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A CONFIDENCIALIDADE E SUAS PECULIARIDADES NO PROCEDIMENTO

DE MEDIAÇÃO ENVOLVENDO A FAZENDA PÚBLICA

Humberto Dalla Bernardina de Pinho


Professor Titular de Direito Processual Civil na UERJ, Estácio e Ibmec
Membro do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

Patrícia Elael Nunes


Graduada em Direito. Ibmec/RJ
Advogada no RJ

1. Aproximação ao tema
Tendo como base os arts. 5º, 37 e 93, IX da CF 1988, em regra, o
processo judicial no Brasil deve gozar de ampla publicidade, sendo excepcional
o sigilo, mesmo para que se possam efetivar garantias fundamentais, tais como
o contraditório participativo e a independência do juiz.
De outra ponta, a mediação pauta-se muitas vezes pela
confidencialidade. Em sua redação final, a Lei n° 13.140/15 trata da
confidencialidade e de suas exceções na Seção IV do Capítulo I,
especificamente nos artigos 30 e 31.
Ao contrário do texto consagrado no art. 166, § 1° do novo CPC, a Lei
da Mediação, apesar de consagrar a confidencialidade como princípio
informador dessa modalidade de solução consensual de conflitos (art. 2°, inciso
VII, CPC), admite exceções, como veremos mais a frente.
Por sua vez, o art. 14 do antigo P.L. n° 4.827/98 também consagrava a
confidencialidade como regra, e admitia uma única exceção: a expressa
convenção das partes1.
A confidencialidade se insere no rol das obrigações de não fazer. Trata-
se da proibição imposta ao mediador e a todos os que participaram, direta ou
indiretamente do procedimento, de expor a terceiros as informações obtidas
durante o seu desenrolar2.

1
PINHO, Humberto Dalla Bernardina de [organizador]. Teoria Geral da Mediação à luz do
Projeto de Lei e do Direito Comparado, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 47.
2
Enunciado n° 46. Os mediadores e conciliadores devem respeitar os padrões éticos de
confidencialidade na mediação e conciliação, não levando aos magistrados dos seus
respectivos feitos o conteúdo das sessões, com exceção dos termos de acordo, adesão,
Ou seja, a confidencialidade abrange não apenas o mediador, mas
também as partes (mediandos), seus advogados, quando presentes,
comediadores e observadores do processo de mediação, independentemente
da sua natureza e do objetivo da observação.
A confidencialidade é regra universal em termos de mediação, até
porque é uma das propaladas vantagens desse procedimento, e responsável
por atrair muitos interessados3.
Ademais, a confiança é o ponto central da mediação. Nesse passo, a
confidencialidade é o instrumento que confere este elevado grau de
compartilhamento.
Assim, as partes se sentem à vontade para revelar informações íntimas,
sensíveis e muitas vezes estratégicas, que certamente não exteriorizariam num
procedimento orientado pela publicidade.
Importante assentar, ainda, que a confidencialidade resguarda a
proteção do processo em si e de sua real finalidade, permitindo, com isso, que
não se chegue a resultados distorcidos em favor daquele que se utilizou de
comportamentos não condizentes com a boa-fé4.
Desse modo, uma vez compreendida a confidencialidade sob esses
termos, verifica-se que ela se consubstancia em um importante fator de
garantia de funcionalidade da própria mediação.

desistência e solicitação de encaminhamentos, para fins de ofícios. Enunciados aprovados na I


