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MUNDO ANIMAL

CENTRO VETERINÁRIO
LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS
PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS EM PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA

Elaborado por:
MV Paula Preussler dos Santos
Patologista Clínica Veterinária

2014
NORMATIZAÇÃO DO LABORATÓRIO

OBJETIVOS
O Laboratório está inserido no Centro de Diagnóstico do Hospital Veterinário e
tem os seguintes objetivos:
 prestação de serviços na rotina do HV – Mundo Animal;
 prestação de serviços externos às clínicas veterinárias do Mundo Animal –
Centro Veterinário.

INFORMAÇÕES GERAIS

Pessoal
 Uma Médica Veterinária e uma Biomédica responsáveis pela rotina
laboratorial
 Alunos estagiários

Horário de funcionamento
 segunda-feira a sexta-feira:
10h às 22h

Ordem dos exames


Os exames serão realizados por ordem de chegada; exames solicitados com
urgência serão processados imediatamente.

Apresentação pessoal
 Jaleco branco;
 Sapatos fechados;
 Cabelos longos deverão estar presos;
 Obrigatório o uso de luvas de procedimentos para manuseio das amostras.

Da limpeza do local
 A limpeza do laboratório é realizada diariamente pelo pessoal responsável por
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estes procedimentos no HV-Mundo Animal.


 Médicos veterinários e estagiários devem manter a limpeza das bancadas,
equipamentos e sala, caso seja necessário deve ser chamado pessoal
responsável pela limpeza.
 Manter o laboratório limpo, organizado e fechado fora dos horários de
expediente.

Laudos e resultados
É de responsabilidade do Médico Veterinário Laboratorista o fornecimento dos
laudos devidamente conferidos e assinados no final do seu turno.

Arquivo de exames
 Os laudos são enviados por e-mail ao Médico Veterinário requisitante e estão
disponíveis também na ficha de atendimento do paciente e, caso solicitado,
na forma impressa, ao tutor do paciente;
 O laboratório dispõe de arquivo para laudos dos exames realizados,
entretanto estes exames não podem ser retirados do laboratório, servindo
para consultas no local;
 Os exames são mantidos nestes arquivos por um período de 5 anos, após
este período são descartados.
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MANUSEIO DA AMOSTRA PARA HEMATOLOGIA

A avaliação hematológica requer a utilização de sangue colhido em frascos ou


seringas que contenham anticoagulantes (SINK e FELDMAN, 2006). O EDTA é o
anticoagulante de escolha, para a maioria dos exames hematológicos. O citrato de
sódio é recomendado para os estudos das plaquetas e testes de coagulação. A
heparina não deve ser utilizada para a colheita de sangue de cães e gatos, para fins
de realização e interpretação do hemograma. Este anticoagulante não é capaz de
impedir a agregação plaquetária e causa alterações morfológicas nos leucócitos
(REBAR et al., 2003). Segundo Sink e Feldman (2006), para os exames
hematológicos, o tubo com EDTA deve ser preenchido até o volume especificado no
rótulo, pois o preenchimento incompleto deste tubo resulta em excesso de EDTA,
provocando crenação osmótica de eritrócitos. Isso, por sua vez, acarreta falsa
diminuição do hematócrito e do VCM quando se utiliza a técnica do micro-
hematócrito. Se o volume de sangue ultrapassar a quantidade estipulada no frasco,
a amostra poderá sofrer coagulação. Após a colheita o tubo deve ser invertido várias
vezes, para assegurar a mistura da amostra com o anticoagulante e assim evitar que
ocorra a formação de coágulos (REBAR et al., 2003 e THRALL, 2007).
Segundo Navarro (2005), o tubo de coleta deve ser identificado com o nome
do paciente e data da coleta. A amostra deve ser levada ao laboratório o mais rápido
possível, podendo permanecer em temperatura ambiente por até oito horas e sob
refrigeração por até 24 horas (SINK e FELDMAN 2006).
O hemograma completo é composto pelo eritrograma e pelo leucograma; o
eritrograma constitui o estudo da série vermelha podendo mostras anemias e
policitemias. Já o leucograma compreende a contagem global e específica dos
leucócitos representados pelo estudo quantitativo e qualitativo dos glóbulos brancos
(VALLADA, 1999).
ROTEIRO DAS TÉCNICAS UTILIZADAS NA ROTINA HEMATOLÓGICA

1. Cuidados Pré-Processamento

Para que não ocorram problemas de troca de amostras, os tubos de coleta


devem estar devidamente identificados com o nome, espécie, sexo e número da
requisição do paciente, com letra legível e acompanhados das correspondentes
requisições.
Antes de ser processado, o sangue com EDTA deve ser adequadamente
homogeneizado, colocando o tubo no homogeneizador automático rotativo por no
mínimo 5 minutos se o sangue se encontrar em temperatura ambiente. Caso o
sangue esteja refrigerado, manter no homogeneizador até que atinja a temperatura
ambiente.
Amostra sem anticoagulante deve permanecer por no mínimo 20 minutos em
repouso para a coagulação e para que não ocorra hemólise ou a separação
incompleta do soro.

2. Análise no Contador Eletrônico de Células

Os contadores eletrônicos permitem fazer duas diluições do sangue. Uma


isotônica para a contagem de eritrócitos e plaquetas. Na outra diluição, adiciona-se
uma substância de lise. Dessa forma, consegue-se a contagem de leucócitos e o
teor de hemoglobina. Os valores destas duas etapas permitem o cálculo da
Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) e Volume Corpuscular
Médio (VCM).
Hemogramas com equipamento automatizado têm várias vantagens. Em
primeiro lugar, com exceção de contagens diferenciais automatizadas, os resultados
assim obtidos têm um controle mais rígido e alta taxa de repetição. O exame
hematológico é mais completo, em comparação aos resultados obtidos por técnicas
manuais. A informação sobre o tamanho dos eritrócitos é muito útil para
caracterização das anemias. Outro ponto importante é esse instrumento propiciar
maior rapidez na obtenção dos resultados e o baixo custo dos reagentes (THRALL,
2007).
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Esta técnica só deve ser utilizada naquelas espécies em que as hemácias


circulantes não possuem núcleo. Amostras de mamíferos devem estar
homogeneizadas com EDTA como anticoagulante.
Antes da “passagem” do sangue no equipamento inspecionar
macroscopicamente a amostra de sangue quanto à presença de coágulos, fibrina ou
qualquer outro material que obstrua o fluxo celular no interior do equipamento.
Amostras coaguladas devem ser recoletadas!
Para um resultado mais fidedigno, a seleção da espécie e idade (quando
disponível) do animal no equipamento deve ser feita antes da análise eletrônica.
O analisador hematológico utilizado na rotina do Laboratório do Mundo Animal
– Centro Veterinário é o Poch 100iv Diff da Roche®.

3. Preparo de esfregaços sanguíneos

O exame macroscópico do esfregaço sanguíneo é uma parte essencial de


qualquer análise hematológica, independente do método utilizado para enumerar as
células.

3.1. Distensão do sangue

1. Remova a lâmina da cuba com álcool e seque-a.


2. Limpe com gaze a lâmina (como se estivesse limpando lentes de óculos).
3. Deixe a lâmina em uma área limpa da bancada, com o lado polido para cima.
4. Homogeneíze o sangue por inversão repetida ou com homogeneizador
rotatório.
5. Remova a tampa e preencha um tubo capilar.
6. Coloque uma gota de sangue em uma das extremidades da lâmina.
7. Coloque uma lâmina extensora sobre a lâmina do esfregaço mais próxima ao
centro do que a própria gota de sangue e em um ângulo de aproximadamente
45º em relação à lâmina.
8. Mova a lâmina extensora para trás, em direção ao sangue, até que ela o
toque, deixe que o sangue forme uma linha uniforme ao longo da margem da
lâmina extensora.
9. Empurre a lâmina extensora ao longo da lâmina de esfregaço em um
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movimento suave, não muito rapidamente, certificando-se que a margem da


lâmina extensora sempre permaneça em contato firme e uniforme com a
lâmina.
10. Imediatamente segure a lâmina por uma extremidade (não toque no
esfregaço) e agite-a no ar para secá-la. A secagem instantânea é importante
na preservação da morfologia celular, especialmente a dos eritrócitos.
11. O esfregaço deve se estender pelo menos até a metade da lâmina, com uma
“cauda” que termina antes da extremidade da lâmina. O esfregaço deve ser
bastante homogêneo, sem falhas, e deve ser fino o suficiente para secar
completamente em cerca de 5 segundos (REBAR, 2003; KERR, 2003).

