em qualquer sistema escolar. era preciso julgar sobre o conjunto de todas as dimensões do
Havendo sempre, no processo de ensino/aprendizagem, objeto, inclusive sobre os próprios objetivos.
um caminho a seguir entre um ponto de partida e um ponto de
chegada, naturalmente que é necessário verificar se o trajeto 4 – Negociação – nesta geração, a avaliação é um processo
está a decorrer em direção à meta, se alguns pararam por não interativo, negociado, que se fundamenta num paradigma
saber o caminho ou por terem enveredado por um desvio construtivista. Para Guba e Lincoln é uma forma responsiva de
errado. enfocar e um modo construtivista de fazer.
É essa informação, sobre o progresso de grupos e de cada
um dos seus membros, que a avaliação tenta recolher e que é A avaliação é responsiva porque, diferentemente das
necessária a professores e alunos. alternativas anteriores que partem inicialmente de
A avaliação descreve que conhecimentos, atitudes ou variáveis, objetivos, tipos de decisão e outros, ela se situa e
aptidões que os alunos adquiriram, ou seja, que objetivos do desenvolve a partir de preocupações, proposições ou
ensino já atingiram num determinado ponto de percurso e que controvérsias em relação ao objetivo da avaliação, seja ele
dificuldades estão a revelar relativamente a outros. um programa, projeto, curso ou outro foco de atenção. Ela
Esta informação é necessária ao professor para procurar é construtivista em substituição ao modelo científico, que
meios e estratégias que possam ajudar os alunos a resolver tem caracterizado, de um modo geral, as avaliações mais
essas dificuldades e é necessária aos alunos para se prestigiadas neste século.
aperceberem delas (não podem os alunos identificar
claramente as suas próprias dificuldades num campo que Neste sentido, Souza diz que a finalidade da avaliação, de
desconhecem) e tentarem ultrapassá-las com a ajuda do acordo com a quarta geração, é fornecer, sobre o processo
professor e com o próprio esforço. Por isso, a avaliação tem pedagógico, informações que permitam aos agentes escolares
uma intenção formativa. decidir sobre as intervenções e redirecionamentos que se
fizerem necessários em face do projeto educativo, definido

70 OLIVEIRA, I. B. Currículos praticados: entre a regulação e a emancipação. 71 FIRME, Tereza Penna. Avaliação: tendências e tendenciosidades. Avaliação

Rio de Janeiro: DP & A, 2003. v Políticas Públicas Educacionais, Rio de Janeiro,1994.

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coletivamente, e comprometido com a garantia da Objetivos da avaliação


aprendizagem do aluno. Converte-se, então, em um
instrumento referencial e de apoio às definições de natureza Na visão de Miras e Solé, os objetivos da avaliação são
pedagógica, administrativa e estrutural, que se concretiza por traçados em torno de duas possibilidades: emissão de “um
meio de relações partilhadas e cooperativas. juízo sobre uma pessoa, um fenômeno, uma situação ou um
objeto, em função de distintos critérios”, e “obtenção de
Funções do processo avaliativo informações úteis para tomar alguma decisão”.
Para Nérici, a avaliação é uma etapa de um procedimento
As funções da avaliação são: de diagnóstico, de verificação maior que incluiria uma verificação prévia. A avaliação, para
e de apreciação. este autor, é o processo de ajuizamento, apreciação,
julgamento ou valorização do que o educando revelou ter
Função diagnóstica - A primeira abordagem, de acordo aprendido durante um período de estudo ou de
com Miras e Solé72, contemplada pela avaliação diagnóstica desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem.
(ou inicial), é a que proporciona informações acerca das Para outros autores, a avaliação pode ser considerada
capacidades do aluno antes de iniciar um processo de como um método de adquirir e processar evidências
ensino/aprendizagem, ou ainda, segundo Bloom, Hastings e necessárias para melhorar o ensino e a aprendizagem,
Madaus, busca a determinação da presença ou ausência de incluindo uma grande variedade de evidências que vão além
habilidades e pré-requisitos, bem como a identificação das do exame usual de ‘papel e lápis’.
causas de repetidas dificuldades na aprendizagem. É ainda um auxílio para classificar os objetivos
A avaliação diagnóstica pretende averiguar a posição do significativos e as metas educacionais, um processo para
aluno face a novas aprendizagens que lhe vão ser propostas e determinar em que medida os alunos estão se desenvolvendo
a aprendizagens anteriores que servem de base àquelas, no dos modos desejados, um sistema de controle da qualidade,
sentido de obviar as dificuldades futuras e, em certos casos, de pelo qual pode ser determinada etapa por etapa do processo
resolver situações presentes. ensino/aprendizagem, a efetividade ou não do processo e, em
caso negativo, que mudança devem ser feitas para garantir sua
Função formativa - A segunda função á a avaliação efetividade.
formativa que, conforme Haydt, permite constatar se os alunos
estão, de fato, atingindo os objetivos pretendidos, verificando Modelo tradicional de avaliação x modelo mais
a compatibilidade entre tais objetivos e os resultados adequado
efetivamente alcançados durante o desenvolvimento das
atividades propostas. Gadotti diz que a avaliação é essencial à educação, inerente
Representa o principal meio através do qual o estudante e indissociável enquanto concebida como problematização,
passa a conhecer seus erros e acertos, assim, maior estímulo questionamento, reflexão, sobre a ação.
para um estudo sistemático dos conteúdos. Entende-se que a avaliação não pode morrer, ela se faz
Outro aspecto é o da orientação fornecida por este tipo de necessária para que possamos refletir, questionar e
avaliação, tanto ao estudo do aluno como ao trabalho do transformar nossas ações.
professor, principalmente através de mecanismos de O mito da avaliação é decorrente de sua caminhada
feedback. histórica, sendo que seus fantasmas ainda se apresentam
Estes mecanismos permitem que o professor detecte e como forma de controle e de autoritarismo por diversas
identifique deficiências na forma de ensinar, possibilitando gerações. Acreditar em um processo avaliativo mais eficaz é o
reformulações no seu trabalho didático, visando aperfeiçoa-lo. mesmo que cumprir sua função didático-pedagógica de
Para Bloom, Hastings e Madaus, a avaliação formativa visa auxiliar e melhorar o ensino/aprendizagem.
informar o professor e o aluno sobre o rendimento da A forma como se avalia, segundo Luckesi, é crucial para a
aprendizagem no decorrer das atividades escolares e a concretização do projeto educacional. É ela que sinaliza aos
localização das deficiências na organização do ensino para alunos o que o professor e a escola valorizam. O autor, na
possibilitar correção e recuperação. tabela 1, traça uma comparação entre a concepção tradicional
A avaliação formativa pretende determinar a posição do de avaliação com uma mais adequada a objetivos
aluno ao longo de uma unidade de ensino, no sentido de contemporâneos, relacionando-as com as implicações de sua
identificar dificuldades e de lhes dar solução. adoção.

Função somativa – Tem como objetivo, segundo Miras e Tabela 1 – Comparação entre a concepção tradicional de
Solé determinar o grau de domínio do aluno em uma área de avaliação com uma mais adequada
aprendizagem, o que permite outorgar uma qualificação que,
por sua vez, pode ser utilizada como um sinal de credibilidade Modelo tradicional de Modelo adequado
da aprendizagem realizada. avaliação
Pode ser chamada também de função creditativa. Também
tem o propósito de classificar os alunos ao final de um período Foco na promoção – o alvo Foco na aprendizagem - o
de aprendizagem, de acordo com os níveis de aproveitamento. dos alunos é a promoção. Nas alvo do aluno deve ser a
primeiras aulas, se discutem aprendizagem e o que de
A avaliação somativa pretende ajuizar do progresso as regras e os modos pelos proveitoso e prazeroso dela
realizado pelo aluno no final de uma unidade de quais as notas serão obtidas obtém.
aprendizagem, no sentido de aferir resultados já colhidos para a promoção de uma série
por avaliações do tipo formativa e obter indicadores que para outra. Implicação - neste contexto, a
permitem aperfeiçoar o processo de ensino. Corresponde a avaliação deve ser um auxílio
um balanço final, a uma visão de conjunto relativamente a Implicação – as notas vão para se saber quais objetivos
um todo sobre o qual, até aí, só haviam sido feitos juízos sendo observadas e foram atingidos, quais ainda
parcelares. registradas. Não importa faltam e quais as

72 MIRAS, M., SOLÉ, I. A Evolução da Aprendizagem e a Evolução do Processo Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia da educação. Porto Alegre:
de Ensino e Aprendizagem in COLL, C., PALACIOS, J., MARCHESI, A. Artes Médicas, 1996.

Conhecimentos Específicos 212


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como elas foram obtidas, nem interferências do professor Implicação - não há garantia
por qual processo o aluno que podem ajudar o aluno. sobre a qualidade, somente os Implicação - valorização da
passou. resultados interessam, mas educação de resultados
estes são relativos. Sistemas efetivos para o indivíduo.
Foco nas provas - são Foco nas competências - o educacionais que rompem
utilizadas como objeto de desenvolvimento das com esse tipo de
pressão psicológica, sob competências previstas no procedimento tornam-se
pretexto de serem um projeto educacional devem incompatíveis com os demais,
'elemento motivador da ser a meta em comum dos são marginalizados e, por isso,
aprendizagem', seguindo professores. automaticamente
ainda a sugestão de Comenius pressionados a agir da forma
em sua Didática Magna criada Implicação - a avaliação deixa tradicional.
no século XVII. É comum ver de ser somente um objeto de
professores utilizando certificação da consecução de
ameaças como "Estudem! objetivos, mas também se Mudando de paradigma, cria-se uma nova cultura
Caso contrário, vocês poderão torna necessária como avaliativa, implicando na participação de todos os envolvidos
se dar mal no dia da prova!" instrumento de diagnóstico e no processo educativo. Isto é corroborado por Benvenutti, ao
ou "Fiquem quietos! Prestem acompanhamento do dizer que a avaliação deve estar comprometida com a escola e
atenção! O dia da prova vem aí processo de aprendizagem. esta deverá contribuir no processo de construção do caráter, da
e vocês verão o que vai Neste ponto, modelos que consciência e da cidadania, passando pela produção do
acontecer..." indicam passos para a conhecimento, fazendo com que o aluno compreenda o mundo
progressão na aprendizagem, em que vive, para usufruir dele, mas sobretudo que esteja
Implicação - as provas são como a Taxionomia dos preparado para transformá-lo.
utilizadas como um fator Objetivos Educacionais de
negativo de motivação. Os Benjamin Bloom, auxiliam A avaliação da aprendizagem como processo
alunos estudam pela ameaça muito a prática da avaliação e construtivo de um novo fazer
da prova, não pelo que a a orientação dos alunos.
aprendizagem pode lhes O processo de conquista do conhecimento pelo aluno ainda
trazer de proveitoso e não está refletido na avaliação. Para Wachowicz &
prazeroso. Estimula o Romanowski, embora historicamente a questão tenha
desenvolvimento da evoluído muito, pois trabalha a realidade, a prática mais
submissão e de hábitos de comum na maioria das instituições de ensino ainda é um
comportamento físico tenso registro em forma de nota, procedimento este que não tem as
(estresse). condições necessárias para revelar o processo de
aprendizagem, tratando-se apenas de uma contabilização dos
resultados.
Os estabelecimentos de Estabelecimentos de ensino Quando se registra, em forma de nota, o resultado obtido
ensino estão centrados nos centrados na qualidade - os pelo aluno, fragmenta-se o processo de avaliação e introduz-se
resultados das provas e estabelecimentos de ensino uma burocratização que leva à perda do sentido do processo e
exames - eles se preocupam devem preocupar-se com o da dinâmica da aprendizagem.
com as notas que presente e o futuro do aluno, Se a avaliação tem sido reconhecida como uma função
demonstram o quadro global especialmente com relação à diretiva, ou seja, tem a capacidade de estabelecer a direção do
dos alunos, para a promoção sua inclusão social (percepção processo de aprendizagem, oriunda esta capacidade de sua
ou reprovação. do mundo, criatividade, característica pragmática, a fragmentação e a burocratização
empregabilidade, interação, acima mencionadas levam à perda da dinamicidade do
Implicação - o processo posicionamento, criticidade). processo.
educativo permanece oculto.
A leitura das médias tende a Implicação - o foco da escola Os dados registrados são formais e não representam a
ser ingênua (não se buscam os passa a ser o resultado de seu realidade da aprendizagem, embora apresentem
reais motivos para ensino para o aluno e não consequências importantes para a vida pessoal dos alunos,
discrepâncias em mais a média do aluno na para a organização da instituição escolar e para a
determinadas disciplinas). escola. profissionalização do professor.
Uma descrição da avaliação e da aprendizagem poderia
revelar todos os fatos que aconteceram na sala de aula. Se fosse
O sistema social se contenta Sistema social preocupado instituída, a descrição (e não a prescrição) seria uma fonte de
com as notas - as notas são com o futuro - Já alertava o dados da realidade, desde que não houvesse uma vinculação
suficientes para os quadros ex-ministro da Educação, prescrita com os resultados.
estatísticos. Resultados Cristóvam Buarque: "Para A isenção advinda da necessidade de analisar a
dentro da normalidade são saber como será um país aprendizagem (e não julgá-la) levaria o professor e os alunos a
bem vistos, não importando a daqui há 20 anos, é preciso constatarem o que realmente ocorreu durante o processo: se o
qualidade e os parâmetros olhar como está sua escola professor e os alunos tivessem espaço para revelar os fatos tais
para sua obtenção (salvo nos pública no presente". Esse é como eles realmente ocorreram, a avaliação seria real,
casos de exames como o um sinal de que a sociedade já principalmente discutida coletivamente.
ENEM que, de certa forma, começa a se preocupar com o
avaliam e "certificam" os distanciamento educacional No entanto, a prática das instituições não encontrou uma
diferentes grupos de práticas do Brasil com o dos demais forma de agir que tornasse possível essa isenção: as
educacionais e países. É esse o caminho para prescrições suplantam as descrições e os pré-julgamentos
estabelecimentos de ensino). revertermos o quadro de uma impedem as observações.
educação "domesticadora" A consequência mais grave é que essa arrogância não
para "humanizadora". permite o aperfeiçoamento do processo de ensino e

Conhecimentos Específicos 213


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aprendizagem. E este é o grande dilema da avaliação da que permanece recusando a relação ensino-aprendizagem e se
aprendizagem. fixando em apenas um de seus polos.
O entendimento da avaliação, como sendo a medida dos
ganhos da aprendizagem pelo aluno, vem sofrendo denúncias “Aprendizagem é organização de conhecimentos como
há décadas, desde que as teorias da educação escolar estruturas, ou rede construídas a partir das interações
recolocaram a questão no âmbito da cognição. entre sujeito e meio de conhecimento ou práticas sociais”
Pretende-se uma mudança da avaliação de resultados para
uma avaliação de processo, indicando a possibilidade de Esta seria uma concepção de base construtivista ou
realizar-se na prática pela descrição e não pela prescrição da interacionista, comprometida com a superação dos
aprendizagem. reducionismos anteriores (experiência advinda dos objetos X
pré-formação de estruturas) e identificada com modelos mais
Avaliação da aprendizagem73 abertos, fundados nas ideias de gênese ou processo.
Por esta razão, suas principais vertentes podem ser
A noção de aprendizagem está, em sua origem, associada a identificadas como “psicogenéticas” e são representadas pela
ideia de apreensão de conhecimento e, nesse sentido, só pode Epistemologia Genética Piagetiana e pela abordagem sócio-
ser compreendida em função de determinada concepção de histórica dos psicólogos soviéticos (Vygotsky, Luria e
conhecimento – algo que a filosofia compreende como base ou Leontierv, em especial).
matriz epistemológica. A partir de tais concepções, podem ser
focalizadas três possibilidades de definição de aprendizagem: Dois destaques merecem ser feitos em relação a essas duas
vertentes:
“Aprendizagem é mudança de comportamento
resultante do treino ou da experiência” 1- Na perspectiva piagetiana, aprendizagem se
identifica com adaptação ou equilibração à medida que
Esta seria a definição mais impregnada e dominante no supõe a “passagem de um estado de menor conhecimento a
campo psicológico e pedagógico e, certamente, a mais um estado de conhecimento mais avançado” ou “uma
resistente às proposições alternativas. Funda-se na concepção construção sucessiva com elaborações constantes de
empirista formulada por Locke e Hume. Realimenta-se do estruturas novas, rumo a equilibrações majorantes”74
positivismo de Comte, com seus ideais de objetividade
científica, ao final do século XIX e se encarna como corrente (O motor para tais processos de adaptação e equilibração
behaviorista, comportamentista ou de estímulo–resposta, no seria o conflito cognitivo diante de novos desafios ou
início do século XX. Valoriza o polo do objeto e não o do sujeito, necessidades de aprendizagem, em esforços complementares
marcando a influência do meio ou do ambiente através de de assimilação (polo do sujeito responsável por incorporações
estímulos, sensações e associações. Reserva ao sujeito o papel de elementos do mundo exterior) e acomodação (polo
de receptáculo e reprodutor de informações, através de modificado do estado anterior do sujeito em função das atuais
modelagens comportamentais progressivamente reforçadas e demandas apresentadas pelo objeto de conhecimento). Essa
dele expropria funções mais elaboradas que tenham relação posição sugere a importância de que o meio de aprendizagem
com motivações e significações. Neste modelo, aprendizagem seja alargado e pleno de significado, para que se chegue a uma
e ensino têm o mesmo estatuto ou identidade, pois a primeira congruência entre a parte do sujeito e as pressões externas,
é considerada decorrência linear do segundo (em outros entre autorregulações e regulações externas, entre sistemas
termos: se algo foi ensinado, dentro de contingências pertinentes ao aluno e ao professor. Assim, a não-
ambientais adequadas, certamente foi apreendido...). Na aprendizagem seria resultante da ausência de congruência
perspectiva pedagógica, essa concepção encontra plena entre os sistemas envolvidos nos processos de ensino-
afinidade com práticas mecanicistas, tecnicistas e bancárias – aprendizagem.
metáfora utilizada por Paulo Freire, para traduzir a ideia de
passividade do sujeito, depositário de informações, conforme 2- Na perspectiva sócio-histórica de Vygotsky e seus
a lógica do acúmulo, a serviço da seleção e da classificação. colaboradores, destaca-se, no contexto dessa discussão, a
articulação fortemente estabelecida entre aprendizagem e
“Aprendizagem é apreensão de configurações desenvolvimento, sendo a primeiro motor do segundo, no
perceptuais através de insights”. sentido que apresenta potência para projeta-lo até
patamares mais avançados. Esta potência da
Esta seria a concepção que se opõe à anterior, polarizando aprendizagem se ancora nas relações entre ”zona de
em torno das condições do sujeito e não mais do objeto ou desenvolvimento real” e “zona de desenvolvimento
meio. Funda-se em uma base filosófica de natureza proximal”: a primeira referindo-se às competências ou
racionalista ou apriorista, que percebe o conhecimento como domínios já instalados (no campo conceitual,
resultante de estruturas pré-formadas, de variáveis biológicas procedimental ou atitudinal, por exemplo) e a segunda
ou maturacionais e de organização perceptual de situações entendida como campo aberto de possibilidades, em
imediatas. A escola psicológica alemã conhecida como Gestalt, transição ou em vias de se consolidar, a partir de
responsável no início do século XX, por estudos na vertente da intervenções ou mediações de outros – professores ou pares
percepção, constitui umas das expressões mais fortes dessa mais experientes ou competentes em determinada área,
posição, tendo deixado um legado mais associado ao estudo da tarefa ou função.75
“boa forma” ou das condições capazes de propiciar soluções de
problemas por discernimento súbito (insight), em função de Nesse sentido, este teórico redimensiona a relação ensino-
relações estabelecidas na totalidade da situação. Neste aprendizagem, superando as dicotomias e fragmentação de
modelo, a aprendizagem prevalece sobre o ensino, em seu outras concepções e valoriza o aprendizado escolar como meio
estatuto de autossuficiência e autorregulação, reducionismo privilegiado para as mediações em direito a patamares
conceituais mais elevados.

73http://crv.educacao.mg.gov.br/ 75 VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins


74PIAGET, J. A Evolução Intelectual da Adolescência à Vida Adulta. Trad. Fontes,1984.
Fernando Becker; Tania B.I. Marques, Porto Alegre: Faculdade de Educação,
1993.

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Além disso, a perspectiva dialética dessa abordagem insere que acaba sendo, ele próprio, um instrumento de medição do
a aprendizagem em uma dimensão mais próxima de nossa desempenho do aluno, uma vez que é ele quem atribui o valor
realidade educacional: um processo marcado por ao trabalho. Portanto, o critério de objetividade, implícito na
contradições, conflitos, rupturas e, até mesmo, regressões – ideia de avaliação como medida, perde sua confiabilidade, já
necessitando, por isso mesmo, de mediações que assegurem o que o professor é um ser humano e, como tal, impossibilitado
espaço do reconhecimento das práticas sociais dos alunos, de de despir-se de sua dimensão subjetiva: a visão de mundo, as
seus conhecimentos prévios, dos significados e sentidos preferências pessoais, o estado de humor, as paixões, os afetos
pertinentes às situações de aprendizagem de cada sujeito e desafetos, os valores, etc., estão necessariamente presentes
singular e de suas dimensões compartilhadas. nas ações humanas. Esta questão é objeto de estudo de
As abordagens contemporâneas da Psicologia da inúmeras pesquisas que apontam desacordos consideráveis
Aprendizagem e dos estudos sobre reorientações curriculares na atribuição de valor a um mesmo trabalho ou exame
apoiam-se nessas categorias para a necessária reorientação corrigido por diferentes professores. E esse valor, geralmente
das estratégias de aprendizagem. registrado de forma numérica, é a referência para a
classificação do aluno e o julgamento do professor ou da escola
Um enfoque superficial: centrado em estratégias quanto à sua aprovação/reprovação.
mnemônicas ou de memorização (reprodutoras em
contingências de provas ou exames) ou centrado em No contexto escolar, e no imaginário social também, o
passividade, isolamento, ausência de reflexão sobre significado da nota e sua identificação com a própria avaliação
propósitos ou estratégias; maior foco na fragmentação e no tornaram-se tão fortes que num dos argumentos para a sua
acúmulo de elementos; manutenção costuma ser o de que, sem ela, acabou-se a
avaliação e o interesse ou a motivação do aluno pelos estudos.
Um enfoque profundo: centrado na intenção de Estes argumentos refletem, por um lado, a distorção da função
compreender, na relação das novas ideias e conceitos com o avaliativa na escola, que não deve confundir-se com a
conhecimento anterior, na relação dos conceitos como atribuição de notas: a avaliação deve servir à orientação das
experiência cotidiana, nos componentes significativos dos aprendizagens. Por outro lado, revelam uma compreensão do
conteúdos, nas inter-relações e nas condições de desempenho do aluno como decorrente exclusivamente de sua
transcendência em relação às situações e aprendizagens do responsabilidade ou competência individual. Daí o fato da
momento. avaliação assumir, frequentemente, o sentido de premiação ou
punição. Essa questão torna-se mais grave na medida que os
As questões mais relevantes, a partir dessas distinções privilégios são justificados com base nas diferenças e
seriam: Por que um aluno se dirige para um outro tipo de desigualdades entre os alunos. Fundamentada na meritocracia
aprendizagem? O que faz com que mostre maior ou menor (a ideia de que a posição dos indivíduos na sociedade é
disposição para a realização de aprendizagens significativas? consequência do mérito individual), a Avaliação Classificatória
Por que não aprende em determinadas circunstâncias? Por passa a servir à discriminação e à injustiça social.
que alunos modificam seu enfoque em função da tarefa ou da
mudança de estratégias dos professores? Quais os fatores de Na Avaliação Classificatória trabalha-se com a ideia de
mediação capazes de produzir novos patamares motivacionais verificação da aprendizagem. O termo verificar tem origem na
e novas zonas de aprendizagem e competência? expressão latina verum facere, que significa verdadeiro. Parte-
se do princípio de que existe um conhecimento – uma verdade
Tais questões sinalizam para um projeto educativo – que dever ser assimilado pelo aluno. A avaliação consistiria
comprometido com novas práticas e relações pedagógicas, na aferição do grau de aproximação entre as aprendizagens do
uma lógica a serviço das aprendizagens e da Avaliação aluno e essa verdade.
Formativa, uma concepção construtiva e propositiva sobre Estabelece-se uma escala formulada a partir de critérios de
erros e correção dos mesmos, uma articulação entre qualidade de desempenho, tendo como referência o conteúdo
dimensões cognitivas e sócio afetivas que ressignifiquem o ato do programa. É a partir dessa escala que os alunos serão
de aprender. classificados, tendo em vista seu rendimento nos instrumentos
de avaliação, ou seja, o total de pontos adquiridos. De um modo
Definindo os tipos de avaliação geral, as provas e os testes são os instrumentos mais utilizados
pelo professor para medir o alcance dos objetivos traçados
- Avaliação classificatória para aprendizagem dos alunos. A sua formulação exige rigor
técnico e deve estar de acordo com os conteúdos
Avaliação Classificatória é uma perspectiva de avaliação desenvolvidos e os objetivos que se quer avaliar. A dimensão
vinculada à noção de medida, ou seja, à ideia de que é possível diagnóstica não está ausente dessa perspectiva de avaliação.
aferir, matemática, e objetivamente, as aprendizagens
escolares. A noção de medida supõe a existência de padrões de - Avaliação de conteúdos
rendimento a partir dos quais, mediante comparação, o
desempenho de um aluno será avaliado e hierarquizado. A Dimensão Conceitual: A dimensão conceitual do
Avaliação Classificatória é realizada através de variadas conhecimento implica que a pessoa esteja estabelecendo
atividades, tais como exercícios, questionários, estudos dirigidos, relações entre fatos para compreendê-los. Os fatos e dados,
trabalhos, provas, testes, entre outros. Sua intenção é segundo COLL, estão num extremo de um contínuo de
estabelecer uma classificação do aluno para fins de aprendizagem e a retenção da informação simples, a
aprovação ou reprovação. aprendizagem de natureza mnemônica ou “memorística”. São
informações curtas sobre os fenômenos da vida, da natureza,
A centralidade da aprovação/reprovação na cultura da sociedade, que dão uma primeira informação objetiva sobre
escolar impõe algumas considerações importantes em torno o que é, quem fez, quando fez, o que foi. Os conceitos estão no
da nota e da ideia de avaliação como medida dos desempenhos outro extremo (desse contínuo da aprendizagem) e envolvem
do aluno. Para se medir objetivamente um fenômeno, é preciso a compreensão e o estabelecimento de relações. Traduzem um
definir uma unidade de medida. Sua operacionalização se dá entendimento do porquê daquele fenômeno ser assim como é.
através de um instrumento. No caso da avaliação escolar, este As crianças, para aprenderem fatos, apenas os
instrumento é produzido, aplicado e corrigido pelo professor, memorizam. Esquecem mais rápido. Para aprenderem

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conceitos precisam estabelecer conexões mais complexas, de - Dimensão Procedimental


aprendizagem significativa, identificada por autores como os A dimensão procedimental do conhecimento implica no
citados acima. Quando elas constroem os conceitos, os fatos saber fazer. Ex.: uma pesquisa tem uma dimensão
vão tomando outras dimensões, informando o conceito. É procedimental. O aluno precisa saber observar, saber ler,
como se os fatos começassem a ser ordenados, atribuindo saber registrar, saber procurar dados em várias fontes, saber
sentido ao que se tenta entender. analisar e concluir a partir dos dados levantados. Nesse caso,
Como a escola teve, durante muito tempo, a predominância são procedimentos que precisam ser desenvolvidos. Muitas
da concepção empirista de ensino como transmissão, a vezes o aluno está com uma dificuldade procedimental e não
memorização era o referencial mais comum para a avaliação. conceitual e, dependendo do instrumento usado, o professor
Nesse sentido, os instrumentos e momentos de avaliação não identifica essa dificuldade para então ajudá-lo a superá-la,
traziam a característica de um espaço em que as pessoas por isso é importante diferenciar essas dimensões. Outros
tentavam recuperar um dado de sua memória. Um meio e exemplos de dimensões procedimentais do conhecimento:
realizar essa atividade por evocação (pergunta direta, com saber fazer um gráfico, um cartaz, uma tabela, escrever um
resposta certa ou errada) ou por reconhecimento, quando lhe texto dissertativo, narrativo. Vale a pena, nesse caso, que o
oferecemos pistas e apresentamos alternativas para as professor acompanhe de perto essa aprendizagem. O melhor
respostas. Uma hipótese a ser levantada é a de que a avaliação instrumento para isso é a observação sistemática – um
foi, durante muito tempo, entendida com a recuperação dos conjunto de ações que permitem ao professor conhecer até
fatos nas memórias. Essa redução do entendimento do que é que ponto seus alunos estão sabendo: dialogar, debater,
avaliar vem sendo superada nas reflexões sobre a tipologia dos trabalhar em equipe, fazer uma pesquisa bibliográfica,
conteúdos, principalmente ao se diferenciar a aprendizagem e orientar-se no espaço, dentre outras. Devem ser atividades
a avaliação de conceitos. A construção conceitual demanda abertas, feitas em aula, para o professor perceber como o
compreensão e estabelecimento de relações, sendo, portanto, aluno transfere o conteúdo para a prática.
mais complexa para ser avaliada.
- Dimensão Atitudinal
Ao decidir a legitimidade de um instrumento de avaliação,
cada escola e cada professor precisam analisar seu alcance. A dimensão atitudinal do conhecimento é aquela que
Pedir ao aluno que defina um significado (técnica muito indicará os valores em construção. É mais difícil de ser
comum nas escolas), nem sempre proporciona boa medida trabalhada porque não se desliga da formação mais ampla em
para avaliação, é uma técnica com desvantagens, pois pode outros espaços da sociedade, sendo complexa por seus
induzir a falsos erros e falsos acertos. É uma técnica que exige componentes cognitivos (conhecimentos e crenças), afetivos
um critério de correção muito minucioso. Ele ainda propõe (sentimentos e preferências) e condutais (ações e declaração
que, se a opção for por usar essa técnica, que se valide mais o de intenção). Manifesta-se mais através do comportamento
que o aluno expuser com as próprias palavras do que uma referenciado em crenças e normas. Por isso, precisa ser
reprodução literal. Se usarmos a técnica de múltipla escolha, o amplamente entendida à luz dos valores que a escola
reconhecimento da definição, corre-se o risco de se cair na considera formadores. A aquisição de valores é alcançada
armadilha da mera reprodução de uma definição previamente através do desenvolvimento de atitudes de acordo com esse
estabelecida e mesmo de um conhecimento fragmentário, o sistema de valores. Depende de uma autopersuasão que está
que coloca esse tipo de instrumento e questão na condição de sempre permeada por crenças que sustentam a visão que as
insuficiente para conhecer a aprendizagem de conceitos. Outra pessoas têm delas mesmas e do mundo. E delas mesmas em
possibilidade é a da exposição temática na qual o aluno debate relação ao mundo. As atitudes e valores envolvem também as
sobre um tema incluindo comparações, estabelecendo normas.
relações.
Valores são princípios ou ideias éticas que permitem às
É preciso cuidado do professor para analisar se o aluno não pessoas emitir um juízo sobre as condutas e seu sentido. Ex.: a
está procurando reproduzir termos e ideias de autores e sim solidariedade, a responsabilidade, a liberdade, o respeito aos
usando sua compreensão e sua linguagem. Evidencia-se, com outros. Atitudes são tendências relativamente estáveis das
isso, a necessidade de se trabalhar com questões abertas. pessoas para atuarem de certas maneiras: cooperar com o
Outra técnica, - a identificação e categorização de exemplos – grupo, respeitar o meio ambiente, participar das tarefas
por evocação (aberta) ou reconhecimento (fechada), escolares, respeitar datas, prazos, horários, combinados.
possibilita ao professor conhecer como o aluno está Normas são padrões ou regras de comportamentos que as
entendendo aquele conceito. Na técnica de reconhecimento o pessoas devem seguir em determinadas situações sociais.
aluno deverá trabalhar, em questão fechada, com a Portanto, são desenvolvidas nas interações, nas relações, nos
categorização. Pode ser incluída, portanto, num instrumento debates, nos trabalhos em grupos, o que indica uma natureza
como a prova objetiva. do planejamento das atividades de sala de aula.
Outra possibilidade para avaliar a aprendizagem de Os melhores instrumentos para se avaliar a aprendizagem
conceitos seria a técnica de aplicação à solução de problemas, de atitudes são a observação e autoavaliação.
deveriam ser situações abertas, nas quais os alunos fariam Para uma avaliação completa (envolvendo fatos, conceitos,
exposição da compreensão que têm do conceito, tentando procedimentos e atitudes), deve-se formalizar sempre o
responder à situação apresentada. Nesse caso, o instrumento momento da avaliação inicial. Ela é um início de diagnóstico
mais adequado seria uma prova operatória, é importante, no que ajudará aos professores e alunos conhecerem o processo
caso da avaliação de conceitos, resgatar sempre os de aprendizagem. O professor deve diversificar os
conhecimentos prévios dos alunos, para analisar o que estiver instrumentos para cobrir toda a tipologia dos conhecimentos:
sendo aprendido. Isso implica legitimar a avaliação inicial, o provas, trabalhos e observação, para avaliar fatos e conceitos,
momento inicial da aprendizagem. A avaliação de observação para concluir na avaliação da construção
aprendizagem de conceitos remete o professor, portanto, a conceitual; observação para avaliar a aprendizagem de
instituir também a observação como uma técnica de procedimentos e atitudes; autoavaliação para avaliar atitudes
levantamento de dados sobre a aprendizagem dos alunos, e conceitos.
ampliando as informações sobre o que o aluno está sabendo Além disso, deve-se validar o momento de avaliação inicial
para além dos momentos formais de avaliação, como em todo o processo de aprendizagem, usando a prática de
momentos de provas ou outros instrumentos de verificação. datar o que está sendo registrado e propiciando ao próprio

