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Você sabia que é por meio da Língua Portuguesa que nos apropriamos do mundo ao nosso redor
e de tudo aquilo que nos faz mover a vida?
Por exemplo, por meio dela, você adquiriu sua bagagem intelectual no decorrer de sua vida acadêmica e, neste momento, consegue compreender esta aula.
Agora que você chegou à Universidade, queremos ajudá-lo no que diz respeito a algumas questões relativas ao uso desse nosso maior patrimônio cultural: a Língua Portuguesa.
Esta disciplina será muito importante para que, daqui em diante, você utilize a língua em situações comunicativas que exigem um pouco mais de cuidado, de monitoramento e de formalidade.
Emprego da língua
Uma das funções da universidade é prepará-lo para o mercado de trabalho. Você, inclusive, já deve ter imaginado como seria atuar fora do ambiente acadêmico – quem sabe em uma grande empresa?
Mas e se você tiver de escrever um texto simples, tal como um breve relatório? Será que você colocará todas as vírgulas em seus devidos lugares?
Não se sinta menosprezado se não souber fazê-lo. Afinal, a disciplina de Língua Portuguesa está aqui exatamente para auxiliá-lo a compreender um pouco melhor os usos formais da língua.
Tipos de linguagem
Antes de estudarmos os usos de verbos, os sinais de pontuação etc., precisamos entender alguns conceitos importantes. Para começar:
Só podemos afirmar que vivemos em sociedade porque nos comunicamos, certo? Todo e qualquer ato comunicativo se dá por meio do uso de alguma linguagem.
Então, a linguagem verbal é aquela que se vale de palavras – sejam estas faladas, sejam estas escritas. Nesse caso, o código utilizado para manter a comunicação é a própria língua (portuguesa, inglesa, francesa etc.).
Logo, o diálogo no WhatsApp e o bate papo são exemplos de linguagem verbal.
Já a linguagem não verbal é aquela que utiliza outros códigos diferentes da língua. Essa linguagem pode se manifestar por meio das cores, dos gestos, de um olhar, da música etc. No exemplo do semáforo, a
comunicação ocorre através das cores e, no caso da orquestra, através da música instrumental.
Antes de dar continuidade a seus estudos, assista a este vídeo, que utiliza cenas do filme O negociador, no qual um dos personagens fala da relevância da linguagem não verbal.
Como você viu, o policial detectou a mentira do personagem acusado ao analisar não sua fala – linguagem verbal –, mas seu olhar e suas expressões corporais e faciais.
Esses gestos “dizem” muito – às vezes, mais que diversas palavras proferidas.
Agora que você já conheceu os diferentes tipos de linguagem, vamos nos ater àquele que, de fato, é de nosso interesse: a linguagem verbal – no nosso caso, a Língua Portuguesa.
A partir de agora, você vai conhecer algumas regras para falar e escrever de forma adequada, isto é, de acordo com os contextos de uso do idioma.
A propósito: adequação é uma palavra que deve fazer parte do nosso dia a dia.
Para exemplificar, analise as falas deste personagem em situações cotidianas distintas...
Mas que tipo de linguagem os ambientes formal e informal envolvem: a escrita, a fala?
Como você percebeu, a Língua Portuguesa foi utilizada em ambas as situações, mas o registro não foi o mesmo. O personagem adequou sua fala ao ambiente em que se encontrava: mais ou menos formal.
Ambiente formal
Imagine-se em uma entrevista de emprego. Se o entrevistador lhe perguntar sobre sua disponibilidade de tempo para desempenhar suas funções, o mais adequado para a ocasião será responder:
Ambiente informal
Agora, imagine-se em um restaurante, em um bate-papo com um(a) amigo(a). Se ele(a) lhe fizer uma pergunta sobre as novidades que você tem para contar, o mais adequado para a ocasião será responder:
Como você percebeu, utilizamos determinado tipo de linguagem de acordo com a ocasião em que nos
encontramos.
Isso significa que o emprego dos diferentes registros da língua depende de seus contextos de
uso.
Por exemplo, suponha que você trabalhe em uma empresa multinacional. Falar com seu chefe imediato (1) – aquele com quem tem algum nível de intimidade – não é o mesmo que falar com o diretor da companhia
(2), certo?
