Sei sulla pagina 1di 131

8° D IA

A GRANDE C EIA

Ora, ouvindo tais palavras, um dos que estavam com ele à


mesa, disse-lhe: Bem-aventurado aquele que co mer pão no
reino de Deus. Ele, porém , respondeu: Certo homem deu
uma gra nde ceia e convidou muitos. À hora da ceia, enviou
o seu se rvo para avisar aos co nvidados: Vinde, porque tudo
já está preparado. Não obstante, todos, à uma, co meçaram a
escusar-se. Disse o primeiro: Comprei um campo e preciso
ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado. Outro disse:
Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-
-te que me tenhas por escusado. E outro disse: Casei-me e,
por isso, não posso ir. Voltando o servo, tudo contou ao seu
senhor. Então, irado, o dono da casa disse ao seu servo: Saí
depressa para as ruas e becos da cidade e traze para aqui os
pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. Depois, lhe disse o
servo: Senhor, feito está co mo mandaste, e ainda há lugar.
Respo ndeu-lh e o senhor: Sai pelos ca minhos e atalhos e
obriga a rodos a entrar, para que fique cheia a minha casa.
Porque vos d ecla ro que nenhum daqueles hom ens que foram
convidados provará a minha ceia. (Lc 14.15-24)
72 0 PÃO DOS fiLHOS- 21 DIAS PARTINDO O I'ÁO

A FESTA FOI DADA

A primeira coisa que vemos nessa parábola é que um cerro homem deu
uma grande festa. Os convires não foram vendidos. Na posse do presidenre
dos Estados Unidos, muitas festas aconrecem, mas apesar de ser convidado,
você precisa pagar caro para participar. Entretanto, não é assim .na festa
promovida pelo Senhor.
Hoje, é comum nos convidarem para uma festa num restaurante e você
paga a sua coma. Se você receber um convire assim, cerramenre a pessoa
não é sua amiga. Quando somos convidados para um jan rar, não esperamos
pagar por ele. Se somos convidados, não precisamos levar a nossa própria
comida e bebida. Se Deus nos convida, Ele providencia rodas as coisas.

UMA GRANDE CEIA


A ceia é grande por causa do quanto ela custou. Se Deus disse que é
uma grande ceia, pode ter certeza de que será uma festa como nenhuma
outra. O Senhor disse que aquele que viesse a Ele nunca teria fome.
Deus mesmo está dando a festa e então enviou os seus servos para
chamar os convidados e dizer: "Vinde, porque tlldo já está preparado".

Ü CONVITE

O convi te é feito à hora da ceia (v. 17) . A ceia certarnen te se refere à


Ceia do Senhor. Uma ceia é sempre servida à noite. Assim, é por meio dela
que somos fortalecidos para enfrentar as horas mais escuras.
Os servos saem para convidar porque rudo já está pronto para a festa.
Ninguém é convidado para trazer coisa alguma, para dar nada, pois tlldo
já foi providenciado. Todos são convidados para vir e receber. Você não
foi convidado para trazer algo para o Senhor, mas para receber e desfrutar
da festa. Você não foi convidado para dar, mas para receber. Não foi con-
vidado para trazer, mas para desfrutar.
Todas as coisas estão prontas. A salvação está pronta. A justificação pela
fé está pronta. A paz já está disponível. A saúde é apenas uma migalha, mas
o pão inteiro está sobre a mesa à nossa disposição (Mt 15.27-28). O vinho
A GRANDE CEIA 73

novo do deleite pode ser bebido e o óleo da alegria já está servido. Os ser-
vos dizem: "Todas as coisas já estão prontas! Venham para a grande Ceia!"
A ceia não ficará pronta no futuro, mas já está pronra hoje. A obra foi
terminada e consumada. Hoje, o Senhor nos convida, não nos força a
coisa alguma.
Talvez este seja o quadro mais bonito do evangelismo no Novo Testa-
mento. Não saímos para condenar ninguém, mas para convidar as pessoas
para uma festa. Nós estamos felizes e empolgados com a festa e saímos para
contar aos outros que eles também foram convidados.
Mas os convidados começaram a se escusar e rejeitar o convite. O pri-
meiro se desculpou dizendo que tinha comprado um campo e precisava
vê-lo. Quem compra uma fazenda e só depois vai vê-la? É mentira. Escava
apenas rejeitando a festa.
O segundo convidado disse que tinha comprado cinco juntas de boi e
precisava ir experimentá-las. Quem compra um carro e só faz o cesc-drive
depois? É uma desculpa esfarrapada.
O terceiro disse: ''Acabei de me casar e por isso não posso ir". Talvez
você pense que a lua de mel seja uma boa desculpa, mas não é. Tudo de-
pende de quem o está convidando. Dependendo de quem convida, você
até muda a data do casamento.

A IRA DO SENHOR

Os servos voltaram e relataram aos enhor todas as desculpas. Emão, e


le ficou irado. Você precisa entender o que deixa o Senhor irado. Na Velha
Aliança, o homem tinha de se relacionar com Deus por meio da obediên-
cia.aos mandamenros. Naquele tempo, ignorar a lei trazia a ira de Deus.
Mas, hoje, no Novo Testamento, o que desperta a ira é quando o homem
rejeita roda a bondade de Deus. Quando as pessoas se recusam a receber
o que Deus graciosamente está dando para elas.

A CASA CHEIA

O s enhor, então, manda que os servos saiam para as ruas e becos da


cidade e tragam os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos para a ceia. Os
74 O PÃO DOS fiLHOS - 21 DIAS PARTINDO O PÃO

pobres sempre se empolgam quando são convidados para uma festa. Pode
ter certeza de que eles aceitam o convite.
Os aleijados, cegos e coxos nunca são lembrados, porque eles mesmos
nunca achariam o caminho na sua cegueira e nunca chegariam à festa, pois
são aleijados, mas eles têm um lugar na grande ceia. Quem são as pessoas
que o Senhor mandou que convidássemos? Tenha isso em mente quando
der o convite a alguém.
Em termos espirituais, todos nós éramos cegos ou aleijados e coxos, mas
enquanto comemos do pão da festa, somos sarados. Aquele, porém, que se
acha rico não quer ir à festa. Aquele que pensa que seu andar é perfeito e
sem pecado não aceita o convire. Aquele que prestune que pode ver rodas
as coisas na sua sabedoria humana está perdendo a maior de todas as festas.
Os servos dizem ao senhor que a casa estava cheia, mas ainda havia
lugar. Claro que havia lugar, pois sempre há um lugar para aquele que
aceita o convire e deseja participar da festa.
O senhor, então, manda que os servos saiam pelos caminhos e atalhos
e obriguem rodos a entrar para que a casa fique cheia. Para aqueles que
não têm visão de uma grande igreja saiba que a vontade do Senhor é que
a casa esteja cheia. A vinda do reino depende da casa se encher.
A palavra "obrigar" parece forte, mas, na verdade, a graça do Senhor
nos constrange. Somos tão ricamente abençoados que não temos outra
opção senão aceitar o seu convire. Seja lá como for que Ele nos obriga, isso
é feito por meio do seu amor e graça.
É um faro que alguns vêm pela dor, enquanto outros vêm pelo amor.
Mas, no fim, não é o Sen hor que produz a dor, todavia Ele sempre envia
os seus servos para curar a dor que outros causaram. Somenre o amor é
irresistível, não a dor.
O prazer do pecado pode satisfazer por um momento, mas a ceia do
Rei satisfaz para sempre. Aquele que vem a mim nunca terá fome e aquele
que crê ein mim nunca terá sede, disse Jesus.

A MESA oo R.Er
Um quadro maravilhoso da festa do Rei está descrito em 2 Samuel 9.
Ali lemos da história de Davi e Mefibosere.
A GRANDE CEtA 75

Depois de anos como fugitivo sendo perseguido como um criminoso,


agora Davi foi ungido rei sobre o trono de Israel. Saul, aquele que o havia
perseguido, está agora morto.
Davi tinha feito uma aliança de sangue com Jônatas, filho de Saul, o
que significava que tudo o que pertencia a Davi era de Jônatas e tudo o
que pertencia a Jônatas era de Davi. Eram parceiros de aliança.
Num certo dia, Davi disse: "Resta ainda, porventura, alguém da casa
de Saul, para que use eu de bondade para com ele, por amor de Jônatas?"
(2Sm 9.1).
Hoje, em Israel, os judeus cristãos messiânicos usam o Novo Testamento
em hebraico. Nele, a palavra "graça" é heced, a mesma palavra usada aqui
por Davi. Davi se lembrou da aliança e por isso queria usar de bondade
e graça.
Nessa história, Davi representa Deus, Jônaras aponta para Cristo e a
casa de Saul aponta para a humanidade caída. Sempre que D eus Pai se
lembra da aliança de Cristo, Ele quer usar de bondade para conosco. O
nome Jônatas significa "dom de D eus", o que nos fala de Cristo, que nos
foi dado pelo Pai.
Costuman1os pensar que a aliança de Deus é conosco, mas não é bem
assim, a aliança é entre o Pai e o Filho. Se fosse conosco, nós a teríamos
quebrado ames que acabasse o dia. A Nova Aliança é o cumprimento da
Aliança Abraân1ica; e, naquela àliança, temos um quadro precioso. No dia
em que fez a aliança com Abraão, Deus o fez dormir e, no meio da noite,
um fogareiro e uma tocha firmavam uma aliança. Era o Pai e o Filho se-
lando a aliança da redenção.

E sucedeu que, posto o sol, houve densas trevas; e eis um foga-


reiro fumegante e uma rocha de fogo que passou cnrre aqueles
pedaços. (Gn 15.17)

Mas Deus não fez uma aliança com o homem? Sim, porém Ele fez
com o homem perfeito, Cristo. Todos nós estamos em al iança com Deus
apenas em Cristo.
Assim, Davi, representando o Pai, e Jônaras, o dom de Deus, represen-
tando a casa de Saul, ou seja, o homem caído, estão aliançados . Jônatas
76 O PÃO DOS FI LHOS - 2 1 DIAS PARTI NDO O l'ÁO

morreu, e Davi, vendo o sinal da aliança no seu punho, decide usar de


bondade para com a casa de SauJ, a humanidade caída.

Enráo, Z iba respondeu ao rei: Ainda há um filho de Jônaras,


aleijado de ambos os pés. E onde esrá? Pergunrou-lhe o rei. Ziba
lhe respondeu: Esrá na casa de Maquir, filho de Amiel, e m Lo-
-Debar. (25m 9.3-4)

Quando SauJ morreu no monte G ilboa, roda a sua famüia concluiu


que agora Davi iria matá-los. A babá de Mefibosece decidiu correr com
ele para fUgir, mas, ao correr, ela o derrubou e com a queda ele se tornou
aleijado de ambos os pés.

Jônaras, filho de Sau1, rinha um filho aleijado dos pés. Era da idade
de cinco anos quando de Jeueel chegaram as norícias da morre
de Saul e de Jônaras; cnráo, sua ama o romou c fugiu; sucedeu
que, apressando-se ela a fugir, ele caiu c ficou ma nco. Seu nome
era Mefibosere. (25m 4.4)

Todos os homens caíram no pecado e hoje são aleijados incapazes de


andar retameme diante de Deus. Mas o coração do Senhor é para usar de
bondade para conosco.
Mefibosete vivia em Lo-debar, que significa "sem pasto". Ele vivia no
deserto, num lugar sem alimento. Assim é o homem sem Deus, vive em
sequidão, sem provar do alimento da Palavra de Deus, sem participar da
mesa do Rei.
N um dia, os soldados de Davi vieram buscá-lo. Ele certamente estreme-
ceu-se de medo e pensou que era o seu fim. Quando ele chegou diante do
rei, a primeira coisa que Davi lhe disse foi: "Não temas!" Esta é a primei ra
palavra de Deus para o pecador: "Você não precisa temer!"
Davi diz a Mefibosetc: "Usarei de bondade para comigo, por amor de
Jônatas". Deus Pai libera a sua graça sobre nós por causa de Crisro. D e-
pois, ele acrescentou: "Eu te restituirei rodas as cerras de SauJ, teu pai, e cu
comerás pão sempre à minha mesa. Mefibosece vivia num lugar sem pão,
em completa miséria. Mas Davi lhe deu tudo o que SauJ possuía. Saul era
rei, você cem ideia de quão rico ele era? N um instante, roda a sua riqueza
lhe foi restituída.
A CRANDI!. CELA 77

E para completar, Mefibosere vai agora comer o pão rodos os dias na


mesa do rei. Mefibosere era aleijado, seu andar não era perfeito, mas, as-
sentado com o rei, sua condição era coberta. Mesmo depois de salvo, o
seu andar com Deus ainda não é perfeiro, mas você está assentado à mesa
diante do Rei. Estando à mesa, o Rei não vê o seu caminhar. Apenas coma
do pão, pois enquanto se alimenta, você é transformado e fortalecido.
Assentado com Crisro, você se esquece do seu caminhar e pode desfrutar
de perfeita comunhão.
Mas será que não preciso trazer minha obediência e santidade ao Rei
ames que Ele me aceite na sua mesa? Você foi convidado para uma festa
onde tudo já foi providenciado. Você não traz nada, apenas recebe. O que
Deus espera é que você aceite o convire. Esta é a sua parte, aceitar a imensa
graça que IJ1e é oferecida.
Quando estamos diante da mesa do Senhor, a ordem é para que nos
lembremos d'Ele. A Ceia é em memória d'Ele, e não para você se lembrar
do seu passado.
Qual foi a resposta de Mefibosere? "Quem é teu servo, para teres olhado
para um cão morto tal como eu?" Antes, talvez ele acalemasse a ideia de
que era o verdadeiro herdeiro do rrono. Ele é que merecia ter o lugar do rei.
Talvez tenha planejado uma guerra contra Davi e tenha fàlado muitas coisas
ruins a respeito dele. Mas, djame de rama bondade do rei, o seu coração
foi quebrantado. É a bondade do rei que nos conduz ao arrependimento.

Ou desprezas a rique-ta da sua bondade, c tolerância, e longaní-


midade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao
arrependimento? {Rm 2.4)
SENHOR E SERVO

ma verdade fundamental d o evangelho é que Jesus é plenamenre

U D eus Oo l.J-3, 14), mas Ele veio à terra como ho mem. Ele é Filho
de D eus e filho d o ho mem. A Bíblia diz que "to rnando-se em
semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se
humilho u, tornando-se obedienre até à morte e morre de cruz" (Fp 2.7-
8). Ele deixou a sua glória e os poderes divinos e tornou-se homem. Isso
significa que, como qualquer o utro ser humano, Ele tinha sentimentos,
dores e tenrações, mas nunca pecou.

Se o Senho r Jesus tivesse vindo ao mundo como D eus, então Ele não
teria sido capaz de morrer na cruz po r nossos pecados, po rque D eus não
pode morrer. Mas, fazendo-se homem, Ele se fez mortal. Ele veio como
homem e sofreu como ho mem. O sangue, o suor e as lágrimas eram reais.
A do r era real. A morre foi reaL

No Gcrsêmani, Ele viveu um grande sofrimento e agonia q uando o rou,


d izendo: " Pai, se queres, passa de mim este cálice; conrudo, não se faça a
minha vontade, e sim a rua" (Lc 22.42) . Mas há um sofrimento espirirual
aqui que às vezes não percebemos.
80 O PÃO DOS FILHOS - 21 DIAS PARTINDO O PÃO

A SEPARAÇÃO DO pAI

Havia um cálice espiritual oferecido ao Senhor, e nele estavam rodos


os nossos pecados c maldições. Toda a nossa sujeira escava naquele cálice,
e beber dele significava se separar do Pai, a quem amava.
Até então, Jesus nunca tinha sido separado de Deus Pai. A razão pela
qual Ele podia faze r rodos os tipos de milagres quando andou na terra
era porque o Pai estava com Ele. Jesus venceu a acusação dos fariseus e a
traição dos homens porque Ele sabia que era amado.

Meu Pai trãbalha até agora, e eu trabalho também [ ... ] Em


verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si
m esmo, senão somente aqu ilo que vir fazer o Pai; porque tudo o
que este fizer, o Filho também semelhanremcnre o faz. Qo 5.17, 19)

Então, a Jesus foi dada uma escolha: beber o cálice de nossos pecados ou
voltar para casa, para a glória. Se Ele rejeitasse o cálice, o Pai lhe traria para
casa, e rodos nós iríamos para o inferno por causa do nosso pecado. Mas
Jesus nos amou canto que ficou. Ele bebeu o cálice de nossos pecados até
o fim. Ele percorreu rodo o caminho por nós, rodo o cam inho até a cruz.

DEUS PODE SORRIR PARA VOCÊ HOJE

Como homem, Jesus definitivamente sentiu a dor física da Hage-


laçáo, espinhos e pregos, mas certamente seu maior sofrimento foi a
separação d o Pai.
Na cruz, Ele clamou: "Deus meu, Deus meu, por que me desampa-
raste?" (Mr 27.46). Deus virou as costas para Ele. No momento em que
mais precisava, seu Pai teve de virar as costas para Ele. Você sabe por quê?
Porque, se D eus não virasse as costas para Jesus, Ele teria de virar as cos-
tas para você. Jesus tomou o seu lugar para que você possa tomar o lugar
d'Eie, onde a face de Deus está sempre sorrindo para você.
Hoje, remos a face de D eus sorrindo para nós rodo o tempo. O sem-
blante de D eus está brilhando sobre você e sua fam ília. É por isso que
hoje remos verdadeiramente a bênção sacerdotal: "Que o Senhor faça
resplandecer o rosto sobre ti [... ] que o Senhor sobre ti levante o rosto e
S ENHOR E SERVO 81

te dê a paz" (Nm 6.25). Jesus pagou o preço para que Deus possa sempre
sorrir para você.

o PAI CHOROU
Deus virou as costas para o seu Filho porque Ele teve de puni-lo por
nossos pecados. Ele é o juiz do universo. Mas, como Pai, eu creio que Ele
chorou. É por isso que no filme A Paixão de Cristo há nesta parte uma
lágrima que cai do céu.
Paulo diz que o sacrifício de Jesus foi de aroma suave ao Pai (Ef 5.2).
Sim, como Deus e juiz, D eus teve de virar as costas para o seu Filho, por-
que seus olhos são muito puros para conremplar o mal e o pecado (Hc
1.13). Mas, como Pai, seu coração estava quebrado, porque Cristo nunca
foi mais agradável a Ele do que naquele momenro. O Senhor Jesus sabia
que o Pai o amava porque Ele dava a sua vida.

Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassu-
mir. N inguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente
a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la.
Este mandatO recebi de meu Pai. Oo 10.17-1 8)

Aqueles que possuem crianças pequenas amam seus filhos o tempo


rodo, mas às vezes seu fi lho faz algo especial por amor a você e aquilo toca
ramo o seu coração que você quer apenas abraçá-lo. Deus sentiu o mesmo
por seu Filho quando Ele estava na cruz, mas não podia abraçá-lo mesmo
quando Jesus gritou por Ele. Como o Juiz d0 universo, Ele teve de virar
as costas e deixar o seu Filho ser punido ao máximo pelos nossos pecados.
Se você, como pai, vê o seu fiU1o sofrendo por algo que ele mesmo fez
de errado, isso com certeza o faz sofrer também. Faz você querer ajudar
o seu filho. Quanto mais se o seu filho é inocenre! Jesus era inocente. Ele
não conheceu pecado. Ele não cometeu pecado. E n'Ele não havia pecado
(2Co 5.21). No entanto, Ele sofreu e morreu pelos nossos pecados, porque
Ele amava o Pai e também porque nos amou até o fim.

AÇOITADO PARA NOSSA CURA

De acordo com historiadores, os açoites romanos possuíam ganchos


nas extremidades que enrravan1 na carne da vítima e arrancam pedaços
82 O PÃO DOS FILHOS- 21 DIAS PARTINDO O PÃO

de carne do corpo. E provavelmente Jesus não recebeu quarenta açoites


menos um, de acordo com a lei judaica (Dt 25 .3; 2Co 11.24). O s solda-
dos romanos que executaram a flagelação odiavam os judeus c não teriam
observado o seu direito.

Não sei quantas vezes o Senhor Jesus foi chicoteado, mas foi o sufi-
cienre para expor os ossos em suas costas. O Salmo 129.3 diz: ".S obre o
meu dorso lavraran1 os a radores; nele abriram longos sulcos". O Salmo
22. 17 diz: "Posso contar rodos os meus ossos; eles me estão olhando e
encarando em mim".

Muiros acusam o filme A Paixão de Cristo de ser muiro violento, pois


mostra o corpo de Jesus completamente dilacerado pelos açoites, mas, se
observan1os o relato bíblico, concluiremos que o filme nem foi tão vio-
lemo assim.

A Bíblia diz que, "pelas suas pisaduras, nós fomos sarados" (Is 53.5).
Jesus romou cada um desses açoites terríveis porque Ele teve de pagar o
preço rotal para a nossa saúde. Por essas pisadu ras, o câncer morreu. Por
essas pisaduras, a asma do seu filho foi derrotada. Por essas chagas, somos
saudáveis e forres!

Algwnas pessoas erroneamente presumem que Deus tem oscilações de


humor. Se Ele está de bom humor hoje, Ele vai curá-lo; se está de mau
humor, Ele não vai curá-lo. Como você pode colocar a sua fé em um Deus
de humores? Mas isso não verdade. Deus é um Deus de Palavra. Ele vai
curá-lo porque o seu Filho pagou o preço para a sua cura. E a obra de seu
Filho é perfeita.

UM SINAL DE AMOR

No G~tsêmani, podemos ver a completa obed iência do Senhor Jesus.


Em Filipenses 2.7-8, Paulo diz que "ele, subsistindo em form a de Deus, não
julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo, rornando-se obediente até à morre e morte
de cruz". É algo extraordinário ver que o Filho de Deus se fez escravo por
nós. A palavra "servo" aqu i é dou/os, que significa "escravo".
SENIIOR I! SERVO 83

H á uma imagem muito bonita do que Jesus fez por nós escondida na lei
do escravo hebreu. D epois que D eus deu a Moisés os D ez Mandamentos
em Êxodo 20, Ele deu uma lei sobre os escravos em Israel.

Se comprares um escravo hebreu, seis anos servirá; mas, ao séti-


mo, sairá forro, de graça. Se enrrou solteiro, sozinho sairá; se era
homem casado, com ele sai rá sua mulher. Se o seu senhor lhe der
mulher, e ela der à luz filhos e filhas, a mulher c seus filhos serão
do seu senhor, e ele sairá sozinho. Porém, se o escravo expressa-
mente disser: Eu amo meu senhor, minha mulher c meus filhos,
não quero sair fo rro. Enrão, o seu senhor o levará aos juízes, e
o fará chegar à porra ou à ombreira, e o seu sen hor lhe furará a
orelha com uma sovela; e ele o servirá para sempre. (Êx 2 1.2-6)

Um escravo hebreu só podia servir a seu senhor por seis anos, no sétimo
anos ele saia livre. Se tivesse se casado e rido filhos nesses seis anos, ele não
poderia levar a sua esposa e filhos jumo quando saísse. Sua esposa e filhos
perrenciam ao seu senhor. Esta era a lei.
Mas se o servo dissesse: "Eu não quero sair livre, mesmo que esse seja
o meu d ireito, porque eu amo meu senhor, minha esposa e meus filhos" .
Então, o seu senhor o levava diame dos juízes de Israel e aquele escravo
tinha a sua orelha furada na porra da casa. Ao fazer isso, seu sangue seria
derramado na porra.
Sua orelha furada serviria como um sinal para os outros de que Ele era
agora um escravo por opção. Ele poderia ter saído livre, mas preferiu ficar
porque am ava o seu senhor, sua esposa e seus filhos. Assim, ele deveria
ficar na casa e servir ao seu senho r para sempre.
Você acha que um servo hebreu iria desistir de sua chance de ser livre
depois de seis anos de escravidão? Talvez. Mas eu não creio que um servo
diria: "Eu amo meu senhor", em primeiro lugar, ames de expressar seu
an1or por sua esposa e filhos. Obviamente, o Espírito Santo tinha alguém
em mente quando Ele menciono u essa lei em Êxodo 21 . Quem você pensa
que é essa pessoa? É claro que se refere a Cristo. Normalmente, aplicamos
esse texto a nós mesmos, mas, na verdade, ele aponta para Cristo. A lei se
torna muito bonita quando conseguimos enxergar o Senhor Jesus nela.
Dessa forma, no Jardim do Getsêmani, Jesus, o Servo (escravo) perfei-
to, optou por não sair livre, mas permanecer na terra, porque Ele amava
84 O PÃO DOS FILHOS - 2 1 DIAS PARTINDO O PÃO

o seu Pai e a sua noiva, a igreja. Por causa disso, Ele foi açoitado e depois
perfurado por uma coroa de espinhos, pregos e a lan ça de um soldado ro-
mano. O escravo hebreu guardava o buraco na orelha como sinal da sua
escolha, mas o Senhor traz. nas m ãos os cravos da cruz. As únicas coisas
feiras pelo homem no céu são as cicatrizes nas mãos, nos pés c no lado de
Cristo. Elas permanecerão para sempre como um sinal de seu aJ110r por
nós. E, quando as virmos, seremos lembrados do quanro Ele nos ama. Ele
não precisava, mas Ele escolheu.

ALEGRE-SE COM A PLEN ITUDE DO PERDÃO

Jesus, o perfeiro Servo, disse: "Eu amo meu Senhor e também amo
minha esposa. Eu não vou sair livre". Isso é o que Ele decidiu no Jardim
do Gersêmani. Sua decisão significava que Ele precisava pagar o preço.
E o preço total foi pago. Por isso, é um erro você pensar que ai nda possui
algum pecado que não foi perdoado. Se você acred ita russo, está dizendo:
"Jesus sofreu, sim, mas não é o suficiente. Eu sei que Ele clamou: "Está
consumado", mas no meu caso é diferente".
O maior insulto a Cristo é crer que seus pecados ainda não foram per-
doados. Ele tomou a plenitude da punição para que você possa desfrutar
da plenitude do perdão. Você está completamente perdoado de roda uma
vida de pecados!

UM HOMEM QUE NOS SERVE PARA SEMPRE

Quando Jesus optou por não ir embora livre, mas permanecer e ser
trespassado na cruz, Ele estava, na verdade, escolhendo permanecer um
homem e um servo para sempre. Essa afirmação pode chocar algumas pes-
soas religiosas; contudo, no céu hoje, Jesus é sempre um homem e sempre
o um Servo. Foi sua escolha. Ele disse: "Eu não vim para ser servido, mas
para servir" (Mt 20.28).
Mas Ele não é o Senhor? Sim, Ele é Senhor e Deus, mas Ele também é
nosso servo. Quando Pedro se recusou a permitir que Jesus lhe lavasse os
pés, o Senhor lhe disse: "Se eu não te lavar, não tens parte comigo" Oo 13.8).
É preciso humildade para permitir que Jesus nos ministre. Queremos
ministrar ao Senhor. Queremos dar ao Senhor. Queremos fazer as coisas
S ENHOR E SERVO 8)

para o Senhor. Queremos real izar grandes coisas para o Senhor. Queremos
contribuir generosamente para o Senhor. Queremos edificar uma grande
obra. Mas nós somos completamente impotentes em nossos recursos. Só
podemos dar aquilo que temos recebido. Porranro, a melhor coisa que
você pode fazer é receber d'Ele.
Um dos criminosos que foi crucificado com Jesus disse de si mesmo e
do ourro ladrão: "Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o casti-
go que os nossos atos merecem; mas este nenhwn mal fez. E acrescentou:
Jesus, lembra-re de mim quando vieres no teu reino" (Lc 23.40-42).
Mesmo no meio de rodo o seu sofrimento, alguém lhe trouxe alegria ao
coração. Alguém ainda lhe pediu algo ali na cruz, ao que Ele respondeu:
"Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23.43). O
que alegra o Senhor é quando Ele encontra um pecador disposto a receber
d'Ele. Sua alegria é nos servir. Servir é a natureza do seu coração de amor.
E nós somos o objeto do seu amor.
Eu não sei se houve algum escravo hebreu que optou por não sair li-
vre nos tempos bíblicos. Mas vamos supor que tenha havido um. Agora,
imagine sua esposa acordando no meio da noite. Ela olha para o marido e
se lembra de que, anos atrás, ele poderia ter saído livre, deixando ela e os
filhos para trás, mas ele não quis. E, enquanto ele dorme ao seu lado, ela
vê sua orelha perfurada como símbolo de seu amor por ela para sempre.
Essa mulher deveria se senrir muito amada.
No céu, um dia, nós vamos ver as feridas de Jesus. E vamos nos lem-
brar de que Ele não precisava ter permanecido aqui e ser ferido por nossos
pecados, mas Ele escolheu ficar porque nos ama.
10° DIA

Ü FAVOR PODE SER MULTIPLICADO

P
rimeiro, nós vimos que um crente pode se separar do favor de D eus,
depois aprendemos o que nos leva a decair desse favor imerecido.
Aprofundando ainda mais, aprendemos que um crente, além de
perder o fc'lvor, pode ainda viver debaixo de maldição. Agora, porém, quero
mostrar que não apenas podemos viver continuamente debaixo do favor
como também podemos ter esse favor multiplicado em nossa vida.

Graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de


Deus e de Jesus, nosso Senhor. (2Pe 1.2)

A oração de Pedro é para que a graça e a paz nos sejam multiplicadas.


O favor de Deus sobre nós pode ser aumentado e até multiplicado. Como
isso acontece? A maneira como podemos multiplicar o favor de Deus sobre
nós é conhecendo mais o Senhor Jesus e Deus Pai. Quanto mais conhece-
mos o seu amor e a sua obra, mais o favor é multiplicado.
A paz de Deus é uma chave espiritual muito importante em nossas
vidas. Quando temos essa paz, nossa casa é abençoada, nós prosperamos
e experimentamos saúde em nosso corpo. Como podemos crescer nessa
paz? A Palavra de Deus diz que o favor e a paz nos são multiplicados no
pleno conhecimento de Deus Pai e do Senhor Jesus.
88 O PÃO DOS FILHOS- 21 DIAS PARTINDO O PÃO

A maneira como multiplicamos a paz e o fàvor de Deus não é fazendo


mais, orando mais ou contribuindo mais, mas vendo mais, conhecendo
mais de Deus Pai e do Senhor Jesus. É uma quesrão de ver o Senhor Jesus.
O favor é a coisa mais imponanre. José foi levantado primeiro ministro
do Egiro em apenas uma hora que ficou diante de Faraó. Tudo porque ele
tinha o favor. E, debaixo do favor, ele pôde governar todo o Egito. ·
Sobre Ester, a Escritura diz que ela achou favor diante do rei, por isso
foi levantada como rainha de roda a Pérsia (Et 2.1 7). Quando você está
debaixo do favor, você realiza em uma hora mais do que em anos de tra-
balho. Não se contente com o favor que você rem tido, porque ele pode
ser multiplicado sobre a sua vida.
Você pensa que precisa de mais dinheiro, mas D eus diz que você precisa
de mais favor. Você pode pensar que precisa romper, mas D eus diz que
você precisa de mais favor. A graça é o favor de D eus, e esse favor pode
ser aumentado em nossas vidas. O favor é multiplicado quando o conhe-
cimento de Cristo cresce.
Mas o conheci mento não é em nossa mente, e sim em nosso coração.
Se o conhecimentO for apenas mental, isso produzirá orgulho e soberba,
mas quando recebemos revelação em nosso espírito, somos cheios de gra-
tidão e vida.

Ü FAVOR MULTIPLICADO
Lembre-se de que o favor é sempre favor imerecido, caso contrário,
não é graça de D eus. Esta é a presente verdade na qual precisamos estar
firmados. O problema acontece quando somos distraídos por verdades
bíblicas, mas que não são a verdade arual, a presente verdade. Pedro diz
que ele está sempre promo para lembrar os irmãos da verdade atual para
que nela sejan1 confirmados .