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aluno refletir sobre o que ele já sabe acerca de um conteúdo conceitual por área de conhecimento e por disciplina. Será
novo quando se começa a estudar seriamente sobre ele. preciso esclarecer as características dos fatos e dos conceitos
como objetos de conhecimento.
Sugestões de avaliação inicial / campo atitudinal
- Avaliação formativa
Essa sugestão não substitui a avaliação inicial de cada
conteúdo que é introduzido, pois, é a partir dela que se pode Essa perspectiva de avaliação fundamenta-se em várias
fazer uma avaliação do que realmente pode ser considerado teorias que postulam o caráter diferenciado e singular dos
aprendido. processos de formação humana, que é constituída por
Como são os alunos individualmente em grupos? dimensões de natureza diversa - afetiva, emocional, cultural,
Que grupos sociais representam? social, simbólica, cognitiva, ética, estética, entre outras. A
Como se comportam e se vestem? aprendizagem é uma atividade que se insere no processo
O que apreciam? global de formação humana, envolvendo o
Quais seus interesses? desenvolvimento, a socialização, a construção da
O que valorizam? identidade e da subjetividade.
O que fazem quando não estão na escola?
Como suas famílias vivem? Aprendizagem e formação humana são processos de
O que suas famílias e vizinhos fazem e o que comemoram? natureza social e cultural. É nas interações que estabelece com
Como se organiza o espaço que compartilham fora da seu meio que o ser humano vai se apropriando dos sistemas
escola? simbólicos, das práticas sociais e culturais de seu grupo. Esses
Como falam, expressam seus sentimentos, seus valores, processos têm uma base orgânica, mas se efetivam na vida
sua adesão/rejeição às normas, suas atitudes? social e cultural, e é através deles que o ser humano elabora
formas de conceber e de se relacionar com o mundo físico e
Feito isso, planeja-se como trabalhar as atitudes social. Esses estudos sobre a formação humana e a
importantes para a formação dos alunos na adolescência. Para aprendizagem trazem implicações profundas para a educação
mudança de atitudes é que são feitos os projetos. e destacam a importância do papel do professor como
- Valores são princípios ou ideias éticas que permitem às mediador do processo de construção de conhecimento dos
pessoas emitir juízo sobre as condutas e seu sentido. Ex.: a alunos. Sua ação pedagógica deve estar voltada para a
solidariedade, a responsabilidade, a liberdade, o respeito aos compreensão dos processos sociocognitivos dos alunos e a
outros... busca de uma articulação entre os diversos fatores que
- Atitudes são tendências relativamente estáveis das constituem esses processos – o desenvolvimento psíquico do
pessoas para atuarem de certas maneiras: cooperar com o aluno, suas experiências sociais, suas vivências culturais, sua
grupo, respeitar o meio ambiente, participar das tarefas história de vida – e as intenções educativas que pretende levar
escolares, respeitar datas, prazos, horários, combinados... a cabo. Nesse contexto, a avaliação constitui-se numa prática
- Normas são padrões ou regras de comportamentos que a que permite ao professor aproximar-se dos processos de
pessoas devem seguir em determinadas situações sociais. aprendizagem do aluno, compreender como esse aluno está
elaborando seu conhecimento. Não importa, aqui, registrar os
Depois de realizada a avaliação inicial, os professores terão fracassos ou os sucessos através de notas ou conceitos, mas
dados para dar continuidade ao trabalho com a Avaliação entender o significado do desempenho: como o aluno
Formativa: a serviço das aprendizagens. compreendeu o problema apresentado? Que tipo de
Fatos ou dados devem ser “aprendidos” de forma elaboração fez para chegar a determinada resposta? Que
reprodutiva: não é necessário compreendê-los. Ex.: capitais de dificuldades encontrou? Como tentou resolvê-las?
um estado ou país, data de acontecimentos, tabela de símbolos
químicos. Correspondem a uma informação verbal literal Na Avaliação Formativa, o desempenho do aluno deve ser
como vocabulários, nomes ou informação numérica que não tomado como uma evidência ou uma dificuldade de
envolvem cálculos, apenas memorização. Para isso se usa a aprendizagem. E cabe ao professor interpretar o significado
repetição, buscando mesmo a automatização da informação. desse desempenho. Nessa perspectiva, a avaliação coloca-se a
Esse processo de repetição não se adequa à construção serviço das aprendizagens, da forma dos alunos. Trata-se,
conceitual. Um aluno aprende, atribui significado, adquire um portanto, de uma avaliação que tem como finalidade não o
conceito, quando o explica com suas próprias palavras. É controle, mas a compreensão e a regulação dos processos dos
comum o aluno dizer que sabe, mas não sabe explicar. Nesse educandos, tendo em vista auxiliá-los na sua trajetória escolar.
caso, eles estão num início de processo de compreensão do Isso significa entender que a avaliação, indo além da
conceito. Precisam trabalhar mais a situação, o que vai ajudá- constatação, irá subsidiar o trabalho do professor, apontando
los a entender melhor, até saberem explicar com as suas as necessidades de continuidade, de avanços ou de mudanças
palavras. Esse processo de construção conceitual não é no seu planejamento e no desenvolvimento das ações
estanque, ele está em permanente movimento entre o conceito educativas. Caracterizando-se como uma prática voltada para
espontâneo, construído nas representações sociais e o o acompanhamento dos processos dos alunos, este tipo de
conceito científico. avaliação não comporta registros de natureza quantitativa
Princípios são conceitos muito gerais, de alto nível de (notas ou mesmo conceitos), já que estes são insuficientes para
abstração, subjacentes, à organização conceitual de uma área, revelar tais processos. Tampouco pode-se pensar, a partir
nem sempre explícitos. Atravessam todos os conteúdos das desta concepção, na manutenção da aprovação/reprovação.
matérias, devendo ser o objetivo maior da aprendizagem na Isso porque este tipo de avaliação não tem como objetivo
educação básica. Eles orientam a compreensão de noções classificar ou selecionar os alunos, mas interpretar e
básicas. Assim, por exemplo, se a compreensão de conceitos compreender os seus processos, e promover ações que os
como sociedade e cultura são princípios das áreas de humanas, ajudem a avançar no seu desenvolvimento, nas suas
eles devem referenciar o trabalho nos conceitos específicos. aprendizagens. Sendo assim, a avaliação a serviço das
Dentro de um conceito como o de sociedade, outros específicos aprendizagens desmistifica a ideia de seleção que está
como o de migração, democracia, crescimento populacional, implícita na discussão sobre aprovação automática. É uma
estariam subjacentes. Portanto, ao definir o que referenciará o avaliação que procura administrar, de forma contínua, a
trabalho do professor, será muito importante uma revisão

Conhecimentos Específicos 217


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progressão dos alunos. Trata-se, portanto, de Progressão O espaço de aprendizagem também deve ser ampliado, não
Continuada. pode restringir-se a sala de aula. Aprender é constituir uma
compreensão do mundo, da realidade social e humana, de nós
A Avaliação Formativa é um trabalho contínuo de mesmos e de nossa relação com tudo isso. Essa atividade não
regulação da ação pedagógica. Sua função é permitir ao se constitui exclusivamente no interior de uma sala de aula. É
professor identificar os progressos e as dificuldades dos preciso alargar o espaço educativo no interior da escola
alunos para dar continuidade ao processo, fazendo as (pátios, biblioteca, salas de multimídia, laboratórios, etc.) e
mediações necessárias para que as aprendizagens aconteçam. para além dela, apropriando-se dos múltiplos espaços da
Inicialmente, é fundamental conhecer a situação do aluno, o cidade (parques, praças, centros culturais, livrarias, fábricas,
que ele sabe e o que ele ainda não sabe, tendo em vistas as outras escolas, teatros, cinemas, museus, salas de exposição,
intenções educativas definidas. A partir dessa avaliação inicial, universidades, etc.). A sala de aula, por sua vez, deve adquirir
organiza-se o planejamento do trabalho, de forma diferentes configurações, tendo em vista a necessidade de
suficientemente flexível para incorporar, ao longo do diversificação das atividades pedagógicas.
processo, as adequações que se fizerem necessárias. Ao
mesmo tempo, o uso de variados instrumentos e A forma de agrupamento dos alunos é outro aspecto que
procedimentos de avaliação, possibilitará ao professor pode potencializar a aprendizagem e a Avaliação Formativa.
compreender o processo do aluno para estabelecer novas Os grupos ou classes móveis – em vez de classes fixas –
propostas de ação. possibilitam a organização diferenciada do trabalho
Uma mudança fundamental, sobretudo nos ciclos ou séries pedagógico e uma maior personalização do itinerário escolar
finais do Ensino Fundamental, diz respeito à organização dos do aluno, na medida em que atendem melhor às suas
professores. Agrupamentos de professores responsáveis por necessidades e interesses. A mobilidade refere-se ao
um determinado número de turmas facilita o planejamento, o agrupamento interno de uma classe ou entre classes
desenvolvimento das atividades, a relação pessoal com os diferentes. Na prática, acontece conforme o objetivo da
alunos e o trabalho coletivo. atividade e as necessidades do aluno.

Ex.: definir um grupo de X professores para trabalhar com Ex.: oficinas de livre escolha onde alunos de diferentes
5 turmas de um mesmo ciclo ou de séries aproximadas, turmas de um ciclo se agrupam por interesse (oficina de
visando favorecer o trabalho voltado para determinado cinema, de teatro, de pintura, de jogos matemáticos, de
período de formação humana (infância, adolescência, etc.). fotografia, de música, de vídeo, etc.). Projetos de trabalho
Este tipo de organização tende a romper com a fragmentação também permitem que a turma assuma configurações
do trabalho pedagógico, facilitando a interdisciplinaridade e o diferentes, em momentos diferentes, de acordo com o
desenvolvimento de uma Avaliação Formativa. interesse e para atendimento às necessidades de
aprendizagem.
Tendo em vista a diversidade de ritmos e processos de
aprendizagem dos alunos, um dos aspectos importantes da Instrumentos de avaliação
ação docente deve ser a organização de atividades cujo nível
de abordagem seja diferenciado. Isso significa criar situações, As provas objetivas (mais conhecidas como provas de
apresentar problemas ou perguntas e propor atividades que múltipla escolha), as provas abertas / operatórias, observação
demandem diferentes níveis de raciocínio e de realização. A e autoavaliação são ferramentas para levantamento de dados
diversificação das tarefas deve também possibilitar aos alunos sobre o processo de aprendizagem. São materiais preparados
que realizem escolhas. As atividades devem oferecer graus pelo professor levando em conta o que se ensina e o que se
variados de compreensão, diferentes níveis de utilização dos quer saber sobre a aprendizagem dos alunos. Podem ter
conteúdos, e devem permitir distintas aproximações ao diferentes naturezas. Alguns, como as provas, são
conhecimento. instrumentos que têm uma intenção de testagem, de
Outro movimento importante rumo a uma Avaliação verificação, de colocar o aluno em contato com o que ele
Formativa deve acontecer na organização dos tempos e realmente estiver sabendo. Esses instrumentos podem ser
espaços escolares. Os tempos de aula (50min, 1h, etc.) os elaborados em dois formatos: um de questões fechadas, de
recortes de cada disciplina, os bimestres, os semestres, as múltipla escolha ou de respostas curtas, identificado como
séries, os níveis de ensino são formas de estruturar o tempo prova objetiva; outro com questões abertas. Ambos são
escolar que têm como fundamento a lógica da organização dos instrumentos que possibilitam tanto a avaliação de
conteúdos. Os processos de aprender e de construir aprendizagem de fatos, como de aprendizagem de conceitos,
conhecimento, no entanto, não seguem essa mesma lógica. A embora, em relação à construção conceitual, o professor
organização escolar por ciclos é uma experiência que busca precisará inserir também instrumentos de observação.
harmonizar os tempos da escola com os tempos de Outra importante ferramenta é a observação: uma técnica
aprendizagem próprios do ser humano. Os ciclos permitem que coloca o professor como pesquisador da sua prática. Toda
tomar as progressões das aprendizagens mais fluidas, observação pressupõe registros. É um bom instrumento para
evitando rupturas ao longo do processo. A flexibilização do avaliar a construção conceitual, o desenvolvimento de
tempo e do trabalho pedagógico possibilita o respeito aos procedimentos e as atitudes.
diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos e a organização Outro instrumento é a autoavaliação, que é muito
de uma prática pedagógica voltada para a construção do importante no desenvolvimento das habilidades
conhecimento, para a pesquisa. metacognitivas e na avaliação de atitudes.
Pode-se ainda utilizar questionários e entrevistas quando
Os tempos podem ser organizados, por exemplo, em torno as situações escolares necessitarem de um aprofundamento
de projetos de trabalho, de oficinas, de atividades. A maior para levantamento de dados.
estruturação do tempo é parte do planejamento pedagógico
semanal ou mensal, uma vez que a natureza da atividade e os Outra questão relevante ao processo de avaliação do
ritmos de aprendizagem irão definir o tempo que será ensino e aprendizagem é Como avaliar o aluno com
utilizado. deficiência? 76

76 SARTORETTO, Mara Lúcia. Assistiva-Tecnologia e Educação, 2010.

Conhecimentos Específicos 218


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APOSTILAS OPÇÃO

A avaliação sempre foi uma pedra no sapato do trabalho De qualquer modo, a avaliação como processo que
docente do professor. Quando falamos em avaliação de alunos contribui para investigação constante da prática pedagógica
com deficiência, então, o problema torna-se mais complexo do professor que deve ser sempre modificada e aperfeiçoada a
ainda. Apesar disso, discutir a avaliação como um processo partir dos resultados obtidos, não é tarefa simples de ser
mais amplo de reflexão sobre o fracasso escolar, dos conseguida. Entender a verdadeira finalidade da avaliação
mecanismos que o constituem e das possibilidades de escolar só será possível quando tivermos professores
diminuir o violento processo de exclusão causado por ela, dispostos a aceitar novos desafios, capazes de identificar nos
torna-se fundamental para possibilitarmos o acesso e a erros pistas que os instiguem a repensar seu planejamento e
permanência com sucesso dos alunos com deficiência na as atividades desenvolvidas em sala de aula e que considerem
escola. seus alunos como parceiros, principalmente aqueles que não
De início, importa deixar claro um ponto: alunos com se deixam encaixar no modelo de escola que reduz o
deficiência devem ser avaliados da mesma maneira que seus conhecimento à capacidade de identificar respostas
colegas. Pensar a avaliação de alunos com deficiência de previamente definidas como certas ou erradas.
maneira dissociada das concepções que temos acerca de
aprendizagem, do papel da escola na formação integral dos Segundo a professora Maria Teresa Mantoan, a educação
alunos e das funções da avaliação como instrumento que inclusiva preconiza um ensino em que aprender não é um ato
permite o replanejamento das atividades do professor, não linear, continuo, mas fruto de uma rede de relações que vai
leva a nenhum resultado útil. sendo tecida pelos aprendizes, em ambientes escolares que
Nessa linha de raciocínio, para que o processo de avaliação não discriminam, que não rotulam e que oferecem chances de
do resultado escolar dos alunos seja realmente útil e inclusivo, sucesso para todos, dentro dos interesses, habilidades e
é imprescindível a criação de uma nova cultura sobre possibilidades de cada um. Por isso, quando apenas avaliamos
aprendizagem e avaliação, uma cultura que elimine: o produto e desconsideramos o processo vivido pelos alunos
- o vínculo a um resultado previamente determinado pelo para chegar ao resultado final realizamos um corte totalmente
professor; artificial no processo de aprendizagem.
- o estabelecimento de parâmetros com os quais as Pensando assim temos que fazer uma opção pelo que
respostas dos alunos são sempre comparadas entre si, como se queremos avaliar: produção ou reprodução. Quando
o ato de aprender não fosse individual; avaliamos reprodução, com muita frequência, utilizamos
- o caráter de controle, adaptação e seleção que a avaliação provas que geralmente medem respostas memorizadas e
desempenha em qualquer nível; comportamentos automatizados. Ao contrário, quando
- a lógica de exclusão, que se baseia na homogeneidade optamos por avaliar aquilo que o aluno é capaz de produzir, a
inexistente; observação, a atenção às repostas que o aluno dá às atividades
- a eleição de um determinado ritmo como ideal para a que estão sendo trabalhadas, a análise das tarefas que ele é
construção da aprendizagem de todos os alunos. capaz de realizar fazem parte das alternativas pedagógicas
utilizadas para avaliar.
Numa escola onde a avaliação ainda se define pela
presença das características acima certamente não haverá Vários instrumentos podem ser utilizados, com sucesso,
lugar para a aceitação da diversidade como inerente ao ser para avaliar os alunos, permitindo um acompanhamento do
humano e da aprendizagem como processo individual de seu percurso escolar e a evolução de suas competências e de
construção do conhecimento. Numa educação que parte do seus conhecimentos. Um dos recursos que poderá auxiliar o
falso pressuposto da homogeneidade não há espaço para o professor a organizar a produção dos seus alunos e por isso
reconhecimento dos saberes dos alunos, que muitas vezes não avaliar com eficiência é utilizar um portfólio.
se enquadram na lógica de classificação das respostas A utilização do portfólio permite conhecer a produção
previamente definidas como certas ou erradas. individual do aluno e analisar a eficiência das práticas
O que estamos querendo dizer é que todas as questões pedagógicas do professor. A partir da observação sistemática
referentes à avaliação dizem respeito à avaliação de qualquer e diária daquilo que os alunos são capazes de produzir, os
aluno e não apenas das pessoas com deficiências. A única professores passam a fazer descobertas a respeito daquilo que
diferença que há entre as pessoas ditas normais e as pessoas os motiva a aprenderem, como aprendem e como podem ser
com deficiências está nos recursos de acessibilidade que efetivamente avaliados.
devem ser colocados à disposição dos alunos com deficiências
para que possam aprender e expressar adequadamente suas No caso dos alunos com deficiências, os portfólios podem
aprendizagens. Por recursos de acessibilidade podemos facilitar a tomada de decisão sobre quais os recursos de
entender desde as atividades com letra ampliada, digitalizadas acessibilidade que deverão ser oferecidos e qual o grau de
em Braille, os interpretes, até uma grande gama de recursos da sucesso que está sendo obtido com o seu uso. Eles permitem
tecnologia assistiva hoje já disponíveis, enfim, tudo aquilo que que tomemos conhecimento não só das dificuldades, mas
é necessário para suprir necessidades impostas pelas também das habilidades dos alunos, para que, através dos
deficiências, sejam elas auditivas, visuais, físicas ou mentais. recursos necessários, estas habilidades sejam ampliadas.
Permitem, também, que os professores das classes comuns
Neste contexto, a avaliação escolar de alunos com possam contar com o auxílio do professor do atendimento
deficiência ou não, deve ser verdadeiramente inclusiva e ter a educacional especializado, no caso dos alunos que frequentam
finalidade de verificar continuamente os conhecimentos que esta modalidade, no esclarecimento de dúvidas que possam
cada aluno possui, no seu tempo, por seus caminhos, com seus surgir a respeito da produção dos alunos.
recursos e que leva em conta uma ferramenta muito pouco Quando utilizamos adequadamente o portfólio no
explorada que é a coaprendizagem. processo de avaliação podemos:
Nessa mudança de perspectiva, o primeiro passo talvez - melhorar a dinâmica da sala de aula consultando o
seja o de nos convencermos de que a avaliação usada apenas portfólio dos alunos para elaborar as atividades:
para medir o resultado da aprendizagem e não como parte de - evitar testes padronizados;
um compromisso com o desenvolvimento de uma prática - envolver a família no processo de avaliação;
pedagógica comprometida com a inclusão, e com o respeito às - não utilizar a avaliação como um instrumento de
diferenças é de muito pouca utilidade, tanto para os alunos classificação;
com deficiências quanto para os alunos em geral. - incorporar o sentido ético e inclusivo na avaliação;

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- possibilitar que o erro possa ser visto como um processo 04. (IFC-SC-Pedagogia-Educação Infantil-IESES) No que
de construção de conhecimentos que dá pistas sobre o modo diz respeito à avaliação no processo de aprendizagem, é
cada aluno está organizando o seu pensamento; INCORRETO afirmar que:
(A) A avaliação é constituída de instrumentos de
Esta maneira de avaliar permite que o professor diagnóstico que levam a uma intervenção, visando à melhoria
acompanhe o processo de aprendizagem de seus alunos e da aprendizagem. Ela deve propiciar elementos diagnósticos
descubra que cada aluno tem o seu método próprio de que sirvam de intervenção para qualificar a aprendizagem.
construir conhecimentos, o que torna absurdo um método de (B) Na esfera educacional infantil, a avaliação que se faz
ensinar único e uma prova como recurso para avaliar como se das crianças pode ter algumas consequências e influências
houvesse homogeneidade de aprendizagem. decisivas no seu processo de aprendizagem e crescimento.
Nessa perspectiva, entendemos que é possível avaliar, de Neste sentido, a expectativa dos professores sobre os seus
forma adequada e útil, alunos com deficiências. Mas, se alunos tem grande influência no que diz respeito ao
analisarmos com atenção, tudo o que o que se diz da avaliação rendimento da aprendizagem. Nesta fase, é preciso ter uma
do aluno com deficiência, na verdade serve para avaliar visão fragmentada da criança. É aconselhável concentrar
qualquer aluno, porque a principal exigência da inclusão esforços no que as crianças não sabem fazer e, não, considerar
escolar é que a escola seja de qualidade – para todos! E uma as suas potencialidades.
escola de qualidade é aquela que sabe tirar partido das (C) A avaliação deve se dar de forma sistemática e
diferenças oportunizando aos alunos a convivência com seus contínua, aperfeiçoando a ação educativa, identificando
pares, o exemplo dos professores que se traduz na qualidade pontos que necessitam de maior atenção na busca de
do seu trabalho em sala de aula e no clima de acolhimento reorientar a prática do educador, permitindo definir critérios
vivenciado por toda a comunidade escolar. para o planejamento, auxiliando o educador a refletir sobre as
condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática às
Questões necessidades colocadas pelas crianças.
(D) Na educação infantil, a avaliação tem a finalidade
01. (TSE – Analista Judiciário – Pedagogia – básica de fornecer subsídios para a intervenção na tomada de
CONSULPLAN) Para Cipriano Carlos Luckesi (2000), a decisões educativas e observar a evolução da criança, como
avaliação é um ato amoroso e dialógico que envolve sujeitos e, também, ajudar o educador a analisar se é preciso intervir ou
como tal, a primeira fase do processo de avaliação começa modificar determinadas situações, relações ou atividades na
com: sala de aula.
(A) o acolhimento do sujeito avaliado.
(B) a qualificação dos conhecimentos prévios. 05. (Prefeitura do Rio de Janeiro/RJ- Professor de
(C) o julgamento das aprendizagens avaliadas. Ensino Fundamental- Artes Plásticas- Prefeitura do Rio de
(D) o diagnóstico do perfil do sujeito. Janeiro/2016).
Leia o fragmento abaixo: Normalmente, quando nos
02. (Prefeitura de Uberlândia/MG – Professor referimos ao desenvolvimento de uma criança, o que
Educação Básica II – Português – CONSULPLAN) A avaliação buscamos compreender é até onde a criança já chegou, em
da aprendizagem escolar é um elemento do processo de ensino termos de um percurso que, supomos, será percorrido por ela.
e de aprendizagem. Assim, observamos seu desempenho em diferentes tarefas e
Dessa forma, a avaliação tanto serve para avaliar a atividades, como por exemplo: ela já sabe andar? Já sabe
aprendizagem dos alunos quanto o ensino desenvolvido pelo amarrar sapatos? Já sabe construir uma torre com cubos de
professor. Numa perspectiva emancipatória, que parte dos diversos tamanhos? Quando dizemos que a criança já sabe
princípios da autoavaliação e da formação, podemos afirmar realizar determinada tarefa, referimo-nos à sua capacidade de
que: realizá-la sozinha. Por exemplo, se observamos que a criança
(A) os alunos também devem participar dos critérios que já sabe amarrar sapatos, está implícita a ideia de que ela sabe
servirão de base para a avaliação de sua aprendizagem. amarrar sapatos, sozinha, sem necessitar de ajuda de outras
(B) os professores devem utilizar a avaliação como um pessoas.
mecanismo de seleção para o processo de ensino. OLIVEIRA, Martha Kolh de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento; um
processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1991. Pág. 11
(C) alunos e professores devem compartilhar dos mesmos
critérios que possam classificar as aprendizagens corretas.
O trecho apresenta uma das categorias de análise usada
(D) os alunos também devem registrar o processo de
por Vygotsky ao estudar o desenvolvimento humano, que é:
avaliação que servirá para disciplinar o espaço da sala de aula.
(A) a zona de desenvolvimento real
(B) a zona de desenvolvimento proximal
03. (Prefeitura de Montes Claros/MG – PEB I –
(C) a fase potencial do pensamento formal
UNIMONTES) De acordo com Luckesi (1999), é importante
(D) a fase operatória do pensamento formal
estar atento à função ontológica (constitutiva) da avaliação da
aprendizagem, que é de diagnóstico.
Respostas
Dessa forma, a avaliação cria a base para a tomada de
decisão. Articuladas com essa função básica estão, EXCETO:
01. A/02. A/03. B/04. B/05. A
(A) a função de motivar o crescimento.
(B) a função de propiciar a autocompreensão, tanto do
Avaliação Educacional na Contemporaneidade 77
educando quanto da família.
(C) a função de aprofundamento da aprendizagem.
A avaliação educacional ao longo da história sempre foi
(D) a função de auxiliar a aprendizagem.
uma atividade de controle que visava selecionar e, portanto,
incluir alguns e excluir outros. De acordo com Casali78 palavra

77 BRANDALISE, Mary Ângela Teixeira. Avaliação institucional da escola: 78 CASALI, A. Fundamentos para uma avaliação educativa. In: CAPPELLETTI,

conceitos, contextos e práticas. Olhar de Professor, Ponta Grossa, 13(2): 315-330, I. F. Avaliação da aprendizagem: discussão de caminhos. São Paulo: Editora
2010. Disponível em: Articulação Universidade/Escola, 2007.
http://www.revistas2.uepg.br/index.php/olhardeprofessor/article/viewFile/322
0/2360

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avaliação contém a palavra “valor” acrescida da palavra da educação no país. No Brasil há o INEP – Instituto. Nacional
“ação”; portanto, não se pode fugir dessa concepção valorativa de Estudos e Pesquisas Educacionais, que coordena os
da ação educacional, que afirmava “de modo geral, como saber processos de avaliação externa às escolas. São exemplos desse
situar cotidianamente, numa certa ordem hierárquica, o valor tipo de avaliação a Prova Brasil, o SAEB – Sistema de Avaliação
de algo enquanto meio (mediação) para a realização da vida da Educação Básica, o ENEM – Exame Nacional do Ensino
do(s) sujeitos(s) em questão, no contexto dos valores culturais Médio.
e, no limite, dos valores universais.” O nível megassociológico da avaliação é aquele
Para o autor avaliar é reconhecer ou atribuir um valor. Em desenvolvido por organismos internacionais que buscam fixar
se tratando de valor em educação, ele defende que há que se padrões de desempenho, de referência para a criação de metas
adotar uma postura radicalmente ética e epistemológica. Os e diretrizes para os sistemas educacionais de diferentes países,
valores são histórico e culturalmente construídos, em nível global. Tem-se como exemplo o PISA – Programa
consequentemente a avaliação é histórica e cultural. Já que o Internacional de Avaliação de Alunos, coordenado pela
valor só existe como referência mediadora de uma ação Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico -
concreta e a decorrência disso é que a avaliação educativa não OCDE.
é um fim de processo, mas o seu meio. Portanto, a criação desses níveis mais globais (mega e
Existem três âmbitos de alcance dos valores, nas macro) deve-se ao fato de que a avaliação tem adquirido
avaliações conforme o expõe o próprio autor citado acima: “há grande centralidade nas políticas públicas pelos organismos
valores para um sujeito, há valores para uma cultura, há governamentais, particularmente nas políticas educacionais,
valores para a humanidade. O singular, o parcial, o universal, com o propósito dos Estados ampliarem as ações de controle e
nesse sentido a avaliação é uma medida, uma referência de fiscalização sobre as escolas e nos sistemas educacionais,
valor para um, ou dois, ou os três âmbitos,” o autor explica que fenômeno apontado pelos estudiosos em avaliação como a
a avaliação refere-se à determinação do mérito ou valor de um presença do “Estado Avaliador” na educação.
dado processo ou do que dele resultou, seja no âmbito do
sujeito, da cultura, ou de toda humanidade, e a complexidade Avaliação institucional da escola
inerente aos processos avaliativos torna evidente a exigência
com os resultados do desempenho dos alunos e o desempenho A avaliação institucional da escola básica ainda não se
das escolas. constitui uma prática consolidada no contexto da educação
Atualmente a avaliação educacional tem uma perspectiva brasileira. A avaliação externa promovida pelos organismos
muito mais ampliada, não se atendo apenas aos resultados do oficiais como o SAEB, e com as recentes propostas da Prova
rendimento escolar, e sim aos elementos que permeiam o Brasil e do IDEB, é uma avaliação do sistema educacional, em
processo ensino-aprendizagem, ou seja, a toda a realidade larga escala, que analisa a proficiência dos estudantes ao final
educativa. de um ciclo da escolaridade.
De acordo com Figari79 afirma que, nessa acepção mais No entanto, a avaliação interna é pouco utilizada no
alargada de avaliação educacional, há a noção de estrutura que interior das escolas, e não está inserida nas várias ações nelas
define realidades diferentes: as macroestruturas (os sistemas desenvolvidas, tais como através da análise sistemática da
educacionais), as mesoestruturas (as escolas) e as instituição com vistas a identificar suas fragilidades e
microestruturas (as salas de aulas). No espaço da macro e da potencialidades e a possibilitar a elaboração de planos de
mesoestrutura, a avaliação geralmente é o processo de intervenção e melhorias. Estudos e pesquisas revelam a
observação e interpretação dos resultados da aprendizagem carência de novas políticas educativas de formação dos
que objetiva orientar as decisões necessárias ao bom docentes e para desenvolvê-la, devido ao desconhecimento de
funcionamento da escola, dos sistemas educacionais e fundamentos teórico-metodológicos sobre a avaliação
subsidiar a formulação de políticas públicas. institucional.
Na mesma linha de raciocínio, Almerindo Afonso80 analisa Com o propósito de contribuir para a formação dos
a avaliação educacional numa perspectiva sociológica, nos profissionais das escolas e também para a operacionalização
seguintes níveis: micro, meso, macro e mega. E dentro da do processo de auto avaliação, discute-se aqui alguns
perspectiva de avaliação defendida pelo autor entende que a fundamentos teórico-metodológicos sobre a avaliação
“escola é confrontada com dimensões éticas, simbólicas, institucional da escola, suas relações com diferentes contextos
políticas, sociais e pedagógicas que devem ser consideradas e as possibilidades de operacionalização de processo de auto
como um todo por quem tem especiais responsabilidades na avaliação da escola.
administração da educação quer em nível do Estado, em nível A avaliação institucional da escola é produto da integração
municipal ou em nível da própria unidade escolar”. e entrelaçamento dos processos de avaliação externa e
O nível microssociológico da avaliação ocorre no âmbito da interna. É evidente que a avaliação das escolas é uma tarefa
sala de aula, é a avaliação da aprendizagem, de complexa, tendencialmente conflituosa, pois as instituições
responsabilidade do docente. Ela deve ter caráter fortemente escolares são organizações, e o poder é inerente a todas as
formativo, ser contínua e baseada na reflexão do processo organizações. Ao “mexer” nesse poder, num processo de
ensino-aprendizagem. Em relação ao nível mesossociológico avaliação da escola, interfere-se nos interesses, posturas,
da avaliação é aquele que envolve a análise de uma instituição motivações e objetivos da comunidade escolar.
escolar na sua totalidade, ou seja, engloba todos os
componentes do processo educacional, tais como a gestão Avaliação da escola: conceitos, contextos e relações
escolar e de organização da escola, no processo ensino-
aprendizagem, currículo, qualificação docente, infraestrutura A avaliação das instituições escolares e a de outros objetos
escolar, resultados educacionais, perfil socioeconômico dos educacionais avaliados podem (ou não) assentar-se nos
alunos, são ações da escola juntamente com a sociedade, mesmos fundamentos teóricos. Assim, quando se fala na
participação dos pais. concepção de avaliação adotada num processo avaliativo, ele
O nível macrossociológico da avaliação é aquele pode ser atribuído tanto à avaliação da aprendizagem, de
desenvolvido em âmbito nacional, por organismos externos à currículo, de docentes, de políticas públicas, de programas, de
escola, e tem como objetivo verificar a qualidade do ensino e projetos quanto à avaliação das instituições escolares

79 FIGARI, G. Avaliar: que referencial? Porto: Porto Editora, 1996. 80 AFONSO, A. Avaliar a escola e a gestão escolar: elementos para uma reflexão

crítica. In: ESTEBAN, M. T. (Org.). Escola, currículo e avaliação. São Paulo: Cortez,
2003.

