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Resumo Este artigo decorre de pesquisa realizada para levantar a aceitação do uso de animais
na pesquisa e docência. Esta prática tem gerado conflitos morais na sociedade atual, os quais
vêm sendo discutidos na esfera da ética animal. Nesta área a substituição de animais por métodos
alternativos ganha espaço, sendo frequentemente utilizada. A aprovação da Lei 11.794/08,
oficializada pelo Decreto 6.899/09, incentivou o debate sobre a temática em nosso país. A busca
do interesse dos profissionais da área da saúde (incluindo biologia) pelo tema, considerando que
este segmento será diretamente afetado pela legislação, levou à proposta desta pesquisa de
campo em nossa universidade. A análise das respostas permitiu concluir que o percentual de
professores preocupados com o tema é pequeno. Da amostra, significativo número se posiciona
como atento ao bem-estar, dor e diminuição do número de animais, aceitando as alternativas e
não se opondo a testá-las. Muitos respondentes, entretanto, afirmam desconhecer métodos
alternativos.
578 Estudo exploratório acerca da utilização de métodos alternativos em substituição aos animais não humanos
Além dos questionamentos de caráter ético, a espaço em nossa sociedade, que começa a pen-
sociedade pondera considerações práticas e sar que devem ser respeitados. Seu bem-estar,
econômicas que igualmente justificam a sua sensibilidade e, quem sabe, seu status
necessidade e conveniência de continuar utili- moral devem ser considerados. O documento
zando animais na pesquisa e na prática docen- incentiva ainda o uso de métodos alternativos,
te ou de desenvolver, validar e utilizar procedi- mostrando a sintonia de nossa legislação com
mentos alternativos ao uso indiscriminado o cenário internacional no que tange ao uso
dos animais de laboratório. No cenário inter- de animais não humanos na ciência.
nacional, muitos países apresentam legislação
específica quanto à utilização de animais em Embora o termo alternativa não tenha sido
pesquisa e ensino, as quais incentivam méto- definido de forma específica em nenhum docu-
dos alternativos, mostrando o amadurecimen- mento oficial relacionado ao uso de animais,
to em relação a tema tão atual e conflitante. investigadores, professores e pessoas envolvidas
no manuseio de animais entendem seu signifi-
A busca pela limitação oficial da utilização cado no contexto da investigação científica e
dos animais não humanos para pesquisa e da educação. Alternativa, para muitos, são
docência levou o Brasil a aprovar, em 2008, métodos que resultam na redução do número
a Lei 11.794/08 8, que normatiza o uso de de animais utilizados, exigindo desenho esta-
animais em aulas práticas e investigações tístico prévio da pesquisa proposta, que incor-
científicas. Esta lei vem fortalecendo a pers- porem refinamento nos procedimentos envol-
pectiva da Ética Animal em nosso país, pro- vendo animais e/ou que preveem a substituição
pondo reflexões multidisciplinares e diálogo dos mesmos por partes do corpo ou por mode-
entre grupos distintos e até antagônicos sobre los não vivos ou computadorizados 10.
o tema.
Esta compreensão do termo é influenciada pela
A oficialização da lei brasileira, mediante o famosa teoria proposta em 1959, na Inglater-
Decreto 6.899/09 9, exige a adequação, por ra, pelo zoólogo William Russell e pelo micro-
parte das instituições de ensino superior biologista Rex Burch, com a publicação da obra
(IES), de forma imediata em alguns quesitos, The principles of humane experimental tecnique,
estabelecendo prazos para a adequação de conhecida como teoria dos três R: reduce, refine,
outros itens. A lei, pormenorizada pelo decre- replace 11. Tal teoria é seguida até hoje e citada
to, estabelece ser responsabilidade das comis- em documentos e leis específicas ao uso de ani-
sões de ética institucionais ao uso de animais mais na experimentação, consubstanciando as
(Ceua) controlar as atividades de ensino e pes- recomendações práticas para a utilização ade-
quisa nas universidades. Atualmente, viven- quada de animais pelos seres humanos.
