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Informativo 656-STJ
Márcio André Lopes Cavalcante
ÍNDICE
DIREITO ADMINISTRATIVO
REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
▪ A contribuição previdenciária paga pelo servidor não deve incidir sobre parcelas que não são incorporadas à sua
aposentadoria.
DIREITO CIVIL
USUCAPIÃO
▪ Bem furtado pode ser objeto de usucapião, desde que tenha cessado a clandestinidade.
DIVÓRCIO
▪ A prova documental é o único meio apto a demonstrar a existência da sociedade de fato entre os sócios.
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE
▪ Determinada pessoa ajuizou ação de investigação de paternidade contra o suposto pai e esta foi julgada
improcedente; transitou em julgado; o suposto pai morreu; eventual ação rescisória contra esta sentença deve ser
proposta contra os herdeiros (e não contra o espólio).
DIREITO DO CONSUMIDOR
FATO DO PRODUTO
▪ A simples comercialização de alimento industrializado contendo corpo estranho é suficiente para configuração do
dano moral ou é necessária a sua ingestão?
SERVIÇOS BANCÁRIOS
▪ Consumidor comprou um produto pela internet e que nunca foi entregue; o banco não pode ser responsabilizado
solidariamente pelo simples fato de o pagamento ter sido feito mediante boleto bancário.
PLANO DE SAÚDE
▪ Ex-empregado (demitido ou aposentado) pode ter direito de continuar no plano de saúde coletivo que era oferecido
aos funcionários; contudo, se a empresa e a operadora rescindirem o contrato para todos, esse ex-empregado
também não terá mais direito de continuar.
DIREITO EMPRESARIAL
FUNDO DE INVESTIMENTO
▪ O administrador de um Fundo encerrado possui legitimidade para ser réu em ação de reparação de danos proposta
por credor do Fundo que alega que a liquidação não foi correta considerando que, antes de haver a partilha do saldo
entre os cotistas, deveria lhe ter sido paga uma dívida.
AÇÃO RESCISÓRIA
▪ Juiz que não declara, de ofício, prescrição na ação de cobrança não viola literal disposição de lei para fins de ação
rescisória com base no art. 485, V, CPC/1973.
AGRAVO DE INSTRUMENTO
▪ A parte pede que o juiz suspenda o processo alegando prejudicialidade externa (art. 313, V, “a”); magistrado
indefere; esse pronunciamento não pode ser equiparado a uma decisão sobre tutela provisória; logo, não cabe
agravo de instrumento contra ele com base no inciso I do art. 1.015.
EMBARGOS À EXECUÇÃO
▪ A protocolização dos embargos à execução nos autos da própria ação executiva constitui vício sanável.
ARREMATAÇÃO
▪ O arrematante do bem é o responsável pelo pagamento da comissão do leiloeiro, não podendo essa obrigação ser
imputada àquele que ofertou a segunda melhor proposta, porque o vencedor desistiu da arrematação.
DIREITO PENAL
LEI MARIA DA PENHA
▪ Se a mulher vítima de crime de ação pública condicionada comparece ao cartório da vara e manifesta interesse em
se retratar da representação, ainda assim, o juiz deverá designar audiência para que ela confirme essa intenção e
seja ouvido o MP, nos termos do art. 16.
REVISÃO CRIMINAL
▪ A violação a normas processuais não escritas, como é o caso da proibição da supressão de instância, pode ensejar
o ajuizamento de revisão criminal com base no art. 621, I, do CPP.
DIREITO TRIBUTÁRIO
PARCELAMENTO TRIBUTÁRIO
▪ Depois que o contribuinte pedia o parcelamento da Lei 11.941/2009, demorava algum tempo até que o Fisco fizesse
a consolidação do débito; neste período, continuam incidindo juros moratórios sobre a dívida.
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
▪ No empréstimo compulsório sobre energia elétrica (DL 1.512/76), a Eletrobrás deverá pagar juros remuneratórios
de 6% ao ano sobre a diferença de correção monetária não paga nem convertida em ações.
DIREITO ADMINISTRATIVO
Não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de
aposentadoria do servidor público, tais como terço de férias, serviços extraordinários,
adicional noturno e adicional de insalubridade.
STF. Plenário. RE 593068/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 11/10/2018 (repercussão geral
– Tema 163) (Info 919).
O argumento de João foi o de que tais valores que ele recebe não irão “somar” no montante que ele irá
receber quando se aposentar. Em outras palavras, tais valores não influenciam nos proventos de
aposentadoria. Logo, não teria sentido ele pagar contribuição previdenciária sobre valores que não serão
incorporados aos seus proventos.
Vale ressaltar que, no caso concreto, a discussão envolvia verbas anteriores à atual redação da Lei nº
10.887/2004, dada pela Lei nº 12.688/2012.
Contestação da União
A União contestou a demanda alegando que, a partir da EC 41/2003, o regime previdenciário dos
servidores públicos tornou-se expressamente solidário. Isso significa que o servidor paga as contribuições
previdenciárias não apenas para si, mas também para custear o sistema, inclusive os proventos de outros
servidores.
Diante deste caráter de solidariedade, o legislador estaria livre para definir, na lei, as parcelas da
remuneração que estariam sujeitas à contribuição previdenciária, podendo determinar a sua incidência
inclusive sobre verbas eventuais.
A União explicou ainda que o terço de férias, os serviços extraordinários, o adicional noturno e o adicional
de insalubridade somente foram excluídos pelo legislador da incidência de contribuição previdenciária
com a MP 556/2011 (convertida na Lei nº 12.688/2011).
Em outras palavras, antes da MP 556/2001, era permitida a incidência de contribuição previdenciária
sobre terço de férias, serviços extraordinários, adicional noturno e adicional de insalubridade. Esta MP
alterou a Lei nº 10.887/2004 e passou a dizer que sobre tais verbas não incide contribuição previdenciária.
Outro argumento da União foi no sentido de que o § 11 do art. 201 da CF/88 determina que os ganhos
habituais do empregador, a qualquer título, sofrerão a incidência de contribuição previdenciária. Logo,
quando o constituinte utilizou a expressão “a qualquer título”, incluiu também os ganhos habituais com
terço de férias, serviços extraordinários, adicional noturno e adicional de insalubridade.
O STF refutou, contudo, essa alegação e disse o seguinte: as regras do art. 201 da CF/88 aplicam-se para
o regime geral de previdência social. Aqui nós estamos tratando sobre o regime próprio (servidores
públicos).
