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- técnica de obtenção de imagens médicas baseada na interação de um campo magnético forte, produzido
pelo equipamento, com os prótons de H do tecido humano, criando condições para aplicação de onda de
rádio (pulso de radiofrequência), tendo como resultado a emissão de sinal de rádio modificado, captado
através de uma bobina ou antena receptora, que então é processado e convertido em imagem
Vantagens
- Permite a observação e análise mais completa do que outras técnicas
● fornece informações anatômicas, fisiológicas, metabólicas e moleculares
- Maior segurança: não utiliza radiação ionizante
- Técnica não-invasiva
- Capacidade de gerar imagens de qualquer plano (sagital, coronal ou axial)
Desvantagens
- Técnica bastante cara/custosa/onerosa
● Envolve processos, cuidados e equipamentos muito complexos que exigem custos elevados
- A máquina faz muito barulho durante o exame, causando desconforto sonoro
- Os pacientes devem ficar completamente imóveis durante longos períodos de tempo
- Pode gerar crise claustrofóbica (medo mórbido de permanecer em ambientes fechados) em certos pacientes
- Espaço limitado: muitas vezes não é possível colocar o paciente dentro da máquina
- Por questões de segurança, nem todos os pacientes podem fazer esse exame
- Os pacientes devem ficar completamente imóveis, causando desconfortos
- ressonância: fenômeno que ocorre quando um sistema físico recebe energia por meio de excitações de
frequência igual a uma de suas frequências naturais de vibração
- massa juntamente com o spin dos prótons dão origem à propriedade momento angular (J) do núcleo
atômico
- carga elétrica juntamente com o spin do próton cria um loop de corrente elétrica, que por sua vez dá origem
à um campo magnético ao seu redor
- esse campo magnético faz com que o próton se comporte como um pequeno magneto (imã/dipolo
magnético)
- quando o núcleo possui número par de prótons, cada próton vai estar pareado, ou seja, para cada próton
com campo magnético apontando para cima haverá um próton com campo magnético apontando para baixo.
Com isso, os campos magnéticos desses prótons pareados vão se cancelar e o campo magnético resultante
no núcleo será igual 0
- quando o número de prótons é ímpar, existe um próton sem par. Esse próton, apontando para o norte ou
sul, dá origem a um campo magnético resultante no núcleo chamado de momento magnético (μ)
- portanto, o momento magnético é encontrado em qualquer núcleo com número ímpar de prótons ou de
nêutrons
- um núcleo pode ser observado por RMN se possuir momento angular e momento magnético
Núcleo de hidrogênio
- praticamente todas as técnicas de RMN estão medindo as propriedades do H
- o núcleo de hidrogênio é o mais apropriado e utilizado para a obtenção de imagens por RM pois:
● É o mais abundante no corpo humano
● É capaz de produzir o maior rádio sinal de todos os núcleos estáveis
● Possui o maior momento magnético e, portanto, possui a maior sensibilidade a RMN
- um número um pouco maior de prótons ocupam o estado de menor energia, orientando-se no mesmo
sentido do campo magnético externo B0 (orientação paralela) e esse predomínio cria o vetor magnetização
resultante M0
● a diferença entre a quantidade de prótons no estado de mais alta energia e no de mais baixa energia
dá origem ao vetor magnetização resultante M0
- exemplo:
Magnetização transversal
- considerando um sistema de muitas partículas em equilíbrio térmico, a magnetização transversal do sistema
é nula, pois, apesar de todos os spins estarem precessionando, não há coerência de fase entre eles (estão
distribuídos de forma aleatória, em posições diferentes) e por isso, as componentes dos momentos
magnéticos no plano XY se cancelam
- sendo assim, o vetor magnetização resultante M0 não realiza movimento de precessão
- sendo assim, sob a ação de um campo magnético externo, o vetor μ (o próton de H) descreve um
movimento de precessão em torno do campo magnético externo, com uma frequência angular determinada
pela Equação de Larmor:
ω0 = γ B 0
Onde:
● ω 0 : frequência de Larmor (frequência angular de precessão)[Hz]
● γ : constante giromagnética [Hz/T]: específica para cada elemento. Para o H: γ = 42, 6 M Hz/T
● B 0 : intensidade do campo magnético principal [T]
- a precessão dos núcleos em torno do campo magnético ocorre em uma frequência específica (frequência de
Larmor) dada pela equação de Larmor
