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8.

VERBOS

É em torno dos verbos que se organizam as orações e os períodos;


consequentemente, é em torno deles que se estrutura o pensamento.

Verbo é a palavra que se flexiona em número (singular/plural), pessoa


(primeira, segunda, terceira), modo (indicativo, subjuntivo, imperativo), tempo
(presente, pretérito, futuro) e voz (ativa, passiva, reflexiva). Pode indicar ação (fazer),
caráter de estado (ser, ficar), fenômeno natural (chover) e outros processos.

8.8. FLEXÃO DOS VERBOS

A flexão verbal pode ser divida da seguinte forma:

 NÚMERO

O número pode ser singular ou plural:

(eu) estudo / (nós) estudamos; (tu) estudas / (vós) estudais

 PESSOAS:

1ª pessoa: eu (singular) e nós (plural)


2ª pessoa: tu (singular) e vós (plural)
3ª pessoa: ele / ela (singular) e eles / elas (plural)

 MODOS

São as diferentes formas do verbo. Os modos são o INDICATIVO (em geral,


exprime um fato real ou certo), o SUBJUNTIVO (exprime um fato incerto, duvidoso
ou irreal) e o IMPERATIVO (exprime uma ordem, um comando ou um pedido).
Bechara acrescenta os modos OPTATIVO e CONDICIONAL.

1
 TEMPOS

É a variação que indica o momento em que se dá o fato expresso pelo


verbo.

No modo indicativo, temos os seguintes tempos: PRESENTE, PRETÉRITO


(IMPERFEITO, PERFEITO e MAIS-QUE-PERFEITO) e FUTURO (DO PRESENTE e DO
PRETÉRITO); já no modo subjuntivo, temos o PRESENTE, PRETÉRITO
(IMPERFEITO, PERFEITO e MAIS-QUE-PERFEITO) e FUTURO (SIMPLES e
COMPOSTO); no imperativo, temos só o PRESENTE.

 VERBO PRINCIPAL

Verbo principal é aquele que possui significado completo. Exemplo:

Eu não virei à aula amanhã.


Fomos ao cinema ontem.

 VERBO AUXILIAR

É aquele que se esvazia de sua significação própria e toma parte na


formação dos tempos compostos. O único verbo que sempre será verbo auxiliar é
o verbo “ser”. Todos os demais verbos (estar, ter, haver, permanecer) devem ser
analisados no contexto da oração, pois ora serão verbos auxiliares, ora serão verbos
principais.

 RADICAL

O radical do verbo é o seu principal elemento, visto que expressa sua


significação. O radical de uma forma verbal é tudo o que resta ao retirarmos as
terminações -ar, -er e -ir do seu infinitivo. Exemplo:

cant- (radical de cantar)


beb- (radical de beber)
part- (radical de partir)

2
OBSERVAÇÃO:

Podem-se antepor prefixos ao radical:1

Des-permit-ir
Re-vend-er

 TERMINAÇÃO

Presta-se a determinar a flexão do verbo: a sua vogal temática, a sua


desinência modo-temporal e a sua desinência número-pessoal.

1. Vogal temática:

É a vogal que indica a conjugação a que pertence o verbo, possibilitando a


ligação entre radical e desinências:

Cantar – vogal temática a (o verbo é da 1ª conjugação).


Beber – vogal temática e (o verbo é da 2ª conjugação).2
Partir – vogal temática i (o verbo é da 3ª conjugação).

O conjunto formado pelo radical + vogal temática recebe o nome de tema.

2. Desinência modo-temporal:

É o elemento que indica o modo e o tempo do verbo:

-va: desinência modo-temporal do pretérito imperfeito do indicativo da 1ª


conjugação (cantávamos)

1
Pasquale & Ulisses, p. 128.
2
O verbo pôr e seus derivados (supor, depor, repor, compor etc.) pertencem à segunda
conjugação, pois sua vogal temática é -e-, obtida da forma portuguesa arcaica poer, do latim
ponere.
3
-a: desinência modo-temporal do pretérito imperfeito do indicativo da 2ª e da 3ª
conjugações. (bebia e partia)
-ria: desinência modo-temporal do futuro do pretérito (cantaria, beberia, partiria.)

3. Desinência número-pessoal

É o elemento que indica sempre a pessoa do discurso (1ª, 2ª ou 3ª) à qual a


forma verbal se refere e o número dessa pessoa – singular ou plural:

canto, bebo, parto: a desinência -o indica que o verbo está na 1ª pessoa do


singular.

cantaremos, beberemos, partiremos: a desinência -mos indica que o verbo está na


1ª pessoa do plural.

Especificando os elementos do verbo falássemos:

falá-: tema;3
-sse-: desinência modo-temporal;4
-mos: desinência número pessoal.5

 CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS QUANTO À FLEXÃO

Verbos REGULARES são aqueles que se flexionam de acordo com a forma


de sua conjugação (amar, cantar, bater, decidir, partir etc). IRREGULARES são os
verbos que, em algumas formas, se afastam da forma de sua conjugação, ou seja,
distancia-se do radical ou da flexão. Exemplo: dar, estar, caber, fazer, pedir, sentir
etc.

Os irregulares se dividem em fracos e fortes. Fracos são aqueles cujo radical


do infinitivo não se modifica no pretérito: sentir-senti; perder-perdi.

3
Lembrando que o tema é formado pelo radical + vogal temática.
4
Indica o modo – subjuntivo – e o tempo – pretérito imperfeito – em que o verbo está.
5
Informa que o verbo se refere à primeira pessoa do plural.
4
Fortes são aqueles cujo radical do infinitivo se modifica no pretérito perfeito:
caber –coube; fazer – fiz.

Os irregulares fracos apresentam formas iguais no infinitivo flexionado e


futuro do subjuntivo:

INFINITIVO FUTURO DO SUBJUNTIVO


Sentir Sentir
Sentires Sentires
Sentir Sentir
Sentirmos Sentirmos
Sentirdes Sentirdes
Sentirem Sentirem

Os irregulares fortes não apresentam identidade de formas entre o infinitivo


flexionado e o futuro do subjuntivo:

INFINITIVO FLEXIONADO FUTURO DO SUBJUNTIVO


Caber Couber
Caberes Couberes
Caber etc. Couber etc.

Não entram no rol dos verbos irregulares aqueles que, para conservar a
pronúncia, têm de sofrer variação de grafia:

carregar – carregue – carreguei – carregues


ficar – fico – fiquei – fique

Não há portanto os irregulares gráficos.

Por ANÔMALOS entende-se os verbos que se afastam completamente da


sua forma de conjugação e são extraordinariamente irregulares em sua formação
(haver, ser, ter, ir, vir, pôr etc.).

DEFECTIVOS são os verbos que não têm todos os tempos, todos os modos
ou certas formas (precaver-se, reaver, colorir, falir etc.). É imperativo não confundi-
los com os verbos impessoais e unipessoais, que só se usam na terceira pessoa.
Segundo Bechara, quase sempre faltam as formas rizotônicas dos verbos

5
defectivos. Suprimos, quando necessário, as lacunas de um defectivo empregando
um sinônimo (derivado ou não do defectivo).

Há os seguintes grupos de verbos defectivos, em português:6

1. Os que não se conjugam nas pessoas em que depois do radical aparecem a


ou o. Exemplo:

Banir, brandir, carpir, colorir, delir, explodir, fremer (ou fremir), haurir, ruir, exaurir,
abolir, demolir, puir, delinquir, fulgir, feder, aturdir, bramir, jungir, esculpir,
extorquir, impingir, puir, retorquir, soer, espargir.

Tais verbos também não se empregam no presente do subjuntivo,


imperativo negativo, e no imperativo afirmativo só apresentam as segundas
pessoas do singular e plural.

2. Os que se usam unicamente nas formas em que depois do radical vem i:

Adir, aguerrir, emolir, empedernir, esbaforir, espavorir, exinanir, falir, fornir, remir,
ressequir, revelir, vagir, florir, renhir, garrir, inanir, ressarcir, transir, combalir.7

3. Oferecem particularidades especiais:

 Precaver(-se) e reaver. No presente do indicativo só tem as duas primeiras


pessoas do plural: precavemos, precavereis; reavemos, reaveis. No
imperativo: precavei, reavei. Faltam-lhes o imperativo negativo e o
presente do subjuntivo. No restante, conjugam-se normalmente.

 Adequar, antiquar: cabem as mesmas observações feitas ao grupo anterior.

 Grassar e rever (= destilar): só se usam nas terceiras pessoas.


6
Evanildo Bechara.
7
Moderna e normalmente o verbo parir está incluído neste grupo: Pres. parimos e paris. Mas
também, apesar de, por tabu linguístico, ser desusado na linguagem de sociedade, pode ser
conjugado integralmente, com irregularidade apenas na 1.ª pess. do ind. e em todo o pres.
do subj.: pairo, pares, pare, parimos, paris, parem. Pres. subj.: paira, pairas, paira,
pairamos, pairais, pairam. (Evanildo Bechara).
6
OBSERVAÇÕES:8

1. Muitos verbos apontados outrora como defectivos são hoje conjugados


integralmente: agir, advir, compelir, desmedir-se, discernir, embair, emergir,
imergir, fruir, polir, prazer, submergir. Ressarcir (cf. n.º 2 acima) e refulgir
(que alguns gramáticos só mandam conjugar nas formas em que o radical é
seguido de e ou i) tendem a ser empregados como verbos completos.

2. Os verbos que designam vozes de animais geralmente só aparecem nas


terceiras pess. do sing. e pl., em virtude de sua significação, e são
indevidamente arrolados como defectivos. Melhor chamá-los, quando no
seu significado próprio, unipessoais.

3. Também são indevidamente considerados defectivos os verbos impessoais


(pois não se referem a sujeito), que só são empregados na terceira pess. sing.:
Chove muito. Relampeja. Quando em sentido figurado, os verbos desta
observação, como os da anterior, conjugam-se em quaisquer pessoas:
Chovam as bênçãos do céu.

Verbos ABUNDANTES são aqueles que possuem duas ou mais formas


equivalentes. Geralmente são as formas do particípio. Exemplo: aceitar (aceitado,
aceito, aceite), matar (matado, morto), nascer (nascido, nato) etc.