3.2. Coloração dos esfregaços sanguíneos

Após a preparação, o esfregaço sanguíneo geralmente é corado após alguns


minutos. No entanto, pode ser corado depois de horas ou dias, caso o objetivo seja
enviá-lo a um laboratório de diagnóstico. A coloração utilizada na rotina é o panótico
rápido. Diversos outros corantes podem ser usados para evidenciar alterações
celulares importantes na citologia como o Wright, o Giemsa e o May-Grünwald
Giemsa (MGG), mas em geral são usados apenas em projetos de pesquisa, por
exigirem um tempo maior para coloração (THRALL, 2007).

Figura 1. Frascos do corante panótico


numerados evidenciando a ordem de imersão
da lâmina para coloração.

3.3. Visualização dos esfregaços sanguíneos


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Para que seja feito o exame microscópico adequado da lâmina, é necessário


conhecer o aspecto de um esfregaço sanguíneo corado. A parte mais larga do
esfregaço é a região espessa ou a “cabeça”, local em que as células estão
sobrepostas e os leucócitos apresentam-se aglomerados, dificultando o exame
microscópico de todos os componentes. O corpo corresponde à porção intermediária
do esfregaço onde as células estão dispostas em uma monocamada, sendo o local
adequado para visualização celular. A cauda do esfregaço corresponde a sua porção
final. Nessa área, é possível notar alguns artefatos, inclusive células sanguíneas
rompidas, mas não é possível avaliar a palidez central dos eritrócitos.
No esfregaço sanguíneo é possível a realização da avaliação da morfologia
celular dos componentes do tecido sanguíneo (eritrócitos, leucócitos e plaquetas)
que devem ser descritas no laudo, assim como a realização do diferencial
leucocitário e a avaliação da quantidade de plaquetas (KERR, 2003; COLES, 1984;
THRALL, 2007).

4. Plaquetas

A avaliação da morfologia e contagem das plaquetas fazem parte da


avaliação hematológica do paciente, a presença de macroplaquetas ou agregados
plaquetários exerce influência sobre a contagem e função plaquetária e por isso
devem ser descritos no laudo.

4.1. Contagem de plaquetas

Este procedimento laboratorial pode ser realizado no esfregaço sanguíneo,


que deve ser confeccionado conforme descrito anteriormente.

1. Contar plaquetas em 10 campos aleatórios do esfregaço sanguíneo (com


distribuição celular uniforme).
2. Realizar a média do somatório das plaquetas destes 10 campos.
3. Multiplicar por 20.000 o número médio de plaquetas por campo.
4. Resultado em /µL.

7. Determinação da hemoglobina
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Os valores de hemoglobina podem ser obtidos por equipamentos


automatizados (contador de célula) ou podem ser realizados por analisadores
bioquímicos (espectrofotômetros).
O princípio da determinação da hemoglobina consiste em diluir o sangue em
solução contendo cianeto de potássio e ferrocianeto de potássio, que convertem a
hemoglobina em cianometahemoglobina (HENDRIX, 2006).

8. Cálculo dos índices hematimétricos

Os índices hematimétricos mais usados clinicamente são VCM e CHCM.


Estes índices podem ser usados como um meio de classificação das anemias.
Deve-se enfatizar que estes índices são sinais grosseiros de alterações eritrocitárias
e, quando anormais, determinam a necessidade de investigações mais apuradas
(MEYER, COLES e RICH, 1995).
O VCM (volume corpuscular médio) é uma mensuração do tamanho dos
eritrócitos e é obtido pelo cálculo aritmético a partir do hematócrito e da contagem de
eritrócitos da amostra:

VCM (fL) = Hematócrito (%) x 10


N0 de eritrócitos

Os valores de VCM dentro dos limites normais da espécie indicam


normocitose. Quando o VCM está diminuído, como acontece nas anemias
ferroprivas, quando há falta de ferro para formar nova hemoglobina, ocorre uma
microcitose. O aumento do VCM chama-se macrocitose e aparece quando há um
processo de regeneração intenso de uma anemia, com o aparecimento na
circulação de um grande número de reticulócitos (policromatófilos), que são células
de dimensões maiores que os eritrócitos adultos (NAVARRO, 2005; KERR, 2003).
Para o CHCM (concentração média de hemoglobina num dado volume de
eritrócitos) a fórmula é:
CHCM (%) = Hemoglobina x 100
Hematócrito

. Os valores normais são determinados normocrômico e, se menor que o


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normal, hipocrômico. CHCM maior que o normal é fisiologicamente impossível, um


valor elevado neste parâmetro será sempre um artefato, isto pode acontecer devido
à mensuração inadequada da concentração da hemoglobina e/ou do hematócrito
(KOCIBA, 1989), em animais cursando com hemoglobinemia ou devido hemólise da
amostra após colheita.

9. Contagem manual de leucócitos totais

A contagem total de leucócitos representa a quantidade de células nucleadas,


pois as técnicas detectam todos os núcleos presentes na solução das quais
eritrócitos foram removidas por lise. Portanto, nesta contagem são incluídos
eritrócitos nucleados.
Os métodos disponíveis para a contagem de leucócitos são: diluição pelo
método de hemocitometria microscópica (contagem manual em câmara de
Neubauer), contadores eletrônicos de células ou análise do botão leucocitário
(THRALL, 2007).
A contagem manual de leucócitos totais é utilizada apenas nos casos em que
ocorre erro de leitura deste número nos contadores eletrônicos, seja por leucopenia
intensa ou por agregação plaquetária.

9.1. Diluição em pipeta de Thomas para glóbulos brancos (microdiluição)

1. Homogeneizar o sangue.
2. Aspirar sangue até a marca de 0,5 (pipeta de Thomas para glóbulos
brancos).
3. Limpar o sangue de fora da pipeta com papel ou gaze.
4. Aspirar diluente até a marca 11.
5. Homogeneizar a pipeta de Thomas (fechando as extremidades) durante 3
minutos.
6. Desprezar as primeiras gotas e preencher a câmara de Neubauer, após a
colocação da lamínula.
7. Contar os leucócitos dos quatro quadrados grandes-angulares, somar e
multiplicar por 50.
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O líquido de Türk é a solução usada como diluente de leucócitos para


mamíferos. Para a contagem total de células de aves, répteis e peixes se utiliza a
solução de Natt-Harrick.

Figura 3. Câmara de Neubauer, contar


todos os leucócitos nos milímetros
angulares (em branco). Fonte: Rebar et al.
2003.

Figura 4. Esquema para contagem dos


leucócitos em cada um dos milímetros
angulares. Fonte: Rebar et al. 2003.
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Figura 5. Câmara de Neubauer e pipeta de


Thomas para glóbulos brancos.

10. Diferencial leucocitário (fórmula leucocitária)

O diferencial leucocitário faz parte do leucograma e pode ser realizado no


esfregaço sanguíneo com contagem de 100 leucócitos visualizados no microscópio
óptico em objetiva de 100X. A área de contagem na lâmina é pequena e situa-se
entre a cabeça e cauda do esfregaço e consiste numa monocamada de células,
ótima para o exame microscópico. Os leucócitos se apresentam achatados, com
detalhes internos mais evidentes.
Após confecção do esfregaço conforme descrito anteriormente:

1. Levar ao microscópio óptico e localizar a área de contagem com objetiva de


10X. Colocar uma gota do óleo de imersão sobre a lâmina.
2. Ajustar o microscópio para objetiva de imersão (100X).
3. Fazer a contagem de 100 células à medida que o examinador pesquisa os
campos da área de contagem em torre (examinar percorrendo a lâmina de
uma extremidade à outra até contar 100 leucócitos).
4. A quantidade de cada tipo de leucócitos é uma fração de 100 ou uma
porcentagem da população de leucócitos.
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5. Após a obtenção do valor percentual de células, será necessário calcular os


valores absolutos.
6. Isto é feito multiplicando a contagem total de leucócitos pela porcentagem de
cada tipo leucocitário.

Anormalidades na morfologia dos leucócitos devem ser descritas no laudo.

Figura 6. Visualização de neutrófilo segmentado e linfócito em esfregaço


de sangue canino em microscópio óptico objetiva de 100x. Coloração
panótico rápido.

Figura 6. Visualização de neutrófilo segmentado e eosinófilo em esfregaço


de sangue eqüino em microscópio óptico objetiva de 100x. Coloração
panótico rápido.

