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Unidade I
A IMPORTÂNCIA E O ENTENDIMENTO DO ESTUDO DE HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO: ENTENDENDO CONCEITOS
Apresentação
Estamos prestes a iniciar nossos estudos referentes à História da Educação e você poderia ter
dúvidas quanto à importância de estudar sobre aquilo que já passou e está tão distante da nossa
realidade atual. Primeiramente, vamos pensar um pouco acerca do significado de história. Se
você está pensando numa história maçante, cheia de datas e acontecimentos para serem lidos e
decorados, esqueça!
Agora vamos pensar a história em um sentido mais amplo, mais vibrante e mais vivo.
Inegavelmente a história refere-se ao passado, mas é muito mais do que isto! Nós somos feitos de
história, somos seres históricos. Sabemos como somos porque conhecemos nossa trajetória ao longo do
tempo. Conhecemos tanto os detalhes quanto os momentos importantes de nossas vidas. Conhecemos
o que nos faz ser como somos e sabemos que nos transformamos ao longo do tempo. Por experiência,
evitamos as circunstâncias que podem nos levar ao sofrimento, bem como trabalhamos para engendrar
situações que possam nos favorecer.
E não são apenas as pessoas que têm uma história. Tudo o que conhecemos tem uma história
também: o livro que lemos, a moda que vestimos, o celular ou o computador que usamos, a maneira de
fazermos ciência, arte, literatura, religião, enfim, tudo o que compõe a nossa sociedade.
A História, portanto, refere-se basicamente à vida dos homens em sociedade, à forma como se
organizam, se adaptam e transformam o ambiente em que vivem ao longo do tempo.
Estudar história pode ser uma experiência fascinante, pois nos possibilita refletir sobre a vida dos
seres humanos, ou seja, de pensarmos sobre como o homem viveu e como vive em diversos momentos e
em diversas sociedades. É interessante analisarmos como, ao longo dos anos, os homens pensam, como
oram a Deus, o que consideram sagrado ou profano, como trabalham, se divertem, o que os faz vibrar
de amor ou de ódio, de alegria ou tristeza, de esperança ou desespero.
Enfim, por meio da reflexão histórica entendemos como as diferentes sociedades se formaram, como
se desenvolveram e como se transformaram. Assim, Borges (2003) afirma:
é válido para o indivíduo e também é válido para a sociedade. Nada permanece igual
e é através do tempo que se percebe as mudanças”.
História, portanto, refere-se, sobretudo, a uma forma de reflexão e análise que nos permite pensar
os acontecimentos do passado, não como simples narrativa enfadonha e monótona, mas com o objetivo
de entender o desenvolvimento humano atual, de compreender de que forma os acontecimentos
contribuíram na formação de nossas atuais condições de vida.
No entanto, conceituar história não é uma tarefa simples. Há diversas perspectivas, tendências
e modelos teóricos. Não temos, portanto, a intenção de elaborar nem de oferecer um conceito que
seja acabado e que contenha esta diversidade. Porém, é fundamental entendermos que, apesar desta
diversidade, a história pode ser considerada uma ciência que estuda tudo que tem relação com a vida
do homem: suas atividades (laboral, lúdica, científica, religiosa etc.), suas preferências, suas maneiras de
ser, fazer e agir. Como nos ensina Kaldun (1998):
Desta forma, podemos perceber que estudar a história nos leva a uma melhor compreensão do
mundo em que vivemos, proporcionando-nos o entendimento de que as atuais formações sociais,
políticas, econômicas, jurídicas, educacionais etc. não aconteceram por acaso, mas têm sua origem na
forma como foram sendo organizadas ao longo do tempo. Os acontecimentos atuais, portanto, tem
causas que podem ser identificadas no passado, assim como podem projetar consequências no futuro.
Este conhecimento é fundamental, pois nos faz interpretar melhor a realidade que nos cerca, aguçando
o espírito crítico.