. Pelo que não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas,


ainda que bem as saibais c estejais confirmados na presenrc ver-
dade. (2Pe 1.1 2 - RC)

O que é a presente verdade a que Pedro se refere? É a verdade atual


referente à Nova Aliança. Em cada dispensação, existe uma verdade atual
para aquele tempo. Quando o homem foi criado e colocado no jardim
Ü FAVOR PODE SER M U LTIPLICADO 89

do Éden, havia uma verdade atual para aquele momento. O Senhor lhes
tinha ordenado: "De roda árvore do jardim comerás livremente, mas da
árvore do conhecimento do bem e do maJ não comerás; porque, no dia
em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2.16-17).
Nós sabemos que Adão caiu e, por causa da queda, a doença veio, a
miséria e a destruição vieram, o envelhecimento e a morre vieram. Todas
essas coisas são inimigas de Deus. Então, Deus liberou a profecia de que
da semente da mulher viria aquele que iria esmagar a cabeça da serpente
(Gn 3.15). Nós sabemos que a mulher não tem a sememe, e sim o homem.
Isso nos mosrra, portanto, que o Messias nasceria da virgem.
Os sécuJos passaram e chegamos a Moisés com o povo de Israel dian-
te do monte Sinai. O povo diz a Moisés: 'Tudo o que o Senhor falou e
nos ordenou nós faremos" (Êx 19.8). Eles nem tinham ouvido os Dez
Mandamentos ainda. A partir desse momento, Deus diz a Moisés que
ninguém deveria se aproximar do monte, e até o animaJ que tocasse no
monte seria morro.
D eus mudou o com do tratamento com o povo. O Senhor não estava
longe do povo em rodo aquele tempo que os conduziu para fora do Egito;
durante o dia, Ele era a nuvem, e à noite, a coluna de fogo guiando a nação.
Em nenhum momento, o Senhor lhes tinha dito para não se aproximar.
Agora, porém, aconteceu aJgo no monte Sinai.
Diante da soberba do povo de pensar que poderia cumprir o man-
damento do Senhor na própria força, diante da justiça própria que eles
demonstravam, Deus resolveu dar a lei com o objetivo de mostrar-lhes a
sua condição pecaminosa. No momento em que a lei é dada, ela se torna
a verdade atuaJ. Era a verdade presente naqueles dias. A verdade de não
comer da árvore do conhecimento já era uma verdade antiga, a verdade
acu;ll agora era a lei.
A lei foi dada por meio de Moisés; mas, mil e quinhentos anos depois,
a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Hoje, a presente ver-
dade é a Nova Aliança.

Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de


ma neira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda.
E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm dias, diz o Senhor, c
firmarei nova aliança com a casa de Israel c com a casa de Judá,
90 O r,\o DOS FILHOS - 21 OLAS P,\RTINDO O PÃO

não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os
romei pela mão, para os conduzir aré fora da cerra do Egiro; pois
eles não continuaram na minha aliança, e eu não atentei para eles,
diz o Senhor. Porque esca é a aliança que firmarei com a casa de
Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei
as minhas leis, também sobre o seu coração as inscrcvc r~i; e cu
serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. E não ensinará jamais
cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo:
Conhece ao Senhor; porque rodos me conhecerão, desde o menor
deles acé ao maior. Pois, para com as suas iniqüidades, usarei de
misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei. (Hb 8.7-12)

O próprio Deus diz que a Velha Aliança tinha defeito. Deus achou de-
feito num sistema perfeito porque o seu povo é imperfeito. Agora Deus faz
uma nova aliança e Ele mesmo diz que cumprirá rodas as cláusulas dessa
aliança, e não há menção de condições impostas ao seu povo.

Ele diz que vai escrever suas leis em nosso coração. Eu gostaria de poder
colocar dentro do meu filho o desejo de comer brócolis, mas não tenho
esse poder. Deus, porém, pode e é exatamente isso o que Ele fez, colocou
a sua lei dentro de nós. Hoje, nós remos no nosso coração o desejo de
fàzer a sua vontade.

"Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo." Esta é uma afirmação
poderosa, pois se estivermos doentes, Ele será o nosso Deus e nós teremos
cura. Se estivermos necessitados, Ele será o nosso Deus e nós teremos
plena provisão.
"Todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior", diz o Senhor.
O conhecimento de Deus hoje é intuitivo dentro de nós. Nós podemos
ter comunhão com Ele em nosso espírito. Não importa se somos crianças
ou velhos, cultos ou iletrados, rodos podemos conhecer a Deus.
Por fim,. o Senhor diz: "[ ... ] para com as suas iniqüidades, usarei de
misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei". Esta é a cláusula que
torna possível rodas as outras. Debaixo da lei, o Senhor disse que visitaria
a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e a quarta geração, mas agora
Ele não se lembra mais de nossos pecados. Enquanto Deus se lembra, Ele
julga, mas agora não h á mais lembrança de nenhum dos nossos pecados.
Ü FAVOR PODE SER M U LTII'LICADO 91

Isso significa que não há mais condenação sobre nós e nem sobre os nossos
filhos e netos.
Qual é a parte do homem na Nova Aliança? Ele não rem de fazer coisa
alguma, apenas crer. O justo viverá pela fé.
Por que muitos não conseguem crer que a lei foi escrita em nossos co-
rações? Por que não conseguem crer que Deus é o seu Deus no meio da
necessidade? Por que pensam que não podem conhecer o Senhor? Tudo
isso é porque não creem que o Senhor se esqueceu do seu pecado. Infeliz-
mente, muitos crentes ainda vivem debaixo de condenação acreditando
que o seu pecado está sempre diante de Deus. Por causa disso, vivem na
expectativa do juízo, e não na expectativa da bênção.

A PORÇÃO DOBRADA

Pedro diz que, uma vez que estamos firmados nessa presente verdade,
a graça pode ser multiplicada sobre nós. Creio que um grande exemplo
de graça multiplicada é a experiência de Eliseu, que recebeu uma porção
dobrada da unção de Elias.
El ias lembra João Batista, e Eliseu rip ifica o Senhor Jesus. Na verdade,
o nome Eliseu em hebraico é Eliysha, que significa "Deus é salvação", um
sentido semeU1ante ao do nome Jesus, que significa "Jeovah é salvação".
Todos os milagres de Eliseu, exceto um, são milagres de graça. Também
rodos os milagres do Senhor são de graça, exceto a maldição da figueira.
Por outro lado, rodos os milagres de Elias são de juízo. Na primeira vez
que ele aparece, já decreta três anos de seca em Israel por causa do pecado do
povo. Elias tipifica o juízo, enquanto Eliseu tipifica a graça do Senhor. As-
sim como João Batista precedeu o Senhor, assim Elias veio antes de Eliseu.
·Elias viveu uma vida de ascetismo, isolado no deserto, vestido de pelos
de can1clo e com os cabelos longos. Eliseu, ao contrário, era um profeta
acessível. Ele ministrou entre leprosos, viúvas, reis e soldados.
A Palavra de Deus declara que Eliseu teve a unção de Elias dobrada.
Como Eliseu pôde experimentar essa bênção? Já ouvi rodo tipo de inter-
pretação sobre isso, mas hoje quero mostrar que esses dois profetas repre-
semam duas alianças, e como Eliseu ceve a porção dobrada, hoje, na Nova
Aliança, podemos ter a bênção, o favor e a unçáo dobrada.
92 O PÃO DOS FILHOS- 21 DIAS PARTINDO O PÃO

Enráo, Elias tomou o seu manro, enrolou-o e feriu as águas,


as quais se dividiram para os dois lados; e passa ram ambos em
seco. Havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o
que queres que eu te faça, antes que seja romado de ti. Disse
Eliseu: Peço-te que me roque por herança porção dobrada do
teu espíritO. (2Rs 2.8-9)

O pedido de Eliseu foi para receber a porção dobrada do espírito de


Elias. Nós sabemos que Elias fez catorze milagres (incluindo a sua subida
ao céu) e Eliseu fez vime e oito, exatamente o dobro. Como Eliseu recebeu
a porção dobrada?

Tornou-lhe Elias: Dura coisa pediste. Todavia, se me vires quando


for tomado de ti, assim se te fará; porém, se não me vires, náo
se fará. Indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo,
com cavalos de fogo, os separou um do outro; c Elias subiu ao
céu num redemoinho. O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai,
meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e,
tomando as suas vestes, rasgou-as em duas partes. (2Rs 2.1 0-12)

A primeira condição de Elias foi que Eliseu o visse: "Se me vires quando
for tomado de ti, assim se te fará". Tudo é uma questão de ver a Cristo. Se
os nossos olhos se abrem, então podemos receber a sua bênção. Ver Cristo
glorificado e receber a unção são coisas que caminham juntas.

E qual fo i o clamor de Eliseu quando viu Elias subindo? "Meu pai,


meu pai [... ]" Em hebraico, ele gritou: "Aba, aba!" Este é exatamente o
clamor que o Espírito coloca hoje em nossos corações (Rm 8.15-16). Este
é o segredo da porção dobrada.

E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito


de seu Filho, que clama: Aba, Pai! (GI 4.6)

Existe mt,.~ita bênção e riqueza em estudar os nomes de Deus no Velho


testamento. Eu mesmo tenho fe ito isso muitas vezes. Mas o nome que o
Senhor Jesus veio nos revelar é "Pai" Qo 17.6 e 26). Esta é a verdade atuaL
A única vez que o Senhor Jesus chamou o seu Pai de meu Deus foi no Cal-
vário, quando disse: " Deus m eu, Deus meu, por que m e desamparaste?"
É assim porque, na cruz, Ele tomou os nossos pecados e provou por nós
Ü FAVOR !'ODE SF.R MULTII'LICAOO 93

a separação do Pai. Esse foi o seu clamor na cruz para que hoje possamos
clamar: "Aba, Pai!"

Se você sempre vem diante do Pai dizendo: "Deus, Deus!", não é de


admirar que você não sinta o seu amor. A fé não é liberada no seu coração.
Mas quando você diz "Pai", o Espírito Santo o enche do seu amor e de fé.
O Senhor clamou na cruz: "Deus meu, Deus meu, por que me desam-
paraste?" para que hoje possamos clamar: "Deus meu, Deus meu, por que
sou tão abençoado?"

Quando você clan1a "Pai", você está assumi ndo a posição de herdeiro.
Somente como herdeiro podemos enuar na posse da promessa. Foi isso
o que o Senhor disse em Jeremias 3. Perdemos a mais formosa herança
quando não o reconhecemos como Pai.

Mas eu a mim me pergunrava: como cc porei entre os filhos c


rc darei a cerra desejável, a mais formosa herança das nações? E
respondi: Pai me chamarás e de mim não re desviarás. Ur 3.19)

A VERDADE ÚLTIMA

A preseme verdade é também a verdade última. As últimas palavras de


alguém são muito importantes. Em Aros 20, estão registradas as últimas
palavras de Paulo aos presbíteros da igreja em Éfeso. Ele diz que iriam se
levantar muitos lobos que perverteriam ou distorceriam o ensino da Palavra,
e depois ele os encomenda ao Senhor e à palavra da sua graça.

Arendei por vós e por rodo o rebanho sobre o qual o Espírito


Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a
qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois
da minha parrida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não
pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão
homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos
atrás deles. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos,
noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um.
Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à palavra da sua graça,
que rem poder para vos edificar c dar herança entre todos os que
são samificados. (Ar 20.28-32)
94 O PÃO DOS FILHOS - 21 DIAS PARTINDO O PÃO

Muiros dizem que creem na Palavra de D eus. Mas em qual palavra


creem? Na palavra da lei ou na palavra da graça? Isso é muiro importan-
te, porque somcme ela rem o poder de nos ed ifi car e de nos dar herança.
Herança é muiro difereme de recompensa. A herança é algo que rece-
bemos unicamente pela graça de termos sido feitos filhos. Edificar significa
levantar e construir. Somente a palavra da graça pode realmente edificar
a Casa de D eus.
A presente verdade, a verdade atual, é que a graça, quando multiplica-
da, resulta em po rção dobrada. Não precisamos nos contentar com o que
temos provado, há muito favor à nossa disposição, basta apenas andarmos
na luz da Palavra da sua graça.
UM SALVADOR FELIZ DE NOS SALVAR

eus reaLnente nos ama. Ele ama nos curar, restaurar e salvar. Ele

D não é um Deus que nos deprime ou coloca para baixo, mas é


um Deus amoroso.
D esde o princípio, no jardim do Éden, o inimigo tentou passar a ima-
gem de Deus como sendo mau. Ele disse a Eva que Deus estava lhe negando
algo. Deus havia proibido justamente o fruto que a far ia semelhante a Ele.
O diabo sempre procura convencer as pessoas de que D eus não é generoso,
que Ele está retendo alguma coisa. Sempre parecendo que Deus não está
interessado em nos abençoar
Mas a cruz de Cristo destrói rodas essas mentiras. Deus nos amou de
tal maneira que, mesmo não tendo de nos dar coisa alguma, decidiu nos
dar seu próprio Filho. Por isso, Deus hoje é justo em nos justificar. Mas
como pode o homem ser justo diante de Deus? Até mesmo os nossos pen-
samentos são pecaminosos. Como, pois, pode o homem ser justo diante
de um Deus com padrões perfeitos?
Deus é um D eus santo. As Escrituras declaram que Ele é justo em to-
dos os seus caminhos. Se Deus negasse a sua santidade, rodo o universo se
desintegraria. Deus é santo e justo, mas a sua essência é amor.
96 0 PÃO DOS FILHOS - 21 DIAS PARTINDO O PÃO

Quando olhamos para a cruz, vemos que o nosso D eus se entrega, se


sacrifica e se dá por amor. Deus nos ama por causa de si mesmo, e não
por causa de algo bom que porventura haja em nós. Deus é bom para nós
porque Ele é bom, e não porque nós somos bons.

Na sua justiça, Deus enconcrou um meio de expressar o seu amor. Sen-


do Ele justo, teve de punir os nossos pecados, então enviou seu Filho para
ser punido em nosso lugar. Quando Crisro morreu pelos nossos pecados,
a justiça e a sanridade de Deus foram satisfeitaS.

D esde o princípio, quando D eus mesmo sacrificou o cordeiro no Éden


para vestir a Adão e sua esposa, Ele pintou o quadro de que sem sangue
não há remissão de pecado.
Durante séculos, os judeus sacrificaram o cordeiro na Páscoa e nos
sacrifícios diários anunciando que o Cordeiro viria. Até que chegou o dia
em que João Batista aponcou para Jesus e declarou: "Eis o Cordeiro de
D eus, que tira o pecado do mundo" Oo 1.29).

Deus não pôde achar em lugar algum um ho mem que pudesse fazer
a redenção, pois em rodo o homem há pecado. Mas, por fim, a virgem
engravidou. A semente de D eus foi colocada na mulher.
O Senhor Jesus não tinha a natureza do pecado. Não houve san-
gue humano na geração de Cristo. A placenta no útero alimenta o
bebê e elimina os dejetos, mas não participa do sang ue do bebê.
Nem Maria nem José tiveram qualquer participação na natureza de
Cristo. Ele nasceu para ser o Cordeiro perfe ito para o sacrifício pelos
nossos pecados.

Na cruz, sua justiça foi satisfeita de tal maneira que, se hoje Deus rejei-
tasse um pecador, Ele estaria d izendo que o sacrifício de Cristo foi in útil.
Ele teria de se desculpar com Cristo, mas Deus nunca pede desculpas pela
simples razão de que Ele nunca comete erros. Dessa form a, pela cruz, a
justiça de D~us é g randemence realçada. Como ju iz, Deus nunca poderia
deixar o pecado impLme, mas, em Cristo, Ele mesmo pagou pelo pecado
em nosso lugar.

Quando o diabo questiona como um pecador pode adorar a D eus


como um filho , o Pai simplesmente aponra para a cruz. Se ele diz que todo
UM SALVADOR FELIZ DE NOS SALVAR 97

pecador deve morrer, o Pai simplesmente lhe mostra a cruz. O d iabo é um


legal ista que jamais poderá compreender a graça de Deus.
Mas D eus não poderia simplesmente perdoar e esquecer o nosso pecado
sem rodo o sacrifício da cruz. E le não poderia fazer isso porque rodo peca-
do deve ser pun ido. Graças a Deus porque a punição dos nossos pecados
foi completa na cruz.
Na cruz, Deus nos fez justos. Se Ele não nos tratasse como justos
quando vamos a Ele hoje, Ele seria injusto. Se fizesse isso, Ele estaria di-
zendo que o sacrifício de Cristo foi inválido. Por isso, é tão sério tentar
se justificar diante de Deus sem a cruz. Quando agimos assim , estamos
desprezando o imenso sacrifício do Senhor Jesus. Quando confiamos em
algum tipo de justiça própria, desprezamos o Calvário c assim saímos
de debaixo do favor de D eus. Decaímos da graça e a cruz se torna sem
nenhum poder sobre nós.
Deus não nos declara justos por misericórdia ou compaixão, mas
por causa da sua justiça. Uma vez que a penalidade do pecado foi paga,
então Ele deve nos declarar justos. Mas a cruz não mostra só a justiça
de D eus, mostra também o seu amor, pois Ele entregou seu próprio
Fi lho por nós. Na cruz, a justiça e o amor se encontraram. O amor não
negou a justiça, e a justiça foi a prova do amor. Hoje, Deus é justo ao
nos declarar justos.
Por outro lado, a cruz mostra também o quão terrível é o pecado, pois
foi necessária a vinda do próprio Filho de Deus para pagar a sua pena.

ELE NÃO FOI CONTRARIADO PARA A CRUZ

Agora, está angustiada a minha aJma, e que direi eu? Pai, salva-
-me desra hora? Mas precisamente com este propósito vim para
esta hora. Qo 12.27)

Em João 12, o Senhor diz que a sua alma está angustiada, mas, em
momento algum, Ele pede ao Pai para livrá-lo da cruz. Na verdade, Ele diz
que foi precisamente para isso que veio. No entanto, em Mateus 26,39,
lemos que, no Gersêmani, novamente o Senhor se angustiou e orou para
que o Pai passasse d'Eie aquele cálice.
98 O PÃO DOS FILHOS - 21 DlAS PARTINDO O PÃO

Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosro, orando e


dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim esre cál ice! Todavia,
não seja como eu quero, c sim como ru queres. (Mr 26.39)

A interpretação aceita historicamente diz que o Senhor Jesus estava


perguntando ao Pai se realmente não havia outro meio de salvar o ho-
mem. C reio que isso está correto. Mas mui tos pensam que o Senhor não
queria nos salvar e estava pedindo para não ir para a cruz. Eu realmente
não creio nisso, porque o Senhor d isse que foi para aquele momento
que Ele veio.
Em Hebreus 5 .7, vemos uma percepção bem diferente do Getsêmani.
O autor de H ebreus diz que o Senhor clamou com lágrimas e súplicas para
ser livrado da morte e foi ouvido.

Ele, Jesus, nos dias da sua carne, rendo oferecido, com forte clamor
e lágrimas, orações e süplicas a quem o podia livrar da morre c
rendo sido ouvido por causa da sua piedade. (Hb 5.7)

Esse clamor certamente não foi para ser livrado da morte na cruz,
pois, nesse caso, não teria sido ouvido. Foi, então, numa outra ocasião.
A única outra ocasião foi no Getsêmani. Podemos co ncluir que, naquele
momento em que suava sangue, o Senhor estava morrendo. Ele, então,
clamou ao Pai para livrá-lo da morte naquele instante, pois deveria mor-
rer na cruz. Nesse caso, faz sentido concluir que Ele foi livrado daquela
morre no Getsêmani para que pudesse cumprir sua missão morrendo
por nós na cruz.
Isso nos dá um quadro maravilhoso do nosso salvador. Ele não esta-
va pedindo para ser poupado da cruz. Ele estava, na verdade, pedindo o
contrário. Ele não queria morrer antes de chegar ao Calvário. É como se
Ele dissesse: "Eu vim para morrer na cruz. Não posso morrer aqui antes
de cumprir minha missão. Livra-me dessa morre para que eu entregue na
cruz a minha vida".
É importante também entendermos que, quando o Senhor perguntou
se era possível passar d'Ele o cálice, na verdade, estava perguntando se havia
alguma outra possibilidade, alguma outra maneira de salvar o homem. A
resposta do céu foi definitiva: o homem não pode ser salvo por suas boas
UM SALVADOR FELIZ DE NOS SALVAR 99

obras, caráter ou esforço. Não há salvação em nada e nem em ninguém


fora de Crisco e seu sacrifício na cruz.
Eu sei que é precioso pensar que o Senhor era homem como nós e cer-
tamente Ele senda repugnância ao pecado por causa da sua namreza santa,
daí ter pedido para que passasse d'Ele o cálice. Mas, nesse caso, Ele teria
ido para a cruz apenas por obediência. Isso é órimo, mas é maravilhoso
também perceber que Ele foi para a cruz porque tinha o mesmo amor que
o Pai tem por nós.

SALVOS D E UMA MANEIRA GRACIOSA

Quando os nossos problemas são o resultado de nossas próprias esco-


lhas, Deus ainda pode nos ajudar? Se Ele fosse um salvador contrariado,
diria: "Você entrou nesse bmaco, agora você mesmo trate de sair dele!"
Mas não é isso que o Senho r nos cliz.
No Velho Testamento, havia a figura do parente resgatador. Se um isra-
elita ficasse pobre- e não importava a causa de sua pobreza-, um parente
próximo poderia redimi-lo. Someme poderia redimi-lo alguém que fosse
seu parente próximo, alguém que fosse rico e quisesse fazê-lo.

Se teu irmão empobrecer e vender alguma parte das suas posses-


sões, enrão, virá o seu resgatador, seu parente, e resgatará o que
seu irmão vendeu. (Lv 25.25)

Talvez o parente estivesse disposto a resgatar aquele que se empobreceu


por causa de uma crise ou acidente, mas ele não iria querer redimir um
parente que tivesse administrado mal suas finanças. Esse texto, porém, diz
respeito a Crisco. No Éden, o homem foi feito rico com mdo o que ele
prec:isava. Todavia, por causa de lLffi ato de pecado, ele perdeu tudo. Adão
não foi enganado, caiu porque quis. No entanto, o Senhor se fez nosso
parente próximo para nos resgatar. E Ele não faz isso somente para aqueles
que pecam involuntariamente. Ele resgatou a codos.
Ele era rico para nos resgatar?

Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus C risto, que, sendo


rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza,
vos tornásseis ricos. (2Co 8.9)
100 O PÁO DOS FILHOS - 21 DIAS PARTINDO O PÃO

Mas Ele quer nos resgatar?

Pois, ranro o que santifica como os que são santificados, rodos vêm
de um só. Por isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar
irmãos (Hb 2. 11 )

Mas, agora, aspiram a uma párria superior, isro é, celestial. Por


isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus,
porquanto lhes preparou uma cidade. (Hb 11.16)

O resgatador poderia resgatar mesmo aquele que se vendeu como


escravo.

Quando o estrangeiro ou peregrino que está comigo se rornar rico,


c teu irmão junro dele empobrecer e vender-se ao estrangeiro, ou
peregrino que está contigo, ou a alguém da família do estrangeiro,
depois de haver-se vendido, haverá ainda resgate para ele; um de
seus irmãos poderá resgatá-lo. (Lv 25.47-48)

Veja que esse que se vendeu escava debaixo da maldição da lei. Em Deu-
teronômio 28, lemos que, quando eles não guardavam a lei, o resultado era
pobreza e escravidão ao estrangeiro. Veja que ele não era bom e nem justo,
não merecia ser resgatado, no entanro um irmão que se compadecesse dele
poderia resgatá-lo, ou seja, pagar o preço pela sua liberdade.
Nenhum de nós escolheu ser parente de ninguém, mas o Senhor esco-
lheu ser o nosso parente próximo.

UM BOM PASTOR

O Senhor não é apenas o salvador, mas um salvador que nos salva com
amor. Se o pasror da centésima ovelha fosse um salvador mal-humorado,
o resgate da ovelha teria um sentido completamente diferente.
No fim do dia, o pastor percebe que uma ovelha se perdeu. Muiro con-
trariado, sai para procurá-la. Quando a encomra, qual a primeira palavra
que ele diz? "Olha o trabalhão que você me deu! Na hora de entrar para
jantar, tive de sair de casa no meio da escuridão para encontrá-la. Que
vergonha!" Ele a pega nos ombros, mas muito contrariado, lamenta como
ela está pesada. No caminho, vai lembrando a ovelha de como está sendo
difícil salvá-la. Quando chega à sua casa, ele faz como diz um cerro livro,
UM SALVADOR FEI.IZ D E NOS SALVAR 1Ü 1

quebra a perna da ovelha e diz: "Isso vai doer mais em mim do que em
você, mas vou quebrar a sua perna para o seu bem". O difícil é a ovelha
acreditar nisso. Ela vai declarar o Salmo 23 dizendo: "O Senhor é o meu
pastor e Ele vai quebrar a minha perna".
O Senhor não é um salvador assim. Ele está feliz de encontrar a ovelha.
Quando chega à sua casa, Ele dá uma festa por tê-la achado. Ele não fica
todo o tempo lembrando de como você é uma ovelha problemática, mas
Ele é um salvador fel iz por salvá-lo.
Nunca pense que Deus desistiu de você porque você caiu tantas vezes
que Ele perdeu a paciência. Não deixe que o maligno lance nenhuma
dúvida sobre o quanto Ele pacientemente o ama e o traz de volta para os
seus braços.
Foi mais trabalhoso salvar o homem do que criar o universo. Para criar
todas as coisas, bastou que Deus dissesse, liberasse a ordem, e todas as coi-
sas se fizeram. Mas, para salvar o homem, fo i preciso derran1ar o sangue
sem pecado.
Obter tal sangue foi muitíssimo mais difícil do que criar o universo.
Para criar o universo, bastou Ele dizer: "Haja luz!" E rudo veio a existir.
Mas, para realizar a redenção, foram necessárias as riquezas da graça de
Deus. Não seria possível apenas dizer: "Haja a redenção!" O cam inho da
redenção foi muito mais difícil.
Foi necessário que o Espírito Samo gerasse o redentor. Mas, antes, Ele
teve de encontrar a virgem apropriada para concebê-lo. Quanta graça foi
necessária para que o Deus infinito ficasse nove meses no venere de uma
mulher! Quanta graça foi necessária para o próprio Deus, que é santo, vir
habjtar no meio de pecadores e se chamar Deus conosco, Emanuel!

Foi necessária uma graça extraordinária para que o Emanuel aprendesse


a obediência pelo sofrimenro, sofresse a tentação do pecado e a presença
de pecadores ao seu redor. Foram trinta anos vivendo como carpinteiro,
limitado pelo tempo e pelo corpo fís ico. Embora fosse chamado amigo de
pecadores e os amasse, Ele sofreu todo tipo de oposição, foi perseguido e
caluniado. Depois de três anos de m inistério, foi traído por alguns e aban-
donado por rodos. Pense quanta graça fo i necessária para fazer rudo isso!
)02 O PÃO DOS FILIIOS- 21 DIAS PARTINDO 0 Pt\0

Ele se entregou aos que vieram prendê-lo. Poderia ter pedido ao Pai
que enviasse doze legiões de anjos para resgará-lo, mas absteve-se de fazê-
-lo (Mt 26.53) . Quanta graça fo i necessária para esse Deus ir para a cruz
sofrer tanta humilhação e vergonha! Quanta graça precisou ao ouvir o
povo dizendo que escolhia a Barrabás! Depois de preso, foi julgado diante
do sumo sacerdote, de Pilaras e de Herodes. Foi, então, prega4o na cruz e
permaneceu dependurado lá por seis horas, das nove da manhã às três da
tarde. Que grande graça foi necessária para tudo isso!
Quanta graça foi necessária para entrar na morre, ser condenado no
lugar do homem, ser levado ao inferno e depois ressuscitar! A redenção foi
um trabalho mais pénoso e mais difícil que a criaç.1.o de rodo o universo.
Por causa das riquezas da graça de Deus, nós somos hoje feiras filhos de
Deus pela redenção do seu sangue.

SOMOS A PÉROLA PRECIOSA

A ostra é um animal impuro para um judeu, por isso eles não usam
pérolas, porque procedem da impureza. Mas o Senhor Jesus se fez essa
ostra enviada do céu. Nesse sentido, Ele se fez semelhante ao pecado, mas
sem nunca pecar.
Ele se fez essa ostra enviada do céu para o mar de morte deste mundo.
Deus, então, pegou você, wn simples grão de areia, e o inseriu na ostra. A
ostra foi ferida e você foi enxertado nela como grão de areia. A vida da ostra
começou a segregar uma substância de vida ao redor desse grão e, depois
de algum tempo, ele é transformado numa pérola. Nós estamos nesse pro-
cesso de transformação. Aquele que começou a boa obra vai completá-la.
Nunca duvide do seu amor paciente que nunca desiste.
A VIDA PELA FÉ ou PELA
A

OBEDIENCIA

O
Novo Testamento declara que o justo viverá pela fé. O nosso
problema é que, em vez de vivermos pela fé, nós nos esforçamos
para viver pela obediência. Em outras palavras, em vez de nos
relacionarmos com Deus com base na fé, nos relacionamos com base em
nossa obediência.
Você não foi chamado para viver pela obediência, mas pela fé. Eviden-
temente, a obediência é muito importante, mas é preciso esclarecer que
ela não é a raiz, mas o fruto da vida cristã. A fé é a raiz. Aquele q ue vive
pela fé pode manifestar obediência, mas aquele que vive com base em sua
obediência nunca consegue ter fé, pelo simples motivo de que ele nunca
pensa ter obedecido o suficiente, ou então, hipocritamente, presume que
cumpre toda a lei c por isso merece a bênção de Deus.
Muitos irmãos, quando acordam pela manhã, olham para si mesmos
buscando ver as áreas em que precisam melhorar ou questionando se Deus
está com eles mesmo depois de terem falhado. Em vez disso, deveriam
acordar rodos os dias e se pergun tar: "Qual a minha fé para esse dia?" A
J04 O PÃO DOS FILHOS - 2 1 DiAS PARTINDO O J>ÃO

pergunta fundamental a cada dia é: "Em que tenho crido?", e não: "Em
que tenho obedecido?"
Quando um irmão está enfermo, qual é o seu questionamento? Ele se
pergunta onde tem errado ou se há pecado não confessado em sua vida. Ao
fazer esses questionamentos, ele está procurando descobrir se tem algum
merecimento. E todas as vezes que procuramos algum merecimenro, nós
caimos na justiça própria, que procede da .lei. O fato de questionarmos
sobre a nossa obediência em vez de declararmos a nossa fé mostra que
ainda estamos debaixo da lei.
Não esrou dizendo que a obediência não é importante. O que esrou
dizendo é que o justo vive pela fé. No momento em que o jusro baseia
sua vida na obediência que rem ou deixa de ter, ele se apoia num terreno
movediço, e o resultado é a queda.
A obediência não é lei quando provém de fé, mas quando confiamos
em nossa obediência para nos relacionar com Deus, então ela se torna lei.
Viver pela lei é viver pelo princípio da justiça própria e do merecimento.
Sempre que nos relacionamos com Deus com base em nosso merecimen-
to, estamos tentando nos aproximar confiados na lei. Paulo diz que isso
é muito grave, porque a lei traz duas terríveis consequências: a maldição
e a incredulidade.

De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão. Todos


quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição;
porque está escrito: Maldito rodo aquele que não permanece
em rodas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las. E
é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus,
porque o justo viverá pela fé. Ora, a lei não procede de fé, mas:
Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá. (GI 3.9-12)

PRIMEIRA CONSEQUÊNCIA: MALDIÇÃO

Em primeiro lugar, viver pela lei nos coloca debaixo de maldição. Paulo
diz claramente em Gálatas 3 .1 Oque "rodos quantos, po is, são d as obras da
lei estão debaixo de maldição".
Pare com a introspecção, pare de remar encontrar em si mesmo alguma
virtude ou mérito para se apresentar diante de Deus e receber a bênção.
A VIDA l'lll.A FÉ OU PELA OllF.Oif!NCIA 105

Apenas creia que você é justiça de Deus em Cristo. Você não é justo porque
obedece, mas porque crê na obra consumada do Senhor Jesus.
Aqueles que vivem pela lei precisam entender que somente serão aceitos
por Deus se cumprirem rodos os mandamentos. Se quebra·r apenas um,
será culpado de rodos. Como nenhum homem consegue cumprir a lei, o
resultado é a maldição da desobediência descrita em Deuteronômio 28.
Se você vive pela obediência da lei, lembre-se de que somente poderá
ser abençoado se cumprir rodos os mandamentos. Não adianta se esforçar
para cumprir alguns ou se desculpar pela sua boa intenção. Se quebrar um
único mandamento, será amaldiçoado.
Em Gálatas 3.1 O, Paulo diz claramente que aquele que não permanece
em rodas as coisas escritas no Livro da lei para praticá-las será amaldiçoado.
O resultado de quem rema viver pela lei é sempre maldição. É triste, mas
esta é a razão por que muitos crentes ainda padecem debaixo de maldição.
Todavia, quando emendemos que o justo vive pela fé, já não olhamos
para nós mesmos remando achar mérito, mas confiamos que C risto já
cumpriu as justas exigências de Deus, então nós descansamos, porque já
somos jusros pela fé em Cristo.
Você é quem escolhe a forma como quer se relacionar com Deus. Você
pode se relacionar baseado na lei, na qual terá de esforçar-se rodo o tempo
para merecer a bênção pela obediência, ou você escolhe se relacionar pela
fé. Pela fé, nós declaramos que Cristo se tornou a nossa justiça e hoje nos
achegamos ao Pai confiados unicamente na justiça d'Eie, e não na nossa.
No início do seu ministério, o Senhor foi a Nazaré. Ali Ele entrou numa
sinagoga e leu Isaías 61. Ao terminar o texro, Ele disse: "Hoje, se cumpriu
a Escritura que acabais de ouvir". Todos ficaram surpresos perguntando
se não era Ele o fi lho de José. Mas eles ficaram furiosos quando o Senhor
lhes disse:

Havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu


se fechou por três anos e seis meses, reinando grande fome em
roda a terra; e a nenhuma delas foi Elias enviado, senão a uma
viúva de Sarepta de Sidom. Havia também muims leprosos em
Israel nos dias do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado,
senão Naamá, o siro. (Lc 4.25-27)
106 O PÁO DOS FILHOS- 21 DIAS PARTINDO O PÃO

Por que eles ficaram tão irados? Aquela viúva não era judia, era fenícia.
Naamã também não era de Israel, mas da Síria. Eles não tinham participa-
ção nas promessas de Israel, mas mesmo assim foram os únicos abençoados.
Eles não mereciam, mas mesmo assim receberam.