O regime próprio é disciplinado pelas regras do art. 40 e, somente de forma subsidiária é que podemos
aplicar o art. 201 para o regime previdenciário dos servidores públicos. Nesse sentido é o comando do §
12 do art. 40:
Art. 40 (...)
§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos titulares de
cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de
previdência social. (Redação dada pela EC 41/2003)
Não se pode aplicar o § 11 do art. 201 ao regime próprio porque existe uma regra no § 3º do art. 40 em
sentido contrário, ou seja, determinando a não incidência da contribuição previdenciária sobre as parcelas
não incorporáveis à aposentadoria do servidor público.
Logo, o § 11 do art. 201 não pode ser aplicado subsidiariamente aos servidores públicos em razão da
previsão especial do § 3º do art. 40:
Art. 40 (...)
§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo
ente federativo.
Regime contributivo
O regime previdenciário é contributivo e essa dimensão contributiva do sistema mostra-se incompatível
com a cobrança de qualquer verba previdenciária que não garanta ao segurado algum benefício efetivo
ou potencial ao servidor.
O princípio da solidariedade não é suficiente para afastar esse aspecto, impondo ao contribuinte uma
contribuição que não lhe trará qualquer retorno.
De um lado, o princípio da solidariedade afasta a relação simétrica entre contribuição e benefício. De
outro, o princípio contributivo impede a cobrança de contribuição previdenciária sem que se confira ao
segurado alguma contraprestação, efetiva ou potencial, em termos de serviços ou benefícios.
Nesse contexto, ainda que o princípio da solidariedade seja pedra angular do sistema próprio dos
servidores, não pode esvaziar seu caráter contributivo, informado pelo princípio do custo-benefício, tendo
em conta a necessidade de um sinalagma mínimo, ainda que não importe em perfeita simetria entre o
que se paga e o que se recebe.
Desse modo, deve ser estabelecida a aplicação simétrica do binômio formado entre os princípios da
contributividade e da solidariedade, de forma a prestigiá-los e conjugá-los em um produto final
equilibrado.
Logo, caso o Estado tenha intenção de promover um fortalecimento atuarial, poderá agravar a alíquota
incidente sobre os participantes ou até mesmo aumentar sua participação no custeio, mas não tributar
sobre base não imponível.
O caso julgado pelo STF era, portanto, anterior à vigência da Lei nº 12.688/2012. Isso porque depois dela
não há mais discussão, considerando que tais verbas foram expressamente excluídas da cobrança.
DIREITO CIVIL
USUCAPIÃO
Bem furtado pode ser objeto de usucapião, desde que tenha cessado a clandestinidade
O pedido de João pode ser acolhido? Existe a possibilidade de usucapião sobre bem objeto de furto?
SIM. Vamos entender com calma.
O que é usucapião?
Usucapião é...
- um instituto jurídico por meio do qual a pessoa que fica na posse de um bem (móvel ou imóvel)
- por determinados anos
- agindo como se fosse dono
- adquire a propriedade deste bem ou outros direitos reais a ele relacionados (exs: usufruto, servidão)
- desde que cumpridos os requisitos legais.
Bem furtado pode ser objeto de usucapião, desde que tenha cessado a clandestinidade
Assim, nem sempre será proibido que o bem furtado seja objeto de usucapião.
É necessário analisar, no caso concreto, se houve a cessação da clandestinidade, especialmente quando o
bem furtado é transferido a terceiros de boa-fé.
O exercício ostensivo da posse perante a comunidade, ou seja, a aparência de dono é fato, por si só, apto
a provocar o início da contagem do prazo de usucapião.
Em suma:
É possível a usucapião de bem móvel proveniente de crime após cessada a clandestinidade ou a
violência.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.370-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 10/09/2019 (Info 656).
DIVÓRCIO
A prova documental é o único meio apto a demonstrar
a existência da sociedade de fato entre os sócios
(...) 3. Inaplicabilidade, in casu, da Súmula 377 do STF, pois esta se refere à comunicabilidade dos bens no
regime de separação legal de bens (prevista no art. 1.641, CC), que não é caso dos autos.
3.1. O aludido verbete sumular não tem aplicação quando as partes livremente convencionam a separação
absoluta dos bens, por meio de contrato antenupcial. (...)
STJ. 4ª Turma. REsp 1481888/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 10/04/2018.
Ação de indenização
Foi então que Alessandra ajuizou ação de indenização contra Daniel.
Na ação, Alessandra argumentou que, no início, o restaurante foi instalado na própria residência do casal
e que, durante todos esses anos, ela trabalhou no negócio, sendo uma das responsáveis pelo sucesso do
empreendimento.
Argumentou que os frequentadores do local a identificavam como a personificação do próprio restaurante
e que trabalhou arduamente até a sua saída, que foi simultânea ao fim do casamento, não tendo jamais
recebido em espécie remuneração ou lucro da sociedade, que teria apenas beneficiado o réu, apesar do
esforço comum das partes.
Afirmou que, diante disso, deveria ser considerada como “sócia de fato” ou “dona do negócio”.
Alegou que tem direito aos lucros, pois, independentemente do regime de bens do casamento ou do
recebimento de pro labore, salário ou qualquer outra forma de remuneração, faz jus ao status de “sócia
de fato” do restaurante.
O pedido na ação foi, portanto, para que o réu fosse condenado a pagar em favor da autora uma
indenização no valor de 50% de suas cotas no restaurante e dos frutos dele decorrentes.
Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a
existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo.
A prova escrita constitui requisito indispensável para a configuração da sociedade de fato perante os
sócios entre si.
A prova documental é o único meio apto a demonstrar a existência da sociedade de fato entre os sócios.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.706.812-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 03/09/2019 (Info 656).
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE
Determinada pessoa ajuizou ação de investigação de paternidade contra o suposto pai e esta foi
julgada improcedente; transitou em julgado; o suposto pai morreu; eventual ação rescisória
contra esta sentença deve ser proposta contra os herdeiros (e não contra o espólio)
Essa ação rescisória deverá ser proposta contra o espólio ou contra os herdeiros de João?
Contra os herdeiros.
A ação rescisória de sentença proferida em ação de investigação de paternidade cujo genitor é pré-
morto deve ser ajuizada em face dos herdeiros, e não do espólio.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.667.576-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/09/2019 (Info 656).
Logo, em caso de ação rescisória contra ação de investigação de paternidade, o raciocínio deve ser o
mesmo e a ação deve ser proposta também contra os herdeiros (e não contra o espólio).
