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Ministério da Ciência e Tecnologia

Coordenação de Apoio Tecnológico a Micro e Pequena Empresa - CATE

ROCHAS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTOS

Francisco Wilson Hollanda Vidal


Fernando Antônio Castelo Branco Sales
Fernando Antônio da Costa Roberto

Rio de Janeiro
Dezembro/2005

CT2005-172-00 – Contribuição Técnica elaborada para o Livro Rochas e


Minerais Industriais do Ceará, páginas 25-47.

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ROCHAS ORNAMENTAIS E DE
REVESTIMENTOS
FRANCISCO WILSON HOLLANDA VIDAL¹
FERNANDO ANTONIO C. BRANCO SALES²
FERNANDO ANTONIO DA COSTA ROBERTO³

As rochas ornamentais e de As rochas ornamentais, de um


revestimentos, também designadas como
pedras naturais, rochas lapídeas, rochas
dimensionadas e materiais de cantaria, 1
Doutor em Engenharia de Minas e Pesquisador do Centro de tecnol
abrangem os tipos litológicos que podem grupos que representam 90% da produção
² Mestre em Geografia do Departamento de Geociência da Universid
ser extraídos em blocos ou placas, mundial:
³ Mestre emMármores e Granitos.
Geologia e Geólogo Estes nãoNacional de Prod
do Departamento
cortados e beneficiados em formas modo geral, são dividas em 2 grandes
variadas. Seus principais campos de grupos que representam 90% da produção
aplicação incluem tanto a confecção de mundial: “mármores” e “granitos”. Estes
peças isoladas para decoração como não são os termos geológicos corretos.
esculturas, tampos, balcões e pés de Comercialmente, são mármores todas as
mesa, quanto à confecção de lápides para rochas carbonáticas; são granitos todas as
arte funerária, em geral, e revestimentos rochas silicáticas; os travertinos são
internos e externos para construção civil. também rochas carbonáticas; existem
ainda os conglomerados que, atualmente,
A Associação Brasileira de Normas estão sendo bastante procurados e utili-
Técnicas (ABNT) define rochas orna- zados como rochas ornamentais. Outros
mentais como material rochoso natural materiais usados como rochas orna-
submetido a diferentes tipos de bene- mentais e de revestimentos são: ardósias,
ficiamento em sua superfície (polimento, quartzitos, arenitos, etc., utilizados em
apicoamento, flameamento, aparelhamento, placas ou lajotas na forma beneficiada
etc.), utilizadas para exercer uma função e/ou in natura.
estética em diversas áreas de aplicação
(construção civil, arte funerária e outras). Como materiais dimensionais, a-
proveitados em volume, as rochas orna-
O termo rocha para revestimentos mentais e de revestimentos têm valor
é definido pela ABNT como rocha natural comercial muito significativo diante de
que não foi submetida a processos de outras matérias-primas minerais.
beneficiamento em sua superfície. Seus
principais campos de aplicação incluem Conforme levantamentos realizados,
especialmente pisos, paredes e fachadas, ilustra-se o quadro setorial brasileiro pela
em obras de construção civil. produção de cerca de 500 tipos comerciais
de rochas, entre granitos, mármores,

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ardósias, quartzitos, conglomerados, ser- ornamentais e de revestimentos produzidos,
pentinitos e pedra-sabão, entre outras, e demonstrando a considerável geodiver-
em torno de 1.300 jazidas em atividade. sidade e potencial deste setor no Ceará.
Encontram-se registradas cerca de 600
empresas de mineração e de beneficiamento MODO DE OCORRÊNCIA
de blocos, com quase 1.600 teares insta-
lados. Para trabalhos de acabamento final O embasamento cristalino ocupa
cerca de 75% da área do Estado do
Ceará, oferecendo condicionamento favo-
rável à ocorrência de granitos, mármores,
quartzitos, calcários, vulcânicas alcalinas e
conglomerados, com características orna-
operam aproximadamente 7.000 marmo- mentais e de revestimentos.
rarias (Peiter et al., 2001).
As rochas ornamentais e de
Foi comprovada a existência de revestimentos ocorrem em toda a coluna
um grande potencial geológico em rochas estratigráfica, excluindo as coberturas
ornamentais e de revestimentos no Estado tércio-quartenárias e quaternárias. O quadro
do Ceará, através de trabalhos realizados estratigráfico do Estado do Ceará
por órgãos governamentais em parceria encontra-se, em diversos segmentos, em
com empresas privadas e sindicato deste escala de reconhecimento, sobretudo no
segmento. Esse potencial extrativo vem que tange ao posicionamento das uni-
sendo convenientemente aproveitado em dades pré-cambrianas. Tectonicamente,
benefício da população, através da utilização os grandes traços estruturais, realçados por
de mão-de-obra local, minimizando, dessa importantes zonas de cisalhamentos, se
forma, o êxodo rural. encontram em bom nível de entendimento.
(Cavalcante et al.,2003).
O Ceará, desde 1994, tem se
destacado no mercado por sua diversidade Como unidades litoestratigráficas arqueanas,
¾
de litotipos, contando, atualmente, com incorporando rochas paleoproterozóicas,
cerca de 60 tipos diferentes de rochas são marcados os Complexos Cruzeta e
ornamentais e de revestimentos. Destes, Granjeiro, que encerram, principalmen-
atualmente, os mais produzidos como te, ortognaisses cinzas, de compo-
granitos são: Branco Ceará, Casablanca, sições tonalito-granodioríticas e, secunda-
Giallo Falésia, Verde Meruoca, Red riamente, graníticas e trondhjemíticas,
Dragon, Green Galaxy, Juparaná Montiel, gnaisses e xistos aluminosos, com ou
Meruoca Clássico, Rosa Iracema e Verde sem sillimanita e/ou cianita, além de
Ventura; Como mármores são: bege capri, estreitas faixas de formações metavul-
bege san marino e nero marquina; E como canossedimentares, por vezes incluindo
pedra natural: Pedra Cariri e Pedra corpos de metagabros e diferenciados
Quixadá. Verifica-se uma expressiva metadiorítos. Parte dos granitóides
concentração de jazidas no NNW do gnaissificados exibe baixo índice de
Estado, respondendo por quase toda a cor.
extração de granitos, aproximadamente
85%. A região Central e Sul do Estado O Proterozóico está representado pelas
¾
respondem por toda a extração de pedra seguintes unidades: a) Complexo Granja
natural, por volta de 15%. (gnaisses diversos, de derivações sedi-
mentar e magmática, em parte migma-
Anexo, encontra-se um CD-ROM títicos, descritos como biotita gnaisses),
que teve como base o Catálogo de tonalito-granodioríticos, biotita-granada
Rochas Ornamentais do Ceará (Morais et gnaisses, sillimanita-biotita gnaisses,
al., 2004), onde estão apresentados e hiperstênio gnaisse, charnockito e ender-
descritos 60 tipos comerciais de rochas bito; b) Complexo Ceará Unidade Canin-

