Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Planejamento
DE EDUCAÇÃO
Reprodutivo,
PERMANENTE Pré-Natal
EM SAÚDE e Puerpério
DA FAMÍLIA
UNIDADE
Planejamento
1
reprodutivo
Vamos iniciar nosso módulo com algumas reflexões: como realizar o planejamento reprodu-
tivo na Estratégia de Saúde da Família? Como acolher, em nossa situação problema, Yasmim
e suas demandas?
Nesta aula, vamos discutir como acolher o usuário que busca a atenção primária para obter
informações sobre seus direitos sexuais e reprodutivos. Os profissionais de saúde que atu-
am no Sistema Único de Saúde (SUS) devem conhecer os direitos sexuais e reprodutivos
e os princípios da Lei 9.263 de 12 de janeiro de 1996, que trata do planejamento familiar,
estabelece penalidades e dá outras providências.
Linha do tempo 1
Assim, de modo geral, verifica-se que as políticas e os programas instituídos desde o Progra-
ma de Assistência Integral a Saúde da Mulher (PAISM), com finalidade em saúde reproduti-
va, possuem a questão de gênero e a integralidade em seu corpo. Conceitualmente, essas
políticas são esplêndidas, porém a atuação dos profissionais de saúde tem perpetuado a
concepção curativa em detrimento da promoção da saúde dos usuários de saúde.
Essas atividades devem ser desenvolvidas de forma integrada, tendo-se sempre em vis-
ta que toda visita ao serviço de saúde constitui-se numa oportunidade para a prática de
ações educativas.
Podemos relembrar a nossa situação problema, do acolhimento realizado por Dra. Denise e
também pela enfermeira Daniela. Esse acolhimento é indispensável para auxiliar nas neces-
sidades de saúde apresentadas por Joana e Yasmin.
As atividades educativas devem ser organizadas para que os usuários que buscaram aconselha-
mento sobre planejamento reprodutivo possam ser informados de forma coletiva sobre seus
direitos em saúde sexual e reprodutiva, a respeito dos métodos contraceptivos disponíveis no
SUS e sobre a avaliação pré-concepcional e a assistência ao pré-natal, parto e puerpério.
As atividades clínicas devem ser realizadas por médicos e enfermeiros da Estratégia da Saúde
da Família (ESF). Durante a anamnese, esses profissionais devem permitir que os usuários
expressem livremente suas dúvidas em relação à vida sexual, aos métodos contraceptivos
e também à assistência no ciclo gravídico puerperal. Além disso, devem questionar sobre o
comportamento sexual, identificando vulnerabilidade para DST, sobre o desejo de utilizar
métodos contraceptivos e sobre o passado reprodutivo e as pretensões futuras. Finalmente,
perguntar sobre quando fizeram pela última vez exames para prevenção de câncer de colo de
útero, mama, próstata e exames para investigação de DST. O exame físico deve contemplar a
realização de inspeção e palpação das mamas, coleta de Papanicolau, exame de toque retal
em homens com mais de 50 anos e identificação de sinais de DST. Após essa etapa, devem
questionar se querem receber orientação e prescrição de método contraceptivo da sua livre
escolha, se desejam dupla proteção contra gravidez não planejada e se precisam de orienta-
ção para engravidar ou encaminhamento para assistência ao pré-natal, parto e puerpério.
Vamos lá?
Vamos relembrar o caso de Yasmim, de nossa situação problema! Quais os métodos mais
aconselhados nesse caso? A médica Denise, em sua opinião, agiu corretamente?
Nesta aula trataremos dos métodos contraceptivos disponíveis no SUS para compreender
melhor como resolver a demanda de Yasmim.
I – Reversíveis;
II – Definitivos.
• diafragma;
É um método com baixa eficácia, pois o ciclo menstrual pode variar influenciado por fato-
res hormonais e emocionais, fazendo com que o período fértil seja antecipado ou adiado,
aumentando a probabilidade de gravidez não planejada.
O profissional de saúde deve orientar sobre esse risco e, caso o casal opte pelo método,
deverá ensiná-lo à mulher da maneira. Veja infográfico a seguir:
Popularmente conhecido como coito interrompido, esse método pressupõe que, evitando-
-se o depósito do esperma na vagina, não haverá gravidez. Entretanto, por maior que seja
o controle do homem durante a relação sexual, pequenas quantidades de esperma são
eliminadas sem ele perceber e antes de interromper a relação, o que compromete a eficácia
do método.