Espólio é um mero ente despersonalizado que titulariza a herança até que haja a partilha
O espólio não é parte legítima para responder à ação rescisória em que se pleiteia a rescisão de sentença
e o rejulgamento de ação investigatória de paternidade post mortem na medida em que, nessa ação, nada
será pedido contra o espólio, que tão somente é um ente despersonalizado apto a titularizar a
universalidade jurídica denominada herança até que se efetive a partilha dos bens.
Obs: o espólio é o ente despersonalizado que representa a herança em juízo ou fora dele. Mesmo sem
possuir personalidade jurídica, o espólio tem capacidade para praticar atos jurídicos (ex.: celebrar
contratos no interesse da herança) e tem legitimidade processual (pode estar no polo ativo ou passivo da
relação processual) (FARIAS, Cristiano Chaves. et. al., Código Civil para concursos. Salvador: Juspodivm,
2013, p. 1396).
DIREITO DO CONSUMIDOR
FATO DO PRODUTO
A simples comercialização de alimento industrializado contendo corpo estranho é suficiente
para configuração do dano moral ou é necessária a sua ingestão?
Tema polêmico!
Para ocorrer indenização por danos morais em função do encontro de corpo estranho em
alimento industrializado, é necessária a sua ingestão?
• SIM. Só há danos morais se consumir o corpo estranho. Vale ressaltar que, para gerar danos
morais, a ingestão pode ser apenas parcial. Posição da 4ª Turma do STJ.
STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 489.030/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/04/2015.
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1299401/SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 12/02/2019.
Para ocorrer indenização por danos morais em função do encontro de corpo estranho em alimento
industrializado, é necessária a sua ingestão?
As duas Turmas do STJ que decidem a matéria estão divididas:
SIM NÃO
Só há danos morais se consumir o corpo estranho. A simples comercialização de alimento
Vale ressaltar que, para gerar danos morais, a industrializado contendo corpo estranho é
ingestão pode ser apenas parcial. suficiente para configuração do dano moral.
Posição da 4ª Turma do STJ. Posição da 3ª Turma do STJ.
Ausente a ingestão do produto considerado A aquisição de produto de gênero alimentício
impróprio para o consumo em virtude da presença contendo em seu interior corpo estranho,
de corpo estranho, não se configura o dano moral expondo o consumidor a risco concreto de lesão à
indenizável. sua saúde e segurança, ainda que não ocorra a
ingestão de seu conteúdo, dá direito à
Não há dano moral na hipótese de aquisição de compensação por dano moral, dada a ofensa ao
gênero alimentício com corpo estranho no interior direito fundamental à alimentação adequada,
da embalagem se não ocorre a ingestão do corolário do princípio da dignidade da pessoa
produto considerado impróprio para consumo, humana. Caso concreto: Danoninho com inseto.
visto que referida situação não configura STJ. 3ª Turma. REsp 1828026/SP, Rel. Min. Nancy
desrespeito à dignidade da pessoa humana, Andrighi, julgado em 10/09/2019 (Info 656).
desprezo à saúde pública ou mesmo descaso para
com a segurança alimentar. Exemplo: encontrar larvas no interior de bombom
A ausência de ingestão de produto impróprio para no momento de sua retirada da embalagem.
o consumo configura, em regra, hipótese de mero STJ. 3ª Turma. REsp 1744321/RJ, Rel. Min. Nancy
dissabor vivenciado pelo consumidor, o que afasta Andrighi, julgado em 05/02/2019.
eventual pretensão indenizatória decorrente de
alegado dano moral. Exemplo: no interior de garrafa de refrigerante
STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 489.030/SP, Rel. lacrada havia um inseto.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/04/2015. STJ. 3ª Turma. REsp 1768009/MG, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 07/05/2019.
A ingestão, ainda que parcial, de alimento
contaminado pela presença de larvas de inseto O simples ato de “levar à boca” o alimento
constitui dano moral in re ipsa. Neste caso, a industrializado com corpo estranho gera dano moral
indenização foi de R$ 12 mil. in re ipsa, independentemente de sua ingestão.
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1299401/SP, Rel. STJ. 3ª Turma. REsp 1644405/RS, Rel. Min. Nancy
Min. Raul Araújo, julgado em 12/02/2019. Andrighi, julgado em 09/11/2017.
Obs: apesar da divisão do tema nas Turmas do STJ, arriscaria dizer que a segunda corrente é majoritária.
Assim, a simples comercialização de alimento industrializado contendo corpo estranho é suficiente para
configuração do dano moral.
SERVIÇOS BANCÁRIOS
Consumidor comprou um produto pela internet e que nunca foi entregue;
o banco não pode ser responsabilizado solidariamente pelo simples fato de
o pagamento ter sido feito mediante boleto bancário
Banco não é responsável por fraude em compra on-line paga via boleto quando não se verificar
qualquer falha na prestação do serviço bancário.
Caso concreto: o consumidor comprou, pela internet, um produto de uma loja virtual. Ocorre
que a loja não entregou a mercadoria. O consumidor pretendia a responsabilidade solidária
do banco pelos danos sofridos em razão de o pagamento ter sido realizado por boleto
bancário. O STJ não concordou.
O banco não pode ser considerado um fornecedor da relação de consumo que causou prejuízos
ao consumidor, pois não se verifica qualquer falha na prestação de seu serviço bancário
apenas por ter emitido o boleto utilizado para pagamento.
Não pertencendo à cadeia de fornecimento em questão, não há como responsabilizar o banco
pelos produtos não recebidos. Ademais, também não se pode considerar esse suposto
estelionato como uma falha no dever de segurança dos serviços bancários.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.786.157-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/09/2019 (Info 656).
O pedido de João foi acolhido pelo STJ? A instituição bancária tem responsabilidade neste caso?
NÃO.
Assim, as instituições financeiras são consideradas objetivamente responsáveis por danos decorrentes de
sua atividade bancária. Por atividade bancária, devemos entender o conjunto de práticas, atos ou
contratos executados por instituições bancárias.
Em complementação, a doutrina define como instituição bancária “a empresa que, com fundos próprios
ou de terceiros, faz da negociação de créditos sua atividade principal, de onde se dessume competir-lhe,
dentro de suas prerrogativas profissionais, também o exercício das acessórias, que, não se contendo
dentro das creditícias, atendem à finalidade de atrair o cliente para elas.” (ABRÃO, Nelson. Direito
bancário. São Paulo: Saraiva, 15ª ed., 2014).
