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Rio de Janeiro
Dezembro/2005
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ROCHAS ORNAMENTAIS E DE
REVESTIMENTOS
FRANCISCO WILSON HOLLANDA VIDAL¹
FERNANDO ANTONIO C. BRANCO SALES²
FERNANDO ANTONIO DA COSTA ROBERTO³
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ardósias, quartzitos, conglomerados, ser- ornamentais e de revestimentos produzidos,
pentinitos e pedra-sabão, entre outras, e demonstrando a considerável geodiver-
em torno de 1.300 jazidas em atividade. sidade e potencial deste setor no Ceará.
Encontram-se registradas cerca de 600
empresas de mineração e de beneficiamento MODO DE OCORRÊNCIA
de blocos, com quase 1.600 teares insta-
lados. Para trabalhos de acabamento final O embasamento cristalino ocupa
cerca de 75% da área do Estado do
Ceará, oferecendo condicionamento favo-
rável à ocorrência de granitos, mármores,
quartzitos, calcários, vulcânicas alcalinas e
conglomerados, com características orna-
operam aproximadamente 7.000 marmo- mentais e de revestimentos.
rarias (Peiter et al., 2001).
As rochas ornamentais e de
Foi comprovada a existência de revestimentos ocorrem em toda a coluna
um grande potencial geológico em rochas estratigráfica, excluindo as coberturas
ornamentais e de revestimentos no Estado tércio-quartenárias e quaternárias. O quadro
do Ceará, através de trabalhos realizados estratigráfico do Estado do Ceará
por órgãos governamentais em parceria encontra-se, em diversos segmentos, em
com empresas privadas e sindicato deste escala de reconhecimento, sobretudo no
segmento. Esse potencial extrativo vem que tange ao posicionamento das uni-
sendo convenientemente aproveitado em dades pré-cambrianas. Tectonicamente,
benefício da população, através da utilização os grandes traços estruturais, realçados por
de mão-de-obra local, minimizando, dessa importantes zonas de cisalhamentos, se
forma, o êxodo rural. encontram em bom nível de entendimento.
(Cavalcante et al.,2003).
O Ceará, desde 1994, tem se
destacado no mercado por sua diversidade Como unidades litoestratigráficas arqueanas,
¾
de litotipos, contando, atualmente, com incorporando rochas paleoproterozóicas,
cerca de 60 tipos diferentes de rochas são marcados os Complexos Cruzeta e
ornamentais e de revestimentos. Destes, Granjeiro, que encerram, principalmen-
atualmente, os mais produzidos como te, ortognaisses cinzas, de compo-
granitos são: Branco Ceará, Casablanca, sições tonalito-granodioríticas e, secunda-
Giallo Falésia, Verde Meruoca, Red riamente, graníticas e trondhjemíticas,
Dragon, Green Galaxy, Juparaná Montiel, gnaisses e xistos aluminosos, com ou
Meruoca Clássico, Rosa Iracema e Verde sem sillimanita e/ou cianita, além de
Ventura; Como mármores são: bege capri, estreitas faixas de formações metavul-
bege san marino e nero marquina; E como canossedimentares, por vezes incluindo
pedra natural: Pedra Cariri e Pedra corpos de metagabros e diferenciados
Quixadá. Verifica-se uma expressiva metadiorítos. Parte dos granitóides
concentração de jazidas no NNW do gnaissificados exibe baixo índice de
Estado, respondendo por quase toda a cor.
extração de granitos, aproximadamente
85%. A região Central e Sul do Estado O Proterozóico está representado pelas
¾
respondem por toda a extração de pedra seguintes unidades: a) Complexo Granja
natural, por volta de 15%. (gnaisses diversos, de derivações sedi-
mentar e magmática, em parte migma-
Anexo, encontra-se um CD-ROM títicos, descritos como biotita gnaisses),
que teve como base o Catálogo de tonalito-granodioríticos, biotita-granada
Rochas Ornamentais do Ceará (Morais et gnaisses, sillimanita-biotita gnaisses,
al., 2004), onde estão apresentados e hiperstênio gnaisse, charnockito e ender-
descritos 60 tipos comerciais de rochas bito; b) Complexo Ceará Unidade Canin-
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dé: biotita-gnaisses cinzentos e rosados, e metaconglomerados; metavulcânicas:
com ou sem granada, leucognaisses, metakeratófiros, metandesitos, metariolitos);
hiperstênio gnaisses (charnockito, i) Grupo Martinópole, constituído pelas
charnoenderbito, enderbito e norito), Formações São Joaquim (quartzitos
gnaisses aluminosos, migmatitos de dominantes), Covão (xistos diversos) e
estruturas diversas, lentes de quartzitos, Santa Terezinha (filitos, metassiltitos,
rochas calcissilicáticas, calcários crista- metamargas, metadiamictitos, metadolomitos,
linos e, mais raramente, rochas meta- quartzitos, metariolitos e finas camadas
básico-ultrabásicas e formações ferrí- de formação ferrífera).