O Senhor deu um exemplo de provisão e cura para duas pessoas que não
eram de Israel. O que o Senhor queria dizer com isso? Ele estava dizendo
ao povo: "Não pensem que vocês merecem. Quando você reconhece que
não merece, mas mesmo assim vem a Deus para receber, como Naamã e
a viúva fizeram, então você obtém o que está pedindo. Nunca confie no
quão bom ou obediente você é para merecer a bênção de D eus.

Mas se estamos livres da lei , será que podemos agora fazer o que qui-
sermos? C laro que não! Fazer o que quer é também um tipo de escravidão.
Fomos libertos da lei porque agora temos o Espírito habitando em nós
para nos guiar. Quem vive pela lei se guia pelo cerro e o errado, mas quem
é gu iado pelo Espírito segue a vida de Deus.
O problema daqueles que vivem pela lei é a hipocrisia de pensarem que
cumprem a lei. Eles podem, na verdade, cumprir alguns mandamentos,
mas não cumprem rodos. Veja o mandamento de amar o próximo como
a si mesmo. Será que há entre nós alguma mãe que cuida dos filhos do
vizinho como cuida dos seus próprios? É evidente que não. Todo pensa-
mento de merecimento é hipocrisia e engano.

Todo crente deveria estar debaixo da bênção, mas quando escoU1e viver
pela lei, o resultado é maldição. O livro de Gálatas foi escrito para crentes,
portanto os crentes podem ainda padecer debaixo de maldição. Mas veja
bem que o problema não é o pecado, e sim a justiça própria, o desejo de
se justificar diante de Deus para merecer a bênção.

Para o pecado, temos a provisão do sangue, mas se confiamos na justiça


própria, nossas obras são contadas como iniquidade. É isso o que Deus
diz a respeito de Caim .

Porque a mensagem que ouvisres desde o princípio é esta: que nos


amemos uns aos outros; não segundo Caim, que era do Maligno
e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas
obras eram más, e as de seu irmão, justas. (1Jo 3.11-1 2)
A VIDA !'ELA PÉ OU !'ELA OBEDI ÊNCIA 107

João diz que Abel era justo e Caim era maligno. Mas o que Abel fez
para ser chamado de justo? Ele apenas confiou no sangue para se apresen-
tar diante de Deus. Se confiamos no sangue, Deus nos vê como justos.
Caim não ofereceu o sangue, mas o fruto da cerra. Na Palavra de Deus,
a lavoma simboLiza o trabalho e o esforço humano (Gn 4.2). O fruto da
cerra é o fruto daquilo que está debaixo de maldição. Ao oferecer a Deus
do melhor de sua lavoura, Caim estava oferecendo a Deus as suas boas
obras e a sua justiça própria. Sabemos que isso é inaceitável diante de Deus.
Ao oferecer do fruto da cerra, Caim escava oferecendo algo a Deus sem
derran1amento de sangue, de acordo com o seu entendimento próprio.
Isso significa que ele rejeitou o caminho da redenção de Deus que tinha
aprendido de seus pais.

Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam


com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão.
(Hb 9.22)

Caim inventou a sua própria religião com sua própria maneira de agra-
dar a Deus. Ele seguiu o seu próprio conceito do que deve ser cerco ou
errado. Oferecendo algo sem derramamento de sangue, escava se assumindo
justo diante de Deus. Se a nossa justiça não é procedente da fé, então não
somos aceitáveis diante de Deus.

E ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei,
senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de
Deus, baseada na fé. (Fl 3.9)

Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte
de Deus, sabedoria, e justiÇ<'l, e santificação, e redenção. (1 Co 1.30)

João diz que Caim matou o seu irmão porque as suas obras já eram
más. O que é ter obras malignas? É confiar na justiça própria. Quando
confiamos na justiça própria, inevitavelmente todas as obras da carne aca-
barão se manifestando.
Mas será que isso significa que basta assum ir que sou pecador para
receber a bênção de Deus? Reconhecer-se pecador é o primeiro passo; de-
pois disso, precisamos reconhecer que Cristo se fez pecado por nós para
que agora possamos ser feitos justos diante de D eus. Dessa forma, nos
108 O PÃO DOS FILHOS- 21 DIAS PARTINDO O PÃO

achegamos confiados que fomos feitos justos pelo sangue da cruz. Con-
fiamos no merecimento de C risto, e nunca em nosso próprio.

SEGUNDA CONSEQUÊNCIA: INCREDULIDADE

A segunda consequência de viver pelo merecimento da o bediên~i a aos


mandan1entos é a incredulidade. Em Gálatas 3. 12, Paulo diz claramente
que "a lei não procede de fé". Quem vive pela lei não tem base para exercer
fé, e sem fé é impossível agradar a Deus.
Quem julga ter obede~ido acha que agora merece receber a bênção e
assim não precisa ter fé. Ele confia que. Deus será justo para abençoá-lo.
Tais pessoas desconhecem o alto critério da justiça de Deus e a impossibi-
lidade de o alcançarmos. Todavia, quando reconhecemos que não temos
justiça, m as mesmo assim cremos no Deus que justifica o ímpio, essa fé
nos é atribuída como justiça (Rm 4.5).
Todos os milagres do Senhor foram feitos excl usivamente pela fé. Em
nenhum momento, o Senhor exigiu das pessoas um bom comportamento
antes de fazer o milagre. As pessoas certamente tinham problemas conju-
gais, ressentimentos e intrigas, mas o Senhor nunca lhes disse que primeiro
deveriam cumprir os mandamentos antes de curá-las.
Em nenhum momento, o Senhor faz os milagres com base no mere-
cimento das pessoas, mas sempre com base na fé. Todos os enfermos que
vieram a Jesus foram curados. Será que todas eles cumpriam a lei perfei-
tamente? Claro que não! Eles somente recebiam pela fé. A graça depende
de fé, mas a lei é a confiança nas próprias obras c méritos.
Aquelas pessoas não eram perfeitas. Certamente tinham pecados. Elas
não receberam o milagre com base em quão santas eram . Infelizmente,
muitos ainda estão focados em sua obediência em vez de apenas crer. Na
verdade, quanto m ais olham para o que têm feito, menos fé conseguem
ter. Mas, quândo em endemos que a justiça é pela fé, espontaneamente nos
colocamos na posição de receber o favor de Deus.
Que tipo de vida você deseja? Uma vida de esforço para merecer ou
uma vida de fé? Não precisamos mais viver debaixo de maldição. No en-
tanto, existe uma condição para a bênção: crer na justiça que procede da
A VIDA PELA FÉ OU PELA OB EDI Ê NC IA 109

fé. Quanto mais confiamos em nossa obediência aos mandamentos, mais


maldição nós vemos e menos fé conseguimos ter.

CREIA NO EVANGELHO DO DEUS FELIZ

Segu ndo o evangelho da glória do Deus bendito, do qual fui


encarregado. (I T m I. I I)

Esse texto de 1 Timóteo é muito interessante. Ele faz uma descrição de


D eus verdadeiramente peculiar. A palavra "bendito" no grego é makarios,
que significa "feliz, bem-aventurado". Paulo diz que ele prega o evangelho
da glória do Deus feliz. A palavra usual para "bendito" é eulogia, mas aqui
Paulo usa a palavra makarios, que significa "feliz e até exLtltante, alguém
que está pulando de alegria".
Nós pregamos um Deus feliz, e não um Deus irado, sempre a pomo de
perder a paciência e nos castigar a qualquer momento. Esta não é maneira
como o mw1do vê o Pai, mas a verdade é que Ele é um Deus feliz. Como
precisamos conhecer o Pai mais profundamente! Precisamos ter os nossos
olhos constantemente abertos para ver mais d'Ele em C risto.

Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria,


nem o forre, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas; mas o
que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou
o SENHOR e faço misericórdia, juizo e justiça na terra; porque
desras coisas me agrado, diz o SENHOR. (Jr 9.23-24)

Por que D eus está feliz? Porque Ele está satisfeito com a obra do seu
Filho Jesus Cristo na cruz do Calvário. Ele é feliz quando assumimos que
somos pecadores e nos achegamos unicamente confiados na obra de Cristo.
Quando o Senhor estava na terra, muitas pessoas vieram a Ele. Alguns
vieram para ouvi-lo como mestre. Eles o viam como superstar e talvez qui-
sessem saber o seu segredo para fazer tantas curas e atrair ramas multidões.
Se fosse hoje, muitos viriam para pedir autógrafos ou tirar uma selfie ao
seu lado. Eles o viam como mestre, mas não como salvador.
Se você está se afogando no mar e vê alguém na praia, você espera que
ele seja o seu salvador, o salva-vidas. Mas talvez ele lhe diga: "Você já leu
meu livro Como aprender a nad4r em dez lições?' Isso obviamente não faz
11 Ü O PÃO DOS FI LI lOS- 2 I DIAS PARTINDO O PÃO

nenhum sentido. O Senhor não é resposca para aqueles que o buscam como
um mestre o u como modelo. Evidentemente, Cristo é o maior mestre e o
mais perfeito modelo, mas vê-lo assim não irá salvá-lo.
Para rodos aqueles que vieram a Ele como m estre, o Senhor deu ensinos
que eles jamais seriam capazes de cumprir; porém, para aqueles pecadores
que vieram não para aprender, mas para ser salvos, Ele revelou o seu·amor
e profunda compaixão.
Se você d iz que não rem pecado, o Senhor não pode fazer coisa alguma
em sua vida, pois Ele é o salvador dos pecadores. Somente pecadores são
recebidos pelo salvador. Se você diz que é completamente pecador, Ele lhe
diz que é completamente salvador, mas se você diz que é apenas parcial-
mente pecador, Ele será apenas parcialmente salvador. Tudo depende de
como você se apresenta.
O que faz D eus feliz é quando os pecadores vêm a Ele. Quando Ele
pode perdoar os pecados pela obra da cruz, pelo sangue de Jesus, en rão Ele
é fel iz. Q uando nos julgamos justos e merecedores, nós entristecemos a
Deus, mas quando nos achegamos confiados apenas nos méritos de C risto,
nós podemos contem plar a glória do Deus feliz.
MALDI ÇÕES EM CRENTES

ma pergunta que as pessoas frequentemente fazem é se ainda

U existe maldições nesse tempo da graça. Obviamente, nós somos


abençoados com roda sorte de bênção espirirual, mas será que
um crente ainda pode sofrer com mald ições?

Em Gálatas 1, Paulo diz claramente que qualquer um, inclusive ele


mesmo, se vier a perverter o evangelho, sofrerá maldição, anátema. Como
as pessoas estavam pervertendo o evangelho no conrexro de Gálatas? In-
troduzindo a lei com fim de se rornarem jusros.

Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos


chamou na graça de Crisro para outro evangelho, o qual não é
outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter
o evangelho de C risto. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo
vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos remos
pregado, seja anátema. (GI 1.6-8)

Essa maldição é claramente para pregadores. Todavia, no momento em


que você começa a comparTilhar com outros um evangelho pervertido,
você se coloca debaixo de maldição, mesmo que seja apenas conversando,
112 O PÃO DOS FILHOS - 21 DIAS PARTINDO O I'ÁO

escrevendo num blog ou compartilhando numa página do Facebook. As-


sim, podemos afirmar que ainda eKistem maldições no Novo Testamento.
Paulo diz que a maldição poderia vir sobre ele mesmo caso mudasse
o evangelho. Paulo era um apóstolo, salvo, cheio do Espírito, mas ele diz
que mesmo ele entraria na maldição se distorcesse o evangelho. A maldi-
ção mencionada em Gálatas é uma maldição que foi esquecida, mas que
ainda é real.

COMO UM CRENTE SOFRE COM A MALDIÇÃO?

Paulo diz que a bênção é guardada exclusivamente para aqueles que


possuem a mesma fé de Abraão. Quando Abraão creu em Deus, ele foi
justificado. Isso foi exclusivamente pela fé, sem nenhuma obra da lei. Foi
por causa da fé que Abraão foi justificado.

Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os


gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, st:ráo abenço-
ados rodos os povos. De modo que os da fé são abençoados com
o crente Abraão. (GI 3.8-9)

Os da fé é que são abençoados. Mas o que é ser da fé? No contexto de


Gálatas, ser da fé é crer que a justificação vem da fé. Quando cremos que
somos justificados pela fé, somos abençoados como foi Abraão.

E como Abraão foi abençoado? Ele foi chamado amigo de Deus, era
rico e próspero, viveu quase 150 anos e ainda teve mais filhos no segundo
casamento com Quetura. Ter a bênção e o favor de Deus é a coisa mais
importante na vida. Quando você é abençoado, ninguém pode pará-lo ou
resistir-lhe. Talvez você não seja o mais esperto, inteligente e nem o mais
bonito ou habilidoso, mas se a bênção está sobre você, tudo ao seu der-
redor vai convergir para promovê-lo e colocá-lo numa posição de honra.
Lembre-se d~ que a mão de nenhum homem é grande o suficienre para
parar a mão de Deus.
Assim, a vonrade de Deus é que sejamos abençoados, mas se delibera-
damente resolvemos ainda viver segundo o padrão da lei, então a maldição
vem sobre nós. Não é que Deus nos amaldiçoa, mas se decidimos viver pela
lei, devemos cumprir todos os mandamentos, caso contrário, a maldição
MAJ.OIÇÓES EM CRENTES 113

virá. Tiago diz que aquele que quebrar um único mandamento da lei é
culpado de todos eles (Tg 2.10).

Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debai~o de maldição;
porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em
rodas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las. (Gl 3.1 O)

Assim, os que são da fé são abençoados, mas os que são das obras da
lei esrão debaixo de maldição. Se você vive pelo favor imerecido, você é
abençoado, mas se decide viver pelas obras da lei, pelo favor merecido, pela
justiça própria, você mesmo se coloca debaixo de maldição. No momento
em que você rema viver a santificação ou obter justiça baseado nas obras
da lei, você se coloca debaixo da maldição.

A ordem de Deus é muito clara, se queremos viver pela lei, devemos


cumprir rodos os mandamentos, caso contrário, caimos em maldição. Para
aqueles que decidem viver pela lei, a única maneira de se livrar da maldição
é cumprindo todos os mandamentos. O problema é que ninguém jamais
conseguiu cumprir a lei.

fOMOS LIBERTOS DA MALDIÇÃO

Escolher viver pela graça ou pela lei é escolher viver debaixo da bênção
ou debaixo de maldição. Se vivemos pela graça do evangelho, já não so-
fremos maldição, pois Cristo se fez maldição em nosso lugar.

Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio


maldição em nosso lugar (porque esrá escrito: Maldito rodo aquele
que for pendurado em madeiro). (Gl3.13)

Cristo nos resgatou da maldição da lei e nos deu todas as bênçãos da


lei. Em Deuteronômio 28, remos a lista de bênçãos e maldições da lei. São
14 versículos para as bênçãos, mas são 54 para as maldições. Não remos
como ver cada bên ção, mas vamos ler algumas.

Bendito serás tu na cidade e bendito serás no campo. (Dt 28.3)

Isso significa que a bênção está sobre nós, e não sobre o lugar onde
estamos.

Bendito o fruto do teu ventre [...] (Dr 28.4)


114 O PÃO DOS FILHOS - 2 I DIAS PARTINDO O PÃO

Todo o seu corpo é abençoado com saúde e fertilidade. A nossa bênção


também se estende aos nossos filhos. Não importa o que digam sobre eles,
podemos declarar que são abençoados.

O SENHOR fará que sejam derrotados na rua presença os ini-


migos que se levantarem conrra ti [...] {v. 7)

O SENHOR determinará que a bênção esteja[.. .] em tudo o que


colocares a mão. {v. 8)

O SENHOR te abrirá o seu bom tesouro, o céu [... ] emprestarás


a muitas gentes, porém tu não tomarás emprestado. (v. 12)

Ser abençoado é emprestar. Tomar emprestado é maldição. Fazer dívida


não é pecado, caso contrário, emprestar também seria, pois, nesse caso,
quem empresta estaria induzindo o outro ao pecado.

O SENHOR te porá por cabeça e não por cauda. {v. 13)

As maldições incluem áreas como sua saúde, sua família, sua provisão
e sua paz.

O SENHOR te ferirá com a tÍsica, e a febre, e a inAamação, e com


o calor ardente, e a secura, e com o crestamenro, e a ferrugem; e
isto re perseguirá até que pereças. (v. 22)

A tísica é tuberculose. Cristo nos resgatou de rodas as maldjções de


enfermidade.

O SENHOR te ferirá com as úlceras do Egito, com tumores, com


sarna e com prurido de que não possas curar-te. (v. 27)

Então, o SENHOR fará terríveis as tuas pragas c as pragas de tua


descendência, grandes e duradouras pragas, e enfermidades graves
c duradouras. (v. 59)

Esta é a descrição de doenças crônicas que duram toda uma vida. Mas
Cristo nos resgatou de todas essas maldições. Não estamos mais debaixo de
nenhuma dessas maldições da lei. Aquele, porém, que escol he viver pelas
obras da lei está ainda sujeito a elas.

A respeito dos filhos, diz-se que eles serão levados cativos.


MA!.OIÇÓ!;S EM CRENTES 115

Gerarás filhos e filhas, porém não ficarão comigo, porque serão


levados ao cativeiro. (v. 4 I)

Ser levado cativo é estar preso por drogas, álcool e coisas afins. Tudo
isso é maldição, mas nós fomos liberros delas.

Em relação à provisão, também havia maldições na lei.

O estrangeiro que está no meio de d se elevará mais e mais, e


tu mais e mais descerás. Ele re emprestará a ri, porém ru não
lhe emprestarás a ele; ele será por cabeça, e ru serás por cauda.
(Ot 28.43-44)

Cerramenre, fomos redimidos da pobreza e da miséria. A graça do Se-


nhor Jesus Cristo é que, sendo rico, Ele se fez pobre por amor de nós, para
que, pela sua pobreza, nos tornássemos ricos (2Co 8.9).

O SENHOR te fará voltar ao Egito em navios, pelo caminho de


quere disse: Nunca jamais o verás; sereis ali oferecidos para venda
como escravos e escravas aos vossos inimigos, mas não haverá
quem vos compre. (Dr 28.68)

Esta é a suprema humilhação. Além de serem vendidos como escravos,


não haveria ninguém interessado em comprá-los. A última palavra de mal-
dição é que ninguém iria comprá-los, mas Cristo veio justamente para nos
redimir. A palavra "resgatar" significa comprar. Ninguém se interessou em
pagar o preço por nós, mas Cristo veio e nos comprou. Ele nos resgatou
e redimiu da maldição da lei (GI 3. 13).

A palavra usada em Gálatas 3.13 traduzida como resgatar é exagorazo.


Ela vem de duas palavras gregas, ex e ágora. Ex é um prefixo que d esigna
algo para fora, e ágora era o mercado de Arenas. Resgatar, então, significa
comprar no mercado de escravos e levar para fora, numa vida livre.

Nos dias de Jesus, a forma comum como os judeus executavam os cri-


minosos era pelo apedrejamento. O Senhor Jesus poderia ter morrido dessa
forma, mas, em vez disso, Ele foi crucificado. Mil anos antes d e existir a
crucificação, Moisés disse que aquele que fosse pendurado no madeiro seria
amaldiçoado (Dr 21.23). Isso significa que o Senhor não d erramou seu
sangue apenas para nos perdoar dos pecados, mas também para nos livrar
da maldição, fazendo-se Ele próprio maldição em nosso lugar.
116 O PÃO DOS FILHOS- 21 DIAS PART INDO O PÃO

Todas as vexes que resolvemos nos relacionar com Deus com base em
nossa performance, em nosso mérito ou em nossas obras, nós decaímos
para a lei e nos separamos da graça de D eus. E, uma vez que nos separamos
da graça, sujeitamo-nos novamente às maldições da lei.
Só existe duas possibilidades: ou vivemos pela graça ou confiamos na
lei. Se não dependemos do favor imerecido, nós caímos para a lei. Não
podemos viver pela fé e pelas obras ao mesmo tempo. Esses dois princípios
de vida são como água e óleo, não podem se misturar.

E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus,


porque o justo viverá pela fé. Ora, a lei não procede de fé, mas:
Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá. (G l3.ll-12)

Esta é a razão por que mu itos crentes não são abençoados, eles ainda
vivem confiados no mérito da lei. Não dependem de fé, mas de obras de
justiça. E, pelo contexto de Gálatas, nós sabemos que a fé aqui é a justi-
ficação por fé, é a confiança absoluta na obra de Cristo realizada na cruz.
Minha justiça é apenas um dom que eu recebi, e não uma virtude que eu
conquistei pela minha obediência aos mandamentos.

Ü J USTO VIVE PELA FÉ


Todos os milagres do Senhor foram feitos exclusivamente pela fé. Em
nenhum momento, o Senhor exigiu das pessoas um bom comportamento
antes de fazer o milagre. As pessoas certamente tinham problemas conju-
gais, ressentimentos e intrigas, mas o Senhor nunca lhes disse que primeiro
deveriam cumprir os mandamenros ames de curá-las.
O Senhor também jamais enviou doenças sobre alguém como forma de
discipliná-lo. Ele nunca impôs as mãos para dar lepra, só para curar. Em
nenhum momento, o Senhor faz os milagres com base no merecimento
das pessoas, mas sempre com base na fé. Todas as pessoas que vieram a
Jesus foram curadas. Será que todas elas cumpriam a lei perfeitamente?
Claro que nãb! Elas somenre recebiam pela fé.
Em Mateus 9, temos o relato da cura de dois cegos. A única condição
do Senhor foi a fé.

Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, clamando: Tem


compaixão de nós, Fillio de Davi! Tendo ele entrado em casa,
MALDIÇÕES EM CRENTES 117

aproximaram-se os cegos, e Jesus lhes pergunrou: C redes que eu


posso fazer isso? Responderam-lhe: Sim, Senhor! Então, lhes wcou
os olhos, dizendo: Faça-se-vos conforme a vossa fé. (Mt 9.27-29)

O Senhor lhes perguntou: "Vocês creem que eu posso fazer isso?" Ele
não os exortou, dizendo: "O que vocês têm olhado?" A graça depende de
fé, mas a lei é a confiança nas próprias obras e méritos.
Em Mateus 15, o Senhor disse a mesma coisa à mulher siro-fenícia.
Para que ela recebesse o milagre, apenas a fé foi necessária.

Enrão, lhe disse Jesus: 6 mulher, grande é a rua fé! Faça-se con-
tigo como queres. E, desde aquele momento, sua filha ficou sã.
(Mt 15.28)

Essas pessoas não eram perfeitas. Certamente tinham pecados. Elas não
receberam o milagre com base em quão santas eram. É claro que a santi-
dade glorifica o Senhor, mas não é a razão para a bênção. Na verdade, a
bênção é que produz santidade, pois é a bondade de Deus que nos conduz
ao arrependimenro (Rm 2.4).
O Senhor nunca diz: "Grande é o meu poder!" Mas Ele disse à mulher
que a fé dela era grande.
Em Lucas, falando do leproso curado que voltou para agradecer, mais
uma vez o Senhor mostra que a única condição é fé.

E disse-lhe: Levanta-re e vai; a rua fé re salvou. (Lc 17.19)

No Evangelho de Marcos, o Senhor também curou o paralítico unica-


mente por causa da sua fé.

Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os reus pecados


estão perdoados. (Me 2.5)

Dirigindo-se à mulher hemorrágica, o Senhor disse que foi a fé dela


que a salvou.

Enráo, lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz. (Lc 8.48)

Infelizmente, muitos ainda estão focados em sua performance em vez de


apenas crer. Na verdade, quanto mais olham para o que rêm feito, menos
118 O PÃO DOS FILHOS - 21 DIAS PARTINDO O PÃO

fé conseguem ter. Mas quando entendemos que a nossa justiça é pela fé,
espontaneamente nos colocamos na posição de receber a bênção.
Diante da importância da fé, os discípulos pediram a Jesus que lhes
aumentasse a fé.

Então, disseram os apóstolos ao Senhor: Aumcnra-pos a fé.


Respondeu-lhes o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mos-
tarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar;
e ela vos obedecerá. (Lc 17.5-6)

O Senhor torna as coisas ainda mais fáceis para nós. Não precisamos
de uma grande fé. Se rivermos fé como um grão de mostarda, que é a
menor das sementes, isso será suficieme para recebermos o milagre de
D eus. Precisamos apenas usar a fé que temos.
Que tipo de vida você deseja? Uma vida de performance ou uma
vida de fé? Não precisamos mais viver debaixo de maldição. No entanto,
existe uma condição para a bênção: crer na justiça que procede da fé.
Quanto mais confiamos em nossa obediência aos mandamentos, mais
maldição nós vemos.

A JUSTIÇA PRÓPRlA FOI AMALDIÇOADA

Não escolha viver um tipo d e vida que foi amaldiçoado pelo Se-
nhor Jesus.

No dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. E, vendo


de longe uma figueira com folhas, foi ver se nela, porventura,
acharia alguma coisa. Aprox.i mando-se dela, nada achou, senão
folhas; porque não era tempo de figos. Então, lhe disse Jesus:
Nunca jamais coma alguém fruto de ti! E seus discípulos ouviram
isto. (Me 11. 12-14)

Deixe:me compartilhar algumas coisas sobre figueiras em Israel. Du-


rante o inverno, as figuei ras perdem as suas fo lhas e, na primavera, elas
brotam novamente. Quando as folhas voltam, todos sabem que, dentro
de mais seis semanas, o tempo dos figos estará chegando.
Mas quando as folhas brotam, também brotam os figos temporáos.
Era por esses figos que o Senhor estava procurando. Contudo, se uma
MALDIÇÕES F.M CRF.NTES 119

figueira não rem esses primeiros figos remporãos, isso demonstrava que,
seis semanas depois, não haveria figo nenhum.
O que representam as folhas de figueira? Para compreendermos
isso, precisamos recorrer ao princípio da primeira menção. As folhas
da figueira foram mencionadas pela primeira vez quando Adão e Eva
remaram fazer cimas para si (Gn 3.7). Elas simbolizam a obra humana
procurando ter justiça própria diante de Deus. É um esforço humano
para remar cobrir o pecado sem o sangue. A figueira com folhas sem
fruros foi amaldiçoada por Jesus.
O Senhor fez muitos milagres, mas rodos eles foram obras de graça e
misericórdia, apenas um foi milagre de maldição: o da figueira com folhas
sem fruros. Isso certamenre tem uma grande importância para nós. Quan-
do o Senhor amaldiçoou a figueira, na verdade, Ele estava amaldiçoando
a justiça própria, o tentar se justificar pelas obras da lei.
Nós estamos debaixo da bênção, mas se decidirmos confiar em nossos
méritos e obras da lei, estaremos nos posicionando segundo um estilo
de vida que foi amaldiçoado por Jesus. Não faça isso. Permaneça na
posição da bênção.
A bênção e a maldição estão relacionadas ao nosso emendimenro da
lei c da graça. Depois que somos justificados pela fé, podemos viver como
vencedores ou derrotados. Se pensamos que agora a vida cristã deve ser
vivida no esforço e no merecimento da lei, então viveremos como derro-
tados, mas se cremos que a santificação também é graça mediante a fé,
seremos vencedores.
Apenas lembre-se disso: aqueles que querem viver pela justiça da lei
precisam cumprir rodos os mandamentos; se quebrarem apenas um, serão
amaldiçoados. Mas aquele que vive pela justiça de Crista não pode mais
viver debaixo de maldição, pois ele é abençoado por causa da obed iência
de C risto, e não por causa da sua justiça própria.
NÃo HÁ MAIS MALDIÇÃO

F
ico triste quando vejo crentes colocando ferradura atrás da porta ou
trazendo para casa plantas como aquela chamada comigo-ninguém-
-pode. Vivem assustados com medo de maldições, mal olhados e
pragas de todo o tipo que possam vir sobre eles. Há aqueles que vivem
quebrando maldições passadas, mas parece que a maldição nunca os dei-
xa. Não vivem com a expectativa da bênção, mas com o temor do juizo.
Certamente, não essa a vida que o Senhor tem para nós.

Gostaria de mostrar como três aspectos da maldição foram completa-


mente eliminados por Cristo na cruz. A maldição foi totalmente removida
para que hoje você possa desfrutar da bênção completa por meio da obra
consumada de Cristo na cruz.

A MALDIÇÃO TRANSFORMADA EM BÊNÇÃO

Quando o povo de Israel peregrinava no deserto, eles tiveram de passar


pela terra de Moabe. Balaque, o rei de Moabe, escava com muito medo
de Israel, enrão conrrarou um profeta chamado Balaão para amaldiçoar
o povo de Deus.
I 22 o PÃO oos FILHOS- 2 r DIAS I'ARTINDO o PÃO

A primeira coisa que precisamos dizer a respeiro de Balaão é que ele era
um profeta profissional, ou seja, profetizava por dinheiro. Certamente, ele
também não tinha um coração para Deus, pois Pedro diz que ele amou o
prêmio da injustiça.

Abandonando o reto caminho, se extraviaram, segu ind ~ pelo


cam inho de Balaão, fi lho de Bcor, que amou o prê mio da injus-
tiça. (2Pe 2.15)

Primeiro, Deus o proibiu de aceitar a proposta de Balaque, mas depois


o Senhor permitiu que ele .fosse; porém, ele somente poderia falar aspa-
lavras que Deus colocasse em sua boca. Balaão, então, coloca-se no cume
do monte pronro para amaldiçoar o povo de lsrael, mas D eus colocou
palavras de bênção em sua boca.

Então, proferiu a sua palavra c disse: Balaquc me fez vir de Ará, o


rei de Moabe, dos montes do O riente; vem, amaldiçoa-me a Jacó,
e vem, denunc ia a Israel. Como posso amaldiçoar a quem Deus
não amaldiçoou? Como posso denunciar a quem o SENHOR
não denunciou? Nm 23.7-8)

Apesar de rodos os erros de Israel no deserto, eles ainda eram povo de


Deus, e D eus não permitiu que Balaão os amaldiçoasse. Como Balaão não
conseguia amaldiçoar, Balaque o levou a o urro monte, chamado Pisga, para
que ele pudesse ter uma visão de Israel por outro ângulo. Mas, mesmo
assim, somente foram proferidas palavras de bênção.

Então, proferiu a sua palavra e disse: Levanta-re, Balaque, e ouve;


escura-m e, filho de Z ipo r: D eus não é homem , para que minta;
nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, rendo
ele prometido, não o fará? Ou, rendo falado, não o cumprirá?
Eis que para abençoar recebi ordem; ele abençoou, não o posso
tevogar. Não viu iniqüidade em Jacó, nem contemplou desventura
em Israel; o SENHOR, seu Deus, está com ele, no meio dele se
ouvem aclamaçóes ao seu Rei. Deus os tirou do Egito; as forças
deles são como as do boi selvagem. Pois contra Jacó não vale en-
cantamento, nem adivinhação contra Israel; agora, se poderá dizer
de Jacó c de Israel: Que coisas rem feito Deus! (N m 23. 18-23)
NÁO HÁ MAIS MALDIÇÃO 123

As afirmações feitas por Balaão são maravilhosas. Primeiro, ele diz que
Deus já abençoou a Israel e isso não pode ser revogado, pois D eus não é
homem para que minta e nem filho de homem para que se arrependa. Se
isso era verdade na Velha Aliança, muito agora. Uma vez q'ue D eus disse
que somos perdoados e justificados em Cristo, isso não pode mais ser re-
vogado. Alguns acreditam que suas muitas quedas e pecados podem fazer
Deus mudar a sua aliança, mas isso é mentira do maligno. O Pai pode
discipliná-lo, mas jamais irá mudar a aliança feita na cruz (Hb 6.13-20).
Essa afirmação de que Deus não é homem para que minta é frequen-
temente usada de forma negativa referindo-se ao julgamento de Deus. Há
aqueles que gostam de dizer isso em relação ao nosso pecado, afirmando
que, se Deus não julgar esta geração, terá de se desculpar com os morado-
res de Sodoma e Gomorra. Mas o contexto desse versículo é justamente o
plano de Deus de nos abençoar.
Depois, no verso 20, Balaão diz que ninguém pode revogar a bênção
que Deus liberou. A bênção de Deus sobre a sua vida não pode mais ser
revertida. Ele decidiu nos abençoar, por isso toda língua que se levantar
contra nós em juizo, nós a condenaremos. Já somos abençoados, e isso
não pode ser revogado (Tr 1.2).

