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Mariah Evans
Sinopse
Um forte abraço.
Mariah
Prólogo
1
A carta de corso (do latim cursus, «corrida»), ou carta de marca, era um documento emitido pelo
governo de um país pelo qual seu dono era autorizado a atacar navios (piratas) e povoados (bases), de
nações inimigas. Desta forma convertendo o proprietário da carta em membro da marinha daquele país,
conforme a chamada "Lei do Mar" (Tratado Internacional da época, quando se criou esse instrumento
jurídico internacional)
― Claro, do Império britânico. Vamos ― ele insistiu para
que ela continuasse caminhando.
Beatriz começou a caminhar lentamente. Agora
começava a compreender certas coisas. O Império britânico
respaldava-o, amparava-o, enquanto que ao resto dos
homens daquela ilha, certamente não.
O olhou de esguelha e soprou.
― E há quanto tempo faz isso?
― Anos ― ele se limitou a responder.
Beatriz caminhou a seu lado em silêncio, pensativa.
Realmente aquilo não mudava muito, a única diferença era
que ele possuía um documento emitido pelo monarca de seu
Império, que o autorizava a atacar com seu navio, os navios e
as populações das nações inimigas. De fato, convertia-se em
parte da marinha do Império que expedira aquele documento.
Sabia que a França, Inglaterra e a Espanha as haviam
utilizado amplamente. Daquela maneira os monarcas, de
certa forma, controlavam o proprietário da embarcação e
obrigavam os corsários a realizarem ações impróprias para
um membro da marinha nacional, protegendo assim, as
costas. Também era uma forma de economia para os
monarcas, que mesmo sem a necessidade de investir na
construção de navios, tripulação ou armamento, ainda
possuíam direito a uma parte dos benefícios obtidos.
Mas aquilo não mudava muito o que ele fazia, realmente
não mudava nada. As ações eram desumanas, tanto com o
documento como sem ele, e, além disso, sendo um corsário
inglês, ele sabia que a maioria das embarcações atacadas
seriam aquelas que pertenciam ao Império espanhol. E mais,
se fosse um simples pirata, ele atacaria qualquer tipo de
embarcação, independentemente de sua nacionalidade, mas
ao ser um corsário, sabia que o foco de seus ataques seria
centrado nas embarcações espanholas, dada a inimizade dos
espanhóis com o Império britânico.
― Por que você escolheu esta vida?
Aquela pergunta o pegou despreparado e ele a observou
durante alguns segundos.
― É a única vida que conheci. ― Depois a olhou de
esguelha.
― E, o que sente quando ataca navios que…?
― Beatriz ― ele a cortou. ― Como compreenderá não vou
responder a estas perguntas.
― Por que não? ―ela perguntou.
― Porque não são perguntas que se respondam para
uma prisioneira ― pronunciou ele com certa calma,
aumentando seu passo.
Ela ficou de pé sem se mover e apertou os punhos.
Avançou para ele furiosa e lhe cortou o caminho.
― É assim que me vê, não é verdade? Como uma
prisioneira…
― É o que você é ― ele disse tentando cortar a
conversação. ―Embora seja uma prisioneira com certos
privilégios. A outro eu não acompanharia para que pudesse
se lavar.
― E devo estar agradecida por isso? ― ela perguntou
zangada.
Ele inclinou uma sobrancelha.
― Não está?
― Como quer que eu esteja? Sou mantida prisioneira,
por sua culpa estiveram a ponto de me matar e agora,
quando sairmos desta ilha quer me levar às colônias
britânicas. Não me parece correto, Duncan. Nada do que faz
me parece correto. Duncan suspirou e olhou de um lado
para outro como se procurasse algo. ― O quê? ― ela
perguntou confusa.
― A partir de agora vai deixar de me chamar de
Duncan… ― ele pronunciou entre os dentes.
― E como você diz que devo chamá-lo?
Ele cruzou os braços e endireitou suas costas.
― Pode me chamar de capitão. ― Ela soprou. ― Ou se
preferir pode me chamar de carinho, de amor…. ― Ele
brincou. Ela gritou, deu-lhe as costas e continuou
caminhando rua abaixo, seguida por ele. ― Mas diante de
outras pessoas não volte a empregar meu nome.
― Está claro. O senhor quer manter a reputação… ― ela
pronunciou acelerando o passo.
― Exato ― ele disse colocando-se a seu lado.
Beatriz o olhou de esguelha.
― Quanto falta para o lago?
― Logo chegaremos.
Ao fim de vários minutos entraram no bosque. Depois de
subir uma pequena colina Beatriz notou que entre as árvores
começava a ver o resplendor da água cristalina.
Era um pequeno lago formado graças a uma pequena
cascata que caía entre duas pequenas colinas.
Duncan apontou para a água.
― Aí tem seu lago ― ele pronunciou com voz seca.
Ela olhou de um lado para o outro e depois ficou
olhando-o fixamente. Ambos se desafiaram com o olhar, mas
Duncan não falava nada a respeito.
― Pode me deixar sozinha alguns minutos?
Duncan ficou pensativo.
― Não.
― Não penso em me banhar com você aqui ao lado.