Classificam-se em:
Entre as pílulas apenas com progestágenos, temos a minipílula, com baixa dosagem des-
se hormônio, apenas indicada para mulheres que estejam amamentando, pois sua eficá-
cia aumenta pelo bloqueio da ovulação provocado pelo aumento do hormônio prolactina,
durante o aleitamento. Portanto, a minipílula só deve ser usada de forma ininterrupta por
mulheres que amamentam de forma exclusiva, que não devem usar pílula combinada, pois
o estrogênio inibe a lactação. Além disso, nessa categoria, há pílulas com maior dosagem
de progesterona, que são tão eficazes quanto as combinadas e que podem ser usadas por
mulheres que não toleraram os efeitos colaterais das pílulas com estrogênio e por mulheres
que amamentam de forma não exclusiva.
Deve-se ter como critério, na prescrição de métodos hormonais, adotar, como primeira esco-
lha, a utilização de formulações com baixas doses hormonais, por provocarem menos efeitos
colaterais e apresentarem menor risco de complicações. No caso da pílula combinada, formu-
lações que contenham 30 mcg ou menos de etinilestradiol, como as disponíveis no SUS.
A eficácia está relacionada ao uso correto do método, sendo alta entre as usuárias que utili-
zam os comprimidos de forma regular e conforme as orientações dos profissionais de saúde.
Entre os principais efeitos colaterais podemos citar cefaleia, mastalgia (dores mamárias),
retenção de líquido, irregularidade menstrual e enjoo. Entretanto, após dois a três meses
de uso diminuem os sintomas à medida que o corpo se habitua com a dosagem hormonal.
As mulheres que optarem por esse método devem ser orientadas a iniciarem
a tomar o primeiro comprimido no primeiro dia do ciclo, quando inicia a mens-
truação, tomando uma pílula por dia até a última da cartela. Se estiver tomando
anticoncepcional com 21 comprimidos na cartela, ao terminar deverá ficar 7 dias
sem tomar, recomeçando no oitavo dia; se for com 22 comprimidos, a pausa será
de 6 dias; com 24, apenas de 4 dias de intervalo; e com 28 não deve fazer pausa
entre uma cartela e outra, ou seja, o uso será contínuo.
Será que os anticoncepcionais injetáveis já seriam indicados para Yasmim, da nossa situ-
ação problema?
Os injetáveis têm uma vantagem em relação aos anticoncepcionais orais, por serem admi-
nistrados mensalmente ou trimestralmente, liberando a usuária de lembrar diariamente
que precisa usar, como no caso dos comprimidos. Tal fato confere ao método alta eficácia,
com taxas de falha no primeiro ano de uso variando entre 0,1 e 0,3%. Assim como no caso
das pílulas, os injetáveis impedem a gravidez por tornarem o muco mais espesso, inibirem
a ovulação e deixarem o endométrio não receptivo ao embrião. Igualmente, permitem um
imediato retorno a fertilidade, especialmente os de uso mensal, uma vez que o trimestral,
em função da maior concentração hormonal, atrasa em 60 a 90 dias a volta da ovulação.
Assim, os profissionais de saúde devem orientar as usuárias que qualquer injetável deve ser
administrado de forma intramuscular, do primeiro ao quinto dia do ciclo menstrual, sendo
repetido em 30 dias, podendo ser 3 dias para mais ou menos, independentemente da mens-
truação, no caso do mensal, e a cada 90 dias se for o trimestral.
Esse método, como o próprio nome já sugere, é exclusivo para ser usado em casos de emer-
gência, quando ocorre relação sexual desprotegida, ou seja, em que não ocorreu uso corre-
to de qualquer método contraceptivo.
As pílulas disponíveis nas UBS para esse fim são compostas exclusivamente do hormônio
levonorgestrel na dosagem de 0,75 mg por comprimido.
No caso de relação desprotegida, a usuária deve ser orientada a utilizar, no máximo até 72h,
após o ato sexual, os dois comprimidos da caixa em dose única, esperando nova menstrua-
ção em até 10 dias após o uso, quando deve iniciar um método contraceptivo de sua esco-
lha. É fundamental que a usuária que procure o profissional de saúde para orientação sobre
esse método, seja orientada que ele é de exceção, não devendo ser utilizado mais que uma
vez, pois seu mecanismo de ação é dependente de uma alta dose hormonal que fará o endo-
métrio descamar impedindo a implantação do embrião caso tenha ocorrido a fecundação.