O sinal de RMN
- o sinal observado na RM é a corrente elétrica induzida, em uma bobina receptora, pela variação do
momento magnético do próton
- porém, o momento magnético de um único próton é muito pequeno para induzir uma corrente detectável, por
isso, os prótons necessitam estar alinhados para produzirem um momento magnético grande e detectável
(vetor magnetização resultante)
- pela Lei da indução de Faraday, a variação do vetor magnetização resultante induz uma corrente
elétrica/força eletromotriz na bobina receptora (que é o sinal captado)
● um campo magnético variável dentro de uma bobina induz corrente elétrica
- para reorientar o vetor magnetização M0, transfere-se energia para ele, aplicando um segundo campo
magnético B1 fraco (gerado por um pulso de RF: onda eletromagnética → possui 2 componentes: campo
elétrico e campo magnético)
- os prótons que estavam previamente alinhados com o campo magnético fixo B0 na direção Z começam
também a precessionar ao longo do eixo X, ou seja, sobre o eixo do novo campo magnético B1, com uma
frequência de precessão igual à:
ω1 = γ B 1
- B1 é um campo magnético oscilante (pois, ele é o componente magnético derivado de uma onda
eletromagnética oscilante)
- já que a intensidade do campo B1 é menor do que a do campo B0, a frequência de precessão ω1 dos spins
(prótons) em torno do eixo de B1 é menor (mais lenta) do que a frequência de precessão ω0 dos spins em
torno do eixo de B0 (ω0 > ω1)
- a precessão dos prótons tanto em torno de B0 (eixo Z) quanto em torno de B1 (eixo X) resulta em um
movimento espiral do vetor magnetização resultante do eixo Z até o plano XY
● pulso de excitação: pulso de RF que resulta em desvio de 90°, transferindo todo o vetor M0 para o
plano transversal
● pulso de inversão: pulso de RF que resulta em desvio de 180° do vetor M0
Processos de relaxação
- relaxação: os spins (prótons) retornam ao estado de baixa energia (estado de equilíbrio) devido à liberação
de energia para o ambiente
● uma vez cessada a aplicação do pulso de RF, os prótons vão se realinhar ao eixo do campo
magnético B0, emitindo todo seu excesso de energia
● retorno do vetor MXY à sua posição de equilíbrio
- ao fim da aplicação do pulso de RF (campo B1), o vetor M0 retorna para o estado de equilíbrio devido a dois
processos distintos ocorrem com os prótons:
1. Relaxação longitudinal (Spin-Rede ou térmica): aumento da magnetização longitudinal MZ
○ associado à interação dos spins (prótons) com a rede
○ prótons voltam do estado de maior energia para o estado de menor energia, tornando o
número (população) de prótons com orientação paralela à B0 maior do que os de orientação
antiparalela
○ com isso, a componente longitudinal MZ do vetor M0 se recupera gradualmente
○ T1 - tempo de relaxação longitudinal: tempo necessário para que MZ recupere
63% do valor
seu valor inicial (valor original do vetor M0)
○ a experiência mostra que o T1 da gordura é curto e o T2 da água é longo, ou seja, o vetor M0 de
um volume de gordura volta ao equilíbrio mais rápido que o vetor M0 de um volume igual de
água (MZ de um volume de gordura aumenta mais rápido que o MZ de um volume igual de
água)
2. Relaxação transversal (Spin-Spin): diminuição da magnetização transversal MXY
○ com isso, a componente transversal MXY do vetor M0 diminui, pois, as componentes
transversais dos momentos magnéticos dos spins (prótons) vão se cancelando
○ T2 - tempo de relaxação transversal: tempo necessário para que MXY diminua
para 37% do
seu valor inicial (valor original do vetor M0) → 63% do sinal é perdido
○ a experiência mostra que o T2 da gordura é curto e o T2 da água é longo, ou seja, MXY de um
volume de gordura diminui mais rápido que o MXY de
um volume igual de água
- a pequena diferença no campo magnético estático em cada próton (que provoca a perda da coerência de
fase) é ocasionado por dois fatores:
● presença de campos magnéticos Bloc gerados pelos outros prótons
● presença de inomogeneidades (não homogeneidades) no campo magnético B0
- T2: tempo que reflete a perda de coerência de fase devido apenas à presença de outros prótons
● é o T2 verdadeiro (natural)
● depende do meio em que o próton está inserido
● varia de acordo com o órgão e se o tecido é normal
- T2*: tempo que reflete a perda de coerência de fase devido principalmente à presença de inomogeneidades
no campo principal B0
1
T *2
= T1 + T 1
2 2 inomog.