JORNADA “PREVENÇÃO E SOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL DE LITÍGIOS”, realizada em
Brasília, nos dias 22 e 23 de agosto de 2016, disponíveis em
http://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-
1/publicacoes-1/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/prevencao-e-
solucao-extrajudicial-de-
litigios/?_authenticator=60c7f30ef0d8002d17dbe298563b6fa2849c6669
3
“(...) Nos Estados Unidos, talvez seja o aspecto da mediação que é mais valorizado. Os
processos judiciais, de um modo geral, são apresentados publicamente. Somente são
resguardados, por segredo de justiça em função de lei ou decisão da Suprema Corte. Os
mediadores estão, por dever ético, impedidos de discutir com pessoas alheias ao processo o
que é revelado nas sessões de mediação, a não ser que essas revelações sejam autorizadas
pelos participantes ou por ordem judicial (...)”. SERPA, Maria de Nazareth. Teoria e Prática da
Mediação de Conflitos. Rio de Janeiro: Lumens Iuris, pp. 243/244.
4
“(…) Se, entretanto, fosse possível que o mediador testemunhasse em juízo sobre as
informações que obteve em razão da mediação, uma parte de má-fé poderia utilizar o processo
de mediação para obter uma vantagem estratégica em uma futura disputa judicial. (...) sendo
permitida a oitiva de mediadores, a testemunhas, a encenação perante o mediador de fatos
irreais que podem beneficiar, no judiciário, a parte responsável pelo fingimento seria de grande
tentação para partes de má-fé. (...) Assim, permitindo que o mediador seja testemunha, seria
possível que uma parte não colaborasse com o processo de mediação e fosse premiada pelo
comportamento não cooperativo, pervertendo o sistema de incentivos descrito no início desse
ponto (...)”. A Confidencialidade na mediação. In Estudos em Arbitragem, Mediação e
Negociação. vol. II. André Gomma de Azevedo (org.), Brasília: Grupos de pesquisa, 2004.
Não é por outro motivo que o Código Civil 5e o novo Código de Processo
Civil6 expressamente ratificam esse entendimento, mediante a positivação do
segredo profissional.
No campo penal7,verifica-se que a revelação de segredo obtido em
razão do exercício de profissão, ofício, função e ministério é conduta
expressamente tipificada no CP, sendo, portanto, passível de persecução
criminal por parte do Estado.

2. Conformação legislativa da confidencialidade no CPC e na Lei


de Mediação
Retornando ao exame dos dispositivos da Lei n° 13.140/15, fica claro
que a regra geral é, de fato, a confidencialidade, que aliás já havia sido alçada
ao patamar de princípio fundamental da mediação, por força do art. 2º, inciso
VII da mesma Lei.
Assim é inegável que o art. 30 da Lei de Mediação confere especial
proteção à confidencialidade8.
Porém, o instituto da mediação embora confidencial, não pode ser
secreto. Essa distinção assume especial relevância quando tomam parte no
procedimento ou a Fazenda Pública ou órgãos que defendem interesses
coletivos em sentido amplo (difusos, coletivos ou individuais homogêneos).
Desse modo, não podemos perder de vista que, em hipótese alguma, a
sua utilização pode ser admitida como forma de ilidir a transparência e a
impessoalidade que devem sempre nortear o uso da coisa pública. Além do
mais, a mediação, como todos os outros meios de resolução de conflito, guarda
estrita correlação com os mais altos padrões éticos de conduta.
Conclui-se, portanto, que o referido princípio da confidencialidade,
apesar de ser essencial ao procedimento de mediação, não é e nem pode ser

5
Art. 229. Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato: I – a cujo, respeito, por estado ou
profissão, deva guardar segredo.
6
Art. 448. A testemunha não é obrigada a depor sobre fatos: (...) II – a cujo respeito, por
estado ou profissão, deva guardar sigilo.
7
Violação de segredo profissional. Art. 154. Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que
tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir
dano a outrem: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
8
Art. 30. Toda e qualquer informação relativa ao procedimento de mediação será confidencial
em relação a terceiros, não podendo ser revelada sequer em processo arbitral ou judicial salvo
se as partes expressamente decidirem de forma diversa ou quando sua divulgação for exigida
por lei ou necessária para cumprimento de acordo obtido pela mediação.
absoluto, razão pela qual bem se conduziu o legislador pátrio ao preer,
expressamente, as exceções a confidencialidade.9
Como é o consenso que rege toda a estrutura da referida Lei, é
permitido que as partes interessadas, de comum acordo, renunciem ao sigilo.
Essa circunstância deve ser esclarecida, ao início do procedimento, pelo
mediador.
É possível, ainda, que a divulgação seja exigida pela Lei. Será o caso da
mediação envolvendo a Administração Pública e seus entes (art. 32 da Lei),
em razão do princípio da publicidade insculpido no art. 37 da Carta de 1988,
ressalvadas as hipóteses cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado, nos termos dos arts. 5º, XXXIII, da Constituição
Federal, e 3º, I, e 27 da Lei nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).
Finalmente, é possível também que a divulgação seja necessária ao
cumprimento do acordo. Imagine-se, por exemplo, que ao fim da mediação as
partes chegam a bom termo, e fica pactuado que uma delas deve cumprir
determinada obrigação de fazer. Caso não haja o cumprimento voluntário, será
preciso iniciar um processo de execução, que terá como título executivo o
próprio termo de mediação (art. 784, inciso IV do novo CPC).
Em sendo necessária a execução judicial do acordo, deverá ser
observado o princípio da publicidade previsto no art. 189 do CPC/2015.
O § 1o do art. 30 da Lei prevê a extensão subjetiva e objetiva do dever
de confidencialidade.
No plano subjetivo, como já vimos, ele alcança o mediador, as partes,
seus prepostos, advogados, assessores técnicos e quaisquer outras pessoas
de sua confiança que tenham, direta ou indiretamente, participado do
procedimento de mediação.
No plano objetivo, esse dever abrange: a) a declaração, opinião,
sugestão, promessa ou proposta formulada por uma parte à outra na busca de
entendimento para o conflito; b) o reconhecimento de fato por qualquer das
partes no curso do procedimento de mediação; c) a manifestação de aceitação
de proposta de acordo apresentada pelo mediador; d) o documento preparado
unicamente para os fins do procedimento de mediação.

