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Médicos e professores

Agamenon Magalhães Júnior Ensaísta, gramático e educador

Sempre faço analogias entre médicos e professores. São dois profissionais aos quais
dou minha reverência quando quero enaltecer a nobreza e a dignidade promotoras duma
sociedade. Ambos simbolizam, em perfeitas condições de igualdade, um tipo de termômetro
social do qual precisamos para avaliar o lugar onde vivemos. Minha irmã voltou, há pouco, a
morar no Brasil depois de quase dez anos e a escolha da cidade onde moraria passou pela
qualidade de vida vinculada à saúde e à educação.
Minha condição de professor não se envergonha na presença dum médico, acho até
que ambas as profissões são irmãs: o educador cuida da mente e da alma do cidadão;
enquanto o médico se responsabiliza pelo corpo. Um completa ao outro. Entretanto, há uma
diferença entre as duas atividades tão significativa que desde sempre me arrebata: o médico
exerce seu ofício em toda a sua plenitude. Quando o paciente o procura, permite, por meio da
confiança, que o médico use toda a técnica, o conhecimento e a vivência em prol da solução
do problema, em quaisquer áreas da medicina. Já o professor, por mais que se esforce, não
consegue desempenhar inteiramente sua atividade porque não é considerado pelo seu
interlocutor, o aluno. O interesse é unilateral, mantém-se apenas por parte do educador. E,
sabemos, não adianta só um lado de todo o processo querer; se não houver interesse
recíproco, o trabalho será inútil a todos.
Há uma frase de origem latina (muito utilizada por meus colegas de profissão) que
diz: “Dizeis que é preciso escolher com cuidado aqueles a quem fazer o bem, pois nem os
lavradores confiam sementes à areia”. Esse provérbio foi influenciado pelas Escrituras,
Escrituras, ou
seja, faz alusão à parábola evangélica (citado por Mateus, Marcos e Lucas) onde parte da
semente lançada pelo semeador acaba no meio das pedras: portanto, não dá frutos e é
requeimada pelo sol (um significado precedente é constituído por um trecho de Jeremias,
Jeremias, em
que se recomenda não semear sobre espinhos). Modernamente, todo mundo já ouviu – com
semelhança filosófica – o ditado: “Não se jogam pérolas a porcos”.
Acho esse exemplário perfeito para ilustrar um texto em que o relato de dificuldades se
justifica. Da mesma forma, creio que os mesmos exemplos são insignificantes numa ideologia
pedagógica honesta. O professor tem de acreditar no poder da educação, mesmo se houver
terra árida; deve insistir na magia transformadora do conhecimento, ainda que os obstáculos
pareçam intransponíveis.
Fico com a filosofia da escritora norte-americana Pearl S. Buck, como justificativa para
continuar acreditando na minha profissão: “Não sinto necessidade de nenhuma outra fé
senão minha fé nos seres humanos. Como antigamente Confúcio, estou tão absorta no
milagre da Terra e da vida sobre ela que não posso pensar nos céus e nos anjos. Tenho o
bastante para esta vida. Se não há outra, bastou esta para que tenha valido a pena eu ter
nascido como ser humano”.

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