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dé: biotita-gnaisses cinzentos e rosados, e metaconglomerados; metavulcânicas:
com ou sem granada, leucognaisses, metakeratófiros, metandesitos, metariolitos);
hiperstênio gnaisses (charnockito, i) Grupo Martinópole, constituído pelas
charnoenderbito, enderbito e norito), Formações São Joaquim (quartzitos
gnaisses aluminosos, migmatitos de dominantes), Covão (xistos diversos) e
estruturas diversas, lentes de quartzitos, Santa Terezinha (filitos, metassiltitos,
rochas calcissilicáticas, calcários crista- metamargas, metadiamictitos, metadolomitos,
linos e, mais raramente, rochas meta- quartzitos, metariolitos e finas camadas
básico-ultrabásicas e formações ferrí- de formação ferrífera).
feras e manganesíferas; Unidades Inde-
pendência, Quixeramobim e Arneiroz: Do Neoproterozóico ao Cambro-Ordo-
¾
gnaisses (em parte migmatíticos) e viciano, encontram-se: a) Grupo Uba-
xistos aluminosos, de fácies anfibolito jara, constituído das Formações Trapiá
(biotita r granada r sillimanita r cianita), (quartzitos conglomeráticos e arenitos),
calcários cristalinos (mármores) e Caiçaras (ardósias com intercalações de
quartzitos, com ocorrências locais de quartzitos), Frecheirinha (calcários com
rochas calcissilicáticas e anfibolitos/ raras intercalações de metamargas e
anfibólio gnaisses; c) Complexo Aco- metassiltitos) e Coreaú (arcóseos, su-
piara, de constituição similar aquela da barcóseos e grauvacas, em parte
Unidade Canindé, do Complexo Ceará, conglomeráticas); b) Complexos/Suites
onde dominam os segmentos Granitóides, compostos de granitos,
gnáissico-migmatitos; d) Complexo Ja- granodioritos, monzogranitos, monzo-
guaretama, também representando por nitos e sienitos com fácies subordinadas
um predomínio de gnaisses e migma- de microgranitos, aplitogranitos e tonalitos;
titos diversos; e) Complexo Tamboril– c) Complexos/Suites Básico-Interme-
Santa Quitéria, constituído de migma- diários ou Gabróides, tendo como
titos de estruturas variadas (bandada, litotipos essenciais os dioritos, secun-
schlieren, nebulítica, schöllen e agmática, dados por gabros e granitóides; d)
com percentagens diversas de neosso- Grupo Jaibaras, representado pelas
mas graníticos) subordinando augen Formações Massapé (conglomerados),
gnaisses, rochas calcissilicáticas, anfi- Pacujá (arenitos diversos, folhelhos,
bolitos e quartzitos ferruginosos; f) Grupo siltitos e conglomerados), Parapuí (basaltos
Orós, representado por uma seqüência maciços e amigdalóides, dacitos, riolitos
metavulcanossedimentar (metabasaltos, maciços e porfiríticos, andesitos
meta-andesitos, metariolitos, micaxistos, amigdaloidais, brechas vulcânicas, tufos,
filitos, quartzitos, metacarbonatos– calcários andesitos, arenitos arcoseanos, siltitos
cristalinos, metadolomitos, incluindo e filitos de derivação vulcânica - cinzas
importantes depósitos de magnesita e e tufos) e Aprazível (conglomerados);
paragnaisses), com a inclusão provável e) Grupo Cococi, representado pelas
da Formação Farias Brito (gnaisses, Formações Angico Torto (conglomerados,
micaxistos, rochas carbonáticas e brechas, arenitos diversos, siltitos e
lentes de metabásicas, tendo nos argilitos), Cococi (ardósias, folhelhos,
corpos de calcário cristalino o maior argilitos e siltitos) e Melancia (conglomerados,
realce econômico); g) Grupo Novo subordinado siltitos, argilitos e areni-
Oriente, constituído de xistos e tos).
quartzitos dominantes, filitos, rochas
carbonáticas, anfibolitos finos, xistos O Mesozóico está representado pelos
¾
vulcano-vulcanoclásticos e ultrabásicos Grupos Apodi e Araripe. O Grupo Apodi
subordinados; h) Grupo Cachoeirinha, está representado pelas Formações
reconhecido como um conjunto meta- Açu (arenitos localmente conglome-
vulcanossedimentar (metassedimentos: mi- ráticos com intercalações de folhelhos e
caxistos finos e filitos dominantes, argilitos sílticos) e Jandaíra (rochas
metassiltitos, metarenitos, metagrauvacas calcárias, calcarenitos, calcilutitos bio-
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lásticos com nível evaporítico na base). e envolvem granitóides, geralmente
O Grupo Araripe é constituído pelas porfiroblásticos. Destaca-se a ocorrência
Formações Cariri (conglomerados e do “granito” Vermelho Fuji, Juparaná
arenitos em parte silicificados), Missão Montiel, Brown Paradise e Cinza Nova
Velha (arenitos com gradações locais Russas.
para arcóseos, conglomerados, siltitos,
folhelhos e argilitos), Santana (arenitos,
Complexo Granja - Ocorre no extremo
¾
siltitos, folhelhos, calcários laminados,
NW do Estado, ocupando boa parte do
margas, calcarenitos, calcários brechóides
município de Granja. É constituído de
e gipsita) e Exu (arenitos com fácies
migmatitos granitóides (diatexitos) a
conglomeráticas). Outras Unidades
ortoclásio e/ou microclina, biotita e
conhecidas são os Grupos Rio do Peixe
hornblenda, associados à granada-
e Iguatu, dominados por arenitos, em
biotita-granoblastitos e piroxênio-granulitos,
parte conglomeráticos, conglomerados,
secundados por migmatitos estromáticos,
siltitos, folhelhos, calcários e margas.
diadisíticos, agmáticos e de dilatação.
Quartzitos ferríferos ocorrem local-
O Cenozóico encontra-se assim repre-
¾
mente com intercalações de hematita
entado: a) Magmatitos Messejana (fono-
compacta e itabirito. Destaca-se o
litos, traquitos, tufos alcalinos e esse-
“granito” Kinawa Rosa (migmatito).
xito porfirítico); b) Formação Barreiras
(arenitos, conglomerados, argilitos e
siltitos); c) Formação Faceira (conglo- Dioritos de Tauá e Leptinitos Tróia - Os
¾
merados, areitos pouco litificados, siltitos dioritos são rochas parcialmente trans-
com níveis de argila e cascalhos); d) For- formadas em granodioritos porfiróides e,
mação Moura (conglomerados, areias de em parte, como paleossomas de
granulação variáveis e siltitos); e) Sedi- migmatitos agmáticos com neossoma
mentos eólicos litorâneos (dunas fixas e de granito grosseiro equigranular ou
móveis); f) Sedimentos flúvio-marinhos porfiróide, com núcleos de olivina-
e marinhos (vasas escuras, areias de gabro. Os leptinitos de Tróia são
praias e recifes areníticos); g) Sedimen- constituídos por uma seqüência de
tos aluviais recentes (areais, argilas, ortognaisses leucocráticos e anortositos
areias conglomeráticas e cascalhos). interestratificados com rochas máfico-
ultramáficas que ocupam a parte
Segundo Roberto (1998), tomando- central do maciço de Tróia. Ocorrem na
se como referência o mapa geológico do região sudoeste do Estado, nos muni-
Estado do Ceará e trabalhos de outros cípios de Tauá e Pedra Branca, respe-
autores, algumas vocações específicas ctivamente, os seguintes litotipos: Ca-
são enumeradas a seguir. sablanca, Giallo Falésia, Juparaná Deli-
cato, Branco Ártico e Golden Ártico.
• Granitos e Rochas Afins
Granitóides Mocambo, Meruoca, Serra
¾
Complexo Tamboril-Santa Quitéria –
¾ da Barriga e Taperuaba - Ocorrem na
Ocorre na região metropolitana de For- região noroeste do Estado e são
taleza. Abrange parte dos municípios compostos de granitos avermelhados e
de Fortaleza, Maranguape, Pacatuba e acinzentados, esverdeados, verdes,
Guaiúba. Região Norte compreende os amarelados ou esbranquiçados, equi-
municípios de Uruburetama, Itapipoca e granulares, de médios a grosseiros com
Irauçuba. Região Centro-Oeste ocupa variações composicionais para mon-
parte dos municípios de Santa Quitéria, zonitos, granodioritos e sienitos.
Varjota, Cariré, Hidrolândia, Monsenhor Registra-se a ocorrência dos “granitos”:
Tabosa e Tamboril. É constituído de Vermelho Filomena (Alcântaras), Vermelho
migmatitos diversos e exibe estruturas Alcântaras, Vermelho Meruoca, Verde
flebítica, estromática, oftálmica, schllieren Meruoca, Amarelo Massapê, Meruoca