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específicas, como as escolas básicas, os institutos de ensino propõe Santos Guerra83, a combinação do processo de
superior, as universidades, entre outras. avaliação externa, mais voltado aos resultados do processo
Toda instituição, sobretudo a educacional, apresenta educativo e a avaliação interna centrada na melhoria dos
características orgânicas que justificam essa correspondência processos internos do trabalho escolar.
e, consequentemente, o similar fundamento para os processos
de avaliação, compreende um conjunto de processos e Tipos de problemas que acontecem na forma da
relações que se produzem em seu cotidiano pelos sujeitos nela avaliação escolhida
inseridos: educadores e educandos, essa a avaliação
institucional numa perspectiva crítica é aquela que consegue Podem surgir na escola diversos tipos de problemas que
captar o movimento institucional presente nas relações da conforme o tipo de avaliação escolhida:
instituição e toda instituição é constituída por dois princípios: 1ª) avaliação externa de iniciativa externa (organismos
o instituído e o instituinte. Segundo Castoriades81 termo oficiais);
instituído é o conjunto de forças sedimentadas, consolidadas, 2ª) avaliação externa de iniciativa interna (da própria
que buscam a conservação e reprodução do quadro escola);
institucional vigente e o instituído é a forma e em relação ao 3ª) avaliação interna de iniciativa interna.
conjunto de forças em constante estado de tensão, de
mudança, de transformação, de recriação é o instituinte, Na primeira, avaliação externa de iniciativa externa,
refere-se ao campo de forças. geralmente há uma interpretação dos avaliados de que está se
A avaliação institucional é formalmente a avaliação entre desencadeando um processo de fiscalização e controle do
os dois princípios o instituído e instituinte. Ao identificar trabalho escolar, com objetivo de estabelecer medidas
aspectos concretos, formais e informais, explícitos ou não, comparativas, rankings, ou ainda, com uma característica de
internos e externos, que viabilizam a realização dos objetivos punição ou premiação, para piores e melhores desempenhos.
e fins educacionais propostos num projeto institucional e deve O que pode acontecer num processo de avaliação externa da
considerar toda a dinâmica institucional para captar o espírito escola é a geração de mecanismos internos de defesa,
da instituição avaliada, e nesta perspectiva, a avaliação buscando dar aos avaliadores uma imagem distorcida da
institucional tem um caráter formativo, está voltada para a realidade escolar.
compreensão e promoção da autoconsciência da instituição Ao optar na avaliação externa de iniciativa interna, a escola
escolar. pode escolher um avaliador para atender seus interesses, que
esteja de acordo com a filosofia adotada pela escola, e as
informações podem ser ocultadas se os resultados forem
Nos debates contemporâneos sobre a educação há uma contrários aos anseios e intenções da comunidade escolar.
exigência cada vez maior com o desempenho da escola, porque Portanto, quanto opção da avaliação externa proposta pela
é considerada uma instituição social imprescindível à própria instituição escolar, é preciso estar atento a diversos
sociedade para formação humana e ainda que essa exigência problemas que podem surgir tais como, a hostilidade e
se exprima de modos variados e contraditórios. resistência em relação ao processo avaliativo, a credibilidade
Após um período de oscilação das formas avaliativas, que ética profissional do avaliador, o caráter individualista da
há entre o níveis macro e micro, a diferença está no sistema função docente, e a falta de apoio técnico, logístico e de tempo,
educacional e da sala de aula, num contexto interligado a a impaciência pela obtenção dos resultados, a ocultação de
instituição escolar, diferente ao nível meso que faz referência informações fundamentais, a falta de motivação profissional, a
as propostas de inovações educacionais, segundo Nóvoa82 têm imersão da equipe avaliadora na realidade avaliada, as
se voltado, acreditando-se que é no espaço escolar que elas pressões internas por interesses, a inércia institucional, ou
podem implantar-se e desenvolver-se, pois são abordagens da seja, a própria cultura da escola, aliados a esses aspectos
avaliação institucional das escolas que se apresenta apontados, podemos considerar uma certa relevância para
compreende aquela que tem como eixo direcionador a ação formação da equipe responsável pelo processo avaliativo, pois
ordenada de normas e prerrogativas da União, isto é, o Estado são poucos profissionais dedicam-se ao campo da avaliação de
se transforma num avaliador externo, conforme já apontado escolas como objeto de estudo.
anteriormente, e seu papel de controlar, monitorar, credenciar Nesse contexto, o desconhecimento dos fundamentos
e oferecer indicadores de desempenho para as escolas e os teóricos da avaliação institucional, especificamente das
sistemas de ensino do País. escolas da Educação Básica, pode gerar a falta de
planejamento, objetividade e credibilidade perante a
Avaliação externa comunidade escolar. Deve-se ter uma competência científica e
técnico metodológica que direcione o desenvolvimento da
A avaliação externa é aquela em que o processo avaliativo avaliação interna da escola, proporcionando-lhe assim
é realizado por agentes externos à escola (pertencentes a legitimidade.
agências públicas ou privadas), ainda que com a colaboração As escolas são cada vez mais caracterizadas como centros
indispensável dos membros da escola e da comunidade de aprendizagem de todos, e enquanto as organizações
educativa. São razões de ordem macroestrutural que se nucleares das sociedades atuais, não podem ficar indiferentes
prendem às necessidades de controle organizacional no nível às mudanças e transformações que nelas acontecem, sejam de
dos sistemas de ensino. Há porém, outro tipo de abordagem natureza econômica, política, científica, pedagógica ou legal, e
denominada de auto avaliação institucional ou avaliação para tanto, não se deve proceder à sua apreciação através de
interna da escola. Diferentemente da avaliação externa, ela é uma análise individualizada de cada um dos seus elementos,
uma modalidade de avaliação que ainda carece de maior mas sim apreendê-la como um todo, como uma entidade
aprofundamento teórico e metodológico, no contexto
brasileiro.
O processo de avaliação externa deverá completar-se com
o processo de auto avaliação institucional, e vice-versa, é que

81 CASTORIADIS, C. A instituição imaginária da sociedade. Rio de Janeiro: Paz 82 NÓVOA, A. (Coord.). As organizações escolares em análise. Lisboa:

e Terra, 1975. Publicações Dom Quixote, 1995.


83 GUERRA, M. A. S. Tornar visível o quotidiano: teoria e prática de avaliação

qualitativa das escolas. Porto: Edições Asa, 2003.

Conhecimentos Específicos 222


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global, original. Segundo Rocha84, a necessidade de avaliá-las é e VIII, ressaltando o princípio da avaliação como uma das
devida a um conjunto de razões: partes centrais da estrutura administrativa da educação.
As razões apresentadas justificam a necessidade da
a) Razões de ordem socioeconômica: existência da avaliação das escolas. É uma nova exigência com
- A contenção de recursos financeiros para os gastos a qual as escolas são confrontadas, e precisam aprender a
públicos, considerando-se as recentes e repetidas crises fazer.
econômicas.
- A democratização da sociedade e o desenvolvimento dos Auto avaliação da escola: alinhavando sentidos,
processos de participação social, particularmente no campo produzindo significados
educacional.
- A pressão da opinião pública geralmente apoiada numa A problematização em torno da avaliação da escola tem
avaliação “selvagem” baseada em boatos, na comparação entre evidenciado a necessidade de discutir, a importância da
escolas, ou seja, em ranqueamentos, ou ainda, na exposição avaliação institucional como processo que permeia o trabalho
pública de resultados e fragilidades do sistema educacional educativo e o aprimoramento do processo de gestão escolar, e
pela mídia, muitas vezes não condizente com a realidade das a possibilidade de institucionalização de práticas avaliativas
escolas e com as concepções dos programas e projetos de assentadas numa política de mudança e desenvolvimento da
avaliação adotados. qualidade educativa, levando-se em conta a singularidade de
cada escola, e não somente a obrigação de resultados pré-
b) Razões de ordem político-administrativa: estabelecidos e estandardizados pelos organismos oficiais
- A sociedade tornou-se mais exigente quanto ao como na avaliação externa.
desempenho das escolas e a sua função de diminuir as A auto avaliação da escola é considerada aquela em que o
desigualdades sociais. Os poderes públicos passam a investir processo é conduzido e realizado por membros da
mais na educação e, consequentemente, a solicitar às escolas comunidade educativa e pode ser definida como uma análise
que justifiquem tais gastos e suas aplicações. sistemática da escola com vistas a identificar os seus pontos
- O aumento da autonomia das escolas a partir dos anos 90 fortes e fracos e a possibilitar a elaboração de planos de
(noventa) com a democratização da sociedade e a intervenção e melhorias, é realizada tendo como motivação
descentralização administrativa, em virtude da ineficiência do principal o acompanhamento do projeto pedagógico da escola
Estado em gerir com eficácia o sistema educacional. e no quadro de uma dinâmica de desenvolvimento
- A legitimidade de os governos democráticos controlarem, organizacional e institucional, é inserida nas várias ações
no âmbito das suas competências, o desempenho das escolas, desenvolvidas na escola se coloca como mediadora do
questionando-as sobre a eficiência, eficácia, efetividade e crescimento da comunidade escolar.
relevância da sua ação educativa, particularmente a das Portanto, o projeto pedagógico e a avaliação institucional
escolas públicas. estão intimamente relacionados, pela não existência de um
- À medida que a sociedade se complexifica, as mudanças desses processos ou na separação deles, mas trará danos para
sociais são mais rápidas e imprevisíveis e os sistemas a própria escola e ao projeto pedagógico que segundo
educacionais são maiores, a escola- organização vai se Fernandes85 delimite a intencionalidade da ação educativa e
tornando o meio natural e mais importante de muitos projetos ofereça horizontes para que a escola possa projetar seu futuro,
de mudança educacional. faltará sempre à referência de todo o trabalho e suas
concepções básicas.
c) Razões de ordem científico-pedagógica: Porque a avaliação institucional interna das escolas não é
- Novas abordagens sobre os problemas das escolas e da tão facilmente operacionalizável como se acredita ou propõe
educação, introduzidas pela comunidade científica a partir de ser, mas não é fácil construir formas de auto avaliação que
suas investigações: a valorização dos contextos escolares, a consigam lidar com os efeitos e tensões que são decorrentes
busca pelos fatores explicativos da diferença de qualidade da pluralidade de sentidos, poderes, dilemas e perspectivas
entre as escolas, a passagem de uma pedagogia centrada no que se estabelecem e interagem num contexto escolar,
aluno para outra centrada na escola, e a problematização da constitui-se num processo de busca da realidade escolar, com
eficácia das reformas educacionais, tanto em nível local como suas tendências, seus saberes, seus conflitos e dilemas, deve
global. dar suporte às decisões e mudanças na prática educativa, e a
- A consideração progressiva da avaliação da escola como sua dinâmica tem que ganhar lugar como processo que
estratégia de inovação para introdução dos próprios processos perpassa a ação escolar e o desenvolvimento curricular,
de mudanças nos espaços escolares. explicitando assim os propósitos da escola e suas relações com
- A evolução das concepções de avaliação da educação, que, a sociedade.
de uma visão voltada quase que exclusivamente para os alunos A avaliação institucional centrada na escola tem as
e programas, passaram a valorizar os fatores relacionados não seguintes características:
somente ao contexto de sala de aula, mas também os fatores - É o processo pelo qual a escola é capaz de olhar
que permitem uma ação mais ajustada aos demais contextos e criticamente para si mesma com a finalidade de melhorar o seu
objetivos educacionais, na busca da melhoria da qualidade dos desempenho, através da identificação de áreas mais
processos educativos (práticas) e dos seus resultados problemáticas e da procura de soluções mais adequadas, para
(produtos). o desenvolvimento do trabalho escolar;
- É uma investigação permanente do sentido da
d) Razões de ordem legal: organização e das ações da escola conduzida pelos próprios
- As mudanças na legislação nacional a partir da Lei de profissionais do estabelecimento de ensino;
Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN 9394/96, - É o processo de melhoria da escola, conduzido através
que aponta para a autonomia das escolas e consequente quer da construção de referenciais, quer da procura de fatos
abertura para a necessidade da sua avaliação. Faz referência à comprobatórios, evidências, para formulação de juízo de valor;
Organização da Educação Nacional, no artigo 9º., incisos V, VI

84 ROCHA, A. P. Avaliação de escolas. Lisboa: Editora Asa, 1999. 85 FERNANDES, M. E. A. Avaliação institucional da escola e do sistema

educacional: base teórica e com do projeto. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha,


2002.

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- É um exercício coletivo, assentado no diálogo e no - O que avaliar; quais dimensões? (Objetos de análise ou de
confronto de perspectivas sobre o sentido da escola e da avaliação da escola);
organização; - Quem pode/ deve avaliar a escola? (Sujeitos, grupo de
- É um processo de desenvolvimento profissional; trabalho);
- É um ato de responsabilidade social; - Com que finalidades? (Objetivos);
- É uma avaliação orientada para a utilização; - Com quais enfoques? (Concepções e tipos de avaliação:
- É um processo conduzido internamente, mas que pode e interna /externa);
deve contar com a assessoria de agentes externos. - Como, quando, onde, com quem, com quais recursos?
(Metodologia, fontes; instrumentos; coleta, organização e
Abordagens teóricometodológicas da auto avaliação da análise dos dados; cronograma);
escola - Como divulgar os resultados e propor melhorias? (Planos
de intervenção).
Abordagem racionalista ou naturalista?
E, essas escolhas venham a consubstanciar-se num plano é
Para a realização de qualquer processo de avaliação essencial relacioná-las entre si e articulá-las com a finalidade
educacional é fundamental a escolha e aceitação de uma e o foco da avaliação, isto é, estabelecer a operacionalização do
concepção de análise, há dois tipos de abordagens processo avaliativo, segundo Fernandes87, em seus estudos
epistemológicas de avaliação, como a concepção racionalista propõe três etapas, preparação, implementação e síntese:
de origem positivista, denominada de quantitativa, e a
concepção naturalista de origem construtivista, chamada de 1ª) Etapa de Preparação - compreende as ações que
qualitativa, e tais perspectivas teóricas também são válidas antecedem a implementação do processo avaliativo.
para a avaliação das escolas, pois irão definir a estrutura - constituição da equipe de trabalho da escola;
científica, a visão de mundo, a filosofia através da qual se fará - elaboração de uma proposta de avaliação preliminar para
a leitura da realidade social que se quer avaliar. a escola;
Ao optar-se pela abordagem quantitativa considera-se a - discussão da proposta com a comunidade escolar.
educação como um processo tecnológico, acredita-se na - definição do projeto de auto avaliação contendo os
objetividade da avaliação e utiliza-se o método hipotético- seguintes elementos: justificativa, referencial teórico,
dedutivo, são os resultados mais valorizados dentro dos objetivos, dimensões a serem avaliadas (objetos de avaliação),
processos utilizados da educação, e a sua finalidade da procedimentos metodológicos, cronograma, recursos,
avaliação é o controle que se atribui mais valor ao caráter referências;
estável do que ao caráter dinâmico da realidade educacional.
A abordagem qualitativa, ao contrário, considera a (2ª) Etapa de Implementação – compreende as ações de
educação sempre ligada a valores, problematiza a objetividade elaboração e aplicação de instrumentos de coleta de dados,
da avaliação utilizando métodos mais qualitativos e organização e análise dessas informações.
compreensivos, valoriza os processos mais que os resultados - elaboração, discussão, testagem e aplicação dos
da educação, considerando como finalidade principal da instrumentos de coleta de informações;
avaliação a sua melhoria. Além disso, valoriza mais o caráter - apuração e organização dos dados coletados;
dinâmico e subjetivo da realidade educacional. - discussão coletiva dos dados coletados com a
As duas perspectivas avaliativas têm suas fragilidades, em comunidade escolar;
relação a racionalista ou quantitativa procura traduzir a
realidade escolar em números, medidas e corre o risco de (3ª) Etapa de Síntese – compreende as informações já
deformá-la, parecendo que a exprime fielmente. Isso ocorre organizadas, que deverão servir de orientação para ações que
porque, por um lado, desvaloriza a importância dos contextos, a escola desenvolverá a partir da análise dos resultados pela
fontes ricas de significação; e, por outro, a simplifica, comunidade escolar.
reduzindo a sua multidimensionalidade qualitativa a uma - revisão e ajustes no processo avaliativo;
unidimensionalidade quantitativa. A abordagem naturalista, - elaboração de relatórios conclusivos;
crítica ou qualitativa, ainda que atualmente seja considerada a - discussão sobre o uso dos resultados, com
melhor para o estudo dos fenômenos educacionais, pode encaminhamento de ação;
intensificar algum subjetivismo intencional e gerar - publicação e divulgação do relatório final.
interpretações distorcidas da realidade educativa.
Atualmente estudiosos apontam que as abordagens Para sua auto avaliação a escola precisa construir um
quantitativa e qualitativa devem ser entendidas como referencial de análise que considere a sua identidade
complementares e serem usadas em função das necessidades institucional, seus sujeitos e as finalidades da avaliação. O
do processo avaliativo. Segundo Rocha86, embora essa prática primeiro passo é a definição de dimensões, categorias de
possa exigir mais tempo, formação e recursos, o esforço vale a análise ou subdimensões, e aspectos (indicadores) a serem
pena para “realizar triangulações necessárias ao suporte das avaliados. Existe uma hierarquia entre essas palavras,
conclusões, para se conseguir um fortalecimento mútuo de partindo-se de dados mais gerais para dados mais específicos:
métodos e para atender a pluralidade e diversidade das - Dimensões: são os pontos de abrangência que deverão
iniciativas, dos tipos, das finalidades, dos enfoques e dos ser avaliados, as grandes áreas da avaliação. Elas podem
objetos de avaliação”. abranger aspectos administrativos, pedagógicos, físicos e
estruturais, relacionais.
Operacionalização do processo de auto avaliação da - Categorias de análise ou subdimensões: são os pontos
escola básicos dentro da dimensão escolhida que se pretende avaliar.
- Aspectos ou indicadores: são pequenos pontos
Cada escola pode estabelecer as etapas para a construção indicadores para as perguntas em cada uma das categorias de
do processo interno de avaliação e defini-lo algumas escolhas análise.
que são necessárias, tais como:

86 Ibidem, p.04 87 Ibidem,p. 05

Conhecimentos Específicos 224


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Embora existam diferentes maneiras de se construir um outros os quais podem ser aplicados em grupos ou
referencial de análise para a realização da auto avaliação da individualmente e os instrumentos escolhidos devem estar
escola, apresenta-se neste texto o referencial proposto por adequados às dimensões, categorias e indicadores propostos
Alaiz, Góis, Gonçalves88, o qual indica seis áreas ou dimensões: no projeto.
É importante considerar que nenhum instrumento de
a) Dimensão I - Contexto externo: as variáveis de contexto avaliação é completo por si só, razão pela qual podem ser
externo não são maleáveis, ou seja, não são diretamente escolhidos tipos que se complementam.
influenciadas pela ação da escola, mas esta é uma das áreas de Após a definição dos procedimentos que devem ser
avaliação de extrema importância, na medida em que permite escolhidos, devem analisar as fontes de informação para coleta
enquadrar socialmente a escola. Ela pode ser composta pelas dos dados, as quais podem ser: documentos, projetos, planos,
seguintes categorias de análise: caracterização social, regimento escolar, gestores, professores, alunos, pais,
econômica e cultural das famílias e alunos; expectativas das funcionários, membros colegiados, membros da comunidade
famílias e da comunidade quanto ao trabalho da escola; externa, dentre outros, essa etapa de aplicação dos
pressão para a qualidade na perspectiva do contexto externo, instrumentos para coleta das informações constitui a fase mais
exercida por entidades ou grupos externos à escola: difícil da pesquisa, que é passar pelo confronto com os sujeitos
secretarias, núcleos regionais, associações de pais, ou outras da avaliação, ou seja, com o seu público-alvo. É a fase de
instituições. implantação do projeto, de provação, confronto com a
realidade, de constatação de imperfeições, de ajustes que
b) Dimensão II - Contexto interno: corresponde, numa garantam a sua validade, e se este fosse o processo de uma
linguagem simples, “às condições com que a escola conta”: relação amorosa, dir-se-ia que passadas a fase do romance, em
história da instituição escolar; recursos físicos, estrutura que domina o encantamento e o entusiasmo.
curricular; corpo docente, administrativo e discente. A avaliação é a melhor forma de conhecer a escola e tem
tudo para ser útil; nunca foi feito nada assim na escola, é a fase
c) Dimensão III - Organização e gestão: as categorias de da crise, em que se descobre que nem tudo é perfeito e fácil, e
análise que compõem a área de organização e gestão dizem para sua avaliação é necessário dominar as técnicas, escolher
respeito à proposta pedagógica da escola e à sua execução e bem os instrumentos, ultrapassar dificuldades e gerir conflitos
avaliação. que possa existir.
A maioria dos autores citados no texto complementam que
d) Dimensão IV - Ensino e aprendizagem: as categorias de é nesse momento de perceber se há motivação e disposição
análise de avaliação contempladas na área de ensino e dos participantes para contribuir com as suas percepções
aprendizagem convergem no trabalho realizado na sala de sobre os aspectos solicitados na avaliação da escola, baseando
aula. na coleta de dados a ser feita de uma forma não incomodativa,
com discrição, com profissionalismo, pois a escola não pode
e) Dimensão V – Cultura da escola: as categorias parar porque nela está em desenvolvimento um processo de
associadas à cultura da escola podem ser: identidade auto avaliação.
institucional; ênfase no ensino e na aprendizagem; Portanto, discussões em grupo, entrevistas, aplicação de
participação nos processos de decisão, motivação dos questionários, observações, devem ser realizados nos
professores, expectativas acerca dos alunos, trabalho em momentos que representem a menor alteração do cotidiano
equipe, aprendizagem e desenvolvimento profissional, dos seus respondentes, pois ninguém deve deixar de realizar o
reconhecimento dos profissionais da escola; disciplina e seu trabalho habitual por causa da avaliação da escola.
segurança na escola, aprazibilidade do espaço escolar, relação
com a comunidade escolar. Tratamento, análise e interpretação dos dados

f) Dimensão VI - Resultados Educacionais: os resultados Dependendo da natureza da informação coletada e das


dos alunos são as medidas de desempenho da escola. Em questões de avaliação, é possível optar-se por um processo de
última análise, eles refletem a qualidade dos resultados análise específico, através da coleta de dados de natureza
intermediários contemplados nas restantes áreas. Ela pode ser quantitativa que deverão ser objeto de análise estatística, e os
composta pelas seguintes categorias de análise: qualidade do de natureza qualitativa poderão ser apresentados em
sucesso (classificações internas, estatísticas de resultados, descrições, mas também poderão ser sujeitos a uma análise de
provas estandardizadas, outros resultados não acadêmicos) e conteúdo. Portanto, antes de se dar início ao tratamento das
cumprimento da escolaridade informações, devemos proceder uma verificação dos dados
brutos para prepará-los para a primeira análise, o que
A escola pode ser avaliada considerando-se as seis comumente se designa “limpeza” dos dados e em seguida
dimensões acima citadas ou pode escolher aquelas realizou-se a análise propriamente dita, integrando e
consideradas mais necessárias. No entanto, fundamental é que sintetizando os resultados, esse trabalho de análise de dados
se parta de uma avaliação diagnóstica de todas as dimensões e consiste em reduzi-los ou condensá-los em tabelas, gráficos,
que, a partir dos resultados alcançados, novas etapas sumários estruturados em função de categorias de análise,
avaliativas sejam desenvolvidas no interior da escola. sinopses, registros de pequenos episódios, diagramas que
mostram a relação entre eles.
Instrumentos: elaboração e aplicação As informações coletadas nos instrumentos de modo
sintetizado, permitem uma primeira análise para a qual é
Após a definição das dimensões, categorias de análise e importante ter presentes os objetivos e as questões de
indicadores, vem à etapa da escolha dos instrumentos e avaliação inicialmente propostas e apresentadas, pois dela
técnicas a serem utilizados no processo de auto avaliação para emergem as primeiras tendências, as primeiras imagens da
coleta dos dados questionários, entrevistas, grupo focal, escola, ainda não articuladas numa imagem global, são
observação, portfólio, seminários, pesquisa em arquivos, considerados resultados preliminares, geralmente suscitam
análise de documentos, análise quantitativa, relatórios, dentre mais perguntas, ora porque se encontram discrepâncias, ora

88 ALAIZ, V.; GÓIS, E. GONÇALVEZ, Conceição. Auto avaliação de escolas:

pensar e praticar. Porto: Edições Asa, 2003.

Conhecimentos Específicos 225


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porque existe uma combinação de informações não prevista conseguem faze-las germinar nas gerações futuras, um plano
ou pensada, que implica um novo olhar aos dados originais. de desenvolvimento da escola é um documento que contém as
Concluída essa etapa, os resultados devem ser organizados intenções do coletivo escolar, refletindo a visão de futuro e
de acordo com as dimensões, categorias e indicadores desenvolvimento necessário à escola. Identifica as prioridades
propostos no projeto de auto avaliação. E assim, serão de ação, estabelecem as metas e os modos para sua
reveladas as imagens da escola, através da obtenção deste concretização. De acordo com Bolívar89, sua afirmação é a
retrato, dentro de um momento de celebração no seguinte, que na melhoria da instituição escolar precisa incidir
desenvolvimento do processo avaliativo. Por outro lado, o em toda a escola, com uma interseção em três grandes níveis:
retrato da escola, será analisado através da interpretação e desenvolvimento da escola enquanto organização,
consequente elaboração de conclusões e recomendações, é desenvolvimento dos professores e desenvolvimento do
nesse momento de extrair da auto avaliação a sua utilidade, currículo e o desenvolvimento do currículo e da organização
mas também o momento de todos os conflitos existentes. Os escolar constitui um campo indissociável.
significados desses resultados expressam o pensamento do O desenvolvimento profissional é concebido como um
coletivo escolar que participou do processo avaliativo, são processo contínuo de aprendizagem, que provoca mudanças
análise de dados não falam por si só, por isso há necessidade na ação profissional do professor, através da forma como
de interpretá-los, ou seja, estabelecer em que medida os atribuem sentido às suas experiências e como estas
resultados são positivos ou negativos, significam sucessos ou influenciam as suas práticas diárias, mas, por sua vez, na
fracassos, pontos fortes ou pontos fracos, mostrando assim as medida em que o desenvolvimento pessoal e profissional está
potencialidades e fragilidades da escola, e as áreas em que a condicionado pelo contexto da escola enquanto local de
escola precisa melhorar. trabalho e relação, a formação orienta-se para a consecução de
A divulgação dos resultados à comunidade escolar é uma estreita articulação entre as práticas formativas e os
fundamental para legitimação do processo avaliativo, devem contextos de trabalho, otimizando a dimensão educativa dos
ser apresentados, divulgados e debatidos de forma alargada, processos de trabalho, mediante uma aprendizagem reflexiva
oportunizando a manifestação de pontos de vista e a revisão e colegial.
de conclusões, quando as discussões acrescentarem Na acepção do autor em relação ao desenvolvimento
contribuições que auxiliem no aprofundamento da profissional e o do institucional das escolas na sua opinião
interpretação, através da realização de um relatório deve devem caminhar lado a lado, pois um não existe sem o outro, e
responder necessariamente a três questões: essa possibilidade de desenvolvimento institucional está
- Quais são os resultados da avaliação? ligada à capacidade interna de mudança, que é diferente para
- Como se chegou a esses resultados? cada escola, considerando-se a sua história de vida, sua
- Face a esses resultados, o que se pode fazer para identidade e singularidade, e está condicionada à política
melhorar? educacional e ao contexto social no qual ela se insere.
O desenvolvimento institucional é entendido “como as
Portanto, um relatório de auto avaliação da escola mudanças nas escolas enquanto instituições que desenvolvem
constitui-se não só num documento em que a escola fala de si, as suas capacidades e atuações com vista a uma melhoria
mas também num instrumento de trabalho para subsidiar a permanente”, e o seu plano de desenvolvimento deve ser
análise do que se pode fazer para melhorar e ainda que a opção compreendido como o conjunto de ações necessárias para
teórico metodológica do processo avaliativo deva ser planejar e gerir o crescimento da escola, a sua melhoria
escolhida pela escola, há que se iniciar o trabalho com um contínua, o que pressupõe o fortalecimento da capacidade
planejamento de preparação do projeto coletivo, seguido de institucional nos processos internos de trabalho da escola e de
sua implementação e síntese dos resultados obtidos. decisão sobre as mudanças a serem implementadas.
Contudo, é um ciclo avaliativo que envolve diferentes
momentos possibilitadores de se construir um retrato da A elaboração do plano de desenvolvimento institucional
escola para analisá-la com base em evidências válidas e fiáveis,
retirando da auto avaliação aquilo que dá sentido à vida da A elaboração de um plano de desenvolvimento
escola, bem como a sua utilidade para a criação de propostas institucional pode orientar-se pelos seguintes
de melhorias internas voltados ao desenvolvimento questionamentos:
institucional. - Quais mudanças necessárias para fazer na escola?
- Como essas mudanças podem ser geridas ao longo do
Auto avaliação da escola e desenvolvimento tempo?
institucional - Como podemos conhecer os efeitos ou impactos das
medidas adotadas?
A preocupação com a avaliação não é de hoje, os
educadores através dos tempos se esforçam em definir os De acordo com Alaíz, Góis e Gonçalvez90, a elaboração e o
problemas, constantemente buscando soluções que favoreçam desenvolvimento do plano de desenvolvimento institucional
mudanças em todo o sistema avaliativo. Qualquer mudança envolvem quatro etapas: auto avaliação ou auditoria,
exige trabalho, convicção, suporte econômico e tempo, e a auto planejamento, implementação e avaliação.
avaliação da escola é um processo necessário para A primeira etapa é constituída através da análise dos
compreender a dinâmica institucional, que pode e deve ser útil resultados da auto avaliação, identificando os pontos fortes e
para a escola, desde que não se traduza apenas na identificação fracos da escola e na segunda etapa é a seleção das prioridades
de pontos fortes e de fragilidades, mas, também, na elaboração são feitas através de ações da própria escola, transformando-
de recomendações que deverão ser consideradas na as em metas específicas, definindo-se as estratégias e critérios
proposição de melhorias qualitativas para a instituição. para alcançá-las, a sua implementação do plano de
Trata-se da utilização desses resultados para a elaboração desenvolvimento constitui durante a terceira etapa, é quando
dos planos de ação para o desenvolvimento da escola. É, o plano é seguido e suas ações são previstas e desenvolvidas
portanto, na mobilização dos resultados que reside a utilidade durante o processo e a quarta etapa é que avalia-se o sucesso
da auto avaliação. É por isso que os avanços de ideias das medidas implementadas e recomendações são propostas

89 BOLÍVAR, A. Como melhorar as escolas: estratégias e dinâmicas de melhoria 90 Ibidem.p.07


das práticas educativas. Porto: Edições Asa, 2003.

Conhecimentos Específicos 226


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para alterações no plano ou para a construção de um novo (E) Apontar as fragilidades da instituição para que estas se
projeto. tornem autônomas e busquem resolver seus problemas
Ressalta-se que a avaliação deve ocorrer ao longo do internos e externos através da aquisição de recursos próprios.
processo de desenvolvimento do plano, numa perspectiva
proativa, formativa e reflexiva, possibilitando a introdução dos 02. (IF-SE - Técnico em Assuntos Educacionais - FDC).
ajustes necessários durante o seu período de realização. A avaliação que vem a ser uma função primordial do sistema
Em síntese, pode-se apontar que na elaboração do plano de de organização e de gestão dos sistemas escolares e que tem
desenvolvimento institucional da escola é necessário por objetivo a obtenção de dados quantitativos e qualitativos,
contemplar os seguintes procedimentos: por exemplo, sobre alunos, professores, estrutura,
- Respeito pelo contexto social, considerando as produtividade, é conhecida como:
orientações da política educacional, o projeto pedagógico da (A) educacional
escola, as características da comunidade escolar e os recursos (B) institucional
disponíveis e necessários; (C) acadêmica
- Consulta e decisão acerca das prioridades, elaborando o (D) científica
plano de forma coletiva, democrática e negociada;
- Redação e divulgação do plano, esclarecendo a 03. (MPE-SC - Analista - FEPESE). No campo educacional
articulação com os objetivos e fins da escola, justificando a muito tem se discutido a respeito da construção de um projeto
seleção das priori dades, a metodologia ou os recursos político pedagógico articulado a uma gestão democrática e
envolvidos. ética que ofereça condições para que professores, estudantes
e famílias participem na definição de qual escola desejam.
Podemos afirmar, o plano de desenvolvimento Nesse sentido, o projeto político pedagógico se constitui
institucional, não é um fim em si mesmo e sim um documento como um documento:
operacional, que orienta a escola no processo de melhoria, e a (A) que determina as finalidades, os programas e os
sua elaboração constitui, também, uma oportunidade para a procedimentos de ensino, bem como as formas e os critérios
escola e os seus profissionais se desenvolverem, nos objetivos da avaliação escolar
da escola, especialmente nos processos de ensino e de (B) prático, que aponta exclusivamente as ações de
aprendizagem, possibilitando uma abordagem integrada de sucesso desenvolvidas pela escola, tais como a realização de
todas as dimensões da escola, como base no currículo, projetos interdisciplinares e atividades extraclasse, e que
aprendizagem, avaliação, ensino, gestão e organização, o devem ser do conhecimento da comunidade escolar.
contexto interno, o contexto externo e nos resultados das (C) teórico e intencional, com o compromisso de elaborar
aprendizagens e da avaliação externa da escola; políticas pedagógicas a longo prazo para a escola.
De acordo com esse processo, pode proporciona uma visão (D) materializado por gestores competentes que fixam
de futuro, de longo prazo, da escola na qual os objetivos metas pedagógicas e políticas para melhor definir os anseios
específicos de curto prazo se enquadram, representando as da comunidade escolar.
prioridades do plano de desenvolvimento institucional, (E) que define as ações educativas, os princípios e os
auxiliando na superação da ansiedade dos professores. Pois, valores básicos adequados para a convivência humana em que
permitindo uma maior valorização e reconhecimento do a comunidade acredita e os quais deseja praticar.
trabalho docente e do desempenho dos professores na
promoção da mudança. E essa mudança na melhoria da 04. Cada escola pode estabelecer as etapas para a
qualidade da instituição e dos que nela trabalham, são construção do processo interno de avaliação e defini-lo
extraídas nas reflexões, discussões e decisões coletivas que algumas escolhas, que venham a consubstanciar-se num plano
ajudam a escola a trabalhar mais eficazmente e, por outro, os essencial relacioná-las entre si e articulá-las com a finalidade
professores a adquirirem saberes e competências e e o foco da avaliação, estabelecendo uma operacionalização do
habilidades como parte do seu desenvolvimento profissional e processo avaliativo e segundo Fernandes, propõe três etapas,
fortalece nas relações interpessoais dentro da escola, em entre si. São elas.
especial na equipe gestora com os professores, e na qualidade (A) Preparação, Implementação e de Síntese
do processo educativo e da gestão escolar. (B) o plano da escola, o plano de ensino e o plano de aulas.
Concluindo, o plano de desenvolvimento institucional é um (C) o plano da escola, a avaliação e o plano político
documento estratégico da escola, pois lhe permite olhar pedagógico.
criticamente sobre si mesma, ou seja, sobre a concretização (D) o plano de aulas, a avaliação e a pesquisa
dos seus objetivos principais e dos fins educacionais (E) a avaliação, a pesquisa e a metodologia.
relacionados com o ensino e a aprendizagem. E, enquanto
documento contextualizado deixa que a instituição escolar 05. A preocupação com a avaliação educacional não é de
interprete as dinâmicas internas e o integre na sua vida e hoje, os educadores através dos tempos se esforçam em definir
cultura. os problemas, constantemente buscando soluções que
favoreçam mudanças em todo o sistema avaliativo. Qualquer
Questões mudança exige trabalho, convicção, suporte econômico e
tempo, e a auto avaliação da escola é um processo necessário
01. (Prefeitura de Itaquitinga - Pedagogo – para compreender a dinâmica institucional, que pode e deve
IDHTEC/2016). A avaliação institucional externa assume no ser útil para a escola, desde que não se traduza apenas na
contexto educacional a função de: identificação de pontos fortes e de fragilidades, mas, também,
(A) Orientar a prática docente, através da análise de na elaboração de recomendações que deverão ser
especialistas e de dicas sobre como ensinar. consideradas na proposição de melhorias qualitativas para a
(B) Classificar as escolas e premiar os gestores e instituição.
coordenadores pedagógicos com maior proficiência. ( ) Certo ( ) Errado
(C) Orientar o coordenador da escola sobre a formação
didática e teórica dos docentes.
(D) Oferecer um panorama do desempenho educacional da
escola e possibilitar aos gestores a implementação de políticas
públicas

Conhecimentos Específicos 227


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Respostas requer uma clara e segura compreensão do processo de


aprendizagem, ou seja, deseja entender como as pessoas
01. Resposta: D aprendem e quais as condições que influenciam para esse
02. Resposta: B aprendizado. Assim, ressalta que podemos distinguir a
03. Resposta: E aprendizagem em dois tipos: aprendizagem casual e a
04. Resposta: A aprendizagem organizada.
05. Resposta: Certo A) Aprendizagem casual: É quase sempre espontânea,
surge naturalmente da interação entre as pessoas com o
ambiente em que vivem, ou seja, através da convivência social,
A especificidade do observação de objetos e acontecimentos.
pedagogo – saberes
B) Aprendizagem organizada: É aquela que tem por
pedagógicos e atividade finalidade específica aprender determinados conhecimentos,
docente. habilidades e normas de convivência social. Este tipo de
aprendizagem é transmitido pela escola, que é uma
organização intencional, planejada e sistemática, as
A Didática e o processo de formação e prática do finalidades e condições da aprendizagem escolar é tarefa
profissional da Educação específica do ensino.