Toda arma forjada contra ti não prosperará; toda língua que


ousar contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos
servos do SENHOR e o seu direito que de mim procede, diz o
SENHOR. (Is 54.17) •

A palavra "bênção" no Novo Testamento é eulogia, de onde vem a nossa


palavra "elogio". Significa "falar bem, positivamente, levantando e nunca
ab<gendo o outro". Fale bem a respeito de si mesmo, de seu corpo, de seu
trabalho, pois, fazendo assim, você libera bênção.
Por outro lado, a palavra usada no Novo Testamento para maldição é
katara, que significa "falar negativan1ente a respeito de algo". Nós podemos
amaldiçoar algo ou alguém sem usar a palavra maldição. O Senhor amal-
diçoou a figueira e Ele não disse: "Figueira, eu te amaldiçoo". Ele apenas
disse: "Nunca jamais coma alguém fruto de ri". E, no outro dia, a figueira
secou completamente.
124 O PÃO DOS I'ILII OS - 21 DIAS PARTINDO O PÃO

Por fim, o verso 21 diz que o Senhor não viu iniquidade em Israel. Esra
é uma afirmação realmente espantosa. Esta é a bênção de Deus sobre nós,
pois Ele disse: "Das suas iniquidades jamais me lembrarei". Deus não diz
que não há pecado em nós, Ele apenas diz que não vê. Não devemos nunca
pensar que não há pecado em nós, mas devemos declarar ousadamenrc
que o Senhor não vê iniquidade em lsrael. Quando Ele nos olha, J;lãO vê
pecado em nós. Se Ele não vê o pecado, nunca poderá nos amaldiçoar.
Esta é a maneira como devemos também amar o nosso irmão. Devemos
vê-lo como Deus o vê. Veja o seu irmão sem culpa e sem condenação. Pre-
cisamos ser elevados como o nosso Pai se queremos caminhar nos lugares
altos em Cristo. ·
Em Números 24.2, Balaão tenra, pela terceira vez, amaldiçoar Israel.
A Escritura diz que ele novamente subiu a um monte e viu Israel acampa-
do segundo as suas tribos. Quando viu o acampamento, o Espírito veio
sobre ele.

Levantando Balaão os olhos e vendo Israel acampado segundo as


suas tribos, veio sobre ele o Espírito de Deus. (Nm 24.2)

No acampamento de Israel no deserto, as doze tribos, em grupos de


três, eram colocadas ao redor do tabernáculo. Como a tribo de Judá era
muiro maior que as outras, o lado em que ficava era bem mais comprido,
dando ao acampamento o formato da cruz. Balaão viu a cruz no deserto.
Na cruz, Deus Pai não pode ver o nosso pecado. Quando vemos a cruz de
um lugar elevado, o EspíritO vem sobre nós.

Balaão não recebeu o EspíritO de Deus, o Espírito veio sobre ele apenas
naquele momento para colocar as palavras de bênção em sua boca.

A MALDIÇÃO HEREDITÁRIA

Um ensino que realmente produz problemas na vida do crente é o


ensino da m~ ldição hereditária. Eu creio que existe mesmo uma maldição
hereditária na vida daqueles que não estão sem Cristo, mas, para aqueles
que estão em Cristo, não há mais nenhum tipo de maldição.
Em 2 Coríntios 5.17, diz que, se alguém está em Crisro, é nova criatura;
as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Essas coisas antigas
que passaram incluem as maldições hereditárias. Mas muitos crentes creem
NÃO HÁ MAIS MALDIÇÃO 125

que ainda estão debaixo de maldição, por isso vivem sob uma constame
expectativa de castigo e tribulação, porque nunca sabem quando o peca-
do de seus avós e pais irá alc.'lnçá-los. Eles sempre estão aguardando uma
colheita de pecados que ourros e eles mesmos cometeram no passado.

Naqueles dias, já não dirão: Os pais comeram uvas verdes, e os


dentes dos filhos é que se embotaram. Cada um, porém, será
morro pela sua iniqüidade; de rodo homem que comer uvas verdes
os dentes se embotarão. Ur 3 1.29-30)

Este era um ditado popular entre os judeus nos dias de Jeremias: "Os
pais comem uvas verdes e os dentes dos filhos é que se embotam". Na
verdade, está baseado em algo que Deus havia dito no monte Sinai: "Vi-
sitarei a iniqüidade dos pais nos fiU1os e nos filhos dos fi lhos até à terceira
e quarta geração" (Êx 34.7). Esta era a condição na Velha Aliança, mas
louvamos a Deus porque agora estamos sob a Nova Aliança. Mas alguns
crentes ainda estão se baseando na Vellia Aliança e por isso sofrem perda
espirirual. Hoje, nossos pecados, os pecados de nossos pais e os pecados dos
pais de nossos pais foram rodos cravados na cruz, e por isso não sofremos
mais nenhuma maldição.
A principal cláusula da Nova Aliança é que Deus não se lembra mais
de nossos pecados. Isso significa que Deus nãos nos trata mais com base
em nossos pecados. Ele nos trata consoante a perfeição de C risto e a sua
obra na cruz.

Pois, para com as suas iniqüidades, usarei de misericórdia e dos


seus pecados jamais me lembrarei. (Hb 8. 12)

No Velho Testan1emo, Ele não podia se esquecer do pecado, por isso


cast.igava a iniquidade dos pais nos fi lhos. Mas, no Novo Testamento, Ele
não se lembra mais do pecado. Se Ele não se lembra, já não há condenação
e nem punição.
H á muitos crentes que vivem hoje na Nova Aliança com a mentalidade
da Vellia Aliança. Eles vivem com a expectativa de juízo e condenação, com
medo da maldição por causa de seus pecados e dos de seus antepassados.
A profecia de Jeremias era de que chegaria o dia em que não mais ha-
veria aquele ditado em Israel. E esse dia já chegou. Nós hoje vivemos os
126 O PÃO DOS FILIIOS - 21 DIAS PARTINDO O PÃO

dias em que a maldição foi quebrada. H á dois mil anos, o Senhor quebrou
a maldição na cruz.

Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cum-


prir a Escritura, disse: Tenho sede! Esrava ali um vaso cheio de
vinagre. Embeberam de vinagre uma esponja e, fixando-a num
caniço de hissopo, lha chegaram à boca. Quando, pois,"Jesus
tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça,
rendeu o espírito. Qo 19.28-30)

Na cruz do Calvário, o Senhor viu que rudo já escava consumado, mas,


nesse mamemo, Ele disse que tinha sede. Deram-lhe, pois, vinagre para
beber. A profecia de Jeremias fala de uvas verdes que embotam os demes, e
na cruz lhe deram o vinagre, que também embora os denres. Ao beber do
vinagre, Ele escava cumprindo a profecia de Jeremias 3 1. Quando bebeu
do vinagre, Ele tomou sobre si a maldição que pertencia aos filhos por
causa dos pecados dos pais. Ele tinha sede da nossa liberdade. Tinha sede
de nos liberrar da maldição de nossos antepassados.

A MALDIÇÃO DA LEI

A afirmação categórica da PaJavra de Deus é que, quando vivemos pela


fé no favor imerecido de D eus, nós somos resgatados da maldição da lei.
Aqueles que vivem com base em seu merecimenro e andam confiados em
seu esforço próprio e na sua justiça própria inevitavelmente ainda sofrem
debaixo da maldição da lei, mesmo sendo salvos.
O que é a maldição da lei? A única m aneira de descobrirmos é voltando à
lei. Ela está descrita no capíruJo 28 de D euteronômio e envolve basicamente
quatro aspectos: miséria, enfermidade, condenação e morre. Por causa da
obra consumada da cruz, não precisamos mais viver sob essas maJdiçóes.

Cristo nos resgarou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio


maldiç.1o em nosso lugar, porque está escrito: Maldito rodo aquele
que for pendurado no madeiro; para que a bênção de Abraão
chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos
pela fé o Espírito prometido [... ] E se sois de C risto, também
sois descendentes de Abraão, e herdeiros segundo a promessa.
(Gl3.13,14,29)
NÃO HÁ MAIS MALDIÇÃO 127

Nos dias de Jesus, a forma comum como os judeus executavam os cri-


minosos era pelo apedrejamento. O Senhor Jesus poderia ter morrido dessa
forma, mas, em vez disso, Ele foi crucificado. Mil anos antes de existir a
crucificação, Moisés disse que aquele que fosse pendurado no madeiro seria
amaldiçoado (Dr 21.23). Isso significa que o Senhor não derramou seu
sangue apenas para nos perdoar dos pecados, mas também para nos livrar
da maldição, fazendo-se Ele próprio maldição em nosso lugar.

Todas as vezes que resolvemos nos relacionar com Deus com base em
nossa performance, em nosso mérito ou em nossas obras, nós decaímos
para a lei e nos separamos da graça de Deus. E, uma ve:t. que nos separamos
da graça, sujeitamo-nos novamente às maldições da lei.

Só existe duas possibilidades: ou vivemos pela graça ou confiamos na lei.


Se não dependemos do favor imerecido, nós caímos para a lei. Você rem
a liberdade de escolher como quer se relacionar com Deus. Se escolhemos
nos relacionar com base em nossa obediência e merecimento, o resultado
é maldição. Mas se escolhemos nos relacionar pela graça mediante a fé, o
resultado é vida. Em Hebreus 4 . 16, Paulo nos convida a nos achegarmos
diante do trono da graça. Isso significa que há também um rrono de justiça.
Você pode escolher diante de qual trono quer se achegar. Se for diante do
trono da justiça, esteja cerro de ter obedecido completamente a lei, caso
contrário, será condenado. Mas se escolher se achegar diante do trono
da graça, saiba que estará diante daquele que justifica o ímpio (Rm 4.5).

Não podemos viver pela fé e pelas obras ao mesmo tempo. Esses dois
princípios de vida são como água e óleo, não podem se misturar.

E é evidente que, pela lei, ninguém é jusrificado diame de Deus,


porque o jusro viverá pela fé. Ora, a lei não procede de fé, mas:
Aquele que observar os seus preceiros por eles viverá. (Gl 3. 1 1-12)

Esta é a razão por que muitos cremes não são abençoados, eles ainda
vivem confiados no mérito da lei. Não dependem de fé, mas de obras de
justiça. E, pelo contexto de Gálatas, nós sabemos que a fé aqui é a justifi-
cação por fé, é a confiança absoluta na obra de Cristo realizada na cruz. A
minha justiça é apenas um dom que eu recebi, e não uma virtude que eu
conqlústei pela minha obediência aos mandamentos.
128 O P-\0 DOS FILHOS -'1.1 DIAS PARTINDO O PÃO

Um grande problema é que os crentes não reco nhecem quando a mal-


dição vem . É por isso que dizem que a doença é uma bênção, enquanto
Deuteronômio 28 diz que ela é uma maldição. Dizem que a pobreza é uma
bênção, enquanto Deuteronômio 28 diz que é resultado de maldição. Eles
dizem que as doenças e a pobreza trazem glória ao nome de Deus. O que
não sabem é que a cura traz muito maior glória a Deus. Não precis~os
sofrer debaixo de nenhuma maldição, basta que creiamos na justiça que
vem pela fé. Jesus nunca disse: "Oh gente de fidelidade pequena!", "Oh
gente de santidade pequena!", ou "Oh gente de obediência pequena!",
mas Ele disse: "Oh, homens de pequena fé". É tão somente pela fé que
recebemos. Quando cremos, a nossa fé nos é atribuída como justiça diante
de Deus. A justiça é pela fé do Filho de Deus.

Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.
(Rm 10.4)

Diante de tudo isso, vemos que você é irreversívelmente abençoado em


Cristo. fu maldições e pragas que outros possam proferir contra você não
podem mais atingi-lo, e as maldições que vieram sobre seus antepassados
não têm mais nenhuma legalidade em sua vida. Aproprie-se dessa verdade
e viva cheio de uma santa expectativa da bênção do Pai.
Os QUE DECAEM DA GRAÇA

empre que falamos a respeito da graça de Deus, algumas pessoas gos-

S tam de mencionar o texto de Hebreus 12, que diz que sem santidade
ninguém verá o Senhor. Mas essas pessoas não leem rodo o texto,
que, na verdade, exorta os irmãos a não se apartarem da graça de Deus.

Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá


o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém seja
faltoso, separando-se da graça de Beus; nem haja alguma raiz de
amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos
sejam contaminados. (Hb 12.1 4-15)

':única maneira de seguirmos a paz com rodos e termos santificação é


rendo certeza de que não estamos nos separando da graça de Deus. Sem
a graça de Deus, a samidade é impossível. Algwnas pessoas, porém, pen-
sam que a salvação é uma questão de samidade, mas o Novo Testamento
enfatiza rodo o tempo que a salvação é someme pela graça mediante a fé
no evangelho.

São as boas novas do evangellio de que os nossos pecados foram cravados


na cruz, é a revelação de que somos justificados pela fé, e não por obras
130 O PÃO DOS FILHOS- 21 DIAS PARTINDO O PÃO

da lei, é a fé que Cristo já pagou por todas as nossas iniquidades que nos
salva. A nossa santificação é apenas o resultado da nossa fé na obra da cruz.
Quando, pela fé, nós contemplamos o Senhor, o resultado é que an-
damos em santidade. Você precisa ter clareza de que santidade não é o
tamanho do seu cabelo, o comprimento da sua saia e nem a maquiagem
no seu rosto. A santidade é C risto. Algumas pessoas fazem tudo isso e, no
entanto, possuem o coração cheio de amargura e ressentimento, como diz
o texto de H ebreus. Tais pessoas não andam em santidade.

Ü QUE ACONTECE QUANDO NOS SEPARAMOS DA GRAÇA?


A exortação do autor de Hebreus é para que não nos separemos da
graça de Deus. Separar-se da graça é sair de debaixo do favor de D eus. Ele
menciona algumas consequências de separação do favor.

Atentando, diligentemente, por que ninguém seja fa ltoso, sepa-


rando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura
que, brotando, vos penurbe, c, por meio dela, muitos sejam con-
taminados; nem haja algum impuro ou prof:'lno, como foi Esaú, o
qual , por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura. Pois
sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção,
foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora,
com lágrimas, o tivesse buscado. (Hb 12.15-17)

H ebreus 12 nos mostra que, sem a graça de Deus, não podemos ter paz
com os homens e nem seguir a santidade. Sem a graça de D eus, inevita-
velmente cairemos no ressentimento e na amargura. Qual a relação entre
separar-se da graça e cair no ressentimento? Essa relação nem sempre é fácil
de entender. Toda pessoa ressentida é cheia de justiça própria. Ela se julga
merecedora de coisas boas e, quando alguém erra com ela, pensa que rem o
direito de cobrar justiça. Ressentimento é o maior sinal de justiça própria.
A única coisa que nos separa da graça de D eus é a justiça própria. Quan-
do nós confiamos em nossa justiça própria, nós estamos dizendo que não
precisamos da graça de D eus. Somente pode desfrutar da graça aquele que
reconhece que não tem merecimento algum. E aquele que reconhece que
não possui mereci mento nenhum também não cobra justiça e perfeição
dos outros. Uma vez que foi tão generosamente perdoado, ele está pronto
Ü S Q UE D ECAEM DA GRAÇA 131

a perdoar os ouuos também. Assim, se estamos na graça, não há lugar em


nós para a amargura.
Na oração do Pai Nosso, Jesus disse que, se não perdoarmos aos homens
as suas ofensas, tampouco o nosso Pai celestial nos perdoará as nossas.
Muitos, equivocadamente, enxergam aqui algum tipo de barganha com
Deus: "Eu perdoa, emão o Senhor me perdoa". Não é nada disso.
A pessoa que se recusa a perdoar esrá dizendo com a sua atitude que
ela é boa e tem méri ro o suficieme para exigir justiça do outro. Ela se acha
boa e não pode admitir que outros errem com ela. Na verdade, ela é cheia
de justiça própria.
Quem possui justiça própria está dizendo que não precisa da justiça
que vem de Crisro. E, se não precisa da justiça de Crisro, o seu pecado
permanece. Você não rroca com Deus o perdão do seu pecado quando
perdoa os outros, mas você admire precisar do perdão de Cristo quando
reconhece que não possui justiça própria e por isso mesmo não exige jus-
tiça dos outros.
O que o Senhor disse foi que não podemos receber favor e graça se
permanecemos na justiça própria. Ficou claro, então, que nos separamos
da graça quando confiamos em nossa justiça própria. Mas ainda não ficou
completamente claro como a justiça própria produz em nós ressentimento.
Para entendermos a relação entre amargura e justiça própria, precisa-
mos entender como surge a justiça própria. Será que aqueles que possuem
justiça própria querem desagradar a Deus? Claro que não! Na verdade,
eles procuran1 cumpri r rodos os mandamerúos para merecer o amor e a
aprovação de Deus. A justiça própria surge do nosso desejo de conquistar
o amor de Deus.
.0 problema está em remar conquistar o amor de Deus para merecer a
sua bênção. Suponha que você tenha fe ira tudo o que achava necessário
para ter a bênção de D eus e, no encanto, o irmão do lado, que nem é tão
fiel, recebeu a bênção e você não. O que você sente nessa hora? Amargura
e ressenrimenro. Muitos não vão adm itir, mas vivem ressentidos com o
próprio Deus, pois, afinal, eles são fiéis, mas não recebem o favor de Deus.
Essa situação pode ser claramente percebida na vida do irmão do filho
pródigo na parábola que Jesus contou em Lucas 15. O irmão do filho
132 O PÃO DOS FILHOS - 21 DIAS PARTINDO O PÃO

pródigo é um exemplo de como a amargura vem sobre aquele que é cheio


de justiça própria.
Jesus disse que um homem tinha dois filhos. Um dia, o mais novo che-
gou ao seu pai e ped iu a herança a que tinha direito. Pedjr a herança com
o pai em vida é o mesmo que desejar a sua morre, um grande desrespeito.
Mas o pai lhe deu a herança. Enrão, ele saiu e foi para um país clisràme,
onde gastou rodo o dinheiro na orgia e na bebedice.
Quando acabou rodo o dinheiro, não rendo como sobreviver, arrumou
um trabalho de cuidador de porcos. Al i, ele passava tanta fome que deseja
comer a comida dos porcos. Um dia, porém, ele caiu em si e disse:

Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai , e lhe direi: Pai, pequei
contra o céu e dianre de ci; já não sou digno de ser chamado teu
filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se,
foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou,
c, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. E o filho lhe
disse: Pai, pequei conrra o céu e diante de ri; já não sou digno de
ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei
depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e
sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Co-
mamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morro e
reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se.
(Lc 15.18-24)

Se pararmos a história nesse ponto, nos alegraremos com o pai, que


teve de volta o seu filho que estava perdido. Todos dirão o quanto o pai é
amoro e perdoador para aceitar um filho como aquele. Mas a história se
complica quando o filho mais velho chega. O filho mais velho escava cão
longe de casa quanto seu irmão mais novo. Ele enxergava a si mesmo como
um servo do seu pai e se julgava merecedor das bênçãos.

Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao


aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. C hamou um
dos criados e perguntou-Lhe que era aquilo. E ele informou: Veio
teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o
recuperou com saúde. Ele se indignou c não queria entrar; saindo,
porém, o pai, procurava conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai:
Há ramos anos que ce sirvo sem jamais transgredir uma o rdem
Os QUE o~:CAacM DA GRAÇA 133

wa, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os


meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os
teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho
cevado. (Lc 15.25-30)

Vamos ser francos, as razões do filho mais velho parecem bem lógicas.
Se ele fosse conversar com você e lhe contasse a história, você cerramcnre
ficaria do lado dele. Tudo parece uma grande injustiça. E le sempre foi um
bom filho, fez tudo para agradar ao pai e nunca ganhou dele nenhum
cabritinho para fazer um churrasco com os amigos.
Ele disse: "Eu nunca desobedeci às suas ordens". O que talvez você não
perceba é que ele era cheio de justiça própria. Eu fico pensando o quanto
seria difícil para o irmão mais velho fazer o mesmo que fez o filho pródigo
-cair de joelhos c d izer: "Pai, pequei contra o céu e contra ri. Já não sou
digno de ser chamado teu filho".
Imagine esse homem que se achava tão responsável caindo de joelhos,
encerrando a cabeça no peiro de seu pai e dizendo que ele era indigno de
ser chamado de filho. É quase impensável. Ele não tinha feiro nada de
errado. Não tinha pecado contra o céu ou contra o seu pai. Cerramenre
não podia ver que não era digno ele ser chamado filho de seu pai. Mas
isso é exatamente o que ele precisava fazer, porque o seu coração não era
um com o seu pai.
O irmão do filho pródigo remou ganhar o amor do Pai sem saber que
já era amado. Ele remou ganhar o amor do pa,i sendo um fi lho obediente,
e por isso achava que merecia pelo menos um cabrito assado. Mas, em vez
de ele receber, o seu irmão pecador é que tinha recebido o novilho cevado
e uma festa. Por não se semir amado, ele caiu na amargura e ressentimen-
tO, pois, do seu ponro de vista, o pai era injusto. Esta é a maneira como
surge a justiça própria, é quando tentamos conquistar o amor e o elogio
do Pai. Do seu pomo ele vista, o pai não o amava ou pelo menos amava
mais o irmão do que a ele. Isso o enchia de revolta e ressentimento. Tudo
isso porque ele se achava bom e justo. Se ele se visse tão pecador quanto o
irmão, não haveria espaço para a amargura e ele estaria também festejando.
Toda pessoa cheia de justiça própria vive cheia de amargura, pois ela
pensa que tem praticado rodos os mandan1entos e mesmo assim não con-
segue rer a bênção ou o favor de Deus. A justiça própria é o resultado do
134 O PÃO DOS FILHOS- 21 DIAS PARTINDO O PÃO

nosso desejo de conquistar o amor e a aprovação de D eus. Para ter o seu


amor, nós nos esforçamos fazendo boas obras e tentando obedecer aos
mandamentos. Quando achamos que conseguimos cumprir o padrão, nos
enchemos de justiça e merecimento próprio. O problema é que perdemos
o f.:wor de Deus quando confiamos em nossa justiça, e o resultado é que
ficamos ressentidos porque outros notórios pecadores recebem o favor e
nós não.
Esta é a explicação para a amargura em rodos os relacionamentos. Se
o marido se esforça para agradar a sua esposa e percebe que ela não reco-
nhece seus méritos, ele se enche de ressentimento se ela, por exemplo, não
o elogiar e, em ve:z disso, elogiar o líder da célula.
Qual o problema desse marido? Ele faz rodas as suas obras para ter o
amor da esposa, e não porque sente que é amado por ela. Podemos apli-
car esse princípio em rodos os nossos relacionamentos. Você faz as boas
obras para conquistar o amor ou porque sabe que é amado? A resposta a
isso o coloca debaixo da lei ou da graça. Lei é amar a Deus, mas graça é
ser amado por Ele.
Uma esposa procura de todas as formas agradar ao seu marido, ela co-
zinha, lava, passa e faz sexo sempre que ele deseja, mas um dia o marido
resolve elogiar outra mulher na frente dela. Nesse momento, a mulher
se enche de amargw-a porque se vê injustiçada. Se ela não tivesse justiça
própria, mérito próprio, ela não ficari a ressentida. A justiça própria é a
origem de rodos os pecados.
Jsso também é muito comum na vida de pastores. Eles se esforçam
para ser bons pastores, procuram viver uma vida absoluramenre Íntegra e
irrepreensível, mas a bênção parece que vem sempre para aquele pasror da
congregação ao lado que parece ser tão pecador. Eles vivem lutando com
as finanças, mas aquele pastor comprou um grande prédio para se reunir.
Eles se esforçam para crescer, mas as multidões sempre vão para a igreja
do outro. Eles não conseguem entender, por isso presumem que aquela
igreja não é de Deus, pois D eus não abençoaria alguém assim. A verdade,
porém, é que eles vivem an1argurados, como o irmão do fi lho pródigo.
Nunca quebraram nenhum mandamento, mereciam muitas bênçãos, mas
o outro pecador recebe maior graça.
Os QUE DECAEM OA CltAÇA 135

Creio que agora ficou fácil perceber como a amargura está relacionada
com a justiça própria. Sempre que procuramos conquistar o amor de Deus
em Vf:Z de crer que já somos amados, caímos na justiça própria.
O rexto de Hebreus 12 diz que a amargu ra é contagiosa. Uma vez
que ela surge, vai contaminar a muitos. Toda pessoa amargurada gosta de
compartilhar com os outros as razões do seu ressentimento. A amargura
simplesmente destrói a vida da igreja.
O texto de H ebreus diz que, uma Vf:Z que há amargura, a próxima con-
sequência é a impureza. Mas há alguma relação enue amargura e impureza?
Em minha experiência, tenho visto, por exemplo, que normalmente uma
mulher só cai em adultério se estiver ressenrida com o seu marido. Ela
pensa que não é amada e por isso se permite pecar. Um crente está pro-
penso ao pecado quando sente que não é amado por Deus. É triste, mas
quando caem em pecado, muitos presumem que D eus não os ama mais.
Mal sabem que isso fará com que caiam ainda mais no pecado.
A impureza sexual não é a raiz, ela é o fruto. Tudo começa quando a
pessoa se separa da graça de Deus. Uma vf:Z que sai da graça, ela cai no
ressentimento, e do ressentimento vem a impureza sexual. O resultado
final é que a pessoa pode se tornar como Esaú, que não atribuiu valor às
co isas espirituais, pois vendeu a bênção da primogenitura por um prato de
comida. Quanto mais nos separamos da graça, mais nos tornamos naturais
e indiferentes às bênçãos de Deus.
No passado, eu pensei que Esaú não po~ia se arrepender ou não teve
um arrependimento genuíno. Mas, lendo outras traduções, percebi que
isso é um erro. A tradução na Linguagem de Hoje diz que Esaú vendeu os
seus direitos de filho mais velho por um prato de comida. E depois ele quis
receber a bênção do seu pai. Mas foi rejeitado porque não encontrou um
modo de mudar a mente de !saque para receber a bênção, embora procu-
rasse fazer isso até mesmo com lágrimas. Na verdade, foi lsaque que não se
arrependeu, ou mudou de mente, em relação à bênção da primogenimra.
Isso está claro na versão da Bíblia na Linguagem de Hoje.

E romem cuidado também para que ninguém se torne imoral


ou perca o respeito pelas coisas sagradas, como Esaú, que, por
causa de um prato de comida, vendeu os seus direitos de filho
mais velho. Como vocês sabem, depois ele quis receber a bênção
136 O PÃO DOS FILHOS - 21 DIAS PARTINDO O PÃO

do seu pai. Mas foi rejeitado porque não enconrrou um modo de


mudar o que havia feiro, embora procurasse fazer isso até mesmo
com lágrimas. (Hb 12. 16-17)

Esaú é colocado em Hebreus como exemplo de alguém que decaiu da


graça. Mas decair da graça significa tentar se justificar cumprindo a lei, e
Esaú viveu muito antes da lei. Como, pois, ele deca iu da graça? Creió que
ele sempre tentou conquistar o amor do pai por meio de sua performance,
suas boas obras.

!saque amava a Esaú, porque se saboreava de sua caça; Rebeca,


porém, amava á Jacó. (Gn 25.28)

!saque amava Esaú por causa de suas boas obras, mas Rebeca amava
Jacó, ponto final. Evidentemenre, Esaú percebia que o amor do seu pai
era condicionaL Esaú é o bom filho, Jacó é que era o problemático. Esaú
tentou agradar ao seu pai, mas no fim seu irmão é que recebeu a bênção.
Isso o deixou furioso, mas o problema é que seu pai não quis lhe dar a
mesma bênção. Ele deve ter pensado: "De que adiantou eu ser um bom
filho?" Certamente veio o ressemimento e a amargura. Todas as vezes que
temamos conquistar o amor de Deus por meio de nossas obras, nós caímos
na justiça própria c consequcntemente decaímos da graça.
Os pais devem ser cuidadosos para não condicionar o seu amor aos
filhos à performance deles. Isso faz com que os filhos fiquem toda a vida
buscando conquistar o amor dos pais. O garoto procurou ser um bom es-
tudante, um filho obediente roda a sua vida, mas um dia seu pai elogia seu
primo falando o quanto ele é motivo de o rgulho. Ao ouvir isso, o menino
se enche de amargura, pois ele está cheio de méritos. Ele fez o melho r,
comportou-se bem e não adiantou nada. D epois disso, ele pode vir a se
tornar um filho muito problemático, cheio de todo tipo de comportamento
ruim. Esta é a origem de rodos os distúrbios familiares.
A Palavra ~e Deus diz que Esaú se casou com mulheres fora da vontade
de seus pais, e isso se tornou motivo de angústia para Rebeca e !saque. Obe-
decer para ser amado é justiça própria; obedecer porque sabe que é amado
é graça de Deus. Esta é a diferença entre o Novo e o Velho Testamento.
É importante frisar que todas essas consequências, como am argura, im-
pureza e desprew pelas coisas espirituais, acontecem por uma única razão:
ÜS QUll DECAEM DA C RAÇA 137

porque nos separamos da graça de Deus. Esta é a rajz de onde procedem


rodos os nossos problemas.

Ü QUE NOS SEPARA DA GRAÇA?

De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei;


da graça decaístes. (GI 5.4)

Paulo diz aos gálatas que nos desligamos de Cristo, nos separamos d'Eie,
quando procuramos nos justificar pelas obras da lei. Estar desligado de
Crisro é algo terrível. Há uma tradução que ruz que Crisro não tem efeito
em nossas vidas. Ele está em nossa vida, mas sem efeiro prático. Desligar-
-se de Crisro significa que Crisro não tem efeiro em nosso casamento, em
nossas finanças, em nossos relacionamentos ou nosso trabalho. Quando
você esrá doente, você quer que Crisro tenha efeiro, faça diferença em você.
Se precisa de djreção, você quer que Cristo tenha efeito em você.

Desligar-se de C risro aqui em Gálatas não significa perder a salvação.


Desligar-se de Crisro é como ser casado e não se relacionar com a esposa.
Ela está em casa, vive junto com você, mas você não desfruta das bênçãos
do casamento. Paulo está dizendo exatamente isso, que, embora sejamos
salvos, não desfrutamos de Crisro e seu favor.

O que faz com que Cristo, que já faz parte de sua vida, não tenha efeito
algum em seu corpo, em sua alma, em sua vida ou seu casamento? Muitos
dirão que o problema é o pecado, mas o pecado nunca foi imperumenro
para que as pessoas recebessem o milagre do Senhor Jesus. A mruor acusa-
ção que os fariseus fizeram ao Senhor foi chamá-lo de amigo de pecadores.
As prosúruras, os colerores de impostos e rodos os pecadores receberam
o Senhor com alegria. Todos eles, quando rocaram no Senhor, receberam
o milagre. Para eles, Crisro tinha um efeito poderoso. Quando receberam
do Senhor, eles não eram perfeitos, mas a imperfeição deles não foi impe-
djmenro para o milagre.

Paulo diz que aquilo que nos separa de Crisw e nos faz decrur da graça
é a justiça própria. Em suas palavras, é remar nos justificar na lei. Sempre
que procuramos ser aceiros por Deus pela nossa performance, pela nossa
obediência aos mandamentos, nós decaímos da graça.
J38 O I'ÁO DOS I'ILHOS - 21 DIAS I'ARTINOO O PÃO

Os pecadores podiam receber os milagres do Senhor, mas os fariseus


não receberam nada. Por quê? Porque eles pensavam que mereciam receber
os m ilagres, uma vez que obedeciam aos mandamentos. Na verdade, não
obedeciam, mas pensavam que sim.

Precisamos ter muito cuidado para não receber a graça d e Deus em


vão. Receber a graça em vão é ter a graça de D eus em nossa vida e mesmo
assim continuar remando merecer a bênção de D eus. Se vivemos confiando
em nossos mériws e em nossa força própria, estamos desprezando o su-
primento perfeito da graça de Deus. O resultado é como ter uma esposa,
mas viver sem d esfrutar del{l.

Hebreus 4 diz que há um tro no d a graça. Se nos achegarmos a ele,


receberem os graça para socorro.

Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junro ao trono da


graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna. (Hb 4.16)

Qual a condição para nos achegarmos ao trono da graça? Simplesmen-


te não merecer nad a de Deus. Não possuir nenhuma justiça própria. Se
você se acha merecedor, então esse trono não é para você. O problema é
que somente a partir do trono da g raça podemos receber m isericórdia. Se
alguém não vier a esse tro no, para o nde irá?