Portanto, estudar história não significa apenas memorizar datas, fatos e nomes. Muito mais do que
isto, os estudos históricos nos possibilitam entender nossa realidade atual, mostrando-nos que a história
tem relações tanto com o presente quanto com o passado.
Portanto, a disciplina História da Educação tem como preocupação central a reflexão crítica em
torno do processo educativo ao longo do tempo e do espaço. A partir da era primitiva até a idade
contemporânea, do Egito ao Brasil.
Para que possamos provocar tal nível de reflexão, é fundamental que o aluno compreenda o
desenvolvimento da educação através do tempo e de diversos povos e épocas, não apenas como leitura
passiva ou simples relato cronológico acerca das diferentes tradições educativas, mas, sobretudo, que
consiga compreender que a história das sociedades e o processo educativo são inseparáveis.
a reflexão em torno das possibilidades que foram engendradas ao longo do tempo e que
contribuíram para a exclusão social das camadas menos favorecidas e dominadas nas diferentes
épocas estudadas. A disciplina deve, ainda, conduzir a percepção de que se a educação pode ser
usada para a manutenção do poder e das relações de dominação social, pode, também, contribuir
com a transformação de tais relações.
Se os estudos históricos têm esta potencialidade, é possível que você já tenha percebido o quanto
é importante estudarmos a história da educação. Já podemos, por exemplo, esboçar a ideia de que o
estado atual da educação, em nosso país ou no mundo, tem sido pensado e organizado ao longo do
tempo.
Saiba mais
De tudo que foi exposto acima, podemos entender que a história pode ser pensada a
partir dos seguintes aspectos:
• A história não significa apenas memorizar datas, fatos e nomes. Muito mais do que
isto, nos possibilita entender nossa realidade atual, mostrando-nos que a história tem
relações tanto com o presente quanto com o passado.
Objetivos da disciplina
De maneira geral, podemos afirmar que os objetivos gerais que pretendemos alcançar com o
desenvolvimento do curso são:
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Unidade I
• Compreender a educação como processo histórico, portanto, fruto das articulações entre economia,
política, sociedade e cultura.
• Reconhecer os processos educativos no Brasil, da colonização aos dias atuais, em suas relações
com o sistema social, identificando crises, bem como avanços e inovações.
Mas, se estes são objetivos gerais, temos, ainda, alguns objetivos bem específicos, que são:
1 O QUE É EDUCAÇÃO?
Mas, para atender os objetivos descritos acima, além de todo o desenvolvimento de um conteúdo
programático cuidadosamente elaborado, precisamos entender não apenas o que é história, mas também
o que é educação.
Por educação entendemos a influência intencional e sistemática sobre o ser juvenil, com o propósito
de formá-lo e desenvolvê-lo. Mas significa também a ação genérica e ampla de uma sociedade sobre as
gerações jovens com o objetivo de conservar e transmitir a existência coletiva (Luzuriaga, 2001).
Obviamente, a educação constitui o ser humano, ou seja, está presente em sua vida desde o nascimento
até a morte. Não nascemos seres humanos prontos e acabados, ao contrário, precisamos construir nossa
natureza, e o fazemos, sempre e necessariamente, por meio da aprendizagem, em contato com o sentido
de educação presente em determinada ordem cultural e social.
Portanto, não podemos deixar de perceber que o significado de educação está intimamente ligado
à visão de mundo, de sociedade e de homem que são adotados e que permeiam determinada sociedade
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
em determinado tempo. Portanto, a prática educativa não é uma prática neutra, ou seja, possui uma
inegável natureza política. Não é uma prática desinteressada, desligada das relações de poder e de
dominação. Uma educação comprometida com as relações de poder pode colaborar para a preservação
de uma sociedade injusta, que promove e aprofunda as desigualdades.
Durkheim, por exemplo, afirma que para cada sociedade existe um tipo de educação. A educação,
portanto, teria suas diferenças nascidas das necessidades próprias de determinado sistema social, ou
seja, dependeria da organização social, política e econômica, estabelecida por uma sociedade ao longo
do tempo. Durkheim (1978) afirma que:
cada tipo de povo tem um tipo de educação que lhe é próprio, e que pode servir para
defini-lo, tanto quanto sua organização
moral, política e religiosa. O que é statu quo?