VERBO Pret. perf. ind. M.-q-perf. ind. Imper. do subj. Fut. Subj.
Comprazer Comprazi, Comprazera, Comprazesse, Comprazer,
/descompra comprazeste, comprazerás, comprazesses, comprazeres,
zer comprazeu / comprazera cmprazesse / comprazer/
comprouve, /comprouvera, comprouvesse, comprouver,
comprouveste, comprouveras, comprouvesses, comprouveres,
comprouve comprouvera comprouvesse corromper etc.
etc. etc. etc.

VERBO Pres. ind. Imper. afirm.


Construir Construo, construís (constróis), construí Construí tu (constrói tu)

8
Evanildo Bechara.
7
(constrói), construímos, construís,
construem (constroem)
Assim se conjugam os verbos desconstruir, destruir, estruir, reconstruir.
Entupir / Entupo, entupes (entopes), entupimos, Entupe (entope), entupi
desentupir entupis, entupem (entopem)
Haver Hei, hás, há, havemos (hemos), haveis Há, havei
(heis) hão
Ir Vou, vais, vai, vamos (imos), ides (is é
forma antiga), vão
Querer / Quero, queres, quer (ou quere) queremos,
requerer queremos, quereis, querem / requeiro,
requeres, requer (requere), requeremos,
requereis, requerem
Valer Valho, vales, vale (val forma antiga),
valemos, valeis, valem
-zer, -zir Podem perder o -e na 2.ª
pess. sing.: faze tu (ou
faz); traduze tu (ou
traduz). Frequente os
exemplos literários com os
verbos dizer, fazer, trazer
e traduzir.

O particípio de alguns verbos: existe grande número de verbos que admitem dois (e
uns poucos até três) particípios: um regular, terminado em -ado (1.ª conjugação)
ou -ido (2.ª e 3.ª conjugações), e outro irregular, proveniente do latim ou de nome
que passou a ter aplicação como verbo, terminado em -to, -so ou criado por
analogia com modelo preexistente. Eis uma relação dessas formas duplas de
particípio, indicando-se entre parênteses se ocorrem com a voz ativa ou passiva, ou
com ambas. Alguns exemplos:
INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
aceitar aceitado (a., p.) aceito (p.), aceite (p.)
assentar assentado (a., p.) assento (p.), assente (p.)
entregar entregado (a., p.) entregue (p.)
enxugar enxugado (a., p.) enxuto (p.)
expressar expressado (a., p.) expresso (p.)
expulsar expulsado (a., p.) expulso (p.)
fartar fartado (a., p.) farto (p.)
findar findado (a., p.) findo (p.)
ganhar ganhado (a., p.) ganho (a., p.)
gastar gastado (a.) gasto (a., p.)
isentar isentado (a.) isento (p.)
juntar juntado (a., p.) junto (a., p.)

8
limpar limpado (a., p.) limpo (a., p.)
matar matado (a.) morto (a., p.)
pagar pagado (a.) pago (a., p.)
pasmar pasmado (a., p.) pasmo (a.)
pegar pegado (a., p.) pego (é ou ê)
salvar salvado (a., p) salvo (a., p.)
acender acendido (a., p.) aceso (p.)
arrepender arrependido (a., p.) repeso por arrepeso (a., p.)
desenvolver desenvolvido (a., p.) desenvolto (a., p.)
eleger elegido (a.) eleito (a., p.)
envolver envolvido (a., p.) envolto (a., p.)
prender prendido (a., p.) preso (p.)
revolver revolvido (a., p.) revolto (a.)
suspender suspendido (a., p.) suspenso (p.)
desabrir desabrido desaberto
erigir erigido (a., p.) erecto (p.)
exprimir exprimido ( a., p.) expresso (a., p.)
extinguir extinguido (a., p.) extinto (p.)
frigir frigido (a.) frito (a., p.)
imprimir imprimido (a., p.) impresso (a., p.)
inserir inserido (a., p.) inserto (a., p.)
tingir tingido (a., p.) tinto (p.)

OBSERVAÇÕES:

1.ª) Em geral emprega-se a forma regular, que fica invariável com os auxiliares ter
e haver, na voz ativa, e a forma irregular, que se flexiona em gênero e número,
com os auxiliares ser, estar e ficar, na voz passiva.

Nós temos aceitado os documentos.


Os documentos têm sido aceitos por nós.

Há outros particípios, regulares ou irregulares, que se usam indiferentemente na


voz ativa (auxiliares ter ou haver) ou passiva (auxiliares ser, estar ficar), conforme se
assinalou entre parênteses.

2.ª) Há uns poucos particípios irregulares terminados em -e, em geral de introdução


recente no idioma: entregue (o mais antigo), aceite, assente, empregue (em Portugal).

Enfim, com poucas palavras, assim podemos resumir: REGULARES são


verbos que não mudam o radical; os IRREGULARES sofrem alteração no radical;
verbos ANÔMALOS possuem forma de construção muito diferente do seu radical;
DEFECTIVO tem conjugação incompleta; ABUNDANTES têm duas ou mais formas
de conjugações equivalentes.

9
 FORMAS RIZOTÔNICAS E ARRIZOTÔNICAS

Formas verbais rizotônica são aquelas que apresentam o acento tônico


numa das sílabas do radical do verbo: canto, cantas, canta, estudo,
compreendam, consigo. Formas verbais arrizotônicas são aquelas que apresentam o
acento tônico fora do radical, isto é, na terminação: cantamos, cantais; queremos,
quereis.

As pessoas que fazem a forma rizotônica são eu, tu, ele/ela, eles/elas. Já as
pessoas que fazem a forma arrizotônica são nós e vós.

A língua portuguesa é mais rica de formas rizotônicas. São normalmente


rizotônicas: a) as três pessoas do singular e a 3.ª do plural do presente do indicativo
e do subjuntivo, e as correspondentes do imperativo; b) os particípios irregulares; c)
a 1.ª pessoa e 3.ª do singular do pretérito perfeito dos verbos irregulares fortes:
coube, fiz, fez.9

Como regra geral, os verbos defectivos não possuem as formas rizotônicas.

 FORMAS NOMINAIS DO VERBO10

Assim se chamam o infinitivo, o particípio e o gerúndio, porque, ao lado do


seu valor verbal, podem desempenhar função de nomes. O infinitivo pode ter
função de substantivo (recordar é viver = a recordação é vida); o particípio pode
valer por um adjetivo (homem sabido), e o gerúndio por um advérbio ou adjetivo
(amanhecendo, sairemos = logo pela manhã sairemos; água fervendo = água
fervente). Nesta função adjetiva, o gerúndio tem sido apontado como
galicismo;11porém, é antigo na língua este emprego, quando ocupou o lugar vago
deixado pelo particípio presente, que desapareceu do quadro verbal português para
ingressar no quadro nominal.

9
Evanildo Bechara, p. 199.
10
Evanildo Bechara.
11
Segundo o dicionário on-line Michaelis: sm (gálici+ismo) 1 Palavra importada diretamente
do francês; francesismo. 2 Expressão à moda francesa. 3 Palavra ou construção francesa
empregada em detrimento do vernáculo.
10
As formas nominais do verbo, com exceção do infinitivo, não definem as
pessoas do discurso e, por isso, são ainda conhecidas por formas infinitas.
Possuem, quando possíveis, desinências nominais idênticas às que caracterizam a
flexão dos nomes (gênero e número).

O infinitivo português, ao lado da forma infinita, isto é, sem manifestação


explícita das pessoas do discurso, possui outra flexionada:

INFINITIVO SEM FLEXÃO INFINITIVO FLEXIONADO


Cantar eu
Cantares tu
Cantar ele
Cantar Cantamos nós
Cantardes vós
Cantares eles

As formas nominais do verbo se derivam do tema (radical + vogal temática)


acrescido das desinências:

a) -r: para o infinitivo: canta-r, vende-r, parti-r


b) -do (ou -to, -so) para o particípio: canta-do, vendi-do, parti-do, acei-to, revol-to
c) -ndo: para o gerúndio: canta-ndo, vende-ndo, parti-ndo

OBSERVAÇÃO: O verbo vir (e derivados) forma também o seu particípio com a


desinência -do; mas, pelo desaparecimento da vogal temática i, apresenta-se igual
ao gerúndio: vindo (por vin-i-do) e vindo (vi-ndo).

 CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS QUANTO À CONJUGAÇÃO

Conjugação é a propriedade que verbo tem de indicar, através de suas


flexões, as relações de modo, tempo, pessoa, número e voz. Conjugar um verbo é
apresentá-lo em todas as suas flexões. A forma representativa do verbo é o
infinitivo, que se caracteriza por uma das três terminações: cantar, beber, partir.

Há, portanto, em português três conjugações, que são identificadas pelas


terminações do infinitivo.

11
A 1ª conjugação compreende os verbos terminados em –ar: amar, baixar, carregar,
dar, falar etc.
A 2ª conjugação concentra os verbos terminados em –er: berber, ceder, escrever, ler,
mexer, vender etc.
A 3ª conjugação abrange os verbos terminados em –ir: cair, dormir, mentir, partir,
reunir, sentir etc.

OBSERVAÇÃO: O verbo pôr e seus compostos (compor, propor, supor, transpor etc)
pertencem à 2ª conjugação, pois a forma antiga do verbo era poer, que se contraiu,
transformando-se mais tarde em pôr.

8.9. TEMPOS SIMPLES

Na formação do tempo simples utiliza-se dos tempos primitivos e tempos


derivados.

Os tempos primitivos são aqueles cujos radicais ou temas são usados na


formação de outros tempos. É o caso do presente do indicativo e do pretérito perfeito
do indicativo. Além deles, o infinitivo pessoal é usado na formação de outros tempos.

Já os tempos derivados são aqueles cujos radicais ou temas são obtidos


de um dos tempos primitivos ou do infinitivo impessoal. Com exceção do
presente e do pretérito perfeito do indicativo e do infinitivo impessoal, todos os
tempos e formas nominais são derivados.

8.9.2. PRESENTE DO INDICATIVO

Expressa fatos que aconteceram corriqueiramente dentro do presente; são


verdades universais; pode ser também um presente histórico, para dar dinamismo
ao texto; fatos no momento da fala.