9
HALE, Durval; PINHO, Humberto Dalla Bernardina de e Cabral, Trícia Navarro Xavier. O
marco legal da mediação no Brasil. São Paulo: Atlas, 2016. p. 197-198.
O § 2o do art. 30 da Lei determina que a prova apresentada em
desacordo com as regras acima não será admitida em processo arbitral ou
judicial. A disposição é de extrema relevância, na medida em que oferece uma
garantia efetiva à parte que se dispôs a revelar informações muitas vezes
íntimas ou mesmo estratégicas para um futuro processo, no afã de chegar a
um acordo.
Imagine-se, por exemplo, que uma das partes, de má-fé, faz a outra crer
que há possibilidade de acordo. Com isso, essa outra revela uma informação
até então preservada para a fase instrutória de uma eventual e futura ação
judicial.
De posse da informação desejada, a outra abandona a mediação e
reorganiza sua estratégia para o processo judicial, agora em situação de
manifesta vantagem. Como se isso não bastasse, produz em juízo aquele
elemento de prova, salientando, ainda, que o mesmo foi revelado
espontaneamente pela parte adversa. Tal situação, por óbvio, não poderia
prosperar.
Finalmente, nos §§ 3° e 4° do artigo 30 da Lei, vamos encontrar mais
duas exceções à confidencialidade.
O § 3o dispõe que não está abrigada pela regra de confidencialidade a
informação relativa à ocorrência de crime de ação pública.
Assim sendo, no caso da mediação extrajudicial, uma vez identificado o
crime de ação pública, o mediador tem o dever tomar as providências
necessárias, ou seja, comunicar o fato à Presidência da Câmara, para que
promova a devida notificação à autoridade policial ou ao Ministério Público.
Outrossim, se a mediação for judicial, a informação do crime deverá ser
consignada em ata e remetida ao juiz competente para a adoção das
providências necessárias pelo centro judiciário de solução consensual de
conflitos.10