O tema da educação ganhou visibilidade por motivações diversas: por ser um direito humano, por
ser base para o crescimento econômico, por auxiliar na conquista de outros direitos, por melhorar a
distribuição de renda, por permitir alcançar melhores empregos etc. Todas são motivações reais, mas
apenas em parte, pois a educação, por si só, tem suas limitações. Por exemplo: não há, na história da
humanidade, um país cuja população tenha conquistado escolaridade básica de qualidade sem intensa
melhoria nas suas condições de vida (Hadad, 2010).
Conforme o que foi exposto acima, podemos entender que Educação pode ser pensada a partir dos
seguintes aspectos:
• O significado de educação está intimamente ligado às visões de mundo, sociedade e homem, que
são adotadas e que permeiam determinada sociedade em determinado tempo.
• A prática educativa não é uma prática neutra, desinteressada, desligada das relações de poder e
de dominação.
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Unidade I
• Uma educação comprometida com as relações de poder pode colaborar para a preservação de uma
sociedade injusta, que promove e aprofunda as desigualdades.
• Há uma relação de reciprocidade entre educação e sociedade, ou seja, uma pode influenciar a
outra, mas educação não é uma solução mágica para todos os problemas sociais.
Saiba mais
Estudar a história da educação é a maneira ideal para contribuir com a melhora da educação atual,
pois, por meio desse estudo podemos conhecer os percalços enfrentados com as reformas já realizadas,
as armadilhas das ideias ilusórias e irrealizáveis e da resistência antidemocrática que as ideias inovadoras
possam ter enfrentado.
O estudo da história da educação se revela extremamente importante à medida que possibilita aos
estudiosos a ampliação do raciocínio, a clareza de ideias e a reflexão crítica.
• Sem os estudos de história da educação não conseguimos entender os processos educacionais atuais.
• Sem os estudos de história da educação não é possível contribuir com a melhoria da educação atual.
Refletir sobre educação, sociedade e cultura entre os povos primitivos da Pré-História pode parecer
estranho. Afinal, como se adquire estas informações? Como estes conhecimentos são recolhidos? Como
chegaram até os dias de hoje? Podemos confiar neste tipo de informação?
Primeiramente, devemos esclarecer que a designação “povos primitivos” se refere muito mais às
características socioculturais destes povos do que à sua localização no tempo. Portanto, “povos primitivos”
existiram na Pré-História e existem ainda hoje. A diferença é que, na Pré-História, toda humanidade
era formada por “povos primitivos”, enquanto que hoje estão quase extintos. Os “povos primitivos” da
atualidade são, por exemplo, as tribos indígenas no Brasil e as diversas comunidades tribais na África e
na Oceania, que são assim consideradas em função de sua organização social.
Portanto, uma das melhores fontes para se entender de que forma se processava a educação nas
comunidades primitivas da Pré-História é por meio do estudo destas comunidades existentes ainda
hoje. Mas também são recolhidas informações pelos estudos feitos por paleontólogos, arqueólogos,
antropólogos e historiadores que se baseiam na análise de documentos não escritos, como restos de
armas, utensílios, pinturas, desenhos e ossos.
Mas uma coisa é certa: a educação existe desde o momento em que os seres humanos existiram. Por
que podemos fazer esta afirmação tão categoricamente? Principalmente porque o homem é um ser que
não nasce pronto, ou seja, ele precisa aprender a tornar-se homem e este aprendizado só pode ocorrer
no contato social com outros homens. A ordem social e cultural na qual nascemos é que nos ensina a
sermos “seres humanos”. O homem somente é capaz de construir a “condição humana” se estiver em
contato com uma ordem humana, com uma cultura e com outros humanos, por meio de um processo
de socialização ou endoculturação, ou seja, por meio da educação dentro do próprio grupo.
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Unidade I
Neste sentido, não apenas a educação existe desde que existe o homem, como também a sociedade
e a cultura.
