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Resumo
Este artigo apresenta uma discussão sobre a aplicação do conceito de custos relativos à
qualidade. É realizada uma abordagem sobre a utilização de sistemas tradicionais de custos
e sobre os Custos da Qualidade, definindo as variáveis não consideradas pelos sistemas
tradicionais que passam a ser manipuladas quando se associa a contabilidade de custos à
função qualidade. A importância econômica da aplicação dessa ferramenta aos meios de
produção é analisada, sendo determinados os fatores que se tornarão fontes de otimização.
Por fim, é definido um roteiro para a identificação dos custos de qualidade na empresa, a
partir da implantação do conceito.
1. Introdução
A implementação da gestão de custos da qualidade vem sendo alvo de grande interesse como
parte principal na administração de negócios, tendo em vista o aumento no nível de exigência
dos consumidores na compra de bons produtos e uma prestação de serviços melhor e mais
barata. Há um fator que faz a diferença entre o modo oneroso e o modo econômico de se
alcançar a qualidade. Este fator é chamado custos de qualidade.
Sempre foi objetivo das organizações identificar os custos de produção para desempenhar
suas diversas funções. Esses custos sempre foram considerados em suas reuniões de análises
críticas, visando buscar a melhoria contínua desses processos e a conseqüente diminuição dos
mesmos.
Segundo Juram (1991), com exceção das atividades do departamento de inspeção e teste, o
conceito de custos não era aplicado à função qualidade. Somente nos anos 50, com a
formação de equipes dedicadas à qualidade, surgiu a preocupação de se estudar os custos a ela
relacionados. Isso mais do que nunca era necessário para que se pudesse estabelecer
comunicação entre essas equipes e seus respectivos gerentes.
2. Conceito
Em 1951, Juran introduziu o conceito de Custo da Qualidade, definindo-o como sendo o custo
da má qualidade (principalmente os custos para se encontrar e corrigir os defeitos causados
XXIII ENEGEP – Ouro Preto, MG, Brasil, 22 a 24 de outubro de 2003
por formas inadequadas de trabalho) e sugere que estes custos sejam usados como uma
ferramenta gerencial.
Entretanto Deming (1982) considera que a avaliação dos custos da qualidade é desnecessária,
o objetivo de sua visão é zero defeitos.
Exemplos desses custos são: refugo, retrabalho, máquinas paradas, capacidade ociosa,
serviços não planejados, manutenção corretiva, horas extras, atendimento de reclamações,
trocas e devoluções, estoques obsoletos, excesso de burocracia, duplicação de esforços, etc.
Os custos tradicionais utilizam como principal base de rateio a mão de obra direta, sendo que
atualmente os custos indiretos representam a maior parte dos custos de uma organização.
Conclui-se portanto que essas bases são arbitrárias.
Estes sistemas visam determinar os custos dos produtos fabricados ou serviços e através desse
resultado encontrar fatores como: custo unitário, preço de venda, margens de lucro, ponto de
equilíbrio e rentabilidade do produto. Segundo Pamplona (1999), os sistemas tradicionais não
mais atendem as necessidades gerencias no atual cenário de produção.
A aferição do resultado por meio da melhoria contínua é feita através da contabilidade. Para
Wernke (1999), são os relatórios de custos, que quantificam monetariamente os custos da
qualidade, o meio de fornecer informações relevantes à conscientização da administração e de
ocasionar ações no sentido da melhoria.
Por isso esse departamento deverá estar preparado adequadamente para que tenha condições
de verificar o que foi gasto na prevenção, na avaliação e com falhas internas e externas, além
de avaliar se estão de acordo com o orçamento previamente fixado. A partir daí nascem os
indicadores que serão desdobrados gerencialmente.
Em muitos casos as empresas não conseguem aferir os benefícios gerados com a implantação
dos programas de qualidade por inexistir um gerenciamento de custo da qualidade.