ciamos um momento histórico em nosso país
no que se refere a esta temática. A reflexão A redução (reduce) leva à diminuição do núme-
sobre o animal não humano vem ganhando ro de animais nas pesquisas, exigindo um ade-
Cientistas e docentes vêm buscando na tecno- Para a realização deste estudo transversal, com
logia apoio para continuar desenvolvendo suas abordagem qualitativa e quantitativa, foram
atividades específicas com o mesmo nível de convidados a participar da pesquisa todos os
excelência e expressiva diminuição da quanti- professores/pesquisadores da área da saúde e
dade de animais, em decorrência dos conflitos das ciências biológicas da PUCRS, conforme
de cunho moral que com certa frequência sur- as áreas do conhecimento do CNPq. O proje-
gem quando são utilizados animais em pes- to de pesquisa foi aprovado, previamente, pelo
quisa e, principalmente, em aulas práticas. comitê de ética em pesquisa da instituição
Neste contexto aparecem os métodos alterna- (CEP/ PUCRS), após terem sido contatados
tivos defendidos, inclusive, pela legislação a Associação dos Docentes e os diretores das
nacional, mais especificamente o inciso II, unidades acadêmicas.
art. 2º do citado Decreto 6.899/09, que os
define como procedimentos que substituam Foram distribuídos questionários cujo cabeça-
ou reduzam o número de animais. lho continha todas as explicações sobre a
investigação em curso, bem como os objetivos
Como alternativas para a pesquisa pode-se ter e demais informações sobre a mesma, respei-
culturas de células e tecidos, simulações de tando-se as recomendações da Resolução
computadores e bioinformática, tecnologia 196/96 do Conselho Nacional de Saúde no
DNA recombinante e nanotecnologia, entre que tange ao termo de consentimento livre e
outras; como instrumentos substitutivos para esclarecido (TCLE). Foi considerada como
o ensino pode-se citar programas computado- critério de exclusão a devolução do questioná-
rizados, realidade virtual, vídeos interativos ou rio não preenchido.
demonstrativos, manequins específicos, inves-
tigação in vitro. Esses métodos alternativos, A equipe multidisciplinar do Laboratório de
que exigem validação formal por parte dos Bioética e de Ética Aplicada a Animais do
interessados, são instrumentos propostos para Instituto de Bioética da PUCRS criou um
580 Estudo exploratório acerca da utilização de métodos alternativos em substituição aos animais não humanos
banco de dados, que foram analisados pelo professores/pesquisadores da instituição este
programa estatístico SPSS versão 11.5. As tema polêmico e atual, pois este pequeno
questões qualitativas foram analisadas pelo retorno permite inferir desconhecimento,
método de análise de conteúdo segundo desinteresse ou falta de valoração do tema por
Engers, pelo mesmo grupo 18. parte dos profissionais convidados a compor a
amostra. É importante salientar que 48,2%
Os professores/pesquisadores que compõem a dos respondentes utilizam animais no ensino,
amostra da pesquisa vinculavam-se aos diver- enquanto 53,4% os utilizam na pesquisa.
sos cursos da área da saúde existentes na
PUCRS: Enfermagem, Nutrição e Fisiotera- Na sequência, serão mostrados os dados levan-
pia (Faenfi), Farmácia, Educação Física tados pela análise quantitativa dos questioná-
(Fefid); Odontologia, Medicina (Famed) e rios, os quais serão discutidos conforme a
Ciências Biológicas (Fabio). Destes, 69 pro- ordem das questões apresentadas.
fissionais eram doutores e 42 apresentavam
título de mestre. Do grupo de respondentes, Resultados e discussão
19,81% eram apenas professores, não reali-
zando pesquisa. As respostas podem refletir a Na realidade, qualquer atividade envolvendo
vivência profissional dos respondentes, mas animais deveria justificar seu uso racional
também podem demonstrar valores adquiridos como necessário e apropriado, esclarecendo o
quando do período de formação destes docen- motivo de não poder ser realizada com méto-
tes/pesquisadores sobre o tema ética animal. dos alternativos. Esta explicação formal pas-
sou agora a ser exigida pelas comissões de
Foram distribuídos aos profissionais 442 ética institucionais, além da necessidade de
questionários. Destes, 60 foram entregues justificar o número de animais a ser utilizado,
para a Faenfi, 17 para a Faculdade de Farmá- baseado em estudo estatístico, bem como o
cia, 23 para a Fefid, 71 para a Fabio, 89 para número de vezes em que o experimento preci-
a Faculdade de Odontologia e 182 para a sará ser repetido para o pesquisador obter
Famed. resultado confiável e reproduzível.