11. Contagem de reticulócitos

Nas anemias regenerativas dos carnívoros e primatas, incluindo o homem, os


reticulócitos aumentam de número no sangue significativamente.
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1. Colocam-se em um tubo de ensaio, 50µL de sangue e 50µL de corante novo


azul de metileno ou azul cresíl brilhante.
2. Deixa-se a mistura em banho-maria a 37ºC durante 15 minutos.
3. Usa-se uma gota da mistura para preparar um esfregaço sanguíneo.
4. Se necessário pode-se contracorar com corante rápido.
5. Olhar no microscópio com objetiva de imersão.
6. Conta-se 10 campos que equivalem a 1000 eritrócitos.
7. Anotam-se os reticulócitos visualizados.
8. Dividi-se o número de reticulócitos visualizados por 10 para obter a
porcentagem.

11.1. Contagem reticulocitária corrigida

% reticulócitos corrigida = % reticulócitos observados x Ht paciente


Ht médio da espécie
Fel:35% Can:45%
Tabela 1. Resposta reticulocitária relativas típica para cães.

Resposta reticulocitária %

Normal: <1%
Regenerativa leve: 1 a 8%
Regenerativa moderada: 9 a 15%
Regenerativa acentuada: >15 %
Fonte: Hendrix, 2006.

Reticulócitos: xxx% (Resposta reticulocitária Normal <1%; Regenerativa leve 1 – 8%; Regenerativa
moderada 9 – 15%; Regenerativa acentuada >15%)

Com esta contagem obtém-se a porcentagem de reticulócitos. Contudo, essa


interpretação é um tanto enganosa, pois não indica o grau de regeneração
eritrocitária na anemia. Desse modo, para fim de interpretação, deve-se calcular o
número absoluto de reticulócitos, multiplicando a contagem de eritrócitos pelo
percentual de reticulócitos.

No eritrócitos x % reticulócitos = reticulócitos /L


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11.2. Interpretação da contagem de reticulócitos

A contagem de reticulócitos é mais útil para cães e gatos e tem alguma


aplicação em ruminantes. Contudo, não é um exame utilizado para eqüinos, nos quais
a maturação de reticulócitos se restringe ao espaço medular e essas células quase
nunca são liberadas na circulação. A faixa de normalidade para mamíferos
domésticos representa as contagens esperadas quando o hematócrito é normal.
Gatos têm mais de um tipo de reticulócitos, sob a forma de agregados e
pontilhados. Devido ao curto período de maturação dos reticulócitos agregados (12 h),
essa células são os melhores indicadores de liberação medular ativa em felinos.

Tabela 2. Interpretação de contagens reticulocitárias absolutas em cães, gatos e


ruminantes.

Normal Anemia não Regeneração Regeneração


regenerativa moderada máxima
Cães e gatos >60.000/L < 60.000/L 100.000-200.000 /L Até 500.000/L
Ruminantes 0 0 ± 100.000/L ± 300.000/L
Fonte: Hendrix, 2006.

4. Proteínas plasmáticas totais (PPT)

Para a medição do teor plasmático de proteína utiliza-se a coluna de plasma


do tubo de microhematócrito. Quebra-se o tubo logo acima da porção do botão
leucocitário, o plasma contido nesta parte é desprezado no refratômetro. Em seguida
posiciona-se o refratômetro de modo que uma fonte de luz ambiente possa transpor
o prisma umedecido com plasma, possibilitando a leitura da refração da luz em
escala visível. A unidade das PPT obtida é g/dL.
É necessário descrever alterações plasmáticas comuns como icterícia,
lipemia e hemólise. A icterícia corresponde à pigmentação excessivamente amarela
do plasma, sugerindo hiperbilirrubinemia, cujo grau deve ser confirmado pela
determinação bioquímica da concentração sérica de bilirrubina. A lipemia
corresponde à coloração branca opaca do plasma, decorrente de quilomícrons. A
lipemia está mais associada à coleta de sangue pós-prandial e, além disso, pode
estar relacionada a distúrbios que envolvem o metabolismo de lipídeos. A hemólise
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corresponde à coloração avermelhada do plasma, geralmente resultante da lise


artificial de eritrócitos durante a coleta de sangue. Animais apresentando anemia
hemolítica também possuem hemólise visível na fração do plasma, denominada
hemoglobinemia (THRALL, 2007; KERR, 2003).

BIOQUÍMICA SÉRICA
Os bioquímicos que são processados no Reflotron® Plus pela técnica de química
seca. Para proceder as leituras bioquímicas, primeiramente, ligue o Reflotron® Plus
e aguarde o aquecimento do aparelho. Quando aparecer o “ready” no visor, retire a
tira teste desejada do tubo e feche imediatamente o tubo com a tampa contendo
exsicante. Retire a banda protetora da zona reativa, tomando cuidado para não
dobrar a tira. Utilizando a pipeta, recolha o material da amostra evitando a inclusão
de ar, e aplique uma gota no centro da zona vermelha, sem que a ponta da pipeta
toque na zona de aplicação. O volume de amostra necessário para a aplicação é 30
µL. Após, aproximadamente, 15 segundos, abra a tampa, coloque a tira na guia e
introduza-a horizontalmente no aparelho até ouvir um clic. Feche a tampa. O
aparecimento da sigla do teste no visor, confirma que a leitura do código magnético
específico do teste foi corretamente lido pelo aparelho. O tempo é indicado em
segundos, até o surgimento do resultado. Após a leitura do resultado retire do
Reflotron a tira teste usada e descarte-a no lixo contaminado.

As características e particularidades de cada teste estão descritos a seguir:

1. ALT (GPT)
1.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado (até 1h), soro,
plasma heparinizado (até 3d: 20-25°C; ou 7d: 4-8°C).
1.2. Volume: 30µL
1.3. Intervalo de Medição: 5 – 2000 U/L
1.3.1. Observações:
(*) = Curva de reação não-linear
DILUA GPT = diluir a amostra (soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
1.4.Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana

2. BILIRRUBINA TOTAL
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2.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado ou com EDTA (até
2h no escuro), soro e plasma heparinizado ou com EDTA (até 2h: 4-25°C).
2.2. Volume: 30µL
2.3. Intervalo de Medição: 0,5 – 12 mg/dL
2.3.1. Observações:
(>) = Diluir a amostra(soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
2.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana

3. CK
3.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado (até 8h), soro e
plasma heparinizado (24h: 20-25°C e 7d: 4-8°C)
3.2. Volume: 30µL
3.3. Intervalo de Medição: 24,4 – 1400 U/L
3.3.1. Observações:
(*) = Curva de reação não-linear
DILUA CK = diluir a amostra (soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
3.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana

4. COLESTEROL
4.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado ou com EDTA (até
4h: 20-25°C e 8h: 2-8°C), plasma heparinizado ou com EDTA (até 4h: 20-25°C e
12h: 2-8°C). Não congelar, não usar soro.
4.2. Volume: 30µL
4.3. Intervalo de Medição: 100 – 500 mg/dL
4.3.1. Observações:
(*) = Curva de reação não-linear
DILUA = diluir a amostra (soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
4.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana

5. CREATININA
5.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado ou com EDTA (até
6h no escuro), soro e plasma heparinizado ou com EDTA (até 1d: 4-25°C).
5.2. Volume: 30µL
5.3. Intervalo de Medição: 0,5 – 10,0 mg/dL
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5.3.1. Observações:
(>) = Diluir a amostra(soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
5.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana

6. FOSFATASE ALCALINA (ALP)


6.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado (até 8h), soro (até
3d: 20-25°C; ou 7d: 4-8°C), plasma heparinizado (até 1d: 20-25°C).
6.2. Volume: 30µL
6.3. Intervalo de Medição: 20 – 1250 U/L
6.3.1. Observações:
(*) = Curva de reação não-linear
DILUA ALP = diluir a amostra (soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
6.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana

7. GAMA – GT
7.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado ou com EDTA (até
8h no escuro), soro e plasma heparinizado ou com EDTA (até 7d: 4-25°C).
7.2. Volume: 30µL
7.3. Intervalo de Medição: 0,5 – 3500 U/L
7.3.1. Observações:
DILUA GGT = Diluir a amostra(soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
7.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana

8. POTÁSSIO
8.1. Material: Soro e plasma heparinizado (até 7d: 4-25°C). Separar o coágulo até 1h
após a coleta, plasma heparinizado separado imediatamente. Não usar amostras
hemolisadas.
8.2. Volume: 30µL
8.3. Intervalo de Medição: 2,0 – 12,0 mmol/L
8.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana

