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Resumo
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Pós-graduando em Metodologias de ensino do português e do inglês. Instituto
Prominas/Universidade Cândido Mendes. viniciando.geral@gmail.com
Introdução
Sabe-se que foi no fim do século XIII - mais especificamente, em 1290 - que o rei
português Dom Dinis estabeleceu, por meio de um decreto, o uso oficial da língua
portuguesa em sua nação. A decisão foi parte de um conjunto de medidas necessárias
para a consolidação da então recém-fundada Escola dos Estudos Gerais, berço da
Universidade de Coimbra. (Léllis, Lima, & Rocha, 1952)
Até o século XVI, não havia nenhuma preocupação com a etimologia na definição da
ortografia. A maneira como as palavras se pronunciavam determinava sua escrita.
Naturalmente, não existia um padrão ortográfico. Uma mesma letra podia ter inúmeras
funções, definidas sem muito critério. Léllis et al. afirmam que um simples h, por
exemplo, podia representar:
. a existência de um hiato (trahedor = traidor);
. a tonicidade de uma vogal (he = é);
. o fonema /i/ (sabha = sabia);
. som nenhum (hidade = idade).
Não era raro que a mesma palavra se escrevesse de modos diferentes, como em: homem,
omem e ome. Afinal, a pronúncia variava, dependendo de certos fatores.
Durante os séculos XVI, XVII e XVIII, houve tentativas de se criar uma ortografia que
levasse em consideração as regras da escrita do grego e do latim clássicos. Mas faltava
aos lexicógrafos lusitanos o conhecimento necessário para a execução da tarefa de modo
adequado.
Em 1904, finalmente, Aniceto dos Reis Gonçalves Viana publicou a obra Ortografia
Nacional, que foi o ponto de partida para a unificação da escrita em Portugal.
Em 1931, um acordo firmado entre a Academia Brasileira de Letras e a Academia das
Ciências de Lisboa uniu a escrita da língua de Camões nos dois lados do Atlântico.
Com o passar do tempo, surgiram novas diferenças, desencadeadas por questões
políticas, principalmente. Até que, de uma reunião em Lisboa, resultou o Acordo
Ortográfico de 1990, uma tentativa de reunificar os modos de se escrever do lado de cá
e de lá do Atlântico.
Embora ainda haja controvérsia sobre certos pontos do Acordo Ortográfico de 1990
(visto que sua aceitação não é tácita por parte de alguns escritores, jornalistas,
professores e linguistas de aquém e além do oceano), as regras de acentuação gráfica
foram, de fato, simplificadas. E é sobre as principais mudanças ocorridas nelas que este
trabalho se inclina.
Acento tônico e acento gráfico
Cunha (2008) descreve abaixo aquilo que se convencionou chamar de acento tônico.
Acento consiste no maior grau de força, ou de intensidade, de uma das
sílabas de determinada palavra. Assim:
. di-re-tor;
. a-lu-no;
. ma-te-má-ti-ca.
Em português, toda palavra com duas ou mais sílabas terá, obrigatoriamente, uma delas
emitida com maior força. De acordo com a posição que essa sílaba forte ocupa, a
palavra é classificada como oxítona, paroxítona ou proparoxítona.
Ainda em consonância com Cunha (2008):
. é oxítona a palavra que possui o acento tônico na última sílaba (di-re-tor);
. é paroxítona a que o exibe na penúltima (a-lu-no);
. é proparoxítona a que o apresenta na antepenúltima (ma-te-má-ti-ca).
Para que um usuário da modalidade escrita da língua portuguesa assimile as regras de
acentuação gráfica, é imprescindível que ele saiba, antes, classificar cada palavra do
idioma segundo a posição de sua sílaba tônica. Ou seja: é-lhe indispensável o
entendimento do que é uma oxítona, uma paroxítona e uma proparoxítona.
As modificações nas normas para a acentuação das palavras paroxítonas foram mais
intensas do que aquelas verificadas na das oxítonas.
1. Paroxítonas, em geral, não recebem acento gráfico. No entanto, recebê-lo-ão se
terminarem em -l, -n, -r, -x e -ps: fós-sil, hí-fen, ím-par, tó-rax, trí-ceps.
2. Também terão seu acento marcado graficamente as terminadas em ã(s), ão(s), ei(s),
i(s), um, uns, us: ór-fã(s), ór-gão(s), jó-quei(s), jú-ri(s), ál-bum, ál-buns, bô-nus.
3. Até a entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990, acentuavam-se os ditongos
orais abertos ei e oi das palavras paroxítonas: i-déi-a, ji-bói-a. Atualmente, isso já não
ocorre: i-dei-a, ji-boi-a.
4. A primeira pessoa do plural no presente do indicativo costuma ser idêntica à primeira
pessoa do plural no pretérito perfeito do indicativo: Nós compramos leite todos os dias.
Ontem, inclusive, compramos leite. Em certos dialetos do português, o timbre da vogal
tônica é mais aberto no pretérito. Por isso, o novo acordo permite que ela seja marcada
graficamente: Nós compramos leite todos os dias. Ontem, inclusive, comprámos leite.
Não se trata de uma regra. Tal acentuação é facultativa.
5. O acento circunflexo sobre a vogal tônica da terceira pessoa do singular no pretérito
perfeito do indicativo do verbo poder foi mantido, a fim de que haja distinção entre essa
forma e a da terceira pessoa do singular do presente do indicativo: Ele nunca pôde
comprar um carro. Hoje em dia, porém, ele o pode.
6. Muitos acentos diferenciais foram eliminados na nova ortografia. Atualmente, por
exemplo, não mais se distinguem graficamente vocábulos como para (do verbo parar) e
para (preposição): Ele sempre para e olha para os dois lados, antes de atravessar uma
rua.
7. Se a sílaba tônica de uma palavra paroxítona possui uma vogal que faz parte de um
hiato e, ainda, se esse hiato é formado por vogais idênticas, tal sílaba tônica não é mais
acentuada: cre-em, de-em, le-em, ve-em, vo-o.
Acentuação das vogais grafadas i e u em hiatos
1. Quando a vogal tônica i ou u forma hiato com uma vogal anterior a ela, deve receber
acento gráfico, mesmo que esteja acompanhada pela consoante s: ca-fe-í-na, ci-ú-me,
sa-í-da, sa-ú-de. Vocábulos como ra-i-nha e mo-i-nho não se enquadram nessa regra
porque é como se a vogal i não estivesse sozinha na sílaba. Por ser nasalizada, ela forma
um corpo único com o fonema /ŋ/ que a segue na sílaba posterior. Note-se que,
foneticamente falando, esses vocábulos comportam-se como Co-im-bra.
2. Palavras como fei-u-ra não são acentuadas graficamente. Isso se explica pelo fato de
elas possuírem a vogal u fazendo hiato com um ditongo, e não com uma simples vogal.
O i e o u só receberão acento gráfico em casos como este aqui se estiverem (com ou sem
s) na sílaba tônica de palavras oxítonas: Pi-au-í, tui-ui-ús.
O trema
CUNHA, C. (2008). Gramática do português contemporâneo (2 ed.). Porto Alegre, RS, Brasil:
L&PM.
Cunha, C. (1964). Uma política do idioma. Rio de Janeiro: Livraria São José.
Léllis, R. M., Lima, C. H., & Rocha, M. P. (1952). Português no colégio. São Paulo: Companhia
Editora Nacional.