582 Estudo exploratório acerca da utilização de métodos alternativos em substituição aos animais não humanos
sões de ética institucionais criadas para este A importância do papel do professor como
fim por força de lei. Esses órgãos precisam modelo na transmissão de valores mediante
fundamentar suas normas em princípios que postura eticamente correta em relação ao res-
respeitem a vida animal em geral, pontuando peito à vida e à dor dos animais é inquestioná-
que seres são abarcados no conceito animal e vel e imprescindível para que a lei oficializada
tutelados oficialmente pelas regulamentações, no Brasil seja efetivamente, ou melhor, cons-
para ajudar a justificar sua orientação de con- cientemente respeitada. Para a Ceua institu-
duta dos professores e pesquisadores. Essas cional seria importante, em relação ao uso de
comissões precisam incentivar a substituição animais e sua substituição por métodos alter-
de animais não humanos nas atividades de pes- nativos, conhecer a opinião da categoria
quisa e ensino por técnicas alternativas, para docente vinculada às áreas biológica e da saúde
que a instituição onde atuem esteja em conso- (nos cursos existentes na PUCRS). É impor-
nância com a legislação vigente no Brasil. tante salientar que na PUCRS todo pesquisa-
dor também ministra aulas, estando, por isso,
As comissões precisam conhecer o que pen- inserido na categoria docente.
sam os segmentos que compõem a comunida-
de universitária na qual se inserem agora como Foi sob essa perspectiva que a presente pesqui-
órgão também fiscalizador, para que possam sa de campo foi realizada, procurando, por
propor atividades de caráter educativo buscan- meio da análise dos achados, detectar pontos
do orientar o uso adequado dos animais nos a serem trabalhados e a serem reforçados no
experimentos. Para que isto seja efetivado, âmbito institucional, junto aos professores e
existe a necessidade de estudos de campo que investigadores, para a implementação dessa
avaliem a visão desses distintos setores, direta- nova perspectiva sobre o uso de animais em
mente envolvidos com o uso de animais, bem pesquisa e docência, auxiliando a Ceua insti-
como sua possível substituição por métodos tucional. Segue apresentação e discussão de
alternativos na ciência e educação. cada um dos pontos pesquisados.
584 Estudo exploratório acerca da utilização de métodos alternativos em substituição aos animais não humanos
pondentes da amostra posicionou-se a favor sensação. Pela história evolutiva de uma espé-
da substituição, faz-se necessário o interesse cie se pode entender o desenvolvimento de
por parte das instituições em buscar e oferecer mecanismos cada vez mais complexos para a
o acesso de seus profissionais a métodos alter- proteção de seus organismos. O desenvolvi-
nativos, bem como fomentar a criação de mento da sensação dolorosa e a consequente res-
novos recursos didático-pedagógicos unindo posta a ela, que pode ser detectada desde os
esforços de diferentes áreas. Conhecendo-se reflexos inatos até o comportamento mais com-
também o desenvolvimento internacional plexo, orientado por fatores sociais, culturais,
desta área de alternativas, o fato de docentes e cognitivos e afetivos, mostra a evolução do siste-
pesquisadores afirmarem categoricamente ma nervoso nos animais 21. É básico, para os
nunca haver pensado no assunto é ponto a ser animais, então, evitar estímulos desagradáveis
ressaltado e trabalhado pelas IES. pela ação de receptores especializados. O pró-
prio Guide for the care and use of laboratory
Ao utilizar animais em uma animal 22 estadunidense aceita que a habilida-
pesquisa científica você leva em de para experimentar e responder à dor é
consideração a dor e o sofrimento comum no reino animal.
causados aos animais?