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Clássico, Verde Ventura e Verde Ceará municípios de Pentecoste, Senador
(Massapê), Rosa Iracema, Branco Pompeu, Morada Nova, Quixadá e
Savana, Branco Cristal Quartzo e Rosa Quixeramobim. São utilizados como
Olinda (Sobral-Forquilha). pedras de revestimento de muros, halls,
passarelas etc., conhecidos comercialmente
como Pedra Quixadá, Pedra Morada
Sienito Tucunduba - Trata-se de um
¾ Nova, etc.
stock de forma elíptica, com uma área
de, aproximadamente, 30 quilômetros Diques Cambrianos - Ocorrem nos
¾
quadrados, implantado ao longo da municípios de Sobral, Tauá e Inde-
zona de cisalhamento de Água Branca. pendência. Formam enxames locali-
É um quartzo-sienito milonitizado que zados com os diques mais extensos e
ocorre na região noroeste do Estado, descontínuos aflorando por 10 a 15 km.
mais precisamente no município de
Marco. É comercializado com as deno- Dioritos de Amontada, Pedra Lisa,
¾
minações de Green Galaxy e Verde Aiuaba, Aracoiaba e Apuiarés – Ocor-
Pantanal. rem nas proximidades da cidade de
Amontada (norte do Estado), Fazenda
Granitóides Pereiro, São Domingos,
¾ Pedra Lisa, município de Independência,
Manoel Dias, dentre outros - Ocorrem norte de Aiuaba, no serrote Pedra
nas regiões de Irauçuba (Serra de São Aguda (SE de Aracoiaba) e leste de
Domingos e Serrote Manoel Dias), Apuiarés. São dioritos em parte
Ibaretama (Serra do Azul), Tamboril gnaissificados e/ou que encerram
(serras do Encanto e das Matas), corpos de granitos gnáissicos, aplitos e
Pereiro (serras do Maia, Vermelha, do gabros. Registram-se ocorrências dos
Cajá e do Aimoré); além de outros “granitos” Preto Ceará e Preto Reden-
stocks. Registra-se a ocorrência dos ção, cujas pedreiras se encontram
“granitos”: Rosa Missi, Amêndoa Missi, paralisadas.
Amarelo Santa angélica, Clássico Du-
nas, Icaraí (Coral), todos na região de Gabros de Pedraria, Santa Teresa,
¾
Irauçuba. As pedreiras encontram-se Pinhões e Pedra d’Água - Ocorrem nas
paralisadas. localidades de Pedraria (entre Jaguaretama
e Jaguaribara), Santa Teresa (entre
Granitóides Quixadá-Quixeramobim -
¾ Trici e Santa Teresa na estrada Tauá -
Ocorrem na região central do Estado, Novo Oriente), Pinhões e Pedra d’Água
abrangendo os municípios de Quixadá, (SE de Novo Oriente). São constituídos
Quixeramobim e Senador Pompeu. por hornblenda-gabro e olivina-gabro
Englobam granodioritos, monzonitos, com faixas anfibolitizadas.
granitos e dioritos, em parte gnaissificados
e coexistindo em tramas migmatíticas Basaltos, diabásios, riolitos, dacitos e
¾
ou intimamente associados. A grande riodacitos da Formação Parapuí -
maioria das pedreiras existentes na Ocorrem na região NW do Estado,
região é rudimentar, extraindo esses ocupando uma faixa descontínua de
materiais para utilização como pedras direção NE-SW, entre as falhas café-
in natura nos revestimentos de muros, ipueiras e a zona de cisalhamento
jardins etc. (exemplos pedreira Várzea Sobral-Pedro II, com faixas bem deter-
da Onça, município de Quixadá). minadas no município de Massapê e
Registra-se, no entanto, a ocorrência distrito de Parapuí.
do “granito” Branco Astro e/ou Branco
Banabuiú como rochas ornamentais no Granitos Leucocráticos da Fazenda
¾
município de Banabuiú. Memória, Morrinhos, Serrote São
Paulo, Boa Viagem e Fazenda Boa
Vista - Ocorrem nas localidades de
Gnaisses - Ocorrem principalmente nos
¾
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Fazenda Memória (Pedreira Asa Branca) dolomíticos ou não. Ocorrências: Mármore
e serrote São Paulo, município de Bege de Cariús e Mármore Nuvem
Santa Quitéria; zona urbana de Boa Verde (Umarizinho). A magnesita de
Viagem e Fazenda Boa Vista, no Iguatu e Jucás, que não é aproveitada
município de Irauçuba. Os “granitos” da como minério, poderia ser explorada
Fazenda Memória (granito Branco como rocha ornamental.
Ceará) e serrote São Paulo (granito
White Bee e granito São Paulo) Complexo Independência - Ocorre limi-
¾
apresentam coloração bem esbranquiçada, tado pelas zonas de cisalhamento de
classificados petrograficamente como Tauá e Sabonete-Inharé, abrangendo
albita-granito. Ocorrem sob a forma de parte dos municípios de Pedra Branca,
stocks denominados de Morrinhos e Independência, Boa Viagem, Quixadá e
São Paulo. O “granito” do município de Quixeramobim. É formado por gnaisses
Boa Viagem ocorre também na forma bandados, gnaisses leucocráticos, bio-
de stock, tratando-se de microclina- tita e/ou hornblenda-gnaisses, em me-
granito orientado tectonicamente (gra- nor proporção leptinitos e gnaisses
nito Branco Tropical) com fácies branca facoidais. Incluem intercalações de
e rosa (Rosa Tropical). O “granito” da metarcóseos, metagrauvacas, anfibolitos,
Fazenda Boa Vista (Branco Nevasca) biotita e anfibólio-xistos, metabasitos e
ocorre sob a forma de um stock, com mármores.
cota máxima de 350 metros e uma área
aflorante de 350 hectares. Apresenta Complexo Itatira - Ocorre nas regiões
¾
coloração esbranquiçada com pontua- de Itatira e Santa Quitéria, ocupando
ções escuras (em certas porções do parte dos municípios de Itatira, Santa
maciço e alguns matacões), granulação Quitéria, Madalena e Canindé. É
que varia de fina a média e de textura constituído por uma seqüência essen-
granular. cialmente metassedimentar composta de
migmatitos ricos em granadas, gnaisses
• Mármores e Quartzitos anfibolíticos, leptinitos, quartzitos, biotita-
gnaisses a biotita-sillimanita-gnaisses com
Grupo Ceará - Ocorre nas regiões de
¾ porfiroblastos de granada; e no topo,
Apuiarés-General Sampaio, Ibuaçu- metacalcário cristalino puro, de textura
Independência, Aracoiaba, Arneiroz- sacaróide com variações para tipos
Catarina-Cangati, Piquet Carneiro- mais impuros ricos em piroxênio,
Flamengo e Quixeramobim. É constituído anfibólio e flogopita. O pacote de
de micaxistos e gnaisses granadíferos “mármore” apresenta coloração predo-
com ou sem sillimanita ou estaurolita minantemente cinza com variações
com intercalações de quartzitos, lepti- para tonalidades mais claras até branca.
nitos e lentes de metacalcários (mar- Ocorrências: Mármore Branco de Itataia
mores). Ocorrências: Mármore Branco do (ou Itatira). Na fazenda Itataia, ocorrem
município de Boa Viagem, com área de mármores calcíticos, mármores dobrados,
afloramento de 0,12 km². Principais travertinos (mármores calcíticos forma-
alvos promissores são os metacalcários dos por processos de dissolução e
das regiões de General Sampaio e reprecipitação) e mármores dolomíticos.
Independência.
• Calciossilicáticas
Complexo Lavras da Mangabeira -
¾
Ocorre nas regiões de Lavras da Encontram-se intercaladas nos mármores
¾
Mangabeira, Cariús-Jucás e Iguatu- do Complexo Itatira, na Fazenda Itataia.
Orós e Umari – Umarizinho. Constitui- Ocorrem em dois tipos:
se de filitos, micaxistos, preferencialmente
de baixo grau metamórfico (granada- a) rochas calciossilicáticas esbranquiçadas
cianita) com intercalações de metacalcários a esverdeadas constituídas de 62% de