9. TRIGLICERÍDEOS
9.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado ou com EDTA (até
8h), soro, plasma heparinizado ou com EDTA (até 8h: 20-25°C e 24h: 4-8°C). Não
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congelar.
9.2. Volume: 30µL
9.3. Intervalo de Medição: 70 – 600 mg/dL
9.3.1. Observações:
(>) = Diluir a amostra (soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
9.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana

10. URÉIA
10.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado ou com EDTA
(até 8h no escuro), soro e plasma heparinizado ou com EDTA (até 7d: 4-25°C).
10.2. Volume: 30µL
10.3. Intervalo de Medição: 20 – 300 mg/dL
10.3.1. Observações:
(>) = Diluir a amostra(soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
10.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana

Realiza-se ainda glicose e lactato no equipamento Accutrend® Plus, tendo suas


características de processamento descritas abaixo:

11. GLICOSE
11.1. Material: Sangue capilar fresco ou sangue fresco com Fluoreto.
11.2. Temperatura: Não realizar o teste em temperaturas inferiores a 18°C ou
superiores a 35°C.
11.3. Codificação: realizar a codificação do aparelho com a tira código toda vez que
uma nova embalagem de tiras for aberta.
11.4. Verificação: toda vez que realizar um teste verificar se a janela no verso da tira
teste adquiriu uma cor esverdeada. Utilize nova fita teste. Verificar se a área do teste
ficou completamente coberta de sangue.
11.5. Intervalo de Medição: 20 – 600 mg/dL
11.6. Controle de Qualidade: Solução de controle Accutrend Control G.

12. LACTATO
12.1. Material: Sangue capilar fresco ou sangue fresco heparinizado
12.2. Temperatura: Não realizar o teste em temperaturas inferiores a 18°C ou
20

superiores a 35°C
12.3. Codificação: realizar a codificação do aparelho com a tira código toda vez que
uma nova embalagem de tiras for aberta.
12.4. Verificação: Verificar se a área do teste ficou completamente coberta de
sangue.
12.5. Intervalo de Medição: 0,7 - 22 mmol/L
12.6. Controle de Qualidade: Solução de controle Accutrend BM-Control-Lactate
URINÁLISE

1. Amostra
A amostra de escolha para a análise química é a primeira urina da manhã
(concentrada 8 horas) não centrifugada e mantida entre 15 e 25°C. Alternativamente,
pode ser usada amostra obtida de colheita aleatória.

2. Recomendações para Obtenção e Armazenamento da Amostra


A urina deve ser colhida em frasco descartável estéril e à prova de
vazamento, livre de contaminação fecal, secreções vaginais, esmegma, pelos, pós,
óleos,... Não deve ser coleta a amostra de caixas de areia ou do chão.
A amostra deve ser entregue prontamente ao laboratório e o teste deve ser
realizado dentro de 1 – 2 horas da colheita. É geralmente aceito que, após duas
horas à temperatura ambiente, comecem a ocorrer modificações na composição
química e deterioração dos elementos figurados. Bilirrubina, cetonas e urobilinogênio
podem estar diminuídos. O crescimento bacteriano reduz glicose a glicose, aumenta
o nitrito e promove mudanças no pH.
Como a exatidão da análise da urina é dependente da qualidade da amostra,
todos os cuidados devem ser tomados para que a amostra de urina seja colhida,
armazenada e transportada adequadamente. Usar somente urina recente, bem
homogeneizada e não centrifugada.
Quando não for possível analisar a urina dentro de 2 horas, a amostra pode
ser refrigerada, mas deve estar na temperatura ambiente antes de iniciar a análise.
Entretanto, a refrigeração não é adequada para preservar alguns constituintes, como
bilirrubina e urobilinogênio e pode induzir a precipitação de fosfatos e uratos
amorfos.
Não é recomendável adicionar preservativos na amostra. Amostras não
identificadas ou identificadas inadequadamente devem ser recusadas.

3. Exame físico da urina

Na urina devem-se observar os seguintes aspectos (prévios à centrifugação):


1. Cor
22

2. Odor
3. Transparência / aspecto (límpida; pouco turva, turva, muito turva, floculenta
ou sanguinolenta)
4. Volume
5. Densidade (leitura em refratômetro)

2. Exame químico da urina

A tira reagente é a técnica mais amplamente usada na detecção de


substâncias químicas na urina.

2.1. Procedimento
Homogeneizar e transferir a amostra para um tubo Falcon e identifica-lo
adequadamente.
Retirar do frasco a tira reagente e imergi-la na urina por 2 segundos de forma
que todas as áreas sejam imersas quase que simultaneamente. Retirar a tira,
deslizando pela borda do tubo para remover o excesso de urina. Manter a tira na
posição horizontal para prevenir a mistura de produtos químicos de áreas
adjacentes. Realizar a leitura das reações entre 60 – 120 segundos. As mudanças
de cor das almofadas de reagentes devem ser comparadas visualmente com a cor
da escala fornecida junto com as tiras. Em urinas de cor muito escura, centrifugar a
amostra antes da utilização da fita reagente, a fim de diminuir a interferência da cor
na leitura.

2.1. Reações a serem observadas

2.2.1. pH: A estimativa do pH da urina é usada para avaliar a acidez ou alcalinidade


da urina dos animais, sendo útil também no acompanhamento da urolitíase.
Essas características podem estar relacionadas a vários distúrbios renais e
metabólicos. A determinação do pH não constitui, isoladamente, índice de
capacidade renal de excreção de ácidos. O pH urinário dos animais está
diretamente relacionado à nutrição. Em geral, o pH da urina dos herbívoros é
mais alto (alcalino) do que o pH da urina dos carnívoros (ácido). Nos
carnívoros, infecções bacterianas tendem a deixar o pH mais alcalino e por
23

este motivo, altos valores de pH persistentes, podem indicar infecções no


trato urinário. Em ruminantes, um menor pH urinário pode ser constatado em
casos de deslocamento de abomaso, alcalose, hipocloremia ou hipocalemia.
Contaminação bacteriana e amostras velhas podem gerar falsos resultados.
2.2.2. Proteínas: A identificação de proteína urinária é usada no diagnóstico e
tratamento de infecções do trato urinário (geralmente acompanhada de
hematúria, pH alcalino e reação positiva para Nitrito) e afecções renais
(doença renal). O teste é normalmente negativo para a maioria dos animais
domésticos, mas cães e gatos saudáveis podem apresentar traços de
proteína na urina. O teste é baseado no princípio do erro proteínico de um
indicador de pH e é especialmente sensível à presença de albumina. Outras
proteínas são indicadas com menor sensibilidade. Resultados falsos-positivos
podem ser encontrados em urinas muito alcalinas (pH>9), na presença de
densidade muito alta, após a ingestão de medicamentos contendo quinina e
por resíduos de desinfetantes contendo amônia quaternária. O mínimo que a
tira consegue detectar são valores de aproximadamente 15mg/dL de
albumina.
2.2.3. Glicose: A presença de glicose na urina significa que a concentração de
glicose plasmática excedeu o limiar renal de glicose. Em cães e gatos esse
limiar é de aproximadamente 180mg/dL e em ruminantes é de 80mg/dL. A
medição da glicose urinária é usada no diagnóstico e tratamento de
desordens do metabolismo de carboidratos, incluindo Diabetes melitus,
hiperglicemia e distúrbios hereditários. Normalmente nãos e detecta glicose
na urina de animais saudáveis, embora pequenas quantidades possam ser
secretadas por um rim não doente. Para um diagnóstico conclusivo, deve-se
levar em consideração a concentração de glicose plasmática, o horário da
última alimentação e as diversas causas que podem levar a glicosúria além
da hiperglicemia. Glicosúria na ausência de hiperglicemia (glicosúria renal) é
decorrente de distúrbio na reabsorção tubular renal da glicose e pos=de
ocorrer em diversas condições: desordens tubulares renais, síndrome de
Cushing, uso de corticoesteróides, infecção grave, hipertireoidismo,
feocromocitoma, doenças hepáticas e do sistema nervoso central. A influência
do ácido ascórbico é eliminada, o que torna a fita interessante já que cães
com diabetes melitus produzem intermitentemente, grandes quantidades de
24

ácido ascórbico. Um efeito inibitório pode ser obtido na presença de ácido


gentísico, valores de pH<5 e densidade urinária muito alta. Reações falso
positivas podem ser produzidas por resíduos de produtos de limpeza
contendo peróxido. Somente valores acima de 40mg/Dl de glicose são
indicados na fita.
2.2.4. Cetonas:
1. Cetona: quando o organismo metaboliza gorduras de forma incompleta, são
excretadas cetonas na urina, uma condição chamada cetonúria. A cetonúria
pode estar presente em diabetes sem controle, desnutrição ou jejum
prolongado.
2. Bilirrubina: é um produto da degradação da hemoglobina. Quando está
presente na urina, pode ser um indicativo de doença hepática ou obstrução
do conduto biliar.
3. Sangue oculto: a presença de sangue na urina pode indicar infecção do trato
urinário inferior, sangramento no parênquima renal, presença de hemoglobina
na urina ou devido à colheita.
4. Urobilinogênio: é um produto da degradação da bilirrubina. Ele pode estar
aumentado em doenças hepáticas ou doença hemolítica.
5. Nitrito: as bactérias Gram negativas produzem enzimas que convertem os
nitratos urinários em nitritos. O teste positivo de nitrito é indicativo de possível
infecção bacteriana do trato urinário.
6. Leucócitos: a presença de leucócitos na urina pode indicar infecção ou
inflamação.