Ainda teríamos de, no interior do passado, admitir outra vez a oposição


presente/passado, isto é, uma oposição entre um “presente do passado” (cantava –
cantei) e um “passado do passado” (cantara).12

12
Evanildo Bechara, p. 234
12
Isto significa que o presente, a rigor, se caracteriza pelo traço “negativo” ou
“neutral” em relação ao pretérito (passado) e ao futuro, que são termos “positivos”,
isto é, aplicados ao ocorrido, o que lhe permite, ao presente, empregar-se, em
determinados contextos, “em lugar” do passado e do futuro [ECs.1, 234]. Não
ocorrendo a neutralização, tais substituições ficam impedidas: em agora estarei
muito cansado, se entendermos “agora mesmo”, e não “em seguida”, depois do
momento em que falo” (quando a construção será perfeitamente possível), não se
empregará o futuro pelo presente.13

O presente denota uma declaração:14

1. que se verifica ou que se prolonga até o momento em que se fala:

“Ocorre-me uma reflexão imoral, que é ao mesmo tempo uma correção de estilo”.

2. que acontece habitualmente:

A Terra gira em torno do Sol.

3. que representa uma verdade universal (o “presente eterno”):

“O interesse adota e defende opiniões que a consciência reprova”.

Emprega-se o presente:

1. Pelo pretérito, em narrações animadas e seguidas (presente histórico),


como para dar a fatos passados o sabor de novidades das coisas atuais:

“Pela manhã, bates-lhe à porta, chamando-o. Como ninguém responda, procuras


entrar. Um peso imprevisto detém o esforço do teu braço. Insistes. Entras. E recuas,
os olhos escancarados, o rosto transfigurado pela dor e pelo assombro, o coração
parado no peito”.

2. Pelo futuro do indicativo para indicar com ênfase uma decisão:


13
Idem.
14
Idem.
13
Amanhã eu vou à cidade.

3. Pelo pretérito imperfeito do subjuntivo:

Se respondo mal, ele se zangaria.

4. Pelo futuro do subjuntivo:

Se queres a paz, prepara-te para guerra.

Observação: Para exprimir ação começada emprega-se, em geral, o verbo estar


seguido de gerúndio ou de infinitivo precedido de a preposição.

Estava falando sobre tal assunto.


Ou
Estava a falar sobre tal assunto.

E mais. Pode também expressar processos habituais, regulares, ou aquilo


que tem validade permanente.

Significa fato futuro próximo e de realização tida como certa. Exemplo:

Artur, agora você se comporta direitinho.


Depois vocês resolvem esse problema para mim.

O presente do indicativo faz o presente do subjuntivo, o pretérito imperfeito


do indicativo e o imperativo.

8.9.3. PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO

Indica um fato consumado, acabado dentro do passado. O perfeito fixa e


enquadra a ação dentro de um espaço de tempo determinado:

14
Marcela teve primeiro um silêncio indignado; depois fez um gesto magnífico: tentou atirar o
colar à rua. Eu retive-lhe o braço; pedi-lhe muito que não me fizesse tal desfeita, que
ficasse com a joia. Sorriu e ficou.

O pretérito perfeito do indicativo faz o pretérito mais-que-perfeito do


indicativo, o futuro do subjuntivo e o pretérito imperfeito do subjuntivo.

A fim de conseguir uma conjugação correta do pretérito perfeito do


indicativo, indicamos o seguinte “macête”: dever-se-á utilizar o advérbio ONTEM
antes da conjugação. Por exemplo:

ONTEM (eu) saí; ONTEM (tu) saíste; ONTEM (ele) saiu; ONTEM (nós) saímos;
ONTEM (vós) saístes; ONTEM (eles) saíram.

ONTEM (eu) cri; ONTEM (tu) creste; ONTEM (ele) creu; ONTEM (nós) cremos;
ONTEM (vós) crestes; ONTEM (eles) creram.

O pretérito perfeito composto exprime:

1. processos que se repetem ou se prolongam até o presente, momento


em que se fala:

Não me tens dito nada das tuas ocupações nessa casa

2. fato habitual:

O caseiro tem ficado no aguardo de sua filha por anos.

3. fato consumado

Tenho dito (colocado no fim dos discursos).

8.9.4. PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO

Refere-se a uma ação inacabada – ou que demorou a acabar. É utilizado


para expressar um fato habitualmente praticado no passado. De forma mais
15
técnica, são as lições de Bechara: 15 “Pretérito imperfeito – O imperfeito, como ensina
Coseriu [ECs.5, 165], é um membro não marcado, extensivo, de uma oposição que
encerra três membros, dois dos quais são marcados e intensivos: o mais-que-perfeito
e o chamado condicional presente, na forma simples. Nesta oposição, o mais-que-
perfeito significa um “anterior”, enquanto o condicional presente (futuro do pretérito)
um “depois”. Daí o imperfeito não significar nem “antes” nem “depois” e, por isso,
pode ocupar todo o espaço da oposição. Isto implica que não se pode, a rigor, atribuir
ao imperfeito a pura e simples significação de passado, a não ser que ele seja
considerado um “presente” do passado. Como um segundo “presente” pode – como
ocorre com o presente próprio, que tem seu pretérito representado pelo perfeito
simples, e o seu futuro representado pelo futuro simples – ter seu próprio passado (o
mais-que-perfeito) e seu próprio futuro (o condicional presente). Por isso, o presente
pode substituir o pretérito perfeito simples e o futuro, mas o imperfeito não”.

Pode-se, neste gráfico, representar o presente e o imperfeito no sistema dos


tempos em português; o imperfeito, sendo um termo neutro do plano “inatual”,
pode ser empregado “em lugar” do seu pretérito (passado) e de seu futuro: 16

Passado Atualidade Futuro


Perfeito simples Presente Futuro
Mais-que-perfeito Imperfeito Condicional presente
(futuro do pretérito)

O pretérito imperfeito transmite a ideia de quando nos transportamos


mentalmente a uma época passada e descrevemos o que então era presente:17

Rodrigo falava tão baixo que lhe perguntei se estivera com algum problema no
Tribunal.

Ainda, o pretérito imperfeito pode indicar dúvida na realização de um fato


ou pedidos e solicitações, bem como pode exprimir um desejo feito com
modéstia ou com o simples propósito:18

Queria viver para o seu filho – é como ele explicava o desejo da vida.
15
Evanildo Bechara, p. 235.
16
Idem.
17
Idem.
18
Evanildo Bechara, p. 235.
16
Sr. Manoel, eu desejava telefonar.

Pode substituir, principalmente na conversação, o futuro do pretérito,


quando se quer exprimir fato categórico ou a segurança do falante:19

Se me desprezasses, morreria, matava-me.

OBSERVAÇÕES:

1ª) Emprega-se o pretérito imperfeito do verbo dever (fazer uma coisa) em lugar do
pretérito perfeito:

Ele devia (e não deveu) ser (ou ter sido) ontem mais atencioso para contigo.

2ª) Aparece em lugar do futuro do pretérito para denotar um fato certo como
consequência de outro que não se deu:

Eu, se tivesse crédito na praça, pedia outro empréstimo.

3ª) Ainda na referência ao futuro, entra o imperfeito chamado “prelúdico” ou


imperfeito dos jogos:

Então [neste jogo que vamos começar a jogar] eu era o rei e tu eras a rainha.
Agora eu era o herói e o meu cavalo só falava inglês

Como já visto, a referência para se formar o pretérito imperfeito do indicativo


é tirada do presente do indicativo.

Sendo assim, o imperfeito do indicativo é formado do radical do presente do


indicativo acrescido:

1. Na 1ª conjugação (verbos terminados em AR), das terminações –ava, -avas,


-ava, ávamos, -áveis, -avam (esquematicamente, podemos dizer que a
constituição na 1ª conjugação se da pela vogal temática -a- + sufixo temporal
-va + desinências pessoais);
19
Idem.
17
2. Na 3ª conjugação (verbos terminados em IR), das terminações -ia, -ias, -ia,
-íamos, íeis, -iam (constituídas da vogal temática -i- + sufixo temporal -a- +
desinências pessoais);

3. Na 2ª conjugação (verbos terminados em ER), a terminação é igual a da 3ª


conjugação, por ter vogal temática -e- passado a -i- antes de -a-.

A fim de conseguir uma conjugação correta do pretérito imperfeito do


indicativo, indicamos o seguinte “macete”: dever-se-á utilizar o advérbio
ANTIGAMENTE antes da conjugação. Exemplo:

1ª conjugação, cantar: ANTIGAMENTE (eu) cantava; ANTIGAMENTE (tu) cantavas;


ANTIGAMENTE (ele) cantava; ANTIGAMENTE (nós) cantávamos; ANTIGAMENTE
(vós) cantáveis; ANTIGAMENTE (eles) cantavam.

3ª conjugação, evadir: ANTIGAMENTE (eu) evadia; ANTIGAMENTE (tu) evadias;


ANTIGAMENTE (ele) evadia; ANTIGAMENTE (nós) evadíamos; ANTIGAMENTE (vós)
evadíeis; ANTIGAMENTE (eles) evadiam.

2ª conjugação, trazer: ANTIGAMENTE (eu) trazia; ANTIGAMENTE (tu) trazias;


ANTIGAMENTE (ele) trazia; ANTIGAMENTE (nós) trazíamos; ANTIGAMENTE (vós)
trazíeis; ANTIGAMENTE (eles) traziam.

OBS.: Fogem à regra acima os verbos ser, ter, vir e pôr, que fazem no imperfeito a
seguinte conjugação: era, tinha, vinha e punha, respectivamente.
Recapitulando: o pretérito imperfeito é o tempo da ação prolongada ou
repetida com limites imprecisos; ou não nos esclarece sobre a ocasião em que a
ação terminaria ou nada nos informa quanto ao momento do início.

8.9.5. PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO INDICATIVO (SIMPLES E


COMPOSTOS20)

Refere-se a um fato passado consumado anterior a outro fato passado.

20
A expressão “simples e compostos” encontra-se na obra de Evanildo Bechara.
18
No dia seguinte, antes de me recitar nada, explicou-me o capitão que só por motivos
graves abraçara a profissão marítima...