feras e manganesíferas; Unidades Inde-
pendência, Quixeramobim e Arneiroz: Do Neoproterozóico ao Cambro-Ordo-
¾
gnaisses (em parte migmatíticos) e viciano, encontram-se: a) Grupo Uba-
xistos aluminosos, de fácies anfibolito jara, constituído das Formações Trapiá
(biotita r granada r sillimanita r cianita), (quartzitos conglomeráticos e arenitos),
calcários cristalinos (mármores) e Caiçaras (ardósias com intercalações de
quartzitos, com ocorrências locais de quartzitos), Frecheirinha (calcários com
rochas calcissilicáticas e anfibolitos/ raras intercalações de metamargas e
anfibólio gnaisses; c) Complexo Aco- metassiltitos) e Coreaú (arcóseos, su-
piara, de constituição similar aquela da barcóseos e grauvacas, em parte
Unidade Canindé, do Complexo Ceará, conglomeráticas); b) Complexos/Suites
onde dominam os segmentos Granitóides, compostos de granitos,
gnáissico-migmatitos; d) Complexo Ja- granodioritos, monzogranitos, monzo-
guaretama, também representando por nitos e sienitos com fácies subordinadas
um predomínio de gnaisses e migma- de microgranitos, aplitogranitos e tonalitos;
titos diversos; e) Complexo Tamboril– c) Complexos/Suites Básico-Interme-
Santa Quitéria, constituído de migma- diários ou Gabróides, tendo como
titos de estruturas variadas (bandada, litotipos essenciais os dioritos, secun-
schlieren, nebulítica, schöllen e agmática, dados por gabros e granitóides; d)
com percentagens diversas de neosso- Grupo Jaibaras, representado pelas
mas graníticos) subordinando augen Formações Massapé (conglomerados),
gnaisses, rochas calcissilicáticas, anfi- Pacujá (arenitos diversos, folhelhos,
bolitos e quartzitos ferruginosos; f) Grupo siltitos e conglomerados), Parapuí (basaltos
Orós, representado por uma seqüência maciços e amigdalóides, dacitos, riolitos
metavulcanossedimentar (metabasaltos, maciços e porfiríticos, andesitos
meta-andesitos, metariolitos, micaxistos, amigdaloidais, brechas vulcânicas, tufos,
filitos, quartzitos, metacarbonatos– calcários andesitos, arenitos arcoseanos, siltitos
cristalinos, metadolomitos, incluindo e filitos de derivação vulcânica - cinzas
importantes depósitos de magnesita e e tufos) e Aprazível (conglomerados);
paragnaisses), com a inclusão provável e) Grupo Cococi, representado pelas
da Formação Farias Brito (gnaisses, Formações Angico Torto (conglomerados,
micaxistos, rochas carbonáticas e brechas, arenitos diversos, siltitos e
lentes de metabásicas, tendo nos argilitos), Cococi (ardósias, folhelhos,
corpos de calcário cristalino o maior argilitos e siltitos) e Melancia (conglomerados,
realce econômico); g) Grupo Novo subordinado siltitos, argilitos e areni-
Oriente, constituído de xistos e tos).
quartzitos dominantes, filitos, rochas
carbonáticas, anfibolitos finos, xistos O Mesozóico está representado pelos
¾
vulcano-vulcanoclásticos e ultrabásicos Grupos Apodi e Araripe. O Grupo Apodi
subordinados; h) Grupo Cachoeirinha, está representado pelas Formações
reconhecido como um conjunto meta- Açu (arenitos localmente conglome-
vulcanossedimentar (metassedimentos: mi- ráticos com intercalações de folhelhos e
caxistos finos e filitos dominantes, argilitos sílticos) e Jandaíra (rochas
metassiltitos, metarenitos, metagrauvacas calcárias, calcarenitos, calcilutitos bio-
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lásticos com nível evaporítico na base). e envolvem granitóides, geralmente
O Grupo Araripe é constituído pelas porfiroblásticos. Destaca-se a ocorrência
Formações Cariri (conglomerados e do “granito” Vermelho Fuji, Juparaná
arenitos em parte silicificados), Missão Montiel, Brown Paradise e Cinza Nova
Velha (arenitos com gradações locais Russas.
para arcóseos, conglomerados, siltitos,
folhelhos e argilitos), Santana (arenitos,
Complexo Granja - Ocorre no extremo
¾
siltitos, folhelhos, calcários laminados,
NW do Estado, ocupando boa parte do
margas, calcarenitos, calcários brechóides
município de Granja. É constituído de
e gipsita) e Exu (arenitos com fácies
migmatitos granitóides (diatexitos) a
conglomeráticas). Outras Unidades
ortoclásio e/ou microclina, biotita e
conhecidas são os Grupos Rio do Peixe
hornblenda, associados à granada-
e Iguatu, dominados por arenitos, em
biotita-granoblastitos e piroxênio-granulitos,
parte conglomeráticos, conglomerados,
secundados por migmatitos estromáticos,
siltitos, folhelhos, calcários e margas.
diadisíticos, agmáticos e de dilatação.