PERMANECER EM CRISTO É PERMANECER NA GRAÇA

Permanecei em mim, e cu permanecerei em vós. Como não pode


o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira,
assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu
sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu,
nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se
aJguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança
cfo ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo c o queimam. Se
permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em
vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito. (Jo 15.4-7)

Em João 15, o Senhor disse que devemos permanecer n'Ele. Algw1s


pensam que permanecerão em Cristo se orarem bastante, jejuarem ou lerem
Os QUE DECAEM DA GRAÇA 139

a Bíblia. Todas essas coisas são boas, mas podemos fazer todas elas e ainda
estar separados de Cristo. Como, então, permanecer n'Ele?
Creio que Paulo nos dá a resposta. Nós permanecemos em Cristo quan-
do permanecemos na graça. Quando decai mos da graça, nós r1os separamos
de Cristo. Isso evidentemente não significa perder a salvação, como pensam
alguns, mas significa que não desfrutamos do seu favor em nossas vidas.
Se permanecer em Cristo é permanecer na graça, então fica fácil en-
tendermos a promessa do verso 7, que diz: "Pedireis o que quiserdes, e
vos será feito". Eu penso que esta é a maior promessa de roda a Palavra de
D eus. Não há limites de bênçãos para quem permanece na graça. Debaixo
do favor de Deus, podemos pedir tudo o que quisermos.
A justiça própria é a maior expressão da carne e do ego. Todas as vezes
que confiamos em nossa própria justiça, em nosso próprio mérito ou em
nossa força, nós decaimos da graça. Muitos pensam que ser fiel implica
prometer que farão o máximo para obedecer e não entendem que dar o
máximo tem a confiança na carne envolvida. Isso significa que não pode-
mos prometer fazer o melhor ou dar o máximo? Sim, mas devemos fazer
isso segundo a graça de D eus. Devemos sempre dizer: "Pela graça de Deus,
vou fazer isso ou aquilo".
Rejeite hoje toda tentação de merecimento próprio. Viva sua vida
como quem não tem mérito. Isso vai afetar todos os seus relacionamentos
e o livrará da amargura. O favor de D eus afeta todas as áreas de sua vida
e, quando você está debaixo do favor, a glória do céu invade a terra. Não
aceite viver nenhum dia sem a bênção do favor.
DESFRUTANDO DE CRISTO
COMO o MANÁ

A
pessoas são aquilo que comem. Os nurricionistas nos dizem que
omos o que comemos, porque a comida que ingerimos passa a
azer parte de nós mesmos.
Ao dar ao seu povo maná para comer, Deus indicava que sua inrenção
era mudar-lhes a natureza. O povo já havia mudado de lugar. Antes, esta-
va no Egito; agora, estava com o Senhor, no deserto. Mas não basm uma
mudança de lugar, deve haver também uma mudança inrerior.
A maneira de D eus produzir tal mudança em seu povo é mudando a
sua dieta. Por comer comida egípcia, o povo de D eus era constituído por
elementos egípcios. A dieta egípcia torna as pessoas egípcias, alimenta a
carne c, no fim, causa morte. Mas a dieta celestial torna as pessoas celestiais
e as capaci ta para cumprir o propósito de Deus.
Por que Deus deu o maná ao seu povo? Ele o deu com uma intenção
específica: queria alimentá-los com a comida do céu, a fim de enchê-los com
o elemento celestial. O seu desejo era preenchê-los, nutri-los e fortalecê-
-los por meio da comida espirituaL E, através desse comer, transformá-los
num povo celestial.
J4 2 O I'ÁO D OS FI LHOS - 2 J O IAS PART I NDO 0 PÃO

O povo de D eus tem de ser transformado em pedras espirituais, a fim


de poder ser constituído elemento da edificação da casa de Deus na terra.
A intenção de Deus não é introduzir uma porção de egípcios redimidos no
céu. A maneira como D eus faz essa transformação é mudando a nossa dieta.

I. QuAL O SIGNIFICADO DO COMER?

Comida é tudo o que introd uzimos em nosso interior, visando à nossa


satisfação. Comida é tudo aquilo que entra pelos cinco senridos, visando
ao nosso prazer e satisfação.
O conceito do comer é básico em roda a Bíblia. A primeira menção de
aJgo na Bíblia governa o seu significado por roda a Escritu ra. Após criar
o homem, Deus lhe deu uma o rdem e aviso acerca do comer: " D e toda
árvo re do jardim comerás livremenre, mas da árvore do conhecimento do
bem e do mal não comerás" (G n 2.16-27). O comer é uma concepção
básica porque diz respeito ao relacionamento do homem com Deus.
Deus colocou o homem diante da árvore da vida (G n 2.9) com a in-
tenção de que este o tomasse para denrro de si como a sua própria vida.
No quadro da redenção, em Êxodo 12, temos o sa ngue borrifado
nas porras e, denrro da casa, come-se o cordeiro com pães asmos e ervas
amargas.
Em João 6, o Senhor Jesus diz ser Ele o verdadeiro maná que veio do
céu para ser alimento do seu povo. Jesus disse: "Quem de mim se alimen-
ta, por mim viverá'' Qo 6.57). Para vivermos corretamente, precisamos
comer corretan1ente.
O homem caiu por comer incorretan1enre. No mesmo princípio, somos
salvos e curados por comer de maneira correta. O homem caiu por comer
do fruto da árvore do conhecimento, mas ele é saJvo e transformado por
comer da árvore da vida.

2. Ü MANÁ É UM TIPO DE CRISTO Qo 6.31-35,48-51, 57-58).


Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: não foi
Moisés quem vos deu o pão do céu; o verdadeiro pão do céu é
meu Pai quem vos dá. Porque o pão de Deus é o que desce do céu
c dá vida ao mundo. Então, lhe disseram: Senhor, dá-nos sempre
DESFRUTANDO DE CrusTo COMO o MANÁ 143

desse pão. Declarou-lhes, poís, Jesus: Eu sou o pão da vída; o que


vem a mím jamais terá fome; e o que crê e m mím jamaís terá
sede. Oo 6.32-35)

Como verdadeiro maná, Cristo foi enviado ao seu povo para que este
vivesse por meio d'Eic. Precisamos comer para viver. A única maneira
de não ficarmos subnutridos espirirualmenre é comermos sempre do
Senhor Jesus.
O nosso espírito foi regenerado, mas a nossa alma está sendo transforma-
da. A maneira de sermos transformados é pela nossa di eta. Se comermos da
comida egípcia, tornamo-nos pessoas egípcias, mas se comermos do maná
celestial, que é o Senhor Jesus, tornamo-nos cada vcr mais semelhantes a
Ele e nos enchemos de vida.
A maneira de Deus nos transformar é mudando a nossa djeta. Nós nos
tornamos semelhantes àquilo que comemos. Quando comemos, estamos
sendo fortificados e também transformados. O Senhor tinha isso também
em mente quando institu iu a Ceia como memória da aliança. Ao comer
da Ceia, estamos comendo d'Ele próprio: Ele é o maná que desceu do céu
para a nossa satisfação.

3. As CARACTERÍSTICAS DO MANÁ

A. Do cÉu (r6.4)
A palavra "manâ' no hebraico significa "o que é isso?" Eles não foram
capazes de definir o que comiam e os supria, assim como não podemos
definir Cristo, mas sabemos que Ele é o nosso suprimento de vida.
A cada dia, o inimigo tem preparado planos e ardis contra você. O
Senhor, porém, tem preparado roda provisão, rodo suprimento e toda
graça no maná diário. Tudo o que você precisa diariamente é do maná e
você deve recebê-lo pela manhã. Embora seja aparentemente pequeno, ele
carrega toda a provisão de D eus para você naquele dia.
A primeira característica do maná é que ele é celestial (16.4). Não
podemos explicar o maná, apenas desfrutar dele. Embora não possamos
explicar Cristo em sua essência e composição, Ele é muito real. Apesar de
ser invisível e intangível, é substancial e sustenta o seu povo.
144 O PÃO DOS FILHOS- 2 I Dlt\ S PARTINDO O I'ÁO

B. DE MANHÃ (1 6.12)
O faro de o maná vir a cada manhã nos mostra que devemos ter
re novada a nossa fome por Ele a cada novo d ia. Cada dia é um novo
começo para com Deus. Precisamos lembrar ai nda que ninguém poderia
guardar o maná para o dia seguinte, po is ele se perdia. A experiência
de ontem não serve para hoje. O mantimento de ontem não pode nos
sustenta r hoje.
Não podemos guardar o maná para o dia seguinte. Quando era guar-
dado, ele cheirava mal e dava bichos. Deus não quer que seu povo seja
independente d'Ele. Esta é a razão por que Ele nos ensinou a orar dizendo:
"O pão nosso de cada dia, dá-nos hoje". Não é o pão para a semana ou
para o mês, mas é o su primento para cada d ia.
Um pai sábio nunca dá tudo ao filho, senão ele não volta. Um pai sábio
sempre dirá: "Cada ve:z. que você precisar de alguma coisa, venha até mim".
D essa forma, há comunhão e tempo junros. Minhas filhas sabem que eu as
amo incondicionalmente, mas às ve:z.es, quando pequenas, era bom dizer:
"Se você precisa disso, emão venha aqui dar um beijo no papai!"

c. CoM o ORVALHO (r6.r3,14)


Em Êxodo 16. 13,14, notamos que o maná veio com o orvalho. Se
compararmos com o Salmo 133, iremos notar que o orval ho é a graça de
D eus sobre nós. Em Lamentações 3.22-23, lemos que as misericórdias
se renovam a cada manhã. Isso também nos lem bra do orva.lho. O maná
sempre vem junto com a graça e o amor de Deus.
O maná é o nosso suprimento diário da Palavra de Deus liberada a
nós. A maneira como o Senhor a libera sobre nós é como as goras de
chuva. Você sabia que, n uma nuvem, pode haver milhões de litros de
água? Se roda essa água fosse liberada de uma única vez, poderi a des-
tru ir quase tudo. Mas Deus é tão sábio que faz com que roda essa água
se rransformç em goras na atmosfera, de forma que até aquela Aor mais
delicada seja preservada.
A Palavra de Deus é liberada sobre nós do mesmo modo, como gostas
de chuva que trazem refrigério; em pequenas porções que são como bo-
cados que nos suprem. Deus não nos dá roda a sua sabedoria de uma vez,
mas Ele a envia na forma de maná.
DESFRUTANDO DE CRISTO COMO O MANÁ J45

o. PEQUENO (16.14)
Em Êxodo 16.14, percebemos que o maná era algo pequeno. Ser pe-
queno significa que ele pode ser ingerido com facilidade por qualquer
um de nós. O Senhor é tão grande que o universo inteiro não o pode
conter, mas é tão pequeno que pode ser assimilado por mim c habitar
no meu espírito.
O que colheu pouco rem o mesmo poder, provisão c graça daquele que
colheu muiro. Não se preocupe sobre o que você não entende na Palavra,
mas deguste o que você já entende.
O maná não podia ser guardado para o dia segu inte, isso significa que
precisamos de uma revelação fresca da Palavra a cada dia. Não importa se
é ouvindo a pregação num CD, lendo a Palavra ou meditando num livro
cheio de C risro, o imporranre é que seja diário.
Muitos buscam grandes revelações de Cristo, mas o Senhor quer nos
suprir a cada dia com pequenas revelações. O maná era pequeno e fino,
embora não haja nada realmente pequeno quando se refere a Cristo.
Muiros maridos acreditam que precisam fazer grandes coisas para sua
esposa a fim de fortalecer o seu casamento. Ficam meses esperando um
grande evento para alimentar o casamento. Mas a verdade é que não são
as grandes coisas, grandes demonstrações, que fazem o casamento, e sim
as pequenas atitudes no dia a dia.
Deixe-me dar alguns exemplos de maná que tenho recebido dia após
dia. Pode parecer algo pequeno, mas é o maná do Senhor para me suprir.
Eu estava em casa e me veio um desejo de comer doce de pêssego. Saí
para comprar e, quando estava pegando a lata no supermercado, alguém
disse no microfone: "Somente agora superpromoção de doces enlatados!
Duas latas pelo preço de uma!" Eu fiquei medicando no que é a graça e a
provisão do Senhor. Parece algo pequeno, mas quando o povo colhia uma
porção de maná, aquilo era uma grande provisão. Todavia, perdemos isso
quando procuramos pelas grandes revelações.
Quando Jesus veio, ninguém celebrou o nascimento do Rei dos reis,
apenas os anj os e alguns pastores estavam lá. Ele nasceu numa das me-
nores vilas de Israel, chamada "Casa do pão", Belém. Ele veio como um
pequeno bebê. Quem imaginaria que esse bebê cresceria e purificaria
leprosos, abriria os olhos dos cegos, ressuscitaria os morros e andaria
146 0 PÃO DOS FI LHOS - 2. 1 DlAS PARTINDO O p,\o

sobre o mar! Quem diria que abriria os braços e nos livraria de roda con-
denação e da escravidão do pecado! Naq uele momento, ter a revelação
de que C risto seria o salvador talvez parecesse pequeno. Não despreze
as pequenas revelações.
Por que Jesus se curvou para escrever no chão em João 8? Foi assim
porque, se Ele nunca tivesse se curvado, abaixado-se até nós, nunca pode-
ríamos ser salvos. É interessante que Ele se curvou duas vezes para escrever.
Jsso certamente denota que Ele é o que escreveu as leis em pedras por duas
vezes. Na primeira vez, as pedras fo ram q uebradas, e o povo, condenado;
mas, na segunda vez, Deus mandou que elas fossem colocadas dentro da
Arca, debaixo do sangue aplicado. Isso foi para mostrar que a lei não pode
mais nos condenar quando somos perdoados pelo sangue.
A Palavra de Jesus para a mulher foi: "Vai e não peques majs". Esse "não
peques mais" é uma promessa, e não um mandamento. A graça transfor-
mou os mandamentos em promessas. Ames era: "Não matarás" . Agora é:
"N...ao mataras,
, eu te prometo".
A primeira coisa que o Senhor disse q uando se levantou foi: "Eu sou
a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário,
terá a luz da vida Qo 8. 12). A luz foi condenação para rodos os acusados
na consciência, mas, para nós, ela é a graça que nos permite ver que a sua
graça é maio r que o nosso pecado. Onde não há mais condenação, há
verdadeira libertação do pecado.

O Sermão do Monte foi o mais elevado e mais extraordinário jamais


proferido. Não foi intenção do Senhor nos condenar ao proferi-lo, mas a
perfeição de C risto inevitavel mente nos confronta. Jogar bola com o Ney-
mar é sempre humilhante para quem não sabe jogar, como é o meu caso.
Ele pode ser amável e sempre sorridente comigo, mas a sua perfeição vai
me expor e condenar. Entretanto, depois que o Senhor desceu do monte,
Ele purificou o leproso para mostrar por que Ele veio até nós (Mt 8.1-3).
Fé é ter uma boa opinião a respeito de D eus. Você só pode receber se
crer que D eus é bom e quer abençoá-lo. Fico sempre pensando como as
pessoas ficam indignadas quando dizemos que rodas as coisas ruins proce-
dem do diabo, mas acham lógico atribuir a D eus rodos os males da cerra.
Elas não têm uma boa opinião sobre Deus, por isso não podem conhecê-lo.
DESFRUTANDO DE CRISTO COMO o MANÁ 147

E. FINO (r6.r4)
O maná era muito fino e uniforme. Por narureza, somos ásperos e
desequilibrados, mas o Senhor é fino e suave. Qualquer um que tenha ex-
periência com o Espírito há d e notar o quanto Ele é educado, cavalheiro e
gentil. Quando comemos do Senhor, também nos tornamos finos e sóbrios.

F. REDONDO (r6.14)
O faro de o maná ser redondo (16.14) indica a etern idade de Cristo. O
círculo é o símbolo da eternidade, sem começo e sem fim. Cristo é a comida
eterna, com uma natureza eterna e para eterno suprimento do seu povo. Ao
comermos d'Eie, também nos tornamos participante de sua vida eterna.

G. CoMO GEADA (16.14)


A gead a é intermediária entre o orvalho e a neve. Tanto o orvalho como
a geada são refrescantes, mas a geada rem a característica de matar os ger-
mes (16.14) . Assim também, cada vez que comemos do Senhor em nosso
espírito, somos refrescados e, ao mesmo tempo, há uma limpeza de todo
germe lançado pelo diabo.

H . BRANCO (r6.31)
Ser branco significa ser limpo, puro, sem qualquer tipo de mistura.
Nossa pureza também está em nos alimentarmos d 'Eie, comendo de sua
Palavra. Sua Palavra é água que nos lava c santifica. Se comemos do Senhor
diariamente, seremos cada vez mais puros e limpos. Ser branco significa ser
sem mancha. Quando comemos do Senhor, as manchas dentro de nosso
caráter vão sendo eliminadas.

I. SABOR COMO BOLOS DE MEL ( 16. 31)


0 ó leo tem o aroma, e o mel tem a doçura. Aroma e doçura são os
dois aspectos mais importantes do paladar. A comida saborosa é sempre
aromáric.'l e doce. Quando desfrutamos do Senhor, podemos sentir a sua
fragrân cia e doçura. Desejável, doce, fragrante, amável e terno é o nosso
amado, nosso alimento, nosso desfrute, nossa vida.
Quando você veio para C risto, você fo i motivado pelo seu problema,
enfermidade ou alguma necessidade. Mas, quando ouviu a Palavra, você
percebeu que havia algo tão doce e tão agradável. Era a presença e a vida
148 O PÃO DOS FILHOS- 21 OIAS PARTINOO O PÃO

de Cristo vindo a você. Precisamos ter muito cuidado para não perder essa
sensação de prazer e alegria.

]. 0 MANÁ E AS RlQUEZAS

Deuteronômio 8.16-1 8 diz que o Senhor deu o maná para que tivésse-
mos forças para adquirir riquezas. Ele nos susrenra com o maná para. que
não pensemos que é o nosso braço que nos dá riquezas. O maná direra-
meme não dá a riqueza, mas dá força para adquiri-las.

[... ] que no deserro re sustentou com maná, que teus pais não
conheciam ; par? rc humilhar, e para te provar, e, aflnal, te fazer
bem. Não digas, pois, no teu coração: A minha força c o poder do
meu braço me adquiriram estas riquezas. Antes, te lembrarás do
SENHOR, teu Deus, porque é ele o que te dá força para adqui-
rires riquezas; para conflrmar a sua aliança, que, sob juramento,
prometeu a teus pais, como hoje se vê. (Dr 8.16-18)

Em Mateus 6.33-34, Jesus disse que devemos buscar em primeiro lugar


a justiça do reino e, então, as outras coisas nos seriam acrescentadas. O
Senhor está falando aqui do princípio do maná. Devemos buscar o su-
primento de Deus a cada dia e, quando fazemos isso, receberemos forças
para adquirir rodo o resto.
No fim do capítulo 16 de Êxodo, o Senhor mandou queAráo guardasse
um gômer. Esta era a décima parte do que o povo colhia a cada d ia. Este é
o princípio do dizimo. Aquela porção era guardada como memorial diante
do Senhor. A décima parte era sagrada separada ao Senhor. A décima parte
era do Senhor e ninguém poderia tocar nela.

Disse Moisés: Esta é a palavra que o SENHOR ordenou: Dele


encherás um gômer e o guardarás para as vossas gerações, para
que vejam o pão com que vos sustentei no deserto, quando vos
tirei do Egiro. Disse também Moisés aArão: Toma um vaso, merc
nele um gômcr cheio de maná c coloca-o diante do SENHOR,
para guardar-se às vossas gerações. Como o SENHOR ordenara
a Moisés, assim Aráo o colocou diante do Testemunho para o
guardar. E comeram os fllhos de Israel maná quarenra anos, até
que enrraram em terra habitada; comeram maná até que chega-
ram aos limites da terra de Ca naã. Gômer é a décima parre do
efa. (Êx 16.32-36)
D esFRUTANDO DE CRISTO coMo o MANÁ 149

O número dez é a forma mais simples de multiplicar. Mesmo na Pa-


lavra de Deus, a multiplicação por dez é urilizada. O princípio dos dez
por cento é sempre para multiplicação. Aqui, remos um décimo separado
para o Senhor. A décima parte é sempre de D eus. Não é por acaso que os
Dez Mandamentos são para o Senhor, pois nenhum de nós jamais poderia
guardá-los.
A décima pane são as primícias. E, quando as primícias são devolvi-
das ao Senhor, toda a colheita é santificada. Romanos 11.16 diz que, "se
forem sanras as primícias da massa, igualmente o será a sua totalidade;
se for santa a raiz, também os ramos o serão". Precisamos lembrar que o
dinheiro é sempre imundo. Nós simplesmente não sabemos de onde veio
o dinheiro que estamos usando. O dinheiro está sempre circu lando. Mas,
quando damos o dízimo, ele é santificado em nossas mãos. Por que pre-
cisamos santificá-lo? Porque o diabo não pode rocar no que é santo. Ele
roca apenas no que é imundo.
Lembre-se de que o maná deveria ser colhido cedo de manhã. Não se
preocupe em definir que hora seria cedo o suficiente, apenas esteja cerro
de que o maná é a sua primeira prioridade a cada d ia. Se ele é a prioridade,
será a primícia que vai santificar o seu dia.
No hebraico, a palavra "rico" e a palavra "dez" são a mesma palavra,
tJShar c rtSar . São escritas do mesmo modo, com uma pequena mudança
na pronúncia. Isso é para indicar como nossas riquezas são adquiridas e
aguardadas.

L. Os QUE NÃO DESEJAM o MANÁ

.Em números 11 , lemos que o populacho que estava no meio do povo


se ca nsou do maná. Aquele populacho era constituído de egípcios que
quisera m sair do Egiro jumo com o povo de Israel. Eles não eram , de faro,
povo de Deus.

E o populacho que estava no meio deles veio a ter grande desejo


das comidas dos egípcios; pelo que os filhos de Israel tornaram
a chorar e também disseram: Quem nos dará carne a comer?
Lembramo-nos dos peixes que, no Egiro, comíamos de graça;
dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos
alhos. Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma coisa vemos
150 O l'ÁO DOS FILHOS- 21 DIAS PARTINDO O J>ÁO

aparência, semelhante à de bdélio. Espalhava-se o povo, e o colhia,


c em moinhos o moía ou num gral o pisava, e em panelas o cozia,
e dele fazia bolos; o seu sabor era com o o de bolos amassados com
azeite. (N m 11.4-8)

Deus deu o maná para ser aJimenco, mas eles diziam que a sua alma
estava seca. Não tinham prazer em Cristo. O rexco diz que eles renrávam
produzir coisas com o maná. Moíam, cozinhavam em panelas, faziam
bolos, mas não tinham satisfação. Isso simboliza aqueles que espremem a
Palavra buscando novas revelações porque não estão satisfeitos com C risto.
Há muitos que desejam·aprender sobre coisas como milagres, prospe-
ridade ou teologia. Eles moem a Palavra e fazem bolos, mas, no fim , essa
comida perde a doçura do mel.

M. 0 MANÁ ESCONDIDO

O povo comeu do maná ptlblico, mas existe um maná escondido reser-


vado para o vencedor. Há aqueles que perdem o interesse em comer o maná,
mas, para o crem e faminto do Senhor, há a promessa do maná escond ido.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor,
dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca,
e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece,
exceto aquele que o recebe. (Ap 2.17)
O maná era o alime nto para a edificação do Tabernáculo. Sem o maná,
a igreja não pode ser edificada, simplesmente porque não teremos forças
para isso.
A única coisa que o povo fez no deserto foi edificar o 1àbernáculo, e
fizeram isso comendo apenas maná.
Observe que, depois de receber do m aná escond ido, receberemos uma
pedrinha branca. A pedra é para a edificação do tabernáculo de Deus
entre os homens: a igreja. Mas cerramenre aponra para o faro de que,
quando comemos de Cristo, somos também transformados em pedra
para a edificação.
A PÁSCOA

primeira Ceia de Crisro com os discípulos no cenáculo foi a úl-


ima Páscoa. Muitos não estão familiarizados com a Páscoa, mas
la é um tipo perfeiro de Cristo. Paulo diz que Crisro é o nosso
Cordeiro pascal.
Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como
sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro
pascal, foi imolado. (lCo 5.7)

Cada pormenor do capítulo 12 de Êxodo é um rerraro da redenção de


Deus em Crisro Jesus. Em nenhum outro lugar das Escrituras, encontra-
mos uma descrição tão detalhada da redenção de Crisro.
No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis
o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! Qo 1.29)

Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou


ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos
pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem
defeito e sem mácula, o sangue de Cristo. ( 1Pe 1.18-19)

Leia atentamente o capítulo 12 de Êxodo e vamos juntos visualizar o


quadro maravilhoso da nossa redenção retratada pela Páscoa.
152 O PÃO DOS FILHOS - 2 r DIAS PARTINDO O PÃO

I. 0 TEMPO DA PÁSCOA (r 3 .4)

Êxodo 13.4 registra: " Hoje, mês de Abibe, estais saindo". A palavra
"Abibe" significa "desabrochante, florescente, tenro e verde". D esabrochar
e florescer significam o início da vida. No dja em que cremos no Senhor e
fomos salvos, a vida começou a desabrochar dentro de nós. D e faro,. esse
mês era agora o primeiro mês, pois é o começo de nossa vida.

2. O CoRDEIRo PASCAL

SEM DEFEI TO (12. 5)

Êxodo 12.5 declara que o cordeiro deveria ser perfeito. Isso ripifica
Cristo, que é perfeito, sem falra Oo 8.46).

MACHO DE UM ANO (12. 5)

Êxodo 12.5 menciona ainda que o cordeiro deveria ser macho de


um ano, podendo ser um cordeiro ou um cabrito. Ser de um ano é ser
novo e não ter sido utilizado para nen hum outro fim. Jesus veio exclu-
sivamente para ser o Cordeiro de D eus. Ele nasceu para ser o sacrifício
pelos nossos pecados.

D e acordo com M areus 25, os cordeiros ripificam os bons, c os cabri-


tos, os maus. Cristo, na cruz, era bom ou mau? De faro, Ele era ambos.
À hora da crucificação, Ele era ramo um cordeiro quanto um cabrito. Ele
era o justo de Deus, que se fez pecado por nós.

Aquele que não conhceu pecado, Deus o fez pecado por mim,
para que nele cu fosse feico justiça de Deus. (2Co 5.21 ).

EXAMINADO POR QUATRO DIAS (12. 5-6)


O cordeiro tinha de ser sem defeito e, para isso, deveria ser observado
durante quatro ruas (12.5-6). Do mesmo modo, Jesus foi observado.

Após ser aprisionado, o Senhor Jesus foi submetido a seis exames:

•!• Três nas mãos dos sacerdotes, que o examinaram de acordo com
a lei de D eus (Me 11.27; 12.37; 14.53-65; Jo 18.13,19-24),
A PÁSCOA 15 3

•!• Três sob governantes romanos, que o restaram de acordo com a


lei romana Oo 18.28-19.6).

•!• Pilaras repetiu três vezes que não achava n'Ele fa lta alguma Uo
18.38; 19.4).

Ele passou por rodos os resres e foi achado sem culpa. Por isso, no dia
exaw da Páscoa, Ele foi conduzido à morre como Cordeiro pascal. Assim,
a morte de Jesus foi o exaro cumprimento do tipo.

0 CORDEIRO, DEPOIS DE TESTADO, DEVERIA SER MORTO

A morre do cordeiro era subsriruriva, ou seja, o cordeiro tomava o lugar


do homem. Jesus também tomou o nosso lugar na cruz.
O cordeiro deveria ser comido e do mesmo modo, hoje, nós nos ali-
mentamos de Jesus. Em João 6, o Senhor diz que quem não come dele,
não rem parte com ele, mas quem dele se alimenta, por ele viverá.

0 SANGUE DEVERIA SER APLICADO (12. 7)

Observe que o sangue que não fosse aplicado não poderia livrar o is-
raelita da condenação. O aro de aplicar nos fala de fé. Quando creio no
sangue, eu o estou aplicando, e o sangue assim apl icado rem poder para
nos livrar da morre.
O sa ngue era aplicado na porra pelo lado de fora, mostrando-nos
q ue o sangue não é para nós, mas para Deus e o diabo. Deus, quando
vê o sangue, fica satisfeito na sua justiça, e s aranás deve se calar de
roda acusação.
O faro de o sangue do cordeiro pascal ser posto na verga c nas ombreiras
da ·porra implica que ele abre caminho para entrarmos em C risto, que é
tipificado pela casa. Os redimidos entram na casa, que é C risto, pela porra
borrifada com sangue.
O mesmo sangue que abriu as porras para que os redimidos entras-
sem em Crisro, ou seja, na casa, também fechou as porras ao destruidor,
guardando-os, assim, do julgamcnro. Todo aquele que for redimido pelo
cordeiro será preservado c guardado pela casa. Tudo o que C risto redime
é por Ele guardado.
154 O PÃO DOS FILHOS - 2 1 DIAS I'ARTINDO 0 PÃO

0 SANGUE ERA APLICADO COM O HISSOPO (12 . 22)


Em 1 Reis 4.33, lemos que Salomão discorreu sobre todas as plantas,
desde o cedro que está no Líbano até o hissopo que brota do muro. O his-
sopo era umas das menores pla ntas. De acordo com o Novo Testamento,
o que há de menor em quantidade é a nossa fé (Mt 17.20). O hissopo,
assim, tipifica a fé. D eus não exige que a nossa fé seja como o cedrÇ> do
Líbano, Ele requer que tenhamos um pouquinho de fé. Se um pecador
apenas disser de todo coração: "Senhor Jesus, obrigado por morrer por
mim", ele será salvo. Esta é a fé semelhante ao hissopo que brota do muro.
É por meio dessa fé simples que o sangue é apl icado.
O nosso ingresso em Cristo se faz. pela porca a que se aplicou o sangue.
Quando utilizamos o hissopo para aplicar o sangue na porta, capacitamo-
-nos a entrar em C risto. Após entrarmos n'Eie, precisamos permanecer
n'Eie. Em João 15, o Senhor Jesus diz: "Permanecei em mim". Permanecer
n'Eie é manter a nossa idemificação e união com Ele.

SUA CARN E DEVERIA SER COMI DA (12 .8-10)

A carne do cordeiro pascal deveria ser comida para que servisse de su-
primento, força e vida. O mesmo é verdade em relação ao Senhor Jesus.
Em João 6, Jesus afirma que precisamos comer da sua carne e beber do
seu sangue para viver a sua vida. A carne, aqui, significa a vida de Cristo.
Não apenas somos salvos pelo Cordeiro, mas vivemos ca.da dia por meio
d'Elc. "Quem de mim se alimenta, viverá por mim" Ooáo 6.57). Em re-
lação à maneira de comer o cordeiro, remos de ressaltar como ele deveria
ser comido pelos filhos de Israel.

3. A FORMA COMO O CORDEIRO ERA COMIDO


ASSADO PELO FOGO (I 2.8)

Em primeiro lugar, o cordeiro era com ido assado no fogo. O fogo, aqui,
aponta para a ira do ju lgamento de Deus sobre o pecado. Quando C risto
escava na cruz, Ele suportou o fogo da ira de D eus.

Meu coração fez-se como cera, dcrrereu-sc denrro de mim. Secou-


-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me apega
ao céu da boca. (SI 22.14-15)

É por isso que Ele exclamou: "Tenho sede!" Uo 19.28), porque escava
sendo queimado pelo fogo do julgamento de D eus.
A P ÁSCOA 155

NÃo cRu (12.9)


O cordeiro não podia ser com ido cru. Hoje, aqueles que não creem na
redenção de Crisro tentam comê-lo cru. Isso quer dizer que tais pessoas o
consideram um bom exemplo de homem, mas não a reder1ção de Deus
para nós. Isso é tentar comer o cordeiro cru.

NÃO COZIDO COM ÁGUA (12.9)

Além disso, o povo de Israel não poderia comer o cordeiro cozido em


água. Comer Crisro assim é considerar a sua morte não como morte para
redenção, mas como simples martÍrio pelas mãos dos homens. Muiros
não creem que Jesus morreu por nossos pecados, mas dizem apenas que
Ele foi morto pelo sistema politico da época. Tais pessoas também negam
a sua divindade.

COM PÃES SEM FERMENTO (12.8)


Todo fermento deveria ser retirado. O fermento é sempre um tipo de
pecado. O fermento dos fariseus (Mt 16.6). Lançai fora o velho fermento
(lCo 5.7). Se desejamos ter comunhão com Deus, devemos lançar fora
rodo fermento, ou seja, todo pecado conhecido e manifesro.

COM ERVAS AMARGAS (12.8)


Ao mesmo tempo que comemos o cordeiro com pão sem fermento,
devemos comê-lo com ervas amargas. Isso simboliza que devemos aiTepen-
der-nos e experimentar o gosro amargo refer~nte às coisas pecaminosas.
Quando vamos ao Senhor como nossa Páscoa, não basta crer, é preciso
também arrepender e abandonar o pecado. Isso nos fala de ervas amargas
e fermento respectivamente.

SEU6 ossos NÃO ERAM QUEBRADOS (12.46)


Quando Crisro foi crucificado como nosso cordeiro pascal, suas per-
nas não foram quebradas Oo 19.33,36). O faro de suas pernas não terem
sido quebradas significa que, no Cordeiro, existe algo indestrutÍvel. Esse
elemento indestrutível é a sua vida eterna.
Podemos provar que os ossos de Crisro apontam para a sua vida. Se-
gundo Gênesis 2.21, o Senhor romou um osso, uma costela de Adão e o
transformou em Eva. O elemento do qual Eva foi feita era osso, ou seja,
156 O PÃO DOS FILHOS - 21 DIAS PARTINDO 0 PÃO

vida. A igreja, a Eva verdadeira, também foi feita dos ossos de Jesus, ou seja,
de sua vida. Essa vida que está no Cordeiro foi transmitida para dentro de
nós quando nós comemos d'Eie.