Se fôssemos considerar como falha, teríamos que dizer que todos os bancos operando no território
nacional, incluindo operadoras de cartão de crédito, seriam solidariamente responsáveis pelos vícios,
falhas e acidentes de produtos e serviços que forem adquiridos, utilizando-se um meio de pagamento
disponibilizado por essas empresas, o que, definitivamente, não encontra guarida na legislação de defesa
do consumidor.
Em suma:
Banco não é responsável por fraude em compra on-line paga via boleto quando não se verificar qualquer
falha na prestação do serviço bancário.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.786.157-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/09/2019 (Info 656).
PLANO DE SAÚDE
Ex-empregado (demitido ou aposentado) pode ter direito de continuar no plano de saúde
coletivo que era oferecido aos funcionários; contudo, se a empresa e a operadora rescindirem o
contrato para todos, esse ex-empregado também não terá mais direito de continuar
A Unimed notificou João, informando-o que ele não mais teria direito ao plano, salvo se quisesse fazer um
novo contrato individual, com outras condições.
João não se conformou e ingressou com ação de obrigação de fazer pedindo a manutenção do plano com
as mesmas condições de que gozava antes da sua aposentadoria.
A única “garantia” que João terá será a de poder contratar um plano individual ou familiar com a
operadora sem precisar cumprir carência, nos termos da Resolução 19/99 do Conselho de Saúde
Suplementar.
Em suma:
Inviável a manutenção do ex-empregado como beneficiário do plano de saúde coletivo após a rescisão
contratual da pessoa jurídica estipulante com a operadora do plano.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.898-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/09/2019 (Info 656).
DIREITO EMPRESARIAL
FUNDO DE INVESTIMENTO
O administrador de um Fundo encerrado possui legitimidade para ser réu em ação de reparação
de danos proposta por credor do Fundo que alega que a liquidação não foi correta considerando
que, antes de haver a partilha do saldo entre os cotistas, deveria lhe ter sido paga uma dívida
As condições da ação, aí incluída a legitimidade, devem ser aferidas com base na teoria da asserção, isto
é, à luz das afirmações deduzidas na petição inicial.
No caso concreto, o administrador do Fundo foi demandado pelo fato de ter realizado a liquidação do
fundo de investimento, mediante distribuição do patrimônio líquido entre os cotistas, sem o prévio
pagamento de um suposto passivo.
No entanto, a Instrução CVM n. 391/2003, que primeiro tratou especificamente dos Fundos de
Investimento em Participações (FIPs), já incluía entre as obrigações do administrador o dever de “cumprir
e fazer cumprir todas as disposições do regulamento do fundo” (art. 14, XV).
Desse modo, a satisfação integral do passivo antes da partilha do patrimônio líquido entre os cotistas está,
em regra, inserida entre as atribuições do administrador, sendo dele a responsabilidade, em tese, por
eventuais prejuízos que guardem nexo de causalidade com a sua inobservância.
COMPETÊNCIA
Compete à 1ª Seção do STJ (que aprecia matérias de direito público) julgar recurso no qual se
discute a contratação ou não de aprovado em processo seletivo realizado por entidade do
Sistema S (no caso, o SEBRAE)
Compete à Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça processar e julgar feitos relativos à
contratação de candidatos inscritos em processo seletivo público para preenchimento de
cargos em entidades do Sistema S.
O dirigente de entidade do Sistema S, como o Sebrae, ao praticar atos em certame público para
ingresso de empregados, está a desempenhar ato típico de direito público, vinculando-se ao
regime jurídico administrativo.
STJ. Corte Especial. CC 157.870-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 21/08/2019 (Info 656).
Órgãos do STJ
O STJ é dividido em órgãos julgadores internos da seguinte forma:
CORTE ESPECIAL SEÇÕES TURMAS
Composta pelos 15 Ministros mais Existem três Seções no STJ Existem seis Turmas no STJ (da
antigos do STJ. (Primeira, Segunda e Terceira). Primeira até a Sexta).
Cada Seção abrange duas Turmas. Cada Turma é composta por 5
1ª Seção: engloba a 1ª e 2ª Turmas. Ministros, sendo divididas por
2ª Seção: abrange a 3ª e 4ª Turmas. assunto (cada Turma é
3ª Seção: inclui a 5ª e 6ª Turmas. especializada em certos temas).
Suas competências estão previstas Suas competências estão previstas Suas competências estão previstas
no art. 11 do RISTJ. no art. 12 do RISTJ. no art. 13 do RISTJ.
Principais competências: Principais competências: As Turmas julgam todos os
• julgar as ações penais de • mandado de segurança contra ato processos do STJ que não se
competência originária do STJ (ex: de Ministro de Estado; enquadram nas competências das
Governadores, Desembargadores, • Conflitos de competência que são Seções e da Corte Especial.
Conselheiros do TCE etc.); de atribuição do STJ (ex: conflito de Assim, por exemplo, em regra,
• embargos de divergência se a competência entre juiz de direito e todos os recursos especiais que não
divergência for entre Turmas de juiz federal); sejam “repetitivos” são julgados
Seções diversas, entre Seções, entre • recursos especiais repetitivos que pelas Turmas.
Turma e Seção que não integre ou envolvam os assuntos das Turmas Da mesma forma, a maioria dos
entre Turma e Seção com a própria que compõe aquela Seção. habeas corpus são apreciados pelas
Corte Especial. Turmas.
• Licitações e contratos • domínio, posse e direitos reais À Terceira Seção cabe processar e
administrativos; sobre coisa alheia, salvo quando se julgar os feitos relativos à matéria
• nulidade ou anulabilidade de atos tratar de desapropriação; penal em geral, salvo os casos de
administrativos; • obrigações em geral de direito competência originária da Corte
• ensino superior; privado, mesmo quando o Estado Especial e os habeas corpus de
• inscrição e exercício profissionais; participar do contrato; competência das Turmas que
• direito sindical; • responsabilidade civil (sem ser do compõem a Primeira e a Segunda
• nacionalidade; Estado); Seção.
• desapropriação; • direito de família e sucessões; Assim, ficam responsáveis por julgar
• responsabilidade civil do Estado; • direito do trabalho; os processos criminais.
• tributos de modo geral; • propriedade industrial;
• preços públicos e multas de • sociedades;
qualquer natureza; • comércio em geral, instituições
• servidores públicos civis e financeiras e mercado de capitais;
militares; • falências;
• habeas corpus referentes às • títulos de crédito;
matérias de sua competência; • registros públicos, mesmo quando
• benefícios previdenciários; o Estado participar da demanda;
• direito público em geral. • locação predial urbana;
• habeas corpus referentes às
matérias de sua competência;
• direito privado em geral.