Quartzitos ferríferos ocorrem local-
O Cenozóico encontra-se assim repre-
¾
mente com intercalações de hematita
entado: a) Magmatitos Messejana (fono-
compacta e itabirito. Destaca-se o
litos, traquitos, tufos alcalinos e esse-
“granito” Kinawa Rosa (migmatito).
xito porfirítico); b) Formação Barreiras
(arenitos, conglomerados, argilitos e
siltitos); c) Formação Faceira (conglo- Dioritos de Tauá e Leptinitos Tróia - Os
¾
merados, areitos pouco litificados, siltitos dioritos são rochas parcialmente trans-
com níveis de argila e cascalhos); d) For- formadas em granodioritos porfiróides e,
mação Moura (conglomerados, areias de em parte, como paleossomas de
granulação variáveis e siltitos); e) Sedi- migmatitos agmáticos com neossoma
mentos eólicos litorâneos (dunas fixas e de granito grosseiro equigranular ou
móveis); f) Sedimentos flúvio-marinhos porfiróide, com núcleos de olivina-
e marinhos (vasas escuras, areias de gabro. Os leptinitos de Tróia são
praias e recifes areníticos); g) Sedimen- constituídos por uma seqüência de
tos aluviais recentes (areais, argilas, ortognaisses leucocráticos e anortositos
areias conglomeráticas e cascalhos). interestratificados com rochas máfico-
ultramáficas que ocupam a parte
Segundo Roberto (1998), tomando- central do maciço de Tróia. Ocorrem na
se como referência o mapa geológico do região sudoeste do Estado, nos muni-
Estado do Ceará e trabalhos de outros cípios de Tauá e Pedra Branca, respe-
autores, algumas vocações específicas ctivamente, os seguintes litotipos: Ca-
são enumeradas a seguir. sablanca, Giallo Falésia, Juparaná Deli-
cato, Branco Ártico e Golden Ártico.
• Granitos e Rochas Afins
Granitóides Mocambo, Meruoca, Serra
¾
Complexo Tamboril-Santa Quitéria –
¾ da Barriga e Taperuaba - Ocorrem na
Ocorre na região metropolitana de For- região noroeste do Estado e são
taleza. Abrange parte dos municípios compostos de granitos avermelhados e
de Fortaleza, Maranguape, Pacatuba e acinzentados, esverdeados, verdes,
Guaiúba. Região Norte compreende os amarelados ou esbranquiçados, equi-
municípios de Uruburetama, Itapipoca e granulares, de médios a grosseiros com
Irauçuba. Região Centro-Oeste ocupa variações composicionais para mon-
parte dos municípios de Santa Quitéria, zonitos, granodioritos e sienitos.
Varjota, Cariré, Hidrolândia, Monsenhor Registra-se a ocorrência dos “granitos”:
Tabosa e Tamboril. É constituído de Vermelho Filomena (Alcântaras), Vermelho
migmatitos diversos e exibe estruturas Alcântaras, Vermelho Meruoca, Verde
flebítica, estromática, oftálmica, schllieren Meruoca, Amarelo Massapê, Meruoca
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Clássico, Verde Ventura e Verde Ceará municípios de Pentecoste, Senador
(Massapê), Rosa Iracema, Branco Pompeu, Morada Nova, Quixadá e
Savana, Branco Cristal Quartzo e Rosa Quixeramobim. São utilizados como
Olinda (Sobral-Forquilha). pedras de revestimento de muros, halls,
passarelas etc., conhecidos comercialmente
como Pedra Quixadá, Pedra Morada
Sienito Tucunduba - Trata-se de um
¾ Nova, etc.
stock de forma elíptica, com uma área
de, aproximadamente, 30 quilômetros Diques Cambrianos - Ocorrem nos
¾
quadrados, implantado ao longo da municípios de Sobral, Tauá e Inde-
zona de cisalhamento de Água Branca. pendência. Formam enxames locali-
É um quartzo-sienito milonitizado que zados com os diques mais extensos e
ocorre na região noroeste do Estado, descontínuos aflorando por 10 a 15 km.