Fato passado consumado anterior = abraçara. (Pretérito mais-que-perfeito).


A outro fato passado = explicou. (Pretérito perfeito).

Como já dito acima, o pretérito mais-que-perfeito é formado juntando-se as


seguintes terminações do pretérito perfeito de indicativo (= sufixo temporal -ra- +
desinências pessoais) -ra, -ras, -ra, -ramos, -reis, -ram.

Ou, se preferir: radical do pretérito perfeito do indicativo + vogal temática do


pretérito mais-que-perfeito.

Exemplo: (eu) cantaRA; (tu) cantaRAS; (ele) cantaRA; (nós) cantáRAMOS; (vós)
cantáREIS; (eles) cantaram.

OBSERVAÇÃO: o tema do pretérito perfeito do indicativo pode ser obtivo


suprimindo-se a desinência da 2ª pessoa do singular ou da 1ª pessoa do plural,
exemplo:

2ª pessoa do singular: canta (ste); fize (ste); vie (ste); puse (ste).

1ª pessoa do plural: canta (mos); fize (mos); vie (mos); puse (mos).

8.9.6. FUTURO DO PRESENTE DO INDICATIVO

Diz-se hoje com intenção futura. Ou, segundo Bechara,21 pode exprimir:

1. Em lugar do presente, incerteza ou ideia aproximada, simples


possibilidade ou asseveração modesta;

O mal não será a especiaria do bem?


Ele terá seus vinte anos.

21
P. 236.
19
2. Em lugar do imperativo, uma ordem ou recomendação, principalmente nas
prescrições e recomendações morais.

Defenderás os teus direitos.


Não furtarás.

Forma-se, o futuro do presente, pelo infinitivo impessoal, tendo o simples


acréscimo das terminações -ei; -ás; -á, -emos, -eis; -ão.

A fim de conseguir uma conjugação correta do futuro do presente do


indicativo, indicamos o seguinte “macête”: dever-se-á utilizar o advérbio AMANHÃ
antes da conjugação. Exemplo:

AMANHÃ (eu) enriquecerei; AMANHÃ (tu) enriquecerás; AMANHÃ (ele) enriquecerá;


AMANHÃ (nós) enriqueceremos; AMANHÃ (vós) enriquecereis; AMANHÃ (eles)
enriquecerão.

OBSERVAÇÃO:

Nas orações condicionais de se, nas temporais de quando e enquanto, nas


conformativas (de segundo e conforme, etc.), nas adjetivas que denotam simples
concepção, o futuro do indicativo é substituído pelo futuro conjuntivo (subjuntivo) – o
qual só nestas orações se usa (ou também em certos casos pelo presente
conjuntivo); assim [não] se diz: se vejo, se vi, mas: se vir/ incorreta também a forma
quando vejo, quando vi, devendo ser construída assim: quando vir/ ou, também,
sendo errada a expressão aquele que vê, aquele que viu, devendo-se substituí-la por
aquele que vir.

8.9.7. FUTURO DO PRETÉRITO DO INDICATIVO

Refere-se a um fato passado com intenção futura. 22 Na óptica de Bechara,23


futuro do pretérito pode ser empregado ainda para denotar:

1. Que o fato se dará, agora ou no futuro, dependendo de certa condição:


22
Cunha & Cintra.
23
P. 237.
20
A vida humana seria incomportável sem as ilusões e prestígios que a circundam.
Se pudéssemos chegar a um certo grau de sabedoria, morreríamos tísicos de amor
e admiração por Deus.

2. Asseveração modesta em relação ao passado, admiração por um fato se ter


realizado:

Eu teria ficado satisfeito com as tuas cartas.


Nós pretenderíamos saber a verdade.
Seria isso verdadeiro?

3. Incerteza:24

Haveria na festa umas doze pessoas.

Forma-se, o futuro do pretérito, pelo infinitivo impessoal, tendo o simples


acréscimo das terminações -ia; -ias; -ia, -íamos, -íeis; -iam.

Exemplo: (eu) trespassarIA; (tu) trespassarIAS; (ele) trespassarIA; (nós)


trespassarÍAMOS; (vós) trespassarÍEIS; (eles) trespassarIAM.

PÓS ESCRITO:

Não seguem a regra do futuro do presente indicativo e a do futuro do


pretérito do indicativo os verbos dizer, fazer e trazer, cujas formas, nesses dois
tempos são, respectivamente: direi, diria; farei, faria; trarei, traria.

Cabe ressaltar que infinitivo impessoal nada mais é do que o verbo em seu
estado primitivo, isto é, o verbo terminado em r. Exemplo: cantar, andar, pular,
cair, subir, instruir, descer, correr, chover etc.

24
Emprega-se o auxiliar tivera (ou houvera) na oração condicional, em lugar do mais-que-
perfeito, em relação a um futuro do pretérito posto na oração principal:
Estudaria (ou teria estudado), se tivera (= tivesse) sabido da prova.
21
8.9.8. PRESENTE DO SUBJUNTIVO

Refere-se a um fato de que não se tem certeza.


Como já dito, o presente do indicativo faz o presente do subjuntivo. É
utilizado o radical da 1ª pessoa do presente do indicativo, substituindo a desinência
-o pelas flexões do presente do subjuntivo, que são as seguintes:

1. 1ª conjugação (verbos terminados em AR), a terminação é: -e, -es, -emos,


-eis, -em;

2. 2ª e 3ª conjugação (verbos terminados em ER e IR, respectivamente), a


terminação é: -a, -as, -a, -amos, ais, -em.

A fim de conseguir uma conjugação correta do presente do subjuntivo,


indicamos o seguinte “macête”: dever-se-á utilizar a conjunção condicional QUE
(ou, se preferir, DESDE QUE) antes da conjugação. Exemplo:

1ª conjugação, nadar: QUE (eu) nade; QUE (tu) nades; QUE (ele) nade; QUE (nós)
nademos; QUE (vós) nadeis; QUE (eles) nadem.

2ª conjugação, tecer: QUE (eu) teça; QUE (tu) teças; QUE (ele) teça; QUE (nós)
teçamos; QUE (vós) teçais; QUE (eles) teçam.

3ª conjugação, infringir: QUE (eu) infrinja; QUE (tu) infrinjas; QUE (ele) infrinja;
QUE (nós) infrinjamos; QUE (vós) infrinjais; QUE (eles) infrinjam.

OBSERVAÇÃO 1: Dentre todos os verbos da língua, apenas os seguintes não


obedecem à regra anterior: haver, ser, estar, dar, ir, querer e saber, que fazem no
presente do subjuntivo: haja, seja, esteja, dê, vá, queira e saiba.

OBSERVAÇÃO 2: Os verbos defectivos em que a 1ª pessoa do presente do indicativo


caiu em desuso não tem presente do subjuntivo.

8.9.9. PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO

Refere-se a um fato passado e hipotético.


22
Pelo que dito acima foi, o imperfeito do subjuntivo é formado pelo tema do
pretérito perfeito do indicativo + as terminações -sse, -sses, -sse, -ssemos, -sseis,
-ssem.

A fim de conseguir uma conjugação correta do pretérito imperfeito do


subjuntivo, indicamos o seguinte “macête”: dever-se-á utilizar a conjunção
condicional SE antes da conjugação. Exemplo:

SE (eu) pegasse; SE (tu) pegasses; SE (ele) pegasse; SE (nós) pegássemos; SE (vós)


pegásseis; SE (eles) pegassem.

OBSERVAÇÃO: Como se obter o tema do pretérito perfeito do indicativo já foi


ensinado na abordagem do pretérito mais-que-perfeito do indicativo (ver pág.76 ).

8.9.10. FUTURO DO SUBJUNTIVO

Refere-se a um fato futuro e hipoteticamente concluído.

O futuro do subjuntivo é obtido pelo radical do pretérito perfeito do


indicativo + as terminações -r, -res, -r, -rmos, -rdes, -rem.

A fim de conseguir uma conjugação correta do futuro do subjuntivo,


indicamos o seguinte “macête”: dever-se-á utilizar a conjunção temporal QUANDO
ou, às vezes, a conjunção condicional SE antes da conjugação. Exemplo:

QUANDO (eu) aquiescer; QUANDO (tu) aquiesceres; QUANDO (ele) aquiescer;


QUANDO (nós) aquiescermos; QUANDO (vós) aquiescerdes; QUANDO (eles)
aquiescerem.

OBSERVAÇÃO: Como se obter o tema do pretérito perfeito do indicativo já foi


ensinado na abordagem do pretérito mais-que-perfeito do indicativo (ver pág. 76 ).

23
8.9.11. O SUBJUNTIVO NA ÓPTICA DE EVANILDO BECHARA:25

O modo subjuntivo ocorre normalmente nas orações independentes


optativas, nas imperativas negativas e afirmativas (nestas últimas com exceção
da 2.ª pessoa do singular e plural), nas dubitativas com o advérbio talvez e nas
subordinadas em que o fato é considerado como incerto, duvidoso ou impossível
de se realizar:

Bons ventos o levem.


Não emprestes, não disputes, não maldigas e não terás de arrepender-te.
Não desenganemos os tolos se não queremos ter inumeráveis inimigos.
Louvemos a quem nos louva para abonarmos o seu testemunho.
Talvez a estas horas desejem dizer-te pecavi! Talvez chorem com lágrimas de
sangue.
Faltam-nos memórias e documentos coevos em que possamos estribar-nos para
relatar tais sucessos.

OBSERVAÇÃO:

Observação: Às vezes ocorre o indicativo com talvez: “Magistrado ou guerreiro de


justo ou generoso se gaba: – e as turbas talvez o aplaudem e celebram seu nome”.
Parece que o indicativo deixa antever melhor a certeza de que o de que se duvida se
pode bem realizar.

Nas orações subordinadas substantivas, ocorre o subjuntivo nos seguintes


principais casos:

1. Depois de expressões (verbos, nomes ou locuções equivalentes) que denotem


ordem, vontade, consentimento, aprovação, proibição, receio, admiração,
surpresa, contentamento:

Prouvera a Deus, venerável Crimilde – tornou o quingentário – que nos fosse lícito
desamparar estes muros.
Proibi-te que o revelasses.
Espero que estudes e que sejas feliz.
25
P. 237-239.
24
2. Depois de expressões (verbos ou locuções formadas por ser, estar, ficar +
substantivo ou adjetivo) que denotam desejo, probabilidade, vulgaridade,
justiça, necessidade, utilidade:

Cumpre que venhas cedo.