Significativo número de pesquisados (89,7%) Ao utilizar animais em uma
mostrou-se sensibilizado com a dor e o sofri- pesquisa científica você leva em
mento animal, embora 8,4% nunca tenham consideração o bem-estar dos
pensado sobre o assunto. O critério da sensi- animais, incluindo a forma como
bilidade é dos mais aceitos atualmente na são criados no biotério?
determinação do status moral dos animais ou, A análise das respostas permitiu verificar que
pelo menos, para exigir que o animal seja leva- 52,3% levam em consideração o bem-estar
do em consideração e respeitado quando animal na pesquisa. Emerge da análise que
manuseado. Contudo, a definição do termo é 45% dos respondentes nunca pensaram sobre
subjetiva. É de ampla aceitação, e isto se veri- o assunto. Essa constatação salienta a neces-
fica na maioria das legislações pesquisadas, sidade de o tema continuar a ser discutido na
que a sensibilidade é reconhecida nos animais universidade, visando sensibilizar esses profis-
vertebrados e até, de forma mais específica e sionais para matéria tão importante no âmbi-
bem mais frequente, aos vertebrados conside- to internacional e, agora, nacional, com o
rados superiores, por estarem mais próximos advento da lei brasileira. Pode-se dizer que a
dos animais humanos na escala filogenética. corrente do bem-estar animal fundamenta-se
Esta é, inclusive, a interpretação da legislação no utilitarismo de Jeremy Bentham e surge
nacional 8. antes do movimento pelos direitos dos ani-
mais. O atual grande representante utilitaris-
Para entender essa argumentação faz-se fun- ta é o filósofo Peter Singer 23, anteriormente
damental relembrar a evolução filogenética da citado.
586 Estudo exploratório acerca da utilização de métodos alternativos em substituição aos animais não humanos
mostrou-se sensibilizada (83,8%). Novamen- acarreta distintos comportamentos, mas não
te, contudo, 14,1% dos entrevistados nunca garante que animais mais afastados dos seres
pensaram sobre o assunto. humanos se sintam menos incomodados que
estes com estímulos que levam os seres vivos a
A sensibilidade, como se sabe, não envolve sentir dor.
necessariamente a capacidade de sentir dor,
mas a dor (e o sofrimento dela decorrente) é Por isso, os padrões antropocêntricos de mani-
uma das formas de sensibilidade. De fato, festação de dor, também demonstrados por
reconhece-se que todos os seres vivos conheci- grande número de mamíferos, não podem ser
dos, inclusive unicelulares, apresentam algu- os únicos a determinar o grau de dor ou des-
ma forma de sensibilidade, o que dificulta a conforto que certo experimento irá acarretar
aplicação do critério caso não sejam examina- em um animal. O desenvolvimento científico
das algumas diferenças quanto ao grau de do conhecimento na área da fisiologia não
capacidade sensível e aquilo que ela acarreta permite mais essa postura. É necessário que
em cada espécie animal 28. Para os seres huma- os cientistas e todas as pessoas que manuseiam
nos é difícil interpretar o comportamento ani- animais entendam que qualquer estímulo que
mal para saber quando ele está sentindo dor, e ative nociceptores ou estruturas similares que
a intensidade dessa dor. Quanto mais afastado produzam resposta aversiva deve ser entendido
este animal está do homem na escala filogené- como doloroso. E a preocupação com a mini-
tica, mais difícil será a sensibilização do ser mização desses estímulos dolorosos seria ati-
humano para com o desconforto animal, já tude eticamente adequada, independente da
que os animais próximos aos humanos costu- espécie animal 4.
mam apresentar resposta a dor de modo simi-
lar ao nosso. Ao utilizar animais em educação
(aulas práticas) você se questiona
A consideração das necessidades animais, sobre o bem-estar dos animais,
dando espaço à perspectiva animal, está sendo incluindo a forma como são
cada vez mais aceita nos últimos anos, embo- criados no biotério?