mais precisamente no município de
Marco. É comercializado com as deno- Dioritos de Amontada, Pedra Lisa,
¾
minações de Green Galaxy e Verde Aiuaba, Aracoiaba e Apuiarés – Ocor-
Pantanal. rem nas proximidades da cidade de
Amontada (norte do Estado), Fazenda
Granitóides Pereiro, São Domingos,
¾ Pedra Lisa, município de Independência,
Manoel Dias, dentre outros - Ocorrem norte de Aiuaba, no serrote Pedra
nas regiões de Irauçuba (Serra de São Aguda (SE de Aracoiaba) e leste de
Domingos e Serrote Manoel Dias), Apuiarés. São dioritos em parte
Ibaretama (Serra do Azul), Tamboril gnaissificados e/ou que encerram
(serras do Encanto e das Matas), corpos de granitos gnáissicos, aplitos e
Pereiro (serras do Maia, Vermelha, do gabros. Registram-se ocorrências dos
Cajá e do Aimoré); além de outros “granitos” Preto Ceará e Preto Reden-
stocks. Registra-se a ocorrência dos ção, cujas pedreiras se encontram
“granitos”: Rosa Missi, Amêndoa Missi, paralisadas.
Amarelo Santa angélica, Clássico Du-
nas, Icaraí (Coral), todos na região de Gabros de Pedraria, Santa Teresa,
¾
Irauçuba. As pedreiras encontram-se Pinhões e Pedra d’Água - Ocorrem nas
paralisadas. localidades de Pedraria (entre Jaguaretama
e Jaguaribara), Santa Teresa (entre
Granitóides Quixadá-Quixeramobim -
¾ Trici e Santa Teresa na estrada Tauá -
Ocorrem na região central do Estado, Novo Oriente), Pinhões e Pedra d’Água
abrangendo os municípios de Quixadá, (SE de Novo Oriente). São constituídos
Quixeramobim e Senador Pompeu. por hornblenda-gabro e olivina-gabro
Englobam granodioritos, monzonitos, com faixas anfibolitizadas.
granitos e dioritos, em parte gnaissificados
e coexistindo em tramas migmatíticas Basaltos, diabásios, riolitos, dacitos e
¾
ou intimamente associados. A grande riodacitos da Formação Parapuí -
maioria das pedreiras existentes na Ocorrem na região NW do Estado,
região é rudimentar, extraindo esses ocupando uma faixa descontínua de
materiais para utilização como pedras direção NE-SW, entre as falhas café-
in natura nos revestimentos de muros, ipueiras e a zona de cisalhamento
jardins etc. (exemplos pedreira Várzea Sobral-Pedro II, com faixas bem deter-
da Onça, município de Quixadá). minadas no município de Massapê e
Registra-se, no entanto, a ocorrência distrito de Parapuí.
do “granito” Branco Astro e/ou Branco
Banabuiú como rochas ornamentais no Granitos Leucocráticos da Fazenda
¾
município de Banabuiú. Memória, Morrinhos, Serrote São
Paulo, Boa Viagem e Fazenda Boa
Vista - Ocorrem nas localidades de
Gnaisses - Ocorrem principalmente nos
¾
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Fazenda Memória (Pedreira Asa Branca) dolomíticos ou não. Ocorrências: Mármore
e serrote São Paulo, município de Bege de Cariús e Mármore Nuvem
Santa Quitéria; zona urbana de Boa Verde (Umarizinho). A magnesita de
Viagem e Fazenda Boa Vista, no Iguatu e Jucás, que não é aproveitada
município de Irauçuba. Os “granitos” da como minério, poderia ser explorada
Fazenda Memória (granito Branco como rocha ornamental.
Ceará) e serrote São Paulo (granito
White Bee e granito São Paulo) Complexo Independência - Ocorre limi-
¾
apresentam coloração bem esbranquiçada, tado pelas zonas de cisalhamento de
classificados petrograficamente como Tauá e Sabonete-Inharé, abrangendo
albita-granito. Ocorrem sob a forma de parte dos municípios de Pedra Branca,
stocks denominados de Morrinhos e Independência, Boa Viagem, Quixadá e
São Paulo. O “granito” do município de Quixeramobim. É formado por gnaisses
Boa Viagem ocorre também na forma bandados, gnaisses leucocráticos, bio-
de stock, tratando-se de microclina- tita e/ou hornblenda-gnaisses, em me-
granito orientado tectonicamente (gra- nor proporção leptinitos e gnaisses
nito Branco Tropical) com fácies branca facoidais. Incluem intercalações de
e rosa (Rosa Tropical). O “granito” da metarcóseos, metagrauvacas, anfibolitos,
Fazenda Boa Vista (Branco Nevasca) biotita e anfibólio-xistos, metabasitos e
ocorre sob a forma de um stock, com mármores.
