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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA
Leituras Etnográficas I
Professora Dr. Carmen Rial
Alunas Isadora Liz da Selva e Gabriele Jasnievicz

Resenha de “Pureza e Perigo”, de Mary Douglas

Publicado em 1966, Pureza e Perigo vem para promover uma análise cultural das
religiões ​primitivas ​levando em conta os conceitos em torno da pureza e sujeira. Para
afirmar seu argumento, Mary Douglas investiga as distinções entre pureza/impureza,
contágio/purificação, limpo/sujo, que abrangem desde a alimentação e normas de higiene
até a religião.
No século XIX, ao se analisar as religiões tidas como ​primitivas, observava-se duas
características: a primeira é que todas elas eram desenvolvidas através do medo, o que
depois Mary Douglas afirma que isso garantiria que dentro da sociedade fosse instaurada
uma “ordem ideal” (p.14). Essa ordem ideal seria mantida pela relação crença/perigo, onde
as leis naturais foram incluídas para validar o código moral da sociedade em questão; “tal
doença é causada por conta do incesto” para exemplificar. A segunda característica é a de
que havia um entrelace entre as ideias de profanação e higiene. Mary Douglas, concebe
sujeira como sendo “essencialmente, desordem” (p. 12), por conseguinte, a sujeira, que
muito embora não é absoluta, acaba por ofender a ordem, portanto a ação de eliminá-la é a
tentativa de organizar o ambiente, tendo a higiene como o melhor caminho para se seguir.
Segundo a autora, a sujeira é composta por duas ideias: o zelo para com a higiene e
o respeito pelas práticas. Essas regras de higienes a serem seguidas, não são imutáveis, elas
variam naturalmente de acordo com o “estado de conhecimento” (p.19). Se esses dois
conceitos forem observados conforme nossas regras de limpeza, assume-se que a sujeira
não tem relação com o sagrado, portanto é possível afirmar que a nossa ideia se tornou
muito específica em contraste com as ​culturas primitivas​, que são mais abrangentes até que
proibição. Entretanto, essa característica é variante de religião para religião, a autora utiliza
no texto o exemplo do hinduísmo, onde a ideia de “santo e profano pertencem a uma
mesma categoria” (p.21), portanto, afirma-se que santidade e não-santidade não precisam
ser necessariamente opostas.
Mais adiante, Mary Douglas declara que a “contaminação não é um acontecimento
isolado” (p. 57) e por conta disso qualquer interpretação fragmentária irá falhar, uma vez
que o modo pelo qual as ideias sobre a poluição fazem maior sentido é quando há
referência a uma estrutura de pensamento “cujo ponto-chave, limites, linhas internas e
marginais, se relacionam por rituais de separação”. Dito isso, a autora recorre ao Velho
Testamento, nos livros Levítico e Deuteronômio, onde animais são distinguidos em dois
grupos: impuros e puros. Essas duas categorias abrangem animais terrestres, aquáticos e do
ar e, são diferenciados por seus traços biológicos e detêm de uma justificativa religiosa.
Os animais terrestres que possuem unhas fendidas e ruminam são classificados
como sendo puros e os homens poderiam comê-los sem que houvesse uma contaminação
de impureza. Já os animais que têm as unhas fendidas e que não ruminam — como o
porco, por exemplo — são impuros e não podem ser consumidos; essa mesma regra se
qualifica para animais que ruminam e não possuem unhas fendidas e também para animais
que rastejam.
Nas águas, todos aqueles que têm escamas e barbatanas são considerados puros.
Entretanto os que não se enquadram nessa classificação são denominados como impuros e
não poderão ser comidos.
Já no ar, as aves não-puras são as carnívoras ou as que vivem em constante
transição entre a água e o ar ou entre água e a terra; e aquelas que se alimentam de grãos
são designadas como sendo animais puros.
Além disso, a autora discute magia e sua eficácia. Pode-se afirmar que “como um
animal social, o homem é um animal ritual” (p.80), portanto suas relações sociais
dependem inteiramente dos atos simbólicos que as compõem. Sendo a eficácia simbólica
resultante da delegação que a comunidade dá para os rituais, então é inquestionável a
interdependência entre um e outro, assim assume-se um caráter criativo no sentido que
concebe um mundo, traçando delimitações no cosmos e da ordem social estabelecida.

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