4· COMER COM LOMBOS CINGIDOS, COM SANDÁLIAS NOS


PÉS, COM CAJADO NA MÃO E ÀS PRESSAS (r 2 . I r)
Esta era a maneira como o povo de Israel deveria comer o cordeiro.
Enquanto com iam, eles escavam se constituindo em um exército. Poucos
percebem logo ao se converterem que encraran1 em uma guerra.
Segundo Êxodo 12.1, eles comiam com os lombos ci ngidos. Am es,
éramos frouxos; mas, ao nos converter, tornamo-nos firm es e equipados,
isso porque o soldado deve sempre estar pronto para o combate.
Também foi dito ao povo que tivesse sandálias nos pés. Isso mostra que
deviam estar prontos para uma jornada. Estar cingidos nos lombos é estar
revestido da verdade e da justiça, segundo Efésios 6.1 4. Estar calçado é
estar preparado com o evangelho da paz.
O povo também deveria estar com o cajado na mão. Esse cajado, como
já dissemos, está esrreitan1enre ligado com o diabo; é para a guerra. Efésios
6.16 diz que devemos ter na mão o escudo da fé, para poder apagar os
dardos inflamados do diabo, e a espada do Espírito, para atacar e desfazer
as obras malignas. O cajado aponta, então, para o ataque e a defesa espi-
ritual: pelo escudo e pela espada (Ef 6.1 7). Nunca podemos nos esquecer
de que somos um exército.
Por fim , o povo deveria comer às pressas. Isso nos fala que não deve-
mos ser ligados ao mundo, mas estar sempre preparados para partir daqui.
Estamos aqui de passagem.

5. ÜS FILHOS DE ISRAEL DEVERIAM ESTAR DENTRO DAS


CASAS (r 2. 22)
A casa é um tipo de Cristo, assim como o cordeiro o é. Tanto a casa como
o cordeiro apontam para Cristo, mas em aspectos diferentes. O sangue do
cordeiro nos fala da substituição, enquanto a casa nos fala da identificação.
A redenção é consumada pela substituição e pela identificação. É por isso
A PÁSC OA 157

que podemos dizer hoje que estamos n' Ele, dentro d'Ele. É por estarmos
n' Ele que o Senhor vê o sangue.

A arca construída por Noé também ilustra a identificação ou união. Noé


e sua família entraram na arca, idenrificados com ela. Através desse entrar,
eles foram salvos. No mesmo princípio, o ser redimido implica estar na
casa. Quando Cristo morreu, cu morri com Ele. Quando Ele ressuscirou,
eu ressuscitei com Ele. E, quando Ele se assentou nos lugares celestiais, eu
me assenrei com Ele. Eu esrou n'Ele e ele está em mim. Eu fui identificado
com Crisro de modo que a sua morre foi também a minha morte. Tudo o
que é verdadeiro a respeiro d' Eie também o é a respeiro de mim.

E o que os filhos de Israel faziam dentro ela casa? Comiam a carne do


cordeiro pascal. Esse comer, entretanto, é chamado ele festejar em 12.14. O
que sign ifica celebrar ao Senho r? Significa permanecer na casa e desfrutar
ele uma participação completa do Cordeiro. A alegria do Senhor é ver o
seu povo festejando e celebrando numa alegria completa.

6. ÜS SERVOS COMPRADOS E CIRCUNCIDADOS PODIAM


COMÊ-LA (12.43>45)

f.xodo 12.43 e 45 dizem que o estrangeiro e o assalariado não podiam


participar da Páscoa. Entretanto, os servos comprados e circuncidados es-
cavam qualificados para comê-la ( 12.44,48). Ser comprado é ser redimido.
Não somos servos contratados, mas fomos camprados pelo Senhor. Isso
quer dizer que fomos comprados e recuperados pelo Senhor (l Co 6.20) .
Assim, já não somos mais estrangeiros, mas recUmidos.

É fáci l dizer, de maneira doutrinária, que fomos comprados. Mas, em


nossa prática diária, podemos viver como se fôssemos contratados. O após-
rolo Paulo sabia ser um escravo de Crisro Jesus (Rm 1.1). Ele não se consi-
derava alguém contratado, a fim de trabalhar para o Senhor. Conrrastando
com muiros pastores e ministros, ele sabia não ter cUreiro de demitir-se do
serviço do Senhor. Em Êxodo 12.44, lemos: "Todo escravo comprado por
d inheiro, depois de o teres circundidado, comerá dela".

Todos os redimidos, comprados, devem ser circundidados. Os circun-


didados são os que crucificaram a carne com suas paixões e desejos. Os
158 O PÁO DOS FILHOS- 21 DIAS PARTINDO O PÃO

circuncidados não exercitam a força natural, a fim de trabalhar por Deus.


Somos escravos comprados e ci rcuncidados.

7· A PÁSCOA ERA SEGUIDA PELA FESTA DOS PÃES ASMOS


(r 2. r 5-20)
Os filhos de Israel deveriam observar a festa dos pães asmas como con-
tinuação da festa da Páscoa (12.1 5-20; 13.6-7). A festa da Páscoa durava
apenas um dia, enquanto a festa dos pães asmas durava sere dias.
Durante esse período, nenhum fermento poderia ser achado entre os
filhos de Israel. A festa dos pães as mos apoma para a nossa vida cristã depois
de passarmos pela Páscoa. Em nossa vida cristã, nenhum fermento deve ser
visco. Isso significa que remos a responsabilidade de tratar com os pecados
dos quais remos consciência. Sempre que descobrimos algo pecaminoso
em nossa vida, precisamos eliminá-lo. Isso não significa que não remos
pecado. Certamente, em rodos nós, há certos pecados dos quais não remos
consciência. Emretanro, cão logo nos conscientizamos dele, precisamos
eliminá-lo. Devemos renunciar a rodo pecado conhecido.
Em Êxodo 12.19, foi dada uma palavra forre aos filhos de Israel:

Por sere dias, não se ache nenhum fermento nas vossas casas,
porque qualquer que comer pão levedado será eliminado da
congregação de Israel [... ] (Êx 12.19)

Ser eliminado é ser cortado da comunhão. Essa palavra séria correspon-


de à palavra de Paulo em 1 Coríntios 5.13: "Expulsai, pois, de entre vós
o malfeitor". Expulsar é cortar da comunhão da igreja.
Vemos, portanto, através desses seis pontos, um quadro comple-
to da Páscoa segundo nos é apresentada em Êxodo, capítulo 12. Que o
Senhor nos dê espírito de revelação para termos pleno enrendimenro da
nossa redenção em Cristo Jesus.
A ALIANÇA DE SANGUE

D
eus projerou criar na Terra alguém que fosse uma expressão de si
mesmo. Ele disse: "Façamos o homem conforme a nossa imagem
e semelhança'' (Gn 1.26). Deus, então, coloca o homem na Terra
para expressar sua auroridade e reAerir sua narureza e glória.
O homem, porém, comere alra rraiçáo contra D eus e vende-se à escra-
vidão do pecado, rornando-se escravo de saranás. Mas Deus, por causa do
seu grande amor, não desisre do homem e declara o seu plano ao inimigo:
"Você fez uma aliança com o homem usando a mulher e, pelo engano,
enrrou na Terra. Pois eu usarei a mulher e colocarei dentro dela a minha
semente. Eu rrarei à Terra outro Filho. Esse Filho será gerado da minha
semente, não da semenre do homem, que foi corrompida, mas eu colocarei
a minha semenre denrro da mulher, e essa semenre virá, será um homem ,
porque eu dei a Terra aos filhos dos homens, e essa semente desrruirá o
seu poder" (Gn 3. l 5).
Dois mil anos se passam, e Deus começa a pôr em operação o seu plano.
É um plano que virá através de uma aliança de sangue.
O primeiro sangue derramado na Bíblia foi no próprio Jardim do Éden.
Foi Deus mesmo quem imolou o primeiro cordeiro e fez cair o seu sangue
160 O PÃO DOS FILHOS- 21 Du\S PARTINDO O PÃO

sobre a cerra. Por quê? Existia uma aliança entre Deus e Adão. Como o
homem quebrou a aliança, ele deveria morrer, mas o cordeiro morreu no
seu lugar.
Muitas pessoas pensam que aliança é o mesmo que um contrato.
Num conrraro, existem cláusulas de rescisão, mas uma aliança não pode
ser quebrada. A pena para aquele que quebra a aliança é a morre. Adão,
porém, não morreu, mas Deus matou o cordeiro em seu lugar e, com a
sua pele, fez roupas para o ele e sua mulher. A marca daquele sangue no
Éden percorre roda a Bíblia até Apocalipse, onde, por vime e oito vezes,
Jesus Cristo é chamado de p Cordeiro de Deus.
A vida está no sangue. Onde há derramamento de sangue, significa
que houve derran1amenro de vida. A aliança de sangue que existia entre
os povos amigos nasceu no coração de D eus.

Ü QUE É UMA ALIANÇA DE SANGUE?


Uma aliança de sangue é um contrato entre duas pessoas, tão sagrado
que jamais poderá ser quebrado, sob pena de morre. Por esse contrato,
rodas as coisas se tornam em comum: o que é meu se torna seu; o que é
seu se torna meu. Meus bens são seus, seus bens são meus; minhas dívidas
são suas, suas dividas são minhas. Eu não preciso lhe pedir coisa alguma,
posso chegar e pegar, são minhas.
Todos os povos da antiguidade conheciam a aliança de sangue, e ainda
hoje povos africanos e orientais a praticam. Satanás sabe do poder que
existe em uma aliança de sangue (ou pacto) e ele também faz esse tipo de
aliança. A máfia, o ocultismo e a maçonaria conhecem o poder que existe
atrás dessa aliança, pois sabem que é sagrada, por isso fazem pactos de
sangue. Mas a aliança de sangue nasceu em Deus.
Várias eram as cerimôn ias que os judeus, os hebreus, seguiam, quando
faziam uma al iança com uma pessoa. A primeira delas era a troca da túnica.
A tún ica simboliza a vida. Quando alguém tirava a túnica e dava a outra
pessoa, isso significava que escava dando a sua vida.
Outra forma era a troca do cinto, que servia para ajustar a arma e fala
de segurança. Quando trocavam o cinto, escavam dizendo: "Dou-lhe a mi-
nha defesa e a minJ1a proteção. Quem Ima contra você, luta contra mim".
A ALIANÇA DE SANGUE 161

Uma terceira cerimônia era o sacrifício do cordeiro. O animal era morro


e cortado em metades, então uma metade era colocada em freme à outra,
e os dois parceiros de aliança caminhavam por entre as panes, formando
a figura de um oito, que representa o infinito. O símbolo é este: eu morri
e você também morreu; agora começamos uma nova vida como parceiros
de aliança; e essa aliança é eterna.
Outra cerimônia era o corte da mão ou do pulso. As duas pessoas mis-
tmavam o sangue declarando que a vida de ambos agora estava misturada.
Depois, eles partiam o pão e bebiam do c.:-ilice. Ao comerem juntos, estavam
dizendo: "A minha vida está entrando na sua, e a sua vida está encrando
na minha; somos irmãos de sangue, irmãos de aliança" .
Por fim, eles trocavam os nomes:"Eu recebo o seu nome e você passa a
usar o meu, sign ificando que eu tenho cUrei to a tudo quanto o seu nome
tem direito". Enrão, os termos da aliança eram escritos, e em rodos eles
existiam duas partes: as bênçãos e as maldições da aliança.

Só UM FILHO DO HOMEM PODE AGIR LEGALMENTE NA TERRA


Quando Deus veio ao encontro do homem, Ele não veio pelo enga-
no, veio pela aliança de sangue. A palavra "aliança" em hebraico é berite
, que significa "cortar com derramamento de sangue e caminhar por
))
entre as partes .
D eus tinha um plano de trazer sua semente à Terra. O Salmo 115.16
diz que "os céus são os céus do SENHOR, mas a terra, deu-a ele aos fi-
lhos dos homens". Isso significa que somente o homem tem direito legal
de agir na Terra.
Isso significa que, sendo a Terra dos homens, um homem teria de ser o
instrumento da redenção. Mas esse homem não poderia ser filho de Adão,
porque a semente de Adão estava contaminada pelo pecado, e cada semente
produz de acordo com a sua espécie. Entretanto, tinha de ser homem. E
é aqui que está a sabedoria de Deus, que não viola a sua palavra, de entrar
legalmente no planeta Terra, pela porra.
Em João 10. 1, Jesus fala de duas porras. Ele diz que o ladrão não entra
pela porra: "O que não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe
por o urra parte, esse é ladrão e salteador". Jesus está falando de satanás
J62 O PÃO DOS FI LHOS - 2 T DIAS PARTINDO O PÃO

nesse versículo. O aprisco é a Terra; as ovelhas são os filhos dos homens; e


a porra de entrada na Terra é o nascimento físico. Satanás não nasceu aqui.
Ele não é filho do homem; entrou por ourra porra, tomou emprestado o
corpo da serpente. O Senhor, porém, diz no verso 3: "O pastor, esse entra
pela porta, e o porteiro lhe abre a porra". O porteiro é o Espírito Santo de
Deus. Jesus emrou na Terra pela porta.
A partir de Gênesis 12, D eus chama Abraão com a in tenção de fàzer
uma aliança com ele. Por meio dessa aliança, Deus vai abrir uma avenida
legal de entradano planeta Terra, pela po rra. Ele rem em vista a sua se-
mente. E, a partir de agora, tudo quanto Deus fi zer na Terra terá em vista
a sua semente, Cristo.

A NOVA ALIANÇA PROCEDE DA ALIANÇA ABRAÂMICA

Em Gênesis 12, Deus chama Abraão e lhe diz:

Sai da rua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a
terra que te mostrarei; de ri fà rei uma gra nde nação, c te abenço-
arei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei
os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te an1aldiçoarcm; em
ti serão benditas rodas as famíli as da terra.

Ao chamar Abrão , Deus não tem em vista a descendência física dele,


mas a sua própria semente, que viria através da descendência de Abráo .
É isso que Paulo afirma em Gálatas 3.

Irmãos, fàlo como homem. Ainda que uma aliança seja meramente
humana, uma vez ratificada, ninguém a revoga ou lhe acrescenra
alguma coisa. Ora, as promessas foram feiras a Abraão e ao seu
descendente. Não diz: E aos descendenres, como se falando de
muitos, porém como de um só: E ao reu descendenre, que é
C risro. (Gl 3.15-16)

Quando Deus olha para Abrão , Ele está vendo a sua semente, que será
homem e esmagará a cabeça da serpente. Então, Ele fàz uma aliança com
Abrão e segue todos os rituais mencionados anteriormente. Primeiro, Deus
chega aAbrão e, em vez de dar-lhe a túnica, diz: "Eu sou o teu escudo;
quem luta contra ti, luta contra mim" (Gn 15.1).
A ALIANÇA DE SANGUE 163

Depois, Ele manda que Abra áo sacrifique os animais. Manda que ele
pegue três animais da terra e duas aves. A aliança é com o Pai, com o Filho
e com o Espírito. Abraão parte os animais ao meio e coloca as metades,
uma defronte à outra (Gn 15.9,10,17).
Abraão espera que Deus comece a vir para caminhar por entre as par-
tes. Enquanto espera, aves de rapina começam a vir para comer as carnes.
Este é o símbolo de satanás, que quer destruir a aliança ames mesmo que
ela aconteça. Mas D eus diz: "Abrão, você vai dormir, porque essa aliança
não rem nada a ver com você".
Enquanto Abrão dorme, Deus estabelece uma aliança. Quando acorda,
ele vê que há duas pessoas caminhando por entre as partes. Mas o que ele
vê? Um fogareiro fumegante e uma tocha de fogo. O fogareiro fumegante
é D eus Pai, é assim que Ele se apresenta no Sinai, e a rocha é Jesus. Jesus
toma o lugar de Abrão , para fazer uma aliança com Deus. Por que Deus
não poderia caminhar por entre as partes, com Abrão ? Porque, numa
aliança, rudo que é de um se torna do outro. Abrão era pecador, e Deus
não pode se misturar com o pecado. Mas o Senhor Jesus toma o lugar do
homem e é assim que é feira a aliança entre Deus e o homem, mas, ao
mesmo tempo, emre Deus e D eus.
Deus também ordena que Abrão se circLmcide na carne do seu prepúcio,
como um sinal de aliança perpétua entre ele e suas gerações. E alguém pode
perguntar: "Por que a cicatriz da aliança não foi na palma da mão, mas no
órgão reprodutor?" Porque a aliança era com Abrão e a sua descendência,
até chegar à semente, a quem as promessas foram feitas e em quem todas
as nações da terra seriam abençoadas.
Deus também muda o nome de Abrã o como sinal da aliança. Ele retira
parte do seu próprio nome e acrescenta ao nome de Abrão. No hebraico, o
nome de Deus rem quatro consoantes - YHWH, é impronunciável. En-
tre essas quarro 1erras do nome de D eus, o "H" , que correspon de ao "H"
do nosso alfabeto, aparece duas vezes. É exatamente aquela letra aspirada
"Ah". E, agora, no meio de Abrão, D eus coloca o "Ah". E Abrão passa a
ser Abrah áo.
Tudo isso foi feito para que a bênção de Abral1 ão chegasse até os gentios
e recebêssemos o '~" pela fé. Esse "Ah" é o sopro de Deus, o Espírito
de D eus, a vida de Deus. Este é o plano! Deus também acrescenta ao seu
164 O PÃO DOS FILHOS - 21 DIAS J>ARTINDO O J>ÁO

nome o nome de Abraão. Deus passa a assinar "D eus de Abraão", este é o
seu sobrenome, e significa que tudo o que é de Abraão é meu; e Abrah ão
significa: tudo o que é de D eus é meu. Esta é a aliança de sangue.

DEus NADA NEGARÁ A ABRAÃo, MAS sERÁ QUE ABRAÃo


NADA NEGARÁ A DEUS?

O s dois se tornam cabeça de aliança. Deus agora rem um homem na


Terra. Ele está emrando legalmem e no planeta Terra via aliança de sangue.
Os filhos de Abraão serão filhos de Deus. É a partir daí que a revelação
de D eus começa a ser transmitida, po rque D eus tem ho mens na Terra. É
por isso que D eus, ao destruir Sodoma e Gomorra, d iz: "Posso ocultar o
que estou para fazer a Abraão? D e modo algum. Nada faço na Terra sem
am es conversar com o meu parceiro de aliança'' .

É por isso que, q uando D eus avisa a Abraão que vai destruir Sodo ma e
Gomorra, quem estabeleceu limites foi Abraão, e não Deus. Abraão disse:
"O Senhor vai destru ir o justo com o ímpio se houver cinquenta justos?"
D eus disse: "Tudo bem. Não destruirei"."Mas pode ser que faltem cinco,
que tenha quarenta e cinco", disse Abraão. "Não desrruirei.""Sim, Senho r.
Mas e se houver quarenta? E se houver trinta? O h! Só mais uma vez,se
ho uver dez?" Deus disse: "Tudo bem. D ez''. Quem limitou? Foi Abraão
(Gn 18.25-33). Quando você entender isso, não haverá li mites para a in-
tercessão. Quando D eus subverteu as cidades de Sodo ma e Gomorra, d iz
a Palavra que "lembrou-se de Abraão e salvou a Ló". Deus salvou Ló por
causa da sua aliança com Abraão (Gn 19.29) .

Está claro que Abraão terá tudo de Deus na Terra, mas perante o tri-
bunal eterno, perante as cortes celestiais, perante satanás e seus príncipes,
poderia surgir uma dúvida para questionar a validade da aliança: será que
Deus teria tudo de Abraão? Se D eus não pudesse ter tudo de Abraão, a
aliança não seria válida.

É aí que vem a tremenda prova da aliança, no capíwlo 22 de G ênesis.


D eus deu a Abraão um filho. Que fi lho foi esse? Um fi lho gerado da pro-
messa - da palavra viva. A palavra é a semente, e ela produz exatamente
o que diz.
A ALIA."<ÇA DE SANGUE 165

Quando Sara tinha oitenta e nove anos, e Abraão noventa e nove, o


útero de Sara estava morto, envelhecido, mas o Anjo do Senhor libera a
palavra e diz: "Dentro de um ano, tu darás à luz um filho" (Gn 18.70). E a
palavra, que é vida, penetra no útero morto de Sara, e o filho da promessa
vem : Isaque. Ele é único. Ele é amado. Lembre-se de que tudo o que Deus
faz tem em vista sua própria semente.
Mu itos anos depois, Deus mandará um anjo do céu a uma filha de
Abraão; seu útero será virgem, mas o anjo trará a palavra e dirá: "Darás à
luz um filho" (ls 7 .14; Mt 1.23). E essa palavra entrará no útero da virgem
e a fará conceber, e o filho da promessa virá à Terra, a palavra se fará carne
e habitará no meio de nós, será a semente de Deus na Terra.
Jesus viria da semente da mulher, semente de D eus, não de Abraão,
porque a semente de Abraão está corrompida. A aliança lhe permitirá fazer
isso porque, se Abraão recebeu alguma coisa, Deus também pode receber.
De acordo com as regras da aliança, Deus diz: "Abraão, dá-me teu fi-
lho, teu único filho, a quem amas, em sacrifício". Ele não hesita, porque
é homem de aliança. E quem está em aliança não precisa pedir, diz e está
feito. Os céus estão em suspense, os anjos de Deus aguardam. É a ratifica-
ção da aliança. Terá Deus do homem tudo o que quiser, como o homem
tem tudo de Deus?
Abraão não hesita. Ele mesmo toma o seu filho, seu único filho, e, por
três dias, eles vão em direção ao monte do sacrifício (Gn 22.1-4). Durante
aqueles três dias, a sentença de morte está sobre a cabeça de !saque. Cada
vez que Abraão olha para o filho, ele o vê no altar imolado. Mas, chegan-
do ao pé do monte, Abraão se dirige aos seus servos e diz: "Ficai aqui (Gn
22.5) enquanto eu e o rapaz iremos adorar e, depois de termos adorado,
vo Itaremos para vos ' )) . "Corno vo 1taras com e1e.;>" "N-ao set,. mas vo 1rare1..
I

Deus·disse que em !saque será chamada a tua descendência. E Deus não


mente. Eu vou fazer o que D eus me ordenou e Ele fará o que prometeu".
O autor de Hebreus diz que, quando Abraão foi posto à prova, não
hesitou em dar o seu único filho, porque sabia que Deus era poderoso até
para ressuscitá-lo dentre os morros, de onde, em figura, o recobrou, em-
bora Abraão não tivesse um único testemunho da história de um morro
ressuscitado (Hb 11.17-19). D iz a Escritura que ''Abraão creu em Deus
e isso lhe foi imputado como justiça" (Rm 4.3). O sentido exato dessa
166 0 PÃO DOS FILHOS - 21 DIAS PARTINDO O PÃO

palavra no original é: "Abraão se entregou a D eus com tudo o que era e


o que viesse a ser" .
Abraão levanra a mão, está pronto para imolar !saque. Mas algo acon-
tece antes desse mamemo cruciante, a pergunta de lsaque: "Pai, onde está
o cordeiro para o holocausro?" (Gn 22.7) . Não tenho dúvidas de que a
Trindade nos céus se inclinou. Os anjos, os querubins estavam rodos vol-
tados para o que estava aconrecendo. Passará Abraão na prova? E, quando
!saque diz: "Onde está o cordeiro?", a imagem do cordeiro sobe até o
trono, pois Deus rem a visão do cordeiro que foi morro desde a fundação
do mundo. "Onde está o cordeiro?" Abraão levanta seus olhos para o céu.
Como profeta, como parceiro de aliança, ele pode dizer agora o que quer
de Deus. E ntão profetiza: "Deus proverá para si mesmo o cordeiro, meu
filho" (Gn 22.8).
Soou a voz da Terra até o trono de Deus. O homem da aliança profe-
tiza: "Meu filho, chegará o momento em que D eus proverá o seu próprio
cordeiro. O Filho de D eus será o seu cordeiro. Eu esrou dando o meu fi lho
e Deus dará o d'Ele". E coloca naquele monte o nome "Jeová Jireh", que
significa "o Senhor proverá". Proverá o quê? O cordeiro.
Quando Abraão levanta a mão para imolar o cordeiro, brada a voz do
Senhor, do céu, dizendo: "Abraão, não faças nada ao menino, porque agora
sei que temes a Deus" (Gn 22. 12). No reino do Espíriro, diante do tribu-
nal eterno, perante as hastes celestiais, está comprovado: Deus terá tudo
o que quiser de Abraão. Deus cem rudo do homem, a aliança está selada.
O homem terá tudo de Deus, mas D eus também terá tudo do homem.
Os propósiros de satanás serão frustrados.
Satanás remou discutir com Deus, dizendo que o homem seria in-
capaz de obedecer-lhe; e, quando houve um homem justo na terra, Jó,
satanás disse: "Pudera, tu o cercaste com sebe, tu o encheste de riquezas.
Tira tudo isso e vê se ele não blasfema na tua cara" Uó 1.9-1 0). Depois de
tudo, quando já não tinha mais nada, nem bens, nem filhos, nem saúde,
tinha apenas uma mulher ranzinza, que ficava ao pé do seu ouvido como
goteira irritante, dizendo: "Amald içoa o teu Deus e morre" -era a voz
do diabo Qó 2.9) -, ]óse levanta e diz: "Eu sei que o meu Redentor vive,
e que por fim se levantará sobre a terra e, ainda na minha carne, verei a
Deus" Oó 19.25-27).
A ,\!. lANÇA D E SANGUE I 67

Está provado diante dos tribunais eternos que haverá na Terra homens
que darão tudo a Deus, apesar de rodas as coisas. Creio que cada um de
nós hoje deve se sentir feliz. Adão estava no Éden, com a glória de D eus,
e obedeceu a satanás. Nós nascemos da maldade, mas quando a voz do
Todo-Poderoso chegou aos nossos ouvidos, nós, nascidos da escravidão do
pecado, dissemos não a satanás, renunciamos o mundo e corremos para
o Senhor Jesus.
Abraão o lha e vê um carneiro (Gn 22. 13). O carneiro foi o substitu-
to para o filho de Abraão, mas Deus não teria um substituco para o seu.
Bradou segunda vez a voz do Senhor e disse: "Jurei por mim m esmo, diz
o Senhor". O que é isso? O juramento da aliança. Numa aliança solene,
havia um juran1ento, e os escritos aos hebreus declaram que, quando Deus
quis confirmar a promessa com juramento, não havendo alguém maio r
do que Ele por quem j urar, juro u por si mesmo (Hb 6.13,14). O que isso
significa? Cumpro a aliança ou morrerei. E como Deus não pode morrer,
a aliança não pode ser quebrada.
"Porquanto ouviste a minha voz e não me negaste o teu fi lho, Abraão,
teu único filho, o que significa? Isso que acabas de fitzer me coloca numa
posição: eu vou te abençoar, multiplicarei a rua descendência como as es-
trelas dos céus e como a areia na praia do mar." Quem é esse descendente
de quem Deus fala no monte Moriá? Cristo Jesus. "E o teu descendente
possuirá a porca do seu adversário" (Gn 22. 16, 17). Esta é uma expressão
idiomática. É a mesma bênção que Labão impetra sobre Raquel quando
a despede: "Que a rua descendência possua a porra dos seus adversários".
Significa que luto contra os meus adversários e os venço e me coloco à sua
porta, como Senhor.
Deus rem em vista Crisro. Ele está vendo Cristo sendo gerado através
da descendência de Abraão. E diz, em outras palavras: "Abraão, porquanto
não me negaste teu filho, o ceu único filho, a quem amas, ru me colocas na
posição de trazer à Terra o meu Filho amado, gerado das tuas entranhas,
através de uma virgem, que sairá dos teus lombos, e esse meu filh o esmagará
satanás, lutará contra ele e se colocará na porca d o inferno como o Senhor
da vida c da morre. E n'Ele todas as fam ílias da Terra serão abençoadas,
porquanto ouviste a minha voz". Está selada a aliança. Está estabelecida
no céu e na terra. Agora, D eus vai agir até o cumprimento dessa aliança.
168 O PÃO DOS FILHOS- 21 DIAS PARTINDO O Pi\0

Quatrocentos anos se passan1 o os descendentes de Abraão descem ao


Egito e ali se multiplicam. Deus levanta Moisés, que os leva ao deserto e,
no monte Sinai,Eie vem em pessoa, dá as tábuas da aliança escritas pelo seu
dedo e as entrega aos filhos de Israel. A partir dali, os profetas começam a
anu11eiar: "Há um filho que vem, há um fi lho que vem".
Deus nada faz na Terra antes que seja falado pela boca de um homem;
c o profeta declara: "Este será o sinal: a virgem conceberá e dará à luz um
filho, e o seu nome será Emanuel, que significa Deus conosco" (Is 7.14).
"O governo e o principado estarão sobre os seus ombros. Ele vai reinar
sobre a terra. Um filho nos nasceu. Um menino se nos deu" (Is 9.6). Sim.
Um homem há de vir.
Durante quase mil e quinhentos anos, todos os anos, fielmente, os ju-
deus se reuniam para comerem o cordeiro. Era a comemoração da Páscoa,
que significa "passar por cima".
No tempo em que o povo de Israel foi escravizado no Egito, Deus en-
viou seu juízo sobre aquela nação na forma de dez pragas. Por ocasião da
última praga, Deus ordena a Moisés: "Cada família come um cordeiro.
O cordeiro seja sem defeiro, macho, de um ano. Imolareis o cordeiro no
crepúsculo da tarde; romareis o sangue e o colocareis nos umbrais e nas
vergas da porra, e este será um sinal, o sinal do sangue do cordeiro. Mas
a carne será assada no fogo, para que seja comida. O sangue será vertido,
para que o povo seja liberto da morte que virá sobre o Egiro; a casa de Israel
não é inocente, mas o sangue do cordeiro fará diferença. Na porta onde
estiver a presença do sangue, a morte não há de entrar. A carne, porém,
será para benefícios físicos, é para comer".
Aquilo que comemos se transforma no sangue que circula emnossas
veias. A vida esrá no sangue, e o sangue é a vida. O alimento que come-
mos se transforma no sangue que nos dá vida e energia. O cordeiro seria
comido e entraria em suas veias; quando eles comessem o cordeiro, algo
aconteceria. Por isso, Deus ordenou: "Assim comereis: lombos cingidos,
sandálias nos pés, cajado na mão, prontos para partir" (Êx 12).
No Egito, eles eram um grupo de escravos, pobres, doentes e opri-
midos, mas, quando comeram o cordeiro, sua condição foi alterada. O
Salmo 105.37 diz que, quru1do eles saírrun do Egito, partiram com prata
e com ouro, com vestes e coisas preciosas; e, enrre suas tribos, não havia
A ALIANÇA DE SANGUE 169

um só fraco, inválido ou doenre. Quando sua sorte foi alterada? Quando


comeram o cordeiro. E djz o Salmo 107.19-20: "Clamaram ao Senhor e
Deus enviou a sua palavra e os livrou do que lhes era morral". A palavra é
o cordeiro, e o cordeiro é Jesus.
Quando o anjo da morre passa, eles são libertos da destruição, e mais
do que isso, são sarados; a carne do cordeiro enrra em suas entranhas e se
wrna vida e saúde para eles. E eles partem, vão pedindo aos egípcios pra-
ta, ouro, vestes; encomran1 graça; saqueiam o Egiw e partem- não mais
como escravos, mas como homens livres, ricos e saudáveis. Com a força da
carne do cordeiro, caminham rwno ao deserro, até que chove maná do céu.

A VINDA DO FILHO PROMETIDO

Na plenitude dos tempos, o anjo de Deus vem até a cidade de Nazaré,


onde se encontra uma filha de Abraão. Você se lembra da aliança? "Tudo o
que é de Abraão é de Deus". Ele traz a semente. "Salve agraciada, o Senhor
é comigo. Não remas, darás à luz um filho, seu nome será: Yeshual1 Ra-
mashia- o Messias de Israel, o Redentor, o Cordeiro, o filho da promessa,
que será oferecido pelo Pai, segundo profetizou Abraão".
"Como?", pergw1taMaria, "não conheço nenhum homem!" "O Espírito
te cobrirá com a sua sombra. Pelo que o ente santo que de ri há de nascer
não será chamado filho de Adão, mas será chamado Filho de Deus, porque
a semente de Deus está enrrando pela porra, como homem" (Lc 1.28-35).

