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Eunice Santos

A ANTROPOLOGIA E A DIVERSIDADE CULTURAL


O presente trabalho apresenta uma breve reflexão sobre as razões pelas quais a antropologia é
considerada uma ciência integrante e de que modo o seu projecto global pode ajudar a
compreender, respeitar e valorizar a diversidade cultural.
Esta diversidade é o tema central da UNESCO, desde o seu início, criando vários instrumentos
normativos para a preservar, como por exemplo a Declaração Universal sobre a Diversidade
Cultural, adoptada em 2001 e a Convenção sobre a Protecção e a Promoção da Diversidade das
Expressões Culturais, em 2005.
Para Claude Lévi-Strauss, a diversidade cultural é valorizada de duas formas: por ser nela que
residem as possibilidades de progresso da humanidade, uma vez que o progresso deriva da
colaboração entre culturas diferentes e por ser através da diversidade que se torna possível a
compreensão das culturas, na medida em que só a compreensão das diferenças enquanto
sistema permitirá atribuir a qualquer cultura individual o seu sentido verdadeiro
(Rowland;1987:8). Para este cientista social, as culturas devem ser compreendidas à luz do seu
próprio contexto cultural local e não por comparação com outros contextos, como por exemplo,
de critérios derivados das preocupações específicas da civilização ocidental e duma construção
universal do mundo.
Os antropólogos são pessoas vinculadas à sociedade onde foram socializados e correm o risco
de sobrepor os seus valores aos das sociedades que analisam. Alguns destes cientistas sociais
consideram que a verdade objectiva é impossível de alcançar, uma vez que qualquer
observação e juízo sobre ela, é condicionada e filtrada pelos valores do observador e pela sua
condição social, enquanto outros entendem que isso não é impedimento para uma observação
científica. Estas considerações conduzem-nos à questão colocada por Luís Batalha: “Com que
olhos devemos ver o mundo dos outros, com os nossos ou com os deles?” (2004:24).
Não é uma questão de fácil resposta e opõe o relativismo cultural ao etnocentrismo. Entende-se
por relativismo cultural o “princípio que afirma que todos os sistemas culturais são
intrinsecamente iguais em valor, e que os aspectos característicos de cada um têm de ser
avaliados e explicados dentro do contexto do sistema em que aparecem” (Infopédia). Por
etnocentrismo, entende-se a “atitude baseada na convicção de que o povo a que se pertence,
com as suas crenças, tradições, valores, é um modelo a que tudo deve referir-se” (Infopédia).
Independentemente do olhar com que vemos o mundo dos outros, considera-se que devemos
observar e estar atentos a todas as culturas e subculturas existentes numa sociedade, que
permite enriquecer os nossos conhecimentos, tomando consciência dos valores existentes nas
diferentes culturas. Por fazermos parte de vários subgrupos (bairro, religião, família, etc),

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podemos observar valores conflituantes, sem que nenhum seja possuidor da verdade absoluta.
Veja-se a disciplina de história, por exemplo. Por detrás dos factos incluídos em qualquer
narrativa histórica, estão os critérios de selecção dos respectivos historiadores, que determinam
a inclusão de alguns acontecimentos e a exclusão de outros, através da sua própria visão. Não
há história sem selecção, e qualquer selecção de factos, pressupõe em si uma interpretação
prévia da natureza do processo histórico. O mesmo acontece com a antropologia, que varia com
a sociedade e a cultura de origem dos próprios antropólogos. Apesar do diálogo científico ser,
cada vez mais, internacional subsistem consideráveis diferenças de interpretação entre
americanos e europeus, principalmente no que diz respeito à diferença entre antropologia social
e cultural.
Ao longo da sua história, a antropologia tem oscilado entre o universalismo e o relativismo, ou
seja, entre uma disciplina académica que procura causas e leis e outra que procura apenas
elucidar possíveis significados. Não é fácil definir o que estudam os antropólogos, porque os
seus interesses são variados e abarcam a complexidade da sociedade global.
Embora, nos seus primórdios, a ciência antropológica não fizesse a distinção entre os diferentes
domínios do conhecimento, ao longo do tempo, assumiu-se como uma ciência integrante.
Armindo dos Santos, apresenta-nos cinco domínios de estudo fundamentais: a antropologia
biológica (antiga física), a antropologia pré-histórica, a antropologia psicológica, a antropologia
linguística e a antropologia social e cultural. A interdisciplinaridade entre eles determina o
Homem social e cultural na sua complexidade total.
No século XIX e nos princípios do século XX, a ciência antropológica era empregue,
exclusivamente, no sentido da antropologia física, cujo objecto se centrava nos caracteres
biológicos dos homens segundo a noção de raça, hereditariedade, etc. Hoje em dia, passou a
designar-se antropologia biológica, centrando-se no estudo das variações dos caracteres
biológicos do homem no espaço e no tempo, ou seja, o conjunto das transformações por que
passam os indivíduos desde a sua concepção biológica até à maturidade. Debruça-se, cada vez
mais, sobre a contínua interacção entre o inato e o adquirido.
A antropologia histórica analisa a investigação do passado das sociedades desaparecidas e
actuais, podendo ser dividida em antropologia pré-histórica e etno-história. A primeira estuda a
existência do homem num passado muito remoto, relativamente ao qual não existem
documentos escritos. A investigação é feita recorrendo à busca de vestígios materiais deixados
por sociedades muito antigas e conservados no solo, com a finalidade da reconstituição das
sociedades desaparecidas nos seus diferentes aspectos. A segunda, a etno-história trabalha,
directamente, com o tempo da oralidade real. Na sua origem, estudava as sociedades sem