Como arte a Didática não objetiva apenas o conhecimento Esses tipos de aprendizagem têm grande relevância na
por conhecimento, mas procura aplicar os seus próprios assimilação ativa dos indivíduos, favorecendo um
princípios com a finalidade de desenvolver no indivíduo as conhecimento a partir das circunstâncias vivenciadas pelo
habilidades cognoscitivas, tornando-os críticos e reflexivos, mesmo.
desenvolvendo assim um pensamento independente. O processo de assimilação de determinados
conhecimentos, habilidades, percepção e reflexão é
Processos Didáticos Básicos, Ensino e Aprendizagem desenvolvido por meios atitudinais, motivacionais e
intelectuais do aluno, sendo o professor o principal orientador
Anteriormente convém ressaltar o conceito atual de desse processo de assimilação ativa, é através disso que se
didática segundo a análise etimológica, o contexto histórico em pode adquirir um melhor entendimento, favorecendo um
que prevaleceram determinados conceitos, a problemática desenvolvimento cognitivo.
educacional e sua relevância para o ensino. Através do ensino podemos compreender o ato de
Etimologicamente a palavra ‘didática’ significa ‘expor aprender que é o ato no qual assimilamos mentalmente os
claramente’, ‘demonstrar’, ‘ensinar’, ‘instruir’. Em primeira fatos e as relações da natureza e da sociedade. Esse processo
instância, este sentido mais originário corresponde de assimilação de conhecimentos é resultado da reflexão
aproximadamente a tudo aquilo que é ‘próprio para o ensino’. proporcionada pela percepção prático-sensorial e pelas ações
Levando em consideração o seu significado etimológico mentais que caracterizam o pensamento. Entendida como
percebemos que a didática está intimamente ligada ao fundamental no processo de ensino a assimilação ativa
processo de ensino-aprendizagem, e a tudo que se refere ao desenvolve no indivíduo a capacidade de lógica e raciocínio,
ato de ensinar e aprender. facilitando o processo de aprendizagem do aluno.
A Didática foi concebida como base de uma reforma O nível cognitivo refere-se à aprendizagem de
educacional importante pela primeira vez no século XVII, com determinados conhecimentos e operações mentais,
João Amós Comenius, em sua obra Didática Magna. Nesta caracterizada pela apreensão consciente, compreensão e
época, ele havia observado que a educação se dava de maneira generalização das propriedades e relações essenciais da
muito espontânea, permeada de puro praticismo, não havia realidade, bem como pela aquisição de modos de ação e
sistematização, organização ou planejamento. Com o objetivo aplicação referentes a essas propriedades e relações. De
de organizar e sistematizar a educação, Comenius escreveu a acordo com esse contexto podemos despertar uma
Didática Magna, que pretendia estabelecer os fundamentos da aprendizagem autônoma, seja no meio escolar ou no ambiente
‘arte universal de ensinar tudo a todos’, privilegiando em que estamos.
sobretudo o professor, o método e o conteúdo. Pelo meio cognitivo, os indivíduos aprendem tanto pelo
A didática então surge como objeto de estudo no processo contato com as coisas no ambiente, como pelas palavras que
de ensino/aprendizagem, pois este está inserido em todas as designam das coisas e dos fenômenos do ambiente. Portanto
práticas educacionais, em todos os níveis de ensino, e cada as palavras são importantes condições de aprendizagem, pois
prática educacional evidencia uma intenção, ideologia, através delas são formados conceitos pelos quais podemos
objetivos e meios para serem atingidos. Desta forma ocorre o pensar.
processo de ensino aprendizagem, que em momento algum é O ensino é o principal meio de progresso intelectual dos
neutro, apolítico ou isolado de sua realidade político social. alunos, através dele é possível adquirir conhecimentos e
Assim, a Didática é o principal ramo de estudo da habilidades individuais e coletivas. Por meio do ensino, o
pedagogia, pois ela situa-se num conjunto de conhecimentos professor transmite os conteúdos de forma que os alunos
pedagógicos, investiga os fundamentos, as condições e os assimilem esse conhecimento, auxiliando no desenvolvimento
modos de realização da instrução e do ensino, portanto é intelectual, reflexivo e crítico.
considerada a ciência de ensinar. Nesse contexto, o professor Por meio do processo de ensino o professor pode alcançar
tem como papel principal garantir uma relação didática entre seu objetivo de aprendizagem, essa atividade de ensino está
ENSINO x APRENDIZAGEM. ligada à vida social mais ampla, chamada de prática social,
Segundo Libâneo91, o professor tem o dever de planejar, portanto o papel fundamental do ensino é mediar à relação
dirigir e controlar esse processo de ensino, bem como entre indivíduos, escola e sociedade.
estimular as atividades e competências próprias do aluno para
a sua aprendizagem. A condição para o processo de ensino

91 LIBÂNEO, José Carlos. A Didática e as exigências do processo de

escolarização: formação cultural e científica e demandas das práticas


socioculturais.

Conhecimentos Específicos 228


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O Caráter Educativo do Processo de Ensino e o Ensino com “para que educar”, pois a educação se realiza numa
Crítico sociedade que é formada por grupos sociais que tem uma visão
diferente das finalidades educativas.
No desempenho da profissão docente, o professor deve ter Nota-se que a problemática que permeia a educação em
em mente a formação da personalidade dos alunos, não apenas torno da didática, consiste na dificuldade de mediar
no aspecto intelectual, como também nos aspectos morais, conhecimento prático e teórico, na medida em que muitos
afetivos e físicos. Como resultado do trabalho escolar, os educadores apresentam uma concepção fragmentada e
alunos vão formando o senso de observação, a capacidade de ambígua desta interação, chegando ao ponto de dissociá-las.
exame objetivo e crítico de fatos e fenômenos da natureza e Essa separação entre teoria e prática impossibilita os
das relações sociais, habilidades de expressão verbal e escrita. profissionais da educação de articular a teoria em proveito da
O processo de ensino deve estimular o desejo e o gosto pelo prática, pois uma subsidia a outra. Como resultado dessa
estudo, mostrando assim a importância do conhecimento para separação a prática educativa tende a reduzir-se ao extremo
a vida e o trabalho, nesse processo o professor deve criar do praticismo. Nesse sentido a didática visa contribuir para a
situações que estimule o indivíduo a pensar, analisar e superação dessa dificuldade proporcionando ao profissional
relacionar os aspectos estudados com a realidade que vive. da educação embasamento teórico-prático.
Essa realização consciente das tarefas de ensino e Os profissionais da educação precisam ter um pleno
aprendizagem é uma fonte de convicções, princípios e ações “domínio das bases teóricas científicas e tecnológicas, e sua
que irão relacionar as práticas educativas dos alunos, articulação com as exigências concretas do ensino”, pois é
propondo situações reais que façam com que os indivíduos através desse domínio que ele poderá estar revendo,
reflitam e analisem de acordo com sua realidade. analisando e aprimorando sua prática educativa.
Entretanto, o caráter educativo está relacionado aos A prática educativa não pode ocorrer de maneira
objetivos do ensino crítico e é realizado dentro do processo de espontânea, sem planejamento, metas e instrumentos, ela
ensino. É através desse processo que acontece a formação da deve estabelecer objetivos, os quais devem ser atingidos
consciência crítica dos indivíduos, fazendo-os pensar utilizando-se da didática, que certamente facilitará o caminho
independentemente, por isso o ensino crítico, chamado assim a ser trilhado segundo meios viáveis e de acordo com cada
por implicar diretamente nos objetivos sócio-políticos e realidade educacional, em proveito da ideia de homem que se
pedagógicos, também os conteúdos, métodos escolhidos e deseja formar, de acordo com a sociedade em que este homem
organizados mediante determinada postura frente ao contexto está inserido, pois “a didática não se limita só ao fazer, só ação
das relações sociais vigentes da prática social. prática, mas também se vincula as demais instâncias e
É através desse ensino crítico que os processos mentais aspectos da educação formal”.
são desenvolvidos, formando assim uma atitude intelectual.
Nesse contexto os conteúdos deixam de serem apenas Dessa forma, o trabalho do professor é reflexo de uma
matérias, e passam então a ser transmitidos pelo professor aos AÇÃO x REFLEXÃO x AÇÃO, ou seja, é papel do professor
seus alunos formando assim um pensamento independente, planejar a aula (AÇÃO), criar condições favoráveis de estudo
para que esses indivíduos busquem resolver os problemas dentro da sala de aula, estimulando a curiosidade e a
postos pela sociedade de uma maneira criativa e reflexiva. criatividade dos alunos (REFLEXÃO), reelaborar as aulas após
observadas as necessidades dos educandos (NOVA AÇÃO).
As contribuições da Didática na formação do
profissional da Educação Entretanto é necessário que haja uma interação mútua
entre docentes e discentes, pois não há ensino se os alunos não
Como vimos anteriormente à didática estuda o processo de desenvolverem suas capacidades e habilidades mentais, ou
ensino no seu conjunto, no qual os objetivos, conteúdos fazem seja, o professor dirige as atividades de aprendizagem dos
parte, de modo a criar condições que garantam uma alunos a fim de que estes se tornem sujeitos ativos da própria
aprendizagem significativa dos alunos. Nessa perspectiva, a aprendizagem. Portanto, podemos dizer que o processo
didática torna-se o principal ramo de estudos da pedagogia, didático se baseia no conjunto de atividades do professor e dos
pois é necessário dominar bem todas as teorias para que haja alunos, sob a direção do professor, apenas como mediador,
uma boa prática educativa, assim o educador dispõe de para que haja uma assimilação ativa de conhecimentos e
recursos teóricos para organizar e articular o processo de desenvolvimento das habilidades dos alunos.
ensino e aprendizagem. Assim, é necessário para o planejamento de ensino que o
Segundo Libâneo92, o trabalho docente também chamado professor compreenda as relações entre educação escolar, os
de atividade pedagógica tem como objetivos primordiais: objetivos pedagógicos e tenha um domínio seguro dos
conteúdos ao qual ele leciona, sendo assim capaz de conhecer
A) Assegurar aos alunos o domínio mais seguro e os programas oficiais e adequá-los ás necessidades reais da
duradouro possível dos conhecimentos científicos; escola e de seus alunos.
B) Criar as condições e os meios para que os alunos Um professor que aspira ter uma boa didática necessita
desenvolvam capacidades e habilidades intelectuais de modo aprender a cada dia como lidar com a subjetividade do aluno,
que dominem métodos de estudo e de trabalho intelectual sua linguagem, suas percepções e sua prática de ensino. Sem
visando a sua autonomia no processo de aprendizagem e essas condições o professor será incapaz de elaborar
independência de pensamento; problemas, desafios, perguntas relacionadas com os
C) Orientar as tarefas de ensino para objetivo educativo de conteúdos, pois essas são as condições para que haja uma
formação da personalidade, isto é, ajudar os alunos a aprendizagem significativa. No entanto para que o professor
escolherem um caminho na vida, a terem atitudes e convicções atinja efetivamente seus objetivos, é preciso que ele saiba
que norteiem suas opções diante dos problemas e situações da realizar vários processos didáticos coordenados entre si, tais
vida real. como o planejamento, a direção do ensino da aprendizagem e
da avaliação.
Além dos objetivos da disciplina e dos conteúdos, é Portanto é a didática que fundamenta a ação docente, é
fundamental que o professor tenha clareza das finalidades que através da didática que a teoria e a prática se consolidam de
ele tem em mente, a atividade docente tem a ver diretamente forma viável e eficaz, pois ela se ocupa do processo de ensino

92 LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

Conhecimentos Específicos 229


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nas várias dimensões, não se restringindo apenas a educação já presente em 1939, outras distribuindo as disciplinas
escolar, mas investiga e orienta a formação do educador na sua pedagógicas ao longo do curso específico. Quanto ao local da
totalidade. formação pedagógica, em alguns lugares ela foi mantida nas
faculdades de educação, em outros, foi deslocada, total ou
Formação de profissionais da educação: visão crítica e parcialmente, aos institutos/departamentos/cursos.
perspectiva de mudança Atualmente, a atuação do Ministério da Educação e do CNE
na regulamentação da LDB no 9.394/96 tem provocado a
Há cerca de 20 anos, por iniciativa de movimentos de mobilização dos educadores de todos os níveis de ensino para
educadores e, em paralelo, no âmbito do Ministério da rediscutir a formação de profissionais da educação. A nosso
Educação, iniciava-se um debate nacional sobre a formação de ver, não bastam iniciativas de formulação de reformas
pedagogos e professores, com base na crítica da legislação curriculares, princípios norteadores de formação, novas
vigente e na realidade constatada nas instituições formadoras. competências profissionais, novos eixos curriculares, base
O marco histórico de detonação do movimento pela comum nacional etc. Faz-se necessária e urgente a definição
reformulação dos cursos de formação do educador foi a I explícita de uma estrutura organizacional para um sistema
Conferência Brasileira de Educação realizada em São Paulo em nacional de formação de profissionais da educação, incluindo
1980, abrindo-se o debate nacional sobre o curso de pedagogia a definição dos locais institucionais do processo formativo. Na
e os cursos de licenciatura. A trajetória desse movimento verdade, reivindicamos o ordenamento legal e funcional de
destaca-se pela densidade das discussões e pelo êxito na todo o conteúdo do Título VI da Lei de Diretrizes e Bases.
mobilização dos educadores, mas o resultado prático foi
modesto, não se tendo chegado até hoje a uma solução O disposto nos artigos 61 caput e incisos e, 62 caput, da
razoável para os problemas da formação dos educadores, nem LDB é o seguinte:
no âmbito oficial nem no âmbito das instituições
universitárias. Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar
A discussão sobre a identidade do curso de pedagogia, que básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido
remonta aos pareceres de Valnir Chagas93 na condição de formados em cursos reconhecidos, são:
membro do antigo Conselho Federal de Educação, é retomada I – professores habilitados em nível médio ou superior para
nos encontros do Comitê Nacional Pró-formação do Educador, a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e
mais tarde transformada em Associação Nacional pela médio;
Formação dos Profissionais da Educação, e é bastante II – trabalhadores em educação portadores de diploma de
recorrente para pesquisadores da área. Estes já apontavam, pedagogia, com habilitação em administração, planejamento,
em meados dos anos 80, a necessidade de se superar a supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com
fragmentação das habilitações no espaço escolar, propondo a títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas;
superação das habilitações e especializações pela valorização III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de
do pedagogo escolar: curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim.
IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos
(...) a posição que temos assumido é a de que a escola pública respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de
necessita de um profissional denominado pedagogo, pois áreas afins à sua formação ou experiência profissional,
entendemos que o fazer pedagógico, que ultrapassa a sala de atestados por titulação específica ou prática de ensino em
aula e a determina, configura-se como essencial na busca de unidades educacionais da rede pública ou privada ou das
novas formas de organizar a escola para que esta seja corporações privadas em que tenham atuado, exclusivamente
efetivamente democrática. A tentativa que temos feito é a de para atender ao inciso V do caput do art. 36; (Incluído pela lei
avançar da defesa corporativista dos especialistas para a nº 13.415, de 2017)
necessidade política do pedagogo, no processo de V - profissionais graduados que tenham feito
democratização da escolaridade. complementação pedagógica, conforme disposto pelo Conselho
Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
O curso de pedagogia – sem entrar agora no mérito de sua (...)
função, isto é, de formar professores ou especialistas ou ambos
– pouco se alterou em relação à Resolução no 252/69. Art. 62 A formação de docentes para atuar na educação
Experiências alternativas foram tentadas em algumas básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena,
instituições e o antigo CFE expediu alguns pareceres sobre admitida, como formação mínima para o exercício do
“currículos experimentais”, mas nenhum deles, a rigor, magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do
apresenta algo realmente inovador. Possíveis “novidades” no ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade
chamado “curso de pedagogia” seriam, por exemplo, a normal. (Redação dada pela lei nº 13.415, de 2017)
atribuição, ao lado de outras, da formação em nível superior de
professores para as séries iniciais do Ensino Fundamental, A proposta básica é a de que a formação dos profissionais
supressão das habilitações (administração escolar, orientação da educação para atuação na educação básica far-se-á,
educacional, supervisão escolar etc.) e alterações na predominantemente, nas atuais faculdades de educação, que
denominação de algumas disciplinas. Alterações geralmente oferecerão curso de pedagogia, cursos de formação de
inócuas, pois na maior parte dos casos foi mantida a prática da professores para toda a educação básica, programa especial de
grade curricular e os mesmos conteúdos das antigas formação pedagógica, programas de educação continuada e de
disciplinas, por exemplo, Organização do trabalho pedagógico pós-graduação. As faculdades de educação terão sob sua
manteve o conteúdo da anterior Administração escolar. responsabilidade a formulação e a coordenação de políticas e
Em relação aos cursos de licenciatura, também não houve planos de formação de professores, em articulação com as pró-
nenhuma mudança substantiva desde a Resolução no 292/62 reitorias ou vice-reitorias de graduação das universidades ou
do CFE, que dispunha sobre as matérias pedagógicas para a órgãos similares nas demais Instituições de Ensino Superior,
licenciatura. O que se tentou foram diferentes formas de com os institutos/faculdades/departamentos das áreas
organização do percurso da formação, umas mantendo o 3+1 específicas e com as redes pública e privada de ensino.

93 CHAGAS, Valnir. Formação do magistério: Novo sistema. São Paulo: Atlas,


1976.

Conhecimentos Específicos 230


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O curso de pedagogia destinar-se-á à formação de A favor de um curso específico de pedagogia


profissionais interessados em estudos do campo teórico-
investigativo da educação e no exercício técnico-profissional Conforme vimos considerando, as faculdades de educação
como pedagogos no sistema de ensino, nas escolas e em outras sediariam, de forma articulada, o curso de pedagogia e a
instituições educacionais, inclusive as não-escolares. formação inicial e continuada de professores. O que é esse
Os cursos de formação de professores e os programas curso de pedagogia? Trata-se de curso para a realização da
mencionados, abrangendo todos os níveis da educação básica, investigação em estudos pedagógicos, tomando a pedagogia
serão realizados num Centro de Formação, Pesquisa e como campo teórico e como campo de atuação profissional.
Desenvolvimento Profissional de Professores – CFPD, que Como campo teórico, destina-se à formação de profissionais
integrará a estrutura organizacional das faculdades de que desejem aprimorar a reflexão e a pesquisa sobre a
educação e destinar-se-á à formação de professores para a educação e o ensino da pedagogia, propriamente dita. Como
educação básica, da educação infantil ao Ensino Médio. campo de atuação profissional, destina-se à preparação de
Distinguindo o curso de pedagogia (stricto sensu) e o curso pesquisadores, planejadores, especialistas em avaliação,
de formação de professores para as séries iniciais do Ensino gestores do sistema e da escola, coordenadores pedagógicos
Fundamental. ou de ensino, comunicadores especializados para atividades
escolares e extraescolares, animadores culturais, de
Formação teórico-prática articulada na formação especialistas em educação a distância, de educadores de
inicial e contínua adultos no campo da formação continuada etc.
A ampliação do campo educacional e, por consequência, da
As investigações recentes sobre formação de professores atuação pedagógica é uma realidade constatada por muitos
apontam como questão essencial o fato de que os professores autores.
desempenham uma atividade teórico-prática. É difícil pensar O curso de pedagogia proposto tem correlatos em
na possibilidade de educar fora de uma situação concreta e de praticamente todos os países do mundo, embora em alguns
uma realidade definida. A profissão de professor precisa lugares, especialmente na Europa, receba a designação de
combinar sistematicamente elementos teóricos com situações “ciências da educação”. Poder-se-ia perguntar: por que não
práticas reais. Por essa razão, ao se pensar um currículo de chamar esse curso de ciências da educação e não de
formação, a ênfase na prática como atividade formadora pedagogia? Libâneo95 aponta, em publicação recente, quatro
aparece, à primeira vista, como exercício formativo para o posições a respeito desse assunto e sobre a denominação
futuro professor. Entretanto, em termos mais amplos, é um “ciências da educação” escreve:
dos aspectos centrais na formação do professor, em razão do
que traz consequências decisivas para a formação profissional. (..) tal denominação (...) é criticada por provocar dispersão
Atualmente, em boa parte dos cursos de licenciatura, a no estudo da problemática educativa, levando a uma postura
aproximação do futuro professor à realidade escolar acontece pluridisciplinar ao invés de interdisciplinar. Ou seja, a
após ele ter passado pela formação “teórica”, tanto na autonomia dada a cada uma das ciências da educação levaria a
disciplina especifica como nas disciplinas pedagógicas. O enfoques parciais da realidade educativa, comprometendo a
caminho deve ser outro. Desde o ingresso dos alunos no curso, unidade temática e abrindo espaço para os vários
é preciso integrar os conteúdos das disciplinas em situações reducionismos (sociológico, psicológico, econômico...), como
da prática que coloquem problemas aos futuros professores e aliás a experiência brasileira tem confirmado.
lhes possibilitem experimentar soluções. Isso significa ter a
prática, ao longo do curso, como referente direto para Assim, assume-se que a pedagogia se apoia nas ciências da
contrastar seus estudos e formar seus próprios conhecimentos educação, mas não perde com isso sua autonomia
e convicções a respeito. Ou seja, os alunos precisam conhecer epistemológica e não se reduz ao campo conceitual de uma ou
o mais cedo possível os sujeitos e as situações com que irão outra, nem ao conjunto dessas ciências.
trabalhar. Significa tomar a prática profissional como instância A pluridimensionalidade do fenômeno educativo não
permanente e sistemática na aprendizagem do futuro elimina sua unicidade, que permite “estabelecer um corpo
professor e como referência para a organização curricular. cientifico que tem o fenômeno educativo em seu conjunto
Significa, também, a articulação entre formação inicial e como objeto de estudo, com a finalidade expressa de dar
formação continuada. Por um lado, a formação inicial estaria coerência à multiplicidade de ações parcializadas”. Nessa
estreitamente vinculada aos contextos de trabalho, concepção, a pedagogia promove a síntese integradora dos
possibilitando pensar as disciplinas com base no que pede a diferentes processos analíticos que correspondem a cada uma
prática; cai por terra aquela ideia de que o estágio é aplicação das ciências da educação em seu objeto específico de estudo.
da teoria. Por outro, a formação continuada, a par de ser feita Também Pimenta96 discute detidamente a questão
na escola a partir dos saberes e experiências dos professores recorrendo a vários autores, argumentando pela necessidade
adquiridos na situação de trabalho, articula-se com a formação de a pedagogia postular sua especificidade epistemológica, de
inicial, indo os professores à universidade para uma reflexão modo a não se conformar com uma mera posição de campo
mais apurada sobre a prática. Em ambos os casos, estamos aplicado de outras ciências que também estudam a educação.
diante de modalidades de formação em que há interação entre Com base nisso, firma sua posição de que a pedagogia tem sua
as práticas formativas e os contextos de trabalho. Com isso, significação epistemológica assumindo-se como ciência da
institui-se uma concepção de formação centrada na ideia de prática social da educação.
escola como unidade básica da mudança educativa, em que as Diferentemente das demais ciências da educação, a
escolas são consideradas “espaços institucionais para a pedagogia é ciência da prática. Ela não se constrói como
inovação e a melhoria e, simultaneamente, como contextos discurso sobre a educação, mas a partir da prática dos
privilegiados para a formação contínua de professores” educadores tomada como referência para a construção de
(Escudero e Botia94). saberes, no confronto com os saberes teóricos. (...) O
objeto/problema da pedagogia é a educação enquanto prática
social. Daí seu caráter específico que a diferencia das demais

94 ESCUDERO, Juan M. e BOTIA, Bolívar. "Inovação e formação centrada na 95 LIBÂNEO, José C. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez,
escola. Uma perspectiva da realidade espanhola". In: AMIGUINHO, Abílio e 1998.
CANÁRIO, Rui (orgs.). Escolas e mudança: O papel dos Centros de Formação. 96 PIMENTA, Selma G. O pedagogo na escola pública. São Paulo: Loyola, 1988.
Lisboa: Educa, 1994.

Conhecimentos Específicos 231


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(ciências da educação), que é o de uma ciência prática – parte a formação pedagógica nos cursos de formação de professores,
da prática e a ela se dirige. A problemática educativa e sua da educação infantil ao Ensino Médio.
superação constituem o ponto central de referência para a
investigação. A defesa de um local institucional específico para
Defendemos, pois, a criação do curso de pedagogia, um formar professores
curso que oferece formação teórica, científica e técnica para
interessados no aprofundamento da teoria e da pesquisa A atividade docente vem se modificando em decorrência
pedagógica e no exercício de atividades pedagógicas de transformações nas concepções de escola e nas formas de
específicas (planejamento de políticas educacionais, gestão do construção do saber, resultando na necessidade de se repensar
sistema de ensino e das escolas, assistência pedagógico- a intervenção pedagógico-didática na prática escolar. Um dos
didática a professores e alunos, avaliação educacional, aspectos cruciais dessas transformações, os quais têm se
pedagogia empresarial, animação cultural, produção e evidenciado em avaliações educacionais como o Saresp, é o
comunicação nas mídias etc.). investimento na qualidade da formação dos docentes e no
aperfeiçoamento das condições de trabalho nas escolas, para
A existência desse curso tem como suporte algumas que estas favoreçam a construção coletiva de projetos
premissas: pedagógicos capazes de alterar os quadros de reprovação,
retenção e da qualidade social e humana dos resultados da
A) O fenômeno educativo sujeita-se à pluralidade de escolarização.
abordagens, à medida que a educação é objeto de várias Tem sido unânime a insatisfação de gestores,
ciências que o abordam de seu enfoque específico. O estudo da pesquisadores e professores com as formas convencionais de
educação tem um caráter de multirreferencialidade – abarca se formar professores em nosso país. Realizados em dois
tanto modalidades educativas escolares quanto níveis de ensino – Médio e Superior –, os atuais cursos não dão
extraescolares, como os movimentos sociais, a educação conta de preparar o professor com a qualidade que se exige
ambiental, educação comunitária, educação de grupos sociais hoje desse profissional. No nível médio, realiza-se a formação
marginalizados e de minorias sociais. Não é que se descarte o dos professores das quatro séries iniciais do Ensino
fato de que a educação escolar seja, ainda hoje, a forma Fundamental e, em alguns casos, a formação dos professores
histórica predominante de prática educativa. Mas, mesmo em para a educação infantil. Às vezes esses profissionais são
benefício de uma educação escolar mais aberta e mais formados no nível superior (nos atualmente chamados cursos
articulada com outras instâncias educativas fora de seu marco de pedagogia). Os professores para as séries seguintes do
próprio, a ideia é a de que o educativo não se restrinja ao Ensino Fundamental e para o Ensino Médio são formados no
escolar, uma vez que abrange as relações mais amplas entre o nível superior, recorrendo ao velho esquema dos cursos de
indivíduo e o meio humano, social, físico, ecológico, cultural, bacharelado e licenciatura. Conforme mencionamos
econômico. anteriormente, essas modalidades de formação já
demonstraram historicamente seu esgotamento (em nosso
B) Se, por um lado, a compreensão ampliada da educação país e em vários outros). Dentro desse quadro, o
fortalece as ciências da educação pelo fato de a pedagogia não aprimoramento do processo de formação de professores
ser a única área científica que tem a educação como objeto de requer muita ousadia e criatividade para que se construam
estudo, por outro, não descaracteriza a especificidade da novos e mais promissores modelos educacionais necessários à
pedagogia como uma das ciências da educação. Com efeito, urgente e fundamental tarefa de melhoria da qualidade do
cada uma das chamadas ciências da educação (sociologia da ensino no país.
educação, psicologia da educação, linguística aplicada à A LDB no 9.394/96, em seu art. 62, estabelece como regra
educação, economia da educação etc.) aborda o fenômeno que a formação dos docentes para a educação fundamental e
educativo da perspectiva de seus próprios conceitos e para a educação infantil far-se-á em nível superior. A elevação
métodos de investigação, ao passo que a pedagogia se da formação docente em nível superior, reivindicação antiga
distingue por estudar o fenômeno educativo em sua dos educadores em nosso país e já consolidada em grande
totalidade, inclusive para integrar os enfoques parciais parte dos países desenvolvidos, fica assim contemplada. No
daquelas ciências em função de uma aproximação global e mesmo art. 62, no entanto, admite-se como formação mínima
intencionalmente dirigida aos problemas educativos. para as séries iniciais e para a educação infantil, “a oferecida
em nível médio, na modalidade Normal”, Redação dada pela lei
C) Um currículo de pedagogia, além de contemplar como nº 13.415, de 2017.
objeto de investigação a pluralidade das práticas educativas,
concentra sua temática investigativa nos saberes pedagógicos, Que professor queremos formar?
com a contribuição das ciências da educação, na forma de
inter-relação entre os saberes científicos. Ou seja, assume-se o Na sociedade contemporânea, as rápidas transformações
entendimento de pedagogia como ciência da prática social da no mundo do trabalho, o avanço tecnológico configurando a
educação para daí se definirem saberes pedagógicos. A sociedade virtual e os meios de informação e comunicação
integração de conhecimentos pela inter-relação entre saberes incidem com bastante força na escola, aumentando os desafios
decorre não apenas da pluralidade que caracteriza o fenômeno para torná-la uma conquista democrática efetiva. Não é tarefa
educativo, mas também de uma tendência irrefreável das simples nem para poucos. Transformar as escolas em suas
ciências no mundo contemporâneo buscarem a integração práticas e culturas tradicionais e burocráticas – as quais, por
entre os saberes, sem perder de vista a especificidade meio da retenção e da evasão, acentuam a exclusão social – em
disciplinar. escolas que eduquem as crianças e os jovens, propiciando-lhes
um desenvolvimento cultural, científico e tecnológico que lhes
O currículo terá uma forte orientação para a pesquisa, seja assegure condições para fazerem frente às exigências do
como prática acadêmica, seja como atitude. Ressaltem-se, aí, mundo contemporâneo, exige esforço do coletivo da escola –
os vínculos entre o ensino e a pesquisa, a pesquisa como forma professores, funcionários, diretores e pais de alunos –, dos
básica de construção do saber, em confronto, em sindicatos, dos governantes e de outros grupos sociais
questionamento, com os saberes já estabelecidos e como organizados.
instrumento para desenvolvimento das competências do Não se ignora que esse desafio precisa ser
pensar. Tal concepção de pedagogia deveria transpassar toda prioritariamente enfrentado no campo das políticas públicas.