● é o T2 efetivo (observado): causado pela combinação do relaxamento Spin-Spin e a não
homogeneidade do campo B0
● T2 > T2*: em um experimento real de RMN, a magnetização transversal MXY decai muito mais rápido do
que o previsto por mecanismos atômicos ou moleculares
● as inomogeneidades podem ter origem:
○ nas próprias diferenças de composição dos tecidos do corpo que induzem distorções no campo
B0
○ intrínseca ao magneto por imperfeições na sua fabricação
Miocárdio 870 60
Rins 650 70
- as diferenças nos tempos de relaxação são usadas para gerar contraste entre os tecidos nas imagens,
possibilitando diferenciá-los
- água e tecidos com alta concentração de líquidos possuem longos T1 e T2
● geralmente, tecidos patológicos possuem uma alta concentração de água em relação aos tecidos
normais vizinhos e por isso, podem ser facilmente diferenciados por possuírem tempos de relaxação
T1 e T2 relativamente mais longos que os dos tecidos sadios
Detecção do sinal de RMN
- a variação do vetor MXY no plano transversal passa a induzir uma tensão elétrica/corrente elétrica (sinal de
RMN) na bobina de detecção
● a magnetização transversal MXY precessionando na frequência de Larmor induz na bobina receptora
um pequeno sinal de forma periódica (uma vez que o vetor MXY está girando nas proximidades da
bobina)
- porém, essa curva será modulada pelo declínio exponencial do vetor MXY
- quando a aplicação do pulso de RF (campo B1) é encerrado, o sinal (tensão/corrente elétrica induzida na
bobina) gradualmente decai devido ao processo de retorno do vetor M0 para a condição/estado de equilíbrio,
ou seja, para o alinhamento com o campo B0 (relaxação do vetor M0) → componente transversal MXY diminui
e componente longitudinal MZ aumenta
- matematicamente, a combinação dos gráficos acima fornecem o gráfico de um sinal periódico sendo
“amortecido” por um declínio exponencial
● o sinal de indução livre (SIL ou FID: free induction decay) é o de uma onda sendo amortecida:
- o tempo t entre a aplicação dos dois pulsos vai determinar o surgimento do eco em 2t
- tempo de eco (TE): intervalo de tempo entre a aplicação do pulso inicial de RF de 90° e o pico do eco
● o TE determina o quanto de decaimento transversal (diminuição do vetor MXY) ocorreu, ou seja o TE
controla o decaimento T2
- o pulso de RF de 180° vai fazer com que os prótons entrem em concordância de fase, gerando novamente
um sinal na bobina (eco)
- etapas:
1. aplicação de um pulso de RF de 90° que vai deslocar o vetor magnetização (M0) para o plano
transversal, resultando no vetor magnetização transversal (MXY) e no surgimento de um sinal
2. após o fim da aplicação do pulso de 90°, o vetor magnetização longitudinal (MZ) começa a reaparecer
enquanto o vetor MXY começa
a sumir devido à perda da coerência de fase dos prótons
3. após um intervalo de tempo igual a T E/2 será emitido um pulso de RF de 180° para regenerar o sinal.
Este pulso irá inverter/girar em 180° o ângulo de precessão dos prótons e assim, os prótons que no
início precessionavam rapidamente estarão agora atrás dos mais lentos, aproximando-se cada vez
mais. Após outro intervalo T E/2 , os prótons mais rápidos estão juntos com os mais lentos (prótons
entram em concordância de fase novamente) e o vetor MXY voltará
a ser intenso, logo, teremos
novamente um sinal forte
4. com o passar do tempo, os prótons que precessionavam rapidamente passarão à frente, o que vai
causar a perda de coerência de fase e o desaparecimento do vetor MXY
- o eco é interceptado pelas bobinas receptoras do sistema e é usado para construir uma imagem do paciente
- tanto o TR quanto o TE são variáveis técnicas, selecionadas pelo operador do sistema de RM para otimizar
a aparência de uma imagem
● o TE influencia na qualidade da imagem de RM e pode ser ajustado pelo operador do equipamento,
escolhendo o tempo em que será aplicado o pulso de inversão de 180°
- após o fim da aplicação de um pulso de 90°, a magnetização inicial (vetor M0) começa a retornar à condição
de equilíbrio. Devido aos efeitos de campo magnético locais, os prótons (spins) precessionam com
frequências ligeiramente diferentes
● observe na figura que o vetor R (que representa um próton) é mais rápido que o vetor L (que
representa outro próton)
● essa diferença de velocidade, causada pelas variações no campo local pela presença e interação de
prótons próximos faz com que os prótons percam coerência de fase e assim, o sinal vai
enfraquecendo
- a perda de coerência de fase pode ser parcialmente recuperada pela aplicação de um pulso de inversão
(pulso de 180°), dando origem a um “eco” (spin eco) na coerência de fase dos prótons (spins)
● truque para intensificar o sinal
● fazendo os vetores girarem 180°, então os vetores se sobreporão (prótons entrarão/ficarão em fase) e
teremos novamente um sinal forte (aumento do vetor MXY)
Contraste em T1
- gordura (vermelho); água (azul)
- analisando o gráfico, percebemos que existe um contraste maior (maior distância entre as curvas) entre a
gordura e a água para um TR curto
- como o T1 da
gordura é menor do que o da água, o vetor MZ da
gordura se recupera mais rápido que o da
água
- após um TR curto, um pulso de excitação é aplicado, transferindo o vetor MZ para o plano transversal (vetor
MXY)
- como o vetor MXY da gordura é maior que o da água, então, o sinal da gordura é maior (hipersinal) do que o
da água (hiposinal). Logo, na imagem, a gordura aparece mais brilhante/clara e a água aparece mais escura
Contraste em T2