Ele encolheu os ombros e olhou para o bosque, por onde
haviam chegado.
― De acordo, pois foi um bonito passeio, então voltemos
― ele disse enquanto lhe dava as costas e começava a
avançar para o bosque.
Beatriz gritou desesperada e em seguida levou as mãos
à cintura para tirar a faixa.
― É um pervertido ― ela pronunciou enquanto começava
a baixar as alças.
Duncan voltou a encolher os ombros, enquanto levava a
mão à espada e sorria. Ficou observando-a baixar o vestido
até que ele caiu pelos pés. A fina camisa que usava debaixo
era um pouco transparente e sua cintura e seus quadris
eram vislumbrados sob a suave seda.
Ele se sentou sobre uma rocha, sem perder o contato
visual com ela e Beatriz foi para o lago lhe dando as costas.
― Não vai tirar a camisa? ― ele perguntou enquanto ela
começava a introduzir-se no lago.
― Não ― gritou energicamente, notando a água cálida
em seus joelhos.
Duncan estalou a língua e sorriu, enquanto jogava o
olhar para trás, controlando o bosque. Beatriz era uma garota
realmente inteligente, muito… e fazia perguntas que não
eram as típicas de uma mulher de bons costumes.
Realmente, ele adorava ver aquela energia, entretanto, o
descontrolava às vezes.
Certificou-se que ninguém se aproximasse e voltou a
olhar para frente, onde ela mergulhou no lago
completamente. A viu sair enquanto seu cabelo estava preso
a seu rosto. Era realmente linda e ela sabia que isso, nessa
ilha, era um problema. Embora a maioria das mulheres dali
usasse pouca roupa e consentissem que um homem lhes
fizesse tudo que quisesse por um punhado de moedas, sabia
que aquilo não deteria um homem que a observasse e
quisesse o mesmo Beatriz.
Estava claro que muitos estavam ansiosos para se meter
sob sua saia embora ela se negasse. Teria deixado-a sozinha
para que aproveitasse o banho tranquila, entretanto ele não
podia se arriscar a que um homem se aproximasse. Conhecia
muito bem a mente e os pensamentos de um homem ao ver
uma mulher como aquela.
Observou Beatriz passar a mão pelo cabelo e depois
começar a nadar pelo lago.
― Não se distraia muito ― ele gritou ao ver que ela ficava
na posição de boiar. Embora ela não tenha respondido, ele
escutou seu grunhido, o que fez despertar outro sorriso em
seu rosto.
― Se tiver pressa pode ir ― ela gritou finalmente.
Duncan ficou em pé e foi até a borda, observando-a.
Beatriz ficou de pé, a água lhe chegava por cima de seu peito.
Ele entraria no lago? Duncan a observava intensamente até
que voltou a desviar o olhar para as árvores.
― Não é conveniente que um homem a veja em um lago,
quase nua e indefesa.
Ela suspirou entendendo a que ele se referia. Tudo bem,
se ele queria ficar ali como medida de proteção lhe parecia
muito bem, mas o que ele não podia lhe impedir é que
desfrutasse tranquilamente do banho.
― De acordo, levarei em conta. Mas penso aproveitar o
banho durante mais um momento.
Ele voltou a olhá-la com o rosto mais sério.
― Já se banhou, vamos ― ele disse lhe assinalando a
areia.
Ela o desafiou com o olhar.
― Não.
― Beatriz… ― ele pronunciou como se estivesse
esgotando a paciência. ―Se tiver que entrar para tirá-la daí
arrastada, eu lhe asseguro que…
― O quê? Aqui não há mastros para que possa me
amarrar, nem traz uma corda.
― Só preciso do meu cinturão ― ele pronunciou com um
sorriso fingido.
Ela o olhou fixamente, mas ao contrário do que Duncan
esperava tomou ar com força e afundou nas cristalinas
águas.
Duncan soprou e esperou alguns segundos.
― Beatriz! ― gritou dando um passo, colocando seu pé
na água.
Ela saiu à superfície e passou a mão pelo rosto tirando a
água dos olhos e afastando o cabelo.
― Já vou, já vou! ― ela gritou com impaciência enquanto
começava a dar passos com dificuldade até a borda.
Assim que a água lhe chegou pela cintura esteve
consciente de que toda a camisa ficou grudada a seu corpo e
sua carne aparecia.
Olhou à frente vendo que Duncan ainda permanecia
com os pés metidos na água, esperando-a.
― Vire-se ―ela gritou.
Ele pareceu se desesperar, mas ao menos deu meia
volta e foi para a pedra onde se sentou.
Ela tropeçou algumas vezes tentando sair do lago. A
camisa grudava em suas pernas e lhe custava avançar.
Voltou a tropeçar e esteve a ponto de cair, mas finalmente
sentiu que a água lhe chegava por debaixo dos joelhos e foi
mais fácil sair do lago, ergueu o olhar.
Duncan se dirigia para ela com determinação e o passo
acelerado, seu vestido na mão. Voltou a passar mãos por seu
rosto afastando as gotas de água até que Duncan se deteve a
um metro.