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carbonato (dolomita aragonita – calci- Marino e Mont Charmont.
ta), piroxênio (18%), feldspato, epidoto,
anfibolito e acessórios. Formação Frecheirinha - Ocorre na
¾
b) rochas calciossilicáticas verdes caracte- bacia do Jaibaras, na região noroeste
rizadas por estrutura planar onde está do Ceará, abrangendo os municípios de
evidenciado o arranjo subparalelo das Sobral, Coreaú e Frecheirinha. É com-
lamelas de flogopitas, palhetas de posta de calcários de granulação fina,
grafita e tremolita. São compactas e coloração preta à cinza azulada, im-
equigranulares, constituídas de diopsídio, puros, com intercalações de delgados
escapolita e feldspato. leitos de margas, metassiltitos e
• Calcários quartzitos escuros. Na localidade de
Pedra de Fogo, município de Coreaú,
Formação Santana - Ocorre na bacia
¾ foi aberta uma pedreira para a produção
sedimentar do Araripe, nos municípios de blocos, cujo material foi denominado
de Nova Olinda e Santana do Cariri. comercialmente de New Nero Marqui-
Compõe-se de calcário laminado em na.
níveis descontínuos e fossilíferos, de
baixa dureza, cor creme, exibindo finos • Vulcânicas Alcalinas
bandamentos (em torno de 2 cm) com a
presença também de óxido de man- As rochas vulcânicas alcalinas
ganês dendrítico, de tom marrom ocorrem na região metropolitana de For-
escuro. Ocorre na forma de camadas taleza, mais precisamente nos municípios
espessas com destaque na topografia. de Euzébio, Caucaia, Maranguape e Forta-
É utilizado ïn natura com o nome de leza. Petrograficamente, são classificadas
Pedra Cariri, para revestimento de como fonolitos, fonolitos traquitóides e
pisos, paredes e também na confecção traquitos (Guimarães, 1982). São conhe-
de mesas, birôs, etc. cidos os seguintes corpos alcalinos: Morro
Cararu, Serrote Japarara, Serrote Preto,
Formação Jandaíra - Ocorre na Cha-
¾ Serrote Salgadinho, Serrote Pão de
pada do Apodi, abrangendo os muni- Açúcar e Serrote Poção. Apenas o Morro
cípios de Jaguaruana, Quixeré, Limoei- do Cararu foi pesquisado com possibi-
ro do Norte e Tabuleiro do Norte, no lidade de utilização como rocha orna-
extremo NE do Estado. É composta de mental. Neste local é produzido brita.
calcário sedimentar com camadas pra-
ticamente horizontalizadas e contínuas. • Conglomerados
Este calcário tem-se revelado como de
boa qualidade para fins ornamentais, Os conglomerados polimíticos
assemelhando-se ao travertino Bege pertencem as formações Aprazível, Mas-
Bahia. No município de Limoeiro do sapê (NW do Estado), Formação Iara
Norte, precisamente na localidade de (Bacia de Iara-sul do Estado) e Formação
Cuvico, foi aberta uma frente de lavra Angico Torto (Bacia do Cococi-SW do
experimental para extração de blocos Estado). Existem vários requerimentos,
que foram beneficiados pela Fujita alvarás de pesquisa, relatório aprovado
Granitos S/A, cuja denominação comer- para este tipo petrográfico. Na localidade
cial era Pietra Dourada. Atualmente a denominada Fazenda Ferrolândia, município
pedreira está paralisada. Nas loca- de Parambu, a empresa Mont Granitos
lidades de Sucupira no município de S/A está explotando o conglomerado
Limoeiro do Norte/CE e Espinheiro em Bordeaux Parambu.
Tabuleiro do Norte/ CE foram abertas
pela Mont Granitos S/A duas pedreiras ESPECIFICAÇÕES
que explotam, atualmente, o calcário do
Apodi, com as denominações comer- Segundo Vidal (2002), a espe-
ciais de mármore Bege Capri, San cificação das rochas ornamentais e de
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revestimentos baseia-se no padrão este- d’água da rocha. Estes índices permitem
tico e nas características tecnológicas avaliar, indiretamente, o estado de alte-
constituídas pela tipologia do jazimento e ração e de coesão da rocha, segundo as
propriedades físico-químicas e mineraló- diretrizes da norma NBR 12766, da ABNT.
gicas. Estas características são influen-
ciadas pelas técnicas de extração e Os valores de absorção d’água e
beneficiamento. As especificações são porosidade estão diretamente correlacionados
obtidas através de análises e ensaios, que com os de resistência mecânica, visto que
permitem a qualificação do material fornecem uma idéia da incidência de
rochoso e sua indicação para uso e microdescontinuidades nas rochas.
aplicação. Os ensaios procuram representar O coeficiente de absorção d’água
as diversas solicitações às quais a rocha constitui, por sua vez, elemento de ava-
estará submetida durante todo o processo liação preliminar da compactação, resis-
industrial e, principalmente, àqueles de tência e durabilidade da rocha, sendo um
uso final. O conjunto básico de ensaios fator decisivo na escolha do material para
para a caracterização tecnológica de usos que envolvam prolongados contatos
rochas está relacionado a seguir, junta- com águas.
mente com a sua finalidade.
• Resistência à Compressão Uniaxial
• Análise Petrográfica
Determina a tensão capaz de pro-
A petrografia microscópica per- vocar a ruptura da rocha quando subme-
mite analisar a composição mineralógica, o tida a esforços compressivos. Sua fina-
grau de alteração e o estado microfissural lidade é avaliar a resistência da rocha
da rocha. Fatores importantes para se quando utilizada como elemento estrutural
prever a durabilidade de rochas em soli- e obter um parâmetro indicativo de sua
citações de atrito, esforços flexores e integridade física.
compressores e na presença de líquidos.
A resistência à compressão é
A textura é um parâmetro muito também muito dependente da estrutura e
importante na previsão do desempenho e da granulação para um mesmo tipo
durabilidade das rochas. Corresponde ao petrográfico. A resistência na direção per-
aspecto microscópico geral da rocha, no pendicular à estrutura da rocha é, em
qual se incluem a forma dos minerais, sua geral, maior do que na direção paralela e
granulometria e o modo como se acham sensivelmente maior do que na direção
unidos. Assim, diferenças na composição inclinada.
e no grau de entrelaçamento ou imbricação
entre os minerais podem ser diretamente Este ensaio é executado de acor-
responsáveis pela resistência físico- do com as diretrizes da norma ABNT-NBR
mecânica da rocha. Diferenças granulométricas 12767.
podem corresponder a diferenças na alte-
ração potencial diante de líquidos agres- • Resistência à Compressão Uniaxial após
sivos. Gelo e Degelo

A norma NBR 12768 da ABNT Consiste em submeter a amostra


sugere um roteiro para a realização de a 25 ciclos de congelamento e degelo, e
uma análise petrográfica. verificar a eventual queda de resistência
por meio da execução de ensaios de
• Índices Físicos compressão uniaxial ao natural e ao
término da exposição ao congelamento e
Os índices físicos são as proprie- degelo.
dades de massa específica aparente seca e
saturada, porosidade aparente e absorção

47
Considera-se que a rocha não é juntas em revestimentos.
afetada pelo efeito de congelamento/
degelo se a relação entre o valor médio da Rochas com alto coeficiente de
carga de ruptura à compressão simples, dilatação podem vir a ter durabilidade
antes e após o ensaio de congelamento/ reduzida pelo progressivo afrouxamento
degelo, não diferir em mais de 20%. das ligações intercristalinas, com a con-
seqüente diminuição de sua resistência me-
O ensaio de congelamento/de-
gelo, conjugado ao ensaio de compressão, é
executado de acordo com a norma ABNT-
NBR 12769.
• Desgaste Amsler cânica, quando submetidas a grandes
variações de temperatura. No clima bra-
Visa verificar a redução de es- sileiro, podem alcançar 50º - 60ºC.
pessura em placas de rocha. É executado
de acordo com as diretrizes da norma • Resistência ao Impacto
ABNT-NBR 12042. Este ensaio procura
simular, em laboratório, a solicitação, por Fornece a resistência da rocha ao
atrito, devido ao tráfego de pessoas ou impacto, através da determinação da
veículos. altura de queda de uma esfera de aço que
provoca o fraturamento e a quebra de
A resistência ao desgaste ou placas de rocha. Este ensaio é executado
abrasão é um reflexo da granulação, de acordo com as diretrizes da norma
dureza e estado de agregação dos ABNT-NBR 12764.
minerais que compõem a rocha. Os
materiais de baixo índice de desgate É um indicativo da tenacidade da
podem ser empregados em locais de alto rocha. Quanto maior o resultado encon-
tráfego como shoppings e aeroportos, trado, mais resistente ao choque é o
hotéis e locais de acesso público em geral. material, sugerindo cuidados redobrados
no transporte e na sua colocação.
• Coeficiente de Dilatação Térmica
Linear • Resistência à Flexão