cota máxima de 350 metros e uma área
aflorante de 350 hectares. Apresenta Complexo Itatira - Ocorre nas regiões
¾
coloração esbranquiçada com pontua- de Itatira e Santa Quitéria, ocupando
ções escuras (em certas porções do parte dos municípios de Itatira, Santa
maciço e alguns matacões), granulação Quitéria, Madalena e Canindé. É
que varia de fina a média e de textura constituído por uma seqüência essen-
granular. cialmente metassedimentar composta de
migmatitos ricos em granadas, gnaisses
• Mármores e Quartzitos anfibolíticos, leptinitos, quartzitos, biotita-
gnaisses a biotita-sillimanita-gnaisses com
Grupo Ceará - Ocorre nas regiões de
¾ porfiroblastos de granada; e no topo,
Apuiarés-General Sampaio, Ibuaçu- metacalcário cristalino puro, de textura
Independência, Aracoiaba, Arneiroz- sacaróide com variações para tipos
Catarina-Cangati, Piquet Carneiro- mais impuros ricos em piroxênio,
Flamengo e Quixeramobim. É constituído anfibólio e flogopita. O pacote de
de micaxistos e gnaisses granadíferos “mármore” apresenta coloração predo-
com ou sem sillimanita ou estaurolita minantemente cinza com variações
com intercalações de quartzitos, lepti- para tonalidades mais claras até branca.
nitos e lentes de metacalcários (mar- Ocorrências: Mármore Branco de Itataia
mores). Ocorrências: Mármore Branco do (ou Itatira). Na fazenda Itataia, ocorrem
município de Boa Viagem, com área de mármores calcíticos, mármores dobrados,
afloramento de 0,12 km². Principais travertinos (mármores calcíticos forma-
alvos promissores são os metacalcários dos por processos de dissolução e
das regiões de General Sampaio e reprecipitação) e mármores dolomíticos.
Independência.
• Calciossilicáticas
Complexo Lavras da Mangabeira -
¾
Ocorre nas regiões de Lavras da Encontram-se intercaladas nos mármores
¾
Mangabeira, Cariús-Jucás e Iguatu- do Complexo Itatira, na Fazenda Itataia.
Orós e Umari – Umarizinho. Constitui- Ocorrem em dois tipos:
se de filitos, micaxistos, preferencialmente
de baixo grau metamórfico (granada- a) rochas calciossilicáticas esbranquiçadas
cianita) com intercalações de metacalcários a esverdeadas constituídas de 62% de
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carbonato (dolomita aragonita – calci- Marino e Mont Charmont.
ta), piroxênio (18%), feldspato, epidoto,
anfibolito e acessórios. Formação Frecheirinha - Ocorre na
¾
b) rochas calciossilicáticas verdes caracte- bacia do Jaibaras, na região noroeste
rizadas por estrutura planar onde está do Ceará, abrangendo os municípios de
evidenciado o arranjo subparalelo das Sobral, Coreaú e Frecheirinha. É com-
lamelas de flogopitas, palhetas de posta de calcários de granulação fina,
grafita e tremolita. São compactas e coloração preta à cinza azulada, im-
equigranulares, constituídas de diopsídio, puros, com intercalações de delgados
escapolita e feldspato. leitos de margas, metassiltitos e
• Calcários quartzitos escuros. Na localidade de
Pedra de Fogo, município de Coreaú,
Formação Santana - Ocorre na bacia
¾ foi aberta uma pedreira para a produção
sedimentar do Araripe, nos municípios de blocos, cujo material foi denominado
de Nova Olinda e Santana do Cariri. comercialmente de New Nero Marqui-
Compõe-se de calcário laminado em na.
níveis descontínuos e fossilíferos, de
baixa dureza, cor creme, exibindo finos • Vulcânicas Alcalinas
bandamentos (em torno de 2 cm) com a
presença também de óxido de man- As rochas vulcânicas alcalinas
ganês dendrítico, de tom marrom ocorrem na região metropolitana de For-
escuro. Ocorre na forma de camadas taleza, mais precisamente nos municípios
espessas com destaque na topografia. de Euzébio, Caucaia, Maranguape e Forta-
É utilizado ïn natura com o nome de leza. Petrograficamente, são classificadas
Pedra Cariri, para revestimento de como fonolitos, fonolitos traquitóides e
pisos, paredes e também na confecção traquitos (Guimarães, 1982). São conhe-
de mesas, birôs, etc. cidos os seguintes corpos alcalinos: Morro
Cararu, Serrote Japarara, Serrote Preto,
Formação Jandaíra - Ocorre na Cha-
¾ Serrote Salgadinho, Serrote Pão de
pada do Apodi, abrangendo os muni- Açúcar e Serrote Poção. Apenas o Morro
cípios de Jaguaruana, Quixeré, Limoei- do Cararu foi pesquisado com possibi-
ro do Norte e Tabuleiro do Norte, no lidade de utilização como rocha orna-
extremo NE do Estado. É composta de mental. Neste local é produzido brita.