Para cada situação, provavelmente, você usará um vocabulário distinto, conforme podemos observar nos diálogos ao lado.
Variação linguística
A expressão linguística pode se realizar em diferentes modalidades: a escrita e a fala. Mas existem algumas diferenças entre elas.
Na língua falada, há entre falante e ouvinte trocas sucessivas e simultâneas, o que não ocorre na língua escrita, na qual a comunicação acontece, geralmente, na ausência de um dos participantes.
Além disso, na fala, as marcas de planejamento do texto costumam não aparecer, porque sua produção e execução se dão ao mesmo tempo. Justamente por isso, a linguagem oral é marcada por pausas, interrupções,
retomadas, correções etc., o que não observamos na escrita, porque o texto se apresenta acabado, e há um tempo para sua elaboração.
Mas o que isso quer dizer?
Em outras palavras, que a língua varia de acordo com o lugar, com a situação comunicativa ou, até mesmo, com nosso interlocutor – a pessoa com quem falamos ou a quem escrevemos. Isso é o que chamamos de
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA.
A variação linguística corresponde a diferentes realizações de uma mesma língua. Ela pode ser:
ATENÇÃO!
NÃO podemos dizer que determinada região do país fale “o português mais correto”. Tal afirmação é falsa, pois o que há são variações da Língua Portuguesa. A pronúncia do cearense ou do carioca, por exemplo, não
é errada ou certa, mas, simplesmente, o modo de articular os sons daquela comunidade linguística.
Analise as situações a seguir:
1) Estácio informa: Já estão abertas as inscrições para o curso de Graduação em Letras - Licenciatura em Língua Portuguesa. Fique atento às datas de ingresso e não perca o período de matrícula nas disciplinas.
2) Vocês leram na web, pessoal? Para quem quer ser letrado e dar aula de português ou de literatura, a hora é essa. A gente precisa se inscrever na Estácio. Os dias de inscrição e de matrícula nas disciplinas estão lá.
Vamos?
Comentário
Nesse caso, a mesma informação foi transmitida a partir de duas modalidades da língua – a escrita e a falada – e através de registros distintos – o formal e o informal.
O uso de determinado vocabulário marca os grupos sociais e as comunidades linguísticas.
Você se lembra do “surfista-executivo” que apresentamos anteriormente? Como vimos, sua fala e sua roupa não estavam adequadas ao ambiente em que se encontrava: a praia.
Para se inserir nesse grupo específico e validar-se nesse meio de forma decisiva, ele deveria não apenas vestir um figurino típico mas também adaptar o uso da língua.
Mas todas as formas em variação passam para um uso mais formal da língua?
Não! Como a linguagem é utilizada por pessoas, haverá tanta variação quanto suas necessidades comunicativas. Essas problemáticas aparecem na escrita acadêmica quando consideramos as variações linguísticas e a
adequação. Mas e quanto às gírias? Como evitá-las em ambientes formais? Assista ao vídeo a seguir e entenda melhor a questão da adequação vocabular.
Norma culta
Quando pensamos em variação linguística, referimo-nos a todos os exemplos que acabamos de ver. No entanto, independente das diferenças citadas, há uma variedade da língua considerada de prestígio e que deve
ser utilizada em determinadas situações comunicativas: a norma culta.
É aquela formada por um conjunto de estruturas concebidas como corretas, que podem ser usadas tanto para falar quanto para escrever. Trata-se da chamada variante padrão. Essa norma é tão valorizada socialmente
que, quando estão em um ambiente mais formal, os indivíduos com alto nível de escolaridade procuram monitorar sua fala. Vamos entender melhor essa questão...
Corrigir
Por isso, em se tratando de variação linguística, é importante considerarmos nosso papel social.
Imagine que um professor universitário entra em sala de aula e diz a seus alunos acerca de um encontro com a coordenadora...
Você acha que essa frase está errada? Reflita um pouco antes de checar a resposta.
Corrigir
Fala x escrita
A norma culta deve ser utilizada tanto na fala quanto na escrita. Mas será que essas modalidades da língua possuem as mesmas características?
Certamente, NÃO! Precisamos ter CUIDADO para não levar para a escrita aspectos da fala.