Este ensaio visa determinar o O ensaio de flexão visa determinar


coeficiente de dilatação térmica linear de a tensão que provoca a ruptura da rocha,
rochas em um intervalo de temperatura quando submetida a esforços flexores.
entre 0ºC e 50ºC. Os ensaios são Este ensaio é executado de acordo com
executados de acordo com a norma as diretrizes da norma ABNT-NBR 12763.
ABNT-NBR 12765.
Os valores determinados indicam
As rochas, como todos os mate- a tensão máxima de flexão que a rocha
riais naturais ou artificiais, apresentam suporta e influenciam diretamente no
variação de volume quando submetidas às dimensionamento das placas externas
mudanças de temperatura, podendo dila- (painéis). Para granitos, valores abaixo de
tar ou contrair, dentro de intervalos pró- 10,34 MPa são considerados restritivos,
prios, conforme a temperatura aumente ou de acordo com a norma americana ASTM
diminua. C 615, exigindo placas de espessuras
maiores e áreas menores, para supor-
A dilatação e contração têm in- tarem as solicitações de flexão causadas
fluência tanto no comportamento das pla- pela carga de vento.
cas de revestimento quanto na sua
durabilidade, sendo imprescindível para o
dimensionamento do espaçamento das
48
A granulação grosseira influencia por base um losango, cujas diagonais
na resistência à flexão da rocha, ocasionando estão entre si na relação 1:7. A marca
problemas na fixação das placas. apresenta-se romboidal e a microdureza
Knoop é expressa em Mpa, sendo tanto
• Módulo de Deformabilidade Estática maior a dureza quanto menor for a
impressão produzida.
As rochas, como outros materiais, • Parâmetros de Qualidade
podem-se deformar quando submetidas a
altos esforços compressivos estáticos. Melhor será a qualidade da rocha
ou seu desempenho, quanto menor for:
- a presença e os teores de minerais
alterados ou alteráveis, friáveis ou
Sua deformabilidade é, entretanto, solúveis que possam comprometer seu
pequena em razão da sua alta rigidez. Sob uso, durabilidade e seu lustro;
certa faixa de carregamento, a rocha pode - a absorção d’água;
recuperar facilmente seu formato original, - a porosidade;
quando o carregamento deixa de agir. - o desgaste Amsler;
- o coeficiente de dilatação térmica.
Carregamento estático não é,
contudo, uma solicitação comum em Por outro lado, melhor será a
revestimento de pedras. Somente ocorre qualidade, quanto maior for:
quando a pedra assume função estrutural - a resistência à compressão uniaxial;
do tipo coluna ou pilar. - o módulo de elasticidade;
- a resistência ao impacto;
O valor do módulo de “defor- - a resistência à flexão (módulo de
mabilidade” estática é, entretanto, muito ruptura);
útil para avaliar a qualidade de uma pedra - a resistência ao congelamento e
de revestimento, pois valores elevados de degelo.
módulos (baixa deformidade) sugerem
baixa porosidade, alta resistência mecâ- RESERVAS
nica e baixo grau de alteração.
Segundo Vidal e Roberto (2001),
Este ensaio é executado de acor- as principais jazidas de rochas orna-
do com as recomendações da Sociedade mentais estão localizadas na região norte e
Internacional de Mecânica de Rochas noroeste do Estado, compreendendo os
(ISRM), cujo procedimento é compatível municípios de Sobral, Meruoca, Massapê,
com a norma ASTM D 3148. Alcântaras, Forquilha e Santa Quitéria.
Existem ainda na região centro e sul do
• Microdureza Knoop Estado nos municípios de Pedra Branca,
Banabuiu, Limoeiro do Norte, Nova Olinda
Os ensaios de microdureza pelo e Santana do Cariri. O mapa anexo e o
método Knoop são utilizados em diferentes CD mostram as principais jazidas por
materiais e podem ser adaptados ao uso em município. A Tabela 1 apresenta as reservas
rochas ornamentais. O teste é baseado na de granitos, mármores e calcários orna-
medida de impressão (20 a 40 micras), mentais aprovados pelo DNPM/CE.
produzida pela penetração de um dia-
mante que possui forma piramidal, tendo

47
Tabela 1 - Reservas de rochas ornamentais e de revestimentos aprovadas pelo
DNPM/CE

SUBSTÂNCIA RESERVA ( m3 )
MEDIDA INDICADA
GRANITO 899.104.723 395.050.611
MÁRMORE 24.881.536 940.238
CALCÁRIO TRAVERTINO 252.269.980 30.305.200
CALCÁRIO LAMINADO 156.886.451 22.619.015
TOTAL 1.333.142.690 448.915.064
Fonte: DNPM/CE - Dados atualizados até 31/03/2004.

As reservas de granito estão ornamentais e de revestimentos estima-se


localizadas nos municípios de Alcântaras, em torno de 6 milhões de toneladas. No
Amontada, Aracoiaba, Boa Viagem, Ca- Brasil, observa-se que o Estado do
riré, Eusébio, Forquilha, Irauçuba, Inde- Espírito Santo responde por 56% da
pendência, Itapajé, Itaitinga, Itapipoca, produção de granitos e 75% de mármores,
Itapiuna, Limoeiro do Norte, Marco, seguido por Minas Gerais que inclui, além
Massapê, Meruoca, Miraima, Monsenhor de granitos, ardósias e quartzitos foliados.
Tabosa, Santa Quitéria, São Luís do Curu, No Estado do Rio de Janeiro destaca-se a
Sobral, Tamboril e Várzea Alegre. As extração de pedra paduana e miracema,
reservas de mármores se localizam nos enquanto a de quartzito maciço e traver-
municípios de Boa Viagem, Cariús e Santa tino é exclusividade da Bahia. O Estado do
Quitéria. As reservas de calcários sedi- Ceará é o sexto maior produtor de rochas
mentares (tipo “travertino”) estão locali- ornamentais e de revestimentos em bruto,
zadas no município de Limoeiro do Norte, destacando-se os granitos (146.000 t/ano)
enquanto as de calcários sedimen- e a pedra Cariri (70.000 t/ano).
tares/laminados (Pedra Cariri) situam-se
em Nova Olinda e Santana do Cariri (Vidal De acordo com os dados apre-
e Roberto, 2001). sentados no Sumário Mineral-DNPM
(2005), a produção mundial de rochas
MERCADO ornamentais atingiu cerca de 78 milhões
de toneladas, apresentando, nos últimos
Segundo Peiter et al. (2001), a cinco, anos um crescimento médio de 6%
produção brasileira de granitos e mármores a.a. O Brasil participou com aproxima-
totaliza 4 milhões de toneladas, sendo 3 damente 8% dessa produção (6,4 milhões
milhões de granitos e 1 milhão de tone- de toneladas). Esse desempenho foi
ladas de mármores. Considerando a pro- função tanto do aumento do consumo
dução de outras rochas (ardósias, quartzi- interno, quanto das exportações de rochas
tos, pedra cariri, paduana e miracema, brutas e beneficiadas.
etc.) a produção total brasileira de rochas
48
No Brasil as principais jazidas de As exportações cearenses de ro-
rochas ornamentais estão localizadas na chas ornamentais ultrapassaram as da
região sudeste e parte do nordeste. A Bahia no primeiro semestre de 2004, tanto
região sudeste responde por 80% da em faturamento quanto em volume físico.
produção nacional, sendo grande parte O Ceará tornou-se, assim, o 5º(quinto)
concentrada no Estado do Espírito Santo, maior estado exportador brasileiro de
que detém 50% dos teares instalados no rochas ornamentais, atrás do Espírito
Brasil. O Estado do Ceará tem um poten- Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São
cial geológico promissor de granito, além Paulo, transformando-se no maior estado
de possuir um moderno parque industrial exportador fora da região sudeste.
na área de beneficiamento, colocando-o
como um importante produtor de rochas No ano de 2004, o Ceará exportou
ornamentais no Brasil, especialmente no US$ 12,2 milhões, correspondentes a
que tange a produtos acabados, como 52.080,12 toneladas de rochas ornamentais,
chapas e ladrilhos. O País se posiciona o que representou um notável incremento
como o 4º maior produtor (Peiter et al., de 200% aproximadamente, diante do
2001). mesmo período de 2002. As rochas
processadas compuseram 26,59% (US$
Segundo Chiodi (2005) as expor- 3,1 milhões) do faturamento e 9,9% do
tações brasileiras de rochas ornamentais volume físico exportado, enquanto as
somaram, no primeiro semestre de 2004, rochas brutas compuseram 73,4% (US$
US$ 223 milhões, tendo alcançado no final 9,1 milhões) do faturamento e 90,1% em
do ano, cerca de US$ 600 milhões e volume físico exportado.
registrado uma variação positiva de 40%
frente a 2003. Os principais estados bra- As rochas processadas tiveram
sileiros exportadores são: Espírito Santo, incremento de 86,4% em valor e 39,3%
Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, em peso, refletindo um aumento significativo
Ceará, Paraná e Bahia. do preço médio de todos os produtos
beneficiados. As rochas silicáticas brutas
De acordo Chiodi (2004), as ex- mostraram, por sua vez, variação positiva
portações cearenses de rochas orna- de 193,6% em faturamento e de 179,9%
mentais somaram US$ 2,5 milhões em em volume físico, traduzindo, da mesma
2002, US$ 6,4 milhões em 2003, e atingiu forma, um aumento do preço médio dos
cerca de US$ 12,2 milhões em 2004. produtos exportados.
Registrou-se, portanto, variação da ordem
de 160% no faturamento, de 2002 para Mais importante mostrou-se o
2003 e 40% a mais no ano de 2004. crescimento das exportações de chapas
beneficiadas, com uma variação de
No faturamento das exportações 128,6% no faturamento e de 112,2% no
brasileiras de rochas ornamentais, o Ceará volume físico, além de incremento de
representou 0,73% em 2002, 1,5% em 7,7% no preço médio dos produtos
2003, e atingiu em 2004, 2% do total comercializados. Essas exportações de
nacional. A participação percentual de chapas atingiram, assim, US$ 3 milhões e
rochas ornamentais, no valor das expor- 4.898,42 toneladas, no ano de 2004.
tações cearenses, recuou de 66,6%, em
2002, para 38,6%, em 2003, e aumentou TECNOLOGIA
cerca de 60% no ano de 2004. Não
obstante, o faturamento dessas exportações As rochas ornamentais são
de rochas processadas evoluiu de US$ 1,7 submetidas às mais variadas solicitações.
milhão em 2002 para US$ 2,5 milhões em Estas surgem desde a etapa de extração,
2003, e atingiu cerca de US$ 4 milhões no decorrer do beneficiamento (serragem,
em 2004. corte, polimento) até a aplicação final nas
obras e, posteriormente, ao longo do uso.
47
reunidas em 4 grupos: arquitetura e
As solicitações são causadas construção, construção e revestimento de
pelo impacto com outros corpos, pelo elementos urbanos, arte funerária e arte e
desgaste e atrito provocados pelo uso, decoração.
pelas ações intempéricas (ventos, chuvas
e sol), pelo ataque químico gerado por Em qualquer das principais apli-
produtos de limpeza e outros líquidos cações, este ciclo produtivo pode ser divi-
corrosivos e, até mesmo, pela poluição
ambiental. dido em 4(quatro) etapas bem definidas,
desde a atividade mineral até a confor-
As aplicações das rochas orna- mação dos produtos finais: pesquisa,
mentais podem ser consideradas abran- explotação, beneficiamento primário e
gentes pela infinidade de usos e utili- final, conforme esboçado na Figura 1.
zações, principalmente através da com-
binação de suas qualidades estruturais e
estéticas. Estas aplicações podem ser