Em função dessa carga maior de hormônio, apenas em 2 comprimidos, os efeitos colaterais
são mais comuns e piores dos que os provocados pelos outros métodos hormonais, como
náuseas, cefaleia, irregularidade menstrual e enjoo.
Lembre-se de nossa situação problema! É muito importante conversar sobre o uso de pre-
servativo, como a médica Denise fez com Yasmim, pois nenhum dos métodos estudados
até agora confere proteção contra infecções transmitidas por relação sexual. Agora que já
estudamos os métodos hormonais vamos estudar os de barreira.
MÉTODOS DE BARREIRA
Para que cumpra sua função de proteger contra DST e evitar a gravidez, deve ser usado cor-
retamente em todas as relações. Os homens devem ser orientados a colocar o preservativo
antes de cada relação com o pênis ereto, segurando no bico para evitar a entrada de ar e
desenrolando até a base do pênis. Imediatamente, após a ejaculação, deve retirar o pênis
ereto com o preservativo da vagina, segurando na base e ir até o banheiro para jogar o con-
dom com o esperma no lixo. Confira no Infográfico 1 que está no AVASUS.
Infográfico 1
Assim, caros alunos, é possível perceber por meio do passo a passo descrito que essas orien-
tações precisam estar bem claras para os usuários, não é mesmo?
Assim como a masculina, a camisinha feminina protege contra DST por impedir o contato
das secreções com a vagina e o pênis e contra gravidez indesejada, pois cria uma barreira
entre a vagina e o espermatozoide.
Planejamento reprodutivo, Pré-Natal e Puerpério
Unidade 1 14
O condom feminino deve ser usado corretamente, em todas as relações sexuais, mesmo
durante a menstruação, para ser altamente eficaz. Quando usado da forma mais comum,
habitual, tem eficácia média para prevenir a gravidez: taxa de gravidez de 21 para cada 100
mulheres no primeiro ano de uso (21%). Tem maior eficácia para prevenir a gravidez quan-
do usado corretamente, em todas as relações sexuais: taxa de gravidez de 5 em cada 100
mulheres no primeiro ano de uso (5%) (BRASIL, 2013, p. 182).
Infográfico 2
Cursista, você percebe a importância de orientar sobre a importância do uso dos preserva-
tivos masculino e feminino? Na consulta de Yasmin, Dra. Denise poderia ter aprofundado
sobre esses métodos, não é mesmo?
Diafragma/espermicida
O diafragma é um método contraceptivo para uso vaginal que consiste em um capuz flexível
feito de látex ou silicone para cobrir o colo uterino.
É um método fabricado em forma de T, com plástico flexível com cobre no centro, que mede
aproximadamente 31 mm e tem ação contraceptiva quando introduzido na cavidade uterina.
Seu mecanismo de ação é devido ao cobre que, em contato com o endométrio, provoca
uma reação inflamatória por ser um corpo estranho, o que torna essa camada ruim para
a implantação do embrião. Além disso, torna o muco cervical mais espesso dificultando a
passagem dos espermatozoides até as trompas.
A sua aceitação vem aumentando e as pesquisas mais recentes mostram que os DIU medi-
cados com cobre são seguros e muito eficazes. “A seleção adequada da usuária e a inserção
cuidadosa, realizada por profissional treinado e experiente, melhoram a eficácia, a continui-
dade de uso e a segurança do método” (BRASIL, 2013, p. 191).
Figura 7 - DIU
O DIU como método contraceptivo ofertado pelo SUS tem uma grande importância, pois pro-
porciona proteção prolongada contra gravidez. Dessa forma, é extremamente importante que
os profissionais de saúde da atenção básica conheçam as indicações e contraindicações do
método. Além disso, o médico da estratégia de saúde da família pode ser capacitado para
inserção e remoção do DIU, tornando mais fácil para a usuária que optar pelo método a sua
utilização, pois não precisará esperar uma consulta com especialista para começar a usar. No
Infográfico 3 que está no AVASUS, você pode conferir a inserção e a remoção do DIU.
Infográfico 3
Caro aluno, após estudarmos os métodos contraceptivos conhecidos como reversíveis, ire-
mos apresentar os que são chamados irreversíveis ou cirúrgicos.
Na nossa situação problema, você acha que a médica deve orientar Yasmin e seu namorado
sobre esses métodos? Eles são indicados para esse casal?