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escrita, através das memórias das tradições orais. Hoje em dia, acrescentou novas dimensões
ao seu domínio, estudando também as entidades sociais parciais cuja história depende
essencialmente da memória oral. “A metodologia da antropologia histórica implica partir do
presente para regressar ao presente, passando pelo passado.” (Santos: 2002;41).
O domínio da antropologia linguística centra-se no estudo da linguagem como parte integrante
do património cultural de uma sociedade, através da qual os seus membros comunicam e
exprimem as suas ideias e valores. Para isso, os antropólogos devem aprender e praticar a
língua indígena do contexto local de que se ocupam, a fim de compreender e poder analisar o
sistema de comunicação subjacente. O estudo da língua na forma oral é o único meio obrigatório
que o investigador tem para aceder à sociedade e à cultura em observação.
No domínio da antropologia psicológica, estudam-se os mecanismos do psiquismo humano, na
sua interacção com a permanência social. Neste campo, entronca o fenómeno de representação
sobre a realidade social e a acção derivada da percepção desta mesma realidade pelos
diferentes actores sociais. A sua finalidade é passar do objectivismo ao subjectivismo, ou seja,
compreender a subjectividade que preside à acção dos indivíduos em sociedade.
O ramo da antropologia social e cultural é vastíssimo e complexo. Nessa medida, este ramo
subdivide-se, necessariamente, em especialidades, visto englobar o estudo dos múltiplos
aspectos fundamentais que se articulam e constituem uma sociedade: parentesco, saberes,
crenças, artes, simbolismo, etc. Estes aspectos não podem ser considerados como elementos
independentes uns dos outros, mas sim entendidos nas suas relações, a fim de compreender o
sentido de cada uma das categorias e, por último, a sociedade na sua globalidade lógica.
As fronteiras destes cinco domínios da antropologia não são estanques e, em muitos casos,
ultrapassam os seus limites, como acontece em todas as ciências e, principalmente, nas sociais.
Apesar da globalização, o mundo continua dividido em sistemas e esferas diferenciadas, cujas
fronteiras são marcadas pela complexidade de diferenças sociais, políticas, económicas e
culturais. A antropologia é a ciência social que melhor explica esta diversidade, uma vez que
parte do todo para explicar as partes e, ao mesmo tempo, parte das partes para explicar o todo.
Como proferiu Koichiro Matsuura, na homenagem a Claude Lévi-Strauss: “a riqueza da
Humanidade reside na sua diversidade e na sua capacidade de sempre reconhecer o lugar do
outro" (Melo;2008:online).

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Referências Bibliográficas:
ANTROPOLOGIA, Portal, 2008, “Portal:Antropologia” [online]. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Portal:Antropologia> (acesso em 14-12-2008).

BATALHA, Luís, 2004, ANTROPOLOGIA - Uma perspectiva holística, Lisboa, Instituto Superior
de Ciências Sociais e Políticas, Universidade Técnica de Lisboa.

IGVP, 2008, “Instituto Grupo Veritas de Pesquisa em História e Antropologia” [online]. Disponível
em: <http://www.gpveritas.org/portal/> (acesso em 18-12-2008).

MELO, Filinto, 2008, “Claude Lévi-Strauss, cem anos de um intelectual do século” [online]. Artigo
da Revista Ciência Hoje – Ciência, Tecnologia e Empreendorismo [online]. Disponível em:
<http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=28546&op=all> (acesso em 18-12-2008)

ROWLAND, Robert, 1987, “Antropologia, História e Diferença – alguns aspectos”: 7-9

SANTOS, Armindo, 2002, ANTROPOLOGIA GERAL Etnografia, Etnologia, Antropologia Social,


Lisboa, Universidade Aberta.

UNESCO, Comissão Nacional, 2001, “Diversidade Cultural” [online], Cultura, Temas em


destaque. Disponível em: <http://www.unesco.pt/cgi-bin/cultura/temas/cul_tema.php?t=17>
(acesso em 17-12-2008)

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