ETAPAS
PESQUISA
EXTRAÇÃO BENEFICIAMENTO BENEFICIAMENTO FINAL
MINERAL
PRIMÁRIO

TIRAS Revestimentos Padronizados

Arquitetura e Construção
- Revestimentos sob medida
- Soleiras
- Rodapés
- Escadarias

Área de Aplicação
Produtos

JAZIDAS BLOCOS CHAPAS

Arte e Decoração
- Móveis
- Objetos de Adorno
- Bancadas

- Espessores Acabados
Arte Funerária

- Placas
- Peças de Ornamentação

ESPESSORES
Semi-acabados
- Espessores Acabados
Urbanismo

- Placas
- Peças de Ornamentação

Figura 1 – Fluxograma esquemático do setor, com os principais produtos dos segmentos do


ciclo de produção de rochas ornamentais.
Fonte: Peiter et al. (2001).

48
• Métodos de lavra

Segundo Vidal (1995), os métodos


de lavra das rochas apresentam, muitas
vezes, diferenciações de rendimento e
eficiência em virtude de aplicação de
tecnologias inadequadas às condições
geológicas e estruturais, acarretando, com
isso, variações acentuadas nos custos Figura 2 – Métodos de lavra para desmonte de
operacionais da extração. A Figura 2 De acordo com Vidal
Fonte: Roberto (1998)e Coelho
apresenta os diferentes métodos de lavra (2003), a lavra de rochas ornamentais, a
para desmonte de blocos de rochas partir de matacões, tem custo inicial mais
ornamentais. barato. Porém, a médio e longo prazo,
torna-se mais onerosa. Isso se deve à baixa
Segundo Roberto (1998), as produtividade, alto índice de rejeito gerado,
rochas ornamentais ocorrem sob a forma falta de homogeneidade, grau de altera-
de matacões e maciços rochosos. Os bilidade em virtude de ação maior dos
matacões são originados a partir de agentes intempéricos na rocha e aos
maciços rochosos devido a fraturamentos constantes trabalhos de limpeza e
de origem tectônica, do alívio de pressão adequação do local para as etapas de
ou, ainda, devido à alternância de dias exploração dos blocos, tendo em vista que
quentes e noites frias ao longo de mi- cada matacão corresponde a uma frente
lhões de anos. Essa alternância vai provo- de lavra. Outro fator que, muitas vezes
cando dilatações e contrações nos mine- interfere na produção e qualidade da
rais existentes na rocha, levando-a a se exploração de matacões é que não se
partirem em blocos com tamanhos e for- pode utilizar tecnologias modernas, as quais
mas variadas. A ação dos agentes intem- se adequariam melhor às condições geo-
péricos e a erosão terminam por rolar lógicas estruturais das áreas.
estes blocos encostas abaixo, aglutinan-
do-os nas encostas e no sopé das serras. Já a extração em maciços ro-
chosos possibilita a obtenção de um
material de melhor qualidade, os blocos
podem ser mais bem esquadrejados, a
produção é mais elevada, o índice de
LAVRA DE ROCHAS
recuperação da área é maior e a frente de
ORNAMENTAIS
lavra geralmente é fixa, possibilitando um
avanço planejado e o uso de tecnologias
avançadas, reduzindo custos de produ-
ção.
MATACÕES MACIÇOS

PAINÉIS OU
BANCADAS FATIAS SELETIVA DESABAMENTO
47
SUBTERRÂNEA
VERTICAIS
operações que integram os ciclos opera-
cionais da tecnologia de lavra é em função
do tipo de morfologia da jazida, de suas
reservas, das características mineralógi-
cas, petrográficas e estruturais da rocha,
da infra-estrutura local existente e do valor
do mercado do bem mineral.

De acordo com Ciccu e Vidal


(1999), as tecnologias denominadas como
tradicionais podem ser divididas em dois
grupos principais: tecnologias cíclicas e
tecnologias de corte contínuo, incluindo as
tecnologias avançadas de corte. As Figu-
ras 3 e 4 apresentam as tecnologias de
lavra utilizadas (tecnologias cíclicas e de
corte contínuo).
• Tecnologias de lavra

Segundo Vidal (1999), a melhor


escolha para a execução baseada nas

TECNOLOGIAS
CÍCLICAS

CUNHAS PERFURAÇÃO AGENTES


EXPLOSIVOS CONTÍNUA EXPANSIVOS

PÓLVORA “CORDEL
DETONANTE”

Figura 3 – Tecnologias cíclicas de lavra para rochas ornamentais.


Fonte: Roberto (1998)

TECNOLOGIAS DE
CORTE CONTÍNUO

CORTADEIRA
48 “FLAME JET” FIO CORRENTE FIO “WATER JET”
HELICOIDAL DIAMANTADA DIAMANTADO
Figura 4 – Tecnologias em corte contínuo de lavra para rochas ornamentais.
Fonte: Roberto (1998)

Segundo Vidal (1995), no perío- Segundo Vidal (2001), com a


do compreendido entre 1991-1994, o exigência e crescimento da demanda de
método adotado na extração dos granitos granito, em difusão na década de 90, com
do Ceará baseava-se predominante- emprego de tecnologias avançadas de
mente, na lavra de matacões, pratica- corte, foram colocadas em evidência as
mente soltos com dimensões que varia- vantagens da recuperação de lavra e da
vam entre 10m³ e 100m³, sem estudo preservação do meio ambiente. O empresário
técnico mais detalhado. Utilizavam-se da mineração no Ceará, principalmente
explosivos (polvora negra ou cordel), sem aqueles ávidos de conhecimentos de
controle na carga e grande espaçamento novas tecnologias, começou a empregar,
entre furos. Trata-se de um método apa- em alguns casos, o fio diamantado como
rentemente econômico, mas a recupe- a solução alternativa para as jazidas de
ração da lavra é extremamente baixa granito.
(menor que 30%), além de necessitar de
grandes áreas “bota-fora”. De acordo com Vidal (2001), a
tecnologia do fio diamantado, em compa-
De acordo com Vidal (1999), no
caso da lavra dos maciços, iniciada a
partir de 1994, a situação era idêntica e
não havia uma escolha adequada do
método/ tecnologia de lavra a ser em-
pregado. A partir de 1995 foi intensificada
a extração em maciços rochosos, utilizando
as técnicas de cortes laterais com flame-jet
para abertura da frente de lavra e, a
seguir, o desmonte do painel através de ração com as tecnologias tradicionais
técnica de perfuração e explosivo (cordel utilizadas no Estado do Ceará, especi-
detonante). almente nos granitos, apresenta vantagens
indiscutíveis, tais como: aumento na
recuperação e melhor qualidade do pro-
duto pela regularidade geométrica do
corte, da redução dos danos no material e
diminuição dos efeitos causados pelo uso
de explosivos nas rochas sensíveis às
detonações. As Figuras 5A e 5B mostram
fotos das frentes de lavra das pedreiras
dos granitos Branco Ceará e Rosa
Iracema da região NNW do Estado.