ra sempre se atendo às espécies consideradas Em relação ao tópico bem-estar animal nas
superiores do ponto de vista filogenético. Não aulas práticas, 44,5% dos pesquisados demons-
mais existe a necessidade de se discutir as evi- traram preocupar-se. Ressalta-se, novamente,
dências da capacidade desses animais sofrerem que 51,8% dos componentes da amostra não
dor e medo, pois tais discussões tornaram-se utilizam animais em aulas práticas. O bem-
irrelevantes. A expressão dos comportamentos estar animal aceita a utilização de animais,
para evitar a dor ou evitar os estímulos noci- mas defende a alteração de determinadas con-
ceptivos é determinada por fatores inerentes a dutas quando essas podem minimizar a dor e
cada espécie, como a complexidade anatômica o sofrimento, apontando mais uma vez para a
e fisiológica. Essa complexidade dos sistemas teoria dos três Rs, proposta por Burch e Rus-
588 Estudo exploratório acerca da utilização de métodos alternativos em substituição aos animais não humanos
comunidade universitária questões específicas interessados e pesquisas estão sendo feitas
sobre o respeito à vida animal em geral, o sta- visando validar métodos que virão cada vez
tus moral do animal, os seres abarcados no mais a substituir o uso de animais nos proce-
conceito animal e tutelados oficialmente pelas dimentos 34. As legislações de muitos países
regulamentações, entre outras 32. vêm se preocupando há anos com o incentivo
ao uso de métodos alternativos.
Entretanto, reconhece-se a dificuldade de
atuação educativa das Ceua em sociedades Análise qualitativa
marcadamente antropocêntricas como a
nossa. Esses órgãos devem trabalhar no senti- A fase qualitativa da investigação, realizada a
do de ampliar os limites do horizonte ético partir da análise das questões abertas, breve-
humano, estendendo a compreensão sobre o mente respondidas pelos pesquisados, buscou
outro com vistas a respeitar a alteridade em conhecer a opinião dos componentes da amos-
formas de vida distintas da humana – não por tra sobre a substituição integral de animais
isso menos importantes 32. Timm de Souza não humanos na pesquisa e no ensino, bem
enfaticamente afirma que precisamos enten- como da criação de um banco de alternativas
der que a percepção ética da alteridade dos ani- institucional. As questões abertas contidas no
mais não é uma veleidade intelectual, ou um instrumento eram as seguintes:
capricho contemporâneo, mas – além de um
imperativo ético radical – uma questão de sobre- 1. Você entende que os métodos alternativos
vivência 33. podem substituir integralmente os ani-
mais em atividades de pesquisa? Justifi-
As últimas questões tratavam de métodos que.
alternativos. Os participantes foram questio- 2. Você entende que os métodos alternativos
nados sobre se teriam interesse no tema alter- podem substituir integralmente os ani-
nativas – e 88% dos respondentes disseram mais em atividades práticas? Justifique.
sim. Ao serem perguntados se cabia aos pes- 3. Qual é a sua opinião sobre a criação de
quisadores a atualização sobre métodos alter- um banco de alternativas na instituição
nativos, 99,1% responderam afirmativamen- que catalogaria os métodos alternativos
te; e se isso cabia aos professores, 97,2% tam- existentes e auxiliaria na proposição de
bém responderam que sim. Métodos de pes- novas alternativas? Justifique.
quisa buscando alternativas têm contribuído
de forma significativa para a redução de ani- As respostas, analisadas pelo método de análi-
mais utilizados em procedimentos científicos, se de conteúdo segundo Engers 18, deixaram
haja vista que a substituição vem sendo aceita, emergir duas grandes categorias: negação (sub-
buscada e realizada por crescente número de dividida em três subcategorias: radical, falta de
pesquisadores. Salienta-se que é crucial a vali- conhecimento e minimização do uso) e concor-
dação formal de alternativas por parte dos dância.
590 Estudo exploratório acerca da utilização de métodos alternativos em substituição aos animais não humanos
dois, onde a substituição é questionada na Considerações finais
educação (aulas práticas), mostrando forte
tendência dos pesquisados a substituir ani- Esta investigação, realizada com docentes da
mais por alternativas: Sim, as aulas práticas área da saúde e ciências biológica da PUCRS,
em cobaias são de pouco valor, poucas conse- comprovou que o tema animais não humanos
guem acompanhar e ‘tirar’ um aproveitamento vem ganhando espaço no meio acadêmico. A
satisfatório. Conforme apontado no presente oficialização da Lei 11.794/08 e do Decreto
trabalho, há evidências de que as alternativas 6.899/09 certamente contribuiu para tanto,
são bons métodos, muitas vezes melhores e mas diversas ações multidisciplinares precisam
mais eficientes para a aquisição do conheci- ser propostas pelas Ceua institucionais para aju-
mento do que a própria dissecação, por dar na conscientização de significativa parcela
exemplo, tão utilizada em procedimentos de desse importante segmento universitário, inves-
ensino 13. tigadores e docentes, em relação aos animais.