Convém que não nos demoremos.
É bom que compreenda logo o problema.

3. Depois dos verbos duvidar, suspeitar, desconfiar, e nomes cognatos26


(dúvida, duvidoso, suspeita, desconfiança etc.) quando empregados
afirmativamente, isto é, quando se trata de dúvida, suspeita ou
desconfiança reais.

“... me vinham à mente suspeitas de que ela fosse um anjo transviado do céu...”
“A luz... que suspeitávamos procedesse de lâmpada esquecida por sonolento moço
de reposte...”

Se o falante tem a suspeita como coisa certa, ou nela acredita, o normal é


aparecer o indicativo:

Suspeitava-se que era a alma da velha Brites que andava ali penada”.

Usa-se o subjuntivo nas orações adjetivas que exprimem:

1. Fim:

Ando à cata de um criado que seja econômico e fiel.

2. Consequência (o pronome relativo vem precedido de preposição, geralmente,


com):
Daqui levarás tudo tão sobejo
Com que faças (= que com isso) o fim a teu desejo.

26
Cognatos são palavras de uma mesma origem, com significado e/ou grafia igual ou
parecida em idiomas diferentes. O falso cognato aparece quando a grafia é igual ou
semelhante, mas o significado muda de um idioma para o outro.
25
3. Uma conjectura e não uma realidade:
Compare-se:

O cidadão que ama sua pátria engrandece-a. (realidade)


O cidadão que ame sua pátria engrandece-a. (conjectura)

4. Depois de um predicativo negativo, ou de uma interrogação de sentido


negativo quando enunciam uma qualidade que determine ou restrinja a
ideia expressa por esse predicado ou interrogação.

Nas orações adverbiais usa-se o subjuntivo:

1. Nas causais de não porque, não (ou nem), quando se quer dizer que a razão
aludida não é verdadeira.

Deitei-me ontem mais cedo, não porque tivesse sono, mas porque precisava de me
levantar hoje de madrugada.

2. Nas concessivas de ainda que, embora, conquanto, posto que, se bem que,
por muito que, por pouco que (e semelhantes), não havendo, entretanto,
completo rigor a respeito do tem:

Ainda que perdoemos aos maus, a ordem moral não lhes perdoa, e castiga a nossa
indulgência.
Por mais sagaz que seja o nosso amor próprio, a lisonja quase sempre o engana.

OBSERVAÇÃO:

Entram neste rol as alternativas de sentido concessivo (ou... ou, quer... quer) e as
concessivas justapostas do tipo de fosse ele o culpado, ainda assim lhe perdoaria.

3. Nas condições de se, conquanto que, sem que, a não ser que, suposto que,
caso, dado que, para exprimir hipótese, e não uma realidade. Entra ainda
neste grupo a comparativa hipotética como se:

26
Se as viagens simplesmente instruíssem os homens, os marinheiros seriam os mais
instruídos.
E moviam os lábios, como se tentassem falar.

OBSERVAÇÃO:

Se se tratar de coisa real ou tida como tal, geralmente aparece o


indicativo:

Não há momento que perder, se queremos salvar-nos.

4. Nas consecutivas quando se exprime uma simples concepção e não um fato


real:

Devemos regular a nossa vida de modo que possamos esperar e não recear depois
de nossa morte.
Não subais tão alto que a queda seja mortal.

5. Nas finais:

Os maus são exaltados para serem felizes, para que caiam do mais alto e sejam
esmagados.

6. Nas temporais de antes que, assim que, até que, enquanto, depois que,
logo que, quando ocorrem nas negações ou nas indicações de simples
concepção, e não uma realidade (caso em que aparece o indicativo).

Cumprirei o que ordenas, porque jurei obedecer-te cegamente enquanto não


salvássemos a irmã de Pelágio.

OBSERVAÇÃO 1:

A oração substantiva que completa a exclamação de surpresa quem diria


constrói-se com indicativo ou subjuntivo:

Quem diria que ele era capaz disso.


27
Quem diria que ele fosse capaz disso.

OBSERVAÇÃO 2:

Com indefinidos do tipo o que quer que é mais comum o emprego do


subjuntivo:

Saiu com o que quer que fosse.

OBSERVAÇÃO 3:

Também têm o verbo no subjuntivo as orações introduzidas por que,


quando restringem a generalidade de um asserto:

Não há, que eu saiba, expressão mais suave.

8.9.12. IMPERATIVO AFIRMATIVO

O imperativo afirmativo só possui formas próprias de 2ª pessoa do singular


e 2ª pessoa do plural, derivadas do presente do indicativo com a retirada do -s.
Para as demais pessoas, utilizamos as mesmas formas do presente do subjuntivo.

Esquematicamente:

1. Do presente do indicativo, utiliza-se: a 2ª pessoa do singular e a 2ª do


plural, retirando a letra s delas. Exemplo: tu anda (s); vós andai (s);

2. Do presente do subjuntivo, utiliza-se todas as demais pessoas para a


conjugação. Exemplo: ele ande; nós andemos; que andem.

OBSERVAÇÃO 1:
Excetua-se o verbo ser, que faz sê (tu) e sede (vós).

OBSERVAÇÃO 2:

28
Costumam perder o -e na 2ª pessoa do singular do imperativo afirmativo os verbos
dizer, fazer, trazer e os terminados em -uzir. Dize (ou diz) tu; faze (ou faz) tu; traze
(ou traz) tu; aduze (ou aduz) tu, traduze (ou traduz) tu.

OBSERVAÇÃO 3:

Cabe frisar que não existe a 1ª pessoa (eu) no imperativo afirmativo.

8.9.13. IMPERATIVO NEGATIVO

O imperativo negativo é todo feito pelo presente do subjuntivo, utilizando o


NÃO antes do verbo. Exemplo:

NÃO andes (tu); NÃO ande (ele); NÃO andemos (nós); NÃO andeis (vós); NÃO andem
(eles).

OBSERVAÇÃO: Da mesma forma que no imperativo afirmativo, aqui, também, não


existe a 1ª pessoa do singular.

8.10. LOCUÇÃO VERBAL. VERBOS AUXILIARES E SEU EMPREGO

Os conjuntos formados de um verbo auxiliar com infinitivo, gerúndio ou


particípio que recebe o nome de verbo principal chamam-se locuções verbais. Entre
o auxiliar e o verbo principal no infinitivo pode aparecer ou não uma preposição
(de, em, por, a, para). Nas locuções verbais conjuga-se apenas o auxiliar, pois o
verbo principal vem sempre numa das formas nominais: no PARTICÍPIO, no
GERÚNDIO, no INIFINITIVO IMPESSOAL.

Os auxiliares de uso mais frequente são ter, haver, ser e estar.

 TER e HAVER empregam-se:

1. Com particípio do verbo principal, para formar os tempos compostos da


voz ativa, denotadores de um fato acabado,27 repetido ou contínuo:

27
Bechara só cita que a “ação verbal está concluída”.
29
Tenho feito exercícios.
Havíamos de comprar livros.

2. Com infinitivo do verbo principal antecedido da preposição de, para


exprimir, respectivamente, a obrigatoriedade ou firme propósito de
realizar o fato:

Tenho de fazer exercícios.


Havemos de comprar livros.

 SER emprega-se com o particípio do verbo principal, para formar os tempos


compostos da voz passiva de ação:

Exercícios foram feitos por mim.


Livros são comparados por nós.

 ESTAR emprega-se

1. Com o particípio do verbo principal, para formar tempos da voz passiva de


estado:

Estou arrependido do que fiz.


Estamos impressionados com o fato.

2. Com gerúndio, ou com o infinitivo do verbo principal antecedido da


preposição a, para indicar uma ação durativa, continuada:

Estava ouvindo música.


Estava a ouvir música.

3. Com o infinitivo do verbo principal antecedido da preposição para, para


exprimir a iminência de um acontecimento, ou o intuito de realizar a
ação expressa pelo verbo principal.

O avião está para chegar.


Há dias estou para visita-lo.
30
4. Com o infinitivo do verbo principal antecedido da preposição por, para
indicar que uma ação que já deveria ter sido realizada ainda não foi:

O trabalho estar por terminar.


A carta ficou por escrever.

OBSERVAÇÕES:

1. O único verbo que SEMPRE será de ligação é o verbo ser. Todos os demais
deverão ser analisados no contexto da frase.

2. Os verbos terminados em -iar são, em geral, regulares. Atentar-se para os


verbos Mediar, Ansiar, Remediar, Incendiar e Odiar. Mais conhecidos como
verbos “MARIO”. Nestes, o i muda para e nas formas rizotônica (eu, tu,
ele/ela, eles/elas):

Eu incendeio, tu incendeias, ele/ela incendeia, eles/elas incendeiam.

3. Criar, em qualquer acepção, conjuga-se como verbo regular terminado em


-iar:

Eu crio, tu crias, ele cria, nós criamos etc.

4. Os verbos terminados em -uzir, como aduzir, conduzir, introduzir, luzir,


reluzir, traduzir, etc., não apresentam a vogal e na 3ª pessoa do singular do
presente do indicativo:

Ele: aduz, conduz, introduz, luz, reluz, traduz.

8.10.1. EMPREGO DAS FORMAS NOMINAIS28

A respeito das formas nominais, cumpre acrescentar ao que se disse nas


páginas anteriores:

28
Segundo Evanildo Bechara, p. 239-241.
31
1. INFINITIVO HISTÓRICO: entende-se por infinitivo histórico ou de narração
aquele que, numa narração animada, considera a ação como já passada, e
não no seu desenvolvimento:

E os médicos a insistirem que saísse de Lisboa.


Ela a voltar as costas, e o reitor a pôr o chapéu na cabeça.
E ele a rir-se, ele a regalar-se.