A
Figura 5 - (A) Pedreira do granito
Branco Ceará.

47
exploração do calcário laminado é desen-
volvido a céu aberto de forma seletiva. A
geometria de cada frente fica condicionada
(empiricamente) a zonas de capeamento,
segundo as unidades estratigráficas de
classificação das rochas. A técnica de
lavra utilizada, em sua grande maioria, é
conduzida sem nenhuma mecanização, de
forma manual, para a produção de placas
B e posterior esquadrejamento do ladrilho
visando seu uso in natura como piso e
revestimento, na construção civil com o
Figura 5 - (B) Pedreira do granito nome de Pedra Cariri (Figura 6 A.)
Rosa Iracema.
Existe, ainda, um tipo de lavra
semimecanizada, onde talhadeira manual
é substituída por máquina de corte móvel,
geralmente elétrica, com disco diamantado.
A profundidade de corte aumenta em
função do diâmetro do disco, que varia de
350mm a 500mm. No entanto, a placa
obtida não ultrapassa a espessura de
18cm (Figura 6B).
Segundo Vidal e Padilha (2003),
o método de lavra usado na região de
Nova Olinda e Santana do Cariri para

A B
igura 6 - (A) Método de lavra manual. (B) Método de lavra semimecanizado.

A operação posterior à etapa de rachada (várias espessuras e tamanhos),


lavra é o beneficiamento (esquadreja- o ladrilho bruto esquadrejado nos ta-
mento das placas de rochas), executado manhos 50x50cm, 40x40cm, 30x30cm,
nas serrarias, por máquina de corte do tipo 20x20cm, 15x30cm, etc.
bandeira (Figura 7).

Os tipos de produtos obtidos e


comercializados são: a laje almofada (sem
esquadrejamento), a própria laje com
tamanho e espessura variada, a laje

48
funcionamento e variações construtivas
que o identificam individualmente.

O processo de serragem com tear


de lâminas é o mais utilizado no Ceará e
no resto do país, devido à predominância
de rochas graníticas se comparadas ao
número de rochas carbonáticas. As Fi-
guras 8A e 8B apresentam as fotos de um
tear com a estrutura de sustentação e um
fluxograma esquemático das operações
de serragem (Vidal 2003).
Segundo Sampaio et al.(2001), o
Figura 7 - Máquina de Corte. setor de beneficiamento de rochas ornamentais
do Ceará dispõe de um parque industrial
moderno, considerado o de maior capacidade
instalado no Nordeste. É composto, na
sua maioria, por indústrias de grande porte,
destacando-se a GRANOS e IMARF como
responsáveis por, aproximadamente, 60%
da produção cearense de chapas e
ladrilhos. Estas empresas dispõem de
equipamentos de tecnologias compatíveis
• Tecnologias de beneficiamento
com as concorrentes, estabelecidas em
outros estados brasileiros.
Existem, basicamente, três tecno-
logias de beneficiamento primário para a
O segmento industrial do Estado é
serragem ou desdobramento de bloco em
constituído de 40 teares convencionais
peças de dimensões mais aproximadas
(SIMEF, MGM, BM e BRETON) e 13 talha-
daquelas que terão os produtos finais:
blocos de tecnologia avançada (BERNART
serragem ou desdobramento com tear de
SAULIERE, HENSEL e FIRENZE), atualmente
lâminas, talha-blocos de discos diaman-
todos em funcionamento.
tados e com tear de fios diamantados
(multifios). Cada uma dessas tecnologias
A Tabela 2 apresenta a distribuição
apresenta variedade própria de equipa-
por empresas de teares e talha-blocos,
mentos, seguindo diversos princípios de
bem como suas respectivas produções.

A B
47
Figura 8 – (A) Tear com a estrutura de sustentação.
Figura 8 – (B)) Fluxograma esquemático das operações de serragem.
Fonte: Vidal (2003)

Tabela 2 - Distribuição de teares e talha-blocos em operação e produção mensal – 2003.

Origem
Empresa Município Teares Talha-Blocos Produção
** ** Nacional Importado mensal (m²) *

Imarf Caucaia 02 02 18.000


Granos Caucaia 10 09 01 25.000
Multigran Caucaia 02 02 4.000
Capivara Horizonte 03 03 5.000
Litominas Horizonte 03 03 5.000
Granistone Horizonte 05 05 4.000
Monte Horizonte 01 01 4.000
Cigrama Maracanaú 06 01 06 01 11.000
Imarf Maracanaú 02 02 4.000
Inbrasma Sobral 10 10 10.000
Rochetec Aquiraz 04 04 6.000
St Rochas Aquiraz 02 02 4.000
Grantec Fortaleza 02 02 4.000
Total - 40 13 46 07 104.000
* estimada
** dados referentes a teares e talha-blocos de médio e grande porte
Fonte: Pesquisa de campo atualizada até 31/03/04.

De acordo com Vidal (2003), se como alternativa a utilização de talha-


normalmente as grandes indústrias de blocos para a produção de pisos e
beneficiamento de rochas ornamentais revestimentos, a partir destes blocos fora
produzem ladrilhos de tamanhos-padrões de padrão. Como exemplo deste tipo de
de 47,5 x 47,5 cm e 40 x 40 cm com indústria, destaca-se, no Ceará, a CAPIVARA,
espessura que varia de 15 a 20 mm, para localizada no município de Horizonte,
atender o mercado externo e interno. Estas distante 40 km de Fortaleza. Esta indústria
indústrias são constituídas, na grande possui 3 talha-blocos de fabricação
maioria, de teares que requerem blocos BERNART SAULIERE, com capacidade
em tamanhos-padrões para melhor produ- instalada de 5.000 m2/mês de ladrilhos. Os
tividade e rendimento na etapa de ser- talha-blocos estão preparados para
ragem. Resulta, então, um acúmulo receber pequenos blocos de tamanhos
excessivo de blocos de tamanhos variados, variados, em forma de prisma, podendo
a princípio rejeitados e empilhados nos serrar blocos de até 2,90 m de
pátios das pedreiras. No entanto, apresenta- comprimento, com largura mínima de 0,45
48
m e altura máxima de 1,20 m. Assim, são e cal) e finos de serragem (pó de pedra),
produzidas tiras de 2,90 m de compri- descarregamento do tear.
mento com espessura de 10 mm. Poste-
riormente, passam pelo processo de
A preparação da carga consiste
polimento e corte para a obtenção dos
numa série de operações necessárias
ladrilhos.
para a seleção, colocação e fixação do
bloco a ser desdobrado em chapas sobre
o carro porta-bloco. Estas operações são:
• Serragem
x Interpretação da ordem de produção.
Os blocos provenientes das pe- x Escolha e seleção dos blocos:
dreiras são selecionados e enviados para a - medidas do bloco;
indústria de beneficiamento, onde é reali- - verificação do padrão do material;
zado o desdobramento em chapas semi- verificação do esquadrejamento do
acabadas. A serragem é efetuada por bloco;
equipamento denominado tear mecânico, - verificação de defeitos no bloco.
conforme mostram as Figuras 8A e 8B. O x Preparação do carro porta-bloco:
tear é constituído por uma estrutura de - limpeza e lubrificação.
sustentação formada por quatro colunas x Colocação do bloco no carro porta-
que suportam um conjunto de lâminas, bloco.
dispostas no sentido longitudinal do bloco, x Inspeção e cimentação.
que realiza um movimento pendular. As
lâminas são tensionadas durante toda a
O carregamento do tear consiste
operação, para manter o nivelamento,
na transferência do carro porta-bloco da
alinhamento e paralelismo entre si. O
posição externa para o interior do tear e
processo de corte ocorre pela movimen-
sua fixação.
tação das lâminas pressionadas contra a
rocha, promovendo, assim, o atrito com a
A laminação é constituída de um
mistura abrasiva no bloco rochoso e, por
grupo de operações relacionadas com a
conseguinte, o seu desgaste. Nos teares
colocação de lâminas de aço utilizadas
de lâminas de aço, o principal elemento
nos teares (quadro de lâminas) para a
abrasivo é a granalha metálica que, junto
serragem dos blocos.
à água, cal hidratada e partículas minerais
provenientes da própria rocha, formam uma
A composição dos insumos (grã-
polpa ou lama abrasiva. Essa polpa
nalha e cal) que se misturam com a água e
abrasiva é bombeada do poço de coleta
os resíduos finos de serragem (pó de
de lama, situado abaixo do tear, para um
pedra) compõe uma mistura abrasiva
hidrociclone com diâmetro de 54 mm
(polpa ou lama abrasiva).
(operando com d50 = 425 Pm). A fração
grossa retorna continuamente, na forma O descarregamento do tear consiste
de lama, através de um distribuidor de em várias operações das quais se
polpa (chuveiro) sobre o bloco a ser destacam: levantamento do quadro porta-
serrado. A fração fina do hidrociclone lâminas, lavagem e escoramento das
constitui o rejeito final do processo de chapas, retirada do carrinho e lavagem/
serragem, depositado na barragem de limpeza do tear.
rejeito.
As chapas, após serem serradas,
seguem para a etapa de acabamento su-
O processo de serragem pode ser
perficial onde se apresentam com rugo-
dividido nas seguintes etapas: preparação
sidade na superfície proveniente do pro-
da carga, carregamento do tear, lami-
cesso de desdobramento. Os principais
nação, composição dos insumos (granalha
tipos de acabamento superficiais estão