Conhecimentos Específicos 232


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Todavia, não é menos certo que os professores são currículos interdisciplinares, uma escola rica de material e de
profissionais essenciais na construção dessa nova escola. experiências, como espaço de formação contínua, e tantas
Entendendo que a democratização do ensino passa pela sua outras. Por sua vez, os professores contribuem com seus
formação, sua valorização profissional, suas condições de saberes específicos, seus valores, suas competências, nessa
trabalho, pesquisas e experiências inovadoras têm apontado complexa empreitada, para o que se requer condições salariais
para a importância do investimento no desenvolvimento e de trabalho, formação inicial de qualidade e espaços de
profissional dos professores. O desenvolvimento profissional formação contínua.
envolve formação inicial e contínua articuladas a um processo Dada a natureza do trabalho docente, que é ensinar como
de valorização identitária e profissional dos professores. contribuição ao processo de humanização dos alunos
Identidade que é epistemológica, ou seja, que reconhece a historicamente situados, espera-se dos processos de formação
docência como um campo de conhecimentos específicos que desenvolvam conhecimentos e habilidades, competências,
configurados em quatro grandes conjuntos, a saber: conteúdos atitudes e valores que possibilitem aos professores ir
das diversas áreas do saber e do ensino, ou seja, das ciências construindo seus saberes-fazeres docentes a partir das
humanas e naturais, da cultura e das artes; conteúdos didático- necessidades e desafios que o ensino como prática social lhes
pedagógicos (diretamente relacionados ao campo da prática coloca no cotidiano. Espera-se, pois, que mobilizem os
profissional); conteúdos relacionados a saberes pedagógicos conhecimentos da teoria da educação e do ensino, das áreas do
mais amplos (do campo teórico da prática educacional) e conhecimento necessárias à compreensão do ensino como
conteúdos ligados à explicitação do sentido da existência realidade social, e que desenvolvam neles a capacidade de
humana (individual, sensibilidade pessoal e social). E investigar a própria atividade (a experiência) para, a partir
identidade que é profissional. Ou seja, a docência constituiu dela, constituírem e transformarem os seus saberes-fazeres
um campo específico de intervenção profissional na prática docentes, num processo contínuo de construção de suas
social – não é qualquer um que pode ser professor. identidades como professores.
Uma visão progressista de desenvolvimento profissional Em síntese, dizemos que o professor é um profissional do
exclui uma concepção de formação baseada na racionalidade humano que: ajuda o desenvolvimento pessoal/intersubjetivo
técnica (em que os professores são considerados mero do aluno; um facilitador do acesso do aluno ao conhecimento
executores de decisões alheias) e assume a perspectiva de (informador informado); um ser de cultura que domina de
considerá-los em sua capacidade de decidir e de rever suas forma profunda sua área de especialidade (científica e
práticas e as teorias que as informam, pelo confronto de suas pedagógica/educacional) e seus aportes para compreender o
ações cotidianas com as produções teóricas, pela pesquisa da mundo; um analista crítico da sociedade, portanto, que nela
prática e a produção de novos conhecimentos para a teoria e a intervém com sua atividade profissional; um membro de uma
prática de ensinar. Considera, assim, que as transformações comunidade de profissionais, portanto, científica (que produz
das práticas docentes só se efetivam na medida em que o conhecimento sobre sua área) e social.
professor amplia sua consciência sobre a própria prática, a da Esse profissional deve ser formado nas universidades, que
sala de aula e a da escola como um todo, o que pressupõe é o lugar da produção social do conhecimento, da circulação da
conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade. produção cultural em diferentes áreas do saber e do
Dessa forma, os professores contribuem para a criação, o permanente exercício da crítica histórico-social.
desenvolvimento e a transformação nos processos de gestão,
nos currículos, na dinâmica organizacional, nos projetos A Organização da Aula e Seus Componentes Didáticos
educacionais e em outras formas de trabalho pedagógico. Por do Processo Educacional
esse raciocínio, reformas gestadas nas instituições, sem tomar
os professores como parceiros/autores, não transformam a A aula é a forma predominante pela qual é organizado o
escola na direção da qualidade social. Em consequência, processo de ensino e aprendizagem. É o meio pelo qual o
valorizar o trabalho docente significa dotar os professores de professor transmite aos seus alunos conhecimentos
perspectivas de análise que os ajudem a compreender os adquiridos no seu processo de formação, experiências de vida,
contextos históricos, sociais, culturais, organizacionais nos conteúdos específicos para a superação de dificuldades e
quais se dá sua atividade docente. meios para a construção de seu próprio conhecimento, nesse
Nas últimas décadas assistimos a uma ampliação das sentido sendo protagonista de sua formação humana e escolar.
oportunidades de acesso à escola, em que pesem as diferenças É ainda o espaço de interação entre o professor e o
entre as regiões. Poder-se-ia concluir que o país tem uma indivíduo em formação constituindo um espaço de troca
escola que realizou a inclusão social de todos? Não nos parece, mútua. A aula é o ambiente propício para se pensar, criar,
pois a essa ampliação quantitativa, em grande parte resultante desenvolver e aprimorar conhecimentos, habilidades, atitudes
da reivindicação dos educadores e da população, não e conceitos, é também onde surgem os questionamentos,
correspondeu a melhoria das condições de trabalho, de indagações e respostas, em uma busca ativa pelo
jornada, de organização e funcionamento, de formação e esclarecimento e entendimento acerca desses
valorização do professor, fatores essenciais para a qualidade questionamentos e investigações.
do ensino. Sem isso, a escola quantitativamente ampliada Por intermédio de um conjunto de métodos, o educador
permanece excludente. Ao desenvolver um ensino aligeirado, busca melhor transmitir os conteúdos, ensinamentos e
impossibilita a inserção social de crianças e jovens de classes conhecimentos de uma disciplina, utilizando-se dos recursos
sociais mais pobres em igualdade de condições com aqueles disponíveis e das habilidades que possui para infundir no
dos segmentos economicamente favorecidos, acentuando a aluno o desejo pelo saber.
exclusão social. Deve-se ainda compreender a aula como um conjunto de
Uma escola que inclua, ou seja, que eduque todas as meios e condições por meio das quais o professor orienta, guia
crianças e jovens, com qualidade, superando os efeitos e fornece estímulos ao processo de ensino em função da
perversos das retenções e evasões, propiciando-lhes um atividade própria dos alunos, ou seja, da assimilação e
desenvolvimento cultural que lhes assegure condições para desenvolvimento de habilidades naturais do aluno na
fazerem frente às exigências do mundo contemporâneo, aprendizagem educacional. Sendo a aula um lugar privilegiado
precisa de condições para que, com base na análise e na da vida pedagógica refere-se às dimensões do processo
valorização das práticas existentes que já apontam para didático preparado pelo professor e por seus alunos.
formas de inclusão, se criem novas práticas: de aula, de gestão, Aula é toda situação didática na qual se põem objetivos,
de trabalho dos professores e dos alunos, formas coletivas, conhecimentos, problemas, desafios com fins instrutivos e

Conhecimentos Específicos 233


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formativos, que incitam as crianças e jovens a aprender. Cada Objetivos Específicos: compreendem as intencionalidades
aula é única, pois ela possui seus próprios objetivos e métodos específicas para a disciplina, os caminhos traçados para que se
que devem ir de acordo com a necessidade observada no possa alcançar o maior entendimento, desenvolvimento de
educando. habilidades por parte dos alunos que só se concretizam no
A aula é norteada por uma série de componentes, que vão decorrer do processo de transmissão e assimilação dos
conduzir o processo didático facilitando tanto o estudos propostos pelas disciplinas de ensino e aprendizagem.
desenvolvimento das atividades educacionais pelo educador Expressam as expectativas do professor sobre o que deseja
como a compreensão e entendimento pelos indivíduos em obter dos alunos no decorrer do processo de ensino. Têm
formação; ela deve, pois, ter uma estruturação e organização, sempre um caráter pedagógico, porque explicitam a direção a
afim de que sejam alcançados os objetivos do ensino. ser estabelecida ao trabalho escolar, em torno de um programa
Ao preparar uma aula o professor deve estar atento às de formação.
quais interesses e necessidades almeja atender, o que
pretende com a aula, quais seus objetivos e o que é de caráter Conteúdos
urgente naquele momento. A organização e estruturação
didática da aula têm por finalidade proporcionar um trabalho Os conteúdos de ensino são constituídos por um conjunto
mais significativo e bem elaborado para a transmissão dos de conhecimentos. É a forma pela qual, o professor expõe os
conteúdos. O estabelecimento desses caminhos proporciona saberes de uma disciplina para ser trabalhado por ele e pelos
ao professor um maior controle do processo e aos alunos uma seus alunos. Esses saberes são advindos do conjunto social
orientação mais eficaz, que vá de acordo com previsto. formado pela cultura, a ciência, a técnica e a arte. Constituem
As indicações das etapas para o desenvolvimento da aula, ainda o elemento de mediação no processo de ensino, pois
não significa que todas elas devam seguir um cronograma permitem ao discente através da assimilação o conhecimento
rígido, pois isso depende dos objetivos, conteúdos da histórico, cientifico, cultural acerca do mundo e possibilitam
disciplina, recursos disponíveis e das características dos ainda a construção de convicções e conceitos.
alunos e de cada aluno e situações didáticas especificas. O professor, na sala de aula, utiliza-se dos conteúdos da
Dentro da organização da aula destacaremos agora seus matéria para ajudar os alunos a desenvolverem competências
Componentes Didáticos, que são também abordados em e habilidades de observar a realidade, perceber as
alguns trabalhos como elementos estruturantes do ensino propriedades e características do objeto de estudo,
didático. São eles: os objetivos (gerais e específicos), os estabelecer relações entre um conhecimento e outro, adquirir
conteúdos, os métodos, os meios e as avaliações. métodos de raciocínio, capacidade de pensar por si próprios,
fazer comparações entre fatos e acontecimentos, formar
Objetivos conceitos para lidar com eles no dia-a-dia de modo que sejam
instrumentos mentais para aplicá-los em situações da vida
São metas que se deseja alcançar, para isso usa-se de prática. Neste contexto pretende-se que os conteúdos
diversos meios para se chegar ao esperado. Os objetivos aplicados pelo professor tenham como fundamento não só a
educacionais expressam propósitos definidos, pois o professor transmissão das informações de uma disciplina, mas que esses
quando vai ministrar a aula já vai com os objetivos definidos. conteúdos apresentem relação com a realidade dos discentes
Eles têm por finalidade, preparar o docente para determinar o e que sirvam para que os mesmos possam enfrentar os
que se requer com o processo de ensino, isto é prepará-lo para desafios impostos pela vida cotidiana. Estes devem também
estabelecer quais as metas a serem alcançadas, eles proporcionar o desenvolvimento das capacidades intelectuais
constituem uma ação intencional e sistemática. e cognitivas do aluno, que o levem ao desenvolvimento crítico
Os objetivos são exigências que requerem do professor um e reflexivo acerca da sociedade que integram.
posicionamento reflexivo, que o leve a questionamentos sobre Os conteúdos de ensino devem ser vistos como uma
a sua própria prática, sobre os conteúdos os materiais e os relação entre os seus componentes, matéria, ensino e o
métodos pelos quais as práticas educativas se concretizam. Ao conhecimento que cada aluno já traz consigo. Pois não basta
elaborar um plano de aula, por exemplo, o professor deve levar apenas a seleção e organização lógica dos conteúdos para
em conta muitos questionamentos acerca dos objetivos que transmiti-los. Antes os conteúdos devem incluir elementos da
aspira, como O que? Para que? Como? E Para quem ensinar? É vivência prática dos alunos para torná-los mais significativos,
isso só irá melhorar didaticamente as suas ações no mais vivos, mais vitais, de modo que eles possam assimilá-los
planejamento da aula. de forma ativa e consciente. Ao proferir estas palavras, o autor
Não há prática educativa sem objetivos; uma vez que estes aponta para um elemento de fundamental importância na
integram o ponto de partida, as premissas gerais para o preparação da aula, a contextualização dos conteúdos.
processo pedagógico. Os objetivos são um guia para orientar a
prática educativa sem os quais não haveria uma lógica para A) Contextualização dos conteúdos
orientar o processo educativo. A contextualização consiste em trazer para dentro da sala
Para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de de aula questões presentes no dia a dia do aluno e que vão
modo mais organizado faz-se necessário, classificar os contribuir para melhorar o processo de ensino e
objetivos de acordo com os seus propósitos e abrangência, se aprendizagem do mesmo. Valorizando desta forma o contexto
são mais amplos, denominados objetivos gerais e se são social em que ele está inserido e proporcionando a reflexão
destinados a determinados fins com relação aos alunos, sobre o meio em que se encontra, levando-o a agir como
chamados de objetivos específicos. construtor e transformador deste. Então, pois, ao selecionar e
organizar os conteúdos de ensino de uma aula o professor
Objetivos Gerais: exprimem propósitos mais amplos deve levar em consideração a realidade vivenciada pelos
acerca do papel da escola e do ensino diante das exigências alunos.
postas pela realidade social e diante do desenvolvimento da
personalidade dos alunos. Por isso ele também afirma que os B) A relação professor-aluno no processo de ensino e
objetivos educacionais transcendem o espaço da sala de aula aprendizagem
atuando na capacitação do indivíduo para as lutas sociais de O professor no processo de ensino é o mediador entre o
transformação da sociedade, e isso fica claro, uma vez que os indivíduo em formação e os conhecimentos prévios de uma
objetivos têm por fim formar cidadãos que venham a atender matéria. Tem como função planejar, orientar a direção dos
os anseios da coletividade. conteúdos, visando à assimilação constante pelos alunos e o

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desenvolvimento de suas capacidades e habilidades. É uma A função pedagógico-didática refere-se ao papel da


ação conjunta em que o educador é o promotor, que faz avaliação no cumprimento dos objetivos gerais e específicos
questionamentos, propõem problemas, instiga, faz desafios da educação escolar. Ao comprovar os resultados do processo
nas atividades e o educando é o receptor ativo e atuante, que de ensino, evidencia ou não o atendimento das finalidades
através de suas ações responde ao proposto produzindo assim sociais do ensino, de preparação dos alunos para enfrentar as
conhecimentos. O papel do professor é levar o aluno a exigências da sociedade e inseri-los ao meio social. Ao mesmo
desenvolver sua autonomia de pensamento. tempo, favorece uma atitude mais responsável do aluno em
relação ao estudo, assumindo-o como um dever social. Já a
Métodos de Ensino função de diagnóstico permite identificar progressos e
dificuldades dos alunos e a atuação do professor que, por sua
Métodos de ensino são as formas que o professor organiza vez, determinam modificações do processo de ensino para
as suas atividades de ensino e de seus alunos com a finalidade melhor cumprir as exigências dos objetivos. A função do
de atingir objetivos do trabalho docente em relação aos controle se refere aos meios e a frequência das verificações e
conteúdos específicos que serão aplicados. Os métodos de de qualificação dos resultados escolares, possibilitando o
ensino regulam as formas de interação entre ensino e diagnóstico das situações didáticas.
aprendizagem, professor e os alunos, na qual os resultados No entanto, a avaliação durante a pratica escolar tem sido
obtidos é assimilação consciente de conhecimentos e bastante criticada sobre tudo por reduzir-se à sua função de
desenvolvimento das capacidades cognoscitivas e operativas controle, mediante a qual se faz uma classificação quantitativa
dos alunos. dos alunos relativa às notas que obtiveram nas provas. Os
Segundo Libâneo a escolha e organização os métodos de professores não têm conseguido usar os procedimentos de
ensino devem corresponder à necessária unidade objetivos- avaliação que sem dúvida, implicam o levantamento de dados
conteúdos-métodos e formas de organização do ensino e as por meio de testes, trabalhos escritos etc. Em relação aos
condições concretas das situações didáticas. Os métodos de objetivos, funções e papel da avaliação na melhoria das
ensino dependem das ações imediatas em sala de aula, dos atividades escolares e educativas, tem-se verificado na pratica
conteúdos específicos, de métodos peculiares de cada escolar alguns equívocos.
disciplina e assimilação, além disso, esses métodos implica o O mais comum é tomar a avaliação unicamente como o ato
conhecimento das características dos alunos quanto à de aplicar provas, atribuir notas e classificar os alunos. O
capacidade de assimilação de conteúdos conforme a idade e o professor reduz a avaliação à cobrança daquilo que o aluno
nível de desenvolvimento mental e físico e suas características memorizou e usa a nota somente como instrumento de
socioculturais e individuais. controle. Tal ideia é descabida, primeiro porque a atribuição
A relação objetivo-conteúdo-método procuram mostrar de notas visa apenas o controle formal, com objetivo
que essas unidades constituem a linhagem fundamental de classificatório e não educativo; segundo porque o que importa
compreensão do processo didático: os objetivos, explicitando é o veredito do professor sobre o grau de adequação e
os propósitos pedagógicos intencionais e planejados de conformidade do aluno ao conteúdo que transmite. Outro
instrução e educação dos alunos, para a participação na vida equívoco é utilizar a avaliação como recompensa aos bons
social; os conteúdos, constituindo a base informativa concreta alunos e punição para os desinteressados, além disso, os
para alcançar os objetivos e determinar os métodos; os professores confiam demais em seu olho clínico, dispensam
métodos, formando a totalidade dos passos, formas didáticas e verificações parciais no decorrer das aulas e aqueles que
meios organizativos do ensino que viabilizam a assimilação rejeitam as medidas quantitativas de aprendizagem em favor
dos conteúdos, e assim, o atingimento dos objetivos. de dados qualitativos.
No trabalho docente, os professores selecionam e O entendimento correto da avaliação consiste em
organizam seus métodos e procedimentos didáticos de acordo considerar a relação mútua entre os aspectos quantitativos e
com cada matéria. Dessa forma destacamos os principais qualitativos. A escola cumpre uma função determinada
métodos de ensino utilizado pelo professor em sala de aula: socialmente, a de introduzir as crianças, jovens e adultos no
método de exposição pelo professor, método de trabalho mundo da cultura e do trabalho, tal objetivo não surge
independente, método de elaboração conjunta, método de espontaneamente na experiência das crianças, jovens e
trabalho em grupo. Nestes métodos, os conhecimentos, adultos, mas supõe as perspectivas traçadas pela sociedade e
habilidades e tarefas são apresentados, explicadas e controle por parte do professor. Por outro lado, a relação
demonstradas pelo professor, além dos trabalhos planejados pedagógica requer a independência entre influências externas
individuais, a elaboração conjunta de atividades entre e condições internas do aluno, pois nesse contexto o professor
professores e alunos visando à obtenção de novos deve organizar o ensino objetivando o desenvolvimento
conhecimentos e os trabalhos em grupo. Dessa maneira autônomo e independente do aluno.
designamos todos os meios e recursos matérias utilizados pelo
professor e pelos alunos para organização e condução Centro de Formação, Pesquisa e Desenvolvimento
metódica do processo de ensino e aprendizagem. Profissional de Professores (CFPD): uma proposta

Avaliação Escolar Tendo argumentado sobre a especificidade da pedagogia e


da formação de pedagogos stricto sensu, não identificados com
A avaliação escolar é uma tarefa didática necessária para o professores, e explicitado a importância da formação destes,
trabalho docente, que deve ser acompanhado passo a passo no ampliada para o conceito de desenvolvimento profissional,
processo de ensino e aprendizagem. Através da mesma, os passamos a propor a nossa visão da formação de professores.
resultados vão sendo obtidos no decorrer do trabalho em Um ponto de vista radical sobre essa questão leva ao
conjunto entre professores e alunos, a fim de constatar enfrentamento do desafio da definição dos locais
progressos, dificuldades e orientá-los em seus trabalhos para institucionais para a formação desses profissionais e de
as correções necessárias. orientações explícitas sobre a organização curricular,
A avaliação escolar é uma tarefa complexa que não se assegurando um suporte legal de marcos institucionais e
resume à realização de provas e atribuição de notas, ela curriculares nacionais. Dessa forma, acreditamos que são
cumpre funções pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de necessárias decisões por parte das instâncias normativas do
controle em relação ao rendimento escolar. sistema educacional que considerem o tratamento global da
questão, revendo os locais institucionais de formação – de

Conhecimentos Específicos 235


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modo a superar os evidentes (e consensuais) problemas e os conteúdos específicos das áreas, ignorando a docência como
impasses que têm marcado a formação de professores tanto atividade profissional de seus egressos e, portanto, ignorando
nas faculdades de educação como nos institutos/ os conhecimentos pedagógicos/educacionais necessários à
departamentos/cursos das universidades – e estabelecendo mediação profissional dos especialistas em atividades de
orientações mais específicas para a organização curricular dos ensinar.
cursos, contemplando a formação pedagógica e a específica no Considerem-se, também, as enormes dificuldades que
âmbito dos saberes disciplinares. ambos, faculdades de educação e institutos, encontram para
Por isso, sugerimos que a Faculdade (Centro) de Educação valorizar e efetivar a pesquisa sobre ensino e docência nas
incorpore em sua estrutura, ao lado do curso de pedagogia, o respectivas instituições, por tratarem de área
Centro de Formação, Pesquisa e Desenvolvimento Profissional tradicionalmente menos prestigiada na comunidade científica
de Professores – CFPD – que terá quatro objetivos: nacional e internacional. Já há um consenso em algumas
universidades, faculdades de educação, institutos,
A) formação e preparação profissional de professores para comunidades científicas e nas áreas de ensino e entidades de
atuar na educação básica: educação infantil, Ensino educadores, de que a formação de professores precisa se
Fundamental e Ensino Médio; constituir em um projeto pedagógico próprio, articulado entre
B) desenvolver, em colaboração com outras instituições diferentes instâncias de formação de professor. O que
(Estado, sindicatos etc.), a formação contínua e o favoreceria, inclusive, a valorização dessa área na comunidade
desenvolvimento profissional dos professores; científica, em termos de verbas para projetos, pesquisas,
C) realizar pesquisas na área de formação e experiências inovadoras e até articulação entre as instâncias
desenvolvimento profissional de professores; de formação inicial e os locais sociais de exercício da profissão
D) preparação profissional de professores que atuam no docente.
Ensino Superior. Um centro específico de formação, pesquisa e
desenvolvimento profissional de professores possibilitaria a
Esses objetivos configuram um projeto pedagógico próprio superação da hoje dicotômica visão da docência. O exercício
para a formação e o desenvolvimento profissional de profissional em um dado nível do ensino configura uma
professores. dimensão de uma totalidade que é a docência. Em qualquer
nível (e local: escolar e não-escolar) em que ocorra, à docência
Por que em um centro específico e nas faculdades de configura uma visão de conjunto, de totalidade (à semelhança
educação? do médico que, em qualquer campo de ação que atue, é
médico!) e um processo contínuo. Os atuais cursos de
A inserção na estrutura das faculdades (centros) de formação não lidam com essa categoria. Os professores que
educação do CFPD pretende ser uma virada de rumo na atuam nas séries finais do Ensino Fundamental ignoram a
formação de professores. É preciso uma mudança radical nas problemática e as questões essenciais da docência nos demais
formas institucionais e curriculares de formação de segmentos, o que traz problemas insuperáveis nos resultados
professores, superando o atual esquema do bacharelado e da do ensino e do processo formativo, pois seus profissionais
licenciatura, que não responde mais às necessidades operam à docência como um conjunto de “gavetas
prementes de qualificação profissional para um tempo novo. fragmentadas e justapostas”, negando a característica de
Centrar a formação de professores numa instituição modelar complexidade do fenômeno ensino.
como têm sido as faculdades de educação e atribuir-lhe a
responsabilidade de concatenar, no âmbito das universidades, Em que o CFPD avança na discussão sobre a formação de
as políticas e planos de formação de professores, em estreita professores:
articulação com os institutos, faculdades ou departamentos
das áreas especificas, pode ser garantia não apenas de A institucionalização do CFPD possibilita a incorporação
melhoria da qualidade de formação, mas da profissionalidade dos princípios que os educadores construíram ao longo dos
do professorado, de modo que se configurem sua identidade e últimos anos (explicitados nas pesquisas, nas experiências, na
seu estatuto profissional. vivência profissional, nos movimentos de educadores pela
As faculdades de educação têm sido, ao longo destas formação profissional e em diversos fóruns de debates):
décadas, local da produção do conhecimento sobre educação e A) introduz o conceito de desenvolvimento profissional,
ensino que, na maioria das vezes, tem sido ignorado pelos superando uma visão dicotômica da formação inicial e da
institutos/departamentos/cursos específicos. No entanto, os formação contínua;
problemas encontrados nas atuais faculdades de educação e B) toma a pesquisa como componente essencial da/na
que exigem destas uma reformulação, referem-se, a nosso ver, formação. Incorpora as recentes contribuições da formação do
de um lado, à ambiguidade nelas presente quanto ao professor/pesquisador baseadas na epistemologia da prática,
tratamento das “ciências da educação” dissociadas das propondo percursos de formação teórico/práticos, nos quais a
questões referentes à profissionalidade docente e, de outro, à pesquisa é tanto formação do docente como este também se
ambiguidade dos cursos de pedagogia que, ao se restringirem forma como pesquisador;
à formação dos professores das séries iniciais do Ensino C) a formação é especialmente voltada para a
Fundamental ou à formação técnico-burocrática dos profissionalidade docente e para a construção da identidade
“especialistas”, conforme tratamos no item anterior, perderam do professor. Experiências bem-sucedidas (especialmente as
sua especificidade de produção do conhecimento na área realizadas em alguns cursos de pedagogia) mostram que os
educacional. cursos que se voltaram para tematizar a formação e o exercício
Há que se considerar, ainda, a desigualdade de importância da docência como objeto de formação e pesquisa podem se
entre os saberes constitutivos da docência na formação dos constituir em espaços mais férteis na produção de
professores, privilegiando aqueles relacionados às conhecimento e mais compromissados com a prática social da
competências didático-pedagógicas do ensino (metodologias e docência;
práticas de ensinar), considerados de modo fragmentado e D) investe em sólida formação teórica nos quatro campos
dissociados das áreas específicas e apenas disciplinares e os que constituem os saberes da docência;
relacionados aos saberes pedagógicos mais amplos. Estes, via E) considera a prática social concreta da educação como
de regra, desarticulados daqueles. Por sua vez, os objeto de reflexão/formação;
institutos/departamentos/cursos, via de regra, desenvolvem

Conhecimentos Específicos 236


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F) considera a visão de totalidade do processo (C) estuda a dinâmica das relações sociais e o processo do
escolar/educacional; desenvolvimento humano.
G) constitui um projeto pedagógico coletivo e (D) investiga os fundamentos, condições e modos de
interdisciplinar para a formação, desenvolvendo em igualdade realização da instrução e do ensino.
de importância os quatro campos dos saberes da docência (E) nenhuma alternativa está correta
(conteúdos formativos, conforme o Documento Norteador);
H) eleva a formação de todos os professores ao Ensino 02. (Prefeitura de Nova Friburgo/RJ– Professor-
Superior; EXATUS-PR/2015) Em relação à Didática, é incorreto afirmar
I) valoriza a atividade intelectual, crítica e reflexiva da que:
docência como elemento de melhoria da qualidade da (A) contribui para transformar a prática pedagógica da
formação profissional dos professores; escola, ao desenvolver a compreensão articulada entre os
J) apresenta currículo e percursos de formação abertos, conteúdos a serem ensinados e as práticas sociais.
permitindo um vai-e-vem entre as várias instituições da (B) não compete refletir acerca dos objetivos sócio-
universidade que desenvolvem conteúdos formativos para a políticos e pedagógicos, ao selecionar os conteúdos e métodos
docência. de ensino.
L) O CFPD assegurará ainda: (C) realiza-se por meio de ação consciente, intencional e
M) um sólido curso de graduação em que estará presente a planejada, no processo de formação humana, estabelecendo-
unidade ensino/pesquisa/extensão, elevando o estatuto da se objetivos e critérios socialmente determinados.
formação de professores e assegurando a valorização (D) sua finalidade é converter objetivos sócio-políticos e
profissional, situando todos os professores no mesmo nível de pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e
formação e salários; métodos em função desses objetivos.
N) a ampliação da responsabilidade das faculdades de
educação e o reconhecimento da importância do seu papel na 03. (UFPE - Pedagogo – COVEST-COPSET). Das
formação de professores, assim como a redefinição das alternativas abaixo, assinale a compatível com a didática.
responsabilidades dos institutos/faculdades/departamentos (A) Didática relaciona-se com o estudo dos elementos
das áreas do conhecimento, na formação dos professores substantivos ou nucleares do currículo.
dentro de um projeto mais explícito de formação profissional (B) Didática é reconhecida como um espaço próprio no
do professorado; domínio científico da educação.
O) a eleição da prática como elemento integrante de todo o (C) Didática é caracterizada como um todo, organizada em
percurso de formação, constituindo um princípio função de propósitos e de saberes educativos.
epistemológico da formação (e não um apêndice); (D) Didática é ligada ao estudo dos processos e práticas
P) a incorporação de contribuições de experiências bem- pedagógicas institucionalizadas.
sucedidas de formação em nosso país. (E) Didática está associada ao conteúdo, ao programa dos
processos de formação.
A formação de professores para qualquer um dos níveis de
ensino no CFPD estará assentada na compreensão de que a 04. (SEDUC/CE - Professor Pleno I – CESPE). Com
escolaridade constitui um processo contínuo e uma totalidade, relação às características e às propriedades relativas à didática
superando a atual fragmentação. Além disso, possibilitará que e à formação dos professores, assinale a opção correta.
os graduados complementem e ampliem sua formação para (A) A relação entre o professor, o aluno e o ensino de
atuar em diferentes níveis de ensino. conceitos científicos constitui uma tríade na qual convergem
Com base em diagnósticos de necessidades e demandas, o apenas estudos teóricos de diferentes domínios do
CFPD oferecerá programas para atendimento específico, por conhecimento.
exemplo, na formação inicial para professores leigos, para a (B) Didática é a articulação entre teoria e prática na
população indígena; desenvolvimento profissional de formação do professor.
professores que já atuam nos sistemas escolares e outros. Tais (C) A formação do professor de biologia é complexa e
programas poderão ser objeto de convênios com Secretarias envolve inúmeras disciplinas que, pela especificidade de cada
de Educação, sindicatos etc. Por seu potencial formativo, uma delas, não devem se complementar.
integrarão o projeto pedagógico de formação inicial do CFPD. (D) Um dos princípios gerais da didática é o foco em
conteúdos e atividades de ensino que tenham sentido
Referência: essencialmente pedagógicos.
(E) Uma formação global e integral de professores de
SANTOS, E. P. dos; BATISTA, I. C.; M. L. da S.; SILVA, M. de F. F. da. O processo biologia requer especialização do professor em determinada
didático educativo: Uma análise reflexiva sobre o processo de ensino e a
aprendizagem. Disponível em:
disciplina do curso.
http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/processo-didatico-
educativo-analise-reflexiva-sobre-processo-ensino-aprendizagem.htm Respostas
LIBANEO, José Carlos; PIMENTA, Selma Garrido. Formação de profissionais
da educação: visão crítica e perspectiva de mudança. Educ. Soc., Campinas, v. 01. Resposta: D
20, n. 68, p. 239-277, Dec. 1999. 02. Resposta: B
03. Resposta: A
Questões 04. Resposta: B

01. (Prefeitura de Alto Piquiri/ PR - Educador Infantil A identidade do profissional na educação infantil97
– KLC). A Didática é um ramo de estudo da Pedagogia que:
(A) investiga a natureza das finalidades da educação numa Historicamente a Educação Infantil teve seu início no
sociedade. cumprimento de um papel meramente assistencialista voltado
(B) busca em outras ciências os conhecimentos que às práticas do cuidado da criança, priorizando a necessidade
esclarecem o fenômeno educativo. daqueles pais trabalhadores que não tinham onde deixar seus

97 NAKANO, A. K. A identidade do profissional na educação infantil. Dourados,


2015.

Conhecimentos Específicos 237


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pequenos. Assim, o principal fator para a criação das creches são os saberes, as habilidades e as atitudes mobilizados na
não eram as crianças, senão a condição laboral por parte das ação pedagógica? O que deveria saber todo aquele que planeja
mães. De acordo com Kuhlmann "várias instituições exercer esse ofício?
encontraram na configuração das creches, escolas maternais, A falta do entendimento acerca da identidade pode dar
jardins de infância e orfanatos um modo de legitimarem-se por como resultado o não saber fazer pedagógico na Educação
meio do método assistencialista". Infantil, a exemplo dos embates das concepções entre o cuidar
A partir das mudanças, especialmente dos marcos legais e educar, tão bem expresso por Kuhlmann: "não é à toa que
como a constituição de 1988, as Diretrizes Curriculares ainda hoje se encontrem pedagogos que torçam o nariz com a
Nacionais e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nº 9394 de ideia de que trocar fraldas seja objeto de ocupação de sua
1996, a criança passou a ser vista como um indivíduo de ciência". O que dizer da falta da compreensão, por parte do
direito e em processo de desenvolvimento e o professor, educador, com relação à riqueza de oportunidades de
como o coadjuvante nessa jornada. Assim, a Educação aprendizagem que as brincadeiras propiciam?
Infantil começou a ser enxergada com outro olhar, como o de Para educar a criança na creche é necessário integrar a
Kishimoto: "sobre a importância da Educação Infantil como educação ao cuidado, mas também, a educação, o cuidado e a
base da educação e do desenvolvimento da criança e o brincadeira.
conhecimento da mesma através da observação e o registro de
suas atividades pelo educador". Nessa mesma linha de pensamento, destacamos outro
aspecto importante para a prática pedagógica - o lúdico:
Essa forma de enxergar o professor como sujeito ativo
representa um dos alicerces da sociedade moderna, pois [...] a utilização do lúdico como recurso pedagógico na sala
outorga, a ele, a importante função de ensinar. Na concepção de aula, pode aparecer como um caminho possível para ir ao
atual e na visão de Freire essa função não se limita à encontro da formação integral das crianças e suas
transferência de conhecimento; ele enxerga a possibilidade de necessidades. Assim, ao pensar atividades significativas que
outorgar ao outro as ferramentas necessárias para a própria respondam às necessidades das crianças de forma integrada,
construção e produção do saber. articula-se a realidade sociocultural do educando ao processo
de construção de conhecimento, valorizando o acesso aos
Amparados legalmente, os professores da educação conhecimentos do mundo social.
infantil reafirmam o seu papel como profissionais da educação, Entre os vários saberes que sustentam o fazer pedagógico
e rejeitam a figura de meros cuidadores de crianças, nas e reafirmam a identidade do professor da Educação Infantil,
creches e pré-escolas. Gauthieri ressalta, dentre todos, a importância da ação
Com a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação pedagógica a partir da compreensão do verdadeiro papel do
(LDB) Nº 9394, de 1996, passou a ser exigido nível superior professor, essa troca de experiências entre os profissionais da
para os professores da educação básica. Os artigos 62 e 63 educação é sumamente rica e esclarecedora no momento de
dispõem o seguinte: exercer a Pedagogia com as crianças.
Convém ressaltar que, no fazer diário do professor, a busca
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação e os achados cotidianos contribuem também na construção de
básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura sua identidade, tanto quanto os saberes teóricos, pois o
plena, admitida, como formação mínima para o exercício do discernimento da complexidade do conhecimento e a prática
magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do levam à autoconfirmação da profissão, que implicará na
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na concepção da identidade para o professor da Educação
modalidade normal. Infantil.

Art. 63 – Os Institutos Superiores de Educação manterão: Por que e para que uma política de formação do
I. cursos formadores de profissionais para a educação profissional de educação infantil?
básica, inclusive o curso normal superior, destinado à
formação de docentes para a educação infantil e para as 98Pretende-se, aqui, explicitar as razões que levaram o

primeiras séries do ensino fundamental; Departamento de Políticas Educacionais da Secretaria de


II. programas de formação pedagógica para portadores Educação Fundamental, através da Coordenação Geral de
de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à Educação Infantil, a promover o Encontro Técnico sobre a
educação básica; política de formação do profissional que trabalha com a
III. programas de educação continuada para os educação da criança de zero a cinco anos.
profissionais de educação dos diversos níveis. Para tanto, foram convidados especialistas de renome,
profissionais dos sistemas de ensino, de agências de formação
Desse modo, o professor da Educação Infantil se reafirma e de outras organizações que atuam na área e representantes
na sua profissão no âmbito político, porém, isso não acontece dos Conselhos de Educação de âmbito federal e estadual.
em sala de aula, pois a procura de uma verdadeira identidade A formação do professor é reconhecidamente um dos
que reafirme sua função e norteie seu fazer pedagógico fatores mais importantes para a promoção de padrões de
depende de vários fatores: qualidade adequados na educação, qualquer que seja o grau ou
modalidade. No caso da educação da criança menor, vários
De fato, as inúmeras pesquisas realizadas nos últimos estudos internacionais têm apontado que a capacitação
anos, com o objetivo de definir um repertório de específica do profissional é uma das variáveis que maior
conhecimentos para a prática pedagógica, podem ser impacto causam sobre a qualidade do atendimento, como
interpretadas como uma série de incentivos para que o mostrou uma recente revisão da literatura. No Brasil, a
docente se conheça enquanto docente, como uma série de relevância da questão tem levado vários estudiosos e
tentativas de identificar os constituintes da identidade profissionais que atuam na área a promover discussões e
profissional de definir os saberes, as habilidades e as atitudes elaborar propostas para a formação do profissional de
envolvidas no exercício do magistério. O que ensinar? Quais

98 BARRETO, Ângela. Introdução: por que e para que uma política de formação

do profissional de educação infantil? In: _________. Por uma política de formação do


profissional de educação infantil. Brasília: MEC, 1994.