Voltando ao caso concreto. O que decidiu a Corte Especial a respeito deste conflito? De quem é a
competência para julgar este recurso especial?
Da 1ª Turma (1ª Seção).
Compete à Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça processar e julgar feitos relativos à
contratação de candidatos inscritos em processo seletivo público para preenchimento de cargos em
entidades do Sistema S.
STJ. Corte Especial. CC 157.870-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 21/08/2019 (Info 656).
AÇÃO RESCISÓRIA
Juiz que não declara, de ofício, prescrição na ação de cobrança não viola literal disposição de lei
para fins de ação rescisória, com base no art. 485, V, CPC/1973
Ação rescisória
Alguns meses depois, Pedro ajuizou ação rescisória alegando que quando João propôs a ação de cobrança
contra ele, a pretensão já estava prescrita, considerando que já haviam-se passado mais de 3 anos, nos
termos do art. 206, § 3º, V, do Código Civil:
Art. 206 (...)
§ 3º Em três anos:
(...)
V - a pretensão de reparação civil;
Argumentou que, independentemente da revelia havida nos autos originais, o art. 219, § 5º, do CPC/1973
determinava que o juiz deveria pronunciar, de ofício, a prescrição, já que se tratava de matéria de ordem
pública:
Art. 219. (...)
§ 5º O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição.
Como o magistrado não agiu dessa forma, houve violação literal do referido dispositivo legal.
Logo, caberia ação rescisória, com fundamento no art. 485, V, CPC/1973 (art. 966, V, CPC/2015):
CPC/1973 CPC/2015
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em Art. 966. A decisão de mérito, transitada em
julgado, pode ser rescindida quando: julgado, pode ser rescindida quando:
(...) (...)
V - violar literal disposição de lei; V - violar manifestamente norma jurídica;
Assim, a possibilidade que havia no CPC/1973 de o juiz reconhecer de ofício a prescrição tinha por objetivo
dar mais celeridade, efetividade e economia processual. A despeito disso, o fato de o magistrado não
reconhecer, de ofício, a prescrição não pode ser tido como ofensa à literalidade do § 5º do art. 219 do
CPC/1973, a subsidiar ação rescisória, com fulcro no art. 485, V, CPC/1973 (art. 966, V, CPC/2015). Isso
porque o art. 219, § 5º do CPC/1973, que autorizava o juiz a pronunciar, de ofício, a prescrição, não
representava um dever do magistrado. Tratava-se de uma possibilidade ligada, como já dito, à celeridade
processual.
Para que houvesse violação literal de lei era necessário que o juiz deliberasse sobre o tema
A violação literal de lei, como fundamento da ação rescisória, pressupõe que o órgão julgador delibere
sobre a questão posta, conferindo indevida aplicação a determinado dispositivo legal ou deixando de
aplicar preceito legal que, supostamente, segundo a compreensão do autor da rescisória, melhor resolva
a matéria.
Em uma ou outra situação, é indispensável que a questão aduzida na ação rescisória tenha sido objeto de
deliberação na ação rescindenda, o que não se confunde com exigência de prequestionamento do
dispositivo legal apontado.
No caso concreto, a questão relacionada à prescrição, embora fosse possível, não foi tratada, de ofício,
pelo juiz, tampouco foi suscitada por qualquer das partes, não tendo havido, assim, nenhuma deliberação
sobre a matéria na ação original.
Não cabe o manejo de ação rescisória, sob a tese de violação literal de lei, se a questão a qual o preceito
legal apontado na ação rescisória deveria supostamente regular não foi objeto de nenhuma deliberação
na ação originária.
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício.
AGRAVO DE INSTRUMENTO
A parte pede que o juiz suspenda o processo alegando prejudicialidade externa (art. 313, V, “a”,
CPC/2015); magistrado indefere; esse pronunciamento não pode ser equiparado a uma decisão
sobre tutela provisória; logo, não cabe agravo de instrumento contra ele com base no inciso I do
art. 1.015 do CPC/2015
A empresa “B2” argumentou que está configurada a chamada “prejudicialidade externa” entre as ações.
Isso porque a existência da ação de rescisão é uma questão prejudicial (externa), cuja solução irá interferir
no resultado da execução.
O pedido do recorrente foi aceito pelo STJ? Cabe agravo de instrumento neste caso? Pode-se dizer que
decisão que indefere o pedido de suspensão do processo é uma decisão que versa sobre tutela provisória
de urgência de natureza cautelar?
NÃO.
A decisão interlocutória que indefere o pedido de suspensão do processo em razão de questão prejudicial
externa não equivale à tutela provisória de urgência de natureza cautelar e, assim, não é imediatamente
recorrível por agravo de instrumento com fundamento no art. 1.015, I, do CPC/2015.
Conceito de decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória é amplo, mas não abrange pedidos
de suspensão do processo por prejudicialidade externa
Embora o conceito de “decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória” (art. 1.015, I) seja bastante
amplo e abrangente, ele não inclui a decisão que resolve se suspende ou não o processo por conta de uma
questão prejudicial externa. Isso não é tutela provisória. São institutos jurídicos ontologicamente distintos.
Desse modo, a decisão interlocutória que versa sobre suspensão do processo por prejudicialidade externa,
fundada em segurança jurídica, em nada se relaciona com a decisão interlocutória que versa sobre tutela
provisória, fundada em urgência ou evidência, não sendo o mero risco de prolação de decisões conflitantes
ou a hipotética e superveniente perda de objeto elementos hábeis a comprometer o resultado útil do
processo.
Executado poderá demonstrar a presença dos requisitos processuais para a suspensão dos efeitos do
título
Vimos acima que o executado não tem o direito subjetivo de conseguir a suspensão por prejudicialidade.
No entanto, o executado tem uma outra providência processual que pode ser manejada. Ele poderá, na
ação de conhecimento por ele ajuizada, demonstrar a presença dos requisitos processuais para a
concessão de tutela provisória que suste a produção de efeitos do título em que se funda a execução.
Informativo 656-STJ (11/10/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 23
Informativo
comentado
Veja bem. Nesta segunda hipótese, não se está buscando suspender a execução por prejudicialidade
externa. O que se está pedindo é a suspensão da exigibilidade do título. O autor da ação de rescisão
demonstra que seus argumentos são muito fortes e o juiz decide suspender a exigibilidade do título (não
por prejudicialidade externa), mas sim porque foi demonstrada a probabilidade do direito.