2. EMPREGO DO INFINITIVO (flexionado ou sem flexão):

2.1. Infinitivo pertencente a uma locução verbal:

Não se flexiona normalmente o infinitivo que faz parte de uma locução


verbal:

E o seu gesto era tão desgracioso, coitadinho, que todos, à exceção de Santa,
puseram-se a rir.

Pois, se ousais levar a cabo vosso desenho, eu ordeno que o façais.

Depois mostraram-lhe, um a um, os instrumentos das execuções, e explicaram-lhe


por miúdo como haviam de morrer seu marido, seus filhos e o marido de sua filha.

Encontram-se exemplos que se afastam deste critério quando ocorrem os


seguintes casos:

 O verbo principal se acha afastado do auxiliar e se deseja avivar a pessoa a


quem a ação se refere:

Possas tu, descendente maldito


De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de vis Aimorés.

32
...dentro dos mesmos limites atuais podem as cristandades nascerem ou
anularem-se, crescerem ou diminuírem em certos pontos desses vastos
territórios.

 O verbo auxiliar, expresso anteriormente, cala-se depois:

Queres ser mau filho, deixares uma nódoa d’infância na tua linhagem.

2.2. Infinitivo dependente dos verbos causativos e sensitivos:

Com os causativos deixar, mandar, fazer (e sinônimos), a norma é aparecer


o infinitivo sem flexão, qualquer que seja o seu agente:

Sancho II deu-lhe depois por válida a carta e mandou-lhes erguer de novo os


marcos onde eles os haviam posto.
Fazei-os parar.
Deixai vir a mim as criancinhas.

Mas flexionado em:

e deixou fugirem-lhe duas lágrimas pelas faces.


Não são poucas as doenças para as quais, por desídia, vamos deixando perderem-se
os nomes velhos que têm em português.

Com os sensitivos ver, ouvir, olhar, sentir (e sinônimos), o normal é


empregar-se o infinitivo sem flexão, embora aqui o critério não seja tão rígido:

Olhou para o céu, viu estrelas... escutou, ouviu ramalhar as árvores.


... o terror fazia-lhes crer que já sentiam ranger e estalar as vigas dos simples...

Os seguintes exemplos atestam o emprego do infinitivo flexionado:

Em Alcoentre os ginetes e corredores do exército real vieram escaramuçar com os


do infante, e ele próprio os ouvia chamarem-lhe traidor e hipócrita.

Creio que comi: senti renovarem-se-me as forças.


33
OBSERVAÇÃO 1:

Com os causativos e sensitivos pode aparecer ou não o pronome átono que


pertence ao infinitivo:

Deixei-o embrenhar (por embrenhar-se) e transpus o rio após ele.

O faquir deixou-o afastar (por afastar-se).

Enconstando-se outra vez na sua dura jazida, Egas sentiu alongar-se a estrupiada
dos cavalheiros...

E o eremita viu-a, ave pernalta e branca, bambolear-se em voo, ir chegando, passar-


se para cima do leito, aconchegar-se ao pobre homem...

Por isso não cabe razão a Mário Barreto [MBa.4, 51] quando condena, nestes casos,
o aparecimento do pronome átono.

OBSERVAÇÃO 2:

Aqui também o infinitivo pode aparecer flexionado, por se calar o auxiliar:

Viu alvejar os turbantes, e, depois surgirem rostos tostados, e, depois, reluzirem


armas.

2.3. INFINITIVO FORA DA LOCUÇÃO VERBAL

Fora da locução verbal, “a escolha da forma infinitiva depende de


cogitarmos somente da ação ou do intuito ou necessidade de pormos em evidência o
agente do verbo”.

O infinitivo sem flexão revela que a nossa atenção se volta com especial
atenção para a ação verbal; o flexionamento serve de insistir na pessoa do sujeito:

Estudamos para...
34
...vencer na vida. ...vencermos na vida.

As crianças são acalentadas por dormirem, e os homens enganados para


sossegarem.

Ocorre o infinitivo flexionado nos seguintes casos principais:

1. Sempre que o infinitivo estiver acompanhado de um nominativo sujeito,


nome ou pronome (quer igual ao de outro verbo, quer diferente);

2. Sempre que se tornar necessário destacar o agente, e referir a ação


especialmente a um sujeito, seja para evitar confusão, seja para tornar mais
claro o pensamento. O infinitivo concordará com o sujeito que temos em
mente;

3. Quando o autor intencionalmente põe em relevo a pessoa a que o verbo se


refere.

Exemplos:

Estudamos para nós vencermos na vida.

Beijo-vos as mãos, senhor rei, por vos lembrardes ainda de um velho homem de
armas que para nada presta hoje.

É permitido aos versistas poetarem em prosa.

8.11. ERROS FREQUENTES NA CONJUGAÇÃO DE ALGUNS VERBOS:29

1. Vir e seus derivados:

No presente do indicativo temos: venho, vens, vem, vimos (e não viemos),


vindes, vêm.

No pretérito perfeito do indicativo: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram.

29
Evanildo Bechara, p. 206-207.
35
O gerúndio é igual ao particípio, porque neste desapareceu a vogal temática:
vindo (vindo) e vindo (vin-i-do).

Notem-se estes enganos comuns nos derivados de vir, no pret. perf. ind.:

Os guardas interviram na discussão (em lugar de intervieram).

A professora interviu no caso (em lugar de interveio).

O futuro do subjuntivo é vier: Quando eu vier... (e não vir):

E, incapazes de negar a beleza (...) assaltaram a ave de Juno (...) intervieram para
impor silêncio o leão e o tigre.

O Senhor Araña y Araña conveio em que o panorama era magnificente (...).

2. Ver e seus derivados:

Prover não se conjuga como ver no:

pret. perf. ind.: provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram


m.-q.-perf. ind.: provera, proveras, provera, provêramos, provêreis, proveram
imperf. subj.: provesse, provesses, provesse, provêssemos, provêsseis, provessem
fut. subj.: prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem
particípio: provido

Rever é conjugado como ver; por isso está errada a flexão em:

A aluna reveu (em vez de reviu) a prova.

Antever é conjugado como ver e, por isso, enganou-se o nosso Casimiro de


Abreu ao escrever:

“Quem antevera (com e) que dum povo a ruína


Pelo seu próprio rei cavada fosse?”.

36
O futuro do subjuntivo é vir:

Quando eu vier à cidade e vir oportunidade de comprá-lo, então o farei (e não ver!).

3. Precaver-se:

É verbo defectivo que nada tem com ver ou vir; por isso evite-se dizer

Eu me precavejo ou Eu me precavenho.
Precavejam-se ou Precavenham-se.

Para sua conjugação, veja-se Verbos defectivos e abundantes.

4. Reaver:

É verbo defectivo, derivado de haver, que só se conjuga nas formas em que


este possui -v-.

Não se deve dizer: Eu reavejo ou Eu reavenho.

Cuidado especial merece também o pret. perf.: reouve, reouveste, reouve,


reouvemos, reouvestes, reouveram.

Por isso evitem-se empregos como: eu reavi, ele reaveu, etc. Cf. Verbos
defectivos e abundantes.

5. Ter e seus derivados:

Deter, derivado de ter, conjuga-se como este. Logo está errada a frase:

O policial deteu (por deteve!) o criminoso.

Sirva de exemplo o caso que vou referir, segundo o texto autorizado de um


doutor que (...) entreteve um diálogo com um dos últimos gregos.

6. Pôr e seus derivados:


37
Opor é derivado de pôr e por ele se modela na conjugação. Assim enganou-
se o poeta Porto-Alegre nestes versos, usando opor em vez de opuser:

“Se aos paternos errores de contraste,


E à minha influição opor virtudes”.

7. Estar e seus derivados:

Sobrestar é derivado de estar e por ele se conjuga; porém, costuma-se ver


modelado pelo verbo ter, como se fosse sobrester. Assim não está certo o seguinte
exemplo de Alberto de Oliveira:

“Deixando a enferma, sobrestenho o passo”.

8. Haver-se e avir-se:

Estes verbos têm empregos diferentes. Haver-se (com alguém) significa:

 proceder, portar-se:

“Ele, porém, houve-se com a maior delicadeza”.

 ser chamado a ordem, entrar em disputa com alguém, conciliar, e aparece nas
ameaças:

Ele tem de se haver comigo.


“Aquele que sobre ti lançar vistas de amor ou de cobiça, comigo se haverá”.

 Conciliar

Avir-se é sinônimo de haver-se, isto é, significa entrar em acordo com,


conciliar:

“Lá se avenham os sorveteiros com Boileau”.

38
Desavir-se é o contrário de avir-se:

Os amigos se desavieram (e não se desouveram!) por muito pouco.

Erra-se frequentes vezes empregando-se, nas ameaças, avir-se por haver-se:

Ele tem de se avir comigo (em lugar de se haver).

8.12. ESTUDO DAS VOZES VERBAIS

8.12.1.VOZ ATIVA

Ocorre a voz ativa quando o sujeito é agente da ação, isto é, pratica a ação
verbal ou participa ativamente de um fato:

O ataque da cavalaria [sujeito] OCORREU [verbo] logo que o dia amanheceu.

8.12.2.VOZ PASSIVA

A voz passiva ocorre quando o sujeito é paciente do verbo, ou seja, sofre


a ação expressa pelo verbo. Deve-se ressaltar que, conforme lições de Bechara, voz
passiva é diferente de passividade: voz é a forma especial em que se apresenta o
verbo para indicar que a pessoa recebe a ação, ao passo que passividade é o fato
de a pessoa receber a ação verbal. A passividade pode traduzir-se, além da voz
passiva, pela ativa, se o verbo tiver sentido passivo.

Ele foi visitado pelos amigos. (Voz passiva).


Alugam-se bicicletas. (Voz passiva).
Os criminosos recebem o merecido castigo. (Passividade)

Portanto, continua Bechara, nem sempre a passividade corresponde à voz


passiva. Assim sendo, por exemplo, não se pode falar em voz passiva diante de
linguagens do tipo osso duro de roer. Houve aqui, se interpretarmos roer = de ser
roído, apenas passividade, com verbo na voz ativa.
39
Na voz passiva o sujeito é sempre paciente, pois sofre a ação indicada pelo
verbo. Em geral, afirma Bechara,30 só pode ser construída na voz passiva o verbo
que pede objeto direto, acompanhado ou não de outro complemento. Considera-
se, portanto, errada a seguinte construção.