Tabela 3. Valores urinários para as espécies domésticas comuns.

Cães Gatos Eqüinos Bovinos Suínos Ovinos


Densidad 1.018 a 1.020 a 1.020 a 1.005 a 1.010 a 1.020 a
e 1.045 1.040 1.050 1.040 1.030 1.040
pH 5,2 - 6,8 6,0 - 7,0 7,0 - 8,5 7,0 - 8,5 6,0 - 8,5 6,0 - 8,5
Glicose Nenhuma Nenhuma Nenhuma Nenhuma Nenhuma Nenhuma
Proteína Nenhuma/ Nenhuma/ Nenhuma Nenhuma/ Nenhuma/ Nenhuma/
vestigial vestigial vestigial vestigial vestigial
Bilirrubina Nenhuma/ Nenhuma/ Nenhuma Nenhuma/ Nenhuma/ Nenhuma/
vestigial vestigial vestigial vestigial
25

Cetonas Nenhuma Nenhuma Nenhuma Nenhuma/ Nenhuma Nenhuma


vestigial
Fonte: Hendrix (2006)

3. Bioquímicos da Urina
Sempre fazer testes bioquímicos do sobrenadante, após centrifugação, da
mesma forma como é feito com soro/plasma.

3.1. Relação Proteína / Creatinina Urinárias

Realizar o EQU normalmente;


Após centrifugação separar uma alíquota do sobrenadante. Realizar a dosagem
bioquímica imediatamente ou refrigerar;

3.1.1. DOSAR PROTEÍNA (Kit Sensiprot):


 1000µL R1 Sensiprot + 50µL urina;
 Misturar e colocar em banho Maria 37°C / 5 minutos;
 Ler (estável por 30 minutos).
* Hematúria gera resultado falsamente elevado.
* Se o resultado for igual à 100 mg/dL, diluir a amostra com solução fisiológica
e realizar nova determinação, multiplicar o resultado obtido pelo fator de diluição.

3.1.2. DOSAR CREATININA (Kit Creatinina)


 Diluir a urina 1:25 (0,2mL urina + 4,8mL água destilada ou 50µL urina +1200µL água
destilada);
 800µL R1 Creatinina + 200µL R2 Creatinina + 100µL urina diluída;
 Ler imediatamente. Multiplicar o resultado obtido por 25.

 Dividir o resultado de Proteína pelo da Creatinina.

 Valores de Referência:
 0,01-0,54 normal
 0,55-2,00 suspeita de lesão
26

 >2,00 anormal
*FETTMAN, M.J., REBAR, A. In: THRALL, M.A. Hematologia e Bioquímica Clínica
Veterinária. ROCA. 2007.
 Jovens 0,1 - 0,2
 Adultos 0,07 - 0,13
 Geriatras 0,06 - 0,29

*SOUZA, S.N., FIORAVANTI, M.C.S. Aplicação dos Exames Complementares no


Diagnóstico da Insuficiência Renal Crônica em Cães. UFG.2011.

3.2. Gama-GT Urinária

 Realizar o EQU normalmente;

 Após centrifugação separar uma alíquota do sobrenadante. Realizar a dosagem


bioquímica imediatamente ou refrigerar;

3.2.1. DOSAR GAMA-GT (Kit Gama-GT):


 800µL R1 Gama-GT + 200µL R2 Gama-GT + 50µL urina;
 Ler (estável por 60 minutos).

3.2.2. Os valores de atividade de GGT urinária devem ser corrigidos por fórmula,
onde se utiliza a densidade urinária 1025 como fator de correção para o fluxo
urinário de uma única amostra:
X = Y x 25
Z
 X é a atividade de GGT urinária calculada;
 Y é a atividade de GGT urinária da amostra;
 Z corresponde aos últimos dois dígitos da densidade urinária da amostra
(refratômetro).

 Valores de Referência:
27

 Jovens 27,9 - 45,9 U/L


 Adultos 29,6 - 58,0 U/L
 Geriatras 15,59 - 77,21 U/L
 Doença renal crônica 63,19 - 97,79 U/L
*SOUZA, S.N., FIORAVANTI, M.C.S. Aplicação dos Exames Complementares no
Diagnóstico da Insuficiência Renal Crônica em Cães. UFG.2011.

4. Análise microscópica do sedimento da urina

Para obter o sedimento da urina é preciso colocar em tubo cônico ou tubo


apropriado para urina cerca de 10 mL de urina previamente homogeneizada.
Centrifugar a uma velocidade de 1.500 a 2.000 rpm durante 15 minutos. O
sobrenadante deve ser então desprezado, pois utilizamos para a análise somente o
sedimento. Homogeneizar o sedimento e colocar uma gota (50 L) sobre uma
lâmina previamente limpa e cobrir com uma lamínula. Colocar a lâmina sob o
microscópio com objetiva de 10x (Campo de Pequeno Aumento – CPA), focalizar o
material. Esquadrinhar a lâmina e identificar elementos maiores (cilindros e cristais).
Examinar tanto o centro como as bordas da lâmina.
Trocar objetiva para 40x (Campo de Grande Aumento – CGA). Identificar os
elementos incluindo os eritrócitos, leucócitos, células epiteliais (e seus tipos),
cilindros, cristais e bactérias.

4.1. Componentes do sedimento da urina

Sedimento da urina refere-se aos sólidos depositados (sedimentados) no


fundo do tubo contendo amostra de urina após centrifugação. Dentre os
componentes do sedimento urinário estão:

 Células sangüíneas: Eritrócitos e leucócitos


 Células epiteliais descamativas (CED)
 Microorganismos: Bactérias, leveduras ou protozoários
 Espermatozóides
 Cilindros: Hialinos, granulosos, leucocitários, hemáticos ou epiteliais.
28

 Cristais: Uratos, ácido úrico, oxalato de cálcio em urina ácida e fosfatos


amorfos, fosfato triplo, carbonato de cálcio em urinas alcalinas, e ainda
cristais em urina anormal tais como: cistina, tirosina, leucina, colesterol e
sulfonamidas.
 Muco
 Artefatos diversos

Tabela 4. Sedimento urinário normal em pequenos animais.

Eritrócitos 0-10 por CGA


Leucócitos 0-5 por CGA
Células epiteliais
de transição 0-20 por CGA
Pavimentosas 0-1 por CGA
Renais 0 por CGA
Bactérias 0 por CGA
Cilindros
Hialinos 0-2 por CPA
Granulares 0-1 por CPA
Céreos 0 por CPA
Celulares 0 por CPA
CGA: campo microscópico de grande aumento (x400)
CPA: campo microscópico de pequeno aumento (x100)
29

Tabela 6. Cristalúria.

Tipo Associações

Urina alcalina
Estruvita Normal, urolitíase
Fosfato amorfo Normal, urolitíase
Fosfato de cálcio Urolitíase
Carbonato de cálcio Urolitíase
Biurato de amônia Afecção hepática, desvio portossistêmico
Urina ácida
Ácido úrico Urolitíase, defeito metabólico
Cistina Urolitíase, defeito metabólico
Oxalato de cálcio Normal, envenenamento pelo etilenoglicol
ANÁLISE DE LÍQUIDOS CAVITÁRIOS

1. Local da colheita
 Torácica
 Abdominal
 Pericárdica

2. Volume
Enviar 5 mL com EDTA e 5 mL sem anticoagulante (para fazer bioquímicos,
quando necessário, em caso de suspeita de ruptura de bexiga ou vasos linfáticos).

3. Cor
 Incolor
 Avermelhada

4. Aspecto
 Límpido: geralmente em transudatos puros.
 Turvo: quanto mais turvo, mais celularidade.
 Leitoso: característico de efusões quilosas.