Nesta colocação, o termo “cultura” deve ser entendido no sentido mais amplo, como nos ensina
Taylor:
Tomado em seu amplo sentido etnográfico cultura é este complexo que inclui
conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes, ou qualquer outra capacidade ou
hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.
Fica claro, portanto, que educação, sociedade e cultura existem desde o surgimento do homo sapiens,
cujo aparecimento é datado nos livros e compêndios de antropologia e biologia em torno de 35.000 a.C.
Mas vamos nos ater ao período denominado por Pré-História.
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Podemos afirmar que cultura é algo pertencente a toda humanidade, está presente entre
todos os grupos humanos, sejam eles considerados primitivos ou civilizados. A capacidade de
fazer “cultura” é exclusiva dos seres humanos e é esta característica que nos diferencia dos demais
animais. Aprendemos, com o antropólogo Edward Taylor, que cultura é este todo intrincado que
comporta arte, religião, moral, valores, costumes, crenças, linguagem, ciência, instituições (Estado,
escola, família) etc. É a cultura que nos fornece a rede de significados com a qual damos sentido
ao mundo que nos cerca. Neste sentido percebemos que todo grupo humano, por ser humano,
obrigatoriamente tem cultura. Mas, o que podemos entender por civilização? De uma maneira
geral devemos entender civilização como sendo um determinado estágio de desenvolvimento
cultural em que se encontra determinado povo ou sociedade. Este desenvolvimento é normalmente
representado pelo grau alcançado pela tecnologia, economia, arte e ciência. É comum, por exemplo,
referir-se a um povo como sendo “uma civilização” se o mesmo já alcançou o desenvolvimento da
escrita. Assim, o desenvolvimento da escrita, a construção de cidades, o desenvolvimento de artefatos,
o desenvolvimento da arte e da ciência etc. caracterizam o surgimento de uma civilização.
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Podemos dividir a Pré-História em dois períodos principais: Idade da Pedra Lascada (Paleolítico),
momento em que os homens são nômades e caçadores e Idade da Pedra Polida (Neolítico), momento
em que o homem já domina as técnicas agrícolas e é sedentário.
Estas duas formas de ganhar a vida, pela caça ou pela agricultura, vão modelar sistemas sociais
diferentes, que por sua vez vão precisar de modelos diferentes de educação. Apesar das diferenças que
logo vamos apontar, a educação nestes dois períodos é uma educação para a vida, para a sobrevivência.
É uma educação informal, difusa, natural e espontânea.
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Unidade I
A transformação social, aos poucos, “pede” uma nova forma de educação e esta também se
transforma. Como já afirmamos anteriormente, existe uma reciprocidade entre sociedade e educação.
Assim, a educação de uma sociedade, em uma determinada época, busca suprir as necessidades e
exigências vividas.
Durante o período Paleolítico, o homem era um caçador nômade que não conhecia a guerra e
vivia livremente coletando frutos, folhas e raízes que a natureza lhe oferecia. Não havia necessidade
de disciplina rígida para este tipo de aprendizado, portanto a educação acontecia basicamente em
nível de socialização e/ou socialização primária, que é, essencialmente, uma educação informal,
espontânea, sem contornos rígidos, cuja finalidade é preparar o indivíduo para a sobrevivência
básica.
Entre os nômades, povo caçador e coletor por excelência, era muito provável que a educação
dos filhos tivesse sido bem livre, sem rigidez e praticamente sem disciplina. Estes povos viviam em
comunidades tribais de forma coletiva, ou seja, não conheciam a propriedade privada nem as riquezas
particulares, portanto não conheciam a arte da guerra. Não conhecendo a guerra, também, não
conheciam a necessidade da disciplina imposta pela mesma. Talvez, por isso, faltava-lhes disciplina em
outros aspectos da vida, tal como na educação. O próprio gênero de vida (nômade, caçador e coletor),
é por si só um gênero instável que não requer muita ordem ou disciplina, sugerindo que a formação
e o estabelecimento de hábitos morais e intelectuais mais rígidos não tenham sido muito cultivados.