Neste segundo caso (pedido para suspender a exigibilidade do título), caso o juiz negue ou defira o pleito,
caberia agravo de instrumento com base no art. 1.015, I, do CPC/2015.
Esclarecimento adicional
O acórdão do STJ não menciona isso. No entanto, particularmente, penso que caberia agravo de
instrumento no caso concreto, com base no parágrafo único do art. 1.015 do CPC/2015:
Art. 1.015 (...)
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias
proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de
execução e no processo de inventário.
Isso porque o executado pediu ao juiz da execução a suspensão do processo e o magistrado indeferiu o
pleito. Logo, houve a prolação de uma decisão interlocutória no processo de execução, atraindo o
cabimento de agravo de instrumento, não com base no inciso I do art. 1.015, mas sim com fundamento
no parágrafo único.
O STJ não tratou sobre o tema porque o recorrente alegava violação do inciso I do art. 1.015, de forma
que não poderia o Tribunal “salvar” o cabimento do recurso, enquadrando-o em outro dispositivo legal.
Este último ponto, contudo, é apenas uma observação pessoal e que não constou no voto.
EMBARGOS À EXECUÇÃO
A protocolização dos embargos à execução nos autos
da própria ação executiva constitui vício sanável
Os embargos à execução deverão ser propostos nos próprios autos da execução ou em autos
apartados? Em autos apartados. É o que diz expressamente o § 1º do art. 914 do CPC/2015:
Art. 914 (...) § 1º Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em
apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser
declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal.
Se o embargante (executado) apresenta, de forma incorreta, os embargos à execução nos
próprios autos da execução, o juiz não deverá rejeitar liminarmente esses embargos.
O magistrado deverá conceder prazo para que a parte faça o desentranhamento dos embargos
e promova a sua distribuição em autos apartados, por dependência. Isso porque a propositura
dos embargos à execução nos próprios autos da execução configura vício sanável, que pode
ser, portanto, corrigido.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.807.228-RO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/09/2019 (Info 656).
Processo de execução
O procedimento para execução de quantia pode ser realizado de duas formas:
a) execução de quantia fundada em título executivo judicial (chamada de “cumprimento de sentença”).
b) execução de quantia fundada em título executivo extrajudicial;
Vale ressaltar que a pessoa executada poderá se defender ainda por meio de:
• exceção de não-executividade (exceção de pré-executividade / objeção de pré-executividade); ou
• ações autônomas (a chamada defesa heterotópica do executado).
2) O executado pode apresentar embargos à execução mesmo que não tenha havido penhora, depósito
ou caução. Em outras palavras, não é necessária a garantia do juízo.
3) Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com
cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas pelo advogado, sob sua
responsabilidade pessoal.
8) Se o juiz receber os embargos, em seguida ele deverá intimar o exequente para se manifestar no prazo
de 15 dias.
9) A depender dos argumentos invocados pelo embargante, pode ser necessária ou não a realização de
audiência de instrução:
- Se for necessária a audiência, o juiz designa e, só após a sua realização, profere a sentença;
- Se não for necessária a audiência, o juiz julgará imediatamente o pedido.
10) Os embargos à execução são decididos por meio de SENTENÇA e o recurso cabível contra esse
julgamento é a APELAÇÃO.
Feita esta breve revisão, indaga-se: os embargos à execução deverão ser propostos nos próprios autos
da execução ou em autos apartados?
Em autos apartados. É o que diz expressamente o § 1º do art. 914 do CPC/2015:
Art. 914 (...)
§ 1º Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e
instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas
pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal.
Se o embargante (executado) apresenta, de forma incorreta, os embargos à execução nos próprios autos
da execução, o juiz deverá rejeitar liminarmente esses embargos?
NÃO.
Não se mostra razoável deixar de apreciar os argumentos apresentados nos embargos à execução pelo
simples fato de eles terem sido opostos, de forma errônea, nos autos da própria ação de execução.
Sendo cometido esse erro, o juiz deverá conceder à parte prazo para sanar o vício, adequando o
procedimento à forma prescrita no art. 914, § 1º, do CPC/2015.
O art. 277 do CPC/2015 preceitua que, quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará
válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.
A propositura equivocada dos embargos deve ser analisada à luz dos princípios da instrumentalidade das
formas e da economia processual, de modo que a sua rejeição liminar configuraria excesso de formalismo.
Assim, deve-se conceder prazo para que a parte promova o desentranhamento, distribuição por
dependência e autuação em apartado dos embargos à execução opostos, em conformidade com as
exigências legais quanto à forma de processamento.
ARREMATAÇÃO
O arrematante do bem é o responsável pelo pagamento da comissão do leiloeiro, não podendo
essa obrigação ser imputada àquele que ofertou a segunda melhor proposta, porque o vencedor
desistiu da arrematação
Nos termos do art. 879 do CPC, a alienação do bem penhorado pode ser feita por:
a) iniciativa particular ou
b) em leilão judicial.
No caso concreto, foi realizado o leilão judicial, e nele foram oferecidos dois lances, inaugurando a fase de
licitação entre eles, nos termos do § 2º do art. 892 do CPC:
Art. 892. Salvo pronunciamento judicial em sentido diverso, o pagamento deverá ser realizado de
imediato pelo arrematante, por depósito judicial ou por meio eletrônico.
(...)
§ 2º Se houver mais de um pretendente, proceder-se-á entre eles à licitação, e, no caso de
igualdade de oferta, terá preferência o cônjuge, o companheiro, o descendente ou o ascendente
do executado, nessa ordem.
Desse dispositivo legal pode-se extrair que será considerado arrematante aquele que ofertar o maior lance.
A doutrina de Fredie Didier Jr., Leonardo Carneiro da Cunha, Paula Sarno Braga e Rafael Alexandria de
Oliveira esclarece:
“Não havendo nenhum pretendente com direito de preferência ou se, havendo, esse pretendente
não ofereceu proposta equivalente ao maior preço ofertado, o concurso será resolvido por
licitação entre os pretendentes (art. 892, § 2º, CPC): vence quem oferecer o maior valor. No caso
de igualdade de oferta, terá preferência o cônjuge, o companheiro (o que inclui a relação
homoafetiva), o descendente ou o ascendente do executado, nessa ordem.” (Curso de Direito
Processual Civil. Vol. 5, Salvador: JusPodivm: 2019, p. 965)
A desistência de Pedro não torna Hugo, autor da segunda proposta, arrematante de forma automática.
Não há previsão no CPC para a sucessão dos participantes.
