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INSTRUÇÕES:
1. Você está recebendo dois cadernos; um contém textos e o outro, as questões da prova.
Confira o número de textos (5) e de questões (8) de sua prova.
2. Registre em cada folha de resposta seu número de inscrição. Observe o local indicado para
isso. Não escreva seu nome na prova, de modo algum.
3. Faça letra legível: o que não for entendido não será considerado.
4. Use caneta azul ou preta.
5. Não é permitido o uso de fita corretiva ou corretivo líquido.
6. Responda às questões sempre com suas próprias palavras, a menos que seja solicitada
alguma transcrição do texto.
7. Não exceda o limite de linhas traçadas para cada questão.
8. Procure reler a prova antes de entregá-la. Bom exame!
Texto 1
Quarto de despejo
18 de setembro
Hoje estou alegre. Eu estou procurando aprender viver com espirito calmo.
Acho que é porque estes dias eu tenho tido o que comer.
... Quando eu vi os empregados da Fabrica (...) olhei os letreiros que eles
trazem nas costas e escrevi estes versos:
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Língua Portuguesa / Admissão à 1ª série do Ensino Médio – 2020
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: Diário de uma favelada. 10 ed. São Paulo:
Ática, 2014. p. 121. Trecho.
Texto 2
Rap da Felicidade
(Refrão)
Eu só quero é ser feliz
Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é
E poder me orgulhar
E ter a consciência que o pobre tem seu lugar 10
Mas eu só quero é ser feliz, feliz, feliz, feliz, feliz
Onde eu nasci, han
E poder me orgulhar
E ter a consciência que o pobre tem seu lugar
3
Língua Portuguesa / Admissão à 1ª série do Ensino Médio – 2020
(Refrão) 25
(Refrão)
E ter a consciência que o pobre tem seu lugar
E poder me orgulhar
E ter a consciência que o pobre tem seu lugar 45
Mc Cidinho (Sidnei da Silva) e Mc Doca (Marcus Paulo de Jesus Peixoto). “Rap da Felicidade”.
In: Clássicos do Funk, Som Livre, 2007.
Vocabulário
1. Bonança: Tranquilidade e, por extensão, fase boa.
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Língua Portuguesa / Admissão à 1ª série do Ensino Médio – 2020
Texto 3
5
Língua Portuguesa / Admissão à 1ª série do Ensino Médio – 2020
(...)
O problema de carnificina de Costa Barros é que a Polícia Militar é o 30
braço armado do Estado, autorizado a matar, a exterminar jovens negros e
pobres. Quilombolas6 e indígenas. Moradores de favelas, periferias, palafitas 7,
alagados e todos os demais quartos de despejo do Brasil endinheirado e
branco.
Dezenas de jovens que conseguiram ser avisados por familiares ou 35
amigos para não voltarem para casa naquela noite porque havia ação policial
no morro, agora choram e tremem, com os nervos em frangalhos. Os
alvejados8 poderiam ter sido eles. Podem sê-lo amanhã.
É mais ou menos tácito9 que vivamos uma cultura da violência, com
vários ex-secretários de segurança pública do Rio de Janeiro apontam a cada 40
10
chacina . E que precisamos combatê-la, por suposto. Cada um fazendo uma
parte, o Estado, a Polícia, a escola, o cidadão e a cidadã comuns, os meios de
comunicação, de maneira integrada. Temos conhecimento de boa parte das
ações necessárias, mas não fazemos nada ou praticamente nada.
Ocorre que discutir a violência, apenas, não resolve. É preciso 45
11
problematizar o racismo estrutural da sociedade brasileira que gera violência
e avaliza12 o extermínio de jovens negros, comemorado por governantes como
gols de placa. Ou alguém ousa negar que a vida desses garotos não tem valor
porque são vidas de negros?
SILVA, Cidinha da. In: AMARO, Vagner (org.). Olhos de azeviche. Rio de Janeiro: Malê, 2017.
p. 25-27. Trecho.
Vocabulário
1. Emplacar: obter êxito.
2. Profético: o que prevê ou antevê o futuro.
3. Forjado: dito ou mostrado como verdadeiro.
4. Arma plantada: arma colocada em determinado local para incriminar injustamente
alguém.
5. Exonerado: retirado ou destituído do cargo.
6. Quilombola: residente de quilombo, antigo refúgio para negros escravizados fugitivos.
7. Palafita: habitação humilde construída sobre estacas.
8. Alvejado: atingido como alvo.
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Língua Portuguesa / Admissão à 1ª série do Ensino Médio – 2020
Texto 4
Entre as perguntas que muitos me fazem nas palestras que dou, está a
questão da evolução indígena. Por que os índios não evoluíram na mesma
proporção das outras sociedades? Por que as sociedades indígenas são
atrasadas tecnologicamente? E por aí vai. As respostas a essas perguntas não
são tão simples como poderíamos supor. Imaginemos, no entanto, a seguinte 5
pergunta sendo feita por uma criança indígena: Por que os outros homens, de
outras sociedades, não têm a mesma evolução que a nossa?
Certamente alguém da sociedade não indígena diria que isso depende
do ponto de vista. E está muito certo em agir assim, pois devemos imaginar
sempre como o outro se sente quando tem sua organização social 10
questionada. É verdade que em determinados aspectos a sociedade brasileira
ou ocidental é mais evoluída que a indígena. Basta pensar na indústria
tecnológica com todo seu desenvolvimento, nas máquinas complexas, nos
meios de transportes e de comunicação. E a razão desse desenvolvimento é
muito simples: acredita-se que seja importante valorizar esse tipo de 15
conhecimento, por isso investe-se pesado nele. Nisso está, também, a busca
da felicidade, do bem-estar e da qualidade de vida das pessoas e o domínio da
natureza. Ao dominar a natureza, o homem ocidental pensa que pode chegar à
felicidade.
No contexto da sociedade indígena, no entanto, a felicidade é posta em 20
outro lugar e os esforços são investidos em outros campos. A natureza não é
objeto para ser simplesmente explorado. Nessa atitude de respeito, as
sociedades indígenas chegaram a um equilíbrio perfeito, utilizando uma
tecnologia que, comparativamente à do Ocidente, é muito simples.
Por outro lado, se considerarmos a qualidade de vida alcançada por 25
essas sociedades – em que ninguém tem mais que o outro e há abundância e
7
Língua Portuguesa / Admissão à 1ª série do Ensino Médio – 2020
menos violência –, notaremos que elas são mais desenvolvidas que a não
indígena.
MUNDURUKU, Daniel. O banquete dos deuses. São Paulo: Global Editora, 2010. p. 49.
Trecho.
Texto 5