O anjo, porém, lhes disse: Não ternais; eis aqui vos trago boa-nova
de grande alegria, que o será para rodo o povo: é que hoje vos
nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Crisro, o Senhor.
(Lc2. 10, 11 )

Anjos proclamam do céu. Magos do Oriente correm até Jerusalém e


pergunram a Herodes: "Onde nasceu o rei dos judeus?" O inferno se agira,
pois, por quatrocentos anos, nenhum profeta havia se levantado. Os m a-
gos dizem: "Nós vimos a sua esu·ela no Oriente e viemos para adorá-lo" .
Satanás entra em Herodes para matar a semente de Deus. Mas ele não
entendeu o mistério da encarnação. Ele não podia matar Jesus. Por quê?
O salário do pecado é a morre, e Jesus foi concebido sem pecado. Jesus
170 O PÃO DOS FILHOS- 21 DIAS PARTINDO O PÃO

jamais pecou. A mone não tinha poder sobre Ele. Ele morreria, quando
decidisse que ia morrer Oo 10.17-18).
Hcrodes manda matar as crianças de Belém, mas Deus fala com José
em sonho (Mt 2.13), e ele foge com a semente para o Egito. Satanás acha
que matou a semente. Ele não é oniscienrc e nem onipresente. Ele não viu
o que Deus fez e nem sabia que a semente foi gerada de Deus.
Anos depois, uma voz se levanta no deserto, dizendo: ':Arrependei-vos,
porque está próximo o reino dos céus" (Mt 3.2). "Está no meio de vós
um que é antes de mim. Eu não sou digno nem de desatar as correias das
suas sandál ias. Eu esrou batizando aqui com água, para arrependimento,
mas esse que está vindo é maior do que cu, e Ele batizará com o Espírito
Santo e com fogo". Todo o inferno se colocou de prontidão às margens
do Jordão. Quem é Ele?
Um dia, um homem de Nazaré vem, no meio da multidão, misturado
entre as pessoas, homem pacato, que crescera em Nazaré, manifestando a
vida de Deus, mas ninguém sabia quem Ele era.
Quando João olha para Ele, diz: "Eu é quem devo ser batizado por ti, e
m vens a mim?" (Mt 3. 14) . Por que João disse isso? Ele era primo de Jesus
e certamente conhecia sua vida santa. Naruralmenrc, João admirava seu
primo Jesus e via n' Ele uma vida linda. E, quando Jesus chega, João diz:
"Estou pregando o batismo para arrependimento, me sinto nada diante de
ti. Eu te conheço, primo. Eu não vou te batizar. Durante todos esses anos,
nunca vi nenhuma mancha em ti. Tu és alguém muito especial. Não vou
te batizar, eu é que preciso de arrepender-me, mas em ti não vejo mancha
alguma". Jesus disse: "Deixa por enquanto, porque a nós convém cumprir
a justiça de Deus" (Me 3.1 5).
João imerge Jesus e, no momento em que ele o levanta das águas, os
céus se abrem e, se um dia um anjo que assiste no trono de D eus chegou a
Maria para anunciar que o Filho vinha, se o coral de anjos veio para anun-
ciar aos pastores que Ele tinha chegado, Deus-Paj coma para si a missão
sublime de anunciar à Terra o início da sua m issão. Sua voz ecoa do trono
da graça, enche os céus, a cerra e as regiões celestes: "Este é o meu Filho
amado, em quem tenho prazer. É Ele o meu Filho" (Mt 3.17). E João vai
à freme e grita: "É Ele o Cordeiro de Deus, que eira o pecado do mundo!
Oo 1.29,36). É Ele! Eu vi o Espírito Santo descendo sobre Ele!"
A ALIANÇA O E SANC UI:. 171

Satanás e seus anjos ouviram. É este o Filho de Deus. O in imigo en-


controu o primeiro homem, Adão, de estômago cheio; mas encontrou o
último Adão de estômago vazio, no meio das feras, com fome (Mt 4.1-ll).
E Jesus olha para S aranás e diz: "Arreda, S aranás! Não estou. aqui para
fazer aliança contigo. Estou aqui para esmagar a rua cabeça. Eu estou aqui
para brigar contigo; e, pela violência do reino de Deus, que já chegou, tu
serás expulso".
Dali, partiu Jesus, para a Galileia, no poder do Espírito Santo. Onde
via wn doente, Ele dizia: "Sê sarado!" Onde via demônio: "Sai correndo!"
E os demônios lhe obedeciam. Onde Jesus ia, Ele desfazia as obras do
d iabo, anunciando: "O reino dos céus já chegou (lJo 3.8). E o reino de
Deus está dentro de vós". O governo de Deus começa a entrar dentro do
coração do homem para transformá-lo (Lc 17.21).
Mas o Senhor veio para ser o nosso Cordeiro pascal. Para a Páscoa, cada
cordeiro tinha de ser inspecionado por quatro dias completos antes de ser
imolado. Três dias completos, no quarto dia, era imolado.
Havia um costume em Jerusalém: os levitas criavam cordeiros que já
nasciam para morrer. Quando os peregrinos vinham, em cada época da
Páscoa, eles entravam no décimo dia do mês pelo portão das ovelhas, tra-
zendo os cordeirinhos, que eram vendidos para o sacrifício. Seguia-se o
período de três d ias completos, nos quais eles eram inspecionados; depois,
eram apresentados ao sacerdote para que este declarasse se aqueles cordeiros
eram próprios para o sacrifício.
Jesus é o Cordeiro de Deus, que nasceu para morrer. No mesmo dia
em que os cordeiros entravam pelo portão das ovelhas em Jerusalém, Jesus
enrrou também pelo portão dourado para ser inspecionado. E, assim como
os cordeiros eram vendidos para o sacrifício, o Cordeiro de Deus também
foi v~ndido para a nossa redenção.

Ü CUMPRIMENTO DA ALIANÇA
Todos os anos, os judeus se reúnem para comemorar a Páscoa. Dentro
de wn saqlúnho com três compartimentos, são colocados três pães, cada um
num dos compartimentos: um, no meio; outro; e um terceiro. Se alguém
perguntar: "O que isso signi fica?" Eles dirão que é o pão de Abraão, o pão
de Isaque e o pão de Jacó. Mas, na hora de partir o pão, eles pegam o pão
172 O PÃO DOS FILHOS - 21 DIAS PARTINDO O PÃO

do meio, o de !saque, mas não sabem porquê. !saque é o filho de Abraão.


E é o Filho de Deus, que será panido. Em cada Páscoa, eles partem o pão
do meio, sem saber que o filho de Abraão foi oferecido para que o Filho
de Deus também o seja.
No dia da Páscoa, Jesus entra no cenáculo para comer a refeição da
Nova Aliança. Ele está com as suas vestes. É o Filho de Deus que chega
coberto com o manto da justiça de Deus. Ele chega, pega o pão do meio,
e desvenda o mistério: " Isto é o meu corpo, que é partido por vós" (Lc
22.14), dá de comer aos discípulos, e Ele come do mesmo pão. Isso signi-
fica: "Tua vida está entrando na minha". Em seguida, pega o cálice e diz:
"Este é o cálice da nova aliança no meu sangue" (Me 14.22-24), e dá de
beber ao homem, e Ele bebe do mesmo cál ice. Nessa hora em que Jesus
bebe do mesmo cálice, há uma transferência, a vida do homem que está
contaminada é transferida para Jesus.

Na hora em que Ele comeu o pão e bebeu o cálice, tudo o que era do
homem (morre, pecado, doença, maldição) foi transferido para Jesus. Este
é o Cordeiro de Deus. É o bode expiatório sobre quem os pecados da hu-
manidade caem. Nessa hora, Jesus se torna o que o homem é. Ele agora
deve comparecer perante o sumo sacerdote. Quem vai ali? Não é o Filho
de Deus, é o homem pecador. Agora, Ele pode morrer porque se fez peca-
do (2Co 5.21 ). A comida do homem entrou em suas veias. Enráo, chega
diante do sumo sacerdote -Ele é o cordeiro- e este diz: "Réu de morte!"
Em outras palavras: "O cordeiro é próprio para o sacrifício. Pode morrer".

Mas esse Cordeiro de Deus não será imolado apenas pela casa de Israel,
seu sangue será verrido pela humanidade inteira, por todas as nações da
terra. Ponanto, é necessário que Ele compareça perante o representante
das nações genrílicas. Então, vai até Pilatos, autoridade romana, que olha
para Ele e diz: "Não vejo nele crime algum (Lc 23.4). Em outras palavras:
"C cordeiro é limpo. Pode morrer".

Mas esse Cordeiro de Deus será oferecido pelos seus inimigos tam-
bém, será oferecido pelos traidores e por todos os pecadores. Emão, vem
Judas, que o trairá, edeclara: "É sangue inocente" (Mt 27.4). Em outras
palavras: " O cordeiro é limpo, é próprio para o sacrifício. Eu o conheço,
ele pode morrer".
A ALIANÇA DE SANGUE 173

Quem vai ali? Não é outro, senão eu e você. É o nosso pecado. Mas foi
o Pai mesmo quem o entregou. E, assim como !saque, Ele carrega sobre
os seus ombros o lenho do sacrifício. Eis o Filho de Deus carregando sobre
os seus próprios ombros o lenho (a cruz), sobre o qual será sacrificado.
Quando Ele é suspenso entre os céus e a terra, e Deus oll1a para o
Calvário, quem vê lá? Não é o seu Filho, é o homem pecador. Aquela é a
oferta queimada no altar. Aquela é a oferta do pecado morrendo fora da
porta (Êx 29.14). É o pecado da humanidade inteira, por isso Deus volra
as cosras e Jesus morre a nossa morte. Morre espiritualmente, é separado
de Deus e brada: "Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?" (Mt
27.46). É aí que as minhas doenças e maldiçóessão queimadas sobre Ele
no Calvário.
Isaías viu o que ninguém mais viu. No capítulo 53, Ele estava desfi-
gurado; nem parecia mais um homem, porque as dores se contorciam, as
dores, as enfermidades, tudo o que era do homem caiu sobre Ele na cruz.
Ele se agoniza com horrores do inferno, como é descrito no Salmo 22.
O Sol recusa-se a brilhar sobre o Calvário. Há trevas sobre a Terra. O
pecado da humanidade inteira cai sobre aquele homem. Seis horas se pas-
san1. Deus deu a Terra aos filhos dos homens por seis dias. Seu sacrifício
cobre todos os homens por seis dias. São seis períodos durante os quais
Ele se agoniza naquela cruz.
Mas vai chegando a hora do sacrifício no templo. Seis horas da tarde!
E o ritual no templo é o mesmo do Calvário. O sumo sacerdote primeiro
oferece a o ferra queimada, e depois, porque é dia de expiação anual, ele leva
o sangue da aliança até ao santo dos santos. Dmante esse trajeto, ninguém
pode tocar n'Eie, senão ficará imundo.
Uma vez por ano, ele faz a mesma coisa, entra no santo dos santos le-
vando.o sangue do cordeiro. Dessa vez, porém, rudo é diferente no templo.
Trevas cobrem a Terra. E, após oferecer a oferta queimada, há silêncio no
templo. Todos os adoradores esperam lá fora silenciosos para saber se D eus
vai aceitar o sacrifício. Quando começa a marchar para o santo dos san-
tos, brada a voz do Cordeiro no Calvário: "Está consumado!" Oo 19.30).
Em outras palavras: "Term inou!" Terminou o quê? A Velha Aliança. O
último sacrifício de Deus está sobre o altar, o Fillio de Deus mesmo está
sobre o altar. E, na hora exata em que o sumo sacerdote vai marchando,
174 O PÃO DOS FILHOS- 21 DIAS PARTINDO O l'i\0

brada a sua voz: "Pai, em ruas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23.46).
Nessa hora, a mão invisível do Todo-Poderoso pega o véu que separa o
santo dos santos do lugar santo e o rasga de alto a baixo. O caminho para
o céu está aberto. O caminho do santuário está escancarado. Há um grito
no remp Io: "V:amos morrer.'" M as mnguem
. ' morreu, to dos vtram
. o l ugar
santÍssimo. Todos viram a Arca da Aliança, mas ninguém morreu. Por·quê?
Deus acabava de sair do santuário feito pelas mãos humanas para mudar
de residência; passaria a morar no coração de todo aquele que fosse lavado
pelo sangue do Cordeiro.
Deus tinha dito a Abraão: "Circundarás a carne do seu prepúcio" (Gn
17.11). Abraão derramou o sangue da aliança, mas Deus não havia derra-
mado o seu. Todavia, esse sangue agora está sendo derramado, e é por isso
que Atos 20.28 fala do sangue de Deus, com o qual Ele comprou a igreja.
O sangue que estava em Jesus era o sangue de Deus, porque a semence
que o gerou na Terra era a semente de Deus.

Arendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espíriw


Sanro vos constituiu bispos, para paswreardes a igreja de Deus, a
qual ele comprou com o seu próprio sangue. (Ar 20.28)

Naquela hora, Jesus vai à região dos mortos (Is 53.9). Ele rem o seu
lugar na região dos ímpios. Satanás não conseguiu entender o faro de Deus
ter virado as costas quando a morre veio sobre Jesus. Certamente pensou
que, de alguma maneira, Ele havia pecado. O Salmo 22 é a descrição de
Jesus no hades. Mas quem estava ali era o nosso pecado sendo julgado.
Satanás se regozija. Os demônios festejam. Eles pensam que destruíram
o Filho de Deus. A verdade, porém, é que o pecado é que foi destruído.
O fi lho de Abraão teve a sentença de morre por três dias. Ao fim do
terceiro dia, disse Deus do seu trono de graça: "A divida está paga, o pecado
está destruído". E o Espírito de Deus - o autor da vida - vem descendo
do trono para penetrar nos portões do hades. A luz de Deus penetra no
inferno e ouve-se o grito de Deus: "Meu Filho está aí ilegaJmeme. Bas-
ta!" E o espírito de vida se move em Jesus. O pecado esrá vencido. Jesus
ressurge. Ele venceu! Ele morreu, seu calcanhar foi ferido, mas eis que
vive - o calcanhar está sarado - e agora Ele chega no trono de satanás e
esmaga a cabeça da serpente (Gn 3.15). Ele arranca de suas mãos as chaves
A ALIANÇA DE SANGUE 17 5

da morte e do inferno e rira de sua cabeça a coroa de auroridade que ele


romou do homem.

Depois disso,Ele passa para o ourro lado, o seio de Abra~o. Lá está


Daniel, Ezequiel, Isaías, Abraão, !saque, Jacó, Davi. Eu posso imaginar
Davi à frente de rodos declarando: "Levantai, ó porras, as vossas cabeças,
está enrrando o Rei da Glória. Quem é este, o Rei da Glória? O Senhor
dos Exérciros. Ele é o Rei da Glória" (Sl 24.7). Eles ressurgem e enrram
em Jerusalém, para depois serem levados com Jesus para a presença do Pai.

Ü UNIGÊNITO SE TORNA O PRIMOGÊNITO

Mas ainda é necessário que Ele leve o sangue ao santo dos sanros no
céu. O santuário da Terra era apenas a figura do verdadeiro, que está nos
céus. Ele foi o Cordeiro oferecido em holocausto, mas agora é a figura do
sumo sacerdote que comparecerá perante Deus.
Quando Jesus vai entrando pelos portais da glória, todos os anjos se
levantam. Um homem está entrando no céu, um homem, pela primeira
vez. Quando Jesus veio a este mw1do, era apenas o espíriro para tomar um
corpo, mas quem enrra agora na glória é um homem. Plenamente Deus
e plenan1ente homem.
Quem estava ali diante de Deus? Era eu e você! Quem estava na cruz?
Eu e você! Quem foi ao hades? Eu e você! Quem está entrando no céu?
Você e eu n'Ele. E quando Ele chega, o Pai lhe diz: "Tu és meu Filho; eu
hoje te gerei" . Gerou a quem? O homem que estava em Jesus. Ele existe
desde a eternidade, porque Ele é Deus. Mas se tornou o que eu era.
Depois de o Pai dizer: "Tu és meu Filho, eu hoje te gerei", vira-se para
os anjQs e d iz: "Adorem-no: é Deus! Jesus é Deus! Vocês estão vendo um
homem, mas é Deus. Ele tomou sobre si um corpo e uma natureza de
homem, mas é Deus. Então, volta-se para Jesus e diz: "Deus, o teu trono
subsiste para sempre" (Hb 1.8).
Agora o unigênito não é mais o unigênito, mas o primogênito. Ele já
pagou a divida do homem. O que era do homem eram só as dividas. Eu não
tinha bens, Ele não tinha dividas, mas Ele levou minhas dívidas para me
dar a sua riqueza. Eu não tinha do que viver,Ele não tinha do que morrer,
176 0 PÃO DOS FILHOS - 2 I DIAS PARTINDO O PÃO

mas morreu a minha morre, para me dar a sua vida. Eu era todo pecado,
ele era todo justiça, mas romou o meu pecado para me dar a sua justiça.
No cenáculo, Ele sopra sobre os discípulos e diz: "Recebei o Espírito
Santo" Oo 20.22) . Quem está ali? O Filho de Deus. Nessa hora, o homem
nasce de novo. O Pai olha e diz: "Eis os filhos que Ele me gerou". Satanás
fica surpreso. "Como!? Eu matei um, quantos são agora?" Ele é a sernente
que desceu do céu. "Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele
só; mas se morrer, dá muito fruto" Oo 12.24). Jesus é a semente de Deus
que desceu do céu e morreu, e, ao ressurgir dentre os mortos, não ficou
só, começou a produzir milhares de outros filhos de Deus.
Esta é a realidade do Calvário: a vidá de Jesus agora se rorna a vida do
homem. Hoje, a minha vida entrou na d'Ele. Ele é o cabeça de uma nova
raça Oo 6.54-57).
Aliança é isto: tudo o que é meu se tornou d'Ele; tudo o que é d'Ele
se tornou meu. Se alguém se une ao Senhor, é um só espírito com Ele
(1 Co 6.17).

Quando você estiver à mesa do Senhor, cada vez que pegar o pão, diga:
"Meu pecado, minha maldição, minha morte, minhas fraquezas, minha
derrota, minha condenação, Jesus levou há dois mil anos no Calvário. Es-
sas coisas não têm o direito legal de existir em minha vida. Quando você
comer o pão, veja a vida de Jesus em você. Apenas declare: "Eu morri. A
minha vida está escondida com Cristo, em Deus (Cl3.3). E vivo a vida do
Filho de Deus em m im". Isso vai levá-lo a viver com dign idade na terra,
rejeitando o pecado, a carne, o mundo e o diabo.

Você está doente hoje?Jesus levou sua doença dois mil anos atrás. Paulo
diz: "Entre vós, há muitos fracos e doentes, e não poucos os que dormem,
porque não sabem discernir o corpo" (1 Co 11.29,30). O corpo foi partido
em benefício físico. É pelas suas chagas que somos sarados (2Pe 2.24). O
sangue foi d.erramado para nos purificar do pecado, mas o pão aponta para
as chagas pelas quais somos sarados. E quando você estiver participando
da Ceia, receba cura, receba libertação, receba perdão; tudo é seu. Tudo
que é d'Eie é seu.

Esra mensagem foi baseada numa pregação da Apósrola Valnice


Milhomens em Goiânia.
ELE É DIGNO

o capítulo 4 de Apocalipse, João foi arrebatado. Ele foi tirado

N da realidade narural da Ilha de Parmos e levado para a djmensão


do espírito. Ele ouviu alguém d izendo: "Sobe para aqui". Então,
ele sruu da reaJjdade árida daquela Uha e foi levado para a ilimensão das
coisas celcstirus.
Nesta dimensão, ele teve a visão do trono de Deus. M iríades de criatu-
ras de outra criação estavam diante do trono, descrito como envolto num
brilho e numa glória indescritível. De repente, João percebe que aquele
que escava sentado no trono tinha em sua mão um livro, um rolo, um
pergaminho. Ele viu que aquele livro estava rodo selado com sere selos.
EntáQ, ele ouviu uma voz de um anjo bradando: "Quem é iligno de abrir
o livro e desatar-lhe os selos?"

Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro


escriro por dentro e por fora, de rodo selado com sete selos. Vi,
também, um anjo forre, que proclamava em grande voz: Quem é
digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos? Ora, nem no céu,
nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o
livro, nem mesmo olhar para ele. (Ap 5. 1-3)
178 O PÃO DOS FILHOS - 21 DIAS PARTINDO O PÃO

I. QUE LNRO ERA ESSE?

Para enrender esse aconrecimenro, precisamos nos voltar para o Velho


Testamenro, no Livro de Levítico.
Na lei de Moisés, havia uma lei específica que se relacionava com a terra,
com a propriedade. Depois que o povo entrou na terra prometida, a terra
foi dividida entre as tribos e, dentro de cada tribo, cada família recebeu
Lill1 pedaço de terra. Aquela parte da terra de uma tribo deveria perma-

necer com ela no decorrer das gerações. Deus queria, com isso, impedir o
empobrecimento e a excessiva concentração de riquezas e terras por uma
pessoa ou por um grupo pequeno de pessoas.
Todavia, quando alguém empobrecia em Israel e não tinha condições de
se manter, ele poderia vender a sua terra, mas aquele que comprava sabia
que não estava comprando wna posse definitiva. Estava como que arren-
dando a terra. A qualquer momento, wn membro daquela família poderia
se levantar e teria o direito de comprar de volta aquela propriedade. Mas,
se no espaço de cinquenta anos ninguém naquela família tivesse recursos
para reaver o que os seus antepassados perderam, no quinquagésimo ano,
seria o ano do jubileu. Naquele ano, rodas as propriedades que haviam
sido compradas voltavam automaticamente aos seus donos de origem.
Quando alguém iria vender a sua propriedade, tomava-se um livro e
nele eram escritas rodas as características, as dimensões, as divisas, tudo
o que havia naquela propriedade e as condições nas quais aquele negócio
havia sido feito. Ele era rodo selado na presença dos juízes. E, se um dia
um membro daquela família quisesse reaver a terra, ele pagaria o valor e
tomaria do juiz o livro selado.
O que temos em Apocalipse é exatamente isso. Nas mãos de Deus, o
juiz de roda a terra, está o livro da posse da terra, que foi perdida pelo ho-
mem. Será que existe um herdeiro legítimo ou um parente próximo que
pode pagar o .preço e tomar posse novamente da terra que fora perdida,
cativa e dominada pelo diabo?
Aquele Livro contém toda a herança do povo de Deus e também tudo o
que deve acontecer até que essa herança nos seja entregue definitivamen-
te. É por isso que, à medida que os selos são retirados, eventos políticos,
sociais, espirituais e cósmicos vão se dando de acordo com o propósito de
EI.E É DIGNO 179

Deus até aquele ápice, quando o vitorioso Jesus vem dos céus e domina
definitivamente sobre toda a terra.
Este é o livro da redenção, da herança e da vitória final do Reino de
Deus (vv. 2 c 3). Mas o ambiente em que tudo isso acontece é de imensa
tristeza. No verso 3 e 4, João ouve o anjo dizendo: "Quem é digno de
abrir o livro e lhe desatar os selos?" É dito, porém, que nem no céu, nem
na terra e nem debaixo da terra, ninguém era digno de abrir o livro e nem
de olhar para ele.
João, então, chora copiosamente. Van1os avaliar a dor e a angústia moral,
existencial e espiritual de João. Ele entrou num desespero total. Ninguém
era digno de abrir o livro. Ninguém tinha a dignidade de tomar o livro da
herança, tampouco de pagar o preço do resgate da terra.
Isso nos mostra a indignidade de todo ser vivo. Não foi achado ninguém
digno, nem no céu: os querubins, os serafins, os arcanjos e as miríades de
anjos; nem na terra: Moisés ou Elias, Davi ou Enoque, Maomé, Gandi,
Kardec, Confúcio, Buda; nem embaixo da terra: morto algllln, nem de-
mônios, nem Lúcifer. Ninguém é digno. Mas um ancião diz: "Não chores;
eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro
e os seus sete selos" (Ap 5.5).
Nós vemos que o ponto central aqui é saber quem é d igno. Jesus é
digno. Porque Ele é digno?

2. PoR QUE ELE É DIGNO?

A. PORQUE ELE É PODEROSO

Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da


rribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus
sere selos. (Ap 5.5)

Ele é o Leão da tribo de Judá. Em l Pedro 5.8, diz que satanás é como
um leão procurando alguém para devorar, mas aqui lemos que Jesus é o
verdadeiro Leão. Ele é o mais valente mencionado em Lucas 11.

Quando o valenre, bem armado, guarda a sua própria casa, ficam


em segurança rodos os seus bens. Sobrevindo, porém, um mais
180 O PÃO DOS FILHOS - 2 1 DIAS PARTINDO O Pt\0

valente do que ele, vence-o, rira-Lhe a armadura em que confiava


e lhe divide os despojos. (Lc 11.21-22)

O anjo falou do Leão, mas João viu o Cordeiro. Quando o Senhor é


recratado como o Leão, o alvo é mostrá-lo como lutador forre contra o
inimigo.
Para o inimigo, Ele é o Leão; mas, para nós, Ele é o Cordeiro. Embora
os anjos não precisem de redenção, precisam de alguém para derrotar o
inimigo de D eus, pois um entre eles tomou-se o inimigo de Deus.
Há do is problemas no universo: o diabo e o pecado. Como Leão, Ele
resolveu o problema do diabo; como Cordeiro, Ele resolveu o problema
do pecado. Jesus tinha de ser o Leão-Cordeiro.

B. PORQUE ELE É DA FAMÍLIA

O mesmo verso 5 d iz que Ele é da raiz de Davi. Nascido da mulher,


Ele procede de Adão, procede da família humana, e por isso está apto a
fazer a redenção. Lembra que só um membro da família podia resgatar o
livro selado da mão do juiz em fsrael?
Ele é de sangue nobre porque é da raiz de D avi. Ele procede da realeza
que D eus disse que nunca teria fim.

C. PORQUE ELE PAGOU O PREÇO E VENCEU

E entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro


e de abrir-Lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue
compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo
e nação. (Ap 5.9)

João o descreve como o cordeiro que havia sido morto. Na sua morte,
Ele pagou o preço. Ele comprou para D eus os que procedem de roda tribo,
língua povo e nação.
Observe que, por um lado, Ele é o Leão, mas por outro, Ele é o Cor-
deiro. Ele é o Leão-Cordeiro. Mas Ele é um Cordeiro poderoso, com sete
chifres e sete olhos.
O s chifres simbolizam o poder, e os olhos são os sete Espíritos de D eus.
O seu sacrifício tem o poder completo e os sete Espíritos fazem a aplicação
desse poder por roda a terra sobre rodo homem que o invocar (CI 2.13- 15).
ELE É DIGNO 181

Esse Leão-Cordeiro, então, tomou o livro da redenção da mão daquele


que estava no trono. Tudo está em suas mãos. Ele tem a redenção nas mãos:
a redenção do nosso corpo, da nossa alma, da terra e de roda a namreza.

Sem a perspectiva de que Jesus rem a lustória em suas mãos, à vida e este
mundo se tornam algo sem sentido e absurdo. Quando o homem tema
explicar a história e o mundo sem considerar a necessidade da redenção, o
mundo é sem esperança e sem saída, sem ápice, sem condusão, sem sentido.

Tudo começou com o pecado, mas Jesus tomou a história da redenção


em suas mãos e nos garantiu um fim, uma conclusão, uma solução.

3. QuE IMPACTO ESSA CERTEZA PODE PRODUZIR EM NÓS


HOJE?

Quando vemos irmãos que estão partindo, rranquilizamos o nosso


coração, pois a história da nossa redenção está em suas mãos.

A. DEVEMOS NOS ENC HER DE ORAÇÃO

E, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e


quatro anciãos prostraram-se diame do Cordeiro, tendo cada
um deles uma harpa e raças de ouro cheias de incenso, que são as
orações dos santos. (Ap 5.8)

Precisamos orar pelo reino do Senhor e também precisamos o rar com


perseverança.

Observe que, se desejamos que o fogo do trono seja lançado na terra,


precisamos orar, pois o fogo somente pode ser enviado misturado com as
orações dos santos.

S. D EVEMOS NOS ENCHER DE PROCLAMAÇÃO

E entoavam novo câncico, dizendo: D igno és de romar o livro


e de abrir-lhe os selos, porque foste morro e com o teu sangue
compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo
e nação e para o nosso Deus os consdruísre reino e sacerdotes; c
reinarão sobre a terra. (Ap 5.9- I O)
182 O PÃO DOS FILHOS - 2 I DIAS PARTINDO O PÃO

A única maneira de a oração dos 24 anciãos se cumprir sobre a terra é


se nós nos dispusermos a ir e evangelizar. O reino somente virá quando o
evangelho do reino for pregado a roda criatura.

Jesus, aproximando-se, falou- lhes, d izendo: Toda a autoridade


me foi dada no céu e na terra. Ide, porranro, fazei discípulos de
rodas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho; e do
Espírito Sanro; ensinando-os a guardar rodas as coisas que vos
renho ordenado. E eis que esrou convosco rodos os dias aré à
consumação do século. (M r 28. 18-20)

C. DEVEMOS NOS ENTREGAR COMPLETAMENTE A DEUS

Vi c ouvi uma voz de muiros anjos ao redor do rrono, dos seres


viventes c dos anciãos, cujo nt1mero era de milhões de milhões
e milhares de milhares, proclamando em grande voz: Digno é o
Cordeiro que foi morro de receber o poder, c riqueza, e sabedoria,
e força, e honra, c glória, e louvor. (Ap 5.11-12)

A verdadeira adoração que acontece diante do trono de Deus envolve


rodos esses elementos:
Poder - Submeta a Ele rodo mando, rodo comando, roda autoridade.
Ele é o dono. Ele rem o poder de decidir.
Riqueza- Entregue o seu dinheiro, os seus bens, os seus tesouros, as
suas propriedades.
Sahedoria- Dê a ele rodo recurso do seu intelecto, o seu entendimento,
a sua capacidade.
Força - É força física mesmo. D ê a Ele a sua energia física, a sua ati-
vidade. Sue a sua camisa e fique cansado para Ele com roda a sua força.
Honra- É o que ganha o primeiro pedaço de bolo; é aquele com quem
gastamos as primeiras horas do dia. Dê a Ele a primazia.
Glória - Descreva e exalte seus atributos e fique maravilhado com a
beleza da sua santidade.
Louvor - No grego, a palavra é eulogia, que significa "falar maravilho-
samente dele". Seja criativo e poético e fale d'Ele de forma esplendorosa.
ELE É DIGNO 183

o. DEVEMOS RECONHECE R QUE ELE É o SENHOR

Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debai-
xo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo:
Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor,
e a honra, c a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos. E os
quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos
prostraram-se e adoraram. (Ap 5.1 3-14)

Esse redemor reinará sobre rodas as inteligências no céu, na terra c


debaixo da terra. Isso sig nifica que não haverá nem anjo, nem homem e
nem demônio que não confessará que d'Ele é o reino.
Já imaginou saranás de joelhos d izendo: "Teu é o reino"?
Mao Tsé Tung: "Teu é o reino!"
H ider: 'Teu é o reino!"
Maomé: "Teu é o reino!"
Aiatolá Kolmcine: "Teu é o reino!"
Karl Marx: "Teu é o reino!"
Todas as criaturas reconhecerão: "Teu é o reino!"
Talvez haja alguém hoje chorando como João. Não há esperança e nem
entendimento da própria história. A situação parece perdida e o que bate
no coração é a angúsria e o desespero. Você precisa saber que Jesus já to-
mou o livro da história da redenção nas mãos e também já tomou o livro
da sua própria vida. Você foi comprado e a sua vida esrá oculta em D eus.
20° DIA

Ü PÃO, O VINHO E O ÓLEO

eus sempre usa coisas simples e comuns para revelar o seu poder.

D Uma queixada de jumento nas mãos de Sansão destruiu mil


filisteus. Trombetas simples feiras de chifres de carneiros foram
os instrumentos para a destruição das muralhas de Jericó. A maneira de
Deus é usar o que podemos fazer no na rural para alcançarmos o que nunca
poderíamos fazer por nós mesmos.
Se o Senhor nos mandou usar o óleo para orar com os enfermos, quem
somos nós para questioná-lo? Sempre haverá pessoas dizendo que usar
o óleo não passa de superstição evangélica, mas a verdade é que se trata
de algo bíblico ordenado por Deus. A tolice de Deus é mais sábia que a
sabedoria dos homens e a fraqueza de Deus é mais forte que a força dos
homens (lCo 1.25).

Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e


estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do
Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará;
e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. (Tg 5.14-15)

A Palavra de Deus não nos explica por que a necessidade de se ungir


com óleo, mas a direção de Deus é bem clara. O enfermo deve ser ungido
186 O PÃO DOS FILiiOS- 21 OIAS PARTINDO O PÃO

com ó leo, mas parece claro que não é o ó leo que opera o milagre, mas a
oração da fé. A unção com ó leo é algo feiro em fé. O óleo é o meio pelo
qual a fé a liberada.

Todos sabemos que a fé é resultado de revelação da palavra de D eus.


Quando compreendemos o que a palavra de D eus diz a respeito de um
determinado assunto, então remos fé para orar sobre aquilo. Temos visco
muitos irmãos receberem o milagre depo is da unção com óleo.
U ngir com óleo não é misticismo c nem superstição, mas a maneira
bíblica de lidar com cerras situações. A provisão de Deus para nós envolve
o pão, o vinho e o óleo. O nosso problema é que remos lidado com esses
elementos de form a apenas simbólica.

O Espírito Santo rem nos mostrado que a Ceia se tornou em muitos


lugares apenas um símbolo sem poder. Não estamos dizendo que existe
a transubstanciação, mas cerramenre há poder quando comemos o pão e
bebemos o vinho durante a Ceia. Creio que o medo de ser superticioso
rem levado a igreja a tirar o poder da Ceia e também a desprezar a unção
com óleo. Mas a verdade é que a Ceia e a unção com óleo são meios da
graça. São formas que Deus mesmo estabeleceu para nos min istrar a sua
graça e poder.
A Ceia era algo tão importante para a igreja primitiva que eles a cele-
bravam d iariamente e de casa em casa.