Dessa forma, o segundo proponente não pode ser considerado arrematante, seja por não ter ofertado o
maior valor no leilão, seja por ter sido expressamente excluído do certame pelo exequente e pelos
executados, razão pela qual não lhe pode ser imputada a obrigação pelo pagamento da comissão do leiloeiro.
DIREITO PENAL
LEI MARIA DA PENHA
Se a mulher vítima de crime de ação pública condicionada comparece ao cartório da vara e
manifesta interesse em se retratar da representação, ainda assim o juiz deverá designar
audiência para que ela confirme essa intenção e seja ouvido o MP, nos termos do art. 16
Importante!!!
A Lei Maria da Penha autoriza, em seu art. 16, que, se o crime for de ação pública condicionada
(ex: ameaça), a vítima possa se retratar da representação que havia oferecido, desde que faça
isso em audiência especialmente designada, ouvido o MP. Veja:
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta
Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente
designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
Não atende ao disposto neste art. 16 a retratação da suposta ofendida ocorrida em cartório de
Vara, sem a designação de audiência específica necessária para a confirmação do ato.
Em outras palavras, se a vítima comparece ao cartório e manifesta interesse em se retratar,
ainda assim o juiz deverá designar a audiência para ouvir a ofendida e o MP, não podendo
rejeitar a denúncia sem cumprir esse procedimento.
STJ. 5ª Turma. HC 138.143-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/09/2019 (Info 656).
Por essa razão, a suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de
delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. Nesse sentido:
Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de
delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
Alguns de vocês podem estar se perguntando: “eu já ouvi dizer que a lesão corporal leve é crime de ação
pública condicionada, salvo no caso de violência doméstica”. Isso significa que todo crime praticado
contra a mulher envolvendo violência doméstica será de ação pública incondicionada?
NÃO.
Realmente, a lesão corporal leve cometida em detrimento da mulher, no âmbito doméstico e familiar, é
crime de ação pública incondicionada. Isso porque o art. 88 da Lei nº 9.099/95 não se aplica para os casos
de violência doméstica:
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação
a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
Por outro lado, é errado dizer que todos os crimes praticados contra a mulher, em sede de violência
doméstica, serão de ação penal incondicionada. Continuam existindo crimes praticados contra a mulher
(em violência doméstica) que são de ação penal condicionada, desde que a exigência de representação
esteja prevista no Código Penal ou em outras leis, que não a Lei nº 9.099/95.
Assim, por exemplo, a ameaça praticada pelo marido contra a mulher continua sendo de ação pública
condicionada porque tal exigência consta do parágrafo único do art. 147 do CP.
O que a Súmula nº 542 do STJ afirma é que o delito de LESÃO CORPORAL praticado com violência
doméstica contra a mulher é sempre de ação penal incondicionada porque o art. 88 da Lei nº 9.099/95
não pode ser aplicado aos casos da Lei Maria da Penha.
Em suma:
Não atende ao disposto no art. 16 da Lei Maria da Penha a retratação da suposta ofendida ocorrida em
cartório de Vara, sem a designação de audiência específica necessária para a confirmação do ato.
STJ. 5ª Turma. HC 138.143-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/09/2019 (Info 656).
LITISPENDÊNCIA
A pendência de julgamento de litígio no exterior não impede, por si só, o processamento da
ação penal no Brasil, não configurando bis in idem
incriminatório universal, em que as fronteiras não sejam obstáculo para a justiça ou refúgio para a
impunidade.
Uma dessas mudanças diz respeito aos limites de aplicação do ne bis in idem, a um primeiro olhar mais
restritos, quando aplicados no âmbito da jurisdição transnacional do que em sua corrente incidência
dentro de cada ordenamento jurídico.
Nesse contexto, pela análise de normativas internacionais incorporadas e vigentes no ordenamento
jurídico brasileiro, constata-se a regra de que é a sentença definitiva oriunda de distintos Estados
soberanos – e não a existência de litígio pendente de julgamento – que pode obstar a formação, a
continuação ou a sobrevivência da relação jurídica processual que configuraria a litispendência.
Em suma:
A pendência de julgamento de litígio no exterior não impede, por si só, o processamento da ação penal
no Brasil, não configurando bis in idem.
STJ. 6ª Turma. RHC 104.123-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/09/2019 (Info 656).
REVISÃO CRIMINAL
A violação a normas processuais não escritas, como é o caso da proibição da supressão de
instância, pode ensejar o ajuizamento de revisão criminal, com base no art. 621, I, do CPP
Importante!!!
O art. 621, I, do CPP prevê que cabe revisão criminal “quando a sentença condenatória for
contrária ao texto expresso da lei penal”.
É admissível a revisão criminal fundada no art. 621, I, do CPP ainda que, sem indicar nenhum
dispositivo de lei penal violado, suas razões apontem tanto a supressão de instância quanto a
ausência de esgotamento da prestação jurisdicional.
Isso porque a expressão “texto expresso da lei penal” prevista no art. 621, I, do CPP é ampla e
abrange também as normas processuais não estão escritas.
STJ. 3ª Seção. RvCr 4.944-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/09/2019 (Info 656).
Natureza jurídica
A revisão criminal NÃO é um recurso.
Trata-se de uma ação autônoma de impugnação, mais precisamente uma ação penal de natureza
constitutiva (tem por objetivo desconstituir uma decisão transitada em julgado).
Pressupostos:
A revisão criminal tem dois pressupostos:
a) existência de decisão condenatória (ou absolutória imprópria) com trânsito em julgado;
b) demonstração de que houve erro judiciário.
Hipóteses
As hipóteses de revisão criminal estão previstas no art. 621 do CPP:
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos
autos;
Informativo 656-STJ (11/10/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 33
Informativo
comentado
Obs: o art. 263 do Regimento Interno do STF reproduz essas três hipóteses.
Recurso especial do MP
O Ministério Público interpôs recurso especial contra o acórdão do TJ.
O STJ deu provimento ao recurso especial do MP e afastou o princípio da insignificância e reestabeleceu a
condenação imposta.
O processo transitou em julgado.
Revisão criminal
João ingressou, então, com revisão criminal, fundada no art. 621, I, do CPP, alegando que o STJ, ao dar
provimento ao recurso especial do MP e rejeitar a aplicação do princípio da insignificância, deveria ter
determinado o retorno dos autos ao Tribunal de Justiça para que continuasse o julgamento do recurso.
Isso porque na apelação a defesa formulou dois pedidos: absolvição e redução da pena.
Se o STJ entendeu que não era o caso de absolvição pelo princípio da insignificância, deveria ter permitido
que o TJ analisasse o pleito subsidiário da defesa para redução da pena. Como o STJ não permitiu isso,
houve supressão de instância.