No entanto, neste período da Pré-História, no Paleolítico, as pinturas rupestres são consideradas mais
notáveis, principalmente as da caverna de Altamira, na Espanha.
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Os dicionários Aurélio e Houaiss nos informam que o termo rupestre refere-se às inscrições
gravadas na rocha. Logo, arte ou pintura rupestre significa arte gravada na rocha. É um tipo de
pintura feita pelos homens da época pré-histórica. Os homens usavam as paredes das cavernas
como telas e ali imprimiam sentimentos variados. Os desenhos podiam ser utilizados como forma
de comunicação, já que não dominavam a escrita. Para colorir usavam aquilo que a natureza podia
oferecer, tais como extrato de folhas, frutos, terra, sangue e carvão. Retratavam cenas da vida diária,
tais como as caçadas, os rituais, os animais etc. Este tipo de arte podia, ainda, representar sonhos,
ideias sobre a vida e a morte, o céu e a terra.
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
A arte rupestre parece ter sido a primeira forma encontrada pelo ser humano de deixar gravada
sua presença pela terra. Existem vários sítios arqueológicos contendo Arte rupestre pelo mundo
(na Europa, na África, na Ásia, na América e na Oceania). No Brasil, o Parque Nacional da Serra da
Capivara, no município de São Raimundo Nonato, no Piauí, possui um dos maiores exemplos deste
tipo de arte.
Com este tipo de organização social, estes povos passaram a possuir propriedades privadas, tais
como a roça, os animais, a casa etc., portanto é bem provável que já dominassem a arte do ataque e da
defesa, ou seja, a arte da guerra. Para tanto, tiveram que desenvolver um aprendizado baseado em um
tipo disciplina mais rígida que os preparassem para o uso de armas, como o arco e a lança. Prevaleceu,
ainda, a socialização primária, ou seja, a educação espontânea, informal, centrada no seio familiar, mas
direcionada para o manejo das práticas agrícolas, para o cuidado com os animais e para o uso de armas.
Portanto, esta é uma educação mais rígida e disciplinadora.
É possível que, neste período, tenha ocorrido a iniciação dos efebos (educação de jovens para a
guerra, longe das famílias). Temos a seguinte descrição desta prática:
esta serve para a expulsão dos maus demônios e para a aquisição do caráter masculino. Os
exercícios são: danças, ascetismo, mortificações que provocam estados anímicos e êxtases
passageiros. Mas também se praticam exercícios de toda classe com finalidade racional:
caçadas, exercícios de armas, corporais, de desmonte e plantação. A direção de tudo isto
pode ser confiada ao chefe, a um mago sacerdote, ou também a um ancião experimentado
e distinto. (Krieck apud Luzuriaga, 2001)
Podemos perceber, portanto, que cada época possui um tipo de educação, cujo objetivo é atender às
necessidades de cada período da história. A educação foi se modificando de acordo com a organização
social, com as novas exigências da vida em sociedade e com as novas conjunturas históricas. Enquanto a
natureza provê ao homem o seu próprio sustento ou enquanto não há distinção de classes, nem comércio
e nem escrita, a educação permanece no nível da socialização primária, que é uma educação universal e
integral. Adultos e crianças aprendem com a vida e para a vida. Este aprendizado é transmitido para as
futuras gerações de forma difusa e informal, por meio da coparticipação e da imitação.
De forma geral, podemos afirmar que, durante a longa Pré-História, todo processo educacional foi
calcado na educação informal e na socialização primária. Mesmo com as diferenças surgidas no período
Neolítico, a educação informal é fundamental, pois as diferenças só vão ser acentuadas no final deste
período, provocando novas mudanças. O certo é que ainda não havia a figura do professor ou de alguém
que pudesse exercer função parecida. A educação era exercida por todos os componentes do clã, seja
este clã nômade ou agricultor. Normalmente a responsabilidade maior recaía sobre os anciões, que
eram os mais experientes e sábios, no entanto, todos eram participantes. A educação era feita por meio
da transmissão oral de tudo que era considerado importante para a preservação do grupo.