10
HALE, Durval; PINHO, Humberto Dalla Bernardina de e Cabral, Trícia Navarro Xavier. O
marco legal da mediação no Brasil. São Paulo: Atlas, 2016. p. 204.
Em ambos os casos, a omissão do mediador pode configurar o tipo
penal da prevaricação, já que o art. 8° da Lei de Mediação equipara o
mediador, no exercício de suas funções, ao servidor público, para fins penais.11
Observe-se que o dispositivo ressalva apenas os crimes de iniciativa
pública, ficando excluídas as figuras abrangidas pela ação penal privada, tais
como o dano, a maioria dos crimes contra a honra, e o exercício arbitrário das
próprias razões, para citar as mais comuns.
Por outro lado, o legislador não distingue entre as hipóteses de ação
penal pública incondicionada ou condicionada à representação do ofendido.
Aqui, o texto legal apresenta relevante falha técnica.
A exceção à confidencialidade deveria contemplar apenas as hipóteses
de ação incondicionada. Isso porque, nas condicionadas, sempre haverá, pelo
menos até a sentença, a possibilidade de retratação por parte do ofendido, o
que é bastante comum, sobretudo nas hipóteses que se submetem ao
procedimento dos juizados especiais criminais, como é o caso da ameaça, da
lesão corporal e da lesão culposa na condução de veículo automotor.
Cremos, ainda, que o dispositivo deve ser interpretado restritivamente, a
fim de alcançar apenas os crimes não sujeitos à causa de extinção da
punibilidade. Assim, se houver alguma das hipóteses previstas no art. 107 do
Código Penal, entendemos que não deve haver rompimento da
confidencialidade. Podemos citar como exemplos os fenômenos da prescrição,
da decadência ou mesmo da morte do agente.
Além disso, temos para nós que o dispositivo deveria abranger, também,
notícias de atos de improbidade administrativa, assim definidos pela Lei n°
8.429/92. Tal afirmação se justifica na medida em que tais condutas são, na
maioria das vezes, mais graves e com maior potencialidade lesiva do que
certos crimes sujeitos à ação penal pública condicionada. Ademais, não custa
lembrar que o art. 17, § 1° da referida Lei não permite qualquer tipo de acordo
ou consenso em matéria de improbidade12.

11 o
Art. 8 O mediador e todos aqueles que o assessoram no procedimento de mediação,
quando no exercício de suas funções ou em razão delas, são equiparados a servidor público,
para os efeitos da legislação penal.
12
É bem verdade este ponto tem merecido novas reflexões na doutrina, tendo em vista o novo
art. 32, III da Lei de Mediação. Falaremos mais sobre isso nos próximos tópicos.
Chegamos, então, ao § 4° do art. 30 da Lei de mediação. Tal dispositivo
prevê que "a regra da confidencialidade não afasta o dever de as pessoas
discriminadas no caput prestarem informações à administração tributária após
o termo final da mediação".
O dispositivo vem preencher lacuna então existente, e que já ocasionou
conflitos entre o Fisco e contribuintes ligados às câmaras arbitrais. De fato, não
nos parece razoável que o manto da confidencialidade possa ser estendido a
ponto de ocultar da autoridade fiscal a movimentação financeira da câmara ou
mesmo do mediador passível de incidência de tributos, como é o caso do
imposto de renda ou mesmo do imposto sobre serviços.
Observe-se, contudo, que as informações que interessem à
administração tributária devem ser divulgadas, apenas com o objetivo do
adequado exercício da fiscalização tributária, mas o sigilo delas passa a
abranger também os servidores que operem com essa fiscalização.13
Chegamos, então, ao art. 31 da Lei de Mediação. Esse dispositivo
regulamenta que a confidencialidade é aplicável às sessões privadas que
podem ser conduzidas pelo mediador durante o procedimento da mediação.
Denominadas caucus por parte da doutrina, e abominadas por algumas
escolas de mediação, como o tradicional P.O.N. da Harvard Law School, as
sessões privadas são utilizadas pela maioria dos mediadores como valioso
instrumento para a equalização e balanceamento do procedimento, sobretudo
quando o profissional percebe que as partes estão em diferentes pontos de
compreensão e entendimento, ou mesmo quando há indícios de que apenas
uma delas está agindo de forma colaborativa.
As sessões privadas também são bastante utilizadas para que o
mediador, juntamente com apenas uma das partes e seu advogado, conduza,
junto com eles, o chamado “choque de realidade”, com o objetivo de fazer com
que aqueles envolvidos analisem a fundo as consequências de seu
comportamento durante o processo de mediação e as opções existentes caso
não se atinja um consenso com a outra parte.

13
PEIXOTO, Ravi. Os “princípios” da mediação e da conciliação: uma análise da Res.
125/2010 do CNJ, do CPC/2015 e da Lei 13.140/2015. In: ZANETI JUNIOR, Hermes (Coord.).
Justiça multiportas: mediação, conciliação, arbitragem e outros meios de solução adequada
para conflitos. Salvador: Juspodivm, 2017. p.100.
Toda e qualquer informação revelada na sessão privada não pode ser
compartilhada com os demais personagens da mediação, salvo se houver
expressa autorização daquele que a disponibilizou. E isso assume uma
especial relevância e, ao mesmo tempo, cria uma tensão a mais, na mediação
judicial14.
Como se vê, a confidencialidade na mediação aparece de duas formas:
no ofício do mediador, no que se refere às informações reveladas nas sessões
privadas, e quando aplicada a todos os que estiverem presentes às sessões de
mediação, como forma de preservar os atores daquele processo de qualquer
exposição pública acerca da disputa ali travada.
Em ambas as situações, verifica-se a importância da confidencialidade
para o processo de mediação e para a construção de confiança entre as partes
e entre elas e o seu mediador. No entanto, somente a prática no Brasil dirá se
a confidencialidade será de fato um dos princípios norteadores da mediação,
ou se será excepcionada, como em casos, por exemplo, envolvendo entes
públicos ou interesses de grande número de pessoas.