calcário sedimentar com camadas pra-
ticamente horizontalizadas e contínuas. • Conglomerados
Este calcário tem-se revelado como de
boa qualidade para fins ornamentais, Os conglomerados polimíticos
assemelhando-se ao travertino Bege pertencem as formações Aprazível, Mas-
Bahia. No município de Limoeiro do sapê (NW do Estado), Formação Iara
Norte, precisamente na localidade de (Bacia de Iara-sul do Estado) e Formação
Cuvico, foi aberta uma frente de lavra Angico Torto (Bacia do Cococi-SW do
experimental para extração de blocos Estado). Existem vários requerimentos,
que foram beneficiados pela Fujita alvarás de pesquisa, relatório aprovado
Granitos S/A, cuja denominação comer- para este tipo petrográfico. Na localidade
cial era Pietra Dourada. Atualmente a denominada Fazenda Ferrolândia, município
pedreira está paralisada. Nas loca- de Parambu, a empresa Mont Granitos
lidades de Sucupira no município de S/A está explotando o conglomerado
Limoeiro do Norte/CE e Espinheiro em Bordeaux Parambu.
Tabuleiro do Norte/ CE foram abertas
pela Mont Granitos S/A duas pedreiras ESPECIFICAÇÕES
que explotam, atualmente, o calcário do
Apodi, com as denominações comer- Segundo Vidal (2002), a espe-
ciais de mármore Bege Capri, San cificação das rochas ornamentais e de
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revestimentos baseia-se no padrão este- d’água da rocha. Estes índices permitem
tico e nas características tecnológicas avaliar, indiretamente, o estado de alte-
constituídas pela tipologia do jazimento e ração e de coesão da rocha, segundo as
propriedades físico-químicas e mineraló- diretrizes da norma NBR 12766, da ABNT.
gicas. Estas características são influen-
ciadas pelas técnicas de extração e Os valores de absorção d’água e
beneficiamento. As especificações são porosidade estão diretamente correlacionados
obtidas através de análises e ensaios, que com os de resistência mecânica, visto que
permitem a qualificação do material fornecem uma idéia da incidência de
rochoso e sua indicação para uso e microdescontinuidades nas rochas.
aplicação. Os ensaios procuram representar O coeficiente de absorção d’água
as diversas solicitações às quais a rocha constitui, por sua vez, elemento de ava-
estará submetida durante todo o processo liação preliminar da compactação, resis-
industrial e, principalmente, àqueles de tência e durabilidade da rocha, sendo um
uso final. O conjunto básico de ensaios fator decisivo na escolha do material para
para a caracterização tecnológica de usos que envolvam prolongados contatos
rochas está relacionado a seguir, junta- com águas.
mente com a sua finalidade.
• Resistência à Compressão Uniaxial
• Análise Petrográfica
Determina a tensão capaz de pro-
A petrografia microscópica per- vocar a ruptura da rocha quando subme-
mite analisar a composição mineralógica, o tida a esforços compressivos. Sua fina-
grau de alteração e o estado microfissural lidade é avaliar a resistência da rocha
da rocha. Fatores importantes para se quando utilizada como elemento estrutural
prever a durabilidade de rochas em soli- e obter um parâmetro indicativo de sua
citações de atrito, esforços flexores e integridade física.
compressores e na presença de líquidos.
A resistência à compressão é
A textura é um parâmetro muito também muito dependente da estrutura e
importante na previsão do desempenho e da granulação para um mesmo tipo
durabilidade das rochas. Corresponde ao petrográfico. A resistência na direção per-
aspecto microscópico geral da rocha, no pendicular à estrutura da rocha é, em
qual se incluem a forma dos minerais, sua geral, maior do que na direção paralela e
granulometria e o modo como se acham sensivelmente maior do que na direção
unidos. Assim, diferenças na composição inclinada.
e no grau de entrelaçamento ou imbricação
entre os minerais podem ser diretamente Este ensaio é executado de acor-
responsáveis pela resistência físico- do com as diretrizes da norma ABNT-NBR
mecânica da rocha. Diferenças granulométricas 12767.
podem corresponder a diferenças na alte-
ração potencial diante de líquidos agres- • Resistência à Compressão Uniaxial após
sivos. Gelo e Degelo
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Considera-se que a rocha não é juntas em revestimentos.
afetada pelo efeito de congelamento/
degelo se a relação entre o valor médio da Rochas com alto coeficiente de
carga de ruptura à compressão simples, dilatação podem vir a ter durabilidade
antes e após o ensaio de congelamento/ reduzida pelo progressivo afrouxamento
degelo, não diferir em mais de 20%. das ligações intercristalinas, com a con-
seqüente diminuição de sua resistência me-
O ensaio de congelamento/de-
gelo, conjugado ao ensaio de compressão, é
executado de acordo com a norma ABNT-
NBR 12769.