A voz passiva pode ser divida em:

1. Voz passiva analítica: é formada com o verbo auxiliar ser31 + o particípio do


verbo que se quer conjugar:

O prédio foi destruído pelo fogo.

As tropas foram recebidas por uma chuva de flechas.

2. Voz passiva pronominal (ou sindética): é formada com uma forma verbal na
terceira pessoa, singular ou plural, acompanhada do pronome obliquo se:

Não se faz (= é feito) filme como antigamente.


Não se fazem (= são feitos) filmes como antigamente.

OBSERVAÇÃO 1:

Cabe ressaltar que na voz passiva pronominal, a partícula se estará ligada a um


verbo TRANSITIVO DIRETO. A frase terá sujeito – o OBJETO DIRETO do verbo
transitivo direto –, sendo, pois, a concordância feita com ele:

Aluga-se apartamento ou alugam-se apartamentos.


Todos olharam ao norte: lá se via o exército principal ou todos olharam ao norte: lá
se viam os exércitos principais.

OBSERVAÇÃO 2:

O verbo auxiliar SEMPRE estará no mesmo tempo do verbo principal.


30
Evanildo Bechara, p. 241.
31
Além do verbo ser, Evanildo Bechara acrescenta os verbos estar, ficar.
40
OBSERVAÇÃO 3:

O pronome se, utilizado na passiva pronominal, é chamado de AGENTE


APASSIVADOR ou PARTICULA APASSIVADORA.

A voz passiva é empregada quando:

1. O agente da ação é desconhecido:

Carlos foi assassinado há duas semanas.


Todas as provas foram queimadas

2. Se pretende enfatizar a ação em si:

O assassino foi preso.


O carro de Rodrigo foi esmagado por um caminhão.

8.12.2.1. PASSAGEM DA VOZ ATIVA À PASSIVA E VICE-VERSA32

Em geral, só pode ser construído na voz passiva verbo que pede objeto
direto, acompanhado ou não de outro complemento. Daí a língua padrão lutar
contra linguagens do tipo:

A missa foi assistida por todos.

O verbo assistir, nessa acepção, só se constrói com complemento relativo:33

32
Evanildo Bechara.
33
Complemento relativo é o complemento que, ligado ao verbo por uma preposição
determinada (a, com, de, em etc.), integra, com valor de objeto direto, a predicação de um
verbo de significação relativa. Distingue-se do objeto indireto pelas seguintes circunstâncias:
1ª) não representa a pessoa ou a coisa a que se destina a ação, ou em cujo proveito ou
prejuízo ela se realiza. Antes, denota como objeto direto, o ser sobre o qual recai a ação; 2ª)
não corresponde, na 3ª pessoa, às formas pronominais átonas lhe, lhes, mas às formas
tônicas ele (s), ela (s), precedidas de preposição (assistir a ele, reparar nelas, precisar
41
Todos assistiram à missa.

À força do uso já se fazem concessões aos verbos:

Apelar: A sentença não foi apelada.


Aludir: Todas as faltas foram aludidas.
Obedecer: Os regulamentos não são obedecidos.
Pagar: As pensionistas foram pagas ontem.
Perdoar: Os pecadores devem ser perdoados.
Responder: Os bilhetes seriam respondidos hoje.

Na passagem da ativa para a passiva segue-se o esquema:

1.º) o sujeito da ativa, se houver, passa a agente da passiva;


2.º) o objeto direto da ativa, se houver, passa a sujeito da passiva;
3.º) o verbo da voz ativa passa para a voz passiva, conservando-se o mesmo tempo e
modo;
4.º) não sofrem alteração os outros termos oracionais que apareçam.

Exemplifica-se da seguinte forma:

EXEMPLO 1
VOZ ATIVA VOZ PASSIVA
Eu li o livro O livro foi lido por mim

EXEMPLO 2: COM PRONOME OBLÍQUO


VOZ ATIVA VOZ PASSIVA
Nós o ajudamos ontem Ele, ontem, foi ajudado por nós

EXEMPLO 3: COM SUJEITO INDETERMINADO


VOZ ATIVA VOZ PASSIVA
Enganar-me-ão Eu serei enganado

EXEMPLO 4: COM TEMPO COMPOSTO


VOZ ATIVA VOZ PASSIVA
Eles têm cometido erros Erros têm sido cometido por eles

deles).
42
EXEMPLO 5: COM SUJEITO INDETERMINADO DE VER QUE APARECERÁ NA
PASSIVA PRONOMINAL
VOZ ATIVA VOZ PASSIVA
Vendem casas Vendem-se casas
Vendem esta casa Vende-se esta casa

PÓS ESCRITO:

É imperativo ressaltar dois pontos:

1. Como regra, só verbos transitivos diretos passam da voz ativa para a voz
passiva.

2. Observe que o objeto na voz ativa será sempre o sujeito na voz passiva, e o
agente da passiva (sujeito da oração ativa) é introduzido pela preposição por.

Roma fora esmagada pelos bárbaros.

Transcrevendo a frase supra para a voz ativa, seria:

Os bárbaros esmagaram Roma.

Como dito, o objeto direito da voz ativa [Roma] transformar-se-á em sujeito


na voz passiva; já o sujeito da voz ativa [os bárbaros] será o agente da passiva,
introduzido pela preposição por.

8.12.3. ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO

Quando a partícula se estiver ligada a um verbo transitivo INDIRETO,


verbo INTRANSITIVO ou verbo de LIGAÇÃO, será ela considerada índice de
indeterminação do sujeito.

A frase não terá sujeito, ficando, então, o verbo na 3ª pessoa do singular:

Era-se feliz naquele tempo.


Luta-se por ideais.
43
OBSERVAÇÃO 1: Quando houver um verbo transitivo direto preposicionado, ele será
considerado como sendo um verbo transitivo indireto, ficando no singular o verbo:

Come-se ao ar livre.
Tomou-se d’ água.

OBSERVAÇÃO 2: Se se retira a partícula se do verbo, este deverá concordar com


seu sujeito:

Luta-se por ideais.

Retirando o se, o verbo lutar deverá ir para o plural, concordando, assim,


com o seu sujeito: ideais.

Lutam por ideais.

8.12.4. PARTÍCULA EXPLETIVA OU DE REALCE

O se será partícula expletiva ou de realce quando ligado a verbos


INTRANSITIVOS, tendo a função de realçar a espontaneidade de uma atitude ou
de um movimento do sujeito:

As estrelas dirão: - “Ai! nada somos, pois ela se morreu, silente e fria...”
Foi-se embora e à passagem, mascando o charuto, mediu Maria Antônia de alto a
baixo.
Vão-se as situações, e eles com elas.
Foi-se o tempo que ter o que diz ser...

OBSERVAÇÃO: A partícula se pode ser retirada do verbo e, mesmo assim, a frase


não perderá seu sentido.

8.12.5. COMO SUJEITO DA FRASE

44
O se será sujeito da frase quando ligado aos verbos mandar, fazer, deixar,
ver, ouvir ou sentir; e, o outro verbo da frase, deverá estar no infinitivo e no
singular:

Ouviu-se cantar.
Sentiu-se ruir todos os seus esforços.

8.12.6. REFLEXIVA

É a forma verbal que indica que a ação verbal não passa a outro ser
(negação da transitividade), podendo reverter-se ao próprio agente (sentido reflexivo
propriamente dito), atuar reciprocamente entre mais de um agente (reflexivo
recíproco), sentido de “passividade com se” e sentido de impessoalidade, conforme
as interpretações favorecidas pelo contexto, formada de verbo seguido do pronome
oblíquo de pessoa igual à que o verbo se refere:34

Eu me visto, tu te feriste, ele se enfeita.

O verbo empregado na forma reflexiva propriamente dita diz-se pronominal:

Ele se matou. (Ou seja, ele matou A SI MESMO)


Os dias se sucedem calmos. (Ou seja, os dias sucedem A SI MESMOS calmamente)

Os verbos reflexivos permitem usar as expressões a mim mesmo, a ti mesmo,


a si mesmo etc. para se ter a certeza de que o pronome é mesmo reflexivo.

Contudo, há casos em que o verbo reflexivo terá valor recíproco. Nestes


casos, as expressões características são um ao outro, reciprocamente, mutuamente
etc.

Eles se amavam. (Ou seja, eles se amavam reciprocamente)

Distinção entre a voz passiva e a voz reflexiva


VOZ PASSIVA VOZ REFLEXIVA
O verbo pode estar em qualquer pessoa. O verbo só pode estar na 3ª pessoa com

34
Evanildo Bechara.
45
o pronome se, conhecido também por
“pronome apassivador”.
Pode haver expressão que denota o A expressão caraterizadora está
agente da passiva. dispensada.

Ex.: Eu fui visitado pelos parentes Ex.1: Aluga-se a casa (não se diz: aluga-
se a casa pelo proprietário).

Há casos que o agente se encontra


explicitado, conforme Drummond:

Ex.1: Não sei se devemos exaltar Pelé


por haver conseguido tanto, ou se nosso
louvor deve antes ser dirigido ao gol em
si, que se deixou fazer por Pelé,
recusando-se a tantos outros.

OBSERVAÇÕES:35

1. Em construções do tipo batizei-me, chamas-te José, há professores que


veem passiva pronominal com pronomes oblíquos de 1.ª e 2.ª pessoas.
Outros, porém, não pensam assim, e interpretam o fato como um emprego
da voz reflexiva, indicando “uma atitude de aceitação consciente do nome
dado ou do batismo recebido”.

2. Em geral, o pronome átono que acompanha a voz reflexiva propriamente dita


funciona como objeto direto, embora raras vezes possa exercer a função de
indireto.

3. Com verbos como atrever-se, indignar-se, queixar-se, ufanar-se, admirar-se,


não se percebe mais a ação rigorosamente reflexa, mas a indicação de que a
pessoa a que o verbo se refere está vivamente afetada. Com os verbos de
35
Evanildo Bechara.
46
movimento ou atitudes da pessoa “em relação ao seu próprio corpo” como
ir-se, partir-se, e outros como servir-se, onde o pronome oblíquo empresta
maior expressividade à oração, também não se expressa a ação reflexa.
Alguns gramáticos chamam ao pronome oblíquo, nestas últimas
circunstâncias, pronome de realce.