Esse equívoco pode ter sido cometido porque, em várias regiões do Brasil, costuma-se não pronunciar o R final em verbos no infinitivo, conforme explicamos quando tratamos do regionalismo.
Mesmo que utilizemos a norma culta para falar e para escrever, fala e escrita são modalidades diferentes de uma mesma língua.
Embora passemos boa parte do tempo diante do computador – seja nas redes sociais, seja trabalhando e estudando –, no final, utilizamos mais a fala do que a escrita.
A tendência a abreviações é muito grande pela necessidade de comunicação rápida, mas, como um caso de variação linguística, essas formas abreviadas devem se restringir a tais ambientes em que são requeridas. Por
isso, é importante conhecer conceitos como adequação ao ambiente, formalidade, informalidade e variação.
Quando nos familiarizamos com tais noções, compreendemos que não há nada de errado no uso do “internetês”, desde que ele se restrinja aos ambientes em que é adequado. Como mais um exemplo de variação
linguística, esse tipo de linguagem é mais apropriado a certos contextos do que a outros.
Diante de tudo o que já estudamos até o momento, não há como negar: vivemos em uma sociedade que dá um alto valor a quem escreve.
Na verdade, a escrita é muito importante em nossas complexas relações sociais e práticas culturais. Isso quer dizer que o comportamento do homem – principalmente urbano – é regulado pela escrita.
Se pensarmos na esfera pública, por exemplo, vamos nos deparar com ofícios, requerimentos, memorandos etc.: todos esses documentos têm de ser escritos com extremo rigor linguístico, com base na norma culta da
língua, porque os contextos em que circulam exigem esse padrão. Mas nós, brasileiros, ainda temos dificuldade de seguir tais regras da Língua Portuguesa por não atentarmos para a diversidade sobre a qual
discutimos entre fala e escrita.
De acordo com Silva (2007):
“Todos se queixam de que português é difícil. O brasileiro é chorão? Não me parece que possa ser
definida como chorona uma nacionalidade marcada pelo carnaval, pelo humor e pelo riso purificador
com os quais suporta males seculares. A queixa pode ser assim resumida: a língua falada é uma, mas a
língua escrita é outra.”
Com base em Koch e Elias (2009, p. 16), podemos estabelecer algumas diferenças entre as modalidades FALA e ESCRITA. Vejamos:
Isso significa que, quando falamos, planejamos menos do que quando escrevemos. Além disso, a fala nos permite deixar informações mais implícitas, em função do contexto que está ali, diante dos falantes, o que não
ocorre na escrita. Por isso, a escrita deve ser mais elaborada, planejada e explícita.
Para saber mais sobre as diferenças entre tais modalidades da língua, leia o texto Continnum tipológico: um estudo da oralidade e da escrita.
Norma-padrão X Coloquialismo
Agora que você já entendeu a diversidade entre fala e escrita, vamos nos ater às diferenças entre os registros coloquial e culto da língua. Alguns fenômenos são típicos da escrita e merecem um pouco mais de cuidado
por parte de quem escreve – principalmente em ambientes de maior formalidade. Vamos analisar o quadro ao lado e identificar tais aspectos.
ONDE x AONDE
Ainda que tenhamos conhecimento da norma culta da língua, há termos que provocam dúvidas na hora de falar e escrever de acordo com esse padrão.
Outra dúvida bastante frequente na hora de escrever diz respeito ao uso de HÁ e A. Mas saná-la é algo bem simples! Veja...
HÁ X A
Analise, agora, o seguinte exemplo:
Se o verbo HAVER já indica tempo passado, não há necessidade de dizer, por exemplo, “HÁ dez minutos atrás” ou “HÁ anos atrás”, pois isso é classificado como PLEONASMO, ou seja, repetição desnecessária de
ideias. Basta afirmar “HÁ dez minutos” ou “HÁ dez anos”.
MAU X MAL
Para não se equivocar quanto ao uso de MAU e MAL, lembre-se:
MENOS X MENAS
Por fim, para acabar com suas dúvidas – e de muitos – quanto ao uso de alguns termos, de antemão, lembre-se:
Para entender suas funções na língua e a diferença entre advérbio e pronome indefinido, assista ao vídeo a seguir.
Resumo
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