Conhecimentos Específicos 238


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educação infantil, especialmente daqueles que trabalham em segundo grau e um percentual maior (17%) tem curso
creches. superior. Não há dados que permitam quantificar, com
A importância atribuída ao fator "recursos humanos", para confiabilidade, aqueles que possuem estudos adicionais à
o alcance da qualidade, é evidenciada pelo destaque dado à habilitação magistério ou licenciatura específica para atuar na
questão no documento da Política de Educação Infantil área da pré-escola. Sabe-se, entretanto, que a oferta de
proposta pelo MEC e apoiada por órgãos de governo e formação específica para a educação pré-escolar, tanto no
entidades da Sociedade Civil, em especial as que integram a nível de segundo grau quanto no superior, apresenta números
Comissão Nacional de Educação Infantil. irrisórios. Em 1990, conforme dados do SEEC/MEC,
As diretrizes para uma política de recursos humanos concluíram a habilitação de segundo grau para magistério de
explicitadas no referido documento fundamentam-se em pré-escolar 2.844 alunos, em todo o País; no ensino superior,
alguns pressupostos, entre os quais se destacam: a licenciatura para pré-primário apresentou, em 1990, 313
(1) a educação infantil é a primeira etapa da educação Concluintes e, em 1991, apenas 261 alunos foram diplomados
básica, destina-se às crianças de zero a cinco anos e é nessa habilitação.
oferecida em creches e pré-escolas, e,
(2) em razão das particularidades desta etapa de A qualidade da formação oferecida é outra questão que
desenvolvimento, a educação infantil deve cumprir duas merece análise. Estudos têm mostrado que a formação do
funções complementares e indissociáveis cuidar e educar, professor da educação básica, nela incluída a pré-escola, deixa
complementando os cuidados e a educação realizados na muito a desejar no Brasil. O círculo vicioso "baixa remuneração
família. Assim, o adulto que atua, seja na creche seja na - pouca qualificação" estabelecido na área requer, para que
pré-escola, deve ser reconhecido como profissional e a ele seja superado, o investimento nos dois lados da equação. No
devem ser garantidas condições de trabalho, plano de caso da educação infantil, que abrange o atendimento às
carreira, salário e formação continuada condizentes com crianças de zero a cinco anos em creches e pré-escolas,
o papel que exerce. exigindo que o profissional cumpra as funções de cuidar e
educar, o desafio da qualidade se apresenta com uma
No que se refere à formação, a Política explicita as dimensão maior, pois é sabido que os mecanismos atuais de
seguintes diretrizes: formação não contemplam esta dupla função. E preciso,
portanto, conforme explicitado na Política, que formas
- Formas regulares de formação e especialização, bem regulares de formação e especialização, bem como
como mecanismos de atualização dos profissionais de mecanismos de atualização dos profissionais sejam
Educação Infantil deverão ser assegurados. assegurados e que esta formação seja orientada pelos
- A formação inicial, em nível médio e superior, dos pressupostos e diretrizes expressos na Política de Educação
profissionais de Educação Infantil deverá contemplar em seu Infantil.
currículo conteúdos específicos relativos a esta etapa Dada à complexidade da questão e a necessidade de que
educacional. decisões sejam tomadas, e assumindo o papel articulador e
- A formação do profissional de Educação Infantil, bem coordenador da implementação das políticas educacionais, a
como a de seus formadores, deve ser orientada pelas diretrizes SEF. Com o apoio do Instituto de Recursos Humanos João
expressas neste documento. Pinheiro, tomou a iniciativa de promover a discussão do tema
- Condições deverão ser criadas para que os profissionais com os principais segmentos envolvidos: pesquisadores e
de Educação Infantil que não possuem a qualificação mínima, especialistas, profissionais de agencias formadoras, dos
de nível médio, obtenham na no prazo máximo de 8 (oito) sistemas de ensino e de organizações não governamentais que
anos. atuam na área, representantes do Conselho Federal e dos
Conselhos Estaduais de Educação, técnicos do MEC e membros
Em decorrência dessas diretrizes, uma das ações da Comissão Nacional de Educação Infantil.
prioritárias explicitadas na Política de Educação Infantil é a A organização dos temas do Encontro Técnico sobre
promoção da formação e valorização dos profissionais da área, Política de Formação do Profissional de Educação Infantil
o que exige acordos e compromissos entre as instâncias que visou possibilitar a análise da questão, partindo da discussão
prestam esse serviço, as agências formadoras e as sobre o currículo de Educação Infantil, o perfil e a carreira do
representações desses profissionais. Ao MEC cabe o papel de profissional da área e as alternativas para sua formação nos
articulação e coordenação, além do apoio técnico e financeiro cursos de segundo grau, supletivo e ensino superior e nos
a ações desenvolvidas nessa direção. programas de capacitação em serviço. Para tanto, além dos
Assim, a definição de uma Política de Formação do textos produzidos pelos palestrantes e publicados neste texto,
Profissional constitui uma das tarefas mais urgentes para a foram de fundamental importância os relatos de experiências
implementação da Política de Educação Infantil, e, como pode dos sistemas municipais de educação de Campinas, Curitiba,
ser verificado numa breve análise da situação atual, um Rio de Janeiro e Blumenau; de universidades, como as federais
importante desafio a ser enfrentado. de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul; da Secretaria
Embora não existam informações abrangentes sobre os Estadual de Educação da Bahia, da Secretaria do Bem-Estar
profissionais que atuam nas creches e pré-escolas do País. Social, do município de São Paulo; e de organizações como o
Especialmente nas primeiras, diagnósticos realizados por UNICEF e a AMEPPE (Associação Movimento de Educação
pesquisadores de instituições como a Fundação Carlos Chagas, Popular Integral Paulo Englert). O relato sobre o sistema
Instituto de Recursos Humanos João Pinheiro e universidades, francês de formação de professores também foi muito útil para
mostram que muitos desses profissionais não têm formação o debate.
adequada, percebem remuneração muito baixa e trabalham A participação de representantes do Conselho Federal de
sob condições bastante precárias Mesmo no segmento da pré- Educação e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais
escola, é grande o número de profissionais que não possuem possibilitou o envolvimento dessas importantes instâncias na
segundo grau completo e que podem ser considerados leigos, discussão de um tema que deverá ser objeto de
"lato sensu". O percentual de leigos atinge 18.9% dos recomendações e normas emanadas por aquelas instituições.
professores de pré-escola do País e em alguns estados supera O relatório-síntese do Encontro é fruto da contribuição de
um terço do corpo docente. todos os participantes e cumpre, assim, o objetivo de subsidiar
Os professores da educação pré-escolar são, em sua o Ministério da Educação e do Desporto, os sistemas de ensino
maioria (56,6%), formados na habilitação magistério de e as agências formadoras, na formulação de diretrizes e

Conhecimentos Específicos 239


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estratégias para a formação inicial e continuada do II - Aprendendo com os erros - ou a importância da


profissional de Educação Infantil. investigação e análise crítica sobre a formação.

Aspectos gerais da formação de professores para a Parece-nos oportuno trazermos à reflexão dos grupos que
educação infantil, nos programas de magistério ora iniciam um processo sistemático de formação do professor
para a educação infantil, alguns problemas que marcam a
I - Entendimentos básicos – Educação evolução da formação de professores no ensino médio. Assim,
num breve panorama, podemos fazer os seguintes registros:
A docência e a formação para ela é uma prática de
educação. Entendemos que a educação é um fenômeno 1 - Em finais dos anos 60 o Instituto Nacional de Estudos
humano. Fruto do trabalho do homem nas relações sociais, Pedagógicos (INEP) promoveu uma série de estudos e
constitutivas do existir humano e que tem por finalidade a diagnósticos sobre a realidade do ensino Normal,
produção do humano; a humanização do homem. evidenciando sua problemática.
Nesse sentido, a sociedade construída pelos homens tem Eny Caldeira, relatando resultados parciais de pesquisa
frente às crianças e jovens a dupla e indissociável tarefa de feita em alguns estados brasileiros, constata que os programas
tomá-los ao mesmo tempo usuários e beneficiários da riqueza desenvolvidos nos cursos não satisfaziam as necessidades de
civilizatória historicamente acumulada, bem como partícipes formação de professores capazes de fazerem frente aos
e construtores dessa mesma riqueza Ou seja, prepará-los para problemas reais encontrados no ensino primário.
se elevarem ao nível da civilização atual - suas riquezas e seus Lúcia Pinheiro constata, sobre a perda de especificidade do
problemas - para nela atuar com cidadãos ou, no dizer de Ensino Normal as Escolas Normais e com frequência os
SCHIMED - KOWAZIK para o incessante projeto de próprios Institutos de Educação, vêm funcionando como
humanidade dos homens. simples cursos a mais, sem maior significação, dentro de um
Nesse sentido a educação é uma prática de toda a conjunto de cursos médios. Sobre o distanciamento entre
sociedade. Especialmente, a educação escolar tem por cursos de formação e a realidade da escola primária também
finalidade possibilitar que nesse processo de humanização os foi diagnosticado: "(...) embora os alunos estudem Psicologia e
alunos trabalhem os conhecimentos das ciências e da Sociologia, não adquirem atitude psicológica e sociológica
tecnologia, das artes e da cultura, desenvolvendo as adequada para enfrentar, no futuro, problemas concretos,
habilidades para conhecê-los, revê-los, operá-los, transformá- individuais e coletivos, como relações ambiente-criança,
los e as atitudes necessárias para tornar os conhecimentos família-escola, aluno-professor, vida intelectual-vida afetiva,
cada vez mais direcionados na construção do humano, efeitos da personalidade do professor, para adotar os possíveis
superando, portanto, os determinantes da sub humanização. meios de ação que, em cada caso, impõem aos educadores. Ao
aluno não é dada oportunidade de refletir sobre problemas, os
Pressuposto na formação de professores mais imediatos, relacionados com a escola primária, e que
estão a exigir soluções.”
Tarefa complexa. Não para poucos. Dentre eles, os A análise crítica, rigorosa e lúcida produzida pelos
professores. Para os que necessitam ser preparados, intelectuais educadores no interior do próprio órgão
formados. Uma formação que coloque no início, responsável pela elaboração e/ou execução da política dos
antecipadamente, o resultado das ações que se propõe cursos de formação de professores, e aqui brevemente por nós
empreender. O que, em se tratando de formar professores, retomada, coloca em evidência os problemas no interior dos
implica num conhecimento (teórico-prático) da realidade próprios cursos, e nas suas determinações pelo sistema
existente. Este é, pois, o pressuposto básico na formação de escolar/político mais amplo.
professores: o conhecimento (teórico-prático) da realidade A deterioração aqui evidenciada no interior das escolas
(nesse caso, a educação infantil), antevendo as transformações normais é produto da deterioração e/ou precariedade do
necessárias e instrumentalizando-se para nela intervir. sistema de formação de professores como um todo,
Exemplificando: na formação de qualquer professor é especialmente os equívocos da própria institucionalização da
preciso tomar-se o campo de atuação como referência. Isto é. Universidade entre nos.
Tomá-lo como uma totalidade, em todas as suas A escola normal (oficial e privada) traduz no seu interior -
determinações, evidenciando as contradições nele presentes. na sua organização e funcionamento, no seu currículo e nos
O que implica ir para essa realidade municiado teoricamente programas, nos métodos de formação, nos seus professores
da realidade que se quer instaurar (que educação infantil é (no trabalho destes) - o não compromisso com a formação do
necessária e porquê, que escola e que professores são professor necessário à transformação quantitativa e
necessários e com quais conhecimentos e habilidades) que dê qualitativa do ensino primário, isto é, a escola normal não
suporte aos instrumentos de captação e análise do real estava sendo capaz de formar professores capazes de
existente, para conhecê-lo nas suas determinações e contribuírem com a educação das crianças na escola primária.
possibilidades para a instauração do novo (resultante do Contrariamente à tendência que vinha sendo amplamente
confronto entre o ideal – a realidade que se quer; e o real - o apontada, em finais dos anos 60, de ampliar e configurar a
existente). especificidade do ensino normal, a Lei 5692, em 1971, ao
modificar a estrutura do ensino primário, secundário e colegial
Historicamente a formação do professor para a educação para1º e 2º graus, transformou o ensino normal em uma das
infantil em nosso país foi institucionalizada na Escola Normal habilitações profissionais de 2° grau, agora obrigatoriamente
e Instituto de Educação até os anos 70 e, após, na Habilitação profissionalizante. Na verdade reduziu e resumiu o curso
Magistério. normal a um apêndice profissionalizante no 2° grau.
Ao ensejo das conquistas expressas na Constituição de 88 Com a edição da "Lei de Diretrizes e Bases para o Ensino
e que apontam para a necessária institucionalização da de1º grau e 2º graus" (Lei 5.692), em 1971, o curso de
educação infantil, faz-se oportuna a iniciativa do MEC em magistério transformou-se em Habilitação Específica para o
articular a Política Nacional, onde se inclui a formação de Magistério, em nível de 2º grau. Com esta mudança extinguiu-
professores. se, em primeiro lugar a formação de "professores regentes" e,
em segundo lugar, descaracterizou-se a estrutura anterior do
curso.

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Em outras palavras: a formação de professores para a b) apresenta-se esvaziada em conteúdo, pois não responde
docência nas quatro primeiras séries do ensino de primeiro nem a uma formação geral adequada, nem a uma formação
grau passou a ser realizada através de uma habilitação pedagógica consistente;
profissional, dentre as inúmeras outras que foram c) habilitação de "segunda categoria", para onde se dirigem
regulamentadas. Os antigos institutos de educação, pouco a os alunos com menos possibilidades de fazerem cursos com
pouco, deixaram de existir, e a formação de professores para mais status;
ministrar aulas na habilitação ficou restrita aos cursos d) a disciplina "Fundamentos da Educação", não
superiores de Pedagogia. fundamenta, apenas comprime os aspectos sociológicos,
históricos, filosóficos, psicológicos e biológicos da educação. O
Em coerência com os princípios estabelecidos pela lei, o que, na prática, se traduz em "ensinar-se" superficialmente
Parecer do Conselho Federal de Educação que versava sobre a tudo e/ou apenas aspecto;
Habilitação Específica para o Magistério (Parecer 3.491/72) e) o estágio geralmente se mantém definido como o do
estabelecia que "O currículo apresenta um Núcleo Comum, antigo curso normal: observação, participação e regência.
obrigatório em âmbito nacional, e uma parte de formação Dessa forma, surgem vários problemas: na maioria das vezes
especial, que apresenta o mínimo necessário à habilitação ele não é realizado; tem sido utilizado como desculpa para se
profissional". Este trecho demonstra a dicotomia entre dois fechar as habilitações do magistério noturnas, com o
elementos que deveriam ser indissociáveis. argumento de que o aluno desse turno não pode estagiar - o
Esta situação agravou-se pela indicação, no mesmo que configura um processo de elitização do curso; tem sido
Parecer, de que a educação geral "deverá, a partir do segundo interpretado como a "prática salvadora" onde tudo será
ano, oferecer os conteúdos dos quais ele (aluno) se utilizará aprendido.
diretamente na sua tarefa de educador". Deduz-se desta f) não há nenhuma articulação didática nem de conteúdo
orientação que o domínio dos conteúdos inerentes ao Núcleo entre as disciplinas do Núcleo Comum e da parte
Comum e destinados à formação geral do aluno ficou restrito profissionalizante, e nem entre estas;
ao 1º ano. Assim, reforçou-se a predominância do caráter g) não há nenhuma articulação entre a realidade do ensino
tecnicista na formação profissional que se observa na Lei de 1 ° grau e a formação - que profissional se faz necessário
5.692. para alterar a situação que está? - de 3º grau (Pedagogia) que
Outro aspecto relevante a assinalar decorre da forma os professores para a Habilitação Magistério.
possibilidade, aberta pela Lei 5.692/71, de lecionar até a 6ª h) a Habilitação Magistério, conforme definida naquela lei,
série do ensino de 1º grau, aos docentes que tenham sido não permite que se formem o professor e menos ainda o
habilitados pelo 2º, "se a sua habilitação houver sido obtida em especialista (4º ano). A formação é toda fragmentada;
quatro séries ou, quando em três mediante estudos adicionais i) os livros didáticos disponíveis frequentemente
correspondentes a um ano letivo que incluirão, quando for o transmitem um conhecimento não cientifico, dissociado da
caso, formação pedagógica" (parágrafo1º art. 30).Convém realidade sócio -cultural e política, bem como favorecem
ressaltar aqui que estamos realizando aqui um resgate procedimentos de ensino mecanizados e desfocados das
histórico e que a Lei 5.692/71 foi revogada pela Lei de condições reais dos alunos.
Diretrizes e Bases 9394/96.
Dessa forma, a Habilitação Específica para o magistério Os cursos superiores que formam os professores para
podia formar professores que ministrassem aulas desde as atuarem no 2º grau não têm conseguido prepará-los
classes de educação infantil – frequentadas por alunos de três suficientemente; os cursos de bacharelado e licenciatura não
anos em diante - até a 6ª série do1º grau. Essa amplitude de têm formado os professores para ensinarem solidamente as
possibilidades, combinada com aquele caráter tecnicista já disciplinas de formação geral que compõem o núcleo comum e
apontado, resultou em fragmentação ainda maior de um curso, nem para prepararem os futuros professores primários para
já por si especifico. ensinarem os conteúdos da Matemática, História, Geografia,
Da associação dessa subdivisão acentuada da Habilitação Ciências e Língua Portuguesa. Os cursos de Pedagogia, por sua
Especifica para o Magistério com a progressiva desvalorização vez, não têm preparado o aluno (futuro professor primário)
profissional que marcou o exercício da docência nas duas para alfabetizar, nem para ensinar os conteúdos das
últimas décadas, dentre outros fatores, resultou o disciplinas básicas, tampouco lhe tem possibilitado uma
agravamento da qualidade que se observa no sistema consciência aguda da realidade na qual vai atuar.
educacional brasileiro. Essa desarticulação configura as condições precárias de
A lei não expressou nenhuma preocupação no sentido de exercício do magistério, traduzidas, conforme recentes
que fossem modificados os conteúdos e nem mesmo a pesquisas, nos seguintes aspectos:
organização proposta, pautando-a nas reais necessidades que
a nova clientela do então primário apresentava, nem - os professores primários têm formação escolar deficiente
mecanismos para a articulação entre a Habilitação Magistério nas disciplinas do Núcleo Comum e nas disciplinas da
e as necessidades que estavam colocadas pelo ensino de1º Habilitação;
grau (seis séries iniciais) onde o formado exerceria o - os professores primários possuem graves deficiências no
magistério. seu processo de alfabetização, comprometendo, desde o início,
Se é incorreto imputar-se a então nova lei toda a a alfabetização de seus alunos;
deterioração da formação de professores, uma vez que - há excessiva influência de fatores extra educacionais,
qualquer lei se efetiva pela ação dos seres humanos, também como o clientelismo político na alocação dos professores;
será incorreto não apontar nela os pontos cruciais que - inexistência e/ou inadequação de livros, materiais
mobilizaram e/ou ajudaram a impulsionar a precariedade do didáticos, área física e serviços de supervisão e orientação
ensino. pedagógica aos professores em exercício.
Nessa perspectiva, após a Lei 5.692/71, é possível
identificar as seguintes características da Habilitação Se queremos reverter o quadro precário da educação
Magistério: escolar nas séries iniciais, é preciso investir fundo na
modificação dos cursos de forma a assegurar que esse
a) é uma habilitação a mais no 2º grau, sem identidade professor tenha.
própria;

Conhecimentos Específicos 241


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a) aguda consciência da realidade na qual irá atuar; dimensões históricas (institucionais e pessoais: a criança),
b) sólida fundamentação teórica, que lhe permita ver essa sociais, políticas, legais.
realidade e fundamentar os procedimentos técnicos; Nesse sentido, ser um curso que desenvolva no futuro
c) consistente instrumentalização que lhe permita intervir professor a habilidade de pesquisar o real.
e transformar a realidade - explicitar qual a direção de sentido da educação (infantil)
no processo de humanização.
2 - Apesar desse quadro de precariedade, propostas de - instrumentalizar teórica e praticamente o futuro
superação têm sido colocadas em prática. professor para ter condições de exercer a dupla e indissociável
Embasadas em estudos e pesquisas realizadas em tarefa de cuidar e promover a criança.
universidades e institutos apresentam alguns pontos de Estes quatro tópicos podem vir a ser problematizados nas
convergência a que poderíamos denominar de princípios várias disciplinas e atividades que compõem os cursos de
norteadores comuns: formação de professores no ensino médio.
- que o campo de atuação profissional seja tomado como
referência na formação, ou seja, embase os currículos, os Programa Pro-Infantil
conteúdos e as atividades do curso.
- portanto, a unidade teoria e prática esteja sempre O Pro-Infantil é um curso em nível médio, a distância, na
presente na formação. - os cursos precisam se constituir em modalidade Normal. Destina-se aos profissionais que atuam
projeto pedagógico articulado, traduzindo a proposta em sala de aula da educação infantil, nas creches e pré-escolas
educacional (da educação infantil, no caso), - na organização e das redes públicas – municipais e estaduais – e da rede
funcionamento das escolas se trabalhe a diversidade (local, privada, sem fins lucrativos – comunitárias, filantrópicas ou
regional, peculiaridades) na unidade (proposta educacional). confessionais – conveniadas ou não, sem a formação específica
Nas propostas de superação dos problemas da formação para o magistério.
de professores há o reconhecimento de que a formação do O curso, com duração de dois anos, tem o objetivo de
professor para a pré-escola deve ocorrer legalmente no ensino valorizar o magistério e oferecer condições de crescimento ao
médio. No entanto, não apresentam maiores detalhamentos profissional que atua na educação infantil
sobre essa especificidade. Talvez essa ausência se explique Com material pedagógico específico para a educação a
porque esses estudos privilegiaram a formação de professor distância, o curso tem a metodologia de apoio à aprendizagem
para as séries iniciais, uma vez reconhecida sua importância e em um sistema de comunicação que permite ao cursista obter
precariedade E também porque o avanço histórico e informações, socializar seus conhecimentos, compartilhar e
reconhecimento da instância ainda não estava bem esclarecer suas dúvidas, recebendo assim uma formação
configurado como hoje. consistente.
Entretanto, reconhecem que o desenvolvimento da criança Ao final do curso, o cursista será capaz de dominar os
é um "continuum". instrumentos necessários para o desempenho de suas funções
e desenvolver metodologias e estratégias de intervenção
3 - Quem atua como professor na educação infantil? Sem pedagógicas adequadas às crianças da educação infantil.
dados precisos mas procedendo a ligeiras observações, O Pro-Infantil é uma parceria do Ministério da Educação
percebe-se que os egressos da Habilitação Magistério acabam com os estados e os municípios interessados. As
por assumir essa função. Na realidade adversa, contraditória e responsabilidades são estabelecidas em um acordo de
desigual em que se realiza a educação em nosso país, o participação, assinado pelas três esferas administrativas.
professor egresso do ensino médio, não raro, se torna Para participar, o professor interessado deve procurar a
professor na pré-escola. secretaria de educação de seu município. Por sua vez, o
Nesse sentido, é legítimo que o curso inclua no seu projeto município interessado deve procurar a secretaria de educação
pedagógico (currículo, conteúdos, atividades) a problemática de seu estado.
da educação infantil. Não como especialização, uma vez que os
quatro anos são necessários para uma sólida formação do O currículo do Pro-Infantil está estruturado em seis áreas
professor para as séries iniciais. Uma vez também que a temáticas:
especialização requer essa base sólida. Portanto, parece-nos
que qualquer especialização deva ocorrer após a formação Base Nacional do Ensino Médio:
básica do professor. Também porque especializar significa - Linguagens e Códigos (Língua portuguesa);
aprofundar estudos, face a um campo de atuação complexa. - Identidade, Sociedade e Cultura (Sociologia, Filosofia,
Por isso, parece-me que incluir a problemática da Antropologia, História e Geografia);
educação infantil no curso de formação de professores no - Matemática e Lógica;
ensino médio é uma exigência historicamente necessária. - Vida e Natureza (Biologia, Física e Química).

III - Aspectos da Formação de Professores para a Formação Pedagógica:


Educação Infantil - Fundamentos da Educação (Fundamentos
Sociofilosóficos, Psicologia e História da Educação e da
Pelo exposto até o presente consideramos que: Educação Infantil);
- Organização do Trabalho Pedagógico (Sistema
A educação infantil requer professores especializados, Educacional Brasileiro, Bases Pedagógicas do Trabalho em
formados em cursos específicos, pautados nos mesmos Educação e Ação Docente na Educação Infantil).
princípios dos cursos de formação de professores para
qualquer nível do ensino. Quais sejam:
- tomar o campo de atuação (educação infantil) como
referência para a formação: o currículo, os conteúdos, as
atividades, a organização, os profissionais necessários. Nesse
sentido, ser um curso profissionalizante.
- possibilitar que o futuro professor conheça a
problemática e se instrumentalize para atuar na realidade
existente (da educação infantil). Realidade essa que tem

Conhecimentos Específicos 242


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O perfil dos profissionais de Educação Infantil atendimento, do aprendizado e do desenvolvimento das


crianças de zero a cinco anos.
99Ao conceber as instituições de Educação Infantil como De acordo com a Abordagem Histórico-Cultural, que
espaços onde ocorre o processo educativo, processo este pelo fundamenta esta proposta, o professor desempenha o papel de
qual os homens apropriam-se do desenvolvimento histórico- mediador entre o conhecimento científico e conhecimento
cultural da humanidade, através das relações que estabelecem trazido pelo educando, em todos os níveis e modalidades de
entre si, todos os profissionais que atuam nessas instituições ensino. Entretanto, os professores que atuam na Educação
desempenham a função EDUCATIVA. Infantil precisam dispor, em suas práticas pedagógicas, de
Aos diferentes profissionais (direção, coordenação algumas características e especificidades.
pedagógica, professores, atendentes e agentes operacionais) GARANHANI, fundamentada em CANÁRIO, explicita
que atuam no mesmo espaço e exercem diferentes funções, quatro dimensões essenciais para o professor da
cabe a importante tarefa de ampliar a experiência da criança, Educação Infantil.
oportunizando a esta o acesso e a apropriação de
conhecimentos que não são constituídos espontaneamente no São elas: professor “é um analista simbólico”, o
ser humano. professor “é um profissional da relação”, o professor “é um
Também cabe a eles, garantir à criança a expressão de suas artesão” e o professor “é um construtor de sentindo.”
ideias, sentimentos e respeitá-la, não a concebendo como ser O “professor analista simbólico”, além de conhecer as
incapaz, mas identificando as suas capacidades, a fim de características do aprendizado e desenvolvimento das
oferecer a possibilidades de que elas sejam ampliadas, crianças e dominar os conteúdos que precisam ser
sedimentadas, desenvolvidas na dimensão da individualidade sistematizados com estas, conhece e compreende a
e da participação cultural e social. prática social em que estas estão inseridas e, a partir
Também é importante salientar o pressuposto de que disso, seleciona e trabalha com conteúdos e metodologias
aqueles que atuam em instituições educativas desempenham adequadas a esta realidade.
as funções indissociáveis de educar – cuidar. O “professor profissional da relação” entende que toda
As pessoas, que têm a responsabilidade de cuidar/ criança tem uma história pessoal, que seu
educar crianças nesta faixa etária, desempenham um desenvolvimento ocorre numa dimensão cultural, na qual
papel fundamental no processo de desenvolvimento ele e a criança estão inseridos. Portanto, o professor deve
infantil, pois servem de intérpretes entre elas e o mundo estar atento e respeitar as individualidades e
que as cerca. Ao nomearem objetos, organizarem características de cada criança nas interações.
situações, expressarem sentimentos, os adultos estão O “professor artesão” é aquele que inventa e reinventa
cooperando para que as crianças compreendam o meio práticas que sistematizem os conhecimentos produzidos
em que vivem e as normas da cultura na qual estão e acumulados historicamente, adequadas às
inseridas. Portanto, os diferentes profissionais características dessa faixa etária.
envolvidos na Educação Infantil têm uma importante O “professor construtor de sentidos” organiza suas
tarefa a cumprir, na tentativa de contribuir para um práticas considerando o que a criança expressa, através
desenvolvimento agradável e sadio. São, portanto, de diferentes linguagens, a respeito das situações,
mediadores entre a criança e o meio. práticas e fatos que vivencia.

No que diz respeito especificamente aos profissionais que A especificidade da docência na Educação Infantil poderá
atuam nas salas de aula da Educação Infantil, pesquisas ocorrer pela integração das dimensões acima propostas em
comprovam que no Brasil a maioria não possui qualificação interação com as características elaboradas por
profissional, portanto, não é professor. Esta função é FORMOSINHO. Esta autora defende a ideia de que o professor
desempenhada por outros profissionais: babás, educadores, da Educação Infantil necessita compreender que a
recreacionistas, monitores, atendentes, técnico educacional, vulnerabilidade e dependência infantil, próprias desta fase de
estagiários, etc. desenvolvimento, exigem dele, dos demais profissionais e dos
Embora estes profissionais desempenhem a função de responsáveis pela criança, atitudes de cuidado no educar.
docência, devido à falta de formação específica, podem Segundo GARANHANI “Ser docente na Educação Infantil,
desqualificar o processo de ensino aprendizado ofertado pelas com base no perfil apresentado, é ter sempre uma atitude
instituições de Educação Infantil. investigativa da própria prática e, consequentemente, fazer a
De acordo com o Ministério da Educação, citado por sua elaboração por meio de um processo contínuo de
GARANHANI no Brasil, a formação dos profissionais que formação. É ter o compromisso com a profissão escolhida e
atuam em educação infantil, principalmente em creches, consciência de que suas intenções e ações contribuem na
praticamente inexiste como habilitação especifica. formação humana de nossas crianças ainda pequenas”.
Assinala-se que algumas pesquisas registram um Formação humana que se faz pelo acesso aos saberes,
expressivo número de profissionais que lidam diretamente conceitos e práticas de nossa sociedade e que se apresentam
com criança, cuja formação não atinge o ensino fundamental como ferramentas de trabalho, pelo respeito às condições de
completo. Outros concluíram o ensino médio, mas sem a aprendizagem que se faz pela oferta de possibilidades
habilitação de magistério e, mesmo quem a concluiu não está educacionais e, por fim, a clareza de que a professora da
adequadamente formado, pois esta habilitação não contempla pequena infância é uma das profissionais responsáveis por
as especificidades da educação infantil. proporcionar a conquista da autonomia e da construção de
Para efetivação dessa proposta curricular é fundamental identidades das crianças pequenas do nosso país.
que o trabalho em sala de aula seja realizado pelo PROFESSOR.
Para tanto, a formação inicial do professor deve ser Diante do exposto, conclui-se que são práticas que
complementada pela formação continuada em serviço, que fazem parte da função do professor da Educação Infantil:
atenda a real necessidade desses profissionais, possibilitando - promover e compreender a necessidade de um
que estes ampliem seus conhecimentos, reflitam sobre suas período de adaptação das crianças ao espaço e às pessoas;
ações e, consequentemente, redimensionem sua prática para - planejar e organizar os espaços da instituição;
que o trabalho se efetive, garantindo assim a qualidade do

99 http://www.piraquara.pr.gov.br

Conhecimentos Específicos 243


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- acolher às crianças e aos familiares, de maneira que Respostas


estes se sintam seguras;
- realizar e orientar as crianças nos momentos de 01. D/02. B
alimentação e higiene;
- acompanhar atentamente o momento do repouso –
sono e proporcionar atividades para as crianças que não Base Nacional Comum
dormem; Curricular
- garantir a segurança das crianças em todos os
momentos e espaços da instituição;
- promover a interação entre as crianças e os adultos BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)100
da instituição;
- elaborar e efetivar planos de trabalho docente, que APRESENTAÇÃO
privilegiem a brincadeira, as diferentes linguagens e as Ao homologar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
interações e, através da avaliação, retomá-los, quando para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, o Brasil
necessário, propondo novos encaminhamentos. inicia uma nova era na educação brasileira e se alinha aos
melhores e mais qualificados sistemas educacionais do
É importante ressaltar que essas práticas pedagógicas mundo.
devem ocorrer de modo a não fragmentar a criança nas suas Prevista na Constituição de 1988, na LDB de 1996 e no
possibilidades de viver experiências, na sua compreensão do Plano Nacional de Educação de 2014, a BNCC foi preparada por
mundo feita pela totalidade de seus sentidos, no conhecimento especialistas de cada área do conhecimento, com a valiosa
que constrói na relação intrínseca entre a razão e emoção, participação crítica e propositiva de profissionais de ensino e
expressão corporal e verbal, experimentação prática e da sociedade civil. Em abril de 2017, considerando as versões
elaboração conceitual. As práticas envolvidas nos atos de anteriores do documento, o Ministério da Educação (MEC)
alimentar-se, tomar banho, trocar fraldas e controlar os concluiu a sistematização e encaminhou a terceira e última
esfíncteres, na escolha do que vestir, na atenção aos riscos de versão ao Conselho Nacional de Educação (CNE). A BNCC pôde
adoecimento mais fácil nessa faixa etária, no âmbito da então receber novas sugestões para seu aprimoramento, por
Educação Infantil não são apenas práticas que respeitam o meio das audiências públicas realizadas nas cinco regiões do
direito da criança de ser bem atendida nesses aspectos, como País, com participação ampla da sociedade.
cumprimento do respeito a sua dignidade como pessoa É com muita satisfação que apresentamos o resultado
humana. Elas são também práticas que respeitam e atendem desse grande avanço para a educação brasileira. A BNCC é um
ao direito da criança de apropriar-se por meio de experiências documento plural, contemporâneo, e estabelece com clareza o
corporais, dos modos estabelecidos culturalmente de conjunto de aprendizagens essenciais e indispensáveis a que
alimentação e promoção de saúde, de relação com o próprio todos os estudantes, crianças, jovens e adultos, têm direito.
corpo e consigo mesma, mediada pelas professoras e Com ela, redes de ensino e instituições escolares públicas e
professores que intencionalmente planejam e cuidam da particulares passam a ter uma referência nacional obrigatória
organização dessas práticas”. Para que isso se efetive, além de para a elaboração ou adequação de seus currículos e propostas
empenho pessoal, é necessário a execução de políticas pedagógicas. Essa referência é o ponto ao qual se quer chegar
públicas que garantam condições adequadas de trabalho, em cada etapa da Educação Básica, enquanto os currículos
valorização salarial, ingresso por Concurso Público, formação traçam o caminho até lá.
inicial mínima em Ensino Médio (Magistério) e formação Trata-se, portanto, da implantação de uma política
continuada em serviço. educacional articulada e integrada. Para isso, o MEC será
parceiro permanente dos Estados, do Distrito Federal e dos
Questões municípios, trabalhando em conjunto para garantir que as
mudanças cheguem às salas de aula. As instituições escolares,
01. (Prefeitura de Santana do Jacaré- MG- Monitor de as redes de ensino e os professores serão os grandes
Creche- REIS & REIS) Sobre o perfil do professor na educação protagonistas dessa transformação.
infantil, assinale a alternativa correta: A BNCC expressa o compromisso do Estado Brasileiro com
(A) A implementação e/ou implantação de uma proposta a promoção de uma educação integral voltada ao acolhimento,
curricular de qualidade depende somente dos pais de alunos reconhecimento e desenvolvimento pleno de todos os
que estudam nas instituições; estudantes, com respeito às diferenças e enfrentamento à
(B) Todos os professores e educadores devem agir de discriminação e ao preconceito. Assim, para cada uma das
forma indiferente com os alunos, a fim de evitar transtornos; redes de ensino e das instituições escolares, este será um
(C) As alternativas “a”, “b” e “d” estão incorretas; documento valioso tanto para adequar ou construir seus
(D) O trabalho direto com crianças pequenas exige que o currículos como para reafirmar o compromisso de todos com
professor tenha uma competência polivalente. a redução das desigualdades educacionais no Brasil e a
promoção da equidade e da qualidade das aprendizagens dos
02. (Prefeitura de São Luís- MA- Conhecimentos estudantes brasileiros.
Básicos- CESPE/2017) O planejamento das atividades
didáticas é uma ação do professor que envolve a previsão das 1. INTRODUÇÃO
atividades a ser realizadas em sala de aula com os alunos. O Base Nacional Comum Curricular
ponto de partida na elaboração desse planejamento é a A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um
(A) definição dos objetivos que se pretende alcançar. documento de caráter normativo que define o conjunto
(B) identificação do perfil da turma. orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que
(C) seleção do conteúdo. todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e
(D) definição dos critérios de avaliação. modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham
(E) definição dos procedimentos e dos recursos a serem assegurados seus direitos de aprendizagem e
empregados. desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o
Plano Nacional de Educação (PNE). Este documento normativo

100http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_20dez_site.pdf

Conhecimentos Específicos 244


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aplica-se exclusivamente à educação escolar, tal como a define 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à
o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a
Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996)101, e está orientado pelos reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para
princípios éticos, políticos e estéticos que visam à formação investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e
humana integral e à construção de uma sociedade justa, resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas)
democrática e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN)102. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e
Referência nacional para a formulação dos currículos dos culturais, das locais às mundiais, e também participar de
sistemas e das redes escolares dos Estados, do Distrito Federal práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
e dos Municípios e das propostas pedagógicas das instituições 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-
escolares, a BNCC integra a política nacional da Educação motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e
Básica e vai contribuir para o alinhamento de outras políticas digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística,
e ações, em âmbito federal, estadual e municipal, referentes à matemática e científica, para se expressar e partilhar
formação de professores, à avaliação, à elaboração de informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes
conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento
infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da mútuo.
educação. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de
Nesse sentido, espera-se que a BNCC ajude a superar a informação e comunicação de forma crítica, significativa,
fragmentação das políticas educacionais, enseje o reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as
fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas escolares) para se comunicar, acessar e disseminar
de governo e seja balizadora da qualidade da educação. Assim, informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
para além da garantia de acesso e permanência na escola, é exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
necessário que sistemas, redes e escolas garantam um 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais
patamar comum de aprendizagens a todos os estudantes, e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe
tarefa para a qual a BNCC é instrumento fundamental. possibilitem entender as relações próprias do mundo do
Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essenciais trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e
definidas na BNCC devem concorrer para assegurar aos ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais, crítica e responsabilidade.
que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações
aprendizagem e desenvolvimento. confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos
Na BNCC, competência é definida como a mobilização de de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os
conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo
(práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores responsável em âmbito local, regional e global, com
para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos
exercício da cidadania e do mundo do trabalho. outros e do planeta.
Ao definir essas competências, a BNCC reconhece que a 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
“educação deve afirmar valores e estimular ações que emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a capacidade para lidar com elas.
preservação da natureza” (BRASIL, 2013)103, mostrando-se 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e
também alinhada à Agenda 2030 da Organização das Nações a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito
Unidas (ONU)104. ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e
É imprescindível destacar que as competências gerais da valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais,
BNCC, apresentadas a seguir, inter-relacionam-se e seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem
desdobram-se no tratamento didático proposto para as três preconceitos de qualquer natureza.
etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia,
Fundamental e Ensino Médio), articulando-se na construção responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
de conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na tomando decisões com base em princípios éticos,
formação de atitudes e valores, nos termos da LDB. democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BASE NACIONAL COMUM Os marcos legais que embasam a BNCC
CURRICULAR A Constituição Federal de 1988105, em seu Artigo 205,
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente reconhece a educação como direito fundamental
construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para compartilhado entre Estado, família e sociedade ao
entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e determinar que a educação, direito de todos e dever do Estado
colaborar para a construção de uma sociedade justa, e da família, será promovida e incentivada com a colaboração
democrática e inclusiva. da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,

101 BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as 103 BRASIL. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de Caderno de Educação em Direitos Humanos. Educação em Direitos Humanos:
dezembro de 1996. Disponível em: < Diretrizes Nacionais. Brasília: Coordenação Geral de Educação em SDH/PR,
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 23 mar. Direitos Humanos, Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos
2017. Humanos, 2013. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.
102 BRASIL. Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica; php?option=com_docman&view=download&alias=32131-educacao-dh-
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão; diretrizesnacionais- pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 23 mar. 2017.
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional de 104 ONU. Organização das Nações Unidas. Transformando Nosso Mundo: a

Educação; Câmara de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: <
Educação Básica. Brasília: MEC; SEB; DICEI, 2013. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/ agenda2030/>. Acesso em: 7 nov. 2017.
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alia 105 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988).

s=13448diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: Brasília, DF: Senado Federal, 1988 . Disponível em:
16 out. 2017. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.
htm>. Acesso em: 23 mar. 2017.