― Toma, coloque-o. ―Ele ordenou jogando o vestido pelo
ar.
Beatriz o agarrou a tempo e suspirou.
O colocaria em cima da camisa molhada e quando
chegasse à hospedaria o colocaria para secar e depois se
vestiria com outro vestido. Ao menos a hospedaria estava
relativamente perto e com aquele calor que fazia, duvidava
que antes de chegar sua camisa continuasse molhada.
Cobriu o peito com o vestido enquanto acabava de sair
do lago. Duncan parecia se debater entre ajudá-la ou não,
contudo, finalmente não o fez, tampouco fez falta sua ajuda.
Passava os braços pelo vestido quando sem aviso prévio
Duncan colocou sua espada em posição de alerta e ficou
diante dela. Beatriz esteve a ponto de cair, mas a mão de
Duncan a fez recuperar o equilíbrio.
― O que acontece? ― ela perguntou assustada acabando
de colocar o vestido.
Duncan olhou de um lado para outro. Beatriz fez o
mesmo até que detectou o som de vozes dirigindo-se para
eles. Poucos segundos depois três homens saíam do meio da
mata, conversando e rindo entre eles.
Todos ficaram surpresos por se encontrarem ali. Beatriz
observou de canto àqueles homens, ou o pouco que podia ver,
pois, as costas de Duncan impediam praticamente toda visão.
― Capitão McCartney ― disse um deles surpreso ao vê-lo
ali. ―Não sabíamos que se encontrava aqui. ―Em seguida
lançou seu olhar às costas dele e observou o rosto assustado
de Beatriz. O sorriso daquele homem se intensificou.
Duncan suspirou e no instante guardou sua espada no
cinturão. Aquele gesto tranquilizou bastante a Beatriz. Ele
pegou sua mão e começou a puxá-la para as árvores.
― A senhorita estava com vontade de tomar um banho ―
explicou puxando-a.
O homem sorriu para os dois e assentiu.
― Por certo, esta noite ficamos depois do leilão. Eu
gostaria de lhe convidar para uma taça se quiser. Queremos
falar de alguns assuntos.
― Claro Barry ― ele pronunciou sem olhá-lo, passando
ao lado dele e puxando Beatriz.
― Então até depois.
Duncan não soltou seu braço, porém Beatriz, assim que
se afastaram daqueles homens, tentou desfazer-se de sua
mão. Lutou um pouco e finalmente se soltou afastando-se
alguns passos dele.
― Então venderá os escravos esta noite ― ela acusou-o.
Duncan a olhou aborrecido.
― Já lhe disse que não penso em falar com você sobre
isso. ― Tentou lhe agarrar a mão, novamente, mas ela a
esquivou, o que fez que Duncan se zangasse um pouco mais.
― E do que vai falar com aqueles piratas? Vai atacar
mais navios?
― Isso não lhe diz respeito.
― Navios espanhóis? ― ela gritou com todas as suas
forças.
Duncan deu um passo rápido para ela e a segurou pelo
braço. Olharam-se fixamente durante alguns segundos.
Duncan possuía os olhos mais azuis que já vira e, nesse
momento, brilhavam com força, como se a tensão daquela
conversação pudesse criar alguns brilhos de luz em sua íris.
Mas o gesto que a fez ficar, totalmente, quieta. Duncan a
observou intensamente e durante alguns segundos conseguiu
detectar como ele olhava para seus lábios. Aquele gesto a
intimidou no princípio, todavia também não conseguia evitar
pousar seu olhar nos grossos lábios de Duncan e sentiu como
algo em seu peito disparava. Seu coração.
Duncan olhou de novo para seus olhos cor mel.
Realmente era um homem bonito, atraente, inclusive quando
nenhum sorriso estampava seu rosto.
Deu um passo para trás e, para surpresa dela, Duncan
a soltou como se ele também tivesse experimentado algo que
o deixara em estado de choque.
Os gritos e as risadas provenientes do lago os distraíram
e viraram para trás durante alguns segundos.
Beatriz tentou controlar sua respiração. Aquela situação
a deixara sem ação. Desde que o vira pela primeira vez em
sua chegada, depois de sobreviver ao naufrágio, havia
pensado que ele era um homem atraente, mas não podia
negar a si mesma, que à medida que foram passando os dias
e estava em sua companhia, seus traços masculinos se
faziam cada vez mais visíveis e presente para ela.
― Precisamos voltar. ― sussurrou Duncan sem se
mover.
Beatriz se virou de novo e o observou. Assentiu, sem
olhá-lo, tentando cobrir o rubor que aparecera em suas
bochechas.
Tentou pensar com clareza e esquecer aquilo. Se
Duncan partisse naquela noite teria o caminho livre. Além do
que se efetuaria a venda, depois disso Duncan conversaria
com aqueles piratas. Poderia contar com um bom tempo para
tentar escapar. Era essa noite ou nunca, mas primeiro
precisava pegar um bom tesouro que lhe permitisse comprar
a ajuda de um navio.
― De acordo. ― Ela passou por seu lado e caminhou a
passo ligeiro para a hospedaria, sem lançar um olhar para
trás.
16
FIM
AGRADECIMENTOS