O MP afirmou que a revisão criminal não deveria ser conhecida porque o inciso I do art. 621 do CPP fala
que cabe a revisão “quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal”. A
defesa, contudo, não indicou nenhum dispositivo de lei penal que teria sido violado.
• e também normas processuais não estão escritas, que podem ser depreendidas do sistema processual
como um todo. Exemplos: o direito ao duplo grau de jurisdição, a proibição de supressão de instância, a
obrigação do julgador de produzir uma prestação jurisdicional completa e relacionada ao pedido veiculado
na inicial etc.
Desse modo, a violação a normas processuais não escritas, como é o caso da proibição da supressão de
instância, pode também ensejar o ajuizamento de revisão criminal, com base no art. 621, I, do CPP.
Em suma:
É admissível a revisão criminal fundada no art. 621, I, do CPP, ainda que, sem indicar nenhum dispositivo
de lei penal violado, suas razões apontem tanto a supressão de instância quanto a ausência de
esgotamento da prestação jurisdicional.
STJ. 3ª Seção. RvCr 4.944-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/09/2019 (Info 656).
Obs: no mérito, o STJ julgou procedente a revisão criminal para que seja desconstituída a coisa julgada na
parte referente à fixação da pena e seja determinado que o TJ prossiga no julgamento das demais teses
defensivas apresentadas quando da interposição do recurso de apelação, pertinentes à dosimetria da pena.
DIREITO TRIBUTÁRIO
PARCELAMENTO TRIBUTÁRIO
Depois que o contribuinte pedia o parcelamento da Lei 11.941/2009, demorava algum tempo
até que o Fisco fizesse a consolidação do débito; neste período, continuam incidindo juros
moratórios sobre a dívida
Desse modo, esse art. 1º prevê a possibilidade de parcelamento, em até 180 parcelas mensais, dos débitos
relacionados com tributos federais.
Como o volume de requerimentos foi muito grande, depois que o contribuinte pedia o parcelamento, a
Receita Federal demorava alguns meses para fazer a chamada “consolidação do débito”, ou seja, para
calcular exatamente quanto a empresa estava devendo e o valor exato das parcelas que ela deveria pagar.
Enquanto não ocorria essa consolidação do débito, a empresa deveria ficar pagando, obrigatoriamente,
uma parcela mínima no valor de R$ 100,00.
Assim, a empresa “XX” pediu o parcelamento e ficou pagando a parcela mínima de R$ 100,00.
Depois de 6 meses, a Receita Federal consolidou o débito e afirmou para a empresa “XX”: agora, você
deverá pagar uma prestação mensal de R$ 3 mil.
Foi, então, que a empresa “XX” notou que, nos 6 meses que ela ficou esperando a consolidação do débito,
continuaram incidindo juros moratórios sobre a sua dívida.
A empresa não concordou e ajuizou ação contra a União afirmando que, neste período, não deveriam
incidir juros moratórios, considerando que ela não estava em atraso. Ela estava aguardando uma
providência do Fisco, qual seja, a consolidação do débito para iniciar o pagamento das parcelas cheias.
Qual é o entendimento do STJ a respeito do tema? No período que o contribuinte está aguardando a
consolidação do débito continuam incidindo juros de mora?
SIM.
Incidem juros moratórios no período entre o requerimento de adesão e a consolidação do débito a ser
objeto do parcelamento tributário instituído pela Lei nº 11.941/2009.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.523.555-PE, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 13/08/2019 (Info 656).
Nos termos do art. 155-A, caput e § 1º, do CTN, o parcelamento tributário deve ser concedido na forma e
condição estabelecidas em lei específica e, em regra, não importa exclusão de juros e multas.
A regra geral é que incida atualização monetária no parcelamento do crédito tributário, a menos que a lei
disponha de modo diverso.
A Lei nº 11.941/2009 não previu a dispensa dos juros moratórios no período entre a adesão e a
consolidação da dívida.
À mingua de previsão específica na lei do parcelamento, não se pode mesmo determinar a exclusão dos
juros de mora calculados no período entre a adesão e a consolidação da dívida, sob pena de criar mais um
benefício ao devedor não estabelecido pelo legislador.
Embora o contribuinte não tenha contribuído para a demora entre o requerimento e a consolidação, tal
fato não implica a inexigibilidade dos juros moratórios que seriam devidos, ordinariamente, no decorrer
do parcelamento.
Desta forma, os débitos para com o Fisco Federal, antes que sejam consolidados no programa de
parcelamento instituído pela Lei nº 11.941/09, ficam sim sujeitos à incidência de juros de mora, calculados
com base na Taxa SELIC, consoante o teor do art. 61, § 6º, da Lei nº 9.430/96.
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
No empréstimo compulsório sobre energia elétrica (DL 1.512/76), a Eletrobrás deverá pagar
juros remuneratórios de 6% ao ano sobre a diferença de correção monetária não paga nem
convertida em ações
No empréstimo compulsório sobre energia elétrica, são devidos juros remuneratórios sobre
a diferença de correção monetária não paga nem convertida em ações, no percentual de 6%
ao ano, nos termos do art. 2º do Decreto-Lei nº 1.512/76.
STJ. 1ª Seção. EDv nos EAREsp 790.288-PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 12/06/2019 (Info 656).
... a União poderá tomar emprestados recursos do contribuinte, comprometendo-se a aplicar o valor
arrecadado em uma dessas despesas.
Nisso consiste o empréstimo compulsório, que é uma espécie de tributo prevista no art. 148 da CF/88:
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa
ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional,
observado o disposto no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será
vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
A lei complementar que instituir o empréstimo compulsório já deverá fixar o seu prazo e as condições de
resgate (art. 15, parágrafo único, do CTN).
Em outras palavras, o consumidor que pagou o empréstimo compulsório não receberia de volta em
dinheiro, mas sim em ações preferenciais nominativas da Eletrobrás.
Em suma:
No empréstimo compulsório sobre energia elétrica, são devidos juros remuneratórios sobre a diferença
de correção monetária não paga nem convertida em ações, no percentual de 6% ao ano, nos termos do
art. 2º do Decreto-Lei n. 1.512/1976.
STJ. 1ª Seção. EDv nos EAREsp 790.288-PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 12/06/2019 (Info 656).
EXERCÍCIOS
Gabarito
1. E 2. C 3. E 4. C 5. C 6. E 7. C 8. C 9. E 10. C
11. C 12. C 13. E 14. E