47
relacionados a seguir, com suas finali- • Apicoamento
dades.
Esse processo consiste em criar
• Levigamento uma superfície com aparência encrespada,
através da operação básica de “martela-
Parte do processo destinada a mento” regular e repetido sobre a su-
eliminar irregularidades e rugosidades da perfície da chapa com a ferramenta espe-
superfície das chapas geradas ao longo cial, fazendo com que o impacto da
do processo de serragem. Nesta etapa ferramenta sobre a chapa retire pequenos
são utilizados elementos abrasivos de fragmentos, obtendo-se, assim, uma su-
grãos grossos com dureza maior que a perfície áspera.
rocha e de grande poder de desbaste,
resultando, assim, em superfície plana e • Corte Longitudinal/Transversal
de espessura regular. O processo é a
úmido e a água tem a função de refrigerar O processo de corte é constituído
os equipamentos e remover os resíduos basicamente de máquinas que cortam as
gerados no levigamento. chapas polidas, primeiro em tiras longitu-
dinais e, em seguida, transversalmente, dan-
• Polimento do origem, assim, ao produto acabado, o
ladrilho. As grandes empresas possuem
O processo de polimento confere
ainda unidades automáticas que calibram
o brilho à superfície da rocha e consiste na
os ladrilhos, deixando-os com espessuras
abrasão da superfície, por meio do atrito
uniformes e bem acabados.
de constituintes abrasivos de dureza
superior aos minerais presentes na rocha.
Após a etapa de acabamento
Dessa forma, o polimento é obtido através
superficial, as chapas são transportadas
do fechamento dos poros deixados du-
de duas maneiras: em posição vertical,
rante o levigamento, produzindo uma
com auxílio de cavaletes, ou horizon-
superfície espelhada que irá exibir, de
talmente, intercaladas com massa de
forma mais intensa, o brilho desejado da
gesso. Em ambos os casos, as chapas são
rocha. O abrasivo, mais utilizado no
devidamente presas ao veículo transpor-
polimento, é o carbeto de silício, usado em
tador.
diferentes granulometrias (fina a extrafina)
e formas cristalográficas, aglomerados de Os ladrilhos são acondicionados
tipos e geometrias distintas. No processo em caixas de madeira ou papelão, com
de polimento também é utilizada bastante proteção às suas extremidades. Caminhões
água para auxiliar no brilho e refrigerar os comuns transportam o produto final até o
equipamentos. mercado consumidor.

• Flameamento • Dados Operacionais

O flameamento é resultado do A capacidade nominal da serraria


processo de acabamento da superfície da da GRANOS é cerca de 25.000 m²/mês. A
chapa bruta, utilizando água e maçarico capacidade da IMARF é superior, somando-
de chama com alta pressão e temperatura se 18.000 m²/mês da unidade de Sobral
da ordem de 1.500°C sobre a superfície, (Inbrasma), com 10.000 m²/mês da uni-
obtida com a mistura de oxigênio e dade de Caucaia e mais 4.000m²/mês da
acetileno. O choque térmico dos grãos unidade de Maracanaú. (Tabela 2). As
minerais provoca uma descamação da politrizes possuem capacidade nominal de
superfície que confere bons resultados 45 a 60 m²/h, com produção também de
quando o material contém sílica (quartzo), 25.000 m²/mês por empresa. A linha de
a exemplo de granitos em geral. corte automático, com capacidade de 75
m²/h, atende a necessidade da empresa,
48
considerando uma demanda de 45% de mercado interno, produzindo, em geral,
ladrilhos e 55% de chapas. A linha de peças sob medida, como:
flameamento, por sua vez, tem capaci-
dade de até 20 m²/h por unidade. • Ladrilhos para revestimento, pavimen-
tação e escadas;
A água constitui um dos insumos • Tiras (peitoril, soleira, rodapé, rodameio,
de elevada importância no processo de filetes, contramarco etc.);
beneficiamento, por ser um produto escasso
na região. Por esse motivo, a empresa
recupera cerca de 85% da água utilizada
no processo. A captação d’água é feita de
poços profundos e açude. O sistema de
abastecimento d’água é realizado por
meio de bombas com capacidade de 100
m³/h. O consumo de água nova no
processo atinge cerca de 180 m³/dia. A
serragem é a etapa do processo com
maior consumo energético, sendo responsável
por 60% do consumo mensal de energia
elétrica da fábrica. Em cada unidade se
consome até 180.000 kWh/mês. O consumo
por metro quadrado de chapas serradas
atinge 8,7 kWh/m2.
• Bancadas (tampos de pia e mesa,
O controle de qualidade está balcões); e
presente no processo produtivo, desde a • Outros: lápides, divisórias, móveis, etc.
extração do bloco, ao acondicionamento
dos ladrilhos e das chapas, para expedição. Atualmente, a realidade do setor de
Na extração verifica-se a incidência de marmoraria é bastante distinta, já que o
fraturas, trincas e imperfeições estéticas e rocesso produtivo (beneficiamento final)
geométricas do bloco. Na etapa de ser- está restrito a serviços de pequena monta,
ragem, atenta-se para a qualidade da normalmente para obras de pequeno e
superfície serrada, fator essencial para um médio porte, onde os serviços ainda são
bom polimento. Um medidor automático de menor complexidade e volume.
de brilho permite o controle de chapas
polidas. No final da linha de corte, separam- A Figura 9 apresenta um fluxograma
se os ladrilhos fora das especificações, ou esquemático dos processos operacionais
seja, aqueles que apresentem extremidades na marmoraria.
quebradas, riscos, trincas e manchas.
Ressalva-se que nem sempre se
• Marmoraria reproduz nas empresas que realizam o
beneficiamento final exatamente o fluxo-
Segundo Sales (2003), apesar de grama-modelo apresentado na Figura 9.
apresentar um relativo grau de diversi- Podem ocorrer variações em função da
ficação em sua linha produtiva, as mar- disponibilidade de recursos tecnológicos
morarias tendem a se especializar no que permitam a supressão de etapas ou
atendimento a demanda por rocha orna- fusão de outras, sobretudo nas de acaba-
mental em produtos específicos, para mento superficial e borda. Na produção de
unidades residenciais individuais ou tra- padronizados (ladrilhos e revestimento
balhos que requeiram acabamentos mais interno e externo), o processo apresenta
elaborados. No Estado do Ceará existem algumas diferenças em relação ao modelo
cerca de 120 marmorarias, com sua citado.
produção em sua maioria, voltada para o

47
De um modo geral, as etapas do
processo produtivo na marmoraria podem
ser realizadas conforme apresentadas na
Figura 9.

RECEBIMENTO/ESTOCAGEM DA
MATÉRIA-PRIMA

ACABAMENTO
SUPERFICIAL Artesanato
TRABALHOS
ESPECIAIS
Tornearia
CORTE

FURAÇÃO

ACABAMENTO DE MONTAGEM/ CONTROLE DE


COLAGEM EXPEDIÇÃO
BORDAS E TORNEIRA QUALIDADE

Figura 9 – Fluxograma esquemático dos processos operacionais na marmoraria.


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