• Desgaste Amsler cânica, quando submetidas a grandes
variações de temperatura. No clima bra-
Visa verificar a redução de es- sileiro, podem alcançar 50º - 60ºC.
pessura em placas de rocha. É executado
de acordo com as diretrizes da norma • Resistência ao Impacto
ABNT-NBR 12042. Este ensaio procura
simular, em laboratório, a solicitação, por Fornece a resistência da rocha ao
atrito, devido ao tráfego de pessoas ou impacto, através da determinação da
veículos. altura de queda de uma esfera de aço que
provoca o fraturamento e a quebra de
A resistência ao desgaste ou placas de rocha. Este ensaio é executado
abrasão é um reflexo da granulação, de acordo com as diretrizes da norma
dureza e estado de agregação dos ABNT-NBR 12764.
minerais que compõem a rocha. Os
materiais de baixo índice de desgate É um indicativo da tenacidade da
podem ser empregados em locais de alto rocha. Quanto maior o resultado encon-
tráfego como shoppings e aeroportos, trado, mais resistente ao choque é o
hotéis e locais de acesso público em geral. material, sugerindo cuidados redobrados
no transporte e na sua colocação.
• Coeficiente de Dilatação Térmica
Linear • Resistência à Flexão
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Tabela 1 - Reservas de rochas ornamentais e de revestimentos aprovadas pelo
DNPM/CE
SUBSTÂNCIA RESERVA ( m3 )
MEDIDA INDICADA
GRANITO 899.104.723 395.050.611
MÁRMORE 24.881.536 940.238
CALCÁRIO TRAVERTINO 252.269.980 30.305.200
CALCÁRIO LAMINADO 156.886.451 22.619.015
TOTAL 1.333.142.690 448.915.064
Fonte: DNPM/CE - Dados atualizados até 31/03/2004.
ETAPAS
PESQUISA
EXTRAÇÃO BENEFICIAMENTO BENEFICIAMENTO FINAL
MINERAL
PRIMÁRIO
Arquitetura e Construção
- Revestimentos sob medida
- Soleiras
- Rodapés
- Escadarias
Área de Aplicação
Produtos
Arte e Decoração
- Móveis
- Objetos de Adorno
- Bancadas
- Espessores Acabados
Arte Funerária
- Placas
- Peças de Ornamentação
ESPESSORES
Semi-acabados
- Espessores Acabados
Urbanismo
- Placas
- Peças de Ornamentação
48
• Métodos de lavra
PAINÉIS OU
BANCADAS FATIAS SELETIVA DESABAMENTO
47
SUBTERRÂNEA
VERTICAIS
operações que integram os ciclos opera-
cionais da tecnologia de lavra é em função
do tipo de morfologia da jazida, de suas
reservas, das características mineralógi-
cas, petrográficas e estruturais da rocha,
da infra-estrutura local existente e do valor
do mercado do bem mineral.
TECNOLOGIAS
CÍCLICAS
PÓLVORA “CORDEL
DETONANTE”
TECNOLOGIAS DE
CORTE CONTÍNUO
CORTADEIRA
48 “FLAME JET” FIO CORRENTE FIO “WATER JET”
HELICOIDAL DIAMANTADA DIAMANTADO
Figura 4 – Tecnologias em corte contínuo de lavra para rochas ornamentais.
Fonte: Roberto (1998)
A
Figura 5 - (A) Pedreira do granito
Branco Ceará.
47
exploração do calcário laminado é desen-
volvido a céu aberto de forma seletiva. A
geometria de cada frente fica condicionada
(empiricamente) a zonas de capeamento,
segundo as unidades estratigráficas de
classificação das rochas. A técnica de
lavra utilizada, em sua grande maioria, é
conduzida sem nenhuma mecanização, de
forma manual, para a produção de placas
B e posterior esquadrejamento do ladrilho
visando seu uso in natura como piso e
revestimento, na construção civil com o
Figura 5 - (B) Pedreira do granito nome de Pedra Cariri (Figura 6 A.)
Rosa Iracema.
Existe, ainda, um tipo de lavra
semimecanizada, onde talhadeira manual
é substituída por máquina de corte móvel,
geralmente elétrica, com disco diamantado.