4. Muitos verbos normalmente não pronominais se acompanham de pronome


átono para exprimirem aspectos estilísticos, como a mudança lenta do estado
ou do processo lento (agonizar-se, delirar-se, desmaiar-se, estalar-se,
envelhecer-se, palpitar-se, peregrinar-se, repousar-se, tresnoitar-se).

5. Inversamente, elimina-se o pronome de muitos verbos que o exigem na


língua padrão (aquecer, chamar (ter nome), mudar (transferir-se), gripar,
machucar, formar (Eu formei em Medicina), classificar (Ele classificou em 3.º
lugar), etc.).

8.12.7. CONJUNÇÃO CONDICIONAL

Quando a partícula se trouxer uma ideia de hipótese, ou uma condição


necessária para que seja realizado o fato principal, será, o se, conjunção
condicional.

Se aquele entrasse, também os outros poderiam entrar...

8.12.8. PARTÍCULA INTEGRANTE DO VERBO

No sentido de introduzir uma oração que funciona como sujeito, objeto


direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto de uma outra
oração, a partícula se será parte integrante do verbo:

Não sei, sequer, se me viste.

47
8.13. VERBOS IMPESSOAIS, UNIPESSOAIS E DEFECTIVOS

8.13.1.VERBOS IMPESSOAIS

Não tendo sujeito, os verbos impessoais são invariavelmente usados na 3ª


pessoa do singular. Assim:

1. Os verbos que exprimem fenômenos da natureza:

Alvorecer
Saraivar
orvalhar
Chover
Nevar
trovejar

48
2. O verbo haver no sentido de existir e o verbo fazer quando indicar
tempo decorrido:

Houve momentos de pânico.


Faz cinco anos que não o vejo.

3. Certos verbos que indicam necessidade, conveniência ou sensações,


quando regidos de preposição em frase como:

Basta de provocações!
Chega de lamúrias.
Dói-me do lado esquerdo.

8.13.2.VERBOS UNIPESSOAIS

São aqueles que, pelo sentido, só admitem um sujeito da 3ª pessoa do


singular ou do plural:

1. Verbos que exprimem uma ação ou um estado peculiar a determinado


animal, como ladrar, rosnar, galopar:

Os cães rosnavam para todos que passavam perto do porto.

2. Os verbos que indicam necessidade, conveniência, sensações, quando


têm sujeito um substantivo, ou uma oração substantiva, seja
reduzida de infinitivo, seja iniciada pela partícula integrante que.

Convém sair mais cedo.


Pareceu-me que ele chorava.

3. Os verbos acontecer, concernir, grassar e outros, como constar (= ser


constituído), assentar (= ajustar uma vestimenta), etc.:

Aconteceu o que eu esperava.


O livro consta de duas partes.
O exemplo não concerne ao caso.

OBSERVAÇÃO 1: É claro que, em sentido figurado, tanto os verbos que


exprimem fenômenos da natureza como os que designam vozes de animais
podem aparecer em todas as pessoas. Exemplo:

Os dias anoiteceram e amanheceram, mas as tropas permaneciam firmes em


suas posições.
Tanto ladras que trincas a língua.

OBSERVAÇÃO 2: Contudo, convém ter presente que, nos casos de


personificação, como as fábulas, tais verbos podem ser empregados, como
significado próprio, em todas as pessoas.

8.13.3.VERBOS DEFECTIVOS

Os verbos defectivos – aqueles que não possuem conjugação verbal


completa, isto é, em todos os modos verbais –, em sua grande maioria são
pertencentes à 3ª conjugação, podendo ser distribuídos por dois grupos
principais:

1. Verbos que não possuem a 1ª pessoa do presente do indicativo e,


consequentemente, nenhuma das pessoas do presente do subjuntivo
nem as formas do imperativo que delas se derivam, isto é, todas as do
imperativo negativo e três do imperativo afirmativo: a 3ª pessoa do
singular e a 1ª e 3ª do plural.

Por exemplo, o verbo banir:

Presente do indicativo: eu (não há conjugação nesta pessoa); tu


banes; ele bane; nós banimos; vós banis; eles banem.
Presente do subjuntivo: como já visto, é usado o radical da 1ª pessoa
do presente do indicativo para fazer o presente do subjuntivo; não
havendo 1ª pessoa no presente do indicativo do verbo banir, logo não
haverá presente do subjuntivo deste verbo.
Imperativo afirmativo: tu banes; vós bani. Só haverá essas duas
conjugações porque o imperativo afirmativo se faz com a 2ª pessoa do
singular e 2ª pessoa do plural do presente do indicativo, e para as
demais formas utiliza-se o presente do subjuntivo que, neste caso, é
inexistente.
Imperativo negativo: não há porque o negativo depende do presente do
subjuntivo.

2. Verbos que, no presente do indicativo, só se conjugam nas formas


arrizotônicas e não possuem, portanto, nenhuma das pessoas do
presente do subjuntivo nem do imperativo negativo; e, no
imperativo afirmativo, apresentam apenas a 2ª pessoa do plural.

Por exemplo, o verbo falir:

Presente do indicativo: nós falimos; vós falis.


Presente do subjuntivo: não há conjugação.
Imperativo afirmativo: vós fali.
Imperativo negativo: não há conjugação.

OBSERVAÇÕES:

1. É importante ressaltar que os verbos têm conjugação completa nos


pretéritos e futuros. Sendo assim, são corretas as formas: 36

EU ELE
Aboli Aboliu
Adequei Adequou
Explodi Explodiu
Fali Faliu
Precavi Precaveu

2. São considerados defectivos também os verbos impessoais e os


unipessoais, conjugados apenas em algumas formas por questão de
significado:37

36
Pasquale & Ulisses, p. 177.
37
Pasquale & Ulisses, p. 177.
2.1. Os verbos que indicam fenômenos naturais são considerados
impessoais e, por isso, não têm sujeito e são conjugados apenas
na 3ª pessoa do singular.

2.2. Os verbos unipessoais exprimem vozes de animais e são


geralmente conjugados na 3ª pessoa do singular e na 3ª pessoa
do plural. Outros verbos unipessoais exprimem acontecimento,
necessidade.

2.3. É possível empregar os verbos impessoais e unipessoais em


sentido figurado:

Quando esse dia chegar, os brasileiros amanhecerão para um novo tempo.


Choveram faltas violentas durante o jogo.

8.13.3.1. OUTROS CASOS DE VERBOS DEFECTIVOS

1. Os verbos adequar e antiquar usam-se quase que exclusivamente no


infinitivo pessoal e no particípio. Transitar só aparece no
particípio transido:

Estava transido de frio.

2. Soer praticamente só se emprega nas seguintes formas: sói, soem


(do presente do indicativo) e soía, soías, soía, soíamos, soíeis,
soíam (do imperfeito do indicativo).

3. Precaver-se só possui as formas arrizotônicas do presente do


indicativo: precavemo-nos, precavei-vos; a 2ª pessoa do plural do
imperativo afirmativo: precavei-vos; e nenhuma do presente do
subjuntivo e do imperativo negativo. É verbo regular, não
dependendo nem de ver, nem de vir para fazer a sua conjugação.
Faz, por conseguinte, precavi-me, precaveste-te, precaveu-se, etc.,
no pretérito perfeito do indicativo; precavesse-me,
precavesses-te, precavesse-se, etc., no imperfeito do
subjuntivo, de acordo com o paradigma dos verbos da 2ª
conjugação.
4. Haver, mesmo quando pessoal, não se usa na 2ª pessoa do
singular do imperativo afirmativo.

8.14. CORRELAÇÃO VERBAL

Correlação verbal significa a articulação temporal entre duas formas


verbais. Assim, ao construir um período, na estrutura das frases, os verbos
normalmente estabelecem, entre si, uma relação, uma correspondência,
ajustando-se, convenientemente, um ao outro no que se refere às variadas
possibilidades de uso dos tempos e modos verbais.

8.14.1.ORAÇÕES CONDICIONADAS

Se o verbo da oração subordinada estiver no pretérito imperfeito do


subjuntivo (mais comum) ou no pretérito mais-que-perfeito-composto (menos
usual), o verbo da oração principal DEVERÁ VIR NO FUTURO DO
PRETÉRITO DO INDICATIVO. Assim:

Eu IRIA [futuro do pretérito do indicativo] se você também fosse [pretérito


imperfeito do indicativo].

IRIA [futuro do pretérito do indicativo] se você tivesse ido [pretérito mais-que-


perfeito-composto do subjuntivo] também.

8.14.2.ORAÇÕES SUBSTANTIVAS

1. Estando o verbo da oração principal no presente do indicativo e exigindo


oração subordinada, o verbo desta DEVERÁ VIR NO PRESENTE DO
SUBJUNTIVO ou no PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO DO
SUBJUNTIVO:

Quero [presente do indicativo] que você FAÇA [presente do subjuntivo] esse


serviço.
Espero [presente do indicativo] que você TENHA FEITO [pretérito perfeito
composto do subjuntivo] o serviço.

2. Se o verbo da oração subordinada estiver no futuro do presente, o verbo


da oração principal VIRÁ NO FUTURO DO SUBJUNTIVO, ou NO
PRESENTE DO INDICATIVO:

Irei [futuro do presente do indicativo], se você FOR [futuro do presente do


subjuntivo].
Mostrarei [futuro do presente do indicativo] a vocês onde ESTÃO [presente do
indicativo] os inimigos.

3. Estando o verbo da oração principal estiver no pretérito perfeito do


indicativo ou no pretérito imperfeito do indicativo, exigindo o uso do
subjuntivo na oração subordinada, o verbo desta VIRÁ NO PRETÉRITO
IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO. Exemplos:

Queria [pretérito imperfeito do indicativo] que você FIZESSE [pretérito


imperfeito do subjuntivo] esse serviço.
Queria [pretérito imperfeito do indicativo] que você TIVESSE FEITO [pretérito
mais-que-perfeito-composto do subjuntivo] esse serviço.

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