Podemos perceber que de certa forma já começa a ser delineada a forma como a educação vai se
estabelecer entre os chamados povos civilizados, ou seja, de um lado a educação básica, a socialização
primária no seio da família, e de outro a educação “profissional”, técnica e militar
Resumindo
A história não deve ser entendida como simples relato de fatos passados, mas, sim, como uma
forma específica de reflexão e análise que nos permite pensar quais fatos e acontecimentos passados
podem contribuir para o entendimento de nossa realidade atual, seja ela política, econômica, jurídica
ou educacional.
Existe uma relação de reciprocidade entre sociedade e educação, de tal forma que uma pode
influenciar a outra. Portanto, cada época e cada sociedade possuem um tipo de educação, cujo
objetivo é atender às necessidades de cada período da história, ou seja, a educação se modifica de
acordo com as diferentes conjunturas históricas e sociais.
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
EXERCÍCIOS
II – A história refere-se basicamente à vida dos homens em sociedade, à forma como se organizam,
se adaptam e transformam o ambiente (social e natural) em que vivem.
III - A partir da reflexão histórica entendemos como as diferentes sociedades se formam, como se
desenvolvem e como se transformam.
IV – A história não corresponde a um simples relato de fatos passados, mas, sobretudo, refere-se a
uma forma específica de reflexão e análise que nos permite pensar como os fatos e acontecimentos
podem contribuir para a formação das nossas atuais condições de vida.
V – A história nos leva a uma melhor compreensão do mundo em que vivemos, proporcionando-nos
o entendimento de que as atuais formações sociais, políticas, econômicas, jurídicas, educacionais
etc. não aconteceram por acaso, mas têm sua origem na forma como foram sendo organizadas
ao longo do tempo.
“Não podemos deixar de perceber que o significado de educação está intimamente ligado à visão
de mundo, de sociedade e de homem que são adotados e que permeiam determinada sociedade em
determinado tempo, portanto, esta não é uma prática neutra”.
a) A leitura do trecho acima nos conduz à reflexão de que a educação não pode ser pensada como
sendo uma prática desinteressada, desligada das relações de poder e de dominação.
b) A leitura do trecho acima nos conduz à reflexão de que, se a educação estiver comprometida com
as relações de poder e dominação, será possível colaborar para a preservação de uma sociedade
injusta, que promove e aprofunda as desigualdades.
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Unidade I
c) A leitura do trecho acima nos conduz à reflexão de que há uma relação de reciprocidade entre
educação e sociedade, ou seja, uma pode influenciar a outra.
d) A leitura do trecho acima nos conduz à reflexão de que a educação pode influenciar a sociedade,
no entanto, o contrário não é verdadeiro, pois não existe reciprocidade entre ambas.
“Histórias reais de ‘crianças selvagens’ que, de alguma forma, se perderam de suas famílias (em casos
de guerras ou abandono proposital) e que não tiveram contato com uma ordem social e humana e,
apesar disso, sobreviveram porque foram ‘adotadas’ e cresceram entre lobos, ursos ou macacos aparecem
de tempos em tempos. As indianas Amala e Kamala possuem uma das histórias, envolvendo ‘crianças
lobo’, mais bem documentadas. As duas meninas, completamente selvagens, foram resgatadas por uma
expedição que massacrou os lobos com quem elas viviam, perto de um vilarejo no norte da Índia. O
comportamento das duas crianças causou espanto, pois quando foram encontradas, as meninas não
sabiam andar sobre os pés, mas se moviam rapidamente de quatro. Não falavam e seus rostos eram
inexpressivos. Queriam apenas comer carne crua, tinham hábitos noturnos, repeliam o contato dos seres
humanos e preferiam a companhia de cachorros e lobos. Amala morreu logo depois de resgatada. Kamala
sobreviveu por nove anos. A evolução de Kamala, registrada pelo casal de missionários que cuidava dela
em um orfanato, foi significativa, porém limitada. Ela conseguiu caminhar só com as pernas e mudou
seus hábitos alimentares, aprendeu muitas palavras e sabia usá-las, embora nunca tenha chegado a
falar com fluência. Apesar dos progressos de Kamala, a família do missionário anglicano que cuidou
dela, bem como outras pessoas que a conheceram intimamente, nunca sentiu que a menina fosse
verdadeiramente humana”.