5. Densidade
Deve ser feita após centrifugação da amostra e realizada através do
refratômetro.

6. Proteínas
Pode ser realizada por colorimetria, utilizando kits bioquímicos ou com o uso
do refratômetro.

7. Celularidade
Deve ser realizada no contador automático de células, quando for enviada
amostra com anticoagulante.
31

8. Células Nucleadas
Usa-se amostra com anticoagulante, bem homogeneizada, podendo ser
realizada no contador automático de células ou com a mesma metodologia utilizada
para a contagem de leucócitos em câmara de Neubauer.

9. Método para a citologia

Fazer duas ou mais lâminas do liquido no tubo com EDTA homogeneizado. A


lamina deve ser feita utilizando-se a técnica de “squash”.
Fazer a analise física do líquido (volume, coloração, densidade, proteína) e
em seguida passar a amostra (SOMENTE SE ESTIVER EM TUBO CONTENDO
EDTA) no contador celular automático para verificação da quantidade de células
nucleadas e eritrócitos.
Após esse proedimento, amostra é centrifugada durante 15 minutos,
desprezando-se, em seguida, o sobrenadante. Com o sedimento homogeneizado
realiza-se mais dois esfregaços em lâmina. Fixar o material com metanol e a
coloração deve ser feita 24 horas após a preparação da lâmina. A amostra pode ser
corada com panótico rápido ou com outras colorações como Giemsa (2 gotas de
Giemsa para cada 1ml de água destilada, corando a lâmina por 20 minutos), Wright
ou Leishmann. Um corante supravital, tal como o Novo Azul de Metileno ou Azul
Cresil Brilhante também pode ser utilizado, principalmente em casos em que se
deseja um maior detalhamento das características nucleares, como em caso de
suspeita de neoplasia.

9.1 Tipos Celulares

9.1.1 Células Mesoteliais


Células redondas, grandes, com núcleo redondo ou ovalado, apresentando-se
muitas vezes multinucleadas e com citoplasma basofílico. Essas células revestem as
superfícies torácica, abdominal e visceral.

9.1.2 Macrófagos
Células grandes, com um núcleo único, ovalado ou em forma de rim,
citoplasma azulado e com vacúolos, podendo apresentar material fagocitado. É um
32

dos tipos mais frequentemente encontrados nos derrames cavitários.

9.1.3 Neutrófilos
Citologicamente existem duas classificações para os neutrófilos:

 Neutrófilos degenerados
Apresentam núcleo frouxo, que se cora com padrão eosinofílico homogêneo.
São aqueles que sofreram degeneração hidrópica, que é uma alteração local
provocada geralmente por toxinas bacterianas, que alteram a permeabilidade da
membrana destas células.

 Neutrófilos não degenerados


Apresenta um padrão de cromatina nuclear fortemente agregado e basofílica,
como o apresentado no sangue.

9.1.4 Linfócitos
Estão presente em pequeno número em muitas efusões e podem ser o tipo
predminante em efusões quilosas, pseudoquilosas e linfossarcomas.

9.1.5 Eosinófilos
Podem ser vistos principalmente em efusões provocadas por mastocitomas,
parasitas cardíacos, reações alérgicas e hipersensibilidades.

9.1.6 Mastócitos
Facilmente identificados pelos seus grânulos de cor vermelho-púrpura.
Podem ser observados em pequeno número em efusões de cães e gatos com
diferentes processos inflamatórios ou em grandes números em casos de
mastocitomas.

9.1.7 Eritrócitos
Podem aparecer em efusões secundárias a hemorragias intra-cavitárias ou
como contaminantes (sangue periférico) no momento da punção.
33

9.1.8 Células Neoplásicas


Podem ser observadas em efusões com diferentes tipos de neoplasias.
Tumores epiteliais (carcinomas e adenocarcinomas), linfossarcomas, mastocitomas,
hemangiossarcomas e mesoteliomas. Podem esfoliar bom número de células para
dentro da cavidade torácica ou abdominal.

10. Avaliações bioquímicas das efusões

Para a determinação dos exames bioquímicos, deve ser utilizada uma fração
da amostra sem anticoagulante, recém colhida, dosadas em paralelo com a amostra
sérica do mesmo animal, para a comparação.

 Uréia e creatinina: indicadas quando se suspeita de uroperitônio.


 Bilirrubina: indicadas quando se suspeita de peritonite biliar.
 Colesterol e triglicerídeos: indicadas em derrames quiloso ou pseudoquiloso.
 Amilase e Lipase: indicadas quando se suspeita de peritonite por pancreatite.
 Proteína total: indicadas quando se suspeita de peritonite infecciosa felina.

Tabela 5. Classificação dos derrames cavitários.


Transudato Transudato Exsudato
modificado
Proteína < 2,5 > 2,5 > 2,5
(g/dL)
Células
nucleadas < 1000 < 5000 > 5000
(L)
Tipo celular Mesoteliais/macrófagos Mesoteliais/macrófagos Neutrófilos/macrófago
predominante s
Mais de 60% podem Mais de 60% podem
ser neutrófilos ser neutrófilos Mais de 60% são
neutrófilos
Causas Hipertensão portal Ascite secundária a Inflamatória séptica ou
secundária a insuficiência cardíaca asséptica
insuficiência hepática do lado direito Distúrbio intestinal
Hipoalbuminemia Distúrbio intestinal (eqüino)
severa (eqüino)
Fonte: Meyer, et al. (1995)
TESTE DE RIVALTA

1. Objetivo
 Utilizado para diferenciar transudatos de exudatos.
 Detecta altos níveis de proteína, fibrinogênio e mediadores inflamatórios.

2. Especificidade e Sensibilidade
 Alto valor de especificidade (86%) e alto valor de sensibilidade (96%) para PIF.

3. Preparo do Teste
 Em um tubo de ensaio adicionar 7mL de água destilada.
 Acrescentar 4 gotas de Ácido Acético e homogeneizar.
 Adicionar 1 gota do líquido cavitário coletado em frasco com EDTA.
 Observar a reação.

4. Resultados
Se a gota dissipar e a solução permanecer límpida, o teste de Rivalta é
definitivamente negativo. Se a gota manter a sua forma, permanecer na superfície ou
descer devagar ao fundo do tubo (gota ou água-viva), o teste de Rivalta é definitivamente
positivo (imagem1).

Imagem 1.: Rivalta Positivo

5. Interpretação
 Rivalta Positivo: sugestivo de PIF, peritonite bacteriana ou linfoma.
 Rivalta Negativo: efusão não inflamatória.
35
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DO LÍQUIDO CÉFALO RAQUIDIANO

INTRODUÇÃO

O Sistema Nervoso Central (SNC) está completamente alocado dentro de ossos


dificultando avaliação clínica satisfatória e procedimentos tais como biópsias e avaliações
radiográficas. O cérebro mantém estrito isolamento do restante do organismo; muitas
substâncias que circulam pelo corpo podem nunca penetrar no líquido céfalo raquidiano
(LCR) e vice versa, substâncias químicas cerebrais e do LCR nunca se difundirão para a
circulação geral. Essa característica é mantida pela barreira hematocefálica, que é uma
entidade física e química que mantém o cérebro estável no corpo que é sujeito a
variações drásticas. A biópsia geralmente é traumática, podendo ocasionar lesões
irreversíveis no SNC e, as radiografias normalmente oferecem poucas informações.
Alguns exames como tomografias computadorizadas e ressonância magnética são
onerosas e de difícil acesso. O exame do LCR ou o líquor é um teste diagnóstico do SNC
que fornece boas informações, e com treinamento e prática, oferece mínimo trauma.

