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Com o intuito de evitar erros jurídicos e estabelecer o equilíbrio entre os direitos e deveres do
Estado e da população, a Administração Pública faz uso de alguns princípios. São eles: princípio da
legalidade; princípio da impessoalidade; princípio da moralidade; princípio da publicidade e
princípio da eficiência. Futuramente podemos focar no estudo desses princípios. Por ora, vamos
direcionar nossa atenção para os diversos ramos do Direito Administrativo nos quais o advogado
atua.
Agora que a gente já sabe o conceito de Administração Pública, fica mais fácil entender a relação
entre o Direito Administrativo e os servidores públicos. Quero dizer que os servidores devem
obedecer as normas administrativas e também podem ser amparados por elas. Mas você sabe me
dizer porque não existe um código específico que trata sobre o Direito Administrativo?
Antes de mais nada é preciso esclarecer que o Direito Penal e o Direito Civil, por exemplo, estão
submetidos ao tratamento por códigos, como o Código Penal e o Código Civil. Isso acontece porque
a Constituição determina que somente a União pode legislar sobre esses assuntos. No caso do
Direito Administrativo é diferente.
Em assuntos, por exemplo, de servidores públicos, cada ente possui autonomia para
estruturar suas regras e estatutos. Vamos ao seguinte exemplo:
Alice é servidora pública da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ela faltou ao trabalho por
duas semanas consecutivas e não apresentou justificativa ou atestado médico. O caso de Alice está
sujeito às regras e estatutos da UFG, ela jamais poderia responder de acordo com as regras e
estatutos da Prefeitura de Goiânia, por exemplo. Cada ente possui autonomia para estruturar suas
próprias normas.
No exemplo acima, para apurar se Alice agiu ou não de má-fé, poderia ser instaurada uma
sindicância, ou seja, uma investigação sobre o ato ilícito. A sindicância é composta por uma
Comissão, formada por servidores públicos que ocupam um cargo de nível igual ou superior ao do
investigado. Se a sindicância chegasse à conclusão de que a Alice faltou duas semanas por vontade
própria, sem motivos, ela poderia ser punida com uma advertência. Se a Alice conseguisse provar
que não agiu de má-fé, a sindicância seria arquivada.
De acordo com a Lei 8.112/ 90, sempre que a sindicância indicar que o ilícito praticado pelo
servidor deve ser penalizado com uma punição mais grave do que a advertência, como suspensão
superior a 30 dias e demissão, é obrigatória a instauração do Processo Administrativo Disciplinar
(PAD).
O PAD nada mais é do que o instrumento destinado a apurar a responsabilidade do servidor por
infração praticada no exercício de suas atribuições. Suponhamos que a Alice tenha cometido um
erro mais grave e vamos alterar um pouquinho o exemplo anterior, ok?
Alice é servidora pública da UFG. Ela faltou por um mês ao trabalho e não apresentou atestado
médico ou qualquer outra justificativa. Nesse mesmo período, colegas de trabalho viram nas redes
sociais de Alice, fotos dela na praia, e denunciaram o caso para os superiores. Diante da denúncia
da infração, foi instaurado um Processo Administrativo Disciplinar (PAD).
O PAD é composto pelas seguintes fases: instauração, que corresponde ao início do processo,
quando é formada a Comissão julgadora e os dados são apresentados; inquérito, quando o réu toma
conhecimento dos fatos, apresenta sua defesa e a Comissão Julgadora produz um relatório sobre o
caso; e por último vem a fase de Julgamento, quando é tomada a decisão final.
O réu pode pedir a revisão do processo para a inclusão de fatos novos que o inocentem a qualquer
tempo, mesmo que já tenha sido proferida uma sentença. Lembrando que, nunca um pedido de
revisão poderá culminar com o agravamento da penalidade. É proibido o reformatio impejus, ou
seja, é probido revisar a pena para prejudicar o réu.
O prefeito de Comodoro, a 677 km de Cuiabá, Jeferson Ferreira Gomes, teve a perda da função
pública decretada pelo juiz Marcelo Sousa Melo Bento de Resende por ato de improbidade
administrativa. Segundo Jeferson Ferreira, a condenação se deu porque a prefeitura contratou uma
empresa de assessoria jurídica por quatro meses por inexigibilidade de licitação por orientação
dos procuradores do Executivo. Já o Ministério Público Estadual (MPE) fez a denúncia porque
entendeu que a contratação deveria ter sido feita por meio de pregão eletrônico. Conforme a
sentença do juiz, o prefeito foi condenado à perda da função pública, além do ressarcimento
integral do dano, suspensão dos direitos políticos por oito anos e pagamento de multa civil.
Concursos Públicos
Por último, mas não menos importante, o Direito Administrativo também se aplica aos concursos
públicos. E mais, os advogados podem ajudar muito os concurseiros, especialmente aqueles que
foram chamados pelas chamadas cláusulas de barreira, que limita o número de pessoas autorizadas
a passar de uma fase do concurso para a outra. Por exemplo:
O edital do concurso da Câmara Municipal de uma cidade trazia a seguinte informação: O
concurso possui 400 vagas e para ser aprovado é preciso obter a nota mínima, 6. Dos 10 mil
inscritos no certame, dois mil atingiram a nota mínima. No entanto, por causa da cláusula de
barreira, desses dois mil, apenas 400 avançaram para a fase seguinte do concurso.
Já há casos reais nos quais o candidato entrou na justiça e conseguiu derrubar a cláusula de barreira
(linkar aqui).
Acho que nossa conversa se encerra por aqui, mas o estudo sobre Direito Administrativo não. Por
isso, gostaria de concluir deixando algumas dicas para quem almeja ter sucesso nessa área:
1. Estude a Constituição, especialmente porque como eu disse, é ela que norteia o Direito
Administrativo no Brasil;
2. Descubra seu nicho de atuação, ou seja, escolha se quer trabalhar com concursos, com servidores
públicos ou em qualquer outro âmbito do Direito Administrativo;
3. Participe de discussões acadêmicas
4. Acompanhe as mudanças legislativas