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seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação [União, Estados, Distrito Federal e Municípios], diretrizes
para o trabalho (BRASIL, 1988). pedagógicas para a educação básica e a base nacional comum
Para atender a tais finalidades no âmbito da educação dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e
escolar, a Carta Constitucional, no Artigo 210, já reconhece a desenvolvimento dos(as) alunos(as) para cada ano do Ensino
necessidade de que sejam “fixados conteúdos mínimos para o Fundamental e Médio, respeitadas as diversidades regional,
ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica estadual e local (BRASIL, 2014).
comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais Nesse sentido, consoante aos marcos legais anteriores, o
e regionais” (BRASIL, 1988). PNE afirma a importância de uma base nacional comum
Com base nesses marcos constitucionais, a LDB, no Inciso curricular para o Brasil, com o foco na aprendizagem como
IV de seu Artigo 9º, afirma que cabe à União estabelecer, em estratégia para fomentar a qualidade da Educação Básica em
colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os todas as etapas e modalidades (meta 7), referindo-se a direitos
Municípios, competências e diretrizes para a Educação e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento.
Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que Em 2017, com a alteração da LDB por força da Lei nº
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a 13.415/2017, a legislação brasileira passa a utilizar,
assegurar formação básica comum (BRASIL, 1996; ênfase concomitantemente, duas nomenclaturas para se referir às
adicionada). finalidades da educação:
Nesse artigo, a LDB deixa claros dois conceitos decisivos Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá
para todo o desenvolvimento da questão curricular no Brasil. direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio,
O primeiro, já antecipado pela Constituição, estabelece a conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas
relação entre o que é básico-comum e o que é diverso em seguintes áreas do conhecimento [...]
matéria curricular: as competências e diretrizes são Art. 36. § 1º A organização das áreas de que trata o caput e
comuns, os currículos são diversos. O segundo se refere ao das respectivas competências e habilidades será feita de
foco do currículo. Ao dizer que os conteúdos curriculares estão acordo com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino
a serviço do desenvolvimento de competências, a LDB orienta (BRASIL, 2017108; ênfases adicionadas).
a definição das aprendizagens essenciais, e não apenas dos Trata-se, portanto, de maneiras diferentes e
conteúdos mínimos a ser ensinados. Essas são duas noções intercambiáveis para designar algo comum, ou seja, aquilo que
fundantes da BNCC. os estudantes devem aprender na Educação Básica, o que
A relação entre o que é básico-comum e o que é diverso é inclui tanto os saberes quanto a capacidade de mobilizá-los e
retomada no Artigo 26 da LDB, que determina que os aplicá-los.
currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do
Ensino Médio devem ter base nacional comum, a ser Os fundamentos pedagógicos da BNCC
complementada, em cada sistema de ensino e em cada Foco no desenvolvimento de competências
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida O conceito de competência, adotado pela BNCC, marca a
pelas características regionais e locais da sociedade, da discussão pedagógica e social das últimas décadas e pode ser
cultura, da economia e dos educandos (BRASIL, 1996; ênfase inferido no texto da LDB, especialmente quando se
adicionada). estabelecem as finalidades gerais do Ensino Fundamental e do
Essa orientação induziu à concepção do conhecimento Ensino Médio (Artigos 32 e 35).
curricular contextualizado pela realidade local, social e Além disso, desde as décadas finais do século XX e ao longo
individual da escola e do seu alunado, que foi o norte das deste início do século XXI109, o foco no desenvolvimento de
diretrizes curriculares traçadas pelo Conselho Nacional de competências tem orientado a maioria dos Estados e
Educação (CNE) ao longo da década de 1990, bem como de sua Municípios brasileiros e diferentes países na construção de
revisão nos anos 2000. seus currículos110. É esse também o enfoque adotado nas
Em 2010, o CNE promulgou novas DCN, ampliando e avaliações internacionais da Organização para a Cooperação e
organizando o conceito de contextualização como “a inclusão, Desenvolvimento Econômico (OCDE), que coordena o
a valorização das diferenças e o atendimento à pluralidade e à Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla
diversidade cultural resgatando e respeitando as várias em inglês)111, e da Organização das Nações Unidas para a
manifestações de cada comunidade”, conforme destaca o Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês),
Parecer CNE/CEB nº 7/2010106. que instituiu o Laboratório Latino-americano de Avaliação da
Em 2014, a Lei nº 13.005/2014107 promulgou o Plano Qualidade da Educação para a América Latina (LLECE, na sigla
Nacional de Educação (PNE), que reitera a necessidade de em espanhol)112.
estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa

106 BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmera de Educação Básica. uma visão de ensino por competências, recorrendo aos termos “competência” e
Parecer nº 7, de 7 de abril de 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais “habilidade” (ou equivalentes, como “capacidade”, “expectativa de
para a Educação Básica. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de julho de 2010, aprendizagem” ou “o que os alunos devem aprender”). “O ensino por
Seção 1, p. 10. Disponível em: <http://pactoensinomedio. mec. competências aparece mais claramente derivado dos PCN” (p. 75). CENPEC –
gov.br/images/pdf/pceb007_10.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2017. Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária.
107 BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Currículos para os anos finais do Ensino Fundamental: concepções, modos de
Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, implantação e usos. São Paulo: Cenpec, 2015. Disponível em:
Brasília, 26 de junho de 2014. Disponível em: <http://www.cenpec.org.br/ wp-
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>. content/uploads/2015/09/Relatorio_Pesquisa_Curriculos_EF2_Final.pdf>. Acesso
Acesso em: 23 mar. 2017. em: 23 mar. 2017.
108 BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nº 110 Austrália, Portugal, França, Colúmbia Britânica, Polônia, Estados Unidos

9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da da América, Chile, Peru, entre outros.
educação nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de 111 OECD. Global Competency for an Inclusive World. Paris: OECD, 2016.

Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Disponível em:


Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada <http://www.oecd.org/pisa/aboutpisa/Global-competency-for-an-inclusive-
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei nº 236, de 28 de world.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2017.
fevereiro de 1967; revoga a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a 112 UNESCO. Oficina Regional de Educación de la Unesco para América

Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Latina y el Caribe. Laboratorio Latinoamericano de Evaluación de la Calidad
Integral. Diário Oficial da União, Brasília, 17 de fevereiro de 2017. Disponível em: de la Educación (LLECE). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2015-2018/2017/lei/L13415.htm>. <http://www.unesco.org/new/es/santiago/education/education-assessment-
Acesso em: 20 nov. 2017. llece>. Acesso em: 23 mar. 2017.
109 Segundo a pesquisa elaborada pelo Cenpec, das 16 Unidades da

Federação cujos documentos curriculares foram analisados, 10 delas explicitam

Conhecimentos Específicos 246


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Ao adotar esse enfoque, a BNCC indica que as decisões O pacto interfederativo e a implementação da BNCC
pedagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento Base Nacional Comum Curricular: igualdade,
de competências. Por meio da indicação clara do que os alunos diversidade e equidade
devem “saber” (considerando a constituição de No Brasil, um país caracterizado pela autonomia dos entes
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, federados, acentuada diversidade cultural e profundas
do que devem “saber fazer” (considerando a mobilização desigualdades sociais, os sistemas e redes de ensino devem
desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para construir currículos, e as escolas precisam elaborar propostas
resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno pedagógicas que considerem as necessidades, as
exercício da cidadania e do mundo do trabalho), a explicitação possibilidades e os interesses dos estudantes, assim como suas
das competências oferece referências para o fortalecimento de identidades linguísticas, étnicas e culturais.
ações que assegurem as aprendizagens essenciais definidas na Nesse processo, a BNCC desempenha papel fundamental,
BNCC. pois explicita as aprendizagens essenciais que todos os
estudantes devem desenvolver e expressa, portanto, a
O compromisso com a educação integral igualdade educacional sobre a qual as singularidades devem
A sociedade contemporânea impõe um olhar inovador e ser consideradas e atendidas. Essa igualdade deve valer
inclusivo a questões centrais do processo educativo: o que também para as oportunidades de ingresso e permanência em
aprender, para que aprender, como ensinar, como promover uma escola de Educação Básica, sem o que o direito de
redes de aprendizagem colaborativa e como avaliar o aprender não se concretiza.
aprendizado. O Brasil, ao longo de sua história, naturalizou
No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto desigualdades educacionais em relação ao acesso à escola, à
histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico- permanência dos estudantes e ao seu aprendizado. São
crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, amplamente conhecidas as enormes desigualdades entre os
produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo grupos de estudantes definidos por raça, sexo e condição
de informações. Requer o desenvolvimento de competências socioeconômica de suas famílias.
para aprender a aprender, saber lidar com a informação cada Diante desse quadro, as decisões curriculares e didático-
vez mais disponível, atuar com discernimento e pedagógicas das Secretarias de Educação, o planejamento do
responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar trabalho anual das instituições escolares e as rotinas e os
conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para eventos do cotidiano escolar devem levar em consideração a
tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma necessidade de superação dessas desigualdades. Para isso, os
situação e buscar soluções, conviver e aprender com as sistemas e redes de ensino e as instituições escolares devem se
diferenças e as diversidades. planejar com um claro foco na equidade, que pressupõe
Nesse contexto, a BNCC afirma, de maneira explícita, o seu reconhecer que as necessidades dos estudantes são diferentes.
compromisso com a educação integral113. Reconhece, De forma particular, um planejamento com foco na
assim, que a Educação Básica deve visar à formação e ao equidade também exige um claro compromisso de reverter a
desenvolvimento humano global, o que implica compreender situação de exclusão histórica que marginaliza grupos – como
a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, os povos indígenas originários e as populações das
rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a comunidades remanescentes de quilombos e demais
dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. afrodescendentes – e as pessoas que não puderam estudar ou
Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral completar sua escolaridade na idade própria. Igualmente,
da criança, do adolescente, do jovem e do adulto – requer o compromisso com os alunos com deficiência,
considerando-os como sujeitos de aprendizagem – e promover reconhecendo a necessidade de práticas pedagógicas
uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e inclusivas e de diferenciação curricular, conforme
desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e estabelecido na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
diversidades. Além disso, a escola, como espaço de Deficiência (Lei nº 13.146/2015)114.
aprendizagem e de democracia inclusiva, deve se fortalecer na
prática coercitiva de não discriminação, não preconceito e Base Nacional Comum Curricular e currículos
respeito às diferenças e diversidades. A BNCC e os currículos se identificam na comunhão de
Independentemente da duração da jornada escolar, o princípios e valores que, como já mencionado, orientam a LDB
conceito de educação integral com o qual a BNCC está e as DCN. Dessa maneira, reconhecem que a educação tem um
comprometida se refere à construção intencional de processos compromisso com a formação e o desenvolvimento humano
educativos que promovam aprendizagens sintonizadas com as global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social,
necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes ética, moral e simbólica.
e, também, com os desafios da sociedade contemporânea. Isso Além disso, BNCC e currículos têm papéis complementares
supõe considerar as diferentes infâncias e juventudes, as para assegurar as aprendizagens essenciais definidas para
diversas culturas juvenis e seu potencial de criar novas formas cada etapa da Educação Básica, uma vez que tais
de existir. aprendizagens só se materializam mediante o conjunto de
Assim, a BNCC propõe a superação da fragmentação decisões que caracterizam o currículo em ação. São essas
radicalmente disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua decisões que vão adequar as proposições da BNCC à realidade
aplicação na vida real, a importância do contexto para dar local, considerando a autonomia dos sistemas ou das redes de
sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em ensino e das instituições escolares, como também o contexto e
sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida. as características dos alunos. Essas decisões, que resultam de
um processo de envolvimento e participação das famílias e da
comunidade, referem-se, entre outras ações, a:
- contextualizar os conteúdos dos componentes
curriculares, identificando estratégias para apresentá-los,

113 Na história educacional brasileira, as primeiras referências à educação 114 BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de

integral remontam à década de 1930, incorporadas ao movimento dos Pioneiros Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário
da Educação Nova e em outras correntes políticas da época, nem sempre com o Oficial da União, Brasília, 7 de julho de 2015. Disponível em:
mesmo entendimento sobre o seu significado. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/ L13146.htm>.
Acesso em: 23 mar. 2017.

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representá-los, exemplificá-los, conectá-los e torná-los Por fim, cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como
significativos, com base na realidade do lugar e do tempo nos às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e
quais as aprendizagens estão situadas; competência, incorporar aos currículos e às propostas
- decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que
componentes curriculares e fortalecer a competência afetam a vida humana em escala local, regional e global,
pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias mais preferencialmente de forma transversal e integradora. Entre
dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do esses temas, destacam-se: direitos da criança e do adolescente
ensino e da aprendizagem; (Lei nº 8.069/199016), educação para o trânsito (Lei nº
- selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático- 9.503/199717), educação ambiental (Lei nº 9.795/1999,
pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados Parecer CNE/CP nº 14/2012 e Resolução CNE/CP nº
e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar 2/201218), educação alimentar e nutricional (Lei nº
com as necessidades de diferentes grupos de alunos, suas 11.947/200919), processo de envelhecimento, respeito e
famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos valorização do idoso (Lei nº 10.741/200320), educação em
de socialização etc.; direitos humanos (Decreto nº 7.037/2009, Parecer CNE/CP nº
- conceber e pôr em prática situações e procedimentos 8/2012 e Resolução CNE/CP nº 1/201221), educação das
para motivar e engajar os alunos nas aprendizagens; relações étnico-raciais e ensino de história e cultura afro-
- construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa brasileira, africana e indígena (Leis nº 10.639/2003 e
de processo ou de resultado que levem em conta os contextos 11.645/2008, Parecer CNE/CP nº 3/2004 e Resolução CNE/CP
e as condições de aprendizagem, tomando tais registros como nº 1/200422), bem como saúde, vida familiar e social,
referência para melhorar o desempenho da escola, dos educação para o consumo, educação financeira e fiscal,
professores e dos alunos; trabalho, ciência e tecnologia e diversidade cultural (Parecer
- selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos didáticos CNE/CEB nº 11/2010 e Resolução CNE/CEB nº 7/201023). Na
e tecnológicos para apoiar o processo de ensinar e aprender; BNCC, essas temáticas são contempladas em habilidades dos
- criar e disponibilizar materiais de orientação para os componentes curriculares, cabendo aos sistemas de ensino e
professores, bem como manter processos permanentes de escolas, de acordo com suas especificidades, tratá-las de forma
formação docente que possibilitem contínuo aperfeiçoamento contextualizada.
dos processos de ensino e aprendizagem;
- manter processos contínuos de aprendizagem sobre
gestão pedagógica e curricular para os demais educadores, no Base Nacional Comum Curricular e regime de
âmbito das escolas e sistemas de ensino. colaboração
Legitimada pelo pacto interfederativo, nos termos da Lei
Essas decisões precisam, igualmente, ser consideradas na nº 13.005/ 2014, que promulgou o PNE, a BNCC depende do
organização de currículos e propostas adequados às diferentes adequado funcionamento do regime de colaboração
modalidades de ensino (Educação Especial, Educação de para alcançar seus objetivos. Sua formulação, sob coordenação
Jovens e Adultos, Educação do Campo, Educação Escolar do MEC, contou com a participação dos Estados do Distrito
Indígena, Educação Escolar Quilombola, Educação a Federal e dos Municípios, depois de ampla consulta à
Distância), atendendo-se às orientações das Diretrizes comunidade educacional e à sociedade, conforme consta da
Curriculares Nacionais. No caso da Educação Escolar Indígena, apresentação do presente documento.
por exemplo, isso significa assegurar competências específicas Com a homologação da BNCC, as redes de ensino e escolas
com base nos princípios da coletividade, reciprocidade, particulares terão diante de si a tarefa de construir currículos,
integralidade, espiritualidade e alteridade indígena, a serem com base nas aprendizagens essenciais estabelecidas na BNCC,
desenvolvidas a partir de suas culturas tradicionais passando, assim, do plano normativo propositivo para o plano
reconhecidas nos currículos dos sistemas de ensino e da ação e da gestão curricular que envolve todo o conjunto de
propostas pedagógicas das instituições escolares. Significa decisões e ações definidoras do currículo e de sua dinâmica.
também, em uma perspectiva intercultural, considerar seus Embora a implementação seja prerrogativa dos sistemas e
projetos educativos, suas cosmologias, suas lógicas, seus das redes de ensino, a dimensão e a complexidade da tarefa
valores e princípios pedagógicos próprios (em consonância vão exigir que União, Estados, Distrito Federal e Municípios
com a Constituição Federal, com as Diretrizes Internacionais somem esforços. Nesse regime de colaboração, as
da OIT – Convenção 169 e com documentos da ONU e Unesco responsabilidades dos entes federados serão diferentes e
sobre os direitos indígenas) e suas referências específicas, tais complementares, e a União continuará a exercer seu papel de
como: construir currículos interculturais, diferenciados e coordenação do processo e de correção das desigualdades.
bilíngues, seus sistemas próprios de ensino e aprendizagem, A primeira tarefa de responsabilidade direta da União será
tanto dos conteúdos universais quanto dos conhecimentos a revisão da formação inicial e continuada dos professores
indígenas, bem como o ensino da língua indígena como para alinhá-las à BNCC. A ação nacional será crucial nessa
primeira língua15. iniciativa, já que se trata da esfera que responde pela regulação
É também da alçada dos entes federados responsáveis pela do ensino superior, nível no qual se prepara grande parte
implementação da BNCC o reconhecimento da experiência desses profissionais. Diante das evidências sobre a relevância
curricular existente em seu âmbito de atuação. Nas duas dos professores e demais membros da equipe escolar para o
últimas décadas, mais da metade dos Estados e muitos sucesso dos alunos, essa é uma ação fundamental para a
Municípios vêm elaborando currículos para seus respectivos implementação eficaz da BNCC.
sistemas de ensino, inclusive para atender às especificidades Compete ainda à União, como anteriormente anunciado,
das diferentes modalidades. Muitas escolas públicas e promover e coordenar ações e políticas em âmbito federal,
particulares também acumularam experiências de estadual e municipal, referentes à avaliação, à elaboração de
desenvolvimento curricular e de criação de materiais de apoio materiais pedagógicos e aos critérios para a oferta de
ao currículo, assim como instituições de ensino superior infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da
construíram experiências de consultoria e de apoio técnico ao educação.
desenvolvimento curricular. Inventariar e avaliar toda essa Por se constituir em uma política nacional, a
experiência pode contribuir para aprender com acertos e erros implementação da BNCC requer, ainda, o monitoramento pelo
e incorporar práticas que propiciaram bons resultados. MEC em colaboração com os organismos nacionais da área –
CNE, Consed e Undime.

Conhecimentos Específicos 248


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Em um país com a dimensão e a desigualdade do Brasil, a permanência e a sustentabilidade de um projeto como a BNCC dependem
da criação e do fortalecimento de instâncias técnico-pedagógicas nas redes de ensino, priorizando aqueles com menores recursos,
tanto técnicos quanto financeiros. Essa função deverá ser exercida pelo MEC, em parceria com o Consed e a Undime, respeitada a
autonomia dos entes federados.
A atuação do MEC, além do apoio técnico e financeiro, deve incluir também o fomento a inovações e a disseminação de casos de
sucesso; o apoio a experiências curriculares inovadoras; a criação de oportunidades de acesso a conhecimentos e experiências de
outros países; e, ainda, o fomento de estudos e pesquisas sobre currículos e temas afins.

2. ESTRUTURA DA BNCC
Em conformidade com os fundamentos pedagógicos apresentados na Introdução deste documento, a BNCC está estruturada de
modo a explicitar as competências que os alunos devem desenvolver ao longo de toda a Educação Básica e em cada etapa da
escolaridade, como expressão dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento de todos os estudantes.
Na próxima página, apresenta-se a estrutura geral da BNCC para as três etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio), já com o detalhamento referente às etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, cujos
documentos são ora apresentados. O detalhamento relativo ao Ensino Médio comporá essa estrutura posteriormente, quando da
aprovação do documento referente a essa etapa115.
Também se esclarece como as aprendizagens estão organizadas em cada uma dessas etapas e se explica a composição dos códigos
alfanuméricos criados para identificar tais aprendizagens.

115 Durante o processo de elaboração da versão da BNCC encaminhada para apreciação do CNE em 6 de abril de 2017, a estrutura do Ensino Médio foi significativamente

alterada por força da Medida Provisória nº 446, de 22 de setembro de 2016, posteriormente convertida na Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Em virtude da magnitude
dessa mudança, e tendo em vista não adiar a discussão e a aprovação da BNCC para a Educação Infantil e para o Ensino Fundamental, o Ministério da Educação decidiu
postergar a elaboração – e posterior envio ao CNE – do documento relativo ao Ensino Médio, que se assentará sobre os mesmos princípios legais e pedagógicos inscritos neste
documento, respeitando-se as especificidades dessa etapa e de seu alunado.

Conhecimentos Específicos 249


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EDUCAÇÃO BÁSICA
COMPETÊNCIAS GERAIS DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
Ao longo da Educação Básica – na Educação Infantil, no Ensino Fundamental e no Ensino Médio –, os alunos devem desenvolver
as dez competências gerais que pretendem assegurar, como resultado do seu processo de aprendizagem e desenvolvimento, uma
formação humana integral que visa à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

Na primeira etapa da Educação Básica, e de acordo com os eixos estruturantes da Educação Infantil interações e brincadeira),
devem ser assegurados seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento, para que as crianças tenham condições de aprender e
se desenvolver.
- Conviver
- Brincar
- Participar
- Explorar
- Expressar
Conhecer-se

Considerando os direitos de aprendizagem e desenvolvimento, a BNCC estabelece cinco campos de experiências, nos quais as
crianças podem aprender e se desenvolver.
• O eu, o outro e o nós
• Corpo, gestos e movimentos
• Traços, sons, cores e formas
• Escuta, fala, pensamento e imaginação
• Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações

Em cada campo de experiências, são definidos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento organizados em três grupos
por faixa etária.
- Bebês (0-1a6m)
- Crianças bem pequenas (1a7m - 3a11m)
- Crianças pequenas (4a-5a11m)

Portanto, na Educação Infantil, o quadro de cada campo de experiências se organiza em três colunas – relativas aos grupos por
faixa etária –, nas quais estão detalhados os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Em cada linha da coluna, os objetivos
definidos para os diferentes grupos referem-se a um mesmo aspecto do campo de experiências, conforme ilustrado a seguir.

CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS”

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11


Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)
3 anos e 11 meses) meses )

(EI03TS01)
(EI02TS01)
(EI01TS01) Utilizar sons produzidos por materiais,
Criar sons com materiais, objetos e
Explorar sons produzidos com o próprio objetos e instrumentos musicais durante
instrumentos musicais, para acompanhar
corpo e com objetos do ambiente. brincadeiras de faz de conta, encenações,
diversos ritmos de música.
criações musicais, festas.

Como é possível observar no exemplo apresentado, cada objetivo de aprendizagem e desenvolvimento é identificado por um
código alfanumérico cuja composição é explicada a seguir:

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Segundo esse critério, o código EI02TS01 refere-se ao


primeiro objetivo de aprendizagem e desenvolvimento
proposto no campo de experiências “Traços, sons, cores e
formas” para as crianças bem pequenas (de 1 ano e 7 meses a
3 anos e 11 meses).
Cumpre destacar que a numeração sequencial dos códigos
alfanuméricos não sugere ordem ou hierarquia entre os
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento.

Cada área de conhecimento estabelece competências


específicas de área, cujo desenvolvimento deve ser
promovido ao longo dos nove anos. Essas competências
explicitam como as dez competências gerais se expressam
nessas áreas.
Nas áreas que abrigam mais de um componente curricular
(Linguagens e Ciências Humanas), também são definidas
competências específicas do componente (Língua
Na BNCC, o Ensino Fundamental está organizado em cinco Portuguesa, Arte, Educação Física, Língua Inglesa, Geografia e
áreas do conhecimento. História) a ser desenvolvidas pelos alunos ao longo dessa
Essas áreas, como bem aponta o Parecer CNE/CEB nº etapa de escolarização.
11/201025,“favorecem a comunicação entre os As competências específicas possibilitam a articulação
conhecimentos e saberes dos diferentes componentes horizontal entre as áreas, perpassando todos os componentes
curriculares” (BRASIL, 2010). curriculares, e também a articulação vertical, ou seja, a
Elas se intersectam na formação dos alunos, embora se progressão entre o Ensino Fundamental – Anos Iniciais e o
preservem as especificidades e os saberes próprios Ensino Fundamental – Anos Finais e a continuidade das
construídos e sistematizados nos diversos componentes. experiências dos alunos, considerando suas especificidades.
Nos textos de apresentação, cada área de conhecimento Para garantir o desenvolvimento das competências
explicita seu papel na formação integral dos alunos do Ensino específicas, cada componente curricular apresenta um
Fundamental e destaca particularidades para o Ensino conjunto de habilidades. Essas habilidades estão
Fundamental – Anos Iniciais e o Ensino Fundamental – Anos relacionadas a diferentes objetos de conhecimento – aqui
Finais, considerando tanto as características do alunado entendidos como conteúdos, conceitos e processos –, que, por
quanto as especificidades e demandas pedagógicas dessas sua vez, são organizados em unidades temáticas.
fases da escolarização.

Conhecimentos Específicos 251


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Respeitando as muitas possibilidades de organização do conhecimento escolar, as unidades temáticas definem um arranjo dos
objetos de conhecimento ao longo do Ensino Fundamental adequado às especificidades dos diferentes componentes curriculares.
Cada unidade temática contempla uma gama maior ou menor de objetos de conhecimento, assim como cada objeto de conhecimento
se relaciona a um número variável de habilidades, conforme ilustrado a seguir.

CIÊNCIAS – 1º ANO

As habilidades expressam as aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares.
Para tanto, elas são descritas de acordo com uma determinada estrutura, conforme ilustrado no exemplo a seguir, de História
(EF06HI14).

Os modificadores devem ser entendidos como a explicitação da situação ou condição em que a habilidade deve ser desenvolvida,
considerando a faixa etária dos alunos. Ainda assim, as habilidades não descrevem ações ou condutas esperadas do professor,
nem induzem à opção por abordagens ou metodologias. Essas escolhas estão no âmbito dos currículos e dos projetos pedagógicos,
que, como já mencionado, devem ser adequados à realidade de cada sistema ou rede de ensino e a cada instituição escolar,
considerando o contexto e as características dos seus alunos.
Nos quadros que apresentam as unidades temáticas, os objetos de conhecimento e as habilidades definidas para cada ano (ou bloco
de anos), cada habilidade é identificada por um código alfanumérico cuja composição é a seguinte:

Conhecimentos Específicos 252


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Segundo esse critério, o código EF67EF01, por exemplo, Como primeira etapa da Educação Básica, a Educação
refere-se à primeira habilidade proposta em Educação Física Infantil é o início e o fundamento do processo educacional. A
no bloco relativo ao 6º e 7º anos, enquanto o código entrada na creche ou na pré-escola significa, na maioria das
EF04MA10 indica a décima habilidade do 4º ano de vezes, a primeira separação das crianças dos seus vínculos
Matemática. afetivos familiares para se incorporarem a uma situação de
Vale destacar que o uso de numeração sequencial para socialização estruturada.
identificar as habilidades de cada ano ou bloco de anos não Nas últimas décadas, vem se consolidando, na Educação
representa uma ordem ou hierarquia esperada das Infantil, a concepção que vincula educar e cuidar, entendendo
aprendizagens. A progressão das aprendizagens, que se o cuidado como algo indissociável do processo educativo.
explicita na comparação entre os quadros relativos a cada ano Nesse contexto, as creches e pré-escolas, ao acolher as
(ou bloco de anos), pode tanto estar relacionada aos vivências e os conhecimentos construídos pelas crianças no
processos cognitivos em jogo – sendo expressa por verbos ambiente da família e no contexto de sua comunidade, e
que indicam processos cada vez mais ativos ou exigentes – articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm o objetivo de
quanto aos objetos de conhecimento – que podem ampliar o universo de experiências, conhecimentos e
apresentar crescente sofisticação ou complexidade –, ou, habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando
ainda, aos modificadores – que, por exemplo, podem fazer novas aprendizagens, atuando de maneira complementar à
referência a contextos mais familiares aos alunos e, aos educação familiar – especialmente quando se trata da
poucos, expandir-se para contextos mais amplos. educação dos bebês e das crianças bem pequenas, que envolve
Também é preciso enfatizar que os critérios de aprendizagens muito próximas aos dois contextos (familiar e
organização das habilidades descritos na BNCC (com a escolar), como a socialização, a autonomia e a comunicação.
explicitação dos objetos de conhecimento aos quais se Nessa direção, e para potencializar as aprendizagens e o
relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades desenvolvimento das crianças, a prática do diálogo e o
temáticas) expressam um arranjo possível (dentre outros). compartilhamento de responsabilidades entre a instituição de
Portanto, os agrupamentos propostos não devem ser Educação Infantil e a família são essenciais. Além disso, a
tomados como modelo obrigatório para o desenho dos instituição precisa conhecer e trabalhar com as culturas
currículos. A forma de apresentação adotada na BNCC tem plurais, dialogando com a riqueza/diversidade cultural das
por objetivo assegurar a clareza, a precisão e a explicitação famílias e da comunidade.
do que se espera que todos os alunos aprendam na Educação As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil
Básica, fornecendo orientações para a elaboração de (DCNEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2009)117, em seu Artigo 4º,
currículos em todo o País, adequados aos diferentes contextos. definem a criança como “sujeito histórico e de direitos, que,
nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia,
3. A ETAPA DA EDUCAÇÃO INFANTIL constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina,
A Educação Infantil na Base Nacional Comum fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra,
Curricular questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade,
A expressão educação “pré-escolar”, utilizada no Brasil até produzindo cultura” (BRASIL, 2009).
a década de 1980, expressava o entendimento de que a Ainda de acordo com as DCNEI, em seu Artigo 9º, os eixos
Educação Infantil era uma etapa anterior, independente e estruturantes das práticas pedagógicas dessa
preparatória para a escolarização, que só teria seu começo no etapa da Educação Básica são as interações e a brincadeira,
Ensino Fundamental. Situava-se, portanto, fora da educação experiências nas quais as crianças podem construir e
formal. apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e
Com a Constituição Federal de 1988, o atendimento em interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita
creche e pré-escola às crianças de zero a 6 anos de idade torna- aprendizagens, desenvolvimento e socialização.
se dever do Estado. Posteriormente, com a promulgação da A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da
LDB, em 1996, a Educação Infantil passa a ser parte integrante infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais
da Educação Básica, situando-se no mesmo patamar que o para o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as
Ensino Fundamental e o Ensino Médio. E a partir da interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os
modificação introduzida na LDB em 2006, que antecipou o adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos
acesso ao Ensino Fundamental para os 6 anos de idade, a afetos, a mediação das frustrações, a resolução de conflitos e a
Educação Infantil passa a atender a faixa etária de zero a 5 regulação das emoções.
anos. Tendo em vista os eixos estruturantes das práticas
Entretanto, embora reconhecida como direito de todas as pedagógicas e as competências gerais da Educação Básica
crianças e dever do Estado, a Educação Infantil passa a ser propostas pela BNCC, seis direitos de aprendizagem e
obrigatória para as crianças de 4 e 5 anos apenas com a desenvolvimento asseguram, na Educação Infantil, as
Emenda Constitucional nº 59/2009116, que determina a condições para que as crianças aprendam em situações nas
obrigatoriedade da Educação Básica dos 4 aos 17 anos. Essa quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que
extensão da obrigatoriedade é incluída na LDB em 2013, as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a
consagrando plenamente a obrigatoriedade de matrícula de resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si,
todas as crianças de 4 e 5 anos em instituições de Educação os outros e o mundo social e natural.
Infantil.
Com a inclusão da Educação Infantil na BNCC, mais um DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NA
importante passo é dado nesse processo histórico de sua EDUCAÇÃO INFANTIL
integração ao conjunto da Educação Básica. - Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e
grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o
A Educação Infantil no contexto da Educação Básica