Diariamente perseveravam unânimes no remplo, partiam pão de


casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria c singeleza
de coração. (Ac 2.46)

Em 1 Coríntios 11, Paulo diz que ele recebeu direrameme do Senhor


a revelação da Ceia. Ele diz que, na noite em que foi traído, o Senhor to-
mou o pão e o vinho. E adverte que o fato de os irmãos não entenderem
o sig nificado da Ceia era a razão por que havia entre eles muitos fracos c
doentes e também muitos que morreram prematuramente ( I Co 11.30).
Assim , podemos dizer que, quando discernimos o corpo de C risto (não
apenas o sangue), podemos desfrutar de saúde, força e uma vida longa.
Entretanto, precisamos ter também a revelação da importância do óleo
da unção.
Ü l'ÁO, O VINHO B O ÓLEO J87

Tudo aquilo que ensinamos e praticamos na vida da igreja deve estar


baseado na Palavra de Deus, e não em nossas experiências. Temos visro e
ouvido testemunhos de muitas pessoas que foram curadas depois de serem
ungidas com ó leo, no entanto não baseamos nisso o nosso ensino, mas
na Palavra de Deus.
Em muiros lugares das Escrituras, nós encontramos um grupo de três
produros reunidos: cereal (trigo), vinho e azeite. Esses três elementos re-
presentam a provisão de Deus para o seu povo.

Ele te amará, e re abençoará, e te fará multiplicar; também aben-


çoará os reus filhos, e o fruto da rua cerra, e o reu cereal, e o teu
vinho, e o reu azeite, e as crias das ruas vacas c das ruas ovelhas,
na cerra que, sob juramento a ceus pais, prometeu dar-te. Bendito
serás mais do que todos os povos; não haverá entre ti nem homem,
nem mulher estéri l, nem entre os teus animais. O SENHOR
afastará de ri roda enferm idade; sobre ri não porá nenhuma das
doenças malignas dos egípcios, que bem sabes; antes, as porá sobre
rodos os quere odeiam. (De 7 .13-15)

O trigo e o vinho represem am os elementos da Ceia, mas o azeite apon-


ra para o óleo da unção. Esses três elementos colocados juntos nos farão
mais abençoados do que rodos os povos. Isso nos mostra que precisamos
ter revelação da importância da Ceia e da unção com ó leo.

Se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos


ordeno, de amar o SENHOR, vosso Deus, e de o servir de rodo
o vosso coração e de roda a vossa alma, darei as chuvas da vossa
cerra a seu tempo, as primeiras e as últimas, para que recolhais
o vosso cereal, c o vosso vinho, e o vosso azeite. (Dr 11.13-14)

Evidentemente, a chuva fará com que rodo tipo de lavoura e rebanho


prospe re, mas Deus resumiu rodos os elementos a esses crês: o cereal, o
vinho c o azeite. A promessa de Deus é que teríamos abundância de pão,
vinho e óleo, ou seja, remos desfrutado da cura do pão, do perdão do vi-
nho, mas precisamos fluir mais nos benefícios da unção.

Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, regoújai-vos no SENHOR, vosso


Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva; fará descer,
como outrora, a chuva temporã e a serôdia. As eiras se encherão
de trigo, e os lagares transbordarão de vinho e de óleo. 0 12.23-24)
188 O PÃO DOS FILHOS - 2 I DIAS PARTINDO O PÃO

.É interessante que a palavra "chuva" em hebraico é moreh , que tam-


bém significa "professor". Isso mostra uma relação entre ensino e chuva
do céu. Quando o céu chove sobre nós, remos plenitude de revelação e
e nsino da Palavra de D eus.

Ü PODER DA UNÇÃO COM ÓLEO

É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba,


a barba de Arão, e desce para a gola de suas vcsres. (SI 133.2)

O óleo precioso do Espírito de Deus desce da cabeça. Evidentemente,


somente aqueles que estão conectados à cabeça desfrutam do ó leo fresco da
unção. Queremos experimenrar esse óleo juncos, na comunhão dos santos.

O Espírito Santo é o poder de D eus, e esse poder está em você. O Es-


pírito Santo é a unção de D eus sobre nós. Mas, quando estamos juncos
em comunhão, essa unção é potencializada e esse poder pode ser liberado
de form a explosiva sobre nós.

O óleo representa a unção do Espírito na Palavra de Deus. O azeite


era um elemento muito usado no mundo antigo, ele servia para muitas
coisas e simbol iza a provisão completa da unção do Espírito. O faro de o
Sal mo 133 nos cüzer que a comunhão libera o óleo é algo muito precioso.
Quando estamos unidos a nossos irmãos, esse óleo desce da cabeça, que é
C risto, e alcança rodos os membros.

O uso do óleo emre o povo de Israel é um retrato claro da provisão


completa da unção para o povo de D eus hoje.

A. 0 ÓLEO É ALIMENTO

A primeira utilidade do azeite estava na preparação dos alimentos,


sendo ele mesmo, n a verdade, um alimenro. No mesmo princípio, nós
precisamos receber periodicamente uma porção da unção do azeite do céu
como alimento. Quando deixamos de nos alimentar dessa unção, somos
enfraquecidos e nos sentimos incapazes de fazer a vontade de D eus. A
unção, pormnro, é alimento.

Porém, tu exaltas o meu poder como o do boi selvagem; derramas


sobre mim o óleo fresco. Os meus olhos vêem com alegria os
Ü PÃO, 0 VINHO E O ÓLEO 189

inimigos que me espreitam, e os meus ouvidos se satisfazem em


ouvir dos malfeitores que contra mim se levantam. (SI 92.1 0-11)

O óleo fresco derramado tem o poder de nos fortalecer. E, quando


somos assim ungidos, podemos ver o in imigo e nos alegrar com a vitória.
Assim como o pão e o vinho, o ó leo faz parte de nossa dieta espiritual.
No Velho Testamento, o sacerdote tinha de oferecer dois cordeiros como
sacrifício todos os dias, um pela manhã e outro ao pôr do sol.

Isto é o que oferecerás sobre o altar: dois cordeiros de um ano,


cada dia, continuamente. Um cordeiro oferecerás pela manhã e
o outro, ao pôr-do-sol. Com um cordeiro, a décima parte de um
efa de flor de farinha, amassada com a quarta parte de um him
de azeite batido; e, para libação, a quarta parte de um him de
vinho. (Êx 29.38-40)

Esses dois cordeiros apontam para o Senhor Jesus, que foi colocado na
cruz de manhã, às 9 horas, e morreu à tarde, às 15 horas. Impressionante
é que os cordeiros eram imolados exatamente nessas horas.

Hoje, não precisamos mais oferecer o Cordeiro, pois o seu sacrifício é


eterno, mas ainda trazemos a farin ha para o pão, o vinho, que representa
o sangue, c o óleo do azeite. Desfrutamos do pão e do vinho na Ceia, mas
precisamos crer que há um lugar reservado para a unção com o ó leo. A
Palavra de Deus menciona muitas vezes o cereal, o vinho e o ó leo. Todos
esses elementos apontam para o Senhor Jesus.
Ames de se obter o pão, o grão de trigo precisa ser amassado, batido e
depois moído para se tornar a farinha. Depois disso, ela deve ser passada
no fogo para só então termos o pão. O Senhor Jesus se tornou para nós
o pão qo céu, mas primeiro Ele se tornou o grão de trigo que passou por
todo esse processo no Calvário.
O vinho somente pode ser obtido depois que a uva é esmagada. O Se-
nhor teve de ser esmagado pela ira de Deus para que pudesse ser o vinho
novo da nossa alegria.
O óleo, por sua vez, vem da azeitona. Depois que é esmagada, ela libera
o óleo para suprimento. O Senhor Jesus também se tornou o nosso óleo
depois de ser esmagado na cruz pelo juíw de Deus.
190 O PÃO DOS FILHOS- 21 DIAS PARTINDO O p,\o

O óleo sempre acompanha o uigo e o vinho. Depois que o Senhor Jesus


partiu o pão e bebeu do vinho, Ele saiu e foi para o Getsêmani. A palavra
"Getsêmani" significa "prensa de óleo". Depois de reparrir o pão e o vinho,
o Senhor foi prensado para liberar o óleo fresco sobre nós.

B. 0 ÓLEO NOS LIMPA

A segunda utilidade do azeite nos dias antigos era para fazer sabão. As-
sim, a unção do azeite tem também a função de limpar e purificar a nossa
vida. Quando digo purificar, não me refiro propriamente à purificação do
pecado, mas à libertação do jugo. O pecado é como um jugo que precisa
ser quebrado na vida de mu.itos, e é a unção que destrói esse jugo.

Acontecerá, naquele dia, que o peso será tirado do teu ombro, e


o seu jugo, do teu pescoço, jugo que será despedaçado por causa
da gordura [unção com óleo]. (ls 10.27)

Evidentemente, a unção com óleo aqui aponta para o Espírito Santo,


todavia o Senhor diz que o meio que essa unção fluirá será pela unção com
óleo. Não estou dizendo que o óleo possui poder em si mesmo, mas quando
esse óleo é ungido e santificado, ele passa a ter uma função espiritual do
mesmo modo que o pão e o vinho na Ceia.

C. 0 ÓLEO É COMBUSTÍVEL

No Tabernáculo, o candelabro era mantido aceso usando o azeite como


combustível. Nossa luz somente pode brilhar diante do mundo se houver
o azeite do céu em combustão dentro do nosso espírito. Esse azeite vem
sobre nós na comunhão dos irmãos. Cada vez que nos rew1imos, devemos
esperar uma medida do combustível celestial sobre nós.
Diante do candelabro, estava a mesa dos pães e também uma jarra
com o vinho para a libação. Todo sábado, os pães eram trocados, mas não
porque envelhecian1, pois estavam sempre frescos e mornos por causa da
presença de Deus. Somente quando cultivamos a presença de Deus é que
temos o frescor e o vigor renovados.
Os sacerdotes comiam os pães da semana que havia passado e os rabinos
dizem que eles não só permaneciam frescos como um pequeno pedaço era
suficiente para sustentá-los. Isso mostra como somos alimentados pelo pão
do céu, mas também pelo pão da Ceia.
Ü PÃO. O VINHO E O ÓLEO 191

Nesse momento, o vinho da libação era derramado diante do Senhor.


Também todo sacrifício tinha o vinho, que aponta para a alegria e satisfação
do Senhor. O serviço a D eus precisa ser com frescor e alegria .
.
Uma característica impressionante das oliveiras é a sua enorme longevi-
dade. Quando vamos a Israel e visitamos o jardim do Gersêmani, fi camos
maravilhados de ver ali oliveiras com dois mil anos de idade. Algumas
daquelas oliveiras viram Jesus suando sangue.
Eu creio que isso é um sinal do que a unção faz por nós, ela prolonga
a vida. Como o tronco da oliveira é oco as sementes caem ali e germinam
no tronco antigo perpetuando a sua vida. É por isso que o Salmo 128.3
diz que nossos filhos são como rebentos da oliveira. Eles germinam em
nós que somos o rronco e perpetuam a nossa vida.

O. 0 ÓLEO É PARA USO SACERDOTAL

O azeite também era usado pelo sacerdote para ungir e consagrar pessoas
c coisas a D eus. O óleo é usado sempre que consagramos pastores para o
ministério. O propósito de Deus somente pode ser cumprido por meio
da unção, e o óleo derramado sela esse momento.
Mas podernos também ungir objetos e coisas. H á um irmão entre nós
que estava com a sua casa para vender há quase um ano e não conseguia.
Muitas pessoas vinham ver a casa, mas nenhuma fazi a uma proposta. Por
fim, ele resolveu orar no imóvel e ungir a sua porra com óleo. De maneira
miraculosa, alguns dias depois, ele vendeu a sua propriedade.
Eu sei que há muita coisa estranha sendo feita entre os evangélicos. Al-
guns dizem que é o próprio óleo que cura e até dizem que o óleo de Israel
rem mais poder. Isso, de faro, é errado, o óleo não possui nenhum poder
em si mesmo, assi m como o pão e o vinho não têm nenhum poder. Não
devemos atribuir a esses elementos algum poder mágico. Mas isso não
muda o faro de que eles foram instituídos por Deus para o nosso benefício.

Disse o SENHOR a Moisés: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes:


Quando entrardes na terra das vossas habitações, que cu vos hei
de dar, e ao SENHOR fizerdes oferta queimada, holocausto ou
sacrifício, em cumprimento de um voto ou em oferta voluntária,
ou, nas vossas fescas fixas, apresentardes ao SEN HOR aroma
agradável com o sacrifício de gado e ovelhas, então, aquele que
192 O p,\o DOS FILHOS- 21 DIAS PARTINDO O PÃO

apresentar a sua oferra ao SENHOR, por oferta de manjares,


trará a décima parte de um ef'a de flor de farinha, misrurada
com a quarra parte de um him de azeite. E de vinho para libação
prepararás a quarta parte de um h im para cada cordeiro, além do
holocausto ou do sacrifício. (N m 15.1-5)

Hoje, não apresentamos mais o cordeiro, pois Cristo já foi morto de


uma vez por todas pelos nossos pecados, todavia ainda trazemos o pão
(farinha), o vinho e o azeite. Esta é a maneira como anunciamos a morte
do Senhor até que Ele venha.

E. 0 ÓLEO CURA

O aspecto mais importante da unção com óleo está em T iago 5.14,


onde a Escritura nos manda ungir os enfermos para serem curados.

Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e


estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do
Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará;
e, se houver cometido pecados, ser-Lhe-áo perdoados. (Tg 5.14-15)

Há cura disponível para o povo de Deus pela unção com óleo e a ora-
ção da fé. Lembre-se sempre de que o óleo não tem nenhum poder em
si mesmo, mas quando ele é separado e ministrado numa oração de fé, o
enfermo é curado e até os seus pecados são perdoados.

Nguns irmãos rejeitam a unção com ó leo pensando que se trata de mera
superstição e dizem que não precisam do símbolo, uma vez que já pos-
suem a realidade do Espírito Santo dentro si. Mas o próprio Senhor Jesus
enviou seus discípulos para orar com os enfermos ungindo-os com óleo.

Expeliam muitos demônios e curavam numerosos enfermos,


ungindo-os com óleo. (Me 6. 13)

É interessante que o Senhor também coloca a riqueza associada à Ceia


e ao azeite. Creio que todo crente que tem a revelação do pão, do vinho e
do azeite vai prosperar. Isso significa entender que, na cruz, o Senhor foi
prensando para liberar sua essência de vida sobre nós. Quando celebramos
o pão, o vinho e o azeite declaramos que tudo procede do Senhor e nos é
dado graciosamente.
Ü PÃO, O VINI-IO 1l 0 Ól.llO J93

Ela, pois, não soube que eu é que lhe dei o trigo, e o vinho, e o
óleo, e lhe multipliquei a prata e o ouro, que eles usaram para
Baal. (Os 2.8)

Naquele dia, eu serei obsequioso, diz o SENHOR, .obsequioso


aos céus, e estes, à terra; a terra, obsequiosa ao trigo, c ao vinho,
e ao óleo; e estes, a Jezrccl. (Os 2.21-22)

Foi depois da Páscoa que as riquezas do Egito foram dadas a Israel. Só


depois de parriciparmos do Cordeiro e termos o sangue aplicado é que a
riqueza das nações nos é transferida.

Quando abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizendo:


Vem! Então, vi, e eis um cavalo prero c o seu cavaleiro com uma
balança na mão. E ouvi uma como que voz no meio dos quatro
seres viventes dizendo: Uma medida de trigo por um denário;
três medidas de cevada por um denário; e não danifiques o azeite
e o vinho. (Ap 6.5-6)

O terceiro cavaleiro descrito em Apocalispe 6 simboHza a fome . Mas


observe mais uma vez que os três elementos são mencionados. O trigo e a
cevada são ambos usados para fazer o pão. O pão de trigo era para os mais
ricos, e o pão de cevada, para os pobres. Mas a ordem do Senhor é que o
vinho e o azeite não serão danificados e haverá provisão suficiente de pão.
Assim, podemos dizer que o Senhor garante provisão para o seu povo
do pão, do vinho e do azeite. Mesmo que o mundo sofra com a fome es-
piriwal, nós sempre teremos em abundância. O Senhor ordenou ao diabo
que não toque na provisão espiritual.
É interessante que todo o Oriente Médio tem o óleo negro do petróleo,
menos Israel. No entanto, Deus liberou o óleo dourado da unção sobre o
seu povo. O óleo negro move máquinas, mas o óleo dourado move pessoas
e circunstâncias. Ele é a verdadeira riqueza da igreja.
Ü PÃO, O VINHO E O DÍZIMO

u me converti numa pequena igreja tradkional há quarenta anos.

E Naquela época, não tínhamos o costume de entregar o dízimo em


codos os culcos como fazemos hoje, mas os dízimos eram entregues
somente no d ia da Ceia, uma vez por mês. Eles não faziam isso porque
eram excêntricos ou rejeitavam o dinheiro, mas porque tinham uma con-
vicção espiritual de que o dízimo é algo que está intimamente ligado ao
pão e ao vinho.
De onde eles receberam essa convicção? Certamente foi por causa da
primeira menção do pão, do vinho e do dízimo. A primeira menção do
pão e do vinho junros está em Gênesis 14, quando Abraão é abençoado
por Melquisedeque, que lhe traz pão e vinho, e ele, como resposta, entrega-
-lhe o·dízimo de tudo. Assim, na primeira menção do pão e do vinho, há
também a primeira menção do dízimo.

Após voltar Abráo de ferir a Quedorlaomer c aos reis que estavam


com ele, saiu-lhe ao encontro o rei de Sodoma no vale de Savé,
que é o vale do Rei. Melquiscdcquc, rei de Salém, trouxe pão c
vinho; era sacerdote do Deus AJtíssimo; abençoou ele a Abrão e
disse: Bendito seja Abráo pelo Deus Altíssimo, que possui os céus
c a terra; c bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus
J 96 O J>ÃO DOS FILHOS - 2 I DLAS J>ARTINOO O PÃO

adversários nas ruas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo.


Enrão, disse o rei de Sodoma a Abrão: Dá-me as pessoas, c os
bens ficarão contigo. Mas Abrão lhe respondeu: Levamo a mão
ao SENHOR, o Deus Altíssimo, o que possui os céus c a terra,
e juro que nada tomarei de rudo o que te pertence, nem um fio ,
nem uma correia de sandália, para que não digas: Eu enriqL!eci a
Abrão. (Gn 14.1 7-23)

A lei da primeira menção é um princípio da hermenêutica que derermi-


na que a primeira menção de qualquer assunto na Bíblia determina o seu
sentido em linhas gerais no :esro das Escrituras. Assim, a primeira menção
do pão, do vinho e do dízimo junros certamente é im portante para nós.

O REI DE SoDO MA E o REI DE SALÉM

Quando Abraão voltou da baralha contra os quatro reis que tinham


levado Ló cativo, ele trouxe todas as pessoas e rodas as riquezas de Sodoma
consigo. Foi nesse momento que o rei de Sodoma e também Melquisede-
que, rei de Salém, sairan1-lhe ao encontro. Não é por acaso que esses dois
reis foram encontrar Abraão ao mesmo tempo.
Porque Melqwsedeque apareceu a Abraão aqui e não em nenhum outro
momento? C reio que a razão disso é porque esse foi o momento em que o
rei de Sodoma veio para tentar a Abraão. Assim, era essa a hora que Abraão
necessitava da ministração de Melquisedeque. Por isso, Melquisedeque
trouxe pão e vinho para nutrir Abraão.
Depois de uma grande baralha, Abraão estava cansado e fraco. Este é
o momento em que somos mais propensos a cair na tentação. Mas o Se-
nhor Jesus, na pessoa de M elquisedequc, trouxe pão c vinho para fo rtalecer
Abraão conrra as tentações do rei de Sodoma.
O rei de Sodoma disse a Abraão que ele poderia ficar com todas as rique-
zas, mas MeiÇiuisedeque abençoou Abraão dizendo que o D eus Altíssimo
possui os céus e a terra. O diabo pode oferecer riquezas, mas apenas Deus
possLÚ todas as coisas. Nós servimos a esse Deus.
Não é que Abraão não queria ser rico, ele apenas não queria se enrique-
cer da maneira do rei de Sodoma, ele preferiu entregar o dízimo de tudo
o que possuía. Nós enriquecemos entregando o dízimo.
Ü PÃO, O VI Nil O E O OÍZ IMO 197

A primeira razão da queda de Ló é que ele não tinha uma fé própria,


mas seguia a fé de outro. Mas a segunda razão é que ele seguiu o rei de
Sodoma em vez de seguir Malquisedeque. Não se menciona que Melqui-
sedcque tenha oferecido pão e vinho a Ló, que também estava·ali. Isso nos
mostra que Ló não tinha revelação da Ceia do Senhor.
A comunhão do corpo não é oferecida a todos. É somente para aqueles
que possuem a fé do tipo de Abraão. O dízimo não é para rodos, é somente
para os crentes do tipo de Abraão.

Abraão trouxe de volta todos os bens do seu sobrinho, mas Ló não


entregou o dízimo e, no fim , todos os seus bens foram destruídos em 5o-
doma. Ele certamente morreu pobre.

Nem todos estão aptos para entregar o dízimo, mas somente aqueles
que têm experimentado a bondade de Deus e têm entendido que o Deus
Altíssimo possui os céus e a terra. Os dez por cento são apenas a declaração
de que D eus é a nossa fonte.

Abraão teve a revelação de que ele não precisava seguir o rei de Sodoma
para ficar rico. Ele sabia que servia a um Deus que possui todas as coisas.
A mentalidade natural pensa que Deus tira de uns para dar a outros, mas
a verdade é que Deus é tão rico que Ele tem mais que o suficiente para
abençoar a todos que o buscam. Infelizmente, Ló não teve essa revelação
e seguiu o rei de Sodoma. Por um mo mento, teve riqueza e posição, mas
no fim perdeu tudo.

Entregar o dízimo é a resposta espontânea daquele que entendeu o


pão e o vinho. Tanto o pão quanto o vinho traduzem o amor de Deus
demonstrado na cruz. Quando emendemos esse amor, nós simplesmente
entregamos o dízimo como resposta a esse amor.
Esta é a razão por que Abraão podia dizer ao seu sobrinho: " Pode esco-
lher para onde ir". Ele sabia que servia ao Deus Altíssimo, que possui os
céus e a terra. Não há o que temer nem o que reter quando conhecemos
um Deus tão rico.
Abraão repetiu ao rei de Sodoma a mesma frase que Mequisedeque lhe
tinha dito. Ele venceu a tentação do rei de Sodoma porque foi primeiro
ministrado por Melquisedeque. Ele não aceitou as riquezas de Sodoma.
)98 O PÃO DOS FILHOS - 2 I DIAS PARTINDO O PÃO

Abraão sabia que seria muiro rico, por isso não queria que ninguém
pensasse que sua riqueza procedia do rei de Sodoma. Ele queria que todos
soubessem que sua riqueza procedia do Deus Altíssimo que possui os céus
e a terra.
Aquele que possui a fé do tipo de Abraão pode dizer confiantemente:
"Bondade e misericórdia certamente me seguirão rodos os dias da mlnha
vida; e habitarei na Casa do Senhor para rodo o sempre" (SI 23.6).
Mais tarde, Deus mesmo vem para destruir a cidade de Sodoma. Ló
tinha escolhido o rei errado. Depois disso, ele não é mais mencionado na
Bíblia. Sua memória cessou e ele e sua esposa se tornaram apenas uma
advertência para que não caiamos no mesmo erro (Lc 17.32).

A ORDEM DE MELQUISEDEQUE

Hoje, o nosso sumo sacerdote é o Senhor Jesus. Mas as pessoas poderiam


questionar: "Como Ele poderia ser sumo sacerdote se era da tribo de Judá
e o sacerdote deveria vir da tribo de Levi?" A resposta é muito simples.
Muiro antes de haver sacerdotes em Israel , havia um sumo sacerdote em
Jerusalém , chamado Melquisedeque.

Como em outro lugar também diz: Tu és sacerdote para sempre,


segundo a ordem de Melquisedeque. (Hb 5.6)

Tendo sido nomeado por Deus sumo saccrdore, segundo a ordem


de Melquisedeque. (Hb 5. 1O)

Alguns acreditam que esse Melquisedeque era uma teofania, uma ma-
nifestação de Crisro em forma humana no Velho Testamento. Outros,
porém, acreditam que era um homem comum escolhido para ser um tipo
de Crisro. Para mim, isso não faz muita d iferença, o pomo central é saber
qual o significado desse homem.

Porque esre Melquisedequc, rei de SaJém, sacerdote do Deus


Alríssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da
matança dos reis, e o abençoou, para o qual também Abraão
separou o dízimo de tudo (primeiramente se interpreta rei de
justiça, depois também é rei de Salém, ou seja, rei de paz; sem
pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem
Ü I'ÁO, O VINHO E O DÍZIMO 199

fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus),


permanece sacerdote perpetuamente. Considerai, pois, como era
grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado
dos melhores despojos. (Hb 7 .1 -4)

Nesse tempo da graça, nós ainda entregamos o dízimo. Abraão entregou


o dízimo de tudo o que possuía a Melquisedeque. Esse Melquisedeque,
que é um tipo de Cristo, trouxe a Abraão pão e vinho, representando a
comunhão.
Nós ainda hoje praticamos a comunhão com o pão e o vinho porque
estamos debaixo do sacerdócio de Melquisedeque. Não praticamos as coisas
da lei representadas pelo sacerdócio levítico, mas, como filhos de Abraão,
ainda estamos debaixo do sacerdócio de Melquisedeque.
A Bíblia não diz que somos abençoados com a bênção de Davi ou com a
bênção de Daniel, mas diz que somos abençoados com a bênção de Abraão.
Nós somos filhos de Abraão, e Abraão chegou diante de Melquisedeque
com a mãos cheias.
A salvação é chegar diante de Deus com as mãos vazias para receber,
mas adoração é chegar com as mãos cheias para ofertar. Uma vez que você
é salvo, é uma vergonha chegar diante de Deus de mãos vazias como se Ele
não o tivesse abençoado. É um vexame chegar para adorar e não ter nada
para dizer diante de Deus, com mãos e coração vazios.
Abraão estava voltando de uma vitória sobre quatro reis. Melquisede-
que vem ao seu encontro e lhe dá pão e vinho para o fortalecer, restaurar
o ânimo e trazer descanso; mas Abraão traz o dízimo de tudo como forma
de dizer o quanto Deus o tinha abençoado.
Muitos gostam de dizer que o dízimo é parte da lei, mas a verdade é que
Abraão e Melquisedeque nunca estiveram debaixo da lei. Por que Abraão
deu o dízimo? Por que dez? O que há de tão profundo a respeito da décima
parte? Que revelação teve Abraão que o fez crer que, se desse dez por cento
a alguém, estaria declarando a grandeza daquela pessoa?

Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca,


pagou o dízimo tirado dos melhores despojos. (Hb 7.4)

O objetivo primário do dízimo não é nos fazer prosperar, ainda que


isso certamente acontecerá, mas é proclamar quão grande é o Senhor
2QQ O PÃO DOS FILHOS- 21 DIAS PARTINDO O PÃO

Jesus. Esta é uma pane imporrame da nossa adoração. Nós sabemos que
Melquisedeque é Cristo, e a maneira como demonstramos a grandeza do
Senhor é lhe entregando o dízimo.
Se o sacerdócio de Melquisedeque é eterno, então o pão, o vinho e o
dízimo também são perpétuos. H ebreus 7 .8 diz que "aqu i são homens
mortais os que recebem dízimos, porém ali, aquele de quem se testifica
que vive". O pão e o vinho são para testemunhar da morre do Senhor,
mas o dízimo é para testificar que Ele vive eternan1eme. Quem recebe o
dízimo de Abraão é o próprio Senhor Jesus, aquele que vive eternamente.
Você sabe o que significa ter Jesus vivo em sua vida? Isso significa que
Ele virá em sua circunstância negativa e .irá transformá-la em algo bom.
Isso sign ifica que haverá sinais e maravilhas porque Ele está vivo em sua
vida. As pessoas olharão para você e dirão: "Como ele consegue ser tão
abençoado, apesar da crise econômica?"

Ü DÍZIMO ABENÇOARÁ AS GERAÇÕES FUTURAS


É por isso que Hitler odiava tanto os judeus. Ele tinha inveja porque
não importava aonde os judeus fossem eles sempre enriqueciam. A semente
natural de Abraão sempre parece acabar com o dinheiro nas mãos. Eles
ainda não emendem quem coloca o dinheiro em seus bolsos, mas nós sa-
bemos, é Jesus quem os está abençoando por causa de Abraão.
Abraão era um dizimisra. Ele deu um décimo de tudo o que tinha a Me-
lquisedeque, que era o próprio Senhor Jesus. Esse ato afetou suas gerações
futuras. Paulo disse que "também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na
pessoa de Abraão. Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai,
quando Melquisedeque saiu ao encontro deste" (Hb 7.9-1 O). Como isso
era possível se Levi era bisneto de Abraão? Ele era um dos filhos de Jacó,
então como poderia ter pagado dízimos através de Abraão?
O que o Senhor está nos dizendo é que o dízimo tem poder de afetar
as futuras gerações. Quando Abraão dizimou, Deus contou como se seu
bisneto Levi tivesse dizimado também e, por causa disso, ele foi abençoado.
Quando eu pardcipo da Ceia, minhas filhas, netas e bisnetas são abençoa-
das por causa da aliança, mas agora aprendemos que também, quando eu
dou o dízimo, minhas gerações são abençoadas. Esta é a graça de Deus,
sua bênção que percorre gerações.
Ü PÃO , O VI NilO E O DÍZIMO 20}

Muitos pastores jamais dirão isso, mas Deus abençoa nossas finanças,
mesmo quando não damos o dizimo. O dízimo, porém, é um princípio
que faz com que as bênçãos financeiras sejam ainda mais abundantes sobre
nós. É o mesmo que ocorre quando uma pessoa aceita a Crisw em seu co-
ração, porém nunca estuda a Bíblia. Essa pessoa é salva e tem as bênçãos de
Deus? Sim. Mas ela está perdendo muito de Jesus por não estudar a Bíblia.
Abraão estava sob a graça de Deus, e não sob a lei. Sua fé lhe foi im-
putada como justiça porque ele estava debaixo da graça. Hoje, estamos
debaixo da graça como ele estava, por isso o dízimo ainda se aplica a nós.
Para rodo aquele que tem o mesmo tipo de fé de Abraão para ser justo, o
dízimo ainda é aplicável.
Quando você tem a revelação de que o Senhor é a fonte de rodas as suas
bênçãos, então você dá o dízimo com um coração cheio de gratidão por
sua provisão. A gratidão é o resultado espoanrâneo daquele que emendeu
o significado do pão e do vinho. Mas quanto mais emendemos o amor de
Deus manifesto na cruz, mais nos dispomos a entregar o nosso dízimo.
Melquisedeque é eterno porque é o próprio Cristo. O pão e o Vinho
são eternos porque são o corpo e o sangue do Senhor. Se rodas essas coi-
sas permanecem, então o dízimo permanece também, pois rodos eles são
mencionados juncos.
Nesse último dia de nosso jejum partindo o pão dos filhos, separe o seu
dizimo e uma oferta especial de gratidão para aquele que possui os céus e
a terra e que vai fazê-lo prosperar abundamem.ente.
COLEÇAO
-

21DIAS
I LEIA TAMBÉM DO MESMO AUTOR I
ALUÍZIO A. SILVA
21 DIAS PARA CURANDO A FÉ
EDIFICAR SUA EM 21 DIAS
VIDA FINANCEIRA

21 DIAS DE 21 DIAS PARA


JEJUM E UM AVIVAMENTO
EVANGELISMO PESSOAL
21 DIAS PELA 21 DIAS NA
UNIDADE VIDA DE UM
DISCÍPULO


..
• ~~
1.
,.,.~,.
Aluizio A. Sth-a

21 DIAS NA 21 DIAS PARA


VIDA DE UM RECEBER O
LÍDER DE CÉLULA SEU MILAGRE
21 DIAS PARA
21 DIAS
FORTALECER
COM JOÃO
SEU CASAMENTO

21 DIAS DE JEJUM 21 DIAS COM


PELA EDIFICAÇÃO JESUS NO
DA CASA DE DEUS MONTE
pmf"'Í•Íth <"1~rllo <!C' I>
n•• fi, r•• 1lc l "h , .....
'

21 DIAS COM JESUS 21 DIAS DE


NOS LUGARES INVESTIMENTO
CELESTIAIS NA CASA DE DEUS

21 DIAS DE ORAÇÃO 21 DIAS FORA DA LEI ,


TOCANDO O CÉU DESFRUTANDO DA
PARA MUDAR A TERRA ABUNDANTE GRAÇA
~10rEMPLO. 21DIAS
O SACERDOTE
EOSACRIF.ICIO
' P'É~<üô

21 DIAS PARA 21 DIAS PARA


ENTENDER O SEU VENCER O
LUGAR NA VISÃO PECADO

VENCENDO A
CONDENAÇÃO EM

21 DIAS NO VENCENDO A
TEMPO DO FIM CONDENAÇÃO EM
21 DIAS

Potrebbero piacerti anche