3. A confidencialidade nos procedimentos de mediação envolvendo


o Poder Público
Conforme dados divulgados pelo CNJ, a Administração Pública
brasileira é a parte que possui o maior número de processos judiciais em
andamento no país. Nada obstante, cumpre destacar que pouco ainda se
produziu sobre as peculiaridades da resolução consensual de conflitos
envolvendo o poder público, seja a nível normativo, doutrinário ou
jurisprudencial.

14
"Asimismo, lacuestión de laconfidencialidad se muestracompleja por razón de lassesiones
privadas, de losllamadoscaucus, a los que nos hemos referido anteriormente. Si está
establecido que enelproceso judicial es esencialel principio de publicidad, ¿cómo vamos a
aceptar que determinados actos no tenganuncontenido público? Ahí será necesariohacer una
ponderación entre losprincipios de confidencialidad, principio de intimidad, principio de
preservación de laintimidad de la persona humana y principio de publicidad. Creo que no se
puede adoptar en términos absolutos ni uno niotro. Habrá que madurar lashipótesisen que
esosprincipiosdeberánaplicarse a un caso concreto y deberán ser ponderados". PINHO,
Humberto Dalla Bernardina de Reflexiones sobre lamediación judicial y
lasgarantíasconstitucionalesdelproceso. Revista Confluencia: Análisis, Experiencias y Gestión
de Conflictos, v.2, 2014, p. 81.
Todavia, a necessidade se torna evidente ao passo que o regime
jurídico diferenciado da Administração Pública em relação aos particulares,
implica em limitações relevantes no momento de celebrar acordos.15
A Lei 13.140/15 trata da autocomposição de conflitos em que for parte
pessoa jurídica de direito público em seu Capítulo II. Dessa maneira, quando o
legislador implanta o sistema de solução de controvérsias nesse tipo de
relação, "favorece o desenvolvimento das atividades administrativas e da
governança pública, o atendimento das demandas e anseios dos cidadãos,
bem como do setor produtivo"16, segundo Maria Tereza Fonseca Dias.
Já no tocante ao princípio da confidencialidade e a Administração
Pública há um ponto sensível, no que permite a atividade de conciliar o dever
de sigilo e o princípio da publicidade dos atos públicos, que é típico do poder
público, como prevê a Constituição federal de 1988, em seu art. 37, caput.
Além disso, a Lei de Acesso à Informação, nº 12.527/201117, que
regulamenta o direito constitucional do cidadão solicitar e receber dos órgãos
públicos e de todos os entes e Poderes, informações públicas por eles
produzidas ou custodiadas, prescreve o sigilo como exceção, definindo o que é
informação sigilosa.18
A doutrina majoritária defende que, quando houver mediação com
pessoa jurídica de direito público, o procedimento não deverá seguir as regras
da confidencialidade, pois há prevalência do interesse público na publicidade