116 BRASIL. Emenda constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. Nacionais para a Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de
Diário Oficial da União, Brasília, 12 de novembro de 2009, Seção 1, p. 8. dezembro de 2009, Seção 1, p. 18. Disponível em: <http://
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=2298-
ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc59.htm>. Acesso em: 23 mar. 2017. rceb00509 &category_slug=dezembro-2009-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 23
117 BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. mar. 2017.
Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares

Conhecimentos Específicos 253


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conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura na BNCC está estruturada em cinco campos de experiências,
e às diferenças entre as pessoas. no âmbito dos quais são definidos os objetivos de
- Brincar cotidianamente de diversas formas, em aprendizagem e desenvolvimento. Os campos de experiências
diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as
(crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus
produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte
criatividade, suas experiências emocionais, corporais, do patrimônio cultural.
sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. A definição e a denominação dos campos de experiências
- Participar ativamente, com adultos e outras crianças, também se baseiam no que dispõem as DCNEI em relação aos
tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades saberes e conhecimentos fundamentais a ser propiciados às
propostas pelo educador quanto da realização das atividades crianças e associados às suas experiências. Considerando
da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos esses saberes e conhecimentos, os campos de experiências em
materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes que se organiza a BNCC são:
linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se
posicionando. O eu, o outro e o nós – É na interação com os pares e com
- Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de
cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros
histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista.
ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na
modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. família, na instituição escolar, na coletividade), constroem
- Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros,
suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, diferenciando-se e, simultaneamente, identificando-se como
descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que participam
diferentes linguagens. de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças
- Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de
cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus reciprocidade e de interdependência com o meio. Por sua vez,
grupos de pertencimento, nas diversas experiências de na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para que
cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na as crianças entrem em contato com outros grupos sociais e
instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário. culturais, outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e
Essa concepção de criança como ser que observa, rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações
questiona, levanta hipóteses, conclui, faz julgamentos e e narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo
assimila valores e que constrói conhecimentos e se apropria de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade,
do conhecimento sistematizado por meio da ação e nas respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos
interações com o mundo físico e social não deve resultar no constituem como seres humanos.
confinamento dessas aprendizagens a um processo de
desenvolvimento natural ou espontâneo. Ao contrário, impõe Corpo, gestos e movimentos – Com o corpo (por meio dos
a necessidade de imprimir intencionalidade educativa às sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais,
práticas pedagógicas na Educação Infantil, tanto na creche coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo,
quanto na pré-escola. exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno,
Essa intencionalidade consiste na organização e estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem
proposição, pelo educador, de experiências que permitam às conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social
crianças conhecer a si e ao outro e de conhecer e compreender e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa
as relações com a natureza, com a cultura e com a produção corporeidade. Por meio das diferentes linguagens, como a
científica, que se traduzem nas práticas de cuidados pessoais música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas
(alimentar-se, vestir-se, higienizar-se), nas brincadeiras, nas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo,
experimentações com materiais variados, na aproximação emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as
com a literatura e no encontro com as pessoas. sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e
Parte do trabalho do educador é refletir, selecionar, movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites,
organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é
práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na
que promovam o desenvolvimento pleno das crianças. Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade,
Ainda, é preciso acompanhar tanto essas práticas quanto pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de
as aprendizagens das crianças, realizando a observação da cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e
trajetória de cada criança e de todo o grupo – suas conquistas, não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa
avanços, possibilidades e aprendizagens. Por meio de diversos promover oportunidades ricas para que as crianças possam,
registros, feitos em diferentes momentos tanto pelos sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus
professores quanto pelas crianças (como relatórios, portfólios, pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de
fotografias, desenhos e textos), é possível evidenciar a movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para
progressão ocorrida durante o período observado, sem descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o
intenção de seleção, promoção ou classificação de crianças em corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar,
“aptas” e “não aptas”, “prontas” ou “não prontas”, “maduras” escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas,
ou “imaturas”. Trata-se de reunir elementos para reorganizar saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-
tempos, espaços e situações que garantam os direitos de se etc.).
aprendizagem de todas as crianças. Traços, sons, cores e formas – Conviver com diferentes
3.1. OS CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e
Considerando que, na Educação Infantil, as aprendizagens universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às
e o desenvolvimento das crianças têm como eixos crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar
estruturantes as interações e a brincadeira, assegurando-lhes diversas formas de expressão e linguagens, como as artes
os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar- visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a
se e conhecer-se, a organização curricular da Educação Infantil música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Com

Conhecimentos Específicos 254


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base nessas experiências, elas se expressam por várias pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade
linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas
culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com
sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, canções, conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações
desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos
de recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento
que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de
estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a
da realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover
promover a participação das crianças em tempos e espaços experiências nas quais as crianças possam fazer observações,
para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar
a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da hipóteses e consultar fontes de informação para buscar
criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a
que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura instituição escolar está criando oportunidades para que as
e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e
interpretar suas experiências e vivências artísticas. sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano.

Escuta, fala, pensamento e imaginação – Desde o 3.2. OS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E


nascimento, as crianças participam de situações DESENVOLVIMENTO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
comunicativas cotidianas com as pessoas com as quais Na Educação Infantil, as aprendizagens essenciais
interagem. As primeiras formas de interação do bebê são os compreendem tanto comportamentos, habilidades e
movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o conhecimentos quanto vivências que promovem
sorriso, o choro e outros recursos vocais, que ganham sentido aprendizagem e desenvolvimento nos diversos campos de
com a interpretação do outro. Progressivamente, as crianças experiências, sempre tomando as interações e a brincadeira
vão ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais como eixos estruturantes. Essas aprendizagens, portanto,
recursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da constituem-se como objetivos de aprendizagem e
língua materna – que se torna, pouco a pouco, seu veículo desenvolvimento.
privilegiado de interação. Na Educação Infantil, é importante Reconhecendo as especificidades dos diferentes grupos
promover experiências nas quais as crianças possam falar e etários que constituem a etapa da Educação Infantil, os
ouvir, potencializando sua participação na cultura oral, pois é objetivos de aprendizagem e desenvolvimento estão
na escuta de histórias, na participação em conversas, nas sequencialmente organizados em três grupos por faixa
descrições, nas narrativas elaboradas individualmente ou em etária, que correspondem, aproximadamente, às
grupo e nas implicações com as múltiplas linguagens que a possibilidades de aprendizagem e às características do
criança se constitui ativamente como sujeito singular e desenvolvimento das crianças, conforme indicado na figura a
pertencente a um grupo social. seguir. Todavia, esses grupos não podem ser considerados de
Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à forma rígida, já que há diferenças de ritmo na aprendizagem e
cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao no desenvolvimento das crianças que precisam ser
observar os muitos textos que circulam no contexto familiar, consideradas na prática pedagógica.
comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de
língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita,
dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil, a
imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças
conhecem e das curiosidades que deixam transparecer. As
experiências com a literatura infantil, propostas pelo
educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem
para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à
imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além
disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis
etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes
gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a
aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de
manipulação de livros. Nesse convívio com textos escritos, as
crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se
revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que
vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não
convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita
como sistema de representação da língua.

Espaços, tempos, quantidades, relações e


transformações – As crianças vivem inseridas em espaços e
tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de
fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas,
elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro,
cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.).
Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu
próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as
plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de
materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o
mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre
as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas

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CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “O EU, O OUTRO E O NÓS”

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CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS”

CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS”

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CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO”

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CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES”

3.3. A TRANSIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O ENSINO FUNDAMENTAL


A transição entre essas duas etapas da Educação Básica requer muita atenção, para que haja equilíbrio entre as mudanças
introduzidas, garantindo integração e continuidade dos processos de aprendizagens das crianças, respeitando suas
singularidades e as diferentes relações que elas estabelecem com os conhecimentos, assim como a natureza das mediações de cada
etapa. Torna-se necessário estabelecer estratégias de acolhimento e adaptação tanto para as crianças quanto para os docentes, de
modo que a nova etapa se construa com base no que a criança sabe e é capaz de fazer, em uma perspectiva de continuidade de seu
percurso educativo.
Para isso, as informações contidas em relatórios, portfólios ou outros registros que evidenciem os processos vivenciados pelas
crianças ao longo de sua trajetória na Educação Infantil podem contribuir para a compreensão da história de vida escolar de cada aluno
do Ensino Fundamental.
Conversas ou visitas e troca de materiais entre os professores das escolas de Educação Infantil e de Ensino Fundamental – Anos
Iniciais também são importantes para facilitar a inserção das crianças nessa nova etapa da vida escolar.
Além disso, para que as crianças superem com sucesso os desafios da transição, é indispensável um equilíbrio entre as mudanças
introduzidas, a continuidade das aprendizagens e o acolhimento afetivo, de modo que a nova etapa se construa com base no que os
educandos sabem e são capazes de fazer, evitando a fragmentação e a descontinuidade do trabalho pedagógico. Nessa direção,

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considerando os direitos e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, apresenta-se a síntese das aprendizagens


esperadas em cada campo de experiências. Essa síntese deve ser compreendida como elemento balizador e indicativo de objetivos
a ser explorados em todo o segmento da Educação Infantil, e que serão ampliados e aprofundados no Ensino Fundamental, e não como
condição ou pré-requisito para o acesso ao Ensino Fundamental.

4. A ETAPA DO ENSINO FUNDAMENTAL


O Ensino Fundamental no contexto da Educação Básica
O Ensino Fundamental, com nove anos de duração, é a etapa mais longa da Educação Básica, atendendo estudantes entre 6 e 14
anos. Há, portanto, crianças e adolescentes que, ao longo desse período, passam por uma série de mudanças relacionadas a aspectos
físicos, cognitivos, afetivos, sociais, emocionais, entre outros.

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Como já indicado nas Diretrizes Curriculares Nacionais Nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação
para o Ensino Fundamental de Nove Anos (Resolução pedagógica deve ter como foco a alfabetização, a fim de
CNE/CEB nº 7/2010)118, essas mudanças impõem desafios à garantir amplas oportunidades para que os alunos se
elaboração de currículos para essa etapa de escolarização, de apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado
modo a superar as rupturas que ocorrem na passagem não ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de
somente entre as etapas da Educação Básica, mas também escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de
entre as duas fases do Ensino Fundamental: Anos Iniciais e letramentos. Como aponta o Parecer CNE/CEB nº 11/2010119,
Anos Finais. “os conteúdos dos diversos componentes curriculares [...], ao
A BNCC do Ensino Fundamental Anos Iniciais, ao descortinarem às crianças o conhecimento do mundo por meio
valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a de novos olhares, lhes oferecem oportunidades de exercitar a
necessária articulação com as experiências vivenciadas na leitura e a escrita de um modo mais significativo” (BRASIL,
Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a 2010).
progressiva sistematização dessas experiências quanto o Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, a
desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação progressão do conhecimento ocorre pela consolidação das
com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses aprendizagens anteriores e pela ampliação das práticas de
sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar linguagem e da experiência estética e intercultural das
conclusões, em uma atitude ativa na construção de crianças, considerando tanto seus interesses e suas
conhecimentos. expectativas quanto o que ainda precisam aprender. Ampliam-
Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças se a autonomia intelectual, a compreensão de normas e os
importantes em seu processo de desenvolvimento que interesses pela vida social, o que lhes possibilita lidar com
repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros sistemas mais amplos, que dizem respeito às relações dos
e com o mundo. Como destacam as DCN, a maior desenvoltura sujeitos entre si, com a natureza, com a história, com a cultura,
e a maior autonomia nos movimentos e deslocamentos com as tecnologias e com o ambiente.
ampliam suas interações com o espaço; a relação com Além desses aspectos relativos à aprendizagem e ao
múltiplas linguagens, incluindo os usos sociais da escrita e da desenvolvimento, na elaboração dos currículos e das
matemática, permite a participação no mundo letrado e a propostas pedagógicas devem ainda ser consideradas medidas
construção de novas aprendizagens, na escola e para além para assegurar aos alunos um percurso contínuo de
dela; a afirmação de sua identidade em relação ao coletivo no aprendizagens entre as duas fases do Ensino
qual se inserem resulta em formas mais ativas de se Fundamental, de modo a promover uma maior integração
relacionarem com esse coletivo e com as normas que regem as entre elas. Afinal, essa transição se caracteriza por mudanças
relações entre as pessoas dentro e fora da escola, pelo pedagógicas na estrutura educacional, decorrentes
reconhecimento de suas potencialidades e pelo acolhimento e principalmente da diferenciação dos componentes
pela valorização das diferenças. curriculares. Como bem destaca o Parecer CNE/CEB nº
Ampliam-se também as experiências para o 11/2010, “os alunos, ao mudarem do professor generalista dos
desenvolvimento da oralidade e dos processos de percepção, anos iniciais para os professores especialistas dos diferentes
compreensão e representação, elementos importantes para a componentes curriculares, costumam se ressentir diante das
apropriação do sistema de escrita alfabética e de outros muitas exigências que têm de atender, feitas pelo grande
sistemas de representação, como os signos matemáticos, os número de docentes dos anos finais” (BRASIL, 2010). Realizar
registros artísticos, midiáticos e científicos e as formas de as necessárias adaptações e articulações, tanto no 5º quanto
representação do tempo e do espaço. Os alunos se deparam no 6º ano, para apoiar os alunos nesse processo de transição,
com uma variedade de situações que envolvem conceitos e pode evitar ruptura no processo de aprendizagem,
fazeres científicos, desenvolvendo observações, análises, garantindo-lhes maiores condições de sucesso.
argumentações e potencializando descobertas. Ao longo do Ensino Fundamental Ano Finais, os
As experiências das crianças em seu contexto familiar, estudantes se deparam com desafios de maior
social e cultural, suas memórias, seu pertencimento a um complexidade, sobretudo devido à necessidade de se
grupo e sua interação com as mais diversas tecnologias de apropriarem das diferentes lógicas de organização dos
informação e comunicação são fontes que estimulam sua conhecimentos relacionados às áreas. Tendo em vista essa
curiosidade e a formulação de perguntas. O estímulo ao maior especialização, é importante, nos vários componentes
pensamento criativo, lógico e crítico, por meio da construção e curriculares, retomar e ressignificar as aprendizagens do
do fortalecimento da capacidade de fazer perguntas e de Ensino Fundamental – Anos Iniciais no contexto das
avaliar respostas, de argumentar, de interagir com diversas diferentes áreas, visando ao aprofundamento e à ampliação
produções culturais, de fazer uso de tecnologias de informação de repertórios dos estudantes.
e comunicação, possibilita aos alunos ampliar sua Nesse sentido, também é importante fortalecer a
compreensão de si mesmos, do mundo natural e social, das autonomia desses adolescentes, oferecendo-lhes condições e
relações dos seres humanos entre si e com a natureza. ferramentas para acessar e interagir criticamente com
As características dessa faixa etária demandam um diferentes conhecimentos e fontes de informação.
trabalho no ambiente escolar que se organize em torno dos Os estudantes dessa fase inserem-se em uma faixa etária
interesses manifestos pelas crianças, de suas vivências mais que corresponde à transição entre infância e adolescência,
imediatas para que, com base nessas vivências, elas possam, marcada por intensas mudanças decorrentes de
progressivamente, ampliar essa compreensão, o que se dá pela transformações biológicas, psicológicas, sociais e emocionais.
mobilização de operações cognitivas cada vez mais complexas Nesse período de vida, como bem aponta o Parecer CNE/CEB
e pela sensibilidade para apreender o mundo, expressar-se nº 11/2010, ampliam-se os vínculos sociais e os laços afetivos,
sobre ele e nele atuar. as possibilidades intelectuais e a capacidade de raciocínios

118 BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. 119 BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica.

Resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares Parecer nº 11, de 7 de julho de 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Diário Oficial da União, Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de
Brasília, 15 de dezembro de 2010, Seção 1, p. 34. Disponível em: dezembro de 2010, Seção 1, p. 28. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb007_10.pdf>. Acesso em: 23 mar. <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alia
2017. s=6324pceb011-10&category_slug=agosto-2010-pdf&Itemid=30192>. Acesso em:
23 mar. 2017.

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mais abstratos. Os estudantes tornam-se mais capazes de ver como sujeitos com histórias e saberes construídos nas
e avaliar os fatos pelo ponto de vista do outro, exercendo a interações com outras pessoas, tanto do entorno social mais
capacidade de descentração, “importante na construção da próximo quanto do universo da cultura midiática e digital,
autonomia e na aquisição de valores morais e éticos” ( BRASIL, fortalece o potencial da escola como espaço formador e
2010). orientador para a cidadania consciente, crítica e participativa.
As mudanças próprias dessa fase da vida implicam a Nessa direção, no Ensino Fundamental - Anos Finais, a
compreensão do adolescente como sujeito em escola pode contribuir para o delineamento do projeto de vida
desenvolvimento, com singularidades e formações identitárias dos estudantes, ao estabelecer uma articulação não somente
e culturais próprias, que demandam práticas escolares com os anseios desses jovens em relação ao seu futuro, como
diferenciadas, capazes de contemplar suas necessidades e também com a continuidade dos estudos no Ensino Médio.
diferentes modos de inserção social. Conforme reconhecem as Esse processo de reflexão sobre o que cada jovem quer ser no
DCN, é frequente, nessa etapa, observar forte adesão aos futuro, e de planejamento de ações para construir esse futuro,
padrões de comportamento dos jovens da mesma idade, o que pode representar mais uma possibilidade de desenvolvimento
é evidenciado pela forma de se vestir e também pela linguagem pessoal e social.
utilizada por eles. Isso requer dos educadores maior
disposição para entender e dialogar com as formas próprias de
expressão das culturas juvenis, cujos traços são mais visíveis, Lei nº 13.415, de 16 de
sobretudo, nas áreas urbanas mais densamente povoadas
(BRASIL, 2010). fevereiro de 2017
Há que se considerar, ainda, que a cultura digital tem
promovido mudanças sociais significativas nas sociedades
contemporâneas. Em decorrência do avanço e da Altera as Leis nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
multiplicação das tecnologias de informação e comunicação e estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e
do crescente acesso a elas pela maior disponibilidade de 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de
computadores, telefones celulares, tablets e afins, os Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
estudantes estão dinamicamente inseridos nessa cultura, não Valorização dos Profissionais da Educação, a Consolidação das
somente como consumidores. Os jovens têm se engajado cada Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de
vez mais como protagonistas da cultura digital, envolvendo-se 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei no 236, de 28 de fevereiro
diretamente em novas formas de interação multimidiática e de 1967; revoga a Lei no 11.161, de 5 de agosto de 2005; e
multimodal e de atuação social em rede, que se realizam de institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de
modo cada vez mais ágil. Por sua vez, essa cultura também Ensino Médio em Tempo Integral.
apresenta forte apelo emocional e induz ao imediatismo de
respostas e à efemeridade das informações, privilegiando O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
análises superficiais e o uso de imagens e formas de expressão Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
mais sintéticas, diferentes dos modos de dizer e argumentar
característicos da vida escolar. Art. 1º O art. 24 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
Todo esse quadro impõe à escola desafios ao cumprimento 1996, passa a vigorar com as seguintes alterações:
do seu papel em relação à formação das novas gerações. É
importante que a instituição escolar preserve seu “Art. 24. ...........................................................
compromisso de estimular a reflexão e a análise aprofundada I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas
e contribua para o desenvolvimento, no estudante, de uma para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas
atitude crítica em relação ao conteúdo e à multiplicidade de por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar,
ofertas midiáticas e digitais. Contudo, também é excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver;
imprescindível que a escola compreenda e incorpore mais as
novas linguagens e seus modos de funcionamento, .................................................................................
desvendando possibilidades de comunicação (e também de § 1º A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do
manipulação), e que eduque para usos mais democráticos das caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no ensino
tecnologias e para uma participação mais consciente na médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de
cultura digital. Ao aproveitar o potencial de comunicação do ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo menos
universo digital, a escola pode instituir novos modos de mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março de
promover a aprendizagem, a interação e o compartilhamento 2017.
de significados entre professores e estudantes. § 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de
Além disso, e tendo por base o compromisso da escola de educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular,
propiciar uma formação integral, balizada pelos direitos adequado às condições do educando, conforme o inciso VI do
humanos e princípios democráticos, é preciso considerar a art. 4º.” (NR)
necessidade de desnaturalizar qualquer forma de violência
nas sociedades contemporâneas, incluindo a violência Art. 2º O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
simbólica de grupos sociais que impõem normas, valores e 1996, passa a vigorar com as seguintes alterações:
conhecimentos tidos como universais e que não estabelecem
diálogo entre as diferentes culturas presentes na comunidade “Art. 26. ...........................................................
e na escola. .................................................................................
Em todas as etapas de escolarização, mas de modo especial § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões
entre os estudantes dessa fase do Ensino Fundamental, esses regionais, constituirá componente curricular obrigatório da
fatores frequentemente dificultam a convivência cotidiana e a educação básica.
aprendizagem, conduzindo ao desinteresse e à alienação e, não .................................................................................
raro, à agressividade e ao fracasso escolar. Atenta a culturas § 5º No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto
distintas, não uniformes nem contínuas dos estudantes dessa ano, será ofertada a língua inglesa.
etapa, é necessário que a escola dialogue com a diversidade de .................................................................................
formação e vivências para enfrentar com sucesso os desafios
de seus propósitos educativos. A compreensão dos estudantes

Conhecimentos Específicos 262


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§ 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério III - ciências da natureza e suas tecnologias;
dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os IV - ciências humanas e sociais aplicadas;
temas transversais de que trata o caput. V - formação técnica e profissional.
................................................................................. § 1º A organização das áreas de que trata o caput e das
§ 10. A inclusão de novos componentes curriculares de respectivas competências e habilidades será feita de acordo
caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino.
dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e I - (revogado);
de homologação pelo Ministro de Estado da Educação.” (NR) II - (revogado);
.................................................................................
Art. 3º A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a § 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser
vigorar acrescida do seguinte art. 35-A: composto itinerário formativo integrado, que se traduz na
composição de componentes curriculares da Base Nacional
“Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá Comum Curricular - BNCC e dos itinerários formativos,
direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, considerando os incisos I a V do caput.
conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas ..................................................................................
seguintes áreas do conhecimento: § 5º Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de
I - linguagens e suas tecnologias; vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino
II - matemática e suas tecnologias; médio cursar mais um itinerário formativo de que trata o
III - ciências da natureza e suas tecnologias; caput.
IV - ciências humanas e sociais aplicadas. § 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta de formação
§ 1º A parte diversificada dos currículos de que trata o com ênfase técnica e profissional considerará:
caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá
estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor
articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecendo
ambiental e cultural. parcerias e fazendo uso, quando aplicável, de instrumentos
§ 2º A Base Nacional Comum Curricular referente ao estabelecidos pela legislação sobre aprendizagem
ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de profissional;
educação física, arte, sociologia e filosofia. II - a possibilidade de concessão de certificados
§ 3º O ensino da língua portuguesa e da matemática será intermediários de qualificação para o trabalho, quando a
obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada às formação for estruturada e organizada em etapas com
comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas terminalidade.
línguas maternas. § 7º A oferta de formações experimentais relacionadas ao
§ 4º Os currículos do ensino médio incluirão, inciso V do caput, em áreas que não constem do Catálogo
obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar Nacional dos Cursos Técnicos, dependerá, para sua
outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, continuidade, do reconhecimento pelo respectivo Conselho
preferencialmente o espanhol, de acordo com a Estadual de Educação, no prazo de três anos, e da inserção no
disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos,
sistemas de ensino. contados da data de oferta inicial da formação.
§ 5º A carga horária destinada ao cumprimento da Base § 8º A oferta de formação técnica e profissional a que se
Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e refere o inciso V do caput, realizada na própria instituição ou
oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio, de em parceria com outras instituições, deverá ser aprovada
acordo com a definição dos sistemas de ensino. previamente pelo Conselho Estadual de Educação,
§ 6º A União estabelecerá os padrões de desempenho homologada pelo Secretário Estadual de Educação e
esperados para o ensino médio, que serão referência nos certificada pelos sistemas de ensino.
processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional § 9º As instituições de ensino emitirão certificado com
Comum Curricular. validade nacional, que habilitará o concluinte do ensino médio
§ 7º Os currículos do ensino médio deverão considerar a ao prosseguimento dos estudos em nível superior ou em
formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho outros cursos ou formações para os quais a conclusão do
voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua ensino médio seja etapa obrigatória.
formação nos aspectos físicos, cognitivos e sócio-emocionais. § 10. Além das formas de organização previstas no art. 23,
§ 8º Os conteúdos, as metodologias e as formas de o ensino médio poderá ser organizado em módulos e adotar o
avaliação processual e formativa serão organizados nas redes sistema de créditos com terminalidade específica.
de ensino por meio de atividades teóricas e práticas, provas § 11. Para efeito de cumprimento das exigências
orais e escritas, seminários, projetos e atividades on-line, de curriculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão
tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: reconhecer competências e firmar convênios com instituições
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que de educação a distância com notório reconhecimento,
presidem a produção moderna; mediante as seguintes formas de comprovação:
II - conhecimento das formas contemporâneas de I - demonstração prática;
linguagem.” II - experiência de trabalho supervisionado ou outra
experiência adquirida fora do ambiente escolar;
Art. 4º O art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de III - atividades de educação técnica oferecidas em outras
1996, passa a vigorar com as seguintes alterações: instituições de ensino credenciadas;
IV - cursos oferecidos por centros ou programas
“Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela ocupacionais;
Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos, V - estudos realizados em instituições de ensino nacionais
que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes ou estrangeiras;
arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto VI - cursos realizados por meio de educação a distância ou
local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber: educação presencial mediada por tecnologias.
I - linguagens e suas tecnologias;
II - matemática e suas tecnologias;

Conhecimentos Específicos 263


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APOSTILAS OPÇÃO

§ 12. As escolas deverão orientar os alunos no processo de § 2º Os programas educacionais obrigatórios deverão ser
escolha das áreas de conhecimento ou de atuação profissional transmitidos em horários compreendidos entre as sete e as
previstas no caput.” (NR) vinte e uma horas.
§ 3º O Ministério da Educação poderá celebrar convênios
Art. 5º O art. 44 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de com entidades representativas do setor de radiodifusão, que
1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 3º: visem ao cumprimento do disposto no caput, para a divulgação
gratuita dos programas e ações educacionais do Ministério da
“Art. 44. ........................................................... Educação, bem como à definição da forma de distribuição dos
.................................................................................. programas relativos à educação básica, profissional,
§ 3º O processo seletivo referido no inciso II considerará tecnológica e superior e a outras matérias de interesse da
as competências e as habilidades definidas na Base Nacional educação.
Comum Curricular.” (NR) § 4º As inserções previstas no caput destinam-se
exclusivamente à veiculação de mensagens do Ministério da
Art. 6º O art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de Educação, com caráter de utilidade pública ou de divulgação
1996, passa a vigorar com as seguintes alterações: de programas e ações educacionais.” (NR)

“Art. 61. ........................................................... Art. 11. O disposto no § 8º do art. 62 da Lei no 9.394, de 20


de dezembro de 1996, deverá ser implementado no prazo de
................................................................................. dois anos, contado da publicação da Base Nacional Comum
IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos Curricular.
respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de
áreas afins à sua formação ou experiência profissional, Art. 12. Os sistemas de ensino deverão estabelecer
atestados por titulação específica ou prática de ensino em cronograma de implementação das alterações na Lei no 9.394,
unidades educacionais da rede pública ou privada ou das de 20 de dezembro de 1996, conforme os arts. 2º, 3º e 4º desta
corporações privadas em que tenham atuado, exclusivamente Lei, no primeiro ano letivo subsequente à data de publicação
para atender ao inciso V do caput do art. 36; da Base Nacional Comum Curricular, e iniciar o processo de
V - profissionais graduados que tenham feito implementação, conforme o referido cronograma, a partir do
complementação pedagógica, conforme disposto pelo segundo ano letivo subsequente à data de homologação da
Conselho Nacional de Educação. Base Nacional Comum Curricular.
........................................................................” (NR)
Art. 13. Fica instituída, no âmbito do Ministério da
Art. 7º O art. 62 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de Educação, a Política de Fomento à Implementação de Escolas
1996, passa a vigorar com as seguintes alterações: de Ensino Médio em Tempo Integral.
Parágrafo único. A Política de Fomento de que trata o caput
“Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação prevê o repasse de recursos do Ministério da Educação para os
básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura Estados e para o Distrito Federal pelo prazo de dez anos por
plena, admitida, como formação mínima para o exercício do escola, contado da data de início da implementação do ensino
magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do médio integral na respectiva escola, de acordo com termo de
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na compromisso a ser formalizado entre as partes, que deverá
modalidade normal. conter, no mínimo:
.................................................................................. I - identificação e delimitação das ações a serem
§ 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes financiadas;
terão por referência a Base Nacional Comum Curricular.” (NR) II - metas quantitativas;
III - cronograma de execução físico-financeira;
Art. 8º O art. 318 da Consolidação das Leis do Trabalho - IV - previsão de início e fim de execução das ações e da
CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de conclusão das etapas ou fases programadas.
1943, passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 14. São obrigatórias as transferências de recursos da
“Art. 318. O professor poderá lecionar em um mesmo União aos Estados e ao Distrito Federal, desde que cumpridos
estabelecimento por mais de um turno, desde que não os critérios de elegibilidade estabelecidos nesta Lei e no
ultrapasse a jornada de trabalho semanal estabelecida regulamento, com a finalidade de prestar apoio financeiro para
legalmente, assegurado e não computado o intervalo para o atendimento de escolas públicas de ensino médio em tempo
refeição.” (NR) integral cadastradas no Censo Escolar da Educação Básica, e
que:
Art. 9º O caput do art. 10 da Lei no 11.494, de 20 de junho I - tenham iniciado a oferta de atendimento em tempo
de 2007, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso XVIII: integral a partir da vigência desta Lei de acordo com os
critérios de elegibilidade no âmbito da Política de Fomento,
“Art. 10. ........................................................... devendo ser dada prioridade às regiões com menores índices
................................................................................ de desenvolvimento humano e com resultados mais baixos nos
XVIII - formação técnica e profissional prevista no inciso V processos nacionais de avaliação do ensino médio; e
do caput do art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de II - tenham projeto político-pedagógico que obedeça ao
1996. disposto no art. 36 da Lei no 9.394, de 20 dezembro de 1996.
........................................................................” (NR) § 1º A transferência de recursos de que trata o caput será
realizada com base no número de matrículas cadastradas
Art. 10. O art. 16 do Decreto-Lei no 236, de 28 de fevereiro pelos Estados e pelo Distrito Federal no Censo Escolar da
de 1967, passa a vigorar com as seguintes alterações: Educação Básica, desde que tenham sido atendidos, de forma
cumulativa, os requisitos dos incisos I e II do caput.
“Art. 16. ...........................................................
.................................................................................

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§ 2º A transferência de recursos será realizada Brasília, 16 de fevereiro de 2017; 196º da Independência


anualmente, a partir de valor único por aluno, respeitada a e 129º da República.
disponibilidade orçamentária para atendimento, a ser definida
por ato do Ministro de Estado da Educação. MICHEL TEMER
§ 3º Os recursos transferidos nos termos do caput poderão
ser aplicados nas despesas de manutenção e desenvolvimento Questões
previstas nos incisos I, II, III, V e VIII do caput do art. 70 da Lei
no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, das escolas públicas 01. A carga horária mínima anual será de oitocentas horas
participantes da Política de Fomento. para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas
§ 4º Na hipótese de o Distrito Federal ou de o Estado ter, por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar,
no momento do repasse do apoio financeiro suplementar de excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver;
que trata o caput, saldo em conta de recursos repassados ( ) Certo ( ) Errado
anteriormente, esse montante, a ser verificado no último dia
do mês anterior ao do repasse, será subtraído do valor a ser 02. Com base na Lei 13.415/2017, julgue o item abaixo:
repassado como apoio financeiro suplementar do exercício O Conselho Deliberativo do FNDE disporá, em ato próprio,
corrente. sobre condições, critérios operacionais de distribuição,
§ 5º Serão desconsiderados do desconto previsto no § 4º repasse, execução e prestação de contas simplificada do apoio
os recursos referentes ao apoio financeiro suplementar, de financeiro.
que trata o caput, transferidos nos últimos doze meses. ( ) Certo ( ) Errado

Art. 15. Os recursos de que trata o parágrafo único do art. Respostas


13 serão transferidos pelo Ministério da Educação ao Fundo
Nacional do Desenvolvimento da Educação - FNDE, 01. Certo.
independentemente da celebração de termo específico. 02. Certo.

Art. 16. Ato do Ministro de Estado da Educação disporá


sobre o acompanhamento da implementação do apoio
financeiro suplementar de que trata o parágrafo único do art.
13.

Art. 17. A transferência de recursos financeiros prevista no Anotações


parágrafo único do art. 13 será efetivada automaticamente
pelo FNDE, dispensada a celebração de convênio, acordo,
contrato ou instrumento congênere, mediante depósitos em
conta corrente específica.
Parágrafo único. O Conselho Deliberativo do FNDE disporá,
em ato próprio, sobre condições, critérios operacionais de
distribuição, repasse, execução e prestação de contas
simplificada do apoio financeiro.

Art. 18. Os Estados e o Distrito Federal deverão fornecer,


sempre que solicitados, a documentação relativa à execução
dos recursos recebidos com base no parágrafo único do art. 13
ao Tribunal de Contas da União, ao FNDE, aos órgãos de
controle interno do Poder Executivo federal e aos conselhos de
acompanhamento e controle social.

Art. 19. O acompanhamento e o controle social sobre a


transferência e a aplicação dos recursos repassados com base
no parágrafo único do art. 13 serão exercidos no âmbito dos
Estados e do Distrito Federal pelos respectivos conselhos
previstos no art. 24 da Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007.
Parágrafo único. Os conselhos a que se refere o caput
analisarão as prestações de contas dos recursos repassados no
âmbito desta Lei, formularão parecer conclusivo acerca da
aplicação desses recursos e o encaminharão ao FNDE.

Art. 20. Os recursos financeiros correspondentes ao apoio


financeiro de que trata o parágrafo único do art. 13 correrão à
conta de dotação consignada nos orçamentos do FNDE e do
Ministério da Educação, observados os limites de
movimentação, de empenho e de pagamento da programação
orçamentária e financeira anual.

Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 22. Fica revogada a Lei no 11.161, de 5 de agosto de


2005.

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