1. Produção / circulação

Cerca de 70% do líquor (LCR) é produzido primariamente nos plexos coróides do


sistema ventricular cerebral, outros 30% são formados em outros sítios como as células
ependimais do sistema ventricular e dos espaços sub-aracnóides cerebrais. Normalmente
duas barreiras podem ser identificadas entre os capilares sanguíneos que nutrem o SNC
e o fluido intersticial das células neuronais. A primeira, a barreira sangue - líquor é uma
membrana semipermeável formada por endotélio vascular e células ependimais altas do
plexo coróide que protege o SNC de várias substancia, inclusive iônicas. O líquor é o
resultado da ultrafiltração do plasma e transporte ativo através desta membrana. Uma
segunda barreira, a barreira LCR - cérebro permite que alguns materiais sejam
transportados do LCR para o fluido intersticial do cérebro e medula espinhal. Quando
comparado com o plasma, o líquor possui discretamente mais cloretos, sódio e magnésio;
discretamente menos potássio, cálcio e glicose e significativamente menos proteínas. É
relativamente acelular, contendo poucos linfócitos. Sua velocidade de formação é cerca
de 0,05 cc/minuto em cães e 0,02 cc/minuto em gatos e essa velocidade é independente
da pressão do líquor ou da pressão hidrostática sanguínea, mas é reduzida por aumento
36
da pressão osmótica. Sua circulação ocorre no sistema ventricular, entrando nos espaços
sub-aracnóides através de aberturas laterais do quarto ventrículo cerebral. Nos espaços
sub-aracnóides difunde-se entre as membranas sub-aracnóides e pial da coluna vertebral
e do cérebro, banhando toda superfície do SNC. O fluxo é primariamente no sentido
caudal sendo na maioria das vezes absorvido através das vilosidades aracnóides nos
seios venosos e veias cerebrais. Estas estruturas atuam como válvulas de uma só direção
(líquor - sangue venoso) que se abrem quando a pressão do líquor excede a pressão
venosa e se fecham quando a pressão venosa aumenta, prevenindo o retorno do sangue
venoso para os espaços sub-aracnóides. Pequenas quantidades são absorvidas pelas
veias e linfáticos encontrados ao redor das raízes dos nervos espinhais, primeiro e
segundo par craniano quando saem do crânio.

2. Funções

O LCR cobre todo o SNC mantendo o cérebro e a medula espinhal suspensos,


protegendo-os de injúrias. Ajuda a modular as variações normais da pressão intracraniana
(PIC) junto com o fluxo sanguíneo cerebral, possui propriedades antibacterianas e
anticorpos, assim como é meio de transporte de nutrientes, metabólitos, neurohormônios
e neurotransmissores.

3. Colheita

O LCR é um importante aliado no diagnóstico das doenças do SNC, mas a colheita


pode ser perigosa, devendo-se tomar certos cuidados.

3.1. Riscos e contra indicações

3.1.1. Anestesia

Os cuidados na monitoração da anestesia são muito importantes; em pequenos


animais ela é feita com animais entubados e controlados; nos grandes animais, pela
dificuldade de anestesia, recomenda-se boa tranqüilização e boa contenção para evitar
traumas medulares.
37
3.1.2. Traumatismo

A colheita requer experiência e/ou acompanhamento de pessoas experientes. O


treinamento em cadáveres é recomendado. Como o LCR cobre a medula espinhal,
qualquer processo traumático pode ocasionar lesões irreversíveis. A penetração da
agulha pode traumatizar um ramo do plexo venoso vertebral que corre juntamente com a
junção atlanto-occiptal. Como este traumatismo não ocasiona lesões no animal, nova
punção deve ser efetuada.

3.1.3. Contaminação

Como é um espaço fechado e estéril, recomenda-se total assepsia para evitar


veiculação de doenças contagiosas, assim como evitar o contágio do colhedor em casos
de doenças infecto contagiosas.

3.1.4. Pressão intracraniana

Em casos de traumas cranianos, edemas cerebrais, hematomas sub durais,


aneurismas, abscessos, neoplasias onde a pressão intracraniana poderá estar alterada, a
remoção do líquor pode causar baixa pressão nas áreas puncionadas em relação ao
compartimento intracraniano ocasionando herniação do forame magno tentorium ou
hérnia cerebelar.

3.2. Técnica de colheita

Em geral recomenda-se anestesia geral e intubação dos pacientes assim como


preparação de área cirúrgica. Como o LCR não possui diferenças de composição durante
o seu percurso, pode-se colher tanto em punção cisternal como lombosacral. Alguns
autores indicam a colheita próxima da lesão como meio mais eficiente de diagnóstico,
mas devido à dificuldade de colheita fora do forame magnum, é pouco usado. Colhe-se
normalmente em três frascos: contendo EDTA, estéril para cultura e frasco normal.

3.2.1. Cães e gatos

Nestes animais utiliza-se principalmente a colheita occipital, ou cisterna magna,


38
podendo em alguns casos nos cães, utilizar-se à colheita lombar.

3.2.1.1. Colheita na cisterna magna

O paciente é colocado em decúbito lateral, com a cabeça formando um ângulo de


90° com a coluna cervical. Não inclinar demais a cabeça para evitar obstrução traqueal.
Delinear o espaço entre a protuberância occipital e a ponta crânio dorsal da vértebra C2,
o espaço mediano é o local onde inserimos a agulha. Esta agulha deve ter um estilete
para evitar entupimento no transpassar da pele como também evitar contaminação celular
intramedular. Esperar o gotejamento evitando a aspiração. A quantidade coletada varia de
um a dois mL que será suficiente para todos os exames, devendo-se colher em frascos
separados para culturas e rotina, devendo-se os exames serem processados rapidamente
para evitar deterioração celular.

3.2.1.2. Colheita lombar

A punção neste espaço de colheita é mais indicado para mielografias. A colheita de


líquor mais difícil, pois menor quantidade de material é obtido e maior a possibilidade de
traumatismos e sangramentos. A utilização desse espaço pode ser necessário em casos
de doenças que possam obliterar o espaço subaracnóideo da cisterna magna, ou na
localização de doenças de origem tóraco - lombar, já que o fluxo do LCR é no sentido
caudal. A punção poderá ser entre L5 - L6 ou entre L6 -L7, tendo-se o cuidado de fletir os
membros para abrir os espaços intervertebrais.

3.3. Bovinos/ovinos

Nestas espécies usam-se também as duas formas de colheita, mas


preferencialmente, utiliza-se à colheita lombar.

3.3.1. Colheita na Cisterna magna

Como nos cães os animais são colocados em decúbito lateral, podendo-se também
fazer a colheita com o animal em estação, sendo esta forma mais difícil. Pode-se colher
um total de 100 mL de cada vez, porém dois a três mL são suficientes para todos os
exames.
39

3.3.2. Colheita Lombar

Pode ser realizado com animal em estação, sendo a agulha introduzida no espaço
entre: ultima vértebra lombar e primeira sacra (L6 S1). O local a ser puncionado é
anestesiado; os animais indóceis devem ser sedados. A colheita será facilitada com o
animal posicionado em decúbito esternal, com os membros anteriores flexionados e os
membros pélvicos estendidos no sentido do abdômen.

3.4. Eqüinos

Nestes animais é importantíssima a anestesia geral e intubação. O método de


escolha é a cisterna magna, sendo o animal colocado em decúbito lateral como nos
pequenos animais. Pode-se tentar a colheita lombar no mesmo local dos bovinos.

4. Análise laboratorial

Consiste nos exames físico, citológico e bioquímico. Para análises microbiológicas


e citológicas, o tempo máximo para o processamento é de 1 hora (temperatura ambiente)
e para análises bioquímicas a estabilidade é de 2 horas (temperatura ambiente), ou a
amostra deve ser resfriada imediatamente após a coleta para evitar degeneração celular.

4.1. Exame físico

4.1.1. Cor
O líquor de qualquer espécie tem cor semelhante à água, qualquer turvação indica
alteração, como aumento celular e/ou de proteínas. A cor deve ser verificada antes e após
centrifugação. O líquor hemorrágico que apresenta cor clara após centrifugação indica
que os eritrócitos estão intactos sugerindo sangramento recente; o líquor amarelado pós-
centrifugação sugere hemorragias antigas, com degradação de eritrócitos. A xantocromia,
um amarelo mais denso, sugere formação de bilirrubina derivada da degradação do
eritrócito, como nos casos de hidrocefalia, neoplasias do SNC, hemorragias
subaracnóideas, inflamações agudas e icterícias sistêmicas.
Graduações da cor do sobrenadante: incolor (LCR normal), levemente
xantocrômico, xantocrômico, levemente hemorrágico / eritrocrômico, hemorrágico /
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eritrocrômico.

3.2.3. Aspecto
O aspecto normal do LCR é límpido, e esta característica depende do número de
células, concentração de proteínas e microrganismos em suspensão.
Límpido: até 45 células
Levemente turvo: 46 – 300 células
Turvo / Opalescente: 301 – 6000 células
Purulento: acima de 6000 células

4.1.3. Densidade
Não é parâmetro muito usado, mas seu aumento acima de 1.000 indica aumento
de proteínas, aceitando-se como normais, os valores entre 1003-1012 para cães e gatos.
Para ruminantes e equinos valores devem ser abaixo de 1010. É avaliada pelo uso do
refratômetro.