MÉTODOS CIRÚRGICOS
Os métodos definitivos ou cirúrgicos são os que resultam na esterilização feminina ou mascu-
lina. No caso das mulheres, consiste na laqueadura das trompas de falópio bilateralmente e,
no caso dos homens, na vasectomia, que consiste em cortar e ligar os dois ductos deferentes.
Ambos os métodos possuem alta eficácia, uma vez que são muito baixos os índices de rever-
sibilidade. Dessa forma, a escolha pelo casal de um dos procedimentos cirúrgicos deve ser
muito bem orientada e, tanto o homem quanto a mulher, devem ser informados do caráter
definitivo da contracepção, com extrema dificuldade de reversão em caso de arrependimento.
É preciso fazer o acolhimento e oferecer informações ao casal sobre aspectos éticos e legais
de uma esterilização cirúrgica.
Existe uma regulamentação no Brasil, a Lei nº 9.263/96, que dispõe sobre o planejamento
familiar e aborda a esterilização cirúrgica, constando as condições para sua execução. É impor-
tante conhecê-la!
A Legislação Federal (BRASIL, 1996) impõe, como condição para a realização da esterilização cirúr-
gica, o registro da expressa manifestação da vontade em documento escrito e firmado, após a
informação a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua rever-
são e opções de contracepção reversíveis existentes. Estabelece, ainda, que, em vigência de socie-
dade conjugal, a esterilização depende do consentimento expresso de ambos os cônjuges.
LAQUEADURA TUBÁRIA
A legislação federal não permite a esterilização cirúrgica feminina durante os períodos de parto
ou aborto ou até o 42º dia do pós-parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade,
por cesarianas sucessivas anteriores (BRASIL, 1996). Essa restrição visa à redução da incidência de
cesárea para procedimento de laqueadura, levando-se em consideração que o parto cesariano,
sem indicação clínica, constitui-se em risco inaceitável à saúde da mulher e do recém-nascido.
Além disso, esses momentos são marcados por fragilidade emocional, em que a angústia de uma
eventual gravidez não programada pode influir na decisão da mulher. Ademais, há sempre o risco
de que uma patologia fetal, não detectada no momento do parto, possa trazer arrependimento
posterior à decisão tomada.
A obstrução mecânica das trompas impede que os espermatozoides migrem ao encontro do óvu-
lo, impedindo a fertilização. É muito eficaz e permanente. A eficácia depende, em parte, de como
as trompas foram bloqueadas, mas a taxa de gravidez é sempre baixa (BRASIL, 2013, p. 235).
Finalmente, é importante, ao orientar os usuários sobre a laqueadura, lembrar que existem méto-
dos reversíveis com ótima eficácia e poucos efeitos colaterais como, por exemplo, o DIU. Alertar
que, em caso de arrependimento após o método ter sido realizado, a possibilidade de nova gravi-
dez será muito baixa e quase sempre a recanalização não está disponível pelo SUS, nem é garan-
tido que a gravidez ocorra após ela.
Além disso, caso o casal insista na escolha por um método cirúrgico, é importante que saiba que
a ligadura tubária não é o único, uma vez que o homem pode se submeter à vasectomia. Vamos
agora iniciar uma abordagem sobre esse método.
Muito eficaz e permanente, com taxa de gravidez de 0,15 para cada 100 homens após o primeiro
ano do procedimento. Simples de ser executada, pois pode ser um procedimento ambulatorial
com anestesia local. Mais eficaz ainda quando usada corretamente. “Usada corretamente” quer
dizer: usar condoms ou outro método de planejamento familiar eficaz pelo menos nas primeiras
20 ejaculações ou por três meses após o procedimento (HATCHER et al., 2001 apud BRASIL, 2013).
O Ministério da Saúde (2013) recomenda fazer espermograma para ter certeza de que a vasec-
tomia foi eficaz antes de liberar as relações sexuais, sem proteção anticoncepcional adicional. Ele
pode ser feito em qualquer momento após três meses do procedimento ou após 20 ejaculações.
É necessário ter um resultado de espermograma que demonstre a azoospermia para atestar que
a vasectomia funcionou. Nem o número de ejaculações nem o tempo após a cirurgia são indica-
dores confiáveis.
Complicações são raras, como hematomas e infecção no pós-operatório. Em alguns poucos casos,
pode ocorrer eliminação de espermatozoides no ejaculado por falha no procedimento, ou recana-
lização, o que explica o fato de alguns casais engravidarem pouco tempo após a cirurgia.