As informações geradas a partir dos custos da qualidade devem servir para o planejamento do
gerenciamento e para a tomada de decisões, visando controlar e minimizar os custos da não
qualidade.
Muitas são as vezes em que a gerência vira as costas à qualidade quando não percebem um
retorno sobre o investimento. Não bastam as certificações em sistemas de procedimentos e
premiações apresentadas pelos profissionais da qualidade para mudar esse tipo de
comportamento. É importante fornecer aos gerentes de alta hierarquia informações que
mostrem:
A dimensão global dos custos da qualidade;
Seu domínio em áreas além da fabricação;
As principais áreas para o aperfeiçoamento em potencial.
Uma vez organizadas as informações sobre o custo da qualidade e sobre perdas devidas a não
qualidade, com a detalhada subdivisão desses valores entre os vários departamentos e linhas
de fabricação, terá sido elaborado um instrumento gerencial que possibilitará a identificação
sistemática e a correta priorização das oportunidades de redução de custos.
Para que uma empresa apresente competitividade e atenda o cliente oferecendo um diferencial
de satisfação, deverá inicialmente combater o desperdício:
Pela eliminação de atividades que não agregam valor (aquelas que podem ser eliminadas
sem que haja deterioração no desempenho da empresa);
Pela eliminação, redução das falhas, desperdícios oriundos da má qualidade.
Bornia e Wernke (1999) afirmam que essas atividades devem ser reduzidas sistemática e
incessantemente, não admitindo-se mais qualquer forma de desperdício.
Essa redução com certeza irá contribuir de modo significativo para a saúde de toda a
organização. Melhores resultados serão obtidos com o passar do tempo.
As empresas iniciantes em um processo para redução dos custos da qualidade, gastam 20% de
suas receitas desnecessariamente. Entretanto, com um projeto consistente e adequado, esse
valor (20% da receita) poderia ser reduzido em 25% no primeiro trimestre e em 50% num
prazo de um ano(Crosby, 1984).
Inicialmente a qualidade é vista tentando apagar incêndios, lidando com falhas internas e
externas. Entretanto, com o desenvolvimento do projeto para eliminação dos custos, verifica-
se que o custo referente à prevenção tende a aumentar, observando-se os benefícios
provenientes do programa adotado. É apresentado a seguir um esquema demonstrativo:
XXIII ENEGEP – Ouro Preto, MG, Brasil, 22 a 24 de outubro de 2003
Prevenção
Avaliação
Falha Interna
Falha Externa
Tempo
BENEFÍCIOS
FALHAS
DETECÇÃO
PREVENÇÃO
À medida que a empresa desenvolve seu sistema de gestão da qualidade e combate a redução
desses custos, o retorno financeiro será cada vez mais percebido.
Com a melhoria da qualidade e redução do custo da não qualidade evidenciam-se alguns dos
principais pontos de otimização:
Custos Menores;
Aumento da Retenção do Cliente;
Atração de Novos Clientes.
7. Conclusões
Percebeu-se então que seria vantajoso para as organizações considerar esses custos e
implementar projetos que os reduzissem. A redução dos custos contribui para a saúde de toda
a organização.
Muitos estudos precisam ser feitos e as equipes devem estar comprometidas em implantar de
fato as ações selecionadas. As informações levantadas devem ser utilizadas para mostrar aos
demais gerentes e demais áreas a necessidade e os benefícios da implantação do sistema.
Com relação aos benefícios, alguns pontos em especial merecem ser mencionados. Além do
incremento no faturamento empresarial, todos têm a ganhar com a implantação desse sistema:
a empresa (sócios, funcionários, acionistas) e principalmente o cliente. Uma vez diminuídos
os refugos e desperdícios em geral, a empresa se torna mais competitiva.
XXIII ENEGEP – Ouro Preto, MG, Brasil, 22 a 24 de outubro de 2003
Referência bibliográfica