Supondo que a história seja verdadeira, formule uma explicação para as atitudes das meninas
encontradas a partir do entendimento de educação informal. O que faltou a estas meninas para
que desenvolvessem a sua humanidade?
“Tomado em seu amplo sentido etnográfico, cultura é este complexo que inclui conhecimentos,
crenças, arte, moral, leis, costumes, ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem
como membro de uma sociedade” (Edward B. Taylor).
Os aborígenes são simples nos costumes e gostos. Caçam, pescam e cantam. Fazem os próprios
instrumentos para a caça e para a pesca, além de instrumentos de sopro, parecidos com flautas. Não se
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
vestem com roupas, mas estão sempre com o corpo detalhadamente pintado. Para a caça se organizam
em grupos exclusivamente masculinos, mas, para a pesca, a dança e o canto, as mulheres também
participam.
Eles são muito exigentes e rigorosos com as metas profissionais a serem alcançadas. Estudam,
trabalham, planejam e fazem reunião semanal. A maioria fala mais de dois idiomas. Vestem-se com
elegância e sobriedade. Usam as tecnologias mais avançadas do setor ao qual se dedicam. Nos finais de
tarde reúnem-se em bares elegantes para descontrair. Homens e mulheres participam igualmente de
todas as atividades.
Após a leitura atenta dos três textos acima, assinale a alternativa que faz a relação correta
entre eles.
a) Podemos afirmar que os aborígenes australianos não têm cultura, mas que, ao longo do tempo,
podem se transformar e aprender a cultura humana, principalmente por meio da educação
formal.
b) Podemos afirmar que cada sociedade humana possui uma cultura que engloba um diferente
padrão de comportamento, técnicas de sobrevivência e trabalho, valores, tradições e hábitos que
são adquiridos por meio da educação informal e que estão de acordo com a visão de mundo e a
história particular própria de cada um. Portanto não há sentido em falar que os aborígenes são
povos incultos em contraste com os executivos que seriam povos cultos.
c) Podemos afirmar que o meio ambiente de cada grupo foi determinante para a formação das
características culturais de cada um, mas, do ponto de vista da cultura, o grupo de aborígenes é
superior e melhor, pois são povos puros que preservam a natureza.
d) Podemos afirmar que a herança genética foi determinante para a formação das características
culturais de cada um, sendo que fica claro que o grupo de executivos recebeu uma herança
genética superior à herança recebida pelos aborígenes.
e) Podemos afirmar que a educação informal é o único determinante das características culturais de
cada um, sendo que, do ponto de vista desta educação, o grupo de executivos pode ser considerado
muito mais culto do que o grupo de aborígenes.
1) Apenas a primeira alternativa está incorreta, pois não é simplesmente por meio da leitura e
da memorização de uma narrativa cronológica e linear dos acontecimentos mais marcantes de uma
determinada época que conseguimos entender o sentido e o significado do que é “história”. Alternativa
correta: D
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Unidade I
2) Apenas a alternativa D está incorreta, pois aprendemos que a educação pode influenciar
a sociedade tanto quanto a sociedade pode influenciar a educação, existindo, sim, uma relação de
reciprocidade entre ambas. Alternativa correta: E
4) A única alternativa correta é a “B”, pois, pela definição de cultura do “texto 1”, não é possível
afirmar que os aborígenes não têm cultura, como é afirmado na alternativa “A”, nem que a educação
informal é a única determinante das características culturais de um povo, como é afirmado na
alternativa “E”. Além disso, nenhum dos três textos nos permite fazer afirmações acerca da herança
genética ou do meio ambiente em relação à determinação da cultura.
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