A profundidade de corte aumenta em
função do diâmetro do disco, que varia de
350mm a 500mm. No entanto, a placa
obtida não ultrapassa a espessura de
18cm (Figura 6B).
Segundo Vidal e Padilha (2003),
o método de lavra usado na região de
Nova Olinda e Santana do Cariri para
A B
igura 6 - (A) Método de lavra manual. (B) Método de lavra semimecanizado.
48
funcionamento e variações construtivas
que o identificam individualmente.
A B
47
Figura 8 – (A) Tear com a estrutura de sustentação.
Figura 8 – (B)) Fluxograma esquemático das operações de serragem.
Fonte: Vidal (2003)
Origem
Empresa Município Teares Talha-Blocos Produção
** ** Nacional Importado mensal (m²) *
47
relacionados a seguir, com suas finali- • Apicoamento
dades.
Esse processo consiste em criar
• Levigamento uma superfície com aparência encrespada,
através da operação básica de “martela-
Parte do processo destinada a mento” regular e repetido sobre a su-
eliminar irregularidades e rugosidades da perfície da chapa com a ferramenta espe-
superfície das chapas geradas ao longo cial, fazendo com que o impacto da
do processo de serragem. Nesta etapa ferramenta sobre a chapa retire pequenos
são utilizados elementos abrasivos de fragmentos, obtendo-se, assim, uma su-
grãos grossos com dureza maior que a perfície áspera.
rocha e de grande poder de desbaste,
resultando, assim, em superfície plana e • Corte Longitudinal/Transversal
de espessura regular. O processo é a
úmido e a água tem a função de refrigerar O processo de corte é constituído
os equipamentos e remover os resíduos basicamente de máquinas que cortam as
gerados no levigamento. chapas polidas, primeiro em tiras longitu-
dinais e, em seguida, transversalmente, dan-
• Polimento do origem, assim, ao produto acabado, o
ladrilho. As grandes empresas possuem
O processo de polimento confere
ainda unidades automáticas que calibram
o brilho à superfície da rocha e consiste na
os ladrilhos, deixando-os com espessuras
abrasão da superfície, por meio do atrito
uniformes e bem acabados.
de constituintes abrasivos de dureza
superior aos minerais presentes na rocha.
Após a etapa de acabamento
Dessa forma, o polimento é obtido através
superficial, as chapas são transportadas
do fechamento dos poros deixados du-
de duas maneiras: em posição vertical,
rante o levigamento, produzindo uma
com auxílio de cavaletes, ou horizon-
superfície espelhada que irá exibir, de
talmente, intercaladas com massa de
forma mais intensa, o brilho desejado da
gesso. Em ambos os casos, as chapas são
rocha. O abrasivo, mais utilizado no
devidamente presas ao veículo transpor-
polimento, é o carbeto de silício, usado em
tador.
diferentes granulometrias (fina a extrafina)
e formas cristalográficas, aglomerados de Os ladrilhos são acondicionados
tipos e geometrias distintas. No processo em caixas de madeira ou papelão, com
de polimento também é utilizada bastante proteção às suas extremidades. Caminhões
água para auxiliar no brilho e refrigerar os comuns transportam o produto final até o
equipamentos. mercado consumidor.
47
De um modo geral, as etapas do
processo produtivo na marmoraria podem
ser realizadas conforme apresentadas na
Figura 9.
RECEBIMENTO/ESTOCAGEM DA
MATÉRIA-PRIMA
ACABAMENTO
SUPERFICIAL Artesanato
TRABALHOS
ESPECIAIS
Tornearia
CORTE
FURAÇÃO
47
VIDAL, F.W.H; PADILHA, M.W.M. A Olinda, PE. Anais... Olinda, PE: CPRM,
indústria extrativa da pedra Cariri no 1998. p.101-109.
Estado do Ceará: problemas x soluções.
In: SIMPÓSIO DE ROCHAS ORNAMEN- VIDAL, F.W,H; ROBERTO, F.A. COSTA.
TAIS DO NORDESTE, 4., 2003, Forta- Avanços e transferência tecnológica
leza. Anais... Fortaleza: CETEM/ MCT, em rocha ornamental: Rochas Orna-
2003. p.199-210. mentais do Estado do Ceará. Rio de Ja-
neiro: CETEM/MCT, 2001. p.93-106. (Sé-
VIDAL, F.W,H; ROBERTO, F.A. COSTA. rie Rochas e Minerais Industriais, n° 4).
Rochas ornamentais do Ceará: geologia
e caracterização tecnológica. In:
SEMINÁRIO DE ROCHAS ORNA-
MENTAIS DO NORDESTE, 1., 1998,
48