15
HALE, Durval; PINHO, Humberto Dalla Bernardina de e Cabral, Trícia Navarro Xavier. O
marco legal da mediação no Brasil. São Paulo: Atlas, 2016. p. 207-208.
16
DIAS, Maria Tereza Fonseca. A mediação na Administração Pública e os novos caminhos
para a solução de problemas e controvérsias no setor público. Portal Direito do Estado, [S.l],
ano 2016, n. 151, 22 abr. 2016. Disponível em:
<http://www.direitodoestado.com.br/colunistas/maria-tereza-fonseca-dias/a-mediacao-na-
administracao-publica-e-os-novos-caminhos-para-a-solucao-de-problemas-e-controversias-no-
setor-publico>. Acesso em: 23 nov. 2017.
17 o
Lei 12527/2011: " Art. 3 Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o
direito fundamental de acesso à informação e devem ser executados em conformidade com os
princípios básicos da administração pública e com as seguintes diretrizes: I - observância da
o
publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção; [...]Art. 4 Para os efeitos desta Lei,
considera-se: I - informação: dados, processados ou não, que podem ser utilizados para
produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato; II -
documento: unidade de registro de informações, qualquer que seja o suporte ou formato; III -
informação sigilosa: aquela submetida temporariamente à restrição de acesso público em
razão de sua imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado."
18
PEIXOTO, Ravi. Os “princípios” da mediação e da conciliação: uma análise da Res.
125/2010 do CNJ, do CPC/2015 e da Lei 13.140/2015. In: ZANETI JUNIOR, Hermes (Coord.).
Justiça multiportas: mediação, conciliação, arbitragem e outros meios de solução adequada
para conflitos. Salvador: Juspodivm, 2017.
das informações obtidas, em detrimento do interesse no acordo sobre o litígio
que envolva a administração pública.19
Dessa maneira, deve ser garantida a transparência nas sessões de
mediação da qual alguma pessoa jurídica de direito público faça parte, com a
exceção dos casos em que a própria Lei 12.527/2011 preserve o sigilo das
informações.20
Apesar de as informações sob a custódia do Estado serem notadamente
públicas, o acesso a elas deverá restringido em alguns casos específicos e por
um período de tempo determinado. A Lei do Acesso à Informação prevê como
exceções à regra geral, os seguintes dados: pessoais, as informações
classificadas por autoridades como sigilosas e as informações sigilosas com
base em outras leis.
De acordo com o art. 31 da Lei 12.527/2011 21, os dados pessoais não
são públicos e terão seu acesso restrito, podendo ser acessados apenas pelos
próprios indivíduos e por terceiros, estes apenas em casos excepcionais
As informações classificadas como sigilosas são aquelas que a
divulgação possa colocar em risco a segurança da sociedade ou do Estado,

19
SOUZA, Luciane Moessa de. Meios consensuais de solução de conflitos envolvendo entes
públicos e a mediação de conflitos coletivos. 2010. 607 f. Tese (Doutorado em Direito) – Centro
de Ciências Jurídicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010. p. 153.
20
SOUZA, Luciane Moessa; RICHE, Cristina Ayoub. Das câmaras de mediação. In: ALMEIDA,
Diogo Assumpção Rezende de; PANTOJA, Fernanda Medina; PELAJO, Samantha. A
mediação no novo código de processo civil. Rio de Janeiro: Forense, 2015. pp. 183/185; 210 e
219.
21
Lei 12.527/2011: Das Informações Pessoais. Art. 31. O tratamento das informações
pessoais deve ser feito de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, honra
o
e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais. § 1 As informações
pessoais, a que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem: I -
terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo e pelo prazo máximo
de 100 (cem) anos a contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente
autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e II - poderão ter autorizada sua divulgação ou
acesso por terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa a que elas
o
se referirem. § 2 Aquele que obtiver acesso às informações de que trata este artigo será
o o
responsabilizado por seu uso indevido. § 3 O consentimento referido no inciso II do § 1 não
será exigido quando as informações forem necessárias: I - à prevenção e diagnóstico médico,
quando a pessoa estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclusivamente
para o tratamento médico;
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evidente interesse público ou geral,
previstos em lei, sendo vedada a identificação da pessoa a que as informações se referirem; III
- ao cumprimento de ordem judicial; IV - à defesa de direitos humanos; ou V - à proteção do
o
interesse público e geral preponderante. § 4 A restrição de acesso à informação relativa à vida
privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito de prejudicar
processo de apuração de irregularidades em que o titular das informações estiver envolvido,
o
bem como em ações voltadas para a recuperação de fatos históricos de maior relevância. § 5
Regulamento disporá sobre os procedimentos para tratamento de informação pessoal."
estando expressamente dispostas no art. 23 da lei 12.527/201122. Em vista
disso, o acesso a elas deverá ser limitado por meio da classificação
da autoridade competente, apesar de serem informações públicas.
Já as informações sigilosas com base em outras leis, são aquelas
amparadas por outras legislações, tais como os sigilos fiscal, industrial e
bancário a título de exemplo.23
Porém, Marco Antônio Rodrigues24, entende que embora seja regra
geral a superação da confidencialidade pela publicidade, esta não é absoluta.
À luz do instituto ponderação de princípios, tem-se a possibilidade de existirem
valores que justifiquem a não incidência da publicidade em situações
específicas, seja por previsão legal ou por decisão judicial, se a mediação for
incidental no processo.
Seguindo essa linha, encontramos os Enunciadosnºs 625 e 3626 do I e II
Fórum Nacional do Poder Público, respectivamente.