4.1.4. Coagulação
O líquor normalmente não se coagula, podendo ocorrer por causa de sangramento
iatrogênico ou aumento de fibrinogênio. Este parâmetro pode ser avaliado apenas quando
a coleta for feita em frasco sem anticoagulante e sem aditivos coagulantes. Geralmente
ocorre nos processos supurativos.

4.2. Exame Citológico

4.2.1. Citometria
É a contagem global das células do líquor, podendo ser utilizada a câmara de
Neubauer ou a de Fuchs-Rosenthal. Normalmente o líquor é acelular, podendo apresentar
variações normais de 0-8 células nucleadas /mm 3, com predomínio de células
mononucleares (linfócitos e monócitos) não se encontrando eritrócitos. O aumento do
número de células denomina-se pleocitose. As células do líquor se degeneram
rapidamente, por isso a contagem e avaliação celular devem ser realizadas até uma hora
após a colheita. Existem poucas variações do número celular em relação aos locais de
colheita, mas espera-se no LCR colhido na cisterna magna cerca de cinco células/mm 3
enquanto a punção lombar contém menos de uma célula /mm 3. A pleocitose nas
meningoencefalites bacterianas geralmente apresenta números altos (500-1000/mm 3). As
41
doenças viróticas, Ricketisias, intoxicações e micoses apresentam pleocitose moderada.

4.2.2. Citologia
É a parte mais importante do exame do líquor, podendo-se encontrar anomalias
celulares mesmo não apresentando aumento do número total de células. Usa-se a
mesma coloração para os exames hematológicos. A maior parte das células encontradas
são linfócitos que se deterioram facilmente devendo a coloração e o exame ser realizados
rapidamente. Ainda podem ser encontrados poucos monócitos e raros neutrófilos. Como o
líquor tem poucas células, usa-se centrifugação em baixa rotação para evitar danos
celulares. A presença de linfócitos reativos sugere estímulo antigênico local, doenças
infecciosas, processos neoplásicos e doenças imunomediadas. A neutrofilia sugere
doenças inflamatórias e bacterianas, traumas, meningites assépticas e sépticas e
neoplasias; sendo que a presença de neutrófilos degenerados diagnostica infecções.
Infecção por toxoplasmose e fungos apresenta uma relação igual de mono e
polimorfonucleares, nas meningoencefalites granulomatosas, há predominância de
mononucleares. Podem-se encontrar ainda células das meninges, plexo coróide e células
ependimais que podem ser freqüentes em amostras colhidas pela aspiração com seringa.
A presença de eosinófilos apesar de ser aparentemente inespecífica, pode sugerir a
presença de parasitas, hipersensibilidade, ou processos neoplásicos envolvendo o SNC.
A presença de macrófagos fagocitando eritrócitos indica que a presença de sangue no
LCR é de cerca de mais de um dia. A presença de células neoplásicas pode indicar
neoplasias no SNC, desde que este processo esteja em comunicação com os espaços
subaracnóideos. A presença de bactérias e fungos pode ser confirmada respectivamente
pela coloração de Gram e tinta da China.

4.3. Exame Bioquímico

4.3.1. Dosagem de proteínas


A quantificação das proteínas do líquor é usada para detectar um aumento na
permeabilidade da barreira hematocefálica, aumento na síntese protéica no SNC e
traumas. A alteração de valores pode indicar processo iatrogênico, inflamações, obstrução
do fluxo do LCR, aumento na síntese de imunoglobulinas e lesões destrutivas locais,
levando ao aumento protéico. Já que o líquor é um ultrafiltrado do plasma a proteína
predominante é a albumina. A permeabilidade da barreira hematocefálica é bastante
aumentada nas meningites bacterianas e em menor grau alterada por meningites virais ou
42
encefalites, sendo que a presença de proteínas no líquor pode ser resultado também de
aumento da pressão intracraniana devido a tumores cerebrais e hemorragias
intracranianas. Como a quantidade de proteínas no líquor é muito pequena, métodos
especiais são necessários para sua determinação, inclusive com a diferenciação entre
albumina e globulinas, sendo que o líquor é normalmente livre de globulinas. A quantidade
de proteínas no líquor dos animais domésticos varia de 12 - 40 mg/dL com exceção dos
eqüinos que podem variar de 20-120mg/dL e pode ser avaliada por métodos qualitativos
como a fita reagente para urinálise e por métodos quantitativos como o método do ácido
tricloracético ou o método do azul cromassie.
A presença de globulinas é avaliada também por métodos específicos como a
reação de Pandy e Nonne Appelt. O exame de eletroforese é também boa ajuda na
diferenciação das proteínas podendo caracterizar alterações na barreira hematocefálica,
síntese de IgG local e/ou uma combinação de síntese local de IgG e alteração da barreira
hematocefálica. Elevações acentuadas são observadas nas meningoencefalites
bacterianas podendo exceder 1,0/dL. As outras afecções oferecem elevações moderadas.
Em todas as espécies animais, a produção de imunoglobulinas intratecal é resultado de
infecções virais crônicas do SNC, mas, em ruminantes, as encefalites virais são poucos
comuns.

4.3.1.1.Teste de Pandy
É uma prova de avaliação qualitativa da taxa de globulinas presentes na amostra
de líquor. Esta prova pode apresentar resultados positivos apenas pela elevação do teor
de proteínas totais e a elevação de globulinas compatível com essa alteração. Taxas de
proteínas totais maiores que 55 mg/dl sempre apresentam prova de Pandy positiva.
Proteínas totais inferiores a 20 mg/dL raramente apresentam Pandy positivo.
Contaminação do líquor por sangue pode acarretar em falso-positivo.
O reagente utilizado é de fenol ( ácido carbólico cristais dissolvidos na água)
ou, ácido pirogálico ou, cresol , geralmente denominadas como reagente de Pandy ou
solução de Pandy.
Uma gota de amostra de LCR (coletado do paciente por punção lombar técnica), é
adicionado cerca de 1 ml de solução de Pandy. A aparência turva significa a presença de
níveis elevados de proteína globulina no LCR e é considerado como a reação de Pandy
positivo.
No resultado positivo, uma faixa branca azulada de proteínas precipitadas é
visto. O grau de turbidez depende da quantidade de proteína no LCR. Ele pode variar
43
de fraca turbidez (leve a moderada elevação em proteínas liquóricas) para denso
precipitado leitoso (elevado teor de proteínas no LCR).
O resultado negativo ocorre quando não se observa turbidez ou nebulação.

4.3.2. Glicose
A glicose no LCR é dependente da concentração no soro, pois os níveis são
atingidos através do mecanismo de transporte através da barreira hematoencefálica,
deste modo, é fundamental a coleta de sangue com anticoagulante fluoreto de sódio. Os
valores de glicose para o líquor nos animais domésticos são menores que os valores
sanguíneos, isto é, cerca de 60 - 70% dos valores sanguíneos, sendo os valores médios
em torno de 40 - 80 mg/dL. O método de avaliação é o mesmo de avaliação sangüínea. A
hipoglicorrafia, isto é, a diminuição dos valores da glicose no líquor, geralmente é
encontrada em casos de hipoglicemia, impedimento do transporte através da membrana
hematocefálica, aumento do metabolismo do parênquima cerebral ou infecção por
organismos glicolíticos, isto é, a utilização da glicose por microorganismos, leucócitos ou
células do SNC. Em geral nas meningites bacterianas ocorre diminuição dos valores de
glicose. A hiperglicorrafia está relacionada com o diabetes mellitus.

4.3.3. Cloretos
Em geral os níveis de cloretos são mais altos no líquor que no sangue, podendo os
valores variar entre 650 - 850 mEq/mL. Os métodos de avaliação são os mesmos
sanguíneos, e em caso de inflamação das meninges estes valores estarão diminuídos,
tendo pouca importância diagnóstica.

4.3.4. Dosagem de Lactato


Níveis elevados de lactato no LCR está associado ao aumento do metabolismo
anaeróbico da glicose e à acidose tecidual. O seu aumento no LCR não está vinculado à
concentração sanguínea. Na infecção bacteriana, meningite fúngica, infarto cerebral
agudo e na hemorragia cerebral, o lactato normalmente está elevado.

4.4. Outros exames

4.4.1. Enzimas
A atividade de várias enzimas têm sido medidas para avaliar se o SNC ou suas
barreiras foram lesados. Enzimas como AST, CPK, LDH podem ser medidas, mas não
44
são específicas para fechamento de um diagnóstico.

4.4.2. pH
Metodologia: fitas reagentes
Referência: 7,35 – 7,45

4.4.3. Pigmentos Biliares


Metodologia: fitas reagentes

4.4.4. Corpos Cetônicos


Metodologia: fitas reagentes

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