Abstract
The use of animals in the research and teaching is not new in Science. This practical comes
exciting moral conflicts in the current society, argued in the scope of Animal Ethics. It is in this
area that the substitution of animals for alternatives methods gains space, being frequently
boarded. In Brazil, the approval of the Law 11.794/08, regulated by the pelo Decree 6.899/09
stimulated the debate about this thematic. The search of the subject for the professionals of
health (included biology) – considering that this segment will be directly affected by the legislation
– led to the proposal of this research in our university. The analysis of the answers allowed us
conclude that the percentage of professors worried about the subject is small. Of the sample, a
significant number positioned itself as intent to welfare, pain and reduction of the number of
animals, accepting the alternatives and not opposing to test them. Many respondents, however,
affirm to be unaware of the alternative methods.
592 Estudo exploratório acerca da utilização de métodos alternativos em substituição aos animais não humanos
Referências
594 Estudo exploratório acerca da utilização de métodos alternativos em substituição aos animais não humanos
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Institute. 1999 summer;48(3):2.
Contatos
1. Você tem algum conhecimento sobre o tema “ética 9. Ao utilizar animais em educação (aulas práticas)
e animais”? você leva em consideração o número de animais,
( ) Sim ( ) Não tentando usar o menor número possível?
2. Em sua formação profissional você participou de ( ) Sim ( ) Não ( ) Nunca pensei sobre o assunto
alguma aula prática onde foram utilizados animais ( ) Não uso animais em atividades de pesquisa
(cobaias)? ( ) Não uso animais em aulas práticas
( ) Sim ( ) Não 10. Você se interessa pelo tema uso de animais em
3. Você acha que os animais poderiam ser substituídos pesquisa e educação?
por métodos alternativos no ensino (aulas práticas)? ( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não ( ) Nunca pensei sobre o assunto 11. No caso de ser oferecido um curso de extensão
4. Ao utilizar animais em uma pesquisa científica você universitária sobre o tema, você participaria?
leva em consideração a dor e o sofrimento causados ( ) Sim ( ) Não
aos animais? 12. Você se interessa pelo tema métodos alternativos?
( ) Sim ( ) Não ( ) Nunca pensei sobre o assunto ( ) Sim ( ) Não
5. Ao utilizar animais em uma pesquisa científica você 13. Você entende que é função do professor manter-
leva em consideração o bem-estar dos animais, se informado sobre métodos alternativos?
incluindo a forma como são criados no biotério? ( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não ( ) Nunca pensei sobre o assunto 14. Você entende que é função do pesquisador
( ) Não uso animais em atividades de pesquisa manter-se informado sobre métodos alternativos?
6. Ao utilizar animais em uma pesquisa científica você ( ) Sim ( ) Não
leva em consideração o número de animais, tentan-
do usar o menor número possível? Questões abertas
( ) Sim ( ) Não ( ) Nunca pensei sobre o assunto
( ) Não uso animais em atividades de pesquisa 1. Você entende que os métodos alternativos podem
7. Ao utilizar animais em educação (aulas práticas) substituir integralmente os animais em atividades de
você leva em consideração a dor e o sofrimento pesquisas? Justifique.
causados aos animais? 2. Você entende que os métodos alternativos podem
( ) Sim ( ) Não ( ) Nunca pensei sobre o assunto substituir integralmente os animais em atividades
8. Ao utilizar animais em educação (aulas práticas) práticas? Justifique.
você se questiona sobre o bem-estar dos animais, 3. Qual é a sua opinião sobre a criação de um banco de
incluindo a forma como são criados no biotério? alternativas na instituição que catalogaria os méto-
( ) Sim ( ) Não ( ) Nunca pensei sobre o assunto dos alternativos existentes e auxiliaria na proposição
( ) Não uso animais em atividades de pesquisa de novas alternativas? Justifique.
( ) Não uso animais em aulas práticas
596 Estudo exploratório acerca da utilização de métodos alternativos em substituição aos animais não humanos