4. Considerações Finais
É possível, contudo, que com a prevalência do princípio da publicidade
na mediação em relação à confidencialidade, haja certo desestímulo de

22
Lei 12.527/2011 :"Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou
do Estado e, portanto, passíveis de classificação as informações cuja divulgação ou acesso
irrestrito possam: I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do território
nacional;
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do
País, ou as que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos
internacionais; III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população; IV - oferecer
elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou monetária do País; V - prejudicar ou
causar risco a planos ou operações estratégicos das Forças Armadas; VI - prejudicar ou causar
risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a
sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional; VII - pôr em risco a
segurança de instituições ou de altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares;
ou VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalização em
andamento, relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações."
23
ACESSO à informação – Governo Federal. Exceções. Disponível em:
<http://www.acessoainformacao.gov.br/assuntos/pedidos/excecoes/excecoes>. Acesso em: 24
nov. 2017.
24
RODRIGUES, Marco Antonio. A Fazenda Pública no processo civil.São Paulo: Atlas, 2016.
pp.370/381.
25
A confidencialidade na mediação com a Administração Pública observará os limites da lei de
acesso à informação. I Fórum nacional do poder Público, realizado dos dias 17 e 18 de junho
de 2016 em Brasília/DF.
26
Durante o processo de mediação do particular com a Administração Pública, deve ser
observado o princípio da confidencialidade previsto no artigo 30 da Lei 13.140/2015,
ressalvando-se somente a divulgação da motivação da Administração Pública e do resultado
alcançado. II Fórum nacional do poder Público, realizado dos dias 13 e 14 de outubro de 2016
em Vitória/ES.
algumas partes à realização de acordos com o poder público, pois um de seus
pontos mais atrativos seria exatamente o sigilo que a mediação garante.
Contudo, ainda é cedo para se fazer uma avaliação mais precisa quanto
a esse ponto, na medida em que não temos, ainda, um quantitativo
representativo apto se sujeitar a um estudo de casos.
O legislador poderia, talvez, ter sido um pouco mais claro. Nesse
sentido, não custa lembrar que há dispositivo expresso na Lei de Arbitragem,
fruto da inovação introduzida no § 3° do art. 2° pela Lei n° 13.129/201527.
Conclui-se então que, em regra, prevalece o princípio da publicidade
sobre a confidencialidade. A publicidade do acordo e dos motivos que levaram
a Administração Pública a celebrar esse pacto é garantida.
Obviamente, não se pode aniquilar por completo a confidencialidade;
esta garantia estará devidamente preservada no que se refere à intimidade do
interessado na mediação, principalmente nas tratativas, podendo variar em
cada caso, sempre observadas as hipóteses previstas na lei de acesso à
informação.

5. Referências Bibliográficas
1. ALMEIDA, Diogo Assumpção Rezende de. O princípio da adequação e
os métodos de solução de conflitos, in Revista de Processo. Revista dos
Tribunais: São Paulo, nº 195, ano 2010.
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alternativas de resolução de conflitos na Inglaterra. Orientação e tradução
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4. COSTA E SILVA, Paula. A nova face da justiça: Os meios extrajudiciais
de resolução de controvérsias. Lisboa: Coimbra Editora, 2009.

27 o
Art. 2º A arbitragem poderá ser de direito ou de eqüidade, a critério das partes. (...) § 3 A
arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará o princípio
da publicidade.
5. HILL, Flávia Pereira. “A nova lei de mediação italiana”. In Revista
Eletrônica de Direito Processual. Ano IV. Volume VI. Jul-Dez 2010. Disponível
no endereço eletrônico: www.redp.com.br
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Consequências processuais (composições em juízo, prerrogativas processuais,
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